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UFF, tanto os que estavam cursando os primeiros períodos, quanto os que estavam concluindo
ou próximos de concluir o curso.
Um dos aspectos que me chamou atenção nos depoimentos dos estudantes tinha a ver
com o papel do mestre em suas trajetórias. Alguns faziam referência a contribuição especial
de um ou outro professor que havia despertado especial interesse por algum assunto ou
fortalecido sua autoconfiança. Esse é na verdade um assunto que sempre mobilizou minha
curiosidade e interesse e que se acirrou naquele momento. O que faz com que alguns
professores marquem de forma tão especial e outros não? Como nos tornamos “bons
professores”? E o que é, afinal, ser um bom professor? Filmes
33
, livros
34
, histórias sobre
mestres que impactavam seus estudantes sempre contaram com minha audiência interessada e
sensível.
Nesse sentido, mais recentemente, a leitura de “O mestre ignorante, cinco lições sobre
a emancipação intelectual” de Jacques Rancière e “Professores para quê? Para uma Pedagogia
33 “Escritores da Liberdade” dirigido por Richard La Gravenese e lançado em 2007 é um desses filmes que me tocaram de
modo especial. Baseado em fatos reais, narra a trajetória de uma professora de Inglês que vive sua primeira experiência como
docente numa escola dos subúrbios americanos. A ela é destinada uma turma de “integração”, que bem as moldes brasileiros,
de integrada só tem mesmo o nome. A hostilidade entre os diferentes grupos é explícita. A professora encontra um ponto de
acesso aos seus alunos, dando voz à eles que contando suas próprias histórias, e ouvindo as dos outros, descobrem o poder
da tolerância e reconhecem-se em meio às supostas diferenças. Outros como “A sociedade dos poetas mortos”de Peter Weil,
(EUA, 1989), “Ao mestre com carinho” de James Clawel (EUA, 1967), “A escola da vida” de Willian Dear (EUA, 2005),
“Quando tudo começa” de Bartrand Tavernier (França, 1999), “Nenhum a menos” de Zhang Yimou (China, 1998), “O
carteiro e o poeta” dirigido por Michael Radford em 1994 e “Música do Coração” de Wes Craven (1999) são alguns de meus
cult movies queridos que narram experiências de professores. Muitos deles utilizei em meus cursos de graduação, pós-
graduação e formação continuada, sempre rendendo excelentes debates e reflexões.
34 Muitos desses livros conheci por ocasião de minha pós-graduação na UNIRIO,mestrado e doutorado na UFF. Para citar
apenas alguns dos livros que abordam o papel do professor e pesquisam sua prática que tive a oportunidade de conhecer
melhor, destaco “O bom professor e sua prática” de Maria Isabel Cunha (Papirus, 1989) onde a autora procura desvendar o
que seria o “bom professor”, investigando seu cotidiano, sua prática e metodologia. “Cartografias do trabalho docente”
organizado por Corinta Geraldi, Dario Fiorentini e Elisabete Pereira (Mercado das Letras, 1998) apresenta uma coletânea de
artigos que discutem a prática dos professores, tomando-a como objeto de pesquisa. O livro “Da figura do Mestre” de
Marlene Dozol (editora da Universidade de São Paulo, 2003) em que a autora explora as categorias filosóficas valiosas à
compreensão do tema, selecionando autoridade, formação e sedução como formas de ver a interação entre mestre e aluno.
“Ofício de Mestre” de Miguel Arroyo (editora Vozes, 2000) em que o autor resgata imagens sobre o ofício do mestre. “O
lugar social do professor” (ed. Quartet, 1998) e “O professor invisível: imaginário, trabalho docente e vocação” (Ed. Quartet,
2003) ambos de Rodolfo Pereira. O primeiro pesquisa a desvalorização atual do magistério, buscando suas origens e o
segundo resgata a idéia de vocação, buscando confrontar o preconceito que ela provoca. “Meu professor inesquecível”
organizado por Fanny Abramovich (ed. Gente, 1997) que traz depoimentos de onze escritores contemporâneos sobre seus
professores inesquecíveis. “Da sagrada missão pedagógica”, de Eliane Marta Teixeira Lopes (ed. São Francisco, 2003),
resultado de uma extensa pesquisa da autora em diversos materiais (livros, jornais, panfletos) com vistas a compreender
como a idéia da missão de mestre tem sido transmitida e, por fim, ‘O mestre ignorante, cinco lições sobre a emancipação
intelectual” de Jacques Ranciére (ed. Autêntica, 2005) que aborda a tarefa singular da emancipação intelectual como um dos
desafios da mestria e “Professores para quê?” de Georges Gusdorf da e editora Martins Fontes, 2003. Autores como Tardiff,
Nóvoa, Catani, Gusdorf, dentre outros, exploram também aspectos relativos ao ser professor e a sua prática e são preciosas
referências para mim. Leituras que me instigam.