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A Transparência dos Bancos Centrais e a Efetividade da Política
Monetária
José Simão Filho
Tese submetida à Faculdade de Economia da Universidade Federal Fluminense,
como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Doutor em Economia.
Orientador: Prof.Dr. Helder Ferreira de Mendonça
Abril / 2007
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A Transparência dos Bancos Centrais e a Efetividade da Política Monetária
José Simão Filho
Tese submetida à Faculdade de Economia da Universidade Federal Fluminense,
como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Doutor em Economia.
Aprovada por:
_______________________________________________
Prof
. Dr. Helder Ferreira de Mendonça (UFF – orientador)
__________________________________
Prof
. Dra. Carmem Aparecida Feijó (UFF)
_____________________________________
Prof. Dr. Fernando Salgueiro Perobelli (UFJF)
______________________________
Prof
. Dr. Marcelo Cortes Neri (EPGE)
_____________________________
Prof.
Dr. Antonio Luis Licha (UFRJ)
Niterói, abril de 2007.
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RESUMO
ESTE TRABALHO FAZ UMA ANÁLISE TEÓRICA E EMPÍRICA SOBRE O
IMPACTO DA TRANSPARÊNCIA DO BANCO CENTRAL (BC) NA
EFETIVIDADE DA POLÍTICA MONETÁRIA. PARA ISTO, FAZ-SE UMA
AVALIAÇÃO SE ESTA VARIÁVEL IMPLICA TAXAS DE JUROS MAIS BAIXAS.
ALÉM DISSO, SÃO ESTUDADAS AS CONSEQÜÊNCIAS DA TRANSPARÊNCIA
DO BC SOBRE A ACCOUNTABILITY, A CREDIBILIDADE, A INFLAÇÃO MÉDIA
E O HIATO DO PRODUTO. OS RESULTADOS MOSTRAM QUE A
TRANSPARÊNCIA DO BANCO CENTRAL MELHORA A CONDUÇÃO DA
POLÍTICA MONETÁRIA, CONTRIBUINDO PARA UMA REDUÇÃO NA TAXA
DE INFLAÇÃO E NA TAXA DE JUROS. COMO INFLAÇÃO, DESEMPREGO E
TAXA DE JUROS SÃO DETERMINANTES PARA O NÍVEL DE POBREZA, O
COMPORTAMENTO DA AUTORIDADE MONETÁRIA É RELEVANTE PARA
SUA REDUÇÃO. NESTE SENTIDO, ESTE TRABALHO REVELA UMA
CONEXÃO ENTRE TRANSPARÊNCIA DO BANCO CENTRAL E POBREZA. O
MODELO TEÓRICO E AS ESTIMATIVAS DE MÍNIMOS QUADRADOS
ORDINÁRIOS ENFATIZAM QUE UMA MAIOR TRANSPARÊNCIA CONTRIBUI
PARA UMA QUEDA NA DESIGUALDADE DE RENDA E DA POBREZA. ALÉM
DISSO, ESTE TRABALHO FAZ UMA ANÁLISE RELATIVA AOS EFEITOS DA
TRANSPARÊNCIA DO BANCO CENTRAL DO BRASIL (BCB) SOBRE AS
VARIÁVEIS MACROECONÔMICAS. COM ESTE OBJETIVO, FAZ-SE UM
ESTUDO QUE LEVA EM CONSIDERAÇÃO OS EFEITOS CAUSADOS PELOS
ANÚNCIOS E PELAS PUBLICAÇÕES DO BCB SOBRE AS DIFERENTES
VARIÁVEIS RELACIONADAS AO SISTEMA DE METAS DE INFLAÇÃO
(INCLUINDO EXPECTATIVAS). OBSERVA-SE QUE O AUMENTO DA
QUALIDADE DA INFORMAÇÃO DO BCB (CLARIDADE) IMPLICA UMA
MUDANÇA SIGNIFICATIVA NA TAXA DE REAJUSTE DAS EXPECTATIVAS
DO MERCADO. DESTA FORMA, A TRANSPARÊNCIA DO BANCO CENTRAL
CONTRIBUI PARA ANCORAR AS EXPECTATIVAS DO PÚBLICO E PARA
AFETAR AS TAXAS DE JUROS DE LONGO PRAZO.
Palavras-chave: transparência, accountability, credibilidade, política monetária, taxa de
inflação, taxa de juros e pobreza.
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ABSTRACT
THIS PAPER MAKES A THEORETICAL ANALYSIS OF THE IMPACT OF
CENTRAL BANK TRANSPARENCY ON THE EFFECTIVENESS OF THE
MONETARY POLICY. FOR THIS ANALYSIS, AN EVALUATION IS MADE TO
DETERMINE IF IT IMPLIES A LOWER INTEREST RATE. FURTHERMORE, THE
CONSEQUENCES OF TRANSPARENCY ON ACCOUNTABILITY, CENTRAL
BANK CREDIBILITY, INFLATION AVERAGE, AND OUTPUT GAP ARE
CONSIDERED. THE FINDINGS DENOTE THAT CENTRAL BANK
TRANSPARENCY IMPROVES THE CONDUCTION OF THE MONETARY
POLICY CONTRIBUTING TO A DECREASE IN INFLATION RATE AND
INTEREST RATE. AS INFLATION, UNEMPLOYMENT AND INTEREST RATES
ARE DETERMINANTS OF THE LEVEL OF POVERTY, THE CENTRAL BANK’S
BEHAVIOR IS RELEVANT IN ITS REDUCTION. IN THIS SENSE, THIS WORK
REVEALS A CONNECTION BETWEEN ECONOMIC TRANSPARENCY AND
POVERTY. THE THEORETICAL MODEL AND ORDINARY LEAST SQUARED
RESULTS HIGHLIGHTED THAT CENTRAL BANKS WITH GREATER
TRANSPARENCY CONTRIBUTE TO AN IMPROVEMENT IN THE REDUCTION
OF INCOME INEQUALITY AND POVERTY. BESIDES, THIS WORK MAKES AN
ANALYSIS CONCERNING THE EFFECT OF CENTRAL BANK OF BRAZIL
TRANSPARENCY ON MACROECONOMIC VARIABLES. WITH THIS
OBJECTIVE AN ANALYSIS WHICH TAKES INTO CONSIDERATION THE
EFFECT CAUSED BY ANNOUNCEMENTS AND PUBLICATIONS OF THE
CENTRAL BANK ON SEVERAL VARIABLES RELATED TO THE INFLATION
TARGETING SYSTEM (INCLUDING EXPECTATIONS) IS CARRIED OUT. THE
FINDINGS DENOTE THAT THE CBB TRANSPARENCY TOGETHER WITH AN
INCREASE IN THE INFORMATION QUALITY (CLARITY) IMPLIES A
SIGNIFICANT CHANGE IN THE RATE OF READJUSTMENT OF MARKET
EXPECTATIONS. FURTHERMORE, THE CENTRAL BANK TRANSPARENCY
CONTRIBUTES TO ANCHOR THE PUBLIC EXPECTATIONS AND TO AFFECT
LONG RUN INTEREST RATES.
Key words: transparency, accountability, credibility, monetary policy, inflation rate,
interest rate, poverty.
4
AGRADECIMENTOS
Agradeço à FAPERJ por ter financiado esta tese e à Faculdade de Economia da
Universidade Federal Fluminense por ter confiado no meu trabalho.
Agradeço aos membros da banca de defesa desta tese, professores Carmem
Aparecida Feijó,
Fernando Salgueiro Perobelli e Antonio Luis Licha.
Meus sinceros agradecimentos ao professor
Marcelo Cortes Neri pelas
sugestões relativas à conexão entre pobreza e política monetária.
Agradeço, em especial, ao meu orientador e amigo professor Helder Ferreira de
Mendonça. Sua dedicação, seu domínio do assunto e suas sugestões foram
determinantes para a realização deste trabalho.
Agradeço à minha mãe Glair e aos meus irmãos, Labibe e Antônio, pelo carinho
e pela amizade.
Agradeço ao meu pai que está presente em cada parcela deste trabalho, apesar de
não estar entre nós.
Agradeço à minha mulher, meu amor Claudia, que me apoiou nos momentos de
angústia e de dificuldade. Sem seu carinho e sua dedicação não conseguiria vencer esta
etapa.
Agradeço à minha princesinha, Maria, que me mostrou o verdadeiro sentido da
vida e que me trouxe inspiração para finalizar este trabalho.
Agradeço a todos meus familiares e amigos que, de uma forma ou de outra,
contribuíram para a realização da minha tese.
Por fim, agradeço a Deus por ter me concedido esta oportunidade de trabalho.
5
INTRODUÇÃO
1- A relevância dos modelos de comprometimento do BC
Os novos modelos de pré-comprometimento, utilizados pelos gestores da
política monetária, se desenvolveram, em paralelo, à evolução das formas de
comunicação do banco central (BC). A implementação de âncoras nominais (metas de
inflação, metas de agregados monetários e metas de taxas de câmbio), nos anos 1990,
mostra a importância da comunicação do BC na condução das expectativas de inflação
dos agentes econômicos. A partir de então, o regime de metas explícitas (inflação,
agregados monetários e câmbio) tem sido utilizado por muitos países industrializados e
em desenvolvimento. Fry
et alii (2000) estudam 94 países e mostram que em 1990,
apenas 57% deles adotavam metas explícitas. Em 1998 este número subiu para 97%,
mostrando uma tendência de utilização de uma âncora nominal para guiar as
expectativas do público. Vale ressaltar que os gestores de política adotam estas metas
para construir credibilidade e para minimizar o viés inflacionário na condução da
política monetária.
A importância da transparência para os BCs é destacada pelos autores
supracitados, uma vez que eles classificam esta variável como o terceiro atributo mais
importante para as autoridades monetárias. Independência é o mais importante atributo
para os gestores da política monetária e a manutenção de baixas expectativas de inflação
é o segundo mais importante. Accountability ocupa o oitavo lugar e metas de inflação é
o quarto colocado. A análise sobre instabilidade financeira doméstica está em quinto
lugar e a análise sobre o setor bancário em sétimo lugar. Um atributo que se destaca é a
meta da taxa de câmbio (sexto lugar), que segundo Fry et alii (2000), foi a principal
ferramenta utilizada pela maioria dos países que conseguiram estabilizar a inflação na
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década de noventa. Vale ressaltar a abrangência desta pesquisa, uma vez que estes
resultados expressam as opiniões dos presidentes de BCs de um grupo de países que
totaliza quase 95% do PIB mundial.
Desta forma, a mudança de postura dos BCs a favor de uma maior transparência
na prática da política monetária ganhou força depois dos anos setenta, uma vez que o
papel das expectativas sobre a política monetária transformou-se em uma característica
central da teoria macroeconômica. Reconhece-se que a eficácia da política monetária
depende, em parte, da habilidade do público de antecipar as ações do BC. Isto pode ser
observado nos mercados financeiros, uma vez que ruídos relativos à política monetária
podem gerar flutuações desnecessárias e improdutivas nos preços dos ativos. Greenspan
(2002) se inclui no domínio daqueles que mudaram de postura com relação a esta
questão, pois, nos anos 1950, o consenso era que a opacidade seria mais benéfica à
economia. Desta forma, há um consenso nos BCs de que a transparência tem efeitos
positivos na diminuição dos efeitos de incertezas, como enfatiza Poole e Thorton
(2002).
A prática dos BCs mostra que as incertezas do mundo real exigem a utilização
de modelos híbridos, que combinem regras com discrição e que minimizem os custos
sociais relativos aos choques inesperados nas variáveis macroeconômicas. A revelação
da meta do BC e, portanto, de suas preferências, segue o arcabouço teórico relativo à
utilização de regras para a política monetária. A rigidez desta regra pode produzir perda
de credibilidade, caso o BC não consiga cumprir a meta publicada. Desta forma, foram
utilizados novos modelos de gestão da política monetária que enfatizam a comunicação
do BC como uma ferramenta de ligação entre as ações de curto prazo do BC e seus
objetivos de longo prazo. A utilização de regras de forecast, as explicações relativas à
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duration da taxa de juros e a publicação de metas de inflação de longo prazo são alguns
exemplos disso.
Os problemas que emergem com relação à revelação das preferências do BC são
minimizados por meio de publicações sobre o futuro da economia e sobre a meta de
longo de prazo do BC. Uma vez que existem defasagens no mecanismo de transmissão
da política monetária, ações de curto prazo estão relacionadas aos objetivos de longo
prazo e a ausência de explicações relativas a estas ações causa um hiato de
credibilidade, aumentando a incerteza dos agentes econômicos.
Dos países estudados por Fry et alii (2000) 70% possuem metas explicitas e 91%
publicam análises de política monetária. A maioria destes países inclui análises
forward-looking e 37 deles publicam forecast em forma de gráficos, números ou
palavras. Destarte, quase 25% destes países publicam discussões regulares sobre erros
de previsões. Segundo o autor sobredito, estas práticas ajudam a explicar a evolução do
BCs com relação ao cumprimento de suas metas. Em 1990, 90% dos países estudados
por Fry et alii (2000) erraram a meta de inflação em mais de 6 pontos percentuais e, no
entanto, em 1997, houve uma redução significativa neste percentual de erro. Isto mostra
que a transparência do BC fez com que os desvios relativos ao cumprimento da meta
não produzissem perda de credibilidade do BC e de capacidade da política monetária
em influenciar os resultados relativos à inflação.
Em conjunto com a utilização do regime de metas explícitas, surgem algumas
questões e alguns dilemas a serem resolvidos pelo BC. Questiona-se como o BC deve
reagir aos choques de oferta e, neste caso, as fontes do choque e o tamanho do desvio da
meta de inflação determinam as ações do BC. Além disso, os agentes econômicos
necessitam entender porque o BC opta em fazer uma política monetária restritiva em
períodos de queda da inflação. Ameaças relativas ao cumprimento das metas de longo
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prazo justificam esta estratégia e a transparência do BC deve esclarecer que tais atitudes
estão de acordo com os objetivos de longo prazo do BC. Assim, é determinante que
estas ações sejam explicadas, uma vez que no regime de metas de inflação as
expectativas dos agentes econômicos devem convergir para a meta de inflação.
Uma outra questão que é colocada em pauta na prática dos BCs é a necessidade
de explicar os desvios relativos à meta de inflação, uma vez que, nem sempre, estes
desvios são fruto de uma política monetária inadequada. Muitas das vezes, a meta de
inflação do BC não é cumprida em decorrência da realização de eventos que o BC não
controla, por exemplo, choques de oferta relacionados aos preços administrados ou
choques relativos ao aumento de impostos indiretos. Desta forma, errar a meta de
inflação não significa, necessariamente, má condução da política monetária ou falta de
comprometimento do BC com as suas regras.
Destaca-se o pioneirismo do BC alemão com relação à transparência da
autoridade monetária. As metas explícitas da oferta de moeda e as explicações
sistemáticas das decisões de política monetária são bens complementares na gestão do
Bundesbank. Segundo Posen (2002), tais explicações têm como objetivo dar ao BC uma
‘flexibilidade disciplinada’, ou seja, a transparência do Bundesbank minimiza os custos
de uma ação discricionária (para suavizar choques). Neste caso, a transparência do BC é
utilizada como um guia para as expectativas dos agentes econômicos.
A transparência do BC chileno é destacada por Fry et alii (2000) como um dos
principais motivos pelo sucesso do plano de estabilização daquele país. De forma
contrária aos demais países que adotaram metas de câmbio na década dos anos 90, o
Chile utilizou um modelo que combinava metas de câmbio com metas de inflação. Isto
possibilitou uma transição menos traumática para o regime de câmbio flutuante, uma
vez que as metas de inflação foram utilizadas como âncora nominal e, portanto,
9
explicitavam as preferências do BC chileno. Desta forma, a existência de uma âncora
institucional, representada pelo regime de metas de inflação, é destacada pelo autor
supracitado como um dos principais determinantes do sucesso da política monetária do
Chile.
O arcabouço teórico revisitado sobre regras e discrição demanda que o BC
revele suas preferências com relação à inflação e ao produto. Além disso, a definição do
horizonte em que devem ser cumpridas as metas de inflação é outro requisito importante
para eliminar o viés inflacionário e a inconsistência temporal. Destarte, a publicação dos
erros e dos riscos de forecast dá maior qualidade às explicações sobre a postura
discricionária do BC. Neste contexto, o BC suíço adota uma meta multianual, que
mescla comprometimento de longo prazo com discrição (ações de curto prazo). Outra
forma de mesclar discrição com regras, é criar bandas simétricas com relação à meta
definida pelo BC. Alguns países como a Nova Zelândia utilizam este modelo e, além
disso, criam uma regra que relaciona o contrato de incentivo com o núcleo da inflação.
Neste caso, a literatura enfatiza o trade-off entre transparência e entendimento, uma vez
que a transparência do BC mostra o que pode ser controlado por ele, em detrimento de
uma maior opacidade quanto à âncora que deve ser utilizada pelos agentes econômicos
na formação de seus preços.
Vale ressaltar que a flexibilidade do BC, no curto prazo, é importante para o
regime de metas explícitas, no entanto, ela produz perda de credibilidade ser for
aplicada aos objetivos de longo prazo. A Austrália adota um modelo com objetivos de
longo prazo e usa as propriedades das previsões para ancorar as expectativas dos
agentes econômicos. Estas previsões são um benchmark, ou seja, servem de guia sobre
as intenções do BC (vide modelo mexicano) e, além disso, elas podem ser revistas com
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mais freqüência. A outra vantagem é que elas mostram, com qualidade, as incertezas do
BC quanto aos riscos e ilustram como a política monetária reage aos choques.
Um outro problema que existe na especificação da meta do BC é que ela conduz
a diferentes hiatos de transparência. Se a defasagem do mecanismo de transmissão da
política monetária for maior que o horizonte da meta, este hiato de transparência é
preenchido com a publicação de previsões para o público. No entanto, se a defasagem
na transmissão for menor do que o período relativo ao ano calendário, o instrumento de
política monetária não afeta o cumprimento da meta final.
Fry et alii (2000) destacam alguns fatos estilizados relativos à transparência do
BC. Neste contexto enfatiza-se a interdependência de algumas variáveis institucionais
relacionadas ao desenho do regime de metas de inflação. Destaca-se a importância da
accountability e da transparência do BC, no que diz respeito à sustentabilidade de sua
independência operacional. Accountability, por meio de contratos de incentivos, ajudam
a reduzir a sensação de inconsistência temporal do BC e, portanto, é um atributo que
complementa sua transparência.
Outro fator que influencia a efetividade da política monetária é o feedback que o
BC tem com relação às informações obtidas dos agentes econômicos. A autoridade
monetária tem mais facilidade de explicar os desvios da meta de inflação se houver
alguma informação sobre as expectativas dos agentes econômicos. Este ganho de
feedback do BC é destacado por Blinder (2000) e por Fry et alii (2000), que reforçam
este resultado ao mostrar a existência de uma alta correlação entre as expectativas de
inflação e a transparência do BC.
Vale ressaltar que no modelo de meta explícita de câmbio não é necessário que o
BC seja transparente e que ele tenha accountability. Neste caso, a transparência do BC é
interpretada como a capacidade dos agentes econômicos em testar a credibilidade do BC
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e, desta forma, a credibilidade do BC é testada de forma contínua. No regime de metas
de inflação não se pode testar, de forma instantânea, a credibilidade do BC, uma vez que
existe uma defasagem entre a ação da autoridade monetária e seus efeitos na inflação.
Portanto, neste regime é imprescindível que o BC seja transparente, dado vez que as
expectativas dos agentes econômicos têm que estar ancoradas com a meta do BC.
Alguns autores como Siklos (2000), Muller e Zelmer (1999), Chadha e Nolan
(2001), Geraats (2002), Chortareas, Stasavage e Sterne (2001), e Gurkaynak, Sack e
Swanson (2005) estudam, de forma empírica, os efeitos da transparência do BC nas
variáveis macroeconômicas e destacam os benefícios desta transparência para a
economia.
Siklos (2000) mostra que períodos de maior transparência estão relacionados
com períodos de curtose mais elevada e, portanto, com maior conteúdo informacional.
Muller e Zelmer (1999), enfatizam que o spread da taxa de juros (na economia
canadense) reage, de forma significativa, às decisões de política monetária anunciadas
pelo BC canadense. Destarte, Clare e Courtenay (2001)
destacam que os mercados
financeiros ficaram mais eficientes após a introdução da independência operacional do
BC do Reino Unido. Neste caso, os agentes econômicos reagiram, de forma mais
intensa, nos 5 primeiros minutos após o anúncio da meta de juros (aumenta a eficiência
e reduz a possibilidade de arbitragem). Além disso, o efeito total sobre as variáveis
macroeconômicas é menor do que nos períodos em que o BC não era transparente, ou
seja, aumentou o poder do BC em ancorar as expectativas dos agentes econômicos.
Chortareas, Stasavage e Sterne (2001) também defendem a transparência do BC,
com destaque para a transparência relativa às publicações das previsões de inflação,
uma vez que a inflação é mais baixa em países que publicam tais informações.
Gurkaynak, Sack e Swanson (2005) mostram que os juros futuros são afetados por
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notícias relativas à meta de inflação e à meta da taxa básica de juros da economia. Neste
caso, os autores supracitados reforçam que as informações sobre a política monetária
afetam variáveis de longo prazo e, não apenas, variáveis de curto.
Os trabalhos teóricos sobre transparência do BC também mostram a sua
importância na condução da política monetária. Muitos destes trabalhos estudam os
impactos da publicação da meta de inflação, das explicações sobre as decisões de
política monetária e das informações sobre o futuro da economia.
Svensson (1999) utiliza um modelo em que o BC se compromete a minimizar
sua função de perda e constrói resultados teóricos sobre a influência do grau de
transparência do BC na efetividade da política monetária. O autor supracitado defende a
importância da transparência sobre a accountability e sobre a credibilidade do BC. A
transparência explicita a meta de emprego (que até então era informação privada do BC)
e impossibilita que o BC haja com oportunismo para conter choques idiossincráticos.
Esta contingência conduz o BC a ter uma postura mais responsável com relação ao
governo, ao público e ao legislativo. Dado que accountability é um dos pré-requisitos
para a existência de um BC crível, sua ausência contribui para o problema de
inconsistência temporal, uma vez que o público não acredita que a autoridade monetária
cumprirá as metas estabelecidas. Assim, em regimes de metas de inflação implícitas,
Svensson (2001) defende a publicação do erro de controle, uma vez que esta publicação
deixa explícita a preferência do BC (ex post). Nesse caso, a meta de inflação pode ser
obtida por meio de um resíduo, isto é, levando-se em consideração a inflação efetiva e o
erro de controle. Desta forma, a publicação do erro revela, para o público, as
preferências do BC.
Jensen (2000) enfatiza um outro efeito decorrente do anúncio da meta de
inflação: o aumento na sensibilidade da credibilidade do BC às suas ações. Neste caso, o
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anúncio atua como um mecanismo de comprometimento da autoridade monetária. O
autor sobredito alerta que uma maior transparência só é indicada quando existe
informação privada, caso contrário, o BC não aumenta sua credibilidade e, além disso,
fica restrito para reagir a choques. Se o público estiver restrito ao mesmo conjunto de
informações do BC, não haverá qualquer benefício, uma vez que não existirá qualquer
tipo de revelação que elimine uma possível assimetria de informações. Ao contrário, o
BC terá que incorrer a custos desnecessários de revelação: custos operacionais e custos
de flexibilidade, uma vez que ele se auto-restringirá no processo de reação de choques
adversos.
Morris e Shin (2000) também defendem que a publicação das informações do
BC é um fator determinante para o controle das expectativas de inflação. Os autores
supracitados alertam para o fato de que estas expectativas têm uma alta sensibilidade à
transparência do BC e, portanto, discussões equivocadas sobre erros passados produzem
ruídos que causam incertezas para os agentes econômicos. Desta forma, os efeitos
benéficos da publicação da meta de inflação e das explicações do BC têm efeito
contrário se as informações não tiverem qualidade.
Alguns autores defendem a publicação das metas de inflação e seu cumprimento
estrito como política de construção da reputação e da credibilidade do BC. Athey,
Atkeson e Kehoe (2001), Herrendorf (1999), Brunilla e Lahdenperã (1995) destacam
que a política ótima do BC é cumprir a meta de inflação e, além disso, Svensson (2001)
afirma que tal cumprimento é a principal ferramenta para influenciar as expectativas de
inflação. O autor enfatiza que, neste caso, as ações do BC são negligenciáveis para a
construção da credibilidade do BC.
A importância do desenho institucional e dos modelos de delegação de política
monetária são destacados por Eijffinger e Geraats (2002). Estes autores utilizam
14
modelos similares ao modelo de Lohmann (1992) para estudar o efeito da transparência
do BC na economia. Geraats (2003) afirma que os benefícios da transparência só se
concretizam no caso de o BC ter independência operacional, caso contrário, pressões
políticas para a expansão do produto distorcem as ações do BC. Eijffinger
e Hoeberichts
(2000) destacam o trade-off entre accountability (construída por meio da transparência
do BC) e estabilização. Neste caso, a transparência total reduz as expectativas de
inflação e, no entanto, diminui a flexibilidade para estabilizar choques de oferta .
Walsh (2003) elimina o trade-off entre estabilização e flexibilidade ao introduzir
no contrato de incentivo uma parcela que pune o BC, caso a meta de inflação seja
diferente da inflação efetiva. De acordo com esta interpretação, deve ser dado peso
infinito para o cumprimento da meta de inflação, uma vez que isto fará com que as
expectativas de inflação convirjam para a meta. Desta forma, publicações sobre
previsões da inflação ajudam os agentes econômicos ancorarem suas expectativas às
informações do BC e, além disso, suprem a ausência de informações para períodos
maiores do que o ano calendário. Assim, as defasagens do mecanismo de transmissão da
política monetária podem fazer com que os agentes econômicos não compreendam as
ações correntes do BC, caso eles não possuam informações sobre a visão de mundo do
mesmo.
Bernanke (2004b), Walsh (2001), e Woodford (2005), destacam a importância
das publicações de forecast do BC, uma vez que as decisões dos agentes econômicos
dependem das taxas de juros futuros da economia. Blinder (2000) também dá ênfase à
importância das regras de forecast, em detrimento de regras simples de feedback, uma
vez que estas possuem informações restritas sobre o estado futuro da economia.
Conforme destaca Bernanke (2004b), a qualidade destas informações forward-looking é
um pré-requisito para que a transparência do BC tenha o efeito desejado. Segundo
15
Winkler (2000) esta qualidade, denominada de claridade, é determinante para que o BC
construa o common knowledge e faça com que as expectativas de inflação convirjam
para a meta.
Vale ressaltar que alguns autores como Geraats (2002) e Walsh (2001) enfatizam
a multi-dimensionalidade da transparência do BC. O fato de cada dimensão da
transparência ter um efeito diferente nos resultados da política monetária justifica um
tratamento diferenciado para cada um deles. O trabalho de Geraats (2002) faz esta
diferenciação subdividindo transparência em: transparência política, transparência
econômica, transparência de procedimento, transparência da política monetária e
transparência operacional.
A autora sobredita define transparência política como a capacidade do BC em
revelar os objetivos da política monetária e criar arranjos institucionais que justifiquem
as ações dos gestores. Metas para inflação, independência do BC e contratos formais
são alguns dos exemplos deste tipo de transparência.
Um outro tipo é a transparência econômica, que diz respeito à definição (clara)
sobre qual modelo econômico está pautada a estratégia de política das autoridades
monetárias. Além disso, é enfatizada a publicação sistemática de dados econômicos e de
previsões sobre choques de oferta.
A transparência procedimental especifica a responsabilidade de deliberação e as
estratégias da política monetária e a transparência da política monetária, que aborda as
tendências da política monetária, comunica as decisões correntes e indica as ações
futuras do BC.
Uma última forma de transparência é a transparência operacional, que trata da
implementação das ações da política monetária. Neste caso, são consideradas as
discussões sobre erros de controle e distúrbios de transmissão.
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Walsh (2001) se limita a destacar as dimensões política, econômica e das
decisões de política monetária. Nesse caso, é dada ênfase à importância das diferentes
dimensões da transparência do BC e à utilização das regras forward-looking para o BC
ancorar as expectativas do público à sua meta de inflação. Desta forma, a maioria dos
trabalhos teóricos e empíricos defende que a transparência do BC tem efeitos benéficos
sobre as principais variáveis macroeconômicas, em particular, as expectativas de
inflação e as taxas de juros futuros. Neste contexto, metas explícitas têm a propriedade
de revelar as preferências do BC e contratos de incentivo reforçam a convergência da
inflação para sua meta.
Os modelos híbridos, que combinam regras com discrição, utilizam a
transparência do BC para explicar como as ações de curto prazo estão relacionadas com
os objetivos de longo prazo (controle da inflação e de suas expectativas). Ademais, estes
trabalhos destacam que a comunicação do BC é um fator determinante para a
efetividade da política monetária.
2- A importância para o caso brasileiro
A utilização da transparência do BC na condução da política monetária brasileira
está, intimamente, relacionada com a adoção do regime de metas de inflação (em
meados de 1999), apesar do modelo de âncora cambial ter inaugurado o regime de
metas explícitas no Brasil. Isto ocorreu em meados da década dos 90, com a
implementação do Plano Real, que criou uma meta explícita para a taxa de câmbio
(monitorada de forma contínua pelos agentes econômicos). Neste caso, o mercado
testava, de forma instantânea, se o BC estava cumprindo sua meta de câmbio. Além
disso, passaram a ser realizadas reuniões do Comitê de Política Monetária (COPOM)
17
em que eram discutidas ações de política monetária, as quais eram publicadas em ata.
Apesar disso, o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso foi marcado por um
certo grau de opacidade (entre 1994 e 1999), até a adoção do regime de metas de
inflação.
O Banco Central do Brasil (BCB) preenchia apenas as exigências obtidas na lei
4595, as quais tinham um caráter muito abrangente. A lei de número 4595, de
31/12/1964, define múltiplos objetivos a serem alcançados pelo Conselho Monetário
Nacional, dentre eles, o combate a surtos inflacionários ou deflacionários, a recessões e
a desequilíbrios conjunturais. Este tipo de informação causa dúvidas sobre a prioridade
da política monetária, problema similar àquele que define a função da política monetária
na economia norte-americana.
Em junho de 1999, foi implantado um novo regime, o regime de metas de
inflação. Este modelo de gestão da política monetária não se restringiu em publicar uma
meta de inflação, uma vez que passou a publicar um relatório de inflação e uma ata que
explicava as decisões sobre o novo instrumento de política monetária: a taxa de juros
SELIC.
Com a implementação do regime de metas de inflação o presidente da República
baixou o decreto número 3088, de 21/06/1999, que exige explicações do BCB de como
é definida a meta de inflação e a banda ótima (quantificação). Além disso, ele dá
autonomia para o BCB na fixação da meta de instrumento (SELIC), que deverá ser
utilizada para fazer com que a meta final (de inflação) seja cumprida. Este decreto
define um ranking de prioridades e torna obrigatória a divulgação de um relatório (até o
último dia do trimestre) que explique a performance do regime de metas de inflação, o
relatório de inflação (RI). Destarte, consta no decreto a exigência quanto à discussão de
políticas passadas e seus resultados, assim como a publicação de forecasts do BCB.
18
Caso a meta de inflação não seja cumprida, o Presidente do BCB terá que explicar as
causas do insucesso para o Ministro da Fazenda (em carta aberta). Um forte aliado do
decreto 3088 é a circular número 3010, de 17/10/2000, que dá limites quanto à
periodicidade da publicação das atas do COPOM. Neste caso, o BCB deverá publicar as
atas seis dias úteis após o encontro do comitê.
3- Contribuição à literatura
Portanto, o objeto de estudo deste trabalho é analisar os efeitos das diversas
dimensões da transparência do BC na inflação, no hiato do produto e na taxa de juros
nominal. Além disso, a política monetária altera o poder de compra das famílias, por
meio do imposto inflacionário, e influencia a capacidade destas famílias suavizarem
consumo (uma vez que ela afeta o mercado de crédito via taxa de juros). Assim, estuda-
se, também, a importância da transparência do BC na redução da desigualdade de renda
da economia e, como conseqüência, no seu nível de pobreza.
Considerando o referencial teórico e o objeto de estudo supracitado, o objetivo
deste trabalho é avaliar os efeitos benéficos das diversas dimensões da transparência do
BC na inflação, no hiato do produto e na taxa de juros nominal de curto prazo. Para isto
são elaborados modelos teóricos sobre as diferentes dimensões da transparência do BC,
cujos resultados são testados em uma análise cross section de Mínimos Quadrados
Ordinários (MQO). Destarte, este tipo de análise é utilizado para mensurar os efeitos da
transparência do BC sobre a desigualdade de renda e sobre a pobreza de uma economia.
Vale ressaltar que, neste capítulo, foi desenvolvido um modelo teórico que relaciona os
efeitos da transparência do BC sobre a inflação, sobre a taxa de juros real e sobre a
desigualdade de renda.
19
Em um capítulo empírico, estudam-se os impactos das ferramentas de
comunicação utilizadas pelo Banco Central do Brasil (BCB) no regime de metas de
inflação. As principais fontes de informações do BCB, estudadas neste trabalho, são os
anúncios da meta SELIC, as publicações dos relatórios de inflação e as publicações das
atas do COPOM. Desta forma, enfatiza-se as diferentes modalidades de comunicação do
BCB e seus impactos sobre as taxas de juros futuros da economia brasileira. Além disso,
são analisados os efeitos das publicações e dos anúncios do BCB sobre as expectativas
de inflação e sobre os spreads das taxa de juros.
No primeiro capítulo são obtidos resultados teóricos e empíricos sobre os
benefícios da transparência econômica do BC. Para tal, é elaborado um modelo teórico
em que o BC publica suas previsões sobre a inflação e é punido por um contrato de
incentivo caso a meta não seja atingida. Os resultados deste modelo mostram que as
publicações das previsões reduzem os efeitos de incerteza e de incentivo do BC. Em
outras palavras, o público fica ciente da visão de mundo da autoridade monetária (efeito
de incerteza) e, além disso, esta transparência aumenta a sensibilidade da perda do BC
em relação ao descumprimento da meta de inflação (efeito de incentivo). Vale ressaltar
que os resultados empíricos decorrentes de uma análise de Mínimos Quadrados
Ordinários (MQO) reforçam os resultados do modelo teórico, uma vez que o coeficiente
da transparência econômica tem uma relação inversa com a taxa nominal de juros.
Portanto, economias com BCs mais transparentes possuem taxas de juros menos
elevadas.
No capítulo 2 estudou-se como a revelação das preferências do BC afeta as
variáveis macroeconômicas. Concluiu-se que esta dimensão da transparência,
denominada transparência política, traz benefícios para economia, dado que ela reduz o
viés infalcionário relativo aos choques políticos para expansão do produto. (este
20
resultado é reforçado pela aplicação de uma punição sobre o BC). Apesar disso, em
países muito sujeitos aos choques de oferta, transparência política é contra-indicada.
Neste caso, Walsh (1995) enfatiza a má especificação do contrato de incentivo que pune
o BC por desvios da meta socialmente ótima (igual a zero). Isto mostra que
transparência política, com um contrato de incentivo sem qualidade, distorce os
benefícios relativos à publicação das preferências do BC.
No capítulo relativo à transparência das decisões de política monetária, capítulo
3, foram estudados dois modelos, em duas seções diferentes. O primeiro modelo leva
em consideração que público forma suas expectativas com relação uma função de
reação do BC. No entanto, esta regra não incorpora todas as informações relativas às
condições econômicas vigentes. Uma vez que o BC tem vantagem informacional com
relação ao setor privado, a publicação parcial destas informações traz à tona a questão
da opacidade relativa às decisões de política monetária. O desenvolvimento do modelo
teórico e os resultados empíricos da estimação de MQO mostram que é benéfico para a
economia ter um BC que explique suas decisões de política monetária.
A outra seção do capítulo 3 mostra que a transparência relativa aos choques
relativos na velocidade de circulação da moeda são determinantes para os resultados da
política monetária. Neste caso, a expectativa do BC sobre estes choques não é revelada
por completo, o que produz um hiato de transparência nas decisões de política
monetária (uma vez que estes choques determinam as ações do BC). Assim, uma maior
qualidade relativa a estas informações faz com os agentes econômicos tomem suas
atitudes de acordo com as regras definidas pelo BC. Quanto maior a diferença entre as
previsões do BC e a expectativa do público com relação aos choques na velocidade de
circulação da moeda, menor será a capacidade da autoridade monetária em guiar as
expectativas de inflação.
21
O capítulo 4 trata dos efeitos conjuntos das diferentes dimensões da
transparência do BC. O resultado que se destaca é aquele que mostra os efeitos danosos
da opacidade política sobre a transparência econômica do BC. Desta forma, é
importante que o público conheça as preferências do BC para que ele possa ser guiado
pelas publicações da autoridade monetária sobre o futuro da economia. Os resultados
empíricos da estimação de MQO mostram que a transparência total do BC tem a
propriedade de reduzir o nível das taxas de juros e, portanto, tem um efeito (líquido)
benéfico para a gestão da política monetária.
No capítulo 5 analisou-se a importância da transparência do BC sobre o nível de
desigualdade de renda e, pela decomposição de Ravallion (19992), sobre o nível de
pobreza de uma economia. Uma vez que a transparência do BC afeta a inflação, o
produto e a taxa de juros, ela influencia, de forma indireta, o nível de pobreza desta
economia. Isto acontece porque estas variáveis econômicas são determinantes da
desigualdade de renda e do número de pessoas que vivem abaixo da linha da pobreza.
Estes resultados encontrados no modelo são reforçados pela estimação de MQO, que
mostra um impacto significativo da transparência econômica do BC sobre o índice de
Theil (proxy da desigualdade de renda).
No capitulo 6 faz-se um estudo empírico sobre os efeitos da transparência do
BCB na economia brasileira. Os resultados mostram que em períodos de opacidade
política (meados de 2002 a meados de 2003) os agentes econômicos possuem baixo
conteúdo informativo, enquanto que em períodos de transparência total o público utiliza
o BCB como guia para tomar suas decisões sobre o futuro. Isto reforça os resultados
obtidos no capítulo 4 que trata da transparência total do BC. Destarte, é analisado, em
forma de gráfico, o impacto de cada publicação do BC sobre a volatilidade das taxas de
juros futuros e das expectativas de inflação na economia brasileira. Os resultados
22
indicam que estas variáveis são sensíveis à comunicação do BCB, o que demonstra a
importância da mesma na condução da política monetária brasileira.
Ainda no capítulo 6, estuda-se a mudança da linguagem utilizada pelo COPOM
na elaboração das atas. Neste caso, o comitê utiliza palavras que indicam os
movimentos futuros das taxas de juros, medida similar àquela adotada pelo Federal
Reserve (FED). Neste contexto, observou-se que as trajetórias das taxas de juros futuros
se baseiam nas informações das atas do COPOM, uma vez que elas indicam a duration
da taxa SELIC. Assim, explicações sobre decisões de política monetária e sobre a
intensidade destas decisões afetam o mercado de juros futuros e, por conseqüência, a
tomada de decisões dos agentes econômicos brasileiros.
Na última seção do capitulo 6, fez-se estimações multivariadas sobre os efeitos
da transparência do BCB sobre o spread da taxa de juros (diferença entre a taxa de juros
futuros de 3 meses e a taxa de juros do overnight). Os resultados mostraram que este
spread é sensível às informações publicadas pelo BCB no período entre 06/01/2003 e
13/03/2006. As reações desta variável às publicações dos RI (diferença entre a previsão
da inflação e a sua meta para o ano corrente) foram significativas. Além disso, o
mercado reagiu, de forma intensa, às publicações das atas do COPOM e às decisões
relativas à meta SELIC. Portanto, no Brasil, períodos com maior transparência do BC
implicam prêmios de risco menos elevados, o que indica uma redução na incerteza
quanto às decisões futuras do BCB.
23
CAPÍTULO 1
Transparência econômica do BC
O objetivo deste capítulo é construir uma base teórica que possibilite analisar o
impacto da transparência das autoridades monetárias na efetividade da política
monetária. Será dada ênfase ao efeito da transparência econômica na taxa de juros da
economia, analisando se países com BCs mais transparentes implicam taxas de juros
nominais mais baixas. Além disso, é destacado o impacto da transparência na
credibilidade das autoridades monetárias, na inflação média, e no hiato do produto.
No modelo desenvolvido nesta seção, a economia privada é representada por
uma curva de Phillips aumentada (novo-keynesiana), em que a dependência da inflação
corrente à inflação esperada do período seguinte se dá pelo fato da economia ser
composta por dois tipos de agentes (firmas), um com preços rígidos e outro com preços
flexíveis. Woodford (2003) justifica a dependência da inflação corrente à esperança da
inflação futura, apresentando como principal argumento a impossibilidade da firma em
reajustar seus preços durante certo período. Isto faz com que ela decida reajustá-los de
forma antecipada. Além disso, a existência de complementaridade estratégica reforça a
existência da rigidez nos preços, já que as firmas com preços flexíveis ajustam pouco
seus preços, temerosas em perder todo o mercado para as firmas que possuem preços
rígidos. No período seguinte, as firmas que possuem preços rígidos podem reajustar
seus preços e o contrário acontece com as firmas de preços flexíveis, que ficam
impossibilitadas de reajustá-los. Novamente, as firmas, passíveis de reajuste sobem
pouco os preços para não perder mercado e, assim, o produto da economia converge
para o nível de equilíbrio, de forma mais lenta.
24
A equação (1.1) representa a curva de Phillips novo-keynesiana, sendo
π
t
a taxa
de inflação; x
t
o hiato do produto (produto efetivo menos produto potencial); δ>0 a
sensibilidade da inflação a este hiato; e
t
o choque de inflação.
(
)
1.1
1tt t
t
t
x
e
E
π
δβπ
+
=+ +
A equação acima representa uma restrição ao modelo e explicita o trade-off entre
a inflação e o hiato do produto, reforçando o fato do regime de metas para inflação
embutir tais restrições.
Para entender o objetivo da política é necessário distinguir as funções objetivos
do principal (público ou governo) e do agente (BC). O público é ativo no estágio do
desenho institucional, ou seja, deve decidir sobre a definição da meta (π
T
) e da
penalidade pelo não cumprimento da mesma (tal como em um modelo de delegação).
Assim, a política atual deve refletir, na média, as preferências dos eleitores.
A função de perda social esperada (função objetivo do público) segue a forma
padrão da literatura, representada pela equação (1.2) e tem um componente que pondera
o objetivo relativo ao produto (λ >0); e β a taxa de desconto intertemporal (0<β<1). O
número de períodos em que a função de perda é avaliada é representada por n.
22
0
1
2
n
tn tn
n
Lx
t
E
λπ
β
++
=
⎡⎤
=+
⎣⎦
(
)
1.2
Dado que, na prática, os BCs sofrem pressões políticas para expansão do
produto, é incorporado na função de perda da autoridade monetária um componente que
25
capture este movimento. Estes choques políticos (u
t
) são observados por meio de
flutuações aleatórias na meta do produto da autoridade monetária e podem ser
interpretados como o viés inflacionário estudado por Barro e Gordon (1983). Tais
choques proporcionam ganhos para o BC, uma vez que ele reforça sua aliança com
grupos econômicos muito poderosos, o que por sua vez, aumenta a possibilidade de
manutenção do presidente do BC no comando da instituição. É neste contexto que o
modelo traz à tona um contrato entre o BC e o legislativo, tratando da punição de seu
presidente em caso de descumprimento do acordo. Este é o contrato de incentivo, que
prevê a punição (τ) para os desvios em relação à meta de inflação. Desta forma, o BC
tem como objetivo atingir tal meta de inflação e o peso dado à sua realização é
representado por τ.
Incluindo as distorções supracitadas no modelo, a função de perda do BC (L
cb
) é
dada por:
()
()
2
2
2
0
1
2
n
cb T
tn tn tn tn tn
n
cb
Lxu
t
E
λπτπ
β
++ + + +
=
π
=−++
(
)
1.3
Onde:
β
= taxa de desconto intertemporal;
λ
= preferência relativa do BC com relação ao hiato do produto e a inflação;
τ
= punição ao BC pelo não cumprimento da meta ou sensibilidade da credibilidade do BC ao
não cumprimento da meta;
t
u = choque político para o BC expandir o produto;
T
= meta de inflação;
26
t
x
= hiato do produto; e
t
π
= inflação.
Neste modelo pode haver disparidade entre o conjunto de informações do BC e
aquele observado pelo público. A previsão da autoridade monetária relativa ao choque
de inflação
()
cb
t
cb
t
t
E
ee
=
pode ou não ser observado pelo público, dependendo do grau
de transparência econômica da autoridade monetária. Vale enfatizar a incapacidade do
público na verificação do choque
u
t
, apesar do BC observar tal informação. É
importante ressaltar que, neste modelo, é o público quem define a meta de inflação, por
meio do legislativo. Como os choques políticos não podem ser observados pelo público,
a definição da meta de inflação independe da realização destes choques (
u
t
).
É importante ressaltar que pressões políticas para expansão do nível de atividade
não influenciam o peso relativo dado à estabilização do produto
versus estabilização da
inflação (
λ), portanto tais pressões não mudam as preferências do BC. Como dito
anteriormente, tais preferências estão restritas ao contrato de incentivo desenhado pelo
público, por meio do legislativo.
1.1 Um modelo teórico sobre a transparência econômica
Muitos autores têm enfatizado a importância da transparência econômica na
condução da política monetária. Geraats (2002) defende a adoção deste tipo de
transparência por parte do BC, uma vez que ela produz efeitos de incentivo, isto é, a
autoridade monetária fica mais propensa ao cumprimento da meta de inflação.
Chortareas, Stasavage e Sterne (2001) defendem a adoção da transparência econômica,
27
porque ela reduz a inflação e torna a credibilidade do BC mais sensível às suas ações
(maior poder de incentivo). Clare e Courtenay (2001) também são a favor de um BC
que publique suas previsões sobre os choques de oferta, dado que os mercados
financeiros se utilizam destes dados, incorporando-os nos preços dos ativos. Em suma,
de acordo com a visão dos autores sobreditos, há duas vantagens principais oriundas da
transparência econômica: i) os mercados reagem com maior velocidade aos anúncios
sobre a taxa de juros; ii) o tamanho final desta reação é menor em ambientes mais
transparentes. Fry
et alii (2000) dá ênfase às publicações das previsões sobre choques
de oferta, uma vez que elas são usadas como âncora nominal para guiar as expectativas
de inflação dos agentes econômicos (em um período que excede aquele preenchido pela
meta de inflação).
Walsh (2003) pesquisa o
trade-off entre accountability e estabilização,
utilizando um modelo em que a economia é atingida por choques políticos e por
choques de oferta. O desafio é encontrar a punição ótima sobre o BC, que faça com que
a inflação esperada pelo público convirja para a meta de inflação. O autor supracitado
afirma que este
trade-off é resolvido, quando o BC publica suas previsões sobre os
choques de oferta. Desta forma, transparência econômica resolve o problema da
inconsistência temporal e produz um alto poder de incentivo no contrato entre o BC e o
público.
Transparência econômica tem um papel importante na condução das
expectativas de inflação, uma vez que a principal âncora nominal deste modelo, a meta
explícita de inflação, tem sua eficácia limitada ao período de cumprimento da meta. Por
exemplo, no Reino Unido (UK), a meta estabelecida deverá ser cumprida em um
intervalo de um ano, no entanto, as defasagens no mecanismo de transmissão da política
monetária superam este período. Segundo Fry
et alii (2000), no UK, os efeitos das taxas
28
de juros nas variáveis macroeconômicas demoram dezoito meses para se efetivarem
(por completo). Desta forma, a economia fica sem uma âncora nominal em um
horizonte superior a um ano. A publicação das previsões para este período adicional, os
seis meses restantes, tem como objetivo preencher a lacuna deixada pela diferença entre
o período de cumprimento da meta de inflação e o período necessário para que o
mecanismo de transmissão se complete. Assim, a transparência econômica (publicação
das previsões) cria uma âncora nominal e exerce a função (que até o período de um ano
é da meta explícita de inflação) de guiar as expectativas de inflação dos agentes
econômicos.
Um BC constrói sua reputação ao longo de muitos anos de uma política
monetária crível e eficiente (Blinder, 2000), dado que existe uma defasagem de tempo
entre a ação do BC (anúncio da taxa de juros) e os resultados na economia. As rigidezes
nominais nos preços e nos salários, além de outros fatores, como complementaridade
estratégica, fazem com que o produto e o emprego sejam afetados alguns períodos
depois. É neste contexto que a transparência econômica entra como uma âncora para
guiar as expectativas e para mostrar que o BC está seguindo o caminho correto para
cumprir seu compromisso.
No modelo desta seção, transparência econômica é definida como a diferença
entre o que o público e o BC observam sobre os choques de oferta. Neste caso, supõe-se
que o BC não publicará, na íntegra, suas previsões sobre os choques de oferta, como
forma de manter algum grau de liberdade na gerência da política monetária. Em alguns
momentos é necessário que o BC gere políticas inesperadas, como resposta a episódios
indesejados (por exemplo, bolhas especulativas). Blinder (2000), assim como de De
Haan e Eijffinger (2000), defendem a manutenção destes graus de liberdade, pois dão
flexibilidade ao BC na condução da política monetária.
29
As equações referentes à curva de Phillips novo-keynesiana (1.1) e à função de
perda social (1.2) compõem a estrutura do modelo desta seção. Além disso, a equação
que representa a revelação do BC sobre os choques de oferta, equação 1.4, mostra que o
choque de oferta observado pelo público (
e
o
) é composto pela previsão que o BC tem
sobre os choques de oferta (
e
cb
), mais um erro (w
t
). O erro se deve ao fato de que o BC
não publica todas as informações que sabe sobre os choques. A diferença entre o choque
observado pelo público e aquele observado pelo BC é visto como uma medida de
transparência econômica. Quanto maior a disparidade entre o choque observado pelo
público e o choque observado pelo BC, menos transparente é autoridade monetária.
Logo,
()
1.4
cb
o
tt
ee w=+
t
A partir da equação da função de perda do BC (1.3) obtém-se a equação (1.5),
que é a função de perda do BC, no estado contingente. Neste caso, o BC publica apenas
parte de suas previsões sobre os choques de oferta e minimiza sua função de perda,
considerando que o público forma suas expectativas de inflação condicionadas a estas
previsões (
e
o
). Vale ressaltar que neste modelo a meta de inflação socialmente ótima é
zero e, portanto, qualquer que seja meta de inflação anunciada, ela é decorrente de
choques de oferta. Neste caso, o contrato de incentivo entre o BC e o público supõe que
a autoridade monetária controla uma parcela da inflação, porém não controla os choques
de oferta, o que implica a necessidade do BC zerar a parcela da inflação que está a seu
alcance. Desta forma, o termo relativo ao contrato do BC com o público mostra que
quanto maior o desvio da inflação em relação ao choque observado pelo público, maior
30
será a perda de reputação do BC (não se limita à perda monetária sofrida pelo
presidente).
1
Assim, a função de perda do BC é dada por:
()
()
2
2
2
0
1
2
n
o
tn tn tn tn tn
n
cb
Lxu
t
E
λπτπ
β
++ + ++
=
⎡⎤
=−++
⎢⎥
⎣⎦
(
)
1.5
e
Minimizando a função de perda do BC em relação ao hiato do produto, obtém-se
as seguintes expressões para inflação (
π
t
) e para este hiato (x
t
)
2
:
() () ()
22 2
11 1
t
snc cb
tt t
x
ue w
λ
δδτ
λδ τ λδ τ λδ τ
=− +
++ ++ ++
(
)
1.6
() () ()
22
222
1
11
snc cb
tt t
ue
λδ δ δ τ
π
λδ τ λδ τ λδ τ
⎛⎞
=+ +
⎜⎟
⎜⎟
++ ++ ++
⎝⎠
1
t
w
(
)
1.7
Uma característica deste modelo é que quanto maior a transparência econômica,
menor a inflação. Em outras palavras, quanto menor
w
t
(opacidade) menor é a taxa de
inflação. Isto vale também para o hiato do produto. Este resultado corrobora a
interpretação dada por Cukierman (1994) sobre a importância da emissão de sinais do
BC sobre suas ações futuras.
1
Nesta seção, u
t
representa o viés inflacionário, isto é, a reação do público às expectativas de um BC
discricionário.
2
As derivações das respectivas expressões são feitas no Apêndice 1.A.
31
Deve-se ressaltar que uma possível imprecisão nas previsões do BC não invalida
a estratégia da transparência, uma vez que um maior conjunto de informações reduz a
incerteza dos agentes econômicos. Destarte, um BC que publique suas estratégias,
condizentes com o cumprimento da meta de inflação, reduz as expectativas de inflação
e, pela Curva de Phillips novo-keynesiana (equação 1.1), diminui a inflação corrente.
Dado que a opacidade do BC tem a particularidade de persistir ao longo do
tempo, ou seja, a mentira de hoje depende da mentira de ontem, é admitido um processo
auto-regressivo que corresponde a:
1tt
ww
t
ρ
ζ
=+ (1.8)
Neste caso,
t
ζ
é um ruído branco com média zero e variância igual a
2
ζ
σ
. Além
disso,
ρ
é o coeficiente de persistência da opacidade e seus valores encontram-se no
intervalo entre zero e um.
Para obter o impacto da transparência econômica na taxa de juros é necessário
definir uma função IS intertemporal. Ela mostra a alocação ótima intertemporal do
consumo da família representativa que satisfaz a equação de Euler obtida por Woodford
(2003). Esta condição de otimalidade é resultado de um processo de maximização da
utilidade dos agentes econômicos e microfundamenta a construção da curva de Phillips
novo-keynesiana, assim como a elaboração da função de perda social.
3
Portanto a IS
intertemporal é representada pela equação 1.9, que relaciona a taxa de juros com a
expectativa de inflação futura.
3
Estas derivações foram feitas por Woodford (2003).
32
()
()
11
1
1
1
,
,
t
ct t
t
ctt t
i
uc
E
uc
ξ
β
ξπ
++
+
+=
(1.9)
Onde:
c
u
= utilidade marginal do consumo;
t
ξ
= choque de preferência no consumo;
t
c
= consumo no período corrente; e
t
i
= taxa de juros nominal de curto prazo.
Combinando as equações 1.8 e 1.9 com a equação da inflação (equação 1.7),
obtida do problema de otimização do BC, encontra-se:
() () ()
()
22
11
222
2
2
1
111
1
1
cb
tt t t t
t
iE u e
w
λδ δ δ τ
ψζ
λδ τ λδ τ λδ τ
ψρδ τ
λδ τ
++
⎧⎫
⎛⎞
⎪⎪
=++
⎜⎟
⎨⎬
⎜⎟
++ ++ ++
⎪⎪
⎝⎠
⎩⎭
++
1
+
+
(1.10)
A equação 1.10 mostra que quanto maior a opacidade do BC (
), no que diz
respeito às publicações das suas previsões sobre choques de oferta, maior é o nível da
taxa de juros. De forma contrária, quanto maior a transparência econômica do BC,
menor a taxa de juros nominal de curto prazo de uma economia.
t
w
4
4
Como enfatiza Blinder (2000), esta taxa de juros afeta as taxas de juros futuras de curto prazo, que por
sua vez afetam as taxas de juros de longo prazo. A taxa de câmbio também é afetada pelas mudanças na
taxa de juros nominal de curto prazo, pois existe uma sensibilidade da oferta de capitais autônomos à esta
33
Segundo Blinder (2000), uma vez que a transparência econômica reduz a
incerteza sobre as taxas de juros de médio e longo prazo, o BC consegue obter
informações mais acuradas sobre as conseqüências de sua política monetária. Esta
melhoria da qualidade de resposta ajuda o BC avaliar com maior exatidão os resultados
decorrentes de suas ações, assim como corrigir políticas, que porventura não estejam
surtindo os efeitos desejados.
Uma maior transparência sobre os choques de oferta e, portanto, sobre as metas
de inflação futuras, deixa mais evidente as políticas a serem adotadas pelo BC e,
portanto, fica mais claro o comportamento da taxas de juros. Esta maior previsibilidade
sobre as ações do BC induz a uma redução do prêmio de risco dos ativos financeiros e,
neste caso, a curva de juros (yield curve) passa a ter uma menor inclinação, uma vez que
as taxas de juros futuras incorporam um prêmio de risco menor.
Tanto na teoria clássica como na teoria keynesiana, taxas de juros reais de longo
prazo menores incentivam os investidores a realizarem seus projetos, uma vez que
aumenta a probabilidade da eficiência marginal do capital suplantar esta taxa. Estas
duas correntes teóricas dão ênfase a um outro determinante do investimento, a
expectativa quanto aos rendimentos. Segundo Goodfriend (1986) em economias com
um BC mais transparente reduz-se os custos relativos à coleta de informações e, desta
forma, aumenta-se os rendimentos dos projetos em questão.
Goodfriend (1986) dá ênfase à comunicação do BC, mostrando que os mercados
financeiros também são beneficiados com a estratégia da transparência econômica. Isto
é justificado pelo fato de que a disseminação das informações sobre as ações do BC
reduz a possibilidade de arbitragem, aumentando o nível de eficiência do mercado
taxa. Na verdade, as taxas de câmbio e de juros de longo prazo são variáveis que afetam o lado real da
economia e que determinam seu nível de atividade.
34
financeiro. A redução nesta assimetria de informações faz com que os preços dos ativos
repassem, de forma mais crível, seus verdadeiros valores.
Uma outra vantagem da transparência econômica se estende ao lado fiscal da
economia. De acordo com a literatura padrão sobre dívida pública, quanto menor este
prêmio de risco, maior a facilidade do Tesouro rolar sua dívida interna e, portanto,
menor a exigência de taxas de juros nominais de curto prazo mais elevadas.
Segundo Fry et alii (2000), a transparência econômica é uma forma alternativa
de compensar a ausência de credibilidade de alguns BCs, reduzindo as expectativas de
inflação e a perda social. A decisão do BC publicar suas previsões sobre choques de
inflação e, portanto, de preencher a lacuna relativa aos erros passados tem maior
impacto em países que têm pouca tradição de fazer políticas críveis. Uma vez que a
construção de uma reputação para o BC é fruto de sucessos sistemáticos da política
monetária e que, portanto, esta conquista não se dá no curto prazo, ser transparente é
importante para guiar as expectativas dos agentes. Desta forma, países com um BC
menos crível têm uma alta sensibilidade à transparência econômica da autoridade
monetária, conforme afirmam Chortareas, Stasavage e Sterne (2001). Por isso, a
qualidade da informação é determinante para o sucesso da política monetária e, segundo
Geraats (2002), é contra-indicado um BC que emite sinais com qualidade inferior
àquela encontrada nas informações do setor privado.
Utilizando as equações da inflação e do hiato do produto na função de perda
social, e minimizando em relação à punição para os desvios da inflação em relação à
meta (τ), encontra-se:
(
)
()
()
222 2
2
2242
1
cb
cb
u
e
w
e
λ
δλσ λδ δσ
τ
λδ σ δσ
+++
=
⎡⎤
+−
⎢⎥
⎣⎦
()
1.11
35
Da equação anterior, observa-se que quanto maior a dispersão no grau de
opacidade do BC (
2
w
σ
), menor o poder de incentivo do contrato (τ) para o
comprometimento com as metas.
Segundo Walsh (1995), o problema de inconsistência temporal é devido a
contratos sub-ótimos. Desta forma, quando
2
w
σ
é minimizada, isto implica que τ é
maximizado, pois há redução no viés inflacionário. Portanto, quanto maior a incerteza
relacionada à transparência do BC, maior será sua perda de reputação. Por sua vez,
quanto menor a reputação do BC, menor será a sua capacidade de eliminar o viés
inflacionário (u
t
), como mostra a equação da inflação ótima (vide equação 1.6). Assim,
países que utilizam transparência como uma âncora para a credibilidade, não podem ter
uma alta variabilidade no erro de previsão do público quanto às informações publicadas
pelo BC (
2
w
σ
). Vale ressaltar que esta é uma restrição quanto à estratégia do BC ser
transparente na condução da política monetária.
Na prática, os BCs não publicam toda informação, pois isto dá um certo grau de
liberdade para reagir a distúrbios na economia. O problema com esse comportamento é
quanto desta transparência parcial é capaz de afetar a credibilidade do BC, uma vez que
a inflação não está sendo minimizada.
A equação (1.7) mostra que quanto menor a transparência maior a inflação,
trazendo à tona um trade-off entre o grau de flexibilidade do BC e a sua credibilidade.
Portanto, o BC deverá escolher o grau ótimo de transparência que seja compatível com
o seu comprometimento com relação à meta de inflação. No entanto, a equação (1.11)
mostra que a credibilidade do BC depende da variância do erro de previsão
(assegurando reputação ao BC). Quanto menor esta variância, mais crível é o BC,
mesmo que ele não publique todas informações que dispõe sobre os choques de oferta.
36
Um BC, parcialmente transparente, pode aceitar uma inflação maior, em detrimento de
um maior poder de reação a choques adversos, ou seja, em troca de maior flexibilidade
para acomodar estes choques.
A equação da punição sobre o BC (τ) mostra que o ótimo, para que a autoridade
monetária não perca reputação, é minimizar a variância da opacidade. Isto é diferente de
eliminar a opacidade ou de publicar, na íntegra, as previsões de choque (transparência
completa). Portanto, é possível uma solução intermediária, isto é, conviver com certa
opacidade e com um BC que tenha reputação.
Dois resultados podem ser obtidos a partir deste modelo. O primeiro é que a
inflação, o hiato do produto e a taxa de juros nominal podem ser menores se o BC for
mais transparente (vide equações 1.6 e 1.7). O segundo resultado é que quanto mais
volátil o erro de previsão do público (quanto às publicações do BC), maior é a perda de
reputação da autoridade monetária. Segundo Geraats (2002), o primeiro resultado está
relacionado ao efeito de incerteza, enquanto o segundo diz respeito ao efeito de
incentivo.
Pode-se observar que a opacidade diminui o bem-estar social, uma vez que ela
aumenta a inflação e o hiato do produto. Além disso,
2
w
σ
diminui a reputação e aumenta
a parcela relativa ao viés inflacionário, o que, por conseguinte, causa um problema de
inconsistência temporal.
Os resultados da equação 1.11 remetem às considerações de Blinder (2000)
sobre a questão da credibilidade do BC e destacam a importância das publicações das
previsões sobre a inflação. Tais publicações sobre as previsões da inflação são úteis no
sentido de que habilitam o púbico julgar se as ações (presentes) do BC são suficientes
para que a meta de inflação seja atingida. As defasagens no mecanismo de transmissão
impossibilitam que os agentes econômicos julguem a efetividade das ações do BC, caso
37
utilizem apenas as informações sobre as metas finais (inflação) do período corrente. O
sucesso do BC em atingir a meta de inflação corrente depende das decisões que ele
tomou em períodos passados. Portanto, para que o público compreenda as ações
correntes (e forme suas expectativas) do BC é necessário publicar os objetivos futuros e
as contingências (previsões de choques de oferta) relativas a estes objetivos.
Apesar disso, alguns autores argumentam que o BC perde flexibilidade ao
publicar suas previsões. A causa disso é que o BC não pode modificar sua política
anunciada, caso ocorram eventos que exijam uma mudança de postura. Existe uma
preocupação dos gestores do BC, no que diz respeito à adoção de políticas diferentes
daquelas já anunciadas. Este receio está relacionado a uma possível perda de
credibilidade da autoridade monetária, que fica impossibilitada de mudar sua estratégia,
mesmo que novos dados sejam adicionados no seu conjunto de informações. O que a
equação 1.11 informa é que mudanças sistemáticas na estratégia do BC (variância no
grau da opacidade) têm uma correlação positiva com a perda de credibilidade. Como
lembra Blinder (2000), mudanças esporádicas na estratégia ou na forma de sinalização
do BC não reduz sua credibilidade. No entanto, mudanças recorrentes na sinalização da
política monetária (
2
w
σ
) fragilizam a reputação do BC.
Para achar o nível ótimo de transparência, isto é, aquele que minimiza
2
w
σ
e que
maximiza a reputação, substitui-se a equação do peso dado ao cumprimento da meta (τ)
na função de perda do BC (equação 1.5), minimizando-a com relação à
2
w
σ
. Além disso,
utiliza-se a equação referente às previsões dos choques de oferta, que a autoridade
monetária informa ao público por meio de publicações (vide 1.4), e encontra-se :
38
(
)
1.12
2
cb
t
tt
we
π
=−
Desta forma, pode-se dizer que para o BC obter o nível ótimo de opacidade (
)
é necessário que ele publique metade da inflação ótima
t
w
2
t
π
⎛⎞
⎝⎠
, como sendo a previsão
sobre os choques agregados de oferta (e
o
). Este resultado mostra que não é ótimo o BC
publicar todas as informações que detém sobre as previsões. Como enfatiza Muller e
Zelmer (1999), publicar detalhes sobre futuros choques de oferta causa uma alta
variabilidade da taxa de juros nominal de curto prazo.
De Haan e Eijffinger (2000) defendem um BC que tenha estratégias previsíveis,
apesar de manter alguma opacidade quanto à tática a ser adotada. Blinder (2000) reforça
o argumento dos autores supracitados, defendendo que o BC deve ser transparente no
que diz respeito às suas metas intermediárias, isto é, ser claro quanto à estratégia
adotada. A opacidade tática diz respeito a uma postura paradoxal no mercado de
câmbio e no mercado secundário de títulos. Isto evita que especuladores se beneficiem,
desvalorizando a taxa de câmbio nas vésperas dos vencimentos de títulos cambiais. A
incapacidade do BC reagir a estes movimentos especulativos causa uma elevação na
dívida externa (ou interna) e, além disso, dificulta a rolagem desta dívida. Destarte, isto
gera uma expectativa de futuros insucessos na gestão da dívida pública, aumentando o
prêmio de risco destes ativos. Portanto, o BC pode reverter as expectativas dos agentes,
adotando políticas não antecipadas e sinalizando competência no gerenciamento das
dívidas externa e interna. Neste contexto, Blinder (2000) enfatiza a capacidade que o
BC deve ter para que ele não seja guiado pelo mercado financeiro. O autor sobredito
defende que é o BC quem deve guiar as expectativas dos agentes e não o contrário.
39
Além das restrições técnicas relativas à transparência completa do BC, encontra-
se, na maioria dos países, limitações legais. Neste caso, a autoridade monetária não
pode publicar todas as informações relativas a algumas instituições privadas e públicas,
uma vez que estas instituições possuem instrumentos constitucionais que garantem o
sigilo de seus dados. Esta impossibilidade de transparência econômica completa é
mostrada pela equação 1.12, que representa a manutenção de algum grau de opacidade
do BC.
1.2 Um exercício empírico sobre o efeito da transparência econômica na
taxa de juros básica da economia
Nesta subseção faz-se uma análise empírica relativa ao efeito da transparência
econômica na taxa de juros nominal de curto prazo da economia. Os dados relativos à
transparência econômica são estatísticas para o ano de 1998 e estão publicados em Fry
et alii (2000). Este índice de transparência avalia publicações relativas às variáveis
macroeconômicas, assim como as discussões sobre erros e riscos das previsões do BC.
A tabela 1.1 mostra a composição destes índices e seus respectivos pontos. As
diferentes pontuações revelam a importância dada pelos BCs às publicações relativas ao
futuro da economia
A série de dados relativa à taxa de inflação também é extraída de
Fry et alii (2000), sendo uma média entre os anos de 1997 e 1998. Esta base de dados
contém um índice (para o ano de 1998) que mensura a importância dada pelos BC à
análise das expectativas dos agentes econômicos. Conforme a versão aceleracionista da
curva de Phillips, esta variável é fundamental para que as autoridades monetárias
controlem a taxa de inflação. Os dados relativos à taxa de juros (interbancários) são
obtidos do FMI (International Financial Statistics) e são uma média entre os anos de
40
1997 e 1998. Além disso, Fry et alii (2000) publica uma série de dados que representa a
importância da análise das expectativas na consecução da política monetária. Esta
variável mostra a importância que cada BC dá às expectativas dos agentes econômicos.
A expectativa de inflação é um dos principais determinantes da estabilidade de preços e,
portanto, é de extrema relevância para os estudos de política monetária.
5
Tabela 1.1
Explicações das previsões e análises forward-looking
Questões Pontos
Análises forward-looking em
boletins
Publicado mais que uma vez por
ano
100
Publicado uma vez por ano
50
Periodicidade não definida
25
Não existe publicação
0
Tipo de publicação
Palavras, números e de gráficos
100
Números e de gráficos
50
Tipo indefinido
25
Não existe publicação
0
Riscos das previsões do BC
Palavras, números e de gráficos
100
Números e de gráficos
50
Tipo indefinido
25
Não existe publicação
0
Discussão de erros passados de
previsão
Publicação regular
100
Publicação irregular
50
Não existe publicação
0
O primeiro passo é fazer uma análise univariada, derivando as correlações entre
as seguintes variáveis:
taxa de juros, transparência econômica, inflação e análise de
expectativas. Os resultados da tabela 1.2 sugerem um efeito benéfico da transparência
5
Esta é a interpretação da versão aceleracionista da curva de Phillips.
41
econômica na taxa de juros, uma vez que a correlação entre estas variáveis é de -0,47. A
taxa de inflação também possui uma correlação negativa com a transparência
econômica (-0,42), mostrando a importância das publicações do BC sobre previsões de
choques de oferta, no que tange ao controle da estabilidade de preços.
A matriz de correlação supracitada apresenta um índice de correlação entre
transparência econômica e a importância dada à análise de expectativas de 0,38.
Portanto, países que se importam em analisar as expectativas dos agentes econômicos
têm a prática de publicar suas previsões sobre choques de oferta. Mesmo porque, estas
publicações são utilizadas como uma âncora nominal para guiar as expectativas dos
agentes quanto à inflação futura. Outro resultado que é condizente com a literatura
padrão é fato de a taxa de juros ter correlação negativa (-0,23) com o peso dado às
análises sobre expectativas. Neste caso, o processo de controle da inflação é mais
indolor quanto maior o peso dado à análise destas expectativas.
Tabela 1.2
Matriz de Correlação
Transparência econômica
Taxa de
juros
Transparência
Econômica Inflação Análise de expectativas
Taxa de juros
1,00 -0,47 0,66 -0,23
Transparência
Econômica
-0,47 1,00 -0,42 0,38
Inflação
0,66 -0,42 1,00 -0,11
Análise de expectativas
-0,23 0,38 -0,11 1,00
Outro resultado obtido a partir da tabela 1.2 é a correlação positiva (0,66) entre a
taxa de inflação e a taxa de juros nominal. Isto mostra que os juros básicos da economia
reagem de forma positiva para controlar a inflação, sugerindo uma função de reação em
que esta taxa de juros siga na mesma direção que a taxa de inflação.
42
Vale ressaltar que as correlações apresentadas na tabela 1.2 não confirmam uma
relação de causalidade entre as variáveis analisadas, sendo necessário a utilização de
uma outra metodologia. Assim, com objetivo de avaliar a importância da transparência
econômica para a definição da taxa de juros nominal de curto prazo é feita uma análise
multivariada. A metodologia aplicada para esta avaliação é a estimação de Mínimos
Quadrados Ordinários (MQO). Fazendo-se uso da técnica de corte transversal (cross-
section), são analisadas variáveis macroeconômicas de 45 países. Neste caso, é comum
que os dados utilizados apresentem o problema de heterocedasticidade produzindo
estimadores viesados. Desta forma, com o objetivo de garantir uma estimação confiável
utiliza-se o teste de White modificando os desvios padrões.
Conforme pode ser observado na tabela 1.3, as estatísticas-t das variáveis
inflação e transparência econômica revelam que os coeficientes dessas variáveis
possuem significância estatística na estimação da taxa de juros.
6
Ademais, a importância
conjunta dessas variáveis na estimação (medido pela estatística F), assim como, na
explicação da variação na taxa de juros (medido pelo coeficiente de determinação)
mostra-se significativa.
Tabela 1.3
Estimações MQO
Transparência econômica
Variáveis coeficiente desvio padrão estatística-t probabilidade
Constante
1,2781 0,237 5,382 0,0000
Inflação 0,4238 0,147 2,889 0,0061
Transparência econômica -0,5872 0,293 -2,002 0,0517
R
2
= 0,48 Estatística-F = 1,8656
Número de observações = 45 Prob(estatísitica-F) = 0,000002
Durbin Watson = 1,96
Nota: Estatísticas-t consideram o teste de heterocedasticidade de White (1980).
6
Foi aplicado logaritmo natural nas séries referentes à taxa de juros, à inflação e à transparência
econômica.
43
Observa-se que os resultados encontrados estão de acordo com o que foi
apresentado no modelo teórico. O coeficiente relativo à transparência econômica (-0,59)
mostra que quanto maior a sua magnitude, menor é o nível da taxa de juros nominal de
curto prazo de uma economia. Isto demonstra a importância da transparência econômica
como forma de compensar a ausência de credibilidade de alguns BC, apresentando-se
como uma sofisticação na tecnologia de condução das expectativas dos agentes
econômicos. Destarte,
este resultado ilustra o argumento de que um maior conjunto de
informações, a partir da transparência econômica do BC, implica uma redução do
prêmio de risco e, portanto, em uma diminuição da taxa de juros. Além disso, vale
ressaltar que o serviço da dívida interna se reduz e sua rolagem é facilitada.
Com relação ao efeito da taxa de inflação sobre a taxa de juros, observa-se que
ambas seguem na mesma direção (coeficiente igual a 0,43) e reforçam os resultados da
análise univarida (correlação de 0,66).
1.3 As perdas de capital e a taxa de juros
A discussão sobre a necessidade do BC publicar suas previsões sobre choques de
oferta e, desta forma, criar uma nova (adicional) âncora nominal, se estende a alguns
BCs. No BC do Canadá, Muller e Zelmer (1999) estudam o efeito da publicação do BC
sobre previsões de choques de oferta no mercado financeiro canadense. Os resultados
obtidos reforçam a importância destas publicações, no que diz respeito à redução das
incertezas para os investidores, uma vez que suas expectativas são formadas a partir de
um conjunto de informações mais amplo. Resultados empíricos mostram que a
transparência econômica ajuda os agentes a anteciparem as ações de política monetária,
o que evita possíveis perdas de capital.
44
Apesar disso, os autores supracitados concluem que a transparência econômica
deve ser limitada, ou seja, o detalhamento das projeções sobre os choques de oferta e
sobre a visão de mundo do BC é contra-indicado. Isto se justifica pelo fato de que ações
do BC, não antecipadas pelo público, podem ser úteis com relação à sua atuação no
mercado financeiro. A equação (1.9) está de acordo com o resultado encontrado por
Muller e Zelmer (1999), uma vez que ilustra a necessidade de certo grau de opacidade
na publicação (do BC) das previsões sobre os choques de oferta.
Blinder (2000) é outro defensor da importância da transparência do BC, no que
tange aos efeitos da política monetária sobre os mercados financeiros. De acordo com
esta visão, a incerteza em relação à trajetória das taxas de juros futuras pode produzir
perdas de capital. Essa idéia pode ser compreendida da seguinte forma: considere que o
investidor realize seu negócio, esperando que a taxa de juros futura seja menor que uma
dada taxa G (em t+1). Assim, possíveis desvios em relação a esta taxa esperada causam
ganhos ou perdas de capital. Se a taxa de juros efetiva ficar acima de G, em t+1, o
investidor terá perdas de capital, caso contrário, haverá ganho de capital.
Políticas menos transparentes dificultam os agentes econômicos anteciparem as
ações do BC e aumentam o risco nos investimentos. A viabilidade destes investimentos
está relacionada com a sua taxa interna de retorno, o que por sua vez, depende das taxas
futuras de juros que remuneram o capital do investidor. Erros nas projeções sobre taxas
futuras de juros fazem com que os dividendos dos investidores sejam descontados a
taxas de juros inesperadas. Se o investidor faz seu negócio e projeta uma taxa de juros
futura menor que a taxa de juros efetiva, seu dividendo, em valor presente, é menor do
que o esperado na data do investimento. Desta forma, o valor das ações do investidor é
reduzido com esta variação na taxa de juros, o que deprecia o valor do capital investido.
45
Caso o público entenda que o objetivo do BC é aproximar a taxa de juros
nominal de curto prazo à taxa neutra de juros, a diferença entre estas taxas pode ser
utilizada como um guia do investidor quanto às decisões do BC. Se a taxa de juros
nominal de curto prazo estiver acima da taxa neutra de juros, a tendência do BC é
reduzir a primeira, caso contrário, a taxa de juros nominal de curto prazo tende a subir.
Se o setor privado não observa esta diferença, de forma correta, ele fará previsões
erradas sobre estes ajustes. Como conseqüência, há uma maior incerteza quanto ao
retorno sobre os ativos financeiros, o que implica em mercados financeiros com prêmios
de risco mais elevados.
Para analisar o impacto da transparência do BC na volatilidade dos preços dos
ativos financeiros e do retorno destes ativos, necessita-se de uma forma algébrica que
relacione a taxa de juros nominal de curto prazo com a taxa de juros do estado
estacionário.
A regra de Taylor relaciona a taxa de juros nominal de curto prazo (i
t
) com a
taxa de juros real relativa ao estado estacionário (r) e, portanto, é utilizada, nesta seção,
para analisar o efeito da transparência do BC sobre o valor dos ativos financeiros. Além
disso, a i
t
depende do hiato do produto (x
t
) e do desvio da inflação efetiva com relação à
sua meta (
π
t
-
π
T
t
)
7
. Nesse sentido, a equação (1.13) ilustra esta regra de instrumento,
que será utilizada para endogeinizar a taxa de juros nominal no regime de metas para
inflação. Nesta função de reação explícita, denomina-se g a sensibilidade da taxa de
juros nominal ao hiato do produto (produto efetivo menos produto potencial) e h a
sensibilidade da taxa de juros nominal ao desvio da meta de inflação (
π
T
t
).
7
A forma original da regra de Taylor mostra que a taxa de juros nominal sobe meio por cento nos EUA, a
cada aumento de 1% na inflação, caso esta estivesse acima de 2%. Além disso, desvios negativos de 1%
do produto potencial ocasionam uma queda de 0,5% da taxa de juros nominal.
46
()
1.13
()
T
tttt
irgx h
π
ππ
=+ + +
A equação (1.13), que representa a regra de Taylor, combinada com a equação
do hiato do produto (1.6), resulta na equação referente à diferença entre a taxa de juros
nominal de curto prazo e a taxa de juros real relativa ao estado estacionário (equação
1.14).
() () ()
222
(1 )
111
cb
ttntntt
gg g
ir u e w h
λ
δδτ
π
λδ τ λδ τ λδ τ
++
−= + + +
++ ++ ++
()
1.14
A equação (1.14) mostra que a diferença entre a taxa de juros nominal de curto
prazo e a taxa natural de juros (taxa de juros real do estado estacionário) cresce com o
grau de opacidade do BC (
). Quanto mais transparente a autoridade monetária, mais
alinhadas estão as políticas de curto e de longo prazo. Se o BC guiar as expectativas do
setor privado, com opacidade, a capacidade de previsão dos agentes econômicos será
menor, o que reduz a efetividade da política monetária.
t
w
47
Apêndice 1.A
48
(
)
1.1
()
()
2
2
2
0
1
cb
cb
L
E
2
n
T
tn tn tn tn tn
n
xu
t
λπτππ
β
++ + + +
=
++=
Manipulando (3.2.5) e definindo e
o
como a previsão do choque que o BC publica
esolvendo a progressão geométrica de razão β tem-se:
para os agentes econômicos
obtém-se:
R
()
()
2
2
22
11
2
21
t
cb oo
tt t tt t
cb
Lxuee
t
E
λ π τπ τπ
β
=−+++
Ignorando os termos independentes de política, a função de perda é reescrita
como:
()
()
2
2
2
n
o
tn tn tn tn tn
cb
xue
t
λπτπ
β
++ + ++
⎡⎤
++
0
2
cb
n
L
E
=
=
⎢⎥
⎣⎦
t1tt t
t
x
e
E
π
δβπ
+
=+ +
(
)
1.4
22
0
1
2
n
tn tn
n
cb
Lx
t
E
λπ
β
++
=
⎡⎤
=+
⎣⎦
(
)
1.2
1
(
)
1.5
()
()
0
1
2
2
tn
cb
tn tn tn tntn tn
n
Lxu ee
t
E
λ π τπ τπ
β
+
++ + ++ +
=
(
)
1. .1A
(
)
1. .3A
(
)
1. .2A
(
)
1.3
2
2
22
n
oo
cb
=−+++
cb
o
t
e w=+
tt
e
()()
2
2
11
12
21
cb o
tt t tt
cb
Lxue
t
E
λτπτπ
β
=−++
Derivando a função de perda do BC (
L
cb
) com relação ao hiato do produto
obtém-se:
0
cb
t
L
x
=
()
(1 ) 0
cb
o
t
tt t t
tt
L
xu e
xx
π
λτπδ
⎡⎤
=−++−=
⎢⎥
∂∂
⎣⎦
τ
(
)
1. .4A
A parcela relativa a
t
t
x
π
diz respeito ao fato que a inflação depende do hiato do
produto e, desta forma, utiliza-se a regra da cadeia para obtenção desta derivada. Com
base na curva de Phillips novo-keynesiana (equação 1.1) sabe-se que
tn
tn
x
π
δ
+
+
=
e,
portanto, a condição de primeira ordem é representada por:
(
)
1. .5A
()
(1 ) 0
o
tt t t
xu e
λδτπδτ
⎡⎤
−++ =
⎣⎦
Para efeito de simplificação, resolve-se este problema de otimização seguindo o
mesmo pressuposto adotado por Walsh (2003), ou seja
,
1
0
t
t
E
π
+
=
. Substituindo (1.1) e
(1.4) na equação anterior (1.
A.5) encontra-se:
49
()()
(
)
()
()
()
()
() ()
2
2
22 2
10
11
11 1
t
cb cb
tt t t t t
cb
tt t t
snc cb
tt
xu x e e w
xu e w
t
x
ue
λ τ δ δ δτ δτ
τ δ λ λ τ δ δτ δτ
λδ δτ
λδ τ λδ τ λδ τ
⎡⎤
−++ + =
⎣⎦
++=+ +⎡⎤
⎣⎦
=− +
++ ++ ++
w
(
)
1.2.6
Substituindo a equação do hiato do produto, obtida acima, na Curva de Phillips
(equação 1.1) tem-se:
Observa-se que quanto maior a opacidade econômica (w
t
), maiores são x
t
e a
inflaçã
t
() () ()
22
222
1
11
snc cb
tt t
ue
λδ δ δ τ
π
λδ τ λδ τ λδ τ
⎛⎞
=+ +
⎜⎟
⎜⎟
++ ++ ++
⎝⎠
1
t
w
(
)
1.2.7
o. Em outras palavras, um BC com maior transparência econômica produz uma
taxa de inflação menor. A expressão da opacidade segue um processo AR (1), sendo
representada por:
(
)
1.8
(
)
1.9
1tt
ww
ρ
ζ
=+
efeito da transparência econômica na taxa de juros pode ser observado,
utilizan
O
do a equação da IS intertemporal (equação 1.9), obtida em Woodford (2003),
isto é,
()
()
11
1
1
,
,
t
ct t
t
ctt t
i
uc
E
uc
ξ
β
ξπ
++
+
+=
1
50
Manipulando a IS e substituindo as equações da inflação (1.6) e do hiato do
produto (1.7), encontra-se:
()
()
(
)
()
(
)
[
]
()
()
()
1
1
11
11
11
1
1
11
,
,
1
1
,
t
i
uc
ξ
+=
⎡⎤
,
,
1
,
,
1
,
ttctt
ctt t t
tc t t
tct t
ct t
t
tctt
ctt tt
t
tct t
Euc
uc E
Eu c
Euc
E
uc
uc E
i
Euc
πξ
ξπ
βξ
βξ
β
πξ
ξπ
βξ
+
+
++
++
++
+
+
++
⎡⎤
⎣⎦
= =
⎢⎥
⎣⎦
+=
⎡⎤
⎣⎦
()
()
() () ()
11
1
22
11
222
;
,
,
1
11
111
ctt
tct t
ttt
cb
tt t t t
Sendo
uc
Euc
iE
iE u e w
ξ
1
ψ
βξ
ψπ
λδ δ δ τ
ψ
λδ τ λδ τ λδ τ
++
+
++
=
⎡⎤
⎣⎦
+=
⎧⎫
⎛⎞
⎪⎪
+= + +
⎜⎟
⎨⎬
⎜⎟
++ ++ ++
⎪⎪
⎝⎠
⎩⎭
+
() () ()
22
11
222
11
111
cb
tt t t t
iE u e w
λδ δ δ τ
ψ
λδ τ λδ τ λδ τ
++
⎧⎫
⎛⎞
⎪⎪
=++
⎜⎟
⎨⎬
⎜⎟
++ ++ ++
⎪⎪
⎝⎠
⎩⎭
1
+
(1.A.6)
Neste caso, a taxa de juros é maior quanto maior for a expectativa de quanto o
BC irá mentir no futuro.
Adiantando 1 período na equação 1.8 , tem-se :
51
11ttt
ww
ρ
ζ
++
=+ e
Substituindo-a na equação 1.A.6, obtém-se:
() () ()
()
2
cb
λδ δ
⎛⎞
2
11 1
222
11
111
t t tt
iE u e w
δ τ
ψρζ
δ τ λδ τ λδ τ
++ +
=+++
⎜⎟
⎨⎬
⎜⎟
+ ++ ++
⎝⎠
tt
λ
+
() () ()
22
11
222
1
111
cb
tt t t t
iE u e
λδ δ δ τ
ψζ
λδ τ λδ τ λδ τ
++
⎧⎫
⎛⎞
⎪⎪
=++
⎜⎟
⎨⎬
⎜⎟
++ ++ ++
⎪⎪
⎝⎠
⎩⎭
1
+
+
()
2
2
1
1
t
w
ψρδ τ
λ
++
δ τ
(1.10)
Desta forma, observa-se que quanto maior a opacidade do BC, mais elevada é a
taxa de juros nominal.
a inflação (1.7) e do hiato do produto (1.6) na função de perda
social,
O próximo passo é encontrar o nível ótimo de reputação do BC. Para tanto,
utiliza-se as equações d
isto é,
() () ()
() () ()
2
22 2
0
2
22
222
1
2111
1
111
n
cb
tt t
n
cb
ttt
cb
Luew
t
uew
E
λδ δτ
λ
λδ τ λδ τ λδ τ
λδ δ δ τ
λδ τ λδ τ λδ τ
β
=
⎧⎫
⎪⎪
=−++
⎨⎬
++ ++ ++
⎪⎪
⎩⎭
⎧⎫
⎛⎞
⎪⎪
+− +
⎜⎟
⎨⎬
⎜⎟
++ ++ ++
⎪⎪
⎝⎠
⎩⎭
(
)
1. .7A
52
Dado que a variância de uma constante (c) vezes uma variável (z) é dada por
var cz
variância (
() () ()
2
2
E cz E cz=+
⎣⎦
e que as esperanças de e
cb
, de u
t
e de w
t
são nulas, a
(
)
var cz
) se reduz apenas à primeira parcela da equação.
() ()
2
2
var var
()
E
cz c z==
. Logo, a função de perda social pode ser reescrita com
cz
o:
anipulando a função de perda social forward-looking e sendo β a razão da
progres
erivando com relação a τ e igualando o resultado à zero, encontra-se:
M
são geométrica tem-se:
D
() () ()
() () ()
22 2
22 2
22 2
222
22
0
222
222
11 1
1
2
1
111
cb
cb
u w
e
n
n
u w
e
cb
L
t
E
λδ δτ
λσλσλσ
λδ τ λδ τ λδ τ
λδ δ δ τ
σσσ
λδ τ λδ τ λδ τ
β
=
⎧⎫
⎡⎤⎡⎤⎡⎤
⎪⎪
+++
⎢⎥⎢⎥⎢⎥
++ ++ ++
⎪⎪
⎪⎣
=
⎨⎬
⎡⎤ ⎡⎤
⎪⎪
+− +
⎢⎥ ⎢⎥
⎪⎪
++ ++ ++
⎪⎪
⎣⎦ ⎣⎦
⎩⎭
()
()
() ()
()
()
()
22 2
22 2242
22 2
2
2
2
2
11 1
11
21
1
1
cb
cb
u w
e
e
L
λδ τ
λ
δσλσλδδσ
λδ τ λδ τ λδ τ
β
δ
σ
λδ τ
⎡⎤⎡⎤ ⎡⎤
++++
⎢⎥⎢⎥ ⎢⎥
++ ++ ++
⎪⎣
=
⎡⎤
+−
⎢⎥
++
⎣⎦
0
L
τ
=
(
)
1. .8A
(
)
1. .9A
53
()
1
1
β
Fazendo as simplificações e multiplicando ambos os lados por
tem-se:
ultiplicando ambos lados por
()
()
()
()
()
()
()
()
()
()
()
2
22
2
2
2
22
3
224 2
3 2
2
2 2
24
2
2
2
2
1
1
1
11
22
21
1
11
21
1
1
cb
c
u
w
e
e
L
λλδ
λδ σ
λδ τ
λδ τ
λδ τ τδ
δτ
λσλδδ σ
τβ
λδ τ
λδ τ λδ τ
δδ
σ
λδ τ
λδ τ
⎡⎤
⎡⎤
⎢⎥
⎢⎥
+−
⎢⎥
⎡⎤
++
⎢⎥
⎡⎤
++
⎣⎦
⎣⎦
⎣⎦
⎣⎦
⎡⎤
⎡⎤
++
⎢⎥
⎢⎥
=+ ++
⎢⎥
∂−
⎡⎤
++
⎢⎥
⎡⎤ ⎡⎤
++ ++
⎣⎦
⎣⎦
⎣⎦ ⎣⎦
⎣⎦
⎡⎤
⎡⎤
⎢⎥
+−
⎢⎥
⎢⎥
++
⎡⎤
++
⎣⎦
⎣⎦
⎣⎦
2
0
b
=
()
()
() ()
()
()
()
()
()
()
23
222
λλδ δ
⎡⎤
⎡⎤
()
3
2
1
λ
δτ
⎡⎤
++
⎣⎦
M
obtém-se:
23
2
22
22
24
24 2 2
22
2
2
22
1
11
1
10
1
1
11
cb
cb
u
e
w
e
L
λδ σ λ σ
τ
λδ τ
λδ τ λδ τ
λδ τ τδ
τδδ
λδ δ σ σ
λδ τ
λδ τ
λδ τ λδ τ
⎢⎥
⎢⎥
=+ +−
⎢⎥
⎡⎤
++
⎢⎥
⎡⎤⎡⎤
++ ++
⎣⎦
⎣⎦
⎣⎦⎣⎦
⎣⎦
⎡⎤
⎡⎤
⎡⎤
++
⎢⎥
⎢⎥
++ + =
⎢⎥
⎢⎥
++
⎡⎤
++
⎢⎥
⎡⎤ ⎡⎤
++ ++
⎣⎦
⎣⎦
⎣⎦
⎣⎦ ⎣⎦
⎣⎦
() ( )
()
{
}
2222 3 2 2 4 2 2 2 2 2 4 6 2
10
cb cb
u w
e e
L
λ δ λ δ σ δ λσ λδ δ τ λ δ δ τ τδ σ λ δ τ δ δ σ
τ
⎡⎤
=− + + + + + + + + =
⎣⎦
()
()
() ()
()
()
()
()
() ()
23
222
23
2
22
22
46
24 2 2
223
2
222
1
11
1
0
1
111
cb
cb
u
e
w
e
L
λλδ δ
λδ σ λ σ
τ
λδ τ
λδ τ λδ τ
λδ τ τδ
τδδ
λδ δ σ σ
λδ τ
λδ τ λδ τ λδ τ
⎡⎤
⎡⎤
⎢⎥
⎢⎥
=+ +−
⎢⎥
⎡⎤
++
⎢⎥
⎡⎤⎡⎤
++ ++
⎣⎦
⎣⎦
⎣⎦⎣⎦
⎣⎦
⎡⎤
⎡⎤
++
⎢⎥
⎢⎥
++ + =
⎢⎥
⎡⎤
++
⎢⎥
⎡⎤⎡⎤⎡⎤
++ ++ ++
⎣⎦
⎣⎦
⎣⎦⎣⎦⎣⎦
⎣⎦
(
)
1. .10A
(
)
1. .11A
54
Abrindo o termo relativo à
2
cb
e
σ
, obtém-se:
+ + + + ++ =
⎣⎦
() ( )
2222 32 2 4 2 2 2 2 242
0
cb cb
uw
e e
λδ λδσ λδσ λδ δτλδ σ λδ δτδ δσ
⎡⎤
()
(
)
2222 32 2 42 22 2 2
0
cb cb
u w
ee
λδ λδσ λδσ λδτδσ λδδτλδ σ
⎡⎤
−+ + ++ + =
⎣⎦
Dividindo ambos lados por
2
δ
encontra-se:
()
(
)
222 2 2 22 2 2 2
0
cb cb
u w
ee
λδ λσ λδσ λδτδσ λδτλδ σ
⎡⎤
−+ + ++ + =
⎣⎦
Isolando
τ
obtém-se:
e
()
()
()
2
2 2 42 2 22 2 22
2
2242 222 2
1
cb cb cb
cb cb
wu
ee
wu
ee
τ
λδ σ δσ λδ λσ λδσ λδσ
τλδ σ δσ λδλσ λδσ δ
⎡⎤
⎡⎤
+−=+ ++
⎣⎦
⎢⎥
⎣⎦
⎡⎤
⎡⎤
+−=+ + +
⎣⎦
⎢⎥
⎣⎦
()
(
)
2 2 2 2
0
cb cb cb
u w
eee
δ λδτλδ σ
⎡⎤
++ + =
⎣⎦
() ( )
()
{}
2222 3 2 2 4 2 2
462
10
cb
cb
uw
e
e
2
2 22 2 2 42
λδ λσ λδσ λσ τδσ
−+
λ
δλδσ δλσ λδ δτλδσ
λδ τ δ δσ
⎡⎤
−+ + + +
⎣⎦
⎡⎤
++ + =
⎣⎦
(
)
1. .12A
(
)
1. .13A
(
)
1. .14A
55
()
()
()
222 2
2
2242
1
cb
cb
u
e
w
e
λ
δλσ λδ δσ
τ
λδ σ δσ
+++
=
⎡⎤
+−
⎢⎥
⎣⎦
A equação 1.12 mostra que uma maior volatilidade da opacidade do BC e,
portanto, da transparência do BC, implica em um menor poder de incentivo do contrato
firmado com o público. Neste caso, interpreta-se que um
transparência econômica reduz a sensibilidade da credibilidade do BC à suas ações,
incentivando-o a não cumprir a meta de inflação.
()
1.2.11
a maior variância da
De posse da equação relativa ao peso ótimo para punição do BC, minimiza-se a
função de perda do BC (equação 1.
A.3) com relação a
2
w
σ
. A partir daí, deriva-se o nível
ótimo de opacidade que minimiza a função de perda do BC, garantindo que o público
acredite no compromisso do BC. Para tanto, substitui-se a equação de τ na função de
perda social, derivando esta última com relação à variabilidade da opacidade (
2
w
σ
)
()
()
()
()
()
(
()
)
()()
()
2
0
2
2
2222
2
1
12
2
0
1
11
21
cb
c
cb o
tn tn tn tntn
n
cb
w
cb
u
e
w
cb
Lxu e
t
L
L
E
σ
λππ
σ
λδ λδ λσ λδ δσ
σβ
β
++ + ++
=
=−++
⎜⎟
2222 222
2
2
22
2242 2242
11
cb
cb cb
n
uu
ee
ww
ee
λ δ λσ λδ δ σ λ δ λσ λδ δ
λδ σ δσ λδ σ δσ
⎛⎞
+++ +++
⎜⎟
⎡⎤
=
−+ + + +
=
∂−
()
+− +−
⎜⎟
⎢⎥
⎣⎦
⎝⎠
()()
()
{}
()
()
()
()
()
2
2222 2
2
2
2 2
2 2
2242 2242
2
222 2 2
2
2
2
2
2242
1
2
1
11
2
21
cb
b
cb cb
cb
cb
u
e
o
tn tntn
w w
e e
cb
u
e
o
tn tntn
w
w
e
e
L
e
λδ λδ λσ λδ δσ
ππ
λδ σ δσ λδ σ δσ
λδ λσ λδ δσ λδ
ππ
σβ
λδ σ δσ
+ ++
+++
⎡⎤
−+ + + +
⎡⎤
⎣⎦
⎣⎦
⎡⎤ ⎡⎤
+− +−
⎢⎥ ⎢⎥
⎣⎦ ⎣⎦
⎡⎤
+++ +
⎣⎦
⎡⎤
=−+
⎣⎦
∂−
⎡⎤
+−
⎢⎥
⎣⎦
0
⎪⎪
=
⎪⎪
⎩⎭
56
(
)
()
()
()
2
222 2 2
2
2
2242
1
1
2
1
cb
cb
u
e
w
e
λδ λσ λδ δσ λδ
βλδ σ δσ
⎡⎤
+++ +
⎣⎦
⎡⎤
−+
⎢⎥
⎣⎦
Dividindo ambos os lados da equação por
obtém-se:
Utilizando a equação 1.4, substitui-se e
0
por
(
)
cb
tt
we+
e encontra-se:
da transparência do BC no desvio entre
inal de curto prazo e taxa de juros real de longo prazo. O primeiro
asso é substituir a equação do hiato do produto (1.6) na regra de Taylor (1.13).
()
Apêndice 1.B
Neste apêndice, deriva-se a influência
taxa de juros nom
p
() ()
22 2
11 1
t
snc cb
tt t
x
ue w
λ
δδτ
λδ τ λδ τ λδ τ
=− +
++ ++ ++
()
T
tttt
i r gx h
π
ππ
=+ + +
(
)
1.6
(
)
1.13
()
2
2
2
cb
cb
tt t t
t
tt
we
we
π
π
π
+=
=−
2
20
o
tn tntn
e
ππ
+++
−+ =
()
1.12
57
() () ()
22 2
()
11 1
ttttt
u e w h
cb T
t
irg
λδ δτ
π
ππ
λδ τ λδ τ λδ τ
+ + +
⎡⎤
=+
⎢⎥
++ ++ ++
⎣⎦
()
1. .1
B
Manipulando a equação acima, tem-se:
De acordo com a equação das publicações sobre os choques de oferta (1.4),
t
ew=−. Além disso, a meta de inflação
()
1. .2
B
() () ()
()
22 2
11 1
cb T
ttttttt
gg g
ir u e w h
λ
δδτ
π
ππ
λδ τ λδ τ λδ τ
=+ + + +
++ ++ ++
0cb
tt
e
(
)
T
π
é a soma entre a meta socialmente
ótima (zero) e a publicação das previsões do BC sobre estes choques de oferta
, isto
( )
O
t
e
é,
O
T
t
e
π
= . Utilizando estes conceitos na equação 1.B.2 obtém-se:
() () ()
()
()
0
.
g
whe
0
22 2
2
111
1
tttt
tt tt
gg g
ir u e w
λ
δδ
λδ τ λδ τ λδ τ
λδ τ
=+ +
++ ++ ++
++
(1.B.3)
Colocando em evidência os termos relativos à
e
δτ
ππ
+++
O
t
e ,
t
w
t
π
encontra-se:
() ()
(
)
()
()
0
222
1
1.
111
tt tt
g
gg
ir u h e w h
δτ
λδ
t
π
λδ τ λδ τ λδ τ
⎡⎤
+
=+ + + + +
⎢⎥
++ ++ ++
⎣⎦
(1.B.4)
58
O próximo passo é isolar o termo que representa o desvio entre as taxas de juros
de curto e de longo prazo (i
t
-r), o que resulta em:
() ()
(
)
()
()
0
222
1
1.
111
tt tt
g
gg
ir u h e w h
δτ
λδ
t
π
λδ τ λδ τ λδ τ
⎡⎤
+
−= + + + +
⎢⎥
++ ++ ++
⎣⎦
(1.14)
59
CAPÍTULO 2
A transparência política do BC
.1 Os efeitos da transparência política nas variáveis macroeconômicas
Nesta seção estuda-se outra dimensão da transparência do BC, a transparência
olítica. Esta dimensão é constituída das seguintes características: transparência sobre
s objetivos do BC e transparência sobre o desenho institucional entre o público e o BC.
ítica monetária se subdivide em publicação do
objetivo e publicação do grau de importância que o BC dá ao produto e à inflação.
Um BC que explicita seu objetivo é aquele que publica sua meta de inflação,
quantificando-a. Em alguns países, como a leis
que obrigam a publicação da met rasil, a lei vigente, Lei 4595, de
31/12/1964, determina que o Conselho Monetário Nacional ajuste o volume de meios de
pagamentos que garanta a estabilidade de preços, o desenvolvimento econômico e que
vite possíveis recessões. Portanto, esta lei não quantifica os objetivos e não determina
s
vezes, conflitantes).
2
p
o
A transparência sobre os objetivos da pol
Nova Zelândia e o Reino Unido, existem
a de inflação. No B
e
uma prioridade para a autoridade monetária (multiplicidade de objetivos, muitas da
Em 21/06/1999, o governo brasileiro criou o Decreto no. 3.088, uma vez que a
Lei 4595, de 31/12/1964, não atende aos requisitos de um regime de metas de inflação.
A incerteza quanto às prioridades do BC e quanto ao valor numérico da meta de
inflação dificulta a aplicação de uma tecnologia de comprometimento por parte do BC.
Desta forma, a necessidade da utilização de uma âncora nominal, baseada nas metas de
60
inflaçã
a da transparência política é destacada por Morris e Shin (2000).
Na visã
uma super-reação do público e, portanto,
amplia
o, foi alicerçada pelo Decreto no. 3.088. Este decreto prevê uma definição clara,
sobre a prioridade do BC (no que diz respeito aos seus objetivos) e exige que tais
objetivos sejam quantificados e publicados. Vale ressaltar que existe um artigo na
Constituição de 1988, o artigo 192, que trata das funções do BC e de suas características
operacionais. Na ocasião de sua regulamentação, é importante que as considerações do
Decreto n
o
. 3088 sejam levadas em conta, assim como os avanços obtidos (na gestão da
política monetária) por BCs de outros países.
A importânci
o dos autores mencionados, metas numéricas de inflação, factíveis e críveis, são
instrumentos poderosos para controlar as expectativas do público sobre a inflação.
Apesar disso, os mesmos autores reconhecem que o regime de metas de inflação não se
resume ao mero anúncio da meta de inflação, uma vez que é necessária uma estrutura de
comunicação para guiar, de forma eficaz, as expectativas de inflação. Um outro ponto
ressaltado refere-se ao cuidado que deve ser tomado para explicar ações passadas, uma
vez que isto pode causar algum tipo de ruído, prejudicando a convergência para a meta
de inflação. Tal ruído pode conduzir os agentes econômicos a uma interpretação
equivocada do modelo econômico adotado pela autoridade monetária e, portanto, de
seus efeitos na inflação e no emprego.
Morris e Shin (2000) advertem que a informação pública é muito efetiva em
influenciar ações privadas, o que pode criar
r os efeitos danosos dos ruídos. Os autores argumentam que em um cenário
desprovido de metas explícitas de inflação, estes efeitos danosos são muito maiores.
Portanto, no modelo novo-clássico utilizado pelos autores supracitados, a publicação do
objetivo do BC ajuda a amenizar os desvios de preços entre os diferentes mercados e,
além disso, esta dispersão é maior quanto menor a informação do setor privado.
61
Outro autor que defende o anúncio da meta de inflação é Herrendorf (1998),
uma vez que isto elimina o problema da informação privada (viés inflacionário) e cria
reputação para o BC. Uma meta de inflação crível faz com que o BC tenha um maior
controle sobre a inflação esperada (maior velocidade de convergência para a meta de
inflação), o que evita uma redução exagerada no produto para conter a inflação efetiva.
Svensson (1999), Eijffinger e Hoeberichts (2000) defendem que a transparência
política
am sua
priorid
(implíc
do BC facilita a efetividade de um sistema de delegação, uma vez que o
principal (público), conhecedor das características do agente (BC), pode criar
mecanismos de incentivo mais eficientes. Neste contexto, De Haan e Eijffinger (1999)
criam um índice de transparência do BC baseado nas leis de cada país. Para o autor
sobredito, a existência de leis, que explicitam as preferências do BC e seus objetivos, é
interpretada com uma medida de transparência do BC. Neste caso, incluem-se as leis
que obrigam o BC a publicar sua meta de inflação e que, além disso, defin
ade em um possível conflito entre produto e inflação. Existem casos, como o do
Banco Central do Brasil e do Banco Central Europeu (ECB) em que as decisões
tomadas, na prática, suplantam as exigências legais.
De Haan e Eijffinger (1999) defendem um BC que deixe claro sua preferência
em controlar a inflação, em detrimento de um maior comprometimento com a meta
ita) do produto. Isto reduz as incertezas quanto à inflação futura e diminui o
componente da inflação esperada que, por sua vez, afeta a inflação corrente. Este
mecanismo é representado pela curva de Phillips aumentada com expectativas,
representada pela equação 2.1. Neste caso, enfatiza-se o controle das expectativas de
inflação a partir do conhecimento público das preferências do BC. Este processo tem
um efeito retroalimentador, uma vez que a revelação de um BC conservador o restringe
em agir de forma discricionária. Portanto, a redução das incertezas quanto às
62
preferências do BC aumenta a confiança do público, no que tange ao controle
inflacionário, e aumenta a credibilidade da autoridade monetária. Este tipo de
transparência política, denominada de transparência da accountability, é útil para BCs
que possuem baixa credibilidade. Todavia, ela não é indicada para países que possuem
problem
da transparência política.
Nesta seção constrói-se um modelo que estuda o impacto da transparência das
modelo utilizado é caracterizado pelas equações (2.1), (2.2), (2.3), que seguem a mesma
forma padrão do modelo apresentado no capítulo 1.
t
as de flexibilidade, isto é, países muito sensíveis a choques e com pouco poder
para estabilizá-los.
2.2 A transparência relativa às preferências do BC e seus efeitos sobre a
inflação, o hiato do produto e a taxa de juros nominal
2.2.1 O modelo e seus resultados
Geraats (2002) classifica como transparência política tudo aquilo que diz
respeito ao desenho institucional da política monetária. Nesse sentido, a transparência
sobre as preferências do BC é um importante componente da transparência política. A
presença de metas explícitas de inflação (quantificando-as), contratos legais entre o BC
e os representantes da sociedade, e independência (operacional ou de metas) do BC são
outros componentes
preferências do BC na inflação, no hiato do produto e na taxa nominal de juros. O
1tt t
t
x
e
E
πδ π
β
+
=+ +
(
)
2.1
63
Neste modelo existe uma diferença entre aquilo que o público espera sobre as
preferências do BC e as reais escolhas da autoridade monetária. Esta diferença é
definida como opacidade política e está representada por µ
t
na equação 2.4.
nte ótima de inflação é
ero, obtém-se:
22
0
1
2
n
tn tn
n
cb
Lx
t
E
λπ
β
++
=
⎡⎤
=+
()
2.2
Manipulando (9.3), (9.4) e supondo que a meta socialme
z
()
()
2
2
2
0
2
n
T
n
cb
u
t
λπτππ
β
=
1
tn tn tn tn
Lx
E
++ + +
++=−
()
2.3
⎣⎦
()
2.4
cb
tt t
λ
λµ
=+
()
2
22
0
1
() (1)
2
tn
n
cb cb
tttntn ttn
n
cb
Lxu
t
E
λµ µπ τπ
β
+
++ +
=
⎡⎤
+++
⎣⎦
()
2.5
=
64
Vale ressaltar que Muscatelli (1998) modela a incerteza relativa às preferências
do BC da mesma forma que é definido pela equação (2.4) e encontra uma função de
erda com um formato similar àquele observado na equação (2.5).
Definidas as principais equações do modelo de metas de inflação, o BC
minimi
t
p
za sua função de perda utilizando
cb
tt
λ
λ
µ
=
+
, que é o parâmetro efetivo de
preferência relativo à meta de inflação e à meta de produto. Ignorando os termos
independentes de política e minimizando a perda do BC (
) com relação ao hiato do
produto (x
t
) encontra-se:
cb
L
()
(
)
()
22
11
cb cb
tt t tt t
1
()
cb
t
tt
ttt
x
ue
δµτ
λµ
−+
+
=+
(2.6)
Para que seja feita uma análise sobre o impacto da opacidade política no hiato do
produto e na taxa de inflação é necessário estudar seu impacto nas parcelas relativas aos
choques políticos
e aos choques de oferta
λµδ µτ λµδ µτ
⎡⎤
++ −+ ++ −+
⎣⎦
Substituindo (9.5) na Curva de Phillips tem-se:
()
()
()
2
1
()
1
ttt
u
e
δµτ
δλ µ
π
22
11
cb
t t
cb cb
tt tt
λµδ µτ λµδ µτ
−+
+
=++
⎡⎤⎡⎤
+ + −+ + + −+
⎣⎦⎣⎦
⎩⎭
()
2.7
()
t
u
(
)
t
e
. A primeira parcela das equações
lativas à
t
x
e
t
π
relaciona a opacidade das preferências do BC (
t
µ
re
) com as pressões
política
jetivo de estudar os efeitos do
umento da opacidade política do BC sobre o hiato do produto e sobre a inflação, é feita
s para expansão do produto (
t
u ). Com o ob
a
65
uma derivação da primeira parcela da equação (2.6) com relação à
t
µ
. Neste caso, um
aumento na opacidade política do BC aumenta o valor da inflação e do hiato do produto,
o que i
y d
ia ít
aumento na punição do BC amplifica o efeito distorcivo da transparência política do BC
sobre os choques de oferta. Assim, contratos de incentivos que punem um BC que não
atinge a meta de inflação socialmente ótima (igual à zero) produzem problemas de
estabilização na economia. Segundo Walsh (1995), contratos de incentivos sub-ótimos
são responsáveis por políticas monetárias ineficientes. Desta forma, a qualidade destes
contratos é determinante para que o BC ancore as expectativas do público à meta de
inflação (vide Winkler (2000)).
Para derivar a influência da transparência das preferências do BC na taxa de
juros utiliza-se a expressão da IS intertemporal, representada pela equação (1.9) do
capítulo 1.
iE
mplica um efeito benéfico da transparência política do BC.
O aumento da punição do BC produz uma redução na primeira parcela das
equações 2.6 e 2.7 e, portanto, a accountabilit o BC reforça o efeito benéfico da
transparênc pol ica sobre as variáveis inflação e hiato do produto.
De forma inversa, a segunda parcela da equação 2.6 mostra que uma elevação na
transparência aumenta o hiato do produto e, em conseqüência, a inflação. Destarte, um
8
9
1t
1
tt
ψ
π
+= (2.8)
+
8
No capítulo 6, estuda-se um modelo que inclui todas as dimensões da transparência do BC. Neste caso, a
opacidade política não tem um efeito distorcivo sobre os choques de oferta, uma vez que o BC é punido
se a inflação for maior do que às previsões sobre os choques de oferta (contrato elaborado com maior
qualidade).
9
O apêndice 1A (capítulo 1) mostra que a manipulação da IS produz a relação presente em (2.8).
66
Sendo
()
()
11
,
,
ctt
tct t
uc
Euc
ξ
ψ
βξ
++
em 2.8. Assim, encontra-se:
=
⎡⎤
⎣⎦
, substitui-se a expressão da inflação, adiantada de
um período,
()
()
()
2
1
1
1
)
11
t
t
iE u e
δµτ
µ
ψ
+
+
⎧⎫
−+
+
+= + +
(2.9)
1
11
22
11 1 1 1
(
11
cb
t
tt t t
cb cb
tt t tt t
δλ
λµδ µτ λµδ µτ
+
++
++ + + +
⎧⎫
⎨⎨
⎡⎤
++ −+ ++ −+
⎪⎪
⎣⎦
⎩⎭
⎩⎭
A opacidade tem uma característica auto-regressiva e possui um coeficiente de
auto-correlação serial igual a
ω
. Além disso, o componente do erro, representado por
t
ϑ
tem ( ) 0
t
E
ϑ
= e
2
var( )
t
t
ϑ
ϑ
σ
=
. Desta forma, a expressão da opacidade é:
t
1tt
µ
ωµ ϑ
+
=+ (2.10)
Combinando a equação da opacidade política (2.10) com (2.9) encontra-se:
()
()
()
2
1
δωµϑτ
+−+
1
11
22
1
()
11
11
cb
tt
ttt
tt t t
cb cb
t tt tt t tt tt
iE u e
δλ ωµ ϑ
ψ
λ ωµϑδ ωµϑτ λ ωµϑδ ωµϑτ
+
++
+
+−
⎪⎪
+= + +
⎨⎨
⎡⎤
+−+ −−+ +−+ −−+
⎪⎪
⎣⎦
⎩⎭
(2.11)
equação (2.11) reproduz os resultados das equações (2.6) e (2.7), ou seja,
quanto o do
produto sobre o nível da taxa de juros nominal de curto prazo. Apesar disso, quanto
menor
A
mais transparente o BC, menor será o efeito do choque político para expansã
t
µ
, maior o valor de , uma vez que BCs com contratos de incentivo sub-ótimos
criam problemas de estabilização na economia.
t
i
67
2.2.2 Um exercício empírico sobre a transparência do BC relativa às suas
preferências
Neste exercício empírico, a série da taxa de juros foi obtida da base de dados do
FMI (IFS) e a série de inflação é uma média entre os anos de 1997 e 1998.
10
A medida
de transparência política está relacionada ao grau de importância que cada BC dá ao
umprimento da meta de inflação, caso haja um conflito entre controlar a inflação e
andir o produto. Este índice de transparência é obtido de Fry et ali (2000) e engloba
pre prevalece com relação aos outros objetivos
sua pontuação é 100; (ii) caso a inflação sempre prevaleça sobre a taxa de câmbio
credita-se 75 pontos; (iii) caso seja usual que a inflação prevaleça sobre outros objetivos
obtém-se 50 pontos; (iv) se a inflação prevalece algumas vezes a pontuação é 25; e (v)
se a inflação nunca prevalece ou raramente prevalece não há pontuação.
Os resultados da estimação de MQO estão contidos na tabela 2.1, demonstrando
que quanto mais transparente a preferência do BC entre produto e inflação, menor será a
taxa de juros nominal de curto prazo (coeficiente de -0,804
). Além disso, a inflação tem
uma relação positiva com a taxa de juros (coeficiente de 0,36
), demonstrando a
importância do instrumento de política monetária no controle dos preços.
c
exp
um grupo de 31 países. A construção deste índice foi feita por meio das seguintes
perguntas:
(i) se o BC responde que inflação sem
10
Publicada por Fry et alii (2000).
68
69
fatiza que os
parâme
vas o teste de
White,
Estimações MQO
As estatísticas t de todas as variáveis explicativas são satisfatórias para um
nível de significância de 5%. Além disso, a estatística F (1,229) en
tros estimados são significantes, quando testados de forma conjunta. A estatística
de Durbin Watson (2,16) mostra a inexistência de auto-correlação serial dos resíduos e o
coeficiente de determinação (0,47) demonstra o bom poder explicativo da estimação de
MQO. Vale ressaltar que todas as variáveis estão transformadas, uma vez que foi
aplicado o logaritmo nas séries originais. Destarte, aplicou-se às estimati
evitando estimativas que contenham o problema de heterocedasticidade.
Tabela 2.1
Transparência política
Variáveis coeficiente desvio padrão estatística-t probabilidade
Constante
1,094 0,387 2,824 0,009
Inflação 0,363 0,161 2,263 0,032
Transparência política -0,804 0,342 -2.353 0,026
R
2
= 0,47 Estatística-F = 1,229
Número de observações = 31 Prob(estatísitica-F) = 0,000147
Durbin Watson = 2,16
Nota: Estatísticas-t consideram o teste de heterocedasticidade de White (1980).
Apêndice 2
()
()
2
2
2
0
2
n
T
tn tn tn tn
n
Lxu
t
λπτππ
β
++ + +
=
⎡⎤
=−++
⎢⎥
⎣⎦
t 1t tt
t
x
e
E
δ ππ
β
+
+ +
1
cb
E
=
(
)
2.1
(
)
2.3
22
n
cb
E
λπ
β
⎡⎤
+
0
tn t
n
t
+
=
1
2
n
Lx
+
=
⎣⎦
(
)
2.2
(
)
2.4
t
cb
t t
λ
λµ
=+
A equação (2.4) foi introduzida neste modelo para representar a opacidade
olítica dada por
µ
t
.
Manipulando (2.3), (2.4) e supondo que a meta ótima de inflação seja zero
obtém-se:
p
()
2
22
0
1
() (1)
2
tn
n
cb cb
tttntn ttn
n
cb
Lxu
t
E
λµ µπ τπ
β
+
++ +
=
⎡⎤
=+++
⎣⎦
(
)
2.5
22
0
22
()2()()(1)
tn
n
cb cb cb
tttntntntt tttn ttn
n
xxuu
λµ λµ λµ µπ τπ
β
+
+++ + +
=
⎡⎤
++++++
⎣⎦
1
2
cb
cb
L
t
E
=
()
2222
()2()()1
21
tn
cb cb cb cb
t t tn tn tn t t t t tn t tn
Lxxuu
t
E
λµ λµ λµ µπ τπ
β
+
+++ + +
⎡⎤
=++++++
⎜⎟
⎣⎦
⎝⎠
zando a função de perda
do BC com relação ao hiato do produto (
x
t
) encontra-se:
11
cb
⎛⎞
Ignorando os termos independentes de política e minimi
(
)
()
()
2( ) 2( ) 1 .2
tt
cb cb
ttt ttt t t
xu
()()
2
2
1
2( ) 2( )
2( ) 2( ) 1 .
) 2( ) 1 .2
t
tt
t
cb cb
ttt ttt
t
cb cb
ttt ttt t
cb cb
ttt ttt t tt
xu
x
xu
x
2(
x
uxe
µτπ
λµ λµ
ππ
λµ λµ µτ
π
λµ λµ µτδδ
⎡⎤
∂−+
⎣⎦
+=++
∂∂
+=+++
∂∂
+=+++ +
λµ λµ µτδπ
+=+++
70
()
(
)
() ()
() ()
2
2
2
2( ) 2 1 2( ) 2 1
()1 ()1
1()1
cb cb
ttt t t ttt t
cb cb
ttt t tttt t t
cb cb
tt t tttt t t
t
x
xu
xxu
xu e
e
e
λ
µδµτ λµδµτ
λµ δ µτ λµ δ µτ
λµδ µτ λµ δ µτ
++ += +++
+++=+++
⎡⎤
++ −+ = + + −+
⎣⎦
Isolando o hiato do produto obtém-se,
()
(
)
()
22
1
()
11
cb
tt
ttt
t
cb cb
tttttt
e
u
x
δµτ
λµ
λ
µδ µτ λ µδ µτ
−+
+
=+
⎡⎤⎡⎤
++ −+ ++ −+
⎣⎦⎣⎦
Para estudar o efeito da opacidade política sobre o hiato do produto deriva-se a
equação 2.6 com relação ao termo da opacidade. São analisadas, de forma separada, as
duas parcelas desta equação e a derivação relativa à primeira parcela é dada pela
seguinte expressão.
() ()
()
()
()
()
2
2
22 2
2
1
1
cb
tt t
cb cb
tt
cb
λµδ µτ
λµδ µτ
22
2
2
2
22 2 2 2
()
1()1
1
1
cb
ttt
cb cb
cb
tt t tttt t
cb
t
tt t
cb cb cb
tt t tt t t
tt t
u
λµ
λµδ µτ λµ δ
λµδ µτ
µ
λµδ τ
λ µδ δµδτ λ µδλ δµ
λδδτδλ
+
⎡⎤
⎡⎤
++ −+ +
++ −+
⎣⎦⎣⎦
∂= =
⎡⎤
++ −+
⎣⎦
⎡⎤
++ + −+ +
⎣⎦
==
µ
⎡⎤
++
⎡⎤
++ +
−+
⎣⎦
⎣⎦
=
⎡⎤
++
−+
2
0>
Neste caso, observa-se que quanto maior
.
(
)
2.6
t
µ
, mais elevado será
t
x
71
72
O mesmo procedimento é adotado para a análise da segunda parcela da equação
(2.6), ou seja, deriva-se esta parcela em relação à opacidade política.
()
()
()
{}
()
()
()
22
2
2
2
1
.11.1
1
1
t
cb
cb
tt t t
tt t
cb
t
tt t
δµτ
δλ µ δ µ τ δ µ τ δ
λµδ µτ
µ
λµδ µτ
−+
⎡⎤
−++++−
⎡⎤
++ −+
⎣⎦ ⎣
∂= =
⎡⎤
++ −+
⎣⎦
()
{
}
(
)
(
)
()
{
}
()
()
() ()
32
22
22
22
11.1 1
11
.
cb cb
tt t t tt t
cb cb
tt t tt t
cb
tt t t
cb
22
11
cb cb
tt t tt t
δ
λ δµ δ µ τ δ µ τ δ δλ δµ δ µ τ
λµδ µτ λµδ µτ
−+ −+ −+
===
⎡⎤⎡⎤
++ −+ ++ −+
⎣⎦⎣⎦
==
δµ δλ δ δµ δτ δλ δ δτ
−+ −−
λµδ µτ λµδ µτ
⎡⎤⎡⎤
++
O resultado desta derivada mostra que um aumento na opacidade do BC implica
reduções no hiato do produto.
Para observar os efeitos da opacidade política na inflação, substitui-se a equação
-se:
Para determinar a taxa de juros nominal utiliza-se a IS intertemporal,
representada por 2.8:
−+ ++ −+
⎣⎦⎣⎦
(2.6) na Curva de Phillips e obtém
(
)
2.7
()
()
()
2
22
1
()
1
11
cb
ttt
t t
cb cb
tt tt
u
e
δµτ
δλ µ
π
λµδ µτ λµδ µτ
−+
+
=++
⎡⎤⎡⎤
+ + −+ + + −+
⎣⎦⎣⎦
⎩⎭
()
()
11
1
1
1
,
,
t
t
ctt t
i
uc
uc
ξ
ξπ
+
+=
ct t
E
β
++
Manipulando a equação da IS, tem-se:
()
()
(
)
()
(
)
[
]
()
()
()
()
()
1
1
11
11
11
,
,
,
1
,
tc t t
tct t
ct t
t
Eu c
Euc
uc
E
uc
βξ
1
1
11
11
,
,
1
1
,
,
;
,
,
ttctt
ctt t t
t
tctt
ctt tt
t
tct t
ctt
tct t
Euc
uc E
i
uc E
i
Euc
Sendo
uc
Euc
πξ
ξπ
1
βξ
ξπ
βξ
ξ
βξ
+
+
+
+
++
++
⎡⎤
⎣⎦
+= = =
ξ
β
πξ
++
++
++
⎡⎤
⎢⎥
ψ
⎣⎦
⎡⎤
⎣⎦
=
⎡⎤
⎣⎦
t
+=
1
1
tt
iE
ψ
π
+
+= (2.9)
Adiantando a equação da inflação (2.7) em um período e substituindo-a
em (2.9), encontra-se:
()
()
()
2
1
11
11
22
11 1 1 1
1
()
1
t
e
1
11
cb
t
tt
tt t
cb cb
tt t tt t
iE u
δµτ
δλ µ
ψ
λµδ µτ λµδ µτ
+
++
++
++ + + +
⎧⎫
⎧⎫
−+
+
⎪⎪
+= + +
⎨⎨
⎡⎤
++ −+ ++ −+
⎪⎪
⎣⎦
⎩⎭
⎩⎭
(2.10)
t11tt
µ
ωµ ϑ
++
=+ (2.11)
Substituindo 2
.11 em 2.10, encontra-se:
()
()
()
2
1
1 1
2 2
1
()
1
11
cb
tt
ttt
t t
cb
u e
δωµϑτ
δλ ωµ ϑ
ωµϑδ ωµϑτ λωµϑδ ωµϑτ
+
+ +
1
1
tt
cb
t tt tt t tt tt
iE
ψ
λ
+
⎧⎫
−−
+=
+
⎪⎪
⎣⎦
⎩⎭
+
+−
+ +
+ −−+ +−+ −−+
(2.12)
73
CAPÍTULO 3
Transparência das decisões de política monetária
3.1 Transparência relativa à meta de juros
A importância da utilização da transparência na política monetária é que ela atua
como um guia de expectativas e aumenta o conjunto de informações relativas à duration
da taxa de juros. Isto implica maior eficiência dos mercados financeiros e, em
conseqüência, menor possibilidade de arbitragem.
Dado que a efetividade d nsmissão da política monetária
depende da transparência do BC (conforme mencionado na introdução deste trabalho) e
ipal protagonista
e regem estes instrumentos. Neste
capítulo, introduz-se alguns conceitos relativos às regras de instrumentos e regras
(regim
o corrente (variável de controle hoje)
com va
o mecanismo de tra
que o instrumento de política (normalmente a taxa de juros) é o princ
desta transmissão, faz-se mister discutir as regras qu
e) de metas. Regras de instrumentos dizem respeito a guias prescritos sobre a
utilização dos instrumentos de política monetária. Segundo Svensson (1999), estas
regras são funções de reação que se dividem em implícitas e explícitas. As regras
explícitas são aquelas que relacionam o instrument
riáveis de estado corrente, isto é, tanto instrumentos como variáveis dependentes
são predeterminadas. Por exemplo, a regra de Taylor que relaciona a taxa de juros atual
com o emprego e a inflação (do mesmo período). Por outro lado, regras implícitas são
guias em que o instrumento de política corrente depende de previsões de variáveis
futuras e podem ser vistas como condições de equilíbrio intertemporais. Alguns BCs,
dentre eles o BC da Nova Zelândia, utilizam funções lineares implícitas simples. Neste
caso, a taxa de juros de curto prazo é ajustada de forma que o desvio em relação à taxa
74
de juros de longo prazo seja proporcional ao desvio da previsão de inflação à meta de
inflação.
Na prática, regras de instrumentos são utilizadas como base para comparar e
avaliar as políticas correntes, pois são muito limitadas no que se refere ao volume de
informações disponível para a tomada de decisões da política monetária. Economias
mais abertas estão mais sujeitas à choques externos de oferta e mudam suas taxas de
juros com mais freqüência. Segundo Blinder (2000), esta maior volatilidade do
instrumento da política monetária compromete sua adoção como ferramenta de
comprometimento do BC. Isto significa que não se pode construir credibilidade do BC,
por meio de uma regra intermediária, uma vez que o seu comportamento em relação à
taxa de
a função de perda, ainda que sob discrição
limitad
juros é de caráter discricionário.
Uma vez que regras de instrumento não podem ser utilizadas como uma
tecnologia de comprometimento do BC, as regras que mais se adaptam a esta realidade
são as regras de metas, que têm a capacidade de reunir um número maior de
informações e um poder maior de induzir os BCs ao comprometimento. Entretanto,
regras de instrumento são úteis para guiar e para acompanhar, uma possível reação do
BC, no que diz respeito aos resultados da inflação e do hiato do produto.
Como acontece na prática, o regime de metas inflação é definido por um
contrato que garante a minimização d
a. Este regime deve ser representado por um sistema de equações que conduz à
convergência das expectativas do público para as variáveis-meta. Portanto nesta seção
são utilizadas as equações básicas do regime de metas de inflação representadas por
3.1.1, 3.1.2, e 3.1.3.
75
1t ttt
t
x
e
E
ππδ
β
+
+ +
()
3.1.1
=
Dado que o objetivo desta seção é estudar os efeitos da transparência das
onetária sobre as variáveis macroeconômicas, é necessário definir
uma equação que represente a incerteza relativa a estas decisões. O primeiro passo é
definir uma regra que os agentes econômicos utilizam para formar suas expectativas em
Para esta finalidade, considera-se um
de instrumento, que é interpretada como mais uma restrição ao regime de metas para a
inflação, a regra de Taylor. A justificativa é que o BC minimiza sua função de perda,
levando em conta que o setor privado utiliza como guia para a tomada de decisões, uma
regra p
()
()
2
2
2
0
1
2
n
cb T
tn tn tn tn tn
n
cb
Lxu
t
E
λπτππ
β
++ + + +
=
⎡⎤
=−++
⎢⎥
⎣⎦
()
3.1.2
22
0
2
tn tn
n
x
t
E
λπ
β
++
=
⎡⎤
+
⎣⎦
1
n
cb
L
=
()
3.1.3
decisões de política m
relação às decisões da taxa básica de juros. a regra
ara a taxa de juros (regra de Taylor).
Conforme mencionado, a utilização de uma regra de instrumento simples, como
uma tecnologia de comprometimento, pode causar resultados distorcivos, uma vez que
não se leva em conta todas as informações disponíveis na escolha do instrumento de
política monetária. Entretanto, alguns autores, como Newman e Von Hagen (2002),
conseguem uma boa aproximação da regra de Taylor aos movimentos da taxa de juros e
suas relações com o hiato do produto e com o desvio da inflação à sua meta. Dado que o
76
interesse deste trabalho é fazer uma análise teórica entre economias com maior ou
menor grau de transparência, é utilizada uma regra de instrumento que depende apenas
das var
tttt
irgx h
iáveis pré-determinadas (conforme foi feito na seção 1.2 do capítulo 1).
T
()
π
ππ
=+ + +
Gurkaynak, Sack e Swanson (2005) enfatizam a significância da incerteza
relativa às decisões de política monetária sobre as variáveis macroeconômicas. Desta
forma, eles definem uma regra de Taylor que inclui um componente de erro relativo ao
comportamento da meta de juros. Este componente é introduzido no modelo desta seção
por meio da equação 3.1.5, em que a meta de juros esperada pelo publico é igua
(3.1.4)
l a meta
de juros escolhida pelo BC mais um erro. A inclusão desta equação no modelo tem
omo objetivo captar os efeitos da opacidade das decisões do BC sobre a inflação e
obre o hiato do produto.
t
c
s
tt
pCB
ii
ζ
=+ (3.1.5)
Combinando a equação (3.1.5) com a equação (3.1.4) encontra-se,
(
)
t
pT
tt t t
irgx h
π
ππ ζ
=+ + + + (3.1.6)
Combinando a equação (3.1.6) com a equação (3.1.1) e considerando que
1
0
tt
E
π
+
= , a
taxa de inflação é dada por:
77
1
t
pT
t
ge
ir h
t
t
g
h
π
ζ
−+ +
δ
δ
=
⎛⎞
++
⎜⎟
⎝⎠
(3.1.7)
Fazendo
π
1
g
Zh
δ
⎛⎞
=++
⎜⎟
⎝⎠
, a equação 3.1.7 passa a ser representada por:
t
p
t
t
ge
ir
t
Z
ζ
δ
−+
=
π
(3.1.8)
Para achar o hiato do produto, em
a equação (3.1.8) na equação da curva de Phillips Novo-Keynesiana (equação 3.1.1) e
encontra-se:
função da taxa de juros nominal, substitui-se
2
t
p
t
tt
ir
gZ
xe
ZZ
ζ
δ
δδ
−−
⎛⎞
=+
⎜⎟
⎝⎠
(3.1.9)
ubstituindo as equações da inflação (3.1.8) e do hiato do produto (3.1.9) na
equação da função de perda do BC (equação 3.1.3) e derivando-a em relação à taxa de
juros nom
S
inal, obtém-se:
11
2
2
(1 )
(1 )
t
tt
p
t
gZ
ue
ZZ
ir
ZZ
λλδ τ
δδδ δ
ζ
λτ
δ
⎧⎫
−+
⎛⎞
−+
⎜⎟
⎪⎪
⎪⎪
⎝⎠
=+
⎨⎬
+
⎡⎤
⎪⎪
+
⎢⎥
⎪⎪
⎣⎦
⎩⎭
(3.1.10)
11
Vale ressaltar que, neste modelo, a meta de inflacao (
t
T
π
) é igual a zero, uma vez que esta é a meta
socialmente ótima.
78
A equação (3.1.10) mostra que quanto maior a opacidade relativa às decisões de
política monetária, maior será a taxa de juros.
Para encontrar o efeito da opacidade relativa às ações do BC na taxa de inflação,
bstitui-se a equação da taxa de juros nominal esperada pelo público (equação 3.1.10)
na IS intertemporal (vide no apêndice 3A a equação 3A4) e obtém-se:
su
()
()
2
1
11
2
(1 )
,
(1 )
,
tt
tcttt
t
tct t
gZ
ue
Euc
ZZ
Euc
λλδ τ
βξπ
δδδ δ
ζ
λτ
βξ
+
++
⎧⎫
⎡− +
⎛⎞
−+
⎜⎟
⎪⎪
⎢⎥
r
ZZ
δ
⎪⎪
⎝⎠
⎣⎦
+=
⎨⎬
+
⎡⎤
⎪⎪
+
⎢⎥
⎪⎪
⎣⎦
(3.1.11)
⎩⎭
A equação (3.1.11) mostra que quanto maior a opacidade do período
corrente
()
t
ζ
, maior será a expectativa de inflação futura. Utilizando a expressão da
expectativa de inflação (equação 3.1.11) na curva de Phillips (equação 3.1.1), pode-se
dizer que quanto maior a opacidade do BC maior será a inflação do período corrente, o
que implica um hiato do produto corrente mais elevado. Uma vez que os agentes
econômicos desta economia formam seus preços, de forma antecipada, a transparência
do BC quanto às suas decisões faz com que estas firmas não incluam um viés
inflacionário nos seus preços. Portanto, BCs transparentes e críveis reduzem as
expectativas de inflação, o que implica queda na inflação efetiva e em um segundo
momento, produz uma redução na meta de inflação. Este ciclo virtuoso se traduz em
níveis de preços e de taxas de juros nominais menos elevados no longo prazo.
79
3.1.2 Um exercício empírico sobre a transparência das decisões de
política monetária
O exercício desta seção utiliza os mesmos dados das seções anteriores, no
entanto, a medida de transparência das decisões política monetária é obtida de Fry et alii
(2000), que a intitula como Score for Explaining Policy Decisions. Este índice dá o grau
com que o BC explica suas decisões de política monetária. Para se obter este número os
Cs responderam às seguintes perguntas:
(i.1) Explanations provided on day policy-makers meet. Caso o BC faça
pontuação é 100, caso contrário ela é nula.
. Caso decisões de
políticas sejam
publica as m
um mês ela
ação que determina a influência da transparência das decisões de
política m
explicativas são o logaritmo da transparência das decisões de política monetária e o
B
explanações no dia do encontro, por exemplo, no dia em que os comitês de política
monetária se reúnem, a
(i.2) Explanations when policy-makers meet and do not change policy. Caso o
BC apresente explicações sobre a manutenção da política, credita-se 100 pontos,
caso explique apenas algumas vezes a pontuação é 50 e, caso contrário, não se
pontua.
(i.3) Policy Decisions Discussed in Published assessments
publicadas em boletim padrão ou em relatório padrão, no mínimo duas
vezes no ano, obtém-se 100 pontos. Se a publicação for anual tem-se 50 pontos e, caso
contrário, zero.
i.4) Minutes of Policy Meetings published (or similar document). Se o BC
inutas do encontro no mesmo mês, a pontuação é 100. Se publica depois de
é 50 e se não publica ela é zero.
A estim
onetária sobre a taxa de juros é uma estimação de MQO. Neste caso, a
variável dependente é logaritmo da taxa de juros interbancários e as variáveis
80
logaritmo da inflação. Os resultados da estimação são mostrados na tabela 3.1 e
observa-se que todas as variáveis explicativas são satisfatórias para um nível de
signific
e
ância de 5%. O R
2
ajustado de 0,47 demonstra o bom ajustamento modelo.
Destarte, a estatística F (1,999) mostra que existe significância conjunta dos parâmetros
estimados.
Os resultados da estimação reforçam aqueles obtidos nas seções anteriores e
agregam uma informação adicional: BCs que explicam suas decisões convivem com
taxas de juros nominais menos elevadas (vide coeficiente da transparência igual a
–0,44).
Tabela 3.1
Estimações MQO
Transparência das decisões de política monetária
variáveis coeficiente desvio padrão estatística-t probabilidad
Constante 1 0,2790 4,8600 0,0000
Inflação
0.47 0,1367 3,4640 0,0012
Trans
R
2
= 0,47 Estatística-F = 1,999
parência decisões de PM
-0,44 0,3100 -1,4320 0,1590
Número de observações = 49 Prob(estatísitica-F) = 0,000001
Durbin Watson = 2,18
Apêndice 3.A
()
3.1.2
22
tn tn
Lx
λπ
β
++
⎡⎤
=+
⎣⎦
0
2
n
=
1
cb
t
E
n
()
3.1.1
1tt tt
t
x
e
E
δ ππ
β
+
=+ +
81
()
()
2
2
2
1
n
cb T
tn tn tn tn tn
cb
Lxu
E
λπτππ
β
++ + + +
⎡⎤
=−++
⎢⎥
⎣⎦
()
3.1.3
0
2
n
t
=
(
)
t
CB T
tt t
irgx h
π
ππ
=+ + +
e
()
3.1.4
S
tt
pCB
t
ii
ζ
=+
()
3.1.5
(
)
t
pT
tt t
irgx h
t
π
ππ ζ
=+ + + +
t
()
3.1.6
()
1
t
pT
tt
hirgxh
π
πζ
+=+
(3A1)
()
1
t
pT
tt
t
irgxh
h
π
ζ
π
−− +
=
+
(3A2)
No entanto, da equação 3.1.1
ttt
x
e
π
δ
=
+ e, portanto,
t
x
tt
e
π
δ
=
. Combinando
a equação
novo-keynesiana (equação 3.1.1) e considerando que
da taxa de juros do público (equação 3.1.5) com a curva de Phillips
1
0
tt
E
π
+
=
, a taxa de inflação é
dada por:
()
()
()
1
1
t
pT
tt
t
pT
tt
t
e
irg h
h
hirg h
h
π
πζ
δ
π
t
tt
e
π
1
t
pT
t
tt
ge
g
hir
t
π
πζ
δ
π
ππ
++ =+ +
ζ
δδ
⎛⎞
−− +
⎜⎟
⎝⎠
=
+
+= +
⎜⎟
⎛⎞
⎝⎠
82
1
t
pT
t
ge
g
hirh
tt
π
πζ
⎛⎞
δδ
++
⎜⎟
= + + −
⎝⎠
1
t
pT
t
t
t
ge
ir h
g
h
π
ζ
δ
π
δ
−+ +
=
⎛⎞
++
⎜⎟
⎝⎠
(3.1.7)
Fazendo
T
π
= 0 em (3.1.7) e sendo 1
g
Zh
δ
⎛⎞
=++
⎜⎟
⎝⎠
tem-se:
t
p
t
t
t
ge
ir
Z
ζ
δ
π
−+
=
(3.1.8)
Para achar o hiato do produ
equação (3.1.8) em
to, em função da taxa de juros nominal, utiliza-se a
tt
t
e
x
π
δ
= e encontra-se:
t
t
t
e
δ
2
t
ZZ
t
t
p
t
t
p
t
t
t
p
t
tt
ge
ir
Z
x
ge
ir
x
Z
ir
ge e
ζ
δ
ζ
δ
t
e
x
δ
δ
ζ
δ
δδ
−+
=
−+
=
−−
=+
2
t
p
t
tt
ir
gZ
xe
ZZ
ζ
δ
δδ
−−
⎛⎞
=+
⎜⎟
⎝⎠
(3.1.9)
83
Manipulando a equação da função de perda do BC (equação 3.1.3) e
considerando que a meta de inflação socialmente ótima é nula
(
)
0
t
T
π
=
, obtém-se:
()
2
22
0
1
2
n
cb
tn tn tn tn
n
cb
Lxu
t
E
λπ
β
++ + +
=
⎡⎤
=−+
⎣⎦
τπ
+
()()
2
2
0
1
1
2
n
cb
tn tn tn
n
cb
Lxu
t
E
λτ
β
++ +
=
⎡⎤
=−+
⎣⎦
π
+
(3A3)
Substituindo as equações do hiato do produto (3.1.9) e da inflação (3.1.8) na
função de perda do BC (3.1.10) encontra-se:
()
2
1
1
t
p
t
n
t
cb
e
ir
gZ
cb
Leu
E
ζ
ζ
δ
δ
λτ
β
2
2
0
2
t
p
t
ttn
n
ir
t
ZZ Z
δδ
+
=
⎛⎞
−+
⎛⎞
−−
⎜⎟
⎛⎞
=+++
⎜⎟
⎜⎟
⎜⎟
⎜⎟
⎝⎠
⎜⎟
⎝⎠
⎝⎠
Derivando esta função de perda do BC em relação à taxa de juros nominal,
ncontra-se:
e
2
tt
t
xZ Z Z Z Z
δδ δ
22(1)
0
t
t
p
t
p
cb
t
t
e
ir
ir
LgZ
eu
ζ
ζ
λδτ
δ
⎛⎞
−+
⎛⎞
−−
⎜⎟
∂−+
⎛⎞
=++ =
⎜⎟
⎜⎟
⎜⎟
⎝⎠
⎜⎟
⎝⎠
⎜⎟
⎝⎠
2
(1 ) 0
t
t
p
t
p
t
t
tt
e
ir
ir
gZ
eu
ZZ Z
ζ
ζ
λδ
δ
τ
δδ δ
⎛⎞
−+
⎛⎞
−−
⎜⎟
⎛⎞
+−++
⎜⎟
⎜⎟
⎜⎟
⎜⎟
⎝⎠
⎜⎟
⎝⎠
⎝⎠
=
84
() ()
2
22
(1 ) 0
(1 )
(1 ) 0
t
t
p
t
t
e
ir
ir
ζ
ζ
λ
⎛⎞
tt
p
t
tt
pp
t
tt t t
gZ
eu
ZZ Z
gZ e
e u ir ir
ZZ ZZ
δ
δ
τ
δδ δ
λδλλ τ
ζτ ζ
δδ δδ δ
−+
⎛⎞
−−
⎜⎟
⎛⎞
+−++ =
⎜⎟
⎜⎟
⎝⎠
⎜⎟
⎝⎠
⎝⎠
−+
⎛⎞
−+ ++ + =
⎜⎟
⎝⎠
()
()
22
2
2
(1 ) (1 )
0
(1 )
(1 )
t
t
p
ttt
tt
p
t
gZ
euir
ZZ ZZ
gZ
ue
ZZ
ir
ZZ
λδ τλ λ τ
ζ
δδ δ δ δ
λλδ τ
δδδ δ
ζ
λτ
δ
⎡− + +
⎛⎞
+−++ =
⎜⎟
⎢⎥
⎢⎥
⎝⎠
⎣⎦
⎡− +
⎛⎞
−+
⎜⎟
⎢⎥
⎝⎠
⎣⎦
−− =
+
⎡⎤
+
⎢⎥
⎣⎦
2
2
(1 )
(1 )
t
tt
p
t
gZ
ue
ZZ
ir
ZZ
λλδ τ
δδδ δ
ζ
λτ
δ
⎧⎫
⎡− +
⎛⎞
−+
⎜⎟
⎪⎪
⎢⎥
⎪⎪
⎝⎠
⎣⎦
=+
⎨⎬
+
⎡⎤
⎪⎪
+
⎢⎥
⎪⎪
⎣⎦
⎩⎭
(3.1.10)
Para encontrar o efeito da opacidade relativa às ações do BC na taxa de inflação,
substitui-se a equação da taxa de juros nominal esperada pelo público (equação 3.1.10)
na IS intertemporal (equação 3A4).
()
()
11
1
1
1
,
,
t
ct t
t
ctt t
i
uc
E
uc
ξ
β
ξπ
++
+
+=
(3A4)
85
()
()
2
11
2
(1 )
1
(1 )
t
gZ
ZZ
r
uc
ZZ
λλδ τ
δδδ δ
ζ
λτ
ξ
δ
⎧⎫
1
,
,
tt
ct t
t
ctt t
ue
E
uc
β
ξπ
++
+
⎡−
−+
⎜⎟
⎪⎪
⎢⎥
+
⎛⎞
⎪⎪
⎝⎠
⎣⎦
+=
⎨⎬
⎪⎪
+
+
⎡⎤
⎩⎭
Manipulando esta equação
tem-se:
()
()
2
1
11
2
(1 )
,
(1 )
,
tt
tcttt
t
tct t
gZ
ue
Euc
ZZ
r
Euc
ZZ
λλδ τ
βξπ
δδδ δ
ζ
λτ
βξ
δ
+
++
⎧⎫
⎡− +
⎛⎞
−+
⎜⎟
⎪⎪
⎢⎥
⎪⎪
⎝⎠
⎣⎦
+=
⎨⎬
+
⎡⎤
⎪⎪
+
⎢⎥
⎪⎪
⎣⎦
⎩⎭
(3.1.11)
3.2 - A transparência do BC com relação às inovações financeiras
esta seção faz-se uma análise sobre a importância da revelação do BC relativa
aos choques na velocidade de circulação da moeda. Walsh (1999) destaca a
importância deste tipo de transparência do BC, uma vez que a velocidade de
circulação da moeda é um dos determinantes do mecanismo de transmissão da
olítica monetária. O autor em consideração inclui no seu modelo uma equação que
ostra a taxa de crescimento da oferta de moeda e o choque na velocidade de
o, o
C segue um roteiro para definir a quantidade de moeda que será ofertada na
economia.
Segundo Walsh (1999), no primeiro estágio, o BC define o desenho institucional
do regime de metas, escolhendo a meta final, a meta intermediária e definindo o
N
p
m
circulação da moeda como os principais determinantes da inflação. Além diss
B
86
contrato de incentivo entre o BC e o público. No segundo estágio, o BC observa os
choques na velocidade de circulação da moeda, assim como os choques de oferta, e
escolhe um valor para a meta de inflação. Após publicada esta meta, o BC observa
as expectativas de inflação dos agentes econômicos e escolhe a magnitude da taxa
de crescimento da oferta de moeda. A partir daí, produto e inflação se realizam.
A importância dos choques da velocidade de circulação da moeda na
det
odelo, a equação 3.2.5. Nesta equação, como no
modelo de Walsh (1999) a inflação é determinada pela taxa de crescimento da oferta
erminação da inflação e do produto é levada em consideração para construir o
modelo desta seção. Caso estas inovações financeiras causem choques inesperados
nas duas variáveis supracitadas, o BC pode perder reputação e perder a capacidade
de guiar as expectativas do público.
1tt tt
t
x
e
E
πδ π
β
+
=+ +
()
3.2.1
A estrutura desta seção segue o modelo do capítulo relativo à transparência
econômica e as equações 3.2.1, 3.2.2, 3.2.3 e 3.2.4 representam esta estrutura
padrão. Pode-se observar que a equação 3.2.4 representa a lei de movimento da
transparência econômica (similar à equação 1.4 do capitulo 1) e, além disso, é
introduzida uma nova equação no m
t
s
CB
m
de moeda (
) e pelos choques na velocidade de circulação da moeda
ressaltar que a única semelhança existente entre o modelo de Walsh (1999) e o
mo
(
cb
t
v ). Vale
delo desta seção é o fato da inflação ser determinada pelos choques na
velocidade de circulação da moeda. No entanto, no modelo desta seção, estes
choques não são revelados, por completo, para o público. Isto faz com que seja
introduzido um termo que representa a opacidade do BC com relação às
87
informações dos choques na velocidade de circulação da moeda. A equação 3.2.8
mostra que o BC revela apenas parte de seu conhecimento sobre estes choques e,
portanto, isto possibilita fazer uma análise do impacto da transparência do BC sobre
as variáveis macroeconômicas.
12
o
t
e
()
3.2.3
22
0
n
tn tn
n
cb
x
λπ
β
++
=
⎡⎤
+
⎣⎦
()
3.2.2
1
2
L
t
E
=
()
()
2
2
2
0
n
o
tn tn tn tn tn
n
cb
xue
λπτπ
β
++ + ++
=
⎡⎤
++
⎢⎥
()
3.2.4
cb
t t
e w=+
t
sCB
t
mv
π
+=
anipulando-a encontra-se:
Combinando a equação (3.2.5) com (3.2.1) e substituindo na equação (3.2.6)
btém-se a seguinte função de perda do BC:
()
3.2.5
Substituindo a equação (3.2.4) na equação (3.2.3) e m
1
2
cb
L
t
E
=
⎣⎦
()()
2
2
11
12
o
tt t tt
cb
xue
E
λτπτπ
⎡⎤
++
⎣⎦
(
21
cb
L
t
β
=
)
3.2.6
o
12
Vale ressaltar que Walsh (1999) não estuda os efeitos da transparência dos choques de velocidade de
circulação da moeda sobre as variáveis macroeconômicas.
88
()
2
2
11
12
21
tt
sCB cb
t
cb o
tt
mve
cb
Lu
tt
t
E
λτπ
βδ
⎡⎤
⎛⎞
+−
⎢⎥
=−++
⎜⎟
⎜⎟
⎢⎥
⎝⎠
⎣⎦
e
τπ
()
3.2. 5A
Minimizando a função de perda do BC (L
cb
) em relação à taxa de crescimento da
oferta de moeda (
t
s
CB
m ), tem-se:
(
)
()
()
1
t
t
cb cb
t
tt
sCB
v
uee
m
λδ
λ
τ
δδ
λ
τ
δ
+
−+++
=
⎡⎤
++
⎢⎥
⎣⎦
t
w
(3.2.7)
oeda (
). Desta forma, a
expectativa do público sobre os choques de velocidade de circulação da moeda (
) é
formada por dois componentes: a velocidade observada pelo BC (
) e um erro de
previsão do público (
Neste modelo supõe-se que o BC não publica toda a informação que ele possui
sobre os choques de velocidade de circulação da m
cb
t
v
p
t
v
cb
t
v
t
γ
). A equação relativa à
quanto aos choques de velocidade de circulação da moeda é representada por (3.2.8).
formação das expectativas do público
tt
pcb
t
vv
γ
=+ (3.2.8)
Substituindo (3.2.8) em (3.2.7) e manipulando esta equação encontra-se:
89
(
)( )
(
)
()
1
tt
pcbcb
tttt
sCB
uv eew
δλδ λδγλδτ
λδ τ
−+ ++ + + +
++
t
m = (3.2.9)
equação 3.2.10 mostra que quanto maiores
e
t
w
t
γ
, maior será
t
s
CB
m
A
. Isto
implica uma inflação mais elevada (
t
sCB
t
mv
π
+
= ), e aumentos no hiato do produto
(vide curva de Phillps Novo-Keynesiana).
ominal
com a expectativa de inflação, um BC mais discricionário e, portanto, menos crível
necessita de uma taxa de juros mais elevada para equilibrar o mercado de produto.
Desta forma, BCs que não são transparentes em relação às inovações financeiras
convivem com taxas de inflação e com taxas de juros mais elevadas, uma vez que o
público incorpora um viés inflacionário na formação de suas expectativas sobre a
inflaçã
t
Como a IS intertemporal relaciona, de forma direta, a taxa de juros n
o.
Apêndice 3.B
90
1tt t
t
x
e
E
πδ π
β
+
=+ +
(
)
3.2.1
22
0
1
2
n
n
cb
t
β
=
⎡⎤
tn tn
Lx
E
λπ
++
=+
⎣⎦
(
)
3.2.2
()
()
2
2
2
0
1
2
n
cb o
tn tn tn tn tn
n
cb
Lxue
t
E
λπτπ
β
++ + ++
=
⎡⎤
=−++
⎢⎥
⎣⎦
(
)
3.2.3
t
sCB
t
mv
π
+=
Substituindo (3.2.1) em (3.2.5) tem-se:
tt
s
CB cb
tt
tt
s
CB cb
t
mve
x
+−
=
t
mvxe
δ
δ
+= +
anipulando (3.2.3) e definindo e
o
como a previsão do choque que o BC publica
para os agentes econômicos obtém-se:
Resolvendo a progressão geométrica de razão β tem-se:
M
()
()
2
2
22
11
2
21
t
cb o o
tt t tt t
cb
Lxue
t
E
λ π τπ τπ
β
e
=−+++
cb
o
tt t
ee w=+
(
)
3.2.4
(
)
3.2. .1A
()
()
2
2
22
0
1
2
2
tn
n
cb oo
tn tn tn tntn tn
n
cb
Lxu ee
t
E
π τπ τπ
β
+
++ + ++ +
=
λ
=−+++
(
)
3.2. 3A
(
)
3.2. 4A
(
)
3.2.5
3.2. 2A
)
(
91
Ignorando os termos independentes de política, a função de perda é reescrita
omo:
Substituindo a equação (3.2.A2) na equação anterior tem-se:
Derivando a função de perda do BC (L
cb
) com relação à taxa de crescimento da
c
oferta de moeda (
t
s
CB
m ), obtém-se:
()()
2
2
11
12
21
cb o
tt t tt
cb
Lxue
t
E
λτπτπ
β
=−++
()
()
10
10
tt t t
tt
sCB cb sCB sCB
t
o
tt
tt
sCB cb
t
o
ttt
mve m m
ue
mve
ue
λτπ
δπ π
λτπτ
δ
⎡⎤
⎛⎞
+−
−+ + =
⎢⎥
⎜⎟
⎜⎟
∂∂
⎢⎥
⎝⎠
⎣⎦
⎡⎤
⎛⎞
+−
−++ =
t
τ
⎜⎟
⎜⎟
⎝⎠
⎢⎥
⎢⎥
⎣⎦
0
sCB
=
t
cb
L
m
(
)
3.2.6
(
)
3.2. 6A
()
2
2
11
12
2
tt
sCB cb
t
cb o
tttt
mve
cb
Lue
E
λτπτπ
1
t
βδ
⎛⎞
+−
=−++
⎜⎟
⎜⎟
(
)
3.2. 5A
⎝⎠
92
De (3.2.5)
t
mv
t
sCB
π
+= , e, portanto
t
mv
π
t
sCB
=
. Sendo
t
s
CB
m
t
π
= 1 , encontra-
se:
()
()
()
10
1
1
tt
t
t t
t
t
sCB cb
t
sCB o
tt
sCB cb o
t
tt t
cb o
t
tt t
sCB
mve
umve
v
t
vee
v
uvee
m
λττ
δ
λλλ
τλ τ
δδδ
λλ
τ
δδ
λ
τ
δ
⎡⎤
⎛⎞
+−
−++ + =
⎢⎥
⎜⎟
⎜⎟
⎢⎥
⎝⎠
⎣⎦
⎡⎤
++=−+ +
⎢⎥
⎣⎦
−−+ +
=
⎡⎤
++
⎢⎥
⎣⎦
mu
(
)
()
()
1
t
t
cb cb
t
tt
sCB
v
uee
m
λδ
λ
τ
δδ
λ
τ
δ
+
−+++
=
⎡⎤
++
⎢⎥
⎣⎦
t
w
(3.2.7)
Nesta seção a expectativa do público sobre
( ) é a soma entre a velocidade
observada pelo BC (
) e um erro de previsão do público (
v
p
t
v
cb
t
v
t
γ
), que é dada pela equação
(3.2.8)
tt
pcb
t
vv
γ
=+ (3.2.8)
Substituindo (3.2.8) em (3.2.7) encontra-se:
93
(
)
()
()
()
()()
()
1
t
pcbcb
uveew
λδ
λ
γτ
λ
τ
+
−−+++
⎡⎤
()
1
λ
τ
δ
⎡⎤
tt
tt
t
tttt
sCB
pcbcb
tttt
sCB
m
uv eew
m
δδ
δ
λδ λδ
λ
γτ
δδδ
=
++
⎣⎦
++
−++++
=
⎢⎥
++
⎢⎥
⎣⎦
(
)( )
(
)
()
1
tt
t
pcb
tt
sCB
uv ee
m
δλδ λδγλδτ
λδ τ
−+ ++ + + +
=
++
cb
tt
w
(3.2.9)
94
CAPÍTULO 4
A multidimensionalidade da transparência do BC
Uma das lacunas deixadas pela teoria é a ausência de um modelo que utilize, de
forma conjunta, as diversas dimensões da transparência do BC. Desta forma, o objetivo
desta seção é construir um modelo que preencha estes requisitos e que avalie estes
efeitos conjuntos sobre as variáveis macroeconômicas.
Geraats (2002) enfatiza a análise conjunta e separa a
transparência do BC em diferentes dimensões, isto é, a transparência política, a
transparência econôm
monetária e a transparência operacional. Walsh (2001) é outro autor que destaca a
import
s comitês de política monetária,
anúnci
trutura similar àquela do modelo anterior (vide
seção 3
a importância dest
ica, a transparência procedimental, a transparência da política
ância das diferentes dimensões da transparência do BC, no entanto, ele se limita
em destacar as dimensões política, econômica e das decisões de política monetária
(procedimento adotado neste capítulo).
Relatórios de inflação, atas sobre as reuniões do
os sobre o valor da meta intermediária e publicações relativas à meta de inflação
futura são as principais ferramentas utilizadas na prática dos BCs. Fry et alii mostra que
estas ferramentas estão sendo utilizadas, cada vez mais, por uma quantidade crescente
de BCs. Isto é defendido por Bernanke (2004a e b) e por Woodford (2005), que
destacam a importância destas informações para que o BC possa alterar os movimentos
nas taxas de juros futuros e, portanto, afetar as decisões dos agentes econômicos.
O modelo deste capítulo tem es
.2), no entanto, é introduzida a equação da opacidade política (equação 2.4 do
capítulo 2). Agora, o BC tem opacidade econômica (vide equação 4.4), tem opacidade
das decisões de política monetária (vide equação 4.5) e tem opacidade política (vide
95
equação 4.6). Vale ressaltar que as equações de (4.1) a (4.5) são aquelas utilizadas na
seção 3.2, que trata da transparência das decisões de política monetária.
t
cb
o
tt
ee w=+
t
sCB
t
mv
π
+=
a equação (4.5) encontra-se a equação (4.7).
Combinando a equação (4.1) com
tt
s
CB
t
mv
δ
+
=
ubstituindo a equação (4.5) em (4.3) e manipulando esta última, obtém-se:
t 1t tt
t
x
e
E
ππδ
β
+
+ +=
(
)
4.3
22
1
2
n
tn tn
cb
x
t
E
λπ
β
++
⎡⎤
=+
0
n
L
=
⎣⎦
(
)
4.2
(
)
4.1
()
()
0
2
tn tn tn tn tn
n
xue
t
E
λπτπ
β
++ + ++
=
2
2
20
1
n
cb
cb
L
⎡⎤
=−
++
⎢⎥
⎣⎦
(
)
4.5
cb
t t
(
)
4.6
cb
t
e
x
S
()
()()
()
2
2
22 00
0
12
2
tn
n
cb
t tn tn t tn tntn tn
n
Lxu e
t
E
λµ µπ τπ τπ
β
+
++ + ++ +
=
1
cb
cb
e
=++++
(
)
4. .1A
t
λ
λµ
=+
)
7
(
4.
(
)
4.4
96
Resolvendo a progressão geométrica de razão β, ignorando os termos
dependentes de política e substituindo a equação (4.7) em (4.8) tem-se:
Derivando a função de perda do BC (L
cb
) em relação à taxa de crescimento da
oferta d
in
e moeda (
t
s
CB
m ), obtém-se:
()
()
()
(
)
()
()
()
()
0
1
cb
t
cb
t
t
t
v
λµ
λµ
µτ
δ
+
+
⎡⎤
+
+
⎢⎥
⎢⎥
⎣⎦
ue de do BC em relação ao choque na velocidade de
circulação da moeda, tem-se:
11
t t
t
sCB cb
t
t
cb cb cb
tt
tt
e
mue
τ
δ
λµ λµ λµ
µτ µτ
δδ
=+ +
⎡⎤⎡⎤
++
+− + +− + +
⎢⎥⎢⎥
⎢⎥⎢⎥
⎣⎦⎣⎦
Uma vez q existe opacida
tt
pcb
t
vv
γ
=+ (4.9)
Substituindo as equações (4.4) e (4.9) em (4.8) e manipulando-a encontra-se:
()
()
()
(
)
()
()
()
()
11 1
tt
t
cb p
tt
t
tt t
ewv
τ
δ
t
t
sCB
t
tt
mu
δτ µ λ
λµ
γ
λµ
++
+
=+
+⎡⎤
λµ λµ
µτ µτ µτ
δδ δ
++
+ +⎡⎤
+− + +− + +− +
⎢⎥⎢⎥⎢⎥
⎣⎦⎣⎦⎣⎦
(4.10)
()
()
20
1
12
tt
t
cb
tttttt
mve
cb
e
t
E
λµ µτπ τπ
2
1
21
sCB cb
cb
Lu
βδ
⎛⎞
+−
+ ++
⎜⎟
⎜⎟
=
⎝⎠
(
)
4. .2A
(
)
4.8
97
A primeira parcela da equação 4.10 é similar àquela obtida no capítulo relativo à
transparência política e mostra que uma maior opacidade política aumenta o hiato do
produto.
A segunda parcela mostra que o efeito distorcivo sobre a parcela do choque de
oferta desaparece com a transparência total. Aumentos na transparência política
(reduções em
t
µ
) reduzem a expectativa relativa à
t
s
CB
m e, portanto, sinalizam que o
terceira parcela da equação supracitada mostra que uma redução na opacidade
econôm
icos possuem
políticas preventivas do BC são entendidas, o que evita interpretações errôneas em
relação ao objetivo final do BC. Assim, a comunicação sobre o futuro da economia
ajuda a explicar as decisões correntes relativas ao instrumento de política monetária e
reduz as incertezas relativas às intenções do BC.
Um resultado peculiar da equação 4.10 é o fato de que a opacidade política (por
meio da primeira parcela desta equação) distorce os benefícios da transparência
econômica, ou seja, aumentos em
BC não tem uma postura discricionária.
A
ica do BC (aumento da transparência econômica do BC) implica uma queda na
expectativa com relação à taxa de crescimento da oferta de moeda. Uma vez que os
agentes econôm um maior conjunto de informações forward-looking, as
t
µ
reduzem os efeitos da queda de . Portanto, a
onetária perde o
poder de influenciar as taxas de juros futuro
um papel importante para eliminar os efeitos danosos causados pelo aumento na
punição do BC. Quanto menor
, menor o impacto de
t
incerteza em relação às preferências do BC faz com que o público não acredite nas
informações sobre a visão de mundo do BC e, portanto, a autoridade m
w
s da economia (variável determinante para a
tomada de decisões dos agentes econômicos). Destarte, a transparência econômica tem
t
w
τ
sobre à taxa de crescimento
da oferta de moeda, portanto, sobre a inflação e sobre o hiato do produto.
98
A última parcela da equação 4.10 mostra que quanto maior a opacidade das
decisões de política monetária (
t
γ
), maior é a expectativa relativa à
t
s
CB
m . Portanto, é
importante o BC explicar suas decisões de política monetária baseadas nas inovações
financeiras, uma vez que isto reduz o viés inflacionário e minimiza o problema da
inconsistência temporal.
4.2 Um exercício empírico sobre a transparência total do BC
Nesta seção estuda-se o impacto das diferentes dimensões da transparência do
BC, de forma conjunta, sobre as variáveis macroeconômicas. São mantidos os
me os dados das seções anteriores e a mesma metodologia para a estimação
(MQO). Destarte, o índice que mede a transparência total do BC é aquele publicado
dimensões
estacadas por ele. A primeira dimensão é a transparência econômica, descrita no
cap
ma
per
sm
por Fry et alii (2000), que é uma média aritmética das diferentes
d
ítulo 1 e a segunda dimensão é a transparência das decisões de política
monetária, descrita no capítulo 3. A terceira dimensão da transparência trata das
explicações que o BC faz em avaliações e em pesquisas publicadas sobre a gestão da
política monetária. Seus ítens são:
iii.1) Analysis in Published Bulletins. Se o BC faz análises em boletim padrão
is que uma vez por ano credita-se 100 pontos, uma vez ao ano 50 pontos, se a
iodicidade diferir das anteriores não há pontuação.
99
iii.2) Speeches. Se os representantes do BC discursarem em público no mínimo
mensal
i.3) Working Papers and other research. Se publica mais que 10 por ano, no
mínimo
r sobredito, faz-se a média aritmética das dimensões e encontra-se o índice de
tran
ciente estimado é de –0,6611. Vale ressaltar a significância de
tod
rada pela estatística de Durbin Watson (2,1128) e a significância
con
Estimações MQO
mente, no mínimo uma vez no quadrimestre, menos que uma vez no
quadrimestre, nunca ou quase nunca, os pontos creditados são respectivamente: 100, 66,
33 e 0.
ii
5 por ano, no mínimo 2 por ano e nenhum no ano a pontuação é de: 100, 66, 33
e 0, respectivamente.
Construído o índice relativo à terceira dimensão da transparência, definida pelo
auto
sparência total
A tabela 4.1 mostra que a transparência total do BC faz a taxa de juros cair, uma
vez que seu coefi
as as variáveis explicativas do modelo e o bom poder explicativo do mesmo
(vide R
2
ajustado igual a 0,5452). A inexistência de auto-correlação serial dos
resíduos é demonst
junta dos coeficientes é reforçada pela estatística F (3,2777).
Tabela 4.1
Transparência Total
Variáveis coeficiente desvio padrão estatística-t probabilidade
Constante
4,3438 0,8532 5,0906 0,0000
Inflação 0,4413 0,1271 3,4119 0,0001
Transparência Total -0,6611 0,1727 -3,8270 0,0004
R
2
= 0,5452 Estatística-F = 3,2777
Número de observações = 54 tísitica-F) = 0,000000
Prob(esta
Durbin Watson = 2,1128
Nota: Estatísticas-t consideram o teste de heterocedasticidade de White (1980).
100
Apêndice 4
t
sCB
t
mv
π
+=
cb
tt t
λ
λµ
=+
De (4.5) em (4.1) tem-se:
tt
tt
s
CB cb
tt
s
CB cb
t
t
xe
mve
x
δ
δ
+= +
+−
=
mv
1tt tt
t
x
e
E
π
δπ
=+ +
(
)
4.1
+
(
)
4.3
22
0
1
n
tn tn
n
cb
Lx
t
E
λπ
β
++
=
⎡⎤
=+
⎣⎦
(
)
4.2
2
cb
o
tt t
ee w=+
(
)
4.4
()
()
2
2
20
0
1
2
n
cb
tn tn tn tn tn
n
cb
Lxue
t
E
λπτπ
β
++ + ++
=
⎡⎤
=−++
⎢⎥
⎣⎦
(
)
4.6
(
)
4.5
(
)
4.7
101
Manipulando (4.3) e definindo e
cb
como a previsão do choque que o BC espera
acontecer, obtém-se:
ão geométrica de razão β tem-se:
Resolvendo a progress
()
()()
()
2
2
22 00
11
12
21
t
cb cb
ttt tt tt t
cb
Lxuee
t
E
λ µ µ π τπ τπ
β
=++++
Ignorando os termos independentes de política, a função de perda é reescrita
como:
ubstituindo a expressão de (4.7) na equação anterior tem-se:
Derivando a função de perda do BC (L
cb
) com relação à taxa de crescimento da
oferta de moeda (
S
t
s
CB
m ), obtém-se:
()
()()
()
2
2
22 00
0
1
12
2
tn
n
cb cb
t tn tn t tn tntn tn
n
cb
Lxu ee
t
E
λµ µπ τπ τπ
β
+
++ + ++ +
=
=++++
()
()( )
2
20
11
12
21
cb cb
ttt t t tt
cb
Lxue
t
E
λµ µτπ τπ
β
=+++
(
)
4. .1A
)
(
4. .3A
(
)
4. .2A
()
()
2
20
1
12
21
tt
sCB cb
t
cb cb
tttttt
mve
cb
Lue
t
E
λµ µτπ τπ
βδ
1
⎛⎞
+−
=+ ++
⎜⎟
⎜⎟
⎝⎠
(
)
4. .4A
102
()
()
()
()
0
0
10
10
tt t t
tt
sCB cb sCB sCB
t
cb
ttttt
ttttt
mve m m
ue
m
ue
λµ µτπτ
δπ π
µτπτ
δ
⎛⎞
+−
+−++=
⎜⎟
⎜⎟
∂∂
⎢⎥
⎡⎤
⎢⎥
tt
sCB cb
t
cb
ve
λµ
⎝⎠
⎛⎞
⎣⎦
+−
+−++=
⎜⎟
⎜⎟
⎢⎥
⎝⎠
⎢⎥
⎣⎦
t
s
CB
t
m
π
= 1 , encontra-se:
Como
()
()
()
()
()
()
()
()
()
()
()
()
()
()
0
0
10
11
11
t
δ
tt
t
t t
t t
sCB cb
t
cb sCB
ttttt
cb cb
cb
tt t
sCB cb cb
t
ttt tt t
cb
t
cb
t
sCB c
t
cb cb
tt
t
mve
umve
v
muvee
e
λµ µτ τ
δ
λµ λµ
λµ
µτ λ µ µτ τ
δδδ
λµ
λµ
δ
λµ λµ
µτ µτ
δ
⎛⎞
+−
+−+++=
⎢⎥
⎜⎟
⎜⎟
⎢⎥
⎝⎠
⎣⎦
++
⎡⎤
+
+− + = + + + +
⎢⎥
⎣⎦
+
+
=+
⎡⎤⎡⎤
++
+− + +− +
⎢⎥⎢⎥
⎢⎥⎢⎥
⎣⎦⎣⎦
()
⎡⎤
mu
()
0
1
b
t
t
cb
t
t
e
v
τ
λµ
µτ
δ
+−
⎡⎤
+
+− +
⎢⎥
⎢⎥
⎣⎦
()
()
()
(
)
()
()
()
()
0
11 1
t t
cb
t
cb
t
sCB cb
t
t t
cb cb cb
tt t
tt
e
mue
λµ
λµ
τ
δ
λµ λµ λµ
µτ µτ µτ
δδ δ
+
+
=+ +
⎡⎤⎡⎤⎡⎤
++ +
+− + +− + + +
⎢⎥⎢⎥⎢⎥
⎢⎥⎢⎥⎢⎥
⎣⎦⎣⎦⎣⎦
t
v
0
t
cb
sCB
L
m
=
(
)
3. .5A
103
()
()
()
(
)
()
()
()
()
()
11 1
t t
cb
t
cb cb
t tt
sCB cb
t t
cb cb cb
tt t
tt
ew
mue
λµ
λµ τ
δ
λµ λµ λµ
µτ µτ µτ
δδ δ
+
++
=+ +
⎡⎤⎡⎤⎡⎤
++ +
+− + +− + + +
⎢⎥⎢⎥⎢⎥
⎢⎥⎢⎥⎢⎥
⎣⎦⎣⎦⎣⎦
t
v
()
()
()
(
)
()
()
()
()
11 1
t t
cb
t
cb
t
sCB cb
t tt
cb cb cb
tt t
tt
mue
δτ µ λ
λµ
τ
δ
λµ λµ λµ
µτ µτ µτ
δδ δ
++
+
=+ +
⎡⎤⎡⎤⎡⎤
++ +
+− + +− + + +
⎢⎥⎢⎥⎢⎥
⎢⎥⎢⎥⎢⎥
⎣⎦⎣⎦⎣⎦
t
wv
Conforme definido no modelo da transparência do BC relativa às inovações
financeiras, define-se uma equação (equação 4.9) em que a expectativa do público sobre
os choques na velocidade da circulação da moeda (
) é igual à soma entre a
velocidade observada pelo BC (
) e um erro de previsão do público (
p
t
v
cb
t
v
t
γ
).
tt
pcb
t
vv
γ
=+ (4.9)
Substituindo (4.9) em (4.8) encontra-se:
()
()
()
(
)
()
()
()
()
()
tt
11 1
t t t
cb
t
cb
t
sCB cb p
t
cb cb cb
tt t
tt t
muewv
δτ µ λ
λµ
τ
δ
γ
λµ λµ λµ
µτ µτ µτ
δδ δ
++
+
=+ +
⎡⎤⎡⎤⎡⎤
++ +
+− + +− + +− +
⎢⎥⎢⎥⎢⎥
⎢⎥⎢⎥⎢⎥
⎣⎦⎣⎦⎣⎦
(
)
4.8
104
()
()
()
(
)
()
()
()
()
11 1
t
cb
t
sCB cb p
t
cb
tt t
v
λµ
τ
δ
t t
cb
t
t t
cb cb
tt t
muew
δτ µ λ
γ
λµ λµ λµ
++
=+ +
⎡⎤⎡⎤
++ +
µτ µτ µτ
δδ δ
+
+
+− + +− + +− +
⎢⎥⎢⎥⎢⎥
⎢⎥⎢⎥⎢⎥
⎣⎦⎣⎦⎣⎦
(4.10)
ara estudar o efeito da transparência política do BC na segunda parcela da
equação (4.10) deriva-se a m
P
esma em relação à
t
µ
.
()
()
()
()
()
()
()
()
()
()
()
()
()
()
2
22
2
11
11
1
11
.
1
cb
t
cb cb cb
ttt
tt
cb
t
t
t
cb cb
tt t
cb
t
t
δτ µ λ
δ
λµ λµ δτµλ
µτ µτ
δδδ δ
µ
λµ
µτ
δ
λµδ µτ δτµλ δ
δδ
λµ
µτ
δ
++
⎡⎤⎡⎤
++++
⎛⎞
+− + +− +
⎢⎥⎢⎥
⎜⎟
⎝⎠
⎢⎥⎢⎥
⎣⎦⎣⎦
==
⎡⎤
+
+− +
⎢⎥
⎢⎥
⎣⎦
⎡⎤
+++ ++
⎢⎥
⎢⎥
⎣⎦
=
⎡⎤
+
+− +
⎢⎥
⎢⎥
⎣⎦
1
δ
Basta provar que
()
(
)
(
)
()
11
cb cb
tt t
λµδ µτδτµλ δ
0
+
+−+++ > para
ostrar que um aumento na opacidade implica elevações na taxa de crescimento da
oferta de moeda. Assim, tem-se:
m
105
()
()
()
(
)
()
()
()(
2
2
2
11
1
.
cb cb
tt t
cb cb cb
tt t t
cb cb cb
tt t t
cb
λµδ µτδτµλ δ
λµδ µτδτµλ δτδµδλ
λ µδδµδτδτµλ δτδµδλ
δδτδλ
+++++ =
=++++++++
=++++++ =
=+ +
)
=
Como esta expressão é maior que zero, pode-se afirmar que com transparência
total elimina-se o efeito distorcivo da transparência política sobre a parcela do choque
e oferta.
d
106
CAPÍTULO 5
O efeito da Transparência do BC na Desigualdade de Renda
.1 A relação entre o regime de metas para inflação e a desigualdade de
enda
De acordo com o regime de metas para inflação, utilizado nos capítulos
nteriores, observa-se que a ligação entre a política monetária e as obrigações sociais do
accountability) no cumprimento
das metas elaboradas pelo legislativo. O argumento para a idéia supracitada é que o não
cumprimento das metas escolhidas pelo público, por meio do legislativo, pode causar
erda de reputação do BC. É neste contexto que a minimização da função de perda
cial se relaciona com a redução do nível de desigualdade de renda. A justificativa é
que as principais variáveis estud metas para inflação (inflação e
desemprego e taxa de juros) são cruciais para a determ
O modelo estudado neste capítulo considera que a ação do BC pode influenciar
os níveis de concentração de renda por duas formas. Um primeiro aspecto a ser
es do BC sobre suas decisões de política monetária, a exposição do BC quanto
às suas preferências entre inflação e produto, e a publicação de suas previsões sobre
variáve
5
r
a
Estado é representada pela responsabilidade do BC (
p
so
adas no regime de
inação desta desigualdade.
considerado diz respeito ao efeito da transparência do BC na accountability. As
explicaçõ
is futuras, aumentam o conjunto de informações dos agentes econômicos. Dessa
forma, uma autoridade monetária que adote esta postura aumenta o seu grau de
responsabilidade perante o público. Um BC que assume a responsabilidade de conduzir
as expectativas dos agentes econômicos é muito mais cobrado quanto aos resultados da
107
política monetária do que uma autoridade monetária opaca. Um BC que não publica
suas previsões e suas preferências não pode ser condenado por uma má condução das
expectativas dos agentes. Em suma, maior transparência do BC produz maior
accountability.
Um segundo ponto a ser realçado é que em um sistema político cujos cidadãos
elegem
do da ação de uma autoridade monetária irresponsável é o aumento na
concen
orma sintética, pode-se dizer que a transparência do BC afeta a desigualdade
seus representantes por meio de voto, espera-se que as decisões do legislativo
estejam de acordo com as demandas de seus eleitores. Neste sistema, todos os cidadãos
têm peso igual no que diz respeito à formação do Congresso e na aprovação das leis.
Desta forma, na formação da estrutura institucional do regime de metas para inflação,
ou seja, na definição das metas e da punição ao BC, os indivíduos têm uma participação
igualitária.
É reconhecido que um BC responsável é aquele atinge a meta de inflação
definida pelo público. Em contraste, um BC irresponsável é aquele que cede às pressões
para expansão do produto, em detrimento da convergência da inflação para sua meta.
Neste último caso, a tentação (choques políticos) do BC para expandir o produto, serve
a interesses de grandes corporações, que possuem alto poder de barganha e de influência
no poder executivo.
O resulta
tração de renda de uma sociedade. Em outras palavras, uma alta concentração de
renda reflete o maior poder de barganha dos grupos mais ricos, possibilitando choques
políticos que desvirtuam o BC de seu compromisso firmado com o público (o
cumprimento da meta de inflação). É neste contexto que se defende um BC mais
transparente e, portanto, mais responsável, uma vez que a transparência reduz sua
sensibilidade às tentações para expansão do produto.
De f
108
de renda da sociedade por meio de seu efeito na accountability, (vide efeito de
2
w
σ
sobre
τ
) e que um BC que não cumpre seu compromisso com o Congresso (BC sem
accountability) privilegia interesses de grupos minoritários em detrimento dos interesses
da maioria dos cidadãos. Portanto, quanto maior a transparência do BC, maior a
accountability e menor a desigualdade de renda (efeito indireto da transparência do
BC).
Em países como o Brasil, uma pequena parcela da população detém a maior
parte da renda da economia. No caso brasileiro, aproximadamente, 50% da renda está
nas mãos dos 10% mais ricos da população e os choques políticos satisfazem os
interesses deste grupo minoritário (Ministério do Planejamento, 2001). A democracia
brasileira tem um sistema político em que o legislativo é parte fundamental para seu
funcionamento, uma vez que cada cidadão tem um representante que defende seus
interesses. Neste caso, decisões tomadas no Executivo estão sujeitas às mazelas das
pressõe
5.2 - O
s econômicas, enquanto que o legislativo atende ao grupo majoritário da
população.
Como cada indivíduo tem o mesmo peso, no que diz respeito à sua importância
na escolha de líderes políticos, choques políticos refletem uma idéia do quão descolada
está a sociedade do seu nível de perfeita igualdade política (sistema em que todos
indivíduos possuem o mesmo peso na escolha das políticas públicas).
13
referencial teórico
Nesta seção, utiliza-se as mesmas equações do capítulo 1, seção 1.1, as quais
13
estrutura de concentração de renda em que todos os indivíduos têm a mesma participação na renda da
sociedade com a estrutura de concentração de renda efetiva. A diferença entre estas duas estruturas
Hoffman (1998) utiliza o conceito de entropia, baseado na Teoria da Informação, que compara uma
representa uma medida de desigualdade de renda denominada de índice de Theil.
109
formam a estrutura do modelo de comprometimento do BC. Estas equações são
representadas por (5.1), (5.2), (5.3), e (5.4).
(5.1)
π
t
=
δ
x
t
+ E
t
π
t+1
+ e
t
.
(5.2)
22
0
1
2
n
n
t
λπ
β
=
⎡⎤
=+
(5.3)
tn tn
Lx
E
++
⎣⎦
.
()
()
2
2
2
1
n
cb T
tn tn tn tn tn
cb
Lxu
E
λπτππ
β
++ + + +
⎡⎤
=−++
0
2
n
t
=
⎢⎥
⎣⎦
5.4)
t
ansionistas em períodos pré-eleitorais. De
acordo com a teoria do Ciclo Político de Negócios, o BC tende ceder às pressões
produto nestes períodos. O resultado desse processo é a
presença de flutuações econômicas, pois expansões no período atual (anterior à eleição)
criam inflação no presente e políticas restritivas pós-eleição. Esta instabilidade é
problemática do ponto de vista ético e danosa à taxa de crescimento de longo prazo da
ia
.
A figura 5.2 mostra um aumento na demanda agregada decorrente de choques
políticos, em períodos pré-eleitorais, deslocando esta curva para direita (de D para D’) e
aumentando o nível de preços e de produto (ponto B).
ão obstante, o efeito expansionista sobre o produto não se mantém quando os
(
cb
o
tt
ee w=+
A adoção do modelo de comprometimento do BC está relacionada à necessidade
de disciplinar BCs que fazem políticas exp
políticas para a expansão do
econom
N
agentes privados observam o aumento de preços. O argumento acima tem como
referencial teórico o princípio aceleracionista da curva de Phillips (versão Friedman-
110
Phelps
rta para esquerda (de S para S’ – vide figura 5.3). De outra forma, conforme
revela
Em suma, choques na demanda agregada afetam a inflação via Curva de
Phillips. No entanto, a velocidade com que rta se desloca para a esquerda
). De acordo com esta perspectiva, o resultado de uma expansão monetária faz
com que o nível de emprego se eleve enquanto os trabalhadores têm a falsa expectativa
de que os preços encontram-se ao nível P
0
(vide figura 5.2). Entretanto, assim que os
trabalhadores percebem que suas expectativas foram frustradas, isto é, que os preços
sofreram um aumento para P
1
, há uma redução na oferta de trabalho fazendo com que
taxa natural de desemprego volte a vigorar na economia (Y
0
). A conseqüência do
ajustamento nas expectativas é uma redução na oferta implicando um deslocando da
curva de ofe
o ponto C na figura 5.3, o efeito expansionista sobre o produto é eliminado, mas
a elevação nos preços perdura ao longo do tempo.
Figura 5.2
Efeito de pressões políticas sobre preços e produto no curto prazo
P
S
D
D’
Y
Y
0
Y
1
P
1
P
0
B
A
a curva de ofe
111
(aumentando ação
das expectativas. Logo, sociedades que reavaliam suas expectativas, com maior
eficiência, têm seu emprego restaurado com maior rapidez e a Curva de Philips de curto
prazo é mais vertical.
Em modelos que utilizam a teoria partidária como e Hibbs (1977) e em
Alesina, Roubini e Cohen (1997), a formação de expectativas é mais eficiente, pois
eleitores sabem que os partidos têm diferentes funções objetivos e que escolhem pontos
diversos na curva de Phillips. Desta forma, os agentes econômicos introduzem um viés
inflacionário em suas previsões, de acordo com a característica de cada partido.
Figura 5.3
Efeito de pressões políticas sobre preços e produto no longo prazo
A literatura de ciclos políticos de demanda (decorrente de políticas
expansionistas pré-eleitorais) mostra que a rigidez no processo de formação de
preços e diminuindo o emprego) depende da rigidez relativa à form
m
P
S
D
D’
Y
Y
0
Y
1
P
1
P
0
B
A
P
2
C
S’
112
expectativ nte, pois
um maior grau de transparência facilita o processo de convergência das expectativas
fazendo com que governo não se aproveite da assimetria de informações. Portanto,
economias em que o BC é mais transparente tendem a apresentar um menor custo de
bem-estar social.
Além da estrutura padrão, representada pelas equações (5.1), (5.2), (5.3), e (5.4),
o modelo desta seção inclui uma restrição de crédito para os indivíduos que não
possuem colateral. Esta restrição é representada pelo modelo cash-in-advanced, que tem
como referência o trabalho de Cooley e Hansen (1991). Neste caso, os autores
supracitados resolvem o problema de otimização da função de utilidade indireta do
agente representativo (em um ambiente de concorrência perfeita), que produz:
(5.4)
as implica menor bem-estar social. Esta é uma observação importa
()
t-1 2t
t1t
pc
r= -1-
α
t
1- p c
δ
α
⎛⎞
⎛⎞
⎜⎟
⎜⎟
⎝⎠
⎝⎠
em consumo dos indivíduos pobres (
e consumo dos indivíduos
não-po
(5.5)
, 0<α<1.
r é a taxa de juros real ; p é o nível de preços; c
1
é o consumo do bens à vista; c
2
é o
consumo do bens à credito; δ é a taxa de depreciação do capital.
No modelo deste capítulo, o consumo dos bens à vista é feito por meio do uso de
moeda e se divide
1pt
c )
bres (
1npt
c ),
(
)
1t 1pt 1npt
cc1c
γγ
=+ , 0 <
γ
< 1.
113
modelo assume que os cidadãos abaixo da linha da pobreza não podem
comprar bens usando o mercado de crédito e, além disso, o consumo dos indivíduos
não-pobres é igual à soma do seu consumo dos bens à vista (
com o consumo dos
ens à prazo
,
(5.6)
.
Substituindo a equação (5.6) na equação (5.5) tem-se,
(5.7)
O
1npt
c )
b (
2npt
c)
()
npt 1npt 2npt
c1cc
γ
=− +
1t 1pt npt 2npt
cccc
γ
=+.
.8)
f
Levando em consideração o fato de que consumidores compram bens à vista,
bens à crédito e fazem investimentos (formação bruta de capital fixo - gfcf), a renda
(y
t
) é
1pt npt 2npt 2npt t
ccc+c gfc
t
y
γ
=+ +
(5
f
1pt npt t
ccgfc
t
y
γ
=++.
O fato de que somente não-pobres compram bens à crédito implica
(5.9)
= c.
2npt 2t
c
114
(5.10)
Portanto, substituindo as equações (5.7) e (5.9) na equação (5.4), e fazendo a
substituição da equação (5.8) neste resultado, a taxa y
t
/c
1pt
é
14
() ()
()
tt
tt
t-1 t-1
ttt
1pt t 1t 1npt
pp
r1- r1-
pp
yyy
= +
cgfcfc
1- 1-
γδ γδ
γ
αα
γ
αα
⎛⎞ ⎛⎞
++⎡⎤ ⎡⎤
⎜⎟ ⎜⎟
⎣⎦ ⎣⎦
⎛⎞
⎝⎠ ⎝⎠
−−
⎜⎟
⎛⎞ ⎛⎞
⎝⎠
⎜⎟ ⎜⎟
⎝⎠ ⎝⎠
t
y
1c
.
Uma vez que as famílias pobres consomem toda sua renda (
) e compram
apenas bens à vista (c
1pt
), pode-se afirmar que
pt
y
1pt
c
pt
y
=
. Assim, a equação (5.10) pode
ser reescrita como
(5.11)
()
()
t
t
t-1
tttt
p
t t 1t 1npt
p
r1-
p
yyy
= 1 +
ygfcfc
1-
γδ
γ
α
γ
α
⎛⎞
+⎡⎤
⎜⎟
⎣⎦
⎡⎤
⎛⎞
⎝⎠
−−
⎢⎥
⎜⎟
⎛⎞
⎝⎠
⎣⎦
⎜⎟
⎝⎠
y
1c
.
s real e na inflação (
p
t
/p
t-1
)
provocam uma redução na parcela da renda dos pobres (a diferença entre
y
t
e y
pt
a). É importante notar que sob a hipótese de que cada indivíduo tem a me a
renda,
y
t
representa uma distribuição de renda perfeitamente igualitária. Neste sentido
ma queda em (
pt/pt-1) representa uma queda na desigualdade de renda. Por outro lado,
aum
ode ser
BC no estado contingente. Neste caso, o BC publica parte das suas
previsões sobre os choques de oferta e minimiza sua função de perda, dado que o
A equação acima denota que aumentos na taxa de juro
aument sm
u
um ento na inflação e na taxa de juros reduz o consumo dos pobres.
A influência da transparência do BC p entendida por meio do uso da
função de perda do
14
O procedimento para derivar esta expressão é apresentado no Apêndice 5.
115
público forma suas expectativas de inflação condicionadas a estas previsões (e
o
). Assim,
ato de incentivo entre o público e o BC revela que enquanto o desvio da inflação
com relação ao choque observado pelo público cresce, a perda de reputação do BC
mbém cresce (vide seção relativa à transparência econômica).
z encontrada a condição de equilíbrio do modelo cash-in-advanced, o
próxim
(5.14)
o contr
ta
Uma ve
o passo é encontrar a solução do problema de minimização da função de perda
do BC. O procedimento adotado com relação ao problema de otimização desta função
de perda é idêntico àquele usado no capítulo que trata da transparência econômica do
BC (capítulo 1). São utilizadas as mesmas equações e, portanto, os resultados parciais
são iguais aos resultados da seção supracitada. Estes resultados são representados pelas
equações 5.14 e 5.15.
() () ()
22
111
cb cb
λδ δ δ τ
λδ τ λδ τ λδ τ
⎛⎞
++ ++ ++
222
1
tt t t
uew
π
=+ +
⎜⎟
⎜⎟
⎝⎠
(5.15)
() () ()
22 2
11 1
t
cb
tt t
x
ue w
λ
δδτ
=− +
,
λδ τ λδ τ λδ τ
++ ++ ++
Substituindo-se as equações (5.14) e (5.15) na função de perda social, que é
minimizada com relação à punição do BC(τ), tem-se,
(5.16)
()
()
()
222 2
2
2242
1
cb
cb
u
e
w
e
λ
δλσ λδ δσ
τ
+++
=
⎢⎥
⎣⎦
.
λδ σ δσ
⎡⎤
+−
116
A equação acima implica que a punição com relação à dispersão do grau de
2
w
σ
opacidade do BC (
) reduz o poder de incentivo do contrato firmado entre o BC e o
público.
diferença entre o modelo do capítulo 1 e o modelo deste capítulo reside no
que o BC tem um hiato de transparência política, que é representado pela
equação 5.17. Neste caso a previsão do público com relação ao choque político para a
expansão do produto (
u
) é composta pela soma entre a previsão do público com
o ao choque político
A
fato de
p
t
relação a este choque
cb
t
u
e um erro de previsão relativ (
t
ϑ
). Como
conseqüência,
(5.17)
t
=
pcb
tt
uu
ϑ
+
.
uando o BC não tem transparência política e o público faz previsões sobre os
choque
Q
s políticos para a expansão do produto, a equação (5.14) se reduz a
(5.18)
()
2
1
p
tt
u
λ
δ
π
λδ τ
=
++
.
Substituindo a equação (5.16) na equação (5.18) encontra-se
(5.19)
()
()
()
222 2
2
2
2242
1
1
cb
cb
p
t t
u
e
w
e
u
λ
δ
π
=
λδ λσ λδ δσ
λδ
λδ σ δσ
⎛⎞
+++
⎜⎟
++
⎜⎟
⎡⎤
+−
⎜⎟
⎢⎥
⎣⎦
⎝⎠
.
117
.
Destarte, para analisar o impacto da transparência econômica sobre a taxa de
juros é necessário levar em consideração a alocação ótima do consumo da família
representativa. Esta condição de otimalidade é um resultado do processo de
maxim ação da utilidade dos agentes econômicos, vide capítulo relativo à
ansparência econômica.
(5.20)
A equação 5.19 mostra que quanto maior a variância da opacidade política,
menor é o denominador desta equação e, portanto, maior é a taxa de inflação
iz
tr
() ()
()
()
()
11
22
22
1
22
2
1
2
11
11
11
1
p
tt
cb
tt t t
t
u
iE e w
λδ λδ
ϑ
λδ τ λδ τ
δψ
ψ
λδ τ λδ τ
δτ
ζ
λδ τ
++
+
+
⎧⎫
⎪⎪
++ ++
⎪⎪
⎪⎪
⎛⎞
⎪⎪
=+ +
⎜⎟
⎨⎬
⎜⎟
++ ++
⎝⎠
⎪⎪
⎪⎪
⎪⎪
+
++
⎪⎪
⎩⎭
.
ρδτ
plica uma
taxa nom
A equação acima mostra que um aumento na transparência do BC im
inal de juros de curto prazo mais baixa. Por outro lado, um aumento na
opacidade do BC (
t
w ) em relação à publicação das previsões dos choques de oferta,
aumenta o nível da taxa de juros. Supondo que os agentes econômicos são racionais e
aplicando o operador de expectativas na equação (5.20), os termos relativos à
1
cb
t
e
+
,
1t
ζ
+
,
t
w , e
1t
ϑ
+
são eliminados, ou seja,
118
()
1
2
1
1
p
tt t
iE u
λδ
ψ
λδ τ
+
⎧⎫
⎪⎪
=−
⎨⎬
++
⎪⎪
⎩⎭
(5.21)
.
Substituindo a equação (5.18) na equação (5.21) e deflacionado este resultado
para achar a taxa de juros real, tem-se
()
()
()
1
2
2
2242
t-1 t-1
1
1
1
pp
pp
cb
p
tt
u
e
t
Eu
λδ
ψ
λδλσ λδ δσ
λδ
+
⎪⎪
222 2
tt
cb
w
e
i
λδ σ δσ
⎧⎫
⎪⎪
⎪⎪
⎨⎬
⎛⎞
⎪⎪
+++
(5.22)
⎜⎟
⎪⎪
++
⎪⎪
+−
⎜⎟
⎢⎥
⎪⎪
⎣⎦
⎝⎠
⎜⎟ ⎜⎟
A equação (5.22) permite capturar o efeito da transparência do BC sobre a taxa de
juros real. A partir daí, substitui-se esta equação na equação 5.A.1 (vide apêndice 5) e
utiliza-se este resultado na equação da desigualdade de renda (equação 5.11). A partir
aí, produz-se
⎜⎟
⎡⎤
⎩⎭
=
⎛⎞ ⎛⎞
⎝⎠ ⎝⎠
.
d
119
()
()
()
()
()
1
222 2
2
2
2242
t tt
pt t 1t 1np t
11-
1
1
yy
=1
yg
1-
cb
cb
p
tt
u
e
w
e
Eu
λδ
γψ δ
λδ λσ λδ δσ
λδ
λδ σ δσ
γ
α
γ
α
+
⎡⎤
⎧⎫
⎢⎥
⎪⎪
⎢⎥
⎪⎪
⎢⎥
⎪⎪
⎪⎪
⎢⎥
−+
⎨⎬
⎛⎞
⎢⎥
⎪⎪
+++
⎜⎟
⎢⎥
⎪⎪
++
⎜⎟
⎢⎥
⎪⎪
⎡⎤
+−
⎜⎟
⎢⎥
⎢⎥
⎡⎤
⎪⎪
⎛⎞
⎣⎦
⎝⎠
⎩⎭
⎣⎦
−−
⎢⎥
⎜⎟
⎛⎞
⎝⎠
⎣⎦
⎜⎟
⎝⎠
(5.23)
t
yy
+
fcfc1c
A equação acima revela uma implicação muito importante para a desigualdade
de renda devido à mudança na transparência econômica. Observa-se que um aumento na
transparência (1/
2
w
σ
) implica um aumento em
τ
, que por sua vez, provoca uma redução
em
y/y . Em outras palavras, um aumento na transparência do BC contribui para uma
tpt
disso, a presença dos choques políticos para
BC não tem independência operacional) é reduzida
com aumento na transparência do BC. A justificativa é que esta transparência
implica em um aumento na sensibilidade da credibilidade do BC para a realização da
meta de inflação (aumento em
queda na desigualdade de renda. Além
expansão do produto (quando um
um
τ
).
5.3 Um exercício empírico
O modelo teórico mostra que o nível de desigualdade de renda é influenciado
pela transparência do BC. A partir daí, é importante fazer uma análise empírica para
validar os resultados encontrados. Portanto, a análise desenvolvida nesta seção
considera as principais variáveis usadas na seção teórica (inflação, taxa de juros real e
transparência econômica) para avaliar seus impactos sobre esta desigualdade. A idéia é
120
que países com BCs mais transparentes têm um nível mais alto de concentração de
renda .
O índice de transparência usado na análise é obtido de Fry
et alii (2000) e é o
mesmo utilizado na seção relati a àv transparência econômica (estes dados são referentes
o ano de 1998). Deve-se ressaltar que a taxa de inflação utilizada na estimação
) é uma média entre os anos de 1997 e 1998. Além das
formações supraditas, são considerados, no estudo, dados concernentes à taxa de juros
nterbancários - média entre 1997 e 1998) extraídos do FMI (
International Financial
Statistics
). Como medida do nível de desigualdade de renda é empregado na análise o
índice de Theil (variável dependente da estimação), disponível no sítio da University of
Texas Inequality (http://utip.gov.utexas.edu). Os dados correspondem à vizinhança do
ano de 1998 (média entre 1996 e 1998, no caso de inexistência de informações utiliza-se
a mais recente), ou seja, são computados aqueles mais próximos do ano sobredito.
Conforme Deininger e Squire (1996), a justificativa para utilização destes dados de
períodos heterogêneos é o fato dos índices de desigualdade de renda apresentarem um
desvio padrão (ao longo do tempo) muito pequeno.
A metodologia aplicada na avaliação dos efeitos das decisões do BC sobre a
desigualdade de renda é a estimação de Mínimos Quadrados Ordinários (MQO). Vale
ressaltar que se faz uma análise com base na técnica de corte transversal (
cross-section)
comparando as variáveis macroeconômicas de 44 países. Neste caso, é comum que os
dados utilizados apresentem o problema de heterocedasticidade produzindo estimadores
viesados. Desta forma, com o objetivo de garantir uma estimação confiável utiliza-se o
estimador de Newey-West (1987).
a
(publicada pelo autor supracitado
in
(i
121
O primeiro modelo estudado estima o impacto causado pela taxa de inflação
(
INF), pela taxa de juros real (RIR) e pela taxa de desemprego (U) sobre a desigualdade
de renda. Sob esta perspectiva o modelo é dado por:
renda (ver equação 20). A partir daí, é levada em
conside
.25)
.
s sinais esperados são: ƒ/ET<0; ƒ/DCBB>0.
com o que foi
apresentado no modelo teórico, uma vez que os sinais dos coeficientes da estimação têm
o comp
6). As estatísticas-t das variáveis
ros, desemprego e inflação revelam que os coeficientes dessas variáveis possuem
ncia estatística na estimação da desigualdade de renda.
15
Ademais, a
(5.24)
(, ,).Desigualdade f RIR INF U=
Os sinais esperados são:
ƒ/IRIR>0; ƒ/INF>0; F/U>0.
O segundo modelo considera o efeito causado pela transparência econômica
sobre o nível de concentração de
ração uma regressão que tem como variáveis explicativas a transparência
econômica (ET) e a discrição do BC (DCBB). Então,
(, )Desigualdade f ET DCBB=
(5
O
Observa-se que os resultados modelo 1 são condizentes
ortamento esperado. O coeficiente relativo à taxa de juros real (0.3071) revela
que um aumento nesta variável contribui para um aumento na desigualdade de renda. A
mesma idéia é válida quando são considerados os efeitos causados pela inflação
(coeficiente igual a 0.3925) e pelo desemprego (0.440
ju
significâ
15
Foi aplicado logaritmo natural nas séries referentes à taxa de juros e ao desemprego.
122
import do pela estatística F), assim
como,
Transparência do BC e Theil
Nota: Significante em um nível de 1 (*), 5 (**), e 10 (***) por cento.
Variável dependente – índice de Theil
ância conjunta dessas variáveis na estimação (medi
na explicação da variação na desigualdade de renda (medido pelo coeficiente de
determinação) mostra-se significativa.
No que diz respeito ao modelo 2, é importante enfatizar que um aumento no
comportamento discricionário do BC (vide coeficiente igual 0.2324) contribui para um
aumento na desigualdade de renda. Destarte, o resultado mais importante destas
estimações é aquele que mostra o impacto significativo da transparência do BC sobre o
índice de Theil. Seu coeficiente é de -0,6748 e pode ser observado na linha relativa à
estimação do modelo 2. Além disso, ele é significante ao nível de um por cento e mostra
que quanto maior a transparência do BC, menor é a desigualdade de renda de uma
economia.
Tabela 5.1
Estimação MQO
Modelo
R
2
Coeficientes estimados
(Estatística t – Newey-West )
Obs. Estatística F
Ajustado
1
0.30
-4.9943 + 0.3925 INF + 0.3071 RIR + 0.4406 U
(-9.0366)* (3.1573)* (1.8260)*** (2.0553)**
45 7.2093*
2
-4.3693 - 0.6748 ET + 0.2324 DCBB
(-13.3880)* (-2.8660)*(2.2007)**
61 4.5219** 0.11
123
5.4 Conclusão
O program etas sobre a redução da pobreza,
tem rela que a postura do BC influencia
a inflaç rico apresentado, encontrou-se
uma express rma positiva com a taxa de juros e
tes choques são
ombatidos com um contrato de incentivo que prevê uma punição para o BC, no caso
ele se desviar da meta de inflação. Sob a forma de lei, este contrato informa ao público
punição ao qual o BC está sujeito. Como conseqüência, esta transparência do BC
umenta a responsabilidade da autoridade monetária quanto ao cumprimento da meta de
flação.
Os resultados da simulação de MQO mostram que aumentos na inflação e no
desemp
e apêndice apresenta a derivação da equação relativa à taxa
a de metas sociais, dentre elas as m
ção com o regime de metas de inflação, uma vez
ão, o desemprego e a taxa de juros. No modelo teó
ão para pobreza que se relaciona de fo
com os choques políticos de poderosos grupos econômicos. Es
c
d
a
a
in
rego provocam uma elevação no índice de Theil. Por outro lado, a transparência
econômica desempenha um papel importante na redução da desigualdade de renda e,
por conseguinte, pela decomposição de Ravallion (1992), contribui, de forma efetiva,
para reduzir a pobreza de uma sociedade. Desta forma, fica evidente que quanto mais
transparente o BC menos desigual e menos pobre é uma nação, enfatizando a
proximidade entre metas de inflação e metas sociais.
Apêndice 5
Est
t
1pt
y
c
.
Substit
(5.7)
uindo as equações
1t 1pt npt 2npt
cccc
γ
=+ e
124
(5.9)
2npt 2t
c= c, em
(5.4)
()
t-1 2t
t
pc
r= -1-
1- p c
α
t1t
δ
α
⎛⎞
⎛⎞
⎜⎟
⎝⎠
⎜⎟
⎝⎠
, encontra-se
()
()
()
npt 1npt
t-1
t
t 1pt 1npt
c1c
p
r= - 1-
1- p c 1 c
γ
α
δ
αγγ
⎛⎞
−−
⎛⎞
⎜⎟
⎜⎟
⎜⎟
⎜⎟
+−
⎝⎠
⎝⎠
⎝⎠
()
(
)
()
npt 1npt
t-1
t
r1- =
1-
δ
α
+
⎜⎟
⎝⎠
t 1pt 1npt
c1c
p
p c 1 c
γ
α
γγ
⎛⎞
−−
⎛⎞
⎛⎞
⎜⎟
⎜⎟
⎜⎟
+−
⎝⎠
⎝⎠
()
() ()
t
1pt 1npt npt 1npt
t-1
t
r1-
c 1 c = c 1 c
p
1- p
δ
γγ γ
α
α
+⎡⎤
⎣⎦
⎡⎤
+− −−
⎣⎦
⎛⎞
⎛⎞
⎜⎟
⎜⎟
⎝⎠
⎝⎠
()
() ()
t-1
t
1pt npt 1npt 1npt
t
p
1- p
c= c 1 c 1 c
r1-
α
α
γγ
δ
⎛⎞
⎛⎞
⎜⎟
⎜⎟
⎝⎠
⎝⎠
⎡⎤
−− −−
⎣⎦
+⎡⎤
⎣⎦
γ
()
()
()
t-1
1npt
t
1pt npt 1npt
t
p
1c
1- p
c= c 1 c
r1-
α
γ
α
γ
γ
γδ
⎛⎞
⎛⎞
⎜⎟
⎜⎟
⎝⎠
⎝⎠
⎡⎤
−−
⎣⎦
+
⎡⎤
⎣⎦
(5.A.1)
()
()
1npt
1pt 2npt
t
t
t-1
1c
1-
c= c
p
r1-
p
α
γ
α
γ
γδ
⎛⎞
⎜⎟
⎝⎠
⎛⎞
+⎡⎤
⎜⎟
⎣⎦
⎝⎠
Substituindo a equação
125
(5.8) f
1pt npt 2npt 2npt t
ccc+c gfc
t
y
γ
=+ +
na equação (5.A.1), obtém-se
(5.A.2)
()
()
()
1npt
1pt t t 1t
t
t
t-1
1c
1-
c= y-gfcf- c
p
r1-
p
α
γ
α
γ
γδ
⎛⎞
⎜⎟
⎝⎠
⎛⎞
+
⎡⎤
⎜⎟
⎣⎦
⎝⎠
Dividindo ambos lados por
tem-se
t
y,
() ()
()
1pt 1npt
t1t
tt t
t
t-1 t-1
1
gfcf c
1- 1-
= +
yyy y
r1-
p
αα
γ
αα
γ
γδ
⎛⎞ ⎛⎞
⎜⎟ ⎜⎟
⎛⎞
⎝⎠ ⎝⎠
−−
⎜⎟
⎛⎞ ⎛⎞
⎝⎠
+
⎡⎤
⎜⎟
⎣⎦
⎝⎠
(5.11)
cc
t
tt
t
pp
r1-
p
γδ
+
⎡⎤
⎣⎦
⎝⎠
() ()
()
tt
tt
t-1 t-1
ttt t
t 1t 1npt
pp
r1- r1-
pp
yyy y
= +
gfcfc1c
1- 1-
γδ γδ
γ
α
γ
αα
⎛⎞ ⎛⎞
++⎡⎤ ⎡⎤
⎜⎟ ⎜⎟
⎣⎦ ⎣⎦
⎛⎞
⎝⎠ ⎝⎠
−−
⎜⎟
⎛⎞
⎝⎠
⎜⎟
⎝⎠ ⎝⎠
.
1pt
c
α
⎛⎞
⎜⎟
126
CAPÍTULO 6
Um estudo empírico sobre a transparência do BC
6.1 Uma resenha da literatura empírica sobre a transparência do BC
A prática dos BCs demonstra que seus gestores têm optado pela transparência,
em detrimento da opacidade, que era praticada no passado recente (antes da década de
noventa). Alguns trabalhos empíricos ratificam os efeitos benéficos da transparência do
BC nas variáveis macroeconômicas, uma vez que existe uma redução da assimetria de
informações.
Um autor que estuda, de forma empírica, os impactos da transparência do BC na
incerteza dos agentes financeiros é Siklos (2000). Ele estuda a mudança da curtose de
alguns ativos financeiros para diferentes períodos da economia canadense. A evolução
da incerteza no mercado financeiro é relacionada à adoção de uma maior transparência
do BC. Os resultados obtidos indicam que um aumento na
transparência de que haja
laridade, ou seja, desde que as informações publicadas pelo BC tenham qualidade.
dela
medir o achatamento da distribuição de probabilidade de uma variável. Quanto maior a
a: i) a partir
da introdução do regime de metas de inflação; e ii) a partir de quando o BC começou a
por Siklos (2000)
do BC reduz a incerteza nos mercados financeiros, des
c
A utilização da curtose como medida de incerteza é justificada pelo fato
curtose, mais espessas são as caudas da distribuição e, portanto, maior a probabilidade
de ocorrer eventos extremos. Desta forma, quanto maior a curtose maior o conteúdo
informativo dos anúncios.
O autor sobredito subdivide os períodos analisados da seguinte form
127
publicar os relatórios de política monetária.
16
Além disso, ele analisa a curtose ao redor
das datas de mudança da taxa básica de juros canadense e das datas de publicação do
relatório de política monetária.
17
Siklos (2000) estuda a curtose destes diferentes períodos para as seguintes séries:
i) taxa de juros do overnigth; ii) inclinação da curva de juros; iii) spread cambial; iv)
spread
disso, o autor sobredito estudou a curtose destas variáveis
finance
incerteza é maior ao redor dos períodos em que a
banda
entre a taxa de juros canadense e a taxa de juros norte-americana.
18
Destarte, ele
analisa a curtose destas séries nas datas de publicação dos relatórios impressos de dois
meios de comunicação: o Financial Post e o Globe & Mail. Neste caso, o autor
supracitado subdivide as avaliações feitas por estes jornais em três categorias: positivas,
negativas e neutras. Além
iras nas datas de publicação das avaliações e dos discursos do BC (disponíveis
em seu sítio).
Os resultados de Siklos (2000)
demonstram uma curtose mais elevada nos
períodos ao redor da publicação dos relatórios e, portanto, o conteúdo informativo, neste
intervalo, é maior. Apesar disso, a
da taxa de juros é alterada, em particular, no caso em que estas mudanças na taxa
do overnigth são de 50 pontos percentuais ou mais. Destarte, variações positivas nesta
variável criam mais incerteza do que mudanças negativas. Observa-se que a incerteza é
maior quando não existe mudança na taxa básica de juros e esta decisão não é explicada.
Portanto, isto sugere a necessidade de explicações sistemáticas do BC, mesmo se não
houver mudança na meta intermediária.
16
Vale ressaltar que estas análises são feitas também para um período que exclui a crise da Ásia
(01/06/1998 a 31/12/1998).
17
Siklos (2000) estuda, de forma separada, a curtose nas datas em que a decisão de política monetária foi
unânime (ou não), nas datas em que a mudança na taxa de juros foi positiva, negativa ou nula e nas datas
em que esta mudança foi de 25 ou de 50 pontos percentuais.
18
A inclinação da curva de juros corresponde à diferença entre a taxa de juros de 10 anos e a taxa de juros
de 3 meses. Além disso, o spread cambial é o prêmio futuro de 3 meses sobre a taxa de câmbio futura
entre o Canadá e EUA. A ênfase dada pelo mercado financeiro e pelo BC canadense às quatro séries
sobreditas justifica a escolha das mesmas para o estudo de Siklos (2000).
128
Siklos (2000) utiliza a inclinação da curva de contrato, que é dada pela diferença
entre as taxas de juros de 3 meses e de 60 meses dos títulos federais canadenses, para
analisar os efeitos das decisões do BC do Canadá na expectativa futura dos agentes
econôm
a de juros seguida de avaliação do
BC (du
eda) na meta da taxa de juros e a publicação das avaliações do comitê,
mostra uma queda no spread para títulos de longo prazo. Para maturidades de curto
icos. Um resultado importante é o fato de a transparência do BC canadense
reduzir, de forma mais intensa, a incerteza no mercado financeiro quando as atas forem
relacionadas a mudanças na banda da taxa de juros.
As estimativas de curtose não são condicionadas e, por isso, outros fatores
podem influenciar os resultados encontrados na análise sobredita. Isto sugere que seja
feita uma análise de robustez, utilizando o método dos mínimos quadrados ordinários. O
fato de algumas mudanças na banda da meta de inflação e na meta da taxa de juros se
sobreporem no tempo, dificulta uma análise separada de cada variável na redução da
incerteza.
A análise de mínimos quadrados ordinários tem como variáveis dependentes os
spreads entre a taxa de juros dos títulos públicos federais dos EUA e do Canadá de 3
meses e de 40 anos. Além disso, o autor supracitado utiliza as seguintes variáveis
explicativas: mudança na taxa básica de juros, crise da Ásia (dummy), Globe Mail
(dummy), Financial Post (dummy), avaliações do BC do Canadá (dummy), Relatório de
Política Monetária (dummy), mudança na taxa básic
mmy), mudança na taxa básica de juros dos EUA e a primeira diferença da taxa
de câmbio entre o dólar canadense e dólar norte-americano.
Variações na banda operacional da taxa de juros fazem o spread entre os juros
do EUA e do Canadá diminuir. Esta redução é maior se comparados os títulos com
maturidade de 3 meses com aqueles de maturidade de 10 anos. O efeito conjunto entre a
variação (qu
129
prazo,
etodologia cross-section),
utilizan
rência dos BCs
nos ret
este efeito é desprezível. Desta forma, se as mudanças na meta da taxa básica de
juros foram acompanhadas de avaliações do BC, elas afetam a parte mais longínqüa da
estrutura a termo da taxa de juros, ou seja, as expectativas de longo prazo (variável que
o BC realmente quer atingir). Vale ressaltar que este efeito no spread é menor do aquele
em que as decisões de política monetária não são acompanhadas de ata.
Siklos (2000) analisou também o impacto do regime de metas de inflação e da
publicação dos relatórios de política monetária na inflação esperada. Sua análise foi
baseada nos dados cruzados entre os países da OECD (m
do o método dos mínimos quadrados generalizados. Os resultados demonstram
uma relação negativa entre a publicação dos relatórios de política monetária e as
previsões de inflação esperada. Como era de se esperar, a inflação esperada também
declina a partir da introdução do regime de metas de inflação. Um outro resultado
importante é o fato da inflação esperada reagir menos à inércia inflacionária, a partir do
momento em que os relatórios de política monetária passam a ser publicados. Esta
justificativa se baseia no fato de que agora o BC explica suas decisões, condicionando-
as aos estados futuros da natureza e, portanto, a análise forward-looking passa a ter uma
importância maior do que a análise backward-looking.
Clare e Courtenay (2001) também estudam o impacto da transpa
ornos dos ativos financeiros. Eles estudam a velocidade de reação dos ativos
financeiros aos anúncios do BC inglês e aos anúncios de variáveis macroeconômicas.
Desta forma, a capacidade de reação destes ativos demonstra o grau de arbitragem do
mercado financeiro britânico e seu nível de eficiência. Quanto mais instantânea a reação
dos mercados aos anúncios do BC mais eficientes eles são e, portanto, menor a
possibilidade de arbitragem.
130
Os autores supracitados analisam o impacto dos anúncios de notícias
macroeconômicas no Reino Unido sobre contratos no mercado futuro (de curto e de
longo prazo). Destarte, eles estudam o efeito das decisões da taxa básica de juros, dos
relatórios de inflação e das atas do comitê de política monetária sobre estas variáveis.
A metodologia de análise é baseada em Ederington e Lee (1995) e consiste na
derivaç
am que houve um aumento na velocidade de reação do
retorno
o,
mostra
ão de um índice que compara a reação destas variáveis antes e depois da
independência operacional do BC. Para calcular este índice os autores sobreditos
medem o excesso de retorno de cada ativo financeiro, subtraindo o valor efetivo de cada
série ao redor do período de publicação pelo seu valor médio (utiliza todo intervalo). O
cálculo da reação anormal consiste na diferença entre o excesso de retorno de cada ativo
dos diferentes períodos (pós-independência e pré-independência).
Os resultados indicar
dos ativos financeiros aos anúncios da taxa básica de juros (reação anormal
positiva). Houve uma reação anormal nos primeiros 5 cinco minutos posteriores ao
anúncio da meta da taxa de juros, reação esta que decresce ao longo do tempo. Esta
maior capacidade de reação indica uma menor possibilidade de arbitragem e, portant
que a transparência do BC inglês implica um mercado financeiro mais eficiente.
Vale ressaltar, que o tamanho total da reação (ao longo do tempo) foi menor no
período pós-independência do que no período pré-independência (reação anormal
negativa). Isto mostra uma maior capacidade do BC ancorar as expectativas dos agentes
econômicos a suas ações, uma vez que, após a forte reação (anormal positiva) inicial, o
mercado não tem informações relevantes que o faça reagir, por um período longo, de
forma anormal.
Outro trabalho que estuda o impacto dos anúncios e das publicações do BC
sobre a volatilidade das variáveis macroeconômicas é o trabalho de Muller e Zelmer
131
(1999). Para analisar o efeito da publicação dos RI nas variáveis do mercado financeiro
canadense, os autores supracitados estudaram a volatilidade não condicional destas
variáveis ao redor das publicações do BC.
O intervalo escolhido para a análise foi de dois dias antes e de dois dias depois
do anú
, a volatilidade média do primeiro dia anterior ao anúncio (ao longo
deste p
a publicação dos RI. Os resultados obtidos
por Mu
da análise não condicional (análise
anterio
ncio dos RI. Neste caso, calcula-se a volatilidade média utilizando dados
cruzados entre os diferentes relatórios. Por exemplo, se a taxa de juros futuros variou
0,5 pontos básicos (no primeiro dia anterior ao anúncio) no relatório de junho de 1995,
0,5 pontos básicos (no primeiro dia anterior ao anúncio) no relatório de dezembro de
1995 e 0,8 pontos básicos (no primeiro dia anterior ao anúncio) no relatório de inflação
de junho de 1996
eríodo) é de 0,6 pontos básicos (0,18/3).
Este cálculo é feito para os cinco dias do intervalo estudado e, assim, os autores
supracitados encontram a volatilidade média (do período entre 1995 e 1998) para cada
dia do intervalo. O objetivo é comparar a volatilidade média dos dias ao redor do
anúncio com a volatilidade média no dia d
ller e Zelmer (1999) demonstram uma reação alta da taxa de câmbio (entre o
dólar canadense e dólar norte-americano) no dia do RI, se comparada aos outros dias do
intervalo (2 dias ao redor do dia da publicação). No entanto, os spreads dos títulos
canadenses de curto e de longo prazo não apresentaram variações substanciais no dia
em que os RI são publicados (se comparados com os outros dias ao redor da
publicação).
19
Em uma análise multivariada, Muller e Zelmer (1999) utilizam o método dos
MQO e encontram resultados que divergem
r), ou seja, os spreads das taxas de juros reagem (de forma significativa) aos
19
O intervalo tem uma banda simétrica de dois dias ao redor da publicação dos RI e os spreads das taxas
de juros medem a diferença entre a taxa do overnigth e os títulos com maturidades de 3 meses e de 10
anos.
132
anúncios e às publicações do BC. A metodologia utilizada por estes autores é baseada
em Haldane e Read (2000), que estimam a reação de algumas variáveis econômicas
canadenses à publicação do relatório de política monetária (elaborado a cada seis meses
pelo BC do Canadá).
20
Com o objetivo de analisar se as informações sobre a política monetária estão ou
não incorporadas nos spreads entre as taxas de juros canadenses e as taxas de juros
norte-americanas, os autores sobreditos estudam os efeitos das decisões de política
monetária sobre a volatilidade condicional destas variáveis. Estes efeitos medem a
surpres
bio), mudanças na banda da taxa básica de juros em condições
normai
a ou o componente inesperado das mudanças dos spreads nas datas em que a
taxa básica de juros canadense é alterada. Vale ressaltar que são definidos os spreads
entre as taxas de juros canadenses e as taxas de juros norte-americanas de 1 mês, 2
meses, 3 meses, 2 anos, 5 anos e 10 anos. Muller e Zelmer (1999) testam o impacto das
ações de política monetária, definindo as seguintes variáveis explicativas: defasagens da
variável dependente, mudanças na banda da taxa básica de juros além do esperado (para
conter choques no câm
s de mercado, mudanças defasadas do logaritmo do câmbio e mudanças na taxa
básica de juros do FED.
21
Os autores sobreditos fazem as simulações para dois diferentes períodos: o
período entre a introdução do regime de metas de inflação e a adoção da independência
operacional do BC (1991 a 1996), e o período entre 1996 a 1999 (inclui o período em
que BC opera de forma independente). Os parâmetros que medem a sensibilidade da
mudança do spread às variações na taxa básica de juros canadense são significantes
20
O relatório de política monetária publica a visão de mundo do BC do Canadá sobre a economia e suas
implicações para o status futuro da política monetária.
da taxa de câmbio do período anterior na variação da taxa de juros corrente. Destarte, introduz-se
21
As defasagens dos spreads eliminam a autocorrelação serial dos resíduos. Além disso, as mudanças
defasadas do logarítimo do câmbio são utilizadas para observar se existe um efeito reverso, ou seja, um
efeito
uma variável explicativa, denominada mudanças na taxa básica de juros do FED, com objetivo de captar
o movimento da política monetária dos EUA.
133
(nos dois períodos), tanto em condições normais do mercado, quanto em períodos em
que as taxas de juros mudaram para suavizar choques na taxa de câmbio. O que chama
atenção é o fato de que a volatilidade dos spreads reage menos às decisões de política
monetária no segundo período. Isto demonstra uma redução na sensibilidade dos
spreads aos anúncios sobre as taxas básicas de juros canadenses, o que implica em um
maior
s do BC.
poder de previsão dos agentes com relação à função de reação do BC. Um
movimento comum nestes dois períodos é a redução na sensibilidade dos spreads às
mudanças na taxa de juros, à medida que os prazos dos títulos aumentam. Desta forma,
quanto mais se desloca, ao longo da curva de juros, menor é o efeito das decisões de
política monetária.
Muller e Zelmer (1999) fazem uma outra estimativa (MQO) que estuda se os
preços dos ativos financeiros antecipam as mudanças na taxa básica de juros do Canadá.
Neste caso, o teste não se concentra no dia da mudança na banda da taxa de juros, mas
em um intervalo ao redor deste dia. Os resultados mostram que existe um aumento na
capacidade de antecipação das ações de política monetária a partir do período em que o
BC do Canadá obteve independência operacional. Neste período, as variações defasadas
nos spreads são mais sensíveis às mudanças ocorridas na data da reunião do comitê de
política monetária do que nos períodos em que o BC não possuía independência
operacional. Portanto, os agentes econômicos possuem uma maior capacidade de
antecipação das açõe
A importância da comunicação do BC também é enfatizada por Bernanke
(2004b), que estuda a reação do mercado financeiro norte-americano a uma frase
publicada na ata (12/08/2003) do Federal Open Market Committee (FOMC). Naquela
oportunidade, o FED publicou:
134
“In these circumstances, the Committee believes that policy accommodation can
be maintained for a considerable period.”
Outro autor que destaca esta mudança na linguagem do FED é Woodford (2005).
Para ele, a indicação de que a acomodação da política monetária seria mantida, por um
período considerável, fez com que a taxa de juros no mercado futuro caísse
de forma
substancial. No entanto, a retirada desta informação da ata do FOMC, fez com que as
taxas de juros futuros relativas aos títulos do Tesouro norte-americano aumentassem.
papel principal das publicações do BC sobre sua “visão
de mun
decisões. Se o público não acredita nas
explica
Uma discussão sobre os efeitos negativos da transparência política é feita por
Bernanke (2004a), que afirma a inoperância das explicações sobre as decisões de
política monetária e das publicações de previsões, caso o público não acredite no BC. O
autor supracitado defende que o
do” é afetar as taxas de juros futuros, uma vez que os agentes econômicos se
baseiam nestas taxas para tomar suas
ções e nas previsões do BC, as transparências econômica e das decisões de
política monetária perdem a função de guia das expectativas destes agentes. Além disso,
a transparência do BC e suas ações são bens complementares, uma vez que a coerência
entre a visão de mundo publicada pelo BC e suas ações reforça a transparência como
instrumento para ancorar as expectativas.
6.2 Impacto dos anúncios e das publicações do BCB nas variáveis macroeconômicas
6.2.1 A descrição dos dados
Nesta seção faz-se uma descrição das séries de freqüência diária, utilizadas no
trabalho empírico, cujo objetivo é demonstrar o efeito da transparência do BC do Brasil
135
(BCB) nas variáveis macroeconômicas. Estuda-se o comportamento das taxas de juros
futuros dos depósitos interbancários de 1 dia (futuros de DI), com vencimento em um
mês, com vencimento em 3 meses e com vencimento em 6 meses. Os dados utilizados
na análise destas taxas de juros futuros são obtidos no sítio da Bolsa de Mercadoria e
Futuros (BM&F) e se estendem de 18/01/2002 a 13/03/2006. Além disso, estas
calculada pela Central de Custódia e de Liquidação Financeira de Títulos (Cetip), e
express 2 dias úteis).
utra variável analisada neste estudo é o Bônus Global República 40, que
represe
visão no mercado financeiro (Top
Five).
e longo
prazo.
variáveis correspondem à taxa média diária dos contratos negociados na BM&F,
a em taxa efetiva anual (base 25
O
nta o diferencial, spread, entre as taxas básicas de juros do Tesouro dos EUA e
do Brasil. Este bônus é uma representação do risco país (prêmio de risco soberano), tem
periodicidade diária e é medido em pontos percentuais. Além disso, esta série é obtida
por meio de uma média diária e a fonte de dados é o sítio do Valor Econômico.
Analisa-se também o comportamento das expectativas da SELIC de curto e de
longo prazo, uma vez que estas variáveis estão relacionadas com o sistema de metas de
inflação e, portanto, são importantes para o estudo em questão. A série da SELIC de
longo está publicada no sítio do BCB e é resultado de uma pesquisa feita pela Gerência
Executiva de Relacionamento com Investidores (Gerin), o survey Focus, que coleta as
expectativas das 5 instituições de maior poder de pre
A série relativa à expectativa da SELIC de curto prazo também é obtida por
meio do survey Focus. Neste caso, o Gerin pesquisa as expectativas das 100 principais
instituições financeiras do país e, portanto, a base de dados para a obtenção desta série é
mais ampla do que aquela utilizada na construção da série relativa à SELIC d
136
Outra variável que será analisada nesta seção é a expectativa do índice de preços
ao consumidor ampliado (IPCA). Esta série também foi obtida no sítio do BCB e
corresponde à expectativa dos agentes econômicos com relação à variação do IPCA
para o ano corrente. Destarte, esta expectativa é uma média das expectativas das
diferentes instituições que participam da pesquisa semanal “Focus”.
As expectativas da relação/dívida PIB e da taxa de câmbio são séries com
periodicidade diária e representam as expectativas das taxas anuais. Além disso, elas
também
séries relativas ao IBOVESPA são encontradas no sítio
www.ipeadata.gov.br
são derivadas das publicações da pesquisa Focus do BC.
O índice BOVESPA (IBOVESPA) é uma das variáveis analisadas neste
trabalho e seu estudo objetiva demonstrar a reação do mercado de ações (assim como a
capacidade de financiamento das empresas no mercado de capitais) às publicações do
BC. As
e
também
6.2.2 O
ia das decisões de política monetária.
são representadas por uma média diária.
Vale ressaltar, que o estudo destas variáveis se justifica pelo fato do COPOM
utilizá-las nas suas avaliações sobre o futuro da economia e nas suas decisões sobre a
meta SELIC.
s efeitos das publicações e do anúncio do BCB na incerteza das variáveis
macroeconômicas
Nesta seção, são estudados os efeitos dos anúncios relativos à definição do BCB
sobre a taxa básica de juros, assim como suas principais publicações: a ata do COPOM
e o relatório de inflação.
No caso de o BCB ter transparência política, destacam-se os benefícios causados
pela transparência econômica e pela transparênc
137
Desta
tórios de inflação de dezembro de 2002 e de março de 2003, que uma das
ausas da deterioração das expectativas de inflação foi o ambiente de incerteza dos
es do BCB são obtidas por meio das publicações dos Relatórios de
Inflação e, portanto, reafirma a interpretação do BCB quanto à opacidade política e seus
efeitos
rico da condução da política monetária nestes países indicam
uma m
forma, define-se o período de opacidade política como sendo aquele em que
existe incerteza sobre o futuro das diretrizes de política monetária. O próprio BCB,
afirma nos rela
c
agentes econômicos com relação ao futuro da política monetária.
22
A ata de 23/06/1999
afirma que as opiniõ
negativos no controle das expectativas de inflação.
23
Este ambiente de incerteza se baseia no fato de que a tradição das esquerdas
latino-americanas e o histó
aior probabilidade, em períodos pré-eleitorais, de choques políticos para a
expansão do produto. Além disso, a característica do discurso presente no histórico do
partido do governo (PT- partido do atual Presidente da República) traz à tona a questão
do financiamento dos gastos do governo, por meio de práticas discricionárias do BC. O
ciclo político de negócios, no Brasil, evidencia esta característica da economia
brasileira, uma vez que são observados choques no nível de atividade em períodos que
antecederam as eleições de 1986, 1989 e 1998.
24
Assim, para que seja feita uma análise
dos efeitos da transparência do BC nas variáveis macroeconômicas da economia
brasileira é importante estudar o comportamento destas séries, separando os períodos de
opacidade dos períodos de transparência política.
Define-se o período de opacidade política como sendo aquele entre o dia
primeiro julho de 2002 e 30 de junho de 2003. De forma contrária, os períodos
22
O BCB afirma que as expectativas de inflação aumentaram muito com as publicações, dos principais
institutos de pesquisa, confirmando Luis Inácio Lula da Silva como favorito ao cargo de Presidente da
o mercado financeiro.
as políticas restritas nos períodos posteriores às mesmas.
República.
23
As expectativas de inflação são fruto de uma pesquisa do Gerin, que coleta as percepções de 100
instituições d
24
Neri (2003) mostra o ciclo político de negócios no Brasil, enfatizando a queda do desemprego nos
períodos que precedem as eleições e
138
anteriores e posteriores a este intervalo são definidos como períodos de transparência
política. Destarte, o período de opacidade política é definido como o período “OP”,
enquanto o período entre 1/1/2002 e 30/05/2002 é chamado de “TRAN1”. Além disso, o
período representado pelo intervalo entre 1/07/2003 e 10/03/2006 é denominado
“TRAN2”. Para analisar o efeito da opacidade política na economia brasileira são
estudadas 10 séries de freqüência diária e suas curtoses em diferentes períodos. Vale
lembrar que as séries são subdivididas nos 3 períodos supracitados e que os cálculos da
curtose para estas variáveis estão resumidos nas tabelas 6.1, 6.2 e 6.3.
A tabela 6.1 utiliza os dados, de forma integral, para cada período, enquanto a
tabela
Curtose englobando todos os dias do período escolhido
Período
Tx.juros
fu
Tx.juros
xpSELIClp
6.2 mostra a curtose para o intervalo (5 dias antes e depois) ao redor das atas do
COPOM. No entanto, a tabela 6.3 faz uma análise (5 dias antes e depois) ao redor da
publicação dos relatórios de inflação e para as variáveis que não possuem dados
suficientes para a análise consta o registro NA (não disponível).
Tabela 6.1
(TRAN1, OP ou TRAN2)
turos1 futuros3 Div/PIB Expcambio ExpIPCA IBOVESPA ExpSELIC E
TRAN1
4,4415
2,5402 1,6468
NA 1,9862 3,1703 1,2286 NA
TRAN2
3 2,5654 ,3008
4,6573 1,3019
1,9398 2,7555 3,3011 3,2041
OP
1,4453
1,6091 1,9103
1,8211 1,2217 1,7071 1,4706 1,9722
Total
4,3541 2,7726 2,5196 2,6608 3,0367 2,6976 1,9819 1,8761
Na tabela 6.1, a curtose é menor no período eleitoral se comparada aos demais
períodos. Havia um ambiente de opacidade política, o que produziu um aumento na
incerteza relativa às diretrizes de política monetária. Este efeito é observado pela baixa
curtose da variável expectativa do IPCA (1,47) e, portanto, pelo aumento do trade-off
entre inflação e desemprego. Neste caso, as explicações e as ações do BCB passaram a
139
não produzir os efeitos desejados e o controle das expectativas de inflação ficou
comprometido. Adem
incerteza no período pré-eleit
A r pac lít ncia e g ia
ional . No o de instituc políti etári seia
em um acordo, apenas tácito, de independência operacional do BC. Destarte, a definição
da meta de inflação é responsabilidade do Conselho Monetário Nacional, cujos
membros são todos nomeados pelo Presidente da República. Ademais, o candidato com
grande vantagem
nominal, do IPCA, do PIB, da taxa SELIC de
longo prazo (
ais, todas as dadas demonstram este alto grau de
oral (OP).
variáveis estu
azão da o idade po ica é a ausê de leis qu arantam a independênc
operac do BC Brasil, senho ional da ca mon a se ba
nas pesquisas eleitorais defendeu, ao longo de sua vida política, a
adoção de políticas fiscal e monetária expansionistas. Logo, havia um temor da
nomeação de um presidente do BC discricionário, o que causava incerteza e apreensão
nos mercados financeiros.
Nas tabelas 6.2 e 6.3 observa-se que, ao redor das publicações dos relatórios de
inflação, a curtose, no período TRAN2, é maior para as variáveis do sistema de metas
de inflação do que no intervalo de publicação das atas. Portanto, o conteúdo informativo
relativo às expectativas da taxa de câmbio
Top Five) e da taxa SELIC de curto prazo é maior em um ambiente de
publicação dos relatórios de inflação. Isto mostra que tais expectativas estão ancoradas
às informações dos RI e que, além disso, a freqüência mais baixa destas publicações, em
conjunto com as análises prospectivas sobre a inflação futura (e seus riscos), afeta com
mais intensidade variáveis relacionadas ao sistema de metas de inflação.
140
Tabela 6.2
turos1 futuros3 Div/PIB
ExpIPCA Expcambio IBOVESPA ExpSELIClp E
Curtose ao redor da publicação das atas do COPOM
Períodos
Tx.juros
fu
Tx.juros
xpSELIC
TRAN1
1
NA ,6489
2,5438
1,9910 1,2969 NA 2,7527 NA
TRAN2
4 2,2426 ,4835
3,0863 1,5265
2,6172 2,0137 3,3226 2,1568
OP
1,3471 1,2066
1,9298 1,7132
1,3288 1,5653 2,1758 3,9823
Total
3 1,8906 ,0345
2,7726 2,5196
2,5343 2,7184 2,2165 1,5947
Tabela 6.3
Curtose ao redor da publicação do relatório de inflação
Períodos
Tx.juros
futuros1
Tx.juros
futuros3
Div/PIB ExpIPCA Expcambio ExpSELIClp IBOVESPA ExpSELIC
TRAN1
1,5884
1,7052 8,7637
1,8688 NA NA 2,8542 NA
TRAN2
6,8586
5,0305 1,3792
3,0827 2,3137 2,5055 2,8630 2,6985
OP
1,1404
1,1133 1,2576
1,2206 1,3888 1,4748 2,4325 1,2302
Total
3,3490
3,1474
00 2,0058
2,0959
2,9903 2,9540 1,8078 2,28
Ao comparar a tabela 6.2 com a 6.3 observa-se que, no período de eleição
do cida tica), ose da a de
de o é m licaçã tas do C . Isto uma
mudança no comportamento dos agentes econômicos (público), que passam a demandar
informações de freqüência mais elevada. A incerteza quanto à conduta do presidente
Lula reduziu a capacidade do BC em ancorar expectativas de longo prazo, o que pode
ser obtido por meio da publicação de previsões, da discussão de erros de controle, e dos
riscos des fícios da
(perío de opa de polí a curt s variáveis relacionadas ao sistem
metas inflaçã aior ao redor da pub o das a OPOM mostra
tas previsões. Portanto, a opacidade política anula os bene
141
transparência econômica e a adoção das políticas de forecast passou a não ter o efeito
d . olític revisão adas por Bernanke (2004b) de regras de
forecast, enfatizando sua grande utilização pelos BCs, em detr do a o de
regras de feedback (regras de Taylor). No período entre os segundos semestres de 2002
e de 2003, os benefícios destas regras de previsão foram anulados pela opacidade
política
a 01/08/2003) com seu período de transparência
política
as variáveis nos dois períodos supracitados. No entanto, para o caso
esejado Estas p as de p são cham
imento bandon
e, desta forma, os agentes econômicos passaram a utilizar regras simples de
feedback para guiar suas expectativas.
As tabelas, 6.2 e 6.3, mostram que no período TRAN1 a taxa futura de câmbio
tem um componente de incerteza muito menor do que nos outros 2 períodos. Uma vez
que a taxa de câmbio era utilizada como âncora e, portanto, como uma meta
intermediária transparente, a incerteza quanto à mesma era menor do que nos outros
períodos.
Em suma, de acordo com os resultados anteriores, o período TRAN2 tem a
maior curtose para a maioria das séries, enquanto a curtose do período OP é o menor
dentro todos os períodos, fruto do alto grau de opacidade política.
Uma outra forma de estudar os efeitos da transparência do BC nas variáveis
macroeconômicas é utilizar o método aplicado por Clare e Courtenay (2001). A
metodologia dos autores supracitados é utilizada para encontrar a reação anormal de
algumas variáveis macroeconômicas brasileiras, se comparados os períodos de
opacidade política do BCB (30/5/2002
(01/08/2003 a 10/03/2006). Neste caso, são estudadas as reações destas
variáveis, apenas para os períodos ao redor da decisão do COPOM sobre a meta SELIC
(intervalo de um dia, centrado no dia da decisão).
Segundo Clare e Courtenay (2001), a reação anormal é a diferença entre os
excessos d
142
brasile
xpectativa do IPCA,
subtrai
ês e de três meses.
26
iro, estes excessos correspondem à subtração entre a média da variável, nos
intervalos de 1 dia ao redor da decisão do COPOM, e sua média nos dias em que não
existe decisão. Por exemplo, para calcular a reação anormal da e
-se o excesso desta variável no período OP (6,821 – 6,817 = 0,19) pelo excesso
da expectativa do IPCA no período TRAN2 (9,86 – 9,67 = 0,004).
25
Isto resulta em uma
reação anormal igual a 0,186 (0,19 – 0,004), ou seja, em períodos de opacidade política
a expectativa do IPCA reage (ao anúncio da meta SELIC) quase 2 pontos percentuais
(0,186 / 9,67) a mais do que no período em que as preferências do BC são conhecidas.
Esta metodologia de cálculo é utilizada para todas as outras variáveis e os resultados
estão expostos na tabela 6.4, que mostra as reações anormais da expectativa do IPCA, e
das taxas de juros futuros com vencimentos de um m
Os resultados da tabela 6.4 mostram que as variáveis estudadas possuem reações
anormais positivas, o que demonstra uma menor capacidade de antecipação dos agentes
econômicos no período de crise política (entre 30/05/2002 e 01/08/2003).
Desta forma, opacidade política, tal como observada na seção anterior, elimina os
benefícios da transparência das decisões de política monetária. Isto dificulta a
implementação de uma política monetária eficaz, uma vez que o BC reduz sua
capacidade de influenciar variáveis determinantes no controle da inflação e nas decisões
de investimento. Portanto, os resultados encontrados na economia brasileira são
similares àqueles obtidos por Clare e Courtenay (2001).
25
No cálculo do excesso para o período Eleição, 6,821 é a média da expectativa do IPCA nos intervalos
ao redor da decisão do COPOM e 6,817 é média desta variável nos dias em que não existe decisão do
COPOM.
26
Vale ressaltar, que as justificativas sobre a utilização destas variáveis estão expostas no tópico anterior
(relativo ao estudo da curtose).
143
Tabela 6.4
Reações anormais aos anúncios da taxa SELIC (intervalo de 1 dia
tas publicações. Neste caso,
compara-se a volatilidade destas variáveis, no dia das publicações do BCB, com a
volatilidade do dia anterior. Define-se volatilidade como a mudança no valor da série de
um dia para o outro, ou seja, é a variação abso disso,
a opção
possíveis alterações no as expectativas. Se a
volatilidade no dia anterior às publicações, ou aos anúncios, for mais elevada do que no
ia das publicações, conclui-se que o mercado antecipou as informações contidas nas
publicações. Vale ressaltar que se o estudo f
conclusões seriam
viesadas, uma vez que uma mudança neste nível poderia não estar
do BC. Por exemplo, suponha que em um
ambiente econômico muito turbulento as taxas de juros futuros variassem muito,
ao redor da decisão do COPOM)
Tipo de
anúncio
Tx.juros
futuros1
Tx.juros
futuros3
ExpIPCA
Meta
SELIC
0,37
0,41 0,19
6.2.3 O comportamento da volatilidade das variáveis macroeconômicas
ao redor das publicações dos RI
Nesta seção faz-se uma análise sobre o efeito das publicações do BCB nas
variáveis macroeconômicas. A figura 6.1 apresenta o comportamento das diferentes
variáveis macroeconômicas brasileiras, próximo des
luta diária da série estudada. Além
de estudar a mudança e não o nível das variáveis tem como objetivo analisar
ritmo com que os agentes reajustam su
d
osse baseado no nível das variáveis, as
relacionada às publicações ou aos anúncios
144
inclusive no dia da publicação do RI. No entanto, esta mudança deveria ser creditada às
questões conjunturais e não à publicação do BC.
Os gráficos 6.1 e 6.2 mostram o comportamento da volatilidade das taxas de
juros futuro com maturidades de 1 e de 3 meses. No gráfico da volatilidade taxa de juros
futuros com vencimento de um mês (gráfico 6.1), observa-se uma queda da mesma no
RI de junho de 2002, no entanto, não houve convergência para zero. Ao contrário disso,
a volatilidade saiu de um nível de quase 90 pontos básicos (no dia anterior à publicação
do RI) para um valor negativo de 100 pontos básicos (no dia da publicação do RI). Isto
mostra que as informações contidas no RI de 28/06/2002 fizeram com que os agentes
financeiros reajustassem suas expectativas. Além disso, a mudança de uma volatilidade
positiva (alta) para uma volatilidade negativa (alta) mostra que houve um ponto de
inflexão na percepção dos agentes com relação às decisões futuras de política
monetária. Portanto, no dia anterior à publicação do RI de junho, o mercado ajustava,
para cima, suas expectativas em relação à taxa básica de juros da próxima reunião do
COPOM. No entanto, no dia 28/06/2002, os agentes econômicos substituíram suas
expectativas de aumento da taxa SELIC por uma expectativa de queda. Neste relatório,
o BC enfatiza uma menor pressão sobre os preços livres, fruto do aumento (passado) no
coeficiente linear da curva de juros. Destarte, o RI de junho de 2002 destaca que o
cenário de mercado tem uma previsão para a inflação (de 2003) menor do que o cenário
de referência. A causa disso é o fato que, no cenário de mercado, utiliza-se uma hipótese
sobre a taxa de câmbio inferior àquela usada para a simulação do cenário básico.
145
FIGURA 6.1
Volatilidade das variáveis macroeconômicas ao redor das publicações dos
RI
-1.0
-0.5
0.0
0.5
1.0
3/01 9/01 6/02 12/02 6/03 9/03 6/04 9/04 1/05 6/05 12/05
Grá
f
ico
6.1
Volatilidade
da
taxa
de
j
uros
f
uturos de 1
s
ao
redor
dos
R
I
-.8
-.6
-.4
-.2
.0
.2
.4
3/01 9/01 6/02 12/02 6/03 9/03 6/04 9/04 1/05 6/05 12/05
Grá
f
ico
6.2
Volatilidade da taxa
de
j
uros
f
uturo
ao
redor
dos
s
de 3
meses
R
I
-.05
.00
.05
.10
.15
.20
.25
3/01 6/01 12/01 6/02 12/02 6/03 12/03 6/04 12/04 3/05 9/05 1/06
Grá
f
ico
6.3
.
Volatilidade
da
taxa
Selic
de
curto
p
razo
ao
redor
dos
R
I
-.03
-.02
-.01
.01
.00
.02
.03
.04
.05
3/01 6/01 12/01 6/02 12/02 6/03 12/03 6/04 12/04 3/05 9/05 1/06
Grá
f
ico
6
. 4
Volatilidade da
taxa
Selic
de curto
p
razo
ao redor dos
R
I
(1
ano
à
f
rente)
146
-.05
.00
.05
.10
.15
.20
.25
.30
3/01 9/01 6
No gráfico relativo à taxa de juros futuros para 3 meses (gráfico 6.2), observa-se
uma queda na volatilidade desta variável (em módulo), no dia da publicação do RI de
junho de 2002. A volatilidade antes da publicação deste RI era de -40 pontos básicos e,
no dia da publicação, atingiu -60 pontos básicos. Assim, a análise prospectiva da
economia brasileira, contida nos RI do BCB, fez com que aumentasse a expectativa de
/02 12/02 3 3 /05 6/0 126/0 9/0 6/04 9/04 1 5 /05
G
Grá
f
ico
6.6
.
rá
f
ico
6.5
.
V
ao
olatilidade
da taxa
Selic
de longo prazo
redor
dos
R
I
-.5
-.4
-.3
-.2
-.1
.0
.1
.2
3/01 9/01 /02 2/0 /03 9/0 6/ 9/ 1 5 12/056 1 2 6 3 04 04 /05 6/0
Volatilidade
d
a taxa
Selicdelon
g
o
p
razo
ao redor
dos
R
I
(1
ano à
f
rente)
-.12
-.08
-.04
.00
.04
.08
.12
3/01 9/01 6/02 12/02 6/03 9/03 6/04 9/04 1/05 6/05 12/05
Grá
f
ico
6.7
.
Volatilidad
-.2
-.1
.0
.1
.2
.3
3/01 9/01 6/02 12/02 6/03 9/03 6/04 9/04 1/05 6/05 12/05
Grá
f
ico
6.8.
Volatilida tativa do IPCA
)ent
f
reà
ao
de
redor
d
do
a
s
ex
R
p
I
e
(
c
ano1
e
da
ao
re
ex
do
pect
s
r
do
ativa do IPCA
I
R
147
queda nos juros para o último trimestre de 2002. Apesar disso, os juros futuros para 3
m e pode ser explicado pelo fato deste RI
lertar para a in o financeiro quanto o fut o a onetária.
a das principais causas da deterioração das
é uma variável utilizada para fazer a
No gráfico 6.3 estuda-se a volatilidade da expectativa da taxa de juros over
e observa-se um aumento de quase 25 pontos
á o o d e 03 é publ d A e e e a
Iraque, a inércia causada pela alta inflação do último trimestre de 2002, e o fato de a
previsão de inflação (do cenário básico) estar acima da
produzem um ELIC de curto prazo. Apesar disso, no RI
de 24/01/2005 a volatilidade da expectativa da SELIC sai de um patamar de quase 15
do RI) e tende a zero no dia do anúncio.
arço de 2003 houve reajuste nas expectativas dos agentes
econômicos, no RI de janeiro de 2005 suas informações foram bem antecipadas pelo
mercado. Isto reforça o argumento de que em períodos com opacidade política as
explicações e as informações sobre o futuro da economia não têm um efeito
significativo sobre as ações dos agentes econômicos. Apesar disso, estes períodos são
marcados por uma alta reação da volatilidade das expectativas da SELIC de curto prazo
ao anúncio da meta de juros.
Apesar da volatilidade da expectativa da SELIC de curto prazo para o ano corrente
reagir muito (em algumas publicações dos RI), a volatilidade desta variável para o ano
seguinte reage muito pouco aos RI (vide gráfico 6.4). No entanto, o mesmo não
acontece para volatilidade da expectativa da SELIC de longo prazo para o ano corrente
Portanto, enquanto no RI de m
pontos básicos (no dia anterior à publicação
a elevação na expectativa da S
a 2003,lação parta de inf me
no guerrctiva drsp po. ica 20e março dRI a em que o dis nsicb
SELIC de curto prazo para o ano corrente
projeção da inflação futura.
expectativas do IPCA naquele período, que
Segundo o relatório, esta incerteza é um
m da políticur arcadteza do mecera
s, o quum mêa nos do que parram meeses caí
148
e para o ano seguinte. O gráfico 6.5 mostra o comportamento desta variável para o ano
corrente, em que existe um aumento superior a 25 pontos básicos depois da publicação
do RI de março de 2003
. Neste RI, o BCB enfatiza um aumento na previsão da inflação
para 2003 se comparada à previsão do RI anterior (dezembro de 2002). Neste caso,
destaca-se o erro de previsão da inflação dos preços administrados que foi de 7,5%
contra um valor esperado de 2,3%. Destarte, no RI de março de 2003, o BCB enfatiza
que a p
ritmo de reajuste das expectativas da SELIC de longo
revisão da inflação está acima da meta ajustada de 8,5% ao ano (determinada na
Carta Aberta) e que, apesar disso, o BCB irá tomar as medidas necessárias para que esta
meta seja cumprida. Isto indica uma trajetória de alta na taxa básica de juros, uma vez
que a inércia inflacionária decorrente da desvalorização cambial do último semestre de
2002, tem que ser dissipada. Portanto, espera-se uma elevação no ritmo de reajuste da
taxa SELIC de longo prazo.
Em junho de 2004 e em março de 2005
, observa-se um movimento diferente
daquele ocorrido em março de 2003. O mercado muda seu comportamento que consistia
em reajustar para cima sua expectativa com relação à SELIC de longo prazo para o ano
corrente. Nos dias em que foram publicados estes RI, a volatilidade saiu de um patamar
próximo a 10 pontos básicos e convergiu para zero. Assim, o mercado antecipou as
opiniões emitidas pelo BCB, por meio da publicação destes RI, o que indica um período
de common knowledge. Portanto, no período inicial do novo governo, o então presidente
do BCB teve a tarefa de construir uma política monetária crível. Desta forma, os RI
produziram uma elevação no
prazo do período corrente. No entanto, nos períodos em que esta credibilidade estava
solidificada, a volatilidade destas expectativas convergiu para zero (no dia da
publicação dos RI).
149
No gráfico 6.6, a volatilidade da SELIC de longo prazo para o ano seguinte é
nula, no dia anterior ao RI de setembro de 2003, e atinge -40 pontos básicos, após sua
publicação. Em anexo publicado neste relatório, o BCB afirma que a inércia
inflacionária havia caído, ao longo de 2003, fruto de uma política monetária austera de
controle da inflação. Vale ressaltar, que neste RI, o BCB enfatiza que, antes da
introdução do regime de metas de inflação, 50% da inflação efetiva era causada pela
inflação passada e que os outros 50% dependiam da expectativa da inflação futura. Com
a implementação do regime de metas de inflação, o coeficiente inercial da inflação
passada atingiu 35%, no entanto, no final de 2002, com a crise de confiança no governo
do presidente eleito, este coeficiente voltou ao nível anterior à implantação do regime de
metas de inflação, ou seja, 50%. À medida que o BCB construía sua credibilidade,
agindo de forma a alcançar a meta de inflação definida no Conselho Monetário
Nacion
e este é o ponto de inflexão desta variável. Isto fez com que o
mercado mudasse seu ritmo de reajuste relativo às expectativas da SELIC de longo
al (CMN), o mercado passava a ter um consenso sobre as preferências do BCB.
Assim, o coeficiente de inércia inflacionária retornou ao nível obtido anterior à crise do
último trimestre de 2002 (35%). A redução do componente inercial e o maior peso dado
à expectativa futura da inflação (conforme afirma o BCB no RI de setembro de 2003)
fez com que o mercado reajustasse para baixo a expectativa da SELIC de longo para o
ano seguinte. Aliado a isto, o BCB publicou neste RI que a previsão da inflação para
2004 convergia para a meta de inflação deste ano.
Os efeitos dos RI de junho de 2003 e junho de 2004 na expectativa da SELIC de
longo prazo para o período seguinte diferem do RI de setembro de 2003, uma vez que
houve uma convergência para zero da volatilidade desta variável. No RI de junho de
2003, as previsões do BCB afirmam que a inflação atinge seu pico no segundo semestre
de 2003, ou seja, qu
150
prazo t
s fatores que explicam a redução na
previsã
anto para o ano seguinte (vide gráfico 6.6) quanto para o ano corrente (vide
gráfico 6.5). Neste caso, a primeira diferença desta variável, que era positiva, passou a
ser nula. Isto também é válido para o RI de junho de 2004, que publicou uma previsão
de inflação (para 2004 e 2005) do cenário básico inferior àquela obtida pelo cenário de
mercado. Desta forma, o mercado interrompeu seu ritmo de aumento na taxa SELIC de
longo prazo, o que pode ser observado pela redução da sua volatilidade. Esta variável
saiu de um patamar de quase 15 pontos básicos, no dia anterior à publicação do RI de
junho de 2004, para zero no dia da sua publicação.
O gráfico 6.7 mostra que a volatilidade da expectativa do IPCA para o ano
corrente reage pouco às publicações dos RI. No entanto, a volatilidade da expectativa do
IPCA para o ano seguinte (vide gráfico 6.8) cai muito no RI de setembro de 2002. Isto
indica que, a partir desta publicação, o mercado reavaliou o ritmo de reajuste de suas
expectativas, uma vez que a volatilidade caiu quase 30 pontos básicos no dia da
publicação do RI (se comparada com o dia anterior). No texto deste RI, o BCB afirma
que a queda na previsão da inflação deve-se, em particular, à ausência de depreciação
cambial para o ano de 2003. Além disso, o BCB publicou (em anexo ao RI), no Box
“Fatores Determinantes da Queda da Inflação Projetada entre 2002 e 2003”, as
principais causas desta queda. Segundo o anexo, a redução nas expectativas de inflação,
a inércia inflacionária, e o repasse cambial são o
o da inflação entre 2002 e 2003. Neste caso, a transparência do BCB, em
conjunto com uma maior qualidade na informação (claridade), implicou uma mudança
drástica no ritmo de reajuste das expectativas do mercado (em setembro de 2002). Isto
reforça a teoria de Winkler (2000) de que a transparência do BC tem efeitos benéficos
para uma economia, caso haja claridade.
151
6.2.4 O comportamento da volatilidade das variáveis macroeconômicas
ao redor das atas do COPOM
A análise sobre a volatilidade das variáveis macroeconômicas brasileiras
também pode ser feita levando em conta a publicação das atas do COPOM. Os gráficos
contidos na figura 6.2
comparam a volatilidade no dia da publicação da ata com a
volatilidade do dia anterior.
Nos gráficos 6.9 e 6.10, estuda-se as volatilidades das taxas de juros futuros ao
longo do período estudado. O gráfico das taxas de juros futuros de 1 mês (gráfico 6.10)
mostra uma queda da volatilidade (negativa), no dia da publicação da ata de outubro de
2002 (21/10/2002).
Nesta ata, o COPOM afirma que a política monetária tem como objetivo
controlar a inflação e não a taxa de câmbio nominal. Além disso, o BCB afirma que o
aumento unânime na SELIC está relacionado à deterioração das expectativas de inflação
(fruto da incerteza quanto ao futuro da política monetária). Isto fez com que os juros
futuros para 1 mês fossem reajustados para cima, uma vez que sua volatilidade saiu de -
80 p.b. (no dia anterior) e convergiu para -15 p.b. (no dia da publicação da ata).
Outra ata que chama atenção no gráfico da volatilidade das taxas de juros futuros
de 1 mês é a de dezembro de 2005. Neste intervalo, a volatilidade atingiu -30 pontos
básicos, enquanto no dia anterior a volatilidade era quase nula. O texto desta ata chama
atenção para o fato de que existe um ambiente econômico propício para o BCB
continuar seu processo de flexibilização da política monetária. Segundo o COPOM,
com o aumento da percepção sobre a consolidação da estabilidade macroeconômica os
juros reais tendem a cair no futuro.
152
FIGURA 6.2
Volatilidade das variáveis macroeconômicas ao redor das atas do
COPOM
-.12
-.08
-.04
.00
.04
.08
.12
Jan 01Aug 01Jul 02 Jan 03Aug 03Feb 04Oct 04May 05Jan 06
Gráfico 6.13
A volatilidade da expectativa do IPCA
ao redor das atas
-.08
-.04
.00
.04
.08
.12
.16
.20
.24
.28
Jan 01Aug 01Jul 02 Jan 03Aug 03Feb 04Oct 04May 05Jan 06
Gráfico 6.14
A volatilidade da expectativa do IPCA
ao redor das atas (1 ano à frente)
-.8
-.6
-.4
-.2
.0
.2
Jan 01Aug 01Jul 02 Jan 03Aug 03Feb 04Oct 04May 05Jan 06
Gráfico 6.9
A
ao redor das atas
-.8
Gráfico 6.10
A volatilidade da taxa de juros futuros de 3 meses
volatilidade da taxa de juros futuros de 1 mês
ao redor das atas
.6
-.6
-.4
-.2
.0
.2
.4
Jan 01Aug 01Jul 02 Jan 03Aug 03Feb 04Oct 04May 05Jan 06
-.3
-.2
-.1
.0
.1
.2
.3
Jan 01Aug 01Jul 02 Jan 03Aug 03Feb 04Oct 04May 05Jan 06
Gráfico 6.11
da expectativa da taxa
to prazo ao redor das atas
A volatilidade
SELIC de cur
.6
-.2
.0
.2
.4
-.6
-.4
Jan 01Aug 01Jul 02 Jan 03Aug 03Feb 04Oct 04May 05Jan 06
Gráfico 6.12
A volatilidade da expectativa taxa
SELIC de curto prazo ao redor das atas (1 ano à frente)
153
No gráfico dos juros futuros fico 6.10), a publicação da ata, da
reuni
um patamar de 40 p.b. para quase -10 p.b. Portanto, houve uma mudança na percepção
dos agentes, após a publicação desta ata, que foi reforçada pela reação do mercado
financeiro no dia 20/11/2002 (dia da publicação da ata seguinte). Os agentes, que
esperavam uma queda nos juros futuros, na ata extraordinária de outubro de 2002,
intensificaram esta expectativa de queda na ata de novembro. No dia 20/11/2002,
observa-se uma volatilidade (negativa) próxima de -30 pontos básicos, o que demonstra
o aumento na volatilidade (negativa) dos juros futuros de 3 meses. A mudança na
percepção dos agentes está relacionada às afirmativas do COPOM de que existiam
sinais positivos na economia brasileira, desde a ata de outubro de 2002. A maior
facilidade do Tesouro Nacional em colocar seus títulos no mercado e a queda no risco
país foram os principais pontos enfatizados pelo COPOM.
As atas de março de 2003 e setembro de 2004 são as atas que se destacam em
função da mudança mais acentuada na volatilidade das taxas de juros futuros de 3
meses. Na ata de março de 2003 esta volatilidade subiu 30 pontos básicos, enquanto na
outra ata houve queda na volatilidade de 43 p.b. O COPOM destaca os riscos inerentes
ao controle da inflação, enfatizando as incertezas quanto à velocidade de queda da
inércia inflacionária e quanto ao ambiente externo (iminente início de guerra no Iraque).
Enfatiza-se, ainda, o fato de a inflação prevista para 2003 (cenário básico) ser maior do
que a meta ajustada de 8,5%, e a possibilidade dos futuros reajustes de preços e salários
estarem baseados na inflação acumulada (ao invés de utilizar a inflação corrente e a
inflação esperada).
Na ata de setembro de 2004, o Copom enfatiza que os dados divulgados entre as
reuniões de agosto e de setembro indicaram que a velocidade de preenchimento do hiato
de 3 meses (grá
ão extraordinária de 30 de outubro de 2002, fez com que a volatilidade caísse de
154
do pro
iro de 2003 a volatilidade
aumen
tiva à volatilidade da taxa de juros over SELIC de curto prazo para
o ano s
duto estava crescendo em conjunto com a elevação do nível de atividade
econômica. Isto fez com que o Comitê decidisse ajustar, de forma moderada (25 p.b.), a
taxa SELIC, uma vez que a inoperância da política monetária poderia causar um desvio
da inflação de sua meta (5,1% a.a.). A ata do COPOM destaca o gradualismo do ajuste
do instrumento de política monetária, em detrimento dos choques ocorridos, no passado
recente, da economia brasileira. Desta forma, o ritmo de reajuste das expectativas do
mercado era muito mais elevado do que o ritmo proposto pelo BCB e, assim, a
publicação desta ata fez com que o mercado entendesse a real proposta do COPOM. Isto
pode ser observado pela redução (se comparado o dia da publicação da ata com o dia
anterior) de 43 p.b. da volatilidade da taxa de juros futuros de 3 meses
No gráfico 6.11, que mostra o comportamento da volatilidade da taxa over
SELIC de curto prazo no ano corrente, destacam-se as atas dos dias 20/02/2003,
28/08/2003 e 24/09/2003 e 28/04/2005. Na ata de fevere
tou quase 20 p.b., uma vez que o COPOM defendeu a necessidade de uma
política monetária contracionista para conter a inércia inflacionária (fruto da inflação de
2002). A indicação de um esforço adicional, para controlar a inflação, fez com que a
expectativa da SELIC de curto prazo aumentasse muito no dia da publicação da ata. Na
ata de janeiro de 2005, o gráfico 6.11 mostra um aumento na volatilidade, que era quase
nula (no dia anterior) e atingiu 9 p.b. no dia 27/01/2005. Nesta ata, o COPOM indica a
necessidade de aumentos adicionais na meta SELIC, seguidos de um “período
suficientemente longo” de manutenção da taxa básica de juros. O resultado foi uma
reavaliação, para cima, da expectativa da taxa SELIC de curto prazo para o ano de 2005.
A análise rela
eguinte está representada no gráfico 6.12. As atas que se destacam são as atas de
28/08/2003, 16/01/2004, e 28/04/2005. Na ata de 28/08/2003, o COPOM enfatiza as
155
quedas do produto industrial e do nível de atividade como fatores determinantes para a
flexibilização da política monetária. Segundo o COPOM, a taxa básica de juros deveria
ser reduzida, de forma gradativa, até que as taxas de juros reais convergissem para uma
taxa de juros de equilíbrio de médio prazo (que seja compatível com o cumprimento da
meta de inflação). Destarte, o COPOM afirma que uma das principais causas da redução
da meta SELIC é o fato de que houve uma evolução nas perspectivas fiscais de médio e
de longo prazo. Isto fez com que a primeira diferença desta variável caísse em 40 pontos
básicos no dia do anúncio, o que demonstra o impacto da transparência do BCB nas
expectativas futuras das taxas de juros de curto prazo.
Na ata de 1/16/2004, o destaque é a incerteza do COPOM quanto à trajetória da
inflação
para 20
futura e a sua preocupação quanto à necessidade de mudanças bruscas na taxa
de juros, fruto de possíveis movimentos inesperados na taxa de inflação (medo de
contaminação do processo inflacionário ocorrido em setores com menor capacidade
ociosa). Desta forma, o BC optou em interromper a flexibilização da política monetária
e decidiu, de forma majoritária, pela manutenção da meta SELIC. Apesar disso, esta ata
enfatiza as perspectivas de controle futuro da inflação, decorrentes da melhoria nas
contas públicas e devido ao aumento da produtividade da economia (aumento da oferta
agregada). Estas informações produziram uma queda de 23 p.b. na volatilidade das
expectativas da taxa de juros SELIC para 2005, o que pode ser observado no gráfico
6.12.
Na ata de 28/04/2005 são explicadas as causas do aumento da taxa básica de
juros para 19,5% a.a. Segundo o COPOM, os aumentos das expectativas de inflação
05 estão relacionados à elevação dos preços administrados, principalmente, os
preços das passagens de ônibus. Além disso, a volatilidade dos capitais internacionais,
decorrente dos crescentes aumentos nos preços do petróleo, foi determinante para a
156
tomada de decisão do comitê. Vale ressaltar, que apesar das boas notícias relativas à
redução das pressões inflacionárias, as expectativas para o IPCA de 2005 não reagiram
muito e que, além disso, existia uma preocupação do COPOM com a propagação de
uma possível inflação de curto prazo na formação dos preços futuros. A sinalização do
BCB em relação à inércia inflacionária e à defasagem no mecanismo de transmissão da
política monetária, fez com que os agentes econômicos aumentassem o ritmo de reajuste
das expectativas, ou seja, a volatilidade subiu quase 50 p.b.
O gráfico 6.13 mostra a volatilidade da expectativa do IPCA no ano corrente e
tem como destaque a ata publicada em 20/01/2003. Neste caso, houve uma variação na
volatili
o. As reações mais elevadas atingem 5 p.b., valor muito inferior àqueles
encontr
dade de quase 12 pontos básicos (seu valor era de -4 p.b. no dia anterior à
publicação da ata e atingiu 8 p.b. no dia em questão). Os agentes econômicos, que
reduziram suas expectativas do IPCA no dia 19/01/2003, mudaram de comportamento
no dia 20/01/2003, ou seja, reajustaram para cima as expectativas de inflação para 2003.
As informações contidas na ata do COPOM, de janeiro de 2003, explicam esta mudança
de comportamento. Neste caso, destacaram-se como fatores de risco para que a inflação
se desviasse da meta: a depreciação cambial, fruto da eminência de guerra entre EUA e
Iraque, e o fato da previsão de inflação do BCB (para 2003) estar acima da meta
ajustada. Apesar disso, de maneira geral, as expectativas do IPCA tanto para o período
corrente como para o período seguinte, não reagem muito às publicações das atas de
inflaçã
ados nas datas de publicação dos Relatórios de Inflação.
157
6.2.5 O comportamento da volatilidade das variáveis macroeconômicas
ao redor das decisões do COPOM
Nesta seção á analisada uma outra modalidade de transparência do BCB, os
anúncios quanto à decisão da taxa básica de juros. Desta forma, é importante estudar a
volatilidade destas variáveis no dia da publicação da decisão. As variáveis mais afetadas
pelo anúncio da meta SELIC são as seguintes: a volatilidade das taxas de juros futuros,
a volatilidade do prêm
meta SELIC. Isto reforça o fato de que em períodos de opacidade política os juros
turos são mais sensíveis às decisões do COPOM do que às publicações das suas atas.
este caso, os agentes econômicos utilizam regras de feedback como guia para tomada
de decisão e, não mais, regras de forecast. Desta forma, o BC perde um poderoso
io de risco soberano e a volatilidade da expectativa da SELIC de
curto prazo.
Na decisão de 21/02/2004, a figura 6.3 mostra um aumento próximo de 0,5
pontos percentuais na volatilidade das taxas de juros futuros de 1 e 3 meses. Além disso,
a volatilidade dos juros futuros de 3 meses aumenta quase 2,5 pontos percentuais no dia
do anúncio de 15/10/2002. Nesta mesma data a volatilidade dos juros futuros para 1 mês
reage, de forma mais suave, subindo apenas 50 p.b. Isto indica que os agentes
econômicos esperavam um aumento futuro na taxa de juros mais elevado do que nos
períodos mais recentes. Em 21/01/2004, a volatilidade dos juros para 1 e 3 meses
subiram 0,50 p.p e, em 21/11/2003, o movimento é de aumento na volatilidade
(negativa) dos juros futuros de 1 mês e de 3 meses.
Ao comparar a reação das volatilidades dos juros futuros, nos dias da decisão do
COPOM com os dias de publicação de suas atas, conclui-se que, no período de crise
política, as variações nas volatilidades são mais elevadas ao redor dos anúncios relativos
à
fu
N
158
instrumento para influenciar os juros reais de longo prazo - a transparência das decisões
de política monetária (ver Bernanke 2004b).
FIGURA 6.3
Volatilidade das variáveis macroeconômicas ao redor das decisões do
COPOM
-.10
-.05
.00
.05
.10
.15
Aug 02 Nov 02 Jun 03 Nov 03 Apr 04 Sep 04 Feb 05 Jul 05
Gráfico 6.15
ao redor das decisões do COPOM
Gráfico 6.16
A volatilidade da taxa de juros futuros de 3 meses
ao redor das decisões do COPOM
A volatilidade da taxa de juros futuros de 1 mês
Gráfico 6.19
A volatilidade da expectativa do IPCA
ao redor das decisões do COPOM
-.10
-.05
.00
.05
.10
.15
.20
Aug 02 Nov 02 Jun 03 Nov 03 Apr 04 Sep 04 Feb 05 Jul 05
Gráfico 6.20
A volatilidade da expectativa do IPCA
-1.0
ao redor das decisões do COPOM (1 ano à frente)
-0.5
0.0
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
Aug 02 Nov 02 Jun 03 Nov 03 Apr 04 Sep 04 Feb 05 Jul 05
2
3
-1
0
1
4
Aug 02 Nov 02 Jun 03 Nov 03 Apr 04 Sep 04 Feb 05 Jul 05
-.15
-.10
-.05
.00
.05
.10
.15
.20
.25
Aug 02 Nov 02 Jun 03 Nov 03 Apr 04 Sep 04 Feb 05 Jul 05
Gráfico 6.17
ao redor das decisões do COPOM
-.4
A volatilidade da expectativa da taxa SELIC de curto prazo
-.3
-.2
-.1
.0
.1
.2
.3
.4
Gráfico 6.18
ao redor das decisões do COPOM (1 ano à frente)
A volatilidade da expectativa taxa SELIC de curto prazo
Aug 02 Nov 02 Jun 03 Nov 03 Apr 04 Sep 04 Feb 05 Jul 05
159
6.2.6 Um estudo agregado sobre a média da volatilidade das variáveis
macroeconômicas ao redor dos anúncios e das publicações do BCB
No caso brasileiro, estuda-se ead entre a taxa de juros futuros
co I.
A metodologia utilizada no estudo da economia brasileira é idêntica a de Muller e
Zelmer (1999) e a tabela 6.5 mostra os resultados desta análise. Além disso, a figura 6.4
mostra o comportamento da volatilidade média de cada dia do intervalo ao redor da
publicação dos RI.
27
A diferença entre o estudo feito nesta seção e nas seções 6.2.3,
6.2.4 e 6.2.5 reside no fato de que agora a análise é agregada.
Os resultados da análise agregada relativa ao spread entre a taxa de juros do
overnigth e a taxa de juros futuro de 1 mês (vide figura 6.4 e tabela 6.5) também
indicam que, na média, a reação dos agentes econômicos não é maior, no dia da
publicação dos RI, do que nos outros dias da banda. Isto mostra que as expectativas dos
agentes econômicos estão de acordo com as previsões do BC sobre o futuro da política
monetária. Este resultado não é válido para o RI de dezembro de 2002 em que as taxas
de juros futuros reagiram de forma muito elevada no dia daquela publicação. Na coluna
relativa ao dia da publicação do RI e na linha do dia 27/12/2002 da tabela 6.5, observa-
se a palavra “reação muito elevada”. Neste caso, a reação da taxa de juros futuro é
muito maior do que as variações nos outros dias do intervalo (2 dias antes da
publicação do RI, dia anterior à publicação do RI, dia posterior à publicação do RI e 2
dias depois da publicação do RI).
a reação do spr
m maturidade de um mês e a taxa over SELIC nos dias ao redor da publicação do R
27
A Tabela 6.6 dá a volatilidade média do spread da taxa de juros (2 dias antes e 2 dias depois da
publicação dos RI) para cada dia do intervalo e está relacionada ao período entre 1/1/2002 e 10/3/2006.
s resultados desta tabela mostram uma volatilidade média no dia da publicação do RI de -0,10625, que é
enor do que a média da volatilidade (média) dos cincos dias do intervalo (0,340924). Estes resultados
tão expostos na figura 6.4, sendo que a linha cheia se refere à série da volatilidade do spread da taxa de
ros e a linha tracejada representa sua média (0,340924).
O
m
es
ju
160
Muller e Zelmer (1999) afirmam que a percepção de um ponto de inflexão na
stratégia futura da política monetária faz com que os agentes reajam de forma me uito
intensa. Assim, variações muito elevadas no dia da publicação dos RI indicam a
próximo governo em manter uma inflação baixa. Esta é uma informação nova que o BC
o argumento dos autores sobreditos.
ros nos dias ao redor
Foram feitas análises agregadas de outras variáveis do mercado financeiro
brasileiro, mais especificamente, das taxas de juros futuros de 1 mês e 3 meses.
As figuras 6.7 e 6.10 mostram que as taxas de juros futuros de 1 e de 3 meses
reagem mais no dia da decisão do COPOM sobre a taxa SELIC do que nos outros dias.
ade da taxa de juros futuros de 1 mês
existência de informação nova nos relatórios. Vale ressaltar o comentário supracitado do
então presidente do BCB, Armínio Fraga, no RI de 30/12/2002, relativo à disposição do
trazia para o mercado e, portanto, esta elevada reação do spread da taxa de juros reforça
Figura 6.4
Volatilidade média dos spreads das taxas de ju
da publicação dos RI
-0,2
0,4
0,6
0,8
1,2
12345
0
0,2
1
Volatilidade
Dia
Nos gráficos relativos às publicações das atas (figuras 6.5 e 6.8), a volatilidade da taxa
de juros futuros de 3 meses reage mais no dia da publicação do que no dia anterior (e do
que no dia subseqüente). Apesar disso, a volatilid
161
mostra
RI
do RI
do RI
do RI
do RI
do RI Média
maior reação no dia seguinte à publicação desta ata. Isto mostra que informações
sobre o futuro da economia afetam a variável de maior maturidade.
Tabela 6.5
Volatilidade média dos spreads das taxas de juros nos dias ao redor
da publicação dos RI
2 dias antes
da publicação
Dia
anterior à
publicação
Dia da
publicação
Dia posterior
à publicação
2 dias depois
da
publicação
28/3/2002 0,8749 0,2666 0,0526 0 -2
28/6/2002 -0,3699 6 -1
Reação muito
elevada
0,6623377
30/9/2002 -0,3857678 -0,2134146 0,0620155 6 -0,3714565
30/12/2002 4
R
-1 0 0
eação muito
elevada
31/3/2003 0,2916667 1 -0,5507246 -2 -0,1111111
30/6/2003 0,0506329 -0,2 6 0,0129199 891566 0
30/9/2003 -0,1019108 0,3049645 -0,7119565 7 0,1358314
30/12/2003 -0,6930693 0,8709677 1 0 0
31/3/2004 -0,0319149 -0,3296703 0,2786885 2 0,0573477
30/6/2004 0,091954 0,1263158 0,0280374 -0,6909091 -0,0294118
30/9/2004 -0,0618557 -0,1318681 0,1392405 -2 0,1929825
27/12/2004 3 0 -0,3783784 0,4347826 0
24/1/2005 -1 2 0,0882353 0,2702703 -0,6382979
29/3/2005 0 0,0714286 -0,1666667 0,24 -0,016129
29/6/2005 -0,5151515 -0,4375 -2 -0,0909091 1
29/9/2005 -0,0434783 0,1515152 -0,1578947 0,09375 1
28/12/2005 0,0352941 -0,0909091 -0,0125 0,4683544 0
25/1/2006 0,1777778 -0,754717 2 -0,3030303 -0,7391304
Média da
variação% 0,249821 0,475509 -0,10625 1,08503 0,000516 0,340924
relação ao efeito da publicação dos RI nestas duas variáveis, a figura 6.6
mostra
no dia
seguint
Com
uma reação mais elevada da taxa de juros futuros de 1 mês no dia da publicação
dos RI. Destarte, a volatilidade dos juros futuros de 3 meses aumenta apenas
e da publicação (vide figura 6.9). Uma vez que o BCB publica suas previsões
sobre a inflação do ano corrente, possíveis desvios destas previsões com relação à sua
meta indicam reajuste imediato na taxa de juros SELIC. Isto acontece porque o BCB
entende que existe uma defasagem no mecanismo de transmissão da política monetária
e, portanto, age de forma preventiva no ajuste da meta SELIC.
162
Figura 6.5
Volatilidade da taxa de juros futuros de 1 mês ao redor das atas
do COPOM
-0,03
-0,025
-0,02
-0,005
0
0,005
Fig
Volatilidade da taxa de juros futuros de 1 mês ao redor dos RI
-0,015
-0,01
12345
ura 6.6
0,06
-0,06
-0,04
-0,02
0
12345
0,02
0,04
163
Figura 6.7
Volatilidade da taxa de juros futuros de 1 mês ao redor das
decisões do COPOM
-0,04
-0,03
-0,02
-0,01
0
0,01
0,02
0,03
0,04
0,05
0,06
12345
Volatilidade da taxa de juros futuros de 3 meses ao redor das
atas do COPOM
Figura
6.8
-0,03
-0,025
-0,02
-0,015
-0,01
-0,005
0
12345
164
Figura 6.9
Volatilidade da taxa de juros futuros de 3meses ao redor dos RI
-0,06
-0,04
-0,02
0
0,02
0,04
0,06
0,08
0,1
12345
Figur
Volatilidade da taxa de juros futuros de 3 meses ao redor das
decisões do COPOM
a 6.10
-0,04
-0,02
0
0,02
0,04
0,06
0,08
0,1
0,12
12345
165
6.2.7 A influência das palavras do COPOM sobre a economia
O objetivo desta seção é analisar a relação entre as taxas de futuros de diferentes
maturidades (1, 3, e 6 meses), nos períodos próximos às publicações das atas do
COPOM. Para observar, de forma separada, os efeitos das publicações destas atas, nas
taxas de juros futuros, escolhe-se um período em que não existe crise política (ou crise
de qualquer natureza). Isto evita que os efeitos causados por questões conjunturais
mascarem os efeitos oriundos das publicações do BCB. Desta forma, é escolhido o
período entre 1/04/2004 a 30/06/2006, que é subdividido em 2 intervalos: o primeiro se
estende de 1/01/2004 a 28/07/2004 e o segundo de 29/07/2004 a 1/06/2006. Esta divisão
se justifica pelo fato de o BCB ter m uagem utilizada no texto da ata do
C a
publicação da ata de 29/07/2004 e dá uma idéia de intensidade sobre a estratégia futura
a política monetária.
A figura 6.11 mostra a evolução das taxas de juros futuros DI de 1 dia para as
maturidades de 1 mês, 3 meses e 6 meses.
28
A figura 6.12 mostra o comportamento da
primeira diferença (volatilidade) das taxas de juros futuros DI de 1 dia para as
maturidades de 1 mês, 3 meses, e 6 meses.
Observa-se, na figura 6.11, que as taxas de juros de maturidades diferentes se
distanciam, a partir do anúncio de manutenção da taxa de juros, por um período
suficientemente longo (julho de 2004). Com o decorrer do tempo estas taxas convergem
ara o mesmo valor e, além disso, esta convergência acontece no ponto de inflexão
brasileira
odificado a ling
OPOM. As palavras “período suficientemente longo” foram utilizadas a partir d
d
p
28
A escassez de informação justifica o fato desta série ser reduzida.
166
Figura 6.11
Evolução do nível das taxa de juros futuros
entre 1/04/2004 a 26/01/2006
15
16
17
18
19
20
Feb 04 Jun 04 Oct 04 Feb 05 May 05 Sep 05
Taxa de juros futuros (1 mês)
Taxa de juros futuros (3 meses)
Taxa de juros futuros (6 meses)
entre 1/04/2004 a 26/01/2006
Figura 6.12
Evolução da volatilidade das taxa de juros futuros
.2
.3
.4
.0
.1
-.4
-.3
-.2
-.1
.5
Feb 04 Jun 04 Oct 04 Feb 05 May 05 Sep 05
Volatilidade da taxa de juros futuros de 1 mês
Volatilidade da taxa de juros futuros de 3 meses
Volatilidade da taxa de juros futuros de 6 meses
167
destas variáveis. A partir d , cada vez mais umas das
outras, com a taxa de juros futuros de 6 meses estando abaixo das demais. Ou seja,
quando a tendência é de baixa nas taxas de juros futuros, as taxas de juros com
maturidade mais elevada ficam menores do que aquelas com maturidade menos elevada.
A tabela 6.6 mostra este comportamento das taxas de juros futuros e se
subdivide em dois grupos. O primeiro grupo é aquele que trata do nível das variáveis
(vide colunas 3-1 nível e 6-1 nível), enquanto o segundo demonstra o ritmo com que os
agentes econômicos reajustam suas expectativas sobre as taxas de juros futuros (vide
colunas ritmo 1, ritmo 3, e ritmo 6).
Nas colunas relativas ao nível das taxas de juros futuros (coluna 3-1 nível e
coluna 6-1 nível), o sinal positivo (+) significa que aumentou a diferença entre as taxas
e o sinal negativo indica que esta diferença caiu. Por exemplo, um sinal positivo na
coluna “3-1 nível” indica que a dife a de juros futuros com maturidade
de 3 meses e lém disso, os
nomes “média, alta e baixa” dão a magnitude da diferença e, portanto, caso tenha
aumentado a diferença entre as taxas supracitadas e se esta diferença for alta, a coluna
sobredita mostra o seguinte texto: + alta. Destarte, o negrito significa que a taxa com
maior maturidade está abaixo daquela de menor maturidade e o contrário acontece para
o texto que não está em negrito.
O COPOM publicou, no texto da ata de julho de 2004, que o BCB iria aumentar
a taxa SELIC até alcançar o nível em que estes aumentos seriam substituídos “por um
período suficientemente longo” de manutenção desta taxa. Neste caso, o COPOM
estava sinalizando ao mercado que a inércia inflacionária seria combatida até que ela se
dissipasse no tempo. Esta indicação de que haveria uma alta prolongada fez com que a
aí, estas taxas passam a se distanciar
rença e tre a taxn
de 1 mês aumentou com a publicação da ata do COPOM. A
168
alta diferença entre as taxas de juros futuros de 3 meses e de 1 mês aumentasse muito
maior
das séries e que está representada pelas colunas
Ritmo
29
as 2 primeiras atas sobreditas). Com o passar do tempo
os age
(vide a linha relativa à ata de 23/12/2004 da coluna “3-1 nível”). Isto se repete nas atas
subseqüentes, no entanto, na ata de 24/02/2005 a alta diferença entre as taxas começa a
cair (– alta). Na ata seguinte, a diferença torna-se média, o que indica o entendimento do
mercado financeiro de que o “futuro” está chegando. Desta forma, os juros futuros com
maturidade reagem menos com o passar do tempo, uma vez que reagiram mais
anteriormente (anteciparam os ajustes e entenderam que chegou a hora do COPOM
iniciar seu processo de manutenção da taxa básica de juros).
O outro grupo de colunas a ser analisado é aquele relativo à volatilidade, que é
definida como a primeira diferença
1 , Ritmo 3, e Ritmo 6. A partir destas colunas analisa-se a âncora e a mudança
de comportamento dos agentes econômicos. A Tabela 6.6 mostra que o comportamento
da volatilidade é semelhante àquele observado na coluna relativa ao nível do spread das
taxas de juros futuros. Nos períodos em que o COPOM publica que haverá um aumento
na taxa SELIC até que se atinja um patamar em que ela será mantida por um período
suficientemente longo, a primeira diferença relativa ao spread entre as taxas de juros de
3 meses e de 1 mês, nas atas de 23/12/2004 e de 27/01/2005, sai de 0 para + e na ata de
24/02/2005 ela fica constante
. Isto reforça os resultados encontrados na análise
relativa ao nível das variáveis em que as taxas de maior maturidade se distanciam
daquelas de menor maturidade (n
ntes acreditam que o “futuro” está se aproximando e apostam em menores
diferenças entre as taxas de juros futuros, uma vez que o COPOM indica a manutenção
da SELIC por “um período suficientemente longo”. Outra regularidade que pode ser
29
Neste caso, o “zero” significa que a volatilidade vai para zero (quando o zero vem depois da vírgula) ou
que ela começa em zero (quando o zero vem antes da vírgula).
169
observada na tabela 6.6 é fato de que, quando o COPOM publica a frase supracitada, o
ritmo de reajuste das expectativas relativas às diferentes taxas de juros futuros é similar.
Um resultado que pode ser obtido na tabela 6.6 é aquele que mostra movimentos
mais bruscos na volatilidade, quando o BC adiciona algum tipo de informação à ata (ou
explica os votos não unânimes ou usa a terminologia “no aguardo”). As atas de
25/02/2004, de 27/05/2004, de 23/09/2004, e de 24/03/2005 são aquelas em que existe
maior mudança no comportamento da volatilidade, se comparado o dia anterior à
publicação da ata e o dia de sua publicação (vide movimentos mais acentuados da figura
6.12).
Comportamento das taxa de juros futuros
Ata Decisa
Ritmo Ritmo Ritmo Ancora 3-1 6-1 manter no explica iniciar continuar
ajuste
Tabela 6.6
entre 1/04/2004 a 26/01/2006
o 1 3 6 Nível nivel viés suficente/ aguardo unânime votos ajuste
16/1/2004
manter não não não não não não -
0,- +,- +,0 Sim Media alta
25/2/2004
mante
-
r
Cte
0,-
Não +media
não não sim sim não não
25/3/2004
reduzir -
Cte +,0 Sim Media
- não não não sim não
22/4/2004
reduzi - r
Cte 0,+ 0,+ Não -baixa -media
não não não sim não não
27/5/2004
manter
-
0,+
+,-
Oposto -media
- não não não sim não
24/6/2004
mante - r
Cte 0, - Não Media
não não não sim não não
29/7/2004
mante - r
0,+ 0,+ -,+ Sim Media +alta
não sim não sim não não
26/8/2004
mante
0,- 0,+ Oposto +Media
- r não não não sim não não
23/9/2004
aumen
-
tar
Cte
+,0
Sim Alta
não não não não sim sim
28/10/2004
aumen
Cte +, + 0,+ Não +Alta +alta
Sim tar não não não sim não não
25/11/2004
aumen Sim tar
-,0 0,- Oposto -Alta
não não não sim não não
23/12/2004
aumentar
0,- 0,+ Oposto +Alta
Sim não sim não sim não não
27/1/2005
aumen Sim tar
Cte 0,+ Não +Alta +Media
não sim não sim não não
24/2/2005
aumentar
0,+ cte Não -Alta media
não sim não sim não não Sim
24/3/2005
Aumen
Sim
tar
Cte
-,+
Não +Media
não não sim sim não não
28/4/2005
aumentar
0,+ 0,+ 0,+ Sim Media
não não sim sim não não -
27/5/2005
aumen - tar
Cte -,0 -,0 Sim Media Alta
não não sim sim não não
23/6/2005
manter
Cte cte Sim nula
não sim não sim não não -
28/7/2005
mante - r
-,0 +,0 Sim Baixa
não sim não sim não não
25/8/2005
manter não não sim sim não não -
Cte cte -,0 Sim +Baixa alta
22/9/2005
reduzi r
0,+ 0,- Não +Baixa
não não sim sim não não
27/10/2005
reduzir não não sim sim não não Sim
Cte cte Sim Media
170
As atas de 27/9/2004, 23/6/2005, e 28/7/2005 chamam atenção pelo fato de que
o COPOM publica que vai manter a taxa SELIC por período suficientemente longo.
Neste c
smas tendeu a zero (depois da publicação do COPOM). Portanto, isto mostra a
capacidade do BCB (por meio de sua transparência) em ancorar as expectativas dos
agentes econômicos e em afetar as t de longo prazo (são estas taxas que
influenciam a economia real)
Ou for u a e
tr di tes erío , o odo de ida de t parê , é p eio
ma lis lati à esc itiv ta 6.7 tra a tose tiva
xa ju fu s p as en a
i v ão o co do rmativo de cada uma da ries dada ode
al o pact d a utilizad tame des
ri os
a r a os en dist ição roba ade
rt , is nd um ior probabilidade de m
ai r tr arê do B (e 27/ 004
/06 6) aio do q d odo entr 1/2 a 26 2004 to é v o p
todas as séries exceto para as taxas de juros futuros com maturidade de um mês. Se
forem comparadas as assimetrias das diferentes séries, obtém-se a mesma conclusão da
aso, a introdução desta frase dá uma noção de duration em relação à taxa básica
de juros o que implica um movimento particular, isto é, as primeiras diferenças de todas
as taxas de juros futuros seguem no mesmo sentido. Na ata de 27/9/2004 estas taxas
convergiram para uma primeira diferença (expost à publicação da ata) próxima a zero.
Apesar do fato de que na ata de 23/6/2005 a volatilidade não ter se alterado (cte), na ata
de 28/7/2005 estas taxas tinham um ritmo diferente de reajuste e a primeira diferença
das me
axas de juros
.
t ra ma de analisar a m danç de comportamento dos agentes conômicos
en e os feren p dos s perí s opac de e rans ncia or m de
u aná e re va s estatísticas d r as. A bela mos cur rela às
ta s de ros turo ara difer tes m turidades. Dado que a mudança na curtose
ind ca a ariaç d nteú info s sé estu s, p -se
an isar im o a lingu gem a pelo COPOM no compor nto tes
de vativ .
Quanto m io curt e, maior o achatam to da ribu de p bilid e,
po anto to i ica a ma udanças nos preços dos ativos.
A curtose do período de m o ansp ncia BC ntre 07/2 a
1 /200 é m r ue a o perí e 1/0 004 /07/ . Is alid ara
171
análise
FUTUROT3 DIFUTUROT6
de curtose, em períodos de transparência os preços dos ativos incorporam mais
informações sobre o estado futuro da economia do que nos períodos em que o BC se
resume em anunciar, apenas de forma pontual, a meta da SELIC.
30
Portanto, um maior
detalhamento prospectivo das estratégias do COPOM aumentou a eficiência do mercado
financeiro, o que reforça a hipótese de Winkler (2000) de que a transparência do BC só
terá efeitos benéficos na economia se ela for genuína. Neste caso, a tabela 6.7 mostra
que o aumento na qualidade da informação (claridade do BC) é um dos atributos
necessários para que a transparência genuína seja alcançada.
Tabela 6.7
Estatística descritiva no período de maior transparência do COPOM
TAXA DE JUROS DI
FUTUROT1
TAXA DE JUROS DI TAXADEJUROS
Curtose ente
27/07/04 e
01/0/2006 1,9180 2,0704 2,0073
Curtose ente
01/01/04 e
26/07/2004
2,2012 1,7421 1,3605
6.3 Uma análise empírica sobre os efeitos da transparência do BCB no
mercado financeiro brasileiro
O objetivo desta seção é fazer uma análise multivariada dos efeitos da
transparência do BCB, utilizando como variável dependente o spread entre a taxa de
juros futuros DI com vencimento em 3 meses e a taxa de juros SELIC relativa ao
overnight (SPREAD3). A escolha desta variável dependente tem como objetivo mostrar
o impacto da transparência do BCB na estrutura a termo da taxa de juros e na duration
destas taxas. Esta escolha indica se as publicações e os anúncios do BCB afetam o
30
Nos períodos em que o COPOM anuncia manutenção, queda ou elevação da SELIC, sem indicar a
intensidade do ajuste ao longo do tempo.
172
prêmio de risco que os agentes econômicos utilizam para formar seus preços no
mercado futuro. Além disso, as variáveis explicativas do modelo são proxies da
transparência do BCB e seus coeficientes medem a reação da variável dependente às
informações publicadas.
Muller e Zelmer (2001), Haldane (1997), Siklos (2000), Gurkaynak, Sack e
Swanson (2005) fazem análises empíricas utilizando MQO e encontram que a
transparência do BCB é importante na formação das expectativas dos agentes
econômicos. A utilização de uma análise multivariada reforça os resultados da seção
anterior e dá a magnitude da influência da transparência do BCB nas variáveis
macroeconômicas. Vale ressaltar que transparência não tem uma análise
que do
principal dif entre os modelos os pela litera ente sobre
desta seção é a quantidade de proxies
representar esta variável. Os autores supracitados utilizam apenas a mudança da meta de
juros como medida da transparência do BC e, além disso, eles fazem a estimação por
étodo GARCH para fazer as estimações
relativas aos spreads da taxa de juros, uma vez que variáveis do mercado financeiro
apresentam variâncias que se aglomeram ao longo do tempo.
31
Além disso, as séries são
construídas a partir de dados publicados nos RI e de variáveis dummies que representam
o status das atas do COPOM (se as decisões foram unânimes ou não). A vantagem da
utilização destas séries reside no fato de que elas captam a qualidade da informação
publicada pelo BCB e, portanto, mostram a importância da linguagem do BCB na
formação das expectativas dos agentes econômicos brasileiros.
a literatura de
incorpore os efeitos dos relatórios de inflação e das atas do COPOM no merca
financeiro brasileiro.
A erença estudad tura rec
transparência do BC e o modelo utilizadas para
MQO. De forma diferente, utiliza-se o m
RCH.
31
Pindyck e Rubinfeld (1998) destacam este fenômeno e sugerem uma estimação de variáveis do
mercado financeiro por meio da técnica GA
173
A variável explicativa que é utilizada na estimação e que está relacionada com o
Relatório de Inflação é a diferença entre previsão da inflação do período corrente
(publicada no relatório de inflação do BCB) e meta de inflação do ano em questão Esta
variável é denominada PREVMETA e representa a transparência econômica, uma vez
que ela
tes para o BCB guiar as expectativas dos agentes econômicos.
Vale re
é uma regra de forecast do BCB. Desta forma, estas variável representa a
transparência econômica do BCB, uma vez que ela é utilizada como regra de forecast
para aumentar o common knowledge.
Além disso, neste estudo, inclui-se duas variáveis explicativas dummies, cujos
valores são zero nos dias em que o evento (publicações das atas do COPOM) não
acontece e 1 nos dias em ele que acontece. Estas variáveis captam os efeitos das
informações contidas nas atas do COPOM sobre a duration da taxa de juros e são
ferramentas importan
ssaltar que o COPOM publica em suas atas o placar relativo à decisão da meta
SELIC e, desta forma, é necessário analisar decisões unânimes (ATAUNÂNIME) e não
unânimes (ATANÃOUNÂNIME), de forma separada.
A variação da taxa básica de juros do Federal Reserve (DFEDR) e a variação
defasada da expectativa da taxa de câmbio (D1CAMB) também são utilizadas como
variáveis explicativas. A inclusão destas variáveis tem como objetivo analisar a
influência da economia internacional nas variáveis econômicas brasileiras, em
particular, a influência do mercado de câmbio no mercado de renda fixa.
O primeiro modelo a ser estimado tem como variável dependente a variação do
spread entre a taxa over/ SELIC e a taxa de juros futuros de 3 meses (SPREAD3)
. As
variáveis explicativas são descritas por: DECISÃO, PREVMETA, ATAUNÂNIME,
ATANÃOUNÂNIME, DFEDR e D1CAMB.
174
O primeiro procedimento a ser adotado é analisar se as séries estudadas são
estacionárias, uma vez que estimações com variáveis não-estacionárias podem causar
regressões espúrias. A Tabela 6.8 mostra as estatísticas (e os valores críticos) dos testes
de raízes unitárias Dickey-Fuller (ADF) e Phillips Pherron (PP). Além disso, foi
utilizado o critério de Schwarz para definir o número de defasagens e para definir a
estrutura do modelo.
O spread de 3 meses não exibe raiz unitária para o período estudado, uma vez
que seu
01/06/2003 e 13/03/2006
para o núcleo de
lação serial dos resíduos inclui-se, na
s valores críticos são menores do que as estatísticas dos dois testes (ADF e PP).
Além disso, as variáveis PREVMETA e DECISÃO não possuem raiz unitária no
período entre 06/01/2003 e 13/03/2006 (vide Tabela 6.8).
32
A tabela 6.8 mostra que as
variáveis explicativas DFEDR e D1CAMB também são estacionárias e, portanto,
podem ser utilizadas na estimação.
Tabela 6.8
Teste de Raiz Unitária (ADF e PP) período entre
Nota: No teste Dickey-Fuller Aumentado (ADF) o critério de Schwarz (SC) foi utilizado para definir a
defasagem final. No teste Phillips-Perron (PP), a defasagem é o lag truncation escolhido
Barllet. Os testes foram feitos sem a utilização de constante e de tendência.
Definidas as variáveis explicativas e a variável dependente, fez-se uma
estimação de MQO, que resultou em uma estatística Durbin-Watson muito baixa. Com
o objetivo de eliminar esta auto-corre
32
Vale ressaltar que a escolha deste período para estimação decorre do fato de que no período entre
01/06/2002 e 01/06/2003 a variável PREVMETA possui raiz unitária.
ADF PP
Séries
Lag T
Valor
crítico 10%
este
Valor
crítico 1%
Valor
crítico 5%
Valor
crítico 10%
Lag Teste
Valor
crítico 1%
Valor
crítico 5%
PREVMETA -1.6164 0 -2.2469 -2.5681 -1.9412 -1.6164 1 -2.2473 -2.5681 -1.9412
SPREAD3 -1.6164 0 -3.0212 -2.5681 -1.9412 -1.6164 9 -2.7135 -2.5681 -1.9412
Decisão 1.6163 19 -3.5327 -2.5684 -1.9413 -1.6163 0 -2.5729 -2.5684 -1.9413 -
DFEDR -3.1285 0 -3.9121 -3.9648 -3.4131 -3.1285 21 -4.130.597 -3.9648 -3.4131
D1CAMB 0 -3.0512 -3.9678 -3.4145 -3.1294 3 -3.051.413 -3.9678 -3.4145 -3.1294
175
especif
Tabela 6.9
icação do erro, os termos auto-regressivo (AR(1)) e de média móvel (MA(1)). A
Tabela 6.9 mostra a significância das variáveis AR(1) e MA(1) ao nível de 1% e, além
disso, a estatística Durbin Watson da nova estimativa (1,9412) reforça o fato que o
problema de auto-correlação serial dos resíduos foi resolvido.
33
Estimação GARCH
Variável dependente :Spread entre a taxa de juros futuros de 3 meses e a taxa SELIC do overnight
C Decisão MA(1) PREVMETA DFEDR D1CAMB ATAUNÂNIME ATANÃOUNANIME AR(1)
-0 25* 0.0741* .3849* -0.0535* 0.0094 -1.4361** -0.0182* -0.0388** 0.98
1/6/2003
a
13/03/2006
(-6.0609) (-5.5120) (0.1563) (-2.4704) (-5.0053) (-2.0333) (4.2734) (2.1240)
Estatística F =13832
rvações = 663
R
2
ajustado = 0.9583 Estatística Durbin-Watson = 1.9412 Obse
Nota: Os valores entre parênteses são as estatísticas z e os coeficiente são significativos ao nível de
1 (*), 5 (**), e 10 (***) por cento.
Outra modificação que deve odelo é a alteração no método de
estimação de MQO se aglomera long tempo. Este é um comportamento típico
de variáveis relacionadas ao m fina e é itulad Pind Rub
(1998) de efeito “m (ne o, a inan ros do enôm
uo é afetada por erros
assados relativos a estes resíduos. Além disso, inclui-se um componente GARCH, que
represe
ser feita no m
estimação, uma vez que a figura 6.13 mostra que as variâncias dos resíduos da
m ao o do
ercado nceiro int o por yck e infeld
anada” ste cas tivos f cei são afeta s por f enos
auto-realizadores). Para que este comportamento seja bem representado, o
primeiro
passo é incluir uma variável ARCH, cuja variância do resíd
p
nta a dependência da variância do resíduo à sua variância do período anterior.
33
Vale ressaltar que foram feitos testes relativos à ordem dos processos AR e MA e constatou-se
que ordens mais elevadas do que 1 não possuem significância estatística.
176
O pacote econométrico Eviews 5 estima os coeficientes desta regressão a
partir da maximização de uma função de máxima verossimilhança, e tem a vantagem de
determinar se a relação entre a variável dependente e as variáveis explicativas é linear
ou não. No caso de haver linearidade, não é necessário fazer iterações sucessivas para
achar o valor dos parâmetros. Entretanto, se a relação for não-linear faz-se uma
aproximação de Taylor em torno dos dos parâmetros. A partir daí, é feita
uma nova estimação de M valores dos coeficientes das
variáveis explicativas.
E ‘mana s resí da re o
valores iniciais
QO que resulta em novos
Figura 6.13
feito da’ no duos gressã
-0.8
1.
1.2
-0.4
0.0
0.4
0.8
6
2003M07 2004M01 2004M07 2005M01 2005M07
De forma recursiva, é feita uma nova expansão de Taylor ao redor destes valores
e, portanto, repete-se o procedimento anterior, isto é, estima-se o modelo linearizado por
meio de MQO. Estas iterações acontecem até que a diferença entre os valores dos
coeficientes das estimações seja muito pequena.
177
No pe
uas decisões). As variáveis PREVMETA e ATAUNÂNIME
possuem os coeficientes negativos, o qu ução no prêmio de risco
A significância das atas unânimes do COPOM indica que elas afetam a duration
das taxas de juros uma vez que elas diminuem a distância entre as mesmas. Além disso,
o coeficiente das atas sem unanimidade (ATANÃOUNÂNIME) são significantes
apenas em um nível de 5%. Apesar disso, este coeficiente mostra que os agentes
econômicos reagem mais às informações das atas não unânimes (coeficiente de -0,0388)
do que às informações das atas unânimes (coeficiente igual a -0.0182). A tabela 6.10
apresenta o histórico das publicações destas atas e mostra que depois de uma ata não
unânime sempre existe uma ata unânime (isto pode explicar a maior sensibilidade do
spread das taxas de juros à publicação de atas sem unanimidade).
dependente mostra que se o BCB publicar
um RI
m o objetivo de atingir sua meta de
inflação do ano calendário. Destarte, a variável “Decisão” tem um efeito de reduzir este
ríodo entre 01/06/2003 e 13/03/2006 a incerteza com relação às
preferências do BCB era reduzida, uma vez que as ações da nova diretoria do BCB
sinalizavam para o mercado o seu compromisso com o regime de metas de inflação.
Neste contexto de transparência total, todas as dimensões da transparência afetaram o
SPREAD3 (vide tabela 6.9). Este spread é afetado, de forma significativa, por
informações relativas ao futuro da economia e, como destaca Bernanke (2004b), são as
regras de forecast que afetam as taxas de juros futuros (variável em que os agentes
econômicos baseiam s
e indica uma red
existente entre as taxas de juros de diferentes maturidades.
O efeito da PREVMETA na variável
em que a previsão de inflação para o ano corrente é maior que a sua meta a
diferença entre os juros futuros e os juros correntes cai (coeficiente igual a -0.0535). Isto
mostra que os agentes econômicos acreditam que, no futuro próximo, o BCB vai
aumentar a taxa básica de juros da economia co
178
spread
Dias de publicação das atas do COPOM
(coeficiente de -0,3849), uma vez que esta variável está relacionada à taxa de
juros do overnight. Assim, um aumento na meta SELIC aumenta a taxa de juros do
overnight e reduz sua distância para a taxa de juros futuros.
Tabela 6.10
Data Decisão Data Decisão
20/6/2002
unânime
22/4/2004
unânime
22/7/2002
não unânime
27/5/2004
não unânime
20/8/2002
unânime
24/6/2004
unânime
20/9/2002
unânime
29/7/2004
unânime
30/9/2002
unânime
26/8/2004
unânime
21/10/2002
unânime
23/9/2004
não unânime
30/10/2002
unânime
28/10/2004
unânime
20/11/2002
unânime
25/11/2004
unânime
26/12/2002
unânime
23/12/2004
unânime
20/1/2003
unânime
27/1/2005
unânime
20/2/2003
unânime
24/2/2005
unânime
20/3/2003
unânime
24/3/2005
unânime
21/4/2003
sem placar
28/4/2005
unânime
20/5/2003
unânime
27/5/2005
unânime
27/6/2003
unânime
23/6/2005
unânime
31/7/2003
unânime
28/7/2005
unânime
28/8/2003
unânime
25/8/2005
unânime
24/9/2003
unânime
22/9/2005
unânime
30/10/2003
unânime
27/10/2005
unânime
27/11/2003
não unânime
1/12/2005
unânime
24/12/2003
unânime
22/12/2005
não unânime
16/1/2004
não unânime
26/1/2006
unânime
25/2/2004
unânime
16/3/2006
não unânime
25/3/2004
unânime
Fonte: BCB
observa-se que a variável explicativa D1CAMB tem um coeficiente de –1.4361 e é
de renda fixa. A última variável explicativa a ser analisada é a variação da taxa de juros
Com relação aos efeitos do mercado de câmbio no mercado futuro de juros
significativo a um nível de 5%, o que mostra a influência da taxa de câmbio no mercado
do FED e os resultados mostram que ela não tem influência sobre o SPREAD3 (entre
179
01/06/2003 e 13/03/2006). Isto pode ser observado pela insignificância do seu
coeficiente (0.0094) e, portanto, notícias sobre a economia americana têm um efeito
nulo no prêmio de risco das taxas de juros do mercado financeiro brasileiro.
Os resultados supracitados são mostrados na Tabela 6.9 que apresenta um R
2
ajustado igual a rçado por uma
estatística F igual a 1.3832, o que dá a significância dos resultados obtidos nesta
estimação. Com anter , a ta bredi a inexistência de auto-
correlação serial u qu s n Watson é igual a
1.9412.
Conclui-se que as decisões sobre a m el do spread da taxa
de juros,uma vez que as taxas de juros do om o aumento da meta
SELIC. Além di der d read, que cai com mais
intensidade nos es nã nformações relativas à
diferença entre a previsão de inflação do BCB (nos RI) e a meta inflação também se
relacionam, de fo t a incli ros (SPREAD3), o que
mostra a importâ a ão na d de risco da economia
brasileira.
Por fim, ável D variações defasadas
nas expectativas c etam o d resulatdo similar ao
de Mu )), apesar das notícias relativas à meta dos juros norte-
americanos não ter significância sobre o SPREAD3. Isto mostra que a formação das
publicadas pelo BCB do que pelas informações relativas ao FED. Portanto, com adoção
do regime de metas de inflação (em junho de 1999), em detrimento do regime de metas
0.9583 e indica o bom ajustamento do modelo. Isto é refo
o dito iormente bela so ta mostra
dos resíd os, uma vez e a estatí tica de Durbi
eta SELIC afetam o nív
overnight crescem c
sso, as atas têm o po e influenciar este sp
períodos de decisõ o unânimes. As i
rma nega iva, com nação da curva de ju
ncia dest informaç redução o prêmio
o coeficiente da vari 1CAMB mostra que as
da taxa de âmbio af mercado e renda fixa (
ller e Zelmer (1999
expectativas do mercado brasileiro está mais relacionada às notícias e às informações
intermediárias de taxa de câmbio, o BCB aumentou seu poder de influência na
180
economia e reduziu a vulnerabilidade das expectativas dos agentes econômicos às
noticias da economia internacional. Vale ressaltar que, no caso do Brasil, a adoção do
regime de metas de inflação não significa apenas a publicação de uma meta final, mas
também
, de uma tecnologia de comprometimento que depende da transparência
(anúncio das decisões sobre a SELIC, RI e atas) e da accountability do BCB (decreto
3088 sobre procedimentos relativos ao não cumprimento da meta de inflação).
181
CONCLUSÃO
Os resultados encontrados pelos diversos autores, tanto nos modelos teóricos
quanto nos trabalhos empíricos, convergem para um ponto comum, a transparência do
BC é benéfica para a economia. Primeiro porque reduz a assimetria de informações
entre o público e o BC e segundo porque aumenta a accountability do BC.
Com o desenvolvimento dos capítulos, observa-se que os resultados deste
abalho reforçam a importância da transparência do BC na condução da política
onetária. No capítulo relativo à transparência econômica, introduz-se um termo que
apta a assimetria de informações entre o público e o BC. Neste caso, a previsão que o
úblico tem sobre o choque de oferta é uma soma entre a previsão do BC sobre estes
erro. Esta estrutura mostra que quanto maior a qualidade da informação
o BC menor é o erro do público. Na solução deste modelo, minimiza-se a função de
erda do BC e obtém-se uma equação do hiato do produto que cai com o aumento da
ansparência econômica e, portanto, que aumenta com a opacidade do BC. Uma vez
ue o hiato do produto e a inflação são variáveis que se relacionam por meio da curva
a queda neste hiato implica reduções na inflação. Ao
tilizar as expressões destas duas variáveis na função de perda social e derivá-la com
elação à punição do BC, encontra-se a punição ótima, que depende da variância da
pacidade do BC. Neste caso, quanto maior for esta variância menor é o poder de
centivo do contrato, ou seja, menor é a punição ao BC.
Em outras palavras, uma maior volatilidade da transparência do BC reduz a
ensibilidade da perda da autoridade monetária com relação ao descumprimento da meta
de inflação. Assim, quanto mais volátil for a transparência do BC menor será seu
beneficio para inflação, para o hiato do produto e para a taxa de juros nominal. Vale
ressaltar que estes resultados são reforçados com as estimativas de MQO, que mostram
tr
m
c
p
choques e um
d
p
tr
q
de Phillips novo-keynesiana, um
u
r
o
in
s
182
um coeficiente negativo (e significativo) do efeito da transparência econômica na taxa
de juros nominal. Destarte, foi mostrado qu deve ser mantido algum grau de opacidade
do BC
o.
cia são estudados no capítulo
4, que
e
, uma vez que o mercado financeiro tem que acreditar na capacidade do BC em
alterar as expectativas dos agentes econômicos. Este resultado é similar àquele
encontrado por Jensen (1999) e defendido por Blinder (2000), que destaca a importância
do BC como guia das expectativas dos agentes econômicos e não o contrári
No capitulo 2, analisou-se os efeitos da transparência política do BC sobre a
inflação, o hiato do produto e a taxa de juros. Os resultados demonstraram que ela é
benéfica para uma economia que não esteja muito sujeita aos choques de oferta e que,
além disso, a falta de qualidade de um contrato de incentivo pode causar efeitos danosos
à gestão da política monetária.
No capitulo 3 estudou-se a transparência das decisões de política monetária, em
que o BC explica suas decisões por meio da publicação da taxa básica de juros (e das
atas das reuniões relativas a estas decisões) e dos choques relativos à velocidade de
circulação da moeda. Nos dois modelos a transparência das decisões de política
monetária é benéfica para a economia, uma vez que ela aumenta a qualidade das
informações contidas nas decisões sobre o instrumento da política monetária. Destarte,
os resultados empíricos, obtidos por meio de uma estimação de MQO, mostram que a
transparência relativa às decisões do BC produz uma queda na taxa nominal de juros da
economia.
Os efeitos da multidimensionalidade da transparên
enfatiza os efeitos prejudiciais da opacidade política sobre a transparência
econômica. Os efeitos benéficos da transparência econômica são distorcidos pelo fato
do público não conhecer as preferências do BC. Desta forma, avaliações sobre o futuro
da economia não são levados em conta nas decisões dos agentes econômicos. Pelo
183
contrário, estas informações confundem, ainda mais, o público e, assim, são
interpretadas como ruídos que aumentam a incerteza da economia.
No capítulo 5 analisou-se os efeitos da transparência do BC sobre os níveis de
desigualdade de renda e de pobreza de uma economia. Os resultados empíricos das
estimações de MQO mostraram que a inflação e que a taxa de juros reais aumentam o
nível de desigualdade de renda (de forma direta). Destarte, a transparência do BC tem
um im
tas análises não paramétricas relacionadas ao efeito da
transpa
Assim, a decisão sobre a taxa básica de juros da economia passou a ser o
princip
pacto indireto
sobre o índice de Theil, uma vez que ela altera os efeitos de
incentivo, fazendo com que a autoridade monetária cumpra os termos do contrato (atinja
a meta de inflação). Isto reduz o viés inflacionário e produz uma queda nas expectativas
de inflação, o que, em um segundo momento, reduz a inflação efetiva.
No capítulo 6 foram fei
rência do BCB na economia brasileira. Foi demonstrado que os agentes
econômicos reagem, de forma representativa, às publicações e aos anúncios do BCB
sobre a meta SELIC. Além disso, no período de opacidade política, destacou-se o menor
impacto das informações forward-looking nas variáveis da economia brasileira A
definição de opacidade política está relaciona ao fato de que, no Brasil, a transição de
um mandato presidencial para outro permite que sejam nomeados um novo presidente
do BC e uma nova diretoria. A incerteza sobre as preferências da nova diretoria do BC
fez com que os agentes econômicos negligenciassem as informações sobre o futuro da
economia.
al guia do mercado financeiro e, portanto, substituiu-se a utilização de regras de
forecast pelo uso de regras simples de feedback. Este resultado é confirmado por uma
reação anormal às decisões da meta SELIC no período de opacidade política maior do
que no período de transparência total. Desta forma, o BC perde o poder de influenciar as
variáveis que afetam o lado real da economia, as taxas de juros futuros, uma vez que as
184
decisões sobre taxas de juros de curto prazo têm um efeito limitado sobre estas taxas
futuras. São as informações contidas nos relatórios de inflação e nas atas do COPOM
que m
s taxas de juros
futuros
ostram a visão de mundo do BCB e, portanto, a falta de significância destas
informações na tomada decisões dos agentes econômicos (no período de opacidade
política) implica um comportamento backward-looking dos agentes econômicos.
No período de transparência total (entre o segundo semestre de 2003 e o
primeiro trimestre de 2006), período em que são conhecidas as preferências do BCB e
sua visão de mundo sobre o futuro, as taxas de juros futuros e as expectativas do IPCA
reagem mais às publicações relativas à duration da taxa de juros e às previsões de
inflação. As figuras deste capítulo
mostram como as volatilidades da
e das expectativas do IPCA são afetadas pelas publicações dos RI e das atas do
COPOM. A curtose mais elevada neste período reforça os resultados supracitados, que
são mostrados nos gráficos relativos às volatilidades destas variáveis ao redor das
publicações e dos anúncios do BCB (vide capitulo 6).
Outro resultado que evidencia a influência da transparência do BCB no mercado
financeiro brasileiro é aquele que mostra as reações das taxas de juros futuros à
linguagem do BCB. Neste caso, as atas do COPOM mudaram a forma de indicar a
duração da taxa de juros no último trimestre de 2004. De forma similar ao FED, que
introduziu a expressão “maintained for a considerable period”, o BCB passou a
publicar nas suas atas a frase “suficientemente longo”. Para aumentar a qualidade nas
informações das atas, o COPOM indicou um ciclo de crescimento nas taxas de juros ao
publicar que a meta SELIC teria aumentos sucessivos até que a economia brasileira
convergisse para um dado ponto. Segundo o COPOM, a partir deste ponto, as taxas
básicas de juros seriam mantidas, por um período suficientemente longo. O movimento
inicial no spread das taxas de juros foi um distanciamento entre as taxas de juros futuros
185
de maturidade mais longa e as taxas de juros futuros de um mês. Esta distância cresceu,
no primeiro instante, uma vez que havia indícios de aumentos sucessivos na meta
SELIC (até que um certo ponto fosse atingido). No entanto, de acordo com que o futuro
chegava, este distanciamento se reduzia e, no ponto de inflexão das diferentes taxas de
juros futuros, elas se igualaram. Este ponto indicava que, a partir daí, a meta SELIC
seria m
es da transparência do BCB na
inclina
antida por um período suficientemente longo e, portanto, taxas de juros futuros
de maturidades mais elevadas seriam iguais a taxas com maturidades mais reduzidas.
Destarte, a curtose das taxas de juros futuros, no período de maior qualidade de
informação do BCB, é mais elevada do que no período em que o BCB não utilizou a
linguagem relativa à intensidade da duração da meta SELIC. Isto mostra o maior
conteúdo informativo das atas do COPOM com relação às decisões futuras da taxa
básica de juros.
Na última seção do capítulo 6, fez-se estimativas de máxima verossimilhança
que mostraram a importância das diferentes dimensõ
ção da curva de juros. Neste caso, o nível do spread entre a taxa de juros futuros
de 3 meses e a taxa de juros do overnight é influenciado pelas informações publicadas
nos RI e nas atas do COPOM. Quanto maior a diferença entre a previsão da inflação do
BCB e a meta de inflação do ano corrente, menor é o nível do spread da taxa de juros.
Isto acontece, uma vez que são necessários reajustes nos juros correntes para que a
inflação atinja sua meta. As atas do COPOM também influenciam este spread e,
portanto, são determinantes na formação das expectativas dos agentes econômicos
quanto à duration da taxa de juros (vide coeficiente negativo das atas). Vale ressaltar
que apesar das decisões de política monetária causarem mudanças neste spread, a
informação sobre a meta SELIC tem um efeito limitado sobre as expectativas das taxas
de juros futuros. Por fim, a variação (defasada) na expectativa da taxa de câmbio
186
nominal reduz o spread entre juros futuros e juros correntes e, portanto, isto indica que
o mercado de câmbio afeta o mercado de renda fixa. Apesar disso, a outra variável
relativa à economia internacional, a variação na taxa básica de juros norte-americana,
não tem significância com relação ao nível do spread das taxas de juros. Isto mostra
uma maior independência da economia brasileira com relação ao mercado financeiro
internacional, situação diferente daquela que ocorreu no final da década dos anos 1990.
Desta forma, os resultados teóricos e empíricos deste trabalho demonstram a
importância da transparência do BCB na determinação das principais variáveis
macroeconômicas e, além disso, reforçam sua influência na efetividade da política
monetária. Destarte, estes resultados também se aplicam à economia brasileira que
convive com níveis menos elevados de prêmios de risco, em períodos de maior
transparência. Apesar disso, as variáveis macroeconômicas são mais sensíveis às
noticia
s de forecast do BCB, o que mostra maior eficiência dos mercados e, portanto,
menor possibilidade de arbitragem.
Vale ressaltar que a construção de um índice de transparência do BCB, que leve
em consideração suas diferentes dimensões, é uma lacuna a ser preenchida na literatura,
assim como um estudo empírico do efeito da transparência na credibilidade do BCB.
187
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