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HELOISA HELENA MOREIRA PARAQUETTI
ESTUDO DA ESPECIAÇÃO DE MERCÚRIO E DA MATÉRIA ORGÂNICA
DISSOLVIDA NA COLUNA D’ÁGUA DO COMPLEXO COSTEIRO DO LITORAL
DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO: BAÍA DE SEPETIBA
Tese apresentada ao Curso de Pós-Graduação em
Geociências da Universidade Federal Fluminense,
como requisito parcial para a obtenção de Grau de
Doutor. Área de concentração: Geoquímica
Ambiental
ORIENTADOR: Prof. Dr. LUIZ DRUDE DE LACERDA
CO-ORIENTADORA: Profª. Drª. ROZANE VALENTE MARINS
Niterói
2005
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A minha família e ao Marcelo pelo
apoio, pela paciência e compreensão
durante essa LONGA caminhada.
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AGRADECIMENTOS
Ao meu orientador Prof. Dr. Luiz Drude de Lacerda pela oportunidade
de trabalharmos juntos, pela presença constante em meu trabalho, mesmo à
distância e pela credibilidade depositada em meu trabalho desde a iniciação
científica.
Igualmente agradeço a Profª. Drª Rozane Valente Marins, amiga e
companheira de trabalho há quase 10 anos e co-orientadora desse trabalho, pelo
constante incentivo, pelas valiosas discussões e pela dedicação ao meu trabalho.
A todos os colegas e companheiros de trabalho do laboratório 409
pelas ajudas durante as campanhas de campo e pelo agradável ambiente formado
dentro do laboratório. Em especial gostaria de agradecer ao Marcelo pela ajuda
indispensável nas campanhas de campo, pelas opiniões e discussões sobre o meu
trabalho e pelo companheirismo.
A todos os amigos que conheci no Laboratório RCMO – Université de
Toulon et du Var e que muito me ajudaram durante minha estadia na França, em
especial ao Prof. Stephane Mounier, pela orientação do meu trabalho na França, ao
Prof. Yves Luca e aos amigos Rudy Nicolau, Kerstin Küpker, Nathalie Patel, Cedric
Garnier, Mohamed e outros pelo grande companheirismo neste período. E não
poderia esquecer de pessoas especiais que conheci nesse período como Sophie,
Claude e Eliane & Cia.
Ao Departamento de Geoquímica e a todos os professores que de uma
maneira ou de outra contribuíram para minha formação profissional. Em especial
quero deixar meus agradecimentos a Nivaldo pela extrema dedicação aos alunos e
ao curso, a Meiber pela ajuda indispensável frente à Fundação CAPES, viabilizando
a minha ida para a França e a presença do Prof. Dr. Stephane Mounier na banca de
avaliação desse trabalho e ao Prof. Bastiaan Knoppers pelas discussões e
sugestões dadas durante a execução desse trabalho.
A minha madrinha e amiga Márcia Paraquett pelo constante incentivo e
admiração ao meu trabalho e pelas indispensáveis correções da língua portuguesa.
A Fundação CAPES pela bolsa de estudo concedida durante esse
estudo e pelo estágio sandwich no exterior que me foi concedido e que muito
contribuiu para o meu desenvolvimento profissional. Agradeço também pelo auxílio
concedido ao Prof. Dr. Stephane Mounier possibilitando a sua vinda para compor à
banca de avaliação desse trabalho.
Este trabalho foi financiado pelo projeto PRONEX-FAPERJ processo nº
E26/171.175/2003.
RESUMO
Estudos realizados sobre o transporte, a distribuição e a especiação do
Hg em águas da Baía de Sepetiba mostram que ao longo do gradiente estuarino da
baía ocorre um aumento relativo das espécies reativas solúveis de Hg sugerindo que
a baía possa atuar como exportadora de formas biodisponíveis de Hg para as águas
da plataforma continental adjacente. Assim, o objetivo desse trabalho foi estimar
quantitativamente e qualitativamente o transporte das diferentes espécies de Hg da
Baía de Sepetiba para as águas adjacentes a partir da determinação da especiação
do Hg que entra na baía através dos seus afluentes, do Hg presente na coluna
d’água da parte externa da baía durante eventos de maré e sazonalmente, e de uma
caracterização do carbono orgânico dissolvido (COD) presente nas águas da baía.
Os resultados encontrados nos rios afluentes à Baía de Sepetiba mostram que o Hg
particulado é a principal forma de entrada de Hg para a baía. Os Rio Guandu,
Guarda e São Francisco são os principais contribuintes em relação ao material
particulado em suspensão, a carga de Hg e a vazão de água doce que chega na
baía. O fluxo anual de Hg para a baía foi estimado em de 201 kg de Hg por ano,
sendo 94,5 % na forma de Hg particulado e 5,5 % como frações de Hg “dissolvido”
enquanto que o fluxo anual de material particulado em suspensão foi estimado em
4,8 x 10
8
kg.
A avaliação química das águas na saída principal da Baía de Sepetiba
durante eventos de maré na estação seca e chuvosa mostrou que a baía exporta
material particulado empobrecido em carbono orgânico (clástico) para o oceano e/ou
áreas adjacentes, principalmente durante a estação chuvosa e recebe do oceano um
material particulado enriquecido em carbono orgânico provavelmente de origem
fitoplanctônica. A especiação do Hg mostrou que a formação de Hg
0
nas águas da
baía pode estar sendo controlada pela produtividade primária, devido a forte
correlação encontrada entre a % de saturação de O
2
e a % de Hg
0
em relação à
concentração de Hg total. As maiores concentrações de Hg orgânico foram sempre
observadas durante a maré vazante sugerindo que a Baía de Sepetiba atue como
uma produtora e exportadora de espécies orgânicas de Hg para áreas adjacentes. A
falta de correlação entre Hg orgânico e COD ou COP, e a forte correlação
encontrada entre Hg orgânico e oxigênio dissolvido e temperatura, mostram que a
formação de Hg orgânico parece não depender da concentração de carbono
orgânico. De uma maneira geral, o conteúdo total de Hg na Baía de Sepetiba pode
ser dividido em duas frações: uma fração particulada, que representa 55 % do
conteúdo total de Hg na baía e uma fração “dissolvida” que representa 45 % do
conteúdo total de Hg e é equivale a 35,5 % de Hg orgânico e 9,5 % de Hg reativo.
Os resultados obtidos na caracterização do COD por fluorescência molecular
durante eventos de maré na estação seca e chuvosa mostraram que a matéria
orgânica dissolvida que sai da baía durante a estação chuvosa é rica em material
orgânico terrestre com elevado grau de aromaticidade, pouco reativa e com baixa
capacidade de complexação em relação ao COD que entra na baía a partir dos
oceanos.
ABSTRACT
Recent studies related to the transport, distribution and Hg speciation in
Sepetiba Bay waters show that the transport along the estuarine gradient of the bay
presents a relative increase of the soluble reactive Hg suggesting that Sepetiba Bay
can act as exporter of bioavailable forms Hg to waters of the adjacent continental
platform. Thus, the objective of this work was to estimate quantitatively and
qualitatively the transport of the different species of Hg from Sepetiba Bay to the
adjacent continental platform through the determination of the Hg speciation that
enters the bay through their majors tributaries, of the Hg speciation present in the
water column of the external area of Sepetiba Bay during tide events and different
seasons, and of the dissolved organic carbon (DOC) characterization in Sepetiba
Bay waters. The results found in Sepetiba Bay tributaries show that particulate Hg is
the main form of Hg entering Sepetiba Bay and that the Guandu, Guarda and São
Francisco Rivers are the main contributors in relation to the total suspended solid
(TSS), the Hg load and the freshwater flow that arrives in Sepetiba Bay. The Hg
annual flux to Sepetiba Bay was estimated in 201 kg, being 94.5 % of particulate Hg
species and 5.5 % as "dissolved" Hg species while the TSS annual flow was
estimated in 4.8 x10
8
kg.
The chemical evaluation of Sepetiba Bay waters during tide events in
the dry and wet seasons showed that the Sepetiba Bay exports TSS impoverish in
organic carbon (clastic) to the adjacent ocean and/or areas, mainly during the wet
season and receives TSS enriched in organic carbon from the ocean, probably of
phytoplanktonic origin. The Hg chemical speciation during the same period showed
that the Hg
0
production in Sepetiba Bay waters can be controlled by the primary
productivity, due to strong correlation found between dissolved oxygen percent
saturation and the percent of Hg
0
relative to the total Hg concentration and that
Sepetiba Bay acts as a producer and exporter of organic species of Hg to adjacent
areas, since the highest organic Hg concentrations were observed during the ebb
tide. The lack of correlation between organic Hg and DOC or POC, and the strong
correlation found between organic Hg and dissolved oxygen and temperature, shows
that organic Hg formation seems to depend more on parameters as dissolved oxygen
and temperature than on the organic carbon concentration. In general terms, the total
Hg content in Sepetiba Bay can be divided in two fractions: the particulate fraction
that represents 55 % of the total Hg content and the "dissolved" fraction that
represents 45 % of the total Hg content and is equivalent to 35.5 % of organic Hg
and 9.5 % of reactive Hg. The results obtained in DOC characterization by molecular
fluorescence during tide events in the dry and wet season showed that the dissolved
organic matter that leaves the bay during the wet season is rich in terrestrial organic
material with elevated aromaticity degree, with low reactivity and with low
complexation capacity in relation to the DOC that enters in the bay from the oceans.
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 – O ciclo global atual do mercúrio. Todos os fluxos estão em t ano
-1
(adaptado de Mason e Sheu, 2002)...................................................................21
FIGURA 2 – Ciclo biogeoquímico do mercúrio adaptado de Laurier (2001). ............27
FIGURA 3 – Diagrama esquemático de um espectrofotômetro de fluorescência
molecular............................................................................................................37
FIGURA 4 – Representação da MEEF e dos espectros de emissão e excitação de
fluorescência......................................................................................................38
FIGURA 5 – Representação de um espectro de quenching de fluorescência . ........42
FIGURA 6 – Localização da área de estudo: Baía de Sepetiba................................50
FIGURA 7 – Localização dos pontos de amostragem nos principais rios afluentes
(R1-R6), na parte externa da baía (S1-S9) e o Ponto fixo de coleta de perfis da
coluna d´água na Baía de Sepetiba. ..................................................................54
FIGURA 8 – Sistema de geração de vapor frio de Hg...............................................62
FIGURA 9 – Diagrama do analisador de carbono Shimadzu TOC 5000A. ...............64
FIGURA 10 – Apresentação do circuito fechado utilizado para a determinação da
capacidade de complexação dos metais (Laboratoire RCMO-PROTEE /
Université de Toulon et du Var)..........................................................................66
FIGURA 11 – Relação entre as concentrações médias de Hg reativo e Hg total nos
rios afluentes à Baía de Sepetiba. .....................................................................72
FIGURA 12 – (a) Relação entre as concentrações de TSS e Hg particulado e (b)
relação entre o conteúdo total de Hg (Hg (D+P)) e as concentrações de Hg
particulado nos rios afluentes à Baía de Sepetiba. ............................................76
FIGURA 13 – Tendência da média das porcentagens das principais espécies de Hg
medidas nos rios afluentes à Baía de Sepetiba. ................................................77
FIGURA 14 – (a) Relação entre as concentrações de Hg total e Hg reativo nas águas
superficiais da parte externa da Baía de Sepetiba; (b) Relação entre a
concentração de Hg total e a % de Hg reativo nas águas superficiais da parte
externa da Baía de Sepetiba..............................................................................87
FIGURA 15 – Tendência média entre os percentuais das principais espécies de Hg
medidas nas águas superficiais da parte externa da Baía de Sepetiba.............89
FIGURA 16 – Comprimento de onda de excitação e emissão para os três principais
picos de fluorescência (proteínas, ácidos fúlvicos e ácidos húmicos) observados
nas águas superficiais da parte externa da Baía de Sepetiba. ..........................90
FIGURA 17 – Comparação entre os comprimentos de onda de excitação e emissão
para os picos de ácidos húmicos encontrados nas águas superficiais da parte
externa da Baía de Sepetiba e os valores reportados na literatura por *Coble
(1996).................................................................................................................91
FIGURA 18 – Média ± desvio padrão dos principais parâmetros físico-químicos,
COP, COD e TSS medidos na saída principal da Baía de Sepetiba durante
eventos de maré nas estações seca e chuvosa em ponto fixo. .........................97
FIGURA 19 – Média ± desvio padrão das principais espécies de Hg medidas nas
águas da Baía de Sepetiba durante eventos de maré nas estações seca e
chuvosa em ponto fixo: (a) Hg elementar; (b) Hg reativo; (c) Hg orgânico; (d) Hg
particulado; (e) % Hg orgânico em relação à Hg total e (f) % Hg particulado em
relação ao conteúdo total de Hg. .....................................................................102
FIGURA 20 – (a) Relação entre a concentração de Hg total e Hg orgânico; (b)
Relação entre a concentração de Hg particulado e o conteúdo total de Hg nas
águas da Baía de Sepetiba..............................................................................106
FIGURA 21 – Matriz de excitação e emissão de fluorescência com localização média
(± desvio padrão) das três principais regiões observadas nas águas da saída
principal da Baía de Sepetiba durante eventos de maré nas estações seca e
chuvosa em ponto fixo. ....................................................................................109
FIGURA 22 – Posição média (± intervalo de confiança; P < 0,01) dos picos de
fluorescência (a) Ia e (b) Ic nas águas da saída principal da Baía de Sepetiba
durante eventos de maré nas estações seca (ES) e chuvosa (EC) em ponto fixo.
.........................................................................................................................110
FIGURA 23 – Relação entre a intensidade máxima de fluorescência (λex = 340 nm)
e a concentração de COD na (a) ME/ES, (b) MV/ES, (c) ME/EC e (d) MV/EC.
.........................................................................................................................112
FIGURA 24 – Divisão dos compartimetos na Baía de Sepetiba: 1 - Rios; 2 - Baía
interna, 3 - Baía central e 4 – Baía externa......................................................118
FIGURA 25 – Distribuição de Hg reativo, orgânico e total ao longo do gradiente
estuarino na Baía de Sepetiba.........................................................................119
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 – Valores reportados na literatura para as principais espécies de Hg em
água doce, estuarina e oceânica. ......................................................................25
TABELA 2 – Dados pluviométricos mensais da região da Baía de Sepetiba durante
os eventos amostrados. .....................................................................................55
TABELA 3 – Valores referentes à tábua de maré na Ilha Guaíba durante os eventos
amostrados ........................................................................................................56
TABELA 4 – Definição das espécies de Hg analisadas nesse trabalho....................57
TABELA 5 – Resultados do teste utilizando a metodologia modificada para a
determinação da concentração de Hg orgânico. Todos os valores estão
expressos em ng L
-1
...........................................................................................59
TABELA 6 – Resultados do teste utilizando a metodologia seqüencial usada para
determinação da concentração de Hg particulado. ............................................61
TABELA 7 – Valores médios dos principais parâmetros físico-químicos medidos nos
principais rios afluentes à Baía de Sepetiba (n = 3)...........................................69
TABELA 8 – Concentrações das espécies de Hg medidas nos rios afluentes à Baía
de Sepetiba........................................................................................................73
TABELA 9 – Fluxo das espécies de Hg e TSS para a Baía de Sepetiba através dos
seus principais rios afluentes. ............................................................................81
TABELA 10 – Valores médios dos principais parâmetros físico-químicos medidos
nas águas superficiais da parte externa da Baía de Sepetiba (n=3)..................83
TABELA 11 – Concentração média das principais espécies de Hg medidas nas
águas superficiais da parte externa da Baía de Sepetiba (n=4).........................86
TABELA 12 – Concentrações de TSS, COD, COP e as razões Ia/Ic e E
450
/E
500
medidas nas águas superficiais da Baía de Sepetiba........................................92
TABELA 13 – Principais parâmetros físico-químicos, COD, COP e TSS medidos na
saída principal da Baía de Sepetiba durante eventos de maré nas estações seca
e chuvosa em ponto fixo. ...................................................................................95
TABELA 14 – Concentrações das espécies de Hg medidas na saída principal da
Baía de Sepetiba durante eventos de maré nas estações seca e chuvosa em
ponto fixo..........................................................................................................101
TABELA 15 – Localização das três principais regiões na MEEF das águas na saída
principal da Baía de Sepetiba durante eventos de maré nas estações seca e
chuvosa em ponto fixo. ....................................................................................108
TABELA 16 – Valores encontrados para as razões Ia/COD, Ic/COD, Ia/Ic e
EM
450
/EM
500
nas águas da Baía de Sepetiba durante eventos de maré nas
estações seca e chuvosa em ponto fixo. .........................................................113
TABELA 17 – Valores da capacidade de complexação (C
L
), da constante de
estabilidade (K) e da densidade de sítios (D
S
) medidos na saída principal da
Baía de Sepetiba durante eventos de maré nas estações seca e chuvosa em
ponto fixo..........................................................................................................116
TABELA 18 – Planilha geral dos dados obtidos para os principais parâmetros físico-
químicos e as concentrações de DOC, POC e TSS nas águas da saída principal
da Baía de Sepetiba em ponto fixo. .................................................................140
TABELA 19 – Planilha geral dos dados obtidos para as concentrações das espécies
de Hg medidas nas águas da saída principal da Baía de Sepetiba em ponto fixo.
.........................................................................................................................144
TABELA 20 – Planilha geral dos dados obtidos para as razões Ia/Ic, Ia/DOC,
Ic/DOC, EM
450
/EM
500
, capacidade de complexação (C
L
), densidade de sítios
(D
S
), log K e a Intensidade de emissão medidas nas águas da saída principal da
Baía de Sepetiba em ponto fixo. ......................................................................148
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO............................................................................................17
1.1 O MERCÚRIO NO MEIO AMBIENTE.........................................................17
1.1.1 Características químicas..........................................................................17
1.1.2 O mercúrio em ambientes costeiros.......................................................22
1.1.3 O ciclo biogeoquímico do mercúrio........................................................27
1.2 O PAPEL DA MATÉRIA ORGÂNICA NO AMBIENTE ................................31
1.2.1 A espectroscopia de fluorescência molecular.......................................35
1.2.2 A capacidade de complexação dos metais por espectroscopia de
fluorescência molecular...........................................................................41
2 JUSTIFICATIVA E HIPÓTESE DE TRABALHO........................................44
2.1 OBJETIVOS................................................................................................45
3 ÁREA DE ESTUDO: A BAÍA DE SEPETIBA.............................................46
4 METODOLOGIA.........................................................................................51
4.1 AMOSTRAGEM ..........................................................................................51
4.1.1 A coleta nos rios afluentes à Baía de Sepetiba......................................51
4.1.2 A coleta na Baía de Sepetiba ...................................................................52
4.1.2.1 Água superficial da parte externa da Baía ..................................................52
4.1.2.2 Perfis da coluna d’água na saída principal da Baía durante eventos de maré
na estação seca e chuvosa em ponto fixo ..................................................53
4.2 ANÁLISES QUÍMICAS................................................................................57
4.2.1 Determinação da especiação de mercúrio em amostras de água........57
4.2.2 Determinação de carbono orgânico dissolvido e particulado..............63
4.2.3 Determinação dos espectros de fluorescência da matéria orgânica
dissolvida ..................................................................................................65
4.2.4 Determinação da capacidade de complexação dos metais..................65
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO..................................................................67
5.1 CARACTERIZAÇÃO DAS ÁGUAS NOS PRINCIPAIS RIOS AFLUENTES À
BAÍA DE SEPETIBA ...................................................................................68
5.1.1 A química das águas nos principais rios afluentes à Baía de Sepetiba
....................................................................................................................68
5.1.2 Especiação de mercúrio nos principais rios afluentes à Baía de
Sepetiba.....................................................................................................70
5.1.3 Fluxo de Hg e TSS para a Baía de Sepetiba através de seus principais
rios afluentes.............................................................................................78
5.2 CARACTERIZAÇÃO DAS ÁGUAS SUPERFICIAIS DA PARTE EXTERNA
DA BAÍA DE SEPETIBA .............................................................................82
5.2.1 A química das águas superficiais da parte externa da Baía de Sepetiba
....................................................................................................................82
5.2.2 Especiação do mercúrio nas águas superficiais da parte externa da
Baía de Sepetiba.......................................................................................83
5.2.3 Caracterização do carbono orgânico dissolvido nas águas superficiais
da parte externa da Baía de Sepetiba .....................................................89
5.3 CARACTERIZAÇÃO DAS ÁGUAS NA SAÍDA PRINCIPAL DA BAÍA DE
SEPETIBA DURANTE EVENTOS DE MARÉ NAS ESTAÇÕES SECA E
CHUVOSA EM PONTO FIXO.....................................................................93
5.3.1 A química das águas na saída principal da Baía de Sepetiba durante
eventos de maré nas estações seca e chuvosa em ponto fixo ............94
5.3.2 Especiação de Hg na saída principal da Baía de Sepetiba durante
eventos de maré nas estações seca e chuvosa em ponto fixo ............99
5.3.3 Caracterização do carbono orgânico dissolvido na saída principal da
Baía de Sepetiba durante eventos de maré nas estações seca e
chuvosa em ponto fixo...........................................................................107
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................117
7 CONCLUSÕES.........................................................................................120
8 REFERÊNCIAS........................................................................................124
9 ANEXO 1..................................................................................................137
10 ANEXO 2..................................................................................................138
11 ANEXO 3 ..................................................................................................139
1 INTRODUÇÃO
1.1 O MERCÚRIO NO MEIO AMBIENTE
1.1.1 Características químicas
O mercúrio é um metal líquido à temperatura ambiente, encontrado na
sua forma elementar ou metálica (Hg
0
), podendo também ser encontrado na sua
forma iônica associado a estruturas orgânicas ou inorgânicas, em dois estados de
oxidação: o íon mercuroso (Hg
2
+2
) e o íon mercúrico (Hg
+2
), sendo este último a
forma mais estável, sob as condições ambientais predominantes da biosfera.
O mercúrio no ambiente se destaca por possuir características únicas.
Suas propriedades químicas o diferem dos outros dois elementos do grupo II B da
tabela periódica, o zinco (Zn) e o cádmio (Cd). O mercúrio apresenta um
comportamento nos sistemas biológicos distinto e uma grande tendência a formar
fortes ligações covalentes, particularmente com grupos SH- de proteínas e com
carbonos de radicais alquil, formando compostos organometálicos, tais como metil e
dimetilmercúrio, que são espécies muito tóxicas (MOORE; RAMAMOORTHY, 1984;
LIN; PEHKONEN, 1999).
O mercúrio difere dos outros metais, pelo fato de se manter na coluna
d’água sob diversas espécies químicas de reatividade diferente, possibilitando assim
o seu transporte ou migração para áreas adjacentes.
18
O íon mercúrico apresenta tendência a formar complexos de número
de coordenação 2 e 4. Em água doce oxigenada, as principais espécies de Hg
inorgânico presentes são HgCl
2
e Hg(OH)
2
e a principal espécie orgânica presente é
o CH
3
HgOH. Em águas marinhas, a espécie predominante de Hg inorgânico é o
HgCl
4
-2
enquanto que o CH
3
HgCl é a principal forma orgânica de Hg em ambientes
salinos (COSSA et al., 1996; MASON et al., 1996; MOREL et al., 1998).
Os compostos de Hg são extremamente tóxicos e a contaminação de
indivíduos pode-se dar de várias maneiras dependendo da espécie mercurial em
questão. Para o Hg metálico a contaminação é possível através da inalação de seus
vapores que podem ser oxidados nos alvéolos pulmonares. Os sintomas da
contaminação são tremores, irritação das mucosas, perda de memória, insônia,
excesso de timidez, nervosismo, entre outros. A eliminação ocorre através das vias
respiratórias, suor, saliva e principalmente pelas fezes. Já as espécies de Hg
inorgânico, presentes na água e em alimentos contaminados, são pouco absorvidas
pelo organismo, porém uma vez absorvidas, atingem a corrente sangüínea e se
distribuem uniformemente pelo plasma, causando irritação no intestino e severos
danos aos rins. Sua principal via de excreção é através da urina. Os compostos mais
perigosos são as espécies de Hg orgânico, que por serem lipossolúveis, permeiam
com grande facilidade o organismo, pelas vias digestivas e epidérmicas. No caso do
metil-mercúrio (CH
3
Hg
+
), os locais de maior acumulação são o cérebro e o fígado.
Este composto tem a capacidade de atravessar facilmente a barreira
hematoencefálica e a placenta, contaminando o feto e causando neuropatias
congênitas (GALVÃO; COREY, 1987; LANGFORD; FERNER, 1999).
Esses compostos lipossolúveis de Hg que permeiam a membrana
celular, sofrem bioacumulação e biomagnificação ao longo da cadeia alimentar, ou
seja, um aumento da concentração do metal na biomassa nos níveis mais altos da
cadeia alimentar e é uma das grandes razões para a preocupação sobre a emissão
e a mobilização do Hg na biosfera (SCHROEDER; MUNTHE, 1998). A toxicidade
desses compostos está relacionada com à capacidade de interferência em
mecanismos fundamentais que ocorrem na superfície da membrana celular como:
respiração, fotossíntese, condução nervosa e contração muscular. No caso dos
19
compostos orgânicos de Hg, a principal via de contaminação humana é através da
ingestão de peixes de alto nível trófico contaminados (NELSON; DONKIN, 1985).
As fontes de mercúrio para o meio ambiente podem ser divididas em
naturais e antropogênicas. As principais fontes naturais são as erupções vulcânicas,
degaseificação da crosta terrestre, erosão e dissolução das rochas e a evasão
oceânica. Os mais importantes minérios naturais de Hg são o cinábrio (HgS
vermelho) e o metacinábrio (HgS preto), porém são encontrados em poucos lugares
da superfície terrestre. Já como fontes antropogênicas se têm principalmente a
combustão de carvão, a produção de cloro-soda, a incineração de lixo hospitalar, a
combustão de lixo doméstico, a combustão de derivados de petróleo e o uso de
tintas (EPA, 1993). As emissões antropogênicas podem ser concentradas
localmente devido a despejos, tais como descargas de efluentes industriais e/ou
urbanos, ou podem ser descargas difusas tais como as associadas à produção de
energia, às queimadas, aos veículos automotores ou à queima de lixo.
A partir da revolução industrial, o Hg começou a ser intensamente
utilizado na confecção de lâmpadas, baterias, pilhas, retificadores, termômetros,
barômetros e também em pesticidas, inseticidas, fungicidas, bactericidas e tintas
devido as suas principais propriedades físico-químicas (líquido à temperatura
ambiente, expansão de volume uniforme numa larga faixa de temperatura, alta
tensão superficial e alta condutividade elétrica). Este aumento no uso do Hg nos
processos industriais intensificou fortemente a contribuição antrópica ao aporte de
mercúrio no meio ambiente. Devido a sua característica de formar amálgamas com
vários metais, o Hg também é muito aplicado na metalurgia, em obturações
dentárias e principalmente na extração de ouro em áreas de garimpo, o que vem
causando sérios danos ao ambiente (LACERDA et al., 1990; HACON, 1996;
LACERDA, 2003).
Na década de 50 o Hg despertou a atenção dos pesquisadores em
virtude de sua grande capacidade deletéria à saúde pública. O primeiro grande
acidente ambiental ocorreu na Baía de Minamata no Japão em 1953 e registrou
mais de mil óbitos e milhares de pessoas contaminadas devido ao lançamento de
rejeitos contaminados com metilmercúrio, formado como subproduto da produção de
20
acetaldeído, por uma das maiores indústrias japonesas de fertilizantes químicos,
plásticos e resinas sintéticas (HARADA, 1995). Na década de 70 foram registrados
outros casos de contaminação por Hg de agricultores no Iraque, Paquistão e
Guatemala que utilizavam grãos tratados com fungicidas à base de metil e etil
mercúrio na confecção de pão caseiro (CLARKSON, 1993).
As estimativas feitas sobre a emissão de Hg no Brasil nos últimos 30
anos através das principais fontes (geração de energia, indústria de cloro-soda,
eletroeletrônicos, indústria química, amálgamas dentárias e a mineração de ouro)
demonstraram um significante decréscimo das emissões durante as décadas de 70
e 80 referentes aos processos industriais devido à sanção de fortes
regulamentações do governo. Porém, no fim da década de 80 (1986-1990), um
significativo aumento das emissões de Hg foi registrado como resultado da intensa
atividade garimpeira neste período. A emissão de Hg nesta época variou de 129 a
252 t ano
-1
e a mineração foi responsável por 80 % (100 a 180 t ano
-1
) das emissões
totais de Hg no país. Atualmente, mesmo com a diminuição da mineração de ouro, a
atividade garimpeira ainda contribui com 30 % (11 a 30 t ano
-1
) das entradas totais
de Hg para a atmosfera do Brasil (LACERDA, 2003; LACERDA et al., 2004).
Mason et al. (1994) estimaram a emissão global de Hg para a
atmosfera em 5000 t ano
-1
, sendo 2000 t ano
-1
de fontes antrópicas, 1000 t ano
-1
de
fontes naturais e 2000 t ano
-1
referentes à evasão oceânica. Os autores também
estimaram uma deposição global de 2000 t ano
-1
diretamente para os oceanos
através da deposição atmosférica seca e úmida e uma entrada de 5000 t ano
-1
para
os solos, sendo 3000 t ano
-1
através da deposição atmosférica seca e úmida e 2000
t ano
-1
são depositadas diretamente próximas às fontes antrópicas. Recentemente
alguns pesquisadores (LAMBORG et al., 2002; MASON; SHEU, 2002;
FITZGERALD; LAMBORG, 2003) revisaram os fluxos globais de Hg encontrados por
Mason et al. (1994) baseado nos dados mais recentes disponíveis na literatura e
pequenas variações têm sido observadas entre as diferentes estimativas. A Figura 1
apresenta o ciclo global atual do Hg segundo Mason e Sheu (2002). Os autores
estimaram a emissão global de Hg para a atmosfera em 4520 t ano
-1
, mostrando
uma diminuição da emissão antrópica (1460 t ano
-1
) em relação aos dados
anteriores e um aumento das emissões naturais (1600 t ano
-1
). A evasão oceânica
21
foi estimada pelos autores em 2600 t ano
-1
, porém apenas 1460 t ano
-1
são
referentes à evasão líquida que atinge a atmosfera, o restante (1140 t ano
-1
) volta
para os oceanos através da deposição atmosférica. A deposição global para os
oceanos foi revisada pelos autores e estimada atualmente em 3080 t ano
-1
. Essa
diferença em relação aos dados anteriores, provavelmente está associada à fração
da evasão oceânica que volta para os oceanos e que foi avaliada neste trabalho e
que não tinha sido levada em consideração anteriormente. Para os solos, a entrada
global atual foi estimada em 3520 t ano
-1
, sendo 2580 t ano
-1
referentes à deposição
seca e úmida e 940 t ano
-1
que são depositadas próximo das fontes antrópicas.
FIGURA 1 – O ciclo global atual do mercúrio. Todos os fluxos estão em t ano
-1
(adaptado de Mason e Sheu, 2002).
22
1.1.2 O mercúrio em ambientes costeiros
Os ambientes costeiros são sistemas complexos e muito dinâmicos
devido ao forte gradiente de salinidade, pH, composição química da água, grande
variação de concentração do material em suspensão e complexos processos
hidrodinâmicos. Eles desempenham um importante papel no ciclo hidrológico, atuam
na ligação entre o ambiente terrestre e oceânico e no controle da transferência de
metais pesados presentes nas águas fluviais para as águas oceânicas, podendo
causar a deposição do metal associado ao material em suspensão ou a liberação
desse metal, o que modifica completamente a disponibilidade dele para o meio.
Apresentam uma grande capacidade de acumular materiais de origem continental e
marinha e são fortemente afetados por eventos de maré (SOLOMONS; FÖRSTNER,
1984; DASILVA et al., 1996). Esses ambientes são também dominados por
processos físico-químicos como oxidação / redução, sorção / desorção e
precipitação / dissolução que são responsáveis pela retenção da maior parte do
material particulado que entra no ambiente marinho através dos rios e pelas
mudanças físico-quimicas na especiação de metais traços antes de chegarem ao
oceano aberto (SOLOMONS; FÖRSTNER, 1984).
O ciclo biogeoquímico dos metais traços nas áreas costeiras tem sido
alterado pela atividade humana através da entrada de fontes antropogênicas de
origem pontual e difusa. Dentre os metais traços de interesse ambiental, o ciclo do
mercúrio tem sido o mais afetado pela atividade humana e vários autores têm
mostrado diversas mudanças na especiação desse metal ao longo do gradiente
salino nas águas costeiras (VANDAL; FITZGERALD, 1995; COQUERY et al., 1997;
BENOIT et al., 1998; COSSA; GOBEIL, 2000; LAWSON et al., 2001).
A especiação, definida por Florence (1982) como a determinação das
diferentes formas físico-químicas de um elemento e que juntas originam a
concentração total desse elemento na amostra, bem como o estudo da estabilidade
e da cinética de dissolução, são de vital importância para o entendimento da
toxicidade dos metais e também para a compreensão do transporte de metais traços
em rios e estuários. Uma vez que, a medida da concentração total do metal não
23
fornece informações sobre a biodisponibilidade, a bioacumulação, a mobilidade ou a
biodegradabilidade deles, já que isso depende da espécie química presente, e nem
sobre a interação dos elementos com o sedimento e o material particulado em
suspensão (MOTA; GONÇALVES, 1996; MEYER, 2002).
Em ambientes costeiros, durante a mistura estuarina, o mercúrio
apresenta comportamento não conservativo, devido a sua alta reatividade química,
sendo removido no estuário principalmente por floculação do material particulado em
suspensão e/ou coagulação de espécies coloidais. A coagulação de formas coloidais
de Hg tem sido considerada como o principal mecanismo de remoção em vários
estuários, como na Baía de Galveston e Corpus Christi no Texas (STORDAL et al.,
1996), nos estuários Loire e Seine na França (COQUERY et al., 1997), e no estuário
Ochlockonee na Flórida (GUENTZEL et al., 1996). Ao contrário, estudos realizados
na Baía de Narragansett por Vandal e Fitzgerald (1995) sugerem um comportamento
conservativo para o Hg durante a mistura estuarina.
O gradiente químico (concentração de cloreto, força iônica, potencial
redox e etc...) presente nos ambientes estuarinos pode induzir fortes mudanças na
especiação do Hg, incluindo mudanças de fases entre particulado / dissolvido e
dissolvido / gasoso. A atividade microbiológica pode levar a formação de espécies
voláteis (Hg
0
e (CH
3
)
2
Hg), o que resulta numa intensa remobilização para a
atmosfera (COQUERY et al., 1997).
Sob condições estuarinas, a biodisponibilidade de Hg dissolvido é
regulada por vários fatores, como: a presença de matéria orgânica dissolvida, o
gradiente de salinidade, o potencial redox, o pH e a atividade de S
-2
; a ocorrência de
reações fotoquímicas e a ressuspensão de sedimento. O gradiente de salinidade
provoca a precipitação do carbono orgânico de alto peso molecular removendo os
compostos organometálicos nestes ambientes, uma vez que boa parte do Hg está
associada a esta forma. Pode ocorrer também a liberação ou remobilização do metal
associado ao material particulado com o aumento da salinidade, que neste caso,
favorece a formação de cloro complexos (HgCl
3
-
, HgCl
4
-2
), reduzindo as associações
organo-Hg e eventualmente aumentando a reatividade do Hg. Devido a essa
diminuição da biodisponibilidade causada pelo aumento da salinidade, observa-se
24
que a taxa de metilação é maior em águas doces do que em águas salinas
(ANDREN; HARRISS, 1975; VANDAL; FITZGERALD, 1995; BARKAY et al., 1997).
De acordo com a teoria proposta por Bjornberg et al. (1988), o principal
mecanismo regulador da biodisponibilidade de Hg é a presença de S
-2
. Segundo os
autores, a atividade do Hg
+2
em águas naturais e o conteúdo de Hg nos peixes são
essencialmente regulados pela atividade de S
-2
, que por sua vez, é dependente do
pH e da condição redox. Assim, os mais elevados níveis de Hg em peixes estão
relacionados a ambientes de baixos valores de pH e/ou alto potencial redox.
A Tabela 1 apresenta alguns valores reportados na literatura para as
principais espécies de Hg (Hg elementar, Hg reativo, Hg total e Hg particulado) em
águas fluviais, costeiras e oceânicas.
25
TABELA 1 – Valores reportados na literatura para as principais espécies de Hg em água doce, estuarina e oceânica.
Local Hg elementar
(ng L
-1
)
Hg reativo
(ng L
-1
)
Hg total
(ng L
-1
)
Hg particulado
(µg g
-1
)
Referência
Rios
Loire, França - 0,08 – 0,22
0,82 ± 0,42
0,08 – 0,5 COQUERY et al., 1997
Seine, França - 0,08 – 0,42
2,3 ± 1,94
0,43 – 2,66 COQUERY et al., 1997
Afluentes à Baía de
Narragansett, USA
- 1,6 – 5,8 7,2 – 30 VANDAL; FITZGERALD, 1995
Afluentes à Baía de
Chesapeake, USA
0,01 ± 0,01
- 1,32 – 5,49
0,59 ± 0,66
LAWSON et al., 2001
Rio Connecticut, USA -
0,3 ± 0,1 1,9 ± 0,2 0,3 ± 0,1
BALCOM et al., 2004
Áreas costeiras
Estuário do Rio Scheldt,
Bélgica
0,02 – 0,13
b
0,01 – 4,7ª 0,42 – 2,0
a
0,4 – 1,7ª
0,35 -1,6
b
LEERMAKERS et al., 1995
a
BAEYENS et al., 1998
b
Estuário do Rio St. Lawrence,
Canadá
0,04 – 0,07 < 0,04 – 0,22 0,08 – 2,64 - COSSA; GOBEIL, 2000
Estuário do Rio Loire, França 0,01 – 0,02 - - 0,1 – 1,0 COQUERY et al., 1997
Estuário do Rio Seine, França 0,03 – 0,09 - - 0,5 – 2,0 COQUERY et al., 1997
Baía de São Francisco, USA - - 0,15 – 88,2
0,36 ± 0,12
CONAWAY et al., 2003
Lagoas costeiras SE Brasil - 0,02 – 0,10 2,5 – 11,3 0,7 – 2,9 LACERDA; GONCALVES, 2001
Mar do Norte 0,02 – 0,90 - - 0,10 – 0,48 COQUERY; COSSA, 1995
26
Local Hg elementar
(ng L
-1
)
Hg reativo
(ng L
-1
)
Hg total
(ng L
-1
)
Hg particulado
(µg g
-1
)
Referência
Áreas costeiras
Região litorânea do Líbano - 0,09 – 1,8 0,2 – 7,1 - NAKHLÉ, 2003
Mar mediterrâneo 0,01 – 0,10 0,09 – 0,38 0,16 - 0,47 - HORVAT et al., 2003
Oceanos
Atlântico Norte
0,09 ± 0,06 0,16 ± 0,09 0,48 ± 0,32
- MASON et al., 1998
Atlântico Sul e Equatorial
0,24 ± 0,16
0,1 – 1,4
0,58 ± 0,34
- MASON; SULLIVAN, 1999
Pacífico Norte 0,003 – 0,1
a
0,14 – 0,57
a
0,2 – 0,6
b
1,2 ± 0,8
a
MASON; FITZGERALD, 1993
a
HORVAT et al., 1999
b
27
1.1.3 O ciclo biogeoquímico do mercúrio
A Figura 2 apresenta o ciclo biogeoquímico do mercúrio em sistemas
naturais com os principais mecanismos químicos envolvidos.
Os principais mecanismos que controlam a distribuição de Hg nos
sistemas ambientais são os processos de metilação / demetilação, de oxidação /
redução, de precipitação / dissolução e de sorção / dessorção (STEIN et al., 1996).
FIGURA 2 – Ciclo biogeoquímico do mercúrio adaptado de Laurier (2001).
Na atmosfera, 95% do mercúrio total encontra-se no estado elementar
(Hg
0
), que pode ser oxidado ao estado mercúrico Hg
+2
. Os processos de oxidação
podem se dar através de reações do Hg
0
com o ozônio (O
3
), radical hidróxi (OH
.
), ou
peróxido de hidrogênio (H
2
O
2
), e ocorrem preferencialmente na interface sólido –
28
líquido das nuvens e dos nevoeiros (LINDBERG; STRATTON, 1998; MOREL et al.,
1998). Também são encontradas na atmosfera frações de Hg inorgânico (por ex.
HgCl
2
e Hg(OH)
2
) e de Hg orgânico (CH
3
Hg
+
e (CH
3
)
2
Hg) (SCHROEDER et al.,
1991; SCHROEDER; MUNTHE, 1998).
Em nível global, depois de oxidado, 60% do Hg atmosférico é
depositado nos solos e 40% nos oceanos através da deposição atmosférica seca ou
úmida, embora os solos representem apenas 30% da superfície terrestre (MASON et
al., 1994). A maior proporção de deposição de Hg em solos reflete a proximidade
das fontes, já que a precipitação atmosférica é 3 vezes menor nos solos do que nos
oceanos.
O tempo de residência de Hg
0
na atmosfera é da ordem de 1 ano,
devido à lenta oxidação desta espécie a Hg
+2
. Esse tempo é suficiente para que
grande parte do mercúrio atmosférico seja distribuída por todo o planeta antes de
retornar para os lagos, rios, oceanos e solos. Como resultado, enquanto as
principais emissões de mercúrio são de fontes pontuais concentradas nas regiões
industriais, a poluição de mercúrio é verdadeiramente global, afetando muitas áreas
remotas do planeta (MOREL et al., 1998).
As águas naturais são normalmente supersaturadas de Hg
0
(aq)
comparadas com a atmosfera e isso resulta num fluxo de Hg
0
da água para a
atmosfera. A evasão oceânica de Hg
0
foi estimada em 1460 t ano
-1
ou 32 % do fluxo
global de Hg para a atmosfera (MASON; SHEU, 2002) e é similar em magnitude ao
mesmo fluxo no sentido inverso (deposição). A formação de Hg
0
está associada a
processos como: a demetilação, a redução biológica na água ou no sedimento
através de microorganismos e a redução fisiológica pelo fitoplâncton (MASON et al.,
1995; STEIN et al., 1996; FITZGERALD; MASON, 1997; MOREL et al., 1998).
Estudos (ALLARD; ARSENIE, 1991; STEIN et al., 1996; KRABBENHOFT et al.,
1998; COSTA; LISS, 1999) têm demonstrado a grande importância do processo de
redução fotoquímica de Hg
+2
em Hg
0
para o entendimento do fluxo de Hg
0
dos
ambientes marinhos. Este processo ocorre na presença de substâncias húmicas e
radiação solar. Neste caso, a redução abiótica é fortemente inibida pela presença de
29
íons cloreto (Cl
-
) através da competição pelo Hg
+2
, com o qual forma complexos
estáveis.
Estudos preliminares sugerem que os processos bióticos de redução
de Hg nos oceanos são mais importantes do que os processos abióticos (MASON;
FITZGERALD, 1993; MASON et al., 1995). Nos ambientes costeiros e estuarinos, os
mecanismos abióticos aumentam de importância devido à presença de maiores
quantidades de matéria orgânica dissolvida, necessária neste processo. Nesses
ambientes também se observa um aumento da redução biótica de Hg devido à alta
atividade microbiana.
Enquanto a redução de Hg
+2
e a subseqüente evasão de Hg
0
para a
atmosfera removem Hg da coluna d’água, onde ele poderia ser metilado e
incorporado à biota, essa reciclagem (ciclos de precipitação / volatilização dirigidos
por processos de oxidação / redução) entre o sistema aquático e a atmosfera
prolonga o impacto do mercúrio antropogênico nos sistemas aquáticos.
O tempo de residência do Hg na coluna d’água depende de muitos
processos físico-químicos e hidrodinâmicos. No sistema aquático o Hg
+2
pode se
manter na coluna d’água complexado a diversos ligantes inorgânicos e orgânicos;
adsorvidos a argilo-minerais ou oxi-hidróxidos de Fe e Mn; e também podem ser
precipitados ou co-precipitados, por exemplo, com grupos sulfetos. Podem ocorrer
também processos de metilação, que consistem na transferência de grupos metil
(CH
3
-) de compostos orgânicos para o íon do metal, formando monometilmercúrio
(CH
3
Hg
+
) ou dimetilmercúrio (C
2
H
6
Hg), podendo resultar na remobilização de Hg
particulado ou adsorvido.
Estudos sobre a cinética do processo de metilação revelam que o
primeiro grupo metil é incorporado ao metal muito mais rapidamente do que o
segundo. Por isso, os compostos de metilmercúrio (CH
3
Hg
+
) são encontrados no
meio ambiente mais facilmente do que o dimetilmercúrio ((CH
3
)
2
Hg) (FATOKI, 1997).
Existem pelo menos dois caminhos conhecidos para o processo de
metilação do mercúrio: (1) A biometilação, que ocorre através de microorganismos e
30
fungos, preferencialmente as bactérias anaeróbias como as sulfato redutoras,
podendo utilizar a metilcobalamina (Vitamina B
12
), coenzima produzida por bactérias
aeróbicas e anaeróbicas, como doadora de grupo metil para o íon mercúrico; (2) E a
metilação fotoquímica ou fotometilação, que consiste em um processo abiótico, que
ocorre na presença de acetato ou substâncias húmicas e luz (ALLARD; ARSENIE,
1991; WEBER, 1993; STEIN et al., 1996). Porém a biometilação é o mecanismo
mais reconhecido e citado na literatura (KANTIN; NIENCHESKI, 1979; BELLIVEAU;
TREVORS, 1989; FATOKI, 1997; MOREL et al., 1998; SCHAEFER et al., 2004).
O mecanismo exato da biometilação ainda é desconhecido, porém
autores já sugeriram que a transformação via microorganismos do Hg
+2
em formas
metiladas está associada a mecanismos de excreção e desintoxicação celular
(BELLIVEAU; TREVORS, 1989; LINDQVIST; SCHROEDER, 1989). Um estudo
recente, utilizando microcosmos, comprovou a produção biótica de Metil-Hg
utilizando Hg
0
como substrato em condições aeróbicas e anaeróbicas e, segundo os
autores, este seria o mecanismo de metilação predominante nos rios da região
Amazônia, que recebem uma elevada carga de Hg metálico das atividades de
garimpo e apresentam características que favorecem a biometilação (baixos valores
pH, alta concentração de matéria orgânica e alta densidade de microorganismos)
(BISINOTI; JARDIM, 2003).
O processo de biometilação é controlado por parâmetros como: o
potencial redox, a temperatura, a atividade bacteriana, o pH, a disponibilidade do
metal, o conteúdo de matéria orgânica e o conteúdo de sulfeto. A biometilação se dá
em pH levemente ácido a neutro e pode ocorrer sob condições aeróbias e
anaeróbias, embora seja mais eficiente em ambientes anaeróbios (QUEVAUVILLER
et al., 1992; STEIN et al., 1996; FATOKI, 1997; FITZGERALD; MASON, 1997;
MOREL et al., 1998; BISINOTI; JARDIM, 2003; BISINOTI; JARDIM, 2004).
O processo de demetilação (CH
3
Hg
+
+ H
+
CH
4
+ Hg
+2
) ocorre de
forma biótica ou abiótica e envolve a hidrólise do carbono ligado ao metal, formando
CH
4
e Hg
+2
que é então reduzido a Hg elementar, estando disponível para o
transporte atmosférico ou transformação química. Em contraste com a biometilação,
as taxas de demetilação biológica são mais altas sob condições aeróbicas. As
31
bactérias anaeróbicas também atuam no processo de demetilação, porém em menor
escala.
As reações de demetilação são termodinamicamente favoráveis, mas
cinéticamente muito lentas, assim o MetilHg é estável em solução aquosa.
Entretanto, o impedimento cinético da reação pode ser vencido por mecanismos
enzimáticos e fotoquímicos, e MetilHg pode ser degradado por algumas bactérias e
pela luz. A fotodegradação (NRIAGU, 1994) é, provavelmente, o principal caminho
de degradação do MetilHg em águas óxidas (STEIN et al., 1996; MOREL et al.,
1998).
Estudos da interação entre atmosfera – água – sedimento, têm
demonstrado a importância dos fluxos de Hg entre atmosfera – água (COSTA; LISS,
1999; LAMBORG et al., 1999; MARKS; BELDOWSKA, 2001; MASON et al., 2001;
MASON; SHEU, 2002) e sedimento – água (BLOOM et al., 1999; GILL et al., 1999)
para os balanço de massa e modelagem geoquímica. Normalmente, observa-se uma
diminuição da concentração total de Hg nas camadas superficiais, que pode estar
associada a processos de remoção do particulado e/ou processos de redução de
Hg
+2
em Hg
0
com liberação deste para a atmosfera, e um aumento da concentração
total de Hg próximo ao sedimento, devido ao fluxo de Hg do sedimento para a água
através da água intersticial. Estudos realizados na Baía de Lavaca, Texas,
concluíram que em média 80% do Hg total que migra do sedimento para a coluna
d’água se encontra na forma de monometilmercúrio (BLOOM et al., 1999; GILL et al.,
1999).
1.2 O PAPEL DA MATÉRIA ORGÂNICA NO AMBIENTE
A matéria orgânica dissolvida (MOD) desempenha um importante papel
no ciclo biogeoquímico dos metais pesados devido a sua forte capacidade
complexante. Esta interação MOD / metais faz aumentar a solubilidade dos metais,
inibir sua precipitação, modificar sua mobilidade e permite sua acumulação nas
32
águas naturais. De fato, esta complexação controla e modifica completamente a
toxicidade e a biodisponibilidade desses metais ao meio biológico. Alguns metais
como o zinco (Zn), cádmio (Cd), alumínio (Al), chumbo (Pb) e cromo (Cr) são mais
tóxicos para as bactérias, algas e peixes sob a forma de íons livres, enquanto que as
formas complexadas desses metais não parecem oferecer perigo para os
organismos vivos (EYROLLE; BENAIM, 1999; LAGLERA; VAN DEN BERG, 2003).
Por outro lado, o mercúrio (Hg) apresenta um comportamento inverso, sendo
potencialmente mais tóxico quando associado a compostos orgânicos do que sob a
forma de íon livre (LU; JAFFE, 2001; HAITZER et al., 2002; 2003).
A matéria orgânica dissolvida presente em águas costeiras pode ser de
origem terrestre ou alóctone, levada por lixiviação e/ou erosão dos solos e
transportada aos lagos, rios e oceanos pelas águas das chuvas, pequenos cursos
de água e águas subterrâneas, ou de origem oceânica ou autóctone, proveniente
essencialmente da excreção e decomposição de microorganismos animal e vegetal
de origem aquática (plâncton, algas, bactérias...). A composição da matéria orgânica
em águas naturais é bastante complexa e depende sempre da sua origem e
evolução no ambiente, porém podemos separá-la em dois grandes grupos. O
primeiro corresponde aos compostos biodegradáveis (açúcares, aminoácidos,
proteínas e lipídeos) que são resultados da produção ou destruição da biomassa
pelos organismos vivos (vegetal e animal) e degradados facilmente (digestão).
Esses compostos entram rapidamente nas reações de polimerização e
condensação, gerando moléculas mais complexas (humificação) e, por isso são
encontrados em baixas concentrações em águas naturais. O segundo grupo
corresponde aos compostos refratários (substâncias húmicas) que são
freqüentemente subdivididos em três frações em função das suas propriedades de
solubilidade em soluções ácidas e básicas. Os ácidos húmicos são solúveis em pH
básico e insolúveis em pH ácido; os ácidos fúlvicos são solúveis em pH ácido e
básico e as huminas são insolúveis em qualquer pH de extração. Na maioria dos
sistemas aquáticos naturais, as substâncias húmicas representam entre 50% e 90%
do carbono orgânico dissolvido (ROCHA; ROSA, 2003) e são compostas de
estruturas moleculares complexas e heterogêneas contendo inúmeros grupamentos
de funções ácidas (carboxílico (RCOOH), enólico (R-C(OH)=CH
2
), fenólico (Ф-OH))
e de cetonas. Os ácidos fúlvicos apresentam menor índice de aromaticidade e
33
polimerização do que os ácidos húmicos, porém são mais ricos em grupamentos do
tipo –COOH e com isso são moléculas mais complexantes do que os ácidos
húmicos.
Os ácidos fúlvicos aquáticos representam a principal fração (90 %) das
substâncias húmicas dissolvidas em águas naturais (ROCHA; ROSA, 2003). Eles
são heterogêneos, de peso molecular moderado e controlam alguns importantes
processos como a especiação química e o transporte de metais traços, através de
reações de complexação. Os ácidos fúlvicos derivados da decomposição de plantas
e da matéria orgânica dos solos geralmente contêm um significativo conteúdo de
carbono aromático (25% – 30% do carbono total), refletindo a contribuição da
degradação de lignina para sua formação. No entanto, a aromaticidade dos ácidos
fúlvicos derivados microbiologicamente de algas e bactérias é muito menor (12% -
17% do carbono total), refletindo o menor conteúdo de carbonos sp
2
nos
componentes celulares. Essas diferenças químicas podem influenciar no papel
ecológico dos ácidos fúlvicos (MCKNIGHT et al., 2001).
Sabe-se que tanto carbono orgânico particulado (COP) como o
dissolvido (COD) desempenham um significante papel no ciclo biogeoquímico do Hg
em ambientes aquáticos (FITZGERALD; LYONS, 1973; LEERMAKERS et al., 1995;
STORDAL et al., 1996; BARKAY et al., 1997; CAI et al., 1999; BILINSKI et al., 2000;
BENOIT et al., 2001; LU; JAFFE, 2001; HAITZER et al., 2002; 2003) devido a sua
alta capacidade de complexação e/ou adsorção do Hg. Estudos da relação entre a
biodisponibilidade de Hg e a presença de COD têm demonstrado que ele atua como
controlador da biodisponibilidade de Hg
+2
para o processo de metilação. Quanto
maior a concentração de COD na água, menor é a biodisponibilidade de Hg, e essa
redução é mais pronunciada sob pH neutro do que sob condições ácidas (BARKAY
et al., 1997; CAI et al., 1999). Fitzgerald e Lyons (1973) concluíram que 50-60% do
Hg total dissolvido em águas costeiras devem estar associadas à matéria orgânica
e/ou material particulado em suspensão. Um estudo realizado recentemente
(PARAQUETTI, 2001; LACERDA et al., 2001a) na Baía de Sepetiba, RJ caracterizou
a presença de diferentes massas d’água com características distintas, como as
áreas influenciadas por manguezais, pelos rios afluentes e a área de baía aberta e
demonstrou uma forte correlação entre as concentrações de Hg reativo e COD.
34
Essas massas d’água apresentam diferentes tipos de matéria orgânica dissolvida
com graus diferenciados de oxidação. Portanto, espera-se um comportamento
diferenciado em relação a complexação de metais pesados.
A espectroscopia de fluorescência molecular tem sido muito utilizada
para a caracterização do COD em águas naturais (CABANISS; SHUMAN, 1987; DE
SOUZA SIERRA et al., 1994; COBLE, 1996; BATTIN, 1998; BAKER; GENTY, 1999;
MOUNIER et al., 1999a; PARLANTI et al., 2000; BAKER, 2001; MOUNIER et al.,
2001; BAKER, 2002a; CLARK et al., 2002) por ser uma técnica rápida, não
destrutiva, sem pré-concentração e bastante sensível, sendo inclusive usada em
águas marinhas. O único tratamento necessário é a filtração da amostra para evitar
interferências do material particulado em suspensão e dos organismos vivos. Uma
das desvantagens associada ao uso da espectroscopia de fluorescência tem sido a
dificuldade de comparação de um conjunto de dados obtidos por diferentes autores
devido à falta de normalização das medidas.
O estudo do COD fluorescente tem sido freqüentemente usado para
distinguir massas d´água de fontes diferentes (marinha, costeira ou terrestre)
(COBLE, 1996) ou estudar os processos de mistura no ambiente costeiro e
estuarino. Isto tem contribuído para o entendimento dos processos biogeoquímicos
que afetam o carbono orgânico dissolvido fluorescente durante o transporte através
dos estuários e nos oceanos (DE SOUZA SIERRA et al., 1994; DE SOUZA SIERRA
et al., 1997; PARLANTI et al., 2000). A fluorescência em águas naturais é
predominantemente gerada por ácidos orgânicos (húmicos e fulvicos) e grupos de
aminoácidos dentre as proteínas. Essa matéria orgânica fluorescente pode ser
derivada da decomposição de plantas e de material orgânico da flora e/ou da fauna
presente na água ou eles podem ser lixiviados para os sistemas aquáticos a partir de
plantas terrestres, de folhas, dos solos ou de depósitos sub-superficiais (SENESI et
al., 1991). McKnight et al. (2001) demonstraram que as diferenças químicas entre os
ácidos fúlvicos de origem microbiológica e de origem terrestre influenciam o papel
ecológico deles devido à diferença de aromaticidade.
Muitos estudos recentes têm investigado a matéria orgânica
fluorescente em águas costeiras e marinhas (COBLE, 1996; PARLANTI et al., 2000)
35
e têm revelado a presença de vários picos de intensidade de fluorescência. Muitos
fatores podem influenciar a intensidade de fluorescência e o comprimento de onda
da matéria orgânica dissolvida nas águas naturais, como o pH, a interação metal íon
e a temperatura (SENESI et al., 1991; PATEL-SORRENTINO et al., 2002).
Entretanto, mantendo-se esses parâmetros controlados durante a análise, os picos
de intensidade de fluorescência e o comprimento de onda podem ser usados como
representantes consistentes da origem e da reatividade da matéria orgânica
dissolvida nos ambientes aquáticos.
1.2.1 A espectroscopia de fluorescência molecular
A fluorescência de um composto é função de sua estrutura molecular.
Ela é freqüentemente associada ao sistema eletrônico π de uma molécula
insaturada. As transições eletrônicas do tipo π-π* ou n-π* são menos energéticas que
as transições do tipo σ-σ*, pois os elétrons envolvidos nas ligações σ são mais
fortemente ligados à molécula do que os elétrons envolvidos nas ligações π. Assim,
os espectros eletrônicos ligados às transições σ-σ* se situam na região de
comprimento de onda menores do que os espectros correspondentes às transições
π-π* (WILLARD et al., 1974; SCHULMAN, 1977).
A fluorescência molecular consiste na capacidade de algumas
moléculas em absorver um fóton utilizando essa energia para passar de um estado
eletronicamente fundamental Sº (geralmente é um estado singlete) a um estado
eletronicamente excitado S*. Essa passagem é feita em menos de 10
-15
segundos e
sem mudanças na conformação geométrica da molécula. No retorno ao estado
fundamental (S*-Sº), a molécula emite um fóton quase imediatamente após a
absorção (10
-8
segundos) e com comprimento de onda maior do que o absorvido,
pois existem perdas de energia sob a forma de calor relacionada a diferentes
conversões (vibração, rotação, colisão...). Essa emissão imediata de um fóton
depois da molécula ter absorvido radiação é dita Fluorescência.
36
Pode-se dizer que a fluorescência é um privilégio das moléculas
cíclicas, rígidas e que possuem ligações π, como os compostos aromáticos. As
substâncias húmicas (ácidos húmicos e ácidos fúlvicos) e as três proteínas
fluorescentes (tirosina, triptofano e fenil-alanina) são as principais responsáveis pela
emissão de fluorescência em amostras naturais.
A intensidade de fluorescência é afetada por parâmetros como a
temperatura, o pH, a força iônica e a complexação com íons paramagnéticos.
Geralmente observa-se uma diminuição da intensidade de fluorescência com o
aumento da temperatura devido ao aumento da probabilidade de colisões, de
rotações e de vibrações moleculares. O pH também altera a intensidade de
fluorescência (PATEL-SORRENTINO et al., 2002) e deve ser controlado durante a
análise, uma vez que a matéria orgânica é rica em grupamentos funcionais como –
COOH e / ou –C=O que são sensíveis à presença de H
+
. A protonação desses
grupamentos modifica suas conformações moleculares, alterando suas propriedades
fluorescentes.
A força iônica é um parâmetro igualmente importante (PATEL-
SORRENTINO, 2000) e geralmente um aumento da força iônica resulta numa
diminuição da intensidade de fluorescência, já que a adição de eletrólitos gera uma
associação molecular, modificando o tamanho e a estrutura das moléculas. A
presença de íons paramagnéticos na solução, como o Cu
2+
, gera a formação de um
complexo que não fluoresce ou fluoresce com uma intensidade de fluorescência
menor do que aquela da molécula não complexada (Quenching de fluorescência)
(CABANISS; SHUMAN, 1988; PATEL-SORRENTINO, 2000).
A Figura 3 apresenta um diagrama esquemático de um
espectrofotômetro de fluorescência molecular que contém cinco principais
componentes:
(1) uma fonte de excitação de luz primária (lâmpada contínua ou de pulso de
xenônio (Xe));
(2) dois filtros ou redes de difração capazes de selecionar os comprimentos de onda
de excitação e emissão desejados. Os filtros são utilizados somente em aparelhos
quantitativos, pois não permite variação do comprimento de onda, enquanto que as
37
redes de difração permitem uma varredura completa dos comprimentos de onda e
um resultado mais qualitativo;
(3) duas fendas que permitem selecionar o feixe de luz. Quanto mais larga esta
fenda, maior é a sensibilidade e menor é a seletividade em comprimento de onda;
(4) uma cubeta em quartzo (4 faces) para a amostra filtrada;
(5) Um detector (1) que permite corrigir a flutuação da intensidade da lâmpada e
outro (2) capaz de medir o sinal de fluorescência.
FIGURA 3 – Diagrama esquemático de um espectrofotômetro de fluorescência
molecular.
O espectrofotômetro descrito acima nos permite fazer vários espectros
de fluorescência de uma amostra da maneira descrita abaixo:
Espectro de emissão: um comprimento de onda de excitação conhecido é fixado,
p. ex. 340 nm, e se mede a intensidade de fluorescência emitida ao fazermos a
varredura dos comprimentos de onda de emissão desejados, p. ex. 350-600 nm
(Figura 4).
Espectro de excitação: um comprimento de onda de emissão conhecido é fixado,
p. ex. 435 nm, e se mede a intensidade de fluorescência emitida ao fazermos a
varredura dos comprimentos de onda de excitação desejados, p. ex. 200-420 nm
(Figura 4).
38
Matrizes de excitação e emissão de fluorescência (MEEF): são a representação
em 3D da intensidade de fluorescência para todos os comprimentos de onda de
emissão e excitação (Figura 4). Ela é obtida fixando-se um comprimento de onda de
excitação e medindo-se a intensidade de fluorescência para intervalo de
comprimento de onda de emissão desejado. Em seguida, o comprimento de onda de
excitação é acrescido de um ∆λ e novamente mede-se a intensidade de
fluorescência para o intervalo de comprimentos de onda de emissão desejados.
FIGURA 4 – Representação da MEEF e dos espectros de emissão e excitação
de fluorescência.
De uma maneira geral, a fluorescência molecular tem sido aplicada
qualitativamente em amostras naturais com o objetivo de caracterizar as fontes
(origem), o grau de degradação (maturidade) e as transformações da matéria
orgânica dissolvida em muitos ambientes aquáticos (CABANISS; SHUMAN, 1987;
DE SOUZA SIERRA et al., 1994; COBLE, 1996; BATTIN, 1998; BAKER; GENTY,
1999; MOUNIER et al., 1999a; PARLANTI et al., 2000; BAKER, 2001; MOUNIER et
al., 2001; BAKER, 2002a; CLARK et al., 2002). Existem autores que utilizam esta
técnica de maneira quantitativa, porém focalizada em um determinado composto, em
39
geral as proteínas fluorescentes: tirosina, triptofano e fenil-alanina (MAYER et al.,
1999; YAMASHITA; TANOUE, 2003).
As MEEF são a última novidade nos estudos espectrofluorimétricos e
têm sido muito utilizadas na diferenciação das substâncias húmicas (COBLE, 1996;
DEL CASTILLO et al., 1999; MARHABA et al., 2000; PARLANTI et al., 2000; PATEL-
SORRENTINO et al., 2002). Cada fluoróforo, isto é, composto capaz de emitir
fluorescência, possui sua própria MEEF em um dado ambiente. No entanto, a MEEF
nos permite distinguir dentro de uma mistura, diferentes tipos de fluoróforos através
dos picos de intensidade máxima representados pelos pares λ
excitação
/λ
emissão
.
Segundo Coble (1996), normalmente são observadas três regiões distintas de picos
de intensidade máxima de fluorescência na MEEF de águas naturais. Uma
relacionada à tirosina e triptofano (I
max,245/345
e I
max,245/302
, respectivamente) e as
outras duas regiões associadas às substâncias húmicas chamadas de tipo A ou
ácidos fúlvicos e de tipo C ou ácidos húmicos (I
max,245/450
e I
max,335/450
,
respectivamente). Porém essa localização na MEEF está diretamente relacionada ao
ambiente. As substâncias húmicas de ambientes diferentes como: água do mar,
água fluvial, água intersticial, água costeira, solos e etc, apresentam características
fluorescentes diferentes, podendo assim deslocar a região de intensidade máxima
de fluorescência para comprimentos de onda maiores ou menores (COBLE, 1996;
DEL CASTILLO et al., 1999; MARHABA et al., 2000; PARLANTI et al., 2000; PATEL-
SORRENTINO et al., 2002).
A espectroscopia de fluorescência, através dos espectros de excitação,
pode nos dar informações sobre a qualidade da matéria orgânica dissolvida em
águas naturais através da razão das intensidades de dois máximos de fluorescência.
Os ácidos fúlvicos e húmicos estão normalmente presentes em amostras de água
natural e são freqüentemente usados para a qualificação da matéria orgânica. A
razão Ia/Ic é definida como a razão entre a intensidade máxima de fluorescência dos
ácidos fúlvicos (I
max,245/450
) e dos ácidos húmicos (I
max,335/450
) e nos informa a
composição da matéria orgânica com relação ao conteúdo de ácidos fúlvicos e
húmicos, bem como o nível de maturação da matéria orgânica (DE SOUZA SIERRA
et al., 1994; COBLE, 1996; MOUNIER et al., 1999a; PATEL-SORRENTINO, 2000;
PATEL-SORRENTINO et al., 2002). Elevados valores de Ia/Ic refletem a
40
predominância de ácidos fúlvicos (AF) frente aos ácidos húmicos (AH), o que
significa uma matéria orgânica mais jovem quanto ao seu grau de maturação, mais
facilmente oxidável, com baixa aromaticidade, porém rica em grupamentos reativos,
e com uma maior capacidade de complexação dos metais (C
L
). Enquanto que
pequenos valores de Ia/Ic refletem a predominância de ácidos húmicos,
característico de uma matéria orgânica refratária, em estágios mais antigos de
maturação e com baixa capacidade de oxidação ou complexação.
O índice de fluorescência definido como a razão entre a intensidade de
emissão de fluorescência a um comprimento de onda de 450 nm e 500 nm
(EM
450
/EM
500
) tem sido utilizado por pesquisadores com o objetivo de diferenciar a
matéria orgânica dissolvida autóctone, gerada através da fotossíntese e com grande
labilidade, e a matéria orgânica dissolvida alóctone de origem terrestre e bem
resistente à degradação (BAKER; GENTY, 1999), bem como para distinguir os
ácidos fúlvicos de origem terrestre dos ácidos fúlvicos de origem microbiológica
(MCKNIGHT et al., 2001). McKnight et al. (2001) concluíram que devido à baixa
aromaticidade dos materiais orgânicos derivados microbiologicamente, os índices de
fluorescência encontrados são de aproximadamente 1,9. Enquanto que os materiais
orgânicos derivados das plantas e do solo apresentam índices de fluorescência de
aproximadamente 1,4 devido à alta aromaticidade.
Resumo das Razões
Razão Ia/Ic:
Ia/Ic
AF; MAIS jovem, MAIS oxidável
;
aromaticidade;
C
L
Ia/Ic
AH; MAIS refratária; MENOS oxidável;
aromaticidade;
C
L
Razão EM
450
/EM
500
:
Origem microbiológica = 1,9
Origem terrestre = 1,4
41
1.2.2 A capacidade de complexação dos metais por espectroscopia de
fluorescência molecular
O estudo das interações entre a matéria orgânica e o íon metálico
permite uma melhor compreensão do transporte e da assimilação dos elementos
tóxicos nos solos e nas águas. Portanto, é de extremo interesse medir a capacidade
da matéria orgânica em se associar com os íons metálicos. Essa capacidade
complexante ou a quantidade de sítios capazes de se associar com um íon metálico,
pode ser medido graças às propriedades de fluorescência da matéria orgânica
natural (CABANISS; SHUMAN, 1988; OLIVEIRA et al., 1995; DASILVA; MACHADO,
1996; LOMBARDI; JARDIM, 1997a; b; PATEL-SORRENTINO, 2000).
De fato, a presença de íons pesados na solução diminui a intensidade
de fluorescência. Os íons paramagnéticos, tal como o cobre, possuem um poder de
extinção da intensidade de fluorescência uma vez complexados com a matéria
orgânica. Esta propriedade de quenching de fluorescência é utilizada para medir a
capacidade de complexação a partir da diminuição da intensidade de fluorescência
(If). Entretanto, é preciso estar muito atento, pois nem todos os sítios complexantes
são detectáveis por fluorescência (DASILVA; MACHADO, 1996).
O método de determinação da capacidade de complexação dos metais
através de quenching de fluorescência foi desenvolvido por Ryan e Weber (1982) e
tem sido utilizado por alguns autores (RYAN; WEBER, 1982; CABANISS; SHUMAN,
1988; OLIVEIRA et al., 1995; LOMBARDI; JARDIM, 1997a; b; MOUNIER et al.,
1999b; PATEL-SORRENTINO, 2000). Ele consiste na titulação de adições-padrão
de solução de Cu
2+
a um volume fixado de amostra sob agitação constante em
circuito fechado e com o controle rígido do pH, uma vez que ele interfere na
intensidade de fluorescência medida. A Figura 5 representa um espectro típico de
quenching de fluorescência após adições consecutivas de íons Cu
+2
.
Utilizando o modelo de complexação 1:1 entre o ligante e o metal (M +
L ML), pesquisadores (RYAN; WEBER, 1982) propuseram a equação abaixo para
42
modelizar a intensidade de fluorescência em função das adições de Cu
2+
, onde K =
constante termodinâmica; C
M
= concentração total de metal; C
L
= concentração total
ligante; If = intensidade de fluorescência final; Ii = intensidade de fluorescência
inicial.
(
[
)
)
]
]
)(
L
iifLMLMLM
CK
IIICCKCKCKCKCKI
.2
..41..1..
2/12
2
++++++=
Esta equação é representada por uma hipérbole e tem sido utilizada
por vários autores (RYAN; WEBER, 1982; CABANISS; SHUMAN, 1986; 1988;
MOUNIER et al., 1999aPATEL-SORRENTINO, 2000).
FIGURA 5 – Representação de um espectro de quenching de fluorescência .
A fim de determinar os parâmetros de complexação, isto é, a
capacidade complexante C
L
e a constante termodinâmica K, os valores são
modificados na equação acima, de modo a reduzir ao máximo a diferença entre a
teoria e as medidas experimentais. Essa operação é efetuada com a ajuda de um
programa de regressão não linear (Solver/Excel) que diminui ao mínimo o erro
quadrático entre o modelo e a experiência, fazendo variar automaticamente para
43
cada adição de cobre os valores de K e de C
L
. Quando se encontra o menor erro, os
valores obtidos correspondem aos valores mais próximos da realidade
considerando-se um modelo de complexação de 1:1.
Através da capacidade de complexação (C
L
), podemos introduzir um
novo parâmetro nessa discussão, chamado de densidade de sítios de complexação
(D
S
), que é definida como a quantidade de sítios complexantes por unidade de
massa (mg) de carbono orgânico presente na amostra e é dada pela razão entre a
capacidade de complexação e o carbono orgânico dissolvido (D
S
= C
L
/COD). Esta
tem sido a forma mais adequada de se discutir a capacidade de complexação
(BENAIM, 1990; SMITH; KRAMER, 2000; MOUNIER et al., 2001).
A partir de avaliações deste tipo, foi possível, por exemplo, distinguir a
maior capacidade de complexação da matéria orgânica dissolvida pelos íons cobre e
mercúrio nas águas intersticiais da planície de lama da Floresta Experimental de
Itacuruça (FEI), Rio de Janeiro do que nas águas do canal de maré da FEI
(MOUNIER et al., 2001).
44
2 JUSTIFICATIVA E HIPÓTESE DE TRABALHO
Estudos realizados sobre o transporte, distribuição e especiação do Hg
em águas da Baía de Sepetiba sugerem que as formas particuladas de Hg, embora
sejam a principal forma de entrada de Hg para a baía, são retidas na sua porção
interna (MARINS et al., 1998a; MARINS et al., 1999; PARAQUETTI et al., 2004a).
Ao longo do transporte pelo gradiente estuarino da baía ocorre um aumento relativo
das espécies reativas solúveis de Hg (MARINS et al., 2000a; MARINS et al., 2000b;
LACERDA et al., 2001a; LACERDA et al., 2001b; PARAQUETTI, 2001;
PARAQUETTI et al., 2004b) sugerindo que a baía possa atuar como exportadora de
formas biodisponíveis de Hg para as águas da plataforma continental adjacente, o
que poderia explicar as mais altas concentrações de Hg medidas em corvinas
(Micropogonias furnieri) coletadas na Baía da Ilha Grande, considerada uma área
não contaminada, do que as coletas na Baía de Sepetiba (KEHRIG et al., 1998).
Assim a hipótese desse trabalho é que a Baía de Sepetiba exporta espécies
biodisponíveis de Hg para as áreas adjacentes.
45
2.1 OBJETIVOS
O objetivo geral desse trabalho é estimar quantitativamente e
qualitativamente o transporte das diferentes espécies de Hg da Baía de Sepetiba
para as áreas adjacentes.
Os objetivos específicos desse trabalho foram:
3 Estudar a distribuição e especiação química do mercúrio nos
principais rios afluentes e na coluna d’água no complexo marinho costeiro da Baía
de Sepetiba;
3 Estudar o transporte de Hg durante ciclos de maré e sazonalmente
entre a Baía de Sepetiba e as áreas adjacentes;
3 Caracterizar a matéria orgânica dissolvida na coluna d’água no
complexo marinho costeiro da Baía de Sepetiba por espectroscopia de fluorescência
molecular;
3 Determinar a capacidade de complexação da matéria orgânica nas
águas da Baía de Sepetiba.
46
3 ÁREA DE ESTUDO: A BAÍA DE SEPETIBA
O Estado do Rio de Janeiro, na região sudeste do Brasil, representa a
segunda maior área industrial e urbana do país. O litoral sudeste da região
metropolitana da cidade do Rio de Janeiro localizada aproximadamente a 60 km do
centro do Município, e que inclui a bacia da Baía de Sepetiba, tem se constituído
como principal pólo de desenvolvimento industrial da Região Metropolitana, devido
ao preço baixo de suas terras amplas e planas, boa estrutura de transporte, baixa
densidade populacional e suprimento abundante de água doce, além da instalação
de um importante complexo portuário, incluindo os portos de Sepetiba e Ilha Guaíba.
A Bacia hidrográfica da Baía de Sepetiba (Figura 6) possui uma área
aproximadamente de 2.711 Km
2
, onde 1.770 Km
2
são relacionados a áreas de
baixadas, com cerca de 1,7 milhões de habitantes e abrange integralmente o
município de Itaguaí, Seropédica, Mangaratiba, Queimados, Japerí e Paracambí e
parcialmente os municípios do Rio de Janeiro, Nova Iguaçú, Paulo de Frontin,
Vassouras, Miguel Pereira e Piraí e Rio Claro (FEEMA, 2000; SEMADS, 2001).
Existem aproximadamente 35 cursos d’água que drenam a bacia da
Baía de Sepetiba, mas alguns destes tem pouquíssima expressão frente ao aporte
fluvial total. Dentre os principais rios da Bacia de Sepetiba, destacam-se os rios:
Guandu, Ita, o Canal da Guarda, Engenho Novo, Piraquê, Piracão entre outros, em
função da dimensão de suas respectivas sub-bacias e das áreas (urbana e
industrial) drenada por eles (RODRIGUES, 1990; FEEMA, 2000; SEMADS, 2001) e
especialmente o Canal de São Francisco, pois este recebe águas transpostas
artificialmente de outra bacia muito maior, a do Rio Paraíba do Sul.
47
Nas últimas três décadas, cerca de 400 indústrias foram instaladas
nesta região através da criação do pólo industrial de Santa Cruz, incluindo
siderúrgicas, metalúrgicas e indústrias químicas, que despejam seus efluentes na
Baía. O principal grupo de contaminantes originados pelo parque industrial inclui os
metais pesados (LACERDA et al., 1988). A bacia da Baía de Sepetiba abriga
também o terceiro mais importante aterro sanitário da área metropolitana do Rio de
Janeiro, o aterro de Itaguaí, que ocupa uma área de 150.000 m
2
, recebe milhares de
toneladas de lixo urbano por ano e está localizado à margem do Canal de São
Francisco (ABES, 1983).
A Baía de Sepetiba é delimitada pelos paralelos 22º 54’ e 23º 04’ Sul e
pelos meridianos 43º 33’ e 44º 02’ Oeste e está situada a aproximadamente 60 Km
ao sul do estado do Rio de Janeiro (Figura 6). A Baía é uma laguna costeira
separada do mar pela Restinga de Marambaia, porém com ampla troca de águas
através de um canal largo e profundo entre a Ilha Grande e a Marambaia. Sua área
total varia entre 447 km
2
, na maré alta, a 419 Km
2
, na maré baixa, com uma
profundidade média de 6 metros, um regime de micro maré (amplitude menor do que
2 metros) e um tempo de residência da massa d’água de 4,17 dias (cerca de 100
horas), o que resulta em águas com grande oxigenação. O seu volume de água
varia entre 2,38 x 10
9
e 3,06 x 10
9
m
3
com um volume médio de 2,56 x 10
9
m
3
(RODRIGUES, 1990; SEMADS, 2001).
O clima da região é tropical semi-úmido com uma precipitação anual de
1400 a 2500 mm. O período de precipitação pluviométrica máxima vai de dezembro
a março (verão) e o de precipitação mínima, de junho a agosto (inverno). O mês
mais seco é julho, com precipitação média de 50 mm, e o mais chuvoso é janeiro,
com média mensal de 300 mm (SEMADS, 2001).
A circulação de águas na Baía é dominada por ventos e pela maré. Os
ventos dominantes na região (S.W., 25º) trazem águas do Oceano Atlântico que
circulam no sentido horário e carregam os sedimentos fluviais para a região de
Guaratiba. Com ventos NE, 70º, a circulação se inverte e os sedimentos são
transportados para o litoral entre a Ilha da Madeira e Itacuruçá (SIGNORINI, 1980).
48
Os nove principais rios que drenam a bacia da Baía de Sepetiba são
responsáveis por praticamente a totalidade de água doce que entra na Baía,
atingindo uma vazão anual de 5,7 a 7,6 x 10
9
m
3
. O Canal de São Francisco é
responsável pelo aporte de aproximadamente 86% dessa vazão (5,7 x 10
9
m
3
) e
pelo maior aporte de material particulado em suspensão (73%) para a baía. Não
existe uma variação sazonal considerável na vazão fluvial, pois os dois principais
rios afluentes (Rio São Francisco e Guandu) são artificialmente controlados pela
planta de tratamento de água localizada a montante da principal área industrial
(FEEMA, 1980; RODRIGUES, 1990). A Baía de Sepetiba recebe também um grande
volume de água (cerca de 2,8 x 10
9
m
3
ano
-1
) através de transposição de uma bacia
adjacente do Rio Paraíba do sul, uma região altamente industrializada ao norte da
Baía de Sepetiba, para os rios São Francisco e Guandu (MOLISANI, 2004).
Dentre os principais rios afluentes à Baía de Sepetiba, os canais do rio
Ita e Guandu refletem exclusivamente a carga orgânica antropogênica, o que resulta
em grande quantidade de matéria orgânica dissolvida. Já os canais de São
Francisco e da Guarda são os principais receptores de esgotos industriais da região
(RODRIGUES, 1990).
A precipitação atmosférica anual sobre a baía varia de 0,5 a 1,0 x 10
9
m
3
ano
-1
, mostrando assim a importância do caminho atmosférico no transporte de
poluentes do parque industrial local (LACERDA et al., 1987; RODRIGUES, 1990;
BARCELLOS; LACERDA, 1994).
Cerca de 35% da costa da Baía de Sepetiba é coberta por
ecossistemas de manguezais (BARCELLOS, 1995). As mudanças nas condições
redox desses ambientes durante um ciclo de maré podem afetar significantemente a
concentração e especiação de Hg na coluna d’água. Estudo realizado nas águas
intersticiais da planície de lama de duas regiões de manguezais da Baía de Sepetiba
(MARINS et al., 2000a) sugere que Hg
+2
, produzido sob condições ácidas e
oxidantes promovidas pelo metabolismo das raízes e o regime de maré desses
ambientes, pode ser mantido em solução associado ao carbono orgânico dissolvido
e se difundir facilmente para a superfície quando o pH da camada superficial
aumentar ou o sedimento tornar-se redutor. Recentemente um estudo realizado no
49
canal de maré do manguezal da Floresta Experimental de Itacuruça (FEI) concluiu
que o mangue da FEI se comporta como uma eficiente armadilha para o Hg total, em
particular para as frações orgânicas de Hg, durante a entrada da maré e como um
potencial exportador de frações reativas de Hg originadas da quebra dos complexos
orgânicos no ambiente de manguezal, durante a saída da maré (LACERDA et al.,
2001b).
As fontes de Hg para a Baía de Sepetiba são difusas, oriundas da
atividade industrial (principalmente das indústrias metalúrgicas da região), da
lixiviação dos aterros sanitários e de runoff de área urbana e rural. Não existem
fontes pontuais de Hg para a baía. A entrada total de Hg para a Baía de Sepetiba foi
estimada em 0,56 t ano
-1
sendo 59 % da emissão total para os solos, 27 % para a
atmosfera e 14 % para a água. A principal fonte de emissão foi o aterro sanitário de
Itaguaí contribuindo com 53 % da emissão total (0,30 t ano
-1
) e correspondendo
aproximadamente à totalidade de emissões para os solos (0,33 t ano
-1
). A entrada
para a atmosfera foi estimada em 0,15 t ano
-1
sendo a usina termoelétrica e a
produção de ferro e aço as principais fontes. Devido à pequena importância da
indústria química na bacia, as entradas diretas para a água são pequenas e foram
estimadas em 0,08 t ano
-1
, porém os sistemas fluviais integram toda a deposição
atmosférica da bacia e o runoff dos solos contaminados, tornando-se o principal
caminho de entrada de Hg para a Baía de Sepetiba (MARINS et al.; 1998b; MARINS
et al., 1999; LACERDA et al., 2004).
50
FIGURA 6 – Localização da área de estudo: Baía de Sepetiba.
Bacia Hidrográfica da Baía de Sepetiba
Baía de Sepetiba
Padrão de circulação das águas, * Canal Principal (Profundidade 20m).
N
20 S
24
36 W
42
48
Rio de Janeiro
BRASIL
44 º W
43 º W
22 º S
23 º S
Estado do Rio de Janeiro
Oceano Atlântico
CP*
51
4 METODOLOGIA
4.1 AMOSTRAGEM
Para a realização desse trabalho foram feitas três diferentes
campanhas de amostragem:
* Coleta de água fluvial nos principais rios afluentes à Baía de Sepetiba;
* Coleta de água superficial da parte externa da Baía de Sepetiba;
* Coleta de perfis da coluna d’água na saída principal da Baía de Sepetiba,
em ponto fixo.
4.1.1 A coleta nos rios afluentes à Baía de Sepetiba
Três campanhas de campo foram realizadas nos rios afluentes à Baía
para coleta de amostras. Duas campanhas de campo durante a estação seca (Abril
de 2000 e Junho de 2001) nos seis principais rios: Itinguçu, Itimirim, Guarda,
Guandu, São Francisco e Ita, e uma terceira campanha durante a estação chuvosa
(Fevereiro de 2001), somente nos Rios São Francisco e Guandu, uma vez que estes
possuem as vazões mais expressivas dentre os rios amostrados e juntos são
responsáveis por aproximadamente 90 % do aporte fluvial para a Baía de Sepetiba.
As amostras foram coletadas a partir da estrada BR –101, Rio-Santos, sobre pontes,
com o auxílio de uma corda e um frasco de Teflon de 500 mL descontaminado
52
(Figura 7). As amostras foram estocadas em garrafas de água mineral PET de 500
mL, previamente lavadas e descontaminadas (COPELAND et al., 1996). As garrafas
foram rinsadas três vezes com a água amostrada antes de sua estocagem. Foi
coletado um ponto por rio com amostras em triplicata. Após a amostragem, as
garrafas foram acondicionadas em saco plástico e mantidas em isopor com gelo
durante o transporte até o laboratório.
Em campo, foram medidos os principais parâmetros físico-químicos
como a condutividade, através do condutivímetro DIGMED DM-3, o pH e a
temperatura, através do pHmetro DIGMED DM-2 com um eletrodo combinado de
vidro para a determinação de pH. A concentração de oxigênio dissolvido foi
determinada através do oxímetro portátil DIGMED DM-4.
4.1.2 A coleta na Baía de Sepetiba
4.1.2.1 Água superficial da parte externa da Baía
A amostragem foi realizada na estação seca, durante um evento de
maré de enchente (Abril de 2001) nas águas superficiais da parte externa da Baía de
Sepetiba, evitando a influência dos principais rios afluentes à Baía. Nove estações
foram amostradas consecutivamente com a estação S1 correspondendo ao inicio do
evento de maré e a estação S9 representando o final do evento de enchente (Figura
7). As amostras foram coletadas próximas à superfície e estocadas em frascos de
Teflon de 500 mL, previamente lavados e descontaminados, para análise de
mercúrio e em frascos de polietileno, previamente lavados e descontaminados, para
análise de carbono orgânico dissolvido e particulado, bem como para a
determinação do total de sólidos em suspensão. As garrafas foram rinsadas três
vezes com a água amostrada antes de sua estocagem. Foram coletadas amostras
em duplicata para cada ponto amostrado. Após a amostragem, as garrafas foram
acondicionadas em saco plástico e mantidas em isopor com gelo durante o
transporte até o laboratório.
53
Em campo, foram medidos os principais parâmetros físico-químicos
como a salinidade, usando um refratômetro SHIBUYA, o pH e a temperatura, através
do pHmetro DIGMED DM-2 com um eletrodo combinado de vidro. A concentração
de oxigênio dissolvido foi determinada através do oxímetro portátil DIGMED DM-4.
As Tabelas 2 e 3 apresentam os dados pluviométricos mensais da região e a tábua
de maré durante o evento amostrado.
4.1.2.2 Perfis da coluna d’água na saída principal da Baía durante eventos de maré
na estação seca e chuvosa em ponto fixo
Quatro campanhas de campos (C
1
, C
2
, C
3
e C
4
) foram feitas na coluna
d’água na boca da Baía de Sepetiba, em ponto fixo no canal principal da Baía,
durante o período de maré de enchente e vazante e na estação seca e chuvosa
(Figura 7). Em cada campanha foram coletados perfis verticais da coluna d’água em
intervalos de 1 em 1 hora durante meio ciclo de maré em três profundidades
diferentes: superfície, meio e fundo, com profundidades de 1, 6 e 12 metros
respectivamente. As campanhas C
1
e C
2
foram realizadas na estação seca
(Setembro e Outubro de 2002, respectivamente) enquanto que as campanhas C
3
e
C
4
na estação chuvosa (ambas em Março de 2003). Na campanha C
1
foram
coletados quatro perfis durante a maré de enchente e na estação seca (ME/ES),
enquanto que na campanha C
2
foram coletados sete perfis durante a maré vazante e
na estação seca (MV/ES). Na campanha C
3
, quatro perfis foram coletados durante a
maré vazante e na estação chuvosa (MV/EC), enquanto na campanha C
4
foram
coletados quatro perfis durante a maré de enchente e na estação chuvosa (ME/EC).
A amostragem dos perfis da coluna d’água foi feita usando-se uma garrafa van Dorn
de 2 L, previamente lavada e descontaminada. As amostras coletadas foram
estocadas em frascos de Teflon de 500 mL, previamente lavados e
descontaminados, para análise de mercúrio e em frascos de polietileno, previamente
lavados e descontaminados, para análise de carbono orgânico dissolvido e
particulado, bem como para a determinação do total de sólidos em suspensão.
54
As garrafas foram rinsadas três vezes com a água amostrada antes de
sua estocagem. Foram coletadas amostras em duplicata para cada ponto de cada
perfil amostrado. Após a amostragem, as garrafas foram acondicionadas em saco
plástico e mantidas em isopor com gelo durante o transporte até o laboratório.
Durante a amostragem, foram medidos os principais parâmetros físico-
químicos, como salinidade, oxigênio dissolvido e temperatura, medidos in situ
através de uma sonda YSI 85, acoplada à garrafa de van Dorn. Enquanto que o
valor de pH foi determinado no barco através do pHmetro DIGMED DM-2 com um
eletrodo combinado de vidro. As Tabelas 2 e 3 apresentam os dados pluviométricos
mensais da região e a tábua de maré durante os eventos amostrados.
FIGURA 7 – Localização dos pontos de amostragem nos principais rios
afluentes (R1-R6), na parte externa da baía (S1-S9) e o Ponto fixo de coleta de
perfis da coluna d´água na Baía de Sepetiba.
55
TABELA 2 – Dados pluviométricos mensais da região da Baía de Sepetiba
durante os eventos amostrados.
Mês / Ano 2001 2002 2003
Janeiro 30,8 60,4 256,6
Fevereiro 109 205,2 13,2
Março 97,6 103,8 364,6
Abril 151,6 16,6 4,6
Maio 96,2 144,4 47,4
Junho 55,2 58,8 10,4
Julho 98,4 25,6 13,2
Agosto 10,0 47,0 114,8
Setembro 38,2 84,4 61,8
Outubro 91,2 67,2 191,4
Novembro 62 125,2 122,2
Dezembro 111,2 136,4 66,8
Total 951,4 1075 1267
Fonte: Prefeitura do Rio de Janeiro – Alerta Rio (http://www2.rio.rj.gov.br/georio/site/alerta/download.htm)
56
TABELA 3 – Valores referentes à tábua de maré na Ilha Guaíba durante os
eventos amostrados
Campanha Data Hora Altura (m)
Superfície
26/04/01 04:00
11:30
16:39
1,2
0,3
1,3
ME/ES 26/09/02 05:04
10:13
17:08
21:54
1,2
0,5
1,1
0,4
MV/ES 10/10/02 00:04
04:51
09:02
10:19
13:04
16:56
21:09
23:02
0,4
1,3
0,7
0,7
0,6
1,1
0,4
0,5
MV/EC 19/03/02 03:26
10:24
15:24
23:00
1,4
0,2
1,5
0,1
ME/EC 02/04/03 03:00
09:17
15:13
21:38
1,4
0,3
1,5
0,2
Fonte: DHN – Diretoria de Hidrologia e Navegação (http://www.dhn.mar.mil.br).
ME/ES = maré de enchente na estação seca; MV/ES = maré vazante na estação seca; ME/EC =
maré de enchente na estação chuvosa; MV/EC = maré vazante na estação chuvosa.
57
4.2 ANÁLISES QUÍMICAS
4.2.1 Determinação da especiação de mercúrio em amostras de água
As amostras para a determinação de Hg foram analisadas em
duplicata, após a coleta, num intervalo mínimo de 4 horas e no máximo de 48 horas.
Esse tempo é utilizado afim de que todo o dimetil mercúrio presente na amostra seja
totalmente degradado, enquanto que todas as demais espécies permanecem
preservadas até a determinação final (BLOOM; CRECELIUS, 1983; BLOOM, 1994).
O uso desse procedimento evita que a fração de dimetil mercúrio presente na
amostra seja quantificada junto com o mercúrio elementar. Embora a fração de
dimetil mercúrio represente apenas 2 % do Hg total em águas marinhas (MASON et
al., 1998; MASON; SULLIVAN,1999), a grande instabilidade desta espécie pode
aumentar os erros aleatórios de análise. Assim, a fração de mercúrio gasoso
dissolvido nesse trabalho corresponde apenas ao Hg
0
dissolvido na amostra.
Para a determinação da especiação de mercúrio nas águas coletadas
algumas espécies de Hg foram quantificadas como: Hg elementar (Hg
0
), Hg reativo,
Hg total, Hg particulado, o conteúdo total de Hg (Hg (D+P)) e Hg orgânico, estimado
por diferença entre a fração de Hg total e Hg reativo. A Tabela 4 apresenta a
definição de cada espécie de Hg analisada.
TABELA 4 – Definição das espécies de Hg analisadas nesse trabalho.
Espécie Definição
Hg elementar Inclui todo Hg
0
gasoso dissolvido
Hg reativo Inclui todo Hg na forma oxidada (Hg
+2
), o Hg
0
e o fracamente
ligado a complexos orgânicos e inorgânicos
Hg total Inclui a fração de Hg reativo e todo Hg dissolvido fortemente
ligado a complexos solúveis orgânicos e inorgânicos
Hg particulado Inclui todo Hg particulado
Hg (D+ P) Inclui todo Hg presente na fase dissolvida e particulada
Hg orgânico Inclui todos os compostos orgânicos solúveis de Hg
58
Para quantificação da fração de Hg elementar, alíquotas de 200 mL
das amostras não filtradas e não acidificadas foram purgadas em dois ciclos de 2
minutos com argônio isento de Hg a uma vazão de 760 mL min
-1
e coletada em uma
armadilha de ouro. O uso de dois ciclos de 2 minutos de purga para determinação
de Hg elementar foi otimizado recentemente para este sistema analítico (MARINS et
al., 2002a) e apresentou resultados mais satisfatórios que o uso de 4 minutos
contínuos de purga.
O Hg reativo foi analisado em alíquotas de 20 mL das amostras não
acidificadas e não filtradas depois da adição de 1 mL de uma solução ácida de SnCl
2
10% (1% v/v HCl destilado + 1% m/v ácido ascórbico). Esta solução deve ser
purificada por purga com argônio isento de Hg durante 3 horas antes de ser
utilizada. A fração de Hg reativo é considerada como a fração da concentração total
de Hg que é reduzida e, portanto liberada da solução pela solução ácida de SnCl
2
acima. Esta fração inclui todo mercúrio presente na amostra na forma oxidada (Hg
+2
dissolvido), o mercúrio gasoso dissolvido (Hg
0
) e também a fração de Hg fracamente
ligada a complexos orgânicos e inorgânicos (MASON et al., 1993; MASON;
SULLIVAN, 1999; COSSA; GOBEIL, 2000; LACERDA et al., 2001a; ROLFHUS;
FITZGERALD, 2001; HORVAT et al., 2003).
O Hg total foi determinado depois da oxidação de alíquotas de 50 mL
das amostras não acidificadas e não filtradas com 0,2 mL de solução de cloreto de
bromo (BrCl) obtida a partir da mistura (1:1) de solução de KBrO
3
1% m/v e solução
de HCl 20% v/v a temperatura ambiente. Depois da oxidação, uma alíquota de 10
mL dessa solução é então reduzida com 1 mL da mesma solução ácida de SnCl
2
10% para a determinação do Hg total. O Hg total inclui todas as espécies de Hg
dissolvido fortemente ligado a complexos solúveis orgânicos e inorgânicos e
possivelmente uma pequena fração de Hg fracamente ligada a partículas em
suspensão (BLOOM; CRECELIUS, 1983; EPA, 2002; MARINS et al., 2002a), porém
os resultados obtidos mostram que essa fração corresponde basicamente ao Hg
dissolvido em águas com baixa concentração de material particulado em suspensão.
A diferença entre a fração de Hg reativo e Hg total corresponde à
fração de Hg não reativo e pode ser relacionado principalmente aos complexos
59
orgânicos solúveis de Hg (MARINS et al., 2002a). Marins et al., 2002a definem a
fração orgânica de Hg em águas costeiras como a diferença entre a fração de Hg
reativo e total, ambos sem a presença de Hg
0
, ou seja, as duas frações seriam
quantificadas após a eliminação total da fração de Hg elementar da amostra através
de purga. Com o objetivo de evitar possíveis contaminações e minimizar o tempo de
análise em laboratório, utilizou-se uma pequena modificação dessa metodologia e
determinou-se a fração orgânica através da diferença entre Hg reativo e Hg total,
sem a eliminação prévia da fração de Hg elementar da amostra, ou seja, a fração de
Hg elementar está incluída nessas duas frações de Hg. Essa pequena modificação
foi testada em amostras de água costeira e os resultados obtidos estão
apresentados na Tabela 5.
TABELA 5 – Resultados do teste utilizando a metodologia modificada para a
determinação da concentração de Hg orgânico. Todos os valores estão
expressos em ng L
-1
.
Hg
0
Hg reativo
sem Hg
0
(b)
Hg total
sem Hg
0
(b)
Hg total
(c)
Hg reativo
(c)
Hg orgânico
(b)
Hg orgânico
(c)
Média 0,03 0,10 0,31 0,46 0,14 0,22 0,33
D. P.
(a)
0,01 0,04 0,13 0,18 0,06 0,11 0,15
Min 0,02 0,05 0,12 0,17 0,07 0,12 0,10
Max 0,05 0,15 0,41 0,58 0,21 0,31 0,51
N 13 13 13 13 13 13 13
(a)
Desvio padrão;
(b)
Frações utilizadas por Marins et al. (2002a);
(c)
Frações utilizadas nesse trabalho.
A concentração média de Hg orgânico obtida através da metodologia
descrita por Marins et al. (2002a) sem a presença de Hg
0
foi de 0,22 ± 0,11 ng L
-1
,
enquanto que a concentração média de Hg orgânico obtida através da modificação
proposta e na presença de Hg
0
foi de 0,33 ± 0,15 ng L
-1
. A análise estatística desses
resultados não demonstrou diferença significativa entre as médias obtidas pelas
duas metodologias (P < 0,05) certificando assim a metodologia modificada utilizada
nesse trabalho, minimizando consideravelmente o tempo de quantificação no
laboratório.
60
A fração particulada foi determinada por filtração das amostras não
acidificadas através de filtros de micro fibra de vidro do tipo GF/F da Whatman com
porosidade de aproximadamente 0,70 µm pré-tratados por aquecimento à 200 ºC por
12 horas, diretamente antes da filtração. Os filtros foram oxidados com 50 mL de
solução de água régia 50% (4H
2
O:3HCl:1HNO
3
), a 70-80ºC, durante 1 hora. Uma
alíquota de 1 mL dessa solução foi então reduzida com 1 mL da mesma solução
ácida de SnCl
2
10% para a determinação do Hg particulado.
Estudos realizados previamente demonstraram que a extração ácida
com água – régia diluída a 50% (4H
2
O:3HCl:1HNO
3
), seguida da redução com SnCl
2
pode ser utilizada para a determinação do conteúdo total de Hg (Hg (D+P)) em
águas com alto teor de material em suspensão, como águas fluviais, (PARAQUETTI;
MARINS, 1997). Neste caso, uma alíquota de 40 mL da amostra não filtrada e não
acidificada foi oxidada com 10 mL de água régia 50% (4H
2
O:3HCl:1HNO
3
), à 70-
80ºC, durante 1 hora. Depois da oxidação, uma alíquota de 1 mL dessa solução foi
reduzida com 1 mL da mesma solução ácida de SnCl
2
10% para a determinação do
conteúdo total de Hg. Essa fração inclui todo o Hg dissolvido e particulado presente
na amostra. Assim o Hg particulado pode ser também obtido por diferença entre
essa fração e a fração de Hg total, determinada através da oxidação BrCl, uma vez
que essa fração corresponde principalmente ao Hg dissolvido presente na amostra.
Esta metodologia seqüencial de determinação de Hg particulado foi testada
utilizando amostras de um dos rios afluentes à Baía de Sepetiba, o Rio Guandu,
coletadas durante a estação seca e os resultados estão apresentados na Tabela 6.
A concentração média de Hg particulado obtida através da metodologia
seqüencial foi de 80,5 ± 11,0 ng L
-1
, enquanto que a concentração média de Hg
particulado obtida através da análise dos filtros contendo o material particulado em
suspensão foi de 88,8 ± 11,1 ng L
-1
. Ambas as metodologias apresentaram
resultados com pequena variabilidade (< 15%). A análise estatística desses
resultados não demonstrou diferença significativa entre as médias obtidas pelos dois
métodos (P < 0,05) certificando assim a metodologia seqüencial utilizada em uma
parte desse trabalho.
61
TABELA 6 – Resultados do teste utilizando a metodologia seqüencial usada
para determinação da concentração de Hg particulado.
Hg
0
(ng L
-1
)
Hg reativo
(ng L
-1
)
Hg total
(ng L
-1
)
Hg (D+P)
(ng L
-1
)
Hg particulado
b
(ng L
-1
)
Hg particulado
c
(ng L
-1
)
Média 0,11 2,4 3,2 83,7 80,5 88,8
D. P.
a
0,02 0,2 0,7 11,4 11,0 11,1
Min 0,08 2,2 2,1 68,8 66,8 69,0
Max 0,14 2,7 4,2 95,7 92,8 106
N 8 8 8 8 8 15
a
Desvio padrão;
b
Obtido por metodologia seqüencial;
c
Obtido pela análise dos filtros e a
concentração de TSS medida.
Uma vez que todo Hg presente na amostra foi reduzido, o Hg
0
resultante foi purgado da amostra com argônio isento de Hg, a uma vazão de 760
mL min
-1
por 2 minutos, e coletado em uma armadilha de ouro, após um pré -
tratamento da corrente gasosa contendo Hg. O pré - tratamento consiste na lavagem
do fluxo em solução de NaOH, em água e em banho de gelo, para prevenir
interferências de substâncias tais como: cloro, bromo e vapor d’água, formadas
durante o processo de geração do vapor. Duas armadilhas de ouro são utilizadas na
linha do gás carreador para retirar qualquer Hg presente no argônio. Todo o sistema
de geração de vapor é acoplado ao equipamento detector através de frascos de
vidro e tubos de silicone. O sistema de geração de vapor frio utilizado é mostrado na
Figura 8.
A determinação de Hg foi feita por espectrofotometria de fluorescência
atômica utilizando-se a técnica de geração de vapor frio (CVAFS) em um aparelho
Tekran modelo 2500.
Todas as determinações foram feitas em duplicatas e o critério de
aceitação utilizado foi de variações menores de 15 % entre as duplicatas para todas
as estações.
62
FIGURA 8 – Sistema de geração de vapor frio de Hg.
Devido à sensibilidade analítica da técnica utilizada, foi necessária a
preparação de um laboratório de atmosfera isenta de Hg, com exaustão forçada da
área reservada para o aparelho, bem como a utilização de reagentes de grau
analítico e água destilada / deionizada. Entretanto, através da avaliação dos brancos
de reagentes, observou-se que alguns ácidos de qualidade dita isenta de mercúrio
apresentavam teores elevados de Hg impossibilitando a detecção de Hg em águas
salinas. Assim, todo o ácido clorídrico utilizado nas análises foi previamente
destilado por sistema de difusão gasosa e em seguida titulado com solução de
NaOH padronizada para a determinação da concentração real do ácido destilado
obtido e possibilitando a preparação adequada das soluções utilizadas nas análises
de Hg.
Para a construção das curvas de calibração, utilizou-se uma solução
padrão Merck de Hg
+2
de 1000 mg L
-1
, através de diluições sucessivas. Optou-se
pela preparação diária dos padrões, ao invés da preservação com ácidos
inorgânicos, devido ao aumento do branco provocado pelos ácidos. As curvas de
calibração são construídas em unidade de massa (pg) versus absorbância.
De acordo com as condições e cuidados descritos, os limites de
detecção (em pg) para as espécies determinadas foram calculados como igual a três
vezes o desvio estimado por S
y/x
dividido pela inclinação da reta, obtida a partir da
63
regressão linear da curva de calibração, sendo S
y/x
= {∑(y
i
– y)
2
. (n-2)
-1
}
1/2
(MILLER;
MILLER, 1993). Os limites de detecção alcançados foram de 0,005 ng L
-1
para Hg
elementar, 0,05 ng L
-1
para Hg reativo e 0,10 ng L
-1
para Hg total, 1,0 ng L
-1
para o
conteúdo total de Hg e 1,0 ng g
-1
para Hg particulado. Os limites de detecção
encontrados são similares àqueles reportados por diversos autores em áreas
estuarinas e em oceano aberto, variando de 2 a 5 pg L
-1
para Hg elementar, de 0,01
a 0,08 ng L
-1
para Hg reativo e de 0,1 a 0,2 ng L
-1
para Hg total dissolvido
(COQUERY; COSSA, 1995; COQUERY et al., 1997; MASON et al., 1998; MASON
et al., 1999; COSSA; GOBEIL, 2000; MASON et al., 2001; ROLFHUS;
FITZGERALD, 2001; HORVAT et al., 2003; BLOOM et al., 2004).
4.2.2 Determinação de carbono orgânico dissolvido e particulado
As amostras para determinação do total de sólidos em suspensão
(TSS), do carbono orgânico dissolvido (COD) e particulado (COP) foram
imediatamente filtradas após a chegada ao laboratório, em duplicata. Filtrou-se cerca
de 300 mL de cada amostra em filtros de micro fibra de vidro (Whatman GF/F) de
aproximadamente 0,7 µm de diâmetro de poro, previamente calcinados a 450ºC
durante uma noite. Após a filtração, o filtrado foi preservado com solução 1M de sal
de azida (NaN
3
) e mantido sob refrigeração para a determinação do carbono
orgânico dissolvido enquanto que os filtros foram secos a 50ºC e pesados para
determinação do total de sólidos em suspensão e posteriormente do carbono
orgânico particulado. O filtrado obtido e preservado com sal de azida nessa etapa foi
também utilizado para a determinação da capacidade de complexação do carbono
orgânico dissolvido e será abordada no item 4.2.4.
O COD foi determinado em uma alíquota de 5,0 mL das amostras
filtradas, usando um equipamento Shimadzu TOC 5000A equipado com um
amostrador automático ASI-5000A. Um esquema representativo do analisador de
carbono está representado na Figura 9. Primeiramente as amostras foram
acidificadas com 100 µL de HCl concentrado suprapur (35%) e purgadas durante 10
64
minutos com O
2
ultra puro a uma vazão de 150 mL min
-1
com o objetivo de eliminar
os carbonatos dissolvidos presentes na amostra. Em seguida 50 µL de amostra
foram injetados diretamente no tubo de combustão preenchido pelo catalisador de
oxidação (platina em suporte esférico de alumínio) e aquecido a 680ºC, onde todo o
carbono presente foi queimado e decomposto em CO
2
. A corrente de gás O
2
contendo o carbono oxidado flui através da solução de H
3
PO
4
10% contida no
recipiente de reação IC, do desumificador, do removedor de halogênio e finalmente
atinge a célula do detector de infravermelho que mede a quantidade de CO
2
presente. A construção da curva de calibração foi feita com uma solução padrão de
biftalato de potássio (C
8
H
5
KO
4
) contendo 10 mg de C L
-1
seguida de diluições
sucessivas entre a faixa de 0 a 5 mg de C L
-1
. O limite de detecção obtido foi de 0,15
mg L
-1
.
FIGURA 9 – Diagrama do analisador de carbono Shimadzu TOC 5000A.
O COP foi determinado a partir do mesmo sistema analítico, mas com
a utilização de outro forno (SSM 5000A) a 900 ºC e com o uso de O
2
ultra puro como
gás carreador a um vazão de 500 mL min
-1
. Cada amostra foi feita em triplicata para
determinação da concentração média. A curva de calibração foi feita, em massa,
com uma solução padrão de biftalato de potássio contendo 400 mg de C L
-1
a partir
da variação das alíquotas entre a faixa de 0 a 400 mg de C L
-1
.
65
4.2.3 Determinação dos espectros de fluorescência da matéria orgânica
dissolvida
O COD presente foi caracterizado usando espectroscopia de
fluorescência molecular. A medida de fluorescência foi feita utilizando-se um
espectrofotômetro de fluorescência HITACHI F 4500. Este espectrofotômetro utiliza
uma lâmpada de xenônio como fonte, e foram adotadas fendas de 10 nm para a
excitação e de 5 nm para a emissão.
As matrizes de excitação e emissão de fluorescência (MEEF) foram
obtidas utilizando-se uma varredura de comprimentos de onda de excitação entre
200 e 500 nm em intervalo de 5 nm, e uma varredura de comprimentos de onda de
emissão entre 250 a 600 nm, em intervalo de 5 nm. A velocidade de varredura
utilizada foi de 30000 nm min
-1
.
Os espectros de excitação de fluorescência foram coletados entre 200
e 420 nm com o comprimento de onda de emissão fixado em 435 nm, enquanto que
os espectros de emissão de fluorescência foram coletados entre 350 e 600 nm com
o comprimento de onda de excitação fixado em 340 nm. A velocidade de varredura
utilizada nesses espectros foi de 240 nm min
-1
.
4.2.4 Determinação da capacidade de complexação dos metais
O método de determinação da capacidade de complexação dos metais
através de quenching consiste na titulação de adições-padrão de solução de Cu
2+
a
um volume fixado de amostra sob agitação constante. As adições são feitas em
intervalos de tempo iguais e a intensidade de fluorescência é medida após cada
adição dentro de circuito fechado. Antes de efetuar a medida, foi necessário que a
solução permanecesse sob agitação durante 20 mim para garantir a formação e
estabilização do complexo. O oxigênio dissolvido foi eliminado da amostra ao longo
66
da experiência através da introdução de N
2
ao sistema, uma vez que ele provoca a
extinção de fluorescência. Como o pH interfere na intensidade de fluorescência
medida, é importante o seu controle durante toda a análise, através da adição de
micro volumes de HNO
3
ou NaOH a fim de que o pH seja mantido o mais próximo
possível do valor desejado (Figura 10).
FIGURA 10 – Apresentação do circuito fechado utilizado para a determinação
da capacidade de complexação dos metais (Laboratoire RCMO-PROTEE /
Université de Toulon et du Var)
Para determinar a capacidade de complexação do COD na Baía de
Sepetiba foram utilizados 50 mL de amostra filtrada e preservada com sal de azida
(NaN
3
), como foi descrito no item 4.2.2, 500 µL de solução tampão bórax, com o
objetivo de manter o pH da amostra em aproximadamente 8,0, e em seguida foram
feitas 20 adições sucessivas de 250 µL de solução padrão de Cu
+2
de 20 ppm em
intervalos de leitura de 30 min sob agitação constante e em circuito fechado.
Após o procedimento analítico, os cálculos foram feitos com a ajuda de
um programa de regressão não linear conforme descrito no item 1.2.2 desse
trabalho.
Dosador
automático
Eletrodo
de pH
Agitador
Solução
Cu
+2
20ppm
67
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Neste capítulo serão apresentados os resultados obtidos e as
discussões desse trabalho divididas conforme os diferentes tópicos a seguir:
I) Caracterização das águas nos principais rios afluentes à Baía de Sepetiba:
i) A química das águas nos principais rios afluentes à Baía de Sepetiba;
ii) Especiação de Hg nos principais rios afluentes à Baía de Sepetiba;
iii) Fluxo de Hg e TSS para a Baía de Sepetiba através dos seus principais
rios afluentes.
II) Caracterização das águas superficiais da parte externa da Baía de Sepetiba:
i) A química das águas superficiais da parte externa da Baía de Sepetiba;
ii) Especiação de Hg nas águas superficiais da parte externa da Baía de
Sepetiba;
iii) Caracterização do carbono orgânico nas águas superficiais da parte
externa da Baía de Sepetiba.
III) Caracterização das águas na saída principal da Baía de Sepetiba em função de
eventos de maré na estação seca e chuvosa:
i) A química das águas na saída principal da Baía de Sepetiba em função de
eventos de maré na estação seca e chuvosa;
ii) Especiação de Hg na saída principal da Baía de Sepetiba em função de
eventos de maré na estação seca e chuvosa;
iii) Caracterização do carbono orgânico dissolvido na saída principal da Baía
de Sepetiba em função de eventos de maré na estação seca e chuvosa.
68
5.1 CARACTERIZAÇÃO DAS ÁGUAS NOS PRINCIPAIS RIOS AFLUENTES À
BAÍA DE SEPETIBA
*
5.1.1 A química das águas nos principais rios afluentes à Baía de Sepetiba
Os principais parâmetros físico-químicos medidos nos seis principais
rios afluentes à Baía de Sepetiba (Figura 7) estão apresentados na Tabela 7. Uma
avaliação geral dos resultados mostrou uma grande variabilidade espacial,
especialmente nos valores de condutividade, oxigênio dissolvido e TSS, e sazonal,
sobretudo para as concentrações de TSS, dos parâmetros medidos.
Os resultados obtidos para os principais parâmetros físico-químicos
mostram que a entrada de água doce para a Baía apresenta um pH variando entre
6,6 e 7,8 o que caracteriza essa massa d’água como neutra ou levemente alcalina.
Os valores de condutividade encontrados variam de 37 a 1370 µS cm
-1
enquanto
que as concentrações de oxigênio dissolvido variam entre 1,3 e 8,3 mg L
-1
. Os mais
baixos valores de condutividade (37 a 98 µS cm
-1
) associados aos mais altos valores
de oxigênio dissolvido (6,2 a 8,3 mg L
-1
) foram observados nos Rios Itimirim, Itinguçu
e São Francisco mostrando que esses rios são menos impactados ao longo da bacia
de drenagem do que os Rios Guarda, Guandu e Ita que demonstraram tendência
oposta, com os maiores valores de condutividade (320 a 1370 µS cm
-1
) associados
aos menores valores de oxigênio dissolvido (1,3 a 3,1 mg L
-1
). Apesar do Rio São
Francisco ser um dos principais receptores dos rejeitos do parque industrial local, o
nível de oxigênio dissolvido é alto em relação aos outros rios, provavelmente fruto da
grande vazão desse rio frente aos demais. Essa diluição dos rejeitos industriais é
observada em todos os compartimentos (água, sedimento de fundo e o material
particulado em suspensão) (RODRIGUES, 1990).
*
Essa parte do trabalho já está publicada na forma de um artigo e encontra-se disponível para
consulta no Anexo 1.
“Paraquetti, H.H.M., Ayres, G. A., Almeida, M. D., Molisani, M. M. e Lacerda, L. D. Mercury
distribution, speciation and flux in Sepetiba Bay tributaries, SE Brazil. Water Research, v. 38, n. 6, p.
1439 – 1448, 2004.“
69
O baixo teor de oxigênio dissolvido observado nos Rios Guarda,
Guandu e Ita reflete a carga orgânica antrópica (esgoto doméstico não tratado) que
para os Rios Guarda e Ita são provenientes das suas áreas de drenagens e para o
Rio Guandu principalmente da estação de tratamento de água (ETA). Resultados
similares têm sido encontrados por outros autores nesses rios (FEEMA, 1989;
RODRIGUES, 1990). A elevada condutividade medida no Rio Guarda é
conseqüência da influência da maré que se faz sentir até o cruzamento com a BR-
101, situado a 7,8 km da foz do Rio Guarda (SEMADS, 2001).
Os valores de TSS encontrados variaram de 1,7 a 261 mg L
-1
nos rios
amostrados e o valor mais alto foi medido no Rio Guandu, que recebe grande carga
de material particulado em suspensão da estação de tratamento de água (ETA)
localizada a montante do ponto amostrado. Durante a estação chuvosa, observou-se
um aumento de 13 vezes na concentração de TSS no Rio São Francisco (de 15,1
para 197 mg L
-1
) enquanto que no Rio Guandu o aumento foi bem menos
significativo, apenas 1,4 vezes (de 189,2 para 261 mg L
-1
). A partir desses
resultados pode-se notar a importância desses dois rios frente ao aporte de material
particulado para a Baía de Sepetiba.
TABELA 7 – Valores médios dos principais parâmetros físico-químicos
medidos nos principais rios afluentes à Baía de Sepetiba (n = 3).
Rios afluentes
à Baía
pH Temp.
(ºC)
Condutividade
(µS cm
-1
)
Oxigênio dissolvido
(mg L
-1
)
TSS
(mg L
-1
)
Itinguçu
(s)
7,0 23 43 6,2 1,7
Itimirim
(s)
7,6 23 37 8,3 4,4
Guarda
(s)
6,8 25 1370 3,1 15,5
São Francisco
(s)
(c)
7,8
7,2
25
29
98
92
7,6
6,8
15,1
197,0
Guandu
(s)
(c)
7,1
7,5
24
28
320
220
1,3
2,0
189,2
261,0
Ita
(s)
6,6 25 470 1,8 34,3
(s) estação seca, (c) estação chuvosa.
70
Os valores médios dos principais parâmetros físico-químicos
encontrados nesse trabalho são similares aos reportados por outros autores na
região em diferentes épocas de amostragem (FEEMA, 1980; 1989; RODRIGUES,
1990; FEEMA, 2000; MOLISANI, 2004) indicando que essas campanhas
representam um evento normal da região.
5.1.2 Especiação de mercúrio nos principais rios afluentes à Baía de Sepetiba
As concentrações das espécies de Hg medidas nos principais rios
afluentes à Baía de Sepetiba (Figura 7) estão apresentadas na Tabela 8. De uma
maneira geral, os resultados obtidos mostraram uma moderada variação espacial
das concentrações das espécies de Hg medidas, com exceção do Rio Guandu, que
apresentou valores bem mais elevados para todas as espécies de Hg medidas. Os
resultados mostraram também uma forte variação sazonal dessas concentrações,
com maiores concentrações de Hg particulado e menores concentrações de Hg total
e reativo na estação chuvosa.
A concentração de Hg elementar medida nos rios amostrados variou de
0,02 a 0,19 ng L
-1
(Tabela 8). Na estação seca, o Rio Itinguçu apresentou as maiores
concentrações de Hg elementar em relação ao outros rios, com uma média de 0,18
± 0,02 ng L
-1
. A distribuição temporal demonstrou uma significativa diminuição das
concentrações de Hg elementar durante a estação chuvosa nos Rios São Francisco
e Guandu em comparação às amostras coletadas nos mesmos rios durante o
período de seca.
Durante a estação seca, as concentrações de Hg reativo variaram
entre 0,1 e 48,9 ng L
-1
nos rios amostrados. As concentrações foram mais baixas
nos Rios Itimirim, Guarda e São Francisco, com concentração média de 0,3 ng L
-1
.
Valores intermediários foram encontrados nos Rios Itinguçu e Ita, variando de 1,0 a
1,3 ng L
-1
, seguidos pelas concentrações mais altas medidas no Rio Guandu (18,1
ng L
-1
). Na estação chuvosa, observou-se um decréscimo de 3 e 5 vezes na
71
concentração de Hg reativo em relação à estação seca para os Rios São Francisco
e Guandu, respectivamente (Tabela 8). Esses valores, com exceção dos dados do
Rio Guandu, são similares àqueles reportados em outros rios moderadamente
impactados como: nos Rios Loire e Siene, França, com concentrações variando de
0,08 a 0,22 ng L
-1
e 0,08 a 0,42 ng L
-1
, respectivamente (COQUERY et al., 1997);
nos rios afluentes à Baía de Narragansett, USA, com concentrações variando de 1,6
a 5,8 ng L
-1
(VANDAL; FITZGERALD, 1995); no estuário do Rio Scheldt, Bélgica,
com concentrações variando entre 0,01 e 4,7 ng L
-1
(LEERMAKERS et al., 1995) e
nas lagoas costeiras da região sudeste do Brasil, com concentrações variando de
0,02 a 0,1 ng L
-1
(LACERDA; GONCALVES, 2001).
A produção de Hg elementar em águas naturais é o resultado de
diferentes reações competitivas e aditivas que podem ser favorecidas ou inibidas
dependendo da química da água de um dado sistema. Em geral, a redução de Hg
compete com o processo de metilação e de adsorção de mercúrio em partículas pelo
Hg reativo disponível. A produção de Hg elementar normalmente é maior em águas
com baixo teor de oxigênio, bem iluminadas, com baixo teor de material particulado
em suspensão e altas concentrações de Hg reativo (LIN; PEHKONEN, 1999;
LALONDE et al., 2001; BEUCHER et al., 2002). Nossos resultados, embora não
muito claramente, parecem se encaixar dentro dessa tendência geral. As maiores
concentrações de Hg elementar foram encontradas no Rio Itinguçu, durante a
estação seca, onde também foram medidos baixos valores de condutividade (43 µS
cm
-1
), moderados valores de oxigênio dissolvido (6,2 mg L
-1
), elevadas
concentrações de Hg reativo (1,0 ng L
-1
) e as menores concentrações de TSS (1,7
mg L
-1
). Os Rios Guandu e Ita, durante a estação seca, embora apresentem baixos
teores de oxigênio dissolvido (1,3 e 1,8 mg L
-1
, respectivamente) e as maiores
concentrações de Hg reativo (18,1 e 1,3 ng L
-1
, respectivamente), possuem altas
concentrações de TSS (189,2 e 34,3 mg L
-1
, respectivamente), que podem competir
pelo Hg reativo disponível, diminuindo assim as concentrações de Hg elementar. O
rápido decréscimo nas concentrações de Hg elementar observado nos Rios São
Francisco e Guandu durante a estação chuvosa também valida esta hipótese, uma
vez que durante a estação chuvosa observou-se um considerável aumento nas
concentrações de TSS (13 e 1,4 vezes, respectivamente) e um decréscimo na
concentração de Hg reativo (3 e 5 vezes, respectivamente) (Tabelas 7 e 8). Durante
72
a estação chuvosa, o aumento da turbulência nos rios e os fortes ventos
predominantes na região podem também contribuir para uma diminuição do Hg
gasoso dissolvido devido à intensificação das trocas com a atmosfera.
A concentração de Hg total variou de 0,1 a 167 ng L
-1
nos rios
amostrados. Durante a estação seca, as maiores concentrações de Hg total foram
medidas no rio Guandu, com uma média de 66,6 ± 6,3 ng L
-1
enquanto que as
menores concentrações foram medidas no Rio Itimirim, com uma média de 0,4 ± 0,2
ng L
-1
(Tabela 8). Nos Rios Itinguçu, Guarda, São Francisco e Ita foram encontrados
valores intermediários, com médias variando de 0,4 a 1,4 ng L
-1
. Na estação
chuvosa, observou-se um decréscimo de 3 e 17 vezes na concentração do Hg total
nos Rios São Francisco e Guandu, respectivamente, quando comparados com as
concentrações medidas durante a estação seca. Molisani (2004) encontrou
concentrações similares no Rio São Francisco, como média de 0,06 ng L
-1
para Hg
0
,
0,26 ng L
-1
para Hg reativo e 0,63 ng L
-1
para Hg total. Uma significante correlação
positiva (r = 0,99; n = 7; P < 0,01) foi observada entre as concentrações de Hg
reativo e Hg total nos rios amostrados (Figura 11). O ponto médio referente às
concentrações de Hg reativo e total para o Rio Guandu na estação seca foi retirado
desse gráfico, sem alteração do referido valor de correlação (r), com o objetivo de
facilitar a visualização dos outros pontos que são em média duas ordens de
grandeza menores.
FIGURA 11 – Relação entre as concentrações médias de Hg reativo e Hg total
nos rios afluentes à Baía de Sepetiba.
y = 1,02x - 0,12
R
2
= 0,9976
0
1
2
3
4
01234
Hg total (ng L
-1
)
Hg reativo (ng L
-1
)
(P < 0,01)
73
TABELA 8 – Concentrações das espécies de Hg medidas nos rios afluentes à Baía de Sepetiba.
Hg elementar
(ng L
-1
)
Hg reativo
(ng L
-1
)
Hg total
(ng L
-1
)
Hg reativo
(%)
Hg (D+P)
(ng L
-1
)
Hg particulado
(ng L
-1
)
Hg particulado
(%)
Hg particulado
(µg g
-1
)
(s)
0,16 - 0,19 0,9 - 1,1 1,1 - 1,3 82,7 - 85,3 2,3 - 2,5 1,0 - 1,4 42,9 - 56,4 0,6 – 0,8 Rio Itinguçu
(n=4); md.,*
(s)
0,18 ± 0,02 1,0 ± 0,1 1,2 ± 0,2 84,0 ± 1,8 2,4 ± 0,1 1,2 ± 0,3 49,7 ± 9,5 0,7 ± 0,2
(s)
0,08 - 0,09 0,1 - 0,4 0,2 - 0,5 59,1- 83,0 0,9 – 1,0 0,4 - 0,5 44,4 - 46,5 0,1 – 0,1 Rio Itimirim
(n=6); md.,*
(s)
0,09 ± 0,01 0,3 ± 0,1 0,4 ± 0,2 71,1 ± 10,1 1,0 ± 0,1 0,4 ± 0,04 45,5 ± 1,4 0,1 ± 0,0
(s)
0,09 - 0,10 0,1 - 0,6 0,2 - 0,8 20,0 - 85,7 1,0 - 38,3 0,2 - 38,0 15,2 - 99,3 0,01 – 2,4 Rio Guarda
(n=6); md.,*
(s)
0,09 ± 0,01 0,3 ± 0,1 0,5 ± 0,3 52,1 ± 26,9 19,7 ± 7,3 19,2 ± 7,6 72,7 ± 18,2 1,2 ± 1,1
(s)
0,09 - 0,11 0,1 - 0,6 0,2 - 0,7 37,5 - 85,7 1,4 - 8,3 0,7 - 8,1 50,0 - 97,8 0,05 – 0,5
(s)
0,10 ± 0,01 0,3 ± 0,2 0,4 ± 0,3 61,5 ± 22,1 4,9 ± 2,6 4,5 ± 2,8 84,9 ± 20,2 0,3 ± 0,2
Rio São Francisco
(n=6); md.,*
(c)
0,02 0,1 0,1 84,6 69,1 68,9 99,8 0,4
(s)
0,09 - 0,11 3,7 - 48,9 4,9 - 167 19,6 - 82,5 102 – 323 96,4 - 156 48,3 -95,5 0,5 – 0,8
(s)
0,10 ± 0,01 18,1 ± 5,4 66,6 ± 6,3 56,0 ± 29,2 188 ± 10,6 121 ± 26,6 76,5 ± 25,5 0,6 ± 0,1
Rio Guandu
(n=6); md.,*
(c)
0,03 3,8 3,9 99,2 254 251 98,5 1,0
(s)
0,08 - 0,09 1,1 - 1,4 1,2 -1,5 91,7- 94,7 1,4 -1,8 0,2 - 0,3 16,1- 16,7 0,01 – 0,01 Rio Ita
(n=4); md.,*
(s)
0,08 ± 0,01 1,3 ± 0,2 1,4 ± 0,2 93,2 ± 2,1 1,6 ± 0,3 0,3 ± 0,04 16,4 ± 0,4 0,01 ± 0,0
* md, = valor médio; (s) estação seca, (c) estação chuvosa. Todos os valores foram arredondados para uma casa decimal, exceto para Hg elementar.
74
Os altos valores de Hg total encontrados no Rio Guandu são similares
àqueles reportados em outras áreas altamente impactadas e industrializadas como:
nos rios afluentes à Baía de Narragansett, USA, com concentrações variando de 7,2
a 30 ng L
-1
(VANDAL; FITZGERALD, 1995); e nos rios afluentes ao lago de
Michigan, USA, com concentrações variando de 0,6 a 182 ng L
-1
(HURLEY et al.,
1998). Por outro lado, os outros rios da bacia da Baía de Sepetiba apresentaram
valores de Hg similares àqueles reportados em área ligeiramente impactadas como:
no Rio Patuxent, USA, com concentrações variando de < 0,5 a 6 ng L
-1
(BENOIT et
al., 1998) e nos Rios Loire e Siene, França, com concentrações médias de 0,82 ±
0,42 ng L
-1
e 2,3 ± 1,94 ng L
-1
, respectivamente (COQUERY et al., 1997). Esses
valores também são similares aos reportados no estuário inferior do Rio St.
Lawrence, Canadá, onde a concentração variou de 0,08 a 2,64 ng L
-1
(COSSA;
GOBEIL, 2000), nos tributários da Baía de Chesapeake, USA, com concentração
média variando entre 1,32 ± 1,29 e 5,4 ± 4,7 ng L
-1
(LAWSON et al., 2001), no
estuário do Rio Scheldt, Bélgica, com concentrações variando de 0,42 a 2,0 ng L
-1
(LEERMAKERS et al., 1995). Valores similares de Hg total no Rio Guandu, durante a
estação chuvosa, foram reportados em outros trabalhos (MOLISANI et al., 2002)
com uma média de 3,8 ng L
-1
.
Durante a estação seca, as menores porcentagens de Hg reativo em
relação à concentração de Hg total foram observadas no Rio Guarda, com uma
porcentagem média de 52,1 ± 26,9%, seguido pelo Rio São Francisco, com uma
porcentagem média de 61,5 ± 22,1%. Os Rios Itimirim e Itinguçu apresentaram
porcentagens médias de 71,1 ± 10,1% e 84 ± 1,8%, respectivamente, enquanto que
as maiores porcentagens médias foram encontradas no Rio Ita (93,2 ± 2,1%). Na
estação chuvosa, embora se tenha observado uma diminuição das concentrações
de Hg reativo e Hg total, as porcentagens de Hg reativo em relação à concentração
de Hg total aumentaram para 84,6 e 99,2 % nos Rios São Francisco e Guandu,
respectivamente (Tabela 8) mostrando um significativo aumento da fração disponível
de Hg nesse período.
A concentração de Hg particulado variou de 0,2 a 251 ng L
-1
nos rios
amostrados. Durante a estação seca, a maior concentração de Hg particulado foi
75
encontrada no Rio Guandu, com uma concentração média de 121 ± 26,6 ng L
-1
,
seguido pelo Rio Guarda, com uma concentração média de 19,2 ± 7,6 ng L
-1
,
enquanto que a menor concentração foi encontrada no Rio Ita, com uma
concentração média de 0,3 ± 0,04 ng L
-1
. Nos Rios Itimirim, Itinguçu, e São
Francisco, a concentração média encontrada variou de 0,4 a 4,5 ng L
-1
. Durante a
estação chuvosa, observou-se um aumento de 15 e 2 vezes na concentração de Hg
particulado nos Rios São Francisco e Guandu, respectivamente (Tabela 8).
A concentração de Hg no material particulado em unidade de massa,
obtida a partir da relação com a concentração de TSS, variou de 0,01 a 2,4 µg g
-1
nos rios amostrados . Durante a estação seca, o Rio Guarda apresentou uma média
de 1,2 ± 1,1 µg g
-1
, seguido pelo Rio Itinguçu com uma média de 0,7 ± 0,2 µg g
-1
,
pelo Rio Guandu com uma média de 0,6 ± 0,1 µg g
-1
, pelo Rio São Francisco com
uma média de 0,3 ± 0,2 µg g
-1
e pelo Rio Itimirim com uma média de 0,1 ± 0,0 µg g
-1
.
As menores concentrações foram observadas no Rio Ita, com uma média de 0,01 ±
0,0 µg g
-1
. Na estação chuvosa, observou-se um ligeiro aumento das concentrações
de Hg particulado nos Rios São Francisco e Guandu (Tabela 8) e esses valores
foram similares aos encontrados por Molisani et al. (2002) para os mesmos rios
durante a estação chuvosa. As concentrações encontradas também são similares
àquelas reportadas na literatura para rios moderadamente impactados como: nos
Rios Loire e Siene, França, com faixa de variação de 0,08 a 0,50 µg g
-1
e de 0,43 a
2,66 µg g
-1
, respectivamente (COQUERY et al., 1997); no Rio Susquehanna,
tributários da Baía de Chesapeake, USA, com uma média de 0,59 ± 0,66 µg g
-1
(LAWSON et al., 2001) e no estuário do Rio Scheldt, Bélgica, variando entre 0,4 e
1,7 µg g
-1
(LEERMAKERS et al., 1995).
Durante a estação seca, a porcentagem de Hg particulado em relação
ao conteúdo total de Hg (Hg (D+P)) foi maior no Rio São Francisco, com uma
porcentagem média de 84,9 ± 20,2%, seguido pelo Rio Guandu, com uma
porcentagem média de 76,5 ± 25,5% e pelo Rio Guarda, com uma porcentagem
média de 72,7 ± 18,2%. As menores porcentagens foram encontradas no Rio Ita,
com uma porcentagem média de 16,4 ± 0,4%, no Rio Itimirim, com uma
porcentagem média de 45,5 ± 1,4% e no Rio Itinguçu, com uma porcentagem média
76
de 49,7 ± 9,5%. Na estação chuvosa, as porcentagens aumentaram para 99,8 e
98,5% nos Rios São Francisco e Guandu, respectivamente (Tabela 8).
Os altos valores encontrados no Rio Guandu refletem a atividade
observada na bacia, como o importante parque industrial e a planta de tratamento de
água mais importante da região, que descarta os seus refugos neste corpo d´água.
O aumento da fração de Hg particulado foi proporcional ao aumento do
TSS, como pode ser observado na Figura 12, que mostra uma correlação positiva
significante entre as concentrações de Hg particulado e TSS (r = 0,90; n = 8; P <
0,01), bem como a relação entre o conteúdo total de Hg (Hg (D+P)) e a
concentração de Hg particulado (r = 0,98;n = 8; P < 0,01).
FIGURA 12 – (a) Relação entre as concentrações de TSS e Hg particulado e (b)
relação entre o conteúdo total de Hg (Hg (D+P)) e as concentrações de Hg
particulado nos rios afluentes à Baía de Sepetiba.
y = 0,76x - 9,6
R
2
= 0,8242
0
50
100
150
200
250
300
0 50 100 150 200 250 300
TSS (mg L
-1
)
Hg particulado (ng L
-1
)
(a)
(P< 0,01)
y = 0,88x - 0,97
R
2
= 0,9511
0
50
100
150
200
250
300
0 50 100 150 200 250 300
Hg (D+P) (ng L
-1
)
Hg particulado (ng L
-1
)
(b)
(P < 0,01)
77
As amostras coletadas nos Rios São Francisco e Guandu durante a
estação chuvosa demonstraram uma diminuição na concentração de todas as
frações de Hg “dissolvido” (Hg elementar, reativo e total), enquanto que a fração de
Hg particulado apresentou um expressivo aumento. Essa variabilidade temporal
sugere um efeito de diluição das fases dissolvidas associado ao aumento do TSS
que fornece sítios de ligação para a sorção de Hg reativo, resultando numa
diminuição das concentrações de Hg elementar como já mencionado anteriormente.
A Figura 13 apresenta um resumo do fracionamento das espécies de
Hg medidas nos rios afluentes à Baía de Sepetiba. Os Rios Guarda, São Francisco e
Guandu demonstraram, em ambas as estações, uma predominância da fração de
Hg particulado frente à fração de Hg “dissolvido” (Hg elementar, reativo e total)
enquanto que no Rio Ita observou-se uma tendência oposta, com predominância das
frações de Hg “dissolvido”. Nos Rios Itinguçu e Itimirim as frações “dissolvidas” e
particuladas apresentam uma contribuição equivalente. Observou-se também uma
significativa variação sazonal nos Rios Guandu e São Francisco, com uma
diminuição das frações “dissolvidas” de Hg e um aumento da fração particulada
durante a estação chuvosa.
FIGURA 13 – Tendência da média das porcentagens das principais espécies de
Hg medidas nos rios afluentes à Baía de Sepetiba.
0%
20%
40%
60%
80%
100%
R. Itinguçu
(s)
R. Itimirim
(s)
R. Guarda
(s)
R. São
Francisco
(s)
R. Guandu
(s)
R. Guandu
(c)
R. São
Francisco
(c)
R.Ita (s)
Hg elementar Hg reativo Hg total Hg particulado
(s = estação seca; c = estação chuvosa)
78
5.1.3 Fluxo de Hg e TSS para a Baía de Sepetiba através de seus principais
rios afluentes
Os fluxos de Hg elementar, Hg reativo, Hg total, Hg particulado e TSS
foram calculados para os tributários da Baía de Sepetiba através das concentrações
medidas e das vazões descritas na literatura (RODRIGUES, 1990) e estão
apresentados na Tabela 9.
O fluxo das espécies de Hg medidas nesse estudo variou de 0,01 a
20,0 µg s
-1
para o Hg elementar, de 0,01 a 302,4 µg s
-1
para o Hg reativo, de 0,01 a
1032,4 µg s
-1
para o Hg total e de 0,02 a 12.571,7 µg s
-1
para o Hg particulado. O
fluxo de TSS para a baía variou de 1,3 x 10
-4
a 35,9 kg s
-1
. Os maiores fluxos das
frações de Hg e de TSS foram encontrados nos Rios Guandu e São Francisco, que
são responsáveis por mais de 86% da entrada total de água doce para a Baía
(RODRIGUES, 1990). Por outro lado, os Rios Itinguçu e Itimirim demonstraram
menores fluxos de Hg e TSS, enquanto que os Rios Ita e Guarda apresentaram
fluxos intermediários. Esses resultados mostram que a maior parte do Hg
transportado pelos rios está associada a partículas em suspensão e estão de acordo
com a distribuição de Hg no sedimento de fundo da Baía de Sepetiba reportada
anteriormente na literatura (MARINS et al., 1998a), mostrando maiores
concentrações de Hg nos sedimentos próximos à desembocadura dos principais rios
afluentes.
Os resultados demonstram um significativo aumento nos fluxos de Hg
particulado e TSS durante a estação chuvosa nos Rios Guandu e São Francisco. No
Rio São Francisco, os fluxos de Hg particulado e TSS aumentaram num fator de 15
e 13 vezes, respectivamente, em relação à estação seca. Já no Rio Guandu, o
aumento foi bem menos significativo durante o mesmo período, apresentando
apenas um aumento de 2 vezes no fluxo de Hg particulado e de menos que 2 vezes
no fluxo de TSS. O fluxo de Hg total nos rios São Francisco e Guandu diminuiu num
fator de 3 e 17 vezes, respectivamente, em relação à estação seca. Esses
resultados sugerem a importância do escoamento superficial promovido pelas fortes
79
chuvas de verão na bacia de drenagem da Baía de Sepetiba como o principal
mobilizador de Hg na região.
O fluxo total anual das frações de Hg e TSS foi estimado para a Baía
de Sepetiba levando em consideração que o período de chuva nessa região é em
média de 4 meses enquanto que o período de seca é em média de 8 meses, com
base nos dados pluviométricos da região disponibilizados pelo INMET (Instituto
Nacional de Meteorologia). A estimativa do fluxo anual foi feita de acordo com a
equação abaixo:
sfFs
=
bFcaFsFt
×
+
×
=
cfFc
=
Sendo
sf
= Fluxo médio dos seis rios na estação seca em µg s
-1
;
cf
= Fluxo médio
dos dois rios na estação chuvosa em µg s
-1
; Fs = Fluxo total na estação seca em µg
s
-1
; Fc = Fluxo total na estação chuvosa em µg s
-1
; a = 2,07 x 10
7
segundos (8
meses); b = 1,03 x 10
7
segundos (4 meses); Ft = Fluxo total anual estimado.
Os fluxos totais anuais estimados foram de 0,46 kg ano
-1
para o Hg
elementar, de 4,1 kg ano
-1
para Hg reativo, de 11 kg ano
-1
para Hg total e de 190 kg
ano
-1
para Hg particulado. O fluxo total anual de TSS foi estimado em 4,8 x 10
8
kg
ano
-1
. Molisani et al. (2002) estimaram os fluxos anuais de Hg total e Hg particulado
para a Baía de Sepetiba em 1,6 kg ano
-1
e 400 kg ano
-1
, respectivamente.
Posteriormente, o mesmo autor recalculou esses fluxos através de uma modelagem
do balanço hídrico e de sedimentos em todo o sistema de transposição do Rio
Paraíba do Sul até a Baía de Sepetiba e estimou um fluxo de 1,5 x 10
9
kg ano
-1
para
o TSS, de 9 kg ano
-1
para Hg total e de 1091 kg ano
-1
para Hg particulado
(MOLISANI, 2004).
O fluxo de Hg particulado para a Baía de Sepetiba estimado nesse
trabalho é bem menor do que o fluxo estimado por Molisani (2004), porém é
importante notar que o autor utilizou uma concentração média de Hg particulado e
80
de TSS obtidas durante o período de chuva no Rio São Francisco para estimar o
fluxo anual. Apesar da vazão do Rio São Francisco ser considerada constante
durante todo o ano em virtude da estação de tratamento de águas (ETA), os dados
obtidos nesse trabalho mostram que existe uma variação de uma ordem de
grandeza nas concentrações de TSS e Hg particulado entre a estação chuvosa e
seca (Tabelas 7 e 8) e, provavelmente, este foi o motivo dos altos fluxos para a baía
estimados pelo autor. Com relação ao fluxo estimado de Hg total para a Baía de
Sepetiba, os valores encontrados nesse trabalho foram similares aos reportados por
Molisani (2004) apesar de também ter sido considerada uma concentração média de
Hg total medida durante a estação chuvosa para a estimativa anual, uma vez que a
variação da concentração de Hg total foi bem menos significativa do que a variação
da concentração de TSS entre as estações.
Considerando-se o fluxo total anual de Hg total que entra para Baía de
Sepetiba através dos seus afluentes, o Rio Guandu é responsável por 82% desse
fluxo, o Rio São Francisco por 16%, enquanto que todos os outros afluentes juntos
são responsáveis por apenas 2% do fluxo anual. Com relação ao fluxo total anual de
Hg particulado para a baía, observou-se uma tendência oposta, sendo o Rio São
Francisco, neste caso, responsável por 80 % do fluxo anual, o Rio Guandu por 17%,
enquanto que todos os outros afluentes juntos são responsáveis por apenas 3 % do
fluxo anual. Para o fluxo anual de TSS para a baía, o Rio São Francisco se mostrou
responsável por 90% de todo TSS que entra na baía e o Rio Guandu é responsável
por apenas 9% do fluxo total de TSS. Todos os outros afluentes juntos são
responsáveis por apenas 1 % do TSS que chega anualmente até a Baía de
Sepetiba.
81
TABELA 9 – Fluxo das espécies de Hg e TSS para a Baía de Sepetiba através dos seus principais rios afluentes.
Fluxo
do Rio**
(m
3
s
-1
)
TSS
(mg L
-1
)
Fluxo de
Hg elementar
(µg s
-1
)
Fluxo de
Hg reativo
(µg s
-1
)
Fluxo de
Hg total
(µg s
-1
)
Fluxo de
Hg particulado
(µg s
-1
)
Fluxo de TSS
(kg s
-1
)
(s)
0,4 1,5 – 1,7 0,06 – 0,07 0,3 – 0,4 0,4 – 0,5 0,4 – 0,5 5,7 – 6,5 x 10
-4
Rio Itinguçu
(n=4); md,*
(s)
1,7 0,06 0,4 0,5 0,5 6,5 x 10
-4
(s)
0,06 2,1 – 9,1 0,01 – 0,02 0,01 – 0,03 0,01 – 0,03 0,02 – 0,03 1,3 – 5,8 x 10
-4
Rio Itimirim
(n=6); md,*
(s)
4,4 0,01 0,02 0,02 0,03 2,8 x 10
-4
(s)
12,2 11,3 – 18,2 1,1 – 1,2 1,2 – 7,3 2,4 – 10,2 1,8 – 463,9 0,1 – 0,2 Rio Guarda
(n=6); md,*
(s)
15,5 1,1 3,7 6,0 234,4 0,2
(s)
182,2 13,2 – 16,4 16,4 – 20,0 18,2 -109,4 29,2 – 131,3 131,3 – 1480,5 2,4 – 3,0
(s)
15,1 18,2 54,7 72,9 816,8 2,7
Rio São Francisco
(n=6); md,*
(c)
197 3,6 18,2 23,7 12571,7 35,9
(s)
6,2 90,0 – 340,7 0,6 – 0,7 22,9 – 302,4 30,1 – 1032,4 596,2 – 964,0 0,6 – 2,1
(s)
189,2 0,6 111,9 411,9 749,4 1,2
Rio Guandu
(n=6); md,*
(c)
261 0,2 23,5 23,8 1549,3 1,6
(s)
2,5 32,5 – 36,1 0,2 – 0,3 2,8 – 3,6 3,0 – 3,8 0,6 – 0,7 0,08 – 0,09 Rio Ita
(n=4); md,*
(s)
34,3 0,2 3,2 3,4 0,7 0,09
* md,= valor médio, ** Rodrigues,(1990),
(s)
estação seca,
(c)
estação chuvosa
82
5.2 CARACTERIZAÇÃO DAS ÁGUAS SUPERFICIAIS DA PARTE EXTERNA DA
BAÍA DE SEPETIBA
*
5.2.1 A química das águas superficiais da parte externa da Baía de Sepetiba
Os principais parâmetros físico-químicos medidos nas águas
superficiais da parte externa da Baía de Sepetiba estão apresentados na Tabela 10.
Como era esperado, não houve uma variação substancial nos valores
de pH e temperatura nas águas superficiais da baía durante a coleta uma vez que as
amostras foram coletadas na porção mais externa da baía onde se esperava o
predomínio das águas marinhas (Figura 7). Entre o inicio e o fim do evento de maré,
a temperatura variou de 20 a 22 ºC e o pH variou de 8,2 a 8,3. Os valores de
oxigênio dissolvido aumentaram de 4,5 a 6,5 mg L
-1
, enquanto que a salinidade
variou de 30 para 35 ‰ (Tabela 10). A pequena variação encontrada nos
parâmetros físico-químicos analisados caracteriza a Baía de Sepetiba como um
estuário lagunar do tipo bem misturado. Esse aumento na salinidade e no grau de
oxigenação das águas da Baía durante o evento de maré de enchente está
relacionado à influência das águas oceânicas.
*
Essa parte do trabalho já está publicada na forma de um artigo e encontra-se disponível para
consulta no Anexo 2.
“Paraquetti, H.H.M., Lacerda, L. D., Ayres, G. A., Mounier, S. e Almeida, M. D. Mercury speciation and
dissolved organic carbon characterization in the surface waters of Sepetiba Bay, SE Brazil.
Geochimica Brasiliensis v.18, n. 1, p.028 - 037, 2004.“
83
TABELA 10 – Valores médios dos principais parâmetros físico-químicos
medidos nas águas superficiais da parte externa da Baía de Sepetiba (n=3).
Estação Hora da
amostragem
Altura da maré
(cm)
Temp.
(ºC)
Salinidade
(‰)
Oxigênio dissolvido
(mg L
-1
)
pH
S1 10:00 h 48 20 31 4,5 8,2
S2 10:20 h 44 22 31 4,8 8,3
S3 11:20 h 32 20 32 4,5 8,3
S4 12:40 h 53,5 20 32 5,1 8,2
S5 13:00 h 60 21 30 5,2 8,2
S6 13:20 h 66,5 21 31 5,0 8,2
S7 14:40 h 93,5 22 32 5,2 8,2
S8 15:00 h 100 20 32 5,5 8,2
S9 15:40 h 113,5 20 35 6,5 8,3
5.2.2 Especiação do mercúrio nas águas superficiais da parte externa da Baía
de Sepetiba
As concentrações das espécies de Hg medidas nas águas superficiais
da parte externa da Baía de Sepetiba estão apresentadas na Tabela 11. Apesar da
pequena variação observada nos parâmetros físico-químicos, as concentrações de
Hg apresentaram maiores variações espaciais, especialmete para Hg total, Hg
orgânico e Hg particulado.
As concentrações de Hg elementar nas águas superficiais da parte
externa da Baía de Sepetiba apresentaram uma pequena variação entre 0,07 e 0,10
ng L
-1
, com uma concentração média de 0,08 ± 0,01 ng L
-1
. Não foi observada
nenhuma tendência clara durante diferentes momentos do evento de maré (Tabela
11), e as porcentagens de Hg elementar em relação à concentração de Hg total não
ultrapassaram o valor de 8,3 % .
84
As concentrações de Hg elementar encontradas nesse trabalho são
similares àquelas reportadas em outros estuários moderadamente contaminados
como: no estuário do Rio Scheldt, Bélgica, com concentrações variando de 0,02 a
0,13 ng L
-1
(BAEYENS et al., 1998); no estuário inferior do Rio St. Lawrence,
Canadá, variando de 0,04 a 0,07 ng L
-1
(COSSA; GOBEIL, 2000); no Atlântico Norte,
com uma concentração média de 0,09 ± 0,06 ng L
-1
(MASON et al., 1998) e no mar
do Norte, variando de 0,02 a 0,90 ng L
-1
(COQUERY; COSSA, 1995). Mason e
Sullivan (1999) reportaram altos valores no Atlântico Sul e Equatorial, com uma
concentração média de 0,24 ± 0,16 ng L
-1
. Os valores encontrados por Coquery e
Cossa (1995) são relatados como mercúrio gasoso dissolvido (dimetil mercúrio + Hg
elementar), porém foi usado nesse trabalho como valor de comparação para as
concentrações de Hg elementar uma vez que a medida analítica foi feita depois de 6
horas de coleta e esse tempo é suficiente para se perder o dimetil mercúrio presente
na amostra de acordo com Bloom e Crecelius (1983). Sendo assim, a fração de
mercúrio gasoso dissolvido encontrada por estes autores inclui somente a fração de
Hg elementar e por isso foi usada para comparação nesse trabalho.
As concentrações de Hg reativo variaram de 0,8 a 1,6 ng L
-1
, com uma
média de 1,0 ± 0,2 ng L
-1
, enquanto que a concentração de Hg total variou de 1,1 a
4,8 ng L
-1
, com uma concentração média de 2,3 ± 1,2 ng L
-1
. Novamente não foi
observada nenhuma tendência entre as concentrações e o evento de maré (Tabela
11).
As concentrações de Hg reativo encontrada nesse trabalho foram
sempre superiores às reportadas na literatura considerando a mesma metodologia
analítica. As concentrações de Hg reativo reportadas na literatura variaram de 0,16 a
0,90 ng L
-1
(MASON et al., 1998; MASON; SULLIVAN, 1999; COSSA; GOBEIL,
2000; ROLFHUS; FITZGERALD, 2001; HORVAT et al., 2003).
Conaway et al. (2003) reportaram concentrações de Hg total mais
elevadas na Baía de São Francisco, USA, variando de 0,15 a 88,2 ng L
-1
, enquanto
que valores similares foram reportados por Lacerda e Gonçalves (2001) nas lagoas
costeiras da região sudeste do Brasil, variando de 2,5 a 11,3 ng L
-1
e por Lacerda et
al. (2001b) nas águas da Baía de Sepetiba próximo da Ilha de Itacuruça, variando de
85
0,8 a 6,6 ng L
-1
. Entretanto, os valores medidos na Baía de Sepetiba foram mais
elevados do que aqueles reportados em áreas de oceano aberto, como no Oceano
Atlântico Norte (MASON et al., 1998) e no Oceano Atlântico Sul e Equatorial
(MASON; SULLIVAN, 1999), mostrando que a Baía de Sepetiba pode contribuir para
o enriquecimento de Hg nas águas marinhas.
A concentração de Hg orgânico, obtida pela diferença entre as
concentrações de Hg reativo e Hg total, variou de 0,2 a 3,2 ng L
-1
, com uma
concentração média de 1,2 ± 1,0 ng L
-1
. A porcentagem de Hg reativo em relação à
concentração de Hg total variou de 30,1 a 87,5%, com uma porcentagem média de
53,8 ± 22,2 % enquanto que a porcentagem de Hg orgânico em relação à
concentração de Hg total variou de 12,5 a 69,9%, com uma porcentagem média de
46,2 ± 22,2 % (Tabela 11).
As concentrações de Hg particulado variaram de 1,1 a 19,2 ng L
-1
, com
uma concentração média de 5,9 ± 5,5 ng L
-1
e as porcentagens de Hg particulado
em relação ao conteúdo total de Hg (Hg (D+P)) variaram de 46,1 a 94,1 %, com uma
porcentagem média de 64,1 ± 19,0 % (Tabela 11). As concentrações de Hg no
material particulado em unidade de massa, obtidas a partir da relação com a
concentração de TSS, variaram de 0,07 a 1,1 µg g
-1
, com uma concentração média
de a 0,3 ± 0,1 µg g
-1
.
A concentração de Hg particulado encontrada nesse trabalho foi similar
àquelas reportadas na literatura para regiões costeiras como: no estuário dos Rios
Ceará e Pacotí na região metropolitana de Fortaleza, Brasil, variando de 0,01 a 0,45
µg g
-1
e de 0,17 a 0,33 µg g
-1
, respectivamente (MARINS et al., 2002b); no estuário
do Rio Scheldt, Bélgica, variando de 0,35 a 1,6 µg g
-1
(BAEYENS et al., 1998); nos
estuários dos Rios Loire e Siene, França, variando de 0,1 a 1,0 µg g
-1
e de 0,5 a 2,0
µg g
-1
, respectivamente (COQUERY et al., 1997); nas lagoas costeiras do sudeste
do Brasil, variando de 0,7 a 2,9 µg g
-1
(LACERDA; GONCALVES, 2001); no estuário
da Baía de São Francisco, USA, com uma concentração média de 0,36 ± 0,12 µg g
-1
(CONAWAY et al., 2003) e no mar do Norte, variando de 0,10 a 0,48 µg g
-1
(COQUERY; COSSA, 1995).
86
TABELA 11 – Concentração média das principais espécies de Hg medidas nas águas superficiais da parte externa da
Baía de Sepetiba (n=4).
Estação Hg elementar
(ng L
-1
)
Hg reativo
(ng L
-1
)
Hg total
(ng L
-1
)
Hg orgânico
(ng L
-1
)
Hg reativo
(%)
Hg orgânico (%) Hg particulado
(ng L
-1
)
Hg particulado
(%)
S1
0,09 ± 0,02 1,0 ± 0,2 1,7 ± 0,1 0,7 ± 0,3 58,3 ± 14,0 41,7 ± 14,2 7,5 ± 0,7 81,7 ± 20,0
S2
0,08 ± 0,01 1,1 ± 0,4 3,6 ± 0,8 2,5 ± 1,0 30,1 ± 10,2 69,9 ± 15,3 4,5 ± 1,9 55,5 ± 11,4
S3
0,08 ± 0,01 1,0 ± 0,3 1,2 ± 0,4 0,2 ± 0,1 87,5 ± 16,1 12,5 ± 5,3 19,2 ± 4,2 94,1 ± 1,6
S4
0,08 ± 0,01 0,8 ± 0,1 2,5 ± 0,4 1,7 ± 0,3 32,3 ± 11,2 67,7 ± 15,6 7,8 ± 0,9 75,4 ± 15,6
S5
0,07 ± 0,01 0,9 ± 0,3 2,5 ± 0,1 1,6 ± 0,4 37,9 ± 12,0 62,1 ± 15,1 2,2 ± 1,0 47,1 ± 9,3
S6
0,08 ± 0,01 0,9 ± 0,2 1,9 ± 0,6 1,0 ± 0,3 50,0 ± 10,3 50,0 ± 12,0 1,7 ± 0,8 48,1 ± 8,6
S7
0,09 ± 0,01 0,9 ± 0,1 1,1 ± 0,3 0,2 ± 0,1 78,9 ± 13,2 21,1 ± 8,5 5,0 ± 1,5 82,1 ± 14,6
S8
0,10 ± 0,00 1,6 ± 0,5 4,8 ± 0,2 3,2 ± 1,0 33,8 ± 11,5 66,2 ± 16,4 4,3 ± 1,2 47,2 ± 10,9
S9
0,09 ± 0,01 1,0 ± 0,1 1,3 ± 0,3 0,3 ±0,1 75,0 ± 15,0 25,0 ± 11,7 1,1 ± 0,5 46,1 ± 9,9
87
Uma significante correlação positiva (r = 0,95, n = 9; P < 0,01) foi
observada entre as concentrações de Hg reativo e Hg total nas amostras de água
superficial da parte externa da Baía de Sepetiba, descrita por uma equação
polinomial do 2º grau (Figura 14a). Ao contrário do comportamento linear observado
nos rios amostrados (item 5.1.2, Figura 11) para esses parâmetros, a tendência não
linear encontrada nas águas da baía indica que até uma determinada concentração
(~2,5 ng L
-1
) não existe relação entre as concentrações de Hg total e reativo, porém
a partir desta concentração observa-se o mesmo crescimento linear dos rios
amostrados. Esse aumento das concentrações de Hg reativo pode também estar
associado a algum mecanismo de saturação ou limite de complexação do COD.
FIGURA 14 – (a) Relação entre as concentrações de Hg total e Hg reativo nas
águas superficiais da parte externa da Baía de Sepetiba; (b) Relação entre a
concentração de Hg total e a % de Hg reativo nas águas superficiais da parte
externa da Baía de Sepetiba.
y = 85,3x
-0,76
R
2
= 0,855
0
20
40
60
80
100
0123456
Hg total (ng L
-1
)
% Hg reativo
(b)
y = 0,0987x
2
- 0,4208x + 1,3426
R
2
= 0,9105
0
0,5
1
1,5
2
0123456
Hg total (ng L
-1
)
Hg reativo (ng L
-1
)
(a)
88
A concentração de Hg total também demonstrou uma correlação
inversa e significativa com a porcentagem de Hg reativo em relação à concentração
de Hg total (r = - 0,92 ; n = 9; P < 0,01), descrita por uma equação potencial (Figura
14b), com as mais altas porcentagens de Hg reativo, acima de 80%, ocorrendo onde
as mais baixas concentrações de Hg total foram medidas (1,1 ng L
-1
). Lacerda et al.,
(2001a), recentemente demostrou a mesma tendência observada nesse estudo nas
águas superficiais da Baía de Sepetiba.
A Figura 15 apresenta um resumo da divisão das principais espécies
de Hg medidas nas águas superficiais da parte externa da Baía de Sepetiba. Os
resultados não demonstraram nenhuma tendência clara com o evento de maré,
porém como a amostragem foi feita em pontos espacialmente diferentes (Figura 7)
pode-se sugerir uma maior influência espacial na especiação do mercúrio do que em
relação à maré. Essa diferença espacial nas frações de Hg total e reativo foi
recentemente observada na Baía de Sepetiba (PARAQUETTI, 2001). Comparando-
se os percentuais médios das principais espécies de Hg medidas obtidos entre os
pontos amostrados próximos à costa (S1-S4) e os pontos amostrados afastados da
costa (S5-S9) apresentadas na Figura 15, pode-se observar o aumento da fração
particulada e a diminuição das frações de Hg reativo e orgânico nos pontos próximos
à costa em relação aos pontos afastados da costa, que apresentaram menores
percentagens de Hg particulado e maiores porcentagens de Hg elementar, reativo e
orgânico. Embora a principal forma de entrada de Hg para a Baía de Sepetiba esteja
associada ao material particulado em suspensão, como foi discutido no item anterior
(PARAQUETTI et al., 2004a), esta fração é retida na sua grande maioria na parte
interior da baía, próximo à desembocadura dos seus principais rios afluentes
(MARINS et al., 1999).
89
FIGURA 15 – Tendência média entre os percentuais das principais espécies de
Hg medidas nas águas superficiais da parte externa da Baía de Sepetiba.
0%
20%
40%
60%
80%
100%
S1 S2 S3 S4 S5 S6 S7 S8 S9 Md.
PC*
Md.
AC**
Pontos de amostragem
Hg elementar Hg reativo Hg orgânico Hg particulado
*Md. PC= média dos pontos próximos à costa (S1-S4); **Md. AC= média dos pontos afastados da costa (S5-S9).
5.2.3 Caracterização do carbono orgânico dissolvido nas águas superficiais
da parte externa da Baía de Sepetiba
A Figura 16 apresenta a posição dos picos na matriz de emissão e
excitação de fluorescência (MEEF) das águas da Baía de Sepetiba. A localização
dos picos de intensidade de fluorescência na MEEF pode ser atribuída a diferentes
fluoróforos (ácidos fúlvicos, ácido húmicos e proteínas) caracterizando três
diferentes regiões. A primeira região representa as proteínas fluorescentes com
picos a 225-230:300-345 nm. A segunda região representa os ácidos fúlvicos
fluorescentes com picos a 250-265:400-440 nm, enquanto que a terceira região
representa os ácido húmicos com picos a 275-310:380-415nm.
A localização dos picos de intensidade de fluorescência encontrados
na MEEF para as águas da Baía de Sepetiba são comparáveis aos valores
reportados na literatura para águas marinhas (COBLE, 1996), mas não são
90
comparáveis aos valores reportados para áreas costeiras e fluviais pela mesma
autora (Figura 17). Este resultado mostra que nas condições de maré amostradas, o
carbono orgânico dissolvido da parte externa da Baía de Sepetiba recebe pouca
influência da parte interna da Baía que é rica em carbono orgânico terrestre.
FIGURA 16 – Comprimento de onda de excitação e emissão para os três
principais picos de fluorescência (proteínas, ácidos fúlvicos e ácidos húmicos)
observados nas águas superficiais da parte externa da Baía de Sepetiba.
210
230
250
270
290
310
290 310 330 350 370 390 410 430 450
Comp. de onda emissão (nm)
Comp. de onda excitação (nm)
Ác. fúlvico
Ác. húmico
Protnas
A razão de intensidade entre dois máximos de fluorescência pode ser
usada para definir a qualidade da matéria orgânica em águas naturais (COBLE,
1996). Nós utilizamos a razão Ia/Ic definida como a razão entre a intensidade
máxima de fluorescência dos fluoróforos do tipo A (ácidos fúlvicos) e os do tipo C
(ácidos húmicos) para obtermos informações com relação à maturidade e à
qualidade dessa matéria orgânica dissolvida nas águas da Baía de Sepetiba.
Pequenos valores de razão Ia/Ic são características de uma matéria orgânica mais
aromática (policondensada), maiores pesos moleculares, menos sítios de
complexação e conseqüentemente menos reativa. Enquanto que valores altos de
Ia/Ic são características de uma matéria orgânica menos aromática, menos
conjugada, jovem, com elevada capacidade de complexação e oxidação e por isso
muito mais reativa (PATEL-SORRENTINO et al., 2002).
91
FIGURA 17 – Comparação entre os comprimentos de onda de excitação e
emissão para os picos de ácidos húmicos encontrados nas águas superficiais
da parte externa da Baía de Sepetiba e os valores reportados na literatura por
*Coble (1996).
270
290
310
330
350
360 380 400 420 440 460
Comp. de onda emissão (nm)
Comp. de onda excitação (nm)
Esse estudo
Água de rio*
Água costeira*
Ág
ua marinha*
Os resultados obtidos estão apresentados na Tabela 12. Os valores da
razão Ia/Ic são praticamente constantes durante o período de amostragem, variando
de 1,3 a 1,5. Apesar de não ter sido possível apontar mudanças significativas na
qualidade da matéria orgânica durante o evento de maré em função da razão Ia/Ic,
os valores encontrados mostram que essa matéria orgânica é jovem e mais uma vez
caracteriza a Baía de Sepetiba como um estuário do tipo bem misturado. Valores
similares foram reportados por Coble (1996) na Baía Dabob, USA (Ia/Ic = 1,60).
McKnight et al. (2001) recentemente propuseram o uso de um índice
de fluorescência para distinguir ácidos fúlvicos de origem microbiológica e de origem
terrestre. O índice é definido como a razão entre a intensidade de emissão de
fluorescência a 450 nm e 500 nm (EM
450
/EM
500
) em um comprimento de onda de
excitação fixo. Os ácidos fúlvicos de origem microbiológica possuem menos
fluoróforos e são menos aromáticos gerando um índice de fluorescência em torno de
1,9. Já os ácidos fúlvicos de origem terrestre são mais aromáticos e possuem mais
fluoróforos que os ácidos fúlvicos microbiológicos, apresentando um índice de
fluorescência em torno de 1,4.
92
Os índices de fluorescência calculados nas águas da Baía de Sepetiba
estão apresentados na Tabela 12 juntamente com as concentrações de COD, COP
e de TSS. Os índices de fluorescência variaram de 2,3 a 2,5, mostrando que os
ácidos fúlvicos nas águas superficiais da parte externa da Baía são principalmente
formados por processos microbiológicos.
TABELA 12 – Concentrações de TSS, COD, COP e as razões Ia/Ic e E
450
/E
500
medidas nas águas superficiais da Baía de Sepetiba.
Estação TSS
(mg L
-1
)
COD
(mg L
-1
)
COP
(µg L
-1
)
Ia/Ic * EM
450
/EM
500
**
S1 17,9 2,4 171,9 1,4 2,3
S2 13,4 2,4 64,4 1,4 2,3
S3 18,8 2,4 67,6 1,3 2,4
S4 14,7 2,2 103,0 1,3 2,5
S5 17,3 2,2 168,9 1,4 2,3
S6 14,8 3,5 112,9 1,4 2,3
S7 17,9 2,1 508,8 1,4 2,3
S8 16,6 2,2 329,3 1,5 2,4
S9 15,1 3,9 77,6 1,3 2,3
*Razão entre a intensidade máxima de fluorescência dos ácidos fúlvicos e dos ácidos húmicos
** Índice de fluorescência é a razão entre a intensidade de emissão de fluorescência a 450 e 500 nm
(comprimento de onda de excitação fixo em 340 nm)
As concentrações de COD variaram de 2,1 a 3,9 mg L
-1
, enquanto que
as concentrações de COP variaram de 64,4 a 508,8 µg L
-1
e as concentrações de
TSS variaram entre 13,4 e 18,8 mg L
-1
(Tabela 12). Nenhuma relação foi encontrada
entre as concentrações de COP e COD e as espécies de Hg medidas, sugerindo
que a matéria orgânica não regula o comportamento do Hg apesar da sua provada
capacidade de complexação por esse metal (LU; JAFFE, 2001; MOUNIER et al.,
2001).
93
5.3 CARACTERIZAÇÃO DAS ÁGUAS NA SAÍDA PRINCIPAL DA BAÍA DE
SEPETIBA DURANTE EVENTOS DE MARÉ NAS ESTAÇÕES SECA E
CHUVOSA EM PONTO FIXO
Analisando os resultados obtidos para os principais parâmetros físico-
químicos durante a coleta dos perfis da coluna d’água, em ponto fixo, na saída
principal da Baía de Sepetiba (Figura 7) em função da maré na estação seca e
chuvosa, não foram observadas diferenças significativas entre as três diferentes
profundidades amostradas, demonstrando que a coluna d’água da Baía de Sepetiba
não apresenta estratificação.
Também não foram observadas diferenças significativas na especiação
de Hg e nas concentrações de carbono orgânico dissolvido e particulado entre as
diferentes profundidades e entre os perfis coletados em cada campanha de campo.
Portanto, para cada campanha de campo realizada, utilizaremos a média e o desvio
padrão de todas amostras para cada variável. As planilhas gerais de todos os dados
obtidos nessa etapa do trabalho estão disponíveis no anexo 3.
Os valores extremos (outliers) de cada variável foram excluídos da
distribuição de dados através da análise estatística dos gráficos Box e Whisker.
Foram considerados outliers os valores superiores ou inferiores a 1,5 vezes o quartil
central ou altura do Box, definida neste estudo como 25 e 75% dos dados. As
diferenças estatísticas entre os parâmetros ao longo das quatro campanhas de
campo foram quantificadas usando o teste t-student com o nível de significância P <
0,01.
94
5.3.1 A química das águas na saída principal da Baía de Sepetiba durante
eventos de maré nas estações seca e chuvosa em ponto fixo
A média, o desvio padrão e a faixa de variação de concentração dos
principais parâmetros físico-químicos e das concentrações de COD, COP e TSS
medidas nos perfis coletados na saída principal da Baía de Sepetiba em ponto fixo
(Figura 7) estão apresentadas na Tabela 13. A Figura 18 representa graficamente a
média e o desvio padrão dessas concentrações medidas no canal de conexão com o
mar na baía, nas quatro campanhas realizadas. Os resultados indicaram uma
pequena variabilidade temporal e em função da maré para alguns parâmetros como
salinidade, pH e COD, enquanto que uma maior variabilidade foi observada para
parâmetros como oxigênio dissolvido, TSS e COP.
Não foram observadas diferenças significativas entre os valores de
salinidade medidos nas duas estações (Figura 18a, Tabela 13). Os valores de
salinidade medidos na estação seca variaram de 33,1 ± 0,2 ‰ a 32,9 ± 0,3 ‰
durante a maré vazante e de enchente, respectivamente. Durante a estação
chuvosa, os valores de salinidade medidos variaram de 33,4 ± 0,3 ‰ a 32,4 ± 0,9 ‰
durante a maré vazante e de enchente, respectivamente.
A temperatura da água durante a estação seca foi maior na maré
vazante (23,7 ± 0,4 ºC) do que na maré de enchente (21,6 ± 0,3 ºC). Entretanto,
durante a estação chuvosa, observou-se uma tendência oposta, com temperaturas
mais elevadas na maré de enchente (26,7 ± 0,4 ºC) do que na maré vazante (25,8 ±
0,4 ºC) (Figura 18b). Porém esses resultados parecem ter sido fortemente
influenciados pelo horário de amostragem, já que durante a estação chuvosa (verão)
observa-se uma rápida elevação da temperatura, o que não acontece durante a
estação seca (inverno).
95
TABELA 13 – Principais parâmetros físico-químicos, COD, COP e TSS medidos na saída principal da Baía de Sepetiba
durante eventos de maré nas estações seca e chuvosa em ponto fixo.
Salinidade
(‰)
Temp.
(ºC)
Oxigênio dissolvido
(mg L
-1
)
pH TSS
(mg L
-1
)
COD
(mg L
-1
)
COP
(µg L
-1
)
Faixa 32,4 – 33,3 21,1 – 22,0 7,0 – 8,0 7,6 – 8,2 8,8 – 14,2 1,5 – 2,0 156,8 – 260,6 ME/ES
Média
32,9 ± 0,3 21,6 ± 0,3 7,5 ± 0,3 7,9 ± 0,2 11,4 ± 1,3 1,7 ± 0,1 214,8 ± 28,2
N 24 24 24 24 24 24 24
Faixa 32,7 – 33,4 23,2 – 24,9 6,0 – 6,8 7,8 – 8,1 8,8 – 13,7 1,8 – 2,1 108,7 – 220,1 MV/ES
Média
33,1 ± 0,2 23,7 ± 0,4 6,4 ± 0,2 8,0 ± 0,1 11,0 ± 1,2 1,9 ± 0,1 170,2 ± 24,6
N 36 38 40 38 40 38 37
Faixa 31,1 – 33,8 25,9 – 27,3 5,0 – 8,0 7,8 – 8,0 12,8 – 18,7 1,4 – 1,9 68,9 – 226,2 ME/EC
Média
32,4 ± 0,9 26,7 ± 0,4 6,0 ± 0,9 7,9 ± 0,1 15,8 ± 1,4 1,7 ± 0,1 156,3 ± 37,2
N 23 23 23 21 22 23 23
Faixa 33,0 – 33,9 25,3 – 26,4 4,6 – 5,5 7,8 – 8,1 15,5 – 19,7 1,5 – 1,6 93,5 – 144,7 MV/EC
Média
33,4 ± 0,3 25,8 ± 0,4 5,0 ± 0,3 8,0 ± 0,1 17,4 ± 1,1 1,6 ± 0,0 118,5 ± 15,3
N 21 21 21 21 18 17 20
ME/ES = maré de enchente na estação seca; MV/ES = maré vazante na estação seca; ME/EC = maré de enchente na estação chuvosa; MV/EC = maré
vazante na estação chuvosa. Todos os valores foram arredondados para uma casa decimal.
96
A concentração de oxigênio dissolvido foi sempre maior durante a
entrada da maré (7,5 ± 0,3 mg L
-1
e 6,0 ± 0,9 mg L
-1
na estação seca e chuvosa,
respectivamente) do que durante a maré vazante (6,4 ± 0,2 mg L
-1
e 5,0 ± 0,3 mg L
-1
na estação seca e chuvosa, respectivamente). A comparação da concentração
média de oxigênio dissolvido entre as estações mostrou que as concentrações foram
significantemente maiores durante a estação seca (6,8 ± 0,6 mg L
-1
) do que durante
a estação chuvosa (5,5 ± 0,9 mg L
-1
) (Figura 18c, Tabela 13). A porcentagem de
saturação de oxigênio dissolvido, levando em conta a temperatura e a salinidade
média em cada campanha de campo, foi calculada e observou-se que as maiores
porcentagens ocorreram na estação seca (105,8 ± 4,0 % e 93,4 ± 3,4 % na maré de
enchente e vazante, respectivamente) e as menores na estação chuvosa (92,1 ±
14,2 % e 75,4 ± 5,0 % na maré de enchente e vazante, respectivamente).
Os valores de pH encontrados durante a estação seca (7,9 ± 0,2 e 8,0
± 0,1 na maré de enchente e vazante, respectivamente) foram estatisticamente
similares àqueles medidos durante a estação chuvosa (7,9 ± 0,1 e 8,0 ± 0,1 na maré
de enchente e vazante, respectivamente).
Não foi observada uma diferença significante na concentração de TSS
entre a maré vazante (11,0 ± 1,2 mg L
-1
) e a maré de enchente (11,4 ± 1,3 mg L
-1
)
durante a estação seca. Entretanto, durante a estação chuvosa, a concentração de
TSS foi mais elevada na maré vazante (17,4 ± 1,1 mg L
-1
) do que na maré de
enchente (15,8 ± 1,4 mg L
-1
). Esses resultados mostram que a Baía de Sepetiba
exporta material em suspensão para o oceano e/ou áreas adjacentes pelo menos
durante a estação chuvosa. Comparando-se as estações, a concentração média de
TSS durante a estação chuvosa (16,5 ± 1,5 mg L
-1
) foi significativamente mais
elevada do que durante a estação seca (11,2 ± 1,2 mg L
-1
) (Figura 18d, Tabela 13).
Esse significativo aumento das concentrações de TSS durante o período de chuvas
fortes (verão) vem corroborar com os resultados obtidos anteriormente (item 5.1),
que mostram que o aporte de TSS para a Baía através de seus afluentes é
fortemente intensificado durante este período.
97
FIGURA 18 – Média ± desvio padrão dos principais parâmetros físico-químicos,
COP, COD e TSS medidos na saída principal da Baía de Sepetiba durante
eventos de maré nas estações seca e chuvosa em ponto fixo.
ME/ES = maré de enchente na estação seca; MV/ES = maré vazante na estação seca; ME/EC =
maré de enchente na estação chuvosa; MV/EC = maré vazante na estação chuvosa
.
As concentrações de COD medidas na maré de enchente (1,7 ± 0,1 mg
L
-1
) foram similares àquelas medidas na maré vazante (1,6 ± 0,0 mg L
-1
) durante a
estação chuvosa. Entretanto, durante a estação seca, as concentrações de COD
foram significativamente maiores na maré vazante (1,9 ± 0,1 mg L
-1
) do que na maré
de enchente (1,7 ± 0,1 mg L
-1
). Comparando-se as estações, as maiores
concentrações de COD foram observadas durante a estação seca (1,8 ± 0,1 mg L
-1
)
em relação à estação chuvosa (1,6 ± 0,1 mg L
-1
) (Figura 18e, Tabela 13).
3
4
5
6
7
8
9
ME/ES MV/ES ME/EC MV/EC
Oxigênio dissolvido (mg L
-1
)
(c)
0
5
10
15
20
ME/ES MV/ES ME/EC MV/EC
TSS (mg L
-1
)
(d)
30
31
32
33
34
ME/ES MV/ES ME/EC MV/EC
Salinidade (‰)
(a)
0
50
100
150
200
250
300
ME/ES MV/ES ME/EC MV/EC
COPg L
-1
)
(f)
1
1,5
2
2,5
ME/ES MV/ES ME/EC MV/EC
COD (mg L
-1
)
(e)
20
22
24
26
28
ME/ES MV/ES ME/EC MV/EC
Temperatura (ºC)
(b)
98
As concentrações de COP encontradas foram sempre mais elevadas
durante a maré de enchente (214,8 ± 28,2 µg L
-1
e 156,3 ± 37,2 µg L
-1
na estação
seca e chuvosa, respectivamente) do que durante a maré vazante (170,2 ± 24,6 µg
L
-1
e 118,5 ± 15,3 µg L
-1
na estação seca e chuvosa, respectivamente).
Comparando-se as estações, as concentrações médias de COP foram maiores
durante a estação seca (187,7 ± 34,0 µg L
-1
) do que na estação chuvosa (138,7 ±
34,6 µg L
-1
) (Figura 18f. Tabela 13).
O cálculo da porcentagem de carbono orgânico no TSS mostrou
valores mais elevados durante a maré de enchente (1,9 ± 0,2 % e 1,0 ± 0,3 % na
estação seca e chuvosa, respectivamente) do que na maré vazante (1,5 ± 0,2 % e
0,7 ± 0,1 % na estação seca e chuvosa, respectivamente). Esses resultados
mostram que o TSS na Baía de Sepetiba é essencialmente de origem clástica e
trazido pelos seus principais afluentes. No entanto, as águas marinhas trazem
carbono orgânico principalmente na forma particulada para o sistema.
A concentração de COP apresentou uma significante correlação
positiva (r = 0,80; n = 55; P < 0,01) com a concentração de oxigênio dissolvido nas
águas da Baía de Sepetiba. Os mais altos valores de COP, as maiores porcentagens
de saturação de oxigênio dissolvido e as mais baixas concentrações de TSS
medidas durante a maré de enchente na estação seca podem indicar uma elevada
produtividade primária neste período, sugerindo que o COP seja de origem
fitoplanctônica. Por outro lado, as menores concentrações de COP foram medidas
na maré vazante durante a estação chuvosa, onde as menores porcentagens de
saturação de oxigênio dissolvido e as maiores concentrações de TSS foram
encontradas. Esses valores podem estar relacionados a uma baixa produtividade
neste período devido ao aumento nas concentrações de TSS e conseqüentemente
um decréscimo da transparência.
99
5.3.2 Especiação de Hg na saída principal da Baía de Sepetiba durante
eventos de maré nas estações seca e chuvosa em ponto fixo
A média, o desvio padrão e a faixa de variação de concentração das
principais espécies de Hg medidas nos perfis coletados na saída principal da Baía
de Sepetiba em ponto fixo (Figura 7) estão apresentadas na Tabela 14. A Figura 19
representa graficamente a média e o desvio padrão dessas concentrações no canal
de conexão com o mar na baía, nas quatro campanhas realizadas.
As concentrações de Hg elementar medidas durante a estação seca
foram estatisticamente similares entre a maré de enchente (0,04 ± 0,01 ng L
-1
) e a
maré vazante (0,04 ± 0,02 ng L
-1
). Por outro lado, na estação chuvosa, a
concentração de Hg
0
foi significativamente mais elevada na maré de enchente (0,03
± 0,01 ng L
-1
) em relação à maré vazante (0,02 ± 0,01 ng L
-1
) (Figura 19a, Tabela
14). A estação seca apresentou uma maior concentração média de Hg
0
(0,04 ± 0,01
ng L
-1
) quando comparada à estação chuvosa (0,03 ± 0,01 ng L
-1
). Esses valores
são similares àqueles reportados para outras áreas costeiras impactadas como: no
estuário do Rio St. Lawrence, Canadá, com uma concentração média de 0,04 ± 0,02
ng L
-1
(COSSA; GOBEIL, 2000); no estuário do Rio Seine, França, variando de 0,03
a 0,09 ng L
-1
(COQUERY et al., 1997); no estuário do Rio Loire, França, variando de
0,01 a 0,02 ng L
-1
(COQUERY et al., 1997); no mar do Norte, com uma média de
0,05 ± 0,02 ng L
-1
(COQUERY; COSSA, 1995), no estuário do Rio Scheldt, Bélgica,
variando entre 0,02 e 0,13 ng L
-1
(BAEYENS et al., 1998) e no Oceano Atlântico
Norte, com uma média de 0,09 ± 0,06 ng L
-1
(MASON et al., 1998). Mason e Sullivan
(1999) mediram valores mais elevados do que os encontrados nesse trabalho na
região do Oceano Atlântico Sul e Equatorial, com uma concentração média de 0,24 ±
0,16 ng L
-1
. As concentrações encontradas por Coquery e Cossa (1995) e por
Coquery et al. (1997) no estuário dos Rios Loire e Seine e no mar do Norte são
descritas como sendo a concentração de Hg gasoso dissolvido, o que incluiria a
fração de dimetil-mercúrio presente na amostra. Porém, como as medidas químicas
nesses trabalhos foram feitas após 6 horas de coleta, os resultados podem ser
comparáveis com os obtidos nesse trabalho, considerando que esse tempo entre a
100
coleta e análise é suficiente para se eliminar o dimetil-mercúrio da amostra segundo
Bloom e Crecelius (1983).
A porcentagem média de Hg
0
em relação à concentração de Hg total
encontrada durante a estação seca foi de 3,2 ± 1,8 % e 2,5 ± 1,3 % na maré de
enchente e vazante, respectivamente. No entanto, durante a estação chuvosa, as
porcentagens foram significantemente menores (1,3 ± 0,6 % e 0,5 ± 0,2 % na maré
de enchente e vazante, respectivamente). Esses valores são ligeiramente mais
baixos que os reportados por Cossa e Gobeil (2000) e Mason et al. (1999), que
observaram porcentagens em torno de 5%. A formação de Hg
0
em águas pode
ocorrer através de mecanismos bióticos e/ou abióticos. Estudos realizados em águas
marinhas sugerem que os processos bióticos são mais importantes e na maioria das
vezes estão associados à atividade fitoplanctônica (KIM; FITZGERALD, 1986;
MASON et al., 1995; MOREL et al., 1998; FERRARA et al., 2003).
Uma correlação potencial positiva foi encontrada entre a porcentagem
de Hg
0
em relação à concentração de Hg total e a porcentagem de saturação de
oxigênio dissolvido (r = 0,60; n = 94; P < 0,01). Esse resultado sugere que a
produção de Hg
0
depende da produtividade primária e concorda com outros autores
(KIM; FITZGERALD, 1986; MASON et al., 1995; COQUERY et al., 1997) que
também demonstraram relação entre a produtividade primária e a concentração de
Hg
0
em águas marinhas. Nas áreas costeiras e estuarinas, observa-se um relativo
aumento de importância do mecanismo abiótico (redução fotoquímica) devido à
maior entrada de matéria orgânica dissolvida (ácidos húmicos e/ou fúlvicos) que é
essencial para a redução abiótica (ALLARD; ARSENIE, 1991; AMYOT et al., 1997a;
KRABBENHOFT et al., 1998; COSTA; LISS, 1999; LALONDE et al., 2001;
BEUCHER et al., 2002). Observou-se também uma correlação potencial positiva
entre as concentrações de COD e a porcentagem de Hg
0
em relação à concentração
de Hg total (r = 0,46; n = 94; P < 0,01). O aumento das concentrações de COD pode
intensificar a redução abiótica e conseqüentemente aumentar a formação de Hg
0
.
Estudos realizados em ambientes temperados (AMYOT et al., 1997b) têm
demonstrado que a fotoredução de Hg ocorre em uma ampla faixa de ecossistemas
aquáticos com valores de pH entre 5,7 e 8,3 e concentrações de COD entre 1 e 9
mg L
-1
, porém para os ambientes tropicais ainda não se têm estudos extensivos.
101
TABELA 14 – Concentrações das espécies de Hg medidas na saída principal da Baía de Sepetiba durante eventos de
maré nas estações seca e chuvosa em ponto fixo.
Hg elementar
(ng L
-1
)
Hg reativo
(ng L
-1
)
Hg orgânico
(ng L
-1
)
Hg particulado
(ng L
-1
)
Hg orgânico
(%)
Hg particulado
(%)
Faixa 0,02 – 0,06 0,3 – 1,2 0,03 – 2,1 0,4 – 7,2 8,3 – 81,9 20,8 – 97,6 ME/ES
Média
0,04 ± 0,01 0,6 ± 0,2 0,7 ± 0,5 2,0 ± 1,3 45,5 ± 24,1 50,3 ± 25,7
N 24 24 24 22 24 22
Faixa 0,01 – 0,08 0,1 – 0,4 0,2 – 3,6 0,2 – 1,1 83,6 – 95,4 8,6 – 87,3 MV/ES
Média
0,04 ± 0,02 0,2 ± 0,1 1,7 ± 0,8 0,5 ± 0,2 91,0 ± 3,0 35,7 ± 25,2
N 37 34 40 26 32 38
Faixa 0,02 – 0,05 0,2 – 0,6 1,1 – 4,1 0,5 – 19,1 70,6 – 93,4 10,6 – 86,0 ME/EC
Média
0,03 ± 0,01 0,4 ± 0,1 2,4 ± 0,8 6,6 ± 1,6 85,8 ± 6,3 56,9 ± 23,6
N 19 22 23 22 23 22
Faixa 0,02 – 0,04 0,2 – 1,8 1,7 – 5,4 1,7 – 7,2 49,0 – 93,8 28,0 – 69,4 MV/EC
Média
0,02 ± 0,01 1,1 ± 0,5 3,5 ± 0,9 5,0 ± 1,7 76,6 ± 11,2 53,4 ± 11,0
N 17 21 21 16 21 16
ME/ES = maré de enchente na estação seca; MV/ES = maré vazante na estação seca; ME/EC = maré de enchente na estação chuvosa; MV/EC = maré
vazante na estação chuvosa. Todos os valores foram arredondados para uma casa decimal, exceto os valores de Hg elementar.
102
FIGURA 19 – Média ± desvio padrão das principais espécies de Hg medidas
nas águas da Baía de Sepetiba durante eventos de maré nas estações seca e
chuvosa em ponto fixo: (a) Hg elementar; (b) Hg reativo; (c) Hg orgânico; (d)
Hg particulado; (e) % Hg orgânico em relação à Hg total e (f) % Hg particulado
em relação ao conteúdo total de Hg.
ME/ES = maré de enchente na estação seca; MV/ES = maré vazante na estação seca; ME/EC =
maré de enchente na estação chuvosa; MV/EC = maré vazante na estação chuvosa.
As concentrações de Hg reativo encontradas durante a estação seca
foram mais elevadas na maré de enchente (0,6 ± 0,2 ng L
-1
) do que na maré vazante
(0,2 ± 0,1 ng L
-1
). No entanto, durante a estação chuvosa, os mais altos valores
foram observados na maré vazante (1,1 ± 0,5 ng L
-1
) em relação à maré de enchente
(0,4 ± 0,1 ng L
-1
) (Figura 19b, Tabela 14). Comparando-se as concentrações médias
0
0,01
0,02
0,03
0,04
0,05
0,06
ME/ES MV/ES ME/EC MV/EC
Hg elementar (ng L
-1
)
(a)
0
0,5
1
1,5
2
ME/ES MV/ES ME/EC MV/EC
Hg reativo (ng L
-1
)
(b)
0
1
2
3
4
5
ME/ES MV/ES ME/EC MV/EC
Hg orgânico (ng L
-1
)
(c)
0
2
4
6
8
10
ME/ES MV/ES ME/EC MV/EC
Hg particulado (ng L
-1
)
(d)
0
20
40
60
80
100
ME/ES MV/ES ME/EC MV/EC
Hg orgânico (%)
(e)
0
20
40
60
80
100
ME/ES MV/ES ME/EC MV/EC
Hg particulado (%)
(f)
103
de Hg reativo em cada estação, os menores valores foram encontrados durante a
estação seca (0,4 ± 0,3 ng L
-1
) do que na estação chuvosa (0,7 ± 0,5 ng L
-1
). Esses
valores estão de acordo com os apresentados por outros autores na literatura como:
no mar Mediterrâneo, com uma concentração variando de 0,09 a 0,38 ng L
-1
(HORVAT et al., 2003); no Oceano Atlântico Sul e Equatorial, com uma
concentração variando entre 0,1 e 1,4 ng L
-1
(MASON; SULLIVAN, 1999) e no Long
Island Sound, USA, com uma concentração variando de 0,26 a 0,90 ng L
-1
(ROLFHUS; FITZGERALD, 2001). Porém eles são menores do que aqueles
reportados por Cossa e Gobeil (2000) no estuário do Rio St. Lawrence, Canadá, com
concentrações variando entre < 0,04 e 0,22 ng L
-1
e por Mason et al. (1998) no
Oceano Atlântico Norte, com uma média de 0,16 ± 0,09 ng L
-1
.
A porcentagem de Hg reativo em relação à concentração de Hg total
encontrada durante a estação seca variou entre 18,1 e 94,4 % na maré de enchente,
com uma média de 54,8 ± 24,2 % e entre 4,6 e 16,4 % na maré vazante, com uma
média de 9,0 ± 3,0 %. Durante a estação chuvosa, a porcentagem encontrada variou
entre 6,6 e 29,4 % na maré de enchente, com uma média de 14,2 ± 6,3 % e entre
6,2 e 51,0 % na maré vazante, com uma média de 23,4 ± 11,2 %. Esses valores são
similares àqueles reportados em outras regiões como: no mar Mediterrâneo, com
porcentagens variando entre 15 e 98 % (HORVAT et al., 2003); no Long Island
Sound, USA, com porcentagens variando entre 14 e 71 % (ROLFHUS;
FITZGERALD, 2001) e no estuário do Rio St. Lawrence, Canadá, com porcentagens
variando entre 8 e 59 % (COSSA; GOBEIL, 2000).
Uma significativa tendência positiva foi observada entre as
concentrações de Hg reativo e Hg total, descrita por uma equação polinomial do 2º
grau (y = 0,94x
2
– 0,38x + 0,69; r = 0,60; n = 101; P < 0,01) e uma tendência
negativa foi observada entre a concentração de Hg total e a porcentagem de Hg
reativo em relação à concentração de Hg total podendo ser descrita através de uma
equação logarítmica (y = - 18,1Ln(x) + 38,3; r = - 0,44; n = 100; P< 0,01). Esses
resultados mostram o mesmo comportamento entre as frações de Hg total e Hg
reativo observado nos rios amostrados (Figura 11) e nas águas superficiais da parte
externa da Baía de Sepetiba (Figura 14).
104
Uma correlação negativa foi observada entre as concentrações de Hg
reativo e COD podendo ser descrita através de uma equação logarítmica (y = -
0,11Ln(x) + 1,6; r = - 0,54; n = 101; P < 0,01), mostrando que o COD pode regular a
reatividade do Hg e sugerindo que esse Hg reativo está principalmente associado a
complexos inorgânicos na Baía de Sepetiba e susceptíveis à reação na fase
dissolvida, inclusive de metilação. Esse resultado não concorda com os resultados
previamente encontrados na águas da parte interna da Baía de Sepetiba por
Lacerda et al. (2001a) e Paraquetti (2001) que observaram uma correlação positiva
entre esses parâmetros, com as maiores concentrações de Hg reativo associadas
aos mais altos valores de COD, sugerindo que o COD presente poderia não
controlar a reatividade do Hg ou que esse COD era lábil o suficiente para manter o
Hg na forma reativa, mesmo depois de ser complexado. Porém estão de acordo com
os observados por Marins et al. (2000a; b) na região.
A fração de Hg orgânico nesse trabalho foi estimada através da
diferença entre as concentrações de Hg reativo e Hg total, e foram sempre mais
elevadas durante a maré vazante (1,7 ± 0,8 ng L
-1
e 3,5 ± 0,9 ng L
-1
na estação seca
e chuvosa, respectivamente) do que na maré de enchente (0,7 ± 0,5 ng L
-1
e 2,4 ±
0,8 ng L
-1
na estação seca e chuvosa, respectivamente) (Figura 19c, Tabela 14). As
concentrações médias de Hg orgânico durante a estação seca (1,3 ± 0,9 ng L
-1
)
foram menores em comparação com a estação chuvosa (3,0 ± 1,0 ng L
-1
). A
porcentagem média de Hg orgânico em relação à concentração de Hg total durante
a estação seca foi de 45,5 ± 24,1 % na maré de enchente e de 91,0 ± 3,0 % na maré
vazante, enquanto que durante a estação chuvosa, as porcentagens encontradas
foram de 85,8 ± 6,3 % na maré de enchente e de 76,6 ± 11,2 % na maré vazante
(Figura 19e).
As concentrações de Hg orgânico apresentaram uma significante
correlação positiva com a temperatura (r = 0,70; n = 55; P < 0,01) e uma correlação
negativa com o oxigênio dissolvido (r = -0,76; n = 55; P < 0,01). Nenhuma relação foi
encontrada entre as concentrações de Hg orgânico e COD ou COP, sugerindo que o
conteúdo de carbono orgânico presente nas águas da baía não é um fator limitante
para a formação de Hg orgânico, porém a temperatura e a concentração de oxigênio
105
dissolvido parecem controlar esse processo. Resultados semelhantes foram
encontrados por Mason et al. (1999) na Baía de Chesapeake, USA. Os resultados
obtidos indicam que a Baía de Sepetiba funciona como produtora e transportadora
de espécies orgânicas de Hg para as áreas adjacentes. Certamente, as maiores
taxas de metilação são encontradas nas águas profundas anóxidas ou no sedimento
de fundo, de onde o Hg orgânico é transportado por difusão e advecção para as
camadas mais superficiais. No caso da Baía de Sepetiba, observamos uma intensa
mistura da coluna d’água durante os fortes e constantes ventos na região devido à
baixa profundidade média da baía.
As concentrações de Hg particulado em unidade de massa foram mais
elevadas durante a estação chuvosa (0,4 ± 0,2 µg g
-1
e 0,3 ± 0,1 µg g
-1
na maré de
enchente e vazante, respectivamente) em relação à estação seca (0,2 ± 0,1 µg g
-1
e
0,04 ± 0,02 µg g
-1
na maré de enchente e vazante, respectivamente). As
concentrações de Hg particulado, obtidas a partir da relação com a concentração de
TSS, foram estatisticamente similares durante a estação chuvosa (6,6 ± 1,6 ng L
-1
e
5,0 ± 1,7 ng L
-1
na maré de enchente e vazante, respectivamente), mas durante a
estação seca, as concentrações foram mais altas na maré de enchente (2,0 ± 1,3 ng
L
-1
) do que na maré vazante (0,5 ± 0,2 ng L
-1
) (Figura 19d, Tabela 14). Essas
concentrações de Hg particulado são consistentes com aquelas observadas em
outras áreas costeiras impactadas como: no estuário do Rio Loire, França, com
concentração variando entre 0,1 e 1 µg g
-1
(COQUERY et al., 1997), no estuário do
Rio Seine, França, com concentração variando entre 0,5 e 2,0 µg g
-1
(COQUERY et
al., 1997), na Baía de São Francisco, USA, com concentração variando de 0,02 a
2,0 µg g
-1
(CONAWAY et al., 2003), no estuário do Rio Elbe, Alemanha, com
concentração variando entre 0,3 e 1,4 µg g
-1
(COQUERY; COSSA, 1995) e no
estuário do Rio Scheldt, Bélgica, com concentrações variando de 0,35 a 1,6 µg g
-1
(BAEYENS et al., 1998).
A porcentagem média de Hg particulado em relação ao conteúdo total
de Hg (Hg (D+P)) encontrada foi de 50,3 ± 25,7 % e 35,7 ± 25,5 % na maré de
enchente e vazante, respectivamente, durante a estação seca enquanto que valores
mais altos foram encontrados durante a estação chuvosa na maré de enchente (56,9
106
± 23,6 %) e vazante (53,4 ± 11,0 %) (Figura 19f). Essas porcentagens são menores
do que as reportadas no estuário dos Rios Elbe e Scheldt, que apresentaram
porcentagens em torno de 90% (COQUERY; COSSA, 1995; BAEYENS et al., 1998).
Uma significativa correlação positiva foi observada entre as
concentrações de Hg total e Hg orgânico (r = 0,96; n = 55; P < 0,01) bem como entre
a concentração de Hg particulado e o conteúdo total de Hg (Hg (D+P)) (r = 0,98; n =
55; P < 0,01) (Figura 20). Uma vez que a concentração de Hg total expressa
principalmente a fração de Hg dissolvido em águas com baixo teor de material de
suspensão, os resultados obtidos mostram que a fração de Hg orgânico governa a
fase “dissolvida” de Hg, enquanto que o Hg particulado governa o conteúdo total de
Hg presente na Baía de Sepetiba.
FIGURA 20 – (a) Relação entre a concentração de Hg total e Hg orgânico; (b)
Relação entre a concentração de Hg particulado e o conteúdo total de Hg nas
águas da Baía de Sepetiba.
R
2
= 0,9507
0
5
10
15
20
0 5 10 15 20 25
Hg (D+P) (ng L
-1
)
Hg particulado (ng L
-1
)
(P< 0,01)
(b)
R
2
= 0,9037
0
1
2
3
4
5
6
0123456
Hg total (ng L
-1
)
Hg orgânico (ng L
-1
)
(P< 0,01)
(a)
107
5.3.3 Caracterização do carbono orgânico dissolvido na saída principal da
Baía de Sepetiba durante eventos de maré nas estações seca e chuvosa
em ponto fixo
A Tabela 15 apresenta as posições dos picos na matriz de emissão e
excitação de fluorescência (MEEF) das águas coletadas na saída principal da Baía
de Sepetiba em ponto fixo (Figura 7) durante eventos de maré na estação seca e
chuvosa. Podemos caracterizar três diferentes regiões na MEEF, atribuídas a
diferentes fluoróforos (ácidos fúlvicos, ácido húmicos e proteínas), em relação à
posição dos picos (λ
excitação
:λ
emissão
) de intensidade de fluorescência na matriz. A
localização dos picos referentes às proteínas fluorescentes (região I) durante os
eventos de maré foi estatisticamente igual na estação seca (225 ± 4:313 ± 18 nm e
225 ± 3:313 ±18 nm na maré de enchente e vazante, respectivamente) e na estação
chuvosa (226 ± 4:312 ± 15 nm e 227 ± 5:319 ± 17 nm na maré de enchente e
vazante, respectivamente). A localização média da região das proteínas foi em 226 ±
4:315 ± 17 nm, levando-se em consideração todos os pontos amostrados (Figura
21).
Na região que representa os ácidos fúlvicos fluorescentes (região II),
também se observou uma localização similar durante os eventos de maré na
estação chuvosa (250 ± 4:416 ± 15 nm e 250 ± 5:417 ± 14 nm na maré vazante e de
enchente, respectivamente) e na estação seca (247 ± 6:408 ± 20 nm e 249 ± 4:413 ±
17 nm na maré de vazante e de enchente, respectivamente). A localização média da
região dos ácidos fúlvicos foi em 249 ± 5:414 ± 17 nm, levando-se em consideração
todos os pontos amostrados (Figura 21). Na região dos ácidos húmicos (região III)
mais uma vez não foi possível distinguir a localização dos picos durante os eventos
de maré em ambas as estações. A localização na estação seca foi de 282 ± 3:403 ±
9 nm e 279 ± 9: 411 ± 18 nm na maré de enchente e vazante, respectivamente
enquanto que na estação chuvosa foi de 283 ± 6: 412 ± 8 nm e 281 ± 4:412 ± 11 nm
na maré de enchente e vazante, respectivamente. A localização média da região dos
ácidos húmicos foi em 281 ± 6:411 ± 11 nm, levando-se em consideração todos os
pontos amostrados (Figura 21).
108
TABELA 15 – Localização das três principais regiões na MEEF das águas na
saída principal da Baía de Sepetiba durante eventos de maré nas estações
seca e chuvosa em ponto fixo.
Região*
λ Ex (nm) λ Em (nm)
I
210 – 230 280 – 355
II
240 – 260 380 – 450
ME/ES
III
280 – 285 395 – 415
I
220 – 230 290 – 350
II
230 – 260 355 – 455
MV/ES
III
265 – 295 375 – 440
I
215 – 235 285 – 350
II
240 – 260 390 – 445
ME/EC
III
270 – 300 400 – 430
I
215 – 235 290 – 355
II
240 – 265 380 – 455
MV/EC
III
270 – 290 385 – 435
* Região I: Proteínas (tirosina e triptofano); Região II: Ácidos Fúlvicos; Região III: Ácidos Húmicos;
ME/ES = maré de enchente na estação seca; MV/ES = maré vazante na estação seca; ME/EC =
maré de enchente na estação chuvosa; MV/EC = maré vazante na estação chuvosa.
Apesar de não se notar uma diferença real na qualidade da matéria
orgânica entre a maré de enchente e vazante em ambas as estações, pode-se
observar uma diferença clara na qualidade dessa matéria orgânica entre as estações
seca e chuvosa através da localização média dos picos Ia (ácidos fúlvicos) nas duas
estações. Observou-se uma diminuição significante nos comprimentos de onda de
emissão e excitação dos picos Ia durante a estação seca (248 ± 6:410 ± 19 nm) em
relação à estação chuvosa (250 ± 4:416 ± 15 nm) (Figura 22a) indicando uma maior
influência marinha (DE SOUZA SIERRA et al., 1994; COBLE, 1996; JAFFE et al.,
2004) do que terrestre durante a estação seca e sugerindo a presença de uma
matéria orgânica mais jovem, mais oxidável e mais reativa no período de seca do
que no período de chuvas intensas. Analisando os valores médios dos picos Ic
(ácidos húmicos) em ambas as estações notamos valores de comprimento de onda
109
de emissão e excitação ligeiramente menores na estação seca (280 ± 8:409 ± 16
nm) em relação à estação chuvosa (282 ± 5:412 ± 10 nm), concordando com os
resultados para o pico Ia, porém essa diferença não foi considerada estatisticamente
significativa (Figura 22b).
FIGURA 21 – Matriz de excitação e emissão de fluorescência com localização
média (± desvio padrão) das três principais regiões observadas nas águas da
saída principal da Baía de Sepetiba durante eventos de maré nas estações
seca e chuvosa em ponto fixo.
210
220
230
240
250
260
270
280
290
290 310 330 350 370 390 410 430 450
EM (nm)
EX (nm)
No estudo das matrizes 3D de fluorescência (MEEF), as mesmas
regiões de intensidade máxima de fluorescência têm sido encontradas por diversos
autores em muitos compartimentos diferentes e em várias regiões do mundo
(COBLE, 1996; BAKER; GENTY, 1999; MAYER et al., 1999; MOUNIER et al.,
1999a; PARLANTI et al., 2000; BAKER, 2001; PERSSON; WEDBORG, 2001;
BAKER, 2002a; b; c; CLARK et al., 2002; PATEL-SORRENTINO et al., 2002; CHEN
et al., 2003; BAKER; SPENCER, 2004). As variações para maiores (red-shift) ou
menores (blue-shift) comprimentos de onda de excitação e/ou emissão dados na
literatura estão diretamente relacionadas com as diferenças estruturais da matéria
orgânica presente nos diferentes compartimentos ambientais. As alterações na
localização desses picos na MEEF num dado ambiente estão associadas aos
processos de degradação e/ou transformação da matéria orgânica. A localização
Região I:
Proteínas
Região III:
Ácidos Húmicos
Região II:
Ácidos Fúlvicos
110
média dos picos de intensidade de fluorescência referente aos ácidos húmicos
(região III) encontrada na saída principal da Baía de Sepetiba durante eventos de
maré na estação seca e chuvosa foram similares aos reportados por Coble (1996)
em regiões marinhas na costa dos EUA com uma localização média em 303 ± 7: 402
± 19 nm, porém pode-se observar um blue shift médio de 23 nm para a excitação
nas águas da Baía de Sepetiba, indicando a presença de ácidos húmicos menos
refratários do que os encontrados na costa dos EUA. Os valores obtidos nesse
trabalho são bem diferentes dos valores encontrados pela mesma autora em áreas
costeiras (343 ± 5:446 ± 7 nm) e em sistemas fluviais (338 ± 6:441 ± 3 nm),
mostrando que de uma maneira geral existe pouca influência do material orgânico
terrestre nas amostras coletadas na saída principal da baía durante esse trabalho.
FIGURA 22 – Posição média (± intervalo de confiança; P < 0,01) dos picos de
fluorescência (a) Ia e (b) Ic nas águas da saída principal da Baía de Sepetiba
durante eventos de maré nas estações seca (ES) e chuvosa (EC) em ponto fixo.
246
247
248
249
250
251
252
405 410 415 420
EM (nm)
EX (nm)
Ia/ES
Ia/EC
(a)
272
274
276
278
280
282
284
286
395 400 405 410 415 420 425
EM (nm)
EX (nm)
Ic/ES
Ic/EC
(b)
111
Avaliando os dados disponíveis na literatura, podemos observar que
vários autores têm demonstrado uma forte correlação positiva entre a intensidade
máxima de fluorescência (λ
excitação
= 340 nm) e a concentração de COD em
diferentes sistemas aquáticos (SMART et al., 1976; LAANE, 1980; 1981; DE SOUZA
SIERRA et al., 1996; MOUNIER, 1997; PATEL-SORRENTINO, 2000) mostrando a
grande relação entre a concentração de COD e a fração fluorescente nessas águas.
Entretanto esta relação varia muito e pode não ser sempre verificada e as razões
para a falta ou mudanças de correlação podem ser várias. Primeiro porque nos
oceanos, diferentemente das águas de origem terrigênica e intersticiais, pode haver,
uma parte importante da matéria orgânica dissolvida que é contabilizada nas
medidas de COD, mas que não fluoresce. Outra causa poderiam ser as
modificações sofridas pela matéria orgânica dissolvida durante seu longo tempo de
residência nos oceanos. Neste trabalho não foi possível observar a forte correlação
entre esses parâmetros, provavelmente devido à pequena faixa de variação (1,4 a
2,1 mg L
-1
) nas concentrações de COD amostrado, resultando numa pequena
variação na intensidade máxima de fluorescência. Entretanto foi possível notar uma
ligeira e significativa (P < 0,05) tendência de crescimento da intensidade máxima de
fluorescência (If) com a concentração de COD durante os quatro eventos
amostrados (Figura 23).
A normalização da intensidade máxima de fluorescência dos
fluoróforos do tipo A (Ia) (região II) e do tipo C (Ic) (região III) pela concentração de
COD presente em cada amostra (Ia/COD e Ic/COD) é utilizada com o objetivo de
fornecer informações sobre a qualidade fluorescente da matéria orgânica (BAKER,
2002a; CLARK et al., 2002; JAFFE et al., 2004) assim como as razões Ia/Ic (COBLE,
1996; PATEL-SORRENTINO, 2000; JAFFE et al., 2004) e EM
450
/EM
500
(BATTIN,
1998; MCKNIGHT et al., 2001; JAFFE et al., 2004) descritas anteriormente nos itens
1.2.1 e 5.2.3). As razões Ia/COD e Ic/COD também podem ser chamadas de
eficiência de fluorescência e descreve a capacidade da matéria orgânica em
fluorescer. As moléculas conjugadas menores e mais jovens (ácidos fúlvicos) são
mais eficientes do que as moléculas maiores e mais velhas (ácidos húmicos) e,
portanto estão associadas as maiores razões Ia/COD e Ic/COD. Os valores
encontrados para essas razões nas águas da Baía de Sepetiba durante eventos de
maré na estação seca e chuvosa estão apresentados na Tabela 16.
112
FIGURA 23 – Relação entre a intensidade máxima de fluorescência (λex = 340
nm) e a concentração de COD na (a) ME/ES, (b) MV/ES, (c) ME/EC e (d) MV/EC.
ME/ES = maré de enchente na estação seca; MV/ES = maré vazante na estação seca; ME/EC =
maré de enchente na estação chuvosa; MV/EC = maré vazante na estação chuvosa.
As razões Ia/COD e Ic/COD (eficiência de fluorescência) apresentaram
a mesma tendência de decréscimo entre a maré de enchente e a maré vazante em
ambas as estações. A razão Ia/COD foi significativamente maior durante a maré de
enchente (0,20 ± 0,02 e 0,31 ± 0,03 u.a. µM de C
-1
na estação seca e chuvosa,
respectivamente) do que na maré vazante (0,15 ± 0,03 e 0,19 ± 0,01 u.a. µM de C
-1
na estação seca e chuvosa, respectivamente) e um comportamento similar foi
observado para a razão Ic/COD na maré de enchente (0,13 ± 0,02 e 0,19 ± 0,02 u.a.
µM de C
-1
na estação seca e chuvosa, respectivamente) e vazante (0,09 ± 0,01 e
0,15 ± 0,01 u.a. µM de C
-1
na estação seca e chuvosa, respectivamente) (Tabela
16). Comparando-se entre as duas estações, observou-se um significativo
decréscimo nos valores médios das razões Ia/COD e Ic/COD durante a estação
seca (0,17 ± 0,04 e 0,10 ± 0,02 u.a. µM de C
-1
, respectivamente) em relação à
estação chuvosa (0,26 ± 0,06 e 0,17 ± 0,03 u.a. µM de C
-1
, respectivamente). Essa
diferença encontrada entre a eficiência de fluorescência durante a maré de enchente
e vazante indica uma diferença qualitativa entre a matéria orgânica dissolvida que
0
10
20
30
40
50
60
1,0 1,5 2,0 2,5
COD (mg L
-1
)
Int. fluorescência (u.a.)
(b)
0
10
20
30
40
50
1,0 1,5 2,0 2,5
COD (mg L
-1
)
Int. fluorescência (u.a.)
(a)
0
10
20
30
40
50
1,0 1,5 2,0 2,5
COD (mg L
-1
)
Int. fluorescência (u.a.)
(d)
0
10
20
30
40
50
60
1,0 1,5 2,0 2,5
COD (mg L
-1
)
Int. fluorescência (u.a.)
(c)
113
entra e a que sai da Baía de Sepetiba. Durante a maré de enchente observa-se à
presença de uma matéria orgânica mais jovem enquanto que na maré vazante a
matéria orgânica se apresenta em uma forma mais polimerizada e envelhecida,
sugerindo que ocorre uma transformação da matéria orgânica entre a entrada e a
saída da maré, independentemente da variação sazonal. A eficiência de
fluorescência mais baixa foi observada na saída da maré durante a estação seca e a
maior eficiência foi durante a entrada da maré na estação chuvosa.
TABELA 16 – Valores encontrados para as razões Ia/COD, Ic/COD, Ia/Ic e
EM
450
/EM
500
nas águas da Baía de Sepetiba durante eventos de maré nas
estações seca e chuvosa em ponto fixo.
Ia/COD
(u.a. µM de C
-1
)
Ic/COD
(u.a. µM de C
-1
)
Ia/Ic* EM
450
/EM
500
**
Faixa 0,16 – 0,24 0,09 – 0,16 1,4 – 1,9 1,9 – 2,2 ME/ES
Média
0,20 ± 0,02 0,13 ± 0,02 1,7 ± 0,1 2,0 ± 0,1
N 20 23 23 24
Faixa 0,10 – 0,21 0,07 – 0,10 1,3 – 2,1 1,9 – 2,1 MV/ES
Média
0,15 ± 0,03 0,09 ± 0,01 1,7 ± 0,2 2,0 ± 0,05
N 40 35 42 39
Faixa 0,25 – 0,37 0,14 – 0,23 1,3 – 1,8 1,9 – 2,0 ME/EC
Média
0,31 ± 0,03 0,19 ± 0,02 1,6 ± 0,1 2,0 ± 0,03
N 22 23 23 22
Faixa 0,17 – 0,22 0,14 – 0,18 1,2 – 1,4 1,9 – 2,2 MV/EC
Média
0,19 ± 0,01 0,15 ± 0,01 1,3 ± 0,05 2,1 ± 0,1
N 16 19 20 24
*Razão entre a intensidade máxima de fluorescência dos ácidos fúlvicos e húmicos; ** Índice de
fluorescência é a razão entre a intensidade de emissão de fluorescência a 450 e 500 nm (λexcitação
fixo em 340 nm); u.a = unidade arbitrária; ME/ES = maré de enchente na estação seca; MV/ES =
maré vazante na estação seca; ME/EC = maré de enchente na estação chuvosa; MV/EC = maré
vazante na estação chuvosa.
114
A razão Ia/Ic não apresentou diferença significativa durante a maré de
enchente (1,7 ± 0,1) e vazante (1,7 ± 0,2) na estação seca, enquanto que na estação
chuvosa, observou-se uma diferença significante entre a média na maré de
enchente (1,6 ± 0,1) e na maré vazante (1,3 ± 0,05) (Tabela 16). Comparando-se as
estações, observou-se uma diferença significativa na razão média entre a estação
seca (1,7 ± 0,2) e chuvosa (1,4 ± 0,2). Os resultados mostram uma diferença na
qualidade da matéria orgânica durante o evento de maré na estação chuvosa. Os
menores valores encontrados na maré vazante indicam a predominância de material
orgânico terrestre rico em substâncias orgânicas com alto grau de aromaticidade e
menos reativas em relação à matéria orgânica que entra na baía. De uma forma
geral, os menores índices encontrados na estação chuvosa refletem a maior entrada
de material terrestre durante os eventos de chuvas fortes. Os valores encontrados
foram similares aos reportados no item 5.2.3 para as águas da parte externa da Baía
de Sepetiba e aos encontrados na literatura (DE SOUZA SIERRA et al., 1994;
COBLE, 1996; MOUNIER et al., 1999a; JAFFE et al., 2004).
O índice de fluorescência proposto por McKnight et al. (2001) para
distinguir ácidos fúlvicos de origem microbiológica e de origem terrestre
(EM
450
/EM
500
) não apresentou diferenças significativas entre a entrada e a saída da
maré e também não demonstrou variação sazonal. Os valores encontrados variaram
de 1,9 a 2,2 nos quatro grupos de dados, com uma média geral de 2,0, mostrando
que os ácidos fúlvicos são principalmente formados a partir de processos
microbiológicos (Tabela 16).
O quenching de fluorescência foi utilizado nesse trabalho como uma
ferramenta para o cálculo da capacidade de complexação da matéria orgânica
dissolvida pelos metais. Os valores encontrados para a capacidade de complexação
(C
L
), a constante de estabilidade (K) e a densidade de sítios (D
S
) estão
apresentados na Tabela 17. A densidade de sítios é uma forma mais adequada de
se expressar à capacidade de complexação por massa de carbono através da
normalização dos resultados pelo COD.
115
Os valores encontrados para a capacidade de complexação e a
densidade de sítios foram similares entre a maré de enchente (4,2 ± 4,5 µmol L
-1
e
2,4 ± 2,5 µM de Cu ppm C
-1
, respectivamente) e vazante (4,3 ± 3,6 µmol L
-1
e 2,2 ±
1,8 µM de Cu ppm C
-1
, respectivamente) na estação seca. Na maré de enchente (4,6
± 3,6 µmol L
-1
e 2,8 ± 2,2 µM de Cu ppm C
-1
, respectivamente) durante a estação
chuvosa também foram observados valores similares aos encontrados na estação
seca, porém durante a saída da maré (1,6 ± 0,0 µmol L
-1
e 1,0 ± 0,0 µM de Cu ppm
C
-1
, respectivamente) na estação chuvosa, observou-se um forte decréscimo da
capacidade de complexação e da densidade de sítios da matéria orgânica,
mostrando que essa matéria orgânica apresenta apenas a metade da capacidade de
complexação de Cu por mg de carbono em relação aos outros pontos amostrados.
Esses resultados concordam com as mais baixas razões Ia/Ic encontradas durante o
mesmo período, confirmando a presença de matéria orgânica terrestre, rica em
ácidos húmicos (policondensada) com baixa capacidade de complexação. Os
valores de Log K (constante de estabilidade) não apresentaram diferenças entre os
quatro eventos analisados, variando de 4,5 a 7,2. Valores similares foram
observados na Ilha de Capraia, Itália para a capacidade de complexação e o log K
da matéria orgânica dissolvida de origem marinha, com média de 2,14 ± 0,33 µmol L
-
1
e 4,38 ± 0,76, respectivamente (LOMBARDI; JARDIM, 1997b).
116
TABELA 17 – Valores da capacidade de complexação (C
L
), da constante de
estabilidade (K) e da densidade de sítios (D
S
) medidos na saída principal da
Baía de Sepetiba durante eventos de maré nas estações seca e chuvosa em
ponto fixo.
C
L
(µmol L
-1
)
Log K D
S
(µM de Cu ppm de C
-1
)
Faixa 1,6 – 14,1 5,0 – 6,5 0,8 – 7,8 ME/ES
Média
4,2 ± 4,5 5,4 ± 0,4 2,4 ± 2,5
N 18 10 18
Faixa 1,6 – 12,8 4,8 – 6,6 0,8 – 6,8 MV/ES
Média
4,3 ± 3,6 5,5 ± 0,4 2,2 ± 1,8
N 35 20 33
Faixa 1,6 – 12,7 5,0 – 7,2 0,8 – 7,4 ME/EC
Média
4,6 ± 3,6 5,6 ± 0,6 2,8 ± 2,2
N 24 20 24
Faixa 1,6 4,5 – 5,9 0,9 – 1,0 MV/EC
Média
1,6 ± 0,0 5,3 ± 0,3 1,0 ± 0,0
N 13 20 8
ME/ES = maré de enchente na estação seca; MV/ES = maré vazante na estação seca; ME/EC =
maré de enchente na estação chuvosa; MV/EC = maré vazante na estação chuvosa.
117
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir dos dados obtidos nesse estudo e aqueles obtidos
anteriormente nas águas superficiais da Baía de Sepetiba (PARAQUETTI, 2001)
podemos separar a baía em quatro diferentes compartimentos (Figura 24) em
relação à concentração e especiação de Hg.
O primeiro compartimento é referente aos rios afluentes, que são a
principal fonte de entrada de Hg para a baía, apesar de não receberem descargas
antropogênicas de fontes pontuais, e são responsáveis por um fluxo anual de
aproximadamente 200 Kg de Hg, na sua grande maioria sob a forma particulada
(95%). O segundo compartimento compreende a área interna da baía que é
fortemente influenciada pela desembocadura dos rios e apresenta as maiores
concentrações de Hg nos sedimentos devido às altas taxas de sedimentação nesta
porção da baía (MARINS et al., 1998a). O terceiro e o quarto compartimentos
correspondem à área central e externa da baía, respectivamente, que recebem
menos influência dos rios e apresentam uma diluição gradativa das concentrações
de Hg nos sedimentos (MARINS et al., 1998a) e do conteúdo total de Hg (dissolvido
+ particulado) nas águas.
118
FIGURA 24 – Divisão dos compartimetos na Baía de Sepetiba: 1 - Rios; 2 - Baía
interna, 3 - Baía central e 4 – Baía externa.
A Figura 25 apresenta a distribuição das espécies de Hg reativo,
orgânico e total ao longo do gradiente estuarino na Baía de Sepetiba. Os dados
referentes à baía interna e central foram obtidos em trabalhos anteriores por
Paraquetti (2001). Não foi possível avaliar as concentrações de Hg orgânico nos
rios, pois a metodologia utilizada neste trabalho aplica-se somente em águas
marinhas, devido à dominância da fração particulada no transporte fluvial.
Apesar da principal fração de Hg nos rios estar associada a partículas
em suspensão, a concentração das frações “dissolvidas” nos rios foi, em geral, uma
ordem de grandeza maior do que aquelas encontradas dentro da baía. Já na porção
interna da baía observa-se uma intensa sedimentação da fração particulada e uma
grande diluição das concentrações de Hg dentro da baía.
Uma avaliação espacial da baía mostrou um expressivo aumento das
frações dissolvidas na parte externa da baía. Se a tendência positiva não linear
encontrada entre as concentrações de Hg total e reativo na parte externa da baía
(Figura 14) representa um mecanismo de saturação ou limite de complexação do
COD, isso poderia explicar as mais elevadas concentrações de Hg reativo na parte
1
2
3
4
119
externa da Baía de Sepetiba. Por outro lado, a caracterização da matéria orgânica
dissolvida por fluorescência molecular não permite inferir sobre os sítios disponíveis
de ligação para o Hg, portanto não pode ser excluída a influência da matéria
orgânica marinha, mais oxidável, sobre o aumento das concentrações de Hg
dissolvido. Estudos específicos sobre a complexação do Hg pela fração orgânica
dissolvida são necessários para uma melhor interpretação das variações de
concentração observadas.
A partir da avaliação das concentrações de Hg em função da maré e
sazonalmente foi possível notar uma exportação de frações orgânicas de Hg para as
áreas adjacentes durante a maré vazante, em ambas as estações climáticas.
Entretanto esse transporte parece ser intensificado durante a estação chuvosa. A
confirmação da exportação de Hg da Baía de Sepetiba para as áreas adjacentes
pode explicar os valores elevados de Hg encontrados em peixes na Baía da Ilha
Grande do que na Baía de Sepetiba (KEHRIG et al., 1998).
FIGURA 25 – Distribuição de Hg reativo, orgânico e total ao longo do gradiente
estuarino na Baía de Sepetiba.
*Baía Interna (PARAQUETTI, 2001); ** Baía central (PARAQUETTI, 2001), *** Baía externa; ME/ES =
maré de enchente na estação seca; MV/ES = maré vazante na estação seca; ME/EC = maré de
enchente na estação chuvosa; MV/EC = maré vazante na estação chuvosa.
120
7 CONCLUSÕES
Os fluxos anuais estimados de material particulado em suspensão
(TSS) e Hg para a Baía de Sepetiba foram de 4,8 x 10
8
kg e 201 kg,
respectivamente. O Hg particulado é responsável por 94,5 % deste fluxo e as
frações de Hg “dissolvido” por apenas 5,5 %. Os Rios Guandu e São Francisco
juntos dominam cerca de 99 % do fluxo de Hg e TSS para a baía, sendo o Rio
Guandu responsável por 82 % do fluxo de Hg “dissolvido”, 17 % do fluxo de Hg
particulado e por apenas 9% do fluxo total anual de TSS. Já o Rio São Francisco é
responsável por 16 % do fluxo de Hg “dissolvido”, 80% do fluxo de Hg particulado e
90% do fluxo total anual de TSS. Observou-se também uma significativa diminuição
da fração “dissolvida” e um aumento da fração particulada durante os períodos de
chuvas fortes nos Rios Guandu e São Francisco.
Os resultados encontrados comprovaram que a fração particulada é a
principal forma de entrada de Hg para a baía através dos seus afluentes e
demonstraram que os Rios Guandu, Guarda e São Francisco, juntos, são
responsáveis por praticamente toda a carga de Hg, TSS e água doce que chega na
Baía de Sepetiba, destacando a importância desses três rios em programas de
monitoramento ambiental frente aos outros tributários.
A avaliação da especiação de Hg e da caracterização da matéria
orgânica dissolvida nas águas superficiais da parte externa da baía indicou uma
tendência de aumento das frações de Hg elementar, reativo e orgânico e uma
diminuição da fração de Hg particulado nos pontos afastados da costa enquanto que
nos pontos próximos à costa observou-se uma tendência oposta. A localização dos
121
picos de intensidade máxima de fluorescência na matriz de excitação e emissão de
fluorescência (MEEF), bem como as razões Ia/Ic e EM
450
/EM
500
demonstraram que o
carbono orgânico dissolvido nesta porção da baía é essencialmente de origem
marinha, relativamente jovem e rico em ácidos fúlvicos de origem microbiológica.
A avaliação química das águas na saída principal da Baía de Sepetiba
durante os eventos de maré na estação seca e chuvosa mostrou que as águas que
entram na baía são mais oxigenadas, possuem mais COP e menores concentrações
de TSS que as águas que saem da baía. Esses resultados mostram que a baía
exporta TSS de origem clástica, devido às baixas porcentagens de carbono orgânico
encontradas (cerca de 2%), para o oceano e/ou áreas adjacentes, principalmente
durante a estação chuvosa. A concentração de COP apresentou uma forte
correlação positiva com a concentração de oxigênio dissolvido sugerindo que o COP
seja de origem fitoplanctônica.
Uma significativa correlação entre a % de saturação de oxigênio e a %
de Hg elementar em relação à concentração de Hg total foi observada nas águas da
baía, sugerindo que a redução de Hg reativo a Hg
0
pode estar sendo controlada pela
produtividade primária. Por outro lado, uma significante correlação negativa foi
encontrada entre a concentração de Hg reativo e as concentrações de COD,
indicando que o COD pode estar regulando a reatividade do Hg e sugerindo que
esse Hg reativo está associado principalmente a complexos inorgânicos na Baía de
Sepetiba.
As concentrações de Hg orgânico foram sempre maiores durante a
maré vazante do que na maré de enchente em ambas as estações, apontando a
Baía de Sepetiba como uma produtora e exportadora de espécies orgânicas de Hg
para áreas adjacentes, o que pode explicar os valores relativamente elevados de Hg
em peixes na Baía da Ilha Grande (KEHRIG et al., 1998). A falta de correlação entre
Hg orgânico e COD ou COP, e a forte correlação encontrada entre Hg orgânico e
oxigênio dissolvido e temperatura mostram que a formação de Hg orgânico parece
depender mais de parâmetros como os citados acima do que da concentração de
carbono orgânico.
122
De uma maneira geral, o conteúdo total de Hg na Baía de Sepetiba
pode ser dividido em duas frações: uma fração particulada, que representa 55 % do
conteúdo total de Hg na baía e uma fração “dissolvida” que representa 45 % do
conteúdo total de Hg e é equivale a 35,5 % de Hg orgânico e 9,5 % de Hg reativo.
Esses resultados demonstram que a fração particulada domina o transporte de Hg
na baía enquanto que a fração orgânica de Hg representa a forma predominante na
fase “dissolvida” corroborando com os dados sobre a distribuição de Hg em
sedimentos de fundo (MARINS et al., 1998a).
Nas MEEF pode-se observar um deslocamento para menores
comprimentos de onda (blue-shift) de excitação e emissão nos picos Ia (ácidos
fúlvicos) durante a estação seca, mostrando uma maior influência marinha neste
período e sugerindo a presença de uma matéria orgânica mais jovem, mais oxidável
e mais reativa durante a estação seca. As menores eficiências de fluorescência
foram observadas durante a maré vazante em ambas as estações. Essa diferença
encontrada entre os eventos de maré indica que ocorre uma transformação da
matéria orgânica entre a entrada e a saída da maré, independentemente da variação
sazonal. Os resultados obtidos para a razão Ia/Ic, a capacidade de complexação e a
densidade de sítios mostraram que a matéria orgânica dissolvida que sai da Baía de
Sepetiba durante a estação chuvosa é rica em material orgânico terrestre com
elevado grau de aromaticidade, pouco reativa e com baixas capacidade de
complexação em relação a maré que entra na Baía.
A especiação de Hg e a avaliação química das águas da Baía de
Sepetiba durante eventos de maré na estação seca e chuvosa mostraram que a
baía exporta material particulado em suspensão, essencialmente clástico, formas
orgânicas de Hg e formas reativas de Hg, especialmente na estação chuvosa, para
as áreas adjacentes, o que pode explicar os valores relativamente elevados de Hg
em peixes encontrados na Baía da Ilha Grande. Por outro lado, a baía é receptora
de formas particuladas de Hg e carbono orgânico. Provavelmente o COP serve de
suporte para o transporte de Hg até a baía, onde ele provavelmente é consumido
liberando Hg. O COD se apresentou muito constante em todas as amostras,
inclusive em relação à sua qualidade caracterizada por fluorescência molecular e por
isso não conseguimos explicar o comportamento das espécies de Hg em relação a
123
ele. Só foi possível notar uma diferença significativa na qualidade da matéria
orgânica entre a estação seca e chuvosa, mostrando que o COD na estação seca é
mais jovem, mais reativo e apresenta maior capacidade de complexação em relação
ao COD na estação chuvosa. Com relação ao ciclo de maré, apenas a maré
vazante, durante a estação chuvosa apresentou diferenças significativas em relação
aos outros eventos amostrados, mostrando que o COD que sai da Baía de Sepetiba
durante a estação chuvosa é mais envelhecido, menos reativo e possui a metade da
capacidade de complexação em relação aos outros eventos.
Embora o método utilizado para a caracterização da matéria orgânica
dissolvida tenha sido eficiente na diferenciação dos COD presentes, não serviu para
explicar a comportamento do Hg, principalmente da espécie orgânica, que
provavelmente é regulado por espécies orgânicas especificas que não foram
abordadas por este método químico. Assim, estudos específicos sobre a
complexação do Hg pela fração orgânica dissolvida são necessários para uma
melhor avaliação dessa interação.
124
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137
9 ANEXO 1
Water Research 38 (2004) 14391448
Mercury distribution, speciation and flux in the Sepetiba Bay
tributaries, SE Brazil
Heloisa Helena M. Paraquetti
a
, Gisele A. Ayres
a
, Marcelo Dominguez de
Almeida
a
, Mauricio M. Molisani
a
, Luiz Drude de Lacerda
a,b,
*
a
Departamento de Geoqu
!
ımica, Universidade Federal Fluminense, Campus do Valonguinho, Niter
!
oi, RJ 24020-007, Brazil
b
Instituto de Ci
#
encias do Mar, Universidade Federal do Cear
!
a, Av. Aboli
@
*ao 3207, Fortaleza, CE 60165-081, Brazil
Received 24 September 2002; received in revised form 20 October 2003; accepted 27 November 2003
Abstract
Dissolved gaseous Hg, reactive Hg, total dissolved Hg and particulate Hg concentrations were measured in samples
of majors tributaries of the Sepetiba Bay, SE Brazil (Itimirim, Itingu@u, Guarda, Guandu, S
*
ao Francisco and Ita
rivers), in dry and rainy seasons. The average Hg concentrations found varied from 0.02 to 0.18 ng L
À1
for dissolved
gaseous Hg, from 0.1 to 18.1 ng L
À1
for reactive Hg, from 0.1 to 66.6 ng L
À1
for total dissolved Hg and from 0.3 to
250 ng L
À1
for particulate Hg. During the rainy season, a decrease in the dissolved Hg concentrations and an increase in
the particulate Hg concentrations was observed. Positive correlations were found between the reactive Hg and the total
dissolved Hg concentrations ðr ¼ 0:99Þ; between the particulate Hg and TSS concentrations ðr ¼ 0:82Þ and between
total Hg and particulate Hg concentrations ðr ¼ 0:95Þ: The instantaneous Hg fluxes varied among rivers from 0.02 to
412 mgs
À1
for total dissolved Hg and from 0.03 to 12,572 mgs
À1
for particulate Hg. The log K
d
varied from 3.76 to 6.43
and showed a significant increase in rainy season following an increase in particulate Hg and a decrease in dissolved Hg
concentrations. These results suggest that erosion and runoff are the major pathways of Hg transport to rivers and
eventually to Sepetiba Bay.
r 2004 Elsevier Ltd. All rights reserved.
Keywords: Mercury; Speciation; Fluxes; Distribution coefficients; Sepetiba Bay Tributaries
1. Introduction
The processes occurring at the land–sea interface play
a significant role in regulating the input of trace metals
and suspended matter to coastal areas and oceans. The
biogeochemical cycling of trace metals in the coastal
zone has been altered by man’s activities, especially with
respect to man’s encroachment of rivers and estuaries,
and the resultant enhanced input of trace metals to these
locations from point and non-point sources. Among the
various trace metals of environmental significance, Hg is
the one which cycle is most affected by anthropogenic
activities [1–5].
Mercury is considered extremely toxic to human and
marine life. This element can be present as diverse
dissolved chemical species in natural waters as well as
adsorbed to sedimentary phases in the bottom sediments
of rivers, lakes and oceans. The main toxicity of mercury
to humans is related to methylmercury rather than to
inorganic mercury or metallic mercury. Symptoms of
methylmercury poisoning include mental disturbance,
ataxia and impairment of speech, hearing, vision and
movement [6]. Mercury becomes available to food
chains through the transformation of inorganic mercury
to organic methylmercury by microorganisms present in
sediment and water. This process is controlled by redox
ARTICLE IN PRESS
*Corresponding author. Instituto de Ci
#
encias do Mar,
Universidade Federal do Cear
!
a, Av. Aboli@
*
ao 3207, Fortaleza,
CE, 60165-081, Brazil. Tel.: +55-21-85-242-8355; fax: +55-21-
85-242-6422.
E-mail address: [email protected] (L.D. Lacerda).
0043-1354/$ - see front matter r 2004 Elsevier Ltd. All rights reserved.
doi:10.1016/j.watres.2003.11.039
potential, temperature, bacterial activity, pH, metal
availability, organic matter and sulfide contents and
most important the availability of Hg
2+
. Therefore,
knowing the chemical speciation of Hg in aquatic
environments is a key step in assessing the environment’s
methylation capacity [7,8].
In the aquatic environment, inorganic mercury is
associated in solution and in suspension by various
geochemical ligands: organic acids, salts, Fe and Mn
oxihydroxides, clay minerals, dissolved organic matter,
among others. The residence time of Hg in the water
column is dependent on many processes, particularly the
physical–chemical conditions, the hydrodynamics of the
waterbody and the form of discharge, which affect Hg
species in the water column and their form of
occurrence.
The Sepetiba Bay Basin is located in a heavily
industrialized and urbanized area in southeast Brazil.
Its basin receives freshwater inputs from many rivers,
with larger tributaries crossing an industrialized area of
the basin. Marins et al. [9] estimated that the total Hg
emission from the industrial park and urban sources to
Sepetiba Bay basin ranges from 251 to 417 kg yr
À1
.
Major emissions are to the atmosphere (167–
201 kg yr
À1
) and to soils (84–216 kg yr
À1
). Although
direct emissions to waterways from the industrial park
are very small (o1kgyr
À1
), the large atmospheric and
soil loads may contaminate fluvial systems through
atmospheric deposition, surface runoff and groundwater
flow. Also, diversion of waters from an adjacent river
basin, the Para
!
ıba do Sul River Basin, brings an
additional Hg load of about 200 kg yr
À1
to Sepetiba
Bay Rivers. The total fluvial Hg discharge into Sepetiba
Bay is estimated to be 400–650 kg yr
À1
[10,11].
The aims of this study are to characterize the Hg
distribution and speciation in major fluvial systems
reaching Sepetiba Bay, to determine the fluxes of
different Hg species to the bay and to evaluate the
relationship between particulate and dissolved Hg along
the fluvial transport.
2. Study site
The Sepetiba Bay is located approximately at latitude
23
S and longitude 44
W, about 60 km south of the Rio
de Janeiro city (Fig. 1). The Bay is a semi-enclosed water
body with 447 km
2
of area, average depth of 6.0 m, tidal
range of less than 2.0 m and a water turnover time of
about 100 h. The mean water volume is 2.56 Â 10
9
m
3
,
ranging between 3.06 Â 10
9
and 2.38 Â 10
9
m
3
. The
region is under a hot-humid tropical climate, with the
mean annual precipitation ranging from 1400 mm to
2500 mm, depending on the location along the coast.
The annual atmospheric precipitation over Sepetiba Bay
(0.5 to 10 Â 10
7
m
3
yr
À1
) equals and may even surpass
the fluvial inputs, increasing the importance of atmo-
spheric derived pollutants from local smelters [12–14].
The lowlands of the eastern coast of Sepetiba Bay,
with good transport facilities, cheap and ample land,
good fresh water supply and low population density,
became interesting in terms of industrial development,
further facilitated by the building in the late 1970s of
large harbor facilities. The population of the basin has
increased from 600,000 people in 1978 to 1.2 million,
mostly concentrated along the northeastern shore as a
result of the industrial growth. This fact and the
unplanned development resulted in high contamination
of the bay in direct conflict with the necessity of
environmental conservation and the sustainable utiliza-
tion of the bay’s natural resources [12]. Sepetiba Basin
harbors nearly 400 industries and important fisheries
and tourist activities are also present.
Nine rivers draining the quaternary plain at the
northeastern coast of the Bay are responsible for almost
the totality of freshwater inputs, reaching an annual flow
of 5.7–7.6 Â 10
9
m
3
. The S
*
ao Francisco River with an
annual flow of 5.7 Â 10
9
m
3
is responsible for over 86%
of the total freshwater flow and 73% of the total
suspended solid (TSS) inputs to the bay [13]. There is no
substantial seasonal variation in fluvial discharge to the
bay. This is due to the nearly constant flow of the two
major rivers (S
*
ao Francisco e Guandu Rivers), which
are artificially controlled by a water treatment plant
located upstream from the major industrial area [13,15].
The Sepetiba Bay basin receives a large volume of water
through water transposition to the S
*
ao Francisco e
Guandu Rivers from the adjacent basin, the Para
!
ıba do
Sul River system, a heavily industrialized region north of
Sepetiba Bay.
Mercury is a ubiquitous contaminant present in the
urban and industrial effluents reaching Sepetiba Bay.
Mercury emissions to soils, waters and the atmosphere
at Sepetiba Bay basin are mostly from diffuse sources,
particularly from an oil-fired electric power plant, steel
and iron production, waste incineration and leaching
from a large landfill. A significant fraction of the total
ARTICLE IN PRESS
Fig. 1. Map of Sepetiba Bay showing the rivers sampled.
H.H.M. Paraquetti et al. / Water Research 38 (2004) 1439–14481440
anthropogenic Hg input reaches Sepetiba Bay through
atmospheric deposition; however, fluvial inputs dom-
inate the total Hg load to the bay. Once reaching the
bay, Hg, as well as other trace metals transported by
rivers, which are mostly adsorbed to suspended parti-
cles, are distributed following tidal currents within the
bay, creating accumulation areas along its northeastern
coast [14,16,17].
3. Sampling and analysis
All sampling and analytical materials were pre-
cleaned according to accepted protocols [18]. Three
samplings were conducted, two during the autumn–
winter (April 2000 and June 2001, in the dry season) in
the six major tributaries of the Sepetiba Bay, Itingu@u,
Itimirim, Guarda, Guandu, S
*
ao Francisco and Ita
Rivers, and one during the summer (February 2001 in
the rainy season) only in the Guandu and S
*
ao Francisco
Rivers. Samples were collected from the bridges of the
highway BR-101, using 0.5 L pre-cleaned Teflon bottles,
and stored in 0.5 L pre-cleaned PET bottles [19].
Sampling bottles were rinsed three times with the local
water before being filled. Storage bottles were double
bagged in acid-washed plastic bags and transported in
an icebox to the laboratory. Three samples from each of
river were collected to determine Hg species, including
dissolved gaseous Hg, reactive Hg, total dissolved Hg,
total Hg (dissolved+particulate) and particulate Hg.
All samples were immediately analyzed, in duplicate,
after collection (within 4–48 h maximum) [20,21]. Dur-
ing the period between sampling and analysis samples
were kept in an icebox.
Dissolved gaseous Hg fraction (DGM) was analyzed
in unfiltered, non-acidified, sub-samples (200 mL)
purged with Hg-free argon, at a flow rate of
760 mL min
À1
, for 2 min, and collected on a gold wool
trap connected to the outlet of the reaction vessel.
Unfiltered, non-acidified, sub-samples (20 mL) were
analyzed for reactive Hg considered here as the fraction
of the total Hg concentration that is reduced and
therefore released from solution after the addition of
1.0 mL of an acidic (1% v/v distillated HCl) 10% SnCl
2
solution. This fraction includes mostly ionic (Hg
2+
) plus
DGM, and also the Hg fraction weakly bound to
inorganic and organic complexes [22–24]. However, it
does not include Hg leachable from particulate matter
[25]. Since we did not acidify the samples prior to
analysis, our reactive Hg fraction does not compare with
the reactive Hg fractions typically reported in the
literature that used acidified samples [25,26].
The total dissolved Hg fraction was determined in
unfiltered, non-acidified, sub-samples (50 mL) after
oxidation with 0.2 mL of a bromine monochloride
solution (0.1 mL KBrO
3
1% m/v+0.1 mL HCl 20% v/
v) at room temperature. After oxidation, 0.1 mL of 1%
m/v ascorbic acid solution was used to reduce the excess
BrCl. This was followed by a reduction with the same
SnCl
2
solution used for reducing the reactive Hg fraction
[21,27]. Dissolved total Hg includes all dissolved
Hg species strongly bound to soluble inorganic and
organic complexes, and Hg weakly bound to suspended
particles.
The total Hg (dissolved+particulate) fraction was
determined in unfiltered, non-acidified, sub-samples
(40 mL) after oxidation with 10 mL of 50% v/v aqua
regia solution (4H
2
O:3HCl:1HNO
3
), at 70–80
C for 1 h
[28] followed by a reduction with the same SnCl
2
solution used for reducing the reactive Hg fraction.
Total Hg (D+P) includes all dissolved and particulate
Hg species present in the sample. Particulate Hg fraction
can be obtained by the difference between total Hg
(D+P) and total dissolved Hg.
The validation of the sequential method used for the
determination of particulate Hg concentration is pre-
sented in Table 1. The samples were collected in the
Guandu River during the dry season. The particulate Hg
concentrations, obtained by the difference between the
total Hg concentration and total dissolved Hg concen-
trations measured using the sequential methodology
used in this paper, presented an average of
80.5711.0 ng L
À1
whereas the particulate Hg concen-
trations obtained by the analysis of filters containing
ARTICLE IN PRESS
Table 1
Validation of the sequential method used for the determination of particulate Hg concentration
DGM
(ng L
À1
)
Reactive
Hg (ng L
À1
)
Total dissolved
Hg (ng L
À1
)
Total Hg (D+P)
(ng L
À1
)
Particulate Hg
a
(ng L
À1
)
Particulate Hg
b
(ng L
À1
)
Average 0.11 2.4 3.2 83.7 80.5 88.8
SD 0.02 0.2 0.7 11.4 11.0 11.1
Min 0.08 2.2 2.1 68.8 66.8 69.0
Max 0.14 2.7 4.2 95.7 92.8 106
N88 8 8 8 15
a
Total Hg (D+P)ÀTotal dissolved Hg.
b
Filters analysis.
H.H.M. Paraquetti et al. / Water Research 38 (2004) 1439–1448 1441
suspended solids presented an average concentration of
88.8711.1 ng L
À1
. Both results presented relatively low
variability (o15%) and an analysis of variance showed
no statistically significant difference between the two
averages ðPX0:05Þ; therefore validating the sequential
method used in this paper.
The Hg
0
resultant from the reduction reaction was
purged from the sample with Hg-free Argon, at a flow
rate of 760 mL min
À1
, for 2 min, and collected on a gold
wool trap connected to the outlet of the reaction vessel.
Two Au traps in the gas line stripped any Hg from the
carrier gas. All connecting tubing was made of Teflon
with glass-Teflon connections made of clean silicone
tubing. Mercury determination was performed at a
wavelength of 253.7 nm, in a Tekran Model 2500 Cold
Vapor Atomic Fluorescence Spectrophotometer [27].
Under the operational conditions described, the analy-
tical detection limit of the method was 1.0 pg, based on
the ratio between three standard deviation estimated by
S
y=x
ðS
y=x
¼fSðy
i
À yÞ
2
ðn À 2Þ
À1
g
1=2
Þ and the slope of
the regression line of the calibration curve [29]. All
samples were analyzed in duplicate. Differences between
duplicates remained below 15% for all samples.
From each river, 500 mL sub-samples were collected
for total suspended solids (TSS) analysis, which was
determined after filtration through a 0.70 mm Whatman
Glass Microfiber GF/F filter.
During the sampling, some major physical and
chemical parameters were also measured in situ. Con-
ductivity was measured with a DIGIMED Conductivity-
meter. Dissolved oxygen (DO) was determined using a
DIGIMED portable oxygen meter, whereas pH, tem-
perature and redox potential (Eh) were measured with a
DIGIMED pH-meter, with a combined glass electrode,
and a platinum electrode, for pH and Eh determina-
tions, respectively. The precision of such filed determi-
nations was 0.1 U.
4. Results and discussion
The major physical and chemical parameters and the
concentrations of Hg species measured in the tributaries
that flow into Sepetiba Bay are presented in Tables 2
and 3, respectively. The physical chemical para-
meters (Table 2) characterize the freshwater input
as neutral to basic due pH values variation from 6.6
to 7.8. The lower conductivity (37–98 mS cm
À1
)
and higher DO values (6.2–8.3 mg L
À1
) observed in
Itimirim, Itingu@u and S
*
ao Francisco Rivers typify
these environments as lesser impacted whereas the
Guarda, Guandu and Ita Rivers showed an opposite
trend with higher conductivity (320–1370 mS cm
À1
)
and lower DO values (1.3–3.1 mg L
À1
), suggesting
these rivers as the most impacted along the basin.
This impact is mostly attributable to untreated
sewage inputs, particularly the Guandu and Ita Rivers.
The Guarda River also receives runoff waters leaching
saline soils from converted mangroves. Similar results
have been reported by other authors working in these
rivers [13,15].
The DGM concentrations in rivers had an average
concentration varying from 0.02 to 0.18 ng L
À1
(Table
3). In dry season, the Itingu@u River presented the
higher DGM concentration among all rivers. The
temporal distribution showed lower DGM values during
the rainy season in the S
*
ao Francisco and Guandu
Rivers compared with samples collected during the dry
season. In the dry season, reactive Hg was lowest in the
Itimirim, Guarda and S
*
ao Francisco Rivers, with
average concentrations of 0.3 ng L
À1
. Intermediate
values were found in the Itingu@u and Ita Rivers,
varying from 1.0 to 1.3 ng L
À1
, followed by the highest
average concentration measured in the Guandu River
(18.1 ng L
À1
). In the rainy season sampling, reactive Hg
concentrations observed in S
*
ao Francisco and Guandu
Rivers were 0.1 and 3.8 ng L
À1
, a decrease of three and
five times, respectively, in relation to the dry season.
These values, with the exception of the Guandu River
data, are similar to those found in moderate impacted
rivers worldwide, e.g. the Loire and Siene Rivers,
France, with concentrations ranging from 0.08 to
0.22 ng L
À1
and 0.08 to 0.42 ng L
À1
, respectively [4],
and in the Narragansett Bay tributaries, USA, with
concentrations varying from 1.6 to 5.8 ng L
À1
[5]
(Table 4).
ARTICLE IN PRESS
Table 2
Average values ðn ¼ 3Þ of major physical chemical parameters measured in Sepetiba Bay tributaries, SE Brazil
pH Temperature Conductivity Dissolved oxygen Redox potential TSS
(
C) (mS cm
À1
) (mg L
À1
) (mV) (mg L
À1
)
Itingu@u River 7.0 23 43 6.2 159 1.7
Itimirim River 7.6 23 37 8.3 171 4.4
Guarda River 6.8 25 1370 3.1 210 15.5
S
*
ao Francisco River 7.8 25 98 7.6 214 15.1
Guandu River 7.1 24 320 1.3 74 189.2
Ita River 6.6 25 470 1.8 À22 34.3
H.H.M. Paraquetti et al. / Water Research 38 (2004) 1439–14481442
DGM production in natural waters is a result of
different competitive and additive reactions favored or
inhibited depending on the water chemistry of a given
system. In general, Hg reduction competes with Hg
methylation and adsorption onto particles for the
available reactive Hg. DGM production is generally
higher in low oxygen, well-illuminated waters with low
suspended matter concentrations and higher reactive Hg
[30–32]. Our results, although not very clearly, seem to
fit into this general pattern. The highest DGM
concentrations were found during the dry season in the
low conductivity (43 mS cm
À1
) and moderate dissolved
oxygen (6.2 mg L
À1
) and redox potential values
(+159 mV) in the Itingu@u River, which also presented
ARTICLE IN PRESS
Table 3
Mercury species concentrations measured in Sepetiba Bay tributaries, SE Brazil
Dissolved Reactive Total Reactive Total (D+P) Particulate Particulate
gaseous Hg Hg dissolved Hg Hg Hg Hg Hg
(ng L
À1
) (ng L
À1
) (ng L
À1
) (%) (ng L
À1
) (ng L
À1
)(%)
Itingu@u River 0.16–0.19 0.9–1.1 1.1–1.3 82.7–85.3 2.3–2.5 1.0–1.4 42.9–56.4
ðn ¼ 4Þ; av. 0.18 1.0 1.2 84.0 2.4 1.2 49.7
Itimirim River 0.08–0.09 0.1–0.4 0.2–0.5 59.1–83.0 0.9–1.0 0.4–0.5 44.4–46.5
ðn ¼ 6Þ; av. 0.09 0.3 0.4 71.1 1.0 0.4 45.5
Guarda River 0.09–0.10 0.1–0.6 0.2–0.8 20.0–85.7 1.0–38.3 0.2–38.0 15.2–99.3
ðn ¼ 6Þ; av. 0.09 0.3 0.5 52.1 19.7 19.2 72.7
S
*
ao Francisco 0.09–0.11
(d)
0.1–0.6 0.2–0.7 37.5–85.7 1.4–8.3 0.7–8.1 50.0–97.8
River 0.10
(d)
0.3 0.4 61.5 4.9 4.5 84.9
ðn ¼ 6Þ; av. 0.02
(r)
0.1 0.1 84.6 69.1 68.9 99.8
Guandu River 0.09–0.11
(d)
3.7–48.9 4.9–167 19.6–82.5 102–323 96.4–156 48.3–95.5
ðn ¼ 6Þ; av. 0.10
(d)
18.1 66.6 56.0 188 121 76.5
0.03
(r)
3.8 3.9 99.2 254 251 98.5
Ita River 0.08–0.09 1.10–1.43 1.20–1.51 91.7–94.7 1.44–1.80 0.24–0.29 16.1–16.7
ðn ¼ 4Þ; av. 0.08 1.27 1.36 93.2 1.62 0.27 16.4
av.=average value;
(d)
dry season;
(r)
rainy season. All values are rounded to one decimal except for dissolved gaseous mercury.
Table 4
Comparison of mercury species concentrations from the Sepetiba Bay tributaries with others rivers, coastal plain estuaries and coastal
lagoons
Site DGM (ng L
À1
) Reactive Hg
(ng L
À1
)
Total dissolved Hg
(ng L
–1
)
Particulate
Hg (mgg
À1
)
Author
Loire R. o0.01 0.08–0.22 0.42-2.02 0.08–0.50 [4]
Siene R. o0.01 0.08–0.42 0.50–8.00 0.43–2.66
Patuxent R. 0.0270.01 1.3271.29
Susquehanna R. 0.0170.01 1.7871.58 0.5970.66 [1]
Baltimore Harbor 0.0270.01 5.474.7
Scheldt Estuary 0.05–0.70 0.01–4.7 0.42–2.02 [34]
Coastal Lagoons,
SE Brazil
0.02–0.1 2.5–11.3 2.6–57.0 [22]
Itingu@u R. 0.18 1.0 1.2 0.7
Itimirim R. 0.09 0.3 0.4 0.1
Guarda R. 0.09 0.3 0.5 1.2
S
*
ao Francisco R. 0.10
(d)
/0.02
(r)
0.3
(d)
/0.1
(r)
0.4
(d)
/0.1
(r)
0.3
(d)
/0.4
(r)
This study
Guandu R. 0.10
(d)
/0.03
(r)
18.1
(d)
/3.8
r
66.
(d)
/3.9
(r)
0.6
(d)
/1.0
(r)
Ita R. 0.08 1.3 1.4 o0.1
(d)
dry season ;
(r)
rainy season. All values from Sepetiba bay tributaries are rounded to one decimal except for DGM.
H.H.M. Paraquetti et al. / Water Research 38 (2004) 1439–1448 1443
the highest reactive Hg concentrations (1.0 ng L
À1
),
compared to the other rivers with the exception of the
Guandu and Ita rivers. These two rivers, although
presenting low DO and redox potential, present very
high TSS concentrations, which could compete for the
reactive Hg. The sharp decrease in DGM concentrations
in the S
*
ao Francisco and Guandu Rivers in the rainy
season compared to the dry season also corroborates
this hypothesis, since during the rainy season there is an
increase in TSS (see Tables 3 and 5) and a decrease in
reactive Hg concentrations of about three and five times
in the S
*
ao Francisco and Guandu Rivers, respectively.
The total dissolved Hg concentrations during the dry
season showed the highest values in the Guandu River,
with an average of 66.6 ng L
À1
whereas the lowest
concentration was measured in the Itimirim River, with
an average of 0.4 ng L
À1
(Table 3). In the Itingu@u,
Guarda, S
*
ao Francisco and Ita Rivers intermediate
values were found, with averages varying from 0.4 to
1.4 ng L
À1
. In the rainy season, the total dissolved Hg
measured in the S
*
ao Francisco and Guandu Rivers
showed a decrease of three and 17 times, respectively,
compared to the dry season concentrations, similar to
the reactive Hg decreases. In fact, a significant positive
correlation (r ¼ 0:99; Po0:01) was found between the
reactive Hg concentrations and the total dissolved Hg
concentrations (Fig. 2).
The high total dissolved Hg values found in the
Guandu river are similar to those reported in other
heavily impacted and industrialized areas, as in the
Narragansett Bay tributaries, USA, with a range from
7.2 to 30 ng L
À1
[5], and in Lake Michigan tributaries,
USA, with a range from 0.6 to 182 ng L
À1
[33]. On the
other hand, the other rivers in Sepetiba Bay basin had
Hg values similar to those of slightly impacted areas,
such as the Patuxent River, USA, that showed o0.5–
6ngL
À1
[3], and the Loire and Siene Rivers, France,
with averages of 0.8270.42 and 2.371.94 ng L
À1
,
respectively [4] (Table 4). Values are also similar to
those found in the St. Lawrence, Canada, where the
concentrations varied from 0.08 to 2.64 ng L
À1
[2],in
Chesapeake Bay tributaries, USA, with average con-
centrations ranging from 1.3271.29 to 5.474.7 ng L
À1
[1] and in the Scheldt Estuary 0.42 to 2.0 ng L
À1
[34]
(Table 4).
ARTICLE IN PRESS
Table 5
Mercury species and TSS fluxes to Sepetiba Bay from its major tributaries, SE Brazil
Water flux
a
(m
3
s
À1
)
Total suspended
solid (mg L
À1
)
Total dissolved Hg
Flux (mgs
À1
)
Particulate Hg
flux (mgs
À1
)
TSS flux
(kg s
À1
)
Itingu@u River 0.04 1.5–1.7 0.41–0.51 0.38–0.54 5.7–6.5 Â 10
À4
ðn ¼ 4Þ; av. 1.7 0.46 0.46 6.5 Â 10
À4
Itimirim River 0.06 2.1–9.1 0.01–0.03 0.02–0.03 1.3–5.8 Â 10
À4
ðn ¼ 6Þ; av. 4.4 0.02 0.03 2.8 Â 10
À4
Guarda River 12.2 11.3–18.2 2.4–10.2 1.8–463.9 0.14–0.22
ðn ¼ 6Þ; av. 15.5 6.0 234.4 0.19
S
*
ao Francisco River 182.2 13.2–16.4
(d)
29.2–131.3 131.3–1480.5 2.4–3.0
ðn ¼ 6Þ; av. 15.1
(d)
72.9 816.8 2.7
197
(r)
23.7 12571.7 35.9
Guandu River 6.2 90.0–340.7
(d)
30.1–1032.4 596.2–964.0 0.56–2.1
ðn ¼ 6Þ; av. 189.2
(d)
411.9 749.4 1.2
261
(r)
23.8 1549.3 1.6
Ita River 2.5 32.5–36.1 3.0–3.8 0.60–0.73 0.08–0.09
ðn ¼ 4Þ; av. 34.3 3.4 0.68 0.09
av.=average value;
a
Ref. [13].
(d)
dry season;
(r)
rainy season.
0
1
2
3
4
0123
4
Total dissolved Hg (ng L
-1
)
Reactive Hg (ng L
-1
)
R
2
= 0.9976
(P < 0.01)
Fig. 2. Relationship between total dissolved Hg and reactive
Hg concentrations in Sepetiba Bay tributaries, SE Brazil.
H.H.M. Paraquetti et al. / Water Research 38 (2004) 1439–14481444
The percent of reactive Hg relative to the total
dissolved Hg concentrations observed during the dry
season were smaller in the Guarda River, with an
average of 52.1%, followed by the S
*
ao Francisco River,
with an average of 61.5%. Itimirim River showed an
average of 71.1% and the Itingu@u River presented an
average of 84%. The higher percentage was found in Ita
River, with an average of 93.2%. In the rainy season, the
percentages increased to 84.5 and 99.2% in the S
*
ao
Francisco and Guandu Rivers, respectively.
During the dry season, the highest particulate Hg
concentrations were found in the Guandu River, with an
average of 121 ng L
À1
, followed by the Guarda River,
with an average of 19.2 ng L
À1
, while the lowest
concentrations were found in the Ita River, with an
average of 0.3 ng L
À1
. In the Itimirim, Itingu@u, and S
*
ao
Francisco Rivers the average values ranged from 0.4 to
4.5 ng L
À1
. The sampling performed in the rainy season
showed an increase of 15 and two times in the S
*
ao
Francisco and Guandu Rivers, respectively.
During the dry season, the percent of particulate Hg
relative to the total (D+P) Hg concentrations was
higher in the S
*
ao Francisco River, with an average of
84.9%; in the Guandu river, with an average of 76.5%;
and in the Guarda River, with an average of 72.7%. The
lower percentages were found in the Ita River, with an
average of 16.4%; in the Itimirim River, with an average
of 45.5%; and in the Itingu@u River, with an average of
49.7%. In the rainy season, the percentages increased to
99.8% and 98.5% in the S
*
ao Francisco and Guandu
Rivers, respectively.
The highest values found in the Guandu River reflect
the activities observed in the basin, as an important
industrial park and the most important water treatment
plant that discharge all refuses in this water body.
The samples collected in the S
*
ao Francisco and
Guandu River during the rainy season showed a
decrease of all dissolved Hg fractions, while the
particulate Hg fraction showed a large increase. This
temporal variability suggests a dilution effect onto the
dissolved phases associated with the increase of total
suspended solids (TSS) that supply binding sites for
dissolved Hg sorption, which also results in a decrease in
DGM concentrations in these two rivers as mentioned.
The increase of the particulate Hg fraction was
proportional to the increase of the TSS, as observed in
Fig. 3, which shows a significant positive correlation
between particulate Hg concentrations and TSS
(r ¼ 0:82; Po0:01) as well as between the total Hg and
particulate Hg concentrations (r ¼ 0:95; Po0:01).
Fig. 4 summarizes the Hg partitioning between
different Hg species in the rivers. The S
*
ao Francisco
and Guandu Rivers, in both dry and rainy season, and
the Guarda River showed the predominance of particu-
late Hg fraction whereas in the Ita River the dissolved
ARTICLE IN PRESS
0
50
100
150
200
250
300
0 50 100 150 200 250 300
0
50
100
150
200
250
300
0 50 100 150 200 250 30
0
R
2
= 0.8242
(P < 0.01)
R
2
= 0.9511
(P < 0.01)
TSS (mg L
-1
)
Particulate Hg (ng L
-1
)
Total H
g
(n
g
L
-1
)
Particulate Hg (ng L
-1
)
Fig. 3. Relationship between TSS and particulate Hg concen-
trations, and between total Hg and particulate Hg concentra-
tions, in the Sepetiba Bay tributaries, SE Brazil.
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Itinguçu R. Itimirim R. Guarda R. São
Francisco
R.(d)
Guandu
R.(d)
Guandu
R.(r)
São
Francisco
R.(r)
Ita R.
Dissolved Gaseous Hg Reactive Hg Total dissolved Hg Particulate Hg
Fig. 4. The partitioning between Hg species measured in the Sepetiba Bay tributaries, SE Brazil (d=dry season sampling, r=rainy
season sampling).
H.H.M. Paraquetti et al. / Water Research 38 (2004) 1439–1448 1445
Hg fraction is greater. In the Itingu@u and Itimirim
Rivers the dissolved and particulate Hg fraction had an
equal contribution.
The total dissolved and particulate Hg and TSS fluxes
were calculated for the Sepetiba Bay tributaries and are
given in Table 5. The higher dissolved and particulate
Hg and TSS fluxes were found in the Guandu and S
*
ao
Francisco Rivers, which are responsible for over 86% of
the total freshwater input to the bay [13]. On the other
hand, the Itingu@u and Itimirin Rivers showed lower Hg
and TSS fluxes, while the Ita and Guarda showed
intermediate values. The results showed that most of the
Hg transported by rivers is associated with suspended
particle. This is in agreement with the Hg distribution in
Sepetiba Bay bottom sediments previously reported by
Marins et al. [16], showing higher Hg concentrations in
sediments closer to the major two rivers and following
the deposition pattern of suspended particles into the
Bay.
The present study showed a significant increase in the
particulate Hg and TSS fluxes during the rainy season in
the Guandu and S
*
ao Francisco Rivers. In the rainy
season, in the S
*
ao Francisco River particulate Hg and
TSS fluxes increased by a factor of 13 and in the Guandu
River particulate Hg flux increased over two times in
comparison to the dry season. In these rivers, the total
dissolved Hg fluxes decreased by over three times and 17
times in the S
*
ao Francisco and Guandu Rivers,
respectively, between the dry and rainy seasons. These
results suggest the importance of the surface runoff
promoted by the heavy summer rains as the major
mobilizer of Hg in the Sepetiba Basin-Bay system and
are in agreement with the highest inputs of Hg from
anthropogenic sources being to soils [9], where deposited
Hg is carried into rivers by erosion and runoff.
The total dissolved Hg flux was estimated as
11 kg yr
À1
whereas the particulate Hg flux was estimated
as 190 kg yr
À1
. The TSS flux was estimated as
4.8 Â 10
8
kg yr
À1
. The Guandu River was responsible
for 81% of the total dissolved Hg flux whereas the S
*
ao
Francisco River was responsible for 80% of the
particulate Hg flux and 90% of the TSS flux.
The relative affinity of Hg for dissolved and particu-
late phases was measured by the particle–water partition
coefficient (K
d
; Lkg
À1
). An elevated K
d
value indicates
high affinity for the particulate phases. The K
d
values
ranged over three orders of magnitude, from low values
(0.06–0.65 Â 10
5
) in the Guandu River, during the dry
season, and in the Ita River, to intermediate values
(1.90–6.02 Â 10
5
) in the Itimirim, Guandu Rivers, during
the rainy season, and in the Itingu@u River, to high
values (13.32–44.25 Â 10
5
) in the S
*
ao Francisco and
Guarda Rivers (Table 6). The relative increase in K
d
from the dry to the rainy season, in the S
*
ao Francisco
and Guandu Rivers, parallel with the increase of the
TSS in this period, also suggest erosion and leaching of
soils as the major source of Hg to rivers, since the major
inputs of the Hg are to the soils (143 kg yr
À1
), in
agreement with the total Hg emission to Sepetiba Bay
estimated by Marins et al. [9]. Although the water flux
shows no significant increase during the rainy season,
due to the artificially controlled nature of major rivers,
ARTICLE IN PRESS
Table 6
The particle–water distribution coefficient ðK
d
Þ in Sepetiba Bay tributaries, SE Brazil
Particulate Hg (mgg
À1
) Total dissolved Hg (ng L
À1
)Kd(Lkg
À1
 10
5
) log K
d
Itingu@u River 0.59–0.83 1.1–1.3 4.42–7.61 5.65–5.88
ðn ¼ 4Þ; av. 0.71 1.2 6.02 5.76
Itimirim River 0.09–0.11 0.5–0.5 1.82–1.97 5.26–5.30
ðn ¼ 6Þ; av. 0.10 0.5 1.90 5.28
Guarda River 0.01–2.45 0.2–0.8 0.12–93.23 4.06–6.97
ðn ¼ 6Þ; av. 1.24 0.5 44.25 5.89
S
*
ao Francisco River 0.05–0.54
(d)
0.2–0.7 0.66–29.87 4.82–6.48
ðn ¼ 6Þ; av. 0.30
(d)
0.4 13.32 5.86
0.35
(r)
0.1 26.9 6.43
Guandu River 0.51–0.82
(d)
4.9–167 0.05–1.13 3.69–5.05
ðn ¼ 6Þ; av. 0.64
(d)
66.6 0.65 4.49
0.96
(r)
3.9 2.50 5.40
Ita River 0.007–0.009 1.2–1.5 0.05–0.06 3.75–3.77
ðn ¼ 4Þ; av. 0.008 1.4 0.06 3.76
av.=average value;
(d)
dry season;
(r)
rainy season. Total dissolved Hg values are rounded to one decimal.
H.H.M. Paraquetti et al. / Water Research 38 (2004) 1439–14481446
the surface runoff from soils to the rivers is enlarged.
The log K
d
values found are similar to those reported for
other rivers, e.g. The Loire and the Siene Rivers, France,
of 5.370.2 and 6.070.2, respectively [4], the Rh
#
one
River, France, ranging from 5.6 to 5.8 [35], the Lena, Ob
and Yenisei Rivers, Russia, of 5.270.2, 4.970.1 and
5.370.2, respectively [36], Wisconsin Rivers, USA, of
4.870.7 [37] and Chesapeake Bay tributaries, USA,
ranging from 5.06 to 5.52 [1]. Only the Ita River showed
lower values than the above reported ones.
The K
d
values of about 2.0 Â 10
5
are related to
physical sorption/desorption processes whereas the K
d
values of about 10.0 Â 10
5
or higher are related to
precipitation/dissolution of minerals, in particular of
sulfides [34] thus, the K
d
values found suggest that in the
Itingu@u, Itimirim, Guandu e Ita Rivers the physical
sorption/desorption processes control the Hg particle–
water interaction whereas in the Guarda and S
*
ao
Francisco Rivers this interaction may also be partially
controlled by the precipitation/dissolution of minerals.
A better knowledge of the nature of the TSS in these
rivers is necessary to explain the high K
d
values found.
Our results suggest that since the TSS load to Sepetiba
tributaries controls Hg distribution and speciation,
intensive studies are necessary, in particular on the
nature of the effluents from the water treatment plant
and its immediate effect on Hg distribution and
speciation in the two major rivers draining into Sepetiba
Bay.
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ARTICLE IN PRESS
H.H.M. Paraquetti et al. / Water Research 38 (2004) 1439–14481448
138
10 ANEXO 2
Paraquetti, H.H.M. et al./Geochim. Brasil., 18(1)028-037, 2004
28
MERCURY SPECIATION AND DISSOLVED ORGANIC CARBON
CHARACTERIZATION IN THE SURFACE WATERS OF SEPETIBA
BAY, SE BRAZIL
H. H. M. Paraquetti
1
, L. D. Lacerda
1,2
, G. A. Ayres
1
, S. Mounier
3
& M. D. Almeida
1
1
Departamento de Geoquímica, UFF, Campus do Valonguinho, Niterói, 24020-007, RJ, Brazil , E-
mail: paraquetti@hotmail.com
2
Instituto de Ciências do Mar, UFC, Av. Abolição 3207, Fortaleza, 60165-081, CE, Brazil
3
Laboratoire PROTEE-CAPTE, Université de Toulon, BP 20132, 83957, La Garde, França CEDEX
ABSTRACT
Mercury speciation and dissolved organic carbon (DOC) were measured during a flood tide
event in surface waters of Sepetiba Bay, SE Brazil. Average concentrations were 0.08 ± 0.01 ng L
-1
for
elemental Hg, 1.0 ± 0.2 ng L
-1
for reactive Hg, 2.3 ± 1.2 ng L
-1
for total Hg, 5.9 ± 5.5 ng L
-1
for particulate
Hg and 1.2 ± 1.0 ng L
-1
for organic Hg. Hg species concentrations showed no significant correlations
between them, but total Hg concentrations were negatively correlated with the percent of reactive Hg
relative to the total Hg concentrations (r = -0.92). Molecular fluorescence spectroscopy of DOC showed
excitation/emission matrices, Ia/Ic and EM
450
/EM
500
ratios typical of relatively young marine DOC rich
in microbially derived fulvic acids, which may explain the observed relative increase of reactive Hg
concentrations with increasing tidal height and favor Hg transport through the bay.
RESUMO
A especiação do Hg e o conteúdo de carbono orgânico dissolvido (COD), num evento de entrada
de maré nas águas da Baía de Sepetiba, SE Brasil, mostraram concentrações médias de: 0,08 ± 0,01 ng L
-
1
para Hg elementar; 1,0 ± 0,2 ng L
-1
para Hg reativo; 2,3 ± 1,2 ng L
-1
para Hg total; 5,9 ± 5,5 ng L
-1
para
Hg particulado e 1,2 ± 1,0 ng L
-1
para Hg orgânico. Não foi observada correlação significativa entre as
concentrações das espécies de Hg, porém o Hg total foi correlacionado negativamente com a porcentagem
de Hg reativo em relação ao Hg total (r = -0,92). A espectrofotometria de fluorescência molecular, através
das matrizes de excitação/emissão e das razões Ia/Ic e EM
450
/EM
500
, caracterizou um COD relativamente
jovem, marinho e rico em ácidos fúlvicos de origem microbiogica, explicando o aumento relativo do
Hg reativo com o aumento da maré favorecendo seu o transporte na Baía.
INTRODUCTION
Coastal environments are complex
systems submitted to tidal conditions, involving
the intense exchange and mixing of fresh water
and seawater. The biogeochemical cycling of
trace metals in the coastal zone has been altered
by human activities through the input of trace
metals to these regions from point and diffuses
sources. Among the various trace metals of
environmental significance, Hg is one which
cycle is most affected by anthropogenic activities
(Vandal & Fitzgerald, 1995; Coquery et al., 1997;
Benoit et al., 1998; Cossa & Gobeil, 2000;
Lawson et al., 2001).
Mercury is considered extremely toxic
to human and marine life even at low
concentrations. This element can be present as
dissolved ionic complexes or adsorbed onto
particulate matter, as dissolved or particulate
organic species and as dissolved or gaseous
species in natural waters, as well as adsorbed to
sedimentary phases in bottom sediments of rivers
and oceans. Methylmercury is the Hg form more
toxic to humans and aquatic life and is formed
through the transformation of inorganic mercury
by microorganisms present in sediment and
water. This process is influenced by redox
potential, temperature, bacterial activity, pH,
metal availability, organic matter and sulphide
contents and most important the availability of
Paraquetti, H.H.M. et al./Geochim. Brasil., 18(1)028-037, 2004
29
Hg
2+
. Therefore, knowing the chemical
speciation of Hg in aquatic environments is a
key step in assessing the environment’s
methylation capacity (Quevauviller et al., 1992;
Morel et al., 1998).
It is known that both particulate and
dissolved organic carbon play a significant role
in the biogeochemical cycling of Hg in aquatic
environments. In coastal waters, more than 60
% of the total dissolved mercury is associated to
organic matter or suspended particles (Fitzgerald
& Lyons, 1973). Whereas dissolved organic
carbon (DOC) appears to control the
bioavailability of mercury due to its high Hg-
binding capacity (Barkay et al., 1997; Cai et al.,
1999).
The study of the fluorescent dissolved
organic carbon has often been used to distinguish
between water masses from various sources
(marine, coastal or terrestrial) (Coble, 1996) or
to study the mixing processes in coastal and
estuarine environments. It has contributed to the
understanding of the biogeochemical processes
affecting fluorescence of dissolved organic
matter during transport through estuaries and in
the ocean (Sierra et al., 1994, 1997; Parlanti et
al., 2000). The fluorescence in natural waters is
predominantly generated by organic acids (humic
and fulvic) and the amino-acid groups within
proteins. This fluorescent organic matter may be
derived from decomposed plant material and
from both floral and faunal organic material
present in water or they may be leached into the
aquatic environment from terrestrial plants, leaf
litter, soil or subsurface deposits (Senesi et al.,
1991). McKnight et al. (2001) showed that the
chemical differences between the microbially
derived fulvic acids and the terrestrially derived
fulvic acids influence the ecological role of fulvic
acids due the difference of aromaticity of these
compounds.
Several studies have investigated the
fluorescent organic matter in marine and coastal
waters (Coble, 1996; Parlanti et al., 2000) and
have revealed the presence of several
fluorescence intensity peaks at excitation and
emission wavelength pairs. Many factors may
influence the fluorescence intensity and
wavelength of dissolved organic matter in natural
waters, such as pH, metal–ion interactions and
temperature (Senesi et al., 1991; Patel et al.,
2002). However, keeping these parameters
controlled during analysis, fluorescence intensity
peaks and wavelength can be used as consistent
proxies of organic carbon origin and reactivity
in aquatic ecosystems.
Recent studies in Sepetiba Bay
suggested important changes to occur in Hg
reactivity (Lacerda et al., 2001) and eventually
bioavailability (Khering, 1995)
during its
transport through the estuarine gradient, but
failed to describe under what conditions or which
parameters influence these changes. Therefore,
the aim of the present work is to study changes
in Hg reactivity in Sepetiba Bay through the
characterization of the Hg speciation in the
surface water of the external area of bay, to
characterize the dissolved organic matter through
fluorescence technique and to investigate their
relationship.
STUDY SITE
Sepetiba Bay is located approximately
at latitude 23º S and longitude 44º W, about 60
km south of the Rio de Janeiro city (Figure 1).
The Bay is a semi-enclosed water body with 447
km
2
of area, average depth of 6.0 m, tidal range
of less than 2.0 m and a water turnover time of
about 100 hours. The region is under a hot-humid
tropical climate, with mean annual precipitation
from 1,400 mm to 2,500 mm, depending on the
location along the coast. High annual
atmospheric precipitation over Sepetiba Bay
increases the importance of atmospheric derived
pollutants from the local industrial park,
particularly of smelters (Lacerda et al., 1987;
Barcellos & Lacerda, 1994; Rodrigues, 1990).
Sepetiba Basin harbors an industrial park with
over 400 industries, a population of about 1.2
million and important fisheries and tourist
activities.
Mercury is an ubiquitous contaminant
present in the urban and industrial effluents
reaching Sepetiba Bay. Mercury emissions to
soils, waters and the atmosphere at Sepetiba Bay
basin are mostly from diffuse sources,
particularly from leaching of a large landfill, an
oil-fired electric power plant, steel and iron
Paraquetti, H.H.M. et al./Geochim. Brasil., 18(1)028-037, 2004
30
production and waste incineration. Marins et al.
(1998a) estimated that the total Hg emission to
Sepetiba Bay basin ranges from 251 to 417 kg
yr
-1
. Major emissions are to the atmosphere (167
- 201 kg yr
-1
) and to soils (84 216 kg yr
-1
).
Although direct emissions to waterways from the
industrial park are very small (less than 1 kg yr
-
1
), the large atmospheric and soil loads may
contaminate fluvial systems through atmospheric
deposition, surface runoff and groundwater flow.
Recent studies showed that 16 to 85 %
total Hg inputs through the majors tributaries of
Sepetiba Bay are associated with total suspended
solid (TSS) (Paraquetti et al., 2004). Once
reaching the bay, Hg, as well as other trace metals
associated with TSS and transported by rivers,
is distributed following tidal currents within the
bay (Lacerda et al., 1987; Barcellos et al., 1997;
Marins et al., 1998b). However, only 15% of the
total Hg inputs to Sepetiba Bay accumulate in
near shore sediments and 85 % this inputs is
exported to the external bay area, cycling within
the water column and becoming bioavailable for
methylation processes and eventually be
exported to the adjacent continental shelf waters
(Marins et al., 1996; Marins et al., 1999).
SAMPLING AND ANALYSIS
All sampling and analytical materials
were pre-cleaned according to accepted protocols
(Guentzel et al., 1996). The sampling was
conducted during a flood tide event in autumn
(April, 2001) in surface waters of the external
area of Sepetiba Bay, avoiding the influence of
major river inputs. Nine stations were sampled
consecutively with station 1 at the beginning of
the tide event and station 9 sampled at the end of
the flood period (Table 1). Samples were
collected near the surface and stored using 0.5 L
pre-cleaned Teflon bottles for mercury analysis.
Sampling bottles were rinsed three times with
the local water before being filled, double-
bagged in clean plastic bags and transported in
an icebox to the laboratory.
Figure 1 – Sampling sites location in Sepetiba Bay SE, Brazil.
All samples were immediately analyzed,
in duplicate, after collection (within 4 to 48 h
maximum) to preserve the studied species
(Bloom & Crecelius, 1983; Bloom, 1994).
During the period between sampling and analysis
samples were kept in an icebox.
Two samples from each of sampling sites
were collected to determinate Hg species,
including elemental Hg, reactive Hg, total Hg,
Table 1Average values (n=3) of major physical chemical
parameters measured in surface waters of the Sepetiba Bay,
SE Brazil.
Station
Sampling
Hour
Tidal
Height
(cm)
Temperature
(ºC)
Salinity
Dissolved
oxygen
(mg L
-1
)
pH
1 10:00 h 48 20 31 4.5 8.2
2 10:20 h 44 22 31 4.8 8.3
3 11:20 h 32 20 32 4.5 8.3
4 12:40 h 53.5 20 32 5.1 8.2
5 13:00 h 60 21 30 5.2 8.2
6 13:20 h 66.5 21 31 5.0 8.2
7 14:40 h 93.5 22 32 5.2 8.2
8 15:00 h 100 20 32 5.5 8.2
9 15:40 h 113.5 20 35 6.5 8.3
Paraquetti, H.H.M. et al./Geochim. Brasil., 18(1)028-037, 2004
31
particulate Hg and organic Hg fraction estimated
by difference between total Hg and the reactive
Hg.
Elemental Hg fraction was analyzed in
non-acidified, sub-samples (200 mL) purged with
Hg-free argon, at a flow rate of 760 mL min
-1
,
for two cycles of 2 min, and collected on a gold
wool trap connected to the outlet of the reaction
vessel. The use of purge in two cycles of 2 min
to elemental Hg determinations present results
more satisfactory than the use of 4 min of purge
in this analytical systems (Marins et al., 2002).
Reactive Hg was analyzed in non-
acidified, sub-samples (20 mL) after the addition
of an acidic (1 % v/v distillated HCl + 1% m/v
ascorbic acid) 10% SnCl
2
solution. This fraction
includes mostly ionic (Hg
2+
) plus elemental Hg,
but also the Hg fraction weakly bound to
inorganic and organic complexes (Mason et al.,
1993; Mason & Sullivan 1999; Cossa & Gobeil,
2000; Lacerda & Gonçalves, 2001; Rolfhus and
Fitzgerald, 2001; Horvat et al., 2003).
Total Hg fraction was determined
directly in non-acidified, sub-samples (50 mL)
after oxidation with a bromine monochloride
solution (KBrO
3
1 % m/v + HCl 20 % v/v) at
room temperature. This was followed by a
reduction with the same SnCl
2
solution used for
reducing the reactive Hg fraction. Total Hg
includes all dissolved Hg species strongly bound
to soluble inorganic and organic complexes, and
probably some of the Hg weakly bound to
suspended particles (Bloom & Crecelius, 1983;
Marins et al., 2002; EPA, 2002). The difference
between reactive Hg and total Hg fraction
correspond to non-reactive Hg fraction and could
be related to organic Hg complexes.
Particulate Hg fraction was obtained by
the difference between the total Hg determined
with BrCl and the total Hg content in the sample.
The total Hg content was determined in
unfiltered, non-acidified, sub-samples (40 mL)
after oxidation with a 50 % v/v aqua-regia
solution (4H
2
O:3HCl:1HNO
3
), at 70 to 80 ºC for
1 hour followed by a reduction with the same
SnCl
2
solution used for reducing the reactive Hg
fraction. This Hg fraction includes all Hg
dissolved species present in the sample as well
as the Hg strongly bound to particulate matter
and humic substances. This methodology of
determination of particulate Hg was tested and
confirmed in a recent work in the same region
(Paraquetti et al., 2004). The error found between
the determination of particulate Hg by this
method and the analysis of filters containing
suspended solids presented relatively low
variability (< 15 %), and statistical analysis
showed no difference between the two methods,
therefore validating this methodology. The
methodology used in this study provides higher
analytical speed and minimize the contamination
during the filtration.
The final detection of Hg
0
resultant from
the reduction reaction was purged from the
sample with Hg-free Argon, at a flow rate of 760
mL min
-1
, for 2 min, and collected on a gold wool
trap connected to the outlet of the reaction vessel.
Two Au traps in the gas line stripped any Hg
from the carrier gas. All connecting tubing was
made of Teflon with glass-Teflon connections
made of clean silicone tubing. Mercury
determination was performed at a wavelength of
253.7 nm, in a Tekran Model 2500 Cold Vapor
Atomic Fluorescence Spectrophotometer
(Mason & Sullivan, 1999; Lacerda & Gonçalves,
2001; Marins et al., 2002; Conaway et al., 2003).
Under the operational conditions described, the
analytical detection limit of the method was 1.0
pg, based on the ratio between three standard
deviation estimated by S
y/x
(S
y/x
= {(y
i
– y)
2
. (n-
2)
-1
}
1/2
), where the axis x and y were done in mass
(ng Hg) and fluorescence intensity, respectively
and the slope of the regression line of the
calibration curve (Miller & Miller, 1993). All
samples were analyzed in duplicate. Differences
between duplicates remained below 15 % for all
samples.
From each sampling site, 0.5 L samples
were collected for total suspended solid (TSS),
dissolved organic carbon (DOC) and particulate
organic carbon (POC) analysis. The sub-samples
were filtered through a glass micro fiber filter
(0.7 µm, Whatman GF/F), directly after
sampling. The filters had been pre-treated by
heating at 450 ºC for 12 hours in order to destroy
traces of organic carbon. The filtrates were
preserved with 100 mL of 1 M sodium azide
Paraquetti, H.H.M. et al./Geochim. Brasil., 18(1)028-037, 2004
32
solution and were kept in refrigeration.
The DOC concentration was measured
using a SHIMADZU TOC 5000 equipped with
an auto sampler. To eliminate dissolved
carbonates 50 mL of HCl was added followed
by oxygen bubbling for 10 mim. The sample was
analyzed by high temperature catalytic
combustion (650 ºC). The obtained detection
limit for this procedure was 0.15 mg L
-1
. The
POC concentration was measured using the same
analytical system but with other furnace (SSM
5000A) at 900 ºC. Each analysis was made in
triplicate to determine the average
concentrations.
The DOC present in the samples was
characterized using molecular fluorescence
spectroscopy. Fluorescence measurements were
undertaken using a HITACHI F 4500
fluorescence spectrophotometer. The
spectrophotometer used a xenon excitation
source and slits were set to 10 nm for excitation
and 5 nm for emission. To obtain fluorescence
excitation emission matrixes (EEM), excitation
wavelengths were incremented from 200 to 500
nm at 5 nm steps; for each excitation wavelength
the emission was detected from 250 to 600 nm
at 5 nm steps. Scan speed was set at 30,000 nm
mim
-1
. The excitation fluorescence spectra were
collected from 200 to 420 nm at a fixed emission
wavelength of 435 nm, and emission
fluorescence spectra were collected from 350 to
600 nm at a fixed excitation wavelength of 340
nm. Scan speed was set at 240 nm mim
-1
.
During the sampling, some major
physical and chemical parameters were also
measured in situ. Salinity was determined using
a SHIBUYA refratometer. Dissolved oxygen
(DO) was determined using a DIGIMED portable
oxygen meter, whereas pH, and temperature were
measured with a DIGIMED pH-meter, with a
combined glass electrode for pH determinations.
Precision of such field determinations was 0.1
unit.
RESULTS AND DISCUSSION
Mercury speciation
The major physical and chemical
parameters and the concentrations of Hg species
measured in the surface waters of Sepetiba Bay
are presented in Tables 1 and 2, respectively.
There was no substantial variation in pH and
temperature in the surface waters of Sepetiba Bay
during the sampling. Between the beginning and
the end of the tidal event, the temperature varied
from 20 to 22 ºC and pH varied from 8.2 to 8.3.
Dissolved oxygen values increased from 4.5 to
6.5 mg L
-1
whereas salinity increased from 30 to
35. More oxygenated and saline waters compared
to estuarine waters of Sepetiba Bay characterize
the influence of ocean waters.
The elemental Hg concentrations in the
surface waters of the external area of Sepetiba
Bay varied little (0.07 to 0.10 ng L
-1
), with an
average concentration of 0.08 ± 0.01 ng L
-1
.
There was no clear trend between different
periods of the tidal event. The reactive Hg
concentrations varied from 0.8 to 1.6 ng L
-1
, with
an average concentration of 1.0 ± 0.2 ng L
-1
Table 2 Average values (n=4) of mercury species concentrations measured in surface waters of the Sepetiba Bay, SE Brazil.
Station
Elemental
Hg
(ng L
-1
)
Reactive
Hg
(ng L
-1
)
Total
Hg
(ng L
-1
)
Organic
Hg
(ng L
-1
)
Reactive
Hg
(%)
Organic
Hg
(%)
Particulate
Hg
(ng L
-1
)
Particulate
Hg
(%)
1 0.09 1.0 1.7 0.7 58.3 41.7 7.5 81.7
2 0.08 1.1 3.6 2.5 30.1 69.9 4.5 55.5
3 0.08 1.0 1.2 0.2 87.5 12.5 19.2 94.1
4 0.08 0.8 2.5 1.7 32.3 67.7 7.8 75.4
5 0.07 0.9 2.5 1.5 37.9 62.1 2.2 47.1
6 0.08 0.9 1.9 0.9 50.0 50.0 1.7 48.1
7 0.09 0.9 1.1 0.2 78.9 21.1 5.0 82.1
8 0.10 1.6 4.8 3.2 33.8 66.2 4.3 47.2
9 0.09 1.0 1.3 0.3 75.0 25.0 1.1 46.1
Paraquetti, H.H.M. et al./Geochim. Brasil., 18(1)028-037, 2004
33
whereas the total Hg concentrations varied from
1.1 to 4.8 ng L
-1
, with an average concentration
of 2.3 ± 1.2 ng L
-1
. Again, there was no clear
temporal trend. However, higher concentrations
of these species were generally found at the end
of the peak of high tide.
The organic Hg concentrations, obtained
by the difference between reactive Hg and total
Hg, varied from 0.2 to 3.2 ng L
-1
, with an average
concentration of 1.2 ± 1.0 ng L
-1
. The percentage
of reactive Hg relative to the total Hg
concentrations varied from 30.1 to 87.5%, with
an average concentration of 53.8 ± 22.2 %
whereas the percent of organic Hg relative to the
total Hg concentrations varied from 12.5 to
69.9%, with an average of 46.2 ± 22.2 % (Table 2).
Particulate Hg concentrations varied
from 1.1 to 19.2 ng L
-1
, with an average
concentration of 5.9 ± 5.5 ng L
-1
and the
percentage of particulate Hg relative to the total
(D+P) Hg concentrations varied from 46.1 to
94.1 %, with an average of 64.1 ± 19.0 % (Table
2). Particulate Hg and its relative importance to
the total Hg concentrations were, in general,
lower at the end of the flood event.
The total Hg concentrations showed a
significant negative correlation with the percent
of reactive Hg relative to the total Hg
concentrations (r = - 0.92, P < 0.01). The
relationship between these parameters followed
a potential equation (Figure 2) with highest
percentages of reactive Hg, up to 80 %, occurring
when lowest total Hg content was measured (1.1
ng L
-1
). A recent study (Lacerda et al., 2001)
in
surface waters of Sepetiba Bay showed the same
tendency.
Figure 3 summarizes the Hg partitioning
between the major species in the surface waters
of the external area of Sepetiba Bay. The results
show a tendency of increase of reactive Hg and
a decrease of particulate Hg during the flood tide
period. The elemental Hg fraction was practically
constant whereas the organic Hg fraction did not
follow a clear tendency. Although the major Hg
input to Sepetiba Bay is associated with
suspended particulate material (SPM) (Paraquetti
et al., 2004), this fraction is retained at the inner
reaches of the bay, close to river mouths (Marins
et al., 1999).
R
2
= 0.855
(P < 0.01)
0
20
40
60
80
100
0 1 2 3 4 5 6
Total Hg (ng L
-1
)
% Reactive Hg
Figure 2 Relationship between total Hg and reactive Hg
as percentage of the total Hg concentrations in the surface
waters of Sepetiba Bay, SE Brazil.
0%
20%
40%
60%
80%
100%
1 2 3 4 5 6 7 8 9
Sampling sites
El e me n t a l Hg Reac tive Hg Par tic ul at e Hg Organic Hg
Figure 3The partitioning between the majors Hg species
measured in the surface waters of Sepetiba Bay, SE Brazil.
No relationship was found between
DOC or POC concentrations and Hg species,
suggesting that the organic matter do not regulate
Hg behavior despite its proved complexing
capacity for mercury (Mounier et al., 2001; Lu
& Jaffe, 2001).
The elemental Hg concentrations found
in this work are similar to those reported for
others moderate contaminated estuaries, e.g. the
Scheldt Estuary, with concentrations varying
from 0.02 to 0.13 ng L
-1
(Baeyens et al., 1998);
the St. Lawrence Estuary, varying from 0.04 to
0.07 ng L
-1
(Cossa & Gobeil, 2000); the North
Atlantic, with an average concentration of 0.09
± 0.06 ng L
-1
(Mason et al., 1998) and the North
Sea, varying from 0.02 to 0.90 ng L
-1
(Coquery
& Cossa, 1995). Mason & Sullivan (1999)
reported higher values in the South and
Equatorial Atlantic, with an average
concentration of 0.24 ± 0.16 ng L
-1
. The values
found by Coquery & Cossa (1995) are related to
the dissolved gaseous mercury (DGM) but
include only the elemental Hg because the
measure was analyzed after 6h of sampling and
this time is sufficient for the loss of the dimetil
mercury present in the sample, according to
Paraquetti, H.H.M. et al./Geochim. Brasil., 18(1)028-037, 2004
34
Bloom & Crecelius (1993)
The reactive Hg concentrations found in
this work were always in the upper range of
values reported in the literature considering the
same analytical methodology. Reactive Hg
concentrations reported in the literature typically
vary from 0.16 to 0.90 ng L
-1
(Mason et al., 1998;
Mason & Sullivan, 1999; Cossa & Gobeil, 2000;
Rolfhus and Fitzgerald, 2001; Horvat et al.,
2003).
Conaway et al. (2003) reported total Hg
concentrations varying from 0.15 to 88.2 ng L
-1
in San Francisco Bay. Similar values were
reported by Lacerda & Gonçalves (2001) in the
coastal lagoons of SE Brazil, varying from 2.5
to 11.3 ng L
-1
. However, the values measured in
Sepetiba Bay were higher than those reported in
open ocean areas, such as the North Atlantic
(Mason et al., 1998) and the South and Equatorial
Atlantic (Mason & Sullivan, 1999).
The particulate Hg concentrations found
are similar to those reported for coastal plain
estuaries in literature, e.g. in the Scheldt estuary,
varying from 0.35 to 1.6 µg g
-1
(Baeyens et al.,
1998); the Loire and Siene estuaries, varying
from 0.1 to 1.0 µg g
-1
and from 0.5 to 2.0 µg g
-1
respectively (Coquery et al., 1997); the Costal
Lagoons of SE Brazil, varying from 0.7 to 2.9
µg g
-1
(Lacerda & Gonçalves, 2001); the San
Francisco Bay estuary, with an average
concentration of 0.36 ± 0.10 ng L
-1
(Conaway et
al., 2003) and in the North Sea, varying from
0.12 to 0.48 ng L
-1
(Coquery & Cossa, 1995).
Characterization of the dissolved organic
carbon
Figure 4 presents peaks position of the
excitation emission matrix (EMM) of the
Sepetiba Bay´s surface waters. The locations of
fluorescence intensity peaks in the EEM can be
ascribed to the different fluorophores (protein-
like, fulvic-like and humic-like) characterizing
three different regions. The first region is a region
of protein-like fluorophores with peaks at 225-
230:300-345 nm. The second region is
characteristic of the fulvic-like fluorophores
region with peaks at 250-265:400-440 nm
whereas the third region characterizes the humic-
like fluorophores region with peaks at 275-
310:380-415nm.
The locations of fluorescence intensity
peaks found in the EEM for the surface waters
of the external area of Sepetiba Bay are
comparable to the values reported in literature
for marine waters (Coble, 1996) but are not
comparable to the values reported for coastal
waters (Figure 5). It shows that the dissolved
organic matter of the external area of Sepetiba
Bay receives little influence of the internal area,
richer in terrestrial organic matter.
210
230
250
270
290
310
290 310 330 350 370 390 410 430 450
Emission Wavelength (nm)
Excitation Wavelength (nm)
Fulvic-like
Humic-like
Protein-like
Figure 4 Excitation and emission wavelengths for the three
main fluorescence peaks (protein-like, fulvic -like and humic-
like) observed in the surface waters of Sepetiba Bay, SE
Brazil.
270
290
310
330
350
360 380 400 420 440 460
Emission Wavele ngth (nm)
Excitation Wavelength (nm)
This study
rivers waters*
costal waters*
marine waters*
Figure 5 Comparison between the excitation and emission
wavelengths for humic-like peaks found in the surface waters
of Sepetiba Bay and the values reported in literature (Coble,
1996).
The intensity ratio between two
fluorescence maxima can be used to define the
quality of the fluorescent organic matter in
natural waters (Coble, 1996). We will use the
fluorophores type A (fulvic-like) and type C
(humic-like) present in the water samples to
calculate the fulvic-like:humic-like fluorescence
intensity ratio (Ia/Ic). Small Ia/Ic ratios are
characteristic of more aromatic organic matter
(polycondensed), higher molecular weight and
Paraquetti, H.H.M. et al./Geochim. Brasil., 18(1)028-037, 2004
35
lesser complexation sites, therefore less reactive.
Whereas larger Ia/Ic ratios are characteristic of
a less aromatic organic matter, rich in lesser-
conjugated, younger, fluorescent compounds,
and with elevated complexation and oxidation
capacity, therefore more reactive (Patel et al.,
2002). The results obtained are presented in Table
3. The Ia/Ic ratio values are practically constant
throughout the sampling period, varying from 1.3
to 1.5. Hence it was not possible to point out any
significant changes in the Ia/Ic ratio during the
flood tide event. Similar values were reported
by Coble (1996) in the Dabob Bay, USA (Ia/Ic =
1.60).
~1.4. The calculated values of the fluorescence
indices are presented in Table 3. Fluorescence
index varied from 2.3 to 2.5, showing that the
fulvic acids in the surface waters of the external
area of Sepetiba Bay are mostly formed by
microbial processes. Dissolved organic carbon
(DOC), particulate organic carbon (POC) and
total suspended solid (TSS) concentrations
measured in the surface waters of the external
area of Sepetiba Bay are also presented in Table
3. The DOC concentrations varied from 2.1 to
3.9 mg L
-1
; the POC concentrations varied from
64.4 to 508.8 ¼g L
-1
and the TSS concentrations
varied from 13.4 to 18.8 mg L
-1
.
CONCLUSIONS
The results suggest the importance of the
flood tide event in the Hg speciation of the
surface waters of external area of Sepetiba Bay
showing that Hg fractions are modified during
the flood tide with an increase of the reactive
Hg fraction and a decrease of the particulate one.
The locations of fluorescence intensity peaks in
the EEM as well as the Ia/Ic and E
450
/E
500
ratios
showed that the dissolved organic matter in the
surface waters of the external area of Sepetiba
Bay is essentially of marine origin and relatively
young and rich in microbially derived fulvic
acids. This more reactive organic matter is
probably enhancing Hg reactivity in the dissolved
phase. The increase in the reactive Hg
concentrations during the flood event is
negatively correlated to the total Hg
concentrations. This suggests Hg reactivity to be
enhanced by way of oxidation or by association
with the fresh marine organic matter detected by
fluorescence spectroscopy, and/or desorption
from the particulate phase.
ACKNOWLEDGEMENTS
This study was supported by the
PRONEX-FAPERJ Grant # E-26/171.175/2003.
CAPES and CNPq provided grants to the authors.
Station
TSS
(mg L
-1
)
DOC
(mg L
-1
)
POC
(g L
-1
)
Ia/Ic * E
450
/E
500
**
1 17.9 2.4 171.9 1.4 2.3
2 13.4 2.4 64.4 1.4 2.3
3 18.8 2.4 67.6 1.3 2.4
4 14.7 2.2 103.0 1.3 2.5
5 17.3 2.2 168.9 1.4 2.3
6 14.8 3.5 112.9 1.4 2.3
7 17.9 2.1 508.8 1.4 2.3
8 16.6 2.2 329.3 1.5 2.4
9 15.1 3.9 77.6 1.3 2.3
* Fulvic-like : humic-like fluorescence intensity ratio (Ia/Ic)
** Fluorescence index is the ratio of emission intensity at
450 nm and at 500 nm (excitation wavelength at 340nm)
Table 3Total Suspended Solid (TSS), Dissolved Organic
Carbon (DOC) and Particulate Organic Carbon (POC)
concentrations and Ia/Ic and E
450
/E
500
ratios measured in
surface waters of the Sepetiba Bay, SE Brazil.
McKnight et al. (2001) recently
proposed to use a fluorescence index to
distinguish the microbially derived fulvic acids
from the terrestrially derived fulvic acids. The
index is defined as the ratio of fluorescence
emission intensity at wavelength of 450 nm to
500 nm (E
450
/E
500
). The microbially derived fulvic
acids generally contain low fluorophores and low
aromaticity with a fluorescence index value of
~1.9. However, terrestrially derived fulvic acids
contain a relatively higher aromaticity and
fluorophores with a fluorescence index value of
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139
11 ANEXO 3
140
TABELA 18 – Planilha geral dos dados obtidos para os principais parâmetros físico-químicos e as concentrações de
DOC, POC e TSS nas águas da saída principal da Baía de Sepetiba em ponto fixo.
Salinidade
(‰)
Temperatura
(ºC)
O
2
mg L
-1
% de saturação
de O
2
pH DOC
mg L
-1
POC
µg L
-1
TSS
mg L
-1
% de Carbono
orgânico no TSS
ME/ES
S.1 32,4 22 7,48 105,80 7,79 1,53 222,92 12,34 1,81
S.1# 32,4 22 7,48 105,80 7,79 1,784 189,38 11,43 1,66
M.1 32,8 21,6 7,44 104,79 7,74 1,689 208,58 11,89 1,75
M.1# 32,8 21,6 7,44 104,79 7,74 1,565 167,74 9,6 1,75
F.1 33,3 21,1 7,12 99,72 7,6 1,539 156,78 10,8 1,45
F.1# 33,3 21,1 7,12 99,72 7,6 1,606 217,78 11,43 1,91
S.2 32,6 21,9 7,58 107,06 7,91 1,712 191,21 8,8 2,17
S.2# 32,6 21,9 7,58 107,06 7,91 1,759 225,88 12,8 1,76
M.2 32,9 21,7 7,6 107,19 7,93 1,814 254,98 11,89 2,14
M.2# 32,9 21,7 7,6 107,19 7,93 1,81 189,68 10,4 1,82
F.2 33,3 21,3 7 98,31 7,75 1,718 183,71 10,97 1,67
F.2# 33,3 21,3 7 98,31 7,75 1,903 195,59 10,4 1,88
S.3 32,6 22 7,74 109,63 7,89 1,841 229,3 11,6 1,98
S.3# 32,6 22 7,74 109,63 7,89 1,743 221 11,43 1,93
M.3 33 21,6 7,61 107,18 8,03 1,715 238,19 9,04 2,63
M.3# 33 21,6 7,61 107,18 8,03 1,635 260,56 11,82 2,20
F.3 33,1 21,3 7,31 102,52 7,93 1,716 220,93 10 2,21
F.3# 33,1 21,3 7,31 102,52 7,93 1,634 252,45 13,26 1,90
S.4 32,7 21,9 7,97 112,73 8,1 1,671 238,08 11,89 2,00
S.4# 32,7 21,9 7,97 112,73 8,1 1,826 238,08 13,23 1,80
M.4 32,9 21,6 7,75 109,15 8,19 1,988 232,65 11,2 2,08
M.4# 32,9 21,6 7,75 109,15 8,19 1,883 241,31 14,17 1,70
F.4 33,2 21,4 7,47 105,06 8,11 1,615 190,55 11,43 1,67
F.4# 33,2 21,4 7,47 105,06 8,11 1,802 188,4 12,8 1,47
141
MV/ES
S.1 31,8 24 6,25 88,66 7,88 2,096 152,37 9,6 1,59
S.1# 31,8 24 6,25 88,66 7,88 1,973 271,9 11,89 2,29
M.1 32,7 23,4 6,22 90,28 7,58 1,871 177,57 11,89 1,49
M.1# 32,7 23,4 6,22 90,28 7,58 1,886 204,44 10,8 1,89
F.1 33 23,3 6,13 88,97 7,99 1,848 174,53 11,2 1,56
F.1# 33 23,3 6,13 88,97 7,99 1,813 186,4 11,89 1,57
S.2 32,7 23,8 6,3 92,11 7,94 1,972 213,71 13,71 1,56
S.2# 32,7 23,8 6,3 92,11 7,94 1,896 147,64 8,8 1,68
M.2 33 23,4 6,18 89,83 7,88 1,9 161,14 10,4 1,55
M.2# 33 23,4 6,18 89,83 7,88 1,98 177,04 12,8 1,38
F.2 33,2 23,2 6,04 87,66 7,83 1,882 166,03 11,43 1,45
F.2# 33,2 23,2 6,04 87,66 7,83 1,78 202,2 12,37 1,63
S.3 32,7 24,1 6,37 93,68 7,87 1,962 153,5 9,6 1,60
S.3# 32,7 24,1 6,37 93,68 7,87 1,87 152,77 11,43 1,34
M.3 33,1 23,7 6,4 93,57 8,07 1,999 132,63 10 1,33
M.3# 33,1 23,7 6,4 93,57 8,07 1,877 169,01 10,97 1,54
F.3 33,2 23,2 6,37 92,45 7,99 1,882 168,41 10,4 1,62
F.3# 33,2 23,2 6,37 92,45 7,99 1,797 164,99 11,89 1,39
S.4 33,1 24,4 6,42 95,11 7,92 1,886 155,36 10 1,55
S.4# 33,1 24,4 6,42 95,11 7,92 1,899 186,98 10,51 1,78
M.4 33,2 23,6 6,42 93,86 8,03 1,818 178,95 9,6 1,86
M.4# 33,2 23,6 6,42 93,86 8,03 1,903 184,64 11,43 1,62
F.4 33,2 23,4 6,37 92,72 7,89 1,789 220,14 10,8 2,04
F.4# 33,2 23,4 6,37 92,72 7,89 1,875 201,95 12,34 1,64
S.5 33,1 24 6,47 95,15 8,1 1,817 163,2 10 1,63
S.5# 33,1 24 6,47 95,15 8,1 1,836 160,04 11,89 1,35
M.5 33,3 23,5 6,14 89,64 7,96 1,888 181 10,06 1,80
M.5# 33,3 23,5 6,14 89,64 7,96 1,854 429,36 10,8 3,98
F.5 33,3 23,3 6,5 94,61 8,01 1,813 210,43 12,8 1,64
F.5# 33,3 23,3 6,5 94,61 8,01 2,05 172,26 9,6 1,79
S.6 33 24,9 6,75 100,75 7,91 1,835 144,46 12,34 1,17
S.6# 33 24,9 6,75 100,75 7,91 1,934 108,7 9,26 1,17
M.6 33,3 23,6 6,55 95,76 7,91 1,864 148,83 10,97 1,36
142
M.6# 33,3 23,6 6,55 95,76 7,91 1,905 327,95 11,2 2,93
F.6 33,4 23,5 6,7 97,95 7,91 1,762 188,05 10 1,88
F.6# 33,4 23,5 6,7 97,95 7,91 1,881 185,91 12,34 1,51
S.7 32,5 25,3 6,75 97,98 8,02 1,94 132,64 9,04 1,47
S.7# 32,5 25,3 6,75 97,98 8,02 1,92 134,52 12,24 1,10
M.7 33 24,2 6,71 96,28 8,1 1,888 160,93 8,8 1,83
M.7# 33 24,2 6,71 96,28 8,1 1,958 192,33 10,97 1,75
F.7 33,3 23,5 6,7 97,81 8,02 1,99 164,19 9,79 1,68
F.7# 33,3 23,5 6,7 97,81 8,02 2,067 168,96 12,31 1,37
MV/EC
S.1 33,1 26 5,18 78,84 8,05 1,742 181,76 23,47 0,77
S.1# 33,1 26 5,18 78,84 8,05 1,61 115,97 17,07 0,68
M.1 33,5 25,6 5,1 77,27 8,09 1,597 124,44 21,87 0,57
M.1# 33,5 25,6 5,1 77,27 8,09 1,796 134,36 17,60 0,76
F.1 33,9 25,3 4,83 72,96 8,09 1,543 134,05 19,20 0,70
F.1# 33,9 25,3 4,83 72,96 8,09 1,523 144,66 19,73 0,73
S.2 33,1 26,1 5,08 77,44 7,92 1,611 131,98 16,91 0,78
S.2# 33,1 26,1 5,08 77,44 7,92 1,617 138,42 17,07 0,81
M.2 33,3 25,9 4,72 71,73 8,13 1,62 97,46 15,47 0,63
M.2# 33,3 25,9 4,72 71,73 8,13 1,579 109,03 13,26 0,82
F.2 33,9 25,4 4,74 71,82 8 1,578 111,04 17,60 0,63
F.2# 33,9 25,4 4,74 71,82 8 1,526 98,76 16,53 0,60
S.3 33 26,4 5,46 83,61 7,78 1,614 124,15 17,60 0,71
S.3# 33 26,4 5,46 83,61 7,78 1,609 99,04 18,13 0,55
M.3 33,3 26 4,67 71,08 8,05 1,622 122,31 18,13 0,67
M.3# 33,3 26 4,67 71,08 8,05 1,622 93,52 16,46 0,57
F.3 33,7 25,5 4,73 71,67 7,82 1,646 130,95 17,60 0,74
F.3# 33,7 25,5 4,73 71,67 7,82 1,532 118,29 17,60 0,67
S.4 33 26,4 5,48 83,92 8,05 1,829 100,65 17,60 0,57
S.4# 33 26,4 5,48 83,92 8,05 1,684 130,77 15,47 0,85
M.4 33,2 26 4,78 70,98 7,92 1,509 123,13 19,20 0,64
M.4# 33,2 26 4,78 70,98 7,92 1,653 143,69 19,20 0,75
F.4 33,7 25,6 4,6 69,80 8,07 1,594 130,49 17,60 0,74
F.4# 33,7 25,6 4,6 69,80 8,07 1,588 110,94 16,46 0,67
143
ME/EC
S.1 31,3 26,8 6,46 98,48 7,84 1,9 201,79 17,07 1,18
S.1# 31,3 26,8 6,46 98,48 7,84 1,694 141,87 14,63 0,97
M.1 32,4 26,6 5,41 82,72 7,95 1,592 139,53 18,67 0,75
M.1# 32,4 26,6 5,41 82,72 7,95 1,73 168,76 16,46 1,03
F.1 33,1 26,4 5,02 76,88 7,55 1,465 119,17 15,09 0,79
F.1# 33,1 26,4 5,02 76,88 7,55 1,573 92,29 20,27 0,46
S.2 31,1 27,2 7,07 108,27 7,88 1,757 152,74 14,17 1,08
S.2# 31,1 27,2 7,07 108,27 7,88 1,653 183,04 16,25 1,13
M.2 32,4 26,6 5,45 83,33 7,96 1,731 176,87 15,09 1,17
M.2# 32,4 26,6 5,45 83,33 7,96 1,597 166,67 15,75 1,06
F.2 33,1 26,5 5,15 78,99 7,82 1,638 68,86 15,54 0,44
F.2# 33,1 26,5 5,15 78,99 7,82 1,355 125,02 18,13 0,69
S.3 31,2 27,3 8,01 123,04 7,97 1,7635 194,34 13,71 1,42
S.3# 31,2 27,3 8,01 123,04 7,97 1,648 226,18 16 1,41
M.3 32,4 26,7 5,93 90,81 7,94 1,654 147,76 16,46 0,90
M.3# 32,4 26,7 5,93 90,81 7,94 1,938 173,08 16 1,08
F.3 33,8 26 5,06 77,37 7,84 1,785 150,35 17,37 0,87
F.3# 33,8 26 5,06 77,37 7,84 1,646 133,59 16,91 0,79
S.4 31,9 26,9 6,8 104,13 7,89 1,836 181,08 12,8 1,41
S.4# 31,9 26,9 6,8 104,13 7,89 1,62 191,06 14,97 1,28
M.4 32,7 26,6 6,05 92,79 7,94 1,524 191,42 15,09 1,27
M.4# 32,7 26,6 6,05 92,79 7,94 1,663 158,17 16 0,99
F.4 33,5 25,9 5,55 84,47 7,85 1,435 110,4 16 0,69
F.4# 33,5 25,9 5,55 84,47 7,85 1,429 163,04 17,6 0,93
ME/ES = maré de enchente na estação seca; MV/ES = maré vazante na estação seca; ME/EC = maré de enchente na estação chuvosa; MV/EC = maré
vazante na estação chuvosa. S = superfície, M = meio e F = fundo, # = duplicata. Os números ao lado das letras significam o nº do perfil.
144
TABELA 19 – Planilha geral dos dados obtidos para as concentrações das espécies de Hg medidas nas águas da saída
principal da Baía de Sepetiba em ponto fixo.
Hg
0
ng L
-1
Hg Reativo
ng L
-1
Hg total
ng L
-1
Hg orgânico
ng L
-1
Hg particulado
ng L
-1
Conteúdo total
de Hg (Hg (D+P))
ng L
-1
Hg particulado
µg g
-1
% Hg
0
% Hg reativo % Hg orgânico % Hg particulado
ME/ES
S.1 0,05 0,83 2,17 1,33 7,16 9,33 0,58 2,30 38,25 61,29 76,74
S.1# 0,04 0,68 1,05 0,37 6,63 7,68 0,58 3,81 64,76 35,24 86,33
M.1 0,03 0,59 1,11 0,52 0,48 1,59 0,04 2,70 53,15 46,85 30,19
M.1# 0,03 0,59 1,17 0,59 0,38 1,55 0,04 2,56 50,43 50,43 24,52
F.1 0,03 1,15 1,42 0,28 0,54 1,96 0,05 2,11 80,99 19,72 27,55
F.1# 0,03 0,99 1,36 0,37 0,57 1,93 0,05 2,21 72,79 27,2 29,53
S.2 0,06 0,34 0,61 0,28 0,79 1,40 0,09 9,84 55,74 45,9 56,43
S.2# 0,05 0,34 0,36 0,03 1,15 1,51 0,09 13,89 94,44 8,33 76,16
M.2 0,04 0,46 1,48 1,02 0,59 2,07 0,05 2,70 31,08 68,92 28,50
M.2# 0,03 0,49 1,17 0,68 0,52 1,69 0,05 2,56 41,88 58,12 30,77
F.2 0,02 1,11 1,73 0,62 0,55 2,28 0,05 1,16 64,16 35,84 24,12
F.2# 0,04 1,05 1,2 0,15 0,52 1,72 0,05 3,33 87,5 12,5 30,23
S.3 0,04 0,8 1,54 0,74 0,93 2,47 0,08 2,60 51,95 48,05 37,65
S.3# 0,04 0,83 0,92 0,09 0,91 1,83 0,08 4,35 90,22 9,78 49,73
M.3 0,05 0,68 0,86 0,18 0,81 1,67 0,09 5,81 79,07 20,93 48,50
M.3# 0,04 0,8 0,91 0,11 1,06 1,97 0,09 4,40 87,91 12 53,81
F.3 0,05 0,46 2,54 2,08 4,40 6,94 0,44 1,97 18,11 81,89 63,40
F.3# 0,04 0,49 1,54 1,05 5,83 7,37 0,44 2,60 31,82 68,18 79,10
S.4 0,04 0,34 1,48 1,15 4,16 5,64 0,35 2,70 22,97 77,7 73,76
S.4# 0,04 0,34 1,48 1,15 4,63 6,11 0,35 2,70 22,97 77,7 75,78
M.4 0,03 0,71 1,3 0,59 36,18 37,48 3,23 2,31 54,61 45,38 96,53
M.4# 0,04 0,74 1,11 0,37 45,77 46,88 3,23 3,60 66,67 33,33 97,63
F.4 0,05 0,43 2,17 1,74 0,57 2,74 0,05 2,30 19,81 80,18 20,80
F.4# 0,04 0,52 1,54 1,02 0,64 2,18 0,05 2,60 33,77 66,23 29,36
145
MV/ES
S.1 0,11 0,23 1,59 1,36 0,29 1,88 0,03 6,92 14,47 85,53 15,43
S.1# 0,11 0,23 1,32 1,09 0,36 1,68 0,03 8,33 17,42 82,58 21,43
M.1 0,03 0,51 0,92 0,41 6,30 7,22 0,53 3,26 55,43 44,57 87,26
M.1# 0,05 1,03 1,19 0,16 5,72 6,91 0,53 4,20 86,55 13,45 82,78
F.1 0,04 0,17 3,59 3,42 0,34 3,93 0,03 1,11 4,74 95,26 8,65
F.1# 0,04 0,23 2,92 2,69 0,36 3,28 0,03 1,37 7,88 92,12 10,98
S.2 0,03 0,14 1,32 1,18 0,41 1,73 0,03 2,27 10,61 89,39 23,70
S.2# 0,03 0,11 1,32 1,21 0,26 1,58 0,03 2,27 8,33 91,67 16,46
M.2 0,04 0,26 0,65 0,39 0,83 1,48 0,08 6,15 40 60 56,08
M.2# 0,04 0,32 1,45 1,13 1,02 2,47 0,08 2,76 22,07 77,93 41,30
F.2 0,04 0,2 2,66 2,46 0,34 3,00 0,03 1,50 7,52 92,48 11,33
F.2# 0,05 0,39 2,66 2,27 0,37 3,03 0,03 1,88 14,66 85,34 12,21
S.3 0,08 0,26 1,59 1,33 0,48 2,07 0,05 5,03 16,35 83,65 23,19
S.3# 0,05 0,2 1,86 1,66 0,57 2,43 0,05 2,69 10,75 89,25 23,46
M.3 0,05 0,35 1,45 1,1 2,20 3,65 0,22 3,45 24,14 75,86 60,27
M.3# 0,05 0,23 2,12 1,89 2,41 4,53 0,22 2,36 10,85 89,15 53,20
F.3 0,05 0,14 1,72 1,58 0,73 2,45 0,07 2,91 8,14 91,86 29,80
F.3# 0,03 0,14 1,86 1,72 0,83 2,69 0,07 1,61 7,53 92,47 30,86
S.4 0,02 0,17 1,72 1,55 0,20 1,92 0,02 1,16 9,88 90,12 10,42
S.4# 0,01 0,2 1,99 1,79 0,21 2,20 0,02 0,50 10,05 89,95 9,55
M.4 0,03 0,45 1,72 1,27 0,29 2,01 0,03 1,74 26,16 73,84 14,43
M.4# 0,03 0,48 2,39 1,91 0,34 2,73 0,03 1,26 20,08 79,92 12,45
F.4 0,05 0,11 1,59 1,48 0,65 2,24 0,06 3,14 6,92 93,08 29,02
F.4# 0,04 0,08 1,32 1,24 0,74 2,06 0,06 3,03 6,06 93,94 35,92
S.5 0,02 0,17 1,99 1,82 0,30 2,29 0,03 1,01 8,54 91,46 13,10
S.5# 0,01 0,14 2,12 1,98 0,36 2,48 0,03 0,47 6,6 93,4 14,52
M.5 0,05 0,32 2,52 2,2 2,72 5,24 0,27 1,98 12,7 87,3 51,91
M.5# 0,1 0,26 3,86 3,6 2,92 6,78 0,27 2,59 6,74 93,26 43,07
F.5 0,06 0,14 3,06 2,92 0,51 3,57 0,04 1,96 4,58 95,42 14,29
F.5# 0,06 0,2 3,32 3,12 0,38 3,70 0,04 1,81 6,02 93,98 10,27
S.6 0,03 0,17 1,45 1,28 - - - 2,07 11,72 88,28 -
S.6# 0,03 0,17 1,59 1,42 - - - 1,89 10,69 89,31 -
M.6 0,08 0,17 2,79 2,62 3,40 6,19 0,31 2,87 6,09 93,91 54,93
146
M.6# 0,05 0,39 3,19 2,8 3,47 6,66 0,31 1,57 12,23 87,77 52,10
F.6 0,04 0,14 1,72 1,58 9,50 11,22 0,95 2,33 8,14 91,86 84,67
F.6# 0,04 0,14 2,39 2,25 11,72 14,11 0,95 1,67 5,86 94,14 83,06
S.7 0,05 0,08 1,05 0,97 3,71 4,76 0,41 4,76 7,62 92,38 77,94
S.7# 0,05 0,08 1,59 1,51 1,10 2,69 0,09 3,14 5,03 94,97 40,89
M.7 0,1 0,48 6,93 6,45 1,85 8,78 0,21 1,44 6,93 93,07 21,07
M.7# 0,1 0,48 8,13 7,65 2,30 10,43 0,21 1,23 5,9 94,1 22,05
F.7 0,04 0,08 0,79 0,71 2,06 2,85 0,21 5,06 10,13 89,87 72,28
F.7# 0,05 0,11 1,19 1,08 0,37 1,56 0,03 4,20 9,24 90,76 23,72
MV/EC
S.1 0,02 0,98 5,13 4,15 15,96 21,09 0,68 0,39 19,1 80,9 75,68
S.1# 0,02 0,76 5,13 4,37 11,61 16,74 0,68 0,39 14,81 85,19 69,35
M.1 0,04 0,9 4,75 3,85 87,48 92,23 4,00 0,84 18,95 81,05 94,85
M.1# 0,04 1,26 3,33 2,07 70,40 73,73 4,00 1,20 37,84 62,16 95,48
F.1 0,02 0,62 2,86 2,24 3,84 6,70 0,20 0,70 21,68 78,32 57,31
F.1# 0,02 0,55 4,56 4,01 3,95 8,51 0,20 0,44 12,06 87,94 46,42
S.2 0,03 1,54 2,48 0,94 6,43 8,91 0,38 1,21 62,1 37,9 72,17
S.2# 0,03 1,82 4,56 2,74 6,49 11,05 0,38 0,66 39,91 60,09 58,73
M.2 0,02 1,05 4,37 3,32 1,70 6,07 0,11 0,46 24,03 75,97 28,01
M.2# 0,02 1,33 4,37 3,04 1,46 5,83 0,11 0,46 30,43 69,57 25,04
F.2 0,02 0,27 4,37 4,1 6,34 10,71 0,36 0,46 6,18 93,82 59,20
F.2# 0,02 0,2 3,24 3,04 5,95 9,19 0,36 0,62 6,17 93,83 64,74
S.3 0,02 0,76 4,94 4,18 3,17 8,11 0,18 0,40 15,38 84,62 39,09
S.3# 0,02 0,76 3,99 3,23 3,26 7,25 0,18 0,50 19,05 80,95 44,97
M.3 0,01 1,26 5,31 4,05 6,16 11,47 0,34 0,19 23,73 76,27 53,71
M.3# 0,01 0,69 4,56 3,87 5,60 10,16 0,34 0,22 15,13 84,87 55,12
F.3 0,01 1,75 3,43 1,68 6,86 10,29 0,39 0,29 51,02 48,98 66,67
F.3# 0,01 1,54 4,75 3,21 6,86 11,61 0,39 0,21 32,42 67,58 59,09
S.4 0,02 1,82 5,31 3,49 7,22 12,53 0,41 0,38 34,27 65,73 57,62
S.4# 0,02 1,4 5,5 4,1 6,34 11,84 0,41 0,36 25,45 74,55 53,55
M.4 0,03 0,83 8,33 7,5 9,22 17,55 0,48 0,36 9,96 90,04 52,54
M.4# 0,03 1,05 7,39 6,34 9,22 16,61 0,48 0,41 14,21 85,79 55,51
F.4 0,02 1,19 5,13 3,94 3,52 8,65 0,20 0,39 23,2 76,8 40,69
F.4# 0,02 1,4 6,82 5,42 3,29 10,11 0,20 0,29 20,53 79,47 32,54
147
ME/EC
S.4 0,08 0,19 2,9 2,71 5,46 8,36 0,32 2,76 6,55 93,45 65,31
S.4# 0,09 0,44 3,33 2,89 4,68 8,01 0,32 2,70 13,21 86,79 58,43
M.4 0,04 0,31 2,35 2,04 13,63 15,98 0,73 1,70 13,19 86,81 85,29
M.4# 0,05 0,69 2,35 1,66 12,02 14,37 0,73 2,13 29,36 70,64 83,65
F.4 0,04 0,38 2,03 1,65 1,81 3,84 0,12 1,97 18,72 81,28 47,14
F.4# 0,04 0,56 2,57 2,01 2,43 5,00 0,12 1,56 21,79 78,21 48,60
S.5 0,1 0,38 1,92 1,54 1,98 3,90 0,14 5,21 19,79 80,21 50,77
S.5# 0,04 0,5 1,92 1,42 2,28 4,20 0,14 2,08 26,04 73,96 54,29
M.5 0,03 0,25 2,68 2,43 7,55 10,23 0,5 1,12 9,33 90,67 73,80
M.5# 0,04 0,38 2,57 2,19 7,88 10,45 0,5 1,56 14,79 85,21 75,41
F.5 0,03 0,25 3,33 3,08 0,47 3,80 0,03 0,90 7,51 92,49 12,37
F.5# 0,05 0,44 4,53 4,09 0,54 5,07 0,03 1,10 9,71 90,29 10,65
S.6 0,02 0,25 2,35 2,1 1,51 3,86 0,11 0,85 10,64 89,36 39,12
S.6# 0,03 0,38 2,35 1,97 1,76 4,11 0,11 1,28 16,17 83,83 42,82
M.6 0,04 0,25 1,37 1,12 2,14 3,51 0,13 2,92 18,25 81,75 60,97
M.6# 0,06 0,5 2,46 1,96 2,08 4,54 0,13 2,44 20,33 79,67 45,81
F.6 0,04 0,31 3,88 3,57 19,11 22,99 1,1 1,03 7,99 92,01 83,12
F.6# 0,03 0,31 3,12 2,81 18,60 21,72 1,1 0,96 9,94 90,06 85,64
S.7 0,03 0,31 2,79 2,48 1,28 4,07 0,1 1,08 11,11 88,89 31,45
S.7# 0,02 0,25 3,55 3,3 1,50 5,05 0,1 0,56 7,04 92,96 29,70
M.7 0,03 0,31 2,79 2,48 17,20 19,99 1,14 1,08 11,11 88,89 86,04
M.7# 0,04 0,56 3,66 3,1 18,24 21,90 1,14 1,09 15,3 84,7 83,29
F.7 0,02 0,31 3,77 3,46 3,36 7,13 0,21 0,53 8,22 91,78 47,12
F.7# 0,01 0,44 5,51 5,07 3,70 9,21 0,21 0,18 7,99 92,01 40,17
ME/ES = maré de enchente na estação seca; MV/ES = maré vazante na estação seca; ME/EC = maré de enchente na estação chuvosa; MV/EC = maré
vazante na estação chuvosa. S = superfície, M = meio e F = fundo, # = duplicata. Os números ao lado das letras significam o nº do perfil.
148
TABELA 20 – Planilha geral dos dados obtidos para as razões Ia/Ic, Ia/DOC, Ic/DOC, EM
450
/EM
500
, capacidade de
complexação (C
L
), densidade de sítios (D
S
), log K e a Intensidade de emissão medidas nas águas da saída principal da
Baía de Sepetiba em ponto fixo.
Ia/Ic
Ia/doc
(u.a. ppm C
-1
)
Ic/doc
(u.a. ppm C
-1
)
EM
450
/EM
500
C
L
mol L
-1
D
S
(µM de Cu ppm C
-1
)
LogK
If*
(u. a.)
ME/ES
S.1 1,73 23,68 13,65 2,03 1,57E-06 1,02E-06 5,44 34,61
S.1# 1,59 23,86 15,03 1,97 1,37E-05 7,68E-06 5,44 41,5
M.1 1,72 19,47 11,33 2,01 1,57E-06 9,29E-07 5,77 33,2
M.1# 1,66 20,41 12,32 1,99 2,19E-06 1,4E-06 5,77 35,93
F.1 1,79 18,58 10,38 2,09 1,57E-06 1,02E-06 6,47 26,46
F.1# 1,77 18,29 10,35 1,99 - - - 30,98
S.2 1,32 15,81 11,93 2,04 1,57E-06 9,15E-07 5,09 41,17
S.2# 1,46 17,09 11,69 2,07 1,12E-05 6,38E-06 5,09 38,29
M.2 1,75 16,96 9,66 1,99 2,47E-06 1,36E-06 5,07 36,58
M.2# 1,64 15,70 9,55 1,89 1,41E-05 7,8E-06 5,07 35,4
F.2 1,61 12,75 7,91 2,18 1,57E-06 9,12E-07 5,57 26,35
F.2# 1,71 13,80 8,09 2,01 1,73E-06 9,08E-07 5,57 30,43
S.3 1,57 13,19 8,40 2,02 1,57E-06 8,51E-07 14,09 34,51
S.3# 1,44 15,60 10,80 1,99 - - - 37,93
M.3 1,8 18,12 10,07 2,14 1,92E-06 1,12E-06 5,17 32,03
M.3# 1,6 21,77 13,63 1,98 7,74E-06 4,73E-06 5,17 41,46
F.3 1,64 17,73 10,78 1,96 7,19E-06 4,19E-06 8,8 34,55
F.3# 1,66 17,77 10,70 2,11 2,73E-05 1,67E-05 8,8 35,6
S.4 1,57 18,26 11,63 2,03 1,92E-05 1,15E-05 4,98 36,17
S.4# 1,51 14,26 9,44 2,00 2,4E-05 1,31E-05 4,98 36
M.4 1,62 16,61 10,24 1,95 1,57E-06 7,88E-07 5,71 39,68
M.4# 1,7 16,46 9,67 2,14 - - - 33,83
F.4 1,89 17,49 9,27 2,07 1,57E-06 9,7E-07 5,18 27,15
F.4# 1,76 17,06 9,68 1,95 1,57E-06 8,69E-07 5,18 32,93
149
MV/ES
S.1 1,32 8,50 6,44 2,80 1,57E-06 7,47E-07 5,8 36,5
S.1# 1,45 10,42 7,16 2,04 - - - 36,71
M.1 1,71 12,02 7,03 2,05 8,56E-06 4,58E-06 6,76 32,28
M.1# 1,86 12,69 6,80 2,01 7,36E-06 3,9E-06 6,76 30,99
F.1 1,87 14,74 7,90 1,95 5,02E-06 2,71E-06 5,58 32,65
F.1# 1,94 14,73 7,60 1,93 - - - 29,89
S.2 1,54 10,85 7,06 2,13 1,57E-06 7,94E-07 5,92 35,96
S.2# 1,41 12,06 8,57 2,00 6,21E-06 3,28E-06 5,92 41,12
M.2 1,84 13,19 7,18 2,04 1,57E-06 8,24E-07 5,67 31,5
M.2# 1,81 13,10 7,25 2,00 1,57E-06 7,91E-07 5,67 32,2
F.2 1,47 10,17 6,90 1,99 1,28E-05 6,78E-06 5,22 30,05
F.2# 1,57 10,85 6,91 2,07 1,13E-05 6,33E-06 5,22 29,53
S.3 1,56 9,11 5,83 2,01 1,68E-05 8,58E-06 6,56 30,74
S.3# 1,44 10,06 6,97 2,00 1,6E-05 8,53E-06 6,56 32,44
M.3 1,84 14,48 7,86 1,98 1E-05 5E-06 5,27 35,88
M.3# 1,95 14,49 7,44 2,04 - - - 31,55
F.3 1,58 10,66 6,76 2,01 5,08E-06 2,7E-06 5,73 31,2
F.3# 1,6 10,80 6,73 2,08 1,57E-06 8,76E-07 5,73 27,59
S.4 1,41 9,20 6,52 1,95 1,87E-06 9,9E-07 5,34 34,47
S.4# 1,56 8,37 5,38 2,04 3,19E-06 1,68E-06 5,34 26,65
M.4 1,86 15,32 8,22 1,97 1,57E-06 8,61E-07 5,16 32,13
M.4# 1,93 14,24 7,38 1,99 1,57E-06 8,23E-07 5,16 31,39
F.4 1,69 10,95 6,46 2,00 1,57E-06 8,76E-07 4,82 28,27
F.4# 1,73 10,48 6,06 1,91 6,64E-06 3,54E-06 4,82 28,85
S.5 1,62 11,50 7,08 1,99 1,57E-06 8,62E-07 5,18 28,98
S.5# 1,53 12,57 8,21 1,93 1,57E-06 8,53E-07 5,18 36,17
M.5 2,07 14,28 6,90 2,09 9,92E-06 5,25E-06 5,18 28,06
M.5# 1,85 17,43 9,42 1,94 2,16E-06 1,16E-06 5,18 33,15
F.5 1,6 11,39 7,13 2,02 2,76E-06 1,52E-06 5,31 30,54
F.5# 1,72 10,29 5,98 2,02 - - - 28,87
S.6 1,53 12,20 7,95 2,01 1,57E-06 8,57E-07 5,83 28,23
S.6# 1,36 9,23 6,77 2,02 1,57E-06 8,1E-07 5,83 34,53
M.6 1,92 16,65 8,65 1,97 1,57E-06 8,4E-07 5,78 29,29
150
M.6# 1,73 15,66 9,07 2,06 1,5E-05 7,9E-06 5,78 35,57
F.6 1,76 13,88 7,90 2,05 1,8E-06 1,02E-06 5,09 29,57
F.6# 1,31 16,42 12,50 2,20 1,57E-06 8,33E-07 5,09 49,84
S.7 1,49 13,97 9,39 2,04 3,98E-06 2,05E-06 5,48 40,89
S.7# 1,42 8,67 6,09 2,00 6,07E-06 3,16E-06 5,48 30,88
M.7 1,94 16,92 8,70 1,90 1,57E-06 8,29E-07 6,02 31,22
M.7# 1,94 13,56 7,01 1,96 1,57E-06 8E-07 6,02 29,43
F.7 1,78 11,46 6,43 2,01 6,91E-06 3,47E-06 5,59 31,7
F.7# 1,4 14,55 10,42 2,20 1,25E-05 6,04E-06 5,59 43,56
MV/EC
S.1 1,18 15,30 12,97 2,10 1,57E-06 8,99E-07 5,69 39,18
S.1# 1,22 15,98 13,11 2,09 1,57E-06 9,73E-07 5,69 37,01
M.1 1,31 18,12 13,83 2,08 1,57E-06 9,8E-07 5,29 36,41
M.1# 1,26 15,06 11,98 2,06 1,57E-06 8,72E-07 5,29 37,59
F.1 1,28 15,09 11,78 2,13 4,01E-06 2,6E-06 5,07 32,51
F.1# 1,27 16,55 13,01 2,12 3,54E-06 2,32E-06 5,07 31,04
S.2 1,24 15,77 12,74 2,09 1,85E-05 1,15E-05 5,27 37,2
S.2# 1,37 15,79 11,50 2,07 4,26E-06 2,63E-06 5,27 35,2
M.2 1,23 14,57 11,80 2,12 1,54E-05 9,5E-06 5,51 41
M.2# 1,23 16,02 13,03 2,12 - - - 38
F.2 1,24 14,52 11,68 2,20 1,57E-06 9,92E-07 5,19 32,9
F.2# 1,31 15,96 12,20 2,15 2,73E-05 1,79E-05 5,19 29,32
S.3 1,22 16,96 13,88 2,12 1,67E-05 1,04E-05 4,51 37,13
S.3# 1,18 17,22 14,56 2,01 - - - 36,51
M.3 1,24 15,70 12,66 2,06 1,57E-06 9,65E-07 5,24 37,63
M.3# 1,25 17,21 13,75 2,03 1,57E-06 9,65E-07 5,24 40,77
F.3 1,29 17,05 13,21 2,04 1,37E-05 8,33E-06 5,35 35,12
F.3# 1,38 16,10 11,69 2,02 1,57E-06 1,02E-06 5,35 31,17
S.4 1,30 15,90 12,23 2,02 1,57E-06 8,56E-07 5,3 36,61
S.4# 1,42 17,21 12,16 1,94 1,57E-06 9,3E-07 5,3 34,98
M.4 1,30 17,50 13,41 2,01 1,57E-06 1,04E-06 5,48 37,97
M.4# 1,58 20,41 12,96 2,09 1,57E-06 9,47E-07 5,48 40,25
F.4 1,61 20,18 12,54 2,05 1,92E-06 1,2E-06 5,03 30,47
F.4# 1,65 23,75 14,36 2,04 1,57E-06 9,86E-07 5,03 32,95
151
ME/EC
S.4 1,32 20,77 15,68 1,99 1,27E-05 6,67E-06 5,04 51,51
S.4# 1,47 27,12 18,44 1,96 2,63E-06 1,55E-06 5,04 48,97
M.4 1,68 25,26 15,01 1,95 1,77E-06 1,11E-06 5,19 40,95
M.4# 1,53 25,48 16,62 2,03 3,89E-06 2,25E-06 5,19 46,13
F.4 1,76 23,39 13,32 2,35 3,49E-06 2,38E-06 5,23 34,01
F.4# 1,49 23,74 15,97 2,00 1,57E-06 9,95E-07 5,23 35,05
S.5 1,63 24,26 14,85 1,93 1,16E-05 6,62E-06 6,09 50,45
S.5# 1,58 29,30 18,56 1,99 2,58E-06 1,56E-06 6,09 48,72
M.5 1,69 23,73 14,07 1,96 1,57E-06 9,05E-07 5,26 40,05
M.5# 1,68 28,49 16,94 1,99 1,57E-06 9,83E-07 5,26 43,49
F.5 1,76 22,39 12,75 1,95 6,87E-06 4,2E-06 5,84 33,55
F.5# 1,78 31,12 17,45 1,96 9,99E-06 7,37E-06 5,84 30,65
S.6 1,52 28,06 18,46 1,96 5,54E-06 3,14E-06 5,1 51,31
S.6# 1,57 26,29 16,70 1,96 9,08E-06 5,51E-06 5,1 51,52
M.6 1,70 25,47 14,94 1,99 4,85E-06 2,93E-06 7,21 41,71
M.6# 1,56 22,10 14,20 2,01 1,57E-06 8,09E-07 7,21 46,04
F.6 1,65 21,60 13,11 1,92 1,64E-06 9,18E-07 5,6 29,84
F.6# 1,59 18,30 11,54 2,14 1,57E-06 9,51E-07 5,6 32,65
S.7 1,54 25,09 16,33 1,93 3,19E-06 1,74E-06 5,13 46,87
S.7# 1,66 25,52 15,37 1,96 1,57E-06 9,67E-07 5,13 46,04
M.7 1,60 25,80 16,15 1,97 8,71E-06 5,72E-06 5,04 39,5
M.7# 1,49 26,19 17,58 1,97 8,39E-06 5,05E-06 5,04 40,66
F.7 1,51 29,12 19,23 1,99 1,57E-06 1,09E-06 5,19 29,66
F.7# 1,95 18,14 9,29 1,91 1,57E-06 1,1E-06 5,19 26,54
ME/ES = maré de enchente na estação seca; MV/ES = maré vazante na estação seca; ME/EC = maré de enchente na estação chuvosa; MV/EC = maré
vazante na estação chuvosa. S = superfície, M = meio e F = fundo, # = duplicata. Os números ao lado das letras significam o nº do perfil.
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