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FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA UNIR
NÚCLEO DE CIÊNCIAS SOCIAIS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO
MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO - PPGMAD
LUCIMARA GONÇALVES DE REZENDE
ANÁLISE DA CONTRIBUIÇÃO DE COOPERATIVAS DE CAFEICULTORES DE
RONDÔNIA PARA A SUSTENTABILIDADE ECONÔMICA DOS
EMPRENDIMENTOS PRODUTIVOS: UM ESTUDO MULTICASO
Dissertação
PORTO VELHO
2008
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LUCIMARA GONÇALVES DE REZENDE
ANÁLISE DA CONTRIBUIÇÃO DE COOPERATIVAS DE CAFEICULTORES DE
RONDÔNIA PARA A SUSTENTABILIDADE ECONÔMICA DOS
EMPRENDIMENTOS PRODUTIVOS: UM ESTUDO MULTICASO
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação Mestrado em Administração
(PPGMAD) da Fundação Universidade Federal de
Rondônia como requisito parcial para obtenção do
título de mestre em Administração.
Prof. Orientador: Sidinei Aparecido Pereira, Dr.
PORTO VELHO
2008
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Catalogação Biblioteca Central / UNIR
Luzimar Barbosa Chaves 11/338
R467a Rezende, Lucimara Gonçalves de
Análise da Contribuição de Cooperativas de
Cafeicultores Rondônia para a Sustentabilidade
Econômica dos Empreendimentos Produtivos: Um
Estudo Multicaso/ Lucimara Gonçalves de Rezende.
Orientador Sidinei Aparecido Pereira.- Porto Velho,
2008.
132p.
Dissertação apresentada à Fundação Universidade
Federal de Rondônia para obtenção do título de
Mestre em Administração
1. Cooperativismo 2. Qualidade Sustentabilidade Econômica.
CDU:658.114.7
LUCIMARA GONÇALVES DE REZENDE
ANÁLISE DA CONTRIBUIÇÃO DE COOPERATIVAS DE CAFEICULTORES DE
RONDÔNIA PARA A SUSTENTABILIDADE ECONÔMICA DOS
EMPRENDIMENTOS PRODUTIVOS: UM ESTUDO MULTICASO
Esta dissertação foi julgada adequada para a obtenção do Título de Mestre em
Administração, e aprovada em sua forma final pelo Programa de Pós-Graduação:
Mestrado em Administrão (PPGMAD) da Fundação Universidade Federal de
Rondônia (UNIR), em 14 de novembro de 2008.
______________________________
Prof. José Moreira da Silva Neto, Dr.
Coordenador do Programa (PPGMAD/UNIR)
Comissão Examinadora:
_______________________________
Prof. Sidinei Aparecido Pereira, Dr.
Fundação Universidade Federal de Rondônia-UNIR
Orientador
____________________________
Prof. Manuel Antônio Valdés Borrero, Dr.
Fundação Universidade Federal de Rondônia-UNIR
Membro Externo
______________________________________
Prof. Theophilo Alves de Souza Filho, Dr.
Fundação Universidade Federal de Rondônia-UNIR
Membro
AGRADECIMENTOS
A Deus, sempre, sustentáculo de minha existência, amparo nas horas tristes
e companheiro de minhas alegrias e sonhos, sem o qual nada seria.
A minha mãe, Vanda Gonçalves de Rezende. A mulher que com sua
simplicidade, honestidade, bondade, inteligência e saber, soube me orientar nesta
vida. Que me ensinou a ler e me ensinou a desvendar os segredos dos juros simples
e compostos em minha graduação. Por acreditar em mim, me aceitar como eu sou,
com qualidades e defeitos, sempre, em todas as circunstâncias, estando ao meu
lado, dedicando-me o seu amor e orações.
A Ananda Priscila Mota Ximenes, que me ensinou que nas maiores
adversidades, quando tudo parece perdido, o amor verdadeiro surge, o meu muito
obrigado por estar sempre ao meu lado, acreditar em mim, me incentivando sempre
e pela ajuda valiosa me ensinando nos gráficos, tabulação dos dados, bem como
pela paciência, carinho e dedicação a mim.
Ao meu Orientador Prof. Dr. Sidinei Aparecido Pereira, por sua valiosa
contribuição, compreensão e paciência, sem o qual eu não teria conseguido realizar
este trabalho. Agradecendo tamm, a sua esposa Sueli, pelo apoio e incentivo.
Agradecer aos Prof. Dr. José Moreira da Silva Neto e a todos os demais
professores do Mestrado em Administração da Universidade Federal de Rondônia,
que através de suas aulas trouxeram conhecimento e me conduziram na construção
deste trabalho.
Agradecer a todos os amigos de mestrado, que contribuíram com excelentes
trabalhos e com a amizade sincera e reconfortante, tão necessárias a vivência
humana.
A todos os Presidentes das Cooperativas de Café do Estado de Rondônia e
funcionários, pela atenção e contribuões essenciais aos resultados desta
dissertação.
Ao atencioso e querido André Rostand Ramalho, da Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária de Rondônia, que muito contribuiu com seu conhecimento e
atenção.
E a tantos outros, que direta ou indiretamente, contribuíram para a
consecução deste trabalho, meus agradecimentos sinceros.
In Memorium
Agradecer, muito, muito especialmente ao meu pai, que se fora um pouco
antes do início deste mestrado e que tenho certeza, ficaria orgulhoso de estar
comigo neste momento.
Meu pai me ensinou a ver estrelas e a ver o mundo com os olhos encantados
de um poeta. A compreender os fatos através da sabedoria que vinha de sua
existência.
Homem sábio e bondoso, de uma existência simples e honesta, trabalhador
incansável, exemplo que sigo pela vida e transmito a todos a que eu possa.
Sinto saudades de nossas conversas, sentados nos degraus da escada da
varanda, onde falávamos de tudo... amor, sonhos, desejos, esperanças, história
antiga, casos de Minas, política brasileira e mundial, ciências, nações, seus povos e
costumes, despertando-me para além mares...
Saudades, até mesmo de nossas brigas, e como brigávamos às vezes ... no
entanto, sempre nos amamos.
Ah meu pai te agradeço infinitamente... e como sinto a sua falta...
... a dor cruel da saudade que dilacera minha
alma pela cegueira física, cede quando deixo
que os olhos da alma percebam a sua presença...
Joaquim Augusto de Rezende, meu grande e poeta Pai.
RESUMO
O estudo analisa a atuação das cooperativas de cafeicultores na prestação de
serviços relacionados ao apoio técnico, logístico, creditício e de capacitação aos
cooperados visando à melhoria da qualidade e a sustentabilidade econômica dos
empreendimentos produtivos do Estado de Rondônia. A pesquisa levou em conta a
importância da atividade econômica para o Estado, pois envolve mais de 40.000
famílias de pequenos produtores. O referencial teórico traz abordagens sobre a
problemática da cafeicultura mundial, brasileira e rondoniense. Além disso, traz
esclarecimentos sobre a qualidade e produtividade como fatores imprescindíveis à
sustentabilidade econômica. O método de investigação pautou-se pela abordagem
qualitativa para análise e interpretação dos dados coletados e como procedimento
metodológico, utilizou-se o estudo de casos múltiplos - que permite o levantamento
quantitativo e a descrição qualitativa de elementos que corroboram a resposta ao
problema levantado. Para coleta de dados empregou-se questionário estruturado em
forma de questões fechadas, dividido em seis categorias de variáveis: perfil das
cooperativas, apoio cnico, apoio estrutural e logístico, relação financeira,
informações de mercado e gestão dos empreendimentos voltado ao cooperado. A
pesquisa envolveu todas as cooperativas de cafeicultores ativas e que estão em
funcionamento no Estado, representando 100% do universo da investigação.
Verificou-se que a maioria delas encontra-se em processo de adequação e
estruturação, em razão da migração do modelo associativista para o cooperativista.
Os resultados da pesquisa revelam que essas organizações desempenham um nível
de contribuição classificado na categoria media baixa para a sustentabilidade
econômica dos empreendimentos produtivos do Estado de Rondônia.
Palavras-Chave: Cooperativismo. Qualidade. Sustentabilidade Econômica.
ABSTRACT
The study it analyzes the performance of the cooperatives of coffee in the rendering
of services related to the support technician, logistic, credit and of qualification to the
cooperated ones aiming at to the improvement of the quality and the economic
sustentabilidade of the productive enterprises of the State of Rondônia. The research
took in account the importance of the economic activity for the State, therefore it
more than involves 40.000 families of small producers. The theoretical referential
brings boarding on the problematic one of the world-wide, Brazilian and rondoniense
in the coffee. Moreover, it brings clarifications on the quality and productivity as
essential factors to the economic sustentabilidade. The methodological procedure for
the qualitative boarding for analysis and interpretation of the collected data and as
methodological procedure, used multiple cases of the study - that it allows to the
quantitative survey and the qualitative description of elements that corroborate the
reply to the raised problem. For collection of data questionnaire structuralized in form
of closed questions was used, divided in six categories of the variable: profile of the
cooperatives, support technician, structural and logistic support, financial relation,
information of market and management of the enterprises come back to the
cooperated one. The research involved all the active cooperatives of the coffee and
that they are in functioning in the State, representing 100% of the universe of the
inquiry. It was verified that the majority of them meets in process of adequacy and
structuring, in reason of the migration of the associativista model for the
cooperatives. The results of the research disclose that these organizations play a
level of contribution classified in the category measured low for the economic
sustentabilidade of the productive enterprises of the State of Rondônia.
Key-words: Cooperatives. Quality. Economic Sustainability.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
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2.1
2.2
2.3
2.4
2.5
2.6
4.1
4.2
4.3
4.4
4.5
4.6
4.7
4.8
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6.2
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7.2
7.3
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7.6
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7.12
7.13
7.14
7.15
7.16
7.17
7.18
7.19
7.20
7.21
7.22
7.23
7.24
7.25
Imagem Pastor Caldi e as cabras
Gráfico estrutura fundiária da produção de café no Brasil
Mapa das regiões tropicais produtoras de café no mundo
Quadro elevação do Consumo Mundial (T)
Gráfico da relação entre o estoque e o consumo doméstico
no mundo.
Gráfico da evolução do consumo interno de café no Brasil
Quadro comparativo entre Sociedades Associativas e
Empresas de Capital
Quadro diferentes tendências
Modelos de evolução da administração.
Esquema cinco forças do delineamento Estratégico
Esquema do Complexo Agroindustrial do Café (CAC)
Relação de gestão cooperativa
Gráfico cooperativismo por ramo de atividade (2007).
Gráfico evolução do número de cooperativas no Brasil
entre 2000 e 2007.
Gráfico evolução do número de associados (2000 a 2007).
Mapa com a localização territorial das cooperativas de café.
Quadro estrutura do instrumento de coleta de dados
Gráfico tempo de fundação das cooperativas.
Gráfico cooperados ativos e inativos.
Gráfico grau de instrução dos dirigentes das cooperativas.
Gráfico índice de comercialização de café safra 2006/2007.
Gráfico comercialização do Café pela Cooperativa
Gráfico serviços técnicos de apoio a produção
Gráfico fornecimento de insumos agropecuários.
Gráfico beneficiamento da produção pelas
cooperativas.
Gráfico serviços de classificação do café
Gráfico auxílio ao transporte da produção
Gráfico equipamento de apoio administrativo
Gráfico estrutura física para atendimento de cooperados
Gráfico crédito para custeio da safra
Gráfico celebração de convênios para apoio financeiro.
Gráfico auxílio às linha de crédito para a agricultura familiar
Gráfico aquisição da safra.
Gráfico aquisição antecipada de safra
Gráfico estímulo à melhoria da qualidade
Gráfico vendas a mercados diferenciados
Gráfico informações de mercado
Gráfico informações sobre novas legislações
Gráfico informações sobre mercados diferenciados
Gráfico informações sobre produtividade
Gráfico apoio à gestão dos empreendimentos
Gráfico assessoria para certificações
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33
34
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101
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104
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Ilustração
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7.26
7.27
7.28
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7.32
7.33
7.34
7.35
8.1
Gráfico incentivos aos cooperados
Gráfico nível de capacitação das cooperativas
Gráfico atendimento ao cooperado.
Gráfico código de ética do cooperativismo
Gráfico desempenho geral das cooperativas
Gráfico grupo de serviços técnicos
Gráfico grupo de estrutura e logística
Gráfico grupo de relação financeira
Gráfico grupo de informações de mercado
Gráfico grupo de apoio a gestão
Gráfico tríade da sustentabilidade da cafeicultura
rondoniense
109
110
110
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112
113
114
114
115
115
119
LISTA DE TABELAS
Tabela
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Tabela
Estados brasileiros produtores de café - safra 2007/2008
Principais países produtores de café
Estoques, produção, consumo, exportação/importação e oferta
total de café, em mil sacas beneficiadas.
Crescimento do consumo mundial de café (1999 a 2004)
Evolução anual de área, produção e produtividade média obtida
em Rondônia na cultura do café
Café beneficiado - safra 2007/2008 - produção final
Produção agrícola de café (ranking municipal)
Classificação de café robusta
Cooperativismo por ramo de atividade (2007)
Estratificação das cooperativas de café no Brasil
Área cultivada de café em Rondônia 2005/2006 e 2006/2007.
22
30
33
37
45
47
48
49
68
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85
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO
1.1 Contextualização do Tema
1.2 Problematização
1.3 Objetivos
1.3.1 Objetivo Geral
1.3.2 Objetivos Específicos
1.4 Justificativa
1.5 Estrutura do Trabalho
CAPÍTULO 2 MERCADO CAFEEIRO
2.1 Origem do Café
2.2 O Cultivo do Café no Brasil
2.3 A Política Agrícola Brasileira para o Café
2.4 Expansão Mercadológica do Café
2.4.1 Principais Concorrentes ao Café Brasileiro
2.4.2 Perspectivas de Consumo de Café
2.4.3 Vantagens Estratégicas do Agronegócio Ca
2.4.4 Indústrias Brasileiras de Café frente ao Consumo
2.4.5 Consumo Interno de Café
2.5 Considerações Finais Sobre o Capítulo
CAPÍTULO 3 CENÁRIO CAFEEIRO RONDONIENSE
3.1 Evolução da Cafeicultura em Rondônia
3.2 Características da Produção Cafeeira em Rondônia
3.3 Expansão da Produção
CAPÍTULO 4 COOPERATIVISMO
4.1 Movimento Cooperativista
4.2 Cooperativismo no Brasil
4.3 Representações Cooperativistas
4.4 Sociedades Cooperativistas
4.5 Modelo de Gestão Cooperativista
4.6 Cooperativas agropecuárias
4.6.1 Gestão nas Cooperativas Agropecuárias
4.7 Mercado Cooperativista Brasileiro
4.8 Cooperativas de Café
CAPÍTULO 5 - QUALIDADE NO AGRONEGÓCIO CAFÉ
5.1 Qualidade no Agronegócio
5.2 A Qualidade no Café
5.2.1 Qualidade do Café no Campo
CAPÍTULO 6 METODOLOGIA
6.1 Quanto aos Procedimentos e Técnicas
6.2 Características da Pesquisa
6.3 Quanto a Abordagem do Problema
6.4 Em Relação aos Objetivos
6.5 Universo da Pesquisa
6.6 Locus da Pesquisa
6.7 Quanto aos Procedimentos da Coleta de Dados e Análise
6.8 Descrição das Variáveis da Coleta de Dados
12
12
14
15
15
15
15
16
18
18
19
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44
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52
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55
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74
75
77
80
80
81
82
82
82
83
85
87
6.9 Análise dos Dados dos Estudos de Casos Múltiplos
6.10 Limitações Metodológicas da Pesquisa
CAPÍTULO 7 COLETA, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS
7.1 Perfil das Cooperativas
7.2 Análise das Variáveis da Pesquisa
7.3 Análise do Desempenho das Unidades Cooperativistas
CAPÍTULO 8 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
8.1 Conclusões
8.2 Contribuições da pesquisa
REFERÊNCIAS
ANEXO I Questionário da Pesquisa.
88
90
91
91
95
111
117
117
118
120
131
12
CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO
1.1 Contextualização do Tema
A conjuntura internacional que até pouco tempo era considerada ideal e
promissora se mostra incerta frente a grave crise financeira que se instaurou nos
mercados globais, causando redução no crédito e grande temor na aplicação de
novos investimentos, exigindo posturas ainda mais rígidas nos controles gerenciais e
na exploração de novas oportunidades mercadológicas.
O cenário mundial para o agronegócio caque se mostrava favorável, com
vários indicadores de aumento de consumo interno e externo, deve ser revisto frente
a nova realidade que se apresenta nos mercados globais, uma vez que a maioria
dos especialistas do setor apontam que é difícil mensurar o quanto a crise financeira
atual irá afetar o consumo de café (ABIC, 2008).
O café brasileiro, independente dos rumos do mercado, sofre acirrada
concorrência global, seja através da oferta de produtos de alta qualidade, a exemplo
do café colombiano, bem como de produtos de baixo custo e qualidade, oriundos do
Vietnã e Indonésia. Assim, mudanças significativas devem ser adotadas visando a
melhoria da qualidade, que conduza aos mercados diferenciados, distantes da
volatilidade do mercado de commodities, tornando-os mais competitivos.
Neste aspecto, Zylbersztajn e Farina (1991), argumentam que a
competitividade se encontra nas novas formas de produzir, criando novos produtos e
serviços, explorando novos mercados de forma mais vigorosa do que a própria
concorrência de preços, constituindo-se no motor do crescimento e do
desenvolvimento econômico, tão necessários a cafeicultura brasileira.
O Brasil é o país que mais planta café no mundo, produto que exporta há 300
anos. No entanto, durante décadas utilizou como estratégia de competitividade a
quantidade produzida, em detrimento da qualidade, resultado da política do extinto
Instituto Brasileiro de Café (IBC), inviabilizando a exploração de mercados mais
refinados (SAES, 1997, p. 51).
Para melhorar a competitivamente brasileira no agronegócio café, corrigindo
as lacunas deixadas no passado, visando galgar posições mais favoráveis no
processo de participação no mercado de café Zylbersztajn et al, (1993) indica a
13
adoção de procedimentos gerenciais adequados, associados às estratégias de
coordenação das atividades dos diversos elementos que compõem a cadeia
produtiva do segmento, constituída por produtores de insumos, máquinas e
equipamentos, o produtor rural, o maquinista, o corretor, a cooperativa, a indústria
de torrefação e moagem, a indústria de café solúvel, os exportadores, os atacadistas
e os varejistas, integrados em prol da melhoria da qualidade do produto, uma vez
que a qualidade final do café é o resultado do esforço conjunto dessa cadeia.
Essa perspectiva é contemplada no Plano Estratégico para o
Desenvolvimento da Economia Cafeeira (PEDEC), que congrega as principais
instituições ligadas ao agronegócio do café - Conselho Nacional do Café (CNC),
Associação Brasileira da Indústria do Café (ABIC), Associação Brasileira da Indústria
de Café Solúvel (ABICS), Conselho dos Exportadores do Café (CECAFÉ) e a
Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) que unidas pensam o
produto nos próximos anos (ABIC, 2008).
O cooperativismo ocupa um papel significativo nesse processo, uma vez que
oferece aos pequenos produtores capacidade de articulação e de participação em
um mercado cada vez mais consolidado, que compromete a sobrevivência de
pequenos segmentos produtivos, com baixa qualidade e produtividade, como é o
caso da cafeicultura rondoniense.
Hemerly (2000) acrescenta que para o pequeno produtor rural, as
cooperativas representam uma grande oportunidade, contribuindo para o aumento
de seu nível de renda, apresentando-se como uma alternativa de associação
altamente interessante, uma vez que auxiliam a produção e a melhor gestão, através
da educação, conscientização e capacitação dos mesmos, favorecendo a redução
de custos internos, aumentando a produtividade, melhorando a imagem do café e o
acesso a novos mercados.
As oportunidades e as ameaças advindas do ambiente internacional, ainda
são marcadas por indefinições e incertezas. Entretanto, alguns fatores terão
importância estratégica para o futuro do segmento: o investimento em tecnologias de
melhoria da qualidade e o fortalecimento da relação cooperativista junto aos
pequenos produtores.
14
1.2 Problematização
Atualmente, as cooperativas de cafeicultores atuam em dois segmentos no
mercado. Um representado pelo subsistema de café commodity, predominante nas
transações realizadas pela maioria das empresas do agronegócio café. O outro, é
um subsistema, que difere do primeiro basicamente em relação aos atributos de
qualidade presentes no produto, que transforma o café numa especialidade.
Quando se trata de competitividade no segmento commodity, as transações
do produto são reguladas basicamente pelo mercado, onde compradores e
produtores/vendedores, encontram as informações necessárias para as transações.
Nesse mercado predomina a homogeneidade do produto, e as transações são
influenciadas pelas forças de mercado, onde os produtores se colocam como
tomadores de preços. Sendo assim, a competitividade é estabelecida pelo controle
nos custos de produção, e será competitivo aquele agente que conseguir produzir
com menor custo.
Por outro lado, o mercado do café commodity é fortemente influenciado por
conjunturas não oriundas das forças tradicionais de mercado, como volume de
produção e custos, e por especulações e informações manipuladas para atender
interesses outros, que podem influenciar diretamente o valor pago ao produto
(XIMENES, 2008).
Outro aspecto desse mercado é que a oferta é feita por um grande número de
vendedores a um pequeno número de compradores, caracterizando assim uma
estrutura de mercado oligopsônica.
Assim, a cafeicultura rondoniense, em sua grande parte, orientada para o
mercado de commodities, está sujeita as suas variações, o que exige maior
capacidade para reduzir os custos e aumentar a produtividade, essenciais aos que
nele atuam.
No entanto, a cafeicultura em Rondônia segundo a EMBRAPA-RO (2008:02)
é caracterizada por:
Baixo nível tecnológico e de uso de insumos;
Má qualidade do produto, o que acarreta baixa produtividade;
Dificuldades de comercialização;
Custos de produção relativamente elevado;
Não uso sustentável da terra.
15
Agrava-se ainda mais a situação dos produtores, tendo em vista os preços
praticados no Estado, que têm sido insuficientes para fazer frente aos custos de
produção e comercialização. Esses fatores comprometem a sustentabilidade da
lavoura, levando ao seu abandono.
A problemática que se firma é: são as cooperativas de café rondonienses
capazes de prestar apoio aos cooperados de forma a contribuir para a
sustentabilidade econômica dos empreendimentos?
1.3 Objetivos
1.3.1 Objetivo Geral
Analisar a contribuição prestada pelas cooperativas de cafeicultores em
Rondônia visando à sustentabilidade econômica dos empreendimentos produtivos.
1.3.2 Objetivos Específicos
I. Analisar o apoio prestado pelas cooperativas de cafeicultores nos
aspectos de assistência técnica à produção do cooperado.
II. Identificar os serviços oferecidos pelas cooperativas de café aos
cooperados no apoio logístico de comercialização.
III. Identificar o suporte financeiro e de gestão propiciado pelas
cooperativas de cafeicultores a seus cooperados.
1.4 Justificativa
A produção de ca no Estado envolve mais de 40.000 famílias de pequenos
produtores, a união desses cafeicultores através do cooperativismo poderá
alavancar vantagens estratégicas, que vão da redução de custos de produção,
melhor precificação de seus produtos e exploração de nichos de mercado.
O cooperativismo agropecuário tem passado por uma reformulação em seu
modelo de gestão para se tornar mais competitivo em um mercado cada vez mais
exigente. A gestão eficiente de capital, a criação de novos negócios, a exploração de
16
mercados diferenciados, tem se mostrado essencial para garantir a sustentabilidade
dessas organizações (OLIVEIRA, 2007, p.3-4).
Diferenciar a produção, criando um referencial regional ao produto, deve ser
uma estratégia a ser apreciada e considerada pelos produtores e cooperativas de
café rondonienses, uma vez que dia após dia, a sustentabilidade econômica de seus
empreendimentos se comprometida, em função das exigências crescentes por
qualidade e produtividade.
Assim, repensar a gestão, seu posicionamento e a relação com o cooperado,
deve ser o objetivo maior dos dirigentes, considerando a relevância social e
econômica que essas organizações representam para milhares de pequenos
produtores.
Essa forma de organização, idealizada pelos pioneiros da Revolução
Industrial, para defender pequenos artesãos do capitalismo predatória que se
instaurara, não pode ser sufocada pelas forças de mercado atuais, e para tanto,
deve adequar-se a um modelo que ofereça mecanismos que possa favorecê-la e
contribuir com o cooperado.
Assim é que este trabalho se justifica, uma vez que seu estudo objetiva
analisar a contribuição do cooperativismo para a sustentabilidade econômica da
atividade cafeeira em Rondônia.
1.5 Estrutura do Trabalho
No capítulo 1, encontra-se a caracterização geral do trabalho. Em linhas
gerais, a definição do problema e aspectos atuais do mercado cafeeiro. Em seguida,
especifica-se os objetivos, tanto o geral como específicos, a relevância da pesquisa
e, por fim, a estrutura do trabalho.
O capítulo 2, retrata a trajetória do café no mundo e sua evolução
mercadológica no Brasil.
No capítulo 3, apresenta-se a cafeicultura rondoniense, com sua evolução
histórica, características produtivas e mercadológicas.
No capítulo 4, encontram-se definições fundamentais para a pesquisa, a
caracterização das cooperativas, a doutrina cooperativista, seu surgimento, seu
funcionamento e sua importância ao agronegócio café.
17
No capítulo 5, encontram-se definições sobre qualidade, qualidade no
agronegócio café e a qualidade do café.
No capítulo 6, descreve-se a trajetória metodológica adotada para o alcance
dos objetivos estabelecidos na pesquisa.
Apontam-se, no capítulo 7, os resultados da pesquisa.
No último capítulo, apresentam-se as conclusões, recomendações e
considerações finais, seguidas das referências bibliográficas e anexo.
18
CAPÍTULO 2 MERCADO CAFEEIRO
2.1 Origem do Café
Originário da Abissínia, onde aparece como planta selvagem, o café tem sua
história envolta em mistérios e lendas. Reale (1988, p. 10) conta, que uma delas
seria a de que a bebida fora criada pelo arcanjo Gabriel a fim de restaurar as forças
de Maomé, que após ingeri-la tornou-se capaz de derrubar quarenta cavaleiros e
conquistar igual número de damas. Outra, talvez a mais divulgada, retrata o pastor
etíope Caldi (Ilustração 2.1), que teria percebido estarem as cabras particularmente
agitadas após ingerirem folhas e grãos de um arbusto, até então ignorado por todos.
Ilustração 2.1 Imagem Pastor Caldi e as cabras.
Fonte: ABIC (2007:01)
Segundo a mesma lenda, Caldi, o pastor, tamm passou a ingerir as folhas
e frutos que tão bem fazia as suas cabras, tornando-se o pastor mais esperto e
comunicativo da região (GRANER, 1967, p. 68).
No entanto, foram os invasores árabes os primeiros a explorar
comercialmente o café quando na Etiópia, adquiriram o hábito da população local de
mascar os frutos secos e as folhas dos cafeeiros como estimulante. A este hábito
acrescentaram o consumo de uma bebida feita de frutos maduros e possivelmente
também de “cerejas” torradas (MALAVOLTA, 1974, p. 47).
19
Assim, os árabes tendo como ponto de partida a cidade de Meca, passaram a
comercializar o café processado junto a outros povos, espalhando-se a partir do
século XVI pelo mundo oriental, atingindo Damasco, Alepo, Istambul e a cidade do
Cairo, que se tornou o grande mercado distribuidor do produto (REALE, 1988, p. 11).
Ao ser introduzido na Europa pelos holandeses, inicialmente, o café foi
consumido por suas propriedades medicinais, que na época fora propagado que
possuía grande e variado poder curativo, o que fomentou uma grande demanda,
elevando consideravelmente o seu preço.
Porém, a partir do século XVII, o café passa a ser consumido e
comercializado como bebida e é levado para o continente americano.
No século XV, o café foi transportado da Abissínia para a
Arábia, de onde foi levado para Java, cultivado em plantações e
transportados para a Holanda. Os holandeses presentearam Luís
XIV, da França, com uma planta de café, replantada nos Jardins de
Plantas de Paris. Destas plantas de Paris, teve origem a cafeicultura
da América Central. Em 1718 vindo da Holanda, entrou na América
do Sul pelo Suriname, depois Guiana Holandesa e Guiana Francesa
(MALAVOLTA, 1974, p. 48).
Com o cultivo do café nas Américas, deu-se início a sua grande trajetória
comercial.
2.2 O Cultivo do Café no Brasil
De sua descoberta na Abissínia, atual Etiópia, o café levou cerca de nove
séculos até ser introduzido em terras pátrias, nos idos de 1727, trazido da Guiana
Francesa pelas mãos do sargento mor Francisco de Melo Palheta. O café - um
arbusto da família Rubiácea, cujo cultivo ideal se em solos de alta fertilidade e
clima úmido - entrou no país pelo Estado do Pará, onde inicialmente foi plantado em
Belém, para se tornar mais tarde uma das principais forças motoras do
desenvolvimento sócio-econômico brasileiro (REALE, 1988, p. 16).
Da região Norte, o café foi para o Nordeste, passando pelo Maranhão, Ceará,
Pernambuco e Bahia, até chegar, em 1773, ao Rio de Janeiro. Expandindo-se pela
Serra do Mar, e atingindo, em 1825, o Vale do Paraíba e os Estados de São Paulo e
Minas Gerais.
20
No Sul de Minas Gerais e no estado de o Paulo, encontrou as condições
propícias, clima adequado e terras férteis, para o seu desenvolvimento. Em 1835 foi
introduzido na região de Ribeirão Preto, Campinas em 1840 e Noroeste Paulista e
Norte Paranaense entre 1928 e 1930. No Espírito Santo passou a ser cultivado em
1920, sendo que na Bahia e em Rondônia iniciou-se nos anos 70 (MALAVOLTA,
1974, p. 56).
As primeiras exportações de café em quantidade ocorreram a partir de 1821,
quando se deu o primeiro embarque para o Reino Unido, com volume de 129 mil
sacas, no valor de 43.240 libras esterlinas (NACIF, 2000, p.99). Em 1845 o Brasil,
vinte e quatro anos mais tarde, detinha 45% da produção mundial e sua importância
no cenário mercadológico cafeeiro era cada vez mais expressiva. Nos anos de 1870
a 1890, o café representava quase 60% das exportações brasileiras, difundindo-se,
então, para todo o Brasil, elevando-o em 1945, ao título de maior produtor e
exportador de café (MATIELLO, 2003, p. 05).
Sua cultura se confunde com o processo de desenvolvimento do país, uma
vez que com a sua chegada, plantio e comercialização, um novo Brasil foi
apresentado ao mundo. O café ocupa então uma significativa importância a
economia brasileira no final do século XIX, que não se imaginara.
Ninguém poderia imaginar que arbustos de frutos aromáticos,
que serviam “só” para fazer bebida exótica, poderiam se converter
na mola-mestra de um poderoso e sofisticado agronegócio
envolvendo uma cadeia que vai da pesquisa, produção, venda,
torrefação e indústria de solúvel, passando por transportes,
marketing e operações financeiras. A cultura do café já percorreu,
até agora, 250 anos de história bem-sucedida, apesar dos
percalços. Os brasileiros aproveitaram muito bem a oportunidade de
ocupar um enorme espaço que se abriu no mercado internacional. A
produção explodiu e o país chegou a produzir 80% do café
comercializado no mundo. A cambaleante economia brasileira do
final do século XIX recebeu uma injeção vigorosa com o surgimento
desse dinâmico agronegócio que gerava renda, divisas e mão-de-
obra em dimensão que chegou a estimular o fluxo migratório
(SANTO, 2001, pg. 180).
Porém, a partir de 1997, sua importância no cenário econômico foi
decrescendo e sua participação nas exportações foi decaindo, indo do patamar de
13,1%%, até a mais baixa participação apresentada em 2003, de 5,0%, voltando,
paulatinamente a ascender, para em 2008 contribuir com 7,8% dos produtos
exportados pelo agronegócio brasileiro.
21
Mesmo com o declínio de sua participação nas exportações brasileiras, a sua
importância sócio-ecomica continua sendo indiscutível, contribuindo com a
agricultura familiar e para a fixação do homem ao campo.
A estrutura fundiária da produção de café no Brasil é caracterizada por
pequenas propriedades rurais, que segundo a OCB (2008), em áreas abaixo de 10
hectares, o que representa 35,68% do total e, entre 10 e 100 hectares, 53,03%.
Dessa forma, a maior parte dos produtores brasileiros (88,71%) realiza a atividade
em áreas inferiores a 100 hectares, o que comprova a importância social da
produção cafeeira no Brasil (Ilustração 2.2).
Ilustração 2.2 Gráfico da estrutura fundiária da produção de ca no Brasil.
Fonte: OCB/GEMERC (2008)
Segundo a OCB (2008) a cultura está presente em aproximadamente 300 mil
propriedades rurais, distribuídas em 1.850 mil municípios em 14 estados federativos
do Brasil.
Mesmo sendo praticada largamente por pequenos produtores, a cultura do
café no Brasil há muito deixou de ser uma prática extrativista. Presente em mais de
nove estados Brasileiros (Tabela 2.1), a produção de café brasileira na safra
2007/2008, foi de 33.740 milhões de sacas beneficiadas, em uma área em produção
de 2.073.092 hectares, alcançando uma produtividade média de 16,28 (Sacas/ha).
Desse total, 69,58% (23,48 milhões de sacas) foram de arábica e 30,42% (10,26
milhões de sacas) foram de robusta (OCB, 2008).
22
Tabela 2.1 Estados Brasileiros Produtores de Café - Safra 2007/2008.
Fonte: CONAB (2008).
O progresso na cafeicultura se deve as inovações na área da genética e na
adoção de práticas culturais adequadas, como o plantio adensado (que cultiva até 4
mil plantas por hectare ao invés de 1.500 no sistema tradicional) e tamm pelo uso
da irrigão, que favorece o aumento da produtividade (EMBRAPA, 2008).
Com uma produtividade ascendente graças ao uso de novas tecnologias
manejo, a produção que no começo do século era de 8 a 10 sacas por hectare,
saltou para 30 a 40 sacas na “fase cerrados”, e chegou as atuais 60 a 70 sacas
(SANTO, 2001). Em algumas regiões, segundo dados da Embrapa (2008), há
propriedades situadas nos principais estados produtores, em que já se colhe mais
de 100 (sacas/ha).
2.3 A Política Agrícola Brasileira para o Café
A cultura do café desde sua introdução na agricultura brasileira, tem ocupado
importante papel no cenário social, econômico e político brasileiro, participando
ativamente na construção do país, favorecendo o desenvolvimento e a
modernização de sua estrutura, para atender ao mercado interno e externo.
As fazendas de café concentraram toda a riqueza brasileira durante três
quartos de século, delas emergindo uma classe poderosa, os chamados Barões do
Café, que dominaram toda uma era no Brasil, ditando políticas e padrões sociais.
23
Devido a sua importância econômica, durante longo período o café mereceu
especial atenção dos governantes, que resultaram em diversas ações, como por
exemplo o Acordo de Taubaté, que visava o controle de preços do café no mercado
mundial, limitando a expansão da produção, uma vez que seu crescimento se dava
acima da demanda pelo produto, o que poderia levar a uma queda acentuada dos
preços, inviabilizando sua produção.
A oligarquia cafeeira preocupada com a superprodução de café, e sendo
então, o Brasil o principal formador de preços do produto, convenceu o governo
brasileiro a desenvolver uma política de compra de estoques excedentes de café
para manter um preço artificial no mercado externo, favorecendo assim os
produtores. No entanto, a quebra da Bolsa de Nova Iorque em 1929, mergulha
vários países em profunda recessão, coincidindo com um dos momentos de maior
estoque de café governamental, o que provocou a queda drástica dos preços da
commoditie, levando o Brasil a uma solução dramática e idita: 80 milhões de
sacas de café foram queimadas ou lançadas ao mar entre 1931 e 1940.
[...] Desde o fim do século XIX, a superprodão rondava a
cafeicultura nacional. A força política da oligarquia cafeeira
conseguiu uma política de intervenção bastante forte para apoiar a
cultura, o que incluía a sustentação de preços do produto. Entre
1906 e 1910, um volume de 8,5 milhões de sacas foi estocado. [...]
Os estoques foram se acumulando. Mantida a renda do setor, por
meio de preço artificial, as plantações continuaram estimuladas. São
Paulo e Minas Gerais, expandiam incessantemente os cafezais. O
aumento da prodão era enxugado pelas aquisições
governamentais dos estoques excedentes (SANTO, 2001, p. 182).
Considerando sua importância social e econômica, e a grave crise em que
havia mergulhado o setor, em 1931 foi criado o Conselho Nacional do Café (CNC)
que, em 1933, foi substituído pelo Departamento Nacional de Café (DNC), autarquia
federal subordinada ao Ministério da Fazenda, que controlou o setor até 1946,
quando foi extinto, visando controlar a produção e a exportação do café.
Em 1952 foi criado o Instituto Brasileiro do Café (IBC), formado principalmente
por cafeicultores. O IBC passou a definir as diretrizes da política cafeeira, atuando
no âmbito do Ministério da Indústria e do Comércio. O instituto oferecia assistência
técnica e econômica à cafeicultura e ao seu beneficiamento, controlava a
comercialização tanto para consumo interno como para exportação, elaborava
estudos e pesquisas que favoreciam a cultura e a economia cafeeira e executava a
24
política econômica traçada pelo Conselho Monetário Nacional, que tamm
considerava suas ações nos dados fornecidos pelo próprio IBC, principalmente
quanto a custos de produção, expectativa de exportação, níveis de produção,
abastecimento do consumo interno e industrialização do produto.
O IBC atuava através de diversos departamentos e ancias espalhados pelo
interior do país e de escritórios no exterior. Em março de 1990, foi extinto. Para
Santo (2001, p. 182), a onipresente tutela estatal foi amenizada com a extinção do
IBC por força da Lei 8.029, de 12.04.90. Mas, a hoje, ainda persiste a presença
governamental intervencionista.
A saída do Estado, coordenador de toda a política cafeeira, abriu novas
oportunidades para as empresas, mas ao não oferecer uma definição clara da
política de custeio e comercialização da safra brasileira de café, provocou graves
problemas ao segmento.
O Funcafé, constituído com recursos provenientes de cotas de contribuição
sobre exportações de café, financiava desde as operações de giro até as pesquisas
e marketing interno e externo. Com o fim do IBC, o fundo teve seus recursos, em
caráter provisório, administrado pelo Ministério da Indústria, Comércio e Turismo
(MICT). A indefinição sobre a política cafeeira criou uma situação paradoxal: dona
de um patrimônio invejável e ao mesmo tempo sem recursos, a cafeicultura
nacional, no início dos anos 90, estava diante de uma profunda crise e um
endividamento crescente (OCB, 2008).
Em julho de 1991, procurando abrandar a crise estabelecida no setor, foi
criado o Comitê Brasileiro do Café (CBC), que congregava os segmentos do
sistema: a lavoura, a indústria de torrefação e moagem, a indústria de solúvel e a
exportação.
Surge então, em 1996, o Conselho Deliberativo de Política Cafeeira (CDPC),
considerado uma etapa evolutiva do CBC, criado pelo Governo Federal, vinculado
ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Passa então, a política
agrícola para o café, a ser elaborada de forma conjunta com o setor privado. A
presença do Estado se completa na operacionalização de dois instrumentos básicos:
O Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé) e os Estoques Governamentais
de Café.
Os recursos do Funcafé voltaram a ser empregados para o apoio ao custeio,
comercialização, exportação e marketing, bem como, para o programa de pesquisa
25
agronômica e mercadológica, com suporte técnico e comercial ao desenvolvimento
da cadeia agroindustrial do café.
O CDPC criado a partir do Decreto 2.047, de 29 de outubro de 1996, é
presidido pelo Ministro de Estado do Desenvolvimento, da Indústria e Comércio,
tendo ainda como representantes do MDIC, o Secretário de Produtos de Base e o
Diretor do Departamento Nacional do Café. Compõem tamm o referido Conselho,
representantes dos Ministérios da Fazenda, das Relações Exteriores, da Agricultura
e do Abastecimento, do Planejamento e Orçamento e das seguintes entidades:
Conselho Nacional do Café, Confederação Nacional da Agricultura, Associação
Brasileira da Indústria do Café, Associação Brasileira da Indústria do Café Solúvel e
da Federação Brasileira dos Exportadores de Café.
Em 14 de agosto de 1996 foi firmado um protocolo de intenções entre o
Ministério da Agricultura e do Abastecimento e o Ministério da Indústria, do
Comércio e do Turismo com o objetivo de estabelecer o Programa Nacional de
Pesquisa e Desenvolvimento do Café (PNP&D/Café), sob coordenação da Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em parceria com as instituições
componentes do Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária (SNPA), institutos e
universidades brasileiras e a iniciativa privada do agronegócio café.
O PNP&D/Café deve contemplar, em toda a cadeia produtiva do café, o
desenvolvimento da pesquisa científico-tecnológica e estudos sócio - econômicos, a
difusão de tecnologia e de informações e o acompanhamento da economia cafeeira
brasileira e mundial.
O PNP&D/Café (MAPA, 2008), tem por objetivo o desenvolvimento dos
trabalhos de pesquisa agropecuária, em consonância com as seguintes atividades:
A pesquisa científica, tecnológica e os estudos sócio-econômicos e
mercadológicos;
• A documentação cafeeira;
• A difusão de tecnologia e de informações cafeeiras;
• O fornecimento de produtos e serviços tecnológicos;
• O treinamento e a capacitação de recursos humanos, dos usuários e
clientes;
A promoção de intercâmbio cnico e científico entre as instituições
consorciadas, clientes, usuários, estados brasileiros, países produtores de
café e entidades afins, estrangeiras e internacionais;
26
• O acompanhamento e a análise da lavoura cafeeira e do negócio café;
• O fornecimento de subsídios à política cafeeira brasileira.
O Consórcio surgiu em 1997 por iniciativa de dez tradicionais instituições de
pesquisa cafeeira: Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA), Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Instituto Capixaba de Pesquisa,
Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), Empresa de Pesquisa Agropecuária
de Minas Gerais (Epamig), Instituto Agronômico de Campinas (IAC), Instituto
Agronômico do Paraná (Iapar), Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado do
Rio de Janeiro (Pesagro-Rio), Secretaria de Apoio Rural e Cooperativismo do
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA/SARC), Universidade
Federal de Lavras (UFLA) e Universidade Federal de Viçosa (UFV).
O Consórcio é considerado o braço científico e tecnológico do CDPC, com o
qual discute e orienta a realização do PNP&D/Café.
A Embrapa, dando continuidade às atividades de coordenação técnica e
administrativa que exercia desde a criação do Consórcio, criou em 30 de agosto de
1999, o Serviço de Apoio ao Programa Café (SAPC), tamm denominado Embrapa
Café. Nessa nova unidade se situam as atividades de coordenação do Programa
Café e do Consórcio.
O governo tem se esforçado para contribuir com o melhor posicionamento
mercadológico do café brasileiro, prova disso é o Programa 0350 - Desenvolvimento
da economia cafeeira - Ação 4641 que utiliza a Publicidade de Utilidade Pública,
executados diretamente pela SPAE/MAPA e/ou por intermédio de convênios com
várias entidades representativas da cafeicultura nacional, onde vários projetos e
ações promocionais que compõem o Programa Integrado de Marketing do Café
PIM/Café, divulgam interna e externamente os atributos qualitativos do ca
brasileiro.
A união de todas essas instituições traz como resultado:
[...] um grande avanço científico e tecnológico que vem sendo
gerado com reflexos que se fazem sentir na produção e na
produtividade das lavouras, no uso racional de fatores de produção
e na diminuição dos custos, no incremento da qualidade e
sustentabilidade econômica, social, política, tecnológica e ambiental
do agronegócio café do Brasil (EMBRAPA, 2008).
27
Fatores, nacionais e internacionais, motivam a expansão da qualidade e da
produtividade cafeeira brasileira, e o fortalecimento de uma nova marca ou
reconhecimento do produto nacional, no entanto, um dos maiores desafios a ser
tratado por essas instituições e demais atores a elas ligados é o endividamento do
segmento, provocado por períodos de renda insuficiente.
Na tentativa de minimizar o grau de endividamento do setor café, o Conselho
de Desenvolvimento da Política Cafeeira (CDPC), tem procurado ajudar a União na
busca de novas fontes de financiamento a agricultura cafeeira através de
mecanismos de mercado, uma vez que a alocação de recursos públicos destinados
às linhas de financiamento ao setor café, não oferece juros compatíveis ao mercado
internacional e não atende plenamente as necessidades do segmento (ABICS,
2008):
Ao introduzir o café como alternativa de investimento para o
mercado financeiro, ávido por novas aplicações, consegue-se
desviar parte das aplicações financeiras para o setor através de
produto com larga tradição e grande liquidez, características
atrativas para os investidores. Tenta-se, assim, eliminar um dos
gargalos existentes no passado, quando a lavoura concentrava a
maior parte dos financiamentos governamentais, e a arcava
solitariamente com os riscos de um mercado caracterizado pela
volatilidade dos preços.
Outro esforço governamental, ao qual se espera, possa contribuir
efetivamente com o setor café, está na criação de um grupo de trabalho (GT)
destinado a desenvolver a agenda estratégica da cafeicultura brasileira - parte da
estratégia da proposta “Pensando o Agronegócio Cafés do Brasil” reunindo
produtores, exportadores, representantes da indústria, pesquisadores e o membros
do governo. Espera-se que esse trabalho direcione o planejamento do setor para os
próximos cinco anos. Serão mais de 60 ações, entre oportunidades, ameaças e
pontos fortes e fracos a serem discutidos com a cadeia produtiva do café (MAPA,
2008).
Ações como as elencadas até o momento, são fundamentais para apoiar um
segmento onde a grande maioria dos envolvidos na produção, são pequenos
produtores que não possuem o conhecimento adequado para conduzirem o
mercado. Oferecer mecanismos facilitadores para exploração de mercados globais,
linhas de créditos compatíveis com as necessidades e capacidade de pagamento,
redução de juros de dívidas já contraídas, formação de seguro de produção e
28
investimento na capacitação tecnológica dos produtores, são fatores apontados por
diversos especialista do setor como essenciais para o fortalecimento do agronegócio
café.
2.4 Expansão Mercadológica do Café
O posicionamento mercadológico mundial do café tem se alterado ao longo
de sua existência comercial. O Brasil que outrora fora responsável por cerca de 70%
das exportações de café foi gradativamente diminuindo sua participação. Na década
de 50 era responsável por apenas 40% do mercado global, na década de 80 passou
para 25%, para alcançar o patamar de 29,37% em 2007, nas exportações mundiais
(MAPA, 2008).
No início da década de noventa, segundo a OIC (2008), as vendas mundiais
de café no varejo eram da ordem de US$ 30 bilhões por ano; desse montante, os
países produtores ficavam com um terço (US$ 10-12 bilhões). Em 2001, quando as
cifras chegaram a cerca de US$ 70 bilhões, os mesmos países produtores ficaram
com apenas US$ 5,5 bilhões desse montante (8%).
A partir de 1994, os pros apresentaram melhora, alavancados por uma forte
geada em Minas Gerais, que contribuiu para a queda da produção brasileira,
elevando os preços mundiais, e motivando o plantio de café arábica e robusta no
Brasil, México, Vietnã, Indonésia e outros países produtores. Elevou-se a oferta do
produto, e consequentemente, a partir de 1998, houve nova queda no preço pago
pelo café.
Preços elevados, em determinadas épocas, e mesmo a falta
de alternativas econômicas de muitos países, induziram ao aumento
na oferta e à entrada de novos fornecedores. Países que, cinco
anos, exportavam quantidades modestas, atualmente são agentes
importantes. É o caso do Vietnã, Indonésia, Índia e Costa do Marfim.
Só esses quatro países acrescentaram quase sete milhões de sacas
na oferta mundial nos últimos anos (SANTO, 2001, p. 183).
A volatilidade da cotação do café, com súbita elevação dos preços ao final
dos anos setenta, provocou mudanças nas estratégias das indústrias processadoras
do produto. Os importadores trocaram a estratégia de compra (redução de custos) e
passaram a visar o consumidor final (preços mais elevados), valorizando a qualidade
do café, para oferecer ao mercado produtos diferenciados, com forte apelo de
marketing nos pontos de venda.
29
Assim, surgem os cafés especiais, cuja estratégia predominante da
concorrência entre os importadores não se direciona mais para a melhor compra,
mas para a melhor venda. Com esse novo enfoque, os importadores procuram bons
fornecedores, que garantam a qualidade do produto e, principalmente entregas
regulares, dispensando a necessidade de formação de estoques. Com isso as
regiões que haviam consolidado uma imagem no mercado mundial, de produtoras
de cafés de qualidade, aumentam a sua produção e consequentemente sua
participação no seleto mercado de cafés finos”.
A América Central, Guatemala e México expandiram suas
exportações do ano-safra 1999-2000, alcançando 4,9 milhões e 5,1
milhões de sacas respectivamente. No ano 2001, essa região já
representava 25% das exportações mundiais, sendo que 90% são
de cafés finos. Recentemente, a região criou o Grupo de Países
Produtores de Cafés Finos, envolvendo México, Guatemala,
Honduras, El Salvador, Nicarágua, Costa Rica e Peru. Uma das
metas é abandonar, definitivamente, o mercado daqueles 10% que
correspondem ao café de baixa qualidade, inclusive dos seus
próprios mercados. Esse grupo alcançou, no ano-safra 1999/00, a
posição de maior bloco exportador mundial de cafés do tipo “suave
lavado”, com um volume de 21 milhões de sacas ante 17,9 milhões
na safra anterior (SANTO, 2001, p. 183-184).
O mercado, porém, não está voltado apenas para os cafés do tipo “especial’,
uma vez que o primeiro café que se vende e se processa é o café barato. Existem
dois mercados no segmento cafeeiro (CÁRDENAS apud SANTO, 2001, p. 184): um,
seleto, especial, do café gourmet, do coffee shop, o café destinado a ser consumido
fora de casa. E outro, que se toma em casa, e que movimenta grande parte do
mercado e o que realmente tem peso no segmento, mas está se deteriorando em
qualidade, e é justamente este o segmento mais explorado pela cafeicultura
brasileira.
2.4.1 Principais Concorrentes ao Café Brasileiro
Os principais concorrentes comerciais do café brasileiro são a Colômbia e o
Vietnã (Ilustração 2.3). A Colômbia, concorrendo com o café arábica, tem seu
produto (o suave colombiano) já consolidado, principalmente no mercado americano,
onde existe um permanente investimento em marketing. O Vietnã, concorrendo com
o café robusta, é o país que mais cresceu, proporcionalmente, nos últimos dez anos,
30
saindo do 14º lugar no ranking mundial das exportações para ocupar o lugar em
2007 (MAPA, 2008). A produção vietnamita é quase toda para exportação, uma vez
que seu povo, praticamente, não consome café.
Figura 2.3 Mapa das regiões tropicais produtoras de ca no mundo.
Fonte: MAPA (2008).
A produção mundial de café está concentrada em países como o Brasil,
Vietnã, Colômbia e Indonésia, sendo o Brasil o maior produtor e exportador mundial.
A tabela 2.2 mostra a produção mundial de café nos países citados, de acordo com
o Departamento de Agricultura Norte Americano (USDA, 2008).
Tabela 2.2 Principais países produtores de café.
Fonte: USDA (2008).
31
O Brasil é o maior produtor mundial com um total de 33,74 milhões de sacas
beneficiadas na safra 2007/08, o que corresponde a 28,83% da produção mundial. O
país apresentou uma alternância na produção, o que é explicada pelo ciclo bienal da
cultura. Dessa forma, a safra 2007/08 configura-se como ano de baixa produção
para a cultura, uma vez que na safra anterior o país produziu 42,51 milhões de
sacas beneficiadas, representando 33,68% da produção global. O Vietnã, segundo
maior produtor, tem uma produção de 15,95 milhões de sacas beneficiadas em
2007, seguido pela Colômbia, terceiro maior produtor mundial com uma produção
total de 12,40 milhões de sacas.
O Vietnã, no entanto, tem se destacado na produção de café robusta, sendo
neste caso o maior produtor. O café vietnamita é caracterizado por baixa qualidade,
baixos custos de produção por utilizar uma mão-de obra sub-remunerada, e por
produzir fortes impactos ambientais, uma vez que utiliza grandes volumes de água
para irrigar o café, pressionando as reservas de água do subsolo nas áreas de
produção, segundo a Associação de Produtores de Café do Vietnã (VICOFA apud
PEREIRA et al., 2008).
As pequenas propriedades familiares no Vietnã são responsáveis por grande
parte do café produzido, oferecendo assim o ambiente ideal para a certificação Fair
Trade (comércio justo), que é dirigida para pequenos produtores em condições de
desvantagem mercadológica. No entanto, a baixa qualidade do café vietnamita o
exclui deste segmento. Outro obstáculo é a pequena tradição dos produtores
familiares em se organizarem democraticamente em cooperativas de café, um pré-
requisito para o credenciamento junto ao comércio justo.
No entanto, o governo vietnamita deseja mudar essa situação, considerando
os movimentos dos consumidores mundiais de boicote aos produtos produzidos em
desacordo com normas sócio-ambientais. Anúncios têm sido divulgado na imprensa
internacional, na tentativa de dar início a construção de um nova imagem a sua
produção, conforme pode ser observado:
O Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural do Vietnã
estimou que serão necessários cerca de VND$ 32,8 trilhões (US$
2,02 bilhões) para aumentar a competitividade do café do país nos
mercados local e global até 2015. De acordo com o vice-ministro da
Agricultura e Desenvolvimento Rural, Diep Kinh Tan, o valor se
investido principalmente em infra-estrutura, promoção comercial,
novas técnicas rurais e linhas de produção padrões internacionais.
32
A meta é ter de 50-70% dos grãos de café do Vietnã sendo
comercializados em plataformas de transações internacionais e de
10-15% sendo consumidos localmente até 2015. Com uma área
total de plantação de cade 450 mil a 500 mil hectares dando uma
produção total de cerca de 1 milhão de toneladas, o Vietnã tem
exportado 850 mil toneladas de grãos de café para mais de 70
países todo ano. Este volume atingiu mais de 1 milhão de toneladas
em 2007. Na primeira metade deste ano, o país obteve mais de
US$ 1 bilhão com as exportações de café. Estima-se que a
demanda por café aumentará em 120 mil toneladas por ano, para
8,4 milhões de toneladas, até 2018 (VIETNAMNET apud
CAFÉPOINT, 2008).
Tais medidas vietnamitas devem servir de estímulo aos produtores nacionais,
principalmente Espírito Santo e Rondônia, tradicionais regiões produtoras de café
robusta no Brasil, para que tamm invistam na melhoria da qualidade de seu
parque cafeeiro fazendo frente a essa ameaça, transformando-a em uma
oportunidade.
2.4.2 Perspectivas de Consumo de Café
O Brasil tem recuperado, a partir de 2002, boa parte do espaço perdido no
mercado global o seu market share - principalmente devido ao avanço do
consumo no Oriente Médio e Europa Oriental, além de explorar novos espaços
(ABIC, 2008).
Um potencial significativo de crescimento desponta no mercado cafeeiro
interno e externo, com a exploração de novos mercados, principalmente os
asiáticos. A Organização Internacional do Café OIC tem apontado um crescimento
significativo do consumo e do preço no café, em seu relatório sobre o mercado
cafeeiro, de fevereiro de 2008.
O aumento do consumo nos últimos anos tem sido um fator
significativo da sustentação da atual tendência altista dos preços.
Calcula-se que em 2006 o consumo mundial foi de 120 milhões de
sacas, ante 118 milhões em 2005. Estimativas preliminares do
consumo mundial em 2007 apontam para uma cifra de cerca de 123
milhões de sacas (OIC, 2008: 04)
Entre 2002 a 2006 (Ilustração 2.4), a OIC aponta uma evolução crescente do
consumo mundial de café, ainda não inclusos os mercados asiáticos, que se
acrescidos, contribuiriam para ummero ainda maior que o apresentado.
33
WORLD TOTAL
2002
2003
2004
2005
2006
110 268
112 490
117 839
117 929
119 901
Elaborado pela autora.
Ilustração 2.4 Quadro Elevação do Consumo Mundial (T).
Fonte: OIC. Relatório sobre o mercado cafeeiro fevereiro de 2008 (2008, p.5).
O consumo de café mundial deve continuar crescendo, estimulado pelo
aumento da demanda por parte de novos consumidores, como tamm pela
elevação do consumo interno nas principais regiões produtoras e consumidoras.
Em 2007, foram produzidos pelos 57 países cafeicultores, 117 milhões de
sacas. Para 2008/2009 a previsão é de uma produção total de 127 milhões de
sacas. o consumo mundial em 2007 foi estimado em 123 milhões de sacas,
podendo chegar a 125 milhões de sacas em 2008 (OIC, 2008), confirmando a
tendência de elevação da demanda.
Com estoques finais em 2007, totalizando 18,33 milhões de sacas,
concentrados principalmente no Brasil, com 4,39 milhões de sacas, o que representa
uma participação de 23,96%. A oferta mundial de café, caracterizada pela somatória
da produção e dos estoques, é de 141,21 milhões de sacas e o Brasil apresenta
uma participação de 29,74% no total.
Tabela 2.3. Estoques, produção, consumo, exportação/importação e oferta total de café, em
mil sacas beneficiadas.
Fonte: USDA (2008).
Segundo a análise da OCB (2008), a partir da safra 1994/95 a relação entre o
estoque e o consumo mundial decresceu, passando de 182,97% para 53,20%,
projetado para a safra 2007/08. Dessa forma, a elevação da demanda resultou no
consumo paulatino dos estoques finais e na alteração do quadro macroeconômico
para a cultura (tabela 2.3).
34
Ilustração 2.5 Gráfico da relação entre o estoque e o consumo doméstico no
mundo.
Fonte: USDA (2008).
Com a elevação do consumo e a retração nos níveis dos estoques,
(Ilustração 2.5), o quadro que se apresenta é de elevação de preços a partir de
2008.
A OIC prevê que com a crescente alta da demanda por café e seus
subprodutos, a commodity deve superar todas as outras no segmento agrícola (OIC,
2008, p. 3). Perspectivas essas favoráveis ao Brasil, maior produtor, exportador e
segundo maior mercado consumidor de café do mundo.
O Brasil exportou 28,1 milhões de sacas de café em 2007, contribuindo com
uma receita no ano de 2007 de US$ 3.891.534.465 bilhões. Apresentando um
aumento de 17,13% em comparação com o ano anterior, que foi de US$ 3.297,8
bilhões (MAPA, 2008).
Além do aumento percebido no mercado por ca, esforços têm sido
realizados para incrementar ainda mais o consumo de café no mundo. O Brasil, um
dos maiores interessados no aumento desta demanda, tem participado desses
esforços, prova disso é a proposta brasileira levada à OIC, através do Convênio
MAPA/ABIC 14/2006, e apresentada na 96ª Sessão do Conselho Internacional do
Café, da Organização Internacional do Café OIC, em Londres, em setembro de
2006, que objetiva criar uma rede virtual na OIC, que articula os agentes do
mercado internacional de café, com a coordenação de um grupo gestor
representativo dos vários segmentos do negócio para criar, de forma coletiva e
35
compartilhada, ações que promovam o consumo mundial de café (MAPA, 2008, p.
7).
Com essa medida, acrescida de outras, nacionais e internacionais, é
necessário adequar a produção para atender a expansão da demanda provocada,
uma vez que as projeções indicam crescimento do consumo interno.
[...] O consumo interno tem-se elevado a ordem de 3% ao
ano, e o externo a 1,5% ao ano. Considerando essas premissas, o
Brasil teria que, na próximacada, produzir, em média, 53 milhões
de sacas de café por ano para atender à demanda interna e manter
os atuais patamares de 30% do comércio mundial. (MIARELLI,
2008, p.1).
As projeções de especialistas de todo o mundo indicam que o
consumo total de café em 2010 será de 120 milhões de sacas, ou 20
milhões a mais do que hoje, sendo 70% da variedade arábica e 30%
da robusta. Esses dados são importantes para o incremento do
segmento cafeeiro brasileiro, e para o desenvolvimento de
tecnologias que possibilitem o melhor aproveitamento das unidades
produtoras (ABIC, 2008, p.1).
Para beneficiar-se dessas estimativas de aumento da demanda por café no
mundo, a utilização e disponibilização de tecnologias a vários pequenos produtores
brasileiros, que compõem o setor, é fundamental.
Nos últimos anos, os investimentos no aumento da produtividade
proporcionou ao país ampliar a produção e exportação mundial. Em 1987/1988, o
Brasil colheu a sua maior safra até então 38 milhões de sacas. A área plantada era
de 3,4 milhões de hectares. na safra 2002/2003 mesmo com a redução da área
plantada, que passou a ser de 2.598 milhões de hectares, colheu-se 48.480 milhões
de sacas (MAPA, 2008).
Hoje se tem uma produção superior, em uma área que foi reduzida em mais
de 50%, o que comprova a qualidade das pesquisas desenvolvidas e do implemento
de novas tecnologias e insumos.
2.4.3 Vantagens Estratégicas do Agronegócio Café
A grande vantagem brasileira nas exportações, frente aos demais
concorrentes, está em que o país é o único produtor mundial a oferecer todas as
alternativas de sabor, diversidade e qualidade de café:
36
[...] A diversidade edáfico-climática oferece ao mercado as
mais diferentes alternativas. Isso é viável porque planta-se em áreas
com diferentes latitudes e altitudes, solos e climas. O país pode
oferecer café para preparação de bebidas com diversas alternativas,
tais como fina, a leve, ou ainda o café despolpado com o produto do
Cerrado e do sul de Minas, semelhante ao que se colhe na
Colômbia, de café “mole” de pouca fermentação, também se
consegue em clima seco, bebida mais “dura” produzida no Espírito
Santo e em Rondônia, concorrendo como tipo vendido pelo Vietnã,
de tipo tradicional, mais ácido (tipo rio) no Paraná e na zona da mata
de Minas Gerais, próprio para café solúvel e recomendado para
formar um bom blended. Enfim, a indústria e o consumidor contam
com uma diversificação que o Brasil possui (SANTO, 2001, p.
185).
Nenhum outro país conta com tamanha vantagem estratégica e produtiva, e
nem possui o espaço territorial para expansão do cultivo, como o Brasil. Investindo
em tecnologia, pesquisas, marketing e qualidade, como tem feito o Brasil nos últimos
anos, haverá uma tendência a redução da oferta de outros países produtores, ou
deslocamento desses para mercados menos exigentes e de menor remuneração,
uma vez que não poderão competir com os níveis de preço, produtividade e
qualidade do café brasileiro.
Outra vantagem do agronegócio ca brasileiro está na competência do
escoamento da produção para os países importadores através da ação de 226
firmas exportadoras de café verde e uma estrutura logística privilegiada, interligando
fazendas aos portos, nas principais regiões produtoras como os Estados de Minas
Gerais, São Paulo, Espírito Santo, Paraná e Bahia (ABIC, 2008).
E por fim, o Brasil possui um dos maiores e mais tradicionais parques
industriais de casolúvel do mundo, que em 2007, foi responsável por negócios
que somaram US$ 450 milhões. São nove indústrias com equipamentos e tecnologia
de ponta que atendem aos mercados interno e externo (ABIC, 2008).
2.4.4 Indústrias Brasileiras de Café frente ao Consumo
A participação do café solúvel nas exportações brasileiras se mostra
crescente e segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Café Solúvel (ABICS,
2008), essa tendência deverá continuar.
37
O consumo mundial de café solúvel tem crescido ano após ano, como pode
ser observado no comparativo na tabela 2.4, entre 1999 e 2004, elaborado pela
Nestlé e disponibilizado pela ABIC (2008).
Tabela 2.4 Crescimento do consumo mundial de café (1999 a 2004).
Fonte: Nestlê apud ABIC (2008).
Observa-se (tabela 2.4), que o consumo do café solúvel tem sido maior que o
de café torrado e moído (T&M), tanto no consumo em casa (interno) quanto fora de
casa (externo).
A ABIC (2008) explica que o aumento do consumo do café solúvel se justifica
por diversos fatores, sendo os principais:
O consumo mundial de solúvel nos lares aumentou 26%
enquanto o torrado cresceu apenas 5%. Apesar do expresso e do
café tradicional dominarem as bebidas vendidas em lojas de café,
bares e restaurantes, garantindo assim a supremacia do café
torrado no mercado fora de casa, o solúvel cresceu surpreendentes
51% contra 22% do torrado no mesmo período. A explicação pode
estar no setor institucional (escritórios, hotéis, escolas, hospitais,
etc.), onde é crescente a presença de máquinas automáticas de
venda, ou na venda de café solúvel em cadeias de “fast food”.
Outra explicação para a expansão do consumo de desse tipo de produto nos
mercados emergentes, habituados ao consumo de chás, é pela praticidade de seu
preparo, facilitando a substituição do chá por café solúvel, fato esse observado no
Japão que desponta como um grande consumidor desse tipo de café, principalmente
entre a população jovem, e na Rússia, outro importante mercado, sendo o maior
38
importador mundial de café solúvel. Desponta também, com perspectivas favoráveis,
o mercado chinês para o sovel (ABICS, 2008).
Essa expansão é resultado dos esforços conjunto de grandes indústrias e dos
países produtores. Diante desse quadro de expectativa de crescimento do consumo
interno e externo, acrescidos da melhoria nos preços pagos ao café nos últimos três
anos, espera-se que a produção cafeeira brasileira responda com ações de estímulo
à produção com qualidade (SAES; MIRANDA, 2008, p. 2).
Outro fator que justifica a valorização da produção e exportação de café
processado está em que mesmo sendo o Brasil o maior produtor e exportador de
café do mundo, as maiores vantagens mercadológicas m sido exploradas por
países que nada têm a ver com a atividade cafeeira, como a Alemanha que ocupa
posição de destaque nas vendas internacionais de café por exemplo. Nessas
operações, a maior parte dos ganhos fica com os países que compram a matéria-
prima mais barata do Brasil e a reelaboram e vendem por preços mais altos para
outros consumidores.
[...] Os países importadores assumiram a fatia mais
interessante no comércio internacional do produto. Os grandes
países produtores, que se destacam na oferta da commodity, não
conseguem ocupar o espaço do comércio do café processado, além
da reexportação do café em coco. Por essa rao, alguns países da
Europa e os Estados Unidos (EUA) entram na lista dos maiores
exportadores de café torrado e moído e solúvel, sem possuírem um
único cafezal. Em 2001, das 24,5 milhões de sacas importadas pelo
EUA (nosso maior cliente), um volume equivalente a 2,5 milhões de
toneladas foi reexportado, dos quais 61% como torrado e moído ou
solúvel. Na União Européia, os meros são mais expressivos
ainda, foram 46 milhões de sacas importadas e 13 milhões foram
reexportadas no mesmo ano 2001 (SANTO, 2001, p. 186).
Deixar de ser um exportador de commodity, para exportar caprocessado
deve ser o objetivo maior do segmento cafeeiro brasileiro. Desenvolver outras
formas de consumo do produto, seguindo o exemplo dos italianos que souberam
agregar valor e criar subprodutos ao ca sem possuir um único cafezal em seu
território, tamm é fator a ser incorporado pela indústria e o comércio brasileiro.
[...] Os italianos inventaram o café expresso que vem
concentrado com 5 a 7 gramas de pó, servido em xícara morna para
conservar a temperatura ideal enquanto o cliente sorve a bebida, e o
capuccino, que é consumido em uma xícara grande, trazendo uma
combinação de chocolate, canela em e açúcar a gosto do
39
freguês, desde que respeite a espuma como parte integrante de um
ritual lento que muitos italianos chamam de “café dos deuses”. A
criatividade daquele povo não pára por aí, ainda tem o “correto”, que
inclui uma mistura com grappa (aguardente); o “ristretto” (infusão de
cafeína) etc. Desse jeito é compreensível porque o maior consumo
per capita de café por ano é registrado na Itália: 5 kg (SANTO, 2001,
p. 187).
Investir no processamento do café em território brasileiro se torna uma opção
mercadológica necessária. O mercado interno é composto por 1.222 torrefadores,
segundo dados da ABIC (2008), a grande maioria de pequeno porte, que respondem
por mais de duas mil marcas, sendo que dessas, 100 são representados pelas
maiores empresas que respondem por 62,72% de todo café processado.
O movimento mercadológico nacional cafeeiro está voltado para o incremento
do processamento do produto, para que as exportações sejam cada vez mais de
café brasileiro processado, com marca e selo de origem, para que se altere o quadro
de que países como Itália e Alemanha, que não produzem um grão de café em seus
territórios, sejam os maiores vendedores de café torrado e moído do mundo.
A cafeicultura Brasileira tem que escolher o lado vencedor e
partir para um processo de concentração competitiva, através da
criação de clusters” cafeeiros, que privilegie as exportações de
produtos com maior valor agregado, não através da venda do
produto industrializado, como também pela divulgação das
características de cada região produtora do café verde, fazendo com
que o consumidor possa identificar o café pelo sabor que mais lhe
agrade [...] (ABIC, 2008)
No entanto, a entrada de empresas brasileiras no mercado internacional de
café no varejo, que é oligopolizado (demanda cada vez mais concentrada), não é
tarefa das mais simples, exigindo grande esforço do segmento e atuação forte do
governo para incentivar o desenvolvimento e a competitividade da indústria nacional.
Atualmente, segundo a ABIC (2008), as cinco maiores indústrias de
torrefação (Nestlé, Kraft Foods, Procter & Gamble, Sara Lee e Tchibo) adquirem
quase a metade da oferta mundial de café verde. Os excelentes resultados dessas
torrefadoras o fruto da escala comercial, da força das marcas e produtos, do
controle de custos através da tecnologia de produção e do uso de instrumentos
financeiros, que lhes dão ainda maior flexibilidade de comercialização. Essas
empresas investem milhões de dólares a cada ano para promover a imagem de
40
suas respectivas marcas, evitando a concorrência via preços. A força da marca
também garante às torrefadoras maior poder de negociação com os varejistas.
Investir em café processado é uma estratégia que merece atenção e apoio de
diversos atores envolvidos, uma vez que oferece maior retorno e oportunidades ao
país.
2.4.5 Consumo Interno de Café
O Brasil, entre os países produtores de café, é o que apresenta maior
crescimento no consumo interno, conforme revela a ilustração 2.6.
Ilustração 2.6 Gráfico de evolução do consumo interno de café no Brasil.
Fonte: ABIC (2008).
O mercado brasileiro consumiu em 2007, 17,1 milhões de sacas de café, um
acréscimo de 4,74% em relação ao ano anterior. Enquanto o mercado consumidor
global cresce em média 1,5% ao ano, o mercado brasileiro evoluiu 24,8% desde
2003, consumindo de 13,7 milhões de sacas para os atuais 17,1 milhões (OIC,
2008).
O consumo de café no mercado interno brasileiro, segundo dados da ABIC
(2008), está em 5,53 kg/hab/ano, próximo ao consumo observado em países como a
Alemanha (5,86 kg/hab/ano), a França (5,07 kg/hab/ano) e a Itália (5,63 kg/hab/ano).
O Brasil apresenta um consumo ascendente, representando 14% da
demanda mundial, absorve mais café do que o total que exporta para a Alemanha,
Itália, Japão, Estados Unidos, Eslovênia, Bélgica e Espanha e mais de 50% do
41
consumo interno de todos os 57 países produtores de café. As expectativas
apontam que o Brasil irá ultrapassar o consumo do maior mercado global, os
Estados Unidos, com uma média anual entre 18-20 milhões de sacas de café, nos
próximos dois anos.
A previsão é que o consumo de 2008, segundo dados da ABIC e MAPA,
atinja 18,1 milhões de sacas, com vendas de R$ 6,8 bilhões (em 2007, a receita foi
de R$ 6,4 bilhões).
2.5 Considerações Finais Sobre o Capítulo
Para que o Brasil possa estabelecer uma nova imagem, marca mundial para
o seu café, e explorar novos mercados, se faz necessário grandes esforços de
marketing e investimentos em capacitação de produtores para uma produção
voltada para a qualidade do produto final.
Silva e Nogueira (2007) destacam:
O café é um dos poucos produtos cujo valor cresce muito com a
melhoria da qualidade; um produto de qualidade inferior pode sofrer
redução significativa no seu valor de comercialização. O tipo de pré-
processamento, a secagem e a armazenagem apresentam contribuições
expressivas sobre a qualidade final do produto, sendo, portanto, muito
importante na escolha correta da infra-estrutura para atender à fase final da
produção.
O investimento em qualidade e diferenciação, por si só, não é garantia de
novos mercados e de maior retorno financeiro. No entanto, o não investimento
poderá resultar em exclusão em alguns mercados mundiais.
A construção de uma nova imagem para o café brasileiro, sustentada em
bases lidas, com mudança profunda na cultura e nos valores até eno vigentes, é
tarefa a ser realizada no curto e no longo prazo, ou melhor, continuamente.
As certificações voltadas às questões sociais e ambientais oferecem um
importante instrumento de sustentabilidade econômica à cafeicultura, principalmente
considerando que sua cultura é proveniente do cultivo da agricultura familiar, que por
suas características produtivas, podem ser facilmente orientados quanto aos cultivos
diferenciados segundo Neves (2007, p. 82).
A globalização favoreceu a exploração de novas tecnologias de produção, o
que segundo Alexandratos (1995, p. 47), levou as seguintes tendências:
42
a) maior ênfase nos produtos agrícolas transformados, pois eles resultam em
maiores lucros devido à adição de serviços;
b) ajustes estruturais nas políticas agrícolas internacionais, fazendo com que
fatores de produção se movam mais livremente entre os países;
c) fim da economia de escala (tradicional sistema de produção em massa)
com as empresas passando a ter agilidade e habilidade em identificar as reais
necessidades do mercado. Procurando serem hábeis e rápida na avaliação
correta dos nichos de mercado, com produtos cada vez menos homogêneos,
via tecnologia ou marketing;
d) empresas do complexo rural cada vez maiores e integradas verticalmente;
e) consumidores com maior demanda para produtos mais ricos
nutricionalmente, mais saudáveis (ambientalmente), com mais serviços
adicionados.
Ainda segundo o autor, esse novo posicionamento mercadológico, afeta
significativamente a agricultura e o segmento cooperativo agrícola brasileiro, por não
estarem preparados para implementar as modificações necessárias para que as
agroindústrias cooperativas se tornem competitivas no atual ambiente econômico.
Existem diversos modelos de diferenciação, o que os diferencia entre si é a
ênfase dada a cada sistema de certificação. Uns enfatizam as relões comerciais,
outros a forma de manejo da cultura agrícola, outros a preservação dos
ecossistemas naturais, no entanto, com o avanço das exigências mercadológicas,
acrescido as exigências dos consumidores, se percebe a utilização de sistemas
que integram os três fatores.
O que se espera com as certificações é que elas contribuam para o
fortalecimento da confiança entre as transações comerciais de uma empresa junto
aos seus mercados, uma vez que garantem a conformidade dos requisitos
almejados, através de um conjunto de atividades desenvolvidas por uma
certificadora independente, sem relação comercial, que atestará publicamente, por
escrito, que determinado produto ou processo atende os requisitos, que podem ser
nacionais ou internacionais.
Para que as certificações possam ser consideradas confiáveis e serem
eficazes, alguns elementos chaves devem ser considerados, segundo Ervin; Elliot
apud Palmieri (2008, p. 50):
Credibilidade do público;
43
Focado em consumidores e fornecedores;
Sistema global único;
Equivalência internacional;
Compatibilidade com a legislação;
Eqüitativo para todos os usuários;
Transparente;
Aplicável;
Voluntário;
Auditável por uma terceira parte;
Adaptável para diferentes jurisdições;
Adaptável para diferentes sistemas ecológicos.
Segundo os autores, esses padrões são parte integral do processo de
certificação, formando a base para avaliação consistente e transparente do
processo.
Assim, diante do cenário apresentado, o Brasil possui potencial para a
manutenção da liderança no segmento, contudo, diversos fatores que contribuíram
para a redução da renda do produtor e comprometeram a capacidade de
investimentos para o crescimento da produtividade, destacando-se a flutuação do
câmbio, elevações dos custos de produção, gestão deficitária da propriedade e
investimentos insuficientes em agregação de valor ao produto (OCB, 2008), devem
ser tratados através de uma gestão eficiente dos recursos e uma visão atenta sobre
os cenários mercadológicos que possibilitem a implantação de estratégias que
favoreçam ao setor.
Conclui-se que tanto o mercado internacional, quanto o mercado interno, se
mostra promissor ao agronegócio café, com crescente demanda, no entanto, ações
que favoreçam a redução de riscos de produção e de pro, com destaque para o
seguro rural e para os mercados futuros e de opções, bem como incentivos
financeiros e logísticos, são necessários para consolidar a nova imagem que o Brasil
procura levar ao mercado internacional quanto à qualidade de seu produto.
44
CAPÍTULO 3 - CENÁRIO CAFEEIRO RONDONIENSE
3.1 Evolução da Cafeicultura em Rondônia
A exploração da cultura do café na região Norte iniciou-se nos anos de 1960,
no entanto sua expansão se deu a partir da década de 70, quando da grande
migração de famílias oriundas de outros estados da União.
Segundo Binsztok (2007, p. 4), os migrantes responsáveis pelo cultivo do café
no Estado são provenientes de municípios do norte capixaba como: São Gabriel da
Palha, Linhares, Colatina, Vila Pavão, Nova Venécia, Afonso Cláudio e Barra de São
Francisco e também, de paranaenses provenientes de municípios como Cruzeiro do
Oeste, Céu Azul, Vera Cruz e Toledo.
Ainda, segundo o autor, esses produtores foram atingidos pelas medidas do
“Programa de Erradicação dos Cafezais” (1962-1967), executadas pelo IBC/GERCA
(Instituto Brasileiro do Café/ Grupo Executivo de Recuperação Econômica da
Cafeicultura) que recomendava a erradicação de cafezais de baixa qualidade,
considerados improdutivos e apontados como responsáveis pela baixa produtividade
do produto no país.
Ao chegar em Rondônia os migrantes trouxeram consigo sementes e mudas
de ca da espécie Arábica (Coffea arábica L.). Essa espécie de ca exige
condições adequadas ao seu cultivo, tais como: altitude mais elevada, temperatura
amena e solos férteis, condições essas difíceis de serem encontradas na geografia
local.
Seguindo então, orientação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
(EMBRAPA) que inicia suas atividades de pesquisa em café no Estado concomitante
ao início da expansão da cultura na região, nos idos de 1976, os produtores deram
início ao plantio da espécie de café Robusta (Coffea canephora Pierre ex A.
Froehner), sobretudo a variedade Conilon, por ser a mais adequada às condições
regionais (EMBRAPA-RO, 2006).
A partir da década de 80, a cafeicultura passa a ocupar importante papel
econômico para a região Norte. A área cultivada na Amazônia, que em 1975 era
pouco mais de 2.000 ha, sofre forte expansão, sobretudo em Rondônia, região que
45
mais evoluiu, chegando no ano de 2001, a apresentar a maior área produtiva da
região norte, 222.926 ha (SEAPES, 2008).
É nesta época que segundo Souza e Bialoskorski Neto (2006, p. 3-4), o
fundadas as primeiras cooperativas de café no Estado, em um total de quatro, e
depois, na década de 90 mais três novas cooperativas.
Nos idos de 1990, (tabela 3.1), percebe-se uma redução significativa na área
produtiva de café em Rondônia, que volta a expandir-se ao final dessa década.
Tal oscilação se deu em função dos preços baixos que marcaram o período,
tornando a cultura economicamente pouco viável, acrescida ainda, pela exaustão de
cafezais antigos e das mudanças no regime de chuvas na região da Amazônia sub-
equatorial, o que levou a substituição da cultura pela pecuária (VENEZIANO apud
COSTA, 2000, p. 41).
Ano
Área Colhida
()
Produção
obtida (t)
Produtividade média obtida
(kg/há)
(Sc 60kg/ha
1992
122.129
137.227
1.124
18,7
1993
129.167
149.932
1.161
19,3
1994
134.829
163.552
1.213
20,2
1995
137.739
171.233
1.243
20,7
1996
110.657
105.218
951
15,8
1997
108.046
96.107
890
14,8
1998
108.046
96.107
890
14,8
1999
177.188
189.203
1.068
17,8
2000
198.946
207.297
1.042
17,4
2001
222.926
255.701
1.147
19,1
2002
140.967
93.624
664
11.1
2003
188.479
135.586
719
12,0
2004
171.168
101.676
594
9,9
2005
167.738
105.638
630
10,5
2006
163.322
74.558
457
7,60
2007
159.819
88.639
556
9,25
Tabela 3.1 Evolução anual de área, produção e produtividade média obtida em Rondônia
na cultura do café.
Fonte: SEAPES (2008).
Após esse período de retração, a cultura passa a ser novamente estimulada
através de iniciativas do poder blico e pela adesão de centenas de produtores
tradicionais, aos programas de aplicação de alta tecnologia e manejo de qualidade,
dando início a um novo ciclo de crescimento da cafeicultura rondoniense.
46
3.2 Características da Produção Cafeeira em Rondônia
O café produzido em Rondônia é da espécie robusta, sendo a cultivar conillon
a mais utilizada, ocupando 90% da área destinada ao seu cultivo. Sua cultura
envolve mais de 40.000 famílias de pequenos produtores, em propriedades que vão
de 10 hectares a 50 hectares em média, apresentando baixo nível tecnológico e
baixa produtividade (EMBRAPA-RO, 2007).
Para a agricultura familiar, o desafio está na sustentabilidade econômica da
lavoura, a qual se vê comprometida em função da baixa qualidade do produto
influenciada entre outros, pela escassez de recursos, baixo nível tecnogico, e as
características mercadológicas do café em Rondônia, onde pouca valorização
para os produtos de melhor qualidade, não estimulando os cafeicultores ao uso de
técnicas de manejo adequadas, uma vez que o preço pago ao café de qualidade e
ao de baixa qualidade, não difere significativamente (EMATER, 2007).
Os pequenos produtores, segundo Matiello (1998, p. 98), vendem sua
produção num curto período após a colheita diretamente a maquinistas, pequenas
firmas e representantes exportadores. A venda realizada desta forma nem sempre é
favorável ao esse produtor, uma vez que os preços pagos muitas vezes são
inferiores ao preço de mercado.
Outro agravante a manutenção do parque cafeeiro regional está na baixa
produtividade por hectare, comparada com as demais regiões produtoras do país
(tabela 3.2). Representada por 1.482 milhões de sacas, em uma área de 153.281
milhões de hectares, o Estado possui a média de 9,67 (sacas/ha), muito inferior à
produção do Espírito Santo, de 20,33 (sacas/ha), maior produtor nacional do café
tipo robusta.
47
UF/
REGIÃO
PARQUE CAFEEIRO
PRODUÇÃO
( Mil sacas beneficiadas)
PRODU
TI-
VIDADE
(Sacas
/ha)
EM FORMAÇÃO
EM PRODUÇÃO
Arábica
Robusta
TOTAL
ÁREA
(ha)
CAFÉ-
EIROS
ÁREA
(ha)
CAFÉ-
EIROS
(Mil
covas)
Minas Gerais
1
31.481
4
71.667
1.016.414
1.016.414
1 5.450
3 6
15.486
15,24
Espírito Santo
2 3.186
73.489
471.411
1.067.814
2 .016
7 .567
9.583
20,33
São Paulo
1 3.235
4 2.890
168.700
418.215
2.632
-
2.632
15,60
Paraná
8 .200
42.600
97.400
329.200
1.622
-
1.622
16,65
Bahia
3 .762
14.481
94.990
237.000
1.315
5 17
1.832
19,29
Rondônia
7 .950
15.264
153.281
273.147
-
1.482
1 .482
9,67
Mato Grosso
1 .438
3 .450
16.227
38.945
1 1
1 41
152
9,37
Pará
1 .445
5 .262
15.137
36.329
-
2 66
266
17,57
Rio de Janeiro
2 60
1.200
14.048
26.540
2 69
1 1
280
19,93
Outros
1 .603
3 .847
25.484
61.161
1 62
2 43
405
15,89
BRASIL
192.560
674.150
2.073.092
5.615.248
23.477
10.263
33.740
16,28
Organização da autora
Tabela 3.2 Café Beneficiado - Safra 2007/2008 - Produção Final.
Fonte: CONAB (2008)
Outro fator restritivo ao segmento local é o custo de produção, que segundo
dados da CONAB para a safra de 2008/2009, está na ordem de R$ 168,09 por 15
sacas/ha. Sendo que o Espírito Santo, para o mesmo período, o custo está na
ordem de R$ 137,80, por 52 sacas/ha (CONAB, 2008).
3.3 Expansão da Produção
Com o programa de Tecnificação e Desenvolvimento da Cultura do Café,
administrado pela SEAPES, em parceria com a Embrapa Rondônia e a Emater,
novo incremento vem sendo dado à produção de café no Estado. Vários produtores
têm sido capacitados sobre os aspectos mais importantes da atividade, através da
realização de dias de campo, treinos e visitas e da implantação de unidades
demonstrativas de combinação de técnicas de manejo (ABIC, 2006, p. 1).
Resultados da melhoria no cultivo do café são visíveis. Comparando a
produtividade por hectare entre as safras 2005/006 e 2006/2007 (tabela 3.3).
Destacam-se como as principais regiões produtoras de cado Estado - Cacoal e
São Miguel do Guaporé - cuja produtividade apresenta-se bem acima da média
estadual.
48
MUNICIPIOS
ÁREA COLHIDA
PRODUT.OBTIDA
RANKING
( ha )
Variação
( kg/ha )
Variação
da Pro-
SAFRA
%
SAFRA
%
dução
05/06
06/07
05/06
06/07
em 2007
SÃO MIGUEL DO GUAP.
14.158
14.158
0,00
600
720
20,00
CACOAL
16.749
16.749
0,00
400
560
39,99
ALTA FLORESTA
7.650
7.650
0,00
648
1.080
66,67
NOVA BRASILÂNDIA
7.600
7.600
0,00
360
1.000
177,78
ALTO PARAISO
8.260
8.000
-3,15
580
540
-6,90
ARIQUEMES
5.094
5.094
0,00
600
720
20,03
VALE DO PARAISO
5.060
5.060
0,00
480
672
39,98
BURITIS
4.684
5.386
14,99
420
600
42,90
ROLIM DE MOURA
4.923
4.923
0,00
540
540
0,00
ALTO ALEGRE PARECIS
4.400
4.400
0,00
600
600
0,00
10º
OURO PRETO
4.400
4.400
0,00
480
480
0,00
11º
MINISTRO ANDREAZZA
5.262
5.262
0,00
400
400
0,00
12º
VALE DO ANARI
5.340
5.340
0,00
240
375
56,24
13º
SERINGUEIRAS
4.437
4.437
0,00
420
450
7,14
14º
NOVO HORIZONTE
5.287
5.287
0,00
370
370
0,00
15º
ESPIGÃO DOESTE
3.080
3.080
0,00
240
600
150,07
16º
PRESIDENTE MÉDICI
3.500
3.500
0,00
450
450
0,00
17º
SÃO FELIPE
2.463
2.463
0,00
600
600
0,00
18º
MACHADINHO
10.500
9.450
-10,00
240
156
-35,01
19º
JARU
3.500
3.500
0,00
420
420
0,00
20º
MIRANTE DA SERRA
3.390
3.390
0,00
480
420
-12,49
21º
ALVORADA DOESTE
4.172
2.503
-40,00
600
480
-20,02
22º
Organizado pela autora
Tabela 3.3 Produção Agcola de Café (Ranking Municipal).
Fonte: SEAPES (2008).
Os estudos concentrados na melhoria das sementes, inclusive trabalho com
mudas de jardim clonais, têm favorecido o aumento da produtividade, e em algumas
propriedades os cafezais já produzem de 33 a 90 sacas por hectare, produção essa,
bem acima da média do Estado (SEAPES, 2008).
No entanto Lima (2008) observa que a melhoria na plantação e manejo, que
tem resultado em maior produtividade por hectare, não tem se estendido à fase de
pós-colheita, uma vez que “depois de retirado do pé, o grão não pode ficar ensacado
na lavoura, mas é o que mais se nas propriedades. O café ainda em coco
fermenta e estraga, acarretando aumento do mero de defeitos”, o que
compromete a qualidade do produto.
A qualidade depende, e muito, do manejo pós-colheita. No
Brasil, dizem especialistas, embora quase toda a produção seja
negociada como commodity ou no mercado interno, muito café
bom, que poderia ser vendido como especial. Para encaixar o café
nesse nicho, o desafio é manter a qualidade no pós-colheita (LIMA,
2008).
Outro fator, apontado por Lima (2008), que prejudica a qualidade do produto
rondoniense, é a colheita realizada fora do ponto, uma vez que os grãos que
49
deveriam estar maduros se forem colhidos verdes, prejudicam a qualidade da
bebida, além de afetar o valor pago ao produtor pelo café.
Propostas apresentadas por especialistas do segmento apontam que para
minimizar a problemática, ações como informação e capacitação são fundamentais,
mas tamm a implantação no Estado da classificação do café robusta, levaria a
melhor precificação, estimulando a aplicação de novas tecnologias de manejo,
aumentando a produção e a qualidade do café ofertado.
O sistema de classificação garante um produto de qualidade, dentro de
especificações predeterminadas. A classificação trata-se de uma padronização, com
instrumentos de exclusão dos que não atendem aos padrões pré-definidos,
incentivando o uso de melhores cnicas de cultivo e beneficiamento, uma vez que
há estímulos econômicos para os produtos de melhor classificação.
Os incentivos mais apregoados da classificação estão associados às
condições de demanda. A classificação leva à diferenciação do produto,
permitindo aos agentes a agregação de margens, abertura de novos
mercados e a descoberta de nichos não explorados. Enquanto houver
consumidores dispostos a pagar mais por um produto que reconheçam
seus atributos qualitativos, haverá estímulos para a classificação
(ZYLBERZTAJN; SCARE, 2003).
A adoção de uma classificação física e sensorial específica para o café
robusta é necessária, na opinião de Cortez (2008, p. 38), uma vez que a adaptação
da tabela aplicada ao arábica não atende eficazmente as propriedades do robusta
em vários quesitos, tais como: aspecto, cor, seca, umidade, ponto de torra,
definições de bebida e intensidade de corpo, acidez e aromas (tabela 3.4).
TIPO
Nº DEFEITOS
TIPO
Nº DEFEITOS
2
6
6
100
3
12
7
200
4
25
8
400
5
50
Ab 8
+ 400
Tabela 3.4 Classificação de café robusta.
Fonte: Cortez (2000, p. 38)
Cortez (2008, p. 39), acrescenta que “os atributos físicos e sensoriais do café
robusta devem ser observados, para que se possa ter uma maior compreensão dos
precursores do gosto e do aroma deste café, e a melhor tecnologia de
industrialização do produto”.
50
Embora alguns dos componentes químicos do café entrem na
proporção, tanto para o café arábica quanto para o café robusta
principalmente, o menor teor de lipídios no café robusta, levam à
menor velocidade a fase exotérmica do processo pirolítico, e ao
menor desenvolvimento de aromas e sabores na bebida. O
processo de torração do café robusta deve, portanto, ser um pouco
mais longo e usando temperaturas ligeiramente mais altas do que a
torração do arábica (CORTEZ, 2008, p. 39).
O uso de classificação e certificação do café rondoniense pode se tornar um
importante instrumento de incentivo a melhoria da qualidade dos produtos ofertados,
se aplicado conjuntamente ao gerenciamento ambiental e da qualidade ao longo de
toda cadeia do café, apresentando um padrão de conformidade reconhecível, que
atenda as novas demandas mercadológicas.
De acordo com Veneziano (2007), a qualidade do café em Rondônia era
inferior devido a problemas como a descapitalização do produtor, no entanto a
região produtora de Rondônia está empenhada na melhoria da qualidade, e esforços
estão sendo envidados para estruturar melhor as propriedades, melhorando as
condições de colheita, preparo e secagem do café.
Outra proposta que tamm está sendo apreciada pelo setor, segundo ainda
Veneziano, é a vocação natural da rego para a produção do Café tipo Fair Trade
(Comércio Justo ou Solidário), que oferece retorno mais justo a todos os envolvidos
no processo, e principalmente ao produtor.
Café fair trade é aquele consumido em países desenvolvidos por
consumidores preocupados com as condições sócio-ambientais sob as
quais o café é cultivado. Nesse caso, o consumidor paga mais pelo café
produzido por pequenos agricultores ou sistemas de produção
sombreados, onde a cultura é associada à floresta. É muito empregado na
produção de cafés especiais, pois favorece a manutenção de espécies
vegetais e animais nativos (ABIC, 2007, p.4).
Segundo Strazer (2008), para participar do comércio justo é necessário o
fortalecimento das cooperativas, uma vez que, habitualmente, cabe a elas o suporte
técnico, administrativo, organizacional e financeiro, além de consultoria, para ajudar
a viabilizar a produção e a comercialização da produção dos pequenos produtores
ao Fair Trade.
Para Mendes (2007, p. 1), Rondônia pode ter um mercado garantido
explorando a cultura de maneira sustentável, validando tecnologias e buscando
51
parcerias para beneficiar os produtores. Para ele, a questão da biodiversidade deve
ser tratada com preocupação especial, garantindo a vocação do Estado.
52
CAPÍTULO 4 - COOPERATIVISMO
4.1 Movimento Cooperativista
O cooperativismo surge dos ideais reformuladores de Charles François Marie
Fourier (1772-1837), na França, a quem se atribui o lançamento em 1808, de suas
bases iniciais. E de Robert Owen (1771-1858), na Inglaterra, que foi o grande difusor
dos ideais cooperativistas e o primeiro a emitir a idéia de uma organização
internacional para o movimento cooperativo, fundando em Londres, em 1835, a
Associação de Todas as Classes e de Todas as Nações (MAUAD, 2001, p. 29-32).
Contudo, a base histórica do cooperativismo, segundo diversos historiadores,
-se na Inglaterra, em 21 de dezembro de 1844, no bairro de Rochdale, em
Manchester, onde, 27 tecelões e uma tecelã fundam a “Sociedade do Probos
Pioneiros de Rochdale”. Ao formarem essa sociedade, visavam não o lucro, mas
uma forma de sustentabilidade para manter-se no mercado frente a um capitalismo
feroz que os submetiam a preços abusivos, excessiva jornada de trabalho de 16
horas para homens, mulheres e crianças indistintamente, bem como, do
desemprego provocado pela revolução industrial.
Antes de Rochdale se constituíra outras cooperativas, que tiveram suas
gestões comprometidas por influências diversas que não contribuíam com o espírito
de igualdade e liberdade (MAUAD, 2001, p. 45).
Considerando os aspectos que levaram ao insucesso dessas organizações,
os idealizadores de Rochdale fundaram sua cooperativa, segundo Lima Neto (2003,
p. 127), organizada em torno de princípios de gestão democrática, de livre adesão e
baixa, com limite de juros sobre o capital, venda à vista, distribuição dos excedentes
na proporção da compra efetuada por seus sócios, investimentos na educação de
seus associados e neutralidade político-partidária e religiosa, inserindo-se tamm,
dentre seus objetivos iniciais, a importância da integração entre cooperativas, para
que as mais desenvolvidas prestassem auxílio cnico e educacional àquelas em
fase de formação. Sendo, portanto, esses os fatores que levaram a sustentabilidade
do empreendimento e são tamm esses princípios que compõem as normas de
gestão de cooperativas, que constitui o corpo principal da doutrina cooperativista
(OCB, 2008).
53
4.2 Cooperativismo no Brasil
O cooperativismo brasileiro é resultado da iniciativa de muitos pioneiros que
desde o período colonial foram responsáveis pela divulgação dos princípios
reformuladores de Rochdale, como José da Silva Lisboa, o “Visconde de Cairu”, que
propagava os conceitos de cooperação e associativismo.
Porém, o cooperativismo brasileiro tem como marco inicial a ação
empreendedora do médico francês Jean Maurice Faivre, adepto das idéias
reformadoras de Charles Fourier, que em 1847, funda com um grupo de europeus,
nos sertões do Paraná, a colônia Tereza Cristina, organizada em bases
cooperativistas (OCB, 2008).
Rios (1987, p. 64), destaca tamm a importante contribuição do jesuíta
Teodoro Amstadt, no Rio Grande do Sul; Plácido de Melo, no Rio de Janeiro; João
Pinheiro, que conseguiu, a partir de 1907, reunir em cooperativas plantadores de
café, arroz, milho, algodão, além de vitivinicultores e laticinistas em Minas Gerais. No
Nordeste, ressalta a fundação da primeira cooperativa de consumo de Camaragibe,
Pernambuco, numa indústria de tecidos do seu fundador, Carlos Alberto Meneses.
As primeiras cooperativas a surgirem no Brasil foram de consumo. Esse
processo emergiu no Movimento Cooperativista Brasileiro surgido no final do século
19, estimulado por funcionários públicos, militares, profissionais liberais e operários,
para atender às suas necessidades.
O movimento iniciou-se na área urbana, com a criação da primeira
cooperativa de consumo de que se tem registro no Brasil, em Ouro Preto (MG), no
ano de 1889, denominada Sociedade Cooperativa Econômica dos Funcionários
Públicos de Ouro Preto. Em 1891, é criada a Associação dos Empregados da
Companhia Telefônica de Limeira, em São Paulo; em 1894, a Cooperativa Militar de
Consumo, no Rio de Janeiro; em 1902, a Cooperativa de Crédito e a Cooperativa
Agropecuária, no Rio Grande do Sul, sendo ambas as primeiras em suas
modalidades no país (RIOS, 1987, p. 64).
A partir de 1906, surgem e se desenvolve as cooperativas no meio rural,
idealizadas por produtores agropecuários. Muitos deles de origem alemã e italiana.
Os imigrantes trouxeram de seus países de origem a bagagem cultural, o trabalho
associativo e a experiência de atividades familiares comunitárias, que os motivaram
a organizar-se em cooperativas.
54
No entanto, o movimento cooperativista agropecuário no Brasil, segundo Misi
(2001, p. 76-77), contraria inicialmente as características reformuladoras do
movimento na Europa, oriundas das adversidades impostas aos trabalhadores pelo
liberalismo econômico da época, uma vez que foram completamente alteradas pelas
elites nacionais ao ser transplantado para o Brasil, para que assim, atendesse a
interesses próprios e não os interesses solidários idealizados e aplicados pelos
tecelões de Rochdale.
Ao contrário do que aconteceu na Europa, no Brasil o
cooperativismo é promovido pelas elites agrárias. Trata-se de um
movimento imposto “de cima para baixo”, implantado como uma
política de controle social e de intervenção estatal. Ainda comparado
ao cooperativismo europeu, essencialmente urbano, como
conseqüência que foi da Revolução Industrial, aqui foi germinado
predominantemente no meio rural, em razão de uma economia
eminentemente agrária, mesmo após a industrialização do país, o
que acentuou ainda mais o seu cater conservador. A marca
reformista do movimento limita-se à perspectivas de modernização
da agricultura, permanecendo intocável a questão da propriedade da
terra. Por isso, prevaleceu durante muito tempo o cooperativismo de
serviços sobre a produção, modelo bem mais adequado à
concentração fundiária.
O cooperativismo desde então passou por várias transformações,
preservando, no entanto, as suas características iniciais, contribuindo para o
fortalecimento de diversos segmentos, que isoladamente, enfrentariam maiores
adversidades, em um mercado cada vez mais complexo e competitivo, que exige de
todos, profissionalização, qualidade, fortalecimento produtivo e capacidade integrada
de negociação.
4.3 Representações Cooperativistas
As cooperativas são coordenadas internacionalmente pela Aliança
Cooperativa Internacional (AIC), em inglês, International Cooperative Alliance, (ACI),
criada em 1895, sediada em Genebra, na Suíça. Congrega mais de 800.000
cooperativas e 800.000.000 de cooperados em todo o mundo. Trata-se de uma
associão não-governamental independente, que reúne, representa e presta apoio
às cooperativas e suas correspondentes organizações no mundo todo (OCB, 2008).
55
No Brasil, a representação de todo o sistema cooperativista nacional cabe à
Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), constituída no dia 2 de dezembro
de 1969, durante o IV Congresso Brasileiro de Cooperativismo.
Trata-se de uma sociedade civil, com sede em Brasília. Estruturada nos
termos da Lei 5764/71, formalmente criada em 1971, para atuar como representante
legal do sistema cooperativista nacional e como órgão técnico consultivo ao
governo, congregando as organizações estaduais constituídas com a mesma
natureza. Representa todos os ramos do cooperativismo brasileiro.
Em 1998 foi criado o Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo
(SESCOOP), uma instituição do Sistema S”, que veio somar a OCB com viés da
educação cooperativista. é uma entidade paraestatal, um serviço social autônomo, e
possui personalidade jurídica de direito privado, cuja criação foi autorizada por lei
específica, com patrimônio próprio, para realização de atividades e serviços de
interesse coletivo, sob normas e controle do Estado. (SESCOOP, 2008).
A criação do SESCOOP reflete a consolidação de um desejo do Sistema
Cooperativista Brasileiro, manifestado em diversos fóruns e eventos, especialmente
durante a realização do XI Congresso Brasileiro de Cooperativismo, no período de 4
a 7 de novembro de 1997.
4.4 Sociedades Cooperativistas
As sociedades cooperativistas segundo Bialoskorski Neto (1997, p. 522)
representam:
[...] uma organização que mantém o caráter permanente,
formada por indivíduos com objetivos comum, que visam o
desenvolvimento econômico que gere melhor qualidade
mercadológica e de vida a seus cooperados, que atuam como
proprietários e usuários da organização.
Mendonça (2001, p. 278) acrescenta ainda, que as organizações
cooperativistas, liberta as classes por elas representadas da:
[...] dependência das grandes indústrias por meio da união das
forças econômicas de cada uma; suprimem aparentemente o
intermediário, nesse sentido: as operações ou serviços que
constituem o seu objeto são realizados ou prestados aos próprios
sócios e é exatamente para esse fim que se organiza a empresa
cooperativa; diminuem despesas, pois que representando o papel
do intermediário, distribuem os lucros entre a ppria clientela
56
associada; em suma, concorrem para despertar e animar o hábito
da economia entre os sócios.
Mauad (2001, p. 35) congrega da mesma opinião de Mendonça (2001, p.
278), por destacar que a finalidade própria das cooperativas é melhorar a condição
de vida de seus sócios, através da supressão da figura do intermediário nas
relações econômicas, gerando a repartição de seus ganhos entre os associados”.
Lima Neto (2003, p. 134) acrescenta ainda: “A ênfase do sistema econômico
cooperativista está na valorização do indivíduo e não no capital, pois o resultado
final da ação conjunta reverterá para o desenvolvimento integral daquele grupo
humano”.
Já, para Morato e Costa (2001, p. 58) a organização cooperativista representa
um dos modelos mais avançados de organização da sociedade civil, ao proporcionar
o desenvolvimento sócio-econômico aos seus integrantes e à comunidade,
resgatando a cidadania por meio da participação, do exercício da democracia, da
liberdade e autonomia.
Bialoskorski Neto (2002, p. 64), congrega do mesmo entendimento de Morato
e Costa (2001, p. 58) ao afirmar que as cooperativas apresentam duas dimensões, a
econômica e a social, com foco no associado e na comunidade, ressaltando que a
consolidação do sistema cooperativista brasileiro tem papel significativo no
desenvolvimento da sociedade, pois promove, dentre outros benefícios, acesso a
crédito, saúde, educação, moradia, e ao mercado de trabalho, com
responsabilidades sociais e ambientais.
Argumenta ainda Bialoskorski Neto (2002, p. 74), que mesmo estando as
cooperativas focadas em seu trabalho na dimensão social, é a eficiência econômica
que determina o bom desempenho social da organização, que deve ser avaliado por
variáveis econômico-financeiras, como nível de renda dos produtores associados,
igualdade na posse de terra, entre outras variáveis.
Matos e Ninaut (2007, p. 53) apontam que o cooperativismo possui
importância significativa na economia brasileira, sendo um sistema capaz de alinhar
o desenvolvimento humano e sustentável devido aos seus princípios universais de
origem e evolução.
57
Oliveira (2006, p. 25), considerando todos os aspectos sociais e
diferenciações de uma organização cooperativista, propõem que dentro de um novo
modelo de gestão cooperativista:
[...] as cooperativas devem estruturar indicadores de
desempenho e mensuração dos resultados, de seus executivos e
funcionários, de sua interação com os cooperados e com o mercado
em geral, de suas vantagens competitivas, bem como de seus
principais concorrentes, entre outros indicadores específicos para
seus negócios e áreas de atuação.
Conforme pôde ser observado com as considerações teóricas apresentadas,
as cooperativas são empresas diferenciadas das empresas de capital, contudo
devem implementar estratégias individuais que possibilitem a essas organizações
atuarem com sucesso no mercado competitivo, preservando suas particularidades.
As principais diferenças entre as organizações cooperativistas e as demais
podem ser observadas na ilustração 4.1.
Critérios/
Organização
Sociedade
Mercantil
Associação
Cooperativa
Empresa de
Participação
O que é
Sociedade de
capital com fins
lucrativos
Sociedade civil
sem fins lucrativos
Sociedade civil de
fins econômicos
Sociedade de
capital com fins
lucrativos
Objetivos
Buscar o lucro
Representar e
defender
interesses e
organizar
atividades de
diversas naturezas
dos associados
Prestação de
serviços aos
cooperantes
Fomentar o
desenvolvimento
local e regional,
investindo em
pequenas e
médias empresas.
Buscar o lucro
Nº mínimo de
associados
Indeterminado
Mínimo de 02
pessoas físicas
e/ou jurídicas
Mínimo de 20
pessoas físicas
Mínimo de 02
pessoas físicas
e/ou jurídicas
Geração de
receitas
Onde houver
maior
rentabilidade
Taxas, doações,
fundos e reservas
Atividade
específica
Onde houver maior
rentabilidade
Forma de gestão
Voto proporcional
ao número de
ações ou cotas de
capital
Cada pessoa tem
direito a um voto
Cada pessoa tem
direito a um voto
Voto proporcional
ao número de
ações ou cotas de
capital
Comercialização
Realiza plena
atividade
comercial
Não realiza
operações
comerciais, mas
auxilia no
processo
Realiza plena
atividade
comercial,
buscando eliminar
os intermediários
Não realiza
operações
comerciais
Área de
abrangência
Limitada ao ramo
de atividade ou
foro
Limitada aos seus
objetivos
Limitada a seus
objetivos e
disponibilidade de
participação dos
Em todos os
segmentos
econômicos
58
cios
Retorno dos
resultados
Proporcional ao
capital investido
Não há
Eventuais sobras
o incorporadas
ao patrimônio
Conforme decisão
da Assembléia
Geral e
proporcional às
operações
realizadas pelos
cooperantes
Proporcional ao
capital investido
Responsabilidade
Proporcional à
participação no
capital social
Das diretorias
Proporcional ao
capital subscrito
LTDA: solidária,
sobre o total do
capital social
S.A: limitada à
participação
acionária
Remuneração dos
dirigentes
Remunerados
Não há
Ressarcimento de
despesas
Podem receber
pró-labore,
conforme
definição em
Assembléia Geral
Pró-labore fixado
em Assembléia
Geral e Conselho
de Administração
Ilustração 4.1. Quadro comparativo entre Sociedades Associativas e Empresas de Capital.
Fonte: OCB (2008) organizado pela autora.
Com relação às tendências de administração, Oliveira (2006, p. 3-14) destaca
as diferenças existentes entre empresas convencionais e organizações
cooperativistas na ilustração 4.2.
Tendências da Administração
Tendências do Cooperativismo
Forte abordagem comportamental, sustentada
por metodologias, técnicas e
Processos;
Interação entre os diversos sistemas
administrativos;
Divisão dos sistemas e processos
administrativos em partes;
Definição dos papéis dos executivos das
cooperativas;
Necessidade de comprometimento para com
os resultados negociados e estabelecidos;
Desenvolvimento de metodologias e técnicas
administrativas
Incremento do vel de cooperação entre
pessoas, grupos, atividades, regiões.
Ampliação e fortalecimento do nível de
concorrência entre e intra as empresas
e as cooperativas, enfatizadas pela criação de
vantagens competitivas reais,
sustentadas e duradouras.
Estruturas organizacionais cada vez mais
enxutas .
Evidência no princípio de que ser o maior não
é o melhor.
Aumento de fusões entre cooperativas.
Redirecionamento da estrutura de poder.
Qualidade total como premissa e não como
objetivo
Aceleração da evolução tecnológica
Redução do ciclo de vida dos produtos,
serviços e negócios.
Redução do nível de desperdício
Globalização das atividades das cooperativas
Atuação no novo contexto ecológico.
Profissionalização dos cooperados e das
cooperativas.
Organizado pela autora.
Ilustração 4.2. Quadro de Diferentes Tendências.
Fonte: Oliveira (2006, p. 3-14).
59
As cooperativas são empresas diferenciadas das empresas de capital,
contudo, devem implementar estratégias individuais que possibilitem a essas
organizações atuarem com sucesso no mercado competitivo, preservando suas
particularidades legais e princípios doutrinários.
4.5 Modelo de Gestão Cooperativista
A evolução do pensamento científico na administração produziu diversos
modelos de gestão, compatíveis às necessidades do momento de sua criação.
Como todo conhecimento, a ciência da administração sofre um constante repensar,
produzindo estratégias que sejam capazes de assegurar as organizações vantagem
competitiva, face às novas demandas.
A partir da Revolução Industrial a Administração tem procurado desenvolver
modelos de gestão que sejam capazes de atender as contingências temporais
(Ilustração 4.3). Tais modelos, inicialmente, foram construídos para atender a
maximização do lucro em estudos que resultassem no aumento da produtividade.
Esses estudos vieram fundamentar as teorias do campo da racionalização do
trabalho, base da Escola da Administração Científica e Clássica.
Adaptado pela autora.
Fonte: Santos et. al. (2006).
Ilustração 4.3. Figura evolução da administração.
Os Clássicos da Teoria da Administração pautaram seus conceitos sob o
ponto de vista da interação e interdependência entre cinco variáveis principais:
Tarefas, Pessoas, Tecnologia, Ambiente e Estrutura, cada qual objeto específico de
estudo por parte de uma ou mais correntes da teoria administrativa. Essas cinco
variáveis constituem os principais componentes no estudo da administração das
60
organizações, e devem, segundo Fayol, em Administração, serem medidas,
ponderadas e aplicado o bom senso, uma vez que os princípios que regulam a
empresa devem ser flexíveis e maleáveis, e não rígidos. (CHIAVENATO, 2001, p.
105).
Assim o sucesso de uma organização está na capacidade de integrar
diversos processos, na exploração otimizada dos recursos: produto, serviço, pessoal
e imagem, que ofereçam valor e satisfação ao cliente. Sendo este portanto, o grande
desafio das organizações.
Com a globalização as organizações romperam barreiras geográficas e
culturais, desenvolvendo estratégias universais com foco local. Não é mais possível
centrar a ação de gerenciamento pautado apenas nas necessidades internas das
organizações, que se ter uma visão do todo e se integrar ao todo, sendo este o
paradoxo existente entre as teorias clássicas e a nova realidade que as
organizações enfrentam ao atender as novas demandas do mercado e da sociedade
como um todo.
A seleção de um modelo de gestão que atenda as necessidades de uma
organização é algo complexo. Segundo Have et al. (2003, p. 14), mesmo sendo o
modelo tecnicamente adequado, “poderá não levar ao resultado desejado”. Nesse
caso, os autores argumentam que “o modelo não tem necessariamente de ser
rejeitado; em vez disso, depende de como o gerente entende a situação, faz os
ajustes necessários para levar a organização de volta ao normal e alcance o objetivo
original”.
A palavra modelo, para Oliveira (2006, p. 39) pode ser conceituada “como a
representação, abstrata e simplificada, de uma realidade cooperativa em seu todo
ou em partes”. E gestão, ainda segundo o autor, pode ser conceituada “como o
processo interativo de desenvolver e operacionalizar as atividades de planejamento,
organização, direção e avaliação dos resultados da cooperativa”.
A origem, no entanto, da palavra Gestão, deriva do latim gestione que
significa gerir, gerenciar, administrar, e segundo Cornachione Jr. (1999, p. 73):
[...] guarda relação com a condução, administração dos
recursos ante as metas propostas e estabelecidas para a empresa.
Representa a ação de gerir, efetivada pelos gestores; ação que se
vale desde processos mentais (abstratos) a mesmo os físicos.
61
A gestão é, então, o ato de gerir fazer com que as coisas aconteçam
através de decisões que conduzam aos objetivos almejados. Segundo Parisi e Jesus
(2001, p. 119) “o modelo de gestão está para a empresa assim como a constituição
está para o país”.
Segundo Ferreira et. al. (2005, p. 17), em qualquer modelo de gestão se
encontram presentes duas dimensões que devem ser consideradas: a forma e a
função”. Entende os autores, que o modelo de gestão é resultado da configuração
organizacional adotada e das tarefas a serem cumpridas.
Um modelo de gestão é o resultado entre a realidade da organização e o
processo empregado por ela para integrar e operacionalizar suas atividades de
planejamento, organização, direção e avaliação dos resultados organizacionais.
Assim, um modelo de gestão, seja qual for, deverá ser alicerçado no planejamento,
organização, coordenação, direção e controle (ANDRADE; AMBONI, 2007, p. 65), já
identificados por Fayol nos primórdios da administração clássica, como necessários
a qualquer organização.
Oliveira (2006, p. 26), considera que o modelo de Porter, de maior utilização
em nível mundial, deve ser considerado na gestão cooperativista (ilustração 4.4).
Ilustração 4.4 Esquema das cinco forças do delineamento estratégico.
Fonte: Oliveira (2006, p. 26).
Considerando esses aspectos, Oliveira (2006, p. 40-43) identificou que os
problemas que se apresentam de forma comum na gestão das cooperativas, são:
Falta de cooperação entre as cooperativas.
Inexistência de adequados modelos de gestão.
Modelos de gestão centralizados.
Não saber trabalhar com a concorrência.
62
Confusão entre “propriedade de gestão” e “propriedade da cooperativa.
Assim, segundo o autor, tais problemas podem ser solucionados com a
utilização de soluções simples, tais como:
Cadastro dos cooperados.
Núcleo de cooperados sustentados por agentes.
Informações adequadas e atualizadas.
Plano estratégico com indicadores de desempenho.
Classes de cooperados pelo nível de interação com a cooperativa.
Foco nos jovens e nos filhos de cooperados.
Tal posicionamento de Oliveira está fundamentado na necessidade das
organizações cooperativistas estarem atentas as forças mercadológicas, para
adequar sua estrutura e produtos a essas demandas. Lembrando que a não
observância desses fatores comprometerá o desempenho econômico, fundamental
para o bom desempenho social das cooperativas.
4.6 Cooperativas agropecuárias
As primeiras cooperativas agropecuárias surgiram em Minas Gerais, a partir
de 1907, com forte apoio do governo estadual, que tinha como objetivo eliminar os
intermediários da produção agrícola, principalmente do café, controlada por
estrangeiros. Foi concedido, naquela época, às cooperativas de café, uma seção
exclusiva, com isenções fiscais e estímulos materiais.
Tamm na mesma época, na região Sul do país, incentivado pelos
imigrantes alemães e italianos, conhecedores do sistema cooperativista europeu,
cresce o movimento cooperativista agropecuário.
Atualmente, o movimento está presente em todo o país, com participação
expressiva nas exportações e no abastecimento interno de produtos alimentícios,
formando o segmento economicamente mais forte do sistema cooperativista
brasileiro (OCB, 2008).
O ramo agropecuário é composto por cooperativas de produtores rurais ou
agropastoris e de pesca, cujos meios de produção pertençam ao cooperado. Essas
cooperativas geralmente cuidam de toda a cadeia produtiva, desde o preparo da
terra até a industrialização e comercialização dos produtos.
63
Segundo, dados de dezembro de 2007 da OCB (2008), a importância do
ramo agropecuário é representado pela força expressiva de seus números:
Número de cooperativas em atividade: 1.544
Número total de agricultores associados: 879.649
Número de empregos diretos nas cooperativas: 139.608
Participação no PIB Agropecuário: 38,4%
Participação no PIB Cooperativo: 47,5%
Participação no PIB Cooperativo: 47,5%
Exportações Diretas (2007): USD 3,3 bilhões
É crescente a importância das cooperativas junto a economia nacional,
contribuindo para o fortalecimento da agricultura familiar, promovendo o acesso a
mercados diferenciados e aumentando a renda de seus participantes, e
consequentemente, integrando atores e objetivos em prol de um crescimento
sustentável e eqüitativo.
4.6.1 Gestão nas Cooperativas Agropecuárias
As cooperativas agropecuárias brasileiras caracterizam-se por apresentar
uma estrutura “mista”, modelo de cooperativa mais difundido no mundo. Essa
denominação é dada pelos serviços que presta: crédito, compra de insumo,
beneficiamento e comercialização da produção, consumo doméstico, utilização de
equipamentos. Para Rios (1987), essas cooperativas têm como objetivo melhorar as
condições do empreendimento agrícola e aumentar a renda de seus membros pela
utilização comum de certos meios e serviços.
As maiores cooperativas agropecuárias brasileiras têm evoluído para um
modelo de gestão que envolve sua participação em todas as etapas da cadeia
produtiva, utilizando tecnologia de ponta e praticando os melhores conceitos de
marketing, explorando mercados globais de commodities, bem como a inserção em
nichos de mercado como: Fair Trade, Orgânicos, Cafés do Cerrado e Sustentáveis.
Ampliando assim, as oportunidades, garantindo melhores preços e retorno aos
diversos associados (UNICAFES, 2008).
64
O segmento tem evoluído para uma estrutura que vai além das atividades
básicas e comuns a grande parte dessas organizações, o que exige a
profissionalização de sua gestão. A utilização dos recursos de forma eficiente e
eficaz se tornou necessária para suportar as diversas interferências a que essas
organizações estão sujeitas, exemplo disso pode ser observado no Complexo
Agroindustrial do Café CAC - (Ilustração 4.5), onde a ação de um ator age sobre o
outro, intermitentemente, provocando, ora equilíbrio, ora exigindo um novo
reposicionamento frente a situações as quais não é possível controlar, como as
flutuações de preços e moedas, políticas governamentais internas e externas
(subsídios, barreiras tributárias, sanitárias, etc.), mudanças climáticas, o
comportamento do consumidor e outros fatores mais.
Fonte: Oliveira (1994).
Ilustração 4.5 Esquema do Complexo Agroindustrial do Café (CAC)
65
A crescente participação de algumas cooperativas na exploração de diversos
segmentos mercadológicos, seja oferecendo produtos in natura ou processados, tem
levado a diversos debates, uma vez que alguns acreditam que essas organizações
caminham cada vez mais para os princípios capitalistas, contrariando assim, o
cooperativismo.
[...] grande parte das cooperativas brasileiras, tornaram-se
representantes do poder econômico, passando a enfrentar a
concorrência através do aumento da renda e do patrimônio e não
por meio da organização, da educação, da participação e da
inclusão sócio-econômica dos seus cooperados. Por conseqüência
disso, muitas cooperativas aproximaram sua prática à prática das
empresas comerciais, afastando a direção do quadro social -
legítimo responsável pelo destino da cooperativa reduzindo a
atuação dos cooperados a uma participação meramente passiva
(UNICAFES, 2008).
Considerando que para Silva (1994, p. 42), a finalidade principal de uma
cooperativa tradicional é a melhoria da condição socioeconômica de seus
cooperados, um modelo de gestão voltado para o lucro romperia essa união. Nesse
sentido, Bialoskorski Neto (2001, p. 57) aponta que:
[..] o objetivo de uma cooperativa é a prestão de serviços a
seus associados, ou seja, o objetivo é trabalho, não lucro como nas
empresas de capital. As sociedades cooperativas são
caracterizadas como sociedades de pessoas, nas quais cada
associado tem direito a um único voto, diferentemente das
sociedades de capital, nas quais o voto é proporcional ao capital de
cada investidor, além de não possuírem uma exisncia autônoma e
independente de seus membros, do ponto de vista econômico, como
ocorre nas sociedades de capital.
Ainda o mesmo autor (2001, p. 58), argumenta que:
[...] apesar de a maioria das cooperativas afirmar que foca seu
trabalho na dimensão social, é a eficiência econômica que
determina o bom desempenho social da cooperativa, o qual pode
ser avaliado por variáveis econômico-financeiras, como nível de
renda dos produtores associados, igualdade na posse da terra, entre
outras variáveis. Desempenho econômico e de mercado é condição
fundamental para o bom desempenho social das cooperativas.
O conflito entre o social e capital, na gestão cooperativista também é
apontado por Pedrozo (1993, p. 64):
As cooperativas agropecuárias enfrentam o problema da dupla
complexidade porque no seu relacionamento com o associado
66
devem seguir os princípios de solidariedade cooperativa, segundo
os quais o associado tem papel central, ao passo que na gestão
devem ser organizadas como empresa privada, seguindo uma lógica
de mercado.
para Zylbersztajn (2000, p. 57) os problemas na gestão cooperativista são
oriundos do pressuposto de oportunismo e incentivos que afetam as relações entre
cooperados e cooperativa, uma vez que os aspectos doutrinários não são suficientes
para garantir baixos custos de transação entre cooperativa e cooperado. Tal
situão se segundo o autor, por estar a relação de governança coorporativa
comprometida, uma vez que propriedade e controle se confundem, provocando
deficiência na administração executiva.
Bialoskorski Neto (2001, p. 721-722) acrescenta que:
As sociedades cooperativas, como empresas não “lucrativas”,
são de difícil controle por parte dos cooperados, individualmente ou
mesmo por parte da assembléia geral. Esta situação, aliada ao
despreparo administrativo dos produtores associados, leva a um
resultado que pode ser descrito como uma situação difusa para a
propriedade, mas concentrada para o controle.
A concentração do controle apontada por Bialoskorski Neto (2001, p. 721-
722.), favorece o surgimento da autocracia, tendo sempre o mesmo nome como
presidente ou diretor. Tal situação favorece o desenvolvimento de uma relação ou
“clima” de desconfiança entre os cooperados, uma vez que o cooperado que
permanece por longos períodos no controle organizacional, pode desenvolver um
sentimento de propriedade uno da organização, o que acarretará em tomadas de
decio que comprometam o princípio de participação e democracia do sistema
cooperativista.
Para que isso não ocorra Oliveira (2006, p. 20-21) e Bialoskorski Neto (2001,
p. 722-723), são favoráveis que as empresas cooperativas contratem profissionais
experientes para as diversas gerências do negócio associado, o que favorecerá a
relação entre propriedade e controle, contribuindo para uma governança equilibrada
com os diversos interesses (Ilustração 4.6).
67
Fonte: Oliveira (2006, p.:56)
Ilustração 4.6 Relação da gestão cooperativa
Finalizando, um consenso entre os diversos autores referenciados que a
questão doutriria do cooperativismo quanto à inexistência do lucro é um dos
principais entraves do fortalecimento do modelo, pois estimula uma tendência de
maximização do ganho isolado do cooperado, e não de sua cooperativa. Assim,
desenvolver um modelo de gestão que seja coerente com os princípios doutrinários
do cooperativo mas, que tamm côngrua a maximização da eficiência física na
utilização de insumos com a maximização da eficiência econômica, se torna o
grande desafio a ser vencido por todos os atores envolvidos no sistema.
4.7 Mercado Cooperativista Brasileiro
O cooperativismo brasileiro é uma das forças da economia no país, gerando
6% do Produto Interno Bruto (PIB), 218.415 empregos diretos e US$ 3,30 bilhões de
exportações, que envolve uma complexa rede de 7.672 cooperativas, com mais de
sete milhões de associados, registradas na Organização das Cooperativas
Brasileiras (OCB), juntamente às suas 27 organizações estaduais (MAPA, 2008)
O sistema cooperativista é composto por 13 ramos (Tabela 4.1). O ramo mais
forte em termos de faturamento é o agropecuário. Em mero de cooperativas é o
de trabalho e, em número de cooperados, é o ramo de consumo (OCB, 2008).
68
Tabela 4.1 Cooperativismo por ramo de atividade (2007).
Fonte: OCB (2008).
No ramo agropecuário segundo dados da OCB (2008) são contabilizadas
1,54 mil cooperativas e 879,65 mil associados, gerando 139,61 mil empregos
diretos. Ressalta-se que a participação dessas cooperativas no PIB Agropecuário é
de 37,00%. Os números das cooperativas, associados e empregados, segundo
último senso realizado pela OCB, considerando os ramos de atuação, estão
dispostos na tabela 41 e na Ilustração 4.7.
Ilustração 4.7. Gráfico Cooperativismo por ramo de atividade (2007).
Fonte: OCB (2008).
69
Segundo a OCB (2008), No ano de 2007 foram observadas 7.672
cooperativas filiadas ao seu sistema, destacando-se os ramos: trabalho,
agropecuário, crédito, transporte e saúde, que juntos representam 83,19% do total
de cooperativas. Os ramos trabalho e agropecuário apresentaram 1.826 e 1.544
cooperativas, respectivamente, seguidos pelo crédito, com 1.148 cooperativas.
A OCB destaca que a evolução do número total de cooperativas no Brasil, no
intervalo considerado entre os anos de 2000 e 2007, apresentou crescimento de
29,97%, passando de 5.903 cooperativas para 7.672. Avaliando-se os dois últimos
anos, o mero de cooperativas no Brasil mostrou uma evolução de 0,91%
(ilustração 4.8).
Ilustração 4.8. Gráfico do número de cooperativas no Brasil entre 2000 e 2007.
Fonte: OCB (2008).
Ainda, segundo a OCB, a redução no número de cooperativas observado em
2003 e 2004 (Ilustração 4.8), é causada pela queda no número de cooperativas do
ramo agropecuário devido à crise da agricultura brasileira ocorrida nesses anos. Tal
fato está associado à redução das cotações das principais commodities
agropecuárias e à elevação do endividamento rural no Brasil.
A evolução do número de associados das cooperativas brasileiras segundo a
OCB, considerando-se o intervalo compreendido entre os anos 2000 a 2007,
mostrou um crescimento de 65,35% no período, passando de 4,65 milhões em 2000
para 7,69 milhões no ano de 2007. Destaca-se que o crescimento foi contínuo no
70
período visualizado, com uma taxa anual de evolução de 9,34%, conforme ilustrão
4.9.
Ilustração 4.9 Gráfico evolução do número de Associados (2000 a 2007).
Fonte: OCB (2008).
O cooperativismo nacional tem demonstrado, conforme corrobora os gráficos
acima apresentados, que mesmo havendo pontos conflituosos no segmento, é
evidente o fortalecimento do setor, tanto pela expansão mercadológica, quanto pelo
número de associados, que ano após ano, tem apresentado uma ascensão
contínua. Vale lembrar, no entanto, que para que se consolide de forma sustentável
a ascensão identificada (ilustração 4.9), é necessário que haja o saneamento dos
problemas identificados por Cunha (1995, p. 54) que são:
a. acabar com o paternalismo, clientelismo e se conscientizar de que no
atual ambiente econômico não há lugar para administração amadora,
nem para ingerências políticas;
b. entender que a competição entre cooperativas prejudicará o sistema
cooperativo como um todo;
c. organizar seus cooperados visando à obtenção de um melhor
resultado econômico de suas atividades, e
d. compreender que a competitividade não pode ser alcançada com o
crescimento vertical individual, mas sim com o crescimento vertical
entre cooperativas, por meio de alianças estratégicas.
O prosseguimento das diversas ações, governamentais, e o
governamentais, de incremento e incentivo ao cooperativismo tamm devem ser
71
contínuas. Bem como o esforço coletivo, de todos os envolvidos no segmento de
conciliar a doutrina cooperativista a moderna gestão de valor, para que os objetivos
precípuos sejam alcançados da melhor forma.
Encontrar o ponto de equilíbrio entre o capital e o social, considerando a
natureza econômica de suas atividades é a chave para o fortalecimento do ramo
cooperativista agropecuário.
4.8 Cooperativas de Café
Segundo a OCB (2008), são 74 cooperativas envolvidas no Brasil no
agronegócio café, e dessas, em torno de 40, têm o café como produto
preponderante. Essas cooperativas estão localizadas em oito estados brasileiros, a
saber: Bahia, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso, Paraná, Rondônia
e São Paulo. São mais de 100 mil cooperados, assim estratificados:
Fonte: OCB (2008)
Tabela 4.2 Estratificação das cooperativas de café no Brasil
Através da análise de produção comparada ao número de associados (tabela
4.2), é possível auferir que a cultura cafeeira brasileira se caracteriza em uma
atividade de pequenos produtores, que segundo a ABIC (2008), apresenta
distribuição "perversa" pois, 4,89% dos produtores representam 42,56% do volume
total produzido.
Aproximadamente 30% da produção brasileira de café está organizada junto
as cooperativas, o que representa, segundo a OCB (2008), em média, 10 milhões de
café, por ano, gerando em torno de 8,4 milhões de empregos, podendo-se afirmar
que 2,5 milhões aproximadamente, estão ligados às atividades das cooperativas.
As cooperativas de ca cumprem assim, um importante papel social, uma
vez que os associados têm nas cooperativas o sustentáculo de suas atividades e,
acrescenta ainda a OCB, que “nas localidades onde ocorre a presença de
72
cooperativas, é observado equilíbrio de preços, nos insumos e nos produtos
agropecuários fatores esses essenciais para o melhor retorno financeiro ao
produtor.
No entanto, as cooperativas de café, como tantas outras nos seus diversos
ramos, enfrentam problemas, que são identificados comumente nas análises de
diversos especialistas ligados ao setor, e tamm abordadas por Batalha (2007),
Bialoskorki Neto (2007), Oliveira (2006) e Callado (2006) em suas obras - a título de
exemplo - que são:
Consolidação É necessária a redução de unidades cooperativas, uma vez
que o mercado é muito consolidado. Segundo a ABIC (2008) cinco empresas
respondem por 50 % das exportações mundiais. Outras cinco respondem por
60% da industrialização. Os dez maiores exportadores de café do Brasil,
respondem, hoje, por aproximadamente 60% das exportações. dez anos
atrás, respondiam por 40% e o processo de consolidação continua. No setor
de torrefação brasileiro, o processo de consolidação é recente e começou
com a chegada da Sara Lee, que adquiriu a União, o Café do Ponto e o Café
Seleto. Depois a Elite-Strauss, adquiriu o Café Três Corações e agora se
associou ao Café Santa Clara. A Melitta comprou o Café Bom Jesus. Hoje,
estas empresa já têm mais de 30% do mercado, e o processo continua.
Capitalização - A cooperativa é uma sociedade de pessoas em uma
economia capitalista. Como concorrer? A OCB está totalmente empenhada
na busca de mudanças da lei que rege o cooperativismo, desde 1967, para
atender às exigências da economia moderna, sem ferir nenhum princípio
básico do cooperativismo. Recentemente, reconhecendo esta realidade o
governo criou uma linha, para capitalização das cooperativas de crédito. No
entanto, apesar de todo o esforço do setor, as cooperativas de produção não
foram contempladas.
Fidelização - Aqui encontra-se mais um desafio importante. Como fidelizar o
cooperado? Será que as cooperativas são competentes para atender às
necessidades dos produtores?
Governança e Gestão Corporativa - Cooperativas têm que ser geridas por
profissionais competentes, sejam eles cooperados ou o, não existe mais
espaço para o amadorismo em um mercado globalizado e tão competitivo.
73
As orientações dos diversos autores e especialistas são para que as
cooperativas de café sejam conduzidas para a autosustentabilidade, que engloba as
diretrizes relacionadas à profissionalização da gestão, capitalização, diversificação
de atividades, modernização e alianças estratégicas e à promoção da agregação de
valor ao produto, via verticalização do processo produtivo, como meio para sanar os
graves problemas que atormentam sua capacidade financeira e a eficncia de sua
gestão.
74
CAPÍTULO 5 QUALIDADE NO AGRONEGÓCIO CAFÉ
5.1 Qualidade no Agronegócio
Garantir a qualidade, segundo Juran (1991, p. 3) possibilita oferecer proteção
contra os problemas da qualidade por meio de alertas dos problemas que podem
surgir ao longo do processo, interno e externamente. A garantia nesse caso é
concedida de forma tangível, dada pela evidência objetiva, porém o tipo de evidência
varia muito de acordo com as pessoas que pedem a garantia e com a natureza do
produto.
Os produtos oriundos do agronegócio, muitas vezes, tem sua garantia fixada
pelo exame sensorial direto ao produto coloração e forma do grão do café. os
produtos manufaturados de natureza simples e vida curta, tem além da percepção
sensorial, testes de laboratório que comprovem sua qualidade e validade. Porém
produtos que oferecem facilidades para efetuar testes e dependem da palavra do
produtor ou fabricante, ou ainda, das informações obtidas após o uso (JURAN, 1991,
p. 3).
No entanto, segundo Toledo (2006, p. 467), a qualidade de um processo ou
um produto somente terá sucesso e poderá beneficiar o agronegócio se:
• For reconhecido pelo público alvo dos processos ou produtos.
Se for e identificar a adoção de Sistemas de Gestão pela Qualidade por
parte do produtor, fabricante e comercializador.
Demonstrar que é uma ferramenta adequada para atestar segurança dos
produtos ofertados e de que os processos adotados garantam a qualidade
dos produtos gerados.
Se o gerenciamento da qualidade, mesmo com a apresentação de
certificações e selos de qualidade não transmitirem aos compradores e
consumidores os aspectos acima abordados não serão de nenhuma valia.
A escolha por determinada marca ou produto pelos consumidores envolve
diversos fatores. O mais evidente é a qualidade intrínseca dos produtos (aspecto,
cheiro, cor entre outros). Não menos importante é o custo, e para isto ganhos de
escala, melhoria nos processos, e outros são fundamentais para aumentar a
competitividade. Outro aspecto é a segurança alimentar, e para isso deve-se
75
implantar um rigoroso controle de qualidade da matéria-prima e controle de
processos para se evitar contaminação física, microbiana e química (antibióticos,
praguicidas, e outros). A eficiência no atendimento, ou eficiência logística tamm é
outro fator crítico. Por fim destaca-se a relação entre organização e seus
colaboradores, a credibilidade da marca, a responsabilidade social e ambiental, além
de outros atributos intangíveis (TOLEDO, 2000, p. 467-481).
A qualidade pode ser entendida como um conjunto de atributos que
caracterizam determinado produto e que o do conhecimento do
consumidor, logo, a qualidade quando percebida agrega valor. Investir em
qualidade é investir na satisfação do cliente e na melhoria continua do
processo (ZYLBERSZTAJN et al, 1993).
A adoção de procedimentos gerenciais adequados, associados a estratégias
de coordenação das atividades dos atores envolvidos no agronegócio leva a
eficiência econômica dos empreendimentos.
5.2 A Qualidade no Café
A qualidade do café pode ser definida como um conjunto de atributos físicos,
químicos, sensoriais e de segurança que atendam os gostos dos diversos tipos de
consumidores. Na análise da qualidade do café, levam-se em consideração os
fatores edafo-climáticos regionais, espécies e variedades cultivadas, o manejo no
período de pré-colheita (adubações, agroquímicos, sombra, et al...), de colheita (café
colhido no pano, no chão, varreção) e de pós-colheita (tipo e qualidade de processo
de secagem e processamento) (PEREIRA apud MOREIRA, 2008, p. 29).
A valorização da qualidade no segmento cafeeiro é uma antiga preocupação,
levando os setores ligados à atividade cafeeira no Brasil a elaborar normas de
classificação do produto.
A classificação do café no Brasil (COB - Classificação Oficial Brasileira - Dec.
LEI 27.173 de 14/9/49) é determinada através do tipo baseado nos defeitos das
características de qualidade e pela qualidade de bebida. Com relação ao tamanho
dos grãos, que é uma das qualificações apreciadas no Decreto nº 27173 de 14/9/49,
estes são qualificados segundo as dimensões dos crivos das peneiras oficiais que o
retenham.
Em 11 de junho de 2003, foi aprovado o novo Regulamento Técnico de
Identidade e de Qualidade para a Classificação do Ca Beneficiado Grão Cru. A
76
Instrução Normativa nº 8, que trata da aprovação do novo regulamento técnico e que
revoga a Instrução Normativa - SARC 048, de 16 de agosto de 2002, entrou em
vigor no dia 13 de junho de 2003, data em que foi publicada no Diário Oficial da
União.
A falta de uma melhor orientação aos cafeicultores na fase de preparo e de
pós-colheita e até mesmo na fase industrial, o baixo rendimento e o menor
aproveitamento do produto “in naturao fatores que justificam a necessidade de
se promover o controle de qualidade de café, de modo a facilitar as operações de
certificação, classificação e comercialização do café (ABIC, 2007).
Ao investir na qualidade e em novos conhecimentos o agronegócio café
possibilitará aos produtores, empresas privadas, cooperativas e demais órgãos
envolvidos com a cafeicultura acesso a novos mercados e melhores preços aos
produtos ofertados.
A classificação do café é uma fase muito importante no processo da
comercialização do café. É importante e necessário que o produtor conheça pelo
menos um pouco do sistema, para poder avaliar o seu produto e não ficar apenas
confiando nos dados fornecidos por aqueles que comercializam o café.
A determinação da qualidade do café brasileiro compreende duas fases
distintas: a classificação por tipos ou defeitos e a classificação pela bebida.
Além desses dois aspectos principais o café pode também ser classificado
por: peneira; cor; torração; descrição.
A classificação do café por tipo é feita com base na contagem dos grãos
defeituosos ou das impurezas contidos numa amostra de 300g de café beneficiado.
Esta classificação obedece à Tabela Oficial para Classificação, de acordo com a
qual cada tipo de café corresponde a um número maior ou menor de defeitos
encontrados em sua amostra.
São considerados defeitos os grãos imperfeitos (chamados defeitos
intrínsecos) grãos pretos, ardidos, verdes, chochos, mal granados, quebrados e
brocados e as impurezas (defeitos extrínsecos) tais como cascas, paus, pedras,
cafés em coco ou marinheiros encontrados na amostra. A cada um desses grãos
imperfeitos ou impurezas corresponde uma medida de equivalência de defeitos, que
rege a classificação por tipo.
Ações governamentais como a determinação da classificação do café, criação
de um selo de qualidade de atesto estadual, incentivos a criação de uma bolsa de
77
produtores de café de excelência, promão do marketing regional, apoiando e
capacitando o produtor, tem aquecido o setor (ABIC, 2007).
Segundo Brando (1998, p. 48) a qualidade no café deve considerar também,
os três níveis de percepção do consumidor com relação ao produto, que são:
mercado/físico - transferir a sensação de produto confiável e regular, em
termos de suprimento, com consistência e manutenção da qualidade,
facilidade de obtenção e preços competitivos;
coração/emocional - realçar a diversidade de cafés, presença da
característica de doçura e suavidade naturais, direcionando a decisão de
consumir para o campo da percepção do sabor;
• mente/filosófico - associar o produto à sua forma de produção natural,
socialmente correta em termos de sustentabilidade e geração de empregos.
Oferecer um café que possa ser reconhecido pelo conjunto de atributos
qualitativos nele inseridos, exige um esforço produtivo e de marketing. Considerando
a complexidade do segmento cafeeiro nacional, que atende ao mercado
internacional e ao mesmo tempo, tem no mercado local, o segundo maior mercado
consumidor de café do mundo, a qualidade é fator de sustentabilidade e deve ser
compreendida e praticada por todos os elementos que compõem sua cadeia
produtiva.
5.2.1 Qualidade do Café no Campo
A preocupão com a qualidade do café começa no campo. Na produção
cafeeira, os cuidados iniciam-se com a escolha do local de plantio (altitude, tipo de
solo, vertente de insolação), o espaçamento entre as plantas, os cuidados com
adubações, o controle de doenças e pragas (EMBRAPA, 2007).
Finalizando o processo, m as decisivas fases de colheita, secagem e
processamento, quando se deve ter muito cuidado para que não se perca tudo o que
foi conquistado em cada ano de cultivo.
Na colheita, os frutos devem estar em seu ponto máximo de maturação, e ser
colhidos sem que entrem em contato com a terra, para que não se contaminem com
microorganismos. Após a colheita, devem passar pela pré-limpeza, retirando as
impurezas vindas do campo (folhas, torrões e paus), e lavados o mais rápido
78
possível, para retirar poeira e separar os frutos com diferentes fases de maturação
(cereja, verde e seco) (TEIXEIRA et al, 2004, p. 26-27).
Depois de lavado, o café é secado no terreiro (ao sol) ou em secadores
mecânicos. Após secagem completa, o café passará pelo beneficiamento (retirada
da casca) e pelo rebeneficiamento, onde serão retirados grãos verdes, pretos,
defeituosos, ardidos, brocados, ficando pronto para o comércio e a industrialização.
A torra e o grau de moagem o fundamentais para a definição do tipo de
bebida. O ponto de torra ideal, que revela todo o sabor e aroma tem a cor de
chocolate. a moagem define a forma de preparo do café, por exemplo, moagem
fina é usada para o preparo de café turco e moagem grossa para cafeteiras italianas
(ABIC, 2007).
Após todo o cuidado exigido no processo produtivo, que irá garantir a
qualidade ou o do produto ofertado, passa-se as etapas seguintes, onde a
qualidade no processo irá ser responsável pelo produto que chega junto ao
consumidor.
A produção de café exige cuidado redobrado por todos os agentes da cadeia
produtiva para que se garanta a qualidade do produto final, que pode ser medido,
segundo Vanin (2007) por parâmetros pautados nas características sensoriais, que
são:
Acidez: Sensação obtida na parte lateral da língua, onde, se for intensa
pode causar uma certa salivação. Este atributo é perceptível em certos
cafés e pode variar de acordo com a região produtora, clima e forma de
preparo e secagem dos grãos. No Brasil, os cafés são poucos ácidos;
Aroma: São os elementos voláteis liberados pela bebida do café e
perceptíveis através do olfato. Os aromas podem ser: frutado, floral,
adocicado ou de pão torrado ou outros. Bons cafés têm aroma pronunciado;
Amargor: É o gosto produzido por substâncias como a cafeína, trigonelina,
ácidos cafeicos e químico, além de outros compostos fenólicos, e deve ser
equilibrado nos cafés de melhor qualidade. A intensidade deste atributo
varia de acordo com o blend, torra e moagem. Amargor forte ou muito forte,
que molesta a garganta, é proveniente de cafés piores e também de uma
torra muito acentuada (escura) ou ainda de um tempo excessivo de contato
da água com o pó de café (moagem fina).
79
• Corpo: É uma sensação na boca causada por uma persistência no paladar e
que enriquece a bebida do café. O café pode ter corpo leve, normal (médio)
ou intenso (encorpado).
Doçura: Os cafés mais finos apresentam um sabor adocicado, que permite
que sejam bebidos sem adição de açúcar. Os cafés podem ter doçura
variando de nula (sem doçura) até "muito boa".
Sabor: É classificado como mole, duro, riado ou rio. Mole: gosto doce,
agradável, ácido. Duro: gosto amargo e adstringente (sensação de secura
na boca). Riado: gosto ligeiramente químico. Rio: gosto químico medicinal.
Sabor Residual (after taste): É o sabor que permanece na boca após a
degustação do ca. Ele pode ser intenso e agradável nos cafés de melhor
qualidade. Uma característica de um café com sabor residual positivo
remete à degustação da segunda xícara.
Observa ainda Vanin (2007), a importância da torrefação, uma vez que o grau
da torra afetará diretamente o sabor do café, assim, alerta que o bom ponto de torra
é função do binômio temperatura x tempo.
80
CAPÍTULO 6 - METODOLOGIA
O pensar científico envolve necessariamente a possibilidade de se sujeitar as
descobertas realizadas a testes e críticas intersubjetiva, isto porque o objetivo não é
simplesmente descrever a realidade empírica observada, mas sim procurar
respostas cada vez mais seguras e confiáveis aos problemas propostos, com o
intuito de produzir conhecimentos objetivos sobre a realidade.
A partir da compreensão da relevância da pesquisa científica na construção
do conhecimento, e considerando, segundo Gil (2008, p. 17), que a pesquisa pode
ser definida como o procedimento racional e sistemático que tem como objetivo
proporcionar respostas aos problemas que são propostos quando não se dispõe de
informação suficiente, procurou-se com esse trabalho analisar a atuão das
cooperativas de café, um segmento de significativa importância sócio-econômica ao
Estado de Rondônia.
6.1 Quanto aos Procedimentos e Técnicas
Para que os objetivos fossem atingidos coube a escolha adequada do método
de pesquisa a ser empregado, uma vez que segundo Siena (2007:13), “o método é o
caminho; a forma; o modo de pensamento. Forma de abordagem em nível de
abstração dos fenômenos. É o conjunto de processos ou operações mentais
empregados na pesquisa”.
Assim, a partir da contribuição de Siena, na fase inicial procurou-se reunir a
maior quantidade de informações acerca do assunto estudado, através da pesquisa
bibliográfica e documental, fundamentada em obras que oferecessem
sustentabilidade a investigação, contribuindo para:
a) adquirir maior familiaridade com os termos, conceitos e denominações
utilizadas pelos envolvidos no cooperativismo cafeeiro;
b) auxiliar a criação de um contexto propício à discussão;
c) fornecer elementos suficientes para a escolha do método de coleta de
dados a ser utilizado.
81
Considerando esses aspectos, foram analisadas diversas obras cujos temas
abordam: agronegócio, cooperativismo, gestão cafeeira em seu contexto qualitativo
e mercadológico, e outros que se fizeram necessários no decorrer da pesquisa.
6.2 Características da Pesquisa
Considerando o objeto deste estudo que é analisar a contribuição prestada
pelas cooperativas de café com vistas à melhoria da gestão dos empreendimentos,
objetivando a sua sustentabilidade econômica, optou-se pelo estudo de casos
múltiplos, que Gil (2002, p. 137), fazendo uso da literatura pertinente sobre o
assunto, observa que para auferir o resultado almejado no uso desta ferramenta
metodológica, deve ser observado um conjunto de etapas, que são:
formulação do problema;
definição da unidade-caso;
• determinação do número de casos;
• elaboração do protocolo;
• coleta de dados;
• avaliação e alise dos dados; e
• preparação do relatório.
Etapas essas, sintetizadas por Chizzotti (1991, p.102), em três fases, que
segundo o autor são necessárias ao desenvolvimento do estudo, sendo elas: a
seleção e delimitação do caso, o trabalho de campo e a organização e redação do
relatório.
Partindo da proposta de Gil e Chizzotti, definiu-se a problemática que se
apresenta: as cooperativas de café rondonienses são capazes de prestar apoio aos
cooperados de forma a contribuir para a sustentabilidade econômica dos
empreendimentos?
Com isso, foram definidas as unidades de caso considerando os requisitos
necessários a resposta do problema, optando em analisar as cooperativas cafeeiras
ativas, localizadas nas principais regiões cafeeiras do Estado, uma vez que Yin
(1998, p. 58) argumenta que “em se tratando de estudos de caso, o estabelecimento
da unidade de análise corresponde à definição do caso”.
82
6.3 Quanto a Abordagem do Problema
Empregou-se o método qualitativo onde o pesquisador, nas palavras de Siena
(2007, p.15):
É o elemento chave e a fonte principal de dados é o
ambiente natural. O foco não é a quantificação, mas a interpretação
dos fenômenos e a atribuição de significados, pois considera que há
uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito que não pode
ser quantificável. Não há emprego de métodos e técnicas
estatísticas, mas pode-se usar a estatística descritiva para
organização das informações.
Porém, a abordagem qualitativa foi apoiada pelo método quantitativo, que
segundo Richardson apud Oliveira (2006, p. 83), “é freqüentemente aplicado nos
estudos descritivos, naqueles que procuram descobrir e classificar a relação entre
variáveis bem como nos que investigam a relação de causalidade entre fenômenos”.
Com isso foi possível identificar a contribuição das cooperativas cafeeiras
rondonienses junto ao cooperado.
6.4 Em Relação aos Objetivos
A pesquisa se classifica como descritiva e exploratória, proporcionando a
ampliação dos conhecimentos adquiridos sobre o cooperativismo cafeeiro,
aumentando a familiaridade com o ambiente pesquisado, visando conhecer
aspectos importantes e peculiares de sua contribuição junto aos cooperados.
Onde, segundo Yin (1994, p. 42), com a técnica de investigação descritiva se
identifica as características de determinada população ou fenômeno e com o
processo exploratório analisa-se qualitativamente um fenômeno, baseado na
existência de um tema muito pouco estudado anteriormente.
6.5 Universo da Pesquisa
O universo da pesquisa foi definido a partir das informações oferecidas pela
Junta Comercial do Estado de Rondônia (JUCER) e pelo Sindicato e Organização
das Cooperativas Brasileiras no Estado de Rondônia (OCB-RO).
83
Munidos dessas informações, optou-se em aplicar a pesquisa em todas as
cooperativas informadas, ou seja, 100% do universo, que corresponde a 6
cooperativas de café, considerando os seguintes fatores:
Das relações fornecidas pela JUCER e OCB, as cooperativas somam em 52
unidades, sendo:
• JUCER: 17
• OCB: 35
Na fase de levantamento constatou-se que desse universo, 4 cooperativas de
café estavam desativadas, outras duas não foram localizadas, COPRAER e a
COOPRAM, dos municípios de Ariquemes, São Felipe d´Oeste respectivamente.
Nos endereços indicados não existem tais empresas e em contato com os
Secretários Municipais de Agricultura, técnicos das secretárias, comerciantes de
produtos agropecuários, produtores locais, nessas cidades, os mesmos também
desconheciam a existência das mesmas.
Das 40 cooperativas restantes, apenas 8 estavam ligadas a produção de café
e se encontravam ativas, no entanto, dessas uma não quis participar e a outra tem
como produto principal o urucum, sua produção de café se resume ao consumo
próprio dos produtores.
Sendo assim, participaram deste estudo 6 cooperativas ativas, ligadas ao
agronegócio café, que serão identificadas como: C.1, C.2, C.3, C.4, C.5 e C.6.
6.6 Locus da Pesquisa
As cooperativas de cafeicultores que foram objeto de estudo estão
localizadas no Estado de Rondônia. A figura 6.1 traz a localização geográfica delas.
Localização geográfica: C. 1 (São Miguel do Guaporé); C.2 (Cacoal); C.3 (Ji-
Paraná); C.4 (Alvorada D´Oeste); C.5 (Tarilândia); C.6 (Ministro Andreaza).
Essas cooperativas estão localizadas nas principais regiões produtoras de
café do Estado, em destaque na ilustração 6.1.
84
Organização da autora.
Ilustração 6.1. Mapa com a localização territorial das cooperativas de café em Rondônia.
Fonte: Governo de Rondônia (2005).
Conforme ranking elaborado pela SEAPES (2008), nas safras 2005/2006 e
2006/2007, as regiões em questão foram por mais de 30% da área cultivada no
Estado, conforme mostra a tabela 6.1.
85
MUNICIPIOS
ÁREA COLHIDA
( ha )
SAFRA
PRODUÇÃO
OBTIDA
( t )
SAFRA
PRODUT.OBTIDA
( kg/ha )
SAFRA
RANKING
da Pro-
dução
em 2007
05/06
06/07
05/06
06/07
05/06
06/07
SÃO MIGUEL DO
GUAP.
14.158
14.158
8.495
10.194
600
720
CACOAL
16.749
16.749
6.700
9.379
400
560
ALTA FLORESTA
7.650
7.650
4.957
8.262
648
1.080
MINISTRO
ANDREAZZA
5.262
5.262
2.105
2.105
400
400
12º
JARU
3.500
3.500
1.470
1.470
420
420
20º
ALVORADA
DOESTE
4.172
2.503
2.503
1.201
600
480
22º
JI-PARANÁ
2.600
2.600
1.092
1.092
420
420
25º
SUB-TOTAL
REGIÕES
54.091
52.422
27.322
33.703
3.488
4.080
TOTAL DO
ESTADO
163.322
159.819
74.558
88.639
457
555
Organização da autora
Tabela 6.1. Área cultivada de café em Rondônia 2005/2006 e 2006/2007.
Fonte : SEAPES (2008).
Assim, atendeu-se ao aspecto da relevância mercadológica, uma vez que
essas regiões são responsáveis pela concentração das ações do mercado de café,
sendo o município de Cacoal o ponto central de referência, apresentando a estrutura
mais completa no Estado da cadeia do agronegócio café, segundo a SEAPES
(2008).
6.7 Quanto aos Procedimentos da Coleta de Dados e Análise
Os dados primários foram levantados através da aplicação de questionários
de pesquisa junto às seis cooperativas designadas no estudo como: C.1, C.2, C.3,
C.4, C.5 e C.6.
Para a adequada estruturação do questionário, visando o objetivo a que se
propôs com este estudo, procedeu-se o p-teste.
Inicialmente o questionário era composto por 60 questões, sendo reformulado
após o pré-teste, onde foi possível identificar questões repetitivas quanto ao
conteúdo investigado e outras que não atendiam a proposta da investigação,
levando ao refinamento e delimitação, que resultou em um instrumento final com 32
questões, que também foram pré-testadas, comprovando a sua validade.
Na elaboração das temáticas das questões consideraram-se os serviços
oferecidos por diversas cooperativas de café em outros estados brasileiros e as
86
considerações extraídas das obras de Oliveira, Batalha, Bialoskorski Neto, e
Zylbersztajn.
A opção por essa ferramenta metodológica, deu-se considerando Lakatos e
Marconi (2001, p. 112-113):
O questionário pode ser utilizado em quase todo o segmento da população,
desde não-alfabetizados até alfabetizados, populações heterogêneas, porque
seu preenchimento é realizado pelo entrevistador;
Presença do pesquisador, que pode explicitar os objetivos da pesquisa,
orientar o preenchimento do questionário e esclarecer ou elucidar significados
de perguntas que não estejam muito claras e precisas;
Obtenção de informações mais complexas e úteis; e
Flexibilidade para adaptar-se às necessidades de cada circunstância,
podendo o pesquisador reformular itens, especificar algum significado, como
garantia de estar sendo compreendido ou ajustar o questionário à
compreensão ou sistema de referência de cada informante.
Utilizou-se formulário com 5 questões diretas, para identificação do perfil das
organizações em estudo, e 27 questões fechadas, com múltipla escolha de
respostas, adaptadas da escala Likert, totalizando 32 questões, que atenderam ao
propósito da pesquisa.
A coleta de dados foi realizada no mês de julho de 2008, com a aplicação
direta do instrumento de coleta aos dirigentes das cooperativas, exceto na C.3, onde
o respondente foi um funcionário qualificado.
Durante a aplicação da ferramenta procurou-se analisar os níveis de
percepção e interesse dos entrevistados quanto a temática proposta pelo estudo,
utilizando-se da observação direta ou participante, a qual possibilitou perceber a
receptividade e interesse dos entrevistados, através da valiosa contribuição e tempo
dispensados a pesquisadora. Nenhuma questão apresentada deixou de ser
respondida prontamente e todas foram complementadas com observações que
contribuíram para uma percepção maior com relação aos aspectos culturais e
comportamentais que influenciam as questões.
87
6.8 Descrição das Variáveis da Pesquisa
Objetivando avaliar a contribuição das cooperativas na sustentabilidade dos
empreendimentos, adotou-se como instrumento de pesquisa um questionário
composto de seis partes, que está estruturado conforme classificação apresentada
na Ilustração 6.2:
Classificação das Variáveis da Pesquisa
Parte: Perfil das
cooperativas
As cinco primeiras questões dizem respeito à caracterização
do perfil das cooperativas: tempo de fundação; número de
cooperados ativos e inativos; grau de escolaridade dos
dirigentes; volume de café negociado e principais compradores
(questões de 1 a 5).
Parte: Aspectos
investigados
Grupo I - Serviços técnicos: aspectos relativos aos serviços
especializados oferecidos aos cooperados (questões de 6 a 9).
Grupo II - Estrutura e logística: aspectos relacionados ao
apoio prestado aos cooperados em suas atividades produtivas
(questões de 10 a 13).
Grupo III - Relação financeira: aspectos relativos às
atividades de apoio financeiro ao cooperado (questões de 14 a
19).
Grupo IV - Informações de mercado: aspectos
mercadológicos para apoio ao cooperado ( questões de 20 a
23).
Grupo VI - Gestão: aspectos estruturais e administrativos das
cooperativas para apoio ao cooperado (questões de 24 a 32).
Ilustração 6.2 Quadro da estrutura do instrumento de coleta de dados.
As variáveis foram formuladas considerando a análise da contribuição das
cooperativas de café de Rondônia, no que tange a oferta de serviços aos
cooperados que contribuam para a sustentabilidade econômica dos
empreendimentos produtivos.
Os aspectos considerados são consubstanciados pelo entendimento de
Souza e Bialoskorski Neto (2008, p. 1) ao argumentarem que:
As cooperativas são organizações que conciliam benefícios sociais
e eficiência econômica por meio do trabalho associado e ajuda
mútua. Têm importante destaque no agribusiness e na coordenação
dos sistemas agroindustriais porque atuam de forma a gerar e
distribuir resultados que muitas vezes não são possíveis em
organizações com fins lucrativos. Esses benefícios são traduzidos
em melhores preços pagos aos agricultores, melhores condições de
compra de insumos ou mesmo industrialização e transformação da
88
produção recebida dos cooperados, o que agrega valor, gera maior
renda e empregos.
Outro aspecto apontado pela OIC (2008), está no relevante papel que as
cooperativas têm no sistema agroindustrial do café, sendo responsável por uma
grande parte do café armazenado, beneficiado e comercializado.
Fundamentou-se também, na construção dos questionamentos da
investigação, as diligências realizadas junto às cooperativas de outros Estados, com
visitas as instalações da Cooperativa Regional de Cafeicultores de Guaxupé
(COOXUPÉ), a maior cooperativa de café do mundo, em Guaxupé, sul de Minas
Gerais; a Cooperativa Agropecuária Mourãoense Ltda. (COAMO), em Campo
Mourão, no Paraná, sendo essa a maior cooperativa agroindustrial da América
Latina; a Cooperativa Agropecuária de Produção Integrada do Paraná (COOAPAR)
em Cornélio Procópio e, finalizando essa etapa, com o uso da internet, foi possível
analisar o perfil de atuação da Cooperativa Agrária dos Cafeicultores de São Gabriel
da Palha Ltda. (COOABRIEL), em São Gabriel da Palha, no Espírito Santo.
6.9 Análise dos Dados dos Estudos de Casos Múltiplos
O estudo compreende a etapa exploratória (caracterização das organizações)
e a etapa descritiva (análise dos serviços oferecidos aos cooperados).
Os dados foram abordados qualitativamente e quantitativamente, fiéis às
questões constantes no questionário de entrevista as cooperativas. As questões que
corroboram a resposta ao problema da pesquisa foram tabuladas e analisadas
quantitativamente aplicando-se a escala de Likert, a fim de evidenciar as atividades
desenvolvidas que contribuem para a sustentabilidade econômica dos
empreendimentos.
Inicialmente procedeu-se as analises através das participões proporcionais
de cada alternativa no todo da amostra, utilizando-se a escala de Likert com
adaptações.
Considerando que a escala Likert (MARCONI; LAKATOS, 2002, p. 120-122)
apresenta os seguintes passos:
89
a. Elaboração de um grande número de proposições consideradas
importantes em relação a atitudes ou opiniões, que tenha relação direta
ou indireta com o objetivo a ser estudado.
b. Estas proposições apresentadas a certo número de pessoas que indicarão
suas reações, anotando os valores 5, 4, 3, 2, 1, que corresponderão a:
completa aprovação, aprovação, neutralidade, desaprovação incompleta,
desaprovação.
c. Cada pessoa recebe uma nota global, que é o resultado da soma dos
pontos individuais obtidos.
Tendo as respostas analisadas de modo que se determinem quais as
proposições que alcançaram valores diferentes para as pessoas, com soma total de
pontos alta e baixa; os itens respondidos (classificados) de igual forma pelos
indivíduos de alta e de baixa contagem são eliminados.
Assim, obtém-se uma graduação quantificada das proposições que são
distribuídas entre os indivíduos pesquisados, atribuindo-se a nota de cada um deles.
A escala de Likert utilizada neste estudo foi adaptada com relação aos termos
empregados nas respostas do formulário, com a seguinte equivalência aos termos
comuns da escala: Sempre (completa aprovação); Geralmente (aprovação); Às
vezes (neutralidade); Raramente (desaprovação incompleta) e Nunca
(desaprovação)
Para validação dos dados qualitativos foram utilizados critérios preconizados
por Chizzotti (1991, p. 90), essenciais a esse processo que são: “confiabilidade,
credibilidade, constância e transferibilidade”.
Por ser um processo complexo e não linear, a coleta dos dados numa
pesquisa de abordagem qualitativa e quantitativa, implica num trabalho de redução,
organização e interpretação desses dados, que se inicia na fase exploratória e
acompanha toda a investigação.
Posteriormente a análise focou os resultados auferidos em cada unidade de
caso estudada, identificando a contribuição individual junto a cada grupo de
variáveis.
90
6.10 Limitações Metodológicas da Pesquisa
No entender de Lakatos e Marconi (2002, p. 221) a natureza do estudo, seja
ele quantitativo ou qualitativo, do referencial teórico escolhido e dos procedimentos
metodológicos utilizados, o mesmo apresenta limitações e essas devem ser
esclarecidas como forma de favorecer discussões sobre o que se está estudando.
Considerado esse pressuposto, alguns aspectos representam limites na
metodologia da pesquisa proposta, sendo:
I. Com relação à população e amostra da pesquisa deve-se considerar
que a cooperativa C.3, dentre as analisadas, dadas as suas
especificidades em relação as demais - melhor estrutura física;
atuação em mercados diferenciados; exportações; processamento e
industrialização do ca; comercialização torrado e moído com marca
própria - encontra-se em um patamar de atuação diferenciada das
demais, que nenhuma outra oferece Entretanto, nos aspectos
relevantes a este estudo, com relação a gestão e serviços voltados
ao cooperado para auxílio a sustentabilidade dos empreendimentos
produtivos, a C.3 se enquadra ao perfil de atuação das demais.
II. A segunda limitação é de que os dados obtidos por meio de
entrevistas nem sempre retratam a realidade, pois os depoimentos
são frágeis e voláteis em decorrência das percepções dos
pesquisados.
91
CAPÍTULO 7 COLETA, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS
Este capítulo está dividido em três partes, sendo que na primeira parte o
apresentados os dados e informações sobre o perfil das cooperativas; a segunda
mostra a análise da contribuição das cooperativas aos empreendimentos produtivos
nos distintos aspectos da busca pela sustentabilidade econômica e na terceira e
última parte é apresentado o resultado de desempenho de cada cooperativa em
relação ao conjunto de indicadores da pesquisa.
7.1 Perfil das Cooperativas
As organizações cooperativistas são oriundas de associações de
cafeicultores que já atuavam no mercado (de 10 a 15 anos em média) e que
migraram para o modelo cooperativista, em função da limitação de comercialização
da safra, segundo informações de seus dirigentes.
Tempo de fundação
As cooperativas pesquisadas atuam no mercado um período de tempo
relativamente curto, conforme revela a ilustração 7.1.
Tempo de Fundação
C.1- C.2
33,33%
C.3
16,67%
C.4-C.5
33,33%
C.6
16,67%
Menos de 1 ano
De 1 a 2 anos
De 2 a 3 anos
De 5 a 6 anos
Ilustração 7.1 Gráfico tempo de fundação das cooperativas.
92
Por outro lado, essas unidades são dirigidas por cafeicultores que atuam no
segmento a longo tempo, com participação em associações de produtores, o que
pressupõe condições suficientes para discernimento dos questionamentos
abordados por esta pesquisa.
Seu quadro social é composto por pequenos produtores rurais, onde a média
de extensão (ha) das propriedades é de 50 ha, o que os enquadraria na categoria de
agricultura familiar, no entanto, em razão da falta de dados que consubstanciasse a
informação, esse aspecto não foi considerado no estudo.
Característica do quadro de cooperados
Os percentuais de inativos (cooperados que não têm negociado com a
cooperativa) podem ser considerados elevados, conforme mostra a ilustração 7.2.
Cooperados (total 733)
0%
20%
40%
60%
80%
100%
120%
Ativos
80%
66,66%
62,50%
100%
100%
100%
Inativos
20%
33,34%
37,50%
C.1
C.2
C.3
C.4
C.5
C.6
Ilustração 7.2 Gráfico Cooperados ativos e inativos.
A pesquisa revelou que isto é resultado da forte atuação dos atravessadores,
tais como beneficiadores de café (maquinistas), cerealistas e corretores, junto aos
produtores. Essa ão inicia-se no momento da compra da produção antecipada
(café em folha ou produção futura), quando os cooperados não tendo acesso a
linhas de créditos tradicionais, ou junto à cooperativa, acabam comercializando parte
de sua produção futura a preços costumeiramente inferiores aos praticados no
mercado regular.
93
Grau de instrução dos dirigentes
Nesse quesito procurou-se avaliar se o grau de instrução influenciaria
significativamente a oferta de serviços aos cooperados. Isto não se confirmou, uma
vez que a contribuição prestada se equivale nas diferentes cooperativas. A
ilustração 7.3 mostra o grau de instrução dos dirigentes.
Grau de Instrução dos Dirientes
33%
17%
50%
Primeiro grau incompleto Segundo grau completo Segundo grau inconpleto
Ilustração 7.3 Gráfico grau de instrução dos dirigentes das cooperativas.
A pesquisa revelou que as cooperativas contam na sua maioria, com um
corpo de dirigentes com baixo nível de formão educacional.
Participação no volume comercializado
A pesquisa mostrou que a unidade C.3 foi a que apresentou o maior volume
de café comercializado, conforme mostra a ilustração 7.4.
Total Safra 2006/2007: 20.800 (SC/60Kg)
9,61%
48,07%
38,46%
4,80%
Série1
9,61%
48,07%
38,46%
4,80%
C.1
C.3
C.4
C. 5
Ilustração 7.4 Gráfico índice de comercialização de café safra 2006/2007.
94
Por outro lado, ao se comparar o número de cooperados com o volume de
comercialização, a C.4 é que apresenta maior proporcionalidade.
Ou seja:
A C.1 tem em seus quadros 80 cooperados ativos e uma comercialização de
2000 sacas de café no ano base em análise, obtendo-se uma média geral de
participação de 25 sacas por cooperado.
A C.3 tem em seus quadros 250 cooperados ativos e uma comercialização de
10.000 sacas na safra em análise, obtendo-se uma média geral de participação de
40 sacas por cooperado.
A C.4 tem em seus quadros 134 cooperados ativos e uma comercialização de
8000 sacas, o que dá uma média geral de 59,71 sacas por cooperado.
A C.5 tem em seus quadros 35 cooperados em seu quadro e comercializou
800 sacas, o que dá uma média geral de 22,85 sacas por cooperado.
Comercialização do Café pela Cooperativa
Ao analisar a ilustração 7.5, percebe-se que a relação comercial das
cooperativas junto ao mercado está concentrada na venda local, apenas a C.3 atua
junto ao mercado justo e exportações, as demais vendem o café a corretores que
revendem o café para outros.
Comercialização do Café pela Cooperativa
11%
62%
5%
3%
6%
13%
0%
Outras cooperativas Beneficiadores/Máquinistas
Corretores Instria de torrefação e moagem
Instria de café sovel Mercado Justo
Exportações
Ilustração 7.5 Gráfico de Comercialização do Café pela Cooperativa
95
As cooperativas não comercializam com os beneficiadores (maquinistas), uma
vez que esses, costumeiramente, comercializam diretamente com os produtores que
ainda não tenham beneficiado o café.
A comercialização das cooperativas não contribui adequadamente para a
sustentabilidade econômica dos empreendimentos uma vez que a venda à
atravessadores limita a margem de lucro que poderia ser auferida com a venda
direta a indústria de solúvel ou de torrefação e moagem.
7.2 Análise das Variáveis da Pesquisa
Dos Serviços Técnicos de Apoio
Os serviços de apoio técnico especializado no cultivo e manejo da cultura
cafeeira é fator considerável na relação cooperativista. Observou-se na pesquisa
que esse tipo de apoio é muito valorizado pelos produtores, no entanto, em razão de
limitações de ordem financeira, a contratação de profissionais especializados pelas
cooperativas estudadas é impeditiva para a grande maioria.
Orientações Especializadas para o Cultivo e
Manejo
0%
0%
33%
0%
67%
Sempre Geralmente Ás vezes Raramente Nunca
Ilustração 7.6 Gráfico serviços técnicos de apoio a produção.
As unidades C.3 e C.4, eventualmente oferecem este tipo de serviço de apoio
aos cooperados. As demais cooperativas não oferecem nenhum apoio cnico à
produção (ilustração 7.6).
96
Fornecimento de insumos
O fornecimento de insumos a preços menores que os praticados no mercado,
resultado da compra conjunta é oferecido eventualmente pelas unidades C. 4 e
C.6, e raramente pela C.3, conforme mostra a ilustração 7.7, sendo que as demais
não oferecem essa vantagem.
Fornecimento de Insumos Agropecuário
0%0%
33%
17%
50%
Sempre Geralmente Ás vezes Raramente Nunca
Ilustração 7.7 Gráfico de fornecimento de insumos agropecuários.
Beneficiamento da produção
Por outro lado, os serviços de beneficiamento da produção não são
oferecidos pelas unidades C.1 e C.3, sendo que no caso da primeira,
possibilidade de oferecimento desses serviços já a partir da próxima safra. A
ilustração 7.8 apresenta esse aspecto.
Beneficiamento da Produção na Cooperativa
C.1-C.3
33,33%
C.2-C.5-C.6
50%
C.4
16,67%
Sempre
Geralmente
Ás vezes
Raramente
Nunca
Ilustração 7.8 Gráfico beneficiamento da produção pelas cooperativas.
97
Por outro lado, a pesquisa mostrou ainda que a unidade C.3, não demonstrou
interesse em prestar esse serviço, vez que boa parte da sua produção é oriunda de
outras cooperativas que já efetuaram o beneficiamento do café.
Servos de classificação
O sistema de classificação garante melhor qualidade do produto, dentro de
especificações predeterminadas. A classificação trata-se de uma padronização, com
instrumentos de exclusão dos que não atendem aos padrões pré-definidos,
incentivando o uso de melhores cnicas de cultivo e beneficiamento, uma vez que
há estímulos econômicos para os produtos de melhor classificação.
A classificação do café é realizada, pelas unidades C.1, C.2 e C.4, raramente
pela C.3, e nunca pelas C.5 e C.6. A ilustração 7.9 apresenta esse aspecto.
50%
0,00%
0,00%
16,67%
33,33%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
Sempre Geralmente Ás vezes Raramente Nunca
Classificação do Café
Ilustração 7.9 Gráfico serviços de classificação do café.
No entanto a classificação do ca identifica uma média de 400 defeitos. Os
parâmetros aplicados pelas cooperativas para a classificação não atendem a toda
normativa em vigor, mas é um instrumento utilizado, tanto para se ter uma idéia
aproximada da qualidade do produto, e também, em alguns casos, visando a melhor
precificação do lote. Espera-se que com uma melhor precificação haja motivação ao
melhor manejo/cultivo, colheita e secagem do café.
98
Da Estrutura Física e Logística
Armazenamento
O armazenamento adequado da produção é realizado por todas as
cooperativas em estudo, de forma a que o produto não venha a ser contaminado por
fungos e ou se estragar em decorrência da umidade. O armazenamento se tanto
em relação ao café vendido à cooperativa, bem como ao estoque reservado para
venda futura.
Auxílio ao transporte da produção
Os serviços de auxílio ao transporte da produção são realizados apenas por
algumas unidades, conforme revela a ilustração 7.10. Esse tipo de serviço é
apreciado pelos cooperados, uma vez que esse gasto onera o produto, e quando
oferecido pelas cooperativas o gasto é menor, o que contribui para reduzir custos.
Aulio ao Transporte da Produção
C.1
16,67%
C.3-C.4
33,33%
C.2-C.5-C.6
50%
Sempre
Geralmente
Ás vezes
Raramente
Nunca
Ilustração 7.10 Gráfico auxílio ao transporte da produção.
A pesquisa revelou que a maioria dos cooperados não tem assegurado esse
importante auxílio para o processo de comercialização da safra.
Equipamentos de apoio administrativo
A cooperativa C.3 é a melhor equipada neste quesito, as C.4. e C.5 têm
disponível acesso a computador e internet, e se mostra razoavelmente adequada as
necessidades, A ilustração 7.11 mostra esse aspecto estrutural das cooperativas.
99
Equipamentos de Apoio Administrativo
17%
0%
33%
50%
0%
Sempre Geralmente Às vezes Raramente Nunca
Ilustração 7.11 Gráfico equipamentos de apoio administrativo.
as unidades C.1, C.2 e C.6 têm recursos limitados de apoio tecnológico,
não contando com computadores, internet e demais equipamentos em sua estrutura.
Estrutura física
A cooperativa C.3 é que apresenta a melhor e mais completa estrutura física
para o atendimento aos cooperados. A ilustração 7.12 mostra esse aspecto
estrutural das unidades do estudo.
Estrutura de Atendimento
17%
49%
17%
17%
0%
Sempre Geralmente Às vezes Raramente Nunca
Ilustração 7.12 Gráfico estrutura física para atendimento de cooperados
As unidades C.4, C.5 e C.6 possuem uma razoável estrutura física, sendo
que a da unidade C.2 se mostra deficiente.
100
Da Relação Financeira
As linhas de crédito e de acesso foi uma das temáticas as quais os dirigentes
mais destacaram como fator limitador da melhoria da qualidade da produção e da
sustentabilidade do empreendimento produtivo, uma vez que grande parte de
produtores acaba aceitando, as ofertas de alguns agentes que atuam no setor
oferecendo crédito facilitado, mas com elevadas taxa de juros, comprometendo a
sustentabilidade financeira dos empreendimentos.
Linhas de crédito
O oferecimento de crédito para financiamento da produção ao cooperado é
mostrado na ilustração 7.13.
Crédito Próprio
0%
0%
0%
50%
50%
Sempre Geralmente Ás vezes Raramente Nunca
Ilustração 7.13 Gráfico crédito para custeio da safra.
Observou-se que apenas que as unidades C.2, C.3 e C.4 disponibilizam
crédito para custeio da produção aos cooperados, ainda que às vezes, sendo que as
demais não oferecem.
Apoio financeiro - convênios
Nesse quesito a pesquisa revelou que algumas unidades buscam apoio junto
às instituições financeiras oficiais, ONGs e outros parceiros, para serem repassados
aos cooperados. A ilustração 7.14 mostra esse aspecto da pesquisa.
101
Convênios
0%
33%
50%
17%
Sempre Geralmente Ás vezes Raramente Nunca
Ilustração 7.14 Gráfico celebração de convênios para apoio financeiro.
A pesquisa indicou que esse apoio é prestado a apenas às vezes ou ainda
raramente para uma parcela dos cooperados.
Crédito do Programa Agricultura Familiar
O auxílio aos cooperados para acesso aos financiamentos destinados à
agricultura familiar, está revelado na ilustração 7.15.
Aulio as Linhas de Crédito para Agricultura
Familiar
0%0%
33%
34%
33%
Sempre Geralmente Ás vezes Raramente Nunca
Ilustração 7.15 Gráfico auxílio às linhas de crédito para a agricultura familiar.
A pesquisa mostrou que as unidades C.3 e C.4, às vezes oferecem esse
serviço; a C.1 e C.2, raramente e a C.5 e C.6 nunca buscaram esse tipo de apoio
aos seus cooperados.
102
Aquisição da safra
Esse é um aspecto dos mais relevantes para o sistema cooperativista. A
ilustração 7.16 mostra os dados da pesquisa.
Ilustração 7.16 Gráfico aquisição da safra
A pesquisa revelou que a cooperativa C.3 sempre paga na entrega do café
em suas instalações e as demais o fazem satisfatoriamente, ou seja, em até 5 dias
após o recebimento do café em seus armazéns.
Aquisição de safra antecipada
A pesquisa mostrou que às vezes a C.3 e C.2 adquirem a safra antecipada
(café em folha). Sendo o preço da saca do café superior o da época da compra
antecipada, a C.3 repassa um percentual ao produtor como forma de compensação
(ilustração 7.17).
Ilustração 7.17 Gráfico aquisição antecipada de safra
Aquisição da safra
0% 0% 0%
83%
17%
Sempre
Geralmente
Ás vezes
Raramente
Nunca
Aquisição antecipada da safra
0%
0%
0%
33%
67%
Sempre
Geralmente
Ás vezes
Raramente
Nunca
103
As demais cooperativas não oferecem esta vantagem aos cooperados,
mesmo diante da necessidade de recursos para o custeio da produção.
Estímulo à melhoria da qualidade
A pesquisa revelou que as cooperativas oferecem melhor preço ao produto
com melhor qualidade como estímulo à busca pela melhoria, pagando a mais de R$
5,00 a R$ 6,00 a mais por saca, ao ca de melhor qualidade. A ilustração 7.18
mostra esse aspecto da pesquisa.
Ilustração 7.18 Gráfico estímulo à melhoria da qualidade
A pesquisa revelou ainda que algumas unidades oferecem premiação em
dinheiro, além do reconhecimento público, aos produtores que apresentam o café de
melhor qualidade, sendo essa uma ação relevante para motivar o segmento na
melhoria da produção.
Das Informações de mercado
A sustentabilidade dos empreendimentos agropecuários depende de diversos
aspectos, principalmente aqueles relacionados a investimentos em melhores
técnicas de manejo e que podem ser utilizados com marketing do tipo: selo verde”,
contribuindo com maior retorno financeiro aos produtores.
Mercados diferenciados
Nessa perspectiva, algumas poucas cooperativas têm explorado os mercados
diferenciados. A ilustração 7.19 mostra esse aspecto da pesquisa.
Estímulo à melhoria da qualidade
0% 0%
0%
33%
67%
Sempre
Geralmente
Ás vezes
Raramente
Nunca
104
Venda à Mercados Diferenciados
C.1- C.2- C.5
66,67%
C.3
16,67%
C.4
16,67%
Sempre
Geralmente
Ás vezes
Raramente
Nunca
Ilustração 7.19 Gráfico de vendas a mercados diferenciados.
A pesquisa revelou que a maioria dos pesquisados atuam no mercado de
commodity.
Informações do mercado
O acompanhamento das informações mercadológicas faz parte do cotidiano
do segmento cafeeiro, tendo em vista volatilidade dos preços do café commodity.
Na pesquisa foi possível constatar que as cooperativas procuram inteirar seus
cooperados sobre esse aspecto. A ilustração 7.20 revela essa preocupação da
maioria.
Informações de Mercado
0%
17%
17%
33%
33%
Sempre Geralmente Ás vezes Raramente Nunca
Ilustração 7.20 Gfico de informações de mercado.
Entretanto, a pesquisa revelou que uma unidade investigada informa apenas
às vezes, enquanto outra nunca informa seus cooperados sobre esses aspectos.
105
Legislação
Informar aos cooperados sobre novas legislações que afetam ao segmento
cafeeiro, é uma forma de contribuir para que o mesmo possa adequar sua gestão e
produção as novas exigências. A ilustração 7.21 mostra esse aspecto da pesquisa.
Legislação
17%
49%
17%
0%
17%
Sempre Geralmente Ás vezes Raramente Nunca
Ilustração 7.21 Informações sobre novas legislações.
A pesquisa revelou que as maiorias das unidades prestam esse tipo de apoio
a seus cooperados, exceto a C.1 que não informa, alegando que tem limitações por
não dispor de computadores e acesso a internet.
Informações sobre mercados diferenciados
Informar o cooperado sobre os requisitos necessários para participar de
mercados diferenciados, como forma de explorar oportunidades é uma função das
cooperativas. A ilustração 7.22 mostra esse aspecto da pesquisa.
106
Informações sobre Mercados Diferenciados
0%
17%
17%
17%
49%
Sempre Geralmente Ás vezes Raramente Nunca
Ilustração 7.22 Gráfico de informações sobre mercados diferenciados
A pesquisa revelou que 50% das unidades investigadas não prestam esse
tipo de apoio essencial a seus cooperados.
Da Gestão Voltada ao Cooperado
O aspecto da gestão da cooperativa voltada para o cooperado, assim como
todos outros fatores analisados, é considerado de fundamental importância para a
sustentabilidade de ambos os empreendimentos (cooperativas e empreendimentos
produtivos). Na pesquisa não foi estabelecido peso diferenciado para os fatores de
avalião uma vez que as variáveis estudadas têm peso equivalente, no entanto,
com relação à gestão, pequenas ações podem ser implementadas na prestação de
serviços levando a melhores resultados na relação entre os partícipes.
Cadastro de cooperados
A pesquisa iniciou-se através dos instrumentos de registro e controle de
documentos e informações dos cooperados. O estudo revelou que todas as
cooperativas dispõem de banco de dados satisfatoriamente estruturados com
informações relativas aos aspectos pessoais de seus cooperados.
Informações estruturais das propriedades
Nenhuma cooperativa reúne os dados sobre o tamanho das propriedades dos
cooperados, bem como da área destinada ao cultivo de café (tamanho da cultura),
107
apesar da importância deles para que possam estimar e planejar ações futuras
relacionadas à produção e comercialização de safras.
Produtividade
A pesquisa revelou que a produtividade dos empreendimentos é de
conhecimento apenas de algumas unidades, conforme revela a ilustração 7.23.
Ilustração 7.23 Gráfico de informações sobre produtividade.
Esse aspecto da pesquisa é observado apenas junto a C.3 e C.2, ainda que
em caráter eventual.
Apoio ao processo de gestão
A pesquisa procurou identificar o apoio prestado pelas cooperativas na
orientação aos cooperados sobre gestão dos empreendimentos envolvendo controle
financeiro, legislação trabalhista, administração de recursos, armazenamento
adequado de insumos agrícolas e outros. A ilustração 7.24 revela esse aspecto da
pesquisa.
Informações sobre Produtividade
0% 0%
33%
0%
67%
Sempre
Geralmente
Ás vezes
Raramente
Nunca
108
Aulio a gestão
0%0%
0%
17%
83%
Sempre Geralmente Ás vezes Raramente Nunca
Ilustração 7.24 Gráfico apoio à gestão dos empreendimentos
A pesquisa revelou que a maioria absoluta as cooperativas (83%) o presta
esse tipo elementar de serviço a seus cooperados, e apenas a C.4 às vezes o faz.
Assessoria a certificações
Os serviços de assessoria para certificações do café para exploração de
mercados diferenciados é um importante fator motivador para a produção de café
com melhores atributos, resultando em qualidade e melhor precificação. As unidades
C.1 e C.3 geralmente oferecem esses serviços, sendo que a C.3 comercializa com o
mercado internacional e mercado justo. na unidade C.1, esse serviço é realizado
porque ela destina parte da produção de seus cooperados para a C.3, e essa
produção deve estar adequada as normas de mercado a que a C.3 opera. A
ilustração 7.25 apresenta esse aspecto.
109
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Assessoria para Certificações
Série1
0,00%
33,33%
0,00%
0,00%
66,67%
Sempre
Geralmente
Ás vezes
Raramente
Nunca
Ilustração 7.25 Gráfico assessoria para certificações.
A pesquisa revelou que as unidades C.2, C.4, C.5 e C.6 não oferecem esses
serviços aos seus cooperados.
Interação com os cooperados
A pesquisa procurou identificar a atuação das cooperativas para manter e
melhorar o nível de fidelização de seus cooperados. A ilustração 7.26 mostra esse
aspecto da pesquisa.
Ilustração 7.26 Gráfico incentivos aos cooperados.
A pesquisa revelou que as cooperativas promovem ações de participação e
fidelização do cooperado, através de concursos para premiações dos melhores
cafés (incentivo a qualidade e integração), como tamm confraternizações com
seus cooperados.
Ações de Incentivo ao produtor
0%
0%
0%
17%
83%
Sempre
Geralmente
Ás vezes
Raramente
Nunca
110
Capacitação técnica
A pesquisa verificou o nível de capacitação do corpo técnico das cooperativas
para dar suporte aos seus cooperados. A ilustração 7.27 revela esse aspecto da
pesquisa.
Capacidade do Corpo Funcional
0%
34%
33%
33%
0%
Muito Boa Boa Razoavel Ruim Muito Ruim
Ilustração 7.27 Gráfico nível de capacitação das cooperativas
A pesquisa revelou que a maioria das cooperativas considera seu quadro
funcional devidamente capacitado para atender a demanda de seus cooperados.
Atendimento ao cooperado
O grau de atendimento ao cooperado investigado pela pesquisa está revelado
na ilustração 7.28.
Atendimento ao Cooperado
0%
0%
67%
33%
Muito Bom Bom Razoavel Ruim Muito Ruim
Ilustração 7.28 Gráfico atendimento ao cooperado.
A pesquisa revelou que as cooperativas consideram satisfatório o grau de
atendimento de seus cooperados.
111
Conhecimento e prática de Código de Ética
Essa premissa relacionada ao conhecimento e prática do código de ética do
cooperativismo pelos dirigentes das unidades pesquisadas está revelada na
ilustração 7.29.
Conhece muito Conhece Conhece pouco o conhece
C.1, C.3, C.4, C.5 e C.6
C.2
16,67%
83,33%
Código de Ética do Cooperativismo
Ilustração 7.29 Gráfico código de ética do cooperativismo
A pesquisa revelou que a maioria absoluta dos entrevistados (83,33%),
sequer conhece o código de ética do cooperativismo. Isso indica que essas
unidades precisam dar maior atenção a esse aspecto como forma de estabelecer
um melhor grau de confiança nas suas relações institucionais.
7.3 Análise do Desempenho das Unidades Cooperativistas
As questões que corroboram a resposta ao problema da pesquisa foram
tabuladas e analisadas quantitativamente levando-se em conta os pesos de 1 a 5 da
escala de Likert, com elevação ascendente ao grau de importância, conforme o que
se apresenta:
C = nqt.p
Onde:
C = contribuição
nqt = número total de variáveis
p = peso na escala Lickert
112
As expressões constantes do questionário da pesquisa para as alternativas
de respostas foram adaptadas da escala de Lickert, com as seguintes equivalências
aos termos comuns da escala: Sempre, ou alta contribuição (completa
aprovação); Geralmente, ou média alta contribuição (aprovação); Às vezes, ou
média contribuição (neutralidade); Raramente, ou média baixa contribuição
(desaprovação incompleta) e Nunca, ou nula contribuição (desaprovação).
Assim apresenta-se a seguinte pontuação máxima para o conjunto de todas
as variáveis que buscam medir o desempenho das unidades investigadas:
• Alta contribuição = 27 questões x 5 pontos = 135 pontos
• Média alta contribuição = 27 questões x 4 = 108 pontos
• Média contribuição = 27 questões x 3 = 81 pontos
• Média baixa contribuição = 27 questões x 2 = 54 pontos
• Nula contribuição = 27 questões x 1 = 27 pontos
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Série1
59
77
91
84
64
60
C.1
C.2
C.3
C.4
C.5
C.6
Ilustração 7.30 Gráfico desempenho geral das cooperativas
A média geral das cooperativas foi de 72,5 pontos, o que equivale a uma
contribuição classificada na categoria média contribuição.
Análise por Grupo de Variáveis
Utilizando-se a mesma metodologia, foi possível definir o nível de contribuição
das cooperativas em cada um dos aspectos (grupos de variáveis) da pesquisa. As
análises dos resultados para cada grupo de variáveis são apresentadas a seguir
113
Grupo I - Serviços Técnicos
A pesquisa revelou que, nesse aspecto, a cooperativa que apresentou maior
pontuação foi a unidade C.4 (Ilustração 7.31), que alcançou 15 pontos, de um limite
máximo de 20, equivalendo-se, portanto, a uma contribuição classificada na
categoria dia alta.
Serviços Técnicos
0
2
4
6
8
10
12
14
16
Série1
8
13
8
15
8
10
C.1
C.2
C.3
C.4
C.5
C.6
Ilustração 7.31 Gráfico grupo de serviços técnicos.
A média geral de contribuição das cooperativas foi de 10,33 pontos, o que
representa uma contribuição classificada na categoria dia baixa.
Grupo II - Estrutura e Logística
Nesse aspecto da pesquisa, onde a pontuação máxima a ser alcançada
também seria 20 pontos, a cooperativa que apresentou maior pontuação foi a
unidade C.3 (Ilustração 7.32), com 19 pontos, classificando-se na categoria de alta
contribuição.
114
Estrutura e Logística
0
5
10
15
20
Série1
15
10
19
16
14
12
C.1
C.2
C.3
C.4
C.5
C.6
Ilustração 7.32 Gráfico grupo de estrutura e logística.
A média geral de contribuição das cooperativas nesse aspecto foi de 14,33
pontos, o que representa uma classificação equivalente à média contribuição.
Grupo III - Relação Financeira
Nesse aspecto da pesquisa, a cooperativa que apresentou maior pontuação
foi também a unidade C.3 (Ilustração 7.33), alcançando 21 pontos, de um limite
máximo de 25, equivalendo a uma classificada como alta contribuição.
Relão Financeira
0
5
10
15
20
25
Série1
10
14
21
17
11
11
C.1
C.2
C.3
C.4
C.5
C.6
Ilustração 7.33 Gráfico grupo de relação financeira.
A média geral das cooperativas é de 14 pontos, o que equivale a uma
classificação como média contribuição.
115
Grupo IV - Informações de Mercado
Nesse aspecto da pesquisa, onde o escore máximo seria 20 pontos, as
cooperativas que apresentaram maior pontuação foram as unidades C.2, C.3 e C.4
(ilustração 7.34), com 16 pontos cada, equivalendo a uma classificação como média
alta contribuição.
Informações de Mercado
0
5
10
15
20
Série1
9
16
16
16
12
7
C.1
C.2
C.3
C.4
C.5
C.6
Ilustração 7.34 Gráfico grupo de informações de mercado.
A média geral das cooperativas é de 12,66 pontos, o que representa uma
classificação equivalente à dia contribuição.
Grupo V - Apoio a Gestão
Nesse aspecto da pesquisa, a cooperativa que apresentou melhor
desempenho foi a unidade C.3, com 27 pontos, de um máximo de 45, equivalendo,
portanto, a uma classificação de média contribuição.
Apoio a Gestão
0
5
10
15
20
25
30
Série1
17
24
27
20
19
20
C.1
C.2
C.3
C.4
C.5
C.6
Ilustração 7.35 Gráfico grupo de apoio a gestão.
116
Nesse quesito, a média geral das cooperativas foi de 21,16 pontos, o que
significa uma classificação de média baixa contribuição.
117
CAPÍTULO 8 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
8.1 Conclusões
As cooperativas de café do estado de Rondônia são fruto da migração do
modelo associativista, inviabilizado por não poder comercializar a produção, que
migrou para o modelo cooperativista. Constituídas por agricultores migrantes de
outras regiões da união, principalmente, Espírito Santo e Paraná, que exploram
pequenas propriedades rurais, enquadrados na agricultura familiar, essas
organizações têm sido utilizadas pelos cooperados e dirigentes, em sua grande
maioria, para comercialização da safra, não havendo a exploração de todo o
potencial que esse tipo de organização pode oferecer, tal fato se dá, argumentam os
responsáveis, por estarem em processo de adequação ao novo modelo, e tamm
pela limitação dos recursos financeiros necessários para promover maior
desenvolvimento e oferta de serviços.
A pesquisa revelou que a maioria dos fatores considerados essenciais a
sustentabilidade econômica dos empreendimentos produtivos estão presentes nas
atividades de apoio prestadas pelas cooperativas, porém, manifestamente abaixo
dos níveis necessários.
Os serviços de apoio técnico, essenciais para a produção de café de
qualidade, que vai do uso adequado de insumos a exploração otimizada dos
recursos naturais, não são oferecidos pela maioria das cooperativas, e aquelas que
o oferecem não o faz de maneira satisfatória (contribuição média baixa).
O apoio estrutural e logístico, bem como as informações de mercado, são
oferecidos dentro de um padrão aceitável (contribuição média). Esse conjunto de
fatores contribui para o fortalecimento da relação cooperativista, além de reduzir
custos e oferecer melhores oportunidades do mercado através dos canais de
informação.
Por outro lado, a relação financeira, essencial para o fortalecimento do
pequeno produtor, vez que dificulta a ão do atravessador, não atende as
necessidades dos cooperados. Essa limitação se tanto pela falta de recursos
financeiros das cooperativas, como também pela pequena capacidade do corpo
118
funcional para elaboração de projetos voltados as linhas de crédito e convênios de
outros agentes.
No quesito gestão, os serviços oferecidos estão oferecidos aquém do
necessário, evidenciando mais uma vez a limitação do corpo funcional e diretivo das
cooperativas.
Por fim, a pesquisa permitiu concluir que as cooperativas de cafeicultores de
Rondônia desenvolvem suas atividades de apoio à sustentabilidade econômica dos
empreendimentos produtivos no nível de média baixa contribuição.
8.2 Contribuições da pesquisa
Para que a sustentabilidade econômica dos empreendimentos produtivos
possa se consolidar sugere-se, a título de contribuição:
I. Investimentos na capacitação de dirigentes e cooperados para a
gestão eficiente cooperativista, congruindo os aspectos sócio-
econômicos do segmento;
II. Assistência técnica no campo através de parcerias com órgãos da
administração blica, tais como Embrapa-RO, Emater e Seapes,
bem como junto a organizações não governamentais que atuam no
campo;
III. Desenvolvimento de projetos para facilitar acesso ao crédito para
financiamento da produção; conversão de produção para
exploração de nichos especiais (adequações e certificações) e
investimento na melhoria da infra-estrutura e logísticas;
IV. Formação de banco de dados com informações estruturais do setor;
V. Acompanhamento e ação junto as ações governamentais que
influenciam o setor;
VI. Elaboração de planejamento estratégico, traçando ações para o
curto, médio e longo prazo;
VII. Investimento na agregação de valor da produção, através do
beneficiamento, torrefação, moagem e comercialização com o
desenvolvimento e exploração de marca própria (já sendo realizado
pela C.3).
119
A ilustração 8.1. resume a tríade dos aspectos da sustentabilidade econômica
da cafeicultura.
Fonte: Elaborado pela autora
Ilustração 8.1. ilustração tríade da sustentabilidade da cafeicultura rondoniense.
Esse conjunto de ações contribuirá para o fortalecimento das organizações
produtivas, promovendo melhores resultados operacionais, que podem levar a maior
fidelização dos cooperados e, consequentemente, melhores condições de
negociação e gestão, fundamentais para a sustentabilidade dos empreendimentos.
RECURSOS
FINANCEIROS
RECURSOS
HUMANOS QUALIFICADOS
RECURSOS
TECNOLÓGICOS
120
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ZYLBERSZTAJN, Dércio; FARINA, E.M.M.Q., SANTOS, R.C. O sistema
agroindustrial do café. Porto Alegre: Ortiz, 1993.
ZYLBERSZTAJN, Décio; NEVES, Marcos F. (org.). Economia & Gestão dos
negócios agroalimentares. São Paulo: Pioneira, 2000.
ZYLBERSZTAJN, Décio; SCARE, Roberto F. (Org.). Gestão da Qualidade no
Agribusiness: estudos e casos. São Paulo: Atlas, 2003.
130
ANEXO
131
Formulário para Entrevista as Cooperativas de Cafeicultores
1. Qual o tempo de atuação da cooperativa no mercado?
( ) Menos que 1 ano; ( ) De 1 a 2 anos; ( ) De 2 a 3 anos;
( ) De 4 a 5 anos; ( ) De 5 a 6 anos; ( ) Mais de 6 anos;
2. Qual o número de:
________ Cooperados (total)
________ Cooperados ativos
3. Qual o grau de instrução dos dirigentes da cooperativa?
( ) Sem escolaridade; ( ) Primeiro grau incompleto;
( ) Primeiro grau completo; ( ) Segundo grau incompleto;
( ) Segundo grau completo; ( ) Superior incompleto;
( ) Superior completo; ( ) Pós-graduação.
4. Quantas sacas de café foram comercializadas pelos cooperados junto a cooperativa nas safras:
________ safra 2005/2006
________ safra 2006/2007
________ safra 2007/2008
5. Quantas sacas de café foram comercializadas da cooperativa para:
________ outras cooperativas
________ beneficiadores (maquinistas)
________ corretores:
________ indústria de torrefação e moagem
________ indústria de café solúvel:
________ comércio justo
________ exportação
SERVIÇOS TÉCNICOS DE APOIO
QUESTÕES
SEMPRE
5
GERAL-
MENTE
4
ÀS
VEZES
3
RARA-
MENTE
2
NUNCA
1
6. Orientações técnicas de manejo no campo
com profissionais capacitados.
7. Fornecimento de insumos agropecuários a
preços menores aos praticados no mercado.
8. Beneficiamento da produção em sua
estrutura física.
9. Serviços de classificação do café.
ESTRUTURA E LOGÍSTICA
QUESTÕES
SEMPRE
5
GERAL-
MENTE
4
ÀS
VEZES
3
RARA-
MENTE
2
NUNCA
1
10. Armazenamento adequado da produção.
11. Auxílio ao transporte da produção do
cooperado com veículo próprio da
cooperativa.
12. Possui tecnologia adequada para o
desenvolvimento de suas atividades
(computadores, sistemas de informação,
máquinas e equipamentos...).
13. Estrutura adequada para o atendimento
ao produtor.
RELAÇÃO FINANCEIRA
QUESTÕES
SEMPRE
5
GERAL-
MENTE
4
ÀS
VEZES
3
RARA-
MENTE
2
NUNCA
1
132
14. Crédito próprio ao produtor para
financiamento da safra.
15. Convênios junto as instituições
financeiras, ONGs e outros parceiros, para
linhas de crédito e financiamento
diferenciados aos seus cooperados.
16. Desenvolve projetos para receber
recursos governamentais que beneficiam a
Agricultura Familiar e repassam ao
cooperado.
17. Efetua o pagamento da produção
comercializada na entrega do café.
18. Aquisição antecipada da safra.
19. Estimulo a melhoria da produção com
pagamento diferenciado ao café de melhor
qualidade.
INFORMAÇÕES E MERCADO
QUESTÕES
SEMPRE
5
GERAL-
MENTE
4
ÀS
VEZES
3
RARA-
MENTE
2
NUNCA
1
20. Comercializa produtos junto aos
mercados diferenciados (Fair Traide,
orgânico, RAS et. al.),
21. Acompanha e informa o produtor sobre
as novas demandas do mercado cafeeiro.
22. Informa ao produtor sobre novas
legislações, normas e diretrizes que afetam o
setor.
23. Informa sobre os requisitos necessários
para certificação em mercados diferenciados.
GESTÃO
QUESTÕES
SEMPRE
5
GERAL-
MENTE
4
ÀS
VEZES
3
RARA-
MENTE
2
NUNCA
1
24. O cadastro de cooperados é adequado,
tem informações sobre: nome completo do
produtor, endereço e telefone.
25. Informações estruturais da propriedade
rural (extensão/ha total) e área (ha)
destinada ao café de cada cooperado.
26. Cadastro de produtividade por hectare de
cada propriedade rural de seus cooperados.
27. Apoio ao processo de gestão da
propriedade rural do cooperado (controle de
custos, legislação trabalhistas e
administração de materiais (armazenagem
adequada para adubos, herbicidas,
inseticidas, sementes et. al).
28. Assessoria para certificações (selos
verdes, qualidade e outros) aos produtos dos
cooperados.
29. Promoção de concursos com premiações
para cafés de qualidade e confraternizações.
30. Corpo funcional capacitado para dar
suporte aos cooperados.
31. O grau de atendimento aos produtores é
adequado, ágil e de qualidade.
32. Conhece e pratica o código de ética do
cooperativismo.
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