87
menciona: “havia mais obstáculos à formação com os leigos. Havia resistência por parte
destes professores de que era um trabalho sério, mas havia espírito de liderança, isso facilitou
o trabalho com os professores no início.” (Professora Camila)
De 1998 a 2004, a professora Cláudia assumiu a responsabilidade pela seção de
educação infantil. Ela esclareceu que um grande avanço ocorreu nesse período, tanto no
aspecto do atendimento às crianças, da ampliação do número de creches, da conscientização
dos pais e da sociedade a respeito do trabalho desenvolvido na creche como dos profissionais
que ali atuam.
Segundo Cláudia, o rompimento com a barreira do “cuidar” (grifo nosso)
significou uma quebra de paradigma, os professores se conscientizaram que precisavam de
preparo, de estudo e de aperfeiçoamento constantes. E os pais e a comunidade aos poucos
foram conscientizando-se do papel que a unidade representa para as crianças.
Na verdade, a creche tinha essa característica. A mãe deixava o filho ali né, e quem
tava ali cuidava. Era a tia que cuidava e para romper com isso, tem sido a duras
penas né, para a sociedade entender que o professor que está ali tem todo preparo,
todo cuidado, ele estuda, ele se aperfeiçoa a cada dia. Nós temos Unidades que
você vai na entrada das crianças e vê pessoas da classe média, que possuem
veículos, motos, pessoas bem arrumadas, pessoas que trabalham né, que acreditam
e conhecem o trabalho de hoje. Então é preferível deixar na Educação Infantil com
a professora, porque sabe da qualidade que tem ali, do que deixar em casa com a
babá. Então esse trabalho pedagógico, ele foi evoluindo né [...] e a sociedade está
reconhecendo isso. (Professora Cláudia)
Tal mudança de paradigma, contudo, não aconteceu entre os dirigentes políticos.
Conforme a colaboradora Cláudia, alguns pensam que porque é creche não há necessidade ou
o investimento tem que ser barato.
A sociedade ainda tem o resquício do cuidar e alguns dirigentes, inclusive, tem isso
muito forte, de imaginar que a creche é só cuidar, mas a maioria já está entendendo
que na creche tem um profissional preparado, haja vista que há grande procura
pelas creches. [...] a gente percebe, isso visível, no trato que têm, no investimento,
até na construção, no pensar. É, pensam que a creche tem que ter um investimento
barato né, e isso não é verdadeiro. (Professora Cláudia)
Em relação ao professor, a entrevistada ponderou:
Os professores não! Eles têm consciência do seu papel enquanto educadores, isso
foi construído... Foi construído a partir do momento da mudança de postura do
profissional né e essa mudança foi a partir do momento que ele vem estudando,
pesquisando, buscando, tem a formação dele, tem a formação oferecida pela
Secretaria né, porque se ele não estiver disposto, aberto, não basta a gente oferecer
cursos, seminários, congressos, estudos. Mas o próprio professor tem buscado, a
gente vê que ele busca sua auto formação. (Professora Cláudia)
No que concerne à formação de professores, o relato da colaboradora Cláudia
corrobora com as informações prestadas pela professora Camila. Em sua fala deixa evidente
que durante o período que esteve à frente da Seção Infantil não havia uma política clara de