Download PDF
ads:
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
Programa de Pós-Graduação em Construção Civil
Dissertação de Mestrado
AVALIAÇÃO DA INTRODUÇÃO DE CAL HIDRATADA NAS
ARGAMASSAS APLICADAS SOBRE BLOCOS CERÂMICOS E SUA
INFLUÊNCIA NO DESEMPENHO E MORFOLOGIA.
Autor: Giulliano Polito
Orientador: Prof. Dr. Antônio Neves de Carvalho Júnior
Co-Orientador: Prof. Dr. Maria Teresa Paulino Aguilar
Belo Horizonte
2008
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
2
AVALIAÇÃO DA INTRODUÇÃO DE CAL HIDRATADA NAS
ARGAMASSAS APLICADAS SOBRE BLOCOS CERÂMICOS E SUA
INFLUÊNCIA NO DESEMPENHO E MORFOLOGIA.
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Construção Civil da Escola de
Engenharia da Universidade Federal de Minas
Gerais como requisito parcial para a obtenção do
título de Mestre em Construção Civil.
Área de concentração: Construção Civil
Orientador:
Prof. Dr. Antônio Neves de Carvalho Júnior
Co-Orientadora:
Prof. Dr. Maria Teresa Paulino Aguilar
Belo Horizonte
2008
ii
ads:
3
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
Escola de Engenharia
Programa de Pós-Graduação em Construção Civil: Materiais de Construção
DISSERTAÇÃO INTITULADA “AVALIAÇÃO DA INTRODUÇÃO DE
CAL HIDRATADA NAS ARGAMASSAS APLICADAS SOBRE BLOCOS
CERÂMICOS E SUA INFLUÊNCIA NO DESEMPENHO E
MORFOLOGIA.”, DE AUTORIA DO MESTRANDO GIULLIANO
POLITO, DEFENDIDA EM 18 DE MARÇO 2008 E SUBMETIDA À
BANCA EXAMINADORA CONSTITUÍDA PELOS PROFESSORES:
Prof. Dr. Antônio Neves de Carvalho Júnior
Orientador - Escola de Engenharia/UFMG
Prof. Dr. Maria Teresa Paulino Aguilar
Co-Orientador - Escola de Engenharia/UFMG
Prof. Dr. Abdias Magalhães Gomes
Escola de Engenharia/UFMG
Prof. Dr. Paulo Roberto Gomes Brandão
Escola de Engenharia/UFMG
iii
4
Elevo os olhos para os montes; de onde me
virá o socorro? O meu socorro vem do
SENHOR, que fez o céu e a terra.
(Sl 121: 1-2)
Feliz o homem que acha sabedoria, e o
homem que adquire conhecimento;
porque melhor é o lucro que ela dá do que o
da prata, e melhor a sua renda do que o ouro
mais fino.
Mais preciosa é do que pérolas, e tudo o que
podes desejar não é comparável a ela.
(Pv 3: 13-15)
iv
5
AGRADECIMENTOS
Ao se completar mais esta etapa da vida, é importante olhar para trás e avaliar quantos
contribuíram com esta realização. Muitos contribuíram, mas alguns de forma decisiva e direta.
Desta forma, expresso aqui meus mais sinceros agradecimentos:
Ao Prof. Dr. Antônio Neves de Carvalho Junior, pela sua orientação amiga e incentivo
durante todo o trabalho.
Ao Prof. Dr. Paulo Roberto Gomes Brandão, pela paciência, competência e exemplo de
postura profissional. Por apoiar e disponibilizar recursos para a realização dos ensaios
microestruturais
À Prof. Dra. Maria Teresa Paulino Aguilar pelas deliciosas viagens pelo pensamento humano.
Por sua integridade e sinceridade que propiciaram um convívio agradável e de amizade ao
longo deste período.
Ao Roberto (Laboratório MEV) pela presteza e boa vontade na realização dos ensaios
microestruturais.
A todos os colegas e professores do Departamento de Materiais e Construção que estiveram
presentes e contribuíram para a conclusão desta Dissertação. Aos funcionários do DEMC e a
todos que colaboraram, diretamente ou indiretamente, para a conclusão deste trabalho.
A Paranasa Engenharia e ao Eng. Sandro pelo apoio na confecção dos painéis de amostra.
A minha mãe Elizeth, pelos sacrifícios de uma vida inteira, pela dignidade e exemplo de
coragem.
A minha esposa Elizandra pelo apoio e compreensão diante dos sacrifícios exigidos. Pelo
consolo e encorajamento nos momentos difíceis. Pelo amor gratuito.
v
6
Ao meu filho Pedro por virar minha vida de cabeça para baixo e por trazer uma nova razão
para viver.
Ao mestre da escola da vida, JESUS, que me revela a imensidão do poder de Deus em cada
minúscula maravilha por ele criada. Que me ensina a colocar as pessoas acima dos bens e o
Ser acima do Ter.
vi
7
RESUMO
Este trabalho investiga a resistência de aderência de revestimentos argamassados sobre a
alvenaria de blocos cerâmicos, concentrando-se na análise da microestrutura da interface
argamassa/substrato, correlacionando-se ao comportamento mecânico da argamassa e à
adição de cal hidratada na argamassa. Neste estudo foram avaliados cinco traços distintos,
composto de cimento:cal:areia (1:0:6; 1:1:6; 1:2:8; 1:2:10; 0:1:6), aplicados sobre substrato de
bloco cerâmico seco, com a utilização de técnicas de preparação e aplicação comuns em
canteiros de obra. Para a análise foi utilizada a técnica de microscopia eletrônica de varredura
com microanalisador EDS (MEV-EDS), a fim de identificar os principais produtos de
hidratação presentes na interface. A análise por espectrometria de fluorescência de raios-X
(FRX) foi utilizada para verificar a profundidade de penetração dos produtos de hidratação,
além de ensaios de caracterização da argamassa nos estados plástico e endurecido. Os
resultados dos estudos microestruturais demonstraram indícios de que a principal fase
responsável pela resistência de aderência entre a argamassa e o bloco cerâmico é a etringita.
Esta aderência se dá pelo intertravamento dos cristais e pela penetração dos mesmos no
interior dos poros do substrato. Foram visualizados cristais de etringita formados no interior
dos poros do substrato até uma profundidade de até 500µm. Esta penetração foi confirmada
através da observação das variações nas concentrações de elementos químicos, em função da
profundidade, utilizando-se a técnica de FRX. Não se observou nenhuma relação direta entre
a profundidade de penetração do cálcio e a resistência de aderência. A profundidade e a
quantidade de penetração do cálcio estão relacionadas à quantidade de aglomerantes, ou seja,
cimento e/ou cal. Foram verificadas diferentes morfologias dos produtos de hidratação dos
aglomerantes. Os cristais observados na interface são mais bem formados (euédricos) e
maiores do que no restante da matriz e possuem uma orientação preferencial perpendicular à
superfície do bloco. Nesta região a presença de etringita é preponderante e, em menores
concentrações, o CSH (silicato de cálcio hidratado) e a calcita. Este fato se deve à maior
mobilidade dos íons sulfato, alumínio e cálcio durante a hidratação do cimento e à
proximidade ao substrato poroso, que proporciona a sucção do fluido contendo estes íons para
o seu interior. Observou-se também diferentes morfologias para os cristais de etringita nos
diversos traços utilizados, causada provavelmente pela variação do teor de cal e de
aglomerante na argamassa. A variação da cal também influenciou na extensão de aderência e
no adensamento da argamassa, afetando desta maneira os valores de resistência e a forma de
vii
8
ruptura. Nos ensaios de arrancamento foi observado que após a ruptura da argamassa, uma
fina camada permanece aderida ao tijolo, visível a olho nu, denotando que a ruptura ocorreu
pela falta de coesão da argamassa próxima à interface, afastada cerca de 200 µm. Este
comportamento deixa a entender que o rompimento não ocorreu na faixa rica em etringita, e
sim no interior da camada de argamassa, bem próxima à superfície de contato.
viii
9
ABSTRACT
This work aims to investigate the bond strength of the finishing coat of mortar applied onto a
ceramic block (brick) masonry, focusing on the analysis of the microstructure of the
mortar/substrate interface, correlating to mechanical behavior of the mortar and the addition
of hydrated lime in the mortar. Five distinct mortar types applied on the dry ceramic block
substrate were assessed, using techniques for preparation and implementing, which are
common at the construction site. The study was carried out using the scanning electron
microscope with EDS microanalyzer (SEM-EDS), in order to identify the main hydration
products present at the interface. Also, X-ray fluorescence spectrometry (XRF) was used to
verify the depth of penetration of the hydration products, moreover analysis of
characterization of the mortar in hard and plastic form. The results showed evidence that the
main phase responsible for the bond strength between the plaster and the ceramic block is
etringite. The adherence occurs by the interlocking of etringite crystals and their penetration
within the pores of the substrate, which were observed inside these pores until a depth of
500µm. This penetration was confirmed by the variations in the concentrations of related
chemical elements, depending on depth, by the XRF technique. It wasn’t observed any direct
relation between the calcium penetration depth and the bond strength. The depth and calcium
penetration quantity is related to the binders quantity, inother words, ciment and/or lime.
Different morphologies of the hydration products of the binders have been observed. The
crystals formed at the interface are more euhedral and larger than the rest of the matrix and
have a preferential orientation, perpendicular to the surface of the block. In this region, the
presence of etringite is predominant and, in lower concentrations, there is also CSH (calcium
silicate hydrate) and calcite. This is due to the increased mobility of sulfate, calcium and
aluminum ions during the cement hydration and the proximity to the porous substrate, which
provides the suction of the ions-bearing fluid to its interior. Different morphologies of the
etringite crystals were also observed for the various mortar types used, probably caused by the
variation of the contents of lime and binder in the mortar. The lime variation also influenced
the mortar bond extension and thickness, in this way, affecting the strength values and rupture
type (form). It was observed in the dig up tests that, after the rupture of the mortar, a thin later
remains bonded to the brick, seen at naked eye, showing that the rupture happened due to the
consistency lack of the mortar close to the interface, around 200µm far. This behavior makes
clear that the rupture didn’t occur along the range full of etringita, but within the mortar layer,
near the contact surface.
ix
ix
10
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO................................................................................................................22
2. OBJETIVO .......................................................................................................................24
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.........................................................................................25
3.1. MATERIAIS ................................................................................................................25
3.1.1. ALVENARIA...........................................................................................................25
3.1.2. PRINCIPAIS CONSTITUINTES DO REVESTIMENTO......................................26
3.2. CARACTERÍSTICAS E PROPRIEDADES NO ESTADO FRESCO........................55
3.2.1. TRABALHABILIDADE..........................................................................................55
3.3. CARACTERÍSTICA E PROPRIEDADES NO ESTADO ENDURECIDO ...............64
3.3.1. ADERÊNCIA ...........................................................................................................64
3.3.2. PERMEABILIDADE ...............................................................................................75
3.3.3. RESISTÊNCIA MECÂNICA ..................................................................................76
3.3.4. ELASTICIDADE OU CAPACIDADE DE DEFORMAÇÃO ................................78
3.3.5. RETRAÇÃO.............................................................................................................85
3.4. MICROESTRUTURA .................................................................................................87
3.4.1. MICROESTRUTURA DOS COMPOSTOS CIMENTÍCIOS.................................87
3.4.2. ESQUEMA DE HIDRATAÇÃO .............................................................................94
3.4.3. MICROESTRUTURA DA INTERFACE ARGAMASSA/SUBSTRATO .............95
3.4.4. MÉTODO DE INVESTIGAÇÃO E ANÁLISE MICROESTRUTURAL ..............99
4. METODO .......................................................................................................................105
4.1. SELEÇÃO DOS MATERIAIS E COMPOSIÇÃO DAS ARGAMASSAS ..............105
4.1.1. BLOCO CERÂMICO ............................................................................................105
4.1.2. CIMENTO..............................................................................................................105
4.1.3. CAL ........................................................................................................................105
4.1.4. AREIA....................................................................................................................105
4.1.5. ADITIVOS E ADIÇÕES .......................................................................................106
4.1.6. PAINÉIS DE ALVENARIA ..................................................................................106
4.1.7. TRAÇOS UTILIZADOS........................................................................................107
4.2. APLICAÇÃO DAS ARGAMASSAS........................................................................107
4.3. ENSAIOS DE CARACTERIZAÇÃO DO BLOCO CERÂMICO............................108
4.3.1. ABSORÇÃO DE ÁGUA .......................................................................................108
4.3.2. IRA (INITIAL RATE OF ABSORPTION – ENSAIOS DE ABSORÇÃO INICIAL)
108
11
4.4. ENSAIOS DE CARACTERIZAÇÃO DA ARGAMASSA NO ESTADO PLÁSTICO
109
4.4.1. CONSISTÊNCIA (FLOW TABLE) ......................................................................109
4.4.2. RETENÇÃO DE ÁGUA........................................................................................109
4.4.3. MASSA ESPECÍFICA E AR INCORPORADO...................................................110
4.5. ENSAIOS DE CARACTERIZAÇÃO DA ARGAMASSA NO ESTADO
ENDURECIDO ......................................................................................................................110
4.5.1. RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO.......................................................................110
4.5.2. RESISTÊNCIA À TRAÇÃO NA FLEXÃO..........................................................111
4.5.3. MÓDULO DE ELASTICIDADE DINÂMICO.....................................................111
4.6. ENSAIOS DE CARACTERIZAÇÃO DA ARGAMASSA APLICADA .................111
4.6.1. RESISTÊNCIA À TRAÇÃO .................................................................................111
4.6.2. PERMEABILIDADE .............................................................................................112
4.7. AVALIAÇÕES MICROESTRUTURAIS .................................................................113
4.7.1. MICROANALISADOR EDS E MICROSCÓPIO ELETRÔNICO DE
VARREDURA (MEV)...........................................................................................................113
4.7.2. FLUORESCÊNCIA DE RAIOS-X (FRX) ............................................................116
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES..................................................................................119
5.1. RESULTADO E DISCUSSÕES DOS ENSAIOS DE CARACTERIZAÇÃO DO
BLOCO CERÂMICO ............................................................................................................119
5.1.1. ABSORÇÃO DE ÁGUA .......................................................................................119
5.1.2. IRA (INITIAL RATE OF ABSORPTION – ENSAIO DE ABSORÇÃO INICIAL)
119
5.2. RESULTADO E DISCUSSÕES DA CARACT. DOS AGLOMERANTES ...........120
5.2.1. ENSAIOS DE CARACTERIZAÇÃO DO CIMENTO .........................................120
5.2.2. ENSAIOS DE CARACTERIZAÇÃO DA CAL....................................................121
5.3. RESULTADO E DISCUSSÕES DOS ENSAIOS DE CARACTERIZAÇÃO DOS
AGREGADOS .......................................................................................................................123
5.3.1. ENSAIOS DE CARACTERIZAÇÃO DA AREIA ...............................................123
5.4. RESULTADO E DISCUSSÕES DOS ENSAIOS DE CARACTERIZAÇÃO DA
ARGAMASSA NO ESTADO PLÁSTICO ...........................................................................124
5.4.1. CONSISTÊNCIA (FLOW TABLE) ......................................................................124
5.4.2. RETENÇÃO DE ÁGUA........................................................................................125
5.4.3. MASSA ESPECÍFICA...........................................................................................126
5.4.4. AR INCORPORADO.............................................................................................126
5.5. RESULTADO E DISCUSSÕES DOS ENSAIOS DE CARACTERIZAÇÃO DA
ARGAMASSA NO ESTADO ENDURECIDO ....................................................................127
5.5.1. RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO.......................................................................127
12
5.5.2. RESISTÊNCIA À TRAÇÃO NA FLEXÃO..........................................................127
5.5.3. MÓDULO DE ELASTICIDADE DINÂMICO.....................................................128
5.6. RESULTADO E DISCUSSÕES DOS ENSAIOS DE CARACTERIZAÇÃO DA
ARGAMASSA APLICADA SOBRE A BASE.....................................................................128
5.6.1. RESISTÊNCIA DE ADERÊNCIA À TRAÇÃO SEGUNDO A NBR 13528 (1996)
128
5.6.2. EXTENSÃO DE ADERÊNCIA.............................................................................130
5.6.3. PERMEABILIDADE A ÁGUA.............................................................................131
5.7. RESULTADO E DISCUSSÕES DAS ANÁLISES DE CARACTERIZAÇÃO
MICROESTRUTURAL .........................................................................................................137
5.7.1. MICROSCÓPIO ELETRÔNICO DE VARREDURA (MEV) E
MICROANALISADOR EDS ................................................................................................137
5.7.2. FLUORESCÊNCIA DE RAIOS-X (FRX) ............................................................158
5.8. COMBINAÇÃO DOS RESULTADOS.....................................................................162
6. CONCLUSÕES..............................................................................................................164
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................................166
ANEXO I - PLANILHAS DOS TESTES DE RESISTÊNCIA DE ADERÊNCIA À TRAÇÃO
................................................................................................................................................178
13
LISTA DE TABELAS
TABELA III-1 – Característica dos principais componentes do clínquer Portland.................27
TABELA III-2 – Tipo de cimento Portland em função de sua composição ............................28
TABELA III-3 - Variação nas propriedades de uma argamassa com a alteração da ...............31
TABELA III-4 - Perda de água da argamassa pela sucção dos tijolos em 4 minutos de contato
..................................................................................................................................................36
TABELA III-5 - Especificação de argamassa para alvenaria...................................................37
TABELA III-6 – Massa específica das rochas.........................................................................42
TABELA III-7 - Influência das características granulométricas das areias nas propriedades .46
TABELA III-8 - Textura Superficial dos agregados (BS 812: Part 1:1975) com exemplos....49
TABELA III-9 - Propriedades relacionadas coma trabalhabilidade das argamassas...............56
TABELA III-10– Métodos empregados para avaliar a consistência e a plasticidade das
argamassas................................................................................................................................59
TABELA III-11– Influência do teor de finos (partículas <0,075mm) da mistura seca na
plasticidade das argamassas......................................................................................................60
TABELA III-12– Classificação das argamassas quanto à densidade de massa no estado fresco
..................................................................................................................................................64
TABELA III-13 – Potencial de fissuração das argamassas (CSTB, 1982)..............................85
TABELA III-14– Retração de algumas argamassas e uma pasta, aos 7 e 28 dias (adaptado de
FIORITTO, 1994).....................................................................................................................86
TABELA IV-15 – Traços Cimento:Cal:Areia utilizados.......................................................107
TABELA V-16 – Absorção de água do bloco cerâmico de acordo com a ABNT NBR 8947
(1992) .....................................................................................................................................119
TABELA V-17 – IRA do bloco cerâmico segundo a ASTM C67-97....................................120
TABELA V-18 – Ensaio de caracterização CPIIE32.............................................................120
TABELA V-19 – Ensaios de caracterização da cal, parte 1..................................................121
TABELA V-20– Ensaios de caracterização da cal, parte 2...................................................122
TABELA V-21 – Resultado de análise granulométrica da areia............................................123
TABELA V-22 Índice de consistência padrão segundo NBR 13276 (2002).........................124
TABELA V-23 - Retenção de águas segundo BSI 4551 (Mortars, Screeds and plaster.
Londres 1981..........................................................................................................................125
TABELA V-24 – Massa específica segundo NBR 13278 (1995)..........................................126
TABELA V-25 – Teor de ar incorporado segundo NBR 13278 (1995) ................................126
TABELA V-26 – Resistência à compressão segundo NBR 13279 (1995)............................127
TABELA V-27 – Resistência à tração na flexão....................................................................127
14
TABELA V-28 – Módulo de elasticidade dinâmico obtido através de freqüência ressonante
................................................................................................................................................128
TABELA V-29 – Resistência de aderência à tração segundo ABNT NBR 13528................129
TABELA V-30 – Medidas de permeabilidade na argamassa 1:0:6 ......................................131
TABELA V-31 - Medidas de permeabilidade na argamassa 1:1:6.......................................132
TABELA V-32– Medidas de permeabilidade na argamassa 1:2:8 .......................................133
TABELA V-33– Medidas de permeabilidade na argamassa 1:2:10 .....................................134
TABELA V-34– Medidas de permeabilidade na argamassa 0:1:6 .......................................135
TABELA V-35 – Maior valor da permeabilidade à água “in situ” segundo CSTC (1982)...136
TABELA V-36 – Microanálise do bloco cerâmico puro .......................................................138
TABELA V-37 – Microanálise EDS, ponto 1 da figura 52 ...................................................139
TABELA V-38 - Microanálise EDS, ponto 1 da figura 53....................................................140
TABELA V-39 – Microanálise EDS da FIGURA 54D .........................................................141
TABELA V-40 – Microanálise EDS da fase da FIGURA 56................................................144
TABELA V-41 – Microanálise EDS da FIGURA 58 ............................................................146
TABELA V-42 – Microanálise EDS dos pontos 1 e 2 da FIGURA 59 .................................147
TABELA V-43 – microanálise EDS dos pontos 1 e 2 da FIGURA 61..................................148
TABELA V-44 – Microanálise EDS dos pontos 1 e 2 da FIGURA 57 .................................150
TABELA V-45 – Microanálise EDS dos pontos 1 e 2 da FIGURA 65 .................................153
TABELA V-46 – Microanálise EDS da FIGURA 66 ............................................................156
TABELA V-47 – Microanálise EDS da FIGURA 61 ............................................................156
TABELA V-48 – Microanálise EDS dos pontos 1 e 2 da FIGURA 68 .................................157
TABELA V-49 – Análise dos resultados obtidos pelas argamassas......................................162
15
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 3-1 – Conjunto de benefícios proporcionados pelas argamassas portadoras de cal
hidratada ...................................................................................................................................33
FIGURA 3-2 Eflorescência resultante de diversos tipos de argamassas..................................34
FIGURA 3-3 – Comparação de tamanho entre os poros da alvenaria e o das partículas de cal
hidratada, de cimento portland e de bolhas de ar. ....................................................................35
FIGURA 3-4 - Relação entre a composição da argamassa e resistência a compressão...........39
FIGURA 3-5 – Representação esquemática da graduação dos agregados em uma mistura....45
FIGURA 3-6 – Classificação das formas de agregados ...........................................................48
FIGURA 3-7 – Consistência das argamassas...........................................................................57
FIGURA 3-8 – Variação na consistência pela influência das variações na composição de
argamassas................................................................................................................................58
FIGURA 3-9 – Squeeze Flow...................................................................................................61
FIGURA 3-10 – Variação para retenção de água para diferentes argamassas.........................62
FIGURA 3-11 – Perda de água de argamassas em função da sucção dos blocos ....................63
FIGURA 3-12 – Imagem no microscópio eletrônico de varredura obtida pela ampliação......66
FIGURA 3-13 – fatores que exercem influência na aderência de argamassas sobre bases
porosas......................................................................................................................................67
FIGURA 3-14 – Fotografias obtidas na lupa estereoscópica com ampliação de 20 vezes ......68
FIGURA 3-15 – Processos ocorridos durante o desenvolvimento do sistema de aderência
mecânico...................................................................................................................................71
FIGURA 3-16 – Etapas da realização do ensaio de determinação da resistência de aderência à
tração de revestimentos de argamassa, segundo a NBR 13528 (ABNT, 1995).......................72
FIGURA 3-17 - Tipos de ruptura no ensaio de aderência à tração de revestimentos de
argamassa, considerando o revestimento aplicado diretamente ao substrato (sem chapisco)..73
FIGURA 3-18 – Exemplo de determinação das relações de falha, para representação gráfica
pelo método das otimizações de quadrantes.............................................................................74
FIGURA 3-19 – Representação gráfica pelo método da otimização de quadrantes proposto
por PAREK et al. (1995) ..........................................................................................................75
FIGURA 3-20 – Aspecto de curvas de módulo de deformação estático à tração e à
compressão de argamassas (TAMIN, 1986) ............................................................................82
FIGURA 3-21 – Classificação das areias quanto à distribuição granulométrica e sua influência
na retração plástica ...................................................................................................................87
FIGURA 3-22 – Fotomicrografia de morfologia típica de portlandita. Imagem obtida com
eletrons retroespalhados ...........................................................................................................88
FIGURA 3-23 – Fotomicrografia da morfologia da etringita. Imagem gerada com elétrons
retroespalhadosFonte: FREITAS, 2007....................................................................................89
16
FIGURA 3-24 – Dimensão de sólidos e poros na hidratação da pasta de cimento..................91
FIGURA 3-25 – Morfologia típica do CSH tipo I ...................................................................92
FIGURA 3-26 – Crescimento longitudinal das fibras de CSH durante o processo de
hidratação do C
3
S .....................................................................................................................93
FIGURA 3-27 – Curva aproximada de evolução das fases hidratadas e da porosidade da pasta
de cimento em função do tempo de hidratação ........................................................................95
FIGURA 3-28 – Representação esquemática do mecanismo de aderência entre argamassa e
bloco cerâmico..........................................................................................................................98
FIGURA 3-30 – Aparelho para realização da espectometria de fluorescência de raios-X
(FRX)......................................................................................................................................104
FIGURA 4-31 – A) Aspecto final da alvenaria utilizada como base; B) Limpeza e
taliscamento da alvenaria .......................................................................................................106
FIGURA 4-32 – Execução dos Painéis: A) Preparação da argamassa; B) Aplicação da
argamassa; C) Sarrafeamento da argamassa; D) Vista dos painéis acabados ........................108
FIGURA 4-33 – Execução de teste de aderência ...................................................................112
FIGURA 4-34 – Execução de ensaio de permeabilidade à água............................................113
FIGURA 4-35 – Amostra com aproximadamente 25mm x 25mm x 15mm..........................113
FIGURA 4-36 – Plano observado no MEV ...........................................................................114
FIGURA 4-37 – A) Equipamento utilizado para metalização das amostras; B) Amostra
metalizada com fita de carbono pronta para análise no MEV................................................115
FIGURA 4-38 – Vista interna do equipamento MEV/EDS utilizado ....................................115
FIGURA 4-39 – A) Amostra posicionada no equipamento antes do seu fechamento
B)Momento da execução da Microscopia Eletrônica de Varredura.......................................116
FIGURA 4-40 – Diagrama de extração do material para análise FRX..................................116
FIGURA 4-41 – A) Material proveniente do lixamento da amostra; B) Momento da extração
do material por lixamento manual..........................................................................................117
FIGURA 4-42 – Medição da espessura de camada retirada por lixamento da amostra.........117
FIGURA 5-43 – Interface entre argamassa e bloco de concreto............................................125
FIGURA 5-44 – Observação da superfície de rompimento ...................................................130
FIGURA 5-45 – Extensão de aderência das argamassas........................................................130
FIGURA 5-46 – Evolução da permeabilidade na argamassa 1:0:6........................................132
FIGURA 5-47 - Evolução da permeabilidade na argamassa 1:1:6 ........................................133
FIGURA 5-48 - Evolução da permeabilidade na argamassa 1:2:8 .......................................134
FIGURA 5-49 - Evolução da permeabilidade na argamassa 1:2:10 ......................................135
FIGURA 5-50 - Evolução da permeabilidade na argamassa 0:1:6 ........................................136
FIGURA 5-51 – Interface do tijolo após de destacamento da argamassa..............................137
17
FIGURA 5-52 – Fotomicrografia da interface bloco cerâmico – argamassa tipo 1- 1:0:6; vista
de topo do bloco cerâmico, após a retirada da argamassa. Imagem obtida com elétrons
secundários (IES)....................................................................................................................139
FIGURA 5-53 - Fotomicrografia da interface bloco cerâmico – aq1 rgamassa tipo 1- 1:0:6
vista de topo do bloco cerâmico, após a retirada da argamassa. (IES)...................................139
FIGURA 5-54 – Fotomicrografias do perfil do bloco cerâmico aderido à argamassa tipo 1 -
1:0:6. IER. ..............................................................................................................................142
FIGURA 5-55 – Fotomicrografias da argamassas tipo 1 – 1:0:6 e tipo 4 - 1:2:10 com o menor
aumento possível. IER............................................................................................................143
FIGURA 5-56 – Fotomicrografia da interface do bloco cerâmico – Argamassa tipo 1 – 1:0:6.
Vista de perfil sem o destacamento da argamassa. IER. ........................................................144
FIGURA 5-57 – Fotomicrografia da argamassa tipo 1 – 1:0:6. Imagem obtida com elétrons
secundários (IES)....................................................................................................................145
FIGURA 5-58 – Fotomicrografias da argamassa tipo 4 – 1:2:10. IER..................................146
FIGURA 5-59 – Fotomicrografia da interface tijolo-argamassa no traço 1 - 1:0:6. Vista de
perfil, sem o destacamento de ambos. IES. ............................................................................147
FIGURA 5-60 – Fotomicrografia da interface tijolo/argamassa do traço 2 – 1:1:6. IES......148
FIGURA 5-61 – Fotomicrografias da interface do tijolo/argamassa do traço 2 – 1:1:6. IES.149
FIGURA 5-62 – Fotomicrografias da interface do tijolo/argamassa do traço 3. Imagens
obtidas com elétrons secundários e retroespalhados. .............................................................150
FIGURA 5-63 – Fotomicrografia da interface argamassa/tijolo do traço 3 – 1:2:8. IES.......150
FIGURA 5-64 – Fotomicrografias da interface argamassa tijolo dos traços 4 – 1:2:10 – (A) e
traço 1 – 1:0:6 – letra (B). Vista de perfil sem o destacamento da argamassa. IER..............151
FIGURA 5-65 – Fotomicrografia da interface argamassa/tijolo do traço 4 – 1:2:10. Vista de
perfil, sem o destacamento da argamassa. IER. .....................................................................152
FIGURA 5-66 – Fotomicrografias dos cristais de etringita nos traços 1, 2, 3, 4. IES. ..........155
FIGURA 5-67 – Fotomicrografia da interface argamassa/tijolo do traço 4 – 1:2:10. IER. ...156
FIGURA 5-68 – Fotomicrografia da interface argamassa/tijolo do traço 5 - 0:1:6. Imagens
obtidas com elétrons retroespalhados.....................................................................................157
FIGURA 5-69- Relação Ca/Si versus profundidade de penetração no tijolo.........................158
FIGURA 5-70- Relação Ca/Al versus profundidade de penetração no tijolo........................158
FIGURA 5-71 - Relação Ca/Fe versus profundidade de penetração no tijolo.......................159
FIGURA 5-72 - Relação Ca/S versus profundidade de penetração no tijolo.........................159
FIGURA 5-73 - Relação Ca/Ti versus profundidade de penetração no tijolo........................160
FIGURA 5-74 – Relação Ca/K versus profundidade de penetração no tijolo........................160
18
LISTA DE NOTAÇÕES
ALFABETO LATINO
. E: módulo de elasticidade dinâmico
ALFABETO GREGO
. γ
arg
: massa específica da argamassa
. ν: velocidade de propagação do som
. ρ: massa específica
. : somatório
ABREVIATURAS
. ABCP: Associação Brasileira de Cimento Portland
. ABNT: Associação Brasileira de Normas Técnicas
. Af: Área da face de revestimento do componente
. ASTM: American Society for Testing and Materials
. CP I: Cimento Portland comum
. CP II: Cimento Portland composto
. CP II-E-32: Cimento Portland com escória e classe de resistência de 32 MPa
. CP III: Cimento Portland de Alto-Forno
. CP IV: Cimento Portland Pozolânico
sulfatos
. CP V: Cimento Portland de Alta Resistência Inicial
. CP: Corpo de prova
. CSTB: Centre Scientifique et Techinique du Bâtiment
. CSTC: Centre Scientifique et Techinique de la Construction
. E: Módulo de Young
19
. E
d
: Módulo de elasticidade dinâmico
. EDS: Energy dispersive spectrometer (espectrômetro dispersivo em energia)
. EE.UFMG: Escola de Engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais
. FRX: Espectrometria de fluorescência de raios-X
. IES: Imagem obtida por elétrons secundários
. IRA: Initial rate of absorption – ensaio de absorção inicial
. m
1
: Massa do corpo de prova seco
. m
2
: Massa do corpo de prova em estado saturado em água
. ME – Massa específica
. MED – Módulo de elasticidade dinâmico
. MET: Microscopia eletrônica de transmissão
. MEV: Microscópio eletrônico de varredura (ou microscopia eletrônica de
varredura)
. Mf: Massa do conjunto de discos molhados de papel filtro
. Mf: Massa final do componente
. Mm: Massa do molde vazio
. Mma: Massa do molde cheio de argamassa
. Mse: Massa do componente após secagem em estufa
. Mse: Massa do conjunto de discos secos
. Mw: Massa total de água acrescentada a mistura
. NBR: Norma Brasileira
. PA – Permeabilidade à água
. RA – Retenção de água
. RC – RESISTÊNCIA à compressão
. relação a/c: relação água/cimento
. RT – Resistência à tração
. TAI – Teor de ar incorporado
. UR: Umidade relativa
20
UNIDADES
. Å: angstron
. cm
2
: centímetro quadrado
. cm
3
: centímetro cúbico
. dm
3
: decímetro cúbico
. eV: elétron-volt
. g: grama
. g/cm
2
: grama por centímetro quadrado
. g/dm
3
: grama por decímetro cúbico
. keV: quiloelétron-Volt
. kgf/cm
2
: quilograma força por centímetro quadrado
. km/h: quilômetro por hora
. m: metro
. m
2
: metro quadrado
. m/s
2
: metro por segundo ao quadrado
. mm: milímetro
. mm/m: milímetro por metro
. N: newton
. nm: nanometro
. N/mm
2
: newton por milímetro quadrado
. N/m
3
: newton por metro cúbico
. MPa: megapascal
. µm: micrometro
. #: mesh (malha de peneira)
21
SÍMBOLOS E COMPOSTOS QUÍMICOS
. CaCO
3
: carbonato de cálcio (calcita)
. CaO: óxido de cálcio
. 2CaO.SiO
2
(ou C
2
S): silicato dicálcico
. 3CaO.SiO
2
(ou C
3
S): silicato tricálcico
. 3CaO.Al
2
O
3
(ou C
3
A): aluminato tricálcico
. 3CaO.Al
2
O
3
.3CaSO
4
.32H
2
O: trissulfo-aluminato de cálcio hidratado (ou
etringita)
. Ca(OH)
2
: hidróxido de cálcio (portlandita)
. CSH: silicato de cálcio hidratado
22
1. INTRODUÇÃO
A aderência da argamassa à base pode ser definida como a capacidade que a interface
alvenaria-argamassa possui de absorver tensões tangenciais (cisalhamento) e normais (tração)
a ela, sem romper-se (SABBATINI, 1998).
Numa análise macro, a aderência pode ser avaliada através do ensaio de arrancamento,
preconizado pela norma ABNT NBR 13.528 (Revestimento de paredes e tetos de argamassas
inorgânicas - Determinação da resistência de aderência à tração) sendo os resultados obtidos
comparados com os limites especificados na norma ABNT NBR 13.749 (Revestimento de
paredes e tetos de argamassas inorgânicas - Especificação).
Numa análise microscópica pode-se definir o sistema de aderência mecânico de uma
argamassa à base como o resultado do intertravamento de produtos da hidratação do cimento
no interior dos poros do substrato.
O estudo e perfeito entendimento do mecanismo de aderência da argamassa ao substrato
poroso e dos fatores intervenientes nesta ligação é de grande importância, pois grande parte
das manifestações patológicas nos revestimentos é devida à falhas nessa aderência
(CARASEK, 1996).
A perda de aderência de um revestimento argamassado acarreta prejuízos econômicos
significativos e pode colocar em risco vidas humanas, além de comprometer a durabilidade e
conforto das edificações. Desta forma, torna-se fundamental conhecer os materiais, os
mecanismos de aderência e os fatores que interferem na aderência da argamassa ao substrato,
visando estabelecer parâmetros que orientem o projeto e execução de tais revestimentos.
Muitos autores têm discorrido sobre este tema e muito contribuíram para o seu melhor
entendimento. No Brasil podemos citar: CARASEK et al., 1996, 1997, 2001, 2007;
SABBATINI, 1998, CARVALHO JR. 2005. No entanto, muito ainda há para se percorrer até
que tenhamos completo conhecimento sobre o comportamento da argamassa no tocante à sua
aderência ao substrato.
A análise microestrutural da interface argamassa/substrato poroso tem muito a contribuir para
o melhor entendimento do comportamento de aderência, uma vez que o comportamento de
23
todo material é conseqüência de sua microestrutura. Com relação ao tijolo cerâmico, seu
comportamento em relação à aderência está relacionado aos seus poros e estrutura dos
mesmos (forma, textura interna, distribuição, tamanho), já na argamassa, seu comportamento
de aderência está relacionado aos produtos de hidratação dos aglomerantes formados no
interior destes poros.
No capítulo terceiro deste trabalho, é apresentado o estado da arte do conhecimento sobre os
materiais e técnicas utilizadas neste trabalho, bem como dos mecanismos envolvidos na
aderência entre a argamassa e o substrato. O capítulo quarto apresenta a metodologia utilizada
no trabalho tanto na etapa de caracterização dos materiais, quanto na determinação da
resistência de aderência e análise microestrutural. No capítulo quinto são apresentados os
resultados e apreciação sobre os mesmos. No capítulo sexto são apresentadas as principais
conclusões obtidas do trabalho experimental.
24
2. OBJETIVO
Tendo em vista a grande variedade de traços possíveis na execução de revestimentos
argamassados e os diversos tipos de substratos existentes, o presente trabalho se restringirá ao
estudo das argamassas de revestimento (reboco/emboço) aplicadas diretamente sobre a
alvenaria de blocos cerâmicos, sem umidecimento e utilizando técnicas tradicionais de
canteiro para preparação e aplicação.
Com relação aos constituintes da argamassa serão avaliados cinco traços (cimento:cal:areia)
em volume: 1:0:6; 1:1:6; 1:2:8; 1:2:10; 0:1:6. A consistência adotada será plástica, entre 280 a
320mm no ensaio flow table.
A partir destes parâmetros os objetivos desta pesquisa serão os seguintes:
Avaliar a microestrutura responsável pela aderência mecânica da argamassa à base,
utilizando as técnicas de microscopia eletrônica de varredura com microanálise EDS e
espectrometria de fluorescência de raios-X.
Correlacionar as análises microestruturais ao desempenho mecânico do revestimento.
Correlacionar as análises microestruturais ao traço utilizado, particularmente à introdução
da cal hidratada.
25
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Neste capítulo será apresentado o atual estado da arte dos materiais e técnicas utilizadas neste
trabalho.
3.1. Materiais
3.1.1. Alvenaria
3.1.1.1. Bloco cerâmico
Bloco cerâmico é definido por CARVALHO JR. (2005) como um componente de alvenaria,
com furos prismáticos e/ou cilíndricos perpendiculares às faces que os contêm. Os blocos
podem ser classificados em bloco de vedação e bloco estrutural. Os blocos de vedação não têm
função de suportar outras cargas verticais além do peso próprio. Os Blocos estruturais são
concebidos para suportar cargas adicionais ao seu peso próprio.
Segundo PETRUCCI (1973), são qualidades apresentadas pelos blocos cerâmicos a
uniformidade e planicidade das faces, o peso por unidade de volume, a boa absorção de som, o
isolamento térmico, e a dificuldade de propagação de umidade.
Uma das propriedades do bloco cerâmico que afetam diretamente o desempenho dos
revestimentos é a absorção inicial de água. Segundo CARASEK (1996), a taxa inicial de
sucção de água (IRA) do tijolo define sua capacidade de aderência com as argamassas de
assentamento e revestimento. Ainda de acordo com a autora, inúmeros autores apresentam
valores de IRA ótimos ou valores de IRA mínimos e máximos com vistas à garantia de uma
aderência adequada. Para tijolos cerâmicos, os valores mais aceitos oscilam entre 10 e 30 g/200
cm
2
/min. No entanto, GALLEGOS (1995) afirma que o IRA e seus ensaios similares não
podem representar com fidelidade o comportamento absorvente do tijolo frente à argamassa, ao
longo do tempo. Isto porque o IRA não está relacionado com a distribuição dos tamanhos dos
poros e sim apenas com o conteúdo dos poros capilares do substrato; além disso, ele é medido
com relação a água livre e não água restringida na argamassa; e finalmente, o ensaio é
determinado em um minuto, por estar limitado a esse curto espaço de tempo, não mede a real
capacidade se sucção de água que, na prática, pode ser mais elevada, uma vez que as força
26
capilares poderão continuar atuando durante um período mais prolongado. O autor também
chama a atenção para o fato de blocos de diferentes matérias primas, com o mesmo valor de
IRA, em geral produzirem resistências de aderência diferentes.
De acordo do MCGINLEY (1990), a consistência da argamassa juntamente com a taxa de
sucção de água do substrato (IRA) afetam a água disponível na interface e que, por
conseguinte, ambos afetam a resistência de aderência do conjunto.
3.1.2. Principais Constituintes do revestimento
3.1.2.1. Aglomerantes
Os aglomerantes mais utilizados na produção de argamassas são o cimento Portland e a cal
aérea. Segundo CARASEK (1996), enquanto ao cimento é atribuída a resistência de aderência,
à cal são atribuídas a extensão e a durabilidade da aderência. As propriedades das argamassas
também são influenciadas pela qualidade e proporção dos materiais. Desta forma, apresentam-
se na seqüência alguns aspectos do papel destes aglomerantes no desempenho das argamassas.
3.1.2.1.1. Cimento
O cimento é o mais ativo, do ponto de vista químico, dos componentes de uma argamassa. É
imprescindível que seja utilizado de forma correta, e para isto, é preciso conhecer bem suas
características e propriedades.
Várias são as definições para cimento Portland apresentadas pelos autores pesquisados. Uma
das mais simples é a apresentada pela Associação Brasileira de cimento Portland – ABCP
(2002), onde afirma que o cimento Portland é um pó fino com propriedades aglomerantes,
aglutinantes ou ligantes, que endurece sob a ação da água. Depois de endurecido, mesmo que
seja novamente submetido à ação da água o cimento Portland não se decompõe mais.
O principal componente do cimento Portland é o clinquer, e seus principais compostos
químicos e as propriedades deles decorrentes, segundo SILVA(1998) são apresentados na
TABELA III-1.
27
TABELA III-1 – Característica dos principais componentes do clínquer Portland
Componentes C
3
S C
2
S C
3
A C
4
AF
Fórmula aproximada
3CaO.SiO
2
2CaO.SiO
2
3CaO.Al
2
O
3
4CaO.Al
2
O
3
Fe
2
O
3
Nome
Alita Belita Celita Brownmilerita
Teor médio (%)
65 15 12 8
Principais impurezas
MgO, Al
2
O
3
,
Fe
2
O
3
MgO, Al
2
O
3
,
Fe
2
O
3
SiO
2
, MgO,
alcalis
SiO
2
, MgO
Taxas de reação com a água
média lenta rápida lenta
Contribuição para
resistência à compressão:
- idades iniciais
(1 a 3 dias)
- idades posteriores
Excelente
Boa
Pouca
Excelente
Boa
Pouca
Pouca
Pouca
Calor de hidratação (cal/g)
120 60 320 100
Fonte: SILVA, 1998
Vários são os tipos de cimentos produzidos. Segundo a ABCP (2002), os tipos de cimento
Portland em função de suas composições, são apresentados na TABELA III-2.
28
TABELA III-2 – Tipo de cimento Portland em função de sua composição
Composição (% de massa)
Tipo de
Cimento
Portland
Sigla
Clinquer
+
Gesso
Escória
Granulada
de alto-forno
(sigla E)
Material
pozolânico
(sigla Z)
Material
carbonático
(sigla F)
Comum
CP I
CP I-S
100
95-99
0 0
1-5
0
Composto
CP II-E
CP II-Z
CP II-F
56-94
76-94
90-94
6-34
-
-
-
6-14
-
0-10
0-10
6-10
Alto-Forno
CP III 25-65 35-70 - 0-5
Pozolânico
CP IV 45-85 - 15-50 0-5
Alta
Resistência
inicial
CP V ARI
95-100
0
0
0-5
Fonte: ABCP, 2002
A escolha do tipo de cimento para cada uso depende das características desejadas para a
argamassa. Segundo SABBATINI (1998), cimentos com classes de resistência diferente (por
exemplo: CPII-E32 ou CPII-E40) irão produzir argamassas com resistências mecânicas
variáveis, no entanto a trabalhabilidade e a resiliência das argamassas não sofrerão influência
significativa.
Ainda segundo SABBATINI (1998), cimentos que apresentam maior finura (maior superfície
específica) tem potencial para dar maior trabalhabilidade à argamassa e maior retenção de água
(por exemplo: CP V). Segundo CARASEK (1996), a maior finura também proporciona menor
tempo de início de pega e maior resistência de aderência. KIHARA & CENTURIONE (2005)
concordam com a afirmação anterior e afirmam que quanto maior for a finura de um cimento,
maior será a velocidade de hidratação e, consequentemente, maior calor gerado. YOUNG et al.
Acrescenta à essa lista de conseqüência da finura do cimento a maior necessidade de água para
manter a mesma trabalhabilidade. De acordo com CARVALHO JR. (2005), o cimento CP V
não é recomendado para a execução de argamassas. Esta afirmação é compartilhada por
CARASEK et. Al. (2001), observando que apesar dos maiores valores de resistência de
29
aderência obtidos com o cimento CP V, sua finura maior pode conduzir mais facilmente à
fissuração, comparando-se com outros cimentos, utilizando-se os mesmos consumos.
Para SABBATINI (1998), os cimentos de endurecimento mais lento podem produzir
argamassas mais resilientes, como é o caso dos cimentos pozolânicos.
3.1.2.1.2. Cal
A cal desempenha um importante papel na composição das argamassas. Além de ser um
material aglomerante, por sua finura, contribui para as propriedades no estado fresco da
argamassa.
A cal é quimicamente uma mistura de hidróxido de cálcio Ca(OH)
2
e Mg(OH)
2
, fração de
óxidos não hidratados (CaO, MgO) e contaminantes, sendo que deste total são os hidróxidos
que possuem a capacidade aglomerante, como também possuem maior área superficial e
energia superficial elevada. Provavelmente são os mais ativos durante o estado plástico da cal
(JOHN, 2003).
As cales podem ser classificadas em calcíticas (elevado teor de carbonato de cálcio – CaCO
3
),
dolomíticas (contém carbonato de cálcio e carbonato de magnésio – CaMg(CO
3
)
2
) e
magnesianas (contém carbonato de cálcio e carbonato de magnésio, em menor quantidade do
que as dolomíticas)
A qualidade da cal utilizada é muito importante para o desempenho da argamassa produzida.
Segundo JOHN (2003), como os óxidos, hidróxidos e carbonatos de cálcio e magnésio são
integralmente solúveis em meio ácido, uma fração insolúvel em teores elevados é um indicador
seguro de adulteração na cal. As cales hidratadas também possuem massa específica e aparente
significativamente menor que as cales adulteradas.
De acordo com autores citados por CARASEK (1996), as argamassas preparadas com cal
dolomítica atingem maiores resistências de aderência do que as preparadas com a cal cálcica.
Este resultado, em parte, foi atribuído aos grandes cristais de carbonato de cálcio
(macrocristais) formados pela cal dolomítica, diferentemente dos microcristais formados pela
30
cal cálcica. Foram observados também maiores retenções de água nas argamassas produzidas
com a cal dolomítica. Segundo CARASEK (2007), Alguns estudos indicam a existência de
uma relação direta entre a proporção de hidróxido de magnésio, presente na cal hidratada e a
resistência de aderência. Desta forma, uma argamassa preparada com cal dolomítica apresenta
aderência superior a uma cal com mesmo traço preparada com cal cálcica. A autora atribui tal
fato à diferença de retenção de água superior da cal dolomítica. Entretanto, CINCOTTO et
al.(1995) afirmam que a cal dolomítica apresenta uma hidratação mais lenta, ocorrendo
simultaneamente à carbonatação, podendo ocasionar aumento de volume que compromete a
argamassa. Em seus experimentos CINCOTTO & RAGO observaram que a cal cálcica se
apresenta mais viscosa, possui maior consistência, maior tensão limite de escoamento e menor
plasticidade do que a cal dolomítica.
O ciclo da cal, desde a matéria prima até o endurecimento, é descrito pelas seguintes reações
químicas:
Calcinação CaCO
3
+ calor (cerca de 1.000°C) CaO + CO
2
Hidratação CaO + H
2
O Ca(OH)
2
+ aumento de volume + liberação de calor
Carbonatação Ca(OH)
2
+CO
2
CaCO
3
+H
2
O
Segundo RAGO & CINCOTTO (1999), ao reagir com o CO2 a cal libera a água retida em
torno de suas partículas e assim colabora também com a cura do cimento
De acordo com BOYNTON (1980), a cal, em contraste com o cimento, desenvolve resistência
muito lentamente através da carbonatação pelo CO
2
da atmosfera. A resistência final é cerca de
35-40 vezes menor do que do cimento. PETRUCCI (1973) atribui esta lentidão no ganho de
resistência ao pequeno teor de CO
2
existente na atmosfera, cerca de 0,04%.
É unânime entre os autores pesquisados o benefício proporcionado à argamassa com a adição
de cal. SABBATINI (1998) afirma que a adição da cal em substituição ao cimento melhora as
propriedades ligadas à trabalhabilidade, retenção de água e à capacidade de absorver
deformações (resiliência), e apresenta a TABELA III-3 com a variação das propriedades da
argamassa em função à variação da proporção de cal.
31
TABELA III-3 - Variação nas propriedades de uma argamassa com a alteração da
composição relativa de cimento e cal
Propriedade Aumento na proporção da cal no aglomerante
Resistência à compressão (E) Decresce
Resistência à tração (E) Decresce
Capacidade de aderência (E) Decresce
Durabilidade (E) Decresce
Impermeabilidade (E) Decresce
Resistência à altas temperaturas (E) Decresce
Resistências iniciais (F) Decresce
Retração na secagem inicial (F) Cresce
Propriedades melhoradas com
maior teor relativo de cimento
Retenção de água (F) Cresce
Plasticidade (F) Cresce
Trabalhabilidade (F) Cresce
Resiliência (F) Cresce
Módulo de elasticidade (E) Decresce
Retração na secagem reversível (E) Decresce
Custo Decresce
Propriedades melhoradas
com maior teor relativo de
cal
Obs.: Estados: (E) = Endurecido; (F) Fresco.
Fonte: SABBATINI
BOYNTON (1980) descreve como atributos da cal na argamassa: Plasticidade e
trabalhabilidade; alta retenção de água; alta capacidade de cobrir grãos de areia; Maior
flexibilidade; resistência de aderência; menor eflorescência; argamassa mais clara.
GUIMARÃES (2002) acrescenta a esta lista a perfeição das ligações, recuperação maior das
sobras e melhor absorção dos acomodamentos estruturais iniciais.
Segundo JOHN (2003), uma argamassa necessita de uma tensão de escoamento relativamente
alta, pois uma vez aplicada na parede não deve escorrer. Por outro lado, o coeficiente de
viscosidade plástica deve ser o menor possível, de forma a diminuir o trabalho de adensamento
e espalhamento. Ainda segundo o autor, não existe um método adequado para caracterizar a
reologia das argamassas, dificultando a comparação de produtos plastificante e retentores de
água utilizados na formulação das argamassas.
32
Segundo CARASEC (1996), a maior plasticidade e retenção de água conferem à argamassa
mista (cimento e cal) preenchimento mais fácil e completo de toda a superfície do substrato,
propiciando maior extensão de aderência. A autora também afirma que a durabilidade de
aderência é proporcionada pela habilidade da cal em evitar minúsculas fissuras e preencher os
vazios através da sua carbonatação que se processa ao longo do tempo. A esta característica da-
se o nome de reconstituição autógena.
Segundo AGOPYAN (1985), a cal proporciona à argamassa capacidade de retenção de água,
favorecendo a hidratação do cimento. Para o autor, a retenção é causada pelas pequenas
partículas de cal, favorecem também o endurecimento e a aderência da argamassa ao substrato.
A cal carbonatada possui uma solubilidade muito pequena, minimizando os efeitos da
lixiviação quando sujeitas à percolação de água. Para PASSOS GUIMARÃES (1997) a
capacidade de reter água da cal está vinculada à presença de cristalinos muito pequenos que
retêm a sua volta uma película líquida firmemente aderida e confere vantagens relevantes às
argamassa, especialmente às argamassas mistas no estado fresco e no processo de cura.
Para exemplificar o conjunto de benefícios proporcionados pela introdução da cal nas
argamassas, GUIMARÃES (2002) apresenta a FIGURA 3-1.
33
Argamassa
Cal Hidratada
Ambiente mais
asséptico
Aspecto agradável
Isolação térmica
pela maior
refletibilidade
Raras
eflorescências
Argamassa com
cal
Maior
incorporação de
agregados
Maior resistência
à penetração da
água
Maior retenção de
água
Maior plasticidade
Reconstituição
autógena das
fissuras
Resistência à
compressão e
tração adequadas
Aumento da
resistência e
compacticidade
com a tempo
Pequena
contração e
expansão
Melhor
trabalhabilidade
Melhor
recuperação dos
excessos
Maior e mais
perfeita extensão
das ligações
Melhor absorção
dos
acomodamentos
estruturais iniciais
Durabilidade
Qualificada
FIGURA 3-1 – Conjunto de benefícios proporcionados pelas argamassas portadoras de cal hidratada
Fonte: GUIMARÃES (2002)
GUIMARÃES (2002) atribui à utilização da cal na argamassa a redução sensível das
ocorrências de eflorescência. O autor atribui esta característica ao pequeno teor de álcalis. Três
fatores causam as eflorescências, com igual importância: teor de sais solúveis nos materiais,
presença de água e pressão hidrostática. O autor apresenta a FIGURA 3-2.
34
0,30
0,25
0,20
0,15
0,10
0,05
1.0C
0,8C 0,6C
0,4C
0,2C 0,0C
0,0CP
0,2CP
0,4CP
0,6CP
0,8CP
1,0CP
3,0A
3,0A 3,0A 3,0A
3,0A
3,0A
COMPOSIÇÃO DA ARGAMASSA (EM VOLUME)
P
E
S
O
D
O
S
S
A
I
S
D
I
S
S
O
L
V
I
D
O
S
R
E
T
I
D
O
S
E
M
M
E
C
H
A
S
,
I
N
C
L
U
S
A
S
N
A
S
A
L
V
E
N
A
R
I
A
S
(
g
)
EFLORESCÊNCIA RESULTANTES DE DIVERSOS TIPOS DE ARGAMASSAS
FIGURA 3-2 Eflorescência resultante de diversos tipos de argamassas
Fonte: GUIMARÃES, 2002
GUIMARÃES (2002) apresenta uma posição contraditória em relação a todos os outros autores
pesquisados. Segundo o autor, uma das mais importantes virtudes da utilização da cal nas
argamassas é uma maior resistência à penetração da água. O autor atribui esta característica ao
fato das partículas de cal possuir menor diâmetro, penetrando e obstruindo as fendas mais
estreitas. Além disso, absorvem um filme de água ao seu redor – quer pela alta tensão
superficial (entre o Ca(OH)
2
e a solução saturada no local), quer por exibir um certo grau de
cataforese, demonstrado na FIGURA 3-3.
35
PARTÍCULAS
DE CAL
COMPARAÇÃO DE DIÂMETROS
(EM MICRÔMETROS)
PARTÍCULAS DE CAL...............0,077
CANAL CAPILAR ......................0,250
CANAL CAPILAR
PARTÍCULA LIGANTE .............40,000
BOLHA DE AR .......................100,000
PARTÍCULA DE AREIA 16 ...1200,000
FIGURA 3-3 – Comparação de tamanho entre os poros da alvenaria e o das partículas de cal hidratada, de
cimento portland e de bolhas de ar.
Fonte: WALKER, 1982
A Cal introduz melhorias sensíveis na capacidade de retenção água da argamassa. Esta
característica se deve ao fato de possuir cristalinos muitos pequenos e com capacidade de reter
uma película de água a sua volta, firmemente aderida. A capacidade de retenção de água
permite regular a perda de água para elementos construtivos vizinhos de alta porosidade,
melhor trabalhabilidade, maior recuperação de sobras da aplicação, melhor absorção das
movimentações devido à maior flexibilidade das ligações, estocagem de água necessária às
reações do cimento (GUIMARÃES (2002). Argamassas com baixa retenção de água tem
problemas de exsudação, demandando constantes remisturas, reduzindo a produtividade
(JOHN, 2003).
A cal confere à argamassa uma propriedade chamada “reconstituição autógena”. Segundo
GUIMARÃES (2002), enquanto houver hidróxido de cálcio e/ou de magnésio livres na massa
das argamassas, a água que circula pelos espaços intergranulares da alvenaria provoca reações
químicas. Esses sais podem ser dissolvidos ou colocados em dispersões coloidais que
transportam para outros vazios, onde precipitam e se fixam após recarbonatação, preenchendo
a descontinuidade. As virtudes deste processo de refletem não apenas na melhoria do
comportamento técnico do conjunto, como na resistência mecânica, resistência à penetração de
água e aumento da compacidade.
36
3.1.2.1.3. Proporção entre cimento e cal
Saber dosar corretamente a proporção entre a cal e o cimento é essencial para se atingir às
características ideais, tanto no estado fresco quanto no endurecido da argamassa.
De acordo com CARASEK (1996), argamassas com alto teor de cimento em geral apresentam
elevada resistência de aderência, no entanto, possuem baixa extensão de aderência e são menos
duráveis, uma vez que são mais suscetíveis ao desenvolvimento de fissuras. BOYNTON
(1980) afirma que argamassas com altos teores de cimento se tornam extremamente duras e
possuem uma tendência inerente a fissurarem entre a argamassa e o substrato, mas não nela
mesma. A baixa retenção de água existente nas argamassas com muito cimento permite a
rápida perda de água para substratos porosos, fato que prejudica a aderência ao substrato.
DAVIDSON (1969) apresenta na TABELA III-4 a influência da proporção entre cimento e a
cal para perda de água da argamassa pela sucção de tijolos.
TABELA III-4 - Perda de água da argamassa pela sucção dos tijolos em 4 minutos de contato
ÁGUA PERDIDA DO TOTAL EM ARGAMASSA PELA
SUCÇÃO
SUCÇÃO
INICIAL
DO TIJOLO
1:0:3 1:1:6 1:2:9
12.5 25% 15% 10%
15 38% 24% 19%
20 45% 30% 27%
30 50% 34% 32%
40 52% 36% 33%
50 50% 36% 33%
60 47% 33% 32%
70 41% 32% 29%
Fonte: DAVIDSON, 1969
CARASEK (1996) afirma que argamassas ricas em cal possuem alta extensão de aderência,
tanto em nível micro quanto em nível macroscópico. Sendo mais plásticas, têm maior
capacidade de “molhar” a superfície e preencher as cavidades do substrato; microscopicamente
37
possuem uma microestrutura na interface com o substrato mais densa e mais contínua, além de
apresentar menor incidência de micro fissuras da interface, comparativamente às argamassas
produzidas somente com cimento.
CARASEK (1996) chega a afirmar que a argamassa “ideal” é aquela que reúne as qualidades
do cimento e da cal. BOYNTON (1980) apresenta uma tabela de composição para argamassas
mistas (TABELA 5). GALLEGOS (1995) sugere que a proporção de cal nas argamassas seja a
mínima necessária para que a retenção água seja igual ou superior a 75%. Em seus
experimentos, CARASEK (1996) observou um aumento da resistência de aderência da
argamassa com a adição de 6% cal em relação à massa dos constituintes secos. Por outro lado
quando elevado demasiadamente, a conseqüência foi a queda da resistência de aderência,
apesar da alta extensão obtida. LAWRENCE &CAO (1988) propõem que a argamassa ótima,
com vistas à aderência e durabilidade, seja preparada com um traço próximo de 1:0,5:4,5
(cimento:cal:areia) e não o consagrado 1:1:6.
TABELA III-5 - Especificação de argamassa para alvenaria
Especificação de
propriedades
Especificação de proporções Tipos de
argamassas
Fluência
após sucção
(mínimo %)
Resistência
a
compressão
– 28 dias –
MPa
Partes por
volume –
Cimento
Portland
Partes por
volume –
Cal
Hidratada
Areia -
medida sem
condição de
umidade
O 70 2,41 1 De 1¼ a 2½
N 70 5,17 1 De ½ a 1¼
S 70 12,41 1 De ¼ a ½
M 70 17,24 1 ¼
Não menos do
que 2,25 e não
mais do que 3
vezes a soma
dos volumes
de cimento e
cal
Resumo de especificações e propriedades contidas na norma ASTM C-270 sobre argamassas.
Fonte: BOYTON, 1980
38
Em seus experimentos, ANDEREG (1942) observa uma tendência de acréscimo na resistência
de aderência e na resistência à compressão à medida que a relação cimento/cal aumenta, para
todas as idades. Segundo JOHN(2003) a adição de cal hidratada à argamassa reduz
significativamente o módulo de elasticidade sem afetar na mesma proporção a resistência à
tração, que em última análise é a máxima resistência de aderência da argamassa. Assim a
adição de cal hidrata à argamassa tende a aumentar a vida útil.
HAN & KISHITANI (1984) observaram em seus experimentos que a forma de ruptura no
ensaio de aderência é modificada conforme a proporção de cal na argamassa. De uma forma
geral os traços confeccionados com cimento e areia, em volume, na proporção 1:3
apresentavam ruptura na interface por deficiência de aderência. Os traços com proporção 1:1:6
( cimento: Cal : Areia em volume) a ruptura se deu no interior da camada de argamassa, por
falta de coesão.
A proporção Cimento/Argamassa influi diretamente na capacidade de retenção de água da
argamassa. BOYNTON & GUTSCHICK (1966) apresentam o FIGURA 3-4 com a variação da
retenção de água e resistência à compressão em função da proporção de Cimento/Cal da
argamassa.
39
RELAÇÃO ENTRE A COMPOSIÇÃO DA
ARGAMASSA E RESISTÊNCIA A COMPRESSÃO
PROPORÇÃO DE CIMENTO:CAL NA ARGAMASSA
(CIMENTO+CAL):AREIA = 1:3 (EM VOLUME)
300
200
100
100
80
60 40
20
0
0
0
20
40
60
80 100
CAL%
87
86
85
84
83
82
81
80
79
78
77
76
75
R
E
S
I
S
T
Ê
N
C
I
A
À
C
O
M
P
R
E
S
S
Ã
O
(
I
D
A
D
E
2
8
D
I
A
S
)
(
k
g
f
/
c
m
)
Retenção de água
Resistência a compresão
FIGURA 3-4 - Relação entre a composição da argamassa e resistência a compressão
Fonte: BOYNTON & GUTSCHICK,1966
3.1.2.2. Agregados
Várias são as definições para agregado. Segundo NETO (2005) a mais aceita define agregado
como um material granular, sem forma ou volume definido, de dimensões e propriedades
adequadas às obras de engenharia, em particular à fabricação de concretos e argamassas de
cimento Portland. Já GUIMARÃES (1997) define agregado como um material particulado de
origem mineral, onde predomina o quartzo, de diâmetro entre 0,06 e 2,0 mm. BAUER (1979)
tem ainda uma outra definição para agregado, para ele agregado é um material particulado,
incoesivo, de atividade praticamente nula, constituído de mistura de partículas cobrindo
extensa gama de tamanhos. Apesar das várias definições, não existe entre elas diferenças
significativas.
40
Agregado foi tratado por muito tempo como um material inerte, sem muita influência no
comportamento das argamassas. Com o maior entendimento do real papel desempenhado pelos
agregados nas propriedades da argamassa e do concreto, este ponto de vista está sendo
seriamente questionado. NEVILLE (1997) afirma que o agregado não é inerte na exata acepção
da palavra, e suas propriedades têm influência no desempenho do concreto. MEHTA &
MONTEIRO (2006) chega a afirmar (em negrito) que é impróprio tratar os agregados com
menos respeito do que o cimento.
É consenso entre os autores pesquisados que as propriedades do agregado (areia) interferem
direta ou indiretamente no comportamento da argamassa fresca ou no desempenho da
argamassa endurecida. Para PETRUCCI (1973) a adição de areia à argamassa de cimento e cal
barateia o produto, elimina em parte as modificações de volume e facilita a passagem de
anidrido carbônico do ar para recarbonatação do hidróxido de cálcio e conseqüente
solidificação do conjunto. GUIMARÃES (1997) afirma que as propriedades mecânicas das
areias que interferem no comportamento das argamassas são o inchamento, a higroscopia, a
coesão aparente e a friabilidade. Outros autores também incluem nesta lista a granulometria, a
forma e textura das partículas e a presença de substâncias deletérias.
3.1.2.2.1. Classificação
Existem diversas propostas de classificação para os vários tipos de agregados. A maioria dos
autores pesquisados concorda na classificação segundo a origem do agregado, a dimensão da
partícula e a massa específica. NEVILLE (1997) propõe a classificação também em relação ao
tipo de rocha. Nosso estudo será focado nas areias por ser o tipo de agregado utilizado nas
argamassas.
3.1.2.2.1.1. Segundo origem
Os agregados podem ser classificados segundo a sua origem em:
41
a) Naturais: São encontradas na natureza já na forma de utilização, não sendo necessário
beneficiamento, a não ser lavagem e classificação granulométrica, quando for o caso.
Segundo CARVALHO JR. (2005) este agregado é constituído essencialmente de
quartzo e é resultante de antiga erosão de rochas quartzosas e posterior sedimentação de
material silicoso. De acordo com NETO (2005) as areias naturais podem ser
encontradas em: leitos de rio, cavas e dunas, sendo que esta última não é utilizada para
o preparo de argamassas devido à sua grande finura e seu teor de cloretos.
b) Britados: Estão sendo cada vez mais utilizados devido à exaustão das jazidas de areias
naturais próximas aos grandes centros. Segundo NETO (2005), a areia de britagem tem
sido valorizada especialmente devido a sua curva granulométrica e à natureza e
quantidade de finos presentes. É obtida através da britagem de rochas ígneas ou
metamórficas.
c) Artificiais: São derivadas de processos industriais. A escória de alto forno depois de
resfriada é britada e classificada.
d) Reciclados: Proveniente o beneficiamento de entulho de construção ou demolição,
sendo devidamente selecionada para esta utilização.
3.1.2.2.1.2. Segundo as dimensões
Os agregados podem ser classificados quanto à dimensão dos grãos, de acordo com a
NBR7211 (ABNT, 2004), em graúdo e miúdo. Entretanto, no nosso estudo nos interessa
apenas o agregado miúdo, cujos grãos passam pela peneira com malha de 4,75mm e ficam
retidos na peneira malha 0,075mm, de acordo com a NBR 7217 (ABNT, 2004).
3.1.2.2.1.3. Segundo o peso específico
Os agregados podem ser divididos segundo o peso específicos em leves, médios e pesados. As
areias estão classificadas como médio e tem o peso específico entre 1400 e 1700 kg/m
3
,
de
acordo com a TABELA III-6.
42
TABELA III-6 – Massa específica das rochas
Rocha Massa específica
calcário 1400 kg/m
3
arenito 1450 kg/m
3
cascalho 1600 kg/m
3
granito 1500 kg/m
3
areia 1500 kg/m
3
basalto 1500 kg/m
3
escória 1700 kg/m
3
Fonte: BAUER, 1979, Adaptado
3.1.2.2.1.4. Segundo o tipo de rocha
As rochas são classificadas em três tipos: ígneas, metamórficas e sedimentares.
Segundo MEHTA & MONTEIRO (1994), as rochas ígneas são formadas pelo resfriamento do
magma e o seu grau de cristalinidade e granulação variam com a velocidade de resfriamento.
Baixa velocidade de resfriamento, forma material completamente cristalino e granulação
grosseira. Alta velocidade de resfriamento, forma material com cristais menores, granulação
fina e pode conter algum vidro. Agregados deste grupo normalmente apresentam excelente
qualidade, pois adquirem granulação média a grosseira, resistentes, partículas eqüidimensionais
na britagem, baixa porosidade, e absorção de água.
Ainda de acordo com MEHTA & MONTEIRO (1994), as rochas sedimentares são rochas
estratificadas, usualmente depositadas no leito de rios, lagos e mares, ou acumuladas através da
força do vento. O agregado mais utilizado na produção de argamassas, a areia, é um importante
integrante do grupo de sedimento não consolidado. As areias grossas normalmente consistem
em fragmento de rochas, enquanto as areias finas consistem predominantemente de grãos
minerais. Outra importante rocha sedimentar é o calcário, muito utilizado na produção de areias
artificiais. Em relação à qualidade dos agregados, as areias apresentam excelente dureza, forma
arredondada e superfície lisa. Os calcários quando britados tendem a produzir partículas planas
ou alongadas, podendo variar amplamente as propriedades de absorção, resistência e
durabilidade.
43
Segundo MEHTA & MONTEIRO (2006), é importante notar que as rochas ígneas e as
sedimentares podem diferir amplamente em suas características, como por exemplo, forma,
textura, porosidade, resistência e sanidade. Este fato se deve às diferentes formas de
consolidação da rocha. Rochas formadas sob baixas pressões tendem a ser porosas e fracas,
enquanto rochas formadas sob altas pressões tendem a ser densas e resistentes.
Finalmente as rochas metamórficas são rochas ígneas ou sedimentares que sofreram alterações
na sua textura, na estrutura cristalina ou na composição mineralógica devido a condições
químicas ou físicas.
3.1.2.2.2. Características dos agregados
Para podermos produzir uma argamassa de qualidade, precisa-se conhecer certas características
dos agregados que a compõe. Segundo MEHTA & MONTEIRO (2006) as propriedades no
estado fresco são influenciadas pela porosidade, massa específica, granulometria, forma e
textura superficial dos agregados. As propriedades no estado endurecido são influenciadas pela
porosidade, composição mineralógica, resistência a compressão, dureza, módulo de
elasticidade.
MEHTA & MONTEIRO (1994) propõem, afim de minimizar a superposição de aspectos, a
seguinte divisão das propriedades:
Características dependentes da porosidade: massa específica, absorção de água,
resistência, dureza, módulo de elasticidade e sanidade;
Características dependentes das condições prévias de exposição e condicionantes de
fabricação: tamanho, forma e textura;
Características dependentes da composição química e mineralógica: resistência, dureza,
módulo de elasticidade e substâncias deletérias.
44
3.1.2.2.2.1. Inchamento
GUIMARÃES (2002) atribui o fenômeno de inchamento à formação de uma película de água
em torno dos grãos, causando o afastamento das mesmas. Para o autor, esta propriedade influi
no comportamento das argamassas. Segundo BAUER (1979) este comportamento depende da
natureza e da granulometria da areia, sendo que o valor do inchamento aumenta até atingir um
determinado teor de umidade a partir do qual começa diminuir. NEVILLE (1997) afirma que o
volume aumenta com o teor de umidade até cerca de 5% ou 8%, quando o inchamento chega a
valores de 20% a 30%. A partir deste ponto, adicionando-se mais água, as películas se fundem
e a água se desloca para os vazios entre as partículas, de modo que o volume da areia decresce,
até que quando atinge a saturação seu volume a praticamente igual ao da areia totalmente seca.
Segundo NEVILLE (1997), areias mais finas incham muito mais que areias mais grossas e
areias proveniente de britagem incham mais que areias naturais.
3.1.2.2.2.2. Granulometria
Distribuição granulométrica nos mostra a distribuição dos grãos entre várias dimensões,
geralmente é expressa em termos de porcentagem individual ou acumulada. São utilizadas
também para avaliação da composição granulométrica a dimensão máxima e o módulo de
finura. A dimensão máxima é definida pela norma NBR 7211 (ABNT, 2004) como “dimensão
máxima característica” e é a abertura nominal da peneira na qual o agregado possui uma
porcentagem acumulada igual ou imediatamente inferior a 5%. Já o modulo de finura
corresponde à soma das porcentagens retidas acumuladas nas peneiras da série normal, em
massa, divida por 100.
Segundo MEHTA & MONTEIRO (1994), existem várias razões para a especificação de limites
granulométricos e de dimensão máxima dos agregados, sendo que mais importante delas diz
respeito à trabalhabilidade e custo. Ainda segundo o autor, areias muito grossas perdem
trabalhabilidade, enquanto areia muito finas aumentam o consumo de água e consequentemente
de cimento. Com relação à dimensão máxima, MEHTA & MONTEIRO (1994) afirmam que
quanto maior, menor será a área superficial por unidade de volume que tem que ser coberta
pela pasta de cimento.
45
Para NETO (2005), uma distribuição granulométrica equilibrada produz maior trabalhabilidade
e economia, além de proporcionar uma estrutura mais fechada, com menor volume de vazios.
Segundo YOUNG (2003), quando uma distribuição equilibrada é utilizada, as partículas
menores ocupam os espaços entre as maiores e exemplifica com a FIGURA 3-5.
CARASEK (1996) afirma que uma distribuição granulométrica contínua contribui para bons
resultados de aderência. CARASEK et al. (2001) afirmam ainda que com o aumento do teor de
areia, existe uma redução na resistência de aderência. Alguns autores denominam a areia de o
esqueleto indeformável da massa, pois ela garante a durabilidade reduzindo a retração.
FIGURA 3-5 – Representação esquemática da graduação dos agregados em uma mistura: (a) tamanho
uniforme; (b) graduação contínua; (c) substituição das partículas pequenas por partículas grandes; (d)
falha na graduação de agregados; (e) falha graduação de agregados
Fonte: YOUNG, J. F., 2003
SABATINI (1998) apresenta na TABELA III-7 uma sinopse qualitativa da influência dos
parâmetros granulométricos nas principais propriedades das argamassas.
46
TABELA III-7 - Influência das características granulométricas das areias nas propriedades
das argamassas de assentamento
Características da areia
Propriedades
Quanto menor o
módulo de finura
Quanto mais
descontínua for a
granulometria
Quanto maior o
teor de grãos
angulosos
Trabalhabilidade Melhor Pior Pior
Retenção de água Melhor Variável Melhor
Resiliência Variável Pior Pior
Retração na secagem Aumenta Aumenta Variável
Porosidade Variável Aumenta Variável
Aderência Pior Pior Melhor
Resistências
mecânicas
Variável Pior Variável
Impermeabilidade Pior pior Variável
Fonte: SABATINI, 1998
O termo variável é utilizado quando não existe uma influência definitiva, ou quando a
influência depende de outros fatores.
De acordo com SABATINI (1998), a areia que apresenta melhor potencial de produzir uma
argamassa adequada é a de granulometria contínua e classificada como média (módulo de
finura entre 1,8 e 2,8) e que tenha predominância de grãos arredondados. Entretanto, segundo
CARNEIRO et al. (1997) o módulo de finura não permite caracterizar objetivamente a areia e
que melhores correlações podem ser feitas com a massa unitária.
Segundo GALLEGOS (1989) existem evidências de que as areias grossas aumentam a
resistência à compressão e produzem argamassas ásperas, enquanto que as areias muito finas
reduzem a resistência de aderência. Em seus experimentos CASALI & PRUDÊNCIO JR.
(2005) concluíram que a granulometria da areia influencia mais a trabalhabilidade da
argamassa do que o teor de cal.
47
3.1.2.2.2.3. Forma e textura
Segundo YOUNG (2003), a forma e a textura o agregado afeta a trabalhabilidade do concreto
fresco através da sua influência sobre a necessidade de pasta de cimento. MEHTA &
MONTEIRO (2006) afirma que a forma e a textura das partículas influenciam mais as
propriedades do concreto no estado fresco do que no endurecido. Para BAUER (1979), a forma
do grão tem importante efeito para a compacidade, trabalhabilidade da argamassa e ângulo de
atrito interno. Para exemplificar o efeito da forma sobre o ângulo de atrito BAUER (1979) cita
o fenômeno das pilhas de areia natural com ângulo de repouso de 37º, enquanto as areias de
britagem possuem um ângulo de mais de 45º.
Para MEHTA & MONTEIRO (1994), as partículas ásperas, angulosas e alongadas requerem
mais pasta de cimento para produzir a mesma trabalhabilidade de partículas lisas e
arredondadas. NETO (2005) afirma que as partículas arredondadas permitem a diminuição do
consumo de água e ganho de trabalhabilidade. YOUNG (2003) chama esta última de partícula
ideal para boa trabalhabilidade FIGURA 3-6. NEVILLE (1997) afirma que a forma
equidimensional das partículas é preferível, pois quanto mais se afastam deste formato, maior
área superficial possuem e se acomodam de modo anisotrópico.
A Norma Brasileira que trata da definição de forma e textura superficial dos agregados miúdo é
a NBR 7389 (ABNT, 1992).
Quando falamos em forma, estamos nos referindo às características geométricas do agregado,
tais como arredondada, angulosa, alongada ou achatada. BAUER (1979) classifica as areias
quanto à forma do grão em alongadas, cúbicas, lamelares e discóides.
As Partículas tendem a ser arredondadas quando são formadas por atrito, perdendo suas arestas
e vértices. Classificam se nesta categoria as areis de leitos de rio, zonas marítimas e depósitos
eólicos.
As areias provenientes de britagem tendem a possuir vértices e arestas bem definidas e são
chamadas de angulosas.
48
MEHTA & MONTEIRO (1994) afirma as formas alongadas lamelares devem ser evitadas ou
limitadas. YOUNG (2003) acrescenta que estes formas alongadas aumentam o atrito entre as
partículas e superfície específica do grão, aumentando também a necessidade de pasta.
Esférica
Irregular
Muito
Irregular
Achatado
Alongado
A
rredondados
Angulares
Cubico
Irregular
Muito
Irregular
Achatado Alongado
FIGURA 3-6 – Classificação das formas de agregados
Fonte: YOUNG, J. Francis, 2003
A textura superficial é definida por MEHTA & MONTEIRO (2006) como o grau de quanto à
superfície de um agregado é lisa ou áspera. É baseada em análise visual. Esta propriedade
depende da dureza, granulação e porosidade da rocha matriz e da sua subseqüente exposição ao
atrito. Segundo NEVILLE (1997), quanto mais dura, densa e de granulação fina, mais fraturas
lisas possui TABELA III-8.
49
TABELA III-8 - Textura Superficial dos agregados (BS 812: Part 1:1975) com exemplos
Grupo Textura Característica Exemplos
1 Vítrea Fratura conchoidal Calcedônia, escória vitrificada
2Lisa
Erodido por água, ou devido a fratura
de cristais finos ou laminares
Seixo, ardósia, marmore, alguns
riólitos
3 Granulosa
Fratura mostrando grãos uniformes
mais ou menos arredondados
Arenito, oolito
spera
Fratura áspera de rochas finas ou
grosseiramente granuladas com
cristais não facilmente visíveis
Basalto, felsito, calcário
5 Cristalina
Com constituíntes cristalinos
facilmente visíveis
Granito, gabro, gnaisse
6 Alveolar Com poros e cavidades visíveis
Tijolo, pedra pomes, espuma
ede, escória, clínquer, argila
expandida
Fonte: Neville, A.M., 1997
Para NEVILLE (1997), a textura superficial tem influência sobre a aderência à pasta de
cimento e também a demanda de água da mistura. O Autor classifica a textura superficial em
polidas, opacas, lisas ou ásperas. Segundo VALDEHITA ROSELO (1976), areias com grãos
mais angulosos aumentam a resistência de aderência, uma vez que aumentam o coeficiente de
atrito da interface.
3.1.2.2.2.4. Substâncias deletérias
MEHTA & MONTEIRO (2006) definem substâncias deletérias como capazes de prejudicar a
trabalhabilidade, a pega e endurecimento e a durabilidade do concreto. NEVILLE (1997) as
classificam em três categorias: Impurezas que interferem no processo de hidratação do
cimento; películas que impedem a aderência efetiva entre o agregado e a pasta; e partículas
fracas ou não sãs.
As impurezas mais comuns são de origem orgânica, geralmente produtos de decomposição de
matéria vegetal. Segundo NETO (2005), além de introduzirem fragmentos de baixa resistência,
ainda provoca manchas superficiais.
50
Argila e outros materiais pulverulentos formam uma película superficial e interferem na
aderência entre o agregado e a pasta de cimento. Estes materiais também afetam a
trabalhabilidade e aumenta o consumo de água. As normas limitam o teor máximo de materiais
passante na peneira 75µm.
GUIMARÃES (2002) recomenda um método simples para se verificar a qualidade da areia no
canteiro de obra. O teste consiste em se colocar uma porção de areia em um frasco transparente
e agitar vigorosamente, cerca de 90 vezes no sentido horizontal, e deixar repousa por 20
minutos. Após este período verifica-se o frasco. Se a água sobre o depósito de areia for clara, a
areia ensaiada é de boa qualidade, se a água se mostrar muito turva, é provável que seja de má
qualidade. CARVALHO JR. (2005) afirma que em caso dúvida, pode-se verificar a qualidade
da areia através do ensaio de determinação de teor de argila (norma ABNT NBR 7218, 1987) e
de impurezas orgânicas (norma ABNT NBR 7220, 1987).
3.1.2.2.2.5. Higroscopia
Segundo BAUER (2000), a areia seca possui duas fases: sólidos (grãos) e vazios (ar); já a areia
úmida possui três fases: sólidos, água e ar; e finalmente a areia saturada volta a possuir
somente duas fases: sólidos e água. Devido às pequenas dimensões dos vazios existentes na
areia seca, esta pode apresentar uma ascensão capilar, também chamada de higroscopia. Isto
quer dizer que ao ter contato com a água em sua base, a água no interior da massa alcança um
nível superior ao da água no exterior. Quanto mais fina for a areia, maior será a ascensão
capilar.
3.1.2.2.2.6. Coesão aparente
BAUER (2000) define a coesão de um material como a resistência ao cisalhamento quando o
material está sujeito à compressão. Segundo o autor, as areias apresentam coesão quando
úmidas, causada pela tensão capilar da água. Está coesão é chamada de coesão aparente.
Quando secas ou saturadas as areias não possuem coesão. De acordo com GUIMARÃES
(2002), o valor da coesão aparente nas areias cresce rapidamente de zero (para teor de umidade
nulo) até o máximo, para decrescer em seguida até se anular novamente para a areia saturada.
51
3.1.2.2.2.7. Friabilidade
Segundo GUIMARÃES (2002), as areias perdem qualidade quando contêm grãos friáveis. O
Novo Dicionário Aurélio define como friável a capacidade de reduzir-se a fragmentos ou a pó,
de partir com facilidade, de se desagregar com facilidade.
3.1.2.3. Adições
Segundo CARVALHO JR. (2005), adições são materiais finos e capazes de conferir algumas
propriedades à argamassa, e que na maioria das vezes não possuem poder aglomerante e sim,
aglutinante. CARASEK (1996) afirma que as adições possuem alta superfície específica e
quando adicionadas às argamassas conferem alta plasticidade e trabalhabilidade.
CARAVALHO (2005) cita como adições mais comuns presentes nas argamassas as pozolanas
(materiais provenientes de rochas vulcânicas e outros com atividade pozolânica), o pó calcário,
também conhecido como filer (material muito fino constituído de calcário ou dolomitos) e os
pigmentos.
CARASEK (1996) cita as argilas, muitas vezes presentes nos saibros, como uma adição
comumente utilizada. Esta prática tem grande incidência em pequenas construções. Devida à
sua área específica relativamente elevada, tem boa capacidade de conferir plasticidade à
argamassa. Pelo fato de ser um material natural, não processado e de baixo custo, é utilizado na
argamassa em substituição à cal, no entanto, seu uso indiscriminado, sem critérios técnicos,
sem controle tecnológico e baseado exclusivamente no empirismo tem levado à ocorrência de
um grande número de patologias.
Outras adições que tem merecido a atenção dos pesquisadores da área de argamassas são as
fibras poliméricas, os rejeitos industriais e a sílica ativa.
52
3.1.2.4. Aditivos
Existe um consenso entre os autores pesquisados com relação à definição de aditivo.
Basicamente todas as definições encontradas afirmam ser o aditivo uma substância utilizada
em pequenas porcentagens, inferiores a 5%, com o intuito de modificar algumas propriedades
dos concretos ou argamassas. Estas modificações podem ser no estado fresco ou sólido.
NEVILLE (1997) afirma ainda que as melhorias podem ser físicas ou econômicas.
Segundo CARASEK (1996) o principal aditivo empregado na produção de argamassas é o
incorporador de ar. Este produto a adicionado com a finalidade de melhorar a plasticidade e
diminuir a quantidade de água. Os incorporadores de ar também aumentam a retenção de água
e reduzem a exsudação, sendo muitas vezes utilizado como substituto da cal. Segundo
CARVALHO JR. (2005) os incorporadores de ar são aditivos sulfatantes, ou agentes
tensoativos que atuam na molécula de água da argamassa diminuindo sua tensão superficial,
formando microbolhas de ar, estáveis, homogeneamente distribuídas na argamassa provocando
um efeito mais umectante, melhorado a trabalhabilidade, controlando a permeabilidade e
aumentando o rendimento. As microbolhas de ar melhoram a plasticidade e a trabalhabilidade
da argamassa, tornando-a pseudoplástica, pois o ar desempenha papel fluidificante. Tem ainda
um papel hidrófugo, diminuindo a capilaridade da argamassa. Isto ocorre porque as bolhas de
ar interrompem a capilaridade, melhorando ainda sua resistência aos efeitos do congelamento
em regiões muito frias.
No entanto, existem algumas características mecânicas da argamassa que diminuem com a
introdução do incorporador de ar, mais em particular o módulo de elasticidade do que
resistência à tração, de acordo com CARVALHO JR. (2005). A diminuição do módulo de
elasticidade torna a argamassa mais deformável e consequentemente menos propensa à
fissuração.
Com relação à diminuição da resistência à tração, CARASEK et al. (2001) afirmam a
diminuição da aderência se deve à redução da superfície de contato pela presença das bolhas de
ar. CARASEK (1996) também constatou com o uso de lupa estereoscópica que argamassas
com alto teor de ar incorporado apresentam grande quantidade de bolhas de ar na interface e
consequentemente menor extensão de aderência. CINCOTO et al (1995) sugerem ainda um
53
limite de dosagem para a utilização de aditivos incorporadores de ar em argamassas devido a
seus impactos na resistência de aderência.
Apesar da maioria dos autores correlacionarem a perda de resistência de aderência com o teor
de ar incorporado, OPPERMANN & RUDERT (1983) afirmam não ser possível. Em seus
estudos os autores encontraram argamassas com altos teores de ar incorporado, cerca de 20%, e
elevadas resistências de aderência. Em estudos como MEV, os autores afirmam ser mais
importante o tamanho das bolhas do que a quantidade.
CARVALHO JR. (2005) lembra também que uma outra forma de se adicionar ar incorporado a
uma argamassa é o tempo de mistura, principalmente no caso de argamassas industrializadas.
Outros aditivos que são utilizados na produção de argamassas são: Retentores de água,
Hidrofugantes, Plastificantes, impermeabilizantes a adesivos. Os retentores de água têm a
função de reter a água adicionada à argamassa, impossibilitando a perda por evaporação ou
exsudação. Os hidrofugantes têm como principal função repelir a água que porventura queira
entrar na argamassa. Os Plastificantes diminuem a tensão superficial da pasta constituída,
proporcionando maior resistência à compressão e fluidez. Os aditivos impermeabilizantes têm
como função impedir totalmente a passagem de água. Os aditivos adesivos melhoram a
aderência da argamassa ao substrato.
3.1.2.5. Água de amassamento
Segundo CARASEK (2001), água é um ingrediente essencial na argamassa por duas funções
primordiais: (1) possibilita que a mistura seja trabalhável; (2) combina-se quimicamente com
os aglomerantes proporcionando o endurecimento e resistência da argamassa.
É usual dizer que se a água serve para beber, então pode ser utilizada na produção de concretos.
Esta afirmação é feita também pelo AMERICAN CONCRETE INSTITUTE – ACI 318 (2002).
PETRUCCI (1970) acrescenta que a recíproca não é verdadeira, ou seja, muitas águas
utilizáveis sem dano na confecção de concretos não podem ser ingeridas pelo homem. Como
exemplo NEVILLE (1997) cita águas com pH entre 6,0 e 9,0, sem sabor salobre, no entanto
54
com cor escura ou cheiro desagradável, fatos estes que não significam necessariamente a
presença de substancias deletérias.
NEVILLE (1997) chama a atenção para algumas exceções onde águas potáveis não são
indicadas para a produção de concreto, e cita como exemplo algumas regiões áridas onde a
água é salobre e com teor excessivo de cloretos.
REIS (2004) afirma que o excesso de impurezas na água de amassamento pode afetar a
resistência e o tempo de pega do concreto. O AMERICAN CONCRETE INSTITUTE – ACI
318 (2002) inclui como conseqüência do excesso de impurezas na água de amassamento a
instabilidade de volume e possíveis eflorescências e corrosões de armadura. Diante as
semelhanças entre os dois materiais (argamassa e Concreto), no que diz respeito à matriz
cimentícia, estas considerações podem ser levadas em conta também na produção de
argamassas.
Para SILVA (1998), a água ideal para a produção de concretos deve possuir pH entre 6,0 e 8,0
e indica a NBR 11560 como referência para o controle da qualidade da água de amassamento.
REIS (2004) considera satisfatório para a produção de concretos com pH entre 5,8 e 8,0 e cita
os seguintes limites máximos, segundo a NBR 6118: matéria orgânica 3mg/l; resíduos sólidos
5000mg/l; sulfatos 600mg/l; cloretos 1000mg/l; açúcar 5mg/l.
É consenso entre os autores pesquisados a grande importância da água na produção de
concretos e argamassas. CARASEK (1996) afirma que a água é um ingrediente essencial à
argamassa por desempenhar duas funções primordiais: a) Permite a trabalhabilidade da
mistura; e, b) combina quimicamente com os aglomerantes proporcionando o endurecimento e
resistência da argamassa.
Com relação à quantidade de água e os resultados de aderência das argamassas, CARASEK
(2001) afirma que o conteúdo de água deve ser o máximo possível compatível com a
trabalhabilidade e mantendo a coesão e a plasticidade da argamassa. Ainda segundo a autora, a
baixa relação água/cimento (a/c), aspecto tão importante para o aumento de resistência à
compressão dos concretos, perde sua importância na obtenção de uma adequada resistência de
aderência de revestimentos. A autora explica que argamassas com alta relação a/c (geralmente
55
na faixa de 0,7 a 2,8), perdem rapidamente água por sucção ao entrar em contato com o
substrato.
3.2. Características e propriedades no estado fresco
A seguir são detalhadas as propriedades da argamassa no estado fresco. No entanto, para se
efetuar este estudo é interessante buscar o conceito de reologia. Segundo TATTERSALL
(1976), reologia é a ciência voltada para o estudo da deformação e escoamento de um fluido,
sob influência de tensões, considerada adequada a materiais “complexos” que não se
enquadram numa simples classificação de sólido, líquido ou gás.
3.2.1. Trabalhabilidade
Segundo DAVISON (1961), a trabalhabilidade é a mais importante propriedade da argamassa
no estado plástico. Trabalhabilidade é definida por CARASEK (2007) como a propriedade da
argamassa no estado fresco que determina a facilidade com que elas podem ser misturadas,
transportadas, aplicadas, consolidadas e acabadas. Ainda segundo a autora, a trabalhabilidade é
uma propriedade complexa resultante da conjunção de diversas outras propriedades. Apesar de
o pedreiro reconhecer a trabalhabilidade de uma argamassa com facilidade, é impossível
mensurá-la em laboratório. A trabalhabilidade é uma propriedade de avaliação indefinível,
arbitrária e pessoal, sendo na realidade uma combinação de várias características reológicas da
argamassa: plasticidade, coesão, consistência, massa específica, adesão, de acordo com
ISBERNER (1969) (TABELA III-9). CINCOTTO et al. (1995) afirma que a trabalhabilidade
não se constitui uma propriedade per si, na medida em que depende do julgamento subjetivo
por parte de quem a aplica.
56
TABELA III-9 - Propriedades relacionadas coma trabalhabilidade das argamassas
Propriedades Definição
Consistência
É a maior ou menor facilidade da argamassa deformar-se sob
ação de cargas.
Plasticidade
É a propriedade pela qual a argamassa tende a conservar-se
deformada após a retirada das tensões de deformação.
Retenção de água
e de consistência
É a capacidade de a argamassa fresca manter sua trabalhabilidade
quando sujeita a solicitações que provocam a perda de água.
Coesão
Refere-se às forças físicas de atração existentes entre as partículas
sólidas da argamassa e as ligações químicas da pasta
aglomerante.
Exsudação
É a tendência de separação da água (pasta) da argamassa, de
modo que a água sobe e os agregados descem pelo efeito da
gravidade. Argamassas de consistência fluida apresentam maior
tendência de exsudação.
Densidade de
massa
Relação entre a massa e o volume de material
Adesão inicial
União inicial da argamassa no estado fresco ao substrato
Fonte: CARASEK,H., 2007
De acordo com SABBATINI (1989), uma argamassa é considerada de boa trabalhabilidade
quando distribui-se facilmente, preenchendo todas as reentrâncias, agarra-se à colher de
pedreiro, não segrega ao ser transportada, não endurece com o contato com o componente de
sucção elevada e permanece plástica por tempo suficiente para que seja dado seu acabamento.
Segundo CARASEK (2007), para cada tipo ou função de argamassa, algumas propriedades são
mais importantes do que outras.
Para BOMBLED & KALVENES (1967) a trabalhabilidade resulta do efeito de rolamento de
grãos de agregados lubrificados pela pasta de cimento e relaciona-se com o atrito interno, a
coesão e a viscosidade, sendo que a quantificação destes parâmetros é problemática.
3.2.1.1. Consistência e plasticidade
De acordo com CARASEK (1996), Consistência e plasticidades são os principais fatores
condicionantes da trabalhabilidade.
Segundo CINCOTTO et al. (1995) a consistência é a propriedade pela qual a argamassa resiste
à deformação e a plasticidade é a tendência a reter a deformação após a redução do esforço.
57
Geralmente o aplicador modifica estas propriedades através da alteração da quantidade de água
de amassamento, uma vez que os demais componentes da argamassa são pré-fixados.
Vários autores classificam as argamassas segundo sua consistência em: seca, plástica e fluida
(FIGURA 3-7). Estas determinadas pela quantidade de pasta aglomerante ao redor dos grãos de
areia. Na argamassa seca, a pasta preenche os vazios entre os grãos, que permanecem em
contato. Na argamassa plástica uma fina película de pasta age como lubrificante na superfície
dos grãos. E finalmente na argamassa fluida os grãos estão imersos na pasta, segundo
ROSELLO (1976).
Argamassa
Seca
A pasta aglomerante somente preenche os
vazios entre os agregados, deixando-os ainda
em contato. Existe o atrito entre as partículas
que resulta em uma massa áspera.
Bolha
de ar
Argamassa
Plástica
Uma fina camada de pasta aglomerante
“molha”a superfície dos agregados, dando uma
boa adesão entre eles com uma estrutura
pseudo-sólida.
Grão de
areia
CONSISTÊNCIA
Argamassa
Fluida
As partículas de areado estão imersas no
interior da pasta aglomerante, sem coesão intera
e com tendência de depositar-se por gravidade
(segregação). Os grãos de areia ao oferecem
nenhuma resistência ao deslizamento, mas a
argamassa é tão líquida que se espalha sobre a
base, sem permitir a execução adequada do
trabalho.
Pasta
FIGURA 3-7 – Consistência das argamassas
Fonte: CARASEK, H., 2007
Os autores pesquisados concordam que a consistência de uma argamassa é influenciada
diretamente pela relação água/aglomerante; relação aglomerante areia; granulometria da areia e
natureza e qualidade do aglomerante.
A FIGURA 3-8 demonstra a influência das variações na composição e da relação
Água/cimento na consistência da argamassa.
58
B
C
DE
0,5
0,6
0,7
0,8
Composições(em volume)
Cimento: cal: areia seca
B - 1: 0,25: 3,75
C - 1: 0,5: 4,5
D - 1:1:6
E - 1:2:9
Fluidez
(Flow table)
F
a
t
o
r
á
g
u
a
-
c
m
e
n
t
o
130
120
110
FIGURA 3-8 – Variação na consistência pela influência das variações na composição de argamassas
Fonte: CINCOTTO, H. et al, 1995
Apesar de a relação aglomerante/areia permanecer constante em todos os traços, observa-se
que quanto maior o teor de cal, maior deverá ser o fator água/cimento para se atingir a fluidez
da argamassa.
Avaliar, quantificar e prescrever valores de trabalhabilidade das argamassas em laboratório não
é tarefa fácil, tendo em vista que ela depende das características intrínsecas da mistura, das
propriedades do substrato, da qualidade do aplicador e da técnica utilizada, de acordo com
CARASEK (2007). No entanto, existem vários métodos consagrados para a medida da
consistência, conforme descritos no TABELA III-10.
59
TABELA III-10– Métodos empregados para avaliar a consistência e a plasticidade das argamassas
Método Norma Esquema
Propriedade
avaliada
Parâmetro
reológico
que controla
o fenômeno
Mesa de
consistência
(Flow Table)
NBR 7215
NBR 13276
Consistência e
plasticidade
Viscosidade
Penetração do
cone
ASTM C 780
Consistência
Tensão de
escoamento
Vane teste
BS 1377 e
ASTM D 4648
(solos)
Consistência
Tensão de
escoamento
Gtec teste
-
Consistência,
plasticidade e
coesão
Tensão de
escoamento e
viscosidade
Fonte: CARASEK, H., 2007
Segundo CARASEK (1996) os estudos encontrados que relacionam consistência e
plasticidades da argamassa com a sua capacidade de aderência, geralmente utilizaram o ensaio
de Flow Table. Ainda segundo a autora, de uma forma geral, os ensaios demonstram que
quanto maior a fluidez inicial da argamassa, maiores são as chances de obtenção de altas
resistências de aderência. Entretanto, existe um ponto ótimo, a partir do qual a resistência de
aderência começa a diminuir, ficando este ponto, nas pesquisas citadas, oscilando entre 200
230mm.
60
Cabe salientar, que de acordo com os autores pesquisados, os métodos de ensaio apresentados
não definem completamente a trabalhabilidade, podendo duas argamassas de mesmo resultado
no ensaio de Flow Table, obterem resultados práticos de aplicação completamente divergentes.
A plasticidade, de acordo com CINCOTTO et al (1995), é influenciada pelo teor de ar,
natureza e teor dos aglomerantes e pela intensidade de mistura das argamassas. CINCOTTO
(2007) acrescenta como fatores que influencia a plasticidade o tipo e teor de agregados, o
tempo de mistura, a presença de aditivos e o conteúdo de finos da argamassa. A TABELA III-
11, associa o conteúdo de finos da argamassa à sua plasticidade.
TABELA III-11– Influência do teor de finos (partículas <0,075mm) da mistura seca na plasticidade das
argamassas
% mínima de finos da argamassa
Plasticidade
Sem aditivo
plastificante
Com aditivo
plastificante
Pobre (áspera,
magra)
<15 <10
Média (plástica)
15 a 25 10 a 20
Rica (gorda)
>25 >20
Fonte: LUHERTA VARGAS; MONTEVERDE COMBA,1984
De acordo com CARDOSO et al (2005), um método mais recente e completo que surge para
avaliação da trabalhabilidade das argamassas é o Squeeze Flow (FIGURA 3-9). Este método
baseia-se na medida do esforço necessário para compressão uniaxial de uma amostra cilíndrica
de argamassa entre duas placas paralelas. Este ensaio permite a variação da taxa de
cisalhamento e da magnitude das deformações, possibilitando detectar pequenas alterações nas
características reológicas dos materiais, ao contrário dos métodos tradicionais, que não
fornecem um valor medido, mas um perfil do comportamento reológico de acordo com
solicitações impostas.
61
FIGURA 3-9 – Squeeze Flow
Fonte: CARASEK, H., 2007
3.2.1.2. Retenção de água
CINCOTTO et al (1995) define retenção de água como a capacidade da argamassa fresca em
manter sua consistência ou trabalhabilidade quando sujeita a solicitações que provoquem perda
de água (evaporação, absorção pelo componente, sucção). A retenção de água torna-se mais
importante quando a argamassa é aplicada sobre superfícies com alta sucção de água ou sob
condições climáticas desfavoráveis, afirma CARASEK (2007).
Todos os autores pesquisados concordam com a afirmação que a retenção de água além de
interferir no comportamento da argamassa no estado fresco, afeta também as propriedades da
argamassa no estado endurecido. Segundo CINCOTTO et al (1995) a influência sobre as
propriedades no estado endurecido se dá na medida em que determina as condições de
hidratação do cimento e a carbonatação da cal, responsáveis pela evolução do processo de
endurecimento. A retenção de água tem influência sobre as condições de contato da argamassa
com a base e a retenção de umidade.
De acordo com CINCOTTO et al (1995) os fatores que influem na capacidade de retenção de
água da argamassa são: a área específica dos materiais constituintes e o número dos íons ativos
por unidade de superfície; a relação cal/cimento no traço; a relação agregado aglomerante.
Ainda segundo a autora, os aglomerantes, em função de sua área específica, são os principais
responsáveis pela capacidade de retenção de água da argamassa. Vários autores concordam que
as argamassas que contém cal apresentam características favoráveis de retenção de água pela
62
elevada superfície específica da cal e pela grande capacidade de adsorção de seus cristais (até
100% do seu volume).
SABBATINI (1989) conclui que para aumentar-se a capacidade de retenção de água da
argamassa, deve-se aumentar a superfície específica dos constituintes ou utilizando-se aditivos
que por suas características adsorvam a água (ex. derivados de celulose) ou impeçam a
percolação da água (aeradores) FIGURA 3-10.
FIGURA 3-10 – Variação para retenção de água para diferentes argamassas
Fonte: CARASEK, H., 2007
Segundo DAVIDSON (1961) a capacidade de retenção de água de uma argamassa varia
largamente com o potencial de sucção do substrato. O autor observou que para diferentes tipos
de argamassa a perda de água por sucção é crescente em função do IRA do substrato até
valores entre 30 g/min e 50 g/min, diminuindo para valores maiores, FIGURA 3-11.
63
IRA ( g/min)
Água perdida, % do conteúdo total
50
40
30
20
10
0
20
40
60
80
1:3 (cimento:areia)
1:1:6 (cimento:cal:areia)
1:2:9 (cimento:cal:areia)
FIGURA 3-11 – Perda de água de argamassas em função da sucção dos blocos (tempo de contato 4
minutos)
Fonte: DAVIDSON, 1961
SABBATINI afirma que a falta de boa retenção de água por parte da argamassa pode
ocasionar a absorção excessiva de água pelo substrato aumentando o potencial de retração por
secagem; a redução da resistência de aderência e mecânica devido a prejuízo causado à
hidratação do cimento e carbonatação da cal, menor capacidade de absorver deformações
devido ao maior módulo de elasticidade da argamassa endurecida, menor resistência. E como
conseqüência de todos estes fatores haverá ainda prejuízo na durabilidade e na estanqueidade
da parede.
3.2.1.3. Massa específica
A massa específica da argamassa varia com o teor de ar (principalmente quando incorporado
por meio de aditivos) e com a massa específica dos materiais constituintes, afirma CARASEK
(2007). A massa específica da argamassa endurecida é um pouco menor do que o valor no
estado fresco, devido à saída de parte da água. A TABELA III-12 apresenta uma classificação
das argamassas quanto à densidade.
64
TABELA III-12– Classificação das argamassas quanto à densidade de massa no estado fresco
Argamassa
Densidade de
massa A (g/cm
3
)
Principais
agregados
empregados
Usos/observações
Leve
< 1,40
Vermiculita, perlita,
argila expandida
Isolamento térmico
e acústico
Normal
2,30 a 1,40
Areia de rio
(quartzo) e calcário
britado
Aplicações
convencionais
Pesada
> 2,30
Barita (sulfato de
bário)
Blindagem de
radiação
Fonte: CARASEK, H., 2007
3.2.1.4. Adesão inicial
A adesão inicial é definida por CARASEK (2007) como a capacidade de união inicial da
argamassa no estado fresco a uma base. Esta propriedade está diretamente relacionada com as
características reológicas da pasta aglomerante, especificamente a sua tensão superficial.
Segundo ROSELLO (1989) a baixa tensão superficial da pasta é a responsável pela adesão
física ao substrato e aos grãos do agregado. Para CARASEK (2007) a redução da tensão
superficial favorece a “molhagem” do substrato, reduzindo o ângulo de contato entre as
superfícies e implementando a adesão. Ainda segundo a autora, esse fenônemo propicia um
maior contato físico da pasta com os grãos de agregado e também com a base, melhorando,
assim, sua adesão.
A tensão superficial da argamassa pode ser modificada pela alteração de sua composição,
sendo ela função inversa do teor de cimento. A adição de cal também diminui a tensão
superficial da argamassa. Efeitos semelhantes podem ser obtidos com aditivos incorporadores
de ar e retentores de água.
3.3. Característica e propriedades no estado endurecido
3.3.1. Aderência
De acordo com SABBATINI (1989), a resistência de aderência pode ser definida como a
capacidade que a interface substrato-argamassa possui de absorver tensões sem romper-se.
Segundo CARASEK (2007), o termo aderência descreve a resistência e extensão do contato
65
entre a argamassa e uma base, sendo, portanto incorreto falar-se de aderência de uma
argamassa sem especificar em que material ela está aplicada. Ainda segundo a autora, a
aderência é uma propriedade que depende da interação de dois materiais. Para SUGO et al.
(2001) a aderência da argamassa à base se dá por um sistema complexo que envolve o
transporte dos fluidos e dos finos da argamassa para interface argamassa/base, seguido da
hidratação dos materiais cimentícios. CINCOTTO et al (1995) corroboram com esta
afirmação anterior, dizendo que a aderência é significativamente influenciada pelas condições
da base, como a porosidade e absorção de água, resistência mecânica, textura superficial e
pelas próprias condições de aplicação. Para CARASEK (2001) a aderência deriva da
conjunção de três propriedades da interface argamassa-substrato: a resistência de aderência à
tração, a resistência de aderência ao cisalhamento e a extensão de aderência, sendo esta
correspondente à razão entre a área de contato efetivo e a área total possível de ser unida.
3.3.1.1. Mecanismos de ligação argamassa-substrato
De acordo com CARASEK (2007), a aderência da argamassa endurecida ao substrato é um
fenômeno essencialmente mecânico, causado pela penetração da pasta aglomerante nos poros
ou entre as rugosidades da superfície de aplicação. Ainda segundo a autora, parte da água de
amassamento, que contem em dissolução ou em forma coloidal os componentes do
aglomerante, penetra pelos poros e pelas cavidades do substrato, onde ocorrem os fenômenos
de precipitação dos produtos de hidratação do cimento e da cal, produzindo um efeito de
ancoragem da argamassa à base.
CARASEK (1996), através de estudos realizados com o MEV, observou que a aderência é
decorrente do intertravamento principalmente de etringita (3CaO.Al
2
O
3
.3CaSO
4
.32H
2
O –
trissulfoaluminato de cálcio hidratado: um dos produtos da hidratação do cimento) no interior
dos poros do substrato. O aumento localizado da concentração de etringita se deve ao fato de
ao se misturar o cimento Portland com a água, a gipsita utilizada como reguladora de pega do
cimento dissolve-se e libera íons sulfato e cálcio. Esses íons são os primeiros a entrar em
solução, seguidos pelos íons aluminato e cálcio provenientes da dissolução do C
3
A do
cimento. Devido ao efeito de sucção imposto pelo substrato poroso, estes íons são carreados
para o interior dos poros causando a referida ancoragem. Com a precipitação da etringita e a
dissolução mais rápida dos íons SO
2
-4
, ALO
-4
e Ca
2+
, os poros são preenchidos
prioritariamente por eles, sobrando menos espaço para precipitação de outros produtos de
66
hidratação do cimento, como o CSH, ou mesmo produtos posteriores da carbonatação da cal
como a calcita. Por isto estes últimos aparecem em menor quantidade na região da interface
FIGURA 3-12.
FIGURA 3-12 – Imagem no microscópio eletrônico de varredura obtida pela ampliação (17.000X) de um
ponto do bloco contendo pasta aglomerante, em que se pode ver a etringita, principal responsável pelo
intertravamento da argamassa ao bloco (SCARTEZINI 2002).
Fonte: CARASEK, 2007
GALLEGOS (1995), em seu trabalho sobre aderência entre argamassa e substrato de
alvenaria, identifica como causa da aderência a penetração de cristais de cimento nos poros,
sendo este fenômeno dependente da interação hídrica entre a argamassa e a alvenaria, da
temperatura, da retenção de água e da composição da argamassa e do processo construtivo. O
autor também identifica a etringita como substância presente nos poros da alvenaria formando
cristais hexagonais em forma de agulhas, com diâmetro de 0,5µm. TAHA & SHRIVE (2001)
concluem, em concordância com autores já citados, que a interface argamassa/tijolo é rica em
etringita. Já METHA (2006) afirma que com o progresso da hidratação do cimento a etringita
é usualmente convertida em monosulfoaluminato, que é mais estável que a etringita.
Entretanto, STARK &MÖSER, discordam desta afirmação. Os autores afirmam que
contrariamente aos modelos de hidratação anteriores, a etringita não se torna instável e não se
converte gradualmente em monosulfoaluminatos. Ambos são produtos finais da hidratação do
cimento. Todavia, a existência da etringita nas idades mais avançadas tem sido atribuída à
67
ausência de água (provocada pela absorção do tijolo) necessária para que o processo de
hidratação continue (LAWRENCE & CAO 1988).
Observando-se os mecanismos de ligação, pode-se concluir que quanto maior for o contato
entre a argamassa e o substrato, maior será a aderência obtida. Desta maneira, a aderência es
diretamente relacionada à trabalhabilidade da argamassa, com a energia de aplicação, além é
claro, das características e propriedades dos substratos e de fatores externos (CARASEK
2007). A autora apresenta na FIGURA 3-13, os 14 principais fatores que exercem influência
sobre a aderência.
FIGURA 3-13 – fatores que exercem influência na aderência de argamassas sobre bases porosas
Fonte: CARASEK, 2007
3.3.1.2. Influência dos materiais constituintes da argamassa
Segundo CARASEK (2007), o tipo e as características físicas do cimento podem influenciar os
resultados de aderência, sendo, que a mais significativa é a finura do cimento. De maneira
geral, quanto mais fino o cimento, maior a resistência de aderência obtida. No entanto, em
virtude de sua finura, cimentos de alta resistência inicial podem levar à retração e fissuração.
68
A cal contribui com importantes propriedades plastificantes e de retenção de água, devido sua
finura. Devido a isto, argamassas com cal preenchem mais facilmente e de maneira mais
completa toda a superfície do substrato, proporcionando maior extensão de aderência
CASASEK (2007). GALLEGOS (1995) corrobora com esta afirmação quando ressalta o fato
de que argamassas de cimento sem a presença da cal produz argamassa pouco trabalháveis que
geram contato tentacular – forte, porém incompleto na interface e se retrai ao avançar em seu
processo de hidratação.
A cal proporciona ainda maior durabilidade da aderência devido a sua capacidade de evitar
fissuras e preencher vazios pela reação de carbonatação que se processa ao longo do tempo
(reconstituição autógena).
De acordo com CARASEK (2007), a capacidade de “molhar” a superfície e preencher o
substrato proporcionado pela adição da cal à argamassa, leva ao nível microscópico a uma
interface mais densa, contínua e com menor incidência de microfissuras do que obteria com
uma argamassa somente a base de cimento. Sendo assim, a autora faz a afirmação de que as
argamassas “ideais” são aquelas que reúnem as qualidades do cimento e da cal, FIGURA 3-14.
Os vazios na interface provocam concentração de esforços e diminuem a área que necessita ser
danificada para provocar o descolamento.
FIGURA 3-14 – Fotografias obtidas na lupa estereoscópica com ampliação de 20 vezes: (a) argamassa 1:3
(cimento e areia, em volume) aplicada cobre bloco cerâmico; (b) argamassa 1:1/4:3 (cimento, cal e areia,
em volume) aplicada sobre o mesmo tipo de bloco cerâmico empregado em (a).
Fonte: CARASEK, H., 1996
Segundo JOHN (2003), a influência da adição da cal na aderência dos revestimentos é um
assunto complexo, uma vez que depende das propriedades da base, como absorção e
69
rugosidade, das propriedades da argamassa e das condições de adensamento durante sua
projeção, sendo que o grau de adensamento é resultado da combinação entre a reologia da
pasta, a energia de lançamento e a área de contato entre a argamassa e a base.
Os agregados também influenciam na capacidade de aderência. De acordo com CARASEK
(2007), a aderência depende dos teores e características da areia empregada empregadas na
produção da argamassa. De uma maneira geral, à medida que se aumenta o teor de areia, há
uma redução na resistência de aderência e um aumento na durabilidade da aderência pela
redução da retração.
Areias muito grossas não produzem argamassas com boa capacidade de aderir, pois prejudicam
sua trabalhabilidade, reduzindo consequentemente a extensão de aderência. Entretanto,
garantindo a trabalhabilidade da argamassa, quanto maior o módulo de finura das areias, maior
será a resistência de aderência obtida. É importante também que a areia possua uma
granulometria contínua, CARASEK (2007).
Segundo CARASEK (2007), areias com altos teores de finos (partículas inferiores a 0,075µm)
podem prejudicar a aderência tomando o lugar dos produtos de hidratação do cimento ou
produzindo argamassas com poros muito finos que dificultem a absorção da pasta de
aglomerante pelo substrato, uma vez que o fluxo hidráulico se dá sempre no sentido dos poros
maiores para os menores.
As características e propriedades do substrato também são decisivas no resultado de aderência.
Segundo GALLEGOS (1995), a sucção, a quantidade de poros capilares e a estrutura dos
mesmos (forma, textura e distribuição dos poros) e a textura da superfície da face de
assentamento são as características do tijolo associados ao seu potencial de aderência com a
argamassa. A sucção é avaliada através do ensaio IRA (ASTM C-67, 1997), que expressa a
avidez de água dos poros capilares da face de assentamento nos primeiros momentos do seu
contato com a água. Em tijolos cerâmicos pode variar de 10 a 160 gramas. A quantidade de
poros capilares são somente os poros que tem contato com a superfície e possuem raio médio
superior a 0,1µm, podendo assim absorver água. Em tijolos cerâmicos variam entre 8 e 9%
podendo alcançar 30%. A estrutura de poros em tijolos cerâmicos podem ser assimilados a
condutos cilíndricos de textura suave, enquanto os poros de blocos de concreto se assemelham
mais a uma sucessão de esferas secantes e são de textura rugosa.
70
DETRICHÉ et al (1985) propõem um modelo no qual o fluxo de água entre a argamassa e o
substrato é encarado como a interação de dois sistemas de poros. Neste modelo, enquanto os
raios médios dos capilares da argamassa forem superiores aos capilares do substrato, o
movimento de água se efetua no sentido argamassa substrato. Com a evolução da hidratação da
argamassa, os raios dos capilares diminuem. Quando os capilares da argamassa se tornam
menores do que os do substrato, o fluxo de água muda de direção. Segundo WINSLOW & LIU
(1990), os poros do substrato com diâmetros superiores a 5µm são inoperantes, pois não têm
força capilar suficiente para vencer os poros da argamassa. De acordo com CARASEK (2001),
o raio médio dos poros da argamassa pode ser modificado através da proporção aglomerante/
agregado.
Para GROOT (1997) e LANGE at al. (1999), enquanto as características da absorção
superficiais definem a taxa e o volume de água retirada da argamassa para a unidade de
alvenaria, a qualidade da argamassa define a quantidade de água disponível na interface e a
resistência dos produtos de hidratação do cimento, depositados nos poros superficiais do tijolo.
A interação da absorção superficial do tijolo e da qualidade da argamassa determina a
eficiência de dois processos que controlam o desenvolvimento da aderência na interface.
MCGINLEY (2001) e TAHA et al. (2001) afirmam que o equilíbrio entre água requerida e a
água disponível na interface argamassa/unidade de alvenaria contribui para o desenvolvimento
da aderência na interface.
SUGO et al. (2001) apresentam FIGURA 3-15 que ilustra os diferentes processos que ocorrem
durante o desenvolvimento do sistema de aderência mecânico de uma argamassa à base.
TAHA & SHRIVE (2001) descrevem um outro mecanismo de aderência da argamassa ao
tijolo: a aderência química, onde a resistência de aderência é fornecida por forças covalentes ou
forças de Van der Waals desenvolvidas entre o tijolo e os produtos de hidratação do cimento.
KAMPF (2001) demonstrou que a resistência de aderência propiciada pelo sistema químico é
cerca de 1/10 da resistência de aderência total. Entretanto o sistema de aderência químico pode
ser melhorado substancialmente através da introdução de aditivos adesivos (CARVALHO JR.,
2005).
71
FIGURA 3-15 – Processos ocorridos durante o desenvolvimento do sistema de aderência mecânico
Fonte: SUGO et al., 2001
Cabe aqui salientar a forte influência do fator humano do desempenho dos revestimentos
quanto à aderência. Em seus estudos GONÇALVES & BAUER (2005) observaram que a
resistência de aderência varia com a altura de aplicação, demonstrando que a ergonomia do
operário influencia fortemente na aderência. A resistência mais alta foi observada próxima a
1,30m, que seria a posição em que o operário aplica a argamassa na posição ereta, permitindo
maior liberação de energia de aplicação.
3.3.1.3. Medida da resistência e aderência
No Brasil, a avaliação da resistência de aderência à tração está prevista na norma NBR 13528
(ABNT, 1995). O princípio básico está resumido na FIGURA 3-16.
SEGUNDOS - MINUTOS
Contato
Argamassa/
Alvenaria
Final do
transporte de
sólidos
Final do
transporte
úmido
Começo da
hidratação
Início da
Carbonatação
Final da
hidratação do
cimento ?
Final da
carbonatação?
MINUTOS - HORAS DIAS – MESES - ANOS
Os fluidos da
argamassa molham
a superfície do
tijolo
A água é perdida para o meio ambiente. A taxa de hidratação cai quando a
umidade relativa do ar na pasta cai abaixo de 100% e efetivamente cessa quando
esta umidade cai abaixo de 80%
Sucção capilar dos fluidos da
argamassa pela umidade de
alvenaria resulta no
transporte de sólidos para a
interface
Sucção capilar
contínua sob
condições de fluxo
não saturado ( em
sólidos)
Sucção capilar termina
quando a argamassa e a
unidade de alvenaria
têm potenciais de
sucção iguais
Se o potencial da
argamassa aumentar
suficientemente com o
tempo, a reversão do fluxo
de umidade ocorrerá
Mudança de volume: Retração plástica ocorre devido à redução do fator
água/sólidos
Mais mudanças ocorrerão devido a
hidratação e à retração na secagem
resultando em microfissuras
Depois da hidratação inicial, a continuidade da hidratação do cimento é
impedida pelo início do período de pega. Hidratação do C
3
A e
recristalização do Ca(OH)
2
podem ocorrer
O final do período de pega do cimento resulta
em crescimento dos produtos de hidratação no
substrato. Aumenta a resistência de aderência
da argamassa
aplicada sobre o tijolo
Início da carbonatação, aumento da coesão da argamassa
72
FIGURA 3-16 – Etapas da realização do ensaio de determinação da resistência de aderência à tração de
revestimentos de argamassa, segundo a NBR 13528 (ABNT, 1995)
Fonte: CARASEK, 2007
Os resultados apresentam, geralmente, alta dispersão, variando da ordem de 10% a 35%.
Segundo CARASEK (2007), isto acontece pelo fato de a resistência de aderência ser
influenciada por diversos fatores, além de a metodologia atual ser muito aberta.
De acordo com CARASEK (1996), o cálculo da média e do coeficiente de variação dos
resultados obtidos no ensaio deve ser realizado criteriosamente e, em geral, somente para os
corpos de prova que apresentem o mesmo tipo de ruptura, tendo em vista que a magnitude dos
valores de tensão obtidos é diferenciada em função do tipo de ruptura.
Quando da realização do ensaio de arrancamento, um aspecto deve ser observado: tão
importante quanto os valores de resistência de aderência obtidos é a análise do tipo de ruptura.
Segundo CARASEK (2007), a ruptura pode ser do tipo coesiva, quando ocorre no interior da
argamassa ou da base (tipos B e C, da FIGURA 3-17), os valores são menos preocupantes, ao
73
menos que sejam muito baixos. A ruptura pode ser do tipo adesiva (tipo A), ou seja, ocorre na
interface argamassa/substrato. Neste caso os valores devem ser mais elevados, pois existem
potencial maior para patologias. A ruptura do tipo D significa que a porção mais fraca é a
camada superficial do revestimento, significando, em caso de valores são baixos, que a
resistência superficial é inadequada (pulverulência). E finalmente na ruptura do tipo E houve
um defeito de colagem, devendo este ensaio ser desprezado.
CARASEK (1999) observou em seus estudos que nas primeiras idades existe uma
predominância de ruptura no interior da argamassa, próxima a região da interface, indicando
baixa coesão da argamassa nesta região. Já nas idades mais avançadas a ruptura predominante é
realmente de interface.
FIGURA 3-17 - Tipos de ruptura no ensaio de aderência à tração de revestimentos de argamassa,
considerando o revestimento aplicado diretamente ao substrato (sem chapisco)
Fonte: CARASEK,H, 2007
Cabe observar que somente no caso de ruptura do tipo A é que o valor da resistência de
aderência é igual ao valor obtido no ensaio. Quando ocorrem rupturas diferenciadas e
simultâneas no mesmo corpo de prova. Deve-se anotar o percentual aproximado da área de
cada uma delas, mediante análise da superfície de fratura (FIGURA 3-18).
74
Vista lateral
Argamassa
Substrato
Vista superior da área
do CP ensaiado
Relação de falha por coesão
C=2,5
Relação de falha por aderência
A = 7,5
Corpo-de-prova após ensaio de resistência de aderência
Falha por
aderência
Falha por
coesão
da argamassa
FIGURA 3-18 – Exemplo de determinação das relações de falha, para representação gráfica pelo método
das otimizações de quadrantes
Fonte: CARASEK, 1996
PAREEK, OHAMA & DEMURA (1995) propõem um método, denominado de otimização de
quadrantes, para representação gráfica dos tipos de ruptura possíveis nos ensaios de
determinação de resistência de aderência. O gráfico é dividido em quadrantes, sendo a divisão
vertical o ponto onde a relação entre os tipos de falha (Falha por coesão – Tipo B / falha por
aderência – Tipo A) é igual a 5, ou seja, 50% de cada tipo de falha, e a divisão horizontal é o
valor mínimo de resistência de aderência aceitável, ou seja, os valores determinados pela
norma adotada (FIGURA 3-19).
75
Falha predominantemente
por aderência
Aderencia > Coesão interna
da argamassa e/ou
Substrato
Argamassa de baixa
resistência de aderência
Argamassa ou substrato de
baixa coesão
Valor de aderência
requerido por uma
norma específica para
um determinado
método de ensaio
Relação de falha por coesão (C)
R
es
i
s
t
ê
n
c
i
a
de
A
de
n
c
i
a
Relação de falha por aderência (A)
Superior A
Superior C
Inferior A
Inferior C
10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
FIGURA 3-19 – Representação gráfica pelo método da otimização de quadrantes proposto por PAREK et
al. (1995)
Fonte: CARASEK, 1996
Caso um ponto ensaiado esteja posicionado no quadrante superior A, significa que neste caso
predominou a ruptura na interface, porem o valor obtido foi aceitável uma vez que é superior
ao prescrito pela norma. Entretanto, se o ponto estiver situado no quadrante inferior C significa
que ocorreu ruptura pela falta de coesão da argamassa, do substrato ou de ambos e este valor
está abaixo da resistência mínima determinada pela norma.
Segundo CARASEK (1996), as rupturas no ensaio de resistência de aderência geralmente
ocorrem por deficiência de aderência da argamassa ao substrato, ou por falta de coesão da
argamassa. Em ambos os casos o aumento do teor de cimento é favorável, seja pelo aumenta da
coesão interna da argamassa devida às forças de Van der Waals, seja pela maior quantidade de
cristais de etringita precipitados na interface.
3.3.2. Permeabilidade
MEHTA & MONTEIRO (2006) definem permeabilidade como a propriedade que governa a
taxa de fluxo de um fluido para o interior de um sólido poroso. Esta propriedade é
caracterizada pela passagem de água através da argamassa endurecida por meio da infiltração
76
sob pressão, capilaridade ou difusão de vapor de água. Ainda de acordo com o autor, a
permeabilidade é controlada pelo tamanho e continuidade dos poros e a grande responsável por
esta permeabilidade é a água adicionada, pois o seu teor determina o espaço total e, após, o
espaço vazio, depois que a água for consumida pelas reações de hidratação ou evaporada para o
ambiente. Segundo CINCOTTO et al. (1995), influenciam grandemente a permeabilidade, a
granulometria do agregado, a natureza e o teor de aglomerante, além das características do
substrato. Ainda segundo os autores, de modo geral, as argamassas de cimento são menos
permeáveis, diminuindo com o aumento do teor de cimento. A permeabilidade reduz também,
à medida que evolui o endurecimento da argamassa e é diretamente proporcional à relação
água/aglomerante e inversamente proporcional à resistência da pasta aglomerante. De acordo
com MEHTA & MONTEIRO (2006) com o progresso da hidratação, a porosidade diminui e
junto com ela a permeabilidade e quando a relação água/cimento é alta e o grau de hidratação é
baixo, a pasta de cimento terá alta porosidade capilar; ela conterá um número relativamente
elevado de poros grandes e bem conectados e portanto um coeficiente de permeabilidade alto.
NEVILLE (1997) confirma as afirmações acima quando afirma que a permeabilidade da pasta
de cimento é controlada pela porosidade capilar e varia com a evolução da hidratação, sendo
que no estado plástico o escoamento de água e controlado pelo tamanho, forma e concentração
das partículas de cimento, enquanto que na pasta endurecida depende do tamanho, forma e
concentração das partículas de gel e da descontinuidade ou não dos capilares. O autor afirma
ainda que a pasta de cimento tem permeabilidade tanto menor quanto maior é o teor de cimento
e que cimentos mais grossos tendem a produzir pastas hidratadas com porosidade maior do que
as produzidas por cimentos mais finos.
Segundo MOSQUERA et al. (2003) a adição de cal em argamassas de cimento aumenta
significativamente a porosidade total, além de levar ao aparecimento de poros maiores.
3.3.3. Resistência mecânica
A resistência mecânica das argamassas depende da estrutura física dos produtos resultantes da
hidratação do cimento e da carbonatação da cal, e diz respeito à capacidade destas a resistirem
às tensões de tração, compressão, cisalhamento ou abrasão que estes revestimentos possam
estar submetidos. Segundo CARVALHO JR. (2005), a resistência mecânica é influenciada
basicamente pela natureza dos aglomerantes, natureza dos agregados, proporção
aglomerante/agregado, relação água/cimento e técnica de execução. Os esforços que geram
77
essas tensões provêm de cargas estáticas ou dinâmicas provocadas pelo tipo de uso da
edificação, de efeitos climáticos e das condições de exposição.
A resistência à compressão está presente na argamassa a partir do seu endurecimento. Em
seus estudos, AGUILAR et al. (2004) sugerem para argamassas de boa qualidade uma
resistência a compressão superior a 2,5MPa para argamassas mistas e 10 MPa para
argamassas de cimento e areia. Segundo CARASEK (1996), diversos autores afirmam que
existe uma dependência entre a resistência a compressão e a resistência de aderência da
argamassa. Nos resultados obtidos por CARVALHO JR. et al. (1995) é verificada a existência
de uma relação direta entre as duas resistências, ou seja, ao se variar as proporções
aglomerante/agregado, houve uma variação no mesmo sentido as resistências à compressão e
de aderência. No entanto ISBERNER (1964) e HAN & KISHITANI (1984) encontraram uma
relação inversa entre as duas propriedades, ou seja, ao se aumentar a resistência de
compressão diminuía a resistência de aderência. Estes resultados, aparentemente
contraditórios, são explicados pelo fato de que nestes últimos experimentos as proporções dos
traços foram mantidas e variou-se apenas a relação água/aglomerante. Desta forma, os autores
obtiveram melhores resultado de aderências com as argamassas mais fluídas e, portanto
menores resistências à compressão.
De acordo com CINCOTTO et al. (1995) o proporcionamento dos materiais constituintes da
argamassa tem influência sobre a resistência mecânica. Ensaios demonstram que as
resistências à tração e à compressão aumentam com a adição de pequenos volumes, no
entanto, volumes maiores ocasionam decréscimos significativos nas resistências. Ainda
segundo os autores, o aumento do volume de cal provoca um decréscimo significativo do
módulo de elasticidade.
Segundo AGUILAR et al. (2004), a resistência mecânica à tração de materiais frágeis está
relacionada à presença e propagação de microtrincas. Dessa forma, é possível que se tenha
argamassas com o mesmo módulo de elasticidade e com diferentes resistências mecânicas. A
argamassa mais adequada para uso é aquela que se deforma mais e que suporta maiores
tensões de tração. As argamassas podem ser classificadas segundo sua resistência a flexo-
tração e módulo de elasticidade dinâmico:
- argamassas de baixa fissuração σ
f
/ E
d
0,04%
- argamassas de alta fissuração σ
f
/ E
d
0,03%
78
A resistência ao desgaste superficial ou à abrasão é influenciada pelo teor de aglomerante,
pela granulometria da areia e sua natureza.
Outras solicitações a que estão expostas as argamassas são as movimentações térmicas e
higroscópicas, tanto do próprio revestimento, como do substrato. A higroscopia pode ocorrer
por meio de difusão, por capilaridade ou por forças externas e pode ocorrer entre as várias
camadas (reboco, emboço, chapisco, substrato) gerando tensões cisalhantes nas interfaces . As
movimentações térmicas ocorrem devido às oscilações de temperatura e causam variações
dimensionais, cuja magnitude e amplitude dependem do coeficiente de dilatação térmica da
argamassa, da umidade relativa do ambiente e da aderência à base (CINCOTTO, 1995).
3.3.4. Elasticidade ou capacidade de deformação
O módulo de elasticidade foi inicialmente concebido pelo matemático inglês Robert Hooke
(1635-1703) e é baseado no comportamento linear das deformações sob carregamento nos
materiais. Como para o concreto a falta de linearidade começa já em pequenas tensões e o
termo elasticidade pressupõe que cessada a solicitação, a deformação desaparece em qualquer
nível de carregamento, atualmente tem se preferido utilizar a expressão “módulo de
deformação”. Segundo AGUILAR et al. (2004) o módulo de deformação é uma aproximação
razoável do módulo de Young para materiais que obedecem a lei de Hooke, desde que se tenha
uma velocidade de deformação controlada, uma máquina rígida e corpos de prova sem defeitos.
Os esforços mais importantes sofridos pela argamassa após a aplicação, no que diz respeito à
sua aderência é a tensão de cisalhamento causada pelos esforços cíclicos causados pela
molhagem e secagem das mesmas, somado a isto os esforços oriundos da fluência, e retração
da estrutura, retração por secagem e carbonatação da argamassa. Estes esforços cíclicos
provocam danos progressivos – microfissuras – na argamassa, na base e principalmente na
interface entre ambas. A magnitude das tensões de cisalhamento na interface serão maiores,
quanto maior for o módulo de elasticidade da argamassa, desta forma, a argamassa de
revestimento ideal tem módulo de elasticidade muito baixo. Argamassas com maior resistência
inicial de aderência podem ter vida útil inferior à outra de menor aderência inicial (JOHN,
2003).
79
De acordo com CINCOTO et al. (1995) a elasticidade é a capacidade da argamassa em
deformar-se sem que ocorra ruptura, retornando às suas dimensões iniciais quando as
solicitações que lhe são impostas são interrompidas. BASTOS (2003) define módulo de
deformação como a relação entre a tensão existente em um corpo e a deformação produzida por
esta tensão, ou seja, representa a capacidade que um determinado corpo tem de deformar-se,
sem se romper, sob um determinado nível de tensões. AGUILAR et al. (2004) afirmam que a
capacidade de deformação está relacionada com a energia das ligações atômicas e com o fator
de empacotamento do arranjo atômico.
Um baixo módulo de deformação significa, para um dado valor de tensão, que a argamassa um
valor de deformação alto. Em seus estudos, AGUILAR et al. (2004) sugerem para argamassas
de boa qualidade um quociente resistência à tração por flexão/módulo de elasticidade dinâmico
igual ou inferior a 0,04%. GOMES (1995) sugerem módulo de deformação de argamassas
inferiores a 10GPa, e igual ou inferior ao módulo de suporte. Estes valores indicam apenas que
as argamassas se deformam quando sujeitas a pequenas cargas, e que para uma mesma
deformação elástica o suporte estará sujeito a uma carga maior do que a argamassa. Segundo
AGUILAR et. al. (2004), qualificar a argamassa pelo módulo de elasticidade parece não ser
adequado. Para os autores, o que se deseja é que a argamassa não atinja a deformação de
fratura quando submetida à deformação, sendo assim sugerem a determinação da deformação
de fratura devida à tensões de tração.
Segundo CINCOTTO et al. (1995) o módulo de deformação determina a ocorrência de fissuras
no revestimento e influi decisivamente sobre o grau de aderência da argamassa à base, sobre a
estanqueidade da superfície e sua durabilidade. De acordo com BASTOS (2003), avalia-se o
risco de fissuração do revestimento avaliando conjuntamente a retração, a resistência à tração e
o módulo de deformação, sabendo-se que as tensões de tração mais importantes surgem na
argamassa aplicada sobre uma base porosa, onde a retração é restringida pela aderência. Para
CARVALHO JR. (2005), o grau de fissuração é função do teor e natureza dos aglomerantes,
teor e natureza dos agregados, capacidade de absorção da base, condições ambientais e técnicas
de execução. Segundo CINCOTTO et al. (1995) as fissuras são decorrentes da elasticidade e
resistência à tração inadequada frente às tensões de tração resultantes da retração de secagem,
retração térmica ou ações externas ao revestimento. De acordo com CARVALHO JR. (2005),
observa-se que em argamassas fracas, as ligações internas são menos resistentes e as tensões
80
podem ser dissipadas na forma de micro-fissuras nas interfaces microscópicas entre o grão de
agregado e a pasta aglomerante. No entanto, em argamassas fortes, as tensões vão se
acumulando e a ruptura ocorre na forma de fissuras macroscópicas. Ainda segundo o autor, a
fissuração deve sempre ser evitada, pois a capacidade de aderência pode ficar comprometida ao
redor da região fissurada. BASTOS (2003) afirma que a microfissuração atua de forma
favorável ao desempenho mecânico do revestimento, uma vez que aumenta a capacidade de
deformação da argamassa nas primeiras idades (módulo de deformação mais baixo), relaxando
as tensões de tração existentes. Segundo TAMIN (1986) o revestimento ideal deve adquirir
uma resistência inicial que seja suficiente para se opor ao desenvolvimento exagerado de
microfissuras nas primeiras idades, mas é preciso que esta resistência não seja muito elevada,
para que as microfissuras possam ser criadas e promover a relaxação das tensões devidas à
retração. Segundo CONCOTTO (1995), a adequação da elasticidade e resistência à tração não
significa a total inexistência de fissuras, mas sim a ocorrência de fissuras microscópicas e com
pequeno distanciamento entre si, me forma a não propagarem por efeito térmico e
higroscópico, não sendo assim prejudiciais à estanqueidade e à durabilidade do revestimento.
De acordo com FIGUEIREDO (2007), o conhecimento dos fatores que afetam o módulo de
elasticidade das argamassas não está consolidado no meio técnico, tanto no que diz respeito à
interferência de fatores intrínsecos (composição, porosidade, etc.), quanto extrínsecos
(temperatura, movimentação do substrato, etc.) à argamassa. Da mesma forma não existe um
consenso quanto qual metodologia de ensaio é mais adequada para determinação desta
propriedade.
Existe uma grande variedade de métodos, parâmetros de ensaio, normas e formatos de corpos-
de-prova adotados nas pesquisas sobre o tema, o que leva a impossibilidade de comparação
entre os resultados e do claro entendimento de seu real significado. Segundo FIGUEIREDO
(2007), esta grande variedade cria uma dificuldade no meio técnico em avaliar
comparativamente as argamassas e até mesmo de realizar pesquisas que estabeleçam
parâmetros para a argamassa. Existe ainda, certa distância entre os valores de propriedades
medidas em corpos-de-prova isolados, e os valores no revestimento aplicado sobre uma base
porosa (BASTOS, 2003). Ainda segundo o autor, os principais parâmetros em que se baseiam
os métodos de ensaio são o tipo de ação física a ser aplicada sobre o corpo-de-prova, a
velocidade do carregamento e a forma de se medir as deformações. Os tipos de ação podem ser
estáticos ou dinâmicos. Entre os de carregamento estático, os mais comuns são os de
81
compressão, tração e flexão. Entre as consideradas dinâmicas estão à emissão de pulso ultra-
sônicos e a produção de ondas vibratória (freqüência ressonante).
No módulo de deformação estático refere-se ao ensaio com aplicação de carga crescente
contínua, enquanto que no módulo de deformação dinâmico, é determinado por meio de
vibrações aplicadas a corpos-de-prova com tensões de pequena intensidade (ANDRADE et al.,
2006).
3.3.4.1. Módulo de deformação estático
Os ensaios de módulo de deformação estático apresentam certas dificuldades executivas a
serem contornadas durante a sua realização. Trata-se da forma como efetuar a medidas das
deformações ocorridas sob carregamento. Normalmente utiliza-se strain gages (dispositivo
elétricos para medição da deformação), apesar de possuir limitações quanto ao preparo da
superfície (polimento) para sua colagem, uma vez que a superfície da argamassa pode ser
apresentar friável. Segundo FIGUEIREDO (2007) mesmo em casos em que a argamassa se
deforme bastante, as deformações são muito pequenas (10
-6
) e a realização de medidas precisas
demanda uma série de cuidados, que torna o ensaio caro e difícil de ser executado com
confiabilidade.
a) módulo à compressão – A compressão não é o tipo de esforço a que uma argamassa de
revestimento está usualmente submetida. Entretanto, boa parte dos resultados de ensaios de
módulo de deformação em trabalhos publicados no Brasil, se refere aos ensaios de compressão.
Segundo JOHN (2007), isto se deve ao fato de até o momento não existirem normas brasileiras
para avaliação desta propriedade, sendo assim os ensaios de módulo de deformação das
argamassas tem sido realizados baseados na normalização de concreto segundo a NBR 8522
(ABNT, 2003) – Determinação do módulo de deformação estático e digrama de
tensão/deformação. Nesta norma é traçado a curva tensão/deformação à partir da leitura de
deformações para carregamentos sucessivos. No entanto, este ensaio exige grande controle
tecnológico, pois as deformações medidas são da ordem de micrometros. A vantagem deste
método é que se obtém a curva de comportamento do material.
82
b) Módulo à tração - Sendo o desempenho da argamassa à tração muito importante frente aos
esforços a que está submetida, é interessante o conhecimento da resistência a tração direta e de
seu módulo de deformação à tração. Neste ensaio aplica-se um esforço de tração longitudinal e
mede-se ao mesmo tempo, a deformação ocasionada pela tensão aplicada, na mesma direção,
utilizando-se extensômetros elétricos colados à argamassa (strain gages). As dificuldades mais
comuns neste tipo de ensaio são: a forma de prender as extremidades do corpo-de-prova de
maneira eficaz, permitindo a ruptura em uma posição válida, e a colagem do extensômetro em
sua superfície. Segundo BASTOS (2003), alguns autores a partir da coMParação entre o
módulo de deformação à compressão e à tração de diferentes tipos de argamassas concluíram
que as curvas dos resultados se sobrepunham (FIGURA 3-20).
Módulo estático à tração
Módulo estático à compressão
Dias
10
0
6
0
0
0
M
ó
d
u
l
o
d
e
d
e
f
o
r
m
a
ç
ã
o
(
M
p
a
)
FIGURA 3-20 – Aspecto de curvas de módulo de deformação estático à tração e à compressão de
argamassas (TAMIN, 1986)
Fonte: BASTOS, 2003
c) Modulo na Flexão – Este ensaio é de realização mais simples em laboratório do que o de
tração direta. A deformação pode ser medida de duas maneiras: Medindo a flexa (em mm) no
meio do corpo de prova ou medindo diretamente a deformação (mm/mm) na sua face
tracionada por meio de strain gages.
83
3.3.4.2. Módulo de deformação dinâmico
Segundo AGUILAR (2002), o princípio da determinação do módulo de deformação dinâmico
baseia-se na existência de uma relação matemática entre a velocidade do som, através do
material e a freqüência de ressonância, e o módulo de deformação do material. Ainda segundo
o autor, estas relações dizem respeito a um meio sólido, considerado homogêneo, isotrópico e
perfeitamente elástico, podendo, no entanto, ser aplicadas a materiais menos homogêneos,
como argamassas, desde que as dimensões do corpo-de-prova sejam suficientemente grandes
para minimizar os efeitos da heterogeneidade do material. De acordo com MEHTA &
MONTEIRO (1994); NEVILLE (1997), o módulo dinâmico corresponde a uma deformação
instantânea muito pequena e é considerado igual ao módulo tangente inicial determinado no
ensaio estático sendo, portanto, bem maior do que o módulo secante determinado por
carregamento de corpo-de-prova.
Estudos realizados por JOHN (2007) comparando os métodos de freqüência ressonante e
velocidade ultrasônica revelaram que existe uma correlação entre as duas metodologias de
ensaio para determinação do módulo de deformação e que o formato do corpo-de-prova
influência nos resultados dos ensaio, podendo no entanto, esta diferença ter sido oriunda pela
diferença de densidade de massa aparente causado pelos diferentes formatos e diferentes
condições de adensamento.
a) Velocidade ultrasônica – Os ensaios de ultra sonografia podem ser utilizados tanto em
corpos de prova isolados como em argamassas aplicadas e aderidas a um substrato poroso.
A norma que prescreve o método é a NBR 8802/04 – Concreto endurecido – determinação
da velocidade de propagação de onda ultra-sônica (ABNT, 1994). Entretanto, esta norma
não menciona o cálculo do módulo de deformação. A Norma Britânica BS 1881: Part203
:1986 – Recommendations for mensurement of velocity of ultrasonic pulses in concrete
(BSI, 1986) apresenta a relação entre o módulo de deformação dinâmico do concreto e a
velocidade dos pulsos ultra-sônicos. Este ensaio é feito colocando-se um transdutor-
emissor em contato direto com a argamassa, que transforma o pulso elétrico em onda de
choque que atravessa o corpo-de-prova até o receptor que o transforma novamente em
pulso elétrico. O aparelho mede o tempo, em µs (microsegundos), que a onda leva para
atravessar o corpo-de-prova. O cálculo do módulo de elasticidade através da relação
84
apresentada pela norma BS 1881: Part 203 depende do conhecimento do coeficiente de
Poisson do material ensaiado.
E
d
= ρV
2
(1+n)(1-2n)/(1-n),
Onde:
E
d –
módulo de deformação dinâmico (MPa)
V – velocidade de pulso (km/s)
v – Coeficiente de Poisson
ρ – densidade do corpo-de-prova (kg/m
3
)
b) Freqüência ressonante – A norma que prescreve a obtenção do módulo de deformação
dinâmico através da freqüência ressonante é a BS 1881: Part 209:1990 – Testing concrete –
Recommendations for the measurement of dynamic modulus of elasticity (BSI, 1990).
Neste ensaio, fazendo-se variar a freqüência com que as ondas vibratórias atravessam
longitudinalmente um corpo-de-prova prismático, encontra-se sua freqüência fundamental
de viração longitudinal. Sendo que esta freqüência depende do módulo de elasticidade do
material, sua densidade e seu comprimento.
Analisando todos os métodos de ensaios do módulo de deformação apresentados, BASTOS
(2003) conclui que os métodos de determinação dinâmicos apresentam algumas vantagens em
relação aos métodos de ensaios estáticos. Estas vantagens se devem ao fato de serem não
destrutivos e serem de simples realização, permitindo que um experimento seja desenvolvido
em um mesmo corpo de prova em diferentes idades.
GOMES (1995) apresenta em sua tese de doutorado, uma correlação entre o módulo de
elasticidade dinâmico e a resistência a tração na flexão das argamassas, apontando para a
propensão a fissuração das mesmas em função de valores obtidos (TABELA III-13).
85
TABELA III-13 – Potencial de fissuração das argamassas (CSTB, 1982)
Propriedade
Baixa
Fissurabilidade
Média
Fissurabilidade
Alta
Fissurabilidade
E
d
Módulo de
elasticidade
dinâmico
(Mpa)
E
d
7000 7000E
d
12000 E
d
12000
l/l
Retração
(mm/m)
l/l < 0,7 0,7 l/l 1,2 l/l > 1,2
E
d
/f
t
Correlação entre
Módulo de
elasticidade
dinâmico e tração
na flexão
E
d
/ft 2500
2500 E
d
/ft
3500
E
d
/ft> 3500
Fonte: GOMES,1995
3.3.5. Retração
Segundo CARASEK (2007) a retração é resultado de um mecanismo complexo, associado com
variação de volume da pasta de aglomerante. CINCOTTO et al. (1995) afirma que a retração
tem papel fundamental no desempenho do revestimento quanto à estanqueidade e durabilidade.
Principalmente as pastas com alta relação água/aglomerante, retraem ao perder a água em
excesso. Parte da retração é devido às reações químicas de hidratação do cimento, parte é
devido a perda de água para o substrato, mas a parcela principal é devido à secagem. Segundo
CARASEK (2007) a retração começa no estado fresco e continua após o endurecimento da
argamassa. Ainda segundo a autora, se a secagem é lenta a argamassa tem tempo suficiente
para atingir a resistência a tração necessária para suportar as tensões internas que surgem. Mas
sob condições adversas de clima que acelerem a evaporação, a perda de água gera fissuras de
retração, semelhantemente à argamassa aplicada sob substrato muito absorvente. Estas fissuras
são mapeadas (aproximadamente poliédricas), formando ângulos aproximados de 90 graus.
Quanto maior a espessura do revestimento maior a retração esperada.
CINCOTTO et al. (1995), fazendo analogia ao comportamento do concreto, afirma que a perda
de água ocasiona movimentações reversíveis e irreversíveis, sendo que a primeira está
associada à perda de água para o substrato e a segunda associada ao processo de secagem.
Ainda segunda a autora a carbonatação dos hidróxidos de cálcio e magnésio também provoca
86
retração, porem sem efeito físico. De acordo com CARASEK (2007), a tensão de tração na
argamassa oriunda da retração é função direta do seu módulo de elasticidade. Desta forma,
argamassas muito ricas em cimento sofrem notável influência da retração, estando mais sujeitas
às tesões de tração que causarão fissuras.
Segundo CINCOTTO et al. (1995), nas primeiras horas após a aplicação a retração é regulada
pela retenção de água da argamassa, daí a importância de se considerar a adição de cal como
fator inibidor da retração. Ainda segundo os autores, o proporcionamento adequado
cimento:cal:areia pode diminuir o potencial de retração da argamassa (TABELA III-14).
TABELA III-14– Retração de algumas argamassas e uma pasta, aos 7 e 28 dias (adaptado de FIORITTO,
1994)
Retração aos 7 dias
Material
Relação
a/agl
Retração
aos 28 dias
(%)
% aos 28
dias
1:0:3
0,47 0,607 0,396 65%
1:0:5
0,64 0,649 0,379 58%
Argamassa
cimento:cal:areia
(volume)
1:3:12
0,88 0,642 0,489 76%
Pasta de cimento
0,30 1,416 1,018 72%
Fonte: CARASEK, 2007
Em seus estudos, AGUILAR et al. (2004) sugerem para argamassas de boa qualidade uma
retração igual ou inferior a 0,07mm/m. De acordo com CINCOTTO et al. (1995) dentre os
outros fatores que tem influência sobre a retração, o papel mais importante cabe ao agregado.
Este componente atua como o esqueleto indeformável da argamassa, evitando parte das
variações. Segundo CARASEK (2007), a granulometria da areia determina o volume de vazios
a ser preenchido pela pasta aglomerante. Quanto maior o volume de vazios, maior o potencial
de retração da argamassa (FIGURA 3-21).
87
Contínua
Descontínua
Uniforme
Vv
1
Vv
2
Vv
3
V
olume de vazios: Vv , Vv < Vv
12 3
Retração: contínua < descontínua< uniforme
FIGURA 3-21 – Classificação das areias quanto à distribuição granulométrica e sua influência na retração
plástica
Fonte: CARASEK, 2007, p. 885
3.4. Microestrutura
Atualmente, o desenvolvimento das argamassas está relacionado ao estudo de sua
microestrutura. Este estudo permite uma melhor caracterização de seus constituintes, e da
interação destes com as interfaces e a forma de distribuição pela argamassa. Busca-se
identificar os mecanismos responsáveis pela aderência, resistência mecânica, capacidade de
deformação e durabilidade, afim de melhorar seu desempenho nas edificações.
3.4.1. Microestrutura dos compostos cimentícios
De acordo com PAULON (2005), o cimento Portland, quando,hidratado sob condições
normais, permite o desenvolvimento de diversas formas morfológicas de gel de silicato de
cálcio hidratado (abreviado com CSH), de hidróxido de cálcio (abreviado com CH), de
trissulfoaluminato de cálcio hidratado (denominado de etringita), de monosulfoaluminato de
cálcio hidratado, sendo que, geralmente, o CSH constitui a maior porção do sistema. Em seus
estudos com ESEM (environmental scanning electron microscope), STARK et al. (2001)
encontraram grande heterogeneidade na microestrutura de hidratação da pasta de cimento.
Segundo os autores, a formação da microestrutura é muito dependente da composição do
clínquer, da finura de moagem e do processo de transporte na microestrutura de hidratação do
cimento hidratado.
88
Segue descrição detalhada das principais fases presentes na microestrutura das pastas de
cimento:
Hidróxido de cálcio (Ca(OH)
2
): também chamado de portlandita. A estrutura contém
octaedros Ca(OH)
6
ligados, com os grupos OH ao constitui ponte de hidrogênio.A
morfologia dos cristais muda durante o curso da hidratação (SILVA, 1998). Nas
primeiras idades, aparece como placas hexagonais finas, muitas vezes com dezenas
de micrometros de espessura. Posteriormente os cristais crescem massivamente,
perdendo seu contorno hexagonal e invadem e envolvem outras regiões e
constituintes. Segundo MEHTA & MONTEIRO (2006), ao contrário do CSH, o
Hidróxido de cálcio tem sua estequeometria definida. Ele tende a formar cristais
grandes, sob a forma de prismas hexagonais distintos, sendo que a morfologia dos
cristais varia bastante, apresentando desde pilha de placas bem definidas até formas
não definidas. A morfologia é definida pelo espaço disponível. Ainda segundo o
autor, comparado ao CSH, a contribuição do hidróxido de cálcio para a resistência
devido as força de van der Walls é limitado, conseqüência de uma área específica
consideravelmente menor.
Esta fase representa de 20 a 25% do volume de sólidos em uma pasta completamente
hidratada (MEHTA & MONTEIRO, 2006).
FIGURA 3-22 – Fotomicrografia de morfologia típica de portlandita. Imagem obtida com
eletrons retroespalhados
Fonte: O autor
a) Etringita (3CaO.Al
2
O
3
.3CaSO
4
.32H
2
O): Possui estrutura em colunas de
Ca
3
Al(OH)
6
.12H
2
O dispostas paralelamente ao eixo das agulhas, com íons de sulfato e
moléculas de água. Outros compostos com estruturas semelhantes são agrupados sob o
89
termo de AF
t
(SILVA, 1998). Segundo SILVA (1998), a etringita apresenta aspectos
morfológicos de bastões estreitos, relativamente longos (4–5µm) com lados
completamente paralelos e sem ramificações. Os bastões de etringita podem se
apresentar ocos ou maciços. CARVALHO JR. (2005) define a morfologia
característica da etringita como agregados radiais de fitas euédricas. DUPIN et al.
(1988) observaram que cristais de etringita com aproximadamente 0,05 µ, e que
algumas vezes, esses cristais podem estar agrupados formando cristais aparentes de
0,2 ou 0,3 µm de diâmetro, podendo chegar a até 0,8µm. Segundo STARK et al.
(2001), O crescimento longitudinal da etringita pode possivelmente ser atribuído à
liberação do sulfato e penetração do íon aluminato.
Esta fase representa de 20 a 25% do volume de sólidos em uma pasta completamente
hidratada (MEHTA & MONTEIRO & MONTEIRO, 2006).
FIGURA 3-23 – Fotomicrografia da morfologia da etringita. Imagem gerada com elétrons
retroespalhadosFonte: FREITAS, 2007
b) Silicato de cálcio hidratado (CSH): Segundo SILVA (1998), a pasta de cimento
apresenta algumas fases quase amorfas, sendo que CSH representa entre 60 e 70% do
peso da pasta endurecida. Esta característica, aliada ao fato do CSH não apresentar
composição estequiométrica fixa, torna sua caracterização no nível atômico muito
difícil. A relação CaO/SiO
2
(C/S) varia muito na literatura, podendo variar de 0,8 a
3,0. SILVA (1998) afirma que o arranjo atômico do CSH gel é ainda uma questão
90
aberta e que o CSH é encontrado em diversas morfologias diferentes, difíceis de serem
identificados e classificados.
Segundo MEHTA & MONTEIRO (2006), A relação C/S do CSH varia entre 1,5 e 2,0
e sua morfologia varia de fitas pouco cristalinas a um reticulado cristalino.
Esta fase representa de 50 a 60% do volume de sólidos em uma pasta completamente
hidratada (MEHTA & MONTEIRO, 2006).
91
*
*
*
*
*
*
*
*
*
0,001 m 0,01 m 0,1 m 1 m 10 m 100 µm 1mm 10 mm µµ µµ µ
Máx. Espaço
interno de ar
para durabilidade
para ação de
congelamento
**
*
Espaço
interpartícula
entre as Lâminas
de C-S-H
C ris ta is H exa go na is d e
C a(OH )2 o u ou ba ixo
su lfa to na p as ta de ci me nto
Agregação de
partículas
de C-S-H
Espaços capilares
FIGURA 3-24 – Dimensão de sólidos e poros na hidratação da pasta de cimento
Fonte: MEHTA & MONTEIRO & MONTEIRO , 2006
92
Existem várias classificações para as morfologias de CSH. De acordo com STARK &
MÖSER (2001) as várias teorias existentes sobre a morfologia e estrutura das fases de
CSH surgem de diferentes métodos de investigação. A mais aceita entre os autores
consultados é a de DIAMOND (1976). O autor classifica a fase CSH em 4 tipos
morfológicos:
Gel CSH tipo I – Encontrado principalmente nas primeiras idades e formado por fibras
(partículas aciculares, cristais tubulares), com dimensões típicas de 0,5 a 2 µm de
comprimento e 0,2µm de largura. Apresentam-se agrupadas, com cada agrupamento
partindo de um núcleo comum. Não são muito paralelas, afinando nas extremidades.
Pode-se dividir em duas ou mais porções nas extremidades. Este comportamento está
relacionado com a forma de crescimento dos cristais. Apresentam-se mais claras que
os grãos de cimento. São dominantes em pastas de cimento imaturas (SILVA, 1998).
FIGURA 3-25 – Morfologia típica do CSH tipo I
Fonte: ECKART et. al, 1999
Gel CSH tipo II – Ocorre em conjunto com o CSH tipo I e forma uma rede reticular ou
em favo de mel. Envolve o crescimento de partículas alongadas com dimensões típicas
de 0,5 a 2 µm de comprimento e 0,5µm de largura, que se interceptam e
aparentemente se interpenetram nos pontos de interseção.
93
Gel CSH tipo III – Se apresenta na forma de pequenos discos ou esferas, muitas vezes
não maiores que 0,3µm. Sobressai-se em pastas de maior idade e caracteriza-s por ser
uma massa compacta e homogênea. Aparentemente constituem grande parte do
produto total de hidratação. Aparecem especialmente com o avanço da hidratação
(SILVA, 1998).
Gel CSH tipo IV – Material com morfologia difícil de ser definida e massiça. É
encontrado em pastas de maior idade. Chamados de produtos internos porque são
recobertos por outros compostos com o avanço da hidratação. Geralmente é visto
quando se empregam técnicas especiais de preparação, e a amostra não é apenas
fraturada.
O processo de crescimento das agulhas de CSH, segundo STARK et al. (2001), são
apresentados na FIGURA 3-26.
0 100 200
300 400 500 600
1600
1400
1200
1000
800
600
400
200
0
Tempo de hidratação
Comprimento das fib
ras de C-S-H em nm
Crescimento do comprimento das agulhas da fase C-S-H
como consequência da hidratação do C S
3
Menores dimensões das fibras de C-S-H
Maiores dimensões das fibras de C-S-H
FIGURA 3-26 – Crescimento longitudinal das fibras de CSH durante o processo de hidratação do C
3
S
Fonte: STARK & MÖSER, 2001
Segundo STARK et al. (2001), por casa de sua pequena dimensão e ótimo intertravamento o
CSH é capaz de desenvolver altas resistências de aderência.
94
3.4.2. Esquema de hidratação
Segundo PAULON (2005), quando os componentes anidros do cimento Portland estão
dissolvidos, os íons mais móveis são os primeiros a se propagarem no filme de água e segue a
seguinte ordem: sódio, potássio, sulfato, alumínio. CARASEK (1996) afirma que ao se
misturar o cimento com a água, a gipsita, utilizada como reguladora de pega do cimento, se
dissolve primeiro e libera os primeiros íons a entrar em ação: de sulfato e de cálcio. Em
seguida o C
3
A também se dissolve, liberando os íons de aluminato e cálcio. MEHTA &
MONTEIRO (1994) corrobora as afirmações anteriores quando afirma que a etringita é
geralmente o primeiro hidrato a se cristalizar devido à elevada relação sulfato/aluminato na
fase aquosa nas primeiras horas de hidratação.
Os primeiros núcleos a se formarem são aqueles formados pelos íons mais móveis, a etringita e
a portlandita (PAULON, 2005). Segundo STARK & MÖSER (2001), através de análise com
ESEM (Environmental Scaning Electron Microscope), os pequenos cristais de etringita tem o
comprimento de aproximadamente 500nm e a espessura superior a 250nm. Durante as
primeiras horas a morfologia dos cristais permanece praticamente inalterada. Mínimo
crescimento de cristais é observado. O principal crescimento longitudinal desta fase ocorre
entre 12 e 24 horas. O comprimento dos cristais supera 2,5µm e a sua espessura se mantém
constante todo o tempo. De acordo com PAULON (2005), como ainda não existem obstáculos
ao seu crescimento, os cristais ganham tamanho considerável, maior que durante a hidratação
onde o espaço é limitado. Os cristais formam uma rede aberta que são progressivamente
saturados com íons menos móveis, tais como silício e alumínio. Uma segunda geração de
cristais se forma então nos vazios deixados pelos cristais de primeira geração. São encontrados
CSH e, novamente etringita e portlandita em tamanhos menores. Segundo STARK & MÖSER
(2001), a fases CSH são pequenas (aproximadamente 200nm de comprimento), isoladas e
fortemente heterogêneas. Em 24 horas as fases de CSH crescem continuamente até o
comprimento de 600nm. As pontas das agulhas têm somente 5nm, aproximadamente. O
resultado é uma forte interligação de microestruturas. A estrutura da ordem de µm de cristais
de portlandita é determinada por pilhas de cristais com a espessura entre 20 e 200nm.
95
A evolução das fases hidratadas e da porosidade da pasta de cimento durante o processo de
hidratação são apresentados na FIGURA 3-21.
Porosidade
C-S-H
Portlandita
[Ca(OH)}
M
o
n
o
s
u
l
f
a
l
u
m
i
n
a
t
o
E
t
r
i
n
g
i
t
a
P
R
O
P
O
R
Ç
Ã
O
A
P
R
O
X
I
M
A
D
A
(
%
E
M
M
A
S
S
A
)
TEMPO DE HIDRATAÇÃO
III
III I
V
Minutos
Horas
Dias
1 2 3 5 10 20
1 2 3 5 10 20 30 60
FIGURA 3-27 – Curva aproximada de evolução das fases hidratadas e da porosidade da pasta de cimento
em função do tempo de hidratação
Fonte: ZAMPIERI, 1993
A presença da cal hidratada em argamassas mistas altera certamente a composição
mineralógica dos produtos do endurecimento. Este aspecto é pouco estudado do ponto de vista
científico, mas certamente aumentando o teor de Ca(OH)
2
, e MgO(OH)
2
, que com a
carbonatação se transformam em carbonatos, reduzindo a fração volumétrica ocupada pelo
CSH do cimento. O CSH é associado a altas resistências mecânicas e altos módulos de
elasticidade e também grandes movimentações dimensionais por variação de umidade.
3.4.3. Microestrutura da interface argamassa/substrato
Segundo SILVA & LIBÓRIO, a zona de transição é a região de contato entre a pasta e os
agregados e é a região mais frágil dos concretos e argamassas. Essa região não é peculiar
96
apenas nas superfícies dos agregados, mas também está presente em outras interfaces em
compósitos à base de materiais cimentícios, tal como a região da interface argamassa-substrato.
A microestrutura da pasta de cimento merece atenção especial nas zonas de contato com o
substrato. As características da microestrutura da pasta na zona de transição dependem de
vários fatores (PAULON, 2006). Segundo CARASEK (1996), parece ainda não existir um
consenso sobre as características microestruturais da zona de contato e os produtos
responsáveis pelo intertravamento. Alguns pesquisadores defendem a existência de uma grande
concentração de cálcio na interface, caracterizando que a ligação é proveniente dos hidróxidos
ou silicatos de cálcio; outros, no entanto afirmam existir uma maior concentração de etringita
nesta região.
VOSS (1933) apud CARASEK (1996) afirma existir uma camada adjacente ao tijolo composta
por cálcio, provavelmente na forma de hidróxido e carbonato, responsável pela aderência. O
Autor afirma que a espessura da camada vaia com o teor de cal na argamassa e quanto maior a
quantidade de cal, maior e espessura, menor a resistência mecânica e menor a aderência.
CHASE (1984) apud CARASEK (1996), através de estudos experimentais com MEV
(Microscópio Eletrônico de varredura), afirma ser o CSH e seu subseqüente entrelaçamento
sobre o tijolo o responsável pela aderência entre a argamassa e o tijolo. O Autor afirma ainda
que não há uma penetração significativa de CSH no interior do poros do substrato.
LAURENCE (1987) apud CARASEK (1996), identificou em seus experimentos duas camadas
distintas. Uma primeira camada, mais próxima da superfície do tijolo, formada por um filme
rico em cálcio onde existe uma precipitação preferencial de cristais de hidróxidos de cálcio em
placas. Uma segunda camada composta principalmente por CSH e por alguns cristais de
etringita. O autor afirma que a propriedade de aderência deriva do intertravamento destes
produtos e que a diferença entre as duas pastas reside numa morfologia completamente
diferente. Pastas contendo cal resultam em uma interface mais compacta e contínua, com
menor quantidade de microfissuras e maior quantidade de cristais de hidróxido de cálcio.
Existe ainda uma diferença no tipo de silicatos encontrados. Na pasta de cimento os silicatos
são do tipo I e na pasta mista o CSH é do tipo II e III.
Apesar de entre os autores anteriormente citados parecer existir um consenso sobre a existência
de uma grande concentração de cálcio na camada mais próxima à interface, outros autores, em
97
uma posição bastante contraditória, afirmam ser a zona de contato entre a argamassa e o tijolo
composta principalmente por cristais de etringita.
Segundo CARASEK (1997), ao se analisar a argamassa em diferentes distâncias da zona de
contato com o tijolo, à medida que se aproxima do substrato maior será a concentração de
etringita e menor a concentração de portlandita. De acordo com a autora, tal fato é explicado
pelo fato de ao se misturar água ao cimento, a gipsita é a primeira a se solubilizar e liberar íons
sulfato. Estes íons são então sugados pelo substrato poroso e levados à interface. Os íons então
se depositam sobre os grãos de aluminato tricálcio do cimento e iniciam a formação dos cristais
de etringita. Desta maneira, os cristais de portlandita não podem se desenvolver na região da
interface em quantidades significativas.
GRANDET (1973) e DUPIN et al. (1988) apud CARASEK (1996) confirmaram em seus
experimentos que a aderência entre a pasta e o substrato é proveniente do intertravamento
mecânico da etringita nos poros do tijolo, uma vez que ela é principal produto de hidratação do
cimento cristalizado na interface. Os cristais de etringita possuem forma acicular e diâmetro
aparente de 0,05µm, podendo estar agrupado formando cristais de 0,2 ou 0,3 µm. Isto explica o
fato de que quando os poros do substrato têm dimensões aproximadamente iguais ao diâmetro
das agulhas de etringita, a resistência de aderência é baixa. Da mesma forma, quando os poros
do substrato são grandes, a tensão de ruptura é mais elevada. Neste caso, a ruptura ocorrerá
dentro da argamassa próxima à interface, uma vez que está região está menos hidratada. Esta
variação do grau de hidratação ao longo da espessura da argamassa, sendo que a menor
hidratação se dá próxima à interface, é atribuída ao efeito de sucção do substrato. Este retira
parte da água de emassamento da argamassa que está próxima, não deixando água suficiente
para hidratação completa da pasta e uma região de menor resistência.
Em seus experimentos, CARASEK (1996) encontrou partículas de CSH, que pareciam estar
apenas depositados sobre a superfície do substrato. A autora concluiu ser isto causado pelo fato
de que estando os poros do substrato já preenchidos com etringita, o CSH só pode se
desenvolver a uma pequena distância da interface. A autora encontrou também produtos
amorfos, constituídos principalmente por cálcio (aproximadamente 70%), podendo ser os
mesmo um tipo de hidróxido de cálcio ou carbonato de cálcio, tendo em vista que existe uma
considerável variação morfológica do hidróxido de cálcio proveniente do cimento. A autora
levanta ainda a suposição de que o efeito de sucção exercido pelo substrato pode alterar a
98
morfologia dos produtos de hidratação da interface, tendo em vista que em regiões da
argamassa pouco afastadas do substrato, foram encontrados produtos de hidratação de
morfologias típicas.
CARASEK (1996) constatou em seus experimentos a existência de penetração dos produtos de
hidratação dos aglomerantes da pasta a profundidades entre 100 e 1600µm. Os principais
produtos encontrados foram Ca, S, Al e Fe. Ao analisar a superfície do tijolo após o
destacamento da argamassa, a autora observou uma camada de pasta aglomerante de 50 a
200µm. Nas regiões com maior quantidade de pasta os principais produtos identificados foram
CSH gel, hidróxido de cálcio e carbonato de cálcio (calcita). Esses produtos parecem estar
apenas depositados sobre a superfície do tijolo, não apresentando evidências de penetração nos
poros do substrato. Entretanto, nas regiões com menor quantidade de pasta foram observados
cristais de etringitas nascendo do interior dos poros do substrato, sendo ricos em cálcio e
enxofre. Com bases nestes resultados CARASEK (1996) afirma que a aderência é um
fenômeno mecânico proveniente do intertravamento de cristais de etringita no interior dos
poros do substrato. A ruptura que macroscopicamente é identificada como falha de aderência,
não acontece nesta região rica em etringita, e sim, em uma camada adjacente,
aproximadamente 50 a 200µm, sendo portanto falha de coesão da argamassa próxima à
interface.Entretanto a autora não pode explicar a causa da ruptura nesta região (FIGURA 3-28).
Plano Provável
de ruptura
De 50 a 200µm
Etringita
Hidróxido de cálcio ou
carbonato de cálcio
CSH
Até 700µm
Substrato
Argamassa
FIGURA 3-28 – Representação esquemática do mecanismo de aderência entre argamassa e bloco
cerâmico
Fonte: CASAREK (2001)
99
A diferença de morfologia e desempenho da interface pode ser função do “efeito superfície”.
Denominou-se de efeito superfície a tendência de um filme de água acumular-se próximo à
superfície que estão em contato com a argamassa. Quanto maiores e planas são estas
superfícies, maior essa tendência (CARASEK, 1996). Este efeito é responsável por uma região
com alta relação a/c na interface com o tijolo cerâmico.
CARASEK (1996) observou que não havia relação direta entre a profundidade de penetração
dos produtos de hidratação da argamassa no interior do tijolo e a resistência de aderência; no
entanto, apresentou uma relação direta entre resistência de aderência e a quantidade de cal na
argamassa, que por sua vez produz redução da resistência de aderência da argamassa. A autora
também observou que o cálcio penetrou mais profundamente do que o enxofre, podendo ser
explicado pela menor dimensão do íon cálcio em relação ao íon SO
-
4.
3.4.4. Método de investigação e análise microestrutural
3.4.4.1. Microscópio eletrônico de varredura (MEV)
Entre os tipos de microscopia utilizados no estudo de engenharia de materiais, o MEV
(Microscópio eletrônico de varredura) tem se mostrado o mais versátil, destacando-se na
análise de superfícies irregulares e pela excelente profundidade de foco e amplas faixas de
aumento (FREITAS, 2006). Segundo MOLIN (2007), dependendo do material, a MEV permite
alcançar aumentos de até 900.000 vezes, sendo que o aumento máximo para obtenção de uma
boa imagem é de cerce de 10.000 vezes. Ainda segundo o autor as grandes vantagens do MEV
são sua alta resolução ( na ordem de 2 a 5 nm), a profundidade de foco com formação de
imagens tridimensionais, a facilidade de preparação de amostra, em relação ao MET, e a
possibilidade de combinar a análise microestrutural com análise química.
O princípio da microscopia eletrônica de varredura é fundamentado na emissão de um feixe de
elétrons por um filamento de tungstênio, que concentrado, controlado e reduzido por um
sistema de lentes eletromagnéticas, diafragmas e bobinas, incide sobre uma amostra
provocando uma série de emissões de sinais relacionados com a interação do feixe de elétrons e
a amostra (PAULON, 2005). Segundo MOLIN (2007), parte do feixe de elétrons é refletido e
100
coletado por detectores que convertem o sinal em imagem de elétrons retroespalhados, elétrons
de “Auger” ou de elétrons secundários (FIGURA 3-29).
Para a microscopia eletrônica de varredura, os sinais de maior interesse para formação de
imagens são os elétrons secundários e os retroespalhados.
Os elétrons secundários apresentam energia relativamente baixa (<100eV) e provém de uma
área (volume) relativamente pequena da amostra (<10nm). Apresentam excelente resolução e
potencial para formação de imagens com aumentos máximos de 30.000 a 100.000 vezes. O
contraste depende da massa específica do material, sendo que menores massas específicas terão
tonalidade mais escura, e vice e versa. Com relação à topografia, os topos apresentam
tonalidades mais claras e os vales tonalidades mais escuras (BRANDÃO, 2001). Segundo
MOLIN (2007) elétrons secundários fornecem imagens de maior resolução, com grande
profundidade de campo, permitindo observar a morfologia dos cristais através do espectro
tridimensional da amostra analisada. De acordo com PAULON (2005) são de grande utilidade
na obtenção de informações topográficas, possibilitando a formação de imagens
tridimensionais e a visualização de detalhes da microestrutura dos poros e de interstícios entre
as partículas.
Os elétrons retroespalhados apresentam energia relativamente alta (20 a 25keV) e provém de
uma área de aproximadamente 100nm de diâmetro. Apresentam média resolução e potencial de
Feixe de
elétrons incidentes
Força eletromotriz
Amostra
Catodoluminescência
Raios X
Elétrons Auger
Elétrons retroespalhados
Elétrons secun
d
ários
Elétrons transmitidos
Elétrons absorvidos
FIGURA 3-29 – Processos de interação possíveis durante a incidência de um feixe de elétrons em uma
amostra sólida
Fonte: BRANDÃO, 2001
101
formação de imagens com aumentos máximos de 5000X. O contraste depende da massa
específica do material, da topografia e ainda da composição química (número atômico) do
material analisado (BRANDÃO, 2001). Segundo PAULON (2005), o coeficiente de retro
espelhamento varia diretamente com o número atômico do material analisado, possibilitando
obter imagens tridimensionais e informações quanto a composição química.
De acordo com BRANDÃO (2001), o vértice do feixe de elétrons deve apresentar o mínimo
diâmetro possível, pois quanto menor, maior será o nível de detalhes observados.
Segundo MOLIN (2007), Os elétrons secundários fornecem imagens da topografia da
superfície da amostra e são responsáveis pela obtenção de imagens de alta resolução, enquanto
que os retroespalhados fornecem imagem característica de variação de composição. Ainda
segundo o autor, a imagem de retroespalhados tem menor resolução do que a de elétrons
secundários porque as de liberação de elétrons retroespalhados abrangem uma área maior na
superfície analisada.
De acordo com PAULON (2005), para a execução da microscopia eletrônica de varredura, a
superfície do material analisado deve ser boa condutora elétrica e ser estável em vácuo.
Materiais isolantes devem ser recobertos com uma fina camada de material condutor.
BRANDÃO (2001) observa a necessidade de preparação da amostra, através por exemplo da
metalização desta com ouro, pela técnica de sputter. Desta forma, a mostra, agora condutora, é
aterrada no momento a microscopia, permitindo que a carga negativa oriunda da absorção dos
elétrons do feixe primário se dissipe, além da remoção do calor.
RIBAS (1996) afirma que o filme aplicado durante a metalização da amostra é da ordem de 10
a 20 nm de espessura e é obtida por evaporação à vácuo (10
-4
torr), à alta tensão, de metais
como Al, Cu, Ni, Pt, Au, etc. Ainda segundo o autor, a preparação da amostra pode gerar
muitos problemas de observação e análise.
Segundo MOLIN (2007), as amostras podem ser brutas, polidas ou até mesmo lapidadas, desde
que as características morfológicas a serem estudadas estejam expostas na superfície,
possibilitando sua interação com o feixe de elétrons.
102
As imagens obtidas pela microscopia eletrônica de varredura apresentam uma barra de escala
como parte integrante de imagem. Esta escala facilita um rápido exame do tamanho e
características morfológicas dos produtos observados.
Apesar de todas as vantagens oferecidas pela microscopia eletrônica de varredura, alguns
autores afirmam que a necessária preparação das amostras pode modificar a microestrutura da
mesma. STARK (2001) demonstrou em seus estudos que os métodos tradicionais de
preparação de amostras, ou seja, secagem, vácuo e metalização, danificam dramaticamente a
morfologia da fase CSH. Um outro método utilizado para evitar causar danos às amostras é o
ESEM (Environmental Scaning Electron Microscope). Neste método, diferentemente do MEV
onde a secagem e metalização são essenciais, na maioria dos casos não é necessário parar a
hidratação do cimento durante o ensaio.
O ESEM opera em baixo vácuo. A amostra pode ser examinada com um campo de emissão
com fonte de feixe de elétrons em uma câmara de alta pressão. À medida que a pressão do gás
residual na amostra excede a pressão do vapor de água saturado, amostras contendo umidade
podem ser observadas sem secagem prévia. Isto viabiliza a realização de investigações de
processos dinâmicos ou reações que ocorram na presença de ma fase líquida ou gasosa
(exemplo: hidratação do cimento). A vantagem do ESEM é eliminar a possibilidade de danos
às amostras durante a desidratação, secagem, ou metalização. Isto evita o mascaramento de
informações e eventual destruição de feições estruturais delicadas, incapazes de resistirem a
condições de alto vácuo(MOLIN, 2007).
3.4.4.2. Microanalisador EDS
Ao microscópio eletrônico de varredura pode ser acoplado o sistema EDS (Energy-dispersive
spectroscopy), o qual possibilita a determinação da composição qualitativa e semiquantitativa
das amostras, a partir da emissão de raios-X característicos. É possível identificar-se a
composição de regiões com até 1µm de diâmetro (MOLIN, 2007). Segundo BRANDÃO
(2001), as principais características do microanalisador EDS são:
Apresenta funcionamento conceitualmente simples;
103
Apresenta somente um componente essencial: o detector de estado sólido, constituído de
silício (Si) dopado com lítio (Li);
Gera espectro simultâneo;
É relativamente barato, em comparação com os demais instrumentos utilizados para este tipo
de análise;
Não tem partes móveis.
O limite de detecção é da ordem de 1%, mas pode variar de acordo com as especificações
utilizadas durante a análise. Um elemento existente na amostra na ordem de 10% ou mais pode
ser identificado em apenas 10s, levando cerca de 100s para a avaliação de um elemento na
ordem de 1%. O primeiro passo para analisar-se uma mostra desconhecida é a identificação dos
elementos presentes, através da análise qualitativa, sob pena de se comprometer a análise
quantitativa em caso de erro na identificação. Normalmente os elementos em maior quantidade
são identificados com elevada precisão, no entanto quando os elementos se encontram em
pequenas quantidades ou em traço, erros podem acontecer. Para o EDS, concentrações acima
de 10% são consideradas altas, entre 1% e 10% pequenas e abaixo de 1% , traço.
Segundo SILVA (1998) o EDS desempenha um papel fundamental, facilitando a identificação
das fases hidratadas.
3.4.4.3. Fluorescência de raios-X (FRX)
A fluorescência de raios-X é uma técnica analítica, relativamente simples e, em geral, não
destrutiva, utilizada na determinação qualitativa e quantitativa de elementos que compões
uma amostra. Esta técnica está baseada no princípio de que um átomo bombardeado com
raios-X, emanados por um tubo operado em condições de alta voltagem, alguns de seus
elétrons são ejetados.
De acordo com a AMPTEK INC. (2005), a fluorescência de raios-X é largamente utilizada
para a avaliação dos elementos que compõem materiais, uma vez que é um método rápido e
não destrutivo.
104
Como possui um limite de sensibilidade baixo, da ordem de partes por milhão, e ampla
capacidade de detecção, com boa reprodutibilidade, a fluorescência de raios-X é uma técnica
utilizada tanto na detecção de elementos em quantidades maiores, quanto menores e até
traços. As amostras analisadas podem estar na forma líquida, em pó ou sólidas (MOLIN,
2007).
FIGURA 3-30 – Aparelho para realização da espectometria de fluorescência de raios-X (FRX).
105
4. METODO
4.1. Seleção dos materiais e composição das argamassas
4.1.1. Bloco Cerâmico
O bloco cerâmico utilizado nas alvenarias (ver maiores detalhes nos testes de caracterização
destes materiais apresentados adiante) possui dimensão 29cm x 19cm x 9cm . Este bloco foi
escolhido devido à larga utilização pelas construtoras e por ser um produto normatizado. A
argila utilizada na produção do bloco cerâmico é da região de Belo Horizonte.
4.1.2. Cimento
O cimento escolhido foi o CP II –E-32, identificado por CARVALHO JR. (2005) como um dos
aglomerantes mais utilizados nas composições das argamassas.
4.1.3. Cal
Para composição dos traços de argamassa foi escolhida a cal hidratada CH-I calcítica, bastante
comum em nossa região, devido a significativa presença de jazidas de calcário próximas à Belo
Horizonte. A utilização de cal aditivada e com garantia de 0% de óxidos não hidratados,
permitiu a mistura do traço de uma única vez, eliminando assim a operação de maturação
prévia da mistura de cal e areia.
4.1.4. Areia
A areia utilizada foi de rio, lavada, de granulometria média e peneirada para retirada de
impurezas (ver maiores detalhes nos testes de caracterização destes materiais apresentados
adiante).
106
4.1.5. Aditivos e adições
Não foi adicionado aos traços qualquer tipo de adições e aditivo, a não ser os já existentes na
composição da cal utilizada.
4.1.6. Painéis de alvenaria
Os Painéis de alvenaria utilizados como base para a aplicação dos revestimentos foram
escolhidos de uma obra de construção de um hotel situado à Avenida Bias Fortes 783, em Belo
Horizonte, construído pela Paranasa Engenharia e Comércio SA. A escolha foi aleatória e a
confecção dos painéis seguiu as práticas usuais de produção, não sendo tomado nenhum
cuidado especial com relação as mesmas, obtendo-se o produto final apresentado na FIGURA
4-31A) . O painel de alvenaria possuía mais de 28 dias no momento da aplicação do
revestimento argamassado. Antes da aplicação da argamassa foi realizada a limpeza da base e o
taliscamento, conforme FIGURA 4-31B).
FIGURA 4-31 – A) Aspecto final da alvenaria utilizada como base; B) Limpeza e taliscamento da
alvenaria
107
4.1.7. Traços utilizados
Os traços utilizados foram os seguintes:
TABELA IV-15 – Traços Cimento:Cal:Areia utilizados
TRAÇO CIMENTO CAL AREIA
1
1 0 6
2
1 1 6
3
1 2 8
4
1 2 10
5
0 1 6
Foram realizados 10 painéis de reboco, com as dimensões 1,5m x 1,0m, sendo 2 para cada
traço (prova e contra prova). Foram feitos 6 ensaios de arrancamento e extraídas 4 amostras
para realização de ensaios no MEV/EDS e 4 para realização de ensaios de FRX/DRX em cada
painel.
4.2. Aplicação das argamassas
As argamassas foram produzidas seguindo as técnicas usuais de obra, ou seja, dosagem em
volume, mistura mecânica utilizando betoneira. As mesmas foram aplicadas no painel de
seguindo as técnicas padrão utilizadas nos canteiros de obra, ou seja, projeção manual
utilizando colher de pedreiro, sarrafeamento e desempeno com régua de alumínio (FIGURA 4-
32). O Substrato encontrava-se seco no momento da aplicação da argamassa. O serviço foi
executado sem a incidência direta de luz solar, em ambiente interno, entre 8:00 e 11:00 da
manhã, de um dia nublado
108
FIGURA 4-32 – Execução dos Painéis: A) Preparação da argamassa; B) Aplicação da argamassa; C)
Sarrafeamento da argamassa; D) Vista dos painéis acabados
4.3. Ensaios de caracterização do bloco cerâmico
4.3.1. Absorção de água
O bloco cerâmico foi limpo e seco em estufa a 105°C ± 5°C, até que fosse obtida massa
constante. Após sua pesagem em balança com precisão de 1g, o bloco foi imerso em água
fervente, onde permaneceu por 2 horas. O bloco, imerso em água, é deixado esfriar até a
temperatura ambiente, quando então é novamente pesado. A absorção é obtida através da
relação entre a massa seca e a massa úmida.
4.3.2. IRA (Initial rate of absorption – ensaios de absorção inicial)
A norma que descreve este ensaio é a ASTM C67-97 (1997). O Índice expressa a absorção de
água capilar inicial do bloco equivalente a uma área padrão de 193,55 cm
2
, em um minuto de
imersão em 3,18mm de coluna de água. É expresso em gramas (g).
109
4.4. Ensaios de caracterização da argamassa no estado plástico
4.4.1. Consistência (flow table)
Neste ensaio, a argamassa previamente misturada, sob condições controladas, é aplicada na
mesa de ensaio, em três camadas sucessivas, aplicando-se 15, 10 e 5 golpes respectivamente
em cada camada. Então, a argamassa é forçada a deformar-se mediante quedas padronizadas,
acionadas por manivela, 30 vezes em 30 segundos. Após a última queda da mesa, três
diâmetros são medidos ao longo do perímetro. O índice de consistência corresponde à média
das três medidas, expresso em milímetros e arredondado para o número inteiro mais próximo.
4.4.2. Retenção de água
Neste ensaio, um molde cilíndrico de aço, com 100mm de diâmetro e 25 mm de altura e
previamente pesado com precisão de 0,1g (Mm), é preenchido com argamassa em 10 camada
iguais até formar um pequeno excesso. Posteriormente o excesso de argamassa é arrasado e o
molde é pesado (Mma). Sob a superfície da argamassa são colocadas duas telas de gaze (tipo
cirúrgica de trama aberta, com 110mm de aresta), 12 discos de papel filtro (previamente
pesados com precisão de 0,1g : Mse) e uma placa rígida (110mm de diâmetro, 5mm de
espessura e uma das faces contendo usinagem lisa) com um peso de 2kg em cima. Passados
dois minutos da aplicação do carregamento, o conjunto de papéis filtro é retirado e
imediatamente pesado com precisão de 0,1g (Mf). O Valor do índice de retenção de água é
calculado pela equação:
Ra = [1 - ( Mf – Mse ) ] x 100
AF x (Mma – Mm)
Onde:
Ra: retenção de água, arredondada ao número inteiro mais próximo
AF: fator água/argamassa fresca: AF = Mw
M+Mw
Mw: massa total de água acrescentada à mistura, em g
M: Soma das massas dos componentes anidros da argamassa, em g
Mf: massa do conjunto discos molhados de papel-filtro, em g
110
Mse: massa do conjunto de discos secos, em g
Mma: massa do molde com argamassa, em g
Mm: massa do molde vazio, em g
4.4.3. Massa específica e ar incorporado
Para determinação da massa específica, utiliza-se um recipiente cilíndrico, rígido, de volume e
massa conhecidos. Após o preenchimento com argamassa, adensamento e nivelamento da
superfície determina-se a massa do conjunto. A massa especifica da argamassa é definida pela
equação:
γarg = Mma - Mm
Vm
Onde:
γarg: massa específica da argamassa, em g/dm3
Mma: massa do molde cheio de argamassa, em g
Mm: massa do molde vazio, em g
Vm: volume do molde em dm3
Para determinação do teor de ar incorporado utiliza-se um método baseado na Lei de Boyle.
Neste método utiliza-se uma campânula de medida e um sistema de vedação. Introduz-se água
até determinada altura, sobre a amostra de volume conhecido de argamassa. Aplica-se sobre a
água uma pressão de ar pré-estabelecida através de uma pequena bomba. O volume de ar da
amostra de argamassa é determinado pela quantidade de água que penetra sobre a aplicação da
pressão.
4.5. Ensaios de caracterização da argamassa no estado endurecido
4.5.1. Resistência à compressão
Para este ensaio foram moldados 4 corpos de prova cilíndricos de 5cm x 10cm , com argamassa
recém preparada e consistência padrão. Após cura úmida de 48 horas em câmara úmida com
111
umidade relativa do ar de 95% os corpos de prova foram desmoldados e mantidos imersos em
água, exceto os da argamassa sem cimento, que foram mantidos ao ar até a idade do ensaio.
Para realização dos ensaios, os corpos de prova foram capeados com enxofre e seu diâmetro
medido com paquímetro em duas posições ortogonais em seu terço médio, registrando-se a
média em milímetros. Após a ruptura axial dos corpos de prova, foram calculadas as
resistências dividindo a carga de ruptura pela área da seção do corpo de prova e expressas em
MPa.
4.5.2. Resistência à tração na flexão
Neste ensaio são utilizados corpos de prova prismáticos de seção transversal quadrada. Este
corpo de prova é submetido a esforços de flexo-tração em três pontos. São avaliados neste
ensaio o módulo de ruptura do material e sua tenacidade, onde a carga de ruptura corresponde,
geralmente, à tensão máxima obtida no ensaio antes que a fibras passem a atuar, e a tenacidade
à medida da quantidade de energia absorvida pelo material até a ruptura.
4.5.3. Módulo de elasticidade dinâmico
Para este ensaio foram moldados 2 corpos de prova cilíndricos de 5cm x 10cm , com argamassa
recém preparada e consistência padrão. Após cura úmida de 48 horas em câmara úmida com
umidade relativa do ar de 95% os corpos de prova foram desmoldados e mantidos imersos em
água, exceto os da argamassa sem cimento, que foram mantidos ao ar até a idade do ensaio.
4.6. Ensaios de caracterização da argamassa aplicada
4.6.1. Resistência à tração
A determinação da resistência de aderência à tração é feita através do arrancamento de placas
metálicas de 50mm de diâmetro coladas com cola epóxi sobre a superfície da argamassa. No
equipamento utilizado é feita a leitura da força necessária para ruptura, KN (FIGURA 4-33).
Após o rompimento os corpos de prova têm seu diâmetro medido e calcula-se a tensão em
MPa.
112
FIGURA 4-33 – Execução de teste de aderência
Após o rompimento é feita a análise da superfície da interface para se verificar onde a ruptura
de deu. Ela pode ocorrer no substrato, na interface ou no revestimento argamassado, ou ainda
em combinações destas situações.
4.6.2. Permeabilidade
Este ensaio de permeabilidade foi realizado “in situ”, utilizando-se o método do cachimbo
recomendado pelo CSTC (1982). Neste método, um cachimbo de vidro graduado é acoplado à
superfície a ser ensaiada, utilizando-se um mástique, no nosso caso silicone. Após o
preenchimento com água, registra-se o nível da água em cm
3
, a cada um minuto, até que se
completem 15 minutos, ou que a marca da água atinja 4cm
3
(FIGURA 4-34). Para cada tipo de
argamassa foram realizados três ensaios, em pontos diversos, e distanciados de no mínimo 1m.
Este método permite exercer uma pressão inicial de 92mm de água, o que equivale à ação
estática de um vento com velocidade aproximada de 140km/h.
113
FIGURA 4-34 – Execução de ensaio de permeabilidade à água
4.7. Avaliações microestruturais
4.7.1. Microanalisador EDS e microscópio eletrônico de varredura (MEV)
A primeira etapa para a realização das análises microestruturais foi a extração e preparo das
amostras.Foram extraídos corpos de prova da alvenaria através de serra mármore.
Posteriormente esta amostra foi reduzida a pedaços de 25mm x 25mm x 15mm (FIGURA 4-
35).Tamanho este suficiente para introdução no porta amostra do MEV/EDS.
FIGURA 4-35 – Amostra com aproximadamente 25mm x 25mm x 15mm
Quando a intenção e fazer análise da face frontal do tijolo cerâmico, destaca-se a argamassa
antes da preparação da amostra, caso seja a intenção analisar o perfil de penetração da pasta, a
preparação é feita sem o destacamento dos dois materiais (FIGURA 4-36).
114
Superfícies observadas
FIGURA 4-36 – Plano observado no MEV
Paralela à análise da morfologia do material através do MEV, foi identificado os constituintes
através de análise química pontual, utilizando-se microanalisador EDS.
As análises através do MEV/EDS foram focadas a interface argamassa/tijolo, com a finalidade
de identificar os produtos de hidratação dos aglomerantes que penetraram no substrato e seus
teores.
As amostras foram submetidas a um vácuo de 100 militorr (1 atm = 750militorr) e
posteriormente pulverizas com um filme de ouro. Este filme condutor tem a finalidade de
tornar a amostra condutora, melhorando a imagem e facilitando a dissipação de calor durante o
ensaio. Após a metalização foi colada uma fita de carbono para fixar a amostra e fazer o
contato elétrico com o equipamento (FIGURA 4-37).
115
FIGURA 4-37 – A) Equipamento utilizado para metalização das amostras; B) Amostra metalizada com
fita de carbono pronta para análise no MEV
A FIGURA 38 mostra visão interna do MEV/EDS utilizado no experimento.
Detector de
elétrons
secundários
Detector EDS
Saída do feixe
de elétrons
Detector de
elétrons
retro-espalhados
FIGURA 4-38 – Vista interna do equipamento MEV/EDS utilizado
A FIGURA 4-39 mostra B) vista externa do MEV/EDS utilizado no experimento e A) a
amostra posicionada para início dos trabalhos.
116
FIGURA 4-39 – A) Amostra posicionada no equipamento antes do seu fechamento B)Momento da
execução da Microscopia Eletrônica de Varredura
4.7.2. Fluorescência de raios-X (FRX)
As amostras que foram utilizadas para análise da fluorescência de raios-X foram extraídas por
lixamento manual da superfície do tijolo cerâmico após o destacamento da argamassa
(FIGURAS 4-40 e 4-41). A profundidade de extração foi medida com utilização de um
paquímetro (FIGURA 4-42). O método de extração pode introduzir erros no ensaio, uma vez
que o lixamento pode não estar sendo feito paralelamente a superfície.
Camadas Extraídas
para análise
Tijolo Cerâmico
Interface
FIGURA 4-40 – Diagrama de extração do material para análise FRX
117
FIGURA 4-41 – A) Material proveniente do lixamento da amostra; B) Momento da extração do material
por lixamento manual
Cada fração lixada, referente a uma espessura específica, foi colocada no porta amostra e em
seguida prensada para então ser introduzida no espectômetro de fluorescência de raios-X,
marca Philips, modelo PW-2400, com tubo de anodo de ródio.
FIGURA 4-42 – Medição da espessura de camada retirada por lixamento da amostra
O elemento base escolhido para identificar a penetração da pasta de aglomerante nos poros do
substrato foi o cálcio. Este produto está presente em grande quantidade nos produtos de
hidratação do cimento e da cal e em pequenas quantidades no bloco cerâmico puro, servindo
desta forma como um indicador do perfil de penetração da pasta no substrato. A penetração doa
produtos de hidratação do cimento no tijolo constitui-se o mecanismo de aderência de uma
argamassa à base.
118
Com a finalidade de reduzir a imprecisão das medidas realizadas, os resultados serão
apresentados por uma relação entre o cálcio e outros constituintes principais do sistema
argamassa/bloco cerâmico, neste caso ( silício, alumínio, ferro, titânio e potássio). Desta forma,
caso ocorram erros de medida do aparelho na determinação do teor de cálcio, também ocorrerá
na determinação do outro elemento, anulando assim o erro, uma vez que o resultado é
apresentado em proporção.
119
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Apresentam-se os resultados dos ensaios realizados nos laboratórios do Departamento de
Engenharia Metalúrgica e de Materiais e do Departamento de Materiais de Construção da
Engenharia Civil, ambos pertencentes à Escola de Engenharia da UFMG.
5.1. Resultado e discussões dos ensaios de caracterização do bloco cerâmico
5.1.1. Absorção de água
TABELA V-16 – Absorção de água do bloco cerâmico de acordo com a ABNT NBR 8947 (1992)
Bloco Cerâmico (n°) M
h
(
g
) M
g
(
g
) Absorção de á
g
ua (%)
1 4300 5050 17,44%
2 4400 5100 15,91%
3 4450 5200 16,85%
4 4450 5150 15,73%
5 4500 5100 13,33%
6 4350 5100 17,24%
7 4450 5100 14,61%
8 4500 5100 13,33%
9 4350 5200 15,56%
10 4500 5050 12,22%
11 4450 5100 14,61%
12 4500 5250 16,67%
13 4350 5200 19,54%
Média 15,62%
Desvio Padrão 2,00
As 13 amostras para prova e 13 para contra prova foram analisadas conforme as
recomendações da ABNT NBR 8947 (1992) – Telha cerâmica – Determinação da massa e da
absorção de água – Método de ensaio. Todas as amostras atenderam aos requisitos
preconizados pela ABNT NBR 7171 – Bloco cerâmico para alvenaria – Especificação que
limita a absorção entre 8% e 25%.
5.1.2. IRA (Initial rate of absorption – Ensaio de absorção inicial)
Foram analisadas 13 amostra e os valores obtidos estão de acordo com os valores apontados
por GALEGOS (1995), entre 10 e 160 gramas.
120
TABELA V-17 – IRA do bloco cerâmico segundo a ASTM C67-97
Bloco Cerâmico (n°) Mse (
g
) Mf (
g
) Af (cm
2
) IRA (
g
)
1 4300 4350 551 17,56
2 4400 4450 551 17,56
3 4450 4500 551 17,56
4 4450 4500 551 17,56
5 4500 4550 551 17,56
6 4350 4400 551 17,56
7 4450 4500 551 17,56
8 4500 4550 551 17,56
9 4350 4550 551 17,56
10 4500 4550 551 17,56
11 4450 4500 551 17,56
12 4500 4550 551 17,56
13 4350 4400 551 17,56
Média
17,56
Desvio Padrão
0,00
5.2. Resultado e discussões da caracterização dos aglomerantes
5.2.1. Ensaios de caracterização do cimento
Os dados referentes à caracterização do cimento foram fornecidos pelo fabricante, apresentados
no TABELA V-18. Todos os resultados estão em consonância com os limites apresentados
pelas normas brasileiras.
TABELA V-18 – Ensaio de caracterização CPIIE32
Ensaio de caracterização do Cimento
A/C (%)
27,50
Tempo de Pega – Início (min) – NBR
11581
208,00
3 dias
20,40
7 dias
26,00
Resistência à compressão
(NBR7215)
28 dias
39,90
Resíduos Insolúveis (%) – NBR 5744
1,25
SO
3
(%)
1,62
Perda ao fogo – NBR 5743
5,69
121
5.2.2. Ensaios de caracterização da Cal
Os resultados de caracterização da cal hidratada CHI apresentados no TABELA V-19 foram
fornecidos pelo fabricante.
TABELA V-19 – Ensaios de caracterização da cal, parte 1
122
TABELA V-20– Ensaios de caracterização da cal, parte 2
123
5.3. Resultado e discussões dos ensaios de caracterização dos agregados
A areia utilizada na produção da argamassa foi submetida ao ensaio de granulometria e
apresentou módulo de finura de 2,74, conforme TABELA V-21.
5.3.1. Ensaios de caracterização da areia
TABELA V-21 – Resultado de análise granulométrica da areia
Material: Areia
Data da análise: 16/3/2007
Material
Retido (g)
% Retida
Material
Retido (g)
% Retida % Retida
% retida
acumulada
# 4,8
6,1 0,61% 5,8 0,58% 0,60% 0,60% 0 - 11
# 2,4
18,6 1,86% 15,9 1,59% 1,73% 2,32% 0 - 25
# 1,2
177,3 17,73% 176,1 17,61% 17,67% 19,99% 10 - 45
# 0,6
406,7 40,67% 402,6 40,26% 40,47% 60,46% 41 - 65
# 0,3 304,3 30,43% 307,2 30,72% 30,58% 91,03% 70 - 92
# 0,16 75,3 7,53% 80,1 8,01% 7,77% 98,80% 90 - 100
Fundo 10,2 1,02% 11,3 1,13% 1,08% 99,88%
Total 998,5 99,85% 999 99,90% 99,88%
2,74
4,80
Módulo de Finura:
Dimensão máx. Caract. (mm):
Amostra 1 Amostra 2 Amostra Média
Relatório de Análise Granulométrica
Malha da Peneira
Limite
granulométrico
(NBR - 7211)
Granulometria Média Acumulada
0,00%
20,00%
40,00%
60,00%
80,00%
100,00%
120,00%
# 4,8 # 2,4 # 1,2 # 0,6 # 0,3 # 0,16 Fundo
Peneiras (mm)
% acumulado
124
5.4. Resultado e discussões dos ensaios de caracterização da
argamassa no estado plástico
5.4.1. Consistência (flow table)
A seguir apresentam-se os resultados obtidos nos testes realizados para obtenção do índice de
consistência padrão das argamassas utilizadas.
TABELA V-22 Índice de consistência padrão segundo NBR 13276 (2002)
Tipo de Argamassa Índice de consistência padrão (mm)
1:0:6 – Traço 1
1:1:6 – Traço 2
1:2:8 – Traço 3
1:2:10 – Traço 4
0:1:6 – Traço 5
250
270
280
280
260
Os resultados confirmam a influência do teor de cal na plasticidade da argamassa. Os efeitos
desta plasticidade podem ser observados da FIGURA 5-43. A interface entre o tijolo cerâmico
e a argamassa 1:0:6, sem cal, apresenta menor extensão de aderência e menor uniformidade. A
argamassa também apresenta maior quantidade de vazios.
125
Argamassa 1:0:6
Argamassa 1:2:8
Tijolo
Tijolo
FIGURA 5-43 – Interface entre argamassa e bloco de concreto
5.4.2. Retenção de água
Os resultados obtidos no ensaio de retenção de água confirmam a influência da cal neste
comportamento das argamassas. Todos os ensaios atenderam ao requisito mínimo da norma BS
4551 que define como valor mínimo 80%. Entretanto, à medida que o teor de cal na argamassa
aumenta, aumenta em muito o percentual de retenção de água. Esta característica se deve à
capacidade da cal de reter uma película de água firmemente aderida ao redor de seus finos
grãos.
TABELA V-23 - Retenção de águas segundo BSI 4551 (Mortars, Screeds and plaster. Londres 1981
Tipo de argamassa Retenção de água (%)
1:0:6 – Traço 1 85,84
1:1:6 – Traço 2 86,62
1:2:8 – Traço 3 92,02
1:2:10 – Traço 4 94,82
0:1:6 – Traço 5 83,40
126
5.4.3. Massa específica
TABELA V-24 – Massa específica segundo NBR 13278 (1995)
Tipo de argamassa Massa específica (g/cm
3
)
1:0:6 – Traço 1 2,08
1:1:6 – Traço 2 1,98
1:2:8 – Traço 3 2,00
1:2:10 – Traço 4 2,05
0:1:6 – Traço 5 1,95
Não foram observadas diferenças significativas de massa específica entre as argamassas
analisadas.
5.4.4. Ar incorporado
TABELA V-25 – Teor de ar incorporado segundo NBR 13278 (1995)
Tipo de argamassa Ar incorporado (%)
1:0:6 – Traço 1 18
1:1:6 – Traço 2 20
1:2:8 – Traço 3 20
1:2:10 – Traço 4 20
0:1:6 – Traço 5 21
As variações nos valores obtidos de ar incorporado podem ser explicadas pelo teor de cal da
argamassa. Quanto maior o teor de cal, maiores são os valores de ar incorporado medidos.
127
5.5. Resultado e discussões dos ensaios de caracterização da argamassa no
estado endurecido
5.5.1. Resistência à compressão
TABELA V-26 – Resistência à compressão segundo NBR 13279 (1995)
Tipo de argamassa Média da resistência à
compressão em 4 CPs
(MPa)
Traço 1 – 1:0:6 11,75
Traço 2 – 1:1:6 11,25
Traço 3 – 1:2:8 5,75
Traço 4 – 1:2:10 7,25
Traço 5 – 0:1:6 *
* o corpo de prova rompeu antes da estabilização do carregamento
Todos os resultados estão condizentes com a lógica de que os traços que contém maior
quantidade de cal em relação ao aglomerante cimento devam apresentar menores valores de
resistência à compressão.
5.5.2. Resistência à tração na flexão
TABELA V-27 – Resistência à tração na flexão
Tipo de argamassa Tração na flexão Média de 2
medições
(MPa)
Traço 1 – 1:0:6 1,36
Traço 2 – 1:1:6 1,48
Traço 3 – 1:2:8 1,12
Traço 4 – 1:2:10 0,71
Traço 5 – 0:1:6 *
* o corpo de prova rompeu antes da estabilização do carregamento
128
Os resultados de resistência à tração na flexão acompanham a tendência observada, e esperada,
da resistência à tração, ou seja, à medida em que se aumenta o percentual de cal na argamassa
em relação ao aglomerante cimento, a resistência diminui. Entretanto, o traço 2 apresentou
resistência superior ao traço 1 que contem maior percentual de cimento. Este fato pode ser
decorrente da moldagem do corpo de prova, ou pode indicar que a cal hidratada, quando
adicionada em pequenos teores, aumenta a plasticidade, melhorando o adensamento e
consequentemente a resistência mecânica da argamassa.
5.5.3. Módulo de elasticidade dinâmico
TABELA V-28 – Módulo de elasticidade dinâmico obtido através de freqüência ressonante
Tipo de argamassa
M
ódulo de elasticidade dinâmico
– Ed Média de 10 medições
(GPa)
Traço 1 – 1:0:6 13,66
Traço 2 – 1:1:6 14,39
Traço 3 – 1:2:8 11,94
Traço 4 – 1:2:10 9,48
Traço 5 – 0:1:6 2,89
Os resultados apresentados pelos ensaios de módulo de elasticidade dinâmico foram
inconclusivos.
5.6. Resultado e discussões dos ensaios de caracterização da argamassa
aplicada sobre a base
5.6.1. Resistência de aderência à tração segundo a NBR 13528 (1996)
129
TABELA V-29 – Resistência de aderência à tração segundo ABNT NBR 13528
Média (de 12 ensaios) Desvio Padrão
1:0:6 0,84 0,22
1:1:6 0,63 0,29
1:2:8 0,54 0,2
1:2:10 0,51 0,25
0: 1:6* - -
Ensaios de arrancamento realizados com idade
mínima de 28dias (Mpa)
Traços de ar
g
amasa
(Cimento:Cal:Areia)
Obs: Não foi possível realizar o ensaio pois a argamassa se descolava durante a preparação da
amostra devido à sua baixa resistência
Os resultados obtidos nos testes de arrancamento, segundo a ABNT NBR 13528 –
Revestimento de paredes e tetos de argamassas inorgânicas – Determinação da resistência de
aderência à tração, são apresentados na TABELAV- 29. Todos os resultados atendem com
folga os limites sugeridos pela norma ABNT NBR 13749, 0,20MPa para rebocos internos e
0,30MPa para rebocos externos, com exceção do traço 5 – 0:1:6, em que as amostras
romperam-se por coesão durante a preparação. Isto pode ser explicado pela lenta carbonatação
da cal, uma vez que este traço não possuía cimento.
Os resultados confirmaram as expectativas, ou seja, à medida que se aumentava o teor de cal,
diminuía-se a resistência de aderência.
Um fato interessante observado através de análises individuais foi que em pontos onde o
revestimento foi aplicado parcialmente sobre a junta de assentamento, as tensões de aderência
foram maiores do que quando somente sobre o tijolo. Este fato também foi observado por
CARASEK et al. (1999). Provavelmente isto se deve ao fato de que sendo materiais de
mesma composição a aderência melhora.
130
5.6.2. Extensão de aderência
FIGURA 5-44 – Observação da superfície de rompimento
Após o rompimento das amostras analisou-se as superfícies de rompimento, afim de
identificar o tipo de falha ocorrido. A falha é classificada em adesão, quando existe um
rompimento interno na argamassa ou no tijolo, ou aderência, quando a falha ocorre na
interface dos dois materiais (FIGURA 5-45).
Traço 1 - 1:0:6
0,47
0,79
0,96
0,640,64
0,78
0,79
0,8 0,8
-
0,10
0,20
0,30
0,40
0,50
0,60
0,70
0,80
0,90
1,00
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
1
0
Relação de falha por coesão
Resistência de aderência (Mpa)
1º série
2º série
Traço 2 - 1:1:6
-
0,10
0,20
0,30
0,40
0,50
0,60
0,70
0,80
0,90
1,00
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Relação de falha por coeo
Resistência de
aderência (Mpa)
1º série
2º série
Traço 3 - 1:2:8
-
0,10
0,20
0,30
0,40
0,50
0,60
0,70
0,80
0,90
1,00
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
1
0
Relação de falha por coesão
Resistência de
aderência (Mpa)
1º série
2º série
Traço 4 - 1:2:10
-
0,10
0,20
0,30
0,40
0,50
0,60
0,70
0,80
0,90
1,00
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
1
0
Relação de falha por coesão
Resistência de
aderência (Mpa)
1º série
2º série
FIGURA 5-45 – Extensão de aderência das argamassas
131
Ao se analisar tipo de falha nos rompimentos do ensaio de aderência pode-se observar que no
traço 1 – 1:0:6 os tipos de falhas são muito variados, provavelmente pelos altos valores de
aderência apresentados e pela resistência mecânica da argamassa.Todos os valores obtidos são
muito acima da norma. No traço 2 – 1:2:8 parece haver uma forte tendência pela falha por
adesão, provavelmente porque a introdução da cal influenciou mais negativamente a
aderência do que a resistência mecânica da argamassa, sendo que os resultados de aderência
são inferiores ao do traço 1. No traço 3 – 1:2:8 o tipo de falha é muito variado, provavelmente
devido à maior perda de resistência mecânica da argamassa com o aumento do teor de cal. Os
valores de rompimento, apesar de serem superiores ao exigido pela norma são muito
próximos ao limite. No traço 4 – 1:2:10 parece existir uma forte tendência pela falha por
coesão, provavelmente ocasionada pela perda acentuada de resistência mecânica da argamassa
causada pelo novo aumento do teor de cal. Neste traço também apareceram os únicos
resultados abaixo do limites estipulados pela norma. Pode-se observar claramente a influência
da cal na resistência de aderência da argamassa e as mudanças no tipo de falha à medida que
se varia o teor de cal.
Cabe ainda ressaltar que a ruptura aqui caracterizada como de aderência, na verdade é uma
ruptura por falta de coesão da argamassa, ocorrida muito próxima da interface tijolo-
argamassa, cerca de 50µm. Este fato também é observado por CARASEK et al. (1999) e
CARASEK (1996).
5.6.3. Permeabilidade a água
TABELA V-30 – Medidas de permeabilidade na argamassa 1:0:6
Tempo
(min)
Experimento 1
(cm
3
)
Experimento 2
(cm
3
)
Experimento 3
(cm
3
)
1 0,00 0,00 0,00
2 0,50 0,00 0,00
3 1,00 0,50 0,50
4 1,00 1,00 1,00
5 1,00 1,40 1,00
6 1,00 1,40 1,00
7 1,20 1,40 1,50
8 1,30 2,00 1,50
9 1,40 2,00 1,50
10 1,50 2,00 1,80
11 1,50 2,80 2,00
12 1,50 2,80 2,00
13 1,50 2,80 2,00
14 1,50 2,80 2,00
15 1,50 3,00 2,00
132
Permeabilidade à água
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
3,50
1 3 5 7 9 11 13 15
min
cm3
Cachimbo 1
Cachimbo 2
Cachimbo 3
FIGURA 5-46 – Evolução da permeabilidade na argamassa 1:0:6
TABELA V-31 - Medidas de permeabilidade na argamassa 1:1:6
Tempo
(min)
Experimento 1
(cm
3
)
Experimento 2
(cm
3
)
Experimento 3
(cm
3
)
1 0,50 0,00 0,00
2 1,00 0,00 0,00
3 1,20 0,20 0,00
4 1,50 0,20 0,50
5 2,00 0,20 0,50
6 2,00 1,00 1,00
7 2,00 1,20 1,00
8 2,50 1,20 1,20
9 3,00 1,30 1,30
10 3,00 1,50 1,30
11 3,50 1,80 1,80
12 3,80 2,00 1,80
13 4,00 2,00 2,00
14 4,20 2,10 2,00
15 4,50 2,30 2,10
133
Permeabilidade à água
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
3,50
4,00
4,50
5,00
123456789101112131415
min
cm3
Experimento 1
Experimento 2
Experimento 3
FIGURA 5-47 - Evolução da permeabilidade na argamassa 1:1:6
TABELA V-32– Medidas de permeabilidade na argamassa 1:2:8
Tempo
(min)
Experimento 1
(cm
3
)
Experimento 2
(cm
3
)
Experimento 3
(cm
3
)
1 0,00 1,00 1,00
2 0,00 1,00 1,00
3 0,20 1,50 1,60
4 0,30 2,00 2,10
5 0,30 2,40 2,20
6 0,40 2,70 2,50
7 0,50 3,00 2,90
8 0,70 3,40 3,00
9 0,90 3,70 3,00
10 1,00 3,90 3,20
11 1,00 4,20 3,40
12 1,00 4,50 3,60
13 1,10 4,80 3,60
14 1,20 5,00 3,90
15 1,20 5,00 4,00
134
Permeabilidade à água
0,00
1,00
2,00
3,00
4,00
5,00
6,00
123456789101112131415
min
cm3
Experimento 1
Experimento 2
Experimento 3
FIGURA 5-48 - Evolução da permeabilidade na argamassa 1:2:8
TABELA V-33– Medidas de permeabilidade na argamassa 1:2:10
Tempo
(min)
Experimento 1
(cm
3
)
Experimento 2
(cm
3
)
Experimento 3
(cm
3
)
1 1,00 0,50 0,50
2 1,30 1,00 1,00
3 2,00 1,80 1,80
4 2,20 2,80 3,00
5 2,80 3,00 3,50
6 3,00 3,50 4,00
7 3,30 4,00 4,90
8 3,90 4,50 5,70
9 4,00 5,00 6,30
10 4,50 5,60 7,00
11 5,00 6,10 7,90
12 5,30 7,00 8,40
13 5,60 7,30 9,00
14 6,00 7,80 9,30
15 6,10 8,10 10,00
135
Permeabilidade à água
0,00
2,00
4,00
6,00
8,00
10,00
12,00
123456789101112131415
min
cm3
Experimento 1
Experimento 2
Experimento 3
FIGURA 5-49 - Evolução da permeabilidade na argamassa 1:2:10
TABELA V-34– Medidas de permeabilidade na argamassa 0:1:6
Tempo
(min)
Experimento 1
(cm
3
)
Experimento 2
(cm
3
)
Experimento 3
(cm
3
)
1 8,80 9,00 5,00
2 14,50 16,00 10,00
3 19,50 23,00 15,00
4 24,00 29,00 20,00
5 29,00 35,00 24,00
6 35,00 29,00
732,00
835,00
9
10
11
12
13
14
15
136
Permeabilidade à água
0,00
5,00
10,00
15,00
20,00
25,00
30,00
35,00
40,00
123456789101112131415
min
cm3
Experimento 1
Experimento 2
Experimento 3
FIGURA 5-50 - Evolução da permeabilidade na argamassa 0:1:6
TABELA V-35 – Maior valor da permeabilidade à água “in situ” segundo CSTC (1982)
Tipo de argamassa Maior valor da permeabilidade – medido aos 15 minutos
de contato da água presente no cachimbo com a
superfície da argamassa – (cm
3
)
Tipo 1 – 1:0:6 3,0
Tipo 2 – 1:1:6 4,5
Tipo 3 – 1:2:8 5,0
Tipo 4 – 1:2:10 10,0
Tipo 5 – 0:1:6 -
A menor permeabilidade medida no traço 1 – 1:0:6 condiz com a bibliografia que afirma ser a
permeabilidade inversamente proporcional à quantidade de cimento da argamassa. Da mesma
forma, a grande permeabilidade medida no traço 5 – 0:1:6, onde não existe cimento, confirma
a teoria que afirma que quanto maior o teor de cal a argamassa maior será sua permeabilidade.
Esta mesma teoria explica o comportamento das demais argamassas.
Correlacionado estes dados com os obtidos da resistência à compressão e tração na flexão,
pode-se concluir que a permeabilidade é inversamente proporcional a estas.
137
5.7. Resultado e discussões das análises de caracterização microestrutural
Uma dificuldade encontrada no estudo da microestrutura é que o tijolo cerâmico e a argamassa,
mesmo macroscopicamente tão diferentes, inclusive em sua cor, microscopicamente são
parecidos e possuem em sua composição muitos elementos químicos em comum, entre eles:
cálcio e silício, alumínio e ferro.
Ao se destacar a argamassa do tijolo para efetuar a análise, observou-se que em todas elas, uma
fina camada de argamassa permaneceu aderida, visível a olho nu (FIGURA 5-51). Observou-se
também que na medida em que se aumentou o teor de cal na argamassa, a camada se tornou
maior e mais uniforme. Este fato se deve à maior plasticidade conferida pela cal à argamassa.
A forma como a ruptura ocorreu demonstra que a tensão exercida excedeu a capacidade de
coesão próxima à interface, confirmando a existência de uma região de menor resistência neste
local.
FIGURA 5-51 – Interface do tijolo após de destacamento da argamassa.
5.7.1. Microscópio eletrônico de varredura (MEV) e microanalisador EDS
A seguir são apresentados e discutidos os principais aspectos observados no estudo da
microestrutura da interface argamassa/substrato, o qual foi realizado com microscópio
138
eletrônico de varredura (MEV) dotado de microanalisador EDS - espectrômetro de dispersão
de energia. O equipamento utilizado foi o MEV JEOL JSM-5410 com EDS THERMO
NORAN TN-M3055. São apresentadas imagens obtidas tanto através de sinais de elétrons
retroespalhados (ER) quanto por elétrons secundários (ES).
Como a argamassa e o tijolo possuem baixa condutividade térmica e elétrica, foi necessária a
aplicação de uma fina camada de material condutivo (ouro). Esta camada é aplicada através de
evaporações de ouro sob vácuo (10
-2
mbar), resultando em um filme de espessura da ordem de
nanômetros. Esta película evita a geração de cargas eletrostáticas que prejudicam a qualidade
da imagem e permite a dissipação do calor produzido pelo bombardeamento de elétrons.
Inicialmente foi feita uma microanálise do bloco cerâmico (TABELA V-36).
TABELA V-36 – Microanálise do bloco cerâmico puro
PONTO Al
2
O
3
(%)
SiO
2
(%)
TiO
2
(%)
K
2
O
(%)
CaO
(%)
Fe
2
O
3
(%)
(%)
Caracterização
do Tijolo
Cerâmico
35,2 53,8 1,1 1,9 1,0 7,0 100,0
.
De acordo com os elementos identificados, os principais constituintes são o silício e o
alumínio. Isto pode acarretar algumas dificuldades na análise dos constituintes da argamassa,
uma vez que a mesma também contém estes elementos.
Na FIGURA 5-52 os elevados teores de cálcio, silício, alumínio e enxofre, associados à
morfologia característica, fitas euédricas formadas por coalescência de bastões estreitos
(0,05µm) e longos (4-5µm), indicam presença de cristais de etringita. Na FIGURA 5-53 é
possível visualizar finos cristais de etringita unidos formando feixes mais espessos. Em ambas,
o espaço entre os cristais de etringita são preenchidos provavelmente por cristais de portlandita
com sinais de provável início de carbonatação.
139
FIGURA 5-52 – Fotomicrografia da interface bloco cerâmico – argamassa tipo 1- 1:0:6; vista de topo do
bloco cerâmico, após a retirada da argamassa. Imagem obtida com elétrons secundários (IES).
TABELA V-37 – Microanálise EDS, ponto 1 da figura 5-52
PONTO Al
2
O
3
(%)
SiO
2
(%)
SO
3
(%)
K
2
O
(%)
CaO
(%)
Fe
2
O
3
(%)
MgO
(%)
(%)
Interpretação
1 14,0 39,8 6,3 2,3 33,5 3,5 0,6 100,0 Etringita
FIGURA 5-53 - Fotomicrografia da interface bloco cerâmico – aq1 rgamassa tipo 1- 1:0:6 vista de topo do
bloco cerâmico, após a retirada da argamassa. (IES).
140
TABELA V-38 - Microanálise EDS, ponto 1 da figura 5-53
PONTO Al
2
O
3
(%)
SiO
2
(%)
SO
3
(%)
CaO
(%)
Fe
2
O
3
(%)
(%)
Interpretação
1 14,48 19,94 20,87 37,36 7,34 100,0 Etringita
Todas as fotomicrografias da FIGURA 5-54 (pág. 142) foram realizadas na interface do tijolo
com a argamassa 1 – 1:0:6, de perfil, sem o destacamento entre eles. Foi utilizada imagem de
elétrons retroespalhados.
A fotomicrografia 5-54 A apresenta a interface entre o tijolo e a argamassa, traço 1 - 1:0:6,
vista de perfil e sem o destacamento entre eles. É nítida a pequena extensão de aderência
causada pela falta de plasticidade da argamassa. Grandes vazios se formaram principalmente
nas regiões em curva, o que faz supor que as estrias na superfície do tijolo, com a finalidade de
aumentar a aderência pelo aumento da superfície, podem neste caso provocar sua diminuição.
São observados também produtos oriundos da penetração do cimento no interior de poros do
tijolo. Esta penetração não se dá de forma uniforme nem em termos de profundidade nem em
extensão. Desta forma, existem áreas com grande penetração e outras com nenhuma. Esta
diferença pode ser causada pela extensão de aderência, técnica de aplicação e principalmente
pela porosidade aberta do tijolo. A profundidade em que os cristais de etringita foram
encontrados chega a até 500µm. No entanto, autores pesquisados afirmam ter encontrado
penetrações de cálcio a até 1,8 mm de profundidade. Fica bem claro também que apesar de
macroscopicamente a argamassa e o tijolo serem completamente diferentes, ao nível
microscópico a diferença não é tão nítida assim.
A fotomicrografia 5-54D apresenta cristais de etringita com 30µm de comprimento e 0,5µm de
espessura, com direção preferencial de crescimento dos cristais perpendicular à superfície do
substrato, podendo indicar que a proximidade do substrato interfere na morfologia argamassa.
Esta interferência pode ser causada pela absorção do bloco que cria um fluxo de água, íons e
grãos de cimento. Pode ser observado o agulhamento do substrato pelos cristais de etringita,
sendo este mecanismo responsável pela aderência mecânica da argamassa ao substrato.
Aparecem somente os cristais de etringita, pelo fato de os íons sulfato e alumínio serem os
primeiros a solubilizar-se, sendo também os primeiros a serem absorvidos pelo substrato
poroso, preenchendo todos os espaços vazios e tendo também espaço para se formarem. Nesta
região também não existiu extensão de aderência boa, devido à baixa plasticidade da
argamassa, evitando assim o crescimento de outras fases, como por exemplo CSH.
141
As fotomicrografias 54B, C, e E apresentam cristais de etringita formados no interior de poros
do substrato. Os cristais se formaram mais intensamente em regiões próximas à superfície,
como no caso da fotomicrografia E, a cerca de 100µm. Mas também foram encontrados cristais
em profundidades maiores, como no caso das fotomicrografias B e C, a cerca de 500µm. A
etringita parece ser o único cristal a se formar no interior do substrato. Isto talvez possa ocorrer
pelo fato da etringita ser a primeira fase a cristalizar-se no interior dos poros, não deixando
espaço para os outros cristais se formarem.
TABELA V-39 – Microanálise EDS da FIGURA 5-54D
PONTO Al
2
O
3
(%)
SiO
2
(%)
SO
3
(%)
CaO
(%)
Fe
2
O
3
(%)
(%)
Interpretação
1 15,5 8,3 28,9 45,1 2,1 100,0 Etringita
142
TIJOLO
ARGAMASSA
B)
A)
C)
E)
D)
FIGURA 5-54 – Fotomicrografias do perfil do bloco cerâmico aderido à argamassa tipo 1 - 1:0:6. IER.
143
A)
B)
B)
FIGURA 5-55 – Fotomicrografias da argamassas tipo 1 – 1:0:6 e tipo 4 - 1:2:10 com o menor aumento
possível. IER.
A FIGURA 5-55 apresenta fotomicrografias das argamassas tipo 1 – 1:0:6 e tipo 4 – 1:2:10. É
nítida a diferença de adensamento entre as duas. O traço 1 apresenta grandes vazios com
dimensões maiores de 50 µm. No entanto, o traço 4 apresenta pequenos poros, não mostra
vazios característicos de mau adensamento e é mais homogêneo. Também é possível observar
bolhas de ar. Estas bolhas são causadas pelo ar incorporado na argamassa. A diferença entre
os dois traços pode ser explicada pela presença de cal no traço 4. A cal confere maior
plasticidade, maior retenção de água e maior quantidade de ar incorporado. Nos ensaios
realizados, o traço 1 é o que apresentou os menores valores de ar incorporado e retenção de
água.
144
FIGURA 5-56 – Fotomicrografia da interface do bloco cerâmico – Argamassa tipo 1 – 1:0:6. Vista de
perfil sem o destacamento da argamassa. IER.
TABELA V-40 – Microanálise EDS da fase da FIGURA 5-56
PONTO Al
2
O
3
(%)
SiO
2
(%)
K
2
O
(%)
CaO
(%)
(%)
Interpretação
1 13,0 29,8 11,6 45,6 100,0 Portlandita
A fase da FIGURA 5-56 se desenvolveu no espaço deixado na interface do tijolo cerâmico –
argamassa, devido à baixa plasticidade da argamassa tipo 1 – 1:0:6. De acordo com a
microanálise EDS realizada, a fase trata-se possivelmente de hidróxido de cálcio.
Foi observado que a morfologia dos cristais no interior da argamassa é diferente da observada
na interface. Na interface, os cristais são maiores e mais bem formados, sendo sua direção
preferencial de crescimento perpendicular ao substrato. Nesta região, a fase preponderante é a
etringita. No interior da argamassa, os cristais são menores e na maioria das vezes estão
misturados com outras fases. A fase preponderante nesta região é o CSH.
145
FIGURA 5-57 – Fotomicrografia da argamassa tipo 1 – 1:0:6. Imagem obtida com elétrons secundários
(IES).
A fotomicrografia da FIGURA 5-57 demonstra a morfologia típica dos cristais de etringita
com aproximadamente 0,5µm de espessura, sem direção preferencial, parcialmente envolvida
por outra fase, provavelmente CSH.
146
FIGURA 5-58 – Fotomicrografias da argamassa tipo 4 – 1:2:10. IER.
TABELA V-41 – Microanálise EDS da FIGURA 5-58
PONTO Al
2
O
3
(%)
SiO
2
(%)
SO
3
(%)
MgO
(%)
K
2
O CaO
(%)
Fe
2
O
3
(%)
(%)
Interpretação
1 2,4 5,1 - - - 92,5 - 100,0 Portlandita
2 2,0 4,8 - - - 87,8 5,4 100,0 Portlandita
3 11,8 6,8 17,1 0,7 - 61,0 2,7 100,0 Etringita
4 5,8 7,4 13,1 - - 73,7 - 100,0 Etringita
5 3,6 6,2 8,3 - 1,5 80,4 - 100,0 Portlandita +
Etringita
A FIGURA 5-58 apresenta fotomicrografias da argamassa tipo 4 – 1:2:10 mostrando
morfologias típicas da argamassa. A fotomicrografia 5-58A apresenta, no ponto 4, um grupo de
cristais de etringita bem formado no interior de uma bolha de ar. A morfologia euédrica é
definida quando há espaço disponível, como neste caso. Ao contrário, pouco espaço origina
morfologia anédrica. No ponto 5 há portlanditas com pouca etringita. A fotomicrografia 5-58B
apresenta vários cristalitos de portlandita, associados às outras fases. A fotomicrografia 5-58C
apresenta, no ponto 2, a presença de portlandita e no ponto 1 agulhas de etringita.
147
FIGURA 5-59 – Fotomicrografia da interface tijolo-argamassa no traço 1 - 1:0:6. Vista de perfil, sem o
destacamento de ambos. IES.
TABELA V-42 – Microanálise EDS dos pontos 1 e 2 da FIGURA 5-59
PONTO Al
2
O
3
(%)
SiO
2
(%)
SO
3
(%)
CaO
(%)
(%)
Interpretação
1 4,0 7,9 7,7 80,4 100,0 Portlandita
2 15,3 12,6 24,2 47,9 100,0 Etringita
A FIGURA 5-59 apresenta ao fundo (ponto 2) cristais com a morfologia típica da etringita,
com fitas de espessura aproximada de 0,3 µm e grande comprimento. Os altos teores de SO
3
identificados na análise EDS confirmam a suposição. Entretanto, os cristais em primeiro plano
(ponto 1), em formato de placas com comprimento de 3,0 µm, largura de 1,5 µm e espessura de
0,2 µm parecem ser portlanditas vistas como lamelas subédricas. As microanálises EDS
apresentadas na TABELA 42 confirmam as afirmações anteriores.
148
FIGURA 5-60 – Fotomicrografia da interface tijolo/argamassa do traço 2 – 1:1:6. IES.
A FIGURA 5-60 apresenta cristais típicos de etringita saindo de dentro dos poros do tijolo. Os
cristais se formam perpendicularmente à superfície e as fitas típicas se agrupam em feixes
radiais. Microtrincas da superfície do tijolo aparecem ao fundo e também ajudam na
ancoragem da argamassa.
A FIGURA 5-61 apresenta cristais de etringita no ponto 1. Esta afirmação é confirmada pela
morfologia típica e pelos altos teores de SO
3
. Entretanto, a fotomicrografia mostra outra fase,
quase amorfa, preenchendo os vazios entre as agulhas de etringita, provavelmente CSH. A
partícula marcada pelo ponto 2, pelas dimensões, pela morfologia e pelos resultados da
microanálise EDS, parece ser um grão de agregado da argamassa.
TABELA V-43 – microanálise EDS dos pontos 1 e 2 da FIGURA 5-61
PONTO Al
2
O
3
(%)
SiO
2
(%)
SO
3
(%)
K
2
O
(%)
CaO
(%)
Fe
2
O
3
(%)
MgO
(%)
(%)
Interpretação
1 9,5 32,0 16,6 1,6 37,6 2,1 0,6 100,0 Etringita
2 16,9 44,3 - 1,2 36,1 - 1,5 100,0 Grão de
agregado
149
FIGURA 5-61 – Fotomicrografias da interface do tijolo/argamassa do traço 2 – 1:1:6. IES.
.
A FIGURA 5-62 apresenta duas fotomicrografias da interface tijolo/argamassa do traço 3 –
1:2:8, ambas com o mesmo aumento, no entanto a foto 5-62A foi obtida com elétrons
secundários e a foto 5-62B foi obtida com elétrons retroespalhados. A área à esquerda das fotos
mostra muitas fitas e agulhas, enquanto a parte à direita apresenta fases equiaxiais subédricas.
150
FIGURA 5-62 – Fotomicrografias da interface do tijolo/argamassa do traço 3. Imagens obtidas com
elétrons secundários e retroespalhados.
A FIGURA 5-63 apresenta cristais de etringita de morfologia típica, com comprimento
aproximado de 15µm e espessura de 0,6 µm e direção preferencial perpendicular à superfície
do bloco cerâmico. A composição é confirmada pelo alto teor de SO
3
na microanálise EDS da
TABELA V-44.
1
2
FIGURA 5-63 – Fotomicrografia da interface argamassa/tijolo do traço 3 – 1:2:8. IES.
TABELA V-44 – Microanálise EDS dos pontos 1 e 2 da FIGURA 5-63
PONTO MgO Al
2
O
3
(%)
SiO
2
(%)
SO
3
(%)
K
2
O
(%)
CaO
(%)
Fe
2
O
3
(%)
(%)
Interpretação
1 - 13,9 3,8 34,4 47,9 - 100,0 Etringita
2 1,0 11,4 26,0 14,0 0,9 44,3 2,4 100,0 Tijolo
151
FIGURA 5-64 – Fotomicrografias da interface argamassa tijolo dos traços 4 – 1:2:10 – (A) e traço 1 –
1:0:6 – letra (B). Vista de perfil sem o destacamento da argamassa. IER.
A FIGURA 5-64 deixa nítida a maior extensão de aderência do traço 4. Esta diferença pode
ser explicada pela introdução da cal no traço 4. A cal proporciona maior plasticidade, retenção
de água e ar incorporado, favorecendo assim melhoria na extensão de aderência. Este fato
também fica claro a olho nu, quando da preparação das amostras. Ao se destacar a argamassa
do tijolo, o filme remanescente de argamassa sobre o tijolo se torna mais fino e homogêneo, à
medida que o teor de cal na argamassa aumenta. Na FIGURA 5-64 fica claro também que,
apesar de a olho nu a argamassa e o tijolo cerâmico serem inconfundíveis, com textura e cor
totalmente diferentes, na microscopia eletrônica a diferença não é tão nítida assim, exigindo
às vezes, durante a observação, microanálises EDS para se ter certeza sobre qual superfície se
estava trabalhando.
152
FIGURA 5-65 – Fotomicrografia da interface argamassa/tijolo do traço 4 – 1:2:10. Vista de perfil, sem o
destacamento da argamassa. IER.
153
TABELA V-45 – Microanálise EDS dos pontos 1 e 2 da FIGURA 5-65
PONTO Al
2
O
3
(%)
SiO
2
(%)
SO
3
(%)
K
2
O CaO
(%)
Fe
2
O
3
(%)
(%)
Interpretação
1 18,8 21,9 22,3 0,9 33,2 2,9 100,0 Etringita
2 7,9 12,4 - - 77,5 2,2 100,0 Portlandita
A FIGURA 5-65 apresenta fotomicrografias de cristais precipitados no interior dos vazios do
tijolo. A fotomicrografia 5-65B apresenta cristais de etringita formados no interior de um vazio
a 250µm da superfície do substrato. Na fotomicrografia 5-65C aparecem cristais de etringitas
formados no interior de vazios do tijolo a 375µm de profundidade. Finalmente, na
fotomicrografia 5-65D aparece a portlandita subédrica, em um vazio do tijolo a uma
profundidade de 450µm. A presença destes produtos no interior do tijolo pode ser explicada
pela sucção exercida pelos capilares do substrato sob a argamassa no momento da aplicação.
Esta sucção leva para o interior do tijolo os íons mais solúveis procedentes da pasta. São eles:
sulfato, alumínio e cálcio. No interior dos poros estes íons reagem, precipitando e formando os
cristais observados. O fato de a fase portlandita ter penetrado mais do que a etringita pode ser
explicado pelo tamanho dos íons. O íon cálcio é menor que o íon sulfato, podendo desta forma
penetrar mais profundamente no substrato. Isto pode explicar também porque, apesar das
argamassas com cal terem maior penetração de cálcio, possuem uma resistência de aderência
inferior, pois sabe-se que esta resistência de aderência está ligada à penetração da etringita, que
é formada pelos íons sulfato.
Nas análises feitas, pode ser percebida uma diferença na morfologia dos cristais de etringita
precipitados nos diversos traços utilizados (FIGURA 5-66). A etringita formada no traço 1 –
1:0:6, fotomicrografia 5-66A, possui a morfologia que mais se assemelha à morfologia descrita
pela literatura. A etringita apresenta bastões estreitos (aproximadamente 0,3µm), relativamente
longos (aproximadamente 20µm), com lados paralelos e sem ramificações. Também não foi
observada a formação de feixes de agulhas. As etringitas formadas nos traços onde houve a
adição de cal, ou seja, traços 2, 3 e 4, possuem uma morfologia diferenciada. Neste caso as
agulhas possuem um comprimento aproximado bem menor (traço 2 = 5µm; traço 3 = 6,5µm;
traço 4 = 4,5 µm). As agulhas (fitas) se agrupam em feixes formando uma espessura
aproximada bem maior (traço 2 = 2µm; traço 3 = 1µm; traço 4 = 1,25 µm). Os lados também
não são sempre paralelos e as agulhas terminam em pontas. Apesar das diferentes morfologias,
154
as microanálises EDS (TABELA V-46) apresentam resultados similares e confirmam a
composição de etringitas, com altos teores de enxofre e alumínio.
As diferenças na morfologia das etringitas parece não interferir na sua importância para a
aderência da argamassa ao substrato, uma vez que em nenhum caso a ruptura ocorreu na
interface, ou seja, na região onde existe a preponderância de etringitas, e sim em uma região
logo acima (cerca de 100µ).
No traço 5, não foi observada a presença de etringita. Isto se explica pelo fato do traço 5 não
conter cimento, sendo que a etringita é uma fase formada pelos compostos do cimento.
155
A)
B)
C)
D)
1
2
3
4
FIGURA 5-66 – Fotomicrografias dos cristais de etringita nos traços 1, 2, 3, 4. IES.
156
TABELA V-46 – Microanálise EDS da FIGURA 5-66
PONTO Al
2
O
3
(%)
SiO
2
(%)
SO
3
(%)
K
2
OMgOCaO
(%)
Fe
2
O
3
(%)
(%)
Interpretação
1 15,5 8,4 28,9 1,6 0,6 45,2 2,1 100,0 Etringita
2 9,6 32,0 16,6 - - 37,6 2,2 100,0 Etringita
3 13,9 3,7 34,4 - - 48,0 - 100,0 Etringita
4 13,9 15,6 25,4 - - 43,3 1,8 100,0 Etringita
Com a finalidade de medir a espessura da camada aderida ao tijolo após o destacamento da
argamassa, a amostra foi embutida em resina poliéster cristal e submetida a posterior
polimento. Foram feitas fotomicrografias utilizando elétrons retroespalhados (FIGURA 5-67)
e confirmadas com microanálise EDS (TABELA V-47). A espessura de camada foi medida
através da escala de barra da própria figura. Os valores médios encontrados foram de 200µm.
Isto confirma as afirmações de que o rompimento não ocorre propriamente na interface, e sim
em uma região muito próxima a ela.
Resina
Resina
Argamassa
A
rgamassa
Tijolo
Tijolo
FIGURA 5-67 – Fotomicrografia da interface argamassa/tijolo do traço 4 – 1:2:10. IER.
TABELA V-47 – Microanálise EDS da FIGURA 5-67
PONTO Al
2
O
3
(%)
SiO
2
(%)
K
2
O
(%)
TiO
2
(%)
CaO
(%)
Fe
2
O
3
(%)
(%)
Interpretação
1 17,3 38,3 1,9 0,00 33,0 9,5 100,0 Argamassa
2 29,2 47,5 2,1 1,8 9,0 10,2 100,0 Tijolo
157
FIGURA 5-68 – Fotomicrografia da interface argamassa/tijolo do traço 5 - 0:1:6. Imagens obtidas com
elétrons retroespalhados
TABELA V-48 – Microanálise EDS dos pontos 1 e 2 da FIGURA 68
PONTO Al
2
O
3
(%)
SiO
2
(%)
Nb
2
O
5
(%)
K
2
O
(%)
CaO
(%)
Fe
2
O
3
(%)
(%)
Interpretação
1 32,8 47,4 11,8 0,6 4,6 2,8 100,0 Tijolo
cerâmico
2 11,9 22,4 - - 63,1 2,6 100,0 Calcita ou
portlandita
No caso da argamassa tipo 5 – 0:1:6, a fase responsável pela aderência é a calcita, uma vez que
não existe a formação de cristais de etringita, hidróxido de cálcio e CSH. Estes constituintes
são produtos de hidratação do cimento. A FIGURA 5-68 apresenta uma lamela de portlandita
sobre a superfície do tijolo cerâmico.
158
5.7.2. Fluorescência de raios-X (FRX)
Traço
Profundidade
(
mm
)
Relação
Ca/Si
0,26 0,22778
0,62 0,08541
1,04 0,05185
1
1,32 0,05317
0,32 0,12467
0,74 0,07746
1,00 0,06112
2
1,50 0,03910
0,32 0,31194
0,58 0,10319
1,12 0,06102
3
2,54 0,05413
0,28 0,34784
0,64 0,21028
0,90 0,12395
4
1,30 0,12246
0,32 0,16249
0,58 0,07451
0,82 0,05307
5
1,20 0,04924
Relão Ca/Si x Profundidade de Penetrão
-
0,10
0,20
0,30
0,40
0
0,
2
0,
4
0
,6
0,
8
1
1,
2
1,
4
1
,6
Profundidade (mm)
Relação Ca / Si
Traço 1 - 1:0:6
Traço 2 - 1:1:6
Traço 3 - 1:2:8
Traço 4 - 1:2:10
Traço 5 - 0:1:6
FIGURA 5-69- Relação Ca/Si versus profundidade de penetração no tijolo.
Traço
Profundidade
(
mm
)
Relação
Ca/Al
0,26 0,36134
0,62 0,13949
1,04 0,08443
1
1,32 0,08157
0,32 0,22511
0,74 0,12665
1,00 0,10752
2
1,50 0,06886
0,32 0,57690
0,58 0,17256
1,12 0,10294
3
2,54 0,08782
0,28 0,62796
0,64 0,37565
0,90 0,21337
4
1,30 0,20748
0,32 0,28180
0,58 0,12053
0,82 0,08978
5
1,20 0,08041
Relação Ca/Al x Profundidade de Penetração
-
0,10
0,20
0,30
0,40
0,50
0,60
0,70
0,00
0,
2
0
0,40
0,
6
0
0,80
1,
00
1
,
20
1,
40
1
,
60
Profundidade (mm)
Relação Ca / Al
Traço 1 - 1:0:6
Traço 2 - 1:1:6
Traço 3 - 1:2:8
Traço 4 - 1:2:10
Traço 5 - 0:1:6
FIGURA 5-70- Relação Ca/Al versus profundidade de penetração no tijolo.
159
Traço
Profundidade
(
mm
)
Relação
Ca/Fe
0,26 0,19625
0,62 0,06132
1,04 0,04090
1
1,32 0,04032
0,32 0,10147
0,74 0,06037
1,00 0,04622
2
1,50 0,02892
0,32 0,31730
0,58 0,09807
1,12 0,05827
3
2,54 0,04877
0,28 0,26313
0,64 0,10925
0,90 0,07277
4
1,30 0,08813
0,32 0,13070
0,58 0,05437
0,82 0,03727
5
1,20 0,03519
Relação Ca/Fe x Profundidade de Penetração
-
0,10
0,20
0,30
0,40
0
,00
0
,20
0,40
0,60
0,80
1,00
1,20
1,40
1,60
Profundidade (mm)
Relação Ca / Fe
Traço 1 - 1:0:6
Traço 2 - 1:1:6
Traço 3 - 1:2:8
Traço 4 - 1:2:10
Traço 5 - 0:1:6
FIGURA 5-71 - Relação Ca/Fe versus profundidade de penetração no tijolo.
Traço
Profundidade
(
mm
)
Relação
Ca/S
0,26 5,48936
0,62 4,33929
1,04 4,00000
1
1,32 3,21667
0,32 8,83019
0,74 9,20833
1,00 9,39130
2
1,50 9,08333
0,32 4,07207
0,58 4,75325
1,12 5,33333
3
2,54 8,56250
0,28 2,87566
0,64 3,69853
0,90 5,31944
4
1,30 4,49367
0,32 5,13889
0,58 4,26415
0,82 6,14815
5
1,20 5,75758
Relão Ca/S x Profundidade de Penetração
-
1,00
2,00
3,00
4,00
5,00
6,00
7,00
8,00
9,00
10,00
0,00
0,20
0,40
0,60
0,80
1,00
1,20
1,
40
1,60
Profundidade (mm)
Relação Ca / S
Traço 1 - 1:0:6
Traço 2 - 1:1:6
Traço 3 - 1:2:8
Traço 4 - 1:2:10
Traço 5 - 0:1:6
FIGURA 5-72 - Relação Ca/S versus profundidade de penetração no tijolo.
160
Traço
Profundidade
(
mm
)
Relação
Ca/Ti
0,26 8,89655
0,62 3,11538
1,04 2,07792
1
1,32 1,94949
0,32 6,50000
0,74 3,50794
1,00 2,73418
2
1,50 1,60294
0,32 12,21622
0,58 5,22857
1,12 2,80000
3
2,54 1,85135
0,28 13,93590
0,64 7,98413
0,90 5,31944
4
1,30 5,07143
0,32 6,37931
0,58 2,97368
0,82 2,04938
5
1,20 1,90000
Relação Ca/Ti x Profundidade de Penetração
-
1,00
2,00
3,00
4,00
5,00
6,00
7,00
8,00
9,00
10,00
11,00
12,00
13,00
14,00
15,00
0,00
0,20
0,40
0,60
0,80
1,00
1,20
1,
40
1,60
Profundidade (mm)
Relação Ca / Ti
Traço 1 - 1:0:6
Traço 2 - 1:1:6
Traço 3 - 1:2:8
Traço 4 - 1:2:10
Traço 5 - 0:1:6
FIGURA 5-73 - Relação Ca/Ti versus profundidade de penetração no tijolo.
Traço
Profundidade
(
mm
)
Relação
Ca/K
0,26 4,01036
0,62 1,59868
1,04 0,95238
1
1,32 0,98469
0,32 2,38776
0,74 1,46358
1,00 1,21348
2
1,50 0,66463
0,32 4,93989
0,58 2,10345
1,12 1,00901
3
2,54 0,76536
0,28 5,87568
0,64 3,39865
0,90 2,25294
4
1,30 2,35099
0,32 2,72059
0,58 1,51678
0,82 1,13699
5
1,20 1,03261
Relação Ca/K x Profundidade de Penetração
-
1,00
2,00
3,00
4,00
5,00
6,00
7,00
0
,
0
0
0
,
2
0
0,4
0
0
,
6
0
0,80
1,00
1,2
0
1
,40
1,60
Profundidade (mm)
Relação Ca / K
Traço 1 - 1:0:6
Traço 2 - 1:1:6
Traço 3 - 1:2:8
Traço 4 - 1:2:10
Traço 5 - 0:1:6
FIGURA 5-74 – Relação Ca/K versus profundidade de penetração no tijolo.
Observa-se na superfície do bloco uma região, próxima à interface, com composição química
diferente. Este fato indica que houve a penetração de produtos da pasta aglomerante para o
interior do bloco. Nas profundidades analisadas, os produtos que foram identificados como
provenientes da penetração da pasta foram o cálcio e o enxofre.
161
Este fato pode ser explicado pela maior solubilidade dos íons sulfato, alumínio e cálcio,
provenientes do cimento e do hidróxido de cálcio proveniente da cal. A sucção do substrato
carrega estes íons para o interior dos poros, onde vão se precipitar na forma de hidratos
ocupando os vazios superficiais.
O traço 4 obteve as maiores penetrações de Ca, seguido do traço 3 e do traço 1. Este resultado
pode ter sido causado pela maior quantidade de cal nos traços 3 e 4. A cal, além de conferir
maior plasticidade e melhorar a extensão de contato entre a argamassa e o tijolo cerâmico,
também é portadora de grande quantidade de Ca em sua composição. Entretanto, este fato não
explica as maiores penetrações também de Al, Fe, Ti e K. Desta forma, parece mesmo ser a
maior plasticidade a responsável pela maior penetração dos produtos de hidratação dos
aglomerantes no interior dos poros do substrato.
O fato de o traço 2 ter apresentado comportamento destoante ao comportamento dos demais
traços pode indicar que houve falha na extração da amostra.
A quantidade do Ca, Al, Fe, Ti e K nos poros do tijolo decai à medida em que a profundidade
aumenta, entretanto, a partir de uma certa profundidade, que varia de 0,6mm a 0,8 mm, a taxa
de redução se torna bem menor, parecendo tender para uma reta paralela ao eixo X.
A relação Ca/Si se apresenta como boa referência da penetração do cálcio, uma vez que o Si
está presente na argamassa na areia (SiO
2
) e esta apresenta dimensões grandes demais para
penetrar nos poros do tijolo, levando a crer que o Si identificado refere-se somente ao existente
no tijolo cerâmico.
Diferentemente das outras, a relação Ca/S apresentou uma tendência ascendente. Isto pode ser
explicado pela maior mobilidade do íon cálcio e sua maior facilidade de penetração e/ou maior
presença deste elemento nos produtos de hidratação da argamassa, pois o cálcio, além de estar
presente na etringita junto com o enxofre, também está presente na calcita e na portlandita.
Ao se comparar a quantidade e profundidade de penetração dos produtos de hidratação da
argamassa com a resistência de aderência, parece não haver correlação direta entre eles, uma
vez que os traços com maior penetração possuem resistências de aderência inferiores ao do
traço 1. Esta incoerência pode ser causada pelo grande impacto da cal na resistência mecânica
162
da argamassa. Outros ensaios comparando a resistência de aderência, para um mesmo traço
com diversas plasticidades podem vir a esclarecer este ponto.
O traço 5, sem cimento, apresentou os menores valores de penetração de produtos de
hidratação no tijolo.
5.8. Combinação dos resultados
TABELA V-49 – Análise dos resultados obtidos pelas argamassas
Tipo de
argamassa
ICP
(mm)
RA
(%)
ME
(g/cm
3
)
TAI
(%)
RC
(MPa)
MED
(Gpa)
RT
(MPa)
PA
(cm
3
)
ARR
(MPa)
Tipo 1 – 1:0:6 270 85,84 2,08 18 11,75 13,66 1,36 3,0 0,84
Tipo 2 – 1:1:6 270 86,62 1,98 20 11,25 14,39 1,48 4,5 0,63
Tipo 3 – 1:2:8 260 92,02 2,00 20 5,75 11,94 1,12 5,0 0,54
Tipo 4 – 1:2:10 280 94,82 2,05 20 7,25 9,48 0,71 10,0 0,51
Tipo 5 – 0:1:6 270 83,40 1,95 21 - 2,89 - - -
Legenda:
ICP – Índice de consistência padrão
RA – Retenção de água
ME – Massa específica
TAI – Teor de ar incorporado
RC – Resistência à compressão
MED – Módulo de elasticidade dinâmico
RT – Resistência à tração
PA – Permeabilidade à água
ARR – Ensaio arrancamento
De uma forma geral, os resultados dos ensaios de caracterização da argamassa no estado fresco
e endurecido, confirmam os resultados esperados, ou seja, para argamassas com consistências
similares, as propriedades no estado fresco melhoram ao se aumentar o percentual de cal
(retenção de água, teor de ar incorporado) e as propriedades no estado endurecido melhoram ao
se aumentar o percentual de cimento (resistência à compressão, resistência à tração, resistência
de aderência, permeabilidade). A exceção cabe ao módulo de elasticidade dinâmico que, de
acordo com a literatura, quanto maior o percentual de cal, maior a capacidade da argamassa de
absorver esforços, entretanto, os resultados obtidos neste trabalho foram inconclusivos.
Cabe ressaltar que tanto o desempenho no estado fresco, quanto no estado endurecido são
importantes para o desempenho dos revestimentos, uma vez que as propriedades no estado
163
fresco facilitam a aplicação e proporcionam melhor adensamento, o que contribui também para
um melhor desempenho no estado endurecido. Desta forma, a argamassa ideal deve possuir as
qualidades proporcionadas pela introdução da cal e as proporcionadas pelo aglomerante
cimento.
164
6. CONCLUSÕES
Os resultados dos estudos microestruturais demonstraram indícios de que a principal fase
responsável pela resistência de aderência entre a argamassa e o bloco cerâmico é a etringita.
Esta aderência se dá pelo intertravamento dos cristais e pela penetração dos mesmos no
interior dos poros do substrato. Foram visualizados cristais de etringita formados no interior
dos poros do substrato a uma profundidade de até 500µm. Esta penetração foi confirmada
através da observação das variações nas concentrações de elementos químicos, em função da
profundidade, utilizando-se a técnica de FRX.
Não se observou nenhuma relação direta entre a profundidade de penetração do cálcio e a
resistência de aderência. A profundidade e quantidade de penetração de cálcio parece estar
relacionada à quantidade de aglomerantes, ou seja, cimento e/ou cal. Talvez possa existir
correlação entre a profundidade de penetração do enxofre e a resistência de aderência, uma
vez que o enxofre é um dos componentes da etringita.
Foram verificadas diferentes morfologias dos produtos de hidratação dos aglomerantes. Os
cristais observados na interface são mais bem formados (euédricos) e maiores do que no
restante da matriz e possuem uma orientação preferencial perdendicular à superfície do bloco.
Nesta região a presença de etringita é preponderante e, em menores concentrações, o CSH
(silicato de cálcio hidratado) e a calcita. Este fato se deve à maior mobilidade dos íons sulfato,
aluminio e cálcio durante a hidratação do cimento e à proximidade ao substrato poroso, que
proporciona a sucção do fluido contendo estes ions para o seu interior.
Observaram-se também diferentes morfologias para os cristais de etringita nos diversos traços
utilizados, causada provavelmente pela variação do teor de cal e de aglomerante na
argamassa. Esta diferença entre a morfologia dos cristais de etringita parece não inteferir nos
resultados de aderência entre a argamassa e o substrato, tendo em vista que em nenhum caso a
ruptura ocorreu na interface, ou seja, na região onde existe a preponderância de etringita. A
etringita do traço sem a adição de cal é a que mais se assemelha à descrição da literatura, ou
seja, bastões estreitos (aproximadamente 0,3µm), relativamente longos (aproximadamente
20µm), com lados paralelos e sem ramificações. Já os cristais de etringitas formados nas
argamassas com a adição de cal, apresentaram comprimento bem inferior (entre 4,5µm e
165
6,5µm) e espessura bem maior (entre 1µm e 2µm), com agrupamento de agulhas formando
feixes. Os lados não são paralelos e as agulhas terminam pontiagudas. Esta diferença
morfológica pode contribuir para diminuição de resistência mecânica da argamassa, uma vez
que cristais mais longos e mais estreitos proporcionam melhor intertravamento com os outros
produtos de hidratação da argamassa. A variação da cal também influenciou na extensão de
aderência e no adensamento da argamassa, afetando desta maneira os valores de resistência e
a forma de ruptura. Nos ensaios de arrancamento foi observado que após a ruptura da
argamassa, uma fina camada permanece aderida ao tijolo, visível a olho nu, denotando que a
ruptura ocorreu pela falta de coesão da argamassa próxima à interface, afastada cerca de 200
µm. Este comportamento deixa a entender que o rompimento não ocorreu na faixa rica em
etringitas, e sim no interior da camada de argamassa, bem próxima a superfície de contato.
Com relação à resistência de aderência, observou-se uma piora nos resultados na medida em
que se aumentava o percentual de cal na argamassa. Já a permeabilidade à água “in situ
apresentou menores resultados nos traços com maior conteúdo de cimento.
Os resultados desta pesquisa estão de acordo com as bibliografias consultadas.
166
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANDEREGG, F.O. The effect of absorption characteristics upon mortar properties.
American Society for Testing Materials, Proceeding, 1942. v.42, p.821-836 apud
CARASEK, H. Aderência de argamassas à base de cimento Portland a substratos
porosos; avaliação dos fatores intervenientes e contribuição ao estudo do mecanismo da
ligação. São Paulo: Escola Politécnica da USP, 1996. 285p. (Tese, Doutorado em Engenharia
de Construção Civil e Urbana).
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CIMENTO PORTLAND. Guia básico de utilização do
cimento portland. 7. ed. São Paulo, 2002. 28p. (BT-106)
AGUILAR, M. T. P., CORRÊA, E. C. S., CARVALHO JR., A. N., CETLIN, P. R. Estudo
do desempenho de argamassas de revestimento fabricadas com sílica ativa e escória. In:
CONGRESSO ANUAL DA ABM – INTERNACIONAL, 57, 2002, São Paulo. Anais... São
Paulo: ABM, 2002. p186-194.
AGUILAR, M. T. P., CORRÊA, E. C. S., CETLIN, P. R. Análise da capacidade de
deformação do concreto: Módulo de Young x Módulo de Deformação. In: CONGRESSO
BRASILEIRO DO CONCRETO, 46, 2004, São Paulo. Anais em CD... São Paulo:
IBRACON, 2004.
ANDRADE, M. S. A, GAMBALE, E.A., SANTOS, S. B., Modelos de predição do módulo
de elasticidade do concreto. CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO, 48°, 2006,
Anais, Rio de Janeiro. IBRACOM, 2006.
AMERICAN CONCRETE INSTITUTE. Michigan. ACI 318-02 e ACI 318R-02. Building
Code Requirements for Structural Concrete and Comentary. ISBN 0-087031-065-8.
2002. 443p.
AMPTEK INC. X-Ray Fluorescence (XRF). Em <http://www.amptek.com/xrf.pdf>. Acesso
em 12 de janeiro de 2005. apud CARVALHO JR., A. N., Avaliação da aderência dos
revestimentos argamassados: uma contribuição à identificação do sistema de aderência
167
mecânico. Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), 2005. 331p.
(Tese, Doutorado em Engenharia Metalúrgica e de Minas).
BASTOS, P.K.X. Módulo de deformação de argamassas – conceito e métodos de
determinação. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE TECNOLOGIA DAS ARGAMASSAS,
VI, 2007, Recife. Anais. Recife:ANTAC, 2007.
BAUER, L.A. F., Materiais de Construção. 5.ed. Rio de Janeiro: LTC – Livros Técnicos e
Científicos Editora S.A., 1994. Vol 1. 435p.
BOMBLED, J.P.; KALVENES, O. Comportment rhéologique des pâtes, mortires et
bétons; mesure, evolution, influence de certains parameters. Revue des Materiaux de
Constructionet de Travaux Publics, Paris, (617): 39-52, fev.1967 apud SABBATINI, F.H.
Argamassas de assentamento para paredes de alvenaria resistentes – ET-91. São Paulo:
ABCP, 1998. 44p.
BOYNTON, R.S., Chemistry and Technology of Lime and Limestone. 2 ed. New York :
Wiley – Interscience Publication, 1980. 578p.
BOYNTON, R.S.; GUTSCHICK, K. Efflorescence of mansory, National Lime Association,
Washington, 1966, USA apud GUIMARÃES, J.E.P. A Cal; Fundamentos e Aplicações na
Construção Civil. 2.ed. São Paulo: Editora Pini, 2002. 341p.
BRANDÃO, P. R. G. Notas de aula da disciplina Métodos de Instrumentação e Análise.
Curso de Pós-Graduação em Engenharia Metalúrgica e de Minas – CPGEM. EE.UFMG,
2001.
CALISTER,W.D.,JR Ciência e engenharia de materiais: Uma introdução. Rio de Janeiro:
Editora LTC , 2002.
CARASEK, H. Aderência de argamassas à base de cimento Portland a substratos
porosos; avaliação dos fatores intervenientes e contribuição ao estudo do mecanismo da
ligação. São Paulo: Escola Politécnica da USP, 1996. 285p. (Tese, Doutorado em Engenharia
de Construção Civil e Urbana).
168
CARASEK, H. Fatores que exercem influência na resistência de aderência de
argamassas. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE TECNOLOGIA DAS ARGAMASSAS, II,
1997, Anais... Salvador: CETA/ANTAC, 1997. p133-146.
CARASEK, H., CASCUDO, O., CINCOTTO, M. A., DJANIKIAN, J. G. Microestrutura da
interface argamassa/tijolo cerâmico. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE TECNOLOGIA
DAS ARGAMASSAS, II, 1997, Anais... Salvador: CETA/ANTAC, 1997. p469-483.
CARASEK, H., CASCUDO, O., SCARTEZINI, L. M. Importância dos materiais na
aderência dos revestimentos de argamassa. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE
TECNOLOGIA DAS ARGAMASSAS, IV, 2001, Brasília. Anais. Brasília: PECC/ANTAC,
2001. p.43-67.
CARDOSO,F.A.; PELEGGI, R.G., JOHN, V.M. Caracterização reológica pelo método
squeeze flow In. Simpósio Brasileiro de Tecnologia das argamassas, Florianópolis, 2005.
Anais, Florianópolis: UFSC/ANTAC, 2005, P. 121-143
CARVALHO JR., A. N.; SILVA, A.P.; FRANÇA, E.P. Estudo coMParativo entre
argamassas de cimento e argamassas mistas de cimento e cal para uso em emboço. In:
SIMPÓSIO BRASILEIRO DE TECNOLOGIA DAS ARGAMASSAS, I, 1995, Brasília.
Anais. Goiania: UFG/ANTAC, 1995. P.261-270.
CARVALHO JR. JR., A. N. Técnicas de Revestimento; Apostila do Curso de
Especialização em Construção Civil. 1.ed. Belo Horizonte: DEMC- EE.UFMG, 1999. 54p.
CARVALHO JR., A. N., Avaliação da aderência dos revestimentos argamassados: uma
contribuição à identificação do sistema de aderência mecânico. Belo Horizonte:
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), 2005. 331p. (Tese, Doutorado em
Engenharia Metalúrgica e de Minas).
CENTURIONE,S.L., KIHARA, Y. O cimento Portland, Concreto: Ensino, Pesquisa e
Realizações, IBRACON, Cap. 10, p.295-322, V. 1, ed. Geraldo C. Isaia, São Paulo. 2005
169
CEOTTO, L.H., BANDUK, R.C., NAKAKURA, E.H. Revestimentos de Argamassas: Boas
práticas em projetos, Execução e Avaliação. Vol.1. Porto Alegre: ANTAC, 2005. 96p.
CHASE. G.W. Investigation of interface between brick and mortar. TMS Journal, v.3,
n.2, p.T1-T9, july-dec. 1984 apud CARASEK, H. Aderência de argamassas à base de
cimento Portland a substratos porosos; avaliação dos fatores intervenientes e
contribuição ao estudo do mecanismo da ligação. São Paulo: Escola Politécnica da USP,
1996. 285p. (Tese, Doutorado em Engenharia de Construção Civil e Urbana).
CINCOTTO, M. A. Patologias das argamassas de revestimentos: análise e
recomendações. In: VÁRIOS. Tecnologia das Edificações (Publicação IPT 1801). 2.ed. São
Paulo: Editora Pini, 1989. p549-554.
CINCOTTO, M. A., SILVA, M. A. C., CARASEK, H. Argamassas de revestimento;
Características, propriedades e métodos de ensaio (BT 68). 1.ed. São Paulo: Instituto de
Pesquisas Tecnológicas, 1995. 118p.
CINCOTTO, M.A.; QUARCIONI, V.A.; JOHN, V.M. Cal na construção civil, Materiais de
Construção Civil e Princípios de Ciências e Engenharia de Materiais, IBRACON, Cap. 22.1,
p.695-725, V.1, ed. ed. Geraldo C. Isaias, São Paulo. 2007
DAVISON, J.I. Mansory mortar. Otawa, National Research Council of Canadá, 1974.
(Canadian Building Digest – 163) apud SABBATINI, F.H. Argamassas de assentamento
para paredes de alvenaria resistentes – ET-91. São Paulo: ABCP, 1998. 44p.
DAVISON J.I. Curing of cement, Lime Mortars, ASTM Special Technical Publication,
n.472, 1969, Philadelphia, USA apud GUIMARÃES, J.E.P. A Cal; Fundamentos e
Aplicações na Construção Civil. 2.ed. São Paulo: Editora Pini, 2002. 341p.
DAVISON, J.I. Loss of moisture from fresh mortars to brick. Materials, Research of
Standarsds, Philadelphia, v.1, n.5, p. 385-388, May 1961 apud CINCOTTO, M. A., SILVA,
M. A. C., CARASEK, H. Argamassas de revestimento; Características, propriedades e
métodos de ensaio (BT 68). 1.ed. São Paulo: Instituto de Pesquisas Tecnológicas, 1995.
118p.
170
DIAMOND,S. The microstructure of cement paste in concrete. In: International congress
on the Chemistry of Cement, 8 tn., Proceedings. Rio de Janeiro, sept. 22-27, 1986. v1, p.122-
147 apud CARASEK, H. Aderência de argamassas à base de cimento Portland a
substratos porosos; avaliação dos fatores intervenientes e contribuição ao estudo do
mecanismo da ligação. São Paulo: Escola Politécnica da USP, 1996. 285p. (Tese, Doutorado
em Engenharia de Construção Civil e Urbana).
DUPIN,I.; DETRICHÉ, C.H.; MASO, J.C. Accrochage direct dún enduit sur un isolant
par une liaison de type mécanique dans le cadre dún procede dísolation par l´extérieur.
Matérieur et Contructions. V21, p.370-378, 1988 apud CARASEK, H. Aderência de
argamassas à base de cimento Portland a substratos porosos; avaliação dos fatores
intervenientes e contribuição ao estudo do mecanismo da ligação. São Paulo: Escola
Politécnica da USP, 1996. 285p. (Tese, Doutorado em Engenharia de Construção Civil e
Urbana).
ECKART, A., PALZER, S., HÄUBLER, F. Nondestructive microestrucutural investigation
on hydrating cement paste and tricalcium silicate by small angle neutron scattering, 1999.
FARIAS, M.M.. Agregados para a construção Civil, Materiais de Construção Civil e
Princípios de Ciências e Engenharia de Materiais, IBRACON, Cap. 16, p.483-523, V.1, ed.
ed. Geraldo C. Isaias, São Paulo. 2007
FIGUEIREDO,A.D, SILVA, A.C.M.A., MONTE, R. Avaliação da influência do teor de ar
no módulo de elasticidade de argamassas. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE
TECNOLOGIA DAS ARGAMASSAS, VI, 2007, Recife. Anais. Recife:ANTAC, 2007.
FIORITO, A. J. S. I. Manual de argamassas e revestimentos; estudos e procedimentos de
execução. 1.ed. São Paulo: Editora Pini, 1994. 221p.
FRANÇA, J.L. , VASCONCELLOS, A.C. Manual para normalização de publicações
técnico-científicas. 7.ed. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2004. 242p.
171
FREITAS, J.M.C. Influência da variação dos constituintes no desempenho da argamassa
de revestimentos. Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), 2007.
168p. (Dissertação, Mestrado em Engenharia Civil).
GALLEGOS, H. Adhesion entre el mortero y las unidades de albañilería. In: SIMPÓSIO
BRASILEIRO DE TECNOLOGIA DAS ARGAMASSAS, I, 1995, Goiânia. Anais... Goiânia:
UFG/ANTAC, 1995. p117-133.
GOMES, M.A., Caracterização de argamassas tradicionais utilizadas nos revestimentos
exteriores dos edifícios. Lisboa: Universidade técnica de Lisboa - Instituto Técnico Superior,
1995. 269p.
GROOT, C. J. W. P. The Characteristics of Brick and Mortar Considering Mortar/Brick
Bond. In: INTERNATIONAL BRICK/BLOCK MASONRY CONFERENCE, 11th, 1997,
Shangai. Proceedings …Shangai: Tongji University, 1997. p50-58. apud CARVALHO JR.,
A. N., Avaliação da aderência dos revestimentos argamassados: uma contribuição à
identificação do sistema de aderência mecânico. Belo Horizonte: Universidade Federal de
Minas Gerais (UFMG), 2005. 331p. (Tese, Doutorado em Engenharia Metalúrgica e de
Minas).
GUIMARÃES, J.E.P. A Cal; Fundamentos e Aplicações na Construção Civil. 2.ed. São
Paulo: Editora Pini, 2002. 341p.
GUIMARÃES, J.E.P., GOMES, R.D., SEABRA, M.A. Guia das argamassas nas
construções: Construindo para sempre com cal hidratada. 3.ed. São Paulo: Associação
Brasileira dos Produtores de Cal, 2004. 40p.
HAN, K.M.; KISHITANI,K. A study on the bond strngh of brick mansory mortars.
Journal of the faculty of engineering. The Universityof Tokyo , v.37, n.4, p.757-798, Sept.
1984 apud CARASEK, H. Aderência de argamassas à base de cimento Portland a
substratos porosos; avaliação dos fatores intervenientes e contribuição ao estudo do
mecanismo da ligação. São Paulo: Escola Politécnica da USP, 1996. 285p. (Tese, Doutorado
em Engenharia de Construção Civil e Urbana).
172
Instituto de Pesquisas Tecnológicas - IPT. Durabilidade dos concretos de cimento
Portland. São Paulo, 1993. 38p.
ISBERNER, A. W. Properties of masonry cement mortars. In: Designing engineering and
constructing with masonry products. Houston, Gulf, 1969. p42-50 apud SABBATINI, F. H.
Argamassas de Assentamento para Paredes de Alvenaria Resistente; Estudo Técnico ET-
91. 2.ed.São Paulo: ABCP, 1998. 44p.
ISBERNER,A.W. Mansory mortars – A progress report. Skokie, Portland Cement
Association, 1964. (report PCA.R&D.Ser.1086) apud CARASEK, H. Aderência de
argamassas à base de cimento Portland a substratos porosos; avaliação dos fatores
intervenientes e contribuição ao estudo do mecanismo da ligação. São Paulo: Escola
Politécnica da USP, 1996. 285p. (Tese, Doutorado em Engenharia de Construção Civil e
Urbana).
JOHN, V.M., BARROS, M.S.B., KUDO, E.K., MONTE, R. Modulo de elasticidade
dinâmico: CoMParação entre velocidade da onda ultrasônica e freqüência ressonante.
In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE TECNOLOGIA DAS ARGAMASSAS, VI, 2007, Recife.
Anais. Recife:ANTAC, 2007.
KAMPF, L. Factors affecting Bond of Mortar to Brick. Symposium on Masonry Testing,
AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS, ASTM STP 1063, p217-234.
apud TAHA, M. M. R., SHRIVE, N. G. The use of pozzolans to improve bond and bond
strength. CARVALHO JR., A. N., Avaliação da aderência dos revestimentos
argamassados: uma contribuição à identificação do sistema de aderência mecânico. Belo
Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), 2005. 331p. (Tese, Doutorado em
Engenharia Metalúrgica e de Minas).
KIHARA, Y., CENTURIONE, S.L.. O Cimento Portland., Concreto: Ensino, Pesquisa e
Realizações, IBRACON, Cap. 10, p.295 – 322, V. 1, ed. Geraldo C. Isaia, São Paulo. 2005
173
LAWRENCE, S. J., CAO, H. T. An Experimental Study of the Interface between Brick
and Mortar. In: AMERICAN MASONRY CONFERENCE, 4th, 1987, Los Angeles.
Proceedings …Los Angeles, 1987. p48/1-48/14. apud CARASEK, H. Aderência de
argamassas à base de cimento Portland a substratos porosos; avaliação dos fatores
intervenientes e contribuição ao estudo do mecanismo da ligação. São Paulo: Escola
Politécnica da USP, 1996. 285p. (Tese, Doutorado em Engenharia de Construção Civil e
Urbana).
McGINLEY, W. M. IRA and The flexural Bond Strength of Clay Brick Masonry,
Masonry: Components to assemblages, Matthys, J. H., Ed., AMERICAN SOCIETY FOR
TESTING AND MATERIALS, ASTM STP 1063, p217-234. apud CARASEK, H. Aderência
de argamassas à base de cimento Portland a substratos porosos; avaliação dos fatores
intervenientes e contribuição ao estudo do mecanismo da ligação. São Paulo: Escola
Politécnica da USP, 1996. 285p. (Tese, Doutorado em Engenharia de Construção Civil e
Urbana).
MEHTA & MONTEIRO, P. K., MONTEIRO, P. J.M. Concreto: Estrutura, Propriedades
e Materiais. 2. ed. São Paulo: Editora Pini, 1994.
METHA, P.K., MONTEIRO, P.J.M. Concrete: Microstructure, Properties, and Materials.
3 ed. USA: McGraw-Hill CoMPanies, Inc., 2006. 659p.
MINDELESS,S., YOUNG, J.F., DARWIN, D. Concrete. 2.ed. USA: Person Education Inc.
2003. 644p.
MOLIN, D.C.C.D. Técnicas experimentais para estudo da microestrutura, Materiais de
Construção Civil e Princípios de Ciências e Engenharia de Materiais, IBRACON, Cap. 14,
p.403-436, V.1, ed. ed. Geraldo C. Isaias, São Paulo. 2007
NETO, C.S. Agregados para concreto, Concreto: Ensino, Pesquisa e Realizações,
IBRACON, Cap. 11, p.323 – 343, V. 1, ed. Geraldo C. Isaias, São Paulo. 2005
NEVILLE, A. M. Propriedades do concreto. Tradução Salvador E. Giammusso, 2.ed. São
Paulo: Editora Pini, 1997.
174
OPPERMANN, B., RUDERT, V. Untersuchungen zur verbesserung des haftverbundes
mörtel/stein. Zement-Kalk-Gips, n.1, 1983 apud CARASEK et al. Importância dos
materiais na aderência dos revestimentos de argamassa. apud SIMPÓSIO BRASILEIRO
DE TECNOLOGIA DAS ARGAMASSAS, IV, 2001, Brasília. Anais... Brasília:
PECC/ANTAC, 2001. p43-67.
PAREEK, S.N.; OHAMA, Y.; DEMURA,K. Evaluation method for adhesion rest results
of bonded mortars to concrete substratesby square optimization method. ACI
MaterialsJournal. V92, n.4, p.355-360, july-aug. 1995. apud CARASEK, H. Aderência de
argamassas à base de cimento Portland a substratos porosos; avaliação dos fatores
intervenientes e contribuição ao estudo do mecanismo da ligação. São Paulo: Escola
Politécnica da USP, 1996. 285p. (Tese, Doutorado em Engenharia de Construção Civil e
Urbana).
PAULON, V.A.. A microestrutura do concreto convencional, Concreto: Ensino, Pesquisa e
Realizações, IBRACON, Cap. 19, p.583 - 604, V. 1, ed. Geraldo C. Isaia, São Paulo. 2005
PETRUCCI, E.G.R. Materiais de construção. Rio de Janeiro; Globo, 1973. 435p.
REIS, R.J.P. Influência de areias artificiais de rochas britadas na estrutura e nas
propriedades de concretos de cimento portland. Belo Horizonte: Universidade Federal de
Minas Gerais, 2004. 181p. ( Dissertação de mestrado)
RIBAS S.M. Técnicas de observação e análise. Brasília: UNB, Faculdade de Tecnologia,
Departamento de Engenharia Civil, 1996, 22p. (notas de aula) apud SILVA, A.R.,
Desenvolvimento e aplicação de uma metodologia para caracterização e análise
estrutural de concretos de cimento Portland. Belo Horizonte: Universidade Federal de
Minas Gerais (UFMG), 1998. 410p. (Tese, Doutorado em Engenharia Metalúrgica e de
Minas).
ROSELLO, M.T.V. Morteros de cemento para albañileria. Madrid. I.E.T. 1976. apud
SELMO, S.M.S Dosagem de argamassas de cimento portland e cal para revestimento externo
de fachada de edifícios. São Paulo, 1989. (dissetação de Mestrado apresentado à
EPUSP/DECC) apud CINCOTTO, M. A., SILVA, M. A. C., CARASEK, H. Argamassas de
175
revestimento; Características, propriedades e métodos de ensaio (BT 68). 1.ed. São
Paulo: Instituto de Pesquisas Tecnológicas, 1995. 118p.
SABBATINI, F.H. Argamassas de assentamento para paredes de alvenaria resistentes –
ET-91. São Paulo: ABCP, 1998. 44p.
SELMO, S.M.S., Revestimentos de argamassas de paredes e tetos de edifícios – projetos,
execução e manutenção. São Paulo: Associação Brasileira de Cimento Portland – ABCP,
1996. 57p.
SILVA, A.R., Desenvolvimento e aplicação de uma metodologia para caracterização e
análise estrutural de concretos de cimento Portland. Belo Horizonte: Universidade Federal
de Minas Gerais (UFMG), 1998. 410p. (Tese, Doutorado em Engenharia Metalúrgica e de
Minas)
SILVA,V., LIBÓRIO, J.B.L. Avaliação do Efeito da Sílica Extraída da Casca de Arroz na
Aderência de Argamassas e Chapiscos. SIMPÓSIO BRASILEIRO DE TECNOLOGIA
DAS ARGAMASSAS, V, 2003, São Paulo. Anais... São Paulo: PECC/ANTAC, 2003. p385-
399.
STARK,J., MÖSER, B., ECKART,F.A. Neue ansätze zur zementhydratation, Teil 1.
Finger – Institut für Baustoffkunde, Bauhaus Universität Weimar, Weimar/Deustchaland,
2001.
STARK,J., MÖSER, B., ECKART,F.A. Neue ansätze zur zementhydratation, Teil 2.
Finger – Institut für Baustoffkunde, Bauhaus Universität Weimar, Weimar/Deustchaland,
2001.
SUGO, H. O. Strength and Microstructural Characteristics of Brick/Mortar Bond. Newcastle:
University of Newcastle, 2001. (Tese, Doutorado no Departament of Civil, Surveing and
Environmental Engineering). apud CARVALHO JR., A. N., Avaliação da aderência dos
revestimentos argamassados: uma contribuição à identificação do sistema de aderência
mecânico. Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), 2005. 331p.
(Tese, Doutorado em Engenharia Metalúrgica e de Minas).
176
SUGO, H. O., PAGE, A. W., LAWRENCE, S. J. Characterization of Bond Strengths of
Mortars with Clay Masonry Units. In: INTERNATIONAL BRICK/BLOCK MASONRY
CONFERENCE, 11th, 1997, Shangai. Proceedings …Shangai: Tongji University, 1997. p59-
68. apud CARVALHO JR., A. N., Avaliação da aderência dos revestimentos
argamassados: uma contribuição à identificação do sistema de aderência mecânico. Belo
Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), 2005. 331p. (Tese, Doutorado em
Engenharia Metalúrgica e de Minas).
SUGO, H. O., PAGE, A. W., LAWRENCE, S.J. The development of mortar/unit bond. In:
CANADIAN MASONRY SYMPOSIUM, 9th, Fredericton. Departament of Civil
Engineering – University of New Brunswick, 2001. apud CARVALHO JR., A. N., Avaliação
da aderência dos revestimentos argamassados: uma contribuição à identificação do
sistema de aderência mecânico. Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais
(UFMG), 2005. 331p. (Tese, Doutorado em Engenharia Metalúrgica e de Minas).
TAHA, M. M. R., EL-DIEB, A. S., SHRIVE, N. G. Sorptivity: A Reliable Measurement for
Surface Absorption of Masonry Brick Units, In Press, Materials and Structures, RILEM,
2001, France. apud CARVALHO JR., A. N., Avaliação da aderência dos revestimentos
argamassados: uma contribuição à identificação do sistema de aderência mecânico. Belo
Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), 2005. 331p. (Tese, Doutorado em
Engenharia Metalúrgica e de Minas).
TAHA, M. M. R., SHRIVE, N. G. The use of pozzolans to improve bond and bond
strength. In: CANADIAN MASONRY SYMPOSIUM, 9th, Fredericton. Departament of
Civil Engineering – University of New Brunswick, 2001.apud CARVALHO JR., A. N.,
Avaliação da aderência dos revestimentos argamassados: uma contribuição à
identificação do sistema de aderência mecânico. Belo Horizonte: Universidade Federal de
Minas Gerais (UFMG), 2005. 331p. (Tese, Doutorado em Engenharia Metalúrgica e de
Minas).
TAMIN, P.F. Étude du comportament mécanique dês revêtements de façades-enduits.
Paris, 1986. 138p. Tese (Docteur-ingenieur em Sciences et Techniques du Batiment) – École
Netionale des Ponts et Chausseés apud BASTOS, P.K.X. Módulo de deformação de
177
argamassas – conceito e métodos de determinação. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE
TECNOLOGIA DAS ARGAMASSAS, VI, 2007, Recife. Anais. Recife:ANTAC, 2007.
VOSS, W.C. Permeability of brick mansory wails: an hypothesis. American Aociety for
testing Materials, Proceendigs, Philadelphia, 1933, v33, part 2, p.670-691 apud CARASEK,
H. Aderência de argamassas à base de cimento Portland a substratos porosos; avaliação
dos fatores intervenientes e contribuição ao estudo do mecanismo da ligação. São Paulo:
Escola Politécnica da USP, 1996. 285p. (Tese, Doutorado em Engenharia de Construção Civil
e Urbana).
WALKER, R. Hydrated lime, an irreplaceable mortar plasticizer – Anais do 7º Congresso
Internacional de Cal , ILA, 1990, Roma, Itália apud GUIMARÃES, J.E.P. A Cal;
Fundamentos e Aplicações na Construção Civil. 2.ed. São Paulo: Editora Pini, 2002. 341p.
ZAMPIERI, V. A. Cimento Portland aditivado com pozolanas de argilas calcinadas:
fabricação, hidratação e desempenho mecânico. São Paulo: USP, 1993. 233p. Tese
(Doutorado em Mineralogia e Petrologia) – Instituto de Geociências, Universidade de São
Paulo, 1993. apud CENTURIONE,S.L., KIHARA, Y. O cimento Portland, Concreto:
Ensino, Pesquisa e Realizações, IBRACON, Cap. 10, p.295-322, V. 1, ed. Geraldo C. Isaia,
São Paulo. 2005
178
ANEXO I - Planilhas dos testes de resistência de aderência à tração
Amostra:
1:0:6
Data de arrancamento:
29/03/2007
Idade da argamassa:
66 dias
Carga (N) 750 1250 1500 2000 1750 1750
Diametro (mm) 44,9 44,8 44,5 45,3 45 45,1
area (mm2) 1583,37 1576,33 1555,29 1611,71 1590,44 1597,51
Mpa 0,47 0,79 0,96 1,24 1,10 1,10
Ruptura na interface
argamassa / Substrato
40,00% 95,00% 95,00% 100,00% 10,00% 20,00%
Ruptura da argamassa de
revestimento
10,00% 5,00% 5,00%
Ruptura do substrato
50,00% 90,00% 80,00%
Observações
Conincidente
com junta de
assentamento
Data de arrancamento:
03/04/2007
Idade da argamassa:
72 dias
Carga (N) 1000 1000 1250 1250 1250 1250
Diametro (mm) 44,6 44,7 45,2 44,9 44,6 44,6
area (mm2) 1562,29 1569,30 1604,60 1583,37 1562,29 1562,29
Mpa 0,64 0,64 0,78 0,79 0,80 0,80
Ruptura na interface
argamassa / Substrato
40,00% 90,00% 10,00% 45,00% 55,00% 70,00%
Ruptura da argamassa de
revestimento
40,00%
Ruptura do substrato
60,00% 10,00% 90,00% 55,00% 5,00% 30,00%
Observações
Conincidente
com junta de
assentamento
Conincidente
com junta de
assentamento
Média (de 12 ensaios)
0,30
Desvio Padrão
0,20
Mpa = N/mm2
0,22
NBR - 13.749 - Reboco Externo
NBR - 13.749 - Reboco Interno
Resistência de aderência à tração segundo NBR 13528 (1996)
1 ° Série
2 ° Série
0,84
Resistência à Tração
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
1,4
123456789101112
C.P.
(MPa)
Resultado do Arrancamento
Média das Resistências
NBR 13749 - Reboco Externo
NBR 13749 - Reboco Interno
179
Amostra:
1:1:6
Data de arrancamento:
29/03/2007
Idade da argamassa:
66 dias
Carga (N) 750 750 750 250 2000 1750
Diametro (mm) 45,2 45,3 45,1 45,4 45,6 44,9
area (mm2) 1604,60 1611,71 1597,51 1618,84 1633,13 1583,37
Mpa 0,47 0,47 0,47 0,15 1,22 1,11
Ruptura na interface
argamassa / Substrato
100,00% 95,00% 50,00% 30,00% 50,00%
Ruptura da argamassa de
revestimento
Ruptura do substrato
100,00% 5,00% 50,00% 70,00% 50,00%
Observações
Conincidente
com junta de
assentamento
Conincidente
com junta de
assentamento
Conincidente
com junta de
assentamento
Data de arrancamento:
03/04/2007
Idade da argamassa:
72 dias
Carga (N) 750 1000 1000 1250 750 1000
Diametro (mm) 44,6 44,8 44,6 44,9 44,8 44,7
area (mm2) 1562,29 1576,33 1562,29 1583,37 1576,33 1569,30
Mpa 0,48 0,63 0,64 0,79 0,48 0,64
Ruptura na interface
argamassa / Substrato
90,00% 100,00% 95,00% 100,00% 95,00%
Ruptura da argamassa de
revestimento
10,00% 5,00% 20,00% 5,00%
Ruptura do substrato
80,00%
Observações
Média (de 12 ensaios)
0,30
Desvio Padrão
0,200,29 NBR - 13.749 - Reboco Interno
Resistência de aderência à tração segundo NBR 13528 (1996)
2 ° Série
1 ° Série
0,63 NBR - 13.749 - Reboco Externo
Resistência à Tração
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
1,4
123456789101112
C.P.
(MPa)
Resultado do arrancamento
Média das resistências
NBR 13749 - Reboco externo
NBR 13749 - Reboco interno
180
Amostra:
1:2:8
Data de arrancamento:
29/03/2007
Idade da argamassa:
66 dias
Carga (N) 1550 1000 750 1250 1000 750
Diametro (mm) 45,2 44,9 44 44 44,7 44,7
area (mm2) 1604,60 1583,37 1520,53 1520,53 1569,30 1569,30
Mpa 0,97 0,63 0,49 0,82 0,64 0,48
Ruptura na interface
argamassa / Substrato
30,00% 20,00% 100,00% 95,00% 50,00% 70,00%
Ruptura da argamassa de
revestimento
30,00%
Ruptura do substrato
70,00% 80,00% 5,00% 50,00%
Observações
Data de arrancamento:
03/04/2007
Idade da argamassa:
72 dias
Carga (N) 500 1000 500 1000 750 500
Diametro (mm) 44,5 55,6 44,5 44,6 44,6 44,8
area (mm2) 1555,29 2427,95 1555,29 1562,29 1562,29 1576,33
Mpa 0,32 0,41 0,32 0,64 0,48 0,32
Ruptura na interface
argamassa / Substrato
80,00% 80,00% 100,00% 100,00% 90,00%
Ruptura da argamassa de
revestimento
20,00% 5,00% 20,00% 10,00%
Ruptura do substrato
95,00%
Observações
Conincidente
com junta de
assentamento
Conincidente
com junta de
assentamento
Média (de 12 ensaios)
0,30
Desvio Padrão
0,200,20 NBR - 13.749 - Reboco Interno
Resistência de aderência à tração segundo NBR 13528 (1996)
2 ° Série
1 ° Série
0,54 NBR - 13.749 - Reboco Externo
Resistência à Tração
0,00
0,20
0,40
0,60
0,80
1,00
1,20
123456789101112
C.P.
(MPa)
Resultado do arrancamento
Média das resistências
NBR 13749 - Reboco externo
NBR 13749 - Reboco interno
181
Amostra:
1:2:10
Data de arrancamento:
29/03/2007
Idade da argamassa:
66 dias
Carga (N) 750 1000 750 500 1000 1250
Diametro (mm) 44,6 44,7 44,3 44,1 44,2 44,2
area (mm2) 1562,29 1569,30 1541,34 1527,45 1534,39 1534,39
Mpa 0,48 0,64 0,49 0,33 0,65 0,81
Ruptura na interface
argamassa / Substrato
95,00% 20,00% 80,00% 5,00% 5,00%
Ruptura da argamassa de
revestimento
5,00% 50,00%
Ruptura do substrato
80,00% 50,00% 20,00% 95,00% 95,00%
Observações
Conincidente
com junta de
assentamento
Data de arrancamento:
03/04/2007
Idade da argamassa:
72 dias
Carga (N) 250 250 1500 750 500 1000
Diametro (mm) 44,6 44,4 44,3 44,6 44,5 44,3
area (mm2) 1562,29 1548,31 1541,34 1562,29 1555,29 1541,34
Mpa 0,16 0,16 0,97 0,48 0,32 0,65
Ruptura na interface
argamassa / Substrato
85,00% 35,00% 40,00% 15,00%
Ruptura da argamassa de
revestimento
20,00% 10,00% 60,00% 20,00% 100,00%
Ruptura do substrato
80,00% 5,00% 5,00% 60,00% 65,00%
Observações
Conincidente com
junta de
assentamento
Média (de 12 ensaios)
NBR - 13.749 - Reboco Externo 0,30
Desvio Padrão
NBR - 13.749 - Reboco Interno 0,20
0,51
0,25
Resistência de aderência à tração segundo NBR 13528 (1996)
2 ° Série
1 ° Série
Resistência à Tração
0,00
0,20
0,40
0,60
0,80
1,00
1,20
123456789101112
C.P.
(MPa)
Resultados do arrancamento
Média das resistências
NBR 13749 - Reboco externo
NBR 13749 - Reboco interno
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo