mesmo correndo o risco de ser a citação antididática pela extensão do texto, mas o fiz
intencionalmente, pois os elementos explicitados aqui são de pouca ou quase nenhuma
preocupação, quando discutimos o Tema Gerador em nossas escolas. Assim:
1. “É Freire quem realiza o invento conceitual dos TEMAS
GERADORES
46
.
2. Assim como Pistrak, Freire refere-se aos ‘temas’, desde a
etimologia grega de ‘théma’, como o assunto a ser tratado.
3. Tanto Freire, quanto Pistrak, elegem os ‘temas’, advindos da
vida concreta dos sujeitos, como a centralidade do processo
educativo, porque ambos se utilizam do mesmo paradigma
epistemológico, qual seja, o dialético, que supõe partir da
prática, teorizar sobre ela e voltar à prática para transformá-
la.
4. Pistrak trabalha com ‘temas’ da atualidade, para que os
alunos ‘compreendam’ esta atualidade. Esta categoria,
priorizada por Pistrak, refere-se à realidade da União
Soviética, logo após a Revolução de outubro (1917), onde o
que buscavam era a construção de uma nova sociedade e de
um homem novo. Logo, existia uma relativa hegemonia
revolucionária nas representações temáticas que, da
sociedade, faziam os sujeitos.
5. Freire lera Freyer e pensara os ‘temas’ desde sua
contextualização nas unidades epocais históricas. Contudo,
ao contrário de Pistrak, Freire estava produzindo a partir de
sociedades estruturalmente desiguais e conjunturalmente
dependentes (Brasil e Chile). Por essa situação, precisou
colocar, no âmago dos ‘temas’, a categoria da contradição.
Os ‘temas’ de Freire não podiam referir-se à atualidade de
Pistrak (mais ou menos hegemônica), tinham de vir
marcados pela luta de concepções que classes antagônicas
produzem. Ou seja, eram ‘temas classistas – Classes
populares’.
6. Afora as diferenças conjunturais, Freire, tanto quanto
Pistrak, propõem que se parta da realidade de vida dos
alunos e dos temas que a impregnam, entendendo que esta
realidade reflete e produz a prática social geral. Por isso a
temática não pode ficar particularizada a um grupo social,
mas estar sempre referida às relações que tem com os temas
históricos do contexto societário global.
7. Freire e Pistrak realizam, através dos ‘temas’, a aplicação
didática do método dialético. Estabelecem critérios para a
educação (institucionalizada ou não), que promovem uma
ruptura epistemológica com a educação livresca, autoritária
e academicista. Tais critérios advêm do plano social – e não
do meramente pedagógico – e para ele retornam.
8.
Se Freire agrega aos ‘temas’ a conotação de ‘geradores’, por
estar pensando e fazendo alfabetização de adultos e, por
46
Destaque da autora.