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Universidade do Vale do Paraíba
Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento
GLAUBER SÁ BRANDÃO
ESTUDO DO COMPORTAMENTO DO SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO
ATRAVÉS DA ANÁLISE DA VARIABILIDADE CARDÍACA EM ATLETAS DE
HANDBALL ANTES E APÓS O USO DO SALBUTAMOL
São José dos Campos – SP
2006
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GLAUBER SÁ BRANDÃO
ESTUDO DO COMPORTAMENTO DO SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO
ATRAVÉS DA ANÁLISE DA VARIABILIDADE CARDÍACA EM ATLETAS DE
HANDBALL ANTES E DEPOIS O USO DO SALBUTAMOL
São José dos Campos – SP
2006
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Bioengenharia do Instituto de
Pesquisa e Desenvolvimento da Universidade
do Vale do Paraíba, como complementação dos
créditos necessários à obtenção do título de
Mestre em Engenharia Biomédica.
Orientador: Prof. Dr. Luís Vicente F. Oliveira
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AGRADECIMENTOS
Ao meu orientador Prof. Dr. Luís Vicente Franco de Oliveira, por ter me aceitado como seu
aluno e além de ter transmitido conhecimentos valiosos, me despertou um verdadeiro
interesse e paixão pela pesquisa;
Aos meus pais, pela educação e por todo amor e incentivo que me deram durante toda minha
vida, proporcionando a base para mais esta conquista;
À minha esposa e minha filha pela paciência, compreensão e carinho dedicados durante todo
esse tempo;
Aos meus irmãos por estarem sempre me encorajando, me fortalecendo, acreditando e
estimulando a minha capacidade;
Ao Centro Universitário de Itajubá - UNIVERSITAS pelo apoio financeiro e confiança na
minha capacidade;
Aos meus alunos pela máxima compreensão nos momentos aos quais estive ausente;
Ao meu aluno Rodolfo Luiz da Silva que muito contribuiu para a conclusão deste trabalho;
Aos professores e coordenadores do UNIVERSITAS que me apoiaram durante toda essa
trajetória;
Aos meus voluntários, que gentilmente se disponibilizaram a participar deste estudo;
Ao Dr. Afonso Inoue Salgado, por ter gentilmente cedido o equipamento utilizado na
realização deste estudo;
Aos alunos da UNIVAP envolvidos neste estudo, pela colaboração;
A Deus, por todos os acontecimentos.
RESUMO
A análise da variabilidade da freqüência cardíaca tem sido empregada como recurso para a
mensuração da atividade do SNA (Sistema Nervoso Autônomo) em diversas situações. Esta
análise se baseia na identificação da força das bandas de baixa e alta freqüência da função
espectral dos intervalos R-R da freqüência cardíaca (FC). Com o objetivo de ultrapassar os
limites do corpo humano, os atletas de elite, procuram das mais variadas formas adquirir cada
vez mais performance e consequentemente melhor desempenho. Dessa forma vários
competidores têm utilizado broncodilatadores de maneira indiscriminada sem, no entanto se
preocupar com os efeitos fisiológicos que possam ocorrer, como é o caso do Salbutamol que
altera a variabilidade cardíaca, impondo ao coração situações de estresse. O objetivo deste
estudo foi identificar o grau de estresse imposto ao coração quando utilizados
broncodilatadores, através da análise da variabilidade da freqüência cardíaca. Este é um
estudo analítico, clínico, prospectivo, consecutivo, duplo cego onde participaram 12 atletas de
Handball do sexo masculino, na faixa etária de 20,2 ± 1,6 anos, índice de massa corpórea de
24 ± 2,4 Kg/m
2
, altura de 185,6 ± 4,1 cm. O estudo foi realizado no Laboratório de Avaliação
do Esforço Físico da Faculdade de Ciências da Saúde da UNIVAP. O estudo foi aprovado
pelo Comitê de Ética e Pesquisa da UNIVAP sob o número L157/2005/CEP sendo exigido o
termo de consentimento livre e esclarecido de todos os sujeitos. A avaliação foi realizada
através do sistema digital não-invasivo denominado Software Nerve-Express (NE). É possível
notar, que a maioria dos atletas apresenta reação cronotrópica relativamente normal,
apresentaram desvios discretos de POVs (Parâmetros de Variabilidade Ótima em posição
supina), desvio significativo de POVe (Parâmetros de Variabilidade Ótima em posição
supina), ID (Índice de Discrepância) com desvio moderado do equilíbrio. Através do Nerve-
Express foi demonstrado um aumento significativo da FC após a ingestão da droga.
Evidencia-se uma considerável retração do SNPS devido ao uso do Salbutamol e apesar da
atividade simpática não ter apresentado diferença significativa, pode-se observar que 8 atletas
exibiram um considerável aumento. Pode-se observar que após a ingestão de Salbutamol
ocorreu uma discreta diminuição do SNPS (Sistema Nervoso Parassimpático) e um acentuado
acréscimo na atividade simpática com relação aos níveis médios de atividade total do SNS
(Sistema Nervoso Simpático) e SNPS. Pode-se concluir que os atletas que realizam o uso do
Salbutamol como doping estão induzindo seus corações a um considerável grau de estresse,
além de poder precipitar eventos patológicos em corações suscetíveis.O fato de estes
resultados confirmarem o que é descrito na literatura, caracteriza que a análise da VFC
(Variabilidade da Freqüência Cardíaca) através do Software NE consiste em um novo método,
eficaz e não-invasivo, na identificação de alterações relacionadas ao SNA.
Palavras-chave: Variabilidade Cardíaca, Nerve-Express, Sistema Nervoso Autônomo,
Salbutamol, doping.
ABSTRACT
The heart frequency variability analysis has been used as a measurement source of SNA
activity in several situations. This analysis is based on the identification of high and low
frequencies band force and on the spectrum function related to the R-R heart frequency
intervals. The elite athletes, searching the human body limits crossing, are always seeking to
acquire better performance and consequently better acting, in the most varied ways. Trying to
achieve their aim, several competitors have been using bronchodilators in an indiscriminate
way without thinking of the physiological effects that could possibly happen, such as the
Salbutamol example that alters the heart variability, forcing the heart to stressful situations.
This study objective was to identify the stress degree which the heart is exposed to when
bronchodilators are used, through the heart frequency variability analysis. This is an
analytical, clinical, prospective, consecutive, double blind study where 12 Handball male
athletes were chosen. The group specific characteristics were: age group 20,25 ± 1,65 years;
corporal mass index 24 ± 2, 39 cmi; height 185,6 ± 4,09 cm. The study was carried out at the
Physical Effort Evaluation Laboratory from the Health Sciences College of UNIVAP. The
study was approved by the Ethics and Research Committee of UNIVAP under the number
L157/2005/CEP. It was demanded the free term consent and enlightenment of all subjects.
The evaluation was performed through the non-invasive digital system named Software NE. It
is possible to verify that most athletes presented relatively normal chronotropic reaction,
discreet POVs deviations, significant POVe deviation and ID with moderate balance
deviation. Nerve-Express showed a significant CF increase after the drug ingestion. A
considerable SNPS retraction was evidenced due to the Salbutamol use and in despite of
significant difference presented by sympathetic activity, it was observed that 08 athletes
showed a considerable increasing. It was also seen a discreet PSNS decrease after the
Salbutamol ingestion and an accentuated increase on the sympathetic activity related to the
medium levels of SNA and PSNS total activity. It can be concluded that the athletes who
accomplished the use of Salbutamol as doping induced their hearts to a considerable stress
degree and could also been precipitating pathological events in susceptible hearts. As these
results confirm what is described in the literature, it characterizes that the VFC analysis
through the N-AND Software consists on a new, effective and non-invasive method, related to
the identification of SNA related alterations.
Key words: Heart Rate Variability; Nerve-Express; Autonomic Nervous System; Salbutamol;
Doping.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Proporção relativa do uso de substancias farmacológicas ....................................04
Figura 2 – Sistema de condução do coração .......................................................................... 10
Figura 3 – Inervação autonômica do coração ......................................................................... 11
Figura 4 – Trajetória da inervação autonômica do coração .................................................... 12
Figura 5 – Traçado eletrocardiográfico com suas ondas, segmentos e intervalos ..................21
Figura 6 – Categorias de condições do Sistema Nervoso Autônomo .................................... 36
Figura 7 – Sensor torácico posicionado .................................................................................45
Figura 8 – Avaliação com o atleta em posição supina ...........................................................45
Figura 9 – Avaliação com o atleta em posição ortostática .....................................................46
Figura 10 – Resultados relativos aos níveis de funcionamento dos sistemas fisiológicos e da
reserva de adaptação dos atletas ...........................................................................53
Figura 11 – Exemplo de ritmograma gerado no softwareNerve-Express” de um dos atletas
avaliados no teste ................................................................................................. 54
Figura 12 – Espectros obtidos no teste realizado em um dos atletas deste estudo, na posição
supina e ereta ....................................................................................................... 55
Figura 13 – Níveis de atividade do Sistema Nervoso Autônomo obtidos no teste realizado
com um dos atletas .............................................................................................. 63
Figura 14 – Gráfico obtido no teste realizado com um dos atletas envolvidos neste estudo,
registrando as médias de atividade do Sistema Nervoso Simpático e Sistema
Nervoso Parassimpático, na posição supina e ereta ............................................ 63
Figura 15 – Níveis médios de atividade total do Sistema Nervoso Simpático e Parassimpático
dos atletas antes e depois da ingestão de placebo ................................................ 67
Figura 16 – Níveis médios de atividade total do Sistema Nervoso Simpático e Parassimpático
dos atletas antes e depois da ingestão de Salbutamol ..........................................67
Figura 17 – Níveis de atividade total do Sistema Nervoso Simpático e Parassimpático dos
atletas antes da ingestão de placebo .................................................................... 69
Figura 18 – Níveis de atividade total do Sistema Nervoso Simpático e Parassimpático dos
atletas depois da ingestão de placebo .................................................................. 69
Figura 19 – Níveis de atividade total do Sistema Nervoso Simpático e Parassimpático dos
atletas antes da ingestão de Salbutamol ............................................................... 70
Figura 20 - Níveis de atividade total do Sistema Nervoso Simpático e Parassimpático dos
atletas depois da ingestão de Salbutamol ............................................................ 71
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Valores antropométricos .......................................................................................49
Tabela 2 – Resultados relativos ao índice de reação miocárdica cronotrópica, parâmetros de
variabilidade ótima em posição supina e ereta e índice de discrepância ............. 50
Tabela 3 – Índices de reação cronotrópica miocárdica dos atletas .........................................50
Tabela 4 – Valores de parâmetros de variabilidade ótima em posição supina dos atletas ..... 51
Tabela 5 – Valores de parâmetros de variabilidade ótima em posição ereta dos atletas ........ 51
Tabela 6 – Valores dos índices de discrepância ....................................................................52
Tabela 7 – Níveis de funcionamento dos sistemas fisiológicos ............................................. 52
Tabela 8 – Níveis de reserva de adaptação dos atletas ........................................................... 53
Tabela 9 – Valores médios de freqüência cardíaca, em batimentos por minuto, depois da
ingestão de placebo e Salbutamol......................................................................... 56
Tabela 10 – Valores de bandas de alta e baixa freqüência da variabilidade cardíaca dos atletas
em supino antes e depois da ingestão de placebo ................................................ 57
Tabela 11 – Valores de bandas de alta e baixa freqüência da variabilidade cardíaca dos atletas
na posição ereta antes e depois da ingestão de placebo .......................................58
Tabela 12 – Valores de bandas de alta e baixa freqüência da variabilidade cardíaca dos atletas
em posição supina antes e depois da ingestão de Salbutamol ............................. 59
Tabela 13 - Valores de bandas de alta e baixa freqüência da variabilidade cardíaca dos atletas
em posição ereta antes e depois da ingestão de Salbutamol ................................60
Tabela 14 – Valores das bandas de alta e baixa freqüência da variabilidade cardíaca dos
atletas em posição supina antes da ingestão de placebo e Salbutamol ................ 61
Tabela 15 - Valores das bandas de alta e baixa freqüência da variabilidade cardíaca dos
atletas em posição ereta antes da ingestão de placebo e Salbutamol ................... 62
Tabela 16 – Níveis de atividade total do Sistema Nervoso Parassimpático e Simpático dos
antes e depois da ingestão de placebo ..................................................................64
Tabela 17 – Níveis de atividade total do Sistema Nervoso Parassimpático e Simpático dos
antes e depois da ingestão de Salbutamol ............................................................ 65
Tabela 18 – Níves de atividade total do Sistema Nervoso Parassimpático e Simpático dos
atletas depois da ingestao de placebo e Salbutamol ............................................ 66
Tabela 19 – Categorias de estado do Sistema Nervoso Autônomo depois da ingestão de
placebo ................................................................................................................. 68
Tabela 20 - Categorias de estado do Sistema Nervoso Autônomo depois da ingestão de
Salbutamol............................................................................................................ 70
LISTA DE ABREVIATURAS E UNIDADES
AMP – Monofosfato de Adenosina;
ATP – Trifosfato de Adenosina;
Ca
++
- Íon Cálcio;
CEP – Comitê de Ética em Pesquisa;
ChMR – Reação Miocárdica Cronotrópica;
COI – Comitê Olímpico Internacional;
ECG – Eletrocardiograma;
FC – Freqüência Cardíaca;
FCS – Faculdade Ciências da Saúde;
HE – Health-Express;
HF – Banda de Alta Freqüência.
ID – Índice de Discrepância;
IMC – Índice de Massa Corpórea;
IP&D – Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento;
Kg/m
2
Quilograma por metro quadrado;
LAEF – Laboratório de Avaliação do Esforço Físico;
LF – Banda de Baixa Freqüência;
mL – Mililitro;
mV – Milivolts;
Na
+
- Íon Sódio;
NE – Nerve-Express;
ng/mL – nanograma por mililitro;
O
2
Oxigênio;
PA – Pressão Arterial;
POV – Parâmetros de Variabilidade Ótima;
POVe – Parâmetros de Variabilidade Ótima em posição ereta;
POVs – Parâmetros de Variabilidade Ótima em posição supina;
SA – Sinusal;
SNA – Sistema Nervoso Autônomo;
SNC – Sistema Nervoso Central;
SNPS – Sistema Nervoso Parassimpático;
SNS – Sistema Nervoso Simpático;
SNV – Sistema Nervoso Vegetativo;
UNIVAP – Universidade do Vale do Paraíba;
VEF
1
Volume Expiratório Final no primeiro segundo;
VFC – Variabilidade da Freqüência Cardíaca;
WADA – Agência Mundial Antidoping
SUMÁRIO
1. Introdução .......................................................................................................................... 01
1.1 Objetivos ..................................................................................................................... 07
2. O sistema nervoso autônomo ...................................................................................... .......08
3. Analise da variabilidade da freqüência cardíaca como ferramenta na mensuração da
atividade do SNA .................................................................................................................... 19
4. Efeitos do exercício físico sobre o sistema cardiovascular ............................................... 25
5. Doping no esporte .............................................................................................................. 30
6. Nerve-Express .................................................................................................................... 34
6.1 – Nerve-Express ...................................................................................................... 35
6.2 – Health-Express Software .....................................................................................41
7. Materiais e Métodos .......................................................................................................... 42
7.1- Caracterização do Estudo .............................................................................................43
7.2- Caracterização dos Sujeitos .......................................................................................... 43
7.3- Princípios Éticos e Legais ............................................................................................ 43
8. Coleta dos dados ..................................................................................................................44
9. Resultados ............................................................................................................................ 48
9.1-Dados Antropométricos ....................................................................................................49
9.2- Health-Express ................................................................................................................. 49
9.3- Nerve-Express .................................................................................................................. 54
10. Discussão ........................................................................................................................... 73
11. Conclusão .......................................................................................................................... 83
Referencias Bibliográficas ....................................................................................................... 85
Anexo A Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa da UNIVAP ............................................ 91
Anexo B Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE ........................................... 92
1
1- INTRODUÇÃO
2
1. Introdução
O sistema nervoso autônomo (SNA) contribui para a regulação do débito cardíaco
durante o repouso, exercício e em situações de doença cardiovascular, enquanto sua utilidade
na mensuração da função simpática e de todo o equilíbrio autonômico permanece controversa.
Estudos revelaram que o tônus parassimpático controla o estado de repouso, enquanto o
exercício é associado a uma indução de retraimento do tônus vagal e uma subseqüente
ativação simpática. Inversamente, o retorno ao repouso após o exercício, denominado como
fase de recuperação, é caracterizado pela ativação parassimpática seguida de redução de
atividade do simpático. As anormalidades na fisiologia autonômica – especialmente o
aumento da atividade simpática, o tônus vagal atenuado e a diminuição da freqüência cardíaca
na recuperação – têm sido associados ao aumento da mortalidade (ROSENWINKEL et al.,
2001).
O conceito de estresse, desde quando foi descrito pela primeira vez por Hans Selye,
em 1936 tem sido amplamente utilizado, não apenas em pesquisas científicas. O termo
estresse é empregado como sinônimo de fadiga, dificuldade, frustração, ansiedade, desamparo
e desmotivação. O estresse é visto como responsável pela maioria dos males que nos afligem,
principalmente os relacionados ao atual estilo de vida urbana (FILGUEIRAS; HIPPERT,
2002).
O SNA tem um importante papel na mediação das alterações cardiovasculares
provocadas pelo estresse. As mudanças hemodinâmicas agudas estão associadas a altos níveis
de descarga simpática e a uma atividade parassimpática flutuante (SMITH et. al., 1998).
No início da era esportiva, a vantagem obtida pelos atletas de ponta era considerada
como uma barreira intransponível. Atualmente, a distância entre atletas de elite tem sido tão
mínima, que um pequeno aperfeiçoamento na performance pode resultar num grande salto na
3
classificação geral. Este fato tem induzido atletas, técnicos e cientistas a buscar diferentes
métodos de se otimizar o desempenho, complementando o efeito do treinamento (MENDES;
TIRAPEGUI, 2002).
Muitos atletas e praticantes de atividades físicas vêm consumindo os mais diversos
suplementos a fim de obterem melhor forma física e desempenho em competições. Com isso,
estudos vêm sendo realizados para determinar se estes suplementos realmente promovem
efeitos ergogênicos (GOMES; TIRAPEGUI, 2000).
O termo "doping" deriva de um dialeto africano e refere-se a uma bebida estimulante
usada em cerimônias religiosas. O Comitê Olímpico Internacional (COI) define como
"doping" o uso de qualquer substância exógena ou endógena em quantidades ou vias anormais
com a intenção de aumentar o desempenho de um atleta em uma competição (LISE et. al.,
1999). Segundo o Código Mundial Antidoping, o uso de doping é definido como a
possibilidade de aumentar artificialmente o desempenho, sendo contrário à saúde do atleta ou
antagônico aos princípios dos jogos olímpicos (DE ROSE et. al., 2004).
Os agentes ergogênicos são definidos como qualquer substância, processo ou
procedimento que pode, ou que é percebido como sendo capaz de melhorar o desempenho
através do aprimoramento na força, na velocidade, no tempo de resposta ou na resistência do
atleta (FOX, 1991). Segundo Thein, Thein e Landry (1995), os recursos ergogênicos são
classificados em nutricionais, farmacológicos, fisiológicos e psicológicos.
Clarkson e Thompson (1997) dividem os agentes farmacológicos em 3 categorias:
aqueles que melhoram a performance, como os estimulantes (anfetaminas, efedrinas e
cocaína), os que são usados na redução dos tremores e dos batimentos cardíacos (ß-
bloqueadores) e aqueles que envolvem a perda ou ganho de peso corpóreo (esteróides
anabólico-androgênicos, hormônio de crescimento, ß
2
-agonistas e diuréticos).
4
De acordo com o COI, existem cinco classes de substâncias proibidas, que são
os estimulantes, narcóticos, agentes anabólicos, diuréticos, hormônios a base de
glicoproteínas e peptídeos e seus análogos. Os métodos proibidos incluem o doping sangüíneo
e as manipulações farmacológicas, químicas e físicas (DEKHUIJZEN et al., 1999).
A figura 1 permite visualizar a proporção relativa do uso dessas substâncias em
relação às demais classes farmacológicas de uso proibido para atletas, nos últimos anos
(MARQUES; PEREIRA; NETO, 2003).
Figura 1: Proporção relativa do uso de substâncias farmacológicas.
Segundo De Rose et al. (2004), os estimulantes atuam no sistema nervoso central do
atleta, fazendo com que este não sinta a sensação de cansaço e possa assim render muito mais.
Os narcóticos são potentes analgésicos que amenizam a sensação de dor do atleta. Os agentes
anabólicos aumentam a massa muscular ou o peso de um atleta, melhorando com isso de uma
maneira artificial, sua força e potência. Os diuréticos são considerados agentes mascaradores,
pois tem a possibilidade de interferir na excreção de uma substância proibida, para evitar sua
presença na urina ou outro tipo de amostra usada no controle de doping ou para modificar
parâmetros hematológicos.
5
As drogas broncodilatadoras estão sendo administradas como doping na prática de
atividades físicas. Especialmente a inalação de ß
2
-agonistas que são drogas muito utilizadas
para prevenção e tratamento dos sintomas da asma induzidos pelo exercício (CARLSEN et
al., 2001).
A asma é definida como uma síndrome clínica, caracterizada pelo aumento da
responsividade das vias aéreas superiores e dos brônquios, causada por diversos fatores
extrínsecos e intrínsecos. É uma doença inflamatória crônica das vias aéreas, que causa
hiperemia, aumento da produção de muco e contração da musculatura lisa dos brônquios
(MCKENZIE; STEWART; FITCH., 2002).
Em um estudo recente, os autores verificaram a prevalência de asma entre os
participantes americanos da Olimpíada de Atlanta de 1996. Dos 699 atletas que completaram
o questionário, 107 (15,3%) relataram ter asma, 97 (13,9%) já haviam usado algum
medicamento para asma em algum tempo no passado e 73 (10,4%) estavam utilizando algum
medicamento durante os jogos (GOUBAULT et al., 2001).
Várias drogas de ação no sistema respiratório estão inclusas na lista das substâncias
proibidas pelo COI, dentre elas os ß
2-
agonistas. Destas, algumas podem funcionar como
estimulantes e outras como anabolizantes (DEKHUIJZEN et al., 1999).
Segundo Barros (2002), os principais broncodilatadores são os ß
2
-agonistas
(salbutamol, terbutalina, salmeterol e formeterol), os anticolinérgicos (brometo de ipratrópio)
e as metilxantinas (teofilina). O COI permite o uso de formeterol, Salbutamol, Salmeterol e
Terbutalina, somente na prevenção e/ou tratamento da asma e da asma induzida pelo exercício
ou broncoconstrição. Nestes casos o uso tem que ser previamente notificado e a concentração
não pode ser superior a 1000 ng/mL (DE ROSE et al. 2004). Estas drogas aumentam a síntese
de enzimas AMP cíclicas, diminuindo as concentrações intracelulares de cálcio, relaxando
assim a musculatura lisa das vias aéreas, aumentando o transporte mucociliar e eventualmente
6
modulando a liberação dos mediadores dos mastócitos e dos basófilos (CAHALIN;
SADOWSKY, 1995).
O efeito dos β
2
-agonistas de curta duração, Salbutamol e Terbutalina, relacionado aos
seus potenciais ergogênicos e aos aspectos da performance atlética, vem sendo discutido por
muitos anos (THEIN; THEIN; LANDRY, 1995).
Muitos estudos têm indicado que o Salbutamol pode melhorar a função muscular
ventilatória e esquelética. Os experimentos realizados in vitro mostraram que o Salbutamol
hiperpolariza o potencial de membrana dos músculos esqueléticos periféricos e do diafragma
(VAN DER HEIJDEN et al., 1996). O mecanismo pelo qual os β
2
-agonistas aumentam a
função muscular esquelética continua sendo investigado. Há evidências de que o Salbutamol
possa aumentar a liberação de Ca
2+
do retículo sarcoplasmático (DEKHUIJZEN et al., 1999).
Goubault et al., (2001), relatam que alguns estudos não identificaram efeitos
benéficos sobre a performance física durante exercícios em sujeitos normais e asmáticos com
a inalação de Salbutamol e Formeterol em várias doses.
Segundo Clarkson e Thompson (1997), os β
2
-agonistas, como o Clembuterol e o
Salbutamol, quando administrados por via oral, melhoram a força muscular devido a seu
importante papel no aumento de massa muscular. Porém, estes estudos não têm sido
realizados com atletas.
Apesar de estudos já realizados mostrarem os efeitos ergogênicos devido ao uso de
drogas broncodilatadoras em atletas, observa-se uma carência na investigação científica a
cerca do comportamento do sistema nervoso autônomo frente a estas drogas.
7
1.1 Objetivos
Objetivo geral:
Estudar o comportamento do sistema nervoso autônomo através da análise da
variabilidade da freqüência cardíaca em atletas de handball antes e após o uso de
Salbutamol.
Objetivos específicos:
Comparar os valores obtidos pela análise da variabilidade da freqüência
cardíaca em atletas de handball antes e após do uso de Salbutamol;
Estudar o comportamento do sistema nervoso simpático e parassimpático
através da análise da variabilidade da freqüência cardíaca em atletas de handball antes e
após o uso de Salbutamol.
Verificar os valores de aptidão física e nível de funcionamento dos sistemas
fisiológicos através da análise da variabilidade da freqüência cardíaca em atletas de
handball;
Verificar a possibilidade de utilização da análise da variabilidade da freqüência
cardíaca para mensurar a variável dos níveis de estresse cardíaco em atletas de handball
antes e depois do uso de Salbutamol;
Confirmar a eficácia do software NE na analise da freqüência da variabilidade
cardíaca.
8
2. SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO
9
2. Sistema nervoso autônomo
O coração é um órgão central na manutenção da homeostase e, nesse sentido, uma
das suas principais características consiste na possibilidade de aumentar ou diminuir, de
maneira variável, a freqüência dos seus batimentos.
No indivíduo normal as alterações da freqüência cardíaca são comuns e esperadas,
ocorrendo secundariamente ao esforço, ao estress físico ou mental, à respiração, às alterações
metabólicas, etc. (LONGO; FERREIRA; CORREIA, 1995).
A figura abaixo mostra o sistema especializado excitatório e condutor do coração que
controla as funções cardíacas. Muitas fibras cardíacas, que fazem parte do sistema
especializado de condução do coração, têm capacidade de auto-excitação, processo que pode
produzir descarga e contração rítmica automática, porém a parte desse sistema que apresenta
auto-excitação em maior grau, maior freqüência de descargas, são as fibras do nodo sinusal
(SA). Por essa razão, o nodo sinusal, normalmente controla a freqüência dos batimentos
cardíacos, sendo assim considerado o marcapasso fisiológico do coração (NETTER; 2003).
10
Figura 2: Sistema de condução do coração
Fonte: Netter (2003).
Embora a automaticidade cardíaca seja intrínseca ao coração, a eficiência do
bombeamento cardíaco também é controlada pelos nervos da cadeia simpática e
parassimpática (vago), que, abundantemente inervam o coração como mostrado a seguir
(GUYTON; HALL, 2002).
11
Figura 3: Inervação autonômica do coração
Fonte: Guyton e Hall, p. 100, 2002.
O sistema nervoso visceral ou da vida vegetativa relaciona-se com a inervação das
estruturas viscerais e é muito importante para a integração da atividade das vísceras no
sentido da manutenção da constância do meio interno, homeostase (MACHADO, 1993).
Segundo Powers e Howley (2000), o sistema nervoso vegetativo (SNV) também é
chamado de sistema nervoso autonômico, porque, mais frequentemente, não é percebido de
forma consciente e atua de forma independente. O SNV é formado por duas unidades; o
sistema nervoso simpático ou ortossimpático ou toracolombar, porque suas fibras eferentes
emergem do sistema nervoso central (SNC), ao nível da medula torácica e lombar, e o sistema
nervoso parassimpático ou crânio-sacral, porque suas fibras eferentes emergem do SNC ao
12
nível do tronco cerebral e da medula sacra. A maioria dos órgãos recebe dupla inervação, com
exceção das glândulas sudoríparas e dos vasos. Os dois sistemas exercem com freqüência,
efeito oposto sobre o órgão-alvo. Entretanto, a ativação tônica dos dois sistemas permite a
regulação fina por meio do aumento, ou da redução, da atividade de um ou do outro.
Figura 4: Trajetória da inervação autonômica do coração
Fonte: Powers e Howley, p. 161, 2000.
De um modo geral, o sistema simpático tem ação antagônica à do parassimpático em
um determinado órgão, porém, é importante acentuar que os dois sistemas, apesar de, na
maioria dos casos, terem ações antagônicas, colaboram e trabalham harmonicamente na
coordenação da atividade visceral, adequando o funcionamento de cada órgão às diversas
situações a que é submetido o organismo (MACHADO, 1993).
A maioria dos órgãos e tecidos é inervada tanto pela divisão simpática como pela
divisão parassimpática, e a interação entre as duas divisões podem ser de dois tipos:
antagonista – a mais comum – ou sinergista. Na estratégia antagonista, a ativação
13
parassimpática provoca efeito contrário à ativação simpática, logo, quando a atividade de uma
aumenta, a outra diminui. Na estratégia sinergista, por outro lado, ambas as divisões
provocam o mesmo efeito. Em alguns casos, entretanto, a estratégia de controle pode ser
considerada exclusiva – no caso de regiões de musculatura lisa que são inervadas
exclusivamente pela divisão simpática, que desempenham o controle através do aumento ou
diminuição de sua freqüência de disparo (LENT, 2001).
Segundo Windmaier, Raff e Strang (2006), o coração, várias glândulas e os músculos
lisos são inervados por ambas as fibras simpáticas e parassimpáticas; isto é, eles recebem
inervação dupla. Qualquer efeito que uma divisão venha ter sobre as células efetoras, a outra
divisão tem, normalmente, efeito oposto. Além disso, as duas divisões são normalmente
ativadas reciprocamente; isto é, quando a atividade de uma está aumentada a da outra está
diminuída. A inervação dupla por fibras nervosas que causam respostas opostas fornece um
grau bastante acurado de controle sobre o órgão efetor.
Os axônios pré-ganglionares parassimpáticos tendem a realizar sinapses com seus
correspondentes pós-ganglionares em seus tecidos alvos ou próximo deles, como no caso de
fibras pélvicas, no plexo pélvico. Eles também possuem um grande número de fibras
parassimpáticas aferentes conectadas a fibras motoras que realizam o feedback de um grande
número de sinais sensoriais necessários a homeostase. A divisão entérica é composta de
nervos e plexos ganglionares que são encontrados na parede do trato gastrointestinal e do
pâncreas, formando uma complexa rede de componentes sensoriais, motores e interneuronais
que utilizam uma gama diversa de neurotransmissores. Esta divisão é previamente
programada para realizar os movimentos peristálticos clássicos associados a cada sessão do
trato gastrointestinal, entretanto, seus efeitos são modificados por reflexos locais, pela
demanda autonômica extrínseca, por hormônios e mediadores imunes (SMITH et al., 1998).
14
Os principais neurotransmissores utilizados em cada sistema são diferentes. Tanto as
fibras pré ganglionares simpáticas e parassimpáticas utilizam a acetilcolina. Apesar dos
neurônios pós ganglionares parassimpáticos também utilizarem a acetilcolina, os neurônios
pós ganglionares simpáticos têm como principal neurotransmissor a noradrenalina, que deve
atuar em receptores α ou β. As exceções são os nervos simpáticos que suprem as glândulas
sudoríparas, utilizando acetilcolina no lugar de noradrenalina. Nos últimos anos, descobriu-se
que uma grande quantidade de neurotransmissores está envolvida com o SNA (substância P,
peptídeos vasoativos intestinais, aminas, óxido nitroso) particularmente na divisão entérica.
Enquanto suas funções permanecem obscuras, alguns parecem desempenhar um papel
modulatório suprimindo ou reforçando as ações dos neurotransmissores clássicos em seus
locais de ação. Para aumentar a complexidade, recentemente foi reconhecido que existem
numerosos subtipos de cada uma das diferentes classes de receptores adrenérgicos e
colinérgicos (SMITH et al., 1998).
A estimulação simpática provoca a liberação do hormônio norepinefrina
(noradrenalina) nas terminações nervosas simpáticas. O mecanismo preciso pelo qual esse
hormônio atua sobre as fibras musculares cardíacas ainda não está completamente elucidado,
mas acredita-se que ele aumente a permeabilidade da membrana da fibra aos íons Na
+
e Ca
++
.
No nodo SA o aumento da permeabilidade ao Na
+
produz potencial de repouso positivo,
resultando em aumento da freqüência da variação do potencial de membrana para o valor
limiar da auto-excitação e, portanto, aumentando a freqüência cardíaca (GUYTON; HALL,
2002).
A acetilcolina liberada nas terminações nervosas vagais aumenta acentuadamente a
permeabilidade das membranas das fibras ao potássio. Isso provoca aumento da negatividade
no interior das fibras, efeito chamado de hiperpolarização, fazendo com que esse tecido
excitável fique muito menos excitável. Este estado de hiperpolarização diminui o potencial de
15
repouso da membrana do nodo SA para um valor mais negativo (- 65 a – 75 mV) que o
normal (- 55 a – 60 mV). Portanto, a elevação do potencial de membrana do nodo SA
provocada pelo influxo de Na
+
necessita mais tempo para alcançar o potencial limiar para
excitação. Isso diminui a freqüência da ritmicidade das fibras nodais. Se a estimulação vagal é
muito forte, é possível parar completamente a auto-excitação rítmica desse nodo (GUYTON;
HALL, 2002).
O SNA dispõe de dois modos de controle do organismo: um modo reflexo e um
modo comando. O “modo reflexo” envolve o recebimento de informações provenientes de
cada órgão ou sistema orgânico e a programação e execução de uma resposta apropriada. Os
reflexos empregados neste tipo de controle podem ser locais, isto é, situados na própria
víscera, ou então centrais, ou seja, envolvendo neurônios e circuitos do SNC. O “modo de
comando” envolve a ativação do SNA por regiões corticais e subcorticais, muitas vezes
voluntariamente. Muitas vezes o SNA emprega simultaneamente o modo reflexo e o modo
comando (LENT, 2001).
Os reflexos autonômicos são respostas que ocorrem quando impulsos nervosos
percorrem um arco reflexo autonômico. Esses reflexos têm participação fundamental na
regulação de condições controladas no corpo, como a pressão arterial, por meio de ajustes na
freqüência cardíaca, da força de contração ventricular e do diâmetro dos vasos sanguíneos
(IRIGOYEN; CONSOLIM-COLOMBO; KRIEGER; 2001).
Qualquer que seja o modo de controle, o SNA utiliza diferentes estratégias para
comandar os efetores – células ou órgãos que realizam certa “tarefa” em resposta a uma
mensagem química transmitida por via sináptica difusional ou através da circulação
sanguínea–que podem ser células secretoras (glandulares) ou células contráteis (musculares
ou mioepiteliais) (LENT, 2001).
16
A estimulação simpática ao coração aumenta acentuadamente a sua atividade, tanto
com relação à freqüência cardíaca quanto à sua força de bombeamento, já o sistema nervoso
parassimpático apesar de ser extraordinariamente importante para muitas outras funções do
corpo, ele desempenha apenas um papel menor na regulação da circulação. Seu único efeito
circulatório realmente importante é o controle da freqüência cardíaca por meio das fibras
parassimpáticas levadas para o coração pelos nervos vagos. Os efeitos da estimulação
parassimpática sobre a função do coração incluem uma acentuada diminuição da freqüência
cardíaca e um pequeno decréscimo da contratilidade muscular cardíaca (IRIGOYEN;
CONSOLIM-COLOMBO; KRIEGER; 2001).
Durante o estresse físico ou emocional, a divisão simpática domina a divisão
parassimpática. O tônus simpático elevado favorece as funções corporais que podem manter
atividades físicas vigorosas, com rápida produção de ATP. Ao mesmo, tempo a divisão
simpática reduz as funções corporais que favorecem o armazenamento de energia. Além do
esforço físico, numerosas emoções – como as de medo, embaraço ou raiva – estimulam a
divisão simpática. A atividade da divisão simpática e a liberação dos hormônios pela medula
adrenal põem em curso a série de respostas fisiológicas conhecidas, em conjunto, como
resposta de “fuga-ou-luta” (TORTORA; GRABOWSKI, 2002).
As respostas parassimpáticas sustentam as funções corporais que conservam e
restauram a energia corporal, durante os períodos de repouso e recuperação. Nos intervalos de
calma, entre os períodos de exercício, os impulsos parassimpáticos, para as glândulas
digestivas e para o músculo liso, no trato gastrintestinal, predominam sobre os impulsos
simpáticos, permitindo que os alimentos, supridores de energia sejam digeridos e absorvidos.
Ao mesmo tempo as respostas parassimpáticas reduzem as funções corporais que mantêm a
atividade física (TORTORA; GRABOWSKI, 2002).
17
Uma das funções importantes do controle nervoso da circulação é sua capacidade de
causar aumentos rápidos da pressão arterial. Para este objetivo, todas as funções
vasoconstritoras e cardio-aceleradoras do sistema nervoso simpático são estimuladas como
uma unidade. Ao mesmo tempo, há inibição recíproca dos sinais inibitórios vagais
parassimpáticos para o coração. O mais bem conhecido dos mecanismos nervosos para o
controle da pressão arterial é o reflexo baroceptor, que é iniciado por receptores de
estiramento, chamado de baroceptores ou pressoceptores, que são terminações nervosas
ramificadas localizadas nas paredes das grandes artérias sistêmicas (AIDLEY, 1998).
Segundo o autor, a excitação dos baroceptores pela pressão aumentada nas artérias,
emite impulsos para o centro vasomotor no tronco cerebral, que vai provocar a diminuição da
PA por reduzir a resistência vascular periférica e o débito cardíaco. Inversamente, a PA baixa
tem efeito oposto, inibindo os baroceptores, fazendo com que a pressão suba de modo reflexo
de volta ao nível normal.
Intimamente associado ao sistema de controle da pressão pelos baroceptores há um
reflexo quimioceptor que opera de modo semelhante ao reflexo baroceptor, exceto pelo fato
de que são quimioceptores, em vez dos receptores de estiramento, que iniciam a resposta.
Os quimioceptores são células químio sensíveis que respondem à falta de oxigênio,
ao excesso de dióxido de carbono ou ao excesso de íons hidrogênio, que estão localizados em
dois corpos carotídeos, um em cada bifurcação da artéria carótida e em vários corpos aórticos
adjacentes à aorta. Os quimioceptores excitam as fibras nervosas que, juntamente com as
fibras baroceptoras, seguem pelos nervos de Hering e nervos vagos para o centro vasomotor.
Sempre que a PA cai abaixo de um nível crítico, os quimioceptores são estimulados por causa
do fluxo diminuído dos corpos e seus sinais são transmitidos para o centro vasomotor, que
ajuda a elevar a PA (AIDLEY, 1998).
18
Apesar de que certos fatores locais, como mudanças de temperatura e elasticidade
tecidual, possam afetar a freqüência cardíaca, o sistema nervoso autônomo é o principal meio
pelo qual a freqüência cardíaca é controlada (MALPAS et al., 2001).
19
3. ANÁLISE DA VARIABILIDADE DA FREQÜÊNCIA CARDÍACA
COMO FERRAMENTA PARA A MENSURAÇÃO DA ATIVIDADE DO
SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO
20
3. Análise da variabilidade da freqüência cardíaca como ferramenta
para a mensuração da atividade do sistema nervoso autônomo
O reconhecimento das variações da freqüência do pulso remotam à antiguidade,
sendo que a primeira observação de que a freqüência cardíaca e a pressão arterial variam
batimento a batimento data do século XVIII e foi efetuada por Stephens Hales que, pela
primeira vez, efetuou a medição quantitativa da pressão arterial. Estes autores verificaram
existir uma correlação entre o ciclo respiratório, o intervalo interbatimentos e a pressão
arterial sistólica (LONGO; FERREIRA; CORREIA, 1995).
Segundo Ribeiro, Brum e Ferrario (1992), uma das mais acessíveis e confiáveis
fontes de informação dos efeitos do SNA sobre o sistema cardiovascular é a variabilidade da
freqüência cardíaca. A variação batimento a batimento, obtida pelo intervalo R-R do
eletrocardiograma, pode ser analisada em função das freqüências que compõem essa
variabilidade.
A figura 5 representa um traçado eletrocardiográfico típico, destacando as ondas P,
Q, R, S e T, bem como o intervalo R-R.
21
Figura 5: Traçado eletrocardiográfico com suas ondas, segmentos e intervalos.
A análise da variabilidade da freqüência cardíaca é uma técnica não invasiva,
simples, usada para avaliar as variações instantâneas de batimento por batimento em termos
de intervalos R-R. Essa VFC foi considerada como um marcador adequado para a estimulação
da função do SNA (MIGLIARO et al., 2001).
Os indivíduos normais têm uma variação fisiológica nos intervalos interbatimentos
em fase com os ciclos respiratórios. Esta “arritmia sinusal” tem sido considerada como sinal
de um sistema cardiovascular saudável e é mais acentuada nos jovens e nos desportistas. Foi
no campo da obstetrícia e no estudo da diabete que primeiramente foi reconhecida à
importância clínica do estudo da variabilidade da freqüência cardíaca, cujas aplicações
práticas vêm sendo reconhecidas em outros campos da medicina (LONGO; FERREIRA;
CORREIA, 1995).
A FC humana no repouso apresenta flutuações espontâneas que refletem a influência
contínua do SNA no nódo sino-atrial. As oscilações devem ser corretamente quantificadas
22
provendo assim um poderoso método de investigação do equilíbrio simpato-vagal no coração.
O sinal é obtido da superfície do eletrocardiograma e convertido em séries de pulsos via
detecção precisa das ondas QRS sendo processado para o cálculo dos índices de VFC
(MORTARA et al., 1996).
A modulação autonômica é o principal mecanismo de controle da freqüência cardíaca
(FC) em indivíduos saudáveis. O ramo simpático do sistema nervoso autônomo aumenta a
FC, implicando em intervalos mais curtos entre os batimentos cardíacos. Por sua vez, o ramo
parassimpático a desacelera, resultando em intervalos maiores entre os batimentos. Assim, a
variabilidade da freqüência cardíaca pode ser estimada com base nos intervalos entre os
batimentos, os quais são mais facilmente observados como intervalos RR, que são os
intervalos de tempo entre duas ondas R consecutivas do eletrocardiograma (CARVALHO et
al., 2001).
O incremento da freqüência cardíaca durante a execução de atividade física é
modulado pelo sistema nervoso autônomo. Durante o exercício dinâmico o ajuste inicial da
freqüência cardíaca é dependente da inibição do tônus vagal, enquanto os incrementos
subseqüentes são atribuídos ao aumento na atividade dos nervos simpáticos. A modulação
entre os dois sistemas (simpático e parassimpático) depende da intensidade do exercício
(RIBEIRO et al., 2000).
Os valores de VFC dependem da duração do intervalo R-R, quanto menor o intervalo
menor o limite de variação que pode ser medido. Um aumento no impulso simpático, que
reduz os intervalos R-R também reduz a VFC. A redução da freqüência cardíaca por um
aumento na atividade parassimpática leva a um aumento dos intervalos R-R e uma
maximização da VFC (MIGLIARO et al., 2001).
As variações dos intervalos R-R presentes durante condições de repouso representam
uma boa modulação dos mecanismos de controle dos batimentos cardíacos. A atividade vagal
23
eferente parece estar sob restrição “tônica” pela atividade simpática aferente cardíaca. As
atividades vagal e eferente simpática quando direcionadas ao nódulo sinusal estão
caracterizadas por desencadearem grandes sincronismos com cada ciclo cardíaco que podem
ser modulados pelos osciladores centrais (centros respiratórios e vasomotores) e periféricos
(oscilações na PA e na freqüência e profundidade respiratória). Estes osciladores geram
flutuações rítmicas na descarga eferente neural que se manifestam como oscilações de curta
ou longa duração na atividade cardíaca. A análise destes ritmos permite inferências a respeito
do estado e função dos osciladores centrais, da atividade simpática e vagal, dos fatores
hormonais e do nódulo sinusal (MORTARA et al., 1996).
As variações de FC provêm um padrão favorável de resposta no SNA. A sua
ausência prediz problemas. Em particular a ausência de uma força de baixa freqüência, ou
seja, atividade vagal para o coração, revela um risco iminente de morte súbita. A literatura
científica afirma que a banda de baixa freqüência representa a atividade do SNS, ao contrário
da banda de alta freqüência que representa exclusivamente a atividade vagal para o coração
no ritmo respiratório (KAREMAKER; LIE, 2000).
A multiplicidade dos sinais periféricos e centrais é integrada pelo sistema nervoso
central que, por meio da estimulação ou da inibição de dois efetores principais, o vago e o
simpático, modulam a resposta da freqüência cardíaca, adaptando-a as necessidades de cada
momento. A variação batimento a batimento, obtida pelo intervalo entre duas ondas R do
eletrocardiograma, pode ser analisada em função das freqüências que competem essa
variabilidade (RIBEIRO et al., 2000).
O valor prognóstico da variabilidade da freqüência cardíaca (VFC) com relação à
sobrevivência de infarto miocárdico tem atraído um crescente interesse. Com o Holter ECG,
pode ser coletada uma grande quantidade de dados dos pacientes de forma fácil e não
invasiva. Além do ECG, irregularidades no ritmo cardíaco receberam atenção porque a VFC
24
reflete equilíbrio autonômico. Não será surpreendente que recentes estudos revelem
possibilidades de prognóstico do infarto miocárdico através da variabilidade do ritmo cardíaco
(MOSER et al., 1994).
A análise da variabilidade da freqüência cardíaca tem sido estudada em repouso
como meio não invasivo para avaliação da regulação autonômica cardíaca, sendo que sua
diminuição está relacionada à maior risco cardiovascular. Entretanto durante o exercício,
quando ocorrem importantes alterações neurais, seu comportamento deve ser melhor
documentado (ALONSO et al., 1998, COSTA et al., 1995).
De acordo com os autores citados, normalmente, o retraimento simpático relacionado
à regulação da PA é revelado em manifestações repentinas dos batimentos cardíacos. Devido
ao controle por barorreflexos da circulação, um maior número de manifestações ocorre se a
PA estiver abaixo de um ponto predeterminado, até que a PA seja elevada suficientemente
acima deste ponto novamente e as manifestações simpáticas cessem. Isto vai induzir uma
oscilação em toda atividade simpática e na PA na banda de baixa freqüência. Entretanto, se a
função cardíaca estiver muito prejudicada devido à grande quantidade de estímulos aferentes
de alarme, a atividade simpática será ativada quase continuamente.
25
4. EFEITOS DO EXERCÍCIO FÍSICO SOBRE O SISTEMA
CARDIOVASCULAR
26
4. Efeitos do exercício físico sobre o sistema cardiovascular
Os mecanismos responsáveis pelos ajustes do sistema cardiovascular ao exercício e
os índices de limitação da função cardiovascular constituem aspectos básicos relacionados ao
entendimento das funções adaptativas. Esses mecanismos são multifatoriais e permitem ao
sistema operar de maneira efetiva nas mais diversas circunstâncias. Os ajustes fisiológicos são
feitos a partir das demandas metabólicas, cujas informações chegam ao tronco cerebral
através de vias aferentes, até a formação reticular bulbar, onde se situam os neurônios
reguladores centrais (BARROS NETO; CÉSAR; TEBEXRENI, 1999).
O exercício físico caracteriza-se por uma situação que retira o organismo de sua
homeostase, pois implica no aumento instantâneo da demanda energética da musculatura
exercida e, conseqüentemente, do organismo como um todo. Assim, para suprir a nova
demanda metabólica, várias adaptações fisiológicas são necessárias e, dentre elas, as
referentes à função cardiovascular durante o exercício físico (BRUM et al., 2004).
O exercício físico, em si, é um comportamento que provoca importantes
modificações no funcionamento do sistema cardiovascular e em seus mecanismos de ajuste
autonômicos. Além disso, a resposta mais precoce do sistema cardiovascular ao iniciarmos
uma atividade física, é o aumento da freqüência cardíaca. Esse aumento ocorre de forma
linear e proporcional ao aumento da intensidade de exercício (BRUM et al., 2004).
Durante a prática de exercício físico, o SNA é o principal responsável pelas
alterações cardiovasculares, pois tanto a atividade do sistema nervoso simpático como do
sistema nervoso parassimpático apresentam-se alteradas durante o exercício (REBELO et al;
1997).
Influencias dos sistemas nervosos simpático e parassimpático, fundamentam o
aumento da freqüência cardíaca como a primeira resposta cardiovascular ao exercício. O
efluxo simpático para o coração e vasos sistêmicos aumenta, enquanto o efluxo vagal diminui.
27
Dentre os dois principais componentes do débito cardíaco, freqüência cardíaca e débito
sistólico, a freqüência cardíaca é responsável pela maior parte do aumento do débito cardíaco
durante o exercício, particularmente em níveis mais altos.
A freqüência cardíaca aumenta linearmente com a carga de trabalho e a captação de
oxigênio. Os aumentos de freqüência cardíaca ocorrem primariamente à custa do tempo
diastólico, não do sistólico. Dessa forma, em freqüências muito altas, o tempo diastólico pode
ser tão curto que impossibilite um adequado enchimento ventricular (FROELICHER et al.,
1998).
Durante o exercício ocorrem adaptações cardiovasculares para que possa haver
aumento de fluxo sangüíneo aos territórios musculares em atividade, devido ao aumento da
demanda metabólica e conseqüente aumento do consumo de oxigênio local (BARROS
NETO, 2001).
Exercícios físicos intensos podem aumentar a capacidade funcional do coração em
até 6 a 7 vezes os valores de repouso, sendo está habilidade do coração denominada de
capacidade cardíaca de reserva, e dependerá do estado do miocárdio, efeitos do treinamento
físico, sexo, idade, etc. Durante o exercício, o débito cardíaco depende da diminuição da
resistência vascular periférica que ocorre, principalmente, ao nível do sistema muscular,
devido a vasodilatação das artérias que suprem os músculos em atividade. Também o
aumento no retorno venoso contribui para elevação do débito cardíaco.
O estímulo simpático durante o exercício aumenta a ação efetiva do coração como
bomba, através do aumento da freqüência cardíaca e do aumento da contratilidade miocárdica.
A interação dos efeitos cardíacos e periféricos da estimulação simpática é que permite a
obtenção de grandes aumentos do débito cardíaco durante o exercício físico (LEITE, 2000).
O objetivo final da função cardiovascular durante o exercício consiste em fornecer o
oxigênio e outros nutrientes de que os músculos necessitam para se exercitar. Com essa
28
finalidade, o fluxo sanguíneo muscular aumenta drasticamente durante o exercício, podendo
aumentar por aproximadamente 25 vezes durante exercícios mais extenuantes. Cerca de
metade desse aumento do fluxo resulta da vasodilatação intramuscular causada pelos efeitos
diretos do maior metabolismo muscular, e o restante do aumento do fluxo ocorre
principalmente por aumento moderado, cerca de 30 %, da pressão arterial decorrente do
exercício. Este aumento da pressão arterial além de forçar mais sangue através dos vasos
sanguíneos, também distende as paredes das arteríolas reduzindo ainda mais a resistência
vascular, facilitando assim o fluxo sanguíneo (ALONSO et al., 1998).
Durante a realização de um exercício isotônico, o débito cardíaco aumenta
proporcionalmente ao consumo de oxigênio. Nessa condição, o aumento do débito cardíaco
deve ser acompanhado por um mecanismo eficiente de redistribuição do fluxo sangüíneo, já
que nas estruturas musculares solicitadas, ocorre maior atividade metabólica (BARROS
NETO, 2001; WHIPP, 1994).
O mecanismo de Frank-Starling dita que, dentro de limites, todo o sangue que retorna
ao coração será ejetado durante a sístole. À medida que os tecidos exigem mais oxigênio, o
retorno venoso aumenta, o que faz aumentar o comprimento da fibra ao final da diástole (pré-
carga), resultando numa contração mais forçada (FROELICHER et al., 1998).
A eficácia do bombeamento cardíaco de atletas treinados é cerca de 40 a 50 % maior
que a de pessoas destreinadas, pois possuem aumento da câmara e da massa cardíaca por
cerca de 40 %. Isso é o que justifica atletas treinados apresentarem débito cardíaco de repouso
quase exatamente igual ao de pessoas normais, mesmo possuindo freqüência cardíaca menor
(PERINI; VEICSTEINAS, 2003).
O volume de ejeção sistólico também aumenta quando se realiza exercício em
posição ortostática. Não existe, entretanto, consenso a respeito de se o valor máximo atingido
ocorre em torno de 40% a 60 % ou valor mais elevado em relação ao consumo de oxigênio,
29
ou ainda, se pode aumentar progressivamente até que se alcance débito cardíaco máximo.
Mesmo com o aumento do débito cardíaco, o fluxo sangüíneo não aumenta
indiscriminadamente para territórios que não estejam sendo exercitados, porque nessas áreas
ocorre aumento da resistência local conseqüente à descarga simpática difusa. A diferença
arterio-venosa de oxigênio aumenta durante a atividade física em conseqüência da extração
acentuada de oxigênio do sangue arterial (BARROS NETO, 2001).
Segundo Froelicher et al. (1998), a extração pelos tecidos reflete a diferença ente o
conteúdo de oxigênio das artérias (em geral 8 a 10 ml de O
2
/ 100ml de sangue, em repouso) e
o conteúdo de oxigênio das veias (em geral de 3 a 5 ml de O
2
/ 100ml de sangue, em repouso),
produzindo típica diferença arterio-venosa de O
2
em repouso de 4 a 5 ml, aproximadamente
23 % de extração.
Durante exercício, esta diferença se amplia, à medida que os tecidos funcionando
extraem quantidades maiores de oxigênio, sendo que o conteúdo venoso alcança níveis muito
baixos e a diferença arterio-venosa de O
2
pode chegar a 16 a 18 ml de O
2
/ 100ml de sangue
com exercício exaustivo.
Até o momento, os estudos sugerem que o treinamento físico reduz a pressão arterial
da população hipertensa pela redução do débito cardíaco, que diminui devido ao efeito
bradicárdico desse treinamento, o qual parece ser mediado por uma redução da atividade
nervosa simpática para o coração. Por outro lado, o efeito do treinamento sobre a parte
periférica do sistema cardiovascular, reduzindo a atividade nervosa simpática periférica e,
consequentemente a resistência vascular periférica e a pressão arterial, ainda precisa ser mais
estudado (BRUM et al., 2004).
30
5. DOPING NO ESPORTE
31
5. Doping no esporte
Segundo Barros Neto (2001), o uso dos chamados agentes ergogênicos no esporte de
alto rendimento desencadeou um processo que representa atualmente uma das grandes
preocupações na área das Ciências do Esporte, tanto no que diz respeito ao combate ao
doping, como também no âmbito do uso indiscriminado de drogas e suplementos nutricionais
com objetivos puramente estéticos. A Medicina Esportiva estabelece um conceito para o
termo “agente ergogênico” que abrange todo e qualquer mecanismo, efeito fisiológico,
nutricional ou farmacológico que seja capaz de melhorar a performance nas atividades físicas
esportivas ou ocupacionais.
Observa-se que na história da luta contra o doping, foram poucas às vezes em que
modificações tão marcantes foram observadas em espaço de tempo tão curto. O autor
preconiza, ainda, que a conjugação de esforços de governos e autoridades esportivas é
imprescindível para o êxito daquela luta e que um desafio se impõe no tocante aos Estudos
Olímpicos: "observar o problema do doping em novas perspectivas culturais, sociais,
educacionais e legais". Efetivamente, o Código Mundial Antidoping é o mais rigoroso e
abrangente instrumento de que se tenha notícia para a preservação e restauração do espírito
esportivo quando da ocorrência de violação à regra antidoping (DE ROSE et al., 2003).
Segundo o Comitê Olímpico Brasileiro - COB (DE ROSE et al., 2003), considera-se
dopagem a utilização de substâncias ou métodos que sejam potencialmente prejudiciais à
saúde do atleta, ou capaz de aumentar artificialmente sua performance; o que se caracteriza
pela presença no corpo do atleta ou por evidência de uso de substâncias proibidas, ou ainda
por evidência de uso de métodos proibidos, conforme relação divulgada pelo COI e pela
Agência Mundial Antidoping (WADA).
No século XIX, a invenção francesa “vin mariani”, uma bebida que mistura a folha
de coca com o vinho, que tinha como objetivo a redução da fadiga e da sensação de fome
32
durante as atividades prolongadas. No final dos anos de 1800, corredores maratonistas
freqüentemente bebiam álcool durante as corridas. Bebidas como conhaque, champanhe e
outras substâncias estimulantes eram usadas por atletas americanos (THEIN; THEIN;
LANDRY, 1995).
Essa artimanha, no entanto, não constitui prerrogativa da sociedade moderna, pois
desde os Jogos Olímpicos realizados “antes de Cristo” já utilizavam substâncias que
alteravam o comportamento dos atletas. Essa prática rotulada como “dopagem”, foi
oficialmente registrada pela primeira vez em 1865. Entretanto, foi a partir de 1950 que a
dopagem química ganhou nova dimensão, com o advento de fármacos mais ativos, e passou a
representar o complexo problema que hoje afeta, e muitas vezes comprometem torneios
esportivos de todo o mundo (OLIVEIRA; MORAES, 1982).
Durante a Segunda Guerra Mundial, duas substâncias extremamente eficientes em
aumentar de modo artificial a performance dos atletas surgem no mercado: a anfetamina e os
anabólicos esteróides. A anfetamina foi usada para melhorar a capacidade de combate de
pilotos e comandos especiais durante a guerra. Após o seu término, os jovens soldados se
convertem em atletas, e levam aos estádios o seu conhecimento sobre este estimulante. Os
anabólicos esteróides foram utilizados no pós-guerra imediato, como uma alternativa para
reestruturar o sistema muscular dos prisioneiros de guerra encontrados em avançado estado de
desnutrição (DEPARTAMENTO MÉDICO – COMITÊ OLÍMPICO BRASILEIRO, 2003).
De 1936 a 1964, seis Jogos Olímpicos foram realizados, excluindo o período da
Segunda Guerra Mundial, sendo evidente o uso do esporte como um instrumento da luta pela
supremacia política, como forma de promoção de raça, religião e governo. As substâncias
mais utilizadas eram à anfetamina, nos esportes do tipo aeróbio, e os anabólicos esteróides,
depois de 1954, nos esportes de força e potência (DE ROSE et al., 2004).
33
O doping nos Jogos culmina com a morte de um ciclista finlandês por overdose de
anfetamina em Roma (1960) e pelo uso massivo de esteróides anabolizantes em Tóquio
(1964), que repercutiu de uma forma extremamente negativa para o Movimento Olímpico.
Buscando manter o ideal Olímpico e preservar o espírito dos Jogos, o COI estabeleceu uma
Comissão Médica que realiza controles até os nossos dias (DE ROSE et al., 2004). Em
Barcelona, o uso do clembuterol, um β
2
-agonista, motivou uma nova modificação da lista de
classes farmacológicas proibidas. O conceito de “substâncias afins” recebeu nova
interpretação, passando a incluir não apenas as características da estrutura química, mas
também a ação farmacológica semelhante. Desta forma, a nova classe de agentes anabólicos
foi criada, incluindo os esteróides androgênicos anabolizantes e os β
2
-agonistas (LASMAR;
CAMANHO, 2002)
Entre os Jogos Olímpicos de Verão de 1984 a 1996, a porcentagem de atletas que foi
notificada ao Comitê Olímpico Internacional de que estavam usando a inalação de β agonistas
foi mais que o dobro. Um outro aumento ocorreu entre Atlanta (3,6%) e Sydney 2000 (5,5%)
(MCKENZIE et al., 2002).
O capítulo da luta contra o doping no esporte tem se constituído no lado mais
tenebroso dessa área e nos leva a cada vez mais questionar, no âmbito do esporte de alto
rendimento, a afirmação de que esporte é saúde.
Talvez o maior problema em todo este contexto dos agentes ergogênicos seja o
perigo de se minimizar os efeitos do treinamento físico. Na medida em que os atletas cada vez
mais recorrem ao seu uso, o indivíduo comum parece ser levado a acreditar que exercício só
tem efeito se associado a algum recurso ergogênico. A eficácia do treinamento associado a
uma dieta balanceada parece cada vez ser mais questionada pela população (BARROS NETO,
2001).
34
6. NERVE-EXPRESS SOFTWARE
35
6 - Nerve-Express Software
O Nerve-Express (NE) é um sistema computadorizado totalmente automático e não-
invasivo, destinado à análise quantitativa da atividade do sistema nervoso autônomo
simpático e parassimpático, baseado na análise da variabilidade da freqüência cardíaca. Este
equipamento utiliza dois métodos de avaliação das funções vitais fisiológicas, baseado em
diferentes tipos de análise da VFC, o Nerve-Express e o Health-Express.
O NE utiliza 3 modalidades de testes para a avaliação da FC:
Teste Ortostático: o paciente altera a sua posição de supino para ereto.
Manobra de Valsalva combinada com a respiração profunda.
Monitoração contínua de longa duração do paciente.
6.1 - Nerve-Express
O NE possibilita a identificação de três tipos de padrão como resposta: equilíbrio
autonômico (homeostase vegetativa), prevalência simpática e prevalência parassimpática. O
sistema reconhece automaticamente 74 estados do SNA que representam diferentes relações
entre as atividades do SNS e SNPS e as variações em seu equilíbrio.
No sistema cartesiano de eixos do sistema nervoso simpático/parassimpático, o
princípio básico é que os parâmetros exibidos no ponto de equilíbrio autônomo (SNPS 0) ou
a sua direita representam basicamente pessoas saudáveis, enquanto aqueles que se colocam à
esquerda (SNPS < 0) em sua maioria representam disfunções temporárias ou pessoas
cronicamente doentes.
Na leitura dos ritmogramas constata-se que quanto mais agudo e regular o padrão de
flutuação, mais saudável é a pessoa que está sendo avaliada e, da mesma forma, quanto menos
aguda e regular for à flutuação, menos saudável será a pessoa detentora deste ritmograma.
36
O equipamento registra a atividade parassimpática no eixo X ou horizontal e a
atividade simpática no eixo Y ou vertical. O ponto de intersecção dos eixos simpático e
parassimpático é o ponto de equilíbrio autonômico. Para a direita e acima deste ponto de
equilíbrio, o NE mostra uma área de atividade simpática e parassimpática aumentada em 4
graduações. As diminuições nas atividades do SNS e SNPS são mostradas à esquerda e abaixo
do ponto de equilíbrio.
Figura 6 – Categorias de condições do sistema nervoso autônomo.
Os 74 estados do SNA categorizados pelo NE são subdivididos em 9 categorias:
Categoria 1 – Prevalência do SNPS com nível médio de atividade do
SNS.
SNPS
SNS
37
Esta categoria representa dominância do SNPS. É normalmente observada em
pacientes em repouso ou durante a primeira fase do sono (N-REM). Na segunda fase do sono
(REM), a atividade do SNS geralmente aumenta.
Assim, esta categoria é subdividida em 4 subcategorias, dependendo do nível de
dominância do SNPS (leve, moderada, significante ou aguda). Esta categoria é de certo modo
limitada, já que só pode ser observada em pacientes com valores estritamente médios de
atividade do SNS.
Categoria 2 – Aumento nas atividades do SNS e SNPS.
Esta categoria é subdividida em 16 combinações diferentes de atividade do SNS e
SNPS. É caracteristicamente uma das mais ricas divisões. Uma área distintiva nesta categoria
representa o que pode ser chamado de estado “simpato-adrenérgico alto”, correspondente a
um aumento significante do SNS (pontos [3.1], [3.2], [3.3], [3.4], [4.1], [4.2], [4.3] e [4.4],
mostrados na área de linhas diagonais da figura 6). Uma pessoa alcança este estado quando
experimenta uma maior amplificação de energia (um aumento agudo do SNS). O estado
“simpato-adrenérgico alto” é caracterizado por uma repentina liberação de adrenalina similar
ao qual um atleta experimenta antes da competição.
As categorias de 1 a 3 representam basicamente pessoas saudáveis, entretanto, temos
que ter em mente que pessoas saudáveis podem apresentar dois estados fisiológicos
diferentes. Um estado possui nível baixo de atividade simpática e o outro tem um aumento
significante da atividade simpática, sendo que ambos os estados são distinguidos por um
aumento da atividade parassimpática. Um aumento no SNPS associado a um aumento
significante no SNS reflete o estresse positivo, enquanto que uma diminuição no SNPS
associada a um aumento significante no SNS reflete “distress” ou estresse negativo. A
38
condição de uma pessoa saudável com um aumento significante no SNS e aumento do SNPS
(estado simpato-adrenérgico alto) correspondem à idéia de um estresse positivo.
Categoria 3 – Prevalência do SNS.
Esta categoria representa um aumento do SNS associado a um valor médio de
atividade do SNPS. Do ponto de vista fisiológico, esta categoria representa um estado
transicional entre as categorias 2 e 4.
Categoria 4 – Diminuição do SNPS com aumento de SNS.
Esta categoria pode aplicar-se tanto para indivíduos clinicamente saudáveis como
para indivíduos clinicamente doentes. Entretanto, o uso do termo “saudável” não é sempre
apropriado já que o desequilíbrio funcional do estresse, exaustão física, tensão nervosa,
infecção, intoxicação (incluindo drogas e álcool), exacerbação de condições crônicas e muitas
outras causas ainda podem estar presentes. Nestes casos, uma diminuição no SNPS devido à
depressão dos seus centros nervosos pode ser observada, com uma ativação simpática
simultânea disparada pela tentativa do sistema nervoso em equilibrar-se.
Quando a ativação simpática é elevada (pontos [-2.3], [-2.4], [-3.3], [-3.4], [-4.3] e
[-4.4], mostrados na área vermelha da figura 6), o indivíduo alcança um estado “agudo”
característico de uma doença grave ou extremo estresse ou disfunção. Esta seção “aguda” da
categoria 4 corresponde claramente à idéia de “distress” ou “estresse negativo”.
Categoria 5 – Diminuição do SNPS com nível médio de atividade do
SNS.
39
Esta categoria, como a terceira, é uma fase transicional. Tudo o que pertence à quarta
categoria pode ser relacionado a ela, mas aqui a atividade do SNS aparece com valores
médios. Isto significa que o estresse ou sobrecarga nervosa é irrelevante. Esta categoria pode
freqüentemente refletir uma depressão do sistema receptor do SNPS, indicando a
possibilidade de uma patologia crônica.
Categoria 6 – Diminuição das atividades do SNS e SNPS.
A sexta categoria, especialmente em torno do ponto (–3) dos dois eixos, reflete uma
degeneração involuntária geral dos centros nervosos do SNS e do SNPS (área de degeneração
do SNA mostrada na área de cor alaranjada da figura 6). A maioria dos casos encontrados
nesta categoria se encontrão pacientes muito idosos ou aqueles cujas patologias causam uma
diminuição significante na sensibilidade de todo o sistema receptor aliada à degeneração
parcial dos centros nervosos. Os exemplos são pacientes que sofrem de câncer ou outras
doenças que causem uma depressão similar dos centros do SNA.
Os pontos [-1.-2], [-1.-3] e [-1.-4] são usualmente, mas não exclusivamente,
observados em pacientes com níveis excessivos de íons potássio, o que altera o estado
polarizado usual das fibras do músculo cardíaco levando a uma diminuição da freqüência e da
força de suas contrações. Se a concentração de íons potássio for muita elevada, a transmissão
dos impulsos cardíacos pode ser bloqueada e a atividade cardíaca pode cessar repentinamente
(parada cardíaca). Esta seção da sexta categoria é mostrada na área amarela da figura 6.
Categoria 7 – Equilíbrio autonômico.
40
Esta é uma categoria, apesar de formalmente ser apenas um ponto. Todos os outros
pontos em torno dela pertencem às outras oito categorias devendo ser interpretados como
valores de borda do equilíbrio autonômico. O ponto central é o valor zero e a área de
equilíbrio autonômico está circulada por uma linha vermelha na figura 6.
Categoria 8 – Diminuição do SNS com nível médio de atividade do
SNPS.
Esta categoria, como a terceira e a quinta, é transicional. Tudo o que pertence às
categorias 6 e 9 pode ser relacionado a ela, mas aqui a atividade do SNPS adquire valores
médios.
Categoria 9 – Aumento do SNPS com diminuição do SNS.
A ocorrência da nona categoria não é comum, pois normalmente um aumento do
SNPS é acompanhado de um aumento do SNS. Esta condição rara é encontrada em atletas de
pólo aquático, corredores de longa distância, marinheiros e pessoas com treinamento cardíaco
especial para mergulho profundo no mar.
Quando se utiliza o NE é necessário atentar para o fato de que qualquer reação
esperada do SNA não depende somente do tipo e intensidade do fator impactante, mas
também, é determinada pelo estado funcional do próprio SNA e de sua habilidade de reagir.
41
6.2- Health-Express
O Health-Express (HE) utiliza um tipo diferente de análise da VFC para a
mensuração do estado geral de saúde, ou seja, os níveis de aptidão física, bem estar e
capacidade funcional. A principal diferença é que o HE leva em conta o período de transição
do ritmograma do ortoteste, enquanto o NE não.
O período de transição (intervalos R-R de 192 a 256) corresponde ao processo
transicional entre as posições supina e ereta no ortoteste. Suas principais características são o
“mín” (o intervalo RR mais curto, correspondente à freqüência cardíaca mais elevada ou HR
máxima, enquanto o paciente está mudando de posição de supino para ereto) e o “máx” (o
intervalo RR mais longo, correspondente à freqüência cardíaca mais baixa ou HR mín,
enquanto o coração está se estabilizando na posição ereta).
A regra básica é que quanto mais “profunda” a curva transicional, mais saudável é a
pessoa a que ela pertence e melhor é o funcionamento de seus processos fisiológicos.
Especificamente, quanto mais profunda a curva “no sentido inferior”, mais saudável é o
coração (mais rápido ele reage aumentando a FC). A reação cardíaca é analisada a partir de
um dos principais parâmetros do período de transição – a reação cronotrópica (ChMR). Se a
mesma curva estiver mais profunda “no sentido superior”, mais saudável o sistema vascular
periférico (mais rápida a compensação através da diminuição da FC ao seu nível inicial na
posição supino).
42
7. MATERIAIS E MÉTODOS
43
7. Materiais e métodos
7.1 - Caracterização do estudo.
Trata-se de um estudo clínico, prospectivo, consecutivo, controlado, duplo cego
(PEREIRA, 1995). O estudo foi realizado no Laboratório de Avaliação do Esforço Físico –
LAEF da Faculdade de Ciências da Saúde - FCS da Universidade do Vale do Paraíba -
UNIVAP.
A execução dos testes ocorreu em um ambiente controlado através de uma estação
hidrométrica a uma temperatura ambiente de 24º C e uma umidade relativa do ar de 60%.
7.2 - Caracterização dos sujeitos.
Participaram do estudo 12 atletas de Handball do sexo masculino, na faixa etária de
20,2±1,65 anos, com índice de massa corporal de 24±2,4, que consentiram em participar do
estudo através da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido aprovado pelo
Comitê de Ética e Pesquisa do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento (IP&D) da UNIVAP.
Foram excluídos do estudo atletas que apresentaram qualquer arritmia cardíaca,
atletas fumantes, portadores de asma, asma induzida por exercício, bronquite crônica ou
qualquer outra patologia respiratória.
7.3 - Princípios éticos e legais
O presente protocolo de pesquisa foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em
Pesquisa – CEP da UNIVAP sob o número L157/2005/CEP.
44
Para a realização de todos os procedimentos foi solicitada a assinatura do Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido de todos os sujeitos participantes do protocolo de
investigação, sendo permitido o afastamento a qualquer tempo sem nenhum tipo de prejuízo.
7.4 - Coleta dos dados
Para a realização dos testes na sua fase inicial, à medida que chegavam ao laboratório
de Avaliação do Esforço Físico – LAEF da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade
do Vale do Paraíba – UNIVAP, os atletas eram encaminhados individualmente a uma sala
reservada onde após as devidas explicações sobre os procedimentos de coleta dos dados eram
colocados os sensores do equipamento.
Como vemos na Figura 7, era posicionado junto à caixa torácica, ao nível do
processo xifóide, um sensor torácico da marca Polar®, equipamento que consiste em uma
cinta capaz de detectar as variações da freqüência cardíaca. O sensor do aparelho era fixado
junto ao pescoço e conectado ao microcomputador através de um cabo. Este sensor enviava ao
microcomputador as informações sobre os batimentos cardíacos que eram captados pela cinta
do Polar e interpretados pelo software Nerve-Express formando um gráfico na tela.
Como mostra a figura 8, após posicionar o sensor de freqüência cardíaca, o atleta era
orientado a ficar em posição supina, mantendo-se relaxado, com os membros ao longo do
corpo e os olhos fechados.
45
Figura 7 – Sensor torácico posicionado
Fonte: Foto do autor.
Figura 8 – Avaliação com o atleta em posição supina.
Fonte: Foto do autor
46
Assim que era emitido um sinal sonoro pelo aparelho, o atleta era informado a se
colocar em posição ereta até finalizar o teste, assim como mostra a figura 9.
Figura 9 – Avaliação com o atleta em posição ortostática.
Fonte: Foto do autor
Neste estudo, foram realizadas quatro avaliações em dois dias diferentes, sendo que
em ambos os dias, cada sujeito inicialmente era avaliado com o Software Nerve-Express.
Logo em seguida o atleta ingeria um comprimido, placebo ou Salbutamol e, somente após 45
minutos, considerando o pico de ação da droga, era realizada uma nova avaliação. No
primeiro dia, após ter realizado a avaliação inicial, sem ingestão do comprimido, o atleta
então ingeria um comprimido (placebo), porém recebendo a informação de que era a droga
(Salbutamol) e após 45 min, era realizada uma nova avaliação com o Software Nerve-Express.
No segundo dia, também após a avaliação inicial, o atleta ingeria um outro comprimido,
sendo este composto por (Salbutamol) e mais uma vez recebendo a informação de que era a
droga, após 45 min era realizada outra avaliação com o mesmo software. Na realização desta
47
fase do estudo, tanto o pesquisador como os atletas não sabiam quais eram os comprimidos de
droga ou placebo.
A analise estatística foi feita de forma descritiva, médias e desvio padrão e a
comparação entre grupos feita através do teste t-Student independente e teste ANOVA,
p<0,05 considerado significativo, nível de significância de 95%.
Foi utilizado o programa Microcal (TM) Origin®, versão 6.0.
48
8. RESULTADOS
49
8. Resultados
A seguir os nossos resultados serão apresentados em forma de gráficos e tabelas.
Dentre os 12 sujeitos envolvidos em nosso estudo, todos preenchiam os critérios de inclusão.
8.1. Dados antropométricos.
Participaram deste estudo doze sujeitos sadios, do sexo masculino, atletas de uma
equipe federada de handebol da cidade de São José dos Campos conforme tabela abaixo.
Tabela 1 – Valores antropométricos
n=12
Idade (anos)
20,2±1,6
Massa
corporal
82,8±9,8
Altura (cm)
185,6±4,1
IMC
(kg/m
2
)
24±2,4
Nota 1: Valores expressos em média e desvio padrão.
8.2 Health-Express
Todos os indivíduos analisados neste estudo foram classificados pelo software
Health-Express na região do fitnograma que indica os níveis de funcionamento dos
sistemas fisiológicos e de reserva de adaptação. Cada um dos pontos no fitnograma está
baseado em estudos de avaliação populacional em diversas condições físicas, variando de
atletas profissionais a idosos ou pessoas sofrendo de sintomas de exaustão. Então, se o
resultado for baixo, não significa que o sujeito avaliado está mal, mas somente que seu estado
de saúde está abaixo do nível.
50
Os valores de reação miocárdia cronotrópica (ChMR), parâmetros de variabilidade
ótima em posição supina (POVs) e em posição ereta (POVe) e índice de discrepância (ID)
obtidos nos testes realizados com o software Health-Express junto aos atletas envolvidos
neste estudo estão apresentados na tabela 2.
Tabela 2- Resultados relativos ao índice de
reação miocárdia cronotrópica, parâmetros de
variabilidade ótima em posição supina e ereta e índice
de discrepância.
ChMR POVs POVe ID
0,64±0,07 26±10,8 10±7,4 7,9±7,2
Nota 1: Valores expressos em média e desvio
padrão, intervalo de confiança de 95%, p < 0,05.
A descrição dos níveis de reação cronotrópica obtidos nos testes realizados com os
atletas avaliados neste estudo apresentam-se na tabela 3, onde se observa que dez sujeitos
(83,3%) se encontram nas categorias de 1 a 4 que representam reações cronotrópicas
relativamente normais e, dois (16,7%) apresentaram uma reação cronotrópica reduzida.
Tabela 3- Índices de reação cronotrópica miocárdica dos atletas.
N° de
atletas
Categoria Valor Reação cronotrópica
1 1
< 0,53
Alta reação cronotrópica
1 2 0,53-0,58 Reação cronotrópica normal
4 3 0,59-0,63 Reação cronotrópica próxima do normal
4 4 0,64-0,69 Reação cronotrópica levemente reduzida
1 5 0,70-0,75 Reação cronotrópica moderadamente reduzida
1 6 0,76-0,81 Redução significante da reação cronotrópica
0 7
> 0,81
Redução aguda da reação cronotrópica
51
As tabelas 4 e 5 apresentam os resultados obtidos neste estudo relativos aos valores
de parâmetros de variabilidade ótima (POV) dos atletas. Os POV's mostram quantitativamente
a aproximação do valor ideal por uma estrutura de onda individual e definem o desvio de uma
VFC individual em relação a VFC ideal, sendo divididos em 6 categorias que classificam
valores de 0 a 38.
Tabela 4 – Valores de parâmetros de variabilidade ótima em posição supina dos
atletas.
N° de
atletas
Categoria Valor
Parâmetros de Variabilidade Ótima
(POVs)
5 1 34 - 38 Valores ótimos de POV
0 2 30 – 33 Valores próximos da variabilidade ótima
2 3 24 – 29 Desvio discreto dos valores ótimos
1 4 17 – 23 Desvio moderado dos valores ótimos
4 5 08 – 16 Desvio significante dos valores ótimos
0 6 0 - 07 Desvio agudo dos valores ótimos
Tabela 5 – Valores de parâmetros de variabilidade ótima em posição ereta dos atletas.
N° de
atletas
Categoria Valor Parâmetros de Variabilidade Ótima (POVe)
0 1 34 - 38 Valores ótimos de POV
0 2 30 – 33 Valores próximos da variabilidade ótima
2 3 24 – 29 Desvio discreto dos valores ótimos
0 4 17 – 23 Desvio moderado dos valores ótimos
6 5 08 – 16 Desvio significante dos valores ótimos
4 6 0 - 07 Desvio agudo dos valores ótimos
A tabela 6 representa os valores do índice de discrepância na análise da variabilidade
cardíaca dos atletas.
52
Tabela 6 – Valores dos índices de discrepância.
N° de
atletas
Categoria Valor Índice de Discrepância (ID)
0 1 (-3) – (-1) Estado de equilíbrio
3 2 0 – 1 Estado próximo ao equilíbrio
1 3 2 – 4 Discreto desvio do equilíbrio
3 4 5 – 9 Desvio moderado do equilíbrio
4 5 10 - 21 Desvio significante do equilíbrio
1 6 22 – 39 Desvio agudo do equilíbrio
A tabela 7 apresenta os resultados obtidos neste estudo relativos aos níveis de
funcionamento dos sistemas fisiológicos dos atletas de handball. Podemos observar que 8
atletas (66,6%) apresentam seus sistemas fisiológicos funcionando a um nível relativamente
normal, 2 atletas (16,7%) têm um nível de funcionamento de seus sistemas fisiológicos
significantemente reduzidos e dois deles (16,7%) significantemente aumentado.
Tabela 7 Níveis de funcionamento dos sistemas fisiológicos.
N° de
atletas
Níveis Funcionamento dos Sistemas Fisiológicos
0 1 Mais alto nível de funcionamento dos sistemas fisiológicos
0 2 Próximo do mais alto nível de funcionamento dos sistemas fisiológicos
0 3 Sistemas fisiológicos funcionando a um nível extremo
2 4 Sistemas fisiológicos funcionando a um nível significantemente aumentado
0 5 Sistemas fisiológicos funcionando a nível moderadamente aumentado
2 6 Sistemas fisiológicos funcionando a nível levemente aumentado
2 7 Sistemas fisiológicos funcionando a um nível médio
3 8 Sistemas fisiológicos funcionando a nível reduzido
1 9 Sistemas fisiológicos funcionando a nível moderadamente reduzido
2 10 Sistemas fisiológicos funcionando a nível significantemente reduzido
0 11 Sistemas fisiológicos funcionando a nível extremamente reduzido
0 12 Sistemas fisiológicos funcionando a nível perto do nível mais baixo
0 13 Sistemas fisiológicos funcionando a nível muito baixo
53
Como podemos observar na tabela 8, em relação aos níveis da reserva de adaptação,
10 sujeitos avaliados (83,3%) apresentaram um nível de reserva de adaptação relativamente
normal e 2 indivíduos (16,7%) apresentaram um nível de reserva de adaptação
moderadamente reduzido.
Tabela 8 – Níveis de reserva de adaptação dos atletas.
N° de
atletas
Níveis Reserva de adaptação
1 1 A reserva de adaptação está ao mais alto nível
1 2 A reserva de adaptação está perto do nível mais alto
5 3 A reserva de adaptação está a um nível normal
3 4 A reserva de adaptação está a um nível reduzido
2 5 A reserva de adaptação está a um nível moderadamente reduzido
0 6 A reserva de adaptação está a um nível significantemente reduzido
0 7 A reserva de adaptação está a um nível baixo
A figura 10 ilustra os valores dos testes realizados com os indivíduos envolvidos
neste estudo, relativos aos níveis de aptidão física. O ponto [1.1] indica o melhor nível de
aptidão física e o ponto [13.7] o pior nível de aptidão física.
Figura 10 - Resultados relativos aos níveis de
funcionamento dos sistemas fisiológicos e da reserva de
adaptação dos atletas; os pontos destacados em duas cores
representam dois atletas.
13 Níveis de Fun
ç
ão do Sistema Fisioló
g
ico.
7 Níveis de
Reserva de
Adaptação.
54
8.3 - “Nerve-Express
Através do softwareNerve-Express foram realizadas análises do comportamento
do sistema nervoso autônomo nos atletas de handball de São José dos Campos, Estado de São
Paulo. Uma das análises verificou os níveis de atividade do sistema nervoso simpático e
parassimpático através do programa “Nerve-Express”.
Para efetuar a análise da VFC, o “Nerve-Express” utiliza uma representação visual
efetiva e transparente, conhecida como Método de Ritmografia, que reflete a estrutura de onda
da VFC e atua como uma “impressão digital” dos mecanismos regulatórios autonômicos. Os
intervalos de onda R-R são registrados sequencialmente, formando um ritmograma, ou seja,
um retrato de onda curvo-específica da variabilidade dos intervalos R-R.
A figura 11 ilustra o ritmograma obtido no teste realizado com um dos atletas
envolvidos neste estudo. A representação em forma de ritmograma permite que uma
quantidade de informação seja comprimida em uma simples figura. A representação em onda
mostrada na figura 11 é composta de 448 intervalos RR da freqüência cardíaca.
Figura 11 - Exemplo de ritmograma gerado no softwareNerve-
Express de um dos atletas avaliados no teste.
Uma análise espectral desta amostragem em onda possibilita a identificação de dois
componentes espectrais: a banda de baixa freqüência (LF) que compreende o intervalo de
Posição Supina
Posição Ereta
B
P
M
55
0,04 a 0,15Hz e a banda de alta freqüência no intervalo de 0,15 a 0,4Hz. Um alto grau de
correlação tem sido estabelecido entre a força da banda HF da função espectral e a atividade
do SNPS. Uma correlação similar tem sido demonstrada entre a banda de LF e a atividade do
SNS. Estas descobertas têm sido bem documentadas em publicações científicas do “American
College of Cardiology” e “The American Heart Association” (RIFTINE, 2002).
A figura 12 demonstra a análise espectral do ritmograma mostrado na figura acima,
bem como os valores de banda correspondentes, nas posições supina e ereta.
Figura 12 – Espectros obtidos no teste realizado em um dos atletas
deste estudo, na posição supina e ereta.
Os resultados relativos ao teste realizado com o “Nerve-Express” para verificação
dos valores de freqüência cardíaca e dos componentes de bandas de alta e baixa freqüência
apresentados em forma de espectros, antes e depois do uso do Salbutamol, são mostrados na
Tabela 9.
Posição Supina
Posição Ereta
56
Tabela 9 – Valores médios de freqüência cardíaca, em
batimentos por minuto, após a ingestão de placebo e Salbutamol.
Sujeitos
N=12
FCs
Placebo
FCe
Placebo
FCs
Salbu.
FCe
Salbu.
Atleta 1 53 82 50 82
Atleta 2
64 77 78 91
Atleta 3
56 73 64 83
Atleta 4
61 77 69 86
Atleta 5
72 96 68 79
Atleta 6
46 75 53 70
Atleta 7
47 74 67 78
Atleta 8
51 59 56 81
Atleta 9
81 104 73 106
Atleta
10 74 83 78 73
Atleta
11 62 85 60 84
Atleta
12 74 85 69 81
Média 61,7 80,8 65,4 82,8
NS* p = 0,002*
Nota 1: FCs: frequência cardíaca em supino; Fce: frequência cardíaca em
ereto; Salbu: Salbutamol.; NS: não significativo.
Nota 2: * Teste estatístico T (Stundent).
57
Tabela 10 – Valores das bandas de alta e baixa
freqüência da variabilidade cardíaca dos atletas em supino antes e
depois da ingestão de placebo.
Sujeitos
n=12
HFs
antes
HFs
depois
LFs
antes
LFs
depois
Atleta 1 1210 1609 1149 2366
Atleta 2
177 466 171 709
Atleta 3
1538 2078 2911 8567
Atleta 4
1954 2034 1168 259
Atleta 5
344 3235 408 2154
Atleta 6
5930 6260 2590 2134
Atleta 7
3814 2563 2250 940
Atleta 8
1827 4113 1846 1545
Atleta 9
722 199 284 159
Atleta
10 351 388 1123 305
Atleta
11 4172 1617 4004 167
Atleta
12 243 370 280 998
Média 1857 2078 1515 1692
NS* NS*
Nota 1: HFs – banda de alta freqüência em posição supina; LFs – banda
de baixa freqüência em posição supina; NS: não significativo.
Nota 2: * Teste estatístico T (Stundent).
58
Tabela 11 – Valores das bandas de alta e baixa freqüência da
variabilidade cardíaca dos atletas na posição ereta antes e após a ingestão de
placebo.
Sujeitos
n=12
HFe
antes
HFe
depois
LFe
antes
LFe
depois
Atleta 1 34 38 459 550
Atleta 2 32 51 272 414
Atleta 3 204 641 715 532
Atleta 4 133 527 1149 1268
Atleta 5 111 69 1380 345
Atleta 6 746 317 1160 294
Atleta 7 92 86 422 807
Atleta 8 659 1563 743 958
Atleta 9 57 8 712 110
Atleta
10
216 65 574 886
Atleta
11
23 5 148 592
Atleta
12
33 43 338 1706
Média 195 284 673 705
NS* NS*
Nota 1: HFe – banda de alta freqüência em posição ereta; LFe – banda de
baixa freqüência em posição ereta; NS: não significativo.
Nota 2: * Teste estatístico T (Stundent).
59
Tabela 12 – Valores das bandas de alta e baixa
freqüência da variabilidade cardíaca dos atletas em posição
supina antes e depois da ingestão de Salbutamol
.
Sujeitos
n=12
HFs
antes
HFs
depois
LFs
antes
LFs
depois
Atleta 1 1315 1357 231 360
Atleta 2 140 120 179 1338
Atleta 3 6460 1211 8850 4070
Atleta 4 3027 1091 1025 239
Atleta 5 2757 3037 1962 3131
Atleta 6 7231 1211 1114 6917
Atleta 7 3419 418 503 1229
Atleta 8 2052 3732 1142 3094
Atleta 9 2339 1006 425 826
Atleta
10 1229 245 1586 517
Atleta
11 2747 1388 2229 1455
Atleta
12 165 222 219 1143
Média 2740 1253 1622 2027
p = 0,04* NS*
Nota 1: HFs – banda de alta freqüência em posição supina; LFs – banda
de baixa freqüência em posição supina; NS: não significativo.
Nota 2: * Teste estatístico T (Stundent).
60
Tabela 13 – Valores das bandas de alta e baixa
freqüência da variabilidade cardíaca dos atletas em posição ereta
antes e depois da ingestão de Salbutamol.
Su
j
eito
s
n=12
HFe
antes
HFe
depois
LFe
antes
LFe
depois
Atleta 1 59 33 1211 479
Atleta
2
25 51 566 793
Atleta 3 135 190 926 1428
Atleta
4
79 88 385 305
Atleta 5 410 208 1321 1901
Atleta
6
1191 1896 664 6591
Atleta
7
184 157 824 289
Atleta 8 80 214 125 593
Atleta
9
27 17 156 228
Atleta
10
231 214 549 425
Atleta
11
50 83 212 589
Atleta
12
36 42 637 947
Média 208 266 631 1214
NS* NS*
Nota 1: HFs – banda de alta freqüência em posição ereta; LFs – banda de
baixa freqüência em posição ereta; NS: não significativo.
Nota 2: * Teste estatístico T (Stundent).
61
Tabela 14 – Valores das bandas de alta e baixa
freqüência da variabilidade cardíaca dos atletas em posição
supina antes da ingestão de placebo e de Salbutamol.
Sujeitos
n=12
HFs
Antes
Placebo
HFs
Antes
Salbu
LFs
Antes
Placebo
LFs
Antes
Salbu
Atleta 1 1210 1315 1149 231
Atleta 2
177 140 171 179
Atleta 3
1538 6460 2911 8850
Atleta 4
1954 3027 1168 1025
Atleta 5
344 2757 408 1962
Atleta 6
5930 7231 2590 1114
Atleta 7
3814 3419 2250 503
Atleta 8
1827 2052 1846 1142
Atleta 9
722 2339 284 425
Atleta
10 351 1229 1123 1586
Atleta
11 4172 2747 4004 2229
Atleta
12 243 165 280 219
Média 1857
2740
1515
1622
NS* NS*
Nota 1: HFs – banda de alta freqüência em posição supina; LFs – banda
de baixa freqüência em posição supina; NS: não significativo.
Nota 2: * Teste estatístico T (Stundent).
62
Tabela 15 – Valores das bandas de alta e baixa
freqüência da variabilidade cardíaca dos atletas em posição
ereta depois da ingestão de placebo e de Salbutamol.
Sujeitos
n=12
HFe
Depois
Placebo
HFe
Depois
Salbu.
LFe
Depois
Placebo
LFe
Depois
Salbu.
Atleta 1 38 33 550 479
Atleta 2 51 51 414 793
Atleta 3 641 190 532 1428
Atleta 4 527 88 1268 305
Atleta 5 69 208 345 1901
Atleta 6 317 1896 294 6591
Atleta 7 86 157 807 289
Atleta 8 1563 214 958 593
Atleta 9 8 17 110 228
Atleta
10
65 214 886 425
Atleta
11
5 83 592 589
Atleta
12
43 42 1706 947
Média 284 266 705 1214
NS* NS*
Nota 1: HFe – banda de alta freqüência em posição ereta; LFe – banda de
baixa freqüência em posição ereta; NS: não significativo.
Nota 2: * Teste estatístico T (Stundent).
A interpretação dos valores de banda pelo softwareNerve-Express” expressa os
níveis de atividade do SNS e SNPS a nível fisiológico, com o indivíduo nas posições supina e
ereta, indicando se estes sistemas estão atuando normalmente (nível médio de atividade) ou se
suas atividades encontram-se diminuídas ou aumentadas. De acordo com os valores dos níveis
63
de atividade dos dois sistemas, o “Nerve-Express” calcula a média da atividade total do SNA,
nas posições supina e ereta.
Figura 13 - Níveis de atividade do Sistema Nervoso Autônomo obtidos
no teste realizado com um dos atletas.
O “Nerve-Express (NE) registra a atividade do SNPS e SNS em forma de gráfico,
distribuídos em 4 quadrantes, nos eixos X e Y, respectivamente, nas posições supina e ereta.
A figura 14 mostra um gráfico obtido na realização do teste com o NE em um sujeito
envolvido neste estudo.
Figura 14 – Gráfico obtido no teste realizado com um
dos atletas envolvidos neste estudo, registrando as médias de
atividade do Sistema Nervoso Simpático e Sistema Nervoso
Parassimpático, na posição supina e ereta.
64
A seguir podemos observar os níveis médios de atividade do SNA dos atletas
avaliados neste estudo.
Tabela 16 – Nível de atividade total do Sistema Nervoso
Parassimpático e Simpático dos atletas antes e depois da ingestão de
placebo.
Sujeitos
n=12
SNPS
Antes
SNPS
Depois
SNS
Antes
SNS
Depois
Atleta 1 -0,5 0 1 1
Atleta 2 -2,5 -1 1 0,5
Atleta 3 1 2,5 1 2
Atleta 4 0,5 0,5 0 0
Atleta 5 -0,5 0,5 1,5 1,5
Atleta 6 2 1,5 0 -1
Atleta 7 0,5 0 -0,5 -0,5
Atleta 8 1,5 2,5 0,5 -1,5
Atleta 9 -0,5 -3 1 2
Atleta
10
-0,5 -0,5 1,5 0,5
Atleta
11
0 -0,5 1,5 0
Atleta
12
-2 -0,5 1 0,5
Média -
0,083
0,17 0,79 0,42
NS* NS*
Nota 1: SNPS – Sistema Nervoso Parassimpático; SNS – Sistema
Nervoso Simpático; NS: não significativo.
Nota 2: * Teste estatístico T (Stundent)..
65
Tabela 17 – Nível de atividade total do Sistema Nervoso
Parassimpático e Simpático dos atletas antes e depois da ingestão de
Salbutamol.
Sujeitos
n=12
SNPS
Antes
SNPS
Depois
SNS
Antes
SNS
Depois
Atleta 1 0 0 0 -0,5
Atleta 2 -2 -1 0,5 1,5
Atleta 3 2 1 1,5 2
Atleta 4 0 -0,5 0 1
Atleta 5 1 1 0 1,5
Atleta 6 2,5 3 -1 3
Atleta 7 0,5 -0,5 -0,5 1
Atleta 8 0 1 0 1
Atleta 9 -0,5 -1 1,5 1,5
Atleta
10 0,5 -1 1 0,5
Atleta
11 -0,5 0,5 1,5 0,5
Atleta
12 -2 -1,5 0,5 1
Média 0,125 0,083 0,42 1,17
NS** p = 0,04**
Nota 1: SNPS – Sistema Nervoso Parassimpático; SNS – Sistema
Nervoso Simpático; NS: não significativo.
Nota 2: ** Teste estatístico ANOVA.
66
Tabela 18 – Níveis de atividade total do Sistema
Nervoso Parassimpático e Sistema Nervoso Simpático dos atletas
depois da ingestão de placebo e Salbutamol.
Sujeitos
n=12
SNPS
Placebo
SNPS
Salbu.
SNS
Placebo
SNS
Salbu.
Atleta 1 0 0 1 -0,5
Atleta 2 -1 -1 0,5 1,5
Atleta 3 2,5 1 2 2
Atleta 4 0,5 -0,5 0 1
Atleta 5 0,5 1 1,5 1,5
Atleta 6 1,5 3 -1 3
Atleta 7 0 -0,5 -0,5 1
Atleta 8 2,5 1 -1,5 1
Atleta 9 -3 -1 2 1,5
Atleta
10
-0,5
-1
0,5
0,5
Atleta
11
-0,5
0,5
0
0,5
Atleta
12
-0,5
-1,5
0,5
1
Média 0,17 0,083 0,42 1,17
NS** NS**
Nota 1: SNPS – Sistema Nervoso Parassimpático; SNS – Sistema
Nervoso Simpático, NS: não significativo.
Nota 2: ** Teste estatístico ANOVA
.
67
Placebo
0,416
0,791
0,166
-0,083
-2
-1,5
-1
-0,5
0
0,5
1
1,5
2
SNPS Antes SNPS
Depois
SNS Antes SNS Depois
Figura 15 – Níveis médios de atividade total do
Sistema Nervoso Simpático e Sistema Nervoso
Parassimpático dos atletas antes e depois da ingestão de
placebo.
Salbutamol
0,125
1,166
0,416
0,083
-2
-1,5
-1
-0,5
0
0,5
1
1,5
2
SNPS Antes SNPS
Depois
SNS Antes SNS Depois
Figura 16 – Níveis médios de atividade total do
Sistema Nervoso Simpático e Sistema Nervoso
Parassimpático dos atletas antes e depois da ingestão de
Salbutamol.
Na figura acima é possível notar que nos atletas analisados neste estudo, não foi
observada diferença estatisticamente significativa quando comparamos a atividade nervosa
simpática e parassimpática antes e após a ingestão de placebo e Salbutamol. Entretanto,
quando observamos os valores médios notamos uma discreta redução no valor da atividade do
68
sistema nervoso parassimpático e uma acentuada diferença nos valores médios da atividade
nervosa simpática quando da ingestão de Salbutamol.
De acordo com os níveis de atividade de ambos os valores (SNS e SNPS), o Software
Nerve-Express” classifica os sujeitos analisados em nove categorias de estado do SNA, como
mostrado nas tabelas 19 e 20.
Tabela 19 – Categorias de estado do Sistema Nervoso Autônomo depois da
ingestão de placebo.
N° de
atletas
antes
N° de
atletas
depois
Categoria
Classificação
1 0 1 Prevalência do SNPS com nível médio da atividade do SNS
2 2 2 Aumento das atividades de SNPS e SNS
1 1 3 Prevalência de atividade do SNS
6 1 4 Diminuição do SNPS com aumento do SNS
0 0 5 Diminuição da atividade do SNPS e nível médio de atividade simpática
0 0 6 Diminuição das atividades do SNS e SNPS “degeneração do SNA”
2 6 7 Balanço autonômico
0 0 8 Diminuição do SNS e níveis médios de atividade parassimpática
0 2 9 Diminuição do SNS associado à elevação da atividade do SNPS
Nas figuras 17 e 18 podemos verificar os níveis de atividade do SNA dos atletas
antes e depois da ingestão de placebo.
69
-4
-3
-2
-1
0
1
2
3
4
-4-3-2-101234
SNPS
SNS
Atleta 1
Atleta 2
Atleta 3
Atleta 4
Atleta 5
Atleta 6
Atleta 7
Atleta 8
Atleta 9
Atleta 10
Atleta 11
Atleta 12
Figura 17 – Níveis de atividade total do Sistema Nervoso Simpático e
Sistema Nervoso Parassimpático dos atletas antes da ingestão de placebo.
-4
-3
-2
-1
0
1
2
3
4
-4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4
SNS
SNPS
Atleta 1
Atleta 2
Atleta 3
Atleta 4
Atleta 5
Atleta 6
Atleta 7
Atleta 8
Atleta 9
Atleta 10
Atleta 11
Atleta 12
Figura 18 – Níveis de atividade total do Sistema Nervoso Simpático e
Sistema Nervoso Parassimpático dos atletas depois da ingestão de placebo.
70
Tabela 20 – Categorias de estado do Sistema Nervoso Autônomo
após da ingestão de Salbutamol.
N° de
atletas
antes
N° de
atletas
depois
Categoria
Classificação
0 0 1 Prevalência do SNPS com nível médio da atividade do SNS
1 4 2 Aumento das atividades de SNPS e SNS
0 0 3 Prevalência de atividade do SNS
4 3 4 Diminuição do SNPS com aumento do SNS
0 0 5 Diminuição da atividade do SNPS e nível médio de atividade simpática
0 0 6 Diminuição das atividades do SNS e SNPS “degeneração do SNA”
6 5 7 Balanço autonômico
0 0 8 Diminuição do SNS e níveis médios de atividade parassimpática
1 0 9 Diminuição do SNS associado à elevação da atividade do SNPS
Nas figuras 19 e 20 podemos verificar os níveis de atividade do SNA dos atletas
antes e depois da ingestão de Salbutamol.
-4
-3
-2
-1
0
1
2
3
4
-4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4
SNS
SNPS
Atleta 1
Atleta 2
Atleta 3
Atleta 4
Atleta 5
Atleta 6
Atleta 7
Atleta 8
Atleta 9
Atleta 10
Atleta 11
Atleta 12
Figura 19 – Níveis de atividade total do Sistema Nervoso Simpático e
Sistema Nervoso Parassimpático dos atletas antes da ingestão de Salbutamol.
71
-4
-3
-2
-1
0
1
2
3
4
-4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4
SNS
SNPS
Atleta 1
Atleta 2
Atleta 3
Atleta 4
Atleta 5
Atleta 6
Atleta 7
Atleta 8
Atleta 9
Atleta 10
Atleta 11
Atleta 12
Figura 20 – Níveis de atividade total do Sistema Nervoso Simpático e
Sistema Nervoso Parassimpático dos atletas depois da ingestão de Salbutamol.
72
9- DISCUSSÃO
73
9- Discussão
A análise dos dados antropométricos dos sujeitos envolvidos neste estudo revelou a
idade média de 20,2 + 1,6 anos, massa corporal de 82,8 + 9,8 kg, apresentando um valor
médio de IMC igual 24 + 2,4 kg/m
2
. A altura média dos atletas foi de 185,6 + 4,1 cm,
conforme mostra a tabela 1. Todos os 12 sujeitos eram saudáveis, não apresentando lesões
físicas ou limitação funcional diagnosticada e também não se encontravam sob tratamento
medicamentoso durante a fase de coleta dos dados.
O índice de reação miocárdica cronotrópica é a base para a avaliação dos níveis de
reservas de adaptação. Nossos resultados referentes aos índices médios de reação miocárdica
cronotrópica dos atletas mostraram um valor de 0,64 ± 0,1 que se encontra na faixa de uma
reação cronotrópica levemente reduzida. Quando analisamos individualmente os atletas,
observou-se que seis atletas (50%) se encontravam nas categorias 3, 2 e 1 que representam
reações cronotrópicas normais e próximas da normalidade, 4 atletas (33%) com valores de
reação cronotrópica levemente reduzida e, apenas 2 atletas (16,6%) demonstraram valores
consideravelmente reduzidos.
Segundo Riftine (2002), o POV é um parâmetro que representa uma estrutura de
onda de variabilidade da freqüência cardíaca ótima. Este parâmetro mostra quantitativamente
a aproximação de um valor ideal de uma estrutura individual, definindo o desvio da
variabilidade cardíaca avaliada de uma variabilidade cardíaca ideal.
Os valores médios dos parâmetros de variabilidade ótima analisados na posição
supina e ereta foram respectivamente 26 ± 10,8 e 10 ± 7,4 que representam respectivamente
um discreto desvio do valor ótimo e quando em ereto um significante desvio. Ao analisarmos
individualmente os atletas encontramos na posição supina 7 atletas (58,3%) apresentando
discreto desvio e cinco (41,7%) apresentando consideráveis desvios dos valores ótimos. Para
74
a posição ereta, observamos uma piora acentuada dos valores onde 10 atletas (83,3%)
exibiram um significante desvio e dois deles com discretos desvios dos parâmetros de
variabilidade ótima.
O índice de discrepância (ID) oferece uma avaliação quantitativa da discrepância da
variabilidade da freqüência cardíaca após o período transicional. Este parâmetro também é
conhecido como parâmetro de equilíbrio, o qual permite a avaliação da estrutura de onda da
variabilidade cardíaca de recuperação após qualquer impacto (RIFTINE, 2002).
Na avaliação dos índices de discrepância observamos um valor médio de 7,9 ±
7,2
que indica um moderado desvio do ponto de equilíbrio. Na avaliação individual, observamos
4 atletas (33,3%) apresentando-se com valores próximos ao ponto de equilíbrio, 3 atletas
(25%) com um moderado desvio e 5 sujeitos (41,6%) com significantes desvios.
Todos os atletas analisados neste estudo foram classificados pelo Software Health-
Express na região do fitnograma que indica os níveis de funcionamento dos sistemas
fisiológicos e de reserva de adaptação.
Em relação aos níveis de funcionamento dos sistemas fisiológicos observamos que 6
atletas (50%) apresentaram níveis bastante reduzidos, 4 deles (33,3%) níveis médios e 2
(16,7%) exibiram um nível significantemente aumentado. Quanto à reserva de adaptação, 5
atletas (41,7%) mostraram uma reserva de adaptação moderadamente reduzida, 5 (41,7%)
com reservas normais e 2 (16,7%) apresentaram um excelente nível de reserva de adaptação
cardíaca.
Através da análise do Health-Express podemos identificar os níveis de aptidão física
dos sujeitos, mostrando os seus níveis de reserva de adaptação e níveis de funcionamento de
seus sistemas fisiológicos. Esta avaliação fornece importantes informações que permitem
intervenções junto ao programa de treinamento adotado. Quando observamos na figura 10 a
75
distribuição dos atletas avaliados vemos que alguns apresentam excelentes níveis de aptidão
física, em contrapartida uma pequena porcentagem deles mostra níveis insatisfatórios.
A variabilidade da freqüência cardíaca é caracterizada por uma variedade de
oscilações periódicas e não periódicas. As análises de sua dinâmica têm sido consideradas
como uma fonte provedora de importantes informações a respeito do controle cardiovascular
autonômico. Em particular, a análise espectral dos componentes harmônicos envolvidos na
VFC parece mensurar o estado do equilíbrio simpato-vagal em várias condições fisiológicas e
patofisiológicas (GUZZETTI et. al., 2001).
Em adição à atividade simpática eferente, a oscilação da força da banda de baixa
freqüência é resultado de vários fatores, como a responsividade cardiovascular dos órgãos-
alvo, respiração, sensibilidade dos quimiorreceptores, sensibilidade dos baroceptores e
atividade simpática aferente (GUZZETTI et. al., 2002).
Nozdrachev e Shcherbatykh (2001), afirmam que o método de investigação da VFC
através da análise espectral das séries de intervalos R-R tem se tornado cada vez mais
popular. Este método mostra a distribuição da freqüência da força num espectro geral da
freqüência cardíaca. Segundo estes autores, a análise espectral abre novas oportunidades para
a investigação dos centros do sistema nervoso autônomo, pois as flutuações da freqüência
cardíaca são causadas por ações de estruturas cerebrais que regulam o coração.
A análise da variabilidade da freqüência cardíaca pelo método de domínio da
freqüência e do tempo tem sido utilizada para avaliar a regulação autonômica cardíaca. O
Nerve-Express é um sistema digital que realiza a análise quantitativa do estado do sistema
nervoso autônomo. O sistema utiliza um único algoritmo, que realiza a análise dos picos de
amplitudes em baixa e alta freqüência espectral e oferece uma representação gráfica da
relação quantitativa entre a atividade simpática e parassimpática (TERECHTCHENKO et al.,
2003).
76
Inicialmente foi mensurada a freqüência cardíaca durante a manobra do ortoteste.
Todos os atletas estavam em repouso, tendo ingerido os comprimidos de placebo ou
Salbutamol no período de 45 minutos anterior às coletas. Nenhum dos atletas e pesquisadores
sabia da identificação dos comprimidos. O grupo placebo apresentou um valor médio de FC
em supino de 61,7 batimentos por minuto (bpm) evoluindo para 80,8 bpm quando adotaram a
postura ereta sem mostrar diferença significativa (p > 0,05). Já o grupo Salbutamol
demonstrou um valor médio de FC em repouso de 65,4 bpm evoluindo para 82,8 bpm, onde
se observa uma diferença estatisticamente significativa (p = 0,002). Isto demonstra o efeito da
droga sobre a função cardiovascular.
O coração é um órgão que recebe influências autonômicas na manutenção da
homeostase e, nesse sentido, uma de suas principais características consiste na constante
modificação da freqüência de seus batimentos (RIBEIRO et al., 2000).
Os nossos achados coincidem com a literatura que evidencia uma taquicardia como
efeito colateral da ingestão de drogas broncodilatadoras. Segundo Jardim, Kirchenchtejn e
Faro (1996), a taquicardia é explicada pela ação direta da droga nos receptores β
1
do coração,
pela vasodilatação dos vasos pulmonares e periféricos (com taquicardia reflexa) e talvez pela
supressão do reflexo vagal, fator este que pode ocorrer com altas doses de β
2
. A ingestão de
altas doses de β
2
pode produzir arritmias e isquemias miocárdicas, devido à concomitante
associação do efeito β
1
estimulante do músculo cardíaco, além de possível redução do
potássio sérico induzido pela droga.
As aminas simpatomiméticas produzem broncodilatação pela estimulação dos β
receptores nos músculos das vias aéreas. Os efeitos indesejáveis ocorrem devido a
estimulação dos receptores β no coração (β
1
). Pesquisas farmacológicas no campo das aminas
broncodilatadores simpatomiméticos têm concentrado na investigação de drogas com seletiva
ação nos receptores β
2
. O Salbutamol 2-t-butylamino-1-(hydroxy-3-hydroxymethyl)-
77
phenyllethanol é um não catecol adrenérgico β estimulante que não é um substrato do
catechol-O-methyltransferase. Ele é um seletivo β
2
receptor estimulante causando pouca ou
nenhuma taquicardia quando oferecido em doses efetivas por aerossol ou via oral (WALKER
et al., 1972).
Goubault et al. (2001), em um estudo prospectivo, duplo cego, randomizado,
comparou duas doses de Salbutamol e placebo administrados por inalação durante a
realização de testes ergométricos com 12 sujeitos triatletas. O tempo máximo de endurance
foi similar após a inalação de Salbutamol e placebo, entretanto observou-se uma diferença
significativa nos valores de freqüência cardíaca (p = 0,006) e de pressão arterial sistólica (p =
0,02).
Pichon et al. (2005), realizaram um estudo comparando através da capacidade
máxima de exercício, resistência respiratória, manobras de capacidade vital forçada e
constantes submáximas de exercícios em oito sujeitos sadios, atletas, submetidos à inalação
de Salbutamol e placebo. Os autores verificaram diferenças nos valores médios de freqüência
cardíaca e de VO
2
máximo, entretanto esta diferença não foi significativa.
Em função da elevação da atividade adrenérgica, as drogas de broncodilatadoras
podem ocasionar o aumento da pressão arterial e da freqüência cardíaca, além de favorecer o
surgimento de arritmias cardíacas e espasmos arteriais coronários em indivíduos susceptíveis,
com conseqüente isquemia miocárdica (BAPTISTA et al., 2005).
No indivíduo normal as alterações da FC são comuns e esperadas, ocorrendo
secundariamente ao esforço, ao estresse físico ou mental, à respiração, a alterações
metabólicas e após a ingestão de determinadas drogas lícitas e ilícitas (LONGO; FERREIRA;
CORREIA, 1995).
Todos os atletas foram avaliados pelo software Nerve-Express antes e após da
ingestão de placebo e de Salbutamol. Por meio do Nerve-Express podemos verificar o
78
comportamento da atividade nervosa simpática e parassimpática através da variabilidade da
freqüência cardíaca durante o ortoteste.
Os 12 atletas analisados neste estudo na fase de placebo apresentaram valores médios
do SNPS= -0,083 e do SNS= 0,79 antes da ingestão e, após a ingestão apresentaram os
valores de SNPS= 0,17 e do SNS= 0,42. Observamos que não existe diferença significativa
quando comparamos os valores exibidos antes e após a ingestão de placebo. Os comprimidos
de placebo não alteraram a atividade nervosa simpática e parassimpática.
A avaliação do sistema nervoso autônomo na fase de ingestão de Salbutamol mostrou
valores médios do SNPS= 0,125 e do SNS= 0,42 antes da ingestão e, após a ingestão os
valores de SNPS= 0,083 e do SNS= 1,66. Observamos que existe diferença significativa nos
valores referentes à atividade do sistema nervoso simpático (p= 0,04) quando comparamos os
valores exibidos antes e após a ingestão de Salbutamol.
Segundo Baptista et al. (2005), o uso de drogas do tipo Salbutamol ou formoterol
podem ocasionar em função da elevação da atividade adrenérgica, o aumento da pressão
arterial e da freqüência cardíaca, além de favorecer o surgimento de arritmias cardíacas e
espasmos arteriais coronários em indivíduos susceptíveis, com conseqüente isquemia
miocárdica.
Vários investigadores têm demonstrado o efeito positivo inotrópico das
catecolaminas no mecanismo de contração muscular. Estes efeitos são mediados através dos
receptores β
2
localizados no sarcolema e nos túbulos “T” dos músculos, que aumentam a sua
força de contração devido à administração de β
2
adrenérgicos e de sua natureza
simpatomimética. A resposta cronotrópica para as drogas β agonistas é considerada ser
mediada em parte pelos receptores β
1
e β
2
, diretamente como estimulação cardíaca e
mecanismos de reflexo secundários ao efeito à estimulação pré-sináptica dos receptores β
2
. Os
achados destes estudos evidenciam os efeitos na pressão sanguínea diastólica, sugerindo que a
79
diferença na resposta cronotrópica é devida a estimulação cardíaca direta (BREMNER et al.,
1993; SIGNORILE et al., 1991).
Ao analisarmos os valores individualizados das bandas de alta e baixa freqüência da
variabilidade cardíaca que representam respectivamente o comportamento do sistema nervoso
parassimpático e simpático, nas posições supina e ereta, com a ingestão de placebo, não foram
observadas diferenças significativas. Isto nos mostra que o placebo não alterou o
comportamento do sistema nervoso autônomo durante os testes.
Na análise das bandas de alta e baixa freqüência, que representam o comportamento
do sistema nervoso parassimpático, na situação de ingestão de Salbutamol quando os atletas
se encontravam na posição supina observou-se uma diferença significativa nos valores (HF
supino antes = 2740 e HF supino após Salbutamol = 1253) evidenciando uma considerável
retração de atividade nervosa parassimpática. Em relação aos valores de bandas de baixa
freqüência, que representam a atividade nervosa simpática, não se observou diferença
estatística, entretanto a média dos valores de cada atleta foi muito diferente (LF supino
antes=1622 e LF supino depois do Salbutamol=2027), evidenciando um considerável
aumento da atividade simpática após a ingestão da droga.
Dos 12 atletas analisados, apenas 4 não evidenciaram este comportamento de
elevação dos níveis de atividade nervosa simpática. Todos os outros (8) atletas exibiram um
elevado aumento, que quando comparados aos valores de antes e depois da ingestão da droga
apresentaram uma significativa elevação (p = 0,047).
Quando foram analisados os valores individualizados das bandas de alta e baixa
freqüência da variabilidade cardíaca que representam respectivamente o comportamento do
sistema nervoso parassimpático e simpático, nas posições supina e ereta, com a ingestão de
Salbutamol, em relação à banda de alta freqüência não foi observada diferença significativa,
mas houve um aumento discreto nos valores médios. Em relação às bandas de baixa
80
freqüência também não foi registrada diferença significativa (LF ereto antes Salbutamol = 631
e LF ereto Salbutamol = 1214), entretanto observa-se que 4 atletas apresentaram um
comportamento contrário e o desvio padrão foi muito alto.
Em uma das análises do software Nerve-Express ele classifica os sujeitos avaliados
em categorias de estado do sistema nervoso autônomo. Após a ingestão de placebo, foi
observado que apenas 1 atleta apresentou uma considerável diminuição da atividade nervosa
parassimpática com aumento da atividade simpática. Os demais se encontraram em uma faixa
de normalidade, inclusive destes, 6 atletas apresentaram um ponto de equilíbrio autonômico.
Com a ingestão do Salbutamol, foi observado que 7 atletas (58,3%) apresentaram
forte incremento na atividade nervosa simpática e 5 (41,7%) tiveram elevações de suas
atividades simpáticas, porém permaneceram em uma faixa de equilíbrio autonômico devido
ao fato da atividade parassimpática ter também se elevado.
A conquista pessoal é um fato histórico e inerente ao ser humano. Na área esportiva
competitiva, assume, por vezes, aspectos perigosos, pois seu não domínio para conseguir o
objetivo da vitória nos transporta para a execução de atos incompatíveis com as regras.
Infringem-se as leis desportivas e nesse patamar, situa-se o doping. O COI define o doping
como a utilização de métodos ou substâncias exógenas que visam a influir no aumento do
desempenho do atleta durante as competições (BAPTISTA et al., 2005).
O Salbutamol e o Salmeterol são permitidos para a inalação (aerossol) somente na
prevenção ou no tratamento da asma e no exercício induzindo a asma. Devemos ressaltar, no
entanto que, essas substâncias também são utilizadas como doping para o ganho de força
muscular, a exemplo dos anabólicos, como também aumentam a agressividade, ação útil em
modalidades de luta.
As drogas e outras terapias ilegais, para se ter vantagem nas competições, assolam
muitos países. Cada qual tentando suplantar o outro, sem parar de aplicar drogas em seus
81
atletas. O atleta, pela tremenda pressão, usa os meios ilegais e legais para manter a boa forma
física e psíquica. A suspeita do uso de drogas nos esportes aconteceu após a Segunda Guerra
Mundial, em nível de a Olimpíada de Los Angeles, nos Estados Unidos da América, ficar
conhecida como “Olimpíada da Farmacologia” (CAVALCANTI et al., 2002).
Segundo Thein, Thein e Landry (1995), vários atletas têm buscado recursos
ergogênicos no sentido de superar os seus oponentes. O termo “ergogênico” significa a
utilização de meios para aumentar a capacidade de trabalho, que, no contexto do esporte
inclui técnicas usadas para o aumento da produção de energia e melhor performance.
O uso dos chamados agentes ergogênicos no esporte de alto rendimento desencadeou
um processo que representa atualmente uma das grandes preocupações na área das Ciências
do Esporte, tanto no que diz respeito ao combate ao doping, como também no âmbito do uso
indiscriminado de drogas e suplementos nutricionais com objetivos puramente estéticos. Os
agentes ergogênicos farmacológicos constituem-se, sem dúvida, no maior problema para a
saúde, a ética e a própria legislação esportiva (BARROS NETO, 2001).
Os avanços na bioengenharia e no processamento de sinais biológicos têm permitido
inúmeras possibilidades de novos procedimentos terapêuticos não-invasivos, bem como
aumentado a capacidade de diagnóstico, especialmente na área cardiovascular. Recentemente
a análise da variabilidade da freqüência cardíaca realizada por um computador trouxe
possibilidades reais de observação e compreensão dos mecanismos extrínsecos do controle e
ritmo cardíaco em situações fisiológicas e patológicas (MOSER et al., 1994; RIBEIRO;
BRUM; FERRARIO, 1992).
A atividade do sistema nervoso proporciona o mecanismo fundamental no controle
da pressão arterial. Pequenas alterações nos níveis de sua atividade alteram de maneira
significativa os graus de vasoconstricção dos vasos sanguíneos de vários órgãos chaves em
nosso organismo. Isto ocorrendo frequentemente, aumentos e reduções do fluxo sanguíneo
82
destes órgãos, afeta tanto a função destes como também a pressão arterial (MALPAS et al.,
2001).
Segundo Jardim, Kirchenchtejn e Faro (1996), a freqüência dos efeitos colaterais das
drogas β
2
é diretamente proporcional à concentração plasmática atingida. Dentre os seus
principais efeitos destacamos a taquicardia, os tremores musculares e os efeitos metabólicos.
A taquicardia pode ser explicada pela ação direta da droga nos receptores β
1
do coração e pela
vasodilatação dos vasos pulmonares e periféricos. Os tremores musculares ocorrem devido à
ação β
2
adrenérgica sobre os receptores musculares, o que faz com que ocorra a aceleração da
fase de relaxamento das fibras de contração lenta. Os efeitos metabólicos, não são freqüentes
e costumam aparecer com a terapêutica parenteral, sendo também associados à atividade dos
receptores β
2
: hiperglicemia e hiperinsulinemia.
Altas dosagens de β
2
podem produzir arritmias e isquemias miocárdicas devido à
concomitante associação do efeito β
2
estimulante do músculo cardíaco, além de possível
redução do potássio sérico induzido pela droga. Baseados nestes parâmetros destacam a
importância de estudos nesta área.
A realização deste estudo permitiu a avaliação do comportamento do sistema nervoso
autônomo através da análise da variabilidade cardíaca, mensurando as atividades nervosas
simpáticas e parassimpáticas de maneira independente. Isto proporcionou a confirmação do
estresse cardiovascular gerado pela ingestão da droga Salbutamol (β
2
adrenérgico),
comumente ingerida entre atletas de alto rendimento como agente ergogênico.
83
10- CONCLUSÃO
84
10- Conclusão
Após a realização do estudo comportamento do sistema nervoso autônomo
através da análise da variabilidade cardíaca em atletas de handball antes e após o uso do
Salbutamol podemos inferir que:
¾ A maioria dos atletas avaliados pelo software Health-Express
apresentou um significante desvio dos parâmetros de variabilidade cardíaca ótima;
¾ Na avaliação dos índices de discrepância observamos que a maioria dos
atletas apresentou consideráveis desvios;
¾ Em relação aos níveis de aptidão física e de funcionamento dos
sistemas fisiológicos observamos que a maioria deles apresentou um bom índice;
¾ A ingestão de Salbutamol por atletas de handball induz um aumento da
atividade nervosa simpática verificada através da análise da variabilidade da
freqüência cardíaca;
¾ A ingestão de Salbutamol por atletas de handball não altera a atividade
nervosa parassimpática verificada através da análise da variabilidade da freqüência
cardíaca;
¾ O fato de estes resultados confirmarem o que é descrito na literatura
caracteriza que a análise da variabilidade da freqüência cardíaca através do software
Nerve-Express consiste em um novo método, eficaz e não-invasivo, na identificação
de alterações relacionadas ao sistema nervoso autônomo.
¾ Atletas que realizam o uso do Salbutamol (agonista β2) como doping,
estão induzindo seus corações a um considerável grau de estresse, além de poder
precipitar eventos patológicos em corações suscetíveis;
85
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86
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90
ANEXO A
Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa da UNIVAP
91
ANEXO B
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE
CONSENTIMENTO FORMAL DE PARTICIPAÇÃO NO ESTUDO INTITULADO:
“Estudo do comportamento do sistema nervoso autônomo através da análise da variabilidade
cardíaca em atletas de handball antes e após o uso de Salbutamol”.
Eu,________________________________________________________________,
portador do R.G. nº______________, voluntariamente concordo em participar de um estudo
cientifico nos termos do projeto proposto pelo Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento –
IP&D, da Universidade do Vale do Paraíba – UNIVAP.
O estudo tem por finalidade analisar o efeito do Salbutamol no sistema nervoso
autônomo em atletas de handball, através da análise da variabilidade da freqüência cardíaca,
utilizando o software Nerve-Express, para que estes indivíduos encontrem uma modalidade de
terapia confortável, não invasiva, visando a redução dos níveis de ansiedade e estresse,
melhorando a qualidade de vida e a prática de relacionamento social.
As informações obtidas serão mantidas em sigilo e não poderão ser consultadas por
pessoas leigas sem minha expressa autorização por escrito. As informações, assim obtidas
poderão ser usadas para fins estatísticos ou científicos, sempre resguardando minha
privacidade.
Acredito ter sido suficientemente esclarecido a respeito das informações que li ou
foram lidas para mim. Discuti com os pesquisadores sobre a minha decisão de participar nesse
estudo, e ficaram claros quais os propósitos do mesmo, os procedimentos a serem realizados,
as garantias de confidencialidade e de esclarecimentos permanentes. Ficou claro também que
minha participação é isenta de despesas.
Concordo voluntariamente em participar deste estudo e poderei retirar o meu
consentimento a qualquer momento, antes ou durante o mesmo, sem penalidade ou prejuízo.
Declaro que obtive as informações de forma apropriada e, assino livre e
voluntariamente o presente Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para a participação
do estudo.
São José dos Campos, ____ de _________________ de 2006.
Participante: _______________________________________
Orientador: Pesquisador:
______________________________ ___________________________
Prof. Dr. Luís Vicente F. de Oliveira Glauber Sá Brandão
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