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Antes do início da Campanha a situação do ensino em Mato Grosso era
preocupante. Havia no Estado uma única Escola Noturna, a Escola Pedro Gardés, sediada em
Cuiabá. O objetivo da Escola Noturna era oferecer ensino para alunos maiores de 12 anos que
não podiam estudar no período diurno. Entretanto, no ano de 1942, apenas 58 alunos de
ambos os sexos, operários e trabalhadores domésticos, haviam se matriculado na Escola Pedro
Gardés.
No relatório de 1942, Diretor Geral da Instrução Pública, Prof. Francisco Ferreira
Mendes, comenta que “por várias vezes em que visitou a Escola Pedro Gardés teve a
oportunidade de avaliar o esforço e a boa vontade dos alunos que se deslocavam mais de 9
quilômetros para freqüentarem as aulas” (MENDES, 1942, p.32), fato este que poderia
justificar o número tão baixo de alunos matriculados. Ainda neste mesmo relatório, constava
a existência de mais duas escolas noturnas, de iniciativa privada, mas que recebiam auxílio do
Estado para pagamento de seus professores; em Corumbá, a Escola Noturna 21 de Setembro,
e em Campo Grande, a Escola 26 de Agosto. Contudo, a falta de dados sobre o funcionamento
dessas escolas impossibilitava qualquer avaliação sobre as mesmas, segundo o relato do
Diretor Geral da Instrução Pública no ano de 1942.
De uma forma ou de outra a situação do ensino em Mato Grosso era caótica:
faltavam escolas, professores habilitados, fiscalização escolar, assistência médica, material
didático e principalmente uma política de modernização na estrutura pedagógica. Neste
sentido, as palavras do Diretor Geral de Instrução Pública em relatório anual
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exemplificam
melhor essa questão:
[...] o problema do ensino primário mato-grossense, para alcançar os objetivos
mais sadios do nacionalismo pátrio dentro da verdadeira realidade brasileira,
está na dependência, primeiramente, da formação profissional dos
professores. Sem este elemento, educado e bem formado, tendo o espírito
preparado para a compreensão do grande e nobre dever de preceptor e
formador do futuro da terra comum, toda a organização que se der ao ensino
primário, por mais completa que seja, não logrará nunca, atingir com
eficiência os fins da educação da infância [...] e para agravar a situação do
ensino primário matogrossense, há a falta do livro didático apropriado ao
meio [...]. Os inspetores gerais do ensino e os distritais, são leigos e
logicamente a sua fiscalização é toda exterior, isto é, de fiscalização uma vez
por ano, em alguns municípios, do número de alunos matriculados e
freqüentes, escrita dos livros estatísticos e só. Ineficaz por conseguinte, para o
ensino e sem valor para a administração, porque isoladas [...]. O aspecto
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Relatório apresentado ao Interventor do Estado, pelo prof. Francisco A. Ferreira Mendes, Diretor Geral da
Instrução Pública. Cuiabá, 1942. Arquivo Público de Mato Grosso – APMT – Relatórios, Estante 11-114.