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Universidade Federal do Rio de Janeiro
Centro de Ciências da Saúde
Faculdade de Medicina
Programa de Pós-Graduação em Doenças Infecto-Parasitárias
ASPECTOS CLÍNICOS E FATORES DE RISCO RELACIONADOS COM
COLONIZAÇÃO OU INFECÇÃO POR Pseudomonas aeruginosa
MULTIRRESISTENTE
SIMONE ARANHA NOUÉR
2005
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ii
ASPECTOS CLÍNICOS E FATORES DE RISCO RELACIONADOS COM
COLONIZAÇÃO OU INFECÇÃO POR Pseudomonas aeruginosa
MULTIRRESISTENTE
Simone Aranha Nouér
Dissertação de Doutorado apresentada ao
Programa de Pós-Graduação em Medicina
(Doenças Infecciosas e Parasitárias), Faculdade
de Medicina, da Universidade Federal do Rio de
Janeiro, como parte dos requisitos necessários à
obtenção do título de Doutor em Medicina
(Doenças Infecciosas e Parasitárias).
Orientadores: Profª. Drª. Beatriz Meurer Moreira
Prof. Dr. Márcio Nucci
Rio de Janeiro
Julho/2005
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Nouér, Simone Aranha
Aspectos clínicos e fatores de risco relacionados com colonização ou
infecção por pseudomonas aeruginosa multiresistente / Simone Aranha
Nouér. – Rio de Janeiro: UFRJ / Faculdade de Medicina, 2005.
xiii, 144 f. : il. ; 31 cm.
Orientadores: Beatriz Meuer Moreira e Márcio Nucci
Tese (doutorado)UFRJ, Faculdade de Medicina, Programa de Pós-
graduação em Doenças Infecto-parasitárias, 2005.
Referências bibliográficas: f. 81-117
1. Infecções por pseudomonas - Diagnóstico. 2. Infecções por
pseudomonas - Epidemiologia. 3. Pseudomonas aeruginosa Efeitos
de drogas. 4. Pseudomonas aeruginosa – Crescimento e
desenvolvimento. 5. Resistência Bacteriana a Múltiplas Drogas.
6. Infecção hospitalar. 7. Fatores de risco. 8. Estudos retrospectivos.
9. Doenças Infecto-parasitárias - Tese. I. Moreira, Beatriz Meuer. II. Nucci,
Márcio. III. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Faculdade de Medicina,
Programa de Pós-graduação em Doenças Infecto-parasitárias. IV.
Título.
iii
ASPECTOS CLÍNICOS E FATORES DE RISCO RELACIONADOS COM
COLONIZAÇÃO OU INFECÇÃO POR Pseudomonas aeruginosa
MULTIRRESISTENTE
Simone Aranha Nouér
Orientadores: Profª. Drª. Beatriz Meurer Moreira
Prof. Dr. Márcio Nucci
Dissertação de Doutorado submetida ao Programa de Pós-Graduação em
Medicina (Doenças Infecciosas e Parasitárias), Faculdade de Medicina, da
Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, como parte dos requisitos
necessários à obtenção do título de Doutor em Medicina (Doenças Infecciosas e
Parasitárias).
Aprovada por:
__________________________________________
Presidente, Prof.
_________________________________________
Prof.
_________________________________________
Prof.
_________________________________________
Prof.
_________________________________________
Prof.
_________________________________________
Prof.
Rio de Janeiro
Julho/2005
iv
But I would like to sound one note of warning. (…)
There may be a danger, though, in underdosage.
It is not difficult to make microbes resistant to penicillin
in the laboratory by exposing them to concentrations not sufficient to kill them,
and the same thing has occasionally happened in the body.
The time may come when penicillin can be bought
by anyone in the shops.
Then there is the danger that the ignorant man
may easily underdose himself and by exposing
his microbes to non-lethal quantities of the drug
make them resistant. (...)
Moral: If you use penicillin, use enough.
A. Fleming, discurso de recebimento do Prêmio Nobel, em 1945.
(Nobel Lectures, Physiology or Medicine 1942-1962,
Elsevier Publishing Company, Amstedam, 1964)
v
Dedico este trabalho a JP,
criaturinha muito ocupada,
um “menino de verdade”,
e à Priscila Papaiordanou,
in memorian.
vi
AGRADECIMENTOS
Aos meus orientadores pela atenção e paciência durante as discussões e
revisões.
À Profa. Beatriz Moreira, novamente, pela parceria entusiasmada com a
CCIH/HUCFF.
Ao Professor Guilherme Santoro Lopes, coordenador da Pós-Graduação em
DIP da UFRJ, pelo estímulo.
À Márcia Pinto, pela colaboração nas idéias e na coleta de dados.
À Flávia Pellegrino, pelo trabalho de Biologia Molecular e pela competência
profissional.
Aos profissionais da Bacteriologia/HUCFF, que apesar das dificuldades,
continuam “criando” as nossas bactérias.
Aos colegas da CCIH/HUCFF, pela compreensão e paciência.
À Ana Cristina G. Magalhães, que abriu as portas da UFRJ para mim.
À “teia de Aranha”, JP e Márcio, pelo amor e incentivo.
Aos pacientes que, anonimamente, participaram do estudo.
vii
RESUMO
ASPECTOS CLÍNICOS E FATORES DE RISCO RELACIONADOS COM
COLONIZAÇÃO OU INFECÇÃO POR Pseudomonas aeruginosa
MULTIRRESISTENTE
Simone Aranha Nouér
Orientadores: Profª. Drª. Beatriz Meurer Moreira e Prof. Dr. Márcio Nucci
Resumo da Tese de Doutorado submetida ao Programa de Pós-Graduação
em Medicina (Doenças Infecciosas e Parasitárias), Faculdade de Medicina, da
Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, como parte dos requisitos
necessários à obtenção do título de Doutor em Medicina (Doenças Infecciosas e
Parasitárias).
Objetivos: descrever uma série de casos de pacientes com infecção ou
colonização por P. aeruginosa produtora de metalo-β-lactamase do tipo SPM-1
(PaSPM+). Identificar os fatores de risco para aquisição de PaSPM+ e de P.
aeruginosa multirresistente não produtora de SPM-1 (PaSPM-). Métodos: estudo
observacional e retrospectivo com duas partes: série de casos e caso-controle tipo
aninhado; pacientes internados no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho,
entre 1999 e 2000. Foram descritas as características clínicas e epidemiológicas dos
pacientes com colonização ou infecção por PaSPM+. Para identificar os fatores de
risco para aquisição de PaSPM+ e de PaSPM-, foram realizados dois estudos do
tipo caso-controle, onde cada caso (PaSPM+ no primeiro estudo e PaSPM- no
segundo) foi comparado a dois controles. Os pacientes-controles foram definidos
como pacientes com colonização ou infecção por P. aeruginosa não multirresistente,
que estavam no hospital no mesmo período do estudo, e que tiveram a duração de
exposição (hospitalização) mais próxima à dos pacientes-casos. Resultados: Entre
os 14 pacientes com PaSPM+, sete tinham estado hospitalizados na mesma
enfermaria, num período de dois meses. A maioria destes pacientes apresentava
imunossupressão, e em 79% dos casos o isolamento de PaSPM+ foi considerado
infecção. O único fator de risco para colonização ou infecção por PaSPM+ ePaSPM-
em análise multivariada, foram uso prévio de quinolonas (RC 21,67; IC 95% 2,85–
164,82; p=0,003) e de cefepima (RC 8,50; IC 95% 1,51–47,96; p=0,01),
respectivamente. Conclusão: uso prévio de antimicrobiano foi a única variável
associada ao isolamento de PaMR. A estratificação da análise por mecanismo de
resistência permitiu identificar o uso de uma classe específica de antibióticos,
quinolonas, como preditor de colonização ou infecção por PaSPM+.
Palavras-chave: 1.infecção hospitalar. 2.Pseudomonas aeruginosa. 3.resistência
bacteriana. 4.epidemiologia.
Rio de Janeiro
Julho/2005
viii
ABSTRACT
CLINICAL CHARACTERISTCS AND RISK FACTORS FOR ACQUISITION OF
MULTIDRUG-RESISTANT Pseudomonas aeruginosa
Simone Aranha Nouér
Orientadores: Profª. Drª. Beatriz Meurer Moreira e Prof. Dr. Márcio Nucci
Abstract da Tese de Doutorado submetida ao Programa de Pós-Graduação
em Medicina (Doenças Infecciosas e Parasitárias), Faculdade de Medicina, da
Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, como parte dos requisitos
necessários à obtenção do título de Doutor em Medicina (Doenças Infecciosas e
Parasitárias).
In order to describe clinical characteristics of patients with colonization or
infection by Pseudomonas aeruginosa carrying bla
SPM
gene (SPM-MRDPa) and to
evaluate risk factors for colonization or infection due to multidrug-resistant
Pseudomonas aeruginosa (MDRPa) among hospitalized patients, we undertook a
case-control study at a 480-bed, tertiary-care, university hospital, between 1999 and
2000. Two different case definitions were used; in the first one, a case-patient (SPM-
case-patient) was defined as a patient who had at least one isolate of SPM-MDRPa
(n=14); in the second, a case-patient (non-SPM-case-patient) was defined as a
patient who had at least one isolate of non-SPM-MDRPa (n=18). For each case-
patient we selected two controls, defined as a patient colonized or infected by a non-
MDRPa isolate during the same study period and with the closest duration of
hospitalization until the isolation of P. aeruginosa as cases. Among 14 patients with
SPM-MRDPa, 57% were infected and were imunnossupressed; seven were
hospitalized at the same ward, during a two month period. The use of quinolones was
the single independent predictor of colonization and / or infection by SPM-MDRPa
(OR 21.67, 95% CI 2.85–164.82; p=0.003), whereas the use of cefepime was the
single predictor of colonization and / or infection by non-bla
SPM
MDRPa (OR 8.50,
95% CI 1.51–47.96, p=0.01). The main risk factor of MDRPa was use of antibiotics.
Stratification of risk factor analysis by a precise mechanism of resistance led us to
identify a specific antibiotic, the use of a quinolone, as a predictor for SPM-MDRPa.
Key-words: 1. hospital infections. 2.Pseudomonas aeruginosa. 3.epidemiology.
4.multidrug resistance
Rio de Janeiro
Julho/2005
ix
SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS............................................................................. VI
RESUMO............................................................................................... VII
ABSTRACT.......................................................................................... VIII
SUMÁRIO............................................................................................... IX
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS................................................ XI
LISTA DE FIGURAS E TABELAS.......................................................XIII
1 INTRODUÇÃO..................................................................................1
2 REVISÃO DA LITERATURA............................................................4
8.1 Histórico e características gerais de Pseudomonas aeruginosa .............4
8.2 Epidemiologia das Infecções causadas por Pseudomonas
aeruginosa ....................................................................................................9
8.3 Resistência antimicrobiana em Pseudomonas aeruginosa....................22
8.4 Uso de antimicrobianos como fator de risco para resistência...............32
8.5 Tratamento das infecções por Pseudomonas aeruginosa
multirresistentes.........................................................................................41
3 OBJETIVOS:...................................................................................48
4 MATERIAIS E MÉTODOS..............................................................49
x
5 RESULTADOS................................................................................57
6 DISCUSSÃO...................................................................................70
7 CONCLUSÕES...............................................................................80
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................81
ANEXOS...............................................................................................118
xi
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
APACHE II
Acute physiology and chronic health evaluation
BGNNF Bacilos Gram-negativos não fermentadores
CDC
Centers for Disease Control and Prevention
CCIH-HUCFF Coordenação de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital
Universitário Clementino Fraga Filho
CIM Concentração inibitória mínima
CPER Colangiografia pancreática endoscópica retrógrada
DNA Ácido desoxirribonucléico
EDTA Ácido etilenodiaminotetracético
EPIC Estudo de Prevalência de Infecções em Terapia Intensiva
ESBL
β-lactamase de espectro estendido
EUA Estados Unidos da América
HUCFF Hospital Universitário Clementino Fraga Filho
IC 95% Intervalo de confiança 95%
ICARE
Intensive Care Antimicrobial Resistance Epidemiology
LPS Lipopolissacarídeos
M-βla
Metalo-β-lactamase
MR Multirresistente
NCCLS
National Committee for Clinical Laboratory Standards
NNIS
National Nosocomial Infections Surveillance
PaMR P. aeruginosa multirresistente
PaS P. aeruginosa susceptível
xii
Pa- Pacientes sem isolamento de P. aeruginosa
PaSPM-
P. aeruginosa multirresistente não produtora de metalo-β-
lactamase do tipo SPM-1
PaSPM+
P. aeruginosa produtora de metalo-β-lactamase do tipo SPM-1
PBPs Proteínas que ligam penicilinas (Penicillin binding proteins)
PCR Polimerase chain reaction - técnica de reação da polimerase em
cadeia
PFGE Eletroforese em gel de campo pulsado (Pulsed field gel
electrophoresis)
RC Razão de chance
RR Risco relativo
SAPS II Simplified acute physiology score II
SOFA
Organ system failure
TSA Teste de sensibilidade aos antimicrobianos
UFC Unidade formadora de colônias
UTI Unidade de terapia intensiva
xiii
LISTA DE FIGURAS E TABELAS
Figura 1 Distribuição temporal dos pacientes com PaMR segundo a produção
de metalo-β-lactamase do tipo SPM-1.......................................................................58
Figura 2 Distribuição dos pacientes colonizados ou infectados por PaSPM+
segundo tempo de internação....................................................................................61
Tabela I Estudos que avaliaram fatores de risco para P. aeruginosa
multirresistente ..........................................................................................................38
Tabela II Distribuição das amostras de P. aeruginosa segundo a classificação
em colonização ou infecção.......................................................................................58
Tabela III Distribuição da origem dos espécimes clínicos segundo a produção de
metalo-β-lactamase do tipo SPM-1............................................................................59
Tabela IV Características clínicas e evolução dos pacientes com colonização ou
infecção por PaSPM+.................................................................................................63
Tabela V Comparação entre pacientes com PaSPM+ e controles .....................65
Tabela VI Comparação entre pacientes com PaSPM- e controles.......................68
1 INTRODUÇÃO
Com todo arsenal terapêutico de antimicrobianos que fomos capazes de
desenvolver, pensou-se, no primeiro momento, que o problema das doenças
infecciosas estivesse solucionado, uma vez que não se tinha idéia precisa da
capacidade das bactérias de desenvolver diversos mecanismos de resistência frente
aos antimicrobianos. Entretanto, nos últimos 20 anos, um aumento notável da
resistência de bactérias aos antimicrobianos vem sendo relatado, principalmente em
áreas de atenção a pacientes graves (1;2). Por exemplo, nos EUA, entre os anos de
1998 a 2003, notou-se um aumento de cerca de 12% na resistência de amostras de
Staphylococcus aureus à oxacilina, e de Enterococcus sp. à vancomicina; entre as
enterobactérias, um aumento de até 47% na resistência às cefalosporinas de
terceira geração em amostras de Klebsiella pneumoniae; e considerando
Pseudomonas aeruginosa, observou-se aumento de 9% na resistência às
quinolonas e de 15% ao imipenem (3). Fora do ambiente de pacientes graves,
também se notou diminuição de sensibilidade aos antimicrobianos. Este fato é
preocupante visto que a perda de sensibilidade em curto espaço de tempo não é
correspondida à velocidade em que novos antimicrobianos podem ser lançados no
mercado, deixando os pacientes expostos a infecções com poucas possibilidades de
tratamento (4).
P. aeruginosa é exemplo que se destaca neste cenário. Além de ser uma
bactéria oportunista por natureza, é freqüentemente isolada a partir de espécimes
clínicos de pacientes com infecção hospitalar, apresentando resistência simultânea a
um grande número de antimicrobianos disponíveis (2;4;5). No Brasil, P. aeruginosa é
2
uma causa freqüente de infecção hospitalar, variando de primeira causa em
pneumonias, segunda em infecções de ferida operatória e do trato urinário, e sexta
em bacteremias (6).
A questão da resistência adquirida em P. aeruginosa parece ser mais
pronunciada na América Latina do que no restante do planeta, como observado por
Jones e colaboradores e outros (7;8). Além disso, dentre os países da América
Latina, a resistência parece ser mais acentuada no Brasil, conforme sugerido por
Andrade e colaboradores (9). Estes autores estudaram amostras isoladas no período
de 1997 a 2001, tendo observado que 90% das amostras com resistência
simultânea a várias classes de antimicrobianos eram procedentes do Brasil. Este
perfil de multirresistência (MR) aumentou, em média, em 5,4% ao ano, neste
período.
Gales e colaboradores (10) chamaram a atenção para a similaridade e
disseminação de amostras de P. aeruginosa com resistência a vários
antimicrobianos, incluindo carbapenens, distribuídas por 12 hospitais de diferentes
estados brasileiros. Nestas amostras foi observada a produção de uma enzima que
hidroliza β-lactâmicos, incluindo os carbapenens, uma metalo-β-lactamase (M-βla),
descrita pela primeira vez em uma amostra de São Paulo e denominada de SPM-1
(São Paulo metalo-β-lactamase) (11). Outros estados já confirmaram a presença da
SPM-1 em amostras de P. aeruginosa (12;13). Porém, até o momento, não se achou
a SPM-1 em outro país.
No Rio de Janeiro foi confirmada a presença desta mesma enzima em
amostras de P. aeruginosa procedentes do Hospital Universitário Clementino Fraga
Filho (HUCFF), e de outros três hospitais privados, entre 1999 e 2000 (14). Estas
3
amostras possuíam um mesmo perfil genotípico, analisado por eletroforese em gel
de campo variável (PFGE), e eram consistentemente sensíveis apenas à polimixina.
Dados descrevendo o contexto epidemiológico da colonização ou infecção por
P. aeruginosa produtora de SPM-1 se limitam a poucos relatos de caso. O
conhecimento da epidemiologia da aquisição desta cepa resistente é fundamental
para que se desenvolvam medidas que previnam a disseminação desta e de outras
cepas multirresistentes nos hospitais brasileiros. Por outro lado, o reconhecimento
destes clones oferece uma oportunidade única para a identificação dos fatores de
risco para sua aquisição e disseminação.
Fatores de risco para colonização ou infecção por amostras de P. aeruginosa
multirresistentes incluem uso de antibióticos, hospitalização prévia, gravidade de
doença, realização de cirurgia e imunossupressão (15-29). A maioria destes
estudos, porém, não realizou análise de tipagem molecular ou definiu qual era o
mecanismo de resistência das amostras. O presente estudo teve como objetivo
caracterizar o contexto epidemiológico da colonização ou infecção por P. aeruginosa
produtora de SPM-1, e especificamente analisar se os fatores de
risco de colonização ou infecção hospitalar por P. aeruginosa
multirresistentes diferiram entre pacientes com amostras produtoras ou não
de metalo-β-lactamase do tipo SPM-1.
4
2 REVISÃO DA LITERATURA
8.1 Histórico e características gerais de Pseudomonas aeruginosa
Enquanto bactérias Gram-positivas tais como Staphylococcus aureus foram
reconhecidas como agentes relacionados às infecções hospitalares mesmo antes da
era antimicrobiana, a emergência dos bacilos Gram-negativos como causadores
destas infecções foi paralela à introdução de várias modificações no exercício da
prática médica. Essas modificações foram conseqüência do progresso tecnológico
na área de procedimentos invasivos terapêuticos e diagnósticos, no manuseio da
imunossupressão para transplantes e controle de doenças auto-imunes, que por sua
vez levou a um grande incremento no número de pacientes em estado grave e
imunologicamente comprometidos nos hospitais, além do uso de antimicrobianos de
amplo espectro (30;31). Dentre as principais bactérias Gram-negativas associadas
às infecções hospitalares encontramos Escherichia coli, Klebsiella pneumoniae, P.
aeruginosa e Enterobacter spp. (3;32-34).
Os bacilos Gram-negativos não fermentadores (BGNNF) são microrganismos
aeróbios, não esporulados, que se caracterizam pela incapacidade de utilizar os
carboidratos como fonte de energia através da fermentação, degradando-os pela via
oxidativa (35). Os BGNNFs raramente causam infecções comunitárias, sendo
relacionados predominantemente às infecções hospitalares. Dentre as principais
características deste grupo podem-se alinhar: as biológicas, tendo os
microorganismos mínimas necessidades nutricionais, a tolerabilidade às variações
das condições físicas e a capacidade de desenvolver resistência aos
5
antimicrobianos e de escapar aos mecanismos de defesa do hospedeiro. P.
aeruginosa é o representante deste grupo mais freqüentemente isolado e com
grande importância clínica.
Pseudomonas é um vasto gênero da família Pseudomonaceae, que na sua
maioria são microrganismos de vida livre, podendo infectar diversas espécies de
plantas e animais, sendo somente algumas espécies patogênicas para o ser
humano. O gênero Pseudomonas inclui espécies fluorescentes (P. aeruginosa, P.
fluorescens, P. putida, entre outras) e não-fluorescentes (P. stutzeri, P.
pseudoalcaligenes, P. alcaligenes, entre outras) (36).
Curiosamente, as primeiras observações clínicas relacionadas à P.
aeruginosa ocorreram no campo das infecções relacionadas à assistência à saúde,
quando Sédillot, em 1850, descreveu que a secreção verde-azulada das feridas
operatórias estava relacionada a um pior prognóstico do pós-operatório. Um
pigmento, a piocianina, foi extraído em 1860, por Fordos, sendo associado a
microrganismos em forma de bastonete em 1862, nos estudos realizados por Lücke
(apud Pitt, 1998) (37). Apenas em 1882, Gessard (apud Skerman, 1980) conseguiu
obter este microrganismo em cultura pura, que foi chamado de Bacillus pyocyaneus
(38). Os termos “pyocyaneum” e “aeruginosa” se referem à característica da
coloração azul esverdeada formada pelas culturas devido à produção de
piocianinas.
Como características gerais, as amostras pertencentes à espécie P.
aeruginosa apresentam-se como bastonetes, podendo ser observadas como
células isoladas, aos pares, ou em curtas cadeias; é intensa ou suavemente
curvado, não esporulado e aeróbico estrito (exceto em presença de nitrato,
circunstância em que cresce em condições anaeróbias). Mede 1,5 a 3μ de
6
comprimento e 0,5 a 0,8μ de largura. É móvel, em grau variado, na dependência do
número e das posições do flagelo nas diferentes cepas (39). Produz pigmentos
fluorescentes difusíveis, a pioverdina e a piocianina. Algumas cepas podem
produzir pigmentos vermelho-escuros ou pretos, que recebem o nome de piorrubina
e piomelanina. Multiplica-se sem muita exigência do ponto de vista nutricional,
podendo, inclusive, sobreviver em água destilada; tem proliferação favorável em
vários meios de cultura e não necessita de fatores orgânicos de crescimento.
Desenvolve-se bem entre 37 e 42
o
C e não tolera pH ácido (35).
P. aeruginosa tem sua estrutura externa com as características gerais dos
Gram-negativos: estrutura multilaminar composta de membrana externa, seguida de
espaço peri-plasmático, que inclui uma fina camada de peptidoglicano na parede
celular, e internamente, a membrana citoplasmática. Envolvendo tudo isso,
encontra-se a cápsula ou camada mucóide (35). A membrana externa é uma
estrutura bilaminar, cujo folheto externo, hidrofílico, é composto por moléculas de
lipopolissacarídeos (LPS). O LPS é considerado o principal determinante sorológico
de muitas bactérias Gram-negativas (31). Ou seja, P. aeruginosa é sorologicamente
heterogênea, e o LPS determina o tipo de antígeno determinante dessa
variabilidade. Algumas epidemias têm sido investigadas e reservatórios
identificados baseados em dados de imunotipagem, pois a presença de um
determinado sorotipo predominante pode revelar a suspeita da ocorrência de um
surto.
P. aeruginosa, em cultura, pode exibir múltiplos tipos de colônias. Um
exemplo é a forma mucóide que ocorre devido à produção de grandes quantidades
de um polissacarídeo extracelular, o alginato, identificada em amostras clínicas de
portadores de fibrose cística (40). Uma mesma cepa pode variar de mucóide para
7
não-mucóide e vice-versa, como em infecções crônicas (41). Cepas mucóides são
mais resistentes: formam colônias de agregados mais firmes que superam os
mecanismos de defesa e que permitem maior aderência a superfícies celulares. A
característica química (polianiônica) e física da cápsula lhe confere um poder de
barreira à passagem de substâncias, inclusive aos antibióticos, que precisam
saturar toda a sua superfície antes da penetração (39;42).
A grande maioria das amostras de P. aeruginosa pode ser facilmente
identificada nos meios de cultura comuns devido às características morfológicas
das colônias e à produção difusa de pigmentos (43). Pode ser identificada
bioquimicamente através de reações positivas para oxidase, indofenol, arginina-
hidrolase, utilização de citrato, oxidação da glicose e xilose. Reduz nitrato a nitrito
com a produção de gás a partir do nitrito; não ocorre a oxidação da maltose (35).
Esta bactéria, além de invasiva, é toxinogênica. Produz um grande número
de produtos extracelulares (elastases, proteases) que, assim como a sua estrutura
externa e componentes da superfície celular, estão envolvidos na patogênese das
infecções (35;44). Dois pontos fundamentais dessa questão devem ser
comentados: a colonização e a invasão.
- Colonização. Uma vez em contato com o homem, P. aeruginosa pode colonizar
uma variedade de tecidos. Dois fatores de adesão foram identificados: a fímbria
(pilus) e a cápsula mucóide (alginato). As fímbrias (pili) são filamentos retos, mais
finos e menores que o flagelo, que se estendem para fora da superfície da célula,
distribuindo-se densamente sobre ela (31). A cápsula possibilita aderência à
superfície mucosa normal, através da interação do alginato com material mucóide
similar que recobre a superfície mucosa (45). Além disso, a cápsula tem a habilidade
de prevenir a atração dos leucócitos para o sítio de infecção, de não ativar o
8
complemento e de aumentar a atividade oxidativa dos neutrófilos, contribuindo para
a patogênese da infecção crônica (46). Permite, também, a formação de micro-
colônias fortemente aderidas e recobertas por um material espesso, constituído pelo
próprio alginato, LPS e proteínas (biofilme) (41). As bactérias protegidas dentro do
biofilme não são patogênicas, mas sua persistência e crescimento resultam em
massivas quantidades de bactérias nos tecidos colonizados que permitem recidivas
de processos infecciosos a partir dessa fonte (47). O melhor exemplo deste
fenômeno é o que ocorre no pulmão da doença fibrocística e nas próteses
vasculares, articulares, drenos e cateteres. Além da dificuldade fagocítica imposta
pelo biofilme, a resposta neutrofílica induzida é baixa, correspondendo apenas a
25% da resposta induzida pela mesma quantidade de bactérias na forma planctônica
(livre) (41). A proteção se faz, também, contra o mecanismo muco-ciliar do trato
respiratório, os surfactantes, os anticorpos, o complemento e os antibióticos (48).
Para os últimos, a proteção se dá pela associação do lento crescimento bacteriano
que se estabelece, causado pela diminuta oferta de oxigênio e pela dissipação do
antibiótico no biofilme, assim como pela expressão de fenótipos com maior
resistência a antimicrobianos (49).
- Invasão. Fosfatase alcalina, elastase, exotoxina A, exoenzima S, citotoxina, lipase
e fosfolipase são os principais produtos extracelulares relacionados ao processo
invasivo e de interferência com o sistema imunológico.
A habilidade de utilizar uma grande variedade de substratos orgânicos como
fontes de carbono, a excepcional habilidade de colonizar nichos como a água, o
solo, as plantas e tecidos animais, onde a oferta de nutrientes é limitada e a
capacidade de sobreviver por longos períodos em ambientes úmidos, contribuem
para o ubiqüitarismo apresentado pelas amostras de P. aeruginosa (35). Sua
9
presença na água do solo permite que chegue aos vegetais e, então, ao trato
intestinal humano (50). A predileção pela umidade reflete-se tanto na colonização do
homem, cujos locais preferenciais são períneo, axila e trato intestinal, quanto no
ambiente hospitalar, aonde vários reservatórios já foram identificados: equipamento
respiratório, endoscópios, colírios, laringoscópios, soluções de limpeza,
medicamentos, corantes, desinfetantes, pias, tubos e duchas de irrigação, panos-de-
chão e vegetais (51-55). Em estudo realizado em dois hospitais públicos no Rio de
Janeiro no início dos anos 90, Correa e colaboradores (56) verificaram que de 100
amostras de vegetais examinados, 27% estavam contaminadas com P. aeruginosa.
8.2 Epidemiologia das Infecções causadas por Pseudomonas aeruginosa
P. aeruginosa é uma causa rara de infecção no ser humano sadio apesar do
microrganismo ser encontrado na microbiota intestinal de 7 a 25% dos adultos (39).
Sua patogênese deve ser discutida no contexto de infecção oportunista. A
hospitalização aumenta fortemente a quantidade de portadores, particularmente na
pele dos queimados, no trato respiratório dos pacientes que se submeteram à
ventilação mecânica, no trato gastro-intestinal daqueles que receberam
quimioterapia e em qualquer sítio dos que foram tratados com antibióticos (35;57).
O papel das mãos dos profissionais de saúde na disseminação de
microorganismos no ambiente hospitalar é um dos mais importantes e valorizados
aspectos da epidemiologia das infecções hospitalares, norteando boa parte das
atividades educacionais das Comissões de Controle de Infecções Hospitalares
10
(CCIH). Em relação a P. aeruginosa, vários estudos enfatizam o potencial
disseminador das mãos dos profissionais de saúde (58-64).
Apesar da colonização preceder freqüentemente a infecção, a fonte do
microrganismo e o modo preciso de sua transmissão nem sempre ficam claros. Por
este mesmo motivo, o seu controle em áreas hospitalares se tornou difícil e a
prevenção de contaminação, praticamente impossível.
A maioria das infecções causadas por P. aeruginosa pode ser relacionada à
assistência à saúde, principalmente ao ambiente hospitalar. Mas as infecções por
esta bactéria adquiridas na comunidade já foram bem relatadas na literatura, e
podem variar de leves a graves. Geralmente relacionadas a pacientes que não
apresentam imunossupressão, tendem a ser localizadas e associadas ao contato
com água ou soluções contaminadas (35). Dentre estas infecções comunitárias
ocasionadas por P. aeruginosa, merecem destaque:
- Infecções relacionadas ao uso de drogas ilícitas devido à contaminação da água
usada como diluente, evoluindo com bacteremia e endocardite de valva nativa. Esta
apresentação é provavelmente a forma mais grave dentre as adquiridas na
comunidade, chegando a até 30% de mortalidade (65).
- Infecção superficial do ouvido, principalmente nos indivíduos que praticam esportes
aquáticos, conhecida como “otite do nadador” (66). Não deve ser confundida com
otite externa maligna, infecção primariamente vista em diabéticos, que invade os
tecidos profundos (67).
- Pneumonia comunitária, principalmente em pacientes com doença pulmonar
crônica ou insuficiência cardíaca congestiva (68). Nos pacientes com AIDS observa-
se maior freqüência de pneumonia comunitária ou sinusite por P. aeruginosa do que
na população geral (69). Já foi descrita relação entre infecção pulmonar crônica e a
11
formação de bronquiectasias, sugerindo-se que a infecção participaria no
desenvolvimento desta complicação (70). Finalmente, infecção crônica por P.
aeruginosa é associada com aumento de morbidade e mortalidade nos pacientes
com fibrose cística (71), pois uma vez que a infecção crônica se estabelece, é muito
difícil de erradicá-la, mesmo com terapia intensa com antimicrobianos.
- Infecção ocular relacionada ao uso de lentes de contato, devido à contaminação da
solução que preserva as lentes. Ceratite pode estar relacionada a trauma ocular ou
a uso de medicamentos contaminados como colírios (72).
- Ectima gangrenoso acomete pacientes imunossuprimidos por neoplasias, é uma
manifestação cutânea de sepse causada por P. aeruginosa (73). - Osteomielite após
ferimentos puntiformes em crianças que usam calçados em mau estado de
conservação (74).
- Nódulos subcutâneos, celulites, síndrome da unha verde e fasceíte necrotizante
exemplificam a ampla variedade clínica do envolvimento cutâneo nas infecções por
P. aeruginosa (75). Recentemente, 25 casos de condrites foram descritos por Kenee
e colaboradores, secundários ao uso de brincos na cartilagem superior da orelha
(76).
- Infecções relacionadas ao uso de piscinas, banheiras de hidromassagem,
escorregadores aquáticos, como infecções cutâneas, otites externas, infecções do
trato urinário, pneumonias (77;78). P. aeruginosa já foi inclusive relacionada à
infecção neonatal em parto realizado dentro de água e ao uso de esponjas para
banho (79;80).
Porém, P. aeruginosa é principalmente um patógeno nosocomial: tem papel
de destaque, pela freqüência, pelo custo ou pela morbi-mortalidade relacionada às
suas infecções (81;82). A freqüência varia segundo a região, o tipo de hospital, de
12
paciente e, mesmo dentro da mesma instituição, segundo a unidade (83;84).
Portanto, o conhecimento da epidemiologia local é uma das ferramentas primordiais
para a abordagem precisa destas infecções.
Alguns sistemas de vigilância iniciados para monitorização da sensibilidade
dos principais patógenos relacionados a infecções têm fornecido importantes
informações sobre a freqüência dos patógenos (85). Nos Estados Unidos, P.
aeruginosa é o segundo patógeno responsável por pneumonias hospitalares nas
unidades de terapia intensiva (UTI), segundo dados divulgados pelo sistema
National Nosocomial Infection Surveillance (NNIS) do Centers for Disease Control
and Prevention (CDC) coletados desde 1970. Ainda segundo esses dados, P.
aeruginosa é a terceira causa mais comum de infecções urinárias, a quarta causa de
infecção de sítio cirúrgico, sétimo patógeno mais freqüentemente isolado em
corrente sangüínea e o quinto patógeno mais isolado nos outros órgãos (3). O
sistema de vigilância Sentry Antimicrobial Surveillance Program (SENTRY) monitora
a susceptibilidade de diversos antimicrobianos em diferentes partes do mundo.
Dados coletados entre os anos de 1997 e 1999 sobre os continentes europeu,
americano e asiático apresentam observações sobre o estudo de 6.631 amostras de
P. aeruginosa, com variação regional nas taxas de isolamento, sendo maior na Ásia
e América Latina (11,4% cada) em comparação com Europa e América do Norte
(p<0,001) (84). Ao passo que a infecção respiratória inferior foi a mais comum em
todas as regiões, seguida de infecção de ferida operatória, de urina e bacteremia.
Vincent e colaboradores observaram na Europa, através do “Estudo de Prevalência
de Infecções em Terapia Intensiva” (EPIC), que P. aeruginosa causava 28,7% das
infecções e ocupava o terceiro lugar como agente causal (86).
13
No Brasil, não temos disponibilidade de dados oficiais de infecções
hospitalares coletados de modo sistemático. A importância deste patógeno nas
infecções hospitalares e, principalmente, nas pneumonias, é sugerida nos estudos
locais, porém com dados fragmentados e disponíveis apenas em resumos de
congressos. Recorrendo novamente ao sistema SENTRY, P. aeruginosa foi a causa
mais freqüente de infecções do trato respiratório (32%), a segunda de infecções
urinárias e de ferida cirúrgica (12% cada) e o sexto patógeno mais comum em
infecções da corrente sangüínea (7%) no período de 1997 a 2001 (33). Rezende e
colaboradores mostraram que na cidade de Belo Horizonte, em 11 hospitais gerais
avaliados em 1992, Pseudomonas sp. foi o terceiro agente mais comum em
infecções adquiridas em ambiente hospitalar (87). Em Campinas, entre 1987 e 1994,
Tresoldi e colaboradores registraram no Hospital das Clínicas que 56,4% das
infecções eram causadas por bactérias Gram-negativas, sendo P. aeruginosa o mais
freqüente (12,9%), principalmente nas infecções urinárias e cirúrgicas (88). Velasco
e colaboradores relataram que entre 1993 e 1995, em UTI de pacientes oncológicos
no Rio de Janeiro, P. aeruginosa foi o terceiro agente mais comum em pneumonias
(89). De Moraes e colaboradores notaram que P. aeruginosa era o segundo mais
freqüente agente das infecções de ferida operatória e respiratória em um Hospital
Universitário no Rio de Janeiro entre 1995 e 1997 (90). Costa e colaboradores, em
um Hospital Universitário de São Paulo, entre 1995 a 1997, relataram que 54% das
pneumonias hospitalares eram causadas por bactérias Gram-negativas, entre estas
Acinetobacter baumanii e P. aeruginosa (91). Chang e colaboradores (92)
observaram que P. aeruginosa era o agente Gram-negativo mais freqüente (13,9%)
entre 1998 e 1999 nas unidades pediátricas de um Hospital de ensino no Mato
Grosso do Sul, sendo bacteremia a infecção mais comum (48,2%).
14
No HUCFF, P. aeruginosa foi o agente responsável por cerca de 12% das
bacteremias hospitalares nos anos de 2003 e 2004, estando sempre entre os três
primeiros agentes causadores destas infecções, ao lado de S. aureus e K.
pneumoniae. Na unidade de transplante de medula óssea do HUCFF, dados de
bacteremia dos últimos dez anos em 245 pacientes transplantados mostraram que
P. aeruginosa tende a se manter como o agente Gram-negativo mais freqüente
(12,5%) (93).
Além da alta freqüência, infecções por P. aeruginosa são motivo de
preocupação pelo custo e mortalidade a que estão relacionadas. Analisando apenas
infecções com bacteremia, Gómez mostrou que em 211 episódios, nos anos de
1992 a 1998, ocorreu cerca de 28% de mortalidade que estava relacionada à
gravidade do quadro inicial e à presença de complicações (94). Outros autores
encontraram que a mortalidade atribuída à infecção causada por P. aeruginosa foi
de 5%, e os fatores independentes para morte foram presença de bacteremia ou de
patologia de base com expectativa de sobrevida menor do que dois meses (2).
Comparando com bacteremias causadas por S. aureus, Osmon e colaboradores (95)
observaram que a mortalidade por P. aeruginosa foi maior do que aquela por S.
aureus sensível à oxacilina (30,6% versus 16,2%, p=0,036) ou resistente à oxacilina
(13,5%, p=0,007), sendo mais elevada na presença de endocardite. Nesta mesma
coorte, os autores observaram que os pacientes com infecção por P. aeruginosa
ficavam maior tempo sob ventilação mecânica, hospitalizados na UTI e no hospital,
comparados aos pacientes com infecção por S. aureus.
P. aeruginosa mostra uma facilidade peculiar de desenvolver resistência aos
antimicrobianos, e a associação da resistência com o aumento de taxas de
mortalidade, morbidade e custos tem sido controversa. Na comparação entre
15
amostras resistentes e sensíveis aos carbapenens, o grupo The Brooklyn Antibiotic
Resistance Task Force observou que a resistência contribuiu com aumento de
permanência hospitalar (mediana de 33,5 versus 20 dias, p=0,002) mas não com a
mortalidade hospitalar (20% versus 10%, p>0,05) (96). Carmeli e colaboradores
acompanharam o impacto clínico e econômico do aparecimento da resistência em
P. aeruginosa em 489 pacientes com infecção por este microrganismo (81). A
mortalidade dos pacientes com infecção por amostras cuja resistência apareceu
após o tratamento foi de 27% (risco relativo [RR] 3,0; intervalo de confiança 95%
[IC] 1,2-7,8), maior do que a mortalidade (7,7%) nos pacientes com infecção por
amostras que já eram resistentes no diagnóstico da infecção (RR 1,3; IC 95% 0,6-
2,8), quando ambos foram comparados aos pacientes com infecção por amostras
não resistentes. A duração de hospitalização foi maior para os pacientes com
infecção por amostras que ficaram resistentes após o tratamento (7 versus 24 dias
p<0,001). Entretanto, Raymond e colaboradores não observaram o mesmo. Em
estudo prospectivo entre 1996 e 2000, estes autores estudaram 924 infecções
causadas por bactérias Gram-negativas consideradas MRs e observaram vários
fatores relacionados à maior mortalidade (APACHE II, presença de co-morbidades,
infecção pulmonar ou relacionada a cateter vascular, co-infecção por bactéria Gram-
positiva MR ou fungo), além da resistência (RC 2,23; IC 95% 1,35-3,67). Quando
estes dados foram analisados segundo o microrganismo, a resistência não se
mostrou associada à mortalidade, apontando que, para isto, a espécie da bactéria é
mais importante do que a sua resistência (18,9% versus 20%, p=0,85) (97).
Velasco e colaboradores também não observaram que a mortalidade foi
diferente segundo a resistência, entre 112 bacteremias hospitalares consecutivas de
pacientes oncológicos cirúrgicos, entre 2000 e 2002, no Instituto Nacional do
16
Câncer, no Rio de Janeiro (26% versus 20% p=0,49), mas sim segundo as co-
morbidades do paciente (tipo de tumor e de cirurgia) e a origem da bacteremia (98).
No HUCFF, avaliamos retrospectivamente 245 transplantados de medula óssea nos
últimos dez anos e observamos que maior mortalidade se relacionava à presença de
resistência adquirida nas amostras de P. aeruginosa (razão de chance [RC] 5,01; IC
95% 1,01-24,77) (93). Entretanto, Gouvêa e colaboradores, que avaliaram
retrospectivamente 99 pacientes submetidos a transplante de fígado no HUCFF
entre 1999 e 2002, não relacionaram a presença de infecção por bactérias MRs
(incluindo P. aeruginosa) e mortalidade: os episódios de infecção causados por
bactérias MRs (63%) tiveram a mesma mortalidade que os episódios de infecção por
bactérias não MRs (25% versus 24%, p=0,92) (99).
Assim, estes dados indicam que medidas de controle de infecção que levem
em consideração disseminação destas bactérias sejam mais importantes do que
apenas daquelas resistentes. O que não quer dizer, entretanto, que monitorização
cuidadosa da resistência deva ser desestimulada.
O custo direto das infecções hospitalares causadas por P. aeruginosa e A.
baumannii sensível apenas à polimixina foi avaliado no Brasil, em UTI no Hospital
São Paulo, nos anos de 1997 e 1998, por Martins e colaboradores (82). Em estudo
do tipo caso-controle, estes autores concluíram que a média de permanência na
unidade foi maior (45 versus 6,8 dias, p<0,001) e com maior custo médio de
internação (estimado: US$ 20.795,16 versus US$ 2.774,46, p<0,001) quando
comparados a pacientes sem infecção hospitalar. A permanência extra atribuída ao
evento infeccioso foi de 24,26 dias em média, com um custo extra de US$
11.209,17, em média, por paciente.
17
O espectro clínico das infecções por P. aeruginosa pode variar de leve a
sepse grave, dependendo do órgão acometido: infecções relacionadas a dispositivos
como pneumonia secundária ao uso de ventilador mecânico, bacteremia associada
ao uso de cateter vascular, infecção urinária relacionada ao uso de cateter vesical,
infecção operatória, e suas complicações como endocardite, abscesso pulmonar,
meningite, entre outras. A pneumonia relacionada ao uso de prótese ventilatória, por
vezes necrotizante, está entre as infecções hospitalares de maior mortalidade (100).
Pacientes com queimaduras são muito suscetíveis a desenvolver infecções
onde a barreira de pele e mucosas está danificada. A partir de contaminação fecal
ou do ambiente, a colonização ocorre por uma variedade de microrganismos que,
quando presentes em altas concentrações, podem invadir os tecidos viáveis levando
à sepse. S. aureus e P. aeruginosa são importantes patógenos relacionados com
este quadro, tanto em bacteremias quanto nas infecções das áreas queimadas.
Aliado a este panorama, estes pacientes podem ser hospitalizados em áreas de
pacientes graves aonde a circulação de cepas com resistência adquirida pode deixar
o tratamento da sepse com menos opções (101).
As crianças prematuras têm um risco aumentado de desenvolver infecção
após colonização por P. aeruginosa {Grundmann, 1993 456 /id;}. Foca e
colaboradores descreveram um surto de colonização e infecção por P. aeruginosa
em uma UTI neonatal de 50 leitos, em 1998, aonde 5% dos médicos e 10% da
enfermagem apresentaram este agente em suas mãos (102). Casetta e
colaboradores (103), em 1999, avaliaram, através de estudo do tipo caso-controle,
que os fatores de risco para aquisição de P. aeruginosa em gestantes com bolsa
rota antes da 32ª semana de gestação foram a duração de uso de antimicrobiano
profilático (RC 1,6; IC 95% 1,2-2,2) e a multiparidade (RC 6,3; IC 95% 1,0-39,4).
18
Apesar da colonização não ter tido impacto na evolução clínica das gestantes após o
parto, cinco de 11 recém-nascidos de mães colonizadas adquiriram P. aeruginosa e
3 evoluíram com sepse fulminante. A avaliação das amostras através de PFGE
mostrou que a transmissão de P. aeruginosa se deu via vertical. Surto de conjuntivite
por amostras com resistência adquirida já foi relatado nesta população, com
evolução para sepse e um óbito, reforçando a idéia de que estes pacientes são
bastante propensos à infecção posterior à colonização por este agente (104). Ainda,
dados apresentados por Makhoul e colaboradores mostraram que em sepse tardia
em prematuros de muito baixo peso causada por Pseudomonas spp., a mortalidade
dentro de três dias foi 12,3 vezes maior do que causada por outros agentes (105).
Pacientes com AIDS têm maior risco para infecções hospitalares devido ao
número de hospitalizações, necessidade de linha venosa permanente ou transitória
e antibioticoterapias (106). Infecções causadas por P. aeruginosa com mortalidade
de até 43% em pacientes com bacteremias têm sido relatadas (107). Vidal e
colaboradores acompanharam coorte de pacientes com AIDS entre os anos de 1991
e 1996, e observaram que a prevalência de bacteremia por este agente era maior
nestes pacientes do que na população geral do hospital (10/1000 admissões versus
1,3/1000 admissões, p<0,05), mas igual à dos pacientes com outras
imunossupressões ou que estavam em UTI, o que sugere que esta situação não
seja peculiar da doença (108). Os fatores de risco para bacteremia por este agente
identificados foram: aquisição hospitalar (RR 2,7, IC 95% 1,3-5,7), neutropenia (RR
2,7, IC 95% 1,07-6,8), uso prévio de cefalosporina (RR 3,6, IC 95% 1,1-11,6) e
contagem de células CD
4
abaixo de 50/mm
3
(RR 3,1, IC 95% 1,7-8,6). Além das
bacteremias primárias, as secundárias a infecções pulmonares são freqüentes nesta
população.
19
Além das populações de risco já comentadas, infecções por P. aeruginosa
ocupam lugar de destaque em duas situações: surtos e acometimentos de pacientes
graves. O modo de transmissão desta bactéria a partir do ambiente para o paciente
seria através de líquidos contaminados, por meio de contato direto ou aspiração de
seus aerossóis, ou transferência indireta através das mãos que tocaram em
superfícies úmidas (109). Identificar a fonte de infecção de um surto é uma tarefa
difícil. Entre as fontes dos surtos relacionados a P. aeruginosa citadas na literatura
encontramos: brinquedos (110), equipamentos de limpeza de ambiente (111), pias
(112), lavadora automática de endoscópios (113), pasteurizadora de leite (114),
gaze para curativo (115), endoscópios (116), broncoscópios (117), aparelhos de
urodinâmica (118), água potável (119;120), soluções antissépticas e vasos de flores,
entre outras (109). Os profissionais de saúde já foram identificados como fonte dos
surtos relacionados ao uso de unha postiça e natural (59;61), à presença de otite
externa intermitente (121) e onicomicose (122). A transmissão ocorre com menor
freqüência quando as técnicas assépticas recomendadas são seguidas pelos
profissionais de saúde. Estudos evidenciaram que a grande maioria das amostras de
P. aeruginosa isoladas de pacientes no ambiente hospitalar, onde foram
empregadas as técnicas assépticas, era originária da própria flora normal do trato
gastro-intestinal do paciente (123).
No Brasil, vários surtos causados por P. aeruginosa têm sido publicados. No
Rio de Janeiro, entre 1999 e 2000, a partir de estudo realizado no HUCFF e em
quatro hospitais privados, encontramos uma amostra com genótipo predominante
em quatro dos cinco hospitais, indicando que esta amostra pode ter sido transferida
de um hospital para outro por pacientes ou profissionais de saúde (14). A razão pela
qual algumas amostras de P.aeruginosa possuem alto potencial epidêmico e as
20
características intrínsecas ligadas à disseminação dessas amostras ainda não está
bem esclarecida.
Os pacientes graves, que requerem cuidados intensivos prolongados, estão
mais expostos aos riscos de adquirirem infecções (124). Vários fatores têm
contribuído para este fenômeno, como a presença de dispositivos invasivos, uso de
antimicrobianos, e número limitado de profissionais de saúde (125). Nestes
pacientes, as infecções respiratórias são as mais prevalentes (3). Entretanto,
provavelmente estas infecções representam apenas um lado do problema, enquanto
que a verdadeira carga bacteriana poderia ser medida apenas pelas taxas de
colonização, que refletiriam problema como um todo (126). Em algumas áreas de
pacientes críticos, a prevalência de P. aeruginosa é tal que chega a ser considerada
endêmica. A via exata de colonização, exógena ou endógena, não está bem
estabelecida. Estes mecanismos são dinâmicos, podendo mudar assim que alguma
rotina é alterada ou introduzida na unidade em estudo. O paciente pode já estar
colonizado na admissão, adquirir uma cepa pertencente a outro clone durante a
estadia na unidade ou estar colonizado por cepas de clones diferentes
simultaneamente. Ainda, um paciente colonizado serve de fonte exógena contínua
de microrganismos que podem chegar a um outro paciente através de transmissão
cruzada (126). A colonização de pacientes graves, com mais de 72 horas de
ventilação mecânica, pode chegar a 54,2% e a cepa colonizante pode não estar
relacionada com aquela que causou infecção (127). No Brasil, Santos e
colaboradores mostraram que em uma UTI de um hospital privado da cidade do Rio
de Janeiro, em 2003, P. aeruginosa MR foi o patógeno mais incidente, e que em
43% das amostras houve similaridade genotípica (128). Loureiro e colaboradores
analisaram 32 episódios de sepse causados por P. aeruginosa em neonatos de uma
21
maternidade no Rio de Janeiro, entre 1997 e 1999 (129), observando que 75% dos
episódios foram causados por uma única cepa. Assim, a dinâmica de colonização
com P. aeruginosa em UTIs é complexa e pode diferir entre unidades diversas. O
estudo da epidemiologia molecular das amostras pode guiar as medidas de controle
que deverão ser priorizadas (130); quando há maioria das amostras com
similaridade genotípica, deve ser dada ênfase nas medidas de transmissão cruzada,
ao passo que, quando há grande variedade genotípica, medidas baseadas no
controle do uso de antimicrobianos deverão ser priorizadas (131).
Somado a este panorama, o aparecimento de resistência in vivo, ou seja, o
isolamento sucessivo de amostras de P. aeruginosa com padrão de sensibilidade
diverso relacionadas a episódios infecciosos num mesmo paciente, é uma
preocupação constante para os médicos assistentes. Isto representaria uma nova
infecção ou recidiva? Este quadro tem sido visto em pneumonias por P. aeruginosa
relacionadas à prótese ventilatória. Rello e colaboradores estudaram seis entre 37
(18%) pacientes com mais de um episódio de infecção pulmonar por P. aeruginosa,
e observaram que a maioria das amostras apresentava similaridade genotípica com
a amostra anteriormente infectante (132). Este fenômeno também foi avaliado por
Ferreira e colaboradores (133), entre 1999 e 2001, em 34 pacientes internados na
UTI de Queimados do Hospital das Clínicas de São Paulo, quando nove
apresentaram emergência de resistência em amostras de P. aeruginosa ou
Acinetobacter spp. A análise genotípica destas amostras mostrou diversidade entre
as sensíveis e as resistentes, porém, entre as resistentes, a maioria apresentava o
mesmo padrão. Estes achados confirmam a idéia de que no Brasil a transmissão
cruzada de amostras parecer ser muito comum. Neste contexto, o uso do antibiótico
prévio poderia funcionar como facilitador da colonização por bactérias MRs. Isso
22
reforça a idéia de que mesmo nesta situação, o uso prudente dos antimicrobianos
tem seu papel de destaque.
Resumindo, a prevenção e o controle da colonização e infecção por P.
aeruginosa requer o uso prudente de antimicrobianos, adesão dos profissionais de
saúde às práticas da higienização das mãos, precauções de contato para amostras
MRs, bem como adesão às técnicas de limpeza do ambiente e dos equipamentos
médicos e hospitalares (125).
8.3 Resistência antimicrobiana em Pseudomonas aeruginosa
Uma característica marcante das infecções por P. aeruginosa adquiridas em
hospitais é a multirresistência (134;135). Os percentuais de resistência são mais
elevados nas amostras isoladas nas UTIs, refletindo maior intensidade de uso de
antimicrobianos nesse ambiente, e, possivelmente, transmissão de cepas MRs entre
os pacientes (1). Conforme publicado no relatório anual do sistema NNIS de 2004,
resistência a ciprofloxacina, imipenem, ceftazidima e piperacilina em amostras de
pacientes internados em UTIs chega a ser de 1,5 a 3 vezes maior que nas amostras
de pacientes internados em enfermarias e ambulatórios (3). Mudanças significativas
nas taxas de resistência ocorreram ao longo do tempo. Porém, elas são
imprevisíveis e não apontam para tendências idênticas entre as diferentes espécies
de bactérias ou de antimicrobianos (136). Diferenças regionais devem ser
consideradas, tanto na taxa de resistência quanto nas suas tendências de variação
temporal, e podem variar de hospital para hospital e mesmo entre regiões do mesmo
país (84;137).
23
Dados do estudo SENTRY revelam que as maiores taxas de resistência para
todos os antimicrobianos são encontradas na América Latina, seguido pela Ásia,
para os β-lactâmicos, e pela Europa, para as quinolonas (84). Por outro lado, o
Canadá possui as taxas com maiores sensibilidades. Considerando a
susceptibilidade aos diferentes antimicrobianos individualmente, as maiores taxas de
sensibilidade foram observadas para amicacina, com exceção da América Latina,
onde a piperacilina associada ao tazobactam representou o antimicrobiano mais
ativo. Ainda neste estudo, observou-se diminuição significativa da sensibilidade para
as quinolonas apenas nos Estados Unidos da América (EUA) (84). Na América
Latina, 56% destas bactérias foram procedentes do Brasil, de um único centro de
pesquisa. Se houvesse exclusão deste centro, a freqüência na América Latina seria
de 3,6%, taxa menor que a Europa (4,7%), por exemplo. É importante enfatizar que
neste estudo nenhum antibiótico testado apresentou atividade contra mais do que
50% das amostras avaliadas, restando poucas opções de terapia para estes
microrganismos.
No Estado do Rio de Janeiro, amostras isoladas em cinco hospitais revelaram
altas taxas de resistência para os antimicrobianos: meropenem (35,5%), amicacina
(39,5%), ceftazidima e imipenem (40% cada), piperacilina-tazobactam (43%),
aztreonam (49,5%), cefepima (50%), ciprofloxacina e gentamicina (53,5% cada), e
ticarcilina-clavulanato (61%) (14). No HUCFF, observamos que entre os anos de
1996 e 2000, houve diminuição da sensibilidade à ciprofloxacina (75% versus 45%,
p=0,0003) e ao aztreonam (87% versus 54%, p=0,001) nas amostras de P.
aeruginosa, em paralelo ao aumento do consumo destes compostos. Porém, não
observamos modificação na sensibilidade à amicacina (em média 54,3%),
24
ceftazidime (68%) e imipenem (84%) em paralelo à restrição destes medicamentos
(138).
No HUCFF, a exclusão de amostras do clone epidêmico (chamado de clone
“A”), produtor de M-βla, das 115 amostras analisadas entre 1999 e 2000, revelou
significativa diminuição nas taxas de resistência (14). Na presença de um clone
epidêmico resistente, ao excluirmos a sua participação entre as infecções
observadas em uma determinada unidade, temos taxas de resistência menores, o
que deve ser levado em consideração onde a resistência antimicrobiana seja de tal
monta que poucas opções possam ser disponíveis para o início empírico.
Amostras de P. aeruginosa de origem clínica exibindo resistência aos
carbapenens têm sido detectadas em várias partes do mundo (1;10;27;139-143). No
Brasil, P. aeruginosa apresenta taxas de resistência aos carbapenens bastante
elevadas. Segundo relatos, em alguns hospitais brasileiros, entre 15 e 61,2% das
amostras são resistentes a carbapenens disponíveis comercialmente no país
(6;12;14;144-147). Os dados brasileiros publicados por Andrade e colaboradores (9)
são assustadores. Estes autores analisaram 1.894 amostras consecutivas de P.
aeruginosa isoladas em espécimes clínicos, entre os anos de 1997 a 2001, em dez
centros da América Latina. A avaliação das taxas anuais revelou diminuição de
sensibilidade a todos os antimicrobianos (p<0,001), com diminuição de maior monta
para meropenem (de 83% para 64,4%; RR 2,70; IC 95% 1,88-3,89) e imipenem (de
77,1% para 62,2%; RR 2,07; IC 95% 1,47-2,90); aumento de duas vezes a chance
de recuperar uma amostra com resistência simultânea a carbapenem, piperacilina-
tazobactam e ciprofloxacina, neste período; aumento no perfil de MR a todos os
antibióticos testados de 4,1% em 1997 para 17,1% em 2001 (RR 4,76; IC 95% 2,55-
9,04), com aumento de 5,4% das amostras MRs por ano (p<0,001). Com este
25
panorama desestimulante, ou como diria Livermore, “nosso pior pesadelo” (148),
estudos que avaliem mecanismos de resistência e fatores de risco envolvidos nestas
unidades são imprescindíveis.
No Brasil, o isolamento de amostras de P. aeruginosa susceptíveis apenas à
polimixina já foi relatado em vários estados do país (12;14;15;144;146). No HUCFF,
observamos 13,6% de amostras de P. aeruginosa somente sensíveis à polimixina,
entre 1999 e 2000 (14). Por outro lado, resistência à polimixina já foi observada por
Ribeiro e colaboradores, que estudaram 78 amostras de P. aeruginosa no Hospital
de Base de Brasília, com a freqüência de 2,6% (12). Felizmente, entre as 29
amostras com resistência aos carbapenens do HUCFF, havia 100% de sensibilidade
às polimixinas.
Cerca de dois milhões de infecções hospitalares ocorrem anualmente nos
EUA e entre 50 a 60% delas são causadas por bactérias MRs (149). Controle de
qualidade interno dos Laboratórios de Microbiologia é fundamental para que o
diagnóstico da resistência adquirida seja feito adequadamente. O projeto Intensive
Care Antimicrobial Resistance Epidemiology (ICARE), que analisa amostras
procedentes apenas de UTIs dos hospitais que participam do sistema NNIS, avaliou
448 amostras não repetidas de Gram-negativos que tinham sido relatadas como
resistentes ao imipenem ou de susceptibilidade intermediária, entre os anos de 1996
e 1999. Porém, testes confirmatórios nos laboratórios centrais confirmaram o
resultado em apenas 8,9% (11/123) das amostras de Enterobacteriaceae e 74,2%
(241/325) das amostras de P. aeruginosa. Os autores demonstraram que existe
dificuldade para avaliação de sensibilidade a carbapenens e que os laboratórios
devem levar em consideração a re-avaliação das amostras com sensibilidade
intermediária ou resistência aos carbapenens (150).
26
O que faz de P. aeruginosa um problema único como agente de infecções em
seres humanos? A combinação entre resistência intrínsica a várias classes de
antibióticos, a habilidade de adquirir resistência através de mutações aos antibióticos
de uso clínico relevante, as taxas altas e em ascenção de resistência adquirida, e o
seu papel nas infecções hospitalares graves (148). Mesmo as amostras de P.
aeruginosa sensíveis aos antimicrobianos apresentam consideráveis meios de
defesa contra ação de antimicrobianos, que são intrínsecos à espécie. Dentre estes
mecanismos intrínsecos temos a produção de β-lactamases induzíveis do tipo
AmpC, que conferem resistência aos β-lactâmicos como cefalotina e ampicilina, é
codificada por genes cromossômicos (151); os sistemas de efluxo, que removem β-
lactâmicos, cloranfenicol, fluoroquinolonas, macrolídeos, sulfanamidas, tetraciclinas,
trimetoprim e ainda, corantes e detergentes (152;153); a baixa permeabilidade da
membrana externa (154); a ausência de porinas de alta permeabilidade (155) e a
produção de enzimas inativadoras de aminoglicosídeos (156). Várias penicilinas,
cefalosporinas, carbapenens, monobactâmicos, aminoglicosídeos, fluoroquinolonas,
além das polimixinas, conseguem vencer as defesas inerentes destas bactérias e
ser ativos contra a maioria das amostras. No entanto, todos estes antibióticos
citados podem deixar de ser ativos através de mutações ou da aquisição de novos
genes que levem à resistência adquirida.
Alterações de permeabilidade de membrana externa e nas proteínas que
ligam penicilinas (PBPs) e aumento de efluxo, são mecanismos descritos em P.
aeruginosa (157). Entre os aminoglicosídeos, o mecanismo mais comum de
resistência adquirida é a inativação enzimática, devido à produção de enzimas
modificadoras de aminoglicosídeos codificadas por genes localizados em plasmídios
ou transposons (158). Alteração de DNA girase e extrusão de antimicrobianos via
27
bombas de efluxo são os principais mecanismos de resistência às quinolonas (159).
Cabe salientar que um ou mais mecanismos combinados podem estar presentes em
amostras clínicas de P. aeruginosa MRs.
Como vimos, dentre os vários mecanismos de resistência a antimicrobianos β-
lactâmicos, a produção de β-lactamases é o mecanismo mais prevalente e
importante. A hidrólise de β-lactâmicos por meio de β-lactamases periplasmáticas
soma seus efeitos na resistência à ação dos sistemas de efluxo e à baixa
permeabilidade celular (160). As novas ureidopenicilinas, cefalosporinas de 3
a
geração e monobactâmicos são indutores fracos e, apesar de serem susceptíveis,
permanecem ativos enquanto a enzima não é induzida. No entanto, a desrepressão
desta enzima ocasiona níveis elevados de resistência às ureidopeneicilinas e à
maioria das cefalosporinas (161). Carbenicilinas não selecionam mutantes
resistentes porque são estáveis às β-lactamases de Pseudomonas e são fracos
indutores, retendo a mesma atividade para amostras induzidas. Imipenem e
meropenem usualmente retêm toda ou quase toda atividade contra as amostras de
P. aeruginosa que produzem níveis elevados desta β-lactamase na ausência de
alterações concomitantes na permeabilidade da membrana externa (160). Além da
β-lactamase cromossômica, um grande número de β-lactamases mediadas por
plasmídeos ou transposons foi detectado em P. aeruginosa (37). A primeira β-
lactamase plasmidial detectada em P. aeruginosa foi a enzima TEM-1, em 1969
(160). Curiosamente, nas duas décadas subseqüentes, ficou evidenciado que as β-
lactamases comuns entre as enterobactérias, como a enzima TEM-1, eram
raramente detectadas em P. aeruginosa. Neste período, a maioria das β-lactamases
plasmidiais detectadas em P. aeruginosa era do tipo PSE-1 e PSE-4 levando à
resistência às penicilinas antipseudomonas, carbenicilina, cefoperazona e
28
cefsulodina, sem conferir resistência às outras cefalosporinas de 3
ª
geração,
monobactâmicos ou imipenem (160).
A partir da década de 90 até os dias de hoje, uma grande variedade de β-
lactamases plasmidiais tem sido detectadas em P. aeruginosa, incluindo β-
lactamases de espectro estendido (ESBLs) e enzimas que hidrolisam carbenicilina.
Dentre as ESBLs foram encontradas as enzimas de classe A de Ambler PSE-1,
PSE-3, PSE-4, CARB-3 e CARB-4 (que hidrolisam carbenecilinas), HMS-1, LCR-1,
NPS-1, e de classe D de Ambler, ou oxacilinases, OXA-18, derivados de OXA-2 e
OXA-10, OXA-3 a 19, OXA-24 e ARI-1 (que hidrolisam oxacilinas e carbenecilinas).
Também já foram descritas, em P. aeruginosa, as enzimas PER-1, VEB-1 e as
derivadas de TEM e SHV (que hidrolisam ceftazidima e cefepima) (162-164).
As β-lactamases capazes de hidrolisar carbapenens são enzimas capazes de
conferir resistência aos carbapenens, a classe de β-lactâmicos com o maior espectro
de atividade antibacteriana. A GES-2, que é derivada da β-lactamase de espectro
ampliado GES-1 (165), foi identificada em uma amostra de P. aeruginosa da África
do Sul. A análise cinética de enzima mostrou que ela apresenta eficiência catalítica
contra imipenem 100 vezes maior do que a GES-1. Entretanto, a atividade da GES-2
permanece 1000 vezes menor do que outras carbapenemases como SME-1 e NMC-
A.
Em amostras de P. aeruginosa do HUCFF e do Hospital São Paulo, com
sensibilidade consistente apenas a polimixina, encontrou-se o gene bla
GES-1
inserido
em integron da classe-1 (166;167).
Apesar da maioria dessas enzimas serem cromossômicas, a possibilidade de
plasmídios ou integrons incorporarem a parte do DNA cromossômico que contenha
tais genes de resistência preocupa muito a comunidade científica, devido a grande
29
chance destes plasmídios se disseminarem para bactérias de espécies distintas
(84).
Enzimas pertencentes à classe B de Ambler denominadas metalo-β-
lactamases (M-βla) foram descobertas há mais de 40 anos em uma amostra de
Bacillus cereus. Os genes que codificam essas enzimas são geralmente
cromossômicos, mas podem também ser encontrados em plasmídios (168).
Possuem íons zinco no seu sítio ativo, e conseqüentemente, sofrem inibição por
quelantes iônicos, como o EDTA (ácido etilenodiaminotetracético), mas não são
bloqueadas por inibidores de β-lactamases como clavulanato, sulbactam e
tazobactam. Estas enzimas são as únicas da família das β-lactamases onde a
atividade de carbapenemase é a regra, porém, curiosamente, não hidrolisam
monobactâmicos como o aztreonam (168).
As M-βlas detectadas em P. aeruginosa podem ser dos tipos IMP, VIM, GIM e
SPM. A primeira M-βla descrita em P. aeruginosa foi a IMP-1, detectada em uma
amostra de Serratia marcescens
isolada no Japão em 1988 (169). As enzimas do
tipo VIM apresentam menos de 40% de homologia nas seqüências de aminoácidos
quando comparadas àquelas do tipo IMP. A primeira variante, VIM-1, foi descrita em
1999 a partir de uma amostra de P. aeruginosa isolada na Itália em 1997 (170). A M-
βla GIM-1 foi detectada posteriormente em P. aeruginosa, e o gene que a codifica,
bla
GIM-1
, foi descrito por Castanheira e colaboradores (171) em cinco amostras de P.
aeruginosa de diferentes pacientes num mesmo centro médico da Alemanha.
A detecção laboratorial de amostras produtoras de M-βlas pode ser realizada
utilizando teste fenotípico específico, de execução simples. Um destes testes foi
descrito por Arakawa e colaboradores (172), utilizando o método de disco
aproximação, onde observa-se o efeito sinergístico de inibidores específicos de M-
30
βla, como o EDTA ou compostos tiólicos como o ácido mercaptopropiônico, com a
ceftazidima. Nos testes realizados por estes autores, os resultados mais nítidos
foram observados quando o ácido mercaptopropiônico foi utilizado como inibidor de
M-βla. Nas amostras resistentes à ceftazidima devido a um aumento da produção de
AmpC, ou seja, amostras não produtoras de M-βla, nenhuma alteração no halo de
inibição para ceftazidima foi observada.
Em 2002, a enzima SPM-1 foi identificada em uma cepa de P. aeruginosa
isolada primeiramente na urina e depois na hemocultura de uma criança de quatro
anos internada no Instituto de Oncologia Pediátrica da Universidade Federal de São
Paulo (11). A SPM-1 confere resistência a todos os β-lactâmicos com exceção do
aztreonam e é inibida por EDTA, contendo o clássico sítio de ligação do zinco das
M-βlas. Apresenta homologia de 35,5% com a enzima IMP-1. O gene bla
SPM-1
encontra-se em plasmídio e foi identificado em amostras epidêmicas P. aeruginosa
nas cidades de São Paulo e Santo André (SP), Salvador (BA), Londrina e Curitiba
(PR), Brasília (DF), Recife (PE) e Fortaleza (CE), portanto, em 6 estados do Brasil
(10;12;13). Na cidade do Rio de Janeiro, identificamos amostras de P. aeruginosa
com mesmo perfil genotípico da amostra epidêmica brasileira em 4 hospitais
diferentes (Pellegrino submetido). Surpreendentemente, encontramos uma amostra
de perfil genotípico não relacionado àquele da amostra epidêmica também
carreando o gene bla
SPM
. O gene bla
SPM
é o primeiro gene de M-βla não encontrado
como um cassete genético inserido em um integron (13), mas inserido em novo
elemento genético transferível, chamado de CR4.
Em Bragança Paulista, cidade que dista alguns quilômetros da cidade de São
Paulo, no Hospital Universitário São Francisco, Gales e colaboradores (173)
encontraram amostras de P. aeruginosa resistentes a carbapenem com similaridade
31
genotípica entre si e com amostras do Hospital São Paulo, porém não avaliaram a
presença de M-βla. Na Paraíba, Santos Filho e colaboradores (174) encontraram M-
βla em 20% das amostras com resistência a imipenem e ceftazidima. Assim,
concluímos que a disseminação e elevada freqüência de amostras produtoras de M-
βla no Brasil é um fato surpreendente.
Sader e colaboradores (175) analisaram a produção de M-βla na América
Latina, em amostras de P. aeruginosa, Acinetobacter spp. e P. fluorescens
resistentes à ceftazidima, meropenem e imipenem, em hospitais sentinela do
sistema SENTRY, nos anos de 2001 a 2003. Encontraram este perfil fenotípico
confirmado por técnica de aproximação de disco e por E-teste em 7,1% (33/463) das
amostras de Acinetobacter spp., em 4,5% (54/1.186) das amostras de P. aeruginosa
e em 40% (2/5) das amostras de P. fluorescens. Nas amostras do Brasil, estes
autores identificaram as seguintes M-βlas: IMP-16 em amostra de P. aeruginosa
procedente do Distrito Federal, IMP-1 em amostra de P. fluorescens procedente de
São Paulo, IMP-1 em amostras de Acinetobacter spp., além de SPM-1 em amostras
de São Paulo e Distrito Federal (12;176). Com relação às amostras de P.
aeruginosa, 70% eram procedentes de um mesmo centro localizado na cidade de
São Paulo. A análise genotípica destas amostras mostrou serem pertencentes a seis
ribogrupos diferentes, apesar de serem todos produtores de SPM-1. Nas amostras
de Acinetobacter spp., esses autores identificaram cinco ribogrupos diferentes, todos
produtores de IMP-1, o que sugere que haja disseminação deste gene entre
diversos clones. Por outro lado, o mesmo ribogrupo de SPM-1 foi identificado em
São Paulo e na amostra do Distrito Federal. A freqüência e diversidade de M-βlas
encontrada na América Latina é maior em Pseudomonas sp. do que em
Acinetobacter sp., onde tem sido mais comum outros mecanismos de resistência,
32
que M-βlas. Recentemente, Grinbaum e colaboradores detectaram a ocorrência de
investigaram um surto de K. pneumoniae produtora de IMP-1 em uma UTI do
Hospital do Servidor Público do Estado de São Paulo (177). No mesmo ano e na
mesma cidade, Lincopan e colaboradores também encontraram em dois amostras
de K. pneumoniae o gene bla
IMP-1
, porém acompanhados do gene bla
CTX
(178).
O achado de amostras de diferentes hospitais compartilhando um mesmo
perfil genotípico torna a extensão do problema ainda maior, pois, além das
dificuldades terapêuticas acarretadas, as amostras podem ter sido disseminadas de
um hospital para outro, o que é muito preocupante (10;14). A disseminação inter-
hospitalar de amostras pode ser explicada pela transferência de pacientes ou por
profissionais de saúde colonizados. Mas esta explicação parece pouco provável
para hospitais localizados em estados distantes. A avaliação de amostras de P.
aeruginosa de um maior número de regiões do país ou de outras cidades dos
mesmos estados poderia ajudar a esclarecer esta questão.
8.4 Uso de antimicrobianos como fator de risco para resistência
A relação entre o uso de antimicrobianos e a resistência dos microrganismos
é um assunto de grande discussão, havendo publicações que propõem métodos
para controle da resistência baseado na modificação do uso destas drogas
(179;180).
O uso prévio de quinolonas, imipenem ou meropenem, β-lactâmicos como
ceftazidima e piperacilina-tazobactam, e aminoglicosídeos já foi relacionado ao
desenvolvimento de resistência em P. aeruginosa (16;18-
33
21;24;25;27;28;146;181;182). Entretanto, a diversidade de definições para o que
seria uma amostra MR limita a comparação destes estudos.
Estudos do tipo caso-controle são freqüentemente utilizados para identificar
fatores de risco relacionados ao desenvolvimento de infecção ou aquisição de
colonização por microrganismos com resistência a certos antibióticos.
Recentemente, Harris e colaboradores (183) fizeram reavaliação sistemática de
estudos do tipo caso-controle que analisaram fatores de risco para microrganismos
resistentes a antibióticos, e então acessaram três pontos metodológicos: tipo de
grupo controle selecionado, avaliação do tempo de risco (entre a internação
hospitalar e o diagnóstico da bactéria resistente), e avaliação de co-morbidades.
Estes autores pesquisaram no banco de dados MEDLINE, estudos realizados entre
os anos de 1996 a 2000, e que usassem “palavras-chave” pré-definidas pelo grupo.
Apenas 37 artigos (entre os 406 encontrados) preencheram os seguintes critérios:
estudo caso-controle, análise estatística para avaliar os fatores de risco e avaliação
de resistência em bactérias. Entre estes estudos, apenas cinco avaliaram P.
aeruginosa. Isto mostra que publicações nesta área ainda devem ser interpretadas
com cautela.
O grupo controle ideal para estudarmos o risco para aquisição de uma
bactéria resistente ainda não está claro. Por princípio do desenho do estudo, o grupo
controle deve ser selecionado da mesma base populacional e do mesmo período
que o grupo caso, visto que a estimativa de risco de um problema a ser estudado
está na diferença da freqüência de exposição entre estes grupos. Os estudos do tipo
caso-controle que avaliam fatores de risco para resistência bacteriana têm usado
dois tipos de grupo-controle: pacientes com isolamento da mesma bactéria, porém
com sensibilidade ao antibiótico em estudo, ou pacientes sem qualquer isolamento
34
da bactéria de interesse, escolhidos da mesma época e mesmo local de internação
do que os pacientes-caso sem isolamento da bactéria de interesse. Segundo Harris
e colaboradores (183), se há interesse em estudar os fatores de risco para
resistência desta bactéria entre os pacientes hospitalizados, o grupo controle deve
ser composto de pacientes sem isolamento da bactéria em estudo. Estes autores
afirmam que o uso de pacientes-controle com isolamento da bactéria sensível deve
superestimar o uso de antimicrobianos como fator de risco para isolamento de
bactéria resistente. A razão para este desvio seria que o tratamento com antibióticos
ativos contra uma bactéria inibe o seu crescimento tornando menor a chance de que
o grupo controle tenha sido exposto à droga. Baseado neste ponto, Harris defende
que devemos escolher pacientes-controle dentro da coorte de pacientes internados,
sem isolamento da bactéria de interesse, e para estudar resistência bacteriana
adquirida na comunidade, coorte de pacientes residentes na comunidade.
Para ilustrar esta idéia, os autores realizaram estudos com infecções
causadas por P. aeruginosa, Enterococcus e E. coli (184). Através de estudo caso-
controle com dois tipos de controle, sendo pacientes-caso aqueles com cultura de
material clínico com P. aeruginosa resistente (PaMR) a imipenem (n=120); 1º grupo
de pacientes-controle com P. aeruginosa suscetível (PaS) a imipenem (n=662); 2º
grupo de pacientes-controle sem isolamento de P. aeruginosa (Pa-) (n=770). Os
autores evidenciaram que o uso de imipenem foi maior nos casos (43%) do que no
1º grupo controle (3%) e no 2º grupo controle (6%). A RC de cada grupo foi,
respectivamente, 27,12 (p<0,0001) e 12,50 (p<0,0001). A análise multivariada de
fatores de risco para PaMR mostrou associação independente com as seguintes
variáveis: uso de imipenem (1º grupo: RC 27,12;IC 95% 13,91-52,90; 2º grupo: RC
6,34; IC 95% 3,66-11,00); uso de aminoglicosídeos (1º grupo: RR 2,38;IC 95% 1,40-
35
4,05; 2º grupo: RR 3,28; IC 95% 1,98-5,42); uso de quinolonas (apenas para o 1º
grupo: RR 3,25; IC 95% 1,92-5,49); realização de cirurgia (apenas para o 1º grupo:
RR 0,42; IC 95% 0,21-0,85); dias de tempo de risco (apenas para o 2º grupo: RR
1,03; IC 95% 1,01-1,04); e passagem por UTI (apenas para o 2º grupo: RR 3,85; IC
95% 2,16-6,86). Podemos observar que a variável de interesse (uso de imipenem)
ficou superestimada no 1º grupo, e que o uso de quinolonas desaparece quando o
2º grupo é avaliado.
Zavascki e colaboradores (29), no Brasil, realizaram o mesmo desenho de
estudo sendo os pacientes-caso com isolamento de PaMR e dois grupos de
pacientes-controle (PaS e Pa-). Estes autores confirmaram que exposição a
carbapenem está relacionada ao aparecimento de amostras de P. aeruginosa com
resistência a esta classe de antimicrobianos. Porém, eles ainda encontraram que o
uso de ventilação mecânica e internação anterior estavam relacionados com o grupo
de pacientes-controle Pa-, e explicaram que estas variáveis devem refletir fatores de
risco para aquisição de qualquer P. aeruginosa, sendo esta resistente ou não.
Assim, Zavascki acredita que analisar da maneira sugerida por Harris e
colaboradores pode confundir se a variável é fator de risco para aquisição da própria
bactéria ou para aquisição de uma amostra resistente (185).
Kaye e colaboradores sugeriram que (186) para avaliar resistência o melhor
modelo seria o estudo do tipo caso-controle, aonde dois tipos de pacientes-caso
seriam comparados com o mesmo grupo de pacientes-controle.
Harris e colaboradores usaram este modelo (20), selecionando dois tipos de
pacientes-caso diferentes: pacientes com isolamento de PaMR (1º grupo) ou
pacientes com isolamento de PaS (2º grupo); e comparou-os com os pacientes-
controle sem isolamento de P. aeruginosa. Os fatores de risco relacionados ao 1º
36
grupo foram: uso de imipenem (RC 4,96; IC 95% 2,88-8,57), de piperacilina-
tazobactam (RC 2,39; IC 95% 1,42-4,03), de vancomicina (RC 1,80; IC 95% 1,09-
2,96) e de aminoglicosídeos (RC 2,19; IC 95% 1,35-3,56). Ao passo queos
relacionados ao 2º grupo foram: uso de imipenem (RC 0,37; IC 95% 0,2-0,67), de
vancomicina (RC 1,64; IC 95% 1,20-2,26), de ampicilina-sulbactam (RC 2,00; IC
95% 1,38-2,89) e de cefalosporina de 2ª geração (RC 2,00; IC 95% 1,30-3,06). Além
do uso de vancomicina, os antimicrobianos usados previamente em ambos os
grupos foram diferentes. Ainda, este estudo confirma que o uso de imipenem está
associado à resistência, como foi visto por outros autores (18;19;21;27;29;187).
Estudos que analisem fatores de risco para resistência bacteriana devem
considerar ainda que os controles e os casos sejam procedentes do mesmo período
de hospitalização, que tenham sido expostos pelo mesmo período (a data da
admissão até diagnóstico da bactéria em estudo) e que tenham gravidades
comparáveis (188).
A maioria dos estudos considera apenas o perfil de resistência fenotípica para
definição de pacientes-caso. Seria interessante avaliar fatores de risco para
aquisição dos diversos mecanismos de resistência separadamente, pois
provavelmente, diferentes antimicrobianos predispõem a diferentes mecanismos de
resistência (188). Considerando M-βlas, apenas Hirakata e colaboradores
analisaram os fatores de risco para este mecanismo de resistência, levando em
consideração o mecanismo de resistência e a similaridade genotípica (182). Esses
autores compararam 69 pacientes infectados por P. aeruginosa com o gene bla
IMP+
e
247 pacientes com infecção por P. aeruginosa sem o gene bla
IMP+
. Observaram que
não havia uso de antibiótico prévio em 21,7% dos pacientes e que apenas a duração
e a dose (ao invés da classe) do antibiótico diferiram entre os grupos. O tempo de
37
uso de β-lactâmicos mais prolongado foi relacionado ao grupo de pacientes
infectados por P. aeruginosa com o gene bla
IMP+
.
A Tabela I apresenta os estudos epidemiológicos que analisaram os fatores
de risco para colonização ou infecção por P. aeruginosa MR, publicados entre 1994
e 2005.
38
Tabela I Estudos que avaliaram fatores de risco para P. aeruginosa multirresistente
Autor, ano,
referência
Desenho do
estudo
Tipo de caso
(nº
de pacientes)
Tipo de controle (nº
de pacientes)
Definição de MR
utilizada no
estudo
Pareamento Gravidade Variáveis significantes na análise multivariada
(razão de chance)
Zavascki, 2005
(29)
Caso-controle PaMR (93) em
isolados clínicos, sem
vigilância
microbiológica
1º: Pa- (93)
2º: PaS (65)
Resistência à
imipenem.
Unidade de
internação
Escore de Charlson
(com igualdade entre
os grupos)
1º controle: uso de carbapenem (5,82), ventilação
mecânica (3,22) e hospitalização no ano anterior
(2,59).
2º controle: uso de carbapenem (12,82) e ter
insuficiência renal (5,0).
Hsu, 2005 (22) Caso-controle PaMR (91) PaS (86) Resistência à
ciprofloxacina.
- APACHE II (com
igualdade entre os
grupos)
Infecção hospitalar (8,6), uso prévio de quinolona
(12,6), ter diabetes mellitus (6,4).
Defez, 2004
(181)
Caso-controle Infecção hospitalar
devido a PaMR (80)
1º: Pa- (240)
2º: PaS (75)
Resistência à
pelo menos um:
ceftazidima,
ticarcilina ou
imipenem.
Unidade de
internação e
tempo de risco
(1º grupo)
Escore de McCabe e
Jackson
1º controle: idade, McCabe, ser acamado (9,4) ou
transferido (3,9), usar cateter urinário (4,1) ou
nasogástrico (5,3), uso de β-lactâmicos (2,5) ou
fluoroquinolonas (4,1).
2º controle: ter sido submetido à cirurgia (0,5) ou
uso de fluoroquinolonas (4,7).
Cão, 2004
(19)
Caso-controle PaMR (44) em
amostras clínicos, sem
vigilância
microbiológica
PaS (68) Resistência à
ceftazidima,
ciprofloxacina,
piperacilina e
imipenem.
Data de
isolamento
APACHE II
(7,5 versus 6,6 –
p=0,001)
Uso de ventilação mecânica por mais de 48 horas
(8,19) ou uso de carbapenem (44,8).
Paramythiotou,
2004
(24)
Caso-controle PaMR (34) em
espécimes clínicos de
pacientes de UTI
Pa- (34) Resistência à
piperacilina,
ciprofloxacina,
ceftazidima e
imipenem.
Gravidade e
tempo de
internação na
UTI
SAPS II, APACHE II,
SOFA, escore de
McCabe e Jackson
Maior duração de uso de ciprofloxacina (11,0) ou
imipenem (3,17).
39
Hirakata, 2003
(182)
Caso-controle Pa bla
imp+
(69) em
amostras clínicas, sem
vigilância
microbiológica
Pa bla
imp-
(247) Produção de
metalo-β-
lactamase do
tipo IMP-1.
Ano de
isolamento
- Não realizada análise multivariada.
Univariada: terapia antineoplásica, corticóide,
cateter urinário e tempo de risco.
Harris, 2002
(21)
Caso-controle 1º caso: PaMR (179)
2º caso: PaS (624)
Ambos em isolados
clínicos, sem vigilância
microbiológica
1º controle: sem
PaMR (1136)
2º controle: sem
PaMR ou PaS (Pa-
1109)
Resistência à
piperacilina-
tazobactam.
Mesma
unidade de
internação
Escore de Charlson
(com igualdade entre
os grupos)
1º caso-controle: uso de imipenem (2,42),
piperacilina-tazobactam (6,82), aminoglicosídeos
(2,18), vancomicina (1,87), cefalosporina de 3ª
geração (2,38), hospitalização no ano anterior
(1,36), passagem pela UTI (2,59), transferência
(2,07), tempo de risco (1,02).
2º caso-controle: uso de vancomicina (1,53),
ampicilina-sulbactam (2,28), idade (1,01), passagem
pela UTI (3,76) e doença neurológica (1,84).
Harris, 2002
(20)
Caso-controle 1º caso: PaMR (120)
2º caso: PaS (662)
Ambos em isolados
clínicos, sem vigilância
microbiológica
1º controle: sem
PaMR (770)
2º controle: sem
PaMR ou PaS (Pa-
:746 )
Resistência à
imipenem.
Data da coleta
do exame e
mesma
unidade de
internação
Escore de Charlson
(com igualdade entre
os grupos)
1° caso-controle: uso de imipenem (4,96),
piperacilina-tazobactam (2,39), aminoglicosídeo
(2,19), vancomicina (1,80), tempo de risco (1,02) e
passagem pela UTI (3,26).
2° caso-controle: uso de imipenem (0,37),
ampicilina-sulbactam (2,00), cefalosporina (2,00),
vancomicina (1,64), idade (1,02) e passagem pela
UTI (3,53).
Harris, 2002
(184)
Caso-controle PaMR (120) em
isolados clínicos, sem
vigilância
microbiológica
1º controle: PaS (662)
2ºcontrole: Pa- (770)
Resistência à
imipenem.
2º controle da
mesma
enfermaria
- 1º controle: uso de imipenem (27,12), quinolona
(3,25) ou aminoglicosídeo (2,38).
2º controle: uso de imipenem (6,34),
aminoglicosídeo (3,28), tempo de permanência na
UTI (3,85), tempo de risco (1,03).
Arruda, 1999
(15)
Caso-controle Infecção hospitalar por
PaMR (15)
Colonização ou
infecção por PaS (30)
Sensibilidade
apenas à
polimixina.
Unidade de
internação e
data de
isolamento
APACHE II
15,3 x 13,8 (0,4)
Tempo de risco (p=0,03) e número de antibióticos
recebidos (p=0,006).
Lee, 1999 (57) Caso-controle Infecção hospitalar por
PaMR (35)
PaS (62) Resistência à
ceftazidima.
- Escore de McCabe e
Jackson
Uso prévio de cefalosporinas de 1ª e 3ª gerações
(3,42 e 3,04) e piperacilina (2,87).
40
Cailleaux, 1997
(18)
Caso-controle 1º caso: PaMR (14)
em UTI.
2º caso: PaMR (12)
1º controle PaS (36)
2º controle PaS (38)
1º caso:
resistência à
imipenem
2º caso: à
ceftazidime
Internação na
mesma UTI
-
1º caso-controle: uso de imipenem (6,67).
2º caso-controle: traqueostomia (7,36), uso de β-
lactâmico sem atividade em Pseudomonas (4.91).
Troillet, 1997
(27)
Caso-controle PaMR (40) PaS (387) Resistência à
imipenem.
- Escore de Charlson
(com igualdade ente
os grupos)
Uso de imipenem (23,2) e transplantado (3,4).
Krcmery, 1996
(23)
Caso-controle Bacteremia em
pacientes com câncer
PaMR (10)
PaS (91) Resistência à
imipenem.
- - Não realizada análise multivariada.
Univariada: leucemia aguda, neutropenia
prolongada, uso prévio de amicacina, cefalosporina
de 3ª geração, imipenem e uso profilático de
quinolonas.
Richard, 1994
(189)
Coorte Pacientes queimados
infectados por PaMR
(15)
Pa- (32) Sorotipo O12 - Extensão e
gravidade de
queimadura (com
igualdade entre os
grupos)
Uso prévio de ceftazidima (RR=4,95).
APACHE II: acute physiology and chronic health evaluation; MR: multirresistente; PaS: pacientes com isolamento de P. aeruginosa multissensível; Pa-: pacientes sem isolamento de P.
aeruginosa; PaMR: pacientes com isolamento de P. aeruginosa multirresistente; SAPS II: simplified acute physiology score II; SOFA: organ system failure; UTI: unidade de terapia
intensiva.
41
8.5 Tratamento das infecções por Pseudomonas aeruginosa multirresistentes
P. aeruginosa atingiu sua máxima relevância a partir de 1960, com a introdução de
quimioterapia para tratamento de neoplasias, convertendo-se no principal patógeno,
com mortalidade que beirava 100%. A introdução da carbenicilina em 1968, e,
posteriormente das outras penicilinas com ação anti-pseudomonas, atenuou este
panorama (190). Porém, com o passar dos anos, P. aeruginosa vem se
comportando como um microrganismo de difícil tratamento. É notório que o avanço
tecnológico, na esfera antimicrobiana, não abalou este conceito. Apesar das
tentativas de aperfeiçoamento de drogas voltadas para este fim, continua a
emergência de amostras MRs e sem haver alteração na mortalidade das infecções
(148;191). O uso de antibiótico empiricamente tornou-se um dilema em alguns
locais, visto que a escolha inadequada está relacionada ao atraso do início da
terapia e ao aumento da mortalidade nos pacientes graves (192;193).
Entre as drogas utilizadas para tratar estas infecções, podemos citar os β-
lactâmicos (penicilinas, cefalosporinas de 3ª e 4ª gerações, aztreonam e
carbapenens), aminoglicosídeos, polimixinas e fluoroquinolonas, particularmente a
ciprofloxacina (35). Como observamos nos dados apresentados pelos pesquisadores
do programa SENTRY, nenhuma terapia empírica assegurou sucesso de mais de
90% para P. aeruginosa, nas diversas regiões avaliadas (84). Na América Latina e
Europa, os locais de pior panorama para terapia empírica, nenhum agente
administrado isoladamente inibe mais de 80% das amostras.
42
Os carbapenens são β-lactâmicos potentes contra P. aeruginosa. Essa
potência é decorrente da elevada afinidade pela PBP, estabilidade à hidrólise pela
grande maioria das β-lactamases de importância clínica, incluindo as ESBLs, e
capacidade de penetração através da membrana externa bacteriana (194-196). Os
carbapenens são usados como opção para infecções por amostras de P.
aeruginosa MRs.
As polimixinas, em monoterapia ou em associação com outros antibióticos,
têm sido usadas em casos extremos de resistência simutânea a várias drogas,
incluindo os carbapenens. O seu mecanismo de ação envolve alterações da
permeabilidade da parede celular e morte bacteriana (197). As polimixinas foram
comercializadas no Brasil até o início dos anos 80, porém, sua venda foi
interrompida principalmente devido à nefrotoxicidade e neurotoxicidade, após o
lançamento de outros antimicrobianos mais seguros. Entretanto, estes
antimicrobianos voltaram a ser usados, representando o último recurso para o
tratamento das infecções por P. aeruginosa susceptíveis somente a estes
compostos, visto que resistência a estas drogas ainda é rara. Assim, é justificável o
aumento de interesse nos seus mecanismos de resistência, farmacocinética e
farmacodinâmica, e novas indicações clínicas (198-202).
Markou e colaboradores acompanharam pacientes de UTIs com sepse
causadas por P. aeruginosa (n=20) ou A. baumannii (n=6) MRs tratados com
polimixina com resposta clínica em 73% dos pacientes e sobrevida após 30 dias em
57,7% (203). A eficácia clínica foi menor quando houve bacteremia (63,3%)
documentada. Berlana e colaboradores analisaram a eficácia de polimixinas
aplicadas por via inalatória (71 pacientes), parenteral (12 pacientes) e intra-tecal
(dois pacientes) para terapia de infecções graves por P. aeruginosa ou A. baumannii
43
MRs (204). Os autores observaram mortalidade intra-hospitalar em 18% e
erradicação bacteriana em 92% dos pacientes que puderam fazer a reavaliação
microbiológica. No Brasil, Levin e colaboradores relataram o uso de polimixina para
tratamento de infecções causadas por P. aeruginosa (n=21) ou A. baumannii (n=39),
com boa evolução em 67% dos casos, porém, este número caiu para 25% quando
consideraram apenas as pneumonias (205). O uso de polimixina por tempo
prolongado (de um a seis meses) já foi relatado, sendo que os autores não notaram
toxicidades graves (206;207). Como alternativa ao tratamento de infecção
respiratória por microrganismos MRs existem relatos de sucesso clínico com uso de
polimixina via inalatória. Estas publicações apontam para a possibilidade desta
alternativa de uso desta droga, ao contrário do que se pensava até então (208-210).
Não existem estudos comparativos sobre o uso de polimixina como terapia
para P. aeruginosa. Apenas encontramos descrição de séries de casos. O único
estudo comparativo entre o uso de carbapenens e polimixinas em infecções por
bactérias MRs foi realizado por Garnacho-Montero e colaboradores, porém, não foi
realizado com Pseudomonas. Em estudo prospectivo, não controlado e
comparativo, de terapia para pneumonia associada à ventilação mecânica causada
por A. baumannii MRs, estes autores compararam 21 pacientes infectados com
amostras somente sensíveis à polimixina e tratados com esta, e 14 pacientes
infectados com amostras sensíveis à polimixina e imipenem tratados com imipenem
(211). Os autores observaram que polimixina foi tão eficaz quanto imipenem.
Alguns autores têm sugerido a combinação de polimixina com outro
antimicrobiano para tratamento das infecções por bactérias MRs. O segundo
antimicrobiano é algumas vezes acrescentado para tratamento de um co-patógeno,
mas em outras, por falta de confiança do médico assistente em prescrever polimixina
44
em monoterapia (203). Existem dados que mostram algum benefício na utilização de
combinações entre polimixina e β-lactâmicos. Gunderson e colaboradores avaliaram
modelo in vitro de farmacodinâmica para amostras de P. aeruginosa MRs e
observaram que houve sinergismo entre polimixina e ceftazidima (com concentração
inibitória mínima [CIM] >32 μg/mL para ceftazidima), mas não entre polimixina e
ciprofloxacina (com CIM >4 μg/mL para ciprofloxacina) (212). Sinergismo também já
foi observado entre polimixina e rifampicina. A atividade microbiológica e a eficácia
clínica desta associação foram avaliadas em 7 amostras de P. aeruginosa MRs por
Tascini e colaboradores, tendo sido observado sinergismo completo em uma
amostra e parcial em cinco amostras, além de eficácia clínica em quatro pacientes
com sepse ou pneumonia causadas por P. aeruginosa MRs (213).
Giamarellos-Bourboulis e colaboradores mostraram que a associação entre
ceftazidima, imipenem ou ciprofloxacina com amicacina, in vitro, em amostras de P.
aeruginosa com resistência a todos os antibióticos, apresentou sinergismo em
40,9% com ceftazidima, 27,3% com imipenem e 22,7% com ciprofloxacina (214).
Houve correlação entre maiores CIMs para imipenem e ausência de sinergismo. As
combinações estudadas produziram redução significativa do crescimento bacteriano
nas amostras testadas quando comparadas ao antibiótico isoladamente,
estendendo-se por três a quatro horas após a retirada do antibiótico. Estudos que
avaliem estes dados com meropenem e polimixina podem ser úteis para a prática
clínica.
Uma alternativa que vem sendo pontualmente usada é a otimização na
administração de antimicrobianos utilizando-se do melhor conhecimento que temos
hoje sobre farmacocinética e farmacodinâmica (215). Os β-lactâmicos têm máxima
concentração bactericida quando atingem quatro a cinco vezes a CIM necessária
45
para o microrganismo em questão (216). Aplicando este conhecimento às infecções
por bactérias MRs, Domenig e colaboradores relataram sucesso terapêutico de
infusão contínua de 8g de meropenem, num paciente transplantado de pulmão com
infecção por P. aeruginosa com CIM para meropenem de 32 μg/mL, que evoluiu
bem após 25 dias de terapia (217). Dubois e colaboradores investigaram um surto
de P. aeruginosa com mecanismos de resistência distintos (produção de penicilinase
PSE-1, perda da OprD, aumento da produção de cefalosporinase cromossômica e
alteração no sistema de efluxo). Um total de 53 pacientes com infecções
pulmonares, sinusites ou do trato urinário foram tratados com associação de
cefepima e amicacina em doses altas, a despeito das amostras apresentarem
elevadas CIMs para ambos os antimicrobianos (média respectiva de 32 e 64 μg/mL)
(218). Segundo a avaliação dos autores, a infecção esteve diretamente relacionada
com o óbito em apenas um paciente.
No HUCFF, observamos que existem duas situações envolvendo as
amostras com sensibilidade consistente apenas à polimixina: aquelas com produção
de SPM-1 e aquelas com produção de GES (167). Na primeira situação, 86% das
amostras mostraram CIMs para imipenem maiores que 512 μg/mL e na outra,
variaram entre 8 μg/mL e 64 μg/mL.
As amostras produtoras de M-βlas são geralmente resistentes a todos os
antimicrobianos, com exceção das polimixinas, ou seja, têm capacidade de
hidrolisar os β-lactâmicos (com exceção do aztreonam), incluindo os carbapenens, e
apresentam resistência simultânea a aminoglicosídeos e fluoroquinolonas. Este
panorama apresentado pelas M-βlas tornou o tratamento destas infecções um
dilema terapêutico. Em modelo animal, Bellais e colaboradores demonstraram que o
uso do aztreonam, porém em altas doses, pode ser promissor para o tratamento de
46
infecções por amostras produtoras de M-βlas (219). Infelizmente, temos visto que
muitas amostras podem ser resistentes ao aztreonam por meio de outros
mecanismos (aumento de efluxo, produção de enzimas do tipo OXA e
hiperprodução de AmpC) (148).
Toleman e colaboradores relataram o primeiro caso de infecção por P.
aeruginosa produtora de SPM-1, em 1999: uma criança com leucemia aguda
apresentou bacteremia secundária a foco urinário sendo tratada com polimixina. No
sexto dia, a criança evoluiu com choque séptico e óbito (11). Lee e colaboradores
relataram tratamento bacteremias causadas por de K. pneumoniae e Pseudomonas
sp. produtoras de M-βlas (220). Todas as infecções foram comprovadas
(hemocultura) e secundárias à pneumonia (n=6) ou a cateter vascular (n=2). Os
pacientes foram tratados com carbapenem (CIMs entre 2 a 8 μg/mL) ou com
penicilina sintética associada a um aminoglicosídeo segundo o teste de
susceptibilidade antimicrobiana e evoluíram para cura. Lombardi e colaboradores
relataram três casos de infecção do trato urinário por P. putida produtora de VIM-1,
tratadas com amicacina (CIM de 2 μg/mL) com sucesso terapêutico (221). Yan e
colaboradores citaram o uso de carbapenem em três pacientes com bacteremia por
K. pneumoniae produtoras de IMP-8, SHV-11 ou SHV-12 e TEM-1, aonde as CIMs
para os carbapenens não foram maiores que 2 μg/mL, com boa evolução clínica
(222).
Considerando a terapia de infecções por P. aeruginosa produtoras de GES,
Poirel e colaboradores descreveram 7 casos de infecção respiratória ou bacteremia,
quando a terapia com ciprofloxacina em associação com amicacina não mostrou
sucesso (223). Castanheira e colaboradores relataram um caso de bacteremia
47
secundária à ferida operatória após histerectomia, em São Paulo, tratada com
sucesso com polimixina B (166).
Estudos que avaliem a eficácia microbiológica do tratamento das bactérias
MRs são esperados para que a melhor opção possa ser escolhida, considerando o
benefício individual e coletivo de um composto.
O dilema terapêutico criado com o aparecimento das carbapenemases é um
bom argumento para que a prescrição de carbapenens continue sendo cautelosa
(224). Caso não ocorra uma rápida identificação dos mecanismos de resistência a
carbapenens e se não forem realizadas corretas intervenções, outros
microrganismos poderão incorporar plasmídios que codificam este tipo de
resistência. Neste caso, o uso das polimixinas poderá não representar opção
terapêutica tendo em vista que S. marcescens e outras enterobactérias são
intrinsecamente resistentes a essa classe de antimicrobianos (198).
P. aeruginosa permanece como um dos mais prevalentes agentes de
infecções hospitalares em todo o mundo. Suas características naturais de resistência
antimicrobiana, intrínseca e adquirida, colocam-na em papel de destaque quanto ao
infortúnio de um evento dessa natureza. A emergência recente de infecções
causadas por cepas resistentes a todos os antimicrobianos disponíveis no mercado
nacional, no HUCFF, motivou a realização deste estudo.
48
3 OBJETIVOS:
Geral:
- Estudar os aspectos clínicos e epidemiológicos relacionados à colonização
ou infecção por Pseudomonas aeruginosa multirresistente em pacientes internados
no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho no período de março de 1999 a
abril de 2000.
Específicos:
1. Descrever série de casos de pacientes com infecção ou colonização por P.
aeruginosa produtora de metalo-β-lactamase do tipo SPM-1.
2. Identificar os fatores de risco para aquisição de P. aeruginosa produtora de
metalo-β-lactamase do tipo SPM-1 e para aquisição de P. aeruginosa
multirresistente não produtora de SPM-1.
49
4 MATERIAIS E MÉTODOS
Este estudo foi realizado no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF),
da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Trata-se de um hospital federal,
público, terciário, e de ensino, com 449 leitos ativados, distribuídos em 150 leitos de
clínica médica, 18 do centro hematológico (incluindo hematologia e transplante de
medula óssea), 17 de nefrologia e transplante renal, 25 de doenças do tórax
(englobando pneumologia e cirurgia torácica), 197 de cirurgia e 33 de cuidados
intensivos (13 de UTI geral, 4 para pacientes semi-intensivos, 6 para pacientes com
doenças coronarianas, 4 para pós-operatório de cirurgia cardíaca e 6 leitos em uma
UTI mista, clínico-cirúrgica, que interna pacientes privados). Além disso, o HUCFF
conta com uma unidade clínico-cirúrgica para pacientes privados, com 17 leitos. O
hospital é referência no Estado do Rio de Janeiro para transplante de órgãos sólidos
e de medula óssea. Conta ainda com um setor de hemodiálise de pacientes agudos.
O hospital não possui setores de emergência, obstetrícia, pediatria ou berçário.
Cerca de 115.000 a 125.000 pacientes-dia são assistidos anualmente. A coleta de
dados foi realizada no período de março de 1999 a abril de 2000. Os pacientes
incluídos no presente estudo foram aqueles internados no HUCFF no período
referido, e que apresentaram pelo menos um isolamento de P. aeruginosa a partir de
algum espécime clínico. Para a identificação destes pacientes, foi feita uma busca
diária, durante o período do estudo, no Laboratório de Bacteriologia do Laboratório
de Patologia Clínica do HUCFF.
50
Após identificação de pacientes com isolamento de P. aeruginosa em
espécimes clínicos, foram excluídos do presente estudo aqueles cujo isolamento
ocorreu com menos de três dias da internação (representando origem comunitária
ou relacionada à internação em outro hospital), a não ser que o paciente tivesse
estado internado no HUCFF nos 30 dias precedentes. Estes critérios de exclusão
serviram para selecionar apenas aqueles pacientes com isolamento de P.
aeruginosa de origem hospitalar, adquiridos no HUCFF.
Não foram feitas coletas sistemáticas de espécimes clínicos para investigar
colonização (culturas de vigilância) durante o período de estudo. Sendo assim, todas
as amostras com crescimento de P. aeruginosa tinham sido colhidas a partir da
solicitação dos médicos assistentes. No caso de um único paciente apresentar mais
de uma amostra com crescimento de P. aeruginosa, foi considerada a primeira
amostra, se somente amostras susceptíveis (ver definição abaixo) foram
identificadas neste paciente, ou a primeira amostra multirresistente (MR), se o
paciente apresentou pelo menos uma amostra MR.
Uma amostra foi definida como MR quando o teste in vitro de susceptibilidade
a antimicrobianos (TSA) mostrou resistência a pelo menos oito dos seguintes
antibióticos: amicacina, aztreonam, ceftazidima, cefepima, ciprofloxacina,
gentamicina, imipenem, meropenem, piperacilina-tazobactam ou ticarcilina-
clavulanato. As amostras que não preencheram este critério foram chamadas de
amostras sensíveis (PaS). A definição deste critério de MR foi baseada na
observação de problemas terapêuticos maiores com estas amostras e do grande
impacto nos níveis globais de resistência aos antimicrobianos observados no
HUCFF, conforme descrito anteriormente (14).
51
Este trabalho foi aprovado pela Comissão de Ética em Pesquisa do HUCFF.
Nenhuma intervenção foi realizada nos pacientes. A identificação das amostras
produtoras de SPM-1 foi realizada posteriormente ao período de observação dos
pacientes; sendo assim, as decisões clínicas não levaram em consideração esta
informação.
Este é um estudo retrospectivo e observacional, constituído por duas partes:
série de casos, e caso-controle aninhado. A partir da identificação de um paciente
com espécime clínico com crescimento de P. aeruginosa, o paciente era
acompanhado até a sua alta ou óbito. Uma ficha clínica contendo informações
demográficas e clínicas foi preenchida prospectivamente. Além disso, algumas
informações complementares para a avaliação de fatores de risco foram coletadas
retrospectivamente.
Para descrever a série de casos de pacientes com P. aeruginosa produtora
de metalo-β-lactamase do tipo SPM-1, foram considerados os pacientes com
colonização ou infecção por amostras de P. aeruginosa MR com perfil genotípico do
tipo “A” por PFGE, com atividade de carbapenemase do tipo SPM-1 e presença do
gene bla
SPM-1
. Foram coletados dados demográficos, co-morbidades, unidade de
internação provável da aquisição da amostra em questão, espécime clínico com
crescimento de P. aeruginosa, classificação do episódio infeccioso, tipo de infecção,
terapia realizada e desfecho do paciente (alta ou óbito). Terapia antibiótica
adequada foi definida quando o paciente recebeu antibióticos com atividade in vitro
contra a amostra de P. aeruginosa isolada. O tempo em dias para a terapia
adequada foi definido como o intervalo entre a data da coleta do material biológico e
o primeiro dia de uso da terapia antibiótica adequada. Tempo para desfecho foi
52
considerado como o tempo, em dias, entre a data da coleta do espécime positivo
para P. aeruginosa e o óbito ou a alta hospitalar.
Para identificar os fatores de risco para aquisição de P. aeruginosa produtora
de metalo-β-lactamase do tipo SPM-1 e de P. aeruginosa multirresistente não
produtora de SPM-1, foram realizados dois estudos do tipo caso-controle, com
diferentes definições:
1º Caso-controle
: o objetivo deste estudo caso-controle foi identificar
fatores de risco associados à aquisição de PaMR com produção de SPM-1
(PaSPM+). Neste estudo, pacientes-caso eram aqueles colonizados ou infectados
por PaMR, cuja amostra apresentava produção de SPM-1, tinha perfil genotípico “A”
e era carreadora do gene bla
SPM
. Pacientes-controle eram aqueles colonizados ou
infectados por P. aeruginosa cuja amostra não preencheu critério de multirresistente
(PaS).
2º Caso-controle: o objetivo deste estudo caso-controle foi identificar
fatores de risco relacionados à aquisição de PaMR não produtora de SPM-1
(PaSPM-). Neste estudo, pacientes-caso eram aqueles colonizados ou infectados
por PaMR, cuja amostra não apresentava produção de SPM-1 e não era carreadora
do gene bla
SPM
. Os pacientes-controle eram aqueles colonizados ou infectados por
P. aeruginosa cuja amostra não preencheu critério de multirresistente (PaS).
Nos dois estudos caso-controle, 2 pacientes-controle foram escolhidos para
cada paciente-caso. Foram incluídos como pacientes-controle apenas aqueles que
estavam internados no hospital durante o período do estudo. Além disso, foram
escolhidos controles que tivessem a duração de exposição (que compreende o
intervalo entre a admissão do paciente no hospital e a detecção do microrganismo
em cultura) mais próxima possível à dos pacientes-caso.
53
Todos os pacientes foram avaliados prospectivamente por um médico
infectologista da Coordenação de Controle de Infecção Hospitalar do HUCFF (CCIH-
HUCFF). O médico, em sua visita, classificava a amostra biológica positiva para P.
aeruginosa como relacionada a um episódio de infecção ou colonização. Os
episódios de infecção foram definidos segundo critérios estabelecidos pelo Centers
for Diseases Control and Prevention (CDC) (225). Os episódios de colonização
foram definidos quando ocorreu isolamento de P. aeruginosa em material clínico de
pacientes sem sinais ou sintomas de infecção. Para este estudo foi feita uma
adaptação à definição de Garner e colaboradores: o crescimento bacteriano na urina
com > 10
5
unidades formadoras de colônias (UFC), considerada como bacteriúria
assintomática, foi considerada como colonização, com exceção dos pacientes
submetidos a transplante de rim, onde qualquer crescimento bacteriano urinário foi
considerado como infecção (226).
Os dados foram coletados a partir dos registros do Laboratório de
Bacteriologia e da revisão de prontuários médicos. As variáveis coletadas foram:
idade, sexo, doença de base, transferência de outro hospital, internação hospitalar
no último ano, assistência domiciliar antes da internação, internação anterior na UTI
Geral ou em qualquer UTI do HUCFF, tipo de espécime clínico da amostra, duração
de exposição ou internação (intervalo entre a admissão no HUCFF e a data da
coleta da amostra), tipo de infecção e classificação do episódio infeccioso. Os
seguintes eventos foram avaliados no período de uma semana anterior à coleta da
amostra: uso de ventilação mecânica, tubo oro-traqueal ou traqueostomia, cateter
vascular profundo, diálise peritoneal ou hemodiálise, cateter vesical, cateter naso-
gástrico, nutrição parenteral, presença de drenos ou ostomias e realização de
cirurgia, broncoscopia ou colangiografia pancreática endoscópica retrógrada. Uso de
54
imunossupressor foi considerado, no momento da coleta da amostra, quando havia
uso de medicações quimioterápicas, drogas para prevenção e tratamento de rejeição
em transplantados, agentes imunossupressores usados no tratamento de doenças
imunológicas, ou corticoesteróides.
Para analisar a relação entre a antibioticoterapia e a aquisição de PaMR,
consideramos o uso de antibióticos de qualquer classe previamente à data de coleta,
assim como a duração do uso de cada antibiótico e o tempo entre o início e o fim do
uso de qualquer antibiótico (período total de antibioticoterapia). Imipenem e
meropenem foram agrupados como “carbapenens”; ciprofloxacina, ofloxacina e
pefloxacina, como “quinolonas”; amicacina e gentamicina, como “aminoglicosídeos”;
clindamicina e metronidazol, como “antianaeróbios”. A política de uso racional de
antibióticos do HUCFF, no período do estudo, previa a abolição do uso de cefoxitina
e a restrição do uso de cefalosporinas de 3ª geração. Assim, o uso de ceftriaxona
era considerado apenas em infecções comunitárias e o de ceftazidima, para a
terapia de infecções causadas comprovadamente por P. aeruginosa MR.
A identificação do gênero e espécie das bactérias isoladas foi realizada no
Laboratório de Bacteriologia do HUCFF pelo sistema Vitek (BioMérieux Vitek Inc.,
Hazelwood, Mo., EUA), utilizando os painéis de identificação de bactérias Gram-
negativas (GNI/plus) seguindo as recomendações do fabricante, ou através de testes
fisiológicos convencionais, conforme decisão do microbiologista responsável.
Susceptibilidade antimicrobiana foi determinada por disco difusão em agar, de
acordo com o guia do National Committee for Clinical Laboratory Standards
(NCCLS) (227).
As amostras foram estocadas em freezer a -18ºC a -20ºC no Laboratório de
Epidemiologia Molecular de Infecções Bacterianas do Departamento de
55
Microbiologia Médica do Instituto de Microbiologia Professor Paulo de Góes
(Universidade Federal do Rio de Janeiro), sob forma de suspensões densas em leite
desnatado Molico (Nestlé, Araçatuba, São Paulo) a 10% (p/v), acrescido de glicerol a
10% (v/v) até que testes adicionais fossem feitos. Os seguintes testes foram, então,
realizados: observação da produção de pigmentos, coloração de Gram, teste da
oxidase, teste da oxidação-fermentação da glicose em meio de Hugh-Leifson, teste
da descarboxilação da arginina e teste de crescimento em caldo a 42ºC (228). As
amostras recuperadas dos estoques foram semeadas pela técnica do esgotamento
em placa contendo meio de ágar Mueller Hinton (Difco, EUA) e incubadas em estufa
a 35ºC-37ºC durante 16h-18h sob ar ambiente.
A interpretação dos diâmetros de inibição para polimixina B seguiu o protocolo
sugerido por Gales e colaboradores (229). A produção de M-βla foi avaliada nas
amostras resistentes à ceftazidima através do teste de disco-aproximação com
discos contendo ceftazidima e ácido 2-mercaptopropiônico, como descrito por
Arakawa e colaboradores (172). Sumariamente, uma suspensão de cada amostra foi
colocada em placa de ágar de Müeller-Hinton (Oxoid, Basingstoke, Inglaterra) e dois
discos, cada um com 30μg de ceftazidime (Difco Laboratories, Detroit, Mich.), foram
colocados na superfície do ágar. A distância entre os dois discos de ceftazidima foi
mantida em cerca de 5,0cm, e um disco de papel de filtro em branco foi colocado
perto de um dos discos de ceftazidima (distância entre os centros de 2cm). Três μL
de solução de ácido 2-mercaptopropiônico a 1,2 g/mL (Sigma Chemical Co., St.
Louis, Mo., EUA) foram adicionados ao disco em branco, e as culturas foram
incubadas a 37°C durante a noite. A observação de aumento ou aparecimento de
zona de inibição ao redor do disco de ceftazidima foi interpretada como resultado
positivo.
56
Todas as amostras que mostraram resistência à ceftazidima ou cefepima
foram avaliadas para pesquisa de produção de ESBL pelo teste de dupla difusão
(230) com discos contendo ceftazidima, cefepima e piperacilina-tazobactam, e
amoxicilina-clavulanato como inibidores; os discos foram posicionados a uma
distância de 2,0cm entre os centros (231).
A análise dos perfis de fragmentação do DNA cromossômico das amostras de
P. aeruginosa foi realizada através de PFGE como descrito anteriormente (232), com
modificações, e por PCR com o iniciador ERIC-2 (233). O gene bla
SPM
foi detectado
pela técnica de PCR (10) e hibridização em colônia (colony blotting). A atividade de
carbapenemase foi avaliada através de método biológico (234).
Casos e controles foram comparados por análise univariada. Variáveis
categóricas foram comparadas por meio dos testes de Chi quadrado ou Fisher, e
variáveis contínuas foram comparadas pelo teste de Wilcoxon. Variáveis com valor
de p<0,05 na análise univariada foram colocadas em modelo de regressão logística
múltipla. As razões de chance (RC) e os intervalos de confiança a 95% (IC 95%)
foram calculados. Valores de p<0,05 foram considerados estatisticamente
significantes. Para os cálculos estatísticos foram usados os programas Epi-Info
(Versão 6.04b) e SPSS 10.0 (SPSS 10.0 for Windows, SPSS Inc. Chicago, USA).
57
5 RESULTADOS
Durante o período do estudo, 32 PaMR foram isoladas de 32 pacientes, sendo 14
pacientes (44%) colonizados ou infectados por amostras de P. aeruginosa com
presença do gene bla
SPM
e com atividade de carbapenemase (PaSPM+), e 18
pacientes colonizados ou infectados por amostras que não expressaram o gene
bla
SPM
e não possuíam atividade de carbapenemase (PaSPM-). Todos as amostras
de PaSPM+ apresentaram um único perfil genotípico, segundo a técnica de PFGE
(perfil genotípico “A”). As 18 amostras de PaSPM- pertenciam a nove genótipos
diferentes, incluindo três amostras com o genótipo A que, entretanto, não tinham o
gene bla
SPM
nem apresentavam atividade de carbapenemase.
A distribuição dos pacientes com PaMR no período do estudo pode ser
observada na Figura 1.
58
Figura 1 Distribuição temporal dos pacientes com PaMR segundo a
produção de metalo-β-lactamase do tipo SPM-1
PaSPM+: P. aeruginosa produtora de metalo-β-lactamase do tipo SPM-1
PaSPM-: P. aeruginosa multirresistente não produtora de metalo-β-lactamase do tipo SPM-1
Dentre os 32 pacientes com PaMR, o isolamento foi considerado como
infecção em 22 pacientes (69%) e colonização em dez pacientes (31%). A Tabela II
mostra a classificação das amostras em PaSPM+ e PaSPM-.
Tabela II Distribuição das amostras de P. aeruginosa segundo a
classificação em colonização ou infecção
Amostras Infecção (%) Colonização (%)
PaSPM+ 11 (79) 3 (21)
PaSPM- 11 (61) 7 (39)
Total 22 (69) 10 (31)
PaSPM+: P. aeruginosa produtora de metalo-β-lactamase do tipo SPM-1
PaSPM-: P. aeruginosa multirresistente não produtora de metalo-β-lactamase do tipo SPM-1
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
m
ar/99
abr
/
99
mai/99
j
un/
99
jul/99
ago/
9
9
set/99
ou
t/99
nov/99
dez/99
j
an/0
0
fev/0
0
mar/00
abr/00
Período do estudo
Número absoluto de casos
PaSPM+ PaSPM-
59
As amostras de PaMR foram procedentes do trato urinário, abdômem,
sangue, trato respiratório (secreção traqueal ou lavado brônquio-alveolar), cateter
vascular e outros materiais, conforme descrito na Tabela III.
Tabela III Distribuição da origem dos espécimes clínicos segundo a
produção de metalo-β-lactamase do tipo SPM-1
Número de pacientes com Total (%)Material
PaSPM+ (n=14) PaSPM- (n=18)
Urina 4 3 7 (22)
Abdominal* 3 4 7 (22)
Sangue 2 3 5 (16)
Secreção respiratória 2 3 5 (16)
Cateter vascular 2 0 2 (6)
Outros** 1 5 6 (19)
PaSPM+: P. aeruginosa produtora de metalo-β-lactamase do tipo SPM-1
PaSPM-: P. aeruginosa multirresistente não produtora de metalo-β-lactamase do tipo SPM-1
*Inclui 4 em bile, 2 em ferida operatória e 1 em líquido peritoneal.
**Inclui fragmento ósseo (n=1), líquido sinovial (n=1) e partes moles (n=4).
As amostras de PaSPM+ foram resistentes à ceftazidima, cefepima,
ciprofloxacina, gentamicina, imipenem, meropenem, piperacilina/ tazobactam e
ticarcilina/ ácido clavulânico. Uma amostra mostrou sensibilidade apenas à
amicacina, uma outra mostrou sensibilidade apenas à amicacina e aztreonam, e
quatro amostras foram sensíveis apenas ao aztreonam. Assim, 8 (57%) amostras
foram sensíveis apenas à polimixina. As amostras de PaSPM- foram resistentes à
60
ciprofloxacina, gentamicina e ticarcilina/ ácido clavulânico; oito (45%) foram
sensíveis apenas à polimixina e as restantes eram sensíveis a este e a mais um ou
dois antimicrobianos (cefepima, ceftazidima, aztreonam, amicacina, piperacilina/
tazobactam ou carbapenem). Nenhuma amostra mostrou resistência à polimixina.
A mediana de idade dos pacientes com PaSPM+ foi de 48,5 anos e o tempo
para isolamento da PaSPM+ foi de 21,5 dias (mediana). Os pacientes estavam
internados em seis diferentes unidades do hospital, mas sete pacientes tinham
estado hospitalizados na mesma enfermaria, num período de dois meses (janeiro e
fevereiro de 2000), como mostrado na Figura 1. Doze pacientes tinham sido
hospitalizados anteriormente, sete no próprio HUCFF, e cinco em outros hospitais,
incluindo um paciente com internação prolongada em uma unidade hospitalar de
outro estado. Dez pacientes eram imunossuprimidos: seis tinham sido submetidos a
transplante de órgãos (quatro de rim, um de medula óssea e um de fígado), três
tinham doença hematológica maligna com tratamento quimioterápico e um paciente
tinha AIDS. Os outros quatro pacientes tinham doenças crônicas. Apenas um
paciente tinha apresentado neutropenia durante o período de internação.
A Figura 2 mostra a distribuição dos pacientes colonizados ou infectados por
PaSPM+ segundo tempo de internação, com destaque àqueles que se concentraram
na mesma enfermaria.
61
Figura 2 Distribuição dos pacientes colonizados ou infectados por PaSPM+
segundo a época de internação
Entre os pacientes com PaSPM+ cujo episódio foi classificado como infecção
(n=11), oito pacientes receberam tratamento (73%), sendo que cinco receberam
terapia antibiótica adequada (45,5%), que foi iniciada entre zero a cinco dias após a
coleta do material. Entre estes pacientes que receberam tratamento adequado (n=5),
dois apresentaram cura da infecção; os outros três morreram, seis a 27 dias após o
início da antibioticoterapia adequada, todos com óbito não relacionado diretamente à
infecção (arritmia, embolia pulmonar e hemorragia). Quatro pacientes receberam
tratamento inadequado, e mesmo assim, em um destes pacientes a infecção foi
curada; os outros três morreram de sepse. Dois pacientes não chegaram a receber
tratamento, um paciente com pneumonia morreu em dois dias e o outro,
transplantado renal com isolamento na urina, morreu de causa não relacionada à
Tempo transcorrido em dias
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
Pacientes
07/99 08/99 09/99 10/99 11/99 12/99 01/00 02/00
03/00
Enfermarias diversas
Enfermaria 9A
06/99
62
infecção (morte súbita durante sessão de hemodiálise). A mortalidade geral dos
pacientes com colonização ou infecção por PaSPM+ foi de 64,3% (n=9) e a dos
pacientes que tiveram infecção foi de 72,7% (n=8). A Tabela IV mostra as
características dos pacientes com PaSPM+.
63
Tabela IV Características clínicas e evolução dos pacientes com colonização ou infecção por PaSPM+
N Idade,
sexo
Material Classificação
da amostra
Tipo de
Infecção
Co-morbidades Sensibilidade Terapia
(duração, d)
Tempo (d) para
terapia adequada
Desfecho (tempo [d]
desde tratamento)
1 42, F Abscesso de
ferida
operatória
Infecção Ferida
operatória
IRC, Tx rim Poli Poli + mero (6) 1 Óbito (6)
2 28, F Bile Infecção Colangite Tx hepático,
esquistossomose
Poli Aztr (6) mero (11) - Óbito (20)
3 45, F Líquido
peritoneal
Infecção Abdominal IRC, Tx rim Poli Poli (22) 5 Óbito (27)
4 72, F Abscesso Infecção Abscesso
cutâneo
LMA Poli Pip/Taz (4) Aztr +
poli (14)
4 Óbito (17)
5 87, M Sangue Infecção Pneumonia Cardiopatia Poli Imip (5) - Óbito (5)
6 31, F Urina Infecção Urinária IRC, Tx rim Aztr, poli Cefep (14) - Alta (19)
7 11, F Sangue Infecção Bacteremia
primária
LMA, Tx medula Ami, poli Ami (15) 0 Alta (15)
8 66, M Urina Infecção Urinária IRC, Tx rim Poli não recebeu - Óbito (4)
9 66, F Sangue de
CVC
Infecção Sepse LMC Aztr, poli Van + cip + metro (4) - Óbito (1)
10 78, F CVC Infecção Sepse Diabetes Poli Poli (15) 3 Óbito (37)*
11 33, M Secreção
traqueal
Infecção Pneumonia AIDS, IRC Poli não recebeu - Óbito (2)
12 88, F Urina Colonização - Mielodisplasia Aztr, poli - - Alta (8)
13 52, M Secreção
traqueal
Colonização - Insuficiência
vascular crônica
Ami, aztr,
poli
- - Óbito (21)
14 27, M Urina Colonização - Mielite
transversa
Aztr, poli - - Alta (7)
AIDS: síndrome da imunodeficiência humana adquirida; Ami: amicacina; Aztr: aztreonam; Cefep: cefepima; Cip: ciprofloxacina; CVC: cateter venoso central; d: dias; F: feminino; Imip:
imipenem; IRC: insuficiência renal crônica; LMA: leucemia mielóide aguda; LMC: leucemia mielóide crônica; M: masculino; Mero: meropenem; Metro: Metronidazol; Pip/Taz:
piperacilina/tazobactam; Poli: polimixina; Tx: transplante; Van: vancomicina.
* Embora o paciente tenha morrido, o óbito ocorreu 14 dias após a suspensão do antibiótico, aparentemente, de causa não infecciosa.
64
As Tabelas V e VI mostram os dados das análises univariadas comparando
casos e controles. As variáveis com resultado nulo em casos e controles não se
encontram listadas nas tabelas.
No primeiro estudo caso-controle, 14 pacientes com PaSPM+ foram
comparados com 28 controles (sem PaMR) (Tabela V). A freqüência de doença
invasiva entre os pacientes-caso e seus controles não foi diferente (79% versus
61%, p=0,31). Comparado aos controles, os pacientes com PaSPM+ tinham mais
co-morbidades (insuficiência renal crônica, transplante de órgão sólido, uso de
imunossupressor) e foram submetidos a mais procedimentos invasivos (diálise e
drenos), com exceção da realização de colangiografia pancreática endoscópica
retrógrada (CPER), onde os casos foram menos expostos. Os pacientes com
PaSPM+ estiveram mais vezes internados anteriormente, e foram mais expostos a
cefalosporina de 1ª geração, cefepima, quinolonas e vancomicina. A duração de
antibioticoterapia foi maior nos casos que nos controles.
65
Tabela V Comparação entre pacientes com PaSPM+ e controles
Variável Pacientes
PaSPM+ (n=14)
Controles
(n=28)
p RC (IC 95%)
Categórica N (%) N (%)
Sexo (M:F) 5:9 17:11 0,13 0,36 (0,62–13,11)
Comorbidades
Câncer 4 (28) 7 (25) 1,00 1,20 (0,28–5,07)
Insuficiência renal crônica 5 (36) 0 0,002 -
Diabetes 1 (7) 3 (11) 1,00 0,64 (0,06–6,79)
Cardiopatia 2 (14) 4 (14) 1,00 1,00 (0,16–6,26)
Pneumopatia 2 (14) 3 (11) 1,00 1,39 (0,20–9,45)
Doença neurológica 2 (14) 8 (28) 0,45 0,42 (0,07–2,30)
Transplante de órgão 6 (45) 0 0,0006 -
Uso de imunossupressor 10 (71) 4 (14) 0,0004 15,00 (3,12–72,10)
Aids 1 (7) 2 (7) 1,00 1,00 (0–16,41)
Procedimentos invasivas
Cirurgia 6 (45) 5 (36) 0,13 3,45 (0,82–14,50)
Cateter venoso central 9 (64) 11 (39) 0,13 2,78 (0,73–10,50)
Ventilação mecânica 3 (21) 8(28) 0,72 0,68 (0,15–3,11)
Diálise 4 (28) 1 (3,5) 0,03 10,80 (1,07–109)
Cateter de Folley 7 (50) 10 (38) 0,37 1,80 (0,49–6,62)
CPER 3 (21) 16 (57) 0,03 0,20 (0,05–0,90)
Presença de drenos 8 (57) 6 (21) 0,04 4,89 (1,22–19,70)
Qualquer procedimento invasivo 13 (93) 20 (71) 0,23 5,20 (0,58–46,60)
Internação em alguma UTI – HUCFF 5 (36) 9 (32) 0,82 1,17 (0,25–5,51)
Internação na UTI Geral – HUCFF 2 (14) 5 (18) 0,77 0,77 (0,09–5,64)
Assistência de enfermagem continuada 7 (50) 9 (32) 0,26 2,11 (0,57–7,86)
Internação hospitalar no ano precedente 11 (78) 7 (25) 0,0009 11,00 (2,37–51,10)
Uso de antibióticos
Qualquer antibiótico 14 (100) 21 (75) 0,07 -
Penicilina, ampicilina ou oxacilina 1 (7) 7 (25) 0,16 4,33 (0,43–104,75)
Amoxacilina-clavulanato ou sulbactam 1 (7) 4 (14) 0,5 2,17 (0,19–56,55)
Cefalosporina de 1
a
geração 5 (36) 1 (3.5) 0,01 15,00 (1,54–146,00)
Cefalosporina de 2ª geração 0 2 (7) 0,3 -
66
Cefalosporina de 3
a
geração 6 (45) 9 (32) 0,49 1,58 (0,42–5,94)
Cefepima 5 (36) 2 (7) 0,03 7,22 (1,19–44,00)
Qualquer cefalosporina 10 (71) 14 (50) 0,18 2,50 (0,63–9,90)
Cefalosporina de 3
a
ou 4
a
geração 9 (64) 11 (39) 0,13 2,78 (0,73–10,50)
Carbapenens 4 (28) 2 (7) 0,15 5,20 (0,82–33,00)
Quinolonas 8 (57) 2 (7) 0,0008 17,30 (2,91–103)
Aminoglicosídeos 2 (14) 3 (11) 1,00 1,39 (0,20–9,45)
Sulfametoxazol-trimetoprim 0 3 (11) 0,2 -
Antianaeróbios 4 (28) 8 (29) 1,00 1,00 (0,19–5,05)
Vancomicina 7 (50) 4 (14) 0,02 6,00 (1,35–26,60)
Contínua
Idade (anos), mediana (variação) 48,5 (11–88) 50 (12–97) 0,62 -
Tempo de internação (dias), mediana
(variação)
21,5 (1–69) 17 (0–89) 0,67 -
Duração de antibioticoterapia prévia até o
isolamento de P. aeruginosa (dias), mediana
(variação)
28 (1–62) 7,5 (0–170) 0,02 -
CPER: colangiografia pancreática endoscópica retrógrada; F: feminino; M: masculino; PaSPM+: P. aeruginosa produtora
de metalo-β-lactamase do tipo SPM-1; RC: razão de chance; IC 95%: intervalo de confiança a 95%.
Na análise multivariada, apenas o uso prévio de antibiótico foi associado à
infecção ou colonização por PaMR com presença e expressão do gene bla
SPM
:
quinolonas (RC 22,51; IC 95% 1,69-299,05; p=0,02) e vancomicina (RC 18,64; IC
95% 1,66–208,62; p=0,02). O mesmo modelo foi testado excluindo a variável
exposição à vancomicina e apenas o uso prévio de quinolonas foi associado à
PaSPM+ (RC 21,67; IC 95% 2,85–164,82; p=0,003).
No segundo estudo caso-controle, 18 pacientes com isolamento de PaMR
que não expressaram o gene bla
SPM
foram comparados a 36 controles que tiveram
PaS isolados (Tabela VI). Não houve diferença na freqüência de doença invasiva
entre os casos e controles (55,5% versus 72,2%, p=0,22), assim como nos dados
demográficos, co-morbidades ou presença de procedimentos invasivos. O uso
67
prévio dos antibióticos cefepima, carbapenens e vancomicina foi maior nos
pacientes com PaSPM-, assim como o tempo total de antibioticoterapia prévia.
68
Tabela VI Comparação entre pacientes com PaSPM- e controles
Variável
Pacientes
PaSPM- (n=18)
Controles
(n=36)
p RC (IC 95%)
Categórica N (%) N (%)
Sexo (M:F) 12:6 17:19 0,18 2,24 (0,69–7,26)
Comorbidades
Câncer 5 (28) 9 (25) 1,00 1,15 (0,32–4,14)
Insuficiência renal crônica 1 (5,5) 3 (8) 1,00 0,65 (0,06–6,70)
Diabetes 1 (5,5) 5 (14) 0,65 0,36 (0,04–3,38)
Cardiopatia 4 (22) 9 (25) 1,00 0,86 (0,22–3,28)
Pneumopatia 2 (11) 5 (14) 1,00 0,77 (0,13–4,45)
Doença neurológica 3 (17) 10 (28) 0,51 0,52 (0,12–2,19)
Transplante de órgão 2 (11) 2 (5) 0,59 2,12 (0,27–16,50)
Uso de imunossupressor 5 (28) 8 (22) 0,74 1,35 (0,37–4,92)
Aids 2 (11) 4 (11) 1,00 1,00 (0,11–7,49)
Procedimentos invasivas
Cirurgia prévia 2 (11) 9 (25) 0,30 0,37 (0,07–1,96)
Cateter venoso central 7 (39) 15 (42) 0,84 0,89 (0,28–2,83)
Ventilação mecânica 6 (33) 9 (25) 0,52 1.50 (0,43–5.17)
Diálise 1 (5,5) 3 (8) 1,00 0,65 (0,06–6,70)
Cateter de Folley 9 (50) 17 (47) 0,88 1,12 (0,36–3,47)
CPER 2 (11) 1 (3) 0,20 4,38 (0,28–132,30)
Presença de drenos 3 (17) 10 (28) 0,51 0,52 (0,12–2,19)
Qualquer procedimento invasivo 13 (72) 28 (78) 0,74 0,74 (0,20–2,72)
Internação em alguma UTI – HUCFF 7 (39) 15 (42) 0,84 1,12 (0,31–4,17)
Internação na UTI Geral – HUCFF 6 (33) 8 (22) 0,51 1,75 (0,42–7,32)
Assistência de enfermagem continuada 7 (39) 14 (39) 1,00 1,00 (0,31–3,19)
Internação hospitalar no ano precedente 7 (39) 10 (28) 0,41 1,65 (0,50–5,47)
Uso de antibióticos
Qualquer antibiótico 17 (94) 28 (78) 0,24 4,86 (0,56–42,30)
Penicilina, ampicilina ou oxacilina 8 (44) 12 (33) 0,43 1,60 (0,43–5,97)
Amoxacilina-clavulanato ou sulbactam 2 (11) 6 (17) 0,70 1,60 (0,24–13,06)
Cefalosporina de 1
a
geração 2 (11) 2 (5) 0,59 2,12 (0,27–16,50)
Cefalosporina de 2
a
geração 0 5 (14) 0,16 -
69
Cefalosporina de 3
a
geração 8 (44) 14 (39) 0,69 1,26 (0,40–3,95)
Cefepima 6 (33) 2 (5) 0,01 8,50 (1,51–48,00)
Qualquer cefalosporina 12 (67) 19 (53) 0,33 1,79 (0,55–5,81)
Cefalosporina de 3
a
ou 4
a
geração 12 (67) 16 (44) 0,12 2,50 (0,77–8,14)
Carbapenens 7 (39) 4 (11) 0,03 5,09 (1,25–20,80)
Quinolonas 5 (28) 6 (17) 0,47 1,92 (0,50–7,44)
Aminoglicosídeos 7 (39) 6 (17) 0,10 3,08 (0,84–11,20)
Antianaeróbios 5 (28) 11 (31) 0,83 1,14 (0,28–4,80)
Vancomicina 8 (44) 5 (14) 0,02 4,96 (1,32–18,70)
Contínua
Idade (anos), mediana (variação) 58 (22–85) 52 (12–97) 0,51 -
Tempo de internação (dias), mediana
(variação)
29 (0-127) 22 (0–115) 0,35 -
Duração da antibioticoterapia prévia até o
isolamento de P. aeruginosa (dias), mediana
(variação)
22,5 (0–55) 9 (0–170) 0,03 -
CPER: colangiografia pancreática endoscópica retrógrada; F: feminino; M: masculino; PaSPM+: P. aeruginosa produtora
de metalo-β-lactamase do tipo SPM-1; RC: razão de chance; IC 95%: intervalo de confiança a 95%.
A análise multivariada mostrou que a única variável associada com infecção
ou colonização por PaSPM- foi o uso de cefepima (RC 8,50; IC 95% 1,51–47,96;
p=0,01).
70
6 DISCUSSÃO
Este estudo é o primeiro que descreve os aspectos clínicos e epidemiológicos de
pacientes colonizados ou infectados por P. aeruginosa produtora de SPM-1
(PaSPM+), que é amplamente disseminada nos hospitais brasileiros. Não obstante a
escassez de dados sobre a biologia e epidemiologia da aquisição do gene bla
SPM
, o
desenvolvimento de medidas para prevenir a disseminação de P. aeruginosa MRs
em hospitais brasileiros representa um problema de saúde pública. Neste contexto,
a identificação de um clone produtor de SPM-1 nos dá a oportunidade única de
identificar fatores de risco para sua aquisição e disseminação.
Quando definimos o critério de MR para este estudo, levamos em
consideração o perfil de resistência que tinha maior relevância clínica no HUCFF,
com resistência a oito entre 11 antibióticos testados (14). Nos 15 trabalhos
epidemiológicos que analisavam fatores de risco para PaMR encontrados na
literatura (Tabela I), dez consideraram como critério a resistência a apenas um
antimicrobiano (18;20-23;27;29;57;181;184), dois a quatro antimicrobianos (19;24),
um utilizou o tipo de mecanismo de resistência (182) e outro, a sorotipagem da
amostra (189). O único trabalho que considerou o mesmo número de antibióticos
como critério de MR também foi realizado no Brasil (15). Outros autores confirmam a
maior prevalência de MR Gram-negativos na América Latina quando comparado
com restante do mundo (9;84). As razões para esta maior prevalência não são
claras e não se constituíram em objeto de análise do presente estudo.
71
No HUCFF, notamos nas amostras de PaMR um único perfil fenotípico
(multirresistência) mas dez padrões genotípicos diferentes, com predomínio de um
(“A”). Estes dados mostram que em algumas situações tanto a transmissão cruzada
(situação em que um único clone predomina) quanto a indução de resistência por
uso de antimicrobianos (vários clones) podem ocorrer simultaneamente, devendo
assim ser consideradas quando se planeja medidas de controle de infeçcões. Assim,
considerando apenas o fenótipo, todos os pacientes seriam submetidos às medidas
de prevenção de disseminação cruzada. O estudo através de técnicas moleculares
de tipagem das amostras de PaMR pode diferenciar padrões distintos, auxiliando a
escolha das medidas de controle mais apropriadas, otimizando os custos do controle
de infecções em cada instituição.
Observamos que as amostras de PaSPM+ representaram uma parcela
substancial das cepas MRs (44%). Estas amostras foram consistentemente
sensíveis apenas à polimixina (57%), e na maioria das vezes tinham relevância
clínica (79%), embora na comparação com controles não houve diferença na
proporção de isolados considerados como infecção. Estavam distribuídas por
diversos materiais clínicos, sem um padrão típico de apresentação clínica. A metade
dos pacientes recebeu terapia inicial inadequada, resultando em uma mortalidade
alta (72,7%). A mortalidade de infecções hospitalares pode variar de acordo com o
tipo de infecção, mas a escolha apropriada do antibiótico empírico está entre os
principais fatores associados com um desfecho favorável (235-238). Com o aumento
na freqüência de infecções causadas por bactérias multirresistentes, cada vez mais
pacientes recebem terapia inadequada (239). Alvarez-Lerma e colaboradores
mostraram que em metade de 490 episódios de pneumonia relacionada à ventilação
72
mecânica foi necessário mudar o esquema inicial após o resultado das culturas. Na
maioria dos casos (62%) a mudança foi porque o antibiótico em uso não era ativo
contra o microorganismo isolado; 37% dos casos, P. aeruginosa era o agente
causador da infecção (240).
No presente estudo, os pacientes com PaSPM+ eram imunossuprimidos ou
portadores de doenças crônicas. No único relato caso de infecção por PaSPM+
publicado (11), o paciente tinha leucemia aguda, e desenvolveu infecção após
receber alguns cursos de antibióticos para o tratamento de episódios de neutropenia
febril. Em estudos avaliando fatores relacionados à PaMR (Tabela I), Zavascki e
colaboradores investigaram a associação de MR com doenças crônicas, neoplasias,
transplantes e uso de imunossupressores, e encontraram apenas associação com
insuficiência renal crônica (29). Hirakata e colaboradores observaram, em análise
univariada, que quimioterapia e uso de corticosteróides estavam associados a
amostras com bla
IMP
(182). Troillet e colaboradores estudaram a associação entre
MR e doença crônica, AIDS, transplante e câncer, e apenas transplante esteve
associado a PaMR (27). Outros autores analisaram a relação entre
imunossupressão e PaMR, sem achar qualquer correlação (15;20;21;24). As razões
pelas quais pacientes imunodeprimidos estariam mais propensos à colonização ou
infecção por bactérias MR não são muito claras, mas, como discutido por Rubin,
pacientes submetidos a transplante de órgãos, câncer, ou aqueles que recebem
drogas imunossupressoras em geral são os primeiros a adquirir uma infecção por
um germe hospitalar, porque apresentam grave comprometimento da imunidade e
da barreira cutâneo-mucosa. Neste contexto, pacientes imunodeprimidos devem ser
73
considerados como “sentinelas humanas” da contaminação microbiana do ambiente
hospitalar (241;242).
Em metade dos pacientes colonizados ou infectados por PaSPM+, o evento
ocorreu num período de dois meses, numa mesma enfermaria. Além disso, grande
parte dos pacientes tinha sido hospitalizada anteriormente, no próprio HUCFF (sete
pacientes) ou em outras instituições de saúde (cinco pacientes). Estes dados
sugerem que a transmissão cruzada entre pacientes e a transferência de pacientes
entre instituições possa ter exercido um papel importante na disseminação desta
cepa. Disseminação clonal de bactérias MRs entre cidades ou regiões tem sido cada
vez mais descrita (243), e este fenômeno também parece ocorrer com bactérias
habitualmente relacionadas a infecções hospitalares. Amostras de P. aeruginosa
produtoras de M-βlas foram descritas como um problema nacional na Itália (244);
amostras de Acinetobacter spp. e P. aeruginosa produtoras de PER-1 foram
identificadas em diversas regiões da Turquia (245); amostras de Acinetobacter spp.
e P. aeruginosa com resistência a carbapenem foram isoladas de diferentes
hospitais da mesma cidade (246;247). Este comportamento já havia sido identificado
em cepas de Staphylococcus aureus, quando cinco clones predominantes foram
identificados em vários continentes, entre eles um clone, o “brasileiro”, que estava
presente em cerca de 75 a 91% das amostras de diferentes hospitais do país (248-
250). A disseminação destas bactérias tem sido considerada por alguns autores
como a volta da era pré-antibiótica (247).
Não pudemos avaliar se os casos de colonização e infecção por PaSPM+
emergiram durante o período do estudo ou já estavam presente no hospital, uma vez
que não foram analisadas amostras de PaMR identificadas anteriormente ao período
74
do estudo. Em um estudo prévio, relatamos a presença de uma amostra de P.
aeruginosa com perfil genotípico diferente do “A”, mas que carreava o gene bla
SPM
,
sem, no entanto, apresentar atividade de carbapenemase (Pellegrino, submetido).
Esta amostra foi isolada de um paciente internado no HUCFF dois meses antes do
isolamento da primeira amostra de PaSPM+. É possível que esta primeira amostra
tivesse introduzido o gene bla
SPM
no HUCFF e transmitido para outra cepa, onde a
produção de carbapenemase fosse facilitada. A detecção do gene bla
SPM
em
genótipos diferentes de P. aeruginosa e a possibilidade de transmissão inter-gênero
já se foram relatadas em outras M-βlas (251).
Este estudo foi o primeiro a avaliar, por análise multivariada, fatores de risco
para colonização ou infecção por P. aeruginosa MR com um mecanismo específico
de resistência. A aquisição de microrganismos representa uma combinação entre a
pressão de seleção exercida pelo uso de antimicrobianos e a transferência
horizontal de microrganismos entre pacientes ou entre pacientes e o ambiente
hospitalar (188). Freqüentemente, nos estudos que avaliam fatores de risco para
aquisição de bactérias resistentes não há separação entre estes dois modos de
aquisição. No presente estudo, escolhemos dois grupos de pacientes-caso, ambos
colonizados ou infectados por P. aeruginosa. O primeiro (PaSPM+) era composto de
pacientes com amostas de um mesmo perfil genotípico (“A” com gene bla
SPM
) e
mecanismo de resistência definido (produção de M-βla). Neste grupo de pacientes, a
pressão de seleção exercida pelo uso de antibióticos poderia aumentar a chance de
colonização por uma cepa, facilitando a sua transmissão horizontal (252). O outro
grupo (PaSPM-) tinha amostras apresentando uma diversidade de genotipos. Nesse
caso, ambos os mecanismos poderiam ter exercido influência (188). Por outro lado,
75
a escolha de um grupo controle consistindo de pacientes com colonização ou
infecção por amostras sensíveis de P. aeruginosa se justifica porque queríamos
investigar a probabilidade de um paciente com P. aeruginosa ter uma amostra
PaMR. Esta informação pode ser útil na escolha de um antibiótico empírico
adequado e na instituição precoce de medidas de controle da disseminação (253).
A análise de casos e controles pode ser feita comparando um caso com um
ou mais controles daquele caso (análise emparelhada ou pareada) ou comparando
os dois grupos (análise não pareada). Cada estratégia tem suas vantagens e
desvantagens. Um estudo do tipo caso-controle pareado pode gerar informações
mais precisas do que ocorreria sem o pareamento, sendo preferível desde que o
pareamento não contribua para empobrecimento de informações (254). No presente
trabalho, escolhemos a segunda estratégia, mas também fizemos a análise pareada
(dados não mostrados). Nesta segunda estratégia, fizemos um pareamento por
tempo de internação (mais ou menos cinco dias), conseguindo um sucesso de
pareamento de 61% para o grupo de pacientes-caso PaSPM+ e de 80,7% para o
grupo de pacientes-caso PaSPM-. Como os resultados com as duas estratégias
foram idênticos, mantivemos a análise original não pareada.
Na análise univariada entre as características dos pacientes–caso PaSPM+ e
seus controles observamos que a presença de comorbidades (insuficiência renal
crônica, transplante de órgão sólido e uso de imunossupressor), a realização de
procedimentos invasivos (diálise e drenos) e internações prévias foram mais
freqüentes nos casos. Por outro lado, na análise univariada entre pacientes–caso
PaSPM- e seus controles, observamos que apenas antibioticoterapia (tipo e tempo
de antibioticoterapia prévia) mostrou-se significante. Estes dados sugerem que no
76
caso de cepas PaSPM+, a transmissão cruzada deve ter exercido um importante
papel na sua aquisição, ao passo que para cepas PaSPM- o principal mecanismo
deve ter sido a pressão do uso de antibióticos.
Em análise multivariada, os fatores de risco relacionados à colonização ou
infecção por PaSPM+ ou PaSPM- envolveram o uso prévio de antimicrobianos:
quinolonas para aquisição de PaSPM+ e cefepima para aquisição de PaSPM-. O
uso de quinolonas já foi identificado como fator de risco para P. aeruginosa MR em
outros estudos (22-24;27;181;184). É possível que quinolonas possam selecionar
outros mecanismos de resistência presentes nas amostras produtoras de M-βlas, e
então, indiretamente selecionar PaSPM+. Entretanto, de nosso conhecimento, o uso
de cefepima nunca havia sido relacionado com P. aeruginosa MR. Exposição a
vários outros antimicrobianos foi associada com PaMR, incluindo carbapenens (18-
21;27), piperacilina-tazobactam (20;21), aminoglicosídeos (20;21), cefalosporinas
(21), ceftazidima (25). Nestes estudos, o mecanismo de resistência das amostras de
PaMR não foi estudado. Apenas Hirakata e colaboradores analisaram fatores de
risco relacionados à colonização e infecção de PaMR por um mecanismo de
resistência específico que também era M-βla (182). Neste estudo, 69 pacientes com
isolamento de P. aeruginosa produtora de M-βla (carreadora do gene bla
IMP
) foram
comparados a 247 pacientes-controle, por análise univariada. Não foi realizado
pareamento por tempo de internação, o que provavelmente influiu no achado de que
maior tempo de hospitalização foi um fator de risco. Outras variáveis relacionadas
com P. aeruginosa produtora de M-βla foram uso de quimioterapia,
corticoesteróides, cateteres urinários, e maior duração de uso de penicilina e
carbapenens. Não nos parece possível comparar o presente estudo com o estudo
77
reportado por Hirakata e colaboradores devido a diferenças metodológicas
importantes.
O mecanismo pelo qual um antibiótico predispõe ao desenvolvimento de
infecção por microrganismos resistentes não está bem definido. Uma explicação
para esta associação entre a exposição de um antibiótico e P. aeruginosa MR é que
o próprio antibiótico poderia induzir ou selecionar resistência. É bem conhecido que
o uso prévio de um antibiótico específico está associado com aquisição de
resistência a este mesmo composto (255), ou induzir resistência a antibióticos de
classes diferentes (256;257). Este fato é particularmente importante para P.
aeruginosa, patógeno que possui vários mecanismos de resistência (148). Alyaseen
e colaboradores demonstraram que exposição de amostras de P. aeruginosa
sensíveis a concentrações cada vez maiores de ciprofloxacina selecionou
resistência a ciprofloxacina e cefepima, ao passo que exposição a cefepima
selecionou apenas amostras com resistência a cefepima (258). Por outro lado, é
esperado que no caso de colonização ou infecção por amostras com bla
SPM
, a
pressão de antibióticos possa ocupar papel de menor destaque, desde que a
transmissão horizontal pudesse ser o principal mecanismo de aquisição (188).
Entretanto, é possível que a exposição a um antibiótico específico aumente a carga
de colonização microbiana por uma cepa clonal, aumentando a possibilidade de
transmissão horizontal. Este fenômeno já foi relatado anteriormente com
Enterococcus resistente à vancomicina e o uso de antibióticos anti-anaeróbios (252).
Observamos que o uso prévio de vancomicina foi mais freqüente, em análise
univariada, em ambos os grupos de pacientes-caso (PaSPM+ e PaSPM-). Esta
variável manteve significância após análise multivariada do caso-controle para
78
PaSPM+. Decidimos retirar a variável “uso de vancomicina” do modelo final de
análise porque a exposição à vancomicina poderia estar ligada ao fato de que a
maioria dos pacientes graves (como os que adquiriram PaSPM+) recebe como
terapia empírica inicial uma combinação de um antibiótico com cobertura para Gram-
negativos e vancomicina.
Este estudo tem algumas limitações. Primeiro,como não realizamos culturas
de vigilância, não é possível descartar a possibilidade de que alguns controles
estivessem colonizados por P. aeruginosa MR e que devessem ter sido classificados
como pacientes-caso. Segundo, uma vez que os pacientes-controle eram
colonizados ou infectados por amostras sensíveis, é menos provável que eles
tenham sido expostos a antibióticos ativos contra P. aeruginosa, tais como cefepima,
quinolonas e imipenem. Isso acaba por superestimar a magnitude da diferença entre
casos e controles (e conseqüentemente a razão de chances), como sugerido por
Harris e colaboradores (183). Entretanto, como nosso interesse específico era
avaliar a probabilidade de que um paciente com P. aeruginosa pudesse ter PaMR, o
grupo controle mais apropriado a ser escolhido seria o de pacientes com P.
aeruginosa não MR. Outra limitação do presente estudo é que uma vez que a
maioria dos pacientes-caso esteve agrupada em uma mesma enfermaria durante
mesmo período, é possível que a não observância das medidas de controle de
infecção hospitalar tenha facilitado a aquisição de bla
SPM
. Ainda, como o número de
pacientes com PaSPM+ é pequeno, a possibilidade de ocorrência de erro beta deve
ser considerada. Além disso, o uso de alguns antibióticos como ceftazidima, cujo
uso esteve restrito na época do estudo, não pode ser analisado adequadamente
como fator de risco. Finalmente, algumas variáveis de potencial importância não
79
foram analisadas, como a gravidade da doença de base. Pacientes mais graves
estão mais suscetíveis a receber antibioticoterapia durante a hospitalização (183).
A despeito destas potenciais limitações, nosso estudo parece ser o primeiro
a analisar, através de análise multivariada, o cenário clínico associado a amostras
de P. aeruginosa produtoras de metalo-β-lactamase altamente prevalentes no Brasil,
pode ter algumas implicações de ordem prática e experimental. Do ponto de vista
prático, deve-se assumir que não é possível predizer, através de análise do fenótipo,
qual amostra MR é produtora ou não de M-βla. Assim, a identificação de M-βla ou a
determinação do CIM para carbapenens é fundamental, devendo ser implantada
pelos laboratórios de bacteriologia. Além disso, quinolonas e cefepima devem entrar
na lista de antibióticos que devem ser usados de forma restrita. Do ponto de vista
experimental, são necessários estudos que investiguem de forma prospectiva a
presença de SPM em diferentes instituições e cenários, bem como estudos que
explorem o efeito direto dos antibióticos identificados como fatores de risco no
desenvolvimento de resistência e na expressão de bla
SPM
.
80
7 CONCLUSÕES
1- A maioria dos pacientes com PaSPM+ tinha algum grau de imunossupressão.
PaSPM+ foi isolada de diferentes materiais biológicos e representou infecção
na maioria dos casos. Porém, não causou mais doença invasiva quando
comparada a seus controles. Metade dos casos de PaSPM+ ocorreu em uma
única unidade de internação em um período de dois meses. A mortalidade
dos pacientes com infecção por PaSPM+ foi alta, mesmo naqueles cuja
infecção foi tratada com terapia antibiótica adequada.
2- Uso prévio de antimicrobiano foi a única variável associada ao isolamento de
PaMR. A estratificação da análise por mecanismo de resistência permitiu
identificar uma classe específica de antibióticos, quinolonas, como preditor de
colonização ou infecção por PaSPM+, e cefepima, como preditor de
colonização ou infecção por PaSPM-.
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118
ANEXOS
Anexo 1 Carta de aceite e versão final do artigo aceito pelo Antimicrobial Agents
and Chemotherapy
Sent: Monday, June 13, 2005 2:19 PM
Subject: Decision on manuscript AAC00334-05 Version 3
Dr. Marcio Nucci
Hosp. Univ. Universidade Federal do Rio de Janeiro
Av. Brigadeiro Trompovsky s/n Rio de Janeiro, RJ 21941-590 Brazil
Re: Risk Factors for Acquisition of Multidrug-Resistant Pseudomonas
aeruginosa Producing SPM Metallo-beta-lactamase (AAC00334-05 Version 3)
Dear Dr. Nucci:
Your manuscript has been accepted, and I am forwarding it to the ASM
Journals Department for publication. For your reference, ASM Journals'
address is given below. Before it can be scheduled for publication, your
manuscript must be checked by the ASM production editor to make sure that
all elements meet the technical requirements for publication. Noel Lin,
the production editor for Antimicrobial Agents and Chemotherapy (AAC), or
his assistant will contact you if anything needs to be revised before
copyediting and production begin.
Please note that any figures you supplied in color will automatically be
processed as color and you will be responsible for color costs, currently
$275 per piece for a corresponding author who is an ASM member and $475 for
119
a nonmember corresponding author.
An official letter of acceptance and a copyright transfer agreement will be
sent to the person listed as the corresponding author on the manuscript
title page once your article has been scheduled for an issue.
Thank you for submitting your paper to AAC.
Best wishes,
Patricia A. Bradford
Editor, Antimicrobial Agents and Chemotherapy (AAC)
Journals Department
American Society for Microbiology
1752 N St., NW
Washington, DC 20036
202-942-9231
202-942-9355
120
Risk Factors for Acquisition of Multidrug-Resistant Pseudomonas
aeruginosa Producing SPM Metallo-beta-lactamase
Simone Aranha Nouér
1
, Marcio Nucci
1*
, Márcia P. de-Oliveira
1
, Flávia Lúcia Piffano
Costa Pellegrino
2
,
and Beatriz Meurer Moreira
2
1
Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, Universidade Federal do Rio de
Janeiro, Brazil;
2
Instituto de Microbiologia, Universidade Federal do Rio de Janeiro,
Rio de Janeiro, Brazil
Address reprint requests to Dr. Beatriz Moreira
Instituto de Microbiologia Professor Paulo de Góes, Bloco I, Laboratório I2-28,
Centro de Ciências da Saúde, Cidade Universitária, Rio de Janeiro, CEP 21941-590.
Tel. 55-21-22604193, Fax. 55-21-25608344. E-mail: bmeur[email protected]
Keywords: metallo-beta-lactamase, P. aeruginosa, risk factors
Running title: Risks for bla
SPM
Pseudomonas aeruginosa
This work was presented in part at the 42
nd
ICAAC, 2002, San Diego, USA
Summary
In order to evaluate risk factors for colonization or infection due to multidrug-
resistant Pseudomonas aeruginosa (MDRPa) carrying the bla
SPM
gene (SPM-
MRDPa) among hospitalized patients, we undertook a case-control study at a 480-
bed, tertiary-care, university hospital. Two different case definitions were used; in the
first one, a case-patient (SPM-case-patient) was defined as a patient who had at
least one isolate of SPM-MDRPa (n=14); in the second, a case-patient (non-SPM-
case-patient) was defined as a patient who had at least one isolate of non-SPM-
MDRPa (n=18). For each case-patient we selected two controls, defined as a patient
colonized and / or infected by a non-MDRPa isolate during the same study period
121
and with the closest duration of hospitalization until the isolation of P. aeruginosa as
cases. The use of quinolones was the single independent predictor of colonization
and / or infection by bla
SPM
MDRPa (OR 14.70, 95% CI 1.70 – 127.34, p=0.01),
whereas the use of cefepime was the single predictor of colonization and / or
infection by non-bla
SPM
MDRPa (OR 8.50, 95% CI 1.51 – 47.96, p=0.01). The main
risk factor of MDRPa was use of antibiotics. Stratification of risk factor analysis by a
precise mechanism of resistance led us to identify a specific antibiotic, the use of a
quinolone, as a predictor for SPM-MDRPa.
Introduction
Over the past few years, a notable increase in antibiotic resistance among
gram-negative bacteria recovered from hospitalized patients has been reported,
especially in critically ill patients (12). Infections caused by multi-drug resistant (MDR)
gram-negative bacteria, specially MDR Pseudomonas aeruginosa (MDRPa) have
been associated with increased morbidity, mortality, and costs (28,30). In Latin
America, P. aeruginosa is a major cause of nosocomial infections, ranking first in
nosocomial pneumonia, second in wound infections, third in urinary tract infections,
and fifth in bacteremia (1,29). Infections caused by P. aeruginosa are particularly
challenging because this organism has a natural susceptibility to a very limited
number of antimicrobial agents.
Beta-lactam resistance in P. aeruginosa may result from production of various
-lactamases, including metallo--lactamases (Mbla) (26). These enzymes are
clinically relevant because of their systematic hydrolysis of carbapenems and the
association of Mbla genes with mobile genetic elements, increasing the possibility of
rapid spread (23,35). Indeed, Mbla genes have spread among P. aeruginosa and
122
Enterobacteriaceae isolates throughout Southeast Asia (21,41), Europe (11,40),
Australia (33), USA (37), and Canada (16). Recently, a new Mbla gene, bla
SPM
(São
Paulo metallo-beta-lactamase), was identified in an epidemic MDRPa strain (SPM-
MDRPa) disseminated among 12 Brazilian hospitals (13,35). We detected this same
strain among P. aeruginosa isolates from Hospital Universitário Clementino Fraga
Filho (HUCFF), a public hospital, and three other private hospitals in Rio de Janeiro,
Brazil, between 1999 and 2000 (34). These isolates had a unique DNA pattern by
pulsed-field gel electrophoresis (PFGE), and were highly resistant to antimicrobial
agents, being consistently susceptible only to polymyxin. While little is known about
the biology and epidemiology of bla
SPM
acquisition, the development of measures to
prevent the dissemination of MDRPa strains in Brazilian hospitals represent a major
public health challenge. Recognition of these resistant clones in our population
provides a unique opportunity to identify risk factors for their acquisition and
dissemination.
Previously reported risk factors for colonization and invasive disease caused
by P. aeruginosa resistant strains include antimicrobial use, previous hospitalization,
severity of illness, surgery, and immunosuppression (2,5,20,39).
The acquisition of resistant bacteria in the hospital may be a consequence of
selective pressure exerted by the use of antibiotics and / or horizontal dissemination.
The distinction between these two mechanisms may be done by the use of molecular
typing: a unique genotype is expected to be present in horizontal transmission and
multiple clones are detected when selective pressure is the major mechanism (32).
Most of the studies published so far assessed risk factors for MDRPa without
distinction of the genotype of the isolate. The objective of the present study was to
123
evaluate if risk factors for nosocomial colonization or infection by MDRPa differed
among patients carrying SPM-MDRPa or non-SPM MDRPa isolates. We were
especially interested in investigating if, given a patient had a P. aeruginosa infection,
would previous use of a specific antibiotic (or class of antibiotics) be a predictor for
the isolation of an SPM-MDRPa or a non-SPM MDRPa isolate.
Materials and Methods
The study was performed at the Hospital Universitário Clementino Fraga Filho,
a 480-bed public tertiary care teaching hospital in Rio de Janeiro, Brazil, with
~120,000 patients-day per year. The study was approved by the Ethical Committee
of the Hospital. A surveillance was conducted at the microbiology laboratory
database of the hospital, to identify all positive cultures for P. aeruginosa between
March 1999 and April 2000. P. aeruginosa was recovered from various biological
materials, collected according to the discretion of the attending physicians. No
routine surveillance culture was performed during this period. MDRPa was defined as
an isolate resistant to at least 8 of the following antibiotics: amikacin, aztreonam,
ceftazidime, cefepime, ciprofloxacin, gentamicin, imipenem, meropenem, piperacillin-
tazobactam, and ticarcillin-clavulanate. MDRPa isolates were further characterized
as carrying the bla
SPM
gene or not, as described under microbiological procedures.
An infectious disease physician evaluated all the patients and classified the P.
aeruginosa isolate as according to established diagnostic criteria for nosocomial
infections (CDC) (15). Colonization was defined when these criteria were not fulfilled.
When the isolate was determined as causing colonization but the attending physician
prescribed an antimicrobial agent, the patient was classified as having a possible
124
infection. The overall use of the different classes of antibiotics did not change during
the study period and was equally distributed through all hospital wards.
In order to identify risk factors associated with the acquisition of MDRPa, and
particularly MDRPa expressing the bla
SPM
gene, we performed a case-control study,
using two different case definitions. In the first analysis, a case (SPM-case-patient)
was defined as a patient who had at least one isolate of MDRPa carrying the bla
SPM
gene. In the second analysis, a case was defined as a patient who had at least one
isolate of MDRPa that did not carry the bla
SPM
gene (non-SPM-case-patient). For
each case-patient we selected two controls, defined as a patient colonized and / or
infected by a non-MDRPa isolate during the same study period and with the closest
duration of hospitalization until the isolation of P. aeruginosa as cases. Only one P.
aeruginosa isolate per patient was considered for this analysis. If more than P.
aeruginosa isolate was recovered from the same patient, we selected only one
isolate, in the following preferential order: first, SPM-MDRPa isolate; secondly, non-
SPM MDRPa isolate; and thirdly, isolate non-MDRPa. If a patient had only non-
MDRPa isolates, the first P. aeruginosa isolate was considered.
Microbiological procedures
Bacterial isolates were identified with the GNI VITEK system card (BioMérieux
Vitek Inc., Hazelwood, Mo.) and by conventional biochemical tests (22). Antimicrobial
susceptibility was determined by disk diffusion in accordance with NCCLS (27).
Interpretation of zone diameters obtained for polymyxin B followed a protocol
suggested by Gales et al (14). Evaluation of chromosomal polymorphisms was
performed by PFGE, as described elsewhere, with SpeI used to digest the DNA (34).
Banding patterns were interpreted by visual inspection and with the GelCompar II
125
program, version 3.5 (Applied Maths, Kortrijk, Belgium) using the Dice index and the
unweighted pair group method with arithmetic averages (UPGMA). The bla
SPM
gene
was detected by PCR (13) and colony blotting (Pellegrino et al, submitted for
publication). Carbapenemase activity was evaluated by a biological method (6).
Data collection
Data were collected by reviewing the patients’ medical charts and the
laboratory database. The following variables were collected and analyzed: age,
gender, underlying disease, clinical specimen rendering P. aeruginosa isolation,
length of hospital stay, transfer from another hospital, invasive procedures in the
preceding week prior to P. aeruginosa isolation, admission to an intensive care unit,
and antibiotic exposure. Previous hospitalization or home care assistance were
examined for the preceding year.
Statistical analysis
We compared the characteristics of cases and controls by univariate analysis
and variables with p values <0.05 were entered in a logistic regression analysis. The
Chi-square or Fisher’s exact test was used for the comparison of dichotomous
variables, and continuous variables were compared using the Wilcoxon test. The
odds ratio (OR) and the 95 percent confidence intervals (95% CI) were calculated. All
tests were 2-tailed, and p values <0.05 were considered significant. The statistical
analyses were performed using the Epi-Info (Version 6.04b – January 1977, Centers
for Disease Control & Prevention, Atlanta, USA) and the SPSS 10.0 (SPSS 10.0 for
Windows, SPSS Inc. Chicago, USA).
126
Results
During the study period, we identified 32 MDRPa isolates from 32 patients. In
18 patients (56%) the isolate was classified as causing infection, whereas 10 (31%)
were classified as colonization, and 4 (12%) were possible infections. Surgical wound
was the most frequent source (11 isolates), followed by the blood (5 isolates) and the
urine (3 isolates). All MDRPa isolates were resistant to carbapenems. Fourteen
(44%) of the 32 patients with MDRPa were colonized or infected by isolates
harboring the bla
SPM
gene all presenting carbapenemase activity (SMP-case-
patients) and 18 patients were colonized or infected by isolates that did not express
the bla
SPM
gene and did not reveal carbapenemase activity (non-SPM-case-patients).
By PFGE, all SPM isolates had a unique pattern that we called genotype A. The
isolates from the 18 non-SPM patients belonged to nine different genotypes,
including three isolates with genotype A.
SPM-case-patients were found across seven hospital wards, but seven of the
14 patients were hospitalized in the same ward, during a two-month period (January
and February 2000). Twelve patients had been hospitalized previously: seven at the
HUCFF and five in other hospitals. Ten SPM-case-patients were immunosuppressed:
five were solid organ transplant recipients (4 renal and 1 liver), four had leukaemia
and had received chemotherapy (one underwent haematopoietic stem cell
transplantation), and one had AIDS. In eight of the 14 SPM-case-patients, the P.
aeruginosa isolate was considered infection, three represented colonization, and
three were possible infections.
Table I shows the univariate analysis of cases and controls. In the first
analysis, the 14 SPM-case-patients were compared to 28 control-patients (non-
127
MDRPa). Compared to the controls, SPM-case-patients were more likely to have
chronic renal failure, to have received solid organ transplant, dialysis, to be
immunosuppressed, to have drains, and to have been hospitalized in the preceding
year. In addition, SPM-case-patients were more frequently exposed to the following
antibiotics: 1
st
generation cephalosporins, cefepime, quinolones, and vancomycin.
The median duration of antibiotic use until the isolation of P. aeruginosa was
significantly longer in SPM-case-patients. By multivariate analysis, previous exposure
to quinolones (OR 14.70, 95% CI 1.70 – 127.34, p=0.01) was the single variable
associated with colonization or infection by MDRPa isolates harbouring the bla
SPM
gene.
In the second analysis, 18 patients with MDRPa isolates that did not harbor
the bla
SPM
gene (non-SPM-case-patient) were compared to 36 controls with non-
MDRPa isolates. There were no differences between cases and controls with regard
to demographics, underlying conditions or coexisting exposures. Regarding the
exposure to antibiotics, case-patients were more likely to have received cefepime,
carbapenems, and vancomycin. Multivariate analysis showed that the use of
cefepime was associated with non-SPM MDRPa (OR 8.50, 95% CI 1.51 – 47.96,
p=0.01).
Discussion
This is the first attempt to characterize the clinical and epidemiological context
of colonization and invasive disease by P. aeruginosa expressing the bla
SPM
gene,
which is widely disseminated among Brazilian hospitals. We observed that bla
SPM
isolates accounted for a substantial number of MDRPa-cases (44%), and most of
128
these isolates were clinically relevant, since 57% of the patients were considered to
have invasive disease.
Half of the SPM-case-patients were clustered in a 2-month period, in a single
ward. In addition, most of the patients had been previously admitted to our hospital (7
patients) or to other institutions (5 patients). In a previous paper, we identified
patients with colonization or invasive disease by bla
SPM
from three other hospitals in
Rio de Janeiro during the same period as our cases (34). Taken together, these data
suggest that cross-transmission between patients and the transfer of patients
between institutions may have played a major role in the dissemination of bla
SPM
.
Indeed, after the identification of the problem, infection control measures were
implemented (basically educational aspects) and in a subsequent analysis of 107
isolates between October 2002 and August 2003 no SPM-MDRPa isolate was
identified (Pellegrino et al, submitted for publication).
In the present study, we used as controls patients colonized and / or infected
with susceptible isolates of P. aeruginosa (non-MDRPa isolates) because we sought
to investigate the probability that a patient with an isolate of P. aeruginosa had an
MDRPa isolate. This information would be a useful guide for selection of empiric
antibiotic treatment and early institution of contact precautions. We observed that
bla
SPM
colonization and / or infection was associated with immunosuppression,
receipt of haemodialysis and hospitalization in the preceding year by univariate
analysis. On the other hand, for non-SPM MDRPa, there were no differences among
cases and controls regarding underlying conditions or invasive procedures. By
multivariate analysis, risk factors for SPM and non-SPM MDRPa differed, but in both
situations involved the use of antibiotics: quinolones for the acquisition of SPM
129
MDRPa (bla
SPM
) and cefepime for non-SPM MDRPa. It is possible that quinolones
could select for other resistance mechanisms present in Mbla producing isolates, and
thus indirectly select for SPM-MDRPa. On the other hand, to our knowledge, the use
of cefepime has not been identified as a risk factor for resistant-P. aeruginosa.
Exposure to various antibiotics has been associated with MDRPa, including
carbapenems (4,5,18,20,38), piperacillin-tazobactam (18,20), vancomycin (18),
aminoglycosides (18,20), cephalosporins (18), ceftazidime (36), and quinolones
(3,8,31,39). The mechanisms of resistance of MDRPa in these studies were not
defined.
The mechanism by which the use of a specific antibiotic predisposes to the
development of infection by resistant organisms is not well known. One explanation
for the association between antibiotic exposure and MDRPa is that the antibiotic itself
has a potential to induce or select for resistance. It is well known that previous
exposure to a particular antibiotic is associated with the acquisition of resistance to
itself (10) or to antibiotics belonging to a different class (7,25). This is particularly true
for P. aeruginosa, which is a pathogen harboring multiple mechanisms of resistance
(24). On the other hand, it would be expected that in the case of colonization or
infection by bla
SPM
, antibiotic pressure could play a lesser role, since horizontal
transmission would be the main mechanism of acquisition (32). However, it is
possible that exposure to a particular antibiotic increases the burden of colonization
by a clonal strain, increasing the possibility of horizontal transmission. This
phenomenon has been reported with vancomycin-resistant enterococci and the use
of antianaerobic antibiotics (9).
130
Our study has some limitations. First, since we did not perform surveillance
cultures, we cannot rule out the possibility that some of the control subjects might
have been
colonized by MDRPa, and should have been classified as case patients
instead of controls. Second, since our controls were those with susceptible strains of
P. aeruginosa, they were much less likely to have been exposed to antibiotics that
are active against this organism. Therefore, it is possible that the OR is over
magnified in this analysis, as discussed by Harris et al (17,19). However, since our
main interest was to evaluate the probability that a patient with P. aeruginosa had an
MDRPa isolate, the most appropriate control group seemed to be non-MDRPa
patients. Another limitation of our study is that since most cases were clustered in
place, it is possible that other variables associated with breakdowns in infection
control measures played a role in the acquisition of bla
SPM
. Also, because of the
small number of patients with bla
SPM
, we cannot rule out the possibility of a beta error
in some analyses. On the other hand, our study seems to be the first to analyze by
multivariate analysis, the clinical scenario associated to a highly prevalent metallo-β-
lactamases producing P. aeruginosa strain.
Acknowledgements
This study was supported by Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico (CNPq), Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior (CAPES), Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro
(FAPERJ) of Brazil, and Fogarty International Center Program in Global Infectious
Diseases Research Training Program (TW006563) of the National Institute of Health
in the United States.
131
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138
Table 1: Univariate analysis of risk factors for colonization and / or infection by bla
SPM
multidrug-resistant Pseudomonas
aerugniosa (MDRPa) and non- bla
SPM
MDRPa
1
st
analysis 2
nd
analysis
Variable
SPM-
patients
(n=14)
Controls
(n=28)
p value OR (95% CI) Non-SPM-patients
(n=18)
Controls
(n=36)
p
value
OR (95% CI)
Categorical
n (%) n (%) n (%) n (%)
Gender (male:female) 7:7 17:11 0.50 0.65 (0.18 – 2.36) 12:6 17:19 0.18 2.24 (0.69 – 7.26)
Underlying conditions
Cancer 4 (28) 7 (25) 1.00 1.20 (0.28 – 5.07) 5 (28) 9 (25) 1.00 1.15 (0.32 – 4.14)
Chronic renal failure 5 (36) 0 0.002 NA 1 (5.5) 3 (8) 1.00 0.65 (0.06 – 6.70)
Diabetes 1 (7) 3 (11) 1.00 0.64 (0.06 – 6.79) 1 (5.5) 5 (14) 0.65 0.36 (0.04 – 3.38)
Cardiac disease 2 (14) 4 (14) 1.00 1.00 (0.16 – 6.26) 4 (22) 9 (25) 1.00 0.86 (0.22 – 3.28)
Pulmonary disease 2 (14) 3 (11) 1.00 1.39 (0.20 – 9.45) 2 (11) 5 (14) 1.00 0.77 (0.13 – 4.45)
Neurologic disease 2 (14) 8 (28) 0.45 0.42 (0.07 – 2.30) 3 (17) 10 (28) 0.51 0.52 (0.12 – 2.19)
Organ transplant 6 (45) 0 0.0006 NA 2 (11) 2 (5) 0.59 2.12 (0.27 –
16.50)
Coexisting exposures
139
Immunosuppressed 10 (71) 4 (14) 0.0004 15.00 (3.12 – 72.10) 5 (28) 8 (22) 0.74 1.35 (0.37 – 4.92)
Surgery 6 (45) 5 (36) 0.13 3.45 (0.82 – 14.50) 2 (11) 9 (25) 0.30 0.37 (0.07 – 1.96)
Central venous catheter 9 (64) 11 (39) 0.13 2.78 (0.73 – 10.50) 7 (39) 15 (42) 0.84 0.89 (0.28 – 2.83)
Mechanical ventilation 3 (21) 8(28) 0.72 0.68 (0.15 – 3.11) 6 (33) 9 (25) 0.52 1.50 (0.43 – 5.17)
Dialysis 4 (28) 1 (3.5) 0.03 10.80 (1.07 – 109) 1 (5.5) 3 (8) 1.00 0.65 (0.06 – 6.70)
Folley catheter 7 (50) 10 (38) 0.37 1.80 (0.49 – 6.62) 9 (50) 17 (47) 0.88 1.12 (0.36 – 3.47)
Drains 8 (57) 6 (21) 0.04 4.89 (1.22 – 19.70) 3 (17) 10 (28) 0.51 0.52 (0.12 – 2.19)
Any invasive procedure 13 (93) 20 (71) 0.23 5.20 (0.58 – 46.60) 13 (72) 28 (78) 0.74 0.74 (0.20 – 2.72)
Continuous nurse
assistance
7 (50) 9 (32) 0.26 2.11 (0.57 – 7.86) 7 (39) 14 (39) 1.00 1.00 (0.31 – 3.19)
Hospitalization within the
preceding year
11 (78) 7 (25) 0.0009 11.00 (2.37 – 51.10) 7 (39) 10 (28) 0.41 1.65 (0.50 – 5.47)
Use of antibiotics
Any 14 (100) 21 (75) 0.07 NA 17 (94) 28 (78) 0.24 4.86 (0.56 –
42.30)
1
st
generation
cephalosporin
5 (36) 1 (3.5) 0.01 15.00 (1.54 – 146) 2 (11) 2 (5) 0.59 2.12 (0.27 –
16.50)
3
rd
generation
cephalosporin
6 (45) 9 (32) 0.49 1.58 (0.42 – 5.94) 8 (44) 14 (39) 0.69 1.26 (0.40 – 3.95)
140
Cefepime 5 (36) 2 (7) 0.03 7.22 (1.19 – 44.00) 6 (33) 2 (5) 0.01 8.50 (1.51 –
48.00)
Any cephalosporin 10 (71) 14 (50) 0.18 2.50 (0.63 – 9.90) 12 (67) 19 (53) 0.33 1.79 (0.55 – 5.81)
3
rd
or 4
th
generation
cephalosporin
9 (64) 11 (39) 0.13 2.78 (0.73 – 10.50) 12 (67) 16 (44) 0.12 2.50 (0.77 – 8.14)
Carbapenem 4 (28) 2 (7) 0.15 5.20 (0.82 – 33.00) 7 (39) 4 (11) 0.03 5.09 (1.25 –
20.80)
Quinolone
b
8 (57) 2 (7) 0.0008 17.30 (2.91 – 103) 5 (28) 6 (17) 0.47 1.92 (0.50 – 7.44)
Aminoglycoside 2 (14) 3 (11) 1.00 1.39 (0.20 – 9.45) 7 (39) 6 (17) 0.10 3.08 (0.84 –
11.20)
Vancomycin 7 (50) 4 (14) 0.02 6.00 (1.35 – 26.60) 8 (44) 5 (14) 0.02 4.96 (1.32 –
18.70)
Continuous
Age (years), median
(range)
48.5 (11 –
88)
50 (12 –
97)
0.62 NA 58 (22 – 85) 52 (12 –
97)
0.51 NA
Time to P. aeruginosa
isolation (days), median
(range)
21.5 (1 – 69) 17 (0 – 89) 0.67 NA 29 (0 -127) 22 (0 –
115)
0.35 NA
Duration of antibiotic use 28 (1 – 62) 7.5 (0 – 0.02 NA 22.5 (0 – 55) 9 (0 – 170) 0.03 NA
141
until the isolation of P.
aeruginosa (days), median
(range)
170)
a
Categorical variables are n (%) unless otherwise stated. Continuous variables are median days (range).
MDRPa: multi-drug resistant P. aeruginosa (as defined in S
142
Anexo 2 Ficha de coleta de dados
Nome - .....................................................idade data de internação: ____/___/____
Prontuário:
setor (s) que ficou internado até o isolamento setor de aquisição (se possível)
1-cti-geral 2-cti-pós 3-unidade de internação/enfermaria/quarto 4-unidade
intermediária 5-semi-intensiva 6-unidade coronáriana 7-comunidade
8-importado de outra instituição -
_________________________________________________________________
Isolamento: data da coleta ....../......./........ Registro do exame:...........................tipo
de material*: sensibilidade: amica aztreonam ceftaz cefep cefepiro cipro
gent imip mero pip/taz polix tcc tetra r – resistente s- sensível i-
intermediário o- nt
________________________________________________________________
_
___________
_
Isolamento: data da coleta ....../......./........ Registro do exame:.....tipo de material*:
sensibilidade: amica aztreonam ceftaz cefep cefepiro cipro gent imip
mero pip/taz polix tcc tetra r – resistente s- sensível i- intermediário o- nt
___________________________________________________________________
Isolamento: data da coleta ....../......./........ Registro do exame:.......tipo de material
sensibilidade: amica aztreonam ceftaz cefep cefepiro cipro gent imip
mero pip/taz polix tcc tetra r – resistente s- sensível i- intermediário o- nt
___________________________________________________________________
Isolamento: data da coleta ....../......./........ Registro do exame:.......tipo de material
sensibilidade: amica aztreonam ceftaz cefep cefepiro cipro gent imip
mero pip/taz polix tcc tetra r – resistente s- sensível i- intermediário o- nt
__________________________________________________________________
1- sg 2- u 3- bal 4-sqt 5. Ponta de cateter 6- ferida cirúrgica 7-partes moles 8-
seios da face 9- outros
___________________________________________________________________
Tipo de infecção: ........... 1- colonização 2- adoecimento 3- duvidoso
143
Diagnóstico de infecção:..........1-pn 2- itu 3- sinusite 4- ferida cirúrgica 5- cateter
6- outras Tratamento s n droga 1-monoterapia 2 combinada
qual?.................................................
início: ......./........./......... Término:......../.........../........... Duração:................dias
Uso de antibiótico >48h antecedendo o isolamento: não desconhece - para
amostras comunitárias considerar 03 meses.
Sim : soma de dias com antibiótico...................dias
1-ampi, amox ou penig ..........dias 2-amox/ac - ampi/sulb .........dias 3-
cefa 1 ..........dias 4-cefurox ..........dias 5-cefoxi ..........dias
6 -cftriax ou cefotax ..........dias 7-ceftazidima:..........dias 8
cefpiroma :..........dias 9 cefepima ..........dias
10- imipenem:..........dias 11-meropenem :..........dias
12 sulf/trime:.............dias 13 clinda. Metronidazol :.........dias 14-tcc :..........dias
15cipro:..........dias 16 oflox/peflox :..........dias 17amicacina :..........dias
18 gentamicina d:.........dias 19aztreonam:..........dias
20 piperacilina / tazobactam d:..........dias 21 polimixina :..........dias 22
glicopeptídeo d:..........dias 33-oxacilina:.............dias
Invasão:  1-r 2-cvc 3-pam 4-hd/ dp 5. Cirurgia 6. Tot ou tqt s/r
7.cv 8.cng 9.npt 10. Drenos ou ostomias 11 broncoscopia
___________________________________________________________________
Doença de base/ hpp  1- coração 2-pulmão 3-dm 4-
neoplasia 5-queimadura 6-imunossupressor 7-hiv 8-neurológica
9- irc 10- homecare 11- dependente de familiares/ enferm. 12- internação no
último ano 13- internação frequente
___________________________________________________________________
Evolução - a b
A => 1- alta 2- transferência 3- odr 4- oir 5- onr
B => 6- cura 7- melhora 8- infecção crônica 9- s/ resposta ao
tratamento, piora clínica ou troca de antibiótico.
Observações
Cada folha será preenchida p/ cada episódio de investigação clínica, com intervalo
menor oi igual a 48h entre os isolamentos. Cada episódio poderá isolar variados
perfis de sensibilidade. É possível no mesmo material ter o microrganismos com
144
perfil de sensibilidade diferente. O ponto final será o isolmento de pseuaer só
sensível à polimixina. Só serão excluídos os pacientes < 12 anos.
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