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Fundação Oswaldo Cruz –FIOCRUZ
Escola Nacional de Saúde Pública – ENSP
Mestrado : Saúde Pública e Meio Ambiente
Sub-área : Gestão de Problemas Ambientais
e Promoção da Saúde
Avaliação da contaminação de
Hoplias malabaricus (Traíra) como bioindicadora de
saúde ambiental em pisciculturas em áreas de garimpo.
Estudo de caso município de Paranaíta – MT
Por
Taliha Dias Perez
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Saúde Pública e
Meio Ambiente da Escola Nacional de Saúde Pública, com vistas à obtenção
do título de Mestre em Ciências na área de Saúde Pública e Meio ambiente.
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Orientadora: Profa. Sandra Hacon
Rio de Janeiro, 27 de fevereiro de 2008.
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Aos meus pais,
Paulo Cesar e Deise
por tudo que já fizeram por mim. Amo vocês.
AGRADECIMENTOS
● Aos meus pais Paulo Cesar e Deise, por me terem educado, pelo amor incondicional e
sobre tudo, por terem sempre acreditado em mim;
Ao meu amor e amigo Diogo, não apenas pela paciência, apoio e incentivo, mas
principalmente, por me fazer muito feliz;
À minha orientadora Dra. Sandra Hacon, pela paciência e tempo gastos para me
ensinar e ajudar na realização deste trabalho;
Ao professor Dr. Sérgio Koifman, pelos gestos de incentivo e apoio e, principalmente,
pela gentileza sempre dispensada;
À minha querida irmã Laiza pela força, amizade e incentivo todos esses anos;
Aos Sr. Roque Pappen e Varli Pappen, pelo carinho em que nos receberam em sua
propriedade e pela paciência e boa vontade a nós dispensada;
Ao Doutor e agora amigo Renato Farias e família, por sempre ajudarem nos
momentos mais difíceis e pela excelente recepção em sua cidade;
À Universidade do Estado do Mato Grosso UNEMAT, pelo apoio dispensado ao
projeto;
Ao Doutor Reinaldo, responsável pelo Laboratório de Absorção Atômica do
Departamento de Química da Pontifícia Universidade Católica PUC/RJ e ao colega
Rodrigo, por tornarem possível a realização deste trabalho;
Aos meus colegas de turma Claúdia, Gerusa, Leonardo, Marta Brandão, Lavínia,
Benny, Rita, Ruy, Juliana, Diana e Cássia, pelos momentos compartilhados dentro e
fora das salas de aulas, e pelas palavras de conforto nos momentos desesperadores.
"Sou Brasileira e não desisto nunca!!!!!”
Autor desconhecido
RESUMO
"Avaliação da contaminação de
Hoplias malabaricus (Traíra) como bioindicadora de saúde ambiental em
pisciculturas em áreas de garimpo. Estudo de caso município de Paranaíta – MT"
Taliha Perez
Orientadora: Dra. Sandra Hacon
Resumo da dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-Graduação em Saúde
Pública e Meio Ambiente da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca
ENSP/FIOCRUZ, como parte dos requisitos necessários a obtenção do título de Mestre em
Saúde Pública e Meio Ambiente
.
O mercúrio total foi quantificado em 133 peixes da espécie Hoplias malabaricus
(Traíra), originária da piscicultura de maior expressão econômica do município de
Paranaíta, região norte do Mato Grosso. Esta piscicultura se estabeleceu sob passivo
ambiental de garimpo de ouro, como uma alternativa ambiental e econômica para a
região após o declínio acentuado da atividade garimpeira. Desde a década de 80 até
meados da década de 90 a corrida do ouro na região Amazônica tem causado sérios
danos ambientais para um dos mais complexos ecossistemas na Terra. Principalmente
devido à toxicidade do mercúrio para os humanos este problema tem recebido uma
atenção pública ampla. Apesar de estes estudos terem envolvido amostras de peixes, os
efeitos negativos da contaminação por mercúrio para os próprios peixes e outras formas
de vida selvagem têm sido largamente ignorados. Para avaliar os níveis mais atuais de
mercúrio em peixes e suas implicações na saúde ambiental foram coletados e
examinados dados das concentrações de mercúrio no ano de 2005. O intervalo
encontrado foi de 9,00µgHg/kg a 520µgHg/kg, e do ponto de vista de saúde pública
estão abaixo dos limites de tolerância brasileiros, de 1,0mgHg/kg.
Palavras-chave: mercúrio, traíra, Hoplias malabaricus, piscicultura, saúde ambiental.
ABSTRACT
"Assessment of contamination of
Hoplias malabaricus (traira) as bioindicator of environmental health in fish farms
in areas of gold mining. Case study city of Paranaíta - MT"
Taliha Perez
Orientador: Dra. Sandra Hacon
Abstract da dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-Graduação em Saúde
Pública e Meio Ambiente da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca
ENSP/FIOCRUZ, como parte dos requisitos necessários a obtenção do título de Mestre em
Saúde Pública e Meio Ambiente.
The total mercury was measured on 133 species of fish Hoplias malabaricus (trairao),
from the largest fish of expression of Paranaíta's economic council, the northern region
of Mato Grosso. This fish was established under environmental liabilities of gold
mining of gold as an alternative environmental and economical for the region after the
sharp decline in activity garimpeira. Since the 80s until the mid-90s to the gold rush in
the Amazon region has caused serious environmental damage to one of the most
complex ecosystems on Earth. Mainly due to the toxicity of mercury for humans this
issue has received wide public attention. Although these studies have involved samples
of fish, the negative effects of contamination by mercury in the fish themselves and
other forms of wildlife have been largely ignored. Although these studies have involved
samples of fish, the negative effects of contamination by mercury in the fish themselves
and other forms of wildlife have been largely ignored. To evaluate the most current
levels of mercury in fish and its implications for environmental health data were
collected and examined the concentrations of mercury in 2005. The range was found to
9.00 µgHg / kg to 520µgHg/kg, and from the viewpoint of public health are below the
limits of tolerance Brazilians, from 1.0 mgHg / kg.
Key words: mercury, traira, Hoplias malabaricus, fish farming, environmental health.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ____________________________________________________1
OBJETIVO GERAL ________________________________________________4
Objetivos Específicos ............................................................................................... 4
MARCO TEÓRICO _________________________________________________5
Mercúrio no ambiente terrestre...............................................................................5
Mercúrio no ambiente aquático...............................................................................7
Mercúrio nos organismos aquáticos........................................................................8
Mercúrio na saúde humana....................................................................................10
Mercúrio na saúde do ambiente.............................................................................13
Bioindicadores..........................................................................................................14
A espécie Hoplias malabaricus................................................................................15
ÁREA DE ESTUDO ________________________________________________18
ARTIGO I ________________________________________________________ 25
1. Introdução......................................................................................................27
2. Métodos...........................................................................................................31
3. Resultados ......................................................................................................34
4. Discussão.........................................................................................................40
5. Conclusão........................................................................................................42
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS __________________________________ 43
1- INTRODUÇÃO
Durante as últimas décadas a eliminação não controlada de mercúrio no
ambiente, originário de processos industriais, hospitalares, domésticos e atividades
garimpeiras tem resultado em um aumento no interesse das sociedades para os
problemas de saúde resultantes desta contaminação.
A atividade garimpeira na Amazônia teve seu ápice na década de 80, quando a
produção de ouro de origem primária, ouro de aluvião, chegou a oscilar de 200-300
toneladas/ano (Hacon, 2003). A partir da década de 90, com a redução da produção de
ouro e da queda ao nível internacional, ocorreu uma redução na atividade garimpeira. A
partir da redução da atividade garimpeira, alguns pesquisadores começaram a observar
um declínio, ainda que não expressivo, das concentrações de mercúrio em peixes. Em
2000, as concentrações de mercúrio em peixes na bacia do rio Teles Pires, indicavam
este declínio (Hacon et al, 2003). Esta afirmativa contraria estudos de Roulet e
colaboradores (1995) que colocavam em pauta a questão do mercúrio (Hg) existente na
Amazônia não ter o peso da ação antropogênica e sim ter uma origem natural.
Diversos estudos demonstram a preocupação com os efeitos da exposição ao Hg
na Amazônia quando relacionado à saúde da população humana, porém, poucos se
preocupam em avaliar os riscos dos efeitos adversos deste metal no ecossistema natural.
Comparativamente aos efeitos no homem, baixas concentrações de
metilmercurio na biota afetam a saúde a reprodução de peixes e outros organismos,
podendo resultar nas respectivas mortes. A contaminação de Hg em peixes é uma fonte
potencial de problemas não apenas para a biota aquática, mas também para outros
animais, que como o homem, ocupa o topo da cadeia trófica (Uryu et al. 2001). As aves
aquáticas também são predadores vulneráveis à contaminação de Hg, podendo
comprometer o sistema reprodutivo desses organismos.
Os efeitos do Hg, mesmo em níveis subletais, possuem grande importância e é
essencial que ocorram programas de monitoramento para avaliação da exposição
principalmente neste estágio. Efeitos subletais incluem distúrbios de reprodução, da
função imunológica e de comportamento, além de mortalidade embrionária em animais
e humanos (Scheuhammer, 1987).
A corrida do ouro acarretou passivos socioambientais que perduram, sendo a
marca da exploração mineral na região Amazônica. A atividade garimpeira na região
norte de Mato Grosso na Amazônia Legal, deixou um grande passivo ambiental, dando
origem a novas atividades econômicas, como a piscicultura estruturada em cavas de
garimpo. Alguns passivos na região norte de Mato Grosso passaram a ser uma
alternativa ambiental e social na ocupação de áreas degradadas deixadas pelo garimpo
do ouro. Porque além de ser uma atividade econômica que gera renda e crescimento
para a região, funciona também como um destino para as cavas de garimpos, onde
houve uma perda da cobertura vegetal e desestruturação do solo, tornando inviável a
utilização do mesmo para a pecuária e a agricultura.
A FEEMA (1997) define passivo ambiental como custos e responsabilidades
civis geradoras de dispêndios referentes às atividades de adequação de um
empreendimento aos requisitos da legislação ambiental e à compensação de danos
ambientais. Como definição econômica temos que passivo ambiental é o valor
monetário, composto basicamente de três conjuntos de itens: o primeiro, composto das
multas, dívidas, ações jurídicas (existentes ou possíveis), taxas e impostos pagos devido
à inobservância de requisitos legais; o segundo, composto dos custos de implantação de
procedimentos e tecnologias que possibilitem o atendimento às não-conformidades; o
terceiro, dos dispêndios necessários à recuperação de área degradada e indenização à
população afetada. Importante notar que este conceito engloba os custos citados
anteriormente mesmo que eles não sejam ainda conhecidos. Pesquisadores estudam
como incluir no passivo ambiental os riscos existentes e os potenciais, isto é, não apenas
o que já ocorreu, mas também o que poderá ocorrer.
O crescimento da piscicultura na região de Alta Floresta se deve ao seu potencial
piscícola, porque é rica em nascentes, com água de boa qualidade, tem grande
diversidade de espécies de peixes e um clima adequado para cultivo dos mesmos
(Farias, 2002). O início da atividade de piscicultura teve incentivo e apoio de
agricultores, da Universidade do Estado do Mato Grosso (UNEMAT) e da Prefeitura
Municipal de Alta Floresta constituindo-se a AQUINORTE (Associação dos
Aquicultores do Norte Mato-grossense), que engloba 10 municípios, entre eles Alta
Floresta e Paranaíta (Farias, 2002).
O mercúrio tem causado uma variedade de impactos adversos tanto na saúde
humana quanto no ambiente por todo o planeta. Ele e seus componentes são altamente
tóxicos, porém sua toxicidade para humanos e outros organismos depende da forma
química em que se apresenta da quantidade, da via de exposição e da vulnerabilidade do
organismo exposto.
A preocupação presente neste trabalho é sobre a possibilidade da contaminação
por mercúrio comprometer a criação de peixes de tanques de pisciculturas em áreas de
passivos ambientais e, por conseguinte o homem, o que conduz a um potencial risco à
saúde pública.
OBJETIVOS
O objetivo geral do estudo é investigar o nível de contaminação por mercúrio em
pisciculturas em áreas de passivos ambientais de garimpo no município de Paranaíta
MT, através da espécie bioindicadora (Hoplias malabaricus).
Objetivos específicos:
Avaliar as concentrações de mercúrio em musculatura de peixes da
espécie traíra, cultivadas no município de Paranaíta - MT (área com
histórico de garimpo), como um bioindicador de exposição animal e
humana.
Correlacionar às concentrações de mercúrio encontradas, com os valores
que a ANVISA, a OMS (Organização Mundial da Saúde) e a EPA
(Environmental Protect Agency) colocam como limites máximos de
tolerância do mercúrio em peixes.
Avaliar a correlação entre a concentração de mercúrio e as variáveis
biométricas: peso e comprimento, na espécie Hoplias malabaricus.
Correlacionar os valores das concentrações de Hg total encontradas no
município de Paranaíta nos anos de 2000 e 2005;
Calcular e comparar o fator de condição (K) das amostras coletadas nos
anos de 2000 e 2005.
2- MARCO TEÓRICO
O MERCÚRIO NO AMBIENTE TERRESTRE
Segundo Mason et al. (1994, 1996) um número crescente de estudos tem
confirmado que a contaminação por mercúrio pode ser mais freqüente do que a
contaminação observada por outros metais, o que ocorre devido ao seu transporte
atmosférico e a sua persistência no ambiente.
Baseado em registros de sedimentos de lagos, dois terços do mercúrio presente
hoje na atmosfera e na superfície das águas é de origem antropogênica, e apenas um
terço provém de fontes naturais (Morel et al.,1998).
A ATSDR (1994) descreve o ciclo biogeoquímico do mercúrio como uma série
de transformações físicas, químicas e biológicas, ocorrendo em vários compartimentos
ambientais, que proporcionam mudanças nas propriedades físicas e químicas, e
conseqüentemente na toxicidade do mercúrio.
A forma do mercúrio varia dependendo do tipo de fonte. Na maior parte das
emissões aéreas, o mercúrio se encontra em sua forma gasosa elementar, que é
transportado globalmente para regiões distantes das fontes de emissão. Nesta forma, têm
um tempo de persistência na atmosfera de 1 a 2 anos e irá se depositar em solos ou
corpos d’águas com até 1.000 km de distância de suas fontes (UNEP, 2002).
As emissões de mercúrio e a deposição atmosférica na região Amazônica
cresceram significativamente durante a mineração de ouro nas últimas três décadas. Em
áreas diretamente afetadas em pequena escala pelas atividades de mineração, as
concentrações de Hg são altas, sugerindo um tempo de residência curto do mercúrio
emitido para a atmosfera e uma baixa mobilidade do Hg livre (Lacerda e Salomons,
1998).
Na atividade garimpeira, o mercúrio utilizado no processo de amalgamação se
torna disponível através da queima da amálgama, que separa o ouro do mercúrio, e que
geralmente é realizada sem qualquer uso de equipamentos que recupere o mercúrio
volatilizado. Na Amazônia, a queima de biomassa na época da seca, também contribui
para o aumento nas taxas de emissão atmosférica do mercúrio (Hacon et al., 1995).
Na atmosfera, o mercúrio se apresenta em três formas: Hg metálico, Hg
inorgânico e Hg orgânico (metilmercurio e etilmercúrio). O mercúrio metálico na
atmosfera pode sofrer oxidação principalmente pelo ozônio (Hgº→Hg
2+
), e então se
complexar com outros íons, formando compostos (HgCl
2
principalmente) que serão
depositados na água ou no solo. No solo poderá haver formação de metilmercurio e sua
entrada na cadeia alimentar, ou revolatilização, voltando então o mercúrio à atmosfera
como Hg
0
(g), metilHg ou dimetilHg (Bisinoti, 2004). A precipitação do mercúrio da
atmosfera para a superfície terrestre ocorre pela precipitação úmida de Hg(II)
dissolvido. Após a oxidação (Hg°→Hg (II)), 60% do mercúrio presente no ar é
depositado no ecossistema terrestre e 40% é depositado em água (Morel et al., 1998).
Estudos realizados com 177 peixes da espécie Chila sp. na usina hidrelétrica de
Tucuruí, apresentaram um valor médio de 0,44 µg.g
-1
, com um desvio padrão de 0,30
µg.g
-1
(Santos, 2002), mostrando que mesmo o ambiente estando distante de possíveis
fontes de mercúrio, as concentrações na biota foram elevadas (Aula et al., 1994). Isso se
deve provavelmente ao transporte atmosférico, o longo tempo de persistência do Hg na
atmosfera e as características ambientais do sistema aquático. A formação do
metilmercúrio no sistema aquático também é influenciada por uma ampla variedade de
fatores ambientais. A eficiência de metilação pela microbiota em geral depende da
atividade microbiana e da concentração de mercúrio biodisponível, as quais são
influenciadas por parâmetros como temperatura, pH, potencial redox e a presença de
agentes orgânicos e inorgânicos (Ullrich et al.,2001).
Em geral, o metilmercúrio no sedimento, representa menos que 1,5% do
mercúrio total encontrado, sendo esta sua forma mais tóxica. Pode haver um processo
de metilação ou de desmetilação, que caracterizará o local como fonte ou sumidouro de
metilmercúrio (Vasquez, 1999).
A distribuição de Hg no sedimento está diretamente relacionada com a
quantidade de carbono orgânico presente no solo. Agentes orgânicos complexantes
solúveis em água (humatos e fulvatos) quelam as espécies solúveis e insolúveis, e o pH
ácido favorece a absorção do mercúrio pelo húmus e no pH básico o mercúrio tem
maior afinidade pela fração mineral, reduzindo a metilação (Bisinoti, 2004).
O Hg confinado em sedimentos de rios, lagos e oceanos representam um perigo
porque pode permanecer ativo como substrato para a metilação por cerca de cem anos
(Pak, 1998).
MERCÚRIO EM AMBIENTES AQUÁTICOS
Nos corpos aquáticos, o mercúrio inorgânico (Hg(II) e Hg(0)) pode sofrer
alquilação e formar os compostos orgânicos metilmercúrio e dimetilmercúrio (CH
3
Hg e
(CH
3
)
2
Hg, respectivamente). São as bactérias os organismos que realizam a maior parte
das transformações bioquímicas, porém a metilação também pode ser mediada
quimicamente pelos ácidos húmicos. Estas transformações, químicas ou biológicas,
podem ocorrer tanto na coluna d’água como nos sedimentos, e são afetadas
aparentemente, pela quantidade de matéria orgânica presente e pelo pH (pH ácido
aumenta a taxa de metilação) (Wasserman et al.,2003).
divergências entre alguns autores sobre a formação do metilmercúrio em
meio aeróbio ou anaeróbio. Para alguns é esperada maior metilação em meio aeróbio,
porque a matéria orgânica pode oxidar o Hg
0
para Hg
2+
, e para outro processo inverso é
observado em ambientes anaeróbicos, principalmente na presença de ácidos húmicos
(Bisinoti, 2004).
Fonte: Bisinoti et al., 2004.
MERCÚRIO EM ORGANISMOS AQUÁTICOS
O metilmercúrio é facilmente assimilado pela biota e é a forma mais encontrada
na flora e fauna, sendo responsável pela maior parte das epidemias por envenenamento
por mercúrio (WHO, 1976). Nos sistemas aquáticos, a acumulação de mercúrio em
peixes e organismos bentônicos pode ter início na ingestão de alimento e/ou através de
difusão pelas brânquias e pele. Após a exposição, por meio de uma destas vias, ocorrerá
a bioacumulação nos tecidos. A posição na cadeia trófica que o peixe ocupa, assim
como o seu hábito alimentar e o local onde ele vive, acarretará concentrações maiores
ou menores no organismo (Zhou & Wong, 2000).
O metilmercúrio (MeHg) é a forma predominante do mercúrio em peixes.
Estudos realizados pela Agência de Proteção Ambiental Americana (USEPA) mostram
que, na maioria dos peixes adultos, 90 a 100% do mercúrio se apresenta na forma
orgânica (Bisinoti, 2004). Como conseqüência, a Agência recomenda que a análise
química de mercúrio total seja usada para avaliar o risco por consumo de peixes locais,
e que os resultados podem ser utilizados como se o mercúrio estivesse presente em
100% na forma de metilmercúrio, na função de conceder a melhor proteção possível à
saúde humana (USEPA, 2001a).
A tabela 1 representa a comparação entre as concentrações de mercúrio
dissolvido obtidas em alguns estudos da literatura.
Tabela 1: Concentrações de mercúrio dissolvido obtidas em alguns estudos da literatura.
Localidade Concentrações
(ng L
-1
)
Autor
Lago Michigan - USA 0,32 (Mason, 1997)
Davis Creek (rio contaminado com
mercúrio da Califórnia)
10 - 34 (Gill, 1990)
Água anóxicas de lagos do Norte do
Wisconsin - USA
15 (Bloom et al., 1991)
Reservatório de piscicultura da China
8,1 (Bloom, 1994)
Rios do hemisfério norte < 5 (Mason and Morel, 1993)
Rios e reservatórios da Guiana
Francesa (apenas Hg(0)
dissolvido)*
0,3 - 3,5 (Amouroux et al., 1999)
Rio Tapajós 1,5 (Roulet et al., 2000)
Rio Madeira 14 (Nriagu et al., 1992)
Reservatórios do Norte do MT 230,4 (205,8) Hacon et al, 2006
O MERCÚRIO NA SAÚDE HUMANA
Alguns exemplos de exposição são os consumos de peixes, ocupacional
(indústrias farmacêuticas, indústrias de lâmpadas fluorescentes, indústrias de cloro-
soda, garimpo), amalgamas dentárias, efluentes industriais, vacinas, agrotóxicos
mercuriais, e outras infinidades de atividades ou produtos nos quais o metal é
amplamente utilizado (UNEP, 2002; CETEM, 1991).
Nos episódios de envenenamento por metilmercúrio no Japão e no Iraque
verificou-se que os efeitos mais severos ocorreram no desenvolvimento do feto afetando
diretamente o cérebro e, consequentemente o sistema nervoso dos fetos e crianças em
fase de amamentação, sendo que efeitos deletérios em adultos também foram
observados (NRC, 2000).
O acidente em 1953, na Baía de Minamata no Japão, ocasionado pela empresa
Chisso Fertilizer Co. Ltda ficou mundialmente conhecido e um sinônimo da
contaminação por metilmercúrio. A empresa que produzia fertilizante, resinas sintéticas
e plásticos obtinham como subproduto de produção do acetaldeído o metilmercúrio, que
era despejado nas águas da baía de onde a população local retirava sua principal fonte
de proteína, os peixes (Akagi et al., 2001).
Não menos importante, no Iraque na década de 70 houve uma contaminação de
agricultores e suas famílias devido à utilização de grãos, para a produção de pães
caseiros, tratados com fungicidas a base de metil e etilmercúrio (Nascimento et al,
2001).
Mais recentemente houve um acidente em Sorocaba, na Rede Ferroviária
Federal S.A., quando 10 adolescentes se contaminaram com mercúrio metálico contido
em um reator elétrico desativado, avariado por saqueadores de sucata de cobre (Bisinoti,
2001).
O metilmercúrio no alimento é rapidamente absorvido no trato gastrointestinal e
lentamente eliminado pelo homem. É considerado estável no corpo humano e após
absorção é distribuído para todos os tecidos em até seis dias. Possui uma meia vida
biológica longa, de 44 a 80 dias e sua excreção é realizada pelas fezes, urina e leite
materno (Bisinoti et al., 2004).
A ANVISA, por meio da portaria n º
685, de 27 de agosto de 1998 aprova o
Regulamento Técnico: "Princípios Gerais para o Estabelecimento de Níveis Máximos
de Contaminantes Químicos em Alimentos" e seu Anexo: "Limites máximos de
tolerância para contaminantes inorgânicos" e coloca como limites máximos de
tolerância do contaminante inorgânico mercúrio para peixes predadores 1,0 mg/Kg e
outros peixes e produtos de pesca 0,5 mg/kg .
De acordo com a World Health Organization (WHO/FAO) no Codex
Alimentarius Guideline Level, o valor máximo de metilmercurio recomendado para a
ingesta de peixes é de 1,0 mg/kg para peixes predadores e 0,5 mg/kg para todos os
outros peixes, para um consumo semanal de 400g de peixe. Todavia, no Brasil, para o
caso da Amazônia, há um desacordo em relação a esses limites (Hacon et al.,2003).
Antes de 1998 a legislação brasileira não diferenciava os peixes quanto seu
hábito alimentar; porém, a partir de dados de pesquisa do IBGE (1995-1996), foi
estabelecido o ranking de consumo anual e diário per capita e de pescado, com isso, a
média total do consumo anual (3,021 kg.ano
-1
) e diário (8,28 g.dia
-1
) da população
brasileira (IBGE, 2001). Entretanto, nesta pesquisa não foram consideradas as
peculiaridades das regiões do Brasil, onde na região norte as populações ribeirinhas têm
como principal fonte de proteína o peixe, chegando a consumir até 300g de peixe por
dia. Com isso, o consumo de peixes carnívoros poderia representar um risco para a
saúde humana, em especial para as gestantes e crianças (Hacon, 2000).
O metilmercúrio é altamente tóxico e tem como seu alvo principal o sistema
nervoso. Em adultos, os primeiros sintomas que aparecem são inespecíficos, como
parestesia, visão borrada e mal estar. Com o aumento da exposição, sinais como redução
concêntrica do campo visual, disartria, zumbido, ataxia e por último, coma e morte
(UNEP, 2002). Em crianças expostas a altos níveis de metilmercúrio durante a gravidez,
o quadro clínico pode ser indistinguível de paralisia cerebral causada por outros fatores.
Em casos mais brandos, os efeitos aparecem mais tarde durante o desenvolvimento
psicomotor e mental. Em pesquisas em animais há evidências de genotoxicidade e
efeitos nos sistemas imunológicos e reprodutivos (Wasserman et al. 2003).
Apesar de não haver sintomas clínicos associados à doença de Minamata
adquiridos pelo consumo de peixes em ribeirinhos dos Rios Negro (Dórea et al., 2004a)
e Tapajó (Santos et al., 2000), as características do metilmercúrio, como a capacidade
de sofrer bioacumulação e biomagnificação, devem ser mais profundamente estudadas
visto que, além dos sintomas específicos da doença de Minamata, estas populações
podem apresentar quadros de intoxicação por mercúrio, ou apenas leves alterações
neurológicas que possuem um difícil diagnóstico diferencial de outras patologias que
também acometem o Sistema Nervoso (UNEP, 2002).
A preocupação com diagnósticos errôneos ou mal interpretados, ou até mesmo a
falta de estrutura local para esses achados, podem estar mascarando achados clínicos
importantes para o avanço nesta área. Não menos importantes, fatores como o
alcoolismo e a desnutrição presentes em grande parte da região Amazônica são
variáveis potencialmente confundidoras, tornando ainda mais complexo um diagnóstico
efetivo (Vigisus, 2002).
Reconhecidamente, o mercúrio causa danos importantes à saúde humana,
principalmente ao sistema nervoso, decorrentes de compostos orgânicos ou compostos
inorgânicos. Nos dias de hoje, no Brasil, os efeitos biológicos possuem uma relevância
particular, tendo em conta o uso do metal em várias atividades econômicas, inclusive na
mineração de ouro, bastante discutida na Amazônia (Gonçalves, 2004).
MERCÚRIO NA SAÚDE DO AMBIENTE
Nos peixes, o metilmercúrio possui uma persistência mais alta, devida sua lenta
mobilização e o tempo de meia vida em torno de 1 a 3 anos em função da espécie. Eles
absorvem Hg com facilidade e o acumulam mesmo quando expostos ao Hg
2+
, provando
que ocorre metilação dentro do animal (Nascimento et al., 2001).
Experimentos revelaram que concentrações em músculo de 10-20µgHg/g ou
mais, são letais e que concentrações de 1-5µgHg/g são subletais para os peixes (Niimi &
Kissoon, 1994). E que peixes expostos gerações após gerações podem se tornar mais
vulneráveis, gerando importantes implicações para a avaliação das concentrações de Hg
em peixes da Amazônia, porque estes estão expostos ao Hg por mais de duas décadas
(Uryu, 2001).
O metilmercúrio pode afetar a reprodução dos peixes, reduzindo a produção de
ovos, viabilidade do esperma, freqüência de caça e a sobrevivência. Problemas de
reprodução podem ter grandes efeitos na população demográfica destas espécies (Uryu,
2001).
Nas aves aquáticas os sintomas de envenenamento por metilmercúrio são a perda
de peso, fraqueza e movimentos musculares incordenados, ocasionando dificuldades no
vôo e no andar. O mercúrio nas fêmeas pode ser depositado nos ovos, como resultado
de um mecanismo indireto de desintoxicação, causando a morte embrionária
(Scheuhammer, 1987).
Golfinhos de rios da Amazônia, o boto (Inia geofrensis), são classificados como
espécies vulneráveis pela World Conservation Union (1996). O peixe é sua dieta
principal, e suspeita-se que ele esteja ameaçado pela contaminação por mercúrio, mas
não informações sobre níveis tóxicos de Hg em dietas para esses animais, assim
como para um outro predador de topo de cadeia, o jaguar (Panthera onça) cuja dieta
inclui peixes e lontras (Uryu, 2001).
Concentrações de mercúrio em peixes carnívoros parecem ser suficientemente
altas para causar intoxicação em animais nos níveis mais elevados da cadeia trófica na
Amazônia. Isto significa que a vida selvagem na Amazônia está sofrendo ou em breve
sofrerá com os efeitos negativos da contaminação por mercúrio.
BIOINDICADORES
Os bioindicadores constituem uma ferramenta eficiente nos estudos de avaliação
de risco e impacto ambiental, pois conseguem realizar a detecção precoce dos efeitos
reais que possam estar ocorrendo aos seres vivos em virtude da exposição aos poluentes
ambientais.
Existem diversas definições para o termo bioindicadores, e para a finalidade
deste estudo, a definição escolhida foi encontrada no estudo Linde et al.(2004) onde
bioindicadores são definidos como qualquer resposta a um contaminante ambiental ao
nível individual, medidos em um organismo ou matriz biológica, indicando um desvio
do status normal que não pode ser detectado no organismo intacto. Ou seja, são medidas
de fluidos corporais, celulas, tecidos ou medidas realizadas sobre o organismo
completo, que indicam, em termos bioquímicos, celulares, fisiológicos, compartimentais
ou energético, a presença de substâncias contaminantes ou a uma resposta do
organismo alvo a elas.
Um bioindicador ideal deve sobreviver em ambientes saudáveis, mas também
apresentar resistência relativa ao contaminante que está exposto. Outros aspectos que
podem facilitar o desenvolvimento de um estudo é a abundância dessa espécie no
ambiente e a facilidade em adaptar-se aos ensaios laboratoriais (AKAISHI, 2003).
Os bioindicadores mais utilizados são aqueles capazes de diferenciar entre
oscilações naturais e estresse antrópico (Vieira, 2004). No caso do mercúrio, o peixe se
torna um excelente bioindicador por diversos fatores, dentre eles ser a principal fonte de
exposição para o homem, através da sua ingestão, e por apresentar bioacumulação e
biomagnificação.
Os bioindicadores podem ser analisados a nível molecular, celular e ao nível
individual.
O citocromo P-450 e a acetilcolinesterase (AChE) são exemplos de
bioindicadores em nível molecular, que podem ser utilizados para a avaliação da
contaminação ambiental. Ao nível celular, o teste do micronúcleo e os testes baseados nas
alterações de lisossomas e peroxissomas são os mais utilizados para uma avaliação. E ao
nível individual, segundo diversos autores (Moura, 2004; Rocha et al., 2005; Williams,
2000; Chase, 1946), são utilizados os parâmetros tamanho (em centímetro) e peso (em
gramas) para calcular o fator de condição.
A ESPÉCIE HOPLIAS MALABARICUS
Os peixes são importantes recursos vivos, seja pelo seu potencial comercial,
que em vários países são a principal fonte de proteína da população, seja pelo aspecto
ecológico, não menos importante para os ecossistemas aquáticos. Vários trabalhos
utilizam estes vertebrados para avaliar efeitos tóxicos de diversos contaminantes, dentre
eles os organofosforados, carbamatos e metais pesados (SILVA FILHO et al., 2000).
A traíra é um peixe da ordem Characiformes, família Erythrynidae que possui
corpo cilíndrico, com ligeira compreensão lateral. A cor varia do negro na parte dorsal,
ao pardacento na lateral que vai clareando até o ventre perfeitamente branco, notam-se
manchas escuras e irregulares pelo corpo. A cabeça é achatada e a boca é larga, com
maxilar inferior saliente (Figura 2). Possuem dentes fortes, principalmente quatro
incisivos. Pode alcançar até 50 centímetros de comprimento (SANTOS, 1981). A traíra
é uma espécie com ampla distribuição geográfica, que abrange todas as bacias
hidrográficas da América do Sul (Farias, 2002).
Segundo Hensley & Moody (1975), se os critérios para o sucesso de uma
espécie for abundância e distribuição ampla, H. malabaricus pode ser considerada bem
sucedida devido a sua grande plasticidade ecológica. Nos primeiros anos de seu
desenvolvimento, as traíras são onívoras, alimentando-se de microcrustáceos, algas e
insetos aquáticos e, na fase adulta, tornam-se essencialmente carnívoras, alimentando-se
preferencialmente de peixes de pequeno porte, como os lambaris (Astyanax sp.)
(Magalhães, 1931). É considerada um predador noturno, que se alimenta através de
predação e emboscada (Almeida & Hahn, 1999; Paiva, 1972).
Devido ao fato da traíra ocupar níveis tróficos superiores da cadeia alimentar e
de que vários trabalhos com esta espécie mostram uma intensa bioacumulação de metais
pesados, esta tem se mostrado um excelente bioindicador de poluição
ambiental nesses ecossistemas.
Esta espécie conta com uma resistência física privilegiada, capaz de afrontar
variações climáticas das regiões que passa a habitar, vencendo o frio e calor intenso. A
traíra pode sobreviver em ambientes pouco oxigenados, o que explica sua grande
capacidade de dispersão e ajuste (FERNANDES et al., 1993; SUNDIN et al., 1999),
além de apresentarem grande resistência aos períodos de privação de alimento (PAIVA
1972; 1974; MACHADO et al., 1989; RIOS, 2001; RIOS et al., 2002). No entanto,
poucas informações sobre respostas metabólicas envolvidas nestes processos são
encontradas na literatura (RIOS, 2001; RIOS et al., 2002).
Figura 1 – Desenho representativo da traíra - Hoplias malabaricus (BRITZKI et al., 1999).
3- ÁREA DE ESTUDO
Durante as décadas de 80 até metade dos anos 90, na região norte do Mato
Grosso, foram criados consideráveis passivos ambientais e sociais, conseqüente da
exploração de ouro e o concomitante processo de contaminação por mercúrio. (Hacon et
al., 2003a).
Segundo Hacon (2003), a produção de ouro estimada durante os anos 80 até
metade dos anos 90 foi de aproximadamente 100 a 360 toneladas na região norte do
Mato Grosso. Nesse período, toda a região teve um desenvolvimento expressivo, com o
aumento da economia local e um crescimento populacional intensos, estabilizando-se a
partir de 2003, conforme ilustra a figura 2.
Figura 2 Gráfico da população estimada do município de Paranaíta-MT, nos anos
de 1981 a 2007.
Pop Estimada
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
198
1
1
98
2
1983
1
98
4
1985
198
6
1
98
7
1988
1
98
9
1990
199
1
19
9
2
1993
1
99
4
1995
199
6
19
9
7
1998
1
99
9
2000
2
00
1
20
0
2
200
3
2
00
4
2005
2
00
6
20
0
7
Anos
Pop Estimada
Fonte: DATASUS, 2007
A produção do ouro no Brasil por processos rudimentares representou cerca de
80% da produção brasileira de ouro no período anterior a 1988 e corresponde,
atualmente, a não mais do que 20% (DNPM, 2007). Sua atividade se concentra, em
grande parte, na Amazônia. O processo de extração do ouro é completamente
assistemático e varia de acordo com o tipo de depósito aurífero: se depósito primário
(superfície) ou depósitos secundários (minas).
O ouro extraído da região norte do Mato Grosso é de depósitos primários, ou seja,
obtido pelo processo de quebra de barrancos, por meio de jatos d’água que formaram
grandes crateras, algumas com mais de 40 metros de profundidade (Farias, 2002).
As maiores restrições à atividade garimpeira estão relacionadas exatamente aos
impactos ambientais dela decorrentes (poluição por mercúrio, aumento da turbidez dos
rios, assoreamento etc.), além dos aspectos legais impostos pela legislação mineral
específica (Lei 7.805/89), quanto à proibição do garimpo como atividade individual,
admitindo-se a atividade por cooperativa, embora a legislação não venha sendo
cumprida como determina a Lei, especificamente em áreas de grande concentração de
garimpeiros.
A região de Alta Floresta, localizada na porção norte do estado do Mato Grosso,
tem sua área urbana situada (09°52` S; 56°06`W, altitude 288m) a 800 km da capital do
estado (Cordeiro et al, 2002). Foi considerada o segundo maior centro de
comercialização de ouro no Brasil, alcançando 4 toneladas em 1995 (DNPM, 2007).
O município de Paranaíta, área geográfica analisada neste estudo,vizinho ao
município de Alta Floresta, foi alvo de extensa exploração de ouro. Este município do
estado de Mato Grosso possui uma área de 4849 km². Localiza-se a uma latitude de
09º39'53" sul e a uma longitde 56º28'36" oeste, estando a uma altitude de 249 metros
(IBGE, 2007).
Figura 3- Mapa do município de Paranaíta/MT.
Fonte: município de Paranaíta – MT.
A exploração de ouro no município ocorreu no garimpo de aluvião, onde
realizava-se o processo de quebra de barrancos por meio de jatos d’água, formando
grandes crateras/cavas (figura 4), algumas com mais de 40 metros de profundidade.
F
igura 4 – cava de garimpo de aluvião
Foto de Renato Farias
A figura 5 apresenta este mesmo passivo, que agora preenchido por água,
formando uma área produtiva para a atividade de piscicultura.
Figura 5 - Piscicultura
Foto de Renato Farias
A Piscicultura Pappen iniciou suas atividades de criação e comercialização de
peixes no ano de 2000, quando possuía uma área total destinada ao cultivo de 140.000
m
2
(figura 4 e 5);
hoje sua extensão chega a 400.000m
2
e ainda possui projetos de
ampliação.
É atualmente a maior piscicultura de toda a região norte do Mato Grosso,
com uma produção de 140 toneladas de peixes por mês.
Possui uma fábrica de ração própria (figuras 6 e 7), que foi totalmente construída
com a reutilização de objetos como motores de veículos, pedaços de metais e madeiras
que seriam descartados e possui também um projeto para a construção de seu próprio
frigorífico.
Figura 6 - Fabrica de ração (aparelho de produção)
Foto de Taliha Perez
Figura 7 – Fábrica de ração ( processo de embalagem)
Foto de Taliha Perez
Na piscicultura é realizado o processo de reprodução induzida onde, segundo o
proprietário, uma taxa de quase 100% de nascimento, sem que se perca uma única
larva (figura 8 e 9).
Figura 8 - Tanques para desova
Foto de Taliha Perez
Figura 9 - Tanques berçários.
Foto de Taliha Perez
A alimentação oferecida é exclusivamente ração extrusada ou peletizada,
dependendo da espécie e da fase de vida do pescado. No local é realizada a reprodução,
alevinagem e processo de engorda dos peixes.
O proprietário, após assistir uma palestra realizada por profissionais da
UNEMAT, decidiu realizar o processo de compostagem (figura10) das vísceras dos
peixes que são limpos no local. Compostagem é o conjunto de técnicas aplicado para
controlar a decomposição de materiais orgânicos, com a finalidade de obter, no menor
tempo possível, um material estável, rico em húmus e nutrientes minerais; com atributos
físicos, químicos e biológicos superiores (sob o aspecto agronômico) àqueles
encontrados na(s) matéria(s) prima(s) originais(
wikipedia.org).
A produção desta
piscicultura é basicamente vendida para a região norte do Mato Grosso.
Figura 10 – Composteira.
Foto de Taliha Perez
ARTIGO
Avaliação da contaminação de
Hoplias malabaricus (Traíra) como bioindicadora de saúde ambiental em
pisciculturas em áreas de garimpo. Estudo de caso município de Paranaíta – MT
TALIHA D. PEREZ
SANDRA HACON
Avaliação da contaminação de Hoplias malabaricus (Traíra) como bioindicadora
de saúde ambiental em pisciculturas em áreas de garimpo. Estudo de caso
município de Paranaíta – MT
Assessment of contamination of Hoplias malabaricus (traira) as bioindicator of
environmental health in fish farms in areas of gold mining. Case study city of Paranaíta
- MT
Taliha Perez¹
Sandra Hacon¹
1
Departamento de Endemias
Escola Nacional de Saúde Pública- ENSP/ FIOCRUZ
Rua Leopoldo Bulhões 1480, Rio de Janeiro, RJ 21041-210
Resumo
O mercúrio total foi quantificado em 133 peixes da espécie Hoplias malabaricus
(Traíra), originária da piscicultura de maior expressão econômica do município de
Paranaíta, região norte do Mato Grosso. Esta piscicultura se estabeleceu sob passivo
ambiental de garimpo de ouro, como uma alternativa ambiental e econômica para a
região após o declínio acentuado da atividade garimpeira. Desde a década de 80 até
meados da década de 90 a corrida do ouro na região Amazônica tem causado sérios
danos ambientais para um dos mais complexos ecossistemas na Terra. Principalmente
devido à toxicidade do mercúrio para os humanos este problema tem recebido uma
atenção pública ampla. Apesar de estes estudos terem envolvido amostras de peixes, os
efeitos negativos da contaminação por mercúrio para os próprios peixes e outras formas
de vida selvagem têm sido largamente ignorados. Para avaliar os níveis mais atuais de
mercúrio em peixes e suas implicações na saúde ambiental foram coletados e
examinados dados das concentrações de mercúrio no ano de 2005. O intervalo
encontrado foi de 9,00µgHg/kg a 520µgHg/kg, e do ponto de vista de saúde pública
estão abaixo dos limites de tolerância brasileiros, de 1,0mgHg/kg.
Palavras-chave: mercúrio, traíra, Hoplias malabaricus, piscicultura, saúde ambiental.
1-Introdução
Hoje em dia, um número maior de pessoas vê a degradação ambiental como uma
ameaça à saúde e ao bem estar social. Os problemas relativos aos contaminantes
ambientais estão de uma forma ou de outra, associados ao crescimento industrial, e estes
têm contribuído para por em perigo ou causar danos à saúde do homem e dos
ecossistemas.
O acidente em 1953, na Baía de Minamata no Japão, ocasionado pela empresa
Chisso Fertilizer Co. Ltda ficou mundialmente conhecido e um sinônimo da
contaminação por metilmercúrio (Akagi et al., 2001). No Iraque na década de 70, houve
uma contaminação de agricultores e suas famílias devido à utilização de grãos, para a
produção de pães caseiros, tratados com fungicidas a base de metil e etilmercúrio
(Nascimento et al, 2001).
Durante as últimas décadas a eliminação não controlada de mercúrio no
ambiente, originário de processos industriais, hospitalares, domésticos e atividades
garimpeiras tem resultado em um aumento no interesse das sociedades para os
problemas de saúde resultantes desta contaminação.
Na Amazônia, a atividade garimpeira teve seu ápice na década de 80 quando a
produção de ouro de origem primária, ouro de aluvião, chegou oscilar de 200-300
toneladas/ano (Hacon, 2003).
A corrida do ouro acarretou passivos socioambientais que perduram, sendo a
marca da exploração mineral na região Amazônica. A atividade garimpeia na região
norte de Mato Grosso na Amazônia Legal, deixou um grande passivo ambiental, dando
origem a novas atividades econômicas, como a piscicultura estruturada em cavas de
garimpo. Alguns passivos na região norte de Mato Grosso passaram a ser uma
alternativa ambiental e social na ocupação de áreas degradadas deixadas pelo garimpo
do ouro. Porque além de ser uma atividade econômica que gera renda e crescimento
para a região, funciona também como um destino para as cavas de garimpos, onde
houve uma perda da cobertura vegetal e desestruturação do solo, tornando inviável a
utilização do mesmo para a pecuária e a agricultura.
O metilmercúrio é altamente tóxico e tem como seu alvo principal o Sistema
Nervoso. Verificou-se que os efeitos mais severos ocorreram no desenvolvimento do
feto afetando diretamente o cérebro e, consequentemente o sistema nervoso dos fetos e
crianças em fase de amamentação, porém efeitos deletérios em adultos também foram
observados (NRC, 2000). O metilmercúrio é um elemento comprovadamente
mutagênico e teratogênico (Vieira, 2004).
Para o homem a via de exposição mais importante é através da ingesta de peixes
contaminados. Esta preocupação se torna maior quando falamos de populações
ribeirinhas da Amazônia, onde a principal fonte de proteína para estas populações e para
as que vivem em áreas urbanas de baixa renda é o peixe, e com isso o consumo de
peixes carnívoros pode representar um risco para a saúde humana, em especial para as
gestantes e crianças (Hacon, 2000).
O metilmercúrio (MeHg) é a forma predominante do mercúrio em peixes.
Estudos realizados pela Agência de Proteção Ambiental Americana (USEPA) mostram
que, na maioria dos peixes adultos, 90 a 100% do mercúrio se apresenta na forma
orgânica (Bisinoti, 2004). Como conseqüência, a Agência recomenda que a análise
química de mercúrio total seja usada para avaliar o risco por consumo de peixes locais,
e que os resultados podem ser utilizados como se o mercúrio estivesse presente em
100% na forma de metilmercúrio, na função de conceder a melhor proteção possível à
saúde humana (USEPA, 2001a).
Nos peixes o metilmercúrio possui uma persistência mais alta, devida sua lenta
mobilização e o tempo de meia vida em torno de 1 a 3 anos em função da espécie
(Bisinoti et al., 2004). O metilmercúrio pode afetar a reprodução dos peixes reduzindo a
produção de ovos, viabilidade do esperma, freqüência de caça e a sobrevivência.
Problemas de reprodução podem ter grandes efeitos na população demográfica destas
espécies (Uryu, 2001).
Os maiores teores de MeHg são encontrados em peixes que se encontram no
topo da cadeia trófica (peixes carnívoros), como a espécie utilizada neste estudo (a traíra
espécie Hoplias malabaricus). Isto se deve ao processo de biomagnificação que é
caracterizado pela tranferência de MeHg acumulado no primeiro nível trófico (os
produtores) para os consumidores, sendo que quanto mais longa for a cadeia, maior será
a concentração acumulada pelo consumidor final (Cabana et al., 1994).
Diversos estudos demonstram a preocupação com os efeitos da exposição ao Hg
na Amazônia quando relacionado à saúde da população humana, porém, poucos se
preocupam em avaliar os riscos dos efeitos adversos deste metal no ecossistema natural.
Compararativamente aos efeitos no homem, baixas concentrações de metilmercúrio
afetam a saúde e a reprodução dos peixes e outras vidas selvagens podendo resultar nas
respectivas mortes. Assim, a contaminação de Hg em peixes é uma fonte potencial de
problemas não apenas para estes organismos, mas também para outros animais, que
como o homem, ocupam o topo da cadeia trófica (Uryu et al. 2001).
As aves aquáticas também são predadores vulneráveis. Os efeitos do Hg mesmo
em níveis subletais possuem grande importância e é essencial que ocorram programas
de monitoramento para avaliação da posição principalmente neste estágio. Efeitos
subletais incluem distúrbios de reprodução, da função imunológica e de
comportamento, além de mortalidade embrionária (Scheuhammer, 1987).
Os peixes são úteis para medir a degradação ambiental por que:
são sensíveis a ampla faixa de estresses diretos;
integram os efeitos adversos, por dependerem do meio para sua reprodução,
sobrevivência e crescimento;
têm ciclo relativamente longo e refletem o estresse ambiental de longo prazo e;
com o aumento da degradação, a riqueza de espécies, o número de espécies
intolerantes e o número de especializados tróficos diminuem, enquanto o
número de generalistas tróficos (omnívoros) ou o predomínio de espécies
tolerantes, aumenta (Vieira, 2004).
Aqui utilizamos a espécie Hoplias Malabaricus como bioindicadora da
contaminação por mercúrio por esta ser altamente difundida na região, por estar
presente em quase todas as pisciculturas, ser um dos peixes mais consumidos para a
subsistência das comunidades rurais e um dos mais encontrados em território Nacional
(originário do Brasil). A qualidade de sua carne é muito boa, é um peixe carnívoro, de
médio porte e possui alta capacidade de sobrevivência em baixo pH e Oxigênio
dissolvido (Farias, 2002).
Um bioindicador ideal deve sobreviver em ambientes saudáveis, mas também
apresentar resistência relativa ao contaminante que esta exposto. Outros aspectos que
podem facilitar o desenvolvimento de um estudo é a abundância dessa espécie no
ambiente e a facilidade em adaptar-se aos ensaios laboratoriais (AKAISHI, 2003).
A determinação de parâmetros biológicos selecionados, que são conhecidos por
variar em resposta aos efeitos tóxicos de poluentes, vem sendo constantemente
recomendada para avaliar o estado de saúde ambiental de ecossistemas aquáticos. Estes
parâmetros biológicos o conhecidos como indicadores biológicos ou bioindicadores
(Viarengo et al., 2000).
Bioindicadores são definidos como qualquer resposta a um contaminante
ambiental ao nível individual, medidos no organismo ou matriz biológica, indicando um
desvio do status normal que não pode ser detectado no organismo intacto. Ou seja, são
medidas de fluidos corporais, celulas, tecidos ou medidas realizadas sobre o organismo
completo, que indicam, em termos bioquímicos, celulares, fisiológicos, compartimentais
ou energético, a presença de substâncias contaminantes ou a magnitude da resposta do
organismo alvo (Linde et al., 2004).
As duas características mais importantes dos bioindicadores são: a) permitem
identificar as interações que ocorrem entre os contaminantes e os organismos vivos; b)
podem possibilitar a mensuração de efeitos sub-letais. Esta última característica permite
por em prática ações remediadoras ou preventivas. Daí a importância e o interesse de
incorporação da análise de bioindicadores em programas de avaliação de contaminação
ambiental (Castilho et al., 2004).
A relação entre peso e comprimento corporal permite calcular o grau de bem estar
do peixe (fator de condição).
Este estudo tem os seguintes objetivos: 1 Avaliar a contaminação da espécie
bioindicadora traíra ao nível individual em relação ao mercúrio; 2 - Correlacionar os
valores das concentrações de Hg total encontradas no município de Paranaíta nos anos
de 2000 e 2005; 3 - Correlacionar e discutir as concentrações encontradas com os
valores que a ANVISA, a WHO e a EPA colocam como limites máximos de tolerância
do mercúrio em peixes (não predadores) 0,5 mg de MeHg/kg e para peixes predadores
1,0 mg/Kg e 4 - Verificar a correlação entre as variáveis biométricas peso e
comprimento na espécie e a concentração de Hg 5 - Calcular e comparar o fator de
condição das amostras coletadas nos anos de 2000 e 2005.
2 - MÉTODOS
2.1- DESENHO DE ESTUDO
O desenho de estudo realizado é um estudo transversal, objetivando estimar a
média da concentração de mercúrio total presente na espécie Hoplias malabaricus na
piscicultura de maior expressão no município de Paranaíta MT, e seu impacto
toxicológico no consumo pelas comunidades rurais.
2.2- ÁREA DE ESTUDO E ESCOLHA DA PISCICULTURA
Foi realizado um levantamento junto à prefeitura municipal de Paranaíta,
relacionado ao cadastro dos agricultores que atuavam na atividade de criação de peixes
em suas propriedades. Este levantamento teve por objetivo a identificação das
propriedades existentes no município de Paranaíta, que possuíam algum sistema de
cultivo de peixe (VIGISUS, 2003).
A Piscicultura Pappen iniciou suas atividades criação e comercialização de peixe
no ano de 2000 quando possuía uma área total destinada ao cultivo de 140.000 m
2
(figura 1)
hoje sua extensão chega a 400.000m
2
e ainda possui projetos de ampliação.
É
atualmente a maior piscicultura de toda a região norte do Mato Grosso com uma
produção de 140 toneladas de peixes por mês.
Figura 1- Piscicultura Pappen em 2000.
Foto de Roque Pappen
2.3- COLETA DAS AMOSTRAS DE PEIXES
A espécie de peixe selecionada como bioindicadora de contaminação foi a traíra
(Hoplias malabaricus), por ser uma espécie altamente difundida na região, realizar sua
reprodução naturalmente em locais lênticos (água parada), ser a mais consumida pela
população local, inclusive por ter baixo valor econômico (VIGISUS, 2002).
A coleta das amostras de peixes foi realizada por meio de uma rede de arrasto,
durante a época de seca. Foram coletadas 133 amostras da espécie Traíra (Hoplias
malabaricus). Nos peixes coletados, foram aferidos o peso, o comprimento (padrão e
total), a data e o local de coleta. Posteriormente, as amostras foram acondicionadas em
caixas de isopor com gelo e armazenadas em um freezer.
Todas as amostras foram coletadas no mesmo dia, na mesma piscicultura porém
em diversos tanques diferentes e eram alimentadas da mesma forma através de ração
extrusada ou peletizada, dependendo da idade do animal, para evitar viés de
confundimento quando analisarmos o fator de condição relacionado à concentração de
Hg no peixe.
No laboratório local da UNEMAT (Universidade do Estado do Mato Grosso),
foi confirmado o comprimento total e peso de cada amostra e, em seguida, os peixes
foram eviscerados e limpos.
2.4- ANÁLISE LABORATORIAL
A análise laboratorial foi realizada no Laboratório de Absorção Atômica da
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC/RJ) por espectrometria de
absorção atômica pela técnica de vapor frio (Campos, 1988), no Espectofotômetro de
absorção atômica modelo AA5 fabricado pela VARIAN.
2.5- ANÁLISE DA SAÚDE
A análise da saúde ambiental foi realizada ao nível apenas individual da espécie
bioindicadora. Ao nível individual, os parâmetros mais comuns a serem levados em
conta quando se estudam populações de peixes são o tamanho e o peso dos peixes,
que fornecem um indicativo do estado de saúde geral dos mesmos. Outro parâmetro útil,
que relaciona os dois anteriores é o chamado fator de condição. O fator de condição é
calculado pela fórmula : peso x 100 /tamanho
b
,onde o peso se em gramas e o
tamanho em centímetros.
O fator de condição é usualmente representado pela letra K,
quando os peixes forem mensurados no sistema métrico de comprimento e peso, e a fórmula
utilizada é: (Williams,2000):
K = 100W
L
3
Onde W = peso em gramas
L = comprimentro padrão em cm
2.6- ANÁLISE ESTATÍSTICA
A análise estatística descritiva preliminar da concentração de Hg foi feita no
programa Excel, para um intervalo de confiança de 95%, após análise do gráfico de
dispersão da concentração de mercúrio encontrada nas amostras.
3 – RESULTADOS
Os valores mínimo, médio, máximo e desvio padrão de Hg total encontrados na
musculatura dos peixes oriundos das pisciculturas do município de Paranaíta, coletadas
nos anos de 2000 e 2005 encontram-se na tabela abaixo:
Ano da Coleta
Local da coleta
(piscicultura e município)
(n)
Média Hg
(mg/kg)
Desvio
Padrão
(mg/kg)
Mín. – Máx.
(mg/kg)
2005
Pappen - Paranaíta
133
0,127
0,081
0,009 -
0,520
2000
Paranaíta
12
0,437
0,221
0,240 –
0,820
Como podemos observar, apesar do número menor de amostras coletadas no ano
de 2000, os valores encontrados neste ano foram significativamente superiores aos
valores encontrados nas amostras de 2005. A média da concentração de Hg total no ano
de 2000 era de 0,437 mg/kg de peixe, valores estes bem próximos aos valores limites
máximos relatados pela OMS, ANVISA e EPA. no ano de 2005, estas concentrações
tiveram uma redução destes valores, o que possivelmente é explicado pela diminuição
na utilização do metal na região e/ou pela capacidade de resiliência do ambiente.
Alguns estudos utilizaram a traíra como bioindicadora da contaminação por
mercúrio, e demonstraram a elevada concentração deste metal em várias regiões do
Brasil (Tabela 2).
Tabela 2- Alguns estudos que utilizaram a Traíra como bioindicador
Local n Média Hg Desvio Padrão
Referência
Paranaíta - MT 133 0,13 mg/kg 0,081
Este Estudo
Paranaíta - MT 12 0,44 mg/kg 0.221 Hacon et al. 2002
Tucuruí - PA 177 0,44 µg.g
-1
0,30
Santos, 2002
Itaituba 21 0,85 µg.g
-1
0,37
Uryu et al.,2001
Tapajós 13 0,16 µg.g
-1
0,10
Uryu et al.,2001
Alta Floresta - MT 02 0,18 mg/kg 0.155 Hacon et al. 2002
Nova Bandeirantes -
MT
16 0,41 mg/kg 0.215 Hacon et al. 2002
Nova Monte Verde-
MT
02 0,15 mg/kg 0.111 Hacon et al. 2002
Matupá - MT 05 0,46 mg/kg 0.142 Hacon et al. 2002
Cachoeira do Piraí -
PA
35 270,37 nmol/g 151.20 Lima et al. 2004.
Florianópolis - SC 03 0,26 mg/kg 0.029 Kitahara et al.2006
Rio Negro - AM 24 120,1 – 1,59 ng/g
- A.C. Barbosa et al.2003
Santarém - 06 0,13 mg/kg - Uryu et al. 2001
S. Luís do Tapajós 01 0,55 mg/kg - Uryu et al. 2001
Rio Rato 01 1,11 mg/kg - Uryu et al. 2001
Jacareacanga 02 0,72 mg/kg - Uryu et al. 2001
Rio Teles Pires
02
0,82 mg/kg
-
Uryu et al. 2001
Bariri e Barra Bonita
SP
129 < 0,5 mg/kg - Moura, 2004
Com relação à análise da saúde dos peixes (fator de condição), este foi calculado
pela fórmula K = Peso x 100 / comprimento padrão
b
. Os valores do coeficiente de
regressão (b) para peixes geralmente variam em torno de 3,0 (crescimento isométrico),
na relação entre o peso e o comprimento. Usualmente se utiliza b = 3 quando o
crescimento é isométrico, isto é o peso aumenta com o comprimento elevado ao cubo, e
quando b < 3, o incremento é devido ao peso, e quando b > 3, o incremento é devido ao
comprimento (Rocha et al., 2005).
Segundo Junior et al. (2004) não um consenso entre autores sobre o
procedimento mais adequado para o cálculo do coeficiente (b), porém após estudos ele
concluiu que a utilização de um valor (b) para cada amostra ou subamostra provoca
distorção nos valores do fator de condição. Com isso, nossos cálculos foram realizados
com um coeficiente de regressão (b) fixo igual a 3.
O fator de condição pode variar em ambas as direções, a partir do valor normal,
em resposta ao aporte nutricional, doenças, temperatura, densidade e contaminantes
químicos (Rocha et al., 2005). Neste estudo tentamos controlar os fatores citados acima,
capturando as amostras todas em um mesmo local e no mesmo dia, restando então à
concentração de mercúrio e o estado de saúde dos peixes.
Conforme mostrado no figura 2 e 3, os valores de K encontrados nas amostras de
traíras coletadas nos anos de 2005 e 2000, foram superiores ao valor 1 (K=1), que
segundo Vazzoler (1996) seria o indicador quantitativo do bem estar do peixe.
Entretanto, se este valor for inferior a 1,0 houve prejuízo do mesmo.
Figura 2 - K – Fator de Condição das 133 amostras coletadas no ano de 2005 .
k (FATOR DE CONDIÇÃO)
0
1
2
3
4
5
6
1 5 9 13 17 21 25 29 33 37 41 45 49 53 57 61 65 69 73 77 81 85 89 93 97 101 105 109 113 117 121 125 129 133
Nº DE AMOSTRA
K
k (FATOR DE CONDIÇÃO)
Figura 3- K – Fator de Condição das 12 amostras coletadas no ano de 2000 .
Apenas 1 amostra coletada no ano de 2005 apresentou valor de K < 1 , que pode
ser explicado por algum tipo de doença, aporte nutricional deficiente ou outros.
Quando analisamos o fator de condição relacionado com a concentração de
mercúrio encontrada em cada amostra (figura 4), verificou-se que a quantidade de
mercúrio encontrada na única amostra que apresentou o fator de condição inferior a 1
(um), não possui altas concentrações do metal. Apenas confirmando que não ligação
entre estes dois fatores nesta amostra.
Figura 4 - K – Fator de Condição das 133 amostras X Concentração de Hg
K e Conc de Hg
0
1
2
3
4
5
6
0 200 400 600
Conc. de Hg
K (fator de condão)
Peso x100 /comp. Pado
3
Fator de Condição das amostras do ano
de 2000
0
0,5
1
1,5
2
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Amostras
K
Conforme esperado uma relação linear entre as variáveis: peso e
comprimento. A figura 5 apresenta a regressão linear e como podemos ver quase 88%
dos resultados da função são explicados pela função descrita.
Figura 5 – Comprimento total (cm) x Peso (g)
y = 0,0278x + 21,89
R
2
= 0,8792
0
10
20
30
40
50
60
0 500 1000 1500
Peso (g)
Comprimento Total (cm)
COMP. TOTAL(cm)
Linear (COMP.
TOTAL(cm))
foi observado que quanto maior o peso e o comprimento dos peixes, maior sua
concentração de mercúrio total no seu tecido muscular (Castro, 1991; Thornton et al.,
1996), porém como vemos nos figura 6 e 7, não foi possível estabelecer uma correlação
entre estas variáveis neste estudo.
Figura 6 – Concentração de Hg (µg/kg)) x Peso (g)
y = 0,2764x + 3,5274
R
2
= 0,3468
0
100
200
300
400
500
600
0 500 1000 1500
Peso (g)
Concent Hg (µg/kg)
Concent Hg (µg/kg)
Linear (Concent Hg
g/kg))
Figura 7– Concentração de Hg (µg/kg)) x Comprimento total (cm)
y = 13,573e
0,0613x
R
2
= 0,3906
0
100
200
300
400
500
600
0 20 40 60
Comprimento Total (cm)
Concent Hg (µg/kg)
Concent Hgg/kg)
Expon. (Concent
Hgg/kg))
4 – DISCUSSÃO
A ANVISA por meio da portaria n º 685, de 27 de agosto de 1998 aprova o
Regulamento Técnico "Princípios Gerais para o Estabelecimento de Níveis Máximos de
Contaminantes Químicos em Alimentos" e seu Anexo: "Limites máximos de tolerância
para contaminantes inorgânicos" e coloca como limites máximos de tolerância do
contaminante inorgânico mercúrio para peixes predadores 1,0 mg/Kg e peixes e
produtos de pesca (exceto predadores) 0,5 mg/kg .
Porém, estes valores foram estabelecidos a partir de dados de pesquisa do IBGE
em apenas 11 cidades brasileiras, que instituíram o ranking de consumo de pescado
anual e diário per capita (tabela 2).
Ranking de
consumo
Área pesquisada Consumo anual per
capita (kg.ano
-1
)
Consumo diário
per capita (g.dia
-1
)
Belém 13,96 38,25
Salvador 4,61 12,62
Recife 4,25 11,66
Fortaleza 4,12 11,30
Rio de Janeiro 3,43 9,40
São Paulo 2,49 6,81
Brasília 2,00 5,65
Curitiba 1,79 4,91
Belo Horizonte 1,54 4,22
10º Porto Alegre 1,45 3,99
11º Mun. Goiânia 1,07 2,94
Média total
3,02 8,28
Como se pode observar, as áreas estudadas são cidades grandes, pertencentes aos
maiores e mais desenvolvidos Estados brasileiros e que não mostram a realidade das
pequenas comunidades e populações ribeirinhas, principalmente na Amazônia Legal. A
principal fonte de proteína para as populações ribeirinhas da Amazônia e para as áreas
urbanas de baixa renda é o peixe e, com isso, o consumo de peixes carnívoros pode
representar um risco para a saúde humana, em especial para as gestantes e crianças
(Hacon, 2000), apesar dos resultados encontrados estarem em sua maioria bem abaixo
dos permitidos pela legislação.
De acordo com a World Health Organization (WHO/FAO) no Codex
Alimentarius Guidline Level o valor máximo recomendado para a ingesta de
metilmercurio em peixes é de 1,0 mg/kg para peixes predadores e 0,5 mg/kg para todos
os outros peixes, para um consumo semanal de 400g de peixe. Todavia, no Brasil, para
a Amazônia há um desacordo em relação a esses limites (Hacon et al.,2003).
Apesar de os valores de concentração de Hg encontrados neste estudo estarem
em sua maioria abaixo do limite estabelecido pelos órgãos de saúde, a média encontrada
de 120 µgHg/kg e com um desvio padrão de 83 µgHg/kg, se mostraram extremamente
elevadas para a biota aquática.
Experimentos revelaram que concentrações em músculo de 10-20µgHg/g ou
mais são letais e que concentrações de 1-5µgHg/g são subletais para os peixes (Niimi &
Kissoon, 1994). E que peixes expostos gerações após gerações podem se tornar mais
vulneráveis, gerando importantes implicações para a avaliação das concentrações de Hg
em peixes da Amazônia porque estes estão expostos ao Hg por mais de duas décadas
(Uryu, 2001).
4- CONCLUSÃO
Apesar dos níveis médios de Hg encontrados estarem em grande parte abaixo
dos limites estabelecidos para consumo humano (0,5 mgHg/kg), existem muitos que
estão acima daqueles estabelecidos para a conservação da vida aquática (0,01mgHg/kg),
e podem representar um risco, devido seus processos de bioacumulação e
biomagnificação (Moura, 2004).
Concentrações de mercúrio em peixes carnívoros parecem ser suficientemente
altas para causar intoxicação em animais nos níveis mais elevados da cadeia trófica na
Amazônia. Isto significa que a vida selvagem na Amazônia está sofrendo ou em breve
sofrerá com os efeitos negativos da contaminação por mercúrio.
A possibilidade da contaminação por metais pesados atingir animais e, por
conseguinte, o homem, conduz a um potencial risco de saúde pública, pelo consumo de
produtos e/ou subprodutos de origem animal contaminados, conforme mencionam
diversos autores (Junqueira, 1993; Campos Neto e Marçal, 1996).
Nesta temática, a responsabilidade do Médico Veterinário na preservação do
meio ambiente e na proteção da saúde dos animais que servirão de alimento ao homem
vem crescendo como conteúdo acadêmico em muitas escolas de Medicina Veterinária
do Brasil. É pertinente destacar que em situações de contaminação dos animais, pela
negligência nas ações de produção de qualquer tipo de seus subprodutos, bem como
pelo dano a fauna, é passível de punição pela aplicação da Lei 9605 de 12 de fevereiro
de 1998, conhecida por Lei de Crimes Ambientais (Marçal, 2006).
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