Enquanto conversávamos sobre o assunto alguém colocou a seguinte questão:
−
Será que a filha dele também acha que ele era ladrão?
Estava posto o problema, embora a Viviane não tenha dito que o Diógenes era
“ladrão” ao usar a expressão não era bem visto foi o suficiente para que uma das crianças
levantasse suspeita sobre a sua integridade.
No espaço social é comum a leitura do que não é bem visto com o que não é bom,
logo ser ladrão foi uma questão de associação e não de certeza, sobre a índole do
Diógenes Ribeiro de Mendonça. Aproveitei a oportunidade e comecei a articular
algumas questões, como não tínhamos respostas, optamos por tentar um contato não só
com a Associação, mas, também, com a filha dele. Por este caminho começamos a
trilhar, mas confesso: não foi fácil!
Ao mesmo tempo em que a curiosidade batia a nossa porta ou que nós
batíamos a porta dela, participei de uma reunião de planejamento com as demais
professoras do 4º ano e havíamos combinado trabalhar a história do município de Niterói.
Durante a reunião deveríamos fazer a opção pelo conteúdo que trabalharíamos com as
crianças. Havia uma relação de conteúdos organizado em documento pela FME a serem
seguidos, em cada etapa do ciclo. A orientação era para que tentássemos trabalhar os
mesmos assuntos, ao mesmo tempo, em todas as turmas de cada etapa do ciclo.
Apesar de saber que deveria começar a trabalhar com o conteúdo sobre o
município, algumas indagações se tornaram presentes: Como poderia estudar o
município sem saber, antes de tudo, que história traz esse homem cujo nome a nossa
escola recebeu? Como falar do município sem antes falar do bairro, da escola e da sua
própria comunidade?
O estudo de geografia que se propõe no ensino fundamental na maioria das vezes
obedece à lógica do
...estudo do meio considerando que se deve partir do próprio sujeito,
estudando a criança particularmente, a sua vida, a sua família, a
escola, a rua, o bairro, a cidade, e, assim, ir sucessivamente
ampliando, espacialmente, aquilo que é o conteúdo a ser trabalhado.
São os Círculos Concêntricos, que se sucedem numa seqüência linear,
do mais simples e próximo ao mais distante. Na realidade, esse
procedimento constitui mais um problema do que uma solução, pois o
mundo é extremamente complexo e, em sua dinamicidade, não acolhe
os sujeitos em círculos que se ampliam sucessivamente do mais
próximo para o mais distante. (CALLAI, 2005, p.230)