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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE QUIMICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO
Complexos de Cobre(II) e Oxovanádio(IV) com Bases de Schiff Quirais:
Preparação, Caracterização e Alguns Ensaios Catalíticos
Sandra Romera*
Tese apresentada como parte dos
requisitos para obtenção do Título de
DOUTOR EM CIÊNCIAS, área de
concentração Química.
Orientador: Prof. Dr. Edward Ralph Dockal
*Bolsista CNPq
São Carlos-SP
2007
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Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
Ficha catalográfica elaborada pelo DePT da
Biblioteca Comunitária/UFSCar
R763cc
Romera, Sandra.
Complexos de cobre(II) e oxovanádio(IV) com bases de
Schiff Quirais: preparação, caracterização e alguns ensaios
catalíticos / Sandra Romera. -- São Carlos : UFSCar, 2007.
126 f.
Tese (Doutorado) -- Universidade Federal de São Carlos,
2007.
1. Schiff, Bases de. 2. Complexos com bases de Schiff. 3.
Catálise. I. Título.
CDD: 546.3 (20
a
)
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS
Centro de Ciências Exatas e de Tecnologia
Departamento de Química
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA
Curso de Doutorado
Assinatura~,' dos membros da banca examinadora que avaliaram e
aprovaram a defesa de tese de doutorado da candidata Sllndrll Romerll
realizado em 11 de setembro de 2007:
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Prof. DI. Edward Ralph Dockal
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Praia. Dra. Regina Helena de A. Santos
Dedico este trabalho ao meu pai Osaldo Romera (in memerian)
Por não teer desistido de lutar e seguiu até sua passagem
Acreditando na ciência na busca de sua cura.
À minha mãe Cleria e ao meu irmão Osvaldo pelo amor, compreensão e dedicação.
"É melhor tentar e falhar que preocupar-se e ver a vida passar.
É melhor tentar, ainda que em vão, que sentar-se fazendo nada até o
final. Eu prefiro na chuva caminhar que em dias tristes me esconder.
Prefiro ser feliz embora louco, que em conformidade viver."
Martin Luther King
Cris – Obrigada por me fazer feliz.
“Every man is one star”
Ior Bock
Agradeço
A Deus e a São Miguel Arcanjo;
Ao Prof. Dockal, pela formação profissional e moral. Pela amizade e
companheirismo sempre;
Às leais companheiras Mirian P. dos Santos e Márcia R. Cordeiro pelos
momentos de descontração;
À Grande Família, Lerosa, Sr. e Sra Souza Castro, Sr. e Sra Smello e Sr e
Sra Zaia e Sr. e Sra Bonci-Dezena;
Aos amigos do LSICC – Ana Carla, Camila I, Camila II, Camila III,
Dani, Edna, Fernandinha, Pedro, Priscila, Jóia e Márcia;
À Profª Dra. Wânia C. Moreira pelos ensinamentos que foram a base
para minha formação como educadora;
À Luciana Vizzotto do laboratório de RMN;
Ao Prof. Dr. Éder T. G. Cavalheiro e Luis A. Ramos do lab. de
eletroquímica do IQSC-USP;
À Profª Dra. Carla S. Cavalheiro do IQSC-USP pela disponibilidade dos
equipamentos de IV e UV-vis;
Ao Grupo de Cristalografia do IQSC-USP, especialmente à Profª Dra.
Regina H. A. Santos;
Ao Programa de Pós- Graduação em Química da UFSCar;
Às secretárias: Luciane, Ariane e Cristina;
A todos os técnicos, em especial a Doraí;
Ao CNPQ pelo suporte financeiro;
E a todos aqueles que participaram direta e indiretamente nesta pesquisa.
vii
Lista de abreviaturas
UV
Ultravioleta
FDA
Food Drugs Administration
RMN
Ressônancia Magnética Nuclear
IV
Infravermelho
UV-vis
Ultravioleta-visível
cis-dac
cis-1,2-diaminocicloexano
trans-dac
trans-(±)-1,2-diaminocicloexano
salcn
N, N’-bis-(salicideno)-1,2-cicloexadiamina)
3-MeO(salcn)
N, N’-bis-(3-metoxisalicideno)-1,2-cicloexadiamina)
3-EtO(salcn)
N, N’-bis-(3-etoxisalicideno)-1,2-cicloexadiamina)
5-Br(salcn)
N, N’-bis-(5-bromoxisalicideno)-1,2-cicloexadiamina)
5-Cl(salcn)
N, N’-bis-(5-cloroetoxisalicideno)-1,2-cicloexadiamina)
3,5-Br(salcn)
N, N’-bis-(3,5-bromoxisalicideno)-1,2-cicloexadiamina)
3,5-Cl(salcn)
N, N’-bis-(3,5-cloroetoxisalicideno)-1,2-cicloexadiamina)
[VO(salcn)]
N, N’-bis-(salicideno)-1,2-cicloexadiaminato)oxovanádio(IV)
[VO(3-MeO-salcn)]
N, N’-bis-(3-metoxisalicideno)-1,2- cicloexadiamina)oxovanádio(IV)
[VO(3-EtO-salcn)]
N, N’-bis-(3-etoxisalicideno)-1,2- cicloexadiamina)oxovanádio(IV)
[VO(5-Br-salcn)]
N, N’-bis-(5-bromosalicideno)-1,2- cicloexadiamina)oxovanádio(IV)
[VO(5-Cl-salcn)]
N, N’-bis-(5-cloroetosalicideno)-1,2- cicloexadiamina)oxovanádio(IV)
[VO(3,5-Br-salcn)]
N, N’-bis-(3,5-bromosalicideno)-1,2- cicloexadiamina)oxovanádio(IV)
[VO(3,5-Cl-salcn)]
N, N’-bis-(3,5-clorosalicideno)-1,2- cicloexadiamina)oxovanádio(IV)
[Cu(salcn)]
N, N’-bis-(salicideno)-1,2-cicloexadiaminato)cobre(II)
[Cu(3-MeO-salcn)]
N, N’-bis-(3-metoxisalicideno)-1,2-cicloexadiamina)cobre(II)
[Cu(3-EtO-salcn)]
N, N’-bis-(3-etoxisalicideno)-1,2-cicloexadiamina)cobre(II)
[Cu(5-Br-salcn)]
N, N’-bis-(5-bromosalicideno)-1,2-cicloexadiamina)cobre(II)
[Cu(5-Cl-salcn)]
N, N’-bis-(5-cloroetosalicideno)-1,2-cicloexadiamina)cobre(II)
[Cu(3,5-Br-salcn)]
N, N’-bis-(3,5-bromosalicideno)-1,2-cicloexadiamina)cobre(II)
[Cu(3,5-Cl-salcn)]
N, N’-bis-(3,5-clorosalicideno)-1,2-cicloexadiamina)cobre(II)
viii
Lista de Figuras
FIGURA Página
FIGURA 2.1.1: Hugo Schiff 01
FIGURA 2.1.2: Diferentes ligantes bases de Schiff (1-bidentado, 2-
tetradentado, 3- tridentado)
02
FIGURA 2.2.1: 4’-n-deciloxibenzilideno-4-amino-2-metilbutilacinamato
(DOBAMBC), utilizada para uma possível utilização como cristal líquido
ferroelétrico
03
FIGURA 2.2.2: Equilíbrio ceto-enólico da N,N-bis(salicilideno)-1,2-
diaminociclohexano
03
FIGURA 3.1.1: Síntese do complexo salen básico. (1- salicilaldeído, 2-
etilenodiamina, 3- ligante N,N’-etilenobis(salicilidenoimina) 4- Complexo
metálico
04
FIGURA 3.1.2 Diversas aproximações de um substrato no complexo salen 05
FIGURA 3.1.3: Complexo de Mn-salen utilizado para investigar a influência
dos substituintes
06
FIGURA 3.2.1: Complexo de Cu(II)-salen utilizado em pesquisas com DNA 07
FIGURA 3.3.1: Estrutura química do 1- BMOV e 2- VO(acac)
2
08
FIGURA 3.3.2: Complexo oxovanádio(IV)-salen utilizado como sensores em
eletrodos
08
FIGURA 3.4.1: Gráfico da evolução do licenciamento de enantiômeros de
1989 a 2000
10
FIGURA 3.4.2: Sulfóxidação do metilfenilsulfeto 11
FIGURA 3.4.3: Ciclo catalítico de transferência de oxigênio catalisado por
hemeperoxidases (P= protonporfirina IX)
13
FIGURA 3.4.1: Complexo quiral Mn-salen 14
FIGURA 3.4.2: Ligantes base de Schiff 16
FIGURA 3.4.3: Mecanismo de reação de sulfoxidação utilizando oxo-
Cr(V)salen
17
FIGURA 3.4.4: Mecanismo de reação de sulfonação utilizando oxo-
Cr(V)salen
18
FIGURA 3.4.5: 1-metilfenilsulfeto 2-N,N’-etilenobis(salicilidenoiminato)Cu(II) 19
FIGURA 3.5.1: Estrutura química do omeprazol 20
FIGURA 3.5.2: Estrutura química do Sulmazole cardiotônico 21
FIGURA 3.5.3: Estrutura química do sulfóxido S-allyl cisteína 21
FIGURA 4.1: Estrutura química dos ligantes utilizados na pesquisa 22
FIGURA 5.3.1: Esquema representativo da separação cis-trans DAC 24
FIGURA 5.4.1: Mecanismo geral da reação de obtenção da base de Schiff 26
FIGURA 5.4.2: Esquema representativo da reação de obtenção dos ligantes 27
FIGURA 6.1.1: Estruturas dos complexos de Ni. 1-[Ni(cis-1,2-
diaminocicloexano)
2
]Cl
2
e 2-[Ni(trans-1,2-diaminocicloexano)
2
(H
2
O)
2
]Cl
2
35
FIGURA 6.1.2: Comparação dos espectros de infravermelho dos compostos
de níquel:(a) espectros de IV dos compostos obtidos na literatura
91
; (b)
espectros de IV dos compostos sintetizados: Ni-cis-dac e Ni-trans-dac
36
FIGURA 6.1.3: Espectros de IV dos complexos: [Ni(trans-1,2-
diaminocicloexano)
2
(H
2
O)
2
]Cl
2
(vermelho) e [Ni(cis-1,2-
37
ix
diaminocicloexano)
2
]Cl
2
(azul)
FIGURA 6.2.1: Espectros de IV do sulfato cis-dac. 38
FIGURA 6.5.1: Espectros de IV: Subproduto da reação e amostra comercial
de NaSO
4
41
FIGURA 6.6.1.1: Espectro vibracional para o trans-salcn na região de 4000 a
350 cm
-1
, em pastilhas de KBr
45
FIGURA 6.6.1.2: Estrutura de ressonância da formação da ligação
intramolecular do hidrogênio
45
FIGURA 6.6.1.3: Espectro vibracional para o cis-(salcn) na região de 3000 a
350 cm
-1
, em pastilhas de KBr.
46
FIGURA 6.6.1.4: Espectro vibracional para o SS-(salcn) na região de 4000 a
350 cm
-1
, em pastilhas de KBr
48
FIGURA 6.6.2.1 Espectro eletrônico para o ligante RR-(salcn) em DMSO em
concentração 10
-4
M, na região de 250-800nm, com expansão na região
acima de 350nm
50
FIGURA 6.6.1.3: Estrutura do ligante salcn 52
FIGURA 6.6.2: (a) 3-MeO(salcn) e (b) 3-EtO(salcn) 53
FIGURA 6.6.2.1: Espectros vibracionais na região de 3800-600cm
-1
para os
ligantes cis-3-MeO(salcn) e cis-3-EtO(salcn), em pastilhas de KBr
55
FIGURA 6.6.2.2: Espectro eletrônico para o ligante trans-(±)-3-MeO(salcn),
em DMSO em concentração 10
-4
M, na região de 250-800nm
56
FIGURA 6.6.2.2.1: Análise Gaussiana do espectro na região do UV-vis em
acetonitrila para o ligante trans-3EtO(salcn)
58
FIGURA 6.6.2.3: Estrutura do ligante: (a) 3-MeO(salcn) e (b) 3-EtO(salcn) 59
FIGURA 6.6.2.4.1: Estrutura molecular do ligante cis-3-metoxisalcn. CCDC
26931: E. Tozzo, R.H. de Almeida Santos, M. T. do Prado Gambardella, V.
M B. Poiani, S. Romera, M.P. dos Santos, E. R. Dockal
62
FIGURA 6.6.2.4.1.2: Estrutura molecular do ligante trans-3-metoxi(salcn).
CCDC 267071: E. Tozzo, R.H. de Almeida Santos, M. T. do Prado
Gambardella, V. M. B. Poiani, S. Romera, M. P. dos Santos, E. R. Dockal
63
FIGURA 6.6.2.4.2: Estrutura molecular do ligante trans-3-EtO(salcn).CCDC
266279: E. Tozzo, R. H. de Almeida Santos, S. Romera, M. P. dos Santos,
E. R. Dockal
65
FIGURA 6.6.2.4.2.1: Ligação intermolecular de hidrogênio 67
FIGURA 6.6.2.4.2.2: Ligação intermolecular de hidrogênio (H(16_2)….O(3))
dentro da célula unitária trans-3EtO(salcn)
67
FIGURA 6.6.4: (a) 5-Cl(salcn)e (b) 5-Br(salcn) 68
FIGURA 6.6.4.1: Espectros vibracionais para os ligantes: trans-(salcn)
(preto), trans-5Br(salcn) (azul),e trans-5Cl(salcn) (vermelho) na região de
3500 a 500cm
-1
69
FIGURA 6.6.4.2 Espectro eletrônico dos ligantes RR-5-Cl(salcn)e SS-5-
Br(salcn), em DMSO em concentração 10
-4
M, na região de 250-800nm
71
FIGURA 6.6.4.3: Estrutura do ligante: (a) 5-Cl(salcn) e (b) 5-Br(salcn) 72
FIGURA 6.6.4.4.1: Estrutura molecular do ligante trans-5-Brsalcn.
CCDC 612995: E.Tozzo, R. H. de Almeida Santos, S. Romera, M. P.dos
Santos, E. R. Dockal
75
FIGURA 6.6.4.4.2: Célula unitária do ligante 5-Br-(salcn) 77
FIGURA 6.5.2: (a) 3,5-Cl(salcn)e (b) 3,5-Brsalcn 78
FIGURA 6.6.5.1a: Espectros vibracionais para os ligantes: trans-3,5-
Cl(salcn) (azul) e cis-3,5-Cl(salcn) (vermelho), na região de 4000 a 500 cm
-1
80
x
FIGURA 6.6.5.1b: Espectros vibracionais para os ligantes: trans-3,5-
Br(salcn) (azul), R,R-3,5Br(salcn) (vermelho),e cis-3,5-Br(salcn) (preto) na
região de 1700 a 500cm
-1
81
FIGURA 6.6.5.2: Espectro eletrônico para o ligante cis-3,5-Cl(salcn) , em
DMSO em concentração 10
-4
M, na região de 270-800nm
82
FIGURA 6.6.5.2.1: Espectro eletrônico para o ligante RR-3,5-Cl(salcn), em
DMSO em concentração 10
-4
M, na região de 270-800nm
83
FIGURA 6.6.5.3: Estrutura do ligante: (a) 3,5-Cl(salcn) e (b) 3,5-Br(salcn) 84
FIGURA 6.7.1.1.1: Espectros vibracionais na região de 3900 a 2000cm
-1
87
Figura 6.7.1.1.2: Espectro de IV ligante trans-(salcn) (azul), e complexo
trans-[VO(salcn)] (vermelho)
88
FIGURA 6.7.1.1.3: Espectros vibracionais para alguns complexos de VO(IV)
na região de 2300-410cm
-1
89
FIGURA 6.7.1.2.1: Espectros eletrônicos na região da banda d-d de alguns
complexos cis -oxovanádio(IV)., em DMSO em concentração 10
-4
M, na
região de 500-700nm
91
FIGURA 6.7.1.2.2- Espectros eletrônicos na região do ultravioleta-visível
para o ligante (trans-3-MeO(salcn) - azul) e complexo (trans-[VO(3-MeO-
salcn)]-vermelho) em solvente DMSO 1x10
-4
mol L
-1
na região de 250-800
nm, com expansão na região acima de 350 nm
93
FIGURA 6.7.1.3a: Estrutura molecular do complexo cis-[VO(3-MeO-salcn)].
CCDC 612993: E.Tozzo, R. H. de Almeida Santos, S. Romera, M. P. dos
Santos, E. R. Dockal
96
FIGURA 6.7.1.3b: Estruturas moleculares dos complexos: (A) trans-[VO(3-
MeO-salcn)].H
2
O e (B)- trans-[VO(3-MeO-salcn)].2H
2
O. CCDC 612994:
E.Tozzo, R. H. de Almeida Santos, S. Romera, M. P.dos Santos, E. R.
Dockal
96
FIGURA 6.7.1.3c: Estruturas moleculares dos complexos: (A)-trans-[VO(3-
MeO-salcn)].H
2
O e (B)- trans-[VO(3-MeO-salcn)].2H
2
O e cis- [VO(3-MeO-
salcn)]
98
FIGURA 6.7.2.1: Espectros vibracionais para alguns complexos de Cu(II) na
região de 1800-400 cm
-1
100
FIGURA 6.7.2.2.1: Espectros eletrônicos do complexo trans-[Cu(5-Cl-salcn)]
e o ligante correspondente em solvente, DMSO 1x10
-4
mol L
-1
na região de
270-700 nm, com expansão na região acima de 390 nm
102
FIGURA 6.7.2.2.2: Espectros eletrônicos dos complexos [Cu(3MeO-salcn)],
em solvente DMSO 1x10
-4
mol L
-1
na região de 270-700 nm
103
FIGURA 6.8.1: Curvas termogravimétrica: (a) trans-4OH(salcn); (b) trans-
(salcn); (c trans-4DEA(salcn); (d) trans-[VO(4-OH-salcn)]H
2
O; (e) trans-
[VO(salcn)] e (f) trans-[VO(4-DEA-salcn)], massa da amostra
aproximadamente 7 mg, suporte da amostra de platina e razão do
aquecimento 15°C/min
107
FIGURA 6.8.2: Curva DSC : (a) trans-4OH(salcn); (b) trans-(salcn); (c trans-
4DEA(salcn); (d) trans-[VO(4-OH-salcn)]H
2
O; (e) trans-[VO(salcn)] e (f)
trans-[VO(4-DEA-salcn)],. Massa da amostra aproximadamente 3 mg, razão
de aquecimento 15°C/min e suporte da amostra de alumínio
108
FIGURA 6.9.1: Curva de Padrão empregada na quantificação das reações
de oxidação (concentração de sulfeto vs. área do cromatograma
correspondente)
111
FIGURA 6.9.2: Gráfico da conversão do substrato nas reações de
sulfoxidação
112
FIGURA 6.9.3: Representação esquemática das reações de oxidação 112
FIGURA 6.9.4: Gráficos das porcentagens de conversão do sulfeto 113
xi
Lista de Tabelas
TABELA Página
TABELA 3.4.1: Oxidação de sulfetos R
1
-S-R
2
utilizando Br
2
11
TABELA 3.4.2: Biotransformação de benzil alquil sulfetos por Helminthosporium 12
TABELA 3.4.3: Oxidação assimétrica de alquil arila sulfetos com catalisadores
de complexos Mn-salen
15
TABELA 3.4.4: Oxidação do metil fenil sulfeto. 19
TABELA 5.1 Listagem dos reagentes e Solventes 23
TABELA 6.4.1: Valores de (α) e (α
D
) para os compostos (1R,2R)-()-1,2-
diaminocicloexano, (1S,2S)-(+)-1,2-diaminocicloexano, trans-(±)-1,2-
diaminocicloexano e cis/trans-1,2-diaminocicloexano
40
TABELA 6.5.1: Ligantes cis: Fórmula, massa molar, rendimento sintético e
ponto de fusão.
41
TABELA 6.5.2: Ligantes trans: Fórmula, massa molar, rendimento sintético e
ponto de fusão
42
TABELA 6.5.3: Ligantes RR-(salcn) e SS-(salcn): Fórmula, massa molar,
rendimento sintético e ponto de fusão
43
TABELA 6.6.1.1: Atribuição tentativa das principais bandas observadas nos
espectros vibracionais para os ligantes salcn
47
TABELA 6.6.1.2: Atribuição tentativa das posições das bandas observadas nos
espectros eletrônicos para os ligantes salcn
50
TABELA 6.6.1.3a: Tentativas de atribuição dos deslocamentos químicos (ppm)
13
C dos ligantes salcn
52
TABELA 6.6.1.3b: Tentativas de atribuição dos deslocamentos químicos (ppm)
1
H dos ligantes salcn)
52
TABELA 6.6.2.1a: Atribuição tentativa das principais bandas (cm
-1
) observadas
nos espectros vibracionais para os ligantes 3-MeO(salcn)
54
TABELA 6.6.2.1b: Atribuição tentativa das principais bandas (cm
-1
) observadas
nos espectros vibracionais para os ligantes 3-EtO(salcn)
55
TABELA 6.6.2.2: Atribuição tentativa das principais posição das bandas
observadas nos espectros eletrônicos para os ligantes 3-MeO(salcn) e 3-
EtO(salcn)
57
TABELA 6.6.2.2.1: Gaussian/Lorentzian – Bandas do espectro na região do UV
do trans-3-EtO(salcn)
57
TABELA 6.6.2.3a: Tentativas de atribuição dos deslocamentos químicos (ppm)
13
C para os ligantes 3-MeO(salcn)
59
TABELA 6.6.2.3b: Tentativas de atribuição dos deslocamentos químicos (ppm)
13
C para os ligantes 3-EtO(salcn)
60
TABELA 6.6.2.3c: Tentativas de atribuição dos deslocamentos químicos
1
H
para os ligantes 3-MeO(salcn) e 3-EtO(salcn)
60
TABELA 6.6.2.4.1: Dados cristalográficos dos ligantes cis- e trans-3-MeO(salcn) 61
TABELA 6.6.2.4.1.2: Distâncias (Ǻ) e ângulos interatômicos(°) para os ligantes
cis- e trans- 3-MeO(salcn)
63
TABELA 6.6.2.4.2: Dados cristalográficos do ligante trans-3-EtO(salcn) 64
TABELA 6.6.2.4.2.1: Distância (Å) e ângulos de ligação (°) para o trans 3-
EtO(salcn)
66
TABELA 6.6.4.1a: Atribuição tentativa das principais bandas (cm
-1
) observadas
nos espectros vibracionais para os ligantes 5-Cl(salcn)
69
xii
TABELA 6.6.4.1b: Atribuição tentativa das principais bandas observadas nos
espectros vibracionais para os ligantes 5-Br-(salcn)
70
TABELA 6.6.4.2: Atribuição tentativa das posições das bandas observadas nos
espectros eletrônicos para os ligantes 5-Cl(salcn) e 5-Br(salcn)
71
TABELA 6.6.4.3a: Tentativas de atribuição dos deslocamentos químicos (ppm)
13
C para os ligantes 5-Cl(salcn).
72
TABELA 6.6.4.3b: Tentativas de atribuição dos deslocamentos químicos (ppm)
13
C para os ligantes 5-Br(salcn).
73
TABELA 6.6.4.3c: Tentativas de atribuição dos deslocamentos químicos (ppm)
1
H dos ligantes 5-Clsalcn e 5-Brsalcn.
73
TABELA 6.6.4.4.1. Dados cristalográficos do ligante trans-5Br(salcn) 74
TABELA 6.6.4.4.2: Distância (Å) e ângulos de ligação (°) para trans-5Br(salcn) 76
TABELA 6.6.5.1a: Atribuição tentativa das principais bandas (cm
-1)
observadas
nos espectros vibracionais para os ligantes 3,5-Cl(salcn).
79
TABELA 6.6.5.1b: Atribuição tentativa das principais bandas (cm
-1
) observadas
nos espectros vibracionais para os ligantes 3,5-Br(salcn).
80
TABELA 6.6.5.2: Atribuição tentativa das posições das bandas observadas nos
espectros eletrônicos para os ligantes 3,5-Cl(salcn).
82
TABELA 6.6.5.3a: Tentativas de atribuição dos deslocamentos químicos (ppm)
13
C para os ligantes 3,5-Cl(salcn)
84
TABELA 6.6.5.3b: Tentativas de atribuição dos deslocamentos químicos (ppm)
13
C para os ligantes 3,5-Br(salcn)
85
TABELA 6.6.5.3c: Tentativas de atribuição dos deslocamentos químicos (ppm)
1
H dos ligantes 5-Cl e 5-Br(salcn)
85
TABELA 6.7.1: Complexos de VO(IV): Fórmula, massa molar, rendimento
sintético e ponto de fusão
86
TABELA 6.7.1.1: Atribuição tentativa das principais bandas (cm
-1
) observadas
nos espectros vibracionais para os complexos VO(IV)
90
TABELA 6.7.1.2: Atribuição tentativa das posições das bandas observadas nos
espectros eletrônicos para os complexos VO(IV)
94
TABELA 6.7.1.3.1. Dados cristalográficos dos complexos cis-[VO(3-MeOsalcn)]
e trans-[VO(3-MeOsalcn)]
95
TABELA 6.7.1.3.2. Algumas distâncias de ligação para os complexos: (A) trans-
[VO(3-MeO-salcn)].H
2
O e (B)- trans-[VO(3-MeO-salcn)].2H
2
O e cis- [VO(3-
MeO-salcn)]
97
TABELA 6.7.1.3.3. Alguns ângulos de ligação para os complexos: (A)-trans-
[VO(3-MeO-salcn)].H
2
O e (B)- trans-[VO(3-MeO-salcn)].2H
2
O e cis- [VO(3-
MeO-salcn)]
98
TABELA 6.7.2: Complexos de Cu(II): Fórmula, massa molar, rendimento
sintético e ponto de fusão
99
TABELA 6.7.2.1: Atribuição tentativa das principais bandas (cm
-1
) observadas
nos espectros vibracionais para os complexos Cu(II)
101
TABELA 6.7.2.2: Atribuição tentativa das posições das bandas observadas nos
espectros eletrônicos para os complexos Cu(II)
104
Tabela 6.8.1 Resultados experimentais e calculados, na análise elementar de
ligantes e complexos VO(IV)
105
TABELA 6.8.2: Perda de massa TG, faixa de temperatura, picos de DSC e H
relativo do processo de decomposição térmica dos ligantes e complexos VO(IV)
109
xiii
Resumo
COMPLEXOS DE COBRE(II) E OXOVANÁDIO(IV) COM BASE DE
SCHIFF QUIRAL: PREPARAÇÃO, CARACTERIZAÇÃO E ALGUNS
ENSAIOS CATALITICOS. Os complexos de salen são uma classe importante
dos compostos de coordenação e são utilizados como catalisadores em uma
grande quantidade de reações. Os complexos salen tem mostrado ser
catalisadores eficientes e práticos para oxidações assimétricas de vários
substratos. Nesta tese, complexos do tipo salcn [salcn = N, N’-bis-
(salicilideno)-1,2-ciclohexanodiamina) foram investigados como catalisadores
em oxidação de sulfetos orgânicos. A primeira parte deste trabalho, descreve
a síntese e caracterização dos ligantes e complexos de cobre(II) e
oxovanádio(IV). A combinação das quatro técnicas complementares (IV, UV-
vis, RMN e raios-X) possibilitou a caracterização dos ligantes e complexos
quirais. Seis estruturas cristalográficas inéditas foram determinadas: quatro
ligantes e dois complexos de oxovanádio(IV). A segunda parte desta pesquisa
foi o estudo das propriedades catalíticas dos complexos na oxidação do
metilfenilsulfeto utilizando acetonitrila como solvente e peróxido de hidrogênio
e terc-butil peróxido como agente oxidante. [Cu(salcn)] e [VO(salcn)] com
substituintes doadores de elétrons e retiradores de elétrons foram testados e
os efeitos das condições de reações na atividade catalítica com a variação
dos agentes oxidantes mostraram rendimentos bem distintos. O complexo
trans-(±)-[Cu(5-Clsalcn) apresentou o melhor resultado, com 73,5% de
conversão do sulfeto a sulfóxido e/ou sulfona. Este resultado foi alcançado
quando utilizado como doador de oxigênio o peróxido de hidrogênio. Os
rendimentos obtidos para os outros complexos variam de 11-32%.
xiv
Abstract
COPPER (II) AND OXOVANADIUM COMPLEXES WITH SCHIFF BASE
CHIRAL: PREPARATION, CHARACTERIZATION AND SOME CATALYTIC
ASSAYS. Salen complexes are an important class of coordination compounds,
which have been used to catalyze a wide variety of reactions. The salen
complexes have emerged as efficient and practical catalysts for the
asymmetric oxidation of various organic substrates. In this thesis, copper(II)
and oxovanadium(IV) complexes of the salcn type ligand [salcn= N, N’-bis-
(salicylidene)-1,2-cyclohexanediamine] have been investigated as catalysts for
oxidation of organic sulfide. The first part of this work describes the synthesis
and characterization of the free ligands and copper(II) and oxovanadium(IV)
complexes. The combination of four complementary techniques (IR, UV-vis,
1
HNMR-
13
CNMR and X-ray) made possible the characterization of the free
ligands and complexes. Six unpublished crystallographic structures were
determined: four ligands and two oxovanadium(IV) complexes . In the second
part of this research were studied catalytic properties of some complexes in
oxidation of phenyl methyl sulfide using acetonitrile as the solvent and
hydrogen peroxide and t-butylperoxide as the oxidant. The [Cu(salcn)] and
[VO(salcn)] with electrons donors and electrons withdrawing substituents were
tested for catalytic oxidation. The effect of reaction conditions on activity with
various oxidants gave distinctly different yields. The complex trans-(±)-[Cu(5-
Clsalcn) showed the best result, with 73% of the sulfide conversion. This is
result was showed with hydrogen peroxide as the oxidant. The yields obtained
for the other compounds vary of 11-32%.
xv
Índice
1. Introdução
1
2. Ligante base de Schiff
1
2.1- Aspectos Gerais
1
2.2- Algumas aplicações
2
3. Complexos de base de Schiff
4
3.1- Aspectos sintéticos
4
3.2- Alguns aspectos do cobre
6
3.3- Alguns aspectos do vanádio
7
3.4- Sulfoxidação
9
3.4.1- Oxidação usando halogênios moleculares
11
3.4.2- Sulfoxidação usando microorganismos
12
3.4.3- Sulfoxidação usando enzimas
12
3.4 - Sulfoxidação usando complexos metal-bases de Schiff
14
3.5- Aplicações dos sulfóxidos
20
4. Objetivos
22
5. Parte Experimental
23
5.1- Reagentes utilizados
23
5.2- Purificação dos reagentes e solventes
24
5.3- Preparação dos isômeros e estereoisômeros
24
5.3.1- Separação da mistura cis e trans-1,2-diaminociclohexano (cis – trans dac)
24
5.3.2- Obtenção do composto cis-1,2-diaminocicloexano (cis-dac)
25
5.3.3- Obtenção do composto trans-1,2-diaminocicloexano (trans-dac)
25
5.3.4- Resolução do trans-(
±
)-1,2-diaminociclohexano em (1S,2S)-(+)- e (1R,2R)-(-)-
1,2-diaminociclohexano (SS-dac e RR-dac)
25
5.4- Sínteses dos ligantes
26
5.4.1- Sínteses dos ligantes cis-1,2-diaminocicloexano (cis-salcn)
27
5.4.2- Sínteses dos ligantes trans-(±)-1,2-diaminocicloexano (trans-salcn)
28
5.4.3- Sínteses dos ligantes RR e SS-dac
28
5.5- Sínteses dos complexos
28
5.5.1- Purificação dos complexos
29
5.5.2- Teste de Solubilidade
29
5.6- Testes catalíticos
30
5.6.1- Reações de sulfoxidação
30
xvi
5.6.2- Identificação dos picos
30
5.6.3- Determinação da curva de calibração
30
5.7- Equipamentos
31
5.7.1- Ponto de fusão
31
5.7.2- Análise elementar
31
5.7.3- Espectroscopia de absorção na região do Ultravioleta-visível, UV-vis
31
5.7.4- Espectroscopia de absorção na região do infravermelho, IV
32
5.7.5- Ressonância Magnética Nuclear, RMN
32
5.7.6 Análise Termogravimétrica, TG
32
5.7.7- Calorimetria Exploratória Diferencial, DSC
33
5.7.8- Difração de raios-X
33
5.7.9- Polarímetro
33
5.7.10- Cromatografia em fase gasosa
34
6. Resultados e Discussão
35
6.1- Separação da mistura cis-dac e trans-dac
35
6.2- Sulfato cis-1,2-diaminocicloexano (cis-dac)
38
6.3- Composto trans-1,2-diaminocicloexano (trans-dac)
39
6.4- Separação do (1S, 2S)-(+)- e (1R, 2R)-(-)-1,2-diaminocicloexano a partir do (
±
)-
trans-1,2-diaminocicloexano
39
6.5- Síntese dos ligantes
40
6.5.1- Ligantes cis-salcn
40
6.5.2- Ligantes trans-salcn
42
6.5.3- Ligantes RR-salcn e SS-salcn 42
6.6- Caracterização dos ligantes
43
6.6.1- Ligantes salcn
44
6.6.1.1- Análise dos espectros na região do infravermelho
44
6.6.1.2- Análise dos espectros eletrônicos na região do Ultravioleta-visível
48
6.6.1.3- Análise dos espectros de
1
HRMN e
13
CRMN
51
6.6.2- Ligantes com substituição na posição 3 e 3’
3-MeO(salcn) e 3-EtO(salcn)
53
6.6.2.1- Análise dos espectros na região do infravermelho
53
6.6.2.2- Análise dos espectros eletrônicos na região do Ultravioleta-visível
56
6.6.2.3- Análise dos espectros de
1
HRMN e
13
CRMN
58
6.6.2.4- Estudos Cristalográficos
61
6.6.2.4.1- cis- e trans-3MeO(salcn)
61
6.6.2.4.2- trans 3-EtO(salcn)
64
6.6.3- Ligantes com substituição na posição 5 e 5’
5-Cl(salcn)e 5-Br(salcn)
68
xvii
6.6.3.1- Análise dos espectros na região do infravermelho
68
6.6.3.2- Análise dos espectros eletrônicos na região do Ultravioleta-visível
70
6.6.3.3- Análise dos espectros de
1
HRMN e
13
CRMN
72
6.6.3.4- Estudos Cristalográficos
74
6.6.4- Ligantes com substituição na posição 3,5 e 3’,5’
3,5-Cl(salcn)e 3,5-Br(salcn)
78
6.6.4.1- Análise dos espectros na região do infravermelho
78
6.6.4.2 Análise dos espectros eletrônicos na região do Ultravioleta-visível
81
6.6.4.3- Análise dos espectros de
1
HRMN e
13
CRMN
83
6.7- Sínteses dos complexos
86
6.7.1- Sínteses dos complexos de VO(IV)
86
6.7.1.1- Análise dos espectros na região do infravermelho
87
6.7.1.2- Análise dos espectros eletrônicos na região do Ultravioleta-visível
91
6.7.1.3- Estudos Cristalográficos
95
6.7.2- Sínteses dos complexos de Cu(II)
99
6.7.2.1- Análise dos espectros na região do infravermelho
99
6.7.2.2- Análise dos espectros eletrônicos na região do Ultravioleta-visível
102
6.8-Análise Térmica
105
6.9-Testes Catalíticos
110
7. Conclusões
115
8. Referências Bibliográficas.
116
9. Anexos
CD-ROM
Introdução| 1
FIGURA 2.1.1: Hugo Schiff
1. Introdução
Complexos do tipo salen são uma classe fundamental de compostos da
química de coordenação, conhecidos desde 1933
1
. Até o ano de 1997 foram
descritos na literatura aproximadamente 2500 complexos metálicos com ligantes
salen
2
. O interesse por estes compostos intensificou-se a partir de 1990 quando os
grupos de pesquisa de Jacobsen
3
e Katsuki
4
descobriram a epoxidação
enantioseletiva de olefinas, utilizando complexos de Mn(salen) como catalisadores
5
.
Desde então, uma grande quantidade de reações catalíticas estão sendo estudadas.
Estas reações incluem reações de ciclopropanação
6,7
, reações de Diels Alder
8-10
,
oxidação de carboidratos
11
, epoxidação assimétrica de alcenos
12
, reação de
oxidação de Baeyer-Villiger
13,14
e oxidação de sulfetos
15
.
2. Ligante base de Schiff
2.1- Aspectos Gerais
As bases de Schiff são compostos que
apresentam um grupo imina (R
2
C=NR) em sua
estrutura
16
.
Em 1864 Hugo Schiff (figura 2.1.1)
descreveu que a condensação entre um aldeído e
uma amina conduzia a uma base de Schiff
17
.
Os ligantes bases de Schiff são
capazes de coordenar com metais pelo grupo
iminico e por um outro grupo, geralmente um
aldeído
17
. Os sítios de ligação mais comumente
encontrados são os átomos de nitrogênio e oxigênio,
mas podemos encontrar átomos de enxofre como fonte de elétrons livres. Os
ligantes bases de Schiff apresentam grande flexibilidade sintética, onde a
combinação de aminas com aldeídos facilita a criação do design estrutural desejado,
podendo-se obter diversas fórmulas estruturais, como ligantes bi, tri, tetra, penta ou
hexadentados (figura 2.1.2). Uma característica importante destes ligantes é a
formação de complexos estáveis com diversos metais de transição em vários
Introdução| 2
estados de oxidação. Também apresentam uma grande eficiência em controlar o
desempenho dos metais em várias transformações catalíticas
17
. Alguns estudos
demonstram a capacidade destes compostos em transmitir informação quiral e gerar
produtos não-racêmicos em processos catalíticos
17
, quando utilizadas aminas ou
aldeídos quirais.
FIGURA 2.1.2: Diferentes ligantes bases de Schiff (1-bidentado, 2- tetradentado, 3-
tridentado).
2.2- Algumas aplicações
É sabido que as bases de Schiff são importantes intermediários nas
sínteses de compostos bioativos
18
. Sabe-se também que esses compostos têm
apresentado significativos resultados em testes de atividade biológica, tais como
antifúngica
19
, antimicrobiana
20,21
, antibacterial
19
e antitumoral
22
. Como fungicida
apresentam uma excelente atividade contra o fungo filamentoso que coloniza as
camadas superficiais da epiderme, o Epidermophyton floccosum
23
.
Além disso, as bases de Schiff (figura 2.2.1) estão sendo sintetizadas e
estudadas pela possibilidade de sua utilização como cristais líquidos ferroelétricos
24
,
pois o agrupamento CH=N- estabelece uma ponte para a transmissão dos efeitos
eletrônicos entre os anéis aromáticos, favorecendo a planaridade do sistema e
conferindo as propriedades mesogênicas.
Introdução| 3
C
10
H
21
O
NO
O
FIGURA 2.2.1: 4’-n-deciloxibenzilideno-4-amino-2-metilbutilacinamato (DOBAMBC),
testada para uma possível utilização como cristal líquido ferroelétrico
24
.
Outra descoberta recente foi a indução de aldeídos para formação de
bases de Schiff no DNA
25
. Estes aldeídos são conhecidos como mutagênicos e são
capazes de promover aberrações cromossômicas em células de mamíferos em
meios de cultura. Também foram detectados em células sanguíneas de humanos a
presença de adutos de acetaldeídos de guanina com estrutura de base de Schiff,
que podem estar relacionados com os efeitos carcinogênicos do álcool
26
.
As bases de Schiff também apresentam fotocromismo e
termocromismo
27
. As primeiras bases de Schiff que apresentaram as propriedades
fotofísicas foram as salicilidinas anilinas (SA) e seus derivados. O fotocromismo
ocorre nestes compostos pela transferência do hidrogênio intramolecular
28
. Na
reação de transferência do próton (figura 2.2.2), a espécie chamada de tautômero-
ceto é a forma fluorescente que ocorre apenas em solventes polares
29
. Os
resultados obtidos na investigação desta propriedade diferiram significativamente
quando comparadas a utilização de solventes polares próticos e solventes não
polares e apróticos
30
. Mediante esta sensibilidade, o estudo espectral das bases de
Schiff deve ser realizado considerando a natureza do solvente.
FIGURA 2.2.2: Que ilíbrio ceto-enólico do N,N’-bis(salicilideno)-1,2-
diaminociclohexano
29
.
OH
N
N
HO
R
R
R
R
UV
CALOR
HN
NH
O
R
R
O
R
R
R= tert-butyl
Introdução| 4
3. Complexos de base de Schiff
3.1- Aspectos sintéticos
O primeiro complexo metálico base de Schiff tipo salen foi sintetizado
em 1933 pela condensação de salicilaldeído e etilenodiamina com vários sais
metálicos utilizando um mesmo método. Mais tarde, tornou-se habitual a preparação
do ligante orgânico e posterior inserção do metal desejado. Os complexos
apresentam coloração brilhante, com exceção dos complexos de titânio, zircônio e
zinco que exibem uma cor amarelo pálido.
O método padrão para a preparação do ligante é a condensação de
salicilaldeído ou seu derivado com etilenodiamina, em solvente alcoólico,
normalmente etanol ou metanol (Figura 3.1.1).
COH
OH
+
NH
2
H
2
N
2
+
Solvente
Álcool
OH
C
HO
C
NN
OH
C
HO
C
NN
Sal
Melico
Cu
NN
O
C
O
C
1
2
3
4
FIGURA 3.1.1: Síntese do complexo [Cu(salen)]. 1) Salicilaldeído; 2) Etilenodiamina;
3) Ligante: N,N’-etilenobis(salicilidenoimina); 4) Complexo metálico.
Os complexos de bases de Schiff são muito estáveis com diversos
metais em diferentes estados de oxidação. Num processo catalítico, esta
estabilidade pode ser um fator de diminuição da eficiência. Isso poder eliminado com
a introdução de substituintes volumosos como o t-butil próximos aos sítios de
coordenação. E assim eliminando a estabilidade e aumentando o desempenho
catalítico do complexo
17,31
. Nas reações de oxidação, (figura 3.1.2.) o volume dos
substituintes pode influenciar na entrada do substrato no complexo
32
.
Além da
M
Introdução| 5
natureza dos substituintes, a orientação dos substratos também é direcionada pelo
tamanho e estado de oxidação do metal
32
.
FIGURA 3.1.2: Diversas aproximações de um substrato no complexo salen
17
.
Os efeitos eletrônicos de substituintes no ligante salicilideno, na
reatividade de complexos salen são estudados desde a década de 80.
33
Estudos
sobre o efeito estérico dos ligantes mostraram que o volume maior dos grupos
substituintes pode melhorar o excesso enantiomérico dos produtos
34,35
. Para os
estudos feitos nas epoxidações os resultados mostraram que a presença de grupos
retiradores de elétrons como o Cl ou NO
2
na posição C5 e C5’ aumentam a atividade
catalítica dos complexos. Jacobsen et al.
36
demonstrou inequivocamente que a
natureza eletrônica do substituinte na posição C5 e C5’ influencia fortemente a
enantioseletividade
36,37
. Complexos (figura 3.1.3) com substituintes doadores de
elétrons mostram maior enantioseletividade que complexos com grupos retiradores
de elétrons. Substituintes com grupos retiradores de elétrons (NO
2
) aumentam a
reatividade do catalisador, enquanto substituintes com OMe diminuem a reatividade
das oxo-espécies. Estes resultados foram explicados usando o postulado de
Hammond
31
.
Introdução| 6
O
N
O
N
Mn
Ph
tButBu
XX
Ph
Cl
X= OMe, Me, H, Cl, NO
2
FIGURA 3.1.3: Complexo de Mn-salen utilizado para investigar a influência dos
substituintes
38
.
Outra característica dos complexos nas reações catalíticas é a
transmissão quiral
17
. A transmissão quiral pode acontecer de duas formas: via
coordenação do eletrófilo para o centro do ácido de Lewis, ou via ativação do
nucleófilo
17
. E em certas reações, os complexos-salen pode fazer essa ativação por
ambos caminhos: eletrófilo e nucleófilo
17
.
3.2- Alguns aspectos do cobre
O cobre é um metal essencial para os organismos vivos e teve um
importante papel na origem da vida
39
. Mais de uma dúzia de enzimas que dependem
do cobre para suas atividades foram estudadas, e todas estas enzimas catalisam a
conversão metabólica em um processo oxidativo
40
. Por esta importância nos
processos biológicos, os complexos de cobre(II) e as pesquisas sobre a atividade
biológica tem sido o foco de diferentes perspectivas
41
. A interação do complexo
Cu(II)-salen (figura 3.2.1) com o DNA foi investigada por viscometria, espectroscopia
de dicroísmo linear e circular, e os resultados concluíram que este complexo pode
induzir a quebra do DNA na presença de um agente redutor em ensaios realizados
na clivagem de plasmídeos. Os dados espectroscópicos e bioquímicos indicam que
a complexação com o Cu(II)-salen induz a uma quebra simples retorcida via uma
interação com um dos encaixes da dupla hélice
42-46
.
Introdução| 7
O
N
O
N
Cu
HH
H
NH
3
T F A
-
FIGURA 3.2.1: Complexo de Cu(II)-salen utilizado em pesquisas com DNA
45
.
A utilização de complexos de Cu(II) como catalisadores não é tão
habitual quanto a utilização dos complexos de Mn, Ti, Co e Cr-salen
46
. Pesquisas
sobre a eficiência do cobre em processos catalíticos se intensificaram nas últimas
duas décadas, principalmente no uso como catalisadores nas reações de oxidação
de hidrocarbonetos
47
. Complexos de Cu(II)-salen apresentaram resultados
satisfatórios em reações de oxidação de ciclohexano em acetona, álcool e
peróxidos. As conversões obtidas por esses complexos foram superiores a do
complexo de Ni(II), mas inferiores a de complexos de Mn(II) e Co(II)
48,49
.
3.3- Alguns aspectos do vanádio
A crosta terrestre é constituída de 0,015% de vanádio na forma de
minérios, mas uma alta concentração de vanádio é encontrada na água do mar na
forma de vanadato(V) (Na
+
H
2
VO
-
4
)
50
. Dentre as várias aplicações dos compostos de
vanádio as mais estudadas são as propriedades medicinais, onde compostos de
vanádio apresentam atividade in vitro e in vivo no tratamento de deficiência de
insulina
51
.
Pesquisas recentes revelaram que muitos compostos de vanádio
mimetizam in vitro os efeitos da insulina. Sais de vanádio são considerados um
possível tratamento para o diabetes
51
. A diabetes mellitus é uma desordem
heterogênea que aflige cerca de 140 milhões de pessoas no mundo e pode causar
doenças cardiovasculares, cegueira, doenças renais e morte. É caracterizada por
hipoglicemia, alterações no metabolismo lipídico e de carboidratos
52
.
Apesar dos bons resultados em roedores, somente pequenas doses de
vanádio
são utilizadas devido à sua toxicidade
53
. Foi também demonstrado que
quelatos orgânicos de vanádio, como o bis(maltolato)oxovanadium(IV)-BMOV e
Introdução| 8
1 2
bis(acetilacetonato)oxovanádio(IV)-VO(acac)
2
(Figura 3.3.1) mostraram-se
eficientes quanto à regularização dos níveis de glicose no sangue. Entretanto, estes
complexos são tóxicos e pouco solúveis em água
53
. Alguns compostos do tipo salen
estão sendo testados vislumbrando uma atividade para o tratamento do diabetes
Mellitus
53
.
O
CH
3
O
O
O
CH
3
O
O
V
O
O
O
V
O
O
O
FIGURA 3.3.1: Estrutura química do 1- BMOV
46
e 2- VO(acac)
2
53
.
Os complexos de vanádio demonstram uma resposta satisfatória na
utilização como sensores e catalisadores
54-60
. Na utilização como sensores com
eletrodo de pasta de carbono modificado com VO(IV)-salen (figura 3.3.2), são
capazes de determinar com eficiência substâncias como amoxilina
57
, piridoxina
(vitamina B6)
58
, cisteina
59
e dipirona
60
.
FIGURA 3.3.2: N,N’-etilenobis(salicilidenoiminato)oxovanádio(IV) utilizado como
sensor em eletrodos
60
.
VO
Introdução| 9
3.4 - Sulfoxidação
A oxidação enantioseletiva de sulfetos proquirais é sem dúvida o
método mais direto e econômico para sínteses de sulfóxidos enantiomericamente
puros
61
. Sulfóxidos opticamente ativos são muito utilizados como auxiliares quirais
em sínteses assimétricas e na indústria farmacêutica
61
.
Para o controle de um possível reconhecimento molecular em um
eficiente processo de oxidação pela aproximação enzimática, estão sendo
desenvolvidos reagentes químicos que atuam nas amostras como enzimas.
Resultados promissores obtidos em sulfoxidações biológicas da década passada
sugerem que esta aproximação será de grande interesse no futuro.
A agência que administra drogas e alimentos nos Estados Unidos
(FDA) declarou o interesse farmacêutico em ambos enantiômeros de novas drogas
estereoisoméricas e a necessidade de sintetizar e determinar a atividade biológica
de sulfóxidos quirais. Este aspecto importante dos sulfóxidos é missão de quase
todos os trabalhos que discutem a síntese e utilização de sulfóxidos quirais, pois o
sulfóxido quiral foi a droga mais vendida do mundo em 2000 ($6.2 bilhão EUA)
61
.
Droga essa, utilizada principalmente no tratamento de refluxo gastro-esofágico que é
uma alteração digestiva na qual o conteúdo corrosivo do estômago (ácido clorídrico
e enzimas digestivas) reflui do estômago em direção ao esôfago.
A maioria das novas drogas que chegam à comercialização hoje, é
formada de um único enantiômero no lugar das misturas racêmicas que dominaram
o mercado trinta anos atrás. O que pode ser evidenciado observando o gráfico
(figura10), onde o número de licenciamento dos enantiômeros cresceu
substancialmente em relação aos racêmicos
62
.
Introdução| 10
FIGURA 3.4.1: Gráfico da evolução do licenciamento de enantiômeros de 1989 a
2000
62
.
A síntese de sulfóxido foi reportada pela primeira vez por Märcker em
1865 e, desde então, um grande número de métodos foi desenvolvido para a
conversão de sulfetos em sulfóxidos
63
. Contudo, compreensivas reconsiderações
nas oxidações de sulfetos têm sido publicadas e um grande número de
procedimentos têm sido acumulados
64-67
. Vários são os reagentes utilizados para
esta transformação, mas infelizmente muitos deles não são viáveis por serem
nocivos ou caros. Muitos destes procedimentos publicados são simples, mas não
são de fácil reprodução, pois pode ocorrer uma over-oxidação de sulfóxidos em
sulfonas (figura 3.4.2). Apesar de um cuidadoso controle de temperatura e tempo de
reação e na quantidade relativa dos oxidantes é difícil evitar completamente a dupla
oxidação
68
. Sendo assim, diferentes grupos de pesquisas estudam incessantemente
a reação de oxidação de sulfetos com o objetivo de consolidar uma rota sintética
mais simples e eficiente.
Introdução| 11
FIGURA 3.4.2: Representação da reação de sulfoxidação e sulfonação.
3.4.1- Oxidação usando halogênios moleculares
Este procedimento de reação de oxidação é simples, economicamente
viável, facilmente controlável, disponível comercialmente, mas tem como
desvantagem a formação de subprodutos como ácidos sulfônicos e sulfínicos
63
. O
halogênio molecular forma um sal de halosulfônio com o sulfeto orgânico que
subseqüentemente hidrolisa para sulfóxido. Os rendimentos obtidos são satisfatórios
(tabela 1).
TABELA 3.4.1: Oxidação de sulfetos R
1
-S-R
2
utilizando Br
2
64
.
Condições reacionais R
1
R
2
Rendimento (%)
CH
3
CH
2
Cl 78
C
6
H
5
CH
3
85
C
6
H
5
C
6
H
13
85
C
6
H
5
C
6
H
5
18
C
6
H
5
C
6
H
5
CH
2
82
Br
2
/ HBDS/CH
2
Cl
2
HBDS:
hexabutildistanoxano
C
6
H
5
CH
2
C
6
H
5
CH
2
92
Sulfeto Sulfóxido Sulfona
A
g
ente oxidante
Introdução| 12
3.4.2- Sulfoxidação usando microorganismos
Uma grande quantidade de sulfetos orgânicos são convertidos em seus
respectivos sulfóxidos usando fungos como o Helminthosporium
67,69
e Mortierella
isabellina. Estes apresentam rendimentos de moderado a alto de sulfóxidos
enantiomericamente puros e sem a formação de sulfonas (tabela 3.4.2). Este
procedimento é simples onde 1 g de substrato em 30 mL de etanol é distribuído em
frascos contendo 90 g do preparado contendo o fungo, em temperatura de 27 °C por
48 h em rotação de 180 rpm.
TABELA 3.4.2: Biotransformação de benzil alquil sulfetos por Helminthosporium
67
.
Substrato Rendimento (%) configuração e.e.(%)
Ph-CH
2
-S-CH
3
68 S 62
Ph-CH
2
-S-C
2
H
5
55 S 51
Ph-CH
2
-S-n.C
3
H
7
12 S 10
Ph-CH
2
-S- i.C
3
H
7
22 -- 0
Ph-CH
2
-S- n.C
4
H
9
38 S 25
Ph-CH
2
-S- t.C
4
H
9
5 S 7
3.4.3- Sulfoxidação usando enzimas
As peroxidases podem ser classificadas em 3 grupos: heme
peroxidase, vanádio peroxidase
70
e não metal peroxidase. As principais vantagens
em utilizar enzimas são: eficiência como catalisadores e atuação em condições
moderadas
71
.
As peroxidases estão onipresentes na natureza e são uma importante
classe de enzimas que catalisam transformações oxidativas de uma grande
quantidade de substratos orgânicos. A cloroperoxidase da Caldariomyces fumago
(CPO) foi usada pela primeira vez em reações de sulfoxidação por Kobayashi e
mostrou-se a mais versátil, onde foi obtido um baixo excesso enantiomérico de
13%
61
. Outras heme-peroxidases que estão sendo utilizadas como catalisadoras
incluem a horseradish peroxidase
72
(HRP), citocromo c peroxidase(CcP),
lactoperoxidase(LPO) entre outras. As enzimas heme peroxidase, catalase e
citocromo P-450 por catalisarem uma série de reações como oxidação, redução e
Introdução| 13
isomerização, estão sendo estudadas por vários grupos de pesquisa, pois a
elucidação do mecanismo das reações catalíticas é de grande interesse.
Um ciclo catalítico que é geralmente aceito é o processo de
transferência de oxigênio por heme peroxidases (figura 3.4.3)
73
. A reação inicia-se
transferindo um elétron do sulfeto para a porfirina oxo-Fe(IV) formando-se uma
espécie cátion radicalar (porfirinaº
+
-Fe
IV
=O), sendo o composto I a espécie ativa da
reação. O sulfóxido então é formado pela reação do cátion radicalar com a porfirina-
oxo-Fe(IV). Acreditava-se que o composto I fosse irreversível, mas estudos
mostraram evidências que a formação deste composto com peroxidases são
reversíveis
74
.
FIGURA 3.4.3: Ciclo catalítico de transferência de oxigênio catalisado por heme
peroxidases (P= protonporfirina IX)
73
.
Este mecanismo é seguro para heme peroxidases, mas não está
totalmente claro para a oxidação de sulfetos orgânicos do citocromo P-450. A fim de
estabilizar o intermediário ativo desta reação, vários estudos estão sendo realizados
utilizando modelos sintéticos
75
com as porfirinas de ferro em diferentes estados de
oxidação
76
. Depois das porfirinas, o mais importante sistema de ligantes sintéticos
são os salen, especialmente no contexto de catálises por oxidação assimétrica de
substratos orgânicos
77
. Os complexos metal-salen possuem características comuns
com as metaloporfirinas em aspectos estruturais e atividade catalítica.
Introdução| 14
3.4 - Sulfoxidação usando complexos metal-bases de
Schiff
Os complexos de metal-base de Schiff são muito utilizados como
catalisadores na epoxidação de olefinas e outros substratos orgânicos. O
mecanismo proposto para tal reação gera controvérsias. Para compreender o
mecanismo de transferência do oxigênio dos íons oxometálicos das porfirinas oxo-
metal e complexos oxo-metal-salen, os sulfetos orgânicos demonstram ser melhores
substratos que as olefinas. Os sulfetos possuem eficiente reatividade e nas reações
de oxidação não apresentam reações indesejadas
77
.
Existem várias rotas sintéticas para a preparação destes sulfóxidos, a
oxidação assimétrica de sulfetos é a mais atrativa. Como os sulfóxidos são
importantes para a formação da ligação C-C e transformação dos grupos funcionais,
a pesquisa por novos métodos para a oxidação seletiva de sulfetos para sulfóxidos é
contínua
63
.
Procedimentos baseados nos reagentes modificados de Katsuki-
Sharpless são utilizados para esta importante transformação
78-80
.
O uso de
hidroperóxido, na presença de quantidades estequiométricas de vários tipos de
complexos quirais de titânio, derivados do reagente de Sharpless, demonstrou um
rendimento de 91% de produto e até 99,5% de excesso enantiomérico
79
.
O grupo de pesquisa liderado por Katsuki
15
publicou em 1995,
resultados da atividade catalítica de complexos quirais de Mn-salen (figura 3.4.1)
nas reações de sulfoxidação e os valores encontrados mostraram uma alta
enantioseletividade.
OH
3
CO
N
N
HH
Mn
OOCH
3
Ph
H
H
Ph
PF
6
-
FIGURA 3.4.1: Complexo quiral Mn(III)-salen
15
.
Introdução| 15
Este grupo utilizou 10 mol% do complexo e quantidade equimolar do
iodosilbenzeno como agente oxidante em diversos solventes e em temperatura
ambiente a -20 °C (tabela 3.4.3). Assim eles concluíram que os complexos quirais de
Mn-salen são eficientes catalisadores e que em temperatura ambiente eles
apresentam melhores rendimentos
15
.
TABELA 3.4.3: Oxidação assimétrica de alquil aril sulfetos com catalisadores de
complexos Mn-salen
15
.
Sulfeto (Ar, R) solvente Temp.
Tempo
(h)
Rend.% %e.e. Configuração
C
6
H
5
, Me
CH
3
CN ambiente 2 95 67
S
C
6
H
5
, Me
C
6
H
6
ambiente 2 79 75
S
C
6
H
5
, Me
C
6
H
5
Cl ambiente 2 93 77
S
C
6
H
5
, Me
C
6
H
5
Cl ambiente 2 91 39
R
p
-
O
2
NC
6
H
4
, Me
C
6
H
5
Cl -20°C 2 49 86
(-)
o
-
BrC
6
H
4
, Me
CH
3
CN 0°C 2 68 87
(-)
o
-
BrC
6
H
4
, Me
C
2
H
5
CO
2
Et
-20°C 4 49 74
(-)
A partir dos resultados de Katsuki
81
vários grupos discutem as
condições destas reações. Como observado nos resultados acima as reações
procedem com melhores resultados quando feitas em temperatura ambiente. A
seguir temos os resultados do grupo de Bunce et al
82
., em cujos estudos, as reações
acontecem a 0 °C
82
.
Para o procedimento das reações de oxidação do proquiral
PhMeS a seu sulfóxido PhMeSO temos como agente oxidante, uma solução aquosa
de 5 % t-BuOOH em CH
2
Cl
2
ou acetonitrila a 0
o
C, catalisado pela adição de 10
mol% do complexo. A temperatura baixa foi necessária para suprimir a reação não
catalítica que somente pode levar ao produto racêmico. Na presença de [Cu(R-
salpn)] ou [Cu(R,R-salcn)] (figura 3.4.2), as reações prosseguem sem dificuldade até
60% do sulfóxido em 5h, mas com um excesso enantiomérico insignificante de
menos de 2%. Nenhuma sulfona foi detectada nas reações com os catalisadores
[Cu(R-salpn)] ou [Cu(R,R-salcn)]
82
.
Introdução| 16
Os uso dos complexos, [Cu(R-busalpn)], [Cu(R,R-busalcn)], [VO(R-
busalpn)] e [VO(R,R-busalcn)] com grupos substituintes maiores atuando como
catalisadores sob as mesmas condições geraram somente 10 % dos produtos no
mesmo período de tempo e com um excesso enantiomérico insignificante
82
.
Reações utilizando H
2
O
2
ao invés de t-BuOOH como oxidante prosseguiram ainda
mais lentamente. Contudo, o catalisador [Cu(R,R-busalcn)] apresentou um excesso
enantiomérico de 14 % e [VO(R,R-busalcn)] de 4 %
82
.
FIGURA 3.4.2: Ligantes bases de Schiff
82
.
Em 2000, pesquisadores da Índia
83
utilizando complexos de
Oxocromo(V)salen, com diferentes substratos como ArSMe, acetonitrila como
solvente em temperatura ambiente e cujo tempo de reação variou de 45 a 240 min.
Obtiveram rendimentos de 30-98 %. O fato importante neste estudo foi o efeito dos
substituintes dos substratos, pois o tempo de reação para a conversão máxima ao
sulfóxido correspondente é diferente. Este parâmetro é de grande importância para a
elucidação do mecanismo envolvido nas reações onde fica claro que a reatividade
aumenta dos dialquil sulfetos para os aril metil sulfetos
83
.
Ainda em 2001, Saito e Katsuki
84
, realizaram estudos catalíticos
usando espécies quirais de complexos de titânio para sulfoxidação de metil fenil
sulfóxidos
84,85
. O objetivo deste estudo foi examinar a linearidade ou a não
linearidade na relação entre os excessos enantioméricos do catalisador e substrato.
Os resultados sugeriram que na sulfoxidação utilizando estes complexos quirais de
Ti(salen) como catalisador, existe uma relação não-linear entre os excessos
enantioméricos. Portanto, o uso de complexos quirais enantiomericamente puros e
Introdução| 17
complexos quirais racêmicos como catalisadores não demonstram nenhuma relação
linear com os excessos enantioméricos dos sulfóxidos.
Uma proposta de mecanismo para sulfoxidação utilizando complexos
oxo-metal-salen como catalisadores foi feita em 2003, utilizando complexos de
cromo(V)
86
. Um grande problema destas reações, como já foi discutido, é a
formação de sulfona. Este estudo também apresenta o mecanismo de formação
destes subprodutos indesejáveis. O complexo de cromo(V) utilizado possui ligante
com substituintes doadores e retiradores de elétrons e um substancial efeito
estérico. Segundo os dados cinéticos obtidos foi proposto o mecanismo de reação
(figura 3.4.3) para sulfoxidação, no qual a reação ocorre por um ataque eletrofílico
do oxigênio do agente oxidante no enxofre do substrato, que é rico em elétrons.
FIGURA 3.4.3: Mecanismo de reação de sulfoxidação utilizando oxo-Cr(V)salen
86
.
Os sulfóxidos orgânicos são substratos bifílicos e eles podem agir
como espécies nucleofílicas e eletrofílicas, dependendo da natureza do agente
oxidante. Embora os sulfetos e sulfóxidos orgânicos possuam comportamento
nucleofílico para o catalisador, os aspectos cinéticos obtidos mostraram ser
completamente diferentes. Nos complexos de oxo-cromo(salen), a primeira etapa do
mecanismo da reação (figura 3.4.4) é a ligação forte do sulfóxido ao centro de cromo
via oxigênio (constante de ligação de 10-150 M
-1
)
86
.
Neste estudo o sulfóxido tem
duplo papel, ele atua como ligante doador e como substrato. O oxidante real nestas
condições é o sulfóxido de Cr(V) que oxigena o excesso de sulfóxido presente no
sistema. Assim o mecanismo mais provável é a oxidação eletrofílica bimolecular
Introdução| 18
(fora da esfera) pela espécie oxidante, neste caso do sulfóxido, para os sulfóxidos
não ligados
86
.
FIGURA 3.4.4: Mecanismo de reação de sulfonação utilizando oxo-Cr(V)salen
86
.
Em 2005, foi publicado pela primeira vez o uso do catalisador de Cu(II)
que é reciclado sem perda da atividade catalitica. Neste estudo também foi
adicionada na reação uma substância (TEMPO) para aumentar a seletividade e
conversão
87
. Foi utilizado 1 mol% do complexo de Cu(II) (figura 3.4.5), 5 mmol de
metil fenil sulfeto (substrato padrão), 10 mmol de peróxido de hidrogênio 30 %, 5
mol% de TEMPO, em 2mL de acetonitrila, em temperatura de 20 °C por 4,5 horas.
Introdução| 19
1 2
FIGURA 3.4.5: 1- fenilmetilsulfeto 2- N,N’-etilenobis(salicilidenoiminato)Cu(II)
87
.
Analisando os dados obtidos (tabela 3.4.4), percebemos que a
seletividade e a conversão do sulfóxido aumenta chegando a valores acima de 99
%. Na ausência do catalisador temos uma conversão de apenas 5 %, evidenciando
a eficiência dos complexos de Cu(II)salen nas reações de sulfoxidação. A produção
de 6 % de sulfona ocorreu na reação onde a quantidade do TEMPO era inferior à
quantidade do substrato e de 11 % na reação onde não foi adicionada esta
substância. Na reação onde se utilizou o catalisador recuperado o resultado foi
exatamente igual à reação onde utilizava-se um catalisador não reciclado
87
.
TABELA 3.4.4: Oxidação do metil fenil sulfeto
87
.
Complexo TEMPO Conversão (%) Sulfóxido (%) Sulfona (%)
1mol%
- 70 89 11
-
5mol% 5 >99 -
1mol%
3mol% 90 94 6
1mol%
5mol% >99 >99 -
recuperado
5mol% >99 >99 -
Introdução| 20
3.5- Aplicações dos sulfóxidos
Os sulfóxidos quirais são uma classe muito importante de compostos
que estão encontrando aumento significativo como auxiliares quirais em sínteses
assimétricas
88
.
O crescimento na química de sulfóxidos orgânicos durante a última
década deve-se ao fato da importância destas substâncias como intermediários em
sínteses para a produção de uma grande quantidade de moléculas ativas
quimicamente e biologicamente. Dentre muitas aplicações sua principal utilização é
como agentes terapêuticos como anti-úlcera
61
. Esse eficiente inibidor da bomba
protônica é conhecido como omeprazole (figura 3.5.1) e o seu tratamento para
úlceras gástricas foi aprovado em 1988. Do ponto de vista químico, o omeprazole
apresenta duas porções heterocíclicas, o benzoimidazole e a piridina, unidas por
uma função sulfóxido que apresenta estereoisomeria
61
.
FIGURA 3.5.1: Estrutura química do omeprazole
61
.
Encontra-se na literatura a utilização dos sulfóxidos como
antibacteriano
88
, fungicida, anti-arterosclerótico, antihipertensivo e cardiotônicos
89
(figura 3.5.2).
Introdução| 21
FIGURA 3.5.2: Estrutura química do sulmazole cardiotônico.
Uma outra pesquisa investiga uma substância encontrada em grande
quantidade no alho, o Allium sativum, contém o sulfóxido S-allyl cisteína (figura
3.5.3), que tem apresentando bons resultados como hipoglicêmico e
hipocolesterêmico
90
.
FIGURA 3.5.3: Estrutura química do sulfóxido S-allyl cisteína.
Objetivos |22
4. Objetivos
Os objetivos deste trabalho são:
Sintetizar ligantes base de Schiff derivados do cis, trans-(±), 1R,2R-(-) e
1S,2S-(+)-1,2-diaminocicloexano. Modificar sistematicamente a substituição
no anel fenólico utilizando grupos doadores e retiradores de elétrons (figura
4.1).
FIGURA 4.1: Estrutura química dos ligantes utilizados neste trabalho.
Sintetizar a partir dos ligantes, os complexos de Cu(II) e VO(IV).
Caracterizar ligantes e complexos pelas técnicas:
Infravermelho;
Ultravioleta-visível;
1
H RMN -
13
C RMN e
Difração de raios-X.
Estudar o comportamento térmico dos complexos.
Estabelecer condições reacionais de oxidação para o metil fenil sulfeto a seu
respectivo sulfóxido, utilizando como catalisadores os complexos de base de
Schiff.
Substituinte (R)
H
3-metoxi
3-etoxi
5-bromo
5-cloro
3,5-bromo
3,5-cloro
R
N
N
R
HOOH
Parte Experimental |23
5. Parte Experimental
5.1 Reagentes utilizados
TABELA 5.1 Listagem dos reagentes e solventes utilizados
Reagentes Procedência
1,2-diaminocicloexano Aldrich Chemical Co.
trans-(±)-1,2-diaminocicloexano Aldrich Chemical Co.
(+)-ácido tartárico Aldrich Chemical Co
o-vanilina Aldrich Chemical Co.
3-etoxisalicilaldeído Aldrich Chemical Co.
salicilaldeído Aldrich Chemical Co.
4-dietilaminasalicilaldeído Aldrich Chemical Co.
2,4-diidroxibenzaldeído Aldrich Chemical Co
5-bromosalicilaldeído Aldrich Chemical Co.
5-clorosalicilaldeído Aldrich Chemical Co.
3,5-bromosalicialdeido Aldrich Chemical Co.
3,5-clorosalicilaldeído Aldrich Chemical Co.
3,5-iodosalicilaldeído Aldrich Chemical Co.
3,5-t-butilsalicilaldeído Aldrich Chemical Co.
Sulfato de vanadilo· x hidratado Alfa Morton Thikol Co.
Acetato de cobre(II) Synth
Peróxido de hidrogênio Synth
Terc-butil hidroperóxido Synth
Tioanisol Aldrich Chemical Co.
Metil fenil sulfóxido Aldrich Chemical Co.
Acetona Synth
Acetonitrila Synth
Etanol Synth
Metanol Synth
Dimetilsulfóxido Synth
Dimetilformamida Synth
Clorofórmio Synth
Dicloroetano Aldrich Chemical Co.
Dimetilsulfóxido-deuterado Aldrich Chemical Co.
Clorofórmio deuterado Aldrich Chemical Co.
Acetato de sódio anidro Acros Organics
Hidróxido de sódio Merck
Ácido clorídrico Mallinckodt
Ácido sulfúrico concentrado Mallinckodt
Cloreto de níquel(II). 6H
2
O ALFA
Hidróxido de potássio Synth
Brometo de potássio Synth
Parte Experimental |24
5.2- Purificação dos reagentes e solventes
Os solventes e reagentes utilizados não sofreram nenhum tratamento
prévio.
5.3- Preparação dos isômeros e estereoisômeros
91
5.3.1- Separação da mistura cis e trans-1,2-
diaminociclohexano (cis – trans dac)
91-92
Em uma solução de 25 g (0,22 mol) da mistura cis/trans-dac em 160
mL de metanol, foram adicionados 26 g de NiCl
2
·6H
2
O (0,11 mol) em 440 mL de
metanol. Após 2 horas em agitação em temperatura ambiente o sólido de cor
amarela depositado, [Ni(cis-1,2-diaminocicloexano)
2
]Cl
2
, foi coletado por filtração e
lavado com metanol. O sobrenadante de cor violeta referente ao composto [Ni(trans-
1,2-diaminocicloexano)
2
(H
2
O)
2
]Cl
2
foi devidamente armazenado para posterior
tratamento. A figura 5.3.1 está representando o esquema de reação.
FIGURA 5.3.1: Esquema representativo da reação de separação cis-trans- dac.
H
2
N
NH
2
NiCl
2
.6H
2
O
Metanol / 2h
agitação
[Ni(trans-1,2-diaminocicloexano)
2
(H
2
O)
2
]Cl
2
Sobrenadante – cor violeta
[Ni(cis-1,2-diaminocicloexano)
2
]Cl
2
Precipitado – cor amarelo
(
cis/trans-dac
)
Parte Experimental |25
5.3.2- Obtenção do composto cis-1,2-
diaminocicloexano(cis-dac)
91-92
O sólido amarelo obtido na separação da mistura cis-trans, Ni(cis-1,2-
diaminocicloexano)
2
Cl
2,
foi tratado com 15 mL de H
2
SO
4
(6 M). O sólido branco
obtido foi filtrado a vácuo e lavado com etanol (aproximadamente 10 mL).
Recristalizou-se o sólido formado, cis-1,2-diaminocicloexano.H
2
SO
4
,
com água destilada quente, deixou-se que o mesmo atingisse a temperatura
ambiente e a solução permaneceu por 12 h em temperatura de 0 °C. Isolou-se o
sólido por filtração e deixou-se secar em dessecador. Caracterizou-se o produto por
ponto de fusão e espectroscopia na região do infravermelho.
5.3.3- Obtenção do composto trans-1,2-
diaminocicloexano
(trans-dac)
91-92
A solução de coloração violeta, resultante do isolamento do composto
cis-dac, foi acidificada com uma solução de 35 mL de HCl (6 M). Para que ocorra a
formação do sólido, a solução deve ter um pH de 4,2-4,5 e para o ajuste deste valor
adicionou-se lentamente uma solução de NaOH 15 %. Após a obtenção deste valor
de pH 4,2, instantaneamente observou-se a formação do precipitado de cor violeta.
O sólido (trans-dac.2HCl) foi isolado e lavado com água destilada. O produto foi
caracterizado por espectroscopia na região do infravermelho e ponto de fusão.
5.3.4- Resolução do trans-(
±
)-1,2-diaminociclohexano em
(1S,2S)-(+)- e (1R,2R)-(-)-1,2-diaminociclohexano (SS-dac e RR-
dac)
93
Em um béquer contendo 150 mL de água destilada, adicionou-se o
trans-dac (280 mmol), e acrescentou-se lentamente (+)-ácido tartárico (560 mmol)
com agitação e resfriamento constante. Após a adição do ácido tartárico a mistura
reacional foi aquecida (80 °C – 10 min), deixou-se que o mesmo atingisse
temperatura ambiente e a solução permaneceu por 12 h em temperatura de 0°C.
Parte Experimental |26
O precipitado obtido referente ao estereoisômero RR-dac foi isolado
por filtração a vácuo em um funil de placa sinterizada e a solução contendo o
isômero SS-dac foi armazenada. Recristalizou-se o sólido com água quente, e
armazenou-se a solução em baixas temperaturas por 12 horas. Filtrou-se utilizando
um funil de placa sinterizada e secou-o em dessecador. Desse modo produziu-se o
bitartarato de (1R,2R)-(-)-diaminociclohexano.
O bitartarato de (1S,2S)-(+)-diaminociclohexano foi produzido
adicionando-se á parte liquida do filtrado 45,14 g (301 mmol) de (+)-ácido tartárico,
sob agitação e água destilada suficiente para dissolver as matérias sólidas. Após
solubilizar todo o conteúdo adicionou-se lentamente etanol até obter um ponto de
óleo. Imediatamente observou-se a formação do precipitado branco. A mistura
reacional foi refrigerada por 12 horas. O sólido foi isolado por filtração a vácuo e
armazenado em dessecador.
Cada sólido foi dissolvido em uma solução aquosa de KOH
concentrado e destilou-se a solução por arraste de vapor. O destilado foi coletado
em um frasco contendo HCl formando soluções de hidrocloreto.
O solvente foi evaporado em um rotaevaporador e o sólido obtido foi
recristalizado com etanol. Os produtos foram caracterizados por espectroscopia na
região do infravermelho e medidas de luz plano polarizada.
5.4- Sínteses dos ligantes
94
As bases de Schiff ou iminas, R
2
C=NR são produtos da condensação
de substâncias carbonílicas reagindo com uma amina primária (figura 5.4.1).
FIGURA 5.4.1: Mecanismo geral da reação de obtenção da base de Schiff
O
R
1
R
2
+R
3
NH
2
N
O
R
1
R
2
H
R
3
H
N
HO
R
1
R
2
H
R
3
N
HO
R
1
R
2
H
R
3
NR
3
R
1
R
2
+
H
2
O
Parte Experimental |27
As sínteses dos ligantes bases de Schiff seguem uma seqüência
reacional semelhante à mostrada na figura 5.4.2, porém com detalhes experimentais
distintos em decorrência dos diferentes métodos utilizados para a obtenção dos
isômeros do 1,2-diaminacicloexano, cabendo detalhar o procedimento experimental
para cada um deles separadamente.
FIGURA 5.4.2: Esquema representativo da reação de obtenção dos ligantes.
5.4.1- Sínteses dos ligantes cis-1,2-diaminocicloexano
(cis-salcn)
95
Adicionou-se em um béquer contendo 10 mL de água destilada, 1
mmol de sulfato do cis-dac em agitação e refluxo. Foram adicionados 2mmol de
acetato de sódio anidro previamente dissolvidos em 5 mL água destilada. Adicionou-
se 30 mL de metanol e 2 mmol do salicilaldeído correspondente. A solução foi
reduzida a 50% do volume inicial e observou-se a formação de um precipitado de
cor amarela. Cessou-se a reação após 3 horas em agitação e refluxo. A reação foi
refrigerada a temperatura de aproximadamente 0 °C por 12 horas. O material sólido
foi isolado por filtração utilizando funil de placa sinterizada e armazenado em
dessecador.
1 mmol
OH
H
O
R
H
2
N
NH
2
2 mmol
+
R= H, 3-MeO, 3-EtO, 5-Br, 5-Cl, 3,5-Br, 3,5-Cl
R
N
N
R
HOOH
metanol / refluxo / agitação / 1 – 2 horas
Parte Experimental |28
5.4.2- Sínteses dos ligantes trans-(±)-1,2-
diaminocicloexano (trans-salcn)
96
4 mmol do salicilaldeído correspondente foram adicionados em 50 mL
de etanol sob agitação e refluxo. Lentamente acrescentou-se 2 mmol do trans-dac
(99% Aldrich). Após 3 horas de reação foi cessado o aquecimento e a solução
permaneceu em repouso por 12 horas em temperatura de 0°C.
5.4.3- Sínteses dos ligantes RR e SS-dac
Utilizados na forma de hidrocloretos as aminas RR e SS-dac (1mmol),
foram solubilizadas em 10mL de água destilada e adicionou-se 2 mmol de acetato
de sódio anidro previamente dissolvidos em 5mL de água destilada. Acrescentou-se
30 mL de metanol e iniciou-se agitação e refluxo. Lentamente adicionou-se o
salicilaldeído correspondente. A reação permaneceu nestas condições por 3 horas e
armazenada sob refrigeração por 12 horas. Isolou-se o precipitado por filtração á
vácuo.
5.5- Sínteses dos complexos
A reação de complexação dos ligantes com sal de metal é executada
normalmente em álcool como solvente, a menos que a reatividade dos reagentes
utilizados ou o produto proíba isto
97
.
O ligante e o sal metálico podem ser utilizados em quantidades
equimolares, ou sal de metal pode ser usado em excesso. Quando o complexo
desejado é solúvel em solventes orgânicos, um excesso do sal de metal é usado
para dirigir a completa reação, e o sal residual é retirado lavando-se com água.
3 mmol de ligante foram dissolvidos em 30 mL de etanol
98-99
. Esta
mistura permaneceu sob agitação constante e refluxo. 3mmol do metal
correspondente foram dissolvidos em água destilada e adicionados lentamente na
solução em refluxo. As soluções que inicialmente eram de cor amarelada, tornaram-
se verdes com a adição do sulfato de vanadilo e arroxeadas quando utilizado o
Parte Experimental |29
acetato de cobre(II). Cabe ressaltar que para os complexos de oxovanádio(IV) antes
da adição do sal metálico, foram acrescidos às soluções 6 mmol de acetato de sódio
para a desprotonação dos ligantes. As misturas permaneceram por
aproximadamente 2 horas em refluxo e agitação constante. Após este período a
solução permaneceu apenas em agitação até que a mesma atingisse temperatura
ambiente. As soluções foram armazenadas em temperatura de aproximadamente
0°C por 24 horas.
Os sólidos foram isolados deste meio por filtração, lavados com etanol
previamente resfriado e água destilada para retirar excessos do sal metálico da
reação.
5.5.1- Purificação dos complexos
Os complexos do metal podem ser purificados por cristalização, e às
vezes por coluna cromatográfica a menos que eles sejam degradados facilmente.
Freqüentemente eles são totalmente sólidos e coloridos, a cor depende do íon do
metal central. Os complexos de metal de transição de ligantes salen geralmente
exibem uma coloração tipicamente brilhante, como verde para os complexos de
oxovanádio e marrom a violeta para os complexos de cobre.
Os sólidos obtidos nas sínteses foram dissolvidos em 30 mL de etanol
previamente aquecido, e permanecendo em agitação magnética por
aproximadamente 30 minutos. Os sólidos residuais foram isolados por filtração,
lavados com água destilada e armazenados em dessecadores por 7 dias. Utilizou-se
água destilada para retirada de acetato de sódio utilizado na síntese para a
desprotonação dos ligantes.
5.5.2- Teste de Solubilidade
Determinou-se a solubilidade dos ligantes e complexos utilizando uma
série de solventes orgânicos polares e apolares (água, acetonitrila, acetona,
clorofórmio, dicloroetano, dimetilsulfóxido, dimetilformamida). Utilizou-se 1 mg de
amostra para 1 mL de solvente. Os testes foram realizados em temperatura
ambiente (25 °C) e à quente.
Parte Experimental |30
5.6- Testes catalíticos
Para os testes catalíticos foram utilizados dois tipos de agentes
oxidantes o peróxido de hidrogênio e o tert-butil hidroperóxido.
Testes catalíticos preliminares foram efetuados para a otimização das
condições do equipamento. As condições utilizadas estão apresentadas no item
5.7.11.
5.6.1- Reações de sulfoxidação
82
Em 25mL de acetonitrila adicionou-se (0,62 mL; 5,3 mmol) tioanisol e
0,38 mmol do complexo colocou-se sob agitação magnética constante e
temperatura de aproximadamente 0 °C.
Foi adicionada uma solução de 25 mL de acetonitrila e (5,3 mmol) do
agente oxidante. Depois de completas 5 horas de reação, uma alíquota de 1 µL da
solução foi injetada em um cromatógrafo de fase gasosa.
5.6.2- Identificação dos picos
Para a identificação do pico do substrato foi utilizada uma amostra
comercial do metil fenil sulfóxido, cujo tempo de retenção nos possibilitou a
identificação do produto, pois alguns cromatogramas apresentaram mais de um pico
na região de 15 a 17 minutos.
Para o reconhecimento do pico do agente oxidante foi injetada uma
alíquota de 1 µL de solução acetonitrila e agente oxidante (H
2
O
2
/ t-BuOOH) em
quantidades iguais as utilizadas nas reações.
5.6.3- Determinação da curva de calibração
Foram preparadas soluções do substrato (tioanisol) em concentrações
que variaram de 10 a 100%. 1 µL de cada solução foram injetados em cromatógrafo
à gás e determinou-se pelo cromatograma a área para cada concentração. Com os
Parte Experimental |31
dados obtidos foi construída uma curva de calibração do substrato. No eixo x
encontramos as concentrações das soluções e no eixo y a área correspondente para
cada concentração. Com o auxílio do programa computacional (ORIGIN 6.0) foi
possível encontrar a equação da curva e utilizá-la para calcular os rendimentos dos
produtos obtidos pelas reações catalisadas.
5.7- Equipamentos
5.7.1- Ponto de fusão
Foram realizadas medidas de ponto de fusão para os ligantes e
complexos. As medidas foram determinadas em um aparelho modelo MELT-TEMP
II.
5.7.2- Análise elementar
As análises elementares de CHN a partir das amostras sólidas dos
complexos sintetizados foram realizadas no laboratório de Microanálises do
Departamento de Química- UFSCar. O aparelho utilizado foi Fison EA-1108-CHNS-
O.
5.7.3- Espectroscopia de absorção na região do
Ultravioleta-visível, UV-vis
Os espectros eletrônicos dos ligantes e complexos foram adquiridos na
região de 260 a 800nm, utilizando equipamentos como espectrofotômetro
SHIMADZU 1533 pertencente ao Grupo de Análise Térmica, Eletroanalítica e
Química de Soluções do IQSC-USP e espectrofotômetro SHIMADZU MultSpec 1501
pertencente ao Laboratório de Sínteses Inorgânicas, Catálise e Cinética DQ-
UFSCar. As soluções foram preparadas utilizando dimetilsulfóxido como solvente e
em concentrações na ordem de 10
-3
e 10
-4
mol.L
-1
. A absortividade molar dos
ligantes e complexos foi calculada pela aplicação da Lei de Lambert-Beer nos
comprimentos de onda selecionados.
Parte Experimental |32
5.7.4- Espectroscopia de absorção na região do
infravermelho, IV
Estes espectros foram registrados a partir de amostras em pastilhas de
KBr. As medidas foram realizadas em diferentes espectrofotômetros da marca
BOMEM modelo MB 102 FTIR sendo dois pertencentes ao DQ-UFSCar e um
terceiro do gentilmente cedido pela Dra Carla C. S. Cavalheiro do grupo de
Fotoquímica do IQSC-USP. A resolução utilizada foi 4 cm
-1
e com número de
varreduras igual a 64.
5.7.5- Ressonância Magnética Nuclear, RMN
A análise estrutural por RMN, dos ligantes sintetizados, foi realizada
em clorofórmio (dmso-d
6
), utilizando-se tubos de 5 mm. As soluções foram
preparadas fazendo-se a dissolução dos compostos (25-40 mg) no solvente citado
em um béquer de 5 mL e em seguida transferida para tubo. Usou-se como
referência interna tetrametilsilano. Os espectros de
1
HRMN e
13
CRMN foram
adquiridos num espectrômetro BRUKER, ARX 400 MHz, 9.7 Tesla, do Laboratório
de Ressonância Magnética Nuclear do Departamento de Química da UFSCar pela
técnica Luciana Vizotto. O processamento e o tratamento dos dados foram
realizados utilizando o programa SpinWorks 2.4 PL5.
5.7.6 Análise Termogravimétrica, TG
As medidas TG foram realizadas em um termoanalisador DuPont 2000
acoplada a um módulo termogravimétrico TGA 951, usando massa de
aproximadamente 7 mg , suporte da amostra de platina, razão de aquecimento
15°C.min
-1
sob atmosfera dinâmica de ar sintético (vazão 90 mL.min
-1
).
Parte Experimental |33
5.7.7- Calorimetria Exploratória Diferencial, DSC
As medidas de DSC foram realizadas em um termoanalisador DuPont
2000 acoplado com um modulo calorimétrico diferencial DSC 910, pertencente ao
Grupo de Análise Térmica, Eletroanalítica e Química de Soluções do IQSC-USP,
utilizando-se amostras de 3mg, suporte da amostra de platina, razão de
aquecimento 15°C.min
-1
sob atmosfera dinâmica de ar sintético (vazão 90 mL.min
-1
).
5.7.8- Difração de raios-X
A coleta de dados foi feita em um difratômetro automático CAD-4 da
Enraf-Nonius, utilizando radiação MoKα, pelo grupo da Profa. Dra. Regina H. A.
Santos do grupo de cristalografia do IQSC-USP. A redução e análises preliminares
dos dados, a solução da estrutura e o refinamento foram executados utilizando o
sistema WinGX
100
. A resolução das estruturas foi feita pelo Método de Patterson
usando o sistema SIR97 e refinada por método de mínimos quadrados,
SHELXL97
101
. Para garantir a confiabilidade química do modelo, a análise dos
parâmetros geométricos foi feita pelo sistema Platon
102
. As representações gráficas
das estruturas foram geradas usando o ORTEP3 for Windows
101
. Para a obtenção
dos cristais de ligantes e complexos, utilizamos soluções diluídas das amostras,
etanol para os ligantes e acetonitrila para os complexos. Estas soluções foram
evaporadas lentamente (6 meses a 1 ano).
5.7.9- Polarímetro
Utilizou-se a polarimetria para determinação dos valores de desvio do
plano de vibração da luz polarizada para os ligantes com atividade óptica. O poder
rotatório especifico [α] foi determinado pela equação:
[α] = 100α / bC
onde:
b= espessura em decímetro da cubeta utilizada
C = concentração em gramas por litro
α = ângulo de rotação observada
Parte Experimental |34
As medidas de α foram obtidas em um polarímetro Perkin Elmer 241,
com lâmpada de sódio. Foram utilizadas soluções de concentração conhecida
(2g/10mL) utilizando como solvente clorofórmio.
5.7.10- Cromatografia em fase gasosa
O cromatógrafo utilizado para identificação foi GC-17A- SHIMADZU do
Laboratório de Alimentos, coordenado pela Profa. Dra. Lúcia Helena Seron.
Detecção: FID
Coluna capilar DB-5 de polaridade intermediaria 30 m x 0,25 mm ID;
d
1
=0,25 µm
Temperatura inicial da coluna: 50°C
Temperatura final da coluna: 250°C
Temperatura do detector: 250°C
Temperatura da unidade de injeção: 200°C
Gás de arraste: Nitrogênio
Volume de injeção da amostra: 1 µL
Rampa de Aquecimento: 50-165°C (7°C/min.)
165-250°C(4°C/min.)
Os cromatogramas foram obtidos por um integrador acoplado ao
cromatógrafo.
Resultados e Discussão |35
6. Resultados e Discussão
6.1- Separação da mistura cis-dac e trans-dac
Esta etapa foi realizada duas vezes. Na primeira tentativa optamos pela
utilização de etanol para viabilizar economicamente a síntese, mas o rendimento
obtido para o composto amarelo de
[Ni(cis-1,2-diaminocicloexano)
2
]Cl
2
(figura 6.1.1)
foi inferior ao apresentado pela literatura
91
. Obtivemos apenas 3,5 g do composto
enquanto a literatura apresenta um rendimento de 7,9 g. A solução violeta contendo
o composto [Ni(trans(
±
)-1,2-diaminocicloexano)
2
(H
2
O)
2
]Cl
2
, (figura 6.1.1) foi
armazenada durante 7 dias em refrigeração. Neste período observamos o
aparecimento do precipitado amarelo do composto cis indicando que a separação
não foi totalizada durante a síntese, o que também explica o baixo rendimento do
composto cis. Devido às perdas ocorridas durante o processo de separação se fez
necessário uma nova síntese, sendo esta efetuada de forma idêntica à referência
91
,
utilizando como solvente o metanol. O rendimento do composto cis foi de 9,2 g e a
solução violeta (trans) não apresentou resquícios do composto cis.
1 2
FIGURA 6.1.1: Estruturas dos complexos de Ni. 1- [Ni(cis-1,2-
diaminocicloexano)
2
]Cl
2
e 2-[Ni(trans-1,2-diaminocicloexano)
2
(H
2
O)
2
]Cl
2
.
Resultados e Discussão |36
O aumento da eficiência da síntese quando se utiliza o metanol ao
invés do etanol pode ser explicado pelo efeito microscópico da solvatação. A
solvatação é a interação dos íons do soluto com as moléculas do solvente e sua
eficiência depende da polaridade do solvente, isto é, uma maior polaridade do
solvente garante uma melhor solvatação dos íons
103
. Um dos parâmetros
macroscópicos para medir a polaridade é a constante dielétrica ε. Para o metanol
temos um valor da constante dielétrica de 33 que é maior que a do etanol (ε=
24,3)
104
. Assim por ter um poder de solvatação maior, o metanol pode deslocar o
equilíbrio da reação aumentando o valor da constante.
A separação dos isômeros cis e trans acontece por meio da formação de
um composto seletivo formado por cada uma das espécies com íons Ni(II). A
formação de complexos de Ni(II) com estruturas diferentes ocorre porque em
solução o composto [Ni(cis-1,2-diaminocicloexano)
2
]Cl
2
é diamagnético, (solúvel em
água e pouco solúvel em metanol) e o composto [Ni(trans(
±
)-1,2-
diaminocicloexano)
2
(H
2
O)
2
]Cl
2
produz exclusivamente compostos paramagnéticos
91
.
Ambos os compostos apresentaram estabilidade no estado sólido, mas decompõem-
se em temperaturas superiores a 350 ºC. Os compostos foram caracterizados por
espectroscopia na região do infra-vermelho para comparação com os espectros dos
compostos também apresentados na literatura
91
(figura
6.1.2).
(a) (b)
FIGURA 6.1.2: Comparação dos espectros de infravermelho dos compostos de
níquel:(a) espectros de IV dos compostos obtidos na literatura
91
; (b) espectros de IV
dos compostos sintetizados: Ni-cis-dac e Ni-trans-dac.
cis-Ni(dac)
trans-Ni(dac)
Resultados e Discussão |37
Transmitância/número de onda cm
-
1
Observando os espectros encontrados na literatura
91
e os obtidos
experimentalmente na região compreendida ente 1600-400 cm
-1
, encontramos uma
grande quantidade de bandas similares, o que consolida a rota sintética utilizada e o
sucesso da separação dos isômeros. A seguir apresentamos os espectros de IV
para os compostos e a discussão das principais bandas.
Analisando o espectro vibracional (figura 6.1.3) temos para o composto
cis bandas que podem ser atribuídas ao estiramento do C-H do hidrocarboneto
cíclico na região de 3073 e 3171 cm
-1
, as quais podem ser vistas no espectro do
composto trans porque essas bandas estão sobrepostas pela banda larga atribuída
ao estiramento do O-H (3250 cm
-1
)
105
.
FIGURA 6.1.3: Espectros de IV dos complexos: [Ni(trans-1,2-
diaminocicloexano)
2
(H
2
O)
2
]Cl
2
(vermelho) e [Ni(cis-1,2-diaminocicloexano)
2
]Cl
2
(azul)
Com exceção da região de 4000 – 3000 cm
-1
, ambos os compostos
apresentam similaridade, onde encontramos na região de 2857-2930 cm
-1
o
estiramento de N-H e em 1591-1603 cm
-1
bandas correspondentes à deformação
angular do N-H. Não é possível visualizar a banda da ligação M-N que ocorre na
região entre 440-330 cm
-1
106
.
Resultados e Discussão |38
Transmitância/número de onda cm
-
1
Transmitância/número de onda cm
-
1
6.2- Sulfato cis-1,2-diaminocicloexano (cis-dac)
O sulfato de cis-dac foi facilmente obtido na forma de sólido e
coloração branca. A técnica usada para caracterização foi a espectroscopia na
região do Infravermelho e ponto de fusão. O valor do ponto de fusão para este
composto foi de 356-357 °C (Lit. 354-356 °C)
95
.
Figura 6.2.1: Espectros de IV do sulfato cis-dac.
O espectro (figura 6.2.1) apresenta as bandas para o composto sulfato de cis-1,2-
diaminocicloexano. Encontra-se na região de 2600- 3000 cm
-1
uma banda larga do
estiramento O-H de H
2
O (água destilada utilizada na recristalização do composto)
105
.
Em 1150 cm
-1
e 629 cm
-1
temos a deformação axial simétrica do sulfato. Em 1547
cm
-1
, deformação angular do N-H. Entre 1047- 1100 cm
-1
temos a deformação axial
C-N
105
.
Resultados e Discussão |39
6.3- Composto trans-1,2-diaminocicloexano (trans-dac)
Observamos que a adição da base (NaOH) deve ser feita lentamente, pois a
formação do precipitado ocorre na faixa de pH 4.2-4.5. Em valores maiores ou
menores não há formação. Este composto foi sintetizado, mas não foi utilizado. O
valor do ponto de fusão foi de 325-329°C comparando com a literatura
91
temos 321-
326°C. Para as sínteses foi utilizado o reagente (±)-trans-1,2-diaminocicloexano
adquirido comercialmente.
6.4- Separação do (1S, 2S)-(+)- e (1R, 2R)-(-)-1,2-
diaminocicloexano a partir do (
±
)-trans-1,2-diaminocicloexano
As diaminas opticamente ativas são produtos comerciais, no caso
particular das 1,2-diaminocicloexano, não são comercializadas no país e o grama do
composto (1R,2R)-()-1,2-diaminocicloexano ou (1S,2S)-(+)-1,2-diaminocicloexano
custa R$279,06 (Sigma-Aldrich, 2007). Devido à inviabilidade econômica, fez-se
necessário à separação destes compostos. O reagente utilizado foi o (±)-trans-1,2-
diaminocicloexano (obtido comercialmente). A separação destes compostos foi
realizada facilmente e eles foram obtidos na forma de hidrocloretos. Apresentaram
estabilidade na forma sólida e coloração branca. Para a caracterização dos
estereoisômeros foram executadas medidas de luz plano-polarizada e calculados os
valores da rotação específica (tabela 6.4.1).
Observando os valores na tabela 6.4.1, a mistura cis/trans e o
racemato trans-(±)-1,2-diaminocicloexano apresentaram valores próximos de (α) e
(α
D
), o que é esperado, pois o isômero cis não deve apresentar desvio de luz plano
polarizada. Os valores obtidos para (1S,2S)-(+)- e (1R,2R)-()-1,2-
diaminocicloexano, traduzem a eficiência do procedimento utilizado
93
.
Resultados e Discussão |40
TABELA 6.4.1: Valores de (α) e (α
D
) para os compostos (1R,2R)-()-1,2-
diaminocicloexano, (1S,2S)-(+)-1,2-diaminocicloexano, trans-(±)-1,2-
diaminocicloexano e cis/trans-1,2-diaminocicloexano.
Composto α α
D
(1R,2R)-()-1,2-diaminocicloexano
-1,812° -9,06°
(1S,2S)-(+)-1,2-diaminocicloexano
+2,116° +10,58°
trans-(±)-1,2-diaminocicloexano
+0,022° +0,011°
cis/trans-1,2-diaminocicloexano
+0,020° +0,010°
6.5- Síntese dos ligantes
6.5.1- Ligantes cis-salcn
As sínteses dos ligantes cis apresentaram maiores dificuldades para
formação do precipitado. A reação para estes ligantes ocorre lentamente. Após 4
horas de reação a quantidade do precipitado formado é mínima e observa-se uma
quantia de massa pastosa de cor branca, indicando a formação de um subproduto: o
sulfato de sódio. O subproduto é formado pela reação do sulfato da amina com os
íons sódio dissociados, devido à adição de acetato de sódio. Não seria adequada
uma modificação na rota sintética porque é necessário o uso de um acetato para
desprotonação da amina. O subproduto da reação foi isolado e analisado por IV. A
presença de sulfato de sódio como subproduto da reação foi confirmada por
comparação do espectro do subproduto com uma amostra comercial (figura 6.5.1).
As soluções resultantes do isolamento do subproduto foram evaporadas até
diminuição de metade do conteúdo, aproximadamente 5mL e adicionados 15 mL de
clorofórmio/hexano na proporção 3:1 respectivamente. Os sólidos foram obtidos
após a evaporação dos solventes.
A formação do subproduto nas reações ocasionou um rendimento sintético
relativamente baixo para esse tipo de ligante 43-56% (tabela 6.5.1). Os ligantes
apresentaram coloração de vários tons de amarelo e em geral apresentaram-se
insolúveis em água (temperatura ambiente e com aquecimento) e muito solúveis em
acetonitrila, acetona, clorofórmio, diclorometano, DMSO, DMF. São solúveis em
Resultados e Discussão |41
Transmitância/número de onda cm
-
1
solventes cujas constantes dielétricas são de valores intermediários a baixos, ou
seja em solventes mais “apolares”.
FIGURA 6.5.1: Espectros de IV: Subproduto da reação e amostra comercial de
NaSO
4
anidro
.
TABELA 6.5.1: Ligantes cis: Fórmula, massa molar, rendimento sintético e ponto de
fusão.
Ligante Fórmula F.W. (g/mol) Rend.(%) P. de Fusão(ºC)
salcn
C
20
H
22
N
2
O
2
322,40 45 121,1
3-MeO(salcn)
C
22
H
26
N
2
O
4
382,40 43 130,5
3-EtO(salcn)
C
24
H
30
N
2
O
4
410,40 47 124,2
5-Br(salcn)
C
20
H
20
N
2
O
2
Br
2
480,20 50 123,9
5-Cl(salcn)
C
20
H
20
N
2
O
2
Cl
2
391,30 54 135,9
3,5-Br(salcn)
C
20
H
18
N
2
O
2
Br
4
637,99 52 225,7
3,5-Cl(salcn)
C
20
H
18
N
2
O
2
Cl
4
460,18 56 214,1
Subproduto da reação
Amostra comercial
Resultados e Discussão |42
6.5.2- Ligantes trans-salcn
Os ligantes trans-salcn foram obtidos sem dificuldade e a precipitação
ocorreu instantaneamente após a adição da amina. Os valores dos rendimentos
obtidos foram bem próximos aos calculados teoricamente. Os resultados dos testes
de solubilidade foram idênticos aos dos ligantes cis. Os valores dos rendimentos
experimentais estão dispostos na tabela 6.5.2
TABELA 6.5.2: Ligantes trans: Fórmula, massa molar, rendimento sintético e ponto
de fusão.
Ligante Fórmula F.W. (g/mol) Rend.(%) P. de Fusão(ºC)
salcn
C
20
H
22
N
2
O
2
322,40 90 120,5
3-MeO(salcn)
C
22
H
26
N
2
O
4
382,40 94 128,8
3-EtO(salcn)
C
24
H
30
N
2
O
4
410,40 86 123,5
5-Br(salcn)
C
20
H
20
N
2
O
2
Br
2
480,20 85 159,5
5-Cl(salcn)
C
20
H
20
N
2
O
2
Cl
2
391,30 89 160,8
3,5-Br(salcn)
C
20
H
18
N
2
O
2
Br
4
637,99 92 235,3
3,5-Cl(salcn)
C
20
H
18
N
2
O
2
Cl
4
460,18 88 214,9
6.5.3- Ligantes S,S- e R,R(salcn)
A síntese destes ligantes foi extremamente trabalhosa, os ligantes com
substituição 3,5-Cl(salcn) e 3,5-Br(salcn) foram formados instantaneamente após
adição do aldeído. Com 3 horas de reação apenas os ligantes de substituição 5-
Cl(salcn), 5-Br(salcn), foram obtidos. Para os ligantes com substituição H(salcn) e 3-
MeO(salcn) a formação do precipitado ocorreu após 12 horas durante a refrigeração
em temperaturas inferiores a 0°C. A precipitação do ligante SS-3-EtO(salcn) ocorreu
após adicionarmos pequenas quantidades de um solvente apolar (tolueno). O
ligante RR-3-EtO(salcn) foi mais trabalhoso, pois com a adição do solvente apolar o
composto passou a uma consistência de graxa. O problema foi solucionado
adicionando uma quantidade suficiente de clorofórmio/hexano 3:1 para solubilizar o
produto e com a evaporação dos solventes o sólido foi coletado. Os testes de
solubilidade foram semelhantes aos dos ligantes cis-salcn (item 6.5.1). O rendimento
foi de 41-76% (tabela 6.5.3)
Resultados e Discussão |43
TABELA 6.5.3: Ligantes RR-(salcn) e SS-(salcn): Fórmula, massa molar, rendimento
sintético e ponto de fusão.
Rend.(%) P. de Fusão(ºC) Ligante Fórmula F.W.
(g/mol)
RR SS RR SS
salcn
C
20
H
22
N
2
O
2
322,40 68 61 116-118 117-118
3-MeO(salcn)
C
22
H
26
N
2
O
4
382,40 50 45 132-133 133-134
3-EtO(salcn)
C
24
H
30
N
2
O
4
410,40 41 46 122-123 121-122
5-Br(salcn)
C
20
H
20
N
2
O
2
Br
2
480,20 71 73 165-166 161-162
5-Cl(salcn)
C
20
H
20
N
2
O
2
Cl
2
391,30 65 70 159-160 159-160
3,5-Br(salcn)
C
20
H
18
N
2
O
2
Br
4
637,99 72 75 223-224 225-226
3,5-Cl(salcn)
C
20
H
18
N
2
O
2
Cl
4
460,18 76 72 207-208 210-211
6.6- Caracterização dos ligantes
A apresentação dos dados dos ligantes foi feita em forma de tabelas.
Devido ao grande número de ligantes sintetizados não estão ilustrados todos os
espectros. Os espectros faltantes no texto são encontrados no anexo 1, 2 e 3 do
CD-ROM. Os dados estão dispostos seguindo a ordem de substituição dos ligantes.
Todos os dados apresentados foram comparados com os compostos idênticos ou
similares encontrados na literatura
107-115
, exceto os compostos cis-salcn que não
apresentam muitos dados publicados.
A apresentação dos resultados da caracterização é iniciada pelos
ligantes salcn que são os ligantes mais simples utilizados neste trabalho. Devido à
similaridade entre os 28 ligantes optamos por uma discussão detalhada para os
ligantes salcn. Para os outros ligantes serão discutidas somente as modificações
observadas pela influência do substituinte.
Resultados e Discussão |44
6.6.1- Ligantes salcn
6.6.1.1- Análise dos espectros na região do
infravermelho
A atribuição total dos espectros de infravermelho das bases de Schiff
geralmente é muito difícil, pois existem vários acoplamentos vibracionais na
molécula
108,109
.Devido ao grande número de dados apresentados na literatura,
muitas atribuições geram controvérsias
108,116
.
Os ligantes, base de Schiff tipo salen, possuem em sua estrutura um
grupo hidroxila (OH) na posição orto ao grupo imina. Nos espectros da região do
infravermelho espera-se a presença de uma banda forte na região de 3800-3300cm
-1
característica do estiramento O-H
98,117.
Observando esta região nos espectros
(figura 6.6.1.1) nota-se a ausência desta banda. A ausência do estiramento O-H,
pode ser justificada pelo deslocamento desta banda para regiões de menor
freqüência causada pela interação OH---N=C (figura 6.6.1.2)
109
. Quando ocorre a
formação da ligação intramolecular do hidrogênio, a ligação OH é então
enfraquecida, deslocando o estiramento para freqüências menores, onde ocorre um
alargamento da banda podendo ter o total desaparecimento
110
. A relativa
planaridade destes ligantes somada com a distância intramolecular adequada
favorece a ligação de hidrogênio
109
. A presença de grupos doadores no anel
benzênico faz existir um aumento na densidade eletrônica no oxigênio do grupo
hidroxila o que favorece uma ligação forte O-H. Entretanto, existe também a
presença do par de elétrons livre do nitrogênio do grupo imina somado com o caráter
básico do nitrogênio que apresenta uma configuração sp
2
, que dispõe facilmente o
seu par de elétrons favorecendo a ligação do hidrogênio
110
. A localização da banda
de estiramento do NHO é na região de 3019 e 3014cm
-1
109
.
Resultados e Discussão |45
Transmitância/número de onda (cm
-
1
)
FIGURA 6.6.1.1: Espectro vibracional para o trans-salcn na região de 4000 a 350
cm
-1
, em pastilhas de KBr.
FIGURA 6.6.1.2: Estrutura de ressonância da formação da ligação intramolecular do
hidrogênio
108
.
A vibração do estiramento do CH de anel aromático apresenta
geralmente três bandas de absorção da região entre 3080 – 3030 cm
-1
e a =CH é
esperada na região de 3040-3010 cm
-1
e pode ser sobreposta pelo primeiro grupo
116
.
No espectro da figura 6.6.1.1 há bandas de baixa intensidade na região de 3010-
3025 cm
-1
. A vibração do estiramento C=N em iminas alifáticas aparece em 1670
cm
-1
e pode ser deslocada para regiões de menor freqüência por conjugação, Ar-
CH=NR apresenta este estiramento em 1654 cm
-1
e Ar-CH=NAr em 1637 cm
-1
116
.
Observando o espectro da figura 6.6.1.3, temos a deformação assimétrica desta
ligação em 1634 cm
-1
para o ligante cis-(salcn)
98,99
. O deslocamento desta banda
Resultados e Discussão |46
Transmitância/número de onda (cm
-
1
)
para região de 1635-1620 cm
-1
é um indicativo da ligação de hidrogênio que é
causada pela contribuição do δNH e do υCO.
FIGURA 6.6.1.3: Espectro vibracional para o cis-(salcn) na região de 3000 a 350 cm
-
1
, em pastilhas de KBr.
No espectro (figura 6.6.1.4) do ligante SS-(salcn) são observadas
também as vibrações C=C do anel aromático em 1580 cm
-1
e 1500 cm
-1 108,116
. Os
estiramentos C-N ocorrem na região de 1400-1320 cm
-1
para os ligantes trans e SS-
(salcn) este estiramento ocorre em 1383 cm
-1 108
.
Na região de 1220 cm
-1
encontram-se as bandas de absorção
referentes ao estiramento C-O. Entretanto a vibração do υCO pode-se deslocar para
a região de 1280 cm
-1
116
quando o composto apresenta a ligação OHN. As bandas
referentes as vibrações de deformação dos anéis aromáticos no plano ocorrem na
região de 1225-960 cm
-1
e as bandas correspondentes as vibrações fora do plano
aparecem entre 860-735 cm
-1
. A deformação angular do OH apresenta banda na
região de 725 cm
-1
, mas se houver a interação da ligação de hidrogênio (OHN) esta
banda é deslocada para a região de 825 cm
-1 116
. Os valores das principais bandas
de absorção para os ligantes sem substituição estão compilados na tabela 6.6.1.1.
Resultados e Discussão |47
TABELA 6.6.1.1: Atribuição tentativa das principais bandas observadas nos
espectros vibracionais para os ligantes salcn.
cis-(salcn) trans-(salcn) RR-(salcn) SS-(salcn)
Ref.
98-99,107-110
Atribuição
3015 mf 3015 mf 3012 mf 3013 mf 3015 mf
ν
ar
CH
2933 m 2938 m 2932 m 2935 f 2941 m
ν
al
CH
2858 f 2847 f 2849 m 2847 f 2849 m
ν
al
CH
1634 m 1628 mF 1629 mF 1628 mF 1630 mF
νC=N
1578 m 1580 m 1578 m 1577 m 1581 m
ν
ar
CC
1500 F 1501 F 1501 F 1500 F 1502 f
ν
ar
CC
1461 m 1457 m 1460 m 1459 m 1461 m
δ
al
CH
2
1381 m 1383 m 1383 m 1383 f 1383 f
νC-N
no 1341 f 1340 f 1338 f 1342 f
δ
al
CH
2
1281 F 1280 mF 1280 mF 1279 mF 1281 F
νCO
1203 m 1215 m 1207 f 1201 f 1216 f
δ
al
CH
2
1143 m 1147 F 1146 F 1146 F 1147 m
νNC,
δ
al
CH
2
1081 m 1095 m 1093 m 1095 m 1096 m
δ
ar
CH
1030 m 1045 m 1045 F 1046 F 1047 m
ν
al
CC
827 m 846 F 847 F 845 F 846 m
γOH
756 mF 765 mF 766 mF 764 F 768 mF
ν
ar
CC
632 m 659 m 659 m 659 m 661 f
δ
ar
anel
no: não observado – mf(muito fraco), f(fraco), m(médio), F(forte), mF(muito forte).
Resultados e Discussão |48
Transmitância/número de onda (cm
-
1
)
FIGURA 6.6.1.4: Espectro vibracional para o SS-(salcn) na região de 4000 a 350 cm
-
1
, em pastilhas de KBr.
6.6.1.2- Análise dos espectros eletrônicos na região do
Ultravioleta-visível
Os espectros eletrônicos foram registrados nas regiões de 800-270 nm.
O solvente utilizado nas análises foi o DMSO cujo limite de detecção (transparência
do solvente) é próximo a 270 nm. Os ligantes são solúveis em solventes com um
maior limite de detecção, como a acetonitrila (190 nm)
105
, mas os complexos
apresentam uma maior solubilidade em DMSO. Assim, o DMSO foi utilizado como
solvente para obtenção dos espectros eletrônicos dos ligantes para posterior
comparação com os espectros eletrônicos dos complexos. Cabe ressaltar que as
posições das transições são influenciadas pela polaridade do solvente
119
. As bandas
de transição de cargas exibem geralmente um deslocamento para o vermelho com o
aumento da polaridade do solvente o que denota uma maior estabilização do estado
excitado com o aumento da polaridade do solvente
121
. Estudos revelam que não
existe uma relação linear da relação dielétrica dos solventes com os valores de
comprimento de onda obtidos
121
.
Resultados e Discussão |49
Os ligantes bases de Schiff apresentam em sua estrutura heteroátomos
como oxigênio, nitrogênio que possuem elétrons não ligantes (elétrons n) além dos
elétrons σ. A transição nσ* necessita de menos energia que a transição σσ* não
apresentando absorção no infravermelho próximo
105
.
O anel benzênico quando isolado apresenta três absorções
características em 184, 204, 256 nm atribuídas às transições tipo ππ*
117
, mas nas
bases de Schiff encontramos o grupo OH ligado ao anel benzênico. Este grupo OH é
um auxocromo que quando ligado a um cromóforo altera tanto o comprimento de
onda quanto a intensidade da absorção
105
.
O deslocamento causado pelos
auxocromos afasta a banda para comprimentos de onda maiores, isto é, para o
vermelho (deslocamento batocrômico)
105
. Para localizar as bandas do anel
benzênico nos ligantes salcn foi realizado um experimento na região do ultravioleta-
visível com o ligante trans-(salcn) em acetonitrila e foram observadas duas bandas
na região de 214 e 254 nm atribuídas a essas absorções características do anel
benzênico
109
.
Os ligantes apresentam as transições nπ* referentes às transições
dos cromóforos C=C e C=N (grupos que contém elétrons π)
105
. A banda nπ* para
compostos iminicos alifáticos aparece em 350 nm com intensidade baixa,
ε
max
<300
105
. A banda que aparece em 317 nm para os ligantes é referente às
transições ππ* envolvendo os orbitais moleculares do cromóforo C=N e do anel
benzênico (figura 6.6.1.2). Para o ligante trans-(salcn) em acetonitrila esta banda
aparece em 315 nm
109
.
Na região de 408 nm observamos um ombro da transição nπ* que
envolve os orbitais moleculares do C=N e do anel benzênico. No espectro eletrônico
utilizando acetonitrila esta transição ocorre em 409 nm para o trans-(salcn)
109
.
A forte ligação intramolecular do hidrogênio que ocorre nas bases de
Schiff pode explicar em parte o deslocamento das bandas que aparecem entre 385 e
420 nm. Cálculos de orbitais moleculares indicam que esta banda é da transição
nπ*, que envolve a promoção de um par de elétrons livres no nitrogênio para um
orbital antiligante π do grupo imina
117
.
Resultados e Discussão |50
300 400 500
0,0
0,5
1,0
Abs.
λ
nm
FIGURA 6.6.2.1 Espectro eletrônico para o ligante RR-(salcn) em DMSO em
concentração 10
-4
M, na região de 250-800 nm, com expansão na região acima de
350nm.
TABELA 6.6.1.2: Atribuição tentativa das posições das bandas observadas nos
espectros eletrônicos para os ligantes salcn.
Ligante
λ (nm)
ππ*
max
)
a
λ (nm)
nπ*
max
)
a
cis-(salcn)
316 8280 408 320
trans-(salcn)
317 8180 408 210
RR-(salcn)
317 8107 408 400
SS-(salcn)
317 10200 408 250
a=
L.mol
-1
.cm
-1
400
0,00
0,02
0,04
0,06
0,08
0,10
0,12
0,14
Abs.
λ nm
Resultados e Discussão |51
6.6.1.3- Análise dos espectros de
1
HRMN e
13
CRMN
A técnica de ressonância magnética nuclear (RMN) é uma ferramenta
muito importante para a elucidação de compostos, sendo muito empregada para
caracterização de compostos diasteroisoméricos. Os ligantes apresentam estruturas
simétricas (figura 6.6.1.3) quimicamente equivalentes.
Os espectros de RMN de
1
H e
13
C para os ligantes, bases de Schiff
(anexo 3), foram obtidos em CDCl
3
, utilizando TMS como padrão interno e um
espectrofotômetro ARX-400 MHz (9,4 Tesla, 400,13 MHz para
1
H e 100,62 MHz
para
13
C ) em temperatura ambiente.
Foi observado nos espectros de
1
HRMN para os ligantes, um singleto
na região de 13 ppm atribuído ao deslocamento químico do grupo OH
109
. Os
hidrogênios da ligação C-H do grupo imino (N=C(H)-) observou-se singletos na
região de 8,32-8,25 ppm. Os deslocamentos químicos para os hidrogênios do anel
aromático foram observados por multipletos na região entre 6,83-6,76 ppm
109-111
. Os
multipletos encontrados na região de 3,61-3,30 ppm foram classificados para os
hidrogênios do carbono C8 da ponte, ligado diretamente ao nitrogênio
109-111
. O
deslocamento químico dos hidrogênios do C8 para o ligante cis-(salcn) apresenta
um valor diferente dos encontrados para os outros ligantes salcn, evidenciando a
diferença da posição destes hidrogênios em relação aos outros ligantes. Os
hidrogênios das posições C9 e C10 não foram atribuídos devido à proximidade
destes multipletos na região de 1,87-1,71 ppm
111-113
. Para elucidar estes multipletos
seriam necessários outros experimentos como HSQC ou HMBC que permitiriam a
exata atribuição. Esses experimentos não foram executados porque são
experimentos que levam de 6 a 12 horas para apresentarem resultados razoáveis.
Para os valores de deslocamento químico de
13
CRMN, para os ligantes
salcn comparados com compostos similares encontrados na literatura
109,111-113,122
,
(tabela 6.6.1.3a), encontramos valores bem próximos. Analisando os espectros dos
ligantes encontramos uma diferença no deslocamento químico para os carbonos nas
posições 8, 9 e 10 do ligante cis-(salcn) (figura 6.6.1.3). Para os outros ligantes os
valores de deslocamento químico aparecem em C8-72,6 ppm, C9-33,07 ppm e C10-
24,11 ppm e para o ligante cis-(salcn) estes deslocamentos químicos são C8- 69,42
ppm, C9-30,64 ppm e C10-22,45 ppm. Pelo fato destes compostos serem pouco
explorados, não foi possível realizar um estudo comparativo com compostos
Resultados e Discussão |52
similares. Analisando a posição dos carbonos e os deslocamentos químicos, temos
a diferença entre os ligantes cis-(salcn) e os outros ligantes, isto é, as posições dos
hidrogênios dos carbonos 8, 9,10 do ligante cis-(salcn) que são diferentes dos
hidrogênios dos carbonos 8, 9 e 10 dos outros ligantes. Na tabela 6.6.1.3b encontra-
se os valores dos deslocamentos químicos de
1
H para os ligantes.
5
4
3
2
1
6
7
N
8
N
OH HO
10
9
FIGURA 6.6.1.3: Estrutura do ligante salcn
TABELA 6.6.1.3a: Tentativas de atribuição dos deslocamentos químicos (ppm)
13
C
dos ligantes salcn
no= não observado
TABELA 6.6.1.3b: Tentativas de atribuição dos deslocamentos químicos (ppm)
1
H
dos ligantes salcn).
δOH δC7-H δfenil δC8-H δC9-C10-H
cis-(salcn)
13,47(s) 8,35(s) 6,83-7,25 (m) 3,62-3,60(m) 1,49-2,03(m)
trans-(salcn)
13
13,33(s) 8,24(s) 6,77-7,24 (m) 3,35-3,28(m) 1,45-1,96(m)
RR-(salcn)
13,34(s) 8,25(s) 6,76-7,23(m) 3,30-3,33(m) 1,47-1,92(m)
SS-(salcn)
13,35 (s) 8,26 (s) 6,78-7,24 (m) 3,30-3,31(m) 147-1,87(m)
cis-(salcn) trans-(salcn)
109
RR-(salcn) SS-(salcn)
Ref
95,111-113
C-1
118,7 118,8 no 118,6 118,61
C-2
161,1 161,2 160,9 160,8 160,91
C-3
116,9 117,0 116,7 116,7 116,7
C-4
132,2 132,2 132,1 132,1 132,13
C-5
118,4 118,5 118,5 118,5 118,57
C-6
131,3 131,4 131,4 131,4 131,45
C-7
164,0 164,1 164,6 164,6 164,67
C-8
69,4 69,4 72,6 72,5 -
C-9
30,6 30,6 33,0 33,0 -
C-10
22,4 22,4 24,1 24,1 -
Resultados e Discussão |53
6.6.2- Ligantes com substituição na posição 3 e 3’.
3-MeO(salcn) e 3-EtO(salcn)
Neste item temos a caracterização do ligante base de Schiff com
substituição em ambos os anéis aromáticos nas posições 3 e 3’ do grupo doador de
elétrons metoxi e etoxi.
(a) (b)
FIGURA 6.6.2: (a) 3-MeO(salcn) e (b) 3-EtO(salcn).
6.6.2.1- Análise dos espectros na região do
infravermelho
A técnica de absorção na região do infravermelho é uma importante
aliada na caracterização dos grupos funcionais presentes em uma molécula. Os
espectros destes ligantes apresentaram varias bandas na região de 4000 a 350 cm
-
1
. O estiramento C=N encontrado na região de 1626-1630 cm
-1 98-99,107-111
. No
estiramento CO, comparado com os ligantes sem substituição salcn, observamos um
deslocamento para a região de 1269-1251cm
-1
e um ligeiro aumento na intensidade
e alargamento da banda. O substituinte metoxi e etoxi apresentam uma ligação C-O-
C e a mistura destas vibrações podem produzir essas alterações. As principais
atribuições das bandas para os ligantes 3-MeO(salcn) estão compiladas na tabela
6.6.2.1a e para 3-EtO(salcn) na tabela 6.6.2.1b O ligante cis-3MeO(salcn) e cis-
3EtO(salcn) apresentam duas bandas em 3646 e 3534cm
-1
(figura 6.6.2.1) que são
atribuídas aos estiramentos assimétricos e simétricos respectivamente, de O-H, de
Resultados e Discussão |54
H
2
O e OH coordenada, sugestivo a presença de água superficial o que não ocorre
para os outros ligantes. O estiramento C=N é encontrado na região de 1626-
1629cm
-1
. O estiramento C-O aparece como uma banda muito intensa na região de
1249-1258cm
-1
.
TABELA 6.6.2.1a: Atribuição tentativa das principais bandas (cm
-1
) observadas nos
espectros vibracionais para os ligantes 3-MeO(salcn).
cis-3-
MeO(salcn)
trans-3-
MeO(salcn)
RR-3-
MeO(salcn)
SS-3-
MeO(salcn)
Atribuição
no 3007 mf 3008 f 3006 f
ν
ar
CH
2932 m 2936 m 2938 m 2937 m
ν
al
CH
2861f 2859 f 2850f 2867 f
ν
al
CH
1628 F 1628 mF 1630 F 1626 mF
νC=N
1578 m 1583 m 1585 m 1585 m
ν
ar
CC
1466 F 1462 m 1463 F 1463 mF
δ
al
CH
2
1351 f 1345 f 1337m 1334 f
δ
al
CH
2
1251 mF 1254 mF 1269 mF 1252 mF
νCO
1141f 1146 f 1142 f 1141 mf
νNC, δ
al
CH
2
1080 m 1081 F 1090 F 1088 F
δ
ar
CH
1013 f 1041 f 1043 f 1040 f
ν
al
CC
859 mf 838 m 859 m 859 m
γOH
741 m 732 F 729 F 727 F
ν
ar
CC
654 mf 646 f 647 m 644 f
δ
ar
anel
no: não observado – mf(muito fraco), f(fraco), m(médio), F(forte), mF(muito forte).
Resultados e Discussão |55
TABELA 6.6.2.1b: Atribuição tentativa das principais bandas (cm
-1
) observadas nos
espectros vibracionais para os ligantes 3-EtO(salcn).
cis-3-EtO(salcn) trans-3-EtO(salcn) RR-3-EtO(salcn) SS-3-EtO(salcn) Atribuição
3055 mf 3056 mf 3058 mf 3058 f
ν
ar
CH
2931 m 2935 m 2931m 2933 m
ν
al
CH
2860 f 2853 f 2859 f 2852 f
ν
al
CH
1627 F 1628 F 1626 mF 1629 mF
νC=N
1581 f 1583 f 1581 f 1583 m
ν
ar
CC
1465 F 1468 mF 1463 mF 1466 F
δ
al
CH
2
1395 m 1393 m 1391 m 1391 m
δ
im
CH
1349 f 1337 f 1341 f 1334 m
δ
al
CH
2
1250 mF 1258 F 1249 mF 1254 F
νCO
1139 f 1147 f 1146 f 1147 f
νNC, δ
al
CH
2
1079 m 1084 F 1078 m 1081 F
δ
ar
CH
1031 mf 1043 f 1044 mf 1042 f
ν
al
CC
857 f 845 m 844 mf 843 m
γOH
740 m 731 F 734 m 730 F
ν
ar
CC
614 f 647 f 651f 646 m
δ
ar
anel
no: não observado – mf(muito fraco), f(fraco), m(médio), F(forte), mF(muito forte).
FIGURA 6.6.2.1: Espectros vibracionais na região de 3800-600cm
-1
para os ligantes
cis-3-MeO(salcn) e cis-3-EtO(salcn), em pastilhas de KBr.
cis-3-MeO(salcn)
cis-3-EtO(salcn)
Resultados e Discussão |56
6.6.2.2- Análise dos espectros eletrônicos na região do
Ultravioleta-visível
Os espectros eletrônicos para os ligantes com substituição na posição
3 e 3’, apresentaram duas bandas na região compreendida de 270-800 nm (figura
6.6.2.2) utilizando DMSO como solvente. As atribuições realizadas foram feitas de
forma comparativa com compostos similares encontrados na literatura
94,117
.
As bandas referentes as transições ππ* para os ligantes 3-
MeO(salcn), suegem no comprimento de onda de 331 nm, exceto para o ligante
trans que apresentou a banda em 332 nm. Para os ligantes 3-EtO(salcn), a banda
de transição ππ* que envolve essencialmente os orbitais molecular do grupo C=N
e do anel benzeno,
94,110
aparece 332 nm. A banda fraca que ocorre de 419-423 nm
da transição nπ* que também é atribuída ao grupo C=N e ao anel benzeno
aparece para os ligantes. As atribuições e valores de absortividade molar estão na
tabela. 6.6.2.2.
300 400 500 600 700 80
0
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
Abs.
λ
nm
FIGURA 6.6.2.2: Espectro eletrônico para o ligante trans-(±)-3-MeO(salcn), em
DMSO em concentração 10
-4
M, na região de 250-800nm.
Resultados e Discussão |57
TABELA 6.6.2.2: Atribuição tentativa das principais posição das bandas observadas
nos espectros eletrônicos para os ligantes 3-MeO(salcn) e 3-EtO(salcn).
Ligante
λ (nm)
ππ*
max
)
a
λ (nm)
nπ*
max
)
a
cis-3-MeO(salcn)
331 5164 420 689
trans-3-MeO(salcn)
332 5315 422 701
RR-3-MeO(salcn)
331 5876 423 559
SS-3--MeO(salcn)
331 5670 420 580
cis-3-EtO
332 5286 420 480
trans-3-EtO
332 5520 419 440
RR-3-EtO
332 5100 422 500
SS-3-EtO
332 5310 419 470
a=
L.mol
-1
.cm
-1
Com o propósito de localizar todas as bandas dos ligantes incluindo as
três bandas características do anel benzênico, foi adquirido um espectro na região
do ultravioleta-visível para o ligante trans-3-EtO(salcn), utilizando acetonitrila como
solvente.
O ligante trans-3-EtO(salcn) (solvente acetonitrila) apresentou 5
bandas, das quais três (196, 221, 259 nm) são picos característicos do anel
benzênico. Em 330 e 409 nm são encontrados os picos correspondente as
transições ππ* e nπ* do grupo C=N e anel benzênico. Realizamos a
desconvolução (figura 6.6.2.2.1) para o espectro eletrônico para este ligante, onde a
banda 214nm foi separada em dois outros picos em 213.4 e 225.5 nm.
109
Os valores
calculados para absorção máxima, absorptividade molar e a força do oscilador para
cada pico estão apresentados na tabela. 6.6.2.2.1.
TABELA 6.6.2.2.1: Gaussian/Lorentzian – Bandas do espectro na região do UV do
trans-3-EtO(salcn)
109
.
Banda
λ
max
.10
-3
cm
-1
ε
max
a
.
10
-3
Força do Oscilador
nπ* (C=N)
23.62 0.42 6.72 x 10
-3
ππ* (C=N)
30.49 6.00 1.21 x 10
-2
ππ* (C=C)
37.00 17.50 2.20 x 10
-1
ππ* (C=C)
39.11 22.10 2.88 x 10
-1
ππ* (C=C)
44.97 53.40 1.13
trans-3EtO(salcn)
R= 1.63%
ππ* (C=C)
50.99 40.50 1.04
a
dm
3
.mol
-1
.cm
-1
Resultados e Discussão |58
FIGURA 6.6.2.2.1: Análise Gaussiana do espectro na região do UV-vis em
acetonitrila para o ligante trans-3EtO(salcn)
109
.
6.6.2.3- Análise dos espectros de
1
HRMN e
13
CRMN
Os carbonos que constituem a estrutura dos ligantes foram numerados
de acordo com a estrutura como mostrado na figura 6.6.2.3. Foi observado um
singleto na região próxima de 14 ppm, correspondente ao deslocamento químico do
grupo OH, e para o carbono C2 onde a hidroxila esta ligada, encontra o sinal na
região de 147 ppm. Os sinais dos hidrogênios do grupo metoxi são multipletos na
região de 3,87
114
e o carbono C11 do mesmo grupo na região entre 63,86 - 64,46
ppm. Para o ligante RR-3MeO (salcn não observado o sinal do carbono C11 e para
os ligantes trans-3-MeO(salcn) o sinal do C10 não aparece no espectro, uma
justificativa seria o tempo utilizado para aquisição do experimento, experimentos de
carbono-13 necessitam de um número maior de scans, principalmente em amostras
mais diluídas como a utilizada para o ligante RR-3-MeO(salcn).
Para o ligante 3-EtO(salcn) observamos o sinal do C12 (grupo metila)
próximo da região de 22-24 ppm. A tabela 6.6.2.3a e 6.6.2.3b fornece os
deslocamentos químicos para
13
C e
na tabela 6.6.2.3c os deslocamentos químicos
de
1
H para os ligantes 3-MeO(salcn) e 3-EtO(salcn).
Resultados e Discussão |59
5
4
3
2
1
67
N
8
N
OH HO
10
9
O
O
11
(a) (b)
FIGURA 6.6.2.3: Estrutura do ligante: (a) 3-MeO(salcn) e (b) 3-EtO(salcn).
TABELA 6.6.2.3a: Tentativas de atribuição dos deslocamentos químicos (ppm)
13
C
para os ligantes 3-MeO(salcn).
cis-3-MeO(salcn)
(ppm)
trans-3-
MeO(salcn)
(ppm)
RR-3-MeO(salcn)
(ppm)
SS-3-MeO(salcn)
(ppm)
C-1
118,7 118,3 118,3 117,9
C-2
152,1 151,7 151,5 151,1
C-3
147,6 147,2 148,2 146,8
C-4
115,4 115,5 113,8 115,1
C-5
117,7 117,5 117,8 117,2
C-6
123,2 122,8 123,1 122,5
C-7
164,1 163,8 164,7 164,3
C-8
68,9 68,4 72,3 no
C-9
30,3 29,2 30,8 32,1
C-10
22,4 no 24,01 23,3
C-11
64,4 63,8 no 63,6
no = não observado
5
4
3
2
1
67
N
8
N
OH HO
10
9
O
O
11
12
Resultados e Discussão |60
TABELA 6.6.2.3b: Tentativas de atribuição dos deslocamentos químicos (ppm)
13
C
para os ligantes 3-EtO(salcn).
cis-3-
EtO(salcn
trans-3-
EtO(salcn)
13
RR-3-
EtO(salcn)
SS-3-
EtO(salcn)
C-1
118,7 118,4 118,4 117,8
C-2
152,1 151,7 151,6 151,1
C-3
147,6 147,5 147.4 146,7
C-4
115,3 115,1 115,0 115,0
C-5
117,7 117,8 117,8 117,1
C-6
123,2 123,1 123,1 122,5
C-7
164,1 164,7 164.7 164,2
C-8
68,8 72,4 72,3 71,3
C-9
30,2 33,0 32,9 32,0
C-10
22,4 24,0 23,9 23,2
C-11
64,4 64,3 64,2 63,5
C-12
14,8 14,8 14,8 14,5
Observando a tabela 6.6.2.3c, o ligante 3-MeO(salcn) não apresenta o
deslocamento químico para os hidrogênios do grupo metoxi, o sinal pode ter sido
substituído pelo sinal do solvente (etanol) residual utilizado na lavagem dos tubos de
RMN.
TABELA 6.6.2.3c: Tentativas de atribuição dos deslocamentos químicos
1
H para os
ligantes 3-MeO(salcn) e 3-EtO(salcn).
δO-H δC7-H δfenil δO-CH3 δC8-H δC9-C10-H
cis-3-
MeO(salcn)
13,92 (s) 8,31 (s) 6,90-6,72 (m) 4,08 (m) 3,67 (m) 1,44-1,97 (m)
trans-3-
MeO(salcn)
13,62 (s) 8,63 (s) 6,87-6,83 (m) 3,98 (s) 3,82 (m) 1,4-1,97 (m)
RR-3-
MeO(salcn)
13,87 (s) 8,24 (s) 6,82-6,70 (m) no 3,32(m) 1,45-1,96 (m)
SS-3-
MeO(salcn)
13,70 (s) 8,50 (s) 6,83-6,70 (m) 3,87 (m) 3,64(m) 1,47-1,89 (m)
δOH δC7H δfenil δO-CH2 δC8-H δC9-C10-H
δCH3
cis-3-
EtO(salcn)
13,93 (s) 8,42 (s)
6,72-6,9 (m)
4,08 (m) 3,65 (m) 1,57-1,61 (m)
1,44
(m)
trans-3-
EtO(salcn)
13,91 (s) 8,23 (s)
6,70-6,84 (m)
4,06 (m) 3,31 (m) 1,50-1,96 (m)
1,46 (m)
RR-3-
EtO(salcn)
13,93 (s) 8,23 (s)
6,68-6,8 (m)
4,05 (m) 3,71 (m) 1,45-1,94 (m)
1,22
(m)
SS-3-
EtO(salcn)
13,92 (s) 8,25 (s) 6,7-6,6 (m) 4,11 (m) 3,65 (m) 1,6-1,9 (m)
1,45 (m)
s= singleto, m= multipleto. no = não observado.
Resultados e Discussão |61
6.6.2.4- Estudos Cristalográficos
123-126
6.6.2.4.1- cis- e trans-3MeO(salcn)
Os cristais dos ligantes cis- e trans-3-MeO(salcn) foram obtidos pela
evaporação lenta de uma solução dos compostos em etanol. O resumo dos dados
cristalográficos está apresentado na tabela 6.6.2.4.1.
TABELA 6.6.2.4.1: Dados cristalográficos dos ligantes cis- e trans-3-MeO(salcn).
cis-3MeO(salcn) trans-3MeO(salcn)
Fórmula Empírica
C
22
H
26
N
2
O
4
C
22
H
26
N
2
O
4
Peso molecular
382.45 382.45
Temperatura
293(2) K 293(2) K
λ (Mokα)
0,71073 0,71073
Sistema Cristalino
Monoclínico Triclínico
Grupo espacial
P
2
1/c P-1
Dimensões da célula
unitária
a=8.418(2) Ǻ
b=21.047(7) Ǻ
c=11.333(2) Ǻ
β= 93.26(2) °
a=10.1013(9) Ǻ
b=10.9510(10)Ǻ
c=11.6820(10) Ǻ
β=112.459(8)
Volume
2004.7(9) Ǻ
3
1029.2(11) Ǻ
3
Z
4 2
Densidade (calc.)
1.267 g/cm
3
1.234 g/cm
3
Coeficiente de absorção
(µ)
0.087 mm
-1
0.085 mm
-1
F(000)
816 408
Tamanho do cristal
(aprox.)
0.25x 0.18x 0.15 0.13 x 0.13x 0.33
θ min, θ max.
3.1, 21.4 2.3, 28.7
Índices de R finais [I>2σ
(I)]
R
1
=0.0565;
wR
2
= 0.1350
R
1
=0.0489;
wR
2
= 0.1478
Após a determinação das estruturas foi realizada uma pesquisa, onde
foi verificada a inexistência da determinação cristalográfica destes ligantes. Os
depósitos das estruturas foram realizados no Centro de Dados Cristalográficos de
Cambridge (CCDC-Cambridge Crystallographic Data Centre) e são de número
26931 para o ligante cis-3MeO(salcn) e 267071 para o ligante trans-3MeO(salcn).
Na molécula (figura 6.6.2.4.1) observa-se que os átomos de hidrogênio
dos carbonos C1 e C2 e os átomos de nitrogênio N1 e N2 estão na posição cis. As
Resultados e Discussão |62
distâncias entre os átomos C1-N1 e C2-N2 são 1.474Ǻ e 1459Ǻ (tabela 6.6.2.4.2)
respectivamente são maiores que as C7-N1(1.281Ǻ) e C14-N2 (1.273Ǻ), essa
diminuição do comprimento da ligação caracteriza a dupla ligação existente no grupo
imino.
FIGURA 6.6.2.4.1: Estrutura molecular do ligante cis-3-metoxisalcn
CCDC 26931: E. Tozzo, R.H. de Almeida Santos, M. T. do Prado Gambardella, V. M B.
Poiani, S. Romera, M.P. dos Santos, E. R. Dockal
Como comentado anteriormente, as bases de Schiff que possuem em
sua estrutura o grupo hidroxila na posição orto ao grupo imina podem formar dois
tipos de ligação de hidrogênio: a forma ceto-amina (NH...O) e enol-imina (N...OH)
21
.
A estrutura de raios-X revela que o tautômero enol é mais favorável que o tautômero
ceto. Isto é evidenciado pela distância entre os átomos que compõem o grupo
iminico citado acima e pela distância de ligação entre C9-O1(1.355Ǻ) e C16-O2
(1.351Ǻ) cujo valor é consistente com a ligação simples de C-O
21
.
O ângulo de ligação para O1—HO1—N1 é de 147° e O2—HO2—N2 é de 146°. E o
ângulo de ligação de C21—H21_A—O4 e C22—H22_B—O2 são de 157° e 171°
respectivamente.
Na figura 6.6.2.4.1.2 pode-se observar os átomos de hidrogênio nos
carbonos C1 e C2 e os átomos de nitrogênio N2 e N1 na posição trans. Os
comprimentos de ligação para N1-C2 e N2-C1 são bem próximos aos encontrados
para os ligantes cis (tabela 6.6.2.4.2). As distâncias entre os átomos N1-C7 e N2-
C15 diminuem aproximadamente 0.2Ǻ comparado com as distâncias N1-C2 e N2-C1
(tabela 6.6.2.4.1.2). Neste ligante o tautômero enol também é favorecido, pois os
Resultados e Discussão |63
valores de C9-O1 e C17-O2 (tabela 6.6.2.4.2) caracterizam a ligação simples
21
. O
ângulo de ligação para O1—HO1—N1 e O2—HO2—N2 são idênticos 152°.
FIGURA 6.6.2.4.1.2: Estrutura molecular do ligante trans-3-metoxi(salcn)
CCDC 267071: E. Tozzo, R.H. de Almeida Santos, M. T. do Prado Gambardella, V. M. B.
Poiani, S. Romera, M. P. dos Santos, E. R. Dockal.
TABELA 6.6.2.4.1.2: Distâncias (Ǻ) e ângulos interatômicos(°) para os ligantes cis- e
trans- 3-MeO(salcn).
cis 3-MeO(salcn)
trans 3-MeO(salcn)
O1 -C9 1.355(9) O1 -C9 1.355(3)
O2 -C16 1.351(8) O2 -C17 1.349(3)
O3 -C10 1.362(10) O3 -C10 1.365(3)
O3 -C21 1.416(10) O3 -C21 1.406(3)
O4 -C17 1.358(8) O4 -C18 1.366(3)
O4 -C22 1.420(8) O4 -C22 1.422(3)
O1 -HO1 0.8200 O1 -HO1 0.95(3)
O2 -HO2 0.8200 O2 -HO2 0.97(3)
N1 -C7 1.281(11) N1 -C7 1.272(3)
N1 -C1 1.474(9) N1 -C1 1.460(2)
N2 -C14 1.273(10) N2 -C15 1.271(3)
N2 -C2 1.459(8) N2 -C2 1.460(3)
C1 -N1 -C7 120.1(6) C1 -N1 -C7 118.1(2)
C2 -N2 -C14 119.7(5) C2 -N2 -C15 119.4(2)
N1 -C1 -C2 107.2(5) N1 -C1 -C2 109.40(18)
Resultados e Discussão |64
N1 -C1 -C6 117.0(5) N1 -C1 -C6 110.7(2)
N1 -C7 -C8 120.9(7) N1 -C7 -C8 123.5(2)
N2 -C2 -C1 109.1(5) N2 -C2 -C1 108.6(2)
N2 -C2 -C3 109.3(5) N2 -C2 -C3 109.8(2)
N2 -C14 -C15 121.8(6) N2 -C15 -C16 122.3(2)
6.6.2.4.2- trans 3-EtO(salcn)
109
O cristal apropriado de trans-3-EtO(salcn) foi obtido por evaporação lenta de
uma solução do metanol em temperatura ambiente. Um resumo dos dados
cristalográficos, da coleta de dados da estrutura e refinamento encontra-se na tabela
6.6.2.4.2.
TABELA 6.6.2.4.2: Dados cristalográficos do ligante trans-3-EtO(salcn).
Fórmula Empírica
C24 H30 N2 O4
Peso molecular
410.50
Temperatura
293 (2) K
λ (Mokα)
0,71073
Sistema Cristalino
Triclínico
Grupo espacial
P-1
Dimensões da célula unitária
a = 10.295(5) Ǻ
b = 11.556(8) Ǻ
c = 11.818(3) Å
β = 111.08(2) °
Volume
1108.3(14) Å
3
Z
2
Densidade (calc.)
1.230 g/cm
3
Coeficiente de absorção (µ)
0.084
F(000)
440
Tamanho do cristal (aprox.)
0.10 x 0.15 x 0.30 mm
θ min, θ max.
2.5, 27.0 °
Índices de R finais [I>2σ (I)]
R
1
=0.0490; wR
2
= 0.1411
Resultados e Discussão |65
Analisando os dados de raios-X do trans-3-EtO(salcn), observa-se o
grupo iminico na configuração trans, apresentando os dois anéis aromáticos um de
frente ao outro separados por 59,9˚ (figura 6.6.2.4.2.1). As distâncias e ângulos de
ligação analisados estão na tabela 6.6.2.4.2. Os comprimentos e os ângulos de
ligação dentro dos anéis aromáticos são consistentes com aqueles esperados para
os átomos de carbono aromáticos sp
2 123-125
.
As distâncias C16 – C17 (1.449Å) e
C7-C8 (1.445Å) são adequadas para ligações simples entre átomos de carbonos
com hibridização sp
2 109
. Os átomos de nitrogênio dos grupos iminicos formam
ângulos de ligação de C1-N2-C16 de 118.9°e C2-N1-C7 de 118.8˚ confirmando o
caráter sp
2
. Os comprimentos de ligação de N1-C7 1.275Å e N2-C16, 1.271Å
concordam com os publicados para as estruturas H
2
salen e H
2
salphen
109
. O
comprimento de ligação N1-C2 de 1.454Å e N2-C1 de 1.459Å são condizentes com
C(sp
3
)-N(sp
2
) de ligações simples
126
.
FIGURA 6.6.2.4.2: Estrutura molecular do ligante trans-3-EtO(salcn).
CCDC 266279: E. Tozzo, R. H. de Almeida Santos, S. Romera, M. P. dos Santos, E.
R. Dockal.
Resultados e Discussão |66
TABELA 6.6.2.4.2.1: Distância (Å) e ângulos de ligação (°) para o trans 3-EtO(salcn)
Distância (Å) Ângulos de ligação (°)
O(1)-H(1) 0.97(4) C1 -N2 -C16 118.9(3)
O(1)-C(9) 1.353(4) C2 -N1 -C7 118.8(3)
O(2)-H(2) 0.84(4) C8 -C9 -C10 119.5(3)
O(2)-C(18) 1.343(4) C9 -C10 -C11 119.9(3)
N(1)-C(2) 1.454(4) C16 -C17 -C18 120.9(3)
N(1)-C(7) 1.275(4) C17 -C18 -C19 119.6(3)
C(1)-C(2) 1.521(5) C9 -O1 -H1 103(2)
C(7)-C(8) 1.445(4) C10 -O3 -C14 118.1(3)
C(8)-C(9) 1.389(4) C18 -O2 -H2 108(2)
C(9)-C(10) 1.398(4) C19 -O4 -C23 117.1(2)
C(16)–H(16) 0.9300 N1 -C7 -C8 123.6(3)
O(3)-C(10) 1.366(4) N2 -C1 -H1A 109.00
O(3)-C(14) 1.426(3) N1 -C2 -H2A 109.00
O(4)-C(19) 1.366(4) N2 -C16 -C17 122.8(3)
O(4)-C(23) 1.424(4) O1 -C9 -C10 118.2(3)
N(2)-C(16) 1.271(4) O1 -C9 -C8 122.3(3)
N(2)-C(1) 1.459(4) O2 -C18 -C17 121.6(2)
C(16)-C(17) 1.449(4) O2 -C18 -C19 118.8(3)
C(17)-C(18) 1.399(4) O3 -C10 -C11 125.3(3)
C(18)-C(19) 1.399(4) O3 -C10 -C9 114.8(3)
O3 -C14 -C15 112.5(3)
O4 -C19 -C18 114.7(3)
O4 -C19 -C20 125.6(3)
C(19)-C(20) 1.372(5)
O4 -C23 -C24 107.8(3)
A célula unitária contém duas moléculas de trans-3EtO(salcn). Foram
observadas ligações intermoleculares de hidrogênio, entre os átomos de hidrogênio
do grupo fenólico com o oxigênio do grupo EtO C16 – H16_2….O3 3.431(5) Å como
mostrado no esquema da figura 6.6.2.4.2.1. Esta ligação aparece duas vezes em
cada molécula.
Resultados e Discussão |67
FIGURA 6.6.2.4.2.1: Ligação intermolecular de hidrogênio.
Analisando as ligações de hidrogênio, nota-se que as ligações
intermoleculares são compartilhadas entre células unitárias adjacentes. Em
conseqüência temos uma complexa célula unitária como mostrado na figura
6.6.2.4.2.2.
FIGURA 6.6.2.4.2.2: Ligação intermolecular de hidrogênio (H(16_2)….O(3)) dentro
da célula unitária trans-3EtO(salcn).
Resultados e Discussão |68
6.6.3- Ligantes com substituição na posição 5 e 5’
5-Cl(salcn)e 5-Br(salcn)
Neste item temos a caracterização do ligante base de Schiff com
substituição em ambos os anéis aromáticos nas posições 5 e 5’ dos grupos
retiradores de elétrons, cloro e bromo.
(a) (b)
FIGURA 6.6.3: (a) 5-Cl(salcn) e (b) 5-Br(salcn).
6.6.3.1- Análise dos espectros na região do
infravermelho
Para os espectros vibracionais dos ligantes 5-Cl(salcn) e 5-Br(salcn),
temos a ausência do estiramento OH na região de 3800-3300 cm
-1
. Comparando os
espectros trans-5-Br(salcn), trans-5-Cl(salcn) e trans-(salcn) (figura 6.6.3.1),
notamos uma similaridade entre os espectros de IV dos grupos 5-Cl e 5-Br.
Observamos também que para os ligantes substituídos na posição 5 e 5’ há o
aparecimento de uma banda forte na região de 1368-1369 cm
-1
que corresponde à
freqüência característica para estes grupos
105
e por conseqüência ocorre a
sobreposição da banda de deformação angular do C-H iminico. Nos espectros do
trans-5-Cl(salcn) temos uma banda na região 718 cm
-1
que não aparece no espectro
vibracional do ligante substituído pelo grupo 5-Br. Esta banda é característica de
compostos com ligação C-Cl
105
. Os valores das principais bandas dos espectros
vibracionais estão apresentados na tabela 6.6.3.1a para os ligantes trans-5-Cl(salcn)
e 6.6.3.1.b para os ligantes trans-5-Br(salcn).
Resultados e Discussão |69
Transmitância/número de onda (cm
-
1
)
FIGURA 6.6.4.1: Espectros vibracionais para os ligantes: trans-(salcn) (preto), trans-
5Br(salcn) (azul),e trans-5Cl(salcn) (vermelho) na região de 3500 a 500cm
-1
em
pastilhas de KBr.
TABELA 6.6.3.1a: Atribuição tentativa das principais bandas (cm
-1
) observadas nos
espectros vibracionais para os ligantes 5-Cl(salcn).
cis-5-
Cl(salcn)
trans-5-
Cl(salcn)
RR-5-
Cl(salcn)
SS-5-
Cl(salcn
Ref
108,111
Atribuição
3059 mf 3056 mf 3062 mf 3055 mf 3015 mf
ν
ar
CH
2929 f 2927 m 2927 m 2926 m 2941 m
ν
al
CH
2857 f 2854 m 2854 m 2853 m 2849 m
ν
al
CH
1630 F 1633 F 1632 mF 1633mF 1630 mF
νC=N
1572 m 1572 m 1572 m 1573 F 1581 m
ν
ar
CC
1479 F 1478 mF 1478 mF 1478 F 1461 m
δ
al
CH
2
1277 1280 mF 1280 mF 1279 F 1281 F
νCO
1185 1220 mf 1185 m 1185 m 1216 f
δ
al
CH
2
1114 mF 1144 mf 1143 f 1127 f 1147 m
νNC, δ
al
CH
2
no 1096 F 1095 m 1096 m 1096 m
δ
ar
CH
no 1036 f 1036 f 1036 m 1047 m
ν
al
CC
821 828 F 828 F 827 F 846 m
γOH
640 647 F 647 m 646 F 661 f
δ
ar
anel
no: não observado – mf(muito fraco), f(fraco), m(médio), F(forte), mF(muito forte).
Resultados e Discussão |70
TABELA 6.6.3.1b: Atribuição tentativa das principais bandas observadas nos
espectros vibracionais para os ligantes 5-Br-(salcn).
cis-5-
Br(salcn)
trans-5-
Br(salcn)
RR-5-
Br(salcn)
SS-5-
Br(salcn
Ref
108,111
Atribuição
3080 3052 mf 3067mf 3043 mf 3015 mf
ν
ar
CH
2930 2925 m 2925 2931 m 2941 m
ν
al
CH
2859 2853 m 2853 2855 f 2849 m
ν
al
CH
1629 1632 mF 1631 1636 mF 1630 mF
νC=N
1569 1568 m 1568 1590 F 1581 m
ν
ar
CC
1478 1475 mF 1474 1458 mF 1461 m
δ
al
CH
2
1379 1368 F 1368 1381 F 1383 f
δ
im
CH
no 1337 mf 1339 1346 m 1342 f
δ
al
CH
2
1278 1280 mF 1280 1279 F 1281 F
νCO
no no no 1206 m 1216 f
δ
al
CH
2
1184 1147 f 1183 1181 F 1147 m
νNC, δ
al
CH
2
1072 f 1094 F 1093 1073 f 1096 m
δ
ar
CH
no 1035 f 1034 1043 mf 1047 m
ν
al
CC
818 m 828 F 827 829 mF 846 m
γOH
684 f 698 m 699 714 F 768 mF
ν
ar
CC
622 f 628 F 628 851 F 661 f
δ
ar
anel
no: não observado – mf(muito fraco), f(fraco), m(médio), F(forte), mF(muito forte).
6.6.3.2- Análise dos espectros eletrônicos na região do
Ultravioleta-visível
Os ligantes com substituição na posição 5 e 5’ apresentaram duas
bandas nos espectros eletrônicos na região de 270-800 nm. A banda na região de
328-332 nm é atribuída à transição ππ* correspondente ao envolvimento dos
orbitais moleculares do cromóforo C=N e do anel benzênico. A segunda banda na
região de 420-422 nm é atribuída a transição nπ*. Os dados da literatura para
compostos similares, utilizando clorofórmio como solvente, apresentaram bandas na
região de 429 nm e 332 nm
29
.
Resultados e Discussão |71
TABELA 6.6.3.2: Atribuição tentativa das posições das bandas observadas nos
espectros eletrônicos para os ligantes 5-Cl(salcn) e 5-Br(salcn).
Ligante
λ (nm)
ππ*
max
)
a
λ (nm)
nπ*
max
)
a
cis-5-Cl(salcn) 328 7540 420 337
trans-5-Cl(salcn) 328 8440 420 350
RR-5-Cl(salcn) 328 7400 420 490
SS-5-Cl(salcn 328 9950 420 500
cis-5-Br(salcn) 328 5408 420 553
trans-5-Br(salcn) 330 4670 420 320
RR-5-Br(salcn) 328 6127 422 621
SS-5-Br(salcn 332 7530 420 510
a=
L.mol
-1
.cm
-1
400 600 800
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
RR-5-Cl(salcn)
SS-5-Br(salcn)
Abs.
λ nm
FIGURA 6.6.3.2 Espectro eletrônico dos ligantes RR-5-Cl(salcn)e SS-5-Br(salcn), em
DMSO em concentração 10
-4
M, na região de 250-800 nm.
Resultados e Discussão |72
6.6.3.3- Análise dos espectros de
1
HRMN e
13
CRMN
As atribuições para os ligantes 5-Cl(salcn) e 5-Br(salcn) foram feitas de
forma comparativa com os outros ligantes estudados nesta pesquisa. A posição dos
átomos de carbono para a identificação nos espectros de RMN está na figura 6.6.4.3
e os correspondentes valores de deslocamento químico para
13
C e
1
H estão
reunidos nas tabelas 6.6.3.3a.-6.6.3.3ab e 6.6.3.3c. Analisando as tabelas 6.6.3.3a e
6.6.3.3b encontramos os valores dos deslocamentos químicos para o
13
C que são
bem próximos quando comparados entre si, salvo a exceção dos ligantes cis cujo
deslocamento químico diverge significativamente para o carbono 8. O carbono C8 é
o carbono quiral, os diferentes valores que aparecem confirmam a diferença
estrutural do ligante cis.
5
4
3
2
1
6
7
N
8
N
OH HO
10
9
Cl
Cl
(a) (b)
FIGURA 6.6.3.3: Estrutura do ligante: (a) 5-Cl(salcn) e (b) 5-Br(salcn).
TABELA 6.6.3.3a: Tentativas de atribuição dos deslocamentos químicos (ppm)
13
C
para os ligantes 5-Cl(salcn).
cis-5-Cl(salcn) trans-5-Cl(salcn) RR-5-Cl(salcn) SS-5-Cl(salcn
C-1
118,6 118,3 118,4 118,3
C-2
159,8 159,4 159,5 159,4
C-3
119,5 119,2 119,3 119,2
C-4
132,2 132,1 132,1 132,0
C-5
123,2 123,2 123,3 123,1
C-6
130,5 130,5 130,5 130,4
C-7
163,1 163,5 163,6 163,5
C-8
69,4 72,6 72,7 72,5
C-9
30,6 32,8 32,9 32,8
C-10
22,3 24,0 24,1 24,0
5
4
3
2
1
6
7
N
8
N
OH HO
10
9
Br
Br
Resultados e Discussão |73
TABELA 6.6.3.3b: Tentativas de atribuição dos deslocamentos químicos (ppm)
13
C
para os ligantes 5-Br(salcn).
cis-5-Br(salcn) trans-5-Br(salcn) RR-5-Br(salcn) SS-5-Br(salcn
C-1 120,0 119,3 119,9 119,6
C-2 160,2 159,4 160,0 159,7
C-3 119,0 118,2 118,9 118,6
C-4 134,9 134,2 135,0 134,7
C-5 109,9 109,5 110,1 109,9
C-6 133,4 132,9 133,5 133,3
C-7 162,9 162,9 163,5 163,2
C-8 69,3 71,5 72,7 72,4
C-9 30,6 32,1 32,9 32,7
C-10 22,3 23,4 24,1 23,8
Como demonstrado na tabela 6.6.3.3c, os espectros de
1
H dos ligantes
cis apresentam uma diferença no hidrogênio do C8 3,62 ppm, como ocorrido para os
espectros de
13
C, enquanto os outros ligantes apresentaram um deslocamento
químico na região de 3,31-3,34 ppm.
TABELA 6.6.3.3c: Tentativas de atribuição dos deslocamentos químicos (ppm)
1
H
dos ligantes 5-Clsalcn e 5-Brsalcn.
δOH δC7-H δfenil δC8-H δC9-C10-H
cis-5-Cl(salcn)
13,38(s) 8,28 (s) 6,86, 6,89 (m) 3,62(m) 1,52-1,99(m)
trans-5-Cl(salcn)
14,20(s) 8,18 (s) 6,73, 7,26(m) 3,34(m) 1,44-1,95(m)
RR-5-Cl(salcn)
13,21(s) 8,18 (s) 6,85, 7,21 (m) 3,34(m) 1,45-1,95(m)
SS-5-Cl(salcn
13,19(s) 8,18 (s) 6,83, 7,20 (m) 3,31(m) 1,45-1,94(m)
cis-5-Br(salcn)
13,42(s) 8,27 (s) 6,81, 6,84 (m) 3,62(m) 1,58-1,98(m)
trans-5-Br(salcn)
14,35(s) 8,14 (s) 6,73, 7,26 (m) 3,34(m) 1,43-1,95 (m)
RR-5-Br(salcn)
13,23(s) 8,17 (s) 6,78, 7,34m) 3,33(m) 1,45-1,94(m)
SS-5-Br(salcn
13,21(s) 8,15 (s) 6,76, 7,24 (m) 3,31(m) 1,45-1,89(m)
Resultados e Discussão |74
6.6.3.4- Estudos Cristalográficos
O cristal adequado utilizado neste experimento, o ligante trans-
5Br(salcn) foi obtido pela evaporação de uma solução diluída de etanol. Os dados
cristalográficos e de refinamento são apresentados na tabela 6.6.3.4.1.
TABELA 6.6.4.4.1. Dados cristalográficos do ligante trans-5Br(salcn)
Fórmula Empírica
C20 H20 Br2 N2 O2
Peso molecular
480.18
Temperatura
293 K
λ (Mokα)
0,71073
Sistema Cristalino
Ortorrômbico
Grupo espacial
P2
1
2
1
2
1
Dimensões da célula unitária
a = 5.926(13) Ǻ
b = 9.000(2) Ǻ
c = 19.060(3) Å
Volume
1016.7(4) Å
3
Z
2
Densidade (calc.)
1.569 g/cm
3
Coeficiente de absorção (µ)
4.002
F(000)
480
Tamanho do cristal (aprox.)
0.07 x 0.09 x 0.10 mm
θ min, θ max.
2.5, 23.4 °
Índices de R finais [I>2σ (I)]
R
1
=0.0466,; wR
2
= 0.1412
Observando a figura 6.6.3.4.1 nota-se que os átomos de nitrogênio N1
e N1_a e carbono C1 e C1_a estão na posição cis. Após várias buscas na literatura
não foi encontrado relato sobre a estrutura cristalográfica do ligante sendo efetuado
o depósito da mesma no Centro de Dados Cristalográficos de Cambridge (CCDC-
612995).
Resultados e Discussão |75
FIGURA 6.6.4.4.1: Estrutura molecular do ligante trans-5-Brsalcn.
CCDC 612995: E.Tozzo, R. H. de Almeida Santos, S. Romera, M. P.dos Santos, E.
R. Dockal.
É sabido que a ligação simples tem um comprimento de ligação maior
que uma ligação dupla
127
. Apesar de não alterarem a estrutura, as ligações pi
encurtam os comprimentos das ligações
127
. Comparando os valores das distâncias
entre os átomos C1-N1 de 1.467Ǻ e N1-C4 de 1.254Ǻ (tabela 6.6.4.4.2) temos para
a ligação N1-C1 um valor maior que para N1-C4. Assim temos para N1-C4 uma
ligação dupla. O ângulo da ligação C1—N1—C4 é de 118.7° e se afasta do valor
teórico de 120° por causa da maior repulsão do par de elétrons isolados
127
.
Foram observadas ligações intermoleculares entre os átomos de
hidrogênio do grupo fenolato e o nitrogênio do grupo iminico O1
....
N1 = 2.259Ǻ, O1-
H1
...
N1 formam um ângulo de 148° a distância de O1-H1 = 0,82 e de H1-N1 = 1.86.
Resultados e Discussão |76
TABELA 6.6.4.4.2: Distância (Å) e ângulos de ligação (°) para trans-5Br(salcn)
Distância (Å) Ângulos de ligação (°)
Br1 C9
1.876(14)
C6 -O1 -H1
110.00
C2 -C1 -H12
110.00
O1 -C6
1.336(18)
C1 -N1 -C4
118.7(13)
H11 -C1 -H12
108.00
O1 -H1
0.8200
C1_a -C1 -C2
109.2(14)
C1_a -C1 -H11
110.00
N1 -C4
1.254(18)
C1 -C2 -C3
112.4(14)
C1_a -C1 -H12
110.00
N1 -C1
1.467(19)
N1 -C3 -C2
110.3(14)
C1 -C2 -H21
109.00
C1 -C2
1.54(2)
C2 -C3 -C3_a
111.5(11)
C1 -C2 -H22
109.00
C1 -C1_a
1.509(19)
N1 -C3 -C3_a
108.3(12)
C3 -C2 -H21
109.00
C2 -C3
1.479(19)
N1 -C4 -C5
123.8(15)
C3 -C2 -H22
109.00
C3 -C3_a
1.552(14)
C4 -C5 -C6
119.5(12)
H21 -C2 -H22
108.00
C4 -C5
1.462(19)
C4 -C5 -C10
121.3(13)
N1 -C3 -H3
109.00
C5 -C10
1.354(18)
C6 -C5 -C10
119.2(13)
C2 -C3 -H3
109.00
C5 -C6
1.42(2)
O1 -C6 -C5
121.4(13)
C3_a -C3 -H3
109.00
C6 -C7
1.41(2)
O1 -C6 -C7
120.0(15)
N1 -C4 -H4
118.00
C7 -C8
1.34(2)
C5 -C6 -C7
118.6(14)
C5 -C4 -H4
118.00
C8 -C9
1.42(2)
C6 -C7 -C8
121.1(16)
C6 -C7 -H7
119.00
C9 -C10
1.374(18)
C7 -C8 -C9
120.0(14)
C8 -C7 -H7
120.00
C1 -H11
0.9700
Br1 -C9 -C8
118.9(10)
C7 -C8 -H8
120.00
C1 -H12
0.9700
C8 -C9 -C10
118.9(13)
C9 -C8 -H8
120.00
C2 -H21
0.9700
Br1 -C9 -C10
122.2(13)
C5 -C10 -H10
119.00
C2 -H22
0.9700
C5 -C10 -C9
122.1(15)
C9 -C10 -H10
119.00
C3 -H3
0.9800
C2 -C1 -H11
110.00
C4 -H4
0.9300
C4 -H4
0.9300
C7 -H7
0.9300
C8 -H8
0.9300
C10 -H10
0.9300
Resultados e Discussão |77
FIGURA 6.6.4.4.2: Célula unitária do ligante 5-Br-(salcn).
Resultados e Discussão |78
6.6.4- Ligantes com substituição na posição 3,5 e 3’,5’
3,5-Cl(salcn)e 3,5-Br(salcn)
Neste item temos a caracterização do ligante base de Schiff com
substituição em ambos os anéis aromáticos nas posições 3,5 e 3’,5’ dos grupos
retiradores de elétrons, cloro e bromo.
(a) (b)
FIGURA 6.4.2: (a) 3,5-Cl(salcn)e (b) 3,5-Brsalcn.
6.6.4.1- Análise dos espectros na região do
infravermelho
Os ligantes com a substituição 3,5-Br e 3,5Cl apresentaram bandas
características como: o estiramento C=N na região de 1631 cm
-1
, o estiramento C-O
na região de 1278-1293 cm
-1
. Observando as tabelas 6.6.4.1a e 6.6.4.1b temos para
os ligantes desta série os valores dos números de ondas respectivos para suas
atribuições bem próximos aos encontrados na literatura.
Resultados e Discussão |79
TABELA 6.6.4.1a: Atribuição tentativa das principais bandas (cm
-1
) observadas nos
espectros vibracionais para os ligantes 3,5-Cl(salcn).
cis-3,5-
Cl(salcn)
trans-3,5-
Cl(salcn)
RR-3,5-
Cl(salcn)
SS-3,5-
Cl(salcn
Atribuição
3078 3074 mf 3076 mf 3071
ν
ar
CH
2934 2938 m 2936 m 2936
ν
al
CH
2861 2859 f 2859 f 2857
ν
al
CH
1627 1632 mF 1630 mF 1631
νC=N
1568 1569 f 1569 f 1569
ν
ar
CC
1451 1454 mF 1452 mF 1453
δCH
2,
δCH
1376 1379 f 1379 f 1379
νN-H
1345 1337 mf 1340 mf 1342
δ
al
CH
2
1290 1293 m 1293 m 1293
νCO
1179 1180 m 1180 m 1180
νNC, δ
al
CH
2
1098 1103f 1100f 1102
δ
ar
CH
1076 1039 f 1042 f 1042
ν
al
CC
866 863 m 865 m 863
γOH, δC=NC
740 741 Fm 738 Fm 741
ν
ar
CC
687 699 f 700 f 696
δ
ar
anel
no: não observado – mf(muito fraco), f(fraco), m(médio), F(forte), mF(muito
forte).
Resultados e Discussão |80
FIGURA 6.6.5.1a: Espectros vibracionais para os ligantes: trans-3,5-Cl(salcn) (azul)
e cis-3,5-Cl(salcn) (vermelho), na região de 4000 a 500 cm
-1
.
TABELA 6.6.5.1b: Atribuição tentativa das principais bandas (cm
-1
) observadas nos
espectros vibracionais para os ligantes 3,5-Br(salcn).
cis-3,5-Br(salcn) trans-3,5-Br(salcn) RR-3,5-Br(salcn) SS-3,5-Br(salcn Atribuição
3067 3076 f 3066 3074
ν
ar
CH
2929 2944 m 2931 2943
ν
al
CH
2859 2857 f 2858 2855
ν
al
CH
1629 1628 mF 1627 mF 1627
νC=N
1553 1557 f 1556 1557
ν
ar
CC
1443 1451 mF 1445 mF 1449
δCH
2,
δCH
1370 1372 F 1369 1372
νN-H
1284 1290 F 1287 1289
νCO
1210 1221 m 1215 1220
δ
al
CH
2
1165 1168 mF 1166 1167
νNC, δ
al
CH
2
1072 1103 F 1092 1103
δ
ar
CH
no 1041 F no 1040
ν
al
CC
855 866 F 866 865
γOH, δC=NC
737 739 m 739 739
ν
ar
CC
696 688 mF 687 687
δ
ar
anel
Resultados e Discussão |81
no: não observado – mf(muito fraco), f(fraco), m(médio), F(forte), mF(muito
forte).
FIGURA 6.6.5.1b: Espectros vibracionais para os ligantes: trans-3,5-Br(salcn) (azul),
R,R-3,5Br(salcn) (vermelho),e cis-3,5-Br(salcn) (preto) na região de 1700 a 500 cm
-1
.
6.6.5.2 Análise dos espectros eletrônicos na região do
Ultravioleta-visível
Os espectros eletrônicos para as soluções em DMSO para os ligantes
foram obtidos na região de 270-800 nm, exibindo duas bandas. Diferentemente dos
ligantes das outras séries que quando comparamos as transição ππ* e nπ*
apresentam a primeira com o valor de absortividade molar muito maior que a
segunda, estes ligantes apresentaram valores de ε muito elevados para as duas
transições. No ligante cis-3,5-Cl(salcn) a transição nπ* alcançou valores de
absorção maiores que a transição ππ* (figura 6.6.5.2). Encontramos na literatura
96
compostos semelhantes onde ocorre o mesmo: para um ligante 3,5-Br(salen) temos
335 nm (ε = 4340), 43 nm (ε = 6340) e para 3,5-Cl(salen) temos 334 nm (ε=4570),
431 nm (ε = 5610).
Resultados e Discussão |82
.
300 400 500 600 700 80
0
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
Abs.
λ
nm
FIGURA 6.6.4.2: Espectro eletrônico para o ligante cis-3,5-Cl(salcn) , em DMSO em
concentração 10
-4
M, na região de 270-800 nm.
As atribuições e valores de absortividade molar estão na tabela.
6.6.4.2.
TABELA 6.6.4.2: Atribuição tentativa das posições das bandas (nm) observadas nos
espectros eletrônicos para os ligantes 3,5-Cl(salcn).
Ligante
λ (nm)
ππ*
max
)
a
λ (nm)
nπ*
max
)
a
cis-3,5-Cl(salcn)
334 5185 428 7168
trans-3,5-Cl(salcn)
335 5520 430 2820
RR-3,5-Cl(salcn)
- ombro 426 3227
SS-3,5-Cl(salcn
332 5426 429 3739
cis-3,5-Br(salcn)
336 5420 427 5390
trans-3,5-Br(salcn)
336 7020 430 5850
RR-3,5-Br(salcn)
335 3092 429 3324
SS-3,5-Br(salcn
336 5778 431 4154
a=
L.mol
-1
.cm
-1
Resultados e Discussão |83
No espectro eletrônico do RR-3,5-Cl(salcn) não foi possível localizar a
banda da transição ππ*, como mostrado no espectro (figura 6.6.4.2.1) as bandas
estão superpostas.
300 400 500 600 700 800
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
Abs.
λ
nm
FIGURA 6.6.4.2.1: Espectro eletrônico para o ligante RR-3,5-Cl(salcn), em DMSO
em concentração 10
-4
M, na região de 270-800nm.
6.6.4.3- Análise dos espectros de
1
HRMN e
13
CRMN
No espectro
13
CRMN para o ligante cis- não foi observado o sinal para
o carbono na posição 3 (tabela. 6.6.4.3.).
Nos espectros de
1
HRMN comparando os hidrogênios do grupo
hidroxila dos ligantes 3,5-Cl(salcn) e 3,5-Br(salcn) temos um ligeiro aumento no
deslocamento químico para os ligantes 3,5-Br(salcn). Os ligantes cis-3,5-Br(salcn) e
cis-3,5-Cl(salcn) apresentam nos espectros de
1
H os valores dos deslocamentos
químicos de 3,72 e 3,73 ppm respectivamente para o hidrogênio ligado ao carbono
C8. Observando o mesmo deslocamento químico para os outros ligantes (na região
de 3,34-3,38 ppm) temos um deslocamento razoável. Esta diferença pode ser um
Resultados e Discussão |84
indicativo que diferencia as estruturas cis e trans, comprovando a diferença no
comportamento do hidrogênio do C8 frente aos experimentos de RMN.
5
4
3
2
1
6
7
N
8
N
OH HO
10
9
Cl
Cl
Cl
Cl
a b
FIGURA 6.6.4.3: Estrutura do ligante: (a) 3,5-Cl(salcn) e (b) 3,5-Br(salcn).
TABELA 6.6.4.3a: Tentativas de atribuição dos deslocamentos químicos (ppm)
13
C
para os ligantes 3,5-Cl(salcn).
cis-3,5-
Cl(salcn)
trans-3,5-
Cl(salcn)
RR-3,5-
Cl(salcn)
SS-3,5-
Cl(salcn)
Ref.
111,113
C-1
119,4 119,1 119,2 119,5 119,6
C-2
156,7 156,2 156,2 156,6 157,7
C-3
no 122,5 122,6 129,5 112,1
C-4
132,4 132,2 132,3 132,6 137,7
C-5
122,7 122,8 122,9 122,9 109,8
C-6
129,2 129,1 129,2 132,6 132,9
C-7
162,9 163,3 163,3 163,9 163,2
C-8
68,6 72,0 72,1 72,5 72,0
C-9
30,1 32,7 32,8 33,17 32,8
C-10
22,2 23,8 23,8 24,21 23,90
5
4
3
2
1
6
7
N
8
N
OH HO
10
9
Br
Br
Br
Br
Resultados e Discussão |85
TABELA 6.6.4.3b: Tentativas de atribuição dos deslocamentos químicos (ppm)
13
C
para os ligantes 3,5-Br(salcn).
cis-3,5-
Br(salcn)
trans-3,5-
Br(salcn)
RR-3,5-
Br(salcn)
SS-3,5-
Br(salcn)
Ref
111,113
C-1
119,8 119,6 119,6 119,6 119,6
C-2
158,1 157,7 157,7 157,7 157,7
C-3
112,3 112,0 112,1 112,1 112,1
C-4
137,8 137,7 137,8 137,7 137,7
C-5
109,5 109,7 109,8 109,7 109,8
C-6
132,9 132,8 132,9 132,9 132,9
C-7
162,8 163,1 163,2 163,2 163,2
C-8
68,5 71,9 72,0 72,0 72,0
C-9
30,1 32,8 32,8 32,8 32,8
C-10
22,2 23,8 23,9 23,8 23,90
TABELA 6.6.4.3c: Tentativas de atribuição dos deslocamentos químicos (ppm)
1
H
dos ligantes 5-Cl e 5-Br(salcn).
δOH δC7-H δfenil δC8-H δC9-C10-H
cis-3,5-Cl(salcn)
14,3 (s) 8,26(s) 7,15, 7,40(m) 3,72(m) 1,53-1,96(m)
trans-3,5-Cl(salcn)
14,09(s) 8,18(s) 7,08, 7,36(m) 3,36(m) 1,58-1,93(m)
RR-3,5-Cl(salcn)
14,21 (s) 8,18(s) 7,08,7,36(m) 3,38(m) 1,47-1,97(m)
SS-3,5-Cl(salcn
14,14(s) 8,16 (s) 7,05, 7,34 (m) 3,34(m) 1,43-1,95(m)
cis-3,5-Br(salcn)
14,43(s) 8,25(s) 7,69 (m) 3,73(m) 1,56-1,96(m)
trans-3,5-Br(salcn)
14,35(s) 8,14 (s) 7,65 (m) 3,35 (m) 147-192(m)
RR-3,5-Br(salcn)
14,36(s) 8,14 (s) 7,21-7,66 (m) 3,36(m) 1,47-1,96(m)
SS-3,5-Br(salcn)
14,35(s) 8,14 (s) 7,65(m) 3,36(m) 1,47-1,96(m)
Resultados e Discussão |86
6.7- Sínteses dos complexos
Os complexos de Oxovanádio(IV) e Cobre(II) foram sintetizados a partir
dos ligantes correspondentes.
6.7.1- Sínteses dos complexos de VO(IV)
A rota sintética simples, utilizada para obtenção dos ligantes foi
executada com facilidade. Para promover a desprotonação do grupo hidroxila e
inserir o metal foi utilizado o acetato de sódio. A metalação foi instantânea com a
adição do sulfato de oxovanádio(IV) hidratado
109
. Os compostos com substituições
3,5-Br e 3,5-Cl apresentaram coloração verde amarelada. Os outros complexos
apresentaram tons passando do verde claro até verde escuro. Os rendimentos da
síntese para os complexos RR foram bem menores comparados com os
rendimentos obtidos para os complexos das demais conformações. Os valores das
massas molares, ponto de fusão e rendimento das sínteses estão apresentados na
tabela 6.7.1.
TABELA 6.7.1: Complexos de VO(IV): Fórmula, massa molar, rendimento sintético e
ponto de fusão.
Rendimento
(%)
Ponto de Fusão
(ºC)
VO(IV) Fórmula
F.W.(g/mol
)
cis trans R S cis trans RR S
H
C
20
H
20
N
2
O
3
V 387,34 82 91 61 92 20 25 25 25
3-MeO
C
22
H
24
N
2
O
5
V 447,40 91 89 34 91 26 30 35 38
3-EtO
C
24
H
28
N
2
O
5
V 475,40 93 87 49 94 40 360 41 39
5-Br
C
20
H
18
N
2
O
3
Br
2
V 545,24 63 93 67 95 46 45 360 41
5-Cl
C
20
H
18
N
2
O
3
Cl
2
V 456,24 56 91 71 87 360 360 360 360
3,5-Br
C
20
H
16
N
2
O
3
Br
4
V 702,91 88 73 89 70 360 360 360 360
3,5-Cl
C
20
H
16
N
2
O
3
Cl
4
V 525,11 91 87 83 69 360 360 360 360
Resultados e Discussão |87
6.7.1.1- Análise dos espectros na região do
infravermelho
Várias bandas são apresentadas nos espectros de infravermelho na
região compreendida entre 4000 e 350 cm
-1
. Para os complexos espera-se que as
bandas referentes ao estiramento OH que estão ligados diretamente ao anel
benzênico presente na estrutura dos ligantes não apareçam, uma vez que a
inserção do metal substitui a ligação O-H por O-Metal. Vários espectros vibracionais
dos complexos apresentam uma barda larga na região de 3400 a 3500 cm
-1
(tabela
6.7.1.1) correspondente ao estiramento O-H da água, utilizada na recristalização dos
complexos, evidenciando que alguns compostos não estavam totalmente secos.
Analisando os espectros apresentados na figura 6.7.1.1 observamos a presença de
duas ou três bandas estreitas na região de 3550 cm
-1
.
FIGURA 6.7.1.1.1: Espectros vibracionais na região de 3900 a 2000 cm
-1
A essas bandas que absorvem na região de 3600-3500 cm
-1
são atribuídas às
vibrações do estiramento O-H
105
, que surgem nestes complexos pela ocorrência de
Resultados e Discussão |88
uma ligação de hidrogênio intermolecular entre o oxigênio do agrupamento etoxi e
metoxi com uma molécula de água. Esta ligação pode ser melhor visualizada na
seção 6.7.1.3 nos estudos cristalográficos, onde a determinação das estruturas do
cis e trans-[VO(3-MeO-salcn)] apresentam moleculas de água. Os complexos
apresentam uma banda muito fraca em 3058 cm
-1
do estiramento CH de aromático,
em 2945-2935 cm
-1
temos o estiramento do CH e em vários compostos existe a
presença da banda O-CO(CO
2
) de contaminação do ambiente em 2360 cm
-1
106
.
Figura 6.7.1.1.2: Espectro de IV ligante trans-(salcn) (azul), e complexo trans-
[VO(salcn)] (vermelho)
Comparando os espectros dos ligantes e complexos observamos que com a
inserção do metal alguns estiramentos são deslocados (figura 6.7.1.1.2). Os
estiramentos C=N são geralmente deslocados para regiões de menor freqüência,
por exemplo, o ligante trans-(salcn) em 1630 cm
-1
e 1614 cm
-1
para o [VO(t-salcn)].
Este deslocamento indica uma diminuição na ordem de ligação devido à
Resultados e Discussão |89
coordenação do metal com o par de elétrons do nitrogênio
96
. Um outro
deslocamento ocorre para o estiramento C-O, para os ligantes aparece 1280 cm
-1
e
para muitos complexos é deslocado para freqüências maiores na região entre 1290-
1300 cm
-1
108
. O fato de não observarmos estes deslocamentos em alguns espectros
não significa que não houve a formação do complexo. Os complexos de
oxovanádio(IV) com bases de Schiff apresentam duas bandas características das
ligações V-N e V-O. Para complexos similares o estiramento V-N apresenta duas
bandas 570-635 cm
-1
, 420-460 cm
-1
,
117
nos complexos aqui apresentados é possível
observar apenas a banda na região de 552 cm
-1
, na qual varia para maiores ou
menores comprimentos de onda dependendo da substituição no anel. Na figura
6.7.1.1.3 fica claro o deslocamento desta vibração para alguns complexos, onde
para a substituição 3-EtO(t-salcn) o estiramento V-N está em 565cm
-1
e para
[VO(3,5-Br-SS-salcn)] e [VO(5-Br-RR-salcn)] surge em 535 cm
-1
, 527 cm
-1
respectivamente.
FIGURA 6.7.1.1.3: Espectros vibracionais para alguns complexos de VO(IV) na
região de 2300-410 cm
-1
.
.
Uma outra banda que caracteriza estes complexos é o estiramento
V=O entre a região de 970-997 cm
-1 117, 128
. Com exceção dos complexos com
substituição na posição 3,5 que apresenta o estiramento na região de 880 cm
-1
, a
Resultados e Discussão |90
banda intensa do V=O localiza-se para todos os outros complexos na região de 990
cm
-1
. As principais bandas e sua respectivas atribuições para os complexos de
oxovanádio(IV) estão dispostas na tabela 6.7.1.1.
TABELA 6.7.1.1: Atribuição tentativa das principais bandas (cm
-1
) observadas nos
espectros vibracionais para os complexos VO(IV).
OH(H
2
O)
νC=N νCO νV=O νV-N
trans
- 1614mF 1291m 989mF 571m
cis
3455mf 1618mF 1298m 984m 608m
R
- 1619mF 1291mF 988mF 570m
[VO(salcn)]
S
3431mf 1614mF 1296m 988mF 570m
trans
3544f 1613mF 1291m 977F 584f
cis
3546f 1619mF 1308F 983m 580f
R
3542f 1612mF 1292m 977F 584m
[VO(3-MeO-
salcn)]
S
- 1636 mF 1305m 983F 525f
trans
3530f 1618mF 1294F 994mF 565f
cis
3411mf 1611mF 1298m 985F 597mf
R
- 1631mF 1270mF 997m 572f
[VO(3-EtO-
salcn)]
S
3465f 1632mF 1302F 984F 525f
trans
3444f 1615mF 1292F 985F 527f
cis
3434f 1614mF 1292m 978F 533m
R
3444f 1615mF 1307F 985mF 527f
[VO(5-Cl-
salcn)]
S
- 1632mF 1279F 944F 565f
trans
- 1633mF 1307m 986F 526f
cis
3543f 1609mF 1291m 977mF 519f
R
- 1621mF 1305F 986m 525f
[VO(5-Br-
salcn)]
S
3545f 1610F 1292F 976mF 584m
trans
- 1632mF 1292 871mF 542mF
cis
3445f 1628mF 1307m 886mF 539m
R
3443f 1629mF 1292m 870mF 542m
[VO(3,5-Cl-
salcn)]
S
- 1632mF 1292m 871m 542m
trans
3417mf 1629mF 1290m 868mF 536m
cis
- 1627mF 1307m 872mF 533m
R
3438mf 1623mF 1290m 875mF 532F
[VO(3,5-Br-
salcn)]
S
3445f 1628mF 1290m 873mF 535f
mf(muito fraco), f(fraco), m(médio), F(forte), mF(muito forte).
Resultados e Discussão |91
6.7.1.2- Análise dos espectros eletrônicos na região do
Ultravioleta-visível
Os espectros eletrônicos dos complexos de VO(IV) apresentaram de
duas a três bandas de absorção na região de 270-800 nm.
A primeira diferença observada nos espectros na região do UV quando
comparamos complexos VO(IV) e seus correspondentes ligantes é o aparecimento
de uma banda de baixa intensidade na região de 570 nm (figura 6.7.1.2.1). Esta
banda é atribuída a transição d-d do íon vanadila. Estas bandas são de baixa
absorptividade molar, ε, pois são transições “proibidas” segundo Laporte, isto é, a
probabilidade desta banda acontecer é restrita, em conseqüência sua intensidade é
baixa
132
.
500 600 700
0,06
0,08
0,10
0,12
0,14
0,16
0,18
0,20
500 600 700
0,04
0,06
0,08
0,10
0,12
0,14
0,16
0,18
0,20
500 600 700
0,00
0,02
0,04
0,06
0,08
0,10
0,12
0,14
0,16
0,18
0,20
500 600 700
0,06
0,08
0,10
0,12
0,14
0,16
0,18
0,20
576
564
592
580
cis-5-BrVO(IV)
Abs.
nm
cis-3,5-BrVO(IV)
Abs
nm
cis-3MeOVO(IV)
Abs.
nm
cis-HVO(IV)
Abs.
nm
FIGURA 6.7.1.2.1: Espectros eletrônicos na região da banda d-d de alguns
complexos cis-oxovanádio(IV)., em DMSO em concentração 10
-4
M, na região de
500-700 nm.
Resultados e Discussão |92
Outra modificação encontrada nos espectros eletrônicos dos
complexos é a ausência da banda da transição nπ*que para o ligante aparece em
410-436 nm (figura 6.7.1.2.2), atribuída a promoção de um elétron do par de elétrons
do nitrogênio. Espera-se a ausência desta banda nessa região, pois com a formação
da ligação metal-ligante o par de elétrons no átomo de nitrogênio é estabilizado
117
, e
a energia do orbital não-ligante é menor e conseqüentemente a transição aparece
em comprimento de ondas menores. Na figura 6.7.1.2.2 observamos no espectro
eletrônico do complexo trans-3MeO uma banda na posição 290nm que também foi
detectada para os complexos de VO(IV) com substituições: RR-3-MeO, cis-3-MeO,
trans-3-EtO, cis-EtO e menos proeminente para o SS-EtO (ombro) que pode ser
atribuída a transição π→π* do anel benzênico (anel benzênico isolado absorve em
256 nm) que fora deslocado pela coordenação do metal
117
. Alguns complexos com
substituição 5-Cl, 5-Br e 3,5-Br (anexo 5) também apresentaram uma banda na
posição 320 nm que para os complexos trans-5-Cl e trans-5-Br apresentaram-se no
formato de ombro banda a qual também é atribuída a transição do anel benzênico.
Os complexos de VO(IV) não apresentaram nos espectros eletrônicos as bandas de
transferência de carga TCLM e TCML, que são bandas resultantes de processos de
redistribuição da densidade de carga no complexo metálico e em complexos
similares ocorre em 400-404 nm
128
. Essas bandas são permitidas pelas regras de
seleção de spin e Laporte quando presentes na região do visível, e são muito
intensas e geralmente encobrem totalmente as transições d-d
129
.
Resultados e Discussão |93
400 600
0,00
0,02
0,04
0,06
0,0
8
Abs.
λ nm
.
400 600 800
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
Abs.
λ
nm
FIGURA 6.7.1.2.2- Espectros eletrônicos na região do ultravioleta-visível para o
ligante (trans-3-MeO(salcn) - azul e complexo [VO(3-MeO-t-salcn)]-vermelho em
solvente DMSO 1x10
-4
mol L
-1
na região de 250-800 nm, com expansão na região
acima de 350 nm.
Resultados e Discussão |94
TABELA 6.7.1.2: Posição das bandas de absorção na região do ultravioleta-visível e
as absorptividades molares máximas dos complexos VO(IV).
λ (nm)π π∗ (C=N)
max
)
a
λ(nm) d d
max
)
a
trans
362 9370 578 120
cis
362 9300 580 266
R
361 8027 575 310
[VO(salcn)]
S
361 10180 577 360
trans
380 5400 571 110
cis
382 5688 592 259
R
380 3776 586 863
[VO(3-MeO-
salcn)]
S
372 5564 564 161
trans
378 5870 579 110
cis
378 6267 581 171
R
374 1147 576 410
[VO(3-EtO-
salcn)]
S
372 3020 581 160
trans
372 5049 570 182
cis
373 7920 574 356
R
372 5805 565 141
[VO(5-Cl-
salcn)]
S
374 6570 576 180
trans
372 4790 560 188
cis
374 7653 576 147
R
371 5036 578 108
[VO(5-Br-
salcn)]
S
372 9910 572 410
trans
372 9997 565 163
cis
380 4717 576 141
R
373 11231 577 313
[VO(3,5-Cl-
salcn)]
S
379 12166 565 410
trans
392 3592 582 162
cis
380 1956 564 155
R
380 4962 566 209
[VO(3,5-Br-
salcn)]
S
389 10519 574 464
a
dm
3
.mol
-1
.cm
-1
no= não observada
Resultados e Discussão |95
6.7.1.3- Estudos Cristalográficos
Os cristais adequados de [VO(3-MeO-c-salcn)] e [VO(3-MeO-t-salcn)]
foram obtidos pela lenta evaporação da solução de etanol em temperatura ambiente.
Os dados foram coletados em temperatura de 293K, utilizando um difratômetro
Enraf-Nonius CAD-4 empregando monocromador de grafite e radiação Mo K
α
=
0.71073Ǻ. Os dados cristalográficos e de refinamento são apresentados na tabela
6.7.1.3.
TABELA 6.7.1.3.1. Dados cristalográficos dos complexos [VO(3-MeO-c-salcn)] e
[VO(3-MeO-t-salcn)]
[VO(3-Meo-c-salcn)] VO(3-MeO-t-salcn)]
Fórmula Empírica C
22
H
24
N
2
O
5
V, 2(H
2
O) 2(C
22
H
24
N
2
O
5
V), 3(H
2
O)
Peso molecular 483.40 g.mol
-1
948.79 g.mol
-1
Sistema Cristalino Monoclinico Ortorrômbico
Grupo espacial P
2
1/c Pca
2
1
a, b, c (Å)
12.3395(10)
15.3325(10)
12.5439(10)
10.989(2)
19.455(5)
20.582(5)
α, β, γ (°)
90
112.072(10)
90
90
90
90
Volume (Å
3
) 2199.3(3) 4400.4(2)
Z 4 4
Densidade (calc.) 1.460 (g/cm
3
) 1.432 (g/cm
3
)
Coeficiente de absorção (µ)
0.498 0.495
F(000) 1012 1984
Tamanho do cristal (aprox.)
(mm)
0.03 x 0.10x 0.10 0.22 x 0.19x 0.13
θ min, θ max. [°] 2.7, 28.0 2.7, 30.0
Índices de R finais [I>2σ (I)]
R, wR
2
0.0676, 0.1676 0.0788, 0.2384
A determinação da estrutura molecular para o complexo [VO(3-MeO-c-salcn)]
apresentou duas moléculas de água (figura 6.7.3a.). As estruturas cristalinas dos
complexos de oxovanádio(IV) reveladas por determinação de raios-X mostraram
Resultados e Discussão |96
duas moléculas independentes para configuração trans, as quais foram
denominadas de “trans A” e “trans B” apresentadas na figura 6.7.3.1b.
FIGURA 6.7.1.3a: Estrutura molecular do complexo [VO(3-MeO-cis-salcn)]
CCDC 612993: E.Tozzo, R. H. de Almeida Santos, S. Romera, M. P.dos Santos, E.
R. Dockal.
FIGURA 6.7.1.3b: Estruturas moleculares dos complexos: (A) [VO(3-MeO-t-
salcn)].H
2
O e (B)- trans-[VO(3-MeO-salcn)].2H
2
O.
CCDC 612994: E.Tozzo, R. H. de Almeida Santos, S. Romera, M. P.dos Santos, E.
R. Dockal.
Resultados e Discussão |97
A tabela 6.7.1.3.2 apresenta as distâncias de ligação do metal central
coordenado. Analisando esta tabela verificamos uma diferença na geometria entre
as moléculas cis e trans A, B. Na molécula cis as duas ligações N-V são
relativamente simétricas cujas distâncias da ligação são de 2.06 Å e as ligações V-O
estão próximas a 1.93 Å. Nos compostos trans encontramos distorções, sendo estas
mais intensas para B. Nas distâncias das ligações N-V observamos para A 2.05 vs.
2.07Å e para B 2.04 vs. 2.08Å e para as ligações V-O temos: A 1.93 vs 1.936 Å e B
1.927 vs. 1.946Å. Estes valores sugerem que o átomo de vanádio está desviado do
centro da molécula nos complexos trans A e B e para o cis o vanádio encontra-se
bem próximo ao centro da molécula (figura 6.7.1.3c).
TABELA 6.7.1.3.2. Algumas distâncias de ligação para os complexos: (A) [VO(3-
MeO-t-salcn)].H
2
O e (B)-[VO(3-MeO-t-salcn)].2H
2
O e [VO(3-MeO-c-salcn)].
Verificando os ângulos de ligação (tabela 6.7.1.3.3) uma significativa distorção
é encontrada para os complexos trans, os ângulos de O1-V=05 e O2-V=O5 diferem
em 5º para A e 8º para B e para o complexo cis apenas 2º. A determinação da
geometria do complexo cis sugerida é pirâmide de base quadrada, pois considera-se
esta geometria quando os ângulos exibidos entre os átomos e V=O-basal esta entre
90º -113º
130
. No composto trans B o ângulo é de 114.3 sugerindo que a geometria
não seja exatamente uma pirâmide quadrada, podendo ser uma bipirâmide trigonal
distorcida que é uma configuração de geometria alternativa para complexos
pentacoordenados
130
.
Distâncias (Å)
trans A trans B cis
Ref.
130,131
V - O1 1.930(6) 1.927(6) 1.929(3) 1.930(4)
V - O2 1.936(5) 1.946(4) 1.937(4) 1.937(4)
V = O5 1.585(6) 1.590(6) 1.593(3) 1.610(4)
V - N1 2.053(6) 2.040(6) 2.065(5) 2.056(4)
V - N2 2.075(7) 2.081(6) 2.067(5) 2.067(5)
Resultados e Discussão |98
TABELA 6.7.1.3.3. Alguns ângulos de ligação para os complexos: (A)-[VO(3-MeO-t-
salcn)].H
2
O e (B)- [VO(3-MeO-t-salcn)].2H
2
O e [VO(3-MeO-c-salcn)].
FIGURA 6.7.1.3c: Estruturas moleculares dos complexos: (A)-[VO(3-MeO-t-
salcn)].H
2
O e (B)-[VO(3-MeO-t-salcn)].2H
2
O e [VO(3-MeO-c-salcn)].
Ângulos de
ligação (º)
trans A trans B cis
Ref.
130,131
O1 -V -O2 86.9(2) 86.9(2) 90.05(15) 87.21(16)
O1 –V = O5 112,3(7) 114.3(3) 108.16(17) 110.27(18)
O1 -V -N1 87.1(2) 87.4(2) 86.85(18) 87.18(16)
O1 -V -N2 140.0(3) 138.5(2) 145.55(17) 143.46(17)
O2 -V = O5 107.6(3) 106.9(3) 106.13(18) 109.14(17)
O2 -V -N1 149.4(2) 150.9(2) 149.01(17) 144.44(16)
O5 = V1 -N1 105.1(2) 102.4(3) 101.4(3) 105.74(17)
O5 = V1 N2 105.69(19) 107.2(3) 106.7(3) 105.85(19)
trans-A
trans-B
cis
Resultados e Discussão |99
6.7.2- Sínteses dos complexos de Cu(II)
A síntese foi realizada com facilidade, onde foi utilizado procedimento
similar ao dos complexos de VO(IV). O acetato de cobre foi o sal usado, não sendo
necessária a adição de reagente para desprotonação. A coloração apresentada foi
de vários tons de lilás e marrom e dos complexos com substituição 3,5-
apresentaram coloração violeta.
TABELA 6.7.2: Complexos de Cu(II): Fórmula, massa molar, rendimento sintético e
ponto de fusão.
Rendimento (%) Ponto de Fusão (ºC)
Cu(II) Fórmula
F.W.
(g/mol)
cis trans R S cis trans R S
H C
20
H
20
N
2
O
2
Cu 383,93 87 94 62 87 319 324 298 306
3-MeO C
22
H
24
N
2
O
4
Cu 443,98 85 84 56 89 330 343 339 341
3-EtO C
24
H
28
N
2
O
4
Cu 471,98 83 88 45 87 344 347 >350 339
5-Br C
20
H
18
N
2
O
2
Br
2
Cu 541,72 52 91 71 91 >350 346 >350 >350
5-Cl C
20
H
18
N
2
O
2
Cl
2
Cu 452,82 35 81 78 87 >350 >350 >350 >350
3,5-Br C
20
H
16
N
2
O
2
Br
4
Cu 699,51 69 56 64 78 >350 >350 >350 >350
3,5-Cl C
20
H
16
N
2
O
2
Cu 521,71 73 62 71 53 >350 >350 >350 >350
6.7.2.1- Análise dos espectros na região do infravermelho
Os espectros vibracionais para os complexos de Cu(II) apresentaram várias
bandas na região de 4000-400 cm
-1
. Assim como os complexos de VO(IV), alguns
complexos de Cu(II) apresentaram uma banda de O-H de H
2
O na região de 3300-
3500 cm
-1
. Todos os complexos apresentaram uma forte banda na região próxima a
1620 atribuída ao estiramento C=N, banda esta que caracteriza os compostos com
Base de Schiff. Uma outra banda que caracteriza os complexos é o estiramento C-
O. Quando comparamos os espectros de complexos e ligantes o estiramento CO
para os ligantes esta deslocado para regiões de maior comprimento de onda. Este
deslocamento sugere a coordenação do metal com o átomo de oxigênio. Dados da
literatura
106
apresentam que as vibrações M-O aparecem entre 420-360 cm
-1
e M-N
em 550-400 cm
-1
. Os espectros dos complexos apresentaram a banda do
estiramento Cu-N na região de 410-428 cm
-1
(figura 6.7.2.1) concordando com
dados consultados na literatura
133
para compostos similares cuja banda é
Resultados e Discussão |100
apresentada na região de 416 e 441 cm
-1
. Outra banda que caracteriza a
coordenação do metal é do estiramento Cu-O que não apresenta-se nos espectros
de Cu(II) por aparecerem na região de 316 e 275 cm
-1 133
e o limite de detecção dos
equipamentos utilizados não permitiram sua visualização.
As principais bandas e sua respectivas atribuições para os complexos de
cobre(II) estão dispostas na tabela 6.7.2.1.
FIGURA 6.7.2.1: Espectros vibracionais para alguns complexos de Cu(II) na região
de 1800-400 cm
-1
.
Resultados e Discussão |101
TABELA 6.7.2.1: Atribuição tentativa das principais bandas observadas nos
espectros vibracionais para os complexos Cu(II).
OH(H
2
O)
νC=N νCO
Cu-N
trans
- 1634 mF 1318 F 411 F
cis
3418 mf 1624 mF 1325 m 418 mf
R
3417 mf 1630 mF 1323 F 415 m
[Cu(salcn)]
S
3438 f 1631 mF 1327 m 414 f
trans
3543 m 1626 mF 1323 F 428 f
cis
3543 f 1621 mF 1316 m 419 mf
R
3542 f 1626 mF 1322 m 428 mf
[Cu(3-MeO-salcn)]
S
3541 m 1626 mF 1324 F 423 mf
trans
3541 f 1627 mF 1325 m 418 f
cis
3522 f 1621 mF 1312 f no
R
3543 m 1624 mF 1326 F 427 mf
[Cu(3-EtO-salcn)]
S
3548 m 1624 mF 1326 F 421 mf
trans
3420 mf 1633 mF 1316 F 417 f
cis
3402 mf 1625 mF 1318 F 427 mf
R
- 1631 mF 1313 F 419 f
[Cu(5-Cl-salcn)]
S
- 1631 mF 1317 m 418 f
trans
3398 f 1599 mF 1316 m 419 mf
cis
- 1626 mF 1318 m no
R
3443 f 1627 mF 1318 F 417 f
[Cu(5-Br-salcn)]
S
- 1631 mF 1317F 416 f
trans
- 1632 mF 1322 F 419 f
cis
3445 f 1630 mF 1313 m 419 f
R
3447 mf 1632 mF 1322F 421 f
[Cu(3,5-Cl-salcn)]
S
- 1631 mF 1321 F 419 f
trans
- 1627 mF 1318 mF 417 mf
cis
3335 m 1638 mF 1310 m 417 mf
R
3417 mf 1629 mF 1318 m 417 mf
[Cu(3,5-Br-salcn)]
S
- 1628 mF 1318 m 417 mf
no: não observado – mf(muito fraco), f(fraco), m(médio), F(forte), mF(muito
forte).
Resultados e Discussão |102
6.7.2.2- Análise dos espectros eletrônicos na região do
Ultravioleta-visível
Os espectros eletrônicos dos complexos de cobre(II) apresentaram
duas bandas de absorção na região de 270-800nm. Os dados publicados para
complexos semelhantes auxiliaram na atribuição tentativa dos complexos de
Cu(II)
98,133-135
.
Comparando os espectros dos ligantes e complexos (figura 6.7.2.2.1), temos
para os ligantes a banda da transição π→π* atribuída entre 310-332 nm que também
estão presente nos complexos de Cu(II), porém aparecem em regiões de menor
energia (361-386 nm). Uma justificativa para este deslocamento são as mudanças
ocorridas na conjugação do sistema, resultante da presença do íon metálico. Com a
coordenação Cu-N ocorre a estabilização do par de elétrons isolados do átomo de
nitrogênio e por conseqüência a ausência da transição nos espectros dos
complexos. A transição que caracteriza os complexos metálicos é a transição d-d.
Para os complexos de cobre(II) essa transição surge entre 565-600 nm, com baixa
intensidade (figura 6.7.2.2.2).
400 600
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
trans-Cu[5-Cl(salcn)]
trans-5Cl(salcn)
Abs.
λ
nm
FIGURA 6.7.2.2.1: Espectros eletrônicos do complexo trans-[Cu(5-Cl-salcn)] e o
ligante correspondente em solvente, DMSO 1x10
-4
mol L
-1
na região de 270-700 nm,
com expansão na região acima de 390 nm.
400 600 800
0,0
Abs.
λ nm
Resultados e Discussão |103
Assim como nos complexos de VO(IV), os espectros eletrônicos não
apresentam a banda de transferência de carga M-L ou L-M.
A tabela 6.7.2.2 mostram as atribuições para bandas de absorção na região
do Ultravioleta-visível e as absortividades molares máximas dos ligantes e
complexos de cobre(II).
400 500 600 700
0,0
0,5
1,0
374
576
trans-[Cu(3-MeO-salcn)]
cis- [Cu(3-MeO-salcn)]
1R,2R-[Cu(3-MeO-salcn)]
1S,2S-[Cu(3-MeO-salcn)]
Abs
λ
nm
FIGURA 6.7.2.2.2: Espectros eletrônicos dos complexos [Cu(3MeO-salcn)], em
solvente DMSO 1x10
-4
mol L
-1
na região de 270-700 nm.
Resultados e Discussão |104
TABELA 6.7.2.2: Posição das bandas de absorção na região do ultravioleta-visível e
as absorptividades molares máximas dos complexos Cu(II).
λ (nm)
π π∗ (C=N)
max
)
a
λ(nm)
d d
max
)
a
trans
363 8296 569 297
cis
362 11397 567 334
R
363 9324 576 300
[Cu(salcn)]
S
361 11149 565 394
trans
374 10737 566 498
cis
375 6403 569 264
R
375 8188 584 330
[Cu(3-MeO-salcn)]
S
374 7287 579 396
trans
374 4372 566 232
cis
378 6267 581 171
R
374 5693 564 233
[Cu(3-EtO-salcn)]
S
370 8070 573 310
trans
372 8256 576 119
cis
374 11412 566 703
R
374 10046 584 316
[Cu(5-Cl-salcn)]
S
370 7474 571 298
trans
372 9256 566 338
cis
378 9159 566 325
R
378 10256 598 287
[Cu(5-Br-salcn)]
S
371 9772 569 409
trans
376 8287 575 195
cis
378 10866 566 790
R
375 10740 578 380
[Cu(3,5-Cl-salcn)]
S
371 12166 570 410
trans
376 6856 606 382
cis
386 11010 566 866
R
372 11870 562 864
[Cu(3,5-Br-salcn)]
S
380 12114 580 559
a
L.mol
-1
.cm
-1
Resultados e Discussão |105
6.8 Análise Térmica
109
Utilizou-se a termogravimetria em alguns complexos de oxovanádio(IV)
com o objetivo de determinar, entre os diferentes ligantes, a estabilidade térmica da
ligação metal-ligante e conseqüentemente inferir qual ligante está mais fortemente
ligado ao metal. A análise das curvas de TG em conjunto com os resultados de
outras análises nos permite sugerir um modelo para o caminho da decomposição
térmica destes compostos. O número de etapas da decomposição dos ligantes
depende do grupo substituinte, os quais direcionam as diferenças no processo
térmico para os complexos, o número de etapas e em particular, a temperatura final
de decomposição destes complexos depende do ligante equatorial.
De acordo com a análise elementar (tabela 6.8.1) e resultados
térmicos dos ligantes e complexos somente trans-[VO(4-OH-salcn)].H
2
O possui água
de hidratação.
Tabela 6.8.1 Resultados experimentais e calculados, na análise elementar de
ligantes e complexos VO(IV)
109
.
Experimental, (calc.)/%
Composto
C N H
trans-(salcn) 74.2 (74.5) 8.7 (8.7) 6.9 (6.9)
trans-4OH(salcn) 67.8 (67.8) 8.1 (7.9) 6.5 (6.3)
trans-4DEA(salcn) 72.3 (72.4) 12.3 (12.1) 8.8 (8.7)
trans-[VO(salcn)] 61.7 (62.0) 7.7 (7.3) 5.3 (5.2)
trans-[VO(4-OH-salcn)]H
2
O
54.6 (54.9) 6.9 (6.4) 5.1 (5.1)
trans-[VO(4-DEA-salcn)] 63.8 (63.5) 10.3 (10.6) 7.7 (7.2)
O ligante trans-(salcn) se decompôs em apenas uma etapa, sem
resíduo no suporte da amostra (curva b, figura 6.8.1). A decomposição iniciou-se em
torno de 150-160°C. A curva DSC revelou um processo de fusão em 123°C e um
conjunto de picos de decomposição exotérmica de 270°C, até o final do experimento
500°C. Para o trans-4OH(salcn), são observadas duas etapas, na decomposição
térmica. Na curva TG os dados experimentais sugerem:
Resultados e Discussão |106
a) 195-305°C perda parcial do substituinte do anel fenólico e parte do
anel não aromático da ponte, de acordo com o espectro de infravermelho;
b) o resto do ligante se decompõe sem resíduo no suporte da amostra.
A decomposição iniciou-se em 325-650°C. A curva DSC (curva a, figura 6.8.2) não
mostrou fusão do composto. A decomposição ocorreu por eventos exotérmicos.
A decomposição térmica do trans-4DEA(salcn) ocorre em três etapas,
(curva c, figura 6.8.1). A primeira perda de massa ocorre entre 100 e 150°C e é
atribuída à água de superfície desde que a análise elementar não apresentou água
de hidratação. A segunda perda de massa ocorre entre 220°C e 350°C e é atribuída
à eliminação de C
18
H
25
N
3
O. Nesta temperatura ocorre a decomposição do ligante
com a quebra da ligação entre o anel fenólico e C=N. O resíduo (C
10
H
15
NO) foi
confirmado pela ausência da banda C=N no espectro de infravermelho no mesmo. A
terceira etapa ocorre entre 350°C e 700°C no amostra. A curva DSC (curva c figura
6.8.2) revelou um processo de fusão em 207°C e decomposição exotérmica.
Este complexo, trans-[VO(salcn)]decompõe-se termicamente em duas
etapas (curva e figura 6.8.1). A primeira etapa ocorre entre 310 e 380°C e é atribuída
à eliminação de parte do anel não aromático da ponte. A segunda etapa de
decomposição térmica, a qual ocorre na faixa entre 420-500°C, é atribuída a perda
do resto do ligante equatorial com a formação de V
2
O
5
, o espectro de infravermelho
do resíduo final foi comparado com V
2
O
5
padrão adquirido da empresa BDH. A curva
DSC (curva e, figura 3) não apresentou fusão e a decomposição é exotérmica.
O composto trans-[VO(4-OH-salcn)].H
2
O apresenta três etapas na
curva TG (curva d, figura 2), a primeira perda de massa ocorre ligeiramente acima
de 150°C sendo atribuída à perda de água de hidratação. A segunda perda de
massa ocorre entre 240 e 280°C e é provavelmente uma decomposição parcial do
ligante equatorial fornecendo um resíduo de C
7
H
5
NO
2
V. A terceira perda de massa
ocorre entre 385 e 420°C e é atribuída à perda do resto do ligante equatorial com
formação de V
2
O
5
. A curva DSC (curva d figura 6.8.2) mostra um ombro de
decomposição exotérmica.
Três etapas consecutivas são observadas na decomposição térmica do
trans-[VO(4-DEA-salcn)], (curva f, figura 6.8.1). A primeira perda de massa ocorre
entre 280 e 330°C e é atribuída à perda de parte do anel não aromático da ponte
dando C
24
H
30
N
4
O
3
V como resíduo. A comparação do espectro de infravermelho do
complexo inicial com seu resíduo mostra a presença do pico C=N e o pico devido á
Resultados e Discussão |107
ligação C-H do grupo CH
3
no substituinte 4-DEA. Entretanto, os picos referentes à
ligação CH do anel alifático estão ausentes indicando a perda do ciclohexano da
ponte e não dos anéis aromáticos substituídos. Para a segunda etapa que ocorre
entre 370 e 400°C é atribuída a perda do grupo substituinte pela ausência da
deformação CH atribuídas ao grupo DEA. A última perda de massa ocorre entre
440-480°C e é atribuída à perda do resto do ligante equatorial com formação de
V
2
O
5
. DSC concorda com tais observações com um pico endotérmico em 440 que
pode ser relacionado com a decomposição do grupo nitrogenado DEA.
0 200 400 600 800 1000
b
c
d
e
f
30%
a
Temperatura/°C
FIGURA 6.8.1: Curvas termogravimétrica: (a) trans-4OH(salcn); (b) trans-(salcn); (c
trans-4DEA(salcn); (d) trans-[VO(4-OH-salcn)]H
2
O; (e) trans-[VO(salcn)] e (f) trans-
[VO(4-DEA-salcn)], massa da amostra aproximadamente 7 mg, suporte da amostra
de platina e razão do aquecimento 15°C/min
109
.
% Perda de massa a.u.
Resultados e Discussão |108
0 100 200 300 400 500 600
b
c
Heat Flow/ mW, a. u.
d
e
6 W/g
a
endo
f
Temperatura/°C
FIGURA 6.8.2: Curva DSC : (a) trans-4OH(salcn); (b) trans-(salcn); (c trans-
4DEA(salcn); (d) trans-[VO(4-OH-salcn)]H
2
O; (e) trans-[VO(salcn)] e (f) trans-[VO(4-
DEA-salcn)],. Massa da amostra aproximadamente 3 mg, razão de aquecimento
15°C/min e suporte da amostra de alumínio
109
.
Analisando os processos apresentados na tabela 6.8.2 concluímos que
a ordem de estabilidade térmica encontrada para os ligantes é : trans-(salcn) trans-
4OH(salcn) < trans-4DEA(salcn) e para os complexos é: trans-[VO(4-OH-salcn)]H
2
O
< trans-[VO(4-DEA-salcn)] < trans-[VO(salcn)]. Os eventos térmicos relativos aos
processos de decomposições dos ligantes e complexos estão resumidos na tabela
6.8.2.
Cabe ressaltar, que este estudo foi realizado com o propósito de um
maior conhecimento do comportamento dos compostos, pois estes serão testados
futuramente como catalisadores. Este estudo pode vir a ser uma ferramenta
importante para uma posterior proposta do mecanismo das reações.
Fluxo de calor/mW
,
a.u.
Resultados e Discussão |109
TABELA 6.8.2: Perda de massa TG, faixa de temperatura, picos de DSC e H
relativo do processo de decomposição térmica dos ligantes e complexos VO(IV)
109
.
Processo Dados TG
Perda de massa* ou
resíduo**/%
Picos
DSC/
o
C
a
T
intervalo
/
o
C TG Calc
trans-(salcn) (s) trans-salcn (l)
--- --- --- 123 (endo)
H
Fus
=
99.0 J g
-1
trans-(salcn) (l) decomposição
150-450 98.8* 100
341, 351,
414 (exo)
trans-(4-OH-salcn) C
16
H
14
N
2
O
2
195-305 78.2** 75,2
245 (endo)
275(exo)
C
16
H
14
N
2
O
2
decomposição
325-650 76.6* --- 330 (exo)
trans-(4-DEA-salcn) (s) trans-(4-
DEA-salcn) (l)
--- --- --- 207 (endo)
H
Fus
=
112.9 J g
-
1
trans-(4-DEA-salcn) (l) C
10
H
15
NO
220-350 38.2** 35.6 340 (exo)
C
10
H
15
NO decomposição
350-700 38.2* --- 352 (exo)
trans-[VO(salcn)] C
16
H
12
N
2
O
3
V
310-380 84.9** 85.5
360, 379,
401 (exo)
C
16
H
12
N
2
O
3
V V
2
O
5
420-500 26.2** 23.5 ---
trans-[VO(4OH-salcn)]H
2
O trans-
[VO(4-OH-salcn)] + H
2
O
35-150 3.0* 4.0 96, 118(exo)
trans-[VO(4-OH-salcn)]
C
7
H
5
NO
2
V
240-280 44.2** 42.5 368 (exo)
C
7
H
5
NO
2
V V
2
O
5
385-420 23.6** 20.8 ---
trans-[VO(4-DEAsalcn)]
C
24
H
30
N
4
O
3
V
280-330 89.8** 89.4 ---
C
24
H
30
N
4
O
3
V C
16
H
12
N
2
O
3
V
370-400 63.4** 62,6 ---
C
16
H
12
N
2
O
3
V V
2
O
5
440-480 17.4** 17.2 441(endo)
a
exo – processo exotérmico; endo – processo exotérmico
6.9. Testes Catalíticos
Resultados e Discussão |110
A oxidação dos sulfetos foi catalisada pelos complexos trans-VO(IV) e
complexos trans-Cu(II). Com o objetivo de otimizar as condições catalíticas das
reações de sulfoxidação, as reações foram reproduzidas utilizando dois doadores de
oxigênio, para posterior comparação quanto ao desempenho dos mesmos. Os
agentes oxidantes utilizados foram o peróxido de hidrogênio (H
2
O
2
) e tert-butil
hidroperóxido (TBUOOH). A escolha do agente oxidante, assim como a escolha do
solvente é muito importante nos rendimentos catalíticos. Dados encontrados na
literatura apontam que a utilização da acetonitrila como solvente apresenta bons
rendimentos químicos das reações (acima de 80%)
136
e produz um excesso
enantiomérico em torno de 17%. Solventes como clorofórmio e diclorometano
apresentam baixos rendimentos químicos, sem gerar excessos enantioméricos
significantes e por essas premissas o solvente utilizado nas reações foi a acetonitrila
136
. A temperatura é outro fator que influência diretamente as catalises quando o
mote é obter produtos com alto excesso enantiomérico, em reações de epoxidação
com o mesmo protocolo reacional. Variou-se a temperatura de -20°, 0° e
temperatura ambiente apresentado respectivamente 69, 75 e 77% de excesso
enantiomérico
15
. Estes resultados foram decisivos para determinar a temperatura
utilizada nas reações que foi de 0°C. Apesar de não determinarmos o excesso
enantiomérico do produto, a verificação do rendimento químico comparado com a
literatura nestas condições, seria de grande contribuição para futuras pesquisas. O
método que concorda com as escolhas estabelecidas é o procedimento realizado
pelo grupo de Bunce
82
. Este procedimento, citado na parte experimental, apresenta
condições brandas e de fácil execução.
A identificação dos picos apresentados nos cromatogramas foi feita
injetando amostras contendo cada um dos compostos utilizados nas reações
(solvente, doadores de oxigênios). O tempo de retenção do substrato e do produto
foi reconhecido utilizando amostras obtidas comercialmente. Os catalisadores
testados foram racêmicos trans-[M(salcn)].
Os rendimentos químicos foram obtidos por uma curva de calibração
(figura 6.9.1) construída com os valores coletados dos cromatogramas das áreas e
concentrações de sulfeto correspondentes. As concentrações variaram de 10 a
100% do volume de substrato utilizado nas reações. Assim os valores obtidos (figura
6.9.2) após 5 horas de reação, são da conversão de sulfeto em sulfóxido e sulfona.
Resultados e Discussão |111
Em todas as reações foi detectada a formação de sulfona, os valores das áreas
obtidas nos cromatogramas não ultrapassaram 1% do volume do substrato utilizado.
A formação de sulfona indica que houve uma dupla oxidação (figura 6.9.3) e deve-se
modificar algumas condições reacionais se o interesse for obter uma oxidação
simples , ou seja produzir apenas sulfóxido.
0.0 25.0 50.0 75.0 Conc.
0.0
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
Area(x100,000)
FIGURA 6.9.1: Curva de Padrão empregada na quantificação das reações de
oxidação (concentração de sulfeto vs. área do cromatograma correspondente)
Resultados e Discussão |112
FIGURA 6.9.2: Gráfico da conversão do substrato nas reações de sulfoxidação.
F
FIGURA 6.9.3: Representação esquemática das reações de oxidação
2,82
.
Observando o gráfico (figura 6.9.2.) notamos que as reações utilizando
peróxido de hidrogênio converteram uma maior quantidade de substrato na maior
parte dos catalisadores, exceto para os complexos trans-[VO(salcn)] e trans)-[VO(5-
Cl-salcn)]. A conversão com trans-[VO(5-Cl-salcn)] utilizando t-BuOOH foi
significativamente maior quando comparado com H
2
O
2
, 14,5% e 26%
respectivamente. Analisando os catalisadores não encontramos uma linearidade nas
conversões entre os metais. Os complexos de VO(IV) com grupos substituintes
doadores de elétrons apresentaram um aumento na conversão na ordem de
H>3MeO>3EtO para os dois agentes oxidantes. Para os complexos Cu(II) com
28
11,5
12,5
13,5
28
16
18
17
27,5
18,5
33,5
22,5
73,5
26,5
26
14,5
25,5
32
27
24,5
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
1
00
H
CU
H
V
O
3
M
EO
C
U
3
M
EO
VO
3
ETO
CU
3
ETOV
O
5
CL
C
U
5
C
L
VO
5
BRC
U
5
BRVO
Conversão %
t
B OOH
H
2
O
2
S
lenta
catalisador
S
O
rápida
catalisador
S
O
O
Resultados e Discussão |113
grupos substituintes H e 3MeO a conversão foi igual 28% quando utilizado H
2
O
2
.
Comparando todas as reações, a maior conversão de sulfeto foi de 73,5% (quando
utilizado o catalisador trans-[Cu(5Cl-salcn)]). Na figura 6.9.4 apresentamos
separadamente as porcentagens de conversão em ordem decrescente, em cada
série, para uma melhor visualização.
FIGURA 6.9.4: Gráficos das porcentagens de conversão do sulfeto.
Figura 6.9.4: Gráficos das porcentagens de conversão do sulfeto.
Observando os gráficos das séries das reações separadamente, nas
reações com os catalisadores de Cu(II), cujo doador de oxigênio H
2
O
2
,
comportaram-se de forma discrepante em relação as outras séries. Apesar desta
série ter revelado o catalisador mais eficiente não foi possível uma correlação com
Peróxido de Hidrogênio
0
5
10
15
20
25
30
35
Conversão de sulfeto %
5
Br-Cu
(
II)
5Cl-Cu(II)
3
Et
O
-C
u
(II
)
3
MeO-Cu
(I
I)
H-Cu(II
)
t-butil hidroperóxido
0
10
20
30
40
50
60
70
80
Conversão de sulfeto %
5C
l-C
u
(II)
H-C
u
(II)
3Me
O
-Cu
(I
I)
3E
tO
-C
u(
II)
5
Br-
C
u(I
I)
0
5
10
15
20
25
Conversão de sulfeto %
5
Br-VO(IV)
3EtO
-
VO(I
V)
3Me
O-V
O(IV)
5
Cl-VO
(
I
V
)
H--VO(I
V)
t-butil hidroperóxido
0
5
10
15
20
25
30
35
Conversão de sulfeto %
3
Et
O-VO(IV)
5Br-VO(IV)
5Cl
-
VO(IV)
3M
e
O-VO(IV
)
H--VO(I
V
)
Peróxido de Hidrgênio
t-butil hidro
p
eróxido
Peróxido de hidro
g
ênio
Peróxido de hidro
g
ênio
t-butil hidro
p
eróxido
Resultados e Discussão |114
os efeitos eletrônicos dos catalisadores. Com exceção do catalisador com grupo
substituinte 5Cl, a conversão do substrato foi bem semelhante.
Os catalisadores de Cu(II)-salcn apresentaram nas reações utilizando t-
BuOOH uma maior porcentagem de conversão para os catalisadores com grupos
substituintes retiradores de elétrons.
Os complexos trans-[VO(5Brsalcn)] e trans-[VO(3EtOsalcn)] foram os
mais eficientes quando comparamos as duas condições reacionais. De modo geral,
os complexos apresentaram resultados satisfatórios. A literatura
82
relata que R,R-
[Cu(salcn)] produziu 60% de fenil metil sulfóxido, e catalisador de R,R-VO(IV) com
estrutura semelhante as utilizadas nesta pesquisa, gerou 10% do sulfóxido, sob as
mesmas condições.
Conclusões |115
7. Conclusões
Apesar do procedimento seguido ser laborioso, a separação e
preparação das diaminas foi satisfatória. Este resultado foi comprovado pelas
técnicas de caracterização utilizadas. Os resultados das caracterizações dos
ligantes foi mais uma ferrementa para consolidar a separação das diaminas. As
sínteses dos ligantes, muito conhecida na literatura, mais uma vez indicaram o
sucesso da obtenção das bases de Schiff. O rendimento químico é de 80-94% para
as sínteses onde a diamina e aldeído utilizados são comerciais. Nas sínteses dos
ligantes onde a diamina foi preparada, os rendimentos foram superiores a 41%. As
técnicas complementares utilizadas na caracterização dos ligantes, (IV, UV-vis, RMN
de
1
H e
13
C), além de comprovarem a estrutura, também proporcionaram um maior
entendimento no comportamento químico do ligante. A determinação das estruturas
de quatro ligantes e dois complexos de oxovanádio(IV) por difração de raios-X,
foram consideradas inéditas após pesquisa na CCDC. A síntese dos complexos foi
de simples execução e os rendimentos dos complexos de VO(IV) chegaram a 95% e
94% nos complexos de Cu(II). A caracterização dos complexos (IV e UV-vis)
mostraram que a inserção do metal foi de forma efetiva na estrutura dos ligantes.
Apresentando as devidas bandas características da ligação metal-ligante.
O estudo das propriedades catalíticas dos complexos de Cu(II) e
VO(IV) com bases de Schiff trans-salcn apresentaram resultados relevantes. Os
rendimentos de conversão do sulfeto variaram de 73,5-11,5%. Os catalisadores que
apresentaram maiores rendimentos foram os complexos de Cu(II) nas condições
onde o doador de oxigênio foi o H
2
O
2
, entre eles o [Cu(5-Cl-t-salcn)] apresentou ser
mais eficiente com 73,5% . As reações com complexos de VO(IV) apresentaram
rendimentos de conversão de 12,5-33,5%, considerados bons resultados de
conversão sob estas condições de reação. Não foi possível estabelecer uma relação
entre os substituintes doadores e retiradores de elétrons dos catalisadores e os
valores de conversão obtidos no estudo catalítico.
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