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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
FACULDADE DE MEDICINA DE RIBEIRÃO PRETO
PÓS-GRADUAÇÃO EM IMUNOLOGIA BÁSICA E APLICADA
Biodistribuição das microesferas
de PLGA
(co-polímero derivado dos ácidos lático e glicólico)
carreando o plasmídeo pcDNA
3
-Hsp65, e determinação do tráfego
intracelular dessa formulação e do plasmídeo: influência
na indução da resposta imune
ANA PAULA FÁVARO TROMBONE
RIBEIRÃO PRETO
2006
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ANA PAULA FÁVARO TROMBONE
Biodistribuição das microesferas
de PLGA
(co-polímero derivado dos ácidos lático e glicólico)
carreando o plasmídeo pcDNA
3
-Hsp65, e determinação do tráfego
intracelular dessa formulação e do plasmídeo: influência
na indução da resposta imune
Tese apresentada à Faculdade de Medicina de Ribeirão
Preto da Universidade de São Paulo para a obtenção do
título de Doutor em Ciências – Área de Concentração:
Imunologia Básica e Aplicada
Orientadora: Profa. Dra. Arlete A.M. Coelho-Castelo
Co-orientador: Prof. Dr. Célio Lopes Silva
Ribeirão Preto
2006
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Trabalho realizado no Laboratório de Vacinas Gênicas, Departamento de Bioquímica
e Imunologia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – Universidade de São
Paulo, com auxílio financeiro da FAPESP (01/14516-1).
AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE
TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA
FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE
FICHA CATALOGRÁFICA
Preparada pela Biblioteca Central do Campus
Administrativo de Ribeirão Preto / USP
Trombone, Ana Paula Fávaro
Biodistribuição das microesferas de PLGA (co-polímero derivado dos
ácidos lático e glicólico) carreando o plasmídeo pcDNA
3
-Hsp65, e
determinação do tráfego intracelular dessa formulação e do plasmídeo:
influência na indução da resposta imune.
Ribeirão Preto, 2006.
128 pp. 28cm
Tese de Doutorado, apresentada à Faculdade de Medicina de Ribeirão
Preto/USP – Área de concentração: Imunologia Básica e Aplicada.
Orientadora: Prof. Dra. Arlete A.M. Coelho-Castelo
Co-orientador: Célio Lopes Silva
1. DNA plasmideal 2. Microesferas de PLGA
3. Tráfego intracelular 4. Endo-lisossomos
“Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não
conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender,
viver ultrapassa qualquer entendimento.
Clarice Lispector
DEDICATÓRIA
Aos meus pais Nelson (in memorian) e Neusa...
Ao meu marido Gustavo...
Ao meu irmão Silvio, à minha cunhada Gislaine, aos meus sobrinhos Henrique
e Beatriz...
A toda a minha amada família...
…simplesmente obrigada por tudo!
AGRADECIMENTOS
À Profa. Dra. Arlete A.M. Coelho-Castelo, pela sua competência, dedicação à pesquisa,
pela valiosa contribuição para minha formação científica, mas principalmente pela sua
confiança e amizade;
Ao Prof. Dr. Célio Lopes Silva, pelo apoio, espírito científico e por disponibilizar toda a
estrutura do seu laboratório para a realização dos experimentos;
À Profa. Dra. Vânia Luiza Deperon Bonato Martins, pela contribuição intelectual durante a
realização deste trabalho e pelo carinho;
Aos Profs. Dr. Benedito Antonio Lopes da Fonseca (FMRP-USP), Marcelo Damario
Gomes (FMRP-USP), Dr. Maurício Martins Rodrigues (UNIFESP) e Dra Verônica Porto
Carreiro de Vasconcellos Coelho (Instituto do Coração-FMUSP) pela atenção dispensada,
comentários e sugestões na correção da proforma desta dissertação, e pela participação na
banca;
Às Profas. Dra. Constance Oliver (FMRP-USP) e Maria Célia Jamur (FMRP-USP) pelo
auxílio em diversos experimentos;
À Izaíra Tincani Brandão, Ana Paula Masson, Patríca V.P. Palma e Márcia S.Z. Graeff,
pelo auxílio técnico;
A todos os colegas de laboratório: Alexandra, Aninha, Ana Olívia, Cássia, Carlos Rodrigo,
Carolina, Daniele, Deison, Denise, Eduardo, Fábio, Giovana, Iza, José Maciel, Luis
Henrique, Juliana, Júlio César, Karla, Luciana, Marina, Marininha, Patrícia, Pryscilla,
Rogério, Rubens, Sandra, Sheila, Tatiana, Thiago, Wendy e Willian, pela amizade e
companheirismo;
À minha grande amiga Janaína;e à minha companheira Denisinha;
Aos docentes da área de pós-graduação em Imunologia Básica e Aplicada, pela
competência com que mantêm o curso de pós-graduação;
Aos colegas da administração do Centro de Pesquisa em Tuberculose (CPT): Ana,
Ademir, Carlos, Fabiana, Helena, Marcos, Melissa e Rogério pelos serviços prestados que
foram essenciais para este trabalho;
Às secretárias Ana Cristine e Rosângela pelo exemplo de competência e dedicação à
pós-graduação e pela amizade com que acolhe todos os alunos
Ao Ronaldo, pelos serviços prestados e seu pelo seu ótimo humor;
Aos funcionários do Biotério: Júlio, Cris, Rubinho, Sávio, Edinelson, cuja contribuição é
imprescindível para a realização de nossos estudos;
A todos os funcionários do Departamento de Bioquímica e Imunologia, que direta ou
indiretamente contribuem para o bom andamento do nosso dia a dia;
À FAPESP,CNPq, FAEPA e Rede TB pelo apoio financeiro durante a realização do
projeto de pesquisa e à FAPESP pela concessão da bolsa de doutorado (processo
01/14516-1).
...Muito obrigada a todos!
i
ABREVIATURAS
Abreviaturas
ii
- AIDS: Acquired Immunodeficiency Syndrome Síndrome da Imunodeficiência
Adquirida
- A/O: emulsão água em óleo
- A/O/A: emulsão água em óleo em água
- BCG: Bacilo Calmette Guérin
- BiP: binding protein
- BSA: albumina sérica bovina
- CpG: dinucleotídeos citosina-guanina
- DAPI: 4´, 6-diamidino-2-phenylindole, dihydrochloride
- DIC: differential interference contrast
- DNA: ácido desoxiribonucléico
- DMT: dimicolato de trealose
- GM-CSF: fator estimulador de colônias de granulócitos e monócitos
- GRP78: glucose-regulated protein 78kDa
- Hsp65: proteína de choque térmico de 65 kDa do Mycobacterium leprae
- IFN-γ: interferon gama
- KLH: Keyhole limpet haemocyanin
- IL: interleucina
- J774: macrófagos de linhagem tumoral originários de camundongos Balb/c
- LAMP: lysosome-associated membrane proteins
- MHC: Complexo Principal de Histocompatibilidade
- PBS: Salina Tamponada com Fosfato
- pcDNA
3
: DNA plasmideal utilizado como vetor da vacina de DNA
- pcDNA
3
-Hsp65: DNA plasmideal contendo o gene da hsp65 utilizado como vacina
de DNA
- PCR: reação em cadeia da polimerase
Abreviaturas
iii
- PLGA: co-polímero derivado dos ácidos lático e glicólico
- PPD: purified protein derivative
- SBF: soro bovino fetal
- TLR: receptor do Tipo Toll
- TNF: fator de necrose tumoral
- WHO: Organização Mundial da Saúde
RESUMO
Resumo
v
Os dados apresentados neste trabalho demonstraram que as microesferas,
utilizadas como veiculo para imunização com DNA-Hsp65/DMT, foram amplamente
distribuídas pelo organismo após a administração intramuscular. Essas partículas,
em geral, foram capturadas por células apresentadoras de antígenos, como
macrófagos e células dendríticas através de fagocitose. Além disso, os resultados
demonstraram que as células dos linfonodos drenantes provenientes de animais que
receberam a formulação contendo DNA-Hsp65/DMT apresentaram aumento
significativo na expressão de moléculas superficiais CD80, CD86 e MHC de classe
II, quando comparadas com as formulações controle (vetor/DMT e vazia). Em
relação ao tráfego intracelular, as microesferas permaneceram nos endossomos
tardios e/ou lisossomos por até 15 dias, sugerindo que essas construções foram
hidrolisadas nessas vesículas para liberação do DNA, não ocorrendo assim escape
da formulação para o compartimento citoplasmático.
Por outro lado, os resultados apresentados sobre o tráfego intracelular do DNA
plasmideal demonstraram que o DNA (DNA-Hsp65) foi capturado por células
dendríticas e macrófagos da linhagem J774 pelos processos de macropinocitose e
endocitose mediada por clatrina, respectivamente. Após a captura, o DNA
plasmideal localizou-se nos endossomos tardios e/ou lisossomos sendo capaz de
inibir a acidificação das mesmas, provavelmente como mecanismo de escape da
degradação enzimática. Além disso, não houve co-localizaçao do DNA com Rab5 e
Lamp I, sugerindo que a inibição da acidificação pode ter interferido com o
recrutamento desses marcadores. Adicionalmente, a alteração da acidificação
dessas vesículas inibiu a apresentação do antígeno KLH pela via de classe II,
quando as células foram previamente tratadas com DNA plasmideal, porém, não
alterou o recrutamento de MyD88 para as vesículas. A cinética do tráfego intracelular
do DNA nu sugere que o DNA plasmideal permaneça em vesículas até alcançar a
Resumo
região perinuclear. Assim sendo, os resultados apresentados neste trabalho sobre a
biodistribuição e tráfego intracelular das microesferas, e, principalmente, do DNA
plasmideal, trazem novas contribuições para os esclarecimentos dos mecanismos de
ativação celular em vacinas de DNA. Além disso, abrem perspectivas para o uso de
DNA no controle de células do sistema imune e terapia gênica.
vii
ABSTRACT
Abstract
viii
In this study we demonstrated that microspheres, used as vehicle to DNA-
Hsp65/DMT immunization, were widespread in several organs after intramuscular
administration. In general, these particles were captured through phagocytosis
mediated by antigen presenting cells, such as macrophages and dendritc cells.
Besides, our results demonstrated that draining lymph node cells derived from mice
that received the DNA-Hsp65/DMT-containing formulation presented a significant
increase in the expression of cell surface molecules CD80, CD86 and class II MHC
versus that of the control formulations (vector/DMT and empty). Regarding the
intracellular traffic, we observed that the microspheres remained in the late
endosomes and/or lysosomes until 15 days after the uptake, suggesting that these
constructions were hydrolysed in these vesicles. Accordingly, we can draw the
conclusion that the
DNA was released without the escape of the formulation to the
cytoplasmatic compartment.
In another way, the data concerning the cell traffic of plamideal DNA (DNA-
Hsp65) demonstrated that their capture by dendritic cells and J774 macrophage cell
line was performed by macropinocytosis and clatrin-mediated endocytosis,
respectively. After the uptake, the plamidial DNA was found in the late endosomes
and/or lysosomes and remained in these vesicles avoid their acidification. This
phenomenon might be a novel mechanism of escape from enzymatic degradation.
Despite this result, the plasmid was not co localized with the usual
endosome/lysosome markers Rab5 and Lamp I suggesting that the recruitment of
these markers is dependent on pH-conditions. In addition our results showed that this
modified pH impaired the antigen specific presentation mediated by class II MHC
pathway in that antigen presenting cells previously treated with the plasmid DNA
pointing out that mechanisms could be due the lysosomotropic role of DNA.
However, in this case, the recruitment of MyD88 was not altered. The kinetic of the
Abstract
ix
intracellular traffic of naked plasmidial DNA suggests that the plasmid remains in
vesicles until reaches the perinuclear region.
Taken together, the data presented regarding biodistribution and intracellular
traffic of microspheres or mainly of naked plasmideal DNA described novel and
interesting phenomenon that can elucidate the cellular mechanisms involved in T cell
activation in DNA vaccines. Most importantly, our data open perspectives for the
potential use of the DNA in immune cell control and gene therapy.
1
ÍNDICE
ABREVIATURAS..........................................................................................................i
RESUMO.....................................................................................................................iv
ABSTRACT................................................................................................................vii
1. INTRODUÇÃO.........................................................................................................1
2. OBJETIVOS...........................................................................................................17
3. MATERIAIS E MÉTODOS.....................................................................................19
3.1. PLASMÍDEOS: OBTENÇÃO E CARACTERIZAÇÃO..................................................
20
3.1.1. Obtenção dos plasmídeos recombinates pcDNA
3
-Hsp65 e pcDNA
3
....................
20
3.1.2. Quantificação dos plasmídeos purificados.............................................................
21
3.1.3. Avaliação da integridade dos plasmídeos
.........................................................21
3.2. MICROESFERAS: ENCAPSULAMENTO DOS PLASMÍDEOS E CARACTERIZAÇÃO
DAS PARTÍCULAS..............................................................................................................
22
3.2.1. Encapsulamento dos plasmídeos pcDNA
3
-Hsp65 e pcDNA
3
juntamente com
dimicolato de trealose (DMT) em microesferas poliméricas biodegradáveis...................
22
3.2.2. Avaliação da eficiência do encapsulamento dos plasmídeos pcDNA
3
-Hsp65 e
pcDNA
3
...................................................................................................................24
3.2.3. Determinação do diâmetro das microesferas.........................................................
25
3.3. MICROESFERAS: EXPERIMENTOS IN VIVO - BIODISTRIBUIÇÃO E CÉLULAS
ENVOLVIDAS NO PROCESSO DE CAPTURA..................................................................
25
3.3.1. Imunização dos camundongos com microesferas de PLGA fluorescentes para o
ensaio de biodistribuição
..........................................................................................25
3.3.2. Avaliação da biodistribuição das microesferas de PLGA
fluorescentes
...........................................................................................................26
3.3.3. Imunização dos camundongos com microesferas de PLGA fluorescentes para
2
caracterizar os tipos celulares envolvidos na captura......................................................
27
3.3.4. Caracterização dos tipos celulares envolvidos na captura da microesfera e
avaliação da expressão de moléculas de superfície........................................................
28
3.4. MICROESFERAS: FAGOCITOSE E TRÁFEGO INTRACELULAR IN
VITRO
.......................................................................................................................28
3.4.1. Microscopia de fluorescência
..........................................................................28
3.4.2. Microscopia eletrônica de transmissão
.............................................................29
3.5. DNA PLASMIDEAL (DNA NU): CAPTURA E TRÁFEGO INTRACELULAR IN
VITRO
.......................................................................................................................30
3.5.1. Marcação do DNA plasmideal para os ensaios de microscopia
..........................30
3.5.2. Captura e tráfego intracelular do DNA plasmideal utilizando células J774,
macrófagos peritoneais ou células dendríticas
...........................................................31
3.5.2.1. Células J774 e macrófagos peritoneais...........................................................
31
3.5.2.2. Células dendríticas derivadas do baço.............................................................
35
3.6. CAPTURA DO DNA PLASMIDEAL POR CÉLULAS KNOCKOUT DE
TLR9
.........................................................................................................................35
3.7. DNA PLASMIDEAL (DNA NU): ENSAIO DE APRESENTAÇÃO DE ANTÍGENO E
ATIVAÇÃO DE TLR9 E MyD88
...................................................................................37
3.7.1. Influência do tratamento com DNA plasmideal na apresentação de antígeno
......37
3.7.1.1. Obtenção dos linfócitos T CD4 e das células apresentadoras de antígenos
(macrófagos peritoneais)...............................................................................................
37
3.7.1.2. Ensaio de proliferação celular..........................................................................
37
3.7.2. Recrutamento da molécula MyD88 após o tratamento com DNA plasmideal........
38
4. RESULTADOS.......................................................................................................39
3
4.1. OBTENÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DOS PLASMÍDEOS pcDNA
3
-Hsp65 E
pcDNA
3
.....................................................................................................................40
4.2. PREPARO E CARACTERIZAÇÃO DAS MICROESFERAS POLIMÉRICAS
BIODEGRADÁVEIS CONTENDO OS PLASMÍDEOS pcDNA
3
-Hsp65 OU pcDNA
3
JUNTAMENTE COM DMT
..........................................................................................40
4.3. AVALIAÇÃO DA BIODISTRIBUIÇÃO DAS MICROESFERAS DE PLGA
FLUORESCENTES
....................................................................................................46
4.4. CARACTERIZAÇÃO DOS TIPOS CELULARES ENVOLVIDOS NA CAPTURA DA
MICROESFERA E AVALIAÇÃO DA EXPRESSÃO DE MOLÉCULAS DE
SUPERFÍCIE
.............................................................................................................50
4.5. MICROESFERAS: FAGOCITOSE E TRÁFEGO INTRACELULAR IN VITRO
...........50
4.6. DNA PLASMIDEAL (DNA NU): CAPTURA E TRÁFEGO INTRACELULAR IN VITRO
INIBIÇÃO DA ACIDIFICAÇÃO DAS VESÍCULAS LISOSSOMAIS
..................................61
4.7. DNA PLASMIDEAL (DNA NU): CAPTURA POR CÉLULAS KNOCKOUT DE TLR9...
78
4.8. DNA PLASMIDEAL (DNA NU): ENSAIO DE APRESENTAÇÃO DE
ANTÍGENO
................................................................................................................78
4.9. RECRUTAMENTO DE MyD88, RAB5, LAMP 1 E BiP/GRP78 EM VESÍCULAS QUE
CAPTURARAM O DNA PLASMIDEAL
...........................................................................81
5. DISCUSSÃO..........................................................................................................91
6. CONCLUSÕES....................................................................................................108
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................111
8. ANEXO.................................................................................................................127
ANEXO 1. MAPA DO PLASMÍDEO pcDNA
3
(INVITROGEN)...............................128
ANEXO 2. ARTIGO...............................................................................................129
1
1. INTRODUÇÃO
Introdução
2
VACINAS DE DNA
Vacinas baseadas em DNA plasmideais têm se destacado pela sua capacidade
de gerar uma resposta imune similar às vacinas utilizando organismos vivos
atenuados ou organismos vivos recombinantes, porém sem os riscos associados
com o uso desses agentes infecciosos. Este tipo de vacina é composta por
moléculas de DNA de dupla fita circulares de origem bacteriana que contêm o gene
codificando a proteína de interesse, além de outros elementos importantes, tais
como a presença de um gene de resistência a antibióticos e origem de replicação
bacteriano; um forte promotor gênico eucariótico; e uma seqüência de poliadenilação
para finalização da expressão (GURUNATHAN et al., 2000; HAN et al., 2002;
SRIVASTAVA & LIU, 2003).
Anteriormente, acreditava-se que o DNA plasmideal, também denominado de
DNA nu, que não possui nenhum revestimento de proteção, não poderia ser
capturado in vivo e transportado para o núcleo, local no qual seria transcrito. Porém,
em 1990, WOLFF e colaboradores demonstraram pela primeira vez, que a
administração por via intramuscular de um DNA plasmideal contendo genes para
determinado polipeptídeo, induzia a expressão dessa proteína em células
musculares. Este estudo forneceu a base para o conceito de que o uso de DNA
procariótico in vivo poderia resultar na expressão direta da proteína na célula-alvo.
Esta estratégia de vacinação, além de evitar muitos problemas associados às
vacinas vivas, tais como, reversão de virulência, instabilidade térmica e contra-
indicação para indivíduos imunodeprimidos, destaca-se pela possibilidade de
processamento e apresentação de antígeno por ambas as moléculas de MHC (Major
Histocompatibility Complex) de classe I e classe II, ativando assim, células T
citotóxicas (CD8) e células T auxiliares (CD4), respectivamente (HAN et al., 2002).
Resumidamente, este processo ocorre da seguinte forma: no caso da apresentação
Introdução
3
via MHC de classe I, o DNA plasmideal é capturado e transportado para o núcleo da
célula apresentadora de antígeno, onde será transcrito em mRNA, e, em seguida,
traduzido em proteína no citosol. Após a síntese protéica, os antígenos expressos
endogenamente serão degradados em peptídeos pelo proteassoma e, em seguida,
transportados para o retículo endoplasmático, onde serão associados a moléculas
do MHC de classe I. A apresentação deste complexo (peptídeo-MHC de classe I) na
superfície das células apresentadoras de antígenos poderá ativar os linfócitos T
CD8. Por outro lado, parte dos antígenos produzidos pelas células hospedeiras
serão secretados para o meio exterior das mesmas, sem sofrerem processamento,
onde poderão tanto estimular linfócitos B a produzirem anticorpos específicos, como
serem endocitados por outras células apresentadoras de antígenos e apresentados
via MHC de classe II, estimulando assim linfócitos T CD4. Desta forma, a vacinação
com DNA plasmideal poderá estimular linfócitos B, linfócitos T citotóxicos (CD8) e
linfócitos T auxiliares (CD4), proporcionando assim uma resposta imune humoral e
celular (GURUNATHAN et al., 2000; LIU, 2003; DONNELLY et al., 2005).
Cabe ressaltar que no caso da vacinação com DNA plasmideal, alguns
mecanismos são sugeridos em relação à transfecção da célula alvo. Alguns autores
propõem que a indução da resposta imune possa ter início após a transfecção direta
de células somáticas (miócitos, queratinócitos, ou qualquer célula que não expresse
a molécula MHC de classe II), porém, embora essas células sejam capazes de
capturar o DNA plasmideal e produzir a proteína em questão, as células musculares
usualmente não possuem moléculas co-estimulatórias necessárias para a ativação
dos linfócitos. Alternativamente, o DNA plasmideal pode transfectar diretamente as
células apresentadoras de antígenos profissionais e assim induzir uma resposta
imune adequada, ou ainda, pode ocorrer o mecanismo conhecido como cross-
priming, no qual célula somática e/ou célula apresentadora de antígeno transfectada
Introdução
4
com o DNA plasmideal produzem o antígeno protéico, e este é capturado por uma
célula apresentadora de antígeno que ativará linfócitos T citotóxicos (GURUNATHAN
et al., 2000; LIU, 2003). Além disso, recentemente foi demonstrado que células B
podem capturar o DNA plasmideal in vivo, sugerindo que essas células também
possam participar do processo de apresentação de antígeno em modelos de vacinas
de DNA (COELHO-CASTELO et al., 2003).
Além de estimular uma resposta imune humoral e celular, e de fornecer
informações genéticas necessárias para que o organismo produza o antígeno por
meios próprios, sem os efeitos indesejáveis da introdução de um agente infeccioso
ou de vacinas contendo subunidades protéicas e adjuvantes, as vacinas de DNA
possuem outras vantagens, tais como: oferecem a possibilidade de combinar
antígenos de um mesmo ou de diferentes patógenos ou mesmo a co-administração
com imunomoduladores; são fáceis de se produzir; possuem baixo custo e
apresentam uma boa estabilidade (HAN et al., 2002). Adicionalmente, as vacinas de
DNA carregam em si a função adjuvante mediada pelos motivos CpG, uma vez que
esses motivos interagem com Toll-like receptor (TLR) 9, iniciando assim a cascata
de sinalização intracelular via proteína adaptadora MyD88, que contribuirá para a
ativação celular. Apesar das vantagens das vacinas de DNA, é importante ressaltar
que algumas questões são levantadas em relação à segurança dessas vacinas,
dentre elas, a possibilidade de integração do DNA plasmideal com o genoma do
hospedeiro, podendo assim interferir na ativação de oncogenes ou na inativação de
genes supressores de tumor (
DONNELLY
et al.,
2003; KLINMAN
et al., 1997). Embora
estudos realizados em nosso laboratório demonstraram que a vacina DNA-Hsp65
não se integra no genoma (COELHO-CASTELO et al., 2006); as moléculas de DNA
podem persistir por longo tempo na célula eucariótica, o que levaria a geração de
grandes quantidades da proteína recombinante podendo resultar em tolerância.
Introdução
5
Além disso, a preocupação de que as vacinas de DNA possam levar ao
desenvolvimento de anticorpos anti-DNA e induzir doenças autoimunes, como por
exemplo, lupus eritomatoso sistêmico e artrite reumatóide (GILKESON
et al.,
1995
).
Mesmo com as possíveis desvantagens acima citadas, as vacinas de DNA têm
sido utilizadas, em modelos animais, para uma ampla variedade de doenças, dentre
elas, HIV, ncer, alergia, doenças auto-imunes e tuberculose (SILVA et al., 1994;
TASCON et al., 1996; TARACHA et al., 2003; LEE et al., 2004; PAVLENKO et al.,
2004). Neste último caso, especificamente, é de interesse do nosso grupo de
pesquisa (Centro de Pesquisa em Tuberculose FMRP), desenvolver uma vacina
eficaz para uso clínico. Isto se deve ao fato de que a tuberculose, infecção causada
por Mycobacterium tuberculosis, ainda é um problema de saúde pública mundial,
desde que atualmente entre dois a três milhões de pessoas morrem por ano e
estima-se que entre oito a dez milhões de novos casos surgem anualmente (WHO
2005; ROOK et al., 2005). A re-emergência da tuberculose na década de 80 pode
ser atribuída a fatores como: (i) epidemia de AIDS; (ii) o declínio nas condições de
vida de parcela considerável da população mundial; (iii) o declínio dos recursos
destinados às ações de controle da doença nos países desenvolvidos e em
desenvolvimento; (iv) problemas gerais de ordem política e organizacional,
enfrentados pelos sistemas blicos de saúde em todo o mundo; (v) o crescimento
dos fluxos migratórios; (vi) os problemas ligados à dificuldade de adesão de parcela
dos pacientes aos esquemas terapêuticos que atualmente ainda exigem um tempo
relativamente longo e com efeitos adversos consideráveis; e (vii) o surgimento de
cepas de micobactérias resistentes a um ou mais fármacos utilizados na
quimioterapia da doença (BRUDNEY & DOBKIN, 1991; BLOOM & MURRAY, 1992;
MEACCI & KRUSE, 2005).
Introdução
6
VACINA DE DNA CONTRA TUBERCULOSE
Para o desenvolvimento racional de vacinas contra a tuberculose, é consenso
que haja uma caracterização da relação entre o agente infeccioso e o sistema imune
do hospedeiro. Atualmente, sabe-se que o M. tuberculosis, após ser inalado,
interage inicialmente com macrófagos alveolares e células dendríticas presentes nas
vias aéreas (FLYNN & CHAN, 2005). No caso dos macrófagos alveolares, que são o
habitat preferencial do bacilo, esta interação ocorre através de diversos receptores,
tais como, receptores para a porção Fc de imunoglobulinas, receptores do sistema
complemento, receptor de manose, proteínas surfactantes, CD14 (ERNST,
1998) e
Toll-like receptor (TLR) do tipo 2 e 4 (MEANS et al., 1999). Tem sido proposto que
esta interação pode determinar o destino do M. tuberculosis, visto que, interações
com receptores para imunoglobulinas e TLRs estimulam os mecanismos de defesa
do hospedeiro, enquanto que interações com receptores do sistema complemento
promovem a sobrevivência do bacilo (KAUFMANN, 2001). Após a captura, o M.
tuberculosis pode ser degradado no interior dos lisossomos dos macrófagos, ou
alternativamente, escapar da degradação por inibir a fusão do fagolisossomo
(ARMSTRONG & HART, 1975; RUSSELL et al., 1996; FERRARI et al., 1999)
permanecendo assim no fagossomo precoce onde tem acesso aos íons Ferro, que
são essenciais para a sua sobrevivência intracelular (SCHAIBLE et al., 1999;
LOUNIS et al., 2001).
Devido a este mecanismo de inibição do fagolisosso, a ativação dos
macrófagos pelos bacilos, na maioria das vezes, é insuficiente para eliminá-los.
Desta forma, o controle da infecção requer a ativação da resposta imune celular,
caracterizada pela presença de linfócitos T auxiliares (CD4) e linfócitos T citotóxicos
(CD8). A importância dos linfócitos T CD4 na imunidade contra a tuberculose foi
comprovada em vários modelos experimentais utilizando linhagens de animais
Introdução
7
deficientes dessas células, que demonstraram o seu envolvimento desde a fase
aguda até a fase crônica da infecção (CARUSO et al., 1999; SCANGA et al., 2000;
SAUNDERS et al., 2002). Sua relevância na resposta protetora está diretamente
relacionada ao desenvolvimento de uma resposta do tipo Th1, ou seja, desenvolvida
em um microambiente em que prevalecem as citocinas IFN-γ, IL-12, IL-2 e TNF-α
(BARNES et al., 1993; COPPER et al., 1993). Em adição, vários pesquisadores
demonstraram que o IFN-γ é uma das principais citocinas associadas à resposta
protetora durante a infecção por micobactérias (FLYNN et al., 1993; BONATO et al.,
1998), sendo que, células T CD4 produtoras de IFN-γ seriam capazes de ativar
macrófagos, levando à destruição dos bacilos. Também tem sido descrito que
linfócitos T CD8 de camundongos infectados são capazes de produzir IFN-γ em
resposta ao reconhecimento de antígenos de M. tuberculosis apresentados por
macrófagos ou células dendríticas (SERBINA & FLYNN, 1999). Além disso, os
linfócitos T citotóxicos podem lisar as células alvo via a ação conjunta das perforinas
e granulisinas ou pela via Fas/FasL (STENGER et al., 1998; SILVA et al., 2001;
GROTZKE & LEWINSOHN et al., 2005).
Conforme citado acima, o controle da infecção é baseado numa resposta do
tipo Th1, e a citocina IL-12 tem papel fundamental neste direcionamento da resposta
imune, uma vez que, a produção desta citocina é induzida após a fagocitose do
bacilo pelos macrófagos ou por células dendríticas, direcionando assim a resposta
imune para um perfil do tipo Th1, com produção de IFN-γ (HENDERSON et al.,
1997; LADEL et al., 1997; SANO et al., 1999). Outra citocina que merece destaque é
o TNF-α, pois estudos sugerem que esta citocina tem papel fundamental na
formação e manutenção do granuloma em humanos e camundongos (NAU et al.,
1997; FLYNN & CHAN, 2005). Por outro lado, o TNF-α também contribui
Introdução
8
significativamente para o desenvolvimento da imunopatologia da tuberculose. Um
ponto importante, quando se trata do desenvolvimento de vacina para tuberculose, é
alcançar uma resposta imune protetora de maneira que não cause lesão tecidual
exacerbada.
Atualmente, a única vacina utilizada contra tuberculose é a Mycobacterium
bovis Bacillus Calmette-Guérin (BCG), uma vacina viva baseada em Mycobacterium
bovis atenuado, introduzida para uso humano em 1921. Porém, estudos realizados
em diferentes populações têm demonstrado que esta vacina não proporciona uma
proteção consistente contra essa doença (proteção varia de 0% a 80%),
particularmente contra a tuberculose pulmonar adulta (FINE, 1995). Além disso, a
vacinação com BCG possui outras desvantagens, tais como, indivíduos vacinados
com BCG apresentam uma resposta de hipersensibilidade do tipo tardia ao teste
PPD (LOWRIE et al., 1995; LOWRIE et al., 1997a), não podendo assim, distinguir se
o mesmo foi exposto ao M. tuberculosis; em relação à segurança, existe uma
preocupação crescente quanto ao uso de organismos vivos em indivíduos
imunocomprometidos, fato especialmente agravante se considerarmos que, no caso
da tuberculose, a co-infecção pelo HIV tem se tornado cada vez mais comum.
Diante disso, inúmeras pesquisas visando desenvolver novas vacinas, as quais
incluem o uso de antígenos recombinantes, peptídeos sintéticos e DNA plasmideal,
têm sido realizadas em modelos animais. Progresso considerável tem sido
observado com vacinas de DNA plasmideal clonados com genes para antígenos de
M. tuberculosis, dos quais destacam-se os antígenos ESAT 6, Ag 85 e Hsp65
(LOZES et al., 1997; LOWRIE et al., 1997b; BONATO et al., 1998; DENIS et al.,
1998; KAMATH et al., 1999).
Estudos desenvolvidos no Centro de Pesquisa em Tuberculose da FMRP-USP
têm confirmado que a vacinação com DNA plasmideal é efetiva, ou seja, resultados
Introdução
9
experimentais demonstraram que a vacinação, por via intramuscular, com DNA
plasmideal codificando a Hsp65 de M. leprae (DNA-Hsp65) é capaz de proteger
camundongos Balb/c contra subseqüente desafio com a linhagem virulenta H37Rv
de M. tuberculosis (LOWRIE et al., 1994; TASCON et al., 1994). Esta proteção foi
atribuída principalmente à linfócitos T antígeno específicos, produtores de IFN-γ,
com atividade citotóxica, e perfil característico de resposta imune do tipo Th1
(BONATO et al., 1998; SILVA & LOWRIE, 2000). Além disso, estudos adicionais,
utilizando camundongos infectados com M. tuberculosis e posteriormente tratados
com a vacina DNA-Hsp65, demonstraram um declínio significativo no número de
bactérias no pulmão e no baço, com predomínio de uma resposta imune de padrão
Th1. Desta forma, a vacinação com DNA-Hsp65 também foi efetiva quando utilizada
como terapia contra a tuberculose (LOWRIE et al., 1999).
Apesar dos excelentes resultados obtidos nos experimentos de proteção e
terapia, no mínimo três doses de quantidades elevadas do DNA-Hsp65 (100
µg/dose) são necessárias para alcançá-los. Assim, alternativamente a vacina de
DNA plasmideal (DNA nu), outras abordagens vacinais têm sido desenvolvidas pelo
nosso grupo de pesquisa. Além disso, o interesse em novas abordagens deve-se ao
fato de que, apesar da vacina de DNA ter se mostrado eficiente em induzir uma
resposta imune protetora em vários modelos animais de doenças infecciosas ou não
(ULMER et al., 1993; GURUNATHAN et al., 2000), quando testada em ensaios
clínicos humanos, em geral, os resultados não foram promissores (O'HAGAN et al.,
2004), provavelmente devido à dose e a falta de conhecimento do tráfego
intracelular do DNA plasmideal.
Desta forma, a fim de melhorar a eficiência da vacina de DNA nu, estratégias
utilizando sistemas carreadores têm sido empregadas com o intuito de proteger o
DNA plasmideal de nucleases responsáveis pela sua degradação, melhorar o
Introdução
10
processo de transfecção de células apresentadoras de antígenos, já que essas
células o essenciais para promover uma resposta imune mediada por células T
(MANICKAN et al., 1997; TIMARES et al., 1998), e conseqüentemente reduzir a
quantidade de DNA e o número de doses administradas.
VACINAS DE DNA ENCAPSULADAS
Dentre os sistemas carreadores utilizados atualmente, destaca-se o
encapsulamento do DNA em microesferas compostas de polímeros de ácido lático e
glicólico [PLGA: (poli(D,L-lático-co-glicólico)]. Essas microesferas de PLGA possuem
as vantagens de serem biodegradáveis e biocompatíveis, que uma vez
degradadas, liberam o ácido lático e ácido glicólico, os quais são substratos inócuos
ao organismo, sendo metabolizados via o ciclo do ácido cítrico (PANYAM &
LABHASETWAR, 2003). Além disso, esses polímeros são utilizados para fins
cirúrgicos na composição de fios de sutura e de implantes, sendo assim, este
material está bem caracterizado e aprovado para uso em humanos (HANAFUSA
et al., 1995; MATSUSUE et al., 1995; MOONEY et al., 1997; EISELT et al., 1998).
Em adição, este sistema apresenta grande aplicabilidade no campo da imunização
uma vez que ele pode ser projetado para liberar quantidades do plasmídeo de forma
contínua ou pulsátil (ELDRIDGE et al., 1991; JIANG et al., 2005). Além disso, outras
vantagens são oferecidas pela utilização das microesferas de PLGA, dentre elas: (i)
proteção do plasmídeo encapsulado possibilitando uma redução na quantidade
utilizada; (ii) interação com células do sistema fagocitário mononuclear; (iii) facilidade
de administração; (iv) estabilidade, uma vez que as microesferas são armazenadas
sob a forma de um liofilizado que pode ser reconstituído imediatamente antes da
administração; (v) possibilidade de inclusão de diferentes antígenos e/ou adjuvantes
Introdução
11
em uma única formulação; e (vi) a produção de vacinas de dose única (HANES et
al., 1995; WAECKERLE-MEN & GROETTRUP, 2005). Cabe ressaltar que o
tamanho das partículas (1 µm a 10 µm) desempenha um papel fundamental na
propriedade adjuvante das microesferas, pois favorece a captura por células
apresentadoras de antígenos e conseqüentemente seu transporte para os
linfonodos, representando assim uma estratégia importante para desencadear uma
resposta imune mediada por linfócitos T (JILEK et al., 2005).
Em adição às vantagens acima descritas, estudos têm comprovado que a
administração de microesferas contendo DNA plasmideal estimula uma resposta
imune específica ao antígeno em questão (CHEN et al., 1998; HEDLEY et al.,1998;
JONES et al., 1997; CAI et al., 2005). Corroborando com esses resultados, estudos
realizados no Centro de Pesquisa em Tuberculose, utilizando-se microesferas de
PLGA contendo DNA-Hsp65 e o adjuvante dimicolato de trealose (DMT), têm
demonstrado que este tipo de vacinação é capaz de gerar eficiente resposta imune
humoral (IgG2a) e celular (altos níveis de IFN-γ), além de conferir proteção aos
camundongos Balb/c contra subseqüente desafio com a linhagem virulenta H37Rv
de M. tuberculosis (LIMA et al., 2003). Esta abordagem, comparada ao DNA nu
(DNA-Hsp65), forneceu vantagens como a redução no número de doses e na
quantidade de DNA-Hsp65 administrada por via intramuscular, ou seja, com as
microesferas contendo DNA-Hsp65/DMT a vacinação consistiu em uma única dose
de 30 µg de DNA-Hsp65, enquanto que no caso do DNA nu foram administradas
três doses de 100 µg de DNA plasmideal. Em adição a estas estratégias, destaca-se
o uso das microesferas como sistema de prime-boost para a prevenção da
tuberculose (RUBERTI et al., 2004). Esta abordagem vacinal baseia-se na utilização
de uma formulação contendo dois diferentes tipos de microesferas de PLGA, ou
Introdução
12
seja, microesferas de PLGA 50:50 (liberação rápida) contendo DNA-Hsp65/DMT
(priming) e microesferas de PLGA 75:25 (liberação lenta) contendo a proteína
recombinante Hsp65 (boost). Esta estratégia foi promissora, pois resultou em uma
resposta imune prolongada, quando comparado com as microesferas contendo
apenas DNA-Hsp65/DMT, com altos níveis de anticorpos específicos para Hsp65 e
produção de IFN-γ que persistiram por até 90 dias após a imunização.
TRÁFEGO INTRACELULAR
Apesar do progresso das vacinas de DNA plasmideal (com ou sem
carreadores) em relação à imunogenicidade e proteção, o tráfego intracelular e a
biodistribuição do DNA plasmideal nu ou encapsulado em microesferas é um
processo ainda pouco explorado. Investigações sobre o itinerário intracelular do DNA
plasmideal têm sido abordadas em estudos utilizando DNA adsorvido em polímeros
ou lipídeos catiônicos, ou encapsulados em nanoesferas de PLGA (PANYAM &
LABHASETWAR, 2003; JILEK et al., 2005; LECHARDEUR et al., 2005). Alguns
estudos sugerem que polímeros ou lipídeos catiônicos são internalizados por
endocitose mediada por clatrina (CLARK & HERSH, 1999), entretanto, o tamanho,
bem como a composição, podem influenciar no mecanismo de internalização. Desta
forma, lipídeos catiônicos com diâmetro acima de 500 nm o preferencialmente
internalizados por endocitose independente de clatrina ou via receptor, enquanto
que partículas menores (< 200 nm) podem ser internalizadas por endocitose
dependente de clatrina (SIMOES et al., 1999). No caso do DNA plasmideal
encapsulado em polímeros de PLGA a internalização ocorre via fagocitose, para
microesferas com diâmetro de 1 a 10 µm, e através de pinocitose ou endocitose
Introdução
13
dependente de clatrina, para nanopartículas em torno de 70 nm (PANYAM &
LABHASETWAR, 2003; JILEK et al., 2005).
Após a captura, o próximo passo é a liberação do plasmídeo para o
compartimento citoplasmático, e isto ocorre provavelmente através da ruptura ou da
desestabilização da membrana dos endossomos ou lisossomos. De fato, estudos
sugerem que o complexo DNA plasmideal/lipídeos catiônicos sofre fusão com a
membrana dessas organelas permitindo o escape do DNA para o citosol (ZELPHATI
& SZOKA, 1996a; ZELPHATI & SZOKA, 1996b; MUI et al., 2000). No caso dos
polímeros catiônicos, o mecanismo sugerido é “escape mediado por esponja de
prótons (proton sponge-mediated escape). Esta teoria baseia-se no fato de que
as membranas endossomais/lisossomais possuem bombas de prótons V-ATPase
que transportam prótons para o interior das organelas resultando na sua acidificação
(GRABE & OSTER, 2001). Desta forma, a presença de polímeros ionizáveis no
endossomo acarreta o influxo de prótons seguido de íons cloreto e água, aumentado
assim, a pressão osmótica e o tamanho da organela, e conseqüentemente levando à
ruptura da membrana permitindo o escape do DNA plasmideal para o citoplasma
(KLEMM et al., 1998; SONAWANE et al., 2003). A seguir, uma vez o DNA
plasmideal livre no citoplasma, este poderá se difundir através do poro nuclear e
alcançar o núcleo, local no qual será transcrito.
Sobre o tráfego do DNA nu, sem sistemas carreadores, estudos têm
demonstrado que a captura do DNA plasmideal por células musculares ocorre por
endocitose mediada por caveolina (WOLFF et al., 1992; BUDKER et al., 2000).
Alternativamente, BASNER-TSCHAKARJAN et al. (2004) demonstraram que em
queratinócitos, o processo de captura ocorre por macropinocitose. Apesar de
atualmente o tráfego intracelular do DNA nu ser um processo ainda pouco
conhecido, tem sido proposto que após a captura, o DNA segue para o
Introdução
14
compartimento endossomal, e neste ponto ele poderá escapar para o citoplasma ou
seguir em direção aos lisossomos. Nos lisossomos, o DNA plasmideal poderá ser
degradado, ou alternativamente poderá escapar para o citoplasma, semelhante ao
que provavelmente acontece nos endossomos, porém, cabe ressaltar que esses
mecanismos ainda não estão esclarecidos. Uma vez no citosol, o DNA seguirá em
direção ao núcleo para ser transcrito (WATTIAUX et al., 2000; LECHARDEUR &
LUKACS, 2002; WIETHOFF & MIDDAUGH, 2003; LECHARDEUR et al., 2005).
Na tentativa de esclarecer o tráfego intracelular, vários marcadores específicos
têm sido utilizados, principalmente no tráfego endo-lisossomal (Esquema 1). Dentre
eles destacam-se as proteínas Rab, as quais o responsáveis pela regulação do
transporte entre as organelas, sendo então distribuídas em distintos compartimentos
celulares, tais como, endossomos precoces (Rab5), endosomos tardios (Rab7) e
complexo de Golgi (Rab 11) (ZERIAL & McBRIDE, 2001). Outro marcador
comumente utilizado é a proteína de membrana associada ao lisossomo (LAMP) que
está presente nas membranas dos endossomos tardios e lisossomos (PILLAY et al.,
2002).
Em relação à biodistribuição do DNA plasmideal, estudos realizados em nosso
laboratório demonstraram que quinze dias após a administração por via
intramuscular, mensagem para Hsp65 foi detectada no músculo e fígado, para a
vacinação com DNA nu (DNA-Hsp65) (COELHO-CASTELO et al., 2006), ao passo
que para microesferas contendo DNA-Hsp65/DMT a mensagem foi detectada no
músculo, fígado, linfonodo drenante e baço (LIMA et al., 2003). Além disso, estudos
adicionais utilizando DNA nu demonstraram a presença de mensagem para Hsp65
em outros órgãos, quando diferentes períodos foram analisados, ou seja, dois e sete
dias após a imunização, resultados positivos foram obtidos para linfonodo drenante,
medula óssea e baço, enquanto que para o timo a mensagem foi detectada somente
Introdução
15
no período de dois dias após a imunização (COELHO-CASTELO et al., 2006).
Quanto as microesferas, não dados sobre a sua biodistribuição, e apesar de
estudos demonstrarem que lulas apresentadoras de antígenos são as
responsáveis pela sua captura in vitro e in vivo, sendo que neste último caso quando
administradas por via intraperitoneal e intradérmica (WALTER et al., 2001;
NEWMAN et al., 2002), o destino das partículas e até mesmo as células
responsáveis pela captura, após a administração intramuscular, ainda não foi
esclarecido.
Diante dos dados apresentados pelo Centro de Pesquisa em Tuberculose -
FMRP sobre a eficiência da vacina de DNA-Hsp65 (encapsulado ou não) contra
tuberculose, o esclarecimento da biodistribuição e tráfego intracelular das
microesferas contendo DNA-Hsp65/DMT, adicionado ao entendimento do tráfego
intracelular do DNA nu (DNA-Hsp65), são informações importantes para o
desenvolvimento de novos plasmídeos e/ou carreadores, que por sua vez, poderão
refletir no uso de pequenas doses de DNA, sendo importantes para os testes pré-
clínicos iniciados pelo nosso grupo de pesquisa, além do que, o entendimento
destes mecanismos pode colaborar com o desenvolvimento de sistemas mais
eficientes de veiculação de vacinas, bem como esclarecer os mecanismos
envolvidos na ativação e/ou manutenção da resposta imune.
Introdução
16
17
2. OBJETIVOS
Objetivos
18
Os objetivos do presente trabalho são:
- Determinar a biodistribuição in vivo das microesferas de PLGA [Poli (D,L-
lático-co-glicólico)] contendo DNA-Hsp65/DMT;
- Identificar in vivo, os tipos celulares envolvidos na captura das microesferas,
após imunização intramuscular;
- Esclarecer o tráfego intracelular in vitro das microesferas de PLGA contendo
DNA-Hsp65/DMT e do DNA nu (DNA-Hsp65), utilizando microscopia de
fluorescência e microscopia confocal.
19
3. MATERIAIS E MÉTODOS
Materiais e Métodos
20
3.1. PLASMÍDEOS: OBTENÇÃO E CARACTERIZAÇÃO
3.1.1. Obtenção dos plasmídeos recombinates pcDNA
3
-Hsp65 e pcDNA
3
Os plasmídeos pcDNA
3
-Hsp65 e pcDNA
3
(vetor) foram purificados por
cromatografia de troca nica, utilizando-se Endofree Plasmid Giga Kit
TM
(QIAGEN
Inc., Valencia, CA, USA). Para a realização desse protocolo, uma colônia de
bactérias Echerichia coli DH5α transformada com o plasmídeo recombinante
pcDNA
3
-Hsp65 ou plasmídeo pcDNA
3
foi retirada de uma placa recém preparada
contendo meio LB Agar (SIGMA, Germany) e ampicilina (Cilinon
TM
) na concentração
de 100 µg/ml. Esta colônia foi inoculada em 5,0 ml de caldo LB BROTH BASE
(GIBCO BRL, Scotland) com ampicilina (100 µg/ml) e incubada durante 8 horas a
37
o
C sob agitação vigorosa (250 rpm) em incubadora com agitação (Incubador
shaker series 25, New Brunswick, Edison, New Jersey, USA). A cultura inicial foi
diluída 1/500 em 2,5 litros de caldo LB BROTH BASE, contendo ampicilina (100
µg/ml), e incubada a 37°C sob agitação (250 rpm) durante 16 horas. Após incubação
o material foi centrifugado a 5.500 rpm por 15 minutos a 4°C e o sedimento
ressuspendido em 125 ml de tampão P1 (Tris-HCl 50 mM pH 8,0; EDTA 10 mM e
RNAse 100 µg/ml). Em seguida foram adicionados 125 ml de tampão P2 (NaOH 200
mM; SDS1%) e após 5 minutos adicionou-se 125 ml do tampão P3 (acetato de
potássio 3,0 M pH 5,5). O material foi filtrado, adicionado ao tampão ER (para
remoção do LPS composição não revelada pelo fabricante) e mantido no gelo por
30 minutos. O filtrado foi aplicado à resina da QIAGEN
TM
previamente equilibrada
com tampão QBT (NaCl 750 mM; MOPS 50 mM pH 7,0; etanol 15% e Triton X-100
0,15 %). Após a aplicação do filtrado, a resina foi lavada com 600 ml de tampão QC
Materiais e Métodos
21
(NaCl 1,0 M; MOPS 50 mM pH 7,0; etanol 15 %) e o DNA plasmideal foi eluído com
30 ml de tampão QF (NaCl 1,25 M; MOPS 50 mM pH 7,0; etanol 15 %). O DNA
eluído foi precipitado em 52,5 ml de isopropanol e em seguida centrifugado a 14000
rpm por 45 minutos a 4°C e o sedimento ressuspendido em 0,5 - 1,0 ml de água.
3.1.2. Quantificação dos plasmídeos purificados
A quantificação dos plasmídeos pcDNA
3
-Hsp65 e pcDNA
3
foi realizada por
espectrofotometria nos comprimentos de onda de 260 nm e 280 nm utilizando o
aparelho Gene Quant II
TM
(Pharmacia Biotech, Cambridge - England).
3.1.3. Avaliação da integridade dos plasmídeos
A presença do inserto da Hsp65 no plasmídeo pcDNA
3
-Hsp65 foi verificada
utilizando as enzimas de restrição BamH I (Invitrogen, life technologies) e Not I
(Invitrogen, life technologies). Um micrograma do plasmídeo pcDNA
3
-Hsp65 foi
incubado com BamH I (1 unidade/µg de DNA) e Not I (1 unidade/µg de DNA) a 37
o
C
por 3 horas. Para o vetor pcDNA
3
utilizou-se apenas a enzima de restrição BamH I.
Em seguida os produtos da digestão de cada amostra, e também os plasmídeos não
digeridos, foram submetidos a eletroforese em gel de agarose (Sigma-Aldrich,
Germany) a 1%. As amostras foram ressuspendidas em tampão de eletroforese 6
vezes concentrado (0,25 % azul de bromofenol; 40 % de sucrose em água) e o
material submetido a eletroforese em tampão TAE (Tris-acetato 40 mM; EDTA 1 mM
pH 8,3). A corrida foi realizada a 76 V por 1 hora utilizando o aparelho da Life
Tecnologies Inc., Modelo 250 (BRL). O padrão de 1Kb DNA Ladder (Invitrogen, life
technologies) foi utilizado como marcador de peso molecular. O gel foi corado com
Materiais e Métodos
22
0,5 µg/ml de brometo de etídio (Gibco BRL) e a visualização das bandas foi feita em
luz ultravioleta no ImageMaster VDS (Pharmacia Biotech).
3.2. MICROESFERAS: ENCAPSULAMENTO DOS PLASMÍDEOS E
CARACTERIZAÇÃO DAS PARTÍCULAS
3.2.1. Encapsulamento dos plasmídeos pcDNA
3
-Hsp65 e pcDNA
3
juntamente com
dimicolato de trealose (DMT) em microesferas poliméricas biodegradáveis
As microesferas de PLGA [50:50 Poli (D,L-lático-co-glicólico)] foram obtidas
pelo método da emulsão múltipla e evaporação do solvente. Para isso, a fase
aquosa (300 µL) contendo pcDNA
3
-Hsp65 ou pcDNA
3
(5,0 mg) foi emulsionada, sob
forte agitação (11000 rpm), em uma solução de 30 ml de cloreto de metileno
contendo 400 mg de PLGA 50:50 (Resomer RG 505, Boehringer Ingelheim), 6,6 mg
de coumarina - 6 [marcador fluorescente verde (λ
em
:505 nm) - Sigma Aldrich] e 500
µL de DMT (1 mg/ml; SIGMA ALDRICH - USA), utilizando o homogeneizador
Ultraturrax T 25 (IKA Labortechnik, Germany) para obtenção de uma emulsão
primária água/óleo (A/O). Esta emulsão foi vertida na fase aquosa externa (100 ml),
contendo 3% de álcool poli vinílico (Mowiol 40-88, Aldrich Chemicals) como
tensoativo, e homogeneizada, para assim formar a emulsão água/óleo/água (A/O/A).
O solvente orgânico foi eliminado por evaporação à temperatura ambiente sob
agitação (800 rpm) com o auxílio do homogeneizador RW20N (IKALabortechnik,
Germany) por 6 horas (Esquema 2). As microesferas foram coletadas por
centrifugação a 14000 rpm por 10 minutos a 4°C, lavadas três vezes com água
Materiais e Métodos
23
Materiais e Métodos
24
estéril, liofilizadas por 12 horas e armazenadas a 4°C. Todo esse processo foi
realizado de forma asséptica, utilizando fluxo laminar e material estéril.
Cabe ressaltar que para os ensaios de biodistribuição das microesferas foi
adicionado 6,6 mg de coumarina - 6 na formulação, conforme descrito acima, porém
para os ensaios de tráfego intracelular, utilizou-se 60 µg deste mesmo marcador.
3.2.2. Avaliação da eficiência do encapsulamento dos plasmídeos pcDNA
3
-Hsp65
e pcDNA
3
A taxa de encapsulamento dos plasmídeos foi determinada conforme descrito
por BARMAN et al.(2000). Aproximadamente 10 mg de microesferas foram pesadas
e ressuspendidas em 200 µL de TE (10mM Tris-HCl pH=8,0, 1 mM EDTA). Em
seguida 500 µL de clorofórmio foram adicionados à suspensão para solubilizar as
microesferas. As amostras foram homogeneizadas durante 1 hora à temperatura
ambiente, utilizando um rotator orbital (HYBAID, Maxi Hybridisation), e centrifugadas
a 14000 rpm, por 5 minutos, a 4°C. O sobrenadante contendo o DNA extraído das
microesferas foi diluído apropriadamente e a quantidade de DNA foi determinada
conforme a seguinte equação:
DNA (µg/mg microesferas) = Absorbância
λ=260nm
x fator de diluição)/ (ε*w*b),
onde ε = 50
-1
(coeficiente de extinção), w = peso das microesferas em mg, b =
caminho óptico (1 cm).
Materiais e Métodos
25
3.2.3. Determinação do diâmetro das microesferas
O diâmetro das partículas foi determinado por difratometria laser utilizando o
aparelho SALD-2101 (SHIMADZU), e os resultados foram apresentados na forma de
mediana.
3.3. MICROESFERAS: EXPERIMENTOS IN VIVO - BIODISTRIBUIÇÃO E
CÉLULAS ENVOLVIDAS NO PROCESSO DE CAPTURA
3.3.1. Imunização dos camundongos com microesferas de PLGA fluorescentes
para o ensaio de biodistribuição
Camundongos BALB/c machos, com aproximadamente 25 dias, foram
imunizados, por via intramuscular, com uma dose de microesferas contendo 30 µg
de DNA (DNA-Hsp65/DMT). As microesferas (30 µg DNA/animal) foram
ressuspendidas em PBS estéril e as injeções aplicadas nos músculos quadríceps
das patas traseiras, sendo o volume injetado de 50 µL/músculo. Os animais foram
sacrificados nos tempos de 24 horas, 7 dias, 15 dias, 30 dias, 60 dias e 120 dias
após a imunização, e os seguintes órgãos foram retirados: os linfonodos drenantes,
medula óssea, timo, pulmão, baço, rim, fígado e testículos. Os cinco primeiros
grupos (24 horas – 60 dias) foram compostos por cinco camundongos, enquanto que
o último grupo (120 dias) foi composto por três camundongos. Como controle do
experimento foi utilizado um animal imunizado com a formulação contendo DNA-
Hsp65 sem coumarina.
Materiais e Métodos
26
3.3.2. Avaliação da biodistribuição das microesferas de PLGA fluorescentes
Para o ensaio de biodistribuição as células foram obtidas conforme descrito
abaixo:
- Pulmão: o órgão foi coletado e cortado em fragmentos. Para liberar as células
do tecido a amostra foi agitada (200 rpm, 37
O
C) por 20 minutos em uma solução de
digestão [15 ml de RPMI incompleto + 1,25 µL de liberase (Roche)]. Em seguida, a
amostra foi centrifugada (1500 rpm, 5 min, à 4
O
C) e o precipitado ressuspenso em 5
ml de RPMI completo. Este material foi peneirado e tratado com uma solução de lise
para hemácias (1,54 g NH4Cl + 0,41 g Tris para 200 ml de água, pH=7,65). Para
desfazer possíveis aglomerados a suspensão celular foi tratada com DNAse 0,025%
(DN-25 - Sigma). Para avaliar a presença de microesferas fluorescentes, as células
obtidas (aproximadamente 1 x 10
6
células) foram ressuspendidas em 300 µL de PBS
contendo 1% de formaldeído e analisadas no citômetro de fluxo (canal FL1). Foram
adquiridos 100.000 eventos por amostra.
- Fígado e testículos: os órgãos foram coletados e cortados em fragmentos.
Para liberar as células dos tecidos as amostras foram agitadas (200 rpm, 37
O
C) por
20 minutos em uma solução de digestão contendo 10,8 mg de colagenase IV
(Sigma-Aldrich, USA), 22 mg piruvato (Vetec) e 3 mM de cloreto de cálcio. As etapas
seguintes foram realizadas conforme descrito acima (pulmão).
- Rim: o órgão foi coletado e cortado em fragmentos. Para liberar as células do
tecido a amostra foi agitada (200 rpm, 37
O
C) por 20 minutos em uma solução de
digestão contendo 10,8 mg de colagenase IV (Sigma-Aldrich, USA), 30 mg tripsina
(Difco) e 3 mM de cloreto de cálcio. As etapas seguintes foram realizadas conforme
descrito acima (pulmão).
Materiais e Métodos
27
- Baço, timo e linfonodo: após a obtenção dos órgãos, os mesmos foram
divulsionados em meio RPMI incompleto para a obtenção de células totais. Após a
lise de hemácias (exceto para o linfonodo) utilizando-se o tampão de lise (1,54 g
NH4Cl + 0,41 g Tris para 200 ml de água, pH=7,65) as células foram lavadas com
PBS e centrifugadas por 5 minutos a 1500 rpm. Células do timo e linfonodo foram
também tratadas com DNAse 0,025% (DN-25 Sigma). Aproximadamente 1x 10
6
células foram ressuspensas em 300 µL de PBS contendo 1% de formaldeído e
analisadas no citômetro de fluxo (canal FL1). Foram adquiridos 100.000 eventos por
amostra.
- Medula óssea: o fêmur foi lavado com RPMI incompleto, com o auxílio de uma
seringa. Em seguida as células foram centrifugadas a 5000 rpm por 5 minutos a 4°C
e o sedimento foi ressuspendido em 1 ml de PBS. Aproximadamente 1x 10
6
células
foram ressuspensas em 300 µL de PBS contendo 1% de formaldeído e analisadas
no citômetro de fluxo (canal FL1). Foram adquiridos 100.000 eventos por amostra.
3.3.3. Imunização dos camundongos com microesferas de PLGA fluorescentes
para caracterizar os tipos celulares envolvidos na captura
Camundongos BALB/c machos foram imunizados conforme descrito no item
3.3.1 com as microesferas fluorescentes contendo pcDNA
3
-Hsp65/DMT,
pcDNA
3
/DMT (30 µg DNA/animal) ou formulação vazia (apenas o polímero, sem
DNA plasmideal e DMT). Os animais foram sacrificados após 7 dias e os linfonodos
drenantes foram coletados. Cada grupo foi composto por cinco camundongos. Como
controle do experimento foi utilizado um grupo de animais (5 animais) que
receberam 50 µL de PBS/músculo.
Materiais e Métodos
28
3.3.4. Caracterização dos tipos celulares envolvidos na captura da microesfera e
avaliação da expressão de moléculas de superfície
Os linfonodos drenantes (pool de cinco animais) foram coletados e
divulsionados em RPMI incompleto para a obtenção de células totais. As células
foram lavadas com PBS e centrifugadas por 5 minutos a 1500 rpm. Em seguida
foram ressuspensas em 600 µL de PBS e incubadas por 45 minutos a 4
o
C na
presença do anticorpo anti-CD16/CD32 (Fc Block - 2.4G2 PharMingen, San Diego,
CA). Posteriormente, as suspensões celulares (aproximadamente 1x 10
6
células por
tubo) foram incubadas, durante 30 minutos a 4
o
C, com diferentes anticorpos: anti-
CD80, anti-CD86, anti-CD11b, anti-CD11c ou anti-IA
d
conjugados com ficoeritrina
(PE). Em seguida as amostras foram lavadas em PBS contendo 2% de soro fetal
bovino e o pellet ressupendido em 300 µL de PBS contendo 1% de paraformaldeído
e analisadas por citometria de fluxo. Foram adquiridos 100.000 eventos por amostra.
Como controles foram utilizados anticorpos não relacionados apropriados. Todos os
anticorpos foram adquiridos da PharMingen e usados de acordo com as instruções
do fabricante. A presença das moléculas de superfície foi analisada no canal FL2 e a
presença da microesfera no canal FL1.
3.4. MICROESFERAS: FAGOCITOSE E TRÁFEGO INTRACELULAR IN VITRO
3.4.1. Microscopia de fluorescência
Células J774 ou macrófagos peritoneais (2x10
4
macrófagos/lamínula, obtidos
através da lavagem da cavidade peritoneal com 4 ml de PBS estéril gelado), foram
incubados durante vários períodos (2 dias, 8 dias e 10 dias) a 37
o
C, em meio RPMI
completo, com 2x10
5
microesferas fluorescentes contendo
pc
DNA
3
-Hsp65/DMT. Em
Materiais e Métodos
29
seguida, as lamínulas foram lavadas em PBS estéril e incubadas em RPMI completo
com o marcador de vesículas acídicas, LysoTraker Red DND-99 (Molecular Probes,
Eugene Oregon, USA), durante 30 minutos a 37
o
C. Após esse período, as lamínulas
foram lavadas novamente com PBS estéril e colocadas em uma lâmina de vidro e
analisadas em microscópio de fluorescência (NIKON Eclipse E800, NIKON
Instruments Inc., Melville, NY). Paralelamente, macrófagos peritoneais foram
incubados com microesferas fluorescentes durante 24 horas, e após esse período,
as células foram lavadas com PBS e fixadas com paraformaldeído 2% durante 15
minutos. A lâmina foi montada com Fluormont G (EMScience) e analisada em
microscópio confocal (LEICA DM IRE2).
3.4.2. Microscopia eletrônica de transmissão
Macrófagos peritoneais (1x10
6
macrófagos/poço, obtidos através da lavagem
da cavidade peritoneal com 4 ml de PBS estéril gelado), foram incubados em placas
de 6 poços durante vários períodos (2 dias, 8 dias,10 dias e 15 dias) a 37
o
C, em
meio RPMI completo, com 1x10
7
microesferas fluorescentes contendo DNA-
Hsp65/DMT. Em seguida, as lulas foram lavadas com PBS e fixadas por 2 horas
em uma solução de cacodilato 0,1M (pH=7,4) contendo 2% de glutaraldeído e 2% de
paraformadeído. A seguir, as células foram novamente fixadas, durante 1 hora, em
outra solução de cacodilato 0,1M (pH=7,4) contendo 2% de ósmio. Nas próximas
etapas as lulas passaram pelos seguintes tratamentos: (1) foram lavadas com
água Milli Q, seguidas de contraste em bloco com 0,5% de solução aquosa de
acetato de uranila; (2) desidratadas em álcool; (3) retiradas da placa utilizando óxido
de propileno; (4) colocadas em eppendorff e centrifugadas em alta rotação durante 5
minutos; (5) lavadas, duas vezes, com óxido de propileno; (6) e embebidas em
Materiais e Métodos
30
resina utilizando a cápsula de Beem. A seguir as grades foram cortadas e analisadas
em microscópio eletrônico de transmissão (Philips).
3.5. DNA PLASMIDEAL (DNA NU): CAPTURA E TRÁFEGO INTRACELULAR IN
VITRO
3.5.1. Marcação do DNA plasmideal para os ensaios de microscopia
O DNA plasmideal (pcDNA
3
-Hsp65 ou pcDNA
3
) foi marcado com fluorocromo
Alexa 488 (verde) ou Alexa 594 (vermelho), utilizando-se o sistema ULYSIS
(Molecular Probes, Eugene Oregon, USA), com algumas modificações. Esse sistema
de marcação utiliza um método químico denominado de Universal Linkage System
(ULS) que permite a ligação estável do fluorocromo na porção N
7
da base guanina.
Foram utilizados 8 µg a 10 µg de plasmídeo por marcação. O DNA plasmideal a ser
marcado foi ressuspendido em 19 µL do tampão de marcação e denaturado a 95°C
durante 5 minutos. As amostras foram colocadas em gelo para a adição de 1 µL do
reagente ULS (contendo o fluorocromo) e mais 3,5 µL do tampão de marcação. A
reação foi incubada a 80°C por 15 minutos. O DNA plasmideal foi purificado do
excesso do reagente ULS através da precipitação com isopropanol (overnight, -
20
o
C). Em seguida, foi ressuspendido em água estéril e armazenado a -20°C até o
momento de uso.
Materiais e Métodos
31
3.5.2. Captura e tráfego intracelular do DNA plasmideal utilizando células J774,
macrófagos peritoneais ou células dendríticas
Com o objetivo de esclarecer os mecanismos de captura e o tráfego intracelular
do DNA plasmideal alguns marcadores de compartimentos específicos foram
utilizados, dentre eles, Transferrina conjugada com Alexa 594 (marcador de
endossomos precoces), LysoTraker Red ou Dextran conjugado com Texas Red
(marcadores de endossomos tardios/lisossomos), DAPI (marcador de DNA nuclear),
Rab5 (marcador de endossomo precose), LAMP 1 (proteína de membrana presente
nos endossomos tardios/lisossomos) e BiP/GRP78 (marcador de retículo
endoplasmático).
3.5.2.1. Células J774 e macrófagos peritoneais
Para estes ensaios macrófagos da linhagem J774 (2x10
4
células/poço) ou
macrófagos peritoneais (2x10
4
células/poço, obtidos através da lavagem da
cavidade peritoneal com 4 ml de PBS estéril gelado) foram incubados em câmaras
de cultura (Lab-Tek Chamber Slide, Nalge Nunc International) com meio RPMI
completo (sem vermelho de fenol) durante 12 a 24 horas a 37
o
C. Em seguida, as
células foram submetidas a vários tratamentos conforme descrito abaixo:
- Transferrina conjugada com Alexa Fluor 594 (Molecular Probes, Eugene
Oregon, USA): as células foram tratadas simultaneamente com 4 µg do DNA
plasmideal marcado com Alexa Fluor 488 (item 3.5.1) e 14 µg/ml de transferrina
durante 30 minutos a 37
o
C. Por outro lado, para o tempo de incubação de 15
minutos com o DNA, adicionou-se primeiramente a transferrina e após 15 minutos
adicionou-se o DNA por mais 15 minutos, completando assim o tempo de 30 minutos
Materiais e Métodos
32
do marcador (transferrina). Após esse período, as células foram lavadas com PBS
estéril e fixadas com paraformaldeído 2% durante 15 minutos. As lâminas foram
montadas com Fluormont G (EMScience) e analisadas em microscópio confocal
(LEICA DM IRE2).
- LysoTracker Red DND-99 (Molecular Probes, Eugene Oregon, USA): as
células foram tratadas com 4 µg do DNA plasmideal marcado com Alexa Fluor 488
(item 3.5.1) durante vários períodos (24 horas a 120 horas) a 37°C. Trinta minutos
antes de completar o tempo do tratamento adicionou-se o marcador de vesículas
acídicas, LysoTraker Red (160 nM). Após esse período, as células foram lavadas
com PBS estéril e fixadas com paraformaldeído 2% durante 15 minutos. As lâminas
foram montadas com Fluormont G (EMScience) e analisadas em microscópio
confocal (LEICA DM IRE2). É importante ressaltar que a fluorescência do reagente
LysoTracker Red está diretamente associada com o pH das vesículas, ou seja,
somente vesículas acídicas como os endossomos tardios e os lisossomos são alvos
deste marcador (Esquema 1).
- DAPI (Molecular Probes, Eugene Oregon, USA): as células foram tratadas
com DNA marcado com Alexa Fluor 488 e LysoTracker Red, conforme acima
mencionado, e nos últimos 20 minutos do tratamento, adicionou-se o marcador de
DNA nuclear (DAPI, 0.6mM).
- Cloroquina (Sigma-Aldrich, USA): as células foram tratadas simultaneamente
com 4 µg do DNA plasmideal marcado com Alexa Fluor 488 (item 3.5.1) e 10 µM de
cloroquina durante 4 horas a 37
o
C. Quando necessário, o marcador de vesículas
acídicas, LysoTraker Red DND-99 (160 nM), foi adicionado nos últimos 30 minutos
de incubação. Após esse período, as células foram lavadas com PBS estéril e
fixadas com paraformaldeído 2% durante 15 minutos. As lâminas foram montadas
Materiais e Métodos
33
com Fluormont G (EMScience) e analisadas em microscópio confocal (LEICA DM
IRE2). Cabe ressaltar que a cloroquina é uma substância lisossomotrópica que inibe
a acidificação endo-lisosssomal, além de causar a permeabilização das membranas
dessas vesículas.
- Dextran conjugado com Texas Red (10.000 MW, neutro Molecular Probes,
Eugene Oregon, USA): as células foram tratadas simultaneamente com 4 ug do DNA
plasmideal marcado com Alexa Fluor 488 (item 3.5.1) e 10 ug/ml de dextran durante
24 horas a 37
o
C. Após esse período, as lulas foram lavadas com PBS estéril e
fixadas com paraformaldeído 2% durante 15 minutos. As lâminas foram montadas
com Fluormont G (EMScience) e analisadas em microscópio confocal (LEICA DM
IRE2). Paralelamente, células foram incubadas com dextran (10 µg/ml) por 24 horas
a 37
o
C, sendo que nos últimos 30 minutos o marcador LysoTraker Green (1 µM -
Molecular Probes, Eugene Oregon, USA) foi adicionado. Em seguida, as lamínulas
foram lavadas com PBS estéril e colocadas em uma lâmina de vidro e analisadas em
microscópio de fluorescência (NIKON Eclipse E800, NIKON Instruments Inc.,
Melville, NY).
- Rab5 (BD Transduction Laboratories): as células foram tratadas com 4 µg do
DNA plasmideal marcado com Alexa Fluor 488 (item 3.5.1) durante vários períodos
(5 minutos, 15 minutos e 19 horas) a 37°C. Após esse tratamento, as células foram
lavadas com PBS estéril e fixadas com paraformaldeído 4% durante 15 minutos. As
etapas seguintes foram realizadas da seguinte forma: (1) as células foram incubadas
por 5 minutos com glicina 0,1M; (2) as células foram bloqueadas com IgG (IgG de
asno, 20 µg em BSA 3%) durante uma hora; (3) a seguir as células foram incubadas
por uma hora, à temperatura ambiente, com o anticorpo primário anti-Rab5 (IgG de
camundongo, 10 µg em saponina 0,01% preparada em BSA 1%); (4) adicionou-se o
Materiais e Métodos
34
anticorpo secundário anti-IgG de camundongo marcado com Texas Red durante
uma hora à temperatura ambiente (diluído 1: 250 em BSA 1%, Santa Cruz
Biotechnology, Inc.). Entre cada etapa (1-4) as lulas foram lavadas cinco vezes
com PBS. A seguir as lâminas foram montadas com Fluormont G (EMScience) e
analisadas em microscópio confocal (LEICA DM IRE2).
- LAMP 1 (Santa Cruz Biotechnology, Inc.): as células foram tratadas com 4 µg
do DNA plasmideal marcado com Alexa Fluor 488 (item 3.5.1) durante 24 horas a
37°C. Após esse tratamento, as células foram lavadas com PBS estéril e fixadas
com paraformaldeído 4% durante 15 minutos. As etapas seguintes foram realizadas
conforme descrito para o Rab5, alterando-se apenas os anticorpos utilizados, ou
seja, anticorpo primário anti-LAMP 1 (IgG de cabra, 7 µg em saponina 0,01%
preparada em BSA 1%), e anticorpo secundário anti-IgG de cabra marcado com
Alexa 594 (diluído 1: 250 em BSA 1%, Molecular Probes, Eugene Oregon, USA.).
- BiP/GRP78 (BD Transduction Laboratories): as células foram tratadas com 4
µg do DNA plasmideal marcado com Alexa Fluor 488 (item 3.5.1) durante 24 horas e
19 horas a 37°C. Após esse tratamento, as células foram lavadas com PBS estéril e
fixadas com paraformaldeído 4% durante 15 minutos. As etapas seguintes foram
realizadas conforme descrito para o Rab5, alterando-se apenas os anticorpos
utilizados, ou seja, anticorpo primário anti-BiP/GRP78 (IgG de cabra, 7 µg em
saponina 0,01% preparada em BSA 1%), e anticorpo secundário anti-IgG de cabra
marcado com Alexa 594 (diluído 1: 250 em BSA 1%, Molecular Probes, Eugene
Oregon, USA.).
Materiais e Métodos
35
3.5.2.2. Células dendríticas derivadas do baço
Paralelamente estudos de captura e tráfego foram realizados utilizando células
dendríticas derivadas do baço de camundongo Balb/c conforme descrito por WEST
et al. (1999). Essas células foram obtidas da seguinte forma: após a remoção das
células do baço, as mesmas foram distribuídas em placas de baixa aderência, e
mantidas durante 14 dias em meio RPMI suplementado com 10% de soro bovino
fetal, 100 mM de piruvato de sódio, 10 mM de aminoácidos não essenciais, 10 mg/ml
de canamicina, 200 mM de glutamina, 10 mM de β-mercaptoetanol, 10 ng/ml GM-
CSF (PeproTech EC Ltd, GB) e 1 ng/ml de TGF-β (R & D Systems Europe, Ltd.;
citocina utilizada para manutenção das células dendríticas em cultura). Cabe
ressaltar que este meio foi trocado a cada dois dias. Após este período a expressão
de moléculas de superfície foi avaliada por citometria de fluxo, sendo 99% das
células foram positivas para as moléculas CD11c, MHC de classe II e DEC205. A
cultura foi negativa para células B e células T.
Após a diferenciação, as células dendríticas foram tratadas com 4 µg do DNA
plasmideal marcado com Alexa Fluor 488 (item 3.10) durante 1 hora a 37°C. Trinta
minutos antes de completar o tempo do tratamento adicionou-se o marcador de
vesículas acídicas, LysoTraker Red (160 nM). Após esse período, as células foram
lavadas com PBS e analisadas em microscópio vital (LEICA 570).
3.6. CAPTURA DO DNA PLASMIDEAL POR CÉLULAS KNOCKOUT DE TLR9
Células dendríticas proveniente da medula óssea de camundongos deficientes
(knockout) do receptor TLR9 foram obtidas da seguinte forma: após a retirada do
Materiais e Métodos
36
tecido adjacente, os ossos foram partidos em ambiente estéril, sendo a medula
óssea lavada com PBS utilizando uma seringa com agulha 13 x 4,5 mm. As células
recém colhidas da medula óssea foram lavadas em PBS e centrifugadas a 1500 rpm
por 10 minutos. Em seguida foram incubadas com tampão de lise de hemácias,
novamente lavadas e centrifugadas a 1500 rpm por 10 minutos, diluídas em RPMI-
1640 suplementado (10% de SBF, 2 mM de glutamina, 50 UI de penicilina e 50
mg/ml de estreptomicina) e distribuídas em placas de 24 poços (2,5 x 10
6
) na
presença das citocinas GM-CSF (20 ng/ml, R&D systems) e IL-4 (10 ng, R&D
systems).O tempo de cultura foi de seis dias, sendo o meio trocado de 3 em 3 dias.
A seguir, as células dendríticas foram removidas e transferidas (2 x 10
4
células/poço)
para as câmaras de cultura (Lab-Tek Chamber Slide, Nalge Nunc International) e,
incubadas em meio RPMI completo (sem vermelho de fenol) durante 2 horas a 37
o
C.
Feito isso, as células foram incubadas com 4 µg DNA plasmideal marcado com
Alexa Fluor 594 durante uma hora. Após esse período, as células foram lavadas com
PBS estéril e fixadas com paraformaldeído 2% durante 15 minutos. As lâminas foram
montadas com Fluormont G (EMScience) e analisadas em microscópio confocal
(LEICA DM IRE2).
Materiais e Métodos
37
3.7. DNA PLASMIDEAL (DNA NU): ENSAIO DE APRESENTAÇÃO DE ANTÍGENO
E RECRUTAMENTO DE MyD88
3.7.1. Influência do tratamento com DNA plasmideal na apresentação de antígeno
3.7.1.1. Obtenção dos linfócitos T CD4 e das células apresentadoras de
antígenos (macrófagos peritoneais)
Camundongos BALB/c machos foram imunizados, por via subcutânea, com 50
µg de KLH (Keyhole limpet haemocyanin, Sigma-Aldrich, Germany) em 50 µL de
adjuvante completo de Freund (50 µg de KLH em cada coxim plantar; Sigma-Aldrich,
Germany). Após sete dias, outra dose de 50 µg de KLH em 50 µL de adjuvante
incompleto de Freund (Sigma-Aldrich, Germany) foi administrada (dose total: 200 µg
de KLH). A seguir, sete dias após a última imunização, linfócitos T CD4 provenientes
dos linfonodos poplíteos foram purificados utilizando MicroBeads CD4 - L3T4
(Miltenyi Biotec GmbH, Germany). Como células apresentadoras de antígenos foram
utilizados macrófagos peritoneais de camundongos Balb/c não imunizados, obtidos
através da lavagem da cavidade peritoneal com 4 ml de PBS estéril gelado. Para o
experimento de apresentação de antígeno, macrófagos peritoneais (5x10
5
células)
foram pré-incubados com 20 µg de pcDNA
3
-Hsp65 por vários períodos (0 horas, 24
horas, 48 horas ou 72 horas), e em seguida foram tratados com KLH por mais 24
horas.
3.7.1.2. Ensaio de proliferação celular
Após o tratamento com KLH, os macrófagos peritoneais (5x10
5
células) foram
fixados com paraformaldeído 1% durante quinze minutos. A seguir, após a lavagem
Materiais e Métodos
38
com PBS estéril, 5x10
5
células T CD4 (purificadas dos linfonodos dos animais
imunizados com KLH) foram adicionadas e a cultura foi mantida em RPMI 1640
suplementado (10% de SBF, 2 mM de glutamina, 50 UI de penicilina e 50 mg/ml de
estreptomicina) durante 72 horas. Para avaliar a proliferação dos linfócitos, 16
horas antes de completar o tempo total de incubação (72 horas) foi adicionado 0,5
µCi de 3H-timidina em RPMI 1640 suplementado. Após o período de 72 horas, as
células foram coletadas em filtros e a radiotividade foi quantificada no aparelho de
cintilação (Beckman, Germany). Os resultados foram expressos em CPM (3H-
contagem por minuto). Este ensaio foi realizado em triplicata, e como controle
positivo os linfócitos T CD4 foram estimulados com Concanavalina A (ConA - 40
µg/ml, Sigma, USA).
3.7.2. Recrutamento da molécula MyD88 após o tratamento com DNA plasmideal
Para visualizar o recrutamento da molécula MyD88, após o tratamento com
DNA plasmideal, foi utilizada a linhagem de célula Raw-MyD88GFP (gentilmente
cedidas pelo Dr. Hermann Wagner - Institute of Medical Microbiology, Immunology
and Hygiene, Munich, Germany). Esta linhagem foi gerada através da tranfecção
estável com o plasmídeo pEF-MyD88-GFP (GFP: green fluorescent protein)
(AHMAD-NEJAD et al., 2002). Assim, para este experimento, as células Raw-
MyD88GFP foram tratadas com DNA plasmideal marcado com Alexa Fluor 594
(vermelho) durante 24 horas, e em seguida, as lamínulas foram lavadas com PBS
estéril e colocadas em uma lâmina de vidro e analisadas em microscópio de
fluorescência microscopia confocal (LEICA DM IRE2).
39
4. RESULTADOS
Resultados
40
4.1. OBTENÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DOS PLASMÍDEOS pcDNA
3
-HSP65 E
pcDNA
3
Os plasmídeos pcDNA
3
-Hsp65 (DNA-Hsp65) e pcDNA
3
, obtidos através do kit
comercial QIAGEN (item 3.1.1), foram utilizados nas formulações das microesferas
de PLGA e nos experimentos de tráfego intracelular do DNA plasmideal (DNA nu).
Antes de iniciar os experimentos, a integridade dos plasmídeos foi verificada
utilizando as enzimas de restrição BamH I e Not I. A análise de eletroforese em gel
de agarose 1% mostrou que a digestão do pcDNA
3
-Hsp65 produziu 2 bandas, uma
de 5,4 kb representando o vetor (pcDNA
3
), e a outra de 3,3 kb, representando o
inserto da Hsp65 (Figura 1, pista 5). Por outro lado, o pcDNA
3
digerido (BamH I),
mostrou perfil eletroforético correspondente ao tamanho do vetor, com uma banda
de 5,4 kb (Figura 1, pista 3).
4.2. PREPARO E CARACTERIZAÇÃO DAS MICROESFERAS POLIMÉRICAS
BIODEGRADÁVEIS CONTENDO OS PLASMÍDEOS pcDNA
3
-HSP65 OU pcDNA
3
JUNTAMENTE COM DMT
As microesferas de PLGA foram obtidas pelo método de emulsão múltipla e
evaporação do solvente orgânico. A eficiência do encapsulamento dos plasmídeos
pcDNA
3
-Hsp65 e pcDNA
3
, nas formulações com 6,6 mg de coumarina-6, foi de
49,9% (6,24 µg de DNA/mg de microesferas) e 24% (3,0 µg de DNA/mg de
microesferas), respectivamente. Para a formulação com 60 µg de coumarina-6 a
eficiência do encapsulamento para o plasmídeo pcDNA
3
-Hsp65 foi de 52,8% (6,6 µg
de DNA/mg de microesferas) e para a formulação sem coumarina-6 foi de 34,4%
(4,3 µg de DNA/mg de microesferas). Para todas as formulações acima
Resultados
41
Resultados
42
mencionadas o DMT (0,5 mg/formulação) foi adicionado na fase orgânica da
emulsão água/óleo/água durante o processo de encapsulamento.
Em relação ao diâmetro das microesferas, os lotes de formulações não
apresentam diâmetro uniforme, mas são caracterizados por uma distribuição
Gaussiana conforme ilustrado nas Figuras 2 4. Esses dados confirmam que o
método utilizado na obtenção das microesferas originou partículas com um perfil de
distribuição de diâmetro inferior a 10 µm (Tabela I), o qual é considerado adequado
para a fagocitose por células apresentadoras de antígenos.
Tabela I. Diâmetro das microesferas de PLGA 50:50 [Poli (D,L-lático-co-glicólico)]:
obtido por difratometria laser.
Microesferas
Diâmetro das partículas (mediana - µm)
pcDNA
3
-Hsp65 (6,6 mg coumarina-6)
3,9
pcDNA
3
(6,6 mg coumarina-6) 4,4
pcDNA
3
-Hsp65 (60 µg coumarina-6)
4,6
pcDNA
3
-Hsp65 (sem marcador fluorescente) 3,9
Vazia (6,6 mg coumarina-6) 5,6
Resultados
43
Resultados
44
Resultados
45
Resultados
46
4.3. AVALIAÇÃO DA BIODISTRIBUIÇÃO DAS MICROESFERAS DE PLGA
FLUORESCENTES
Para avaliar a biodistribuição das microesferas, camundongos BALB/c foram
imunizados com microesferas fluorescentes (6,6 mg de coumarina-6) contendo DNA-
Hsp65/DMT. Os animais foram sacrificados nos tempos de 24 horas, 7 dias, 15 dias,
30 dias, 60 dias e 120 dias após a imunização, e os seguintes órgãos foram
coletados: linfonodos drenantes, medula óssea, timo, pulmão, baço, rim, fígado e
testículos. A biodistribuição nesses órgãos foi determinada por citometria de fluxo
(canal FL1-fluorescência verde).
Como pode ser observado na Tabelas II e III, as microesferas estão presentes
em todos os órgãos analisados após 24 horas, 7 dias e 15 dias, apesar de haver
variações entre os animais. Após 30 dias, 60 dias e 120 dias, a maioria dos órgãos
analisados continuaram positivos, com exceção do fígado e do rim, para o tempo de
30 dias, linfonodo, baço e pulmão, para o tempo de 60 dias, e rim, para o tempo de
120 dias. Cabe ressaltar que 100.000 células foram adquiridas por amostra, portanto
a porcentagem de células positivas para microesfera (coumarina-6) é pequena
quando comparada com o número total de células, sendo que a menor porcentagem
de células positivas foi obtida no timo (0,002% de células positivas/tempo 15 dias -
Figura 5) e a maior porcentagem nos linfonodos (9,3% de células positivas/tempo 15
dias - Figura 5).
Resultados
47
Tabela II. Número de animais com resultados positivos para cada órgão
24h 7d 15d 30d 60d 120d
LN 4/5 5/5 2/5 4/5 0/5 2/3
MO 3/5 1/5 2/5 1/5 2/5 2/3
Baço 5/5 3/5 2/5 2/5 0/5 1/3
Timo 3/5 2/5 1/5 3/5 4/5 2/3
Pulmão 4/5 5/5 5/5 3/5 0/5 2/3
Rim 4/5 3/5 3/5 0/5 5/5 0/3
Fígado 5/5 2/5 3/5 0/5 5/5 2/3
Testículos 2/5 4/5 5/5 2/5 5/5 2/3
Camundongos BALB/c machos foram imunizados com as microesferas fluorescentes
contendo pcDNA
3
-Hsp65/DMT (30 µg DNA/animal) conforme descrito no item 3.3.1. Os
animais foram sacrificados nos tempos de 24 horas, 7 dias, 15 dias, 30 dias, 60 dias e 120
dias após a imunização e os órgãos foram coletados e processados. As células foram
analisadas no citômetro de fluxo (100.000 eventos por amostra). Cada grupo foi composto
por três ou cinco camundongos. Os valores apresentados na tabela indicam o número de
animais positivos para cada órgão sob o número total de animais analisados. LN: linfonodos;
MO: medula óssea.
Resultados
48
Tabela III. Número de células positivas para coumarina-6 nos diferentes órgãos
analisados
LN MO Baço Timo Pulmão Rim Fígado Testículos
24 h
1
813 32 19 0 71 286 13 0
2
7540 0 22 37 0 0 587 0
3
0 0 673 160 309 56 314 0
4
1758 88 74 5 186 143 603 2
5
4994 56 54 0 315 420 445 488
7d
1
148 283 17 0 72 0 0 32
2
1598 0 9 6 1192 3244 2323 6072
3
1226 0 97 4 1634 2372 1878 0
4
329 0 0 0 465 0 0 167
5
3693 0 0 0 319 407 0 217
15d
1
0 0 0 0 436 0 0 82
2
0 31 0 2 682 82 2841 79
3
0 0 16 0 1064 341 0 633
4
12888 297 4 0 89 68 100 251
5
5707 0 0 0 481 0 425 251
30d
1
0 0 50 0 0 0 0 0
2
9029 0 0 14 1264 0 0 0
3
726 0 0 0 369 0 0 0
4
196 58 32 16 0 0 0 75
5
135 0 0 35 125 0 0 11
60d
1
0 0 0 0 0 2587 1725 547
2
0 131 0 737 0 1971 2443 333
3
0 0 0 593 0 1943 6380 436
4
0 333 0 1054 0 974 448 804
5
0 0 0 1833 0 1783 5530 566
120
1
940 154 0 216 0 0 20 0
2
0 50 0 0 1385 0 214 42
3
548 0 52 1106 3089 0 0 31
Camundongos BALB/c machos foram imunizados com as microesferas fluorescentes contendo pcDNA
3
-Hsp65/DMT (30 µg
DNA/animal) conforme descrito no item 3.3.1. Os animais foram sacrificados nos tempos de 24 horas, 7 dias, 15 dias, 30 dias e
120 dias após a imunização e os órgãos foram coletados e processados. As células foram analisadas no citômetro de fluxo
(100.000 eventos por amostra). Cada grupo foi composto por três ou cinco camundongos. LN: linfonodos; MO: medula óssea.
Resultados
49
Resultados
50
4.4. CARACTERIZAÇÃO DOS TIPOS CELULARES ENVOLVIDOS NA CAPTURA
DA MICROESFERA E AVALIAÇÃO DA EXPRESSÃO DE MOLÉCULAS DE
SUPERFÍCIE
Para avaliar as lulas envolvidas na captura das microesferas verificou-se a
expressão das moléculas CD11b e CD11c. Adicionalmente, outras moléculas de
superfície presentes nessas células (CD80, CD86 e IA
d
) foram analisadas para
caracterizar o perfil de ativação. Para isto, camundongos BALB/c foram imunizados
com três tipos de microesferas fluorescentes, diferindo apenas no material
encapsulado (pcDNA
3
-Hsp65/DMT, pcDNA
3
/DMT ou vazia). Como pode ser
observado na Figura 6, macrófagos e células dendríticas estão envolvidos na
captura das microesferas, uma vez que células positivas para coumarina-6
apresentaram CD11b e CD11c como marcadores de superfície. Além disso, a
expressão das moléculas co-estimulatórias (CD80 e CD86) e de classe II (IA
d
) estão
aumentadas nas células dos linfonodos (pool de cinco animais) de animais
imunizados com microesfera fluorescentes contendo pcDNA
3
-Hsp65/DMT.
4.5. MICROESFERAS: FAGOCITOSE E TRÁFEGO INTRACELULAR IN VITRO
Estudos iniciais do tráfego intracelular das microesferas fluorescentes contendo
pcDNA
3
-Hsp65/DMT foram realizados utilizando células J774. Para isso, essas
células foram incubadas com as microesferas e a visualização dos endossomos
tardios e lisossomos foi realizada utilizando o marcador LysoTraker Red (item 3.4.1).
Como pode ser observado na Figura 7, utilizando microscopia de fluorescência, as
microesferas foram fagocitadas pelas células J774 e após 48 horas, observou-se
colocalização nos endossomos tardios e lisossomos (coloração amarela). Porém,
devido ao baixo número de microesferas fagocitadas (uma ou duas, em vários
Resultados
51
campos analisados - Figura 7), tornou-se difícil dar continuidade aos experimentos.
Desta forma, na tentativa de melhorar a quantidade de microesferas fagocitadas,
optou-se trocar as células J774 por macrófagos peritoneais provenientes de
camundongos Balb/c. Como demonstrado na Figura 8, várias microesferas foram
fagocitadas após 24 horas de tratamento, assim, os próximos experimentos foram
realizados utilizando macrófagos peritoneais.
Dando continuidade aos experimentos de tráfego intracelular, os macrófagos
foram incubados com as microesferas, durante 2 dias, 8 dias e 10 dias, e a
visualização dos endossomos tardios e lisossomos foi realizada utilizando o
marcador LysoTraker Red (item 3.4.1). Como pode ser observado nas Figuras 9, 10
e 11, as microesferas foram fagocitadas pelos macrófagos e houve colocalização
nos endossomos tardios e lisossomos (coloração amarela) em todos os tempos
analisados. Além disso, durante esses períodos de análise, houve perda ou
diminuição da fluorescência de algumas partículas (Figuras 9C, 10B e 11B),
provavelmente devido ao processo de hidrólise das microesferas. Porém estas
partículas ainda continuam nas vesículas, quando observadas em DIC (differential
interference contrast) (Setas, Figuras 9D, 10E e 11E). A Figura 12 demonstra o
controle do experimento, no qual os macrófagos foram mantidos apenas em RPMI-C
com 10 % de soro bovino fetal. A permanência das microesferas em vesículas foi
confirmada por microscopia eletrônica de transmissão, conforme demonstrado nas
Figuras 13 e 14, e em todos os tempos analisados (2 dias, 8 dias, 10 dias e 15 dias)
as microesferas estavam presentes nas vesículas.
Resultados
52
Resultados
53
Resultados
54
Resultados
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Resultados
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Resultados
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Resultados
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Resultados
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61
4.6. DNA PLASMIDEAL (DNA NU): CAPTURA E TRÁFEGO INTRACELULAR IN
VITRO INIBIÇÃO DA ACIDIFICAÇÃO DAS VESÍCULAS LISOSSOMAIS
Na tentativa de esclarecer os mecanismos de captura e o tráfego intracelular do
DNA plasmideal alguns marcadores de compartimentos específicos foram utilizados,
dentre eles, Transferrina conjugada com Alexa 594 (marcador de endossomos
precoces) e LysoTracker Red ou Dextran conjugado com Texas Red (marcadores de
endossomos tardios/lisossomos). Desta forma, o DNA plasmideal marcado com
Alexa 488 (conforme descrito no item 3.5.1) foi incubado com as células (J774,
macrófagos peritoneais ou células dendríticas) por determinados períodos e um dos
marcadores acima mencionados foi adicionado à cultura.
Como pode ser observado na Figura 15, utilizando microscopia confocal, após
15 minutos, o DNA plasmideal foi endocitado pelas células J774 e colocalizado com
a Transferrina. Porém, após trinta minutos de incubação não houve colocalização
(Figura 16), indicando assim que o DNA foi transferido para outra vesícula. Desta
forma, na tentativa de elucidar o caminho do DNA utilizou-se um outro marcador, o
LysoTracker Red. Este reagente possui fluorescência vermelha em vesículas
acídicas, tais como endossomos tardios/lisossomos. Assim, células J774 foram
incubadas com DNA marcado com Alexa 488 e a visualização dos endossomos
tardios e lisossomos foram realizadas utilizando este marcador. Como demonstrado
nas Figuras 17 a 21, utilizando microscopia confocal, o DNA plasmideal foi
endocitado pelas células J774, porém não houve colocalização (Figuras 17C - 21C)
com as vesículas acídicas em todos os tempos analisados (24 horas 120 horas).
Resultados similares foram obtidos utilizando macrófagos peritoneais (tempos de 24
horas e 72 horas - Figura 22). Além disso, quando as células J774 foram incubadas
com o vetor pcDNA
3
marcado com Alexa 488 durante 24 horas, seguido da adição
Resultados
62
do LysoTracker Red, também não houve colocalização com endossomos
tardios/lisossomos (Figura 23)
.
Cabe ressaltar que em todos os experimentos
realizados, um controle do reagente LysoTracker foi realizado incubando as células
com este marcador, e conforme representado na Figura 24, todas as células
apresentaram fluorescência, demonstrando assim que o reagente utilizado estava
em perfeita condição. Adicionalmente, com o intuito de eliminar a possibilidade de
que a inibição da acidificação observada anteriormente (Figuras 17 -23) fosse
decorrente da interferência entre os fluorocromos (vermelho e verde), o DNA
plasmideal sem marcação foi incubado com LysoTracker Green, e os resultados o
foram alterados (Figura 24E e 24F).
Para confirmar esses resultados, DNA marcado com Alexa 488 foi incubado
com Dextran conjugado com Texas Red (marcador de lisossomos, citado
anteriormente). Conforme demonstrado na Figura 25, houve colocalização do DNA
com o marcador Dextran após 24 horas. Desde que, nossos resultados
demonstraram que o DNA plasmideal não está colocalizado com LysoTracker Red,
mas está colocalizado com Dextran, estes resultados sugerem que o DNA, presente
em vesículas lisossomais, inibe a acidificação dos endossomos tardios/lisossomos
por um mecanismo ainda desconhecido. Esta hipótese foi confirmada com a
colocalização do Dextran com LysoTracker Green (Figura 26), pois, neste caso, o pH
das vesículas o foi alterado. Com o intuito de verificar se a alteração do pH não
influencia no perfil de distribuição do DNA, o mesmo foi incubado com cloroquina,
uma substância que impede a acidificação das vesículas. Conforme demonstrado na
Figura 27, não houve alteração na distribuição do DNA plasmideal. A ação da
cloroquina foi confirmada, pois, após incubação de 24 horas, não houve marcação
com LysoTracker Red (Figura 27C).
Resultados
63
Os resultados apresentados anteriormente, em relação à incubação do DNA
plasmideal com as células J774 em diversos períodos (Figuras 17 a 21), também
demonstraram que, após 96 horas e 120 horas (Figuras 20 e 21), o DNA plasmideal
está localizado ao redor do núcleo, o que sugere que, após a captura, o DNA
permanece em vesículas até chegar a região perinuclear, sugerindo assim, que o
DNA plasmideal não escapa do compartimento endo-lisossomal para o citoplasma.
Paralelamente, foram realizados experimentos com células dendríticas
derivadas do baço. Estes experimentos demonstraram que o DNA plasmideal foi
capturado por prolongamentos da membrana plasmática (Figura 28, seta 1),
sugerindo que a macropinocitose é o mecanismo envolvido na captura do DNA pelas
células dendríticas. Além disso, alguns sinais de colocalização com endossomos
tardios/lisossomos foram detectados quando o DNA marcado com Alexa 488 foi
incubado por 1 hora com as células dendríticas, seguido da adição de marcador
LysoTracker Red. Entretanto, muitas vesículas com DNA plasmideal não
apresentaram colocalização, sugerindo que, como nos macrófagos (J774 e
peritoneais), o DNA plasmideal pode inibir a acidificação dos endossomos
tardios/lisossomos (Figura 28).
Resultados
64
Resultados
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Resultados
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4.7. DNA PLASMIDEAL (DNA NU): CAPTURA POR CÉLULAS KNOCKOUT DE
TLR9
Nossos resultados demonstraram que células dendriticas provenientes de
animais knockout do receptor TLR9 é capaz de capturar o DNA plasmideal, portanto
a deficiência deste receptor não influencia neste processo (Figura 29).
4.8. DNA PLASMIDEAL (DNA NU): ENSAIO DE APRESENTAÇÃO DE ANTÍGENO
Como nossos resultados sugerem que o DNA plasmideal inibe a acidificação
dos endossomos tardios/lisossomos, o próximo passo foi verificar se esta alteração
poderia prejudicar a apresentação de antígeno, já que estes compartimentos estão
envolvidos no processo de apresentação de antígeno via MHC de classe II. Para
isto, experimentos de apresentação de antígeno utilizando KLH (antígeno exógeno –
apresentação via MHC de classe II) e células T CD4 específicas, conforme descrito
no item 3.6.1, foram realizados. Os resultados demonstraram que o tratamento com
DNA plasmideal interfere na apresentação do antígeno KLH, pois quando o DNA foi
adicionado na cultura nos tempos de 24 horas, 48 horas ou 72 horas antes do
tratamento com KLH, ou simultaneamente ao KLH (tempo zero), a proliferação dos
linfócitos T CD4 específicos diminuiu significativamente, quando comparado com as
células que receberam apenas KLH (Figura 30).
Resultados
79
Resultados
80
Resultados
81
4.9. RECRUTAMENTO DE MyD88, RAB5, LAMP 1 E BiP/GRP78 EM
VESÍCULAS QUE CAPTURARAM O DNA PLASMIDEAL
A inibição da acidificação da vesícula contendo o DNA plasmideal poderia
interferir no recrutamento da molécula sinalizadora MyD88, que esta via é ativada
através da interação dos motivos CpGs, presentes no DNA plasmideal, com o
receptor TLR9. Nossos resultados demonstraram que a o acidificação lisossomal
pelo DNA plasmideal não prejudica o recrutamento da molécula MyD88, pois,
conforme demonstrado na Figura 31, as células Raw-MyD88GFP apresentaram
pontos de colocalização com DNA plasmideal (marcado com Alexa 594 - vermelho),
indicando assim a molécula MyD88 foi recrutada para as vesículas contendo o DNA
(CpG). Por outro lado, quando avaliamos o recrutamento do Rab5 (marcador de
endossomo precoce) para a vesícula endocítica contendo DNA, não observamos
colocalização, sugerindo que após a captura, o DNA plasmideal encontra-se em uma
vesícula deficiente desta molécula e que talvez o DNA possa interferir direta ou
indiretamente no recrutamento do Rab5 (Figuras 32 e 33). A presença do Rab5
também foi avaliada em um período maior (19 horas, Figura 34), pois a principio,
cogitou-se a possibilidade de que o DNA permaneceria em vesículas precoces
durante todo o seu trajeto, que anteriormente não houve colocalização com o
LysoTracker Red. Porém, com estes resultados do Rab5 e com a colocalização com
o Dextran (Figura 25) esta hipótese foi descartada. Avaliamos também o
recrutamento de LAMP 1 (molécula presente nos lisossomos), e não observamos
colocalização com o plasmideo (Figura 35), apesar de nossos resultados
demonstrarem que o DNA está presente nos lisossomos (Figura 25). Este resultado
sugere que provavelmente a inibição da acidificação possa interferir direta ou
indiretamente no recrutamento do LAMP 1. Adicionalmente, investigamos a co-
Resultados
82
marcação do BiP/GRP78 presente no retículo endoplasmático com o DNA
plasmideal e não observamos colocalização, sugerindo que após o processo de
endocitose o DNA fique restrito a vesículas endossomais/lisossomais (Figuras 36 e
37).
Resultados
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Tabela IV. Resumo dos resultados de colocalização entre DNA e compartimentos
intracelulares, e molécula MyD88.
Colocalização
DNA versus Positiva (+) ou negativa (-)
Transferrina +
Rab5 -
LysoTracker Red
-
Dextran +
LAMP 1 -
BiP/GRP78 -
MyD88 +
91
5. DISCUSSÃO
Discussão
92
Os dados apresentados neste trabalho demonstraram que as microesferas,
usadas como veiculo para imunização com DNA plasmideal, foram amplamente
distribuídas após a administração intramuscular, como observado anteriormente
para o DNA nu (COELHO-CASTELO et al., 2006). As microesferas, em geral, foram
capturadas por células apresentadoras de antígenos, como macrófagos e células
dendríticas através de fagocitose. Em relação ao tráfego intracelular, as
microesferas permanecem nos endossomos tardios e/ou lisossomos por até 15 dias,
sugerindo que essas construções sejam hidrolisadas nessas vesículas para
liberação do DNA. Por outro lado, no caso do DNA nu, ao atingir essas vesículas ele
é capaz de alterar o pH das mesmas, impedindo a sua acidificação, provavelmente
como mecanismo de escape da degradação enzimática. Este fato, possivelmente
permite que o DNA alcance a região perinuclear ainda nas vesículas endo-
lisossomais. Em relação à captura do DNA, os resultados demonstraram que esta
ocorre por endocitose dependente de clatrina ou macropinocitose, dependendo da
célula em questão, mas parece envolver um mecanismo distinto de maturação de
vesículas uma vez que não recruta Rab5 e LAMP 1 (Figuras 32 - 35), ficando restrito
a essas vesículas, e não apresentando colocalização com BiP/GRP78 (Figuras 36 e
37). Interessantemente, a não acidificação dos endossomos tardios/lisossomos,
devido à presença do DNA, teve conseqüência direta na apresentação de antígenos
pela via de classe II, porém não interferiu no recrutamento de MyD88. Esse último
resultado pode explicar a sinalização mediada pelo DNA bacteriano em células
eucarióticas, mesmo com vesículas não acídicas. Cabe ressaltar que os dados
apresentados sobre o tráfego do DNA plasmideal forneceram a primeira avaliação
completa do comportamento de um DNA plasmideal bacteriano em células
eucarióticas, e trouxeram achados muito importantes para desenvolvimento de
Discussão
93
novas vacinas e terapias. Esses resultados com DNA nu abriram novas perspectivas
para a utilização do DNA plasmideal, em função da dose. Assim altas doses agiriam
como imunoestimulantes e baixas doses poderiam controlar o desenvolvimento de
uma resposta imune exacerbada, ou não adequada. Essa hipótese está em depósito
de patente no INPI (número 2005.1.2414.17.8) e estudos a este respeito estão em
andamento.
Os estudos desenvolvidos por nosso grupo (Centro de Pesquisa em
Tuberculose FMRP) têm demonstrado que a vacina de DNA plasmideal nu
codificando a Hsp65 de M. leprae (DNA-Hsp65), ou ainda utilizando sistemas
carreadores como as microesferas de PLGA (DNA-Hsp65/DMT), são capazes de
gerar imunidade protetora contra tuberculose (SILVA, 1999; TASCON et al., 1996;
LOWRIE et al., 1999; SILVA & LOWRIE; 2000; LIMA et al., 2003). Entretanto,
adicionalmente a caracterização da resposta imune protetora, outros aspectos sobre
as vacinas de DNA o considerados relevantes para o entendimento deste tipo de
abordagem vacinal, tais como, o tráfego intracelular e a biodistribuição.
No que diz respeito as microesferas de PLGA, vários estudos têm demonstrado
sua eficiência como sistema de liberação sustentada de diversos agentes (DNA
plasmideal, proteínas, peptídeos e compostos de baixo peso molecular), além da
sua capacidade em gerar uma resposta imune adequada contra o antígeno
encapsulado (MEN et al., 1995; MCKEEVER et al., 2002; LIMA et al., 2003). Neste
trabalho optamos pelo encapsulamento do DNA-Hsp65 juntamente com o dimicolato
de trealose (DMT), um componente da parede celular da micobactéria utilizado neste
caso como imunoestimulante (KOIKE et al., 1998), em virtude de dados prévios do
nosso laboratório (LIMA et al., 2003) que demonstraram que animais imunizados
com microesferas contendo DNA-Hsp65 (30 µg de DNA/animal) apresentavam
Discussão
94
produção de IFN-γ. No entanto, não se observou desenvolvimento de resposta
humoral e proteção contra a infecção, após o desafio com M. tuberculosis. Por outro
lado, com a adição do DMT na formulação, verificou-se altos níveis de anticorpos
(IgG2a) e de IFN-γ, e uma proteção significativa foi alcançada. Diante desses dados
a formulação de microesferas contendo DNA-Hsp65 e o adjuvante DMT foi utilizada
em nossos ensaios de biodistribuição e tráfego intracelular, uma vez que este
sistema carreador parece ser eficiente. Cabe ressaltar que com a utilização dessa
formulação a quantidade de DNA utilizada (30 µg - dose única) foi reduzida em dez
vezes, quando comparado com a vacinação com DNA nu (300 µg - três doses de
100 µg), o que justifica a análise da mesma.
Em relação à biodistribuição do DNA plasmideal encapsulado em microesferas
de PLGA, alguns estudos demonstraram que após a administração por via
intramuscular ou subcutânea, a mensagem para o DNA plasmideal estava presente
preferencialmente nos sítios de injeção (no músculo por 60 dias e na pele por 120
dias - LUNSFORD et al., 2000). Paralelamente, nosso grupo demonstrou que a
mensagem para Hsp65, após a administração intramuscular de microesferas
contendo DNA-Hsp65/DMT, foi detectada no músculo, fígado, linfonodo drenante e
baço, somente quinze dias após a imunização, e não em períodos superiores (LIMA
et al., 2003; e dados não mostrados). Apesar de ambos os estudos demonstrarem a
permanência da mensagem para o antígeno em questão em diferentes órgãos, a
biodistribuição das microesferas in vivo, após a administração intramuscular, não foi
relatada até o momento. O esclarecimento da biodistribuição é um dos pontos
importantes no que diz respeito a biosegurança, já que a vacina DNA-Hsp65 está em
fase pré-clínica e tem como meta alcançar os ensaios clínicos, e, além disso, os
dados sobre o tempo de permanência dessas partículas contribuem para o
Discussão
95
delineamento racional desse tipo de sistema de liberação, uma vez que podemos
alterar o tempo de degradação baseado na composição do polímero.
Desta forma, para determinar a biodistribuição, um corante lipofílico
fluorescente (coumarina-6) foi incorporado a matriz das microesferas de PLGA. A
coumarina-6 possui a característica importante de não se dissociar do polímero,
tornando possível sua utilização como marcador fluorescente das microesferas
(DESAI et al., 1997), sem fornecer dados falsos positivos. Assim, nossos resultados
demonstraram (Tabela II e III) que a presença da microesfera foi observada em
todos os órgãos analisados, nos tempos de 24 horas, 7 dias e 15 dias , sendo que
no linfonodo drenante o número de células positivas foi consideravelmente maior
(Figura 5). Nos tempos de 30 e 60 dias, a maioria dos órgãos continuou positiva,
exceto rim e fígado para o tempo de 30 dias, linfonodo, baço e pulmão, para o tempo
de 60 dias. Apesar da biodistribuição das microesferas ter sido analisada 120 dias
após a administração, somente o rim apresentou resultado negativo. Estes dados
também mostraram que a quantidade de microesferas em um determinado órgão
varia de um animal para outro, e isto provavelmente seja devido a variabilidade do
sistema envolvendo variação dos animais e da inoculação, o que também explica o
fato de que nem todos os animais apresentaram positividade para os tecidos
analisados (Tabela II).
Os resultados positivos obtidos após 120 dias não eram esperados, pois a
análise histológica do sítio de inóculo demonstrou que em 30 dias após a
administração das microesferas não há depósito dessas partículas (LIMA et al.
2003), ou seja, considerando que parte das microesferas permanece no local de
administração, neste período o polímero deveria ter sido degradado. Isso nos
remete a hipótese de que após 120 dias provavelmente o polímero tenha sido
Discussão
96
hidrolisado e incorporado ao organismo na forma de ácido lático e glicólico, e que a
fluorescência observada neste período possa ser devida à permanência do corante
ainda não metabolizado. Em relação ao tempo de 60 dias esta possibilidade também
pode ser aplicada, porém como variações entre os órgãos, não podemos
descartar a permanência de algumas microesferas intactas. A caracterização
realizada por LIMA et al. (2003) foi realizada através de imuhistoquímica, enquanto
que neste trabalho foi analisada por citometria de fluxo, com aquisição de 100.000
células, usando assim um método mais sensível no que diz respeito ao número de
células analisadas.
Por outro lado, os resultados apresentados sobre a biodistribuição demonstram
a presença de microesferas no linfonodo drenante e baço após 24 horas, sendo que
a presença das microesferas no linfonodo, 7 dias após a administração, foi bastante
homogênea (Tabela II). Esses dados são interessantes, pois nos permite
estabelecer uma cinética da presença dessas microesferas nos órgãos linfóides
secundários, após a imunização intramuscular e, isso pode favorecer o
estabelecimento de protocolos vacinais usando esse sistema de liberação. Além
disso, esses resultados demonstram que as microesferas foram transportadas do
sítio de inóculo para os diferentes órgãos, provavelmente através da migração de
células apresentadoras de antígenos que fagocitaram as microesferas, ou
alternativamente, ao transporte direto das microesferas livres para o sistema linfático
ou circulatório alcançando assim outros sítios, onde serão fagocitadas por células
apresentadoras de antígenos (LUNSFORD et al., 2000).
De fato, nossos resultados demonstraram que macrófagos e células dendríticas
(marcadores CD11b
+
e CD11c
+
, respectivamente) foram os responsáveis pela
captura das microesferas em todas as formulações analisadas (Figura 6). Além
Discussão
97
disso, a ativação celular foi observada, no grupo imunizado com microesferas
contendo DNA-Hsp65/DMT, através do aumento da expressão de moléculas co-
estimulatórias (CD80 e CD86) e moléculas de MHC de classe II. Por outro lado, nos
grupo imunizados com microesferas vazias ou contendo pcDNA
3
/DMT, a expressão
dessas moléculas (CD80, CD86 e IA
d
) foi significativamente menor, quando
comparada com o grupo imunizado com DNA-Hsp65/DMT (Figura 6). Esses
resultados sugerem que a modulação positiva observada para as moléculas co-
estimulatórias e de classe II é decorrente da presença do gene Hsp65 e não devido
ao simples processo de captura, à presença de motivos CpG ou do adjuvante DMT.
É possível que após a administração das formulações contendo o gene da Hsp65,
as proteínas Hsp65 recém sintetizadas possam estimular as células apresentadoras
de antígenos via receptore(s) presentes na superfície destas lulas. Cabe ressaltar
que este fato não foi comprovado ainda para a hsp65, mas estudos anteriores já tem
relatado a capacidade de outras Hsps (gp96, Hsp70) em aumentar a expressão de
moléculas co-estimulatórias e de classe II (BASU et al., 2000;
SINGH-JASUJA et al.,
2000), provavelmente através da ligação com receptores, tais como Toll like
receptors 2 e 4 (BINDER et al., 2004). Adicionalmente, esses resultados
demonstraram também que a quantidade de células CD11c
+
foi maior no grupo
imunizado com microesferas contendo DNA-Hsp65/DMT, provavelmente devido ao
fato de que, com a ativação celular, houve migração de mais células para os
linfonodos.
Este direcionamento da captura por lulas apresentadoras de antígeno é
possível devido ao diâmetro das partículas, que está entre 1 µm e 10 µm (Figuras 2 -
4), permitindo que as microesferas sejam capturadas principalmente por essa
subpopulação. Nossos resultados também corroboram com estudos anteriores que
Discussão
98
demonstram que após a imunização intraperitonial ou intradérmica, com
microesferas fluorescentes, macrófagos e células dendríticas, respectivamente,
foram as principais lulas envolvidas na captura dessas partículas (NEWMAN et.
al., 2002). Porém, cabe ressaltar a importância da via de administração, pois em
nosso estudo ambos os tipos celulares estão envolvidos na captura das
microesferas. A transfecção dessas células apresentadoras de antígenos é de
extrema importância, pois trabalhos demonstram que peptídeos antigênicos
envolvidos na estimulação de linfócitos T citotóxico após vacinação com DNA, o
apresentados no contexto de MHC classe I por células derivadas da medula óssea e
não pelo miócitos transfectados (DOE et. al., 1996; AKBARI et. al., 1999). Embora
nossos resultados nos mostrem uma ampla biodistribuição das microesferas, não
podemos afirmar que a expressão da Hsp65 esteja ocorrendo nesses órgãos, uma
vez que não fomos capazes de detectar a mensagem por RT-PCR (dados não
mostrados).
Em adição aos estudos de biodistribuição, foram realizados ensaios sobre o
tráfego intracelular das microesferas. O primeiro passo desse trajeto inicia-se com a
captura das partículas, e neste ponto, o tamanho das microesferas (1 µm - 10 µm)
determina que o processo envolvido seja a fagocitose, e isto está bem
estabelecido na literatura. Porém, as etapas seguintes ainda são fases obscuras no
tráfego dessas partículas. Com o intuito de contribuir com o esclarecimento do
destino intracelular das microesferas nós utilizamos um marcador de vesículas
acídicas (LysoTracker Red), e os resultados demonstraram que tanto na linhagem
de células J774, quanto nos macrófagos peritoneais, as microesferas estão
localizadas nos endossomos tardios e/ou lisossomos em todos os períodos
analisados. Apesar de ambos os macrófagos capturarem as partículas, os
Discussão
99
macrófagos peritoneais demonstraram maior capacidade fagocítica, portanto, a
maior parte dos ensaios foi realizada com essas células. Paralelamente, em todos os
tempos analisados (2 dias, 8 dias e 10 dias) observou-se a diminuição ou perda da
fluorescência de algumas partículas (Figuras 3C, 4B e 5B), porém, as mesmas ainda
continuaram nas vesículas, quando observadas em DIC (differential interference
contrast) (Setas, Figuras 3D, 4E e 5E). Uma possível explicação para a perda da
fluorescência é o processo de hidrólise das microesferas, e com isso, provavelmente
houve uma diminuição do marcador coumarina-6. Cabe ressaltar que para a
biodistribuição in vivo das microesferas a quantidade do marcador foi de 6,6 mg,
enquanto que para a microscopia utilizou-se 60 µg, diferença esta explicada pela
sensibilidade das técnicas utilizadas. Assim sendo, a diferença observada entre a
presença da coumarina-6 aos 120 dias após a administração das microesferas, nos
ensaios de biodistribuição, e a perda ou diminuição da mesma, nos ensaios do
tráfego intracelular, pode ser devida à quantidade do marcador utilizada. Um outro
aspecto a ser considerado é a influencia da hidrólise das microesferas no marcador
Lysotracker. Uma vez que este marcador é específico para vesículas acídicas e o
processo de degradação das microesferas pode tornar o meio acido devido à
liberação dos ácidos lático e glicólico, um resultado falso positivo poderia ser
cogitado. Porém, conforme observado em todos os tempos analisados, poucos
sinais de degradação foram observados na microscopia de fluorescência, sugerindo
que a degradação in vitro das microesferas é muito lenta. Assim, devido a essa
velocidade de hidrólise o pH das vesículas provavelmente o foi alterado,
principalmente no menor período de incubação (24 horas). Além disso, os resultados
da microscopia eletrônica não demonstraram sinais relevantes de degradação em
Discussão
100
todos os tempos avaliados, desta forma, podemos sugerir que as microesferas estão
localizadas nos endossomos tardios e/ou lisossomos (Figuras 13 e 14).
Diante desses resultados, sugerimos que possibilidade das microesferas
serem degradas pelo processo de hidrólise ainda no endossomo tardio e/ou
lisossomos, pois, mesmo após 10 dias, as partículas permanecem nessas organelas
(Figura 11). PANYAM et al. (2002) demonstraram que nanopartículas de PLGA
marcadas com coumarina-6 são capazes de escaparem dos compartimentos
endossomo-lissossomo para o citoplasma 10 minutos após a administração. A
alteração da carga superficial da partícula, devido à mudança do pH nas vesículas
[endossomo precoce (pH= 7,4) - carga negativa; endossomo-lisossomo (pH= 4,0-
5,0) carga positiva; citoplasma (pH= 7,4) - carga negativa], é proposto como o
mecanismo responsável pelo escape das nanopartículas. Ou seja, com o pH acídico
nos endossomos-lisossomos, a carga superficial das partículas altera de aniônica
para catiônica, resultando em uma interação local com a membrana dessas
vesículas permitindo o escape para o citoplasma.
Ainda não está claro como as microesferas alcançam o citoplasma (JILEK et
al., 2005), porém diante dos resultados obtidos, acreditamos que as microesferas,
diferente das nanopartículas, não escapam para o citoplasma tão facilmente, uma
vez que não observamos a presença de partículas fluorescentes no citoplasma das
células, mas sim, a permanência das mesmas nos endossomos tardios e/ou
lisossomos por até 10 dias (Figura11). Estes resultados foram confirmados por
microscopia eletrônica, já que em todos os tempos analisados as microesferas
permaneceram em vesículas. Em relação à permanência das microesferas nos
endossomos tardios e/ou lisossomos (ambos são vesículas acídicas, portanto são
alvos do marcador LysoTracker) uma questão importante a ser considerada é a
Discussão
101
presença do DMT na formulação utilizada. Estudos sugerem que o DMT, em
micobactérias, é um dos fatores que contribuem para a inibição da fusão entre o
fagossomo e o lisossomo (SPARGO et al., 1991; CROWE et al., 1994). Desta forma,
o DMT contido nas microesferas pode ser liberado no interior do fagossomo
impedindo assim a fusão com o lisossomo. Com isso, a provável localização das
microesferas seria nos fagossomos tardios, aqui denominado de endossomo tardio,
e esta localização é favorável à manutenção do DNA encapsulado, uma vez que
acredita-se que o DNA plasmideal possa ser degrado nos lisossomas, o que parece
não ocorrer diante dos resultados observados e que serão discutidos mais adiante.
Assim, diante de todos os dados apresentados, parece inviável que partículas
grandes como as microesferas possam escapar das vesículas endocíticas através
da interação com a membrana. Provavelmente, o DNA plasmideal encapsulado nas
microesferas escape para o citoplasma durante o processo de hidrólise das
mesmas, justificando assim, as respostas imunes celulares e humorais observadas
após a administração desta formulação (LIMA et al., 2003). Além disso, talvez
semelhante as nanopartículas, as microesferas possam adquirir carga superficial
catiônica em meio adico, que ambas as formulações são de PLGA, e isto possa
acarretar na desestabilização das membranas dos endossomos tardios, favorecendo
o escape do DNA, mas não da microesfera. Além disso, utilizamos uma formulação
de microesferas de diferentes tamanhos (Figuras 2 – 4), desse modo é possível que
as partículas menores liberem mais facilmente o DNA plasmideal para o citoplasma
do que as maiores. Estudos adicionais, nesse caso, são necessários para esclarecer
tal fato. Esses dados são relevantes no que concerne a indução da resposta imune.
Assim, parece que as partículas menores podem ser mais rápidas e eficientes na
indução da resposta, uma vez que podem favorecer a liberação do DNA mais
Discussão
102
rapidamente quando comparado com as partículas maiores. Isso traz conseqüências
diretas no design de formulações de PLGA para indução de resposta imune usando
doses ainda menores do que a utilizada por LIMA et al. (2003).
Paralelamente aos ensaios do tráfego intracelular da microesfera, foram
realizados estudos sobre o tráfego intracelular do DNA plasmideal nu (DNA-Hsp65).
No caso do DNA, semelhante as microesferas, as etapas envolvidas desde a
internalização até a transcrição ainda não foram totalmente esclarecidas. Para que o
DNA plasmideal seja transcrito, várias barreiras devem ser vencidas, tais como, a
membrana plasmática, os compartimentos endo-lisossomais, a mobilidade no
citoplasma e finalmente a membrana nuclear (WIETHOFF & MIDDAUGH, 2003;
LECHARDEUR, et al., 2005). Desta forma, o DNA deve ser primeiramente
capturado, e este processo, como os outros envolvidos no tráfego do plasmídeo, é
pouco conhecido. WOLFF et al. (1992) apresentaram pela primeira vez resultados
demonstrando que o DNA plasmideal foi capturado pelas células musculares por
endocitose via caveolina, alternativamente, outro estudo demonstrou que a
macropinocitose é responsável pela internalização de DNA plasmideal em
queratinócitos (BASNER-TSCHAKARJAN et. al., 2004). Nossos resultados mostram
que dois diferentes mecanismos estão envolvidos na captura do plasmídeo,
dependendo do tipo celular avaliado. Similar ao descrito em queratinócitos, nas
células dendríticas a captura do plasmídeo ocorre via macropinocitose (Figura 28).
Por outro lado, em macrófagos da linhagem J774 a endocitose ocorre via
transferrina, e desde que esta via está relacionada com sulcos revestidos com
clatrina (CONNER & SCHMID, 2003), podemos então concluir que em células J774
a endocitose é mediada por clatrina (Figura 15). Interessantemente, este mecanismo
Discussão
103
foi recentemente descrito na captura de CpG em células dendríticas (LATZ et al.,
2004).
Seguindo o tráfego do DNA em células J774, após a captura, nossos resultados
demonstraram que o DNA plasmideal está localizado nos endossomos tardios e
lisossomos (Figura 25). Além disso, foi observado que o DNA permanece em
vesículas até alcançar a região perinuclear, sugerindo assim que o plasmídeo não
escapa para o compartimento citoplasmático. Como anteriormente cogitado, o
escape do DNA para o citoplasma tem sido proposto em sistemas carreadores como
lipídeos e polímeros catiônicos. Nesses casos, a carga superficial está diretamente
relacionada com escape do material adsorvido, seja promovendo interação ou
desestabilização das membranas endo-lisossomais. Diferente dos carreadores
catiônicos, o DNA plasmideal possui carga negativa semelhante à membrana endo-
lisossomal, e essas cargas similares, podem resultar em baixa associação entre
DNA e membrana, dificultando assim o escape do plasmídeo para o compartimento
citoplasmático. Além disso, considerando que o citoplasma é composto por uma
rede de filamentos, por microtubulos, organelas e elevadas concentrações de
proteínas (LUBY-PHELPS, 2000) resultando em um congestionamento molecular, a
difusão de macromoléculas, como o DNA, pode ser limitada. Desse modo, a
permanência do DNA em vesículas talvez favoreça sua movimentação pelo
citoplasma. Entretanto, não podemos excluir a participação de outros mecanismos
nesse tráfego, sendo necessários estudos adicionais para determinar a relevância
biológica do DNA permanecer em vesículas.
A priori, a permanência em vesículas acídicas poderia ser considerada um
aspecto negativo para a molécula de DNA, que nessa situação costuma alterar sua
conformação, o que poderia comprometer seriamente a produção de antígeno e
Discussão
104
conseqüentemente a indução da resposta imune. Porém, nossos dados
demonstraram que o DNA plasmideal inibe a acidificação dos endossomos
tardios/lisossomos, um mecanismo inesperado e até o momento desconhecido.
Podemos especular alguma alteração na bomba de prótons, mas como a molécula
de DNA plasmideal induz tal fenômeno é completamente desconhecido.
Considerando que o DNA possa ser degradado nos lisossomos, conforme sugerido
por alguns estudos (WATTIAUX et al., 2000), e que esta degradação pode ser
parcialmente inibida por inativação das enzimas lisossomais, devido à alteração do
pH acídico dos lisossomos (LECHARDEUR et al., 1999; CIFTCI & LEVY, 2001),
então, podemos sugerir que a inibição da acidificação dos lisossomos pode evitar a
degradação do DNA plasmideal. Quando avaliamos este fenômeno nas células
dendríticas, observamos a presença de dois padrões, ou seja, alguns pontos não
colocalizaram com os endossomos tardios/lisossomos e outros colocalizaram com
essas organelas. No primeiro caso pode-se afirmar que, semelhante ao observado
nos macrófagos, o DNA plasmideal inibiu a acidificação dessas vesículas,
demonstrando assim que esta alteração ocorre em diferentes tipos celulares. Por
outro lado, no segundo caso, os sinais de colocalização podem ser devido à
característica peculiar dessas células que possuem um alto nível de reciclagem e
maturação das vesículas endossomais, não permitindo que o DNA atue sobre
algumas vesículas recém sintetizadas, resultando, assim, na colocalização com o
DNA plasmideal. Em adição a esses resultados, demonstramos que a inibição da
acidificação do pH, pelo tratamento com a cloroquina, o alterou nem a captura e
nem a distribuição do DNA, sugerindo que a captura do plasmídeo pode ocorrer em
células com vesículas alcalinas e permanecer nas mesmas. Como a inibição da
acidificação dessas vesículas é um mecanismo novo, ainda não discutido, pode-se
Discussão
105
pensar em um fenômeno mais amplo, utilizado em infecções bacterianas
intracelulares, e também como mecanismo de escape. Esses resultados abrem
perspectivas para estudos evolutivos que permitirão esclarecer o mecanismo
bioquímico e a relevância do mesmo em infecções bacterianas ou virais.
Uma vez que a captura do DNA ocorre por macropinocitose ou endocitose,
dependendo da célula em questão e, que quando em vesículas, o DNA foi capaz de
inibir a acidificação das mesmas, optamos por avaliar se este fato poderia ter
conseqüência no recrutamento de marcadores lisossomais como o LAMP 1. A não
colocalização com LAMP 1 sugere que essa alteração pode interferir nesse
recrutamento (Figura 35). Além disso, o não recrutamento de Rab5 para as
vesículas endossomais precoces, juntamente com a ausência de LAMP 1 pode
indicar uma nova rota de captura, uma vez que rios estudos destacam a presença
dessas moléculas durante o tráfego endo-lisossomal (AHMAD-NEJAD et al., 2002;
ZERIAL & McBRIDE, 2001; PILLAY et al., 2002). Por outro lado, a inibição da
acidificação não alterou o recrutamento da molécula MyD88 (Figura 31).
Curiosamente, nossos resultados diferem dos apresentados por AHMAD-NEJAD et
al. (2002) que demonstraram que a acidificação das vesículas endossomais é um
pré-requisito para o recrutamento de MyD88. Talvez tal divergência seja decorrente
do estímulo utilizado, que a maioria dos estudos utilizam os motivos CpG, e neste
trabalho usamos o DNA plasmideal. Cabe ressaltar que a não colocalização com
BiP/GRP78 (Figuras 36 e 37) sugere que o DNA, uma vez em vesículas, o se
funde com outras vesículas recém formadas do retículo endoplasmático.
Adicionalmente, nossos resultados também demonstraram que o processo de
captura é independente do receptor TLR9 (Figura 29), uma vez que células de
animais knockout deste receptor também endocitam DNA, separando, desta
Discussão
106
maneira, a sinalização do processo de captura. Porém, uma vez capturado, a
sinalização do DNA é dependente de TLR9/MyD88. Provavelmente a captura do
DNA não está relacionada com este receptor, uma vez que o TLR9 o é um
receptor de superfície, pelo contrário, está presente no retículo endoplasmático
(LATZ et al., 2004).
Ainda em relação à inibição da acidificação, nosso próximo passo foi avaliar o
efeito deste fenômeno na apresentação antigênica, e os resultados obtidos
demonstraram que a apresentação do antígeno KLH (apresentado via MHC de
classe II) foi prejudicada após o tratamento com o DNA plasmideal (Figura 30).
Sabe-se que enzimas proteolíticas, como as catepsinas, presentes nas vesículas
endossomais, são responsáveis pela degradação de antígenos protéicos e que esta
atividade é dependente de pH ácido. Essas enzimas são responsáveis pela clivagem
da cadeia invariante das moléculas de MHC de classe II, e esta é uma das etapas
fundamentais para a apresentação de antígenos por esta via (ABBAS & LICHTMAN,
2003). Como nossos resultados demonstraram que o DNA plasmideal inibe a
acidificação dos lisossomos, e que, conforme acima mencionado, as enzimas
proteolíticas são importantes na apresentação via MHC de classe II e que sua
atividade é dependente de pH ácido, então, a inativação dessas enzimas, devido à
alteração do pH, é um possível mecanismo envolvido na alteração da apresentação
de antígeno. Esse interessante fenômeno, aparentemente paradoxal, pode ser
utilizado, por outro lado, não no estímulo da resposta imune, mas sim, no controle da
resposta imune adaptativa (considerando a ativação de células TCD4). Desse modo,
a hipótese levantada para tais resultados é que altas doses de DNA plasmideal
podem ser imunoestimulantes, enquanto que baixas doses podem resultar em efeito
oposto, como controle da inflamação, podendo ser usado no tratamento de doenças
Discussão
107
auto-imunes. Essa visão abre novas abordagens para o uso do DNA procariótico
(depósito de patente no INPI, número 2005.1.2414.17.8).
Cabe ressaltar que recentemente ACCAPEZZATO et al. (2005) demonstraram
que o tratamento com cloroquina, um agente lisossomotrópico, que inibe a
acidificação das vesículas endossomais (conforme mencionado anteriormente),
melhora a apresentação cruzada de antígenos solúveis em células dendríticas. Este
fenômeno foi justificado provavelmente devido ao fato que com o uso da cloroquina
e conseqüentemente, a inibição da acidificação, a degradação do antígeno solúvel é
reduzida, favorecendo o seu escape para o citoplasma, aumentando assim a
ativação de células TCD8. Com base nos resultados apresentados neste trabalho, o
DNA plasmideal pode ser considerado um agente lisossomotrópico como a
cloroquina, mas se ele favorece a apresentação cruzada de antígenos solúveis
ainda é um ponto a ser esclarecido, que tal possibilidade não foi avaliada. A
interferência da inibição da acidificação com o tratamento com DNA plasmideal foi
avaliada apenas no contexto de apresentação de antígeno para células TCD4.
Em conjunto, todos os resultados apresentados sobre a biodistribuição e
tráfego intracelular das microesferas, juntamente com o tráfego do DNA plasmideal,
contribuem para o entendimento dos processos envolvidos na geração de resposta
imune em terapia gênica, e sugerem novos mecanismos envolvidos na interação
microesferas e DNA plasmideal com o sistema biológico. Conseqüentemente, esses
dados podem também contribuir para o delineamento de sistemas vacinais mais
eficientes, abrindo perspectivas de novas abordagens para o DNA plasmideal.
108
6. CONCLUSÕES
Conclusões
109
Com os dados apresentados neste trabalho podemos concluir que:
- a biodistribuição das microesferas de PLGA contendo DNA-Hsp65/DMT é
ampla, alcançando todos os órgãos analisados, e, além disso, esta formulação
permanece na maioria dos órgãos por pelo menos 30 dias;
- células dendríticas e macrófagos peritoneais, presentes nos linfonodos
drenantes, o os responsáveis pela captura das microesferas, após sua
administração por via intramuscular, em adição, células provenientes de animais que
receberam a formulação contendo DNA-Hsp65/DMT apresentaram aumento
significativo na expressão de moléculas superficiais CD80, CD86 e MHC de classe
II, quando comparadas com as formulações controle (vetor/DMT, vazia);
- as microesferas de PLGA contendo DNA-Hsp65/DMT, são fagocitadas in vitro
por macrófagos peritoneais e permanecem nos endossomos tardios e lisossomos,
onde são hidrolisadas, não ocorrendo escape para o compartimento citoplasmático;
- o DNA plasmideal (DNA-Hsp65) é capturado por células dendríticas e
macrófagos da linhagem J774 pelos processos de macropinocitose e endocitose
mediada por clatrina, respectivamente; e independente de TLR9;
- após a captura, o DNA plasmideal localiza-se nos endossomos tardios e
lisossomos induzindo a inibição da acidificação desses compartimentos;
- o DNA plasmideal permanece em vesículas aalcançar a região perinuclear,
ou seja, o plasmídeo não escapa para o compartimento citoplasmático;
- a inibição da acidificação dos endossomos tardios e lisossomos, mediada pelo
DNA interfere na apresentação de antígeno;
- o DNA plasmideal recruta a molécula MyD88, portanto a alteração do pH das
vesículas endo-lisossomais não influencia na ativação dessa cascata de sinalização.
Conclusões
110
Por outro lado, LAMP 1 e Rab5 não são recrutadas para as vesículas contendo
DNA.
111
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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127
8. ANEXO
Anexo
128
Anexo 1. Mapa do plasmídeo pcDNA
3
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