são fatores ligados à estrutura do dossel arbóreo, que contribuem para atenuar e filtrar
seletivamente a radiação incidente, modificando qualitativa e quantitativamente a densidade
do seu fluxo, conforme atravessa os sucessivos estratos (Martinez-Ramos, 1985; Hopkins,
1995). Desse modo, as plantas precisam se adaptar de acordo com as condições de radiação
incidente durante a morfogênese (Larcher, 2000).
Nobel (1980) destacou a influência dos fatores ambientais na anatomia foliar,
especialmente durante o desenvolvimento deste órgão, discutindo principalmente os efeitos de
luz e temperatura. Estudos conduzidos com gramíneas de clima temperado, com metabolismo
fotossintético C
3
, têm mostrado que o fator ambiental que isoladamente tem maior influencia
sobre a anatomia foliar, é o nível de luminosidade incidente durante o desenvolvimento da
folha (Nobel, 1980). Resultados apresentados por esse autor mostraram que o aumento
progressivo do nível de irradiância fotossintética durante o desenvolvimento de várias
espécies, afetou significativamente a relação entre a área superficial das células mesofílicas
em relação à área superficial externa da folha.
Raven et al. (2001) também considera que os fatores ambientais, especialmente a luz,
podem ter efeitos substanciais no desenvolvimento do tamanho e da espessura das folhas. Em
muitas espécies, folhas que crescem sob altas irradiâncias – as chamadas folhas de sol – são
menores e mais espessas do que as folhas de sombra, que se desenvolvem sob baixas
irradiâncias. Este fato, por sua vez, tem implicações não somente morfogenéticas, mas
também tróficas, na medida em que afeta as taxas de assimilação fotossintética (Reich et al.,
1998), e por essa via, as taxas de crescimento dos diversos órgãos do vegetal.
Nobel (1980) revisou resultados de vários autores, os quais mostraram que em várias
espécies, tanto com metabolismo de carbono C
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ou C
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, aumentos na espessura das folhas, ou
dos tecidos mesofílicos, correlacionaram-se positivamente com aumentos da taxa
fotossintética. Segundo Bolhar-Nordekampf & Draxler (1993), a anatomia foliar pode
influenciar a fotossíntese líquida e desse modo, causar grandes diferenças na eficiência do uso
da luz. Em experimentos com plantas de Lolium perenne, selecionadas para menor tamanho
de célula mesofílica, Nobel et al. (1980) verificaram que a taxa fotossintética relacionou-se
negativamente com tamanho das células, indicando que um aumento da área foliar interna
pode aumentar a assimilação líquida de CO
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. Reich et al.. (1998) testaram a hipótese de que a
resposta da taxa fotossintética à variação do teor de N nas folhas, está modulada pela estrutura
foliar, mais especificamente pela área foliar específica (AFE, superfície da lámina foliar por
unidade de massa seca foliar). De acordo com esses autores, variações na AFE dependem de
variações em densidade (massa seca por unidade de volume foliar) ou em espessura da folha.
Larcher (2000) afirma que as plantas que crescem sob forte radiação desenvolvem um sistema
de ramos vigoroso, suas folhas têm várias camadas de células no mesofilo, são ricas em
cloroplastos e possuem uma densa venação. Em conseqüência disso, seu metabolismo se torna
mais ativo, apresentam maior produção e maior conteúdo energético.
As adaptações ou modificações anatômicas foliares decorrentes de níveis variados de
luz e sombra têm sido relacionadas a processos vitais, como fotossíntese e transpiração,
implicando, então, a eficiência com a qual a planta usa a água disponível para o seu
crescimento. Assim, é possível supor que estudos morfo-anatômicos em gramíneas forrageiras
possam contribuir para o melhor entendimento dos processos envolvidos com o seu
crescimento e produtividade, dentro das condições distintivas dos ambientes de pecuária
silvipastoril.
Além dos fatores ligados à estrutura anatômica interna das folhas, também é
importante o estudo das características morfológicas da superfície foliar, na medida em que
elas influenciam variáveis como a quantidade de luz absorvida ou refletida pela folha, a
transpiração estomática e cuticular, além de estarem envolvidas nos mecanismos de defesa