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Universidade de São Paulo
Faculdade de Saúde Pública
Avaliação das declarações de nascido vivo como fonte
de informação sobre defeitos congênitos
Ana Lívia Geremias
Dissertação apresentada ao Programa
de Pós-Graduação em Saúde Pública
para obtenção do título de Mestre em
Saúde Pública.
Área de Concentração: Epidemiologia
Orientadora: Profª Drª Marcia
Furquim de Almeida
São Paulo
2008
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Avaliação das declarações de nascido vivo como fonte
de informação sobre defeitos congênitos
Ana Lívia Geremias
Dissertação apresentada ao Programa
de Pós-Graduação em Saúde Pública
da Faculdade de Saúde Pública da
Universidade de São Paulo para
obtenção do título de Mestre em
Saúde Pública.
Área de Concentração: Epidemiologia
Orientadora: Profª Drª Marcia
Furquim de Almeida
São Paulo
2008
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É expressamente proibida a comercialização deste documento, tanto na sua forma
impressa como eletrônica. Sua reprodução total ou parcial é permitida
exclusivamente para fins acadêmicos e científicos, desde que na reprodução figure a
identificação do autor, título, instituição e ano da tese/dissertação.
AGRADECIMENTOS
A Deus, por me escolher e me capacitar.
Ao Senhor Jesus, por me proporcionar tantos momentos de felicidade e me
fortalecer nos difíceis. A Ti Senhor, toda glória, louvor e honra para sempre.
À Professora Marcia Furquim de Almeida, pela orientação, paciência e
ensinamento.
Aos professores Eliseu Alves Waldman e Victor Bunduki, pela contribuição
na discussão deste trabalho e participação na comissão julgadora do
mesmo.
À Fundação SEADE (Fundação Sistema Estadual de Análises de Dados),
em especial ao Dr. Luis Patricio Ortiz Flores, pelo fornecimento do banco de
dados utilizado para a realização deste trabalho.
Ao Programa de Treinamento em Epidemiologia Aplicada aos Serviços do
Sistema Único de Saúde do Estado de São Paulo (EPISUS-SP), pelo
aprendizado e ingresso no programa de pós-graduação desta Faculdade.
Ao Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE) “Prof. Alexandre Vranjac” da
Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo onde fica alocada a equipe
EPISUS-SP.
Aos meus pais, pelo incentivo ao estudo desde minha infância e por sempre
acreditarem em mim.
Aos meus irmãos, pela alegria de tê-los em minha vida.
Ao meu marido Wilson, por seu amor e companheirismo.
Aos amigos da Divisão de Infecção Hospitalar do Centro de Vigilância
Epidemiológica (Denise, Geraldine, Cadu, Silvia e Yara), pela acolhida, pelas
agradáveis horas de convivência e aprendizado.
À amiga Flavia Moraes, pela ajuda no ingresso ao EPISUS-SP.
À amiga Geraldine Madalosso - sem palavras para agradecer a tamanha
ajuda na análise dos dados desta dissertação.
À amiga e “eterna teacher” Renata, pela ajuda com o abstract.
Ao Fernão Dias de Lima, do Departamento de Epidemiologia da Faculdade
de Saúde Pública da USP, pela ajuda com o banco de dados desta
dissertação.
Tudo tem a sua ocasião própria,
e há tempo para todo propósito debaixo do céu.
Há tempo de nascer, e tempo de morrer;
tempo de plantar, e tempo de arrancar o que se plantou;
tempo de matar, e tempo de curar;
tempo de derribar, e tempo de edificar;
tempo de chorar, e tempo de rir;
tempo de prantear, e tempo de dançar;
tempo de espalhar pedras, e tempo de ajuntar pedras;
tempo de abraçar, e tempo de abster-se de abraçar;
tempo de buscar, e tempo de perder;
tempo de guardar, e tempo de deitar fora;
tempo de rasgar, e tempo de coser;
tempo de estar calado, e tempo de falar;
tempo de amar, e tempo de odiar;
tempo de guerra, e tempo de paz.
(Eclesiastes, 3:1-8)
Geremias Ana Lívia. Avaliação das declarações de nascido vivo como fonte
de informação sobre defeitos congênitos [dissertação de mestrado]. São
Paulo: Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo; 2008.
RESUMO
Introdução: O Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos (SINASC) é um
instrumento importante para o monitoramento de defeitos congênitos (DC)
ao nascer, porém há falhas de preenchimento dessa informação e
possivelmente são registrados nas Declarações de Nascido Vivo (DN) os DC
mais aparentes, o que pode subestimar a prevalência dos mesmos. A
linkage de bancos de dados do SINASC e do SIM (Sistema de Informação
de Mortalidade) permite recuperar as informações sobre DC registrados no
SIM complementando os dados e fornecendo uma estimativa mais real da
prevalência dos DC. Objetivo: Estimar a prevalência de DC em uma coorte
de nascidos vivos (NV) vinculando-se os bancos de dados do SIM e do
SINASC. Método: Estudo descritivo para avaliar as DN como fonte de
informação sobre DC. A população de estudo são os NV hospitalares do 1º
semestre de 2006 de mães residentes e ocorridos no Município de São
Paulo no período de 01/01/2006 a 30/06/2006 e óbitos neonatais
provenientes da coorte. As diferenças entre portadores e não portadores de
DC foram testadas através do risco relativo, valor de p e IC 95%.
Resultados: Os defeitos congênitos mais prevalentes segundo o SINASC
foram: malformações congênitas e deformidades do aparelho osteomuscular
(44,7%), malformação congênita do sistema nervoso (10,0%) e anomalias
cromossômicas não classificadas em outra parte (8,6%). Através da linkage,
houve uma recuperação de 48 casos (80,0%) de DC do aparelho
circulatório, 11 casos (73,3%) de DC do aparelho respiratório e 5 casos
(62,5%) de outros DC do aparelho digestivo. O SINASC fez 55,2% das
notificações de DC e o SIM notificou 44,8%, mostrando-se importante para a
recuperação dos dados de DC presentes na Declaração de Óbito (DO). A
taxa de prevalência para os DC da coorte segundo o SINASC foi de
75,4/10.000 NV; com os dados corrigidos pelo SIM, essa taxa passou para
86,2/10.000 NV. As variáveis idade da mãe, idade gestacional, tipo de parto,
Apgar, sexo e peso ao nascer mostraram-se associadas à presença de DC
(p<0,001). Não foi encontrada associação entre anos de estudo, estado
marital, paridade, filhos mortos anteriores, pré-natal, tipo de gravidez,
raça/cor e a presença de DC. Conclusão: A complementação dos dados
pelo SIM fornece um perfil diferente da prevalência de DC do que aquele
que seria registrado apenas pelo SINASC, mostrando a importância do uso
conjunto das duas fontes de dados.
Palavras-chave: Defeitos congênitos; Declaração de Nascido Vivo;
Declaração de Óbito; Linkage; Prevalência.
Geremias Ana Lívia. Avaliação das declarações de nascido vivo como fonte
de informação sobre defeitos congênitos / Evaluation of the birth certificates
as source of information on birth defects [dissertation]. São Paulo (BR):
Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo; 2008.
ABSTRACT
Introduction: Live Birth Information System (SINASC) is an important
instrument to monitor birth defects (BD) at the birth, however it has fulfilling
imperfections of this information and they are probably registered in the Birth
Certificates (BC) the BD more apparent, what can under estimate the
prevalence of the some ones. The linkage of the data of SINASC and of SIM
(Mortality Information System) allows the recovery of information about BD
registered in SIM complementing the data and supplying a more real
estimate of the prevalence of BD. Objective: Come with the prevalence of
BD in a cohort of live birth (LB) associating the data base of SIM and the
SINASC. Methods: Descriptive study to evaluate BD as source of
information about BD. The population of study is the LB hospital of 1°
semester of 2006 of resident mothers and that had happened in São Paulo
city in the period from 01/01/2006 to 06/30/2006 and neonatal deaths from
the cohort. The differences of carriers and not carrying of BD had been
tested through the relative risk, p value and CI 95%. Results: According to
SINASC the most prevalent birth defects were: birth defects and
osteomuscular system deformity (44,7%), birth defects of nervous system
(10,0%) and cromossomics anomalies not classified in another part (8,6%).
Through linkage, it had a recovery of 48 cases (80,0%) of BD of circulatory
system, 11 cases (73,3%) of BD of respiratory system and 5 cases (62,5%)
of other BD of digestive system. SINASC made 55,2% of the notifications of
BD and SIM notified 44,8%, showing its importance to recovery data of BD
presents in Death Certificate (DC). The tax of prevalence for the BD of cohort
according to SINASC was 75,4/10.000 LB; with all the data corrected by SIM,
this tax changed for 86,2/10.000 LB. The variable age of mother, pregnancy
age, birth type, Apgar, sex and weight at birth are associated to the presence
of BD (p<0,001). Association between the years of study, marital status,
parity, previous dead children, prenatal, pregnancy type, race and the
presence of BD were not found. Conclusion: Data complementing by SIM
supplies a different profile of prevalence of BD from those ones that would be
registered only by SINASC showing the importance of the usage of two data
sources.
Keywords: Birth defects; Birth certificate; Death certificate; Linkage;
Prevalence.
ÍNDICE
1- INTRODUÇÃO
1.1 DEFEITOS CONGÊNITOS 10
1.2 – IMPORTÂNCIA DOS DEFEITOS CONGÊNITOS 12
1.3 – FREQÜÊNCIA DOS DEFEITOS CONGÊNITOS 18
1.4 – SISTEMAS DE INFORMAÇÃO E MONITORAMENTO DE
DEFEITOS CONGÊNITOS 19
1.5 – FONTES DE INFORMAÇÃO SOBRE DEFEITOS CONGÊNITOS
NO BRASIL 23
1.6 – USO CONJUNTO DO SIM E DO SINASC COMO FONTE
DE INFORMAÇÃO SOBRE DEFEITOS CONGÊNITOS 29
2- OBJETIVOS
2.1 – GERAL 31
2.2 ESPECÍFICOS 31
3- MÉTODO
3.1 LOCAL DE ESTUDO 32
3.2 – DELINEAMENTO, POPULAÇÃO E PERÍODO DE ESTUDO 33
3.3 FONTE DE DADOS 33
3.4 VARIÁVEIS DE ESTUDO 34
3.5 PROCEDIMENTOS 36
3.6 – PROCESSAMENTO E ANÁLISE DE DADOS 38
3.7 PROCEDIMENTOS ÉTICOS 39
4- RESULTADOS 40
5- DISCUSSÃO 61
6- CONCLUSÕES 72
7- CONSIDERAÇÕES FINAIS 74
8- REFERÊNCIAS 77
ANEXOS
Anexo 1 – Modelo da Declaração de Óbito (DO) 83
Anexo 2 – Modelo da Declaração de Nascido Vivo (DN) 84
Anexo 3 – CID-10 - Capítulo XVII - Malformações congênitas,
deformidades e anomalias cromossômicas 85
Anexo 4 – Fluxograma da coorte de nascidos vivos do 1º semestre
de 2006 do Município de São Paulo 89
Anexo 5 – Etapas da vinculação da base de óbitos neonatais com
a base de nascidos vivos do 1º semestre de 2006 do Município
de São Paulo pela Fundação SEADE 90
Anexo 6 – Ofício enviado à Fundação SEADE 92
Anexo 7 – Classificação dos defeitos congênitos segundo a CID-10 93
Anexo 8 – Currículo lattes – Ana Lívia Geremias 94
Anexo 9 – Currículo lattes – Profª Marcia Furquim de Almeida 95
Siglas Utilizadas
ACASS – Alberta Congenital Anomalies Surveillance System
AIHs – Autorizações de Internação Hospitalar
CCASN – Canadian Congenital Anomalies Surveillance Network
CCASS - Canadian Congenital Anomalies Surveillance System
CDC – Centers of Disease Control
CID-10 – Classificação Internacional de Doenças, 10ª Revisão
COEP – Comitê de Ética e Pesquisa
col. – colaboradores
CPSS Canadian Perinatal Surveillance System
DATASUS – Departamento de Informática e Informática do SUS
DC – Defeito(s) Congênito(s)
DN – Declaração(s) de Nascido Vivo
DO – Declaração(s) de Óbito
ECLAMC – Estudo Colaborativo Latino-Americano de Malformações
Congênitas
EUA – Estados Unidos da América
EUROCAT – European Concerted Action on Congenital Anomalies and
Twins
FIOCRUZ – Fundação Instituto Oswaldo Cruz
freq - Freqüência
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ICBDSR - International Clearinghouse for Birth Defects Surveillance and
Research
IC 95% - Intervalo de Confiança de 95%
MC – Malformação (ções) Congênita (s)
n – tamanho da amostra
NV – Nascido(s) Vivo(s)
OMS – Organização Mundial de Saúde
p valor de p (teste de Fisher)
PMDC – Programa de Monitorização de Defeitos Congênitos
prev. - Prevalência
RN – Recém-Nascido(s)
RR – Risco Relativo
SEADE – Sistema Estadual de Análise de Dados
SIH – Sistema de Informações Hospitalares
SIM – Sistema de Informação de Mortalidade
SINASC – Sistema de Informação de Nascidos Vivos
SMACDC – Sistema Municipal de Atendimento a Crianças Portadoras de
Defeitos Congênitos
SRC – Síndrome da Rubéola Congênita
SUS – Sistema Único de Saúde
SUS/SP – Sistema Único de Saúde de São Paulo
tx prev. – Taxa de prevalência
USP – Universidade de São Paulo
10
1 – INTRODUÇÃO
1. 1 – DEFEITOS CONGÊNITOS
Os defeitos congênitos (DC) incluem todos os defeitos estruturais
presentes ao nascimento, que podem ser classificados como malformações
primárias, secundárias e deformações (DICIONÁRIO digital de termos
médicos 2006). Representam defeitos na morfogênese durante o começo da
vida fetal. Entretanto, um documento emitido pela Organização Mundial da
Saúde (OMS) em 1972 relata que o termo defeito congênito deve ser
definido como “defeito estrutural ao nascimento” (PATEL e ADHIA, 2005).
De acordo com o European Concerted Action on Congenital Anomalies
and Twins (EUROCAT), os DC são definidos como defeitos estruturais
(defeitos congênitos, deformações, rompimentos e displasias),
anormalidades cromossômicas, erros inatos do metabolismo e doenças
hereditárias.
Segundo HOROVITZ e col. (2005) e MACIEL e col. (2006), o DC é
definido como uma anomalia funcional ou estrutural do desenvolvimento do
feto decorrente de fator originado antes do nascimento seja genético,
ambiental ou desconhecido, presente ao nascimento ou podendo manifestar-
se mais tarde, como certas enfermidades crônicas degenerativas.
Para GUERRA (2006), os defeitos congênitos são defeitos presentes
ao nascimento, “independente da causa ou momento em que surge durante
a gestação”. CASTRO e col. (2006) relatam que os DC constituem
alterações de estrutura, função ou metabolismo presentes ao nascer, que
resultam em anomalias físicas ou mentais, podendo ou não ser simples ou
múltiplas e de maior ou menor importância.
Para GUERRA e col. (2008), os DC correspondem a grupos
heterogêneos de diagnósticos, com morfogêneses diferentes, e são
definidos como defeitos morfológicos de um órgão ou parte do corpo
11
resultantes de um processo de desenvolvimento intrínseco anormal. Ainda
segundo os autores, os DC podem ser classificados segundo etiologias ou
mecanismos patogenéticos (aberrações cromossômicas – trissomias,
desordens mendelianas e seqüências malformativas), e essa é a lógica
utilizada OMS na Classificação Internacional de Doenças (CID) para a
codificação dos DC. Para MACIEL e col. (2006), os DC podem resultar da
ausência completa ou parcial de uma estrutura ou devido a alterações em
sua configuração normal.
Os DC podem se apresentar como formas isoladas (quando o recém-
nascido (RN) apresenta somente uma malformação, envolvendo sistemas
corporais isolados), ou associadas (quando coexistem múltiplas
malformações envolvendo muitos órgãos) (MACIEL e col., 2006).
Os defeitos congênitos podem ser classificados em maiores e
menores. Os maiores são os que resultam em graves defeitos anatômicos,
funcionais ou estéticos que podem levar à morte. Os menores normalmente
não têm importância cirúrgica, médica ou estética, podendo ser únicos ou
múltiplos e associar-se a defeitos maiores (MACIEL e col., 2006).
Segundo o CANADIAN PERINATAL SURVEILLANCE SYSTEM (2002)
e MACIEL e col. (2006), as causas associadas aos DC são ainda incertas.
Estima-se que 15 a 25% são devidos a alterações genéticas, 8 a 12% estão
entre os causados por fatores ambientais e 20 a 25% por ambos. Porém,
segundo o sistema, a maioria (40 a 60%) é de origem desconhecida.
De acordo com CASTRO e col. (2006), os defeitos múltiplos podem ser
decorrentes de cromossomopatias (6,1%), de mutações gênicas que
obedecem a padrões de herança mendeliana (7,5%), de origem multifatorial
(20% dos casos), ou de origem ambiental (6,5%). Ainda segundo os autores,
as anomalias múltiplas também podem ser derivadas de um único evento
malformativo primário ou de um determinado fator mecânico (seqüência);
podem ocorrer em estruturas de localização anatômicas distintas e distantes
entre si, que se repetem em dois ou mais indivíduos (associação).
12
SCHÜLLER-FACCINI e col. (2002) apontam que os danos reprodutivos
na espécie humana podem ser agrupados em quatro classes principais:
morte do concepto, malformações, deficiências funcionais (incluindo o
retardo mental) e retardo de crescimento intra-uterino, as quais podem ser
tanto de causa genética, como associadas a exposições ao meio ambiente,
e às vezes, de etiologia multifatorial (combinação das duas), corroborando
com os achados de HOROVITZ (2005), PATEL e ADHIA (2005) e CASTRO
e col. (2006).
Para HOROVITZ (2005), os DC podem ser divididos em: monogênicos,
que acometem 2% da população geral; cromossômicos, que estão presentes
em 0,7% dos nascidos vivos (NV) e em metade dos abortamentos
espontâneos; e os multifatoriais, que são os responsáveis pela maior parte
dos defeitos congênitos e por muitos problemas da vida adulta.
De acordo com o CANADIAN PERINATAL SURVEILLANCE SYSTEM
(2002) e RAMÍREZ-ESPITIA e col. (2003), os fatores mais comumente
associados aos defeitos congênitos são: idade materna avançada (35 anos e
mais), fatores ambientais como radiações ionizantes, consumo de alguns
fármacos específicos, anormalidades cromossômicas, síndromes genéticas,
baixa concentração de vitamina B12, o uso de álcool e cigarro, a diabetes
insulino-dependente, obesidade e presença de infecções maternas (sífilis,
rubéola, varicela, etc). KOZU e col. também relacionam o diabetes materno
à alta freqüência dos defeitos congênitos.
1.2 – IMPORTÂNCIA DOS DEFEITOS CONGÊNITOS
Os DC são importante causa de mortalidade infantil em vários países.
Em 1997, por exemplo, foram responsáveis por cerca de 450.000 mortes em
todo o mundo, sendo que a grande maioria destas ocorreu durante o
primeiro ano de vida, contribuindo assim para o aumento da taxa de
mortalidade infantil (AMORIM e col., 2006 e GUERRA, 2006).
Os DC constituem-se em importante causa de mortalidade infantil,
morbidade na infância e incapacidade a longo prazo nos paises
desenvolvidos, contribuem significativamente para a morte embrionária e
13
fetal, estão entre as causas que conduzem a anos potenciais de vida
perdidos e são responsáveis por três quartos dos defeitos físicos na
população (MORATILLA e col., 1999).
Segundo CASTRO e col. (2006), os DC são responsáveis por 20% da
mortalidade neonatal e 30 a 50% da mortalidade perinatal nos países
desenvolvidos. Já para PATEL e ADHIA (2005), são responsáveis por 15%
da mortalidade perinatal e por 10 a 15% das mortes neonatais. AMORIM e
col. (2006) ressaltam que em algumas regiões do mundo, os defeitos
congênitos são a primeira causa de óbitos neonatais, respondendo por 25%
das mortes neste período, ultrapassando a prematuridade, que se encontra
em 20% dos óbitos.
Segundo MENEZES e col. (1996), nos países com as menores taxas
de mortalidade infantil, os DC ocupam o primeiro lugar, e mesmo no período
pós-neonatal, eles são os responsáveis por metade das mortes. Ainda
segundo os autores, este tipo de causa é de difícil prevenção, portanto,
representa percentual mais alto com a queda dos índices de mortalidade.
Segundo ORTIZ e CAMARGO (2004), com a queda da mortalidade
infantil por doenças infecciosas, parasitárias e respiratórias, houve um
aumento da participação relativa dos defeitos congênitos nas mortes infantis,
pois à medida que as outras causas de morte são controladas, eles
assumem um papel proporcionalmente maior. Portanto, avanços nos
cuidados de saúde e saneamento básico levaram ao declínio as doenças
infecciosas e de má nutrição, e por isso os DC ganharam uma grande
importância na mortalidade perinatal (HOROVITZ e col., 2005 e PATEL e
ADHIA, 2005).
SCHÜLLER-FACCINI e col. (2002) destacam as diferenças existentes
entre os países desenvolvidos e em desenvolvimento em relação aos DC:
nos países desenvolvidos, a diminuição da taxa de mortalidade infantil e da
natimortalidade devido ao controle das doenças infecto-contagiosas e
melhor assistência pré-natal fez com que os defeitos congênitos
assumissem o primeiro lugar como causa de morte nesse período da vida.
Como exemplo de país em desenvolvimento, o Brasil apresenta grandes
14
diferenças em relação às taxas de mortalidade infantil, pois algumas regiões
são semelhantes aos países em desenvolvimento, e em outras regiões,
como a região Sul, as taxas se assemelham aos países desenvolvidos,
devido às melhores condições de saúde.
AMORIM e col. (2006) e GUERRA (2006) afirmam que na América
Latina, os DC vêm adquirindo papel cada vez mais relevante na saúde das
populações, onde em quase todos os países ocupam do segundo ao quinto
lugar entre as causas de disfunções em crianças menores de um ano,
respondendo, segundo os autores, por 2 a 27% da mortalidade nesta faixa
etária.
Segundo RAMÍREZ-ESPITIA e col. (2003), em 1990, 89% das mortes
por DC no mundo todo estavam na América Latina e Caribe, sendo que se
os abortos espontâneos e os por prescrição médica fossem considerados,
essa prevalência seria ainda maior, o que não ocorre, pois nesse caso há
um grande subregistro.
No Brasil, embora o número de óbitos nesta faixa etária decorrente de
várias doenças tenha declinado nos últimos anos, o mesmo não se verifica
com os DC, que atualmente é a segunda causa de mortalidade infantil no
país, com destaque para os defeitos cardiovasculares e do sistema nervoso,
e ficam abaixo apenas das afecções originadas no período perinatal
(complicações da gravidez, do parto e do puerpério) (SAÚDE BRASIL, 2004,
AMORIM e col., 2006 e GUERRA, 2006).
Segundo dados do Sistema de Informação de Mortalidade (SIM) e
MENEZES e col. (1996), as principais causas de mortalidade infantil no
Brasil em 1980 eram as causas perinatais, e os defeitos congênitos
ocupavam a quinta posição, com 5% do total. Este quadro começou a mudar
em 1990, onde houve uma redução das causas infecciosas e nutricionais e
os defeitos congênitos passaram a ocupar o quarto lugar, com 8% do total.
Já em 2000, os DC estavam na segunda posição, com 13% do total dos
óbitos (HOROVITZ e col., 2005).
Nos Estados Unidos, os DC representam a principal causa de morte no
primeiro ano de vida e a quinta causa de anos potenciais de vida perdidos
15
(AMORIM e col., 2006). Atualmente, são a principal causa de morbi-
mortalidade infantil no país, onde a mortalidade a esta causa aumentou
consideravelmente nos últimos trinta anos (de 14% para 22% entre os anos
de 1968 e 1995) (GUERRA, 2006).
KOZU e col. relatam que em Cuba, no período de 1988 a 1992, as
principais causas de morte infantil eram causas perinatais e defeitos
congênitos.
Segundo um estudo realizado por ALBACAR e BORRELL (2004) sobre
mortalidade infantil em Barcelona, as causas de mortes mais freqüentes
foram os defeitos congênitos (37% das mortes em toda a cidade de
Barcelona), e estes dados foram semelhantes aos encontrados na Espanha
em praticamente o mesmo período, porém, mais altos do que os
encontrados em outros países europeus, como França e Noruega.
SOUZA e GOTLIEB (1993), através de um estudo realizado na região
Sudeste do Brasil, verificaram que juntamente com as causas perinatais, os
DC contribuem com 80% na taxa de mortalidade infantil, que era de
aproximadamente 20 mortes para cada mil nascidos vivos. ORTIZ e
CAMARGO (2004) relatam que o risco de morte por DC oscila em torno de 3
óbitos por mil nascidos vivos no Estado de São Paulo. No Rio Grande do
Sul, por exemplo, este grupo corresponde a 30% dos óbitos em menores de
um ano, sendo, nesta faixa etária, a segunda causa de morte (GUERRA,
2006).
Além de dados de mortalidade, a morbidade também é utilizada para
avaliar os DC, pois estes implicam em risco para o desenvolvimento de
complicações clínicas, como internações e intercorrências. Vale ressaltar
que além da alta morbi-mortalidade, a cronicidade também é um grande
problema dos DC, pois o indivíduo acometido necessita de tratamento
contínuo, implicando, conseqüentemente, em altos custos (HOROVITZ e
col., 2005). Ademais do tratamento médico, o paciente requer serviços de
desenvolvimento e educação especial. A situação também implica em perda
da produtividade por incapacidade ou morte, perda na arrecadação salarial
16
familiar, problemas psicossociais e desestruturação familiar (HOROVITZ e
col., 2005).
De acordo com HOROVITZ e col. (2005), em um estudo feito pela
FIOCRUZ, Rio de Janeiro, de janeiro de 1999 a julho de 2003, os DC
estiveram entre as três principais causas de internações em 37% das
admissões hospitalares pediátricas, e o grupo com malformações
apresentou o dobro de mortalidade hospitalar comparado a um grupo sem
malformação.
PEIXOTO e col. (1997) utilizaram dados da morbidade hospitalar do
Sistema Único de Saúde (SUS) do Brasil em 1997, através do Sistema de
Informações Hospitalares (SIH) e mostraram que os DC ocupavam a 16ª
posição em relação ao número de internações hospitalares realizados pelo
SUS, com 56.343 internações, com uma média de 6,5 dias de permanência
dos pacientes internados, resultando em um valor total gasto, em 58,9
milhões de reais.
Dados do Anuário Estatístico do Estado de São Paulo (Fundação
SEADE) apontam que houve 21.359 internações por DC realizadas pelo
SUS/SP em 2003, onde o valor das Autorizações de Internação Hospitalar
(AIHs) pagas pelo Ministério da Saúde foi de R$ 34.388 correntes.
KOZU e col. e ALBACAR e BORRELL (2004) dizem que a mortalidade
perinatal à custa dos DC pode ser reduzida com cuidados pré-natais
adequados, como o ultrassom, que é altamente efetivo na triagem das
mesmas. Segundo ALBACAR e BORRELL (2004), as mortes por DC foram
mais freqüentes em Barcelona comparada com outros países europeus, o
que poderia ter sido atribuída à menor cobertura de atenção ao pré-natal.
Concluíram, portanto, que as mortes por defeitos congênitos poderiam ser
evitáveis com um melhor diagnóstico pré-natal, já que este pode implicar na
possibilidade de se realizar uma interrupção voluntária da gravidez nos
países desenvolvidos e, portanto, evitar a morte infantil por esta causa.
Segundo FERRARI e col. (2006), a mortalidade por defeitos congênitos
é pouco alterada por condições sócio-econômicas e pelos avanços
tecnológicos, e ao analisar estatísticas de mortalidade por defeitos
17
congênitos, devem ser considerados dois aspectos: o primeiro é que há
países onde o aborto é legalizado e, conseqüentemente, há interrupção da
gestação na maioria das vezes em que há diagnóstico antenatal de DC,
diminuindo o coeficiente de mortalidade neonatal. O segundo aspecto, de
acordo com os autores, é a insuficiência de diagnósticos em óbitos
precoces, o que leva à falsa interpretação de baixa incidência de defeitos
congênitos.
ALMEIDA e col. (2006b) também relatam que a magnitude da
mortalidade perinatal pode ser influenciada pela interrupção “terapêutica” da
gestação nos países onde há autorização legal para tal, e isso pode alterar
os níveis da mortalidade infantil.
GARNE e col. (2005) e AMORIM e col. (2006) ressaltam que a
prevenção de uma parcela importante das malformações é possível,
sobretudo as do sistema nervoso central, com destaque para o rastreamento
pré-natal e encaminhamento dos casos para centros especializados, que
reduzem significativamente a mortalidade dos RN comprometidos.
Para AMORIM e col. (2006), mais de 20% das gestações com fetos
malformados terminam em abortamento espontâneo. Os oitenta por cento
restantes nascem (vivos ou mortos) com algum tipo de defeito congênito,
sendo estes os responsáveis por cerca de 20% das mortes no período pós-
natal.
HOROVITZ e col. (2005) destacam que, segundo a OMS, para o
melhor atendimento aos defeitos congênitos é necessária uma modificação
do padrão dos serviços de saúde para o atendimento da população.
Segundo os autores, “uma abordagem racional para a questão dos defeitos
congênitos dependeria menos de tecnologia e mais de planejamento”.
No Brasil, são recomendadas ações como: atendimento inicial,
diagnóstico, exames complementares, tratamento, acompanhamento a longo
prazo, prevenção (campanhas educativas e ampliação ao acesso de
aconselhamento genético) para os pacientes com DC e seus familiares. Vale
ressaltar também a importância de tais informações não só para o público,
mas também para os profissionais de saúde.
18
Segundo HOROVITZ e col. (2005), a obtenção de dados sobre os DC é
de grande valia, porém, o processo de entrada dos mesmos na agenda vem
ocorrendo de maneira muito lenta. Os mesmos autores afirmam que
configurar uma rede para o atendimento aos defeitos congênitos no sistema
de saúde “não deve ser considerado um luxo ou um despropósito”. Para
PATEL e ADHIA (2005), é necessário identificar os defeitos congênitos para
que programas de intervenção possam ser planejados.
1.3 – FREQÜÊNCIA DOS DEFEITOS CONGÊNITOS
Não há um consenso quanto à freqüência dos DC, porém SOUZA e col.
(1987) apontam para a grande variabilidade de sua prevalência por todo o
mundo.
HOROVITZ e col. (2005) dizem que aproximadamente 5% dos
nascidos vivos apresentam alguma anomalia de desenvolvimento,
determinada por fatores genéticos (total ou parcialmente). Já segundo
MORATILLA e col. (1999), os defeitos congênitos se apresentam em,
aproximadamente, 3% de todos os recém-nascidos.
Dados da Secretaria Municipal de Saúde da PREFEITURA MUNICIPAL
DE SÃO PAULO mostram que, segundo estimativas, os defeitos congênitos
acometem cerca de 2 a 3% de todos os recém-nascidos do Município.
Os autores SCHÜLLER-FACCINI e col. (2002), PATEL e ADHIA
(2005), CASTRO e col. (2006), GUERRA (2006), MACIEL e col. (2006) e
GUERRA e col. (2008) estimam que de 2 a 5 % de todos os RN vivos
apresentem algum defeito congênito, e podem ser portadores de um ou mais
defeitos, onde as causas genéticas podem ser responsáveis por 15 a 20%.
Dados do CANADIAN PERINATAL SURVEILLANCE SYSTEM (2002)
mostram que no Canadá a prevalência de RN por ano com defeito congênito
também está entre 2 e 3%.
KOZU e col. concordam com os outros autores já citados quanto à
prevalência dos DC, mas afirmam que estes dados dependem da população.
Segundo GUERRA (2006), a prevalência global de anomalias
cromossômicas e defeitos congênitos nos países em desenvolvimento
19
parece ser maior que nos desenvolvidos, provavelmente devido à deficiência
de informações (subestimação).
1.4 – SISTEMAS DE INFORMAÇÃO E MONITORAMENTO DE
DEFEITOS CONGÊNITOS
MOREIRA e col. (2001) e SCHÜLLER-FACCINI e col. (2002) ressaltam
que a preocupação quanto ao possível efeito sobre o embrião ou feto em
desenvolvimento de substâncias a que uma mulher grávida pudesse estar
exposta surgiu apenas a partir da segunda metade do século 20. A idéia de
que a placenta, por exemplo, era uma barreira eficaz de proteção contra
substâncias exógenas foi infundada em 1941, com a identificação da
síndrome da rubéola congênita. No início da década de 1960 houve o fato
mais marcante, com o uso de talidomida durante a gravidez, que trouxe
muito medo para a população e comunidade médica com o advento da
focomelia. A partir desse fato, vários sistemas para registro e identificação
de DC têm sido implantados em diversos países, como o Canadian
Congenital Anomalies Surveillance System (CCASS), que foi estabelecido
em 1966 e é mantido pela Division of Health Surveillance and Epidemiology
do Canadá.
Segundo MORATILLA e col. (1999), o continente Europeu possui um
registro de defeitos congênitos, o EUROCAT, que é um programa baseado
nos registros populacionais para a vigilância epidemiológica dos defeitos
congênitos. O EUROCAT foi idealizado em 1974 pelo comitê da comunidade
econômica européia em pesquisa da medicina e saúde pública, para
aprimorar a metodologia de estudos populacionais. Os defeitos congênitos
foram escolhidos como o primeiro tópico para a ação.
O EUROCAT foi estabelecido em 1979, como um protótipo para a
vigilância européia que aponta avaliar a necessidade de estabelecer a
padronização das definições, diagnóstico, terminologia e confidencialidade e
cobre aproximadamente 29% dos nascimentos na Europa em 20 países.
Anualmente, examina mais de 1,5 milhões de nascimentos, que são
20
verificados desde o final da gravidez até o nascimento, utilizando múltiplos
registros de alta qualidade.
O programa tem como objetivos fornecer informação epidemiológica
essencial em DC na Europa; alertar quanto às exposições aos novos
agentes teratogênicos; avaliar a eficácia da prevenção preliminar; avaliar o
impacto da atuação na seleção pré-natal; atuar como um centro de recurso
para informação para a população, profissionais e agentes de saúde;
fornecer uma rede e uma infra-estrutura colaborativa para a pesquisa,
relacionando as causas e a prevenção de DC e o tratamento e o cuidado de
crianças afetadas.
São realizadas reuniões anuais dos líderes do registro para discutir a
padronização dos dados, vigilância e pesquisa, visando avaliar o número
elevado de indivíduos afetados, suas famílias e comunidades nos quesitos
qualidade de vida, participação da comunidade e necessidade de serviços.
Na Espanha há registros específicos de DC, uns de nível local, como o
Registre de Defectes Congènits de Barcelona, o Registro de Defeitos
Congênitos em Astúrias e o Registro do País Basco, e outros de nível
nacional, como o Estudo Colaborativo Espanhol de Defeitos Congênitos, que
é de base hospitalar e de caráter voluntário (MORATILLA e col., 1999).
O Canadá, como já citado, tem um sistema de vigilância de defeitos
congênitos - Canadian Congenital Anomalies Surveillance Network (CCASN)
- que foi estabelecido em 2002, como um “leque” do Canadian Perinatal
Surveillance System (CPSS). É um sistema nacional de vigilância que provê
pesquisa, vigilância e práticas de saúde pública, com a atenção voltada para
a qualidade dos dados e expansão do conhecimento em defeitos congênitos,
para a melhora da saúde das crianças acometidas e de seus familiares.
Entre os objetivos desse sistema, destacam-se o aumento da quantidade e
da qualidade das atividades do sistema de vigilância, funcionando como
suporte para os profissionais da área, como os geneticistas e os
epidemiologistas e a comunicação dos sistemas de vigilância de DC entre as
províncias e os territórios vizinhos.
21
MORATILLA e col. (1999) ressaltam uma maneira de se validar o
sistema de informação de DC através da comparação de diagnósticos de
altas hospitalares em RN com a informação contida no registro médico ao
nascimento, que incluía todos os defeitos congênitos detectados antes da
alta. Segundo os autores, outra maneira de se validar o sistema de
informação é através da comparação de diagnósticos de altas hospitalares
ao nascimento e os diagnósticos recolhidos no certificado de nascimento
com a informação do sistema de vigilância ativa de DC, que inclui os defeitos
detectados durante o primeiro ano de vida, maneira esta realizada na
Califórnia pelo California Birth Defects Monitoring Program.
Segundo MORATILLA e col. (1999), dependendo da qualidade do
conjunto mínimo básico de dados dos hospitais, este sistema pode ser uma
fonte de informação válida para a detecção de defeitos congênitos, porém
depende de vários fatores. Os autores observaram também que os índices
de exatidão são maiores quando os defeitos são mais graves ou de forma
múltipla.
Para MORATILLA e col. (1999), para serem mantidos, os registros
específicos precisam de recursos humanos, materiais e orçamento. Caso
seja válido, é possível utilizar um registro já existente, como o conjunto
mínimo básico de dados, que recorre aos dados das altas hospitalares e os
diagnósticos dados no momento das altas, que é mais econômico. Os
autores ressaltam que este registro é uma das escassas fontes disponíveis
de informação sobre este tipo de patologia, mas que alguns países o utilizam
como fonte de detecção de defeito congênito.
Mas devem-se levar em consideração os DC que não se manifestam
após o nascimento, como, por exemplo, a estenose pilórica hipertrófica,
anomalia do sistema digestivo (MORATILLA e col., 1999). Portanto, os
autores concluíram que, dependendo da finalidade a que se pretende, o
registro de altas pode ser uma alternativa válida e, sobretudo, não demanda
nenhum esforço econômico e organizacional adicional. Porém, deve ser
levado em consideração que a porcentagem de DC encontrados tanto nas
histórias clínicas quanto no conjunto mínimo básico de dados dos hospitais
22
deve ser maior que os encontrados na população em geral, pois se trata de
pacientes hospitalizados.
De acordo com GUERRA (2006), os Estados Unidos e alguns países
da Europa fazem o diagnóstico pré-natal dos defeitos congênitos mais
freqüentemente, e as informações sobre os DC são baseadas em outras
fontes de informação além dos certificados de nascimento.
MORATILLA e col. (1999) alertam para o fato de que potenciais fontes
de informação de DC são os certificados de óbito, as histórias clínicas
obtidas em maternidades e serviços de neonatologia, dados de cirurgia
pediátrica, de autópsia, exames citogenéticos, diagnósticos pré-natais,
conselhos genéticos e os registros de altas hospitalares, entre outros.
Porém, o uso destas fontes é limitado, em alguns casos por pouca
exaustividade, em outros por falta de automatização dos dados e em outras
por problemas de validade dos mesmos. Ainda de acordo com os autores,
devido a essa necessidade de informação, devem ser realizadas duas
alternativas não excludentes: estabelecer um registro específico e aproveitar
as fontes de dados já existentes.
MORATILLA e col. (1999) observaram que a sensibilidade para se
detectar crianças com DC maiores (principais) foi maior em relação à
detecção dos defeitos menores. Ainda de acordo com os autores, ao
analisar a detecção de diagnósticos de defeitos congênitos, observa-se que
a sensibilidade dos registros varia muito segundo grupos de defeitos e/ou
segundo os códigos específicos de defeitos congênitos. Os registros
hospitalares, por exemplo, são mais sensíveis para detectar patologias
graves, como as que afetam o sistema nervoso central e as anomalias
cromossômicas.
Em Atlanta, para a vigilância dos defeitos congênitos, há o Metropolitan
Atlanta Congenital Defects Program, que é um dos mais antigos sistemas de
registros populacionais de DC norte-americanos, centrado em monitorar DC
estruturais maiores entre crianças da região Metropolitana de Atlanta. Já o
Alberta Congenital Anomalies Surveillance System (ACASS) é específico
23
para coletar informações sobre DC de múltiplas fontes, porém é de
notificação voluntária.
A China possui um único sistema de vigilância de defeitos congênitos
que foi instituído em março de 1992 para a avaliação da efetividade de uma
campanha de saúde pública que utilizou suplementos a base de ácido fólico
em gestantes para prevenir defeitos no tubo neural. Atualmente, o sistema
analisa aproximadamente 150.000 crianças por ano. Informações detalhadas
e fotografias das crianças afetadas são coletadas pelo centro de saúde local
e então o sistema faz a detecção dos DC através da classificação e
codificação das mesmas, porém, as informações são limitadas para defeitos
estruturais que são visíveis ao exame físico. Este sistema de vigilância de
DC possui um banco de dados de crianças com defeitos estruturais maiores
e menores, incluindo fotografias da maioria dos casos (LI e col., 2003).
1.5 – FONTES DE INFORMAÇÃO SOBRE DEFEITOS
CONGÊNITOS NO BRASIL
O país não dispõe de um sistema de informação especifico sobre
defeitos congênitos de base populacional para monitorar a sua prevalência.
As informações disponíveis para acompanhar a freqüência e a distribuição
dos DC na população são os dados disponíveis nos sistemas de informação
em saúde.
O Sistema de Informação de Mortalidade (SIM) tradicionalmente tem
sido utilizado para obter dados sobre os defeitos congênitos em todo mundo;
alguns países utilizam também o Sistema de Informação sobre Nascidos
Vivos (SINASC) e sistemas de informação específicos para a vigilância dos
defeitos congênitos.
Os sistemas de informação em saúde no Brasil foram criados, na sua
grande maioria, entre a década de setenta e início dos anos oitenta
(PEIXOTO e col., 1997), porém, a necessidade de se estabelecer um
sistema de informação em saúde no país data do final dos anos sessenta e
início dos anos setenta (ALMEIDA e col., 2006c). Segundo PEIXOTO e col.
24
(1997), houve um grande avanço ao acesso e às possibilidades de análise
dos principais sistemas de informação em saúde no país nos últimos anos
com o desenvolvimento tecnológico na área da informática, que aprimorou
os mecanismos de disseminação das informações disponíveis, fazendo com
que a análise ocorresse em tempo oportuno.
Como exemplo de registro de defeitos congênitos no Brasil, temos o
Hospital de Clínicas de Porto Alegre, que através do Programa de
Monitorização de Defeitos Congênitos (PMDC), vinculado ao Estudo
Colaborativo Latino-Americano de Malformações Congênitas (ECLAMC),
mantém um registro ininterrupto dos nascimentos deste hospital desde 1983,
disponibilizando um valioso banco de dados para o desenvolvimento de
estudos sobre defeitos congênitos (SCHÜLLER-FACCINI e col., 2002).
O programa em Porto Alegre, segundo GUERRA (2006), formou o
primeiro grupo de vigilância de base populacional de DC no Brasil - o
SMACDC (Sistema Municipal de Atendimento a Crianças Portadoras de
Defeitos Congênitos), que é desenvolvido em parceria com o SINASC e atua
através do sistema de vigilância municipal, com o acompanhamento das
crianças e de suas famílias no Serviço de Genética Médica do Hospital de
Clínicas de Porto Alegre por um período de cinco anos a partir do
nascimento.
De acordo com GUERRA (2006), o ECLAMC consiste em uma rede
continental de maternidades sobreposta por outra rede de centros de
genética médica que servem de ponto de apoio para as mesmas. As redes
se integram a um sistema de colaboração internacional especializado que
produz informações, implementam ações assistenciais e preventivas,
capacitam recursos humanos e geram normas diagnósticas, terapêuticas e
preventivas de DC. Segundo MACIEL e col. (2006), apesar do Brasil ser um
dos países que integram o ECLAMC, o programa não engloba todos os
estados brasileiros.
25
1.5.1 – Sistema de Informação de Mortalidade (SIM)
O SIM foi implantado no país pelo Ministério da Saúde em 1975,
dispondo de dados consolidados desde 1979.
Seu instrumento de coleta é a Declaração de Óbito (DO) (Anexo 1) e
seu preenchimento é de atribuição do médico. Uma das vias desses
formulários é coletada pelas Secretarias Municipais de Saúde que codificam
as causas do óbito segundo a CID-10 e digitam seus dados no SIM, que
processam tais dados e os remete às Secretarias Estaduais de Saúde que,
por sua vez, os encaminham ao Ministério da Saúde. Seus dados podem ser
desagregados por município, estados e país, seja pelo local de ocorrência
do evento como segundo o local de residência. Atualmente, estima-se para o
Brasil uma média de 20% de sub-registro de óbitos, chegando a 40% nas
regiões Norte e Nordeste. Do total, cerca de 15% apresentam problemas
com relação à qualidade da informação, pois não possuem a causa básica
da morte definida (DATASUS). A introdução da Declaração de Óbito (DO)
padronizada também tornou possível estabelecer o perfil epidemiológico da
população.
1.5.2 – Causa de Morte
Segundo a Classificação Internacional de Doenças, 10ª revisão (CID-
10), a causa básica de morte é (a) a doença ou lesão que iniciou a cadeia de
acontecimentos patológicos que conduziram diretamente à morte (morte
natural), ou (b) as circunstâncias do acidente ou violência que produziu a
lesão fetal (causas externas).
Esta definição foi adotada pela Assembléia Mundial da Saúde
(resoluções WHA20.19 e WHA43.24) de acordo com o Artigo 23 da
Constituição da Organização Mundial da Saúde.
A causa básica é registrada na linha “c” da parte I da Declaração de
Óbito, pois esta pode dar origem a algumas complicações – causas
conseqüenciais ou associadas -, que são registradas nas linhas acima “b” e
26
“a”, sendo a causa registrada na linha “a” chamada de terminal ou imediata
de morte (CID-10).
As causas básica e associadas de morte são codificadas empregando-
se a Classificação Internacional de Doenças, 10ª Revisão (CID-10). Os
códigos para defeitos congênitos segundo a CID-10 estão compreendidos
entre Q00 e Q99. Segundo LAURENTI e BUCHALLA (1997), o capítulo dos
defeitos congênitos na CID-10 está baseado nas recomendações da
Associação Pediátrica Britânica e da International Clearinghouse on Birth
Defects Monitoring System.
1.5.3 – Sistema de Informação de Nascidos Vivos (SINASC)
O SINASC foi concebido à semelhança do SIM, e tem por objetivo
reunir informações relativas aos nascimentos ocorridos em todo o território
nacional, utilizando a Declaração de Nascido Vivo (DN) (Anexo 2) como
instrumento de coleta de dados. Sua implantação no país se deu a partir de
1990 pelo Ministério da Saúde. Com cerca de quarenta e uma variáveis,
possibilita a obtenção de informações detalhadas sobre NV e dados sobre a
gravidez, o parto e as condições da criança ao nascer, ou seja, variáveis
importantes para a análise da mortalidade infantil. De preenchimento
obrigatório nos hospitais e nos cartórios quando da ocorrência de partos
domiciliares, alcança uma cobertura média de 93% dos nascidos vivos
ocorridos no país, porém somente em torno de 75% no Norte e Nordeste do
país (DATASUS e ALMEIDA e MELLO JORGE, 1996).
Segundo ALMEIDA e col. (2006c), a completude do SINASC é boa, ao
contrário do SIM, o que dificulta a obtenção de indicadores necessários para
seu monitoramento. Os autores ainda ressaltam que no Estado de São
Paulo a qualidade da informação é precária quando comparada com os
demais estados.
Desde sua implantação, a DN passou por algumas mudanças das
variáveis que são objeto de registro. A introdução da variável “presença de
anomalia congênita” no campo 34 foi introduzida em 1999, e esta nova
27
versão foi implantada nacionalmente em 2000 e encontra-se em vigor até o
momento (GUERRA, 2006).
Segundo HOROVITZ e col. (2005), GUERRA (2006) e GUERRA
(2008), o campo 34 permite que sejam registrados os DC e anomalias
cromossômicas apresentados ao nascimento. Este campo, segundo
GUERRA (2006), consta de três opções para preenchimento: sim (DC
presente), não (DC ausente) e ignorado. Segundo os autores, caso seja
verificada a presença de um ou mais defeitos congênitos no exame
neonatal, os mesmos devem ser descritos de forma sucinta no campo.
Como etapa seguinte, o defeito congênito é codificado pela CID-10 capítulo
XVII – “malformações congênitas, deformidades e anomalias
cromossômicas” (Anexo 3) nas Secretarias Municipais de Saúde, e assim,
permite um registro bastante completo dessas alterações pelos hospitais.
Portanto, o SINASC passou a ser uma valiosa fonte de informações sobre a
prevalência dos defeitos congênitos.
A informação obtida através desse campo é de grande valia para o
monitoramento e prevenção dos defeitos congênitos no Brasil. SCHÜLLER-
FACCINI e col. (2002) dizem que esta modificação na DN é de
preenchimento obrigatório (o destaque é nosso), e que isso permitiu que as
equipes de informação da saúde locadas nos hospitais passassem a
registrar os DC de forma sistemática.
Segundo GUERRA (2006), a variável sobre presença de DC na DN
encontra-se incluída há mais de 20 anos nos países europeus e nos da
América do Norte. Além disso, estes países têm programas regionais e
nacionais de vigilância de DC, que servem como padrão-ouro para estudos
de avaliação de qualidade das informações das DN.
THEME FILHA e col. (2004) realizaram um estudo no Município do Rio
de Janeiro entre 1999 e 2001 para avaliar a qualidade das informações do
SINASC confrontando seus dados com dados obtidos por prontuários e
entrevista com as puérperas e verificaram que a presença de defeitos
congênitos mostrou alta freqüência de não informação (11,7%). Devido à
28
alta falta de registro sobre a presença de DC, o mesmo não pôde ser
validado.
Porém, ALMEIDA e col. (2006a) ressaltam que o SINASC pode ser um
importante instrumento de monitoramento populacional de defeitos
congênitos, e por isso, “devem ser feitos esforços para garantir melhor
captação de informação”.
A presença de defeitos congênitos e/ou anomalias cromossômicas foi
registrada em 0,6% dos nascidos vivos em 2004, mais um indicativo de que
ocorre sub-registro dessa informação no Município de São Paulo, por
exemplo, tendo em vista que a prevalência esperada seria de pelo menos
2% (PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO PAULO).
Segundo GUERRA e col. (2008), se todas as DN do Município do Rio
de Janeiro tivessem o campo 34 corretamente preenchido, ainda assim não
seriam detectados todos os DC. Mas a introdução de um campo específico
para notificação sobre DC em um documento oficial e de preenchimento
obrigatório foi fundamental para a obtenção de algumas informações.
Desde a implantação do SINASC, a atribuição legal de se trabalhar
com dados do Estado de São Paulo é da Fundação SEADE (Sistema
Estadual de Análise de Dados).
BERCINI (1994) ressalta que “a integridade da informação sobre os
defeitos congênitos está na evidência diagnóstica disponível”, ou seja, a
freqüência dos diagnósticos depende da gravidade dos defeitos congênitos e
dos sinais visíveis, por isso, é provável que os defeitos graves, como os do
sistema nervoso, por exemplo, foram sempre diagnosticados e codificados
na DN. Por outro lado, alguns DC do coração e do aparelho circulatório
podem passar despercebidos ou mesmo não serem especificados pela
ausência de um exame pós-morte. Segundo SOUZA e col. (1987), devido a
essa “falta de percepção” dos defeitos ditos menores, há uma subestimação
da prevalência dos DC como um todo, o que dificulta a sua comparabilidade
(DN e DO).
ALMEIDA e col. (2006a) também sugerem que o registro é maior para
DC facilmente identificáveis como alterações externas ou internas graves,
29
sendo que a menor identificação ocorre nos certificados de nascimento
comparados aos prontuários hospitalares.
Segundo GUERRA (2006), os aparelhos mais acometidos por DC são o
cardiovascular e o urinário, que não são facilmente detectáveis ao
nascimento, ou seja, podem não estar relatados na DN, apenas na DO. Por
outro lado, os defeitos do sistema músculo-esquelético e do sistema nervoso
central são os mais diagnosticados no período neonatal, ou seja, por serem
de fácil visualização, são relatados na DN. Portanto, segundo os autores, o
tipo de defeito congênito influencia seu diagnóstico, notificação e,
conseqüentemente, sua prevalência, o que reflete nos resultados
encontrados nos sistemas de vigilância de defeitos congênitos de todo o
mundo, por isso há diferenças nos registros da DN e da DO do mesmo caso.
Por isso é importante utilizar os sistemas de informação SIM e SINASC para
obter a real prevalência de DC em uma coorte de nascidos vivos, pois se for
utilizado apenas o SINASC para obter tal informação, a mesma estará
subestimada.
1.6 – USO CONJUNTO DO SIM E DO SINASC COMO FONTE
DE INFORMAÇÃO SOBRE DEFEITOS CONGÊNITOS
A linkage ou vinculação de banco de dados baseia-se na identificação
de um mesmo indivíduo em dois ou mais bancos de dados, permitindo dessa
forma o compartilhamento das informações registradas nesses bancos,
possibilitando recuperar e complementar informações, ampliando sua
utilização a baixo custo operacional, pois utiliza dados já registrados
(secundários). Segundo ALMEIDA e MELLO JORGE (1996), a linkage dos
sistemas de informação de nascimentos e óbitos permite uma maior
utilização dos dados existentes nestes sistemas de informação, como pôde
ser verificado em estudos nos Estados Unidos e na Noruega. Essa técnica,
segundo as autoras, vem sendo utilizada no Canadá para o monitoramento
dos defeitos congênitos.
30
De acordo com HOROVITZ e col. (2005), em um levantamento
realizado em Porto Alegre, onde foram cruzados dados do SINASC com
óbitos registrados no SIM cuja causa básica foi defeito congênito, foi
mostrado um sub-registro de quase 61% para os DC na declaração de
nascimento. Isso indica ausência de preenchimento do campo 34.
Em estudo realizado por ALMEIDA e col. (2006a), a presença de
defeitos congênitos mostrou elevada ausência de registro (30%) e não
houve diferença significativa entre casos e controles, o que indicou que a
ausência de registro de informações na DN distribui-se igualmente entre os
sobreviventes (casos) e os RN que morreram (controles). Porém, os autores
ressaltam que a elevada ausência de registro dessa variável pode ser
explicada pela introdução, apenas na última versão da DN, deste tipo de
registro.
A técnica de linkage de bancos de dados, ao permitir a identificação do
mesmo individuo em dois ou mais bancos, permite a recuperação de
informação e conseqüentemente a obtenção de uma estimativa mais
próxima do real da prevalência dos defeitos congênitos nos nascidos vivos.
Com o emprego dessa técnica espera-se complementar as informações
disponíveis no SINASC com aquelas registradas no SIM. Na DN, como já
citado, possivelmente estão registrados os defeitos congênitos mais
aparentes, e na DO, os mais graves. Para este estudo, foram considerados
os defeitos congênitos registrados tanto como causa básica como quanto
causa associada de morte.
31
2 – OBJETIVOS
2.1 – GERAL
Estimar a prevalência de defeitos congênitos em uma coorte de
nascidos vivos hospitalares do primeiro semestre de 2006 de mães
residentes no Município de São Paulo com base nas informações obtidas
vinculando-se os bancos de dados do SIM e do SINASC.
2.2 - ESPECÍFICOS
1. Verificar se há diferença de preenchimento de defeitos
congênitos no SINASC para os óbitos neonatais e os
sobreviventes da coorte.
2. Recuperar informação sobre defeitos congênitos para os óbitos
neonatais da coorte utilizando os dados do SIM.
3. Verificar se há diferença de tipos de defeitos congênitos
preenchidos na Declaração de Nascido Vivo e na Declaração de
Óbito nos óbitos neonatais.
4. Estimar a prevalência corrigida de defeitos congênitos da coorte
de nascidos vivos após recuperar a informação presente no SIM.
5. Analisar as características maternas e dos recém-nascidos
portadores de defeitos congênitos.
32
3 – MÉTODO
3.1 – LOCAL DE ESTUDO
A pesquisa foi realizada com dados do Município de São Paulo, que é a
capital do
estado de São Paulo, sendo a mais populosa cidade do Brasil e
da América Latina (excluindo a sua região metropolitana). A população do
município em 2007 era de 10.886.518 habitantes. A área do município,
segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é de 1.524
km² e a sua altitude média é de 760 metros. É considerada uma das
principais cidades do Brasil, seja do ponto de vista social, cultural,
econômico ou político e é considerada uma cidade global beta, exercendo
significativa influência em âmbito regional, nacional e internacional. Sua
região metropolitana tem 19.949.261 habitantes o que a torna a metrópole
mais populosa do Brasil e a terceira do mundo depois de Tóquio e Cidade do
México. Regiões muito próximas a São Paulo são também regiões
metropolitanas do Estado, como Campinas e Santos; outras grandes
cidades próximas são aglomerações urbanas em processo de conurbação,
como Jundiaí, Sorocaba e São José dos Campos. O total das populações
dessas áreas, somadas à da capital, o chamado Complexo Metropolitano
Estendido, ultrapassam 29 milhões de habitantes, aproximadamente 75% da
população do estado inteiro.
A Região Metropolitana de São Paulo é constituída por 39 municípios,
sendo a maior metrópole da
América do Sul e do Hemisfério Sul.
A taxa de mortalidade infantil por DC, deformidades e anomalias
cromossômicas no Estado de São Paulo em 2003 foi de 2,91/1.000 NV
(Anuário Estatístico do Estado de São Paulo 2003, Fundação SEADE).
Ainda segundo dados da Fundação SEADE, os DC representaram o
segundo lugar (19,6%) dos óbitos infantis em 2004 no Estado e no Município
de São Paulo, com 1762 e 519 casos, respectivamente, perdendo apenas
para as causas perinatais, que no mesmo ano registrou 57,02% dos óbitos
infantis.
33
3.2 – DELINEAMENTO, POPULAÇÃO E PERÍODO DE ESTUDO
Delineamento: estudo descritivo.
População de estudo: coorte de nascidos vivos hospitalares, de mães
residentes e ocorridos no Município de São Paulo - óbitos neonatais
registrados no ano de 2006 e em janeiro de 2007, cuja data de nascimento
situa-se no período de 01/01/2006 a 27/07/2006 e nascidos vivos com
nascimentos registrados entre janeiro de 2006 e abril de 2007 e data de
nascimento no período de 01/01/2006 a 30/06/2006.
No 1º semestre de 2006, houve segundo a Fundação SEADE, um total
de 316.109 nascidos vivos no Estado de São Paulo. Como o estudo tratou-
se da estimação da prevalência de defeitos congênitos no Município de São
Paulo, foram excluídos os filhos de mães não residentes no Município (N=
226.594), resultando em 89.515 NV residentes no Município. Destes, foram
excluídos os nascimentos não hospitalares (N= 589), resultando em 88.926
NV, e destes, foram excluídos os nascimentos não ocorridos no Município
(N= 4.080), que resultou em uma coorte de 84.846 NV (Anexo 4).
3.3 – FONTE DE DADOS
Os bancos de dados das Declarações de Nascido Vivo (DN), das
Declarações de Óbito (DO) e DN/DO vinculados foram fornecidos pela
Fundação SEADE.
De acordo com ALMEIDA e col. (2008), a linkage de banco de dados
baseia-se na identificação de um mesmo indivíduo em uma ou mais bases
de dados e pode ser determinística ou probabilística.
A linkage probabilística trabalha com a probabilidade de formação de
pares verdadeiros (identificação do mesmo indivíduo em duas ou mais bases
de dados); já a linkage determinística faz a identificação nominal (individual)
em duas ou mais bases de dados (ALMEIDA e col., 2008).
Para a realização deste estudo foi obtido um banco de dados
SINASC/SIM vinculado pelo método determinístico proveniente da pesquisa
“Avaliação da qualidade da informação sobre mortalidade perinatal no
34
Município de São Paulo”, pertencente aos registros do Sistema de
Estatísticas Vitais da Fundação SEADE. Foi utilizada a técnica
determinística uma vez que era possível ter acesso direto às bases de dados
e aos documentos originais para buscas complementares de informações.
A coorte inicial era formada por 316.109 nascidos vivos, onde
ocorreram 3.004 óbitos neonatais (total de registros do Estado de São Paulo
no 1º semestre de 2006).
A vinculação da base de óbitos neonatais com a base de nascidos
vivos do 1º semestre de 2006 do Município de São Paulo pela Fundação
SEADE foi realizada através de três etapas, que podem ser vistas no Anexo
5.
3.4 – VARIÁVEIS DE ESTUDO
3.4.1 – Desfecho
Foi considerado como desfecho a presença de defeito congênito na
coorte de nascidos vivos.
A fonte inicial para se obter informações sobre o desfecho foram as DN
que se constituíam na fonte de dados comum aos óbitos neonatais e
sobreviventes da coorte de nascidos vivos em estudo. Foi utilizada a variável
registrada no campo 34 - “detectada alguma malformação congênita e/ou
anomalia cromossômica: sim e não” e os registros dos DC que se encontram
codificados pela CID-10 e correspondem aos códigos Q00 a Q99
Para os sobreviventes da coorte as DN são as únicas fontes de
informação. Para os óbitos neonatais da coorte, foram utilizados: a) DN
(presença de defeito congênito no campo 34) e b) DO - as causas básicas e
associadas de morte que se encontram codificadas como defeitos
congênitos (Q00 a Q99).
As características dos portadores de DC estudadas foram aquelas que
são objeto de registro na DN, que são comuns aos óbitos neonatais e
sobreviventes da coorte em estudo.
35
3.4.2 – Características Maternas:
Idade: categorizada em < 19 anos, 20 a 34, 35 a 39 e 40 anos e
mais.
Escolaridade: categorizada em até 8 anos e 8 anos e mais de
estudo.
Número de consultas pré-natal: categorizada em nenhuma, de 1
a 3, de 4 a 6 e 7 e mais.
Estado marital: dicotomizada em com ou sem companheiro.
Número de filhos anteriores: total e número de filhos mortos
anteriores, categorizado em sim e não.
Paridade: categorizada em nulípara, multípara e grande
multípara.
A variável “ocupação da mãe”, embora seja uma variável de
exposição importante, não foi analisada porque 99,2% (84.174)
dos registros não estavam preenchidos.
3.4.3 – Condições da Gestação:
Idade gestacional: categorizada em < 32 semanas, de 32 a 36
semanas e 37 semanas e mais.
Tipo de parto: vaginal e cesáreo.
Tipo de gravidez: única e múltipla.
3.4.4 – Condições do Recém-Nascido:
Apgar no 1º e 5º minuto: categorizados em < 7 e 7 e mais.
Sexo: masculino e feminino.
Raça/cor: categorizada em branca, preta, amarela, parda e
36
indígena.
Peso ao nascer: < 1500g, 1500 a 2499g e 2500g e mais.
3.5 – PROCEDIMENTOS
3.5.1 – Grau de Preenchimento de Presença de Defeitos
Congênitos no SINASC
A primeira etapa foi avaliar o preenchimento do campo 34 das DN. Foi
considerado como não preenchido o campo 34 que estava em branco. Foi
obtida a proporção de DN com ausência de registro sobre defeitos
congênitos e comparada a ausência de registro de informação sobre defeitos
congênitos para os óbitos neonatais e sobreviventes da coorte.
3.5.2 – Prevalência de Defeitos Congênitos segundo as
Informações Registradas no SINASC
Foram calculadas as taxas de prevalência de defeitos congênitos para
óbitos neonatais e sobreviventes:
Taxa de prevalência de DC na coorte de nascidos vivos:
Número de DC registrados na DN x 10.000
Total de nascidos vivos
Proporção de DC nos óbitos neonatais:
Número de DC registrados na DN x 10.000
Total de óbitos neonatais (DN/DO)
Proporção de DC nos sobreviventes:
Número de DC registrados na DN dos sobreviventes x 10.000
Número de sobreviventes
37
3.5.3 – Identificação dos Defeitos Congênitos mais
Freqüentemente Registrados no SINASC
Com base na codificação previamente realizada pela Fundação SEADE
segundo a Classificação Internacional de Doenças (CID-10), foram
ordenados segundo freqüência os defeitos congênitos. Foram comparadas
as ordenações dos defeitos congênitos dos óbitos neonatais e sobreviventes
da coorte.
3.5.4 – Recuperação da Notificação de Defeitos Congênitos no
SIM
Utilizando o banco de dados vinculado, foram identificados os óbitos
neonatais que apresentavam causa básica ou associada de morte codificada
como defeito congênito (Q00 a Q99) e verificados se os nascidos vivos que
deram origem a estes óbitos apresentavam ou não registro de defeitos
congênitos nas respectivas DN. Em caso negativo foi recuperada a
informação registrada na DO, quer como causa básica ou associada de
morte.
Foram obtidos o número e a proporção de óbitos neonatais que
apresentavam informação registrada em:
a) somente na DN;
b) na DN e na DO;
c) somente na DO (que correspondeu à recuperação da informação).
Este número foi o fator de correção utilizado no cálculo da prevalência
corrigida dos defeitos congênitos na coorte.
3.5.5 – Identificação do Tipo de Defeito Congênito mais
Freqüentemente Omitido no SINASC
Com base nos dados dos óbitos neonatais sobre causa de morte
codificada segundo a CID-10 foram identificadas as causas ou grupamentos
de causas mais freqüentemente omitidas de registro nas DN.
38
3.5.6 – Correção da Taxa de Prevalência de Defeitos Congênitos
na Coorte
Com base na informação sobre a presença de defeito congênito
recuperada pela técnica de linkage, foi corrigida a taxa de prevalência para
os óbitos neonatais e para o total de nascidos vivos da coorte.
Proporção de DC nos óbitos neonatais:
Número de DC registrados na DN ou na DO x 10.000
Total de óbitos neonatais (DN/DO)
Taxa de prevalência de DC na coorte de nascidos vivos:
Número de DC registradas na DN ou na DO x 10.000
Total de nascidos vivos
3.5.7 – Perfil dos Portadores de Defeitos Congênitos
Para estabelecer o perfil de nascidos vivos portadores de defeitos
congênitos foram utilizadas variáveis presentes no SINASC sobre condições
da mãe, da gestação e do recém-nascido. Foram testadas possíveis
diferenças entre portadores e não portadores de defeitos congênitos
utilizando-se o risco relativo, o valor de p <0,05 e o intervalo de confiança de
95%.
3.6 – PROCESSAMENTO E ANÁLISE DOS DADOS
O banco de dados foi fornecido em Windows Access da Microsoft® e
as análises foram realizadas utilizando-se o programa estatístico Epi-Info®
2000, versão 3.4.1, de julho de 2007 e através da utilização do Open Source
Epidemiologic Statistics for Public Health, versão 2.2.1
(http://www.openepi.com).
As taxas de prevalência de defeitos congênitos na coorte foram
calculadas através das seguintes fórmulas:
39
Nº de NV com DC x 10.000
Total de NV
Taxa de prevalência de DC corrigida:
Nº de NV com DC + NV identificados com DC na causa de morte
x 10.000
Total de NV
Para testar a associação entre as variáveis de exposição e a
prevalência de defeitos congênitos foi calculado o risco relativo:
RR = risco com exposição presente
risco sem exposição
3.7 – PROCEDIMENTOS ÉTICOS
Obedecendo à Resolução número 196, de 10 de outubro de 1996, do
Conselho Nacional de Saúde, que dispõe sobre as Diretrizes e Normas
Regulamentadoras de Pesquisa Envolvendo Seres Humanos, o projeto foi
submetido à apreciação pelo Comitê de Ética e Pesquisa (COEP) da
Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo.
Visando o acesso ao banco vinculado com as informações do SINASC
e do SIM (DN e DO) para a obtenção dos dados que foram utilizados, foi
enviado um ofício à Fundação SEADE (Anexo 6).
40
4 – RESULTADOS
Do total da coorte de nascidos vivos do 1º semestre de 2006 do
Município de São Paulo (N= 84.846 NV), 73.944 (87,2%) apresentaram
preenchimento do campo 34 da DN (sim e não) e 10.902 (12,8%)
apresentaram-se como ignorados ou em branco (não preenchidos) quanto
ao referido campo, como pode ser visto na tabela abaixo:
Tabela 1 – Grau de preenchimento de presença de defeito congênito no
SINASC.
Preenchimento N %
Sim 640 0,8
o 73304 86,4
Ignorado 3334 3,9
Embranco 7568 8,9
TOTAL 84846 100,0
Fonte: Fundação SEADE – Sistema Estadual de Análises de Dados.
Notas: Preenchidos: N=73.944 (87,2%).
Não preenchidos: N= 10.902 (12,8%).
Seiscentos e quarenta (0,8%) apresentaram registro de defeito
congênito na declaração de nascido vivo segundo o SINASC. Destes, 112
(15,2%) foram a óbito e 528 (0,6%) sobreviveram (Tabela 2). A taxa de
prevalência de defeitos congênitos na coorte é de 75,4/10.000 NV. As taxas
de prevalência entre os sobreviventes e os óbitos neonatais são de
62,2/10.000 NV e 13,2/10.000 NV, respectivamente.
Tabela 2 – Número de óbitos neonatais, sobreviventes e nascidos vivos
portadores de defeitos congênitos segundo dados do SINASC. Município de
São Paulo, 1º semestre de 2006.
Defeito Óbitos Sobreviventes NascidosVivos
Congênito N % prev.* N % prev.* N % prev.*
ComDC 112 15,2 13,2 528 0,6 62,2 640 0,8 75,4
SemDC 624 84,8 .. 83582 99,4 .. 84206 99,2 ..
TOTAL 736 100,0 .. 84110 100,0 .. 84846 100,0 ..
Fonte: Fundação SEADE – Sistema Estadual de Análises de Dados.
Nota: *: Taxa de prevalência por 10.000 NV (total: 84.846 NV– coorte).
41
Tabela 3 – Número, percentual e taxa de prevalência* de defeitos
congênitos registrados no SINASC para os óbitos, sobreviventes e nascidos
vivos da coorte. Município de São Paulo, 1º semestre de 2006.
Óbitos Sobreviventes Total
Grupamento segundo a CID-10
N%prev.*N%prev.*N%prev.
MC sist. nervoso (Q00-Q07)
27 24,1 3,2 37 7,0 4,4 64 10,0 7,5
MC olho,ouvido,face,pescoço (Q10-Q18)
1 0,9 0,1 20 3,8 2,4 21 3,3 2,5
MC ap. circulatório (Q20-Q28)
12 10,7 1,4 28 5,3 3,3 40 6,3 4,7
MC ap. respiratório (Q30-Q34)
4 3,6 0,5 2 0,4 0,2 6 0,9 0,7
Fenda labial e fenda palatina (Q35-Q37)
3 2,7 0,4 50 9,5 5,9 53 8,3 6,3
Outras MC ap. digestivo (Q38-Q45)
3 2,7 0,4 20 3,8 2,4 23 3,6 2,7
MC órgãos genitais (Q50-Q56)
5 4,5 0,6 39 7,4 4,6 44 6,9 5,2
MC ap. urinário (Q60-Q64)
7 6,3 0,8 9 1,7 1,1 16 2,5 1,9
MC e deform. ap. osteomusc. (Q65-Q79)
35 31,3 4,1 251 47,5 29,6 286 44,7 33,7
Outras MC (Q80-Q89)
11 9,8 1,3 21 4,0 2,5 32 5,0 3,8
A. crom.não clas. outra parte (Q90-Q99)
4 3,6 0,5 51 9,7 6,0 55 8,6 6,5
TOTAL 112 100,0 13,2 528 100,0 62,2 640 100,0 75,4
*
Fonte: Fundação SEADE – Sistema Estadual de Análises de Dados.
Nota: *: Taxa de prevalência por 10.000 NV (total: 84.846 NV– coorte).
Através do registro do SINASC foi possível verificar que os óbitos por
defeitos congênitos mais prevalentes foram: malformações congênitas e
deformidades do aparelho osteomuscular (31,3%), seguidas das
malformações congênitas do sistema nervoso (24,1%) e malformações
congênitas do aparelho circulatório (10,7%) (Tabela 3).
Entre os sobreviventes, os defeitos congênitos mais prevalentes
também foram malformações congênitas e deformidades do aparelho
osteomuscular, com 47,5%, seguidas das anomalias cromossômicas não
classificadas em outra parte (9,7%) e fenda labial e fenda palatina, com
9,5%, como também pode ser visto na Tabela 5.
No total de registros de defeitos congênitos na DN, os mais prevalentes
foram malformações congênitas e deformidades do aparelho osteomuscular
(44,7%), assim como nos óbitos e nos sobreviventes, seguidos das
malformações congênitas do sistema nervoso (10,0%, como nos óbitos) e
anomalias cromossômicas não classificadas em outra parte (8,6%), como
pode ser visto nas Tabelas 3 e 4.
42
A classificação dos grupos de defeitos congênitos segundo a CID-10
está no Anexo 7.
Tabela 4 – Número, percentual e taxa de prevalência** de defeitos
congênitos registrados no SINASC. Município de São Paulo, 1º semestre de
2006.
Grupamento Capítulo XVII da CID-10*
N%prev.*
Q65-Q79 MC e deformidades do aparelho osteomuscular
286 44,7 33,7
Q00-Q07 MC do sistema nervoso
64 10,0 7,5
Q90-Q99 Anomalias cromossômicas, não classificadas em outra parte
55 8,6 6,5
Q35-Q37 Fenda labial e fenda palatina
53 8,3 6,3
Q50-Q56 MC dos órgãos genitais
44 6,9 5,2
Q20-Q28 MC do aparelho circulatório
40 6,3 4,7
Q80-Q89 Outras MC
32 5,0 3,8
Q38-Q45 Outras MC do aparelho digestivo
23 3,6 2,7
Q10-Q18 MC do olho, do ouvido, da face e do pescoço
21 3,3 2,5
Q60-Q64 MC do aparelho urinário
16 2,5 1,9
Q30-Q34 MC do aparelho respiratório
60,9 0,
TOTAL 640 100,0 75,4
*
7
Fonte: Fundação SEADE – Sistema Estadual de Análises de Dados.
Notas:
*: Malformações congênitas, deformidades e anomalias cromossômicas (Q00-Q99).
**: Taxa de prevalência por 10.000 NV (total: 84.846 NV– coorte).
Dos 640 registros de defeitos congênitos do SINASC, apenas um RN
apresentou três DC: Q391 Q435 Q530, sendo os códigos Q391 e Q435
pertencentes ao grupo “outras MC do aparelho digestivo” e Q530
pertencente ao grupo “MC dos órgãos genitais” segundo a CID-10. Foi
percebida que a maior freqüência dos casos ficou entre os sistemas e
aparelhos cujos defeitos costumam ser detectáveis ao nascimento (Tabela
4).
43
Tabela 5 – Número, percentual e taxa de prevalência** de defeitos
congênitos presentes nos sobreviventes da coorte registrados no SINASC.
Município de São Paulo, 1º semestre de 2006.
Grupamento Capítulo XVII da CID-10*
N%prev.*
Q65-Q79 MC e deformidades do aparelho osteomuscular
251 47,5 29,6
Q90-Q99 Anomalias cromossômicas, não classificadas em outra parte
51 9,7 6,0
Q35-Q37 Fenda labial e fenda palatina
50 9,5 5,9
Q50-Q56 MC dos órgãos genitais
39 7,4 4,6
Q00-Q07 MC do sistema nervoso
37 7,0 4,4
Q20-Q28 MC do aparelho circulatório
28 5,3 3,3
Q80-Q89 Outras MC
21 4,0 2,5
Q10-Q18 MC do olho, do ouvido, da face e do pescoço
20 3,8 2,4
Q38-Q45 Outras MC do aparelho digestivo
20 3,8 2,4
Q60-Q64 MC do aparelho urinário
91,7 1,
Q30-Q34 MC do aparelho respiratório
20,4 0,
TOTAL
528 100,0 62,2
*
1
2
Fonte: Fundação SEADE – Sistema Estadual de Análises de Dados.
Notas:
*: Malformações congênitas, deformidades e anomalias cromossômicas (Q00-Q99).
**: Taxa de prevalência por 10.000 NV (total: 84.846 NV– coorte).
O conjunto de óbitos neonatais apresentou 183 registros de defeitos
congênitos no SIM dos 736 óbitos da coorte, representando 24,9% do total
de óbitos, ocupando o segundo lugar entre as causas de morte da coorte
estudada. Do total de 183 registros de óbitos por defeitos congênitos na
coorte, 144 (78,7%) apresentavam-se na causa básica de morte e 39
(21,3%) como causa associada de morte (Tabela 6).
Tabela 6 – Número e percentual de defeitos congênitos dos óbitos neonatais
da coorte segundo causa básica e associada de morte registrada no SIM.
Município de São Paulo, 1º semestre de 2006.
FontededadosdeDC
N%
paraóbitosneonatais
Apenasnacausabásica 144 78,7
Causabásicaeassociada 39 21,3
Apenasnacausaassociada 0 0,0
TOTAL 183 100,0
Fonte: Fundação SEADE– Sistema Estadual de Análises de Dados.
44
A Tabela 7 mostra a distribuição dos defeitos congênitos como causa
básica de morte. Na coorte houve um total de 144 registros de DC na causa
básica de morte. Destes, houve uma maior freqüência de óbitos com DC
classificados como malformações congênitas do aparelho circulatório
(32,6%), malformações congênitas do aparelho respiratório (18,8%),
malformações congênitas do sistema nervoso (15,3%) e malformações
congênitas e deformidades do aparelho osteomuscular (8,3%).
Observa-se que a ordenação da causas de morte por DC registradas
como causas associadas é diferente daquela observada no conjunto dos DC
como causa básica. Dos 183 registros de óbitos por defeitos congênitos na
coorte, 39 apresentaram-se como causa associada de morte, sendo os mais
freqüentes as malformações do sistema nervoso (30,8%) e as malformações
congênitas do sistema circulatório (25,6%) (Tabela 8).
Tabela 7 – Número, percentual e taxa de prevalência** dos defeitos
congênitos dos óbitos neonatais da coorte registrados como causa básica de
morte registrada no SIM. Município de São Paulo, 1º semestre de 2006.
Grupamento Capítulo XVII da CID-10*
freq % prev.**
Q20-Q28 MC do aparelho circulatório
47 32,6 5,5
Q30-Q34 MC do aparelho respiratório
27 18,8 3,2
Q00-Q07 MC do sistema nervoso
22 15,3 2,6
Q80-Q89 Outras MC
17 11,8 2,0
Q65-Q79 MC e deformidades do aparelho osteomuscular
12 8,3 1,4
Q90-Q99 Anomalias cromossômicas, não classificadas em outra parte
74,90
Q38-Q45 Outras MC do aparelho digestivo
64,20
Q60-Q64 MC do aparelho urinário
53,50
Q10-Q18 MC do olho, do ouvido, da face e do pescoço
10,70
TOTAL 144 100,0 17,0
,8
,7
,6
,1
Fonte: Fundação SEADE – Sistema Estadual de Análises de Dados.
Notas:
*: Malformações congênitas, deformidades e anomalias cromossômicas (Q00-Q99).
**: Taxa de prevalência por 10.000 NV (total: 84.846 NV– coorte).
45
Tabela 8 – Número, percentual e taxa de prevalência** dos defeitos
congênitos dos óbitos neonatais da coorte registrados na causa associada
de morte no SIM. Município de São Paulo, 1º semestre de 2006.
Grupamento Capítulo XVII da CID-10*
N%prev.*
Q00-Q07 MC do sistema nervoso
12 30,8 1,4
Q20-Q28 MC do aparelho circulatório
10 25,6 1,2
Q30-Q34 MC do aparelho respiratório
7 18,0 0,8
Q80-Q89 Outras MC
7 18,0 0,8
Q60-Q64 MC do aparelho urinário
12,6 0,1
Q65-Q79 MC e deformidades do aparelho osteomuscular
12,6 0,1
Q90-Q99 Anomalias cromossômicas, não classificadas em outra parte
12,6 0,1
TOTAL 39 100,0 4,6
*
Fonte: Fundação SEADE – Sistema Estadual de Análises de Dados.
Notas:
*: Malformações congênitas, deformidades e anomalias cromossômicas (Q00-Q99).
**: Taxa de prevalência por 10.000 NV (total: 84.846 NV– coorte).
Dos 39 óbitos por defeitos congênitos apresentados na causa
associada de morte, oito apresentaram dois tipos de DC e um RN
apresentou três tipos de defeitos congênitos, que foram classificados
segundo a CID-10. A Tabela 9 apresenta a distribuição dos DC como causas
múltiplas de morte nos óbitos neonatais da coorte.
Tabela 9 – Número, percentual e taxa de prevalência** dos defeitos
congênitos dos óbitos neonatais da coorte com mais de duas menções como
causa associada de morte registrada no SIM. Município de São Paulo, 1º
semestre de 2006.
Grupamento Capítulo XVII da CID-10*
N%prev.*
Q031 Q688
MCdosistemanervoso/MCedeformidadesdoap.osteomuscular 1 11,1 0,1
Q039 Q042 Q899
MCdosistemanervoso/OutrasMC 111,1 0,1
Q039 Q324
MCdosistemanervoso/MCdoap.respiratório 1 11,1 0,1
Q249 Q390
MCdoaparelhocirculatório/OutrasMCdoap. digestivo 1 11,1 0,1
Q390 Q211
OutrasMCdoaparelhodigestivo/MCdoap.circulatório 1 11,1 0,1
Q390 Q436
OutrasMCdoaparelhodigestivo 1 11,1 0,1
Q419 Q439
OutrasMCdoaparelhodigestivo 1 11,1 0,1
Q602 Q999
MCdoaparelhourinário/Anomaliascromossômicas,nãoclas.emoutraparte 1 11,1 0,1
Q897 Q999
OutrasMC/Anomaliascromossômicas,nãoclassificadasemoutraparte 1 11,1 0,1
TOTAL 9 100,0 1,1
*
Fonte: Fundação SEADE – Sistema Estadual de Análises de Dados.
Notas:
*: Malformações congênitas, deformidades e anomalias cromossômicas (Q00-Q99).
**: Taxa de prevalência por 10.000 NV (total: 84.846 NV– coorte).
46
Tabela 10 – Número e percentual dos defeitos congênitos anotados como
causa básica e causa associada pertencentes ao mesmo grupamento da
CID-10 para o mesmo RN registrado no SIM. Município de São Paulo, 1º
semestre de 2006.
Grupamento Capítulo XVII da CID-10*
N%
Q00-Q07 MC do sistema nervoso 12 30,8
Q20-Q28 MC do aparelho circulatório 10 25,6
Q30-Q34 MC do aparelho respiratório 7 18,0
Q80-Q89 Outras MC 7 18,0
Q60-Q64 MC do aparelho urinário 12,
Q65-Q79 MC e deformidades do aparelho osteomuscular 12,
Q90-Q99 Anomalias cromossômicas, não classificadas em outra parte
12,
TOTAL 39 100,0
6
6
6
Fonte: Fundação SEADE – Sistema Estadual de Análises de Dados.
Nota:
*: Malformações congênitas, deformidades e anomalias cromossômicas (Q00-Q99).
Na Tabela 10 podemos verificar que todos os RN com registro de
defeito congênito na causa associada de morte também tinham registro de
DC na causa básica de morte (39 RN).
Tabela 11 – Número e percentual de defeitos congênitos segundo sistema
de informação (SINASC e SIM). Município de São Paulo, 1º semestre de
2006.
Fonte Óbitos Sobrev. Total
N%N%N%
ApenasDN 20 9,9 528 100,0 548 75,0
DN/DO 92 45,3 0 0,0 92 12,6
ApenasDO 91 44,8 0 0,0 91 12,4
TOTAL 203 100,0 528 10 0,0 731 100,0
Fonte: Fundação SEADE – Sistema Estadual de Análises de Dados.
Nota: Sobrev.= sobreviventes.
Utilizando os dados provenientes do SIM e do SINASC é possível
identificar que havia um total de 731 recém-nascidos portadores de defeitos
congênitos, sendo que 548 (75%) tinham este registro apenas na DN, 92
(12,6%) na DN e na DO e 91 (12,4%) tinham registro somente na DO. Com
relação ao total de RN portadores de DC da coorte, que inicialmente eram
640, com este procedimento foram acrescidos 91 RN e o total de portadores
47
de DC foi de 731 indivíduos. A correção obtida ao se empregar a técnica de
linkage foi de 14,3% (91/640) (Tabela 11).
Através da análise do banco de dados, foi verificado que o SINASC fez
55,2% das notificações de DC e o SIM notificou 44,8%, ou seja, o SIM se
mostrou um sistema de informação muito importante para recuperar os
dados de DC na coorte.
Tabela 12 – Número e percentual de defeitos congênitos para os óbitos
neonatais, sobreviventes e total de nascidos vivos segundo fonte de registro.
Município de São Paulo, 1º semestre de 2006.
Fonte Óbitos Sobreviventes Total
N%prev.*N%prev.*N%prev
SINASC 112 15,2 13,2 528 0,6 62,2 640 0,8 75,4
SIM/SINASC 203 27,6 23,9 0 0,0 0 731 .. 86,2
.*
Fonte: Fundação SEADE – Sistema Estadual de Análises de Dados.
Nota: *: Taxa de prevalência por 10.000 NV (total: 84.846 NV– coorte).
A taxa de prevalência para os defeitos congênitos da coorte de
nascidos vivos hospitalares do 1º semestre de 2006 do Município de São
Paulo, segundo o SINASC, foi de 75,4/10.000 NV. Já a taxa de prevalência
com os dados corrigidos pelo SIM, foi de 86,2/10.000 NV, ou seja, a
recuperação dos dados pelo SIM aumentou a prevalência de defeitos
congênitos na coorte em 14,3% (Tabela 12).
Tabela 13 – Presença de defeitos congênitos nos óbitos neonatais
registrada no SINASC e no SIM segundo grupamento da CID-10. Município
de São Paulo, 1º semestre de 2006.
DCpresentenoSINASCenoSIM N %
Pertencentesaomesmogrupamento 41 44,6
Pertencentesagrupamentodiferente 51 55,4
TOTAL 92 100,0
Fonte: Fundação SEADE – Sistema Estadual de Análises de Dados.
Do conjunto de 92 óbitos que tem informação na DN e na DO, 41 são
pertencentes ao mesmo grupamento segundo a CID-10 e 51 são
pertencentes a grupamentos diferentes, como pode ser visto a seguir:
48
Tabela 14 – Óbitos neonatais com defeitos congênitos pertencentes ao
mesmo grupamento da CID-10 segundo registro no SINASC e no SIM.
Município de São Paulo, 1º semestre de 2006.
Grupamento ClassificaçãosegundoaCID10* N %
Q00Q07 MCdosistemanervoso 19 46,3
Q20Q28 MCdoaparelhocirculatório 7 17,1
Q65Q79 MCedeformidadesdoaparelhoosteomuscular 7 17,1
Q80Q89 OutrasMC 3 7,3
Q30Q34 MCdosistemarespiratório 2 4 ,9
Q90Q99 Anomaliascromossômicas,nãoclassificadasemoutraparte 2 4, 9
Q60Q64 MCdoaparelhourinário 1 2,4
TOTAL 41 100,0
Fonte: Fundação SEADE – Sistema Estadual de Análises de Dados.
Nota: *: Malformações congênitas, deformidades e anomalias cromossômicas (Q00-Q99).
Como pode ser visto na Tabela 14, os DC pertencentes ao mesmo
grupamento segundo a CID-10 registrados nas duas fontes de informação
mais prevalentes foram: malformação congênita do sistema nervoso
(46,3%), malformação congênita do aparelho circulatório e do aparelho
osteomuscular, com 17,1% cada e outras malformações congênitas, com
7,3%.
Já os DC pertencentes a grupamentos diferentes segundo a CID-10
registrados nas duas fontes de informação podem ser vistos na Tabela 15.
No SINASC houve uma maior freqüência de indivíduos portadores de
malformações congênitas e deformidades do aparelho osteomuscular (Q65-
Q79) (N=18). Entre estes portadores, 8 (44,4%) apresentaram malformações
congênitas do aparelho respiratório (Q30-Q34), 5 (27,8%) apresentaram
outras MC (Q80-Q89) e 3 (16,7%) outras malformações congênitas do
aparelho digestivo (Q38-Q45) registradas no SIM. Sete recém-nascidos que
apresentaram malformações congênitas do aparelho urinário (Q60-Q64) no
SINASC apresentaram malformações congênitas do aparelho respiratório
(Q30-Q34) ao morrer (SIM).
Dos sete RN com registro de malformações congênitas do sistema
nervoso (Q00-Q07) ao nascer, 4 (57,0%) apresentaram outras MC (Q80-
Q89), 2 (28,6%) apresentaram malformações congênitas do aparelho
49
urinário (Q60-Q64) e 1 (14,3%) apresentou malformação congênita e
deformidades do aparelho osteomuscular (Q65-Q79) no SIM.
Estes dados mostram que o RN apresentou um tipo de DC ao nascer
(grupamento da CID-10) e foi a óbito por outro tipo de DC. Com isso verifica-
se que através do SINASC é mais difícil identificar os DC múltiplos, mas
quando há a vinculação com os dados do SIM podemos identificar os
indivíduos portadores de DC múltiplos.
Através dos dados do SIM, verificou-se que os DC mais importantes
eram aqueles relativos a malformações congênitas do sistema respiratório
(Q30-Q34) (N=20); outras malformações congênitas (Q80-Q89) ocuparam o
segundo posto (N=11); malformações congênitas do aparelho circulatório
(Q20-Q28) o terceiro posto (N=5); malformações congênitas e deformidades
do aparelho osteomuscular (Q65-Q79) (N=4); malformações congênitas do
aparelho urinário (Q60-Q64) (N=4) e anomalias cromossômicas não
classificadas em outra parte (Q90-Q99) (N=2).
50
Tabela 15 – Número e percentual de óbitos neonatais com defeitos
congênitos pertencentes a grupamentos diferentes da CID-10 registrados no
SINASC e no SIM. Município de São Paulo, 1º semestre de 2006.
SINASC
SIM
N%
MC e deformidades do ap. MC do ap. resp. (8), Outras MC (5), Outras MC do ap. digestivo (3),
18 35,3
osteomuscular MC do sist. nervoso (1), MC do olho, do ouvido, da face e do pescoço (1)
MC do aparelho urinário MC do aparelho respiratório (7)
713,7
MC do sistema nervoso Outras MC (4), MC do ap. urinário (2), MC e deformidades do ap. osteomuscular (1)
713,7
Outras MC MC do ap. resp. (3), MC e deformidades do ap. osteomuscular (1),
59,
Anomalias cromossômicas, não classificadas em outra parte (1)
Outras MC do ap. digestivo MC do ap. circulatório (2), MC do ap. resp. (1), MC e deformidades do ap.
47,
osteomuscular (1)
MC dos órgãos genitais MC do ap. circulatório (2), MC e deformidades do ap. osteomuscular (1), Outras MC (1)
47,
MC do aparelho circulatório MC do ap. resp. (1), Outras MC (1)
23,
MC do olho, do ouvido, da face MC do aparelho urinário (2)
23,
e do pescoço
Fenda labial e fenda palatina Anomalias cromossômicas, não classificadas em outra parte (1)
12,
Anomalias cromossômicas, MC do aparelho circulatório (1)
12,
não classificadas em outra parte
TOTAL
51 100,0
8
8
8
9
9
0
0
Fonte: Fundação SEADE – Sistema Estadual de Análises de Dados.
Tabela 16 Número e percentual de defeitos congênitos dos óbitos
neonatais da coorte segundo grupamento da CID-10 e fonte de registro
(SINASC e SIM). Município de São Paulo, 1º semestre de 2006.
SINASC SIM Total
Grupamento segundo a CID-10
N%N%N%
MCsist.nervoso
(Q00-Q07)
27 84,4 5 15,6 32 100,0
MColho,ouvido,face,pescoço
(Q10-Q18)
1 50,0 1 50,0 2 100,0
MCap.circulatório
(Q20-Q28)
12 20,0 48 80,0 60 100,0
MCap.respirario
(Q30-Q34)
4 26,7 11 73,3 15 100,0
Fendalabialefendapalatina
(Q35-Q37)
3 100,0 0 0,0 3 100,0
OutrasMCap.digestivo
(Q38-Q45)
3 37,5 5 62,5 8 100,0
MCórgãosgenitais
(Q50-Q56)
5 100,0 0 0,0 5 100,0
MCap.urinário
(Q60-Q64)
7 58,3 5 41,7 12 100,0
MCedeform.ap.osteomusc.
(Q65-Q79)
35 85,4 6 14,6 41 100,0
OutrasMC
(Q80-Q89)
11 61,1 7 38,9 18 100,0
A.crom.nãoclas.outraparte
(Q90-Q99)
4 57,1 3 42,9 7 100,0
TOTAL 112 55,2 91 44,8 203 100,0
Fonte: Fundação SEADE – Sistema Estadual de Análises de Dados.
51
Os defeitos congênitos mais prevalentes registrados no SINASC foram:
malformações congênitas e deformidades do aparelho osteomuscular
(85,4%) e malformações congênitas do sistema nervoso (84,4%). A fenda
labial e fenda palatina (N= 3, 100,0%) e as malformações congênitas dos
órgãos genitais (N= 5, 100,0%) foram registradas apenas no SINASC.
Após a vinculação, houve uma recuperação de 48 casos (80,0%) de
malformações congênitas do aparelho circulatório, 11 casos (73,3%) de
malformações congênitas do aparelho respiratório e 5 casos (62,5%) de
outras malformações do aparelho digestivo.
A tabela abaixo (Tabela 17) apresenta a taxa de prevalência por
grupamento segundo a CID-10 para as duas fontes de informação
isoladamente e após a vinculação dos dados. Observa-se uma mudança da
ordenação dos DC nos óbitos neonatais da coorte. Segundo os dados do
SINASC, o primeiro posto era ocupado pelas malformações congênitas e
deformidades do aparelho osteomuscular (Q65-Q79), o segundo posto eram
as MC do sistema nervoso (Q00-Q07) e o terceiro pelas MC do aparelho
circulatório (Q20-Q28). Após a vinculação dos dados o primeiro posto
passou a ser ocupado pelas MC do aparelho circulatório, observando-se
uma correção da sua taxa de prevalência da ordem de 407%. As
malformações congênitas do aparelho respiratório (Q30-Q34) apresentaram
uma mudança de 160% em sua taxa de prevalência; as outras
malformações congênitas (Q80-Q89) também apresentaram elevada
correção de sua taxa de prevalência (61,5%); mesmo o DC que ocupava o
primeiro posto pelo SINASC apresentou uma correção da ordem de 18,8%.
Esses dados mostram a importância do uso conjunto das duas fontes de
dados.
52
Tabela 17 Taxa de prevalência* de defeito congênito por grupamento da
CID-10 dos óbitos neonatais, segundo fonte de registro SINASC e SIM.
Município de São Paulo, 1º semestre de 2006.
SINASC SIM Total
Grupamento segundo a CID-10
Nprev.* N prev.* N prev.*
MCsist.nervoso
(Q00-Q07)
27 3,2 5 0,6 32 3,8
MColho,ouvido,face,pescoço
(Q10-Q18)
10,1 10,1 20,
MCap.circulatório
(Q20-Q28)
12 1,4 48 5,7 60 7,1
MCap.respiratório
(Q30-Q34)
4 0,5 11 1,3 15 1,8
Fendalabialefendapalatina
(Q35-Q37)
30,4 00,0 30,
OutrasMCap.digestivo
(Q38-Q45)
30,4 50,6 80,
MCórgãosgenitais
(Q50-Q56)
50,6 00,0 50,
MCap.urinário
(Q60-Q64)
7 0,8 5 0,6 12 1,4
MCedeform.ap.osteomusc.
(Q65-Q79)
35 4,1 6 0,7 41 4,8
OutrasMC
(Q80-Q89)
11 1,3 7 0,8 18 2,1
A.crom.nãoclas.outraparte
(Q90-Q99)
40,5 30,4 70,
TOTAL 112 13,2 91 10,7 203 23,9
2
4
9
6
8
Fonte: Fundação SEADE – Sistema Estadual de Análises de Dados.
Nota: *: Taxa de prevalência por 10.000 NV (total: 84.846 – coorte).
O perfil dos portadores de defeitos congênitos na coorte pode ser visto
nas tabelas abaixo:
9 Características Maternas:
Tabela 18 – Presença, taxa de prevalência e risco relativo de defeito
congênito segundo idade da mãe. Município de São Paulo, 1º semestre de
2006.
DC
Idadedamãe(emanos)* sim não txprev.** RR IC95% p
<19 76 12210 61,9 0,8 0,71,1 0,120
2034 454 60246 74,8 1 .. ..
3539 70 9188 75,6 1,0 0,81,3 0,920
40emais 39 2467 155,6 2,1 1,52,9 <0,001
TOTAL 639 84111 75,4 .. .. ..
Fonte: Fundação SEADE – Sistema Estadual de Análises de Dados.
Notas:
*: Excluídos 4 nascidos vivos sem informação da idade da mãe.
**: Taxa de prevalência por 10.000 NV.
RR: risco relativo.
IC 95%: intervalo de confiança de 95%.
p: teste de Fisher (valor de p).
53
Com relação à idade materna verifica-se que o risco de DC é duas
vezes maior (RR=2,1) entre os nascidos vivos de mães com idade igual ou
superior a 40 anos de idade (Tabela 18), ou seja, as mulheres nesta faixa
etária têm uma probabilidade duas vezes maior de terem filhos com DC do
que nas outras faixas etárias, sendo este resultado bastante significativo
estatisticamente (p<0,001) e com taxa de prevalência de 155,6/10.000 NV.
Tabela 19 – Presença, taxa de prevalência e risco relativo de defeito
congênito segundo escolaridade da mãe. Município de São Paulo, 1º
semestre de 2006.
DC
Escolaridade* sim não txprev.** RR IC95% p
Até8anos 171 21966 77,2 1,0 0,91,2 0,709
8emais 461 61211 74,8 1 .. ..
TOTAL 632 83177 75,4 .. .. ..
Fonte: Fundação SEADE – Sistema Estadual de Análises de Dados.
Notas:
*: Excluídos 945 nascidos vivos sem informação da escolaridade da mãe.
**: Taxa de prevalência por 10.000 NV.
RR: risco relativo.
IC 95%: intervalo de confiança de 95%.
p: teste de Fisher (valor de p).
Não foi encontrada associação entre anos de estudo e presença de
defeitos congênitos (Tabela 19).
Tabela 20 – Presença, taxa de prevalência e risco relativo de defeito
congênito segundo estado marital da mãe. Município de São Paulo, 1º
semestre de 2006.
DC
Estadomarital* sim não txprev.** RR IC95% p
Semcompanheiro 371 51032 72,2 0,9 0,81,1 0,164
Comcompanheiro 265 32567 80,7 1 .. ..
TOTAL 636 83599 75,5 .. .. ..
Fonte: Fundação SEADE – Sistema Estadual de Análises de Dados.
Notas:
*: Excluídos 519 nascidos vivos sem informação sobre estado marital da mãe.
**: Taxa de prevalência por 10.000 NV.
RR: risco relativo.
IC 95%: intervalo de confiança de 95%.
p: teste de Fisher (valor de p).
54
Quanto ao estado marital da mãe, o mesmo não mostrou associação
com a presença de defeito congênito na coorte de nascidos vivos estudada
(Tabela 20).
Tabela 21 – Presença, taxa de prevalência e risco relativo de defeito
congênito segundo paridade (número de filhos anteriores mortos e vivos).
Município de São Paulo, 1º semestre de 2006.
DC
Paridade* sim o txprev.** RR IC95% p
Nulípara 274 36762 74,0 1,0 0,91,2 0,849
Multípara 291 39675 72,8 1 .. ..
Grandemultípara 42 4620 90,1 1,2 0,91,7 0,201
TOTAL 607 81057 74,3 .. .. ..
Fonte: Fundação SEADE – Sistema Estadual de Análises de Dados.
Notas:
Nulípara: 0 filhos; multípara: 1 a 3 filhos; grande multípara: 4 e mais filhos.
*: Excluídos 3090 nascidos vivos sem informação sobre paridade.
**: Taxa de prevalência por 10.000 NV.
RR: risco relativo.
IC 95%: intervalo de confiança de 95%.
p: teste de Fisher (valor de p).
Como visto na Tabela 21, não foi encontrada associação entre
paridade (soma de filhos mortos e vivos anteriores) e presença de DC.
Tabela 22 – Presença, taxa de prevalência e risco relativo de defeito
congênito segundo presença de filhos mortos anteriores. Município de São
Paulo, 1º semestre de 2006.
DC
Filhosmortosanteriores* sim não tx.prev.** RR IC95% p
Sim 46 5619 81,2 1,1 0,81,5 0,523
Não 561 75470 73,8 1 .. ..
TOTAL 607 81089 74,3 .. .. ..
Fonte: Fundação SEADE – Sistema Estadual de Análises de Dados.
Notas:
*: Excluídos 3058 nascidos vivos sem informação sobre número de filhos mortos anteriores.
**: Taxa de prevalência por 10.000 NV.
RR: risco relativo.
IC 95%: intervalo de confiança de 95%.
p: teste de Fisher (valor de p)
55
Os dados mostram que não há associação estatisticamente significante
entre ter tido filhos mortos anteriormente e presença de defeito congênito
(Tabela 22).
9 Condições da Gestação:
Tabela 23 – Presença, taxa de prevalência e risco relativo de defeito
congênito segundo número de consultas pré-natal realizadas. Município de
São Paulo, 1º semestre de 2006.
DC
Númerodeconsultasprénatal* sim não txprev.** RR IC95% p
Nenhuma 12 1089 109,0 1,5 0,92,7 0,175
De1a3 36 3971 89,8 1,2 0,91,7 0,216
De4a6 145 18143 79,3 1,1 0,91,3 0,339
7emais 434 59545 72,4 1 .. ..
TOTAL 627 82748 75,2 .. .. ..
Fonte: Fundação SEADE – Sistema Estadual de Análises de Dados.
Notas:
*: Excluídos 1379 nascidos vivos sem informação sobre número de consultas pré-natal
realizadas.
**: Taxa de prevalência por 10.000 NV.
RR: risco relativo.
IC 95%: intervalo de confiança de 95%.
p: teste de Fisher (valor de p).
Não houve associação estatisticamente significante entre número de
consultas pré-natal realizadas e presença de defeito congênito (Tabela 23).
Há um aumento da prevalência de DC com a redução do número de
consultas. As mães que não realizaram o pré-natal apresentam prevalência
95% superior àquelas que realizaram o pré-natal.
Verificou-se que há uma diminuição da prevalência de DC com o
aumento do número de consultas realizadas.
56
Tabela 24 – Presença, taxa de prevalência e risco relativo de defeito
congênito segundo tipo de parto. Município de São Paulo, 1º semestre de
2006.
DC
Tipodeparto* sim não txprev.** RR IC95% p
Cesáreo 394 43314 90,1 1,5 1,31,8 <0,001
Vaginal 244 40742 59,5 1 .. ..
TOTAL 638 84056 75,3 .. .. ..
Fonte: Fundação SEADE – Sistema Estadual de Análises de Dados.
Notas:
*: Excluídos 60 nascidos vivos sem informação sobre tipo de parto.
**: Taxa de prevalência por 10.000 NV.
RR: risco relativo.
IC 95%: intervalo de confiança de 95%.
p: teste de Fisher (valor de p).
O parto cesáreo apresentou RR de 1,5, ou seja, há associação entre
presença de DC e parto cesáreo. A taxa de prevalência foi de 90,1/10.000
NV e estes valores foram estatisticamente significativos (p<0,001) (Tabela
24).
Tabela 25 – Presença, taxa de prevalência e risco relativo de defeito
congênito segundo tipo de gravidez. Município de São Paulo, 1º semestre de
2006.
DC
Tipodegravidez* sim o txprev.** RR IC95% p
Múltipla 18 2059 86,7 1,2 0,71,8 0,530
Única 620 82042 75,0 1 .. ..
TOTAL 638 84101 75,3 .. .. ..
Fonte: Fundação SEADE – Sistema Estadual de Análises de Dados.
Notas:
*: Excluídos 15 nascidos vivos sem informação sobre tipo de gravidez.
**: Taxa de prevalência por 10.000 NV.
RR: risco relativo.
IC 95%: intervalo de confiança de 95%.
p: teste de Fisher (valor de p).
Com relação ao tipo de gravidez, não foi encontrada associação entre
ser múltipla ou única e presença de defeito congênito (Tabela 25).
57
Tabela 26 – Presença, taxa de prevalência e risco relativo de defeito
congênito segundo idade gestacional. Município de São Paulo, 1º semestre
de 2006.
DC
Idadegestacional(emsemanas)* sim o txprev** RR IC95% p
<32 44 1142 371,0 6,0 4,58,2 <0,001
32a36 116 6111 186,3 3,0 2,53,7 <0,001
37emais 472 76303 61,5 1 .. ..
TOTAL 632 83556 75,1 .. .. ..
Fonte: Fundação SEADE – Sistema Estadual de Análises de Dados.
Notas:
*: Excluídos 566 nascidos vivos sem informação sobre idade gestacional.
**: Taxa de prevalência por 10.000 NV.
RR: risco relativo.
IC 95%: intervalo de confiança de 95%.
p: teste de Fisher (valor de p).
Segundo idade gestacional, os resultados mostraram que há
associação estatisticamente significativa entre defeito congênito e
nascimento de pré-termo. Observa-se que entre os RN muito pré-termo a
freqüência de DC é 6 vezes maior que entre os RN de termo e entre os RN
pré-termo a freqüência foi 3 vezes maior comparada com os RN de termo
(Tabela 26).
9 Condições do Recém-Nascido:
Tabela 27 – Presença, taxa de prevalência e risco relativo de defeito
congênito segundo peso ao nascer. Município de São Paulo, 1º semestre de
2006.
DC
Pesoaonascer* sim não txprev** RR IC95% p
<1500g 45 1168 371,0 6,3 4,68,5 <0,001
15002499g 138 6635 203,8 3,5 2,94,2 <0,001
2500gemais 453 76170 59,1 1 .. ..
TOTAL 636 83973 75,2 .. .. ..
Fonte: Fundação SEADE – Sistema Estadual de Análises de Dados.
Notas:
*: Excluídos 145 nascidos vivos sem informação sobre peso ao nascer.
**: Taxa de prevalência por 10.000 NV.
RR: risco relativo.
IC 95%: intervalo de confiança de 95%.
p: teste de Fisher (valor de p).
58
Segundo peso ao nascer (Tabela 27), os resultados mostraram que a
presença de DC leva ao baixo peso ao nascer, pois mostrou RR de 6,3 e de
3,5, ou seja, a presença de DC leva a uma probabilidade de 6,3 vezes maior
(<1500g) e de 3,5 vezes maior (1500-2499g) de menor peso ao nascer,
sendo estes resultados bastante significativos estatisticamente (p<0,001).
Tabela 28 – Presença, taxa de prevalência e risco relativo de defeito
congênito segundo índice de Apgar no 1º minuto. Município de São Paulo, 1º
semestre de 2006.
DC
Apgarmin.* sim não txprev** RR IC95% p
<7 149 6037 240,9 3,9 3,24,6 <0,001
7emais 487 77751 62,2 1 .. ..
TOTAL 636 83788 75,3 .. .. ..
Fonte: Fundação SEADE – Sistema Estadual de Análises de Dados.
Notas:
*: Excluídos 330 nascidos vivos sem informação de índice de Apgar no 1º minuto.
**: Taxa de prevalência por 10.000 NV.
RR: risco relativo.
IC 95%: intervalo de confiança de 95%.
p: teste de Fisher (valor de p).
Como pode ser visto na Tabela 28, a presença de DC é fator de risco
para baixo índice de Apgar no 1º minuto (<7). Isto pôde ser demonstrado
pelo RR, onde mostrou que a probabilidade de menor Apgar é 3,9 vezes
maior dos que apresentaram Apgar maior que 7 para a presença de DC.
Este resultado foi bastante significativo estatisticamente (p<0,001).
A taxa de prevalência de DC para Apgar <7 foi de 240,9/10.000 NV
contra 62,2/10.000 NV para Apgar 7 e mais.
59
Tabela 29 – Presença, taxa de prevalência e risco relativo de defeito
congênito segundo índice de Apgar no 5º minuto. Município de São Paulo, 1º
semestre de 2006.
DC
Apgarmin.* sim não txprev** RR IC95% p
<7 51 844 569,8 8,2 6,210,8 <0,001
7emais 584 82984 69,9 1 .. ..
TOTAL 635 83828 75,2 .. .. ..
Fonte: Fundação SEADE – Sistema Estadual de Análises de Dados.
Notas:
*: Excluídos 291 nascidos vivos sem informação de índice de Apgar no 5º minuto.
**: Taxa de prevalência por 10.000 NV.
RR: risco relativo.
IC 95%: intervalo de confiança de 95%.
p: teste de Fisher (valor de p).
O mesmo observado para o índice de Apgar no 1º minuto pode ser
observado para o índice no 5º minuto, ou seja, a presença de DC é fator de
risco para baixo índice de Apgar (<7). O RR, neste caso, mostrou que a
probabilidade de menor Apgar é 8,2 vezes maior dos que apresentaram
Apgar maior que 7 para a presença de DC (p<0,001). Ou seja, a diferença
aumenta com o intervalo Apgar < 7 e se mantém elevada.
A taxa de prevalência de DC para Apgar <7 foi de 569,8/10.000 NV
contra 69,9/10.000 NV para Apgar 7 e mais (Tabela 29).
Tabela 30 – Presença, taxa de prevalência e risco relativo de defeito
congênito segundo sexo do recém-nascido. Município de São Paulo, 1º
semestre de 2006.
DC
SexodoRN* sim não txprev.** RR IC95% p
Masculino 368 43173 84,5 1,3 1,11,5 0,001
Feminino 270 40942 65,5 1 .. ..
TOTAL 638 84115 75,3 .. .. ..
Fonte: Fundação SEADE – Sistema Estadual de Análises de Dados.
Notas:
*: Excluído 1 nascido vivo sem informação sobre sexo.
**: Taxa de prevalência por 10.000 NV.
RR: risco relativo.
IC 95%: intervalo de confiança de 95%.
p: teste de Fisher (valor de p).
60
Os resultados encontrados em relação à presença de DC segundo
sexo do RN podem ser vistos na Tabela 30.
O sexo masculino mostrou-se como fator de risco (RR=1,3) para a
presença de DC, com valor de p <0,001 e taxa de prevalência de
84,5/10.000 NV.
Tabela 31 – Presença, taxa de prevalência e risco relativo de defeito
congênito segundo raça/cor do recém-nascido. Município de São Paulo, 1º
semestre de 2006.
DC
Raça/cor* sim não txprev.** RR IC95% p
Branca 356 46226 76,4 1 .. ..
Preta 14 1150 120,3 1,6 0,92,7 0,111
Amarela 4 394 100,5 1,3 0,53,5 0,556
Parda 150 20285 73,4 1,0 0,81,2 0,682
Indígena 2 64 294,1 4,0 1,015,6 0,106
TOTAL 526 6811 9 76,6 .. .. ..
Fonte: Fundação SEADE – Sistema Estadual de Análises de Dados.
Notas:
*: Excluídos 16109 nascidos vivos sem informação sobre raça/cor referida.
**: Taxa de prevalência por 10.000 NV.
RR: risco relativo.
IC 95%: intervalo de confiança de 95%.
p: teste de Fisher (valor de p).
Com relação à raça/cor do RN, não foi encontrada associação com a
presença de DC (Tabela 31).
61
5 – DISCUSSÃO
A qualidade de informação sobre defeitos congênitos no SINASC pode
ser considerada como razoável segundo os critérios de MELLO JORGE e
col. (1993), pois a ausência de registro da informação foi de 12,8%,
indicando que é possível utilizar os dados do SINASC na avaliação dos DC.
Segundo ALMEIDA e col. (2006a), a região sul do Município de São Paulo
no ano de 2001 apresentou grau de preenchimento do campo 34 de apenas
30,0%. Observa-se, portanto, que em cinco anos, houve grande melhora
destes dados. Segundo PIPER e col. (1993), variáveis que apresentam
menos que 70% de preenchimento são consideradas de baixa sensibilidade.
Na coorte houve um total de 640 (0,8%) registros de defeitos
congênitos na declaração de nascido vivo segundo o SINASC. Destes,
houve uma maior freqüência de nascimentos com DC classificados como
malformações congênitas e deformidades do aparelho osteomuscular
(44,7%), malformações congênitas do sistema nervoso (10,0%) e anomalias
cromossômicas não classificadas em outra parte (8,6%). A maior freqüência
de DC registrado pertence a grupamentos que são clinicamente perceptíveis
no momento do nascimento, seja porque são visíveis ou porque apresentam
condições incompatíveis com a sobrevivência (anencéfalos: N=15).
Portanto, pôde-se verificar que o tipo de DC presente influencia seu
diagnóstico e notificação no SINASC e, conseqüentemente, irá influenciar
sua prevalência.
Destes 640 registros de DC no SINASC, 112 (15,2%) foram a óbito e
528 (0,6%) sobreviveram. A taxa de prevalência de defeitos congênitos na
coorte foi de 75,4/10.000 NV. As taxas de prevalência entre os sobreviventes
e os óbitos neonatais foram de 62,2/10.000 NV e 13,2/10.000 NV,
respectivamente.
No estudo realizado por GUERRA e col. (2008) também foi verificado
um predomínio do acometimento do aparelho osteomuscular seguido do
sistema nervoso central (achados estes que se assemelham aos
62
encontrados nos Estados Unidos e na Europa), o que corrobora com estudo
realizado por MACIEL e col. (2006) e PINTO e NASCIMENTO (2007), onde
os DC do sistema músculo-esquelético também foram os mais freqüentes,
seguidos dos acometimentos ao sistema nervoso. Esses dados, segundo
PINTO e NASCIMENTO (2007), assemelham-se também aos de Caracas e
aos encontrados no Rio de Janeiro.
Portanto, quando se trabalha apenas com os dados do SINASC, a
prevalência de DC no Município de São Paulo assemelha-se ao Município
do Rio de Janeiro.
Como citado anteriormente, os DC são importante causa de
mortalidade infantil em vários países (AMORIM e col., 2006 e GUERRA,
2006), morbidade na infância e incapacidade a longo prazo, contribuem para
a morte embrionária e fetal, estão entre as causas que conduzem a anos
potenciais de vida perdidos e são responsáveis por três quartos dos defeitos
físicos na população (MORATILLA e col., 1999).
Do total dos 183 registros de óbitos neonatais por defeitos congênitos
no SIM (24,9% do total de óbitos da coorte (N=736), ocupando o segundo
lugar entre as causas de morte, sendo em primeiro lugar as causas
perinatais, corroborando com os dados de SAÚDE BRASIL (2004),
HOROVITZ e col. (2005), AMORIM e col. (2006) e GUERRA (2006)), 144
(78,7%) apresentavam-se na causa básica de morte e 39 (21,3%) como
causa associada de morte. Os DC como causas básicas mais freqüentes
foram: malformações congênitas do aparelho circulatório (32,6%),
malformações congênitas do aparelho respiratório (18,8%), malformações
congênitas do sistema nervoso (15,3%) e outras malformações congênitas
(11,8%). Este resultado é semelhante ao estudo realizado por TANAKA e
col. (1989) ao que se refere à primeira causa de óbito por DC, onde os
principais defeitos congênitos dos óbitos perinatais foram os do coração e do
aparelho circulatório, seguidas das do sistema nervoso. Verifica-se que,
passados dezessete anos, as malformações congênitas do aparelho
respiratório ocupam o segundo lugar como causa de óbito entre os DC. Já
no estudo realizado por FERRARI e col. (2006), os óbitos por defeitos
63
congênitos ocorreram em ordem decrescente por: malformações múltiplas,
cardiopatias, hérnia diafragmática, rins policísticos e hidranencefalia.
Todos os RN com registro de defeito congênito na causa associada de
morte (N=39) também tinham registro de DC na causa básica de morte,
sendo que oito apresentaram dois tipos de DC e um RN apresentou três
tipos de defeitos congênitos, o que mostra que quando se trabalha com
causas associadas, é possível verificar a presença de DC múltiplos.
A ordenação das causas de morte por DC registradas como causas
associadas mostrou-se diferente daquela observada no conjunto dos DC
como causa básica. Dos 39 registros de óbitos por DC na causa associada
de morte, os mais freqüentes foram as malformações do sistema nervoso
(30,8%) e as malformações congênitas do sistema circulatório (25,6%).
Utilizando os dados provenientes do SIM e do SINASC foi possível
identificar um total de 731 RN portadores de DC, sendo que 548 (75%)
tinham este registro apenas na DN, 92 (12,6%) na DN e na DO e 91 (12,4%)
somente na DO. Com relação ao total de RN portadores de DC da coorte,
que inicialmente eram 640, com este procedimento foram acrescidos 91 RN,
totalizando, portanto, 731 indivíduos.
Com relação aos óbitos neonatais, verificou-se que o SINASC foi
responsável por 55,2% das notificações de DC e o SIM notificou 44,8%, ou
seja, o SIM se mostrou um sistema de informação muito importante para
recuperar os dados de DC dos óbitos da coorte. Utilizando as duas fontes de
dados, a prevalência de DC na coorte apresentou um aumento de 14,3%.
Do conjunto de 92 óbitos com informação de DC na DN e na DO, 41
eram pertencentes ao mesmo grupamento da CID-10 e 51 eram
pertencentes a grupamentos diferentes, indicando a presença de múltiplos
DC, ou seja, o RN apresentou um tipo de DC ao nascer e foi a óbito por
outro tipo de DC. Com isso verifica-se mais uma vez que através do SINASC
é mais difícil identificar os DC múltiplos, mas quando há a vinculação com os
dados do SIM se torna mais factível a identificação de indivíduos portadores
de DC múltiplos.
64
Com os dados do SIM, verificou-se que nestes RN que já
apresentavam algum tipo de DC no SINASC, os DC presentes na DO eram,
normalmente, os menos visíveis exteriormente, e só a partir do acréscimo
dos óbitos pela vinculação dos bancos de dados tive a obtenção destes DC.
Nas DN apresentaram-se, normalmente, os DC mais aparentes, já na DO
apareceram os DC que causam problemas fisiológicos incompatíveis com a
vida, ou seja, os que mais matam. Por isso, a vinculação destes dois
sistemas de informação fornece uma prevalência de DC mais próxima do
real, diferentemente de quando se trabalha com um sistema de informação
isolado.
A fenda labial e fenda palatina (N=3) e as malformações congênitas
dos órgãos genitais (N=5) foram registradas apenas no SINASC. Os outros
defeitos congênitos mais prevalentes registrados no SINASC foram:
malformações congênitas e deformidades do aparelho osteomuscular
(85,4%) e malformações congênitas do sistema nervoso (84,4%).
Com a utilização dos dados vinculados, houve uma recuperação de 48
casos (80,0%) de malformações congênitas do aparelho circulatório, 11
casos (73,3%) de malformações congênitas do aparelho respiratório e 5
casos (62,5%) de outras malformações do aparelho digestivo. Verificou-se
também uma mudança da ordenação dos DC nos óbitos neonatais da
coorte. Segundo os dados do SINASC, o primeiro posto era ocupado pelas
malformações congênitas e deformidades do aparelho osteomuscular, o
segundo posto eram as MC do sistema nervoso e o terceiro pelas MC do
aparelho circulatório. Após a vinculação dos dados o primeiro posto passou
a ser ocupado pelas MC do aparelho circulatório, com correção da sua taxa
de prevalência de 407%. As malformações congênitas do aparelho
respiratório apresentaram uma mudança de 160% em sua taxa de
prevalência; as outras malformações congênitas também apresentaram
elevada correção de sua taxa de prevalência (61,5%) e mesmo o DC que
ocupava o primeiro posto pelo SINASC apresentou uma correção da ordem
de 18,8%.
65
A taxa de prevalência para os defeitos congênitos da coorte segundo o
SINASC foi de 75,4/10.000 NV, já a taxa de prevalência com os dados
corrigidos pelo SIM, foi de 86,2/10.000 NV.
Portanto, com a complementação dos dados pelo SIM, tenho um perfil
diferente de prevalência de defeitos congênitos do que aquele que seria
registrado apenas pelo SINASC.
Síndrome da Rubéola Congênita (SRC)
A SRC, que foi descrita em 1941 na Austrália, geralmente é grave e
pode acometer 40 a 60% dos RN cujas mães foram infectadas durante os
dois primeiros meses de gestação; 30 a 35% dos RN no 3º mês de
gestação, 10% dos RN quando a infecção na gestação se dá durante o 4º
mês, sendo mais raro o acometimento após a 20ª semana. Os principais
sinais e sintomas da infecção intra-uterina são o aborto espontâneo, morte
fetal, parto prematuro e defeitos congênitos de grandes órgãos e sistemas
como: oculares (microftalmia, retinopatia, glaucoma e catarata), cardíaca
(persistência de ducto arterial, defeitos do tabique interauricular e
interventricular, estenose da artéria pulmonar), deficiência auditiva e
alterações neurológicas (meningoencefalite, retardo mental), púrpura,
esplenomegalia, osteopatia radiolúcida. É possível a ocorrência de formas
leves, com surdez parcial ou pequenas deficiências cardíacas, que só serão
diagnosticadas muitos anos após o nascimento. Algumas manifestações,
como diabetes, podem surgir de dois a quatro anos após o nascimento.
Quando a infecção ocorre após o quarto mês de gestação, a deficiência
auditiva pode ser a única manifestação da rubéola congênita. Os riscos da
síndrome da rubéola congênita são praticamente inexistentes se a infecção
ocorre durante o último trimestre de gestação (DOENÇAS INFECCIOSAS E
PARASITÁRIAS, 2006).
A Organização Mundial da Saúde estima a ocorrência de 700.000
óbitos por ano no mundo relacionados à rubéola congênita. A SRC, portanto,
poderia ser detectada tanto ao nascimento e ocorrer seu registro na DN,
bem como esta poderia também ser identificada como causa de morte na
66
DO. No entanto, os resultados mostraram que na DN são registrados mais
freqüentemente os DC mais aparentes e desse modo é possível que os
casos de DC causados por rubéola não tenham sido identificados.
Fatores Associados à Presença de Defeitos Congênitos
Para avaliar os fatores de risco registrados no SINASC foi empregada
análise univariada. A variável idade da mãe mostrou-se associada à
presença de defeito congênito quando esta apresentava 40 ou mais anos de
idade. Já no estudo realizado por GUERRA e col. (2008), que ao invés de
estudar os DC segundo grupamentos da CID-10, analisou isoladamente a
prevalência dos DC mais importantes, encontrou maior freqüência de DC
entre os RN de mães com 35 ou mais anos de idade, para anomalias
cromossômicas e síndrome de Down. Segundo GUERRA (2006), com o
aumento da idade, há um aumento da exposição ambiental e
conseqüentemente com o aumento da idade materna é maior o risco para
essas DC.
SOUZA e col. (1987) também ressaltam que há um aumento da
prevalência à medida que a idade avança. PATEL e ADHIA (2005) também
relataram que a incidência é maior entre as mães com 35 ou mais anos de
idade. Ainda segundo GUERRA e col. (2008), esta faixa etária é a fase da
vida em que mulheres das camadas médias da população têm seus filhos
atualmente. Já no estudo realizado no Vale do Paraíba Paulista por PINTO e
NASCIMENTO (2007), não foi encontrada associação entre idade materna e
DC, porém, segundo os autores, no Chile foi encontrada maior prevalência
de DC em RN de mães adolescentes. Vale ressaltar que os autores, assim
como GUERRA e col. (2008), não estudaram os DC segundo grupamentos.
Quanto à escolaridade, não foi encontrada associação entre anos de
estudo da mãe e presença de defeito congênito. Resultado semelhante foi
encontrado por PINTO e NASCIMENTO (2007), mas GUERRA (2006 e
2008), em estudo no Município do Rio de Janeiro, encontrou associação
entre a baixa escolaridade materna e DC e comentou que piores condições
67
sócio-econômicas em países em desenvolvimento, talvez possam contribuir
para o aparecimento de defeitos congênitos.
Porém, segundo os autores, não se pode afirmar que a escolaridade
das mães influencia as taxas de nascimentos de crianças com DC, apesar
da maior prevalência desses casos entre mulheres menos instruídas. Como
o grau de instrução está relacionado ao padrão sócio-econômico, é
importante observar o impacto desses casos nas famílias com menores
recursos. O efeito da escolaridade poderia também estar relacionado ao
maior acesso à interrupção da gestação nos níveis mais altos de
escolaridade.
LANSKY e col. (2002) reforçam o fato de que há uma maior
prevalência de DC em filhos de mães sem instrução. Já segundo MACIEL e
col. (2006), cerca de 65% das mães de crianças com DC apresentaram bom
nível de escolaridade (cursando ou já tendo concluído o Ensino Médio ou
Ensino Superior). No estudo de MACIEL e col. (2006), as mães dos RN com
DC apresentaram um perfil diferente de escolaridade, concentrando-se nos
extremos de maior e menor escolaridade quando comparado com as mães
dos RN sem DC.
O estado marital da mãe também não mostrou associação
estatisticamente significativa com a presença de defeito congênito. Já no
estudo realizado por MACIEL e col. (2006) foi verificado que cerca de 40%
das mães de crianças com DC viviam sem a presença de um parceiro
(solteira, separada judicialmente e viúva), sendo, segundo os autores, este
percentual bem mais alto em relação às mães de crianças nascidas vivas
que não apresentavam DC.
Não se encontrou associação entre paridade e presença de defeito
congênito neste estudo. Já para MACIEL e col. (2006), os DC são mais
comuns entre mães do primeiro filho (primiparidade) do que no segundo ou
no terceiro filhos. Não houve associação entre ter tido filhos mortos
anteriormente e presença de defeitos congênitos, diferentemente do estudo
68
realizado por PINTO e NASCIMENTO (2007), onde foi encontrada
associação estatisticamente significante entre DC e a variável em questão.
Não houve relação entre número de consultas pré-natal realizada e
presença de defeito congênito, porém foi verificado que há um aumento da
freqüência com a redução do número de consultas, o que corrobora com
PINTO e NASCIMENTO (2007). Resultados semelhantes foram obtidos por
GUERRA e col. (2008), verificando-se que as gestantes que receberam
menos que sete consultas apresentaram maior proporção de filhos com DC.
A associação pode ser afetada por aquelas que identificaram DC e por este
motivo procuraram realizar mais consultas pré-natal ou por aquelas que
fizeram mais consultas pré-natal e identificaram a presença de DC e
poderiam ter interrompido a gestação.
Identificou-se uma associação estatisticamente significante entre a
presença de defeito congênito e nascimentos de pré-termo. RASMUSSEN e
col. (2001) verificaram que o risco de pré-termo entre os portadores de DC
era de 21,5%, enquanto que entre RN sem DC esse risco era de 9,3%.
GUERRA e col. (2008) também identificaram maior freqüência de DC
entre os nascimentos de pré-termo do que entre aqueles nascidos com 37
ou mais semanas de gestação. PINTO e NASCIMENTO (2007) também
encontraram associação entre DC e nascimento de pré-termo e, segundo os
autores, não se sabe se os DC podem ter sido o fator causal da menor
duração da gestação, mas “é possível que os DC comprometam o
desenvolvimento da criança intra-útero e desencadeiem o parto prematuro”.
Além disso, estes autores indicam que no concepto portador de DC, é mais
freqüente a interrupção eletiva da gestação antes do termo, na tentativa de
proporcionar ao RN um tratamento mais eficaz. Já no estudo realizado por
MACIEL e col. (2006), a presença de DC não estava associada à diminuição
da idade gestacional.
Foi observado que a presença de defeito congênito leva ao baixo peso
ao nascer, dados estes que coincidem com os encontrados em Bogotá,
Colômbia (PINTO e NASCIMENTO, 2007). Já no estudo realizado por
MACIEL e col. (2006) em Vitória-ES, foi verificada que a média de peso dos
69
RN com DC foi de 3.006g, ou seja, não houve associação entre DC e baixo
peso ao nascer.
Observou-se associação estatisticamente significante entre presença
de DC e parto cesáreo. Além da prematuridade é possível que a própria
presença de DC detectada anteriormente (durante a gestação) pode se
constituir em indicação para cesariana. Estes resultados assemelham-se aos
de MACIEL e col. (2006), PINTO e NASCIMENTO (2007) e GUERRA
(2008), que verificaram que praticamente 2 em cada 3 RN com DC
nasceram de parto cesáreo, percentual bem mais alto quando comparado
com o grupo de NV sem DC, segundo os autores.
Segundo PINTO e NASCIMENTO (2007), talvez a associação entre DC
e partos cesáreos se deve ao fato do diagnóstico de DC intra-útero e a
cesárea ser opção médica. Mas o número de cesarianas entre crianças sem
DC, segundo MACIEL e col. (2006) também é bastante alto, o que reforça a
idéia de que o Brasil é o país “campeão mundial em cesarianas”, podendo
chegar até 90% em alguns hospitais. Segundo FERRARI e col. (2006), a
Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia recomenda que o
índice de cesariana não deve ultrapassar 20%.
Não foi encontrada associação entre tipo de gravidez (única ou
múltipla) e presença de defeito congênito. Já GUERRA e col. (2008)
observaram um predomínio de casos de DC nas gestações múltiplas. A
gemelaridade, segundo estes autores, é uma causa importante de DC,
principalmente nas gestações monozigóticas.
BRIZOT e col. (2000) também apontam que a freqüência de DC é
consideravelmente maior em gestações múltiplas comparada a gestações
únicas. Os defeitos maiores em crianças gêmeas, segundo os autores, é o
dobro (2%) em relação às crianças de gestações únicas; já a freqüência de
malformações menores é de aproximadamente 4% em gêmeos e 2,5% em
únicos. Ainda de acordo com BRIZOT e col. (2000), a taxa de aborto em
gestações gemelares devido a algum DC é de aproximadamente três vezes
a taxa de ocorrência em gestações únicas.
70
A presença de defeito congênito mostrou-se como fator de risco para
os baixos índices de Apgar nos 1º e 5º minutos, o que não corroborou com o
estudo realizado por MACIEL e col. (2006), onde foi observado que a
maioria dos neonatos com DC obtiveram um índice de Apgar satisfatório (de
8 a 10) no 1º e no 5º minuto. Porém, PINTO e NASCIMENTO (2007)
verificaram associação entre DC e baixo índice de Apgar no 5º minuto.
O sexo masculino mostrou-se como fator de risco para a presença de
defeito congênito, resultado este semelhante aos dos autores MACIEL e col.
(2006) e GUERRA (2008). No estudo realizado por PINTO e NASCIMENTO
(2007) não houve associação entre sexo do RN e presença de DC.
Não foi encontrada associação entre raça/cor do RN e presença de
defeito congênito, o que foi semelhante ao encontrado por MACIEL e col.
(2006) em seu estudo.
Com os resultados apresentados, verifica-se que há a necessidade do
aprimoramento dos sistemas de informação já existentes para se obter
dados sobre defeitos congênitos no Brasil. Portanto, é extremamente
necessária a avaliação do SINASC como fonte de informação sobre defeitos
congênitos no Município de São Paulo. Como a maioria das crianças desta
cidade nasce em hospitais, é viável a avaliação da qualidade destes dados.
Há poucos estudos de avaliação sobre o campo 34 no país. A
escassez de estudos sobre a avaliação da qualidade destes dados também
se dá pela inexistência de um sistema oficial de monitoramento de DC.
No Município de São Paulo não há um programa dirigido à vigilância
epidemiológica para monitorar defeitos congênitos, deste modo, os dados
existentes são pouco trabalhados, não existindo incentivo freqüente junto
aos serviços de saúde para o preenchimento do campo 34 da DN. Os
resultados obtidos mostram que esta é uma fonte de dados populacional e
pode se constituir em instrumento importante para monitorar a prevalência
de defeitos congênitos e conseqüentemente apoiar políticas de saúde que
contemplem medidas de prevenção primária de alguns tipos de defeitos
congênitos considerados evitáveis.
71
Como limitação deste estudo, saliento a existência de defeito congênito
causado por infecção viral, por exemplo, que pode ser sazonal, e que pode
não ter sido captado no estudo.
Alerto também para o fato de que muitos dos RN nascidos com
defeitos congênitos considerados graves evoluem para o óbito rapidamente,
sequer chegando a ser avaliados em vida por especialista. Segundo
HOROVITZ e col. (2006), há poucos serviços capacitados em patologia fetal
e neonatal, sendo escassas as necropsias realizadas, ou por serem
raramente pedidas pelos médicos ou pelos poucos profissionais
especializados em DC para realizá-las, dificultando a orientação das famílias
e prevenção de futuros casos.
Segundo ALMEIDA e col. (2006b), no Brasil, a legislação vigente
proíbe a interrupção da gravidez nos casos de defeito congênito do feto,
porém, muitos casos têm obtido autorização judicial específica, sobretudo a
de fetos anencéfalos. Ainda segundo os autores, é possível que nas áreas
de melhor renda, a interrupção da gestação ocorra em idades gestacionais
mais precoces.
De acordo com NOVAES (2000), seria necessário o desenvolvimento
de uma aliança entre ciência, o poder judicial com alterações na lei do
Código Penal e a obstetrícia para que o aborto terapêutico fosse legalizado
nos casos em que o RN portador de defeito congênito fosse incapaz de
sobreviver. O que ocorre, segundo a autora, é que há uma dividida opinião
pública devido, principalmente, a oposições religiosas.
72
6 – CONCLUSÕES
É possível utilizar o SINASC como fonte de informação para
avaliar a prevalência de defeitos congênitos no Município de São
Paulo, pois este sistema apresentou 12,8% de ausência de
informação (preenchimento do campo 34), que não compromete a
utilização desta fonte de dados.
Na coorte estudada verificou-se que o SINASC identificou 55,2%
de DC presentes nos óbitos neonatais e o SIM 44,8%. Mostrando
que o SIM é uma fonte de dados importante na recuperação da
informação sobre a prevalência de DC. Com o uso conjunto das
duas fontes de dados, foi possível corrigir a prevalência de DC em
14,3%.
A taxa de prevalência para os defeitos congênitos da coorte
segundo o SINASC foi de 75,4/10.000 NV, já a taxa de prevalência
com os dados corrigidos pelo SIM, foi de 86,2/10.000 NV.
Verificou-se que através do SINASC é mais difícil identificar os DC
múltiplos, mas ao se trabalhar com os bancos vinculados, é
possível identificar a presença de portadores de DC múltiplos.
Houve mudança da ordenação dos DC nos óbitos neonatais da
coorte após a vinculação dos dados. Pelo SINASC, o primeiro
posto era ocupado pelas MC e deformidades do aparelho
osteomuscular, o segundo posto eram as MC do sistema nervoso
e o terceiro pelas MC do aparelho circulatório. Após a vinculação
dos dados, o primeiro posto passou a ser ocupado pelas MC do
aparelho circulatório, observando-se uma correção da sua taxa de
prevalência da ordem de 407%. Os DC do aparelho respiratório
apresentaram uma mudança de 160% em sua taxa de prevalência;
as outras malformações congênitas também apresentaram
elevada correção de sua taxa de prevalência (61,5%); mesmo o
DC que ocupava o primeiro posto pelo SINASC apresentou uma
73
correção da ordem de 18,8%. Esses dados mostram a importância
do uso conjunto das duas fontes de dados.
Através dos dados do SIM, verificou-se que os DC mais
importantes eram aqueles relativos a malformações congênitas do
sistema respiratório (N=20); outras malformações congênitas
ocuparam o segundo posto (N=11); malformações congênitas do
aparelho circulatório o terceiro posto (N=5); malformações
congênitas e deformidades do aparelho osteomuscular (N=4);
malformações congênitas do aparelho urinário (N=4) e anomalias
cromossômicas não classificadas em outra parte (N=2).
No SINASC houve uma maior freqüência de indivíduos portadores
de malformações congênitas e deformidades do aparelho
osteomuscular (N=18). Entre estes portadores, 8 (44,4%)
apresentaram malformações congênitas do aparelho respiratório, 5
apresentaram outras MC e 3 (16,7%) outras malformações
congênitas do aparelho digestivo registradas no SIM.
Os resultados mostraram que são mais freqüentemente
registrados no SINASC os DC mais aparentes, já no SIM
aparecem os DC que causam problemas fisiológicos incompatíveis
com a vida, ou seja, os que mais matam. Por isso, a vinculação
destes dois sistemas de informação fornece uma prevalência de
DC mais próxima do real, diferentemente de quando se trabalha
com um sistema de informação isolado.
Os fatores associados (estatisticamente significantes) à presença
de defeitos congênitos nos recém-nascidos da coorte foram: idade
da mãe, tipo de parto, idade gestacional, peso ao nascer, índice
de Apgar no 1º e 5º minutos e sexo do RN e os não associados
foram: escolaridade da mãe, estado marital, paridade, filhos
mortos anteriores, número de consultas realizadas no pré-natal,
tipo de gravidez e raça/cor do RN.
74
7 – CONSIDERAÇÕES FINAIS
As causas dos defeitos congênitos são, na maioria das vezes,
múltiplas, e fatores maternos, da gestação e do recém-nascido podem
influenciar a prevalência de alguns tipos, por isso, as informações sobre a
prevalência dos defeitos congênitos nas populações é imprescindível para o
reconhecimento do problema e, como conseqüência, para o planejamento
de políticas de assistência e prevenção.
É interessante avaliar o porquê destas informações tão importantes
para a política de saúde materno-infantil serem negligenciadas pelos
profissionais responsáveis pelo seu preenchimento.
Nos Estados Unidos, esta informação já está há mais de 20 anos
incluída nos certificados de nascimento, por esta razão, são mais numerosas
as pesquisas para avaliar a validade e a confiabilidade da mesma. Além
disso, há nos EUA programas regionais e nacionais de controle sobre
defeitos congênitos. O Centers of Disease Control (CDC), por exemplo,
libera os dados referentes aos defeitos congênitos juntamente com todas as
variáveis neles constantes. O mesmo também ocorre nos países da União
Européia através do EUROCAT e no Canadá através de seu Ministério da
Saúde. O CDC, através do programa International Clearinghouse for Birth
Defects Surveillance and Research (ICBDSR), procura juntar programas
sobre DC de vários países com o propósito de conduzir a vigilância e a
pesquisa para prevenção do aparecimento de defeitos congênitos e também
para amenizar suas conseqüências.
O campo 34 poderia ser mais bem explorado em nossa população, não
só porque estes defeitos estão entre as primeiras causas de mortalidade na
infância, mas também porque não há até o momento outra fonte melhor de
informação sobre o tema, com a abrangência do SINASC.
A Fundação SEADE realizou em 2004 uma pesquisa de qualidade dos
dados produzidos nos municípios onde mostrou que a codificação dos
defeitos congênitos realizada no Município de São Paulo apresentou 35% de
75
erros, em média, para o Estado, sendo que muitos municípios apresentaram,
segundo os autores, codificação mais precária. Como atualmente a
mortalidade infantil concentra-se no período neonatal, a análise dos defeitos
congênitos é decisiva, mas com essa percentagem de erro, fica inviabilizada.
O número, o tipo e o grau de evidência e de complexidade dos defeitos
congênitos sugerem que estas características influenciam a descrição dos
mesmos no momento do preenchimento das DN. Por isso, dentre os
possíveis motivos para que os relatos dos tipos de DC no SINASC não
sejam bons nos defeitos congênitos mais complexos, seria o fato de que
muitos RN receberam diagnósticos imprecisos no período pré-natal e no
pós-natal imediato, o qual é o momento para o preenchimento da DN.
Na oficina de trabalho “Aperfeiçoamento da qualidade da informação
sobre malformações congênitas” realizada no Município de São Paulo em
fevereiro deste ano, foram discutidos alguns tópicos sobre o preenchimento
da DN, a respeito de como são colhidas as informações para o
preenchimento, quem são os responsáveis pelo preenchimento dos dados
referentes ao RN e como estes vêem o ofício.
Viu-se que há um despreparo por parte dos profissionais que
preenchem a DN, o que leva à subnotificação de inúmeros casos, e que
também não há um profissional específico responsável pelo preenchimento,
pois vários realizam esta função, como o auxiliar administrativo, o técnico de
enfermagem, o auxiliar de enfermagem, o escriturário, o assistente social, a
secretária, o pediatra e o obstetra.
Por ser imprescindível que as unidades de saúde reconheçam a
necessidade do correto preenchimento do campo 34 para o planejamento da
saúde da população, algumas sugestões foram propostas durante a oficina
de trabalho para o correto preenchimento do campo destinado aos defeitos
congênitos: identificação dos profissionais responsáveis pelo preenchimento
da DN e recomendação de medidas a estes profissionais para o
preenchimento do documento toda vez que fosse identificado qualquer
defeito congênito no recém-nascido, o que tornaria a notificação mais
precisa; capacitação dos médicos para o reconhecimento de padrões mais
76
clássicos de defeitos congênitos, através de cursos dados por geneticistas; a
codificação das DN poderia ser melhorada com a padronização da
notificação através de um manual que contasse com os principais
diagnósticos e seus respectivos códigos da CID-10; elaboração de critérios
para a codificação dos defeitos congênitos descritos na DN, pois não se
sabe, em casos de recém-nascido com múltiplos defeitos, qual defeito
congênito a ser escolhido.
Outros tópicos abordados durante a oficina foram a transferência da
responsabilidade de preenchimento das DN dos obstetras para os
neonatologistas, a inclusão de formulário específico para relato de defeito
congênito para todos os recém-nascidos e a determinação de um
responsável no hospital para a revisão das DN.
A DO, da mesma forma que a DN, não está sendo devidamente
preenchida, pois foram detectados campos em branco e o não
aproveitamento do campo sobre a causa de morte. Isto mostra a ausência
de treinamento para os profissionais das unidades notificadoras. A DO, ao
contrário da DN, somente pode ser preenchida pelo médico.
Os resultados sugerem a necessidade de investimentos na qualificação
do pessoal envolvido no preenchimento das DN nas maternidades, assim
como a padronização dos critérios de codificação dos defeitos congênitos ali
descritos.
Será bastante relevante a divulgação dos resultados deste estudo para
as esferas centrais de planejamento de saúde, assim como nas unidades
bases e nos hospitais onde ocorrem os nascimentos, para que não se ignore
mais o relato da ocorrência de defeito congênito.
Este estudo mostrou-se importante na avaliação da ocorrência de
defeito congênito no Município de São Paulo, e conseqüentemente no
planejamento de políticas na área de vigilância epidemiológica, assistência
aos portadores e seus familiares e ações de prevenção, observando o papel
que os defeitos congênitos têm nas taxas de morbi-mortalidade infantil, além
da assistência complexa e cara.
77
77
8 – REFERÊNCIAS
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83
ANEXOS
Anexo 1 - Modelo da Declaração de Óbito (DO)
84
Anexo 2 – Modelo da Declaração de Nascido Vivo (DN)
85
Anexo 3 - Classificação Internacional de Doenças 10ª revisão - Capítulo
XVII - Malformações congênitas, deformidades e anomalias cromossômicas
Q00-Q07 Malformações congênitas do sistema nervoso
Q00: Anencefalia e malformações similares
Q01: Encefalocele
Q02: Microcefalia
Q03: Hidrocefalia congênita
Q04: Outras malformações congênitas do cérebro
Q05: Espinha bífida
Q06: Outras malformações congênitas da medula espinhal
Q07: Outras malformações congênitas do sistema nervoso
Q10-Q18 Malformações congênitas do olho, do ouvido, da face e do
pescoço
Q10: Malformações congênitas das pálpebras, do aparelho lacrimal e da
órbita
Q11: Anoftalmia, microftalmia e macroftalmia
Q12: Malformações congênitas do cristalino
Q13: Malformações congênitas da câmara anterior do olho
Q14: Malformações congênitas da câmara posterior do olho
Q15: Outras malformações congênitas do olho
Q16: Malformações congênitas do ouvido causando comprometimento da
audição
Q17: Outras malformações congênitas da orelha
Q18: Outras malformações congênitas da face e do pescoço
Q20-Q28 Malformações congênitas do aparelho circulatório
Q20: Malformações congênitas das câmaras e das comunicações cardíacas
Q21: Malformações congênitas dos septos cardíacos
Q22: Malformações congênitas das valvas pulmonar e tricúspide
Q23: Malformações congênitas das valvas aórtica e mitral
86
Q24: Outras malformações congênitas do coração
Q25: Malformações congênitas das grandes artérias
Q26: Malformações congênitas das grandes veias
Q27: Outras malformações congênitas do sistema vascular periférico
Q28: Outras malformações congênitas do aparelho circulatório
Q30-Q34 Malformações congênitas do aparelho respiratório
Q30: Malformação congênita do nariz
Q31: Malformações congênitas da laringe
Q32: Malformações congênitas da traquéia e dos brônquios
Q33: Malformações congênitas do pulmão
Q34: Outras malformações congênitas do aparelho respiratório
Q35-Q37 Fenda labial e fenda palatina
Q35: Fenda palatina
Q36: Fenda labial
Q37: Fenda labial com fenda palatina
Q38-Q45 Outras malformações congênitas do aparelho digestivo
Q38: Outras malformações congênitas da língua, da boca e da faringe
Q39: Malformações congênitas do esôfago
Q40: Outras malformações congênitas do trato digestivo superior
Q41: Ausência, atresia e estenose congênita do intestino delgado
Q42: Ausência, atresia e estenose congênita do cólon
Q43: Outras malformações congênitas do intestino
Q44: Malformações congênitas da vesícula biliar, das vias biliares e do
fígado
Q45: Outras malformações congênitas do aparelho digestivo
Q50-Q56 Malformações congênitas dos órgãos genitais
Q50: Malformações congênitas dos ovários, das trompas de Falópio e dos
ligamentos largos
87
Q51: Malformações congênitas do útero e do colo do útero
Q52: Outras malformações congênitas dos órgãos genitais femininos
Q53: Testículo não-descido
Q54: Hipospádias
Q55: Outras malformações congênitas dos órgãos genitais masculinos
Q56: Sexo indeterminado e pseudo-hermafroditismo
Q60-Q64 Malformações congênitas do aparelho urinário
Q60: Agenesia renal e outros defeitos de redução do rim
Q61: Doenças císticas do rim
Q62: Anomalias congênitas obstrutivas da pelve renal e malformações
congênitas do ureter
Q63: Outras malformações congênitas do rim
Q64: Outras malformações congênitas do aparelho urinário
Q65-Q79 Malformações e deformidades congênitas do sistema
osteomuscular
Q65: Malformações congênitas do quadril
Q66: Deformidades congênitas do pé
Q67: Deformidades osteomusculares congênitas da cabeça, da face, da
coluna e do tórax
Q68: Outras deformidades osteomusculares congênitas
Q69: Polidactilia
Q70: Sindactilia
Q71: Defeitos, por redução, do membro superior
Q72: Defeitos, por redução, do membro inferior
Q73: Defeitos por redução de membro não especificado
Q74: Outras malformações congênitas dos membros
Q75: Outras malformações congênitas dos ossos do crânio e da face
Q76: Malformações congênitas da coluna vertebral e dos ossos do tórax
Q77: Osteocondrodisplasia com anomalias de crescimento dos ossos longos
e da coluna vertebral
88
Q78: Outras osteocondrodisplasias
Q79: Malformações congênitas do sistema osteomuscular não classificadas
em outra parte
Q80-Q89 Outras malformações congênitas
Q80: Ictiose congênita
Q81: Epidermólise bolhosa
Q82: Outras malformações congênitas da pele
Q83: Malformações congênitas da mama
Q84: Outras malformações congênitas do tegumento
Q85: Facomatoses não classificadas em outra parte
Q86: Síndromes com malformações congênitas devidas a causas exógenas
conhecidas, não classificadas em outra parte
Q87: Outras síndromes com malformações congênitas que acometem
múltiplos sistemas
Q89: Outras malformações congênitas não classificadas em outra parte
Q90-Q99 Anomalias cromossômicas não classificadas em outra parte
Q90: Síndrome de Down
Q91: Síndrome de Edwards e síndrome de Patau
Q92: Outras trissomias e trissomias parciais dos autossomos, não
classificadas em outra parte
Q93: Monossomias e deleções dos autossomos, não classificadas em outra
parte
Q95: Rearranjos equilibrados e marcadores estruturais, não classificados em
outra parte
Q96: Síndrome de Turner
Q97: Outras anomalias dos cromossomos sexuais, fenótipo feminino, não
classificadas em outra parte
Q98: Outras anomalias dos cromossomos sexuais, fenótipo masculino, não
classificadas em outra parte
Q99: Outras anomalias dos cromossomos, não classificadas em outra parte
89
Anexo 4 – Fluxograma da coorte de nascidos vivos do 1º semestre de 2006
do Município de São Paulo
316.109 nascidos vivos
(Estado de São Paulo)
89.515
Nascidos vivos residentes
no Município de São Paulo
226.594 não
residentes no
Município de São
P
au
l
o
(e
x
c
l
u
í
dos)
4.080 nascimentos
não ocorridos no
Município de São
Paulo
(
excluídos
)
88.926 nascidos vivos
589 nascimentos não
hospitalares
(excluídos)
84.846
Coorte de nascidos vivos
hospitalares residentes e
ocorridos no Município de São
Paulo
88
90
Anexo 5 – Etapas da vinculação da base de óbitos neonatais com a base de
nascidos vivos do 1º semestre de 2006 do Município de São Paulo pela
Fundação SEADE
1ª etapa:
As variáveis utilizadas na vinculação foram selecionadas e padronizadas
e também foram criadas variáveis derivadas dessas variáveis.
As variáveis selecionadas foram: nome da criança, iniciais do nome da
criança, nome da mãe, iniciais do nome da mãe, data de nascimento da criança
e número da Declaração de Nascido Vivo.
A padronização das variáveis foi realizada da seguinte maneira: para o
nome da criança e da mãe, foram suprimidas letras duplicadas, caracteres
diferentes de A-Z, espaços em branco posicionados a frente do primeiro nome,
qualificações presentes nos campos de nomes e sobrenomes (ex. brasileiros,
já falecidos, etc); convertidos caracteres para maiúsculo, substituído letras (y
por i, w por v, th por t, oct por ot, etc). Para o número da DN foi suprido
caracteres não numéricos e espaços em branco posicionados a frente do
número. Para a criação de variáveis derivadas foram utilizadas outras variáveis
já existentes, como as iniciais dos nomes da criança e da mãe. Nessa rotina o
sistema recodificou uma nova variável contendo as primeiras letras do nome e
dos sobrenomes de cada indivíduo, no caso da criança e da mãe.
2ª etapa:
Nessa etapa foram elaborados critérios utilizando as variáveis pré-
selecionadas na etapa de padronização. Esses critérios podem ter dois tipos de
comparação: por igualdade e por semelhança.
Na comparação por igualdade, observa-se se a variável selecionada
possui preenchimento idêntico nos dois bancos.
Na comparação por semelhança, observa-se se a variável selecionada
possui semelhança no preenchimento nos dois bancos igual ou superior a um
nível pré-estabelecido, em geral 80%. Essa semelhança é verificada em
variáveis como nomes, datas e número de documentos.
3ª etapa:
A seleção dos casos foi realizada após a execução dos critérios que
sugerem os possíveis pares a serem vinculados.
Essa seleção é dividida em duas partes: automática e visual.
91
A automática foi utilizada para os casos em que houve igualdade
simultaneamente nas variáveis: nome da criança, nome da mãe e data de
nascimento.
A seleção visual foi selecionada nos demais critérios, pois exigem uma
conferência visual antes da vinculação.
O programa de vinculação separa os registros pré-selecionados em
pares, mostrando informações selecionadas dos dois registros que são
comparadas visualmente definindo-se se é o mesmo indivíduo ou não.
O resultado da vinculação das bases de nascimento e de óbitos
neonatais, por mês de nascimento do 1º semestre de 2006 do Estado de São
Paulo pode ser visto através da tabela abaixo:
Óbitos Neonatais
Mês Nascimentos Total Vinculado ovinculado %Vinculado
Janeiro 48.614 533 529 4 99,2
Fevereiro 48.056 481 478 3 99,4
Março 56.404 515 513 2 99,6
Abril 54.698 524 522 2 99,6
Maio 56.294 496 494 2 99,6
Junho 52.043 452 449 3 99,3
Semdatadenascimento 0 3 0 3 0,0
TOTAL 316.109 3004 2985 19 99,4
Fonte: Fundação SEADE – Sistema Estadual de Análises de Dados, Movimento do
Registro Civil.
Segundo a Fundação SEADE, cabe salientar que dos 19 registros que
não foram vinculados, seis são de residentes de outros estados, três não
possuem o nome da criança e o nome da mãe e cinco não possuem o nome da
criança.
92
Anexo 6 – Ofício enviado à Fundação SEADE
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
FACULDADE DE SAÚDE PÚBLICA
Av. Dr. Arnaldo, 715 - CEP: 01246-904 São Paulo/SP
Fone: 3066-7105 / 3066-7724 / 3066-7744 / 3066-7702
Fax: (011) 282-2920
São Paulo, 04 de janeiro de 2007.
Dr. Luis Patricio Ortiz Flores
Chefe da Divisão de Produção de Indicadores Demográficos
Fundação SEADE
Venho por meio deste, solicitar a cessão do banco de dados vinculados
das declarações de nascido vivo e óbito neonatal do Estado de São Paulo de
2006. Esclareço que estes dados serão utilizados para a realização do projeto
de dissertação de mestrado “Avaliação das declarações de nascido vivo como
fonte de informação sobre defeitos congênitos” de Ana Lívia Geremias, minha
orientanda.
O banco de dados será utilizado única e exclusivamente para o fim deste
projeto e a guarda dos dados respeitará as normas de confidencialidade e
privacidade. Os possíveis resultados obtidos serão divulgados de forma
agregada sem identificação individual.
Atenciosamente
Marcia Furquim de Almeida
Departamento de Epidemiologia
Faculdade de Saúde Pública
Universidade de São Paulo
93
Anexo 7 - Classificação dos defeitos congênitos segundo a Classificação
Internacional de Doenças 10ª revisão.
Grupamento ClassificaçãosegundoaCID10*
Q00-Q07
MCdosistemanervoso
Q10-Q18
MCdoolho,doouvido,daface edopescoço
Q20-Q28
MCdoaparelhocirculatório
Q30-Q34
MCdoaparelhorespiratório
Q35-Q37
Fendalabialefendapalatina
Q38-Q45
OutrasMCdoaparelhodigestivo
Q50-Q56
MCdosórgãosgenitais
Q60-Q64
MCdoaparelhourinário
Q65-Q79
MCedeformidadesdoaparelhoosteomuscular
Q80-Q89
OutrasMC
Q90-Q99
Anomaliascromossômicas,nãoclassificadasemoutraparte
Fonte: Fundação SEADE – Sistema Estadual de Análises de Dados.
Nota: *: Malformações congênitas, deformidades e anomalias cromossômicas
(Q00-Q99).
94
Anexo 8 – Currículo lattes – Ana Lívia Geremias
Última atualização em: 30/10/2008
Possui graduação em Ciências Biológicas - Modalidade Médica (Biomedicina)
pela Universidade de Mogi das Cruzes (2002), pós-graduação (lato sensu) em
Análises Clínicas pela Universidade de Mogi das Cruzes (2003) e
especialização em Bacteriologia em Saúde Pública pelo Instituto Adolfo Lutz
(2006). Fez parte do Programa de Treinamento de Epidemiologia Aplicada aos
Serviços do Sistema Único de Saúde do Estado de São Paulo (EPISUS-SP)
pelo Centro de Vigilância Epidemiológica "Prof. Alexandre Vranjac" da
Secretaria de Estado da Saúde (CVE-SES) (2008). Atualmente é assistente
técnico da divisão de Zoonoses do CVE. Tem experiência na área de análises
clínicas e investigação epidemiológica de campo.
95
Anexo 9 – Currículo lattes – Profª Marcia Furquim de Almeida
Última atualização em: 26/09/2008
MARCIA FURQUIM DE ALMEIDA concluiu o doutorado em Saúde Pública pela
Universidade de São Paulo em 1995. Atualmente é Professor doutor da
Universidade de São Paulo. Publicou 25 artigos em periódicos especializados e
54 trabalhos em anais de eventos. Possui 5 livros publicados. Possui 2 itens de
produção técnica. Participou de 111 eventos no Brasil. Orientou 6 dissertações
de mestrado e 3 teses de doutorado e co-orientou 1 tese de doutorado, além
de ter orientado 6 trabalhos de iniciação científica na área de Saúde Coletiva.
Atualmente coordena 1 projeto de pesquisa. Atua na área de Saúde Coletiva,
com ênfase em Epidemiologia. Em suas atividades profissionais interagiu com
57 colaboradores em co-autorias de trabalhos científicos. Em seu currículo
Lattes os termos mais freqüentes na contextualização da produção científica,
tecnológica e artístico-cultural são: Epidemiologia, MORTALIDADE
NEONATAL, Fecundidade, SISTEMAS DE INFORMACAO, MORTALIDADE
INFANTIL, PESO AO NASCER, TIPO DE PARTO, FATORES DE RISCO,
SISTEMA DE INFORMACAO e TIPO DE HOSPITAL.
96
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