quando suas massas são nulas. Os termos extras que são proporcionais à constante
cosmológica podem trazer correções para a teoria quântica de campos. Embora, para
valores pequenos da constante cosmológica, estas correções sejam pequenas e os efeitos
na cinemática sejam insignificantes, existem situações onde esta diferença podem vir a
ser muito importantes.
Por exemplo, as transições de fase associadas à quebra espontânea de simetria são
usualmente consideradas como uma fonte primária para um Λ não nulo [16]. Torna-se
assim concebível assumir que um fenômeno de alta energia possa modificar a estrutura
local do espaço por um período de tempo cu rto, de tal forma que a vizinhança do fenômeno
deixa de ser um espaço Minkowski, e torna-se um espaço d e De Sitter — ou anti-De
Sitter [17]. Existiria, então, uma conexão entre a escala de energia da experiência e o
valor local de Λ. Para um fenômeno de altíssima energia, o parâmetro l ficaria perto da
escala de Planck, e a cinemática local seria aquela da relatividade de De Sitter. Nesta
experiência o valor local de Λ será da ordem Λ ∼ 10
66
cm
−2
, o qual difere da constante
cosmológica observada por 120 ordens de magnitude [27]. Neste caso, o espaço local
se aproximaria de um espaço cônico [8], o qual é transitivo somente sob transformações
conformes. Nesta situação extrema, a relatividade de De Sitter se reduz à relatividade
conforme, onde as no ções de momento e energia conforme serão as únicas a sobreviver.
Um mundo quântico muito peculiar vai emergir, cuja física precisa ai nda ser desenvolvida.
É importante mencionar que há um argumento consistente por trás destas hipóte-
ses. Como a constante cosmológica Λ introd uz os geradores conformes na definição da
transitividade do espaço-tempo, estas transformações são naturalmente incorporadas na
cinemática local, e a correspondente corrente conforme aparece como parte da corrente
de Noether. Para grandes valores de Λ, a simetria conforme adquire naturalmente um
papel relevante. Isto está de acordo com a idéia de que a simetria conforme é a simetria
relevante em altas energias, onde as massas podem ser desprezadas.
Além disso, este cenário ajusta-se bem com a idéia que as altas energia podem causar
pequenas flutuações na textura do espaço-tempo. O ponto importante é que a relativi-
dade de De Sitter, junto com a hipótese de uma conexão entre energia e o valor local de
Λ, dá um significado preciso a estas flutuações. Devido à presença de um horizonte na
distância l, a estrutura causal do espaço-tempo, definida pelo cone de luz, será também
modificado de uma forma bem precisa [8]. A relatividade de De Sitter, dá origem a
uma fenomenologia de altas energias muito precisa, abrindo as portas para uma eventual
confrontação experimental.
Um exemplo concreto desta possibilidade podem ser as observações recentes do atraso
em raios gamma extragaláticos de energias muito altas em relação aos de energia menores [28].
Uma das explicações para tal atraso é que as flutuações do espaço poderiam estar agindo
como lentes microscópicas, diminuindo a velocidade de propagação dos fotons de altas
energias. Inclusive, já se demonstrou que, na presença de uma constante cosmológica, a
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