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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
A ILUMINAÇÃO NATURAL EM HOTÉIS DE LAZER
ESTUDO DE CASO NO PARA
O HOTEL HIDROTERMAL
Sonia Maria Pessa de Oliveira
Curitiba, Mao de 2003
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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
A ILUMINAÇÃO NATURAL EM HOTELARIA DE LAZER ESTUDO DE CASO DE UM HOTEL
HIDROTERMAL NO PARANÁ
Sonia Maria Pessa de Oliveira
Dissertação apresentada ao Programa de Pesquisa e Pós-Graduação em
Arquitetura da Universidade do Rio Grande do Sul –UFRGS e da Pontifícia
Universidade Católica do Paraná PUCPR, como requisito para obtenção
do título de mestre em Arquitetura
.
Orientadora: Professora Dra. Lúcia R. de Mascaró
Curitiba, Mao de 2003
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AGRADECIMENTO
Pelos três anos de processo de aprendizado reitero aos
mestres, de coração, meus agradecimentos. Aos colegas de curso,
convivência que não será esquecida, tanto pelo vínculo formado,
quanto pelas indeléveis marcas que se fizeram nesse percurso,
declaro meu apro por essa experiência.
À minha família que comigo sofreu, pela ausência e pela
compreensão de momentos aflitivos e aos amigos com quem
partilhei o dia a dia, por sua compreensão, o meu sincero
reconhecimento.
À Fundação Niemeyer pelos arquivos fornecidos e aos
profissionais consultados, meu agradecimento sincero.
Ao Engenheiro Romeu Paulo da Costa e família pela
solicitude, disponibilidade e apoio incansáveis, palavras não
poderiam externar meu reconhecimento e gratidão.
Aos proprietários do Hotel Hidrotermal, cuja
disponibilidade viabilizou o encaminhamento deste estudo, minha
gratidão.
Aos profissionais da área de educação, pela colaboração
na correção do texto, meu reconhecimento por seu empenho e
dedicação.
Aos amigos, Lauri, Marisa e Eduardo, meu
reconhecimento pela amizade e apoio.
À equipe de coordenação da Pontifícia Universidade
Católica do Paraná e aos professores, doutores e mestres da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, que com extrema
competência ministraram este curso de mestrado, agrado a
oportunidade de estar entre seus alunos.
Ao meu marido que incansavelmente me auxiliou,
acompanhando-me em viagens na coleta de material de pesquisa,
e no incentivo para não desistir, considero-o parte integrante deste
trabalho.
À minha orientadora por sua paciência, dedicação e
orientação devo o desenvolvimento e conclusão deste trabalho,
agradecimento que estendo a seu marido Dr. Juan Mascaró.
Quero deixar aqui registrado que muito mais que um
título, esse curso possibilitou-me experiências e vivências
indescritíveis. O convívio com os amigos, as informações
recebidas, o percurso dessa jornada não podem ser mensurados, a
não ser por aqueles que dele fizeram parte.
Sou grata a Deus por ter chegado ao término desta jornada,
com certeza muito mais enriquecida do que quando a iniciei, e
essas aquisições, essas experiências vividas não me serão tiradas.
RESUMO
A busca da solução ideal entre os fenômenos naturais para
conforto na habitação de um modo geral e na hotelaria de lazer de
forma especifica, constitui um desafio para profissionais e
proprietários desse tipo de edificações. As variáveis e
condicionantes da região de localização do prédio e o domínio no
assunto, tem levado alguns profissionais da área a acreditar que
podem alterar o espo em que o homem vive modificando o
comportamento do meio (Enarch, 1983). Estudos específicos na
área de conforto ambiental mostram, que a utilização correta dos
meios em uso na aplicação da energia disponível e que a correta
implantação da obra no sitio podem reduzir consideravelmente o
consumo energético, proporcionando o necessário conforto e bem
estar ao usuário.O Estudo que aqui é apresentado se propôs de
forma sucinta, a traçar um rápido panorama da historia da
hotelaria de lazer, desde tempos antigos, com o inicio das
primeiras jornadas romanas, até os dias de hoje, procurando
identificar quais os critérios adotados para aproveitamento de
iluminação e ventilação natural na arquitetura de hotéis de lazer.
Na seqüência situou-se a história da hotelaria de lazer no Brasil.
No terceiro capitulo foram abordados, alguns exemplos
significativos da arquitetura brasileira na década de 50, que
influenciaram a primeira manifestação da arquitetura de hotel
voltado ao bem estar, no Paraná. No quarto capitulo é apresentada
a primeira e discreta participação do exemplo paranaense, com a
adoção de alguns aspectos, no que se refere ao aproveitamento
natural da iluminação e ventilação natural.O estudo de caso,
finalmente buscou encontrar traços referenciais, do hotel tomado
como objeto da pesquisa, procurando identificar, os critérios
adotados quando presentes, para redução de consumo de energia e
para conforto ambiental na hotelaria de lazer apresentada.
ABSTRACT
The searching for an ideal resolution between the naturals
phenomenons for the comfort of the housing, in a general sense,
and in leisure hotels, in a specific sense, is a challenge to the
professionals and owners of these kind of buildings. The
location’s area’s variables and conditions, as well as, the
command of the subject, has been taken some professionals to
believe that they can change the place where man always keep
changing the enviroment’s behavior ( Ernach, 1983). Specific
studies in environmental comfort show that the correct application
of the ways in use of the available energy and that the correct
introduction of the building in the area can considerably reduce
the energitc consumption, giving the necessary comfort and well-
being to the user. The study that is presented here proposed,
briefly, set out a quick panorama of the history of leisure hotel
complex, since ancient times, from Roman journeys to nowadays,
trying to identify the discretions adopted to natural lighting and
ventilation utilization in leisure hotels architecture.
Afterwords, the history of leisure hotels complex in Brazil
is situated. In the third chapter are broached some significants
examples of brasilian architecture of the 50’s, that influenced the
first manifestation in Parana of hotels architecture turned to well-
being. In the fourth chapter is presented the first and discreet
participation of Parana’s example, with the adoption of some
aspects, refered to the utilization of natural lighting and
ventilation. The case’s study, finally, aimed to find referencials
traces, trying to identify the discretions adopted to reduce the
energetic consumption and the environmental comfort of the
leisure hotel complex presented.
SUMÁRIO
SUMÁRIO DE FIGURAS
..............................................
LISTA DE TABELAS
.........................................................
LISTA DE QUADROS
.......................................................
INTRODUÇÃO
....................................................................
1
HISTÓRICO DA EVOLUÇÃO DOS HOTÉIS
1.1
Breve retrospectiva da hotelaria.............................
1.2
Breve retrospectiva da hotelaria no Brasil............
1.3
Classificações na tipologia hotel............................
1.3.1
Classificação Geral.................................................
1.3.2
Hotelaria de lazer...................................................
1.3.2.1
Resorts...................................................................
1.3.2.2
Hotéis Fazendas e Pousadas..................................
1.3.2.3
Hotéis Ecológicos..................................................
1.3.2.4
Hotéis de Convenções............................................
1.3.2.5
Spas........................................................................
1.3.2.6
Hotéis Cassino.......................................................
1.3.2.7
Hotéis Residência (Apart Hois e Flats)..............
1.3.3
Breve história da arquitetura e do uso da
iluminação em edificações.....................................
1.3.3.1
Arquitetura Vernacular..........................................
1.3.3.2
Estilo Românico.....................................................
1.3.3.3
Arquitetura Gótica.................................................
1.3.3.4
Arquitetura do renascimento.................................
1.3.3.5
A Revolução Industrial..........................................
1.3.3.6
O Estilo Internacional ...........................................
1.3.3.7
A Arquitetura do Século XX.................................
1.3.3.8
A Situação Atual...................................................
2
OS HOTÉIS DE REFERÊNCIA............ ...........
2.1
Hotel de Montanha.................................................
2.2
O Grande Hotel de Ouro Preto...............................
2.3
O Park Hotel de São Clemente ( 1940-44- Nova
Friburgo).................................................................
3
REFERÊNCIA NO PARANÁ HOTEL
ÁGUAS DE SANTA CLARA...............................
3.1
Localização.............................................................
3.2
Dados construtivos.................................................
3.3
Estrutura física........................................................
3.4
Avaliação dos efeitos da radiação solar direta
3.5
Avaliação das condições do edifício quanto à
ventilação e iluminação lateral
3.6
Dados sobre o desempenho das janelas à
iluminação e ventilação natural
3.6.1
As janelas como fator de sombra
3.6.2
Tipologia das aberturas
3.6.3
Soluções adotadas para as coberturas na área
social.
4
HOTEL HIDROTERMAL - ESTUDO DE
CASO......................................................................
4.1
Objetivo e Metodologia do Estudo de Caso............
4.2
Apresentação histórica do Hotel Hidrotermal
utilizado no estudo de caso......................................
4.2.1
As águas, sua descoberta e suas características.......
4.2.2
Clima e temperatura...............................................
4.2.3
Ventos.....................................................................
4.3
Áreas ao redor do Hotel .........................................
4.4
O posicionamento das edificações quanto à
vegetação e insolação .............................................
4.5
Caracterização e classificação do Hotel .................
4.6
Estudo da edificação...............................................
4.6.1
Estrutura física.........................................................
4.6.2
Avaliação da cobertura............................................
4.6.3
O Bloco A................................................................
4.6.3.1
Considerações iniciais.............................................
4.6.3.2
Estudo da edificação .Condições de ventilação e
iluminação naturais do Bloco A.
4.7
O Bloco B...............................................................
4.8
O Bloco C ( Suítes).................................................
4.9
O Bloco D Complexo do Parque Aquático..........
4.9.1
Sistema de ventilação da piscina coberta ...............
4.10.
Tratamento do esgoto..............................................
4.10.1
Tratamento do lixo..................................................
4.11
Considerações sobre o desempenho energético do
Hotel Hidrotermal...................................................
CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................
BIBLIOGRAFIA..................................................................
ANEXOS
Anexo 1...................................................................
Anexo 2...................................................................
Anexo 3...................................................................
9
SUMÁRIO DE FIGURAS
FIG. 1 Choupanas do Harran
Fonte: KRAMER, Samuel Noah et al.
Mesopotâmia, O Berço da Civilização.
1983, p.77.......................................................................
21
FIG. 2 Renaissence Hotel
Fonte: AU72 – Arquitetura e Urbanismo
Ano 12 – Jun/Jul 1997..................................................
22
FIG. 3 Palácio de Sargão
Fonte: Trópico, Doc. 166, p.536................................
23
FIG. 4 Colunas de Peristilo da Palaestra
Fonte: GOITIA, et al. História Geral da Arte,
p. 56 Vol. I.....................................................................
25
FIG. 5 As Termas de Caracala
Fonte: HADAS, Moses et al. Roma Imperial.
1983, p.87.......................................................................
24
FIG. 6 Planta das Termas de Caracala
Fonte: HADAS, Moses et al. Roma Imperial.
1983, p.87.......................................................................
25
FIG. 7 Insulae Romana.
Fonte:
www.home.ch/~spaw1611/antic/habit/resgatae.html
.....
26
FIG. 8
Via Ápia
Fonte:
. HADAS, Moses et al. Roma Imperial.
1983,p.17.........................................................................
27
FIG. 9
A Fortaleza do Krak dos Cavaleiros, na Síria.
Fonte:
WEINDELFELD Archive In Piers Paul Red.
2001, p. 201……....……………………………….……
28
FIG.10
A Fortaleza dos Templários de Monzón
Fonte:
BRIDGEMANN Art Library In Peirs Paul
Red. 2001, p. 220……………………………………….
29
FIG.11
Hospital Tavera Alonso Covarrubias-
Toledo
Fonte:
www.historianet.zip.net/main/conteúdos.asp?Conteúdo=215.......
30
FIG.12
Hospedaria Angel Grantham
Fonte:
PEVSNER, N. 1979, p. 203............................
31
FIG.13
Palazzo del Té Mântua Ilia
Fonte:
Images of Palazzo del Té, Mântua, Itály,
1527-34 by Giulio Romano
.
Digital Imaging Project:
Art historical Images of European and North América
archicteture ans sculpture from Classical to Pos-
moderm.
Scanned from slides taken on site by Mary Ann Sul.
Extraído da página
www.bluffton.edu/~sullivanm/delte.html
em 15 de outubro de 2002...............................................
33
FIG.14
Interior de uma hospedaria do séc. XVI
Fonte:
SENAC, 1984, p. 26........................................
35
FIG.15
Planta parcial do Hotel particulier, Cours de
CAD, em Aviler, França
Fonte
:
Martinez, 1991, p. 03
10
E Plantas baixas da Hospedaria Drei Mohren, Edifício
de Gunezrainer, 1722
Fonte: Pevsner, 1980, p. 207.........................................
35
FIG.16 Exchange Coffe Hause Boston- EUA
Fonte: Pevsner. 1980, p. 223.....................................
37
FIG.17 Edifício Auditorium EUA
Fonte: Pevsner, 1980, p. 223.....................................
37
FIG.18 Casa Grande de taipa coberta de palha
Brasil.
Fonte : POST, Frans, Casa-Grande, século XVII In
NOVAIS, Fernando A.
História da Vida Privada no Brasil,
Vol.1.1997, encarte entre as pps.190/91.........................
40
FIG.19 Debret na Hospedaria.
Fonte: NOVAIS,Fernando A.
História da Vida privada no Brasil,
1997, p. 92.........................................
42
FIG.20 Hotel Pharoux
Fonte: ALENCASTRO, Luiz Felipe de.(org.),
História da vida privada no Brasil,
1997, p. 189....................................................................
46
FIG.21 Sobrados e Vivendas do Rio de Janeiro
Fonte: Richard Bate, Rua do Ouvidor, Rio de
Janeiro, início do século XIX, In NOVAIS, Fernando
História da vida Privada no Brasil, 1997
Vol. 1, p. 87....................................................................
46
FIG.22 Hotel Itália e Brasil
Fonte: NOVAIS,Fernando A.
História da vida privada no Brasil,
Vol. 1. 1997, p. 286........................................................
47
FIG.23 O Hotel de France.
Fonte: Daguerreótipo de Luis Compte, em 1840.
Fonte: NOVAIS, Fernando A
História da Vida privada no Brasil,
Vol 1.1997, p. 188 .........................................................
49
FIG.24 Residência em forma de Palacete.
Fonte: Foto In NOVAIS, Fernando A.
História da vida privada no Brasil,
Vol 1.1997, p. 198...........................................................
51
FIG.25 Hotel Avenida Rio de Janeiro – 1908
Fonte: ANDRADE, BRITO E JORGE, 2000,
p.22..................................................................................
51
FIG.26 Hotel Quitandinha .
Fonte: ANDRADE, BRITO E JORGE, 2000,
p. 22.................................................................................
51
FIG.27 Hotel Glória
Fonte: Andrade, Brito e Jorge, 2000,
p. 23.................................................................................
52
FIG.28 Le Corbusier e Jeanneret. Ville Savoye,
Fonte: Poissy, 1929-31. O jardin suspendu do
primeiro andar ................................................................
53
FIG.29 West Rock Resort Idaho.
Fonte: RUTES, PENNER E ADAMS, 2001, p.
102...................................................................................
53
FIG.30 Pousada da Ilha de Silves.Severiano Mário
Porto e Mário Emílio Ribeiro.
Fonte CBA n. 19 de 1987, p. 107............................
54
FIG.31 Hotel Canajure Club – Florianópolis
Fonte: CBA n. 19 de 1987, p. 72..............................
55
11
FIG.32 Salvation Army Hostel Paris.Le Corbusier,
Perspectiva Axiométrica. Reprodução da planta
original com supervisão por H. Lapprand.
Fonte: FRAMPTON, Kennet 1995, p. 69.................
56
FIG.33 Wyndham El Conquistador Resort &
Country Club, Fajardo, Puerto Rico.
Fonte: RUTES, PENNER E ADAMS,
2001, p. C.27..................................................................
62
FIG.34 Recepção do Grande Hotel São Pedro
Fonte: ANDRADE, BRITO E JORGE, 2000,
p. 145...............................................................................
62
FIG.35 Refúgio Ecológico Caiman.
Fonte : www.cinema.com.br/evetos/00021...............
63
FIG.36 Hotel Ariaú – Amazon – Amazônia.
Fonte: ANDRADE, BRITO E JORGE, 2000,
p. 85.................................................................................
65
FIG.37 Zagaia Resort.
Fonte:
www.planetaviagem.com.br/zagaiaresort.htm
-.........
65
FIG.38 Recanto das Toninhas Hotel _Ubatuba
Fonte:
www.roteirosdecharme.com.br/recantodastoninhas/portugues/tonin.htm....
66
FIG.39 Arquitetura Vernacular
Fonte: Comitatio Nazionale per la ricerca e per lo
sviluppo dell’energia nucleare e delle energie
alternative, 1983, s/p......................................................
69
FIG.40 Planta de Arquitetura Vernacular.
Fonte: Comitatio Nazionale per la ricerca e per lo
sviluppo dell’energia nucleare e delle energie
alternative, 1983, s/p.......................................................
70
FIG.41 Mesa Verde Colorado – USA..
Fonte: Comitatio Nazionale per la ricerca e per lo
sviluppo dell’energia nucleare e delle energie
alternative, .1983, s/p................................................
70
FIG.42 Praça do Castelo de Vigiano.
Fonte:
www.historianet.com.br/conteudos.asp?conteudo215
.....
73
FIG.43 Palácio Ducal em Veneza
Fonte: Trópico Enciclopédia Ilustrada,
Vol. III, s/d, p.1342.........................................................
74
FIG.44 Hospital Tavera Alonso Covarrubias
Toledo
Fonte:
www.utrine.hpg.ig.com.br/html/renascimento.htm...........
.
75
FIG.45 Hotel Cambará Paraná.
Fonte: arquivos COSTA, Romeu Paulo da.............
77
FIG.46 Perspectiva do Hotel da Pampulha
Fonte: Stamo PAPADAKI, 1951, p. 104/07............
83
FIG.47 Projeto Niemeyer para o Hotel de
N.Friburgo
Fonte: CAVALCANTI, Lauro, 2001, p.190...........
83
FIG.48 Projeto Hotel Águas de Sta Clara
Fonte: Foto por scaner obtida do projeto original
S.M.P.O...........................................................................
83
FIG.49 Planta Original Águas de Sta Clara
Fonte: Planta original COSTA, Romeu Paulo da....
83
FIG.50 Corte long. projeto Niemeyer Hotel
N.Friburgo
Fonte: CAVALCANTI, Lauro,2001,p. 190............
84
FIG.51 Corte área banhos Água de Sta Clara.
Fonte: Projeto original COSTA, Romeu Paulo da...
84
12
FIG.52 Elevação – Projeto Niemeyer N.Friburgo
Fonte: CAVALCANTI, Lauro, 2001p. 190............
84
FIG.53 Hotel de Ouro Preto
Fonte: Fotografia PESSA DE OLIVEIRA, Sonia,
2002.................................................................................
85
FIG.54 Saguão Águas de Sta Clara.
Fonte: Fotografia PESSA DE OLIVEIRA, Sonia,
2002.................................................................................
89 85
FIG.55 Sala de estar Águas de Sta Clara.
Fonte: Fotografia PESSA DE OLIVEIRA, Sonia ,
2002.................................................................................
86
FIG.56 Laje cobertura edifício fonte água mineral
Fonte: foto tirada pelo autor do projeto quando da
execução da obra............................................................
87
FIG.57 Planta baixa do prédio da fonte de água
Fonte: projeto original cedido por Romeu Costa..
87
FIG.58 Situação atual do prédio da fonte de água
Fonte: Fotografia PESSA DE OLIVEIRA, Sonia ..
88
FIG.59 Elevação do prédio fonte de água mineral.
Fonte: Romeu Paulo da Costa Fotografia do
projeto original PESSA DE OLIVEIRA, Sonia.........
88
FIG.60 Fotografia de obra em construção
Fonte: cedida pelo autor, Dr. Romeu P. da Costa. .
89
FIG.61 Planta original área da piscina e casa de
banhos
Fonte: Foto cedida pelo autor, Dr. Romeu P. da Costa.
89
FIG.62 Plantas mostrando similaridades.
Fonte: Projeto original cedido por Romeu Costa
e Planta do projeto de Nova Friburgo In
CAVALCANTI, Lauro 2001, p. 190............................
90
FIG.63 Planta baixa do térreo Hotel da Pampulha.
Fonte: In Stamo PAPADAKI, 1951, p104/7.........
90
FIG.64 Hotel da Pampulha.
Fonte: In Stamo PAPADAKI, 1951, p104/7.........
91
FIG.65 Planta do pavimento tipo – Hotel da
Pampulha
Fonte: In Stamo PAPADAKI, 1951, p104/7..........
91
FIG.66 Estudo implantação Complexo. da
Pampulha
Fonte: Corte esquemático dos estudos de Niemeyer
para o Hotel de Ouro Preto. Fonte: CAVALCANTI,
Lauro..............................................................................
92
FIG.67 Corte esquemático estudos Hotel Ouro
Preto.
Fonte: CAVALCANTI,Lauro 2001........................
93
FIG.68 Corte esquemático –iluminação natural
GHOP
Fonte: CAVALCANTI, Lauro.2001...........
93
FIG.69 Corte esquemático em Planta Grande
GHOP
Fonte: Lauro Cavalcanti.2001..................................
93
FIG.70 Implantação Hotel Ouro Preto
Fonte: CAVALCANTI ,Lauro.2001........................
94
FIG.71 Corte esquemático Águas de Sta Clara
Fonte: PESSA DE OLIVEIRA, Sonia(desenho).......
94
FIG.72 Corte esquemático Águas de Sta Clara.
Fonte: PESSA DE OLIVEIRA, Sonia......................
95
FIG.73 Fotografias, Plantas, Cortes e elevações
HOP
Fonte: CAVALCANTI, Lauro.2001, p. 254 a 257...
95
13
FIG.74 Espaços internos concebidos por Niemeyer
Fonte: CAVALCANTI, Lauro.2001.........................
95
FIG.75 Grande Hotel de Ouro Preto.
Fonte: CAVALCANTI Lauro.2001...........................
1
96
FIG.76 Vista interna quarto Grande Hotel de
O.Preto
Fonte: PESSA DE OLIVEIRA, Sonia (fotografia)....
96
FIG.77 Vista interna apto Hotel Águas de Sta Clara.
Fonte: PESSA DE OLIVEIRA, Sonia (fotografia)...
96
FIG.78 Planta Suíte Hotel Águas de Sta Clara
Fonte: PESSA DE OLIVEIRA, Sonia (desenho).....
97
FIG.79 Hotel Águas de Sta Clara.
Fonte: PESSA DE OLIVEIRA, Sonia......................
97
FIG.80 Grande Hotel de Ouro Preto.
Fonte: PESSA DE OLIVEIRA, Sonia......................
98
FIG.81 Hotel Águas de Sta Clara
Fonte: PESSA DE OLIVEIRA, Sonia......................
98
FIG.82 Park Hotel de São Clemente Nova
Friburgo
Fonte: CAVALCANTI, Lauro.2001...........................
1 101
FIG.83 Plantas baixas e fotografia Park Hotel de
S.C.
Fonte: CAVALCANTI, Lauro.2001.........................
102
FIG.84 Park Hotel de São Clemente Nova
Friburgo.
Fonte:
www.oespecialista.com.br/elista/obra.asp?Obra=6439
.......
102
FIG.85 Park Hotel de São Clemente Nova
Friburgo
Fonte:
www.oespecialista.com.br/elista/obra.asp?Obra=6439.....
103
FIG.86 Planta original projeto Águas de Sta Clara
Fonte: projeto original cedido pelo
Fonte: PESSA DE OLIVEIRA, Sonia........................
105
FIG.87 Planta atual do Hotel águas de Sta Clara
Fonte: projeto original cedido pelo autor COSTA,
Romeu Paulo da...............................................................
106
FIG.88 Hotel Águas de Sta Clara - Chalés.
Fonte: PESSA DE OLIVEIRA, Sonia......................
106
FIG.89 Esquema do Hotel Águas de Sta Clara .
Fonte: PESSA DE OLIVEIRA, Sonia.(desenho).....
106
FIG.90 Planta baixa área de serviços H.A.Sta Clara.
Fonte: COSTA, Romeu Paulo da..........................
107
FIG.91 Fotografia prédio área de serviço
Fonte: PESSA DE OLIVEIRA, Sonia .....................
107
FIG.92 Planta original e fotos Águas de Sta Clara.
Fonte: PESSA DE OLIVEIRA, Sonia (fotografia)...
108
FIG.93 Planta baixa e esquema da casa de banho
Fonte: COSTA,. Romeu Paulo da...........................
109
FIG.94 Vista aérea do Hotel Águas de Sta Clara.
Fonte: Foto retirada do Folder do Candeias Clube
de Turismo.....................................................................
110
FIG.95 Fotos dos Chalés, Bloco C
Fonte: COSTA, Romeu Paulo da ...........................
110
FIG.96 Porta-janela apto Hotel Águas de Sta Clara.
Fonte: PESSA DE OLIVEIRA, Sonia (fotografia)...
113
FIG.97 Esquema das janelas das suítes.no H.A.S.C.
Fonte: PESSA DE OLIVEIRA, Sonia (Desenho).....
114
FIG.98 Esquema da janela tipo guilhotina
Fonte: .MASCARÓ, Lúcia R. de, 1991, p. 93..........
114
14
FIG.99 Projeto original- corte esquemático.
Fonte: COSTA, Romeu Paulo da............................
115
FIG.100 Solução de abertura das janelas dos quartos.
Fonte: PESSA DE OLIVEIRA, Sonia (fotografia)..
115
FIG.101 Foto tirada do quarto da face norte
Fonte: PESSA DE OLIVEIRA, Sonia (fotografia)..
116
FIG.102 Foto e esquema da sala de jogos do
H.A.S.C.
Fonte: PESSA DE OLIVEIRA, Sonia (fotografia)...
117
FIG.103 Foto da sala de estar do Hotel Á.Sta.Clara.
Fonte: PESSA DE OLIVEIRA, Sonia
(fotografia).....................................................................
117
FIG.104 Planta baixa da sala de gerência e portaria..
117
FIG.105 Fotografia da fachada sul do H.A.S.C
Fonte: COSTA,. Romeu Paulo da..........................
118
FIG.106 Foto e esquema gráfico da ventilação
Fonte: PESSA DE OLIVEIRA, Sonia (Desenho..).
118
FIG.107 Temperatura - Trimestre mais quente
Fonte:
www.pr.gov.br/iapar/sma/Cartas_Climaticas/........................
125
FIG.108 Temperatura Trimestre mais frio
Fonte:
www.pr.gov.br/iapar/sma/Cartas_Climaticas/.....................
.
125
FIG.109 Evapotranspiração anual
Fonte:
www.pr.gov.br/iapar/sma/Cartas_Climaticas/......................
126
FIG.110 Precipitação Média anual.
Fonte:
www.pr.gov.br/iapar/sma/Cartas_Climaticas/......................
126
FIG.111 Umidade relativa annual
Fonte:
www.pr.gov.br/iapar/sma/Cartas_Climaticas/......................
127
FIG.112 Classificação Climática Segundo Köppen
Fonte:
www.pr.gov.br/iapar/sma/Cartas_Climaticas/......................
128
FIG.113 Umidade Relativa anual
Fonte:
www.pr.gov.br/iapar/sma/Cartas_Climaticas/......................
128
FIG.114 Direção Predominante dos Ventos
Fonte:
www.pr.gov.br/iapar/sma/Cartas_Climaticas/......................
129
FIG.115 Bloco B do Hotel Hidrotermal.
Fonte: Arquivo do Hotel Hidrotermal.....................
130
FIG.116 Planta do nível 1 – Bloco A
Fonte: Arquivo do Hotel Hidrotermal.....................
131
FIG.117 Planta do Bloco A
Fonte: Arquivo do Hotel Hidrotermal.....................
140
FIG.118 Corte esquemático do Hotel
Fonte: Arquivo do Hotel Hidrotermal.....................
141
FIG.119 Implantação geral do Hotel Hidrotermal
Fonte: Arquivo do Hotel Hidrotermal.....................
142
FIG.120 Direção dos ventos.
Fonte: Arquivo do Hotel Hidrotermal.....................
143
FIG.121 Planta de Situação do Hotel Hidrotermal..
Fonte: Arquivo do Hotel Hidrotermal.....................
144
FIG.122 Fachada principal e foto interna do labby
Fonte: PESSA DE OLIVEIRA, Sonia (fotografia)...
144
FIG.123 Sala da Diretoria
Fonte: PESSA DE OLIVEIRA, Sonia (fotografia)...
147
FIG.124 Corte secção A
Fonte: Arquivo do Hotel Hidrotermal.....................
149
FIG.125 Sushi-bar corte e planta
Fonte: Arquivo do Hotel Hidrotermal.....................
150
FIG.126....Sushi-bar
Fonte: Arquivo do Hotel Hidrotermal...........
151
FIG.127 Apartamento do Hotel Hidrotermal.
Fonte: PESSA DE OLIVEIRA, Sonia (fotografia)..
154
15
FIG.128 Plantas e cortes do Bloco B.
Fonte: ..Arquivo do Hotel Hidrotermal.....................
156
FIG.129 Plantas e cortes do Bloco C.
Fonte: Arquivo do Hotel Hidrotermal......................
156
FIG.130 Fachada de fundos do Bloco C
Fonte: PESSA DE OLIVEIRA, Sonia (fotografia)...
157
FIG.131....Planta e corte do edifício anexo ao
restaurante
Fonte: Arquivo do Hotel Hidrotermal.....................
159
FIG.132 Planta de cobertura,elevação e cortes Buffet
Fonte: Arquivo do Hotel Hidrotermal....................
160
FIG.133 Suíte do Hotel Hidrotermal
. Fonte: PESSA DE OLIVEIRA, Sonia (fotografia).
161
FIG.134 Visualização do Bloco C.
Fonte: PESSA DE OLIVEIRA, Sonia (fotografia)...
162
16
LISTAGEM DE QUADROS
QUADRO 1- Caracterísiticas dos meios de hospedagem
e turismo ...............................................................................58.
LISTAGEM DE TABELAS E GRÁFICOS
TABELA 1Área edificada do Hotel Hidrotermal
Fonte: Referências em Projetos do arquivo do Hotel
Hidrotermal..............................................................(anexo)
133
TABELA 2 - Variação da aparência de cor em função da
iluminância Fonte: Referências em Projetos do arquivo do
Hotel Hidrotermal..................................................................
145
TABELA 3 Média do Consumo anual dos últimos 6
anos.Fonte: Extrato de dados fornecidos pela COPEL.........
164
TABELA 4 Ocupação do Hotel Hidrotermal 2000
Fonte: Referências em Projetos do arquivo do Hotel
Hidrotermal...........................................................................
166
TABELA 5 Ocupação do Hotel em 2001 Fonte:
Referências em Projetos do arquivo do Hotel Hidrotermal..
166
TABELA 6 Ocupação do Hotel Hidrotermal em 2002
Fonte: Referências em Projetos do arquivo do Hotel
Hidrotermal ..........................................................................
166
TABELA 7 Índice percentual de despesas do Hotel em
2002.Fonte: Dados fornecidos pela administração do
Hotel.....................................................................................
169
TABELA 8 Relação de consumo de energia referente a
ocupação do Hotel de 01/2000 a 01/2001.Fonte: CopeL..
183
TABELA 9 Relação do consumo total de energia do Hotel
de 01/2000 a 01/2001Fonte: Copel.......................................
183
TABELA 10 Histórico de energia e pagamentos de
008/2001 a 08/2002 Fonte: Copel.........................................
184
TABELA 11 referência da alteração de consumo pela
otimização dos equipamentos.Fonte: Copel.......................
184
TABELA 12 taxa de ocupação do Hotel Hidrotermal no
ano de 2000. Fonte: Dados do Hotel Hidrotermal................
185
TABELA 13 taxa de ocupação do Hotel Hidrotermal no
ano de 2001.. Fonte: Dados do Hotel Hidrotermal.............
185
TABELA 14 taxa de ocupação do Hotel Hidrotermal de
Janeiro a Agosto de 2002. Fonte: Dados do Hotel
Hidrotermal...........................................................................
186
TABELA 15 Consumos específicos do Hotel Hdrotermal
no período de 08/2001 a 08/2002 Fonte: Dados do Hotel
Hidrotermal.. Fonte: Dados do Hotel Hidrotermal...............
186
TABELA 16 Consumo específico do Hotel de
Agosto/20001 a Agosto de 2002. Fonte: Dados do Hotel
Hidrotermal...........................................................................
187
GRÁFICOS 1 Media das temperaturas calculadas entre
1998 a 2002 – manhã
Fonte: Dados fornecidos pela administração do Hotel.........
139
GRÁFICOS 2 Media das temperaturas calculadas entre
1998 a 2002 – tarde
Fonte: Dados fornecidos pela administração do Hotel.........
139
17
INTRODUÇÃO
O objeto desta pesquisa é o estudo do aproveitamento da
iluminação e da ventilação natural na hotelaria de lazer. O Hotel
Hidrotermal situado numa região de águas termais do Paraná foi a
edificação escolhida para o estudo de caso.
A evolução dos conceitos arquitetônicos e tecnológicos na
hotelaria, conforme dados históricos apresentados no primeiro
capítulo, acompanhou o desenvolvimento dos demais setores da
construção civil. Antes do advento da energia elétrica, o homem
servia-se da iluminação e ventilação naturais para obter conforto.
Com o progresso oriundo da energia elétrica, essa condição de
conforto natural foi substituída pelo emprego de equipamentos
elétricos, a tal ponto que o consumo de energia para uso
residencial e para uso civil, de uma forma geral, tornou-se
responsável por um terço da energia total consumida em países
industrializados. Essa energia poderia ser melhor aproveitada se
convenientemente revertida para o setor industrial. A importância
fundamental destes aspectos só foi percebida com a crise
energética. Não apenas aspectos econômicos envolvem esta
questão, haja vista que, o setor residencial e por conseqüência o
setor hoteleiro e comunitário, sendo intrinsecamente ligados à
qualidade de vida, perderam aspectos culturais que envolvem
tradições com o abandono das soluções naturais e dos
conhecimentos obtidos por arquitetos como William Morris,
Victor Horta, Antonio Gaudi, Le Corbusier e Erich Mendelsohn e
Frank Lloyd Wright onde o contexto entre simetria e proporções
“pacientemente pesquisadas” foi abandonado ou esquecido. A
valorização do conforto ambiental e da iluminação natural,
tendência posta em destaque pelos arquitetos acima mencionados,
e que influenciaram a arquitetura do século XX e inicio do século
XXI, colocou em evidência a necessidade de reverter esse
processo. Esse movimento internacional surgiu no Brasil com a
vinda de Le Corbusier e repercutiu em todo o território nacional.
No Paraná, movimentos semelhantes aconteceram. O hotel Águas
de Santa Clara foi o primeiro exemplo paranaense desenvolvido
no inicio da década de 50, no auge do movimento modernista
brasileiro.
18
O Hotel Hidrotermal foi construído na década de 1970 e
posteriormente sofreu reformas visando adequá-lo a um projeto de
consumo controlado de energia elétrica, lançando mão de recursos
técnicos que valorizam a integração com o entorno, de forma a
melhor aproveitá-lo.
Visando encaminhar o estudo em questão, fez-se
necessário uma breve retrospectiva da história das edificações e
da hotelaria enfocando sempre que possível a iluminação e a
ventilação natural.
Assim, o primeiro capítulo informa sobre a história dos
meios de hospedagem.
Das primitivas casas construídas em barro, aos
ultramodernos e aconchegantes apartamentos dos hotéis cinco
estrelas no século XX, um longo percurso se fez. O processo
civilizatório criou normas, valores e padrões de comportamento,
dentre eles, o dever de hospitalidade, que em alguns grupos
sociais incluía zelar pela vida do hóspede com o risco da própria
vida.
Grandes civilizações, como é o caso da grega, da romana e
da judaico-cristã legaram conhecimentos fundamentais sobre o
tema, aos povos, principalmente do ocidente. São conhecidas
ainda hoje as termas, as ínsulas, as habitações coletivas para os
jogos olímpicos, dentre outros.
No sistema feudal a exauso do solo contribuiu para a
queda nos níveis da produção, fato só solucionado com o
cercamento dos campos e as culturas rotativas do final desse
período.
Resolvido o problema da produção, o excedente deu novo
alento ao comércio e os abrigos dos viajantes novamente
prosperaram.
Ao longo deste processo a utilização da luz na composição
dos ambientes sempre foi uma preocupação, seja pela
necessidade, seja pelo conforto.No processo de composição dos
ambientes a iluminação é um expediente apropriado à
caracterização dos espaços. A distribuição e proporção dos
ambientes no edifício e a sua implantação no sítio, bem como
forma, dimensão, posição e proteção das aberturas, profundidade,
altura do forro, e decoração das superfícies internas do ambiente,
o estratégias de projeto comumente utilizadas, para o controle
da luz.
19
o foi diferente na tipologia hotel. Conforme é hoje
conhecido, o termo “hotel” só apareceu na segunda metade do
século XVIII, derivado do frans hotel, que teve origem no
vobulo latino hospitale, cujo significado é hospedaria. Londres
teve a primazia do primeiro hotel construído numa estação
ferroviária quando o Eiston Hotel foi erigido.
O “grand hotel” refletiu, no seu desenvolvimento
arquitetônico e na sua evolução para o hotel de nossos dias, um
sem número de fatores sociológicos ligados à própria formação da
sociedade contemporânea. Na história do hotel como programa
arquitetônico em constante adaptação, as exigências resultantes do
progresso e da mudança de padrões sociais e econômicos, pode-se
ler, de certo modo, a história do meio em que vivemos.
No segundo capítulo a dissertação aborda a história da
arquitetura e a utilização dos recursos de iluminação. Aí se
destaca a preocupação com a arquitetura bem resolvida quanto aos
critérios de iluminação e ventilação natural.
O Hotel Hidrotermal foi a edificação escolhida para este
estudo, no Paraná, razão pela qual no terceiro capítulo são
apresentados os hotéis: Nova Friburgo, Ouro Preto, Parque São
Lourenço, Pampulha que servem de referência para a análise
proposta.
No quarto capítulo apresenta-se o Hotel Águas de Santa
Clara, edificado numa região de águas minerais do Paraná, como
uma referência para a realização do estudo de caso que se
desenvolve no quinto e último capítulo.
Conclusões são apresentadas finalmente.
20
1. HISTÓRICO DA EVOLUÇÃO DOS HOTÉIS
1.1 –Breve retrospectiva da hotelaria
A história dos meios de acomodação utilizados pelos
homens remonta às cavernas. Ao longo do processo para
estabelecer-se, a raça humana construiu civilizações, culturas e
criou imperativos. Instigados por necessidades primárias, como é
o caso da sobrevivência, os grupos humanos que produziam
materialmente a partir de um valor de uso, posteriormente seriam
motivados por outras necessidades e interesses, sendo os mais
importantes, numa certa ordem histórica: os religiosos, os
políticos, os militares e os econômicos. Incorporados num
processo civilizatório esses valores e interesses passaram a
cumprir funções determinadas no âmbito da cultura. A
convivência humana com ambientes interiores provocou a
necessidade de soluções de iluminação, tanto natural, quanto
artificial. A descoberta do fogo se insere nessa realidade tanto
quanto na de sobrevivência. O homem primitivo se isolava no
interior da caverna onde a iluminação só podia entrar pelas
aberturas na rocha, pela posição da porta de entrada, ou pela luz
das fogueiras protetoras. Enquanto moradia, a caverna na rocha
correspondia à necessidade de proteção, não estava vinculada a
qualquer outra necessidade estética.
A partir do momento em que o indivíduo se deslocou de
seu habitat, teve necessidade de abrigar-se, reabastecer-se,
revigorar as forças através do repouso e isso pode ser verificado
pelos registros históricos do processo civilizatório.
As relações do homem com seu entorno são responsáveis
pelo processo de busca por condições de vida mais favoráveis e a
forma de satisfazê-las. Nesse sentido, a arquitetura surgiu com a
função de controlar e regular essas relações, já que se dedica à
organização do espaço, tendo como base as necessidades
peculiares de cada agrupamento humano, considerando as
atividades desenvolvidas. Portanto, a história da Arquitetura de
hospedagem registra evoluções concomitantes com a própria
evolução do processo civilizatório onde o abrigo na caverna foi
sendo trocado por ambientes apropriados às necessidades de cada
tempo.
21
Das primitivas casas construídas em barro, com formato
cônico, organizadas à semelhança de colméias, conforme
constatados nas pesquisas arqueológicas dos Montes Zagros, na
Mesopotâmia, utilizadas para abrigo dos viajantes, aos
ultramodernos e aconchegantes apartamentos dos hotéis cinco
estrelas do século XX, um longo percurso se fez.
Enquanto o homem moderno preocupa-se em aliar luxo e
conforto, o primitivo tinha como preocupação primordial a
utilidade, donde se deduz que a situação atual da evolução dos
hotéis deriva das transformações sociais tecnológicas e
urbanísticas próprias vivenciadas pelo homem. Tendo por função
proteger, controlar e ajustar as relações entre o homem e o meio
ambiente, a arquitetura organiza o espo de acordo com as
atividades físico-sociais desenvolvidas, sendo a hospitalidade uma
delas.
Existem registros de que a necessidade de alojamentos
para viajantes já se manifestava há 4000 anos, desde a antiga
civilização desenvolvida na Mesopotâmia, (conforme se pode
verificar na figura 1), quando determinados estabelecimentos
eram construídos com a finalidade de fornecer abrigo e alimento a
viajantes O modelo de governo desenvolvido na Mesopotâmia
utilizava burocratas altamente eficazes, que empregavam sistemas
bem desenvolvidos de escrituração e contabilidade para a
construção e a conservação de estradas e a edificação de
hospedarias para os viajantes, dentre outras atividades.
FIG. 1
Choupanas de Harran Montes Zagros na Mesopotâmia Situadas
no vale do Rio Belikh, constituíam um ponto obrigatório de passagem das
caravanas que ali cruzavam o Rio Eufrates. (KRAMER, Samuel Noah et
al. Mesopotâmia, O Berço da Civilização, 1983:77).
22
FIG. 2-
Renaissence Hotel Ruy Ohtake, Projeto elaborado
a partir da utilização dos painéis ACM. (AU72- Arquitetura
e Urbanismo Ano 12- Jun/Jul 97).
Conforme Kramer (1983, p. 77), no século XXI a.C.
Shulgi, um dos reis de Ur, descreveu a si mesmo com um “lépido,
ligeiro viajante pelas estradas de terra e congratula-se por haver
construído uma série de pousadas pitorescas onde viajores
podiam passar uma noite reparadora”.
Ainda na Mesopotâmia do século VIII a.C, o rei Tiglath-
Pileser (chamado Pul no Velho Testamento), “possuía um
sistema de mensageiros com estações de revezamentos que lhe
permitia ficar em constante comunicação com todas as partes do
reino” (Kramer, 1983: 62). Comenta, também o autor, que nesse
período o senso estético se manifestava em belas construções,
como por exemplo, o Palácio do rei Sargão II (722-705 a.C.).
Esse palácio, construção complexa, compreendendo
vários edifícios, destinados a diversas funções, é uma mostra da
preocupação dos construtores da época. O templo era uma
pirâmide de sete andares, com mais de 45 m de altura. Os
Assírios não usavam colunas; sua arquitetura, por isso, não teve
sobre a grega nem sobre as sucessivas, nenhuma influência
decisiva. Como se pode verificar na figura, entre os edifícios do
palácio de Sargão II, haviam extensos pátios, distribuídos ao
longo dos vários segmentos da construção, cuja finalidade, dentre
outras funções, era a de iluminar os ambientes. Embora não se
refira especificamente à hotelaria, estes exemplos servem para
23
que se verifique a preocupação com a utilização da ambiência nas
edificações.
FIG. 3
Palácio de Sargão II (722-705 a.C.). (Trópico Doc. 166, p. 536).
Há evidências arqueológicas de que há 3.500 anos, no
Antigo Egito, existiam ambientes similares aos hotéis atuais
(Kishikawa e Hiroshima, 1993: 6), porém, a historiografia dos
meios de hospedagem é mais bem documentada a partir da Grécia
Antiga, onde o hábito das viagens era bastante difundido,
principalmente nos períodos dos jogos Olímpicos.
As Olimpíadas foram os mais importantes jogos pan-
helênicos. Sua realização se dava em Olímpia, onde ainda
existem as silenciosas ruínas do Palaestra, ou campo de
treinamento. Olímpia não era apenas uma cidade, mas um
agrupamento de templos e arenas nos campos. “Vinha gente de
todas as partes da Grécia e, como não havia casas permanentes
de hospedagem, barracas eram armadas, e dormiam ao ar livre
(Bowra, 1983, p. 126).
FIG. 4
Colunas de Peristilo da Palaestra - Séculos IV III a.C. -Santuário de
Olímpia (GOITIA, et al.-História Geral da Arte, p. 56.vol 1).
24
A estrutura dos ginásios também servia para acomodar os
desportistas e viajantes que se deslocavam para assistir e
participar dos jogos. Havia, ainda, as rústicas estalagens próximas
aos templos. Rutes, Penner e Adams (2001, p.7) mencionam que
se conhece a existência de casas de veraneio nos tempos antigos, e
que os primeiros centros de lazer de águas termais e minerais
apareceram na Grécia.
A expansão do Império Romano, cujo processo de
colonização se distinguiu do grego, originou a construção de uma
vasta rede de estradas que avançavam pelo continente europeu,
conforme os deslocamentos dos exércitos, suscitando a instalação
de uma infra-estrutura de atendimento às tropas, que serviam tanto
para alimentação, como para o descanso. Ao longo das bem
construídas estradas romanas bordejavam estalagens rústicas,
hospedarias mal cuidadas que conseguiam burlar a fiscalização
oficial; algumas delas não passavam de espaços pródigos de
ladrões de todas as raças, ou mesmo de casas de má fama.
Conforme Mindlin (1962, p.3), havia algumas hospedarias
especiais denominadas “mansiones, que fugiam à regra geral,
pois eram vigiadas pelos “ frumentarii” e “ curiosii” (polícia
secreta), que exigiam dos interessados em hospedar-se, uma
credencial apropriada, o “diploma tractatorium”.
FIG. 5
- As Termas Públicas construídas pelo Imperador Caracala no século III
a.C. (HADAS, Moses et al. Roma Imperial. 1983 p. 87).
Conforme é possível compreender das narrativas
históricas, nas “ mansiones” os ambientes eram preparados para
receber, não só magistrados e pretores em viagem, mas até mesmo
o Imperador de Roma.
25
As complicadas termas públicas
construídas pelo Imperador Caracala, formavam o
centro da vida social de Roma. e continuam sendo
um triunfo da engenharia do século III. Ocupando
uma área de 33 acres, na periferia de Roma, as
termas formavam um vasto conjunto de
estabelecimentos de negócios e entretenimentos.
No centro do conjunto situavam-se os banhos
propriamente ditos: um frigidarium (banho frio),
diversos tepidaria (banhos mornos) e um
calidarium (banho de vapor). A maioria dos
banhistas passava por eles nessa mesma ordem. A
água vinha das montanhas aos milhares de galões,
trazida pelos aquedutos. A água dos tepidaria e
calidarium era aquecida por fornalhas à lenha,
ligadas por uma rede de canos subterrâneos por
onde passava o vapor ( Hadas et al. 1983, p. 86/7).
As figuras 5 e 6 são baseadas nas ruínas das termas que
ainda se mantêm no local da construção.
Quanto ao sistema de hospedagem entre o povo judeu,
sob o domínio romano, o Evangelho de Lucas menciona o
seguinte:
José também subiu da Galiléia, da cidade de
Nazaré, para a Judéia, à cidade de Davi, chamada
Belém, por ser ele da casa e família de Davi, a fim
de alistar-se com Maria, sua esposa que estava
grávida. Estando eles ali, aconteceu completarem-
se os dias. E ela deu à luz o filho primogênito,
enfaixou-o e o deitou numa manjedoura porque
não havia lugar para eles na hospedaria. (Lc 2, 4-
7)
FIG. 6
- Planta das Termas Públicas construídas pelo Imperador
Caracala no século III a.C. (HADAS, Moses et al. Roma Imperial.
1983 p. (87)
.).
1- Biblioteca
2- Ginásio
3- Estádio de Esportes
4- 4Lojas e escritórios
5- Frigidarium
6- Tepidaria
7- Calidarium
26
O texto bíblico mencionado evidencia a existência de
hospedarias também entre os judeus.
A hospedagem era entendida como um dever sagrado, de
fundamentação religiosa pelas culturas antigas. Os nômades do
deserto recebiam os hóspedes no exíguo espo de suas tendas e
colocavam à sua disposição tudo que lhes pertencia. Entre
algumas tribos do deserto o dever de hospitalidade incluía zelar
pela vida do hóspede com o risco da própria vida.
Dois tipos de hospedaria coexistiam no Império Romano,
o estábulo e a estalagem. O estábulo era dedicado a proteger os
caminhantes e viajantes plebeus que transitavam pelas estradas do
território militarmente administrado e não passava de uma grande
cobertura, que além dos viajantes, abrigava também os animais de
montaria e o gado. A estalagem tinha um pouco mais de conforto
e era dedicada ao atendimento dos nobres e oficiais superiores do
exército romano. Posteriormente, com a queda do Império
Romano, as estalagens passaram a ser utilizadas também pelos
plebeus e o estábulo tornou-se um local para abrigo dos servos e
tratadores de animais que acompanhavam as comitivas, bem
como destes últimos.
FIG. 7
Insulae Romana.
Fonte: http://www.home.ch/~spaw1611/antic/habit/resgatae.html
.
Na Pax Romana os romanos habituaram-se a um período
de progressos. Tinham boas estradas, boas condições de
27
segurança para empreender viagens pelo território romano,
facilidades de comunicação e de negociação e conexões
marítimas regulares. Roma sofreu visível transformação,
passando a uma cidade cosmopolita de grande porte, com os
benefícios e as inconveniências disso decorrente. Inúmeros
ambientes urbanos foram criados para oferecer lazer a seus
habitantes, dentre eles, os famosos circos, que se espalhavam por
várias localidades.
As termas, antes locais para simples banhos públicos,
passaram a ser estabelecimentos requintados com salas para
banhos a vapor, piscinas, salas de repouso, de ginástica, de
massagens, bibliotecas e jardins para passeios. Nas colinas
periféricas foram implantadas as “vilas romanas , residências
temporárias para onde se deslocavam as altas camadas da
sociedade nos períodos de otium.
Com as transformações ocorridas em território europeu
pela invasão dos bárbaros e a queda do Império Romano, a
segurança das estradas deixa de existir passando a vigorar com
mais intensidade os saques, assaltos, seqüestros; bandos de
ladrões e salteadores pululavam ao longo dos Alpes.
FIG.8
Via Ápia. A primeira das grandes estradas romanas, iniciada em 312
a.C. Fonte: Hadas, 1983, p. 17
Os deslocamentos pelos seus vales eram cercados por
toda sorte de perigos. Marc Bloch (1987) reconstituiu a história
de alguns daqueles bandos e narra que perto da atual Saint-
Tropez, na Riviera, os sarracenos construíram um forte por volta
do ano 890, de onde atacavam povoados e mosteiros cada vez
28
mais distantes, apropriando-se do que tivesse valor e fazendo
prisioneiros para vendê-los como escravos nos territórios sob
ocupação árabe.
Com a invasão dos bárbaros desapareceram os exemplos
de hospedarias já mencionados, e em seu lugar surgiu o modelo
de hospitalidade privada utilizada pelos germanos, que será
predominante nos primeiros séculos da Idade Média.
Na Alta Idade Média (entre o século V e os séculos XI),
os palácios e castelos serviam de hospedagem aos comerciantes,
peregrinos e nobres mais abastados, bem como aos artistas e
músicos, que utilizavam a sua arte para distrair os demais
hóspedes, numa forma de retribuição pela hospedagem.
Com a peregrinação à Terra Santa, durante o reinado de
Carlos Magno, o comércio na Europa foi novamente ativado.
Dado o caráter religioso dessas viagens, os mosteiros e abadias se
encarregavam de hospedar os viajantes. Em seu interior,
democraticamente, todas as classes sociais compartilhavam da
mesma mesa, do mesmo dormitório e o pagamento era feito na
forma de donativos.
FIG.9
A Fortaleza do Krak dos Cavaleiros, na Síria, mantida pelos
cavaleiros do Hospital de São João, de 1.144 a 1.271. Fonte: Weindelfeld
Archive, in Piers Paul Read, 2001, p. 220
Há notícias de que no século XI, os peregrinos à Terra
Santa eram assistidos numa estrutura denominada hospital, cujo
provimento estava a cargo da nobreza. Posteriormente, surgiram
nos locais apropriados ao descanso, as residências de aluguel.
29
FIG. 10
a Fortaleza dos Templários de Monzón em Arao Huesca, Aragão.
Fonte: Bridgemann Art Library in Piers Paul Read, 2001, p. 220.
Do século XI ao século XV o comércio entre Europa e
Oriente teve seu reinicio com base na importação de artigos de
luxo para o consumo da nobreza senhorial. Como se tratava de
produtos de alto custo, os senhores feudais necessitavam, para
deles usufruir, aumentar seus rendimentos e constituíram a renda
feudal, razão pela qual pressionavam seus servos a aumentar sua
produção.
A pressão senhorial sobre os servos foi tão grande, que
os resultados obtidos foram o contrário do esperado; a partir
dessa pressão os servos estagnaram a produção. A exaustão do
solo contribuiu para essa assustadora baixa.
O desenvolvimento do comércio agravaria ainda mais a
problemática, já que o comerciante não era senhor nem servo. O
comerciante e o comércio acentuaram a crise da sociedade feudal.
O movimento das Cruzadas, iniciado na Europa a partir
do século X, possuía um caráter não só religioso mas também
social e político. Uma das façanhas desses guerreiros foi a
abertura do mar Mediterrâneo aos comerciantes europeus,
tirando-os de secular isolamento e quebrando o monopólio árabe.
Essa revitalização do comércio exigia uma estrutura apropriada
para abrigar os viajantes, o que contribuiu para a multiplicação de
ambientes para hospedagem.
Pelas questões acima apontadas, percebe-se uma íntima
relação entre o renascimento comercial e as Cruzadas, colocando
em conexão distantes regiões da Europa Ocidental com o Oriente.
30
Esta conexão permitiu a formação, na Europa, de dois grandes
pólos, a partir dos quais se organizou esta nova forma de
comércio, que favoreceu o crescimento das cidades que se uniram
a poderosas ligas comerciais, conhecidas como hansas, dentre as
quais, a mais famosa foi a Liga Hanstica, fundada em 1358,
liderada pela cidade alemã de Lubeck. As edificações para o
abrigo dos viajantes prosperaram.
Na cronologia estabelecida por Rutes, Penner e Adams
(2001, p.7 ), verifica-se que a partir do ano 1.100 viajar pela
Europa passou a ser mais seguro. Os assaltos acontecidos no
início do sistema feudal provocaram a criação de leis e normas de
proteção aos viajantes, de tal forma, que a pousada européia
gradualmente foi se desenvolvendo. Foi criada a pousada Three
Kings Inn em Basle, Suíça, primeira no gênero. No ano 1.200
apareceu o Cour Saint George Inn, em Ghent, na Bélgica e o
Angell Inn, de Grantham, Lincolnshire, na Inglaterra. Também foi
criada, no mesmo período, a casa de hóspedes para a estação de
emissários do governo, na China e na Mongólia.
Em 1300 foi criada na França uma lei que exigia, do
estalajadeiro, a substituição da propriedade roubada de um
viajante, no triplo do seu valor. Essa medida visava proteger o
viajante que buscava pousada nas estalagens. Por esse tempo,
desenvolveu-se também, o sistema de residências de campo
inglesas e foram fundados pequenos hotéis-castelos em Tauton,
Somerset, na Inglaterra.
FIG.11
Hospital Tavera Alonso Covarrubias - Toledo, Espanha. Fonte:
http://www.historianet.zip.net/main/conteúdos.asp?Conteúdo=215
Conforme afirmam Rutes, Penner e Adams, (2001, p.7)
em 1407, na França, se instituiu nas hospedarias, a exigência de
registro dos hóspedes, tendo em vista aumentar a segurança e
31
uma lei inglesa criou regulamentos para o funcionamento das
pousadas Mencionam, ainda estes autores, referindo-se ao século
XIV, que nessa época, na Europa, foram reavivados os spas de
Caribad e Mariembad e as estalagens se desenvolveram
utilizando-se do sistema de circulação rodoviário romano.
Os pontos de parada dos correios foram utilizados por
grupos de troca, fiscais do governo e viajantes, que aí se
acomodavam. Na Inglaterra 6000 hotéis foram criados e o
modelo inglês serviu de paradigma para o restante da Europa,
sendo seguido também pelos Estados Unidos. De sua planta
constava um amplo hall, com portal em arco e as salas públicas
eram distribuídas dos dois lados deste espaço. As cozinhas e as
áreas de serviço, assim como os aposentos, ficavam na área dos
fundos. Ainda no século XIV foram editados na França os
primeiros guias para viajantes.
Nos séculos XV e XVI, com o crescimento das
corporações de ofício e o advento do comércio em maior escala,
cresceu também o número e a qualidade das hospedarias ao longo
das estradas e nas aldeias.
FIG. 12
Hospedaria Angel, Grantham, finais do século XV. Fonte: Pevnes,
N. 1979, p. 203.
Nas cidades maiores cada corporação contava com seu
próprio albergue. A segurança nas viagens evoluiu, aumentando
com isso o número de viajantes. As carruagens desenvolveram o
já existente sistema de estradas romano, tornando as viagens mais
tranqüilas e agradáveis. As hospedarias funcionavam como
pontos de permanência intermediários para comerciantes e nobres
viajantes que se trasladavam a trabalho entre lugares distantes.
Além dos serviços de alojamento passaram a oferecer refeições e
32
vinhos, cocheiras e alimentação para os cavalos, troca de parelhas
e serviços de manutenção e limpeza para as carruagens. Rutes,
Penner e Adams (2001, p.7) mencionam ainda que a qualidade
das refeições era ressaltada numa forma rudimentar de
propaganda, em placas impressas em metal e afixadas na área de
acesso.
Segundo Pevsner (1979, p.203-204), nessa fase do
desenvolvimento as hospedarias eram edificações pequenas e
baixas, com quartos comuns e algumas habitações individuais
para hóspedes notáveis, tinham poucas zonas de uso geral e
incluíam estábulos e carruagens. Estavam arraigados no compacto
tecido da cidade medieval possuindo, como preceito, os
dormitórios em torno de um pátio central e os estábulos aos
fundos.
Portanto, o hotel tal qual é hodiernamente conhecido,
tem suas origens na hospedaria medieval, através das
transformações e ampliações morfológicas postas pelas
necessidades de aprimoramento ao longo dos tempos.
Na Itália, o peodo renascentista foi marcado por uma
época de grande desenvolvimento cultural, de festas, de
suntuosidade em geral. Enfim, como disse o historiador Arnold
Hanser (s/d)...”uma época vestida de ouro e púrpura que fazia da
vida um festim... onde até as pessoas mais simples se deliciavam
entusiasticamente com as estranhas obras de arte”.
No final desta fase, as grandes descobertas e as
navegações abriram novos horizontes para o povo europeu. O
progresso das artes e das ciências estimulou as viagens de artistas
que se deslocavam, em função de seu trabalho, de uma cidade
para outra. Assim o faziam também os artesãos e comerciantes.
O humanismo produziu novas necessidades culturais
estimulando os “tours”, principalmente da aristocracia, na busca
de complemento para sua formação cultural e científica. Esse
comportamento foi muito difundido na Inglaterra como uma
modalidade de turismo que se aproxima das atuais viagens de
recreio.
Tendo em vista este contexto, as hospedarias passaram a
ser reconstruídas, sofrendo ampliações tanto no plano horizontal,
quanto no vertical, permanecendo a denominação de albergues ou
pousadas.
33
O protótipo comum destas edificações adotava por base a
estrutura do “palace” com esplanada de carruagens ladeada por
galerias que davam acesso aos dormitórios, sendo que estas
composições podiam encontrar-se entre prédios e, mesmo, em
meio ao compacto tecido urbano, conforme já mencionado.
Também era possível encontrá-las na área rural.
FIG. 13
Palazzo del Té Mântua Itália. Giulio Romano -1527-34.
Fonte:Images of Palazzo Del Té, Mântua, Itály, 1527-34 by Giulio Roamno.
Digital Imaging Project:Art historical Images of European and North América
architecture and asculpture from classical Greek to Post-moderm. Scanned
from slides taken on site by Mary Ann Sul.. Extraído da
página
http://www.bluffton.edu/~sullivanm/delte/delte.html,
em 15 de outubro de
2002.
Das reformas efetuadas, vale mencionar o aumento dos
setores de convivência social da construção. Além da alternativa
de vivendas coletivas com quartos de aluguel, era possível optar
por casas de aluguel. Pevsner (1979, p.204) menciona que essas
casas podiam ser encontradas em localidades turísticas, como
Veneza, por exemplo, ou mesmo em algumas estações da Suíça.
Sua disposição se situava conforme o modelo clássico de
configuração das cidades, onde os edifícios importantes estavam
distribuídos ao redor de uma praça.
FIG. 14
Interior de uma hospedaria do século XVI.Fonte: SENAC. 1984,
p. 26.
34
Entre os séculos XVI e XVIII houve notável melhoria na
qualidade dos alojamentos, especialmente na Inglaterra, onde os
castelos e palácios hospedavam gratuitamente as famílias reais e
suas escoltas e cortes, bem como aos nobres e comerciantes. Nos
Estados Unidos desenvolveram-se pequenos hotéis portuários e
surgiram casas similares às britânicas e às lojas mônicas.
Estabeleceram-se os hotéis vila, regidos pelas leis de
Massachussets para todas as cidades. Resort spas, foram criados
em Yellow Spring, Pensilvânia. Surgiu a primeira escala de
paragens para carruagens e a revolução industrial estimulou o
desenvolvimento de resorts, tanto na Inglaterra quanto no resto
da Europa e nos EUA. Sabe-se também que nessa época foram
escritas publicações objetivando orientar os “turistas”.
O período citado foi marcado pelo aparecimento de uma
nova estrutura urbana onde o local de moradia separou-se do local
de trabalho. As carruagens foram incorporadas ao trânsito das
cidades e os estabelecimentos de vendas alinharam-se formando
ruas comerciais. As cidades cresceram e passaram a ser ambientes
de atração turística. Os jogos de cassino tiveram início por volta
de 1638, em Veneza e daí proliferaram por toda Europa.
Conforme é hoje conhecido, o termo “hotel” só apareceu na
segunda metade do século XVIII, derivado do frans hotel, que
teve origem no vocábulo latino hospitale, cujo significado é
hospedaria. Quando se analisa a composição estrutural das
hospedarias, dos séculos XVI e XVII, verifica-se a existência de
uma estreita relação entre elas e o hôtel particulier. No século
XVI, a palavra hôtel designava a casa da nobreza francesa e
alguns poucos edifícios públicos, enquanto a palavra palais
designava a moradia de reis e príncipes, de linhagem nobre e a
palavra maison designava a residência burguesa. A organização
espacial do hôtel particulier reproduzia um palácio em menor
escala, com todos os seus elementos e percursos. Quanto à sua
posição, integrava-se ao quarteirão. Para se chegar ao corpo
principal ou corps de logis havia que se atravessar um pátio, cuja
localização era mais ou menos centralizada, em referência à
construção, denominado cour d’honneur. Esse espaço era ladeado
por construções secundárias como as alas de serviço, cocheiras e
cavalariças, em cujo oposto o corpo principal da construção,
abria-se para um jardim, na maioria das vezes, verdadeiras
miniaturas dos espaços verdejantes que circundavam os palácios.
35
FIG. 15
. Planta parcial do Hotel Particulier, Cours de CAD, em Aviler, França,
1691 (Martinez, 1991, p.03) e Plantas baixas da hospedaria Drei Mohren,
Edifcio de Gunezrainer, 1722 (Pevsner, 1980, p.207).
O corpo principal desses pequenos palácios constituía-se
por uma seqüência de salões e de appartements, ambientes
criados para responder a algumas necessidades formais postas
pela cultura da época. Pelo grand palier, ou patamar, chegava-se
às antecâmaras, salões onde os donos da casa recepcionavam as
pessoas que não primavam de sua intimidade; para os íntimos
havia a chambre de parade, espo mobiliado de conformidade a
um dormitório. No entanto, o verdadeiro dormitório era o
chambre de coucher, situado ao lado do chambre de parade. A
divisão da estrutura funcional do hôtel com ambientes sociais em
posição prévia aos ambientes privativos e ambientes secundários
como aproveitamento de espaços, formavam um conjunto cujo
aspecto se diria extraído do espo edificado. No final do século
XVIII, logo as a revolução francesa, essa rígida distinção entre
nobreza e burguesia atenuou-se e finalmente, no século XIX, as
residências de banqueiros financistas e artistas, foram também
denominadas de hôtel.
FIG.16
.Exchange Coffe Hause, Boston EUA (Pevsner, 1980, p.209).
Nos Estados Unidos por volta de 1720/1730, foi
descoberto, em York Sulphur, Pensilvânia, um manancial de
águas com características térmicas e minerais; que trouxe
36
visitantes, justificando a urgente necessidade de construir ali um
hotel.
O início do século XIX também foi produtivo para o
setor de hotéis. Em 1800 foi aberto o White Hart Hotel, em
Salzburg, na Áustria e na Inglaterra, fundado o Royal Hotel, em
Plymouth. Em 1810, desenvolveram-se as casas para hóspedes,
no Japão, conhecidas pela denominação de Riokban. Dez anos
depois se teve notícia que o City-Hotel de Baltimore, Maryland,
funcionava com iluminação a gás, que somente dez anos depois
apareceria em Nova York, sendo o American Hotel, o primeiro
hotel a utilizá-la nessa cidade.
Ainda na década de 1820, surgiu em Boston o primeiro
hotel de luxo, com sistema de toalete, menu à la carte, e sistema
de anúncio nos apartamentos. Na década de 1830, foram
construídos o Saint Charles e o Saint Louis, em Luisiana, Nova
Orleans. Por essa mesma época o Hots de Nova York utilizava-se
de um elevador para bagagem. É da mesma década o primeiro
hotel a apresentar um atrium; tratava-se da reforma de um clube
grã-fino de Londres que possuía um mezanino. Londres teve a
primazia na construção de um hotel numa estação ferroviária,
trata-se do Eriston Hotel.
Na primeira metade do século XIX a dificuldade em
escoar a produção de algodão, incentivou a abertura de estradas
ferroviárias e a construção de locomotivas tanto para o transporte
da produção, quanto para o de passageiros. A revolução industrial
e ferroviária e as transformações sociais delas decorrentes
estimularam a construção de hotéis. A Inglaterra viu os seus
estabelecimentos hoteleiros transformar-se em padrão para o
mundo, com sua boa comida, cuidados voltados para o conforto,
higiene e limpeza e o acolhimento dado aos hóspedes tornando-se
marca registrada dos hotéis da Grã Bretanha.
Apesar de todo o desenvolvimento da hotelaria inglesa,
foi nos Estados Unidos que se verificou o seu mais acelerado
desenvolvimento. Vale salientar, conforme já se mencionou, a
importância das ferrovias, no desenvolvimento hoteleiro na
América do Norte, já que os hotéis foram sendo construídos nas
imediações dessas, à medida que elas aumentavam.
Por volta de 1884 Theodor Baur abriu em Zurique um
hotel denominado Baur au Lac. Sentindo a necessidade de mão
37
de obra qualificada para trabalhar no seu hotel e avaliando a
importância do desenvolvimento da hotelaria, Baur fundou em
Ouchy, Lausanne, a primeira escola de formação de pessoal para
hotelaria.
FIG. 17
Edifício Auditorium, Chevago, EUA. Projeto de Adler & Sullivan.
(Pevsner, 1980, p.223).
Ao longo da Riveira francesa e da Riviera italiana foram
construídos hotéis de veraneio, cujos freqüentadores desfrutavam
das melhores comodidades durante toda a temporada.
Nos Estados Unidos, a construção de hotéis em regiões
naturalmente privilegiadas, também se desenvolveu no século
XIX. Surgiram hotéis como: Cape May, quedas do Niágara, Long
Beach e litoral de Nova Jersey, locais bastante populares na
segunda metade do século XIX. Apareceram novos hotéis,
também na Inglaterra e por volta de 1889, o hoteleiro César Ritz
criou em Londres o Hotel Savoy, estabelecimento este, que
marcou um novo conceito de hotelaria e foi considerado o
primeiro hotel europeu de luxo, por apresentar uma série de
novidades, tais como: iluminação elétrica, quartos com “sala de
banho” e um boletim informativo em diferentes idiomas,
destinado aos seus hóspedes. Conforme Castelli (1994, p.21) o
importante para o hotel, nesta época, era o título do cliente, já que
sua permanência se estendia por longos períodos.
O elevador foi considerado, quando do seu surgimento,
como um símbolo da modernidade e foi incorporado na tipologia
hotel, desde o início do século XIX. Os primeiros surgiram em
1823 no Regent’s Park de Londres, e funcionavam a vapor, e em
1845 utilizavam a máquina hidráulica. O Hotel Fifth Avenue, em
1859, contava com um elevador para o transporte de carga
(monta-carga) e outro para hóspedes. Segundo Pevsner (1980,
p.218), no Dictionary of Architecture and Building, o arquiteto
38
Hardenberg, de Sturgis, indicava um banheiro para cada duas
habitações individuais e um elevador para cada 150 hóspedes.
Ellsworth M. Statler abriu em 1908, na cidade de
Búfalo, o Hotel Statler e mais tarde fundou a Statler Company,
que foi precursora das primeiras cadeias hoteleiras, responsáveis
por traçar fundamentos operacionais e normas operativas da
hotelaria.
Novos equipamentos e instalações foram implantados em
hotéis americanos, tais como calefação central e água corrente,
modernizando-os. Banheiros privativos surgiram em alguns
hotéis, dando uma nota diferencial. Pode-se encontrar um dos
hotéis de arquitetura significativa deste período no conjunto
Auditorium de Sullivan & Aldler, combinando teatro, hotel e
escritórios. Esse projeto foi inspirado nos armazéns de Marshall
de Richardson e talvez tenha sido a origem dos grandes centros
empresariais, corriqueiros atualmente, reunindo hotel, comércio e
salas para escritório (Pevsner, 1980, p.23).
Entre 1915 a 1922 Wrigth ao projetar o Hotel Imperial
de Tóquio introduziu conceitos novos do ponto de vista ambiental
e estrutural, propondo a resolução de problemas, principalmente
aqueles provocados por terremotos criando alicerces especiais,
dando flexibilidade, elasticidade e leveza à estrutura. Propôs
também a valorização das características das tradições japonesas.
Conforme Banham (1975), Wrigth valorizou como
primeira condição para uma iluminação adequada, a orientação
da edificação, assim sendo, as unidades de hospedagem com suas
dimensões diferenciadas e distribuídas ao longo de dois corpos
laterais, apresentavam aberturas tanto para os pátios internos,
quanto para o exterior, otimizando a iluminação e a ventilação
natural.
O luxo dos hotéis do século XIX entrou num período de
decadência com a Primeira Grande Guerra, na primeira década do
século XX, ficando este tempo marcado na história da hotelaria
pelo surgimento de hotéis de categoria inferior.
Entre as décadas de 1920 e 1930 a rede hoteleira
desenvolveu-se sobremaneira. Um número até ali nunca igualado
de hotéis foi construído e a expansão foi tanto quantitativa quanto
qualitativa, principalmente tendo em vista o aumento da demanda
dado pelas novas legislações trabalhistas, com férias
remuneradas. Um exemplo cssico desse “boom” é o Hotel
39
Stevens, construído em Chicago, com três mil quartos. Sabe-se
que o Hotel Rússia, construído em Moscovo, na década de 1960,
ultrapassa em trinta, esse número de quartos.
A Segunda Grande Guerra trouxe novo decréscimo de
mercado para o setor hoteleiro. Hotéis foram fechados e muitos
requisitados para o alojamento de tropas de exércitos ou para
improvisação de hospitais. Com o final da guerra foi deflagrado o
processo de reconstrução da Europa com as Nações procurando
refazer-se dos danos. A promoção de atividades turísticas por
países diversos foi parte desse contexto.
O período pós-guerra foi rico em reestruturações do
sistema hoteleiro visando fazer frente à demanda que se
manifestava, o que culminaria na criação dos grandes complexos
e das organizações governamentais ou privadas de domínio
nacional ou internacional. Os esforços dirigiam-se à reconstrução
das cidades, razão pela qual teve-se um novo surto de
desenvolvimento em todos os setores que envolviam o turismo.
O “grand hotel” refletiu, no seu desenvolvimento
arquitetônico e na sua evolução para o grande hotel dos nossos
dias, um sem número de fatores sociológicos ligados à própria
formação da sociedade contemporânea. Na história do hotel como
programa arquitetônico, em constante adaptação, as exigências
resultantes do progresso e da mudança de padrões sociais e
econômicos, pode-se ler, de certo modo, a história do meio em
que vivemos.
1.2 – Breve retrospectiva da hotelaria no Brasil
A história da hospedagem no Brasil é parte da história do
processo colonial e se desenvolveu no âmbito das relações
homem-mundo–homens, já que homens de um universo
geográfico, humano, econômico e social, trasladavam-se para
outra realidade geográfica, humana, econômica e social
totalmente diferenciada.
Nesse contexto, a vida na colônia dependia da
construção de todo o necessário ao homem civilizado. A
rusticidade da terra não condizia com o modo de vida do europeu
do século XVI.
Os que chegavam iam se abrigando nos espaços
conquistados e àqueles que posteriormente os seguiam restava o
abrigo da hospitalidade possível porque tudo estava para ser
40
construído. Essa realidade perdurou até o século XVII, com o
lento desenvolvimento da colônia.
FIG 18
Casa Grande de taipa coberta de palha. Fonte: Frans Post, Casa-
Grande, século XVII In Novais, História da Vida Privada no Brasil, 1997,
encarte entre as páginas 190 e1 91.
Alli eram ensinados a ler, escrever e contar, ajudar à
missa e a doutrina christã (Nóbrega, 1998, p.36). Além disso, o
dever da caridade fazia com que as ordens religiosas
hospedassem nos conventos as personalidades ilustres que
chegavam e mesmo alguns outros hóspedes
As narrativas dos viajantes do período colonial
abordavam as dificuldades enfrentadas por eles, numa terra sem
estrutura para hospedagem.
As grandes distâncias e o parco
povoamento transformaram a hospitalidade numa
característica e necessidade do mundo colonial
brasileiro. O viajante, contudo, não passava com
facilidade do alpendre, espécie de varanda. Era aí
que, nas moradias mais pobres, ele se abrigava da
chuva e armava sua rede. Quando ao lado do
alpendre dianteiro havia um quarto de hóspedes,
era nele que guardava seus pertences (Novais,
1997 In História da vida Privada no Brasil, p. 92).
Spix e Martius
1
, Robert Southey
2
e Frei Vicente do
Salvador
3
, dentre outros comentam sobre as residências do Brasil
1
SPIX, Johann Baptist von e MARTIUS, Carl Friedrich von. Viagem pelo
Brasil: 1817-1820. Belo Horizonte. Ed. Itatiaia; São Paulo: Ed. da
Universidade de são Paulo, 1981.
2
SOUTHEY, Robert (1774-1843). História do Brasil. Belo Horizonte: Ed.
Itatiaia; São Paulo: Ed. da Universidade de São Paulo, 1981.
41
colonial, referindo-se a pomares e quintais. Embora Frei Vicente
não mencione jardins, os viajantes do século XIX o fazem.
A privacidade certamente não era uma prerrogativa de
uma sociedade urbana com ruas estreitas e casas coladas umas às
outras, dada a ausência de quaisquer planejamentos para as
cidades e/ou vilas.
Assim como os jardins as gelosias ou
rótulas de treliças de madeira deram margem a
interpretações sobre o confinamento que tanto
havia impressionado os estrangeiros que visitavam
os núcleos urbanos da Colônia. Colocadas nas
portas e janelas, além de permitirem o arejamento,
decerto as treliças de madeira escondiam um
pouco o que se passava no interior dos lares,
poupando seus moradores dos olhares curiosos ou
indiscretos dos transeuntes (Novais, 1997 In
História da vida Privada no Brasil, p. 92).
Pelo que se pode verificar historicamente, até o século
XIX não existiam hospedarias comerciais no Brasil. A função de
hospedaria era executada pelos toscos ranchos à beira das
estradas. Eram ambientes sem qualquer conforto, construídos
3
SALVADOR Vicente do frei. (1564-1639?) História do Brasil 7ª ed.
Belo Horizonte : Ed. Itatiaia; São Paulo : Ed. da Universidade de são Paulo,
1982.
pelos proprietários das terras, para o pouso e descanso dos
cavaleiros, que durante a estadia faziam uso de seus próprios
pertences. Havia também as casas de pasto, as tabernas e as
estalagens. Um pouco melhor que os ranchos esses ambientes
ofereciam, além do pernoite, a possibilidade de alimentação.
Apesar disso, salvo raras exceções, os viajantes estrangeiros do
século XIX surpreendiam-se com a hospitalidade brasileira.
A vinda da família Imperial despertou o interesse de
pesquisadores e viajantes pelo Brasil, sua fauna e sua flora, Dom
João VI ao vir para a colônia, fez-se acompanhar de pintores e
escultores.
Já nessa fase, nem toda hospitalidade oferecida no Brasil
estava ligada diretamente a interesses comerciais; havia também
casos em que dar hospedagem podia significar prestígio, tendo
em vista a notoriedade do hóspede.
Entre as hospedarias dirigidas por brasileiros, havia
também aquelas que se assemelhavam a hotellerie francesa
Essas
eram dirigidas por estrangeiros e por eles procuradas.
Com a chegada da família real no Rio de Janeiro
apareceu a “hospitalidade compulsó ria”, situação na qual os
42
proprietários de imóveis eram obrigados a oferecer todas as
modalidades de serviços domésticos à nobreza, mesmo a
alimentação, em troca da aposentadoria.
FIG. 19
Debret na Hospedaria,
Jean Baptiste Debret. Fonte: Novais,
História da Vida privada no Brasil, 1997, p. 92.
A cultura francesa penetrou como influência na cultura
brasileira, formando gerações, principalmente sob a influência do
arquiteto Auguste-Henri Victor Grandjean de Montigny (1776-
1850) que conforme Mindlim (1956, p.24), foi o primeiro a
receber o título de professor de arquitetura no Brasil. Montigny
projetou as edificações da Academia de Belas Artes e a Praça do
Mercado e da Alfândega, já destruídos
A influência francesa foi entendida como uma influência
“s em raízes no país” (Mindlim, 1956, p.24) e refletiu uma
tradição diferente da portuguesa, sendo causadora de rupturas na
unidade do todo no espo de construção do aspecto físico da
nação, já que a influência portuguesa, somada ao tro nativo,
vinha se acrescentar um certo ordenamento racional de influência
francesa.
Um exemplo da boa acolhida na hospitalidade
residencial nas fazendas fluminenses pode-se ler em Zaluar
4
.
A maneira por que nos receberam nessa habitação
correspondeu a excelência de seus donos e a essa
franca hospitalidade de que os nossos bons
lavradores fazem uma verdadeira religião e que
4
ZALUAR, Augusto Emilio. Peregrinação pela província de São Paulo(1860-
1861). Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: EDUSP, 1975, p.29.
43
seguem com tão generoso escrúpulo. Mesa lauta,
serviço pronto, agasalho cordial e a grata
independência da vida campestre são os preceitos
desse culto a quem por mim sem grande relutância
me sujeito. Acrescente-se a isto um magnífico
piano harmônico dos mais modernos de Debain,
destros e delicados dedos para nele interpretarem
algumas da mais difíceis composições dos grandes
mestres, a conversa amena e espirituosa do salão,
e terás feito uma idéia dos agradáveis momentos
que passamos na fazenda.
Embora nas residências das fazendas todo forasteiro
fosse bem acolhido, Kidder
5
narra que em São Paulo havia uma
hospedaria que só recebia o viajante que fosse portador de carta
de recomendação:
Tinha (o dono) como norma não receber quem não
trouxesse carta de recomendação. Conhecedor
dessa exigência, um cavalheiro de nossas relações
forneceu-nos o necessário documento. Os
naturalistas do nosso grupo não esperavam por tal
formalidade e, por cúmulo da má sorte, o nosso
hospedeiro havia tomado uma terrível quizila
5
KIDDER, Daniel P. Reminiscências de viagens e permanências nas
províncias do Sul do Brasil: Rio de Janeiro e Província de São Paulo. Belo
Horizonte: Itatiaia; São Paulo: EDUSP, 1980, p.200.
contra os seus patrícios, alegando que les français
m’ont toujours trompé. Daí terem sido forçados os
nossos companheiros, a passar a noite numa
miserável casa de pasto onde chovia tanto como
na rua e onde havia toda sorte de sujeira.
As pessoas de melhor classe social geralmente eram bem
acolhidas onde quer que solicitassem abrigo, sendo raros os casos
narrados daqueles que foram rejeitados em residências ou
hospedarias. Já os tropeiros e pequenos comerciantes tinham que
se contentar com as estalagens mais simples ou mesmo as casas
de pasto.
Há que se ressaltar, ainda, que os relatos dos viajantes,
quando analisados, permitem que se entenda que, além da
distinção feita tendo como referência à classe social do
hospedado, havia também uma evidente diferença entre a
hospitalidade espontânea e aquela que se dava mediante
pagamento, nas hospedarias. Um exemplo disso é dado por
Zaluar
6
:
A fome é realmente a melhor mostarda para
apreciarmos os produtos da arte culinária, e os
donos dessas, pela maior parte, toscas
6
ZALUAR, Augusto Emilio.Op.Cit. p. 15-6.
44
hospedarias do interior, fazem pagar por bom
dinheiro o insofrível apetite dos pobres viandantes!
Muitas vezes não só se paga o que se come, porém
ainda, o que se pediu e não trouxeram. Pagar ou
deixar hipotecados animais, bagagens e até pajens,
se o cidadão não está munido para esta
dilapidação atroz, é a única alternativa que se lhe
oferece. Deve-se acrescentar a essa conta tanto os
feixes de capim para o animais, que se pagam, e
que eles ordinariamente não comem, porque não
lhos dão, como é de supor.
O Barão de Tschudi
7
, quando da sua estada na cidade de
Campos no Rio de Janeiro, narrou um exemplo de uma outra
situação que embora não fosse corriqueira tamm ocorria nas
hospedarias dirigidas por estrangeiros, à semelhança daquelas
dirigidas por brasileiros:
O hotel em que nos hospedamos apresentava
elegante aspecto. Em nenhuma das minhas
peregrinações pelo Brasil fui explorado de modo
tão impertinente como nesse hotel. Não posso dizer
se os preços para os demais viajantes eram os
mesmos, ou se a valorosa guerreira da Criméia
pretendeu apenas explorar o embaixador, como
7
TSCHUDI, Johann Jakob von. Viagem às províncias do Rio de Janeiro e São
Paulo. Belo Horizonte: Itatiaia, São Paulo: EDUSP, 1980. p. 25.
aquele hoteleiro da anedota que, tendo hospedado
um monarca, respondeu ao seu mordomo que se
queixava da exorbitância da conta: “Os ovos aqui
não são caros, senhor, mas os monarcas muito
raros”.
Pires (2001, p.160) entende que é difícil saber com
exatidão o momento em que a estalagem e o hotel distanciaram-se
um do outro. Sabe-se que por volta de 1830, no Rio de Janeiro,
constatava-se a presença de alguns hotéis franceses e italianos,
que já se distinguiam das hospedarias, por apresentar um serviço
diferenciado.
Para o final da década seguinte verifica-se com
bastante clareza esta constatação, uma vez que a
Corte possuía onze hotéis, relacionados pelo
almanaque na mesma coluna das chamadas
“casas de pasto”. Alguns, como Pharoux, Ravot, e
o Universo não apresentam qualquer informação
quanto ao tipo de serviço prestado, mas o hotel
dos estrangeiros alugava “aposentos e quartos
ricamente mobiliadose incumbia -se de “jantares
de encomenda” (Almanak Administrativo,
Mercantil e Industrial da Corte e Província do Rio
de Janeiro para o ano de 1849, p.353-4 apud Pires,
2001, p.161).
45
Uma situação que se verifica nesse período é o uso
indiscriminado da palavra hotel, já que em São Paulo esse título
era atribuído a ambientes que nem sempre ofereciam hospedagem,
limitando seus serviços a cafés e bilhares. Esse é o caso do Hotel
Recreio Paulistano e do Geryn que ofereciam apenas bilhares, no
entanto os hotéis Paulistano e Universal, além dos bilhares,
ofereciam hospedagem. Coube ao Rio de Janeiro a primazia no
oferecimento de serviços de hotelaria na sua mais moderna
acepção. Em São Paulo a proliferação de hotéis aconteceu após a
inauguração da Estrada de Ferro inglesa, quando o aumento do
número de estabelecimentos e a diversidade de serviços prestados
contribuíram para tirar do povo a má impressão que ficara quanto
a alguns serviços de hotelaria.(Pires 2001, p.161).
Tanto em São Paulo como no Rio de Janeiro, a presença
de estrangeiros se manifestou no ramo de hotelaria no Brasil. Em
1858 dos cinco hotéis existentes em São Paulo, pelo menos três
eram propriedades de estrangeiros. A presença francesa se
manifestou no Rio de Janeiro, como se pode verificar pela
denominação de alguns dos 41 hotéis existentes em 1859: Hotel
des Frères Provencaux, de Ferdiand Guigou; Hotel Ravot, de
Emilio Changy ou Hotel Francez, de André Long.
O crescimento do ramo hoteleiro no Brasil, após a vinda
da Família Real, pode ser verificado pelos 60 hotéis e 22
hospedarias existentes na Corte em 1875.
As primeiras décadas do século XX trouxeram hotéis
como o Copacabana Palace e o Hotel Glória, exemplos de
ambientes requintados nos moldes da tradição européia,
principalmente da tendência Ritziana, bem como os famosos
hotéis cassinos, dentre os quais pode-se mencionar o Cassino
Atlântico em Santos (São Paulo) e o Hotel Quitandinha, em
Petrópolis (Rio de Janeiro). Com a proibição dos jogos em 1946,
muitos hotéis cassinos tiveram que mudar sua orientação ou
fechar as portas.
Conforme se pode verificar no decorrer deste capítulo, as
edificações brasileiras populares do período colonial não
primavam por qualquer preocupação com os aspectos estéticos e
higiênicos, e quando faziam as vezes de pousadas, pouco podiam
oferecer. Posteriormente, as casas de pasto, tabernas, hospedarias
46
e estalagens, eram construções toscas, rudes, isto tanto no campo
quanto nas cidades.
FIG. 20
Hotel Pharoux. Foto de Klumb, 1880. Fonte: Alencastro(org.),
História da vida privada no Brasil, 1997, p. 189.
O crescimento econômico e populacional do país, bem
como a vinda da Corte, trouxe novas exigências, contribuindo
para a melhoria das edificações, o que se pode verificar no aspecto
do Hotel Pharoux (conforme figura 20).
Nos séculos XVII e XVIII, de forma geral, a cultura do
homem brasileiro mais abastado privilegiava a privacidade e o
elitismo, não vendo com bons olhos o sistema de hospedagem
comercial vigente no Brasil. As edificações brasileiras dessa
classe seguiam a tendência européia fazendo pequenas adaptações
quanto à utilização de materiais, e os fazendeiros possuíam várias
residências, para onde se trasladavam conforme a ocasião. A
aparência e o luxo dessas casas contrastava vivamente com a
rústica precariedade das pousadas, estalagens, pensões e os
primeiros hotéis.
FIG. 21
Sobrados e vivendas do Rio de Janeiro no tempo de D. João VI.
(Richard Bate, Rua do Ouvidor, Rio de Janeiro, início do século XIX, in
História da vida Privada no Brasil, 1997, p. 87,
vol. 1).
A vinda da família real, no início do século XIX,
funcionou como incentivo para a melhoria das edificações,
47
destinadas à tipologia hotel, colaborando para a transformação da
mentalidade em relação a esse sistema de hospedagem.
FIG.22
Hotel Itália e Brasil, ( São Paulo
), para famílias.
Militão, 1982. Fonte:
Novais, História da vida privada no Brasil, 1997, p. 286.
As novas condições que se delinearam no país,
resultantes da vinda da Corte e da Abertura dos Portos
coincidiram com as grandes transformações ocorridas no século
XIX e que atingiram, também o ato de viajar que se transformou
substancialmente depois da revolução dos transportes e com o
aparecimento de muitas inovações vinculadas à prestação de
serviços relativos às viagens.
A curiosidade sobre a América e o Brasil e a fama de
regiões edênicas funcionou como um atrativo para o resto do
mundo.Os viajantes e seus relatos sobre a excentricidade da terra
brasileira contribuíram sobremaneira para disseminar o interesse
nos seus países de origem. Os relatos apresentando tanto a boa
hospitalidade quanto os péssimos serviços das hospedarias,
tinham como ponto de referência os países de origem dos
viajantes, geralmente muito mais desenvolvidos no oferecimento
de tal prestação de serviços, daí o contundente paralelo.
A expansão da lavoura cafeeira em terras paulistas,
exacerbando o crescimento das cidades e fortalecendo a capital da
província, instigou uma quase concomitância no aparecimento de
hotéis de qualidade, e, em certo sentido, deu a São Paulo o
pioneirismo na construção daquele que foi considerado o melhor
hotel do Brasil.
O advento de hotéis é um acontecimento que se vincula
inteiramente à urbanização e ao aumento da classe média. Só em
certa acepção os fazendeiros de café valeram-se desse novo
48
serviço Durante muitas décadas, hospedar-se em um hotel, foi um
costume de forasteiros desprovidos de prestígio. Outros serviços
por eles oferecidos, como os almoços e jantares, foram
prestigiados pela aristocracia rural. A utilização de todos os
serviços oferecidos pelos hotéis de categoria se deu com a classe
média que, crescendo, ganhou importância econômica em
ocupações antes escassas ou mesmo inexistentes.
Nem toda aristocracia do café tinha por hábito viajar pela
Europa. Os barões do café do Vale do Paraíba, não chegaram a
criar um fluxo emissivo de expressão Antes da década de 1870
ainda não estava em moda esse hábito, pois as peculiaridades
dessa elite, que acabou se caracterizando como uma fidalguia
enraizada no mundo rural, não a estimulavam a realizar viagens
desse porte.
No entanto, a opulência proporcionada pela cultura
cafeeira, somada às peculiaridades da elite produtora do Oeste
paulista e, principalmente, o padrão mais atualizado, que
passaram a ostentar seus descendentes, nos moldes do capitalismo
moderno, diferenciando os empreendimentos lucrativos, mais as
benevolências dos tempos novos, geraram uma corrente emissiva
de brasileiros à Europa, sem precedentes, até então, na história do
país.
Essa elite, mais do que qualquer outra absorveu as
inovações internacionais, dentre as quais se incluía o costume de
viajar, divulgando os modismos e sendo imitada internamente,
contribuindo para a “europeizaçãodos costumes, principalmente
na capital paulista, fundamentalmente favorecida nesses tempos
de riqueza.
Para a rústica cultura da colônia, a chegada da Corte ao
país provocou certo deslumbramento, principalmente nas classes
mais abastadas, que passaram a imitá-la em tudo Se os hábitos e
costumes europeus trazidos pelos colonizadores e viajantes,
estavam mais ou menos esquecidos e desgastados, com essas
novas influências mais diretamente estabelecidas, renovaram-se.
Portanto, não é de se estranhar que a partir daí o país
tenha vivido um surto de transformações em todas as áreas,
incidindo inclusive sobre os aspectos das edificações, agora mais
cuidadas.
49
FIG. 23
Ao fundo e à direita, O Hotel de France, situado no coração do
Império. Daguerreótipo de Luis Compte, em 1840. Fonte: Novais, História da
Vida privada no Brasil, 1997, p. 188.
Para servir a tão nobres senhores modificaram-se os
ambientes, surgindo uma arquitetura mais elaborada, influenciada
pela européia.
Os hotéis, que a princípio pouco se diferenciavam das
pousadas, ao longo do tempo foram adquirindo identidade própria,
distanciando-se destas. No entanto, uma arquitetura com
características nacionais só surgiria em meados do século XX.
Na segunda década do século XX, refletindo a tendência
mundial, alguns debates encaminharam a questão da necessidade
de transformações na cultura brasileira entendida nesse contexto
com sentido bastante amplo, englobando as artes plásticas, as
artes cênicas, a música, as letras, a arquitetura, a engenharia,
enfim a mentalidade do povo. Essa reação que aconteceu em
todas as áreas da cultura brasileira e levou a denominação de
“Modernismo”.
O aparecimento da arquitetura brasileira propriamente
dita, deve-se a duas circunstancias: a Semana da Arte Moderna de
1922, e a Revolução de 1930.
A Semana contribuiu para acabar com a apatia artística
que dominava o país e levantou problemas jamais suspeitados
anteriormente.
Quanto à Revolução, foi o equivalente político da
Semana, com a qual, aliás, teve muitos pontos de contato.
A arquitetura brasileira apresentou uma profunda
transformação ou adequação aos princípios da escola modernista
internacional, de tal forma que os novos conceitos influíram na
linguagem do período pós-guerra (Cavalcanti, 2001).
50
Hertzberger, em Lões de Arquitetura (s/d, s/p) coloca uma
justificativa que em síntese explicaria este processo criativo do
período modernista:
A capacidade em se descobrir uma solução
fundamentalmente diferente para um problema, i.e.
para criar um mecanismo diferente, depende da
riqueza de nossa experiência, assim como o
potencial expressivo de linguagem de uma pessoa
não pode transcender ao que é exprimível em seu
vocabulário.
Isso porque, quando se expressa um novo conceito, não
se deixa de manifestar princípios anteriormente elaborados, já que
por assimilação de conhecimentos o novo pensamento está
ancorado no pensamento anterior. Esse processo engloba de forma
ampla todos os parâmetros da arte de projetar, influindo
sobremaneira na hotelaria.
Segawa, (1999, s/p), estabeleceu os anos de 1917 a 1924
como período inicial da manifestação de uma preocupação em
opor-se ao passadismo, com a busca da atualização estética,
abandonando a orientação de correntes específicas.
Uma segunda fase aconteceu entre 1914-1929, quando o
jornalista Oswald de Andrade publicou o manifesto Pau-Brasil,
introduzindo na discussão da literatura moderna, o nacionalismo:
A qualidade da obra de arte não reside mais em seu caráter de
renovação formal. Ela antes deve refletir o país onde foi
criada”. O conceito do moderno no âmbito da arquitetura estava
vinculado às variações entre o ecletismo e o neocolonial. O
movimento modernista na arquitetura não aconteceu ao mesmo
tempo em que na literatura e nas artes plásticas.
Dois artigos publicados na imprensa em 1925 foram
considerados por Segawa (1999) como os maiores acordes deste
movimento. O primeiro deles é a carta intitulada “Arquitetura e a
Estética da cidade” enviada por Rino Levi, que estudava na Real
Escola Superior de Arquitetura em Roma, e publicada no Jornal
de São Paulo, em 15 de outubro:
É preciso estudar o que se fez e o que se está
fazendo no exterior e resolver nossos casos sobre
a estética da cidade com alma brasileira. Pelo
clima, pela nossa natureza e costumes, nossas
cidades devem ter um caráter diferente da Europa.
Creio que a nossa florescente vegetação e todas as
51
nossas inigualáveis belezas naturais podem e
devem sugerir aos nossos artistas, alguma coisa de
original, dando às nossas cidades suma graça de
vivacidade de cores, única no mundo. (Levi, 1987,
p. 21-2).
FIG.24
Residência na forma de palacete que acabou se transformando em
pensão familiar na segunda metade do século XX. Fonte: Foto In Novais,
História da vida privada no Brasil, 1997, p. 198.
O segundo artigo foi publicado em 01 de novembro do
mesmo ano, no Correio da manhã do Rio de Janeiro, tendo como
autor Gregori Warchavchik, arquiteto russo radicado no Brasil.
FIG. 25
Hotel Avenida, no Rio de Janeiro, inaugurado em 1908. Fonte:
Andrade, Brito e Jorge, 2000, p. 22.
FIG. 26
Hotel Quitandinha, Rio de Janeiro. Fonte: Andrade, Brito e
Jorge, 2000, p. 23.
52
FIG. 27
Hotel Glória, Rio de Janeiro. Fonte: Andrade, Brito e Jorge, 2000, p.
23.
O texto intitulado “Acerca da Arquitetura Moderna” é
uma tradução do original O Futurismo publicado em um
jornal italiano em junho de 1925. Nele o autor fazia um elogio à
racionalidade da máquina e aos princípios de “economia e
comodidade” negando o emprego de estilos anteriores.O referido
texto constituía-se de uma apologia à indústria.
Comas (s/d.) definiu a data de 1936 como
particularmente significativa para a história da “arquitetura
erudita brasileira”, quando são projetados o Ministério da
Educação e a Universidade do Brasil, sob a consultoria de Le
Corbusier.Tendo a frente os arquitetos Lúcio Costa e Oscar
Niemeyer, “implanta -se no país uma arquitetura explicitamente
filiada à arquitetura moderna européia em sua vertente
corbusiana, que vem a florescer até 1957”, disse Comas.
Frampton (1980 s.p.), se referiu à arquitetura brasileira
dessa época como expressão “n ativa altamente sensual.
Entretanto Comas (s/d) comentou que apesar do prestígio e da
influência internacional dessa expressão arquitetônica, ela foi
“relegada a uma espécie de limbo crítico”. A arquitetura brasileira
teria recebido, segundo esse mesmo arquiteto, um grande impulso
com a compreensão da arquitetura moderna européia e americana,
graças a autores como Rowe, Colquhoun, Frampton, Banham,
entre outros.
Os conceitos doutrinários, as limitações de princípios e
paradigmas de projeto teriam, segundo Comas, estabelecido
parâmetros para a diversidade de postura e diversidades poéticas
inerentes
53
FIG. 28
Le Corbusier e Jeanneret. Ville Savoye, Poissy, 1929-31. O
jardin suspendu
do primeiro andar.
A expressão de uma arquitetura nativa representaria,
segundo esse autor, um amadurecimento conceitual e uma
modernidade representativa e nacionalmente diferenciada,
diferente de uma negação de princípios com o passado, na
incorporação de conceitos da transformação com emprego de um
novo vocabulário corbusiano.
Em dois textos que se podem considerar
fundamentais Razão de Uma Nova Arquitetura
de 34, e a memória do projeto Universidade ao
Brasil de 36, - Lúcio Costa sustentava que a
arquitetura moderna era essencialmente
manifestação artística, o verdadeiro estilo de nosso
tempo. Certamente as formas da arquitetura
moderna deviam ser distintas das formas da
arquitetura do passado porque serviam a outros
usos e empregavam outras técnicas. A arquitetura
não devia ser uma ruptura com a história, senão
como a recuperação de uma tradição legítima
apegada por uma maquiagem eclética e
historicista
(Comas, s.d. apostila entregue em sala
de aula)
.
FIG. 29
WestRock Resorte, Laske Cascade, Idaho.Fonte: Rutes, Penner e
Adams, 2001, p. 102.
54
Para o entendimento da arquitetura moderna brasileira,
deve-se levar em consideração que:
o processo dialético de seus paradigmas básicos:
origem, razão e emão, que relacionados
intrinsecamente, são essenciais para entender a
manifestação moderna no Brasil. (...) a construção
de um estilo próprio como evidencia de um (genius
loci) inato e essencial para a compreensão do
contexto particular de uma ruptura, assim como a
difusão local e internacional. Reinterpretando a
idéia de origem orçamento, a vanguarda brasileira
participou ativamente tanto da revisão como da
flexibilização do estilo moderno, buscando não só
estabelecer analogias com a história como tamm
outorgar ao Movimento Moderno, condição de
artífice de sua própria história (Frota 1997, p. ).
Nas últimas décadas do século XX, o Brasil desperta para
o turismo e conseqüentemente para a hotelaria de lazer, passando
a valorizar o espo histórico nacional e as belezas naturais do
país. Por essa época, um novo conceito de lazer se instaura,
quando os homens da atualidade descobrem, como os gregos, que
a qualidade de vida está mais vinculada à simplicidade, à
natureza, à frugalidade. Esse novo homem quer ser entendido
como um ser de totalidade e para isso, necessita situar-se no
mundo enquanto tal. Essa postura casa-se bem com a estrutura
das edificações modernistas, no Brasil e no mundo.
Esta breve revio de como ocorreu o processo de
arquitetura brasileira e de que forma passou a se constituir uma
nova realidade expressiva nacional, se faz necessária para que se
possa iniciar o estudo sobre as modificações ocorridas na área da
arquitetura de hotelaria de lazer, e como resolvia a ambiência e o
aproveitamento natural da iluminação no Brasil de seu tempo.
FIG. 30
Pousada da Ilha de Silves, dos arquitetos Severiano Mário Porto e
Mário Emílio Ribeiro. Fonte CBA n. 19 de 1987, p. 107.
55
Elegantes resorts em locais afastados da cidade, bem
como certo predomínio de hotéis em centros urbanos,
aconteceram no período imediatamente antecedente à Segunda
Guerra Mundial (Rutes, Penner e Adams, 1985, p.29).
O desenvolvimento das cncias e da tecnologia, o
considerável crescimento das cidades aliado às sensíveis
transformações nos hábitos e costumes das populações são
fatores que contribuíram para a crescente diversificação dos
meios de hospedagem a partir de então.
FIG. 31
Hotel Canajure Club. Florianópolis, SC. Arquitetos André F.
C. Schmitt e Daniel C.C. Rubnio. Fonte: CBA n. 19 de 1987, p. 72.
1.3 Classificações da tipologia hotel
Com as mudanças no padrão de exigências dos usuários,
bem como a acentuada diversificação dos mesmos, novos,
modernos e variados meios de hospedagem surgiram, adaptando-
se às recentes demandas. Além disso, há que se considerar
também, a melhoria da qualidade dos meios e modos de
marketing e propaganda, responsáveis pelo acirramento da
concorrência comercial, como fatores que desencadearam a
expansão e aprimoramento do setor.
As transformações mencionadas refletiram-se na
arquitetura em geral, verificando-se que nos hotéis esse reflexo
manifestou-se condicionadamente à proposta dos serviços a
serem ofertados e que poderiam ser: de um lado, o sítio, o
programa e o modelo arquitetônico relacionados com as questões
do projeto propriamente dito, e de outro, o usuário, considerando-
se aí, o tipo, o tempo de estadia imaginado e os recursos
disponíveis para fundação do estabelecimento.
A bibliografia corrente sobre a arquitetura de
hotéis, de uma forma geral, aborda o assunto
56
sobre quatro prismas principais. As “abordagens
históricas”, em primeiro lugar, apres entam dados
e ilustrações sobre o desenvolvimento do
programa (hotel do século XIX, hotel do pós-
guerra, etc.); as “abordagens regionais” mostram
representantes de determinados lugares sem um
critério classificatório claro (hotel brasileiro,
hotel mediterrâneo, etc.); as “abordagens
classificatórias”, por fim, tentam ordenar a
grande variedade de edifícios hoteleiros segundo
determinados critérios (função, sítio de
implantação, espaços internos, etc.). na maioria
das vezes, entretanto, tais sistematizações são
confusas e imprecisas, incorrendo na mistura e
superposição de categorias. (Carneiro Lo 1995,
p.59).
Em resposta à diversidade de busca surgiram ao longo do
tempo vários tipos de hotel, cada um com características próprias
considerando-se a função, localização e segmento de mercado ao
qual se destinavam. Com as novas cadeias de hotéis que surgiam,
com ofertas diversificadas, os antigos hotéis ou antigas cadeias
foram obrigados a modernizar-se para continuar competitivos.
Por exemplo, a Holiday Inn, cadeia americana com
hotéis no Brasil, oferece um conjunto de produtos
diversificados que visam atender diferentes tipos
de clientes por meio da oferta de instalações de
serviços diferenciados com preços variados. Entre
os Holiday Inn Express, de preço mais baixo, e os
Holiday Inn Crowne Plaza, de preço mais alto, há
os Holiday Inn, Garden Court, de padrão médio e
preços moderados, os Holiday Inn Hotel, também
de padrão médio e com uma gama mais completa
de serviços, e os Holiday Inn Sunspree Resort.
(Andrade, Brito e Jorge, 2000, p.44).
FIG. 32
-Salvation Army Hostel, Paris. Le Corbusier, Perspectiva Axiométrica.
Reprodução da planta original com supervisão por H. Lapprand. Fonte:
Kennet Frampton, 1995, p. 69.
57
O surgimento de novos segmentos de mercado levou, e
ainda tem levado, os meios de hospedagem a oferecerem serviços
cada vez mais diversificados e como exemplo disso podemos nos
referir aos apart-hotéis, os flats e os hotéis com oferta de
acomodações e serviços diferenciados em relação ao hotel como
um todo, ou seja, os hotéis no interior de hotéis.
1.3.1 Classificação Geral
No decorrer da pesquisa pode-se perceber que há uma
variada gama de abordagens da tipologia hotel, sendo possível, a
exemplo de Silvia Carneiro Lo (1995, 59), destacar, dentre elas,
quatro formas principais de abordagem:
abordagens históricas;
abordagens regionais;
abordagens por categoria
abordagens classificatórias.
Rutes, Penner e Adams (1985, p. 59) classificam-nos em
mais de trinta diferentes tipos, dentre os quais, doze são
destacados a partir de características de funcionalidade. São eles:
Hotel de Centro urbano, Hotel Suburbano e Motel, Hotel de Lazer
ou Resort, Hotel de Convenções, Centro de Conferências, Hotel
Residencial e Condominial, Hotel-suíte, Hotel Superluxo, Hotel
Renovado, Mega Hotel, Empreendimentos de Uso Misto e Hotel-
Cassino.
Segundo a Embratur e a ABIH (Associação Brasileira da
Indústria de Hotéis), os hotéis classificam-se segundo o padrão, o
grau de conforto, qualidade dos serviços e os preços. São
classificados, também, segundo sua localização: hotéis de praia,
de montanha, de cidade, de aeroporto; e conforme sua destinação:
hotéis de turismo, lazer (resort), cassino, negócios, convenções,
econômicos.
O sistema de classificação da Embratur, para a
hospedagem de turismo, é instituído pela Deliberação Normativa
367, de 23/11/96 e segue a distribuição conforme constante no
quadro abaixo (vide Quadro 1).
Os meios de hospedagem e turismo, segundo o sistema
de distribuição da Embratur, são classificados ainda, em
categorias representadas pela atribuição de uma a cinco estrelas:
luxo superior, 5 estrelas, H, HH, HL; 4 estrelas, H, HH, HL;
58
Standard superior, 3 estrelas, H, HH, HL. P; Standard, 2 estrelas,
H, HL, HH, P; simples, 1 estrela, H, HL, HH, P.
A título de referência faz-se necessário mencionar ainda,
uma auto classificação instituída pelo conjunto dos hoteleiros e
avalizada pela ABIH, segundo a qual os hotéis dividem-se nas
seguintes categorias: superluxo (6 estrelas); luxo (5 estrelas);
superior (4 Estrelas); turística (3 estrelas); econômica (2 estrelas)
e simples (1 estrela). Cumpre lembrar que outros critérios podem
ser adotados, constituindo novas classificações, e que, um mesmo
hotel pode ser enquadrado concomitantemente em mais de uma
categoria.
Assim sendo, abordar as classificações por tipologia se
faz necessário, tendo em vista contemplar a apresentação dos
hotéis que funcionaram como paradigmas para a edificação
daqueles que são os objetos deste estudo. Nesse caso, propõe-se
uma classificação básica, tendo por suporte a ambiência a partir
da utilização dos recursos naturais propostos pelo sítio.
Apontadas as categorias acima mencionadas, cumpre
especificar com mais detalhes a dos hotéis de lazer, já que a
iluminação desses ambientes é o objeto específico desta pesquisa.
OS MEIOS DE HOSPEDAGEM DE TURISMO E AS CARACTERÍSTICAS QUE OS
DISTINGUEM
Tipo
Localização
Natureza da
edificação
Clientela
Preferencial
Infra-
estrutura
Hotel H
Preferencialment
e urbana
Normalmente, em
edificação com vários
pavimentos (partido
arquitetônico vertical).
Mista, com
executivos te
turistas
predominando
ora uns, ora
outros.
Hospedagem
e, dependendo
da categoria,
alguma infra-
estrutura para
lazer e
negócios.
Hotel
Histórico
HH
Em prédios,
locais ou cidades
históricas (no
meio urbano e
rural).
Prédio tombado pelo
IPHAN ou de
significado histórico
ou valor regional
reconhecido
Mista, com
executivos e
turistas, com
predominância
variável de uns e
outros.
Normalmente
restrita à
hospedagem
Hotel de
lazer –HL
Áreas rurais ou
local turístico
fora do centro
urbano
Normalmente, partido
arquitetônico
horizontal.
Turistas em
viagens de
recreação e lazer
Áreas,
instalações,
equipamentos
e serviços
próprios para
lazer e
hóspede.
Pousada
P
Locais turísticos
normalmente
fora do centro
urbano
Predominantemente
partido arquitetônico
horizontal
Turistas em
viagens de
recreação e lazer
Restrita à
hospedagem
Quadro 1
Fonte: Embratur/Inmetro apud Andrade, Brito e Jorge, SENAC,
2000, p. 45. : Regulamento e matriz de classificação dos meios de hospedagem
e turismo
.
59
1.3.2- Hotelaria de lazer
Nos tempos antigos a sociedade humana tinha outras
preocupações, diferentes das atuais, e o lazer não era uma
atividade fundamental. O processo de escravização entre os
homens construiu uma relação onde a preocupação com o lazer
entendido como descanso não tinha um caráter principal.
Entre os gregos a visão de homem enquanto totalidade
inseria na sociedade a necessidade de cuidar do físico e do
espírito, o que se fazia introduzindo na educação elementos tais,
que correspondessem a essas necessidades. Além disso, havia os
jogos Olímpicos, responsáveis por ocasiões de congraçamento
social, bem como os banhos públicos, onde as pessoas se
encontravam em momentos de lazer; no entanto, a militarização
dessas sociedades não deixava muita margem ao ócio.
Na sociedade romana de visão pragmatista, o Grande
Circo com suas lutas, era a diversão máxima dos momentos de
lazer, bem como as viagens da nobreza a Capri, onde os
imperadores romanos tinham suas residências de verão. As termas
também eram prerrogativas dos homens gregos e dos patrícios
romanos.
Os poucos períodos de descanso das tropas aconteciam
entre uma e outra guerra ou batalha e nesses momentos os
homens voltavam para suas casas e para o exercício da política
tanto no senado romano, quanto na ágora, da lis grega.
Também fazia parte do lazer das elites antigas, a caçada,
a corrida de bigas, os banquetes, as festas religiosas, onde na
maioria das vezes se faziam presentes as danças e os concursos de
representações teatrais. As festas em homenagem a Dioniso são
exemplos disso.
Nas sociedades antigas, os segmentos populares que
formavam aquilo que hoje se conhece pela expressão povo-massa
eram totalmente voltados ao trabalho, até porque o “pov o
representava os verdadeiros trabalhadores dos reinos, impérios,
repúblicas e democracias de forma geral; eram os camponeses,
artesãos, servos, pastores, pescadores.
Com a evolução da sociedade, as formas de lazer se
multiplicaram e a criatividade humana contribuiu para
diversificação dos jogos de entretenimento.
60
As viagens de um país para outro, ou dentro de um
mesmo país durante certo tempo, foram entendidas como
necessidade formativa, no âmbito da aquisição de cultura. Na
contemporaneidade os homens o precisam de quaisquer
motivos senão o próprio lazer para empreender viagens, já que a
cultura moderna privilegia o lazer como uma das necessidades
básicas do ser humano numa retomada da visão do homem
enquanto totalidade.
Durante muitos séculos a civilização humana construiu-
se depredando seu entorno numa total desvalorização do mundo
natural, pela afirmação da supremacia do homem sobre a
natureza, numa postura de embate entre ambas as partes, onde
imperava no homem a necessidade de dominação. Somente a
partir das últimas décadas do século XX é que os efeitos desse
longo tempo de destruição se fizeram perceber, levando a
humanidade a repensar seu comportamento predatório,
estabelecendo novos pametros de comportamento entre homem
e mundo. A partir do momento que o homem se conscientizou dos
riscos de suas ações para segurança do planeta, propôs-se repensá-
las. Essa atitude culminou no final do século XX, com as
tendências filosóficas de retorno às origens, fazendo florescer
todo um trabalho para a oferta de meios e recursos de lazer,
direcionados a esta questão.
Tendo em vista as características próprias de cada tipo
de hotel, um planejamento que anteceda o projeto de arquitetura é
de fundamental importância para o sucesso do empreendimento,
pois é nessa fase que devem ser considerados fatores como:
O segmento de mercado a que se destina o
hotel, ou seja, qual ou quais os tipos de hospedes o
novo hotel pretende preferencialmente captar.
O perfil do usuário, definido pelo conjunto
de características (gostos pessoais, necessidades,
exigências, padrão de consumo, etc.).
A viabilidade econômico-financeira.
A localização, com enorme influência na
determinação do tipo e de outras características
do empreendimento hoteleiro.
A definição do programa e da relação das
áreas.
O tipo de hotel. (Andrade, Brito e Jorge,
2000.p.90).
Esta etapa de planejamento envolve profissionais de
diversas áreas inclusive especialistas em hotelaria, além dos
estudos de viabilidade econômico-financeira e de mercado. Um
61
projeto deve levar em consideração os seguintes: as áreas em
instalações do hotel, a elaboração do programa a ser apresentado e
as dimensões da edificação, sendo que seu desenvolvimento
requer elaborados e cuidadosos estudos de cada setor especifico,
além da observância criteriosa das relações funcionais.
Os hotéis são constituídos pelas seguintes áreas básicas:
Área de hospedagem andar-tipo
(apartamentos e suítes).
Áreas públicas e sociais (lobby, salas de
estar, sala de TV, sala de leitura, restaurantes,
bares, salão de eventos, etc.).
Áreas administrativas (recepção, gerências,
reservas, marketing, contabilidade, recursos
humanos, etc.).
Áreas de serviço (lavanderia, vestiários,
manutenção, depósitos, etc.).
Áreas de alimentos e bebidas (recebimento,
pré-preparo, câmaras frigoríficas, almoxarifado de
A&B, cozinha principal, cozinha de banquetes,
etc.).
Áreas de equipamentos (central de água
gelada, subestação, quadros de medição, grupo
motor-gerador, casa de bombas de recalque,
cadeiras, etc.).
Áreas recreativas (quadras de esportes,
campo de golfe, piscinas, parque aquático,
marinas, etc.) (Andrade, Brito e Jorge 2000, p.91).
A maior ou menor importância que deve ser atribuída a
cada área está vinculada ao programa-tipo oferecido pelo hotel.
1.3.2.1 Resorts
Os spas e as casas de banho da antiga Grécia e Roma
funcionavam como áreas de recreação, e deles descendem os
hotéis de lazer, dos quais os resorts são a forma mais recente e
predominante.
A hotelaria de lazer está se transformando para oferecer
aos hóspedes ambientes cada vez mais auto-suficientes, voltados
para o atendimento de uma gama de interesses, que varia dos
esportes aos negócios.
Por serem investimentos vultosos e necessitarem situar-
se em áreas grandes e estratégicas, tendo em vista viabilizar-se, os
resorts precisam garantir grande rotatividade, oferecendo por isso,
uma variedade de atendimentos, voltados para a satisfação do
maior número possível de tipos de hóspedes.
62
FIG. 33
. Wyndham El Conquistador. Resort & Country Club, Fajardo, Puerto
Rico.
Fonte: Rutes, Penner e Adams, 2001, p. C.27.
Atualmente, é cada vez mais comum encontrar resorts
que aproveitam o isolamento e a total informalidade do ambiente,
para oferecer espaços específicos para Congressos e Conferências.
FIG. 34
Recepção do Grande Hotel São Pedro. Águas de São Pedro. SP.
Fonte: Andrade, Brito e Jorge, 2000, p. 145.
Nas rotas turísticas internacionais é possível encontrar
grandes complexos hoteleiros do tipo multiresorts, dos quais são
exemplos: o Kanapali de Mauí, o Cancun no México e o
Complexo de Sauípe, na Bahia, cujas dimensões permitem
englobar toda a infraestrutura necessária a um funcionamento
autônomo: aeroporto, rodovias, e outros.
63
1.3.2.2 Hotéis Fazenda e Pousadas
Na atualidade a valorização do espo geográfico
brasileiro para atividades de turismo, bem como as características
próprias de um país de clima tropical contribuem para acentuar o
crescimento da indústria hoteleira de lazer rural.
As grandes fazendas desativadas do período do café e da
cana de açúcar transformaram-se em agradáveis hotéis-fazenda e
pousadas. Embora mantendo várias características dos resorts, os
hotéis-fazenda possuem instalações menores e mais modestas,
geralmente com o número de apartamentos inferior a 100. As
instalações para a prática de esportes são reduzidas, adequando-se
às peculiaridades da região de instalação do hotel. Quanto às áreas
direcionadas a Congressos, Seminários ou reunião de negócios,
quando existem, suportam número menor de hóspedes,
comparativamente aos resorts.
De forma geral, nesse sistema de hospedagem
predominam diárias completas, com refeições incluídas,
oferecidas em um único restaurante. Habitualmente esse tipo de
hotel é de administração familiar e tem como vantagem um
tratamento de caráter personalizado.
FIG. 35
Refúgio Ecológico Caiman.
Fonte
inema.com.br/eventos/00021/ - 26k -
No Brasil, a sistemática não difere totalmente da
hotelaria internacional. Portador de uma natureza privilegiada que
só muito recentemente passou a ser valorizada do ponto de vista
turístico, o país tem buscado explorar mais suas potencialidades,
investindo na criação de uma infra-estrutura de qualidade na área
64
do turismo, o que pode ser comprovado pelo número de cursos
superiores direcionados para este campo, aberto nos últimos cinco
anos.
Como se pode verificar nas páginas da Internet, nos
cadernos específicos dos jornais e nas revistas, a oferta de
ambientes de lazer cresceu muito no país, o número de hotéis
fazenda, hoje, praticamente triplicou em relação aos últimos vinte
anos. A construção dos complexos turísticos passou a privilegiar
locais como: o Pantanal Mato-grossense, a Floresta Amazônica, as
antigas fazendas de café do interior de São Paulo, as pequenas
cidades históricas do Nordeste e Minas Gerais, as Estâncias
Hidrominerais, a Chapada dos Guimarães, as grutas do Piauí, e os
pequenos lugarejos quase inexplorados da imensa costa brasileira,
dentre outros.
Assim sendo, pode-se ver a proliferação de uma série de
construções adaptadas como, por exemplo, os casarões antigos das
fazendas de café que se transformaram em aconchegantes e
confortáveis hotéis rústicos, bem como surgir outras construções
cujos autores têm tomado o devido cuidado para não desfigurar ou
descaracterizar o entorno onde estão inseridos, configurando-se
esse comportamento como uma certa tendência a uma visão
ecológica ou ambientalista.
O presente estudo pretende mostrar que a arquitetura
brasileira, nesse sentido, fez história ao produzir para si um
modelo de edificações apropriado ao período, bem como a
situação climática do país. Pode-se dizer que o Brasil, seguindo
uma disposição mundialmente consolidada de valorização de
sítios ecológicos naturalmente privilegiados, volta os olhos para
si mesmo, buscando descobrir os espaços a serem valorizados
para dar conta de uma demanda que se manifesta, no plano
mundial, como se pode constatar observando e analisando as
reportagens sobre ecologia nos jornais, revistas e outros meios de
comunicação.
1.3.2.3 Hotéis Ecológicos
As manifestações das últimas décadas sobre a
preservação do meio ambiente, aliadas à exuberância da natureza
brasileira, principalmente no que diz respeito à Amazônia e
outros espaços com selvas preservadas, geraram um acentuado
65
interesse pelo conhecimento desses ambientes, de tal forma que
chegou a tomar um caráter de aventura. A grande procura de
viagens para estes locais, por turistas estrangeiros, criaram a
necessidade da instalação de ambientes para hospedagem. As
necessidades, aliadas à filosofia desse tipo de turismo, levaram à
edificação de áreas de lazer inseridas no meio ambiente e que
utilizaram materiais cuja especificidade é harmonizar o espo
construído ao seu entorno, sem, contudo, agredi-lo. Conforme a
Embratur / Inmetro os hotéis ecológicos são ambientes cujas
atrações giram em torno de florestas no interior das quais se
situam, como é o caso do Ariaú-Amazon-Towers, com 205
apartamentos e cujo nome deriva das construções circulares de
vários andares, assentadas sobre palafitas nas águas do rio Ariaú,
o Amazon Village e o Overlook Jungle.
FIG. 36
Hotel Ariaú-Amazon, da Amazônia. Andrade, Brito e Jorge, 2000, p.
85.
1.3.2.4 Hotéis de Convenções
Segundo Andrade, Brito e Jorge (2000, pg. 85), os hotéis
de convenções são, “a rigor ainda inexistentes no Brasil” (alguns
oferecem estes serviços), sendo muito comuns nos Estados
Unidos. A especificidade desses hotéis é a realização de
congressos e eventos de grandes proporções. São hotéis de grande
porte, já que por sua finalidade, habitualmente abrigam grande
número de pessoas concomitantemente. Sua localização pode ser
tanto em áreas centrais, quanto em áreas mais afastadas dos
centros, ou próximos a aeroportos.
FIG. 37
Zagaia Resort.
Fonte
www.planetaviagem.com.br/zagaiaresort.htm - 21k
66
1.3.2.5 Spas
A proliferação dos spas é fruto de uma época de grande
preocupação com a saúde, em geral, e com o bem estar e a boa
forma física, já que seus serviços são especificamente voltados
para hospedagem de pessoas com essa preocupação. Atualmente,
a atenção com o controle de peso e o condicionamento físico, tem
contribuído para a criação de spas que oferecem estes serviços. Os
spas nascem vinculados aos locais de águas terapêuticas.
1.3.2.6 Hotéis Cassino
Estes são hotéis cujo principal rendimento tem origem na
exploração de jogos de azar e a hospedagem, bem como os
serviços de alimentação, recreação e lazer, já não existem no
Brasil. Esses jogos são proibidos desde 1946, no país, quando os
poucos hotéis que exploravam esta área sofreram mudanças
voltando-se para outras finalidades, descaracterizando-se.
Um dos mais famosos cassinos brasileiros foi o da Urca,
no Rio de Janeiro. Esses ambientes são comuns nos Estados
Unidos, e em Las Vegas e Atlantic City estão os mais famosos.
Nestes locais há Hotéis Cassinos com grande número de
apartamentos, ambientes para shows, vários restaurantes, áreas de
lazer além das instalações onde funcionam os cassinos
propriamente ditos.
FIG. 38
Recanto das Toninhas Hotel no litoral Norte de São Paulo
Ubatuba.
Fonte
www.roteirosdecharme.com.br/hoteis/recantodastoninhas/
portugues/tonin.htm
67
1.3.2.7 Hotéis residência (apart hotéis ou flats)
A finalidade especifica dos hotéis residência, ou flats é,
conforme o próprio nome diz, servir de residência tanto por um
período de curto prazo, quanto de longo prazo, dependendo da
necessidade do usuário.
Os mais antigos possuem apartamentos de dimensões
semelhantes a apartamentos comuns, constando de: pequena sala
de estar, com kitchenette, hall de distribuição, banheiro e um ou
mais quarto. Os mais modernos têm apartamentos que se resumem
ao conjunto de vesbulo, quarto e banheiro, exatamente iguais aos
apartamentos de hotéis. Os hotéis residência distinguem-se dos
demais pelo tipo de serviço ofertado que se resume à recepção,
limpeza do ambiente e troca e lavagem de roupas de cama.
Quanto às refeições, esses hotéis costumam oferecer o
café da manhã que pode ser servido no apartamento ou no
restaurante do hotel, que geralmente, é arrendado.
No segundo capítulo abordar-se-á o Hotel de Montanha
como um dos tipos de hotelaria de lazer. Antes, porém, cumpre
resgatar numa breve retrospectiva histórica da arquitetura e do
uso de recursos de iluminação, no sub-ítem a seguir, tendo em
vista ser esse o foco principal desta dissertação de mestrado.
1.3.3 Breve história da arquitetura e do uso de recursos de
iluminação.
Na primeira parte deste capítulo abordou-se a história da
hotelaria, tendo em vista a função habitacional desta tipologia.
Enfoca-se também a classificação hodierna da tipologia em
questão, tendo em vista as diversas propostas e programas
desenvolvidos, bem como as regiões de instalação.
Neste item efetua-se uma breve revisão sobre a história
da arquitetura, abordando também aspectos da iluminação,
visando encaminhar o tema de estudo.
Sabe-se que cada fase do processo de construção da
civilização teve, dada sua evolução científica, uma forma de
iluminar os interiores, e cada tipo de habitação, por sua vez,
lançou mão dos recursos conhecidos, tanto naturais quanto
artificiais.
A arquitetura do século XX apresenta um campo amplo
de atividades. Estilos pluralistas como o pós-modernismo, o
68
construtivismo e o high-tech, mostram experiências significativas
da crescente preocupação de profissionais de arquitetura com a
melhoria da qualidade das edificações referentes à eficiência
energética e ao controle ambiental (Lamberts, 1997, p. 19).
Conforme apontado no item anterior, a arquitetura
hoteleira surgiu numa trajetória paralela ao desenvolvimento da
arquitetura internacional, em toda sua conceituação. A
preocupação com a arquitetura bem resolvida quanto aos critérios
de iluminação da época renascentista, dos grandes palácios de
cristal, de amplos átrios iluminados, foi esquecida ou deixada de
lado, até o início do século XX.
Até então, um projeto arquitetônico exigia um amplo
conhecimento da região, topografia, condições climáticas e um
estudo do entorno para que fossem estabelecidas estratégias tanto
de projeto, quanto construtiva, adequada ao sítio. A evolução
tecnológica do período pós-guerra, em função do
desenvolvimento industrial, alterou a seqüência de soluções
arquitetônicas das edificações.
Os avanços tecnológicos de setores industriais, somados
aos avanços da tecnologia da luz elétrica, isentaram o profissional
da área de arquitetura da responsabilidade dessas soluções. A alta
tecnologia substituiu a função térmica da estrutura passando a
aquecer ou resfriar a edificação de forma mecânica e ao mesmo
tempo substituiu a iluminação natural pela fonte de energia
elétrica. Em alguns exemplos brilhantes da arquitetura moderna
podem ser identificados princípios bioclimáticos, como é o caso
da arquitetura produzida pelo arquiteto Luiz Kahan, dentre outros.
No Brasil notáveis arquétipos foram apresentados por
arquitetos como Lúcio Costa e Oscar Niemeyer, exemplos
pontuais e que estabeleceram um marco na arquitetura brasileira.
Para verificar o rumo das soluções de iluminação e
ambiência no amplo universo da hotelaria de lazer, frente à rápida
evolução tecnológica e a tão discutida crise energética, procurou-
se estabelecer neste trabalho de pesquisa a forma como dois
paradigmas arquitetônicos podem ter influído na atual expressão
da arquitetura do ramo hoteleiro.
Numa breve retrospectiva histórica da arquitetura,
cumpre lembrar que no período Clássico, Vitrúvio interpretava a
arquitetura como um dos espaços onde os aspectos estruturais,
formais e funcionais (Firmitas, Venustas e Utilitas) deveriam
69
estar equilibrados para atingir os conceitos de habilidade; hoje, a
arquitetura acrescenta um elemento ao conceito de equilíbrio
arquitetônico a eficiência energética. A elaboração de um
projeto de arquitetura deve incluir estudos sobre o comportamento
energético do edifício de forma a obter resultados mais funcionais
sob o ponto de vista de aproveitamento da energia disponível para
a área a ser edificada.
As atuais propostas de iluminação natural de ambientes
na tipologia hotel têm respaldo na vasta experiência acumulada ao
longo da história dos homens e dos meios habitacionais, daí a
necessidade desta breve incursão pela história da arquitetura.
1.3.3.1- A arquitetura vernacular
Alguns exemplos históricos de arquitetura vernacular
merecem ser considerados, de forma a exemplificar os recursos
utilizados ao longo do tempo pelo homem. Nesse sentido, cumpre
destacar que os primeiros sinais de preocupação com o
aproveitamento da energia gerada pelo sol surgiram na Roma
Antiga, com o Imperador Ulpiano (Lamberts, 1997, p.15). Esse
processo consistia em construir túneis subterrâneos, no interior
dos quais, fornalhas aqueciam o ar, aumentando a temperatura do
ambiente e da água.
FIG. 39.
Arquitetura Vernacular. Fonte: Comitatio Nazionale per la ricerca e
per lo sviluppo dell’energia nucleare e delle energie alternative, 1983, s/p
.
70
Em Mesa Verde, Deserto do Colorado nos Estados
Unidos, a população construiu suas habitações protegidas do sol,
situando-as numa encosta de pedra, de tal forma, que durante o
rigor do inverno a inclinação mais baixa do sol permitia o
aquecimento das construções e o calor do sol sobre as rochas
durante o dia, garantia o aquecimento das habitações durante a
noite
FIG. 40
Planta de Arquitetura Vernacular em região Su-Ártica. .Fonte:
Comitatio Nazionale per la ricerca e per lo sviluppo dell’energia nucleare e
delle energie alternative, 1983, s/p
.
. No verão, o posicionamento das edificações, permitia o
sombreamento, proporcionando a proteção contra altas
temperaturas (Rudolfsky, 1997).
Outro exemplo que deve ser considerado vem da China.
Esse recurso protegia as unidades do causticante sol durante o dia
e dos rigores do frio, durante a noite.
FIG.41
Mesa Verde, no Colorado, USA.
Fonte:
Comitatio Nazionale per la
ricerca e per lo sviluppo dell’energia nucleare e delle energie alternative,
1983, s/p
.
71
1.3.3.2- O estilo românico
Esse estilo arquitetônico floresceu na Idade Média,
sobretudo na Ilia setentrional e central, no Sul da França, na
Alemanha renânia e em algumas regiões da Espanha e influenciou
as demais regiões européias, inclusive a Inglaterra. Daria origem,
mais tarde, a modificações nas proporções e nas singelas partes da
igreja. Da busca de solução para esta problemática, surge a
abóbada em cruz, resultante da intersecção de duas abóbadas
redondas apoiadas em quatro pilares, tendo como reforço dois
arcos de pedra, que se interseccionavam ao longo das linhas de
encontro dos quatro painéis triangulares de que resulta a abóbada
em cruz.
Foi nesse contexto que os pilares perderam o aspecto
frágil e arrojado da coluna clássica, tomando-se cruciforme, no
intuito de apoiar os costelões da abóbada, verdadeiras espinhas
dorsais que descarregavam sobre o solo a pressão vertical
provocada pela estrutura. Quanto às fachadas românicas elas eram
construídas em geral de tijolos, reavivadas por arcadas, sustidas
por colunas de mármore, por arcos cegos retomados da arquitetura
ravenense, e por vezes, pela roseta ou “rosão”, uma abertura
circular situada ao centro da fachada. A escultura é de tendência
bizarra, sobretudo na decoração dos portais e das cornijas. Nesse
período a arquitetura árabe influenciou algumas edificações em
pontos da Itália e Espanha.
No que se refere à iluminação, o estilo românico
solucionou o problema de diversas formas, uma delas está na
utilização da charola na cabeceira onde as capelas em número de
três ou cinco dão para ela, intercalando nos espaços entre capelas
uma janela, resolvendo assim o problema da iluminação dessa
nave de charola que dá a volta por detrás do altar mor. Quanto à
nave central, o problema da iluminação pode ser resolvido de
diversas maneiras:
Há que se ter em conta que a maior largura da
nave central obriga que a abóbada de berço que a
cobre tem a maior altura do que a das laterais já
que é de secção semicircular. As soluções que
tendem a igualar a altura das três naves quer
rebaixando a abóbada da central, quer dispondo
arcos peraltados nas laterais favorece o
equilíbrio da grande abóbada, mas implica uma
perda de luminosidade (Goitia, 1996, p.39).
72
Outra solução utilizada pelos arquitetos, considerada
mais lógica foi a de elevar a altura da nave central, prolongando
os pilares e as paredes, sobre os arcos que se constroem em
direção à cabeceira, com o que, nessas paredes era possível abrir
janelas sobre as naves laterais, ganhando luminosidade, mas
comprometendo a segurança da edificação, já que o grande bloco
central da nave principal ficava no ar, necessitando ser reforçado
com contrafortes adossados.
1.3.3.3 Arquitetura Gótica
As construções das catedrais góticas não obedeciam a
estudos pré-definidos: eram construídas na prática. Artesãos e
arquitetos trabalhavam juntos na elaboração da obra. São dois os
elementos fundamentais que constituem o que se convencionou
denominar de arquitetura gótica.
Basicamente, a abóbada de cruzaria é formada por
dois arcos que se cruzam no espaço e sobre ao
quais se apóia a plementaría ou o casco da
abóbada. Com este sistema, os empuxos do peso da
abóbada concentram-se nos ângulos, isto é, nos
arranques dos referidos arcos e nos pilares que os
sustentam -, pelo que a parede deixa de
desempenhar uma função de sustentão da
abóbada, de forma que é possível aligeirá-lo, abrir
grandes vãos nele e inclusive suprimi-lo. Em
contrapartida, tornam-se precisos poderosos
contrafortes que absorvam os empuxos a que estão
submetidos estes pilares e que se exercem
obliquamente, tendendo a deslocá-los para fora
(GOITIA, et al 1996, p.55-6).
A construção das abóbadas incidia em distribuir de
forma independente os arcos cruzados denominados ogivas, sobre
os quais se apoiava o casco da abóbada. Posteriormente a
arquitetura gótica demonstrou preferência pelo arco agudo,
embora no primeiro momento, e denominação ogiva, tanto
servisse para os arcos agudos como para os semicirculares ou
rebaixados.
Na concepção da abóbada de cruzaria há que se
distinguir três tipos, a saber: abóbada de ogivas sobre arcos
nem sempre ogivais, mas de meio ponto; abóbada de cruzaria
propriamente dita que emprega todo tipo de arco
preferencialmente os ogivais; e abóbada de nervos, cujo conceito
73
o explicita exatamente a função das nervuras, mas que
simplesmente indica a evidência formal.
A arquitetura no estilo gótico, através de suas melhores
edificações, transformou-se de uma expressão essencialmente
monástica, para a expressão de vida comunal e seu intenso
espírito religioso.
No que refere à iluminação, a arte gótica elevou as naves
até um nível considerável, conferindo ao estilo um valor essencial
de ritmos ascensionais, principalmente pelo uso de materiais leves
e paredes finas nos espaços intercorrentes, entre os elementos
portantes e concentradores de pesos e resistências.
o se tardou a entender que os elementos citados foram
fundamentais, sendo inerte e supérfluo o recheio murário de tais
espaços, o que permitiu eliminá-lo, dando espo a grandes
janelas e grandes aberturas, pelas quais a luz penetrava no recinto.
Esta foi a solução substancialmente representativa do caráter
unitário das catedrais góticas
FIG. 42
Praça do castelo de Vigiano - Bramante, Lombardia,Itália
Fonte
: http://www.historianet.com.br/main/conteudos.asp?conteudo=215
.
74
FIG.43
Palácio Ducal em Veneza, Século XIV.Fonte: Trópico Enciclopédia
Ilustrada, Vol. VIII, s/d, p.1342.
1.3.3.4 Arquitetura do Renascimento
A renascença apesar de considerada como um
movimento alimentado pelas perspectivas intelectualistas e
racionalistas foi uma criação ampla e inédita que tudo revigorava.
Assim sendo, ela não representou uma impossível retomada da
arte antiga e sim a conquista de novas formas e estilos. Coube a
Filippo Brunelleschi (1377-1446) abrir em Florença a renascença
italiana. A linguagem arquitetônica deste mestre nasceu completa,
absoluta, totalmente liberta da recente experiência gótica. A
essência da obra de Brunelleschi estava na implantação das
pilastras, organizadoras de impulsos e contra-impulsos, com
evidente recusa de ideais de plasticidade que, exercitados no
século XV por Leon Battista Alberti, caracterizaram a arquitetura
do século seguinte.
O cunho de originalidade “brunelleschiana” está,
sobretudo, na criação do vazio espacial interior
para cuja vivificação concorrem a medida da luz,
a severa técnica muraria e a contribuição
decorativa bem como na evidencia, na parte
exterior, de nítidos volumes, paralelepipédicos,
imersos no espaço envolvente, livres dos efeitos de
policromia, tão caros às anteriores experiências
arquitetônicas florentinas. (Pischel, 1996, p.127)
A perspectiva de Brunelleschi nasceu num momento em
que se dava a superação do transcendente e o nascimento da
pesquisa científica. Foi exatamente o amor à pesquisa que o
75
impulsionou a experiência, a perspectiva linear que a partir de
então permaneceria como base para as artes figurativas até o final
do século XIX.
Sabe-se que a renascença não se realizou em um dia, mas
foi se desenvolvendo gradativamente, principalmente no seio da
sociedade italiana rica e ativa, dos fins da Idade Média. Ela
significou a constatação da existência e da expressão das
conexões com o passado, tanto o mais recente, quanto o das
tradições mais antigas, manifestado no connuo ressurgimento e
nos ânimos serenos e ativos da nova era. A evocação do
longínquo passado de Roma e Grécia permanecia latente sem ser
esquecido, transformando aquele mundo clássico num mito que se
desejava fazer renascer. No entanto, nesse universo onde o
cristianismo era extremante valorizado, as conceões pagãs não
podiam emergir tais quais eram originariamente. E assim,
ressurgiram cristianizados.
Como retomada do ideal clássico de homem e de mundo,
a Renascença marcou o surgimento da era moderna.
FIG. 44
Hospital Tavera. Alonso de Covarrubias. Toledo, Espanha.
Fonte: http://www.utrine.hpg.ig.com.br/html/renascimento.htm
O entrosamento do esteticismo neoplatonico com
naturalismo aristotélico acrescido da interpretação cristã, do
desenvolvimento da matemática, da descoberta de novos povos,
dos artifícios mágicos para o domínio da Natureza, dos problemas
de estética artística, originou o contexto fértil e multiforme da
cultura renascentista, matriz da cultura moderna. A Renascença
queria olhar com liberdade para a realidade mais viva; dominar
artisticamente o que era visto. O retorno da medida clássica
transformou-a, permeando-a de uma humanidade e de um
76
pensamento renovado. Brunelleschi foi um ordenador de massas
luminosas harmonizadas e distintas. Muitas foram as obras diretas
ou indiretamente atribuídas a ele e delas se pode dizer que luzes e
cores desdobradas em espaços coordenados, associadas à medidas
amplas e combinadas e às fugas prospectivas e estruturas
equilibradas, deram a tônica de seu modo de pensar. Aqui e ali
recursos de retenção da luz se associaram a outros de sua plena
manifestação, compondo espaços onde sombra e luminosidade de
alternavam. O naturalismo renascentista avançou por obra de
outros mestres como Jacopo della Quércia, Lorenzo Ghiberti,
Donatello, Bernardo Rosselino, Desiderio de Settignano,
Michelangelo Buonarotti, Leonardo da Vinci, dentre outros,
constituindo o símbolo da concepção humana do período: o
homem consciente de seu destino humano, imerso nas luzes e
sombras que compõem sua jornada terrena.
1.3.3.5 A Revolução Industrial
A Revolução Industrial significou, como o próprio nome
diz, uma passagem do processo de manufatura para a
industrialização. Os reflexos do processo revolucionário fizeram-
se sentir também na arquitetura, trazendo um novo elenco de
materiais como o concreto armado e o o, contrapondo-se à
tradição dominante desde o Egito Antigo, até o século XIX, de
construir em alvenaria de pedra. Como o processo revolucionário
desencadeado foi lenta e gradualmente sendo assimilado, a
tradição construtiva mundial, a partir da qual as grandes
transformações ocorridas na sociedade, na economia e na
tecnologia, mudaram o quadro da arquitetura violentamente.
1.3.3.6 O Estilo Internacional
No período entre as duas Grandes Guerras, os conceitos
de arquitetura seriam revolucionados por completo, com o
surgimento do estilo internacional. Le Corbusier, adotou novos
conceitos estruturais, revolucionando a arquitetura renascentista,
com a criação dos cinco pontos: a fachada cortina, janelas em fita,
pilotis e o terro jardim que passaram a ser os novos
paradigmas arquitetônicos. O modulo estabeleceu as proporções
77
entre o homem e o espaço (Boesiger, 1971), deixando de lado as
referências Vitruvianas.
Muitos arquitetos não possuindo as mesmas habilidades
de Le Corbusier, tiveram dificuldades em trabalhar com os novos
conceitos funcionalistas, limitando-se meramente a um jogo de
motivos aparentes em concreto armado, o que fez com que os
avanços de áreas particulares do processo de construção da
arquitetura deixassem de ser assimilados como foi o caso do
conforto ambiental.
MiesVan der Hohe, conceituado arquiteto responsável
pela concepção de edifícios com fachada cortina, criou um novo
estilo, o edifício como símbolo de poder, sendo seguido por
inúmeros profissionais. “Seu formalismo clean foi seguido por
várias gerações que internacionalizam o que era distinto para
algumas economias (Lamberts, Dutra e Pereira, 1999, pg. 18). Na
importação do estilo sequer se pensou em readaptá-lo às
características culturais e climáticas”.
FIG.45
Projeto de Hotel para Cambará , no Paraná
-
Edifício com fachada
cortina e proteção de brises solares. Foto do projeto do autor Engenheiro
arquiteto Romeu Paulo da Costa, de 1947.
1.3.3.7 – A arquitetura do século XX
O século XX foi um período produtivo para a arquitetura
e o panorama se mostrou jovem e com pluralidade de concepções,
convivendo juntas: o pós-modernismo, high-tech, construtivismo
e o desconstrutivismo. Esta mescla de estilos e concepções
78
resultaram da crescente preocupação dos arquitetos com a
qualidade das edificações colocando na pauta das discussões
questões como, eficiência enertica e conforto ambiental. Nesse
sentido, obras consideradas exemplares foram produzidas, como,
por exemplo, o pavilhão de Sevilha, do arquiteto Nicholas
Grismshaw que utilizou uma grande cascata para climatizar o
ambiente, economizando, com isso, ¾ da energia necessária, se
fosse utilizado o ar condicionado (Meyhöfer, 1994).
Outro exemplo que pode ser citado, de redução do
consumo de energia, melhorando a qualidade da iluminação, se
encontra no Hong-Kong and Shangai Bank, de Normam Foster,
que fez uso da linguagem high-tech distribuindo a iluminação
ambiental atras de elementos refletores estrategicamente
instalados dentro e fora do edifício. (Amsoneit, et al, 1994).
Nos últimos anos do século XX o homem retomou a
antiga preocupação com uma vivencia de qualidade, sem que para
isso tivesse que depredar o meio ambiente. Assim sendo, a busca
de soluções alternativas nas variadas concepções estabelecidas
pelas relações homem-mundo, inclusive nas edificações, têm
mostrado interessantes soluções alternativas, como as acima
citadas, o que não significa, porém, que todas fossem tão bem
sucedidas. Como dizem Lamberts, Dutra e Pereira (1997)
“também existem muitos exemplos ruins”.
1.3.3. 8 A Situação atual
Da energia elétrica consumida no Brasil (229
TWh em 1992), 42% é utilizada por edificações
residenciais, comerciais e publicas. Em 1992 isso
representou 96 TWh de consumo, o que
analogamente equivale a um potencial de energia
instalado semelhante a duas hidrelétricas iguais à
Itaipu. No setor residencial, o consumo de energia
chaga a 23% do total nacional, sendo que nos
setores comercial e público chega a 11% e 8%
respectivamente (Lamberts, Dutra e Pereira, 1997,
pg. 20).
O que facilitou a transplantação de mega estruturas
inadequadas a situações climáticas divergentes foi o abusivo uso
de sistemas de iluminação e climatização artificiais. No Brasil os
colossos arquitetônicos transformaram-se em gigantescas
estruturas de concreto, aço e vidro, que consumiam um exagerado
volume de energia a custos exorbitantes. Os hotéis seguiram esta
79
tendência. O grande êxodo rural dos anos finais da década de 60
provocou um inchamento das cidades que se acentuou nas duas
décadas seguintes. Assim sendo, na década de 70 surgiu uma crise
energética já que a produção de eletricidade para adequar-se às
necessidades teve que crescer muito. Para superação da crise, foi
necessário um grande investimento na produção de mais energia
elétrica, com grande impacto para o meio ambiente e o
remanejamento de recursos econômicos em outras áreas
fundamentais como é o caso da habitação, saúde e educação.
Com a repetição da crise enertica no ano 2001,
compreendeu-se que ficava mais barato economizar energia do
que fornecê-la.
A crise energética provocou um repensar dos meios e
modos de geração de energia trazendo à tona tecnologias de
menor custo antes menosprezadas, como é o caso dos moinhos de
vento que não servem à produção de energia em grande escala,
mas que podem solucionar problemas menores a um custo menor
para o meio ambiente.
Como toda grande crise, a de 2001 serviu para
conscientizar a sociedade sobre a necessidade do uso racional e
equilibrado das fontes naturais de energia.
Conforme apresentado neste capítulo, ao longo da
historia dos homens, a utilização da luz no processo de
composição dos ambientes sempre foi uma preocupação, seja pela
necessidade, seja pelo conforto. No processo de composição dos
ambientes a iluminação é um expediente apropriado à
caracterização dos espaços. Am de servir à geração de formas,
também contribui para realçar a estrutura, os materiais e suas
texturas produzindo sensações diferenciadas.
Distribuição e proporção dos ambientes no edifício e a
sua implantação no sítio, bem como forma, dimeno, posição,
disposição e proteção das aberturas, profundidade, altura do forro,
e decoração das superfícies internas do ambiente, são estratégias
de projeto comumente utilizadas, para o controle da luz.
Criar efeitos de percepção, tais como, espaços frios ou
impessoais, intimistas ou personalizados, além de eficiência
visual, e conforto ao usuário observador é função do projeto
luminotécnico.
80
Segundo Ciriani (1991), as qualidades específicas da luz
podem ser divididas em quatro categorias, a saber: a) luz para
sentir; b) luz radiante; c) luz para iluminar; d) luz pictórica.
Da primeira, pode-se dizer que sua qualidade está em
atrair a atenção, criar o contraste e caracterizar o espo. A
presença adequada e eficiente da luz deve provocar a sensação de
que o exterior foi excluído, atuando num espaço interior, como
uma transplantação da natureza.
Da segunda, diz-se que é uma variação da primeira, sua
aplicação se deve à necessidade de maior irradião de luz do que
de absorção. A superfície ideal para aplicá-la é a de cor branca,
que permite máxima refletância.
A terceira categoria, ou a da “luz para iluminaré
também denominada de higiênica, é a luz para ser utilizada pura,
sem contraste. Considera-se difícil produzi-la sob grandes
variações externas.
A quarta categoria, denominada de “luz pictórica”, tem
como finalidade, simular, no ambiente, o espo de uma pintura
ao ser trabalhada, de forma a provocar concomitantemente a
atenção para vários objetos. Acredita-se poder afirmar que o
principal papel de um projeto de iluminação é criar o conforto
visual.
O que origina a necessidade de iluminação em uma
edificação é exatamente o conforto visual. A iluminação
considerada eficiente deve ter direcionamento apropriado e
amplitude suficiente sobre o local de trabalho, bem como
proporcionar boa definição de cores e não provocar ofuscamento.
Os ambientes construídos (internos e externos) são
iluminados para permitir o desenvolvimento de
tarefas visuais (leitura, visão, manufatura,
consertos, etc.). É, portanto muito importante que
se saiba o que influencia a habilidade das pessoas
em desempenhar estas tarefas. A consideração dos
aspectos fundamentais a respeito da iluminação de
ambientes em nível de projeto, é sem dúvida, a
medida mais efetiva no controle das qualidades
visuais destes ambientes. (Lamberts, Dutra e
Pereira, 1997, p. 44).
Pode-se, portanto, entender que o conceito de conforto
visual está vinculado à presença de um conjunto de condições,
num dado ambiente, no qual seja permitido ao ser humanos
desempenhar suas tarefas visuais com facilidade, com o menor
81
esforço, com o menor risco de detrimento de visão e com
limitadas possibilidades de imprevistos. Lamberts, Dutra e
Pereira, (1997, p. 45), entendem que as condições necessárias e
eficientes para a tranqüilidade do processo visual são as seguintes:
Iluminância suficiente;
Boa distribuição de iluminâncias;
Contrastes adequados (proporção de luminâncias);
Bom padrão e direção de sombras.
Os autores citados ressaltam ainda que aboa
distribuição de iluminâncias não é sinônimo de uniformidade e
que o contraste e o padrão das sombras dependem da tarefa
visual”.
Conforme se pode verificar ao se tratar da iluminação
vernacular, as edificações podem ser beneficiadas pela iluminação
natural dependendo da posição das edificações num dado entorno.
Assim sendo, a iluminação natural nos hotéis edificados nos
grandes centros urbanos acontece, raramente de forma direta, e
muitas vezes, por refletância do entorno imediato, tendo em vista
a incidência da luz oriunda da cúpula celeste. Dinamicidade e
imprevisibilidade são características da iluminação natural, já que
esta tem variações diárias e conforme as estações do ano,
sofrendo alterações de acordo com os fenômenos meteorológicos
e a trajetória solar. As transformações mencionadas podem,
inclusive, provocar mudanças de cor.
A variação de distribuição e quantidade da luz do dia
provoca um efeito tão expressivo que a evolução da tecnologia da
luz natural deveria seguir os preceitos arquitetônicos.
Ocorre, por exemplo, que às vezes, as construções são
erigidas de tal forma, que provocam sombras sobre os edifícios
próximos e nesses casos, talvez, a única finalidade de utilizar aí,
cortinas de vidro espelhado, seja refletir a luz sobre as fachadas
sombreadas dos edifícios vizinhos (Lam 1986, p.411).
Voltando-se a luz ao interior dos ambientes, pode-se
criar o estimulante jogo do claro e escuro, modelando e gerando
formas diversas, permitindo assim, impressões distintas para cada
observador. Cabe ao arquiteto, entretanto, trabalhar a edificação
conforme o caráter estabelecido no interior do ambiente. Das
características do edifício hotel, da disposição dos ambientes, do
tipo de trabalho e dos condicionantes tecnológicos, econômicos e
climáticos, depende a opção pela iluminação natural lateral ou
82
zenital (Hopkinson, Petherbridge e Longmore 1975). Encontrar
edificações que apresentam dificuldades de habitabilidade devido
à inadequação do desenho do sistema de iluminação, ou má
orientação, é cada vez mais comum, e isso pode ser verificado
também em hotéis.
Esta pesquisa trata de hotéis e a problemática da
iluminação natural. O Hotel Hidrotermal foi a edificação
escolhida para o estudo da iluminação natural em hotéis de lazer
no Paraná. Os hotéis que mencionaremos a seguir: Nova Friburgo,
Ouro Preto Parque São Lourenço, Pampulha e Águas de Santa
Clara servem de referência para a análise proposta.
83
2 OS HOTEÍS DE REFERÊNCIA
2.1 Hotel de montanha (Nova Friburgo) (1939)
O projeto realizado por Oscar Niemeyer e implantado
em 1945, para a rego de Nova Friburgo, previa uma construção
em um em um único plano, com solução funcional e econômica.
Volumes simples, definidos por blocos, estariam
implantados livremente no terreno, adequando-se ao perfil
topográfico do sítio.
Neste hotel projetado Niemeyer adota a solução
tipológica usada na casa Errazury’s por Le Corbusier, e Romeu
da Costa emprega o mesmo princípio para marcar a entrada
principal do hotel Águas de Santa Clara, no Paraná.
Niemeyer já havia feito uso desta solução plástica para o
Yath Club de Pampulha, onde o formato de asa de borboleta foi
pela primeira vez adotado pelo arquiteto.
Alguns traços estavam sempre presentes nos projetos de
Niemeyer, em elementos sutis ou em grandes volumetrias,
compare-se a curva sinuosa que abrigaria a área destinada ao
público, no Hotel da Pampulha, ao pequeno volume que receberia
o escritório e barbearia no hotel de montanha e ao balcão do bar
do Yath Club da Pampulha.
FIG. 46
Perspectiva do Hotel da Pampulha. Fonte
Stamo Papadaki, 1951, p. 104/07.
84
Outra preocupação comum nos projetos de
Niemeyer era a inserção da obra adequando-a ao entorno
construído. Seus projetos previam grandes aberturas, protegidas
ou não conforme face de implantação, mas sempre procuravam
integrar espaços externos e internos, com uma preocupação em
promover o melhor aproveitamento da luz natural e da insolação
quando necessário. Esses mesmos conceitos foram adotados no
Hotel de Guarapuava, no Para.
FIG 47
Projeto de Niemeyer para o Hotel de Nova Friburgo
Fonte: Lauro Cavalcanti, 2001, p.190.
Acesso principal 1 Bloco sala de refeições 2 Bloco de serviço
FIG 48
Águas de Santa Clara
Fonte: Foto por scaner obtida do projeto original –S.M.P.O
A solução proposta por Niemeyer para iluminação zenital
dos banheiros dos apartamentos foi utilizada por Romeu
da Costa para ventilação e iluminação dos banheiros no
edifício destinado aos banhos hidrominerais.
FIG 49
Casa de banhos
Fonte: Planta original Dr. Romeu da Costa
85
FIG 50
Corte longitudinal, detalhe do zenital empregado por
Niemeyer para o
Hotel de Nova Friburgo. Fonte: Lauro Cavalcanti,2001,p. 190
FIG 51
Corte
da área destinada a banhos no hotel Águas de Santa Clara PR
Fonte: Projeto original Dr. Romeu da Costa, inspirado na obra de Niemeyer.
Os cobogos ou muxarabis, haviam sido previstos por
Niemeyer para proporcionar conforto e privacidade para as salas
de estar, conforme pode ser observado na foto abaixo.
O engenheiro-arquiteto do Hotel Águas de Santa Clara
fez uso destes elementos para estabelecer critérios de espaços
públicos e privados na área de estar e para separar ambientes
como a sala de refeições e a sala de estar.
FIG 52
Elevação Projeto de Niemeyer para o Hotel de Nova Friburgo
Fonte:
Lauro Cavalcanti, 2001p. 190
O hotel de Nova Friburgo deveria ser implantado com
um entorno ajardinado, onde áreas para jogos, recreações, play
ground estariam dispostos em barra. A esse volume um outro
menor em formato de U seria inserido com uma face maior
86
conectada perpendicularmente próximo ao eixo de simetria,
e abrigaria a. área de serviços e espaço de estar social,
restaurante, panificadora, cozinha, refeitório e área de preparo e
recepção de alimentos.
FIG 53
. Hotel de Ouro Preto Vista aérea da fachada principal,
Fonte:
http://www.
hotel
ouropreto.com.br/
FIG 54
Saguão do hotel Águas de Santa Clara
Fonte Fotografia Sonia Pessa de Oliveira, 2002.
87
FIG 55
Sala de estar do Hotel Águas de Santa Clara Fonte:
Fotografia Sonia Pessa de Oliveira
Tanto na definição do espo físico da solução adotada
em planta, quanto em solução volumétrica foi possível perceber a
influência e o referencial de Niemeyer no projeto do hotel
elaborado para o Paraná (Águas de Santa Clara.).
A proposta de Niemeyer par o hotel de lazer a ser
edificado em Nova Friburgo, previa a construção de um resort
Hotel com uma estrutura resolvida em apenas um pavimento, com
solução funcional e econômica. Com volumes simples que seriam
dispostos livremente no terreno pretendia adequar a solução
arquitetônica ao perfil.do terreno Assim, para oferecer
privacidade ao hóspede os quartos seriam implantados a 2.20m de
altura do nível do solo, acompanhando a declividade natural da
área prevista para sua implantação. O acesso a esse espaço seria
feito através de uma rampa que interligaria a área de uso público
ao setor privativo das unidades de habitação.
Os quartos disporiam de terraços cobertos pronunciados
que proporcionariam conforto térmico e proteção solar. Os
banheiros dos apartamentos para hóspedes receberiam iluminação
e ventilação naturais através de pergolado inserido na cobertura,
solução essa adotada por Romeu da Costa para a unidade de
tratamento do hotel Águas de Santa Clara, em um período
imediatamente posterior a esse projeto (Fig. 51).
88
FIG. 56
Detalhe da laje de cobertura do edifício da fonte de água mineral
Fonte: foto tirada pelo autor do projeto quando da execução da obra.
O Hotel Águas de Santa Clara tem no projeto da fonte
de águas minerais o melhor exemplo do período modernista. A
estrutura da cobertura é apoiada em pilares. Este espaço é
fechado com esquadrias de metal e vidro com janelas pivotantes
verticais (Fig. 58). Como estas paredes são mais baixas do que o
volume externo, o calor incidente na superfície envidraçada, saí
pelo espaço entre o volume e a cobertura. A abertura das janelas
permite a circulação de ar. O recuo deste volume em 1.20 m. em
relação à laje de cobertura, proporciona o fator de sombra.
Fotografias retiradas pelo autor do projeto na época da
construção mostram a importância do volume para o conjunto
arquitetônico
.
FIG.57
: Planta baixa do prédio da fonte de água Fonte projeto original cedido
por
Romeu Costa.
89
FIG.58
Situação atual do prédio que abriga a nascente de água
mineral. Fonte: Fotografia Sonia Pessa de Oliveira
FIG.59
Elevação do prédio da fonte de água mineral. Fonte: Romeu Costa
Fotografia do projeto original -Sonia Pessa de Oliveira
90
FIG.60
Foto da obra em construção cedida pelo autor, Dr. Romeu P. da
Costa.
FIG.61
: Planta original da área da piscina e casa de banhos Fonte
projeto de Dr. Romeu Costa
91
FIG.62
Estas duas plantas mostram a similaridade de uso dos espaços.Nos
dois projetos a distribuição dos ambientes acontece em forma de U Ficando os
quartos em uma ala, a área social funciona como elemento de ligação entre ao
setor privativo dos apartamentos e o setor de serviços A primeira planta é do
hotel de Santa Clara (Romeu da Costa) e a segunda é do hotel de Nova
Friburgo( Oscar Niemeyer) Fonte: Projeto original cedido por Romeu Costa -
e Planta do projeto de Nova Friburgo Lauro Cavalcante, 2001, p. 190.
2.2 O Grande Hotel de Ouro Preto (1940)
Edificado em 1940, em Minas Gerais o edifício em estilo
neocolonial é implantado num lote em aclive, no limite urbano do
sítio histórico. O prédio é formado por uma estrutura linear,
resolvida em um único corpo e distribuídos em quatro
pavimentos.
FIG.63
Planta baixa do térreo
Hotel da Pampulha
Fonte Stamo Papadaki, 1951, p104/7.
92
FIG
.
64
Hotel da Pampulha Fonte: Stamo Papadaki, 1951, p104/7.
Como no projeto para o hotel da Pampulha (1943), (Fig.
63), o programa foi definido com a distribuição de volumes
independentes, mas comunicados entre si por um espo aberto
central. Confirmando a influencia recebida pelos cinco pontos de
Le Corbusier, Niemeyer fez uso de pilotis nos dois primeiros
pisos, repetiu esta solução no projeto para o hotel em Belo
Horizonte. O espo em que foi implantado esse edifício limita o
uso de curvas, solução utilizada na Pampulha com muita
liberdade. O acesso ao lobby e ao espaço social se fez, neste
projeto, através de rampa (Fig. 64).. Esse elemento escultural
secciona a estrutura retilínea da elevação frontal. A planta mostra
a diferença de solução para os apartamentos de um mesmo piso
que disporia na ala esquerda de células menores e na ala direita
criaria apartamentos duplex Estas unidades habitacionais, teriam
salas de estar com escadas em caracol, que estabeleceriam uma
circulação vertical com a área dos quartos O projeto previa no
pavimento superior, acesso para os quartos menores mas não
para os apartamentos duplos.
FIG
.
65
Planta do pavimento tipo, na foto acima e perspectiva axionométrica
do apartamento na foto abaixo
.
Hotel da Pampulha Fonte Stamo Papadaki,
1951, p104/7.
93
Os projetos mencionados empregaram brises para a
protão da fachada, embora com formas, materiais e soluções
distintas.
Os edifícios aqui citados apresentam soluções estruturais
semelhantes e soluções arquitetônicas, distintas. Os elementos de
fechamento, revestimento e proteção solar estabelecem diferenças
bastante discutidas e os projetos de Niemeyer servem de objeto de
estudo para novos profissionais.
O hotel de Ouro Preto constituiu um desafio, pelas
dificuldades peculiares: tratava-se de um edifício
novo a ser inserido no setecentista tecido urbano
preservado. O projeto deveria atender as
condicionantes impostas pelo contexto, e incluir os
pormenores formais emprestados da arquitetura
tradicional - telhas de barro, muxarabis, volume
longilíneo dividido em balcões connuos. O
projeto edificado configurou-se como ponto inicial
de uma arquitetura com a convivência do ‘novo
dentro do ‘velhoe que se realiza com a ética de
evidenciar a inserção nova na trama antiga,
atribuindo-lhe identidade própria (Hugo Segawa
1999).
Comas (s/d, s/p) comenta a opinião de Lucio Costa,
sobre o projeto desenvolvido por Niemeyer para o complexo da
Pampulha.
Que formas básicas assumiam um novo e
surpreendente resultado, com o uso de elementos
arquitetônicos adequados ao tema e contexto, no
uso equilibrado de formas geométricas com
expansão de suas significativas apropriações. A
Pampulha edifica-se demonstrando com brio, a
relevância e a atualidade da história disciplinar e
do espetáculo da natureza como matrizes do
projeto.(Comas, texto de sala de aula s/d).
FIG. 66
. Estudo da implantação do Complexo da Pampulha Fonte: Encarte
fornecidos pela Fundação Oscar Niemeyer, Minas Gerais, 2000.
94
FIG.67
Fonte: Corte esquemático dos estudos de Niemeyer para o Hotel
de Ouro Preto. Fonte: Lauro Cavalcanti.
FIG.68
: Corte esquemático mostrando as soluções de aproveitamento da
iluminação natural do Hotel de Ouro Preto.(Projeto de Niemeyer)
Fonte: Lauro Cavalcanti. 2001
FIG.69
Estudo esquemático em planta da posição do edifício em
relação à incidência solar do Hotel de Ouro Preto Fonte: Lauro
Cavalcanti
95
FIG 70
Implantação do Hotel Ouro Preto.(Projeto de Niemeyer) A
implantação do edifício em relação à orientação solar e a preocupação com o
entorno construído definiram as soluções adotadas pelo arquiteto para este
sítio histórico. Tal como Niemeyer, Romeu da Costa propôs uma construção
que aproveitasse o declive acentuado. Fonte: Lauro Cavalcanti. 2001
FIG 71
Corte esquemático do edifício com a trajetória do sol no
Hotel Águas de Santa Clara O uso de pilotis nesta seção remetem
ao projeto para o hotel da Pampulha conforme se verifica na
figura 70 Fonte: Desenho Sonia Pessa de Oliveira
96
FIG 72
Cortes esqueticos do Hotel Águas de Santa Clara:
mostrando a distribuição dos espaços Observando ao esquema gráfico
da figura 69, é possível perceber a influencia que esta tipologia teve
sobre o trabalho do engenheiro paranaense.Fonte Desenho Sonia Pessa
de Oliveira
FIG. 73
Fotografias, Plantas, cortes, elevações do Grande Hotel Ouro
Preto. Fonte: Lauro Cavalcante, 2001, p. 254 a 257.
FIG.74
.Os espaços internos concebidos por Niemeyer para o hotel de
Ouro Preto foram referencia para a definição principalmente das áreas de
estar no hotel Águas de Santa Clara. perceptíveis nas soluções das
esquadrias, na altura do pé direito, e nos espaços amplos.(Fonte da
fotografia: Lauro Cavalcante 2001; Fonte do Corte:
http://www.
hotel
ouropreto.com.br/
97
A solução volumétrica do hotel Águas de Santa Clara, acima evidenciada,
deriva do partido definido por Niemeyer para o Grande Hotel de Ouro Preto.
Foi possível perceber que a preocupação em dotar esquadrias que
permitissem o aproveitamento total da iluminação natural é comum nos
dois projetos, sendo o sistema de fechamento próprio de cada
profissional.
FIG
.
75
Hotel de Ouro
Preto. Fonte:
http://www.
hotel
ouropreto.com
.br/
e Hotel Águas de Sta.
Clara. Fonte Fotografia
Sonia M.P.Oliveira 2002.
FIG 76
Vista interna de um dos
quartos do Grande Hotel de Ouro
Preto.
Fonte:
http://www.
hotel
ouropreto.com.br/
FIG. 77
Vista interna de um apartamento do Hotel Águas de Santa
Clara. Fonte: Foto Sonia Pessa de Oliveira.
98
FIG 78
Planta da suíte do Hotel Águas de Santa Clara. Com o
esquema de abertura das janelas com vão total para iluminação e
ventilação Desenho Sonia Pessa de Oliveira.
FIG.79
Hotel Águas de Santa Clara. Fonte: Sonia Pessa de Oliveira
Fotos tiradas às 10 horas da manhã, face sul, com u claro mostra a
incidência do aclaramento percebido em todo o ambiente. As
aberturas da janela refletem a iluminação natural pela cor clara das
paredes, embora o piso possua baixo fator de reflexão.O Corte de
estudo da solução adotada mostra na figura número 81 a altura das
aberturas das janelas peitoril de 90 cm e vão da janela com 1,60.
A janela está implantada logo abaixo da viga de respaldo da
estrutura, situando-a na parte mais alta. O beiral em laje plana
mostra o estudo da condição de ventilação em regiões de clima
quente e úmido, onde a perda de calor é importante para a situação
de verão.
99
FIG. 80
Situação semelhante é observada no hotel de
Ouro Preto. Fonte Sonia Maria Pessa de Oliveira
FIG. 81
A foto tirada da sala de estar do Hotel Águas de
Santa Clara mostra a preocupação de integração entre o
edifício e o entorno. Fonte: Sonia Pessa de Oliveira
As comparações apresentadas neste capitulo, tem a
finalidade de demonstrar a relação tipológica decorrente dos
estudos das obras de Niemeyer e Lucio Costa levados a efeito
pelo arquiteto paranaense para a elaboração do projeto do hotel
Águas de Santa Clara.
Para o Hotel de Ouro Preto, Oscar Niemeyer faz uso de
grande maleabilidade no emprego de materiais inovadores para a
época, o que possibilitou ao arquiteto adotar soluções plásticas
muito alem das obrigações implícitas no programa de
projeto.Embora com um tro arquitetônico de vanguarda,
Niemeyer expressou o espírito da época “ë dentro desse mesmo
espírito que s entendemos o fazer arquitetura de hoje, ao
enfrentar problemas com o emprego de soluções e técnicas com o
emprego de soluções, técnicas e materiais de que dispomos
(Niemeyer, 1944).
Justificava Niemeyer sobre sua obra que o emprego de
concreto armado lhe oferecia amplas possibilidades que lhe
sugeriam concepções plásticas diferentes, totalmente livres, tanto
em relação à forma quanto em relação ao movimento.
100
s criávamos a arte, e a arte era espontânea, livre de
parâmetros ou pré-julgamentos. É desta forma que
orientamos nosso trabalho, abordando os
problemas de forma natural, sem grandes
pretensões, mas decididos a fazer, de nossa
missão, um compromisso com a atualidade
(Niemeyer, 1944).
2.3 Park Hotel de São Clemente (1940-44 - Nova Friburgo, Rio
de Janeiro).
Nova Friburgo situa-se numa região montanhosa do Rio
de Janeiro, na exuberante paisagem da Serra do Mar com
temperaturas amenas, médias de 18°C (13 °C no inverno e 24 ° C
no verão Com 60% da área de todo o município coberto pela
Mata Atlântica).
Nos anos 40, foi construído no Parque São Clemente, um
hotel pousada o Park Hotel, com 10 apartamentos, projetado por
Lúcio Costa e declarado Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional, em 1985, reconhecido como marco da arquitetura
moderna no Brasil.
O Park Hotel foi uma experiência distinta das demais.
Por ter sido solicitada pela iniciativa privada o hotel a ser
implantada no Parque Guinle teve um conceito único. A região
formada por sítios com áreas privilegiadas estava inserida na área
do parque São Clemente.
Fazendas com sedes bem estruturadas formavam com o
parque um sítio integrado. O projeto construído em 1944 foi
definido como um programa não muito extenso, devendo prever o
espo para dez apartamentos.
O volume foi resolvido em dois blocos retangulares. A
edificação principal estabelece um eixo de circulação enquanto o
menor é interligado ao anterior pela sala de refeições. Neste
último volume ficam as áreas de apoio e serviço.
A construção em pedra, madeira roliça e alvenaria
branca não foi condicionante do local. O critério adotado por
Lucio Costa foi o de acentuar a idéia do abrigo rústico implantado
na montanha. Sua intenção era a de reproduzir um palácio rural.
A proposta para o hotel serviria de ponte para a venda de lotes de
alto padrão.
Os materiais utilizados assim como no hotel de Ouro
Preto, nada tinham em comum com os novos conceitos da recém
101
instalada arquitetura moderna. As soluções de plantas livres
e o uso de pilotis, é que reforçavam os novos dogmas
arquitetônicos.
A exuberância na essência compositiva se fez presente
na distinção em altura entre os blocos e de serviço, e do corpo
principal do prédio.
Como solução para a cobertura o arquiteto optou por
fazê-lo em duas águas independentes. A primeira delas cobre o
corpo principal em um único painel, a segunda situada no sentido
oposto, e ligeiramente mais baixa com menor tamanho faz a
cobertura do alpendre, que é estruturado em madeira e circundado
por treliças que formam o guarda corpo. Esse mesmo alpendre se
projeta sobre o volume do pavimento térreo criando uma varanda
coberta e interligada à área social.O projeto de uma riqueza e
simplicidade plásticas estabeleceu um marco na arquitetura
nacional.
O cuidado com a inserção do volume na paisagem das
montanhas, a escolha criteriosa de materiais tipicamente
nacionais e a preocupação em introduzir os novos conceitos
reconhecidos internacionalmente dignificam a obra do mestre.
O Park Hotel, considerado uma obra prima da
arquitetura brasileira utilizou materiais da região, como alvenaria,
pedra e madeira, com estrutura de eucalipto.
Localizado a uma altitude de 1150 ms, nas montanhas, o
Park Hotel foi naturalmente cercado por vegetações que
floresceram e cresceram livremente. Assim sendo, o fato de ter
sido essa edificação construída em rego com temperaturas entre
20ºC e 30ºC foi possível identificar elementos construtivos
adequados a provocar a ventilação e sombreamento das faces
expostas ao sol. O uso de muxarabis, (adotado no Hotel Águas de
Santa Clara, como elemento de separação de ambientes) como
proteção nas varandas, o emprego de beirais sobre estas mostrou
a preocupação em adequar a solução construtiva à região. Em
situações de temperaturas próximas a 29ºC, é importante
controlar a incidência de radiação solar sobre as faces mais
expostas ao sol, evitando o excesso de ganho térmico.
Em clima quente e úmido a ventilação cruzada é uma
estratégia simples, melhorando a sensação térmica,
principalmente se a temperatura interior for próxima da
temperatura exterior.
102
O uso de aparelhos de ar condicionado seria
elemento alternativo para a situação em pauta, embora na época
de implantação desse edifício por Lúcio Costa esse recurso não
fosse disponível tendo sido adotada a posteriori. Foi possível
também perceber que a adoção de apartamentos no primeiro piso
da construção teve o intuito de estabelecer maior ventilação
nessas áreas pelo distanciamento do solo para proporcionar maior
circulação de ar nos quartos. Solução essa seguida no exemplo
paranaense.
A estrutura de sustentação, com pilares de eucalipto
como já referido anteriormente, imprimiu critérios próprios ao
sítio, enquanto fazia uso de um dos aspectos postulados por
dogmas internacionais da obra de Le Corbusier.Outro elemento
tipicamente nacional foi o emprego de solução de cobertura com
telha cerâmica, tipicamente regionalista, e que ao mesmo tempo
adaptava-se à situação climática local.
FIG. 82
Fotografia do Park Hotel de São
Clemente, Nova Friburgo, RJ. Fonte:
Lauro Cavalcanti, 2001, p.190.
103
FIG.83
Plantas baixas e fotografias do Park Hotel de São Clemente Nova
Friburgo, RJ In Lauro Cavalcante, 2001, p. 190.
FIG. 84
Park Hotel de São Clemente Nova Friburgo, RJ.
Fonte: http://www.oespecialista.com.br/elista/obra.asp?Obra=6439
104
FIG 85
Park Hotel de São Clemente Nova Friburgo, RJ.
Fonte: http://www.oespecialista.com.br/elista/obra.asp?Obra=6439
O Hotel Park São Clemente e o Hotel Águas de Santa
Clara, possuem em comum, am de terem sido construídos em
região de montanha, a solução de volumetria simples, programa
reduzida a serviços, área social e área íntima, quartos situados no
primeiro piso, o uso de muxarabis, a preocupação com a inserção
da obra no sítio. Como no Hotel São Clemente, o projeto do
Hotel Águas de Santa Clara não previa o uso de aparelhos de ar
condicionado, pelo mesmo motivo anterior.As duas obras foram
projetadas na década de 40 a 50.
105
3 HOTEL DE REFERÊNCIA NO PARANÁ - ÁGUAS DE
SANTA CLARA
O hotel Águas de Santa Clara foi abordado neste estudo
com a finalidade de identificar as relações entre arquitetura e
ambiência e investigar como estas relações foram adequadas ao
aproveitamento da iluminação e da ventilação natural.
Tratando-se de um hotel de lazer, foi um dos hotéis
visitados pela família que construiu o Hotel Hidrotermal
adotando-o como referência por se tratar de modelo implantado
no Paraná com programa similar pretendido e que é objeto de
estudo neste trabalho.
3.1 Localização
Localizado na região Centro Oeste do Paraná, no Planalto
Atlântico, com altitude de 1450m acima do nível do mar, latitude
25° 23´26” Sul, este hotel de lazer foi edificado em uma região de
Pinhais. O local foi escolhido em função da descoberta de uma
fonte de águas minerais, com características de clima serrano e
temperaturas médias de 3C no verão e 4,8 °C no inverno”.
O conjunto edificado é formado por: um prédio principal
com dois pavimentos; um bloco de serviços; 12 Chalés, com dois
apartamentos cada; uma construção que abriga a fonte
hidromineral e um edifício com salas de banho com águas da
fonte hidromineral.
O prédio principal está implantado na encosta de um
morro protegido dos ventos e de possíveis deslizes de encosta.
Os dados sobre a altitude e latitude foram obtidos do
serviço de metereologia de Guarapuava que classifica a região
como de clima subtropical úmido, com ocorrência de geadas no
inverno e alguns períodos de precipitação de neve. O índice de
densidade pluviométrica é em média de 182 mm no mês de
Janeiro, onde ocorre a maior precipitação, e de 72 mm em
Agosto, mês com menor índice pluviométrico.
106
3.2. Dados construtivos
O empreendimento, iniciativa do Governo do Estado, foi
definido através de um concurso estadual para elaboração do
projeto Arquitetônico. O projeto vencedor deste concurso é de
autoria do Engenheiro Arquiteto Romeu Paulo da Costa, e foi
escolhido por apresentar parâmetros da Arquitetura Modernista
vigente na época. Este profissional aplicava em seus projetos
princípios de habitabilidade, prática pouco comum no estado do
Paraná na década de 50/60.
Elaborado o projeto arquitetônico em 1955, a construção
foi definida por concorrência pública vencendo a firma do
engenheiro Eurico Batista Rosa que iniciou nesse mesmo ano,
tendo concluído em 1957. Este empreendimento permaneceu sem
uso por 15 anos. Para iniciar as atividades de hotelaria passou por
reformas sendo reinaugurado em 1974. Foi possível verificar que
o projeto elaborado pelo autor difere da obra edificada conforme
plantas abaixo.
FIG 86
Planta original do projeto do Hotel Águas de Santa Clara, implantados
na face sul. Fonte Arquivos do autor.
O projeto original foi cedido pelo autor e em visita de
pesquisa ao estabelecimento foi levantada a planta existente. Não
há cópias do projeto construído. O complexo está desativado e em
estado de abandono conforme se verifica nas fotos tiradas do local
(Fig. 85).
107
FIG
.
87
.Planta atual do edifício Hotel Águas de Santa Clara. :
cópia do projeto cedido pelo autor.
FIG.88
Hotel Águas de Santa Clara situação atua
l
dos
chalés. Fonte Foto de Sonia Pessa de Oliveira 2002.
3.3 Estrutura Física
Conforme mencionado anteriormente, as edificações
existentes estão assim dispostas: os blocos principais estão
orientados com a fachada principal voltada numa inclinação de
30° sul. No bloco principal (Bloco A) estão situados a recepção,
gerencia, sala de estar, sala de recreação, refeitório e dois
pavimentos de apartamentos.
FIG.89
Esquema do Hotel Águas de Santa Clara. Fonte: Desenho Sonia
Pessa de Oliveira.
Pode ser verificado que esta área acima mencionada foi
construída, formando dois prédios distintos (Fig.89). O primeiro,
com três e dois pavimentos, conforme o declive do terreno,
(solução empregada por Niemeyer para o hotel de Ouro Preto),
108
compreende: a recepção, central de reservas, salas de estar,
refeições, copa e cozinha, e a ala de apartamentos. Os quartos
com banheiro foram dispostos frente a frente, sendo treze
unidades em cada pavimento, com implantação para nordeste; já
as suítes foram localizadas na fachada principal, seis com
varandas e outras seis sem varanda, igualmente distribuídas em
dois pavimentos.
Este prédio, com formato de barra retangular, é edificado
em alvenaria e coberto com telhas de fibro cimento dispostas
sobre laje plana.
As janelas dos apartamentos da fachada principal
possuem esquadrias de madeira, e nos apartamentos voltados para
a face nordeste as esquadrias são de ferro, o que ocorre também
nas áreas de estar e serviço.
O segundo prédio, paralelo a este (bloco B) está situado a
4,00 m. de distancia e atrás do edifício “A”. Nesta construção,
com um pavimento único, estão implantadas a lavanderia,
rouparia, despensa, câmara fria, e dependência de funcionários,
conforme mostradas em planta nas figuras 90 e 91.
FIG. 90
Planta baixa da área de serviço. Fonte: projeto original cedido pelo
Engenheiro Romeu Paulo da Costa.
FIG. 91.
Fotografia do prédio da área de serviço. Fonte: Sonia
Pessa de Oliveira, setembro de 2001.
109
FIG. 92 Planta original e
fotos dos ambientes do
Hotel Águas de Santa
Clara, mostrando a
incidência de luz natural
nos espaços. Fonte Sonia
Pessa.
110
O conjunto de chalés, 12 ao todo, que aqui serão
referidos como o bloco “C” está posicionado em frente ao bloco
A, e distam deste primeiro em cerca de 70,00m (Fig. 88). Cada
chalé é formado por duas unidades iguais geminadas que possuem
cada uma: varanda de acesso principal, sala de estar, uma pequena
copa, um banheiro, um quarto de casal e um abrigo para
automóvel.
O bloco “D”(Fig. 93) refere -se ao prédio que abriga as salas
destinadas aos banhos hidrominerais, conforme já mencionado
anteriormente, um hall central que se comunica com uma sala de
ginástica que se destaca do conjunto, ampliada, quebrando a
linearidade da seção retangular, e separa a ala feminina da
masculina. A ala feminina, situada à direita desta recepção, possui
dez salas de banho de imersão individuais dispostas frente a frente
conectadas por um corredor central, um depósito e dois sanitários.
Do lado esquerdo repetem-se as mesmas instalações para o setor
masculino.
A ultima construção deste hotel é a que abriga a nascente
de águas minerais, e referida aqui como unidade “E”.
O conjunto todo está implantado em uma área gramada.
Há poucas árvores no meio das edificações. Estão concentradas
na encosta do morro, e algumas árvores e arbustos podem ser
visto nas margens do Rio Jordão. Não há proteção das fachadas
por vegetação, conforme pode ser visto na foto abaixo.
FIG.93 Planta baixa e esquema da
Casa de Banhos. Fonte: Projeto
cedido pelo Eng. Romeu Paulo da
Costa.
111
FIG.
94
Vista aérea do Hotel Águas de Santa Clara. À esquerda está localizado
o Bloco D e à direita um conjunto de chalés Bloco C. Fonte: Foto retirada do
Folder do Candeias Clube de Turismo.
o há registro do tipo de árvores desta área. Fotos
tiradas por Romeu da Costa na época de construção (Fig.94)
mostram que o local estava como se apresenta agora, sem
vegetação de grande porte entre as áreas definidas para
implantação do conjunto.
O edifício “A” foi concebido em projeto para estar
conectado ao edifício “B” formando com este último um só
conjunto, a exemplo da planta do projeto concebido por Niemeyer
para Nova Friburgo, mencionado no item 3.
FIG. 95
. Foto dos chalés, Bloco C, na época da construção, cedida pelo
autor, Engenheiro. Romeu P. da Costa
3.4 Avaliação dos efeitos de radiação Solar direta
A importância da avaliação do edifício em relação à
incidência solar é preponderante para a avaliação dos critérios
adotados na edificação em relação ao entorno. O percentual de
radiação solar incidente refletida por difusão é, segundo dados em
112
Mascaró, (1991, p. 163 do anexo) de 3 a 15% (reflexão estimada
para áreas de campos verdes), em dias de u claro. Embora
sendo baixo este índice de reflexão, a resolução adequada da
cobertura é fator importante para o conforto interno, em regiões
de clima quente e úmido.
Para ser possível avaliar como se comporta a cobertura
quanto ao desempenho térmico neste edifício, foram utilizados os
parâmetros adotados em Mascaró (1991), para cálculo (Anexo 3).
O edifício em questão foi coberto com telhas de
fibrocimento de 8 mm.com uma laje de forro de concreto com 6
cm de espessura, com argamassa de revestimento.
A resistência do conjunto que forma o telhado é de 0,64
m²hºC/kW, adequada para o clima local (cálculo no anexo 3).
3.5 Avaliação das condições do edifício quanto à ventilação e
iluminação lateral.
Foram levantados dados de posição e tamanho das
aberturas, procurando estabelecer se foram atendidos os critérios
necessários quanto aos fatores acima citados. Para a verificação
destes dados, levou-se em conta:
a) Orientação solar - O prédio de interesse para o estudo tem
a fachada principal orientada para o Sul.
b) Orientação ao vento dominante - Os ventos dominantes
SE incidem num ângulo de 45 º sobre esta fachada,
permitindo a ventilação dos ambientes.
Dados climáticos:
c) A umidade relativa do ar é alta, com médias entre em
torno de 70 a 80 % .
d) As temperaturas no verão são altas e nos períodos mais
quentes sofre variações entre 11 horas da manhã e 15
horas e 30 minutos da tarde, em torno de 35 º a 38ºC
1
.
o poucos os períodos de frio, mas a região com altitude
de 1.450m acima do nível do mar apresenta dias de
inverno com temperaturas abaixo de zero (-2º) - nos
meses de Julho e Agosto.
2
Faz parte do conjunto do hotel, um edifício com salas de
banho, situadas em frente ao prédio principal, com a mesma
1
Conforme dados do Instituto de Meteorologia de Guarapuava.
113
implantação, definido em um único pavimento com área de
203,00 m², sendo 30.00 m de comprimento e 6,15 m de largura.
O prédio destinado a serviços foi concebido em projeto
como pertencente ao bloco principal. Foi construído separado e
atrás deste, com 35,0 m de comprimento e 6,50m de largura, num
único pavimento, com área total de 227, 50 m².
3.6 Dados sobre o desempenho das janelas quanto à iluminação e
ventilação natural
Em relação a este prédio foram considerados: o
posicionamento, o tamanho e o sistema de abertura da janela. O
prédio foi implantado orientado para o Sul, condição em que a
fachada está alocada na zona de alta pressão, favorável à entrada
dos ventos dominantes, embora não estejam localizadas
perpendicularmente à sua incidência como seria ideal para clima
com temperaturas altas nos meses de verão.
Esta condição de implantação do edifício está, sob o
ponto de vista térmico, correta (Mascaró, 1999, p.89). A
2
idem
orientação em relação à direção do vento dominante é adequada.
As aberturas da fachada principal estão voltadas para a face que
recebe maior incidência de sol e sob o ponto de vista térmico, esta
orientação aumenta consideravelmente a temperatura interna no
inverno.
Tratando-se do hotel, os quartos permanecem com portas
fechadas, (condição de privacidade do usuário quando ocupado e
controle da administração quando não locado) desta forma não há
como direcionar a saída natural do vento, pela zona de baixa
pressão. Se as janelas possuíssem aberturas no alto para controle
de ventilação direcionando o fluxo de ar, as condições de
ventilação seriam melhores.
3.6.1 As Janelas como fatores de sombra
Como não foram realizadas medições far-se-á uma
avaliação sobre o tipo, a forma e tamanho das aberturas, a
proporção em relação ao ambiente do qual formam parte.
Nos quartos com face para o Nordeste, as dimensões dos
aposentos são de 3.50m de largura por 4.50m de comprimento e
114
altura de 2.80m, as janelas medem 1.50m de largura 1.60m de
altura, com vidro na esquadria interna, que é do tipo guilhotina
(abertura vertical) e os quartos com implantação de fachada Sul,
as portas-janelas ocupam toda a extensão da parede eo
protegidas da incidência direta do sol por beiral sustentado por
pilotis (solução empregada por Lucio Costa no Park Hotel São
Clemente).
3.6.2 Tipologia das aberturas
Quanto à tipologia das aberturas, pode-se verificar:
a) Face Sul Esta fachada apresenta duas soluções de
janela: apartamentos com sacada e apartamentos sem sacadas.
Na primeira, as portas janelas são em quatro folhas,
sendo duas em veneziana ventilada, pintadas com cor clara e que
se abre para a sacada. Já as duas folhas, internas em esquadria de
madeira e vidro, tem abertura no sentido inverso.
A parede em que a porta-janela está posicionada possui
largura de 3,00 m, e o vão da porta ocupa 2,00 m. A altura do pé
direito é de 3,00 m a altura da porta é de 2,40 m. Pela posição da
fachada Sul, estas portas janelas possuem um ângulo de abertura
que permitem a ventilação total do vão (Figura 96).
115
FIG
.
96
Porta-janela de apartamentos da fachada sul do Hotel Águas de Santa
Clara. Fonte: Foto Sonia Pessa de Oliveira
FIG 97
Esquema de abertura das janelas das suítes no
Hotel Águas de Santa Clara. Fonte Desenho Sonia Pessa
de Oliveira
Tomam praticamente 80% da extensão das paredes que
as contêm. Estão protegidas por beirais de 1,00m, conforme pode
ser visto no corte (Figura 99).
Na segunda situação as janelas estão localizadas a uma
altura de 90cm do piso, com total de 1,50 m de altura
(
fig.100).
Nesta fachada Sul as janelas ocupam toda largura da parede. O
sistema de aberturas é o de guilhotina, ou seja, as janelas correm
verticalmente, e proporciona em um só sistema a separação de
entrada e saída de ar quente e frio. Como são janelas altas, a
solução adotada proporciona adequada ventilação ao ambiente
interno.
FIG
98
Esquema da janela tipo guilhotina. Fonte:
Mascaró, 1991, p.93.
116
FIG 99
Projeto original corte esquemático Fonte: Projeto cedido pelo autor,
Engenheiro Romeu P. da Costa.
Venezianas tipo Bahamas fazem a proteção
quanto à radiação solar direta, privacidade e controle de
quantidade de luz que chega ao interior. Este sistema de
proteção mostrou-se também eficiente, uma vez que
permite a redução de ganho térmico de até 80%.
b) Nas fachadas dos edifícios voltados para o Norte, há
diferenciação quanto ao tamanho das janelas dos quartos.
Nestes espaços as janelas são menores em largura do que
no primeiro caso citado. A parede com a mesma largura
de 3,00 m recebe janelas com 2,00 m de largura e a altura
é constante, 1,50 m. O sistema das esquadrias é o mesmo
com janelas de correr verticais. A proteção e privacidade é
que recebem solução diferente da anteriormente citada.
Aqui foram usadas persianas de enrolar, que se projetam
para fora.
FIG
.
100
Solução de abertura das janelas dos quartos da face norte. Fonte:
Foto e Desenho de Sonia Pessa de Oliveira.
117
FIG. 101
Foto tirada do quarto da face norte mostrando a
intensidade da difusão da iluminação natural, refletida pelas
paredes claras Fonte: Sonia Pessa de Oliveira.
O tamanho e o posicionamento da janela determinam a
qualidade e quantidade da iluminação natural que chega no
ambiente. Na fig. 101 é nítida a iluminância proporcionada pela
janela que ocupa 60% do vão da parede que a contém. O
assoalho de madeira de cor escura possui baixo índice de
refletância provocando uma zona de sombra ao nível das camas,
refletindo pouco a luz e criando efeitos de penumbra.
3.6.3 Soluções adotadas para as aberturas na área social
As janelas estão colocadas simetricamente nas duas
paredes opostas. As esquadrias estendem-se até próximo à laje do
forro, com peitoril de 0,30 m.no lado esquerdo, e até o piso, no
lado direito. O ambiente apresentado na fig. 102 causa impacto
visual pela dificuldade de adaptação dos olhos as diferentes
iluminâncias. Nos locais iluminados lateralmente, o aclaramento
diminui sensivelmente, conforme se verifica na fig. 103, quando
aumenta a distância da janela. As esquadrias foram resolvidas
com diferença de altura entre as janelas da face esquerda (norte) e
as da face direita (sul, fig. 103). Nos ambientes de sala de estar e
refeições, as janelas da fachada sul tomam toda a extensão e
altura das superfícies que as contêm, enquanto que as da fachada
norte são mais baixas (fig. 102) e menores. Embora amplas as
118
esquadrias limitam a circulação da ventilação por proporcionarem
apenas aberturas superiores.
A planta baixa original do prédio principal, mostra a
presença de elementos verticais, para a sala de gerência e portaria,
conforme fig. 104.
FIG
.
102
Foto e esquema da sala de jogos do Hotel Águas de Santa Clara.
Foto: Foto Sonia Pessa de Oliveira.
FIG.103
Foto da sala de estar do Hotel Águas
de Santa Clara. Foto: Sonia Pessa de Oliveira.
FIG. 104
Planta baixa da sala de gerência e portaria do Hotel Águas de Santa
Clara. Fonte: Projeto original cedido pelo Engenheiro. Romeu P. da Costa.
119
Uma fotografia (Fig. 105) do edifício mostra que esta
solução foi abandonada na execução, ou alterada na reforma
levada a efeito em 1974. O que se pode perceber é que surgiram
pilares que marcam a fachada no sentido vertical e que não
possuem nenhuma indicação de proteção das aberturas das
janelas, conforme pode ser constatado na figura abaixo.
FIG. 105
Fotografia da fachada sul enfocando a sala de gerência e portaria
do Hotel Águas de Santa Clara. Fonte: Foto Sonia Pessa de Oliveira, 2001.
Embora a superfície envidraçada, nas áreas sociais, seja
ampla, a área de ventilação das janelas é reduzida. Mesmo com as
aberturas localizadas na zona de alta pressão (lado direito), a
ventilação é deficiente pela proporção de espaços que permitem a
circulação de ar, já que as janelas só possuem aberturas
pivotantes na parte superior e são menores do que as do lado
oposto, conforme acima mencionado. Assim a circulação de ar
passa por cima dos ocupantes (fig. 106).
FIG. 106
Fotos e esquema gráfico da ventilação que ocorre nos
ambientes de estar, recreação e salão de refeições do Hotel Águas
de Santa Clara.
120
Conforme visto em Mascaró (1991, p.67), nos climas
quente-úmidos, que é o caso aqui estudado, “a tensão de vapor
tenderá a ser maior dentro do edifício do que fora. Sob estas
condições é desejável substituir o ar de dentro pelo de fora”. E
diz ainda, que as correntes naturais de ar ajudam a realizar essa
substituição através de aberturas estrategicamente localizadas no
edifício.
A solução aqui empregada mostra essa preocupação e o
ar frio penetra pela abertura das janelas com estrutura de ferro e
em vidro e escapa pela área superior empurrando o ar quente.
Tratando-se de uma fonte de águas correntes, a umidade relativa
do ambiente é alta e constante.segundo Mahoney (1982, apud.
Mascaró, 1991, p.67):
É importante, portanto, nos climas quente-úmidos,
onde a evaporação é difícil, não só manter baixa a
tensão de vapor do ar do edifício por meio da
ventilação, como também acelerar a velocidade
com que o ar passa pela pele.
Como demonstram as pesquisas apresentadas neste
capítulo, o conjunto turístico do hotel aqui referido, foi projetado
seguindo parâmetros correntes na década de 50, e empregados no
Brasil, principalmente por Oscar Niemeyer e Lúcio Costa.
A edificação foi elaborada utilizando os critérios de
proporções adequados quanto ao tamanho correto das janelas
buscando o aproveitamento da iluminação e ventilação natural,
nos apartamentos.
A implantação com fachada principal voltada para o sul
buscou beneficiá-la quanto à incidência dos ventos dominantes na
região. A finalidade deste direcionamento, segundo o autor, foi a
de reduzir a sensação térmica de calor, no verão, quando as
temperaturas apresentam-se acima de 28ºC.
A solução empregada para as áreas sociais não
proporciona proteção e nas áreas de estar, sala de jogos e áreas de
refeições, o sistema de ventilação é deficiente. As grandes áreas
envidraçadas não protegidas da incidência de radiação solar direta
aumentam a temperatura interna destes espaços provocando um
efeito estufa e que seriam facilmente resolvidas com o emprego
de vegetação de sombra e uso de ar condicionado ou com a
substituição de esquadrias fixas por outras que permitam a
ventilação natural.
121
Construída pelo Estado, a obra tem soluções construtivas
de baixo custo, sem grandes propostas arquitetônicas.
O intuito de aqui apresentá-la foi o de ressaltar a
aplicação de conceitos modernistas em hotéis de lazer pela
primeira vez no Paraná. Ainda pretende-se, com este estudo,
encaminhar a análise do Hotel Hidrotermal que adotou como
referência a estrutura linear e os princípios básicos do Hotel
Águas de santa Clara, aprimorando-os e adequando-os a demanda
de mercado da hotelaria de lazer.
122
4– ESTUDO DE CASO
4.1 – Objetivo e metodologia do Estudo de Caso.
Com esta pesquisa pretende-se avaliar a adequabilidade do
aproveitamento da iluminação natural como fonte de redução de
consumo da energia elétrica num hotel de lazer de uma estância
hidrotermal no Paraná. Pretende-se ainda verificar o aproveitamento
da iluminação natural com bases em fatores qualitativos e
quantitativos e os potenciais de conservação de energia. A escolha
do Hotel Hidrotermal apresentado, foi determinada pela preocupação
de seus proprietários quanto à conservação da energia e quanto a
terem iniciado o projeto de implantação idêntico ao hotel Águas de
Santa Clara e por ainda ter sido este hotel um dos referenciais para a
elaboração da primeira implantação do hotel estudo de caso.
A intenção da pesquisa também foi verificar as
diferenças projetuais e técnicas entre dois empreendimentos com
o mesmo programa e mesma tipologia, e o fato de estarem
situados em regiões de nascentes de águas minerais.
O Hotel Águas de Santa Clara utilizado como referência
apontada por este estudo, foi elaborado por um profissional
pesquisador da área da iluminação e com formação de engenheiro
arquiteto com estudos na área de arquitetura modernista, e o
segundo hotel, o que é utilizado no estudo de caso, foi construído
por uma família com experiências na área de construção civil e
pré-moldados, e com pesquisa nos hotéis semelhantes no Paraná,
Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Foram usados os seguintes métodos:
1. Levantamento bibliográfico;
2. Escolha dos objetos de estudo: hotéis de referência
e estudo de caso
3. Viagens para coleta de dados, incluindo registro
gráfico e fotográfico dos edifícios e entornos
necessários para posterior estudo.
4. Organização e análise dos dados coletados
123
5. Elaboração das conclusões
4.2- Apresentação histórica do Hotel Hidrotermal objeto do estudo
de caso
A região do Paraná onde se encontra o hotel de lazer
hidrotermal é formada por uma pequena cadeia de montanhas, com
altitude média entre 500 e 550 m e o hotel localiza-se num vale, com
a menor altitude da região, 400 m, situado entre dois rios, o rio
Formoso e o rio Laranjeiras, no paralelo UTM 389.096E, 7 313 215
N, distante 407 km da capital, Curitiba, em uma região de clima sub-
tropical, úmido.
A fazenda onde está situado o Hotel Hidrotermal
juntamente às suas fontes foi comprada em 1968. Logo as a
compra, o novo proprietário observou que a natureza da região
estava devastada, vítima da atividade dos “safristasque durante as
décadas de 1930 a 1950 derrubavam as matas e implantavam
lavouras de milho para alimentar criações de porcos de forma
extensiva. Todas as árvores e vegetação em geral existentes hoje na
fazenda, exceto o bosque, na área das fontes e uma estreita faixa da
mata ciliar, resultam de um trabalho de recuperação que vem
sendo feito desde 1968 e que ainda não parou, pois o hotel está
ampliando suas áreas de mata ciliar, bosques e pomares.
Quando da compra, a intenção sempre foi transformar o
local em estância hidromineral, sendo para isto, feitos grandes
investimentos na construção de um balneário e do primeiro hotel,
que foi inaugurado em 1973. Apesar das boas intenções do
proprietário, a empresa passou por grandes dificuldades, operando
com prejuízo por 18 anos sem poder evoluir. Isto aconteceu em
função da precária estrutura elétrica e principalmente pelo acesso
ser muito difícil, por estradas de terra mal conservadas.
O hotel possuía geradores para energia elétrica e tamm
máquinas para a manutenção das estradas, como moto-niveladora,
pá-carregadeira, trator de esteira e caminhões caçamba, pois não
havia asfalto entre a região de implantação do hotel e a cidade de
Guarapuava, tendo sido concluído apenas em 1982. Estes
equipamentos oneravam muito os custos para manutenção do
hotel e a má qualidade das estradas dificultava o acesso.
Somente a partir de 1990 foram realizados maiores
investimentos. Conforme foi explicado pela diretoria, o que hoje
Área caminhada do Hotel Hidrotermal
Fonte Arquivos do Hotel Hidrotermal. Foto Nelson Cerqueira
Entorno com pista de cascalho .
Fonte Arquivos do Hotel Hidrotermal. Foto Nelson Cerqueira
124
está estruturado no Hotel Hidrotermal é produto de um trabalho
desenvolvido ao longo de 30 anos.
Distribuída numa área de 130 alqueires (ou 315 hectares), o
hotel ocupa uma área de 20 alqueires onde estão implantados os
edifícios e os espaços de lazer, 68 alqueires de matas naturais e
reflorestamentos e o restante ocupado por pastagens e lavouras.
O Hotel Hidrotermal encontra-se hoje muito bem
estruturado, oferecendo a seus clientes uma grande variedade de
serviços e empregando 255 funcionários, o que corresponde a um
funcionário para cada dois hóspedes bem acima da média nacional,
(um funcionário para cada oito hóspedes). É considerado também
como a maior infraestrutura de lazer do estado do Paraná.
Atualmente a empresa constituída caracteriza-se como hotel
fazenda, resort e estância hidromineral, sendo uma empresa familiar
administrada pelos proprietários.
A fazenda estabelece um suporte para o hotel pela produção
dos gêneros, o que permite estabelecer a auto-suficiência em
produtos laticínios, carne suína e embutidos, doces de frutas
caseiros, peixes para os pesqueiros, 70% das hortaliças e em
madeira, através dos reflorestamentos, para produção sustentável.
4.2.1 As águas, sua descoberta e suas características:
Acredita-se que as águas minerais do Hotel Hidrotermal
foram utilizadas há muitos séculos pelos povos indígenas da
nação Tupi, especialmente os Guaranis, dos quais, data-se os
primeiros assentamentos no Paraná há 1500 anos, vindos da
Amazônia. Um fato comprovador é o achado de alguns
instrumentos de trabalho indígena, próximos às áreas das fontes,
como pilões e uma lâmina de machado polida.
A descoberta das fontes para a civilização no Paraná
aconteceu na década de 1940, quando da abertura da área pelos
loteadores e agrimensores. Nada se sabia sobre as qualidades
destas águas, sendo analisadas somente em 1960 pelo
Departamento Nacional de Produção Mineral, reconhecendo-as
como uma das águas nacionais com maior quantidade de sais
minerais benéficos à saúde.
A água da fonte original é classificada como água
mineral hidrotermal, alcalino-bicarbonatada, fluoretada e
sulfurosa e seus altos teores de sulfatos dão a ela uma
característica sanitária, não permitindo a proliferação de fungos e
125
bactérias causadores de doenças, sendo por isso um ótimo
coadjuvante no tratamento de doenças de pele causadas por estes
micróbios. Na fonte a água apresenta gás sulfídrico, o que ocasiona
um odor característico de enxofre e se expande rapidamente,
desaparecendo na água fria.
A Lama Negra sulfurosa, uma das razões da procura do
Hotel Hidrotermal, tem propriedades benéficas à pele, sendo por isso
considerada medicinal. Seu alto teor de sais de enxofre a qualificam
como sendo também ótima coadjuvante no combate a algumas
dermatoses de origem fúngica ou bacteriana. Devido a isto ela
promove uma ótima limpeza de pele, possuindo, ainda, uma ação
esfoliante, quando aplicada corretamente, removendo células mortas
e estimulando, assim, sua renovação.
De origem orgânica, a Lama Negra Sulfurosa acumulou
sais depositados ao longo de milhares de anos pelas águas minerais
do Hotel Hidrotermal, fato que ocorre em toda a região onde se
localizam as fontes das mesmas, sendo desta forma um bem de
difícil renovação.
O Brasil é o país que apresenta a maior área de ocorrência
do Aqüífero denominado Guarani, distribuído nos estados de São
Paulo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa
Catarina e Rio Grande do Sul.
As águas do Hotel Hidrotermal correspondem a uma
“surgência natural” deste aqüífero, localizado à profundidade de
1000 m. nesta região. Isto acontece por causa de fraturamentos
que ocorreram nas rochas basálticas, sendo este fenômeno um
acontecimento muito raro.
4.2.2 Clima e temperatura
A área em estudo situa-se, no que se refere à distribuição
das temperaturas, na zona climática de irradiação tropical,
portanto o sol incide perpendicularmente sobre o Norte do Paraná,
do princípio de Dezembro ao princípio de Janeiro, sendo este
último os mais quente do ano em toda a região do estado.
Entretanto, os registros de máxima temperatura podem retardar,
por vezes, até o princípio de Fevereiro.
As temperaturas locais variam ao longo do dia,
considerando-se pontos de referência às 6 horas da manhã e às 15
horas, apresentando uma variação considerável de temperatura,
126
numa média de 20 a 25ºC, variação esta provocada pelo
posicionamento da região e pela densa névoa provocada pela
proximidade dos dois rios.
De acordo com as médias anuais das Cartas Climáticas do
Paraná, (IAPAR, 1994) a temperatura média anual oscila entre 21 e
22 º C.
FIG.
107
Temperatura Trimestre mais quente
Fonte:
http://www.pr.gov.br/iapar/sma/Cartas_Climaticas/
A temperatura mínima anual está entre 15 e 16 ºC nos
meses de Junho e Julho. A máxima anual se dá em Janeiro entre 27 e
32 º C, a insolação total anual varia entre 2.200 a 2.400 horas e a
evapotranspiração anual, estimada pelo método Penman varia entre
1.200 e 14.00 milímetros (IAPAR, 1994).
FIG. 108
Temperatura trimestre mais frio.
Fonte
:
http://www.pr.gov.br/iapar/sma/Cartas_Climaticas/
A precipitação média anual é de 1.594,2mm. A
evapotranspiração real anual é de 996,9mm. A temperatura média
anual da bacia é de 19º C e a altura média da bacia é de 634,7 m.
A umidade relativa é de 85 a 92 % nas primeiras horas do
dia, às 12 horas varia entre 50 a 70% voltando a valores
superiores a 80% por volta das 21 horas.
Os meses de Novembro e Dezembro apresentam a menor
umidade relativa mensal, sendo esta média anual entre 70 a 80%.
127
FIG. 109
Evapotranspiração Anual
Fonte :
http://www.pr.gov.br/iapar/sma/Cartas_Climaticas/
A pluviometria é de 1.700 a 1.800 mm, sendo que no
período mais chuvoso os valores oscilam entre 500 e 600 mm e, os
menos chuvosos entre 250 a 300 mm. (SUDERHSA, 1998).
De acordo com a sistemática de W. Koëppen (1998) a
região apresenta clima subtropical confirmando o período mais
chuvoso entre Outubro e Janeiro com totais mensais de 185 a 210
mm, e os menos chuvosos de Junho a Agosto com 65 a 120 mm.
FIG. 110
Precipitação Média Anual
Fonte :
http://www.pr.gov.br/iapar/sma/Cartas_Climaticas/
Variações bruscas de temperatura são comuns no
microclima.
128
FIG. 111
Umidade Relativa Anual.
Fonte
:
http://www.pr.gov.br/iapar/sma/Cartas_Climaticas/
No que se refere ao macro-clima, as temperaturas mais
elevadas têm início três a quatro semanas as a irradiação solar
vertical, no Norte do Paraná ou então duas a três semanas as o
início da nova marcha do sol para o hemisfério norte.No mês de
Julho, quando o sol encontra-se no hemisfério norte e inicia a
migração para o sul, registram-se as temperaturas mais baixas, sendo
essa a época que ocorrem com mais freqüência as geadas noturnas,
por ocasião das mínimas noturnas as dias de chuvas nos meses de
Agosto e Setembro.A oscilação da temperatura gira em torno de 7
a 9º C, podendo em alguns postos em função do condicionamento
topográfico, apresentar amplitude anual mais elevada, chegando
até 11,30º C.
Conforme se observa no mapa de isotermas médias
anuais do Estado do Paraná, elaborado por Reinhard Mack, as
temperaturas decrescem a partir da zona do litoral até a Serra do
Mar, daí evoluindo para oeste, sobem gradativamente, passando
pelo Primeiro e Segundo Planaltos, atingindo o máximo valor ao
Norte do Terceiro Planalto com temperatura similar a da orla
marinha.
Este condicionamento da temperatura média anual
reflete-se no manancial subterrâneo. Uma vez que a temperatura
tende a aproximar-se da temperatura média anual do local.Apesar
de não ser a irradiação solar o único fator que influencia a
temperatura, pode-se dizer que, de uma maneira geral, a
distribuição geral, das temperaturas médias anuais é fortemente
condicionada por este fator, ou seja, as maiores médias anuais
registram-se na região onde o sol incide perpendicularmente, e as
menores onde a irradiação é mais inclinada.
129
Este é o principal problema da região no período de verão,
quando se apresentam as temperaturas mais altas, (com valores que
variam de 36º C a 40º C). Para esta situação é importante verificar as
condições das construções.
O hotel Hidrotermal está com as edificações implantadas
com distancias mínimas de 10 m entre si, fator que favorece a
circulação do ar. Possui extensas áreas gramadas, cortadas por
circulações calçadas que interligam espaços de descanso, refeições,
lazer e serviços, circulação de veículos, contribuindo para reduzir a
um mínimo a reflexão da radiação solar incidente.
Segundo Mascaró, (1991 p. 29), o ar quente na parte mais
alta dos morros provoca graus-dias de refrigeração nos vales ou na
base das encostas, caso presente no estudo em questão.
4.2.3 Ventos
Na região de implantação o Hotel Hidrotermal os ventos
o fracos com a maior incidência no período da tarde. Conforme
explicado em Mascaró (1997, p.27) as características do entorno,
como topografia, vegetação, massa construída, contribuem para
aumentar ou diminuir a intensidade dos ventos, modificando seu
desempenho. Como os ventos na região são de fraca velocidade e
FIG. 112
Classificação Climática Segundo Köppen
Fonte
:
http://www.pr.gov.br/iapar/sma/Cartas_Climaticas/
FIG. 113
Umidade Relativa Anual.
Fonte :
http://www.pr.gov.br/iapar/sma/Cartas_Climaticas/
130
com baixa freqüência, o controle das altas temperaturas e da
radiação solar direta foi amenizado pelo emprego de árvores de
grande porte, recurso utilizado na área de estudo. “Plantas de grande
porte têm poder de amenizar a temperatura do ar”.
FIG. 114
Direção Predominante do Vento.
Fonte :
http://www.pr.gov.br/iapar/sma/Cartas_Climaticas/
b) Vegetação implantada
Especificamente na área em estudo, devido à intensa ação
antrópica durante o processo de colonização da região, por sinal
bastante recente, com a derrubada da vegetação original para
aproveitamento da madeira e implantação da atividade agropecuária,
a cobertura vegetal limita-se à mata nas frases iniciais de
regeneração natural, caracterizando-se pela ausência das espécies
nobres da mata nativa, florestas exóticas de Pinus e Eucaliptos nas
encostas mais íngremes e ladeando cursos e coleções de águas. As
lavouras anuais e pastagens ocupam áreas beneficiadas por uma
topografia mais plana. Estas características de ocupação de solo
aliada a suas características geológicas e físico-químicas do
sistema, garantem um balanço hídrico positivo, sem déficits,
atestados pela abundancia de águas frticas, observada em
inúmeros poços tipo cacimba existentes na propriedade
imediações.
DESCRIÇÃO DO HOTEL
1 - A estrutura completa edificada neste Hotel está assim
distribuída
Apartamentos Bloco A área 960,00 m².
Apartamentos Bloco B ala 1 756,00 m².
ala 2 1.600,00 m².
2.316,00 m².
BLOCO C - Suítes
C.1 – 400 m².
131
C.2 – 300 m².
C.3 – 450 m².
1.150 m².
Chalés 220 m².
Área total construída = 10.116,28 m² = 39,36% da área total do
terreno.
Área total edificada em apartamentos para hóspedes =
3.686 m² divididos em 120 apartamentos, correspondendo a
51,60% da área construída. Área de alimentos e bebidas, junto com o
setor de eventos e convenções com áreas de uso operacional e social.
Serviços e infra-estrutura somam 450,00 m² correspondendo a
8,74% da área total.
4.3 Áreas do setor do hotel
Os apartamentos do edifício A voltados para NO são
protegidos por árvores com copas altas como a Peroba Rosa, Pau
d’alho, Canafístula e outras, que filtram a radiação solar no verão,
amenizando a temperatura interna e, no curto período de inverno,
que se restringe a poucos dias, permite a insolação da alvenaria da
construção.
FIG. 115
Bloco B do Hotel Hidrotermal. Fonte: Fotografia Sonia Pessa de
Oliveira
Já os blocos C por serem térreos e estarem em nível mais
baixo do que o Bloco A e por não estarem implantados na
condição mais favorável da incidência solar estão protegidos por
beirais amplos e por um bosque ralo de árvores de grande porte
como Gurucaia, Cabriúva, Angico Branco, com copas altas e
frondosas que permitem a passagem dos fracos ventos da região,
mas que contribuem para a sensação de conforto proporcionada
132
pelas sombras das árvores. Os dois edifícios que formam o Bloco B
possuem dois pavimentos e têm acesso pela face sudeste
compreendendo: circulação de acesso e hall de entrada.
As janelas dos quartos e banheiros estão voltadas para
oeste e são protegidas da radiação do sol da tarde, por varandas com
beirais amplos que se abrem para o lago e o bosque de proteção do
Rio Laranjeiras.
4.4 Orientação das edificações quanto à vegetação e à insolação.
A maior parte do complexo está orientado para o Norte
conforme a implantação.(Fig.119) É composto por edificações
rreas, em barras, nos blocos A, C e D e em dois pavimentos no
bloco B.
O Edifício A contém a recepção e duas alas de
apartamentos, situados à direita e à esquerda do acesso principal.
Está circundado por superfícies gramadas e superfícies calçadas.
Tratando-se da construção principal, concentra toda a distribuição de
hospedagem. São poucas as árvores de porte situadas em frente a
este bloco. As unidades de habitação voltadas para SE apresentam
problemas de temperatura pela incidência de sol da tarde mais
intensa na ala direita do que na esquerda.
FIG.116
Planta do nível 1 Bloco A
Fonte: Arquivo do Hotel Hidrotermal
.
.4.5 Caracterização e classificação do hotel
Quanto à classificação deste tipo de hotel, embora não
existam padrões universalmente considerados, pode-se situá-los
tendo por base estudos e pesquisas efetuados em hotéis de
diferentes categorias. “O número de apartamentos (ou de unidades
habitacionais, UH, como são comumente designados
apartamentos e suítes), deve ser estabelecido mediante estudo do
mercado” (Andrade, Brito e Jorge, 2000).
133
O número de apartamentos é um dado importante para a
estimativa das demais áreas de hotéis de diferentes categorias,
levando-se em consideração os programas pretendidos. O Hotel
Hidrotermal tem área edificada conforme quadro na tabela 1:
A área de implantação do hotel é ampla, 20 alqueires, e foi
situada a dois quilômetros de distância do Rio Formoso visando a
proximidade com a fonte de águas termais. Tendo sido construído de
acordo com o crescimento do empreendimento, os blocos estão
próximos entre si e ampliações e reformas executadas, aconteceram
procurando a adequação aos edifícios existentes. O partido adotado
seguiu a tipologia do Hotel Águas de Santa Clara. O sistema
construtivo das primeiras edificações mostra edifício em fita, com
pilares de madeira entre as paredes e entre os vãos das esquadrias de
portas e janelas. Os Blocos A (recepção) e C (suítes) foram
edificados com a laje de forro montada sobre uma tela de aço,
estruturada sem vigas no sistema de estuque (concreto leve sobre a
tela) e vigas de madeira para sustentar a cobertura sobre telhas de
barro. A região apresenta uma grande quantidade de pedras bola que
foram utilizadas durante muito tempo como elemento de acabamento
sobre muros de arrimo, nos canteiros e nas passarelas de
circulação de pedestre.
Paredes maciças de tijolo e pedra foram empregadas para
manter a temperatura interna confortável durante o ano. Lareiras
estão dispostas nas áreas sociais e são mantidas acesas em
períodos de baixa temperatura.
O contrapiso é em concreto sobre base de pedras britas,
revestidos de ardósia e placas cerâmicas na cor do tijolo. Esta
proposta de uso de materiais rústicos pretende, segundo
informado, integrar o edifício ao sítio e empregando materiais e
técnicas construtivas regionais.
O resultado obtido foi adequado ao clima e à região de
implantação. Elaborado pelo proprietário, foi por ele
personalizado. A arquitetura eclética resultante é despretensiosa
mesclando materiais regionais, aos quais foram acrescentados
elementos estruturais de o, que vencem um vão de 18 m sem
apoio, e fechamentos laterais em alvenaria. A solução empregada
na recepção é cara sem ser ostensiva, atendendo as limitações da
região e necessidades do programa.
134
Estes acréscimos, alterações e reformas foram executados
nas ampliações, respeitando a arquitetura existente.Foi possível
perceber que a proposta implantada alia a arquitetura regional ao
sistema funcional com o uso de estrutura metálica A edificação
existente, sob o ponto de vista enertico ambiental, teve como
princípio fundamental a redução de custo operacional,
a) área pavimentada e
gramada: 13.000,00 m2
b)Área edificada:
10.116,28 m², distribuídos conforme tabela abaixo.
TABELA 1
Bloco A (apartamentos, recepção e lobby)
2.011,84 m²
Bloco B (2 edifícios de apartamentos)
2,379,69m²
Bloco C (3 prédios de suítes)
645,00 m²
Área edificada das piscinas
940,75m²
Buffet do restaurante
282,96 m²
Restaurante
939,00 m²
Piscina coberta
1.036,07m²
Chalés
160,00m²
Aposento da gerencia
126,00 m²
Casa de mamadeira
25,30 m²
TOTAL
10.116,28 m²
Fonte: Referências em Projetos do arquivo do Hotel Hidrotermal.
Edificado em área rural, situado entre dois rios, num fundo
de vale, e inserido numa área com vegetação densa, com área de
reflorestamento próprio e vegetação natural, o Hotel Hidrotermal,
possui 120 apartamentos, não apresenta classificação pela
EMBRATUR ou ABIH por não considerar relevantes os critérios
estipulados pelas duas entidades. Intitula-se hotel 4 estrelas,
embora possua requisitos para obter 5 estrelas nas classificações
dos órgãos afins. O Guia Quatro Rodas menciona-o como hotel
fazenda. Além dessa classificação da Revista 4 Rodas, o hotel
cabe ainda em três outras categorias distintas: Resort, Estância
Hidromineral, Hotel Ecológico e Hotel Fazenda.
Tomando por base de referência o padrão da
EMBRATUR, o Hotel Hidrotermal situa-se entre um hotel
fazenda e um resort, já que um hotel fazenda possui até 100
apartamentos e o hotel estudado, conforme já mencionado possui
120 e está aumentando para 170. Os quartos também são maiores
(no Hotel Águas de Santa Clara, os quartos medem 13,50 m² e no
Hotel Hidrotermal, 25,50 m²) e oferecem maior diversidade de
áreas de lazer do que os hotéis fazenda. A localização do hotel em
área rural exigiu da administração a solução de dotá-lo com
multiplicidade e variedade de locais de lazer. O regime de
contrato predominante é o de “pacotes semanais’com
possibilidade de três variações na baixa temporada: pacote de 2ª a
5 ª feira, pacote de 6ª feira a domingo e pacote de semana fechada,
135
todos eles incluem três refeições diárias, pernoite, o uso da
estrutura do hotel, shows preparados e desenvolvidos por
funcionários Outra diferença em relação aos hotéis fazenda está nos
pacotes de alta temporada que incluem shows com orquestra,
grupos musicais, danças, happy-hour, programas esportivos e de
lazer com monitores, etc., além dos mais corriqueiros como a
pescaria, passeio a cavalo, pedalinhos nos lagos, passeios de
bicicleta, e outros. A administração é familiar e conta com
funcionários especializados.
Seguindo as recomendações para hotéis de lazer, o Hotel
Hidrotermal conta com as seguintes áreas:
a) Área de hospedagem, de acordo com padrão constituído para
esta tipologia;
b) Áreas públicas sociais contendo lobby, salas de estar, sala de
TV, biblioteca ( sala de leitura), restaurante, bares e salão de
eventos para 400 pessoas;
c) Áreas administrativas compondo-se da recepção, gerências,
reservas, marketing, contabilidade e divio de recursos
humanos.
d) Áreas de serviço: lavanderia, vestiários, manutenção e
depósitos.
e) Área de alimentos e bebidas constando de: recebimento,
pré-preparo, câmaras frigoríficas, almoxarifados, cozinha
principal e adega.
f) Áreas de equipamentos, central de água gelada,
subestação, quadros de medição, grupo motor-gerador,
casa de bombas de recalque e caldeiras.
g) Áreas recreativas contendo: quadras de esporte, salões de
jogos, piscinas, parque aquático, os dois rios com águas
medicinais em quatro pontos de captação, espo para
banho de lama medicinal, saunas e três lagos.
O Hotel Hidrotermal possui, ainda, uma área de visitação
onde se desenvolvem as tarefas diárias da fazenda, tais como:
ordenha, alimentação dos animais, pocilgas e currais.
A localização dos prédios principais se faz no sentido
norte.
136
A ventilação e iluminação natural são favorecidas em todos
os espaços, filtradas pela presença de vegetação de médio e grande
porte.
O complexo é formado por vários blocos dispostos
paralelamente ao terreno, exceção feita a duas unidades de
apartamentos localizados paralelos ao lago e perpendiculares aos
demais.
O hotel foi iniciado com nove chalés com dois
apartamentos em cada unidade e com o bloco principal com 22
apartamentos, num total de 40 quartos.
Durante 20 anos, manteve-se com a exploração de
programas alternativos, que possibilitaram o uso das instalações das
piscinas térmicas independente da hospedagem.
A taxa de ocupação média anual foi de 70% em 2001 e
mostra uma projeção de 75% para 2002.
4.6 Estudo da edificação
4.6.1 Estrutura Física
Os blocos estão distribuídos na área central do terreno, e
afastados entre si, visando privacidade, ventilação e insolação.
O edifício principal adapta-se à declividade do terreno e
está resolvido em um ou dois pavimentos de acordo com esta
declividade.
Reformulado, o prédio principal preserva as mesmas
características do edifício que lhe deu origem, redistribuindo,
através de um bloco central unidades de apartamentos nas alas
esquerda e direita.
Como o hotel Águas de Santa Clara, que lhe serviu de
referência, possui apartamentos dispostos frente a frente. Sofreu
reformulação em 1993, mas manteve suas características originais
por exigência dos proprietários.
A circulação entre os apartamentos se amplia no acesso
aos quartos com recuo dos banheiros, formando espaços mais
amplos. O lobby está resolvido com pé direito duplo e mezanino,
protegido por uma pirâmide de iluminão zenital que permite a
entrada da luz natural para o espo central.
A solução arquitetônica do hotel em barra se assemelha
ao hotel Águas de Santa Clara. A mesma proposta para unidades,
137
difere do hotel que lhe deu origem pelo aumento de espaço onde se
encontram as portas dos quartos.A horizontabilidade da fachada é
quebrada apenas pela esquadria de madeira das janelas e seccionada
pelo volume do acesso principal formando um grande pórtico. A
construção mescla o estilo rústico e convencional de alvenaria com
pilares de madeira, ao uso de estrutura metálica no átrio, solução
adotada, segundo os proprietários, para permitir vãos mais amplos.
O uso de materiais regionais faz lembrar o hotel Park São Clemente,
de Lucio Costa.
4.6.2 Avaliação da cobertura
É reduzido o período de dias nublados, variando em função
da estação, mantendo uma média de 60 dias por ano. Como os
ventos na região são de baixa velocidade, o equilíbrio entre a
situação de conforto e o baixo consumo de energia tem-se
constituído num desafio para a administração do Hotel Hidrotermal.
Há que se avaliar de que forma outros aspectos
construtivos, dentre os quais o mais significativo é a cobertura,
podem contribuir na redução do consumo de energia elétrica para
atingir o bem-estar.
No caso do Hotel Hidrotermal a solução dos telhados dos
blocos dos apartamentos, foi considerada satisfatória.
A inclinação da cobertura em 35% melhora a condição
de ventilação relativa da câmara de ar pelas frestas entre as telhas
e a laje.
No Hotel Hidrotermal a solução adotada para os telhados
dos edifícios foi definida de acordo com o uso dos espo.
Quatro tipos de abertura foram utilizados
Telhas de barro
No Bloco A da recepção e apartamentos
No Bloco B- dois edifícios com apartamentos
No Bloco C edifícios em fita suítes.
Telhas de concreto celular
Piscina coberta
Complexo do Parque Aqtico
Telhas Shingle
Cobertura de Proteção da circulação entre o
Bloco A e o restaurante
Bloco de recepção e apartamentos Cobertura de acesso do Sushi bar, Bar do Golfinhos e o Restaurante.
Fonte Arquivos do Hotel Hidrotermal. Foto Nelson Cerqueira
Cobertura de acesso entre a recepção e o restaurante. No primeiro plano pode-se observar as telhas de barro
interligadas à cobertura com telhas Shingle e ao fundo o restaurante com telhas de barro e o anexo em telhas
Single e domus de policarbonato. Fonte Arquivos do Hotel Hidrotermal. Foto Nelson Cerqueira
Chimarródromo, tendo ao lado a Casa de Mamadeira coberta com telhas Shingle
Fonte Arquivos do Hotel Hidrotermal. Foto Nelson Cerqueira
Parque Aquático – Neste espaço foram utilizadas telhas de concreto celular e placas de policarbonato
alveolar azul, com domus de ventilação permanente. Fonte Arquivos do Hotel Hidrotermal. Foto Nelson
Cerqueira
138
Casa de mamadeiras
Anexo do restaurante
Chimarródromo.
Foram observados os telhados com telhas cerâmicas onde a
inclinação de 35% mostrou, conforme cálculos no anexo, atender as
condições de ventilação relativa da câmara de ar pelas frestas das
telhas nos ambientes com laje.
A cobertura do restaurante não possui forro e recebe toda a
radiação solar incidente sobre a cobertura. Neste ambiente foi
adotado o sistema de aspersores, ligados duas vezes ao dia. Esta
solução reduz em C a temperatura interna, quando teria condições
de redução de até C (a troca de calor por evapotranspiração deve,
segundo Hopkinson, Pethebridge e Longmore, 1966, gotejar sobre a
superfície do telhado, provocando a evaporação). Aparelhos de ar
condicionado são acionados em todo o período de verão para
redução da temperatura ambiente.
Já em outros espaços, como no caso da área de buffet, a
solução adotada foi a de uso de telha Shingle com subcobertura de
manta térmica aluminizada e forro em chapas planas de eucalipto
tratado, revestido com laminado melaminico cor branca, domos
piramidal. em policarbonato alveolar com 10 mm de espessura e
película refletiva com ventilação permanente.
Esta solução mostrou-se mais coerente embora, a adoção
do policarbonato como solução para iluminação, aumente
sensivelmente a temperatura interna. Se adotada uma solução de
vidro refletivo insulado, o conforto seria maior com o mesmo
nível de aclaramento interno.
A copa de distribuição de alimentos, que compreende a
extensão desta construção, recebeu proteção com manta
aluminizada, tipo durafoil e forro de PVC branco. Possui
aberturas na altura de 1,60 m e 2,80 m que permitem a saída de ar
quente com a renovação e entrada do ar fresco.
O número de dias nublados foi de 60 no ano de 2001 com
uma média de 17% , de dias chuvosos. O cálculo da média anual
mostra que em 70% dos dias, a temperatura oscila entre 25 e 35º
C entre o período de 10:00 e 17 horas; assim é importante o
emprego de soluções adequadas para a cobertura nessa região.
Outro fator importante é que a variação de temperatura é
considerável. Às 6 horas da manhã as temperaturas giram em
139
torno de 6 a C e passam para 25º C conforme gráficos abaixo,
nos meses de verão.
Média das temperaturas calculada entre os anos de 1998 a 2002,
no período da manhã.
Gráfico
1
Fonte: Dados fornecidos pela
administração do Hotel.
Média das temperaturas calculada entre os anos de 1998 a
2002, no período da tarde
.
Gráfico
2
Fonte: Dados fornecidos pela
administração do Hotel.
Assim os telhados das edificações nesta região devem
prever a situação de isolamento térmico para conforto interno em
função das altas temperaturas nas horas mais quentes do dia. Foi
140
percebido pelos proprietários do Hotel em estudo, que as edificações
de dois pavimentos apresentam no primeiro andar, melhores
condições de habitabilidade durante o verão. Esta afirmação pode ser
confirmada pelos estudos elaborados por Mascaró (1991, p.53),
quando coloca quecom a altura, aumenta a perda térmica por
conveão devido ao movimento natural do ar”.
Para os períodos de frio intenso a solução adotada foi a de
lareira nos ambientes públicos. Assim, para o restaurante foi adotado
um sistema de lareira com aquecimento de água distribuída em
radiadores ao longo do sao e que aumenta a temperatura em até 7 º
C, conforme dados fornecidos pelo Hotel (vide gráficos anexo 2).
O número de pessoas que freqüentam o hotel nos meses de
inverno é em torno de 60% da capacidade de ocupação, conforme
gráfico de temperaturas no anexo 2 o que corresponde a uma média
de 240 pessoas. Durante o jantar, é apresentado um show onde a
freqüência é alta, assim o calor emitido pelos usuários, mais o
acréscimo da temperatura em 7º C, mantém o ambiente em uma
média de 18 a 23 º C, confortável para a estação.
Se a radiação solar máxima, no período crítico de verão,
com u livre de nebulosidade fosse igual à de Porto Alegre a
cobertura estaria submetida a uma temperatura de 68,46 ºC, daí a
importância das considerações sobre as soluções adotadas para
cobertura.
No Hotel Hidrotermal, esta situação nas áreas dos Blocos
A, B e C poderia ser amenizada com a utilização de telhas claras e
da aplicação de elementos de subcobertura.
Em relação ao Bloco D, com a ausência de forro a
situação é mais grave, necessitando de providências para
solucioná-la e para isso a avaliação foi específica.
4.6.3 BLOCO A
4.6.3.1 Considerações Iniciais
O corte esquemático do Bloco A tem sua fachada de
implantação voltada para o Norte, e está indicado na planta
abaixo.
Os espaços do Bloco A estão distribuídos nos seguintes
ambientes: lobby, recepção, departamento de contabilidade, sala
de diretoria, 16 apartamentos da ala esquerda (dos quais foram
analisados dois, a saber: o de número 50 e o de número 51) e 24
141
apartamentos da ala direita, sendo que 6 deles se localizam no nível
dois.
FIG. 117
Planta do Bloco A. Fonte: Arquivo do Hotel Hidrotermal.
a) Outros dois blocos aqui definidos como unidades do Bloco
B com 34 e 16 unidades cada um, e com dois pavimentos,
o apartamentos de pado médio, com 33,75 m² , e diferem
dos anteriores no tamanho das unidades com quartos e
banheiros maiores, varandas individuais e vista para o lago.
b) No Bloco C estão: as suítes, com 45,50 m², que estão
dispostas em três pdios, sendo um com 10 unidades, um
com 8 unidades e outro com 12 unidades. Estas suítes
possuem ante-sala com duas camas, 1 banheiro que serve
aos dois quartos e onde a bancada da pia é separada das
demais peças. O quarto principal possui uma cama de
casal, espaço mais amplo e mobiliário mais elaborado,
com mesa para café da manhã e outros acessórios, como
por exemplo, secador de cabelos. As áreas de ventilação e
iluminação destes ambientes são menores que os demais
como será apresentado na seqüência.
c) Estão sendo construídos mais dois blocos com 26
apartamentos cada um, dispostos em dois pavimentos e
servidos por elevadores hidráulicos. Cada bloco terá seis
suítes, com 78,00 m², e 20 apartamentos e um tamanho
maior do que todas as unidades construídas (50,00 m²) e aí
se pretende implantar um sistema de ventilação e
iluminação com o resultado dos dados levantados por esta
pesquisa.
Todos os quartos e banheiros recebem ventilação e
iluminação natural. Para o estudo foram escolhidos:
142
- Do Bloco A uma unidade com incidência solar norte e uma
unidade com incidência solar sul e os ambientes de recepção,
administração e diretoria.
- Do Bloco B duas unidades, sendo uma no primeiro
pavimento e outra no segundo, por estarem os dois blocos
com a mesma implantação no sítio.
- Do Bloco C uma unidade avaliada no bloco intermediário.
- Para analisar estes dados foram utilizados os índices de
temperatura, nebulosidade e dias de sol, fornecidos pelos
proprietários.
- Para complementar foram medidos as iluminâncias em duas
situações com céu claro, as medidas foram tomadas nos
períodos entre 9:00 e 12:00 horas, e num dia de céu nublado
as medidas foram feitas entre as 15:00 e 18:00 horas, usando-
se um luxímetro marca, ICEL, modelo LD 500.
4.6.3.2 Estudo da edificação. Condições de ventilação e
iluminação naturais do Bloco A
Este edifício, com as dimensões de 13:00 m de largura
por 12:00m de comprimento está disposto em três pavimentos
com o prédio acompanhando o declive do terreno, assim a área de
acesso e lobby, a recepção e a boutique, as salas de controle de
hospedagem, gerência, sala da diretoria, aposentos particulares da
gerência dos Blocos A e B e gerência geral estão no térreo. Logo
acima da recepção, em meio nível, está situada uma biblioteca
com acervo histórico do hotel; no primeiro pavimento está a sala
de TV, a sala de estar com jogos de salão e lareira.
FIG
.
118
Corte esquemático do Hotel mostrando a implantação de acordo com
a inclinação do terreno. Fonte: Arquivo do Hotel Hidrotermal.
143
No nível dois estão dispostos os ambientes de sala de
controle de funcionários, departamento pessoal, sushi-bar com
lareira e sobre ele, no nível um, uma sala de jogos eletrônicos.
Conforme pode ser visto na implantação o Bloco principal é
conectado ao Bloco de serviço e ao Bloco do restaurante por
coberturas resolvidas com estruturas melicas. Sob esta cobertura
está disposto o bar da piscina central.
FIG 119
.Implantação geral do complexo do Hotel Hidrotermal.
Fonte: Arquivos do Hotel
.
O lobby é um espaço de caráter transitório e funcional e
mostra a filosofia da empresa, estabelecendo o sistema de
circulação horizontal e vertical. Com atividades múltiplas têm uso
condicional. Aqui estão instaladas a recepção e distribuição dos
hóspedes por apartamento (chek-in), as informações sobre a
estrutura e o funcionamento do hotel, sala de estar, o acerto de
contas (chek out).
A valorização e hierarquia dos espaços é facilmente
identificada quando a iluminação está correta. Neste caso, o
espo resolvido como átrio está iluminado por domos zenital.
Como a luz do dia varia com intensidade e conforme a
posição do edifício, a incidência da luz solar difere, daí a
importância de um adequado projeto arquitetônico. O jogo de luz
e sombra no interior do edifício tanto depende da referência acima
mencionada, quanto da distribuição da iluminação artificial, de
sua intensidade, cor e forma da iluminação. No caso do Hotel
Hidrotermal esta solução foi adotada para o espo do lobby e
recepção. A escolha da iluminação lateral e zenital para o edifício
de hotel, tem condicionantes e benefícios. O hotel objeto de
estudo adotou as duas soluções.
Área de recepção mostrando aclaramento proporcionado pelo domus zenital central às 10 horas da manhã.
Fonte. Arquivos do Hotel Hidrotermal. Foto Nelson Cerqueira
144
A luz incidente sobre a área central do espo de recepção,
é distribuída, proporciona iluminância suficiente em todo o espo e
principalmente no balcão de atendimento. Tem o inconveniente de
provocar ofuscamento quando o ângulo de incidência do sol ocorre
sobre a cúpula de policarbonato.
Como a área do domos zenital é grande e alta 4 x 4m de
base e 9 m de altura dispensa o uso de iluminação artificial durante
o dia. A superfície iluminante é composta por chapas planas de
policarbonato alveolar 10mm sobre a qual foi aplicada película
refletiva. São poucos os dias em que a nebulosidade é total e o nível
de aclaramento é reduzido a 30%.
O hotel átrio, como lembra Bangert (1993) foi uma
proposta de Portman que pretendia a interiorização da cidade, com o
aproveitamento da iluminação exterior. A solução de iluminação
pela abertura zenital além de proporcionar um ambiente agradável,
cria a sensação de amplitude do espo interno, situação esta
presente na solução adotada para este espaço.
O piso deste ambiente é de granito escuro com desenhos
geométricos claros o que reduz a refletância da incidência de luz
natural, entre o domos zenital e a cobertura; janelas pivotantes no
eixo horizontal são acionadas por correntes que as mantém abertas
nos dias quentes e fechadas em condições de temperatura baixa. O
ar fresco que entra pelas janelas e portas empurra o ar quente que
flui por essas aberturas dispostas nas quatro faces da cúpula em
forma de pirâmide.
FIG.120
Direção dos ventos representados em corte da área de recepção. Fonte
Arquivo do Hotel
Semelhante à proposta Águas de Santa Clara, o Hotel
Hidrotermal adotou amplas aberturas em toda a extensão da
entrada social e beiral de proteção.
A iluminação proporcionada pelas altas janelas da
fachada principal é limitada pela cobertura de proteção de acesso
que serve de sacada para o piso superior e determina um fator de
sombra sem direcionamento de iluminação incidente. Como o
piso é escuro, essa refletância é baixa. A iluminação artificial
145
utilizada neste ambiente é composta por lâmpadas fluorescentes
compactas para reduzir custos, segundo a direção do Hotel.
A solução adotada é coerente com a região, em função das
altas temperaturas. Segundo Aguiar (1998, p.94), “ à medida que
aumenta a iluminância deve-se esfriar a cor da luz, observando que
quanto maior a temperatura mais fria deve ser a cor da luz”.
FIG. 121
Planta de Situação do Hotel Hidrotermal. Fonte Arquivo do Hotel
Levantando-se os dados das aberturas e tipos de solução
adotadas, foi possível identificar o fluxo de ar natural do espo do
saguão (verificar os cálculos no anexo 3).
FIG. 122
Fachada principal e foto interna do lobby. Fotografia: Sonia Pessa de
Oliveira.
A ventilação necessária seria 23,26 m². A ventilação
obtida no ambiente é 28,80 m², logo o espo analisado atende à
condição de ventilação. A2 = 16,28 m². O ambiente possui A2
com 28,00 m² - logo a situação de ventilação é atendida.
Verificação do espo quanto à iluminação O ambiente
é iluminado com luz natural por domos de policarbonato alveolar
10 mm em forma de lanternim com área de 4 m x 4 m. A área em
planta do local é de 15,00 x 13,00 = 195,00 m² - a área do zenital
é de 16,00 m².
A planta deste espo com 13,00 m de largura e 15,00 de
comprimento possui área total de 195,00 m², iluminada por um
domos zenital com área de base de 16,00 m² e forma piramidal
146
(cálculos no anexo 3). .O nível de aclaramento necessário é de 500
lux/m² para realizar tarefa visual, na latitude 24º S correspondente a
Iretama para equinócios entre 9 horas e 15 horas é de 48.000 lux
para céu claro e 18.000 lux para céu nublado.
O cálculo obtido corresponde à área necessária, o que pode
ser observado no local. Segundo informação dos funcionários que
trabalham neste ambiente, há um período entre 14horas e 30minutos
e 16 horas e 30 minutos, que o ângulo de incidência do sol provoca
ofuscamento, como já havia sido mencionado. A solução seria
adotar cortinas ou toldos controlados eletrônica
mente, que resolveriam o desconforto desse período.
A iluminância do espo, medida sobre o balo da
recepção no dia 16/09/2002, às 16 horas apresentou valores de 340
lux com iluminação natural e 550 lux com iluminação artificial.
Já no dia 23/09/2002, foi repetida a medição no mesmo
local, às 10 horas em condição de céu claro, e o valor obtido foi 560
lux sem auxílio de iluminação artificial e 890 lux com a iluminação
artificial em funcionamento. Neste local as condições de ventilação e
iluminação estão de acordo com os valores previstos pela ABNT -
NBR 5413/92, para conforto visual e térmico sem acréscimo de
consumo de energia elétrica. O ambiente não dise de aparelho
de ar condicionado e os funcionários alegaram que em condições
de temperatura acima de 35º C seria necessária ventilação
mecânica. No gráfico 12 (anexo 4), que informa a média de
temperaturas máximas, é possível verificar que os meses de
Dezembro, Janeiro e Fevereiro apresentam alguns dias com estas
condições.
TABELA 2
VARIAÇÃO DA APARÊNCIA DE COR EM FUNÇÃO DA ILUMINÂNCIA
Temperatura
de cor
correlata
Aparência de
cor
Iluminância
< 500
500
1000
1000 2000
2000
3000
> 3000
> 5000º K
Fria (branca a
azulada)
Pobre
Neutro
Agradável
3000 a 5000º
K
Intermediária
(branca).
Neutra
Agradável
Estimulante
< 3300º K
Quente
(branca
avermelhada)
Agradável
Estimulante
o natural
Fonte: Manual Philips, 1986, apud Santafé Aguiar1998, p. 94.
Segundo a recomendação MAHONEY (apud Mascaró,
1982), é interessante adotar para a região tropical úmida aberturas
grandes, 40 a 80% da superfície das paredes que as contêm,
protegidas da radiação solar e térmica e orientadas na direção de
ventos dominantes, o que foi atendido neste espo de lobby.
147
Como a ventilação natural em função dos ventos é baixa,
em torno de um metro por segundo, as aberturas amplas das janelas
melhoram a sensação de conforto.
Sabe-se que quanto menor for a velocidade do vento, maior
deve ser a abertura das janelas, para melhorar a circulação de ar.
a) Sala de contabilidade
Interligada à recepção esta sala voltada para Leste, recebe
boa iluminação natural no período da manhã. A incidência do sol até
às 9 horas causa ofuscamento sendo necessário manter a cortina
fechada. No período da tarde é preciso manter as luzes artificiais
acesas. O baixo rendimento da iluminação artificial usada foi
conferido com o luxímetro. Neste espo a iluminância está abaixo
do recomendado pelas normas ABNT-NBR 5413/92. A
produtividade dos funcionários chega a cair 28% quando a
iluminância média é baixa. Os valores recomendados pela
THERMIE (apud Aguiar, 1998, p. 92) informados na tabela 12,
indicam iluminânicas de 400 a 650 lux para áreas de escritório. Para
evitar a fadiga visual e a redução de produtividade é necessário dotar
o espo de um sistema de iluminação artificial bem distribuído
que evite sombras e refletâncias inconvenientes.
b) Sala de diretoria
O espo desta sala é amplo, pintado com cores claras e
bem iluminado.As janelas ocupam quase toda a parede que as
contêm. Devido a proximidade com a piscina, as janelas são
mantidas permanentemente fechadas. Com o emprego de vidros
fantasia o aclaramento interno foi reduzido. A solução
arquitetônica das janelas, embora correta, em relação ao espaço,
o foi adequada em relação ao uso. Para não ser incomodado
pelo barulho das pessoas que usam a piscina, o ar condicionado é
mantido ligado quando a sala está em uso. Por se tratar da sala da
presidência, este recinto não tem uso constante. O trabalho
desenvolvido pelos proprietários só se resume ao escritório para
reuniões com gerência dos departamentos ou atendimento
especial. (no anexo 3 )
148
A sala da Diretoria é ocupada normalmente por uma
pessoa; em dias de reuniões, uma vez por mês, este número aumenta
para seis pessoas.
As dimensões da sala são as seguintes: 4,5m x 5,5m x 2,8m.
O tipo de trabalho desenvolvido neste ambiente é sedentário
e o edifício é bem isolado termicamente. O tamanho das aberturas do
ambiente é 0,70m x 1,40m em série de 4, equivalendo a um total de
2,80m x 1,40m, com duas séries de aberturas idênticas. A medida
do peitoril é 0,90m, com posicionamento face Oeste e a localização
abrange toda a extensão da parede.
O sistema de abertura utilizado é o de guilhotina (janela de
correr verticalmente).
Para um ambiente equivalente ao analisado, THERMIE
(apud Aguiar, 1998, p. 92) recomenda uma iluminância entre os
valores de 450 a 650 lux. Os dados coletados em 16/09/2002, com
u nublado às 15 horas, foram de 113 lux sem o auxílio de luz
artificial e de 213 lux com luz artificial, o que fica distante dos dados
sugeridos. No dia 23/09/2002, às 9 horas, com céu claro, os dados
coletados foram de 101 lux sem uso de iluminação artificial e 170
lux com iluminação artificial.
FIG. 123
Sala da Diretoria Fonte: Fotografia de Sonia Pessa de Oliveira
O sistema de iluminação artificial deste ambiente é
composto por 6 luminárias tipo Plafon com vidro translúcido
equipado com lâmpadas incandescentes de 40 Watts cada uma.
Sabe-se que os vidros translúcidos reduzem em cerca de 30% o
149
fluxo luminoso. As cores de teto e paredes do ambiente em questão
são claras.
Pode-se perceber que a iluminação desta área, embora com
grande número de janelas é deficiente. No período da manhã a
incidência da luz natural, em dia de céu claro, é menor do que a
iluminação em dia de u nublado à tarde. Fatores externos
contribuem para esta deficiência. Um amplo beiral reduz
consideravelmente a incidência do sol da tarde, o que reduz a
iluminação. A uma distância de 7m há uma fileira de árvores de
copas altas com até 4,50 m de altura reduzindo a iluminação que se
projetaria sobre esta fachada. O sol passa a incidir sobre a mesma a
partir das 14 horas e 30minutos e a ilumina até às 17h, no inverno.
No verão a incidência direta do sol sobre esta fachada acontece a
partir das 15 horas e 30 minutos e se estende até às 19 horas e 30
minutos (dados fornecidos pela administração do hotel).
O posicionamento em relação à ventilação, também não é
suficiente, e embora a sala seja protegida por beiral amplo, como
pode ser observado nas fotografias 93 e 94 é preciso utilizar
aparelho de ar condicionado em quase todos os dias do verão. O
vento passa paralelamente à fachada em questão. Há uma
preocupação em melhorar a ventilação.
O organismo humano experimenta sensações de
conforto quando perde para o ambiente, sem
recorrer a nenhum mecanismo de termo regulação,
o calor produzido pelo metabolismo compatível
com sua atividade (Frota e Schiffer, 2000, p.20).
Quando as perdas de calor são inferiores às necessárias,
ocorre a vasodilatação e exsudação provocando a sensação de
desconforto e fadiga física que resulta das condições ambientais
desfavoráveis, no caso específico aqui mencionado, provocado
pelo calor ambiente. Sendo, como já referido anteriormente, baixa
a velocidade do ar e alta a umidade relativa em região de clima
subtropical úmido, a uma temperatura ambiente de 30º C com
umidade relativa de 80%, o rendimento cai 28%, conforme
mencionam Frota e Schiffer (2000, p.25).
A média anual para 2001 foi de 33º (gráfico do anexo , p.
196).
Frota e Schiller (2000), comentam que os dados obtidos
em um estudo feito em Cingapura, de clima do tipo quente e
150
úmido, utilizando-se testes da psicologia experimental em indivíduos
aclimatados à região, apontam que a condição “optimum” para
conforto está na faixa de 25,5ºC na escala I.C.E.
Webb(apud Van Deventer & Van Straaten In: Frota e
Schiffer, 2000, p.28) estende esta aplicabilidade para algumas
regiões brasileiras como a Amazônia, condição esta bem acima da
zona de conforto ideal. Daí a necessidade de se recorrer a
refrigeração para paredes de ar condicionado.
FIG. 124
Corte secção A
Fonte: Arquivo do Hotel Hidrotermal.
c) Sala de controle de funcionários
Esta sala situa-se no nível dois, tem acesso pelo pátio de
serviço. Neste recinto são atendidos os funcionários e está situado o
espo de controle do cartão ponto. Desenvolvem-se aqui
atividades de escritório e trabalham, neste ambiente, duas pessoas.
A sala, com 3 m de largura por 4 m de comprimento, tem
janelas altas com peitoril de 1,40m. As janelas maximar tomam a
extensão de toda a parede de 3 m. O ambiente é claro e ventilado
pela man, à tarde o sol não incide sobre esta sala. Com a
proximidade das construções da cozinha e panificadora, a
cobertura que interliga estes espaços, reduz a iluminação natural.
O piso de ardósia verde reduz a refletância da luz natural. À tarde,
a partir das 16 horas, é preciso acender a luz artificial. .A
iluminância natural interna medida com o céu nublado foi 100 lux
e com u claro foi
113 lux
.
O espo possui 2 luminárias com
lâmpadas fluorescentes 2x40W que complementam a iluminância
necessária.
d) Sushi-bar
Este ambiente está situado no nível inferior no Bloco B é
um local onde é servido o buffet japonês duas vezes por semana.
Um ambiente agradável com uma atmosfera intimista possui uma
151
lareira que é acesa nas tardes do período frio. O espo possui um
espelho d’água, com pé direito baixo 2,30 m. A iluminação
artificial está localizada nas paredes, entre colunas, com espo
central revestido de espelho.
Este local é utilizado pelos hóspedes em pequenas reuniões
para jogos de carteado. As paredes sob os espelhos são emolduradas
em madeira e na área central uma pintura em textura verde musgo
completa a decoração. Mesa de ferro forjado com tampos em
mármore claro e cadeiras do mesmo estilo estofadas com estampa
floral torna o ambiente muito agradável. Portas de Blindex fecham o
espo sem isolá-lo do espo da piscina. Uma estrutura metálica
interliga o Bloco A ao Bloco de serviço e ao restaurante. Esta área
coberta protege o espaço de circulação connua de hóspedes do sol e
da chuva. A cobertura em telhas Shingle proporciona áreas de
sombra. A altura e o ângulo de abertura, além da distância entre os
blocos, não impedem a iluminação natural. Embora o conforto
térmico proporcionado pela cobertura seja adequado, é possível
perceber a deterioração do material de cobertura. O calor intenso
pode ter sido o elemento que reduziu a vida útil deste tipo de telha
instalada há 3 anos, e que será substituída por outra de diferente
material, segundo informação dos proprietários.
FIG. 125
Sushi-bar corte e planta. Fonte arquivo do Hotel
.
Sushi Bar mostra a solução de iluminação artificial e a integração do espaço do Sushi Bar e Bar da Piscina
Fonte Arquivos do Hotel Hidrotermal. Foto Nelson Cerqueira
.
152
Fig. 126
Sushi-bar. Fonte arquivo do Hotel.
e) Sala de Gerência
O nível de aclaramento para realizar tarefa visual para
trabalhos comuns de escritório estão entre 300 a 750 lux, considera-
se 500 lux para atividades moderadamente críticas e prolongadas.
(Mascaró, 1991, p.108).
Segundo a ABNT-NBR 5413/92, para tarefas que
requerem requisitos visuais normais, como escritórios, a
iluminÂncia necessária está entre 500 e 1000lux, ficando a
critério do projetista ampliar ou reduzir os valores da faixas de
acordo com o tipo de atividades adjacentes dependendo das
características do local e da tarefa.
As normas ABNT-NBR 5413/92 prevêem para uma sala
de escritório, quanto a iluminação artificial como
complementação permanente, uma mesma quantidade e qualidade
de iluminação que o sistema natural, no possível
O escritório de gerência de um hotel exige iluminância
entre 400 a 650 lux, segundo as normas vigentes (IRAM AADL
J 20-06 Buenos Aires, 1972) e THERMIE (apud Aguiar,
1998).
O espo físico desta sala é de 3,00 m x 3,50m,
totalizando 10,50 m². A iluminação e ventilação naturais são feitas
através de uma janela com vão total de 1,50 m de largura por 1,40
m de altura. Possui 2 aberturas em série, sentido leste compostas
153
por janela de correr no sentido vertical localizada no centro da
parede.
O ambiente sofre a incidência do sol da manhã provocando
ofuscamento sobre a superfície de trabalho. A solução arquitetônica
para não reduzir a ventilação seria adotar brises. Quanto ao
acabamento, utilizou-se ardósia verde para o piso e as paredes foram
pintadas com cores claras. Nas janelas, há cortinas brancas
translúcidas em tecido leve.
Para tomar as medidas de iluminação utilizou-se luxímetro
ICEL modelo LD 500 e foram registradas nos dias 16/09/2002, às 15
horas, com u nublado, obtendo-se 165 lux e em 23/09/2002, às 9
horas, com céu claro, sem utilização de luz artificial, obtendo-se 420
lux.
Nesta mesma data, obteve-se 520 lux, com utilização de
uma luminária fluorescente de 40W.
Em dia de céu claro, a mudança da posição da mesa de
trabalho para uma posição paralela à incidência de luz, altera a
condição de iluminação, evitando o uso de energia elétrica, embora
isso só possa ser feito nas estações do ano em que a incidência do sol
não cause ofuscamento.
Para verificação das condições de conforto do ambiente,
no verão e outono, com temperaturas acima de 30º C, calcula-se o
volume de ar necessário por pessoa. Isso permite que se verifique
se há ou não necessidade de incremento de ventilação no
ambiente. (cálculos no anexo 3).
f) Análise dos apartamentos número 50 e 51
Para a avaliação das condições de ventilação e
iluminação naturais foram escolhidos dois apartamentos, um na
fachada norte e outro voltado para a face sul.
É desejada uma atmosfera de conforto e de aconchego no
espo privativo, proporcionando ao hóspede a sensação de
intimidade. Ao procurar um hotel de lazer, ele espera encontrar
uma atmosfera diferente da realidade diária.
O quarto deve proporcionar a sensação de espo
envolvente e ao mesmo tempo ser funcional. Os interruptores
devem ser de fácil acesso e as luminárias, proporcionar diferentes
funções: uma iluminância distribuída para que o ambiente possa
ser iluminado diferenciadamente, luminárias dirigidas para
154
permitir leituras na cabeceira da cama, com fluxo moderável através
de dimner para controlar a intensidade luminosa, para atividades
como assistir televisão. É necessário dotar o ambiente de alternativas
de iluminação, uma vez que a luz de teto, neste tipo de situação,
provoca desconforto. Luzes difusas distribuídas na parede
constituem uma alternativa. Iluminações direcionadas próximas a
espelhos permitem maior visibilidade ao usuário. Quartos com boa
iluminação natural dispensam o uso de iluminação artificial durante
o dia.
A luz natural incide de forma diversa, de acordo com a
posição do aposento em relação à incidência solar. Os quartos dos
apartamentos voltados para a face sul recebem maior quantidade de
luz natural pela posição de insolação Foi possível perceber que em
dias de céu nublados apartamentos localizados na face sul são mais
claros que os apartamentos voltados para a face norte. Para
compensar, as janelas dos apartamentos da face norte (apartamentos
ímpares), deveriam ser mais amplas.
Mediu-se o a iluminância natural em duas situações:
Com dia de céu claro;
Com dia de céu nublado.
A primeira medição foi realizada em 16/09/2002, às 15
horas, com u nublado e obtendo-se 115 lux, no apartamento
número 50, face norte, sem luz artificial e 170 lux com as luzes
acesas.
O quarto foi dotado de uma luminária de teto, central, com
lâmpada incandescente de 60 Watts. O banheiro apresentou valor
de 135 lux sem luz acesa e 185 lux com a lâmpada incandescente
de 60 Watts no teto e uma lâmpada fluorescente de 12 W
iluminando a parede do lavatório.
A segunda medição realizada no mesmo ambiente foi em
23/09/2002, às 9 horas, com u claro obtendo-se 200 lux e 260
lux com luz artificial ligada. No banheiro o registro foi de 210 lux
sem luz artificial acesa e 270 lux com luz acesa.
Segundo as normas da ABNT-NBR-5413/92, as
iluminâncias recomendadas para os dormitórios são de 100 a 200
lux, valores que são atingidos, nos 260 dias de céu claro durante o
ano.
Para o apartamento de número 51 voltado para o Sul
foram tomadas medidas nos mesmos dias já mencionados, sendo
que:
Espo interno do apartamento 50
Fonte Arquivos do Hotel Hidrotermal. Foto Nelson Cerqueira
Banheiro do Apartamento 50
Fonte Arquivos do Hotel Hidrotermal. Foto Nelson Cerqueira
155
FIG.127
Apartamento do Hotel Hidrotermal. Fonte: Foto Sonia Pessa de Oliveira.
Em 16/09/2002 15 horas 270 lux sem luz acesa e 315 lux
com luz acesa.
Em 23/09/2002 9 horas 350 lux sem luz acesa e 440 lux
com luz acesa.
No BWC as medidas foram:
16/09/2002 15 horas - 115 lux com iluminância natural e
180 lux com iluminação artificial.
23/09/2002 9 horas 180 lux com iluminação natural e
240 lux com iluminação artificial.
As dimensões padrão recomendadas para janelas são de
25 a 40% da superfície das paredes que as contêm.(Mascaró,
1991, 128), para regiões sub-tropicais úmidas. No caso, com uma
parede de 3,50 x 2,70 a eficiência seria atingida se as janelas
tivessem abertura total e tomassem toda a largura da parede.
Nos quartos voltados para a face sul a condição de vento
é mais favorável, sendo esta a fachada voltada para a direção dos
ventos dominantes.
Os quartos possuem duas janelas com esquadrias de
correr no sentido verticais. Este tipo de solução proporciona a
entrada de ar fresco, pela parte inferior da janela e a saída de ar
quente pela parte superior. Embora possam ser manuseadas
conforme as necessidades individuais do hóspede, as janelas são
mantidas com a parte inferior fechada e a superior aberta. Nesta
posição o espaço interno não é devassado.
156
As janelas estão localizadas a 90 cm do piso. A folha da
esquadria inferior mede 75 cm e tem vidros translúcidos. Uma vez
fechada, a altura da abertura passa para 1,65m, o que proporciona
privacidade ao hóspede. Ocorre nesta situação a perda da ventilação
ao nível do corpo, ficando a ventilação do ambiente restrita à parte
superior da janela.
Ainda assim, nestes apartamentos, a ventilação é inferior à
mínima recomendada, conforme cálculos do anexo do BLOCO B.
Na condição de verão o ar condicionado precisa ser acionado para
proporcionar conforto, gerando um aumento de consumo de energia
elétrica nestas unidades.
4.7 O BLOCO B
O bloco B é formado por dois prédios com dois pavimentos
cada um e que diferem entre si pelo número de apartamentos que
contêm. Foi possível visitar apenas um dos edicios, que como
amostragem, considera-se suficiente por serem paralelos e por
possuírem a mesma implantação, uma vez que o objetivo desta
pesquisa é avaliar o desempenho da iluminação e ventilação
naturais.
As plantas da fig. 129 mostram os dois volumes em
planta. O prédio visitado é formado por 18 unidades em cada
pavimento, num total de 36. O edifício menor possui 16
apartamentos, oito no térreo e oito no primeiro andar.
A área de cada apartamento é 48,00m² sendo 6,00m de
largura por 8,00m de comprimento, assim distribuído: quartos
com 4,20m por 6,00m; banheiros com 1,50m por 3,80m e varanda
com 2,20m de largura e 6,00m de comprimento.
Quartos com 4,20m x 6m = 25,20m²; banheiros com
1,50m x 3,80m = 8,55m²; varandas com 2,20m x 6m = 13,20m².
Estas unidades possuem um custo, para ocupação, de
10% acima dos quartos anteriormente avaliados. Os equipamentos
o os mesmos, mas o mobiliário é mais elaborado e os cômodos,
mais espaçosos.
Apartamento do Bloco B 1º andar incidência de luz natural sobre o ambiente.
Fonte Arquivos do Hotel Hidrotermal. Foto Nelson Cerqueira
Varanda de Apartamento do Bloco C
Fonte Arquivos do Hotel Hidrotermal. Foto Nelson Cerqueira
BWC Apartamento Bloco B.
Fonte Arquivos do Hotel Hidrotermal. Foto Nelson Cerqueira
157
FIG. 128
Implantação do Bloco C com 36 unidades, sendo 18 em cada
pavimento. Fonte: Arquivo do Hotel.
.
FIG. 129
Plantas e cortes do Bloco C com 16 unidades, sendo 8 em cada
pavimento. Fonte: Arquivo do Hotel.
O material empregado no acabamento é basicamente o
mesmo, o piso é em ardósia verde, e as paredes são claras. As
janelas são maiores em largura e altura medindo 1,80m x 1,60m e
m sistema de ventilação pivotante vertical com possibilidade de
abertura total.
158
Como no caso anterior, o ambiente só possui boca de
entrada para ventilação em uma parede.
FIG. 130
Fachada de fundos do Bloco B Fonte Foto Sonia Pessa de Oliveira.
Calculando-se a área da janela obtém-se o seguinte: 1,80 x
1,60 = 2,88 m². Como se abrem totalmente, as janelas proporcionam
ventilação total. Estes quartos estão voltados para a face Noroeste e
as janelas são protegidas da incidência direta do sol da tarde por uma
varanda por 2,20 m de largura.
Neste caso, não há como controlar a entrada e saída de ar
apenas pela abertura das janelas, mas é possível favorecer a
ventilação abrindo-se a porta da varanda. A circulação do ar se faz
entre a área da porta e as aberturas da janela.
O espo interno dos quartos mostra uma agradável
atmosfera intimista. As paredes das camas receberam pintura em
cor pastel, as colchas são em tons azuis e verde e a mobília em
imbuia natural. As cortinas possuem black-out e são estampadas
em tons crus, azuis e verdes.
Com a abertura das janelas voltadas para o lago artificial,
e estando o prédio a 50 cm mais alto que o nível do solo, a
privacidade foi mantida, permitindo que as janelas possam ser
abertas totalmente sem devassar o aposento.
A iluminância no ambiente foi medida em duas situações
distintas:
16/09/2002 – 15 horas u nublado e
23/09/2002 – 10 horas u claro.
No apartamento térreo de número 35, obteve-se um valor
de 126 lux para a primeira situação e de 230 lux na segunda. O
Detalhe da cobertura do Restaurante, sem o forro, onde são visíveis os aparelhos de ar condicionado
instalados no ambiente.. Fonte Arquivos do Hotel. Foto Nelson Cerqueira
Anexo do restaurante . Vista interna do espaço iluminado pelo domus e por janelas de madeira .
Fonte Arquivos do Hotel Hidrotermal. Foto Nelson Cerqueira
159
espo possui uma luminária de teto com lâmpada de 60 Watts. Com
a luz acesa a iluminância passou para 150 lux na primeira situação e
280 lux na segunda.
No apartamento de número 75 situado no primeiro andar,
obteve-se o valor de 156 lux com luz natural e 180 lux com o auxílio
das luzes artificiais. Neste ambiente os registros realizados em dia de
u claro foram de 250 lux com luz natural e 300 lux com luz
artificial. Observou-se que as iluminâncias natural e artificial estão
dentro das normas da ABNT-NBR 5413/92
a) Restaurante e Buffet
O ambiente do restaurante e do buffet recebe iluminação
natural propiciada por janelas pivotantes verticais com aberturas a
partir de um peitoril de 80 cm e vão total de 1,30 m, as janelas
possuem um ângulo de abertura de 90º, proporcionando abertura
total do vão que as contém.
Neste ambiente com área de 783,00 m² encontram-se
instalados 9 aparelhos de ar condicionado com 60.000 BTU cada
um. A ocupação média nos períodos de verão é de 66,76% que
corresponde a 200 pessoas, gerando um calor próprio de 112 Wh
/p, assim considerado por se tratar de uma tarefa que não exige
esforço físico.
Verificando o desempenho da telha de barro paulista,
sem forro, tem-se uma radiação térmica que pode ser avaliada
utilizando-se a seguinte fórmula, como propõe Mascaró (1991 p.
167):
“Rt(m².hº C kW) = 0,23 e 1/Rt( kW/m².hºC) Tsimax-ti= 13,89
*
”.
Como a variação da temperatura diurna e noturna
é menor nos climas quente-úmidos que nos quente-
secos, o desenho da cobertura deve seguir o
critério de isolar sem armazenar calor (pouca
inércia térmica, ao contrário do que ocorre nos
climas quente-secos). (Mascaró, 1991, p.62).
A temperatura máxima da superfície interna do forro
resultante é alta havendo necessidade de aplicação de manto
aluminizado e forro, solução esta que reduziria a quantidade de
*
Na citação original da autora, na fórmula em queso consta o seguinte
Rt(m².hº C kcal) = 0,23 e 1/Rt( kcal/m².hºC) Tsimax-ti= 13,89
.Informações
posteriores fornecidas pela própria autora dão conta que a fórmula
kcal
foi
substituída por
kW
, razão pela qual assim consta no presente texto.
160
calor transmitida internamente, reduzindo conseqüentemente, a
potencia dos equipamentos utilizados para refrigeração.
O buffet inicialmente possuía cobertura translúcida de
policarbonato alveolar A idéia de cobertura de policarbonato
original, segundo os proprietários, tinha o intuito de remeter às
cúpulas de vidro dos antigos palácios franceses. A solução mostrou-
se inadequada para a local em função da temperatura elevada no
verão e a cobertura foi substituída por telhas Shingle. Este tipo de
cobertura foi aplicado com subcobertura, disposto em chapas planas
de eucalipto, tratado em manta aluminizada. Como acabamento de
forro foi usado revestimento melamínico branco. Do projeto original
foi mantida a pirâmide central, que possui ventilação permanente,
possibilitando a saída de ar quente.
As paredes laterais são formadas, como acima comentado,
por esquadrias de madeira com vidro, fechadas até a altura de 80 cm.
A partir desta até a altura de 2.10m abrem-se janelas pivotantes no
eixo vertical, permitindo o controle da ventilação.
FIG. 131
Planta e corte do edifício anexo ao restaurante. Fonte:
Arquivo do Hotel Hidrotermal.
161
FIG. 132
Planta de cobertura, elevação e corte transversal e longitudinal do Buffet
anexo do restaurante. Fonte: Arquivo do Hotel Hidrotermal.
Com a reforma, apenas a área central manteve o domos
zenital em policarbonato, com ventilação natural permanente.
Parte integrante do restaurante, esta área foi acrescida
como suporte para o serviço de buffet, fechado com estrutura de
madeira e vidro, conforme a figura numero 132.
Um dos lados do quadrado conecta-se ao restaurante e uma
segunda face desta área estabelece a ligação com a área das mesas
de refeições.
Este espaço, onde os alimentos são o destaque, apresenta
uma atmosfera clara, em função da pirâmide central. As áreas
envidraçadas integram a paisagem externa a este ambiente.A
iluminância medida em dia de céu nublado foi de 690 lux, sob a
cúpula de policarbonato, e de 1.054 lux em dia de céu claro.As
medidas tomadas próximas das paredes iluminadas por esquadrias
com vidro transparente mostraram que estes valores não se
alteraram. Aproximando-se da área de acesso ao salão de
refeições, reduziam-se as iluminâncias para 190 lux na primeira
situação e em 280 lux na segunda (em dias de céu claro).
Como na maior parte dos ambientes do hotel, aqui
também foi utilizada ardósia verde para acabamento de piso. Os
aparadores dos buffets são em granito cinza. Não há, segundo os
usuários, ofuscamento neste ambiente.
162
4.8 BLOCO C (SUÍTES)
Estes Blocos construídos há 15 anos, ainda são os melhores
aposentos. Destinados a famílias comportam casal (em um amplo
quarto, com decoração mais elaborada), e três filhos. O banheiro
possui lavatório de pia num hall de acesso aos dois quartos e espaço
de ducha e sanitários separados.
O acesso a estas suítes é feito por uma varanda ampla com
beiral de 2,00 m. Esta varanda, por ter pé direito baixo, reduz
sensivelmente a iluminação natural do ambiente da sala de estar.
Duas janelas guilhotina em série possuem a parte inferior fixa para
dar privacidade ao ambiente, embora reduza tamm a ventilação.
As salas de estar não possuem ar condicionado, são utilizados
ventiladores de teto. O teto em laje segue a inclinação do telhado.
FIG. 133
Suíte do Hotel Hidrotermal. Fonte: Foto Sonia Pessa de Oliveira.
O bloco é coberto por telhas de barro. O piso é em
laminado de madeira clara tipo carpet.
Espo interno da suíte do Bloco C.
Fonte Arquivos do Hotel Hidrotermal. Foto Nelson Cerqueira
Sala de estar que come o ambiente da suíte do Bloco C.
Fonte Arquivos do Hotel Hidrotermal. Foto Nelson Cerqueira
163
FIG. 134
Visualização do Bloco C- Fonte Foto Sonia Pessa de Oliveira
4.9 BLOCO D COMPLEXO DO PARQUE AQUÁTICO.
O complexo de piscinas compreende o parque aqtico com
um volume de 1.083.000 m³ de água, implantado a céu aberto em
uma área distante 300m do conjunto de apartamentos, inserido entre
um bosque de árvores nativas; e uma área coberta e fechada onde
foram construídas duas piscinas tendo a primeira 300 m³ e a
segunda 240 m³ de água e estão situadas entre os blocos A e C.
As águas hidrotermais que abastecem as piscinas provêm
de fontes naturais e embora correntes, são filtradas e oxigenadas
pelo uso freqüente. Uma vez por semana as válvulas de contenção
o fechadas e as piscinas esgotadas para manutenção e limpeza.
Nessas ocasiões são acionados os motores auxiliares.
Com uma área de 1.036,07, foi construída uma estrutura
metálica com 28 m de vão livre e 50.00 m de comprimento, sob a
qual localizam-se as piscinas acima descritas, vestiários, saunas
seca e úmida, e uma academia de musculação. Sob a piscina de
volume menor, estão instalados em um nível superior, o instituto
de beleza e o depósito de manutenção.
4.9.1 O Sistema de ventilação da piscina coberta
A fachada de acesso é formada por 8 portas em vidro
temperado que se abrem em dois conjuntos de duas folhas,
protegidas da insolação, como acima mencionado, por um beiral.
Vista do Parque Aquático.
Fonte Arquivos do Hotel Hidrotermal. Foto Nelson Cerqueira
164
A fachada Sul, também é em pele de vidro fixado sobre um
peitoril de alvenaria, com altura de 40 cm. Uma viga estrutural
limita a altura das janelas pivotantes no eixo vertical, só
interrompidas pelo volume do bar.
Na fachada Leste situa-se a maior área envidraçada do
parque aquático. A área preenchida por esquadrias de alumínio e
vidro laminado, acompanha a inclinação do telhado. A ventilação
nesta fachada é feita a uma altura de 80 cm do piso e limitada por
uma viga metálica a 2,40 m de altura.
Na área superior a ventilação também ocorre, possibilitando
a saída de ar quente, uma vez que os ventos dominantes (vento
sudeste) vêm na direção.
Com as considerações acerca do espo da piscina, dá-se
por concluídas as avaliações de iluminação e conforto térmico
significativas do Hotel Hidrotermal. No entanto, como foi
mencionado no princípio deste trabalho, ao se inserir uma edificação
em determinado espo deve haver a preocupação com o entorno, o
que aqui significa a preservação ambiental. No Hotel Hidrotermal
esta preocupação se faz presente tanto na forma de destino dos
detritos e dejetos, quanto na reciclagem do lixo.
4.10 Tratamento do esgoto
Como foi colocado o Hotel Hidrotermal procura
implantar um sistema ecologicamente correto. Estando situado em
área rural não possui sistema de esgoto, razão pela qual implantou
um sistema de tratamento de esgoto e de destino do material
reciclado que é coletado mensalmente pelo município vizinho.
O hotel implantou um sistema de tratamento de esgotos,
com capacidade para 240.000 l/dia, embora hoje opere 150.000
l/dia. Devolve a água limpa as passar por processo de
decantação em 12 células e por 13 filtros com capacidade para
20.000 l cada um. O gás resultante do processo de tratamento de
esgoto não é aproveitado. O material sólido é coletado pela Cia.
de Saneamento do Paraná -Sanepar, uma vez por ano.
4.10.1 Tratamento do lixo
O Hotel Hidrotermal possui um sistema de tratamento de
resíduos com a aquisição de máquina de compactação cuja
Vista externa do Bloco da Piscina Coberta com telhas de concreto celular
Fonte Arquivos do Hotel Hidrotermal. Foto Nelson Cerqueira
Sistema de ventilação e aberturas das janelas da piscina coberta.
Fonte Arquivos do Hotel Hidrotermal. Foto Nelson Cerqueira
165
capacidade é de 6 t/dia, embora esteja atualmente com pequena
ocupação, pois processa apenas 600 kg/mês de lixo. O resíduo
orgânico fornece alimentos para a granja de suínos e para a criação
de peixes.
4.11 Considerações a respeito do desempenho energético
a) Do ponto de vista de consumo energético, o hotel vem
desenvolvendo um controle de demanda de energia elétrica,
conforme expresso na tabela 3.
TABELA 3
MÉDIA DE CONSUMO ANUAL DOS ÚLTIMOS 6 ANOS
Ano
%
Média Anual (kW/h)
Nºde apto
Nº kW/h p/apto
1997
69,50%
110000 kW/h
120
916 kW/h
1998
66,37%
112000 kW/h
120
933 kW/h
1999
71,15%
115000 kW/h
120
953 kW/h
2000
64,93%
120000 kW/h
116
1034,48 kW/h
2001
69,59%
66650 kW/h
116
574,56 kW/h
Fonte: COPEL, 2001.
A redução de consumo foi explicada, pela diretoria do
Hotel Hidrotermal, pela diminuição da potência das bombas
geradoras usadas nas caixas d’água e equipamentos de limpe za e
manutenção das piscinas e cascatas. A estratégia foi, segundo a
direção, substituir as bombas em 50 % da potência e reduzir a
bitola do encanamento, operando com um rendimento de 90%
comparado ao anterior com um consumo consideravelmente
menor de energia elétrica.
b)
Desempenho energético Foi possível identificar as
alterações efetuadas pela redução do consumo da demanda
de 2001 para 2002.
30/01/2001 a 28/02/2001 – 150.250
01/01/2002 a 01/02/2002 – 88.725
Com uma redução de 50% do consumo o Hotel foi
enquadrado na modalidade A de consumo de energia. A rede é
aérea até o Hotel, há previsão para instalação de redes de cabos
subterrâneos na área do empreendimento para reduzir riscos de
acidentes.
O consumo mensal médio de energia elétrica, em 2002
foi de 67.195 kW/h. Os meses de maior consumo estão no verão,
166
nos períodos de Dezembro e Janeiro, já identificados pelo consumo
do ar condicionado do restaurante. Nos meses de alta taxa de
ocupação, como ocorreu em Abril de 2002, o consumo sobe, mas a
relação consumo per capita é compensatória e apresenta fator de
potência médio de 99,68 %. De acordo com a demanda requerida de
potência contratada, hoje opera com o uso de até de 200 kW/h. A
potência contratada a partir do ano 2000 foi de 270 kW/h/mês,
representando uma redução considerável, uma vez que anteriormente
o contrato era 360 kW/h/mês.
O consumo anual de energia elétrica correspondente a este
período de 13 meses (de julho de 2001 a agosto de 2002) foi de
873,550 kW/h, conforme fatura da Copel e com um valor de R$
156.000,00, conforme dados fornecidos pela contabilidade.
167
TABELAS 4,5 E 6 - OCUPAÇÃO DO HOTEL HIDROTERMAL ( Tabelas 1, 2 e 3 forneceram dados para a formulação da Tabela 4) (Fonte: Arquivos do Hotel
Hidrotermal em 2002)
s /Ano
N° Total de Unidades Ocupadas
Taxa de Ocupação
N° Pessoas
N° Famílias
Extras
Cortesias
01/01/2000
3.151
88,39%
10.153
142
2
0
01/02/2000
1.301
39,01%
3.884
63
8
0
01/03/2000
2.663
74,70%
7.206
66
21
44
01/04/2000
2.538
74,21%
6.814
79
29
7
01/05/2000
2.111
59,73%
5.399
0
2
0
01/06/2000
1.208
35,01%
3.501
60
33
0
01/07/2000
2.161
60,62%
7.274
88
2
0
01/08/2000
1.438
40,34%
3.503
49
49
0
01/09/2000
2.353
68,20%
6.257
74
23
21
01/10/2000
2.848
79,89%
7.881
83
7
16
01/11/2000
2.776
80,46%
7.241
75
34
0
01/12/2000
2.802
78,60%
8.807
174
12
14
s /Ano
N° Total de Unidades Ocupadas
Taxa de Ocupação
N° Pessoas
N° Famílias
Extras
Cortesias
O1/01/2001
3.151
88,39%
10.153
142
20
0
01/02/2001
1.301
39,01%
3.884
63
80
0
01/03/2001
2.663
74,70%
7.206
66
21
44
01/04/2001
2.538
74,21%
6.814
79
29
44
01/05/2001
2.111
59,73%
5.399
0
2
0
01/06/2001
1.208
35,01%
3.501
60
33
0
01/07/2001
2.161
60,62%
7.274
88
2
0
01//08/2001
1.438
40,34%
3.503
49
49
0
01/09/2201
2.353
68,20%
6.857
74
23
21
01/10/2001
2.848
79,89%
7.881
83
7
16
01/11/2001
2.776
80,46%
7.241
75
34
0
01/12/2001
2.802
78,60%
8.807
174
12
14
s /Ano
N° Total de Unidades Ocupadas
Taxa de Ocupação
N° Pessoas
N° Famílias
Extras
Cortesias
01/01/2002
2.140
61,09%
7001
47
44
0
01/02/2002
2.039
64,44%
5.608
61
15
0
01/03/2002
2.728
77,88%
7.386
66
39
0
01/04/2002
3.053
90,06%
7.687
51
26
0
01/05/2002
2.960
84,50%
7.605
56
14
0
01/06/2002
1.945
57,37%
5.107
60
14
0
01/07/2002
2.759
78,76%
8.981
111
52
5
01/08/2002
2.448
69,88
6.267
103
20
0
168
TABELA 7 - Consumo Específicos do Hotel no Período agosto/2001 à agosto/2002
Fonte
: Arquivos do Hotel Hidrotermal em 2002.
Pode-se observar que os meses de maior consumo, correspondem aos meses de verão com a taxa de ocupação variando entre 61 a 78%. Em 2001, o hotel ocupou 115 apartamentos para hóspedes,
destinando 5 para funcionários residentes no hotel gerência A e B, gerência contábil, gerência geral e monitores.Em 2002, o hotel disponibilizou mais 2 apartamentos, para profissionais que prestam
serviços. Num total de 7 unidades ocupadas, uma vez que descartou .
s/ano
Fonte
Referencia
Copel
Kw/m2/
s
Kwh/m2/
s
Kwh/mês/
nº func.
Taxa de
Ocupação %
agosto-01
50.225
4,96
0,25
0,27
436,74
-115
34,92
1.438
14,34
3.503
40,34
setembro-01
55.125
5,45
0,27
0,29
435,87
-115
23,43
2.353
8,81
6.257
68,20
outubro-01
64.400
6,37
0,32
0,34
569,91
-115
22,61
2.848
8,17
7.881
79,89
novembro-01
76.475
7,56
0,38
0,41
625,54
-115
27,55
2.776
10,56
7.241
80,46
dezembro-01
71.925
7,11
0,36
0,38
625,43
-115
25,67
2.802
8,17
8.807
78,60
janeiro-02
88.725
8,77
0,44
0,46
785,18
-113
41,46
2.140
12,67
7.001
61,09
fevereiro-02
71.225
7,04
0,35
0,42
630,31
-113
34,93
2.039
12,7
5.608
64,94
março-02
77.360
7,65
0,38
0,41
684,60
-113
28,36
2.728
10,47
7.386
77,88
abril-02
85.750
8,48
0,42
0,47
758,85
13
28,74
3.053
11,16
7.687
90,06
maio-02
57.575
5,69
0,28
0,30
509,51
13
19,45
2.960
7,57
76.058
84,30
junho-02
63.875
6,31
0,32
0,34
565,26
13
32,84
1.945
12,51
5.107
57,37
julho-02
73.150
7,23
0,36
0,40
647,35
13
26,51
2.759
8,15
8.981
78,76
agosto-02
57.750
5,71
0,29
0,31
511,06
13
23,59
2.448
9,21
6.267
69,88
Kwh/mês/nº UH
Kw/mês/ nº UH
ocupadas
Kwh/mês/nº
hospedes
169
c) Quanto ao sistema de aproveitamento da iluminação natural, o
tratamento das superfícies internas, com pintura, foi o correto.
Quanto ao tamanho das aberturas, em relação ao aproveitamento
da luz natural, foi possível verificar que atende aos parâmetros
definidos (THERMIE apud Aguiar, 1998, p. 92).
Quanto ao item de ventilação natural foi possível verificar
que a ventilação é deficiente em ambientes como os quartos dos
Blocos A e C. Se as janelas tivessem abertura total no vão, a
situação seria melhor resolvida. A solução adequada seria aumentar
a abertura em toda a extensão da parede e aproximando-as o máximo
possível do teto. Neste caso a adoção das janelas guilhotinas
(esquadrias que correm no sentido vertical), permitem a entrada de
ar fresco na área inferior e saída de ar frio na área superior da janela.
O hotel emprega o sistema de caldeiras a lenha para o
aquecimento da água destinada a banhos com um consumo médio
anual de 1.600 m3, aquecendo em média 12.000 l. de água e
operando fornos a lenha e sauna úmida.
Para disponibilizar tal recurso, o hotel mantém uma área de
reflorestamento de 30 alqueires com o plantio de 180.000 pés de
eucalipto.Cada árvore possibilita quatro cortes são cortados 6000
s por ano. O 1º corte acontece aos sete anos de vida das árvores
de eucalipto e depois desse período a mesma árvore disponibiliza
o corte a cada 4 anos. A reposição acontece a cada 19 anos.
Ainda mantém mais 3 motores (2 motores de 15 cv e um
motor de 20 cv) duas vezes por semana por 2,30h com o grupo de
geradores próprios para esgotar a piscina de águas minerais
correntes do parque aquático com 1.083.000 l.
Percebe-se que existe uma preocupação com a redução
do consumo de energia substituindo equipamentos, reduzindo a
potencia de motores de piscinas e cascatas, substituindo
parcialmente lâmpadas incandescentes por lâmpadas
fluorescentes, e procurando implantar soluções arquitetônicas que
otimizem recursos naturais de ventilação e insolação.
O consumo atual de energia elétrica corresponde a 1,8 %
da receita do Hotel, entretanto há uma busca para solucionar os
pontos críticos como é o caso do espaço destinado ao restaurante
que representa 40% de seu consumo de energia geral.
A administração do Hotel mantém programas de
manutenção preventiva, executados por profissionais formados
170
em engenharia elétrica. O serviço de manutenção corretiva é feito
por uma equipe treinada para esta finalidade.
TABELA 7 - DESPESAS DO HOTEL EM %
Alimentos
10 %
Energia
1,8 %
Departamento Artístico
2 %
Divulgação
2 %
s e lenha
1,2 %
Manutenção de equipamentos
0,30 %
Manutenção Estrutura
2 %
Materiais de limpeza
1,25 %
Músicos
0,50 %
Publicidade
6,8 %
Reposições
1,36 %
Salários
14 %
Telefone
1,15 %
Transporte
0,23 %
Tributos
13 %
Índice percentual de despesas do Hotel em 2002.
Fonte: Dados fornecidos pela administração do Hotel.
Os proprietários mantêm um rigoroso controle de custos e
ocupação, o que pode ser verificado na tabela 7, de despesas
proporcionais fornecidas pela administração:
Consumos específicos
Indicadores para o gerenciamento do desempenho
econômico do Hotel, os consumos específicos, referem-se à área
edificada, ao número de funcionários, ao número de apartamentos,
à média de hóspedes, por mês, e à média de ocupação dos
apartamentos/mês. São dados importantes para a avaliação da
demanda de energia organizada com dados fornecidos pela
administração do Hotel Hidrotermal, tendo como referência
aqueles coletados do consumo, fornecido pela Companhia
Paranaense de Energia Elétrica COPEL.
Verifica-se que os meses de maior consumo de energia
elétrica, são os de verão, entre Janeiro e Março. A taxa de
ocupação nestes meses é aproximadamente de 78%. Se
compararmos o mês de novembro de 2001 com ocupação 80% da
capacidade do hotel, e consumo de 76.475 kW/h mês, com o mês
de janeiro de 2002 onde o consumo subiu para 88.725 kW/h mês
com uma taxa de 61%, é vivel a sobrecarga de energia operada
171
para proporcionar conforto aos hóspedes.O consumo pode ser
reduzido no restaurante aplicando subcobertura e forro.
.
A solução encontrada foi a proteção da cobertura por
mantas aluminizadas, no caso, lâminas Durafoil e por câmaras de ar
ventiladas e revestimento de forro com aglomerados de madeira.
Espera-se que haja considerável redução desse consumo. Este estudo
possibilitou otimizar a solução dos aspersores de água da cobertura,
que deverão reduzir o índice de radiação pela troca de calor por
evaporação.
Comparando-se o consumo dos aparelhos de ar
condicionado dos apartamentos ao do restaurante, foi possível
verificar que a demanda gerada pelos 9 aparelhos ali instalados,
corresponde ao consumo de 82 apartamentos, ( calculo no anexo3).
O consume de energia em torno de 7,56 kW/h /mes/m² e o nº de kW/h/mês por
número de funcionários, está de acordo com o consumo de grandes hotéis.
172
CONSIDERAÇÕES FINAIS.
Encontrar soluções a médio e longo prazo, capazes de
potencializar os recursos naturais disponíveis, de tal forma que a
melhor solução seja aplicada para obtenção do almejado conforto
ambiental, com o menor consumo energético e conseqüentemente
com menor custo, é uma das metas a que deveriam se propor os
arquitetos.
A importância que a crise energética assumiu e a forma
como esta crise afeta o setor do turismo, faz com que o mercado
de hotelaria de lazer volte-se para a busca de soluções adequadas
que reduzam o consumo de energia elétrica sem afetar o conforto
ambiental e otimizando recursos disponíveis.Sabe-se que 42% da
energia elétrica do Brasil é consumida em edificações
residenciais, comerciais e públicas. Deste total 23% é consumida
em residências e considerando-se que num hotel de lazer, os
ambientes de uso são muito semelhantes, pode-se traçar um
paralelo ao consumo despendido entre uma habitação e uma área
destinada a hotel. Num ambiente residencial 12% do consumo é
despendido em lâmpadas incandescentes, com 100% de
saturação. O aquecimento de água dos chuveiros consome 23%
com 70% de saturação. O uso de aparelhos de ar condicionado é
responsável por 7% do consumo com 6% de saturação.
Geladeiras despendem 33% de consumo com 75% de saturação e
com televisores o consumo é de 3% com 35% de saturação
(Lamberts, Dutra e Pereira, 1997, p.21).
No hotel hidrotermal, objeto de estudo, o consumo de ar
condicionado é responsável por 60% do total de energia no verão,
tendo sido o maior consumo em Janeiro de 2002 com ocupação
de 66% em torno de 88000 kWh/m.
Foi possível perceber que a busca de soluções
alternativas que amenizem os rigores climáticos, é uma constante
nos hotéis analisados.
A arquitetura adaptada às condições climáticas com
emprego de técnicas construtivas locais e conceitos
internacionalmente reconhecidos, procurando soluções de
conforto ambiental na arquitetura de hotéis lazer no Brasil, foi
173
primeiramente proposta por Lucio Costa no Park Hotel São
Clemente em Nova Friburgo e Oscar Niemeyer em projetos não
edificados para a Pampulha e Nova Friburgo. O projeto de
Niemeyer para Ouro Preto constituiu um exemplo mais
importante pela proposta adequada ao sítio histórico, do que pela
solução arquitetônica em hotelaria de lazer. Estes exemplos aqui
mencionados foram marcos referenciais para o primeiro hotel de
lazer edificado em Guarapuava no Paraná.
Das soluções adotadas pelo engenheiro paranaense
Romeu da Costa, verificou-se que as proporções propostas entre
espo construído, ventilação e iluminação, nos ambientes dos
apartamentos foram adequadamente estudadas e resolvidas dentro
do contexto de uma obra que deveria ser edificada com custos
reduzidos.
O sentido de implantação da obra no sitio, procurou
priorizar a ventilação natural, buscando o conforto térmico, em
uma região com características de clima quente e úmido no verão
com períodos de frio intenso e ocorrências de geadas em alguns
dias de inverno.
Um fato que despertou a atenção pela ausência de
solução adequada foi o uso de grandes superfícies envidraçadas
nas áreas de estar social com ventilação deficiente. Como a obra
foi readequada para uso depois de 15 anos de abandono, não foi
possível identificar se as soluções previstas para ventilação das
esquadrias haviam sido originalmente solucionadas.
O edifício da nascente de águas hidrominerais é um
exemplo da arquitetura modernista vigente na época, na qual os
conceitos de sombreamento, ventilação e iluminação mostram a
preocupação com o conforto e o domínio de técnicas construtivas
em proporcioná-lo.
Outro exemplo significativo da obra em questão foi o
uso de um simplificado sistema de iluminação zenital empregado
no prédio da casa de banhos que proporcionava iluminação
natural na área de circulação, semelhante ao proposto por
Niemeyer para o hotel de lazer projetado para Nova Friburgo.
A relação entre o Hotel Águas de Santa Clara, que serviu
de referência para o Hotel Hidrotermal do estudo de caso e este
último, limita-se ao sistema construtivo e às características que
lhes deram origem: os dois hotéis surgiram em função das
propriedades terapêuticas das nascentes de água do sitio de
implantação. Apresentam edificações baixas com até dois
pavimentos, sistema de hospedagem em apartamentos e chalés,
174
grandes superfícies envidraçadas nos setores destinados ao
público. Com características próprias o hotel hidromineral
implantou um sistema de banhos de lama, e adotou o uso de
banheiras nos banheiros das suítes.
Muito pouco da influencia do hotel de referencia existe
hoje. Pelo desenvolvimento e pelo crescimento do hotel, a
importância maior deste estudo como avaliação de condições
adequadas ao conforto ambiental, refere-se aos critérios que o
hotel em questão vem adotando para implementar estes conceitos,
com menor consumo de energia elétrica e conseqüentemente com
menor custo de uso.
Pode-se observar que, durante os últimos vinte anos, as
soluções implantadas para redução de consumo, e a busca por
soluções compatíveis com melhores condições de uso do espo
construído surgiram em buscas de tentativas, em erros e acertos,
adaptando intuitivamente as edificações, implementando o
sistema de plantio de árvores, adotando o sistema de
reflorestamento para consumo de caldeira a lenha, buscando
soluções que viabilizassem um sistema construtivo com custo
reduzido.
Partindo do princípio que os projetos para hotéis de
Lúcio Costa e Oscar Niemeyer tratam de uma arquitetura que
corresponde historicamente à arquitetura própria da região de
implantação, com o domínio das condições climáticas, materiais e
tecnológicas locais, além do referenciado meio específico em que
foi inserida, marcaram, como se sabe, a arquitetura que retrata a
cultura e identidade nacionais, participantes de correntes
inovadoras inspiradas na época, pelo racionalismo. Assim, o
respeito pela região geográfica, somado à valorização histórica e
aos valores climáticos do lugar e à memória de arquitetura
popular, foi ressaltada nos projetos para hotéis de lazer, marcando
todos os setores da arquitetura e constituindo referenciais.
O exemplo paranaense, projetado por Romeu da Costa,
valoriza a racionalização da forma, enquanto propõe a adequada
proporção entre espaços internos, iluminação e ventilação natural,
fazendo uso de elementos que derivam dos exemplos referenciais.
Já o projeto do estudo de caso foge totalmente dos modelos
arquitetônicos estabelecidos como referência. A essência do
programa, as soluções de distribuição, a funcionalidade e a
racionalidade foram mantidas. A adoção de materiais regionais,
como madeira e pedra, o sistema construtivo rudimentar,
175
permanece presente, mas sem vínculos com os modelos da
arquitetura de referência. Assim, conforme já mencionado, a
essência do referencial consiste na aplicação dos conceitos de
ventilação e iluminação natural.
Ficou claro, nesta pesquisa, que o primeiro exemplo
paranaense estudou os modelos de referência para elaboração do
hotel Águas de Santa Clara, conforme mostrado no terceiro
capítulo, o que não aconteceu com o Hotel Hidrotermal, que o
tomou como referência.
O elo de ligação entre o caso de estudo e o hotel de
referência - Águas de Santa Clara, - partiu de conceitos pré-
conhecidos, e o Hotel Hidrotermal, da experiência individual dos
proprietários conforme apresentado no quarto capítulo.
Além da preocupação e dos critérios de ventilação e
iluminação natural, constatou-se que o Hotel Hidrotermal,
concebido sem a experiência de profissionais da área, constitui,
hoje, um importante marco da hotelaria de lazer no Paraná, pela
importância da qualidade de serviços apresentados e pela busca
da eficiência e da racionalidade, aliadas à economia e à
preocupação com o conforto ambiental, inserindo o edifício no
sítio sem agredi-lo. Não deixa de ser uma arquitetura, embora
tenha que ser entendida como o reflexo de uma realidade
nacional, que busca adaptar-se ao meio e que à medida que
assume importância, busca soluções que a fundamentem.
Independente de conceitos ou escolas, o que aqui foi
proposto, com esta pesquisa deixa claro que a preocupação com o
meio ambiente e com o aproveitamento de recursos naturais que
proporcionem o bem estar encontram-se presentes na hotelaria de
lazer e evidenciam que as descobertas de uma arquitetura rústica
convencional, adaptada a uma economia em desenvolvimento,
hoje se constituem em expoente da arquitetura da hotelaria de
lazer no Paraná.
176
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9. BRASIL. Resolução Normativa CNTur Nº 24. Aprova
para os fins de Lei nº 6.505, de 13 de dezembro de
1977 e do Decreto nº 84.910, de 15 de julho de
1980, e da Resolução Normativa CNTur Nº 09, de
15 de dezembro de 1985, normas sobre condições e
facilidades que os meios de hospedagem, aqui
designados, devem oferecer aos portadores de
deficiências físicas. Diário Oficial [da República
Federativa do Brasil], Seção I, p. 12.743/4. Brasília,
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redação ao inciso III do artigo 11 da Resolução
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177
classificação do Meio de Hospedagem de Turismo
do tipo Hotel de Lazer (HL). Diário Oficial [da
República Federativa do Brasil], Seção I, p.
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do Santinho. São Paulo. Projeto, nº 151, abr 1992.
76. SEMINÁRIO sobre ambiência. Paisagismo Ambiental.
Curitiba. CNPQ/UFRGS, 2000.
181
77. SEMINÁRIO sobre ambiência. Ventilação. Curitiba.
CNPQ/UFRGS, 2000.
78. SEMINÁRIO sobre ambiência. Iluminação Natural.
Curitiba. CNPQ/UFRGS, 2000.
79. SEMINÁRIO sobre ambiência. Temperatura e Umidade.
Curitiba. CNPQ/UFRGS, 2000.
80. TODOS Contra a Classificação de Hotéis da Embratur.
Projeto. São Paulo. Nº 13, jun/jul 1979.
81. VENTURI, Robert. IZENOUR, Steven. BROW, Denise
Scott. Aprendiendo de Las Vegas: El Simbolismo
Olvidado de La Forma Arquitectonica. Barcelona.
Editorial Gustavo Gili, 1978.
ANEXOS
183
ANEXO 1 TABELAS
184
T A B E L A 8 – RELAÇÃO DO CONSUMO DE ENERGIA REFERENTE A OCUPAÇÃO DO HOTEL 01/ 2000 A DE 01/2001.
Ano dia....................KWH......................................K W.................................................. KVARH..................................................1 P.C.
Fonte: extratos da COPEL fornecidos pela Administração do Hotel Hidrotermal
T A B E L A 9 – RELAÇÃO DO CONSUMO TOTAL DE ENERGIA DO HOTEL DE 01/ 2000 A DE 01/2001.
Fonte: extratos da COPEL fornecidos pela Administração do Hotel Hidrotermal
185
TABELA 10
Fonte: extratos da COPEL fornecidos pela Administração do Hotel Hidrotermal
TABELA 11 – REFERÊNCIA DA ALTERAÇÃO DO CONSUMO PELA OTIMIZAÇÃO DOS EQUIPAMENTOS
Fonte: extratos da COPEL fornecidos pela Administração do Hotel Hidrotermal
186
TABELA 12 - TAXA DE OCUPAÇÃO DO HOTEL HIDROTERMAL NO ANO DE 2000
s /Ano
N° Total de Unidades Ocupadas
Taxa de Ocupação
N° Pessoas
N° Famílias
Extras
Cortesias
01/01/2000
3.151
88,39%
10.153
142
2
0
01/02/2000
1.301
39,01%
3.884
63
8
0
01/03/2000
2.663
74,70%
7.206
66
21
44
01/04/2000
2.538
74,21%
6.814
79
29
7
01/05/2000
2.111
59,73%
5.399
0
2
0
01/06/2000
1.208
35,01%
3.501
60
33
0
01/07/2000
2.161
60,62%
7.274
88
2
0
01/08/2000
1.438
40,34%
3.503
49
49
0
01/09/2000
2.353
68,20%
6.257
74
23
21
01/10/2000
2.848
79,89%
7.881
83
7
16
01/11/2000
2.776
80,46%
7.241
75
34
0
01/12/2000
2.802
78,60%
8.807
174
12
14
Fonte: extratos fornecidos pela Administração do Hotel Hidrotermal em tabela organizada pela mestranda Sonia Pessa O.
TABELA 13 - TAXA DE OCUPAÇÃO DO HOTEL HIDROTERMAL NO ANO DE 2001
s /Ano
N° Total de Unidades Ocupadas
Taxa de Ocupação
N° Pessoas
N° Famílias
Extras
Cortesias
O1/01/2001
3.151
88,39%
10.153
142
20
0
01/02/2001
1.301
39,01%
3.884
63
80
0
01/03/2001
2.663
74,70%
7.206
66
21
44
01/04/2001
2.538
74,21%
6.814
79
29
44
01/05/2001
2.111
59,73%
5.399
0
2
0
01/06/2001
1.208
35,01%
3.501
60
33
0
01/07/2001
2.161
60,62%
7.274
88
2
0
01//08/2001
1.438
40,34%
3.503
49
49
0
01/09/2201
2.353
68,20%
6.857
74
23
21
01/10/2001
2.848
79,89%
7.881
83
7
16
01/11/2001
2.776
80,46%
7.241
75
34
0
01/12/2001
2.802
78,60%
8.807
174
12
14
Fonte: extratos fornecidos pela Administração do Hotel Hidrotermal em tabela organizada pela mestranda Sonia Pessa O.
187
TABELA 14 - TAXA DE OCUPAÇÃO DO HOTEL HIDROTERMAL DE JANEIRO A AGOSTO ANO DE 2002
s /Ano
N° Total de Unidades Ocupadas
Taxa de Ocupação
N° Pessoas
N° Famílias
Extras
Cortesias
01/01/2002
2.140
61,09%
7001
47
44
0
01/02/2002
2.039
64,44%
5.608
61
15
0
01/03/2002
2.728
77,88%
7.386
66
39
0
01/04/2002
3.053
90,06%
7.687
51
26
0
01/05/2002
2.960
84,50%
7.605
56
14
0
01/06/2002
1.945
57,37%
5.107
60
14
0
01/07/2002
2.759
78,76%
8.981
111
52
5
01/08/2002
2.448
69,88
6.267
103
20
0
Fonte: extratos fornecidos pela Administração do Hotel Hidrotermal em tabela organizada pela mestranda Sonia Pessa O.
TABELA 15 – CONSUMOS ESPECÍFICOS DO HOTEL HIDROTERMAL NO PERÍODO DE 08/2001 A 08/2002.
Fontes de
referência
Kwh/m²/mês
Kwh/m²/ano
Kwh/mês/nº de
funcionários
Kwh/mês/nº de UH
Kwh/mês/nº de UH
ocupadas
Kwh/mês/nº de
hóspedes
CEMIG (1994)
7,33
656,89
CEMIG(1996)
4,25
438,42
14,02
10,58
BRECSU(1993)
Até 130
THERMIE(1996)
165
HOTEL
HIDROTERMAL
(COPEL)
6,80
57,33
280,20
598,89
28,47
10,35
Fonte Santafé, 1998 e COPEL, 2002.
188
TABELA 16 - CONSUMO ESPECÍFICOS DO HOTEL NO PERÍODO AGOSTO/2001 À AGOSTO/2002
Fonte: Dados coletados no Hotel Hidrotermal, organizados pela mestranda Sonia Pessa Oliveira
OBS: Pode-se observar que os meses de maior consumo, correspondem aos meses de verão com a taxa de ocupação variando entre 61 a
78%. Em 2001, o hotel ocupou 115 apartamentos para hóspedes, destinando 5 para funcionários residentes no hotel gerência A e B,
gerência contábil, gerência geral e monitores.Em 2002, o hotel disponibilizou mais 2 apartamentos, para profissionais que prestam serviços.
Num total de 7 unidades ocupadas, uma vez que descartou .
s/ano
Fonte
Referencia
Copel
Kw/m2/
s
Kwh/m2/
s
Kwh/mês/
nº func.
Taxa de
Ocupação %
agosto-01
50.225
4,96
0,25
0,27
436,74
-115
34,92
1.438
14,34
3.503
40,34
setembro-01
55.125
5,45
0,27
0,29
435,87
-115
23,43
2.353
8,81
6.257
68,20
outubro-01
64.400
6,37
0,32
0,34
569,91
-115
22,61
2.848
8,17
7.881
79,89
novembro-01
76.475
7,56
0,38
0,41
625,54
-115
27,55
2.776
10,56
7.241
80,46
dezembro-01
71.925
7,11
0,36
0,38
625,43
-115
25,67
2.802
8,17
8.807
78,60
janeiro-02
88.725
8,77
0,44
0,46
785,18
-113
41,46
2.140
12,67
7.001
61,09
fevereiro-02
71.225
7,04
0,35
0,42
630,31
-113
34,93
2.039
12,7
5.608
64,94
março-02
77.360
7,65
0,38
0,41
684,60
-113
28,36
2.728
10,47
7.386
77,88
abril-02
85.750
8,48
0,42
0,47
758,85
13
28,74
3.053
11,16
7.687
90,06
maio-02
57.575
5,69
0,28
0,30
509,51
13
19,45
2.960
7,57
76.058
84,30
junho-02
63.875
6,31
0,32
0,34
565,26
13
32,84
1.945
12,51
5.107
57,37
julho-02
73.150
7,23
0,36
0,40
647,35
13
26,51
2.759
8,15
8.981
78,76
agosto-02
57.750
5,71
0,29
0,31
511,06
13
23,59
2.448
9,21
6.267
69,88
Kwh/mês/nº UH
Kw/mês/ nº UH
ocupadas
Kwh/mês/nº
hospedes
ANEXO 2 - GRÁFICOS
190
GRÁFICO 1 MÉDIA PONDERADA DE OCUPAÇÃO
REFERENTE AO PERÍODO ENTRE 1993 - 1999
Fonte: Dados fornecidos pelo Hotel Hidrotermal em 2002.
191
GRÁFICO DA TEMPERATURA AS 6
HORAS EM 1998
0
5
1 0
1 5
2 0
2 5
3 0
3 5
4 0
4 5
1 5/0 1 /1998 7:00h
1 3 /0 2 /1998 6:00h
1 5 /0 3 /1998 6:00h
2 0 /0 4 /1998 6:00h
1 9 /0 5 /1998 6:00h
1 9 /0 6 /1998 6:00h
1 2 /0 7 /1998 6:00h
0 3 /0 8 /1998 6:00h
1 1 /0 9 /1998 6:00h
2 3 /1 0 /1998 6:00h
2 8 /1 1 /1998 6:00h
1 8 /1 2 /1998 6:00h
Dia s de Ocorrências
Tem peratura em ºC
Fonte: Arquivos do Hotel Hidrotermal, 2002
GRÁFICO DA TEMPERATURA AS 6
HORAS EM 1999
0
5
1 0
1 5
2 0
2 5
3 0
3 5
4 0
4 5
2 0 /0 1 /1999 6:00h
0 3 /0 2 /1999 6:00h
1 5 /0 3 /1999 6:00h
1 8 /0 4 /1999 6:00h
1 5 /0 5 /1999 6:00h
1 0 /0 6 /1999 6:00h
0 8 /0 7 /1999 6:00h
1 6 /0 8 /1999 6:00h
1 7 /0 9 /1999 6:00h
2 6 /0 9 /1999 6:00h
1 8 /1 1 /1999 6:00h
2 5 /1 1 /1999 6:00h
Dia s de Ocorrências
Tem peratura em ºC
Fonte: Arquivos do Hotel Hidrotermal, 2002
192
GRÁFICO DA TEMPERATURA AS 6
HORAS EM 2000
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
08/01/2000 6:00h
18/02/2000 6:00h
15/03/2000 6:00h
21/04/2000 6:00h
20/05/2000 6:00h
28/05/2000 6:00h
17/07/2000 6:00h
21/07/2000 6:00h
29/08/2000 6:00h
07/10/2000 6:00h
15/11/2000 6:00h
19/12/2000 6:00h
Dia s d e Ocorrências
Tem peratura em ºC
Fonte: Arquivos do Hotel Hidrotermal, 2002
GRÁFICO DA TEMPERATURA AS 6
HORAS EM 2001
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
19/01/2001 6:00h
19/02/2001 6:00h
19/03/2001 6:00h
18/04/2001 6:00h
18/05/2001 6:00h
20/06/2001 6:00h
18/07/2001 6:00h
18/08/2001 6:00h
20/09/2001 6:00h
19/10/2001 6:00h
20/11/2001 6:00h
19/12/2001 6:00h
Dia s d e Ocorrências
Tem peratura em ºC
Fonte: Arquivos do Hotel Hidrotermal, 2002
193
GRÁFICO DA TEMPERATURA AS 6
HORAS EM 2002
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
19/01/2002 6:00h
05/02/2002 6:00h
24/02/2002 6:00h
08/04/2002 6:00h
12/05/2002 6:00h
19/06/2002 6:00h
19/07/2002 6:00h
29/08/2002 6:00h
02/08/2002 6:00h
Dia s d e Ocorrências
Tem peratura em ºC
Fonte: Arquivos do Hotel Hidrotermal, 2002
GRÁFICO DA MÉDIA DAS
TEMPERATURAS AS 6 HORAS DE 1998
A 2002
01/1998à2002 6:00h
02/1998à2002 6:00h
03/1998à2002 6:00h
04/1998à2002 6:00h
05/1998à2002 6:00h
06/1998à2002 6:00h
07/1998à2002 6:00h
08/1998à2002 6:00h
09/1998à2002 6:00h
10/1998à2002 6:00h
11/1998à2002 6:00h
12/1998à2002 6:00h
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
Tem peratu ra em ºC
Dia s de Ocorrências
Fonte: Arquivos do Hotel Hidrotermal, 2002
194
GRÁFICO DA TEMPERATURA AS 15
HORAS EM 1998
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
15/01/1998 15:00h
13/02/1998 15:00h
15/03/1998 15:00h
08/04/1998 15:00h
14/05/1998 15:00h
22/06/1998 15:00h
02/07/1998 15:00h
13/08/1998 15:00h
18/09/1998 15:00h
04/10/1998 15:00h
17/11/1998 15:00h
03/12/1998 15:00h
Dia s d e Ocorrências
Tem peratu ra em ºC
Fonte: Arquivos do Hotel Hidrotermal, 2002
GRÁFICO DA TEMPERATURA AS 15
HORAS EM 1999
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
02/01/1999 15:00h
28/01/1999 15:00h
04/03/1999 15:00h
23/03/1999 15:00h
23/04/1999 15:00h
09/06/1999 15:00h
17/07/1999 15:00h
05/08/1999 15:00h
07/09/1999 15:00h
15/10/1999 15:00h
19/11/1999 15:00h
20/12/1999 15:00h
Dia s de Ocorrências
Tem peratura em ºC
Fonte: Arquivos do Hotel Hidrotermal, 2002
195
GRÁFICO DA TEMPERATURA AS 15
HORAS EM 2000
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
18/01/2000 15:00h
26/02/2000 15:00h
03/03/2000 15:00h
24/03/2000 15:00h
03/05/2000 15:00h
16/06/2000 15:00h
09/07/2000 15:00h
16/08/2000 15:00h
27/08/2000 15:00h
20/10/2000 15:00h
09/11/2000 15:00h
12/12/2000 15:00h
Dia s de Ocorrências
Tem peratura em ºC
Fonte: Arquivos do Hotel Hidrotermal, 2002
GRÁFICO DA TEMPERATURA AS 15
HORAS EM 2001
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
19/01/2001 15:00h
19/02/2001 15:00h
19/03/2001 15:00h
18/04/2001 15:00h
18/05/2001 15:00h
20/06/2001 15:00h
18/07/2001 15:00h
18/08/2001 15:00h
20/09/2001 15:00h
19/10/2001 15:00h
20/11/2001 15:00h
19/12/2001 15:00h
Dia s de Ocorrências
Tem peratura em ºC
Fonte: Arquivos do Hotel Hidrotermal, 2002
196
GRÁFICO DA TEMPERATURA AS 15
HORAS EM 2002
0
5
1 0
1 5
2 0
2 5
3 0
3 5
4 0
4 5
0 9 /01 /2 0 0 2 15:00h
1 6 /02 /2 0 0 2 15:00h
1 7 /03 /2 0 0 2 15:00h
3 0 /03 /2 0 0 2 15:00h
0 2 /05 /2 0 0 2 15:00h
1 0 /06 /2 0 0 2 15:00h
1 0 /07 /2 0 0 2 15:00h
1 6 /08 /2 0 0 2 15:00h
2 7 /08 /2 0 0 2 15:00h
Dia s de Ocorrências
Tem peratu ra em ºC
Fonte: Arquivos do Hotel Hidrotermal, 2002
GRÁFICO DAS MÉDIAS DAS
TEMPERATURA AS 15 HORAS EM 1998
A 2002
01/1998à2002 15:00h
02/1998à2002 15:00h
03/1998à2002 15:00h
04/1998à2002 15:00h
05/1998à2002 15:00h
06/1998à2002 15:00h
07/1998à2002 15:00h
08/1998à2002 15:00h
09/1998à2002 15:00h
10/1998à2002 15:00h
11/1998à2002 15:00h
12/1998à2002 15:00h
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
Tem peratura em ºC
Dia s de Ocorrências
Fonte: Arquivos do Hotel Hidrotermal, 2002
197
GRÁFICO DACONSUMO DE ENERGIA
EM 2001
110,25
100,97
77,35
62,47
55,47
63,52
50,22
55,12
64,4
76,47
71,92
151,72
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
01/2001
02/2001
03/2001
04/2001
05/2001
06/2001
07/2001
08/2001
09/2001
10/2001
11/2001
12/2001
P e riodo
1.000 KWh
Fonte: Arquivos do Hotel Hidrotermal, 2002
GRÁFICO DACONSUMO DE ENERGIA
EM 2002
7 1 ,2 2
7 7 ,3 5
8 5 ,7 5
5 7 ,5 7
6 3 ,8 7
7 3 ,1 5
5 7 ,7 5
8 8 ,7 2
0
2 0
4 0
6 0
8 0
1 0 0
1 2 0
1 4 0
1 6 0
1 8 0
0 1 /2 0 02
0 2 /2 0 02
0 3 /2 0 02
0 4 /2 0 02
0 5 /2 0 02
0 6 /2 0 02
0 7 /2 0 02
0 8 /2 0 02
Pe riodo
1.000 KWh
Fonte:
Arquivos do Hotel Hidrotermal, 2002
ANEXO 3 CÁLCULOS DO
DESEMPENHO TÉRMICO DA
COBERTURA
199
CÁLCULOS DO DESEMPENHO TÉRMICO DA
COBERTURA
Para cobertura com telhas de fibrocimento com laje
de forro de 10 cm mista, a resistência média do conjunto
será:
Rtc = Rsi + Rl + Rcc + Rt + Rse
Sendo Rsi – resistência superficial interna
Rsi = 0,19 condição de verão ( Mascaró, 1991, p.
151).
Rl = resistência térmica da laje de forro
Rl - 0,05 m²hº C
W
Rl = 0.1: 1.64 = 0.061m² h°C
Rca = resistencia térmica da câmara de ar para câmara
de ar de alta emissividade
Rca = 0,23 m² h º C
W
Rt = resistência térmica da telha
Rt = 0,06 = 0,011 m² h º C
0,54
Com espessura média da telha de 0,6 cm;
Rse resistência superficial externa (Masca, 1991,
p.152, tabela 4.1).
Rse = 0,0 5 m² h º C
W
O cálculo da resistência térmica do conjunto é obtido
da soma das resistências térmicas das unidades que as contém.
Rtc= Rsi+ Rl+Rca+Rt+ Rse
0.19+ 0.061+0.23+ 0.011+0.05= 0.641 m² h° C
W
200
Este resultado mostra a resistência térmica de cada
componente: Rca 36%; Rsi - 29,5 %; Rse 8%; Rl
9,5%;
Rt 17% e mostra que a maior resistência é proporcionada
pela câmara de ar Rca 36%. Conforme Mascaró ( 1991,
p.152) a ventilação correta de uma câmara de ar faz reduzir a
temperatura interna em aproximadamente 30%,
equivalendo-se a uma câmara de ar com 30% a mais de
resistência.
Tabela de Cálculo do desempenho térmico das coberturas
Tipos de solução
Rt
(m².hº C
kcal)
1/Rt
(kcal/m².hº
C)
Atraso
térmico
(h)
Tsimax-
ti (ºC)
Telha ondulada de cimento
amianto,
Pintada interiormente com óleo
Brilhante alumínio, com forro em
Laje de concreto e argamassa de
Revestimento.
Características Térmicas e Físicas
dos Materiais:
1,03
0,97
8,50
1,62
-
-
d =2400; c = 0,24
D = 1700; c = 0,24
Fonte: Mascaró, 1991, p.169.
QUADRO 3 –ESTIMATIVA PRELIMINAR DE ÁREAS
ESTIMATIVA PRELIMINAR DE ÁREAS
Padrão de hotel
Áreas/setores
Econômico
Médio
Superior
Apartamentos
17 a 25 m²
25 a 30 m²
30 a 35 m²
Andar-tipo de hospedagem
/apto.
25 a 35
35 a 45
45 a 55
Área total construída/apto.,
menos garagem
30 a 45
45 a 65
65 a 85
Área de hospedagem/área
total construída
80 a 85%
70 a 80 %
60 a 75 %
Áreas públicas e
sociais/área total construída
3 a 10 %
10 a 15 %
10 a 15 %
Áreas de serviço/área total
construída
3 a 10 %
10 a 15 %
10 a 15 %
. Fonte:
Embratur/Inmetro apud Andrade, Brito e Jorge, SENAC, 2000.
4.1 CÁLCULO DO DESEMPENHO TÉRMICO DAS
COBERTURAS COM TELHAS DE BARRO
.
Este estudo avaliou as condições das coberturas dos
Blocos A, B e C que apresentam a mesma inclinação, igual
posicionamento em relação à incidência solar. Para calcular o
desempenho térmico de coberturas de telhas de barro utilizadas
na edificação do Hotel Hidrotermal, utilizou-se a fórmula
citada em Mascaró (1991, p.152), e foram obtidos os
resultados abaixo especificados.
201
Rtc= Rsi +Rl +Rca +Rt +Rse.
Onde Rte é a resistência térmica do conjunto, Rsi é
a resistência superficial interna; Rse é a resistência
superficial externa; Rl é a resistência externa da laje do
forro; Rca é a resistência externa da câmara de ar, Rt é a
resistência térmica da telha.
Propriedades térmicas dos materiais de construção:
Argamassa de cal ou cimento = 0,64 – 0,24
concreto com cascalho densidade 1700 a 1800 -
Kg/m³
Condutibilidade térmica K W
/
m.hº C = 0,70
Calor específico – C W
/
Kg ºC = 0,24
Rl = resistência térmica da laje de forro = 0,10 cm =
0,064 m² h º C
/
W
Rse resistência superficial externa ( para
superfísies planas).
Rse = 0,05 m² h º C
/
W
Rsi - resistência superficial interna
Rsi = 0,19 m² h º C
/
W
Rca – resistência térmica da câmara de ar
Rca = 0,23 m² h º C
/
W
Rt resistência térmica da telha material industrial
com espessura média de 1 cm, com superposição de
assentamento somada resulta em 1,8 cm ( Mascaró, 1991, p.
53).
Rt = 0,018 = 0,033 m² h º C
/
W
0,54
Como já mencionado a resistência térmica do conjunto é a
soma de seus componentes, então Rtc = 0,567
~
0,57.
A proporção que cada componente exerce sobre a resistência
do conjunto é dada por porcentagem.
Rse = 9 %
Rsi = 33,5%
Rl = 11%
Rcc = 40,5%
Rt = 6%
202
Conforme analisado pelo estudo realizado em
Mascaró (1991 anexo p. 152), e aplicado às condições da
região, com a comparação entre os dois tipos de cobertura de
telha de barro e de cimento amianto, verifica-se que o fator
de maior resistência é a câmara de ar, que corresponde neste
último caso a 40% da resistência térmica de todos os demais
componentes, e segundo esse mesmo estudo a câmara de ar
é responsável pela redução de 30% da temperatura interna.
Considerando os mesmos parâmetros adotados na
tabela 4.2 (Mascaro, 1991, p.153) que podem ser aqui
aplicados:
No caso da cobertura de telhas, considera-se
a ventilação relativa da câmara pelas frestas
entre as telhas, admitindo-se uma câmara
medianamente ventilada, ou seja, com 15%
mais de resistência.
Sendo assim a Resistência Térmica do Conjunto
passa de 0,23 para 0,264 Nas mesmas condições do exemplo
exposto em Mascaro (1991, p. 151-3)
Rca de 0,23 para 0, 264 e Rtc passa a 0,60.
Rtc =Rsi+ Rl+ Rca=Rt+Rse
Rtc= 0,19+ 0,06+0,264+0,033+0,05
Rtc = 0.586 m² h º C
/
W
Este cálculo mostra que o desempenho térmico da
cobertura com telhas de barro paulista, onde a telha e a laje
representam apenas 15% da resistência do telhado.
Para calcular a quantidade de calor que entra
pela cobertura, é necessário levar em
consideração a radiação térmica que a
atravessa. P ara isso calcula-se uma
temperatura fictícia chamada temperatura sol-
ar ( Mascaró 1991,p.153):
A análise do dado em questão leva em consideração a
média das temperaturas do período critico da região estudada -
37,5º C - ocorridas em Janeiro-Fevereiro e Março, no ano de
2002, entre 12 e 16 horas.
VDP áx = te + .O5VH 
Sendo te: temperatura exterior (media das máximas)
.FRHILFLHQWHGHDEVRU ção da superfície do elemento
l: radiação solar
Rse resistência da superfície externa.
203
Para cálculo estimativo da carga térmica da
temperatura sol-ar se as condições de incidência máxima de
radiação solar, no período crítico de verão, com o u livre
de nebulosidade fossem iguais aos de Porto Alegre, com o
valor de 860 W/m² h ter-se-ia:
VDP áx = 37,5 + 0,72 x 860x 0, 05 =
VDP áx = 68,46ºC
Se assim fosse a cobertura estaria submetida a uma
temperatura de 68,46 ºC, daí a importância das
considerações sobre as soluções adotadas para ela.
No Hotel Hidrotermal, esta situação nas áreas dos
Blocos A, B e C poderia ser amenizada com a utilização de
telhas claras e da aplicação de painéis aluminizados do tipo
durafoil ou similar .
Em relação ao Bloco D, com a ausência de forro a
situação é mais grave, necessitando de providências para
solucioná-la e para isso a avaliação foi específica.
4.2 ESTUDO DA EDIFICAÇÃO. CONDIÇÕES DE
VENTILAÇÃO E ILUMINAÇÃO NATURAIS DO
BLOCO A
Cálculo da ventilação natural necessária para o lobby.
Área 15 x 13 = 195 m² x 3,5 m altura = 682,5 m³
Número de funcionários - 4
Número de pessoas (chek in e chek out) = 50 pessoas, em
média.
Ventilação ideal 200 m³/p/h = 54 x 200 = 10.800 m³/h.
Adotando-se um valor de 23m³/m²/h pelo calor despendido pela
iluminação, teremos 195m² x 23 = 4.485 m³/h. O total =
4.485 + 10.800 = 15.285 m³/h.
Abertura necessária para as janelas =
Anec = Q total
3.600 x C1 x C2 x ¥ C3 x V
O total volume total do ar renovado por hora.
C1 coeficiente que representa o efeito combinado de 2 a 3
aberturas em série C1 = ângulo de abertura 9C conforme
dados de (Mascaro, 1999, p.176).
204
Caso de 4 aberturas em série para cada vão entre pilares num
total de 4 vãos com picentral e possibilidade de abrir
totalmente, adotamos dados da tabela nº 5.1 de Mascaró
(1999, p. 176.
V = velocidade média do vento em metros por segundo,
conforme o gráfico de NORIE UFRGS, 1978 (apud
Mascaró, 1991, p. 177) e adotando-se o valor médio do
estágio de everâo, onde o valor considerado é de 2,22 m/s.
C
1
coeficiente resultante do gráfico 5.1 (em Mascaró,
1991, p. 176), para ângulo de inclinação dos elementos
móveis das janelas ( medido desde a horizontal ) em 60º -
efeito combinado de 2 a 3 aberturas em série, onde C¡= 0,1.
C
2
= coeficiente que leva em consideração o grau de
obstrução criado por prédios vizinhos = 0
C
3
= coeficiente que leva em consideração o grau de
obstrução que os edifícios vizinhos criam para ventilação
onde:
C
2
=
1 para áreas descampadas
C
2
=
0,66 para áreas periféricas
C
2
=
0,33 para áreas densamente construídas
C
2
será considerado no caso igual a 1
C
3
coeficiente que leva em consideração a inclinação da
fachada em relação à direção do vento
tabela 5.2 da página
177
(em Mascaró, 1991).
Aplicando a expressão:
A nec = 15.285m³ = 25,50 m²
3,600 x 0,1 x 1 x 0,75x2,22
Considerando que em períodos de calor, as pessoas
aguardam na varanda para o chek in e chek out o número de
pessoas que aguardam no sago se reduz para 10, somados aos
4 funcionários este valor muda para:
14 x 200 = 2.800+ 4.485,00 = 7.285 = 12,15 m²
313,20
Área de entrada do ar 24,00 m² janelas.
205
O domos possui uma área de ventilação com saída de
ar quente de 0,30 de altura por 4,00 de comprimento nos
quatro lados então 0,30 x 4,00 x 4,80 m² - acrescidos ao
valor anterior, que é de 24,00 m² + 4,80 m² = 28,80 m²..
Iluminação zenital necessária para se obter o nível de
aclaramento (E) desejado (m²) = 500 lux por m².
Paredes claras com fator de reflexão = 70%.
Forro madeira - fator de reflexão = 13%
Piso granito cinza fator de reflexão = 30%
Largura = 12 m
Comprimento = 18 m
Altura entre o plano de trabalho e a borda inferior dos
elementos zenitais = 6,15 m/ sistema escalonado pirâmide
de policarbonato lado= 3m
Vão livre 3,00 m
-altura do poço – 2,00 m
Superfície iluminante quida 3x3 = S
3 =
9,00 m²
Superfície do piso 12x18 = 216.00 m².
Altura do plano de trabalho 1,80 cm ( balo de
atendimento).
.O nível de aclaramento necessário é de 500 lux/m² para
realizar tarefa visual, na latitude 24º S correspondente a Iretama
para equinócios entre 9 horas e 15 horas é de 48.000 lux para
u claro e 18.000 lux para céu nublado, medido com luxímetro
em 21 de setembro de 2002 as 9 e as 15 horas.
é o coeficiente de transmissão do plástico, ( tabela 6.4,
Mascaró, 1991, p. 185) para telhas consideravelmente
difusoras = 0,70.
Laminado plástico em estado regular de conservação e
superfície iluminante inclinada cujo estado de conservação é
precário. Valor 0,6 para:
Kc coeficiente de caixilho sendo de alumínio índice
coletado é 0,9.
Km é o coeficiente de manutenção, no caso – 0,6
Fs é o fator de sombra não existem fatores de sombra.
Ku é o coeficiente de utilização tabelas 67 68 (em
Mascaró, 1991, p. 188) para uma altura de inclinação de 2
metros o valor obtido é = 0,44.
E cálculo de iluminação média que chega ao plano de
trabalho
206
Eh é a iluminação natural existente no exterior no plano
horizontal sem obstruções ( lux) , considerando a
nebulosidade média da região para Cuiritiba, no período de
verão entre as 9 horas e as 15 horas: Eh = 1.054 lux.
Para o caso de 4 janelas em série, 60 m ângulo de abertura
de 90º adotamos 0,1 como coeficiente.
C
2
=
1 para áreas descampadas
C
3
=
coeficiente que leva em consideração a inclinação da
fachada em relação à direção dos ventos tomados como
base.
4.3 CÁLCULO DO VOLUME DE AR NECESSÁRIO
PARA A SALA DE DIRETORIA.
Q. Total = Volume total de ar renovado por hora.
Cl = coeficiente que representa o efeito combinado de duas
e três aberturas em série onde Cl tem um ângulo de 90º
(conforme obtido nas tabela Mascaro, 1999, p.176).
V = velocidade média do vento em m/seg.
C3 = 0,75 = (Fonte Van S. Thermmal).
A nec = 7.285 m³ = 7.285 = 23,26 m²
3.600 x 0,1 x 0,87 313.20
Área existente das aberturas = 15,30 + 6,4
Ventilação pela exauso por exaustão existente no recinto.
A ex = 15,30 + 6,4 + 21. + 0. + 6,3 = 28,00 m³
Sala de controle de funcionários
Cálculo da ventilação para verificação do uso
adequado:
3,00m x 4,00m x 23m = 6,36 m³/h.
200 x 2 = 400 = 1.036 m³/h
A nec = 1.036
3.600 x C1 x C2 ¥&[Y
C1 = 0,10
C2 =
C3 = 0,95
V = 1.8 m/s
1.036 = 1.93 m²
535,57
Tamanho das janelas = 0,60 x 2,70 = 1,62 m²
207
Para verificação das condições de conforto do
ambiente, no verão e outono, com temperaturas acima de 30º
C, tomando por base os fatores anteriormente adotados
aplica-se os procedimentos abaixo:
Como o trabalho realizado é sedentário, o volume de
ar necessário para uma boa condição é de 200 m³/h por
pessoa. Ter-se-á, então:
Área do ambiente x 3,5 x 3,00 x 2,60(altura) = 27,30 m³.
Para retirar o calor gerado pelas pessoas adota-se o
incremento de ventilação de 23 m³/ m² h. computando a área
da sala 10,50 m² x o incremento da ventilação, donde
obter-se-á 10,50 x 23 m³/m² h = 251,50.
A superfície necessária para uma boa ventilação será de:
A nec = Q total (m²)
3.600 x C1 x C2 x C3 x v
Q total = 241,50 + 200 = 441,50 –
C
1
= coeficiente combinado do efeito de abertura de duas
janelas em série
C
1
= 0,35.
C
2
= Coeficiente que leva em consideração o grau de obstrução
que os edifícios vizinhos criam para ventilação.
C
2
= 0,66 para áreas periféricas.
Como este espaço está inserido entre duas construções será
considerado como área periférica.
C
3
= Coeficiente que leva em consideração a inclinação da
fachada em relação à direção do vento. Como a fachada está º
em relação à direção dos ventos sul-este valor é igual a 0.
Na sala de trabalho o calor gerado por uma pessoa sentada,
adotando-se 150 kW (valores entre 110 a 160 kW/hora/pessoa)
o calor gerado por 2 lâmpadas fluorescentes de 40 wats 13
kW/ m² = 10,50 x 13 = 136,50 kW/hora considerando-se o
edifício como bem isolado termicamente temos: 136,50 + 150
= 286,50 W/hora.
O valor necessário para ventilação mecânica é considerado
duas vezes o valor necessário pelos especialistas da área.
Como o local é bem ventilado, o espaço poderia prever um
aparelho de ar condicionado de 7.000 BTU’s apenas para os
dias críticos de verão. Não há aparelhos instalados, atualmente
são utilizados circuladores de ar.
208
4.4 APARTAMENTO 50 E 51
Para verificação das condições de ventilação
natural do ambiente, foi aplicada a fórmula do cálculo de
área de ventilação natural (Mascaro, 1991, p.175)
A nec = Q total m²
3.600 x C1 xC2
¥[Y
O número máximo de pessoas que usam o ambiente
é quatro, ou seja, casal com dois filhos.
Considerando o edifício bem isolado termicamente,
tem-se:
Tamanho do espo 3,50 x 5,00 = 17,50
x altura 2,70 = 47,25 m³.
Para retirar o calor gerado pelas pessoas, adota-se
valores de uma boa ventilação que é igual a 200m³ /h
(conforme tabela 5.1, Mascaro, 1991, p.176).
x 200 = 800 m³/h.
C
1
para duas aberturas em série:
C
1
= 0,35
V = velocidade média do vento estimada
conforme gráfico 5.2 p/ estágio (como não
existem dados na região para referencia, serão
considerados os menores índices da tabela,
uma vez que os ventos na região da pesquisa
são de fraca intensidade 0,5 m/s.).
C
2
- para área descampada = 1
C
3
edifico orientado a 0º de direção de vento
SE C3 = 1,1 - ¥& 
Ter-se-á :
A nec = 1.156,5 = m²
3.600 x 0,35 x 1 x 0,5
Incremento da iluminação=
15,5 x 23 = 356,5 + 800 = 1.156,5
A nec = 1,83 m²
Considerando-se que a janela possui 0,75 x 1,50 1.125
e como são em número de duas, têm-se:
A = 2,25m², abrem-se 50% do vão total = 1,125 m² a área
necessária para uma boa ventilação com quatro pessoas
ocupando o ambiente será maior de 1,83m². Considerando-se
209
que são raros os períodos de ocupação com quatro pessoas
neste espo e que a ocupação média é de três pessoas, têm-
se:
200 x 3 = 600 + 356,5
A nec = 956,5 = 1,52 m²
630
4.5 CÁLCULOS PARA O BLOCO B
Considerando que o edifício é bem isolado
termicamente, para o cálculo da ventilação necessária,
adotar-se-á os valores de 200m³/h por pessoa, para uma boa
ventilação do ambiente. Como o quarto é ocupado por até 3
pessoas (3 x 200 = 600m³).
No que se refere à iluminação artificial o ambiente
é iluminado por uma lâmpada de teto em luminária tipo Spot
de 60W, 2 luminárias de cabeceira com lâmpada fluorescente
de 12 W.
Aplicando-se os mesmos cálculos para verificação das
condições de ventilação natural do ambiente, adotar-se-á os
valores de incremento da ventilação conforme Mascaro(1999,
p.176): 23 m³/m²/h. 4.2 x 6 x 23 = 579,60m³/h com total de
600 + 579,60 = 1.179,60m³/h ( com três pessoas usando o
ambiente)
Abertura da janela necessária:
¨ nec = Q tol (m²)
3.600 x C1 x C2 x
¥
C3 x V onde C1 = 0,1
5 aberturas em série = 0 ângulo de inclinação dos elementos
móveis = 90%
Janela com 4 aberturas em série com ângulo de ventilação de
90°.(Mascaro, 1991, p. 93)
210
C2 = ( área descampada) = 1
C3 Incidência dos ventos 45%
C3 = 0,95
¥
C3 – 0,97
V = janela posicionada a 60º - v = 1,5
1.179,60
3.600 x 0,10 x 1 x 0,97 x 1,5
1.179,60 = 2,25 m²
523,8
A nec = 2,25 m²
4.6 CONSIDERAÇÕES A RESPEITO DO
DESEMPENHO ENERGÉTICO
Opera com um grupo de geradores de 280 HP, 220
HP e 180 HP.
TABELA DE CAPACITAÇÃO DE MOTORES
CAPACIDADE DOS MOTORES
3 motores
1/8 cv
8 motores
½ cv
6 motores
1 cv
4 motores
2 cv
12 motores
5 cv
2 motores
7 ½ cv
4 motores
10 cv
Fonte:
Hotel Hidrotermal, 2002.
Nos apartamentos estão instalados aparelhos de ar
condicionado com 10.000 BTU que equivale a 1,4 Kw cada
um.
Os meses de maior consumo, como já foi dito,
correspondem ao trimestre de verão com temperaturas em
média de 25 a 35º C, caindo a partir das 23 horas em média de
10º. Assim sendo, considera-se que os aparelhos ficam ligados
5 h/dia. A demanda de energia gerada por estas 113 unidades
de aparelhos de ar condicionado é de 1,4 x 5 x 113 x 30 dias =
23,730 Kw/mês, divididos por 87,725(consumo do mês de
Janeiro/2002), obtendo-se o valor de 27% do consumo total.
Outro lugar de alto consumo de energia é o restaurante,
211
conforme estudo apresentado a seguir, onde eso instalados
9 aparelhos de 60.000 BTU, que equivalem a 6,4 Kw cada
um. O tempo de utilização destes aparelhos é nos períodos
de verão, entre 10 horas e 14 horas e 30 minutos, e das 18
horas e 30 minutos, às 23 horas e 30 minutos, portanto, um
período de 10 horas. Considerando 30 dias x 6,4 Kw x 9
aparelhos x 10 horas, dividido por 88.725 (maior consumo
em janeiro de 2002) têm-se 17.280 Kw/mês que
representam 19,47 % da demanda total da energia do mês
com uma ocupação de 61,9 % da capacidade do Hotel
Hidrotermal. Comparando o consumo dos aparelhos
instalados nos apartamentos, a energia utilizada no
restaurante corresponde à de 82 apartamentos.
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