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Universidade do Vale do Paraíba
Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento
RODRIGO LUIZ LIMA JUCÁ
ANÁLISE DA DISTRIBUIÇÃO DE PRESSÃO PLANTAR E TIPOS DE
PÉ DE ATLETAS DE GINÁSTICA RÍTMICA EM PLATAFORMA DE
BAROPODOMETRIA
São José dos Campos, SP
2006
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Rodrigo Luiz Lima Jucá
“Análise da distribuição de pressão plantar e tipos de pé de atletas de
ginástica rítmica em plataforma de baropodometria”
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Bioengenharia da Universidade do
Vale do Paraíba, como complementação dos
créditos necessários para obtenção do título de
Mestre em Engenharia Biomédica.
Orientadora: Profa. Dra. Claudia Santos Oliveira
São José dos Campos
2006
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Dedicatória
Dedico este trabalho ao meu filho Matheus e
minha esposa Ana Carla pela compreensão nos
vários momentos que fiquei ausente de casa
direta ou indiretamente em função do
mestrado.
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus o Grande Arquiteto do Universo, pois sem ele não
somos nada.
Agradeço ainda aos meus companheiros de mestrado Marião e Luizão pelo
companheirismo durante nossas penosas viagens de 1100 km de Cascavel para São José dos
Campos de busão.
Gostaria de agradecer também ao meu tio Matheus Marim, por ter me ajudado a
cursar a faculdade de fisioterapia e posteriormente possibilitou que eu iniciasse o mestrado.
Não poderia deixar de agradecer a minha orientadora Claudia Santos que assumiu
meu trabalho na reta final assim como o prof. Luiz Vicente que sempre nos incentivou e
ajudou em tudo que podia dentro da instituição.
Para finalizar agradeço também ao prof. Afonso Salgado que foi um dos
responsáveis pelo desenvolvimento da minha pesquisa, a coordenadora do curso de
Fisioterapia da Faculdade Assis Gurgacz professora Leda Paes Walker que me liberou em
alguns momentos para que eu pudesse fazer o mestrado e em especial a professora Luciane
Rosa (in memorian) que por muitas vezes foi quem me substituiu no estágio para que eu
pudesse cumprir meus compromissos no mestrado.
ANÁLISE DA DISTRIBUIÇÃO DE PRESSÃO PLANTAR TIPOS DE PÉ
DE ATLETAS DE GINÁSTICA RÍTMICA EM PLATAFORMA DE
BAROPODOMETRIA”
RESUMO
O presente estudo buscou correlacionar o meio em que as atletas de ginástica rítmica treinam
e o tipo de treinamento com a distribuição de carga nos pés e o tipo de pé. As participantes
foram avaliadas sobre a plataforma de Baropodometria de modo estático, com base restrita
durante 53s, onde foram analisadas as impressões plantares através de medidas do antepé e
médiopé, assim classificou-se as impressões plantares utilizando os seguintes parâmetros:
cavo, quando o indivíduo tem a largura da impressão plantar do médiopé (istmo) menor que
1/3 da medida do antepé. Pé normal, quando o indivíduo tem a largura da impressão plantar
do médiopé (istmo) correspondente a 1/3 da largura da impressão plantar do ante pé. Pé plano
corresponde ao pé que, na sua impressão plantar, apresenta a largura do médiopé superior a
1/3 da largura do antepé. Os valores médios de pressão plantar obtidos foram comparados de
forma a verificar possíveis diferenças entre antepé, médiopé e retropé de todos os indivíduos.
Posteriormente, os dados baropodométricos foram divididos e analisados em dois grupos
diferentes, conforme a caracterização do tipo de pé de cada indivíduo (cavo, plano e
normal).Para realização destas, inicialmente, os dados foram avaliados através do método de
Barlett, a fim de verificar se os desvios-padrão eram semelhantes. Se positivo, foi utilizado o
teste one-way ANOVA e o teste Tukey-Kramer para comparações múltiplas, para os dados
paramétricos. Se negativo, os dados eram considerados não paramétricos, sendo então
utilizados o teste Kruskal-Wallis ANOVA e o teste de Dunn’s para comparações múltiplas. O
nível de significância estabelecido foi de 5%. Para as correlações, foi utilizado o coeficiente
de correlação de Pearson. Os resultados encontrados em relação ao tipo de pé mostraram uma
maior incidência de pé cavo (74% pé direito e 83% pé esquerdo) no grupo praticante de GR
em relação aos não praticantes que apresentaram 50% pé direito e 40% pé esquerdo e
diferenças significativas nas pressões plantares no médio pé entre esses grupos, podemos
observar uma diferença estatisticamente significativa entre o mediopé esquerdo e direito
(p<0,01), no qual os indivíduos do Grupo 2 apresentam uma média dos valores de pressão
plantar de 53,03 Kgf/cm
2
(quilograma força/centímetro quadrado) para o pé direito e de 45,44
Kgf/cm
2
para
o pé esquerdo, maior do que o Grupo 1 que apresentaram pressões plantares de
21,95 Kgf/cm
2
para o pé direito e de
18,26 Kgf/cm
2
para o pé esquerdo. Através da análise
dos dados obtidos na pesquisa pratica, pode-se perceber que estes demonstraram que o
treinamento dessas atletas influencia na formação do arco plantar.
Palavras-chaves: baropodometria, arcos plantares, postura.
“Analysis of the distribution of pressure plantar and plantar arcs of athlete of rhythmic
gymnastics in baropodometria platform”
ABSTRACT
The present study searched correlate the environment that the athletes of rhythmic gymnastics
and the training type with the weigh distribution in the feet and the foot type. Starting from
that, the athletes were evaluated on the Baropodometry platform in a static position, with
restricted base during 53s. Where the plant impressions were analyzed through measures of
the forefoot and midfoot. They classified the plant impressions using the classification of the
foot with the following parameters: Concave foot, when the individual has the plant
impression width of the midfoot smaller than 1/3 of the measure of the forefoot. Normal foot,
when the individual has the plant impression width of the midfoot corresponding to 1/3 of the
width of the plant impression of the forefoot. Degree , corresponds to the foot that its plant
impression, presents the width of the midfoot larger than 1/3 of the width of the forefoot. The
medium pressure plant values obtained were compared in a way to verify possible differences
among the forefoot, midfoot and hindfoot of all the individuals, and the behavior of those
pressures in relation to the data of characterization of the group (time of practice, age, weight,
height, IMC, shoe number and age of beginning of the sporting practice). Later, the
baropodometric data was divided and analyzed in two different groups, according to the
characterization of the type of each individual's foot (concave, plan and normal). To
accomplish this, the data was appraised through the Barlett method, in order to verify if the
deviation pattern was similar. If positive, the one-way ANOVA test was used and the Tukey-
Kramer test for multiple comparisons, for the parametric data. If negative, the data was
considered non parametric, being used the Kruskal-Wallis ANOVA test and the test of Dunn's
then for multiple comparisons. The level of significance established was of 5%. For the
correlations, the coefficient of correlation of Pearson was used. The results found in relation
to the foot type showed a larger incidence of concave (74% right foot and 83% left foot) foot
in the practicing group of GR in relation to the non apprentices that presented 50% right foot
and 40% left foot and significant differences in the plant pressures in the midfoot between
those groups. We can observe a significant difference between the left and right (p < 0,01)
midfoot, in which the individuals of the Group 2 present an average pressure plant values of
53,03 Kgf/cm2 (kilogram forces / square centimeter) for the right foot and of 45,44 Kgf/cm2
for the left foot, larger than Group 1 that presented plant pressures of 21,95 Kgf/cm2 for the
right foot and of 18,26 Kgf/cm2 for the left foot, however, there wasn’t significant correlation
in relation to the time of practice and the plant pressure and in relation to the foot type.
Through analyzes of the data obtained in the research practices, demonstrated that those
athletes' training influences in the formation of the arch to plant.
Key-words: Baropodometry, plant arches, posture.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Imagem da impressão plantar.................................................................................. 25
Figura 2: Plataforma ............................................................................................................... 34
Figura 3: Classificação da impressão plantar .........................................................................36
Figura 4: Medidas do antepé e médio pé para identificação do tipo de pé............................. 37
LISTA DE QUADRO E TABELAS
Quadro 1: Músculos agindo sobre o tornozelo e pé ............................................................. 18
Tabela 1: Caracterização do G1............................................................................................ 39
Tabela 2: Caracterização do G2............................................................................................ 39
Tabela 3: Médias dos picos de pressões plantares de pé direito e esquerdo G2................... 45
Tabela 4: Média dos picos de pressões plantares de pé direito e esquerdo G1 ....................45
Tabela 5: Distribuição dos tipos de pé, direito e esquerdo G1 .............................................47
Tabela 6: Distribuição dos tipos de pé, direito e esquerdo G2 .............................................48
Tabela 7: Médias dos picos de pressões plantares de pé cavo.............................................. 49
Tabela 8: Médias dos picos de pressões plantares de pé plano ............................................ 50
Tabela 9: Médias dos picos de pressões plantares de pé normal............................................ 51
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1: Comparação entre médias dos picos de pressões plantares de antepé,
mediopé e retropé direito do grupo controle.......................................................... 40
Gráfico 2: Comparação entre médias dos picos de pressões plantares de antepé,
mediopé e retropé esquerdo do grupo controle...................................................... 40
Gráfico 3: Comparação entre médidas dos oicos de pressões plantares de antepé,
mediopé e retropé direito do grupo experimental................................................. 41
Gráfico 4: Comparação entre médias dos picos de pressões plantares de antepé,
mediopé e retropé esquerdo do grupo experimental............................................. 41
Gráfico 5: Correlação entre idade e antepé direito do grupo experimental............................ 42
Gráfico 6: Correlação entre idade e antepé esquerdo do grupo experimental........................ 42
Gráfico 7: Correlação entre calçado e antepé direito do grupo experimental........................ 43
Gráfico 8: Correlação entre calçado e antepé esquerdo do grupo experimental.................... 43
Gráfico 9: Correlação entre idade de início e antepé direito do grupo experimental............. 44
Gráfico 10: Correlação entre idade de início e antepé esquerdo do grupo experimental....... 44
Gráfico 11: Correlação entre idade de início e mediopé direito do grupo experimental........ 45
Gráfico 12: Médias dos picos de pressões plantares do mediopé direito dos grupos ............ 46
Gráfico 13: Médias dos picos de pressões plantares do mediopé esquerdo dos grupos ........ 46
Gráfico 14: Tipo de pé direito do G1...................................................................................... 47
Gráfico 15: Tipo de pé esquerdo do G1.................................................................................. 47
Gráfico 16: Tipo de pé direito do G2...................................................................................... 48
Gráfico 17: Tipo de pé esquerdo do G2.................................................................................. 48
Gráfico 18: Comparação entre médias dos picos de pressões plantares de antepé,
mediopé e retropé cavo ........................................................................................ 49
Gráfico 19: Comparação entre médias dos picos de pressões plantares de antepé,
mediopé e retropé plano ...................................................................................... 50
Gráfico 20: Comparação entre médias dos picos de pressões plantares de antepé,
mediopé e retropé normal..................................................................................... 51
LISTA DE ABREVIATURAS
Cm - Centímetros
COC - Colégio Osvaldo Cruz
COP - Centro de Pressão
FAG - Faculdade Assis Gurgacz
FIG - Federação Internacional de Ginástica
G - Grupo
GB - Gibabyte
GR - Ginástica Rítmica
HD - Hard Disk Disco Rígido
IMC - Índice de Massa Corpórea
IP&D - Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento
ISP - Instituto São Paulo
Kgf/Cm
2
- Quilograma força / centímetro quadrado
MB - Megabyte
S - Segundos
SNC - Sistema Nervoso Central
UNIVAP - Universidade do Vale do Paraíba
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................. 12
1.1 Objetivo Geral................................................................................................................. 14
1.2 Ojetivos Específicos ....................................................................................................... 14
2 REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................................ 15
2.1 Anatomobiomecânica do Pé e Tornozelo...................................................................... 15
2.1.1 Arcos plantares .............................................................................................................. 19
2.1.2 Arco externo .................................................................................................................. 20
2.1.3 Arco anterior.................................................................................................................. 21
2.2 Métodos de Classificação do Pé .....................................................................................21
2.3 Baropodometria.............................................................................................................. 23
2.3.1 Distribuição das pressões .............................................................................................. 25
2.4 Desequilíbrios Posturais................................................................................................. 27
2.5 Ginástica Rítmica............................................................................................................ 29
3 METODOLOGIA ............................................................................................................. 33
3.1 Tipo de Estudo ................................................................................................................ 33
3.2 Local................................................................................................................................. 33
3.3 Amostra ........................................................................................................................... 33
3.4 Equipamentos.................................................................................................................. 34
3.4.1 Plataforma ...................................................................................................................... 34
3.4.2 Balança .......................................................................................................................... 35
3.5 Procedimento Experimental.......................................................................................... 35
3.6 Análise dos Dados........................................................................................................... 37
4 RESULTADOS.................................................................................................................. 39
5 DISCUSSÃO...................................................................................................................... 52
6 CONCLUSÃO.................................................................................................................... 57
REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 58
APÊNDICE A: FICHA DE IDENTIFICAÇÃO ................................................................ 62
APÊNDICE B: TERMO DE CONSENTIMENTO........................................................... 63
ANEXO A: APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA .................................................... 64
12
1 INTRODUÇÃO
A ginástica rítmica é uma modalidade essencialmente desportiva e feminina que se
fundamenta na expressividade artística. É conceituada como a busca do belo, uma explosão de
talento e criatividade, em que a expressão corporal e o virtuosismo técnico se desenvolvem
juntos, formando um conjunto harmonioso de movimento (LAFFRANCHI, 2000).
Lanaro Filho (2001) destaca as variáveis antropométricas, motoras, psicológicas e
indicadoras de crescimento e desenvolvimento (idade cronológica, biológica e de menarca)
para o alcance do alto nível de desempenho na modalidade.
A demanda funcional tem sido sugerida como responsável pela produção de
adaptações estruturais no sistema músculo-esquelético (HERZOG, 1996).
Bailarinas clássicas, ginastas e atletas de voleibol, utilizam a articulação do tornozelo
em movimentos repetitivos de flexão plantar. No entanto, as bailarinas, assim como atletas de
GR realizam esses movimentos com o intuito de se manterem sobre a ponta dos pés em graus
elevados de flexão plantar (FRAÇÃO; VAZ, 2005).
Para Kapandji (2000) a formação do arco plantar na criança acontece
aproximadamente entre 4 e 6 anos de idade e com a evolução da humanidade o homem
caminha sobre terrenos lisos e com o pé protegido por calçados, isso faz com que as plantas
dos pés realizem poucos esforços de adaptação e os músculos que são suportes importantes
acabam atrofiando-se. Certos antropólogos afirmam que o homem caminhará sobre cotos.
Esta teoria se baseia na atrofia dos dedos e na perda da oposição do hálux.
O controle postural e o controle do arranjo dos segmentos corporais baseado em
informações dos sistemas visual, vestibular e somatosensorial incluindo a planta dos pés
(MOCHIZUKI, 2003).
13
Segundo Bienfait (1989), “os apoios dos pés no chão condicionam toda a estática. Não
há boa estática sem bons apoios, sejam as deformações dos pés causa ou conseqüência da
estática deficiente”.
Conforme Bricot (2004), “uma deformação ou assimetria qualquer dos pés repercutirá
sempre mais acima e necessitará de uma adaptação do sistema postural”.
De acordo com Miyashiro (2002) os indivíduos com o arco plantar normal apresenta
um melhor equilíbrio que os indivíduos com pés planos ou cavos.
Bricot (2004) faz uma análise das cadeias posturais e das alterações mais comuns em
relação ao apoio dos pés: o pé plano e o pé cavo. O pé plano é acompanhado de desordens
posturais de forma característica: calcâneo valgo; rotação interna de tíbia e fêmur; patelas
mais medializadas; báscula articular medial, tendência ao flexo; abertura da pelve; anteversão
dos ilíacos e aumento da lordose lombar. O pé cavo tem como conseqüências opostas em
todos os pontos anteriores: calcâneo varo; rotação externa da tíbia e do fêmur, levando a um
defeito de cobertura anterior da cabeça femoral, patelas mais lateralizadas que levam à
hiperpressão patelar lateral; tendência ao recurvatum e báscula lateral; retroversão ilíaca e
diminuição da curvatura lombar.
Para a avaliação dos indivíduos da pesquisa será utilizada uma plataforma de
baropodometria que é uma técnica posturográfica de registro, utilizada no diagnóstico e
avaliação da pressão plantar, tanto em posição estática como em movimento, que registra os
pontos de pressão exercidos pelo corpo.
Baseado nas informações acima acredita-se que o treinamento das atletas pode
influenciar na formação do arco plantar e consequentemente na postura.
14
1.1 Objetivo Geral
Analisar a distribuição plantar e arco plantar medial de atletas de ginástica rítmica por
meio de parâmetros baropodométricos.
1.2 Objetivos Específicos
ü Identificar o tipo de pé de crianças praticantes de ginástica rítmica desportiva e
comparar com crianças da mesma faixa etária na plataforma de baropodometria;
ü Comparar os picos de pressão plantar entre as atletas de ginástica rítmica,
comparando com os picos de pressão plantar de crianças não praticantes;
ü Correlacionar os picos de pressão plantar das atletas de ginástica rítmica com o
tempo de prática, idade e número do calçado das participantes.
15
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Anatomobiomecânica do Pé e Tornozelo
Segundo Vega (2003), o pé é a parte do sistema músculo esquelético que recebe e
distribui o peso do corpo ao caminhar, correr ou na postura estática. Ele é composto por 26
ossos assim distribuídos: sete ossos do tarso (tálus, calcâneo, cubóide, navicular e os três
cuneiformes); cincos ossos do metatarso; 14 falanges (três para cada um dos dedos, exceto
para o hálux, que tem apenas duas). Os ossos são mantidos unidos através dos ligamentos,
formando as articulações.
Conforme Leung; Cheng; Mak, (2001), os ossos do pé estão relacionados com 30
articulações sinoviais, unidas por ligamentos e cápsulas articulares, incluindo músculos e
tendões que envolvem o pé.
Moore (1994) descreve que anatomicamente o esqueleto do pé é composto por:
1. Tarso: tálus, calcâneo, navicular, cubóide e 3 cuneiformes;
2. Metatarso: 5 metatarsianos;
3. Dedos: formado por 14 falanges.
Segundo Gray (1988), o pé apresenta as seguintes articulações:
A. Mediotarsiana ou de Chopart: formado entre o tálus - calcâneo e o navicular-
cubóide;
B. Tarsometatarsiana ou de Lisfranc: entre os cuneiformes e os metatarsianos;
C. Metatarsofalangeana: entre os metatarsianos e as primeiras falanges dos dedos;
D. Interfalangianas: Proximal: entre as primeiras e segundas falanges; Distal: entre as
segundas e terceiras falanges.
Para os efeitos clínicos, Smith et al. (1997) divide o pé também em três partes:
16
- Retropé: formado pelo tálus e calcâneo;
- Médiopé: formado pelo navicular, cubóide e os três cuneiformes;
- Antepé: formado pela parte medial e distal dos metatarsianos e pelas falanges.
O suprimento arterial do pé é fornecido principalmente pela artéria tibial posterior e
tibial anterior. A artéria tibial posterior dividi-se abaixo do maléolo em artéria plantar medial
e lateral, que suprem a planta do pé e formam o arco plantar. Próximo a sua origem, a artéria
tibial posterior forma a artéria fibular, que irriga os músculos do compartimento lateral da
perna. A artéria tibial anterior irriga os músculos anteriores da perna, passa em frente ao
tornozelo e termina no dorso do pé como artéria dorsal do pé ou pediosa. Ramos desta artéria
irrigam o dorso do pé e se anastomosam com o arco plantar, na planta do pé. Através do arco
plantar há uma intercomunicação entre estas três artérias, formando as artérias metatársicas e
posteriormente as digitais, que são responsáveis pela irrigação anterior do antepé e dos dedos,
(HAMILL; KNUTZEN, 1999).
O retorno venoso é feito pelas veias digitais dorsais e plantares, posteriormente
seguem como veias metatársicas que convergem para formar os arcos venosos. Na planta do
pé formam as veias plantares mediais e laterais, posteriormente seguem como veias tíbias
posteriores. No dorso do pé formam as veias safena magna, parva e veias tibiais anteriores
(MOORE, 1994).
Conforme Gray (1988) os nervos tibial, fibular e safeno que vão da perna ao pé
inervam os músculos que realizam os movimentos do tornozelo e dos dedos. Além disso,
captam mensagens dos receptores sensoriais localizados na pele do pé. O nervo tibial dividi-
se em nervo plantar medial e plantar lateral. O nervo plantar medial inerva a pele da sola do
pé e os músculos adjacentes ao hálux. O nervo plantar lateral inerva a pele e os músculos dos
outros quatro dedos do pé.
17
O nervo fibular controla os músculos dorsiflexores do pé e recebe sensações da parte
anterior da perna e do pé. Ramos do nervo safeno suprem a pele e fáscia da frente do joelho,
da perna e do pé até a base do hálux (MOORE, 1994).
Os movimentos do pé são controlados pelos músculos que se originam na perna e
cujos tendões se inserem no pé. Conforme Gray, (1988), os músculos são classificados em
extrínsecos e intrínsecos. Os extrínsecos possuem origem abaixo do joelho e inserção no pé, e
realizam os movimentos do tornozelo como dorsiflexão, a plantiflexão, a inversão e eversão,
além de atuarem na movimentação dos artelhos. Os músculos intrínsecos são representados
pelos que se originam abaixo da articulação do tornozelo, podendo situar-se no dorso ou na
planta do pé, estes músculos realizam a movimentação dos artelhos. A parte do membro
inferior entre o joelho e a articulação do tornozelo é o local de origem para os músculos que
produzem movimento do tornozelo.
O Quadro 1 descreve os músculos que agem sobre o pé com suas respectivas relações
anatômicas e ações.
18
Quadro 1 - Músculos agindo sobre o tornozelo e pé
Músculo Inserção Ação Suprimento Nervoso
Abdutor do Dedo
Mínimo
do calcâneo lateral até a base da
falange proximal do 5º artelho
abdução do dedo mínimo nervo plantar lateral
Abdutor do Hálux
do calcâneo medial até a base medial
da falange proximal do 1º artelho
abdução do hálux nervo plantar medial
Adutor do Hálux
do 2º, 3º e 4º metatarsos até a parte
lateral da falange proximal do hálux
adução do hálux nervo plantar lateral
Interósseos Dorsais
dos lados dos metatarsos até a parte
lateral da falange proximal
abdução do 2º ao 4º
artelho, aduz o 2º
artelho, flexiona a
falange proximal
nervo plantar lateral
Extensor Curto dos
Dedos
do calcâneo lateral até a falange
proximal do 1º, 2º e 3º artelhos
estende do 1º ao 4º
artelho
nervo fibular
profundo
Extensor Longo dos
Dedos
do côndilo lateral da tíbia, fíbula e
membrana interóssea até a expansão
dorsal do 2º ao 5º artelho
dorsiflexão do pé,
eversão do pé, extensão
do 2º ao 5º artelhos
nervo fibular
profundo
Extensor Longo do
Hálux
da fíbula anterior e membrana
interóssea até a falange distal do hálux
extensão do hálux,
adução do antepé
nervo fibular
profundo
Flexor Curto do
Dedo Mínimo
do 5º metatarso até a falange proximal
do dedo mínimo
flexão do dedo mínimo nervo plantar lateral
Flexor Curto dos
Dedos
do calcâneo medial até a falange média
do 2º ao 5º artelho
flexão do 2º ao 5º artelho nervo plantar medial
Flexor Longo dos
Dedos
da tíbia posterior até a falange distal do
2º ao 5º artelho
flexão do 2º ao 5º
artelho, flexão plantar do
nervo tibial
Flexor Curto do
Hálux
do cubóide até a parte medial da
falange proximal do hálux
flexão do hálux nervo plantar medial
Flexor Longo do
Hálux
dos 2/3 inferiores da fíbula posterior e
membrana interóssea até a falange
média do hálux
flexão do hálux, adução
do antepé
nervo tibial
Gastrocnêmio
dos côndilos medial e lateral do fêmur
até o calcâneo
flexão da perna, flexão
plantar do antepé
nervo tibial, s1 e s2
Lumbricais
do tendão flexor dos dedos até a base
da falange proximal do 2º ao 5º artelho
flexão da falange
proximal do 2º ao 5º
artelho
nervo plantar medial
e lateral
Fibular Curto
da fíbula inferior lateral até o 5º
metatarso
eversão do pé, flexão
plantar do pé
nervo fibular
superficial
Fibular Longo
do côndilo lateral da tíbia e fíbula
superior lateral até o 1º cuneiforme e o
1º metatarso lateral
eversão do pé, flexão
plantar do pé, abdução
do antepé
nervo fibular
superficial
Fibular Anterior
da fíbula anterior inferior e membrana
interóssea até a base do 5º metatarso
eversão do pé
nervo fibular
profundo
Interósseos Plantares
do lado medial do 3º ao 5º metatarso
até a parte medial da falange proximal
do 3º ao 5º artelho
abdução do 3º ao 5º
artelho
nervo plantar lateral
Plantar da linha áspera do fêmur até o calcâneo flexão plantar do pé
nervo tibial
Quadrado Plantar
Do calcâneo medial, lateral inferior até
o tendão do flexor dos dedos,
flexão do 2º ao 5º
artelhos
nervo plantar lateral
Sóleo
da tíbia superior, posterior, fíbula, e
membrana interóssea até o calcâneo
flexão plantar do pé nervo tibial
Tibial Anterior
da tíbia lateral superior e membrana
interóssea até a superfície medial
plantar do 1º cuneiforme
dorsiflexão do pé,
inversão do pé
nervo fibular
profundo
Tibial Posterior
da tíbia superior, posterior, fíbula e
membrana interóssea até o navicular
inferior
inversão do pé, flexão
plantar do pé
nervo tibial
Fonte: Hamill e Knutzen (1999).
19
2.1.1 Arcos plantares
Segundo Kim (2003), o pé é uma ligação importante na cadeia cinética inferior. Os
arcos do pé são fatores importantes para a distribuição apropriada do peso. O pé apresenta
funções múltiplas assumidas pelo que a fisiologia chama de abobada plantar.
Para Kapandji (2000), a abóboda plantar é formada por três arcos (arco interno, arco
externo, arco transverso anterior) a que se apóiam no chão através de três pontos: as cabeças
do primeiro e quinto metatarsiano na frente e a tuberosidade do calcâneo atrás. No plano
sagital, o arco interno entre calcâneo e o primeiro metatarsiano e o arco externo entre o
calcâneo e a cabeça do quinto metatarsiano. No plano frontal, o arco anterior transverso
estende-se da cabeça do primeiro metatarso à cabeça do quinto metatarso.
Os três arcos possuem funções fisiológicas como receber o peso do corpo; amortecer
os choques da deambulação; participar da adaptação do pé ao chão e constituir alavancas de
impulso durante a marcha (BIENFAIT, 1989).
Normalmente, os arcos longitudinais (interno e externo) do pé desenvolvem-se durante
a infância, devido em parte à perda de tecido gorduroso subcutâneo e à redução da
flexibilidade das articulações, o que normalmente acontece durante o crescimento (SANTOS,
2003).
Entre os seus dois pontos de apoio anterior e posterior, o arco interno é constituído por
cinco ossos: de trás para frente, o calcâneo, o tálus, o navicular, o cuneiforme medial e o
primeiro metatarso (KAPANDJI, 2000).
É razoavelmente bem aceito que o tibial anterior não desempenha qualquer papel na
sustentação estática normal do arco longitudinal do pé. Durante condições com cargas
dinâmicas, entretanto, a contração muscular auxilia a fonte primária de sustentação do arco, as
20
estruturas osteoligamentares. Os indivíduos com pés planos necessitam de sustentação
muscular dos arcos, especialmente do tibial posterior (HAMILL; KNUTZEN, 1999).
O tibial posterior constitui uma corda parcial situada perto do vértice do arco. Ele
dirige o escafóide para baixo e para trás sobre a cabeça do tálus. O fibular lateral longo
também influi sobre o arco interno cuja cavidade aumenta, flexionando o primeiro osso do
metatarso sobre o primeiro cuneiforme, e este por sua vez sobre o navicular. O flexor do
hálux forma uma curva subtotal do arco interno agindo com potencia na concavidade, ajudado
pelo flexor comum dos dedos que o cruza para baixo. O flexor do hálux também desempenha
o papel de estabilizador do tálus e do calcâneo. O adutor do hálux constitui a uma corda do
arco interno aproximando as suas duas extremidades (KAPANDJI, 2000).
2.1.2 Arco externo
É um arco rígido, composto por três peças ósseas: o quinto metatarso, o cubóide e o
calcâneo. Esta em contato com o solo através de suas partes moles. A transmissão de forças
mecânicas se realiza através do tálus, fixado ao calcâneo por dois sistemas trabeculares
originados na cortical anterior e posterior da tíbia (KAPANDJI, 2000).
Sua rigidez é devida ao sistema ligamentar, em particular ao potente e espesso
ligamento calcâneo-cubóide plantar. O arco externo é a alavanca do pé na marcha
(BIENFAIT, 1989).
Ainda, conforme Kapandji (2000), três músculos são os tensores ativos deste arco: o
fibular curto que impede a abertura inferior das articulações; o fibular longo que mantém
elasticamente sua extremidade anterior como o flexor do hálux no lado interno e o abdutor do
5º dedo que tem função análoga ao adutor do hálux.
21
2.1.3 Arco anterior
Kapandji (2000) relata que a concavidade deste arco é pouco acentuada e entra em
contato com chão por intermédio das partes moles, constituindo o que alguns denominam “o
calcanhar anterior do pé”. O autor relata também que este arco está subtenso pelo ligamento
intermetatarsiano, sem uma grande eficácia, e por um só músculo, o fascículo transverso do
abdutor do hálux, que forma uma série de cordas parciais e totais entre a cabeça do primeiro
metatarsiano e dos outros quatro. Sendo, por isso, um músculo relativamente pouco potente e
fácil de forçar.
Os cinco raios metatarsianos finalizam no arco anterior. O primeiro raio é o mais alto e
forma, segundo Fick, um ângulo de 18º a 25º com o chão. A seguir, este ângulo
metatarsiano/chão diminui regularmente: 15º para o segundo, 10º para o terceiro, 8º para o
quarto e só 5º para o quinto osso do metatarso, quase paralelo ao chão (KAPANDJI, 2000).
2.2 Métodos de Classificação do Pé
Em uma revisão da literatura realizada por Razeghi e Batt (2002), está claro que não
há um consenso geral de um método ideal para classificação dos tipos de pé. Os métodos
existentes são tipicamente baseados na medida de parâmetros morfológicos do pé,
principalmente na postura estática ou durante a locomoção.
Para Mathieson; Upton; Birchenough, (1999), apesar do uso difundido dos parâmetros
de classificação do tipo de pé há uma ausência de estudos comprovando estes métodos. É
primeiro necessário ter um sistema válido de classificação que permita o reconhecimento
preciso de cada estado, porém o importante nesses estudos é uma coerência em relação a
metodologia.
22
Poucas características funcionais do pé são usadas para nomear e separar os pés em
diferentes grupos. Métodos de classificação dos tipos de pé baseado na morfologia poderiam
ser postos em uma das seguintes categorias: inspeção visual não quantitativa; valores
antropométricos; medidas da impressão da imagem plantar ou avaliação radiográfica
(RAZEGHI; BATT, 2002).
Conforme o mesmo autor, medidas da imagem da impressão plantar foram obtidas e
usadas para classificar os pés em grupos. Tanto utilizando uma impressão do pé realizada pelo
contanto com tinta na região plantar (pedígrafo), como com aparelhos mais sofisticados
(transdutores de pressão). Em qualquer caso, a suposição central é que qualquer mudança na
forma e orientação dos componentes estruturais do pé, adquirido enquanto parado (estático)
ou se movendo, seria refletido na impressão plantar. A medida da largura ou área de contato
na impressão é sugerida para prover meios simples e objetivos para a classificação dos pés.
Segundo Viladot e Nery (apud Pryzsiezny; Formonte; Pryzsiezny, 2003) a medida da
região do médiopé serve como parâmetro para definir o tipo de pé. O pé cavo apresenta uma
medida menor que um terço da medida do antepé e o pé plano apresenta uma medida maior
que um terço da medida do antepé.
A curvatura e a orientação da abobada plantar dependem de um equilíbrio entre as
diferentes ações musculares. A abobada plantar esta aplainada pelo peso do corpo e pela
contratura dos músculos que se inserem em sua convexidade. A abobada esta escavada pela
contratura dos músculos que se inserem na sua concavidade. A insuficiência ou a contratura
de um só dos músculos destrói todo o equilíbrio e provocam uma deformação (KAPANDJI
2000).
Ainda conforme o mesmo autor, o afundamento da abobada plantar é devido à
debilidade de suportes naturais, músculos e ligamentos. Os ligamentos são suficientes para
manter a curvatura normal da abobada durante um curto período de tempo. Se os suportes
23
musculares se enfraquecem, os ligamentos acabam por distender-se e a abobada se aplaina
definitivamente. Portanto, o pé plano se deve, principalmente, a uma insuficiência muscular,
mais freqüentemente do fibular longo e dos tibiais.
Uma forma normal da planta do pé, que condiciona sua adaptação correta ao chão, é o
resultado do equilíbrio entre as forças próprias de cada um destes três lados, organizados
sobre três raios esqueléticos articulados entre si, no nível do tornozelo e do complexo
articulado do tarso posterior. Um aumento da curvatura plantar, provocando um pé cavo, pode
dever-se tanto a uma retração dos movimentos plantares ou a uma contratura dos músculos
plantares, quanto a uma insuficiência dos músculos flexores dos tornozelos.Um aplainamento
da curvatura plantar, o pé plano, pode dever-se tanto a uma insuficiência nas formações
ligamentares ou musculares plantares, quanto a um tonus exagerado dos músculos anterior ou
posterior (KAPANDJI, 2000).
A associação harmoniosa de elementos ósteo-articulares, ligamentares e musculares do
pé permitem que esta meia-cúpula modifique sua curvatura e tenha elasticidade para se
adaptar a todos os tipos de terreno, distribuir o peso do corpo nas mais variadas situações,
desempenhando o papel de amortecedor para a suavidade da marcha (SANDOVAL, 2003).
2.3 Baropodometria
Os estudos sobre manutenção do equilíbrio na postura ereta quieta (com o mínimo de
movimento possível), têm se baseado no paradigma experimental da plataforma de força, isto
é, o uso da plataforma como mensuradora das variáveis de interesse para o estudo da postura.
Pode-se dizer que um indivíduo permanece sobre a plataforma em pé e nela permanece um
determinado intervalo de tempo, mantendo-se estático. Resultando na interação do apoio do
indivíduo sobre a placa de suporte da plataforma, as forças e momentos de força mensurados
24
permitem a determinação da localização do centro de pressão (COP) (MOCHIZUKI; AVILA;
AMADIO, 2000).
Os desequilíbrios do corpo no espaço podem ser analisados através da posição do
centro de pressão, medido através da baropodometria (RIBEIRO, 2004; MOCHIZUKI;
AMADIO, 2003).
Segundo Moreira; Moreira (2004), a baropodometria é uma técnica posturográfica de
registro utilizada no diagnóstico e avaliação da pressão plantar, tanto em posição estática, de
repouso, como de movimento, ou deambulação, que registra os pontos de pressão exercidos
pelo corpo.
A baropodometria é um exame objetivo e quantitativo que analisa a pressão plantar
sobre uma plataforma composta por sensores que visam mensurar e comparar as pressões
desenvolvidas nos diferentes pontos da região plantar em diversas situações diferentes. Este
meio de avaliação não possui escores empíricos, mas sim, dados fidedignos e mensurados
objetivamente (PRZYSIEZNY; FORMONTE; PRZYSIEZNY, 2003; MOREIRA;
MOREIRA, 2004; SCHMIDT et al., 2003; CECCHINI, 2004; MERCZAK, 2004).
A plataforma é formada por uma placa barosensível, conectada por um cabo a um
computador que utiliza um software apropriado para visualização, uma bandeja rígida de
platina com tamanho variável que repousa sobre vários transdutores que transformam a força
aplicada em um sinal elétrico (MOREIRA; MOREIRA, 2004).
A baropodometria vem sendo utilizada principalmente como um meio de avaliação,
mas em certas situações específicas, ela também pode ser usada como uma plataforma de
força que serve de biofeedback postural no treino de simetria de forças do corpo contra o solo
(MOREIRA; MOREIRA, 2004; PRZYSIEZNY; FORMONTE; PRZYSIEZNY, 2003).
A utilização da baropodometria na avaliação do equilíbrio postural corporal é uma
tecnologia bastante recente, existindo pouquíssimas pesquisas relatando o seu uso. Na maioria
25
das vezes, ela é utilizada para fins clínicos, o que explica até certo ponto a inexistência de
artigos acadêmicos nessa área. Considerando todas as possibilidades de análise e suas
conseqüentes aplicações, a baropodometria pode ser considerada uma excelente metodologia
para avaliar não só o equilíbrio corporal através do deslocamento da pressão, mas também a
distribuição da carga na planta dos pés, tanto de forma estática quanto dinâmica (SCHMIDT
et al., 2003).
A baropodometria permite ainda quantificar as pressões do pé direito, esquerdo,
pressões na parte anterior, posterior ou ainda no médiopé (MERCZAK, 2004).
As baropodometrias podem ser analisadas segundo Merczak (2004), levando-se em
conta como parâmetros de normalidade, 35 a 40% da pressão plantar no ante pé e 55 a 60%
no retro pé.
Figura 1 - Imagem da impressão plantar
Fonte: Elaborado pelo autor, 2006.
2.3.1 Distribuição das pressões
O pé é o meio primário de interação do corpo com o chão. Para Ledoux e Hillstrom
(2002) ele funciona como um complacente mecanismo (por exemplo, durante aceitação de
26
peso) e como uma alavanca rígida (por exemplo, durante propulsão). A estruturas anatômicas
do pé suportam e distribuem adequadamente a força de reação do chão nestas situações.
Bienfait (1989) não acredita ser exata a repartição das forças em idênticas proporções
entre retropé e antepé recebidas pelo tálus. A linha de gravidade traçada do centro de
gravidade até a base de sustentação cai sobre uma linha que atinge os cuneiformes
intermédios. É nesse nível que se exerce a gravidade e ela se divide em duas forças iguais.
Essa força da gravidade divide-se ainda no antepé, aproximadamente dois terços para a
cabeça do primeiro metatarso e um terço para a cabeça do quinto metatarso. É evidente que
dependendo da forma do pé e de seu alinhamento em relação ao chão, tais distribuições são
muito variáveis.
Segundo Vega (2003), forças descendentes dos membros inferiores são recebidas pela
parte superior do tálus. Um percentual dessa força volta, o restante é então distribuído por
duas vias: uma seguindo as fibras do corpo do tálus, passando pelo sistema talâmico e termina
na tuberosidade inferior do calcâneo. A outra parte continua adiante para as fibras do tálus e
termina distribuída em dois setores:
Pelos três cuneiformes e daí passam aos três metatarsos;
Pelo cubóide e destes passam aos últimos dois metatarsos.
Para Kellis (2001), a distribuição da pressão plantar é afetada por vários fatores como:
estruturas anatômicas do pé, massa corpórea, gênero e alcance articular do movimento.
Segundo Manfio (2001), houve um esforço para quantificar a distribuição de pressão
plantar no final do século XIX, porém, avanços significativos no desenvolvimento de sistemas
de medição só foram feitos a partir de 1980. Há diferentes métodos projetados e testados para
essa finalidade, sendo documentados mais de 40 sistemas diferentes, o que dificulta a
comparação dos resultados.
27
As articulações subtalares, em especial a articulação posterior, são sede dos
movimentos de báscula do retro pé. Essas duas articulações têm um importante papel na
adaptação à gravidade (BIENFAIT, 1989).
2.4 Os Desequilíbrios Posturais
De acordo com Ceci; Fonseca (2005), os desequilíbrios posturais devem ser analisados
nas duas formas de início destes desequilíbrios. Os processos descendentes (sistema
craniomandibular) e os processos ascendentes (sistema podal). Isso se torna importante,
porque quando uma determinada parte do corpo pode-se estar dando origem a desvios e
estresse postural em outras regiões. Segundo o mesmo autor, e ainda, Bricot (2004), Sampaio
(2002) e Ricard (2002), classifica-se a oclusão como fator importante dos desequilíbrios de
origem descendentes e os pés como fatores importantes de desequilíbrios ascendentes.
Estudos em neurociências demonstram que as mudanças ocorridas no sistema tônico-
postural não dependem exclusivamente do ouvido interno, mas muitas vezes de sensores
sensitivos internos e externos, sendo os principais os olhos e os pés (SCHMIDT et al., 2003).
A capacidade que o ser humano possui de manter-se ereto é uma das características
que o diferencia de todos os outros animais. O pé humano é uma das estruturas do reino
animal, capaz de suportar e sustentar a postura bípede (SALTZMAN; NAWOCZENSKI,
1995).
Os pés não são os únicos a intervirem, pois os seus elementos constitutivos como a
pele, os músculos e as articulações também podem causar alterações. Todo este sistema pode
sofrer influências de outras entradas, como por exemplo, o aparelho manducatório. A partir do
momento em que um ou vários destes captores estiverem desregulados, ocorrerá um
28
desequilíbrio tônico postural e com ele seu cortejo de forças contrárias anormais (BRICOT,
2004).
Sabe-se que existe uma estreita correlação entre todas as partes do organismo, sendo
assim, o mecanismo de equilíbrio crânio coluna cervical mandíbula envolve toda a
musculatura superior e que os diversos desvios da postura corporal sobrevêm de uma
compensação ascendente ou descendente. Estes desvios são individuais e nem sempre seguem
regras diretas e simples (SAMPAIO, 2002).
O controle da postura é um pré-requisito para qualquer atividade motora voluntária. A
orientação corporal em relação ao ambiente, e a dos segmentos relacionados ao corpo durante
posturas estáticas e dinâmicas, contra a ação da força da gravidade, é objetivo do controle
postural. Este controle está baseado na sobreposição dos segmentos, que por sua vez estão
ligados pelos músculos, que atravessam as diferentes articulações, sob o controle automático
central. Para que uma atividade motora seja realizada com sucesso, complexas e diferentes
mudanças acontecem no tônus muscular, o Sistema Nervoso Central (SNC) utiliza as
informações provenientes do ambiente, a partir de três sistemas sensoriais: visão,
somatosensorial e sistema vestibular, para a modulação tônica e fásica da atividade muscular
(ARUIN; MAYKA; SHIRATORI, 2003).
Segundo Bricot (2004) e Ricard (2002), a percentagem de pessoas que apresentam
desequilíbrios posturais está em aproximadamente 90% dos indivíduos.
A antotropometria do pé e deformidades deste tem sido identificadas como
contribuintes de alterações funcionais, por exemplo, a instabilidade postural. Assim, as
diferentes características do corpo têm levado a alterações posturais. Esta variabilidade pode
agitar a seleção de estratégias motoras usadas por pessoas para se manterem em ortostase
(BARAÚNA, 1997; ADORNO, 2001).
29
2.5 Ginástica Rítmica
A história da Ginástica confunde-se com a história do homem. A Ginástica entendida
como a prática do exercício físico “vem da Pré-história, firma-se na Antigüidade, estaciona na
Idade Média, fundamenta-se na Idade Moderna e sistematiza-se nos primórdios da Idade
Contemporânea”. No homem pré-histórico a atividade física tinha papel relevante para sua
sobrevivência, expressa principalmente na necessidade vital de atacar e defender-se. O
exercício físico de caráter utilitário e sistematizado de forma rudimentar, era transmitido
através das gerações e fazia parte dos jogos, rituais e festividades (BOTT, 1996).
Um dos primeiros relatos acerca do princípio da atividade física associada ao ritmo
vem de Russeau (1712-1778), que realizou um estudo sobre o desenvolvimento técnico e
prático da ginástica para a educação infantil. Foi por meio dos trabalhos de Muts (1759-1839),
considerado um dos pioneiros da ginástica, que se obteve o desenvolvimento das atividades
ginásticas relacionadas ao fortalecimento do indivíduo e também com o propósito de
proporcionar saúde e preparação para a guerra (SAUER, 1980).
O lado artístico da Ginástica Rítmica teve suas raízes lançadas por Delsarte (1811-
1871), que caracterizou o seu trabalho pela busca da expressão dos sentimentos através dos
gestos corporais. Dalcroze (1865-1950), pedagogo suíço e professor de música, iniciou a
prática de exercícios rítmicos como meio de desenvolvimento da sensibilidade musical
através dos movimentos do corpo. Realizou diversos estudos fisiológicos dos quais concluiu a
existência da íntima relação entre harmonia dos movimentos e seu dinamismo, entre o
equilíbrio e os diversos estados do sistema nervoso central, exercendo ampla influência na
formação das escolas de dança e no desenvolvimento da Educação Física (LAFFRANCHI,
2000).
Posteriormente, Bode (1881-1971), aluno de Dalcroze, apregoava que o mais
importante era o fluir do movimento e seu caráter natural e integral. Desenvolveu-se então,
30
um sistema cujo objetivo era demonstrar através dos movimentos, os diversos estados
emocionais do indivíduo. Somou-se a isto, a música, a utilização de aparelhos com a
finalidade de ornamentar a apresentação e as características femininas. Foi Bode, considerado
criador da Ginástica Rítmica, quem estabeleceu os princípios básicos da mesma, os quais até
hoje são considerados importantes e seguidos. Suas teorias são fundamentadas no princípio
da contração e relaxamento, que é a própria essência do movimento humano e forma a
unidade do ritmo corporal. Quanto ao espaço explorou as direções e planos em todas as suas
possibilidades, o que constitui a base da variação dos deslocamentos na ginástica rítmica
atual. Introduziu a ginástica de expressão e o trabalho em grupos, destacando a colaboração e
harmonia (FERNANDEZ, 1999).
Duncan (1878-1929), seguidora de Bode, adaptou o sistema à dança e o levou a antiga
União Soviética e lá iniciou o ensino desta nova atividade como esporte independente e com
manifestações competitivas. O alemão Medau, estudou os exercícios rítmicos e iniciou a
introdução de aparelhos como a bola, as maças e o arco, dando o primeiro passo para a
utilização dos aparelhos nos exercícios femininos (SAUER, 1980).
A história nos mostra que a Ginástica Rítmica moderna é um esporte recente, muito
complexo e que teve seu início na necessidade e competência de um grande profissional em
querer desenvolver a percepção musical através de movimentos corporais expressivos e
contextualizados. É interessante como a Ginástica Rítmica cada vez mais praticada no mundo
e em constante reestruturação procura aprimorar a estreita relação entre a perfeição técnica e a
arte de executar movimentos expressos através da música (LAFFRANCHI, 2000).
A Ginástica Rítmica começou a ser praticada desde o final da Primeira Guerra
Mundial, mas não possuía regras específicas nem um nome determinado. Várias escolas
inovavam os exercícios tradicionais da Ginástica Artística, misturando-os com música
(ALONSO, 2004).
31
Conforme o mesmo autor, a então Ginástica Rítmica, esporte independente, passa a ser
chamada de Ginástica Moderna (1962), em reconhecimento pela Federação Internacional de
Ginástica (FIG). Mais tarde em 1975, passa a ser denominada de Ginástica Rítmica
Desportiva, estabelecendo-se definitivamente sua característica competitiva. A Ginástica
tornou-se um esporte olímpico oficial em 1984, somente com competições individuais. Nos
Jogos Olímpicos de Atlanta, em 1996, incluiu-se as competições de conjunto. Em 1946, na
Rússia, surge o termo “rítmica”, devido a utilização da música e da dança durante a execução
dos movimentos.
No Brasil há uma crescente demanda de crianças que praticam a Ginástica Rítmica,
prova disso é que a seleção brasileira de GR foi campeã dos Jogos Panamericanos de
Winnipeg (1999) e oitava colocada nos Jogos Olímpicos de Sydney (2000).
Essa modalidade esportiva caracteriza-se pelo alto nível de exigência coordenativa das
atletas. Simetria e bilateralidade são fundamentais para seu êxito, porém existe ainda o
aspecto artístico, ou seja, as apresentações das atletas são avaliadas por árbitras, portanto, o
desempenho físico e técnico podem ser suplantados por uma interpretação subjetiva
(LAFFRANCHI, 2000).
A Ginástica Rítmica tem dois naipes de competição: Individual e de Conjunto. Nos
campeonatos individuais das categorias juvenil e adulta, a ginasta obrigatoriamente participa
de quatro provas (aparelhos) dos cinco existentes. Esses aparelhos são definidos a cada ciclo
olímpico (BOTT, 1996).
Elementos Corporais são a base indispensável dos exercícios individuais e conjuntos.
Os elementos corporais podem ser realizados em várias direções, planos, com ou sem
deslocamento, em apoio sobre um ou dois pés, coordenados com movimentos de todo o
corpo. Fazem parte dos elementos corporais obrigatórios: andar, correr, saltar, saltitar,
balancear, circunduzir, girar, equilibrar, ondular, executar pré-acrobáticos, lançar e recuperar
32
sendo que os exercícios devem ser acompanhados por estímulo musical A preparação física
para a Ginástica Rítmica faz-se por vários exercícios onde as atletas ficam o tempo todo em
flexão plantar na ponta dos pés (LAFFRANCHI, 2000).
A demanda funcional tem sido sugerida como responsável pela produção de
adaptações estruturais no sistema músculo-esquelético (HERZOG, 1996).
Essas alterações foram estudadas e discutidas neste trabalho.
33
3 METODOLOGIA
3.1 Tipo de Estudo
Foi um estudo descritivo prospectivo transversal controlado.
3.2 Local
As coletas foram realizadas na Clínica Podal Tech, na cidade de Cascavel no Estado
do Paraná mediante autorização da mesma e dos pais ou responsáveis pelas crianças.
3.3 Amostra
Foram selecionadas 53 crianças do sexo feminino com idade entre 7 e 14 anos, altura
entre 122 e 171 cm e tamanho do calçado entre 30 e 39, praticantes e não praticantes de
Ginástica Rítmica.
Os pais ou responsáveis pelas crianças selecionadas para o estudo assinaram um
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do
IP&D (Anexo C), UNIVAP contendo informações que os deixaram cientes do objetivo, dos
procedimentos e riscos do estudo.
O estudo foi realizado com dois grupos distintos de crianças:
O Grupo 1 (G1 ou experimental), composto de 43 crianças praticantes de GR.
O Grupo 2 (G2 ou controle), composto de 10 crianças que não praticam GR,
estudantes do Colégio FAG- COC.
34
Os fatores de inclusão para os grupos foram: sexo feminino, ausência de lesões
músculo-esqueléticas, cardiorespiratórias e/ou neurológicas, capazes de permanecer em
postura ortostática sem apoio, cognitivo preservado e capacidade de atender as orientações
dadas durante as coletas.
Foram excluídos do estudo, crianças do sexo masculino, com idade abaixo de 7 ou
acima de 14 anos e que apresentassem algum tipo de lesão músculo-esquelética e/ou
cardiorespiratória relevantes, lesões neurológicas, déficits de atenção ou as que o pai ou
responsável não tivesse concordado com o termo de consentimento.
3.4 Equipamentos
3.4.1 Plataforma
A plataforma de baropodometria é uma plataforma de força com 2.704 sensores
capacitivos dispostos em uma área de 289cm
2
(17cm X 17cm), com freqüência de
amostragem de 150 HZ.
Figura 2: baropodometro eletrônico
Figura 2 - Plataforma
Fonte: Elaborada pelo autor (2006)
35
3.4.2 Balança
Para verificar o peso e a altura das crianças utilizou-se uma balança mecânica da
marca Toledo com estadiometro acoplado.
3.5 Procedimento Experimental
As participantes foram avaliadas sobre a plataforma de força de Baropodometria de
modo estático, analisadas pelo mesmo examinador e nas mesmas condições.
Elas permaneceram com os pés paralelos formando um ângulo de 30º e uma distância
de 4 cm entre os calcanhares, medidos através de 1 goniômetro da marca ISP, conforme
preconiza Gagey e Weber (2000). Todas as participantes estavam descalças, em pé, em
postura estática e relaxadas com os braços ao longo do corpo, mantendo o olhar na horizontal
sem fixar um ponto e ainda com os lábios cerrados e a mandíbula em posição de repouso sem
contato oclusal.
Todas as crianças passaram por um período de adaptação aos equipamentos
previamente à coleta de dados, minimizando, desta forma, alterações devido a não habituação
ao meio (WALL; CHARTERIS, 1980 ; 1981; CAMPOS et al., 2002).
A duração dos registros foi de 53 segundos. Foi utilizado o programa Foot Work,
instalado em um notebook com microprocessador AMD Semprom 2800, com HD de 40 GB e
256 MB de memória. Utilizou-se os programas Microsoft Word 2003, Paint, Microsoft Exel
e Auto Cad para elaboração do texto, importar as imagens, formatação dos gráficos e cálculo
do tipo de pé respectivamente.
Os dados adquiridos são dados numéricos em Kgf/cm
2
(quilograma força/centímetro
quadrado) de distribuição do peso corporal.
36
Para identificar o tipo de pé, classificou-se as imagens plantares utilizando a
classificação do pé segundo Valenti (1979) apud Barroco, Viana e Salomão (2003), o qual
utiliza os seguintes parâmetros: Pé cavo, quando o indivíduo tem a largura da impressão
plantar do médiopé (istmo) menor que 1/3 da medida do antepé. Pé normal, quando o
indivíduo tem a largura da impressão plantar do médiopé (istmo) correspondente a 1/3 da
largura da impressão plantar do antepé. Pé Plano corresponde ao pé que, na sua impressão
plantar do médiopé tem a largura maior que 1/3 do antepé. (figura 3).
Figura 3 - Classificação da impressão plantar segundo os critérios de VALENTI (1979).
A = Normal; B = Grau 1; C = Grau 2; D = Grau 3; E = Grau 4
Pé plano adquirido do adulto por disfunção do tendão tibial posterior.
Fonte: Barroco, Viana e Salomão (2003, p. 16)
Neste estudo os pés foram classificados apenas em plano, normal e cavo, não
subdividindo o pé plano plano em graus.
A figura abaixo mostra as medidas do antepé, mediopé e retropé utilizadas para a
classificação do mesmo em cavo plano e normal.
37
Figura 4 - Medidas do antepé e médio pé para identificação do tipo de pé
Fonte: Elaborada pelo autor (2006)
A análise do tipo de pé foi realizada utilizando a imagem do pé salva no Software
Paint que posteriormente foi enviada para o Software Auto Cad 2003 onde foram realizadas
as medidas do antepé e médiopé.
3.6 Análise dos Dados
A coleta, organização e descrição dos dados ficaram a cargo da estatística Descritiva
(Software Excel 97), enquanto a análise dos dados da estatística Inferencial (Software
Microcal Origin 6.0), (BERQUÓ et al., 1981; CRESPO, 1996).
Os valores médios dos picos de pressão plantar em cada parte do pé obtidos foram
comparados de forma a verificar possíveis diferenças entre antepé, mediopé e retropé de todos
os indivíduos e o comportamento dessas pressões em relação aos dados de caracterização do
grupo (tempo de prática, idade, peso, número do calçado e idade de início da prática
esportiva). Esses dados também foram comparados entre os grupos.
38
Posteriormente, os dados baropodométricos foram divididos e analisados em três
grupos diferentes, conforme a caracterização do tipo de pé de cada indivíduo (cavo, plano e
normal).
Para realização destas, inicialmente, os dados foram avaliados através do método de
Barlett, a fim de verificar se os desvios-padrão eram semelhantes. Se positivo, foi utilizado o
teste one-way ANOVA e o teste Tukey-Kramer para comparações múltiplas, para os dados
paramétricos. Se negativo, os dados eram considerados não paramétricos, sendo então
utilizados o teste Kruskal-Wallis ANOVA e o teste de Dunn’s para comparações múltiplas. O
nível de significância estabelecido foi de 5%.
Para as correlações, foi utilizado o coeficiente de correlação de Pearson.
39
4 RESULTADOS
A Tabela 1 apresenta as médias e desvio-padrão dos dados obtidos na avaliação inicial
realizada antes das coletas, com os indivíduos, que caracterizam a amostra do grupo 1 ou
experimental.
Tabela 1 Caracterização do G 1
N = 43 Tempo de
Prática
Idade Peso Altura IMC Calçado
Idade de
Inicio
Média 4,27 11,26 36,95 1,47 16,90 35,05 7,21
Desv. Pad.
2,42 1,81 8,55 0,14 1,80 2,24 2,43
A tabela 2 apresenta as médias e desvio-padrão dos dados obtidos na avaliação inicial
realizada antes das coletas, com os indivíduos, que caracterizam a amostra do grupo 2 ou
controle.
Tabela 2Caracterização do G 2
N =10
Tempo de
Prática
Idade Peso Altura IMC Calçado
Média 0 8,6 28,3 1,35 15,03 32,7
Desv. Pad. 0 1,07 8,34 0,13 1,91 2,50
As médias dos picos de pressão plantar do grupo controle de antepé, mediopé e retropé
quando comparadas entre si, demonstram diferença, porém não significativa na distribuição
da pressão, tanto em pé direito como esquerdo (gráficos 1 e 2).
40
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
Pressão Plantar
Antepé Mediopé Retropé
Gráfico 1 – Comparação entre médias dos picos de pressões plantares de antepé, mediopé e
retropé direito do grupo controle.
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
Antepé Mediopé Retropé
Pressão Plantar
Gráfico 2 Comparação entre médias dos picos de pressões plantares de antepé, mediopé e
retropé esquerdo do grupo controle.
Para o grupo experimental, as médias das pressões plantares entre antepé, mediopé e
retropé quando comparadas, demonstraram que antepé e retropé são maiores
significativamente em relação ao mediopé (p<0,001 em ambos), mas não obtiveram
diferenças entre si, tanto em pé direito como esquerdo (gráficos 3 e 4).
41
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
Antepé Mediopé Retropé
Pressão Plantar
Gráfico 3 Comparação entre médias dos picos de pressões plantares de antepé, mediopé e
retropé direito do grupo experimental (?????? p < 0,001).
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
Antepé Mediopé Retropé
Pressão Plantar
Gráfico 4 Comparação entre médias dos picos de pressões plantares de antepé, mediopé e
retropé esquerdo do grupo experimental. (?????? p < 0,001).
Após a análise com os testes de correlação, observou-se relação entre a idade e antepé,
ou seja, a hipótese de que, quanto maior a idade, maior a descarga de peso em antepé, tanto
direito como em esquerdo (gráficos 5 e 6). As correlações entre idade e mediopé e retropé
existiram mas não foram significativas.
42
6 8 10 12 14 16
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
r =0,3436
p =0,0240
Pressão Plantar
Idade
Gráfico 5 Correlação entre Idade e Antepé direito do grupo experimental.
6 8 10 12 14 16
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
r =0,4182
p=0,0053
Pressão Plantar
Idade
Gráfico 6 Correlação entre Idade e Antepé esquerdo do grupo experimental.
O mesmo ocorreu com os valores obtidos do número de calçado dos indivíduos,
quanto maior o tamanho do pé, maior a descarga de peso em antepé direito e esquerdo.
Conforme demonstrado nos gráficos 7 e 8. As outras correlações não foram significativas.
43
30 32 34 36 38 40
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
r =0,6433
p<0,0001
Pressão Plantar
Nº do Calçado
Gráfico 7 Correlação entre Calçado e Antepé direito do grupo experimental.
30 32 34 36 38 40
20
40
60
80
100
120
140 r =0,5678
p<0,0001
Pressão Plantar
Nº do Calçado
Gráfico 8 Correlação entre Calçado e Antepé esquerdo do grupo experimental.
Ao realizar os testes de correlação entre a idade de início da prática e as pressões
plantares, observou-se que quanto maior a idade, maior a pressão plantar em antepé direito e
esquerdo (gráficos 9 e 10), porém a pressão em mediopé direito diminui (gráfico 11).
44
2 4 6 8 10 12 14
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
r =0,3690
p =0,0149
Pressão Plantar
Idade de Início
Gráfico 9 Correlação entre Idade de Início e Antepé direito do grupo experimental.
2 4 6 8 10 12 14
20
40
60
80
100
120
140
r =0,3872
p=0,0103
Pressão Plantar
Idade de Início
Gráfico 10 Correlação entre Idade de Início e Antepé esquerdo do grupo experimental.
45
2 4 6 8 10 12 14
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
r =-0,3860
p =0,0106
Pressão Plantar
Idade de Início
Gráfico 11 Correlação entre Idade de Início e Mediopé direito do grupo experimental.
A tabela 3 e 4 abaixo apresentam os valores médios de pressão plantar obtidos em
cada região dos pés direito e esquerdo de ambos os grupos estudados.
Tabela 3 – Médias dos picos de pressões plantares de pé direito e esquerdo do Grupo 2.
N = 10
Antepé D Mediopé D Retropé D Antepé E Mediopé E Retropé E
Média 54,24 53,03 74,87 50,00 45,44 66,69
Desv. Pad. 23,44 19,88 39,51 19,55 14,59 26,14
Tabela 4Médias dos picos de pressões plantares de pé direito e esquerdo do Grupo 1.
N = 43 Antepé D Mediopé D
Retropé D Antepé E Mediopé E
Retropé E
Média 60,10 21,95 70,01 54,35 18,26 74,21
Desv. Pad. 25,77 9,38 25,48 18,33 9,43 32,65
Após a análise dos dados obtidos na baropodometria, observou-se que, ao comparar as
regiões do pé em relação a membro direito e esquerdo, não existem diferenças
46
estatisticamente significantes entre as pressões apresentadas (p>0,05), tanto para o grupo
controle como para o grupo experimental.
Os gráficos 12 e 13 abaixo mostram as comparações entre as regiões dos pés entre
grupos, podemos observar uma diferença estatisticamente significativa apenas entre o
mediopé esquerdo e direito (p<0,01), no qual os indivíduos do Grupo 1 apresentam uma
média dos valores de pressão plantar maior do que o Grupo 2.
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
Controle Experimental
Pressão Plantar
Mediopé Direito
Gráfico 12 Médias dos picos de pressões plantares do mediopé direito dos grupos estudados.
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
Controle Experimental
Pressão Plantar
Mediopé Esquerdo
Gráfico 13 Médias dos picos de pressões plantares do mediopé esquerdo dos grupos
estudados.
47
Tabela 5 – Distribuição dos tipos de pé, direito e esquerdo G 1.
Pé D Pé E
Cavo 32 (74,4%) 36 (83,7%)
Plano 5 (11,6%) 2 (4,7%)
Normal 6 (14%) 5 (11,6%)
Total 43 (100%) 43 (100%)
74%12%
14%
Cavo
Plano
Normal
Gráfico 14 Pé direito G 1.
83%
5%
12%
Cavo
Plano
Normal
Gráfico 15 Pé esquerdo G 1.
48
Tabela 6 – Distribuição dos tipos de pé, direito e esquerdo G 2.
Pé D Pé E
Cavo 05 (50%) 03 (30%)
Plano 04 (40%) 03(30%)
Normal 01 (10%) 04 (40%)
Total 10 (100%) 10 (100%)
50%
40%
10%
Cavo
Plano
Normal
Gráfico 16 - Pé direito do G 2.
40%
30%
30%
Cavo
Plano
Normal
Gráfico 17 - Pé esquerdo do G 2.
A distribuição dos sujeitos nos grupos relacionados aos tipos de pé, direito e esquerdo
se apresentaram conforme a tabela 8 , 9 e 10 e gráficos 18 a 20 a seguir:
49
Ao dividir as pressões plantares dos indivíduos em três grupos, conforme o tipo de pé
(cavo, plano ou normal), observou-se os seguintes comportamentos:
Tabela 7 – Médias dos picos de pressões plantares de pé cavo.
Antepé Mediopé Retropé
Média 58,70 18,52 77,32
Desv. Pad. 22,83 9,36 29,67
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
∗∗
∗∗
Antepé Mediopé Retropé
Cavo Cavo Cavo
Pressão Plantar
Gráfico 18 Comparação entre médias dos picos de pressões plantares de antepé, mediopé e
retropé cavo (??????p<0,001; ?????p<0,05).
Para o pé cavo, a maior descarga de peso ocorre em retropé, seguido de antepé e
mediopé. A diferença entre antepé e retropé em relação ao mediopé é extremamente
significante, com p<0,001. Já a diferença entre antepé e retropé apresentou p<0,05 (Tabela 7 e
Gráfico 18).
50
Tabela 8 – Médias das pressões plantares de pé plano.
Antepé Mediopé Retropé
Média 39,97 28,18 49,94
Desv. Pad. 8,31 6,89 12,05
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
Antepé Mediopé Retropé
Plano Plano Plano
Presão Plantar
Gráfico 19 Comparação entre médias dos picos de pressões plantares de antepé, mediopé e
retropé plano (??p<0,01).
No pé plano, a pressão plantar é maior em retropé, mas são mais homogêneas. A
diferença de antepé com mediopé e retropé não foi significante (p>0,05). O valor de p só foi
significante ao comparar mediopé e retropé (p<0,01). Conforme demonstrado na tabela 8 e
gráfico 19.
51
Tabela 9 – Médias dos picos de pressões plantares de pé normal.
Antepé
Mediopé
Retropé
Média 59,06 24,81 54,02
Desv. Pad. 22,62 8,36 19,13
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
Pressão Plantar
Antepé Mediopé Retropé
Normal Normal Normal
Gráfico 20 Comparação entre médias dos picos de pressões plantares de ante pé, médio pé e
retro pé normal (??p<0,001; ?? p<0,01).
O pé normal apresenta descarga de peso melhor distribuída entre antepé e retropé.
A tabela 9 e o gráfico 20 demonstram diferença na comparação de mediopé com antepé e
retropé, ou seja, mediopé apresentou menor pressão plantar estatisticamente significativa.
52
5 DISCUSSÃO
Normalmente, o arco longitudinal (interno e externo) do pé desenvolve-se durante a
infância, devido em parte à perda de tecido gorduroso subcutâneo e em parte à redução da
flexibilidade das articulações, o que normalmente se produz com o crescimento (SANTOS,
2003).
A formação do arco plantar na criança acontece aproximadamente entre 4 e 6 anos de
idade (KAPANDJI, 2000).
Devido às afirmações acima é que foram selecionadas as participantes da pesquisa
com idade acima de 7 anos de idade, pois nessa idade já ocorreu a formação completa do arco
plantar.
O pé é o meio primário de interação do corpo com o chão. Para Ledoux e Hillstrom
(2002) ele funciona como um complacente mecanismo (por exemplo, durante aceitação de
peso) e como uma alavanca rígida (por exemplo, durante propulsão). As estruturas anatômicas
do pé suportam e distribuem adequadamente a força de reação do chão em ambos estas
situações.
Estudos em neurociências demonstram que as mudanças ocorridas no sistema tônico-
postural não dependem exclusivamente do ouvido interno, mas muitas vezes de sensores
sensitivos internos e externos, sendo os principais os olhos e os pés (SCHMIDT et al., 2003).
Segundo Bricot (2004) e Ricard (2002), a percentagem de pessoas que apresentam
desequilíbrios posturais está em aproximadamente 90% dos indivíduos.
A antropometria e deformidades do pé têm sido identificadas como contribuintes de
alterações funcionais, por exemplo, a instabilidade postural. Assim, as diferentes
características do corpo têm levado a instabilidade postural. Esta variabilidade pode agitar a
53
seleção de estratégias motoras usadas por pessoas para se manterem em ortostase
(BARAÚNA, 1997; ADORNO, 2001).
Segundo Kim (2003), o pé é uma ligação importante na cadeia cinética inferior. Os
arcos do pé são fatores importantes para a distribuição apropriada do peso. O pé apresenta
funções múltiplas assumidas pelo que a fisiologia chama de abóbada plantar.
Por todos estes fatores citados acima estudar a distribuição das pressões plantares é de
grande valia para o diagnóstico e tratamento de distúrbios posturais tanto em atletas quanto
em sedentários.
Nos gráficos 5 e 6 observa-se que a pressão plantar no antepé é diretamente
proporcional a idade.
Existem poucos estudos biomecânicos relacionados às crianças em estirão puberal que,
de acordo com Fisberg (1995) há um crescimento biológico expressivo nesta fase, essa
afirmação talvez possa se justificar pelo fato dos sujeitos estarem na fase da pré-adolescência,
pois, segundo Solt et. al. (2005), nesta fase as proporções corporais começam a se alterar de
maneira significativa, fazendo com que eles apresentem durante determinado período dessa
fase uma marcha desajeitada, provavelmente resultado da adaptação das tarefas motoras ao
seu corpo em plena modificação física.
Apesar do padrão da maturidade estar bem estabelecido entre os três e os quatro anos
de idade, as mudanças do crescimento continuam até a puberdade, e o aumento da estatura do
corpo continuam a influenciar na marcha e equilíbrio postural, sendo que esses parâmetros
estabilizam-se aos vinte anos de idade (ROSE; GAMBLE, 1998)
Índices da impressão plantar são obtidos e usados para classificar os pés. Utilizando
uma impressão do pé realizada pelo contanto com tinta na região plantar (pedígrafo), como
com aparelhos mais sofisticados (transdutores de pressão). Em qualquer caso, a suposição
central é que qualquer mudança na forma e orientação dos componentes estruturais do pé,
54
adquirido enquanto parado (estático) ou se movendo, seria refletido na impressão plantar. A
medida da largura ou área de contato na impressão é sugerida para prover meios simples e
objetivos para a classificação dos pés (RAZEGHI; BATT, 2002).
Neste trabalho foram utilizadas as medidas do antepé e médiopé colhidas através da
plataforma de baropodometria que além de proporcionar os picos de pressão plantar, também
fornece as imagens da planta do pé de forma mais precisa que os pedígrafos.
Segundo Viladot e Nery (apud Pryzsiezny; Formonte; Pryzsiezny, 2003) a medida da
região do médio pé serve como parâmetro para definir o tipo de pé, o tipo cavo é o pé que
apresenta uma medida menor que um terço da medida do antepé e do tipo plano o pé que
apresenta uma medida maior que um terço da medida do antepé.
A demanda funcional tem sido sugerida como responsável pela produção de
adaptações estruturais no sistema músculo-esquelético (HERZOG, 1996).
Bailarinas clássicas, ginastas e atletas de voleibol, utilizam a articulação do tornozelo
em movimentos repetitivos de flexão plantar. No entanto, as bailarinas assim como atletas de
GR realizam esses movimentos com o intuito de se manterem sobre a ponta dos pés em graus
elevados de flexão plantar (FRAÇÃO; VAZ, 2005).
É razoavelmente bem aceito que o tibial anterior não desempenha qualquer papel na
sustentação estática normal do arco longitudinal do pé. Durante condições com cargas
dinâmicas, entretanto, a contração muscular auxilia a fonte primária de sustentação do arco, as
estruturas osteoligamentares. Os indivíduos com pés planos também necessitam de
sustentação muscular dos arcos, especialmente pelo tibial posterior (HAMILL; KNUTZEN,
1999).
O tibial posterior constitui uma corda parcial situada perto do vértice do arco. Ele
dirige o escafóide para baixo e para trás sobre a cabeça do tálus. O fibular lateral longo
também influi sobre o arco interno cuja cavidade aumenta, flexionando o primeiro osso do
55
metatarso sobre o primeiro cuneiforme, e este por sua vez sobre o navicular. O flexor do
hálux forma uma curva subtotal do arco interno agindo com potencia em sua concavidade,
ajudado pelo flexor comum dos dedos que o cruza para baixo. O flexor do hálux também
desempenha o papel de estabilizador do tálus e do calcâneo. O adutor do hálux constitui a
corda total do arco interno aproximando as suas duas extremidades (KAPANDJI, 2000).
A preparação física para a Ginástica Rítmica faz-se por vários exercícios onde as
atletas ficam o tempo todo em flexão plantar na ponta dos pés (LAFFRANCHI, 2000).
Acredita-se que devido as atletas de Ginástica Rítmica ficarem muito tempo em flexão
plantar na ponta dos pés encontrou-se uma maior incidência de pés cavos e também uma
menor descarga de peso em médio pé em relação ao grupo não praticante. Tal comportamento
fica evidente quando observamos as tabelas IV, V, VI e VII e nos gráficos 12 a 18.
A baropodometria permite quantificar as pressões do pé direito, esquerdo, pressões na
parte anterior, posterior ou ainda no médiopé (MERCZAK, 2004).
As baropodometrias podem ser analisadas segundo Merczak (2004), tendo-se em
conta como parâmetros de normalidade, 35 a 40% da pressão plantar no ante pé e 55 a 60%
no retro pé.
O comportamento descrito acima pode ser confirmado nas tabelas IV e V e nos gráfico
1, 2, 3 e 4 que mostram que nos 2 grupos existe uma pressão plantar maior em retro pé em
relação ao antepé, apesar da diferença não ser estatisticamente demonstrada.
Vários outros fatores podem influenciar no equilíbrio postural e consequentemente nos
apoios plantares.
Stefanello (2005) em seu estudo com pacientes das classes I, II e III de Angle na
plataforma de baropodometria demonstrou que a oclusão pode interferir na pressão plantar.
56
A influência da ansiedade tem sido demonstrada como fator importante no equilíbrio
postural. Indivíduos saudáveis com elevados níveis de ansiedade motivaram o deslocamento
anterior do centro de gravidade (FONTEQUE, 2004).
Na pesquisa desenvolvida por Bohnout et al., encontrou- se correlação significativa
entre os altos níveis de ansiedade e o baixo desempenho do equilíbrio em 7 estudantes
saudáveis. O mesmo resultado foi encontrado por Wada et al., e Yardley, Redfern (ROSA et
al., 2004).
Porém nesse estudo não ouve diferenças significativas por se tratar de grupos
homogêneos.
57
6 CONCLUSÃO
Através da analise dos dados obtidos na pesquisa pratica, pode-se perceber que estes
foram de encontro à teoria exposta no referencial bibliográfico consultado. Através desta
relação, demonstrou-se que as atletas de Ginástica Rítmica têm uma maior incidência de pé
cavo e uma menor pressão no médio pé em relação ao grupo não praticante de Ginástica
Rítmica, isso demonstra que o treinamento das atletas influencia na formação do arco plantar.
Verificou-se também que tanto a idade quanto o tamanho do calçado e tempo de
prática podem influenciar nos picos de pressão plantar.
Por isso a partir desses resultados sugere-se que a permanência em flexão plantar
como no treinamento da GR, pode ser uma forma eficaz para o tratamento de crianças com
pés planos e deve ser evitado em crianças com pé cavo.
Pela escassez de trabalhos publicados nessa área, fica como sugestão para próximos
estudos, tratamento de crianças com pé plano através de exercícios extraídos da Ginástica
Rítmica.
Sugere-se também trabalhos associando Baropodometria com Eletromiografia para
verificar quais os músculos que agem no controle postural.
58
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61
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62
APÊNDICE A: FICHA DE IDENTIFICAÇÃO
FICHA DE IDENTIFICAÇÃO
Nome: ________________________________________________________________
Idade:_________________________________________________________________
Peso:__________________________________________________________________
Altura:_________________________________________________________________
Número do calçado:______________________________________________________
Prática atividade física SIM ( ) NÃO ( )
Qual:__________________________________________________________________
A quanto tempo pratica:___________________________________________________
Com quantos anos iniciou:_________________________________________________
63
APÊNDICE B: TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Nome da pesquisa: Análise comparativa da distribuição de carga e arcos plantares entre
bailarinos clássicos, atletas de ginástica rítmica e indivíduos sedentários em plataforma
de baropodometria.
Pesquisador responsável: PROF. Rodrigo Luiz Lima Jucá
Fones para contato; (45) 3327 2515, (45) 9105 0365.
Orientador; PROF. Doutor Eder Rezende
Fones para contato; (12) 39471000
Eu__________________________________________________RG____________________
responsável pelo menor________________________________________________________
Declaro estar de acordo com a participação do mesmo no projeto, de livre e espontânea
vontade.
Objetivo; A presente pesquisa de mestrado da Universidade do Vale do Paraíba, tem
como objetivo verificar as possíveis correlações entre o meio em que os bailarinos e
atletas de ginástica rítmica treinam e o tipo de treinamento, com a formação dos arcos
plantares e a distribuição da carga nos pés e compará-las com indivíduos sedentários.
Procedimento; Serão selecionados 20 atletas de rendimento de ginástica rítmica, 20
bailarinos clássicos com mais de 5 anos de balé e 20 indivíduos sedentários. Serão
submetidos à avaliação postural sobre plataforma de Baropodometria que é uma
técnica posturográfica de registro utilizada no diagnóstico e avaliação da pressão
plantar, que registra os pontos de pressão exercidos pelo corpo.
Riscos; Há riscos mínimos para os participantes, já que os mesmos só têm que
permanecer por alguns minutos parados em pé sobre a plataforma de baropodometria
que tem 2 centímetros de altura.
Custos Adicionais; Não haverá custos adicionais ao participante da pesquisa.
Possuo também a garantia de receber resposta a qualquer pergunta ou esclarecimento a
qualquer dúvida acerca dos procedimentos e todos os demais assuntos relacionados à pesquisa
e a liberdade de retirar meu consentimento a qualquer momento do estudo sem que isso me
traga prejuízo.
Terei a segurança de que não serei identificado e que se manterão caráter confidencial das
informações relacionadas com minha privacidade.
Possuo igualmente o compromisso de comunicar ao pesquisador responsável informações
verdadeiras e atualizadas sobre questões referentes ao projeto de pesquisa, ainda que este
possa afetar a minha vontade de continuar participando.
Através deste Termo de Consentimento Livre e Esclarecido fui informado de forma clara
e detalhada, livre de qualquer forma de constrangimento, dos objetivos, da justificativa, dos
procedimentos e dos desconfortos e benefícios do presente projeto de pesquisa.
Assinatura do pesquisador: ________________________________________
Em seguida, assino meu consentimento.
Cascavel, _____de __________ de 2005.
Assinatura: ______________________________
64
ANEXO A: APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA
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