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ASPECTOS BIOECOLÓGICOS, DANO E
CONTROLE BIOLÓGICO DO ÁCARO-
VERMELHO, Oligonychus ilicis (McGREGOR,
1917) (ACARI: TETRANYCHIDAE) EM
CAFEEIRO
RENATO ANDRÉ FRANCO
2007
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Ficha Catalográfica Preparada pela Divisão de Processos Técnicos da
Biblioteca Central da UFLA
Franco, Renato André
Aspectos bioecológicos, dano e controle biológico do ácaro-vermelho,
Oligonychus ilicis (McGregor, 1917) (Acari: Tetranychidae) em cafeeiro / Renato
André Franco.
-- Lavras : UFLA, 2007.
84 p. : il.
Orientador: Paulo Rebelles Reis.
Dissertação (Mestrado) – UFLA.
Bibliografia.
1. Café. 2. Ácaro. 3. Controle biológico. I. Universidade Federal de
Lavras. II. Título.
CDD-633.73996
-633.7396542
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RENATO ANDRÉ FRANCO
ASPECTOS BIOECOLÓGICOS, DANO E CONTROLE BIOLÓGICO
DO ÁCARO-VERMELHO, Oligonychus ilicis (McGREGOR, 1917)
(ACARI: TETRANYCHIDAE) EM CAFEEIRO
Dissertação apresentada à Universidade Federal de
Lavras como parte das exigências do Programa de
Pós-graduação em Agronomia/Entomologia, área
de concentração em Entomologia Agrícola, para a
obtenção do título de "Mestre".
Orientador
Prof. Dr. Paulo Rebelles Reis
LAVRAS
MINAS GERAIS - BRASIL
2007
RENATO ANDRÉ FRANCO
ASPECTOS BIOECOLÓGICOS, DANO E CONTROLE BIOLÓGICO
DO ÁCARO-VERMELHO, Oligonychus ilicis (McGREGOR, 1917)
(ACARI: TETRANYCHIDAE) EM CAFEEIRO
Dissertação apresentada à Universidade Federal
de Lavras como parte das exigências do Curso de
Mestrado em Agronomia/Entomologia, área de
concentração em Entomologia Agrícola, para a
obtenção do título de “Mestre”.
APROVADA em 27 de fevereiro de 2007
Dr. Mauricio Sergio Zacarias Embrapa Café
Prof. Dr. Jair Campos de Moraes UFLA
Prof. Dr. Paulo Rebelles Reis
EPAMIG/EcoCentro
(Orientador)
LAVRAS
MINAS GERAIS - BRASIL
Aos meus pais, Genésio Franco e Vitória Serafim Franco que, com amor e
dedicação, me ensinaram e apoiaram em todos os momentos. Amo vocês.
À minha querida esposa, Tereza Cristina de Paula Chaves Franco, pelo amor e
carinho dedicado todos os dias, pela ajuda, compreensão e incentivos nos
momentos mais difíceis. Muito obrigado, meu amor.
...e a você, meu filho, André Vitor Chaves Franco que, com um sorriso, ilumina
o meu dia e me faz o homem mais feliz.
Com todo amor e carinho
DEDICO...
...Aos meus irmãos, Cláudio, Paulo e Valéria; minhas cunhadas,
Betinha, Cíntia, Rachele, Raiane e Sabrina; meus cunhados, Márcio,
Rodrigo e Washington; às minhas sobrinhas, Alice, Caroline, Larissa,
Luiza e Isabela, pelo amor e alegria,
aos meus sogros, Pedro e Sonia, por todo apoio e tudo que têm feito por
nós, agradeço e
OFEREÇO.
AGRADECIMENTOS
À Universidade Federal de Lavras (UFLA), pela oportunidade
concedida.
À
Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG -
CTSM/EcoCentro), pela oportunidade e infra-estrutura concedida para a
realização deste trabalhos.
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(CNPq), pela concessão da bolsa de estudo.
Ao professor Dr. Paulo Rebelles Reis, pela orientação, pelos
ensinamentos, incentivos, amizade, calma e dedicação, durante todo o curso.
Ao amigo Dr. Mauricio Sergio Zacarias, pelo aprendizado, pelas horas
de conversa, incentivo e apoio em momentos importantes.
Aos professores do Departamento de Entomologia (DEN), pela amizade
e conhecimentos transmitidos.
Ao Márcio e ao Daniel, pela amizade e auxílio na condução dos
trabalhos práticos.
Aos amigos estagiários, alunos de mestrado e doutorado, funcionários e
pesquisadores da EPAMIG com quem convivi durante o curso, pela amizade,
aprendizado e momentos de descontração.
Ao colega João Paulo e a professora Dra. Ângela Maria Soares, pelo
imenso apoio, ajuda e conhecimentos transmitidos no experimento desenvolvido
no Departamento de Biologia/Fisiologia Vegetal.
Aos colegas de Mestrado do Departamento de Ciências Exatas,
Anderson e Ademária, pela ajuda nas análises dos experimentos.
A todos que, direta ou indiretamente, colaboraram para a realização
deste trabalho
.
SUMÁRIO
RESUMO..............................................................................................................i
ABSTRACT.........................................................................................................ii
1 INTRODUÇÃO GERAL ................................................................................1
2 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.........................................................13
ARTIGO 1. Levantamento Populacional de Oligonychus ilicis (McGregor,
1917) (Acari: Tetranychidae) em Cafeeiro e Fitoseídeos a ele Associados........14
RESUMO. ......................................................................................................15
ABSTRACT...................................................................................................16
1 INTRODUÇÃO...........................................................................................17
2 MATERIAL E MÉTODOS.........................................................................19
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................21
4 AGRADECIMENTOS................................................................................30
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................38
ARTIGO 2. Potencial de Predação de Três Espécies de Fitoseídeos Sobre
Oligonychus ilicis (McGregor, 1917) (Acari: Tetranychidae)............................36
RESUMO. ......................................................................................................37
ABSTRACT...................................................................................................38
1 INTRODUÇÃO...........................................................................................39
2 MATERIAL E MÉTODOS.........................................................................41
Criação de manutenção dos ácaros ............................................................41
Potencial predatório ...................................................................................42
Critérios utilizados na avaliação dos experimentos ...................................42
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................43
4 CONCLUSÕES...........................................................................................50
5 AGRADECIMENTOS................................................................................50
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................50
ARTIGO 3. Influência da Teia de Oligonychus ilicis (McGregor) na Proteção
Contra Ácaros Predadores (Acari: Tetranychidae, Phytoseiidae).......................55
ABSTRACT...................................................................................................56
RESUMO .......................................................................................................57
MATERIAL E MÉTODOS............................................................................60
Criação de manutenção dos ácaros. ...........................................................61
Influência da teia........................................................................................61
Critérios utilizados na avaliação dos experimentos. ..................................61
RESULTADOS E DISCUSSÃO ...................................................................62
AGRADECIMENTOS...................................................................................66
REFERÊNCIAS.............................................................................................67
ARTIGO 4. Influência da Infestação de Oligonychus ilicis (McGregor, 1917)
(Acari: Tetranychidae) Sobre a Taxa de Fotossíntese Potencial de Folhas de
Cafeeiro...............................................................................................................70
RESUMO .......................................................................................................71
ABSTRACT...................................................................................................72
INTRODUÇÃO..............................................................................................73
MATERIAL E MÉTODOS............................................................................75
Criação de manutenção de O. ilicis............................................................75
Critérios utilizados na avaliação dos experimentos ...................................76
Determinação da fotossíntese potencial.....................................................76
RESULTADOS E DISCUSSÃO ...................................................................77
CONCLUSÕES..............................................................................................80
AGRADECIMENTOS...................................................................................80
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...........................................................80
CONSIDERAÇÕES GERAIS........................................................................84
i
RESUMO
FRANCO, Renato André. Aspectos bioecológicos, dano e controle biológico
do ácaro-vermelho, Oligonychus ilicis (McGregor, 1917) (Acari:
Tetranychidae) em cafeeiro. 84p. Dissertação (Mestrado em Entomologia) -
Universidade Federal de Lavras, Lavras, MG.
*
O ácaro Oligonychus ilicis (McGregor) vive na superfície superior das
folhas de cafeeiros (Coffea spp.), onde tece teia, favorecendo aderência de
poeira, detritos e exúvias, dando às folhas aspecto de sujeira. Devido ao seu
hábito alimentar, as folhas perdem o brilho, tornando-se bronzeadas. Iphiseiodes
zuluagai Denmark & Muma, 1972, Amblyseius herbicolus (Chant, 1959) e
Euseius citrifolius Denmark & Muma, 1970 (Acari: Phytoseiidae) são ácaros
predadores freqüentemente associados ao O. ilicis, em cafeeiro. Neste trabalho,
objetivou-se quantificar os danos causados por O. ilicis em cafeeiro (Coffea
arabica L.), por meio de variáveis fisiológicas, dinâmica populacional e controle
biológico por ácaros predadores. O levantamento populacional de O. ilicis e
fitoseídeos a ele associados foi realizado em um talhão de 1,3 hectare, na
fazenda experimental da EPAMIG, em Lavras, MG. O potencial de predação das
três espécies de fitoseídeos citadas e a influência da teia tecida por O. ilicis na
proteção contra esses ácaros predadores foram verificados, em laboratório, por
meio de bioensaios em arenas confeccionadas com folhas de cafeeiro. Por
último, quantificou-se o efeito do ataque de O. ilicis na eficiência
fotossintetizadora do cafeeiro infestado com esse ácaro. Concluiu-se que: O.
ilicis ocorre o ano todo, em especial nos períodos secos; está associado a ácaros
predadores pertencentes à família Phytoseiidae de ocorrência natural e produz
teia que o protege contra os predadores e causa redução na taxa de fotossíntese
das folhas. O uso do controle biológico, do ponto de vista conservacionista e o
aumento dos predadores como tática possibilitarão o manejo da praga com maior
eficiência e menor impacto ambiental.
*
Comitê de Orientação: Dr. Paulo Rebelles Reis – EPAMIG/EcoCentro
(orientador) e Dr. Mauricio Sergio Zacarias – Embrapa Café (co-orientador).
ii
ABSTRACT
FRANCO, Renato André. Bioecological aspects, damage and biological
control of the coffee red spider mite, Oligonychus ilicis (McGregor, 1917)
(Acari: Tetranychidae) on coffee plant. 84p. Dissertation (Master's degree in
Entomology) - Universidade Federal de Lavras, Lavras, MG.
*
The spider mite Oligonychus ilicis (McGregor) lives in the coffee plants
(Coffea spp.) leaves superior surface, where spins web favoring the adherence of
dust, debris and exuviae, giving to the leaves a dirt aspect. Due to its feeding
behavior, leaves lose shine becoming tan. Iphiseiodes zuluagai Denmark &
Muma, 1972, Amblyseius herbicolus (Chant, 1959) and Euseius citrifolius
Denmark & Muma, 1970 (Acari: Phytoseiidae) are predatory mites frequently
associated to the O. ilicis in coffee plants. This work was intended to quantify
the damage caused by O. ilicis in coffee plants (Coffea arabica L.) through
physiologic variables, population dynamics and biological control. Population
dynamics of O. ilicis and its associated phytoseiid were accomplished in a 1.3 ha
coffee field, at Experimental Station of EPAMIG, Lavras, MG, Brazil. The
predation potential of the above mentioned phytoseiid species and the influence
of the web spinning by O. ilicis in the protection against predation was verified
in laboratory, through bioassays in arenas made with coffee plant leaves. Finally,
the effect of O. ilicis attack was quantified by the photosynthetic efficiency of
coffee plants infested with that mite. The conclusions about O. ilicis are: they
occur the whole year, especially in the dry periods; are associated with natural
occurring predatory mites of the family Phytoseiidae; produce web that protects
them against predators and cause reduction of the photosynthesis tax. The use of
biological control in a conservationist point of view and the predators increase as
tactics will make possible this pest management with larger efficiency and
smaller environmental impact.
*
Guindance Commitee: Dr. Paulo Rebelles Reis – EPAMIG/EcoCentro
(Adviser) and Dr. Mauricio Sergio Zacarias – Embrapa Café (Co-adviser).
1
1 INTRODUÇÃO GERAL
O cafeeiro pertence à família botânica Rubiaceae, composta por,
aproximadamente, 500 gêneros e mais de 6.000 espécies, sendo o gênero Coffea
o mais importante, economicamente. Deste, apenas duas espécies, originadas de
diferentes regiões da África, compõem o mercado mundial de café: Coffea
arabica L. (café Arábica), que representa 70% da produção mundial e Coffea
canephora Pierre & Froehner (café Robusta ou Conillon) (International..., 2006).
A cultura do café reveste-se de grande importância, principalmente para
o Brasil, que é o maior produtor e exportador e o segundo maior consumidor de
café do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos da América do Norte. Na safra
de 2006/2007, o Brasil foi responsável por 36% da produção mundial de ca
(Agrianual, 2007). Além da importância econômica, ressalta-se a importância
social desta cultura que gera milhões de empregos ao longo de toda sua a cadeia
produtiva.
No Brasil, a produção do café Arábica, na safra de 2006/2007,
representa 77,6% (33 milhões de sacas beneficiadas). Deste total, o estado de
Minas Gerais participa com 66,5% (21,96 milhões de sacas), dos quais
aproximadamente 55% (12 milhões de sacas) foram produzidas nas regiões Sul e
Centro-Oeste, que são as principais regiões cafeicultoras do país (Conab, 2007).
Tendo em vista a importância da cultura para Minas Gerais, os estudos
fitossanitários são imprescindíveis, considerando que este é um problema
enfrentado pelos cafeicultores todos os anos. Assim, muitos estudos vêm sendo
realizados, principalmente no Sul de Minas, para se obter melhores índices de
produção, menores desequilíbrios biológicos, maior sustentabilidade da
produção e controle mais eficiente de pragas e doenças que infestam a cultura
cafeeira.
2
Geralmente, podem ocorrer três espécies de ácaros-praga em cafeeiros: o
ácaro-vermelho Oligonychus ilicis (McGregor, 1917) (Tetranychidae), o ácaro
da mancha-anular Brevipalpus phoenicis (Geijskes, 1939) (Tenuipalpidae) e o
ácaro-branco Polyphagotarsonemus latus (Banks, 1904) (Tarsonemidae) (Reis et
al., 2002). No Brasil, a primeira referência ao O. ilicis atacando cafeeiro C.
arabica, foi no estado de São Paulo, em 1950, embora sendo referido como
Paratetranychus ununguis Jacobi, 1905, juntamente com B. phoenicis (Amaral,
1951; A Infestação..., 1951). Embora não seja considerado como praga-chave
para a cultura do cafeeiro, o ácaro O. ilicis já foi referido como a segunda praga
em importância para o cafeeiro Conillon (C. canephora), no estado do Espírito
Santo (Instituto..., 1985), que tem se mostrado mais sensível ao ácaro que o
Arábica. Matiello et al. (1999) observaram que o ataque de O. ilicis foi cinco a
seis vezes superior em Conillon, em relação ao cafeeiro Arábica, cultivar Catuaí.
Em seu desenvolvimento, o ácaro-vermelho passa pelas fases de ovo,
larva, ninfa (protoninfa e deutoninfa) e adulto (macho e fêmea). Os ovos são
achatados dorso-ventralmente e, quando vistos por cima, apresentam formato
arredondado e com um pedúnculo saindo da parte superior. A viabilidade dos
ovos provenientes de fêmeas não acasaladas foi de 87,1, sendo superior para as
fêmeas acasaladas (Reis et al., 1997). As larvas são hexápodes, as ninfas e os
adultos são octópodes; essas as fases ativas do ácaro e eles se alimentam
intensamente (Calza & Sauer, 1952; Reis et al., 1997). As fases de protoninfa,
deutoninfa e adulta são precedidas de uma fase de inatividade denominada
quiescente, na qual o ácaro permanece imóvel e não se alimenta, recebendo os
nomes de protocrisálida, deutocrisálida e teleiocrisálida, respectivamente
(Flechtmann, 1989; Reis et al., 1997).
Segundo Calza & Sauer (1952), o período embrionário de O. ilicis varia
de 6 a 10 dias, dependendo da temperatura, sendo mais rápida em temperaturas
mais altas. Reis et al. (1997) observaram um período embrionário médio de 5,5
3
dias, a 25 ± 2ºC, 70 ± 10% de UR e 14 horas de fotofase. A fase de larva teve
duração de 1,6 dia e a fase que a sucede, denominada de ninfa, a duração de 4,6
dias.
O tempo médio de desenvolvimento de ovo a adulto, observado por
Calza & Sauer (1952), foi de 14 dias, a 23,4ºC; por Heinrich (1972) foi de 16,3
dias, a 24,2ºC e por Reis et al. (1997), de 12 dias, a 25ºC.
A longevidade das fêmeas é de 12 dias e dos machos 11 dias, resultando
em um ciclo de vida em torno de 24 e 23 dias, respectivamente (Reis et al.,
1997). Estes autores observaram também que cada fêmea colocou, em média, 22
ovos durante seu período de postura, com média de 2,9 ovos/fêmea/dia,
semelhante aos resultados de Heinrich (1972) e Oliveira (1984). A capacidade
inata de crescimento (r
m
) foi de 0,149 fêmeas/fêmea/dia.
Vivem na face superior das folhas que, quando atacadas apresentam-se
recobertas por uma delicada teia, tecida pelos próprios ácaros (Flechtmann,
1989; Heinrich, 1972). Esse emaranhado de teia se acentua quanto maior for a
densidade populacional do ácaro (Calza & Sauer, 1952), embora, para ácaros do
gênero Oligonychus, os fios que compõem a teia sejam mais dispersos
(Gutierrez & Helle, 1985). A produção de teia por ácaros é importante em vários
aspectos. Entre eles, pode-se citar a proteção contra os inimigos naturais. Ácaros
predadores generalistas, pertencentes à família Phytoseiidae, ficam presos nas
teias, tendendo a evitá-las (McMurtry et al., 1970). Mas, nem sempre, esta
proteção é observada e, sim, uma maior eficiência no controle por predadores
(McMurtry & Croft, 1997). Além dessa função, às teias aderem detritos, poeira,
e exúvias dos ácaros, provenientes do processo de ecdise, após os estádios
quiescentes, dando às folhas um aspecto de sujeira.
Para se alimentar, perfuram as células da epiderme foliar e absorvem o
conteúdo celular extravasado. Em conseqüência, as folhas perdem o brilho
natural e tornam-se bronzeadas, havendo redução da área foliar de fotossíntese,
4
resultando em prejuízo ao desenvolvimento das plantas e à produção do café
(Costa et al., 2003; Fahl, et al., 2006; Reis, 2005; Reis & Souza, 1986). No
entanto, os dados referentes à redução da eficiência fotossintetizadora ainda não
foram devidamente quantificados e sua determinação constitui um fator
importante na definição de qualquer estratégia de controle.
Por viverem na superfície superior das folhas, estes ácaros estão mais
sujeitos ao controle físico exercido pelas chuvas, uma vez que, em época
chuvosa, desaparecem quase que totalmente (Flechtmann, 1989; Reis & Souza,
1986). Comumente, este ácaro encontra-se em equilíbrio devido ao clima e à
presença de inimigos naturais na cultura do cafeeiro e em vegetações adjacentes.
Em cafeeiros, se destacam os ácaros predadores pertencentes à família
Phytoseiidae, entre os quais Iphiseiodes zuluagai Denmark & Muma, 1972,
Amblyseius herbicolus (Chant, 1959), Euseius alatus DeLeon, 1966 e Euseius
citrifolius Denmark & Muma, 1970 (Mendonça et al., 1999; Mineiro et al.,
2001; Pallini Filho et al., 1992; Reis et al., 2000a) e que pertencem à família de
ácaros predadores de ácaros-praga mais importante e estudada (McMurtry &
Croft, 1997). Até 2004, eram conhecidas, em todo o mundo, cerca de 2.250
espécies de fitoseídeos, distribuídas em quase 70 gêneros, das quais 144 espécies
de 25 gêneros já foram relatadas, até aquele ano, no Brasil (Moraes et al., 2004).
Dessa forma, o levantamento populacional de O. ilicis e os fitoseídeos a
ele associados permitem o conhecimento da época de ocorrência e da
distribuição dos ácaros na planta, possibilitando, assim, o controle da praga com
maior eficiência, economia nos custos de produção e menor impacto ambiental.
O controle biológico de ácaros fitófagos por fitoseídeos tem sido
estudado nos últimos anos, podendo ser encontrados, na literatura, diversos
exemplos do uso desses predadores no controle de ácaros-praga no mundo.
Atualmente, existem empresas especializadas na criação e na comercialização de
ácaros predadores, localizados principalmente em países da Europa.
5
No Brasil, já foram realizados trabalhos com ácaros da família
Phytoseiidae, no controle de pragas, em algumas culturas. Em cafeeiros, Reis
(2004b) estudou o potencial de predação de alguns ácaros desta família sobre B.
phoenicis, evidenciando sua importância no controle da praga.
Assim, o conhecimento da atividade predatória de I. zuluagai, E.
citrifolius e A. herbicolus, encontrados naturalmente em cafeeiro, sobre O. ilicis
e o efeito da teia tecida por este ácaro na proteção contra a predação por ácaros
predadores é importante, a fim de se preservá-los por meio de um programa de
manejo ecológico.
Os fitoseídeos passam pelas fases de ovo, larva, ninfa (protoninfa e
deutoninfa) e adulto. Reis (1996) e Reis et al. (1998) estudaram a biologia de I.
zuluagai alimentado com pólen de mamoneira (Ricinus communis L.), em
condições de laboratório, de 25 ± 2ºC, 70 ± 10% de UR e 14 horas de fotofase.
Verificaram que a duração média do período embrionário foi de 1,25 dia, tendo
87% das larvas eclodido entre 0,5 a 2 dias. Os períodos pós-embrionários, para
fêmeas e machos, apresentaram durações médias (em dias) de: larva 1,0 e 0,88;
protoninfa 2,0 e 1,65 e deutoninfa 1,8 e 1,6. A duração média do período de ovo
a adulto e a longevidade para fêmeas foram de 6,0 e 22,74 dias e, para machos,
de 5,0 e 7,64 dias, respectivamente. Estes resultados são semelhantes aos obtidos
por Yamamoto & Gravena (1996), para a mesma espécie de ácaro.
Os aspectos biológicos de E. citrifolius já foram estudados por diversos
autores. Segundo Moreira & Gravena (1991), o período embrionário deste ácaro
foi de 2,2 dias, a 24 ± 1ºC, 70 ± 10% de UR, 12 horas de fotofase e alimentado
com pólen de mamoneira. Já Furtado & Moraes (1998), utilizando a mesma
fonte de alimento, constataram que esse período foi de 1,5 dia, a 25 ± 1ºC, 85 ±
5% de UR e 12 horas de fotofase. Verificaram também que as durações das fases
de larva, protoninfa, deutoninfa e o período de ovo adulto foram de 1,3; 1,5; 1,5
e 5,8 dias, respectivamente. Resultado semelhante foi obtido por Moreira &
6
Gravena (1991) que também encontraram uma proporção sexual de 1,3 fêmea
para 1 macho e longevidade de 7,8 dias para macho e 27,5 dias para fêmea,
longevidade que diferiu da encontrada por Furtado & Moraes (1998), que foi de
18,7 dias para fêmea.
A biologia de A. herbicolus foi estudada por Teodoro & Reis (2000), a
25 ± 2ºC, 70 ± 10% de UR e 14 horas de fotofase, tendo como alimento fases
imaturas de B. phoenicis. Observaram um período embrionário médio de 1,5 dia
e 100% de viabilidade dos ovos. As durações das fases de larva, protoninfa e
deutoninfa, em dias, foram, respectivamente, de 1,2; 1,0 e 1,3. O período médio
de ovo adulto foi de 6,9 dias e a longevidade, de 37,9 dias. Não foi constatada a
presença de machos para essa espécie, caracterizando partenogênese telítoca.
Populações de ácaros fitófagos são freqüentemente mantidas em baixos
níveis por vários inimigos naturais, dentre os quais merecem destaque os ácaros
predadores pertencentes à família Phytoseiidae. Mendonça et al. (1999), Mineiro
et al. (2001), Pallini Filho et al. (1992), Reis et al. (2000a), Ribeiro et al. (2003)
e Spongoski et al. (2005) citaram diversas espécies de ácaros predadores
(fitoseídeos) associados ao cafeeiro, com relativa abundância em seus estudos.
Entretanto, o controle químico ainda é o método mais utilizado no manejo das
pragas e doenças do cafeeiro. Mas, o uso de certos defensivos tem causado
considerável aumento populacional do ácaro-vermelho, o que pode estar
acarretando danos à cultura. Paulini et al. (1975), Reis et al. (1974) e Reis &
Teodoro (2000) demonstraram que fungicidas cúpricos, utilizados para o
controle da ferrugem-do-cafeeiro (Hemileia vastatrix Berk. et Br.), têm causado
aumento populacional deste ácaro. Outros defensivos que vêm apresentando o
mesmo efeito são alguns piretróides utilizados para o controle do bicho-mineiro
(Leucoptera coffeella (Guérin-Mèneville, 1842) (Lepidoptera: Lyonetiidae) (D’
Antonio et al., 1980 e 1981; Ferreira et al., 1980; Oliveira, 1999 e 2000; Paulini
7
et al., 1980)). Há suspeitas de que os neonicotinóides possam também estar
influenciando o aumento populacional de O. ilicis (Reis, 2004a e 2005).
A preservação e o aumento desses ácaros predadores são importantes
para a viabilidade do manejo integrado dos ácaros-praga e, para isso o uso, se
necessário, de produtos fitossanitários não deve causar efeito negativo à
acarofauna benéfica, ou seja, a preferência deve ser pela utilização de produtos
seletivos. A importância deste tipo de estudo foi demonstrada por Pallini Filho et
al. (1991) que observaram aumento populacional dos ácaros fitófagos
pertencentes à família Tenuipalpidae (15 vezes) e Tarsonemidae (274 vezes),
devido à diminuição populacional dos fitoseídeos (7 vezes) em cafeeiros tratados
com produto não seletivo.
Em levantamento da diversidade de ácaros predadores em áreas de
vegetação nativa adjacentes a plantios de cafeeiros e em agroecossistemas
cafeeiros na região Sul de Minas, estado de Minas Gerais, Silva et al. (2006)
verificaram a presença de várias espécies de ácaros fitoseídeos que foram
comuns às matas e ao cafeeiro, evidenciando a importância que plantas de
remanescentes florestais têm como hospedeiro para inimigos naturais.
8
2 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
A INFESTAÇÃO de ácaros nos cafezais. O Biológico, São Paulo, v.17, n.7,
p.130, jul 1951.
AMARAL, J.F. do. O ácaro dos cafezais. Boletim da Superintendência dos
Serviços do Café, São Paulo, v.26, n.296, p.846-848, 1951.
AGRIANUAL: Anuário da agricultura brasileira. São Paulo: FNP, Mercado &
perspectivas, 2007, p.215-232, 2007.
CALZA, R.; SAUER, H.F.G. A aranha vermelha dos cafezais. O Biológico, São
Paulo, v.18, n.12, p.201-208, dez. 1952.
CONAB – Site da Companhia Nacional de Abastecimento. Apresenta
informações estatísticas sobre a safra da cultura do café no Brasil. Disponível
em: <http://www.conab.gov.br/download/Safra/Safracafe.pdf>. Acesso em 17
fev. 2007.
COSTA, J.N.M.; GAMA, F.C.; GARCIA, A.; TEIXEIRA, C.A.D.; SILVA,
D.A. da; COSTA, R.S.C. da. Efeitos da aplicação de piretróides e oxicloreto de
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14
ARTIGO 1
Levantamento populacional de Oligonychus ilicis (McGregor, 1917) (Acari:
Tetranychidae) em cafeeiro e fitoseídeos a ele associados
(Preparado de acordo com as normas da revista “Coffee Science”)
RENATO ANDRÉ FRANCO
1
PAULO REBELLES REIS
2
MAURICIO SERGIO ZACARIAS
3
BERNARDO FALQUETO ALTOÉ
4
MARÇAL PEDRO NETO
1
1
Departamento de Entomologia, Universidade Federal de Lavras, Caixa Postal 3037, CEP 37200-
000, Lavras, MG.
2
EPAMIG-CTSM/EcoCentro, Caixa Postal 176, CEP 37200-000, Lavras, MG.
3
Embrapa Café, Caixa Postal 176, CEP 37200-000, Lavras, MG.
4
Acadêmico de Agronomia, Universidade Federal de Lavras, Caixa Postal 3037, CEP 37200-000,
Lavras, MG.
15
LEVANTAMENTO POPULACIONAL DE Oligonychus ilicis
(McGREGOR, 1917) (ACARI: TETRANYCHIDAE) EM CAFEEIRO E
FITOSEÍDEOS A ELE ASSOCIADOS
Renato André Franco
1
, Paulo Rebelles Reis
2
, Mauricio Sergio Zacarias
3
,
Bernardo Falqueto Altoé
4
, Marçal Pedro Neto
5
RESUMO: Oligonychus ilicis (McGregor, 1917) é considerado um dos
principais ácaros fitófagos do cafeeiro (Coffea spp.). Embora não seja
considerado praga-chave, já foi referido como a segunda, em importância, para o
cafeeiro Conillon, Coffea canephora Pierre & Froehner. Comumente, encontra-
se em equilíbrio, provavelmente devido à presença de inimigos naturais, entre
eles ácaros predadores pertencentes à família Phytoseiidae, presentes na cultura
e na vegetação adjacente. Este trabalho teve como objetivs realizar o
levantamento populacional de O. ilicis, durante os meses do ano, dos fitoseídeos
a ele associados, bem como da distribuição espacial desses ácaros no cafeeiro.
Os estudos foram conduzidos em cafezal de 1,3 ha, localizado na Fazenda
Experimental da EPAMIG, em Lavras, MG. Foram amostradas, quinzenalmente,
folhas dos terços superior, médio e inferior de 10 plantas, aleatoriamente, sendo
cinco de cada lado da planta. As folhas avaliadas foram retiradas do terceiro ou
quarto par, a partir da extremidade do ramo. O ácaro O. ilicis ocorreu ao longo
de todo o período, sendo encontrado maior número de ovos que das fases pós-
embrionárias. O número de ovos nas partes média e inferior foi maior em
relação à parte superior. Os períodos de maior ocorrência de O. ilicis,
coincidiram com a época de precipitações baixas. Foram encontradas, a ele
associadas, cinco espécies de ácaros fitoseídeos: Iphiseiodes zuluagai Denmark
& Muma, 1972, Amblyseius herbicolus (Chant, 1959), Euseius citrifolius
Denmark & Muma, 1970, Euseius concordis (Chant, 1959) e Euseius alatus
DeLeon, 1966. I. zuluagai foi o mais abundante, representando 72,4% dos
fitoseídeos coletados e ocorreu durante todo período estudado.
Palavras-chave: Distribuição espacial, ácaro-vermelho do cafeeiro, Iphiseiodes
zuluagai, Phytoseiidae, Coffea arabica.
1
Mestrando em Entomologia, Universidade Federal de Lavras/UFLA - Bolsista do CNPq -
2
EPAMIG-CTSM/EcoCentro - Cx. P. 176 - 37200-000 - Lavras/MG - Pesquisador do CNPq
3
Embrapa Café - Cx. P. 176 - 37200-000 - Lavras/MG
4
Acadêmico de Agronomia /UFLA, Bolsista do. Consórcio CBP&D/Ca
5
Doutorando em Entomologia, Universidade Federal de Lavras/UFLA - Bolsista da FAPEMIG.
16
POPULATION DYNAMICS OF Oligonychus ilicis (McGregor, 1917)
(ACARI: TETRANYCHIDAE) IN COFFEE PLANTS AND THEIR
ASSOCIATED PHYTOSEIIDS
ABSTRACT: Oligonychus ilicis (McGregor, 1917) is considered one of the
main phytophagous mites of coffee plants (Coffea spp.). Although not
considered as principal, was already referred as the second in importance for the
Conillon coffee plant, Coffea canephora Pierre & Froehner. Commonly is in
balance, probably due to natural enemies' presence, among them mite predators
belonging to the family Phytoseiidae, in the culture and adjacent vegetation.
This work had as objectives to achieve the O. ilicis population dynamics through
the months of the year, the fitoseiids associated, plus the spatial distribution of
those mites in the coffee plant. Studies were carried in a 1.3 ha coffee field
located at the Experimental Station of EPAMIG, Lavras-MG. Biweekly leaves
of the thirds superior, medium and inferior of 10 plants, were randomly sampled,
five of each plant side. The appraised leaves were removed from the third or
fourth pair starting from the branch extremity. O. ilicis occurred along the whole
period, being found in larger number of eggs than post-embryonic phases.
Number of eggs in the medium and inferior parts was larger relatively to the
superior. The periods of larger occurrence of O. ilicis, coincided with the low
precipitations time. Five species of phytoseiid mites were found in its
association: Iphiseiodes zuluagai Denmark & Muma, 1972, Amblyseius
herbicolus (Chant, 1959), Euseius citrifolius Denmark & Muma, 1970, Euseius
concordis (Chant, 1959) and Euseius alatus DeLeon, 1966. I. zuluagai was the
more abundant, representing 72.4% of the phytoseiids collected and occurred
during all the studied period.
Key words: Spacial distribution, coffee red spider mite, Iphiseiodes zuluagai,
Phytoseiidae, Coffea arabica.
17
1 INTRODUÇÃO
A cultura do cafeeiro reveste-se de grande importância econômica e
social, principalmente para o Brasil. Contudo, essa cultura é afetada, todos os
anos, por diversos problemas fitossanitários. Entre eles, insetos e ácaros podem
causar perdas na produção, reduzir a qualidade do café erequerem altos gastos
com insumos para o seu controle. Assim, muitos estudos vêm sendo realizados
para se obter melhores índices de produção, menores desequilíbrios biológicos,
maior sustentabilidade da produção e controle mais eficiente de pragas e
doenças que infestam esta cultura.
Segundo Reis et al. (2002), geralmente, podem ocorrer três espécies de
ácaros-praga em cafeeiros: o ácaro-vermelho Oligonychus ilicis (McGregor,
1917) (Acari: Tetranychidae), o ácaro da mancha-anular Brevipalpus phoenicis
(Geijskes, 1939) (Acari: Tenuipalpidae) e o ácaro-branco Polyphagotarsonemus
latus (Banks, 1904) (Acari: Tarsonemidae). A espécie O. ilicis foi descrita, pela
primeira vez, na Carolina do Sul, EUA, atacando azevim ou azevinho americano
(Ilex opaca, Ait.), em 1917 e, posteriormente, foi encontrada atacando plátano. É
considerado praga de coníferas, azaléia, camélia e nogueira nos EUA; de chá,
arroz, loureiro e azevinho, no Japão e diversas outras culturas (Jeppson et al.,
1975). Sua origem é, provavelmente, a região do extremo leste dos EUA
(Pritchard & Baker, 1955).
No Brasil, sua primeira referência atacando cafeeiro Arábica (Coffea
arabica L.), foi no estado de São Paulo em 1950, embora referido como
Paratetranychus ununguis Jacobi, 1905, juntamente com B. phoenicis (Amaral,
1951; A Infestação..., 1951). O ácaro-vermelho é um dos principais ácaros
fitófagos do cafeeiro, embora não seja considerado como praga-chave. Já foi
referido como a segunda praga em importância para o Conillon (Coffea
canephora Pierre & Froehner) no estado do Espírito Santo (Instituto..., 1985).
18
Vive na face superior das folhas, que, quando atacadas, apresentam-se
recobertas por uma delicada teia, tecida pelos próprios ácaros, à qual aderem
detritos, poeira e suas exúvias, dando às folhas um aspecto de sujeira. Para se
alimentar, principalmente na página superior das folhas, perfuram as células e
absorvem parte do conteúdo celular. Em conseqüência, as folhas perdem o
brilho natural, tornam-se bronzeadas, havendo redução da área foliar de
fotossíntese. O ataque ocorre, geralmente, em reboleiras, porém, se as condições
forem favoráveis ao ácaro e o controle não for feito no início da infestação,
poderá atingir toda a lavoura. Períodos de seca, com estiagem prolongada, são
condições propícias à proliferação do ácaro, podendo causar desfolha das plantas
e lavouras em formação podem ter seu desenvolvimento retardado (Reis &
Souza, 1986; Reis, 2005).
Esses problemas podem ser agravados pelo uso de alguns produtos
fitossanitários que têm causado considerável aumento populacional do ácaro-
vermelho, uma vez que o controle químico ainda é o método mais utilizado no
manejo das pragas e doenças do cafeeiro (D’ Antonio et al., 1980 e 1981;
Ferreira et al., 1980; Oliveira 1999 e 2000; Paulini et al., 1975 e 1980; Reis 2004
e 2005; Reis et al., 1974; Reis & Teodoro, 2000).
Comumente, este ácaro encontra-se em equilíbrio, provavelmente,
devido às condições climáticas e aos inimigos naturais presentes na cultura do
cafeeiro e em vegetações adjacentes. Em cafeeiros se destacam os ácaros
predadores pertencentes à família Phytoseiidae, entre os quais Iphiseiodes
zuluagai Denmark & Muma, 1972; Amblyseius herbicolus (Chant, 1959);
Euseius alatus DeLeon, 1966 e Euseius citrifolius Denmark & Muma, 1970
(Pallini Filho et al., 1992; Mendonça et al., 1999; Mineiro et al., 2001; Reis et
al., 2000) e que pertencem à família de ácaros predadores de ácaros-praga mais
importante e estudada (McMurtry & Croft, 1997).
19
Pallini Filho et al. (1992) realizaram levantamento populacional de
espécies de ácaros associadas ao cafeeiro, em duas áreas da região Sul de Minas,
estado de Minas Gerais. Estes autores observaram grande número de ácaros da
família Phytoseiidae, tendo esta apresentado maior número de espécies de ácaros
predadores. Constataram também a presença de O. ilicis nos dois locais de
estudo, mas sempre em níveis inferiores a B. phoenicis. O contrário foi
verificado por Mendonça et al. (1999), em levantamento realizado em Machado,
Sul de Minas,em que O. ilicis teve maior ocorrência. Já em Atibaia, estado de
São Paulo, Mineiro et al. (2001) verificaram que 35% dos ácaros coletados em
cafeeiro eram do gênero Oligonychus.
Dessa forma, neste trabalho, o objetivo foi conhecer a variação
populacional do ácaro O. ilicis em cafeeiro (C. arabica), durante os meses do
ano, dos fitoseídeos a ele associados e da distribuição desses ácaros na planta.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O levantamento populacional foi realizado em um talhão de 1,3 ha de
cafeeiro (Coffea arabica L.), variedade Mundo Novo, com 15 anos de idade,
plantada com espaçamento 3,5 x 0,80m, na Fazenda Experimental de Lavras
FELA/EPAMIG, município de Lavras, Minas Gerais, na latitude 21°45’S,
longitude 45°00’W e altitude de 920m, isento de tratamento fitossanitário.
Foram feitos levantamentos quinzenais, com início na segunda quinzena
de agosto de 2005 e término na primeira quinzena de agosto de 2006,
amostrando-se 10 plantas ao acaso. Cada planta foi dividida, em relação à altura,
em três partes iguais (terço superior, médio e inferior), de onde foram coletadas
10 folhas de cada parte, sendo cinco de cada lado da linha de plantio, totalizando
30 folhas por planta. O delineamento experimental foi o inteiramente
casualizado, em esquema de parcelas subdivididas no tempo. As folhas retiradas
20
foram aquelas do terceiro ou quarto par, a partir da extremidade do ramo. Estas
foram acondicionadas em sacos plásticos devidamente identificados e mantidas
em caixa de isopor contendo bolsas com gel à base de celulose vegetal
congelado (Gelox
®
), até serem transportadas para o Laboratório de Acarologia
do Centro Tecnológico do Sul de Minas, (CTSM) e Centro de Pesquisa em
Manejo Ecológico de Pragas e Doenças de Plantas, (EcoCentro), da Empresa de
Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais, (EPAMIG), no Campus da UFLA, em
Lavras, MG, onde foram avaliadas separadamente, sob microscópio
estereoscópico, com aumento de 10 a 40 vezes.
Foram contadas todas as fases do desenvolvimento do ácaro O. ilicis,
ovos, imaturos (larvas + ninfas), adultos (fêmeas e machos), o número de folhas
que continham qualquer uma dessas fases, assim como o número de ácaros
predadores, por espécie, em cada planta. Os ácaros coletados foram identificados
até o nível de espécie, por meio de montagem em lâminas de microscopia em
meio de Hoyer (Flechtmann, 1989).
Os dados meteorológicos do período do levantamento populacional
foram obtidos na estação meteorológica situada no Campus da UFLA, distante
cerca de 1.000 metros do cafezal, em linha reta.
Para avaliar os níveis populacionais em cada parte da planta (terço
superior, médio e inferior), os dados originais foram transformados em log
e
x +
10 e submetidos aos testes de normalidade de Shapiro-Wilk e homogeneidade de
variâncias de Bartlett, pelo programa estatístico R (R Development Core Team,
2006). Em seguida, os valores obtidos foram submetidos à análise de variância,
por meio do programa estatístico Sisvar (Ferreira, 2000). O teste de Scott-Knott,
a 5% de significância, foi utilizado para a comparação das médias entre si.
21
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A ocorrência de O. ilicis foi observada ao longo de todo o período
estudado, tendo sido encontrado em 9,2% das folhas e em 41,9% das plantas
observadas, com média de 0,7 ácaros/folha, variando de 0,03 a 3,0 ácaros/folha.
A densidade populacional de O. ilicis, na parte superior da planta,
apresentou-se baixa por, praticamente, todo o período estudado, ocorrendo um
pequeno pico no final do levantamento, em agosto de 2006 (média de 1,6 O.
ilicis/folha). Na parte média, encontrava-se em pleno pico populacional no início
do levantamento, em agosto de 2005 (média de 2,3 O. ilicis/folha). Após drástica
queda nas coletas seguintes, sua população manteve-se em níveis baixos,
ocorrendo novo incremento no final do período estudado, julho/agosto de 2006
(média de 3,9 O. ilicis/folha). Já na parte inferior, a população também se
encontrava em pleno pico em agosto de 2005, com média de 4,2 O. ilicis/folha e,
posteriormente, reduziu-se a zero a população de ácaro-vermelho em dezembro
de 2005. Após este período, em janeiro de 2006, iniciou-se, gradativamente, a
recuperação, com novo pico em agosto de 2006 (média de 3,6 O. ilicis/folha).
Os períodos de menor ocorrência de O. ilicis coincidiram com a época
de maior precipitação pluviométrica (Figura 1), O que está relacionado com o
fato de esta espécie viver na superfície superior das folhas, ficando mais sujeita à
ação das chuvas (Pallini Filho, 1991). Segundo Gutierrez & Helle (1985),
algumas espécies de tetraniquídeos, durante o processo evolutivo, adquiriram
maior facilidade de viver na página inferior da folha e isto estaria relacionado
com o tipo de ambulacro (parte distal do tarso) e com a capacidade de tecer
grande quantidade de teia.
O. ilicis tem a capacidade de produzir teia sobre a superfície foliar em
que vivem (Heinrich, 1972) e esse emaranhado de teia se acentua com o
aumento da densidade populacional do ácaro (Calza & Sauer, 1952), embora,
22
para ácaros do gênero Oligonychus, os fios que compõem a teia sejam mais
dispersos (Gutierrez & Helle, 1985). Portanto, por habitarem a superfície
superior das folhas, tecerem teia com fios dispersos e apresentarem tarso com
menor capacidade de fixação, tornam o ácaro-vermelho do cafeeiro mais sujeito
ao efeito físico da chuva.
Resultados semelhantes, no que diz respeito à ocorrência de queda na
população de O. ilicis em época de alta precipitação pluviométrica, também
foram observados por Pallini Filho (1991), em cafeeiros em Machado, na região
Sul de Minas Minas Gerais, em trabalho desenvolvido no período de abril de
1989 a março de 1990.
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0
5
10
15
20
25
30
35
15/08
1/09
15/09
3/10
17/10
1/11
16/11
1/12
15/12
2/01
16/01
1/02
15/02
1/03
16/03
3/04
17/04
2/05
15/05
2/06
14/06
4/07
17/07
1/08
Datas das amostragens
Temperatura (°C)
Máxima Mínima Média
0
2
4
6
8
10
12
14
16
15/08
1/09
15/09
3/10
17/10
1/11
16/11
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15/12
2/01
16/01
1/02
15/02
1/03
16/03
3/04
17/04
2/05
15/05
2/06
14/06
4/07
17/07
1/08
Datas das amostragens
Precipitação (mm) r
0
20
40
60
80
100
Umidade relativa (%)
Precipitação pluviométrica Umidade relativa do ar
0
100
200
300
400
500
15/08
1/09
15/09
3/10
17/10
1/11
16/11
1/12
15/12
2/01
16/01
1/02
15/02
1/03
16/03
3/04
17/04
2/05
15/05
2/06
14/06
4/07
17/07
1/08
Datas das amostragens
Nº de O. ilicis/100 folhas
Superior Médio Inferior Inferior Médio Superior
Figura 1 - Distribuição de O. ilicis em cafeeiro, durante o ano, em função da
posição da folha na planta (terços superior, médio e inferior) e das condições
climáticas entre agosto de 2005 e agosto de 2006. Lavras, Minas Gerais.
24
Na avaliação da distribuição dos ovos de O. ilicis nas diferentes partes
da planta de café, pôde-se constatar que as folhas coletadas nas partes média e
inferior apresentaram maior número de ovos em relação à parte superior.
Considerando-se as fases pós-embrionárias do ácaro-vermelho (larva,
protoninfa, deutoninfa e adulto), constatouse que não houve diferença
significativa entre as diferentes partes da planta (Tabela 1). Este resultado difere
do obtido por Mineiro et al. (2001), em cafeeiro localizado em Atibaia, estado de
São Paulo, na qual verificaram a ocorrência de ácaros do gênero Oligonychus
em maior número no terço inferior, representando cerca de 42% dos ácaros
encontrados, não fazendo, entretanto, referência à fase de ovo isoladamente.
Resultados semelhantes, no que diz respeito à não ocorrência de diferença
significativa entre os estratos da planta foram encontrados por Gouvea et al.
(2006), para o ácaro Oligonychus yothersi (McGregor,1914) (Acari:
Tetranychidae), em erva-mate (Ilex paraguariensis St. Hil.), no município de
Dois Vizinhos, estado do Paraná.
Tabela 1 – Número (Média ± EP) de ovos e fases pós-embrionárias de O. ilicis,
por folha de cafeeiro, em diferentes locais da planta, no período de 15/08/2005 a
01/08/2006. Lavras, MG.
Altura na
planta
Total de folhas
observadas
Ovos
Fases pós-
embrionárias
1
CV (%)
Superior 2400 26,4 ± 10,3 bA 7,4 ± 3,8 aB 28,3
Médio 2400 53,2 ± 14,7 aA 12,4 ± 3,4 aB 26,7
Inferior 2400 83,9 ± 18,2 aA 18,8 ± 5,0 aB 29,3
CV (%) 29,2 27,1
Médias seguidas de mesmas letras minúsculas nas colunas e maiúsculas nas
linhas não diferem estatisticamente entre si, a 5% de significância, pelo teste de
Scott-Knott (Ferreira, 2000).
1
Fases pós-embrionárias: larvas, protoninfas, deutoninfas e adultos.
Na parte superior, o número de ovos foi significativamente maior que o
das fases pós-embrionárias do ácaro, embora tenha ocorrido em níveis baixos
25
em, praticamente, todo o período, apresentando um pico no último mês estudado
(Tabela 1 e Figura 2A). As fases pós-embrionárias, nesta parte da planta,
mantiveram-se em níveis populacionais baixos durante o período avaliado
(Figura 2A).
O número de ovos na parte média da planta também foi superior ao
número de ácaros (Tabela 1). No início do levantamento, a quantidade de ovos
era relativamente alta (média de 1,7 ovo/folha), passando, posteriormente, por
um período de queda. Manteve-se em níveis baixos a maior parte do ano e quase
dobrou, em relação ao primeiro pico, em agosto de 2006 (média de 3,3
ovos/folha). As fases pós-embrionárias apresentaram um pequeno pico
populacional em agosto de 2005 e 2006, com média de 0,6 e 0,6 ácaros/folha,
respectivamente. Nas demais datas pouco ocorreram (Figura 2B).
Na parte inferior, o número de ovos também foi superior aos das outras
fases do ácaro (Tabela 1). Os ovos encontravam-se em pleno pico, em agosto de
2005, com média de 3,2 ovos/folha. Após drástica queda, chegou ao nível mais
baixo em dezembro e, a partir daí, o número de ovos começou aumentar
gradativamente, com novo pico em agosto de 2006, quando foram encontrados,
em média, 2,8 ovos/folha. O número de ácaros, nas outras fases, na parte inferior
da planta, foi semelhante em relação ao ocorrido com os ácaros na parte média
da planta, com as médias dos picos iguais a 1,0 e 0,8 ácaros/folha (Figura 2C).
Com relação à ocorrência de maior número de ovos em folhas,
Lorenzato et al. (1986) também observaram que, em macieira (Malus domestica
Bork), o número de ovos de Panonychus ulmi (Koch, 1836) (Acari:
Tetranychidae) também era maior que o das formas móveis.
26
A - Terço superior
0
50
100
150
200
15/08
1/09
15/09
3/10
17/10
1/11
16/11
1/12
15/12
2/01
16/01
1/02
15/02
1/03
16/03
3/04
17/04
2/05
15/05
2/06
14/06
4/07
17/07
1/08
Datas das amostragens
Nº de O. ilicis/100 folhas
Ovos Fases Pós-embrionárias Ovos Fases Pós-embrionárias
B - Terço médio
0
100
200
300
400
15/08
1/09
15/09
3/10
17/10
1/11
16/11
1/12
15/12
2/01
16/01
1/02
15/02
1/03
16/03
3/04
17/04
2/05
15/05
2/06
14/06
4/07
17/07
1/08
Datas das amostragens
Nº de O. ilicis/100 folhas
Ovos Fases Pós-embrionárias Ovos Fases Pós-embrionárias
C - Terço inferior
0
100
200
300
400
15/08
1/09
15/09
3/10
17/10
1/11
16/11
1/12
15/12
2/01
16/01
1/02
15/02
1/03
16/03
3/04
17/04
2/05
15/05
2/06
14/06
4/07
17/07
1/08
Datas das amostragens
Nº de O. ilicis/100 folhas
Ovos Fases Pós-embrionárias Ovos Fases Pós-embrionárias
Figura 2 - Distribuição de ácaros O. ilicis em cafeeiro, durante o ano, em função
da posição da folha na planta e das condições climática, entre agosto de 2005 e
agosto de 2006. Lavras, Minas Gerais.
27
Foram encontradas, associadas aos cafeeiros, cinco espécies de ácaros
predadores, pertencentes à família Phytoseiidae, Iphiseiodes zuluagai Denmark
& Muma, 1972; Amblyseius herbicolus (Chant, 1959); Euseius citrifolius
Denmark & Muma, 1970; Euseius concordis (Chant, 1959) e Euseius alatus
DeLeon, 1966 (Tabela 2). Estas espécies de predadores também foram
encontradas em outros levantamentos realizados em cafeeiros (C. arabica) no
Sul de Minas Gerais, podendo-se citar os trabalhos desenvolvidos por Pallini
Filho et al. (1992), nos municípios de Lavras e Machado, por Mendonça et al.
(1999), em Machado e por Reis et al. (2000b), em Ijaci. Em levantamento da
diversidade de ácaros predadores em áreas de vegetação nativa adjacentes a
plantios de cafeeiros e em agroecossistemas cafeeiros do Sul de Minas Minas
Gerais, Silva et al. (2006) verificaram que as mesmas espécies de predadores
encontradas neste trabalho foram comuns às matas e ao cafeeiro, evidenciando a
importância que plantas de remanescentes florestais têm como hospedeiro para
inimigos naturais. As quatro últimas espécies mencionadas não foram
encontradas em todas as amostragens, portanto, foram agrupadas como “outras
espécies” para efeito de discussão. Os fitoseídeos foram encontrados em 64,2%
dos cafeeiros amostrados.
Tabela 2 – Porcentagem de ocorrência de ácaros predadores, pertencentes à
família Phytoseiidae, em cafeeiro, de 15/08/2005 a 01/08/2006. Lavras, MG.
Altura na planta onde foram coletados
Espécies de ácaros
Superior Médio Inferior
Iphiseiodes zuluagai 76,91 73,14 67,23
Amblyseius herbicolus 5,54 6,09 16,81
Euseius citrifolius 7,85 4,51 2,94
Euseius concordis 0,00 4,97 5,67
Euseius alatus 1,39 0,90 0,63
Fases imaturas 8,31 10,38 6,72
28
No início do levantamento, agosto a outubro de 2005, o número de
fitoseídeos encontrava-se em pleno pico populacional, nas três diferentes alturas
da planta, ocorrendo uma queda nos meses seguintes, mantendo-se em níveis
baixos até o final do período estudado (Figura 3). O período de queda das
populações de ácaros predadores, outubro-novembro de 2005, coincide com o
início dos níveis mais baixos da população de O. ilicis e a ocorrência de chuvas
e temperaturas elevadas (Figura 1 e 3).
Gouvea et al. (2006) comentam que o período mais favorável ao
desenvolvimento de ácaros fitoseídeos em plantas de erva-mate está relacionado
com a elevada população do ácaro fitófago Dichopelmus notus Keifer (Acari:
Eriophyidae) e com menor precipitação. Lorenzato et al. (1986) verificaram, em
pomares de maçã (Malus domestica Bork), no Rio Grande do Sul, que os
maiores níveis populacionais de fitoseídeos coincidiram com a queda dos
maiores níveis populacionais de P. ulmi e demais ácaros fitófagos. Mineiro
(2006) relata que a população de E. concordis acompanha a flutuação
populacional de B. phoenicis, em cafeeiros, nos municípios de Jeriquara e Garça,
no estado de São Paulo. Na cultura do café, em Machado, Sul de Minas, Pallini
Filho (1991) encontrou maiores níveis de fitoseídeos em época de precipitações
baixas, coincidindo também com o período de maior ocorrência de O. ilicis
nesta cultura. No município de Lavras, MG, o período de maior ocorrência de I.
zuluagai em citros (Citrus sinensis Osbeck) também coincidiu com o período de
baixa precipitação pluviométrica (Reis et al., 2000a). Ferla & Moraes (1998)
relataram que os picos populacionais dos ácaros fitoseídeos, em pomares de
maçã (Prunus malus L.) no Rio Grande do Sul, foram maiores com a redução
dos níveis de precipitação pluviométrica.
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0
10
20
30
40
50
60
70
80
15/08
1/09
15/09
3/10
17/10
1/11
16/11
1/12
15/12
2/01
16/01
1/02
15/02
1/03
16/03
3/04
17/04
2/05
15/05
2/06
14/06
4/07
17/07
1/08
Datas das amostragens
Nº de predadores/100 folhas
Superior Médio Inferior Inferior Médio Superior
Figura 3 - Distribuição de ácaros predadores em cafeeiro, durante o ano, em
função da posição da folha na planta e das condições climáticas, entre agosto de
2005 e agosto de 2006. Lavras, Minas Gerais.
I. zuluagai foi o predador de maior ocorrência no período estudado,
tendo sido encontrado em todas as amostragens (Figura 4), representando 72,4%
dos fitoseídeos coletados. Esta espécie foi encontrada em 85,1% das plantas
observadas com ácaros predadores, com média de 4,1 ácaros/planta. Resultados
semelhantes, no que diz respeito à predominância de I. zuluagai, também foram
obtidos por Pallini Filho (1991), em cafeeiro e por Reis et al. (2000a) em citros
(C. sinensis), onde esta espécie representou, aproximadamente, 75% e 66% do
total dos fitoseídeos coletados, respectivamente, todos no município de Lavras,
MG. Estes resultados diferem dos obtidos por Reis et al. (2000b), nos quais I.
zuluagai não foi abundante, representando apenas 1,5% dos ácaros fitoseídeos
coletados em cafeeiros localizados em Ijaci, Sul de Minas Gerais.
Mesmo durante o período de menor ocorrência de ácaros predadores
(período chuvoso), verificou-se que I. zuluagai predominou em relação às outras
espécies (Figura 4).
30
0%
20%
40%
60%
80%
100%
15/08
1/09
15/09
3/10
17/10
1/11
16/11
1/12
15/12
2/01
16/01
1/02
15/02
1/03
16/03
3/04
17/04
2/05
15/05
2/06
14/06
4/07
17/07
1/08
Datas das amostragens
I. zuluagai Outros Imaturos
Figura 4 - Composição percentual de fitoseídeos em cafeeiro, de 15/08/2005 a
01/08/2006 em Lavras, MG.
O ácaro O. ilicis ocorre o ano todo, apresentando maior população na
época seca, quando a atenção para o seu controle deve ser acentuada. Isso,
principalmente, no que diz respeito ao uso de produtos fitossanitários de ação
ovicida, uma vez que o número de ovos é sempre maior que o de todas as fases
pós-embrionárias juntas.
Os fitoseídeos associados ao cafeeiro (C. arabica), no município de
Lavras, Minas Gerais, I. zuluagai, A. herbicolus, E. citrifolius, E. concordis e E.
alatus, por serem de ocorrência natural em cafeeiros, sugerem que a estratégia
da conservação e aumento dos ácaros predadores seja essencial à tática do
manejo integrado do ácaro-vermelho. Além disso, se necessário, devem ser
utilizados produtos fitossanitários daqueles que apresentem seletividade,
preservando, assim, esses predadores.
4 AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem ao Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (CNPq) e à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado
31
de Minas Gerais (FAPEMIG) pelas bolsas concedidas e ao Consórcio Brasileiro
de Pesquisa e Desenvolvimento do Café (CBP&D/Café), pelo suporte financeiro
e pela concessão de bolsa.
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36
ARTIGO 2
Potencial de Predação de Três Espécies de Fitoseídeos Sobre Oligonychus
ilicis (McGregor, 1917) (Acari: Tetranychidae)
(Preparado de acordo com as normas da revista “Coffee Science”)
RENATO ANDRÉ FRANCO
1
PAULO REBELLES REIS
2
MAURICIO SERGIO ZACARIAS
3
BERNARDO FALQUETO ALTOÉ
4
1
Departamento de Entomologia, Universidade Federal de Lavras, Caixa Postal 3037, CEP 37200-
000, Lavras, MG.
2
EPAMIG-CTSM/EcoCentro, Caixa Postal 176, CEP 37200-000, Lavras, MG.
3
Embrapa Café, Caixa Postal 176, CEP 37200-000, Lavras, MG.
4
Acadêmico de Agronomia, Universidade Federal de Lavras, Caixa Postal 3037, CEP 37200-000,
Lavras, MG.
37
POTENCIAL DE PREDAÇÃO DE TRÊS ESPÉCIES DE FITOSEÍDEOS
SOBRE Oligonychus ilicis (McGREGOR, 1917) (ACARI:
TETRANYCHIDAE)
Renato André Franco
1
, Paulo Rebelles Reis
2
, Mauricio Sergio Zacarias
3
,
Bernardo Falqueto Altoé
4
RESUMO: Dentre os organismos que atacam o cafeeiro (Coffea spp.),
destacam-se algumas espécies de ácaros que podem causar perdas na produção e
na qualidade do café. O ácaro Oligonychus ilicis (McGregor, 1917) (Acari:
Tetranychidae), também conhecido como ácaro-vermelho do cafeeiro, é um dos
principais ácaros fitófagos desta cultura. Ácaros pertencentes à família
Phytoseiidae são considerados os mais importantes e estudados dentre os ácaros
predadores. O objetivo deste trabalho foi avaliar o potencial de predação de
Iphiseiodes zuluagai Denmark & Muma, 1972; Euseius citrifolius Denmark &
Muma, 1970 e Amblyseius herbicolus (Chant, 1959) (Acari: Phytoseiidae) sobre
as diversas fases do desenvolvimento de O. ilicis. Para cada espécie de
fitoseídeo foram realizados quatro bioensaios, sendo um para cada fase do
desenvolvimento de O. ilicis (ovo, larva, ninfa e adulto). O delineamento
experimental foi o inteiramente casualizado, com cinco tratamentos: testemunha
sem predador, larva, ninfa e adulto: macho (exceto para A. herbicolus) e fêmea
do predador, com dez repetições. Cada repetição constou de uma arena (disco de
folha de cafeeiro, Coffea arabia L.), na qual foram colocados 25 ácaros O. ilicis
e um ácaro predador, em experimentos independentes. Após 24 horas, observou-
se que a fase de fêmea adulta dos predadores foi a mais eficiente na predação,
seguida pela fase de ninfa, macho e larva. Adultos de O. ilicis não foram
preferidos para a predação por todas as fases do desenvolvimento dos ácaros
predadores e as larvas foram as preferidas.
Palavras-chave: Phytoseiidae, controle biológico, Coffea arabica, ácaro-
vermelho do cafeeiro.
1
Mestrando em Entomologia, Universidade Federal de Lavras/UFLA - bolsista do CNPq -
2
EPAMIG-CTSM/EcoCentro - Cx. P. 176 - 37200-000 - Lavras/MG - Pesquisador do CNPq
3
Embrapa Café – Cx. P. 176 – 37200-000 – Lavras/MG
4
Acadêmico de Agronomia /UFLA, bolsista do Consórcio CBP&D/Café.
38
PREDATION POTENTIAL OF THREE SPECIES OF PHYTOSEIIDS ON
Oligonychus ilicis (McGREGOR, 1917) (ACARI: TETRANYCHIDAE)
ABSTRACT: Among the organisms that attack the coffee plant (Coffea spp.),
stands out some species of mites that can cause losses in the production and in
the coffee quality. The mite Oligonychus ilicis (McGregor, 1917) (Acari:
Tetranychidae), also known as coffee red spider mite, is one of the main
phytophagous mites of this culture. Mites belonging to the family Phytoseiidae
are considered the most important and studied among the predatory mites. The
objective of this work was to know the predation potential of Iphiseiodes
zuluagai Denmark & Muma, 1972; Euseius citrifolius Denmark & Muma, 1970
and Amblyseius herbicolus (Chant, 1959) (Acari: Phytoseiidae) on the several
developmental phases of O. ilicis. For each phytoseiid species, four bioassays
were carried, one for each developmental phase of O. ilicis (egg, larva, nymph
and adult). The experimental design was entirely at random with five treatments:
controls without predator, larva, nymph and adult: male (except for A.
herbicolus) and female of the predators, with ten repetitions. Each repetition
consisted of an arena (a disk of coffee plant leaf, Coffea arabica L.), where was
put 25 O. ilicis mites and a predatory mite, in independent experiments. After 24
hours, it was observed that the adult female of the predators was the most
efficient in the predation, followed by the nymph phase, male and larva. Adults
of O. ilicis were the less predated by all of the developmental phases of the
predatory mites and the larvae were the favorite ones.
Key words: Phytoseiidae, biological control, Coffea arabica, coffee red spider
mite.
39
1 INTRODUÇÃO
Dentre os organismos que atacam a cultura cafeeira, destacam-se
algumas espécies de ácaros que podem causar perdas na produção e na qualidade
do café. O ácaro Oligonychus ilicis (McGregor, 1917) (Acari: Tetranychidae),
também conhecido como ácaro-vermelho do cafeeiro, é um dos principais ácaros
fitófagos desta cultura. Embora não seja considerado como praga-chave para a
cultura do cafeeiro, este ácaro já foi referido como a segunda praga em
importância para o Conillon, Coffea canephora Pierre & Froehner, no estado do
Espírito Santo (Instituto..., 1985).
No Brasil, sua primeira referência atacando cafeeiro Arábica, Coffea
arabica L., foi no estado de São Paulo, em 1950, embora sendo referido como
Paratetranychus ununguis Jacobi, 1905, juntamente com Brevipalpus phoenicis
(Geijskes, 1939) (Acari: Tenuipalpidae) (A Infestação..., 1951; Amaral, 1951).
Segundo Moraes (1992), a principal cultura atacada por O. ilicis no Brasil é a do
cafeeiro.
Vive na face superior das folhas que, quando atacadas, apresentam-se
recobertas por uma delicada teia, tecida pelos próprios ácaros, onde aderem
detritos, poeira e suas exúvias, provenientes do processo de ecdise após os
estádios quiescentes, dando às folhas um aspecto de sujeira. Para se alimentar,
perfuram as células da epiderme e absorvem o conteúdo celular extravasado. Em
conseqüência, as folhas perdem o brilho natural, tornam-se bronzeadas, havendo
redução da área foliar de fotossíntese. O ataque ocorre, geralmente, em
reboleiras, porém, se as condições forem favoráveis ao ácaro e o controle não for
feito no início da infestação, poderá atingir toda a lavoura. Períodos de seca,
com estiagem prolongada são condições propícias à proliferação do ácaro,
podendo causar desfolha das plantas. Lavouras em formação podem ter seu
desenvolvimento retardado (Reis, 2005; Reis & Souza, 1986).
40
O controle químico ainda é o método mais utilizado no manejo das
pragas e doenças do cafeeiro. No entanto, o uso de certos produtos
fitossanitários tem causado considerável aumento populacional do ácaro-
vermelho (D’ Antonio et al., 1980 e 1981; Ferreira et al., 1980; Oliveira, 1999 e
2000; Paulini et al., 1975 e 1980; Reis, 2004 e 2005; Reis et al., 1974; Reis &
Teodoro, 2000).
Comumente, este ácaro encontra-se em equilíbrio, provavelmente,
devido às condições climáticas e aos inimigos naturais presentes na cultura do
cafeeiro e em vegetações adjacentes. Em cafeeiros se destacam os ácaros
predadores Iphiseiodes zuluagai Denmark & Muma, 1972, Amblyseius
herbicolus (Chant, 1959), Euseius alatus DeLeon, 1966 e Euseius citrifolius
Denmark & Muma, 1970 (Mendonça et al., 1999; Mineiro et al., 2001; Pallini
Filho et al., 1992; Reis et al., 2000a) pertencentes à família Phytoseiidae. Os
fitoseídeos são os ácaros predadores de ácaros-praga mais importantes e
estudados (McMurtry & Croft, 1997), especialmente desde a década 1960,
quando ficou evidente que algumas espécies eram importantes inimigos naturais
de ácaros fitófagos (McMurtry et al., 1970).
O consumo de presas por ácaros fitoseídeos tem sido estudad,
principalmente, para ácaros da família Tetranychidae. Moraes (1991) relacionou
alguns projetos bem sucedidos de controle biológico de ácaros fitófagos,
envolvendo tal família de ácaros predadores, com destaque para o controle dos
tetraniquídeos pragas de macieiras, nos estados de Washington e Michigan nos
Estados Unidos da América do Norte. Em citros, Gravena et al. (1994)
estimaram a atividade predatória do fitoseídeo E. citrifolius sobre o ácaro da
leprose-dos-citros, B. phoenicis, e constataram que larvas, ninfas e fêmeas
adultas foram semelhantes e superiores na atividade predatória, aos machos
adultos. Observaram também estes autores que a fase de larva da presa foi a
mais consumida pelo predador. Para a cultura do cafeeiro, Reis et al. (2000b)
41
verificaram que a fase de fêmea adulta de I. zuluagai foi mais eficiente no
consumo de todas as fases do desenvolvimento de B. phoenicis. Resultado
semelhante foi encontrado por Reis et al. (2001), com o predador A. herbicolus,
para a mesma presa.
Dentre os fitoseídeos mais encontrados no Sul de Minas, segundo a
literatura, foi possível estabelecer a criação apenas de I. zuluagai, E. citrifolius e
A. herbicolus, durante o período estudado. Dessa forma, o objetivo do trabalho
foi avaliar o potencial de predação desses três predadores sobre as diversas fases
do desenvolvimento de O. ilicis.
2 MATERIAL E MÉTODOS
Os experimentos foram conduzidos no Laboratório de Acarologia do
Centro de Pesquisa em Manejo Ecológico de Pragas e Doenças de Plantas
(EcoCentro), da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais,
(EPAMIG), no Campus da Universidade Federal de Lavras (UFLA), em Lavras,
MG, a 25 ± 2ºC, 70 ± 10% de UR e 14 horas de fotofase.
Criação de manutenção dos ácaros: a criação de manutenção de O.
ilicis foi feita utilizando-se folhas de cafeeiros (C. arabica), isentas de aplicação
de produtos fitossanitários, que serviram como arena e alimento aos ácaros. Esta
criação foi iniciada a partir de ácaros coletados em cafeeiros, localizados
próximo ao Departamento de Zootecnia da UFLA, isentos de aplicação de
defensivos. A metodologia de criação foi semelhante à utilizada por Reis et al.
(1997), na qual os ácaros foram confinados em arenas confeccionadas com
folhas de cafeeiro.
A criação de manutenção dos ácaros predadores foi iniciada com ácaros
provenientes de cafeeiros isento de tratamento fitossanitário, localizados em
cafezais na UFLA e na EPAMIG, em Lavras, MG. A metodologia de criação foi
42
semelhante à utilizada por Reis & Alves (1997), na qual os ácaros foram
confinados em arenas de lâmina plástica flexível. Como alimento, foram
oferecidas pequena porções de pólen de mamoneira (Ricinus communis L.) e
fases imaturas de O. ilicis.
Com essa desta metodologia de criação, foi possível a utilização de
ácaros nas diferentes fases do desenvolvimento e com idade uniforme.
Potencial predatório: o potencial de predação dos ácaros foi observado
por meio de bioensaios em arenas de 3 cm de diâmetro, confeccionadas com
folhas de cafeeiro (C. arabica) provenientes de plantas isentas de aplicação de
produtos fitossanitários, localizadas próximo ao Departamento de Zootecnia da
UFLA.
As arenas, em número de cinco, foram colocadas para flutuar em água
destilada, em placas de Petri de 15 cm de diâmetro x 2 cm de profundidade, sem
tampa. Cada arena continha um orifício central para a passagem de um alfinete.
O alfinete foi preso pela cabeça, por cola de silicone no fundo da placa e com a
ponta voltada para cima, o que permitiu que as arenas ficassem eqüidistantes
umas das outras, sem se tocarem ou tocarem a parede da plac, e movimentarem-
se para cima e para baixo, conforme o nível da água. A água na qual flutuaram
as arenas serviu também de barreira física à fuga dos ácaros (Reis et al., 1998).
Critérios utilizados na avaliação dos experimentos: para cada
espécie de ácaro predador foram realizados quatro bioensaios, um para cada fase
do desenvolvimento de O. ilicis (ovo, larva, ninfa e adulto) com delineamento
inteiramente ao acaso e cinco tratamentos: testemunha sem predador, larva,
ninfa e adulto: macho e fêmea do predador, com dez repetições. Não foi
constatada a presença de machos para a espécie A. herbicolus, caracterizando
partenogênese telítoca. Portanto, para este ácaro, cada bioensaio teve quatro
tratamentos. Cada repetição constou de uma arena, na qual foram colocados 25
ácaros O. ilicis e um ácaro predador, conforme a fase a ser testada, em
43
experimentos independentes. Após 24 horas da introdução dos ácaros nas arenas,
foi feita a contagem do número de ácaros fitófagos totalmente predados,
parcialmente predados, mortos naturalmente, mortos na água e vivos. Os ácaros,
tanto os predadores como O. ilicis, foram obtidos de criações de manutenção.
Os valores obtidos foram submetidos à análise de variância, pelo
software estatístico Sisvar (Ferreira, 2000). Para a análise, os dados originais
foram transformados em
5,0+x e as médias submetidas ao teste de Scott-
Knott, a 5% de significância, para comparação, as quais foram empregadas no
cálculo da porcentagem de eficiência (E%) de predação (Abbott, 1925).
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Durante o período de avaliação, não foi constatada morte natural e nem
na água de O. ilicis na testemunha, tendo todos permanecidos vivos nas arenas.
Portanto, não foi necessária a correção da mortalidade. Os resultados de
predação obtidos nos experimentos estão apresentados na Tabela 1.
As fases do desenvolvimento de O. ilicis consumidas pelas larvas de I.
zuluagai, em ordem de preferência e respectivas porcentagens de eficiência de
predação, foram: larva (6,8%)>ninfa (3,2%)>ovo (2%)>adulto (0%); pelas
ninfas foram: larva (72%)>ovo (44%)>ninfa (24,4%)>adulto (5,2%); pelos
machos do predador foram: larva (53,6%)>ninfa (13,2%)>adulto (4,4%)>ovo
(1,2%) e pelas fêmeas foram: larva (93,6%)>ovo (70,4%)>ninfa (38,8%)>adulto
(13,2%) (Figura 1A).
As fases de O. ilicis consumidas pelas larvas de E. citrifolius, em ordem
de preferência e respectivas porcentagens de eficiência de predação, foram: larva
(19,2%)>ninfa (8%)>adulto (3,2%)>ovo (0%); pelas ninfas foram: larva
(55,6%)>ninfa (22,8%)>adulto (14,4%)>ovo (10,4%); pelos machos do
predador foram: larva (32,4%)>ninfa (15,2%)>adulto (11,2%)>ovo (2,4%) e
44
pelas fêmeas foram: larva (89,6%)>ninfa (57,2%)>adulto (22%)>ovo (15,2%)
(Figura 1B).
Tabela 1 - Número (Média ± EP) de O. ilicis (n = 25), em suas diferentes fases
do desenvolvimento, predados pelas diferentes fases do predador I. zuluagai, E.
citrifolius e A. herbicolus, durante um período de 24 horas. Temperatura de 25 ±
2ºC, UR de 70 ± 10% e fotofase de 14 horas.
Fases do O. ilicis
Espécie de
fitoseídeo
Trat.
Ovo Larva Ninfa Adulto
CV
(%)
Larva
0,5 ± 0,3 cB 1,7 ± 0,4 dA 0,8 ± 0,3 dA 0,0 ± 0,0 cB
35,8
Ninfa
11,0 ± 1,2 bB 18,0 ± 1,1 bA 6,1 ± 0,6 bC 1,3 ± 0,5 bD
16,6
Macho
0,3 ± 0,2 cD 13,4 ± 1,2 cA 3,3 ± 0,4 cB 1,1 ± 0,3 bC
19,0
I. zuluagai
Fêmea
17,6 ± 1,3 aB 23,4 ± 0,8 aA 9,7 ± 1,1 aC 3,3 ± 0,8 aD
14,8
CV (%)
19,5 13,0 20,3 35,4
Larva
0,0 ± 0,0 bD 4,8 ± 0,83 dA 2,0 ± 0,3 cB 0,8 ± 0,2 cC
24,6
Ninfa
2,6 ± 0,6 aC 13,9 ± 1,1 bA 5,7 ± 1,0 bB 3,6 ± 0,7 bC
23,6
Macho
0,6 ± 0,3 bC 8,1 ± 1,2 cA 3,8 ± 0,7 bB 2,8 ± 0,6 bB
25,9
E. citrifolius
Fêmea
3,8 ± 0,9 aD 22,4 ± 0,9 aA 14,3 ± 1,1 aB 5,5 ± 0,5 aC
14,9
CV (%)
38,9 15,2 21,1 23,3
Larva
0,0 ± 0,0 cC 5,8 ± 0,7 cA 2,5 ± 0,5 bB 0,0 ± 0,0 cC
21,8
Ninfa
1,9 ± 0,5 bB 11,6 ± 0,9 bA 2,8 ± 0,3 bB 2,4 ± 0,5 bB
20,1
A. herbicolus
Fêmea
5,6 ± 1,1 aB 18,1 ± 1,1 aA 7,2 ± 0,3 aB 6,1 ± 0,7 aB
17,4
CV (%)
38,4 13,0 15,3 21,7
Médias seguidas de mesmas letras minúsculas nas colunas e maiúsculas nas
linhas não diferem estatisticamente entre si, a 5% de significância, pelo teste de
Scott-Knott (Ferreira, 2000).
As fases de O. ilicis consumidas pelas larvas de A. herbicolus, em ordem
de preferência e respectivas porcentagens de eficiência de predação, foram: larva
(23,2%)>ninfa (10%)>ovo (0%)>adulto (0%); pelas ninfas foram: larva
(46,4%)>ninfa (11,2%)>adulto (9,6%)>ovo (7,6%) e pelas fêmeas foram: larva
(72,4%)>ninfa (28,8%)>adulto (24,4%)>ovo (22,4%) (Figura 1C).
45
0
20
40
60
80
100
Predação (%)
Ovo Larva Ninfa Adulto
Fases do desenvolvimento de O. ilicis
A
Larva Ninfa Macho mea
0
20
40
60
80
100
Predação (%)
Ovo Larva Ninfa Adulto
Fases do desenvolvimento de O.ilicis
B
Larva Ninfa Macho Fêmea
0
20
40
60
80
100
Predação (%)
Ovo Larva Ninfa Adulto
Fases do desenvolvimento de O. ilicis
C
Larva Ninfa Fêmea
Figura 1 - Porcentagem de predação de O. ilicis, em seus diferentes estádios de
desenvolvimento, por larva, ninfa e adultos dos ácaros predadores I. zuluagai
(A), E. citrifolius (B) e A. herbicolus (C). Temperatura de 25 ± 2ºC, UR de 70 ±
10% e fotofase de 14 horas.
46
Entre as diferentes fases dos predadores, as fêmeas adultas foram as
mais eficientes no consumo, de todas as fases do desenvolvimento de O. ilicis.
Resultados semelhantes também foram obtidos por Gravena et al. (1994) e
Teodoro et al. (2001), com o predador E. citrifolius, por Reis et al. (2000b) com
E. alatus e I. zuluagai e por Reis et al. (2001) com A. herbicolus, todos tendo
como presa B. phoenicis. Possivelmente, esta maior eficiência das fêmeas dos
predadores deve-se ao fato de seja por serem maiores que a presa, por
apresentarem mais agilidade na locomoção (que é característica da família
Phytoseiidae) e por suas necessidades nutricionais mais elevadas para a postura
dos ovos. Essa maior eficiência de fêmeas de fitoseídeos como predadoras, em
relação às outras fases do desenvolvimento de ácaros praga, também foi
constatada por Smith & Newsom (1970) com o predador Neoseiulus fallacis
(Garmam, 1948) e Ma & Laing (1973) com Neoseiulus chilenensis (Dosse,
1858) tendo como presa tetraniquídeos. Teodoro (2003), em estudo da resposta
funcional de fêmeas de I. zuluagai sobre formas imaturas de O. ilicis, verificou
que foram consumidas de 15 a 20 formas imaturas, entre 25 oferecidas,
semelhantemente aos resultados obtidos neste trabalho.
A predação pelas demais fases dos fitoseídeos foram estatisticamente
inferiores às fêmeas adultas, sendo as ninfas a segunda mais eficiente na
predação de O. ilicis, seguidas dos machos e larvas, respectivamente. Mas,
mesmo assim, contribuem para manter baixa a população da praga. A larva foi
menos eficiente na predação, talvez pelo tamanho reduzido da mesma e pela
curta duração desta fase (Reis & Alves, 1997; Reis et al., 1998). Diversos
autores relataram que algumas espécies de ácaros da família Phytoseiidae não se
alimentam na fase de larva (Chant, 1959; Ma & Laing, 1973; McMurtry &
Scriven, 1964; Moraes & McMurtry, 1981; Putman, 1962), fato não verificado
no presente trabalho, assim como também não foi por Gravena et al. (1994),
Reis et al. (2000b), Reis et al. (2001) e Teodoro et al. (2001).
47
Os ovos de O. ilicis foram mais predados pelas fêmeas adultas e ninfas
de I. zuluagai. Embora, os ovos estivessem mais disponíveis para à predação,
estes não foram os mais consumidos, talvez devido a maior dificuldade
encontrada pelos ácaros predadores em romper o córion do ovo. As larvas do
ácaro-vermelho foram, significativamente, as mais consumidas por todas as
fases das três espécies de predadores, possivelmente pelo seu tamanho reduzido
e por serem menos ágeis na locomoção em relação às demais fases pós-
embrionárias desta praga. Resultados semelhantes, no que diz respeito à maior
preferência por larvas, foram verificados por Gravena et al. (1994) e Teodoro et
al. (2001), com o predador E. citrifolius; por Reis et al. (2000b), com E. alatus e
I. zuluagai e por Reis et al. (2001), com A. herbicolus, todos trabalhando com B.
phoenicis como presa. Os adultos de O. ilicis não foram preferidos para
predação, possivelmente pelo seu tamanho em relação às demais fases e ou pela
dificuldade de serem dominados pelo predador. Resultados semelhantes foram
obtidos por Gravena et al. (1994) e Teodoro et al (2001) com o predador E.
citrifolius; por Reis et al. (2000b), com E. alatus e I. zuluagai e por Reis et al.
(2001), com A. herbicolus, todos trabalhando com B. phoenicis como presa.
Comparando-se o número médio de ácaros predados entre as três
espécies de fitoseídeos, verifica-se que, na predação de ovos de O. ilicis, I.
zuluagai foi superior em relação às duas outras espécies. Na predação de larvas e
ninfas do ácaro-vermelho, não houve diferença significativa entre as três
espécies. Já E. citrifolius e A. herbicolus foram semelhantes entre si e superiores
na predação dos adultos, em relação a I. zuluagai (Tabela 2, Figura 2).
48
Tabela 2 - Número (Média ± EP) de O. ilicis (n = 25), em suas diferentes fases
do desenvolvimento, predados por todas as fases dos fitoseídeos I. zuluagai, E.
citrifolius e A. herbicolus, durante um período de 24 horas. Temperatura de 25 ±
2ºC, UR de 70 ± 10% e fotofase de 14 horas.
Fases do O. ilicis
Espécie de
fitoseídeo
Ovo Larva Ninfa Adulto
CV (%)
I. zuluagai 7,4 ± 1,3 aB 14,1 ± 1,4 aA 5,0 ± 0,6 aB 1,4 ± 0,3 bC 29,4
E. citrifolius 1,8 ± 0,4 bD 12,3 ± 1,2 aA 6,5 ± 0,9 aB 3,2 ± 0,4 aC 23,6
A. herbicolus 2,5 ± 0,6 bC 11,8 ± 1,1 aA 4,2 ± 0,5 aB 2,8 ± 0,5 aC 20,4
CV (%) 64,8 33,2 37,7 43,4
Médias seguidas de mesmas letras minúsculas nas colunas e maiúsculas nas
linhas não diferem estatisticamente entre si, a 5% de significância, pelo teste de
Scott-Knott (Ferreira, 2000).
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Ovo Larva Ninfa Adulto
Fases do desenvolvimento de O. ilicis
I. zuluagai E. citrifolius A. herbicolus
Figura 2 - Porcentagem de predação de O. ilicis, em seus diferentes estágios de
desenvolvimento, por ninfa e fêmea adulta dos ácaros predadores I. zuluagai, E.
citrifolius e A. herbicolus. Temperatura de 25 ± 2ºC, UR de 70 ± 10% e fotofase
de 14 horas.
Considerando-se a média de predação das três espécies de fitoseídeos
conjuntamente, verifica-se que a fase de larva do ácaro-vermelho foi
significativamente a mais consumida, seguida das fases de ninfa, ovo e adulto,
sendo a última a menos preferida pelos predadores (Tabela 3).
49
Tabela 3 - Número de O. ilicis (n = 25), em suas diferentes fases do
desenvolvimento, predados por I. zuluagai, E. citrifolius e A. herbicolus, durante
um período de 24 horas. Temperatura de 25 ± 2ºC, UR de 70 ± 10% e fotofase
de 14 horas.
Fases de O. ilicis
Média ± EP
Ovo
4,0 ± 0,6 c
Larva
12,8 ± 0,7 a
Ninfa
5,3 ± 0,4 b
Adulto
2,5 ± 0,2 d
CV (%) 29,2
Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem estatisticamente entre si,
a 5% de significância, pelo teste de Scott-Knott (Ferreira, 2000).
Considerando-se todas as fases de O. ilicis conjuntamente e as três
espécies de fitoseídeos, verifica-se que a fase mais eficiente dos predadores foi a
de fêmea adulta, com eficiência de pouco mais de 11 presas consumidas em 24
horas. As outras fases, em ordem decrescente de eficiência, foram: ninfa, macho
(este considerado apenas para I. zuluagai e E. citrifolius) e larva, que apresentou
a menor predação, com média de 1,6 ácaro em 24 horas (Tabela 4).
Tabela 4 - Número de O. ilicis (n = 25), predados pelas diferentes fases dos
fitoseídeos I. zuluagai, E. citrifolius e A. herbicolus, no período de 24 horas.
Temperatura de 25 ± 2ºC, UR de 70 ± 10% e fotofase de 14 horas.
Fases dos fitoseídeos
Média ± EP
Larva
1,6 ± 0,2 d
Ninfa
6,7 ± 0,5 b
Macho
*
4,2 ± 0,5 c
Fêmea
11,4 ± 0,7 a
CV (%) 29,2
Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem estatisticamente entre si,
a 5% de significância, pelo teste de Scott-Knott (Ferreira, 2000).
*
Machos de I. zuluagai e E. citrifolius, exceto de A. herbicolus.
50
4 CONCLUSÕES
As três espécies de ácaros predadores estudadas, pertencentes à família
Phytoseiidae, mostraram possuir potencial para predação do ácaro-vermelho-do-
cafeeiro, O. ilicis, apesar das diferenças específicas encontradas. Por serem de
ocorrência natural em cafeeiros, a estratégia da conservação e o aumento dos
ácaros predadores é essencial à tática do manejo integrado do ácaro-vermelho e,
se for necessário o uso de produtos fitossanitários, devem ser escolhidos aqueles
que apresentem seletividade, preservando os predadores.
5 AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem ao Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (CNPq) pelas bolsas concedidas; ao Consórcio
Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento do Café (CBP&D/Café), pelo suporte
financeiro e concessão de bolsa.
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p.411-411.
56
ARTIGO 3
Influência da Teia de Oligonychus ilicis (McGregor) na Proteção Contra
Ácaros Predadores (Acari: Tetranychidae, Phytoseiidae)
(Preparado de acordo com as normas da revista “Neotropical Entomology”,
exceto as referências bibliográficas, com as normas da ABNT)
RENATO ANDRÉ FRANCO
1
PAULO REBELLES REIS
2
MAURICIO SERGIO ZACARIAS
3
DANIEL
CHIARADIA OLIVEIRA
4
1
Departamento de Entomologia, Universidade Federal de Lavras, Caixa Postal 3037, CEP 37200-
000, Lavras, MG.
2
EPAMIG-CTSM/EcoCentro, Caixa Postal 176, CEP 37200-000, Lavras, MG.
3
Embrapa Café, Caixa Postal 176, CEP 37200-000, Lavras, MG.
4
Acadêmico de Agronomia, Universidade Federal de Lavras, Caixa Postal 3037, CEP 37200-000,
Lavras, MG.
57
Influência da Teia de Oligonychus ilicis (McGregor) na Proteção Contra
Ácaros Predadores (Acari: Tetranychidae, Phytoseiidae)
R
ENATO A. FRANCO
1
, PAULO R. REIS
2
, MAURICIO S. ZACARIAS
3
E DANIEL C.
OLIVEIRA
4
1
Mestrando em Entomologia, Universidade Federal de Lavras /UFLA - Bolsista do
2
EPAMIG-CTSM/EcoCentro - Cx. P. 176 - 37200-000 - Lavras/MG - Pesquisador do
3
Embrapa Café - Cx. P. 176 - 37200-000 - Lavras/MG - zacaria[email protected]
4
Acadêmico de Agronomia da Universidade Federal de Lavras/UFLA, Bolsista do
CBP&D/Café
Influence of the Spinned Web by Oligonychus ilicis (McGregor) in its Protection
Against Predatory Mites (Acari: Tetranychidae, Phytoseiidae)
ABSTRACT - Among the organisms that attack coffee plants (Coffea spp.),
some mite species can cause damages, Oligonychus ilicis (McGregor) belongs to
them and is one of the main phytophagous mites of this culture. Mites belonging
to the family Phytoseiidae are considered the most important and studied among
the predatory mites. This work had for objective to study the effect of the
spinned web by O. ilicis, in its predation by females of Iphiseiodes zuluagai
Denmark & Muma, Euseius citrifolius Denmark & Muma and Amblyseius
herbicolus (Chant) (Acari: Phytoseiidae). Four bioassays were accomplished,
one for each developmental phase of O. ilicis and three treatments (controls
without predator and adult female of the predator with or without web) with ten
repetitions, in an experimental design entirely randomized. Each repetition
consisted of 25 O. ilicis by arena (leaves of coffee plants, Coffea arabica L.)
accordingly to the developmental phase to test, in independent experiments. To
spins the web, 15 adult females were put per arena for 24 hours. After 24 hours
of the introduction of predators, the consumption of eggs and larvae by I.
zuluagai and E. citrifolius were reduced in the web presence. For A. herbicolus,
the web reduced the egg predation, but favored the consumption of nymphs and
adults. The predators, as a whole, were more efficient consuming larvae
independent of the presence or not of web. Considering the phases of O. ilicis, as
a whole, web reduced the predation potential of I. zuluagai and E. citrifolius, but
not of A. herbicolus.
KEY WORDS: Biological control, Coffea arabica, coffee red spider mite.
58
RESUMO - Dentre os organismos que atacam o cafeeiro (Coffea spp.), algumas
espécies de ácaros podem causar prejuízos Oligonychus ilicis (McGregor) é uma
delas e um dos principais ácaros fitófagos desta cultura. Ácaros pertencentes à
família Phytoseiidae são considerados os mais importantes e estudados dentre os
ácaros predadores. Este trabalho teve por objetivo estudar o efeito da teia tecida
por O. ilicis na sua predação por fêmeas de Iphiseiodes zuluagai Denmark &
Muma, Euseius citrifolius Denmark & Muma e Amblyseius herbicolus (Chant)
(Acari: Phytoseiidae). Foram realizados quatro bioensaios, um para cada fase do
desenvolvimento de O. ilicis e três tratamentos (testemunha sem predador e
fêmea adulta do predador com e sem teia) com dez repetições, em delineamento
inteiramente casualizado. Cada repetição constou de 25 O. ilicis por arena
(confeccionada com folhas de cafeeiros, Coffea arabica L.), conforme a fase do
desenvolvimento a ser testada, em experimentos independentes. Foram
colocadas 15 fêmeas adultas/arena/24 horas para tecerem a teia. Após 24 horas
da introdução dos predadores, observou-se que, na presença de teia, o consumo
de ovos e larvas por I. zuluagai e E. citrifolius foi prejudicado. Para A.
herbicolus, a teia reduziu a predação de ovos, mas favoreceu o consumo de
ninfas e adultos. Os predadores, como um todo, foram mais eficientes no
consumo de larvas, independente da presença ou não de teia. Considerando-se
conjuntamente as fases de O. ilicis, a teia reduziu o potencial de predação de I.
zuluagai e E. citrifolius, mas não de A. herbicolus.
PALAVRAS-CHAVE: Controle biológico, Coffea arabica, ácaro-vermelho do
cafeeiro.
59
Dentre os organismos que atacam o cafeeiro (Coffea sp.), destacam-se
algumas espécies de ácaros que podem causar perdas na produção e na qualidade
do café. Oligonychus ilicis (McGregor), também conhecido como ácaro-
vermelho do cafeeiro, é um dos principais ácaros fitófagos desta cultura. Embora
não seja considerado como praga-chave para a cultura do cafeeiro, já foi referido
como a segunda, em importância, para o Conillon, Coffea canephora Pierre &
Froehner, no estado do Espírito Santo (Instituto..., 1985).
No Brasil, sua primeira referência atacando cafeeiro Arábica, Coffea
arabica L., foi no estado de São Paulo, em 1950, embora tenha sido referido
como Paratetranychus ununguis Jacobi, 1905, juntamente com Brevipalpus
phoenicis (Geijskes) (Tenuipalpidae) (A Infestação..., 1951).
Este ácaro vive, principalmente, na face superior das folhas e, ao se
alimentar, perfura as células da epiderme foliar e absorve o conteúdo celular
extravasado. Em conseqüência, as folhas perdem o brilho natural, tornam-se
bronzeadas, havendo redução da área foliar de fotossíntese. O ataque ocorre,
geralmente, em reboleiras, porém, se as condições forem favoráveis ao ácaro e o
controle não for feito no início da infestação, poderá atingir toda a lavoura.
Períodos de seca com estiagem prolongada é condição propícias à proliferação
do ácaro, podendo causar desfolha das plantas. Lavouras em formação podem
ter seu desenvolvimento retardado (Reis, 2005; Reis & Souza, 1986).
O controle químico ainda é o método mais utilizado no manejo das
pragas e doenças do cafeeiro. No entanto, o uso de alguns produtos
fitossanitários tem causado considerável aumento populacional do ácaro-
vermelho (Oliveira, 1999 e 2000; Reis, 2005; Reis et al., 1974; Reis & Teodoro,
2000), o que pode acarretar danos à cultura.
Provavelmente, este ácaro encontra-se em equilíbrio devido ao clima e
aos inimigos naturais presentes na cultura do café e em vegetações adjacentes.
Em cafeeiros, se destacam os ácaros predadores Iphiseiodes zuluagai Denmark
60
& Muma, Amblyseius herbicolus (Chant), Euseius alatus DeLeon e Euseius
citrifolius Denmark & Muma (Pallini Filho et al., 1992) pertencentes à família
Phytoseiidae, sendo esta a família de ácaros predadores de ácaros-praga mais
importante e estudada (McMurtry & Croft, 1997). Os fitoseídeos vêm sendo
intensivamente estudados desde a década 1960, quando se tornou evidente que
algumas espécies eram importantes inimigos naturais de ácaros fitófagos
(McMurtry et al., 1970).
O consumo de presas por ácaros fitoseídeos tem sido estudado,
principalmente, para ácaros da família Tetranychidae. Smith & Newsom (1970)
demonstraram que fêmeas adultas do fitoseídeo Neoseiulus fallacis (Garmam)
constituíram-se na fase mais eficiente na predação de alguns tetraniquídeos,
tendo as outras fases apresentado menor eficiência, porém, também contribuindo
para a eliminação da praga. Para Neoseiulus chilenensis (Dosse), tendo como
presa ovos de Tetranychus urticae Koch (Acari: Tetranychidae), Ma & Laing
(1973) também constataram que as fêmeas adultas foram mais eficientes na
predação.
Em citros, Gravena et al. (1994) estimaram a atividade predatória de E.
citrifolius sobre B. phoenicis e constataram que as fêmeas adultas foram
eficientes no consumo de todas as fases da presa, sendo a de larva a mais
consumida. Para a cultura do café, Reis et al. (2000) mostraram que a fêmea I.
zuluagai também foi mais eficiente no consumo de todas as fases do
desenvolvimento de B. phoenicis.
Alguns ácaros da família Tetranychidae têm a capacidade de tecer teias,
por apresentarem glândulas sericígenas. Tecem apreciável quantidade de teia,
recobrindo parcialmente a superfície das folhas que atacam (Flechtmann, 1989).
O. ilicis é um destes tetraníquideos que possuem a capacidade de produzir teia
sobre a superfície foliar em que vivem (Heinrich, 1972) e esse emaranhado de
teia se acentua, quanto maior for a densidade populacional do ácaro (Calza &
61
Sauer, 1952), embora, para ácaros do gênero Oligonychus, os fios que compõe a
teia sejam mais dispersos (Gutierrez & Helle, 1985). Às teias produzidas por
este ácaro, aderem detritos, poeira e suas exúvias provenientes do processo de
ecdise após os estádios quiescentes, dando às folhas um aspecto de sujeira.
A produção de teia por ácaros é importante em vários aspectos eles, a
proteção contra os inimigos naturais. Fitoseídeos generalistas ficam presos nas
teias, tendendo a evitá-las (McMurtry et al., 1970). Mas, nem sempre, esta
proteção é observada e, sim, uma maior eficiência no controle por predadores
(McMurtry & Croft 1997).
A relação entre a produção de teia e o sucesso da atividade predatória
por fitoseídeos, foi analisada por Sabelis (1981). Este autor verificou que
Galendromus occidentalis (Nesbitt) e Neoseiulus bibens (Blommers) tinham
taxas de predação semelhantes em folhas com e sem teia. Já Amblyseius
potentillae (Garman) foi melhor predador em folhas sem teia e Phytoseiulus
persimilis Athias-Henriot foi melhor em folhas com teia, sendo o mais eficiente
de todos.
Dentre os fitoseídeos mais encontrados no Sul de Minas, segundo a
literatura, foi possível estabelecer a criação apenas de I. zuluagai, E. citrifolius e
A. herbicolus, durante o período estudado. Dessa forma, o objetivo do trabalho
foi avaliar a influência da teia de O. ilicis na proteção contra a predação por
fêmeas adultas destas três espécies de predadores.
Material e Métodos
Os experimentos foram conduzidos no Laboratório de Acarologia do
Centro de Pesquisa em Manejo Ecológico de Pragas e Doenças de Plantas
(EcoCentro), da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais
62
(EPAMIG), no Campus da Universidade Federal de Lavras (UFLA), em Lavras,
MG, a 25 ± 2ºC, 70 ± 10% de UR e 14 horas de fotofase.
Criação de manutenção dos ácaros. A criação de O. ilicis foi feita utilizando-
se folhas de cafeeiros (Coffea arábica L.) isentas de aplicação de produtos
fitossanitários, que serviram como arena e alimento aos ácaros. Esta criação foi
iniciada utilizando-se ácaros coletados em cafeeiros localizados próximo ao
Departamento de Zootecnia da UFLA, isentos de defensivos. A metodologia de
criação foi semelhante à utilizada por Reis et al. (1997).
A criação de manutenção dos ácaros predadores foi iniciada com ácaros
provenientes de cafeeiros (Coffea arábica L.) isentos de tratamento
fitossanitário, localizados na UFLA e na EPAMIG, em Lavras, MG. A
metodologia de criação foi semelhante à utilizada por Reis & Alves (1997).
Como alimento aos fitoseídeos, foram oferecidos imaturos de O. ilicis e uma
pequena porção de pólen de mamoneira (Ricinus communis L.).
Influência da teia. O efeito da teia sobre o potencial de predação dos ácaros foi
observado por meio de bioensaios em arenas de 3 cm de diâmetro,
confeccionadas com folhas de cafeeiro (C. arabica) isentas de aplicação de
produtos fitossanitários. As arenas, em número de cinco, foram colocadas para
flutuar em água destilada, em placas de Petri de 15 cm de diâmetro x 2 cm de
profundidade, sem tampa. Cada arena continha um orifício central para a
passagem de um alfinete que foi preso pela cabeça, por cola de silicone, no
fundo da placa e com a ponta voltada para cima. Issso permitiu que as arenas
ficassem eqüidistantes umas das outras, sem se tocarem ou tocarem a parede da
placa e se movimentassem para cima e para baixo, conforme o nível da água. A
água na qual flutuaram as arenas serviu também de barreira física à fuga dos
ácaros (Reis et al., 1998).
Critérios utilizados na avaliação dos experimentos. Para verificar o efeito da
teia produzida pelo ácaro-vermelho sobre o potencial de predação de cada
63
espécie de fitoseídeo, foram realizados quatro bioensaios, um para cada fase do
desenvolvimento de O. ilicis (ovo, larva, ninfa e adulto) e três tratamentos
(testemunha sem predador e sem teia, fêmea adulta do predador com teia e
fêmea adulta do predador sem teia), com dez repetições e em delineamento
inteiramente ao acaso. No tratamento com teia, inicialmente, foram colocadas 15
fêmeas adultas para tecerem a teia, por um período de 24 horas. Passado este
período, as fêmeas foram retiradas, ficando apenas a teia. Cada repetição
constou de uma arena, para qual foram transferidos 25 ácaros O. ilicis, conforme
a fase do desenvolvimento a ser testada e um ácaro predador, em experimentos
independentes. Após 24 horas da introdução dos predadores, foi feita a avaliação
do número de ácaros fitófagos totalmente predados, parcialmente predados,
mortos naturalmente, mortos na água e vivos. Os fitoseídeos e o ácaro-vermelho
foram obtidos de criações de manutenção.
Para análise, os dados originais foram transformados em
5,0+x
e os
valores obtidos foram submetidos à análise de variância, por meio do programa
estatístico Sisvar (Ferreira 2000). O teste de Scott-Knott, a 5% de significância,
foi utilizado para a comparação entre as médias e estas foram empregadas no
cálculo da influência da teia na predação pela fórmula: [100 - (M
com teia
x 100 /
M
sem teia
)], em que M é igual ao número médio de ácaros predados.
Resultados e Discussão
Durante o período de avaliação, não foi constatada morte natural e nem
na água, de O. ilicis no tratamento testemunha. No foi necessária, portanto, a
correção da mortalidade nos demais tratamentos. Os resultados de predação
(com e sem teia) obtidos nos experimentos estão apresentados na Tabela 1.
64
CV (%)
33,1
14,8
12,6
14,9
10,8
17,4
Adulto
2,0 ± 0,3 aB
3,3 ± 0,8 aD
30,6
- 39,4
5,9 ± 0,5 aB
5,5 ± 0,5 aC
12,4
+ 6,8
8,3 ± 0,8 aC
6,1 ± 0,7 bB
15,2
+ 26,5
Ninfa
5,5 ± 0,9 bA
9,7 ± 1,1 aC
23,9
- 43,3
11,6 ± 1,0 aA
14,3 ± 1,1 aB
12,2
- 18,9
14,1 ± 0,6 aB
7,2 ± 0,3 bB
6,6
+ 48,9
Larva
5,7 ± 1,0 bA
23,4 ± 0,8 aA
14,3
- 75,6
13,5 ± 0,5 bA
22,4 ± 0,9 aA
6,2
- 39,7
20,8 ± 1,1 aA
18,1 ± 1,1 aA
8,8
+ 13,0
Fases do desenvolvimento de O. ilicis
Ovo
6,2 ± 1,5 bA
17,6 ± 1,3 aB
23,7
- 64,8
0,4 ± 0,2 bC
3,8 ± 0,9 aD
40,2
- 89,5
0,2 ± 0,1 bD
5,6 ± 1,1 aB
39,4
- 96,4
Tratamento
Com teia
Sem teia
Com teia
Sem teia
Com teia
Sem teia
Tabela 1. Número (Média ± EP) de O. ilicis (n = 25), em suas diferentes fases do desenvolvimento, predados pelas,
fêmeas dos ácaros I. zuluagai, E. citrifolius e A. herbicolus, na presença e na ausência de teia, durante um período de 24,
horas. Temperatura de 25 ± 2ºC, UR de 70 ± 10% e fotofase de 14 horas.
Espécie de fitoseídeo
I. zuluagai
CV (%)
Diferença de predação (%)
E. citrifolius
CV (%)
Diferença de predação (%)
A. herbicolus
CV (%)
Diferença de predação (%)
Médias seguidas de mesmas letras minúsculas nas colunas e maiúsculas nas linhas não diferem estatisticamente entre si,
a 5% de significância, pelo teste de Scott-Knott (Ferreira, 2000).
(-) Redução na predação com a presença de teia; (+) Aumento na predação com a presença de teia.
65
Para a espécie I. zuluagai, na presença de teia, as fases de ovo, larva e
ninfa de O. ilicis foram as mais predadas e a fase adulta a menos. Na ausência da
teia, a fase mais predada foi a de larva, seguida pelas de ovo, ninfa e adulto.
Teodoro (2003), em estudo da resposta funcional de fêmeas de I. zuluagai sobre
formas imaturas de O. ilicis, verificou que foram consumidas de 15 a 20 formas
imaturas, quando ofertados 25 espécimes. Resultados semelhantes foram obtidos
neste trabalho, considerando-se a média das fases imaturas, sem teia, predadas
pelas fêmeas de I. zuluagai.
A presença da teia influenciou negativamente a predação por fêmeas de
I. zuluagai sobre ovos (64,8%), larvas (75,6%) e ninfas (43,3%) de O. ilicis, mas
não houve diferença na predação de adultos (Tabela 1). Sabelis (1981) também
constatou que, para o fitoseídeo A. potentillae, a presença de teia na superfície
da folha foi prejudicial ao consumo das diferentes fases de T. urticae,
principalmente larvas.
As fêmeas de E. citrifolius foram mais eficientes na predação de larvas e
ninfas, sendo estas semelhantes entre si e superiores a adultos e ovos, na
presença de teia. Já, na sua ausência, as fases, em ordem decrescente de
preferência, foram: larva, ninfa, adulto e ovo. Smith & Newsom (1970),
verificaram que as fêmeas do predador N. fallacis preferiram as fases imaturas
de ácaros tetraniquídeos, de forma semelhante aos resultados obtidos para E.
citrifolius, neste trabalho. A predação de ovos e larvas, pelas fêmeas de E.
citrifolius, na presença da teia, foi reduzida, respectivamente, em 89,5% e
39,7%, e a predação das fases de ninfa e adulto não diferiu estatisticamente entre
si (Tabela 1). Para adultos de T. urticae, a presença da teia também não
interferiu na predação por G. occidentalis e N. bibens (Sabelis, 1981).
Na presença de teia, as fêmeas de A. herbicolus predaram, em ordem
decrescente, as fases de larva, ninfa, adulta e ovo. A fase de ovo foi pouco
predada (0,8%) e o mesmo ocorreu com E. citrifolius (1,6%). Na ausência da
66
teia, a fase mais predada foi a de larva e as demais foram semelhantes entre si. A
presença de teia influenciou negativamente a predação de ovos de O. ilicis
(96,4%), já a predação da fase de larva foi semelhante nos dois tratamentos. A
predação das fases de ninfa e adulto teve influência positiva da presença de teia,
48,9% e 26,5%, respectivamente (Tabela 1). Sabelis (1981) também observou
influência positiva da teia tecida por T. urticae no consumo das diversas fases do
ácaro pelo fitoseídeo P. persimilis.
Comparando-se o número médio de todas as fases do ácaro predadas
pelas três espécies de fitoseídeos estudadas, pode-se verificar que, na presença
de teia, as fêmeas de E. citrifolius e A. herbicolus não diferiram entre si e foram
superiores na predação de todas as fases de O. ilicis em relação a I. zuluagai.
Quando os predadores foram comparados na ausência de teia, constatou-se que
não houve diferença significativa na predação entre as três espécies. Mas,
quando comparado o efeito da teia sobre capacidade de predação de cada espécie
de fitoseídeo, pode-se verificar que, para I. zuluagai e E. citrifolius, a presença
da teia reduziu seus potenciais de predação; já para A. herbicolus, este efeito não
foi significativo (Tabela 2).
Sabelis (1981) e Sabelis & Bakker (1992) relataram que a teia pode
interferir na locomoção de fitoseídeos e, conseqüentemente, afetar a capacidade
de predação. Esta interferência relaciona-se com a forma do corpo do ácaro,
sendo melhor corpo em forma de “pêra” (Sabelis, 1981). A. herbicolus tem seu
corpo com esta conformação o que provavelmente, contribuiu para o maior
sucesso no consumo do ácaro-vermelho na presença de teia, como observado no
presente trabalho. Isto pode explicar o efeito negativo que a teia exerceu sobre a
predação promovida por I. zuluagai sobre O. ilicis, pois esta espécie tem corpo
com formato arredondado. Mas, não explicaria para E. citrifolius, que tem o
corpo com mesmo formato de A. herbicolus, podendo, neste caso, ter ocorrido
outro fator interespecífico não observado no presente trabalho.
67
Tabela 2. Número (Média ± EP) de O. ilicis (n = 25) predados pelos ácaros I.
zuluagai, E. citrifolius e A. herbicolus, na presença e na ausência de teia, durante
um período de 24 horas. Temperatura de 25 ± 2ºC, UR de 70 ± 10% e fotofase
de 14 horas.
Número médio de ácaros predados
Espécie de fitoseídeo
Com teia Sem teia
CV (%)
I. zuluagai 4,9 ± 0,6 bB 13,5 ± 1,3 aA 26,6
E. citrifolius 7,9 ± 0,9 aB 11,5 ± 1,3 aA 16,1
A. herbicolus 10,9 ± 1,3 aA 9,3 ± 0,9 aA 21,6
CV (%) 44,7 35,4
Médias seguidas de mesmas letras minúsculas nas colunas e maiúsculas nas
linhas não diferem estatisticamente entre si, a 5% de significância, pelo teste de
Scott-Knott (Ferreira 2000).
De acordo com os resultados obtidos nas condições estudadas, pode-se
concluir que, para I. zuluagai, a presença da teia produzida por O. ilicis é
prejudicial à predação de ovos, larvas e ninfas do ácaro. Para E. citrifolius, a teia
também interferiu negativamente na eficiência do predador, prejudicando o
consumo de ovos e larvas. Já para a espécie A. herbicolus, a presença da teia
reduziu a predação de ovos, mas não a de ninfas e adultos. As três espécies de
ácaros predadores estudadas são mais eficientes no consumo de larvas seja na
presença ou na ausência de teia. A teia reduz o potencial de predação das fêmeas
dos ácaros I. zuluagai e E. citrifolius. A presença da teia não interfere no
potencial de predação de A. herbicolus.
Agradecimentos
Os autores agradecem ao Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (CNPq) pelas bolsas concedidas; ao Consórcio
Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento do Café (CBP&D/Café) pelo suporte
financeiro e concessão de bolsa.
68
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Federal de Viçosa, Viçosa, 2003.
71
ARTIGO 4
Influência da Infestação de Oligonychus ilicis (McGregor, 1917) (Acari:
Tetranychidae) Sobre a Taxa de Fotossíntese Potencial de Folhas de
Cafeeiro
(Preparado de acordo com as normas da revista “Ciência e Agrotecnologia”)
RENATO ANDRÉ FRANCO
1
PAULO REBELLES REIS
2
MAURICIO SERGIO ZACARIAS
3
BERNARDO FALQUETO ALTOÉ
4
JOÃO PAULO RODRIGUES ALVES DELFINO BARBOSA
5
1
Departamento de Entomologia, Universidade Federal de Lavras, Caixa Postal 3037, CEP 37200-
000, Lavras, MG.
2
EPAMIG-CTSM/EcoCentro, Caixa Postal 176, CEP 37200-000, Lavras, MG.
3
Embrapa Café, Caixa Postal 176, CEP 37200-000, Lavras, MG.
4
Acadêmico de Agronomia, Universidade Federal de Lavras, Caixa Postal 3037, CEP 37200-000,
Lavras, MG.
5
Doutorando em Fisiologia Vegetal, Universidade Federal de Lavras/UFLA.
72
INFLUÊNCIA DA INFESTAÇÃO DE Oligonychus ilicis (McGregor, 1917)
(ACARI: TETRANYCHIDAE) SOBRE A TAXA DE FOTOSSÍNTESE
POTENCIAL DE FOLHAS DE CAFEEIRO
Renato André Franco
1
, Paulo Rebelles Reis
2
, Mauricio Sergio Zacarias
3
,
Bernardo Falqueto Altoé
4
, João Paulo Rodrigues Alves Delfino Barbosa
5
RESUMO
Oligonychus ilicis (McGregor) é um dos principais ácaros fitófagos do
cafeeiro (Coffea spp.), embora não esteja relacionado entre as primárias. Vivem
na superfície superior das folhas e, para se alimentar, perfuram as células da
epiderme e absorvem o conteúdo celular extravasado. Em conseqüência, as
folhas perdem o brilho natural e tornam-se bronzeadas. O objetivo deste trabalho
foi quantificar a taxa de fotossíntese de folhas de cafeeiro, apresentando
diferentes níveis de infestação de O. ilicis. O estudo foi realizado em plantas de
cafeeiro (Coffea arabica L., cultivar Catuaí) envasadas e com três anos de idade,
mantidas em casa de vegetação. Com ácaros provenientes da criação de
manutenção, foram realizadas infestações em cinco diferentes níveis (0, 15, 30,
60 e 120 fêmeas adultas do ácaro/folha), em folhas do terceiro par a partir do
ápice e totalmente expandidas, localizadas em ramos do terço médio da planta,
com cinco repetições. A medição da fotossíntese potencial foi realizada através
do oxigênio fotossintético produzido, utilizando-se um monitor de oxigênio com
eletrodo tipo Clark acoplado a uma caixa de controle de fluxo elétrico CB1. As
avaliações foram realizadas 7 e 21 dias após a infestação com os ácaros e os
dados obtidos submetidos a uma análise de regressão. Os danos causados por O.
ilicis em folhas de cafeeiro demonstraram correlação negativa entre os diferentes
níveis de infestação e a fotossíntese potencial. Nos níveis 15, 30, 60 e 120
ácaros/folha, as taxas de fotossíntese foram reduzidas, em relação ao tratamento
testemunha, em 37,2%; 38,7%; 46,0% e 50,1%, respectivamente.
Termos para indexação: Monitor de oxigênio, Coffea arabica, ácaro-
vermelho do cafeeiro, bronzeamento.
1
Mestrando em Entomologia, Universidade Federal de Lavras/UFLA - bolsista do CNPq -
2
EPAMIG-CTSM/EcoCentro - Cx. P. 176 - 37200-000 - Lavras/MG - Pesquisador do CNPq
3
Embrapa Café – Cx. P. 176 – 37200-000 – Lavras/MG
4
Acadêmico de Agronomia /UFLA, bolsista do. Consórcio CBP&D/Café.
5
Doutorando em Fisiologia Vegetal, Universidade Federal de Lavras/UFLA.
73
Influence of Oligonychus ilicis (McGregor, 1917) (Acari:
Tetranychidae) infestation on the photosynthesis potential tax of
coffee plant leaves
ABSTRACT
Oligonychus ilicis (McGregor), is one of the main phytophagous mites
of the coffee plant (Coffea spp.), although it is not related among the primary
ones. They live in the leaves superior surface, and puncture the cells of the
epidermis to feed and absorb the extravasated cellular content. In consequence,
the leaves lose their natural shine and become tan. The objective of this work
was to quantify the photosynthetic tax of coffee plant leaves presenting different
infestation levels of O. ilicis. The study was carried in potted coffee plants
(Coffea arabica L., Catuaí cultivar) three years old, kept in greenhouse. With
mites coming from a stock rearing, infestations were accomplished in five
different levels (0, 15, 30, 60 and 120 adult mite females/leaf), in leaves of the
third pair starting from the apex and totally expanded, located in branches from
the medium third of the plant, with five repetitions. The potential photosynthesis
measurement was made through the photosynthetic oxygen produced, being
used an oxygen monitor with a Clark type electrode coupled to a CB1 electric
flow control box. The evaluations were made 7 and 21 days after the infestation
with the mites and the data obtained submitted to a regression analysis. The
damages caused by O. ilicis in coffee plant leaves demonstrated negative
correlation between the different infestation levels and the potential
photosynthesis, and at the levels 15, 30, 60 and 120 mites/leaf, the
photosynthesis taxes were reduced, in relation to the controls, in 37.2, 38.7, 46.0
and 50.1%, respectively.
Terms for indexation: Oxygen monitoring, Coffea arabica, coffee red spider
mite, leaf tanning.
74
INTRODUÇÃO
Dentre os organismos que atacam o cafeeiro (Coffea spp.), destacam-se
algumas espécies de ácaros que podem causar redução na produção e na
qualidade do café. O ácaro Oligonychus ilicis (McGregor, 1917) (Acari:
Tetranychidae), também conhecido como ácaro-vermelho do cafeeiro, é um dos
principais ácaros fitófagos desta cultura. Embora não seja considerado como
praga-chave, este ácaro já foi considerado como a segunda praga em importância
para o cafeeiro Conillon, Coffea canephora Pierre & Froehner, no estado do
Espírito Santo (Instituto..., 1985).
No Brasil, a primeira referência de ataque ao cafeeiro Arábica, Coffea
arabica L., foi no estado de São Paulo, em 1950, embora sendo referido como
Paratetranychus ununguis Jacobi, 1905, juntamente com Brevipalpus phoenicis
(Geijskes, 1939) (Acari: Tenuipalpidae) (Amaral, 1951; A Infestação..., 1951).
A principal cultura atacada, no Brasil, por O. ilicis é a do cafeeiro (Moraes,
1992).
Vivem na face superior das folhas que, quando atacadas, apresentam-se
recobertas por uma delicada teia, tecida pelos próprios ácaros, à qual aderem
detritos, poeira e suas exúvias provenientes do processo de ecdise após os
estádios quiescentes, dando às folhas um aspecto de sujeira. Para se alimentar,
perfuram as células da epiderme e absorvem o conteúdo celular extravasado. Em
conseqüência, as folhas perdem o brilho natural, tornam-se bronzeadas, havendo
redução da área foliar de fotossíntese pela destruição de células. O ataque ocorre
geralmente em reboleiras, porém, se as condições forem favoráveis ao ácaro e o
controle não for feito no início da infestação, poderá atingir toda a lavoura.
Períodos de seca, com estiagem prolongada, são condições propícias à
proliferação do ácaro, podendo causar desfolha das plantas e lavouras em
75
formação podem ter seu desenvolvimento retardado (Reis, 2005; Reis & Souza,
1986).
O controle químico ainda é o método mais utilizado no manejo das
pragas e doenças do cafeeiro. No entanto, o uso de certos defensivos tem
causado considerável aumento populacional do ácaro-vermelho (D’ Antonio et
al., 1980 e 1981; Ferreira et al., 1980; Oliveira, 1999 e 2000; Paulini et al., 1975
e 1980; Reis, 2004 e 2005; Reis et al., 1974; Reis & Teodoro, 2000).
Comumente, este ácaro encontra-se em equilíbrio, provavelmente, devido ao
clima e à presença de inimigos naturais na cultura do cafeeiro e em vegetações
adjacentes.
Na literatura, foram encontradas poucas informações sobre a
quantificação da redução da fotossíntese causada por ácaros fitófagos. Hall &
Ferree (1975), em estudo com o ácaro Tetranychus urticae Koch, 1836 (Acari:
Tetranychidae), determinaram sua influência sobre a fotossíntese em folhas de
macieiras. Os resultados indicaram que, nove dias após a infestação inicial com
15, 30 e 60 ácaros/folha, houve redução na fotossíntese líquida de 26%, 30% e
43%, respectivamente.
Em trabalho realizado por Pérez-Santiago et al. (2004), foi determinado
o efeito do ácaro Eotetranychus lewisi (McGregor, 1943) (Acari: Tetranychidae)
sobre a taxa de fotossíntese e clorofila em folhas de pessegueiro [Prunus persica
(L.) Batsch.], infestando-as com densidades iniciais de 0 (testemunha), 10-20,
20-40 e 40-80 ácaros. Durante o outono, foram feitas avaliações semanais e, ao
final desta estação observaram diminuições na taxa de fotossíntese de 23,9%;
39,1% e 48,4%, respectivamente, em relação à testemunha.
Em cafeeiro (Coffea sp.), é relatada a redução da área de fotossíntese,
em conseqüência do ataque do ácaro-vermelho, resultando em prejuízo ao
desenvolvimento das plantas e à produção do café (Reis & Souza, 1986; Costa et
al., 2003).
76
Fahl et al. (2006) constataram a redução na fotossíntese em cafeeiro (C.
arabica) como conseqüência da intensidade de bronzeamento causado pelo
ataque de O. ilicis.
Dessa forma, o objetivo deste trabalho foi determinar,
quantitativamente, a redução da atividade fotossintética em folhas de plantas de
cafeeiro (C. arabica), devido ao ataque do ácaro O. ilicis, em diferentes níveis
de infestação.
MATERIAL E MÉTODOS
O estudo foi realizado em plantas de cafeeiro (C. arabica, cultivar
Catuaí) com três anos de idade, em vasos de barro de 20 litros, com o substrato
constituído de sete partes de terra e três de esterco, mais adubo químico. As
plantas foram mantidas em casa de vegetação, localizadas na fazenda
experimental da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais
(EPAMIG), Lavras, MG.
Criação de manutenção de O. ilicis: a criação de manutenção de O.
ilicis foi realizada em folhas de cafeeiros (C. arabica) destacadas, isentas de
aplicação de produtos fitossanitários, que serviram como arena e alimento aos
ácaros. Esta criação foi iniciada, a partir de ácaros coletados em cafezal
localizado próximo ao Departamento de Zootecnia da Universidade Federal de
Lavras (UFLA), em Lavras, MG, isentos de aplicação de defensivos.
A criação foi mantida no Laboratório de Acarologia do Centro de
Pesquisa em Manejo Ecológico de Pragas e Doenças de Plantas (EcoCentro), da
EPAMIG, no Campus da UFLA, a 25 ± 2ºC, 70 ± 10% de UR e 14 horas de
fotofase.
A metodologia de criação foi semelhante à utilizada por Reis et al.
(1997), na qual os ácaros foram confinados em arenas confeccionadas com
77
folhas de cafeeiro destacadas e colocadas sobre uma esponja de 1 cm de
espessura, constantemente umedecidas com água destilada, e que ocupava todo o
fundo de uma placa de Petri de 20 cm de diâmetro por 2 cm de profundidade,
sem tampa, colocando-se duas folhas por placa. As bordas das folhas foram
recobertas por uma fina camada de algodão hidrófilo de, aproximadamente, 2
cm de largura, ficando também em contato com a esponja umedecida. Dessa
forma, foi mantida a turgescência das folhas e os ácaros permaneceram nas
arenas.
Critérios utilizados na avaliação dos experimentos: para verificar o
efeito do ataque do ácaro-vermelho na eficiência fotossintetizadora do cafeeiro,
foram realizadas infestações, com ácaros provenientes da criação de manutenção
em laboratório, em folhas do terceiro par a partir do ápice e totalmente
expandidas, localizadas no terço médio do cafeeiro envasado.
O trabalho constou de dois experimentos, diferindo entre si apenas no
período de avaliação da taxa de fotossíntese. O primeiro experimento foi
realizado aos 7 dias e o segundo aos 21 dias após proceder-se a infestação com
ácaros nas diferentes densidades. Cada experimento constou de cinco repetições.
As infestações iniciais foram em cinco diferentes níveis (0, 15, 30, 60 e 120
fêmeas do ácaro adulto/folha), sendo o nível zero correspondente ao tratamento
testemunha. Foram isoladas duas folhas por planta (uma para cada experimento)
passando-se cola entomológica (Bio Stick
®
) em seu pecíolo para evitar a fuga
dos ácaros.
Determinação da fotossíntese potencial: a taxa de fotossíntese
potencial foi medida por meio da produção de oxigênio fotossintético em discos
foliares com 10 cm
2
de área, utilizando-se o monitor de oxigênio com eletrodo
tipo Clark acoplado a uma caixa de controle de fluxo elétrico CB1 (Hansatech,
Inglaterra), que amplifica as correntes vindas do eletrodo, seguindo a
metodologia utilizada por Delieu & Walkes (1983).
78
As medidas de fotossíntese foram efetuadas em condições saturantes de
CO
2
, pela da adição de 0,2mL da solução 1M de Na
2
CO
3
/NaHCO
3
. Nestas
condições, a fotorrespiração, assim como as limitações ao fluxo de CO
2
para o
cloroplasto através dos estômatos, são praticamente eliminadas, sendo possível
analisar o processo fotossintético sem tais interferências (DELIEU & WALKER,
1981). Os discos foliares foram dispostos, dentro da câmara, sobre feltro
umedecido para evitar a desidratação do tecido durante as avaliações. As
determinações foram realizadas à temperatura de 35
0
C.
Foi utilizado, como fonte de luz, um retroprojetor, que fornecia,
aproximadamente, 1.500 µmol.m
–2
.s
-1
de densidade de fluxo de fótons
fotossinteticamente ativos (DFFFA), medida por um quantômetro acoplado a um
pirômetro (modelo 1600M; LI-COR, Lincoln.Neb). A determinação da
fotossíntese potencial foi realizada em folhas sadias e em folhas com sintomas
de bronzeamento após infestação pelo ácaro. Os dados obtidos foram
submetidos à análise de regressão. Foi utilizada regressão não linear para análise
dos dados que, segundo Bastiaans (1991), é a melhor opção para este tipo de
avaliação, pois correlaciona melhor a intensidade de dano provocado por praga
ou patógeno em plantas. Dessa forma, foi possível correlacionar a área foliar
lesionada pelo ácaro-vermelho e a fotossíntese potencial.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A média da fotossíntese potencial nos dois tratamentos testemunha (7 e
21 dias) foi de 13,3 µmol O
2
.m
-2
.s
-1
, sendo menor do que o encontrado por Matta
et al. (1997) também para cafeeiro, que foi de 23, 8 µmol O
2
.m
-2
.s
-1
, para a
cultivar Catuaí. Uma possível explicação para tal diferença observada é que as
plantas de cafeeiro, no caso deste trabalho, foram mantidas em casa de
vegetação, já com alguns anos de uso, podendo ter havido interferência pela
79
intensidade luminosa em seu interior, pela maior opacidade do material
constituinte. Souza (2001) demonstrou que a variação nos níveis de radiação
solar em mudas de cafeeiro interfere na fotossíntese potencial, verificando, que a
cultivar Catuaí, quando exposta a 100% de radiação, apresenta fotossíntese
potencial de 29,6 µmol O
2
.m
-2
.s
-1
e, quando a 36% de radiação (considerando
como sendo interior de casa-de-vegetação), apresentou 9,0 µmol O
2
.m
-2
.s
-1
,
resultado, portanto, próximo ao obtido neste trabalho.
Os danos causados nas folhas de cafeeiros por O. ilicis nos diferentes
níveis de infestação reduziram as taxas de fotossíntese potencial, em relação ao
tratamento testemunha, em até 50,7% (Tabela 1).
Tabela 1 - Porcentagem de redução da fotossíntese potencial em folhas de
cafeeiro (C. arabica), em função da densidade e do tempo de infestação pelo
ácaro Oligonychus ilicis.
Redução da fotossíntese (%)
Infestação inicial
(ácaros/folha)
Após sete dias Após 21 dias
15 27,6 45,4
30 39,4 38,1
60 42,5 48,8
120 50,7 49,6
Os efeitos de O. ilicis na fotossíntese de folhas de cafeeiro encontrados
neste experimento demonstraram uma correlação negativa entre os diferentes
níveis de infestação e a fotossíntese potencial, isto é, quanto maior o número de
ácaros na folha, menor foi a fotossíntese, tanto aos 7 como aos 21 dias após a
infestação inicial (Figuras 1A e B).
80
A - Após sete dias da infestação inicial
y = -3,69Ln(x) + 11,72
R
2
= 0,98
1
10
100
0 153060120
Número de
Oligonychus ilicis
/folha
Fotossíntese potencial
(µ mol O
2
.m
-2
.s
-1
)
B - Após 21 dias da infestação inicial
y = -4,09Ln(x) + 12,92
R
2
= 0,78
1
10
100
0 15 30 60 120
Número de Oligonychus ilicis/folha
Fotossíntese potencial
(µ mol O
2
.m
-2
.s
-1
)
Figura 1 - Efeito do ataque do ácaro Oligonychus ilicis em folha de cafeeiro
sobre a taxa de fotossíntese potencial, em função de diferentes níveis de
infestação e do tempo decorrido após a infestação inicial.
Embora tenham sido encontradas poucas informações na literatura sobre
os danos causados por ácaros fitófagos na capacidade fotossintetizadora de
plantas, os resultados obtidos neste trabalho se assemelham aos encontrados para
outras espécies de ácaros da família Tetranychidae, à qual pertence O. ilicis.
Hall & Ferree (1975) e Pérez-Santiago et al. (2004) também encontraram efeito
negativo sobre a taxa de fotossíntese devido ao ataque de tetraniquídeos em
macieira e pessegueiro, respectivamente.
81
Fahl et al. (2006) também constataram redução na fotossíntese de folhas
de cafeeiro que apresentavam sintomas de bronzeamento, causado por O. ilicis,
em relação a folhas aparentemente sadias. No entanto, não encontrou diferença
significativa entre os diferentes níveis de bronzeamento testados.
CONCLUSÕES
O ácaro O. ilicis causa danos às folhas de cafeeiro e reduz a capacidade
de fotossíntese das mesmas, em função do tempo de alimentação e a intensidade
de infestação. Por este ácaro ocorrer mais em época seca, que é época de maior
déficit hídrico para a cultura, deve-se ter mais atenção para o seu controle nesse
período, evitando, com isso, maiores danos. Porém, não deve ser esperada a
ocorrência acentuada de folhas bronzeadas para início de controle, pois, neste
caso, o dano já foi estabelecido e é irreversível.
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem ao Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (CNPq) pelas bolsas concedidas e ao Consórcio
Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento do Café (CBP&D/Café) pelo suporte
financeiro e concessão de bolsa.
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85
CONSIDERAÇÕES GERAIS
O ácaro-vermelho do cafeeiro, O. ilicis, causa danos nas folhas e,
conseqüentemente, redução na taxa de fotossíntese das mesmas, em função da
intensidade de infestação e do tempo de alimentação. Este ácaro ocorre o ano
todo, em especial nos períodos secos, quando a atenção para o seu controle deve
ser acentuada, principalmente no que diz respeito ao uso de produtos
fitossanitários de ação ovicida, uma vez que o número de ovos é sempre maior
que o de todas as fases pós-embrionárias juntas. Mas, os produtos fitossanitários,
utilizados se necessário, devem ser aqueles que apresentem seletividade, uma
vez que se encontram associados ao O. ilicis, ácaros predadores pertencentes à
família Phytoseiidae, entre eles I. zuluagai, A. herbicolus, E. citrifolius, E.
concordis e E. alatus de ocorrência natural e que devem ser preservados na
cultura do cafeeiro.
O. ilicis produze teia que o protege contra a ação dos fitoseídeos I.
zuluagai e E. citrifolius, mas não contra A. herbicolus. No entanto, estes
predadores continuam contribuindo para manter a população da praga em
equilíbrio. O uso do controle biológico, do ponto de vista conservacionista e
com relação do aumento dos predadores como tática, possibilitará o manejo da
praga com maior eficiência e menor impacto ambiental.
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