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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
DEPARTAMENTO DE ZOOTECNIA
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA
ADRIANO CAMINHA BARBOSA NETO
AVALIAÇÃO DE CRUZAMENTOS DE OVINOS DAS RAÇAS
DORPER, POLL DORSET, SANTA INÊS E SOMALIS BRASILEIRA
FORTALEZA-CEARÁ
2008
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ii
ADRIANO CAMINHA BARBOSA NETO
AVALIAÇÃO DE CRUZAMENTOS DE OVINOS DAS RAÇAS
DORPER, POLL DORSET, SANTA INÊS E SOMALIS BRASILEIRA
Dissertação submetida à Coordenação do Curso
de Pós-Graduação em Zootecnia da Universidade
Federal do Ceará, como requisito parcial para
obtenção do grau de Mestre em Zootecnia.
Área de Concentração: Produção Animal.
Orientadora: Profa. Dra. Sônia Maria Pinheiro
de Oliveira
Co-Orientador: Dr. Olivardo Facó
FORTALEZA-CEARÁ
2008
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iii
ADRIANO CAMINHA BARBOSA NETO
AVALIAÇÃO DE CRUZAMENTOS DE OVINOS DAS RAÇAS
DORPER, POLL DORSET, SANTA INÊS E SOMALIS BRASILEIRA
Dissertação submetida à Coordenação do Curso de
Pós-Graduação em Zootecnia da Universidade
Federal do Ceará, como requisito parcial para a
obtenção do grau de Mestre em Zootecnia.
Área de Concentração: Produção e Melhoramento
Animal
__________________________________
Adriano Caminha Barbosa Neto
Aprovada em 25 / 04 / 2008
BANCA EXAMINADORA
________________________________________________
Profa. Dra. Sônia Maria Pinheiro de Oliveira (Orientadora)
Universidade Federal do Ceará - UFC
________________________________________________
Dr. Olivardo Facó (Co-Orientador)
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA CAPRINOS
_______________________________________________
Dr. Raimundo Nonato Braga Lôbo
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA CAPRINOS
iv
DEDICATÓRIA
A Deus e aos seus mensageiros, a minha
esposa, aos meus queridos pais e aos
meus irmãos.
v
AGRADECIMENTOS
A Deus e aos seus mensageiros, por ter me permitido chegar a este momento importantíssimo
da minha vida.
À Universidade Federal do Ceará – UFC, de maneira especial ao Departamento de Zootecnia,
pela oportunidade de realizar este curso de mestrado e por essa conquista da minha vida.
Ao coordenador do Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal do Ceará - UFC, na
pessoa do professor Breno Magalhães Freitas, pelo apoio e dedicação à causa.
À Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico – FUNCAP,
pela concessão da bolsa de estudo.
À Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – EMBRAPA CAPRINOS, pela cessão dos
dados.
À minha orientadora professora Dra. Sônia Maria Pinheiro de Oliveira, pela confiança, apoio,
compreensão e por sempre me incentivar em todos os momentos deste mestrado.
Ao Dr. Olivardo Facó (EMBRAPA CAPRINOS), por ter me ajudado nas análises desta
dissertação e pelos momentos de discussão, uma vez que, sua participação foi fundamental.
Ao Dr. Raimundo Nonato Braga Lôbo (EMBRAPA CAPRINOS), pela contribuição nas
análises estatísticas, por toda a ajuda concedida, pelos seus conselhos e pela sua inestimável
amizade.
Ao Professor Dr. Raimundo Martins Filho, com quem aprendi a gostar de Melhoramento
Genético Animal.
Ao Professor Dr. José Ernandes Rufino de Souza, amigo de todas as horas, agradeço por
todos os ensinamentos e conselhos dados.
À Francisca, secretária da Pós – Graduação da Universidade Federal do Ceará – UFC,
agradeço por todos os favores prestados e pela atenção dada por todos estes anos.
Aos colegas de curso: Ana Maria, Rafaele, Bartolomeu, Sueli, Joaquim, Alison, Jaime e
Tatiane que conviveram comigo neste período, tornando-o mais agradável de ser vivido e
lembrado.
Aos companheiros do melhoramento genético animal, Pedro Neto, que tantas vezes me
ajudou nas análises, e Igor Daniell, agradeço a ajuda e apoio do dia a dia de trabalho e
companheirismo.
Aos meus pais, que me incentivaram na busca dos objetivos e que mesmo à distância me
fizeram atingir mais este crescimento profissional.
vi
À minha Esposa, Solange, que sempre foi forte, companheira e paciente nos momentos
difíceis; amável e alegre em todos os momentos de nossa convivência.
Aos outros colegas de curso que conviveram comigo neste período, compartilhando
momentos bons e ruins.
vii
“Na vida temos que tomar muitas
decisões, algumas fáceis outras difíceis.
A maior parte dos erros que
cometemos não se devem a decisões
erradas, mas a indecisões. Temos que viver
com a conseqüência das nossas decisões. E
arriscar. Tudo é arriscar.
Rir é correr o risco de parecer um
tolo. Chorar é correr o risco de parecer
sentimental. Abrir-se para alguém é arriscar
envolvimento.
Expor os sentimentos é arriscar a
se expor a si mesmo. Expor suas idéias e
sonhos é arriscar-se a perdê-los.
Amar é correr o risco de não ser
amado. Viver é correr o risco de morrer.
Ter esperanças é correr o risco de
decepcionar-se. Tentar é correr o risco de
falhar.
Os riscos precisam ser
enfrentados, porque o maior fracasso da
vida é não arriscar nada. A pessoa que não
arrisca nada, não faz nada, não tem nada,
não é nada. Ela pode evitar o sofrimento e a
dor, mas não aprende, não sente, não muda,
não cresce, não vive. Presa à sua omissão,
ela é uma escrava que teme a liberdade.
Apenas quem arrisca é livre”.
Assis Almeida
viii
SUMÁRIO
RESUMO .......................................................................................................................
X
ABSTRACT ..................................................................................................................
XI
LISTA DE TABELAS ...................................................................................................
XII
1. Introdução ................................................................................................................
01
2. Revisão de Literatura ..............................................................................................
03
2.1. Cruzamentos ...........................................................................................................
03
2.2. Desempenho produtivo............................................................................................
05
2.2.1. Pesos e ganhos de pesos do nascimento a desmama............................................
05
2.2.2. Parâmetros genéticos para pesos e ganho de peso do nascimento a desmama ....
08
2.3. Desempenho de habilidade materna e reprodutiva................................................
09
2.3.1. Características de habilidade materna e reprodutiva...........................................
09
2.3.2. Parâmetros genéticos para características de habilidade materna e reprodutiva.
11
2.4. Estimativas dos efeitos genéticos aditivos e não aditivos.......................................
11
2.5. Recursos genéticos...................................................................................................
13
2.5.1. Raça Santa Inês.....................................................................................................
13
2.5.2. Raça Somalis Brasileira .......................................................................................
14
2.5.3. Raça Dorper..........................................................................................................
15
2.5.4. Raça Poll Dorset...................................................................................................
16
3. Material e Métodos ..................................................................................................
17
3.1. Descrição e edição dos dados..................................................................................
17
3.2. Análises estatísticas ................................................................................................
20
4. Resultados e Discussão ............................................................................................
23
4.1. Estatísticas descritivas.............................................................................................
23
4.2. Estimativas de efeitos genéticos dos cruzamentos para as características de
crescimento............................................................................................................
26
4.2.1. Peso ao nascer......................................................................................................
26
4.2.2. Peso ao desmame..................................................................................................
28
4.2.3. Ganho de peso do nascimento ao desmame.........................................................
30
4.3. Estimativas de efeitos genéticos dos cruzamentos para as características de
habilidade materna e reprodutiva....................................................................
32
4.3.1. Características de habilidade materna..................................................................
32
4.3.2. Características de desempenho reprodutivo.........................................................
34
ix
4.4. Estimativas de parâmetros genéticos para as características de crescimento..........
35
4.5. Estimativas de parâmetros genéticos para as características de habilidade
materna e reprodutiva............................................................................................
38
4.6. Estimativas das correlações genéticas para as características de crescimento, de
habilidade materna e reprodutiva...........................................................................
39
5. Conclusões.................................................................................................................
40
6. Referências Bibliográficas .......................................................................................
41
x
RESUMO
O objetivo deste trabalho foi de analisar as características de crescimento, reprodutivas e de
habilidade materna de vários grupos genéticos compostos pelas raças Santa Inês, Somalis
Brasileira, Dorper, Poll Dorset, e seus cruzamentos, avaliando os diversos fatores genéticos e
não genéticos envolvidos. Foram utilizados registros de peso ao nascer (PN), peso ao
desmame (PD), ganho de peso do nascimento ao desmame (GP), peso total de crias ao
nascimento por matriz (PTCN), peso total de crias ao desmame por matriz (PTDC), idade ao
primeiro parto (IPP), intervalo de partos (IDP) e período de gestação (PG), no período de
1998 a 2007. Os dados foram oriundos de animais da Gaasa e Alimentos LTDA, localizada no
Município de Inhumas-GO, uma fazenda assistida pelo Programa de Melhoramento Genético
de Caprinos e Ovinos de Corte (GENECOC), pertencente à Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária - Embrapa Caprinos. Os modelos de análises foram definidos pelo
procedimento MIXED do pacote estatístico SAS, após a verificação das restrições e
limitações dos dados. As avaliações dos efeitos genéticos aditivos e não aditivos, e as
estimativas dos componentes de (co)variância foram obtidos pelo método da máxima
verossimilhança restrita (REML), usando um algoritimo livre de derivadas, sob um modelo
animal, utilizando o programa Multiple Trait Derivative-Free Restricted Maximum
Likelihood (MTDFREML). Para as características PN, PD e GP, utilizou-se o modelo animal
considerando como aleatórios os efeitos genéticos aditivos direto e maternos, o efeito de
ambiente permanente materno e os efeitos residuais, enquanto os efeitos fixos foram os de
grupo de contemporâneos, interação do sexo com o tipo de nascimento e classe de idade da
mãe, além das (co)variáveis para a obtenção das estimativas dos efeitos genéticos aditivos
diretos de cada raça, do efeito da heterose individual e heterose materna e do efeito de
recombinação. Para as características PTCN, PTCD, IDP e PG, incluíram-se o efeito genético
aditivo direto e o efeito de ambiente permanente do animal como aleatórios e os efeitos de
grupo de contemporâneas, ordem de parto e interação do sexo com o tipo de nascimento das
crias como fixos, além das (co)variáveis para a obtenção das estimativas do efeito genético
aditivo direto de cada raça, da heterose individual e de recombinação. Já para a IPP foram
incluídos estes mesmos efeitos, exceto o efeito de ambiente permanente do animal. As análises
do desempenho médio do rebanho para as características estudadas foram de 3,75 kg, 14,91
kg, 0,200 kg/dia, 4,82 kg, 16,21 kg, 604,11 dias, 283,07 dias e 150,51 dias, respectivamente
para PN, PD, GP, PTCN, PTCD, IPP IDP e PG. As estimativas para a diferença genética
aditiva entre as raças ovinas foram significativas para todas as características, exceto para o
IDP. Os efeitos de heterose individual e materna também foram significativos para todas as
características, exceto para o PN (individual e materna) e para o GP (individual). Foi
observada significativa perda por recombinação para PD, GP, IPP e PG. As estimativas de
herdabilidade para as PN, PD e GP foram de 0,38, 0,14 e 0,10, respectivamente, para
herdabilidade direta e de 0,27, 0,09 e 0,04, respectivamente, para herdabilidade materna. Já as
estimativas de herdabilidade direta para PTCN, PTCD, IPP, IDP e PG foram de 0,19, 0,05,
0,21, 0,02 e 0,10, respectivamente. Foi observada a redução do desempenho em várias das
características estudadas, em função de perdas por recombinação. Isto significa que a
formação de uma população sintética a partir das raças envolvidas neste estudo é uma ação
bastante complexa, exigindo um rigoroso e bem conduzido processo de seleção para
neutralizar estes efeitos indesejáveis. Nas condições do presente estudo, os genes da raça
Somalis Brasileira contribuíram para um melhor desempenho reprodutivo. Por outro lado,
conduziu a redução no ganho de peso, quando comparado às demais raças estudadas.
Palavras-chave: cruzamento, efeitos genéticos aditivos, efeitos epistáticos, heterose,
desempenho reprodutivo.
xi
ABSTRACT
The aim of this study was to analyze growth, reproductive and maternal traits from Santa Inês,
Brazilian Somali, Dorper and Poll Dorset breeds and its crosses, evaluating the genetic and
non-genetic factors presented. Records of birth weight (BW), weaning weight (WW), weight
gain from birth to weaning (WG), litter weight at birth (LWB), litter weight at weaning
(LWW), age at first lambing (AFL), lambing interval (LI) and gestation length (GL), between
1998 and 2007, were utilized. Data were from animals of the Gaasa e Alimentos LTDA,
located in Inhumas-GO, a herd assisted by Programa de Melhoramento Genético de Caprinos
e Ovinos de Corte (GENECOC), of Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa
Caprinos. The analysis models were defined by MIXED procedure of the statistical package
SAS, after verification of restrictions and limitations of data. The evaluations of additives and
non-additives genetic effects, and the estimates of (co)variance components were obtained by
Restricted Maximum Likelihood method (REML), using a derivative-free algorithm under
animal model, using the software Multiple Trait Derivative-Free Restricted Maximum
Likelihood (MTDFREML). For the traits BW, WW and WG, the animal model accomplished
direct and maternal addictive genetic effects, maternal permanent environmental effect and
residual effects as aleatory, while the fixed effects were contemporary group, interaction of
sex with birth type and class of the mother's age, besides the (co)variables for the obtaining of
the estimates of direct addictive genetic effects of each breed, individual heterosis effects,
maternal heterosis effects and recombination effects. For the traits LWB, LWW, LI and GL,
direct addictive genetic effects and individual permanent environmental effects were included
in the model as aleatory and contemporary group, lactation order and interaction of the sex
with birth type effects as fixed, besides the (co)variables for the obtaining of the estimates of
direct addictive genetic effects breed, individual heterosis effects and recombination effects.
Already for AFL, all effects were included, except the individual permanent environmental
effect. The averages for the the studied traits were 3,75 kg, 14,91 kg, 0,200 kg/day, 4,82 kg,
16,21 kg, 604,11 days, 283,07 days and 150,51 days for BW, WW, WG, LWB, LWW, AFL,
LI and GL, respectively. The estimates for the addictive genetic differences among the breeds
were also significant for all the traits, except for LI. The individual and maternal heterosis
were also significant for all the traits, except for BW (individual and maternal) and WG
(individual). Significant recombination losses were observed for WW, WG, AFL and GL. The
direct heritabilities for BW, WW and WG were 0,38, 0,14 and 0,10, respectively, while
maternal heritabilities for the same traits were 0,27, 0,09 and 0,04, respectively. Already the
direct heritabilities for LWB, LWW, AFL, LI and GL were 0,19, 0,05, 0,21, 0,02 and 0,10.
Reduction of performance were observed in many studied traits due losses by recombination.
This means that the formation of a synthetic breed from the breeds involved in this study is a
complex action, requiring a rigorous and well conducted process of selection to neutralize
these undesirable effects. In the conditions of this study, the genes of Brazilian Somali
contributed to improve reproductive performance. On the other hand, it contributed to
reduction of weight gain when compared to the other breeds studied.
Keywords: crossing, additive genetic effects, epistatic effects, heterosis, reproductive
performance.
xii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1
Critérios utilizados para agrupar as mães em classes de idade ao
parto......................................................................................................... 18
Tabela 2
Freqüência dos grupos genéticos considerados nas análises para as
características reprodutivas e de habilidade materna................................ 19
Tabela 3
Freqüência dos grupos genéticos considerados nas análises para as
características de crescimento................................................................... 19
Tabela 4
Número de observações, médias, desvios padrão e coeficientes de
variação para as características peso ao nascer (PN), peso ao desmame
(PD), ganho de peso do nascimento ao desmame (GP), peso total das
crias ao nascimento por matriz (PTCN), peso total das crias ao
desmame por matriz (PTCD), idade ao primeiro parto (IPP), intervalo
de partos (IDP) e período de gestação (PG).............................................. 23
Tabela 5
Estimativas das diferenças dos efeitos genéticos aditivos das raças Poll
Dorset, Dorper e Somalis Brasileira, como um desvio da diferença dos
efeitos genéticos aditivos da raça Santa Inês, e estimativas dos efeitos
genéticos não aditivos de recombinação e de heterose (individual e
materna), considerando as heteroses específicas entre as raças
envolvidas nos cruzamentos (Modelo 1a) ou as heteroses totais
(Modelo 1b), sobre o peso ao nascer de ovinos mestiços......................... 26
Tabela 6
Estimativas das diferenças dos efeitos genéticos aditivos das raças Poll
Dorset, Dorper e Somalis Brasileira, como um desvio da diferença dos
efeitos genéticos aditivos da raça Santa Inês, e estimativas dos efeitos
genéticos não aditivos de recombinação e de heterose (individual e
materna), considerando as heteroses específicas entre as raças
envolvidas nos cruzamentos (Modelo 1a) ou as heteroses totais
(Modelo 1b), sobre o peso ao desmame em ovinos mestiços................... 29
Tabela 7
Estimativas das diferenças dos efeitos genéticos aditivos das raças Poll
Dorset, Dorper e Somalis Brasileira, como um desvio da diferença dos
efeitos genéticos aditivos da raça Santa Inês, e estimativas dos efeitos
genéticos não aditivos de recombinação e de heterose (individual e
materna), considerando as heteroses específicas entre as raças
envolvidas nos cruzamentos (Modelo 1a) ou as heteroses totais
(Modelo 1b), sobre o ganho de peso ao desmame em ovinos
mestiços................................................................................................... 31
xiii
Tabela 8
Estimativas das diferenças dos efeitos genéticos aditivos das raças Poll
e Somalis Brasileira, como um desvio da diferença dos efeitos
genéticos aditivos da raça Santa Inês, e estimativas dos efeitos de
recombinação e de heterose individual sobre o peso total de crias ao
nascer por matriz (PTCN) e o peso total de crias ao desmame por matriz
(PTCD) em ovinos mestiços.....................................................................
33
Tabela 9
Estimativas das diferenças dos efeitos genéticos aditivos das raças Poll
e Somalis Brasileira como um desvio da diferença dos efeitos genéticos
aditivos da raça Santa Inês e estimativas dos efeitos de recombinação e
de heterose individual sobre a idade ao primeiro parto (IPP), o intervalo
de partos (IDP) e o período de gestação (PG) em ovinos mestiços.......... 34
Tabela 10
Estimativas de componentes de variância, herdabilidade e covariância
entre efeitos diretos e maternos para as características peso ao nascer
(PN), peso ao desmame (PD), ganho de peso do nascimento ao
desmame (GP) em população de ovinos mestiços....................................
36
Tabela 11
Estimativas de componentes de variância e parâmetros genéticos para
as características peso total das crias ao nascimento por matriz (PTCN),
peso total das crias ao desmame por matriz (PTCD), idade ao primeiro
parto (IPP), intervalo de partos (IDP) e período de gestação (PG) em
população de ovinos mestiços................................................................... 38
Tabela 12
Correlações genéticas entre as características peso ao nascer (PN), peso
ao desmame (PD), ganho de peso do nascimento ao desmame (GP),
peso total das crias ao nascer por matriz (PTCN), peso total das crias ao
desmame por matriz (PTCD), idade ao primeiro parto (IPP), intervalo
de partos (IDP) e período de gestação (PG).............................................. 39
1
1. INTRODUÇÃO
A crescente demanda por proteína de origem animal na alimentação humana é
altamente significativa e sabe-se que a carne é a fonte protéica preferida pela humanidade.
Assim, a carne ovina é uma das alternativas dentre as variedades ofertadas na mesa do
consumidor. Visualizando essa crescente demanda pela carne ovina, regiões produtoras de
carne bovina também estão incorporando a criação de ovinos aos seus sistemas de produção
(Peruzzi, 2006).
Segundo a FAO (2007), o efetivo mundial é de 1,07 bilhões de cabeças de ovinos,
onde o Brasil encontra-se em 18° colocado, com pouco mais de 15 milhões de cabeças. A
ovinocultura no Brasil é uma atividade típica das regiões Nordeste e Sul. Segundo o IBGE
(2007), o rebanho ovino brasileiro vem crescendo em todas as regiões, com exceção da região
Sul, em que houve um decréscimo em virtude da diminuição dos rebanhos para produção de
lã. Recentemente, a ovinocultura tem apresentado uma mudança de paradigma, saindo de uma
atividade de subsistência para uma exploração empresarial e especializada (Costa, 2007). Essa
mudança tem sido importante e pode ser observada com a expansão da raça Santa Inês e com
a introdução de algumas raças exóticas, como Dorper, reconhecidamente explorada como raça
especializada na produção de carne, além da preocupação com nossos recursos genéticos
naturalizados (Sousa et al. 2006). Neste sentido, uma das alternativas para incrementar a
produção brasileira através do melhoramento genético animal, com a utilização da diversidade
genética existente no país, seria o aproveitamento do potencial das diferentes raças e/ou
grupos genéticos, utilizando estratégias de cruzamentos, acompanhadas da seleção.
As características de cada raça têm base genética e, portanto, podem ser
exploradas em sistemas de cruzamentos planejados, para situações específicas de produção e
de mercado. Assim, torna-se necessário o conhecimento mais profundo dos atributos de cada
raça ovina que será utilizada nos cruzamentos sob os diversos sistemas de manejo e nas
diferentes regiões do país. O uso eficiente das raças se baseia no conhecimento de efeitos
diretos, paternos e maternos. Adicionalmente, o uso efetivo da heterose requer a
caracterização de seus efeitos nas fêmeas e nas suas proles cruzadas (Roberson et al. 1986). A
heterose, geralmente benéfica ao desempenho, têm sido atribuída aos efeitos de dominância
de genes de ação melhoradora. Além dos efeitos da heterose, incidem sobre os cruzamentos o
efeito da recombinação, que é a quebra das associações epistáticas positivas entre genes de
origem parental (Demeke et al. 2003).
2
O objetivo deste trabalho foi analisar os desempenhos produtivos, reprodutivos e
de habilidade materna de vários grupos genéticos compostos pelas raças Santa Inês, Somalis
Brasileira, Dorper e Poll Dorset, por meio da análise dos fatores genéticos e não genéticos.
Assim, a partir dos resultados obtidos, espera-se contribuir para o conhecimento acerca das
potencialidades dos diversos cruzamentos com essas raças, visando o melhor
desenvolvimento da ovinocultura.
3
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1. Cruzamentos
Para melhorar o desenvolvimento da ovinocultura, o melhoramento genético
animal dispõe de duas ferramentas básicas: a seleção e o cruzamento (Facó e Villela, 2005). O
cruzamento pode ser definido como o acasalamento de indivíduos pertencentes a diferentes
raças ou grupos genéticos (Euclides Filho, 1999) ou o método de acasalamento de indivíduos
de linhagens diferentes (Falconer e Mackay, 1996), com menor grau de parentesco em relação
à média da população.
Segundo Euclides Filho (1996), os fatores primordiais que motivam a utilização do
cruzamento na produção animal são: aproveitar as vantagens da heterose, utilizar a
“complementaridade” ou melhoramento em produção associado à combinação de
características desejáveis de duas ou mais raças ou linhagens, possibilitar a incorporação de
material genético desejável de forma rápida e, também, para formação de raças sintéticas.
A heterose é definida como um fenômeno genético que expressa a superioridade
de indivíduos cruzados em relação à média dos desempenhos de seus pais (Ferraz e Eler
2005). Segundo Euclides Filho (1996), heterose, também conhecida como vigor híbrido, é a
diferença entre a média da característica avaliada (fenótipo) nos indivíduos oriundos do
cruzamento, os mestiços, e a média desta mesma característica medida nos pais. Esse
fenômeno é esclarecido pelo aumento da heterozigose nos indivíduos cruzados.
Os cruzamentos visam explorar características econômicas, particularmente
aquelas em que a seleção individual é pouco efetiva, bem como restaurar o poder adaptativo
perdido com a consangüinidade (Falconer e Mackay, 1996). A escolha do tipo de cruzamento
depende de inúmeros fatores, no qual pode-se destacar: número de matrizes aptas a serem
cruzadas, disponibilidades de alimento para os animais, mão-de-obra disponível e qualificada
e possibilidade de retorno dos investimentos (Pereira, 2004).
A utilização dos cruzamentos será mais efetiva quanto mais for planejada, no
sentido de se escolher raças e sistemas que atendam às especificidades do ambiente. Quando
essas especificidades levam a concluir que não é adequado usar animais de raças puras, por
serem mais exigentes, os cruzamentos são indicados pela maior vantagem de utilizar animais
mestiços. Então, deve-se manter uma linha materna de raças adaptadas a essas condições
ambientais e utilizar reprodutores de raças especializadas na produção de carne. Esta
4
estratégia predomina em todo o mundo onde se criam ovinos para corte de forma eficiente
(Leymaster, 2002).
A base genética dos efeitos dos cruzamentos torna-se importante na compreensão
da heterose e pode ser dividida em dois componentes principais: aditivo e não aditivo (Swan,
1992). O componente aditivo é aquele devido ao mérito da característica ou índice de
interesse genético médio das linhas paterna e materna ou raças envolvidas no cruzamento. O
componente não aditivo é a heterose, que é, normalmente, atribuída aos efeitos de
dominância, interações genéticas dentro do locos, e de epistasia, interações entre locos. Estes
efeitos são muito importantes, por apresentarem impacto na predição dos valores genéticos
(Wolf et al. 2005). Os efeitos genéticos não-aditivos entre raças podem ser importantes para
determinadas características, para algumas combinações de raças e para a heterogeneidade de
variância e covariância que pode existir entre grupos raciais (Elzo e Borjas 2004).
A heterose pode ser dividida em individual, materna e paterna. A primeira pode ser
percebida individualmente nos animais mestiços, pelo aumento do vigor não atribuível aos
efeitos maternos, paternos ou ligados ao sexo.
Leymaster (2002) observou que a média para peso ao desmame de cordeiros puros
e mestiços foi de 58 e 61 libras, respectivamente, verificando assim uma heterose individual
no peso ao desmame de 3,0 libras (61 - 58) ou 5,2% (3/58).
O efeito da heterose materna é atribuível à utilização de fêmeas cruzadas, em vez
de puras, propiciado pela maior produção de leite e melhoria do ambiente intra-uterino.
Já a heterose paterna é atribuível à utilização de machos cruzados sobre o
desempenho da progênie. Esse efeito é menos conhecido que os outros, pois é mais comum a
utilização de reprodutores puros.
Para Pereira (2004), tanto a heterose paterna como a materna são funções de
combinações gênicas presentes na geração anterior. Assim, o efeito materno é a influência p
e pós-natal que as mães exercem sobre o fenótipo dos filhos. Geralmente, os valores médios
das características nos descendentes do cruzamento de duas raças ou linhagens podem variar
conforme a raça ou grupo genético da mãe.
O grau de heterose obtido nos cruzamentos depende dos níveis de heterozigose
materna e individual, do distanciamento genético entre as raças envolvidas, das freqüências
gênicas na população, da característica em questão e das interações com o ambiente (Fries,
1996).
De modo geral, a resposta à heterose é maior para as características de baixa
herdabilidade. Dessa forma, o vigor híbrido é alto em características reprodutivas, como
5
fertilidade, tamanho de ninhada e sobrevivência. Por outro lado, é menor para as
características de crescimento pós-desmame, como eficiência alimentar e composição de
carcaça, que são características de herdabilidade média a alta (Mourão, 2005).
Para Perotto (2007), a heterose obtida pelo cruzamento pode propiciar maior
velocidade de crescimento, melhor conformação e melhor qualidade da carne e da carcaça.
Portanto, a utilização dos cruzamentos constitui uma forma de otimizar o crescimento e a
qualidade do produto final e, conseqüentemente, a rentabilidade da cadeia produtiva.
Segundo Demeke et al. (2003), também incide sobre os cruzamentos o efeito da
recombinação, que é a quebra de associações epistáticas positivas entre genes de origem
parental. Este fenômeno parece ser a principal causa do declínio no desempenho de
crescimento em gerações avançadas de cruzamentos. Portanto, a epistasia parece ser um efeito
genético importante, que não deve ser ignorado em avaliações de desempenhos de
cruzamentos, para decisões sobre futuras ações desta estratégia de melhoramento.
Os cruzamentos possibilitam também a obtenção da complementaridade, ou seja, a
combinação de genes de diversas raças e de características desejáveis (Leymaster, 2002). É
um fenômeno onde se consegue reunir as características de duas ou mais raças em um único
animal, transformando esse animal em um agregado de alto valor produtivo e adaptativo. É
devido a esse fato que algumas raças são melhores utilizadas como paternas e outras como
maternas (Mourão, 2005).
O termo “complementaridade entre raças” foi primeiramente proposto por
Cartwright (1970), que descreveu as diferenças dos acasalamentos resultantes, bem como a
maneira como dois ou mais caracteres se combinam ou se complementam na unidade de
produção. O fenômeno encerra tanto componentes genéticos como não genéticos e pode ser
definido como o efeito cumulativo das interações entre os fenótipos dos indivíduos que
compõem a unidade de produção.
2.2. Desempenho produtivo
2.2.1. Pesos e ganho de peso do nascimento a desmama.
O desempenho do cordeiro na fase pré-desmama expressa a iniciação do seu
potencial genético para o desempenho ponderal e a habilidade materna de sua mãe. Esse
desempenho é influenciado por vários fatores: sexo, mês e ano de nascimento, tipo de
6
nascimento, ordem de parto ou idade da mãe ao parto. Após a desmama, ainda existe alguma
influência da habilidade da mãe sobre o animal, entretanto, esta influência tende a diminuir,
ficando o crescimento restrito ao potencial do próprio animal (Sousa et al. 2003).
Para melhorar o desempenho dos ovinos nativos ou naturalizados, uma alternativa
seria o acasalamento com ovinos especializados para produção de carne, como animais das
raças Dorper e Poll Dorset. Esse tipo de acasalamento tem sido preconizado como forma de
aumentar a produção de carne (Muniz et al. 1997; Garcia et al. 2003). Os dados de
desempenho são importantes para auxiliar o produtor na identificação de animais superiores
no intuito de aprimoramento dos sistemas de produção (Macedo, 1996; Siqueira, 2000 e
Susin, 2001).
Maria et al. (1993) analisaram as características de crescimento em ovinos
Romanov e obtiveram as seguintes médias 2,46 kg, 14,07 kg e 0,220 kg/dia, para peso ao
nascimento, peso ao desmame e ganho de peso do nascimento ao desmame, respectivamente.
Al-Nakib et al. (1997) analisaram o peso ao nascer (PN) e o peso ao desmame
(PD) em ovinos. Foram observadas as seguintes médias: 2,3 kg, 2,7 kg, 2,9 kg, 2,6 kg, 2,7 kg
e 2,6 kg para PN, e 24,1 kg, 24,8 kg, 24,9 kg, 24,5 kg, 25,7 kg e 25,2 kg para o PD,
respectivamente para as raças Stanhope Blackface, North Country Cheviot (NC), Derbyshire
Gritstone (DG), Exmoor Horn (EX), Blackface from Lanark market (BL) e Swaledale (SW).
Boujenane et al. (1999) analisaram o peso ao nascer (PN) e o peso ao desmame
(PD) em ovinos. Foram observadas as seguintes médias para PN: 3,31 kg, 2,42 kg e 2,714 kg,
e para PD: 17,6 kg, 16,8 kg e 17,0 kg, respectivamente para as raças Sadir (S), D’man (D) e
os mestiços Sadir (S) x D’man (D).
Mousa et al. (1999) estudaram características de crescimento em ovinos mestiços
das raças Columbia, Hampshire Down e Suffolk e observaram as médias 5,77 kg, 20,14 kg e
0,365 kg/dia para PN, PD e ganho de peso do nascimento ao desmame, respectivamente.
Doloksaribu et al. (2000) analisaram as características de crescimento em ovinos
mestiços Virgin Island x Sumatra (HC) e Blackbelly x Sumatra (BC) e obtiveram as seguintes
médias 1,97 kg e 10,3 kg, 1,82 kg e 9,6 kg, e 1,33 kg e 6,9 kg, respectivamente, para o peso
ao nascer de mestiços Barbados Blackbelly x Sumatra, mestiços Virgin Island x Sumatra e da
raça Sumatra.
Trabalhando com mestiços Santa Inês x Sem Raça Definida (SRD), criados em dez
fazendas no Ceará, mantidos em regime semi-intensivo, Silva e Araújo (2000) obtiveram
médias estimadas pelo método dos quadrados mínimos de 3,23 kg para peso ao nascer, 11,12
7
kg para peso aos 56 dias, 13,88 kg para peso aos 84 dias, 16,74 kg para peso aos 112 dias de
idade e 120,69 g/dia para ganho diário de peso do nascimento aos 112 dias de idade.
Boujenane e Kansari (2002) analisaram o peso ao nascer (PN) e o peso ao
desmame (PD) em ovinos mestiços das raças Lacaune (L), Timahdite (T) e D’man (D). Foram
observadas as seguintes médias para PN: 3,31 kg, 3,06 kg, 2,86 kg, 3,02 kg, 3,33 kg e 3,73 kg
e para PD: 15,6 kg, 14,4 kg, 15,2 kg 15,8 kg, 16,8 kg e 18,2 kg, respectivamente, para os
mestiços L x T, D x T, L x D, L x DT, L x LD e L x LT.
Quesada et al. (2002) verificaram as médias para os pesos ao nascer, aos 30, 120 e
210 dias de idade, respectivamente, 2,36 kg, 5,54 kg, 16,35 kg e 26,26 kg para a raça Morada
Nova, 3,07 kg, 8,01 kg, 20,10 kg e 29,84 kg para a raça Santa Inês e 2,84 kg, 7,53 kg, 21,32
kg e 32,99 kg para mestiços Texel x Morada Nova.
Na Etiópia, Hassen et al. (2003) analisaram o peso ao nascer (PN), o peso ao
desmame (PD) ajustado para 110 dias de idade e o ganho de peso diário (GPD) de ovinos
puros Awasi e de mestiços Awasi x animais nativos, entre os anos de 1987 e 1998, criados em
regime semi-intensivo. As médias para PN, PD e GPD foram, respectivamente, 3,1 kg, 18,03
kg e 136 g/dia.
Barros et al. (2004) estudaram a influência do reprodutor nas características de
crescimento de 303 cordeiros dos grupos genéticos ½ (Somalis Brasileira x SRD) e ½ (Santa
Inês x SRD). Os animais foram criados em Sobral, de forma semi-intensiva, sendo avaliados
os pesos corporais ao nascimento, aos 56 dias de idade, ao desmame, além do ganho de peso
do nascimento ao desmame. Os autores verificaram as seguintes médias para estas
características, respectivamente, 3,05 kg, 12,44 kg, 15,12 kg e 152,0 g/dia para ½ (Somalis
Brasileira x SRD), e 3,04 kg, 12,15 kg, 14,74 kg e 147,0 g/dia para ½ (Santa Inês x SRD).
Hassen et al. (2004) estudaram o desempenho de ovinos da raça Awassi (A), de
uma raça indígena (I) do Norte Etíope e seus mestiços. Os pesos ao nascer e ao desmame
foram de 2,83 kg e 17,35 kg na raça indígena, 2,6 kg e 16,23 kg para os mestiços com ½ (A x
I), 3,3 kg e 18,71 kg para os mestiços ¾ Awassi, 3,55 kg e 19,36 kg para os mestiços acima de
¾ Awassi e 4,05 kg e 22,48 kg para animais puros Awassi. As médias para os ganhos de peso
foram de 131,66 g/dia na raça indígena, 128 g/dia para os mestiços com ½ (A x I), 143 g/dia
para os mestiços ¾ Awassi, 147 g/dia para os mestiços acima de ¾ Awassi e 172 g/dia para
animais puros Awassi.
Selaive-Villarroel e Souza Júnior (2005) avaliaram o desempenho de cordeiros de
ambos os sexos, desmamados com idade média de 90 dias e peso corporal médio de 11,5 kg,
oriundos do cruzamento de ovelhas sem raça definida (SRD) com reprodutores das raças
8
Santa Inês e Somalis Brasileira. Os cordeiros mestiços Santa Inês x SRD apresentaram maior
ganho médio de peso diário (112,0 g/dia) que os mestiços Somalis Brasileira x SRD (72,0
g/dia).
Hielscher et al. (2006) analisaram as características de crescimento em ovinos
mestiços Rhoen (Rh) x Merino Land (Ml) e obtiveram as médias 4,72 kg, 32,86 kg e 0,292
kg/dia, para mestiço Rh x Ml e 4,00 kg, 29,83 kg e 0,260 kg/dia, para mestiços Ml x Rh,
respectivamente para as características peso ao nascimento, peso ao desmame às 13 semanas e
ganho de peso do nascimento ao desmame, respectivamente.
No município de Douradina, Mato Grosso do Sul, Peruzzi (2006) observou o
desempenho dos cordeiros da raça Santa Inês, desmamados com 60 dias, criados em regime
intensivo. Os pesos ao nascimento (PN) e ao desmame (PD), e o ganho de peso médio diário
do nascimento ao desmame (GPD) foram, em média, respectivamente, 3,3 kg, 10,9 kg e 0,125
kg/dia.
Na África do Sul, Cloete et al. (2007) estudaram os ovinos das raças Dorper, Ile de
France e Merino, criados extensivamente. As características avaliadas foram os peso ao
nascer e ao desmame, em que foram observados os seguintes valores: 4,1 kg e 31,3 kg, 4,6 kg
e 34,5 kg, e 4,4 kg e 32,9 kg, respectivamente para as raças Dorper, Ile de France e Merino.
2.2.2. Parâmetros genéticos para pesos e ganho de peso do nascimento a desmama
Maria et al. (1993) estudaram as características de crescimento em ovinos da raça
Romanov e estimaram em 0,04, 0,34 e 0,15 as herdabilidades diretas, em 0,22, 0,25 e 0,01 as
herdabilidades maternas, para as características peso ao nascer, peso ao desmame e ganho de
peso do nascimento ao desmame, respectivamente.
Mousa et al. (1999) estudaram os parâmetros genéticos para características de
crescimento em ovinos mestiços das raças Columbia, Hampshire Down e Suffolk. Os autores
observaram média geral em 0,09, 0,09 e 0,21 as herdabilidades diretas, em 0,17, 0,09 e 0,01
as herdabilidades maternas, em 0,01, -0,39 e -0,52 as correlações entre os efeitos genéticos
diretos e maternos, em 0,09, 0,12 e 0,03 as variâncias de ambiente permanente maternos e em
0,45 (PN-PD), -0,02 (PN-GP) e 0,37 (PD-GP) para as correlações genéticas, sobre as
9
características peso ao nascer, peso ao desmame e ganho de peso do nascimento ao desmame,
respectivamente.
El Fadili e Leroy (2001) estimaram em 0,01 e 0,06 as herdabilidades diretas, em
0,28 e 0,10 as herdabilidades maternas e em 0,01 e -0,18 as correlações entre os efeitos
genéticos diretos e maternos, para as características peso ao nascer e peso ao desmame,
respectivamente, em ovinos mestiços.
Silva e Araújo (2002), trabalhando com cordeiros mestiços Santa Inês x SRD, no
Ceará, estimaram as herdabilidades para pesos do nascer e aos 112 dias de idade e para o
ganho de peso do nascer a desmama. Os cordeiros foram aleitados ao pé da mãe e as matrizes
foram manejadas em pastagem nativa de caatinga. As estimativas de herdabilidade para os
pesos ao nascer e aos 112 dias de idade e para ganho de peso do nascimento a desmama foram
0,48, 0,53 e 0,56, respectivamente.
Na Etiópia, Hassen et al. (2003) estimaram as herdabilidades do peso ao nascer, do
peso ao desmame e do ganho de peso diário do nascimento ao desmame de ovinos mestiços
Awasi x animais indígenas criados em regime semi-intensivo, de 1987 a 1998. As
herdabilidades diretas para peso ao nascer, peso ao desmame e ganho de peso médio diário
foram 0,39, 0,33 e 0,25, respectivamente. Já as herdabilidades maternas para as mesmas
características foram, respectivamente, 0,13, 0,18 e 0,19.
Sousa (2004) estimou os componentes de variância e as herdabilidades para as
características pesos ao nascer e aos 90 dias de idade e para o ganho de peso do nascimento
aos 90 dias de idade, em ovinos da raça Santa Inês. Os animais foram criados em regime
semi-extensivo, em Sobral-CE, durante o período de 1984 a 1998. As herdabilidades diretas
para estas características foram, respectivamente, 0,15, 0,11 e 0,15; as herdabilidades
maternas foram, respectivamente, 0,16, 0,12 e 0,12.
2.3. Desempenho de habilidade materna e reprodutiva
2.3.1. Características de habilidade materna e reprodutiva
A precocidade sexual influencia a rentabilidade da pecuária, por determinar a
fertilidade futura da fêmea e a diminuição do número de matrizes improdutivas no campo.
Existe variação da idade ao primeiro parto entre as raças. Esta característica marca o início do
processo reprodutivo das fêmeas e assim a sua redução é de suma importância bio-econômica,
10
pois resulta em aumento da vida útil da matriz, redução do intervalo de gerações e aumento do
número de matrizes disponíveis para a reprodução (Pötter, 2002). O intervalo de partos
também é de suma importância para eficiência reprodutiva dos rebanhos.
Características relacionadas à habilidade materna, como período de gestação, peso
total das crias ao nascimento e à desmama devem ser avaliadas para mensurar a eficiência dos
rebanhos. Silva et al. (1995) avaliaram o desempenho reprodutivo de ovinos Santa Inês,
criados extensivamente no estado do Ceará, entre os anos de 1983 e 1991. As médias
observadas para período de gestação e peso total das crias ao desmame por matriz foram
151,64 dias e 17,30 kg, respectivamente. Para estas mesmas características, respectivamente,
médias de 149,3 dias e 13,18 kg foram observadas por Silva et al, (1998) para ovinos Somalis
Brasileira, criados extensivamente e desmamados aos 112 dias, no Ceará, entre os anos de
1983 e 1991. Estes autores também reportaram uma média de 2,81 kg para o peso total das
crias ao nascer por matriz.
Machado e Simplicio (1998) observaram um período de gestação médio de 148,2
dias para a raça Santa Inês, criada na região semi-árida do Ceará, em regime semi-intensivo.
Boujenane et al. (1999) analisaram o peso total das crias ao nascer (PTCN) e o
peso total das crias ao desmame (PTCD) em ovinos, observando as seguintes médias para
PTCN: 3,87 kg, 4,18 kg e 4,32 kg, e para PTCD: 15,1 kg, 16,9 kg e 19,0 kg, respectivamente,
para as raças Sadir (S) e D’man (D) e mestiço Sadir (S) x D’man (D).
Doloksaribu et al. (2000) analisaram as características reprodutivas e obtiveram as
médias para idade ao primeiro parto foram 457 dias para mestiço Barbados Blackbelly x
Sumatra, 468 dias para mestiço Virgin Island x Sumatra e de 469 dias para a raça Sumatra.
Para intervalo de partos, as médias foram 233 dias para mestiço Barbados Blackbelly x
Sumatra, e 227 dias para mestiço Virgin Island x Sumatra e 232 dias para a raça Sumatra.
Quesada et al. (2002) verificaram médias para intervalo de partos e idade ao
primeiro parto, respectivamente, de 325,02 dias e 551 dias para a raça Santa Inês. Os animais
foram criados no Distrito Federal, no período de 1986 a 1999.
Cloete et al. (2007) analisaram características reprodutivas de ovinos mestiços das
raças Dorper, Ile de France e Merino, criados extensivamente na África do Sul, e obtiveram
média de peso total de cordeiros desmamado por matriz de 38,4 kg, 45,9 kg e 40,4 kg,
respectivamente, para as raças Dorper, Ile de France e Merino.
11
2.3.2. Parâmetros genéticos para características de habilidade materna e reprodutiva
El Fadili e Leroy (2001) estimaram em 0,15 e 0,08 as herdabilidades diretas para
as características peso total das crias ao nascer e peso total das crias ao desmame por matriz,
respectivamente, em ovinos mestiços.
Quesada et al. (2002) estimaram em 0,17 a herdabilidade para intervalo de partos
de animais da raça Santa Inês, criados em regime extensivo, no período de 1986 a 1999.
2.4. Estimativa dos efeitos genéticos aditivos e não aditivos
Estimativas dos efeitos genéticos nos cruzamentos em ovinos não são abundantes
na literatura. Poucos trabalhos foram encontrados.
Bittante et al. (1996), estudando o efeito genético aditivo das raças Lamon e
Finnsheep, bem como das heteroses individual e materna, observaram efeitos significativos
para a heterose materna sobre as características peso ao nascer e peso ao desmame e também
para o efeito genético aditivo do peso total das crias ao nascer.
Mavrogenis (1996), estudando os efeitos das heteroses individual e materna nas
características de crescimento, em ovinos mestiços das raças Awasi e Chios, obtiveram
estimativas significativas para peso ao nascer 0,06 e 0,04 e para o peso ao desmame 0,09 e
0,07, para a heterose individual e materna, respectivamente.
Analla et al. (1998), estudando o efeito da heterose individual em ovinos da raça
Merino, observaram efeito significativo da heterose individual sobre as características peso ao
nascer e peso ao desmame.
El Fadili e Leroy (2001) estimaram o efeito genético aditivo, a heterose direta (H)
e a recombinação (R) sobre os pesos totais das crias ao nascer por matriz e ao desmame por
matriz no Marrocos. As estimativas da Ga foram -0,74 e -0,30, para H 0,14 e 3,43 e para R -
0,32 e -2,83, respectivamente, para os pesos totais das crias ao nascer por matriz e ao
desmame por matriz de ovinos mestiços das raças D’man e Timahdite.
Em caprinos, Mugambi et al. (2007), estudando o peso ao nascer, o peso ao
desmame e o ganho de peso do nascimento ao desmame em caprinos das raças Anglo
12
Nubiana, Galla, Toggenburg como um desvio de uma raça nativa do oeste africano, no
Quênia, observaram em 0,05, -0,21 e -1,72 a heterose individual, em -0,09, 0,04 e 0,39 a
heterose materna e em -0,12, -1,27 e -10,55 a recombinação, respectivamente, para as
características de crescimento.
Um número considerável de estudos com bovinos pode ser verificado na literatura.
Serão apresentados alguns deles, para que se perceba a dimensão dos efeitos estudados.
Martinez et al. (1988), estudando a produção leiteira associada a características
reprodutivas em rebanhos mestiços Holandêz x Zebu, na região sudeste brasileira,
observaram significância do efeito genético aditivo e da heterose sobre as características
idade ao primeiro parto e intervalo de partos.
Madalena et al. (1989), estudando a produção leiteira associada a características
reprodutivas em rebanhos mestiços Holandêz x Guzerá, sob dois níveis de manejo,
observaram para a idade ao primeiro parto que a heterose somente era significativa para o
alto nível de manejo, enquanto que para o baixo nível de manejo, tanto a heterose como o
efeito genético aditivo eram significativos.
Madalena et al. (1990), estudando características de primeira e segunda lactação
em rebanhos mestiços Holandêz x Guzerá, sob dois níveis de manejo, não observaram efeito
significativo da genética aditiva entre as raças e nem da heterose sobre o intervalo de partos.
Davis et al. (1998), estudando o efeito genético aditivo das raças Hereford e
Tarentaise, bem como das heteroses individual e materna, observaram efeitos significativos
das heteroses individual e materna sobre as características peso ao nascer, peso ao desmame e
para o ganho de peso do nascimento a desmama. Entretanto, o efeito da genética individual
somente foi significativo para o peso ao nascer.
Arthur et al. (1999), estudando bovinos de corte em cruzamentos Bos taurus x Bos
indicus, encontraram efeito significativo dos efeitos da heterose direta e da recombinação
sobre o peso ao desmame e o ganho de peso do nascimento ao desmame. Entretanto a
heterose materna não foi significativa sobre o peso ao nascer.
Demeke et al. (2003), estudando as características produtivas de cruzamentos
bovinos Bos taurus x Bos indicus na Etiópia, obtiveram estimativas significativas de heterose
e de recombinação sobre o peso ao nascer, o peso ao desmame e o ganho de peso do
nascimento ao desmame.
Facó (2005), estudando as características reprodutivas de bovinos mestiços
Holandês x Gir, obtiveram estimativas significativas do efeito genético aditivo e da heterose
sobre a idade ao primeiro parto, bem como da heterose sobre o intervalo de partos.
13
Entretanto, não encontrou efeito significativo da recombinação sobre a idade ao primeiro
parto, como também da genética aditiva e da recombinação na característica intervalo de
partos.
2.5. Recursos Genéticos
Segundo Shrestha et al. (2002), existem mais de 450 raças ovinas que foram
recentemente desenvolvidas no mundo. Isso foi o resultado do cruzamento de duas ou mais
populações parentais. Estas raças representam recursos genéticos importantes para os ovinos
domésticos e são exploradas freqüentemente para aumentar a produtividade. Muitos países
continuam realizando cruzamentos com esse propósito e assim desenvolver novas raças,
geralmente mais produtivas e de fácil adaptação ao ambiente e à produção comercial.
Todas as raças ovinas brasileiras foram formadas pelo processo de seleção natural
sobre as raças européias que foram introduzidas no território brasileiro na época da
colonização (Paiva et al. 2003). As raças ovinas se diferenciam não apenas na sua morfologia,
mas também na adaptação aos diversos tipos de ambiente e de manejo, como também na
performance produtiva e reprodutiva. Cada raça é um produto das forças de seleção que
ocorreram no ambiente em que a ela evoluiu (Bueno et al., 2001).
2.5.1. Raça Santa Inês
A Santa Inês é uma raça ovina deslanada, nativa do Nordeste do Brasil. Existem
opiniões controversas a respeito de sua origem e formação; provavelmente foi formada pelos
cruzamentos aleatórios das raças Bergamácia, Morada Nova e Somalis Brasileira (Barbosa et
al. 2005). Paiva et al. (2005), a partir de estudos moleculares, verificando a proximidade
genética dos animais, concluíram que essa raça tem na sua formação, maior participação de
raças de origem européia, como a raça Bergamácia. Adicionalmente, ressaltaram menor
contribuição das raças Morada Nova e Somalis Brasileira, que são raças de origem africana, e,
portanto, com menor proximidade genética.
A seleção desta raça ocorreu sem nenhum planejamento, objetivos e metas de
produção (Vieira et al. 2002). O seu padrão racial está homologado pelo Ministério da
14
Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA) e praticado pela Associação Brasileira de
Criadores de Ovinos (ARCO). Constitui-se em ovino deslanado, de grande porte, mocho, com
pelagem variada, apresentando os machos adultos cerca de 80 a 100 kg e as fêmeas adultas de
60 a 70 kg. Assim, esse padrão racial orienta a avaliação dos animais controlados nos livros
de registro, passando-se, na maioria das vezes, por registros intermediários, até obter a
classificação de pureza racial. A responsabilidade das ações para registro é compartilhada por
criadores, associações e pelo Serviço de Registro Genealógico (Araújo e Simplício, 2002).
A raça Santa Inês é encontrada em todas as regiões do País, onde as fêmeas
apresentam boa habilidade materna e maior resistência a parasitas. E devido a esses fatores,
pode ser utilizada como raça materna para ser acasalada com ovinos especializados para
produção de carne (Sousa et al. 2003).
Garcia et al. (2000) propuseram que a produção de mestiços Santa Inês x Texel
poderia ser uma alternativa para o aumento quantitativo e qualitativo da oferta de carne.
Dentre as raças em maior expansão no Centro-Oeste, a Santa Inês tem posição de
destaque (Morais, 2002 e Barreto Neto, 2004). É a raça com maior população de ovinos
controlados, com aproximadamente 60% dos animais puros por cruza de origem conhecida e
desconhecida (Morais, 2002). A fertilidade, a habilidade materna e a produção de leite dessa
raça estão entre as características utilizadas no marketing para sua expansão e preferência. É
importante ressaltar que o potencial de crescimento dos cordeiros nas primeiras semanas de
vida é dependente da produção de leite das mães e do período de amamentação (Pilar et al.
2002).
Apesar de ser considerada rústica, principalmente aqueles animais criados no
Nordeste brasileiro, quando colocada em sistemas de produção intensiva, comportam-se como
as demais raças exóticas, exigindo controle da criação e técnicas intensivas (Sousa et al.
2006).
2.5.2. Raça Somalis Brasileira
Segundo a ARCO, a raça Somalis Brasileira é proveniente da Ásia Central, sendo
encontrada também na China e na Sibéria, e também conhecida como "Persiano", devido à
sua origem. Sua introdução no Brasil foi feita por criadores do Estado do Rio de Janeiro, em
1939 (Silva et al. 1998). A Somalis Brasileira não se adaptou a região por causa do clima,
sendo então levada para o Nordeste. Os redutos da raça Somalis Brasileira estão nos Estados
15
do Ceará e Rio Grande do Norte, também se estendendo por Pernambuco e Bahia. Apresenta
porte médio, com animais adultos de 60 a 70 kg e pouca ou nenhuma lã. No Nordeste, a
Somalis Brasileira é especialmente indicada para cruzamentos com animais SRD.
A aptidão da raça é para carne e pele, tendo como característica principal um
depósito de gordura na região da cauda, talvez uma reserva de energia para o animal
sobreviver nas épocas criticas (Silva et al. 1998). Essa raça apresenta boa velocidade de
crescimento, carcaça de boa conformação, comportamento de poliestria contínua, precocidade
sexual, fertilidade ao parto com variação de 57 a 97%, prolificidade de 1,4, sobrevivência das
crias em torno de 90% e rendimento de carcaça de 48,8 a 52,6%. Também é denominada
"carneiro da cabeça preta".
2.5.3. Raça Dorper
A Dorper é uma raça ovina sintética, desenvolvida para produção de carne, sob as
condições da África do Sul (Souza e Leite 2000). É resultante do cruzamento das raças
“Dorset Horn”, de origem inglesa, e “Blackheaded Persian” (conhecida no Brasil por
Somalis), de origem africana. Apresenta como característica principal a cabeça preta (Dorper)
ou o corpo totalmente branco “White Dorper” (Milne, 2000).
Esta raça foi introduzida no Brasil a partir de 1998, através do programa de
melhoramento genético desenvolvido pela Empresa Estadual de Pesquisa do Estado da
Paraíba (EMEPA-PB), com o propósito de melhorar os resultados zootécnicos e econômicos
da ovinocultura paraibana (Madruga et al. 2006).
Destaca-se pela alta fertilidade, rápido ganho de peso, excelente conformação de
carcaça e adaptabilidade às regiões áridas e subtropicais (Cloete et al. 2000 e Barros et al.
2005). Para Cézar (2004), estas características qualificam-na para ser utilizada em
cruzamentos planejados com ovelhas SRD ou com a raça Santa Inês, nas regiões áridas do
Brasil, desde que sejam manejados adequadamente, especialmente onde os recursos naturais
como água e alimentação são limitados. Estes recursos são importantes para aumentar a
eficiência da produção de carne ovina (Snyman e Olivier, 2002). Devido a sua rusticidade,
tem sido importada para muitos países, embora seja originaria de latitudes maiores, portanto,
de condições edafo-climáticas diferentes.
16
2.5.4. Raça Poll Dorset
Segundo a ARCO, a raça Poll Dorset é originária de animais existentes nos
condados de Dorset e Somerset, no sudoeste da Inglaterra. Eram animais pequenos, rústicos,
com chifres, membros longos, lã branca e escassa, porém produtores de carne muito
apreciada. Inicialmente, foram cruzados com Leicester e Southdown e posteriormente com
Merino, seguindo-se um processo seletivo. O Dorset original tinha chifres, sendo denominado
Dorset Horn na Inglaterra, ou simplesmente Dorset nos Estados Unidos. O atual Poll Dorset
originou-se de uma mutação que ocorreu num plantel Dorset puro de pedigree da
Universidade da Carolina do Norte, nos Estados Unidos. Após sete anos de pesquisa, foi
possível obter uma linhagem mocha e, em 1956, foram registrados os primeiros Poll Dorset
no “Continental Dorset Club”.
Apresenta alto potencial genético para características produtivas, incluindo o
crescimento e a reprodução; são animais de tamanho médio, segundo o padrão atual, de corpo
comprido e de excepcional conformação, que corresponde a uma carcaça de qualidade.
Apresentam também excelente produção de leite e habilidade materna, o que resulta em alta
taxa de sobrevivência e velocidade de crescimento dos cordeiros, com carcaças pesadas e
baixo teor de gordura. Os machos adultos pesam de 100-125 kg e as ovelhas adultas de 65-90
kg, com rendimento de carcaça variando de 54-60% e prolificidade de cerca de 110-130%.
Apresenta alta fertilidade e precocidade na maturidade sexual, com duração estacional de cio
muito prolongada. É considerada adequada para cruzamentos industriais com a finalidade de
produção de cordeiros para abate.
17
3. MATERIAL E MÉTODOS
3.1. Descrição e edição dos dados
Os dados utilizados neste estudo foram oriundos de animais da Gaasa e Alimentos
Ltda., uma fazenda assistida pelo Programa de Melhoramento Genético de Caprinos e Ovinos
de corte (GENECOC), pertencente à Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa
Caprinos, localizada no Município de Inhumas-GO (altitude de 770 m, latitude 16° 21’ 28’’S
e longitude 49° 29’ 45’’ W e com clima Tropical Semi-Úmido Quente).
Foram utilizadas informações referentes a animais das raças Santa Inês, Somalis
Brasileira, Dorper e Poll Dorset e seus mestiços, criados no período de 1998 a 2007. Os
animais foram mantidos em regime semi-intensivo, alimentados com pastagem de tifton 85,
silagem e suplementação com ração concentrada com 21% de proteína bruta para as crias e
borregas e de 15% de proteína bruta para as demais categorias. Além disso, tinham acesso ao
sal mineral e a água “ad libitum”. O plano sanitário consistia de vacinações contra raiva e
clostridiose, controle sistemático de endo e ectoparasitos. Após o nascimento, os animais
eram pesados e identificados com brincos. Os animais permaneciam com as mães até os 50
dias, em média, em seguida eram desmamados.
As análises descritivas dos dados foram realizadas por meio dos procedimentos
estatísticos contidos no Statistical Analysis System - SAS (1999), verificando restrições,
limitações e a consistência das informações.
Originalmente os dados continham registros de 5.325 animais no arquivo de
pedigree, 30.671 registros de peso às diferentes idades e 3.248 registros de características
reprodutivas. Foram considerados nas análises apenas os registros de animais com pai e mãe
conhecidos.
Para as análises das características peso ao nascer (PN), peso ao desmame (PD) e
ganho de peso do nascimento ao desmame (GP), os animais foram agrupados em 161 grupos
de contemporâneos (GC), compostos por pelo menos três animais nascidos no mesmo mês e
ano de nascimento e pertencentes ao mesmo sexo. Foram criadas classes para idade da mãe ao
parto (idm), conforme descrito na Tabela 1.
18
Tabela 1. Critérios utilizados para agrupar as mães em classes de idade ao parto.
Idade (meses) Classe de Idade da Mãe ao
Parto (idm)
Mínima Máxima
1 -
12
2
> 12
24
3
> 24
36
4
> 36
48
5
> 48
60
6
> 60
72
7
> 72
-
Para as análises das características reprodutivas e de habilidade materna, em
função do pequeno número de observações, foram desconsiderados os registros de matrizes
que tinham genes da raça Dorper. Foram eliminados ainda os registros de idade ao primeiro
parto (IPP) acima de 1.340 dias e de intervalo de partos (IDP) acima de 800 dias.
As matrizes foram agrupadas em 64 grupos de contemporâneas (GC) e cada grupo
foi composto por pelo menos três matrizes nascidas no mesmo mês e ano para a idade ao
primeiro parto (IPP). Já para as características peso total de crias ao nascimento por matriz
(PTCN), peso total de crias ao desmame por matriz (PTCD) e período de gestação (PG),
foram constituídos 61 GC, e para o IDP foram considerados apenas 55 GC, sendo que as
matrizes em cada grupo tinham o mesmo mês e ano do parto antecedente.
Após serem feitas estas restrições, restaram 5.325 animais na matriz de parentesco,
além de 3.573, 2.797, 2.797, 2.967, 2.824, 986, 1.952 e 2.716 registros de peso ao nascer
(PN), peso ao desmame (PD), ganho de peso do nascimento ao desmame (GP), peso total de
crias ao nascimento (PTCN), peso total de crias ao desmame (PTDC), idade ao primeiro parto
(IPP), intervalo de partos (IDP) e período de gestação (PG), respectivamente.
Nas tabelas 2 e 3 estão apresentadas as freqüências e os referidos grupos genéticos
de ovinos que foram utilizados para o estudo das características citadas.
19
Tabela 2 - Freqüência dos grupos genéticos considerados nas análises para as características
reprodutivas e de habilidade materna.
Grupos Genéticos Freqüência
SANTA INÊS 1.761
SOMALIS BRASILEIRA 473
POLL DORSET 129
1/2POL 1/2SAN 440
1/2POL 1/2SOM 57
1/2POL 1/4SAN 1/4SOM 11
1/2SAN 1/2POL 13
1/2SAN 1/2SOM 42
3/4POL 1/4SAN 27
3/4SAN 1/4POL 14
Tabela 3 - Freqüência dos grupos genéticos considerandos nas análises para as características
de crescimento.
Grupos genéticos Freqüência
SANTA INÊS 2.106
SOMALIS BRASILEIRA 133
POLL DORSET 116
1/2DOR 1/2SAN 46
1/2DOR 1/2SOM 176
1/2DOR 1/4POL 1/4SAN 19
1/2DOR 1/4POL 1/4SOM 27
1/2DOR 1/4SAN 1/4POL 186
1/2DOR 1/4SAN 1/4SOM 14
1/2POL 1/2SAN 55
1/2POL 1/2SOM 59
1/2POL 1/4DOR 1/4SOM 14
1/2POL 1/4SAN 1/4SOM 14
1/2SAN 1/2POL 10
1/2SAN 1/2SOM 151
1/2SAN 1/4POL 1/4SOM 17
3/4DOR 1/4SOM 17
3/4DOR 1/8SAN 1/8POL 25
3/4POL 1/4SAN 118
3/4POL 1/4SOM 24
3/4SAN 1/4POL 150
3/4SAN 1/4SOM 12
7/8POL 1/8SAN 19
7/8SAN 1/8POL 11
20
3.2. Análises estatísticas
Na definição dos modelos estatísticos para as estimativas dos efeitos genéticos
aditivos e não-aditivos, utilizou-se o procedimento MIXED do pacote estatístico SAS (1999).
Para cada uma das características estudadas, estimativas dos componentes de
variância, de parâmetros genéticos e de efeitos genéticos aditivos e não aditivos foram obtidas
pelo método da máxima verossimilhança restrita (REML), sob modelo animal
unicaracterística, utilizando o sistema computacional MTDFREML (BOLDMAN et al. 1995)
e adotando 10
-9
como critério de convergência.
Para as características PN, PD e GP, utilizou-se o modelo animal considerando
como aleatórios os efeitos genéticos aditivos direto e maternos, o efeito de ambiente
permanente materno e os efeitos residuais, enquanto os efeitos fixos foram os de grupo de
contemporâneos, interação do sexo com o tipo de nascimento (simples, duplo ou triplo) e
classe de idade da mãe, além das (co)variáveis para a obtenção das estimativas dos efeitos
genéticos aditivos diretos de cada raça, do efeito da heterose individual e heterose materna e o
efeito de recombinação (modelo 1a).
Para as características PTCN, PTCD, IDP e PG, incluíram-se o efeito genético
aditivo direto e o efeito de ambiente permanente do animal como aleatórios e os efeitos de
grupo de contemporâneas, ordem de parto e interação do sexo com o tipo de nascimento das
crias como fixos, além das (co)variáveis para a obtenção das estimativas do efeito genético
aditivo direto de cada raça, da heterose individual e de recombinação (modelo 2).
Já para a IPP foi utilizado o modelo 3, semelhante ao modelo 2, excluindo apenas o
efeito de ambiente permanente.
Os modelos analisados são descritos da seguinte forma:
y = Xβ + b
1
Dg
a
do + b
2
Dg
a
po + b
3
Dg
a
so + b
4
H
i
dopo + b
5
H
i
dosi + b
6
H
i
doso + b
7
H
i
posi +
b
8
H
i
poso + b
9
H
i
siso + b
10
R + b
11
H
m
dopo + b
12
H
m
dosi + b
13
H
m
doso + b
14
H
m
posi +
b
15
H
m
poso + b
16
H
m
siso + Za + Um + Wp + e (modelo 1a)
y = Xβ + b
2
Dg
a
po + b
3
Dg
a
so + b
7
H
i
posi + b
8
H
i
poso + b
9
H
i
siso + b
10
R + Za + Wc + e
(modelo 2)
y = Xβ + b
2
Dg
a
po + b
3
Dg
a
so + b
7
H
i
posi + b
8
H
i
poso + b
9
H
i
siso + b
10
R + Za + e
(modelo 3)
21
Em que y é o vetor de observações para as características estudadas (modelo 1a:
PN, PD e GP; modelo 2: PTCN, PTCD, IDP e PG; modelo 3: IPP); β é o vetor dos efeitos
fixos; Dg
a
do, Dg
a
po e Dg
a
so são as diferenças genéticas aditivas das proporções esperadas no
indivíduo de genes da raça Dorper (do), Poll Dorset (po) e Somalis Brasileira (so),
respectivamente; H
i
dopo, H
i
dosi, H
i
doso, H
i
posi, H
i
poso e H
i
siso são as proporções esperadas
no indivíduo de locos em heterozigose específica entre as raças indicadas (do = Dorper; po =
Poll Dorset; si = Santa Inês; so = Somalis Brasileira); R é a recombinação média esperada de
pares de locos originados das diferentes raças; H
m
dopo, H
m
dosi, H
m
doso, H
m
posi, H
m
poso e
H
m
siso são as proporções esperadas na mãe do indivíduo de locos em heterozigose específica
entre as raças indicadas; a é o vetor de efeitos aleatórios genéticos aditivos diretos; m é o
vetor de efeitos aleatórios genéticos aditivos maternos; p é o vetor de efeitos aleatórios de
ambiente permanente materno; c é o vetor de efeitos aleatórios de ambiente permanente do
animal; e é o vetor de efeitos residuais aleatórios; X, Z, U e W são matrizes de incidência
relacionando os registros aos efeitos fixos, aleatórios genéticos aditivos diretos, genéticos
aditivos maternos e de ambiente permanente materno (modelo 1) ou do animal (modelo 2),
respectivamente; b
1
a b
16
são coeficientes de regressão. É importante destacar que a proporção
de genes da raça Santa Inês (G
a
si) não foi incluída nos modelos em função da dependência
das proporções das demais raças. Assim, os efeitos genéticos aditivos de cada raça (Dorper,
Poll Dorset e Somalis Brasileira) foram estimados como um desvio em relação ao
desempenho da raça Santa Inês.
As proporções esperadas no indivíduo de locos em heterozigose específica entre
duas raças (H
i
xy) foram calculadas como a proporção esperada de genes do pai e da mãe que
diferiram a respeito das duas raças em questão. Por exemplo, a proporção esperada no indivíduo
de locos em heterozigose com respeitos às raças Dorper e Santa Inês, H
i
dosi, foi calculada como
(Dg
a
do
p
x Dg
a
si
m
) + (Dg
a
si
p
x Dg
a
do
m
), em que os sobrescritos, p e m, denotam que os genes
vieram do pai e dae, respectivamente. De forma semelhante, foram calculadas as proporções
esperadas na mãe do indivíduo de locos em heterozigose específica entre duas raças; mas,
neste caso, os sobrescritos, p e m, denotam que os genes vieram do avô materno e da avó
materna, respectivamente. Já a recombinação foi calculada como R = [(Dg
a
do
p
x Dg
a
po
p
) +
(Dg
a
do
m
x Dg
a
po
m
) + (Dg
a
do
p
x Dg
a
si
p
) + (Dg
a
do
m
x Dg
a
si
m
) + (Dg
a
do
p
x Dg
a
so
p
) + (Dg
a
do
m
x
Dg
a
so
m
) + (Dg
a
po
p
x Dg
a
si
p
) + (Dg
a
po
m
x Dg
a
si
m
) + (Dg
a
po
p
x Dg
a
so
p
) + (Dg
a
po
m
x Dg
a
so
m
) +
(Dg
a
si
p
x Dg
a
so
p
) + (Dg
a
si
m
x Dg
a
so
m
)].
22
As correlações genéticas entre as características estudadas foram estimadas a partir
da correlação de Pearson entre os valores genéticos preditos obtidos através do programa
MTDFREML, desenvolvido por Boldman et al. (1995).
Adicionalmente, com o objetivo de investigar o efeito geral das heteroses individual e
materna sobre as características estudadas, foi utilizado modelo alternativo que, ao invés de
incluir as heterozigoses individual e materna fracionadas de acordo com as raças envolvidas,
incluía o somatório H
i
= H
i
dopo + H
i
dosi + H
i
doso + H
i
posi + H
i
poso + H
i
siso e H
m
= H
m
dopo +
H
m
dosi + H
m
doso + H
m
posi + H
m
poso + H
m
siso.
O modelo alternativo é descrito da seguinte forma (símbolos definidos
anteriormente):
y = Xβ + b
1
Dg
a
do + b
2
Dg
a
po + b
3
Dg
a
so + b
4
H
i
+ b
10
R + b
11
H
m
+ Za + Um + Wp + e
(modelo 1b)
O modelo alternativo foi utilizado no intuito de reafirmar a significância ou não
das heteroses individual e materna nas características de crescimento.
23
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 Estatísticas descritivas
De uma maneira geral, a análise do desempenho médio do rebanho, em relação às
várias características estudadas, revela um bom nível de desempenho com a participação das
quatro raças estudadas: Santa Inês, Somalis Brasileira, Dorper e Poll Dorset e seus mestiços
(Tabela 4).
Tabela 4 – Número de observações, médias, desvios padrão e coeficientes de variação para as
características peso ao nascer (PN), peso ao desmame (PD), ganho de peso do
nascimento ao desmame (GP), peso total das crias ao nascimento por matriz
(PTCN), peso total das crias ao desmame por matriz (PTCD), idade ao primeiro
parto (IPP), intervalo de partos (IDP) e período de gestação (PG).
Características
Número de
Observações
Média
Desvio
Padrão
Coeficiente de Variação
PN (kg) 3.573 3,75 0,87 23,28 %
PD (kg) 2.797 14,91 3,75 25,20 %
GP (kg/dia) 2.797 0,20 0,06 29,49 %
PTCN (kg) 2.967 4,82 1,61 33,40 %
PTCD (kg) 2.824 16,21 8,80 54,31 %
IPP (dia) 986 604,11 166,34 27,54 %
IDP (dia) 1.952 283,07 84,86 29,98 %
PG (dia) 2.716 150,51 3,24 2,15 %
Maria et al. (1993) obtiveram 2,46 kg, 14,07 kg e 0,220 kg/dia para PN, PD e GP,
respectivamente, em ovinos Romanov.
Silva et al. (1995) observaram em 151,64 dias e 17,30 kg as médias para período
de gestação e peso total das crias ao desmame por matriz, respectivamente, em ovinos Santa
Inês.
Al-Nakib et al. (1997) obtiveram médias de 2,3 kg, 2,7 kg, 2,9 kg, 2,6 kg, 2,7 kg e
2,6 kg para PN, e 24,1 kg, 24,8 kg, 24,9 kg, 24,5 kg, 25,7 kg e 25,2 kg para o PD,
respectivamente para as raças Stanhope Blackface, North Country Cheviot (NC), Derbyshire
Gritstone (DG), Exmoor Horn (EX), Blackface from Lanark market (BL) e Swaledale (SW).
Machado e Simplicio (1998) observaram em 148,2 dias a média, para período de
gestação, em ovinos Santa Inês.
24
Silva et al, (1998) obtiveram médias de 149,3 dias, 2,81 kg e 13,18 kg, para
período de gestação, peso total das crias ao nascer por matriz e peso total das crias ao
desmame por matriz, respectivamente, em ovinos Somalis Brasileira.
Boujenane et al. (1999) observaram médias de 3,31 kg, 2,42 kg e 2,714 kg para
PN, 17,6 kg, 16,8 kg e 17,0 kg para o PD, 3,87 kg, 4,18 kg e 4,32 kg para PTCN, e 15,1 kg,
16,9 kg e 19,0 kg para PTCD, respectivamente, para as raças Sadir (S) e D’man (D), e
mestiço das raças (S) x (D).
Mousa et al. (1999) observaram médias de 5,77 kg, 20,14 kg e 0,365 kg/dia, para
PN, PD e GP, respectivamente, em ovinos mestiços das raças Columbia, Hampshire Down e
Suffolk.
Doloksaribu et al. (2000) obtiveram médias de 1,97 kg e 10,3 kg, 1,82 kg e 9,6 kg,
e 1,33 kg e 6,9 kg, respectivamente, para o peso ao nascer de mestiços Barbados Blackbelly x
Sumatra, mestiços Virgin Island x Sumatra e da raça Sumatra. As médias para idade ao
primeiro parto foram 457 dias para mestiço Barbados Blackbelly x Sumatra, 468 dias para
mestiço Virgin Island x Sumatra e de 469 dias para a raça Sumatra. Para intervalo de partos,
as médias foram 233 dias para mestiço Barbados Blackbelly x Sumatra, e 227 dias para
mestiço Virgin Island x Sumatra e 232 dias para a raça Sumatra.
Silva e Araújo (2000) obtiveram médias de 3,23 kg para peso ao nascer, 16,74 kg
para peso aos 112 dias de idade e 120,69 g/dia para ganho diário de peso do nascimento aos
112 dias de idade.
Boujenane e Kansari (2002), estudando ovinos mestiços das raças Lacaune (L),
Timahdite (T) e D’man (D), encontraram médias de 3,31 kg, 3,06 kg, 2,86 kg, 3,02 kg, 3,33
kg e 3,73 kg para peso ao nascer e 15,6 kg, 14,4 kg, 15,2 kg 15,8 kg, 16,8 kg e 18,2 kg para
peso ao desmame, respectivamente, para os mestiços L x T, D x T, L x D, L x DT, L x LD e L
x LT.
Quesada et al. (2002) obtiveram médias para os pesos ao nascer e aos 120 dias de
idade, respectivamente, 3,07 kg e 20,10 kg. Para intervalo de partos e idade ao primeiro parto,
as médias foram 325,02 dias e 551 dias, respectivamente, em ovinos da raça Santa Inês.
Hassen et al. (2003) observaram médias de 3,1 kg, 18,03 kg e 136 g/dia, para peso
ao nascer, peso ao desmame ajustado para 110 dias de idade e ganho de peso diário do
nascimento ao desmame, respectivamente.
Barros et al. (2004) obtiveram médias de 3,05 kg, 15,12 kg e 152,0 g/dia para ½
(Somalis Brasileira x SRD) e 3,04 kg, 14,74 kg e 147,0 g/dia para ½ (Santa Inês x SRD)
25
respectivamente, para pesos ao nascimento, ao desmame e ganho de peso do nascimento ao
desmame.
Hassen et al. (2004) observaram médias de 2,6 kg e 16,23 kg para os mestiços ½
(Awassi x raça indígena da Etiópia - I), 3,3 kg e 18,71 kg para os mestiços ¾ Awassi e 3,55
kg e 19,36 kg para os mestiços acima de ¾ Awassi, respectivamente, para pesos ao nascer e
ao desmame. Já o ganho de peso do nascimento ao desmame foi de 128 g/dia para os mestiços
½ (A x I), 143 g/dia para os mestiços ¾ Awassi e 147 g/dia para os mestiços acima de ¾
Awassi.
Selaive-Villarroel e Souza Júnior (2005) obtiveram médias de 112,0 g/dia para o
ganho médio de peso diário, nos cordeiros mestiços Santa Inês x SRD, e de 72,0 g/dia para o
ganho médio de peso diário, nos mestiços Somalis Brasileira x SRD.
Hielscher et al. (2006) encontraram valores médios de 4,72 kg, 32,86 kg e 0,292
kg/dia para mestiços Rhoen (Rh) x Merino Land (Ml), e de 4,00 kg, 29,83 kg e 0,260 kg/dia
para mestiço Ml x Rh, respectivamente para PN, PD as 13 semanas e GP.
Peruzzi (2006) observou em 3,3 kg, 10,9 kg e 0,125 kg/dia as médias, para os
pesos ao nascimento e ao desmame, e o ganho de peso médio diário do nascimento ao
desmame, em ovinos da raça Santa Inês.
Cloete et al. (2007) obtiveram médias de 4,3 kg e 32,4 kg, para os peso ao nascer e
ao desmame, bem como de 41,9 kg para o peso total de cordeiros desmamado por matriz, em
ovinos da raça Dorper.
A média de IPP de 604 dias, ou seja, 20 meses de idade pode ser considerada alta.
Esse valor poderia ser mais reduzido, considerando o manejo em regime semi-intensivo de
alimentação, ao qual está submetido o rebanho e o bom desempenho ponderal observado; é
provável que uma decisão gerencial de retardar a 1ª cobertura tenha sido a causa.
Ainda analisando as estatísticas descritivas das oito características estudadas, chama
atenção o elevado coeficiente de variação do PTCD e a quase ausência de variabilidade do PG.
Todavia, estes coeficientes de variação estão dentro do esperado e são próprios das
características analisadas. Por um lado, os registros de PTCD apresentam vários valores
extremos iguais a zero, referentes àquelas matrizes que pariram, mas não desmamaram a(s)
cria(s). Já o PG é determinado biologicamente através do longo período de seleção natural e
evolução da espécie ovina.
26
4.2. Estimativas de efeitos genéticos dos cruzamentos para as características de
crescimento.
4.2.1. Peso ao Nascer
Enquanto a diferença do efeito médio dos genes da raça Dorper (Dg
a
do) não
diferiu significativamente do efeito médio dos genes da raça Santa Inês (Dg
a
si), as diferenças
dos efeitos médios dos genes das raças Poll Dorset (Dg
a
po) e Somalis Brasileira (Dg
a
so)
apresentaram desvios significativos de -0,47 e -1,47 kg, respectivamente sobre o peso ao
nascer (Tabela 5, modelo 1a).
Tabela 5 – Estimativas das diferenças dos efeitos genéticos aditivos das raças Poll Dorset,
Dorper e Somalis Brasileira, como um desvio da diferença dos efeitos genéticos
aditivos da raça Santa Inês, e estimativas dos efeitos genéticos não aditivos de
recombinação e de heterose (individual e materna), considerando as heteroses
específicas entre as raças envolvidas nos cruzamentos (Modelo 1a) ou as
heteroses totais (Modelo 1b), sobre o peso ao nascer de ovinos mestiços.
Estimativa ± Erro-padrão (kg)
Parâmetros Modelo 1a Modelo 1b
Dg
a
po -0,47 ± 0,13
***
-0,44 ± 0,13
***
Dg
a
do -0,53 ± 0,41
ns
-0,37 ± 0,25
ns
Dg
a
so -1,47 ± 0,16
***
-1,58 ± 0,12
***
H
i
0,07 ± 0,06
ns
H
i
dopo 0,22 ± 0,20
ns
H
i
dosi 0,30 ± 0,19
ns
H
i
doso 0,15 ± 0,20
ns
H
i
posi 0,13 ± 0,08
ns
H
i
poso -0,02 ± 0,13
ns
H
i
siso -0,11 ± 0,10
ns
R 0,02 ± 1,70
ns
-2,46 ± 1,42
ns
H
m
0,78 ± 0,34
*
H
m
dopo -0,53 ± 0,70
ns
H
m
dosi 0,01 ± 0,51
ns
H
m
doso 0,17 ± 0,47
ns
H
m
posi 0,15 ± 0,41
ns
H
m
poso 0,35 ± 0,42
ns
H
m
siso 0,09 ± 0,44
ns
***P<0,001; **P<0,01; *P<0,05;
ns
P>0,05 - não significativo.
Dg
a
po, Dg
a
do, e Dg
a
so representam a diferença do efeito médio dos genes das raças Poll Dorset, Dorper e
Somalis Brasileira, respectivamente, expresso como um desvio da efeito médio dos genes da raça Santa inês; H
i
é o efeito da heterozigose individual total; H
i
dopo, H
i
dosi, H
i
doso, H
i
posi, H
i
poso e H
i
siso representam o efeito
da heterozigose individual entre as raças indicadas (po = Poll Dorset, do = Dorper, si = Santa Inês e so =
Somalis Brasileira); R representa o efeito médio da recombinação; H
m
é o efeito da heterozigose materna total;
H
m
dopo, H
m
dosi, H
m
doso, H
m
posi, H
m
poso e H
m
siso representam o efeito da heterozigose materna entre as raças
indicadas.
27
Estes resultados indicam que o efeito médio dos genes da raça Santa Inês leva a
maiores pesos ao nascer em relação às raças Poll Dorset e Somalis Brasileira. É importante
observar que o erro-padrão da estimativa da diferença do efeito médio dos genes da raça
Dorper (Dg
a
do) foi elevado. Isto se deveu ao menor número de registros de animais com
genes da raça Dorper, causando uma redução na sensibilidade da amostra para essa
característica. Portanto, não se pode inferir com segurança a respeito da diferença do efeito
médio dos genes desta raça, no que diz respeito ao peso ao nascer.
Utilizando o modelo com as estimativas dos efeitos das heterozigoses individual e
materna fracionadas de acordo com as raças envolvidas nos cruzamentos (modelo 1a), nenhum
dos efeitos genéticos não aditivos se mostrou significativo (Tabela 5). Porém, quando as
heterozigoses individual e materna foram consideradas a partir das heterozigosidades totais
esperadas (modelo 1b), observou-se um efeito significativo e positivo da heterozigose materna
sobre o peso ao nascer (Tabela 5, modelo 1b).
Considerando o valor médio do peso ao nascer da população 3,75 kg (Tabela 4), a
estimativa média da heterose materna de 0,78 kg (Tabela 5, modelo 1b) representa um acréscimo
de 20,8% no peso ao nascer para animais filhos de matrizes F1 em relação à média da população
estudada. Al-Nakib et al. (1997) encontraram aumento de 11,0% e de 6,00% no PN, em
função da heterose direta e heterose materna, respectivamente. Hielscher et al. (2006)
encontraram aumento de 3,3% no PN em função da heterose direta.
Os resultados indicam que, geneticamente, o peso ao nascer foi determinado
basicamente pelos efeitos genéticos aditivos, podendo a heterose materna apresentar algum efeito
positivo, enquanto que nenhum efeito de heterose individual ou epistatico foi detectado.
Bittante et al. (1996), estudando o efeito genético aditivo das raças Lamon e
Finnsheep, bem como das heteroses individual e materna, observaram efeitos significativos
para a heterose materna sobre as características peso ao nascer e peso ao desmame.
Mavrogenis (1996), estudando os efeitos das heteroses individual e materna nas
características de crescimento, em ovinos mestiços Awasi x Chios, obtiveram estimativas
significativas de 0,06 e 0,04 kg para as heteroses individual e materna, respectivamente, sobre
PN.
Analla et al. (1998) obtiveram efeito significativo da heterose individual, com
valor de 0,15 kg sobre a característica peso ao nascer em ovinos da raça Merino.
Davis et al. (1998) observaram efeitos significativos das heteroses individual e
materna e do efeito da genética individual sobre a característica peso ao nascer.
28
Demeke et al. (2003) obtiveram estimativas significativas de heterose e
recombinação sobre o peso ao nascer.
Mugambi et al. (2007) observaram em 0,05 kg para heterose individual, em -0,09
kg para heterose materna e em -0,12 kg na recombinação sobre o peso ao nascer.
4.2.2. Peso ao Desmame
A exemplo do que foi observado para o peso ao nascer, a estimativa da diferença
do efeito médio dos genes da raça Dorper sobre o peso ao desmame apresentou elevado erro-
padrão e não se desviou significativamente da raça Santa Inês nos modelos estudados. Já a
diferença dos genes das raças Poll Dorset e Somalis Brasileira induziram desvios
significativos de 1,02 kg e -5,46 kg, respectivamente, em relação aos genes da raça Santa Inês
(Tabela 6, modelo 1a).
Estes resultados indicam que, nas condições deste estudo, quanto maior a
percentagem de genes da raça Poll Dorset no cordeiro, maior tende a ser o peso ao desmame,
enquanto que a elevação da participação dos genes da raça Somalis Brasileira levaria a um
menor PD.
Analisando as estimativas dos efeitos de heterozigose individual específica (Tabela 6,
modelo 1a), verificou-se que apenas os efeitos da heterozigose individual entre Dorper e Somalis
Brasileira (H
i
doso) e entre Santa Inês e Somalis Brasileira (H
i
siso) foram significativos,
indicando que o cruzamento de reprodutores Dorper ou Santa Inês com matrizes Somalis
Brasileira poderiam produzir uma heterose individual positiva para o peso ao desmame. Logo,
nestes cruzamentos a heterose individual levaria a um melhor desempenho no peso ao desmame.
O efeito da recombinação (R) foi significativo e negativo, indicando que a
bimestiçagem pode gerar produtos com menor desempenho quanto ao peso ao desmame. Já os
efeitos das heterozigoses maternas específicas foram todos significativos e positivos (P<0,01),
exceto para heterozigose materna entre Dorper e Poll Dorset (H
m
dopo). Assim, nestes
cruzamentos, a heterose materna levaria a um melhor desempenho no peso ao desmame.
Porém, quando as heterozigoses individual e materna foram consideradas a partir das
heterozigosidades totais esperadas (modelo 1b), observou-se que valores aproximados foram
obtidos neste modelo sobre o peso ao desmame (Tabela 6 – modelo 1a).
29
Tabela 6 – Estimativas das diferenças dos efeitos genéticos aditivos das raças Poll Dorset,
Dorper e Somalis Brasileira, como um desvio da diferença dos efeitos genéticos
aditivos da raça Santa Inês, e estimativas dos efeitos genéticos não aditivos de
recombinação e de heterose (individual e materna), considerando as heteroses
específicas entre as raças envolvidas nos cruzamentos (Modelo 1a) ou as
heteroses totais (Modelo 1b), sobre o peso ao desmame em ovinos mestiços.
Estimativa ± Erro-padrão (kg)
Parâmetros Modelo 1a Modelo 1b
Dg
a
po 1,019 ± 0,467
*
0,837 ± 0,472
ns
Dg
a
do -0,975 ± 1,933
ns
1,004 ± 0,796
ns
Dg
a
so -5,459 ± 0,538
***
-5,003 ± 0,477
***
H 0,532 ± 0,252
*
H
i
dopo 1,062 ± 1,047
ns
H
i
dosi 1,527 ± 1,005
ns
H
i
doso 2,021 ± 1,015
*
H
i
posi 0,312 ± 0,392
ns
H
i
poso -0,134 ± 0,489
ns
H
i
siso 0,916 ± 0,383
*
R -17,357 ± 7,574
*
-16,555 ± 6,551
**
H
m
4,997 ± 1,634
**
H
m
dopo 5,348 ± 3,315
ns
H
m
dosi 6,040 ± 2,399
**
H
m
doso 5,403 ± 2,060
**
H
m
posi 5,195 ± 1,876
**
H
m
poso 5,954 ± 1,914
**
H
m
siso 5,614 ± 1,961
**
***P<0,001; **P<0,01; *P<0,05;
ns
P>0,05 - não significativo.
Dg
a
po, Dg
a
do, e Dg
a
so representam a diferença do efeito médio dos genes das raças Poll Dorset, Dorper e
Somalis Brasileira, respectivamente, expresso como um desvio da efeito médio dos genes da raça Santa inês; H
i
é o efeito da heterozigose individual total; H
i
dopo, H
i
dosi, H
i
doso, H
i
posi, H
i
poso e H
i
siso representam o efeito
da heterozigose individual entre as raças indicadas (po = Poll Dorset, do = Dorper, si = Santa Inês e so =
Somalis Brasileira); R representa o efeito médio da recombinação; H
m
é o efeito da heterozigose materna total;
H
m
dopo, H
m
dosi, H
m
doso, H
m
posi, H
m
poso e H
m
siso representam o efeito da heterozigose materna entre as raças
indicadas.
Considerando o valor médio do peso ao desmame da população de 14,91 kg (Tabela
4), a estimativa média da heterose individual de 0,532 kg (Tabela 6, modelo 1b) representa um
acréscimo de 3,57% no peso ao desmame de um animal F1 médio em relação à média da
população estudada. De forma semelhante, o valor médio da heterose materna foi de 4,997 kg
representando um aumento de 33,51% no peso médio ao desmame dos filhos de matrizes F1 em
relação à média da população estudada. Estes resultados mostram que a heterose materna foi
mais importante do que a heterose individual sobre o PD.
Al-Nakib et al. (1997) encontraram aumento de 11,0% e de 10,00% no PD em
função da heterose direta e heterose materna, respectivamente. Hielscher et al. (2006)
encontraram aumento de 3,5% no PD em função da heterose direta.
30
Os resultados apresentados na Tabela 6 indicam que, para as condições de estudo, o
peso ao desmame tende a ser tanto menor quanto maior for a proporção de genes da raça Somalis
Brasileira e quanto maior for a recombinação gênica proveniente da bimestiçagem. Por outro
lado, crias com maior proporção de genes Poll Dorset, geradas e criadas por uma matriz com
elevada heterozigose, tenderiam a apresentar maiores pesos ao desmame.
Mavrogenis (1996) obtiveram estimativas significativas de 0,09 kg e 0,07 kg para
as heteroses individual e materna, respectivamente, sobre o peso ao desmame, em ovinos
mestiços Awasi x Chios. Analla et al. (1998) obtiveram efeito significativo da heterose
individual, com valor de 0,92 kg sobre a característica peso ao desmame em ovinos da raça
Merino. Davis et al. (1998) observaram efeitos significativos das heteroses individual e
materna sobre a característica peso ao desmame. Arthur et al. (1999) encontraram efeito
significativo dos efeitos da heterose direta e da recombinação sobre o peso ao desmame.
Demeke et al. (2003) obtiveram estimativas significativas de heterose e recombinação sobre o
peso ao desmame. Mugambi et al. (2007) observaram em -0,21 kg a heterose individual, em
0,04 kg a heterose materna e em -1,27 kg a recombinação para o peso a desmama.
4.2.3. Ganho de peso do nascimento ao desmame
Para o ganho de peso no período pré-desmame (GP), as estimativas das diferenças
dos efeitos genéticos aditivos (G
i
po, G
i
do e G
i
so) apresentaram padrão semelhante ao
observado para o PD. Todavia, quando as heteroses (H
i
e H
m
) foram analisadas de forma
agregada (Tabela 7 - Modelo 1b) a diferença do efeito médio dos genes da raça Dorper
desviou-se positiva e significativamente da raça Santa Inês.
Vale destacar a diferença do efeito médio dos genes da raça Poll Dorset (Tabela 5)
que induziram a um desvio negativo para peso ao nascer em relação ao Santa Inês, mas
induziu uma maior velocidade de crescimento, que resultou num desvio positivo para o peso
ao desmame e para o ganho de peso no período pré-desmame (Tabelas 6 e 7). Provavelmente
isso tenha ocorrido devido ao fato de que a raça Poll Dorset, em sua origem, tenha sido
selecionada para precocidade de crescimento. Assim, em ambientes apropriados, consegue
expressar seu potencial genético e, conseqüentemente, apresentar maior peso a desmama e
ganho de peso pré-desmama, em comparação com a raça Santa Inês, a qual apresentaria
desenvolvimento mais lento.
31
Os efeitos da heterozigose individual não foram significativos. Logo, nas condições
de estudo, não se evidenciou efeito da heterose individual sobre o ganho de peso. Por outro lado
os efeitos significativos e positivos das heterozigoses maternas evidenciaram a grande
importância desta heterose para o ganho de peso pré-desmame (Tabela 7, modelos 1a e 1b).
Logo, assim como no peso ao desmame, a heterose materna levaria a um melhor desempenho no
ganho de peso do nascimento ao desmame. Isto significa que as fêmeas mestiças promovem
maior crescimento de suas crias, provavelmente, devido a maior produção de leite e habilidade
materna.
Tabela 7 – Estimativas das diferenças dos efeitos genéticos aditivos das raças Poll Dorset,
Dorper e Somalis Brasileira, como um desvio da diferença dos efeitos genéticos
aditivos da raça Santa Inês, e estimativas dos efeitos genéticos não aditivos de
recombinação e de heterose (individual e materna), considerando as heteroses
específicas entre as raças envolvidas nos cruzamentos (Modelo 1a) ou as
heteroses totais (Modelo 1b), sobre o ganho de peso ao desmame em ovinos
mestiços.
Estimativa ± Erro-padrão (kg/dia)
Parâmetros Modelo 1a Modelo 1b
Dg
a
po 0,0252 ± 0,0074
***
0,0206 ± 0,0076
**
Dg
a
do -0,0109 ± 0,0337
ns
0,0253 ± 0,0127
*
Dg
a
so -0,0569 ± 0,0086
***
-0,0566 ± 0,0079
***
H 0,0046 ± 0,0043
ns
H
i
dopo 0,0163 ± 0,0185
ns
H
i
dosi 0,0250 ± 0,0178
ns
H
i
doso 0,0255 ± 0,0178
ns
H
i
posi 0,0019 ± 0,0069
ns
H
i
poso -0,0150 ± 0,0082
ns
H
i
siso 0,0099 ± 0,0063
ns
R -0,3233 ± 0,1312
*
-0,2561 ± 0,1146
*
H
m
0,0822 ± 0,0286
**
H
m
dopo 0,1289 ± 0,0578
*
H
m
dosi 0,1096 ± 0,0418
**
H
m
doso 0,1020 ± 0,0356
**
H
m
posi 0,0985 ± 0,0326
**
H
m
poso 0,1082 ± 0,0333
***
H
m
siso 0,1051 ± 0,0340
**
***P<0,001; **P<0,01; *P<0,05;
ns
P>0,05 - não significativo.
Dg
a
po, Dg
a
do, e Dg
a
so representam a diferença do efeito médio dos genes das raças Poll Dorset, Dorper e
Somalis Brasileira, respectivamente, expresso como um desvio do efeito médio dos genes da raça Santa Inês; H
i
é o efeito da heterozigose individual total; H
i
dopo, H
i
dosi, H
i
doso, H
i
posi, H
i
poso e H
i
siso representam o efeito
da heterozigose individual entre as raças indicadas (po = Poll Dorset, do = Dorper, si = Santa Inês e so =
Somalis Brasileira); R representa o efeito médio da recombinação; H
m
é o efeito da heterozigose materna total;
H
m
dopo, H
m
dosi, H
m
doso, H
m
posi, H
m
poso e H
m
siso representam o efeito da heterozigose materna entre as raças
indicadas.
32
O efeito da recombinação foi negativo e significativo (P<0,05) e, da mesma forma
que para o PD, induziu uma perda de desempenho nos indivíduos produtos da bimestiçagem.
Considerando o valor médio do ganho de peso da população 0,200 kg/dia (Tabela 4),
a estimativa média da heterose materna de 0,0822 kg/dia (Tabela 7, modelo 1b) representa um
acréscimo de 41,10% no ganho de peso dos animais filhos de matrizes F1 em relação à média da
populão estudada. Hielscher et al. (2006) encontraram aumento de 3,9% no GP em função
da heterose direta.
Quando as heterozigoses individual e materna foram consideradas a partir das
heterozigosidades totais esperadas (modelo 1b), observou-se que valores aproximados foram
obtidos para os outros efeitos neste modelo sobre o ganho de peso do nascimento ao desmame
(Tabela 7 – modelo 1a).
Davis et al. (1998) observaram efeitos significativos das heteroses individual e
materna sobre a característica ganho de peso do nascimento a desmama. Arthur et al. (1999)
encontraram efeito significativo dos efeitos da heterose direta e da recombinação sobre o
ganho de peso do nascimento ao desmame. Demeke et al. (2003) obtiveram estimativas
significativas de heterose positivas e recombinação em sentido negativo sobre o ganho de
peso do nascimento ao desmame. Mugambi et al. (2007) observaram em -1,71 g/dia a
heterose individual, em 0,39 g/dia a heterose materna e em -10,55 g/dia a recombinação sobre
o ganho de peso do nascimento ao desmame.
4.3 Estimativas de efeitos geticos dos cruzamentos para as características de
habilidade materna e reprodutiva.
4.3.1 Características de habilidade materna
A diferença do efeito médio dos genes da raça Somalis Brasileira (Dg
a
so) induziu
menores pesos totais ao nascer (PTCN) e ao desmame (PTCD) por matriz, em relação a
diferença do efeito médio dos genes da raça Santa Inês (Tabela 8). Assim, nas condições do
estudo, matrizes com maior proporção de genes da raça Somalis Brasileira tenderam a produzir
menos quilogramas de cordeiros ao nascimento e ao desmame do que matrizes Santa Inês.
33
Já a Dg
a
po desviou-se negativa e significativamente da raça Santa Inês apenas no que
diz respeito ao PTCN. Logo, uma possível vantagem das matrizes da raça Santa Inês em relação
às da raça Poll Dorset se refletiria apenas sobre o PTCN, mas não sobre o PTCD (Tabela 8).
Analisando as estimativas dos efeitos de heterozigose individual (Tabela 8),
praticamente todas foram significativas e positivas, tanto para PTCN quanto para PTCD. A única
exceção foi a heterozigose entre Santa Inês e Somalis Brasileira (H
i
siso) que não foi significativa
para PTCD. Logo, nestes cruzamentos, a heterose individual levaria a um melhor desempenho
no PTCN e no PTCD. Estes resultados indicam benefícios dos cruzamentos para elevação da
produtividade das matrizes em termos de PTCN e PTCD.
Tabela 8 – Estimativas das diferenças dos efeitos genéticos aditivos das raças Poll Dorset e
Somalis Brasileira, como um desvio da diferença dos efeitos genéticos aditivos
da raça Santa Inês, e estimativas dos efeitos genéticos não aditivos de
recombinação e de heterose individual sobre o peso total de crias ao nascer por
matriz (PTCN) e o peso total de crias ao desmame por matriz (PTCD) em ovinos
mestiços.
Estimativa ± Erro-padrão (kg)
Parâmetros
PTCN PTCD
Dg
a
so -1,41 ± 0,07
***
-3,49 ± 0,50
***
Dg
a
po -0,50 ± 0,10
***
1,12 ± 0,78
ns
H
i
poso 0,66 ± 0,15
***
2,38 ± 1,15
*
H
i
posi 0,41 ± 0,10
***
3,11 ± 0,67
***
H
i
siso 0,42 ± 0,18
*
1,85 ± 1,32
ns
R 0,48 ± 0,43
ns
-0,54 ± 3,53
ns
***P<0,001; **P<0,01; *P<0,05;
ns
P>0,05 - não significativo.
Dg
a
po, e Dg
a
so representam a diferença do efeito médio dos genes das raças Poll Dorset e Somalis Brasileira,
respectivamente, expresso como um desvio do efeito médio dos genes da raça Santa Inês; H
i
posi, H
i
poso e H
i
siso
representam o efeito da heterozigose individual entre as raças indicadas (po = Poll Dorset, si = Santa Inês e so =
Somalis Brasileira); R representa o efeito médio da recombinação.
Bittante et al. (1996), estudando o efeito genético aditivo das raças Lamon e
Finnsheep, bem como das heteroses individual e materna, observaram efeitos significativos
para o efeito genético aditivo sobre o peso total das crias ao nascer.
Boujenane et al. (1999) encontraram efeito significativo da a heterose individual
sobre os pesos totais das crias ao nascer e ao desmame por matriz, com valores de 0,29 para
PTCN e de 2,96 para PTCD em mestiços Sadir x D’man. El Fadili e Leroy (2001) não
encontraram efeito significativo da heterose individual sobre o peso total das crias ao nascer
por matriz, mas sim sobre o peso total das crias ao desmame por matriz.
O efeito da recombinação (R) não influenciou significativamente as características
PTCN e PTCD. Todavia, é importante que se observe que as estimativas deste efeito apresentam
34
elevados erros padrão, provavelmente em função do pequeno número de registros de
desempenho de matrizes bimestiças. Estes resultados estão de acordo com El Fadili e Leroy
(2001), que não encontraram efeito significativo da recombinação nas características peso
total das crias ao nascer por matriz e peso total das crias ao desmame por matriz.
Considerando que a média do PTCN da população foi de 4,82 kg (Tabela 4) e que as
estimativas da heterose individual variaram de 0,41 kg a 0,66 kg (Tabela 8), tem-se que as
matrizes F1 produziram de 8,51% a 13,69% a mais de kg de cordeiros ao parto em relação à
média da população. Já para o PTCD em que a média foi 16,21 kg (Tabela 4) e as estimativas de
heterose direta variaram de 1,85 kg a 3,11 kg (Tabela 8), estes acréscimos foram de 11,41% a
19,19% a mais de kg de cordeiros desmamados.
4.3.2 Características de desempenho reprodutivo
A idade ao primeiro parto (IPP) foi influenciada significativamente por todos os
efeitos incluídos no modelo, exceto pela heterozigose entre as raças Santa Inês e Somalis
Brasileira (Tabela 9).
Tabela 9 – Estimativas das diferenças dos efeitos genéticos aditivos das raças Poll Dorset e
Somalis Brasileira, como um desvio da diferença dos efeitos genéticos aditivos
da raça Santa Inês, e estimativas dos efeitos genéticos não aditivos de
recombinação e de heterose individual sobre a idade ao primeiro parto (IPP), o
intervalo de partos (IDP) e o período de gestação (PG) em ovinos mestiços.
Estimativa ± Erro-padrão (dia)
Parâmetros
IPP IDP PG
Dg
a
so -42,58 ± 17,81
*
-3,39 ± 5,70
ns
-2,45 ± 0,21
***
Dg
a
po 250,69 ± 23,70
***
7,68 ± 10,25
ns
-3,80 ± 0,30
***
H
i
poso -104,83 ± 29,89
***
-36,13 ± 16,49
*
-0,90 ± 0,50
ns
H
i
posi -139,74 ± 18,92
***
7,39 ± 8,22
ns
-1,43 ± 0,28
***
H
i
siso -45,71 ± 37,57
ns
-38,27 ± 17,26
*
-1,67 ± 0,54
**
R -357,96 ± 85,50
***
57,56 ± 47,01
ns
-2,76 ± 1,26
*
***P<0,001; **P<0,01; *P<0,05;
ns
P>0,05 - não significativo.
Dg
a
po, e Dg
a
so representam a diferença do efeito médio dos genes das raças Poll Dorset e Somalis Brasileira,
respectivamente, expresso como um desvio do efeito médio dos genes da raça Santa Inês; H
i
posi, H
i
poso e H
i
siso
representam o efeito da heterozigose individual entre as raças indicadas (po = Poll Dorset, si = Santa Inês e so =
Somalis Brasileira); R representa o efeito médio da recombinação.
As estimativas indicam que uma maior proporção de genes da raça Somalis
Brasileira resultaria em matrizes com menor IPP, enquanto a diferença do efeito dos genes da
raça Poll Dorset levaria à indesejável elevação da IPP.
A significância dos efeitos H
i
posi e H
i
poso indicam o cruzamento com as raças
locais (Santa Inês e Somalis Brasileira), como uma alternativa para reduzir a IPP. A
35
recombinação também teve um efeito significativo e negativo. É interessante perceber que a
recombinação, ao contrário do que se verificou para a maioria das características de crescimento,
teria um efeito favorável sobre a idade ao primeiro parto.
Considerando que a média da IPP da população foi 604,11 dias (Tabela 4) e que as
estimativas de heterose individual variaram de -45,71 dias a -139,74 dias (Tabela 9), as fêmeas
F1 tenderiam a apresentar idades ao primeiro parto de 7,57% a 23,13% menores do que uma
fêmea média da população estudada.
Em bovinos, Martinez et al. (1988) observaram significância do efeito genético
aditivo e da heterose sobre a característica idade ao primeiro parto. Facó (2005) também
obtiveram estimativas significativas do efeito genético aditivo e da heterose sobre a idade ao
primeiro parto em bovinos. Entretanto, não encontrou efeito significativo da recombinação
sobre esta característica.
A não significância da diferença do efeito genético aditivo para o intervalo de
partos indica que as raças Somalis Brasileira e Poll Dorset apresentam desempenho
semelhante à raça Santa Inês para esta característica.
Apenas as heterozigoses envolvendo a raça Somalis Brasileira (H
i
poso e H
i
siso)
influenciaram significativamente o IDP (Tabela 9). A partir destes resultados, pode-se afirmar
que, nas condições do estudo, a utilização de cruzamentos envolvendo a raça Somalis
Brasileira contribuiria para menores IDPs. Considerando a média do IDP da populão de
283,07 dias (Tabela 4) e a estimativa da heterose individual para o cruzamento Santa Inês x
Somalis Brasileira (H
i
siso) de -38,27 dias, tem-se que tal cruzamento poderia resultar em uma
redução de até 13,52% no intervalo de partos da população estudada.
Em bovinos, Martinez et al. (1988) observaram significância do efeito genético
aditivo e da heterose para a característica intervalo de partos. Madalena et al. (1990) não
observaram efeito significativo da genética aditiva entre as raças e nem da heterose sobre o
intervalo de partos. Facó (2005) obtiveram estimativas significativas da heterose sobre o
intervalo de partos, mas, não encontrou efeito significativo da genética aditiva e da
recombinação nesta característica.
Excetuando a heterozigose entre Poll Dorset e Somalis Brasileira, todos os efeitos
estudados influenciaram significativamente para um menor período de gestação (Tabela 9).
Assim, pode-se inferir que os genes das raças Somalis Brasileira e Poll Dorset contribuiriam para
um menor PG, sendo os cruzamentos da raça Santa Inês com essas raças uma forma de reduzir
esta característica. Além disso, a recombinação, ao contrário do que se verificou para a maioria
das características de crescimento, teria um efeito favorável sobre o PG. Considerando o valor
36
médio do PG da população 150,51 dias (Tabela 4) e a estimativa da heterose individual para o
cruzamento Santa Inês x Somalis Brasileira (H
i
siso) de -1,67 dia, tem-se que tal cruzamento
poderia resultar numa redução de apenas 1,1% no PG para matrizes F1, em relação à média da
população estudada.
4.4. Estimativas de parâmetros genéticos para as características de crescimento
A estimativa de herdabilidade direta para o peso ao nascer (Tabela 10) foi de
moderada a alta magnitude, indicando a existência de variabilidade genética intra-racial
passível de ser explorada através da seleção massal. Já as estimativas de herdabilidade direta
para as características peso ao desmame (PD) e ganho de peso do nascimento ao desmame
(GP) apresentaram magnitude apenas de moderada a baixa magnitude. Logo, uma boa
resposta à seleção para o PD e o GP depende fundamentalmente de uma identificação mais
acurada dos valores genéticos individuais.
Tabela 10 – Estimativas de componentes de variância, herdabilidade e covariância entre
efeitos diretos e maternos para as características peso ao nascer (PN), peso ao
desmame (PD), ganho de peso (GP) em população de ovinos mestiços.
Parâmetros PN PD GP
σ
2
p
0,4826 kg
2
6,9185 kg
2
0,00214 (kg/dia)
2
σ
2
pm
0,0385 kg
2
0,5119 kg
2
0,00015 (kg/dia)
2
σ
2
e
0,2192 kg
2
4,8053 kg
2
0,00162 (kg/dia)
2
σ
2
a
0,1854 kg
2
0,9508 kg
2
0,00020 (kg/dia)
2
σ
2
m
0,1292 kg
2
0,6186 kg
2
0,00008 (kg/dia)
2
σ
am
-0,0898 kg
2
0,0319 kg
2
0,00008 (kg/dia)
2
h
2
d
0,38 ± 0,12 0,14 ± 0,06 0,10 ± 0,05
h
2
m
0,27 ± 0,06 0,09 ± 0,05 0,04 ± 0,04
t
m
0,35 ± 0,03 0,16 ± 0,03 0,11 ± 0,03
r
am
-0,58 ± 0,12 0,04 ± 0,45 0,66 ± 0,98
σ
2
p
= variância fenotípica; σ
2
pm
= variância de ambiente permanente materno; σ
2
e
= variância residual; σ
2
a
=
variância genética aditiva direta; σ
2
m
= variância genética aditiva materna; σ
am
= covariância genética direta e
materna; h
2
d
= herdabilidade direta; h
2
m
= herdabilidade materna; t
m
= repetibilidade materna; r
am
= correlação
entre os efeitos genéticos aditivos direto e materno.
As estimativas de herdabilidade materna seguiram a mesma tendência que as de
herdabilidade direta. A herdabilidade materna também foi de moderada a alta magnitude para
a característica PN, indicando alta influência da genética da matriz sobre o cordeiro. Já para as
características PD e GP, a contribuição do efeito materno foi menor, indicando pouca
influência da variação genética aditiva entre as matrizes sobre os cordeiros.
Estes resultados estão coerentes com as estimativas dos efeitos genéticos dos
cruzamentos (Tabelas 5, 6 e 7) que mostram que o PN foi basicamente influenciados pelos
37
efeitos genéticos aditivos (G
i
do, G
i
po e G
i
so), enquanto o PD e o GP foram fortemente
influenciados por efeitos genéticos não-aditivos (heteroses individual e materna, e
recombinação).
Maria et al. (1993) estimaram em 0,04, 0,34 e 0,15 as herdabilidades diretas, em
0,22, 0,25 e 0,01 as herdabilidades maternas, em -0,99, -0,98 e -0,99 as correlações entre os
efeitos genéticos diretos e maternos e em 0,10, 0,00 e 0,03 as variâncias de ambiente
permanente maternos, para as características peso ao nascer, peso ao desmame e ganho de
peso, respectivamente, em ovinos da raça Romanov.
Mousa et al. (1999) estudaram os parâmetros genéticos entre características de
crescimento em ovinos mestiços das raças Columbia, Hampshire Down e Suffolk.
Observaram os valores de 0,09, 0,09 e 0,21 para as herdabilidades diretas, de 0,17, 0,09 e 0,01
para as herdabilidades maternas, de 0,01, -0,39 e -0,52 para as correlações entre os efeitos
genéticos diretos e maternos e de 0,09, 0,12 e 0,03 para as variâncias de ambiente permanente
maternos, para as características peso ao nascer, peso ao desmame e ganho de peso,
respectivamente.
El Fadili e Leroy (2001) estimaram em 0,01 e 0,06 as herdabilidades diretas, em
0,28 e 0,10 as herdabilidades maternas e em 0,01 e -0,18 as correlações entre os efeitos
genéticos diretos e maternos, para as características peso ao nascer e peso ao desmame,
respectivamente.
Silva e Araújo (2002) estimaram as herdabilidades para os pesos ao nascer, ao
desmame e para o ganho de peso do nascer a desmama em 0,48, 0,53 e 0,56, respectivamente.
Hassen et al. (2003) estimaram as herdabilidades diretas para peso ao nascer, peso
ao desmame e ganho de peso médio diário em 0,39, 0,33 e 0,25, respectivamente. Já as
herdabilidades maternas para as mesmas características foram, respectivamente, 0,13, 0,18 e
0,19.
Sousa (2004) estimou as herdabilidades diretas para PN, PD e GP em 0,15, 0,11 e
0,15, respectivamente; as herdabilidades maternas, para estas mesmas características, foram,
respectivamente, 0,16, 0,12 e 0,12.
O efeito do ambiente permanente da mãe foi importante para todas as
características de crescimento, o que justifica sua inclusão nos modelos de análises.
Ainda na Tabela 10, vale destacar que as estimativas de repetibilidade materna t
m
foram de magnitude moderada a baixa, o que contra-indica o descarte de matrizes baseado em
apenas uma informação de peso ao nascer e ao desmame de suas crias.
38
4.5. Estimativas de parâmetros genéticos para as características de habilidade materna e
reprodutiva
As estimativas de herdabilidade para as características de habilidade materna e
reprodutiva (Tabela 11) variaram de moderada a baixa magnitude, sendo moderada para a
idade ao primeiro parto e peso total das crias ao nascer por matriz e baixas para o período de
gestação, peso total das crias ao desmame por matriz e intervalo de partos. As estimativas
indicam que essas características são altamente influenciadas pelo ambiente.
Tabela 11 – Estimativas de componentes de variância e parâmetros genéticos para as
características peso total das crias ao nascimento por matriz (PTCN), peso total
das crias ao desmame por matriz (PTCD), idade ao primeiro parto (IPP),
intervalo de partos (IDP) e período de gestação (PG) em população de ovinos
mestiços.
Característica PTCN PTCD IPP IDP PG
σ
2
p
0,78 kg
2
51,47 kg
2
14.798,29 dia
2
6.452,73 dia
2
7,30 dia
2
σ
2
pm
0,03 kg
2
1,68 kg
2
- 0,03 dia
2
0,05 dia
2
σ
2
e
0,60 kg
2
47,23 kg
2
11.662,15 dia
2
6.326,65 dia
2
6,46 dia
2
σ
2
a
0,14 kg
2
2,55 kg
2
3.136,14 dia
2
126,04 dia
2
0,77 dia
2
h
2
0,19 ± 0,04 0,05 ± 0,02 0,21 ± 0,08 0,02 ± 0,03 0,11 ± 0,03
t
0,23 ± 0,03 0,08 ± 0,03 - 0,02 ± 0,04 0,11 ± 0,03
σ
2
p
= variância fenotípica; σ
2
pm
= variância de ambiente permanente materno; σ
2
e
= variância residual; σ
2
a
=
variância genética aditiva direta; σ
2
m
= variância genética aditiva materna; σ
am
= covariância genética direta e
materna; h
2
d
= herdabilidade direta; t = repetibilidade.
As estimativas das herdabilidades das características idade ao primeiro parto e
peso total das crias ao nascer por matriz indicam a existência de variabilidade genética para
obter ganhos genéticos por meio da seleção. A herdabilidade da IPP é função da relação que
existe entre essa variável reprodutiva e o potencial de crescimento do animal. Para as outras
características que apresentaram baixas herdabilidades, a utilização de cruzamentos,
mantendo elevado nível de heterozigose, contribuiria para um melhor desempenho.
Quesada et al. (2002) estimaram em 0,17 a herdabilidade para intervalo de partos
em ovinos. EL Fadili e Leroy (2001) obtiveram estimativas de herdabilidades direta para
PTCN de (0,15) e PTCD (0,08).
As estimativas de repetibilidade para as características reprodutivas e de
habilidade materna variaram de 0,02 a 0,23, sendo menor para o IDP.
39
4.6. Estimativas das correlações genéticas para as características crescimento, de
habilidade materna e reprodutiva.
As correlações genéticas entre as características peso ao nascer (PN), peso a
desmama (PD), ganho de peso do nascimento ao desmame (GP), peso total das crias ao nascer
(PTCN), peso total das crias ao desmame (PTCD), idade ao primeiro parto (IPP), intervalo de
partos (IDP) e período de gestação (PG) estão na Tabela 12.
Tabela 12 - Correlações genéticas entre as características peso ao nascer (PN), peso ao
desmame (PD), ganho de peso do nascimento ao desmame (GP), peso total
das crias ao nascer (PTCN), peso total das crias ao desmame (PTCD), idade
ao primeiro parto (IPP), intervalo de partos (IDP) e período de gestação (PG).
PN PD GP PTCN PTCD IPP IDP
PD 0,30
***
GP 0,01
***
0,88
***
PTCN
PTCD
0,29
***
IPP
0,29
***
0,99
***
IDP
-0,06
***
-0,24
***
-0,24
***
PG
0,11
***
0,25
***
0,25
***
0,03
ns
***P<0,0001;
ns
P>0,05 - não significativo.
PN – valor genético individual para peso ao nascer; PD – valor genético individual para peso a desmama; GP
– valor genético individual para ganho de peso do nascimento ao desmame; PTCN – valor genético para peso
total das crias ao nascer; PTCD – valor genético para peso total das crias ao desmame; IPP – valor genético
para idade ao primeiro parto; IDP – valor genético para intervalo de partos e PG – valor genético para período
de gestação.
As correlações genéticas entre as características de crescimento variaram de 0,01 a
0,88, enquanto aquelas entre as características reprodutivas e de habilidade materna variaram
de -0,24 a 0,99. Chamam atenção as altas correlações positivas entre PD e GP e entre PTCD e
IPP. No primeiro caso o sentido é favorável, indicando que a seleção para o GP resultaria em
ganho para o PD, e vice-versa. Já no segundo caso, o sentido é desfavorável, indicando que a
seleção para menores IPP’s levariam também a menores PTCD’s, o que é indesejável.
Maria et al. (1993) estimaram em 0,12, 0,01 e 0,59 as correlações genéticas entre
PN e PD, PN e GP e PD e GP. Mousa et al. (1999) estimaram em 0,45, -0,02 e 0,37 as
correlações genéticas entre PN e PD, PN e GP e PD e GP. El Fadili e Leroy (2001) estimaram
uma correlação genética de 0,99 entre o PTCD e PTCN. Estimativas de correlação genética
entre PN e PD foram obtidas em 0,45, 0,43 e 0,15, respectivamente por Al-Shorepy et al.
(2002), Quesada et al. (2002) e Mugambi et al. (2006).
40
5. CONCLUSÕES
A redução do desempenho observada em várias das características estudadas, em
função de perdas por recombinação, torna mais complexa a formação de uma população
sintética a partir das raças envolvidas neste estudo, exigindo um rigoroso e bem conduzido
processo de seleção para neutralizar estes efeitos indesejáveis. Nas condições do presente
estudo, os genes da raça Somalis Brasileira contribuiriam para um melhor desempenho
reprodutivo. Por outro lado, traria uma redução no ganho de peso, quando comparadas às
demais raças estudadas. Assim, a utilização desta raça para a formação da base materna
poderia trazer benefícios com uma maior fertilidade e menor custo de manutenção, dado seu
menor peso adulto.
Os genes das raças Poll Dorset e Dorper teriam papel importante para um melhor
desempenho ponderal, sendo indicadas como raças paternas no cruzamento terminal. Além
disso, a reconhecida melhor conformação de carcaça dos animais destas raças reforça esta
recomendação.
O efeito observado da contribuição dos genes da raça Santa Inês mostra que a
mesma encontra-se num patamar intermediário entre uma raça paterna e materna, tendo
importante efeito favorável para um maior peso ao nascer, o que poderia contribuir para uma
menor mortalidade das crias, sem, contudo, produzir grande redução no desempenho
reprodutivo.
A grande importância observada da heterose materna na fase pré-desmame e da
heterose direta para as características de desempenho reprodutivo, indicam vantagens na
utilização de matrizes mestiças, com elevado grau de heterozigose para a produção de
cordeiros nas condições do estudo.
Assim, a utilização de matrizes F1 Santa Inês x Somalis em cruzamento terminal
com reprodutores Poll Dorset ou Dorper, tenderia a levar a uma maior eficiência produtiva e
reprodutiva nas condições do estudo.
Devem ser realizados novos estudos, a partir de dados provenientes de
cruzamentos cientificamente delineados, tanto para a averiguação dos resultados aqui
encontrados, quanto para a obtenção de estimativas de efeitos que não foram possíveis de
serem obtidas neste estudo.
41
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