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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO”
FACULDADE DE MEDICINA DE BOTUCATU
A interface da urgência em saúde bucal no SUS:
o caso de um Pronto Socorro, no município de
São Paulo, 2006
Maria Elvira Toledo
Botucatu
2008
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Maria Elvira Toledo
A interface da urgência em saúde bucal no SUS:
o caso de um Pronto Socorro, no município de
São Paulo, 2006
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Saúde Coletiva, Departamento de
Saúde Pública da Faculdade de Medicina de
Botucatu – UNESP, para obtenção do título de
Mestre.
Orientadora: Profa. Dra. Nilce Emy Tomita
Botucatu
2008
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FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA SEÇÃO TÉCNICA DE AQUISIÇÃO E TRATAMENTO DA
INFORMAÇÃO
DIVISÃO TÉCNICA DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAÇÃO - CAMPUS DE BOTUCATU - UNESP
BIBLIOTECÁRIA RESPONSÁVEL: Sulamita Selma Clemente Colnago
Toledo, Maria Elvira.
A interface da urgência em saúde bucal no SUS : um estudo de caso de um
Pronto Socorro, no município de São Paulo, no ano 2006 / Maria Elvira
Toledo. – 2008.
Dissertação (mestrado) – Faculdade de Medicina de Botucatu,
Universidade Estadual Paulista, 2008.
Orientador: Nilce Emy Tomita
1. Saúde bucal. 2. Odontologia social.
CDD 617.601
Palavras-chave: Saúde Bucal Coletiva; Urgência; Política de Saúde;
Sistema de Referência e Contra referência.
Dedicatória
Dedicatória
Aos meus filhos Christian e Anna,
Alegres e fiéis companheiros de percurso.
Agradecimentos
Agradecimentos
Inicio agradecendo a Deus, que nos acompanha e ilumina a todo momento, provendo
e renovando forças para as melhores escolhas;
Aos meus irmãos Marimárcia, Tim e sua esposa Eliana e familiares compartilhando
alegrias e dificuldades nos caminhos do cotidiano;
À minha orientadora, Profa. Dra. Nilce Emy Tomita, por sua disposição e
experiência profissional para o monitoramento no desenvolvimento desta pesquisa;
Aos professores do Departamento de Saúde Pública pela dedicação e competência
com que dirigem esse estandarte acadêmico, em especial às Profas. Eliana Goldfarb Cyrino e
Anna Teresa de Abreu Ramos Cerqueira pelo acolhimento.
Aos professores da banca de qualificação Prof. Dr. Antonio Luís Caldas Junior e
Carmem Casquel Monti Juliani que contribuíram de forma determinante para as conclusões
deste trabalho e aos Profs. Drs. Paulo Capel Narvai e Antonio de Pádua Phyton Cyrino,
personagens imprescindíveis na história atual da Saúde Pública brasileira e que para minha
satisfação se dispuseram a participar da banca de defesa desta investigação científica.
À equipe da Biblioteca, da secretaria da pós graduação e do Departamento da Saúde
Pública, a exímia assessoria de revisão de texto da Profa. Nazaré Sansão e do Wagner
Barboza, que atuam com um apoio técnico efetivo, empatia e respeito, compondo o mosaico
de contribuições para o desenvolvimento acadêmico.
À Secretaria da Saúde do município de São Paulo, através do Conselho de Ética em
Pesquisa, Autarquia Hospitalar Regional Centro Oeste e Supervisão Técnica Regional do
Butantã – Interlocução de Saúde Bucal, pela autorização, aprovação e assessoria técnica;
Á equipe de gestão do Pronto Socorro Caetano Virgílio Neto, a diretora Dra. Maria
Rúbia Coronado Pinho pela confiança e apoio institucional para o desenvolvimento deste
trabalho; e em especial a coordenadora do Serviço de Arquivo Médico, Paula Carolina
Amorim Guerra que participou com competência, responsabilidade e dedicação n o processo
da coleta e sistematização dos dados.
À equipe da Saúde Bucal, colegas cirurgiões dentistas, com apoio da enfermagem,
que juntos enfrentamos as exigentes práticas em urgência na Saúde Bucal no sistema
público do SUS;
Aos amigos da pós graduação e também aqueles parceiros em outros cenários de
minha vida como o Alex Shankland, Augusto Flávio Marcondes Soares, Maria Eugênia
Witzler D’Espósito, Eni Ambiel Pires, Helio Barbin Jr, Maria Ferreira Bittencourt, Maria
Aparecida de Oliveira, Mário Tomás Rosales, que em variadas situações ou mesmo
discussões me emprestaram um pouco de suas experiências e me fortaleceram nesta
caminhada da pesquisa científica;
Aos meus filhos, que ainda na infância têm me ensinado muito.
Muito Obrigada
Epígrafe
Epígrafe
Os que lutam
Há aqueles que lutam um dia e por isso são bons;
Há aqueles que lutam muitos dias e por isso são muito bons;
Há aqueles que lutam por muitos anos e por isso são melhores ainda;
Porém, há aqueles que lutam toda a vida , esses são os imprescindíveis.
Bertolt Brecht
Sumário
Sumário
Resumo .................................................................................................................................................. 12
Abstract .................................................................................................................................................. 14
Lista de Figuras ...................................................................................................................................... 16
Lista de Tabelas ..................................................................................................................................... 19
Lista de Abreviaturas .............................................................................................................................. 22
Apresentação ......................................................................................................................................... 25
1. Introdução ........................................................................................................................................... 28
2. Referências Teóricas ......................................................................................................................... 33
2.1. Os Caminhos da Saúde Coletiva ............................................................................................ 34
2.2. Saúde Bucal Coletiva .............................................................................................................. 35
2.3. A Dor em Saúde Bucal ............................................................................................................ 37
2.4. A Urgência em Saúde Bucal ................................................................................................... 40
2.5. Os Serviços Públicos de Urgência em Saúde Bucal ............................................................... 43
2.6. Modelos de Atenção a Saúde e a Urgência no SUS .............................................................. 46
2.7. A Organização dos Serviços e a Urgência no SUS ................................................................ 49
2.8. Integralidade e as Linhas do Cuidado na Atenção a Saúde no SUS ...................................... 52
2.9. Humanização do Atendimento e a Urgência no SUS ............................................................. 55
3. Objetivo .............................................................................................................................................. 61
3.1. Objetivos Específicos .............................................................................................................. 62
4. Método ................................................................................................................................................ 63
4.1. Caracterização do Território .................................................................................................... 64
4.2. Delineamento do Estudo ......................................................................................................... 76
4.3. Fonte de Dados e Estratégia de Coleta .................................................................................. 77
4.4. Plano Amostral ........................................................................................................................ 79
4.5. Caracterização de Instrumentos .............................................................................................. 80
4.6. Variáveis de Estudo ................................................................................................................. 80
5. Resultados e Discussão ..................................................................................................................... 85
5.1. Eixo Temático 1: Diagnóstico das Condições de Acolhimento ............................................... 86
5.2. Eixo Temático 2: Análise da Organização e Produção do Cuidado ....................................... 93
5.3. Eixo Temático 3: Fatores Condicionantes da Assistência à Saúde Bucal ............................ 100
Sumário
5.4. Eixo Temático 4: Análise dos Encaminhamentos de Referência e Contra Referência
existentes do Sistema Hierarquizado, a partir das consultas de urgência em saúde bucal no SUS
Regionalizado ....................................................................................................................................... 122
6. Considerações Finais ....................................................................................................................... 136
7. Referências Bibliográficas ................................................................................................................ 142
8. Anexos .............................................................................................................................................. 148
Resumo
Resumo
A urgência em saúde bucal, passa a ser destaque na atual política nacional de
Saúde Bucal como um direito de cidadania. Passados 20 anos desde a implantação
do SUS, este salienta a necessidade de se reorganizar os serviços com outro olhar,
evidenciando que o binômio saúde–doença está na dependência de fatores sociais.
Considerando que os serviços de urgência são includentes, não discriminatórios,
com uma ampla superfície de contato com a população, promovendo uma captação
passiva da provável população de maior atividade de doença, com agravos não só
de origem biológica, mas também advindos de iniqüidades sociais, estes devem se
preparar para um atendimento humanizado, minimizar iniqüidades, monitorar e
avaliar técnicamente, participar da rede de referência e contra referência, para
cumprir os princípios do SUS. Esta pesquisa analisou a prática de um serviço de
urgência e emergência do SUS, com atendimento em Saúde Bucal, no município de
São Paulo, em 2006, visando sistematizar saberes que possam contribuir para uma
reorganização da assistência e construção de parâmetros que subsidiem o
desenvolvimento de modelos de atenção a urgência adequados e humanizados. Foi
analisada uma amostra dos Boletins Emergenciais dos atendimentos de um mês por
trimestre do ano, digitalizados no sistema HOSPUB. Os resultados demonstraram
que a faixa etária que mais procura o serviço é a de 20 a 29 anos com 45% de
freqüência, não havendo distinção entre sexo, sendo 85% de pessoas da própria
região. Foram realizadas 106.632 consultas no ano, 5,1% de Saúde Bucal, com uma
média de 462,6 atendimentos/mês e 15,4 atendimentos/ plantão de 24 horas. A
cobertura regional para consultas de urgência foi de 1 consulta/ ano a cada 67,8
habitantes. Foram realizados 2,5 procedimentos/atendimento, com uma espera de
60 minutos em média. Retornaram ao serviço no período de 30 dias 10% dos
adultos e 5% das crianças por causas diversas. Os horários de pico de procura são
nos períodos diurnos com uma pequena variação nos diferentes dias da semana,
definindo uma previsibilidade do fluxo de procura. As intercorrências mais freqüentes
são a cárie dental em 23,4% dos casos, seguido das periodontopatias em 17,3%,
abscessos dento alveolares em 16,6% e gengivais em 9,4 %; caracterizando uma
demanda de baixa complexidade em 94,1% das intervenções, com indicação do
uso de medicação pós intervenção em 49% dos procedimentos em média. Após o
primeiro atendimento, foram geradas demandas, que indicam a necessidade de
previsão de vagas para continuidade de tratamento em outros níveis de atenção,
quer sejam de referência para especialidade como endodontia com uma previsão
média de 130,2 casos/mês, periodontia de 9,5 casos/mês e reabilitação oral de 82,7
casos /mês; ou contra referência para as unidades básicas com média de 170
casos/mês. Esse sistema de referência e contra referência, apresenta um
estrangulamento, sugerindo serem otimizadas propostas de negociação entre os
atores institucionais que compõem o sistema hierarquizado e regionalizado do SUS,
na busca do cumprimento dos princípios de integralidade das ações de forma
humanizada.
Palavras Chaves : Saúde Bucal Coletiva, Urgência, Política de Saúde, Sistema de
Referência e Contra referência.
Abstract
Abstract
Urgency in health care, assumes a new prominent role in The National Oral Health
Policy as a citizenship right. In 20 years of the SUS’s implantation, this system
proves the need of restructuring the services with a new approach, putting in
evidence the binomial health illness is on the dependence of social factors.
Considering that services in urgency are comprehensive, not discriminatory, a large
contact surface with the population, a passive capture of the likely population with the
most activity of the illness, with disorders not only of biological origin, but also from
social iniquities, these services must be prepared for a humanized care of the
population, minimizing inequities, with monitoring and technical assessment,
participating in the network of reference and counter reference, fulfilling the principle
of comprehensiveness in the SUS. This research examined the practice of an
urgency and emergency service of the SUS, with Oral Health Care, in São Paulo, in
2006 with the goal of systematizing all knowledge that can contribute to a
reorganization of such assistance towards the construction of parameters that
subsidize the development of appropriate and humanized models of attention to the
urgency. A sample of one month per quarter was analyzed, and inputted into the
HOSPUB system. The results showed that the age group that most demand the
service is from 20 to 29 years old with 45% of frequency and there is no meaningful
distinction between sex and 85% of the demand is from individuals of the region
itself. Regarding the conditions of service of the unit studied, from 106,632
consultations held in the year, 5.1% were of Oral Health, with an average of
462.6/month and 15.4 consultations/each 24 hours on-call. The regional coverage for
emergency consultations on Oral health was 1 consultation / year for every 67.8
inhabitants. An average of 2.5 procedures, were performed per consultation with a
delay of 60 minutes. The returns to service reached 10% and 5% among adults and
children within 30 days for various causes. The peak demand periods are in the
daytime with a slight variation on different days of the week, setting a predictable flow
of demand. The most frequent intercurrences are caries in 23.4% of cases, followed
by 17.3% in periodontopathies, dento-alveolar abscesses in 16.6% and 9.4% in
gingival; characterizing a demand with 94,1% of low complexity urgency interventions
and with indication of the use of medication after intervention by 49% of procedures
on average. Demands were generated as a consequence of that first attendance,
which indicates a previous need for continuity of treatment for vacancies in other
levels of attention, whether the reference to specialty as endodontics with an average
of 130.2 cases/month, with 9.5 periodontics cases/month and oral rehabilitation with
82.7 cases/ month, or counter reference to the basic units with an average of 170
cases/ month. This system of reference and counter reference, presents a
bottleneck, and should be optimized the proposals for negotiations between the
institutional agents that make up the hierarchical and regionalized system of the
SUS, in search of compliance with the principles of comprehensiveness of the
actions in a humanized way.
Key words: Oral Health, Urgency, Health Policies, reference and counter reference.
Lista de Figuras
Lista de Figuras
Figura 1 Mapa do Município de São Paulo, Sub prefeituras e Distritos
Administrativos e destaque para a sub prefeitura do Butantã
com o nº 10.. ................................................................................. 66
Figura 2 Série Histórica do Número de Atendimentos de Urgência em
saúde bucal, no PSCVN, numa amostra de 4 meses, nos anos
2003, 2004, 2005 e 2006 .............................................................. 69
Figura 3 Mapa da subprefeitura do Butantã / Supervisão Técnica de
Saúde do Butantã, e localização dos equipamentos de saúde
pública que compõem a rede municipal hierarquizada da
região. ........................................................................................... 76
Figura 4 Instrumento de Coleta de Informações: Boletim Emergencial
(BE) utilizado no PSCVN. ............................................................. 78
Figura 5 Distribuição do número de atendimentos, por sexo, nos meses
amostrais, no PSCVN. .................................................................. 90
Figura 6 Procedência dos pacientes, em porcentagem, no total da
amostra, no PSCVN. ..................................................................... 91
Figura 7 Número total de atendimentos de urgência e emergência por
especialidade e total de atendimentos, no PSCVN. ..................... 94
Figura 8 Comparativo dos totais de atendimentos/ especialidade/
horário/ plantão 24 horas no PSCVN. ........................................... 97
Figura 9 Número total de atendimentos de Saúde Bucal / mês e total de
casos na amostra no PSCVN ....................................................... 97
Figura 10 Comparativo do número total atendimentos de Saúde Bucal /
horário/ mês amostral, no PSCVN. ............................................... 99
Figura 11 Tipos de procedimentos em Saúde Bucal, em porcentagem
decrescente de ocorrência, na amostra no PSCVN. .................... 109
Figura 12 Tipos de procedimentos em saúde bucal por horário/ plantão
de segunda feira da amostra no PSCVN. ..................................... 113
Figura 13 Tipos de procedimentos em saúde bucal por horário/ plantão
de terça feira da amostra no PSCVN. ........................................... 115
Figura 14 Tipos de procedimentos em saúde bucal por horário/ plantão
de quarta feira da amostra no PSCVN. ......................................... 116
Figura 15 Tipos de procedimentos em saúde bucal por horário/ plantão
de quinta feira da amostra no PSCVN. ......................................... 118
Lista de Figuras
Figura 16 Tipos de procedimentos em saúde bucal por horário/ plantão
de sexta feira da amostra no PSCVN. .......................................... 119
Figura 17 Tipos de procedimentos em saúde bucal por horário/ plantão
de sábado da amostra no PSCVN. ............................................... 120
Figura 18 Tipos de procedimentos em saúde bucal por horário/ plantão
de domingo da amostra no PSCVN. ............................................. 121
Figura 19 Número de atendimentos em porcentagem e comparativo entre
a somatória de atendimentos agendados e de urgência
realizadas pelas USs / mês amostral, da região do Butantã. ........ 123
Figura 20 Relação de número de atendimentos agendados e de urgência
das US no mês de março, da região do Butantã. ......................... 124
Figura 21 Relação de número de atendimentos agendados e de urgência
das US no mês de junho, da região do Butantã. .......................... 125
Figura 22 Relação de número de atendimentos agendados e de urgência
das US no mês de julho, da região do Butantã. ............................ 125
Figura 23 Relação de número de atendimentos agendados e de urgência
das US no mês de novembro, da região do Butantã. ................... 126
Figura 24 Comparativo da Produção de Consultas de urgência em saúde
bucal, no PSCVN e a somatória das USs da região, e o total
produzido por ambas, nos meses amostrais. ............................... 127
Figura 25 Percentual do total de Consultas de urgência em saúde bucal
atendidos pelo PSCVN e a somatória dessas consultas nas
USs, nos meses amostrais, na região. ......................................... 128
Figura 26 Comparativo do número total de consultas agendadas
realizadas na Atenção Básica nas USs e o total de consultas
de urgência (USs + PS) em saúde bucal na região do Butantã. ... 129
Figura 27 Comparativo dos percentuais da somatória de consultas
agendadas da Atenção Básica nas USs e da somatória das
consultas de urgência em saúde bucal do PSCVN e USs , nos
meses amostrais, na região do Butantã ........................................ 130
Lista de Tabelas
Lista de Tabelas
Tabela 1 – Perfil Sócio Econômico da População da sub prefeitura do
Butantã, município de São Paulo. ................................................. 67
Tabela 2 Equipamentos de Saúde Pública do SUS, na sub prefeitura do
Butantã, município de São Paulo. ................................................. 68
Tabela 3 Tabela de Lotação de Pessoal definida pela AHMRCO para o
PSCVN, 2006 ............................................................................... 70
Tabela 4 – Distribuição do Número de Atendimentos em saúde bucal nos
meses amostrais e o total de casos analisados, no PSCVN,
2006 .............................................................................................. 79
Tabela 5 – Número de atendimentos em Saúde Bucal por faixa etária/ mês
amostral e em porcentagem no total da amostra, no PSCVN. ..... 87
Tabela 6 Número e porcentagem do total da amostra dos atendimentos
divididos por faixas etárias entre crianças, adolescentes e
adultos, no PSCVN. ...................................................................... 88
Tabela 7 – Números de retornos e em porcentagem de atendimento de
urgência em saúde bucal , no PSCVN. ......................................... 92
Tabela 8 – Caracterização na amostra da causa de retorno ao serviço de
urgência em saúde bucal demonstrada em porcentagem, do
PSCVN. ........................................................................................ 93
Tabela 9 Número total de atendimentos por especialidade/ horário/
plantão de 24 horas, no PSCVN. .................................................. 96
Tabela 10 – Média de Atendimentos de Saúde Bucal/ plantão 24 horas/
mês amostral e total anual, no PSCVN. ........................................ 98
Tabela 11 – Tempo médio de permanência do paciente para atendimento
de urgência em saúde bucal, nos meses amostrais no PSCVN. .. 99
Tabela 12 Listagem Simplificada dos Códigos do CID-10 utilizados para
registro de diagnóstico de agravos à saúde bucal no PSCVN. ..... 101
Tabela 13 – Número de atendimentos e em porcentagem por tipo de agravo
em Saúde Bucal , na amostra , no PSCVN. ................................. 103
Tabela 14 Classificação da ocorrência de agravos bucais de maior
freqüência em porcentagem e em ordem decrescente da
amostra, no PSCVN. ..................................................................... 105
Tabela 15 – Tabela integrada Diagnóstico / Procedimentos da Saúde Bucal
/ PSCVN. ...................................................................................... 106
Lista de Tabelas
Tabela 16 Total anual de número de Procedimentos em Saúde Bucal e
em porcentagem, segundo código de indicação no PSCVN. ....... 108
Tabela 17 – Caracterização dos procedimentos realizados, em
porcentagem e segundo códigos de procedimentos, no
PSCVN. ........................................................................................ 111
Tabela 18 Produção Anual de consultas, número total de procedimentos
realizados e a proporção entre os mesmos da Saúde Bucal no
PSCVN. ........................................................................................ 122
Tabela 19 Produção Integrada de Consultas de urgência em saúde bucal
entre as realizadas no PSCVN e nas USs, nos meses
amostrais, na região do Butantã. .................................................. 126
Tabela 20 Comparativo do número total de consultas agendadas
realizadas na Atenção Básica nas USs e o total de consultas
de urgência (USs + PS) em saúde bucal na região do Butantã. ... 129
Tabela 21 – Comparativo dos percentuais da somatória de consultas
agendadas da Atenção Básica nas USs e da somatória das
consultas de urgência em saúde bucal do PSCVN e USs , nos
meses amostrais, na região do Butantã. ....................................... 130
Tabela 22 – Previsão de Necessidades de vagas geradas/mês na amostra
no PSCVN para serviços especializados em número e
porcentagem, 2006 ....................................................................... 132
Tabela 23 – Número de atendimentos em porcentagem com indicação de
contra referência para as USs regionalizadas e previsão
necessidade média de vagas/mês geradas na amostra, no
PSCVN ......................................................................................... 133
Tabela 24 – Tipos de Especialidades, proposta de oferta de vagas mensal
pelo SUS e vagas existentes no SUS Regional do Butantã. ........ 134
Lista de Abreviaturas
Lista de Abreviaturas
AE Ambulatório de Especialidade
AHMRCO Autarquia Hospitalar Municipal Regional Centro Oeste
BE Boletim Emergencial
BT Butantã
CEINFO Coordenação de Epidemiologia e Informação
CID – 10 Classificação Internacional das Doenças e Problemas Relacionados à
Saúde – 10 edição
CMS – BH Conferência Municipal de Saúde – Belo Horizonte
CNS Conferência Nacional da Saúde
CODEPPS Coordenação de Desenvolvimento de Programas e Políticas de Saúde
CORS/CO Coordenação Regional de Saúde – Centro Oeste
DASB Diretrizes da Atenção a Saúde Bucal da PMSP
DTM Disfunção Têmporo Mandibular
FOB - USP Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo
FOUSP Faculdade de Odontologia de Universidade de São Paulo – São Paulo
HG Hospital Geral
HOSPUB Programa de Monitoramento e avaliação para Hospitais Públicos
HU Hospital Universitário
IASP Associação Internacional para Estudos da Dor
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
MS Ministério da Saúde
MS/PNH Ministério da Saúde / Programa Nacional de Humanização
NOAS Norma Operacional da Atenção a Saúde / MS
NOB Norma Operacional Básica / MS
OMS Organização Mundial da Saúde
PMSP Prefeitura Municipal de São Paulo
Lista de Abreviaturas
PA Pronto Atendimento
PNSB Política Nacional de Saúde Bucal
PS Pronto Socorro
PSCVN Pronto Socorro Caetano Virgílio Neto
RH Recursos Humanos
RX Raios X
SAS Secretaria da Atenção a Saúde
SADT Serviço de Apoio Diagnóstico e Terapêutico
SBC Saúde Bucal Coletiva
SMS Secretaria Municipal de Saúde
SISMASUS Sistema de Monitoramento e Avaliação do SUS a partir da Atenção
Básica
SUO Serviço de Urgência Odontológica
SUS Sistema Único de Saúde
SUVIS - BT Supervisão Técnica de Saúde – Butantã
TLP Tabela de Lotação de Pessoal
US Unidade de Saúde
UNESP Universidade Estadual Paulista – Júlio de Mesquita Filho
USF Unidade de Saúde da Família
USP Universidade de São Paulo
Apresentação
Apresentação
Este estudo faz parte da dissertação apresentada para obtenção do grau de
Mestre em Saúde Coletiva do Departamento de Saúde Pública da Faculdade de
Medicina de Botucatu – Universidade Estadual Paulista (FMB - UNESP) pela cirurgiã
dentista Maria Elvira Toledo, sob a orientação da Professora Doutora Nilce Emy
Tomita, docente do Departamento de Odontopediatria, Ortodontia e Saúde Coletiva
da Faculdade de Odontologia de Bauru, Universidade de São Paulo (USP) e
docente colaboradora do programa de pós graduação em Saúde Coletiva do
Departamento de Saúde Pública da FMB – UNESP.
A pesquisa consiste num estudo de caso sobre a Atenção a urgência em
saúde bucal de um Pronto Socorro público do Sistema Único de Saúde (SUS), no
ano 2006, localizado no município de São Paulo, região Centro Oeste, subprefeitura
do Butantã, sendo a tônica do mesmo, as práticas dos serviços de urgência em
saúde bucal e sua interface com a complexidade da rede de assistência do SUS
regionalizado, em suas relações de referência e contra referência na busca da
promoção da Atenção Integral a Saúde da população assistida.
Esse estudo foi estruturado a partir da experiência de mais de 20 anos da
pesquisadora como funcionária efetiva da Prefeitura Municipal de São Paulo,
atuando em níveis clínicos e gerenciais, desde a atenção primária, secundária,
sendo, os últimos 10 anos prestados na clínica deste serviço de urgência em saúde
bucal.
Esses anos de convívio com pessoas em sofrimento por dor aguda e ou por
conseqüência de diversos fatores que as marginalizam socialmente, apresentando
dificuldade de acesso a um serviço de assistência a saúde, e que por fim procuram
uma unidade de pronto socorro ou pronto atendimento como única ou última
alternativa de resolução para seu problema imediato, despertou - me para o desafio
de realizar este estudo, buscando aprofundar saberes acerca do tema e a partir
deles, oferecer propostas e orientações no sentido da reorganização da assistência
e do gerenciamento do serviços prestados a comunidade usuária do SUS.
No Capitulo I, encontra-se uma introdução ao tema, com uma imersão no
contexto da saúde das pessoas e comunidades que invariavelmente esta atrelado
ao estágio de desenvolvimento social e político do território em que vivem, o
Apresentação
histórico de organização da saúde pública no Brasil, a Reforma Sanitária, a
estruturação e o processo de consolidação do SUS; e finalizando com uma
abordagem sobre os processos de dor das pessoas, em especial a “ dor de dente”,
assim como cabeça e pescoço, que determinam a necessidade de um atendimento
imediato num serviço de urgência em saúde bucal.
No Capítulo 2, apresentam-se referências teóricas que embasam o tema do
estudo com citações conceituais sobre a Saúde Coletiva, Saúde Bucal Coletiva, A
Dor Aguda e Crônica que desencadeiam os processos de urgência quer seja em
Saúde Geral ou Saúde Bucal, a política nacional sobre os serviços de urgência em
saúde bucal que orientam para práticas humanizadas e socialmente embasadas.
No Capítulo 3, encontram-se sistematizados os objetivos gerais e específicos
propostos para a pesquisa.
No Capítulo 4, descreve-se o método, com o delineamento do estudo, plano
amostral, caracterização dos instrumentos e descrição das variáveis e
procedimentos da coleta dos dados. Foram definidos cinco eixos temáticos para
análise, que se alinham com as diretrizes das linhas do cuidado indicados pela
política de humanização dos serviços do SUS e definidas nas Diretrizes da Atenção
a Saúde Bucal da Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo.
No Capítulo 5, estão expostos os resultados e discussão dos mesmos,
estando estrategicamente divididos em cinco eixos temáticos definidos no método :
1. Eixo Temático: Diagnóstico e condições de acolhimento do paciente.
2. Eixo Temático: Análise da organização e produção do cuidado.
3. Eixo Temático: Fatores condicionantes da assistência em Saúde Bucal.
4. Eixo Temático: Análise dos encaminhamentos de referência e contra
referências existentes do sistema hierarquizado a partir das consultas de urgência
em saúde bucal no SUS regionalizado.
No Capítulo 6, após a análise do mosaico de informações oferecidas pelo
estudo, sistematizamos considerações que possam contribuir com saberes para a
reorganização do sistema de urgência em saúde bucal no SUS.
1. Introdução
Introdução 29
A interface da Urgência em saúde bucal no Sistema Único de Saúde (SUS),
nesse início de século XXI, nos remete a uma reflexão mais ampla sobre o histórico
de concepção e consolidação desse sistema no país e das influências determinantes
das políticas sócio econômicas internacionais na estruturação de estratégias
governamentais que possam promover uma melhoria da qualidade de vida das
pessoas o que certamente irá alterar o quadro epidemiológico das intercorrências de
urgência e emergência nos serviços de saúde, tema deste estudo.
Para Drachler, et al (1)“ a saúde é definida pela qualidade de vida e pela
capacidade de ser e agir...”
Junqueira et al. (2) expressam que a saúde de uma população,
genericamente, depende da qualidade e do acesso ao consumo de bens e de
serviços de subsistência, tais como moradia, alimentação, educação, trabalho e
assistência a saúde; portanto, diferenças no acesso a esses bens e serviços
resultam na desigualdade social em saúde.
Nesse contexto, para as definições de políticas sociais efetivas tem-se visto
constantes enfrentamentos para a construção de sistemas de saúde nacionais.
Médici (3) discursa sobre as transformações peculiares que os sistemas de saúde
no Brasil e outros países da América Latina vêm sofrendo, desde a década de 50,
quando se inicia a estruturação gradual de políticas de saúde pública; e têm
passado por reformas determinadas inegavelmente por um processo de
globalização, que influencia ou interfere na definição das políticas do setor nacionais
e subnacionais- regionais.
No caso brasileiro, segundo Botazzo (4), O Movimento por Reforma Sanitária,
que culmina com a 8ª Conferência Nacional de Saúde (8ª CNS) (5), em 1986, é o
marco a delimitar o “antes” e o “ depois” na história das políticas de saúde no Brasil.
Em 1988, é promulgada uma nova Constituição Federal (6) no Brasil. O setor
saúde vivenciou um momento singular na sua história, onde um comitê nacional da
reforma é instalado e organiza a minuta do capítulo de saúde da Carta Magna. A
Assembléia Nacional Constituinte criou o SUS, dentro dos preceitos indicativos do
movimento da Reforma Sanitária e da 8ª CNS (5), aprovando uma legislação
constitucional que estabeleceu uma concepção ampliada de direito à saúde,
Introdução 30
afirmando-o como direito humano fundamental sendo reproduzido nas Constituições
Estaduais e nas Leis Orgânicas Municipais.
As Leis Orgânicas da Saúde foram aprovadas em 1990 e depois destas foram
implantadas a Norma Operacional Básica (NOB) (7), sendo sucedida pela Norma
Operacional de Assistência a Saúde (NOAS) (8) que vieram normalizar o processo
de descentralização e organização do SUS.
A implementação dessas normas apresentou muitos problemas e múltiplas
dificuldades ocorreram em sua consolidação no SUS e, segundo avaliação do
Ministério da Saúde Departamento de Regulação, Avaliação e Controle de Sistemas
da Secretaria de Atenção a Saúde (MS/SAS) (9), transcorridas duas décadas da
institucionalização do mesmo, sua implementação evoluiu muito em alguns
aspectos, como os processos de descentralização das ações e serviços de saúde e
controle social. Porém, vencida essa primeira fase de reorganização do sistema,
vários outros desafios surgiram para adequar estratégias de gestão compatíveis,
que busquem recuperar a fragmentação das políticas e programas de saúde através
da formação das redes regionalizadas e hierarquizadas de ações e serviços de
saúde e da qualificação da gestão.
Narvai (10), discorrendo sobre o SUS reconhece-o como uma importante
conquista social dos brasileiros, que se mostrou capaz de resistir a avalanche
neoliberal que, nas últimas décadas, destruiu a maioria dos sistemas públicos de
saúde na América Latina; acrescenta, no entanto, que não se deve desconsiderar os
enormes problemas que o setor saúde tem enfrentado na sua construção, e que a
sua superação vem ocorrendo através de uma paciente tessitura social, envolvendo
milhares de órgãos, instituições, entidades do movimento sindical, movimentos de
defesa de pacientes entre outros. Salienta também a importância da participação
comunitária nas conferências de saúde nas esferas municipais, estaduais e
nacional, constituindo-se na principal referência para a agenda da saúde coletiva.
No entanto, acrescentam Narvai e Frazão (11) agora enfocando a política da
Saúde Bucal no SUS, tema deste estudo, que a sua inserção tem sido marcada por
conflitos e contradições, desde sua criação, em 1988. A 1ª Conferencia Nacional de
Saúde Bucal (1ª CNSB) (12) em 1986 enfatizava a determinação do processo saúde
– doença, a partir das condições socioeconômicas prevalentes na sociedade. Na 2ª
Introdução 31
Conferência Nacional de Saúde Bucal (2ª CNSB) (13), em 1993, cujo tema foi
“Saúde Bucal como um direito a cidadania”, e apesar das legítimas deliberações
deste fórum democrático , os governos federais vigentes não promoveram condições
organizacionais que respaldassem efetivamente tais deliberações. Na 3ª
Conferência Nacional de Saúde Bucal, (3ª CNSB) (14) em 2003, o tema foi: Saúde
Bucal: acesso e qualidade, superando a exclusão social. Esta conferência traz
conclusões no sentido da viabilização de uma nova prática para a dignificação da
vida e a conquista da cidadania, e coloca que tal determinação depende também do
desenvolvimento de um modelo de atenção em Saúde Bucal orientado pelos
princípios constitucionais da universalidade do acesso, da integralidade, da
equidade e caracterizado pela resolubilidade das ações que realiza.
O relatório final da 3ª CNSB (14) evidencia que “As condições de Saúde Bucal
e o estado dos dentes são sem dúvida, um dos mais significativos sinais de exclusão
social. Seja pelos problemas de saúde localizados na boca, seja pelas imensas
dificuldades encontradas para conseguir acesso aos serviços assistenciais; dentes e
gengivas registram o impacto das precárias condições de vida de milhões de
pessoas, em todo o país. Acrescenta ainda que “as desigualdades sociais,
independente do indicador socioeconômico usado (renda, classe social,
escolaridade, ocupação, dentre outros) somadas ao processo de exclusão social
exercem efeitos nefastos observados na saúde em geral (mortalidade, incapacidade,
morbidade e/ou utilização dos serviços de saúde) e por conseqüência na Saúde
Bucal, os indivíduos com baixa renda possuem mais problemas de Saúde Bucal e
usam menos os serviços odontológicos, quando comparados a indivíduos com maior
renda. Observa-se também que as melhorias e benefícios dos programas de Saúde
Bucal são mais eficazes, quanto mais desenvolvida a região, significando que o
enfrentamento do binômio saúde–doença esta na dependência de fatores sociais.
Portanto, algumas medidas devem ser postas em prática, como por exemplo, a
democratização do acesso aos serviços e a eliminação de algumas barreiras sociais,
econômicas, sobretudo políticas.
Narvai e Frazão (11) reiteram que somente a partir do ano 2003, no âmbito do
governo Lula (2003-2006) é que foi apresentado oficialmente o “ Programa Brasil
Sorridente”, como expressão de uma política subsetorial consubstanciada no
“Documento da Política Nacional de Saúde Bucal” (PNSB/ MS) (15) e integrada ao “
Introdução 32
Plano Nacional de Saúde – Um pacto pela saúde no Brasil”, objeto da Portaria 2607,
de 10/12/2004, do Ministério da Saúde.
As Diretrizes da Política Nacional de Saúde Bucal, do Ministério da Saúde
(PNSB/ MS), em 2004 (15), deliberam sobre as orientações da 3ª CNSB (14), e
apontam para uma reorganização da atenção em Saúde Bucal em todos os níveis
de atenção, tendo o conceito do cuidado como eixo da reorientação do modelo,
respondendo a uma concepção de saúde centrada não somente na assistência aos
doentes, mas sobretudo, na promoção da boa qualidade de vida e intervenção nos
fatores que a colocam em risco – pela incorporação das ações programáticas de
uma forma mais abrangente e do desenvolvimento de ações intersetoriais.
Preconiza ainda que, para a reorganização deste modelo é fundamental que sejam
pensadas as linhas do cuidado (da criança, adolescente, adulto e idoso), com a
criação de fluxos que impliquem ações resolutivas das equipes de saúde, centradas
no acolher, informar, atender e encaminhar (referência e contra-referência).
Constituída assim, em sintonia com o universo dos usuários, esta linha tem como
pressuposto o princípio constitucional da intersetorialidade e, por seu potencial de
resolubilidade, possibilita o surgimento de laços de confiança e vínculo,
indispensáveis para melhorar a qualidade dos serviços de saúde e aprofundar a
humanização das práticas. Finaliza evidenciando que prioridade absoluta deve ser
dada aos casos de dor, infecção e sofrimento.
A remissão dos processos de dor e minimização do sofrimento das pessoas
exige estratégias resolutivas de organização dos serviços de pronto atendimento e
atendimento de urgência, no SUS, sendo destaque na PNSB/MS, (15) como um
direito precípuo de cidadania e tema deste estudo.
Esta pesquisa foi estruturada a partir da prática de aproximadamente 10 anos,
em um serviço de urgência do SUS - Prefeitura do Município de São Paulo (PMSP),
região centro oeste. O estudo propõe uma análise crítica do processo de
organização dos serviços de atenção a urgência em saúde bucal, através do estudo
de caso de um serviço de urgência e suas relações na rede de serviços do SUS,
com o objetivo de contribuir com subsídios para uma proposta metodológica de
avaliação e monitoramento desse tipo de serviço, buscando agregar saberes no
processo de construção de um modelo de Atenção a Urgência em saúde bucal
efetivo para a região.
2. Referências Teóricas
Referências Teóricas 34
2.1. OS CAMINHOS DA SAÚDE COLETIVA
O surgimento de uma nova denominação nos processos pertinentes a saúde
para a comunidade - “Saúde Coletiva”, sucede o processo histórico da
redemocratização no Brasil, que no setor da saúde, se expressou através do
Movimento da Reforma Sanitária, e o conseqüente processo de construção e
consolidação de um sistema de saúde único para todo o país, o SUS. Este sistema
de saúde no Brasil se torna uma nova forma de busca do aprender a fazer saúde
para todos, através da promoção dos princípios constitucionais de cidadania em
saúde da integralidade, universalidade, equidade e controle social.
Arouca (16) considera que o movimento da reforma sanitária trouxe a
formulação de uma nova vontade política no campo da saúde que se concretizou
com a aprovação do SUS; sendo que no campo acadêmico, esse momento político
desembocou em um processo de criação e reconstrução conceitual, científica e
técnica que impôs a invenção de uma “Saúde Coletiva. E assim, a definiu... “no
âmbito do conhecimento, como um espaço de práticas científicas, teóricas e
empíricas, multi e transdisciplinares, e no plano de ação/intervenção, como um
campo de práticas multifacetárias (sociais/políticas/econômicas/ biotécnicas e
educacionais), onde o cuidado é considerado um núcleo estrutural consistente,
sendo tais práticas orientadas pela necessidade coletiva sobre os condicionantes e o
próprio processo saúde/ doença.”
Minayo (17) discursando sobre Saúde Coletiva definiu-a “como um campo de
práticas sanitárias, sociais ou de investigação que incorpora os sujeitos, os
movimentos sociais, os serviços de saúde etc e os submete a crítica
transformadora”.
Nunes (18) concebe Saúde Coletiva fundamentada na interdisciplinaridade
como possibilitadora da construção de um conhecimento ampliado da saúde e na
multiprofissionalidade como forma de enfrentar a diversidade interna do saber/fazer
nas práticas sanitárias. Este autor complementa ainda que a “Saúde Coletiva está
constituída nos limites do biológico e do social, tendo ainda a tarefa de investigar,
compreender e interpretar os determinantes da produção social das doenças e da
Referências Teóricas 35
organização social dos serviços de saúde, tanto no plano diacrônico como sincrônico
da história.”
2.2. A SAÚDE BUCAL COLETIVA
Na área específica da Saúde Bucal, Narvai e Frazão (11), para chegar ao
conceito de Saúde Bucal Coletiva (SBC) descrevem os caminhos da odontologia,
num percurso histórico que vai desde a prática ainda hoje hegemônica da chamada
Odontologia de Mercado
1
, que atua tanto no setor privado, como ainda tem
poderosas influências no setor público, com base na clínica biologicista individual e
com produção mercantilista do cuidado; passando em seguida pela assistência
odontológica em ambiente público, inicialmente com características de atendimento
do consultório individual privado e depois gradualmente se institucionaliza nos
primeiros centros de saúde como Serviço de Higiene Buco- Dentária. Somente a
partir de 1950 iniciam-se transformações da concepção da Saúde Bucal com uma
abordagem clínica que considera as necessidades da população como um todo.
Cháves (19), denominou-a de Odontologia Social ou Sanitária
2
.
A partir daí, Narvai (20) descreve as varias concepções de Odontologia
surgidas nas últimas décadas do século, denominadas: sanitária, preventiva,
simplificada, integral, comunitária, sistêmica, entre muitas outras, e discutidas em
profundidade em “Odontologia e Saúde Bucal Coletiva “(20). Nessa lógica, continua
Narvai (21) nos anos 1980, no Brasil, várias publicações científicas e técnicas,
propuseram acrescentar à expressão “ Saúde Bucal”, o termo “ coletiva” sob
influência do movimento vigente da Saúde Coletiva, para afirmar uma prática
sanitária que reivindicava origem distinta das “odontologias”.
Para uma compreensão precisa do discurso teórico sobre a saúde no âmbito
da sociedade, Narvai (21) considera oportuno resgatar o propósito de expressões
como “odontologia e Saúde Bucal”, aparentemente com o mesmo significado e que,
em realidade, se referem a objetos diversos.” Atenção e assistência” também, por
vezes são utilizados com o mesmo sentido e têm significados opostos. Para este
1
Odontologia de Mercado esta baseada na clínica individual da odontologia, realizada com exclusividade por um sujeito
individual no restrito ambiente clínico- cirúrgico, tendo sua essência na bases biológica e individual sobre a qual constrói seu
fazer clínico, e em sua organicidade ao modo de produção capitalista, com a transformação dos cuidados de saúde em
mercadorias, solapando a saúde como bem comum sem valor de troca e impondo-lhes as deformações mercantilísticas e
éticas.
2
Odontologia Sanitária, é a disciplina da saúde pública responsável pelo diagnóstico e tratamento dos problemas
orais(...)abrangendo dentes e estruturas da cavidade oral sob responsabilidade do dentista, [ no âmbito] da comunidade.
Referências Teóricas 36
autor, Assistência Odontológica se refere ao conjunto de procedimentos clínico–
cirúrgico dirigidos a consumidores individuais, doentes ou não; e a Atenção a Saúde
Bucal é constituída, por outro lado, pelo conjunto de ações que, incluindo a
assistência odontológica individual, não se esgota nela, buscando atingir grupos
populacionais através de ações de alcance coletivo com o objetivo de manter a
Saúde Bucal. Tais ações podem ser desencadeadas e coordenadas externamente
ao próprio setor saúde (geração de empregos, renda, habitação, saneamento, lazer,
etc.) e mesmo internamente a área odontológica (difusão em massa de informações,
ações educativas, controle de dieta, controle de placa bacteriana, etc.). O autor
enfatiza ainda que, com sentidos propostos, a assistência limita-se ao campo
odontológico e a atenção a Saúde Bucal implica por outro lado, em atuar
concomitantemente sobre todos os determinantes do processo saúde-doença bucal;
apresentando, portanto uma abrangência que transcende não apenas o âmbito da
odontologia, mas o próprio setor saúde, uma vez que requer a articulação e
coordenação de ações multissetoriais, a serem desenvolvidas no conjunto da
sociedade (saneamento, emprego, educação, etc.).
Enfim, no início dos anos 2000, Narvai e Frazão (21) , definem a Saúde Bucal
Coletiva (SBC) como:
“ ...um campo de conhecimentos e práticas [ que integra ] um conjunto mais
amplo identificado-a com a Saúde Coletiva e que, a um só tempo, compreende
também o campo da Odontologia, incorporando-o e redefinindo-o e, por esta
razão, necessariamente transcendendo-o. Para esses autores, a SBC, advoga
que “a Saúde Bucal das populações não resulta apenas da prática odontológica,
mas de construções sociais operadas de modo consciente pelos homens, em
cada situação concreta – aí incluídos os profissionais de saúde e, também (ou
até...), os cirurgiões dentistas. Sendo processo social, cada situação é única,
singular, histórica, não passível, portanto de replicação ou reprodução mecânica
em qualquer outra situação concreta, uma vez que os elementos e dimensões de
cada um desses processos apresentam contradições, geram conflitos e são
marcados por negociações e pactos que lhes são próprios, específicos. Tal
concepção implica (e, num certo sentido, impõe) a SBC uma ruptura
epistemológica com a odontologia (de mercado), cujo marco teórico assenta-se
nos aspectos biológicos e individuais – nos quais fundamenta sua prática
Referências Teóricas 37
desconsiderando em sua prática essa determinação de processos sociais
complexos”.
No enfrentamento das queixas de dor de origem oral em Saúde Bucal
coletiva, expressão proposta por Botazzo et al.1988 (22), e refletindo sobre a
mesma, sugere a necessidade da organização no sistema de saúde de serviços de
urgência odontológica : “...Dizendo de outro modo, a prática odontológica realiza
assistência a Saúde Bucal das pessoas. A ação clínica ocorre nos indivíduos pois a
doença, embora produzida socialmente, esta obrigatoriamente localizada num corpo
biológico e não na sociedade. Por isso é importante que sejam organizados os
sistemas de assistência às pessoas doentes. Assim, ao paciente que procura o
serviço de saúde com queixa de abscesso dental será oferecida a assistência que o
caso requer (...). Podemos então, pensar num conjunto de atividades que visem
diminuir o número de casos de abscessos dentais(...) ”.
2.3. A DOR EM SAÚDE BUCAL
A dor tem sido conceituada, segundo a Associação Internacional para
Estudos da Dor (IASP), como “uma experiência sensorial e emocional desagradável,
que é associada a um dano tecidual real ou potencial, ou descrita em termos desse
dano”.
Góes et al. (23) complementam que, por esse conceito é possível entender a
dor não apenas como um estímulo nociceptivo, que incorporados ao sintoma,
encontram-se importantes componentes psicossociais e comportamentais. A
percepção da dor é de caráter subjetivo, onde cada indivíduo utiliza a palavra dor de
acordo com o aprendizado frente a suas experiências prévias. Esses autores
aprofundando no conceituar a dor, citam Moore et al., (24) que afirmam que a dor
pode variar segundo diferentes grupos étnicos; Helliwelle et al. (25) relatando que
esta pode ocorrer com traços de hereditariedade, Hawley;Wolf (26) observa que
alguns indivíduos podem apresentar predisposição para vivenciar de forma mais
intensa os sintomas relacionados a dor ou mesmo níveis diferentes de
biodisponibilidade de opióides endógenos que podem modelar a intensidade da dor.
Referências Teóricas 38
Para Teixeira (27) a dor tem sido historicamente considerada apenas um
sintoma, cujas características irão orientar o diagnóstico de morbidade nos
ensinamentos da área da saúde.
Okesom (28) relata que a Academia Americana de Dor Orofacial define esta
dor como “uma condição dolorosa associada a tecidos duros e moles da cabeça,
face, pescoço e todas as estruturas intra-orais”. O espectro de diagnóstico inclui as
odontalgias, cefaléias, dores musculoesqueléticas, dores neurogênicas, dores
psicogências, dor de câncer, entre outras. As alterações comportamentais mais
freqüentes associadas às dores orofaciais se referem à necessidade de consultar
um profissional de saúde, evitar alguns alimentos, empregar determinados
medicamentos, além dos distúrbios do sono. Locker, Grusha (29), discorre sobre os
impactos mais severos da dor, relacionados com a incapacidade para o trabalho,
necessidade de repouso e redução das interações sociais. O diagnóstico das dores
orofaciais pode demandar um exame detalhado, em decorrência do fenômeno da
dor referida ou difusa, onde uma alteração de polpa dentária pode simular uma otite
ou desordem temporomandibular ; ou uma musculatura mastigatória pode simular
uma dor de dente.
Góes et al.(23), abordam a questão da dor orofacial na elaboração de
políticas públicas de saúde e a prática clínica, considerando importante diferenciar
dois tipos de dor: aguda e crônica. A dor aguda é um fenômeno transitório associado
a alguma patologia, cuja finalidade é informar a possibilidade de algum dano tecidual
prestes a ocorrer, ou alguma alteração já presente no organismo tendo a função de
evitar um dano maior ao tecido, pela necessidade do repouso no segmento
lesionado. Aparece subitamente e tende a desaparecer após a cura da lesão. As
dores agudas orofaciais são comumente associadas às estruturas intra-orais, como
dentes e periodonto. Por outro lado, a dor crônica é uma condição que persiste
mesmo após a cura da alteração tecidual e não aparenta cumprir função específica,
sendo uma doença, ainda que associada a outras patologias, que promovem
sintomas constantes durante longo período de tempo. A dor crônica tem a
capacidade de afetar diversos domínios da vida, e é associada a distúrbios do sono,
perda de apetite, fadiga, perda da libido, da auto-estima e das interações sociais. As
dores orofaciais crônicas com freqüência são de origem musculoesqueléticas,
vasculares ou neuropáticas, e são conhecidas como Disfunções
Referências Teóricas 39
Temporomandibulares (DTM). A dor de dente pode ser definida como aquela que
emana dos dentes e de suas estruturas de suporte, em resultados de doenças como
a cárie, doença periodontal ou trauma dentário. Podem ser classificadas como
agudas, recorrentes ou crônicas.
A prevalência da dor orofacial é elevada, sendo reconhecida como uma das
síndromes dolorosas mais freqüentes. Von Korff et al. (30), pesquisaram 1016
pessoas de uma extensa amostra, constatando que 12% da população eram
acometida por dor orofacial, nos últimos 6 meses. Lipton et al. (31), analisando mais
de 45.000 famílias, observaram que 22% das pessoas experimentaram dor orofacial
nos últimos 6 meses, sendo 12,2% de origem dental, 5,3% dor associada a DTM, e
1,4% dor em outros segmentos da face.
Lacerda et al. (32) realizaram um estudo epidemiológico sobre dor de dente
em adultos relacionadas a sua última consulta odontológica, entrevistando
trabalhadores de uma empresa em Santa Catarina, que oferece serviço de
assistência odontológica a seus funcionários. Concluiu que 87% das pessoas
relataram que a dor de dente motivou a busca por sua última consulta ao dentista;
mais da metade dos dentes atacados por cárie teve como desfecho do tratamento a
exodontia, e de onde hipoteticamente referiu que o avanço da cárie causa dor e
como conseqüência a mutilação dental das pessoas; e que a dor de origem dental é
influenciada pelas condições sócio econômicas e de acesso aos serviços
odontológicos, pois ambos podem dificultar o acesso físico aos serviços de
assistência odontológica ou o acesso a informações sobre como prevenir a evolução
das doenças que levam a perdas dentais (principalmente a cárie). A autora cita
ainda as conclusões do estudo de Nitall et al. (33) no Reino Unido, sobre Saúde
Bucal de adultos, que indica a dor de dente como o problema de maior freqüência
nos últimos 12 meses, com 40% de ocorrência, interferindo diretamente sobre as
atividades do cotidiano das pessoas.
Segundo Sternbach, Bassols et al. (34); do ponto de vista epidemiológico a
dor de dente tem sido a menos estudada, se comparada as outras dores orofaciais,
apesar de ser a mais prevalente nos levantamentos epidemiológicos.
Para a abordagem dos processos de dor, a Organização Mundial da Saúde
(OMS), 1999 (35), preconiza que : “há a necessidade de cuidado imediato em Saúde
Referências Teóricas 40
Bucal se houver dor, infecção ou doença grave, caso não seja feito o tratamento
dentro de um certo período de tempo. Este período pode variar de alguns dias a um
mês, dependendo da disponibilidade dos serviços de Saúde Bucal”.
De acordo ainda com a OMS (35) existem 3 condições bucais que se
expressam por processos dolorosos e determinam a necessidade de tratamento
imediato:
Condição de risco de vida, sendo estas: Cânceres bucais e lesões pré
cancerosas, outras condições graves com clara manifestações bucais
(acidentes e traumas);
Fraturas Maxilares;
Dor ou infecção que necessite alívio imediato
A OMS (35), analisando a demanda de morbidades que se caracterizam por
quadro de dor forte, com necessidade de assistência nos serviços de urgência
odontológica registra como exemplos: o abscesso dento alveolar agudo (ADA) e a
gengivite ulcero- necrosante aguda (GUNA). As cáries extensas e os abscessos
crônicos também podem ser mencionados, morbidades essas que não se excluem
entre si; podendo ocorrer simultaneamente e caracterizar uma condição que
requeira imediata atenção.
Finalmente concordamos, com as conclusões de Lacerda et al. (32), que
coloca em evidência as diferenças sócio econômicas como um determinante do
agravamento de patologias e das condições gerais de saúde do indivíduo,
apresentando uma reação biológica, por vezes adversa frente a evolução da doença
e com presença de graus variados e subjetivos de dor, sugerindo intervenções
específicas para a minimização do sofrimento doloroso das pessoas.
2.4. A URGÊNCIA EM SAÚDE BUCAL
Na abordagem da urgência , a OMS (35) conceitua uma situação de urgência
como um processo agudo clínico ou cirúrgico, sem risco de vida iminente, mas com
risco de evolução para complicações mais graves.
Referências Teóricas 41
Para Paim (36) os agravos a saúde que requerem atendimento imediato,
situações de pronto atendimento, são aquelas que implicam em sofrimento ou
preocupação do paciente, ou mesmo atendimento de urgências simples e que não
deveriam aguardar consultas com agendamento prévio, apesar de não acarretarem
risco de vida para o mesmo.
Discutindo sobre a proposta organizadora do universo da atenção da política
de Saúde Bucal, Moyses (37) descrevendo a atenção aos problemas de
enfrentamento ocasional ou seja pronto atendimento, relata que o mesmo se
caracteriza por ser uma porta de entrada privilegiada ao sistema de saúde,
respeitando as legítimas demandas populares por cuidado às suas intercorrências
clínicas. É includente e não discriminatória, porque voltada para toda a população e,
gradativamente, permite a reorganização da demanda sob princípios
epidemiológicos, já que se constitui em ampla superfície de contato para a captação
passiva (porque é o usuário que busca o serviço) da provável população de maior
atividade de doença.
Imergindo na temática das intercorrências de urgência no âmbito da Saúde
Bucal, consideramos relevante um aprofundamento sobre as afecções bucais que
necessitam de enfrentamento imediato.
Pinto (38) escreve sobre diretrizes que evidenciam a existência de certos
aspectos característicos da epidemiologia das doenças bucais, que determinam a
especificidade do planejamento de estratégias de atuação para os serviços de
urgência. Estas considerações especiais se referem às duas principais doenças
bucais - a cárie dental e a doença periodontal. Esse autor evidencia que:
A cárie dentária é uma doença cujo fator etiológico é a placa bacteriana
cariogênica, tendo sua evolução num processo dinâmico que inicia com a
desmineralização submicroscópica do esmalte podendo chegar à perda de
substância dental com formação de cavidade até a destruição total do dente... Cabe
mencionar que a cárie não é um evento linear que após ter iniciado leva
inevitavelmente á cavidade e à perda do dente. Este processo pode ser interrompido
em qualquer etapa do desenvolvimento da mesma.
Referências Teóricas 42
Estas características da cárie dental confirmam a necessidade de
atendimento o mais rápido possível para inibição de sua evolução em boca e os
conseqüentes comprometimentos sistêmicos devido a essa alta infectividade.
As doenças periodontais podem apresentar diferentes estágios, com
diferentes padrões de evolução e de manifestação clínicas, porém tendo sempre
como agente desencadeador o biofilme dentário ou placa bacteriana e modulado
pelas diferentes respostas que o hospedeiro susceptível pode apresentar. Duas
formas clínicas evolutivas podem ocorrer: a gengivite e a periodontite. As doenças
gengivais e periodontais, apesar de não serem irreversíveis são atualmente
consideradas como doenças bucais de maior prevalência, atacando 100% dos
dentes em maior ou menor grau.
Pinto (38) complementa ainda que, modernamente, o paradigma da promoção
da saúde alicerça-se ainda mais nas evidências científicas que têm colocado as
doenças bucais – em especial as periodontias – como fatores que têm capacidade
de gerar repercussões na saúde geral do indivíduo, como o nascimento de
prematuros de baixo peso, a dificuldade de controle metabólico da diabetes, a
correlação com infecções respiratórias e, em especial a relação com os problemas
cárdio vasculares.
Tais evidências suscitam a prioridade que se deve dar a detecção precoce,
tratamento imediato do dano em serviços de pronto atendimento ou atendimento
ocasional e a subseqüente referência do caso para outros níveis de atenção a saúde
que cada caso requerer e, este deve ser providenciado de imediato; caracterizando-
se assim a necessidade da estruturação de um sistema organizado de saúde, com
uma linha do cuidado adequada e pactuada para absorver as demandas advindas
de variadas portas de entrada.
A PNSB (15 ) referindo-se a atenção da urgência em saúde bucal reforça que
esta passa a ter papel de destaque na organização dos serviços, assumindo
múltiplas atribuições:
1. Assumem parcela considerável da demanda de acesso a primeiras
consultas ao sistema de saúde, ao atender os casos de urgências com agravos de
origem biológica, como também os agravos advindos de iniqüidades sociais;
Referências Teóricas 43
2. Representam, portanto, a porta de entrada tanto para os casos de menor
complexidade, resíduo do esgotamento da Atenção Básica que não tem conseguido
promover universalidade do acesso à população de sua área adscrita; tanto dos
casos de maior complexidade como, por exemplo, o politraumatizado, dando o
primeiro atendimento e encaminhando o paciente para um hospital de referência.;
3. Participam também na composição da rede de referência e contra
referência , interagindo na intersecção do atendimento primário, secundário e
terciário, cumprindo o princípio da integralidade das ações, numa rede de serviços
regionalizada e hierarquizada;
4. Por sua característica de acesso irrestrito a comunidade, deve estar
preparado para o atendimento humanizado, minimizando as iniqüidades sociais,
com monitoramento e avaliação técnica e com participação e controle social.
2.5. OS SERVIÇOS PÚBLICOS DE URGÊNCIA EM SAÚDE BUCAL NO
SUS.
De acordo com as diretrizes da PNSB (15) os serviços públicos de urgência
em saúde bucal no SUS são definidos como: “Serviços que devem atuar como porta
de entrada para o sistema de saúde dos casos de dor aguda, num primeiro
momento; e nas dores crônicas como um reorientador de demanda, oferecendo o
primeiro atendimento, promovendo uma melhor condição biológica ao paciente
assim como um encaminhamento mais ágil e com melhores possibilidades de
efetivação de seu tratamento“. Tais diretrizes acrescentam a importância dos
serviços de urgência em saúde bucal desenvolverem ações durante as 24 horas do
dia, com ações resolutivas e com qualidade, permeadas pelo princípio da
humanização e do acolhimento, baseadas nas boas práticas da clínica (com
qualidade e respeito a biossegurança), sendo a missão dessas unidades de saúde
atuar como um elo de intersecção entre os vários níveis de complexidade da
atenção a saúde.
Características específicas são atribuídas aos serviços de urgência em saúde
bucal com a missão agregada do ensino e pesquisa e, portanto vinculados as
Universidades. Estes são estruturados com horário de atendimento somente diurno,
referência de especialidades da maior complexidade dirigidas internamente pela
Referências Teóricas 44
própria universidade a qual se agregam, configuração do ensino na estratégia do
modelo de atenção a saúde, entre outras.
A PNSB (15) enfatiza a importância da estruturação de serviços de urgência
em saúde bucal, a partir de debates em nível nacional. Apresentamos algumas
conclusões do relatório da Conferência Municipal de Saúde de Belo Horizonte
(CMS-BH) (39), etapa preparatória da 12
a
Conferência Nacional da Saúde de 2003
(40). Este relatório é bastante expressivo ao salientar qual evidência deve ser dada
aos serviços de pronto- atendimento, que devem servir de ponto de captação de
usuários, atendimento adequado ao problema apresentado e com responsável
encaminhamento posterior ao centro de saúde de sua referência, construindo uma
linha do cuidado a partir daí, considerando a importância de uma linha de produção
do cuidado, que garanta um fluxo seguro do usuário, da rede básica, ou qualquer
outro lugar de entrada no sistema, para os diversos níveis assistenciais.
No município de São Paulo, as Diretrizes da Atenção a Saúde Bucal (DASB-
SP) em 2006 (41), com base nas orientações da PNSB/MS (15) também frisa a
importância de uma política que oriente e propõe a construção de modelos para a
urgência em saúde para o município, ao afirmar que “ ... existe uma considerável
parcela populacional que utiliza como única forma de acesso a um serviço de Saúde
Bucal, os serviços de urgência ou atenção imediata”.
As DASB-SP (41) afirmam ainda, que toda a população está com dificuldade
de acesso aos serviços de Saúde Bucal, devido ao fato de a rede de assistência
básica apresentar ainda carência de recursos estruturais, estando portanto
configurado um déficit no seu potencial de cobertura assistencial.
Confirmando tal assertiva, um estudo realizado por Mendes e Caldas Júnior
(42) em 2001, no Hospital Universitário em Botucatu, estado de São Paulo dizendo
sobre as necessidades de assistência a saúde geral, observou a geração de grande
demanda aos serviços de urgência e emergência, devido as dificuldades
enfrentadas pelos usuários, para acesso aos serviços de atenção primária e
secundária. O estudo acrescentou uma desarticulação entre os serviços,
precariamente hierarquizados, seja por problemas de saúde que não se configuram
como urgência/ emergência e que poderiam ser atendidos em nível secundário ou
Referências Teóricas 45
até primário, seja por agravamento de doenças; caracterizando assim uma inversão
da demanda em direção a hierarquização dos níveis de atenção.
Constatação similar em relação a caracterização da demanda por
atendimento de urgência e emergência, um estudo realizado por Paim, em 1994
(36), em Salvador, analisa as mudanças recentes na situação epidemiológica dos
centros urbanos e as transformações que colocam para a Saúde Pública uma
preocupação crescente com o atendimento de urgência/emergência. O autor coloca
que isso implica em esforços coletivos visando enfrentar os riscos atuais e
potenciais que ameaçam a totalidade da população, identificando os grupos mais
expostos.
Nesse contexto de início de século, no processo de consolidação do SUS,
ultrapassado os primeiros tempos de sua implementação, a discussão se encaminha
para uma Reorganização da Atenção a Saúde em todos os níveis, agora com
estratégias operacionais que apontam para o acolhimento e vínculo, como um eixo
transversal norteador dos programas, rumo a integralidade. Na Atenção a Saúde
Bucal, segundo a DASB-SP (41), a Urgência é uma área que apresenta a
necessidade de implementação de modelos efetivos que promovam a atenção
integral resolutiva, com satisfação do usuário, e passa a assumir um papel de
evidência, por ser considerada um captador passivo de demanda e norteador de
demandas não institucionalizadas, com características inclusivas, além de se
estabelecer como uma plataforma de intersecção das demandas de acesso a serem
absorvidas, criando fluxos de ações resolutivas centradas no acolher, informar,
atender e encaminhar o usuário, compondo necessariamente o mosaico dos
serviços de saúde regionalizados, num processo de idas e vindas, interligando o
sistema de referência e contra referência regional.
Estamos, portanto em tempos de reforma da Reforma Sanitária, como conclui
Campos (43) visando a construção de Modelos de Serviços que possam alcançar
simultaneamente a universalização do acesso, a integralidade das ações, a
equidade, a descentralização, a hierarquização dos serviços prestados de forma
humanizada, com acolhimento e estabelecimento de vínculo entre usuário e
profissional, e com a participação comunitária no controle social.
Referências Teóricas 46
2.6. MODELOS DE ATENÇÃO A SAÚDE E A URGÊNCIA NO SUS
Buscando conceituar e exemplificar Modelos de Atenção a Saúde, Merhy,
Cecílio e Nogueira (44), citam alguns estudos que utilizam as noções de “modelo
assistencial ou modelo de atenção a saúde”, significando uma determinada forma de
organizar instituições ou unidades de saúde, valorizando o arranjo ou combinações
destas quanto ao tipo de instituição prestadora dominante (hospitalar, rede básica),
quanto a natureza da propriedade do sistema (público, privado, filantrópico, sindical,
comunitário), quanto aos níveis de complexidade da atenção (primária, secundária,
terciária). Outras definições de modelos assistenciais privilegiam tipos de ações de
saúde organizadas de forma a valorizar o saber clínico positivista e as ações
médico-curativas, como o Modelo Clínico; outros baseados no saber epidemiológico
e nas ações preventivo-sanitárias, como o Modelo Epidemiológico; outros ainda
expressam um projeto político de determinados segmentos sociais e
conseqüentemente seus interesses, como o Modelo da Medicina Liberal, Modelo da
Medicina Comunitária, Medicina Estatal.
No percurso de estruturação e consolidação de um SUS no formato que
queremos, o MS/ SAS (9) relata que a evolução em direção a modelos que
implementem seus princípios têm-se testado com uma freqüência expressiva,
modelos de saúde baseados na produção de procedimentos clínicos, que convivem
em processos de trabalhos de variadas categorias profissionais de forma somente
justaposta, e que agregam uma gama de saberes e aparatos tecnológicos por vezes
desarticulados, que consumidos pela demanda excessiva de consultas concentram-
se num foco de visão biologicista sobre o processo saúde - doença, numa linha reta
que vai do normal ao patológico, cobrindo as demandas do serviço, em geral, por
meio de relações burocratizadas, impessoais, superando sempre recordes
quantitativos de produção de consultas, e que qualitativamente se caracterizam por
baixos graus de vínculo, responsabilidade e afeto.
O MS/ SAS (9) registra também que inúmeros estudos e processos já
percorridos no SUS vêem discutindo, formulando e implementando políticas e
projetos de saúde, em constantes processos de disputas e consensos e propõem
considerar dimensões que simultaneamente poderão promover um desenho de
modelo assistencial conveniente. Nesse enfoque, afirma que as dimensões da
organização de instituições, unidades e setores programáticos da saúde; a
Referências Teóricas 47
dimensão dos saberes e tecnologias presentes e os respectivos processos de
trabalho em saúde; a dimensão da política social para a saúde imbricadas poderão
definir um Modelo de Atenção à Saúde adequado a cada região.
O MS/ SAS (9) tem ainda divulgado que, apesar dos avanços da
descentralização, do controle social, se coloca como desafio aos atores sociais
envolvidos (governantes, academia, partidos políticos, organizações não
governamentais, produtores de bens e serviços de saúde, gerentes, trabalhadores e
usuários) discutir, formular e implementar modelos que melhor efetivem os princípios
do SUS, em especial a universalidade do acesso, a integralidade da atenção,
modulados pela equidade.
Analisando esse trajeto, o MS/ SAS (9) observa, que tem havido insatisfações
da parte de diversos atores do sistema e então desperta para o pensar em
processos alternativos de trabalho em saúde seja clínico individual, de saúde
coletiva ou de gestão, na concepção ampliada da saúde e de sua determinação
social; seja como com respostas mais abrangentes e integrais, trazendo para a
pauta a produção do cuidado, em contraponto à produção de procedimento.
Na abordagem do cuidado, o MS/SAS (9) retrata uma nova visão, onde o
mesmo é tomado numa concepção mais humana, contemplando uma postura
acolhedora, uma escuta atenta, um olhar mais zeloso, uma interação mais afetuosa,
implicando, também, o aumento dos graus de vínculo entre os usuários e
profissionais e, conseqüentemente, uma maior responsabilidade desses para com
aqueles. Estes Modelos de Saúde centrados na produção do cuidado têm como o
centro da atenção os usuários, portadores dos direitos de saúde e cidadania
deliberados pelo SUS.
Na área da Saúde Bucal Coletiva, na 3ª CNSB (14), é colocado o enfoque de
um Modelo de Atenção para o SUS que deve buscar, respostas para enfrentar as
atuais necessidades de saúde, levando em consideração os problemas futuros
agravados pela contínua transição demográfica, epidemiológica e pelas evidências
que apontam para uma sociedade mais violenta, com mais idosos e menos jovens.
No universo de proposições de um modelo organizacional para a atenção à
Saúde Bucal, conseqüente aos princípios do SUS, Pinto (38) contribuiu com um
Referências Teóricas 48
modelo composto por 3 estratégias programáticas, com uma abordagem global
centrada na promoção da saúde. Este modelo deve ter um enfoque que pende do
curativo para o preventivo promocional no sentido da superação com efetividade dos
escores epidemiológicos. O modelo estabelece a estruturação de políticas saudáveis
e indica que, no caso específico da Saúde Bucal, a implementação de uma política
que possa cumprir com seu objetivo maior que seria de evitar que as pessoas
adoeçam e possibilitar àqueles que necessitem de assistência, o acesso de maneira
organizada e solidária aos serviços odontológicos.
Esta proposta de organização da prática de Saúde Bucal define as seguintes
estratégias programáticas:
1. Atenção a problemas de enfrentamento contínuo, onde se integram as
Unidades de Saúde (US), Unidades de Saúde da Família (USF), Centros de
Especialidade (CE) e Ambulatórios de Especialidades (AE);
2. Atenção a problemas de enfrentamento ocasional, incluindo-se aqui os
Pronto Socorros (PS)e Unidades de Pronto Atendimento (PA);
3. E Ações Educativas em saúde, que devem permear todos os serviços.
Nessa estratégia, visualiza-se a construção de modelos ampliados de atenção
à Saúde Bucal, num sistema hierarquizado no SUS, que considera a integralidade
como princípio estruturante, sendo esta entendida, segundo Pinheiro (45) como uma
ação resultante da interação democrática entre atores no cotidiano de suas práticas
na oferta do cuidado de saúde, nos diferentes níveis de atenção do sistema; e de
acordo com planejamento específico para os vários níveis de atenção à saúde, com
um sistema de monitoramento e avaliação, conforme diagnóstico local inicial de
saúde atuando na promoção da saúde através de práticas acolhedoras e
humanizadas.
No que se refere a um Modelo de Atenção para a Urgência em saúde bucal e
de acordo ainda com o DASB-SP (41), um Modelo Estratégico de Pronto
Atendimento, deve prever o aumento do acesso da comunidade a Saúde Bucal, e
deve dar resposta a alguns pontos fundamentais:
Referências Teóricas 49
1. Satisfação do paciente por meio do atendimento de sua queixa principal ou
necessidade sentida. Todos os pacientes que apresentem problemas de urgência
serão atendidos, independentemente de seu horário de chegada;
2. Esclarecimentos ao paciente sobre suas necessidades diagnosticadas e
orientações gerais sobre sua saúde;
3. Ampliação de seu acesso a ações educativas e preventivas em saúde,
estimulando o auto cuidado na avaliação de sua condição de saúde;
4. Viabilização de mecanismos de referência e contra referência para a
cobertura de ações programadas a grupos prioritários (áreas de risco social e/ou
biológicos, grupos específicos).
2.7. A ORGANIZAÇÃO DOS SERVIÇOS E A URGÊNCIA NO SUS
O MS / SAS (9) avaliando a trajetória dos quase 20 anos do SUS no Brasil,
salienta que a partir de 1990, com a legalização do arcabouço jurídico favorável à
sua implementação com princípios democráticos e diretrizes organizativas, houve a
necessidade da construção gradual de estratégias de gestão para a sua viabilização,
por meio da organização da produção de serviços de saúde.
O estudo da forma como se organizam os serviços e a conseqüente produção
inicial ou referenciada do cuidado individual dos agravos á saúde, desenham uma
linha desse cuidado que permite ao paciente a sua condução ás melhores
oportunidades de acesso à gama de possibilidades de diagnóstico e terapêutico da
rede do sistema de saúde.
Segundo o Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde (MS/SAS) (9)
a transposição da linha de cuidado individual para o campo de formulação e
implementação das políticas de saúde (criança, adolescente, mulher, idoso,
trabalhador, dentre outras), consistiria num novo modo de organizar a atenção à
saúde em uma dada esfera de gestão, baseada na articulação de ações de cuidado
individual intraníveis e interníveis de complexidade. Seria a contraface de
organização da rede física (unidades básicas, Serviços de Apoio Diagnóstico
Terapêutico (SADTs), unidades especializadas, de urgência e hospitalar), de
provisão de insumos e medicamentos, de atividades de regulação e controle, de
Referências Teóricas 50
equipes e processos de trabalho, necessária para viabilizar o fluxo dos usuários nas
linhas do cuidado individual na busca da integralidade da atenção.
As necessidades detectadas a partir de diagnósticos e terapêuticas propostas
definirão os desenhos das linhas de cuidado que determinam as necessidades de
organização nos serviços, com produção de consultas e procedimentos efetivos,
fluxos ágeis de referência e contra referência entre os diferentes níveis de
complexidade; que devem ainda ser realizados com relações humanizadas, com
acolhimento, escuta, apoios para enfrentar medos e angústias, comunicação com
linguagens comuns entre as equipes de saúde e pacientes.
Pinho apud Fonseca (46) coloca que para a organização dos serviços,
segundo os princípio do SUS, de forma regionalizada, a hierarquização dos
mesmos, com especificação da(s) porta(s) de entrada e mecanismos de referência e
contra referência garante um fluxo adequado e necessário dos pacientes, segundo
graus de complexidade de seus problemas de saúde. Acrescenta ainda que a
universalidade, integralidade e a eqüidade têm conseqüências na organização dos
serviços, obrigando-os a ampliar a sua capacidade de absorção das demandas e a
reformulação do seu modelo assistencial.
O relatório da CMS BH (39) confirma o grande mérito do SUS, na sua
primeira fase de implantação, como o avanço no acesso à saúde para a população,
tendo realizado no ano 2002, quase dois bilhões e quatrocentos milhões de
procedimentos, tornando-se um dos maiores sistemas de saúde pública do mundo e
responsável pela grande massa da população brasileira além da conquista da
cidadania em saúde. No entanto, complementa : “ se muito vale o já feito”, mais vale
ainda o que temos que construir, no sentido da garantia da assistência integral a
população, e mais do que isto, com qualidade dessa assistência. E finaliza
concluindo que “ O cuidado com o usuário deverá pautar toda a organização dos
serviços.”
Mendes (47) adiciona um viés da necessidade da articulação política para a
organização dos serviços, ao analisar a regionalização da assistência através da
demanda ao serviço de urgência/emergência do hospital universitário da cidade de
Botucatu. Enfatiza que a organização da assistência á saúde, regionalizada e
integrada em direção a eqüidade, é um processo político e social e sua implantação
Referências Teóricas 51
não depende apenas de normas legais. Complementa dizendo que um novo modelo
assistencial, baseado nas diretrizes constitucionais, centrado no direito de cidadania,
na promoção da saúde, no atendimento integral, desenvolvido de modo organizado
e hierarquizado em níveis de complexidade crescente, com acesso universal e
igualitário, qualidade e eficiência, ainda não foi totalmente assegurado, apesar dos
esforços que estão sendo empreendidos.
Campos (48) nesse sentido traz uma análise sobre a necessidade de se
reorganizar os serviços com um novo olhar, ao afirmar que são inegáveis os
avanços tecnológicos e científicos inseridos na atenção á saúde com a crescente
especialização das práticas médicas, porém a conseqüência tem sido a
fragmentação do trabalho que tem dificultado o diagnóstico e a intervenção mais
adequada em tempo hábil. O autor conclui que os serviços básicos têm em geral
funcionado como pronto – atendimento, voltados para o cuidado sintomático, sendo
portanto grandes encaminhadores, sobrecarregando os serviços especializados,
onde constata-se um estrangulamento no acesso a esses serviços da atenção
secundária. E finaliza propondo que no contexto dos problemas em ambiente de
complexidade no campo da saúde, o objeto principal do trabalho não estaria na cura
ou promoção e proteção da saúde, mas na produção do cuidado por meio do qual
poderemos atingir a cura e a saúde.
Dos serviços de urgência e emergência, Paim, (36) discutindo sobre as
especificidades da organização, insiste na importância de identificar soluções
globais para problemas que, pela sua própria natureza, não permitem discriminação
de clientelas. O autor faz um contraponto com a definição da OMS, de que - “ Saúde
para todos no ano 2000”, no caso da urgência/ emergência, existe a ameaça do “
Risco para todos aqui e agora”. E, finalizando orienta que, nesse contexto da
sociedade atual, ênfase deve ser dada à organização da atenção à saúde para
urgência e emergência, que passa a ser de interesse crescente de amplos
segmentos sociais. Afirma que no estudo realizado em Salvador, Bahia, na década
de 1990, a inexistência de uma rede organizada de serviços de saúde contribuiu
para a manutenção do caos da assistência da urgência/emergência.
Na área da Saúde Bucal Coletiva, a 3ª CNSB (14), se referindo à organização
de modelos de atenção capazes de responder a essa complexidade, alerta para a
necessária articulação entre as três esferas de governo na estruturação e
Referências Teóricas 52
implementação de uma rede de serviços de saúde que inclua a promoção e a
proteção da saúde, as atividades de controle de risco e de regulação de mercado
produtivo de saúde, bem como as ações voltadas ao controle e ao monitoramento
das práticas, em indicadores que traduzam a melhoria da qualidade de vida.
Barros e Chaves (49) realizaram um estudo de avaliação do processo de
reorganização das ações de Saúde Bucal em municípios habilitados com gestão
plena no SUS, trabalhando com os indicadores propostos pelo Pacto pela Saúde
3
no
nível da atenção básica da Saúde Bucal e evidenciaram um aspecto importante que
se refere a qualidade (adequação técnico científica) da produção dos serviços
assistenciais, indicando a necessidade de definição de padrões nacionais que
possam nortear a execução de ações de responsabilidade de nível local, e assim
subsidiando informações que possam contribuir para o desenvolvimento de modelos
de atenção mediante a coleta e análise de dados adequados
4
.
A busca de alternativas que possam determinar formas de organizar os
serviços de saúde tem sido incessante no SUS e assim estruturando modelos
assistenciais que promovam um efetivo impacto epidemiológico e satisfação do
usuário, no enfrentamento das alarmantes condições de saúde que a população
brasileira tem ainda apresentado nas últimas décadas.
2.8. INTEGRALIDADE E AS LINHAS DO CUIDADO NA ATENÇÃO À
SAÚDE NO SUS.
O tema Integralidade dos serviços prestados à comunidade tem sido pauta
incessante de discussão nos diversos níveis do SUS e conceituada pelo MS/SAS (9)
como:
“oferecer ao usuário todos os serviços necessários ao atendimento das suas
necessidades, sejam eles a atenção básica, apoio diagnóstico, procedimentos de
média e alta complexidade, atenção a urgência e emergência, serviços
3
Pacto pela Saúde, surgiu em 2006, desenvolvido pelo MS, traz instrumentos para reorganização dos processos de saúde
regionalizados, tendo sido concebido como um conjunto de reformas institucionais do SUS pactuado entre as três esferas de
gestão (União, Estados e Municípios), com o objetivo de promover inovações nos processos e instrumentos de gestão, visando
alcançar maior eficiência e qualidade das respostas do Sistema Único de Saúde
4
Os indicadores de avaliação da qualidade da prestação de serviços na Atenção Básica são : 1. Cobertura de primeiras
consultas odontológica no SUS, relacionada à tentativa de ampliar o acesso aos serviços odontológicos; 2. A razão entre
procedimentos coletivos e a população de 0 a 14 anos da área adscrita, que busca aumentar a cobertura de ações de
prevenção e educação em saúde; 3. A proporção entre exodontias e ações básicas individuais, que tem como objetivo a
produção de ações menos mutiladoras, que incentivem a preservação do meio ambiente bucal natural; ações essas que
também estão incluídas em algumas das atribuições dos serviços de urgência do SUS.
Referências Teóricas 53
especializados e internação hospitalar. Associa-se a estas ações as questões
relacionadas a vigilância à saúde, expressas nas atividades de vigilância sanitária,
epidemiológica, controle de zoonoses e nas formas de ações intersetoriais que
resultam em produção de saúde. Para tanto é necessário qualificar a referência e a
contra referência, possibilitando a atuação seqüencial das equipes de saúde e a
continuidade responsável pelo cuidado com a população, atuando numa rede
cuidados progressivos, centrada no usuário”.
Para Cecílio
*
“...integralidade da atenção à saúde precisa ser trabalhada em
várias dimensões para que seja alcançada da forma mais completa possível”, e só
será possível a partir da articulação de cada serviço de saúde, qualquer que seja
ele, pensando em rede, pois a assistência não se dá nunca em um único lugar.
O MS/SAS (9) propõe então um desenho que denomina de Linha do Cuidado,
representando uma estratégia para garantir a continuidade do cuidado, como
costura, como conexão, de cada uma das ações de promoção, proteção, cura,
controle e de reabilitação. Seria um modo de articular as diversas ações de saúde
na busca da integralidade e poderiam ser pensadas tanto no trato das questões
individuais, como na formulação de políticas de atenção. Em nível do cuidado à
saúde individual, elas garantiriam a produção articulada de ações de vigilância ou de
assistência, segundo necessidades, num fluxo ágil e desembaraçado em cada nível
de atenção (primária, secundária e terciária), e entre estes, garantindo a referência e
contra-referência responsável, até a recuperação ou ganhos de bem estar e
autonomia no modo de viver das pessoas.Seria a construção de um movimento
solidário pela rede do sistema de complexidade crescente dos serviços,
constituindo-se em uma matriz horizontal de complexidade, em contraposição a
vertical. A transposição da linha do cuidado para o campo de formulação e
implementação de políticas de saúde consistiria numa forma também matricial de
organizar a atenção à saúde na esfera da gestão, viabilizando todo o fluxo da
estrutura física dos serviços (unidades básicas, de urgência/emergência,
especialidades, hospitalares), insumos, medicamentos, recursos humanos e outros,
necessários para a estruturação das linhas do cuidado individual, na busca da
integralidade das ações.
*
Cecílio LCO. As necessidades de saúde como conceito estruturante na luta pela integralidade e equidade da atenção.
(Departamento de Medicina preventiva e Social, Faculdade de Medicina, UNICAMP). 2004.Comunicação Pessoal.
Referências Teóricas 54
Na composição dessa rede de assistência à saúde a garantia de um sistema
de referência e contra-referência efetivo
5
é determinante da resolubilidade do
serviço.
A CMS – BH (39) refere –se particularmente ao importante debate sobre a
imagem de uma linha de produção do cuidado, que garanta um fluxo seguro do
usuário, desde a porta de entrada no sistema, independente de onde seja, para
diversos níveis assistenciais; e atenta para as questões do atendimento nas
unidades de pronto-atendimento enquanto porta de entrada, pois estas devem se
tornar pontos de captação de usuários, devendo realizar o atendimento adequado ao
problema apresentado e com responsável encaminhamento posterior ao centro de
saúde de sua referência, construindo uma linha de cuidado a partir daí.Para facilitar
a compreensão dessa linha do cuidado na rede assistencial que atua de forma
integral, foi estruturado um diagrama que mostra o percurso de um usuário, no seu
processo terapêutico para a cura, passando por um cardápio de serviços:
LINHA DE PRODUÇÃO DO CUIDADO A SAÚDE
A CMS – BH (39) conclui reiterando que desenvolver as linhas do cuidado e
colocá-las operando é uma inovação nas propostas assistenciais do SUS,
concretizando no cotidiano de nossa assistência a idéia de integralidade. Neste caso
foram propostas as seguintes áreas de atuação: Atenção ao Idoso, Saúde da
Criança, Saúde Materna, Saúde Bucal, Atenção ao Processo Agudo, Atenção as
Doenças Cardiovasculares.
5
Conceitualmente, segundo Witt ( 50 ), Sistema de Referência e Contra – referência , constitui-se na articulação entre as
unidades de saúde dos níveis primário, secundário e terciário, sendo que se compreende por referência o trânsito do nível de
menor para o de maior complexidade. Inversamente, a contra-referência compreende o trânsito do nível de maior para o de
menor complexidade.
Referências Teóricas 55
A MS/SAS (9) salienta ainda que essa estratégia da atenção à saúde
preconizada, pressupõe a elevação dos graus de afeto e aumento do vínculo entre o
profissional cuidador e o paciente cuidado, num desenho também matricial de
responsabilização dos primeiros com aqueles que são os usuários do serviços.
No que se refere ás questões relacionadas a Saúde Bucal, DASB-SP (41) de
acordo com a PNSB (15) reafirmam a reorganização do modelo de atenção à Saúde
Bucal, com prioridade para a instituição de linhas do cuidado (da criança,
adolescente, adulto e idoso) com a criação de fluxos que impliquem ações
resolutivas das equipes de saúde, centradas no acolher, informar, atender e
encaminhar (referência e contra-referência).
Complementando, as DASB (41) recomendam que deveriam ser criadas
condições propícias para uma reorganização mais ampla do sistema de saúde, com
uma rede regionalizada e hierarquizada de referência e contra referência com
sistema de atendimento de urgência/emergência integrado a rede de serviços de
saúde, central de controle de vagas, mecanismos de controle e avaliação (qualitativa
e resolubilidade); e participação da comunidade.
Paim (36) esclarece também que é importante identificar a Saúde Bucal como
responsabilidade de Estado, nas esferas municipal, estadual e federal, na
formulação das políticas de formação indissociável da saúde geral das pessoas, e
como um direito de cidadania, possibilitando a ação da sociedade na formulação das
políticas de Saúde Bucal , dentro dos princípios do SUS, para modificar o atual
modelo assistencial apenas curativo, além de mutilador, de alto custo, baixa
cobertura e impacto epidemiológico, com exclusão de uma parcela significativa da
população.
2.9. HUMANIZAÇÃO DO ATENDIMENTO E A URGÊNCIA NO SUS
No ano 2000, o SUS apresentava avanços efetivos nas áreas da
descentralização e regionalização da atenção e da gestão, ampliação dos níveis da
universalidade, equidade, integralidade e controle social, segundo avaliação do MS/
Núcleo Técnico da Política Nacional da Humanização, de 2004 (MS/ PNH) (51),
porém, foram identificados outros problemas conseqüentes como a fragmentação e
a verticalização dos processos de trabalho que esgarçam as relações entre os
Referências Teóricas 56
diferentes profissionais de saúde e entre estes e os usuários; o trabalho em equipe,
assim como o preparo para lidar com as dimensões sociais e subjetivas presentes
nas práticas de atenção à saúde.
O MS/ PNH (51) aprofundando em suas constatações sobre esse período de
consolidação do SUS, coloca que o baixo investimento na qualificação dos
trabalhadores, especialmente no que se refere à gestão participativa e ao trabalho
em equipe, diminui a possibilidade de um processo crítico e comprometido com as
práticas de saúde e com os usuários em suas diferentes necessidades. Existem
poucos dispositivos de fomento à co-gestão, a valorização e a inclusão dos
trabalhadores e usuários no processo de produção da saúde, com forte desrespeito
aos seus direitos. Conclui que um processo de gestão com tais características é
acompanhado de modos de atenção baseados na maioria das vezes na relação
queixa – conduta, automatizando-se o contato entre trabalhadores e usuários,
fortalecendo um olhar sobre a doença e, sobretudo, não estabelecendo o vínculo
fundamental que permite, efetivamente, a responsabilidade sanitária que constitui o
ato da saúde. Finaliza, ressaltando que este quadro se agrava com a discussão
ainda incipiente sobre a reformulação das políticas públicas de saúde no que se
refere aos modelos de formação dos profissionais de saúde.
Benevides e Passos (52) avaliando o processo histórico do SUS no quesito
estratégias de atendimento de saúde, afirmam que existia um cenário ambíguo onde
a humanização era reivindicada pelos usuários e alguns trabalhadores e, no mínimo
secundarizada (banalizada) pela maioria dos gestores e profissionais. Os usuários
reivindicavam o direito a uma atenção à saúde com acolhimento e de modo
resolutivo; os profissionais por melhores condições de trabalho. Por outro lado os
críticos das propostas humanizantes no campo da saúde denunciavam que as
iniciativas em curso reduziam, grande parte das vezes, as alterações que não
chegavam efetivamente a colocar em questão os modelos de atenção e de gestão.
Essa complexa realidade no SUS suscitou a urgência de se promover debates para
reavaliar os modelos de gestão e de atenção que vinham sendo implementados no
SUS, assim como a formação dos profissionais de saúde e os modos como o
controle social vinham atuando. Essas reflexões seriam necessárias para a garantia
do direito institucional a saúde para todos, firmados pela Constituição Nacional e
Referências Teóricas 57
condição para viabilizar uma saúde digna para todos, com profissionais
comprometidos com a ética da saúde e a defesa da vida.
No enfrentamento dessa afirmação Pimenta (53) em sua experiência em
Chapecó, Santa Catarina, considera que na produção da saúde, a relação entre
profissionais e usuários pressupõe o encontro de diferentes subjetividades, o
trabalhador da saúde tem enorme poder e autonomia; se ele não estiver sensível
para a possibilidade de diálogo existente na relação equipe de saúde/ usuários, não
haverá norma institucional capaz de garantir o acolhimento do usuário e a
responsabilidade no atendimento. A autora acrescenta que outro fator decisivo para
melhorar a qualidade da saúde é o estabelecimento de vínculos dos profissionais
com os usuários. Por ser uma relação entre sujeitos é fundamental que se
estabeleçam tais vínculos, sendo a única maneira de humanizar o atendimento e
criar nova relação entre as equipes dos serviços de saúde e os usuários. Essa
relação deve ser trabalhada permanentemente e esta relacionada com a capacidade
da equipe em lidar com as questões de acolhimento e de vínculo, ou seja, assumir
compromisso essencial de todo o serviço de saúde na defesa da vida daqueles que
necessitam de atendimento.
No que se refere à construção de uma estratégia organizacional para a
urgência em saúde bucal, as recomendações das DASB-SP (41) são no sentido de
que é primordial que boas práticas da clínica sejam observadas, com o atendimento
humanizado beneficiando o usuário, assim como a promoção de condições dignas
de trabalho aos profissionais de saúde, considerando que nos plantões diurnos
sejam mantidos dois plantonistas, em benefício de um pronto atendimento e a
demanda estressante dos horários de pico do atendimento e a complexidade de
alguns procedimentos cirúrgicos que requerem, por vezes, a atuação de dois
profissionais concomitantemente.
O estudo de Shirakawa (54) confirma tal recomendação, ao analisar a
Humanização no Pronto Socorro do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina
de Botucatu sobre a perspectiva dos profissionais de saúde e orienta que para
humanizar a assistência em saúde precisamos dar a palavra tanto a usuários quanto
aos profissionais de saúde para que possam se sentir sujeitos do processo.
Referências Teóricas 58
A 12
a
CNS (40) que teve como tema “ Acesso, qualidade e humanização na
atenção à saúde com controle social”, apresenta propostas de intervenção, nas
agendas das políticas públicas de saúde no sentido de promover a reflexão e
reconstrução de modelos de atenção à saúde com práticas humanizadas.
A proposta e a implementação de uma Política Nacional de Humanização da
Atenção e Gestão da Saúde (PNH) (51) com vistas a construção de uma política de
qualificação do SUS, com dimensões fundamentais e que opere transversalmente
em toda a rede, tornando-se uma vertente orgânica do mesmo, garantindo um
caráter questionador de verticalidades que é um fator de risco na saúde, construindo
coletivamente alternativas de práticas resolutivas e de qualidade, começa a ser
implementada como conseqüência desse amplo processo analítico. O MS/PNH(51)
passou a denominar a “ Humanização da assistência” como a oferta de atendimento
de qualidade articulando os avanços tecnológicos com acolhimento, com melhoria
dos ambientes de cuidado e das condições de trabalho dos profissionais. Preconiza
também que, como política, a Humanização deve traduzir princípios e modos de
operar nas relações dos sujeitos envolvidos, serviços e instâncias que constituem o
SUS. O confronto de idéias, o planejamento, os mecanismos de decisão, as
estratégias de implementação e de avaliação, mas principalmente o modo como tais
processos se dão, e que devem confluir para a construção de trocas solidárias e
comprometidas com a produção da saúde e produção de sujeitos.
A implementação da PNH (51) propõe a consolidação de marcas prioritárias:
1. Serão reduzidas as filas e o tempo de espera com a ampliação do
acesso e atendimento acolhedor e resolutivo baseados em critérios de risco.
2. Todo usuário do SUS saberá quem são os profissionais que cuidam
de sua saúde, e os serviços de saúde se responsabilizarão por sua referência
territorial.
3. As unidades de saúde garantirão as informações ao usuário, o
acompanhamento de pessoas de sua rede social(de livre escolha) e os
direitos do código dos usuários do SUS.
Referências Teóricas 59
4. As unidades de saúde garantirão gestão participativa aos seus
trabalhadores e usuários, assim como educação permanente aos
trabalhadores.
A PNH(51) define ainda diretrizes específica por nível de Atenção, sendo as
Diretrizes para a Urgência e Emergência, nos Pronto-Socorros, Pronto Atendimentos
e Assistência Pré Hospitalar e outros:
1. Acolher a demanda por meio de avaliação de risco, garantindo o
acesso referenciado aos demais níveis de assistência.
2. Comprometer-se com a referência e a contra-referência,
aumentando a resolução da urgência, provendo o acesso à estrutura
hospitalar e a transferência segura, conforme a necessidade do usuário.
3. Definir protocolos clínicos, garantindo a eliminação de intervenções
desnecessárias e respeitando as diferenças e as necessidades do sujeito.
Definidos os princípios, estratégias e diretrizes oficiais da PNH (51) Benevides
e Passos (52 ), dialogando com o tema da Humanização atentam para os
enfrentamentos que devem ser feitos para que esta não se expresse somente por
ações fragmentadas e numa imprecisão e fragilidade conceituais, sendo estas
ligadas ao voluntarismo, ao assistencialismo, ao paternalismo ou mesmo ao
tecnicismo de um gerenciamento sustentado na racionalidade administrativa e
qualidade total. Os autores salientam que construir uma política de Humanização
exige todo um trabalho de conexão com as forças do coletivo, com os movimentos
sociais, com as práticas concretas no cotidiano dos serviços de saúde, sintonizando
“ o que fazer” com o “ como fazer”, efetivando assim o conceito com a prática, o
conhecimento com a transformação da realidade.
Varela (55) ao redefinir o conceito de humanização a partir do “
reencantamento do concreto”, ou do “ SUS que dá certo” e aposta na valorização
dos processos de mudança a partir dos sujeitos concretos que se transformam em
sintonia com a transformação dos próprias práticas em saúde.
Para Campos (69) para que aconteça a mudança das relações no campo da
saúde, deverá ocorrer a experimentação da inseparabilidade entre as práticas de
Referências Teóricas 60
cuidado e de gestão do cuidado, compondo estas uma só realidade, de tal forma
que não há como mudar os modos de atender a população num serviço de saúde
sem que se alterem também a organização dos processos de trabalho, a dinâmica
da interação da equipe, os mecanismos de planejamento, de decisão, de avaliação e
de participação. São necessários, portanto arranjos e dispositivos que interfiram nas
formas de relacionamento nos serviços e nas outras esferas do sistema, garantindo
práticas de co - responsabilização, de co-gestão, de grupalização.
3. Objetivos
Objetivos 62
Descrever e analisar a prática do serviço de urgência em saúde bucal no
Pronto Socorro Caetano Virgílio Neto, município de São Paulo, no ano 2006.
3.1.OBJETIVOS ESPECÍFICOS
1. Analisar a capacidade de absorção da demanda de atendimento
deste Pronto Socorro.
2. Descrever o perfil da clientela que busca o serviço de urgência
em saúde bucal deste Pronto Socorro.
3. Analisar os fatores condicionantes da assistência à saúde
prestada neste serviço de urgência em saúde bucal deste Pronto
Socorro.
4. Analisar os mecanismos de referência e contra referência
regionalizados existentes, a partir do atendimento de urgência neste
Pronto Socorro, em direção a inserção de seus usuários nos demais
níveis de complexidade de atenção do SUS.
4. Método
Método 64
4.1. CARACTERIZAÇÃO DO TERRITÓRIO
4.1.1. O município de São Paulo – arcabouço de gestão da Saúde.
O município de São Paulo tem atualmente uma divisão geopolítica
conformada em 31 regiões denominadas subprefeituras, com gestão
descentralizada.
Na gestão municipal (2005 – 2008), a estrutura de governo está composta
por 21 Secretarias, sendo a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) a de interesse
neste estudo.
A SMS é a gestora do SUS e responsável pela formulação e implantação de
políticas, programas e projetos que visem promover, proteger e recuperar a saúde
da população, nas áreas das subprefeituras.
Para a organização do SUS no município, esta Secretaria de Governo está
dividida em cinco regiões de saúde: Centro Oeste, Norte, Sul, Sudeste e Leste,
sendo a unidade de urgência deste estudo localizada na região centro oeste,
subprefeitura do Butantã.
Para a gestão dos serviços de saúde cada uma dessas regiões, a SMS, criou,
já em governos anteriores, uma política gerencial com dupla linha de gestão com
diferentes atribuições: as Coordenadorias de Saúde e Autarquias Hospitalares
Municipais Regionais. Para as primeiras foi determinada a responsabilidade de
gestão pela Atenção Primária e Secundária a Saúde da rede do SUS municipal,
ficando para a segunda a responsabilidade pelos Serviços de Atenção Terciária e
Urgência e Emergência.
A Coordenação Regional de Saúde Centro Oeste (CORS/CO) está
subdividida em três Supervisões Técnicas de Saúde (SUVIS), Butantã, Lapa/
Pinheiros e Centro, áreas que coincidem com as áreas das subprefeituras
correspondentes. A Autarquia Hospitalar Municipal Regional Centro Oeste
(AHMRCO) tem mesma área de responsabilidade gerencial.
Método 65
A subprefeitura do Butantã está composta pelos Distritos Administrativos do
Butantã, Rio Pequeno, Raposo Tavares, Vila Sonia e Morumbi, com uma população
de mais de trezentos mil habitantes.
4.1.2. A subprefeitura do Butantã (BT)
Segundo dados da Subprefeitura do Butantã (BT) (57) 2007, a região era rota
de passagem de bandeirantes e jesuítas que se dirigiam ao interior do país. Os
bairros começaram a nascer nos anos 1920. Sua área total é de 56,1 km², o que
corresponde a 3,75% da área total do município de São Paulo. A região é cortada
por importantes eixos rodoviários que fazem a ligação norte-sul do país, a Rodovia
Régis Bittencourt; além da ligação entre o município de São Paulo e o interior sul e
oeste do Estado, com a Rodovia Raposo Tavares. É delimitada a leste pelo Rio
Pinheiros e dividida em cinco distritos: Butantã, Morumbi, Vila Sônia, Rio Pequeno e
Raposo Tavares. Na região convivem realidades com grandes heterogeneidades
sociais, indo desde áreas residenciais ajardinadas, patrimônios do município de São
Paulo, como o Palácio dos Bandeirantes, o Instituto Butantã, a Universidade de São
Paulo (USP), Museus do Bandeirantes e do Sertanista; passando por instituições
comerciais de grande porte como Shoppings Centers, Radio e TVs, Joquey Club,
Hospitais privados de nível terciário de atenção , como o São Luiz e o Albert
Einstein, parques e áreas de lazer, o estádio de futebol do Morumbi, escolas
privadas de renome internacional, entre outros; até grandes bolsões populacionais
com complexas adversidades sociais, e apresentando também algumas áreas
faveladas.
A Figura 1 apresenta o mapa do município de São Paulo, ilustrando as macro
regiões , com as 31 Subprefeituras e seus Distritos Administrativos numeradas de 1
a 31. Notar que as áreas da Coordenadoria de Saúde Centro Oeste, região do
estudo estão registradas com os números : nº 8 – Subprefeitura da Lapa, nº 9 –
Subprefeitura da Sé, nº 10 – Subprefeitura do Butantã, nº 11 - Subprefeitura de
Pinheiros.
Método 66
Figura 1 – Mapa do Município de São Paulo, Sub prefeituras e Distritos
Administrativos e destaque para a sub prefeitura do Butantã com o nº 10.
Método 67
4.1.3. Aspectos Demográficos
De acordo com dados da Fundação SEADE citado no Boletim da
Coordenação de Epidemiologia e Informação (CEINFO) da PMSP, 2007 (58), a
estimativa populacional da subprefeitura do Butantã, para o ano 2007 é de 376.779
habitantes.
De um modo geral, esta população sofreu um decréscimo entre o censo de
1991 e a contagem do IBGE (59) realizada em 1996, seguindo o mesmo padrão
verificado no município de São Paulo, marcado por uma desaceleração no ritmo de
crescimento demográfico, sobretudo no último período nos anos 2000. Este
fenômeno deve-se, de um lado, a uma redução das taxas migratórias e, de outro, a
alterações dos índices de mortalidade e fecundidade. No período 1991/96, o
município de São Paulo cresceu a uma taxa anual de apenas 0,4%.
O perfil sócio econômico - 2007, segundo a Subprefeitura BT é apresentado
na Tabela 1.
Tabela 1 – Perfil Sócio Econômico da População da Subprefeitura do Butantã,
município de São Paulo.
Variável Social. Valores Numéricos
Estimativa Populacional (Hb) 377.756
Domicílios 108.675
Estabelecimentos Comerciais 5.922
Ruas 2.419
Praças 412
Áreas Ajardinadas (m
2
) 3.124.900
Escolas Munic. Ensino Infantil 23
Escolas Munic. Ensino Fundamental 28
Telecentro 2
Clubes (públicos) 8
Método 68
Em relação ao potencial de equipamentos de saúde pública do SUS, a região
oferece os serviços apresentados na Tabela 2.
Tabela 2 – Equipamentos de Saúde Pública do SUS, na sub prefeitura do Butantã,
município de São Paulo.
Tipo de Equipamento Quantidade
Unidades de Saúde 14
Ambulatório Especialidade 2
Pronto Socorro 1
Hospital Geral/ Maternidade 1
Hospital Geral /Universitário 1
Hospital Referência Infantil 1
4.1.4. O Pronto Socorro Caetano Virgílio Neto (PS CVN) – Um Serviço
Público de Urgência e Emergência do SUS na subprefeitura do Butantã
Esta unidade de urgência e emergência geral, segundo o Ministério da Saúde
(MS), é um estabelecimento de saúde destinado a prestar assistência a pacientes
acidentados ou acometidos de mal súbito, com ou sem risco de vida, funcionando
durante as 24 horas do dia, contendo leitos de observação.
O PSCVN foi inaugurado em 31 de outubro de 1990, apresentando uma área
total de 4.663,89 m ² e área construída de 763,89 m ², com o nome de Mini Pronto
Socorro Bandeirantes (P S BANDEIRANTES), pelo qual é conhecido pela
comunidade. Atualmente a denominação jurídica do pronto socorro foi mudada,
tendo o mesmo assumido a titulação oficial de Pronto Socorro Caetano Virgílio Neto,
sendo gerenciado pela AHMRCO, SMS. Está estrategicamente localizado na
margem direita da Rodovia Raposo Tavares, km 12, oferecendo fácil acesso aos
usuários, pois este recebe o fluxo da periferia de maior privação social da região, e
de outros municípios vizinhos como Cotia, Vargem Grande, Taboão da Serra,
Osasco. A oferta de transporte público coletivo para essa localidade, é feita com
ônibus municipais e intermunicipais e num futuro próximo a linha amarela do metrô.
O deslocamento da população se dá através das grandes vias de tráfego, que são
Método 69
principalmente, a rodovia Raposo Tavares e a Av. Francisco Morato. A primeira
passa defronte ao P.S. e a segunda está bastante próxima, podendo ser alcançada
pelos usuários a pé. Essas vias de comunicação cortam a região em sentido
longitudinal, indo até as margens do Rio Pinheiros. Este rio é uma barreira natural
que define uma das fronteiras do Butantã, tanto geográfica, cultural quanto sob o
aspecto comercial.
O PSCVN oferece serviços de pronto atendimento/ urgência e emergência,
nas especialidades de pediatria, clínica, ortopedia, cirurgia e odontologia, com 6
leitos de observação para adultos e 4 infantis.
No ano 2006, o PSCVN realizou um total de 106.632 atendimentos, sendo
5.552 realizados na área de Saúde Bucal, representando 5,2 % do total de
atendimentos e perfazendo uma média mensal de 462 consultas/ mês e 15,4
consultas /plantão/ 24 horas nesta especialidade.
A produção de consultas atendidas deste Pronto Socorro tem mantido uma
média constante, nos últimos anos, demonstrada na Figura 2, por meio de uma série
histórica e comparativa dessa produção na Saúde Bucal, com dados organizados
numa amostra de 4 meses /ano, nos anos de 2003, 2004, 2005 e 2006.
0
100
200
300
400
500
600
700
Mar Jun Jul Nov
NúmerodeConsultas
MesesAmostrais
2003 2004 2005 2006
Figura 2 – Série Histórica do Número de Atendimentos de Urgência em saúde bucal,
no PSCVN, numa amostra de 4 meses, nos anos 2003, 2004, 2005 e 2006.
Método 70
Esta unidade de urgência é a única unidade da rede pública do SUS na região
que oferece o cuidado à Saúde Bucal 24 horas, sendo estratégica sua atuação como
uma unidade de interligação no sistema hierarquizado do SUS. É importante
registrar que a Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo – São
Paulo (FOUSP-SP), cujo campus está localizado na região do Butantã, realiza
atendimentos de urgência odontológica, no período diurno e nos dias da semana,
com uma missão de ensino e a pesquisa.
A Tabela 3 apresenta a Tabela de Lotação de Pessoal (TLP) definida pela
AHMRCO, para a necessidade de recursos humanos (RH) no PSCVN, no ano 2006.
Tabela 3 – Tabela de Lotação de Pessoal definida pela AHMRCO para o
PSCVN, 2006.
Categoria Profissional Número %
Enfermeiro 11 6,1
Médico 52 28,1
Cirurgião Dentista 9 5,1
Farmacêutico 2 1,2
Assistente Social 3 1,8
Auxiliar Enfermagem 70 37,6
Auxiliar Técnico Administrativo 25 13,5
Técnico de Radiologia 4 2,3
Técnico em Farmácia 2 1,2
Técnico em Armazenamento 1 0,8
Serviços Gerais 4 2,3
TOTAL 187 100,0
Para o atendimento odontológico, o PSCVN, conta com um consultório, com
aparelho de Raios X odontológico (RX), sendo a tabela de lotação de RH para o
setor preenchida com 1 plantonista/ 24 horas, que são cirurgiões dentistas
concursados e efetivos que atuam como generalistas. Dos 7 plantonistas da
semana, 6 são contratados com dedicação de 24 horas, e um plantonista com carga
Método 71
horária de 20 horas semanais, ocasionando uma janela de 4 horas no atendimento
desse plantão. Completam o quadro de RH, no período deste estudo, outros dois
profissionais, com a função de cobertura de férias sendo responsáveis também
pelas ações de controle gerencial (interlocução de Saúde Bucal no PS). O trabalho
na clínica é executado sem auxiliar de consultório dentário, ficando a assepsia,
higienização, esterilização e recarga de insumos de trabalho sob responsabilidade
da equipe de enfermagem. A limpeza da sala clínica é realizada por equipe de
empresa terceirizada.
Na abordagem da capacidade de infra-estrutura física, de recursos humanos,
de consumo e gerencial deste Pronto Socorro, consideramos primordial a análise
das relações que ocorrem no processo de trabalho das equipes de saúde que se
expressam, segundo Mendes e Gonçalves (60), como um conjunto de saberes e
instrumentos incluídos nos processos de produção dos serviços, na rede de relações
sociais entre agentes e práticas, conformada em uma totalidade social, que é
constituída não apenas pelo saber, mas também pelos seus desdobramentos
materiais e não materiais, denominado de tecnologias do trabalho em saúde.
Merhy (61) propõe uma classificação das tecnologias envolvidas no processo
de trabalho em saúde, e sistematiza uma estratégia para diagnóstico de um sistema
de saúde dividindo-as em: tecnologia leve, leve dura e dura.
Para subsidiar tal classificação, no PSCVN foram utilizados dados
secundários documentais como relatórios da gerência local e regional, para se
descrever e discutir a capacidade de infra - estrutura física, de recursos humanos ,
de consumo e gerencial.
Conceitualmente tecnologia leve é aquela que define o tipo de produção do
vínculo, acolhimento e gestão, como forma de governar processos de trabalho.
No PSCVN, para melhoria das condições de acolhimento, a partir do ano
2006, adequações foram realizadas em relação à estrutura física, e assim sendo,
foram iniciadas reformas em todo o PS para a promoção de melhorias na ambiência,
segundo a Política de Humanização do SUS (PNH), desde a sala de espera,
recepção, sinalização interna, aumento de um consultório para atendimento clínico,
entre outras. No consultório odontológico, estão sendo realizadas obras para
Método 72
aperfeiçoamento da biossegurança como reconstrução e pintura das paredes,
reforma do equipamento odontológico, revisão dos equipamentos de lavagem de
mãos, dispensação de resíduos orgânicos e inorgânicos, armazenamento de
instrumental e medicamentos.
No que se refere a treinamentos dos RH segundo política da Humanização do
Atendimento na Urgência, na Saúde Bucal, no ano 2006 ocorreu o I Curso sobre
Serviços de Urgência em saúde bucal da Prefeitura do Município de São Paulo, com
discussões clínicas sobre o tema; não existindo registro no setor de RH do PS,
segundo a responsável pelo mesmo, de outros cursos realizados para profissionais
de nível superior, que tenham como meta o aperfeiçoamento clínico, da gestão ou
estratégias políticas de organização dos serviços.
No que tange a estratégias de gestão para cobertura de necessidades dos
profissionais, ainda na Saúde Bucal, foi designado um profissional interlocutor para
atuar na organização dos serviços e facilitar o fluxo de comunicação entre os
profissionais clínicos, o gestor local, regional e outros, acumulando também a função
de clínico para cobertura de férias dos plantonistas quando estas ocorrem.
Na prática esta função fica diluída no cotidiano do serviço, ocorrendo reuniões
extraordinárias com os plantonistas clínicos segundo demandas definidas, não
existindo ainda uma rotina sistemática de monitoramento e avaliação do serviço,
para discussão de propostas de reorganização para otimização dos mesmos; apesar
de reiteradas tentativas desenvolvidas pelo gestor local nesse sentido.
A tecnologia leve-dura nos demonstra como os saberes bem estruturados que
operam no processo de trabalho em saúde, como a clínica médica e epidemiologia
podem otimizar o produto final , qualificando a prestação dos serviços para a
comunidade usuária.
Nesse sentido, a PMSP permite a participação dos profissionais em cursos de
interesse dos mesmos, como uma estratégia de facilitação ao aperfeiçoamento
clínico, através de autorização de dispensa dos plantões, segundo solicitação prévia
e conforme protocolo de liberação da PMSP. Porém uma política própria da
instituição, específica para urgência, do desenvolvimento de pessoal da Saúde
Bucal ainda necessita de maior incentivo. O estabelecimento de Normas e
Método 73
Protocolos de Atendimento Clínico para Saúde Bucal também carece de uma
sistematização.
O Monitoramento e Avaliação da Saúde Bucal tem sido realizado utilizando o
Boletim Emergencial (BE) como instrumento de coleta de dados que se presta a um
controle gerencial. Porém este instrumento não está sendo acompanhado com uma
óptica epidemiológica de forma integrada ao SUS regionalizado. Investimentos em
treinamentos com temas direcionados a noções de vigilância epidemiológica e
criação de estratégias e instrumentos gerenciais em urgência em saúde bucal para
implementação de mecanismos de Avaliação e Monitoramento não têm sido
desenvolvidos, segundo informações dos setores administrativo e de RH do PSCVN.
Em relação à tecnologia dura, que se refere à tecnologia dos equipamentos
do tipo máquina, normas, estruturas organizacionais, e outros, foram observados:
Os equipamentos existentes para a prestação dos serviços da Saúde Bucal
neste PS são um consultório odontológico completo, com cadeira de encosto
manual, equipo com uma ponta de alta rotação e uma de baixa rotação, cuspideira
com sistema de sucção a ar e água, compressor externo, com RX odontológico.
A manutenção dos equipamentos na clínica odontológica é determinante de
uma prestação de serviço efetiva e com qualidade para a clientela. No ano desta
pesquisa, 2006, não estava concretizado contrato com empresa terceirizada para
manutenção preventiva de equipamentos, porém este foi regularizado no ano
seguinte e atua com eficácia.
O instrumental clínico existente na lista padronizada, da PMSP/AHMRCO,
Anexo V, para a prestação de serviços de Saúde Bucal deste PS é
quantitativamente incompatível com a demanda, no que se refere a jogos clínicos e
jogos de sutura. Nas práticas de rotina, são realizadas esterilizações sucessivas
desse instrumental, sendo que com freqüência isso acarreta interrupção temporária
do atendimento, ocasionando aumento do tempo de espera. No que tange a
intervenções em procedimentos básicos em Periodontia, cuja demanda é relevante
neste PS, não existe instrumental específico para tal, ficando o atendimento restrito
ao uso de medicação anti-inflamatória ou antibiótica, segundo indicação, sem
intervenção cirúrgica local.
Método 74
A esterilização do instrumental da Saúde Bucal é realizada em autoclave
hospitalar, conjuntamente com o instrumental da enfermagem e devido á alta
demanda de atendimentos há a necessidade de alta rotatividade no processo de
higienização e esterilização dos mesmos, ocasionando avarias do equipamento da
autoclave e desgaste dos próprios instrumentos odontológicos, indicando a
importância de um sistema de manutenção de equipamentos e reposição de
instrumentais. Nos períodos em que a autoclave não tem condições de
funcionamento, a esterilização dos instrumentais é transferida para outras unidades
de saúde do SUS regionalizado, acarretando em maior gasto de tempo para a
esterilização dos mesmos, demora e até parada temporária no atendimento ao
público.
O fornecimento de material de consumo / medicamento definido pela lista
padronizada de material de consumo e medicamentos da PMSP/AHMRCO, Anexo
IV, é regular e preenche as necessidades das ocorrências de urgência em saúde
bucal de maior freqüência, como dores agudas devida aos variados processos
evolutivos da cárie dental , com indicação conservadora de um curativo ou cirúrgica,
como exodontia, ou ainda drenagem de um abscesso agudo. No entanto, tal lista
padronizada não apresenta material/medicamento adequado para algumas
ocorrências simples e de pequena freqüência para intervenções, por exemplo,
lesões de tecido mole, cimentação e acidentes com próteses, ajustes de oclusão,
processos agudos/ crônicos de polpa dentária e acidentes em crianças, entre outros.
Normas Operacionais no setor têm sido revisadas e propostas pelo gestor
local, no cumprimento legal das definições da Vigilância Sanitária , na busca da
qualificação dos serviços, como por exemplo equipar e adequar para a
biossegurança do paciente e do profissional. No entanto, homogeneização de
condutas clínicas carecem da definição de um protocolo específico para urgência em
saúde bucal.
No quesito montagem de uma estrutura organizacional de serviços no
cumprimento da proposta do SUS, buscando a construção de um Modelo de
Atenção Integral em Saúde Bucal no município de São Paulo, surgiram no ano 2006,
algumas iniciativas de pactuação de estratégias programáticas entre esferas
gerenciais local e regional na figura da interlocução de Saúde Bucal da SUVIS BT,
numa óptica ampliada de saúde, e determinação social da doença; porém surgiram
Método 75
muitos nós críticos para implementação de novas propostas, levando a uma
desaceleração dessa negociação em 2008, período final desta pesquisa.
O sistema de referência e contra referência de saúde regionalizadas
compreende 14 (catorze) Unidades de Saúde (UBSs), sendo 2 Unidades de Saúde
da Família (USFs), os Ambulatórios de Especialidade (AE) do Peri-Peri (para
endodontia, periodontia e diagnóstico de lesões bucais) e o Serviço de Atendimento
Especializado em DST/ AIDS ( SAE ), o Centro de Convivência de Idosos e Saúde
Mental ( CECCO); além do Pronto Socorro Caetano Virgílio Neto ( PSM), o Hospital
Geral Municipal Mario Degni ( HM ) na rede municipal. Compõem ainda esse
sistema regional o Hospital Universitário (HU) da USP e para a referência infantil, o
Hospital Estadual Darcy Vargas e a referência terciária do Hospital das Clínicas
(HC), que fica em região um pouco mais distante, o bairro de Pinheiros.
A Figura 3 apresenta o Mapa da área da Subprefeitura do Butantã /
Coordenação de Saúde Centro Oeste / Butantã (CORS / CO / BT), Supervisão
Técnica de Saúde do Butantã, representando com diferentes cores a localização
dos equipamentos de saúde pública que compõem a rede hierarquizada da região,
sendo: o P S em cinza, as USs em vermelho, os Hospitais em preto e os SAE DST
AIDS, Ambulatório de Especialidade (AE ) e Centros de Convivência ( CECCO) em
verde, amarelo e azul.
Método 76
Figura 3 – Mapa da subprefeitura do Butantã / Supervisão Técnica de Saúde do
Butantã, e localização dos equipamentos de saúde pública que compõem a rede
municipal hierarquizada da região.
4.2. DELINEAMENTO DO ESTUDO
O estudo é descritivo, tipo estudo de caso, transversal, no serviço de urgência
de Saúde Bucal do Pronto Socorro Caetano Virgílio Neto, Prefeitura Municipal de
São Paulo, no ano de 2006.
O projeto de pesquisa foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da
Secretaria Municipal da Saúde da Prefeitura Municipal de São Paulo
(CEP/SMS/PMSP), de acordo com as determinações da política do Comitê de Ética
em Pesquisa da Faculdade Medicina de Botucatu (CEP/ FMB –UNESP), que define
que os projetos de pesquisa da instituição devem ser avaliados pelo comitê de ética
em pesquisa mais próximo da área de realização da mesma, sendo aprovado com
Parecer 0343/06, em novembro de 2006. Anexo III.
Método 77
4.3 FONTE DE DADOS E ESTRATÉGIA DE COLETA
4.3.1.Fonte de Dados
Os dados foram coletados em 2 diferentes bancos de dados oficiais. O
sistema HOSPUB é o utilizado para a coleta e sistematização dos dados
hospitalares da PMSP/ SMS/ AHMRCO. Foram coletados os dados de produção
direta do PSCVN, através dos instrumentos de coleta que são os Boletins
Emergenciais (BE). Alguns dados foram derivados dos BEs e reorganizados para a
construção de diferentes variáveis e, neste caso, contabilizados manualmente. A
coleta destes dados iniciou-se a partir de janeiro de 2007, compondo uma amostra
do ano 2006.
Considerando o SUS regionalizado e hierarquizado no município de São
Paulo, foram incluídos no estudo os dados referentes à produção de consultas de
pronto atendimento, denominadas eventuais, das UBs sob a responsabilidade de
gestão da PMSP/SMS/ SUVIS BT, com o objetivo de compor a oferta de assistência
às necessidades de atendimento imediato da população que busca esse tipo de
atenção na região. Os dados dessa rede básica foram coletados a partir dos
relatórios mensais de produção da SUVIS BT- área de Saúde Bucal, no período
deste estudo.
A Figura 4 apresenta o BE, que é o instrumento de coleta de dados do
sistema HOSPUB. A identidade dos pacientes envolvidos no estudo foi preservada.
Método 78
Figura 4 – Instrumento de Coleta de Informações: Boletim Emergencial (BE) utilizado
no PSCVN.
Método 79
Estratégia de Coleta de Dados
A estratégia estatística utilizada foi a definição de uma amostra representativa
dos atendimentos mensais realizados durante o ano do estudo, sendo coletado
dados de um mês a cada trimestre, num total de 4 meses no ano, representando
30% das consultas atendidas em Saúde Bucal neste pronto socorro no ano 2006.
Foi realizado um sorteio dos meses a serem estudados e então eleitos os
meses de: Março, Junho, Julho e Novembro para a amostra de análise.
4.4. PLANO AMOSTRAL
Foram analisados, um total de 1762 ocorrências em Saúde Bucal, coletados a
partir BEs do PSCVN dos 4 meses sorteados para estudo.
A Tabela 4 mostra a distribuição quantitativa das ocorrências de casos por
mês da amostra
Tabela 4 – Distribuição do Número de Atendimentos em saúde bucal nos meses
amostrais e o total de casos analisados, no PSCVN, 2006.
Meses
Março Junho Julho Novembro Total
Nº Atendimentos
499 399 411 453 1762
4.4.1. Critérios De Inclusão
Foram incluídos no estudo todos os casos atendidos em Saúde Bucal na
amostra dos quatro meses selecionados e avaliados através dos BEs desta Unidade
de Urgência.
Método 80
4.5. CARACTERIZAÇÃO DE INSTRUMENTOS
O instrumento de coleta dos dados estruturado foi uma planilha do programa
Microsoft Office Excel 2003, que permite diferentes possibilidades de análise, e
conformando tabelas e gráficos que expõe tais dados.
As variáveis utilizadas foram estrategicamente alocadas segundo eixos
temáticos que se alinham com os princípios do SUS e definidos como prioridades
pelo documento norteador das DASB-SP (41).
Foram definidos 4 eixos temáticos:
Eixo Temático - 1. Diagnóstico das condições de acolhimento;
Eixo Temático - 2. Análise da organização e produção do cuidado;
Eixo Temático - 3. Fatores condicionantes da assistência á saúde;
Eixo Temático- 4. Análise dos encaminhamentos de referência e contra
referência existentes do sistema hierarquizado, a partir das consultas de
urgência em saúde bucal do SUS regionalizado.
4.6. VARIÁVEIS DO ESTUDO
As variáveis utilizadas foram alocadas segundo os 4 eixos temáticos definidos
para o estudo. Os dados quantitativos de produção de consultas acessíveis no
sistema de informações, quando parametrizados expõem práticas de saúde que
sistematizadas emergiram com novos saberes.
As variáveis expostas por eixo temático são:
Eixo Temático - 1. Diagnóstico das condições de acolhimento
Buscando estudar o cumprimento dos princípios do SUS de universalidade, e
equidade, utilizamos os parâmetros:
Método 81
1. Identificação - Para análise do perfil da clientela / demanda acolhida
Variáveis:
Idade na amostra
Sexo. na amostra
Procedência na amostra
2. Efetividade do serviço- Análise de resolubilidade do atendimento
Variável:
Freqüência da procura pelo serviço na amostra
Eixo Temático - 2. Análise da organização e produção do cuidado
Para diagnóstico da dinâmica da prestação de serviços e produção do
cuidado na urgência em saúde bucal, no ano 2006.
Variáveis:
Número total de atendimentos do PS
Numero total de atendimentos proporcional/especialidade
.Numero total de atendimentos de Saúde Bucal
Número total de atendimentos/ horário de procura / especialidade
Numero total de atendimentos de Saúde Bucal/meses amostrais
Média de atendimentos de Saúde Bucal/ plantão/meses amostrais
Comparativo do Número total de atendimentos de Saúde Bucal/horário/
meses amostrais
Método 82
Tempo Médio de Permanência na Unidade (Hora de Entrada /Hora de
Saída)/ atendimento em Saúde Bucal/meses amostrais
Eixo Temático - 3. Fatores condicionantes da assistência à Saúde Bucal
Para diagnóstico do tipo dos agravos em saúde bucal que ocorrem nesse
serviço de urgência e análise das conseqüentes intervenções clínicas requeridas,
determinando o padrão da qualidade da assistência à Saúde Bucal oferecida.
Variáveis:
Tipos de agravo bucal na amostra
Tipos de procedimentos em Saúde Bucal na amostra
Total de procedimentos em saúde bucal nos meses amostrais
Numero de procedimentos em saúde bucal /período do plantão/ dia da
semana, no total da amostra
Média de procedimentos/consulta em Saúde Bucal
Eixo Temático - 4. Análise dos encaminhamentos de referência e contra
referência existente do sistema hierarquizado a partir das consultas de
urgência do SUS regionalizado.
A análise dos encaminhamentos de referência e contra referência do sistema,
foi realizada considerando o Sistema de Monitoramento e Avaliação do SUS a partir
da Atenção Básica, do Instituto de Saúde de São Paulo (SISMASUS) (62). Este
sistema do SISMASUS, foi criado para análise da efetividade de um sistema
hierarquizado e regionalizado de referência e contra referência de uma região,
buscando a integralidade das ações de saúde, e apresenta como indicador de
resolubilidade, uma variável determinante que é a proporção de consultas
agendadas/ consultas de urgências. O indicador preconizado desta relação,
referindo-se á Grande São Paulo, aufere percentagens para as consultas da
Método 83
Atenção Básica e consultas de urgência, sendo indicativo de resolubilidade, o valor
de 15% de consultas de urgências no total de consultas realizadas.
O estudo neste eixo temático propôs a abordagem sob duas perspectivas
para o aprofundamento da análise:
1. Capacidade Regional de oferta de consultas de urgência em saúde bucal.
Para a análise da relação da produção de consultas agendadas e de urgência
nas USs regionalizadas foram utilizadas as seguintes variáveis.
Variável:
Comparativo em porcentagem do número de atendimentos entre a
somatória de consultas agendadas e de urgência nas USs
regionalizadas, nos meses amostrais
Relação do número de atendimentos de consultas agendadas e de
urgência por US da região, nos meses amostrais.
Para a análise da capacidade total de Atendimentos de Urgência em saúde
bucal regionalizados entre os atendimentos do PS e a somatória dos atendimentos
das USs foram utilizadas as seguintes variáveis:
Variável:
Produção integrada de consultas de urgência em saúde bucal na
região entre as realizadas no PS e as realizadas nas USs, nos meses
amostrais
Comparativo da produção de consultas de urgência em saúde bucal,
entre PS e a somatória das USs e o total da região , nos meses
amostrais
Percentual do total de consultas de urgência em saúde bucal atendidas
pelo PS e a somatória nas USs da região, nos meses amostrais.
Comparativo do número total de consultas agendadas em Saúde Bucal
pela Atenção Básica nas USs e o total de consultas realizadas pela
Método 84
Urgência entre as consultas das USs + P S na região, nos meses
amostrais
Comparativo dos percentuais da produção de consultas agendadas em
Saúde Bucal pela Atenção Básica nas USs e o total de consultas
realizadas pela Urgência entre as das USs + P S na região, nos meses
amostrais.
2. Efetividade dos encaminhamentos indicados na direção da integralidade da
Assistência á Saúde
Variáveis:
Número de encaminhamentos realizados no PS para níveis de maior
complexidade
Número de encaminhamentos realizados no PS como contra
referências para as USs regionalizadas
Número de vagas das Unidades de referência de especialidade da
região.
Número de encaminhamentos efetivados pelos serviços
5. Resultados e Discussão
Resultados e Discussão 86
Os resultados observados a partir da análise dos dados amostrais estarão
expostos e discutidos simultaneamente durante o percurso pelos eixos temáticos
definidos no método do estudo.
5.1. EIXO TEMÁTICO 1: DIAGNÓSTICO DAS CONDIÇÕES DE
ACOLHIMENTO
5.1.1. Identificação: Para análise do perfil da clientela / demanda
acolhida
Variável:
Idade na amostra
A Tabela 5 mostra a distribuição por faixa etária na amostra dos casos, que
procuraram esta Unidade de Pronto Atendimento no período estudado, onde existe
uma predominância de indivíduos na idade adulta, nos períodos produtivos ou
idosos, considerando os primeiros inclusos nas faixas etárias de 20 a 39 anos e 40 a
59 anos totalizando 71,4% das pessoas; e os idosos a partir dos 60 anos com 4,2%.
Esta observação é o reflexo da composição da pirâmide etária de desenvolvimento
social que nas questões de acesso a serviços de saúde, tem apresentado
dificuldades para as pessoas de maior idade. Segundo o DASB-SP (41), o nível de
atenção primária a saúde, concentra programas específicos em saúde bucal para
crianças em idade escolar e mulheres, em especial gestantes, e por conseqüência
disso, a porta de entrada da população adulta aos serviços de saúde tem se
estabelecido via unidades de pronto socorro ou pronto atendimento.
Resultados e Discussão 87
Tabela 5 – Número de atendimentos em Saúde Bucal por faixa etária/ mês amostral
e em porcentagem no total da amostra, no PSCVN.
Faixa Etária
Março Junho Julho Novembro Total Amostra
n n n n n %
0 a 19 anos 122 82 94 132 430
24,4
20 a 39 anos 234 183 180 196 793
45,0
40 a 59 anos 120 115 112 118 465
26,4
60 ou mais anos 23 19 25 7 74
4,2
Total 499 399 411 453 1762 100
Na Tabela 6 os dados por idade foram reagrupados nas faixas etárias infantil
(até 12 anos), adolescentes (até 19 anos) e adultos (incluindo jovens e idosos) e
expostos em porcentagem, objetivando subsidiar as necessidades de previsão de
serviços específicos em saúde bucal para os diferentes ciclos de vida. Observamos
uma alta freqüência de adultos que procuram os serviços de urgência em saúde
bucal, sendo freqüentemente a única alternativa de acesso a serviços públicos de
saúde para as pessoas dessa faixa de idade; e demonstrando o déficit de
assistência, assim como o potencial de necessidades a serem cobertas e
implementados através de programas abrangentes pelo sistema de saúde.
Resultados e Discussão 88
Tabela 6 – Número e porcentagem do total da amostra dos atendimentos divididos
por faixas etárias entre crianças, adolescentes e adultos, no PSCVN.
Total de Atendimentos
Faixa Etária
n %
0 a 12 anos 224 12,7
13 a 19 anos 206 11,7
20 a mais anos 1332 75,6
Total 1762 100
Os estudos de Souza (63) e Ferreira (64) realizados na década de 1990, no
SUO – FOB/USP, encontraram uma percentagem de 23 % e 22 % de atendimentos
para menores de 12 anos respectivamente; e Ferreira (64) registra que 67% dos
casos eram de pessoas de 0 a 29 anos.
DASB – SP (41) evidenciam a existência de uma inversão em relação aos
ciclos de vida no processo de absorção da clientela na rede de saúde coletiva.
Existe uma porcentagem considerável da população, incluindo-se adolescentes e
população adulta, que estão sem acesso a serviços de atenção básica e que
apresentam um número muito grande de necessidades acumuladas de tratamento,
tendo como único acesso os serviços de urgência e emergência.
Leal e Tomita (65) em um estudo sobre o acesso à assistência odontológica e
o princípio da universalização do SUS, na percepção de gestores locais retrata esse
cenário e conclui que sob “ .... o pretexto de um patrimônio herdado dos programas
centrados no atendimento à saúde escolar, o acesso do “ restante” da população à
assistência odontológica ocorre de maneira desigual, não organizada e os
indicadores empíricos que mostram a baixa efetividade deste sistema são as filas de
usuários à espera de atendimento”.
Em outro estudo, realizado com a população idosa no município de Botucatu,
Tomita, Moreira, Nico e Ruiz (66) sinalizaram que modificações seriam necessárias
Resultados e Discussão 89
na organização dos serviços de atendimento de saúde da população, conseqüentes
das alterações significativas da estrutura da pirâmide etária brasileira, apresentando
nos últimos anos, um cenário de uma população com um elevado número de idosos
com precárias condições de saúde bucal.
As perspectivas apresentadas para o enfrentamento da atenção à saúde
bucal para as faixas etárias do adolescente, adultos e idosos, requerem
equipamentos de saúde que ofereçam assistência de maior complexidade para
promoção de ações de saúde bucal resolutivas. Não encontrando acesso aos
serviços no nível da atenção primária e secundária, a população dessa extensa faixa
etária está se dirigindo aos serviços de acesso imediato, nos pronto socorros e
pronto atendimentos. Por esse motivo, as DASB (41) orientam que, dentro das
possibilidades de cada serviço, deve ser incluído o agendamento de retorno do
indivíduo em condição de emergência ou urgência para o mesmo plantão, sem
exclusão de qualquer faixa etária, no sentido de reduzir necessidades acumuladas,
preparando-o para a inserção na rede básica em processo de reorganização (por
exemplo: necessidades de exodontias múltiplas, procedimentos de controle
epidemiológico das doenças bucais, dentre outros).
Variável:
Sexo na amostra
A Figura 5 apresenta a distribuição dos casos por sexo na amostra, por mês
amostral, com uma porcentagem de 52,4% para o sexo feminino e 47,6 % para o
masculino, no total da amostra. Essa tendência também foi observada em outros
estudos sobre urgência em saúde bucal, realizados por Sousa (63) e Ferreira (64) e
que igualmente concluíram que na assistência à urgência em saúde bucal, a variável
sexo, não interfere nos fatores condicionantes da dor ou qualquer processo de
sofrimento que exija o atendimento imediato em saúde bucal.
No atendimento ambulatorial, esta variável se comporta de forma diferente,
apresentando historicamente um perfil de clientela majoritariamente feminino.
Mendes (47) em seu estudo observa vínculos mais fortes das mulheres com os
serviços públicos locais de saúde nos municípios da região de Botucatu.
Resultados e Discussão 90
MARÇO
JUNHO
JULHO
NOVEMBRO
MASCULINO
FEMININO
273
205
207
240
226
194
204
213
0
50
100
150
200
250
300
FONTE: SAME/ HOSPUB - SMS
Figura 5 – Distribuição do número de atendimentos, por sexo, nos meses amostrais,
no PSCVN.
Variável:
Procedência na amostra
Figura 6 expõe em porcentagem da amostra a procedência da população que
procura espontaneamente pelo atendimento odontológico de urgência deste Pronto
Socorro. Observa-se que 85 % dos pacientes são oriundos da própria região do
Butantã, havendo também procura por pessoas de cidades vizinhas e bairros
próximos, em regiões que não oferecem estes serviços, ou estes estão distantes.
Resultados e Discussão 91
85%
4%
4%
5%
2%
Butantã Regiões Vizinhas
Outras Regiões Outros Municípios
Nenhum dos Anteriores
Figura 6 – Procedência dos pacientes, em porcentagem, no total da amostra, no
PSCVN.
5.1.2. Efetividade do serviço - Para análise da resolubilidade do serviço.
Variável:
Freqüência da procura pelo serviço.
A Tabela 7 evidencia o número de vezes que os pacientes retornaram no
mesmo mês amostral buscando atendimento em saúde bucal nesta unidade de
urgência, demonstrados em valores absolutos e em porcentagem, segmentados por
ciclos de vida de pessoas menores de 14 anos e adultos.
Podemos observar que entre os adultos houve uma porcentagem de retornos
de 10,2% no mesmo mês amostral e para as crianças essa cifra atingiu o valor de
5,0%, totalizando 15,2% de casos que retornaram ao serviço por causas diversas.
Ferreira (64) em seu estudo retrospectivo de 8 anos, apresentado em 1997 ,
observou que a freqüência de retornos de um mesmo paciente ao SUO da FOB-
USP mostrou que 56,5% tiveram suas queixas solucionadas com somente uma
Resultados e Discussão 92
visita ao serviço, 21,3% tiveram um retorno mais e somente 4% dos casos atendidos
retornaram mais 5 vezes depois da primeira visita.
Tabela 7 – Números de retornos e em porcentagem de atendimento de
urgência em saúde bucal , no PSCVN.
Pacientes N (%) do total
Adultos
170 10,2
Crianças
10 5,0
Realizando-se em seguida uma análise dos BE dos casos que retornaram ao
serviço no período de 30 dias, estes foram reagrupados segundo variáveis de causa
para o retorno. Os dados foram expostos separadamente em cada um dos meses
amostrais, de onde pudemos observar que a maior causa de retorno foi por
indicação terapêutica, numa porcentagem de 42%, seguindo uma orientação das
DASB (41) para os casos que apresentam múltiplos focos infecciosos; promovendo
assim maior resolubilidade para o usuário em direção a cura e promoção de melhor
condição de saúde bucal. Em contrapartida, existe ainda uma expressiva quantidade
de retornos, em torno de 30 %, que apresentam como causa as conseqüências da
primeira consulta ou mesmo complicações, sugerindo necessidade de otimização
das estratégias de intervenção clínica.
No entanto, no universo total da amostra dos casos atendidos esses valores
indicam que 4,6% dos casos atendidos com urgência retornaram por indicação
terapêutica, sugerindo que estes estão sendo preparados com adequação do meio
bucal, na busca da promoção de melhores condições de saúde, para na seqüência,
serem encaminhados para referência ou contra referência em outros níveis de
atenção a saúde na rede hierarquizada regional; de modo similar 3,1 % dos casos
da amostra retornaram por conseqüência do primeiro atendimento, portanto não
foram resolutivos em sua intervenção.
A Tabela 8 apresenta a caracterização da causa da demanda que ocasionou
o retorno dos pacientes ao serviço.
Resultados e Discussão 93
Tabela 8 – Caracterização na amostra da causa de retorno ao serviço de urgência
em saúde bucal demonstrada em porcentagem, do PSCVN.
Caracterização do Retorno %
Opção do Paciente 15,3
Indicação Terapêutica 42,9
Conseqüência da 1ª intervenção 29,3
Inconclusivo 9,9
5.2. EIXO TEMÁTICO 2: ANÁLISE DA ORGANIZAÇÃO E PRODUÇÃO DO
CUIDADO
Neste estudo foram eleitos alguns parâmetros disponíveis no sistema de
informação HOSPUB, para o conhecimento dos dados de produção de serviços
nesta unidade de urgência em saúde, que podem delinear as primeiras avaliações
de como se organizam as linhas de cuidado do serviço.
As variáveis que expõem a absorção de consultas por demanda espontânea
são:
Variáveis:
Número total de Atendimentos do PS
Número total de atendimentos proporcional/ especialidade
Número total de atendimentos de Saúde Bucal
A Figura 7 apresenta os dados de produção de consultas do PSCVN fazendo
um comparativo da proporcionalidade das diferentes especialidades e o total de
atendimentos no ano 2006.
Resultados e Discussão 94
106632
56055
20460
13019
11546
5552
0 20000 40000 60000 80000 100000 120000
Total
Clínicadica
Pediatria
Ortopedia
Clínica Cirúrgica
Odontologia
Especialidades
Número de Atendimentos
Figura 7 – Número total de atendimentos de urgência e emergência por
especialidade e total de atendimentos, no PSCVN.
O PSCVN realizou no ano 2006 um total de 106.632 consultas entre todas as
especialidades, sendo 52,7% delas realizadas pela Clínica Médica, 19,2 % pela
Pediatria, 10,7 % pela Cirurgia e 12,1% pela Ortopedia. A Odontologia se
responsabilizou por 5,1 % do total de consultas/ano desta Unidade de Saúde, com a
realização de 5552 atendimentos, com média mensal de 462,6 realizados com um
profissional/ plantão de 24 horas, sem o apoio de profissionais auxiliares. A
cobertura regional de atendimentos de urgência em saúde bucal aufere valores de
01 consulta a cada 67,8 pacientes ou 147 consultas/ 10.000 habitantes.
Ferreira (64) para abordagem gerencial da prestação de serviços do SUO –
FOB USP, propôs a análise de dados quantitativos de produção constatando que
sua produção de consultas dos anos 1987 a 1995 foi de 30918 casos, e portanto
com uma média anual de 3864 atendimentos. A média de atendimentos/ano no
período analisado foi de 114,5 atendimentos/10.000 habitantes /ano. Conclui
também que os valores encontrados na literatura têm variado de acordo com as
características sócio-econômicas e culturais de cada local e da estratégia do sistema
de saúde de cada país. No SUO – FOB USP nos períodos em que se observou
aumento do número de atendimentos houve medidas de implementação da infra
estrutura de recursos humanos, com serviços de profissionais experientes e uso de
auxiliares, instrumental e material de consumo suprindo as necessidades do
atendimento com qualidade. O autor salienta que este serviço tem como objetivo
Resultados e Discussão 95
maior o ensino, sendo a prestação de serviços à comunidade uma decorrência. Atua
com 07 equipamentos e no período diurno somente.
Considerando a série histórica de produção de consultas do PSCVN,
apresentada na Figura 2, pode-se projetar uma produção média anual de consultas
em saúde bucal para essa unidade de urgência com teto em torno de 5856 e piso de
5552, com frações médias mensais de 488 atendimentos e diárias/plantão de 24
horas de 16,2 atendimentos.
As variáveis que detalham características próprias de um serviço de urgência
quanto a horários de procura entre as diferentes especialidades e média de
permanência nos serviços são:
Variáveis:
Número total de atendimentos/ especialidade/ horário / plantão de 24
horas
Número total de atendimentos em Saúde Bucal/ mês e total da amostra
Média de atendimentos de Saúde Bucal/ plantão 24 horas/ mês e total
anual da amostra
Comparativo do número total de atendimentos em Saúde Bucal/ horário
/ mês amostral
Tempo Médio de Permanência na Unidade (Hora de entrada/ Hora de
saída)/ atendimento em Saúde Bucal/ mês amostral
A Tabela 9 apresenta a produção total anual de atendimentos por
especialidade e por horário no período das 24 horas, no PSCVN, com ênfase para a
Saúde Bucal.
Resultados e Discussão 96
Tabela 9 – Número total de atendimentos por especialidade/ horário/ plantão de 24
horas, no PSCVN.
Horários
0h 01h 02h 03h 04h 05h 06h 07h 08h 09h 10h 11h
1.Clinica Médica
228 810 471 377 293 355 536 609 593 1153 771 182
2. Pediatria
335 200 91 51 37 40 73 142 555 140 385 695
3.Clinica Cirúrgica
241 166 67 85 75 67 98 152 385 660 730 775
4.Ortopedia-Traumatologia
159 79 51 28 19 33 45 86 475 941 946 43
5.Odontologia 126 60 14 17 14 16 33 34 186 385 515 487
12h 13h 14h 15h 16h 17h 18h 19h 20h 21h 22h 23h
1.Clinica Médica
644 527 937 998 832 511 392 528 197 775 301 1043
2.Pediatria
482 380 520 454 382 330 225 968 295 157 899 624
3.Clinica Cirúrgica
681 682 747 814 845 740 778 587 694 578 490 369
4.Ortopedia-Traumatologia
875 857 965 982 959 899 784 465 886 681 454 307
5.Odontologia 362 323 380 483 520 316 262 114 184 309 258 154
A Figura 8 apresenta um comparativo dos totais de atendimentos entre as
especialidades no PSCVN, por um período de 24 horas, evidenciando
características comuns a todas elas. Observar que, com exceção da clínica médica,
as demais especialidades, apresentam uma curva descendente de demanda e se
mantêm num limite mínimo no período de 0 a 8 horas, caracterizando-se esse
período pela atenção à urgência clássica, preenchido com os episódios de dor
aguda em situação de urgências/emergências. No período diurno o número de
atendimentos aumenta expressivamente, com períodos de pico nos horários
matutinos, em torno de 09 horas, vespertino ao redor das 16 horas, e novamente à
noite entre 21 e 0 horas.
Resultados e Discussão 97
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1 2 3 4 5 6 7 8 9 101112131415161718192021222324
CLINICA MEDICA PEDIATRIA CLINICA CIRURGICA ORTOPEDIA-TRAUMATOLOGIA ODONTOLOGIA
Figura 8 – Comparativo dos totais de atendimentos/ especialidade/ horário/ plantão
24 horas no PSCVN.
A Figura 9 apresenta os atendimentos na Saúde Bucal / mês e o total de casos
na amostra no ano 2006.
Figura 9 – Número total de atendimentos de Saúde Bucal / mês e total de casos na
amostra no PSCVN
A Tabela 10 apresenta a média de atendimentos/ plantão de 24 horas por
mês da amostra e a média anual com atuação de 1 profissional/plantão 24 horas
sem auxiliar. Essas cifras podem sinalizar a construção de indicadores de
Resultados e Discussão 98
capacidade de absorção / profissional para atendimento de urgência num processo
de reorganização da assistência e produção do cuidado.
Tabela 10 – Média de Atendimentos de Saúde Bucal/ plantão 24 horas/ mês
amostral e total anual, no PSCVN.
Março Junho Julho Novembro Anual
Média
Atendimentos
Por plantão
17,9 14,0 13,8 15,8 15,4
O estudo de Ferreira (64 ) de 1997, SUO – FOB/USP constatou em sua série
histórica de atendimentos que apresentou uma média/dia de atendimento/plantão de
12 horas igual a 14, prestados com uma infra– estrutura de sete consultórios
odontológicos e com a atuação de estagiários dos últimos anos da graduação, com
a supervisão de um docente responsável.
Evidenciando a Saúde Bucal, a Figura 10, apresenta um comparativo da
produção de atendimentos / horário nos meses estudados, onde visualizamos uma
tendência homogênea da procura por esse tipo de consulta, denotando uma
previsibilidade da demanda e conseqüentemente a possibilidade de estruturação de
um planejamento estratégico para oferta com qualidade e acolhimento da
assistência à saúde nesse contexto do SUS regionalizado. Observa-se também que
os horários de pico de atendimento são 10 h, 16 00 h e 22 h com demanda
expressiva até 0h no período noturno, assumindo em seguida a demanda
característica da urgência clássica.
Resultados e Discussão 99
0
10
20
30
40
50
60
70
1 2 3 4 5 6 7 8 9 1011121314151617181920212223
Horario
Número de atendimentos
Março Junho Julho Novembro
Figura 10 – Comparativo do número total de atendimentos de Saúde Bucal / horário/
mês amostral, no PSCVN.
A Tabela 11 apresenta a média de permanência do paciente na Unidade de
Saúde, em minutos, coletada a partir da diferença entre o seu horário de chegada
com solicitação de atendimento de urgência e registro do BE e sua saída já avaliado
e medicado. É esperado um atendimento ágil e de qualidade segundo os princípios
da política nacional de humanização no SUS.
Neste estudo observou-se uma média de uma hora, para o tempo de
permanência do paciente para atendimento de urgência em saúde bucal na amostra
Tabela 11 – Tempo médio de permanência do paciente para atendimento de
urgência em saúde bucal, nos meses amostrais no PSCVN.
Março Junho Julho Novembro
Média de Permanência
(minutos)
61,3 60,4 63,0 60,4
Resultados e Discussão 100
5.3. EIXO TEMÁTICO 3: FATORES CONDICIONANTES DA ASSISTÊNCIA
À SAÚDE BUCAL
O diagnóstico da intercorrência de agravos à saúde é um fator condicionante
do planejamento das necessidades na organização dos serviços e promoção
crescente dos padrões de qualidade na oferta do atendimento clínico e cirúrgico.
O instrumento utilizado para a coleta dos dados diagnósticos, controle e
avaliação epidemiológica foi a Classificação Estatística Internacional de Doenças e
problemas Relacionados á Saúde, Décima revisão (CID-10) (67), Volume 1, ano
2000, que no Capítulo XI se refere às Doenças do Aparelho Digestivo, registradas
com os Códigos K00 a K93. Este capítulo apresenta o agrupamento das Doenças da
Cavidade Oral, Glandulares Salivares e Maxilares, marcadas com códigos de K00 a
K14, estando ainda definidas com registros S para causas externas, T para causas
externas traumáticas e A para as infecciosas. Anexo III.
No entanto, na Unidade de Urgência em estudo, a Saúde Bucal tem-se
utilizado de uma listagem simplificada do CID, proposta por uma gerência local há
anos, para o registro dos transtornos diagnósticos dos casos atendidos, e exposta
na Tabela 12.
Resultados e Discussão 101
Tabela 12 – Listagem Simplificada dos Códigos do CID-10 utilizados para registro
de diagnóstico de agravos á saúde bucal no PSCVN.
CID AGRAVOS
K05.2 Abscesso Gengival
K04.7 Abscesso Dento Alveolar (ADA)
K10.3 Alveolite
K02.9 Cárie
S01.5 Ferimentos Perfuro Cortantes(FPC)
S01.5 Ferimentos Lacero Cortantes(FLC)
S01.5 Ferimentos Cortico Cortantes(FCC)
S02.5 Fratura Dentária
K05.1 Gengivite
A069.1
Gengivite Ulcero Necrosante Aguda
(GUNA)
K06.8 Hemorragia Gengival
K04.1 Necrose
K08.9 Odontalgia
K05.3 Pericoronarite
K05.3 Periodontite, Pericementite
K04.0 Pulpite
K08.3 Raíz Radicular
Z4.80 Remoção/Sutura
K03.3 Rizólise
Resultados e Discussão 102
Para diagnóstico de perfil de demanda da ocorrência de agravos bucais e
análise das conseqüentes intervenções clínicas de urgências requeridas para a
assistência à saúde bucal, utilizamos as seguintes variáveis.
Número e tipos de agravos bucais na amostra
Numero de procedimentos em saúde bucal no ano
Tipos de procedimentos em Saúde Bucal na amostra
Total de Procedimentos realizados em Saúde Bucal na amostra
Numero de procedimentos em saúde bucal /período do plantão/dia da
semana na amostra
A Tabela 13 apresenta a distribuição de tipos de agravos bucais
diagnosticados no serviço de urgência. Observa-se que a maior ocorrência dos
casos se referem às doenças infecciosas que incidem na boca, representadas pela
cárie dental e seus processos evolutivos e a doença periodontal em seus diversos
estágios de evolução.
A cárie dental apresenta a maior prevalência numa média de 23,4 % dos
atendimentos; seguida da doença periodontal com 17,3% dos casos; os abscessos
dento alveolares 16,6% e o abscessos periodontais 9,4 %. Essa tendência, também
foi apresentada nos estudos de Sousa (63) e Ferreira (64) no SUO da FOB –USP,
onde a cárie dental e seus processos evolutivos volta a representar a maioria dos
casos diagnosticados em 62,1% das queixas e que apresentavam o componente dor
e edema; evidenciando as dificuldades neste país de erradicar essa doença da
população.
Leopoldino (68) estudando 1000 fichas atendidas no Serviço de Urgência da
Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo, São Paulo (SU – FOUSP
– SP), região do Butantã, no ano 2002, se defrontou com resultados que
demonstraram que os tratamentos realizados devido à cárie foram os mais
freqüentes, que a dor foi o principal motivo de procura por atendimento e que o
número de pacientes que procuraram este serviço pela primeira vez prevaleceu em
relação aos que o fizeram mais de uma vez; assim como o número de pacientes que
não se encontravam em tratamento odontológico regular no momento do
atendimento de urgência.
Resultados e Discussão 103
Tabela 13 – Número de atendimentos e em porcentagem por tipo de agravo em
Saúde Bucal , na amostra , no PSCVN.
Atendimentos
Tipos de Agravos n %
1 Cárie 403 23,4
2 Periodontopatia 294 17,3
3 Abscesso Dento Alveolar (ADA) 285 16,6
4 Abscesso gengival 160 9,4
5 Pulpite 130 7,7
6 Outras afecções pulpares 131 7,8
7 Periodontite 54 3,4
8 Raiz Residual 53 3,3
9 Sem CID 51 3,1
10 Odontalgia 32 2,1
11 FPC/FLC/FFC 31 2
12 Rizólise Incompleta 27 1,8
13 Alveolite 17 1,2
14 Necrose Pulpar 17 1,2
15 Fratura Dentária 13 1,0
16 Gengivite 9 0,8
17 Transtornos gengiva e rebordo s/dentes 6 0,5
18 Fratura Maxilar 3 0,3
19 Periodontite crônica 3 0,3
20 Cistos bucais 2 0,3
21 Cisto radicular 1 0,2
22 Outras doenças dos maxilares 1 0,2
Total 1762 100,0
Ressaltamos que os dez agravos em saúde bucal, que mais ocorrem nessa
unidade de urgência, totalizam 94,1 % dos atendimentos e podem ser considerados
Resultados e Discussão 104
de baixa complexidade; caracterizando a demanda do PS com um perfil de alta
freqüência de agravos de baixa complexidade e baixíssima freqüência para agravos
que exijam procedimentos de alta complexidade. Nestes casos, geralmente são
encaminhados para as referências terciárias de Cirurgia Buco Maxilo Facial do
sistema regionalizado e hierarquizado.
Conclusões similares tiveram Sousa (63) e Ferreira (64) quando concordam
que a freqüência de traumas de alta complexidade não é representativa neste tipo
de serviço de urgência odontológica e que estes casos devem ser atendidos a nível
hospitalar.
A Tabela 14 apresenta os agravos bucais mais freqüentes, em porcentagem,
que ocorreram na amostra de casos atendidos nessa unidade de saúde, e evidencia
a alta porcentagem de casos originados de processos infecciosos evolutivos. Essas
constatações apresentam forte associação com restrições sócio-econômicas e
acesso a assistência da clientela, de acordo com Junqueira (2) e Leopoldino (68)
que demonstra em seu estudo no SU/ FOUSP - SP, associando condições sócio-
econômicas e condições de saúde bucal. Esta autora, encontrou uma predominância
de mulheres, na faixa etária de 20 a 29 anos, de cor branca, com ensino médio
completo, sem renda pessoal e com rendimento familiar de 1 a 3 salários mínimos e
que apresentam dentes cariados e obturados dos 30 aos 34 anos; sendo que a partir
desta idade prevalece o componente dental perdido. Houve também uma
associação estatisticamente significativa entre escolaridade e a pior condição
periodontal. De um modo geral os dados encontrados da condição de saúde bucal
das pessoas que procuraram o SU/FOUSP apresentaram maiores necessidades de
assistência odontológica se comparados com os da população do estado de São
Paulo.
Finalmente, somente uma pequena porcentagem dos casos atendidos no
PSCVN, no ano 2006, se referem a acidentes com uma ocorrência de 2 % do total
(item 11 da tabela 13), ou ainda complicações / iatrogenia como alveolite, fratura
dentária , óssea ou hemorragias (1,2 %) indicativos de urgência biológica exclusiva.
Resultados e Discussão 105
Tabela 14 – Classificação da ocorrência de agravos bucais de maior freqüência em
porcentagem e em ordem decrescente da amostra, no PSCVN.
Classificação Morbidade Ocorrência(%)
1 Cárie 23,4
2 Periodontopatia 17,3
3 Abscesso Dento Alveolar (ADA) 16,6
4 Abscesso gengival 9,4
5 Pulpite 7,7
6 Outras afecções pulpares 7,8
7 Periodontite 3,4
8 Raiz Residual 3,3
9 Sem CID 3,1
10 Odontalgia 2,1
11 FPC/FLC/FFC 2,0
A Tabela 15 apresenta o instrumento de organização dos serviços, utilizado
no PSCVN, organizado definindo um código numérico para cada agravo
diagnosticado e relacionado ao tipo de intervenção (procedimento clínico ou
cirúrgico) realizada. Observa-se então na coluna um o código numérico definido para
cada diferente agravo diagnosticado e registrado com a referência do CID - 10 na
coluna dois e na coluna 3 o correspondente procedimento realizado.
Para controle gerencial da prestação de serviços locais, este dado será
relacionado ao código de produção de serviço do Sistema de Identificação
Ambulatorial do SUS (SIA- SUS), para o controle do sistema de financiamento do
SUS.
Resultados e Discussão 106
Tabela 15 – Tabela integrada Diagnóstico / Procedimentos da Saúde Bucal /
PSCVN.
COD. CID PROCEDIMENTOS
1
K08.8 Consulta/ Atendimento de Urgência
2
K02.9 Remoção de Tecido Cariado/ Desobturação
3
K02.9
Restauração Provisória com cimento de Oxido de Zinco e
Eugenol
4
K02.9 Pulpotomia
5
K04.0 Necropulpectomia/ Biopulpectomia
6
K08.8 Ulectomia
7
K05.2
Trat. Periodontal Urgência./ Pericoronarite/ Pericimentite/
Periodontite
8
K04.7 Drenagem Intra/ Extra Bucal
9
K08.8 Exodontia Decídua
10
K08.8 Exodontia Permanente
11
K10.3 Tratamento de Alveolite
12
K06.9
Tratamento de Hemorragia/ Pequenos Procedimentos de
Urgência
13
K08.9 Cimentação ou Ajuste de Prótese
14
S03.3 Redução Incruenta – ATM
15
K08.8 RX Periapical/ Intraproximal
16
S01.5 FCC - Face, Boca e Anexos
17
S01.5 Restauração de Sulco Gengivo Labial
18
S02.6
Fratura - Mandibular, Maxilar, Rebordo, Alveolar (Trat. de
Urgência.)
19
TI8.0 Remoção de Corpo Estranho da Região Buco - Maxilar Facial
20
K08.8 Remoção de Foco Residual
21
S01.5 Reimplante e Transplante Dental por Elemento
22
K02.9 Cariostático por Elemento
23
K02.9/S02.5 Capeamento Pulpar
24
K08.9 Medicação(será compilada no total de procedimentos do P.S.)
25
S01.5 Alveolotomia por Arcada
26
S01.5 Reconstrução Parcial do Lábio Traumatizado
27
K08.9 Tratamento Clínico de Nevralgias Gerais
28
S01.5 Contenção (Splintagem)
29
S01.5 Redução Incruenta da Fratura/ Alvéolo Dentário
30
S01.5 Sutura de Ferida da Mucosa Bucal
Resultados e Discussão 107
A Tabela 16 apresenta o quantitativo em número e em porcentagem por tipo
de procedimento realizado, no ano 2006. Os dados estão expostos segundo a
referência numérica que foram apresentados na Tabela 15. Notar que o
procedimentos de numero 1 se refere a Consulta de Urgência, o de numero 2 a
Remoção de Tecido Cariado, o de numero 3 indica Restauração Provisória, e assim
consecutivamente.
Apresentamos a cartela com os códigos de procedimentos realizados neste
PS para acompanhar a análise das tabelas e gráficos a seguir.
Resultados e Discussão 108
Tabela 16 – Total anual de número de Procedimentos em Saúde Bucal e em
porcentagem, segundo código de indicação no PSCVN.
Código Procedimentos n %
1
5397 38,7
2
1885 13,5
3
1606 11,5
10
1005 7,2
8
717 5,0
15
651 4,7
5
649 4,7
30
580 4,2
12
353 2,5
7
277 2,0
23
233 1,7
4
192 1,4
9
181 1,3
13
105 0,8
11
37 0,3
20
20 0,1
25
18 0,1
19
8 0,1
21
4 0,0
28
4 0,0
6
3 0,0
29
3 0,0
OUTROS
3 0,0
26
2 0,0
27
2 0,0
17
1 0,0
Total
13.936 100,0
Resultados e Discussão 109
A Figura 11 apresenta a amostra do total de procedimentos realizados em
saúde bucal em porcentagem e em ordem decrescente, no ano 2006.
Atenção deve ser dada o código 1 que se refere ao procedimento
Consulta/Atendimento de Urgência. Este apresenta alta freqüência comparada aos
demais procedimentos realizados. Esse fato ocorre porque a atividade consulta
clínica diagnóstica é realizada e registrada em todos os casos atendidos, para em
seguida acrescentar-se a indicação terapêutica que cada caso requer.
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
30,0
35,0
40,0
Porcentagem
1
2
3
10
8
15
5
30
12
7
23
4
9
13
11
20
25
19
21
28
6
29
OUTROS
26
27
17
Tipo de Procedimentos
Porcentagem
FONTE: HOSPUB/ SMS
Figura 11 – Tipos de procedimentos em Saúde Bucal, em porcentagem decrescente
de ocorrência, na amostra no PSCVN.
A Tabela 17 caracteriza em porcentagem os procedimentos realizados nesta
unidade de urgência (expostos na Figura 11) segundo tipo de intervenção,
sinalizando para futuras necessidades de encaminhamento para outros níveis de
atenção à saúde.
Resultados e Discussão 110
As intervenções restauradoras de maior freqüência ocorrendo em 25% dos
casos estão relacionadas com os códigos dos itens 2 (remoção de tecido cariado) e
3 (restauração provisória), 9,7% das intervenções ocorreram devido a afecções por
dor aguda relacionadas a terapias pulpares referidas pelos itens 8 (drenagem Intra/
Extra Bucal) e 5 (Necropulpectomia/ Biopulpectomias) perfazendo juntos
aproximadamente 35% dos casos atendidos. Esses casos necessariamente devem
ser referendados para outros níveis de atenção à saúde cumprindo os princípios de
integralidade da assistência, como define o SUS; quer sejam eles a contra referência
para as USs na atenção primária, ou para os centros de especialidade na atenção
secundária.
Na seqüência, representando 7,0 % das intervenções realizadas, observamos
as exodontias de dentes permanentes, procedimentos ditos mutiladores por
causarem conseqüências irreversíveis para o aparelho estomatognático e que vão
requerer terapias reabilitadoras protéticas para o restabelecimento das funções
normais mastigatórias, de fonação, de postura, estética e relações sociais. Por outro
lado, a realização de exodontias múltiplas pode ser considerada uma ação
preventiva por promover a remissão de focos infecciosos no organismo que
poderiam elevar o risco de septicemias entre outras conseqüências.
A pesquisa no SUO – FOB-USP realizada por Souza (63) reforça que as
características próprias sócio-econômicas e culturais da população determinam
ainda a busca das pessoas por extração dental como uma forma definitiva e
imediata de alívio da dor. Ferreira (64) observou que dos tratamentos realizados a
maioria utilizou técnicas conservadoras e em 17,4% dos casos foram realizados
exodontias, conduta inevitável que reflete as condições sócio-econômicas e culturais
da população. No que se refere a referência dos casos indicados para tratamento
ambulatorial de especialidades de maior nível de complexidade, as características
do serviço de urgência ligado a uma instituição de ensino, as encaminha para a
própria universidade.
Finalmente, encontram-se os procedimentos de urgência clássica que
ocorrem numa porcentagem pequena de 2,5% que são as hemorragias bucais e
pequenas urgências, como ferimentos cortantes, causados por acidentes, avulsão
dental causada por queda da própria altura em crianças entre outros.
Resultados e Discussão 111
A pesquisa de Souza (63) constatou que a prevalência de traumatismos não
representa o universo das urgência por traumas, concordando com outros estudos,
que os casos de maior gravidade devem ser atendidos em serviços de maior
complexidade.
Salientamos que o item de numero 24, que se refere a indicação de
medicação, não está contabilizado nesta tabela, devido ao fato do procedimento
aplicação de medicações injetáveis, apesar de ser indicado pelos cirurgiões
dentistas, é realizado pelos auxiliares de enfermagem no setor de medicação, e
portanto está contabilizado neste setor.
Tabela 17 – Caracterização dos procedimentos realizados, em porcentagem e
segundo códigos de procedimentos, no PSCVN.
Caracterização
Porcentage
m (%)
Código/ Procedimento
Restauradores 25,0 (2) Remoção de Tecido Cariado
(3) Restaurações Provisórias
Afecções com dor
aguda
9,7 (5) Pulpectomia
(8) Drenagem Intra e Extra Bucal
Mutiladores 7,0 (10) Exodontias de Dentes Permanentes
Urgências clássicas 2,5 (12) Hemorragias e Pequenas Urgências
As Figuras 12 a 18 apresentam uma análise das características da demanda
dos plantões de 24 horas em cada dia da semana, iniciando-se pela segunda feira,
finalizando no domingo, e contabilizados a partir de 0 horas e término as 24 horas de
cada plantão, expondo as peculiaridades de cada um deles, que podem subsidiar a
composição de estratégias de organização dos serviços em relação a capacidade de
demanda e resolubilidade.
Utilizou-se nesse estudo a estratégia de fracionamento das 24 horas de cada
plantão em 4 períodos de 6 horas e o objetivo foi identificar os diferentes tipos de
Resultados e Discussão 112
agravos e os conseqüentes procedimentos indicados nos diferentes horários de
atendimento, sugerindo estratégias gerenciais específicas para cada período do
plantão de 24 horas.
Neste instrumento de coleta, o procedimento uso de medicação (código 24)
pode ser coletado diretamente dos registros de procedimentos em saúde bucal
diferentemente do anteriormente citado na Figura 11.
Analisando os dados da Figura 12 que apresenta os plantões de segunda-
feira da amostra, onde a procura por atendimento fica entre as duas maiores da
semana, contabilizando um total de 310 consultas atendidas, realizando 1019
procedimentos; portanto 3,2 procedimentos por consulta.
Os plantões no período diurno, das 7 h às 12:59 h e 13:00 ás 18:59 hs
somam 83,5% da demanda de atendimento do dia, com um pico de 144
atendimentos no primeiro desses períodos marcado com cor azul escuro.
Em relação a procedimentos realizados, o uso de medicação injetável (código
24), ocorreu em 51,9 % das consultas que, geralmente, são indicadas para a
somatória de procedimentos realizados para a remissão de processos inflamatórios
dolorosos ou infecciosos como, drenagem de abscessos (código 8), pulpectomias
(código 5), pulpotomias (código 9) e exodontias (código10), ferimentos cortantes,
perfurantes, lácero (Código 16 ) e pequenos procedimentos de urgência (código 12);
representando 15,7 % do total dos procedimentos.
As intervenções mutiladoras, como as exodontias de dentes permanentes,
tiveram uma ocorrência de 17 % no total de consultas e 5,2% dos procedimentos,
sendo a maior freqüência no período de 7h às 12:59 h, com 34 casos atendidos.
No caso dos procedimentos restauradores como remoção de tecido cariado
(código 2) , restaurações provisórias (código 3) e capeamento pulpar (código 23)
contabilizaram 21,4 %, realizados em 29,3 % das consultas.
Terapias que se refiram a problemas dentários com comprometimento pulpar,
sugerindo necessidade de posterior referência para tratamentos especializados em
Endodontia, foram diagnosticadas em 48% das consultas e significaram 14,6% dos
Resultados e Discussão 113
procedimentos realizados analisados na amostra, sendo registradas a ocorrência
nos períodos diurnos indistintamente.
Os processos periodontais apareceram em 5,8% das consultas.
Os procedimentos considerados mutiladores como as exodontias, em geral,
são indicados devido à expressiva prevalência de destruição dental nesta população
em risco social e neste caso, atuam paralelamente como redutores de focos de
infecção no organismo, requerendo em seguida o encaminhamento para uma
terapia reabilitadora como as próteses fixas ou móveis. Os procedimentos
restauradores, como restaurações dentárias provisórias, pulpectomias,
invariavelmente criam a necessidade de encaminhamento para outro nível de
atenção, quer seja a contra referência para as USs ou a referência para outras
especialidades, como endodontia, periodontia, ortodontia e prótese fixa.
0
20
40
60
80
100
120
140
160
NÚMERO
123457891011121315232430
COD. PROCEDIMENTOS
Da 00:00 às 06:59 Das 07:00 às 12:59 Das 13:00 às 18:59 Das 19:00 às 23:59
Figura 12 – Tipos de procedimentos em saúde bucal por horário/ plantão de
segunda feira da amostra no PSCVN.
Na Figura 13, o plantão das terças feiras apresenta a terceira maior demanda
de atendimentos da semana, contabilizando um total de 247 consultas atendidas,
Resultados e Discussão 114
realizadas com 808 procedimentos, sendo também produzidos 3,2 procedimentos
por consulta.
Os plantões no período diurno, das 7h às 12:59 h e 13h ás 18:59 h também
registraram a maioria das consultas se responsabilizando por 79,3% % da demanda
de atendimento do dia, com um pico de 110 atendimentos no primeiro desses
períodos.
No que se refere a procedimentos realizados, o uso de medicação injetável
(código 24), ocorreu em 39,3 % das consultas, compatível com a ocorrência da
somatória dos processos de inflamatórios e infecciosos atendidos.
As intervenções mutiladoras, como as exodontias de dentes permanentes e
os processos periodontais tiveram uma ocorrência de 9,3 % e 12,1,%
respectivamente no total das consultas.
No caso dos procedimentos restauradores como remoção de tecido cariado
(código 02) e restaurações provisórias (código 03) e capeamento pulpar (código 23)
contabilizaram 38,8 % dos procedimentos realizados em 37,2 % do total das
consultas da amostra.
Terapias realizadas referentes a problemas de comprometimento pulpar
foram diagnosticadas em 49,3 % das consultas e significaram 15 % dos
procedimentos realizados pela amostra analisada, acontecendo ainda em maior
proporção no período de 7 h às 12:59 h.
Resultados e Discussão 115
0
20
40
60
80
100
120
NÙMERO
1234578910111213152023242730
COD. PROCEDIMENTOS
Da 00:00 às 06:59 Das 07:00 às 12:59 Das 13:00 às 18:59 Das 19:00 às 23:59
Figura 13 – Tipos de procedimentos em saúde bucal por horário/ plantão de terça
feira da amostra no PSCVN.
Os plantões das quartas feiras, mostrado na Figura 14, dividem com as
sextas feiras as segundas maiores demandas da semana, com um total de 262
casos atendidos, apesar da redução da carga horária em 2 horas, neste plantão,
causando uma janela no atendimento no período de 19:h às 21 h, devido à uma
redução da carga horária do plantonista. Realizou-se 925 procedimentos na amostra
analisada, registrando-se 3,5 procedimentos por consulta.
Em relação aos períodos de maior demanda do plantão, estes estão
concentrados no período diurno, das 7h às 12:59 h e 13h às 18:59 h, numa
porcentagem de 78% e com o teto de 125 atendimentos no primeiro turno do plantão
diurno.
O uso de medicação injetável foi indicado em 41,9% dos casos, procedimento
utilizado em geral para os 23,2 % de exodontias de dentes permanentes, 21,1 % das
terapias referentes a problemas de comprometimento pulpar realizadas, sendo que
estes últimos significaram 7,1 % dos procedimentos realizados pela amostra
analisada.
Resultados e Discussão 116
As intervenções de maior freqüência foram as restaurações provisórias, que a
despeito de serem considerados procedimentos de baixa complexidade, são
importantes por restringirem a evolução dos processos da cárie dentinária, sem
comprometimento pulpar. A ocorrência neste item foi maior na semana, atingindo
44,6% das consultas e tiveram ainda sua maior demanda no período de 7 h às 12:59
h.
Os procedimentos realizados para o enfrentamento dos casos com patologias
periodontais representaram somente 6,1% do total dos diagnósticos realizados.
0
20
40
60
80
100
120
140
NÚMERO
1 2 3 5 7 8 9 101112131523242530
COD.PROCEDIMENTOS
Da 00:00 às 06:59 Das 07:00 às 12:59 Das 13:00 às 18:59 Das 19:00 às 23:59
Figura 14 – Tipos de procedimentos em saúde bucal por horário/ plantão de quarta
feira , da amostra no PSCVN.
Nos plantões da quinta feira, figura 15 observamos demanda semelhante
àquela de segunda feira, com um total de consultas da amostra acima de 300 e
procedimentos ultrapassando os 1000, com valores de 327 consultas e 1126
procedimentos respectivamente, registrando a proporção de 3,4 procedimentos por
consulta. Os períodos de maior atendimento são os diurno, coincidentes com os
plantões anteriores, fazendo um pico no horário de 7h às 12:59 hs promovendo a
assistência a 147 casos.
Resultados e Discussão 117
No que tange ao uso de medicação injetável (código 24), ocorreu em 49,5 %
das consultas, compatível com a ocorrência da somatória dos processos de
inflamatórios e infecciosos atendidos e representando 14,2 % de todos os
procedimentos.
As intervenções mutiladoras, como as exodontias de dentes permanentes,
tiveram um aumento de ocorrência comparativa aos demais dias da semana
atingindo de 32,1 % no total de consultas e 9,2% dos procedimentos, sendo a maior
freqüência no período de 7h às 12:59 h com 62 casos. Esse evento pode sugerir
diferentes condutas terapêuticas nos diferentes plantões, devido a estratégias de
condutas heterogênas conseqüentes à inexistência de um protocolo de condutas
homogêneo para o P.S.
No caso dos procedimentos restauradores como remoção de tecido cariado
(código 2) e restaurações provisórias (código 3) e capeamento pulpar (código 23)
contabilizaram 24,7 %, realizados em 34,2 % das consultas.
As terapias dos casos de dentes com comprometimento pulpar foram
diagnosticadas em 12,5% das consultas e significaram 3,6% dos procedimentos
realizados pela amostra analisada.
Os diagnósticos de processos periodontais apareceram em 3,3% das
consultas.
Resultados e Discussão 118
0
20
40
60
80
100
120
140
160
NÚMERO
12345789101112131523242530
COD.PROCEDIMENTOS
Da 00:00 às 06:59 Das 07:00 às 12:59 Das 13:00 às 18:59 Das 19:00 às 23:59
Figura 15 – Tipos de procedimentos em saúde bucal por horário/ plantão de quinta
feira, da amostra no. PSCVN.
Os plantões das sextas feiras apresentados na Figura 16 registram a
demanda de 267 consultas atendidas na amostra e apresenta também uma redução
2 horas da carga horária, provocando uma solução de continuidade no atendimento.
Ainda assim, foram realizados 718 procedimentos com um total por consulta de 2,6.
A maior concentração de atendimento foi nos períodos de 7h às 12:59h, com um
teto de 120 consultas, representando 44% das consultas do plantão. Nas sextas
feiras os períodos de 13h às 17:58h e 18h às 23:59h também registraram um
número expressivo de consulta, entre 67 e 68.
Em relação ao uso de medicação injetável como indicação terapêutica clínica
ou pós cirúrgica registrou 46,4 % dos atendimentos, compatível com a ocorrência da
somatória dos processos de inflamatórios e infecciosos atendidos.
As intervenções mutiladoras, como as exodontias de dentes permanentes,
preencheram de 19,1 % no total de consultas e 7,1 % dos procedimentos, sendo a
maior freqüência no período de 7h às 12:59 h, com 28 casos.
Resultados e Discussão 119
No caso dos procedimentos restauradores como remoção de tecido cariado
(código 2) e restaurações provisórias (código 03) e capeamento pulpar (código 23)
contabilizaram 22,4 %, realizados, em 25,8 % das consultas.
As terapias dos casos de dentes com comprometimento pulpar foram
diagnosticadas em 26,2 % das consultas e significaram 9,7% dos procedimentos
realizados pela amostra analisada.
Os diagnósticos de processos periodontais apareceram em 2,9 % das
consultas.
0
20
40
60
80
100
120
NÚMERO
1 2 3 4 5 7 8 9 10 11 12 13 15 20 24 30
COD.PROCEDIMENTOS
Da 00:00 às 06:59 Das 07:00 às 12:59 Das 13:00 às 18:59 Das 19:00 às 23:59
Figura 16 – Tipos de procedimentos em saúde bucal por horário/ plantão de sexta
feira, da amostra no PSCVN.
Os plantões de sábado, Figura 17, apresentam como esperado, a segunda
menor demanda desta amostra de estudo, demanda essa característica de plantões
de feriados e finais de semana; contudo com valores ainda acima de 200 consultas,
atingindo um total de 204, produzindo 493 procedimentos, numa proporção de 2,7
procedimentos por consulta. O limite atingido de produção de consultas foi de 83 no
período de 7h às 12:59 h, apresentando-se relativamente homogêneo nos demais
períodos, com 67 e 68 casos em cada um deles.
Resultados e Discussão 120
O uso de medicação injetável, apresenta valores ligeiramente aumentados em
relação aos demais plantões, atingindo 52,4% das consultas atendidas e os maiores
índices estão concentrados no período de 7h às 12:59 h, porém com ocorrência
expressiva nos dois períodos conseqüentes, com 30 e 14 casos atendidos
respectivamente.
Em relação aos procedimentos mutiladores, como as exodontias de dentes
permanentes (código 10) representam 22,5% das consultas, terapias pulpares
representam 14,7% e finalizando os processos advindos de problemas periodontais
são inexpressivos.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
NÚMERO
1 2 3 5 7 8 9 10 14 15 24 26 30
COD.PROCEDIMENTOS
Da 00:00 às 06:59 Das 07:00 às 12:59 Das 13:00 às 18:59 Das 19:00 às 23:59
Figura 17 – Tipos de procedimentos em saúde bucal por horário/ plantão de sábado
da amostra no PSCVN.
E finalmente, na Figura 28 observamos nos plantões de domingo a menor
freqüência de procura da semana, demanda tradicional e já esperada, pontuando
em 124 consultas, 291 procedimentos e 2,3 procedimentos por consulta e com um
teto de 44 casos; onde o horário de maior atendimento de consultas é o de 13h às
18:59h evidenciado pela cor verde claro.
Resultados e Discussão 121
Focando no uso de medicação injetável, este é o procedimento de maior
freqüência, atingindo 62% dos casos atingindo seu pico no período de 13h às 18:59
h, com 30 atendimentos
A produção de procedimentos restauradores é a mais freqüente neste plantão
numa porcentagem de 36,2%, sinalizando a intervenção em processos evolutivos
agudos de cárie dental, (códigos 2, 3 e 23) ; as exodontias de dentes permanentes
(código 10), contabilizam 8,8% das consultas, terapias pulpares contribuindo com
37,9%, e fechando com processos periodontais que representam 2,4 % do total..
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
NÚMERO
1234578910121524
COD.PROCEDIMENTOS
Da 00:00 às 06:59 Das 07:00 às 12:59 Das 13:00 às 18:59 Das 19:00 às 23:59
Figura 18 – Tipos de procedimentos em saúde bucal por horário/ plantão de
domingo da amostra, no PSCVN.
Do exposto, a Tabela 18 analisa a relação do número de atendimentos e
número de procedimentos realizados e assim estabelecendo o indicador de
produtividade de número de procedimentos/ consulta realizada que numa unidade
de urgência em saúde bucal tem um significado qualitativo de prestação de uma
assistência com maiores graus de resolubilidade dos agravos à saúde do paciente
que procura esse tipo de serviço, concomitantemente diminuindo agilizando
estratégias de controle de focos infecciosos determinantes de aumento de risco de
Resultados e Discussão 122
evolução de doenças bucais com reflexos sistêmicos, e promovendo assim uma
melhoria das condições de saúde do usuário, com um atendimento mais
humanizado.
Tabela 18 – Produção Anual de consultas, número total de procedimentos
realizados e a proporção entre os mesmos da Saúde Bucal no PSCVN.
Número
Número de Consultas
5.582
Número de Procedimentos
13.936
Média Procedimentos/ consulta
2,5
5.4. EIXO TEMÁTICO 4: ANÁLISE DOS ENCAMINHAMENTOS DE
REFERÊNCIA E CONTRA REFERÊNCIA EXISTENTES DO SISTEMA
HIERARQUIZADO, A PARTIR DAS CONSULTAS DE URGÊNCIA EM SAÚDE
BUCAL NO SUS REGIONALIZADO.
Para análise da necessidade de encaminhamentos de referência e contra
referência do sistema hierarquizado do SUS, buscando a integralidade da atenção à
saúde, foram coletados dados primários da produção de consultas de urgência no
PS, através dos BEs; além da produção de consultas de urgência das USs da
região, coletados através de dados documentais gerenciais da organização dos
serviços, com o objetivo de compor o complexo regional de oferta desses serviços
anexo VII.
Foram analisados os sistema de referência e contra referência regional
segundo 2 vertentes:
A.Capacidade Regional de Oferta de Consultas de Urgência em Saúde
B. Efetividade dos encaminhamentos indicados na direção da integralidade da
Assistência à Saúde
A. Capacidade Regional de Oferta de Consultas de Urgência em Saúde
Resultados e Discussão 123
A relação entre consultas agendadas e consultas de urgência ou demanda do
dia nas USs da região, segunda o SISMA SUS (62) para a Grande São Paulo deve
manter a média de 15% para o total de consultas de urgência.
As variáveis utilizadas para tal monitoramento foram:
Comparativo do número de atendimentos em porcentagem entre a
somatória de consultas agendadas e de urgência nas USs da região/ mês
amostral
Capacidade Total de Atendimentos de urgência em saúde bucal
regionalizadas entre os atendimentos do PS e somatória dos atendimentos das
US da região do Butantã, ano 2006
A Figura 19 mostra na região do Butantã, a somatória de consultas realizadas
nas USs, sendo que as consultas agendadas, totalizaram uma média de 83,5 % do
total de consultas nos meses da amostra; e os restantes 16,5% são representados
pelas consultas de urgência.
18 82
16 84
12 88
12 88
0 102030405060708090100
Março
Junho
Julho
Novembro
% Consultas urncia % Consultas agendadas
Figura 19 – Número de atendimentos em porcentagem e comparativo entre a
somatória de atendimentos agendados e de urgência realizadas pelas USs / mês
amostral, da região do Butantã.
Os números de atendimentos de urgência em saúde bucal em todas as USs
da região do estudo variam entre elas, sendo que a proporção média entre estes
atendimentos agendados e os de urgência, nos meses analisados na amostra
apresenta-se dentro dos índices preconizados de 15%.
Resultados e Discussão 124
As Figuras 20, 21, 22 e 23 apresentam essa relação de consultas agendadas
e de urgência por US da região, nos meses amostrais, onde podemos observar
diferentes capacidades de absorção de consultas das diferentes USs. Este fato
associado a outros fatores como facilidade de deslocamento e acesso ao PSCVN
podem estar relacionados ao direcionamento da procedência dos pacientes às
consultas de urgência.
0 100 200 300 400 500 600 700
Número de Consultas
Butantã
Jd. Jaqueline
Vila Borges
Vila Sonia
Boa Vista
o Jorge
Real Parque
Malta Cardoso
Paulo VI
Rio Pequeno
Jd. D'Abril
Vila Dalva
USs
Agendados Urncia
Figura 20 – Relação de número de atendimentos de agendados e de urgência das
US no mês de março, da região do Butantã.
Resultados e Discussão 125
Figura 21 – Relação de número de atendimentos de agendados e de urgência das
US no mês de junho, da região do Butantã.
0 100 200 300 400 500 600 700
Numero de Consultas
Butantã
Jd. Jaqueline
Vila Borges
Vila Sonia
Boa Vista
o Jorge
Real Parque
Malta Cardoso
Paulo VI
Rio Pequeno
Jd. D'Abril
Vila Dalva
USs
Agendados Urncia
Figura 22 – Relação de número de atendimentos de agendados e de urgência das
US no mês de julho, da região do Butantã.
Resultados e Discussão 126
- 50 100 150 200 250 300 350 400 450
Número de Consultas
Butantã
Jd. Jaqueline
V. Borges
V. Sonia
Boa Vista
o Jorge
Real Parque
Malta Cardoso
Paulo VI
Rio Pequeno
Jd. D'Abril
V. Dalva
USs
Agendados Urncia
Figura 23 – Relação de número de atendimentos de agendados e de urgência das
US no mês de novembro, da região do Butantã.
As Tabela 19 e Figura 24, demonstram a produção total de consultas de
urgência na região, contabilizadas de forma integrada entre as realizadas no PSCVN
e as realizadas nas USs, nos meses amostrais. Ilustram a cobertura de
necessidades de consultas de urgência para a região.
Tabela 19 – Produção Integrada de Consultas de Urgência em saúde bucal entre as
realizadas no PSCVN e nas USs, nos meses amostrais, na região do Butantã.
Meses
Março Junho Julho Novembro
Consultas de urgência
USs
481 487 434 333
PS
556 421 430 475
TOTAL
1037 908 864 808
Resultados e Discussão 127
0 200 400 600 800 1000 1200
Março
Junho
Julho
Novembro
Número de Consultas
meses estudados
Total PS USs
Figura 24 – Comparativo da Produção de Consultas de Urgência em saúde bucal, no
PSCVN e a somatória das USs da região, e o total produzido por ambas, nos meses
amostrais.
A Figura 25 mostra a relação percentual do total de consultas de urgência em
saúde bucal na região do Butantã, entre as produzidas no PSCVN e a somatória ()
de consultas nas USs, nos meses amostrais. Observa-se que o PSCVN auferiu uma
média 51,7% da demanda de urgência em saúde bucal na região, nos meses
amostrais, e a somatória das USs produziu uma média de 48,3% desse tipo de
consultas.
Resultados e Discussão 128
53,7 46,3
46,3 53,7
49,76 50,24
58,78 41,22
0 20406080100
% do Total de Consultas Urgências da região
MARÇO
JUNHO
JULHO
NOVEMBRO
Meses
PS UBS
Figura 25 – Percentual do total de Consultas de Urgência em saúde bucal atendidas
pelo PSCVN e a somatória dessas consultas nas US, nos meses amostrais, na
região.
Nessa lógica, na Tabela 20 e Figura 26 focalizamos a relação entre o total do
atendimento de consultas agendadas nas USs na Atenção Básica e o total dos
atendimentos de urgência na região, nos meses amostrais.
Podemos observar um aumento do número de consultas agendadas nas USs
na Atenção Básica, nos meses amostrais do segundo semestre de julho e
novembro, enquanto que nas consultas de urgência realizadas no PSCVN e
somatória das USs das região houve um leve decréscimo. Esta tendência configura-
se como favorável para uma melhoria da resolubilidade da assistência à saúde
regional, por se aproximar do parâmetro preconizado pelo SISMASUS (62), de uma
relação de 15% de consultas de urgência para um sistema regionalizado.
Resultados e Discussão 129
Tabela 20 – Comparativo do número total de consultas agendadas realizadas na
Atenção Básica nas USs e o total de consultas de urgência (USs + PS) em saúde
bucal na região do Butantã.
Consultas / Meses
Março Junho Julho Novembro
Tipo de Assistência
Consultas Agendadas( USs) 2260 2182 3143 5518
Consultas de Urgência ( USs+
PS)
1037 908 864 808
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
Março Junho Julho Novembro
meses estudados
Número de
Atendimentos
At. Básico
Urgências
Figura 26 – Comparativo do número total de consultas agendadas realizadas na
Atenção Básica nas USs e o total de consultas de urgência (US + PS) em saúde
bucal na região do Butantã.
Salientamos que a variação do número de consultas da somatória das USs e
conseqüentemente melhora da oferta de acesso não está sendo analisado nesse
estudo; observamos tão somente a mudança na relação de produção entre
consultas agendadas e de atendimento imediato sugerindo, segundo o SISMA SUS
(62) maior resolubilidade do sistema.
Resultados e Discussão 130
As Tabela 21 e Figura 27 demonstram os comparativos dos percentuais da
produção de consultas da Atenção Básica e da somatória das consultas de urgência
em saúde bucal do PSCVN e US, nos meses amostrais.
Podemos observar que conforme houve um aumento da oferta de consultas
agendadas de Atenção Básica nas UBS, nos últimos meses do ano, houve uma
diminuição gradual da somatória de consultas de urgência em saúde bucal na
região, dentre as produzidas no PSCVN e nas próprias USs, se aproximando dos
parâmetros esperados de normalidade.
Tabela 21 – Comparativo dos percentuais da somatória de consultas agendadas da
Atenção Básica nas USs e da somatória das consultas de Urgência em saúde bucal
do PSCVN e USs , nos meses amostrais, na região do Butantã.
Março Junho Julho Novembro
Tipo Atendimento Em Porcentagem (%)
Consulta Agendada (USs) 54 64 72 85
Consulta Urgência (USs + P.S.) 46 36 28 15
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Março Junho Julho Novembro
Meses estudados
% Atendimento
At.Básica
Urgências
Figura 27 – Comparativo dos percentuais da somatória de consultas agendadas da
Atenção Básica nas USs e da somatória das consultas de Urgência em saúde bucal
do PSCVN e USs , nos meses amostrais, na região do Butantã.
Resultados e Discussão 131
B. Efetividade dos encaminhamentos indicados na direção da
integralidade da Assistência á Saúde
O instrumento de coleta de dados, o BE, apresenta como variáveis para
conclusão e encaminhamento do caso atendido na urgência:
1. Alta Médica
2. Encaminhamento ao Ambulatório
3. Internação no próprio Hospital e solicita o Setor da internação.
4. Transferência para (Unidade de Saúde)
5. Óbito
O modelo de BE utilizado neste PS não é específico para a da demanda da
Saúde Bucal sendo indicado algumas adequações para a coleta de dados de
encaminhamento para o sistema de referência e contra referência regionalizado.
Os encaminhamentos são realizados no PSCVN, em formulário próprio
entregue ao paciente com a solicitação de vaga para continuidade do tratamento em
outros níveis de complexidade do SUS, com o objetivo de inseri-lo no cardápio de
acesso à linha do cuidado indicada para o seu retorno às boas condições de saúde.
Em alguns casos os registros de encaminhamentos são feitos manualmente direto
na fichas de BE, porém esta prática não está sistematizada formalmente como um
instrumento de monitoramento e avaliação do sistema de referência e contra
referência no PSCVN. Há que se considerar no entanto, que não houve qualquer
treinamento oficial anterior para sensibilização e homogeneização do preenchimento
adequado do BE de modo que forneça dados para aperfeiçoar o acompanhamento
dos serviços, no sentido da efetividade do cumprimento do princípio de integralidade
do SUS e estruturação de propostas de reorganização dos mesmos. Dos 1762
casos atendidos, nos 4 meses eleitos para este estudo, somente 42 registros diretos
foram encontrados, feitos manualmente no BE, com encaminhamentos para
especialidades no níveis secundário de atenção e 23 foram contra referenciados
para as USs da rede básica regionalizada, totalizando 3,6% dos casos atendidos.
Anexo VI.
Resultados e Discussão 132
As variáveis utilizadas para analisar os mecanismos existentes de referência
e contra referência regional a partir de dados indiretos, obtidos através da derivação
dos procedimentos realizados nos atendimentos na amostra.
Número de Encaminhamentos realizados pelo PS para níveis de maior
complexidade
Número de encaminhamentos realizados pelo PS como contra
referências para as USs regionalizadas
Número de vagas das Unidades de referência das especialidade da
região
Número de encaminhamentos efetivados pelos serviços
A Tabela 22 demonstra em porcentagem e número absoluto a necessidade
de um encaminhamento para referencia de especialidade para os níveis secundário
e terciário de assistência para cumprir o princípio de integralidade definido pelo SUS.
Tais dados foram sistematizados, a partir da derivação dos procedimentos
realizados neste Pronto Socorro que indicam a necessidade de encaminhamento
para endodontia, periodontia e indicação de reabilitação protética. Para as demais
especialidades como ortodontia e buco maxilo facial não foi possível realizar a coleta
do dado pois estes não estão sendo registrados nos BE, pois não existe uma
sistematização oficial para o monitoramento e avaliação dos encaminhamentos
realizados pelo PS como contra referências para as USs regionalizadas.
Tabela 22 – Previsão de Necessidades de vagas geradas/mês na amostra no
PSCVN para serviços especializados em número e porcentagem, 2006
Especialidade
Previsão Necessidade
Média de vagas/ mês
Porcentagem (%)
Endodontia 130,2 29,6
Reabilitação Oral 82,7 18,8
Periodontia 9,5 4,7
Buco Maxilo não temos o dado
Ortodontia não temos o dado
Resultados e Discussão 133
A Tabela 23 demonstra em porcentagem dos dados derivados dos
procedimentos realizados no PS e que exigem um encaminhamento de contra
referência para a atenção básica para cumprir o princípio de integralidade definido
pelo SUS.
Tabela 23 – Número de atendimentos em porcentagem com indicação de contra
referência para as USs regionalizadas e previsão necessidade média de vagas/mês
geradas na amostra, no PSCVN.
Porcentagem (%)
Previsão Necessidade
Média de vagas/ mês
Contra referência para USs 39,1 171,5
Segundo as DASBs (41) os centros de especialidades estão preparados para
realizar as especialidades expostas na Tabela 24, com os parâmetros definidos no
município de São Paulo para os tipos de especialidade odontológica oferecidas pelo
SUS regionalizado e previsão de número de vagas/ especialidade.
Os dados das vagas oferecidas de especialidades odontológicas na SUVIS
BT demonstram as possibilidades atuais de absorção da demanda referenciada da
rede básica da região. As indicações de referência de especialidade triadas nos
atendimentos de urgência do PSCVN para endodontia, periodontia e cirurgia
seguem um protocolo que define que primeiramente elas devem ser encaminhadas
para as USs e daí então, agendadas vagas para o centro de referencia regional. As
demais especialidades podem ser encaminhadas diretamente.
Observa-se que o colapso focaliza-se principalmente na necessidade de
vagas para endodontia, pois somente o PSCVN gera em média 130 vagas/mês e
capacidade regional atual para toda a rede regional está em 120 vagas/mês, para
periodontia o valor da necessidade é 4 vezes maior que a possibilidade e para
prótese depende das possibilidades de liberação de recursos para o material a cada
momento. Cirurgias dentárias complexas e buco maxilo facial são absorvidas
Resultados e Discussão 134
satisfatoriamente; igualmente os casos com necessidade de diagnóstico de lesões
de tecidos moles e DST/AIDS.
Tabela 24 – Tipos de Especialidades, proposta de oferta de vagas mensal pelo SUS e
vagas existentes no SUS Regional do Butantã.
Especialidade
Indicador oferta de
vagas
Vagas / Butantã
Profissiona
l
nº vagas / mês /
profissional
nº vagas/ mês /
profissional
Endodontia 30 40 3
Periodontia 96 20 1
Ortodontia
em estudo de
viabilidade
----- -----
Semiologia 72
demanda livre
atendida
1
Prótese Total 40
depende recursos
disponíveis
3
Prótese Removível 18
depende recursos
disponíveis
os acima
Cirurgias Dent.
Complexas
----- 64 1
Pacientes Especiais 10 não temos o dado
Clínica Buco Mx Facial Encaminhamento livre para HU e HC
Cirurgia Buco Mx
Facial
Encaminhamento livre para HU e HC
DST/AIDS Encaminhamento livre para SAE DST/AIDS/BT
Odontopediatria Contra referência para USs
Dentística Contra referência para USs
Resultados e Discussão 135
Em relação à efetividade dos encaminhamentos realizados pelo PS atuando
na intersecção dos níveis de assistência à saúde na rede do SUS regionalizado, não
foi possível acessar esse dado, a partir da origem do encaminhamento pelos
seguintes fatores :
1. Ficha BE não inclui a especificidade para encaminhamentos para
Saúde Bucal;
2. Não há uma estratégia de preenchimento de BE homogênea entre os
profissionais do PSCVN;
3. Não houve treinamento para os profissionais da ponta do serviço do
PSCVN para uma homogenização do preenchimento do instrumento
de coleta de informações sociais e de saúde , do BE.
4. A falta desse dado reflete a ineficiência dos mecanismos de
monitoramento e avaliação do sistema, e a conseqüente
necessidade de estruturação dos mesmos para otimização da
prestação dos serviços, rumo á um atendimento integral e
humanizado
6. Considerações Finais
Considerações Finais 137
Nesse estudo de caso foram descritas as práticas da assistência à saúde
bucal e estratégias da organização dos serviços numa unidade de urgência com
serviço de saúde bucal da maior metrópole do país, possibilitando a imersão nessa
realidade, e assim ampliando a visão e a percepção sobre este nível de assistência
na rede hierarquizada e regionalizada do SUS, ainda em processo de consolidação,
a despeito dos quase 20 anos de sua implantação.
Os resultados demonstraram de forma quantitativa, algumas estratégias
operacionais peculiares e que têm se mostrado efetivas no atendimento de urgência,
possibilitando a apreensão de saberes na direção da parametrização da produção
de serviços e métodos de monitoramento da gestão em urgência em saúde bucal,
desde que este tema no Brasil, não apresenta uma literatura extensa. Por outro lado,
tais resultados, evidenciam também alguns nós críticos, principalmente no processo
de regionalização dos serviços rumo à promoção de uma atenção integral, e que
suscitam medidas de intervenção e repactuação em todos os níveis da gestão, para
que sejam aprimoradas as relações de integração dos serviços existentes,
favorecendo um incremento positivo na resolubilidade dos serviços de saúde.
No município de São Paulo, o processo de regionalização da assistência, tem
apresentado avanços, porém ainda registra algumas barreiras a serem
ultrapassadas como o potencial de cobertura da rede básica em ascensão, mas
ainda insuficiente; fragmentação do gerenciamento dos diferentes níveis de atenção
à saúde e linhas de comunicação entre estes níveis também deficiente, levando a
uma desarticulação entre os serviços de rede básica e os de média e alta
complexidade; os instrumentos de monitoramento e avaliação apresentam-se
carentes de maior detalhamento, comprometendo uma melhor qualidade dos
planejamentos do setor, entre outros. A política estratégica da Secretaria Municipal
de Saúde que estabeleceu uma dupla linha de comando na gestão, tendo como um
de seus objetivos a otimização da mesma apresentou avanços na organização dos
serviços; no entanto também promoveu um distanciamento entre as unidades de
saúde dos dois diferentes eixos gerenciais , interferindo na consolidação do
processo da regionalização, especificamente no sistema de referência e contra
referência analisado nesta pesquisa com a óptica da Saúde Bucal. A ultrapassagem
dessa dificuldade pode ocorrer por meio de uma aproximação das coordenadorias
da gestão, melhorias nas estratégias de negociação e pactuação de propostas de
Considerações Finais 138
integração para o estabelecimento de fluxos ágeis e efetivos na direção da
concretude de uma linha do cuidado que ofereça ao usuário todo um cardápio de
serviços da rede regionalizada de saúde, sem fronteiras restritivas de acesso.
Percorrendo os eixos temáticos propostos no método deste estudo
identificamos eventos específicos que consideramos importante tecer comentários:
No eixo temático 1, que aborda o tema do diagnóstico e condições de
acolhimento, o estudo evidenciou o perfil da clientela que procura o serviço no que
se refere a faixa etária, demonstrando que o segmento etário de maior procura é de
20 a 39 anos, com 45% dos casos, sendo que não houve diferenciação expressiva
para o fator sexo; enaltecendo características específicas de um serviço de
atendimento imediato em saúde bucal diversa daquelas encontradas nos serviços
ambulatoriais com agendamento prévio. A procedência das pessoas que procuram o
Pronto demonstra uma freqüência de 80% de usuários da própria região.
A satisfação do paciente em relação ás condições de acolhimento na
prestação dos serviços, no que se refere à ambiência, têm apresentado avanços das
condições da infra-estrutura com reflexos diretos na reorganização do serviço,
também na manutenção dos equipamentos, oferecendo assim melhorias na
recepção e evolução das queixas do paciente que procura o serviço, num momento
de sofrimento. No entanto considera-se que esse processo não é finito, devendo ser
permanente para a manutenção de um padrão de qualidade satisfatório na
prestação de serviço para a comunidade, cumprindo com princípios do SUS.
Ainda de acordo com as diretrizes da PNH, no acolhimento ao paciente, o
delineamento do estudo não prevê dados no sentido de avaliar o estreitamento do
vínculo profissional – paciente no processo de aperfeiçoamento de estratégias de
produção de um cuidado com postura acolhedora. Avaliamos ser este um tema para
um estudo complementar.Em relação aos retornos dos pacientes ao serviço este
contabilizou 10,7% dos adultos e 5,6 % das crianças que retornaram ao serviço por
motivos diversos. Centrando o foco nas causas dos retornos dos pacientes ao
serviço, somente um total de 4,6 % de casos atendidos e analisados na amostra,
tiveram retornos programados por indicação terapêutica dos profissionais do pronto
socorro, como medida de adequação do meio bucal preparatória para a posterior
inserção do usuário na rede da atenção básica, no cumprimento do princípio da
Considerações Finais 139
integralidade no SUS. Consideramos que essa cifra pode ser otimizada a partir da
consolidação de estratégias de pactuação e reorganização da prática entre gestores
e profissionais da execução da atenção primária e urgência, já iniciada no ano 2007,
sendo indicada a sua reativação. No quesito, porcentagem de retorno em
conseqüência do primeiro atendimento não resolutivo, o valor foi de 3,1% do total
dos casos analisados na amostra, o enfrentamento de tal problemática sugere a
constituição de variadas medidas de intervenção que incluam uma visão social da
doença agregando vários fatores como: a estruturação de um protocolo clínico para
urgência em saúde bucal para a unidade que inclua estratégias para os registros
clínicos, a abordagem de aspectos do acolhimento do paciente em relação á
ambiência e relação profissional – paciente, procedimentos clínicos na urgência,
estratégias de biossegurança, encaminhamentos de referência e contra referência;
monitoramento e avaliação técnica mensal das consultas; incremento de novos
cursos específicos de atualização para os profissionais da área; entre outros.
Salientamos que esse processo não se esgota em medidas de desenvolvimento de
recursos humanos, pois a real causa certamente inclui determinantes sociais da
saúde, requerendo portanto medidas integradas de âmbito intersetorial.
No eixo temático 2, os dados que demonstram a capacidade local de
organização para a produção do cuidado no setor, trazem consigo uma referência
para uma parametrização da capacidade de absorção de serviços para uma unidade
de urgência em saúde bucal com metas à definição de indicadores específicos para
a atenção à urgência em saúde bucal, também sem registros expressivos na
literatura. O trabalho neste PS é realizado com apenas um profissional por plantão
de 24 horas, sem auxiliar técnica, e apresenta uma média de 15,4 atendimentos por
plantão de 24 horas, determinados em fluxos definidos com horários de pico de
demanda em torno de 10h, 16h e 22h, ocorrendo estes com similaridades nos
diferentes meses do ano. Nesse esquema de lotação de pessoal o escore do tempo
despendido para o atendimento da queixa do setor foi de 1h (uma hora).
Sugere-se a implementação de métodos efetivos e de fácil manejo para o
permanente monitoramento e avaliação do desenvolvimento das ações de saúde no
setor e atenção especial deve ser despendida com o instrumento de coleta de
dados, o BE utilizado até o momento. Este foi construído para registros de dados da
área médica, sendo indicado portanto adequações para o atendimentos da
Considerações Finais 140
assistência odontológica, principalmente nos dados que se referem a
encaminhamentos para outros níveis de atenção. Também é orientado um
treinamento para os profissionais que realizam os exames clínicos e a posterior
intervenção, com a finalidade de homogeneizar as formas de registro em papel dos
BEs.
No eixo temático 3, fatores condicionantes da assistência à saúde bucal
variadas conclusões foram geradas com metas a otimização na organização dos
serviços.Consideramos prioritária a adequação da Tabela de Lotação de Pessoal
(TLP) do setor, seguindo a orientação da Política Nacional de Saúde Bucal do
Ministério da Saúde de alocação de 2 profissionais com nível universitário no
período diurno para cobrir os horários de pico trabalhando com auxiliar de
consultório dentário atuando em quatro mãos, promovendo assim, uma melhoria da
qualidade técnica na prestação da assistência à urgência em saúde bucal num
atendimento mais humanizado. Uma TLP adequada visa aumentar também a
efetividade do atendimento com meta de incrementar os escores de procedimentos
realizados por consulta, atualmente com média de 2,49, e sugerimos adequação
para valores até 3,5; assim como promover melhores condições para o
estabelecimento de vínculos entre profissionais e pacientes, de acordo com
orientações da Política Nacional de Humanização do Atendimento, trazendo ainda
como conseqüência a possibilidade de construção de um modelo de atenção à
urgência em saúde bucal com um acolhimento desejado. Estratégias específicas
para melhorias no monitoramento e avaliação do setor são indicadas, como a
revisão da tabela simplificada de registro de diagnósticos de doenças através dos
Códigos de Identificação de Doenças (CID), que atualmente não apresenta
alternativas para uma série de ocorrências como lesões de tecidos moles, ajustes de
oclusão, acidentes caseiros variados, especificação do grau de desenvolvimento das
morbidades de maior ocorrência como cáries e doenças periodontias, procedimentos
restauradores em pediatria, orientações educativas em saúde, entre outras. Um
registro mais detalhado dos diagnósticos determina a qualidade e efetividade do
planejamento posterior das estratégias de ações a serem implementadas. De forma
similar indica-se a revisão da tabela de intervenções realizadas que serão
contabilizadas no SIA/SUS. Para tal, orienta-se a revisão dos instrumentos de
avaliação e controle das ações de urgência em saúde bucal de forma a adequá-los à
realidade, para que, de forma sistemática possam refletir com mais identidade a
Considerações Finais 141
mesma. Analogamente, indica-se a criação de estratégias mais próximas e efetivas
de acompanhamento e supervisão por parte do responsável técnico, sistematizando
os dados da produção dos serviços, numa óptica de promoção das melhores
condições possíveis para o desenvolvimento do mesmo, valorizando o
conhecimento e análise da prática na busca do cumprimento dos princípios do SUS,
que definem os direitos cidadãos por saúde no Brasil.
No eixo temático 4, da análise dos encaminhamentos de referência e contra
referência existentes do sistema hierarquizado, a partir das consultas de urgência
em saúde bucal no SUS regionalizado ficou evidente a necessidade imperiosa de
aproximação das instâncias de gestão regional da saúde e, considerando a atual
conformação do Distrito de Saúde do Butantã, onde incluem-se as coordenações de
gestão próprias da PMSP e a universidade - USP, no sentido da pactuação de
estratégias de implementação de propostas efetivas para a consolidação do SUS na
região.
Estando, portanto em tempos de “Reforma da Reforma do SUS”, como afirma
Campos (69) e este pressupõe que estratégias devem ser permanentemente
pactuadas para a operacionalização de ações que possam promover a construção
de modelos de atenção à saúde adequados, concluímos que, com a participação de
diferentes atores, setores, instituições e comunidades, de forma dialogada,
caminhem para a conquista gradual, mas efetiva de um sistema de saúde com
direitos cidadãos. A Saúde Bucal Coletiva tem trabalhado nesse sentido, e esta
pesquisa procurou oferecer saberes analisados a partir da prática da Urgência em
saúde bucal, com o intuito da construção de um Modelo de Atenção adequado.
7. Referências Bibliográficas
Referências Bibliográficas 143
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8. Anexo
Anexo 149
Anexo I
1. Dados de procedência – MARÇO DE 2006
Procedência
Jd Jaqueline 63
Jd João Xxiii 31
Butantã 24
Jd São Jorge 22
Jd Arpoador 20
Jd Raposo Tavares 19
Jd D´Abril 18
Jd Bonfiglioli 16
Jd Educandário 14
Jd Esmeralda 14
Vila Sônia 14
Cohab Educandário 13
Jd Colombo 12
Jd Boa Vista 11
Jd Dracena 11
Cohab Raposo Tavares 10
Osasco 10
Peri-Peri 9
Jd Ester 8
Jd Paulo Vi 7
Jd Pinheiros 7
São Domingos – Z.Norte 7
Ferreira 6
Jd Celeste 6
Jd Do Lago/Z.Sul 6
Jd Monte Kemell 6
Pq Ipê – Campo Limpo 6
Rio Pequeno 6
Vila Borges 6
Vila Nova Alba 6
Jd Das Vertentes 5
Jd Guaraú 5
Jd Maria Carmo/Guarulhos 4
Jd Maria Luíza 4
Jd Cambará 3
Jd Luiza 3
Jd Monte Alegre 3
Vila Albano 3
Carapicuíba 2
Caxingui 2
Jaguaré 2
Jd Batalha 2
Jd Monte Belo 2
Jd Olímpia 2
Jd Regina/S Bernardo Campo 2
Jd Rolinópolis 2
Jd Santa Maria 2
Morumbi 2
Pedro Ii – Piauí -Guarulhos 2
Pirajussara 2
Vila Gomes 2
Vila Indiana 2
Araçariguama 1
Brás 1
Cidade Jardim 1
Embú 1
Jd Amaralina 1
Jd Claudia /S Bernardo Campo 1
Jd Conceição/Taboão Serra 1
Jd Da Glória/Z.Sul 1
Jd Das Palmas 1
Jd Imperial/ Osasco 1
Jd Iporanga/Z.Sul 1
Jd Julieta 1
Jd Jussara 1
Jd Londrina 1
Jd Lucia De Castro 1
Jd Neli 1
Jd São Marcos/Osasco 1
Jd Sara 1
Jd Tropical 1
Jd Umarizal 1
Jd Yolanda 1
Lapa 1
Paraisópolis 1
Pq Vera Cruz 1
Real Parque 1
Santo Amaro 1
Santo Antonio 1
São Mateus – Z.Leste 1
Saúde – Z. Sul 1
Vila Antonio 1
Vila Olimpia – Z. Sul 1
Vila Suzano 1
Vila Universitária 1
Total 499
Anexo 150
2. Dados de procedência – JUNHO/2006
Procedência
Jd Jaqueline 42
Butantã 32
Jd São Jorge 18
Jd João Xxiii 18
Peri – Peri 17
Jd Dracena- Arpoador 16
Jd Boa Vista 15
Jd Bonfiglioli 14
Jd Raposo Tavares 14
Jd Pinheiros 13
Jd Colombo 13
São Domingos- Zn 12
Jd D´Abril 11
Jd Arpoador 8
Jd Do Lago- Socorro-Zs 8
Cotia 8
Jd Das Vertentes- Bt 7
Jd Esmeralda 7
Cohab Raposo Tavares 6
Jd Monte Kemell 6
Rio Pequeno 6
Vila Sônia 6
Paraisópolis – C Limpo – Zs 6
Osasco 6
Cohab Educandario 5
Jd Paulo Vi 5
Jd Ester 5
Jd Guarau 5
Caxingui- Zsul 5
Jd Olimpia 4
Jd Educandário 4
Jd Leonor- Morumbi- Zs 4
Cidade Tiradenteszleste 3
Jd Sarah 2
Vila Alba 2
Jd Celeste- Zs 2
Jd Olinda- C Limpo - Zs 2
Pq Ipê- Climpo - Zs 2
Morumbi 2
Vila Dos Remédios- Osasco 2
Ferreira 1
Jd Cambará 1
Jd Luiza 1
Jd Maria Do Carmo – V Sonia 1
Jd Maria Luiza 1
Jd Neli 1
Jd Previdencia 1
Jd Uirapuru 1
Jd Jussara 1
Vila Albano 1
Vila Dalva 1
Vila Morse 1
Vila Pirajussara 1
Vila Suzana 1
Campo Limpo-Zs 1
Jd Miriam- C Ademar- Zs 1
Jd Prudencia- C Ademar- Zs 1
Jd Umarizal- C Limpo - Zs 1
Lapa 1
Jd Iracema- Capão Redondo –Zs 1
Jd Das Palmas- Campo Limpo 1
Carapicuiba 1
Granja Vianacotia 1
Guarulhos 1
Jd Conceição-Osasco 1
Jd Imperial - Osasco 1
Jd Monte Alegre- Taboão 1
Jd Progredior 1
Jd Sape 1
Jd Valdemar 1
Recanto Das Rosas 1
Vila Natal 1
Total 399
Anexo 151
3. Dados de procedência – JULHO/ 2006
Procedencia
Jd Jaqueline 39
Jd Joao Xxiii 37
Butantã 20
Jd São Jorge 18
Jd D´Abril 17
Cohab Educandário 14
Jd Pinheiros 12
Jd Bonfiglioli 12
Cohab Raposo Tavares 12
Jd Colombo 11
Vila Sonia 10
Rio Pequeno 10
Jd Das Vertentes 9
Jd Arpoador 9
Vila Borges 8
Peri Peri 8
Jd Guarau 8
Jd Boa Vista 8
Paraisópolis 7
Osasco 7
Jd Monte Kemell 7
Jd Do Lago- Socorro-Zs 7
Jd São Domingos 6
Jd Raposo Tavares 6
Jd Olimpia 6
Caxingui- Bt 6
Jd Sarah 5
Jd Neli 5
Jd Esmeralda-Rio Pequeno Bt 5
Jd Educandario 5
Jd Dracena – Arpoador- Bt 5
Jd Cambará 5
Campo Limpo-Zs 5
Vila Albano 4
Jd Paulo Vi 4
Jd Ester 4
Jd Celeste 4
Vila Gomes 3
Pq Ipe 3
Cotia 3
Pirituba- Zn 2
Jd Santa Maria- Osasco 2
Jd Conceição- Taboão 2
Ferreira 2
Cerqueira César-Zo 2
Carapicuiba 2
Vila Tiradentes- R. Pequeno Bt 1
Vila Nova Alba - Rio Pequeno - Bt 1
Vila Morse- V Sonia Bt 1
Vila Maria- Ribeirão Pires 1
Vila Lais- Penha-Zl 1
Vila Antonio 1
Vila Andrade- Morumbi-Zs 1
Vila Amaralina- Bt 1
Vila Alba 1
Morumbi 1
Jd Tereza- Osasco 1
Jd Solange- Jd Ângela – Zs 1
Jd São Remo 1
Jd Roberto- Taboão 1
Jd Monte Alegre- Taboão 1
Jd Maria Lucia- S. Bernardo 1
Jd Maria Do Carmo - V Sonia 1
Jd Lúcia 1
Jd Jussara 1
Jd Dos Trabalhadores 1
Jd Das Flores- Guarapiranga-Zs 1
Jd Da Conquista- Bt 1
Jd America- Zo 1
Itapevi 1
Granja Viana- Cotia 1
Total 411
Anexo 152
4. Dados de procedência – NOVEMBRO/ 2006
Procedencia
Jd Jaqueline 57
Jd Joao Xxiii 36
Butanta 28
Jd D´Abril 20
Jd Arpoador 18
Jd Boa Vista 17
Rio Pequeno 16
Jd Bonfiglioli 14
Jd Pinheiros 14
Jd São Jorge 14
Vila Sonia 11
Jd Raposo Tavares 10
Osasco 10
Jd Do Lago-Socorro- Zs 9
Vila Albano 9
Cohab Educandario 8
Jd Colombo 8
Jd Paulo Vi 8
Cohab Raposo Tavares 7
Jd Monte Kemell 7
Jd Das Vertentes 6
Jd Dracena 6
Jd Ester 6
Jd Santa Maria-C Líder-Zs 6
Jd São Domingos 6
Vila Gomes 6
Jd Centenario 5
Jd Educandario 5
Jd Esmeralda 5
Jd Guarau 5
Jd Olimpia 5
Morumbi-Zs 5
Jd Celeste 3
Jd Jussara 3
Jd Maria Luiza 3
Jd Monte Alegre- Taboão 3
Paraisopolis-Morumbi-Zs 3
Peri Peri 3
Pq Ipe-C.Limpo-Zs 3
Cotia 2
Jd Cambara 2
Jd Do Engenho- Socorro-Zs 2
Jd Germania-Capão Redondo-Zs 2
Jd Lucia 2
Jd Luiza 2
Jd Maria Do Carmo 2
Jd Rosa Maria-Jd Ângela –Zs 2
Jd Sarah 2
Jd Uirapuru 2
Taboão Da Serra 2
Vila Antonia 2
Vila Nova Esperança-Jaraguá-Zn 2
Vila Tiradentes 2
Diadema 1
Embu 1
Ferreira 1
Jd Bandeirantes 1
Jd Monte Belo 1
Jd Novo Educandario 1
Jd Previdencia 1
Jd Ruble 1
Jd Santa Esmeralda 1
Jd Umarizal-C.Limpo-Zs 1
Pq Assunção 1
Real Parque-Morumbi-Zs 1
Vila Amaralina 1
Vila Borges 1
Vila Dalva 1
Vila Operaria 1
Vila Pazini 1
Total
453
Anexo 153
Anexo II – CID 10- Capitulo XI – Doenças do Aparelho Digestivo
K00- Distúrbios de Desenvolvimento e
erupção dos dentes
Exclui dentes inclusos e impactados(K01.0)
K00.0 – Anodontia,
Hipodontia
Oligodontia
K00.1 – Dente Supra Numerários
Dentes suplementares,
Disto Molar,
Mesiodens,
Paramolar,
Quarto Molar
K00.2 – Anomalias do tamanho e
forma dos dentes
Concrescência, Fusão, Germinação Dentária
Dens in Dente
Dente em forma de: Cavilha(Cônico),
evaginoso,invaginado
Enameloma
Macrodontia, Microdontia
Pérolas de esmalte,Taurodontismo
Tubérculo paramolar
Exclui: tubérculo de Carebelli, que é considerado
uma
variação normal e não deve ser codificado.
K00.3 – Dentes Manchados
Esmalte manchado, Fluorose Dentária
Manchas do esmalte não associadas á fluorose
exclui: depósitos nos dentes(K03.6)
K00.4 – Distúrbio de Formação dos Dentes
Aplasia e hipoplasia do cemento
Dente hipoplásico de Turner
Deslocamento de germe dentário
Dilaceração dos dentes
Hipoplasia do esmalte(neo, pós e pré-natal)
Odontodisplasia regional
Exclui: dentes de Hutchinson e molares em forma
de amora devido a sífilis congênita(A50.5) e
dentes manchados (K00.3).
K00.5 – Anomalias hereditárias da estrutura
dental,
não classificadas em outras partes
Amelogênese Imperfeita, Dentinogênese
Imperfeita,
Odontogênese Imperfeita, Dente em concha
Displasia de dentina
K00.6 – Distúrbios de Erupção Dentária
Dente: natal, neonatal, precose
Erupção prematura dos dentes
Queda prematura dos dentes temporários
(decíduos)
Retenção dentária(dentes temporários
persistentes)
K00.7 – Síndrome da Erupção Dentária
K00.8 – Outros Distúrbios de
Desenvolvimento
dos Dentes
Alteração da cor durante a formação dos dentes
Manchas intrínsecas dos dentes
K00.9 – Distúrbios Não Especificado do
Desenvolvimento Dentário
Distúrbio da odontogênese SOE
K01 Dentes Inclusos e Impactados
Exclui: dentes inclusos e impactados com
posição anormal
dos próprios dentes ou dos adjascentes(07.3)
K01.0 – Dentes Inclusos
dente que não irrompeu sem que tenha havido
obstrução por outro dentes
K01.1 – Dentes Impactados
É um dente que não irrompeu em virtude de
ter havido obstrução por outro dente.
K0.2 – Cárie Dentária
K02.0 – Cáries Limitadas ao Esmalte
K02.2 – Cárie do Cemento
K02.3 – Cáries Dentárias Estáveis
K02.4 – Odontoclasia
Melanodontia Infantil
Melanodontoclasia
K02.8 – Outras Cáries
K02.9 – Cáries Dentárias Sem Outra
Especificação
K03 – Outras Doenças dos Tecidos Dentários
Duros
Exclui: bruxismo(F45.8), Cárie dentária(K02)
Ranger de dentesSOE(F45.8)
Anexo 154
Anexo II – CID 10- Capitulo XI - Doenças do Aparelho Digestivo (Continuação)
K03.0 – Atrito Dentário Excessivo
Desgaste (Fisiológico): Oclusal ,
proximal
K03.1 – Abrasão Dentária
Abrasão: Habitual
Por Dentrifício:
Ocupacional, Ritual, Tradicional
Defeito CuneiformeSOE
K03.2 – Erosão Dentária
SOE, devida a:
Dieta, drogas e medicamentos
vômitos persistentes
Idiopática
Ocupacional
K03.3 – Rebsorção Patológica dos
Dentes
Granuloma interno da polpa
Reabsorção Dentária(externa)
K03.4 – Hipercementose
Hiperplasia do cemento
K03.5 – Ancilose Dentária
K03.6 – Depósitos nos Dentes
Depósito dentário (de):
Alaranjado,matéria alba,negro
por betel, tabaco, verde
Tártaro (dentário):Subgengival,
supragengival,
Manchas nos dentes: SOE, extrínseca
SOE
K03.7 – Alteração Pós Eruptiva da Cor
dos Dentes
Exclui: depósitos nos dentes(K03.6)
K03.9 – Doenças dos Tecidos dos
Dentes, Não Especificada
Dentina Sensível
Esmalte irradiado
K04 – Doenças da Polpa e tecidos
Periapicais
K04.0 – Pulpite
Abscesso, Pólipo
Pulpite:Aguda, crônica(hiperplásica ou
ulcerativa), supurativa
K04.1 –Nnecrose pulpar
Gangrena da Polpa
K04.2 – Degeneração Pulpar
Calcificação, Cálculos, Dentículos
K04.3 – Formação Anormal dos Tecidos Duros
Pulpares
Dentina Secundária ou Irregular
K04.4 – Periodontite Apical Aguda de Origem
Pulpar
Periodontite apical aguda SOE
K04.5 – Periodontite Apical Crônica
Granuloma Apical ou periapical
Periodontite apical SOE
K04.6 – Abscesso Periapical com fístula
Abscesso : Dentário, Dento Alveolar
K04.7 – Abscesso Periapical sem Fístula
Abscesso: Dentário, Dento Alveolar, Periapical
K04.8 – Cisto Radicular
Cisto: Apical(Periodontal), Periapical, Radicular
Residual
Exclui: Cisto Periodontal Lateral (K09.0)
Exclui: Cisto Periodontal Lateral (K09.0)
K04.9 – Outras Doenças da polpa e Tecidos
Periapicais e as não Especificada
K05
– Gengivites e Doenças Periodontais
K05.0 – Gengivite Aguda
Exclui: gengivite ulcerativa necrosante aguda (
A
69.1)
Gengivoestomatite herpética(herpes simples) (B00.2)
K05.1 – Gengivite Crônica
SOE, Descamativa, Hiperplásica
Marginal simples, ulcerativa
K05.2 – Periodontite Aguda
Abscesso: parodontal, periodontal
Pericoronarite Aguda
Exclui: Abscesso periapical (K04.7)
com fístula (K04.6), periodontite apical aguda (K04.4)
Anexo 155
Anexo II – CID 10- Capitulo XI - Doenças do Aparelho Digestivo (Continuação)
K05.3
Periodontite Crônica
Pericoronarite crônica
Periodontite : SOE, Complexa, Simples
K05.4 – Periodontose
Periodontose Juvenil
K05.6 – Doenças Periodontais sem Outra Especificação
K06 – Outros Transtornos da Gengiva e
Rebordo Alveolar sem Dentes
Exclui: atrofia do rebordo alveolar sem dentes(K08.2)
Gengivite: SOE(K05.1), Aguda (K05.0), Crônica (K05.1)
K06.0 – Retração Gengival
Retração Gengival
(generalizada) (localizada) (pós infecciosa) (pós operatória)
K06.1 – Hiperplasia Gengival
Fibromatose gengival
K06.2 – Lesões da Gengiva e Rebordo Alveolar sem
dentes,
associadas a traumatismos
Hiperplasia irritativa do rebordo alveolar [ devido a
dentadura]
Use código adicional de causa externa (Capítulo XX),
se necessário, para identificar a causa.
K06.8 – Outros Transtornos Específicos da Gengiva
e Rebordo Alveolar sem Dentes
Epúlide (de): Células gigantes, Fibroso
Granuloma: Gengival piogênico, Periférico de células
gigantes
Rebordo Gengival Flutuante
K06.9 – Transtornos da Gengiva e Rebordo Alveolar
sem Dentes,
sem Outra Especificação
K07 – Anomalias Dento Faciais (inclusive maloclusão)
Exclui: atrofia ou hipertrofia hemifacial (Q67.4)
Hiperplasia ou hipoplasia condilar unilateral (K 10.8)
K07.0- Anomalias Import. do Tamanho da Mandíbula
Hiperplasia ou Hipoplasia: Mandibular, Maxilar
Macrognatismo (Mandibular) (Maxilar)
Micrognatismo (Mandibular) (Maxilar)
Exclui: acromegalia (E22.0), Síndrome de Robin (Q87.0)
K07.1 – Anomalias da relação entre Mandíbula e Base
do Crânio
Assimetria da Mandíbula, Prognatismo da (Mandíbula)
(Maxila), Retrognatismo da (Mandíbula) (Maxila)
K07.2
A
nomalias da Relação entre as
Arcadas Dentárias
Anteposição (Horizontal), Superposição
(Vertical)
Desvio da arcada dentária (para fora da linha
média)
Disto Oclusão, Mésio Oclusão
Mordida: Aberta(anterior) (posterior), Cruzada
(ant.) (post)
Oclusão Lingual posterior dos dentes inferiores
Sobremordida : Horizontal, Profunda, Vertical
Transpasse horizontal ou “ overjet”
K07.3 – Anomalias de Posição dos Dentes
Apinhamento, Deslocamento, Diastema
Espaçamento Normal, Luxação, Rotação
Transposição
Dentes Inclusos ou impactados com posição
anormal
de tais dentes ou dos adjascentes
Exclui: dentes inclusos ou impactados sem que
haja
anormalidade de posição (K 01.-)
K07.4 – Má Oclusão, não especificada
K07.5 – Anormalidades Dento Faciais
Funcionais
Fechamento anormal dos maxilares
Má oclusão devida a: Deglutição anormal,
Hábitos labiais,
linguais ou chupar os dedos, Respiração pela
boca
Exclui: bruxismo (F45.8), Ranger dos dentes
SOE (F45.8)
K07.6 – Transtornos de ArticulaçãoTemporo
Mandibular (ATM)
Desarranjo da ATM, Mandíbula Estalante,
Síndrome ou Complexo de Costen
Síndrome da Dor e disfunção da ATM
Exclui: deslocamento (S03.0), Luxação (S03.4)
K07.8 – Anomalia Dento Facial sem outra
especificação
K08
– Outros Transtornos dos Dentes e de
suas Estruturas de Sustentação
K08.0 – Esfoliação dos Dentes devida a
Causas Sistêmicas
K08.1 – Perda dos Dentes devido a Acidente,
extração ou Doenças Periodontais
Localizadas
K08.2 – Atrofia do Rebordo Alveolar sem
Dentes
K08.3 – Raiz Dentária Retida
K08.8 – Outros transtornos especificados
dos dentes e das estruturas de sustentação
Dor de dente SOE, Hipertrofia do rebordo
alveolar OE, Irregularidade do processo alveolar
Odontalgia SOE
K08.9 – Transtornos dos Dentes e suas
Estruturas de Sustentação, sem outra
Especificaçã
Anexo 156
Anexo III – Processo Aprovado da Pesquisa no Comitê de Ética em Pesquisa
da PMSP.(pg.1)
Anexo 157
Anexo III – Processo Aprovado da Pesquisa no Comitê de Ética em Pesquisa
da PMSP.(pg.2)
Anexo 158
Anexo IV – Lista Padronizada de Material de Consumo (Medicamentos)
oferecidos para a Assistência à Saúde Bucal na urgência no PSCVN – ano
2006.(pág.1).
Anexo 159
Anexo IV – Lista Padronizada de Material de Consumo (Medicamentos)
oferecidos para a Assistência à Saúde Bucal na urgência no PSCVN – ano
2006.(pág.2).
Anexo 160
Anexo IV – Lista Padronizada de Material de Consumo (Medicamentos)
oferecidos para a Assistência à Saúde Bucal na urgência no PSCVN – ano
2006.(pág.3).
Anexo 161
Anexo V – Lista padronizada de Instrumental de Odontologia, PS CVN, ano
2006.(pág.1)
Anexo 162
Anexo V – Lista padronizada de Instrumental de Odontologia, PS CVN, ano
2006(pág.2)
Anexo 163
Anexo VI – Dados coletados diretamente dos BEs sobre encaminhamentos
referenciados no PSCVN, nos meses estudados, ano 2006.
Unidade Referenciada Março Junho Julho Novembro
Nível Secundário De Atenção - Especialidades
Buco Maxilo – Hosp. Universitário – Usp/Sp 0 1 2 3
Clínica – Hospital Clínicas Hc/Usp 0 6 1
Clínica – Hospital Universitário -Hu 0 0 3 2
Centro Especializado Em Assist. Á
Ortodontia – Universidade Cruzeiro do SUL
- UNICSUL
0 0 5 15
Centro De Dor - – Hosp. Clínicas – HC/USP 0 0 2 0
Cirurgia Oral Menor – HU USP 0 0 0 0
CR Dst Butantã/Pmsp 0 1 0 0
PS Lapa 0 1 3 0
Nível De Atenção Primária – Unidade Básica De Saúde
Cs Vila Borges 0 1 0 0
Cs Vila Sonia 0 1 0 1
Ubs - Jd D´Abril 0 0 0 2
Ubs - São Jorge 0 0 0 1
Ubs Jaqueline 0 0 1 1
Ubs Malta Cardoso 0 1 0 2
Ubs Paulo Vi 0 1 5 0
Ubs Vila Borges 0 0 1 1
Ubs Jd. Boa Vista 0 1 1 1
Outros 0 0 0 1
Total 0 14 20 30
Anexo 164
Anexo VII – Lista de Produção de Consultas de Saúde Bucal pelas USs do SUS
regionalizado do Butantã, ano 2006 .
Fonte: Interlocução de Saúde Bucal/SUVIS BT
SUVIS Butantã - Interlocução de Saúde Bucal - Março 2006
Unidades 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Butantã
Jd.
Jaqueline
Vila
Borges
Vila
Sonia
Boa
Vista
São
Jorge
Real
Parque
Malta
Cardoso
Paulo
VI
Rio
Pequeno
Jd.
D'Abril
Vila
Dalva
Total
Total de pacientes
agendados
542 239 363 304 327 146 164 120 55
Total de
atendimentos de
urgência
121 41 44 90 43 10 111 15 6
Total de faltas no
agendamento
127 28 53 73 27 104 16 10
Total de
atendimentos
536 252 359 341 357 129 171 119 51
SUVIS Butantã - Interlocução de Saúde Bucal - Junho 2006
Unidades 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Butantã
Jd.
Jaqueline
Vila
Borges
Vila
Sonia
Boa
Vista
São
Jorge
Real
Parque
Malta
Cardoso
Paulo
VI
Rio
Pequeno
Jd.
D'Abril
Vila
Dalva
Total
Total de pacientes
agendados
531 245 357 272 128 277 358 162 148 132
Total de
atendimentos de
urgência
139 34 47 69 14 105 32 23 12 12
Total de faltas no
agendamento
59 28 14 58 33 59 78 26 15 3
Total de
atendimentos
451 251 299 283 109 323 312 159 145 141
SUVIS Butantã - Interlocução de Saúde Bucal - Julho 2006
Unidades 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Butantã
Jd.
Jaqueline
Vila
Borges
Vila
Sonia
Boa
Vista
São
Jorge
Real
Parque
Malta
Cardoso
Paulo
VI
Rio
Pequeno
Jd.
D'Abril
Vila
Dalva
Total
Total de pacientes
agendados
566 298 255 247 299 305 625 220 118 128 82
Total de
atendimentos de
urgência
79 47 43 71 32 72 14 35 12 12 17
Total de faltas no
agendamento
136 75 23 51 58 118 61 75 10 12 2
Total de
atendimentos
505 270 275 267 273 259 578 180 120 128 97
SUVIS Butantã - Interlocução de Saúde Bucal - Novembro 2006
Unidades 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Butantã
Jd.
Jaqueline
Vila
Borges
Vila
Sonia
Boa
Vista
São
Jorge
Real
Parque
Malta
Cardoso
Paulo
VI
Rio
Pequeno
Jd.
D'Abril
Vila
Dalva
Total
Total de pacientes
agendados
409 99 208 271 136 218 266 204 131 138 148 126 2354
Total de
atendimentos de
urgência
55 28 31 57 27 21 20 56 1 18 15 4 333
Total de faltas no
agendamento
90 20 23 51 6 61 42 32 38 17 13 50 443
Total de
atendimentos
374 107 216 277 157 178 244 228 94 139 150 80 2244
Livros Grátis
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