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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
FACULDADE DE MEDICINA
DEPARTAMENTO DE FISIOLOGIA E FARMACOLOGIA
ESTUDO FARMACOLÓGICO DA TERNATINA, UM FLAVONÓIDE ISOLADO
DE Egletes viscosa, LESS.
CÉLIO LIMA DE MELO
FORTALEZA
1991
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
FACULDADE DE MEDICINA
DEPARTAMENTO DE FISIOLOGIA E FARMACOLOGIA
ESTUDO FARMACOLÓGICO DA TERNATINA, UM FLAVONÓIDE ISOLADO
DE Egletes viscosa, LESS.
CÉLIO LIMA DE MELO
DISSERTAÇÃO SUBMETIDA À COORDENAÇÃO
DO CURSO DE PÓS-GRADUÇÃO EM
FARMACOLOGIA, COMO REQUISITO PARCIAL
PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
FORTALEZA - 1991
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Esta dissertação foi submetida como parte dos requisitos necessários à
obtenção do grau de mestre em farmacologia, outorgado pela Universidade
Federal do Ceará, e encontra-se à disposição dos interessados na Biblioteca
Central da referida universidade.
A citação de qualquer trecho desta dissertação é permitida, desde que seja feita
de conformidade com as normas de ética científica.
____________________________________
Célio Lima de Melo
DISSERTAÇÃO APROVADA EM: / /
______________________________________
Prof. Vietla Satyanarayana Rao
Orientador
_______________________________________
Prof. Manoel Odorico de Moraes Filho
_________________________________________
Prof. Edilberto Rocha Silveira
Este trabalho é dedicado à minha
mulher, aos meus filhos, aos meus
pais e às minhas tias Cleonice e
Gracy.
AGRADECIMENTOS
Muitas pessoas, direta e indiretamente, colaboraram na elaboração deste
estudo. Em especial, gostaria de reafirmar e agradecer:
Ao Prof. Vietla Satyanarayana Rao, pela orientação e amizade.
Ao Prof. Edilberto Rocha Silveira, pelo isolamento da droga utilizada nesse
trabalho.
Ao Prof. Manoel Odorico de Moraes Filho, pela participação no ensaio para a
verificação do efeito antitumoral.
Ao Prof. Marcus Raimundo Vale, pelo incentivo ao mestrado.
Aos colegas José Clielder Rebouças da Silva e Viviane Calheiros Chaves, pela
ajuda indispensável durante os ensaios farmacológicos.
À Profª Mary Anne Souza Lima, pela extração e purificação da droga.
Aos Profs. Glauce Socorro Barros Viana, Chefe do Departamento de Fisiologia
e Farmacologia e Manassés Claudino Fonteles, coordenador do Mestrado em
Farmacologia.
Aos Profs. Raimundo Holanda Farias e Carlos Couto Castelo Banco, pela ajuda
material, sem a qual não teria sido possível concluir este trabalho.
Aos meus colegas de turma, em especial César Silva Pontes e Fernanda
Regina de Castro Almeida.
Aos Profs. Francisco José de Abreu Matos e Maria Elisa de Oliveira Matos,
pelas informações valiosas.
iv
Ao meu irmão Francisco Augusto Sales Veloso e ao amigo Osmar Onofre,
pelas fotos e pelos desenhos.
À Profª. Rosália Maria Oliveira Corrêa Lima, da UFPE e à colega Cláudia do ó
Pessoa, pelo ensaio de citoxicidade.
À minha amiga Maria Sulamita de Almeida Vieira, pela correção de português.
À Profª. Neiva Francenely Cunha Vieira, pela ajuda na introdução.
A todos os professores e funcionários do Departamento de Fisiologia e
Farmacologia.
À bibliotecária Norma Carvalho Linhares, pelo levantamento bibliográfico.
Aos meus colegas do Departamento de Análises Clínicas e Toxicológicas, em
especial à Profª. Zoraide Mendonça Tavares.
À Bolsista de Trabalho Lana Oliveira Leite pelo imenso cuidado na digitação
deste documento.
À Profª Maria Goretti Rodrigues de Queiroz por disponibilizar local e
equipamentos para a digitação deste trabalho.
v
SUMÁRIO
LISTA DE TABELAS ........................................................................................ix
LISTA DE FIGURAS ........................................................................................xi
RESUMO........................................................................................................ xiii
1. INTRODUÇÃO ..............................................................................................1
1.1 Generalidades .............................................................................................1
1.2 Flavonóides ............................................................................................... 3
1.2.1 Flavonóides como Agentes Antiinflamatórios ...........................................6
1.2.2 Flavonóides como Agentes Antihepatotóxicos ........................................ 9
1.2.3 Flavonóides como Agentes Antivirais .................................................... 10
1.2.4 Flavonóides como Agentes Antialérgicos .............................................. 11
1.2.5 Flavonóides como Agentes Antitumorais ............................................... 11
1.2.6 Efeitos Bioquímicos dos Flavonóides .................................................... 12
1.2.7 Usos Terapêuticos dos Flavonóides ...................................................... 13
1.3 A Planta .................................................................................................... 14
1.3.1 Descrição Botânica ................................................................................ 14
1.3.2 Informações Químicas ............................................................................16
1.3.3 Efeitos Farmacológicos ...........................................................................16
1.3.4 Uso Popular ............................................................................................18
1.4 Objetivos ....................................................................................................18
2. MATERIAL ...................................................................................................18
2.1 A Planta ......................................................................................................18
2.2 Animais Experimentais ...............................................................................19
2.3 Soluções Fisiológicas .................................................................................19
2.4 Reagentes e Corantes ...............................................................................20
2.5 – Drogas .....................................................................................................20
vi
3. MÉTODOS ...................................................................................................21
3.1 Extração e Purificação da Ternatina ..........................................................21
3.2 Ação Antiinflamatória .................................................................................27
3.2.1 Inflamação Aguda-Edema da Pata Induzida por Carragenina em ratos .27
3.2.2 Permeabilidade Capilar ...........................................................................29
3.3 Atividade Analgésica ..................................................................................29
3.3.1 Teste da Placa Quente ............................................................................29
3.3.2 Teste de “WRITHING” .............................................................................30
3.3.3 Atividade Antipirética da Ternatina em Ratos Hipertérmicos ..................30
3.4 Ação Gastroprotetora ................................................................................31
3.4.1 Lesões Gástricas Induzidas por Etanol (99%) em Camundongos ..........31
3.5 Efeitos da Ternatina sobre o Trânsito Gastrointestinal em Camundongos.31
3.6 Efeito Hepatoprotetor da Ternatina sobre a toxicidade Induzida por
Tetracloreto de Carbono (CCl
4
) em Ratos .......................................................31
3.6.1 Determinações Bioquímicas e Hematológicas ........................................32
3.7 Efeito da Ternatina sobre o Íleo Isolado de Cobaio ...................................33
3.8 Atividade Citotóxica ....................................................................................34
3.8.1 Efeito da Ternatina sobre a Citotoxicidade em Cultura de Tecido ..........34
3.9 Métodos Estatísticos...................................................................................35
4. RESULTADOS .............................................................................................35
4.1 Ação Antiinflamatória .................................................................................35
4.1.1 Inflamação Aguda – Edema de Pata Induzido por Carragenina em
Ratos.................................................................................................................35
4.1.2 Permeabilidade Capilar Induzida por Ácido Acético em
Camundongos...................................................................................................35
4.2 Atividade Analgésico...................................................................................37
4.2.1 Teste da Placa Quente ............................................................................37
4.2.2 Teste de “WRITHING” Induzido por Ácido Acético em Camundongos....39
4.2.3 Atividade Antipirética da Ternatina em Ratos .........................................42
4.3 Ação Gastroprotetora .................................................................................42
4.3.1 Lesões Gástricas Induzidas por Etanol 99% em Camundongos ............42
4.4 Efeito da Ternatina sobre o Trânsito Gastrointestinal em Camundongos...42
vii
4.5 Efeito da Ternatina em Ratos Portadores de Lesões Hepáticas Induzidas
por Tetracloreto de Carbono (CCl
4
)..................................................................49
4.5.1 Avaliação do Tempo de Sono Barbitúrico em Ratos portadores de Lesões
Hepáticas Induzida por CCl
4
.............................................................................57
4.6 Efeito da Ternatina sobre o Íleo Isolado de Cobaio ...................................57
4.7 Atividade Citotóxica ....................................................................................59
4.7.1 Efeito da Ternatina sobre a Citotoxidade em Cultura de Tecido..............59
5. DISCUSSÃO ................................................................................................68
6. CONCLUSÕES ............................................................................................75
7. ABSTRACT...................................................................................................77
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................79
viii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Efeito da Ternatina e da Indometacina no edema de pata induzido
por carragenina em ratos (pág. 35).
Tabela 2. Efeito da Ternatina e do ácido Acetilsalicílico sobre a
permeabilidade capilar induzida por ácido acético em camundongos (pág.
37).
Tabela 3. Efeito da Ternatina e Morfina no teste de placa quente em
camundongos (pág. 40).
Tabela 4. Efeito da Ternatina e da Indometacina nas contorções
abdominais induzidas por ácido acético em camundongos (pág. 41).
Tabela 5. Efeito da Ternatina e Paracetamol em hipertermia
induzida por levedura de cerveja em ratos (pág. 43).
Tabela 6. Efeito da Ternatina nas lesões gástricas induzidas por etanol 99%
em camundongos (pág. 45).
Tabela 7. Efeito da Ternatina sobre o trânsito gastrointestinal (TGI) em
camundongos (pág. 47).
Tabela 8. Efeito da Ternatina sobre os níveis de alanina-aminotransferase
sérica (ALT) em lesões hepáticas induzidas por Tetracloreto de Carbono
(CCl
4
) em ratos (pág. 50).
Tabela 9. Efeito da Ternatina sobre os níveis de aspartato-
aminotransferase sérica (AST) em lesões hepáticas induzidas por
Tetracloreto de Carbono (CCl
4
) em ratos (pág. 51).
ix
Tabela 10. Efeito da Ternatina sobre os níveis de fosfatase alcalina sérica
(ALP) em lesões hepáticas induzidas por Tetracloreto de Carbono (CCl
4
)
em ratos (pág. 52).
Tabela 11. Efeito da Ternatina sobre a concentração de bilirrubina total (BT)
em lesões hepáticas induzidas por Tetracloreto de Carbono (CCl
4
) em
ratos(pág. 53),
Tabela 12. Efeito da Ternatina sobre a concentração dos triglicerídeos
séricos (TG) em lesões hepáticas induzidas por Tetracloreto de Carbono
(CCl
4
) em ratos (pág. 54).
Tabela 13. Efeito da Ternatina sobre o tempo de protrombina plasmática
(TP) em lesões hepáticas induzidas por Tetracloreto de Carbono (CCl
4
) em
ratos (pág. 55).
Tabela 14. Avaliação do tempo de sono barbitúrico em ratos portadores
de lesões hepáticas induzidas por Tetracloreto de Carbono (CCl
4
)
(pág.58).
Tabela 15. Efeito da Ternatina sobre as contrações induzidas por
agonistas por agonistas em íleo isolado de cobaio (pág. 61).
x
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Classes dos flavonóides (pág. 5).
Figura 2. Egletes viscosa, Less – Fotografia de material cedido pelo Herbário
Prisco Bezerra (pág. 15).
Figura 3. Estrutura química da Ternatina (pág. 17).
Figura 4. Purificação do extrato hexânico-etanólico de Egletes viscosa e
isolamento da Ternatina (pág. 22).
Figura 5. Espectro na região do infravermelho em KBr da Ternatina (pág. 23).
Figura 6. Espectrometria de massa da Ternatina (pág. 24).
Figura 7. Espectro de ressonância magnética nuclear protônica (RMN
1
H) em
CDCl
3
da Ternatina (300MHz) (pág. 25).
Figura 8. Espectro de Ressonância Magnética Nuclear de Carbono (RMN
13
C)
em CDCl
3
da Ternatina (75MHz) (pág. 26).
Figura 9. Pletismógrafo (pág. 28).
Figura 10. Efeito da Ternatina e do ácido Acetilsalicílico (AAS) sobre a
permeabilidade capilar induzida por ácido acético em camundongos (pág. 36).
Figura 11. Atividade antipirética da Ternatina e do Paracetamol sobre a
hipertermia provocada por levedura de cerveja em ratos (pág. 44).
Figura 12. Lesões gástricas induzidas por etanol 99% em camundongos (pág.
46).
xi
Figura 13. Efeito preventivo da Ternatina a lesões gástricas em camundongos
(pág. 46).
Figura 14. Efeito preventivo da Ternatina sobre o trânsito gastrointestinal em
camundongos (pág. 48)
Figura 15. Efeito da Ternatina em ratos portadores de lesões hepáticas
induzidas por tetracloreto de carbono (CCl
4
) em 24 e 192 horas (pág. 56).
Figura 16. Avaliação do tempo de sono barbitúrico em ratos portadores de
lesões hepáticas induzidas por Tetracloreto de Carbono (CCl
4
) (pág. 60).
Figura 17. Efeito da Ternatina nas contrações provocadas por agonistas em
íleo isolado de cobaio (pág. 62).
Figura 18. Efeito da Ternatina nas contrações provocadas por Acetilcolina
(0,57 x 10
-6
M) em íleo isolado de cobaio (pág. 63).
Figura 19. Efeito da Ternatina nas contrações provocadas por Histamina (0,28
x 10
-7
M) em íleo isolado de cobaio (pág. 64).
Figura 20. Efeito da Ternatina nas contrações provocadas por Serotonina (0,28
x 10
-7
M) em íleo isolado de cobaio (pág. 65).
Figura 21. Efeito da Ternatina nas contrações provocadas por Clloreto de Bário
(0,20 x 10
-6
M) em íleo isolado de cobaio (pág. 66).
Figura 22. Efeito da Ternatina nas contrações provocadas por Acetilcolina
(0,57 x 10
-6
M) em íleo isolado de cobaio (pág. 67).
xii
RESUMO
Ternatina (5,4’-dihidroxi-3, 7, 8, 3’-tetrametoxi-flavona), um bioflavonóide
isolado de Egletes viscosa, Less (Compositae), foi estudado frente a vários
efeitos farmacológicos em animais experimentais.
O composto (15 e 30 mg/kg, i.p.) demonstrou de forma dose-dependente
um efeito antiinflamatório significante no edema de pata induzido por
carragenina. Neste modelo, a indometacina (5 mg/kg, v.o.), uma conhecida
droga antiinflamatória não esteróide, demonstrou maior potência que a
Ternatina. Com doses semelhantes às anteriores, o bioflavonóide reduziu
efetivamente o aumento da permeabilidade capilar provocada por ácido acético
em camundongos, propriedade comum para muitos flavonóides.
Nesses mesmos animais, a Ternatina (15 e 30 mg/kg, i.p.) não
demonstrou atividade sobre o tempo de reação no modelo da placa quente de
Eddy (55±1ºC). Porém, no teste de “WRITHING” induzido por ácido acético, o
composto reduziu significativamente o número de contorções abdominais de
maneira dose-dependente, indicando ter uma possível propriedade analgésica
periférica.
A substância em estudo também mostrou atividade antipirética em ratos
no modelo de pirexia provocada por leveduras de cerveja. Este efeito, com
dose de 30 mg/kg, via intraperitoneal, foi quase equivalente ao produzido por
paracetamol (250 mg/kg, v.o.).
A propriedade gastroprotetora da Ternatina foi evidenciada no modelo
experimental de hipertermia gástrica aguda provocada por etanol 99% em
camundongos. A Ternatina, nas doses de 30 e 60 mg/kg, via intraperitoneal,
reduziu significativamente o desenvolvimento das mudanças hiperêmicas
induzidas por etanol no estômago. Essa droga (30 mg/kg, i.p.) também
demonstrou um possível efeito hepatoprotetor ao diminuir de forma significativa
a atividade da alanina-aminotransferase (ALT) sérica nas lesões do fígado
provocadas por tetracloreto de carbono (CCl
4
) em ratos.
Nos animais tratados com Ternatina (30 mg/kg, i.p.) durante 8 dias
consecutivos, o tempo de sono induzido por pentobarbital sódico foi
significativamente maior que o do grupo controle, mostrando um provável efeito
xiii
depressor do flavonóide sobre o metabolismo enzimático de drogas no fígado
e/ou em outros sistemas orgânicos.
A Ternatina (15 e 30 mg/kg, i.p.) inibiu de forma dose-dependente o
trânsito gastrointestinal em camundongos. Além disso, o composto (10 e 40
µg/mL no banho) produziu uma eficaz e reversível inibição das respostas
contráteis causadas por diversos agonistas (acetilcolina, histamina, serotonina
e cloreto de bário) em íleo isolado de cobaio. A inibição mostrou-se inespecífica
e foi revertida por um aumento da concentração de cálcio no banho, implicando
que a Ternatina afeta os processos celulares dependentes desse íon. Em
células KBr, a substância estudada evidenciou baixa citotoxicidade. A
concentração efetiva da droga necessária para inibir o crescimento celular
(CyED
50
) foi de 100 µg/mL.
A Ternatina e o extrato bruto de Egletes viscosa, também exibiram baixa
toxicidade geral. Os resultados obtidos no presente estudo como os
compostos, juntamente com a atividade antiviral descrita contra poliovírus e
adenovírus, sugerem que ela deve ser um dos principais componentes ativos
de Egletes viscosa e, portanto, a base científica para comprovar o intensivo uso
do extrato bruto da planta em medicina popular no tratamento dos distúrbios
gastrointestinais.
xiv
1.
INTRODUÇÃO
1.1
Generalidades
O homem primitivo já experimentava as plantas tanto para a sua alimentação
como para fins terapêuticos, fazendo ele mesmo um processo de seleção, rejeitando
algumas por serem prejudiciais à sua saúde pela sua toxicidade e assim acumulando e
transmitindo a experiência adquirida com o passar do tempo.
A sobrevivência humana, expressa pelo conhecimento da cultura do arroz, do
trigo, do milho, tem demonstrado até então que o aprendizado com base na
metodologia dos erros e acertos tem sido ao longo dos anos, o caminho para
descobertas fundamentais no campo de aplicação terapêutica das plantas.
No caso das ervas portadoras de propriedades farmacológicas e terapêuticas,
foram na sua maioria descobertas ao acaso ou empiricamente. A medicina popular,
portanto, é responsável pelo desenvolvimento e uso de inúmeros e valiosos remédios,
hoje ainda empregados na medicina científica, como os digitálicos, a atropina, a
morfina, a cafeína, a trombina.
No Brasil, a utilização de plantas com propósitos curativos tem sua origem
inicialmente na cultura dos indígenas, posteriormente através dos conhecimentos
trazidos da África pelos negros e, finalmente, por meio dos imigrantes.
Em todas as regiões do Brasil, o uso de plantas medicinais nas suas mais
diversas formas, tornou-se uma prática comum, desenvolvida por todas as camadas da
sociedade, especialmente pelas populações submetidas a privações sociais e
econômicas. Em conseqüência, a falta de acesso aos serviços de saúde faz com que
as pessoas de baixa renda, ao serem acometidas por doenças, procurem na própria
natureza alternativas para a cura dos seus males através da auto-medicação.
Não devemos esquecer, porém, que o uso popular e secular das plantas
medicinais ratifica a validade dessa prática, independentemente da comprovação
científica.
Outros indicadores que comprovam o intenso uso das plantas medicinais são os
livres comércios realizados em locais públicos como feiras, mercados e farmácias, o
1
alto custo dos remédios fabricados pelas indústrias farmacêuticas, o modismo da
população no que diz respeito ao uso preferencial de produtos naturais. Acrescente-se
ainda que essa prática seja estimulada pelos diversos meios de comunicação através
do livre “marketing” em torno desses recursos, induzindo a população ao uso
indiscriminado de plantas medicinais.
No Brasil, assim como em outros países, faz-se necessária a alocação de mais
recursos financeiros destinados ao desenvolvimento de pesquisas com o objetivo de
estabelecer bases científicas para confirmar ou refutar o uso popular e empírico das
plantas medicinais.
Nesse sentido, a comprovação das propriedades terapêuticas das plantas,
através de recursos laboratoriais, representa a síntese dos conhecimentos empíricos e
científicos.
Nenhum país do mundo abriga uma flora tão rica e variada como o Brasil.
Segundo Rizzo (sd), a investigação desses ervanários se justifica, dado que no Brasil
há mais de 120 mil espécies de plantas, sendo que apenas um pequeno percentual é
usado em função dos seus efeitos terapêuticos.
O planejamento da assistência de saúde no Brasil requer confrontar uma série
de situações que direciona o país nas tomadas de decisões, considerando sua
estrutura política e econômica. O Brasil, com um consumo anual de 1,6 bilhão de
dólares, com 3.500 substâncias compondo 35.000 tipos de remédios, é hoje o sétimo
mercado mundial de medicamentos. Acrescente-se a esta situação uma população
estimada em 135 milhões de habitantes, onde apenas 40 milhões têm acesso às
especialidades farmacêuticas (FALCÃO, et al., 1988).
Estudos e pesquisas têm sido incentivados e patrocinados por órgãos como a
OMS (Organização Mundial de Saúde) a nível internacional e CNPq (Conselho Nacional
de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), CEME (Central de Medicamentos),
FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), Fundação ABIF
(Associação Brasileira de Indústria Farmacêutica) de Pesquisa em Biociências e por
fundos de pesquisas de Institutos e Universidades a nível nacional (VALLE, 1978;
MATOS, 1981).
2
A Conferência de Alma-Ata, realizada em 1978 na União Soviética, recomenda
como estratégia para os países em desenvolvimento, a utilização de tecnologias
apropriadas que garantam um grau de saúde aceitável e socialmente justo.
A medicina caseira tem sido apontada como um dos caminhos para a extensão
dos serviços de saúde à população, desde a III e IV Reunião dos Ministros das
Américas (1972 e 1977).
SINGER (1978) e VIEIRA & SABOIA (1982) ao referirem-se à medicina popular
ou tradicional, a colocam dentro de critérios de não cientificidade, sendo ela ainda
considerada ilegítima, uma vez que se constitui no recurso da classe social menos
privilegiada que dela se utiliza baseada na tentativa e erro.
Uma alimentação sadia e rica do ponto de vista nutritivo seria sem dúvida fator
de prevenção contra doença tais como diarréias, desidratação, gastroenterites e
distúrbios respiratórios.
Vale ressaltar que grande parte dos problemas de saúde das populações
carentes repousa nos patamares de medidas simples e de baixo custo operacional.
Utilizar recursos provenientes da natureza é um meio, que, conjugado à pesquisa
científica, garante e reponde à acessibilidade da comunidade aos serviços e à
simplicidade na resolução dos problemas. Isso não se traduz em uma medida de
discriminar a assistência de saúde entre pobres e ricos. A simplicidade dos meios
corresponde à simplicidade dos problemas e não à simplicidade das pessoas (CUNHA,
1987). Pesquisa realizada na zona norte da cidade de Londrina - Paraná relata que
76,5% (306) da população utilizam remédios caseiros na forma de chás como
digestivos, tranqüilizantes e expectorantes (FALCÃO et al., 1988), demonstrando que a
medicina popular tem espaço e legitimidade dentre os recursos de que dispõe a
população sendo, portanto, uma alternativa terapêutica, desde que estudos sejam
realizados para racionalizar o seu uso.
1.2
Flavonóides
Os flavonóides são compostos químicos naturais, derivados de 2-fenilcromona,
largamente encontrados no reino vegetal. Aproxidamente 3.000 tipos de flavonóides já
3
foram identificados e novas estruturas estão sempre sendo descobertas e relatadas.
Estas substâncias estão presentes nos vegetais em geral, frutos, grãos, caule, folhas e
flores e são responsáveis em parte pelas cores existentes na natureza (HERMANN,
1976). Elas são também importantes para o crescimento normal da planta, bem como
no desenvolvimento e defesa contra lesões e estados infecciosos (DENNO et al., 1983;
WOOD et al., 1984). Constituem o princípio ativo de muitas plantas medicinais, sendo
utilizadas em várias partes do mundo.
Os flavonóides ocorrem na natureza como agliconas livres, glicosídios e
derivados metilados (KÜHNAU, 1970; HARBONE et al., 1975). As diversas classes de
flavonóides e suas estruturas químicas estão representadas na figura 1.
As agliconas de todos os flavonóides são formadas por um anel benzênico (A),
ligado a um anel de 6 átomos (C), o qual, na posição do carbono 2, liga-se a um
grupamento fenil (B). O anel benzênico mais o anel de 6 átomos formam o composto γ-
pirona (flavonóis e flavonas) ou seus dihidroderivados. A posição do grupamento fenil
classifica o composto acima referidos em flavonóides (quando ligado na posição 2) e
isoflavonas (quando ligado na posição 3). Os flavonóis diferem das flavonas por
possuírem um grupamento hidroxila na posição 3 e uma dupla ligação entre C
2
e C
3
. Os
flavonóides são freqüentemente hidroxilados nas posições 3, 5, 7, 3’, 4’ e 5’. Éteres
metílicos e derivados acetilados dos grupos enólicos são conhecidos por suas
ocorrências na natureza. Quando os flavonóides glicosídicos são sintetizados pelos
vegetais, o carboidrato ligado está localizado normalmente nas posições 3 ou 7,
podendo ser L-ramnose, D-glicose, glico-ramnose, galactose ou arabinose (KÜHNAU,
1970).
4
2 1’
2’ 3’
4’
1
8
7
5’
6 4 3 6’
5
FIGURA 1 – Classes dos flavonóides.
5
1.2.1 Flavonóides como Agentes Antiinflamatórios
Os produtos da classe dos flavonóides como agentes antiinflamatórios, têm
provocado grande interesse junto aos estudiosos do assunto, em virtude de oferecerem
algumas vantagens sobre as drogas antiinflamatórias clássicas. Eles proporcionam uma
grande margem de segurança, poucos efeitos colaterais, tais como ulcerogenicidade
(GUPTA et al., 1971; HAVSTEEN, 1983). Além disso, alguns compostos são portadores
de efeito protetor contra úlceras experimentalmente induzidas em animais de
laboratório (VILLAR et al., 1984), sugerindo que a associação de flavonóides e drogas
antiinflamatórias não esteróides podem diminuir o perigo das lesões gastrointestinais
(PARMAR & GHOSH, 1981).
As ações antiinflamatórias dos flavonóides foram analisadas por Garbor (1972 e
1979) e Alcaraz & Jiménez (1987). As ações benéficas dos flavonóides, tanto na
manutenção como na restauração da parede dos vasos, também já são conhecidas
(RUSZNYAK & SZENT- GYORGYI, 1936). Como o aumento da permeabilidade
vascular pode desempenhar um papel importante no desenvolvimento da reação
inflamatória (HURLEY, 1972), estes compostos podem possuir atividade
antiinflamatória, existindo sobre esta afirmativa uma controvérsia evidenciada por
alguns estudos clínicos e experimentais. Rinehart (1955) relatou os efeitos benéficos
dos flavonóides na artrite reumatóide e Carvel & Halperin (1961) descreveram as ações
proveitosas da vitamina P, extraída de frutas cítricas, nos processos inflamatórios
gengivais. Alguns trabalhos têm mostrado que os bioflavonóides podem evitar o
aumento da permeabilidade capilar induzida pela injeção local de histamina, serotonina,
bradicinina, leucotaxina e prostaglandinas (LOCKETT & JARMAN, 1958; VAAN
CAUWENBERGE et al., 1969; PARMAR & GHOSH, 1978). Aumentos semelhantes na
permeabilidade capilar produzida por calor, raios X e ultravioleta podem ser
significativamente reduzidos pela administração prévia de flavonóides (BOHR et al.,
1949; GABOR, 1972a; PARMAR & GHOSH, 1977).
GUPTA (1971) descreveu a atividade antiinflamatória da taxifolina, um flavonóide
extraído da Madhuca butyracea. Os efeitos deste composto (40 mg/kg, i.p.) e da
hidrocortisona foram estudados no edema induzido por carragenina, na artrite
6
provocada por formaldeído e na formação do tecido de granulação causada por
“pellets” de algodão em ratos. A taxifolina exibiu uma significante atividade
antiinflamatória, semelhante à da hidrocortisona nos testes acima mencionados.
As propriedades antiinflamatórias da gossypina (Gosypetina-8-glicosídio), um
flavonóide isolado das flores de Hibiscus vitifolius foram estudadas por Parmar & Ghosh
(1978), as quais demonstraram uma diminuição significativa do edema de pata e do
aumento da permeabilidade capilar provocada por vários agentes flogísticos nas doses
de 50 a 100 mg por via intraperitoneal. Gossypina produziu também uma significante
inibição do acúmulo de líquidos e na formação do tecido de granulação induzidos por
carragenina em ratos, podendo ser atribuída à diminuição da síntese de colágeno. A
migração leucocitária e a formação de exsudato pleural foram também
significativamente reduzidas após pré-tratamento com esse flavonóide no edema de
pata induzido por carragenina e pleurisia causada por terebentina em ratos. Da mesma
forma, Gossypina mostrou-se eficaz contra a artrite provocada por adjuvante e
formaldeído em ratos.
Os flavonóides antiinflamatórios braziliana e hematoxilina foram isolados de
Caesalpinia sappan, L. e Haemotoxilin campechianum, L. (HIKINO et al., 1977). As
investigações realizadas com esses compostos mostraram que eles podiam inibir o
edema de pata por carragenina de forma dose-dependente.
Blazsó & Gabor (1980) relataram o efeito inibidor da procyanidina, isolada de
uvas maduras, sobre o edema, o qual foi duas vezes maior que o da fenilbutazona.
Esse dímero molecular foi sintetizado a partir de (+) - catechina e (-) - epicatechina.
A atividade antiedematogênica de (-) - epicatechina, isolada de Anacardium
occidentale, Linn (Anacardiaceae) no edema de pata induzido por carragenina (ID
50
=
74 mg/kg, i.p.), no granuloma provocado por “pellet” de algodão e na artrite causada por
coadjuvante, foi inicialmente observada por SWARNALAKSHMI et al., (1981) e
posteriormente por OTSUKA et al., (1982), que utilizou um extrato aquoso-metanólico
obtido de Cinnanomum sieboldii, Meissen (Lauraceae).
A atividade do flavonóide glicosídico nepitrina, isolado de Nepeta hindostana foi
bem descrita por AGARVAL (1982). Essa substância, nas doses de 20 e 40 mg/kg, via
intraperitoneal, inibiu o edema de pata provocado por carragenina em 54% e 65%,
7
respectivamente, em ratos. Fourie & Snyckers (1984) investigaram a atividade do éter
dimetílico da apigenina isolada da raiz de Rhus undulata, Jacq. var. undulata
(Anacardiaceae) e demonstraram o efeito sobre o edema de pata induzido por
carragenina em ratos (ED
25
= 75 mg/kg, i.p.). Outro derivado da apigenina, conhecido
por vitexina, isolado das flores de Ochocarpus longifolius, L. e Arnebia hispidissima, Dc.
(Boraginaceae) também demonstrou ser ativo sobre o edema de pata de rato
provocado por carragenina (PRABHAKAR et al., 1981).
Extratos de várias espécies do gênero Sinderitis (Lamiaceae) são usados na
medicina popular da Espanha como agentes antiinflamatório e anti-reumático. Um novo
flavonóide glicosídico, hypolaetina-8-glicosídio foi isolado de Siderites mugronensis,
demonstrando possuir atividades antiinflamatória e gastroprotetora em ratos (VILLAR et
al., 1984). Agliconas de flavonóides inibiram de maneira dose-dependente as enzimas
15-lipoxigenase da soja e a fosfolipase do veneno de cobra (ALCARAZ & HOULT,
1985). Siderito flavona, isolado de Sideritis leucantha produziu uma inibição do edema
de pata induzido por carragenina em camundongos.
Apigenina e luteolina, descritas como sendo os compostos mais ativos entre os
flavonóides isolados de Chamomila recutita, foram comparados à indometacina (DELLA
LOGGIA et al., 1986).
Algumas agliconas de flavonóides, incluindo fisetina, quercetina e kaempferol,
foram descritos com antiinflamatórios (GABOR et al., 1984) nos modelos de edema
induzidos por carragenina e óleo de croton em granuloma causado por “pellet” de
algodão. Muitos dados sobre o mecanismo de ação da quercetina existem na literatura.
Quercetina e kaempferol inibem a liberação de histamina dos mastócitos (BENNET et
al., 1981). Quercetina inibe também as funções dos neutrófilos, tais como liberação de
enzimas lisossomais, consumo de oxigênio, síntese de radicais livres e quimiotaxia
(BERTON et al., 1980; BUSSE et al., 1984). Além do mais, também exercem influência
inibitória sobre a cicloxigenase dos rins de rato e da vesícula seminal de carneiro, a
lipoxigenase do óleo de soja (ALCARAZ & HOULT, 1985), a 12-lipoxigenase das
plaquetas humanas (LANOLFI et al., 1984), a 5-lipoxigenase das células da leucemia
basofílica (MASTER et al., 1985) e a fosfolipase A
2
dos neutrófilos humanos (LEE et al.,
1982).
8
Entre os flavonóides glicosídicos da quercetina, a rutina foi exaustivamente
estudada, sendo de ação efetiva no edema de pata de rato induzido por polivinil
pirrolidona (100 mg/kg, i.v.), histamina, serotonina, clara de ovo ou kaolin (500 mg/kg,
v.o.), no edema traumático em ratos (300 mg/kg, v.o.), na inflamação hiper-imune e no
granuloma causado por “pellet” de algodão em ratos (GABOR & ENGI, 1984). Além
disso, quercetina, quercetina-3-ramnoglicosídio e rutina-3-galactosídio foram descritos
como sendo os princípios antiinflamatórios de Wrighitia tincoria (Apocynaceae) e as
flores de Delonix elata, Gamble, (Leguminosae) ativas no edema por carragenina.
Outro flavonol encontrado na natureza, o kaempferol, o kaempferol, bem como o
7-ramnosídio e 3,7-diramnosídio inibiram as fases exsudativas e proliferativas do
granuloma causado por “pellet” de algodão (GARBOR, 1979). O glicosídio kaempferol,
conhecido por robinina, isolado de Robinia pseudacacia, L. (Leguminosae) demonstrou
também propriedades antiinflamatórias (LIPKAN et al., 1981).
Entre os flavononas, bavachinina A, isolada das sementes de Psoralea
corylifolia, Linn (Leguminosae) exibiu efeitos antiinflamatórios, analgésicos e
antipiréticos (ANAND et al., 1978). Naringenina e o derivado 7-glicosídio demonstraram
atividade inibitória sobre as fases exsudativas e proliferativas do granuloma induzido
por “pellet” de algodão (GARBO, 1979).
O isoflavona glicosídio, genistina, presente nas espécies do gênero Genista
(Leguminosae), demonstrou ser ativo no edema provocado por dextran e levedura de
cerveja, bem como no granuloma causado por “pellet” de algodão (ILARIONOV et al.,
1979). Todavia, foi relatada uma discreta atividade sobre a permeabilidade capilar em
ratos, enquanto que prunetrina demonstrou potente efeito sobre a resistência dos vasos
capilares (RAINOVA & GAKHNIYAN, 1978).
1.2.2 Flavonóides como Agentes Antihepatotóxicos
A primeira demonstração de que certos flavonóides exerciam atividade
antihepatotóxica partiu de HAHN et al., (1968), que investigou o composto
flavonalignana silybina extraído de Silibum marianum em alguns modelos de lesões
hepáticas. Cianidol [(+)-cyanidanol-3, (+)-catechina] é um flavonóide natural que tem
9
demonstrado proteção contra esteatose do fígado induzida por ácido orótico e álcool
etílico em ratos (GAJDOS et al., 1972) e contra toxicidade provocada por CCl
4
,
galactotosamina, etionamina, naftil-isotiocianato e oxigênio hiperbárico (BERTELLI,
1975; PERISSOUD et al., 1985). WAGNER et al., (1985) demonstraram a propriedade
hepatoprotetora da butirina e isobutirina, flavonóides isolados de Butea monosperma
(Leguminosae), coumestano, wedelolactona e dimetil wedelolactona de Eclipta alba e
Wedelia calendulacea (Compositae). A ação hepatoprotetora de vários flavonóides e
cumarinas isolados dos botões (flores) de Artemisia cappilaris foi descrita por KISO et
al., (1984). Dentre eles, os flavonóides scapilarisina e quercetina e a substância
cumarina esculetina dimetil-éter são mais eficazes na proteção contra CCl
4
e
galactosamina nos modelos de lesões no fígado.
1.2.3 Flavonóides como Agentes Antivirais
Os flavonóides de ocorrência natural com atividade antivírus são conhecidos
aproximadamente 40 anos. Quercetina, por exemplo, tem efeito profilático quando
administrada à dieta de camundongos infectados por via intracerebral com o vírus
atenuado da raiva, além de outros (CUTTING, 1953). Um princípio ativo antiviral do
extrato de folhas secas de carvalho e do ácido tânico foi relatado por BÉLADI et al.,
(1965). A atividade antipicornavírus de 4’, 5-hidroxi-3,3’, 7’-trimetoxi-flavona (RO –
0179), isolado de uma erva medicinal chinesa, Agastache folium (Lamiaceae) foi
descrita por ISHITSUKA et al., (1982a). Outro flavonóide (3-metoxi-flavona) retirado do
caule de Euphorbia grantii (Euphorbiaceae) possui extraordinária atividade contra os
vírus picorna e da estomatite vesicular (VAN HOOF et al., 1984). Recentemente,
SIMÕES et al., (1990) descreveram a atividade antipicornavírus da Ternatina (5,4’-
dihidroxi-3, 7, 8, 3'-tetrametoxi-flavona) isolada de Evodia madagascariensis, Baker
(Rutaceae). O mecanismo antiviral envolve a ligação efetiva da molécula do flavonóide
com o ácido nucléico e o envoltório protéico e conseqüente inibição da replicação do
vírus (ISHITSUKA et al., 1982b). A presença do grupamento metoxi da função carbonila
e da dupla ligação entre C
2
-C
3
parece ser necessária para conferir ao flavonóide a ação
antiviral (SIMÕES et al, 1990b).
10
1.2.4 Flavonóides como Agentes Antialérgicos
Estudos sobre os compostos com estrutura do tipo flavona (cromona) indicam a
existência de efeito antialérgico, visto que é reconhecida a ação farmacológica da
khellina (dimetoxi-metilfurano-cromona) isolada das sementes de Ammi visgana
(Apiaceae). No esforço de melhorar as propriedades relaxantes da khellina sobre a
musculatura lisa, eliminando os seus efeitos colaterais, foi sintetizada uma série de
ácidos cromona-2-carboxílicos, sendo que um destes compostos, conhecido como FPL-
670 (cromoglicato dissódico), apresentou eficácia no tratamento da asma brônquica e
outras doenças alérgicas (CHURCH, 1978).
Baicaleína, uma outra flavona contida nas raízes de Scutellaria baicalensis,
Georgi, (Lamiaceae) exibiu um efeito inibitório sobre as reações de hipersensibilidade
por suprimir a atividade de lipoxigenase plaquetária (SEKIYA & OKUDA, 1982).
1.2.5 Flavonóides como Agentes Antitumorais
Há pouco tempo foi relatado que alguns flavonóides são portadores de
propriedades citotóxicas e antineoplásicas (SUOLINNA, 1975 e MIDDLETON, 1984).
Estas substâncias demonstraram atividade inibitória “in vivo” e “in vitro”em tumor
provocado por teleocidina, além de incorporação de Pi
32
no interior dos fosfolipídios, a
receptação de 2-desoxi-D-glicose, a indução da atividade da ornitina descarboxilase
(ODC) na pele de camundongos, a ativação da proteína quinase C e a agregação de
plaquetas humanas (FUJIKI et al., 1984). Quercetina mostrou efeito inibidor sobre tumor
induzido por teleocidina, iniciado com 7,12-dimetilbenz (a) antraceno (DMBA). As
bioflavonas neochamaejasmina A e isochamaejasmina, isoladas das raízes de Stellara
chamaejasme, L. (Thymelaeceae) foram capazes de inibir a indução de ODC e a
ativação da proteína quinase C induzidas por teleocidina (NIWA et al., 1984). A (-)
epigallocatechina gallate, principal constituinte do chá verde, diminuiu o tumor
promovido por teleocidina na pele de camundongos (YOSHIZAWA et al., 1987)e a
carcinogênese induzida por N-etil-N’-nitro-N-nitrosoguanidina em duodeno de
camundongo (FUJITA et al., 1989). Mais recentemente, YOSHIZAWA et al., 1987
11
descreveram o efeito da morusina, um flavonóide isoprenilado, extraído e isolado da
casca de Morus alba, L. (Moraceae) sobre o tumor provocado por teleocidina.
1.2.6 Efeitos Bioquímicos dos Flavonóides
Os flavonóides são conhecidos por promoverem a inibição de diversas enzimas,
tais como hialuronidase, histidina descarboxilase, colina acetilase, xantina oxidase,
catecol-o-metil transferase, Na
+
, K
+
ATPase, AMPc-fosfodiesterase, B-galactosidade,
lipase, H
+
ATPase lisossomal e de membranas granulares, DOPA-descarboxilase,
aldose redutase, hexoquinase, lipoxigenase e cicloxigenase (HAVSTEEN, 1993).
Kaempferol, quercetina, rhamnetina, apigenina e luteolina são potentes inibidores da
atividade da AMPc-fosfodiesterase (BERETZ et al., 1978). Grande número de
atividades farmacológicas dos flavonóides, tais como vasodilatação, antiespasmódica,
antiinflamatória, antiasmática e inibição das células de crescimento podem ser na
teoria, secundárias por conta da inibição da fosfodiesterase e conseqüente aumento
nos níveis do nucleotídeo cíclico.
CUTRONEO et al., (1972) relatam que algumas flavonas eram capazes de induzir
a enzima benzopireno hidroxilase em preparações no fígado fetal de ratos, observação
que pode explicar a inibição do efeito carcinogênico do benzopireno. A inativação da
Na
+
, K
+
ATPase pelos flavonóides pode diminuir a taxa de glicólise, a qual está
acelerada em alguns tipos de tecidos cancerosos (CARPENEDO et al., 1969). VARMA
et al., (1975) informaram que os flavonóides são inibidores da aldose redutase do
cristalino. As flavonas, particularmente as polihidroxi-flavonas, parecem ter maior
potência. A aldose redutase está envolvida na etiologia da catarata (KINOSHITA, 1974).
Quercetina (VARMA et al., 1977) e gossypina (PARMAR & GHOSH, 1979) mostraram-
se efetivas na inibição de catarata em amimais experimentais.
O bloqueio da atividade da fosfolipase A
2
, lipoxigenase e cicloxigenase pelos
flavonóides, pode ter relevância quanto aos seus efeitos antiinflamatórios, analgésicos
e antipiréticos (BAUMANN et al., 1980; LEE et al., 1982; MEYERS & COFFEY, 1984).
FEWTRELL & GONPERTS (1977a, 1977b) demonstraram que flavonas tipo
quercetina, fisetina, myricetina e kaempferol afetam a eficiência do transporte de
12
membrana da ATPase e também previnem o influxo de Ca
++
para o interior dos
mastócitos e assim inibem a degranulação e liberação da histamina.
Os flavonóides possuem uma forte afinidade por íons metálicos bivalentes, tais
como ferro, cobre e zinco e por essa razão atuam como potentes antioxidantes e
quelantes de metais (SWAIN, 1986). Os flavonóides, particularmente as isoflavonas
naturais, podem ligar-se ao receptor de estrogênio e produzir efeito estrogênico em
animais que se alimentam com vegetais ricos em flavonóides (genisteína e
coumesterol) (SETCHEL et al., 1984).
Alguns flavonóides tais como kaempferol, quercetina e galangina demonstraram
possuir potenciais mutagênicos (BROWN et al., 1977). Contudo, nenhum efeito
colateral sério foi observado com o uso de flavonóides em doses moderadas, menores
que l g/dia/paciente adulto (LAHUN & PERUCKER, 1975).
1.2.7 Usos Terapêuticos dos Flavonóides
Até agora, foram poucos os experimentos clínicos controlados, desenvolvidos
para a verificação do uso de flavonóides em doenças bem definidas, tanto como
substâncias puras como em misturas (PARMAR & GHOSH, 1980).
Os bioflavonóides têm sido clinicamente utilizados com limitado sucesso em várias
situações caracterizadas por hemorragias associadas ao aumento da fragilidade
capilar. A utilidade terapêutica desses compostos foi mostrada em hemorragia
gastrointestinal, exposição a radiações, abortos habituais, doença hemolítica perinatal
(DHPN), menorragia, cistite hemorrágica, doença periodental, doença de Meniere,
epistaxes, desordens oftálmicas, retinopatias, hemorróidas e síndrome de Raynand.
Freqüentemente eles são combinados com vitamina K, ácido ascórbico e adrenocromo
em várias especialidades farmacêuticas como comprimidos e injeções anti-
hemorrágicos.
Hidroximetil rutosídio e hesperidina mostraram eficiência no alívio dos sintomas
causados por insuficiência venosa crônica dos membros inferiores (ROSE, 1970) e nas
varizes da gravidez (BERGSTEIN, 1975). O (+)-cyanidanol-3 tem sido cada vez mais
13
usado no tratamento de hepatite viral aguda e em outras doenças do fígado
(BERTELLI, 1975; HENNINGS, 1981).
1.3
A Planta
1.3.1 Descrição Botânica
Macela-da-Terra (Egletes viscosa, Less), da família Compositae (FIGURA 2), é
uma planta anual, aromática, amarga e pilosa, com folhas recortadas e flores alvas
com o centro amarelo, dispostas em pequenos capítulos, distribuída na América
intertropical (BRAGA, 1976). PIO CORREIA (1974) descreve-a como planta de folha
pinatifida, 2 a 5 cm de comprimento, dilatada, capítulos florais solitários, laterais, curtos,
pedunculados ou no ápice dos ramos. Invólucro largo-campanulado, brácteas pilosas,
lanceoladas e agudas. Corola alva ligulada, lanceolada-aguda. Aquênio, quadrangular
de ápice denteado. É também conhecida por Losna-do-Mato (Minas Gerais), Macela-
do-Campo, Macela do Sertão, Marcela, Chá de Lagoa (Paraíba), Botancilla (Peru). Erva
silvestre comumente encontrada às margens das lagoas, açudes e cursos d’água. Os
capítulos florais (flores e sementes) também conhecidos por cabecinhas, aparecem 1 a
3 meses após a estação chuvosa (MATOS, 1990).
14
FIGURA 2 – Egletes viscosa, Less. Fotografia de material cedido pelo Herbário
Prisco Bezerra/UFC.
15
1.3.2 Informações Químicas
Embora sejam conhecidos alguns de seus componentes fixos e voláteis, os
princípios ativos ainda não foram identificados, contendo principalmente acetato de
trans-pinocarveíla e ácido centipédico (MATOS, 1990). Informações prévias indicaram a
presença de uma lactona do ácido hautriwaico (12-acetoxihautriwaicolactona)
(SILVEIRA et al., 1989). Recentemente a Ternatina (5, 4’-dihidroxi-3, 7, 8, 3’-
tetrametoxi-flavona) um flavonóide, foi isolado e sua estrutura (FIGURA 3) determinada
(SILVEIRA et al., 1989).
1.3.3 Efeitos Farmacológicos
O extrato hexânico, obtido dos capítulos florais da planta, contendo ácido
centipédico e a lactona do ácido hautriwaico foi testado nas contorções abdominais em
camundongos, reto abdominal do sapo, jejuno e duodeno de rato e íleo isolado de
cobaio. As substâncias demonstraram possuir efeitos analgésicos e antiespasmódico
(SIMÕES et al., 1989a).
A ternatina, um flavonóide também isolado de Evodia madagascariensis, Baker
(Rutaceae) foi estudada contra vírus DNA e RNA. Sob determinadas condições
experimentais, o composto inibiu o efeito citopático causado por vírus e reduziu a
infectividade na replicação viral. A ternatina manifestou propriedade farmacológica
eficaz contra poliovírus e adenovirus (SIMÕES et al., 1989b).
16
FIGURA 3 – Estrutura química da Ternatina.
17
1.3.4 Uso Popular
Os capítulos florais (cabecinhas) são largamente utilizados na forma de infuso
por grande parte da população brasileira, especialmente aquela desprovida de
condições econômicas e sociais, preparado na proporção de 3 a 4 g/xícara. A tintura e
preparada com 20 g em 100 mL de álcool de boa qualidade e administrada na dose 40
gotas misturadas com água e açúcar (MATOS, 1990). As indicações mais conhecidas
dessa planta são como amargo-tônica e emenagoga (BRAGA, 1960) estomáquica,
carminativa e antiespasmódica, podendo ser administradas 1 a 2 xícaras por dia nos
casos de dispepsia, azia e indigestão (MATOS, 1990).
1.4
Objetivos
No estudo bibliográfico realizado sobre flavonóides, constatamos que, com
exceção da atividade antiviral, nenhuma outra propriedade farmacológica foi imputada à
Ternatina. Além disso, com base no uso popular e nas atividades terapêuticas
relacionadas com os flavonóides, a Ternatina, extraída das inflorescências de Egletes
viscosa foi testada com os seguintes objetivos:
- Estudar as propriedades farmacológicas da Ternatina e estabelecer as bases
científicas para a utilização da planta na medicina popular.
- Investigar e discutir os possíveis mecanismos de ação envolvidos nas referidas
propriedades.
2.
Material
2.1
A Planta
Os capítulos florais de Egletes viscosa, Less., adquiridos no comércio de
Fortaleza-CE (Mercado São Sebastião), foram utilizados para a extração e isolamento
18
de um bioflavonóide denominado Ternatina (5,4’-dihidroxi-3,7,8,3’-tetrametoxi-flavona),
pelo Departamento de Química Orgânica e Inorgânica da Universidade Federal do
Ceará, empregado nos ensaios experimentais relatados neste trabalho.
2.2
Animais Experimentais
Camundongos albinos (Mus musculus), variedade Swiss-Webster, de ambos os
sexos, oriundos do biotério do Departamento de Fisiologia e Farmacologia da
Universidade Federal do Ceará e do Biotério do Centro de Hematologia e Hemoterapia
do Ceará (HEMOCE).
Ratos albinos (Rattus norvegicus), variedade Wistar, machos, provenientes do
Biotério do Departamento de Fisiologia e Farmacologia da Universidade Federal do
Ceará.
Cobaios albinos (Cavia porcellus), de ambos os sexos, fornecidos pelo Biotério
do Centro de Hematologia e Hemoterapia do Ceará (HEMOCE).
Todos os animais utilizados nos ensaios foram mantidos em condições
ambientais semelhantes, com ciclo claro/escuro de 12 horas, recebendo ração em
grânulos (Purina) e água “ad libitum”.
2.3
Soluções Fisiológicas
Os sais empregados no preparo das soluções fisiológicas possuíam pureza
analítica (Merk e Reagen), sendo suas concentrações expressas em milimolar (mM).
- Solução salina
NaCl 154
- Solução de Tyrode
NaCl 136; KCl 2,68; CaCl
2
1,8; MgCl
2
0,92; NaHPO
4
0,36; NaHCO
3
11,9; Glicose
5,5.
19
2.4
Reagentes e Corantes
Ácido Acético Glacial (Merck)
Álcool Etílico (Reagen)
Azul de Evans (Sigma)
Citrato de Sódio (Reagen)
Éter Etílico (Reagen)
Hidróxido de Sódio (Reagen)
Lauril Sulfato de Sódio (Reagen)
Kits para determinações bioquímicas e hematológicas:
Bilirrubinas (Labtest)
Fosfatase Alcalina (Labtest)
Transaminases (AST e ALT) (Labtest)
Triglicerídios (Labtest)
Tempo de Protrombina (Biobrás)
2.5
Drogas
Ácido Acetil Salicílico (Reagen)
Carragenina (Sigma)
Ciclofosfamida (Enduxan) (Pravaz)
Cloreto de acetilcolina (Sigma)
Cloreto de Bário (Reagen)
Cloreto de Cálcio (Merck)
Dihidrocloreto de Histamina (Sigma)
Heparina (Majer Meyer)
Hidrocloreto de Morfina (Ceme)
5-Hidroxitritamina (Sigma)
Indometacina (MSD)
20
Maleato de Clofeniramina (Windson)
Paracetamol (Johnson & Johnson)
Pentobarbital (Sigma)
Tetracloreto de Carbono (Reagen)
3
MÉTODOS
3.1 Extração e Purificação da Ternatina
A Marcela, adquirida no comércio local, foi identificada através de exame
farmacognóstico e comparada como material de excicatas depositadas no herbário da
Universidade Federal do Ceará.
O material moído (4,00 kg) foi extraído a frio com hexano e depois com etanol.
Os extratos brutos foram obtidos por meio da evaporação dos solventes sob pressão
reduzida, os quais renderam 718 mg de material puro. O protocolo de extração e
purificação da Ternatina está descrito na FIGURA 4. Na análise cromatográfica, utilizou-
se sílica-gel para a separação dos constituintes fixos dos extratos, os quais foram
identificados por IV, espectrometria de massa e por ressonância nuclear protônica
(RMN
1
e carbono 13 (RMN
13
C) a 300 e 50 MHz respectivamente (FIGURAS 5, 6, 7 e 8).
21
FIGURA 4 – Purificação do extrato hexânico-etanólico de Egletes viscosa e
isolamento da Ternatina.
22
FIGURA 5 – Espectro na região do infravermelho da Ternatina.
23
FIGURA 6 – Espectro de massa da Ternatina.
24
FIGURA 7 – Espectro de ressonância magnética nuclear protônica (RMN
1
H) em
CDCL
3
da Ternatina (300MHz).
25
FIGURA 8 – Espectro de ressonância magnética nuclear de carbono (RMN
13
C)
em CDCl
3
da Ternatina.
26
3.2
Ação Antiinflamatória
3.2.1 Inflamação Aguda - Edema de Pata Induzido por Carragenina em Ratos
Ratos machos, Wistar, pensando 120-150 g, escolhidos ao acaso e divididos em
4 grupos de 6 animais foram pré-tratados com Ternatina (15 e 30 mg/kg, i.p.),
indometacina (5 mg/kg, v.o.) e veículo (2 mL/kg, i.p. de DMSO 5% em salina).Uma hora
depois o processo inflamatório foi induzido por uma injeção subplantar de 0,1 mL de
uma solução de carragenina 1% na pata traseira direita (WINTER et al., 1962). O
volume da pata foi medido antes e 3 horas depois da injeção de carragenina, por
pletismógrafo.
A atividade antiinflamatória da Ternatina e da droga-padrão, indometacina, foi
considerada em termos de inibição percentual do edema, de acordo com a seguinte
fórmula:
% inibição = 1 –
Vt x100, onde
Vc
Vt e Vc representam a média das diferenças entre as medidas das patas dos
grupos tratados e o grupo controle, respectivamente.
Método Pletismográfico
Foi utilizada uma variante do método de DOMENJOZ (1954) descrito inicialmente
por HILLEBRECHT (1954), aperfeiçoado por WINTER (1957). O pletismógrafo,
aparelho usado no experimento, encontra-se representado na FIGURA 9.
A pata traseira direita do animal foi estendida firmemente e introduzida até uma
determinada região referencial (borda póstero-proximal da proeminência do calcanhar)
em um recipiente cheio (B), por onde o líquido deslocado flui para dentro de um tubo
horizontal graduado (0,01 mL) (C), no qual a leitura do volume foi realizada. O fluido
utilizado foi uma solução de Lauril Sulfato de Sódio 0,05% em Álcool Etílico 5%. Após
esvaziamento da solução e zerado o aparelho, a torneira da extremidade (D) foi girada
de modo que a abertura ao vácuo fosse fechada e o tubo graduado (C) fosse aberto à
atmosfera. A pata do animal foi imersa no vaso (B) até que o ponto de referência
27
estivesse alinhado com o menisco do fluido observado na parede do vaso durante 2 a 4
segundos, quando então ocorreu o deslocamento do líquido, a pata do rato removida e
efetuada a leitura ( FIGURA 9).
FIGURA 9 – Pletismógrafo – Aparelho utilizado na medida do edema da pata de
rato.
Esta é imersa no vaso B, enchido por meio do reservatório A e o líquido
transborda para um tubo graduado C, onde se realiza a leitura referente à alteração do
volume.
28
3.2.2 Permeabilidade Capilar
O ensaio da permeabilidade capilar provocada por ácido acético seguiu a
metodologia estabelecida por WHITTLE (1964), sofrendo algumas modificações.
Camundongos machos, (30-50 g), divididos em 4 grupos de 6 animais cada, foram
tratados com Ternatina (15 e 30 mg/kg, i.p.), Ácido Acetilsalicílico (200 mg/kg, v.o.) e
veículo, em cada um deles foi administrado 0,2 mL de uma solução Azul de Evans 2%
por via intravenosa. Após 10 minutos, todos os animais receberam 0,4 mL de solução
de Ácido Acético 0,5% por via intraperitoneal. Passados 20 minutos os camundongos
foram sacrificados por deslocamento cervical, a cavidade abdominal aberta e lavada
várias vezes com água destilada, sendo o líquido coletado em tubos de ensaio aferidos
para 10 mL, previamente preparados com 0,1 mL de NaCl 0,1 N e lã de vidro para a
filtração da solução corada. O volume era então completado para 10 mL com água
destilada, homogeneizada e a absorbância medida em espectrofotômetro em 590nm.
3.3
Atividade Analgésica
A atividade analgésica da Ternatina foi avaliada pelo método da Placa Quente
(EDDY & LEIMBACH, 1953) e pelo teste de “WRITHING” induzida pelo Ácido Acético
(KOSTER, 1959), em camundongos machos, pesando entre 30 e 35 g.
3.3.1 Teste da Placa Quente
Os animais foram colocados sobre a placa quente, um de cada vez, aquecida a
uma temperatura constante (55±1°C) controlada por termostato. Aqueles que exibiram
respostas características do estímulo térmico (lamber as patas posteriores e/ou saltar
sobre a placa) em cerca de 10 segundos, foram selecionados para o ensaio. Os
camundongos escolhidos para o experimento foram divididos em grupos de 6 animais
cada e tratados com Ternatina (15 e 30 mg/kg, i.p.) morfina (5 mg/kg, i.p.) e veículo. Os
animais foram retestados nos intervalos de 30, 60 e 90 minutos após administração das
drogas e registrado o tempo decorrido antes que o animal demonstrasse respostas ao
29
estímulo térmico. O tempo em que o camundongo permanecia sobre a placa (tempo de
reação) foi considerado como critério para avaliação analgésica.
3.3.2 Teste de “WRITHING”
Ternatina (15 e 30 mg/kg, i.p.), Indometacina (5,0 mg/kg, v.o.) e veículo foram
administrados aos animais de cada grupo (6 animais/grupo) uma hora antes dos
mesmos receberem 1,0 mL/100 g de peso da solução de Ácido Acético 0,6% por via
intraperitoneal. Depois de 15 minutos, passaram a ser observados quando então o
número de “WRITHINGS” (contorções abdominais) foi anotado durante um período de
20 minutos.
A atividade analgésica de Ternatina e da Indometacina foi avaliada em termos de
inibição percentual das contrações abdominais de acordo com a fórmula:
1 -
Vt x 100
Vc
Vt e Vc significam os valores correspondentes às médias das contorções
registradas nos grupos tratados com as drogas e com o veículo, respectivamente.
3.3.3 Atividade Antipirética da Ternatina em Ratos Hiper-Térmicos
Ratos machos (200-250g), divididos em 3 grupos de 6 animais cada, foram
utilizados para a verificação da atividade antipirética. A hipertermia foi induzida pela
injeção de levedura de cerveja 20% por via subcutânea. Após 18 horas da injeção do
agente indutor da febre, tempo necessário para que a temperatura máxima fosse
atingida, a temperatura corporal de todos os animais foi verificada através da introdução
retal de cerca de 3 a 4 cm do termômetro clínico durante 1 minuto. Logo depois, os
animais foram tratados com Ternatina (30 mg/kg, i.p.), Paracetamol (250 mg/kg, v.o.) e
veículo para grupo controle. Passadas 1, 2, 3 e 4 horas após o tratamento, as
temperaturas retais foram novamente observadas. As médias das temperaturas dos
grupos foram estabelecidas e comparadas entre si.
30
3.4
Ação Gastroprotetora
3.4.1 Lesões Gástricas Induzidas por Etanol 99% em Camundongos
A ação gastroprotetora da Ternatina foi avaliada contra lesões gástricas
induzidas por Álcool Etílico 99%. Os camundongos, (30-35g), divididos em 5 grupos de
6 animais cada, foram mantidos em jejum durante a noite, sendo permitida apenas a
ingestão de água “ad libitum”, até duas horas antes do ensaio. Os animais receberam
um pré-tratamento com Ternatina (15, 30 e 60 mg/kg, i.p.), Clorfeniramina (10 mg/kg,
i.p.) e veículo, uma hora antes da lesão gástrica ser induzida por administração oral de
0,15 mL de Etanol 99%. Quinze minutos depois, todos os camundongos foram
sacrificados por deslocamento cervical, os estômagos removidos, abertos ao longo da
grande curvatura e lavados com salina. O tamanho da lesão gástrica foi estimado
através de uma escala arbitrária de 1 a 3, com base na extensão da hiperemia (GUTH
et al., 1984).
3.5
Efeitos da Ternatina sobre o Trânsito Gastrointestinal em Camundongos
A propulsão intestinal foi avaliada em grupos de 5 camundongos (31-38 g),
fêmeas, tratadas com Ternatina (15 e 30 mg/kg, i.p.) e veículo (2 mL/kg, i.p. DMSO 5%
em salina). Após 10 minutos, todos os animais receberam uma suspensão de carvão
10% em solução de goma arábica 5% (10 mg/kg, v.o.). Transcorridos 20 minutos, foram
sacrificados por deslocamento cervical, sendo o estômago e o intestino removidos e
estendidos sobre uma superfície de vidro. A distância percorrida pelo carvão em relação
à extensão total do intestino foi medida e expressa de forma percentual.
3.6
Efeito Hepatoprotetor da Ternatina sobre a Toxicidade induzida por Tetracloreto
de Carbono (CCl
4
) em Ratos
Ratos machos, com peso variando entre 120 e 150 g foram escolhidos ao acaso e
divididos em 3 grupos de 6 animais cada, para serem submetidos à avaliação da
31
toxicidade hepática induzida pela injeção subcutânea de CCl
4
. O primeiro e segundo
grupos de animais foram tratados com solução salina isotônica 0,9% e Ternatina (30
mg/kg, i.p.), respectivamente por via intraperitoneal, durante 9 dias consecutivos. O
volume injetado em cada animal foi de 2 mL/kg. As lesões hepáticas foram induzidas
nesses animais através de uma única injeção de CCl
4
, administrada no segundo dia do
tratamento. O terceiro grupo de animais foi utilizado como controle e recebeu apenas
solução salina durante o mesmo período. Amostras de sangue foram coletadas em
amimais anestesiados com Éter Etílico, através do sinus ocular, 24, 72, 120 e 192 horas
após administração de CCl
4
. Todas as coletas do sangue foram efetuadas entre 9 e 10
horas da manhã com os animais alimentados e o sangue utilizado para as
determinações bioquímicas e hematológicas.
Ao final do período de tratamento (9º dia), todos os animais dos respectivos grupos
receberam uma injeção de Pentobarbital Sódico (40 mg/kg, i.p.) para a verificação do
tempo de sono pelo método de DANDIYA & CULLUMBINE (1959). Ao adormecerem, os
animais foram colocados em posição de decúbito dorsal sobre o balcão do laboratório,
à temperatura ambiente (27°C), onde não eram perturbados. O espaço de tempo entre
a perda e a recuperação completa do reflexo foi considerado como a duração do tempo
de sono, calculado para cada animal isoladamente, de acordo com a fórmula: Ts = T
1
-
T
0,
onde T
0
é o tempo em que adormeceu e T
1
o tempo em que despertou, dado em
minutos.
3.6.1 Determinações Bioquímicas e Hematológicas
As amostras sangüíneas foram utilizadas para a verificação da atividade
enzimática de alanina-aminotransferase (ALT) (REITMAN & FRANKEL, 1957),
aspartato-aminotransferase (AST) (REITMAN & FRANKEL, 1957) e fosfatase alcalina
(ALP) (ROY, 1970), da concentração de bilirrubina total (BT) (SIMS-HORN, 1958) e
triglicerídios (TG) (SOLONI, 1971) e do tempo de protrombina plasmática (TP) (QUICK,
1970).
As atividades de ALT e AST foram medidas pelo método que tem como princípio a
formação das hidrazonas correspondentes a cada uma delas (piruvato e oxalacetato),
32
pela adição de 2,4-dinitrofenilhidrazina (reagente de cor) que, em meio alcalino, (NaOH
0,4 N) transformam-se em produtos corados os quais são medidos em
espectrofotômetro em 505 nm. A coloração é tanto mais intensa quanto maior a
atividade enzimática. A avaliação da ALP foi verificada pela hidrólise da timolftaleína
monofosfato (substrato), liberando timolftaleína, que tem cor azul em meio alcalino. A
cor formada, diretamente proporcional à atividade enzimática, foi medida em 590 nm. A
dosagem da BT foi realizada pelo método cujo princípio baseia-se na reação deste
composto sérico com o ácido sulfanílico diazotado (reativo de Ehrlich) formando a
“azobilirrubina” de cor vermelha, diretamente proporcional à concentração de bilirrubina
na amostra.
O fundamento da reação para a dosagem dos TG baseia-se na extração
seletiva destes com uma mistura de varsol (solvente derivado do petróleo), isopropanol
e ácido sulfúrico (líquido extrator). Posteriormente, sofrem transesterificação pelo etilato
de sódio, dando glicerol que é oxidado a formaldeído pela adição do metaperiodato de
sódio (reativo oxidante). O formaldeído resultante reage com acetilacetona em
presença de amônia, formando um complexo de cor amarela (3,5-diacetil-1,4-dihidro
lutidina), tanto mais intensa quanto maior a concentração de triglicerídios na amostra. O
tempo de protrombina consiste na comparação dos tempos de coagulação de plasma
normal de referência, contendo 100% de atividade protrombínica. Ele mede de forma
global a atividade dos principais fatores envolvidos na coagulação sangüínea, a saber:
Fator II (protrombina), Fator V (pró-acelerina), Fator VII (pró-convertina) e Fator X
(Stuart).
3.7
Efeito da Ternatina sobre o Íleo Isolado de Cobaio
O experimento para avaliação dos efeitos da Ternatina em íleo isolado de
cobaio seguiu o método proposto por MAGNUS (1904). Foram utilizados animais de
ambos os sexos, pesando entre 300 e 400 g, mantidos previamente em jejum durante
24 horas. Após sacrifício através do deslocamento cervical, o cobaio foi colocado sobre
uma prancha de madeira em decúbito dorsal e feito uma incisão abdominal em forma
de “V”. Uma porção da parte terminal do íleo foi retirada (±2 cm), lavada com solução
33
nutritiva de Tyrode e imediatamente montado em banho, para órgão isolado, contendo
10 mL da mesma solução continuamente aerada e mantida à temperatura de 37ºC.
Após repouso, por um período de 30 a 40 minutos, para estabilização do órgão, foi
iniciado o registro das respostas contráteis provocadas pelos seguintes agonistas:
Acetilcolina (0,57x10
-6
M), Histamina (0,32x10
-6
M), Serotonina (0,28x10
-7
M) e Cloreto de
Bário (0,20x10
-6
M). Foi observado um intervalo de tempo de 3 minutos antes e após a
incubação da Ternatina nas doses de 0, 1, 0, 2 e 0, 4 mg/mL. O efeito dos agonistas
sobre o íleo do cobaio foi registrado em quimógrafo e alavanca isotônica de inscrição
frontal com uma tensão de 0,5 g e amplificação de 6 vezes.
3.8
Atividade Citotóxica
3.8.1 Efeito da Ternatina sobre a Citotoxicidade em Cultura de Tecido
O estudo in vitro foi realizado pelo método de cultura de tecido (células KB),
derivado de carcinoma epidermóide da boca de um adulto (EAGLE, 1955), utilizando
minimal essential médium (MEM), suplementado com soro fetal bovino 10%, glutamina
1% e antibióticos 1% (penicilina, estreptomicina e kanamicina) (EAGLE, 1959). As
células foram cultivadas rotineiramente em dias alternados e semeadas 10
6
células por
frasco empregadas no ensaio de citotoxicidade, de acordo com o protocolo para
“screening” de agentes químicos e produtos naturais. A repicagem celular foi efetuada
24 horas antes do experimento em mono extrato removida com 0,25% de tripsina
(EDWARDS, 1959) e diluída no meio para 30.000 células/mL. As substâncias testadas
foram adicionadas a 4 mL do meio numa concentração de 0, 1, 1, 0, 10, 0 e 100 µg/mL
e as placas incubadas a 37°C por 72 horas em uma atmosfera de 5% de CO
2.
A
atividade citotóxica foi avaliada pela percentagem de inibição do crescimento celular
observado nas placas acima mencionadas em relação ao controle. A proliferação das
células foi medida através da concentração de proteínas.
34
3.9
Métodos Estatísticos
Os resultados obtidos em todos os testes em que exigiram análises estatísticas
foram expresso em média ±E.P.M (erro padrão da média). Os níveis de significância
estatística (p<0,01) e (p<0,05) foram calculados através do teste “t” de Student e,
quando necessário, os resultados foram submetidos à análise de variância.
4.
RESULTADOS
4.1
Ação Antiinflamatória
4.1.1 Inflamação Aguda – Edema de Pata Induzido por Carragenina em Ratos
Os resultados relativos ao efeito antiinflamatório da Ternatina sobre o edema da
pata provocado por carragenina encontram-se na TABELA 1.
As doses de 15 e 30 mg/kg de Ternatina, por via intraperitoneal diminuíram o
volume (em mL) médio do edema da pata induzido por carragenina (0,77±0,10 e
0,64±0,07, respectivamente), sendo que a redução foi significativa (p<0,01), quando
comparadas ao grupo controle. Ternatina demonstrou uma percentagem de inibição do
volume médio da pata de 23 e 36% de forma dose-dependente. A redução percentual
do volume médio da pata com Ternatina na dose de 30 mg/kg, i.p., permaneceu cerca
de metade da que foi observada com a droga padrão utilizada no experimento,
Indometacina (5 mg/kg, v.o.), que foi de 68% correspondente a 0,32±0,03.
4.1.2 Permeabilidade Capilar Induzida por Ácido Acético em Camundongos
Os grupos de animais tratados com Ternatina (15 e 30 mg/kg, i.p.), Ácido
Acetilsalicílico (200 mg/kg, v.o.) e veículo (0,2 mL/10 g, i.p. de DMSO 5% em salina),
apresentaram uma concentração média do corante (µg/animal), relativa ao
35
extravasamento do líquido igual a 52,5± 0,8, 39,7±0,5, 19,8±0,42 e 64,1±0,6,
respectivamente.
Esses resultados mostraram que a Ternatina tem efeito dose-dependente sobre a
permeabilidade capilar provocada por ácido acético em camundongos, uma vez que
apresentou percentagem de inibição de 18% e 38% com doses de 15 e 30 mg/kg, via
intraperitoneal. No entanto, a droga padrão, ácido acetilsalicílico na dose de 200 mg/kg
por via oral, inibiu a permeabilidade capilar em 69%, demonstrando, portanto, possuir
maior efeito que a droga em estudo. Os resultados do presente ensaio estão
sumarizados na TABELA 2 E FIGURA10.
TABELA 1 – Efeito da Ternatina e da indometacina no edema de pata induzido por
carragenina em ratos.
36
4.2
Atividade Analgésica
4.2.1 Teste da Placa Quente
A Ternatina, nas doses de 15 e 30 mg/kg, administrada por via intraperitoneal, não
demonstrou efeito significante sobre o tempo de reação ao estímulo térmico. Por sua
vez, a Morfina (5mg/kg, i.p.) reduziu significativamente (p<0,01) o tempo de reação ao
estímulo térmico. Os valores do tempo, em segundos, para os grupos de animais
tratados com Ternatina (15 e 30 mg/kg, i.p.), Morfina (5 mg/kg, i.p.) e veículo nos
primeiros 30, 60 e 90 minutos encontram-se na TABELA 3.
TABELA 2 – Efeito da Ternatina e do Ácido Acetilsalicílico sobre a permeabilidade
capilar induzida por Ácido Acético em camundongos.
37
FIGURA 10 – Efeito da Ternatina e do Ácido Acetilsalicílico (AAS) sobre a
permeabilidade capilar induzida por Ácido Acético em camundongos.
38
4.2.2 Teste de “WRITHING” Induzido por Ácido Acético em Camundongos
A Ternatina (15 e 30 mg/kg, i.p.) e a Indometacina (5 mg/kg, v.o.) demonstraram
significante resposta inibitória (p<0,01) sobre o número de contrações abdominais
quando comparada ao grupo controle. A média de contrações abdominais do grupo
controle e dos animais tratados com Ternatina (15 e 30 mg/kg, i.p.) e Indometacina (5
mg/kg, v.o.) no decorrer de 20 minutos foi 24,7±1,9; 15,5±1,6; 7,0±1,0 e 6,2 ±1, 8,
respectivamente. Os valores médios do número de contrações abdominais dos grupos
tratados com Ternatina nas doses de 15 e 30 mg/kg, i.p. e com Indometacina (5 mg/kg,
v.o.) foram 72%, 37% e 75% respectivamente. A Ternatina e a Indometacina nas doses
acima mencionadas, apresentaram significante atividade analgésica periférica, cujos
resultados encontram-se registrados na TABELA 4.
39
TABELA 3 – Efeito da Ternatina e Morfina no teste de placa quente em camundongos.
40
TABELA 4 – Efeito da Ternatina e da Indometacina nas contorções abdominais
induzidas por Ácido Acético em camundongos.
41
4.2.3 Atividade Antipirética da Ternatina em Ratos
A Ternatina na dose de 30 mg/kg, administrada por via intraperitoneal demonstrou
efeito antipirético, conforme resultados apresentados na TABELA 5 e FIGURA 11. As
temperaturas retais médias registradas após 1 hora (37,74±0,21), 2 horas (37,96±0,12),
3 horas (38,44±0,18) e 4 horas (38,72±0,12) do tratamento com o composto em estudo,
quando comparadas ao controle mostraram-se significativas (p<0,01). Os animais
tratados com Paracetamol (250 mg/kg, i.p.) por sua vez, demonstraram significante
redução (p<0,01) da temperatura corporal (37,48±0,24; 37,92±0,28; 38,28±0,24 e
38,42±0,18) nas 4 horas transcorridas após o tratamento.
4.3
Ação Gastropeotetora
4.3.1 Lesões Gástricas Induzidas por Etanol 99% em Camundongos
Nos grupos de animais com Ternatina (30 e 60% mg/kg, i.p.) e Clorfeniramina (10
mg/kg, i.p.) houve uma significante redução do número e escore das lesões gástricas,
que foram 1,7± 0,21; 0,7±0,21 e 1,8±0,31, respectivamente (TABELA 6). Os
camundongos que receberam Ternatina (15 mg/kg, i.p.) não representaram diferença
significativa na média das úlceras (2,5±0,22), quando confrontada com a dos animais
do grupo controle (2,7±0,21). Os grupos em que foram administradas Ternatina (30 e 60
mg/kg, i.p.) e Clorfeniramina (10 mg/kg, i.p.) exibiram uma notável redução da
percentagem de inibição das lesões do estômago. Os percentuais de inibição das
úlceras gástricas demonstrados por ternatina (30 e 60 mg/kg, i.p.) e Clorfeniramina (10
mg/kg, i.p.) foram 37%, 74% e 33%, respectivamente. (FIGURA 12 e 13).
4.4
Efeito da Ternatina sobre o Trânsito Gastrointestinal em Camundongos
A Ternatina, nas doses de 15 e 30 mg/kg, via intraperitoneal, produziu uma
inibição significativa do trânsito gastrointestinal em camundongos, quando comparada
ao grupo controle, cujo efeito não foi dose-dependente. A distância do intestino
42
percorrida pela suspensão de carvão, avaliada em termos percentuais, foi de 56,9±3,7
para o controle e de 42,2±3,9 e 40,0±2,1 com Ternatina (15 e 30 mg/kg, i.p.),
respectivamente (TABELA 7 e FIGURA 14).
TABELA 5 – Efeito da Ternatina e Paracetamol em hipertemia induzida por levedura de
cerveja em ratos.
43
FIGURA 11 – Atividade antipirética da Ternatina e do Paracetamol sobre a hipertermia
provocada por levedura de cerveja em ratos.
44
TABELA 6 – Efeito da Ternatina nas lesões gástricas induzidas por Etanol 99% em
camundongos.
45
FIGURA 12 – Lesões gástricas induzidas por Etanol (99%) em camundongos.
FIGURA 13 – Efeito preventivo da Ternatina a lesões gástricas em camundongos.
46
TABELA 7 – Efeito da Ternatina sobre o trânsito gastrointestinal (TGI) em
camundongos.
47
FIGURA 14 – Efeito da Ternatina sobre trânsito gastrointestinal em camundongos.
48
4.5
Efeito da Ternatina em Ratos Portadores de Lesões Hepáticas Induzidas por
Tetracloreto de Carbono (CCl
4
)
Nos animais do grupo controle tratado com Tetracloreto de Carbono (CCl
4
), os
níveis de alanina-aminotransferase (ALT) aumentaram significativamente em 24 horas,
diminuíram em 72 horas e atingiram os valores de referência em 120 horas.
Todavia, nos animais tratados com Ternatina (30 mg/kg, i.p.) tal elevação não foi
observada, permanecendo a atividade de ALT dentro dos limites normais até 120 horas,
diminuindo significativamente em 192 horas. Os níveis séricos de aspartato-
aminotransferase (AST), fosfatase alcalina (ALP), bilirrubina total e tempo de
protombina plasmática não foram significativamente alterados pelo CCl
4
em nenhum
dos grupos.
Entretanto, o tratamento com Ternatina causou uma redução significativa na
atividade sérica da fosfatase alcalina e da aspartato-aminotransferase em 192 horas. A
concentração sanguínea de triglicerídios mostrou-se instável em todos os períodos de
observação, tanto no grupo controle como nos animais tratados com Ternatina
(TABELA 8, 9, 10, 11, 12 e 13). A atividade enzimática de ALT e AST nos períodos de
24 e 192 horas está apresentada na FIGURA 15.
49
TABELA 8 – Efeito da Ternatina sobre os níveis de alanina-aminotransferase sérica
(ALT) em lesões hepáticas induzidas por Tetracloreto de Carbono (CCl
4
) em
camundongos.
50
TABELA 9 – Efeito da Ternatina sobre os níveis de aspartato-aminotransferase (AST)
sérica em lesões hepáticas induzidas por Tetracloreto de Carbono (CCl
4
) em ratos.
51
TABELA 10 – Efeito da Ternatina sobre os níveis de fosfato alcalina sérica (ALP) em
lesões hepáticas induzidas por Tetracloreto de Carbono (CCl
4
) em ratos.
52
TABELA 11 – Efeito da Ternatina sobre a concentração de bilirrubina total (BT) em
lesões hepáticas induzidas por Tetracloreto de Carbono (CCl
4
) em ratos.
53
TABELA 12 – Efeito da Ternatina sobre a concentração dos triglicerídeos séricos (TG)
em lesões hepáticas induzidas por tetracloreto de carbono (CCl
4
) em ratos.
54
TABELA 13 – Efeito da Ternatina sobre o tempo de protrombina plástica (TP) em lesões
hepáticas induzidas por tetracloreto de carbono (CCl
4
) em ratos.
55
FIGURA 15 – Efeito da Ternatina em ratos portadores de lesões hepáticas induzidas
por Tetracloreto de Carbono (CCl
4
) em 24 e 192 horas.
56
4.5.1 Avaliação do Tempo de Sono Barbitúrico em Ratos Portadores de Lesões
Hepáticas Induzidas por CCl
4
Os mesmos grupos de animais foram empregados para a avaliação do tempo de
sono em minutos, induzido por pentobarbital. Os ratos tratados apenas com CCl
4
não
apresentaram mudança significativa no tempo de sono (91±5), quando comparados ao
grupo controle (101±7). Porém, os animais que receberam Ternatina (30 mg/kg, i.p.)
mostraram uma elevação significante no tempo de sono, que foi de 246±38 (TABELA
14 e FIGURA 16).
4.6
Efeito da Ternatina sobre o Íleo Isolado de Cobaio
As respostas contráteis provocadas por Acetilcolina (0,57 x10
-6
M), Histamina (0,32
x 10
-6
M), Serotonina (0,28 x 10
-7
) e Cloreto de Bário (0,20 x 10
-6
M) foram bloqueadas de
maneira dose-dependente pela Ternatina nas doses crescentes de 0,1 a 0,4 mg/mL. O
bloqueio foi revertido em cerca de 30 minutos após a lavagem do tecido (TABELA 15).
A média dos percentuais de redução das respostas contráteis em presença da
Ternatina, nas doses de 0,1 a 0,4 mg/mL foram: Acetilcolina (65,4±0,5; 72,3±2,0 e
81,0±2,1), Histamina (54,9±6,4; 69,0±4,2 e 77,9±3,4), Serotonina (29,6±5,1; 40,6±5,3 e
42,0±4,8) e Cloreto de Bário (20,7±10,4; 30,2±11,6 e 27,0±9,9).
57
TABELA 14 – Avaliação do tempo de sono barbitúrico em ratos portadores de lesões
hepáticas induzidas por Tetracloreto de Carbono (CCl
4
).
58
Nem a Ternatina nem o veículo (DMSO 5% em salina) provocaram quaisquer
efeitos “per si” sobre o tecido estudado. Portanto, o resultado obtido com os agonistas
acima referidos, foi Acetilcolina > Histamina > Serotonina > Cloreto de Bário (TABELA
15 e FIGURA 17, 18, 19, 20, 21 e 22).
4.7
Atividade Citotóxica
4.7.1 Efeito da Ternatina sobre a Citotoxidade em Cultura de Tecido
O composto em estudo não mostrou atividade citotóxica significativa sobre as
células da linhagem KB, visto que, a concentração efetiva da droga necessária para
impedir o crescimento celular (CyED
50
) foi de 100 µg/mL. Nos ensaios preliminares de
toxicidade aguda em camundongos, observou-se que a Ternatina não apresentou efeito
tóxico em doses de até 1.000 µg/kg, via intraperitoneal.
59
FIGURA 16 – Avaliação do tempo de sono barbitúrico em ratos portadores de lesões
hepáticas induzidas por Tetracloreto de Carbono (CCl
4
).
60
TABELA 15 – Efeito da Ternatina sobre as concentrações induzidas por agonistas em
íleo isolado de cobaio.
61
FIGURA 17 – Efeito da Ternatina nas concentrações provocadas por agonistas em íleo
isolado de cobaio.
62
FIGURA 18 – Efeito da Ternatina nas concentrações provocadas por Acetilcolina
(0,57x10
-6
M
) em íleo isolado de cobaio.
Ach: Acetilcolina Ter
2
: Ternatina (0,2 mg/mL)
Ter
1
: Ternatina (0,1 mg/mL) Ter
3
: Ternatina (0,4 mg/mL)
63
FIGURA 19 – Efeito da Ternatina nas contrações provocadas por Histamina (0,32x10
-6
M ) em íleo isolado de cobaio.
Hist: Histamina Ter
2
: Ternatina (0,2 mg/mL)
Ter
1
: Ternatina (0,1 mg/mL) Ter
3
: Ternatina (0,4 mg/mL)
64
FIGURA 20 – Efeito da Ternatina nas concentrações provocadas por Serotonina
(0,28x10
-7
) em íleo isolado de cobaio.
5-HT: Serotonina Ter
2
: Ternatina (0,2 mg/mL)
Ter
1
: Ternatina (0,1 mg/mL) Ter
3
: Ternatina (0,4 mg/mL)
65
FIGURA 21 – Efeito da Ternatina nas concentrações provocadas por Cloreto de Bário
(0,20x10
-6
M) em íleo de cobaio.
Ba: Cloreto de Bário Ter
2
: Ternatina (0,2 mg/mL)
Ter
1
: Ternatina (0,1 mg/mL) Ter
3
: Ternatina (0,4 mg/mL)
66
FIGURA 22 – Efeito da Ternatina nas contrações provocadas por Acetilcolina (0,57x10
-
6
M) em íleo isolado de cobaio.
Ach: Acetilcolina Ca
++
: Cloreto de Cálcio
Ter: Ternatina (0,4 mg/mL)
67
5. DISCUSSÃO
Os resultados obtidos no presente trabalho estabelecem que a Ternatina, produto
de ocorrência natural, um tetrametoxiflavona isolado de Egletes viscosa, é portador de
diferentes atividades farmacológicas.
A Ternatina (15 e 30 mg/kg, i.p.) inibiu efetivamente a formação do edema
provocado pela injeção subplantar de carragenina na pata posterior de rato. Neste
modelo de processo inflamatório agudo, o composto mostrou menor potência que a da
indometacina. Na dose antiinflamatória, a Ternatina foi também eficaz na prevenção da
dor em camundongos, observada pelo antagonismo da síndrome de contorções
abdominais induzidas por ácido acético. Além do mais, o flavonóide evidenciou uma
propriedade antipirética equivalente à do paracetamol no modelo de pirexia causada
pela injeção subcutânea de levedura de cerveja em rato.
A Ternatina antagonizou, significativamente, o extravasamento de permeabilidade
capilar, demonstrando possuir um expressivo valor para uso na clínica médica como
droga antiinflamatória (RINAHART, 1955). Uma atividade anti-hialuronidase dos
flavonóides foi descrita anteriormente (BEILER & MARTIN, 1947). A hialuronidase é
conhecida por atuar na polimerização do ácido hialurônico do endotélio capilar e
produzindo desta forma aumento na permeabilidade vascular (GHOSH et al., 1963).
Essas observações revelam uma absoluta correlação entre o efeito antiedematoso e a
redução da permeabilidade capilar, sugerindo que o efeito protetor da Ternatina sobre o
aumento da atividade antiinflamatória de alguns flavonóides pode ser a liberação e
subseqüente metabolismo do ácido araquidônico (MIDDLETON, 1984). A fosfolipase A
2
(PLA
2
) é a principal responsável pela hidrólise e liberação do ácido araquidônico (AA)
da membrana fosfolipídica, sendo um processo dependente do influxo de cálcio
(LANDS & ROME, 1976). A liberação do araquidonato é processada pelas vias da
cicloxigenase (CO) e lipoxigenase (LD) para a síntese de endoperóxidos,
prostaglandinas, prostaciclinas e tromboxanos por um lado e ácido hidroperóxido, ácido
hidroxieicosatetraenóico, lipoxinas e leucotrienos por outro (MONCADA & VANE, 1979;
SAMUELSSON et al., 1987). Flavonóides tais como circiliol, silibyna, quercetina, (+)-
catechina, hypolaetina-8-glicosídio foram descritos como substâncias inibidoras da
68
atividade de PLA
2
, LO e/ou CO em graus variados de efetividade (BAUMANN et al.,
1980; LEE et al., 1982; YAMAMOTO et al., 1984; ALCARAZ & HOULT, 1985a e 1985b).
Deste modo a inibição das enzimas PLA
2
, LO e/ou CO pode ser responsável pela
atividade antiinflamatória.
A Ternatina inibiu, significativamente, o edema inflamatório induzido por
carragenina, onde os metabólitos do ácido araquidônico pela via da cicloxigenase
(prostaglandinas) desempenham um papel predominante (VENEGAR et al., 1987). As
prostaglandinas parecem estar envolvidas na resposta das contorções abdominais
provocadas por ácido acético e na pirexia produzida por levedura de cerveja. Ternatina
demonstrou eficiência na redução do número de contorções abdominais, após injeção
intraperitoneal de ácido acético em camundongos e foi capaz de antagonizar o efeito
pirético causado por levedura de cerveja em ratos. Por essa razão, é concebível supor
que a Ternatina inibe a biossíntese das prostaglandinas contribuindo para o efeito
antiinflamatório deste composto. Os flavonóides em geral têm uma propriedade
antioxidante (HARBORNE & MABRY, 1982) e inibem a secreção de histamina dos
mastócitos e basófilos (MIDDLETON & DRZEWIECZKI, 1984; AMELLAL et al., 1985).
Se Ternatina possui ou não essas propriedades, torna-se necessária a realização de
futuros estudos para a confirmação dos resultados descritos neste trabalho.
Além de demonstrar efeitos antiinflamatórios, analgésicos e antipiréticos, a
Ternatina exibiu também uma ação gastroprotetora contra lesões gástricas induzidas
por álcool etílico absoluto (etanol) em camundongos. Os mastócitos da mucosa gástrica
estão envolvidos na patogênese da lesão do estômago causada pela administração de
etanol (OATES & HAKKINEN, 1988). A perturbação dos mastócitos da mucosa gástrica
parece estar na liberação de mediadores vaso ativos, especialmente a histamina e o
peptido leucotrieno, leucotrieno C
4
(LTC
4
), os quais, por seu turno, provocam um
extremo engurgitamento dos capilares da mucosa gerando intensa hiperemia e edema.’
Essas alterações podem ser fortemente antagonizadas por substâncias inibidoras da
atividade da lipoxigenase ou por drogas antihistamínicas do tipo H
1
. Visto que a
Ternatina oferece melhor resultado que a clorfeniramina (antihistamínico H
1
) é
presumível que este bioflavonóide apresente essa ação protetora possivelmente
através da inibição da lipoxigenase.
69
Diversos estudos anteriormente realizados, estabeleceram que os flavonóides
podem inibir as enzimas lipoxigenase e sugerem que este fato é valido para o emprego
da 15-lipoxigenase, extraída da soja como teste primário para a identificação de
compostos semelhantes que tenham efeito contra a 5-lipoxigenase dos mamíferos,
enzima importante na biossíntese dos leucotrienos (ALCARAZ & HOULT, 1985b).
Outros pesquisadores propuseram que, para efetiva inibição da lipoxigenase da soja, é
necessário que o flavonóide possua um grupamento carbonila na posição 4, uma
hidroxila em 4’ e nenhuma substituição no carbono C
2
. O composto em estudo reúne
completamente essas condições e, portanto, é racional supor que por isso tem a
capacidade de inibir a atividade da lipoxigenase e, desse modo, explica em parte as
atividades antiinflamatórias e gastroprotetoras observadas.
As hepatites viróticas e alcoólicas continuam a ser ainda hoje, um dos principais
problemas de saúde. A medicina moderna oferece poucos recursos para a cura dessas
doenças. Diversas plantas conhecidas pelos indígenas são descritas como sendo
usualmente empregadas nas hepatites a vírus. Estudos prévios têm estabelecido que
os princípios ativos dessas drogas são também flavonóides (HAHN et al., 1968; KISO et
al., 1984; PERRISSOUD et al., 1985). Suas avaliações clínicas são difíceis em virtude
da variada e auto-limitante natureza da doença. O ensaio experimental foi realizado
principalmente em ratos para a verificação do efeito protetor contra lesões induzidas por
tetracloreto de carbono (BARUA et al., 1970; KISO et al., 1984). Por conseguinte, este
modelo foi utilizado no presente trabalho para estabelecer a ação hepatoprotetora da
Ternatina. Nesse estudo é interessante notar a especificidade dessa droga nas
alterações enzimáticas frente a uma única injeção de CCl
4
. Diferente de AST e ALP, o
nível de ALT mostrou um significante aumento no período de 24 horas após
administração de CCl
4
, persistindo até 72 horas. Isso demonstra que a atividade de ALT
é elevada no fígado e muito baixa em outros tecidos. Por outro lado, AST é encontrada
em alta concentração no coração, na musculatura esquelética e nos rins, originária dos
danos hepáticos provocados por CCl
4,
além de outros tecidos. Por essa razão, os níveis
plasmáticos de ALT oferecem informações seguras para a avaliação das lesões
hepatocelulares, enquanto que os de AST não são indicadores das doenças no fígado.
70
Esta enzima é a mais específica para o diagnóstico das cardiopatias, necroses
cardíacas, sendo que estes efeitos são vistos após 48 horas.
O efeito da Ternatina é considerável na prevenção do aumento da atividade de
ALT induzida por CCl
4
, indicando com isso ter ação hepatoprotetora. A redução dos
níveis de várias enzimas (ALT, AST e ALP) observada em 192 horas, reflete um
possível efeito inibitório da Ternatina sobre múltiplos sistemas enzimáticos,
particularmente quando o tratamento é prolongado. Esta observação é concordante
com trabalhos anteriormente publicados sobre as propriedades gerais dos flavonóides
(HAVSTEEN, 1983).
Em circunstâncias patológicas, como na hepatite, acontece uma inversão nos
valores plasmáticos das transaminases. Os níveis de ALT ficam mais elevados que os
de AST. Isto se deve principalmente à localização celular dessas enzimas, pois 60% de
AST total estão no citoplasma e 40% ligados às mitocôndrias, enquanto que 100% de
ALT total estão presentes no citoplasma. Neste caso, alterações da permeabilidade da
parede celular do hepatócito, como ocorrem na hepatite, resultam em liberação de
maior quantidade de ALT para o sangue (LOPEZ, 1969).
O exato mecanismo de hepatotoxicidade induzida por CCl
4
e a proteção oferecida
pelo flavonóide Ternatina não estão com clareza ainda. O CCl
4
atua em parte
desorganizando os constituintes lipídicos das membranas celulares e lesando o retículo
endoplasmático liso dos hepatócitos (GOLDBLATT, 1972; DI LUZIO, 1972; TAPPEL
1973; SODEMAN & SODEMAN, 1974). Ainda de acordo com UHLEKE et al. (1973) e
ROBBINS & COTRAN (1979), o efeito tóxico do CCl
4
não é devido à sua molécula, mas
à conversão desta a um radical livre extremamente tóxico, o CCl
3
que seria produzido
por ação enzimática microssomal pertencente ao sistema monoxigenase dependente
do citocromo P
450
. Os radicais livres causam oxidação de ácidos graxos polienóicos
presentes nos fosfolipídios da membrana.
Alguns flavonóides naturais e sintéticos têm significante efeito sobre o sistema
enzimático monoxigenase dependente de citocromo P
450
. A indução e ativação deste
sistema por certos flavonóides foram descritas por WATTEMBERG et al. (1968) e
WIEBEL et al. (1971), onde igualmente o efeito inibitório de outros poucos flavonóides
foi relatado por BUENING et al. (1981), VYAS et al. (1983) e SOUSA & MARLETTA
71
(1985). Os estudos da relação estrutura química e atividade revelam que substituições
na posição 4’ das flavonas provocam marcada influência na função do citocromo P
450
(WATTEMBERG, 1968). Desta maneira, o íon brometo na posição 4’ aumenta
consideravelmente a indução enzimática. A introdução de grupamento metoxi na
molécula das flavonas exercem pouco ou nenhum efeito sobre a propriedade indutiva,
enquanto a saturação da dupla ligação C
2
– C
3
parece anular a atividade. Os compostos
flavonóides que apresentam um grupamento hiroxila na posição 4’ são conhecidos por
demonstrarem potente inibição da enzima citocromo P
450
e podem inferir com o
metabolismo oxidativo das substâncias lipofílicas (WOOD et al., 1986). A Ternatina é
portadora desta característica estrutural. Portanto, a atenuação da hepatotoxicidade
causada por CCl
4
e o aumento do tempo de sono por pentobarbital observados em
animais tratados com ternatina se devem possivelmente à inibição enzimática de
citocromo P
450
.
A capacidade da Ternatina em inibir o metabolismo das drogas lipofílicas tipo
pentabarbital, pode ter significante importância farmacológica e toxicológica. Os
possíveis efeitos desse flavonóides sobre o metabolismo dos compostos lipofílicos,
constituintes normais do organismo, tais como esteróides, ácidos biliares e também
sobre o metabolismo de xenobióticos, incluindo drogas terapêuticas, carcinógenos,
inseticidas e outros poluentes ambientais podem ser considerados e investigações
adicionais são necessárias para determinar até onde a Ternatina pode influenciar “in
vivo” o metabolismo destes agentes.
Existem relatos de que alguns flavonóides são portadores de atividade citotóxicas
e antineoplásicas (MIDDLETON, 1984). A inibição de enzimas mitocondriais por estes
compostos parece contribuir para a existência de tais efeitos (BOHMONT & PARDINI,
1979). Contudo, no presente trabalho, a Ternatina não manifestou citotoxicidade
expressiva para as células da linhagem KB. A concentração efetiva da droga
necessária para impedir o crescimento celular (CyED
50
) foi de 100 µg/ml.
Extratos de Egletes viscosa são usados em medicina caseira no controle das
diarréias e cólicas. Por essa razão, alguns experimentos foram tentados no sentido de
verificar o efeito da Ternatina sobre o trânsito gastrointestinal com camundongos e nas
respostas contráteis provocadas por acetilcolina, histamina, serotonina e cloreto de
72
bário em íleo isolado de cobaio “in vitro”. Os resultados obtidos mostram que o
composto estudado inibiu o trânsito gastrointestinal em camundongos, além de diminuir,
reversivelmente, as contrações da musculatura intestinal causadas por várias
agonistas. A inibição das contorções do músculo liso não está relacionada com os
agonistas empregados, implicando que os flavonóides suprimem uma função
bioquímica induzida por agonistas, essencial para a geração da contração muscular.
A influência inibidora sobre a contração da musculatura lisa não é prerrogativa da
Ternatina, visto que diferentes flavonóides tais como quercetina, hesperetina,
tangeretina, também possuem semelhante propriedade (MACANDER, 1986).
Ternatina pode inibir a contratilidade das células do músculo liso em respostas à
ação dos agonistas por antagonizar a recaptação ou mobilização de cálcio. Por outro
lado, uma elevação dos níveis intracelulares de AMPc pode causar diminuição da
contração de musculatura lisa, considerando que os flavonóides são capazes de inibir a
fosfodiesterase e assim aumentar as concentrações intracelulares de AMPc (BERETZ
et al., 1978; GRAZIANI & CHAYOT, 1979).
O efeito inibitório da Ternatina sobre as concentrações musculares induzidas por
agonistas foi observado como aumento gradativo da concentração de cálcio no banho.
Isto implica que o composto afeta os processos dependentes de cálcio celular. Embora
o mecanismo preciso de ação da Ternatina aguarde elucidação, ela tem a capacidade
de inibir os processos dependentes de cálcio, tais como a contratibilidade do músculo
liso atividade secretória podendo torna-se útil como agente antiespasmódico e
antidiarréico.
Uma importante característica dos flavonóides em geral (HAVSTEEN, 1983), do
extrato de Egletes viscosa, (RAO et al., 1982) e da Ternatina, em particular, é a sua
baixa toxicidade. Nos testes de toxicidade aguda, utilizando-se camundongos, foi
observado que a Ternatina em doses de até 1000 mg/kg i.p. (cerca de 33 vezes maior
que a dose antiinflamatória em ratos para a supressão do edema por carragenina) não
apresentou toxicidade, sendo que o valor da DL
50
não pôde ser estabelecido por falta
de material em estudo, para o qual seriam necessárias numerosas doses. A
combinação de propriedades antiinflamatórias, gastro e hepatoprotetoras, juntamente
73
com a baixa toxicidade, podem transformar este flavonóide em um atrativo candidato
para o uso como agente terapêutico no tratamento de perturbações digestivas.
BREKHMAN & DARDIMOV (1969) mostraram que certos extratos de plantas
possuem significante atividade antiestresse nos animais e no homem. Essa situação de
resistência induzida por drogas foi denominada atividade adaptogênica e estas,
conhecidas por adaptógenos. A descoberta da “ação adaptogênica das drogas” tem
sido extensiva à medicina popular com referência às plantas medicinais em diferentes
partes do mundo. O conceito de ação adaptogênica é baseado na evidência de que
substâncias derivadas do fenilbenzo-γ-pyrone, metoxiflavonóide e compostos relativos,
sintetizados por vegetais com ações viral, antifúngica e bacterostática (McCLURE,
1977), quando consumidos através da dieta, podem ser absorvidos pelo organismo e
conferir resistência inespecífica para as doenças em ambos, animais e homem
(ROBBINS, 1975). Então é possível que a Ternatina, uma metoxiflavona, isolada de
Egletes viscosa possua igualmente uma ação adaptogênica. No presente estudo a
Ternatina demonstrou propriedades antiinflamatórias, analgésicas, antipiréticas, gastro
e hepatoprotetoras. Os modelos experimentais utilizados para verificar estes efeitos
envolvem estresse induzido por uma variedade de fatores, sendo, portanto, racional
presumir que a Ternatina é portadora de atividade antiestressante. O estresse é
conhecido por suprimir a resposta imune e os adaptógenos são capazes de provocar
ativação do sistema imune (SALOMON et al., 1985). Por isso é importante que se
investigue o efeito da Ternatina sobre as imunidades celular e humoral para a obtenção
de informações válidas do ponto de vista farmacológico.
Concluindo, os resultados desse estudo sugerem que a Ternatina possui um
amplo espectro de atividade farmacológica. Ela não é apenas um constituinte químico
de Egletes viscosa. Trabalhos anteriores indicaram a presença de ácido centipédico e
de 12-acetoxi-hautriwaico-lactona no extrato hexânico desta planta (SILVEIRA et al.,
1989).
Mesmo assim, a ternatina pode ser o principal constituinte responsável pelas
atividades farmacológicas, cujas ações concorrem para o uso racional do extrato bruto
de Egletes viscosa na medicina popular.
74
6. CONCLUSÕES
1. O presente estudo evidencia que a Ternatina, um tetrametoxi-flavona, possui
amplo espectro de atividades farmacológicas, indicando ser esta uma das
principais substâncias ativas de Egletes viscosa.
2. A Ternatina não exerce somente ação antiinflamatória, mas possui também
eficácia como droga antipirética e analgésica periférica, representando assim,
outro exemplo de agente não esteróide semelhante à aspirina. Contudo,
diferente desta, o flavonóide tem a capacidade pouco comum, mas
extremamente benéfica de proteger a mucosa gástrica contra a irritação,
hemorragias e lesões celulares.
3. A observação do efeito supressor da Ternatina sobre o trânsito gastrointestinal e
sobre as respostas contráteis induzidas por agonistas na musculatura lisa in
vitro, indica que ela pode ser útil como agente antiespasmódico e antidiarreico.
Um específico e significante aumento dos níveis de alanina-aminotransferase (ALT)
em 24 horas foi observado após uma única injeção de CCl
4
(2 mL/kg) em ratos.
Visto que a medida da atividade de ALT é um parâmetro considerável para a
avaliação de lesões agudas do fígado, este modelo pode servir de instrumento para
a identificação rápida de compostos com prioridades hepatoprotetoras. Neste
experimento, a Ternatina diminuiu significativamente a elevação sanguínea de ALT
induzida por CCl
4
, evidenciando um efeito de proteção hepática.
4. A capacidade da Ternatina de inibir o metabolismo de drogas lipofílicas do tipo
pentobarbital, pode ter uma significante importância farmacológica e toxicológica.
Pesquisas suplementares são necessárias para determinar até que ponto a
Ternatina pode influenciar o metabolismo de substratos endógenos e
xenobióticos.
75
5. É pouco provável que a ternatina possua atividade antitumoral significante, já
que ela exibiu citotoxicidade muito baixa (CyED
50
= 100 µg/mL).
6. A combinação das propriedades antiinflamatórias, gastro e hepatoprotetoras do
flavonóide, aliada à sua natureza não tóxica, torna-o um candidato atrativo na
conduta terapêutica das perturbações digestivas.
76
ABSTRACT
Ternatin (5, 4’-dihydroxy-3, 7, 8, 3’-tetrametoxy-flavone), a flavonoid which was
extracted and purified from Egletes viscosa, Less. (Compositae), was screened for
various pharmacological effects in experimental animals.
The compound (15 and 30 mg/kg, i.p.) demonstrated a dose-related significant
anti- inflammatory effect in the carrageenan-induced rat hind paw test. In this model,
indomethacin (5 mg/kg, p.o.), a known nonsteroidal anti-inflammatory drug (NASID),
evidenced a much greater potency than to Ternatin. At similar doses, Ternatin effectively
reduced the increase in vascular permeability induced by acetic acid in mice, a property
common to many of the flavonoids.
In mice, Ternatin (15 and 30 mg/kg, i.p.) failed to modify the reaction time in Eddy’s
hot plate (55±1°C) test, but in writhing test induced by acetic acid, it significantly reduced
the number of abdominal contractions (writhes) in a dose-dependent manner indicating
a possible peripheral analgesic property. Ternatin also showed antipyretic activity in the
rat model of pyrexia induced by Brewer’s Yeast. Its activity at 30 mg/kg, i.p., was almost
equivalent to that produced by paracetamol (250 mg/kg, p.o.).
The gastroprotective effect of Ternatin was evident in the model of acute gastric
hyperemia provoked by ethanol 99% in mice. Ternatin at doses of 30 and 60 mg/kg, i.p.,
significantly reduced the development of ethanol induced hyperemic changes in the
stomach. Besides, Ternatin (30 mg/kg, i.p.) demonstrated hepatoprotective property by
causing significant inhibition of carbon tetrachloride (CCl
4
) – induced increases in serum
alanina-aminotransferase (ALT) in rats.
In rats treated with Ternatin (30 mg/kg, i.p.) for eight consecutive days, the
pentobarbital-induced sleeping times was found to be significantly higher than vehicle
treated controls what means signifies the possible depressant effect of the compound on
drug metabolizable enzymes in liver and/or other organ systems.
Ternatin (15 and 30 mg/kg, i.p.) inhibited, in a dose-dependent manner the
gastrointestinal propulsion in mice. In addition, Ternatin (10 to 40 µg/mL in bath fluid)
produced an effective reversible inhibition of contractile responses evoked by various
77
agonists (acetylcholine, histamine, serotonin and barium chloride) in isolated guinea pig
ileum. The inhibition was observed to be inespecific and could be overcome by an
increase in the Ca
++
concentration of bathing fluid implying that Ternatin affects cellular
calcium dependent processes.
In KB-cell lines, Ternatin evidenced low cytotoxicity. The effective drug
concentration required to inhibit the growth of KB-cells (CyED
50
) was found to be 100
µg/mL.
Ternatin and the crude extrats of Egletes viscosa evidenced low order of general
toxicity. The present findings on Ternatin, together with the reported antiviral activity
against polioviruses and adenoviruses suggest that it might be the unique active
compound present in Egletes viscose and this may be the scientific basis for the
extensive use of plant crude extracts in popular medicine for treating gastrointestinal
disturbances.
78
8 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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