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segundo os professores. A ausência da família também se constitui como fator que pode
influenciar na forma de como o adolescente vive seu cotidiano.
[...] na vida cotidiana, as facilidades são os fatores externos que os alunos encontram
na rua. Esses fatores são os vândalos da rua, grupos, os alcoólatras, as pessoas que
mexem com tóxicos, os pais que estão desempregados. (masculino, 46 anos,
professor de português).
As facilidades na vida cotidiana, para os alunos é que eles estão encontrando
dinheiro fácil. Eles estão indo para esse lado do mundo das drogas, da violência. O
pai e a mãe como nunca estão presentes em casa, acabam dando dinheiro para os
alunos. (feminino, 28 anos, professora de ciências).
Novamente, para os professores, esses aspectos do contexto do aluno estão
vinculados a sua condição econômica, como apontam as palavras alimentação, carência,
financeiro e pobreza, relacionadas entre si, indicando que os estudantes enfrentam
dificuldades sociais e econômicas por estarem, circunstancialmente, sem dinheiro e
também enfrentam o desemprego na família. Para os professores, são fatores como esses
que interferem no contexto escolar, como se confirmam nos fragmentos a seguir:
[...] eles encontram como dificuldade, por ser um bairro carente, é a financeira, que
vai acarretar as outras dificuldades, como no aprendizado também. Talvez por eles
em casa ficarem sozinhos. Tem a situação social, da alimentação, em que o aluno
vem na escola para merendar e não para aprender. (feminino, 44 anos, professora de
ciências).
A situação financeira em casa é outra dificuldade, não tem o que comer. Quando tem
é muito pouco, com isso os pais brigam em casa e os alunos já chegam nervosos na
escola. (feminino, 41 anos, professora de educação física).
[...] alguns vem para escola e não entra na sala de aula. Os alunos na vida cotidiana
deparam com dificuldades financeiras. Enfrentam a situação do pai que está
desempregado. (masculino, 51 anos, professor de ciências).
Entretanto, percebe-se que a carência vivenciada pelo aluno se refere também
ao aspecto afetivo, já que em alguns momentos os sujeitos se reportam, em seus discursos, às
difíceis condições de convivência com seus familiares.
[...] No cotidiano, a grande maioria dos nossos alunos não encontram facilidades. Os
alunos sem medo de errar não tem facilidades. Eles, não conhecem o pai, não tem
mãe, mora com a avó, os pais são separados. Ou o pai briga pela filha, é angustiante.
(feminino, 37 anos, professora de educação artística).
[...] tem aquela parte em que é dos alunos carentes, que às vezes o pai e a mãe saem
para trabalhar, e vem de manhã para a escola, e a tarde fica sozinho em casa ou na
rua. (masculino, 28 anos, professor de geografia).