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Universidade de São Paulo
Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”
Alternativas de consórcio entre milho e braquiária no manejo e
controle de plantas daninhas
Marcelo Júnior Gimenes
Piracicaba
2007
Dissertação apresentada para obtenção do título de
Mestre em Agronomia. Área de concentração:
Fitotecnia
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Marcelo Júnior Gimenes
Engenheiro Agrônomo
Alternativas de consórcio entre milho e braquiária no manejo e controle de
plantas daninhas
Orientador:
Prof. Dr. RICARDO VICTÓRIA FILHO
Piracicaba
2007
Dissertaç
ão apresentada para obtenção do
título
de Mestre em Agronomia. Área de Concentração:
Fitotecnia
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
DIVISÃO DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAÇÃO - ESALQ/USP
Gimenes, Marcelo Júnior
Alternativas de consórcio entre milho e braquiária no manejo e controle de plantas
daninhas / Marcelo Júnior Gimenes. - - Piracicaba, 2007.
82 p. : il.
Dissertação (Mestrado) - - Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, 2007.
Bibliografia.
1. Brachiaria 2. Competição 3. Consorciação de culturas 4. Gramíneas forrageiras
5. Integração 6. Milho 7. Plantas daninhas – Controle I. Título
CDD 633.15
“Permitida a cópia total ou parcial deste documento, desde que citada a fonte – O autor”
3
À minha tia,
Roseli de Fátima Liter
OFEREÇO
Aos meus pais,
João Antonio Gimenes e Maria das Graças Liter Gimenes,
E ao meu irmão,
João Antonio Gimenes Júnior
DEDICO
4
AGRADECIMENTOS
À Deus por mais essa graça alcançada e à minha família (João A. Gimenes, Maria das
G. L. Gimenes, Roseli de F. Liter e João A. Gimenes Júnior) que sempre me apoiou e
amparou nas horas mais difíceis e decisivas da minha vida;
À Danielle de Freitas Liberato, por toda dedicação, companhia e paciência;
À Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo, em
especial ao Departamento de Produção Vegetal, pela oportunidade concedida para a
realização deste trabalho;
Ao Professor Dr. Ricardo Victória Filho pela orientação, amizade, incentivo e
contribuição para minha formação profissional;
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES, pela bolsa
concedida, em nível de mestrado;
Ao amigo e companheiro Rafael Vivian pela amizade, auxílio e dedicação;
Aos amigos, Engenheiros Agrônomos, Héctor Alonso San Martin Matheis, Victor
Labônia, Fábio Albuquerque Entelmann, Evandro Binotto Fagan, Marcell Godoi
Chiovato, Livia Weyand Marcolini, André Alves, Fernanda Salvador, Horst Bremer Neto
e Marcelo Nicolai pela amizade, companheirismo e solidariedade;
À Luciane Ap. Lopes Toledo, pela amizade, atenção e eficiência nos serviços prestados
junto ao Programa de Pós-graduação em Fitotecnia;
Às secretárias Elizabete Sarkis São João e Maria Célia Rodrigues, pela amizade e
dedicação junto à secretaria do Departamento de Produção Vegetal;
Aos funcionários e estagiários do Departamento de Produção Vegetal pela colaboração
na execução dos trabalhos;
Àqueles que, embora o mencionados, de alguma forma contribuíram para a
realização deste trabalho.
5
"O valor das coisas não está no tempo que elas
duram, mas na intensidade com que acontecem.
Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas
inexplicáveis e pessoas incomparáveis".
Fernando Pessoa
6
SUMÁRIO
RESUMO..................................................................................................................... 8
ABSTRACT..................................................................................................................
9
1 INTRODUÇÃO..........................................................................................................
10
Referências .................................................................................................................
12
2 INTERFERÊNCIA DE ESPÉCIES FORRAGEIRAS EM CONSÓRCIO COM A
CULTURA DO MILHO.................................................................................................
14
Resumo....................................................................................................................... 14
Abstract........................................................................................................................
14
2.1 Introdução..............................................................................................................
15
2.2 Materiais e Métodos.............................................................................................. 16
2.3 Resultados e Discussão........................................................................................ 21
2.4 Conclusões............................................................................................................ 33
Referências..................................................................................................................
33
3 INTERFERÊNCIA DE Brachiaria brizantha SOBRE PLANTAS DANINHAS EM
SISTEMA DE CONSÓRCIO COM A CULTURA DO MILHO......................................
37
Resumo....................................................................................................................... 37
Abstract........................................................................................................................
37
3.1 Introdução..............................................................................................................
38
3.2 Materiais e Métodos.............................................................................................. 40
3.3 Resultados e Discussão........................................................................................ 43
3.4 Conclusões............................................................................................................ 49
Referências..................................................................................................................
49
4 INTERFERÊNCIA DE Brachiaria ruziziensis SOBRE PLANTAS DANINHAS EM
SISTEMA DE CONSÓRCIO COM A CULTURA DO MILHO......................................
51
Resumo....................................................................................................................... 51
Abstract........................................................................................................................
52
4.1 Introdução..............................................................................................................
53
4.2 Materiais e Métodos.............................................................................................. 54
4.3 Resultados e Discussão........................................................................................ 57
4.4 Conclusões........................................................................................................... 64
7
Referências................................................................................................................ 65
5 INTERFERÊNCIA DE Brachiaria decumbens SOBRE PLANTAS DANINHAS EM
SISTEMA DE CONSÓRCIO COM A CULTURA DO MILHO......................................
67
Resumo....................................................................................................................... 67
Abstract........................................................................................................................
67
5.1 Introdução..............................................................................................................
68
5.2 Materiais e Métodos.............................................................................................. 70
5.3 Resultados e Discussão........................................................................................ 72
5.4 Conclusões............................................................................................................ 79
Referências..................................................................................................................
80
6 CONCLUSÕES GERAIS.......................................................................................... 82
8
RESUMO
Alternativas de consórcio entre milho e braquiária no manejo e controle de
plantas daninhas
A integração agricultura-pecuária consiste na diversificação da produção,
possibilitando o aumento da eficiência de utilização dos recursos naturais e a
preservação do ambiente. Nesse sentido, o objetivo geral do presente trabalho foi
avaliar o desenvolvimento do milho no consórcio com gramíneas forrageiras, bem
como, a supressão de plantas daninhas no método de integração lavoura-pecuária, a
fim de que a atividade agropecuária se torne sustentável na medida em se propicia uma
diversificação de culturas. O experimento foi conduzido na área experimental do
Departamento de Produção Vegetal da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”
ESALQ/USP, Universidade de São Paulo, no período compreendido entre dezembro
de 2006 a maio de 2007. O trabalho constituiu-se por quatro experimentos, sendo
realizados simultaneamente. O primeiro referiu-se ao consórcio de três espécies de
forrageiras tropicais (Brachiaria brizantha, Brachiaria ruziziensis e Brachiaria
decumbens) em quatro densidades de semeadura (0, 10, 15 e 20 kg ha
-1
), com a
cultura do milho, onde avaliou-se a interferência das forrageiras na altura de plantas,
número de folhas, índice de área foliar e diâmetro de colmo das plantas de milho, além
dos parâmetros de produção da cultura (massa de mil grãos e produtividade final). No
que diz respeito aos experimentos 2, 3 e 4, estes constituíram-se de espécies de
braquiária, sendo B. brizantha, B. ruziziensis e B. decumbens respectivamente em
quatro densidades cada (0, 10, 15 e 20 kg ha
-1
), além de quatro espécies de plantas
daninhas, sendo elas Digitaria horizontalis, Ipomoea grandifolia, Cenchrus echinatus e
Alternanthera tenella. Com relação ao primeiro experimento, os resultados
evidenciaram ausência de diferença estatística (P>0,05) para os parâmetros número de
folhas, índice de área foliar e diâmetro de colmo, com exceção da altura de plantas, em
que as densidades de semeadura das braquiárias interferiram significamente (P<0,05).
nos parâmetros relacionados à produção, as forrageiras interferiram na
produtividade final da cultura do milho, embora não evidenciando diferença (P>0,05)
para massa de mil grãos. Referindo-se aos outros experimentos, onde variou-se
apenas a espécie da forrageira, concluiu-se que as braquiárias interferiram
significamente (P<0,05) na infestação das plantas daninhas em geral, com destaque
para as maiores densidades de semeadura (20 kg ha
-1
). D. horizontalis foi a planta
daninha mais afetada pela presença da forrageira, independente das densidades de
semeadura. Com relação ao acúmulo de área foliar e fitomassa seca das espécies
infestantes, as braquiárias inibiram sensivelmente o crescimento das espécies em todas
as densidades de semeadura. As plantas daninhas monocotiledôneas foram as mais
afetadas, por pertencerem á mesma família das forrageiras Poaceae, e
consequentemente competirem pelos mesmos recursos essenciais ao crescimento.
Palavras-chave: Zea mays L.; Forrageiras; Interferência; Integração lavoura-pecuária
9
ABSTRACT
Consortium between corn and brachiaria alternatives in weed management and
control
The crop-cattle integration consists in diversification of production, possibiliting
the increase the efficiency of utilization of natural resource and environment
preservation. Therefore, the general objective of this work was evaluate the corn
development in consortium with forage plant, as well as the weed suppression by crop-
cattle system, for the activity farming and cattle raising to turn maintainable propitiating a
crops diversification. The experiment was conducted in the experimental area of the
Crop Science Department of Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”
(ESALQ/USP), São Paulo University, in the period comprehended between
December/2006 to May/2007. The work consisted of four experiments, being
accomplished simultaneously. The first referred in the consortium of three species of
tropical forage plant (Brachiaria brizantha, Brachiaria ruziziensis and Brachiaria
decumbens) in for seeding density (0, 10, 15 and 20 kg ha
-1
), with the corn crop, where
evaluated the forage plant interference in the plant height, leaf number, leaf area index
and stem diameter of the crop corn, besides of crop production parameters (thousand
grain weight and final productivity). About the experiments 2, 3 and 4, these constituted
of the species of brachiaria, being B. brizantha, B. ruziziensis and B. decumbens,
respectively in four densities each (0, 10, 15 and 20 kg ha
-1
) besides of four weed
species, being Digitaria horizontalis, Ipomoea grandifolia, Cenchrus echinatus and
Alternanthera tenella. With regard to first experiment, the results evidenced absence of
statistics differences (P>0,05) for the parameters leaf number, leaf index area and stem
diameter, with exception of plant height, where the brachiaria seeding densities
interfered significantly (P<0,05). In the production parameters, the forage plant interfered
in final productivity of crop corn, although not evidenced difference (P>0,05) for variable
thousand grain weigh. Referencing the others experiments, where varied only the forage
plant specie, it was conclude that brachiaria interfered significantly (P<0,05) in general
weed infestation, with prominence for major seeding density (20 kg ha
-1
). D. horizontalis
was the weed most affected for forage plant presence, independent of seeding density.
About the leaf area accumulation and dry biomass of weed species, the brachiarias
suppressed sensibly the species growth in all seeding density. The monocots weed was
most affected, because belongs the same forage plant family Poaceae, and
consequently competing for the same essential growth resources.
Keywords: Zea mays L.; Forage plants; Interference; Crop–cattle integration
10
1 INTRODUÇÃO
Historicamente, a agricultura e a pecuária no Brasil, têm suas atividades
produtivas executadas separadamente, ou seja, não costumam ocorrer
simultaneamente, quase sem nenhum sincronismo. Essa prática, ao longo dos anos,
contribuiu para acelerar o processo de degradação tanto das áreas de pastagens como
nas áreas de lavouras. Todavia, a preocupação de se utilizar sistemas de produção
que utilizem menor quantidade de insumos e energia e que possibilitem o maior retorno
econômico (VICTÓRIA FILHO, 2003).
Ao mesmo tempo, a pecuária brasileira caracteriza-se pela grande dependência
de pastagens, que são constituídas, principalmente, por forrageiras tropicais nativas e
cultivadas, com produção vegetal sazonal em conseqüência de fatores climáticos,
que na época das chuvas podem ocorrer perdas substanciais por excesso de produção
e, no período com deficiência hídrica, escassez e baixa qualidade de produção (AGNES
et al., 2004). Apesar de todas as dificuldades encontradas tradicionalmente, as
pastagens tropicais têm sido a principal fonte de alimento para produção de animais
ruminantes no Brasil, levando em conta as características gerais dos sistemas de
produção, notadamente por modelos extensivos, apresentando, portanto, custos
relativamente baixos.
A degradação das pastagens pode ser considerada como um dos grandes
problemas da pecuária brasileira, que os sistemas de produção, em sua grande
maioria, têm nelas a sua base, tornando muito frágil a sustentabilidade do sistema
(PEREIRA, 2004). De acordo com Barcelos (1996) as áreas de pastagens nos cerrados
brasileiros são responsáveis por 60% da produção de carne nacional e apresentam
uma capacidade de suporte inferior a 0,8 unidade animal ha
-1
. Segundo este mesmo
autor, em torno de 80% dessas apresentam algum tipo de degradação.
Assim, o conceito de agricultura sustentável deve estar presente nos diferentes
sistemas de produção, a fim de priorizar a conservação dos recursos naturais e orientar
as mudanças tecnológicas e institucionais de tal maneira a assegurar o sucesso, assim
como, a satisfação das necessidades humanas para as gerações presentes e futuras.
11
O desenvolvimento sustentável agropecuário deve conservar a água, o solo e os
recursos genéticos vegetais e animais, de forma social e ambientalmente aceitável,
tecnicamente apropriada e economicamente viável (LABRADA, 1995).
Logo, a rotação entre culturas anuais e pastagens tem propiciado benefícios
para ambas, como a diminuição da incidência de plantas daninhas e a quebra do ciclo
de pragas e doenças do pasto, resultando no aumento em produtividade. O sistema
radicular das forrageiras explora maior volume de solo e recicla mais eficientemente os
nutrientes. Além disso, aumenta a atividade biológica deste, favorece a elevação do
teor de matéria orgânica e reduz a erosão (SALTON et al., 2001), sendo as forrageiras
do gênero Brachiaria excelentes materiais para a cobertura do solo no sistema de
plantio direto (SILVA, 2004).
Sob o aspecto de manejo integrado de plantas daninhas, este é extremamente
relevante, que é possível a utilização de medidas complementares de forma mais
sustentável e menos dependente de produtos químicos, entre eles, os herbicidas.
Nesse sentido, o consórcio entre milho e braquiária permite o manejo cultural como
forma de supressão de plantas daninhas, o que resulta na redução de custos e
preservação ambiental. Isso se deve ao fato das plantas daninhas terem menos
possibilidades de competir por recursos, já que estão coexistindo com outras plantas no
mesmo espaço, principalmente quando presentes na entrelinha de cultivo.
Ao mesmo tempo, a palhada proveniente das forrageiras garante quantidade
suficiente para a proteção de toda a superfície do solo, desde que devidamente
manejada, podendo, além de reduzir a evaporação da água, dificultar a emergência de
plantas daninhas e o ataque de fungos de solo em plantas cultivadas.
Assim, com cobertura adequada, o sistema integração lavoura-pecuária tende a
acelerar o decréscimo de sementes no solo por indução de germinação ou perda de
viabilidade. Nesse sistema ocorrem, também, alterações físicas, químicas e biológicas
do solo, com redução na penetração de luz e manutenção da umidade e temperatura,
resultando em parcial esgotamento do banco de sementes ao longo dos anos
(KLUTHCOUSKI; AIDAR, 2003). Ainda, a cobertura morta causa impedimento físico à
12
germinação podendo, durante a decomposição, produzir substâncias alelopáticas que
atuam sobre as sementes das plantas daninhas.
Frente a essa realidade, a integração agricultura-pecuária consiste em uma
alternativa promissora de produção, favorecendo o aumento da eficiência de utilização
de recursos naturais e a preservação do meio ambiente. Esse sistema propicia, ainda,
vantagens sociais e econômicas, como o aumento da oferta de forragem para o período
seco do ano e a formação de palhada para o sistema de plantio direto, resultando no
aumento da estabilidade de renda do produtor rural (SALTON et al., 2001).
Sendo assim, o objetivo geral do presente trabalho foi avaliar o desempenho do
milho no consórcio com gramíneas forrageiras, bem como, a supressão de plantas
daninhas no método de integração lavoura-pecuária, a fim de que a atividade
agropecuária se torne sustentável, aumentando a estabilidade da renda do produtor
rural na medida em se propicia uma diversificação de culturas.
Referências
AGNES, E.L.; FREITAS, F.C.L.; FERREIRA, L.R. Situação atual da integração
agricultura-pecuária em Minas Gerais e na Zona da Mata Mineira. In: CURSO SOBRE
MANEJO INTEGRADO: INTEGRAÇÃO AGRICULTURA-PECUÁRIA, 2004, Viçosa.
Anais ... Viçosa: UFV, 2004. p. 251-285.
BARCELOS, A.O. Sistemas extensivos e semi-intensivos de produção pecuária bovina
de corte nos cerrados. In: SIMPÓSIO SOBRE O CERRADO, 1996, Brasília. Anais ...
Brasília: Embrapa CPAC, 1996. p. 130-136.
KLUTCHCOUSKI, J.; AIDAR, H. Implantação, condução e resultados obtidos com o
sistema Santa Fé. In: KLUTCHCOUSKI, J.; STONE, L.F.; AIDAR, H. (Ed.). Integração
lavoura-pecuária. Santo Antonio de Goiás: Embrapa Arroz e Feijão, 2003. p. 407-441.
LABRADA, R. Manejo de malezas y agricultura sostenible. In: CONGRESSO
BRASILEIRO DE CIÊNCIA DE PLANTAS DANINHAS, 20., 1995, Florianópolis.
Palestras ... Florianópolis: SBCPD, 1995. p. 13-19.
PEREIRA, J. C. As pastagens no contexto dos sistemas de produção de bovinos. In:
CURSO SOBRE MANEJO INTEGRADO: INTEGRAÇÃO AGRICULTURA-PECUÁRIA,
1., 2004, Viçosa. Anais ... Viçosa: UFV, 2004. p. 287-330.
13
SALTON, J. C.; FABRÍCIO, A. M.; HERNANI, L. C. Integração lavoura-pecuária:
alternativas de rotação de culturas. In: ENCONTRO REGIONAL DE PLANTIO DIRETO
NO CERRADO, 5., 2001, Dourados. Anais ... Dourados: UFMS; Embrapa CNPAO,
2001. p. 31-32. (Documentos, 31).
SILVA, A. F. Efeitos de herbicidas no consórcio de milho com Brachiaria brizantha. In:
CONGRESSO BRASILEIRO DA CIÊNCIA DAS PLANTAS DANINHAS, 24., 2004, São
Pedro. Resumos expandidos ... São Paulo: SBCPD, 2004. 1 CD-ROM.
VICTORIA FILHO, R. Estratégias de manejo de plantas daninhas. In: ZAMBOLIN, L.;
CONCEIÇÃO, M.Z. da; SANTIAGO, T. O que os engenheiros agrônomos devem
saber para orientar o uso de produtos fitossanitários. Viçosa: UFV, 2003. p. 317-
371.
14
2 INTERFERÊNCIA DE ESPÉCIES FORRAGEIRAS EM CONSÓRCIO COM A
CULTURA DO MILHO
Resumo
A consorciação entre culturas anuais e forrageiras tropicais, tais como as
braquiárias, tem surgido como sistema de produção alternativo para a recuperação de
áreas degradadas pela atividade agropecuária intensiva, bem como, para a formação
de palhada para o sistema de plantio direto. Assim, o objetivo deste trabalho foi avaliar
as interações e interferências de diferentes espécies de braquiária com diferentes
densidades de semeadura, no desenvolvimento da cultura do milho. O experimento foi
conduzido em área experimental do Departamento de Produção Vegetal da
ESALQ/USP em Piracicaba-SP. Para isso, utilizou-se o delineamento de blocos
casualizados com três repetições. Os tratamentos constituíram da variação de três
espécies de plantas forrageiras cultivadas com milho (Brachiaria decumbens, Brachiaria
brizantha e Brachiaria ruziziensis) em três densidades de semeadura (10, 15 e 20 kg
ha
-1
), além de milho em monocultivo com e sem capina, totalizando 11 tratamentos. Em
relação à cultura do milho, as avaliações referentes ao número de folhas, índice de área
foliar, diâmetro de colmo e massa de mil grãos evidenciaram diferença estatística
(P<0,05) apenas para o tratamento sem capina (cultura submetida à competição com
plantas daninhas durante todo o ciclo), demonstrando similaridade para os demais
tratamentos constituídos pelas forrageiras. Todavia, a variável produção foi afetada
pelos demais tratamentos, sendo viável apenas para as densidades de 10 e 15 kg ha
-1
,
não diferindo entre essas. Na maior densidade de semeadura (20 kg ha
-1
) obteve-se
menor produtividade do milho para todas as espécies de braquiária testadas,
evidenciando-se que o maior número de plantas m
-2
de forrageiras interferiu mais
competitivamente na cultura do milho.
Palavras-chave: Zea mays L.; Produtividade; Braquiária; Interferência; Consórcio
INTERFERENCE OF FORAGE PLANTS SPECIES IN CONSORTIUM WITH THE
CROP CORN
Abstract
The consortium between annual crops and tropical forage plants, like the
brachiaria, had arisen like alternative production system for recovery of area degraded
for intensive, farming and cattle raising activity, as well as, for formation of mulch in no-
tillage system. So, the objective this work was evaluated the interaction and interference
of different brachiaria species with different seeding density, in crop corn development.
The experiment was conducted in experimental area of Crop Science Department of
ESALQ/USP, in Piracicaba-SP. For this, used the design randomized blocks with three
replicates. The treatment constituted of variation of three forage plant species cultivated
15
with corn (Brachiaria decumbens, Brachiaria brizantha e Brachiaria ruziziensis) in three
seeding density (10, 15 e 20 kg ha
-1
), besides of corn in monoculture and weeding less,
totalizing 11 treatment. About the crop corn, the evaluates referring the leaf number, leaf
area index, stem diameter and thousand grain weight shows statistics differences
(P<0,05) only for the treatment weeding less (culture subjected at competition with
weeds during all the cycle), showing similarity for the others treatment constituted for
forage plants. However, the variable production was affected by others treatment, being
viable only for density of 10 and 15 kg ha
-1
, not differing between theses. In major
seeding density (20 kg ha
-1
), to get a minor productivity for all brachiaria species tested,
evidencing that the major number of plants m-2 of forage plants interfered competitively
in the corn culture.
Keywords: Zea mays L.; Productivity; Brachiaria; Interference; Consortium
2.1 Introdução
O milho é considerado uma das mais importantes plantas cultivadas
comercialmente, com origem no continente americano, provavelmente na América
Central ou Sudoeste dos Estados Unidos da América do Norte. Sua importância
econômica é baseada principalmente na destinação à alimentação animal, notadamente
suinocultura e avicultura de corte (60 a 80% do milho produzido no Brasil), tendo ainda
significativa relevância social, visto que se trata da principal fonte de energia alimentícia
para boa parte da população do Nordeste brasileiro na região do semi-árido (DUARTE,
2006).
Nos últimos dez anos, a área cultivada com milho no Brasil praticamente se
manteve estável com pequena redução da ordem de 11%, chegando a
aproximadamente 12.700.000 ha (27% da área total ocupada com lavouras agrícolas),
sendo menor apenas do que a área semeada de soja. Sua produtividade obteve um
acréscimo de praticamente 40% chegando a 3,4 t ha
-1
, fazendo com que a produção,
apesar do pequeno decréscimo na área semeada, aumentasse em 14%, atingindo o
patamar de 42 milhões de toneladas de grãos (COMPANHIA NACIONAL DE
ABASTECIMENTO, 2006).
Todavia, a produtividade do milho no Brasil é uma das menores do mundo
(ANTUNIASSI, 1993). Isso ocorre devido ao grande número de pequenos produtores
que cultivam este cereal e, segundo Souza (1994), mais da metade do milho produzido
16
no Brasil é oriundo de lavouras com áreas inferiores a 10 ha. Nessas lavouras, o
acompanhamento tecnológico é geralmente baixo, sobretudo no que se refere à
qualidade e época das operações, o que não corresponde às exigências dos cultivares
selecionados para a semeadura.
Entre os principais fatores que propiciam a redução no rendimento, em caráter
permanente, da cultura do milho, estão as plantas daninhas, que por sua vez, afetam a
produção agrícola e economia por meio da interferência e competição por recursos
comuns à cultura como água, luz e nutrientes. Por este motivo, o controle é
indispensável para o bom desenvolvimento da cultura do milho. Ao mesmo tempo, é de
fundamental importância o conhecimento do período no qual sua presença não interfira
na produção e o período a partir do qual a sua presença é indesejável, sendo então
necessária a aplicação de medidas de controle para não reduzir, em termos qualitativos
e quantitativos, a produção (DUARTE, 2000).
Existem diferentes formas de manejo das plantas daninhas, as quais podem ser
utilizadas isoladamente ou em combinação de duas ou mais, visando a eficácia,
economicidade e praticidade (DEUBER, 1997). Esse manejo pode ser otimizado com a
utilização de espécies forrageiras que se alocam na entrelinha da cultura, auxiliando na
supressão da comunidade infestante. Além disso, as forrageiras propiciam a formação
de pastagem após o ciclo da cultura, contribuindo para o suprimento alimentar animal.
Portanto, o objetivo do trabalho é avaliar o desempenho do milho no consórcio
com espécies forrageiras do gênero Brachiaria, bem como a densidade adequada de
semeadura das gramíneas para que o sistema se torne viável no manejo integrado de
plantas daninhas.
2.2 Materiais e Métodos
O experimento foi conduzido na área experimental do Departamento de
Produção Vegetal, na Universidade de São Paulo, Campus da Escola Superior de
Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ-USP), no município de Piracicaba-SP (22
0
42’30”S,
47
0
38’00”W), durante o período compreendido entre os meses de dezembro 2006 e
maio de 2007. As propriedades químicas do solo estão apresentadas da Tabela 1.
17
O clima da região é o tipo Cwa (KÖPPEN, 1948), isto é, trata-se de clima
mesotérmico, tropical úmido, com três meses mais secos (junho, julho e agosto) e com
concentração de chuvas no verão. A temperatura média do mês mais quente é superior
a 24
o
C e a do mês mais frio inferior a 17
o
C, apresentando pluviosidade média anual de
1.200 mm. Os dados meteorológicos relativos ao período experimental estão
apresentados na tabela 2 e foram obtidos na estação agrometereológica do Campus
Luiz de Queiroz, ESALQ/USP.
O trabalho foi instalado em delineamento de blocos casualizados com três
repetições. Os tratamentos constituíram de três espécies de plantas forrageiras
cultivadas com milho (Brachiaria decumbens, Brachiaria brizantha e Brachiaria
ruziziensis) em três densidades (10, 15 e 20 kg ha
-1
), além do milho em monocultivo
com e sem capina, totalizando 11 tratamentos (Tabela 3).
Cada parcela constou de cinco linhas de milho espaçadas de 0,90 m entre si,
intercaladas com quatro linhas das respectivas plantas forrageiras com 5,0 m de
comprimento cada, porém, com uma área útil de 2 m de comprimento. O solo foi
preparado por meio de roçagem seguida de gradagem leve na profundidade de 20 cm,
além de uma grade niveladora na profundidade média de 10 cm.
A semeadura de milho foi realizada com semeadora tratorizada, com entrelinhas
espaçadas a 0,90 m, utilizando-se a densidade de oito sementes por metro e o material
genético utilizado foi a cultivar de milho DKB 390, sendo as sementes tratadas com o
inseticida thiodicarb na concentração de 6,0 g de ingrediente ativo por kg de semente.
Foi realizado o desbaste na cultura do milho quando esta apresentava duas folhas, a
fim de padronizar o stand final de 65.000 plantas ha
-1
, sendo realizado o
acompanhamento dos estádios fenológicos, apresentados na tabela 4. As espécies
forrageiras foram semeadas na entrelinha do milho, manualmente, estimando-se a
densidade desejada de plantas por meio dos testes iniciais de germinação. Foi
realizada a adubação na semeadura na dose de 380 kg ha
-1
do adubo NPK na
formulação 8-28-16, e uma aplicação de nitrogênio em cobertura na forma de uréia, na
dose de 60 kg ha
-1
.
18
As avaliações realizadas na cultura do milho foram às seguintes: número de
folhas por planta, índice de área foliar (IAF), diâmetro de colmo (cm planta
-1
), altura de
planta (cm planta
-1
), massa de mil grãos e produtividade final (t ha
-1
),
A determinação do número de folhas foi realizada por ocasião do florescimento
pleno, mediante a contagem do número de folhas fotossinteticamente ativas
apresentando lígula visível de quatro plantas por parcela. O IAF do milho foi
determinado mediante avaliação de quatro plantas por parcela quando o milho se
apresentava em pleno florescimento. Para a determinação do diâmetro de colmo,
avaliou-se o segundo internódio a partir do colo da planta, mensurado por meio de um
paquímetro digital, também na época de florescimento. A presente determinação foi
efetuada em pleno florescimento, empregando-se as mesmas plantas utilizadas nas
avaliações de altura, número de folhas e IAF. A obtenção da massa de mil grãos foi
realizada retirando-se oito amostras ao acaso dos grãos oriundos de cada parcela e
submetidos à pesagem, com posterior determinação da umidade, possibilitando a
correção da massa de mil grãos a 13% de umidade, conforme metodologia apresentada
nas Regras de Análises de Sementes (Brasil, 1992). A produtividade foi estimada por
meio da colheita das espigas de três linhas centrais da parcela, desprezando 0,5 m de
bordadura no início e no final da parcela.
Os resultados obtidos foram submetidos à análise de variância e, quando
significativos, foram realizadas comparações de médias pelo teste de Tukey a 5% de
probabilidade.
19
Tabela 1 – Propriedades químicas do solo (Nitossolo eutrófico típico) utilizado na área
experimental. Piracicaba – SP, 2007
pH M.O. P K Ca
Mg
H+Al
Al
SB CTC
Sat. Sat.
S
CaCl
2
Resina bases
Al SO
4
g/dm³ mg/dm³ -------------------- mmol
c
/dm³ ------------------- V% m% mg/dm³
5,1 13 17 1,2
13
6 18 0 20 38 53 0 8
Profundidade 0 a 20 cm do solo.
Tabela 2 – Dados metereológicos relativos ao período de condução do experimento
(dez/2006 a mai/2007). Piracicaba – SP, 2007
ANO MÊS
RGM P UR (%) Temperatura (
o
C)
(MJ/m
2
.d) (mm) Máxima Mínima Média Máxima Mínima Média
2006 DEZ 20,8 255 99,8 64,8 89,6 29,8 19,8 24,0
2007 JAN 17,4 259 100,0 71,0 93,8 28,9 20,3 23,6
FEV 21,9 228 100,0 55,2 87,2 31,1 19,4 24,4
MAR
20,8 86 100,0 49,0 84,6 31,7 19,1 24,6
ABR
16,6 36 100,0 57,2 87,5 29,4 17,8 22,9
MAI 14,1 56 100,0 54,4 86,4 25,4 12,6 18,5
RGM = radiação global média; P = precipitação total; UR = Umidade relativa do ar; T = Temperatura do
ar.
20
Tabela 3 – Tratamentos utilizados no experimento de interferência de espécies
forrageiras em consórcio com milho. Piracicaba – SP, 2007
Tratamento Descrição
1 Milho sem capina
2 Milho com capina
3
Milho + 10 Kg B. brizantha
4
Milho + 15 Kg B. brizantha
5
Milho + 20 Kg B. brizantha
6
Milho + 10 Kg B. ruziziensis
7
Milho + 15 Kg B. ruziziensis
8
Milho + 20 Kg B. ruziziensis
9
Milho + 10 Kg B. decumbens
10
Milho + 15 Kg B. decumbens
11
Milho + 20 Kg B. decumbens
21
Tabela 4 – Época de ocorrência dos estádios fenológicos da cultura do milho.
Piracicaba – SP, 2007
Estádio Época de Ocorrência (2007)
Emergência 09 - Janeiro
V 4 – Quatro folhas expandidas 23 - Janeiro
V 8 – Oito folhas expandidas 06 - Fevereiro
V 12 – Doze folhas expandidas 15 - Fevereiro
R 1 – Emissão do pendão 06 - Março
R 2 – Florescimento 12 - Março
R 3 – Grãos leitosos 20 – Março
R 4 – Grãos pastosos 04 – Abril
R 5 – Grãos farináceos 16 - Abril
R 6 – Grãos farináceos duros 26 - Abril
R 7 – Maturidade fisiológica 08 - Maio
Colheita 14 - Maio
2.3 Resultados e Discussão
Os valores das avaliações fitotécnicas da cultura do milho estão dispostos na
tabela 5.
22
Tabela 5 Valores médios de altura de planta (AP), número de folhas (NF), índice de
área foliar (IAF) e diâmetro de colmo (DC) relacionados às plantas de milho
em função dos tratamentos estudados. Piracicaba – SP, 2007
Tratamento*
AP NF IAF D.C.
(cm) (cm)
1
190,66 a 11,32 a 3,88 a 2,02 a
2
215,33 b 14,53 b 4,65 b 2,45 b
3
210,77 c 14.30 b 4,60 b 2,39 b
4
210,77 c 14,53 b 4,63 b 2,39 b
5
206,04 d 14,02 b 4,51 b 2,29 b
6
214,33 b 14,27 b 4,61 b 2,48 b
7
214,33 b 14,42 b 4,57 b 2,40 b
8
209,64 c 14,13 b 4,57 b 2,41 b
9
214,06 b 14,92 b 4,63 b 2,39 b
10
214,00 b 14,60 b 4,64 b 2,38 b
11
208,03 e 14,79 b 4,61 b 2,29 b
CV (%)
3,12 1,03 4,10 6,69
DMS
1,39 0,57 0,33 0,24
Médias seguidas por pelo menos uma mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey,
ao nível de 5% de probabilidade.
*Trat: 1 e 2 (testemunha sem e com capina); 3, 4 e 5 (densidade de 10, 15 e 20 kg ha
-1
B. brizantha); 6,
7 e 8 (densidade de 10, 15 e 20 kg ha
-1
B. ruziziensis) e 9, 10 e 11 (densidade de 10, 15 e 20 kg ha
-1
B.
decumbens), respectivamente.
a) ALTURA DE PLANTAS
Dentre os caracteres que conferem habilidade competitiva, a altura da planta tem
sido considerada importante para várias culturas, incluindo arroz (JENNINGS; AQUINO,
1988), milho (PENDLETON; SEIF, 1981), feijão (PESSANHA; VIEIRA, 1980) e outras
(AASTVEIT et al., 1989; TALBOT et al., 1995).
23
175
180
185
190
195
200
205
210
215
220
Altura (cm)
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
Tratamentos
Altura de Plantas de Milho
Nesse sentido, as determinações da altura das plantas realizadas na época de
pleno florescimento, evidenciaram diferença estatística (P<0,05) para o tratamento 1,
que representa o milho em competição com plantas daninhas sem capina (Tabela 5;
Figura 1), além dos tratamentos com as forrageiras B. brizantha (em todas as
densidades), B. ruziziensis e B. decumbens nas maiores densidades (20 kg ha
-1
). Tal
resultado confirma os estudos realizados por Young (1981), que demonstraram redução
na altura de plantas de milho quando em convivência simultânea com plantas
infestantes e forrageiras consorciadas.
Os demais tratamentos indicaram a inexistência de influência das forrageiras no
crescimento da cultura. Essa ausência de interferência das forrageiras na altura das
plantas de milho pode ser explicada pela baixa taxa de desenvolvimento inicial das
espécies de braquiárias estudadas (COBUCCI, 2003). A grande reserva de sementes
de milho quando comparada à forrageira, somado ao maior volume do sistema
radicular, contribui positivamente para a cultura, propiciando maior desenvolvimento
para esse cereal. Consequentemente, ocorre um rápido fechamento da entrelinha, o
que impede a incidência de luz sobre as forrageiras, acarretando em menor taxa de
crescimento.
Figura 1 Altura de plantas de milho obtida no experimento em função dos
tratamentos estudados. Piracicaba – SP, 2007
Tratamentos: 1 e 2 (testemunha sem e com capina); 3, 4 e 5 (densidade de 10, 15 e 20
kg ha
-1
B. brizantha); 6, 7 e 8 (densidade de 10, 15 e 20 kg ha
-1
B. ruziziensis) e 9, 10 e
11 (densidade de 10, 15 e 20 kg ha
-1
B. decumbens), respectivamente
.
24
0
2
4
6
8
10
12
14
16
Número de Folhas
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
Tratamentos
b) NÚMERO DE FOLHAS
Para esse parâmetro, a análise estatística evidenciou diferença (P<0,05) apenas
para o tratamento 1 (milho convivendo com plantas daninhas sem capina), sendo
semelhante para os demais tratamentos, conforme demonstrado na tabela 5 e figura 2.
O menor número de folhas do tratamento 1, pode ser justificado pela convivência
simultânea da cultura com as plantas infestantes, o que provavelmente interferiu na
competição de recursos essenciais ao referido cereal, atrasando assim, o
desenvolvimento normal da cultura. A redução do número de folhas pode acarretar a
diminuição da produtividade, o que se deve ao fato da menor área total
fotossinteticamente ativa da cultura (FANCELLI; DOURADO NETO, 2000), sendo
intensificado no estudo, provavelmente, pelas condições adversas em que a cultura foi
exposta no florescimento, devido à escassez de chuva.
No que diz respeito aos outros tratamentos, a semelhança se deve à maior
capacidade competitiva do milho referente às espécies forrageiras, tendo um maior
desenvolvimento inicial e, consequentemente, melhor aproveitamento dos recursos em
comum (SILVA, 2004). Isso se deve ao fato do maior volume radicular do cereal quando
comparado à planta forrageira, permitindo maior exploração do solo e aporte de
nutrientes para o crescimento e desenvolvimento iniciais.
Figura 2 – Número de folhas de plantas de milho obtido no experimento em função
dos tratamentos estudados. Piracicaba – SP, 2007
Tratamentos: 1 e 2 (testemunha sem e com capina); 3, 4 e 5 (densidade de 10, 15 e 20
kg ha
-1
B. brizantha); 6, 7 e 8 (densidade de 10, 15 e 20 kg ha
-1
B. ruziziensis) e 9, 10 e
11 (densidade de 10, 15 e 20 kg ha
-1
B. decumbens), respectivamente
25
c) ÍNDICE DE ÁREA FOLIAR (IAF)
Pode-se afirmar que a produção vegetal está diretamente relacionada com o
aproveitamento da energia solar pela cultura, transformada em energia química durante
o processo fotossintético, sendo as folhas principais responsáveis por esta conversão.
O IAF representa a razão entre a área foliar de uma população de plantas e a
área de solo por ela ocupada (WATSON, 1947). Ele expressa a disponibilidade de
superfície assimiladora de CO
2
, da radiação fotossinteticamente ativa e de perdas de
água (transpiração) da população de plantas (LANG; MCMURTRIE, 1992).
Nesse sentido, as plantas C
4
, tendo o milho como exemplo, desenvolveram
processos que otimizam a fixação de CO
2
e, conseqüentemente, a utilização de água e
de nitrogênio, além de sua produção fotossintética, não apresentando saturação à
radiação em condições naturais (DOURADO NETO et al., 2001; HORTON, 2000;
TIMOTHY et al., 1995). A partir da maior fixação de carbono, dado pela fotossíntese, a
planta produzirá maior área foliar, sendo que essa possui alta correlação positiva com o
rendimento das culturas.
As análises dos resultados referentes ao IAF (Tabela; Figura 3) acusam
diferença (P<0,05) apenas para o tratamento 1, observando-se semelhança entre os
demais tratamentos. Fato este que corrobora com os resultados observados para a
variável número de folhas, que as folhas fotossinteticamente ativas m influencia
direta no IAF da planta, ratificando a ausência de diferença entre os demais
tratamentos. O tratamento 2 (milho capinado) demonstrou ligeira vantagem no
parâmetro IAF, fato este provavelmente influenciado pela baixa competição do milho
com plantas daninhas e forrageiras, porém sem relevância estatística (P>0,05).
26
3,40
3,60
3,80
4,00
4,20
4,40
4,60
4,80
IAF
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
Tratamentos
Figura 3 – Índice de área foliar de plantas de milho obtido no experimento em função
dos tratamentos estudados. Piracicaba – SP, 2007
Tratamentos: 1 e 2 (testemunha sem e com capina); 3, 4 e 5 (densidade de 10, 15 e 20
kg ha
-1
B. brizantha); 6, 7 e 8 (densidade de 10, 15 e 20 kg ha
-1
B. ruziziensis) e 9, 10 e
11 (densidade de 10, 15 e 20 kg ha
-1
B. decumbens), respectivamente
d) DIÂMETRO DE COLMO
O colmo do milho é uma estrutura de armazenamento de sólidos solúveis, sendo
que, quanto maior for seu diâmetro, consequentemente maior será sua capacidade de
armazenamento de fotoassimilados, o que contribui de forma considerável para a
formação dos grãos.
Com relação a esta variável, verificou-se novamente diferença estatística
(P<0,05) apenas para o tratamento 1, em que a cultura do milho conviveu durante todo
o ciclo simultaneamente com plantas daninhas (Tabela 5; Figura 4), assemelhando-se
aos trabalhos realizados por Bens (1984), em que procurou relação entre tipos de
preparo de solo e de manejo da cultura do milho para o diâmetro de colmo. O mesmo
autor observou a diminuição nos valores dessa variável quando a cultura ficou exposta
às plantas infestantes durante todo o ciclo. Duarte et al (2002) também verificaram a
redução de 14% no diâmetro de colmo de plantas de milho que conviveram durante
todo o ciclo sem capina quando comparada àquelas plantas capinadas, confirmando a
hipótese de que plantas daninhas exercem forte competição sobre nutrientes essenciais
às plantas cultivadas.
Ao observar os resultados dos outros tratamentos, encontra-se uma variação
entre 2,29 e 2,48 cm, porém sem diferença estatística (P>0,05). Esperava-se, no
entanto, encontrar diferenças nos tratamentos avaliados, uma vez que a competição
27
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
Diâmetro (cm)
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
Tratamentos
por fatores de crescimento em plantios mais densos poderia acarretar menor acúmulo
de matéria seca pelo cereal e, consequentemente, colmos mais finos. Contudo, pelo
acelerado desenvolvimento inicial do milho (FANCELLI; DOURADO NETO, 1999),
contrastando com o lento desenvolvimento das braquiárias (COBUCCI, 2003), não foi
possível evidenciar tal efeito.
Figura 4 – Diâmetro de colmo de plantas de milho obtidos no experimento em função
dos tratamentos estudados. Piracicaba – SP, 2007
Tratamentos: 1 e 2 (testemunha sem e com capina); 3, 4 e 5 (densidade de 10, 15 e 20
kg ha
-1
B. brizantha); 6, 7 e 8 (densidade de 10, 15 e 20 kg ha
-1
B. ruziziensis) e 9, 10 e
11 (densidade de 10, 15 e 20 kg ha
-1
B. decumbens), respectivamente
28
Os valores das avaliações dos componentes de produção da cultura do milho
estão dispostos na tabela 6.
Tabela 6 – Valores médios de massa de mil grãos (M 1000 grãos) e produtividade
(PROD) relacionados às plantas de milho em função dos tratamentos
estudados. Piracicaba – SP, 2007
Tratamento* M 1000 grãos PROD
(g) Ton ha
-1
1 112,05 a 2,39 a
2 280,72 b 6,93 b
3 285,78 b 4,85 c
4 281,77 b 4,87 c
5 282,59 b 4,01 d
6 280,62 b 5,05 c
7 283,42 b 5,08 c
8 281,63 b 3,97 d
9 284,19 b 4,91 c
10 284,76 b 4,80 c
11 281,14 b 3,70 d
CV (%) 1,12 8,96
DMS 10,24 0,71
Médias seguidas por pelo menos uma mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey,
ao nível de 5% de probabilidade
*Trat: 1 e 2 (testemunha sem e com capina); 3, 4 e 5 (densidade de 10, 15 e 20 kg ha
-1
B. brizantha); 6,
7 e 8 (densidade de 10, 15 e 20 kg ha
-1
B. ruziziensis) e 9, 10 e 11 (densidade de 10, 15 e 20 kg ha
-1
B.
decumbens), respectivamente
a) MASSA DE MIL GRÃOS
A massa dos grãos é diretamente influenciada pela translocação de
fotoassimilados, sendo que, a quantidade deste é diretamente proporcional ao tempo
de duração do período de enchimento de grãos. Quanto melhor as condições
29
0
50
100
150
200
250
300
Massa (g)
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
Tratamentos
edafoclimáticas em que a cultura é submetida durante esse período, maior a taxa de
crescimento individual do grão e como conseqüência, maior a massa dos grãos.
Para essa variável, os tratamentos apresentaram diferença estatística (P<0,05)
apenas para o tratamento em que a cultura é exposta à competição plena com as
plantas daninhas (Tabela 6 e Figura 5). Isso pode ser comparado com os resultados
obtidos por Ulger et al. (1995), que verificaram maior acúmulo da massa de grãos de
milho em tratamentos livre de competição.
Segundo Fancelli e Dourado Neto (2000), a massa de mil grãos é um importante
componente para a produção de grãos, podendo ser afetado por qualquer tipo de
estresse que ocorra com a planta após o florescimento. Baseado nessa afirmação, é
possível constatar que, juntamente com o efeito competitivo das plantas daninhas
durante a realização do experimento (tratamento 1), o déficit hídrico ocorrido de março
a maio de 2007 (Tabela 2) contribuiu para menor massa de mil grãos observada no
experimento.
Figura 5 – Valores de massa de mil grãos de milho obtidos no experimento em
função dos tratamentos estudados. Piracicaba – SP, 2007
Tratamentos: 1 e 2 (testemunha sem e com capina); 3, 4 e 5 (densidade de 10, 15 e 20
kg ha
-1
B. brizantha); 6, 7 e 8 (densidade de 10, 15 e 20 kg ha
-1
B. ruziziensis) e 9, 10 e
11 (densidade de 10, 15 e 20 kg ha
-1
B. decumbens), respectivamente
30
b) PRODUTIVIDADE
Na tabela 6 e figura 6 observam-se os resultados obtidos para a produtividade do
milho. Tais valores indicam a existência de diferença significativa (P<0,05) para os
tratamentos em que a cultura do milho foi conduzida em monocultivo e sem a presença
de plantas daninhas para com para os tratamentos com presença das forrageiras nas
densidades de 10, 15 e 20 kg ha
-1
. Assim, os tratamentos com B. brizantha (3,4 e 5), B.
ruziziensis (6, 7 e 8) e B. decumbens (9, 10 e 11) diferiram do tratamento 2 (milho
solteiro sem competição). Nessas densidades, pode-se afirmar que a competição
interespecífica foi significativa, porém com perdas aceitáveis (KLUTCHCOUSKI;
AIDAR, 2003) comprovando assim a viabilidade do sistema de consórcio entre milho e
forrageiras. Essa constatação ratifica os resultados encontrados por Klutchcouski e
Aidar (2003), Alvim et al. (1989), e Duarte et al. (1995), que testaram a consorciação
com densidades padrões de 10 kg ha
-1
.
Por apresentar maior tamanho de sementes e, consequentemente, maior reserva
nutricional, o crescimento inicial da cultura do milho foi mais rápido e eficaz, provocando
a retração da taxa de crescimento das espécies forrageiras. Porém, mesmo as
braquiárias terem sido semeadas concomitamente ao milho, foram capazes de interferir
no potencial produtivo da espécie.
Em milho, de acordo com Duncan (1984), a competição por luz reduz o
rendimento por planta, a menos que algum outro requerimento seja severamente
limitante. Parece provável, portanto, que a maior altura da planta dos tratamentos 2, 3,
4, 6, 7, 9 e 10 em relação àqueles em que o milho conviveu com plantas daninhas e
com densidades elevadas de forrageiras (Tabela 5), tenha propiciado maior
interceptação de luz e, conseqüentemente, maior rendimento de grãos desse cereal.
Um dos fatores que determinam a produtividade de uma cultura agrícola principal
em consórcio com outras espécies vegetais é a capacidade competitiva do seu material
genético. Portanto, conclui-se que o cultivar de milho DKB 390 utilizado no experimento
possui excelentes características de competitividade, pois apesar das reduções de
rendimentos observadas ns tratamento com a forrageira na maior densidade (20 kg
31
ha
-1
, os índices de produtividade da cultura do milho foram aceitáveis, comprovando a
viabilidade desse sistema de produção.
No estádio de 1 a 4 folhas da cultura do milho, segundo Fancelli e Dourado Neto
(2000), é necessário a disponibilidade adequada de água e nutriente para não limitar o
evento fisiológico. Isso ocorre porque é nesse estádio que inicia o processo de
diferenciação floral, o qual origem aos primórdios da panícula e da espiga, definindo
o potencial de produção. Além disso, embora a competição nesse estádio possa ser
pequena devido ao pequeno desenvolvimento das plantas daninhas, a alta densidade
das mesmas pode comprometer o crescimento da cultura.
Nesse sentido, quando analisadas as produtividades dos tratamentos 1 e 2,
(sendo milho sem capina e capinado respectivamente), verifica-se a queda drástica na
produtividade da cultura, fato este justificado pela alta densidade (133 plantas m
-2
) de
plantas daninhas presentes durante todo o ciclo da cultura. Tollenaar et al. (1994)
verificaram que o aumento da densidade de plantas daninhas ocasionam reduções
gradativas na produtividade do milho, fato este atribuído à elevada pressão competitiva.
Young (1981) obteve redução de 14% de produtividade do milho em densidades
médias de 65 plantas m
-2
de Agropyron repens (L.) Beauv., enquanto que em
densidades de 745 plantas m
-2
houve redução de até 47%, atribuindo o efeito da menor
produção à alta densidade da espécie em questão.
No caso da maior densidade das forrageiras (20 kg ha
-1
), conforme os
tratamentos 5, 8 e 11, houve diferença estatística (P<0,05) na produtividade da cultura,
fato este constatado também por Macedo e Zimmer (1990), que verificaram a existência
do efeito supressivo de Brachiaria brizantha na produtividade do milho, principalmente
quando a espécie foi semeada em época desfavorável ao mencionado cereal (15 dias
antes da cultura). No entanto, os mesmos autores relatam que o consórcio foi mais
afetado pelas condições climáticas do que pela competição pelas plantas intercaladas
propriamente ditas. Fato que pode justificar a baixa produção do milho, uma vez que a
cultura foi submetida ao déficit hídrico durante o período de março a maio de 2007.
Ao mesmo tempo, quanto maior a fertilidade do solo, maior será o potencial de
desenvolvimento do milho, com expressiva capacidade de competição com as
forrageiras durante seu cultivo. Logo, como o presente trabalho foi conduzido em solo
32
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
6,0
7,0
Produtividade
(t ha
-1
)
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
Tratamentos
de baixa fertilidade, os efeitos de competição das espécies forrageiras sobre a
produtividade do milho, maximizados pela alta densidade de braquiária, foram
intensificados.
Figura 6 – Produtividade de milho obtida no experimento em função dos
tratamentos estudados. Piracicaba – SP, 2007
Tratamentos: 1 e 2 (testemunha sem e com capina); 3, 4 e 5 (densidade de 10, 15 e 20
kg ha
-1
B. brizantha); 6, 7 e 8 (densidade de 10, 15 e 20 kg ha
-1
B. ruziziensis) e 9, 10 e
11 (densidade de 10, 15 e 20 kg ha
-1
B. decumbens), respectivamente
Constata-se também que semelhanças na capacidade competitiva entre as
espécies forrageiras estudadas (B. brizantha, B. ruziziensis e B. decumbens). B.
brizantha apresenta grande viabilidade de sementes, além da alta capacidade de
rebrota (SOARES FILHO, 1994). Com relação às B. ruziziensis e B. decumbens, ambas
apresentam boa capacidade de cobertura do solo, o que lhes conferem grande
habilidade competitiva para com as plantas daninhas (SKERMAN; RIVEROS, 1990).
2.4 Conclusões
Conclui-se que o consórcio do milho com as espécies Brachiaria brizantha,
Brachiaria ruziziensis e Brachiaria decumbens demonstrou viabilidade para as
densidades de 10 e 15 kg ha
-1
de semeadura das forrageiras. a densidade referente
33
a 20 kg ha
-1
, mesmo sendo indiferente para o parâmetro massa de mil grãos, interferiu
significamente na produtividade final da cultura do milho.
Os parâmetros fitotécnicos referente ao número de folhas, índice de área foliar e
diâmetro de colmo da cultura do milho não sofreram interferência dos tratamentos com
forrageiras avaliados no experimento, porém, a altura das plantas do milho foi afetada
pelas densidades testadas de semeadura das gramíneas.
Referências
AASTVEIT, A.H.; BURAAS, T.; GULLORD, M. Interplot competition in oats and barley
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37
3 INTERFERÊNCIA DE Brachiaria brizantha SOBRE PLANTAS DANINHAS EM
SISTEMA DE CONSÓRCIO COM A CULTURA DO MILHO
Resumo
Com a adoção de sistemas consorciados na cultura do milho, o uso de espécies
forrageiras passou a ser ferramenta efetiva no manejo e controle das plantas daninhas.
Todavia, a viabilidade de cultivo na integração lavoura-pecuária requer conhecimento e
manejo compatível com a espécie forrageira utilizada, para prevenir o estabelecimento
e competição das infestantes ao longo do tempo. Assim, o objetivo deste trabalho foi
avaliar as conseqüências da adoção do consórcio entre a cultura do milho e a forrageira
Brachiaria brizantha sobre a infestação, o crescimento e a conseqüente produção de
fitomassa seca e área foliar de plantas daninhas. O trabalho foi realizado na área
experimental do Departamento de Produção Vegetal, na Escola Superior de Agricultura
“Luiz de Queiroz” - Universidade de São Paulo, (ESALQ-USP), Piracicaba-SP. Os
tratamentos constituíram da combinação de quatro níveis de densidades da forrageira
Brachiaria brizantha (0, 10, 15 e 20 kg ha
-1
) e quatro níveis do fator planta daninha
(Ipomoea grandifolia, Alternanthera tenella, Digitaria horizontalis e Cenchrus echinatus).
Verificou-se que a planta daninha de maior infestação na área sem a presença da
forrageira foi Alternanthera tenella seguido por Ipomoea grandifolia, Cenchrus echinatus
and Digitaria horizontalis. A forrageira B. brizantha suprimiu, principalmente, a
infestação de capim-colchão, sendo constatada maior habilidade competitiva para
corda-de-viola. Com relação à densidade de semeadura da forrageira, todas afetaram
de forma significativa o acúmulo de área foliar e fitomassa seca das plantas infestantes,
porém com destaque para a maior densidade testada (20 kg ha
-1
).
Palavras-chave: Zea mays L.; Braquiária; Fitomassa seca; Área foliar; Integração
agricultura-pecuária
INTERFERENCE OF Brachiaria brizantha ON WEEDS IN CONSORTIUM SYSTEM
WITH THE CORN CULTURE
Abstract
With the adoption of consortium system in corn culture, the use of forage plant
species turn to be an effective tool in weed management and control. However, the
viability of culture in crop-cattle integration requires knowledge and compatible
management with the forage plant specie used, for prevent the establishment and
competition of weeds for the time. Immediately, the objective this work was evaluate the
38
consequence of adoption of consortium between corn and forage plant Brachiaria
brizantha, on the infestation, growth and a consequence dry biomass production and
leaf area of weeds. The work was realized in experimental area of Crop Science
Department, in Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” São Paulo University,
(ESALQ/USP), Piracicaba SP. The treatment constituted of combination of four level
of density of Brachiaria brizantha (0, 10, 15 and 20 kg ha
-1
) and four level of factor weed
(Ipomoea grandifolia, Alternanthera tenella, Digitaria horizontalis and Cenchrus
echinatus). Observed that the weed of major infestation in the area without the presence
of forage plant was Alternanthera tenella, followed by Ipomoea grandifolia, Cenchrus
echinatus and Digitaria horizontalis. The forage plant suppressed, mainly, the infestation
of Digitaria horizontalis, being observed major competitive ability for Ipomoea
grandifolia. About at seeding density of forage plants, all affected of significative form
the leaf area accumulation and dry biomass of weeds, but with prominence for the major
density tested (20 kgha
-1
)
Keywords: Zea mays L.; Brachiaria; Dry biomass; Leaf area; Crop-cattle integration
3.1 Introdução
As plantas daninhas são, indubitavelmente, um dos fatores mais importantes que
afetam a economia agrícola, em caráter permanente. Por este motivo, o controle
integrado das plantas daninhas é indispensável para o bom desenvolvimento da cultura
do milho (DUARTE, 2000).
A redução do rendimento de produção na cultura do milho, devido à competição
estabelecida com as plantas daninhas, pode alcançar até 70% do potencial produtivo.
Isso varia de acordo com a espécie e grau de interferência, do tipo de solo, das
condições climáticas, bem como do espaçamento, variedade e do estádio fenológico da
cultura em relação à convivência com as plantas daninhas (FANCELLI; DOURADO
NETO, 2000).
Com a adoção da integração agricultura-pecuária, o plantio de culturas anuais
em rotação, ou em consórcios com espécies forrageiras, tem-se constituído numa das
principais estratégias de formação ou de reforma de pastagens. O consórcio de culturas
com forrageiras visa reduzir os custos de implantação de pastagens, principalmente em
relação a adubação, preparo do solo e o manejo de plantas daninhas (SOUZA NETO,
1993).
39
A Brachiaria brizantha (Hochst ex. A. Rich) Stapf é uma espécie cosmopolita,
característica de solos vulcânicos do continente africano, originária de região com
precipitação anual em torno de 700 mm e cerca de oito meses de seca, além de
apresentar grande diversidade de tipos (NUNES et al., 1985).
B. brizantha é uma planta cespitosa e ereta, com 1,0 - 2,5 m de altura, sendo a
espécie de maior porte entre as braquiárias cultivadas como forrageiras no Brasil.
Possui colmos cilíndricos, estriados, glabros, verdes com nós mais claros; bainhas
pilosas e lâminas foliares lanceoladas. Tendem a se inclinar para o solo, elevando
novamente a extremidade quando plantas se encontram isoladas ou em baixa
densidade, sendo que seu perfilhamento geralmente não é intenso. Indicada para solos
de média a alta fertilidade, tendo boa resistência á cigarrinha das pastagens, porém
com baixa tolerância ao encharcamento (SOARES FILHO, 1994). Dentre os cultivares
de B. brizantha, destaca-se a variedade Marandu.
Originária do Zimbábue e lançada pela Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária (EMBRAPA) em 1984, a variedade Marandu tem porte ereto, entre 1,5 a
2.0 m de altura, com colmos iniciais prostrados e perfilhos bem eretos ao longo da
touceira. Esta variedade apresenta los na porção apical dos entrenós, bainhas
pilosas e lâminas largas, sendo que suas inflorescências podem atingir até 40 cm de
comprimento com 4 a 6 racemos (NUNES et al., 1985). Segundo esses mesmos
autores, a forrageira apresenta um elevado valor nutritivo, alta produção de fitomassa
verde e grande quantidade de sementes viáveis. Ghisi e Pedreira (1986) citam que o
cultivar Marandu tem maior tolerância a condições de baixas temperaturas e seca,
sendo muito exigente em fertilidade do solo e com boa capacidade de rebrota. De
acordo com Alcântara e Bufarah (1988), a produção média anual é de 10 a 20 t ha
-1
de
fitomassa seca e a sua propagação é realizada por sementes.
Pesquisas realizadas com espécies forrageiras têm mostrado significativas
reduções nas populações de plantas daninhas em alguns sistemas de produção
(HARTWIG, 1989; ENACHE; ILNICKI, 1990). Por outro lado, mesmo a melhor das
espécies perenes mostra falhas no seu crescimento ou na ocupação de todos os nichos
ecológicos. Dessa maneira, embora as forrageiras possam ser ferramentas efetivas
para o controle de plantas daninhas, elas requerem manejo compatível, particularmente
40
para prevenir a invasão e o estabelecimento de novas espécies ao longo do tempo
(SEVERINO, 2000).
Assim, o objetivo deste trabalho foi avaliar as conseqüências da adoção do
consórcio entre a cultura do milho e a forrageira Brachiaria Brizantha sobre a
infestação, o crescimento e a conseqüente acúmulo de fitomassa seca e área foliar de
plantas daninhas.
3.2 Materiais e Métodos
O experimento foi conduzido na área experimental do Departamento de
Produção Vegetal, na Universidade de São Paulo, Campus da Escola Superior de
Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ-USP), no município de Piracicaba-SP, durante o
período compreendido entre os meses de dezembro 2006 e maio de 2007. As
propriedades químicas do solo utilizado no trabalho estão apresentadas na tabela 7.
O clima da região é o tipo Cwa (KÖPPEN, 1948), isto é, trata-se de clima
mesotérmico, tropical úmido, com três meses mais secos (junho, julho e agosto) e com
concentração de chuvas no verão. A temperatura média do mês mais quente é superior
a 24
o
C e a do mês mais frio inferior a 17
o
C, apresentando uma pluviosidade média
anual de 1.200 mm. Os dados meteorológicos relativos ao período experimental estão
apresentados na tabela 8 e foram obtidos no posto automatizado instalado no campus
da ESALQ.
O trabalho foi instalado em delineamento de blocos casualizados com três
repetições em arranjo fatorial 4x4. Os tratamentos constituíram de quatro níveis de
densidades da forrageira Brachiaria brizantha (0, 10, 15 e 20 kg ha
-1
) e quatro níveis do
fator planta daninha (Ipomoea grandifolia corda-de-viola, Alternanthera tenella
apaga-fogo, Digitaria horizontalis - capim-colchão e Cenchrus echinatus capim-
carrapicho), sempre na presença da cultura do milho.
Cada parcela constou de cinco linhas de milho espaçadas de 0,90 m entre si,
intercaladas com quatro linhas da respectiva planta forrageira com 5,0 m de
comprimento cada. No entanto, a área útil utilizada foi de 2 m de comprimento. O solo
41
foi preparado com uma roçagem seguida de gradagem leve na profundidade de 20 cm.
Ao final, efetuou-se gradagem niveladora na profundidade média de 10 cm.
A semeadura de milho foi realizada com semeadora tratorizada, com entrelinhas
espaçadas a 0,90 m, utilizando-se a densidade de oito sementes por metro e o material
genético utilizado foi a cultivar de milho DKB 390. As sementes foram tratadas com o
inseticida thiodicarb na concentração de 6,0 g de ingrediente ativo por kg de sementes.
Foi realizado um desbaste na cultura do milho quando esta apresentava duas folhas,
com o objetivo de padronizar o stand final de 65.000 plantas ha
-1
. A espécie forrageira
foi semeada na entrelinha do milho, manualmente, conhecendo-se a viabilidade das
sementes para estimativa das densidades desejadas (0, 10, 15 e 20 kg ha
-1
). A
adubação de semeadura foi calculada para a dose de 380 kg ha
-1
do adubo NPK
utilizando-se a formulação 8-28-16. Aos 40 dias, fez-se adubação em cobertura com
nitrogênio, na dose de 60 kg ha
-1
. A semeadura das plantas daninhas corda-de-viola e
apaga-fogo foi feita a lanço, enquanto que as plantas daninhas capim-colchão e capim-
carrapicho faziam parte da vegetação espontânea da área. A quantidade de sementes
de apaga-fogo e corda-de-viola distribuídas por parcela baseou-se em testes prévios de
emergência das sementes no campo, cujos resultados foram fornecidos pela empresa
onde estas mesmas foram adquiridas, de maneira a resultar em aproximadamente 50
plantas m
-2
na testemunha.
As avaliações realizadas durante a condução do ensaio foram as seguintes:
infestação das plantas daninhas (plantas m
-2
), aos 30 dias após a instalação do
experimento, massa seca (g planta
-1
) e área foliar (cm
2
por planta) em intervalos de 15
dias, iniciando-se aos 15 dias após a emergência do milho. A densidade das plantas
daninhas foi avaliada com o uso de um gabarito de madeira quadrado, medindo 0,5 m
2
,
com três amostragens ao acaso nas parcelas.
As avaliações de massa seca e área foliar foram feitas colhendo-se três plantas
em cada subparcela, ao acaso. As mesmas foram cortadas próximo a superfície do
solo, sendo a área foliar avaliada imediatamente após o corte, com equipamento
LICOR-LI 7000, de acordo com metodologia proposta por Benincasa (2003). O material,
após colhido, foi colocado em sacos de papel, secado em estufa a 50
o
C durante 72
42
horas e pesado. Os resultados utilizados na discussão representam médias de três
plantas avaliadas.
Os resultados obtidos foram submetidos à análise de variância e, quando
significativos, foram realizadas comparações de médias pelo teste de Tukey a 5% de
probabilidade.
Tabela 7 – Propriedades químicas do solo da área experimental. Piracicaba – SP,
2007
pH M.O. P K Ca
Mg
H+Al
Al
SB CTC
Sat. Sat.
S
CaCl
2
Resina
bases
Al SO
4
g/dm³
mg/dm³
---------------- mmol
c
/dm³ ------------------
V% m%
mg/dm³
5,1 13 17 1,2
13
6 18 0 20 38 53 0 8
Profundidade 0 a 20 cm do solo
Tabela 8 – Dados metereológicos relativos ao período de condução do experimento
(dez/2006 a mai/2007). Piracicaba – SP, 2007
ANO MÊS
RGM P UR (%) Temperatura (
o
C)
(MJ/m
2
.d) (mm) Máxima Mínima Média Máxima Mínima Média
2006 DEZ 20,8 255 99,8 64,8 89,6 29,8 19,8 24,0
2007 JAN 17,4 259 100,0 71,0 93,8 28,9 20,3 23,6
FEV 21,9 228 100,0 55,2 87,2 31,1 19,4 24,4
MAR
20,8 86 100,0 49,0 84,6 31,7 19,1 24,6
ABR
16,6 36 100,0 57,2 87,5 29,4 17,8 22,9
MAI 14,1 56 100,0 54,4 86,4 25,4 12,6 18,5
RGM = radiação global média; P = precipitação total; UR = Umidade relativa do ar; T = Temperatura do ar
43
3.3 Resultados e Discussão
Os valores de infestação de plantas daninhas no experimento estão
apresentados na tabela 9.
Tabela 9 – Infestação de plantas daninhas (plantas m
-2
) aos 30 dias após a emergência
do milho em função das densidades de Brachiaria brizantha. Piracicaba
SP, 2007
Densidade Infestação de plantas daninhas
D. horizontalis
I. grandifolia C. echinatus A. tenella
0 kg ha
-1
27,13 a 39,97 a 30,33 a 37,37 a
10 kg ha
-1
4,70 b 10,83 b 5,67 b 8,10 b
15 kg ha
-1
4,40 b 11,20 b 5,67 b 7,77 b
20 kg ha
-1
2,10 c 3,43 c 2,13 c 2,37 c
CV (%)
6,07 14,09 12,77 9,98
DMS
1,02 4,23 2,87 2,12
Médias seguidas por pelo menos uma mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey,
ao nível de 5% de probabilidade
.
Observa-se, de modo geral, que a forrageira Brachiaria brizantha, cultivada
juntamente com o milho, reduziu a densidade de plantas daninhas estudadas (Tabela 9;
Figura 7). O melhor resultado foi obtido com a densidade referente a 20 kg ha
-1
. Quanto
à variação de densidades entre as quatro espécies de plantas daninhas na ausência da
forrageira (0 kg ha
-1
), esta pode estar relacionada com a interferência exclusiva da
cultura do cereal sobre a germinação e crescimento destas plantas. A situação
presenciada nesse experimento corrobora com os resultados encontrados por Duarte et
al. (1995), onde os autores verificaram a forte influência das forrageiras na densidade e
no crescimento e desenvolvimento de plantas daninhas.
A espécie Ipomoea grandifolia manteve a maior densidade quando comparada
com as outras plantas daninhas na condição de consórcio com a forrageira. A
44
0
5
10
15
20
25
30
35
40
Plantas m
-2
0 kg ha-1 10 kg ha-1 15 kg ha-1 20 kg ha-1
Densidades de Braquiária
Digitaria horizontalis Ipomea grandifolia Cenchrus echinatus Alternanthera tenella
competitividade desta espécie pode estar relacionada com o bito de crescimento do
tipo trepador. Isto condiciona a espécie a um nicho ecológico diferenciado, em que as
plantas têm maior vantagem quando expostas à competição por luz.
Todavia, a redução da infestação das plantas daninhas pode ser atribuída aos
efeitos competitivos e/ou alelopáticos da planta forrageira. Estas possuem
características vantajosas no que diz respeito à utilização dos recursos disponíveis no
ambiente (NICHOLSON; WIEN, 1983; DIAS FILHO, 2000). Tais características de
potencial produtivo são essenciais quanto ao uso de forrageiras como estratégia de
manejo de plantas daninhas.
Figura 7 – Infestação de plantas daninhas (plantas m
-2
), aos 30 dias após a emergência
do milho em função das densidades de Brachiaria brizantha. Piracicaba
SP, 2007
Na figura 8, verifica-se que o capim-colchão teve sua área foliar e produção de
fitomassa inibidas pela presença da forrageira em todas as densidades quando
comparada a curva em que não houve presença da braquiária, principalmente no
período compreendido entre 45 e 90 dias após a emergência do milho. Além disso,
verifica-se que a maior supressão de fitomassa seca ocorreu com 20 kg ha
-1
,
concluindo-se o acréscimo na densidade de semeadura da forrageira interferiu no seu
poder competitivo para com as plantas daninhas. Segundo Willey (1979), a coexistência
em um agroecossistema de plantas que apresentam fisiologia de crescimento
45
Dias após emergência
15 30 45 60 75 90 105 120
Área foliar (cm
-2
)
0
100
200
300
400
500
0 kg ha
-1
y= 473,1362/(1+exp(-(x-55,3375)/15,3996)) R
2
=0,99
10 kg ha
-1
y= 361,0814/(1+exp(-(x-65,3650)/15,7511)) R
2
=0,99
15 kg ha
-1
y= 359,9295/(1+exp(-(x-65,8235)/15,4670)) R
2
=0,99
20 kg ha
-1
y= 291,5531/(1+exp(-(x-68,5237)/14,6532)) R
2
=0,98
Dias após emergência
15 30 45 60 75 90 105 120
Fitomassa seca (g)
0
5
10
15
20
25
30
0 kg ha
-1
y= 24,6124/(1+exp(-(x-68,7013)/8,4018)) R
2
=0,99
10 kg ha
-1
y= 18,3589/(1+exp(-(x-74,9269)/12,9835)) R
2
=0,99
15 kg ha
-1
y= 18,3519/(1+exp(-(x-75,0578)/12,7645)) R
2
=0,99
20 kg ha
-1
y= 16,1580/(1+exp(-(x-85,3249)/15,6959)) R
2
=0,98
semelhante condiciona relações competitivas interespecífica mais intensas, fato que
pode explicar esses resultados alcançados.
Figura 8 Acúmulo de área foliar (a) e fitomassa seca (b) pela planta daninha capim-
colchão (Digitaria horizontalis), quando na presença da cultura forrageira B.
brizanha (10, 15 e 20 kg ha
-1
) e sem a presença desta (0 kg ha
-1
), sempre
concomitamente com a cultura do milho. Piracicaba – SP, 2007
A produção de área foliar (a) e fitomassa seca (b) de plantas de corda-de-viola,
representados na figura 9, foram suprimidas pelas três densidades da forrageira, sendo
que o rápido desenvolvimento da forrageira intensificou os efeitos. Fica evidente que,
com relação ao acúmulo de área foliar, a supressão foi mais acentuada na maior
densidade da forrageira, o que reforça os resultados obtidos por Nunes et al., 1985, em
que os autores verificaram a necessidade de maior número plantas m
-2
para obtenção
de maior cobertura do solo. Essa maior densidade da forrageira possibilita grande
exploração do solo (superfície e volume) e, consequentemente, seus efeitos
competitivos são intensificados sobre as plantas daninhas.
Na produção de massa seca desta planta daninha, observa-se que o padrão de
resposta foi similar ao apresentado pela variável área foliar, tendo o maior incremento a
partir dos 60 dias após a emergência da cultura do milho aproximadamente, quando
( a ) ( b )
46
Dias após emergência
15 30 45 60 75 90 105 120
Área foliar (cm
-2
)
0
200
400
600
800
1000
0 kg ha
-1
y= 473,1362/(1+exp(-(x-55,3375)/15,3996)) R
2
=0,99
10 kg ha
-1
y= 426,2363/(1+exp(-(x-47,8509)/7,9718)) R
2
=0,99
15 kg ha
-1
y= 416,7757/(1+exp(-(x-47,6737)/8,0211)) R
2
=0,99
20 kg ha
-1
y= 224,3779/(1+exp(-(x-45,3051)/8,7916)) R
2
=0,99
Dias após emergência
15 30 45 60 75 90 105 120
Fitomassa seca (g)
0
5
10
15
20
25
30
0 kg ha
-1
y= 22,6183/(1+exp(-(x-70,8190)/14,7918)) R
2
=0,99
10 kg ha
-1
y= 11,3907/(1+exp(-(x-57,3938)/11,7311)) R
2
=0,98
15 kg ha
-1
y= 11,4047/(1+exp(-(x-57,4282)/12,1562)) R
2
=0,98
20 kg ha
-1
y= 3,5386/(1+exp(-(x-35,9463)/22,3602)) R
2
=0,97
comparada à curva do tratamento sem a presença da forrageira (0 kg ha
-1
). Isso se
deve ao fato de que maior área foliar representa maior área total fotossinteticamente
ativa, portanto com influência direta na produção de fitomassa.
Figura 9 – Acúmulo de área foliar (a) e fitomassa seca (b) pela planta daninha corda-
de-viola (Ipomoea grandifolia), quando na presença da cultura forrageira
B. brizanha (10, 15 e 20 kg ha
-1
) e sem a presença desta (0 kg ha
-1
),
sempre concomitamente com a cultura do milho. Piracicaba – SP, 2007
Para a planta daninha capim-carrapicho (Figura 10), todas as densidades da
forrageira, juntamente com a cultura do milho, exerceram efeitos competitivos,
caracterizados pela supressão de acúmulo de área foliar (a) e massa seca (b). Com
relação à variável área foliar, a interferência mais acentuada ocorreu a partir do
sexagésimo dia, na maior densidade (20 kg ha
-1
), salientando-se que nessa densidade,
a ocupação da entrelinha do cultivo pela forrageira é total, afetando, portanto, o
desenvolvimento das plantas daninhas principalmente pela competição por luz e
nutrientes. Outro aspecto a ser mencionado é que, o fato da semeadura do milho e das
forrageiras terem sido no mesmo dia conferiu às plantas forrageiras maior capacidade
competitiva, provavelmente pela rápida ocupação do nicho ecológico, uma vez que a
( a )
( b )
47
Dias após emergência
15 30 45 60 75 90 105 120
Área foliar (cm
-2
)
0
100
200
300
400
500
0 kg ha
-1
y= 389,0387/(1+exp(-(x-51,2089)/16,3858)) R
2
=0,97
10 kg ha
-1
y= 329,4574/(1+exp(-(x-68,1553)/23,2370)) R
2
=0,98
15 kg ha
-1
y= 312,8678/(1+exp(-(x-65,7612)/21,9625)) R
2
=0,98
20 kg ha
-1
y= 292,0426/(1+exp(-(x-69,5429)/21,2502)) R
2
=0,99
Dias após emergência
15 30 45 60 75 90 105 120
Fitomassa seca (g)
0
5
10
15
20
25
30
0 kg ha
-1
y= 23,7079/(1+exp(-(x-70,0948)/10,1564)) R
2
=0,98
10 kg ha
-1
y= 9,3134/(1+exp(-(x-72,1230)/23,2538)) R
2
=0,97
15 kg ha
-1
y= 9,2260/(1+exp(-(x-71,1430)/23,3907)) R
2
=0,97
20 kg ha
-1
y= 9,4700/(1+exp(-(x-81,5240)/28,3234)) R
2
=0,95
forrageira em questão tem grande facilidade de adaptação e estabilização.
Consequentemente, elas diminuíram os recursos necessários ao crescimento e
desenvolvimento das plantas daninhas. Nesse sentido, os resultados obtidos
corroboram com aqueles observados por Radosevich (1996), em que o autor avaliou
aspectos de competição de plantas conforme seu estádio de desenvolvimento e
constatou que, plantas estabilizadas em uma determinada área, conferem efeitos
competitivos maiores que plantas em fase de adaptação e crescimento inicial.
Figura 10 – Acúmulo de área foliar (a) e fitomassa seca (b) pela planta daninha capim-
carrapicho (Cenchrus echinatus), quando na presença da cultura
forrageira B. brizanha (10, 15 e 20 kg ha
-1
) e sem a presença desta (0
kg ha
-1
), sempre concomitamente com a cultura do milho. Piracicaba SP,
2007.
A figura 11 representa o acúmulo de área foliar e fitomassa seca da planta
daninha Alternanthera tenella. Constata-se também, assim como nas demais plantas
daninhas estudadas, que o efeito supressivo de maior relevância foi ocasionado pela
maior densidade da planta forrageira. Fato também constatado por Silva et al. (2004),
( a ) ( b )
48
Dias após emergência
15 30 45 60 75 90 105 120
Área foliar (cm
-2
)
0
100
200
300
400
500
0 kg ha
-1
y= 415,3112/(1+exp(-(x-48,1577)/10,7930)) R
2
=0,99
10 kg ha
-1
y= 314,6199/(1+exp(-(x-47,0786)/15,5360)) R
2
=0,97
15 kg ha
-1
y= 315,6226/(1+exp(-(x-47,9592)/15,6205)) R
2
=0,98
20 kg ha
-1
y= 309,7100/(1+exp(-(x-48,4922)/16,5974)) R
2
=0,97
Dias após emergência
15 30 45 60 75 90 105 120
Fitomassa seca (g)
0
5
10
15
20
25
30
0 kg ha
-1
y= 19,9202/(1+exp(-(x-65,7504)/3,0838)) R
2
=0,99
10 kg ha
-1
y= 15,8729/(1+exp(-(x-74,4180)/10,2780)) R
2
=0,98
15 kg ha
-1
y= 15,5782/(1+exp(-(x-74,7107)/8,3857)) R
2
=0,98
20 kg ha
-1
y= 15,7156/(1+exp(-(x-76,7222)/13,3844)) R
2
=0,99
em que os autores verificaram aumento no efeito competitivo das forrageiras em
consórcio de acordo com o incremento de plantas m
-2
.
Figura 11 – Acúmulo de área foliar (a) e fitomassa seca (b) pela planta daninha
apaga-fogo (Alternanthera tenella), quando na presença da cultura
forrageira B. brizanha (10, 15 e 20 kg ha
-1
) e sem a presença desta (0 kg
ha
-1
), sempre concomitamente com a cultura do milho. Piracicaba –SP,
2007.
Entretanto, podem-se observar diferenças entre o comportamento das espécies
daninhas estudadas, as quais estão relacionadas com as características fisiológicas e
adaptativas de cada planta daninha avaliada. Com relação à Alternanthera tenella,
sabe-se que se trata de uma espécie de ciclo intermediário, enquanto que Digitaria
horizontalis e Cenchrus echinatus são espécies de crescimento rápido (C
4
). Já Ipomoea
grandifolia é uma planta com bito de crescimento trepador, o que lhe confere
vantagem na competição por luz quando submetida à ecossistemas desfavoráveis.
Verifica-se também que todas as plantas daninhas apresentam baixo
desenvolvimento inicial, o que possivelmente acaba favorecendo o crescimento e
desenvolvimento da forrageira.
( b ) ( a )
49
3.4 Conclusões
Nas condições do trabalho, pode-se concluir que: a planta daninha de maior
infestação na área sem a presença da forrageira foi Alternanthera tenella, seguida por
Ipomoea grandifolia, Cenchrus echinatus e Digitaria horizontalis. De maneira geral, a
forrageira B. brizantha suprimiu mais significamente a infestação de Digitaria
horizontalis (capim-colchão), sendo que a planta daninha Ipomoea grandifolia foi a que
apresentou mais habilidade competitiva em relação à braquiária. Com relação à
densidade de semeadura da forrageira, todas afetaram de forma significativa o acúmulo
de área foliar e fitomassa seca das plantas infestantes, porém com destaque para a
maior densidade (20 kg ha
-1
).
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51
4 INTERFERÊNCIA DE Brachiaria ruziziensis SOBRE PLANTAS DANINHAS EM
SISTEMA DE CONSÓRCIO COM MILHO
Resumo
Com relação as forrageiras tropicais, a espécie Brachiaria ruziziensis destaca-se
pela grande aceitabilidade pelos bovinos quando comparada a B. decumbens, além de
excelente habilidade para competir com plantas daninhas. Porém, a adequação da
densidade de semeadura e o seu efeito supressivo nas diferentes espécies de plantas
daninhas ainda são pouco estudados, sendo necessária a compreensão desses fatores
para definição das possíveis estratégias de manejo. Com isso, o estudo objetivou
avaliar os efeitos de densidades de Brachiaria ruziziensis no consórcio com a cultura do
milho, em relação ao controle e desenvolvimento de plantas daninhas no sistema de
integração lavoura-pecuária. O experimento foi realizado durante o período de
dezembro/2006 a maio/2007, em área experimental pertencente à Escola Superior de
Agricultura “Luiz de Queiroz”, Piracicaba SP. Os tratamentos foram constituídos, em
arranjo fatorial, pela combinação de quatro densidades de Brachiaria ruziziensis (0, 10,
15 e 20 kg ha
-1
) e quatro espécies de plantas daninhas (Ipomoea grandifolia,
Alternanthera tenella, Digitaria horizontalis e Cenchrus echinatus), em cultivo
consorciado com milho. As avaliações realizadas foram: a infestação das espécies
daninhas (densidade de plantas m
-2
), a fitomassa seca (g planta
-1
) e a área foliar (cm
2
planta
-1
). Constatou-se que B. ruziziensis reduziu a infestação de todas as plantas
daninhas avaliadas, interferindo significativamente (P<0,05) no acúmulo de área foliar,
bem como, na fitomassa seca das espécies. Verificou-se, ainda, que D. horizontalis e I.
grandifolia, por apresentarem características distintas que favorecem a competição,
foram as de mais difícil controle, mesmo para a maior densidade testada (20 kg ha
-1
) de
braquiária. para A. tenella, observou-se pouca diferença no efeito supressivo da
forrageira entre as densidades de 10 e 20 kg ha
-1
, provavelmente pela maior
capacidade de exploração de recursos por B. ruziziensis, mesmo em baixo número de
plantas m
-2
.
Palavras-chave: Zea mays L.; Forragem; Braquiária; Competição; Integração
agricultura-pecuária
52
INTERFERENCE OF Brachiaria ruziziensis ON WEEDS IN CONSORTIUM SYSTEM
WITH THE CORN CULTURE
Abstract
About the tropical forage plants forage plants the specie Brachiaria ruziziensis
prominence for to be most acceptable for cattle when compared with B. decumbens,
besides the excellent ability for competitive with weeds. However, the adequacy of
seeding density and your suppress effect in different weed species still are little studied,
being necessary the understanding these factories for definition of possible strategy of
management. Then, the objective of study was evaluate the effects of Brachiaria
ruziziensis density in consortium with the crop corn, with regard to the control and
development of weeds in crop-cattle integration system. The experiment was realized
during the period between December/2006 to May/2007, in experimental area of Escola
Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Piracicaba SP. The treatment was
constituted, in factorial arrangement, by combination of four density of Brachiaria
ruziziensis (0, 10, 15 and 20 kg ha
-1
) and four weed species ((Ipomoea grandifolia,
Alternanthera tenella, Digitaria horizontalis e Cenchrus echinatus), in consortium culture
with crop. The evaluates realized was: weed infestation (density m
-2
), the dry biomass (g
plant
-1
), and leaf area (cm
2
plant
-1
). Noted that B. ruziziensis reduced the all weed
infestation evaluated, interfering significantly (P<0,05) in leaf area accumulation, as well
as, in species dry biomass. Checked still that D. horizontalis and I. grandifolia, for show
different characteristic that favored the competition, were the most difficult control, even
for the major density tested (20 kg ha
-1
) of brachiaria. Immediately for the A. tenella,
demonstrated a feel difference in suppress effect of forage plant between density of 10
and 20 kg ha
-1
, probably for the major capacity of exploration of resource of B.
ruziziensis, even in little number of plants m
-2
.
Keywords: Zea mays L.; Fodder; Brachiaria; Competition; Crop-cattle integration.
53
4.1 Introdução
A presença de plantas daninhas em sistemas agrícolas, incluindo os cultivos
consorciados, contribui para a redução da produtividade das culturas, representando
um dos problemas economicamente mais importantes para os produtores. Dessa
forma, torna-se importante a análise de todas as estratégias de manejo possíveis no
controle de plantas daninhas, bem como, a avaliação da contribuição de cada uma
delas, de forma econômica, eficiente e ambientalmente correta.
Particularmente em consórcios culturais, o método ou a combinação de vários
métodos é determinado por meio de estudos dos fatores que influenciam o balanço de
interferência cultura – forrageira – planta daninha (COBUCCI, 2001). Logo, em sistemas
de produção sustentável, o manejo integrado das plantas daninhas deve preconizar a
produção de culturas livres de danos econômicos causados pela vegetação daninha
(PITELLI, 1985). Em sistemas consorciados, o estabelecimento conjunto de forrageiras
do gênero Brachiaria com a cultura contribui efetivamente para a supressão das plantas
invasoras, destacando-se dentre elas, a espécie Brachiaria ruziziensis Germain &
Evrard cv.
Também conhecida por "Congo signal grass”, esta espécie está mais
proximamente relacionada com B. decumbens, da qual difere no entanto por ser de
porte maior e apresentar a gluma inferior distante do resto da espigueta. É originária da
África, onde ocorre em condições úmidas e não inundáveis, tendo sido encontrada no
Zaire e oeste do Kenya (SIMÃO NETO; SERRÃO, 1974)
É uma espécie perene, subereta, com 1-1,5 m de altura, apresenta a base
decumbente e radicante nos nós inferiores. Possui rizomas fortes, em forma de
tubérculos arredondados e com até 15 mm de diâmetro. É menos eficiente para o
recobrimento do terreno, por não enraizar nos nós inferiores, porém é adaptada a vários
tipos de clima, sendo mais produtiva em áreas tropicais com elevados índices
pluviométricos (EMBRAPA, 1983).
Esta forrageira tem exigência mínima por solos com boa drenagem e de média
fertilidade, apresentando resistência contra a erosão (ALCÂNTARA et al., 1993). Ainda,
possui baixa resistência à seca, à geada e a cigarrinhas. No entanto, têm grande
54
aceitabilidade pelos bovinos quando comparada a B. decumbens, além de boa
habilidade para competir com plantas invasoras, formando pastagens densas. Segundo
Skerman e Riveros (1990), a sua semeadura deve ser realizada na estação chuvosa,
sendo reproduzida por mudas ou sementes.
Souza Neto (1993) cita que, dentre as várias culturas pesquisadas visando
estabelecer sistemas de produção em consórcio, o milho tem se destacado em
decorrência do seu valor de mercado, da produtividade e do excelente desempenho da
cultura quando intercalado com forrageiras. Assim, o conhecimento de como a
forrageira e a cultura são afetadas pela competição é de grande importância para a
formação da pastagem e para a produção econômica da cultura (SILVA, 2004)
Portanto, o objetivo deste trabalho foi avaliar os efeitos de densidades de
Brachiaria ruziziensis no consórcio com a cultura do milho em relação ao controle e
desenvolvimento de plantas daninhas no sistema de integração lavoura-pecuária.
4.2 Materiais e Métodos
O experimento foi realizado em área experimental pertencente à Escola Superior
de Agricultura “Luiz de Queiroz” Universidade de São Paulo (ESALQ-USP), no
município de Piracicaba SP. O mesmo foi instalado em dezembro de 2006,
estendendo-se até maio de 2007, sendo o solo da área experimental classificado como
Nitossolo eutrófico típico, cujas propriedades químicas encontram-se na tabela 12.
O clima da região é o tipo Cwa (KÖPPEN, 1948), isto é, trata-se de clima
mesotérmico, tropical úmido, com temperatura média do mês mais quente superior a 24
o
C e a do mês mais frio inferior a 17
o
C. A pluviosidade média anual do local é de 1.200
mm, sendo os dados meteorológicos relativos ao período obtidos no posto
automatizado instalado no campus da ESALQ apresentados na tabela 13.
Os tratamentos constituíram-se pela combinação de quatro níveis do fator
densidade de Brachiaria ruziziensis (0, 10, 15 e 20 kg ha
-1
) e quatro níveis do fator
planta daninha (Ipomoea grandifolia corda-de-viola, Alternanthera tenella apaga-
fogo, Digitaria horizontalis - capim-colchão e Cenchrus echinatus capim-carrapicho),
sempre na presença da cultura do milho. Utilizou-se o delineamento de blocos
55
casualizados, em arranjo fatorial 4x4 (densidade x plantas daninhas), totalizando 16
tratamentos com três repetições.
Cada parcela constou de cinco linhas de milho espaçadas de 0,90 m entre si,
intercaladas com quatro linhas da respectiva planta forrageira com 5,0 m de
comprimento cada, com área útil de 2 m. O solo foi preparado com uma roçagem
seguida de uma gradagem leve na profundidade de 20 cm; e uma gradagem niveladora
na profundidade média de 10 cm.
O milho (cv DKB 390) foi semeado mecanicamente utilizando-se semeadora
tratorizada, com entrelinhas espaçadas a 0,90 m. A densidade de plantio utilizado foi de
oito sementes por metro linear, sendo realizado o desbaste de plântulas de milho
quando estas apresentavam duas folhas, estabelecendo-se o stand de 65.000 plantas
ha
-1
. As sementes foram tratadas com o inseticida thiodicarb na concentração de 6,0 g
de ingrediente ativo por kg de sementes. A espécie forrageira foi semeada na entrelinha
do milho, manualmente, sempre observando as densidades desejadas (0, 10, 15 e 20
kg ha
-1
). A adubação de semeadura foi realizada na dose de 380 kg ha
-1
do adubo NPK
na formulação 8-28-16, com posterior aplicação de nitrogênio em cobertura na dose de
60 kg ha
-1
.
A semeadura das plantas daninhas corda-de-viola e apaga-fogo foi feita a lanço,
seguida de incorporação com enxada, enquanto que para as plantas daninhas capim-
colchão e capim-carrapicho utilizou-se vegetação espontânea proveniente do banco de
sementes da área. A quantidade de sementes de apaga-fogo e corda-de-viola
distribuídas por parcela baseou-se em testes prévios de emergência das sementes no
campo, cujos resultados foram fornecidos pela empresa onde estas mesmas foram
adquiridas, de maneira a resultar em aproximadamente 50 plantas m
-2
na testemunha.
As avaliações realizadas durante a condução do ensaio foram às seguintes:
infestação das espécies daninhas, por meio da densidade (plantas m
-2
), aos 30 dias
após a instalação do experimento; massa seca (g por planta); e área foliar (cm
2
por
planta). A densidade das plantas daninhas foi avaliada com o uso de um gabarito de
madeira quadrado, medindo 0,5 m
2
, com três amostragens ao acaso nas parcelas.
As avaliações de massa seca e área foliar foram feitas por meio da colheita de
três plantas em cada subparcela, ao acaso, cortadas na superfície do solo, sendo a
56
área foliar avaliada imediatamente após o corte, através do equipamento LICOR - LI
7000, de acordo com metodologia proposta por Benincasa (2003). O material colhido foi
colocado em sacos de papel, secado em estufa a 50
o
C durante 72 horas. As
avaliações foram realizadas em intervalos de 15 dias, iniciando-se aos 15 dias após a
semeadura do milho, totalizando 12 avaliações.
Os resultados obtidos foram submetidos à análise de variância e, quando
significativos, foram realizadas comparações de médias pelo teste de Tukey a 5% de
probabilidade.
Tabela 12 – Propriedades químicas do solo (Nitossolo eutrófico típico) utilizado na
área experimental. Piracicaba – SP, 2007
pH M.O. P K Ca
Mg
H+Al
Al
SB CTC
Sat. Sat.
S
CaCl
2
Resina bases
Al SO
4
g/dm³ mg/dm³ -------------------- mmol
c
/dm³ ------------------- V% m% mg/dm³
5,1 13 17 1,2
13
6 18 0 20 38 53 0 8
Profundidade 0 a 20 cm do solo
57
Tabela 13 – Dados metereológicos relativos ao período de dez/2006 a mai/2007 da
cidade de Piracicaba (22
0
42’30”S, 47
0
30”00”W). Piracicaba – SP, 2007
ANO MÊS
RGM P UR (%) Temperatura (
o
C)
(MJ/m
2
.d) (mm) Máxima Mínima Média Máxima Mínima Média
2006 DEZ 20,8 255 99,8 64,8 89,6 29,8 19,8 24,0
2007 JAN 17,4 259 100,0 71,0 93,8 28,9 20,3 23,6
FEV 21,9 228 100,0 55,2 87,2 31,1 19,4 24,4
MAR
20,8 86 100,0 49,0 84,6 31,7 19,1 24,6
ABR
16,6 36 100,0 57,2 87,5 29,4 17,8 22,9
MAI 14,1 56 100,0 54,4 86,4 25,4 12,6 18,5
RGM = radiação global média; P = precipitação total; UR = Umidade relativa do ar; T = Temperatura do ar
4.4 Resultados e Discussão
A tabela 14 e figura 12 indicam os valores de infestação das plantas daninhas,
nas quais verificam-se a supressão pela espécie de braquiária empregada. Observa-se
que o controle de plantas daninhas foi mais eficiente para a maior densidade da
forrageira (20 kg ha
-1
), provavelmente pela maior ocupação da área, sendo efetiva na
competição por recursos do meio.
58
Tabela 14 – Infestação de plantas daninhas (plantas m
-2
) aos 30 dias após a
emergência do milho, em função das densidades de Brachiaria
ruziziensis. Piracicaba – SP, 2007
Densidade Infestação de plantas daninhas
D. horizontalis I. grandifolia C. echinatus A. tenella
0 kg ha
-1
27,13 a 39,97 a 30,33 a 37,37 a
10 kg ha
-1
6,07 b 22,73 b 9,60 b 16,60 b
15 kg ha
-1
5,37 b 14,43 bc 9,07 b 13,87 b
20 kg ha
-1
3,90 c 9,63 c 2,67 c 7,53 bc
CV (%)
6,09 11,08 12,24 13,39
DMS
1,81 8,01 5,44 8,59
Médias seguidas por pelo menos uma mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey,
ao nível de 5% de probabilidade
Analisando o efeito da Brachiaria ruziziensis sobre a infestação das
plantas daninhas, observa-se que a forrageira suprimiu acentuadamente a planta
daninha Digitaria horizontalis, corroborando com os resultados obtidos por Aidar et al.
(2000). Nesse trabalho, os autores verificaram maior agressividade da forrageira na
infestação de capim colchão na cultura do feijão, atribuindo tal efeito à extrema
capacidade competitiva da braquiária sob condições adversas, principalmente na
escassez de chuva, contrastando com o baixo desenvolvimento da planta daninha.
Essa capacidade competitiva da forrageira pode estar relacionada com as semelhanças
fisiológicas quando comparadas à planta daninha (mesma família botânica - Poaceae),
condicionando assim relações competitivas interespecíficas mais intensas.
59
0,00
10,00
20,00
30,00
40,00
Plantas m
-2
0 kg ha-1 10 kg ha-1 15 kg ha-1 20 kg ha-1
Densidades de Braquiária
Digitaria horizontalis Ipomea grandifolia Cenchrus echinatus Alternanthera tenella
Figura 12 – Infestação de plantas daninhas (plantas m
-2
) aos 30 dias após a
emergência do milho em função das densidades de Brachiaria ruziziensis.
Piracicaba – SP, 2007
Em relação ao acúmulo de área foliar (a) e fitomassa seca (b) da planta daninha
Digitaria horizontalis (Figura 13), constata-se interferência gradativa conforme o
aumento da densidade da forrageira, culminando nos menores valores de área foliar e
fitomassa para a maior densidade da braquiária (20 kg ha
-1
). Segundo Dias Filho
(2000), as forrageiras em consórcio mantêm seu crescimento mesmo em condições de
sombreamento da cultura, uma vez que apresentam boa plasticidade fenotípica quanto
à captura de radiação. Esse fato, provavelmente, contribuiu para os resultados
observados em que o acúmulo fitomassa do capim colchão foi menor a partir dos 60
dias após a emergência do milho quando comparado à curva de ausência de braquiária
(0 kg ha
-1
), período em que a condição de sombreamento da cultura do milho é
pronunciada.
60
Dias após emergência
15 30 45 60 75 90 105 120
Área foliar (cm
-2
)
0
100
200
300
400
500
0 kg ha
-1
y= 473,1362/(1+exp(-(x-55,3375)/15,3996 R
2
=0,99
10 kg ha
-1
y= 355,7355/(1+exp(-(x-64,8435)/14,3755 R
2
=0,99
15 kg ha
-1
y= 344,7972/(1+exp(-(x-63,8602)/13,5323 R
2
=0,99
20 kg ha
-1
y= 301,0363/(1+exp(-(x-67,9436)/14,0891 R
2
=0,98
Dias após emergência
15 30 45 60 75 90 105 120
Fitomassa seca (g)
0
5
10
15
20
25
30
0 kg ha
-1
y= 24,6124/(1+exp(-(x-68,7013)/8,4018)) R
2
=0,99
10 kg ha
-1
y= 17,6143/(1+exp(-(x-73,6356)/11,6179)) R
2
=0,99
15 kg ha
-1
y= 17,5048/(1+exp(-(x-73,1758)/11,5039)) R
2
=0,99
20 kg ha
-1
y= 16,2350/(1+exp(-(x-83,2895)/15,2099)) R
2
=0,99
Figura 13 – Acúmulo de área foliar (a) e fitomassa seca (b) pela planta daninha capim-
colchão (Digitaria horizontalis), quando na presença da cultura forrageira
B. ruziziensis (10, 15 e 20 kg ha
-1
) e sem a presença desta (0 kg ha
-1
),
sempre concomitamente com a cultura do milho. Piracicaba – SP, 2007.
Na figura 14, observa-se que as variáveis acúmulo de área foliar e fitomassa
seca da planta daninha corda-de-viola foram influenciadas pelas densidades da
braquiária. Nos valores referentes ao acúmulo de área foliar, verifica-se que a
supressão pelas densidades 10 e 15 kg ha
-1
com relação à curva de ausência de
braquiária (0 kg ha
-1
) foram semelhantes aos 60 dias após a emergência do milho.
Isso se deve ao fato da planta daninha apresentar vantagens quando expostas em
competição, que seu hábito de crescimento trepador a torna mais eficaz na captação
de radiação, mantendo-se então, em crescimento por um longo período de tempo.
Todavia, segundo Kissmann (1997), a I. grandifolia apresenta crescimento lento
e tardio, o que tende a criar maiores problemas na colheita, quando a infestação é
significativa. Isso pode explicar os valores referentes à fitomassa seca, em que a maior
densidade da forrageira (20 kg ha
-1
), suprimiu acentuadamente o crescimento da planta
daninha logo nos primeiros dias de emergência da cultura do milho.
( a ) ( b )
61
Dias após emergência
15 30 45 60 75 90 105 120
Área foliar (cm
-2
)
0
200
400
600
800
1000
0 kg ha
-1
y= 473,1362/(1+exp(-(x-55,3375)/15,3996)) R
2
=0,99
10 kg ha
-1
y= 438,5009/(1+exp(-(x-47,6060)/8,0849)) R
2
=0,99
15 kg ha
-1
y= 437,7822/(1+exp(-(x-48,3648)/8,6189)) R
2
=0,99
20 kg ha
-1
y= 218,4479/(1+exp(-(x-44,1330)/8,0815)) R
2
=0,99
Dias após emergência
15 30 45 60 75 90 105 120
Fitomassa seca (g)
0
5
10
15
20
25
30
0 kg ha
-1
y= 22,6183/(1+exp(-(x-70,8190)/14,7918)) R
2
=0,99
10 kg ha
-1
y= 10,8177/(1+exp(-(x-55,1350)/10,7699)) R
2
=0,97
15 kg ha
-1
y= 11,0412/(1+exp(-(x-56,1277)/11,1215)) R
2
=0,97
20 kg ha
-1
y= 9,9798/(1+exp(-(x-63,8061)/4,2406
ns
)) R
2
=0,94
Figura 14 – Acúmulo de área foliar (a) e fitomassa seca (b) pela planta daninha corda-
de-viola (Ipomoea grandifolia), quando na presença da cultura forrageira
B. ruziziensis (10, 15 e 20 kg ha
-1
) e sem a presença desta (0 kg ha
-1
),
sempre concomitamente com a cultura do milho. Piracicaba – SP, 2007
Com relação à planta daninha capim-carrapicho (Figura 15), verifica-se que o
acúmulo de área foliar e a produção de matéria seca foi inibida pela presença da
forrageira em todas as densidades quando comparada ao tratamento com ausência de
braquiária (0 kg ha
-1
). A similaridade da supressão da planta daninha entre as
densidades de 10, 15 e 20 kg ha
-1
, se devido ao baixo perfilhamento da forrageira.
Porém, verifica-se que a maior densidade da forrageira proporcionou ligeira
superioridade no controle da planta daninha por, provavelmente, apresentar maior
número de plantas m
-2
de braquiária.
Dias Filho (2002) relata que a B. ruziziensis apresenta, assim como a B.
brizantha, grande plasticidade fenotípica e tolerância ao sombreamento, porém com
reduzida capacidade fotossintética e perfilhamento, o que provavelmente permitiu o
crescente acúmulo de área foliar da planta daninha capim-carrapicho até os 120 dias.
Esse crescimento contínuo do capim-carrapicho observado no trabalho confirma os
resultados observados por Deuber (1999), onde o autor relata que em áreas de B.
( b )
( a ) ( b )
62
Dias após emergência
15 30 45 60 75 90 105 120
Área foliar (cm
-2
)
0
100
200
300
400
500
0 kg ha
-1
y= 389,0387/(1+exp(-(x-51,2089)/16,3858)) R
2
=0,97
10 kg ha
-1
y= 317,5534/(1+exp(-(x-66,9666)/23,0282)) R
2
=0,99
15 kg ha
-1
y= 319,3231/(1+exp(-(x-67,4405)/22,7251)) R
2
=0,99
20 kg ha
-1
y= 290,6601/(1+exp(-(x-69,2138)/20,3967)) R
2
=0,99
Dias após emergência
20 40 60 80 100 120
Fitomassa seca (g)
0
5
10
15
20
25
30
0 kg ha
-1
y= 23,7079/(1+exp(-(x-70,0948)/10,1564)) R
2
=0,98
10 kg ha
-1
y= 9,3333/(1+exp(-(x-71,6504)/22,5332)) R
2
=0,97
15 kg ha
-1
y= 9,6354/(1+exp(-(x-74,0399)/23,1898)) R
2
=0,97
20 kg ha
-1
y= 9,1245/(1+exp(-(x-80,1272)/26,9801)) R
2
=0,96
ruziziensis, o capim-carrapicho se tornou a principal planta competitiva por apresentar
crescimento mais acelerado e um perfilhamento mais intenso que a forrageira.
Observa-se também, que para a variável fitomassa seca, os valores referentes à
curva com ausência de braquiária (0 kg ha
-1
) foram acentuados a partir dos 45-50 dias,
época em que se intensificou o perfilhamento do capim-carrapicho, contribuindo
decisivamente para o aumento da quantidade de fitomassa da planta daninha.
Figura 15 – Acúmulo de área foliar (a) e fitomassa seca (b) pela planta daninha capim-
carrapicho (Cenchrus Echinatus), quando na presença da cultura
forrageira B. ruziziensis (10, 15 e 20 kg ha
-1
) e sem a presença desta
(0 kg ha
-1
), sempre concomitamente com a cultura do milho. Piracicaba
– SP, 2007
Para a planta daninha apaga-fogo (Figura 16), todas as densidades da
forrageira, em convivência com a cultura do milho, exerceram efeito supressivo
semelhante sobre o acúmulo de área foliar (a), sendo notório o contraste entre o
tratamento com ausência da forrageira e os demais tratamentos a partir dos 45 dias
após a emergência do milho. Essa pressão exercida pela forrageira à planta daninha
( a )
( b )
63
foi, provavelmente, intensificada pela presença do milho que, aos 45 dias, apresentava
alta capacidade competitiva quando comparada à planta infestante. No caso do
acúmulo de fitomassa seca (b), todos os tratamentos foram semelhantes até os 60 dias
após a emergência do milho, cujo intervalo de 15 dias permitiu o acúmulo máximo de
fitomassa seca da planta daninha na ausência da forrageira. para os tratamentos
com braquiária, o incremento de fitomassa ocorreu mais tardiamente, a partir dos 80
dias. Por ser uma planta daninha de boa adaptação às condições adversas
(KISSMANN, 1997), o apaga-fogo manteve seu crescimento mesmo em condições de
alta competição (cultura e forrageira), atingindo o máximo desenvolvimento aos 105
dias após a emergência.
Observam-se, também, mínima diferença no efeito supressivo da forrageira entre
as densidades de 10 e 20 kg ha
-1
, sugerindo maior capacidade da forrageira pela
exploração de recursos essenciais, mesmo em baixo número de plantas m
-2
. Esse
artifício da braquiária também foi relatado por Ferreira (2001), onde o autor verificou
que a cobertura do solo pela B. ruziziensis foi semelhante em diferentes densidades de
plantas m
-2
, justificado pela maior taxa fotossintética da planta quando em menor
densidade por não apresentarem auto-sombreamento foliar.
64
Dias após emergência
15 30 45 60 75 90 105 120
Fitomassa seca (g)
0
5
10
15
20
25
30
0 kg ha
-1
y= 19,9202/(1+exp(-(x-65,7504)/3,0838)) R
2
=0,99
10 kg ha
-1
y= 15,6294/(1+exp(-(x-74,5896)/9,6752)) R
2
=0,98
15 kg ha
-1
y= 15,6586/(1+exp(-(x-75,0248)/9,3050)) R
2
=0,97
20 kg ha
-1
y= 14,6940/(1+exp(-(x-75,4484)/9,7843)) R
2
=0,98
Dias após emergência
15 30 45 60 75 90 105 120
Área foliar (cm
-2
)
0
100
200
300
400
500
0 kg ha
-1
y= 415,3112/(1+exp(-(x-48,1577)/10,7930)) R
2
=0,99
10 kg ha
-1
y= 311,9752/(1+exp(-(x-47,3267)/15,8431)) R
2
=0,98
15 kg ha
-1
y= 312,1637/(1+exp(-(x-47,9058)/16,3136)) R
2
=0,97
20 kg ha
-1
y= 298,8799/(1+exp(-(x-47,6379)/16,6239)) R
2
=0,96
Figura 16 – Acúmulo de área foliar (a) e fitomassa seca (b) pela planta daninha
apaga-fogo (Alternathera tenella), quando na presença da cultura
forrageira B. ruziziensis (10, 15 e 20 kg ha
-1
) e sem a presença desta (0
kg ha
-1
), sempre concomitamente com a cultura do milho. Piracicaba – SP,
2007
4.4 Conclusões
A partir dos resultados obtidos, é possível concluir que: Brachiaria ruziziensis foi
efetiva na redução de infestação das plantas daninhas Digitaria horizontalis, Ipomoea
grandifolia, Cenchrus ecchinatus e Alternanthera tenella. Em geral, as densidades das
forrageiras avaliadas (10, 15 e 20 kg ha
-1
) interferiram significativamente no acúmulo de
área foliar, bem como, na fitomassa seca das plantas daninhas, reduzindo o potencial
competitivo dessas. As espécies D. horizontalis e I. grandifolia, por apresentarem
características distintas que favorecem a competição, são de manejo e controle mais
difíceis, mesmo para a maior densidade testada (20 kg ha
-1
) de braquiária.
( a )
( b )
65
Referências
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PASTAGENS, 2., Jaboticabal, 1993. Anais... Jaboticabal: FUNEP, 1993. p. 1-16.
BENINCASA, M.M.P. Análise de crescimento de plantas: noções básicas. 2.ed.
Jaboticabal: UNESP/ FUNEP, 2003. 41 p.
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plantio direto. Viçosa, 2001. p. 583-624.
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Brasília, v. 35, p. 2335-2341, 2000.
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FERREIRA, A.M. Emergência, crescimento e senescência de uma cultivar de
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Fitotecnia) – Instituto de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Goiás, Goiânia,
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KISSMANN, K.G. Plantas infestantes e nocivas. São Paulo: BASF Brasileira 1997,
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KÖPPEN, W. Climatologia: con un estudio de los climas de la tierra. México: Fondo de
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66
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Fitotecnia). Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São
Paulo, Piracicaba, 1993.
67
5 INTERFERÊNCIA DE Brachiaria decumbens SOBRE PLANTAS DANINHAS EM
SISTEMA DE CONSÓRCIO COM A CULTURA DO MILHO
Resumo
Entre as espécies forrageiras utilizadas no sistema de integração agricultura-
pecuária, as pertencentes ao gênero Brachiaria são as mais eficientes no suprimento
animal. Além disso, as forrageiras cultivadas em consórcio com a cultura do milho
facilitam o controle de plantas daninhas nos ecossistemas agropastorís, interferindo não
na sua produtividade biológica, como no seu potencial de distribuição e infestação
da área. Com o intuito de avaliar a supressão de plantas daninhas por Brachiaria
decumbens no cultivo consorciado com a cultura do milho, realizou-se um experimento
em área pertencente ao Departamento de Produção Vegetal, da Escola Superior de
Agricultura “Luiz de Queiroz” (ESALQ-USP), Piracicaba-SP. O mesmo foi composto
pela combinação de quatro densidades da forrageira (0, 10, 15 e 20 kg ha
-1
) e quatro
espécies de plantas daninhas (Ipomoea grandifolia, Alternanthera tenella, Digitaria
horizontalis e Cenchrus echinatus) cultivadas concomitamente com o milho, totalizando
16 tratamentos em arranjo fatorial, com três repetições. Constatou-se que Brachiaria
decumbens foi eficiente na supressão da infestação das plantas daninhas, sendo o
controle mais efetivo para D. horizontalis. em relação às densidades de semeadura
da forrageira, verificou-se diferença significativa (P<0,05) na densidade de 20 kg ha
-1
apenas para a infestação de A. tenella, com semelhança para as demais espécies em
relação as densidade de 10 e 15 kg ha
-1
. O acúmulo de área foliar e fitomassa seca das
plantas daninhas foram significativamente afetados pela presença da forrageira, com
variação entre as curvas de densidade da braquiária apenas para as plantas daninhas
D. horizontalis e I.grandifolia, sendo similares para as demais plantas infestantes.
Palavras-chave: Zea mays L.; Competição; Área foliar; Integração agricultura-pecuária
INTERFERENCE OF Brachiaria decumbens ON WEEDS IN CONSORTIUM SYSTEM
WITH THE CORN CULTURE
Abstract
Between the forage plant species used in crop-cattle integration system, the
belonging to genre Brachiaria are most efficient in animal supply. Besides, the forage
plants cultivated in consortium with crop corn, facilitating the weed control in farming and
cattle raising ecosystem, interfering not only in your biological productivity, like in your
potential of distribution and infestation in area. With the intention of evaluate the weed
suppress by Brachiaria decumbens in consortium with crop corn, realized a experiment
in experimental area of Crop Science Department, of Escola Superior de Agricultura
“Luiz de Queiroz” (ESALQ/USP), Piracicaba-SP. The even was composed by
combination of four forage plant density (0, 10, 15 e 20 kg ha
-1
) and four weed species
68
(Ipomoea grandifolia, Alternanthera tenella, Digitaria horizontalis e Cenchrus echinatus),
planted together with corn, totalizing 16 treatment in factorial arrangement, with three
replicate. Constated that Brachiaria decumbens was efficient in weed infestation
suppress, being the most effective control for D. horizontalis. About the forage plant
seeding density, demonstrated significative difference (P<0,05) in density of 20 kg ha
-1
,
only for the A. tenella infestation, with similarity for others species about density of 10
and 15 kg ha
-1
. The leaf area accumulation and dry biomass of weeds were significantly
affected by forage plant presence, with variation between the density curve of brachiaria
only for weed D. horizontalis and I.grandifolia, being similar for the others weeds.
.
keywords: Zea mays L.; Competition; Leaf area; Crop-cattle integration system
5.1 Introdução
As culturas agrícolas estão sujeitas a uma rie de fatores do ambiente que,
direta ou indiretamente, influenciam seu crescimento, desenvolvimento e produtividade
econômica. Esses fatores, denominados ecológicos, podem ser de natureza biótica ou
abiótica. Assim sendo, dentre os fatores bióticos responsáveis pela redução do
rendimento das culturas, encontram-se as plantas daninhas, as quais podem afetar a
produção econômica, principalmente, em decorrência da interferência negativa imposta
por sua infestação (ABDIN et al., 2000)
Logo, a presença das plantas daninhas nos ecossistemas agrícolas pode
condicionar uma série de fatores competitivos atuantes sobre as plantas cultivadas, que
vão interferir não na sua produtividade biológica, como na operacionalização do
sistema de produção empregado (PITELLI, 1985).
No mundo, o método de controle de plantas daninhas mais amplamente utilizado
na cultura do milho é o químico, possibilitando a obtenção de elevadas produtividades
(RADOSEVICH, 1997). Contudo, esse método de controle pode apresentar alguns
problemas, tais como: possibilidade de contaminação ambiental, risco de intoxicação,
aparecimento de biótipos de plantas daninhas resistentes aos herbicidas e necessidade
de mão-de-obra qualificada. Por isso, há a necessidade de adoção de práticas de
manejo complementares que reduzam a interferência das plantas daninhas e o uso de
herbicidas. A adoção de práticas de manejo que visem posicionar a cultura em situação
69
competitiva vantajosa em relação às plantas daninhas, constitui-se em alternativa viável
para reduzir, ou até eliminar a utilização de herbicidas (TOLLENAAR at al., 1994).
Nesse contexto, a supressão de infestantes no sistema de produção que visa
consorciar culturas anuais com gramíneas perenes é realizada de forma cultural, o que
acarreta na redução de custos e preservação ambiental, proporcionado pelo menor uso
de herbicidas no manejo de plantas daninhas.
De acordo com Silva (2004), as espécies do gênero Brachiaria são as mais
utilizadas em sistemas de integração agricultura-pecuária, que esta possui grande
flexibilidade de uso e manejo, sendo também tolerantes a limitações e/ou condições
restritivas para as demais espécies forrageiras. Nesse contexto, Garcia et al. (2004)
citam que a espécie Brachiaria decumbens é a mais utilizada em sistemas de
integração agricultura-pecuária dentre as espécies do gênero Brachiaria.
A Brachiaria decumbens Stapf. Cv. Basilisk é uma poácea originária da África
tropical, com hábito decumbente e altura variando de 60 a 100 cm. Possui folhas
pubescentes e compactas, com enraizamento vigoroso dos estolões (SEIFFERT, 1980;
ALCÂNTARA; BUFARAH, 1988). Apresenta, ainda, grande cobertura do solo, além de
possuir alta resistência ao pisoteio. É indicada para solos de baixa a média fertilidade,
tendo grande desenvolvimento vegetativo em solos argilosos e arenosos, além de
possuir grande resistência à seca, embora deixe a desejar no que diz respeito a
resistência ao ataque de cigarrinhas e ao encharcamento (PIVELLO et al, 2002).
Essa forrageira possui desenvolvimento satisfatório no verão, tendo sua
produção afetada por baixas temperaturas. Segundo SKERMAN e RIVEROS (1990) a
B. decumbens, quando bem estabelecida, tem grande habilidade na supressão de
plantas daninhas, dificultando, por outro lado, a consorciação com leguminosas.
Dessa forma, observando o potencial de contribuição do sistema de integração
lavoura-pecuária na sustentabilidade das propriedades agropecuárias, essa pesquisa
teve como objetivo avaliar o desempenho da espécie Brachiaria decumbens
consorciada com a cultura do milho, no que diz respeito à supressão de plantas
daninhas, a partir do acúmulo de área foliar e fitomassa seca das infestantes.
70
5.2 Materiais e Métodos
Realizou-se o trabalho em área experimental do Departamento de Produção
Vegetal, na Universidade de São Paulo, Campus da Escola Superior de Agricultura Luiz
de Queiroz (ESALQ-USP), no município de Piracicaba-SP, durante o período
compreendido entre os meses de dezembro 2006 e maio de 2007. O solo, classificado
como Nitossolo eutrófico típico, tem suas propriedades químicas apresentadas na
tabela 15.
O clima da região é o tipo Cwa (KÖPPEN, 1948), isto é, trata-se de clima
mesotérmico, tropical úmido, com três meses mais secos (junho, julho e agosto) e com
concentração de chuvas no verão. A temperatura média do mês mais quente é superior
a 24
o
C e a do mês mais frio inferior a 17
o
C, apresentando uma pluviosidade média
anual de 1.200 mm. Os dados meteorológicos relativos ao período experimental estão
apresentados na tabela 16 e foram obtidos no posto automatizado instalado no campus
da ESALQ.
O trabalho foi instalado utilizando-se o delineamento de blocos casualizados, em
arranjo fatorial, constituído por quatro níveis do fator densidade da forrageira e quatro
níveis do fator planta daninha, totalizando 16 tratamentos. As densidades de Brachiaria
decumbens foram 0, 10, 15 e 20 kg ha
-1
, enquanto que as espécies daninhas foram
Ipomoea grandifolia corda-de-viola, Alternanthera tenella apaga-fogo, Digitaria
horizontalis - capim-colchão e Cenchrus echinatus capim-carrapicho, sempre no
sistema consorciado com a cultura do milho. Foram utilizados três repetições para cada
tratamento,
Cada parcela constou de cinco linhas de milho espaçadas de 0,90 m entre si,
intercaladas com quatro linhas da respectiva planta forrageira com 5,0 m de
comprimento cada, embora, a área útil utilizada foi de 2 m. O solo foi preparado com
uma roçagem seguida de uma gradagem leve na profundidade de 20 cm, e uma grade
niveladora na profundidade média de 10 cm.
A operação de semeadura do milho foi realizada mecanicamente, com
semeadora tratorizada, utilizando-se 0,90 m nas estrelinhas e oito sementes por metro
linear. O material genético utilizado foi a cultivar de milho DKB 390, sendo as sementes
71
tratadas com o inseticida thiodicarb na concentração de 6,0 g de ingrediente ativo por
kg de sementes. Realizou-se o desbaste na cultura do milho quando esta apresentava
duas folhas, a fim de padronizar um stand final de 65.000 plantas ha
-1
. A espécie
forrageira foi semeada na entrelinha do milho, manualmente, conhecendo-se a
viabilidade das sementes para que a estimativa densidade desejada. A adubação de
semeadura foi realizada na dose de 380 kg ha
-1
do adubo NPK, utilizando-se da
formulação 8-28-16, e uma aplicação de nitrogênio em cobertura (60 kg ha
-1
).
A semeadura das plantas daninhas corda-de-viola e apaga-fogo foi feita a lanço,
seguida de incorporação com enxada, enquanto que as plantas daninhas capim-
colchão e capim-carrapicho faziam parte da vegetação espontânea da área. A
quantidade de sementes de apaga-fogo e corda-de-viola distribuídas por parcela
baseou-se em testes prévios de emergência das sementes no campo, cujos resultados
foram fornecidos pela empresa onde estas mesmas foram adquiridas, de maneira a
resultar em aproximadamente 50 plantas m
-2
na testemunha.
As avaliações realizadas durante a condução do ensaio foram às seguintes:
infestação das plantas daninhas, por meio da densidade (plantas m
-2
), aos 30 dias após
a instalação do experimento; massa seca (g por planta); e área foliar (cm
2
por planta). A
densidade das plantas daninhas foi avaliada com o uso de um gabarito de madeira
quadrado, medindo 0,5 m
2
, com três amostragens ao acaso nas parcelas.
As avaliações de massa seca e área foliar foram feitas através da colheita de
três plantas em cada subparcela, ao acaso, cortadas na superfície do solo, sendo a
área foliar avaliada imediatamente após o corte, através do equipamento LICOR - LI
7000, de acordo com metodologia proposta por Benincasa (2003). O material colhido foi
colocado em sacos de papel, secado em estufa a 50
o
C durante 72 horas e,
posteriormente, pesado. Os resultados utilizados na discussão representam médias das
três plantas avaliadas. As avaliações foram realizadas em intervalos de 15 dias,
iniciando-se aos 15 dias após a emergência do milho, totalizando 12 avaliações.
Os resultados obtidos foram submetidos à análise de variância e, quando
significativos, foram realizadas comparações de médias pelo teste de Tukey a 5% de
probabilidade.
72
Tabela 15 – Propriedades químicas do solo (Nitossolo eutrófico típico) da área
experimental. Piracicaba – SP, 2007
pH M.O. P K Ca
Mg
H+Al
Al
SB CTC
Sat. Sat.
S
CaCl
2
Resina bases
Al SO
4
g/dm³ mg/dm³ -------------------- mmol
c
/dm³ ------------------- V% m% mg/dm³
5,1 13 17 1,2
13
6 18 0 20 38 53 0 8
Profundidade 0 a 20 cm do solo
Tabela 16 – Dados metereológicos relativos ao período de condução do experimento
(dez/2006 a mai/2007). Piracicaba – SP, 2007
ANO MÊS
RGM P UR (%) Temperatura (
o
C)
(MJ/m
2
.d) (mm) Máxima Mínima Média Máxima Mínima Média
2006 DEZ 20,8 255 99,8 64,8 89,6 29,8 19,8 24,0
2007 JAN 17,4 259 100,0 71,0 93,8 28,9 20,3 23,6
FEV 21,9 228 100,0 55,2 87,2 31,1 19,4 24,4
MAR
20,8 86 100,0 49,0 84,6 31,7 19,1 24,6
ABR
16,6 36 100,0 57,2 87,5 29,4 17,8 22,9
MAI 14,1 56 100,0 54,4 86,4 25,4 12,6 18,5
RGM = radiação global média; P = precipitação total; UR = Umidade relativa do ar; T = Temperatura do ar
5.3 Resultados e Discussão
Analisando-se o efeito da Brachiaria decumbens sobre a infestação das plantas
daninhas, verifica-se que a forrageira reduziu significamente (P<0,05) todas as espécies
estudadas, sendo mais acentuada para Digitaria horizontalis, seguido de Cenchrus
echinatus, e Alternathera tenella. A espécie cuja capacidade competitiva foi menos
afetada foi a planta daninha Ipomoea grandifolia (Tabela 17; Figura 17).
73
Tabela 17 - Infestação de plantas daninhas (plantas m
-2
) em função das densidades de
Brachiaria decumbens. Piracicaba – SP, 2007
Densidade Infestação de plantas daninhas
D. horizontalis
I. grandifolia C. echinatus A. tenella
0 kg ha
-1
27,13 a 39,97 a 30,33 a 37,37 a
10 kg ha
-1
3,17 b 23,83 b 5,97 b 19,63 b
15 kg ha
-1
2,93 b 23,07 b 5,27 b 18,13 b
20 kg ha
-1
1,60 b 19,37 b 1,93 b 9,70 c
CV (%)
7,90 11,91 12,45 6,06
DMS
1,82 8,19 5,06 4,49
Médias seguidas por pelo menos uma mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey,
ao nível de 5% de probabilidade
Logo, fica evidente que, dentre as plantas daninhas estudadas, a Ipomoea
grandifolia é a que representa maior dificuldade no controle em sistema de integração
lavoura-pecuária, provavelmente, pelo hábito de crescimento ser trepador, conferindo
vantagens na competição por luz. o maior efeito supressivo sobre a planta Digitaria
horizontalis pode ser justificado pela sua fisiologia, sendo uma espécie de ciclo C
4
,
apresentando comportamento semelhante à planta forrageira, o que condiciona a
competição interespecífica mais intensa.
Conforme resultados observados por Dias Filho (2000), mesmo sombreadas, as
forrageiras podem manter seu crescimento em condições de competição por recursos
do meio, uma vez que apresentam grande capacidade fenotípica quanto à captura de
radiação. Assim, mesmo sendo cultivadas em consórcio com o milho, as forrageiras
conseguem suprimir o crescimento das plantas daninhas na entrelinha.
74
0,00
10,00
20,00
30,00
40,00
Plantas m
-2
0 kg ha-1 10 kg ha-1 15 kg ha-1 20 kg ha-1
Densidades de Braquiária
Digitaria horizontalis Ipomea grandifolia Cenchrus echinatus Alternanthera tenella
Figura 17 – Infestação de plantas daninhas (plantas m
-2
) aos 30 dias após a
emergência do milho em função das densidades 0, 10, 15 e 20 kg ha
-1
de
Brachiaria decumbens. Piracicaba – SP, 2007
na figura 18, verifica-se o acúmulo de área foliar (a) e matéria seca (b) da
planta daninha Digitaria horizontalis. Nota-se que a influência da B. decumbens no
acúmulo de área foliar do capim colchão se a partir dos primeiros dias devido à sua
rápida capacidade de alocação na área (LORENZI; SOUZA, 2000). Segundo Alvim
(1990), essa facilidade adaptativa da braquiária é devido sua agressividade e
resistência à condições adversas, o que lhe condiciona, em muitos casos, ser uma
importante espécie daninha em diversas culturas anuais e perenes. Com relação ao
acúmulo de fitomassa seca, verifica-se que este foi intenso no intervalo compreendido
entre 60 e 90 dias após a emergência, evidenciando a lenta taxa de crescimento da
espécie infestante na presença da forrageira. A braquiária, independentemente da
densidade, exerceu efeito supressivo sobre essa variável, a qual está condicionada à
capacidade de competição das espécies. Logo, evidencia-se a rapidez na captação dos
recursos limitantes do crescimento entre as espécies no agroecossistema e a sua
eficiência em utilizar tais recursos para a procução de biomassa (ROHRIG; STULZEL,
2001).
75
Dias após emergência
15 30 45 60 75 90 105 120
Fitomassa seca (g)
0
5
10
15
20
25
30
0 kg ha
-1
y= 24,6124/(1+exp(-(x-68,7013)/8,4018)) R
2
=0,99
10 kg ha
-1
y= 16,9157/(1+exp(-(x-75,0022)/9,6033)) R
2
=0,99
15 kg ha
-1
y= 15,4466/(1+exp(-(x-73,3918)/9,3417)) R
2
=0,98
20 kg ha
-1
y= 94,3864
ns
/(1+exp(-(x-182,3189
ns
)/35,0456)) R
2
=0,95
Dias após emergência
15 30 45 60 75 90 105 120
Área foliar (cm
-2
)
0
100
200
300
400
500
0 kg ha
-1
y= 473,1362/(1+exp(-(x-55,3375)/15,3996 R
2
=0,99
10 kg ha
-1
y= 355,5322/(1+exp(-(x-67,0144)/14,2153 R
2
=0,99
15 kg ha
-1
y= 319,4690/(1+exp(-(x-65,9505)/14,0846 R
2
=0,99
20 kg ha
-1
y= 447,0645/(1+exp(-(x-95,7589)/25,3623 R
2
=0,97
Figura 18 – Acúmulo de área foliar (a) e fitomassa seca (b) pela planta daninha capim-
colchão (Digitaria horizontalis), quando na presença da cultura forrageira
B. decumbens (10, 15 e 20 kg ha
-1
) e sem a presença desta (0 kg ha
-1
),
sempre concomitamente com a cultura do milho. Piracicaba – SP, 2007
O acúmulo de área foliar (a) e fitomassa seca (b) da planta daninha corda-de-
viola está representado na figura 19. Observa-se semelhança de comportamento entre
essas variáveis, uma vez que a taxa de assimilação líquida da fotossíntese da espécie
está diretamente relacionada com a captação da radiação solar e com o índice de área
foliar da planta. Nota-se que o acúmulo de área foliar da planta daninha nos
tratamentos com a presença da B. decumbens (10, 15 e 20 kg ha
-1
) foi interrompido aos
60 dias, provavelmente pelo efeito competitivo e/ou alelopático da forrageira, conforme
comentado por Dias Filho (2000). Esse fato corrobora com os resultados encontrados
por Skerman e Riveros (1990), onde os autores constataram que, quando bem
estabelecida, B. decumbens tem grande habilidade de supressão de plantas invasoras.
Todavia, nos tratamentos com ausência da forrageira (0 kg ha
-1
) o acúmulo tanto de
área foliar como de fitomassa seca da corda-de-viola foi crescente até o fim das
avaliações (120 dias após emergência do milho), demonstrando a capacidade dessa
espécie em aproveitamento de recursos do meio.
( a )
( b )
76
Dias após emergência
15 30 45 60 75 90 105 120
Área foliar (cm
-2
)
0
200
400
600
800
1000
0 kg ha
-1
y= 473,1362/(1+exp(-(x-55,3375)/15,3996)) R
2
=0,99
10 kg ha
-1
y= 420,8038/(1+exp(-(x-48,2416)/7,7544)) R
2
=0,99
15 kg ha
-1
y= 425,8228/(1+exp(-(x-49,3209)/7,9700)) R
2
=0,99
20 kg ha
-1
y= 201,3741/(1+exp(-(x-44,8963)/8,5487)) R
2
=0,99
Dias após emergência
15 30 45 60 75 90 105 120
Fitomassa seca (g)
0
5
10
15
20
25
30
0 kg ha
-1
y= 22,6183/(1+exp(-(x-70,8190)/14,7918)) R
2
=0,99
10 kg ha
-1
y= 10,9356/(1+exp(-(x-56,5760)/10,9859)) R
2
=0,97
15 kg ha
-1
y= 11,0114/(1+exp(-(x-56,9041)/11,1481)) R
2
=0,97
20 kg ha
-1
y= 3,3570/(1+exp(-(x-38,5936)/28,4917)) R
2
=0,99
Figura 19 – Acúmulo de área foliar (a) e fitomassa seca (b) pela planta daninha corda-
de-viola (Ipomoea grandifolia), quando na presença da cultura forrageira
B. decumbens (10, 15 e 20 kg ha
-1
) e sem a presença desta (0 kg ha
-1
),
sempre concomitamente com a cultura do milho. Piracicaba – SP, 2007
Ao se observar o acúmulo de área foliar (a) e fitomassa seca (b) da planta
daninha capim-carrapicho (Figura 20), verifica-se que as variáveis foram influenciadas
significamente (P<0,05) na presença da forrageira em questão.
O acúmulo de área foliar foi prejudicado em todas as densidades de B.
decumbens de forma semelhante, concluindo-se que mesmo em baixas densidades, a
forrageira interfere acentuadamente o desenvolvimento da planta daninha,
principalmente a partir dos 30 dias após a emergência. O mesmo ocorre para a variável
fitomassa seca, porém com controle proeminente a partir dos 60 dias, culminando em
apenas 20% do total de acúmulo de fitomassa aos 120 dias em todos os tratamentos
com a presença da forrageira. Isso se deve ao fato da similaridade fisiológica das
plantas que, quando em convivência no mesmo agroecossistema, competem pelos
mesmos elementos vitais ao crescimento. No entanto, a competição somente se
estabelece quando a intensidade de uso de recursos naturais pelos competidores
suplanta a capacidade do meio em fornecer esses recursos, ou quando um dos
( a ) ( b )
77
Dias após emergência
15 30 45 60 75 90 105 120
Área foliar (cm
-2
)
0
100
200
300
400
500
0 kg ha
-1
y= 389,0387/(1+exp(-(x-51,2089)/16,3858)) R
2
=0,97
10 kg ha
-1
y= 303,0379/(1+exp(-(x-68,0658)/19,1355)) R
2
=0,98
15 kg ha
-1
y= 297,4171/(1+exp(-(x-70,5567)/19,7262)) R
2
=0,98
20 kg ha
-1
y= 229,6826/(1+exp(-(x-64,3088)/16,5343)) R
2
=0,97
Dias após emergência
15 30 45 60 75 90 105 120
Fitomassa seca (g)
0
5
10
15
20
25
30
0 kg ha
-1
y= 23,7079/(1+exp(-(x-70,0948)/10,1564)) R
2
=0,98
10 kg ha
-1
y= 9,4033/(1+exp(-(x-75,1190)/23,3294)) R
2
=0,94
15 kg ha
-1
y= 9,2826/(1+exp(-(x-73,9995)/21,1503)) R
2
=0,94
20 kg ha
-1
y= 10,3605/(1+exp(-(x-90,7913)/31,3416)) R
2
=0,96
competidores impede o acesso a esses recursos, como em condições de
sombreamento (PITELLI, 1985). Nesse sentido, a ampla capacidade de adaptação da
B. decumbens favoreceu seu desenvolvimento e, consequentemente, o sombreamento
estagnou o incremento de área foliar da planta daninha, justificando o menor acúmulo
de fitomassa seca. Rizzardi (2003) verificou que o atraso na emergência de plantas
daninhas, atribuído à efeitos alelopáticos, associado ao aumento na densidade de
indivíduos de B. decumbens causaram redução significativa do número de plantas
infestantes em área de integração lavoura-pecuária.
Todavia, ressalta-se que a produtividade da forrageira poderá ser prejudicada
pela densidade de semeadura, afetando o perfilhamento e o índice de área foliar.
Portanto, a menor densidade de B. decumbens (10 kg ha
-1
) poderia ser recomendada
na supressão de capim-carrapicho, que as demais densidades demonstraram
similaridade no efeito competitivo.
Figura 20 – Acúmulo de área foliar (a) e fitomassa seca (b) pela planta daninha capim-
carrapicho (Cenchrus echinatus), quando na presença da cultura
forrageira B. decumbens (10, 15 e 20 kg ha
-1
) e sem a presença desta
(0 kg ha
-1
), sempre concomitamente com a cultura do milho. Piracicaba
– SP, 2007
( a )
( b )
78
Em relação ao apaga-fogo, verifica-se que a interferência na área foliar ocorreu
apenas a partir dos 60 dias após a emergência, fato explicado pela grande capacidade
adaptativa da planta em condições de sombreamento. Nota-se também, conforme
constatado para a espécie anterior (Cencrhus echinatus), que o fator densidade não é
relevante, tendo em vista que a menor densidade (10 kg ha
-1
) de B. decumbens obteve
resultados similares ao tratamento de maior densidade (20 kg ha
-1
).
No que diz respeito à variável acúmulo de fitomassa seca, a planta daninha
atingiu o máximo de produção de fitomassa próximo dos 75 dias após a emergência do
milho, sendo que o intervalo necessário para o acúmulo máximo foi de 15 dias no
tratamento com ausência da forrageira. Com a presença da braquiária, o acúmulo
máximo ocorreu aos 120 dias após o tratamento, explicado pela grande agressividade
da espécie forrageira, limitando os recursos disponíveis à planta daninha. No entanto,
até aos 120 dias, a espécie daninha continuou seu incrementando tanto em área foliar
quanto em fitomassa, refletindo sua grande capacidade de aproveitamento de recursos
limitados no ecossistema (SILVA et al, 2004)
A capacidade de supressão do apaga-fogo pela B. decumens decorre do fato de
que a forrageira apresenta maior crescimento inicial e uniformidade de ocupação do
espaço. Logo, possui capacidade de sombrear precocemente a planta daninha,
diminuindo dessa forma, a quantidade de radiação fotossinteticamente ativa incidente e
retardando o seu desenvolvimento vegetativo. Este comportamento corrobora com os
resultados obtidos por Portes (2000), que pesquisando o consórcio de B. decumbens
com milho, observou que a forrageira exerceu forte competição às plantas daninhas
durante seu ciclo de convivência com ela. Também, Castro (1999) estudando a
produção de fitomassa seca total de plantas infestantes sob vários níveis de
sombreamento, verificou que a redução do rendimento pode estar relacionada ao fato
de que a radiação do ambiente sombreado ser inferior ao seu ponto de compensação
luminoso.
79
Dias após emergência
20 40 60 80 100 120
Área foliar (cm
-2
)
0
100
200
300
400
500
0 kg ha
-1
y= 415,3112/(1+exp(-(x-48,1577)/10,7930)) R
2
=0,99
10 kg ha
-1
y= 312,0364/(1+exp(-(x-46,8739)/15,3324)) R
2
=0,99
15 kg ha
-1
y= 308,2710/(1+exp(-(x-46,8017)/15,3396)) R
2
=0,98
20 kg ha
-1
y=293,7909/(1+exp(-(x-45,6748)/14,9860)) R
2
=0,97
Dias após emergência
15 30 45 60 75 90 105 120
Fitomassa seca (g)
0
5
10
15
20
25
30
0 kg ha
-1
y= 19,9202/(1+exp(-(x-65,7504)/3,0838)) R
2
=0,99
10 kg ha
-1
y= 15,7181/(1+exp(-(x-73,8132)/10,2033)) R
2
=0,98
15 kg ha
-1
y= 15,6200/(1+exp(-(x-74,0397)/10,3885)) R
2
=0,99
20 kg ha
-1
y= 14,7745/(1+exp(-(x-74,4836)/11,3038)) R
2
=0,98
Figura 21 – Acúmulo de área foliar (a) e fitomassa seca (b) pela planta daninha
apaga-fogo (Alternanthera tenella), quando na presença da cultura
forrageira B. decumbens (10, 15 e 20 kg ha
-1
) e sem a presença desta (0
kg ha
-1
), sempre na presença da cultura do milho. Piracicaba – SP, 2007
5.4 Conclusões
Pode-se concluir que Brachiaria decumbens é eficiente na supressão da
infestação de plantas daninhas, sendo o controle mais efetivo para a espécie Digitaria
horizontalis (capim-colchão). Com relação às densidades de semeadura da forrageira
(10, 15 e 20 kg ha
-1
), apenas para a infestação de Alternathera tenella houve diferença
significativa para a densidade de 20 kg ha
-1
, apresentando semelhança para todas as
outras espécies avaliadas no trabalho (Digitaria horizontalis, Ipomoea e Cenchrus
echinatus). O acúmulo de área foliar e fitomassa seca das infestantes também foram
afetados pela presença da forrageira. Houve grande discrepância entre as curvas de
densidade da braquiária apenas para as plantas daninhas capim-colchão e corda-de-
viola, sendo similares para as demais plantas infestantes. Isso indica que o menor
número de plantas m
-2
de B. decumbens é suficiente para interferir no
desenvolvimento das plantas capim-carrapicho e apaga-fogo.
( a )
( b )
80
Referências
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1994.
82
6 CONCLUSÕES GERAIS
I. O sistema de produção da cultura do milho com as espécies Brachiaria
brizantha, Brachiaria ruziziensis e Brachiaria decumbens demonstrou viabilidade
no cultivo consorciado;
II. Com exceção da altura de plantas, os parâmetros fitotécnicos da cultura do milho
avaliados no trabalho (número de folhas, índice de área foliar e diâmetro de
colmo) não foram afetados pela presença das forrageiras;
III. As espécies de braquiária não afetaram a massa de mil grãos, embora as
mesmas tenham interferido na produtividade final da cultura do milho
consorciado, sendo viáveis apenas as densidades de 10 e 15 kg ha
-1
;
IV. Todas as forrageiras interferiram significamente nos parâmetros acúmulo de área
foliar e acúmulo de fitomassa seca das plantas daninhas avaliadas, sendo mais
efetivo para a maior densidade (20 kg ha
-1
);
V. A espécie Brachiaria brizantha, em geral, apresentou maior eficiência na redução
de infestação das plantas daninhas Digitaria horizontalis, Ipomoea grandifolia,
Cenchrus echinatus e Alternanthera tenella, em relação às demais forrageiras;
VI. As reduções na área foliar e no acúmulo de fitomassa seca das plantas daninhas
foram mais significativas para aquelas pertencentes à família Poaceae (Digitaria
horizontalis e Cenchrus echinatus) por apresentarem características fisiológicas
semelhantes às forrageiras estudadas no sistema consorciado com milho.
VII. Os resultados obtidos podem auxiliar na implantação de programas de manejo
integrado de plantas daninhas em sistemas de integração lavoura-pacuária, por
meio da predição de espécies forrageiras adequadas para o controle das
infestantes, bem como, as densidades de semeadura viáveis para esse sistema
de produção.
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