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EFEITO DO SILÍCIO NA RESISTÊNCIA DE
PLANTAS DE MILHO A Rhopalosiphum maidis
(Fitch., 1856) (Hemiptera: Aphididae) E SUA
INTERAÇÃO COM INSETICIDA NO
CONTROLE DE Spodoptera frugiperda (J.E.
Smith, 1797) (Lepidoptera: Noctuidae)
DANILA KELLY PEREIRA NERI
2006
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DANILA KELLY PEREIRA NERI
EFEITO DO SILÍCIO NA RESISTÊNCIA DE PLANTAS DE MILHO A
Rhopalosiphum maidis (Fitch.) (Hemiptera: Aphididae) E SUA
INTERAÇÃO COM INSETICIDA NO CONTROLE DE Spodoptera
frugiperda (J.E. Smith) (Lepidoptera: Noctuidae)
Tese apresentada à Universidade Federal de Lavras
como parte das exigências do Programa de Pós-
graduação em Agronomia/Entomologia, área de
concentração em Entomologia Agrícola, para
obtenção do título de “Doutor”.
Orientador
Prof. Jair Campos Moraes
LAVRAS
MINAS GERAIS - BRASIL
2006
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Ficha Catalográfica Preparada pela Divisão de Processos Técnicos da
Biblioteca Central da UFLA
Neri, Danila Kelly Pereira
Efeito do silício na resistência de plantas de milho a Rhopalosiphum maidis
(Fitch., 1856) (Hemiptera: Aphididae) e sua interação com inseticida no controle
de Spodoptera frugiperda (J.E. Smith, 1797) (Lepidoptera: Noctuidae) Danila
Kelly Pereira Neri. – Lavras: UFLA, 2006.
68 p. : il.
Orientador: Jair Campos Moraes.
Tese (Doutorado) – UFLA.
Bibliografia.
1. Milho. 2. Pulgão. 3. Lagarta. 4. Controle químico. 5. EPG. I. Universidade
Federal de Lavras. II. Título.
CDD-633.159754
DANILA KELLY PEREIRA NERI
EFEITO DO SILÍCIO NA RESISTÊNCIA DE PLANTAS DE MILHO A
Rhopalosiphum maidis (Fitch.) (Hemiptera: Aphididae) E SUA
INTERAÇÃO COM INSETICIDA NO CONTROLE DE Spodoptera
frugiperda (J.E. Smith) (Lepidoptera: Noctuidae)
Tese apresentada à Universidade Federal de Lavras
como parte das exigências do Programa de Pós-
graduação em Agronomia/Entomologia, área de
concentração em Entomologia Agrícola, para
obtenção do título de “Doutor”.
APROVADA em 13 de dezembro de 2006
Dr. Alcides Moinho Junior UFLA
Dr. Ernesto Prado UFLA/ CNPq
Dra. Lenira Viana Costa Santa-Cecília EPAMIG
Dr. Rogério Antônio Silva EPAMIG
Prof. Jair Campos Moraes
UFLA
(Orientador)
LAVRAS
MINAS GERAIS - BRASIL
Ao meu lindo e amoroso esposo, Gilton, que sempre esteve comigo
em todos os momentos, me dando conselhos, carinho e muito
amor. Minha fortaleza dada por Deus.
Aos meus pais, Raimundo Marrocos e Fátima Neri, pelo
inesgotável amor e confiança, aos quais devo tudo que sou.
Aos meus amados irmãos, Thially e Saulo, pelo carinho e orgulho.
OFEREÇO
A Deus, por me tornar apta a conquistar mais uma etapa em
minha vida, um verdadeiro sonho e ideal.
A Jesus Cristo, que sempre esteve comigo, me dando apoio,
amor, verdadeiras amigas como a Fabrícia Vilela-Torres e a
Viviane Alves, e uma família maravilhosa que me sustentou
durante toda essa jornada de estudos.
Ao Espírito Santo de Deus, pela presença em minha vida, me dando
forças e perseverança para continuar os trabalhos, e pelo enorme amor
divino que me ajudou a suportar a distância dos meus amores.
DEDICO
Todo o que nasceu de Deus vence o mundo. E esta é a vitória que vence o
mundo: a nossa fé.
(I Jô-5, 4)
AGRADECIMENTOS
A Deus por me amar e nunca desistir de me fazer feliz.
Ao meu orientador, Jair Campos Moraes, pelos ensinamentos, amizade e
confiança durante todo o mestrado e doutorado.
Aos pesquisadores Ernesto Prado, Rogério, Lenira e Alcides pelo incentivo e
conselhos durante as defesas.
A todos os professores que contribuíram para o enriquecimento dos
conhecimentos indispensáveis a este trabalho.
Aos funcionários do Departamento de Entomologia pela eficiência e amizade.
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES pela
concessão da bolsa de estudos.
À Universidade Federal de Lavras e à Universidade Federal Rural do Semi-
árido, pelo acolhimento durante os experimentos e estudos.
Ao professor e grande amigo Patrício Maracajá pelos conselhos e ensinamentos.
Ao professor Elton de Araújo pelo acolhimento e ajuda durante parte do
experimento que foi realizada na UFERSA.
Aos amigos Aline Rocha, Emanuelle Almeida, Gleidson de Góes e Saulo
Marrocos, que me ajudaram na condução do experimento realizado na UFERSA.
A Flávia pela ajuda indispensável durante os experimentos e, principalmente,
pela amizade, pelas conversas e pelas piadas.
Às meninas da entomologia, Fabrícia, Viviane, Ester, Letícia, Lúcia, Melissa,
Alexa, Rosane, Ronara, Sabrina, Lia, Lívia, Ronelza, Elza, Giselle, Beth,
Christhiane, e aos meninos da turma de mestrado, Paulo, Marcelo, Marçal,
Patrick, Leonardo, Aldomário e Lucas, pela amizade.
Àqueles que amo por terem depositado em mim a esperança de uma vitória.
Mãe, Pai, Thially, Saulinho, Tia Maria e meu Neguinho, Obrigada!
SUMÁRIO
Página
Resumo .......................................................................................................... i
Abstract.......................................................................................................... ii
Capítulo 1 ...................................................................................................... 1
1 Introdução geral ......................................................................................... 1
2 Referencial teórico...................................................................................... 3
2.1 Importância econômica do milho (Zea mays) ......................................... 3
2.2 O pulgão-do-milho (Rhopalosiphum maidis) .......................................... 5
2.3 A lagarta-do-cartucho-do-milho (Spodoptera frugiperda) ...................... 7
2.4 Importância do silício para as plantas...................................................... 9
2.5 Silício como indutor de resistência às plantas ......................................... 11
2.6 Controle químico com inseticida lufenuron............................................. 13
2.7 Técnicas de “Electrical Penetration Graphs” e “Honeydew Clock”........ 15
3 Referências bibliográficas........................................................................... 20
Capítulo 2. Efeito da aplicação de silício em milho no comportamento
alimentar e no desenvolvimento biológico do pulgão Rhopalosiphum
maidis (Fitch.) (Hemiptera: Aphididae)......................................................... 28
Resumo ......................................................................................................... 28
Abstract ......................................................................................................... 29
1 Introdução................................................................................................... 30
2 Material e métodos...................................................................................... 32
2.1 Criação do pulgão-do-milho .................................................................... 32
2.2 Condução das plantas............................................................................... 32
2.3 Tratamentos.............................................................................................. 33
2.4 Comportamento alimentar de Rhopalosiphum maidis em plantas de
milho com e sem silício ................................................................................. 33
2.4.1 Técnica de “Electrical Penetration Graphs” (EPG) ............................. 33
2.4.2 Técnica de “Honeydew Clock” ............................................................ 34
2.5 Biologia do pulgão-do-milho................................................................... 35
2.6 Delineamento experimental e análise estatística...................................... 36
3 Resultados e discussão................................................................................ 37
3.1 Comportamento alimentar de Rhopalosiphum maidis em plantas de
milho com e sem silício ................................................................................. 37
3.1.1 Técnica de Electrical Penetration Graphs (EPG).................................. 37
3.1.2 Técnica de “Honeydew Clock” ............................................................ 40
3.2 Biologia do pulgão-do-milho................................................................... 41
4 Conclusões.................................................................................................. 43
5 Referências bibliográficas .......................................................................... 44
Capítulo 3. Influência do silício na suscetibilidade de Spodoptera
frugiperda (J.E. Smith) (Lepidoptera: Noctuidae) ao inseticida lufenuron
e no desenvolvimento de plantas de milho. ................................................... 47
Resumo ......................................................................................................... 47
Abstract ......................................................................................................... 48
1 Introdução................................................................................................... 49
2 Material e métodos...................................................................................... 51
2.1 Criação de manutenção da lagarta-do-cartucho-do-milho....................... 51
2.2 Interação silício e lufenuron no controle de Spodoptera frugiperda ....... 51
2.3 Interação silício e lufenuron no controle de Spodoptera frugiperda e
no desenvolvimento de plantas de milho a campo......................................... 53
3 Resultados e discussão................................................................................ 58
3.1 Interação silício e lufenuron no controle de Spodoptera frugiperda ....... 58
3.2 Interação silício e lufenuron no controle de Spodoptera frugiperda e
no desenvolvimento de plantas de milho a campo......................................... 60
4 Conclusões.................................................................................................. 65
5 Referências bibliográficas .......................................................................... 66
i
RESUMO
NERI, Danila Kelly Pereira. Efeito do silício na resistência de plantas de
milho a Rhopalosiphum maidis (Fitch.) (Hemiptera: Aphididae) e sua
interação com inseticida no controle de Spodoptera frugiperda (J.E. Smith)
(Lepidoptera: Noctuidae). 68 p. Tese (Doutorado em Agronomia/Entomologia)
– Universidade Federal de Lavras, Lavras, MG.
1
A ação de insetos-praga é um dos fatores do baixo nível de
produtividade do milho no Brasil e, neste contexto, o pulgão-do-milho e a
lagarta-do-cartucho são consideradas as principais pragas da cultura. O controle,
principalmente da lagarta-do-cartucho, se quase que exclusivamente por
aplicações de inseticidas, o que pode causar, inclusive, danos ao meio ambiente.
Por isso, são necessários métodos de controle que visem aumentar o grau de
resistência das plantas ao ataque de insetos-praga, como a utilização de silício.
Dessa forma, esta pesquisa teve como objetivos avaliar o efeito do silício na
indução de resistência de plantas de milho ao pulgão-do-milho, bem como sua
interação com inseticida lufenuron no controle da lagarta-do-cartucho. Para
tanto, avaliaram-se o desenvolvimento biológico do pulgão e o seu
comportamento alimentar utilizando as técnicas de “Electrical Penetration
Graphs” e de “Honeydew Clock”. Para avaliar os efeitos do silício na eficiência
do inseticida lufenuron no controle da lagarta-do-cartucho e no desenvolvimento
de plantas de milho, foram realizados experimentos em laboratório e a campo,
nos quais se avaliaram a mortalidade de lagartas e suas injúrias, bem como
algumas características agronômicas das plantas. Os resultados demonstraram
que aplicação de ácido silícico não afetou a penetração do estilete do pulgão.
Entretanto, proporcionou aumentos nos tempos de liberação da primeira gota de
“honeydew” e do intervalo entre as gotas. A biologia do pulgão-do-milho não
foi afetada pelo silício. Além disso, os resultados demonstraram que o silício
interagiu positivamente com o inseticida lufenuron no controle da lagarta-do-
cartucho, possibilitando uma redução da dosagem do inseticida, bem como
fortaleceu a estrutura da planta de milho por aumentar o diâmetro do caule.
Contudo, outros ensaios, principalmente a campo, devem ser realizados visando
avaliar dosagens, métodos de aplicação e custos operacionais desta técnica
alternativa de manejo de insetos-praga na cultura de milho.
1
Orientação: Jair Campos Moraes UFLA e Ernesto Prado UFLA/ CNPq.
ii
ABSTRACT
NERI, Danila Kelly Pereira. Effect of silicon on the resistance of corn plants
to Rhopalosiphum maidis (Fitch.) (Hemiptera: Aphididae) and its
interaction with insecticide in the control of Spodoptera frugiperda
(J.E.Smith) (Lepidoptera: Noctuidae). 68p. Thesis (Doctor in
Agronomy/Entomology) Federal University of Lavras, Lavras, MG.
1
The action of pest insects is one of the factors responsible for the low
level of yield of the corn in Brazil, and in this context, the corn aphid and the fall
armyworm are considered the main corn pests. The control, chiefly, of the fall
armyworm is accomplished almost exclusively by insecticide applications,
which can cause, inclusive, damages to the environment. Therefore, one must
search control methods which aim to increase the degree of resistance of the
plants to the attack by pest insects as the use of silicon. In this way, this research
was intended to evaluate the effect of silicon in the induction of resistance of
corn plants to the corn aphid as well as its interaction with insecticide lufenuron
in the control of fall armyworm. So, both the biological development of the
aphid and its feeding behavior were evaluated by utilizing the techniques of
“Electrical Penetration Graphs” and of “Honeydew Clock”. To evaluate the
effects of silicon on the efficiency of the insecticide lufenuron in the control of
fall armyworm and on the development of corn plants, laboratory and field
experiments were performed, in which the mortality of larvae and their injuries
as well as some agronomic characteristics of the plants. The results
demonstrated that application of silicic acid did not affect the stylet penetration
of the aphid. However, it provided increases in the times of release of the first
drop of “honeydew” and of the interval between the drops. The biology of the
corn aphid did not affected by silicon. In addition, the results demonstrated that
silicon interacted positively with the insecticide lufenuron in the control of fall
armyworm, making it possible a reduction in the dosage of the insecticide as
well as it strengthened the structure of the corn plant for increasing the stem
diameter. However, other trials, mainly in the field, should be performed aiming
to evaluate dosages, application methods and operational costs of this alternative
technique of pest insect management in corn culture.
1
Guidance: Jair Campos Moraes – UFLA and Ernesto Prado –UFLA/CNPq.
1
CAPÍTULO 1
1 INTRODUÇÃO GERAL
O milho (Zea mays L.) é um dos cereais mais importantes do mundo por
constituir a base da alimentação humana e animal (Duarte, 2006). A produção de
milho tende a se expandir fortemente para suprir a demanda gerada pelo
consumo de fontes de energia renováveis, estabelecendo, assim, a era da
agricultura energética (Silva, 2004).
Apesar de estar entre os três maiores produtores, o Brasil não se destaca
entre os países com maior produtividade. Segundo Gassen (1996), um dos
fatores do baixo nível de produtividade é a ação de insetos-praga que reduz o
potencial produtivo dos híbridos de milho. Neste contexto, Cruz et al. (2006)
relatam que Spodoptera frugiperda (J.E. Smith, 1797) (Lepidoptera: Noctuidae)
é uma das principais pragas, uma vez que o seu ataque na planta ocorre desde a
emergência até o pendoamento e espigamento.
Outra espécie de inseto que ocorre no milho, principalmente no milho
cultivado na safrinha, causando-lhe danos, é o pulgão-do-milho Rhopalosiphum
maidis (Fitch., 1856) (Hemiptera: Aphididae). Este pulgão causa danos diretos e
principalmente indiretos, uma vez que é apontado como vetor do vírus do
mosaico comum, que pode causar prejuízos severos à cultura (Oliveira et al.,
2003).
O controle dessas pragas é realizado quase que exclusivamente por
aplicações de inseticidas, o que pode provocar o surgimento de populações de
insetos resistentes aos diferentes produtos químicos disponíveis, bem como
causar severos danos ao meio ambiente. Por isso, são necessários métodos de
controle que visem aumentar o grau de resistência das plantas ao ataque de
insetos-praga e, assim, reduzir o uso de produtos químicos.
2
Estudos recentes m mostrado que o silício pode estimular o
crescimento e a produção vegetal por meio de várias ações indiretas, uma vez
que, devido à maior rigidez estrutural dos tecidos, as folhas ficam mais eretas,
diminuindo, assim, o auto-sombreamento, além da proteção contra fatores
abióticos desfavoráveis como estresse hídrico, toxidez de alumínio e ferro, entre
outros, e estresses bióticos, como a incidência de insetos-praga (Epstein, 1994).
Dessa forma, a aplicação de silício na cultura do milho poderá elevar o grau de
resistência das plantas e afetar a biologia e o comportamento alimentar dessas
pragas, tendo como conseqüência a redução das infestações e dos prejuízos
causados por R. maidis e por S. frugiperda.
Na análise do comportamento alimentar dos pulgões pode-se utilizar a
técnica de “Electrical Penetration Graphs” (EPG), que permite observar as
atividades de penetração desses estiletes dos hemípteros nos tecidos das plantas
(Tjallingii, 1978). Por meio dessa técnica se distinguem diferentes padrões de
ondas, cada uma característica de uma atividade e da localização precisa dos
estiletes, sendo representadas pelas fases de caminhamento dos estiletes, fase
xilemática, fase floemática e período de não-prova (Tjallingii, 1978; Tjallingii
1988; Tjallingii & Prado, 2001).
Parâmetros relacionados à seqüência e à duração dos eventos de EPG, os
quais são de grande importância para a identificação de mecanismos envolvidos
na resistência das plantas, podem ser complementados com a técnica de
“Honeydew Clock”, que consiste na avaliação do número e da freqüência de
gotas de “honeydew” secretadas pelos pulgões.
Diante do exposto, esta pesquisa teve como objetivos avaliar o efeito do
silício na indução de resistência de plantas de milho ao pulgão-do-milho, bem
como sua interação com inseticida no controle da lagarta-do-cartucho-do-milho.
3
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Importância econômica do milho (Zea mays)
A importância econômica do milho é caracterizada pelas diversas formas
de sua utilização, que vão desde a alimentação animal até a indústria de alta
tecnologia. Associando o consumo animal ao consumo humano, bem como ao
crescimento do uso de milho em aplicações industriais, pode-se constatar o
aumento de sua importância no contexto da produção de cereais na esfera
mundial, passando a ser, o milho, o cereal mais produzido no mundo (Duarte,
2006).
No mercado do milho, os maiores produtores do mundo são os países da
América do Norte, China, Brasil e membros da União Européia (Alemanha,
Áustria, Bélgica, Dinamarca, Espanha, Finlândia, França, Grécia, Holanda,
Irlanda, Itália, Luxemburgo, Portugal, Reino Unido e Suécia), que produzem,
conjuntamente, cerca de 463,5 milhões de toneladas de milho, com uma
participação de 74,7% do total produzido no mundo. Considerando a
participação de cada região separadamente, os países da América do Norte, a
China, o Brasil e a União Européia possuem parcelas do total produzido de
43,7%, 18,79%, 6,75% e 5,46%, respectivamente. Em termos de comércio
agrícola internacional, os maiores exportadores de milho são a América do
Norte, a China e a Argentina, apesar de este não está entre os maiores produtores
(Alvim & Waquil, 2005).
Conforme o nono levantamento de avaliação de safra 2005/2006
realizado pela Companhia Nacional de Abastecimento CONAB (2006), a
produção estimada de milho no Brasil será de 41,4 milhões de toneladas, 18,4%
superior à da safra anterior, participando com 34,6% na produção total de grãos.
Este provável aumento se deve ao incremento de 11,9% na produtividade e de
4
5,8% na área cultivada. Do total produzido, 76,4% referem-se ao milho safra
e 23,6%, ao milho 2ª safra (ou safrinha).
A produção de milho por região do Brasil, de acordo com o segundo
prognóstico do IBGE (2006), está assim distribuída: Norte 1,019 milhão de
toneladas; Nordeste – 2,903 milhões de toneladas; Centro-Oeste – 3,610 milhões
de toneladas; Sudeste 9,943 milhões de toneladas e Sul - 17,112 milhões de
toneladas.
Para se obter uma lavoura de milho com alta produtividade e
rentabilidade, é necessário tomar uma série de decisões no planejamento da
lavoura. A seleção da semente, combinada com as condições de solo, clima e
sistema de produção; é imprescindível num planejamento (Silva, 2005), mas
esse cuidado não basta, pois tem-se observado aumento na incidência e
densidade populacional de insetos-praga que causam danos significativos a essa
cultura. Portanto, adotar um sistema de manejo de pragas de forma a minimizar
os custos e os danos ao ambiente contribuirá positivamente nos resultados da
lavoura.
As espécies de insetos que ocorrem com maior freqüência no milho
cultivado na safrinha são o pulgão-do-milho (R. maidis), seguido da lagarta-do-
cartucho (S. frugiperda), de adultos de vaquinha [Diabrotica speciosa (Germar,
1824) (Coleoptera: Chrysomelidae)], da cigarrinha-do-milho [Daubulus maidis
(DeLong & Wolcott, 1923) (Hemiptera: Cicadellidae)] e do percevejo barriga-
verde [Dichelops sp. (Hemiptera: Pentatomidae)] (Viana, 2004).
A lagarta-do-cartucho S. frugiperda é considerada praga-chave da
cultura, causando danos em praticamente toda a fase vegetativa, comprometendo
a produção (Siloto, 2002). O pulgão-do-milho era considerado praga secundária
na cultura, mas com o incremento do cultivo do milho “safrinha” na última
década, os danos causados pelo pulgão aumentaram em importância, em
conseqüência da transmissão do vírus do mosaico comum (Sugarcane mosaic
5
virus - SCMV). Portanto, os maiores danos são indiretos e sua presença tem sido
constatada praticamente em todo o Estado de Minas Gerais e em todos os
estágios fenológicos do milho (Waquil et al., 1996).
2.2 O pulgão-do-milho (Rhopalosiphum maidis)
O pulgão-da-folha-do-milho ou pulgão-do-milho é encontrado
principalmente em regiões onde se cultivam o sorgo e o milho “safrinha”,
causando danos econômicos.
O pulgão-do-milho apresenta reprodução partenogênica telítoca, na qual
as formas ápteras e aladas são constituídas por fêmeas. São insetos de coloração
verde-azulada, sendo que as formas ápteras medem cerca de 1,5 mm de
comprimento e as formas aladas são menores e possuem dois pares de asas.
Vivem em colônias, principalmente no cartucho das plantas e, quando em
grande número, podem se espalhar por outras partes, incluindo colmo e órgãos
reprodutivos. Esses insetos possuem aparelho bucal picador-sugador e se
alimentam preferencialmente das folhas mais novas das plantas de milho.
(Oliveira et al., 2003).
A infestação por esse afídeo inicia-se em plantas isoladas, dispersando-
se em reboleiras na lavoura durante o período vegetativo e, principalmente,
próximo ao lançamento do pendão. Nesse período, as folhas encontram-se
enroladas, formando um cartucho de proteção, no qual os insetos sugam a seiva
continuamente e multiplicam-se com facilidade, mas sem importância
econômica direta (Gassen, 1996). No entanto, a infestação do pulgão no estádio
de pré-florescimento pode ocasionar perdas econômicas (Viana, 2004).
Esse inseto-praga ocasiona muitos danos à cultura do milho, uma vez
que a sucção da seiva provoca depauperamento e definhamento geral da planta,
deixando as folhas cloróticas, encarquilhadas, enroladas e recobertas por
“honeydew”, o que favorece o desenvolvimento de fumagina, afetando, assim, a
6
atividade fotossintética da planta (Cruz et al., 2006). Além desses danos, o
pulgão é vetor do “potyvirus”, agente causal do mosaico comum, que pode
provocar grandes prejuízos à cultura do milho (Oliveira et al., 2003; Waquil et
al., 1996). Os pulgões adquirem os vírus em poucos segundos ou minutos,
quando se alimentam de plantas infectadas, e os transmitem ao se alimentarem
de plantas sadias. A transmissão do vírus pelo afídeo é do tipo não persistente
(Oliveira et al., 2003).
Os sintomas dessa virose normalmente apresentam-se em padrão de
mosaico, caracterizando-se pela presença, nas folhas, de manchas verdes
entremeadas por manchas amareladas, que podem ser observadas na lâmina e
bainha de todas as folhas e na palha das espigas que se desenvolvem após a
infecção, sendo que algumas vezes as plantas podem se apresentar levemente
enfezadas. Esses sintomas são claramente visíveis em plantas jovens e tendem a
desaparecer à medida que elas se tornam adultas. Os efeitos da doença sobre as
plantas de milho são tanto maiores quanto mais cedo se estabelece a infecção,
sendo que estimativas experimentais estabelecem redução na ordem de 50% da
produção em genótipos suscetíveis (Fernandes et al., 1995; Oliveira et al., 2003).
Nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Goiás há uma tendência de
maior incidência do mosaico comum nos plantios de novembro, dezembro e
janeiro, coincidindo com precipitações pluviométricas e temperaturas mais
elevadas do verão, condições favoráveis ao desenvolvimento dos afídeos vetores
(Almeida et al., 2001).
No que se refere às medidas de controle, pesquisas mostram que a
aplicação de inseticida para o controle dos pulgões não é uma medida eficiente
para o controle da doença. Porém, a utilização de cultivares resistentes é
considerada uma eficiente alternativa de controle (Oliveira et al., 2003).
Por outro lado, a indução de resistência pelo silício vem mostrando
resultados promissores no controle de pulgões (Basagli et al., 2003; Gomes et
7
al., 2005; Moraes & Carvalho, 2002; Moraes et al., 2005) e poderia constituir em
mais uma ferramenta no manejo de pulgões em milho.
2.3 A lagarta-do-cartucho-do-milho (Spodoptera frugiperda)
A lagarta-do-cartucho S. frugiperda, também conhecida pelo nome de
“lagarta dos milharais”, apesar de ser uma espécie polífaga, é uma das principais
pragas da cultura do milho no Brasil. Essa praga encontra-se distribuída em
todas as regiões onde se cultiva esse cereal (Cruz et al., 1996).
A lagarta-do-cartucho apresenta como características biológicas ovos de
coloração verde clara, os quais são colocados em massa na face superior das
folhas, onde eclodem as lagartas, sendo a duração do período larval de 12 a 30
dias até chegar ao completo desenvolvimento, quando medirão cerca de 50 mm
de comprimento, apresentando uma coloração que varia de cinza escura a
marrom. Longitudinalmente, apresenta três finíssimas linhas de coloração
branco-amarelada na parte dorsal do corpo. Na parte lateral, abaixo da linha
branco-amarelada, existe uma linha escura mais larga e, mais abaixo dessa, uma
listra amarela irregular marcada com vermelho. Ao término do período larval, as
lagartas penetram no solo, onde se transformam em pupas de coloração
avermelhada, medindo em torno de 15 mm de comprimento. Após a emergência
surge o adulto, medindo cerca de 35 mm de envergadura, com as asas anteriores
de coloração pardo-escura e as posteriores, branco-acinzentadas. As mariposas
são de hábito noturno e fazem postura durante a noite, ovipositando sobre folhas
de milho (Gallo et al., 2002).
O ataque da lagarta-do-cartucho pode ocorrer em todas as fases de
desenvolvimento da planta, desde a fase de plântula até as fases de pendoamento
e espigamento, provocando quedas significativas no rendimento (Cruz & Turpin,
1982). As perdas devido ao ataque da lagarta podem reduzir a produção em até
34% (Cruz et al., 2006).
8
As injúrias ocasionadas por essa praga iniciam-se com o ataque das
lagartas pequenas raspando as folhas, deixando áreas transparentes. Com o seu
desenvolvimento, a lagarta localiza-se no cartucho da planta, destruindo-o. Na
espiga a lagarta pode atacar os estilo-estigmas e os grãos em formação. A
presença de orifícios na palha é um bom indicativo da presença da praga, assim
como espigas caídas e/ou injúrias no ponto de inserção da espiga com o colmo
(Cruz et al., 2006).
A capacidade de danos da lagarta é influenciada pelo vigor da planta e
pelo clima (Gassen, 1996). Dessa forma, o conhecimento do ambiente favorável
ao desenvolvimento de uma espécie considerada praga é de fundamental
importância para a implantação do seu manejo, bem como na adoção de táticas
de controle. Dentre os fatores ambientais que influem sobre as fases do ciclo
biológico de S. frugiperda, a temperatura talvez seja o mais importante, afetando
praticamente todas as fases do ciclo. O aumento das populações de S. frugiperda
é favorecido por condições de tempo seco e chuvas abundantes (Sarmento et al.,
2002).
A importância da lagarta-do-cartucho deve-se não somente aos danos
provocados por ela, mas especialmente à dificuldade de seu controle (Gassen,
1996), principalmente quando o ataque ocorre na fase inicial da cultura, o que
torna o controle via pulverização das plantas pouco efetivo, pois como as plantas
possuem reduzida área foliar, dificultam a retenção do produto nas folhas,
diminuindo o poder residual (Ceccon et al., 2004).
Dessa forma, deve-se buscar outros métodos de controle de maneira a
maximizar o controle dessa praga. A adubação mineral pode influenciar na
resistência dos genótipos de milho, como no caso do silício, que contribui no
aumento da resistência de plantas de milho à lagarta-do-cartucho (Goussain et
al., 2002).
9
A adubação com silício pode ser utilizada com outros métodos de
controle, como o controle químico, tornando-o mais eficiente e com menores
prejuízos ambientais. Dentre os inseticidas utilizados no controle de S.
frugiperda destaca-se o lufenuron, que apresenta alta eficiência no controle da
lagarta, bem como baixa toxicidade para mamíferos e alta seletividade a
inimigos naturais (Schmidt, 2002).
Conforme Busato et al. (2006), o inseticida lufenuron tem sido um dos
mais utilizados na cultura do milho, com o qual se tem obtido os melhores
resultados de controle da praga.
2.4 Importância do silício para as plantas
O silício (Si) é absorvido pelas raízes das plantas como ácido
monosilícico (H
4
SiO
4
) de forma passiva (Jones & Handreck, 1967). A maior
parte do Si absorvido é translocada das raízes para as folhas e, com a saída da
água pela transpiração, polimeriza-se na parte externa da parede celular
(principalmente nas células da epiderme), transformando-se em um mineral
amorfo de sílica denominado opala biogênica (SiO
2
.nH
2
O) (Lanning et al.,
1958). O seu acúmulo induz a formação de uma dupla camada de sílica cuticular
(Korndörfer et al., 2001).
O silício possivelmente afeta o crescimento e o desenvolvimento de
muitas plantas, mais particularmente pela contribuição da força mecânica nas
paredes das células e sua função de manter as plantas e folhas eretas numa
posição que melhor intercepta a luz solar, proporcionando, assim, um maior peso
seco por unidade de área da folha e um aumento nos pesos secos e frescos das
raízes. O silício freqüentemente alivia e algumas vezes anula os efeitos adversos
do excesso de fósforo (P), metais pesados e da salinidade. A impregnação das
paredes celulares com sílica contribui para a resistência das plantas contra o
ataque de fungos e de pragas (Barbosa Filho et al., 2000; Epstein, 1994).
10
Conforme McNaughton et al. (1985), as plantas que foram adubadas
com silício apresentaram-se mais eretas e rígidas do que as plantas que não
receberam esse adubo. Em cana-de-açúcar (Saccharum officinarum L.), a
adubação com silício aumentou a produtividade em conseqüência da maior
eficiência fotossintética e da resistência ao ataque de pragas e doenças e da
maior tolerância à falta de água durante os períodos de baixa umidade do solo
(Korndörfer et al., 2002).
A escória de alto-forno, na dosagem de 196 g kg
-1
de Si, proporcionou
maior crescimento radicular em profundidade e melhor distribuição no perfil do
solo e, conseqüentemente, maior produção de massa de matéria seca da parte
aérea e produtividade de grãos de arroz Oryza sativa L. (Carvalho-Pupatto et
al., 2004).
Segundo Paim et al. (2006), doses crescentes de silício e de fósforo
reduziram os teores de cádmio (Cd), chumbo (Pb), cobre (Cu) e zinco (Zn) em
solo contaminado, sendo mais eficientes em amenizar a poluição do solo por Pb
e Cu do que por Cd e Zn. E, ainda, conforme os autores, a ação do silício deve-
se ao poder alcalinizante do silicato de cálcio e à sua capacidade de formar
silicatos insolúveis, e a amenização pelo fósforo decorreu da baixa solubilidade
dos fosfatos de metais pesados.
No entanto, na ausência de estresses ambientais ou nutricionais, a
aplicação de silício no solo pode não trazer benefícios às plantas. Silva &
Bohnen (2003), ao avaliarem a produtividade e a absorção de nutrientes pelo
arroz cultivado em solução nutritiva com diferentes níveis de silício e cálcio,
constataram que o Si não exerceu efeitos benéficos na produção de panículas, na
matéria seca das raízes e da parte aérea, no rendimento de grãos e na
transpiração das plantas.
Segundo Silva & Bohnen (2003), não um consenso na literatura a
respeito da essencialidade do silício como nutriente para as culturas. Entretanto,
11
o Si é um elemento absorvido em grandes quantidades por espécies
acumuladoras (arroz O. sativa L.) e de forma intermediária pelas plantas de
cana-de-açúcar (S. officinarum) e milho (Z. mays), que pertencem, conforme a
classificação de Jones & Handrech (1967), ao grupo das intermediárias, com 1 a
3% de SiO
2
(óxido de silício encontrado nas plantas, chamado de sílica).
Solos tropicais e subtropicais intemperizados e lixiviados, com
sucessivos cultivos, tendem a apresentar baixos níveis de Si trocável, havendo,
assim, a necessidade de reposição desse fertilizante por meio de adubações
(Lima Filho et al., 1999).
2.5 Silício como indutor de resistência às plantas
De forma geral, o Si concentra-se nos tecidos de suporte e/ou
sustentação do caule, nas folhas e, em menores concentrações, nas raízes. Nas
folhas está envolvido com funções físicas de regulagem da transpiração, uma
vez que é capaz de se concentrar na epiderme, formando uma barreira de
resistência mecânica à invasão de fungos e bactérias para o interior da planta,
dificultando também o ataque de insetos sugadores e herbívoros (Epstein, 1994).
Carvalho et al. (1999), ao estudarem o efeito do silício na resistência do
sorgo (Sorghum bicolor L.) ao pulgão-verde Schizaphis graminum (Rond., 1852)
(Hemiptera: Aphididae), verificaram diferenças significativas entre os
tratamentos com e sem silício para o período reprodutivo e longevidade de
adultos. Resultados semelhantes foram encontrados por Moraes & Carvalho
(2002) ao avaliarem o efeito do silício como agente indutor de resistência do
sorgo ao pulgão-verde, concluindo que a adição de silicato de sódio (Na
2
SiO
2
)
(média de 27% de SiO
2
) na proporção de 2 mL.L
-1
de solo reduz a reprodução e
o desenvolvimento do pulgão. Também Basagli et al. (2003), que realizaram
aplicações seqüenciais de solução de silicato de sódio a 0,4% de SiO
2
, por seis
vezes, em intervalos de cinco dias, em trigo (Triticum aestivum L.), constataram
12
que o silício reduziu a preferência, a longevidade e a produção de ninfas do
pulgão-verde, conferindo às plantas, portanto, resistência a este inseto-praga.
Em se tratando da mosca-branca Bemisia tabaci biótipo B (Genn., 1889)
(Hemiptera: Aleyrodidae), Ferreira (2006), ao avaliar os efeitos da aplicação do
silício na indução de resistência de duas cultivares de soja (Glycine max L.) à
mosca-branca, constatou em teste com e sem chance de escolha que o silício não
afeta a preferência dessa praga para a oviposição, porém causa mortalidade de
ninfas. Correa et al. (2005) verificaram que o silicato de lcio (CaSiO
3
) e o
acibenzolar-S-methyl causaram efeitos negativos na população da mosca-branca
em pepino (Cucumis sativus L.), tanto pela redução da oviposição como no
aumento do ciclo biológico e da mortalidade na fase de ninfa.
A aplicação de ácido silícico ou acibenzolar-S-methyl também pode
proporcionar uma proteção às plantas de trigo, afetando negativamente a
reprodução e o desenvolvimento do pulgão-verde, o que torna a aplicação de
ácido silícico, principalmente via solo, ou acibenzolar-S-methyl, promissora
ferramenta no manejo integrado do pulgão-verde (Costa, 2005). Também em
trigo, Goussain (2006) investigou o efeito da aplicação de silício sobre S.
graminum, concluindo que o silício afetou a sua longevidade e reprodução.
Em milho, a aplicação de silício contribui no aumento da resistência das
plantas ao pulgão-do-milho R. maidis, principalmente quando aplicado via solo
mais uma adubação foliar, ou mediante duas aplicações foliares (Moraes et al.,
2005). Para a lagarta-do-cartucho, Goussain et al. (2002) observaram aumento
do canibalismo e de mortalidade dessa praga quando aplicaram uma solução de
silicato de sódio via solo nas plantas. Esses resultados podem estar relacionados
com o excessivo desgaste da região incisora das mandíbulas das lagartas ao se
alimentarem de folhas oriundas de plantas tratadas com silício.
O silício era encarado como a barreira mecânica passiva de defesa da
planta contra o estresse ambiental (Korndörfer et al., 2001). Porém, Fawer et al.
13
(1998) identificaram uma proteção ativa induzida por este elemento dentro das
células vegetais, demonstrando que o Si começa uma seqüência de reações que
iniciam mecanismos de defesas bioquímicas na planta infectada. Em trigo,
Gomes et al. (2005) observaram que o silício e a infestação inicial com pulgões
afetaram a preferência e a taxa de crescimento populacional de S. graminum e
proporcionaram um aumento na atividade das enzimas peroxidase,
polifenoloxidase e fenilalanina amônia-liase, que indica a síntese de compostos
de defesa da planta.
2.6 Controle químico com inseticida lufenuron
A escolha correta de um inseticida para o controle de uma praga depende
de sua eficiência e do seu impacto sobre os inimigos naturais e o meio ambiente
(Viana & Costa, 1998). Neste contexto, vários trabalhos m sido realizados
visando um melhor uso de inseticidas de forma a não agredir a natureza e
melhorar a relação custo/benefício.
O lufenuron é um inseticida pertencente ao grupo dos reguladores de
crescimento de insetos que vem sendo amplamente utilizado no controle de S.
frugiperda. Este inseticida tem como principais características a sua eficiência
no controle de lagartas, a baixa toxicidade para mamíferos e a alta seletividade a
inimigos naturais, adequando-se melhor à filosofia do Manejo Integrado de
Pragas (MIP) tanto por apresentar tais características como pela ineficácia de
piretróides e fosforados em algumas regiões produtoras de milho do Brasil
(Schmidt, 2002).
Os sintomas das benzoilfeniluréias (diflubenzuron, triflumuron e
lufenuron) em lepidópteros são: interrupção da ecdise, interrupção na
alimentação e anomalias em adultos (Schmidt, 2002).
Gomez & Ávila (2001a) concluíram que os inseticidas reguladores de
crescimento, teflubenzuron, triflumuron e diflubenzuron, nas doses de 10, 15 e
14
30 g ha
-1
, respectivamente, controlam eficientemente a lagarta S. frugiperda no
trigo, no quarto dia após a aplicação. Porém, na cultura da aveia-preta (Avena
strigosa Schreb.), Gómez & Ávila (2001b) constataram que os inseticidas
triflumurom (10, 15 e 30 g ha
-1
) e diflubenzuron (10, 12,5 e 15 g ha
-1
),
independentemente das doses utilizadas, proporcionaram baixos percentuais de
controle das lagartas de S. frugiperda até o quarto dia após a aplicação. A partir
do sexto dia, houve um aumento na eficiência, apesar de não atingirem o
patamar mínimo de 80% de mortalidade, alcançado apenas no oitavo dia, exceto
a dose de 10 g ha
-1
de triflumurom. Bellettini et al. (1992) verificaram que os
inseticidas chlorfluazuron e diflubenzuron apresentaram alta eficiência de
controle da lagarta-do-cartucho-do-milho três dias após a aplicação.
Para o controle da lagarta-da-soja, Anticarsia gemmatalis Hueb., 1818
(Lepidoptera: Noctuidae), Silva et al. (2003) constataram que os inseticidas
diflubenzuron (15g i.a. ha
-1
), lufenuron (7,5g i.a. ha
-1
), metoxifenozide (21,6g
i.a. ha
-1
) e teflubenzuron (7,5g i.a. ha
-1
) foram eficientes, impedindo a ocorrência
de danos econômicos na cultura da soja.
Lyra et al. (1998) observaram que lagartas de 3
o
ínstar de Spodoptera
littoralis (Boisd., 1833) (Lepidoptera: Noctuidae) alimentadas com dieta
artificial tratada superficialmente com lufenuron deram origem a adultos que
tiveram uma redução de 45% na fecundidade e de 30% no número de lagartas
eclodidas.
Silva (1999), observando a eficiência de inseticidas sobre S. frugiperda
em milho, encontrou melhores resultados nas aplicações efetuadas logo após o
surgimento das primeiras injúrias causadas pela praga. Verificou também que o
inseticida lufenuron (12,5g i.a. ha
-1
) foi o que propiciou maior nível de controle.
Em bioensaios realizados com lagartas de S. frugiperda no 2
o
e 3
o
ínstares, Schmidt (2002) constatou que o melhor tempo para avaliar a
suscetibilidade de populações de lagartas expostas ao lufenuron foi de 96 horas.
15
Costa et al. (2005), ao avaliarem a eficácia de inseticidas no controle de
S. frugiperda nas culturas do milho e sorgo, constataram que na cultura do sorgo
cinco dias após a primeira aplicação, o lufenuron (300 L ha
-1
de calda) alcançou
89% de eficiência, e aos 10 dias, atingiu 100% de controle da lagarta; na cultura
do milho, verificaram que o lufenurom e o novalurom (150 L ha
-1
) apresentaram
eficiência de 85 e 100%, respectivamente, porém essa eficiência ocorreu na
segunda aplicação do inseticida quando a cultura encontrava-se no estádio
reprodutivo.
Busato et al. (2006), comparando a suscetibilidade de lagartas dos
“biótipos” milho e arroz de S. frugiperda a inseticidas com diferentes modos de
ação, constataram que o biótipo” milho de S. frugiperda foi menos suscetível
ao inseticida lufenuron (0,006g i.a. L
-1
) do que o “biótipo” arroz.
Assim, o controle químico da lagarta-do-cartucho demanda cada vez
mais pulverizações com inseticidas, e isso causa o surgimento de populações
resistentes aos diferentes produtos químicos disponíveis, bem como provoca
danos ao meio ambiente (Siloto, 2002).
A interação do silício com inseticidas pode reduzir tanto o número de
pulverizações como a dosagem utilizada do inseticida. A redução no uso de
produtos químicos pode diminuir o surgimento de populações de pragas
resistentes, bem como o impacto que esses produtos causam ao meio ambiente.
Neri et al. (2005) verificaram, em casa-de-vegetação, que a interação silício e o
inseticida lufenuron no manejo de S. frugiperda foi positiva, com possibilidades
de redução da dosagem do inseticida pela metade.
2.7 Técnicas de “Electrical Penetration Graphs” e “Honeydew Clock”
A alimentação dos pulgões ocorre basicamente por meio da inserção dos
estiletes nos tecidos da planta até atingirem o floema, onde se alimentam. O
comportamento alimentar e a posição do estilete dos afídeos durante a prova
16
podem ser monitorados eletricamente pela técnica de “Electrical Penetration
Graphs” (EPG). Essa técnica foi primeiramente desenvolvida por McLean &
Kinsey (1964) e posteriormente modificada por Tjallingii (1978).
A técnica de EPG baseia-se no princípio de que o inseto e a planta fazem
parte de um circuito elétrico. Dessa forma, um eletrodo é colocado dentro do
solo ou água no qual está a planta e um outro, feito com um fio de ouro, é fixado
no dorso do inseto por meio de uma condutiva gota de prata (Tjallingii, 1978;
Tjallingii, 1988; Tjallingii & Prado, 2001). O circuito é fechado logo que os
estiletes do inseto penetram no tecido foliar. A partir desse momento, a variação
de voltagem é gravada e registrada em forma de ondas com auxílio de um
programa de computador, sendo possível o acompanhamento das etapas que
permitem registrar o comportamento alimentar desses insetos (Santa-Cecília,
2003).
A técnica de EPG pode ser divida em dois períodos: prova e não-prova
(np). Durante a prova, três fases comportamentais podem ser distinguidas, cada
uma contendo uma ou mais ondas: 1) fase de caminhamento, incluindo as ondas
A, B, C, queda de potencial (pd) e F; 2) fase xilemática com a onda G; 3) fase
floemática com as ondas E1 e E2. As ondas são distinguidas com base na
amplitude, freqüência, nível de voltagem e origem elétrica (
Tjallingii, 1978;
Tjallingii, 1988;
Tjallingii & Prado, 2001).
A fase de caminhamento na prova, identificada com padrões de ondas A,
B e C, é a principal atividade antes de alcançar os vasos crivados do floema
(Tjallingii & Hogen Esch, 1993). Durante a fase de caminhamento, a ponta do
estilete pode estar em algum lugar entre a epiderme e o xilema. Nessa fase, são
feitas curtas puncturas intracelulares, de 5 a 15 segundos, que são registradas no
equipamento (EPG) como queda de potencial (pd) e seu valor corresponde ao
potencial da membrana da célula da planta, isto é, indica que o estilete perfurou
a membrana celular (Tjallingii, 1988).
17
Segundo Spiller et al. (1990), o padrão de onda G (fase xilemática) é
representado pela ingestão da seiva do xilema. Esses autores afirmam que
afideos desidratados mostram maior incidência e maior duração na sucção do
xilema, sugerindo que esta ocorrência está relacionada com o balanço de água
do inseto. Afirmam ainda que a ingestão do xilema pode ser comum e o mais
eficiente meio alternativo para restaurar e manter o balanço hídrico do inseto,
principalmente imediatamente após um período de vôo (e portanto, também, de
privação de alimento) ou após uma ecdise, durante a qual o inseto pode estar
suscetível à perda de água.
A fase floemática é formada por duas ondas, E1 e E2, ambas seguindo
uma posição intracelular do estilete nos vasos crivados. O padrão E1 é freqüente,
mas não necessariamente seguido pelo E2. o E2 é sempre precedido pelo E1
de diferentes durações. Atividades do padrão E2 são conhecidas como a
existência de ingestão passiva de seiva e a simultânea secreção de saliva (Prado
& Tjallingii, 1994).
A duração de E2 está relacionada com a aquisição de vírus persistentes.
a duração de E1 está mais bem relacionada com a probabilidade de
inoculação, uma vez que o E1 é uma onda na qual ocorre a excreção de saliva
das glândulas acessórias do inseto no floema, fato que não ocorre no E2, uma
vez que a saliva secretada durante a onda E2 não alcança a planta. A saliva E2 é
imediatamente ingerida com a seiva do floema, sendo, assim, incapaz de
alcançar a planta (Tjallingii & Prado, 2001). Algumas plantas resistentes
aumentam a duração de E1 ou o seu número (ambos usualmente
correlacionados). Para vírus restritos ao floema, um fator ideal de resistência
contra os vetores deve ser localizado na epiderme ou mesófilo, evitando que o
inseto alcance o floema (Prado & Tjallingii, 1994).
Paul et al. (1996) utilizaram o EPG para localizar a resistência para o
pulgão Phorodon humuli (Schrank, 1801) (Hemiptera: Aphididae) no hospedeiro
18
Humulus lupulus L., Cannabinaceae, que se mostrou resistente aos afideos por
ter apresentado um reduzido padrão E2, sugerindo, assim, que a resistência está
localizada no floema.
Garzo et al. (2002), ao estudarem o comportamento alimentar de Aphis
gossypii Golver, 1877 (Hemiptera: Aphididae) em diferentes genótipos de melão
(Cucumis melo L.), constataram que linhagens que continham fatores de
resistência localizados na epiderme, no mesófilo e nos tecidos vasculares
proporcionaram nesse inseto-praga uma maior fase de salivação no floema (fase
E1). Muitas das fases E1 não foram seguidas pela ingestão de floema (fase E2).
Esses resultados sugerem, conforme os autores, que a variedade TGR-1551
apresentou um mecanismo de resistência que previne A. gossypii de iniciar a
ingestão do floema.
Chen et al. (1997a) constataram que A. gossypii, ao se alimentar em
plantas resistentes de melão, apresentou uma redução na duração da ingestão do
floema. Chen et al. (1997b) verificaram que a duração média individual das
puncturas intracelulares em genótipos resistentes foi reduzida tanto para Myzus
persicae (Sulzer, 1776) (Hemiptera: Aphididae) como para A. gossypii,
provavelmente devido às causas químicas detectadas inicialmente pelos afideos
na prova em genótipos resistentes de melão.
A técnica de EPG pode ser utilizada em associação com outras técnicas
para o melhor entendimento do comportamento de caminhamento do estilete.
Técnicas como amputação do estilete, microscopia eletrônica (Tjallingii, 1988) e
“Honeydew Clock” vêm sendo utilizadas. A técnica de “Honeydew Clock”
consiste na avaliação do número e da freqüência de gotas de “honeydew”
excretadas pelo pulgão. A produção de “honeydewindica que está ocorrendo
ingestão de seiva do floema ou do xilema. A seiva floemática apresenta maior
concentração de sacarose e aminoácidos do que o fluido xilemático, assim como
19
o pH do floema é em torno de 7,2 a 8,5, enquanto o do xilema é de 5,4 a 6,5
(Walker, 1998).
Os pulgões, para obter uma quantidade suficiente de aminoácidos,
ingerem a seiva do floema e excretam açúcar no “honeydew” (Spiller et al.,
1990). A liberação do “honeydewé demorada devido ao tempo gasto para o
alimento passar através do intestino do inseto (Lei et al., 1996).
Goussain et al. (2005), ao investigarem o comportamento de prova do
pulgão-verde S. graminum utilizando as técnicas “Electrical Penetration Graphs”
(EPG) e “Honeydew Clock”, em plantas de trigo tratadas com silício aplicado
via solo, foliar e solo mais foliar, constataram que o silício diminuiu o número
de gotas de “honeydew” excretadas pelo pulgão, indicando uma redução na
ingestão de seiva, bem como aumentou o período de não-prova do pulgão.
20
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dez. 1996.
28
CAPÍTULO 2
RESUMO
NERI, Danila Kelly Pereira. Efeito da aplicação de silício em milho no
comportamento alimentar e no desenvolvimento biológico do pulgão
Rhopalosiphum maidis (Fitch.) (Hemiptera: Aphididae). In: ______. Efeito do
silício na resistência de plantas de milho a Rhopalosiphum maidis (Fitch.)
(Hemiptera: Aphididae) e sua interação com inseticida no controle de
Spodoptera frugiperda (J.E. Smith) (Lepidoptera: Noctuidae). 2006. Cap. 2,
p. 28-46. Tese (Doutorado em Agronomia/Entomologia) Universidade Federal
de Lavras, Lavras, MG.
1
O presente estudo objetivou esclarecer o efeito da aplicação de silício em milho
sobre o comportamento alimentar e o desenvolvimento biológico do pulgão-do-
milho. Plantas de milho foram tratadas com uma, duas e três aplicações de ácido
silícico. Na avaliação do comportamento alimentar utilizaram-se as técnicas de
“Electrical Penetration Graphs” (EPG) e de “Honeydew Clock”. As
características biológicas do pulgão avaliadas foram mortalidade; períodos pré-
reprodutivo, reprodutivo e s-reprodutivo; número de ninfas; taxa de
crescimento da população e longevidade. A aplicação de ácido silícico não
afetou o início da picada de prova do pulgão, e não foi eficaz para evitar o início
da fase floemática. Entretanto, aumentou o tempo gasto pelos pulgões para
liberar a primeira gota de “honeydew” e o intervalo entre as gotas. A biologia do
pulgão-do-milho não foi afetada pelo silício. Os resultados demonstraram que a
indução de resistência em milho a R. maidis pode ser evidenciada por alguns
parâmetros de comportamento alimentar como a excreção de “honeydew” do
pulgão.
1
Comitê de Orientação: Jair Campos Moraes UFLA e Ernesto Prado UFLA/ CNPq.
29
ABSTRACT
NERI, Danila Kelly Pereira. Effect of the application of silicon in corn on the
probing behavior and on the biological development of the aphid
Rhopalosiphum maidis (Fitch.) (Hemiptera: Aphididae). In: _____. Effect of
silicon on the resistance of corn plants to Rhopalosiphum maidis (Fitch.)
(Hemiptera: Aphididae) and its interaction with insecticide in the control of
Spodoptera frugiperda (J.E.Smith) (Lepidoptera: Noctuidae). 2006. Chap.2,
p.28-46. Thesis (Doctor in Agronomy/Entomology) Federal University of
Lavras, Lavras, MG.
1
The present study aimed to clarify the effect of the application of silicon in corn
on the probing behavior and biology of the corn aphid. Corn plants were treated
with one, two and three applications of silicic acid. The probing behavior, the
was evaluated by using Electrical Penetration Graphs” (EPG) technique and
“Honeydew Clock”. The biology of the aphid was evaluated through the:
mortality, pre-reproductive, reproductive and post-reproductive periods, number
of nymphs, population’s growth rate and longevity. The application of silicic
acid did not affect the start of test bite of the aphid and was not effective to
avoid the onset of the phloem phase. However, it increased the time spent by the
aphids to release the first drop of “honeydew” and the interval between the
drops. The biology of the corn aphid was not affected by silicon. The results
demonstrated that the induction of resistance in corn to R. maidis can be stood
out by some parameters of feeding behavior such as the “honeydew” excretion
of the aphid.
1
Guidance Committee: Jair Campos Moraes – UFLA and Ernesto Prado –UFLA/CNPQ
30
1 INTRODUÇÃO
O milho (Zea mays L.) tem sua produtividade reduzida pelo ataque de
diversos insetos-praga que lhe causam danos severos (Viana, 2004). Dentre as
pragas que atacam a cultura do milho, o pulgão-do-milho Rhopalosiphum maidis
(Fitch., 1856) (Hemiptera: Aphididae) causa danos econômicos principalmente
em regiões em que se cultiva o milho “safrinha”.
O pulgão-do-milho causa danos diretos pela sucção da seiva, o que
provoca depauperamento e definhamento geral da planta. Como seus dejetos são
ricos em aminoácidos, podem propiciar o desenvolvimento de fumagina que
cobre as folhas, interceptando a radiação solar e prejudicando a fotossíntese das
plantas. Além disso, o pulgão é apontado como vetor do vírus do mosaico
comum, que pode causar prejuízos severos à cultura do milho (Oliveira et al.,
2003).
A utilização de cultivares resistentes é considerada uma alternativa de
controle eficiente no manejo do pulgão e, conseqüentemente, da doença por ele
transmitida (Oliveira et al., 2003). A adubação mineral pode influenciar na
resistência das plantas, como no caso da indução de resistência proporcionada
pelo silício, que vem mostrando resultados promissores no controle de pulgões
(Basagli et al., 2003; Gomes et al., 2005; Moraes & Carvalho, 2002; Moraes et
al., 2005).
O silício proporciona resistência às plantas devido ao seu acúmulo na
parte externa da parede celular (principalmente nas células da epiderme), que
induz à formação de uma dupla camada de lica cuticular (Korndörfer et al.,
2001). Essa camada de silício forma uma barreira de resistência mecânica ao
ataque de insetos sugadores e herbívoros (Epstein, 1994). Outra forma de
proteção oferecida pelo silício é a ativação de uma seqüência de reações que
iniciam mecanismos de defesas bioquímicas na planta atacada e/ou infectada
31
(Fawer et al., 1998; Gomes et al., 2005), o que poderá afetar a biologia e o
comportamento alimentar dos pulgões, tendo como conseqüência a redução das
infestações e dos prejuízos causados pelo inseto-praga.
A técnica de “Electrical Penetration Graphs” (EPG) vem sendo utilizada
na análise do comportamento alimentar de insetos sugadores de seiva e em
estudos de transmissão de viroses. Foi inicialmente desenvolvida por McLean &
Kinsey (1964) e, posteriormente, modificada por Tjallingii (1978). Por meio
dessa técnica é possível distinguir diferentes padrões de ondas, cada uma
característica de uma atividade e localização precisa dos estiletes, sendo
representadas pelas fases de caminhamento, xilemática, floemática e por
períodos de não-prova (Tjallingii, 1978; Tjallingii & Prado, 2001). Dessa forma,
parâmetros relacionados à seqüência e à duração dos eventos de EPG são de
grande importância para a identificação de mecanismos envolvidos na
resistência das plantas. Essa técnica (EPG) pode ser complementada pela de
“Honeydew Clock”, que consiste na avaliação do número e da freqüência de
gotas de “honeydew” secretadas pelos pulgões, bem como pela avaliação do
desenvolvimento biológico da praga.
Assim, o objetivo do presente estudo foi esclarecer o efeito da aplicação
de silício em plantas de milho sobre o comportamento alimentar, a excreção de
“honeydew” e o desenvolvimento do pulgão-do-milho R. maidis.
32
2 MATERIAL E MÉTODOS
2.1 Criação do pulgão-do-milho
O pulgão-do-milho foi coletado em plantas de milho no Campus da
Universidade Federal de Lavras (UFLA) e levado para o laboratório de Manejo
Integrado de Pragas do Departamento de Entomologia da UFLA. Os pulgões
foram mantidos em secções foliares de milho de dez centímetros de
comprimento, fixadas por tampas de isopor a copos plásticos de 50 mL com
água. Esse conjunto era mantido em câmara climatizada à temperatura de 25 ±
2ºC, umidade relativa de 70 ± 10% e fotofase de 12 horas.
2.2 Condução das plantas
No experimento no qual se avaliou o comportamento alimentar do
pulgão mediante a técnica de EPG, utilizou-se o milho híbrido BR 3123, do qual
foram semeadas quatro sementes por vaso com capacidade para 0,5 litro de
substrato, composto por terra de barranco adubada com esterco de curral (2:1).
Após cinco dias da emergência foi realizado o desbaste das plantas excedentes,
deixando-se apenas a plântula mais vigorosa em cada vaso. A umidade do
substrato foi mantida por meio de irrigações diárias.
No experimento em que se avaliou o comportamento alimentar do
pulgão-do-milho mediante a técnica de “Honeydew Clock”, bem como no
experimento realizado para determinar a biologia dos pulgões, utilizou-se o
milho híbrido BRS 3003, do qual foram semeadas quatro sementes em vasos que
continham três quilos de terra de barranco com esterco de curral (2:1) e nove
gramas de NPK (4-14-8).
Os vasos foram dispostos aleatoriamente sobre bancadas cobertas com
areia e cobertos individualmente com uma gaiola de tecido tipo organza,
medindo 40 cm de largura, 40 cm de comprimento e 80 cm de altura, em casa-
33
de-vegetação, sob condições climáticas naturais. As plantas do experimento de
“Electrical Penetration Graphs” permaneceram nessas condições durante o
período de abril a maio de 2004, as plantas utilizadas na biologia ficaram
durante os meses de junho e julho de 2005 e os vasos do experimento de
“Honeydew Clock” ficaram durante os meses de julho a novembro de 2005.
Após esse período na casa-de-vegetação, os vasos foram levados para os
laboratórios para a realização dos bioensaios.
2.3 Tratamentos
Os tratamentos testados foram: 1) Testemunha (sem aplicação de silício);
2) Uma aplicação foliar de ácido silícico (1% de SiO
2
) após dez dias da
emergência das plântulas de milho; 3) Duas aplicações foliares de ácido silícico
(1% de SiO
2
), sendo a primeira após dez dias da emergência e a segunda seis
dias depois da primeira; e 4) Três aplicações foliares de ácido silícico (1% de
SiO
2
), sendo a primeira após dez dias da emergência e as demais em intervalos
de seis dias.
As aplicações foliares foram realizadas com um pulverizador manual a
o escorrimento da calda. Após quatro dias da última aplicação do ácido silícico,
as plantas foram utilizadas nos experimentos de EPG, “Honeydew Clock” e na
determinação da biologia do pulgão sobre as plantas dos diferentes tratamentos.
2.4 Comportamento alimentar de Ropalosiphum maidis em plantas de
milho com e sem silício
2.4.1 Técnica de “Electrical Penetration Graphs” (EPG)
Na avaliação do comportamento alimentar do pulgão-do-milho mediante
a técnica de EPG, foram utilizadas plantas com 26 dias de idade. Para se
obterem os registros de EPG, pulgões adultos foram fixados em um eletrodo
formado por um fio de ouro de 20 µm de diâmetro e 20 mm de comprimento que
34
foi fixado no dorso do inseto com auxílio de uma gota de prata, que continha
tintura de prata e solvente à base de água. Após a fixação, os pulgões foram
colocados na parte abaxial da segunda folha totalmente estendida de cada planta/
vaso/tratamento. Outro eletrodo foi colocado no substrato de cada vaso que
continha as plantas de milho pertencentes aos diferentes tratamentos. Todo esse
conjunto foi colocado no interior de uma “gaiola de Faraday”.
Os sinais foram gravados por um microcomputador usando o software
Stylet 3.0. As gravações tiveram uma duração de oito horas e de cada tratamento
foram gravados mais de 30 registros. Os pulgões utilizados permaneceram por
um período de jejum de uma hora antes de serem colocados nas plantas para se
iniciarem os registros.
Na avaliação da resistência induzida pelo silício, as ondas que
compreendem o modelo A, B, F e C foram consideradas como a fase de
caminhamento do estilete do inseto. Os demais parâmetros analisados estão
presentes na Tabela 1.
2.4.2 Técnica de “Honeydew Clock”
Na medição do “honeydew” excretado pelos pulgões, fez-se uso de uma
técnica conhecida por “Honeydew Clock”, que consiste num cilindro de plástico
de 12 cm de diâmetro e 2,5 cm de espessura e, sobre esse cilindro, uma tira de
papel filtro impregnada com uma solução de ácido acético glacial (3 mL), n-
butanol (10 mL) e ninhydrina (0,3 g), que se torna violeta na presença do
aminoácido do “honeydew”. O cilindro foi encaixado em um eixo horizontal de
um pequeno relógio de ponto e esse conjunto foi instalado em uma haste
metálica móvel a um centímetro do inseto.
Os pulgões, antes de serem colocados nas plantas, permaneceram por um
período de uma hora sem alimentação. Após esse período de jejum, os pulgões
foram colocados livremente na parte superior das folhas, as quais foram viradas
35
e prendidas em barbantes de algodão, com o auxílio de grampos de cabelo
protegidos com papel filtro para evitar ferimentos nas folhas. Os pulgões
presentes nestas folhas foram colocados a um centímetro de distância do
“Honeydew Clock” para a coleta das gotas de “honeydew”.
As avaliações foram feitas pela contagem do mero de gotas, do tempo
gasto pelo inseto para liberação da primeira e última gota, bem como da
freqüência das gotas de “honeydew presentes no papel filtro, durante um
período de 12 horas, em oito repetições por tratamento.
2.5 Biologia do pulgão-do-milho
Este ensaio seguiu a metodologia proposta por Gomes et al. (2005) com
algumas modificações. Duas fêmeas adultas, no início do período reprodutivo,
foram liberadas em gaiolas cilíndricas de plástico transparente, com cerca de 1
cm de altura e 0,8 cm de diâmetro, com fundo fechado por tecido tipo organza e
a outra extremidade circundada com espuma para evitar ferimentos nas folhas de
milho. As gaiolas foram fixadas às folhas por um clips de metal, sendo
colocadas duas gaiolas por planta/vaso, uma gaiola na parte superior e outra na
parte inferior da planta, calculando-se, posteriormente, o valor médio/planta.
As fêmeas foram retiradas após um período de 24 horas, sendo deixadas
em cada gaiola três ninfas de primeiro instar, que permaneceram nas plantas até
o início do seu período reprodutivo. A partir desta data, apenas uma fêmea
adulta permaneceu em cada gaiola; as demais foram eliminadas. Observações
diárias foram realizadas e as ninfas nascidas eram contadas e retiradas com o
auxílio de um pincel. Durante todo o período experimental, as gaiolas foram
deslocadas para outras partes da mesma folha à medida que esta se tornava
amarelada.
36
As características biológicas analisadas foram: mortalidade, períodos
pré-reprodutivo, reprodutivo e pós-reprodutivo, número de ninfas, taxa de
crescimento da população e longevidade.
Para estimar a taxa de crescimento populacional do inseto foi utilizado o
método proposto por Wyatt & White (1977), com a seguinte equação:
r
m
= 0,738 (log
e
M
d
)/d
Sendo: r
m
: taxa de crescimento populacional;
M
d
: número de ninfas nascidas durante o mesmo número “d” ;
d: duração do período pré-reprodutivo em dias.
2.6 Delineamento experimental e análise estatística
Para a análise dos dados de todos os ensaios foi realizado o
desdobramento dos graus de liberdade de tratamentos com o objetivo de
comparar, inicialmente, o contraste testemunha (sem aplicação) versus silício
(média dos três tratamentos com silício) e, no caso de significância deste, os
contrastes entre uma, duas e três aplicações de silício.
No experimento de EPG foi utilizado o delineamento inteiramente
casualizado, com mais de 30 repetições. Os parâmetros foram submetidos à
análise não-paramétrica e as médias, comparadas pelo teste de Mann-Whitney.
Os dados de porcentagem foram analisados pelo teste do Qui-quadrado.
Para avaliação da biologia e “Honeydew Clock”, utilizou-se o
delineamento inteiramente casualizado com quatro tratamentos e oito repetições.
Os dados referentes à porcentagem de mortalidade foram transformados em
arco-seno
)100/(x
e os dados de contagem, em
)5,0( +x
, e submetidos à
análise de variância.
37
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1 Comportamento alimentar de Rhopalosiphum maidis em plantas de
milho com e sem silício
3.1.1 Técnica de “Electrical Penetration Graphs” (EPG)
Entre os parâmetros de EPG, não houve diferenças significativas (P
0,05) entre o contraste testemunha versus silício (Tabela 1).
A não significância da duração da primeira prova e da duração do
segundo período de não-prova pode indicar que a aplicação de ácido silícico não
interferiu no início da inserção dos estiletes do pulgão no tecido foliar das
plantas de milho, apesar de o silício concentrar-se na epiderme das folhas,
formando uma barreira de resistência mecânica que dificulta o ataque de insetos
sugadores e herbívoros (Epstein, 1994).
A aplicação de silício também não afetou o comportamento alimentar do
pulgão R. maidis em plantas de milho no que se refere a: duração do período de
salivação no floema; tempo necessário para o pulgão atingir a fase E2 maior do
que dez minutos e número de puncturas intracelulares (pd).
O aumento no período de salivação (Garzo et al., 2002; Ramírez &
Niemeyer, 1999), o retardamento do início das atividades de alimentação
(Webster et al., 1993) e o menor número de puncturas intracelulares (pd) devido
a diferenças físicas nas células ou estruturas dos tecidos (Calatayud et al., 1994)
são parâmetros que demonstram o grau de resistência a pulgões (Caillaud et al.,
1995). Portanto, mediante a técnica de EPG, não se detectou nenhum grau de
resistência induzida pelo silício ao pulgão, apesar de o silício formar uma
barreira mecânica passiva de defesa da planta (Epstein, 1994) e proporcionar
38
uma proteção ativa dentro das células vegetais, desencadeando as defesas
bioquímicas da planta infectada (Fawer et al., 1998) como o aumento na
atividade das enzimas peroxidase, polifenoloxidase e fenilalanina amônia-liase
(Gomes et al., 2005). A peroxidase está relacionada com a síntese de lignina e
suberina, que aumentam a rigidez dos tecidos, e com a produção de quinonas e
oxigênio ativo, que possuem propriedades antibióticas (Stout et al., 1994). A
polifenoloxidase, além de estar envolvida no processo de lignificação, é também
responsável pela catálise oxidativa de fenóis a o-quinonas, que se complexam
com proteínas, diminuindo a qualidade nutricional do alimento e dificultando a
digestão protéica (Mohammadi & Kazemi, 2002). A fenilalanina amônia-liase
está relacionada com a síntese de compostos fenólicos com propriedades
deterrentes, tóxicas e antinutricionais (Appel, 1993).
39
TABELA 1. Parâmetros do comportamento alimentar de Ropalosiphum maidis
durante oito horas de registro (média ± erro padrão).
Parâmetros Testemunha Silício**
Mann-
Whitney
(p- valor)
1. Duração da 1ª prova (min)
44,0 ± 17,3 a
(n=36)
72,9 ± 10,6 a
(n=95)
0,586
2. Duração do período de não-prova
(min)
10,3 ±4,8 a
(n=36)
10,7 ± 3,1 a
(n=95)
0,884
3. Tempo para atingir o floema na
prova (min)*
80,8 ± 14,9 a
(n=35)
93,2 ± 9,2 a
(n=82)
0,234
4. Número de períodos de salivação no
floema (E1) (min)*
3,3 ± 0,4 a
(n=35)
3,7 ± 0,3 a
(n=82)
0,823
5. Número de períodos de ingestão no
floema (E2) (min)*
1,9±0,2 a
(n=31)
1,7±0,1 a
(n=76)
0,091
6. Duração da fase floemática
(E1+E2) (min)*
145 ± 13 a
(n=35)
140 ± 16,8 a
(n=82)
0,954
7. Tempo para atingir o E2>10’ da 1
a
prova (min)*
195,8 ± 15,3 a
(n=31)
224,0 ± 13,8 a
(n=74)
0,417
8. Tempo para atingir o E2>10’ na
prova (min)*
93,9 ± 16,2 a
(n=31)
93,3 ± 10 a
(n=74)
0,980
9. Relação da durão do caminhamento
com o número de pds (Cd/Npd)
4,6 ± 0,9 a
(n=36)
6,9 ± 1,4 a
(n=95)
0,143
Qui-quadrado
10. Insetos com fase floemática (%)
97,2 a
(n=35)
86,3 a
(n=82)
0,071 (χ
2
)
11. Insetos com fase xilemática (%)
50,0 a
(n=36)
32,6a
(n=95)
0,067 (χ
2
)
Médias seguidas de mesma letra minúscula na linha não diferem entre si pelo Teste de Mann-
Whitney. n= número de repetições, *somente para insetos que atingiram o floema e **média dos
três tratamentos com silício.
40
3.1.2 Técnica de “Honeydew Clock”
A aplicação de silício, na média das três aplicações, apresentou
diferenças significativas para o tempo gasto pelo pulgão para liberar a primeira
gota de “honeydew” e para o intervalo entre gotas em relação às plantas não
tratadas. Constatou-se que os pulgões alimentados em plantas que receberam
aplicações de ácido silícico demoraram mais tempo para liberar a primeira gota
de “honeydew”. O mesmo fato foi observado para o intervalo entre as excreções
de gotas de “honeydew”, que foi maior quando os pulgões estavam presentes em
plantas com silício, sendo o intervalo aproximadamente 50% maior entre as
gotas (Tabela 2). Contudo, para ambos os parâmetros, não se observaram
diferenças significativas entre as aplicações de silício.
No que se refere ao mero de gotas e ao tempo gasto para excreção da
última gota de “honeydew” pelos pulgões, não houve diferença entre os
tratamentos com e sem silício (Tabela 2). Embora a aplicação de silício possa
reduzir o mero de gotas de “honeydew” pelos pulgões (Goussain et al., 2005),
o resultado obtido se deve, possivelmente, ao fato de as dosagens testadas via
foliar serem normalmente muito menores do que as via solo.
Dessa forma, o silício afetou a alimentação do pulgão-do-milho por
retardar o início da alimentação, indicando uma redução do período de ingestão
do floema, porém não o suficiente para evitar o início da fase floemática. Essa
demora provavelmente se deve à barreira mecânica formada pelo silício
(Epstein, 1994) e ao possível aumento das defesas bioquímicas da planta (Fawer
et al., 1998; Gomes et al., 2005).
41
TABELA 2. Excreções de “honeydew” do pulgão Ropalosiphum maidis (média
± erro padrão) em plantas de milho após 12 horas da liberação.
Tratamentos Nº de gotas
Tempo da 1ª
gota (min)
Tempo da ú
ltima
gota (min)
Intervalo entre
gotas (min)
Sem silício (n= 7) 15,00 ± 3,15 a
83,67 ± 58,56 b
451,88 ± 73,64 a
14,52 ± 5,64 b
Com silício *(n= 19)
9,89 ± 1,91 a 281,54 ± 34,33 a
529,67 ± 44,70 a
28,59 ± 3,42 a
ANOVA (p-valor) 0,1785 0,0064 0,3755 0,0433
Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem estatisticamente entre si pelo teste F (P
0,05). *média dos três tratamentos com silício.
3.2 Biologia do pulgão-do-milho
Não foram observadas diferenças significativas (P 0,05) entre os
tratamentos para todos os parâmetros analisados. O período pré-reprodutivo
apresentou um valor médio, de 5,3 dias, o reprodutivo, de 12,7 dias; o pós-
reprodutivo, de 3,1 dias; a longevidade, de 20,9 dias; a porcentagem de
mortalidade, de 29,7%; e a taxa de crescimento populacional do inseto, de 0,51
inseto/dia.
Resultados de pesquisas têm evidenciado efeitos deletérios do silício em
alguns aspectos biológicos de pulgões em gramíneas (Basagli et al., 2003;
Carvalho et al.,1999; Gomes et al., 2005; Goussain et al., 2005; Moraes &
Carvalho, 2002); porém, diferentes dosagens e modos de aplicação (via solo
e/ou foliar), ou mesmo a qualidade nutricional das plantas e estresses de
aclimatação, podem alterar o grau da manifestação da resistência aos insetos.
De maneira geral, não se verificaram diferenças significativas entre o
número de aplicações de silício nos três ensaios, indicando que não é o mero
de aplicações que pode exercer influência na indução de resistência, e sim a
forma de aplicação, uma vez que o transporte do silício para as partes aéreas das
plantas é limitado ao xilema (Balasta et al., 1989). Em decorrência desse fato,
possivelmente, pequena quantidade de silício foi absorvida, que a absorção
foliar de nutriente é muito mais lenta do que a radicular, pois os pequenos poros
42
da folha e os estômatos permitem uma entrada restrita de nutrientes (Furlani,
2004).
A indução de resistência em milho a R. maidis por meio de aplicações
foliares de silício pode ser evidenciada por alguns parâmetros de comportamento
alimentar do pulgão. Contudo, outros ensaios, principalmente a campo, devem
ser realizados visando avaliar dosagens, métodos de aplicação e custos
operacionais desta técnica alternativa de manejo do pulgão-do-milho.
43
4 CONCLUSÕES
O silício aumenta o tempo gasto pelo pulgão R. maidis para liberar a
primeira gota e o intervalo entre as gotas de “honeydew” excretadas;
O silício não afeta o comportamento alimentar mediante a técnica de EPG
e a biologia do pulgão R. maidis em aplicações foliares nas plantas de
milho.
44
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47
CAPÍTULO 3
RESUMO
NERI, Danila Kelly Pereira. Influência do silício na suscetibilidade de
Spodoptera frugiperda (J.E. Smith) (Lepidoptera: Noctuidae) ao inseticida
lufenuron e no desenvolvimento de plantas de milho. In: ______. Efeito do
silício na resistência de plantas de milho a Rhopalosiphum maidis (Fitch.)
(Hemiptera: Aphididae) e sua interação com inseticida no controle de
Spodoptera frugiperda (J.E. Smith) (Lepidoptera: Noctuidae). 2006. Cap.3,
p.47-68. Tese (Doutorado em Agronomia/Entomologia) Universidade Federal
de Lavras, Lavras, MG.
1
Com objetivo de avaliar os efeitos do silício na suscetibilidade de Spodoptera
frugiperda ao inseticida lufenuron e no desenvolvimento de plantas de milho,
foram realizados dois experimentos, sendo um em laboratório e outro em campo.
Os tratamentos consistiram de aplicações de ácido silícico associado ou não a
diferentes dosagens do inseticida lufenuron. No experimento conduzido no
laboratório utilizou-se o delineamento inteiramente casualizado em esquema
fatorial 2 × 5 (com e sem silício × dosagens de lufenuron) com cinco repetições.
o experimento em campo foi em blocos ao acaso, com seis tratamentos em
esquema fatorial 2 × 3 (com e sem silício × dosagens de lufenuron) e quatro
repetições. Avaliou-se, em laboratório, a mortalidade da lagarta-do-cartucho,
tanto às 24 e 48 horas antes da aplicação do inseticida como depois da aplicação.
A campo, avaliaram-se os danos ocasionados pela lagarta, utilizando uma escala
de notas, e as características agronômicas das plantas de milho. Os resultados
demonstraram que o silício interagiu positivamente com o inseticida lufenuron
no controle de S. frugiperda em plantas de milho, possibilitando uma redução da
dosagem do inseticida, bem como fortaleceu a estrutura da planta por aumentar
o diâmetro do caule.
1
Orientador: Jair Campos Moraes UFLA
48
ABSTRACT
NERI, Danila Kelly Pereira. Influence of silicon in the susceptibility of
Spodoptera frugiperda (J.E.Smith) (Lepidoptera: Noctuidae) to the insecticide
lufenuron and in the development of corn plants. In: _____. Effect of silicon on
the resistance of corn plants to Rhopalosiphum maidis (Fitch.) (Hemiptera:
Aphididae) and its interaction with insecticide in the control of Spodoptera
frugiperda (J.E.Smith) (Lepidoptera: Noctuidae). 2006. Chap.3, p.47-68.
Thesis (Doctor in Agronomy/Entomology) Federal University of Lavras, Lavras,
MG.
1
With the objective of evaluating the effects of silicon in the efficiency of the
insecticide lufenuron on the control of S. frugiperda and on the development of
corn plants, two experiments were conducted, one being in laboratory and the
other in the field. The treatments consisted of applications of silicic acid
associated or not with different dosages of the insecticide lufenuron. In the
laboratory-conducted experiment, the completely randomized design in 2 x 5
factorial scheme (with or without silicon x dosages of lufenuron) with five
replicates was utilized, but the field experiment was in randomized blocks with
six treatments in 2 x 3 factorial scheme (with and without silicon x dosages of
lufenuron) and four replicates. In laboratory, the mortality of fall armyworm,
both at 24 and 48 hours before the application of the insecticide and after
application, was evaluated. In the field, the damages caused by the larvae and
the agronomic characteristics of corn plants were also evaluate by utilizing a
score scale. The results showed that silicon interacted positively with the
insecticide lufenuron in the control of S. frugiperda enabling a reduction of the
insecticide dosage as well as it strengthened the plant structure for increasing the
stem diameter.
1
Guidance Committee: Jair Campos Moraes – UFLA
49
1 INTRODUÇÃO
A ação de insetos-praga é um dos principais fatores que afetam a
economicidade das lavouras de milho (Zea mays L.) por impedir o melhor
aproveitamento do potencial produtivo dos híbridos atualmente disponíveis
(Gassen, 1996).
No Brasil, a lagarta-do-cartucho Spodoptera frugiperda (J.E. Smith,
1797) (Lepidoptera: Noctuidae) é considerada uma das principais pragas da
cultura do milho. A praga encontra-se distribuída em todas as regiões onde se
cultiva esse cereal e o seu ataque pode reduzir a produção em até 34% (Cruz et
al., 1996; Cruz et al., 2006).
As lagartas alimentam-se das folhas, reduzindo a área foliar e afetando a
capacidade fotossintética da planta e, conseqüentemente, a produção. No milho,
os danos decorrem do ataque às folhas novas que são raspadas pelas lagartas nos
estágios iniciais de crescimento. A partir do 3
o
estádio, a lagarta penetra no
cartucho destruindo diversos pontos da folha durante sua alimentação (Sarmento
et al., 2002). Em ocorrências tardias pode atacar a espiga, destruindo a palha e os
grãos, além de propiciar a entrada de patógenos e umidade, determinando o seu
apodrecimento (Ávila et al., 1997).
O controle de S. frugiperda tem sido realizado principalmente pelo uso
de produtos químicos. Sabe-se que o uso indiscriminado de um produto químico
pode levar à seleção de indivíduos resistentes a inseticidas, além da eliminação
de organismos benéficos e a contaminação ambiental. No Brasil, fracassos no
controle da lagarta-do-cartucho são freqüentemente relatados com o uso de
produtos tradicionais como fosforados e piretróides (Schmidt, 2002).
Dessa forma, os produtores têm utilizado como alternativa o lufenuron,
um inseticida pertencente ao grupo dos reguladores de crescimento de insetos
que apresenta boa eficiência no controle de lagartas, baixa toxicidade para
50
mamíferos e alta seletividade a inimigos naturais (Schmidt, 2002). Além disso, o
lufenuron, em condições de casa-de-vegetação, apresenta um bom potencial de
interação com silício, com possibilidades de emprego de subdosagens do
inseticida no manejo de S. frugiperda (Neri et al., 2005).
O silício induz resistência às plantas de forma passiva e ativa. Devido à
sua concentração na epiderme, forma uma barreira de resistência mecânica
passiva de defesa da planta contra a invasão de fungos e bactérias para o interior
da planta, bem como dificulta o ataque de insetos sugadores e herbívoros
(Epstein, 1994). O silício também induz uma proteção ativa dentro das células
vegetais, uma vez que começa uma seqüência de reações que iniciam
mecanismos de defesa bioquímica na planta infectada (Fawer et al., 1998).
Dessa forma, no manejo integrado de pragas, as cultivares resistentes
desempenham papel importante, destacando-se a harmonia com o ambiente e a
compatibilidade com outras táticas de controle (Silva et al., 2004).
Assim, objetivou-se avaliar os efeitos do silício na suscetibilidade de S.
frugiperda ao inseticida lufenuron e no desenvolvimento de plantas de milho.
51
2 MATERIAL E MÉTODOS
2.1 Criação de manutenção da lagarta-do-cartucho-do-milho
As lagartas utilizadas nos experimentos em laboratório eram
provenientes da criação de manutenção do laboratório de Manejo Integrado de
Pragas do Departamento de Entomologia da Universidade Federal de Lavras
(UFLA).
Nesta criação, as pupas são colocadas em gaiolas de PVC com 20 cm de
diâmetro e 25 cm de altura, com parede interna revestida com papel sulfite de
cor branca, tampadas na parte superior com tecido tipo organza, sendo sua parte
inferior apoiada em prato plástico, também forrado. Após a emergência dos
adultos, coloca-se em cada gaiola o alimento à base de mel a 10%, embebido em
chumaço de algodão, em copo plástico de 50 ml.
As posturas são coletadas diariamente, recortando-se a massa de ovos
juntamente com o papel sulfite, e são colocadas em copos plásticos com
capacidade de 50 mL contendo a dieta artificial à base de feijão e levedura
(Kasten et al., 1978), sendo o conjunto, posteriormente, fechado com tampa
acrílica. Após três dias da eclosão, as lagartas são individualizadas em copos
plásticos com a mesma dieta descrita anteriormente, sendo mantidas em câmara
climatizada regulada a 25 ± 2°C, UR de 70 ± 10% e fotofase de 12 horas.
2.2 Interação silício e lufenuron no controle de Spodoptera frugiperda
O experimento foi conduzido na casa-de-vegetação e no laboratório do
Departamento de Entomologia da UFLA, no período de novembro a dezembro
de 2005.
Semearam-se quatro sementes de milho híbrido BRS-3003 por vaso com
capacidade para dois litros de substrato, composto por terra de barranco adubada
com esterco de curral (2:1) e 4,5 g de NPK (4-14-8). A umidade do substrato foi
52
mantida por meio de irrigações diárias. Após sete dias da emergência, procedeu-
se o desbaste das plantas excedentes, deixando-se apenas a planta mais vigorosa
por vaso. Os vasos foram dispostos ao acaso sobre bancadas metálicas em casa-
de-vegetação.
As plântulas foram adubadas com silício sete dias após a emergência,
por meio de uma solução de ácido silícico diluído em água na concentração de
1%. A solução foi aplicada no colo das plantas na quantidade de 75 mL por
vaso, equivalendo a uma tonelada por hectare. Após dez dias da adubação com
silício, foram cortadas secções foliares de cada tratamento para serem utilizadas
na primeira etapa do experimento. Os tratamentos com inseticida só o receberam
na segunda etapa, que correspondeu a 12 dias após a aplicação de silício. As
diferentes dosagens do inseticida lufenuron foram diluídas em água e aplicadas
diretamente nas seções foliares, por imersão durante cinco segundos nas
respectivas caldas, e deixadas para secar naturalmente durante 30 minutos sobre
papel filtro.
Para avaliar a interação silício e lufenuron no controle de S. frugiperda,
utilizou-se o teste de preferência sem chance de escolha. Na execução da
primeira etapa deste teste, uma secção foliar de dez centímetros de comprimento
da quarta folha totalmente expandida das plantas de cada tratamento foi
colocada numa placa de Petri (15 cm de diâmetro) contendo, no fundo, um papel
filtro umedecido com água destilada para manter a turgescência da folha de
milho. Cada placa recebeu dez lagartas com 24 h de idade e, após 24 e 48 h da
instalação do experimento, foi avaliada a mortalidade por meio da contagem dos
sobreviventes. Logo após a última contagem, as lagartas remanescentes desse
experimento foram colocadas em novas secções foliares, previamente tratadas
com inseticida ou água. Após as secções foliares serem tratadas e receberem as
lagartas remanescentes, avaliou-se também a mortalidade por meio da contagem
53
dos sobreviventes após 24 e 48 h da instalação dessa segunda etapa do
experimento.
Adotou-se o delineamento inteiramente casualizado em esquema fatorial
2 (com e sem silício) × 5 (dosagens de lufenuron) com cinco repetições. Os
tratamentos consistiram de: 1) uma aplicação de silício; 2) aplicação de silício
mais uma pulverização com o inseticida lufenuron (Match
CE) na dosagem 15
g i.a.ha
-1
; 3) aplicação de silício mais uma pulverização com o inseticida
lufenuron na dosagem 7,5 g i.a. ha
-1
; 4) aplicação de silício mais uma
pulverização com o inseticida lufenuron na dosagem 3,75 g i.a. ha
-1
; 5) aplicação
de silício mais uma pulverização com o inseticida lufenuron na dosagem 1,87 g
i.a. ha
-1
; 6) uma pulverização com o inseticida lufenuron na dosagem 15 g i.a.
ha
-1
dosagem recomendada pelo fabricante; 7) uma pulverização com o
inseticida lufenuron na dosagem 7,5 g i.a. ha
-1
½ da dosagem recomendada; 8)
uma pulverização com o inseticida lufenuron na dosagem 3,75 g i.a. ha
-1
¼ da
dosagem recomendada; 9) uma pulverização com o inseticida lufenuron na
dosagem 1,87 g i.a. ha
-1
da dosagem recomendada; 10) testemunha (sem
silício e sem inseticida).
Os dados de mortalidade foram transformados em arco-seno
)100/(x
e
submetidos à análise de variância, sendo as médias comparadas pelo teste de
Scott-Knott (P 0,05).
2.3 Interação silício e lufenuron no controle de Spodoptera frugiperda e no
desenvolvimento de plantas de milho a campo
O experimento foi conduzido no período de fevereiro a abril de 2006, no
“Campus” da Universidade Federal Rural do Semi-árido (UFERSA), situada no
município de Mossoró-RN, que fica a 11’de latitude Sul, 37º 20’ longitude a
Oeste de Greenwich e 18 m de altitude. O clima, segundo a classificação de
54
Köppen, é BSwh’ muito quente, seco e com estação chuvosa atrasando-se do
verão para o outono (Carmo Filho, 1989).
Os tratos culturais realizados na área experimental foram: duas capinas
manuais, sendo a primeira realizada seis dias antes do plantio e a segunda após
28 dias da germinação; uma gradagem feita um dia antes do plantio e uma
catação manual das lagartas-do-cartucho antes das aplicações de silício e
inseticida, ou seja, três dias após a germinação. Essa catação foi necessária para
diminuir a alta infestação e os elevados danos ocasionados pela praga nas
plantas de milho na sua fase inicial.
As adubações e a correção do solo para a cultura do milho foram
realizadas de acordo com a análise de solo e as exigências da cultura. Para isso
coletaram-se, à profundidade de 0-20 cm, dez amostras simples de solo para se
formar uma composta. Essa amostra foi enviada para o Laboratório de Análises
de Solo, Água e Planta do Departamento de Ciência Ambientais da UFERSA.
Com base na análise (Tabela 1), foi necessária apenas uma aplicação de
cobertura com 1,08 kg de uréia (44% de nitrogênio), correspondendo a 30 kg ha
-
1
de nitrogênio.
O silício foi aplicado na forma de solução do ácido silícico a 1%, diluído
em água e aplicado no colo de cada planta uma quantidade de um 1,0 L na
primeira aplicação e 0,6 L na segunda, correspondendo a 0,5 e 0,33 toneladas de
Si por hectare, respectivamente.
O delineamento experimental foi em blocos ao acaso, com seis
tratamentos em esquema fatorial 2 (com e sem silício) × 3 (dosagens de
lufenuron) e quatro repetições. Os tratamentos consistiram de: 1) duas
aplicações de silício após dez e vinte e oito dias da emergência; 2) duas
aplicações de silício mais duas pulverizações com o inseticida lufenuron
(Match
CE) na dosagem 15 g i.a. ha
-1
, após cinco dias das aplicações de silício;
3) duas aplicações de silício mais duas pulverizações com o inseticida lufenuron
55
na dosagem 7,5 g i.a. ha
-1
, após cinco dias das aplicações de silício; 4) duas
pulverizações com o inseticida lufenuron na dosagem 15 g i.a. ha
-1
; 5) duas
pulverizações com o inseticida lufenuron na dosagem 7,5 g i.a. ha
-1
e 6)
Testemunha (sem silício e sem inseticida).
A semeadura foi realizada logo que iniciou o período de chuvas (Tabela
2), ou seja, cerca de 12 dias após a primeira chuva. Após cinco dias do plantio,
ocorreu a germinação. O desbaste foi realizado após dez dias da germinação,
deixando-se duas plantas por cova, correspondendo a uma densidade de 50.000
plantas por hectare, espaçadas em um metro entre linhas e 0,4 metros entre
covas. A semente de milho utilizada foi da variedade BR 106 Embrapa.
Utilizou-se um sistema de irrigação por micro aspersão nos dias sem chuva.
Cada parcela experimental foi constituída por dez plantas de milho
distribuídas numa linha de dois metros de comprimento, separadas por quatro
plantas, correspondendo a uma distância entre parcelas de 0,8 m. As parcelas
foram demarcadas casualmente e distribuídas em linha, saltando-se uma linha
para se iniciar a distribuição das outras parcelas. Para avaliar os danos da praga
amostraram-se, de cada parcela, as seis plantas centrais, deixando-se duas
plantas de bordadura em cada extremidade, formando uma área útil de 1,2
m
2
/parcela. A área total do experimento foi de 158,4 m
2
.
Quinzenalmente foram realizadas avaliações do ataque da lagarta-do-
cartucho utilizando-se uma escala visual de injúrias proposta por Davis &
Williams (1989) (Tabela 3), sendo a nota de injúria obtida da média das notas
atribuídas por cinco avaliadores. As avaliações quinzenais foram feitas em três
idades da planta de milho, sendo a primeira avaliação realizada entre a 1
a
e a 2
a
semana após a emergência, quando as plantas atingiram o estágio “V3” (2 a 3
folhas abertas); a segunda avaliação foi realizada entre a 3
a
e a 4
a
semana após a
emergência (estágio “V6-V8”, plantas com 6 a 8 folhas abertas), e a terceira e
última avaliação foi efetuada entre a 5
a
e a 6
a
semana após a emergência (estágio
56
“V9”, plantas com 8 a 9 folhas abertas). A primeira avaliação foi feita um dia
antes do início das aplicações dos tratamentos nas plantas de milho, a segunda
quatorze dias após a primeira aplicação de silício e a terceira avaliação, após dez
dias da segunda e última aplicação de silício.
Quando as plantas completaram 45 dias de idade, correspondendo entre a
6
a
e a 7
a
semana após a emergência (estágio “V10-12”, plantas com 10 a 12
folhas abertas), foram coletadas para a avaliação da altura, do número de
ramificações dos pendões, do peso da matéria verde, do diâmetro do caule e do
número de folhas sadias e danificadas pela lagarta-do-cartucho.
Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias,
comparadas pelo teste de Scott-Knott (P 0,05).
TABELA 1. Análise química do solo da área experimental. Mossoró. 2006.
pH Al
3+
Ca+Mg Ca
2+
Mg
2+
Na
+
K P
H
2
O --------------------------- cmol
c
/dm
3
--------------------------- mg/dm
3
8,0 0,00 8,9 8,4 0,5 0,09 0,51 253,7
TABELA 2. Dados climatológicos de Mossoró no período de condução do
experimento *. Mossoró.2006.
*Fonte: Estação Climatológica da UFERSA (2006).
Temperatura (ºC) Meses
Média Máxima Mínima
Umidade
Relativa (%)
Precipitação
(mm)
Fevereiro 28,6 33,8 24,8 71,6 50,4
Março 27,8 32,7 23,9 80,6 332,1
Abril 27,2 32,2 23,8 84,2 257,7
57
TABELA 3. Escala visual de injúrias para Spodoptera frugiperda (Davis &
Williams, 1989).
Nota Descrição
0 Nenhuma injúria nas folhas
1 Perfurações diminutas em algumas folhas
2 Pequena quantidade de perfurações arredondadas em algumas folhas
3 Perfurações arredondadas em várias folhas
4 Perfurações arredondadas e lesões em algumas folhas
5 Lesões em várias folhas
6 Grandes lesões em várias folhas
7 Grandes lesões e porções dilaceradas em algumas folhas
8 Grandes lesões e porções dilaceradas em várias folhas
9 Grandes lesões e porções dilaceradas na maioria das folhas
58
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1 Interação silício e lufenuron no controle de Spodoptera frugiperda
Não foram encontradas diferenças (P 0,05) na porcentagem de
mortalidade nas avaliações realizadas durante o período de 24 h e 48 h antes da
aplicação das diferentes dosagens do inseticida lufenuron, bem como na
avaliação feita 24 h depois da aplicação do inseticida nas folhas com e sem
silício. As médias gerais observadas foram de 0,8, 1,8 e 5,6% de lagartas mortas,
respectivamente para as avaliações realizadas 24 e 48 horas antes e 24 horas
depois da aplicação.
Entretanto, na avaliação realizada 48 horas depois da aplicação do
inseticida (Tabela 4) foi verificada maior porcentagem de mortalidade nos
tratamentos que receberam a aplicação do ácido silícico mais a dosagem de 15
mL i.a. ha
-1
e de 7,5 mL i.a. ha
-1
do inseticida, sendo a mortalidade média de 94
e 90%, respectivamente. Os tratamentos com silício e as duas menores dosagens
de lufenuron (3,7 mL i.a. ha
-1
e 1,8 mL i.a. ha
-1
) apresentaram uma mortalidade
larval superior a 60% cada. A testemunha que continha somente silício foi a que
ocasionou a menor mortalidade do inseto-praga, aproximadamente 2%.
No que diz respeito à porcentagem de mortalidade larval de S.
frugiperda expostas às folhas que receberam apenas o inseticida, também foi
constatado que o tratamento que continha a maior dosagem do inseticida foi o
que provocou uma maior mortalidade, ou seja, superior a 90% (Tabela 4).
Entretanto, os tratamentos nas dosagens de 7,5 mL i.a. ha
-1
e 3,7 mL i.a. ha
-1
ocasionaram uma mortalidade inferior à dosagem completa do inseticida, porém
causaram uma mortalidade larval em torno de 54 e 60%, respectivamente. a
menor dosagem do inseticida (1,8 mL i.a. ha
-1
) não diferiu da testemunha (sem
inseticida e sem silício), com mortalidade larval inferior a 25%.
59
Ao se comparar o efeito das dosagens de lufenuron isoladamente na
presença ou ausência de silício, constatou-se que o tratamento que recebeu a
meia dosagem de inseticida (7,5 mL i.a. ha
-1
) provocou maior mortalidade nas
lagartas quando interagido com o silício, ou seja, 40% a mais do que na ausência
da aplicação de ácido silícico nas plantas. O mesmo foi constatado quando se
utilizou a menor dosagem do inseticida (1,8 mL i.a. ha
-1
), e nesse caso, a
interação silício × inseticida provocou uma mortalidade de aproximadamente
65% a mais em relação ao efeito isolado de lufenuron.
TABELA 4. Porcentagem de mortalidade de Spodoptera frugiperda (média ±
erro padrão) 48 horas após a aplicação do inseticida lufenuron em folhas de
plantas com e sem a aplicação de silício. Lavras. 2005.
Mortalidade (%)
Inseticida (dosagens)
Sem silício Com silício
Inseticida (15 mL i.a. ha
-1
)
92 ± 1,7 aA 94 ± 1,8 aA
Inseticida (7,5 mL i.a. ha
-1
)
54 ± 5,8 bB 90 ± 1,4 aA
Inseticida (3,7 mL i.a. ha
-1
)
60 ± 1,4 bA 62 ± 5,2 bA
Inseticida (1,8 mL i.a. ha
-1
)
22 ± 1,7 cB 64 ± 6,4 bA
Testemunha
00 ± 0,0 cA 02 ± 0,9 cA
CV (%) 32,39
* Médias seguidas de mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha não diferem
entre si, respectivamente, pelo teste F e de Scott-Knott (P 0,05).
O silício proporcionou um efeito positivo na mortalidade larval de S.
frugiperda quando interagido com o inseticida lufenuron nas dosagens de 7,5
mL i.a. ha
-1
e 1,8 mL i.a. ha
-1
, que correspondem, respectivamente, à metade e a
um oitavo da dosagem recomendada (15 mL i.a. ha
-1
). Resultados semelhantes
foram encontrados por Neri et al. (2005) ao avaliarem a interação do silício com
lufenuron no manejo de S. frugiperda em casa-de-vegetação. Nesta pesquisa, 48
horas após a liberação das lagartas sobre as folhas de milho, foi observada uma
60
maior mortalidade no tratamento que continha silício (via solo) e lufenuron em
meia dosagem (7,5 g i.a. ha
-1
).
A elevada porcentagem de mortalidade das lagartas presentes nas plantas
que receberam inseticidas se deve à alta eficiência do inseticida lufenuron, o que
confirma o estudo de Gomez e Ávila (2001) quando afirmam que os inseticidas
reguladores de crescimento podem controlar eficientemente as lagartas de S.
frugiperda.
Pelos resultados pode-se perceber que os tratamentos combinando silício
e inseticida foram mais eficientes que os tratamentos isolados. Isso se explica
pelo fato de o silício ter, possivelmente, conferido uma resistência mecânica às
folhas, o que dificultou a alimentação desses insetos (Goussain et al., 2002),
deixando-os mais suscetíveis à ação do inseticida.
3.2 Interação silício e lufenuron no controle de Spodoptera frugiperda e no
desenvolvimento de plantas de milho a campo
As notas atribuídas às injúrias devido à alimentação de S. frugiperda em
plantas de milho na primeira e terceira avaliações não foram significativamente
diferentes entre os tratamentos (P 0,05), cujas médias gerais foram de 6,9 e
3,7, respectivamente.
Na segunda avaliação (Tabela 5) verifica-se, para a dosagem total do
lufenuron, uma interação negativa com o silício, apresentando um dano médio
de aproximadamente 5,5. Entretanto, foram encontradas as menores notas de
injúrias nas plantas que receberam o silício mais inseticida na sua meia dosagem
(7,5 mL ia ha
-1
).
No que se refere às notas de injúrias nos tratamentos apenas com
inseticida, observa-se que houve diferenças entre elas e que as plantas
pulverizadas com lufenuron nas suas duas dosagens apresentaram menores
61
notas, ou seja, foram menos injuriadas pelas lagartas do que a testemunha sem
inseticida e sem silício, que se mostrou aproximadamente 23% mais injuriada.
Quando se comparou o efeito das dosagens de lufenuron isoladamente na
presença ou ausência de silício, constatou-se que os danos ocasionados nas
plantas no tratamento que recebeu pulverizações do inseticida na dosagem de 15
mL i.a ha
-1
foram maiores quando as plantas também receberam silício. O
mesmo não foi encontrado na dosagem de 7,5 mL ia ha
-1
e na testemunha, que
apresentaram um dano semelhante, independentemente da aplicação ou não do
silício nas plantas.
TABELA 5. Notas de injúrias de lagartas Spodoptera frugiperda (média ± erro
padrão) em plantas de milho que receberam os diferentes tratamentos, após 14
dias da aplicação de silício. Mossoró. 2006.
Nota de injúria
Inseticida (dosagens)
Sem silício Com silício
Inseticida (15 mL i.a. ha
-1
)
4,2 ± 0,1 bB 5,5 ± 0,2 aA
Inseticida (7,5 mL i.a. ha
-1
)
4,5 ± 0,2 bA 4,0 ± 0,1 bA
Testemunha
5,5 ± 0,2 aA 6,0 ± 0,1 aA
CV (%) 12,0
Médias seguidas de mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha não diferem
entre si, respectivamente, pelo teste F e de Scott-Knott (P 0,05).
Os números de folhas sadias e danificadas pela lagarta-do-cartucho nas
plantas de milho não apresentaram diferenças significativas nos tratamentos com
inseticidas, com um valor médio de 3,7 para o número de folhas sadias e 6,4
para as danificadas. Contudo, resultados diferentes foram encontrados entre os
tratamentos que receberam ou não silício (Tabela 6). Neste caso, foi maior o
número de folhas sadias nas plantas com silício e isso se deve, provavelmente, à
recuperação das plantas induzidas pelo silício, que as tornou tolerantes ao ataque
da praga. No entanto, o mero de folhas danificadas não se mostrou diferente
62
na presença ou na ausência das aplicações de ácido silícico, uma vez que houve
uma alta infestação no início do experimento, que ocasionou elevados níveis de
injúrias.
TABELA 6. Número de folhas sadias e danificadas pela Spodoptera frugiperda
(media ± erro padrão) de plantas de milho tratadas ou não com silício. Mossoró.
2006.
Tratamentos Nº folhas sadias/planta Nº folhas danificadas/planta
Com Ácido silícico
4,3 ± 0,1 a 6,5 ± 0,1 a
Sem Acido silícico
3,2 ± 0,1 b 6,2 ± 0,2 a
CV (%) 24,0 29,5
Médias seguidas de mesma letra minúscula na coluna não diferem entre si pelo teste F e
de Scott-Knott (P 0,05).
Os dados referentes às características agronômicas da cultura do milho
não foram diferentes nos tratamentos com inseticida. Esses tratamentos
apresentaram um valor médio de 46,5 cm para o tamanho das plantas, 1,4 cm
para o diâmetro, 3,6 para o mero de ramificações do pendão e 116,3g para o
peso verde das plantas. Todavia, as plantas que receberam aplicações de ácido
silícico mostraram diferenças significativas no diâmetro do caule (Tabela 7),
sendo maiores nas plantas com silício. Para os demais parâmetros não se
observaram respostas da aplicação do ácido silícico.
63
TABELA 7. Tamanho, diâmetro, número de pendão e peso verde da parte aérea
(média ± erro padrão) de plantas de milho tratadas ou não com silício. Mossoró.
2006.
Tratamentos Tamanho (cm)
Diâmetro (cm)
N
o
Pendão Peso (g)
Com silício
49,4 ± 1,4 a 1,50 ± 0,01a 4,3 ± 0,3 a 129,7 ± 4,7 a
Sem silício
43,6 ± 1,7 a 1,30 ± 0,02 b 2,8 ± 0,2 a 103,0 ± 5,2 a
CV (%) 45,0 16,6 84,4 56,3
Médias seguidas de mesma letra minúscula na coluna não diferem entre si pelo teste F e
de Scott-Knott (P 0,05).
Na presença de silício as plantas que foram pulverizadas com lufenuron
na sua meia dosagem (7,5 mL i.a. ha
-1
) foram menos injuriadas, apresentando as
plantas, nesse caso, perfurações arredondadas e lesões em algumas folhas.
Resultados semelhantes foram encontrados por Neri et al. (2005), que
constataram um efeito positivo da interação, a qual possibilitou a redução da
dosagem do inseticida pela metade.
As plantas que receberam somente silício apresentaram grandes lesões
em várias folhas, provocadas pela lagarta-do-cartucho. Estas lesões
provavelmente se devem à migração desse inseto-praga das plantas susceptíveis
para as resistentes, devido à alta infestação dessa praga em todo experimento, o
que, possivelmente, provocou uma quebra de resistência (Williams et al., 1978),
portanto, não se exclui a possibilidade de as plantas que receberam somente o
silício mostrarem-se resistentes em outras condições ambientais.
O aumento do diâmetro das plantas que receberam o silício deve-se ao
seu acúmulo nos tecidos de suporte/sustentação do caule, o que fortalece
substancialmente a estrutura da planta (Plucknett, 1971).
Apesar de o silício proporcionar maior peso seco por unidade de área
foliar, aumentar os pesos secos e frescos das raízes e desempenhar um
importante papel no crescimento das plantas (Epstein, 1994), sua influência não
foi constatada no tamanho e no peso verde das plantas de milho neste
64
experimento. Resultados semelhantes foram encontrados por Silva & Bohnen
(2001), segundo os quais não foram encontradas diferenças entre a adição ou
não de silício na produção de matéria seca da parte aérea e das raízes, bem como
no rendimento de grãos de plantas de arroz (Oryza sativa L.) em solução
nutritiva.
No que se refere ao número de ramificações do pendão, o silício também
não exerceu nenhuma influência, provavelmente devido ao intenso ataque da
lagarta-do-cartucho na fase inicial da cultura, uma vez que todas as folhas e
espigas que a planta eventualmente irá produzir estão sendo formadas no estágio
fisiológico V3 (três folhas desenvolvidas), podendo-se dizer, portanto, que o
estabelecimento do número máximo de grãos ou a definição da produção
potencial estão sendo definidos nesse estádio (Magalhães & Durães, 2006).
O elevado índice populacional de S. frugiperda no experimento realizado
no município de Mossoró se deve à alta temperatura, associada à baixa
precipitação pluviométrica que favoreceu a alta incidência da praga, ou seja,
acima do nível de controle, que é de 20% de plantas com folhas raspadas
(Didonet et al., 2000) no período inicial de desenvolvimento da cultura.
De maneira geral, a resistência das plantas de milho induzida pelo silício
alterou a suscetibilidade desse inseto-praga ao inseticida lufenuron. Isso
demonstra que a aplicação de silício possibilita a redução da dosagem do
lufenuron, aumentando a eficiência do controle de S. frugiperda por meio da
interação dos métodos e, conseqüentemente, amenizará os danos ao meio
ambiente.
65
4 CONCLUSÕES
O silício interage positivamente com o inseticida lufenuron no controle de S.
frugiperda em plantas de milho, o que possibilita a redução da dosagem do
inseticida.
O silício fortalece substancialmente a estrutura da planta de milho por
aumentar o diâmetro do caule. Entretanto, não afeta o tamanho da planta, o
peso da matéria verde e o número de ramificações do pendão.
66
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