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UNIVERSIDADEESTADUALDECAMPINAS
FACULDADEDEENGENHARIACIVIL,ARQUITETURAEURBANISMO
Habitaçãocoletiva:
ainclusãodeconceitoshumanizadoresnoprocessodeprojeto.
RaquelReginaMartiniPaulaBarros
Campinas,SP
2008
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i
UNIVERSIDADEESTADUALDECAMPINAS
FACULDADEDEENGENHARIACIVIL,ARQUITETURAEURBANISMO
Habitaçãocoletiva:
ainclusãodeconceitoshumanizadoresnoprocessodeprojeto.
RaquelReginaMartiniPaulaBarros
Profª.OrientadoraDrª.SilviaA.MikamiG.Pina
TESE DE DOUTORADO APRESENTADA À COMISSÃO DE PÓS
GRADUAÇÃODAFACULDADEDEENGENHARIACIVIL,ARQUITETURAE
URBANISMO DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS, COMO
PARTE DOS REQUISITOS PARA OBTENÇÃO DO TÍTULO DE DOUTOR
EMENGENHARIACIVIL,NAÁREADECONCENTRAÇÃOARQUITETURA
ECONSTRUÇÃO.
Campinas,SP
2008
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ii
FICHACATALOGRÁFICAELABORADAPELA
BIBLIOTECADAÁREADEENGENHARIAEARQUITETURA‐BAE‐UNICAMP
B278h
Barros,RaquelReginaMartiniPaula
Habitaçãocoletiva:ainclusãodeconceitoshumanizadores
noprocessodeprojeto./RaquelReginaMartiniPaulaBarros.
‐‐Campinas,SP:[s.n.],2008.
Orientador:SílviaAparecida
MikamiGonçalvesPina.
TesedeDoutorado‐UniversidadeEstadualdeCampinas,
FaculdadedeEngenhariaCivileArquitetura.
1.Habitação.2.Arquitetura‐Fatoreshumanos.3.
Projetoarquitetonico.4.Arquitetura‐Processodecisorio.I.
Pina,SílviaAparecidaMikamiGonçalves.II.Universidade
EstadualdeCampinas.FaculdadedeEngenhariaCivile
Arquitetura.III.Título.
TítuloemInglês:Multifamilyhousing:theinclusionofhumanizingconceptsintothe
designprocess.
PalavraschaveemInglês:Housing,Architecture‐Humanfactors,Architecturaldesign,
Designprocess,Patterns
Áreadeconcentração:ArquiteturaeConstrução
Titulação:DoutoremEngenhariaCivil
Bancaexaminadora:MiguelAloysioSattler,AdilsonCostaMacedo,DorisCatharine
CornelieKnatz
Kowaltowski,LeandroSilvaMedrano
Datadadefesa:13/10/2008
ProgramadePósGraduação:EngenhariaCivil
iii
v
Dedicatória
AoEstevão,SofiaeArianepeloamorincondicional,compreensãoeencorajamentoque
possibilitarammaisestagrandeempreitada.
ÀLucilaeSérgiopelocarinhoeapoioconstantes.
AosmeuspaisEsmeraldaeCamilo,paraquemnãoencontropalavrassuficientesde
gratidão,admiraçãoesaudades...
vii
AGRADECIMENTOS
Agradeço à professora Sílvia A. Mikami G. Pina pela orientação dedicada e crítica a esta
pesquisa,bemcomopelaconfiançaemmimdepositada,compreensãoeamizadedesenvolvida
aolongodopercurso.
ÀCoordenaçãodeAperfeiçoamentodePessoaldeNívelSuperiorCAPESpeloapoiofinanceiro.
Agradeço à professora Doris C.C.K. Kowaltowski pela idéia motivadora da pesquisa, pelo
empréstimodevaliosabibliografiae,emespecial,pelasindagaçõesconstrutivascomomembro
das Bancas de Qualificação e Defesa. Aos demais membros da Banca da Defesa professores
Miguel A. Sattler, Adilson C. Macedo e Leandro S. Medrano pelos comentários tocantes e
valiosos questionamentos. Ao professor Igor Guatelli pela atenção e diálogos que adicionaram
aoposicionamentocrítico emrelaçãoà proposta da pesquisa.Aosdemaismembrossuplentes
professores Aloísio L. Schmid e Francisco Borges Filho pela disponibilidade. Aos professores
Leandro S. Medrano e M. Gabriela G. Celani pela colaboração na fase inicial do trabalho. Aos
professoresDanieldeC.MoreiraeAnaM.R.deGóesMonteiropeloapoioeamizade.
Aosarquitetoserespectivasequipesquecolaboraramcomopresentetrabalhorespondendoao
questionárioeoufornecendo dadosadicionais:AlfredoDel BiancoeAndré deFreitas,Cristina
Xavier,DécioTozzi,GeniSugai,JoãoB.MartinezCorrêa,JoséTabith
Jr.,JúlioC.BernardesPinto,
JulianaCorradini,LuisEspallargasGimenez,MarceloMorettin,MônicaDrucker, RafaelPerrone,
Ubyrajara Gilioli e Wilson Marchi Jr., arquitetos autores cuja prática profissional sentido às
pesquisas da área. Saliento que esta pesquisa oferece crítica construtiva aos projetos sob um
enfoqueespecíficoquenãoesgotasuaanálise.
ix
[...]Comruasmedindocorredoresdecasas,
ondeumbalcãotocaodooutrolado,
comruasarruelandomais,embecos,
oualargando,masemmínimoslargos,
osbairrosmaisantigosdeSevilha
criamogostopeloregaçourbanizado.
Elestêmoaconchegoqueaumcorpo
estarnoutro,interno
ouaninhado,
paraquemtorceaavenidadevassada
eenfiaoembainhamentodeumatalho,
paraquemquer,quandoforadecasa,
seusdentroseresguardosdequarto.
JoãoCabraldeMeloNeto,1966
AurbanizaçãodoRegaçoem“AeducaçãopelaPedra”
xi
BARROS, Raquel Regina Martini Paula. Habitação coletiva: a inclusão de conceitos humanizadores
no processo de projeto. Campinas, 2008. [Tese] Doutorado em Engenharia Civil, área de concentração
Arquitetura e Construção - Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo, Universidade
Estadual de Campinas.
RESUMO
A pesquisa valoriza a relação entre conceitos humanizadores e a qualidade espacial do projeto de
habitação coletiva comvistas a contribuir para oprocessoprojetual. Os conceitos tiveramcomoponto
departidaumaseleçãodepatternsrelacionadosaotemahabitacionaldentreosdiversosoriginalmente
identificados por Christopher Alexander e equipe em
1977. Os patterns consistem de proposições que
procuram responder a problemas recorrentes no ambiente construído quanto ao melhor atendimento
de necessidades psicossociais e ambientais e foram traduzidos e interpretados como parâmetros
projetuais. A pesquisa teve por objetivo verificar em que medida os parâmetros selecionados
relacionamse à qualidade espacial do
projeto da habitação coletiva no que se refere àquele melhor
atendimento.ForamselecionadososprojetosdehabitaçãocoletivanoEstado deSãoPaulopremiadose
publicados nos periódicos nacionais entre os anos de 1980 e 2005, construídos ou não, incluindo
qualquerfaixaderendadeusuários.Apartirdaanálisedo
levantamentoabrangenteda produçãolocal,
constituiuse coletânea de parâmetros projetuais identificados. A relevância destes para a análise dos
projetos fomentou a construção de conceitos humanizadores e revelou potencial de uso. Por fim, foi
desenvolvida uma proposta de estratégia projetual que relaciona os conceitos humanizadores a
propriedades que lhes são
inerentes, representando qualidades do ambiente construído que podem
resgatarumsensodeurbanidade ede habitabilidade.A pesquisa pretendecontribuirparaareflexão e
prática do processo projetual visando à melhoria da qualidade da habitação coletiva com relação ao
melhoratendimentodenecessidadespsicossociaiseambientaisdefuturosusuários.
Palavraschave: habitação coletiva, conceitos humanizadores, processo de projeto, patterns, Christopher
Alexander.
xiii
ABSTRACT
The research values the relation between humanizing concepts and the spa tial quality of multifamily
housingdesigninordertocontributetothearchitecturaldesignprocess.Theconceptsoriginatedfroma
selectionofpatternsrelatedtohousingamongtheidentifiedbyChristopherAlexanderandcolleaguesin
1977. Patterns are propositions intended to
answer to recurrent problems in the built environment
regarding the fulfillment of social, psychological and environmental needs of its users, and were here
translated and interpreted as design parameters. The investigation aimed at verifying to which extent
selectedparametersrelatetothespatialqualityofmultifamilyhousingdesignregardingthat
fulfillment.
The design sample included the awarded and published multifamily housing in the State of Sao Paulo
within the time periodof 1980 through 2005, comprisingbuilt and notbuilt proposals for users ofany
income level. A collection of identified design parameters was gathered from the analysis of that
comprehensive
local production. The relevance of those for the design analysis encouraged the
constructionofhumanizingconceptsandrevealeditspotentialforuse.Adesignstrategywasdeveloped
as to relate the humanizing concepts to inherent properties, representing qualities of the built
environmentwhichcanrecoverasense ofurbanityand
ofasenseofdwelling.Theresearchintendsto
contribute to the reflection on design methodologies and practice regarding the quality of multifamily
housingconcerningthefulfillmentofsocial,psychologicalandenvironmentalneedsoffutureusers.
Keywords:multifamilyhousing,humanizingconcepts,designprocess,patterns,ChristopherAlexander.
xv
SUMÁRIO
RESUMO...............................................................................................................................................xi
ABSTRACT ..........................................................................................................................................xiii
LISTADEFIGURAS........................................................................................................................ ...... xvii
LISTADETABELAS...............................................................................................................................xxi
LISTADEQUADROS .......................................................................................................................... xxiii
LISTADEABREVIATURAS ................................................................................................................... xxv
1. INTRODUÇÃO............................................................................................................................... 1
2. ABORDAGEMMETODOLÓGICA .................................................................................................... 9
3. FUNDAMENTAÇÃOTEÓRICOCONCEITUAL ................................................................................. 13
OProcessodeProjetoArquitetônico .......................................................................................................................13
AObradeChristopherAlexander ............................................................................................................................20
VinculaçõesTeóricasde“APatternLanguage”.......................................................................................................31
Subsídioteóricoparaosparâmetrosprojetuais......................................................................................................45
4. AHABITAÇÃOCOLETIVASOBOENFOQUEDOSPARÂMETROSPROJETUAIS................................ 61
5. CONSTRUÇÃOEARRANJODECONCEITOSHUMANIZADORES ..................................................... 85
OSensodeUrbanidade............................................................................................................................................85
OSensodeHabitabilidade.......................................................................................................................................90
6. PROJETOSSEGUNDOOSCONCEITOSHUMANIZADORES............................................................. 97
ProjetosdeHISparaáreasdemaiorporte(>100milm²) ......................................................................................99
ProjetosdeHISparaáreasdemenorporte(até20milm²) ..................................................................................114
Projetosdehabitaçãocoletivaparademaisfaixasderenda ................................................................................138
7. DESENVOLVIMENTODEESTRATÉGIAMETODOLÓGICA..............................................................161
8. CONSIDERAÇÕESFINAIS............................................................................................................175
REFERÊNCIASBIBLIOGRÁFICAS ..........................................................................................................185
APÊNDICES(emCDanexo)
APÊNDICEA
Questionárioenviadoaosarquitetos..........................................................................191
APÊNDICEBFichasdosprojetosanalisados....................................................................................195
xvii
LISTADEFIGURAS
Figura1:Relaçãoentreasvariáveisdapesquisa. .................................................................................. 9
Figura2:LinhadotemposituandoemfasesaproduçãobibliográficadeChristopherAlexander. ....... 21
Figura3:Escolhademateriaisparaproduçãoemsériedeumaspiradordepó. .................................. 22
Figura4:Estruturasanalíticaesintéticadeumproblemspace. .......................................................... 23
Figura5:Integraçãourbanaesustentabilidadesocialemparâmetrosprojetuais................................ 47
Figura6:GeniusLocieconectividadeemparâmetrosprojetuais. ....................................................... 48
Figura7:Legibilidadeeidentidadeemparâmetrosprojetuais. ........................................................... 49
Figura8:Expressõesdecentralidadeemparâmetrosprojetuais......................................................... 52
Figura9:Transiçãoentreosespaçoseexpressõesdeverticalidadeemparâmetrosprojetuais........... 53
Figura10:Autoconstruçãogradualemateriaisoindustrializadosemparâmetrosprojetuais.......... 54
Figura11:Exploraçãodequalidadessensoriaisemparâmetrosprojetuais. ........................................ 57
Figura12:Interfaceentreconfortoambientaleprivacidadeemparâmetrosprojetuais. .................... 58
Figura13:Tipologiasedilíciasidentificadasnaamostradeprojetos.................................................... 61
Figura14:Parâmetroschavenaconstruçãodosconceitos.................................................................. 81
Figura15:Categorizaçãodeparâmetroschaveemarranjoconcêntrico.............................................. 83
Figura16:Categorizaçãodeparâmetrosprojetuaisemarranjoconcêntrico. ...................................... 84
Figura17:ArranjodosconceitosqueconstituemoSensodeUrbanidade........................................... 86
Figura18:CroquisdeparâmetrosprojetuaisrelativosaoconceitoSensibilidadeaoambiente
construídoenaturalexistente............................................................................................................ 87
Figura19:CroquisdeparâmetrosprojetuaisrelativosaoconceitoConectividade,legibilidadee
sustentabilidadesocial. ...................................................................................................................... 88
Figura20:CroquisdeparâmetrosprojetuaisrelativosaoconceitoIdentidade.................................... 89
Figura21:ArranjodosconceitosqueconstituemoSensodeHabitabilidade. ..................................... 91
Figura22A,B,CeD:CroquisdeparâmetrosprojetuaisrelativosaoconceitoHarmoniaespacial:
relaçãoentreconfortoambientaleprivacidade.FigurasemEeF:Croquisdenovosparâmetros
propostos........................................................................................................................................... 93
Figura23:CroquisdeparâmetrosprojetuaisrelativosaoconceitoSentidodelar............................... 94
Figura24AeB:Croquisdenovosparâmetrospropostosrelativ osaoconceitoOpçõeseflexibilidade.
FiguraemC:CroquisdeparâmetrorelativoaoconceitoOpçõeseflexibilidade.................................. 96
Figura25:TrechosdaimplantaçãodaetapadosprojetosparaNúcleoUrbanoemCampinas(M04)e
(M05). ............................................................................................................................................... 99
xviii
Figura26:VistasdaetapadosprojetosparaNúcleoUrbanoemCam pinas(M04)e(M05)..........100
Figura27:ImplantaçãoefachadadeblocodoprojetoBairroNovo(VA05). .....................................101
Figura28:PlantatipodavilaemculdesacdoprojetoNúcleoUrbanoCampinas(M04)ePlantatipo
domódulodeconvíviodoprojetoNúcleoUrbanoCampinas(M05). ................................................ 102
Figura29:PlantadepavimentotipodoprojetoBairroNovo(VA05). ...............................................103
Figura30:ImplantaçãodoprojetoCDHUemItatiba(VA14).ImplantaçãodoprojetoConjuntoem
Itatiba(M03).................................................................................................................................... 104
Figura31:PlantatipodeUHdoprojetoCDHUemItatiba(VA14).PlantatipodeUHdoprojeto
ConjuntoemItatiba(M03)...............................................................................................................105
Figura32:ImplantaçãoevistaProjetoNovoCentro(VA12). ............................................................ 107
Figura33:VistaeimplantaçãodoprojetoReservaIbatyba(M01). ...................................................107
Figura34:FachadasdeapartamentosesobradosdoprojetoReservaIbatyba(M01). ......................108
Figura35:PlantastipodeapartamentoesobradodoprojetoReservaIbatyba(M01)......................110
Figura36:ImplantaçãodoprojetoÁreaJd.SãoFrancisco(VB09).ImplantaçãodoprojetoConcurso
Brasilit(H05)....................................................................................................................................111
Figura37:UHsdoprojetoÁreaJd.SãoFrancisco(VB09).UHsdoProjetoConcursoBrasilit(H05). ..113
Figura38:ImplantaçãodoprojetoparaÁrealuz(VA10).ImplantaçãodoprojetoVilaMara(VB04) 115
Figura39:VistadoprojetoparaÁrealuz(VA10).FotosexternasdoprojetoVilaMara(VB04). .......115
Figura40:PlantasdeUHsdaslâminaslongitudinaleem“U”doprojetoparaÁreanaLuz(VA10).
PlantadeUHstérreassimétricasnoprojetoVilaMara(VB04). ........................................................118
Figura41:ImplantaçãodoprojetoRincão(VB03).ImplantaçãodoprojetoMinass(VB06).
ImplantaçãodoprojetoHabitasampaBarraFunda(VB01). .............................................................. 119
Figura42:VistaprojetoRincão(VB03).VistaprojetoMinasGás(VB06).Vis tadoprojetoHabitasampa
BarraFunda(VB01)..........................................................................................................................121
Figura43:PlantatipoecortedoprojetoRincão(VB03);PlantatipodoprojetoMinasGás(VB06).
PlantatipodoprojetoHabitasampaBarraFunda(VB01)..................................................................122
Figura44:ProjetoHeliópolisI(VB07). ..............................................................................................123
Figura45:ProjetoÁreanoBrás(M06)..............................................................................................124
Figura46:PlantadasUHsdoProjetoHeliópolisI(VB07);PlantaecortedeUHdoProjetoÁreanoBrás
(M06)...............................................................................................................................................125
Figura47:ImplantaçãoevistadoprojetoparaRuaGrécia(H02).Implantaçãoevistadoprojeto
HeliópolisII(VB08)...........................................................................................................................127
Figura48:AxonométricadaUHdoprojetoHeliópolisII(VB08).PlantasdeUHsdoprojetoparaRua
Grécia(H02)............................................................................................................................ ......... 129
Figura49:ImplantaçãodoprojetoHabitasampaAssembléia(VA04).ImplantaçãodoprojetoCAIXA
IAB(VA03).ImplantaçãodoprojetoCAIXAIAB(VA01). .................................................................. 131
xix
Figura50:VistadoprojetoHabitasampaAssembléia(VA04).VistadoprojetoCAIXAIAB(VA03).
VistasdoprojetoCAIXAIAB(VA01)..................................................................................................131
Figura51:VistasdoprojetoparaConcursoCAIXAIAB(VA02). .........................................................132
Figura52:TrechodaplantatipodoprojetoHabitasampaAssembléia(VA04).Trechodaplantatipodo
projetoCAIXAIAB(VA03).TrechodaplantatipodoprojetoCAIXAIAB(VA01)...............................133
Figura53:ImplantaçãoevistasdoprojetoParanapanema(VB05)....................................................135
Figura54:ImplantaçaoevistadoprojetoPedroFacchini(VB02). .....................................................135
Figura55:PlantatipoprojetoPedroFacchini(VB02). ....................................................................... 137
Figura56:PlantatipodoprojetoParanapanema(VB05). .................................................................137
Figura57:Implantação,vistaaéreaefotosexternasdoprojetoPontaldeGuaratuba(H04).............138
Figura58:FotosmostrandoaberturasnasfachadasNorteeSuleNortedasUHsnoPontalde
Guaratuba(H04).PlantasdospisostérreoesuperiordasUHs..........................................................139
Figura59:ImplantaçãoEdifícioVilleCapFerrat(VA06).....................................................................141
Figura60:FotosexternasdoedifícioVilleCapFerrat(VA06).Fotoexternadomesmoedifíciotiradaa
partirdocondomínioemfrente(acimadoníveldarua). ...................................................................142
Figura61:PlantatipoEdifícioVilleCapFerrat(VA06). ......................................................................143
Figura62:ImplantaçãodaVilaPirandello(H01);ImplantaçãodaVilaFidalga(H03). .......................144
Figura63:ImplantaçãodaVilanobairroJabaquara(M02). ..............................................................144
Figura64:FachadafrontaldaVilaPirandello(H01)...........................................................................145
Figura65:FachadalateraldaVilaFidalga(H03). ...............................................................................145
Figura66:FachadafrontaldaVilanobairroJabaquara(M02). .........................................................145
Figura67:PlantasdaUHtípicadosprojetosVilaPirandello(H01),VilaFidalga(H03)eVilanobairro
Jabaquara(M02). .............................................................................................................................147
Figura68:ImplantaçãoEdifícioDuplexTopTower(VA08).ImplantaçãoEdifícioHelborLoftEvolution
(VA09)..............................................................................................................................................149
Figura69:FotodoLivingLoft(VA07).FachadadoDuplexTopTower(VA08).FotodoHelborLoft(VA
09).....................................................................................................................................................150
Figura70:PlantatipodoEdifícioDuplexTopTower(VA08)..............................................................150
Figura71:FotointernadeUHdoEd.LivingLoft(VA07).PlantatipodeUHdoEd.DuplexTopTower
(VA08).PlantatipodeUHdoEd.HelborLoftEvolution(VA09)........................................................151
Figura72:ImplantaçãoefotodoEdifícioAvallon(VA11)..................................................................153
Figura73:CroquisvolumétricoeplantatipodoEdifícioAvallon(VA11). .......................................... 154
Figura74:LocalizaçãodoconjuntoOndesol(VB10).LocalizaçãodoEdifícioPuntadelEste(VA13). .155
Figura75:LocalizaçãoeimplantaçãodoconjuntoOndesol(VB10). ..................................................155
Figura76:FotodoEdifícioPuntaDelLeste(VA13).FotosdoConjuntoOndesol(VB10). ..................156
Figura77:FotosdoConjuntoOndesol(VB10).PlantadeUHsdoConjuntoOndesol(VB10). ............157
xx
Figura78:Relaçãoentreparâmetrosdeumalinguagem. ..................................................................163
Figura79:Croquisilustrandodiferen tesabordagensmetodológicasdeprojeto. ............................... 164
Figura80:Estruturaçãogeraldeconceituaçõesparaodesenhourbano. ...........................................165
Figura81:Croquisilustrandoasesquematizaçõesprimáriascercamentoecontinuidade. ................. 166
Figura82:Conjuntosdeparâmetrosutilizadosnaestratégiaprojetual..............................................170
xxi
LISTADETABELAS
Tabela1:Resumodolevantamentodosprojetosdaamostra............................................................. 62
Tabela2:Númerodeprojetosporfaixasderenda.............................................................................. 64
Tabela3:Númerodeprojetosporpremiação..................................................................................... 64
Tabela4:Númerodeprojetospordécada. ......................................................................................... 64
Tabela5:RelaçãoentreDécadaseTipologias. .................................................................................... 65
Tabela6:Coletâneadeparâmetrosprojetuaisidentificadosnosprojetos........................................... 67
Tabela7:Novosparâmetrosprojetuaisidentificadosnosprojetos. .................................................... 76
Tabela8:Parâmetrosprojetuaisincorporadosaosnovosparâmetros. ............................................... 78
Tabela9:PresençadeparâmetrosprojetuaisemprojetosdeHISnacidadedeS.P.em1990x2004... 79
Tabela10:PresençadeparâmetrosprojetuaisemprojetosdeHISnaRMSPeoparâmetroEspaço
externopositivo(106positiveoutdoorspace). ................................................................................... 80
Tabela11:Resumosobreapresençadeparâmetrosprojetuaisnosprojetos...................................... 82
Tabela12:ResumosobreapresençadeparâmetrosprojetuaisnosprojetosagrupadosporFAIXADE
RENDAEPORTE.................................................................................................................................158
Tabela13:Resumosobreapresençadeparâmetrosprojetuaisnosprojetosagrupadospor
TIPOLOGIASEDILÍCIAS. ......................................................................................................................159
Tabela14:Outrosparâmetrosprojetuaisacrescentadosàestratégia. ...............................................167
Tabela15:EstratégiaprojetualparaoSensodeUrbanidade. ............................................................171
Tabela16:EstratégiaprojetualparaoSensodeHabitabilidade. ........................................................173
xxiii
LISTADEQUADROS
Quadro1:GRUPODEPROJETOSDEHISPARAÁREASDEMAIORPORTE(>100milm²)....................... 99
Quadro2:ResumosobreapresençadeparâmetrosnosprojetosM04,M05eVA05......................103
Quadro3:ResumosobreapresençadeparâmetrosnosprojetosM03eVA14................................ 106
Quadro4:ResumosobreapresençadeparâmetrosnosprojetosM01eVA12................................ 110
Quadro5:ResumosobreapresençadeparâmetrosnosprojetosVB09eH05.................................114
Quadro6:GRUPODEPROJETOSDEHISPARAÁREASDEMENORPORTE(até20milm²).................... 114
Quadro7:ResumosobreapresençadeparâmetrosnosprojetosVB04eVA10...............................118
Quadro8:ResumosobreapresençadeparâmetrosnosprojetosVB03,VB06eVB01....................123
Quadro9:ResumosobreapresençadeparâmetrosnosprojetosM06eVB07................................126
Quadro10:ResumosobreapresençadeparâmetrosnosprojetosVB08e H 02...............................129
Quadro11:ResumosobreapresençadeparâmetrosnosprojetosVA04,VA01,VA02,VA03........134
Quadro12:ResumosobreapresençadeparâmetrosnosprojetosVB05,VB02...............................137
Quadro13:GRUPODEPROJETOSPARADEMAISFAIXASDERENDA. ................................................. 138
Quadro14:ResumosobreapresençadeparâmetrosnoprojetoH04...............................................140
Quadro15:ResumosobreapresençadeparâmetrosnoprojetoVA06. ...........................................143
Quadro16:ResumosobreapresençadeparâmetrosnosprojetosH01,H03eM02.......................148
Quadro17:ResumosobreapresençadeparâmetrosnosprojetosVA07,VA08eVA09. ................152
Quadro18:ResumosobreapresençadeparâmetrosnosprojetosVA11. ........................................154
Quadro19:ResumosobreapresençadeparâmetrosnosprojetosVB10e VA13.............................157
xxv
LISTADEABREVIATURAS
AsBEA: AssociaçãoBrasileiradosEscritóriosdeArquitetura.
CDHU: CompanhiadeDesenvolvimentoHabitacionaleUrbanodoEstadodeSãoPaulo.
Cohab: CompanhiadeHabitação.
Habi: SuperintendênciadeHabitaçãoPopulardaPrefeituradoMunicípiodeSãoPaulo.
HIS: HabitaçãodeInteresseSocial.
IABSP: InstitutodeArquitetosdoBrasil‐DepartamentodeSãoPaulo.
PMC: PrefeituraMunicipaldeCa mpinas.
PMSP: PrefeituradoMunicípiodeSãoPaulo.
RMSP: RegiãoMetropolitanadeSãoPaulo.
TipologiaH: Horizontal.
TipologiaM: Mista.
TipologiaVA: VerticalAlta.
TipologiaVB: VerticalBaixa.
UH: UnidadeHabitacional.
1
1
1
.
.
I
I
N
N
T
T
R
R
O
O
D
D
U
U
Ç
Ç
Ã
Ã
O
O
Oatodeprojetaremarquiteturaenvolve oajuste responsável entreexpectativaseproblemas
deordemconflitanteatravésdamanipulaçãocriativadecomponentesdeordemprogramática
e espacial, por sua vez indissociáveis das esferas sociocultural, ambiental, tecnológica, legal e
econômica, dentre outras. Muitos projetistas se baseiam em repertório enriquecido com a
experiênciaaolongodosanoseemtentativaseerrosparasolucionarasquestõeseconflitosde
projeto. Mas o processo projetual que busca soluções de qualidade necessita, além de
conhecimento sólido no campo de atuação,
de base crítica interna que auxilie no
direcionamentodoprojetoemformaçãosem,noentanto,mecanizáloapontodeimpossibilitar
aemergênciadenovasidéias.Abuscacriativapelasoluçãodeproblemasnesteprocessorequer
os pensamentos divergente e convergente em equilíbrio, conforme observado por Lawson
(1997). A criatividade projetual
pode ser cultivada e uma variedade de ferramentas são
bemvindas como suporte a um processo em que regras por si não conseguem resolver a
totalidade dos problemas. Dentro deste contexto, visualiza se a pertinência de contribuição
para a fase da concepção projetual a fim de integrar conhecimento qualitativo e sua
sistematizaçãocriativanasoluçãodeproblemas.
O processo de projeto do arquiteto, conforme constatado por diversos autores (NASAR, 1986;
HUBBARD,1995;LAWSON,1997),secomfreqüênciademaneiraexcessivamenteintuitivae
esta característica pode resultar no não atendimento de necessidades humanas no ambiente
construído. Nasar (1986) ressalta a importância
excessiva dada ao conteúdo artístico na
formaçãoacadêmicadoarquitetoeconseqüenteênfasenasuaexpressãoindividual,quepode
ser constatada pelo conteúdo de publicações em arquitetura usadas como material de ensino
nas disciplinas de projeto. Lawson (1997) constata a ênfase do ensino de projeto no produto
finalenão
noseuprocessodeconcepção.Acreditasequeoprocessoprojetual,pelocontrário,
podesebeneficiardainclusãodeconhecimentosistematizadosemprejuízoàcriatividade.Um
aprimoramento dos procedimentos adotados e a aplicação de metodologias mais sistemáticas
depesquisaeprojetosejustificampelanaturezacomplexadoprojetoedaatividadeprojetual
2
bem como pelos desafios crescentes e interesses contraditórios com os quais se deparam os
projetistas,incluindoaexigênciadaqualidadeambiental,conformeobservaKowaltowskietal.
(2006a).
A presente pesquisa destaca o universo projetual da habitação coletiva para investigação.
Acreditase que este universo requer atenção redobrada a aspectos não mensuráveis
do
confortohumanoparaqualquerfaixaderenda,tendodeatenderarequisitosdevariadaordem
porvezesemconflitocomnecessidadeshumanasde umadiversidadedeusuários.Princípiosde
sustentabilidade sociocultural e ambiental enfatizam a importância do projeto de habitação
coletiva em áreas centrais ou estratégicas da cidade, incentivando
iniciativas de reforço ao
centrocomoas salientadas por SolàMorales (2001) e Meyer (2001). Silva (2006) adverte que,
porvezes,nestasiniciativas,osobjetivossociaisseinviabilizamapartirdaperspectivaexclusiva
do êxito econômico, comprometendo o conceito da diversidade social, que necessita de
instrumentos de política pública para garantílo. Considerase, porém, que os índices e
coeficientes típicos da legislação urbanística e arquitetônica são insuficientes para garantir a
qualidadedeprojetourbanoearquitetônicoalmejada:abrigarplenamentearelaçãoambiente
comportamentonoprojetodahabitaçãocoletiva,oqueincluioresgatedeumsensodelugare
de habitar desde a escala da implantação à escala da Unidade HabitacionalUH. Para tanto,
partiusedoestudodaobradeAlexanderetal.(1977)comoricoconhecimentoestruturadosob
a ótica da observação do comportamento humano no ambiente construído, cujo potencial de
contribuição para o processo de projeto de intenção humanizadora parece, ainda hoje,
subutilizadonoBrasil,especialmentenoâmbitodahabitaçãocoletiva.
Assim,Alexanderetal.(1977)constituiuseapeçateóricamotivadoraparaapresentepesquisa.
A partir da observação de variados eventos reincidentes entrelaçados à geometria espacial no
ambienteconstruídoedenominadospatterns,propõeumalinguagemque procura refletir um
modo intemporal de construir, por sua vez investigado em Alexander (1979). Este modo
intemporal seria capaz de liberar ordem fundamental inerente aos seres humanos, qualidade
central e critério de vida numa cidade ou edificação. A linguagem proposta visa alcançar uma
qualidade que, apesar de não poder ser nomeada, constitui o “caráter essencial e intemporal
3
necessárioàboaarquitetura”(1979,p.xv).OsautoresAlexanderetal.(1977)consideramqueas
linguagens usuais de projeto, ao contrário da linguagem proposta, são fragmentadas e não
fundamentadas em considerações naturais e humanas, ou seja, não permitem a liberação
daquela qualidade no ambiente construído que faz com que as pessoas se sintam vivas e
humanas. Proposta como um centro arquétipo para outras possíveis linguagens, a seqüência
apresentadaseria um mapa básicoapartirdo qual sepodeconfiguraruma linguagem própria
paracadaprojeto,escolhendoospatternsquelhesãomaisúteis.
ParaRowe(1995b)aobrateóricadeAlexander
emarquiteturainseresenocontextodereação
e desafio à monotonia, falta de distinção e inflexibilidade resultantes do modernismo tardio,
pós guerra mundial. Investigando o projeto de habitação coletiva nos Estados Unidos da
América e em países da Europa, Rowe (1995b) observa que nos anos 20 e 30, a
ênfase das
vanguardas modernistas em novas formas deuse de modo producente por meio de um
processoracionalizadodaproduçãoemmassa.Apósaguerramundial,aorientaçãotécnica
moderna teria eliminado distinções espaciais importantes no âmbito da vida cotidiana,
resultando em edifícios monótonos e residências indistintas, construídas de acordo com
padrões mínimos que não respondem aos aspectos sociais. Com a emergência das ciências
sociais em arquitetura a partir da década de 70, os programas habitacionais centralizados,
modernos e tecnocráticos teriam sido gradualmente substituídos por provisões e
determinações locais, na tentativa de melhorar a qualidade das condições e o significado
expressivodaarquiteturanahabitação.
Apesardadefasagemtemporaledesconsiderandoseasexceções,constatamsefasessimilares
àsexpostasacima no Brasil,especialmentenoEstado de SãoPaulo,emdiferentes momentos.
Primeiramente,ocorreramosprogramashabitacionaiscentralizados(meadosdadécada de60e
décadasde70e80)e,
naseqüência,umainversãodalógicaderivada dapolíticahabitacionaldo
BancoNacional de Habitação(extintoem1986) e dasCompanhiasde Habitação,poriniciativa
daPrefeituradeSãoPaulo,comoincentivoanovosconjuntoshabitacionaisnosvaziosurbanos
da cidade entre 1989 e 1992. Ao refletir sobre a elaboração das bases e os resultados do
concursodaadministração municipaldeentão paraprojetosde HabitaçãodeInteresse Social
4
HIS Sant’Anna Jr. (1990) salienta a importância do resgate do genius loci e não de uma
modernidade aparente. Serpa (1997) analisa o problema recorrente de espaços externos
coletivos concebidos como sobras no projeto de conjuntos de HIS, ponderando também que
outras boas iniciativas foram tomadas no interior do Estado pela atual Companhia de
Desenvolvimento HabitacionalCDHU, apesar do retorno dos conjuntospacote (projetos
padronizados que não valorizam os espaços externos coletivos) como o projeto Cingapura na
cidadedeSãoPaulo.Bonduki(2000)apresentaalternativasparaagestãourbananaquestãoda
moradia naquela cidade em que se retomaram, no ano de
2004, os concursos de HIS para a
ocupação dos vazios urbanos. Mas apesar do reconhecimento por parte de pesquisadores e
projetistas de variados equívocos na lógica de produção destes projetos, a inserção de
conjuntos de HIS na cidade continua a impor desafios ao atendimento de necessidades
humanasdosfuturosusuários.
De
um olhar sobre a produção paulista de projetos habitacionais coletivos premiados, esta
pesquisa procede a uma investigação acerca de sua qualidade espacial sob o enfoque de rico
conhecimento estruturado a partir da observação ambientecomportamento. São enfocadas
necessidadespsicossociaiseambientaisnoambienteconstruídodesdeaescaladaimplantação
àescaladaUHnouniversodahabitaçãocoletiva,incluindovivacidadeurbana,diferentesgraus
de privacidade e envolvimento comunitário, legibilidade, identidade, senso de proteção,
estímulos sensoriais tais como variabilidade luminosa e visual, entre outras. Outros autores
investigam atributos relacionados, enfocando, porém, a escala da habitação em si. Rybczynski
(2002) denomina o tema de conforto doméstico e inclui os atributos conveniência, eficiência,
lazer, bemestar, prazer, domesticidade, privacidade e intimidade. Schmid (2005) examina o
impactodoambientenassensações humanasparaalémdos fenômenosfísicosefi siológicose
atribui à casa (lar) o sentido primeiro de conforto, a busca de consolo. Kowaltowski (1980)
verifica a representação das necessidades humanas de afeto, felicidade, beleza e saúde em
ingredientesdeumaarquiteturahumanizada.OspatternsemAlexanderetal.(1977)expressam
a percepção de necessidades humanas no ambiente construído por meio de proposições. O
pattern formato alongado (109lo ng thin house), por exemplo, busca garantir
o gradiente de
intimidade especialmente em projetos de habitação de área reduzida: Se “a forma de um
5
edifícioafetaenormementeosgrausdeprivacidadeeocupaçãointerna,tendoefeitocríticono
confortoebemestardaspessoas”;Então:“emedifíciospequenos,nãoarranjeosambientesde
forma aglomerada, mas desenroleos um em seguida ao outro, aumentando ao máximo a
distância entre eles. Você pode fazêlo horizontal ou verticalmente: uma planta longa e
retangularouumatorreestreita”(ALEXANDERetal.,1977,p.535538).
Os patterns são apresentados pelos autores como proposições do tipo “se... então”, cada um
descrevendoumproblemarecorrentenoambiente construído(se)e(então)ascondiçõespara
umasolução,seguidasdecroquiesquemático.
Osautoressalientamqueotítulodolivroéuma
(possível)linguagemdepatternsenãoa(única)linguagemdepatterns.Explicamqueousodos
patternsnãonecessariamente acarretaresultadosformaissemelhantesequearelaçãoentreos
patternsnãoélinear,vistoqueocorreumariquezadeconexões.
Épremissadaquelaproposta
que o projetista seja alimentado por circunstâncias locais específicas. Muito embora estes
esclarecimentos, os patterns têm por vezes sido considerados como de natureza determinista
desdeautorescomoProtzen(1978)a Saunders(2002). Emdetrimentodestainterpretação, os
patterns foram aqui traduzidos e interpretados como parâmetros projetuais e compõem os
argumentos iniciais da pesquisa. Acreditase no caráter propositivo dos patterns e que a
nomenclatura parâmetro enfatiza esta interpretação, no sentido de ser um elemento cuja
variaçãodevalormodificaasoluçãodeumproblemasemlhemodificaranatureza.
AmparandoseemGroateWang(2002)pode
sedizerqueapesquisaconduzidaporAlexander
et al. (1977) adotou estratégia do tipo qualitativa sob enfoque fenomenológico, visto que
realizou extenso estudo de campo observando as características espaciais de lugares bem
sucedidos.Aomesmotempo,aquelapesquisacaracterizaseporargumentaçãológicanomodo
comoosparâmetrosprojetuais
formamrededeconexõesevisaminfluenciaraaçãoprojetual,
bemcomo nacoerênciacom queseopõem aatributosdoModernismo quasequecomonum
tratado discursivo. a presente pesquisa, propõe a investigação em projetos acerca do
potencialdeseleçãodaquelesparâmetrosprojetuaisparaaanáliseerealizaçãoprojetual,
neste
aspecto um enquadramento de argumentação lógica que deriva daquela primeira
argumentação.Enfocandooprojetoarquitetônicodesdeaescaladaimplantaçãodoconjuntoà
6
escala das UHs em si, a presente pesquisa relaciona os parâmetros selecionados à qualidade
espacialdeprojetosdehabitaçãocoletiva.Dessaforma,insereseahipótesedeque,apartirde
uma seleção de parâmetros projetuais dentre os descritos em Alexander et al.(1977) podese
fomentar a construção de conceitos humanizadores relevantes para a análise de projetos de
habitação coletiva e, assim, seu futuro uso consciente e sistemático pode contribuir para o
melhoratendimentodasnecessidadespsicossociaiseambientaisdefuturosusuários.
O objetivo principal desta pesquisa foi verificar, dentre os diversos parâmetros projetuais
descritos em Alexander et al. (1977),
em que medida os parâmetros projetuais selecionados
relacionamseàqualidadeespacialdeprojetosdehabitaçãocoletivanoqueserefereaomelhor
atendimento de necessidades psicossociais e ambientais. Os objetos investigados consistem
daquela seleção de parâmetros projetuais e da amostra de projetos de habitação coletiva no
Estado de São Paulo
premiados e publicados entre os anos de 1980 e 2005 em periódicos
nacionais. Também teve por objetivo constituir coletânea dos parâmetros projetuais
identificados e propor estratégia metodológica que incentive seu uso efetivo no processo de
futuros projetos. A divulgação dos resultados obtidos deverá beneficiar, em especial, a
formação acadêmica de futuros arquitetos ao incentivar a sistematização criativa do
conhecimento da relação ambiente construído e comportamento humano para o processo de
projetoemseuprogramadeensino.
Importante notar que a evolução da pesquisa se deu de modo entrelaçado à revisão da
literatura, desde a seleção dos parâmetros pertinentes ao tema habitacional
à elaboração da
estratégia metodológica. Com o intuito de relacionar a proposta original em Alexander et al.
(1977) e conceitos inerentes aos parâmetros projetuais a outras teorias e resultados de
pesquisas, a revisão da literatura tornouse uma base teóricoconceitual que alimentou a
pesquisa de forma dinâmica e recíproca.
Além da peça teórica motivadora desta pesquisa e
outras publicações de Alexander (1966; 1979) revisouse também em especial Rowe (1995a;
1995b),Lawson(1997),Elsheshtawy(2001),Colquhoun(1981;2004),Carmona(2001),Norberg
Schulz (1965; 1976; 1983), Bloomer e Moore (1978), Sherwood (1994), Rybczynski (2002) e
Schmid (2005), dentre outras. Os parâmetros projetuais inicialmente selecionados como
7
pertinentesaotemahabitacionalforamidentificadosnosprojetosdaamostraesuarelevância
para a avaliação dos projetos quanto ao melhor atendimento das necessidades humanas
enfocadas sugeriu a construção de conceitos humanizadores. O reconhecimento da qualidade
dos projetos da amostra a partir dos conceitos construídos revelou potencial de contribuição
parao
processodeprojetodahabitaçãocoletiva.
Dada a condução dinâmica da pesquisa e visando maior clareza narrativa para o recorte
adotado,apresentaseinicialmentea Abordagem Metodológica nocapítulo2. Na seqüência, é
apresentada a Fundamentação TeóricoConceitual, sobre a qual se embasam as investigações
sobre o processo de projeto
e sobre os parâmetros projetuais. No capítulo 4, apresentase a
HabitaçãoColetivasoboEnfoquedosParâmetrosProjetuaismostrandoaseleção,identificação
e interpretação dos variados parâmetros em amostra abrangente de projetos. Este capítulo
sugeriu a Construção e Arranjo de Conceitos Humanizadores que, averiguados em Projetos
Segundo os Conceitos Humanizadores apresentados no capítulo 6, permitiram o
Desenvolvimento de Estratégia Metodológica que os posiciona em estrutura conceitual em
relação a propriedades investigadas na Fundamentação TeóricoConceitual. Concluindo, o
capítulo 8 apresenta as Considerações Finais sobre a pesquisa realizada, trazendo reflexões e
indagaçõesquepodemorientarnovosestudos.
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Sob a ótica metodológica, esta pesquisa é de caráter exploratório, posto que investiga o
potencialdeumaseleçãodeparâmetrosprojetuaisemAlexanderetal.(1977)paraaanálisede
projetos e construção de estratégia de apoio ao processo projetual da habitação coletiva. Os
objetos investigados consistem de seleção de parâmetros projetuais dentre os descritos por
Alexander e equipe e dos projetos de habitação coletiva no Estado de São Paulo premiados e
publicados entre os anos de 1980 e 2005 em periódicos nacionais, ambos constituindose de
fontesdocumentais.
AFigura1,aseguir,ilustraarelaçãoentreasvariáveisdapesquisanaverificaçãodahipótese:a
relevância de conceitos humanizadores construídos a partir de seleção de parâmetros
projetuaisparaaanálisedeprojetossugerequeofuturousodaquelesconceitosnoprocessode
projeto da habitação coletiva pode contribuir para o melhor atendimento de necessidades
psicossociaiseambientaisdosusuários:
Figura1:Relaçãoentreasvariáveisdapesquisa.
Os parâmetros projetuais relacionados ao tema habitacional foram selecionados
preliminarmente dentre os 253 descritos e pertencentes a quaisquer das três seções em
Alexanderetal.(1977),correspondentesàsescalasdeintervençãodacidade,daedificaçãoeda
construção.Buscouseextrairdaquelaseleçãopreliminardeparâmetrososeusignificadocomo
PROCESSODE
PROJETO
PROJETOSDE
HABITAÇÃO
COLETIVA
CONCEITOS
HUMANIZADORES
[PARÂMETROSPROJETUAIS]
NECESSIDADES
PSICOSSOCIAISE
AMBIENTAIS
10
fatores para o projeto da habitação coletiva relacionados ao melhor atendimento das
necessidades humanas enfocadas. Um questionário aos arquitetos autores foi elaborado a
partir do conteúdo daquela seleção preliminar de parâmetros projetuais, com a intenção de
verificar a consideração, implícita ou deliberada, daqueles parâmetros projetuais no processo
deprojetodos
arquitetos(verApêndiceA).
Aamostradeprojetoslevantadosincluitodosostiposdepremiaçãoidentificadaemperiódicos
nacionaisdearquitetura,impressosoueletrônicos,patrocinadosounãopeloIABSP,desdeque
entreosanos de1980e 2005paraprojetosde habitaçãocoletivano Estadode SãoPaulo. Foi
consideradooprimeiroprêmionacategoriaprojetoouobraconstruídadehabitaçãocoletiva e
suas nomenclaturas variadas. Quando um primeiro prêmio não ocorreu ou modalidades da
categorianãoreceberamprimeiroprêmio, foram consideradastambémasmenções honrosas.
NocasoespecíficodoconcursodaHABIPrefeituraMunicipaldeSãoPaulode19891990,marco
referencial para o projeto de HIS a nível nacional, além dos primeiros prêmios para as duas
áreasobjetosdoconcurso(SãoFranciscoeBrás)foramtambémconsideradososprojetospara
outras áreas que resultaram da contratação dos autores dos projetos que receberam menção
honrosa naquele concurso. Considerouse habitação coletiva como o conjunto de pelo menos
quatro UHs agregadas horizontal ou verticalmente, incluindo qualquer faixa de renda dos
usuários, tipologias edilícias, densidades e escalas de intervenção. Os projetos foram
classificados pelo modo de agregação das UHs. As fichas dos projetos (ver Apêndice B) foram
elaboradas a partir dos dados disponíveis nos periódicos e organizadas segundo aquela
classificação tipológica, e incluem a descrição física, a percepção do projeto segundo os
discursosdoeditordoperiódicoedoarquitetoautordoprojeto(quandodisponíveis),osdados
gráficos,osregistrosfotográficosdeeventuaisvisitasacampoeasrespostasaosquestionários,
quandoobtidas.
A amostra abrange projetos construídos ou não e em qualquer etapa de desenvolvimento,
inclusiveaquelescomdeficiênciadedados parauma análiseprojetualmaiscompletadevidoà
falta de dados nos periódicos e à falta de envio de material requisitado. Revelase, assim,
heterogênea,quepartedosprojetos foi construída, habitada e modificada, outra parte não
11
chegou a ser construída, e outros ainda foram estudos preliminares na escala urbana,
mostrando, quando muito, apenas algumas sugestões de layout de UHs. Este recorte
metodológicojustificasepeladesejadaabrangênciadesituaçõesdeprojetoafimdeilustraros
tambémvariadosparâmetros projetuais investigados, caracterizandoo caráter exploratórioda
pesquisa.
Considerase também que os projetos levantados contribuíram no sentido de
possibilitar a constituição de um perfil da produção premiada de habitação coletiva no Estado
quetambémpossaviraserobjetodepesquisasfuturas.
Aanálisedosprojetosvisouesclarecerapresençaouodosparâmetrosprojetuaisearelação
destescomaqualidadeespacialdosprojetos,sendobalizadapor aquelaseleçãopreliminarde
parâmetros e pela percepção arquitetônica do pesquisador sobre os projetos. Buscouse
apreenderqualitativamenteoselementosqueinfluemnadiferenciaçãoentreosambientes,na
transição públicoprivado e na exploração de características materiais, dimensionais e
proporcionais
dosespaços.Estapercepçãosedeusobreosinfográficosimplantação,plantasdo
pavimentotipo e da UH, e cortes. Procedeuse à busca por exemplos representativos dos
parâmetros projetuais nos projetos. Para Alexander et al. (1977) vários parâmetros projetuais
podem e devem se sobrepor num mesmo e preferencialmente pequeno espaço físico. Para a
presente pesquisa, o critério da maior ou menor presença de parâmetros projetuais nos
projetosserviudeindíciocomparativoparaaanálisedosmesmos,quenãoexplicouporsi
a qualidade espacial de um projeto como um todo. A heterogeneidade característica da
amostra, justificada pela desejada abrangência de situações a fim de exemplificar os variados
parâmetros investigados, também levou à maleabilidade daquele critério, que os projetos
maisdetalhadoseexecutadosoferecerammaioroportunidadedeidentificaçãodeparâmetros.
A verificação da presença, recorrência e variabilidade dos parâmetros projetuais selecionados
em Alexander et al. (1977) embasou o reconhecimento de conceitos relevantes para a análise
dosprojetos.
A formulação de novos parâmetros projetuais se fez por vezes necessária como ajuste à
adaptaçãodaqueleconhecimentoaocontextosociocultural, ambiental e temporal da amostra
de projetos: quando parâmetros projetuais manifestaramse de maneira muito branda em
12
relaçãoasuadescriçãooriginal,quandoseverificouanecessidadedeunificaçãodedoisoumais
parâmetros projetuais ou quando, durante a análise dos projetos, parâmetros relevantes mas
nãoconstantesemAlexanderetal.(1977)foramidentificados.
Aindaquecientesdalimitaçãodetestabilidadedamaioriadosparâmetrosprojetuaisdevidoao
seuconteúdointrinsecamenteligadoàexperiênciaintuitiva edentrodaslimitaçõesperceptivas
daanáliseprojetual,considerasepertinenteaconstruçãodeconceitoshumanizadoresapartir
de parâmetros projetuais constantes em Alexander et al. (1977). Percebeuse, no decorrer da
pesquisa, que faz falta naquela obra orientação mais abrangente sobre o
conteúdo dos
parâmetroseaomesmotempomaisdirecionadaaseuusonoprocessodeprojetodahabitação
coletiva. O significado dos parâmetros projetuais como fatores de projeto relacionados ao
melhor atendimento de necessidades humanas foi sendo aprimorado ao longo da análise dos
projetos,possibilitandosuacategorizaçãoemtemasquerefletem
asnecessidadeshumanaspor
elescontempladaseavisualizaçãoeaconstruçãodosconceitosemduasescalasabrangentes.
A base teóricoconceitual fundamentou o desenvolvimento da proposta de estratégia para o
processode projeto. PesquisasrelacionadasàpropostaemAlexander et al. (1977) de uso dos
parâmetros projetuais foram observadas, levando em conta a relação não linear entre os
parâmetros projetuais bem como a premissa daquela proposta de que o projetista seja
alimentado por circunstâncias locais específicas. Posto que os parâmetros projetuais sugerem
relação entre geometria espacial e aspectos comportamentais, buscouse caracterizar os
parâmetros projetuais identificados segundo suas propriedades espaciais
mais características,
amparadosporpesquisasrevisadasnafundamentaçãoteóricoconceitual.Aestratégiadeapoio
ao processo projetual consiste de estrutura conceitual que relaciona os conceitos
humanizadorespropostosapropriedadesespaciaisinerentesaosparâmetrosprojetuais.
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A fundamentação teóricoconceitual revisa a literatura sobre pesquisas em metodologia de
projetobemcomosobreoconteúdodosparâmetrosprojetuais a fim de respaldar a proposta
para sua inserção na fase de concepção do processo de projeto com vistas ao melhor
atendimentodenecessidadeshumanasnahabitaçãocoletiva.
Primeiramente,apresentasediscussãosobreoprocessodeprojetoarquitetônicoeabuscade
soluções para os problemas de projeto, o processo criativo e as pesquisas em metodologia
desdeosanos60,comoobjetivodesituarapropostametodológicadeAlexandernocontexto
mais abrangente das pesquisas sobre o processo projetual. Em seguida, procura situar “A
Pattern Language” no contexto da obra de Alexander, desde suas raízes em “Notes on the
SynthesisofForm”,de1964,atéariemaisrecente“TheNatureofOrder”,publicadaentreos
anosde2002e2005,apontandotambémalgumasaplicaçõesedesdobramentosde“APattern
Language”.Naseqüência,procurareconhecerasvinculaçõesteóricasdaobramotivadoradesta
pesquisasoba luzdosconceitosdoRacionalismo, EstruturalismoeFenomenologia, e também
apontar outras vinculações a autores de enfoque humanista. Por fim, apresenta subsídios
teóricosmaisdiretamenterelacionadosaosparâmetrosprojetuaisselecionados.
OPROCESSODEPROJETOARQUITETÔNICO
Aadequaçãodaatividadeprojetivaemdiversasáreaséobjetodediscussãopertinentenosdias
dehoje,emqueoatodeprojetardesempenhaumpapelcadavezmaisimportantenaevolução
do meio ambiente (FRIEDMAN, 2003). O autor argumenta que a atividade projetista, com sua
tradiçãoartesanal,temsebaseadopredominantementeemconhecimentotácito,eque éhora
de considerar explicitamente como a teoria de projeto pode ser construída e de reconhecer
que,semumacargadeconhecimentoteórico,a atividadeprojetistanãoestarápreparadapara
enfrentarosdesafiosdocomplexocontextoatual.
14
Acreditasequeousodemétodosdesuporteàfase deconcepçãodoprojetopossaresultarem
um processo mais eficiente e com resultados de maior qualidade. Daí a importância de
pesquisasqueinvestiguemamaneiracomooarquitetorecebeasinformaçõessobreoprojeto,
asorganizaesintetizademodoaevidenciarasrelaçõeseimplicaçõesqueosdiversostiposde
informaçãotêmentre sieasdevolvenaformadeprojeto. EmBarros(2002)reiterouseque o
processo de projeto arquitetônico é de natureza dual: intuitivo e racional, conforme exposto
por diversos autores (JONES in BROADBENT; WARD, 1969; LASEAU, 1989; SHOSHKES, 1990).
Esta polaridade pode, quando em desequilíbrio, levar à mistificação do processo. Acreditase
que a solução para a desmistificação do processo seja minimizar critérios arbitrários de
avaliação e escolha de valores no projeto tendo em vista o equilíbrio daquela natureza dual
intuitivaeracional.
A concepção do projeto arquitetônico é uma tarefa complexa que se enquadra em temas
multidisciplinares que abrangem desde característicascientíficas e extremamente técnicas até
questõesrelacionadasaogêniodequemcriaoprojetoecomoeleutilizasuacriatividade.Daía
necessidade, na prática do projeto, da combinação de diferentes métodos e formas de
representação do problema e de sua solução. Nas pesquisas da área evidenciamse diversas
vertentes, seja na tentativa de criar uma teoria de projeto, de sistematizar o processo de
projeto, de criar máquinas que projetam ou de geração de formas de suporte à criação dos
projetistas. Estas pesquisas evidenciam
também que o pensamento criativo representa uma
formadesoluçãode problemas,equeasdiscussõessobreacapacidadehumanadesoluçãode
problemas enfocam dois tipos de elementos cognitivos: o conhecimento de repertório e o
conhecimentosistemático.Este últimoéaplicadoparagerarsoluçõesaosproblemasnovospor
meio
de regras e operações, ou seja, as heurísticas, e referese ao talento humano da
criatividade e a capacidade de estabelecer relações entre diferentes elementos, através do
pensamentodivergente(PETRECHEetal.,2005).
Aquestãodanecessidadeeadequaçãodemetodologiasdeprojetoarquitetônicoérelacionada,
dentre outros fatores, ao modelo de representação usado no processo projetivo. O processo
hoje considerado tradicional de projetar: o projetista profissional especializado que produz
15
desenhos a partir dos quais outros constroem, usa um modelo de representação (o desenho)
considerado por muitos como limitado, por ser modelo de aparência e não de desempenho
(LAWSON,1997).Esta questãodarepresentaçãorelacionaseaoutraigualmenteimportante:a
da natureza excessivamente intuitiva do processo de projeto. Ambas as questões foram
detectadaspelosarquitetosdoDesignMethodsMovementnosanos60.
Para Kowaltowski et al. (1998) nas discussões de metodologia de projeto arquitetônico é
constanteo temada necessidadedetransferênciadeconhecimento,principalmentedasáreas
dafísica,engenharia,psicologiaesociologia.Essemesmoestudodemonstrouque
problemas
nessatransferência,sejapelafaltademétodosvisuais,sejapelapossibilidadedeinterpretações
errôneas, seja também pela aplicação indevida de informações e imagens. Argumentam que
essas dificuldades provem do fato de que o processo de projeto é basicamente heurístico, e
também de que é difícil apresentar visualmente fenômenos relacionados ao
conforto
ambiental,emimagensapropriadas ao processo de projeto. Constatamse, assim, dificuldades
nodesenvolvimentodemétodosauxiliaresdeprojeto.
Nos próximos parágrafos apresentase um retrospecto das pesquisas em metodologia de
projeto desde os anos 60 a partir do artigo de Bayazit (2004) a fi m de situar a proposta
metodológica de Alexander no contexto mais abrangente das pesquisas sobre o processo
projetual.
A maior parte da pesquisa em projeto em arquitetura deuse devido às necessidades das
sociedadesdo pósGuerraMundial.Os desenvolvimentoscientíficos duranteeadiminuição
de recursos após a Guerra deram ímpeto à geração de novas maneiras de resolver problemas
existentes.Nosanos60estavaclaraanecessidadedeconsiderarametodologiadeprojetosob
umenfoquequefossealémdoprojetocomoproduto.Devidoadesenvolvimentostecnológicos
e implicações da produção em massa, faziase necessária maior atenção à consideração de
necessidades humanas. Influências
mútuas entre pesquisas em projeto e tecnologias da
informação caracterizam os últimos quarenta anos, além da utilização de métodos de outras
áreascomopsicologiasocial,ergonomia,lingüística,gerenciamentoeeconomia.
16
A análise de sistemas e a teoria de sistemas em projeto fundamentaram os métodos
sistemáticos de projeto, rotulados porHorstRittelem 1973comometodologiasdeprojetoda
geração.AprimeiraconferênciafoiorganizadaporJoneseThornleyedeuseemLondresem
setembro de 1962, e seus anais foram publicados no livro Conference on Design Methods, em
1963. Vários dos participantes publicavam sobre metodologia de projeto à essa época e
posteriormente a ela, e são considerados pioneiros em métodos científicos de projeto, tais
como Asimow, Archer, Chermayeff, Alexander e Jones. Nesta primeira conferência Alexander
expôspelaprimeiravez
suatesededoutorado“TheDeterminationofComponentsforanIndian
Village”,publicadaemseguidanolivro“NotesontheSynthesisofForm”.Em“Communityand
Privacy” Alexander e Chermayeff usaram a mesma metodologia daquela tese, subdividindo os
problemas de projeto até chegar a pequenas partes passíveis de solução, agrupando
aquelas
queseinterrelacionamnumarepresentaçãopordiagramasemqueasinteraçõesdeafinidade
ounãodosrequisitosdoprojetosãoresolvidas.
Asegunda conferêncianoassunto,TheDesignMethod,foiorganizadapor SidneyGregory,em
Birmingham, 1965. Gregory definiu, pela primeira vez, o conceito de ciência do projetar. A
terceira conferência foi organizada por Broadbent e Ward, a Design Methods in Architecture
SymposiumemPortsmouth,1967.Seusanaisforampublicadosposteriormentenolivro“Design
Methods in Architecture” em 1969. Broadbent afirmou, após o simpósio, que este fora
organizado de modo a confrontar aqueles autores vistos como behavioristas, representando
uma visão mecanizada e quantificada do projeto (Archer, Markus, Struder), daqueles
preocupadoscomohumanismo( humanness),vistoscomoexistencialistasoufenomenologistas,
estandoWardentreeles.EstabeleceusenosE.U.A.oDesignMethodsGroup(DMG)naU.C.em
Berkeley em 1967, que começou a publicar uma newsletter. Gary Moore, Jones, Rittel, Henry
Sanoff e Alexander eram membros da publicação. Em junho de 1968 o DMG organizou uma
conferência internacional no M.I.T. Várias outras conferências na década de 70 mostram o
interessecrescenteporprojetistasnapesquisa emmetodologia deprojeto. ODesign Methods
MovementnosE.U.A.enoReinoUnidofoiseguidopelaAlemanhaOcidental.
17
Nos anos 70 dois dos pioneiros do movimento, Alexander e Jones, anunciaram um manifesto
contra os rumos da metodologia de projeto da época. Alexander renunciou à sua posição no
grupoeditorialdanewsletterdoDMGalegandoqueboapartedosparticipantestransformouo
assuntoemjogointelectualeperdeuoobjetivoprincipaldeprojetarmelhoresconstruções.C.
Jones também se manifestou contra as tentativas de resolver a totalidade dos problemas de
projeto em parâmetros lógicos, o uso computacional e o behaviorismo. Horst Rittel em 1973
rotulou os novosmétodos argumentativos como metodologia de projeto da geração. Estes
métodos de identificação
de problemas eram influenciados pelo filósofo Karl Popper, e
começaram a compensar a inadequação dos métodos da geração. O envolvimento dos
usuários em decisões de projeto e a identificação de seus objetivos eram as características
principais.Oenvolvimentodosusuários sintonizavase aos movimentos políticos democráticos
deentão.ADesign
ParticipationConferenceocorreuemManchesterem1971e foiorganizada
por Nigel Cross. O sucesso do pr ojeto participativo requeria dos profissionais projetistas a
colaboraçãocomcientistassociaiseantropólogosnodesenvolvimentodapesquisaemprojeto,
masesbarravaemobstáculosquandoemprojetosdelargaescala.
Depois da Guerra, enfrentando problemas sociais e econômicos e com o propósito de
resolverproblemascomplexosdeprojetoeatenderaosrequisitosdosusuários,projetarpassou
aserconsiderada uma atividade deproblemsolvinge de decisionmaking. Odesenvolvimento
científico durante a Guerra trouxe grandes contribuições para a solução de problemas de
projeto. Experiências na área da ergonomia durante a Guerra estimularam o interesse de
pesquisas em metodologia de projeto nos anos 50. Na Suécia, vários estudos em ergonomia
foramconduzidosnaáreadahabitação. Nos Estados Unidos da AméricafundaramseaEDRA
Environmental Design Research Association fundada em 1970 por Henry Sanoff, os grupos de
pesquisa MERManEnvironment Research em várias universidades e também os periódicos
Environment and Behavior e Journal of Architectural Planning and Research. Na Europa
fundaramse as sociedades IAPSInternational Architectural Psychology Society e DRSDesign
ResearchSocietyetambémoperiódicoDesignStudies,editadoporNigelCross.
18
Bayazit (2004) situa, por fim, as pesquisas sobre os aspectos cognitivos de projetistas
experientes ao redor do mundo feitas por cientistas que pesquisam CADComputer Aided
Design.OmerAkinfoipioneironoassuntoemconferênciade1978,esuatesededoutoradona
Carnegie Mellon University foi publicada em 1986 como “Psychology of Architectural Design”.
Conclui que a partir dos anos 90 houve crescimento significativo das pesquisas em processo
projetivo a partir de novas demandas e confrontações na reestruturação do conhecimento
acadêmico.Filosofias eteorias sãomatériascomunsdediscussão,emétodosde projetoestão
sendoreavaliados.
Cross (2007) também aponta os avanços e abrangência das pesquisas em metodologia de
projeto nos últimos quarenta anos, pontuando as gerações visualizadas por Horst Rittel em
1973.Umatendênciaaocientificismodo projetaréassociadaaos anos 60.Rejeitadanos anos
70inclusiveporpartedospioneirosdoDesignMethodsMovementcomoChristopherAlexander
e J. Christopher Jones, aquela geração foi preterida por processos argumentativos e
participativos que possibilitam soluções satisfatórias aos problemas de projeto agora
reconhecidoscomowickedoumaldefinidos.Nosanos80ocorreuoamadurecimentodocampo
de pesquisa como disciplina de estudo, com destaque para a ênfase teórica nos processos
cognitivosdoprojetistaemarquiteturaespecialmentecomoslivros“HowDesignersThink”de
Lawson, original de 1980, e “Design Thinking” de Rowe, original de 1987, bem como para o
francodesenvolvimentodeperiódicosdaárea.Cross(2007)ressaltatambémaimportânciado
livro “The reflective practitioner” de Schön, original de 1983, por sua tentativa de estabelecer
umaepistemologiadapráticaprojetualimplícitanosprocessosintuitivosdosprojetistasvisando
uma prática reflexiva do projetar. Reconhece, por fim, a expansão das pesquisas também por
conferências,queadquiriramescalainternacionalrepresentativa.
UmoutrotópicoqueseconsideraimportanterelacionaràpropostaemAlexanderetal.(1977)
é a idéia da necessidade de alguma espécie de modelo tipológico na metodologia de projeto,
assuntotratadoporColquhoun (1981),originalde1967,ecomentadonosparágrafosseguintes.
Nesbitt (2006) observa que este ensaio, publicado pela primeira vez em 1967, representou
ruptura radical com o movimento moderno, que rejeitara o tipo e as teorias da imitação em
19
favordainovação.ConcordandocomopensamentoestruturalistacontemporâneodeBarthese
LéviStrauss, Colquhoun interpreta os artefatos arquitetônicos como codificados por camadas
designificaçãocultural,eatipologiacomomeiopararecuperaressasignificação.
Os sentidos de lugar e de relação dentro do meio urbano ou dentro de um edifício não
dependem de qualquer fato objetivo mensurável, visto que são fenômenos. Para Colquhoun
(1981), a convicção atual sobre a importância absoluta dos métodos científicos de análise e
classificaçãoprovémdacrençanaformacomomeroresultadodeumprocessológicoquereúne
as necessidades e as técnicas operacionais, o determinismo
biotécnico. Os que apregoam as
virtudesdatecnologiapuraedametodologia objetiva do projeto como um meio necessário e
suficiente de produzir dispositivos ambientais, obstinamse em atribuir força icônica aos
produtosda tecnologia.Artefatoshumanostêmopoderdesetransformaremícones,comoo
barcoavapore
aslocomotivas.Umadoutrinapuramenteteleológicadasformastecnológicase
estéticas,portanto,nãosesustenta.
Colquhoun (1981) recorre às ideais do teórico italiano T. Maldonado de que a intuição pura
devebasearsenoconhecimentodassoluçõespassadasaplicadasaproblemasafins,sugerindo
tambémqueacriaçãoéumprocessodeadaptaçãodeformasquederivamdenecessidadesou
de ideologias estéticas do passado às necessidades do presente. Apesar de considerála uma
solução provisória, Maldonado reconhece que este é o processo concretamente usado pelos
arquitetos. Colquhoun (1981) responsabiliza em parte a teoria expressionista, muito difundida
naviradadoséculoXX,
pelaexclusãodastipologiasporpartedateoriaarquitetônicamodernae
pela sua crença na livre intuição. A teoria expressionista rejeitou todas as manifestações
históricas da arte, baseandose na crença de que as formas têm um conteúdo expressivo ou
fisiognômicopeculiarquesecomunicaconoscodiretamente.Colquhounrecorreà
tesedeE.H.
Gombrichquepostulaqueasformasfisiognômicassãoambíguas,podendoserinterpretadas
emfunçãodeummeioculturalespecífico.SeGombrichestivercorreto,Colquhounconcluique
as formas intuídas tendem a despertar certas associações de sentido. Parece, assim, que se
podeestabelecerumsistemadevaloresqueconsidereasformasesoluçõesdopassadoparao
controlesobreconceitosqueinterferirãonoprocessodecriação.
20
AOBRADECHRISTOPHERALEXANDER
Christopher Alexander, austríaco radicado nos Estados Unidos da América, formouse
primeiramenteemmatemáticaedepoisemarquitetura.ConformeexpostoporBayazit(2004)e
Lawson (1997), Alexander fez parte daquela geração de pensamento sobre metodologia
projetiva,oDesign Methods movementdosanos60. Alexander produziu
extensaobra e ainda
sinaliza novas publicações. Esta seção contempla sua obra desde “Notes on the Synthesis of
Form”àrecenterie “TheNatureofOrder”,todaviasemapretensãodeapontare descrever
todaasuaproduçãobibliográfica.
Jutla(1993)identifica trêsfasesnopensamentosobreteoriadeprojeto
deAlexander:aênfase
altamente racional em “Notes on the Synthesis of Form”; a ênfase no conceito de totalidade
(wholeness) com o ensaio “A City is Not a Tree” e o livro “A New Theory of Urban Design”; a
ênfase nos patterns, com as publicações de “A Patttern Language” e “The Timeless Way of
Building”. Nesta pesquisa é importante situar ainda outras obras: “Community and Privacy”
naquelaprimeirafase;“The OregonExperiment”,“TheLinzCafé”e“TheProductionofHouses”
naquela terceira fase e, por fim, identificar uma quarta fase em que é renovada a ênfase na
totalidade e seu papel na criação de vitalidade em arquitetura com a publicação da série
entitulada“TheNatureofOrder”.Afimdeesclarecerasfasesdaextensaproduçãobibliográfica
de Alexander, a Figura 2 a seguir a situa em linha do tempo. Notese que as datas
correspondem à primeira edição de
cada obra, não necessariamente às datas das edições
referenciadasaolongodanarrativadatese.
21
Figura2:LinhadotemposituandoemfasesaproduçãobibliográficadeChristopherAlexander.
PRODUÇÃOBIBLIOGRÁFICA
DATA
THEOREGONEXPERIMENT(ALEXANDERETAL.)1975
ACITYISNOTATREE1965
1963 COMMUNITY&PRIVACY(CHERMAYEFF;ALEXANDER)
NOTESONTHESYNTHESISOFFORM1964
APATTERNLANGUAGE(ALEXANDERETAL.)
THETIMELESSWAYOFBUILDING
1977
1979
CHRISTOPHERALEXANDERDISCUSSESDEEPSTRUCTURESINARCHITECTURE
1981
1983
THELINZCAFÉ
CONTRASTINGCONCEPTSOFHARMONYINARCHITECTURE(ALEXANDER;
EISENMAN)
THEPRODUCTIONOFHOUSES(ALEXANDERETAL.)
ANEWTHEORYOFURBANDESIGN(ALEXANDERETAL.)
1985
1987
THEPHENOMENONOFLIFE
2004
2005
THELUMINOUSGROUND
AVISIONOFALIVINGWORLD
THEPROCESSOFCREATINGLIFE
2002
LEGENDA:
FASE(ênfaseracional);
FASE(ênfasenatotalidade);
FASE(ênfasenospatterns );
FASE(novaênfasenatotalidad
e
22
Primeirafase:aênfaseracional
A obra de Alexander(1977),originalde1964 e resultado de sua tese de doutorado defendida
em 1962, é considerada por Lawson (1997) como tendo influência sobre o pensamento
subseqüentedevidoaofatodetermostradoa necessidadedoprocessodeprojetoemseabrir
para
inspeção e avaliação crítica. Alexander fora motivado pela inadequação do modelo de
realidademaiscomumàquela época(odesenhomanual)noprocessodeprojeto,propondoum
método matemático de estruturação dos problemas não visualizáveis de projeto que os
representa graficamente por meio de diagramas construtivos, que posteriormente seriam
chamadospatterns.
NaFigura3aseguirAlexanderrepresentaoproblemadaescolhademateriaisnumprojetoque,
mesmo aparentemente simples, possui requisitos conflitantes: desempenho, encaixes,
economiaesimplicidade.
Figura3:Escolhademateriaisparaproduçãoemsériedeumaspiradordepó.
Fontedaimagem:ALEXANDER,1977,p.2.
Alexander(1977)tambémanalisaadualidadecaracterísticadonossoconhecimentodaforma:o
que ela é e o que ela faz. Apresenta os diagramas construtivos como modo de exploração do
contextoetambémdeprocuradaforma,ouseja,umaponteentrerequisitoseforma,daísua
importânciacomoferramenta no
processode projeto. Os diagramas estruturam osproblemas
deprojetoatravésdesucessivascomposiçõesefusões(verFigura4BeFigura4C),capturando
asimplicaçõesdoproblemaporcompleto,aocontráriodaestruturanaFigura4A,queconsiste
desucessivasdivisõesedemonstraanaturezaanalíticadoprograma.
23
Rowe (1995a) explica que o planejamento de um problemspace, domínio abstrato em que
elementos representam conhecimento, visa est r uturar o processo de busca a uma solução na
fase inicial do processo projetivo. Ao analisar os aspectos procedentes desta fase do processo
projetivo,Rowe(1995a)afirmaquetantoemAlexander(1977)
comoemAlexanderetal.(1977)
propôsse estruturação de problemas denominada bottom up ou método da decomposição
recomposição hierárquica dos problemas. Este método tem como objetivo prover descrição
extensivadaestruturadeumproblemspacepormeiodesuadecomposiçãoaoscomponentes
mais fundamentais. A relação entre estes componentes é então identificada de forma
sistemática,possibilitandorecombinaçãonumquadrocoerentedaestruturadoproblemspace.
Para Jutla (1993) o Racionalismo cartesiano para a solução dos problemas de projeto é
enfatizadoemAlexander(1977).Osproblemassãoquebradosemseuscomponentesmenores,
cadacomponenteéresolvidoseparadamentee,porfim,sintetizado
numasoluçãoabrangente.
A obra representa tentativa de descobrir o que cria projetos bemsucedidos, e aponta
dualidades fundamentais ao projeto como formacontexto, ajustedesajuste, e processo de
projeto inconscienteconsciente. Com relação à dualidade formacontexto, o contexto impõe
demandas à forma, e igual importância deve ser dada
às edificações e espaços externos, a
exemplodascidadesdaRenascença.Comrelaçãoàdualidadeajustedesajuste,ométodoinclui
identificar as variáveis de desajuste, reagrupálas, achar as soluções e combinálas num novo
todo.Porém,é difícilidentificartodos osdesajustes,a informaçãosobreo ajustepodeser tão
importante quanto àquela sobre o desajuste e, se não houver informação suficiente sobre o
ajuste, o projetista pode acabar criando outro desajuste. Além disso, o mundo não se divide

A:Estruturaanalítica
(outopdown).
B:Estruturasintética
(oubottomup).
C:Estruturasintéticadeumavilainteira.
Figura4:Estruturasanalíticaesintéticadeumproblemspace.
Fontedasimagens:ALEXANDER,1977,p.94e153.
24
simplesmente entre bom/ ajuste e ruim/ desajuste. Com relação à dualidade do processo de
projetoinconsciente(tradicional)consciente(especializado),omelhorprojetodearquiteturaé
aquele gerado pelas sociedades tradicionais, pois suas formas arquitetônicas eram produzidas
numlongoperíododetempo,sobretentativaeerro.Asmudançasnasociedadeeramlentase
assim bem adaptadas no sistema de construção. Mudanças rápidas em tecnologia afetam a
qualidadedosmateriaisproduzidospelasociedade,eessasmudançasporvezessãoimportadas
comaintroduçãodetecnologiasofisticada.
Rowee Koetter(1975)observamaminuciosaexatidãodoprocessodescritoem“Notesonthe
Synthesis of Form”. Para eles, tratase de um processo limpo, que lida com dados “limpos”,
atomizados, purificados e novamente purificados. Mas, por resultarem das características
inibidorasdocompromisso,emespecialcomafísica,oresultadonuncaparecetãoimportante
quantooprocesso.Étentativadeevitarqualquerimputaçãodedesviotendencioso,fundadana
suposição de que os fatos são verificáveis e isentos de valor. Mas nossos julgamentos são
inerentementeseletivos.ParaNesbitt(2006)amentalidadedabricolagempropostaporRowee
Koetter é propensão às mesclas assistemáticas, nãocientíficas, que resistem a todo impulso
totalizante do planejamento urbano. Rowe e Koetter criticam a tentativa de aplicar a lógica
positivista a algo tão impreciso quanto a arquitetura e o desenho urbano. Eles citam o
Alexander (1977) por seu admirável porém inatingível esforço de eliminar valores e
preconceitospessoaisdoprocessodeprojetoafimdeasseguraruniversalidade.
Segundafase:aênfasenatotalidade(
wholeness)
Jutla (1993) considera Alexander (1966), original de 1965, como caracterizando a fase no
pensamento de Alexander que enfatiza a totalidade (wholeness). É feita análise comparativa
entre cidades planejadas que resultam de estrutura do tipo árvore e cidades naturais, ou
tradicionais, nãoplanejadas por método racional, que crescem organicamente
e apresentam
padrãocomplexodeestruturassobrepostas.Umolharsuperficialsobreascidadesnaturaisnão
enxergaordemquando, narealidade,ordemcompleta escondidaemsuasestruturas.Apesar
decronologicamente posterior, Alexander etal.(1987) também apontaparaa necessidade de
25
articular princípios para se criar totalidade (wholeness) nas cidades atuais. O plano de
desenvolvimentoparadeterminadolocalprecisaconectarseàestruturaimediatabemcomoà
estrutura mais abrangente de sua vizinhança: os contextos regional e local precisam ser
analisadosantesdetomadasasdecisões.
Terceirafase:aênfasenos
parâmetrosprojetuais
Na edição de “Notes on the Synthesis of Form”, em prefácio datado de 1971, Alexander
enfatizou uma idéia mais simples, porém considerada por ele a mais importante, e que em
seguidafundamentariaolivroobjetodestapesquisa:opoderdecadaparâmetrocomosistema
pequenodeforças
queinteragemeconflitamse,eéindependentedetodasasoutrasforçasou
parâmetros projetuais. Assim, projetos de caráter completo seriam criados a partir da fusão
desses relacionamentos. Os parâmetros projetuais referemse aos problemas, subproblemas e
suasrespectivassoluções,dentrodoconjuntomaiorderequisitosdeumprojeto.
(ALEXANDERetal., 1977) apresentase como extensa e rica coletânea de diretrizes de projeto
estruturadas a partir da observação do comportamento humano no ambiente construído. Os
parâmetros projetuais descritos em “A Pattern Language” são definidos como entidades
portadorasdaessênciadasoluçãoaproblemasrecorrentesemnossoambiente(ALEXANDERet
al., 1977). Os autores consideraram que as linguagens usuais de projeto, quando existentes,
eramfragmentadaseofundamentadasemconsideraçõesnaturaisehumanas(1977,p.xvi).A
linguagem apresentada é “[...] o centro arquétipo de todas as outras possíveis linguagens que
podemfazeraspessoassesentiremvivasehumanas”(1977,p.xvii),
easeqüênciaapresentada
é“[...]ummapabásicoapartirdoqualvocêpodeconfigurarumalinguagemparaoseupróprio
projeto, escolhendo os parâmetros projetuais que lhe são mais úteis, e deixandoos mais ou
menosnaordememqueseencontramimpressos”(1977,p.xviii,xix).
Os parâmetros
projetuais fundamentamse na vivência dos ambientes por seus usuários, e
procuram responder às necessidades humanas de diferentes graus de privacidade e
envolvimento comunitário, identidade, senso de proteção ou segurança psicológica,
26
variabilidadetérmicaeluminosa,vistaparaoexteriorentreoutras.ApartirdaleituradeGifford
(1997) e também de Groat e Wang (2002) podese dizer que a metodologia adotada por
Alexander et al. (1977) para a pesquisa que possibilitou a identificação dos parâmetros
projetuais foi a abordagem fenomenológica, método considerado valioso nas pesquisas em
percepção ambiental. De raiz teórica na filosofia, a fenomenologia enfatiza o caráter único de
cada ambiente, retratando profundamente lugares e também reações como a topofilia e a
alienação.Opesquisadoréusualmenteopróprioobservador,queprocurapercebera essência
de um ambiente de maneira
qualitativa. A abordagem intenciona ganhar insight na maneira
comoosusuários do ambienteo percebem,e entender osignificadoerelevânciade um lugar
àqueles que o conhecem melhor. Nesbitt (2006) coloca que a abordagem fenomenológica da
arquiteturareconheceeexaltaoselementosbásicos(parede,chão, teto)e reavivao interesse
pelasqualidadessensoriaisdosmateriais,luz,cor,significaçãosimbólicaetátildajunta.Assim
posto, a fundamentação dos parâmetros projetuais em Alexander et al. (1977) mostrase
predominantementeempírica.
Alexander et al. (1977) é apresentada como uma das possíveis linguagens de parâmetros
almejadasemAlexander(1979),queporsuavezproporcionaateoriaeinstruçõesparaousoda
linguagem,suaorigemeprática.ParaAlexander(1979)existeummodointemporaldeconstruir
que confere vida a uma edificação ou cidade. Tratase de um processo que libera a ordem
fundamentalquenos éinerente.Paraseencontrar essemodo é
preciso conhecera qualidade
sem nome. A qualidade sem nome, apesar de não poder ser nomeada, é objetiva e precisa, e
consiste no critério de vida e espírito num Homem, numa cidade, numa edificação. Para
alcançar a qualidade sem nome é preciso construir uma linguagem viva de parâmetros
projetuais, cuja
estrutura é criada por uma rede de conexões entre parâmetros projetuais
individuais. A linguagem será viva, como uma totalidade, à medida que esses parâmetros
projetuaisformaremumtodo.
Jutla (1993) considera que nesta terceira fase Alexander expressa sua busca por respostas à
criação de edifícios de qualidade intemporal. Concentrase nos parâmetros projetuais
enfatizando a importância do todo e não das partes do projeto bem como a interação entre
27
pessoas e ambiente. Propõe ferramentas de projeto para a humanização dos espaços, que
podemlhesdotardevivacidade.Comoalinguagemordináriaquepermiteageraçãodeinfinitas
variedades de sentenças, a linguagem de parâmetros projetuais deveria permitir infinitas
soluçõesdeprojeto.Osparâmetrosprojetuaisseriamanálogosapalavras.Podemosidentificar
umparalelocomoEstruturalismo,conceitoqueseráabordadoposteriormente.
MasAlexanderetal.(1977)nãoproporcionaasoluçãoatodososproblemasdeprojeto.Como
cada situação de projeto é única, fazse crítico analisar o problema dentro de seu contexto. O
livro proporciona input valioso para o
projeto se o projetista visualizar o contexto dos
problemas de projeto adequadamente. Para Jutla (1993) a resposta sobre a obtenção da
qualidadeintemporalnoambienteconstruídoaindanãofoitotalmenterespondidaatéaqui.Os
parâmetros projetuais devem ser usados como guias para o desenvolvimento de conceitos
deprojetoe não
como receitasprontas.E oprojetistatem queestaraptoafazer mudançase
acomodações no projeto, de acordo com as condições e características físicas do local e
tambémcomaexperiênciaadvindadiretamentedolocal.Essasintoni afinagaranteaobtenção
dewholenessequalidadenoprojeto.Nocasodegrandesprojetosesse processopodetornarse
difícil.
Quartafase:anovaênfasenatotalidade(wholeness)evitalidade
AbuscadeAlexanderporumarespostamaiscompletasobrecomocriaroambienteconstruído
dequalidadeintemporalcontinuouapósAlexanderetal.(1977).A pesquisasobreasestruturas
profundas (ALEXANDER,
1983) considera que dois tipos de ordem ou propriedade no
ambiente construído, a funcional e a formal, e que estas amarram o projeto à natureza e
sentimentohumanos, formandootodo(wholeness).Masaordem formalpermanecededifícil
descriçãodevidoàimportânciadofatorvivência,revelandoa
tentativadeAlexander emtrazer
avivênciaeasemoçõeshumanasparadentrodoprocessodeprojeto.
Apublicaçãodasérie“TheNatureofOrder”pretendeproporcionaraoprojetistaumanovabase
paraacriaçãodeambientesdequalidadeintemporal,e podeserconsideradaumacontinuação
28
da obra precedente. Nela se encontram cerca de cem parâmetros projetuais incorporados às
quinzepropriedadesqueAlexanderidentificacomoessenciaisparaoambienteconstruídoque
apresentavitalidade.
Alexander (2002a) considera que devido à concepção mecanicista do universo permear o
conceito atual de ordem, construiuse uma visão pluralista sobre valor em
arquitetura que
impossibilita discussão construtiva. Propõe uma teoria de arquitetura fundamentada em uma
nova forma de verdade. Alexander (2002a) trata sobre o impacto destrutivo que teve o
pensamento mecanicista sobre a arquitetura nos últimos cinqüenta anos e afirma que todo
espaço e matéria, orgânico e inorgânico, possuem algum grau de
vida ou wholeness, que será
maior ou menor dependendo de sua estrutura e arranjo. O autor identifica, a partir da
observaçãodeobjetosedaarquiteturaaolongodahistória,quinzepropriedadesconsideradas
fundamentais que, quando presentes num sistema no espaço, garantemlhe um alto grau de
vitalidade: (1) níveis de escala (levels of scale), (2) centros intensos (strong centers), (3)
contornos (boundaries), (4) repetição alternante (alternating repetition), (5) espaço positivo
(positive space), (6) formato ótimo (good shape), (7) (simetrias locais (local symmetries), (8)
intertravamento e ambigüidade (deep interlock and ambiguity), (9) contraste (contrast), (10)
gradientes geométricos (gradients), (11) aspereza (roughness), (12) ecos (echoes), (13) vazio
(thevoid),(14)simplicidadeecalmainterior(simplicityandinnercalm),e (15)integração(not
separateness). Estas propriedades resumem diversos parâmetros projetuais constantes em
Alexander et al. (1977). Para Alexander (2002a) a ordem ou coerência harmoniosa que nos
preenche e toca numa estrutura no espaço, não pode ser representada como mecanismo.
Assim,anaturezadaordemsituariasenaraizdoproblemadaarquitetura.Oconceitoatualde
ordem encontrariase infectado pela concepção mecanicista do universo. Mais de cem
parâmetrosprojetuaissãocitadoseinclusosnaquelasquinzepropriedadesfundamentais.
Alexander(2002b)enfatizaquealgoessencialmente dinâmicosobreaordem:suanaturezaé
entrelaçadaemseucaráterfundamentalcomanaturezadosprocessosquecriamaordem.Ele
explica que em Alexander (2002a) enfocouse a idéia de estrutura viva sob um ponto de vista
geométrico,estático.nestesegundovolumeinseriuseumsegundoconceito,fundamentado
29
na idéia de estrutura em desdobramento, um ponto de vista dinâmico. O papel do arquiteto
seriaodecriarinúmeroscentrosvivos,adaptadosecontribuindoumaooutrodentrodotodo,
de modo a formar um todo coerente e harmonioso. O papel do processo seria mais
fundamental na determinação do grau de vida do edifício do que o design e a habilidade e
treinamento do arquiteto. Nas ciências física e biológica considerase o processo como parte
intrínsecada ordem:forçaseestruturassãoentendidascomoparte inseparáveldosprocessos
que as criam e mantém. Em nossa visão corrente de arquitetura, temos pouca consciência da
transformaçãocomocaracterísticaessencialdoprocessodeconstruir.Arquitetospreocupamse
maiscom oprojetocomoestruturaestáticadoquecom osprocessosgenerativosquecriamo
projeto em estrutura dinâmica. Em Alexander (2005) e Alexander (2004) apresentamse
exemplos práticos de sua nova teoria através da análise de projetos segundo o enfoque
daquelasquinzepropriedadesexpostasnosdoisvolumesanteriores.
Aplicaçõesedesdobramentosde“Apatternlanguage”
Wickramasinghe e Karunaratne (1991) apresentam uma linguagem de parâmetros projetuais
configurada especialmente para o projeto do conjunto habitacional em Keppetipola Mawatha
emColombo,SriLanka. OprojetoseinspiranasidéiasdeC.Alexandereequipe,envolvidosno
ProjectoexperimentaleemLima,Peru,masWickramasingheeKarunaratneasdesenvolvemde
modoaadaptá lasaocontextodeSriLanka,ondeéfeitatentativadepreencheralacunaentre
usuários e projetistas. Foram encontrados vinte e um parâmetros projetuais que descrevem
espacialmente uma casa tradicional local. Os autores consideram que o método de projeto
utilizado segue teoria científica conhecida e conectase às tradições de planejamento deste
territórioantigo.
Alguns dos coautores de Alexander et al. (1977) publicaram Jacobson et al. (2002) propondo
dez diretrizes para o projeto da habitação
unifamiliar. Estas diretrizes resumem diversos
parâmetrosprojetuaisconstantes em “APatternLanguage”e, apesar doméritono esforço de
síntese de alguns parâmetros projetuais relacionados ao tema habitacional, não incorporam
30
diversos outros parâmetros projetuais considerados relevantes para a presente pesquisa, em
especialporestasetratardehabitaçãocoletivaenãounifamilliar.
A partir da relação entre considerações de Alexander derivadas de teorias da física e biologia,
Salingaros (1998) propõe regra matemática que auxilia no alcance da coerência visual em
arquitetura.
É propostahierarquiadeescalafundamentadaemobjetos danatureza, comfator
de diferenciação de aproximadamente 2.7, do maior até o menor. Edifícios satisfazendo esta
regra são percebidos subconscientemente como tendo as mesmas qualidades essenciais de
formas da natureza. Como conseqüência, eles se apresentam mais confortáveis
psicologicamente. Coerência de escala
é característica de arquiteturas tradicionais e
vernaculares,porémencontrasefreqüentementeausentedaarquiteturacontemporânea.
Salingaros(2000)descrevecomovalidarlinguagensdeparâmetrosprojetuaisexistentes,como
desenvolvêlas,etambémsuamutabilidade.Umconjuntodeparâmetrosprojetuaisconectados
ofereceestruturasobreaqualqualquerprojetopodeancorarse.Naescalaurbana,fronteiras
de geometria irregular e permeável (ou fractal, em termos matemáticos) definem e conectam
regiões, encorajando muitos dos processos humanos que tornam uma cidade bem sucedida.
Para o referido autor, a validação de uma linguagem de parâmetros projetuais deve ser feita
tomandose os parâmetros projetuais em ordem reversa, ou seja, em ordem crescente. A
progressão natural do pequeno ao grande revela conexões entre as escalas maiores. Quanto
menor a escala em que um parâmetro atua, mais imediatamente ele se conecta aos seres
humanos. Parâmetros projetuais de escala maior não podem ser tocados ou sentidos,
requerendo síntese e reconhecimento, tornandose mais intelectuais. Conexões hierárquicas
entre parâmetros projetuais em diferentes níveis acontecem numa linguagem de parâmetros
projetuais.Nãosetratadehierarquiasemárvoreinvertida,comoaquelasassociadasasistemas
que exercem controle do tipo topdown, que apresentam múltiplos níveis e conexões
horizontais.a conectividadeexternatornase
critériomaisimportanteapósseralcançadoum
mínimo de consistência interna. Qualquer linguagem de parâmetros projetuais deve estar
conectada a linguagens existentes em suas fronteiras. Evolução e reparos são necessários. A
introdução de uma nova linguagem de parâmetros projetuais não deve desprezar uma
31
linguagem anterior completamente. A coexistência de parâmetros projetuais que competem
entresioudeparâmetrosquesecomplementamédesejávelenecessária,especialmenteseos
novosparâmetrosprojetuaisatuamemdiferentesescalas.
Osparâmetrosprojetuaisderivamempiricamentedeobservações, diferindodateoriacientífica,
que deriva soluções a partir de princípios. Mas
os parâmetros projetuais proporcionam
fundamentaçãofenomenológicaapartirdaqualteoriaspodemsurgir.Apesardeprécientíficos,
os parâmetros projetuais são mais abrangentes que a ciência. Um parâmetro não pode ser
ditadoouforçado,masemergeapartirdouso,eéaceitopelosseusbenefícios.Facilitaa vida
humana
e interações, continuamente resistindo a testes de eficácia, e não pode ser
representadocomosimplesimagemvisual.Modelovisualouregrasestilísticas podemdestruir
umaculturatãoefetivamentequantoumvírusmortal.Aslinguagensdeparâmetrosprojetuais
encapsulam a experiência humana e nos ajudam a lidar com a complexidade no nosso
ambiente.Alinguagemestaránocaminhocertosefordesenvolvidagradualmenteemestrutura
conectadaqueincorporagrausdeescalaehierarquia(SALINGAROS,2000).
A entidade educacional Center for Environmental Structure, em Berkeley, CA, nos Estados
Unidos da América, tem divulgado através de portal eletrônico o conceito de seqüência
generativa de projetos como o processo de uso dos parâmetros projetuais em sua segunda
geração(PATTERNLANGUAGE.COMINC.,2004).Considerase,porém,queoobjetivodoportalé
predominantemente de divulgação de Alexander et al. (1977) para o público leigo, não
contribuindoparaosobjetivosdapresentepesquisa.
VINCULAÇÕESTEÓRICASDE“APATTERNLANGUAGE”
Alexander et al. (1977) foi e ainda é uma obra controversa, como explica o próprio Alexander
(2002a, p.18): “[...] A Pattern Language descreve uma série de parâmetros projetuais para
cidades,edifícios,jardinsedetalhesconstrutivos,fundamentadosnaobservaçãodeambientes
de qualidade, que são necessários para dar suporte à vida.
Alguns consideram que a obra
descreve uma forma importante de verdade, outros consideram os parâmetros projetuais
32
apenas opiniões camufladas como verdade”. Considerouse importante para a presente
pesquisainvestigaraspossíveisvinculaçõesteóricasdeAlexander etal.(1977)aoutrasteorias
daarquiteturaouimportadasdeoutrosramosdoconhecimento,vistoqueumdoscritériosque
reforçamumateoriaéseugraudeconexãoaoutrasteorias.
Nesbitt (2006) considera que ocorreu uma proliferação de paradigmas teóricos ou
enquadramentos ideológicos no período entre 1965 e 1995, importados de outros ramos do
conhecimento, sendo eles a Fenomenologia, a Estética, a Teoria Lingüística (Semiótica,
Estruturalismo, PósEstruturalismo e Desconstrucionismo), o Marxismo e o Feminismo. Os
ensaiosqueNesbitttranscreveecomentacontribuemparaacompreensãodamultiplicidadede
questões que despontaram naquele período, caracterizado como período pluralista e
imprecisamente denominado pósmoderno, cuja teoria arquitetônica trata de uma crise de
sentidonadisciplina.
O debate entre Alexander e Eisenman (2004) originalmente ocorrido e publicado em 1983
expressaidéiascontrastantesdestesdoisarquitetossobreharmoniaeordemeinstigaabusca
depossíveisvinculaçõesteóricasdaobrade Alexander.QuandoperguntadoporEisenmanseo
seupensamentonãoestariaalinhado como dosestruturalistas francesesque, desdeadécada
de60,buscamentenderaordemdascoisasemoposiçãoàordemdosmecanismos,aontologia
das coisas em oposição à sua epistemologia, Alexander respondeu que não sabia de quem
Eisenman estava falando. Segundo o editor do periódico eletrônico Katarxis (ALEXANDER;
EISENMAN, 2004) Alexander se recusou a responder à pergunta por temer que o enfoque do
debate,assimcomooenfoquedaarquitetura,passasseaserosjogosintelectuaiseabstrações
queacabamportomarolugarcentraldosentimentohumanonaarquitetura.Paraoeditor,nos
anos que se passaram desde o debate, a visão humanista de Alexander foi progressivamente
ignoradaemproldavisãodosdesconstrucionistas.Colquhoun(2004)colocaqueas“teoriasda
desconstrução [...] não aceitam passivamente o relativismo que parecem estar celebrando”
(2004, p.20), observando que este paradoxo leva à aceitação temporária do pluralismo na
arquiteturaeaumaprofundapreocupaçãocomaausênciadequalquerdiscursocoerente.Seus
ensaios pretendem contribuir para o desenvolvimento de um discurso que se opõe à visão
33
pluralista sobre valor em arquitetura. Para Alexander (2002a) a visão pluralista de valores é
conseqüênciadopensamentomecanicistaeteveimpactodestrutivonaarquitetura.
Elshestawy (2001) observa que a arquitetura, via de regra, fundamentase numa metáfora da
arte que enfatiza o gênio criativo do arquiteto, podendo levar a uma posição relativista que
aceita múltiplos pontos de vista. Ele considera a proposta alternativa de Alexander,
especialmenteapartirdeAlexanderetal.(1977),metáforadaciênciaemqueoatodeprojetar
fazseexplícitopormeioda geraçãode regras.Procura situar aobra numquadroteórico mais
abrangente, relacionando
a teoria proposta por Alexander ao Estruturalismo de Piaget (1970,
apudELSHESTAWY,2001)bemcomoàFenomenologiadeHeidegger(1971,apudELSHESTAWY,
2001),observandoqueduas tendênciasopostasconflitamseentre “NotesontheSynthesis of
Form” e “The Nature of Order”: a racionalista procurando entender a ordem das coisas e
a
intuitivaenfatizandoaexperiênciapessoaleossentimentos.
Esta base teóricoconceitual utilizase da visão de Elshestawy (2001) sintetizada acima,
explorando os vínculos de Alexander et al. (1977) ao Estruturalismo e à Fenomenologia.
Primeiramente, porém, revisase o conceito de Racionalismo, com o intuito de esclarecer a
crítica de Alexander, especialmente na referida obra, a preceitos racionalistas presentes na
produçãoarquitetônicaeurbanísticadomovimentomoderno.Porfim,sãotambémapontadas
brevementeoutrasvinculaçõesaautoresdeenfoquehumanista.
Racionalismo
No debate com Eisenman (ALEXANDER; EISENMAN, 2004) Alexander critica o Racionalismo a
partir de Descartes, que teria forçado o abandono da idéia do Homem e o universo como
entrelaçados e inseparáveis. Alexander argumenta que para avançar na ciência ensinouse a
fingirqueascoisasfuncionammecanicamente,paraque pudessemserentendidas.Porém,está
cada vez mais claro para a ciência que o ser humano e a matéria no espaço são mais
inseparáveisdoqueseimagina.Amesmacríticaressurgenasérie“TheNatureofOrder”.
34
Segundo Colquhoun (2004) no ensaio “Racionalismo: um conceito filosófico em arquitetura”,
originalde1987,aidéiaderacionalidadenãopodeserexcluídadaarquitetura:todaconstrução
tem de satisfazer critérios pragmáticos e construtivos. A medida segundo a qual se pode
consideraraarquiteturaracionaldependeentãodaimportânciaatribuídaaoscritériosracionais
no processo de projeto e em determinadas ideologias. A definição do racional em arquitetura
nãopermanececonstanteaolongodahistória.Nahistóriadafilosofia,adistinçãoprimordialéa
que se estabelece entre Racionalismo e empirismo, ou razão e experiência. Razão implica a
intervenção de uma regra ou
lei entre a experiência direta do mundo e qualquer práxis ou
techné como a arquitetura. A definição mais geral do Racionalismo em arquitetura deve ser a
noçãode queaarquiteturaéoresultadodaaplicaçãoderegrasgeraisestabelecidasporuma
operaçãodarazão.
Naquele mesmo ensaio Colquhoun (2004) considera
que o conflito entre Racionalismo e
empirismo se estabelece entre duas concepções de conhecimento. Quando o conhecimento é
tido comoapriori,oconhecimento empíricoparece aleatório.Quando o conhecimento é tido
comoaposteriori,oconhecimentoapriorisetornaincertoefundadonaautoridade,emidéias
universalmente aceitas, ou no hábito. A história da teoria da arquitetura durante os duzentos
últimos anos tem sido a história do conflito entre duas concepções do conhecimento que o
definem como a priori ou a posteriori. Colquhoun (2004) explica os diferentes enfoques do
Racionalismo aplicado à arquitetura ao longo da história:
a busca da beleza, a busca da
utilidade,abuscadaautenticidade,abuscadatransparência,eabuscadosignificado.
ParaAlexander(2002a)oRacionalismodecorrentedeDescartesteveinterpretaçãodesvirtuada
deformacrescenteaolongodosanos,acarretandovisãodemundomecanicistareducionista.O
processomecanicistadeisolar e
quebrarproblemasemparteséapenasummétodoe,pornão
corresponder à realidade, tem impacto destrutivo na arquitetura, que deixa de ser integral.
Bachelard (1989) também aponta as insuficiências do Racionalismo em que os conceitos são
comocaixotesqueservemparaclassificarosconhecimentospercebidos,desindividualizandoo
que foi vivido, convertendo oconceitoempensamento morto, classificado. No ensaio sobre o
35
RacionalismoColquhoun(2004)salientaaprogressivadistinçãoentreasfunçõesconstrutivase
científicas(arazão)easrepresentacionaiseartísticas(aemoção)apartirdosséc.XVIIIeXIX.
Podese dizer que Alexander et al. (1977) distancia se dos métodos desenvolvidos a partir das
condições construtivas e de produção em massa, fundamentados no atomismo lógico. Muitos
parâmetros projetuais criticam os sistemas estruturais determinados mais pelas necessidades
doprocesso de produçãodo que por uma forma de lógica construtiva e das necessidadesdos
usuários. Os sistemas estruturais reducionistas implicam num empobrecimento dos espaços
gerados.Oparâmetro Formatodosambientesinternos(191
theshapeof indoorspace,p.883
888)afirmaqueosquadriláterosperfeitosexpressamasfantasiasdaquelesmuitopreocupados
com sistemas e meios de produção. O parâmetro Espaço físico congruente ao espaço de
convívio(205structurefollowssocialspaces,p.940945)ressaltaqueaestruturafísicadeveser
definida por atividades
e grupos humanos e não pela engenharia. Conforme exposto no
capítuloIntrodução,Rowe (1995b) afirmaque,apósaguerra mundial, a orientação técnica
modernaeliminoudistinçõesespaciaisimportantesnoterrenodenossasvidascotidianas.
Alexander et al. (1977) vinculase ao novo formalismo identificado por Colquhoun (2004) no
referidoensaiosobre oRacionalismo,emqueascaracterísticastipológicasdeumaarquitetura
racional persistem por meio da mudança tecnológica e social e nos pr endem a uma imagem
permanentedohomem.Muitosdosparâmetrosprojetuaispodemserconsideradosarquétipos,
etambém incentivamaproduçãopequena edeescala deliberadamentemodesta,como
parte
de uma tendência pósmoderna de reação defensiva às condições sociais de produção e
consumo. Rowe (1995b) classifica os anos 70 e 80 como um período de maturidade do
modernismo em diferentes regiões da Europa e E.U.A., onde a produção arquitetônica foi
menos universal, ancorada em circunstâncias culturais locais,
apresentando também maior
equilíbrioentreopúblicoeoprivado.
Apartirdo referidoensaio porColquhoun(2004) podese aindarelacionaraanalogiaorgânica
doromantismogermânico descritacomoinfluência a ViolletleDuc e,posteriormente,a parte
da vanguarda do séc. XX, à inspiração orgânica presente em parâmetros projetuais em
36
Alexanderetal.(1977):oprofundorespeitoànaturezadosmateriais,àtopografiaexistente,à
orientaçãosolar,àvistaparaoexteriorentreoutros.Em“TheNatureofOrder”édadaênfaseà
naturezadaordememtermosestruturais.Alexanderconsideraavivacidadecomoqualidadeou
condiçãogeralqueexiste,emalgumgrau,emqualquerpartedoespaço.Procuraporvivacidade
intensa em pobreza ordinária, afirmando que nada muito perfeito pode ser verdadeiramente
vivo.Considera terencontradocaracterísticasgeométricasestruturais,recorrentesnosobjetos
eedifícios,quecorrespondemaoseugraudevivacidade(ALEXANDER,2002a).
Estruturalismo
UmaexploraçãodapossívelvinculaçãodaobradeAlexanderaoEstruturalismojustificasepela
sugestão de Eisenman no referido debate entre Alexander e Eisenman (2004) bem como de
Elsheshtawy (2001), que relação direta da idéia de wholeness na obra de Alexander ao
Estruturalismo de Piaget. Colquhoun (2004) no ensaio “Pósmodernismo e estruturalismo:
um olhar retrospectivo”, original de 1988, coloca que a crítica estruturalista aplicase à
arquiteturaatravésdanoçãodetipo.
SegundoNesbitt (2006)nadécadade60houverenovaçãodo interessepelosignificadoe pelo
simbolismo em arquitetura. Os arquitetos estudaram como o significado é transmitido pela
linguagem e aplicaram esse conhecimento à arquitetura. Vários autores questionaram o
funcionalismo moderno como determinante da forma. Agrest e Broadbent adotaram
perspectiva lingüística para argumentar que os objetos arquitetônicos não têm um significado
inerente,maspodemdesenvolvêloporintermédiodeconvençõesculturais.
ParaColquhoun(2004)noreferidoensaiosobrePósmodernismoeEstruturalismoaabordagem
estruturalista inaugurada por Saussure e desenvolvida de várias maneiras por Jackobson, Lévi
Strauss e Barthes, propõe que a capacidade dos signos de transmitir significado, em qualquer
quesejaseusistema,dependedeumaestruturaarbitráriaeconvencionalderelaçõesdentrode
determinado sistema. Elsheshtawy (2001) coloca que para LeviStrauss
estruturas históricas
37
fundamentamtodososprocessosculturaise,emarquitetura,estruturasobjetivasessenciais,ou
arquétipos,fundamentamtodososaspectosdoambienteconstruído.
O Estruturalismo de Piaget (1970, apud ELSHESHTAWY, 2001) engloba três idéias chave:
wholeness, transformação e autoregulação. De acordo com a definição de wholeness, os
elementosdeumaestruturasão
subordinadosaleiseénostermosdessasleisqueaestrutura
deumtodooudeumsistemaédefinido.AnoçãodewholenesséaspectocentralemAlexander
et al. (1977) e em Alexander (1979), sendo muito similar ao conceito de wholeness do
Estruturalismo de Piaget. Alexander (1979) explica que os parâmetros projetuais podem ser
vistos como elementos que fazem parte de um todo maior, um edifício ou uma cidade.
portanto uma estrutura profunda fundamentando o ambiente construído, fazendo com que
ambientes bem sucedidos sejam sentidos ou vivenciados como um todo. Assim, para que se
entenda a vida
que acontece numa edificação ou cidade é preciso entender a estrutura do
próprio espaço. Parâmetros projetuais são descritos como as substâncias sólidas, abaixo da
superfície, a partir das quais um edifício ou uma cidade o feitos. Cada parâmetro é descrito
comoapoiadosobreumaredequeoconectaaoutrosparâmetrosprojetuais,eéessaredeque
criaalinguagemAssim,cadaumdessesparâmetrosprojetuaisouelementosnãopoderiaexistir
isoladamente, mas seria a relação entre eles, estabelecida através do processo da linguagem
dosparâmetrosprojetuais,quecontribuiparaaformaçãodaqueletodo.
AidéiadeautoregulaçãonoEstruturalismo
dePiaget(1970,apudELSHESHTAWY,2001)seriaa
responsávelpelamanutençãoefechamentodosistemaestrutural.Verqualquerestruturacomo
umasubestruturadeoutramaiorseria compatívelcomestavisão,queasubestruturaretém
seus limites: suas leis não seriam alteradas, mas conservadas quando anexadas pela estrutura
maior. Paralelamente
em Alexander et al. (1977) os sistemas de parâmetros projetuais são
semprevistoscomopartedeumaestruturamaior(umedifícioépartedeumsistemamaior,a
cidade),eeste fatonão implicaem perdade identidade.Aomesmotempo, oedifício abrange
estruturas menores como suas aberturas, que seguem
suas próprias regras e também
contribuemparaotodomaior.
38
Segundo Colquhoun (2004) no referido ensaio sobre Pósmodernismo e Estruturalismo, na
década de 60 disponibilizouse o Estruturalismo como arma de ataque contra dois dogmas: o
funcionalismo e o determinismo histórico. A aplicação do modelo lingüístico à arquitetura
permitiuqueafunção fosse vista comofalsareificação enaturalizaçãodeconjunto de valores
culturalmente determinados que podem ou não ser considerados como parte do sistema de
significação constituído por um edifício. Com relação ao determinismo histórico, o
Estruturalismo teria fornecido o contexto crítico geral. A compreensão de como a crítica
estruturalistaaplicaseàarquiteturaexigeprocessodetradução:a
noçãodetipo.Osistemada
arquiteturapreexisteadeterminadoperíodoouarquiteto,epodecomunicarsignificadopor
meio da persistência de formas anteriores. Essas formas, ou tipos, interagem com as tarefas
apresentadas à arquitetura, em qualquer época da história, formando todo o sistema. Nessa
idéia vemos tentativa de reintegrar
a forma e o corpo de uma obra arquitetônica com uma
dimensão de significado que se funda em um tipo de memória coletiva. O Estruturalismo
contestaofuncionalismoingênuoeatiraniadatecnologiasobreaforma,eestabeleceumnovo
tipodenecessidade.Fixalimitesàimaginaçãodoarquitetoe oprendeaumaestruturaaceitae
umapossessãocoletivaqueprecisaserpressuposta.Ousodeformashistóricasimplicaalguma
analogia entre os usos tradicionais associados a essas formas e sua adaptação no presente.
Segundoos neoracionalistas,éapenas por meio da manifestaçãodeseus códigos autônomos
que
a arquitetura pode estar relacionada à prática social, e isso sugere alguma analogia entre
essescódigoseaspráticassociais.
Colquhoun (2004) no referido ensaio sobre Pósmodernismo e Estruturalismo propõe que se
aceiteque nãohajatradução diretaentrefunçãoeforma, pois suarelaçãoé sempremediada
pelo
costumeepelahistória.Aimaginaçãoarquitetônicadeveestarlivreparafazersuaescolha
apartirdacausacompletadasformassemserrestringidaporteoriasapriorisobreimposições
do espírito de época. Porém, a escolha não é ilimitada: a arquitetura tem a origem de seu
significadonascircunstânciasde
suacriação,eissoimplicaqueoqueéexternoàarquiteturaé
devitalimportância,éomotor.Estruturaefunçãosãoportantofalsasoposições,precisamser
conciliadas.
39
O conceito de wholeness no Estruturalismo de Piaget (1970, apud ELSHESHTAWY, 2001) está
presente em Alexander et al. (1977) e Alexander (1979). Os elementos de uma estrutura são
subordinadosaleis,eénostermosdessasleisqueaestruturadeumtodooudeumsistemaé
definido.Umaestruturaprofundafundamentaoambienteconstruído, efazcomqueambientes
bem sucedidos sejam vivenciados como um todo. Os parâmetros projetuais são como
elementos que fazem parte de um todo maior, um edifício ou uma cidade. Assim, cada um
desses parâmetros projetuais não pode existir isoladamente, mas é a relação entre eles,
estabelecidaatravésdoprocessodalinguagemdosparâmetrosprojetuais,quecontribuiparaa
formaçãodotodo.Ossistemasdeparâmetrosprojetuaissãosemprevistoscomopartedeuma
estruturamaior, epertencerauma estruturamaiornãoimplicaemperdadeidentidade esim
numacontribuiçãoaotodo.
Colquhoun (2004) no referido ensaio sobre Pósmodernismo e Estruturalismo considera que a
noçãodetipotraduzcomoacríticaestruturalistaaplicaseàarquitetura.Estanoçãofixalimites
à imaginação do arquiteto e o prende a uma estrutura aceita e uma possessão coletiva que
precisa ser pressuposta. O tipo com dimensão de significado que se funda em um tipo de
memóriacoletivaestápresenteemAlexanderetal.(1977),ondeosparâmetrosprojetuaissão
consideradosarquétipos, sugerindocomo deveseraconfiguraçãofísicadoambienteparaque
acomodeadequadaeplenamenteasnecessidadeshumanas.
PodeseverificarumainclinaçãodoEstruturalismopara
aracionalizaçãodaarquitetura,quando
substituímos a obra literária pela obra arquitetônica. Tomando a lingüística como modelo, o
Estruturalismotenta desenvolver gramáticas, ou seja, inventários sistemáticos de elementose
suas possibilidades de combinação, que explicam a forma e o significado das obras literárias
(NESBITT,2006).Pais(2003)tambémconstataesta
inclinaçãoracionalistadoEstruturalismoao
comparar, ainda que na sociologia, os diferentes pontos de vista dos estruturalistas e dos
fenomenólogossobreoquotidiano.ParaPais,oolharestruturalistaenquadraoobservável,éo
olhar janeleiro, que se coloca à distância do observado. o olhar do fenomenólogo é mais
intuitivo,imiscuindosenamultidão,escutandoa,sentindoa.Éoolhararruaceirooulocalizado,
40
decertomodofuncionandocomobarreiradeproteçãocontraosriscosdeumaesquematização
teóricaabusiva.
SegundoPais(2003), a polêmicaentre janeleirosearruaceirosouentre uma sociologia durae
umasociologiadeterrenoteveseupontoaltonosanos50nosEstadosUnidosda América.Os
durosficavamnas
universidadesdoLeste.Apartirdosanos60,osempíricosentraramnamoda,
e algumas fundações norteamericanas começaram a financiar uma série de investigações de
natureza empirista (PAIS, 2003). É interessante observar que Alexander mudou de sua ênfase
inicialmente racionalista em Alexander (1977), quando ainda estudava em Harvard, para uma
tendência ao método fenomenológico na pesquisa patrocinada pelo Center for Environmental
Structure em Berkeley na costa Oeste, que culminou na publicação de Alexander et al. (1977)
justamente na época em que, conforme exposto acima, algumas fundações norteamericanas
financiavamumasériedeinvestigaçõesdenaturezaempirista.
Alexanderetal.(1977)
seafastadoEstruturalismoaoadicionaradimensãodossentimentosou
conexões semânticas entre os parâmetros projetuais de uma linguagem, conforme salientado
por Elsheshtawy (2001). Esta outra dimensão nos leva à vinculação teórica que se refere à
componentefenomenológicaemAlexanderetal.(1977).
Fenomenologia
Os parágrafos seguintes exploram a
possível vinculação de Alexander et al. (1977) à
Fenomenologia, fundamentandose nos escritos de NorbergSchulz (1976; 1983), nas
observaçõesdeElsheshtawy(2001)eNesbitt(2006).
Para Nesbitt (2006) no período pósmoderno a teoria arquitetônica aproximouse da reflexão
filosóficaaoproblematizara interaçãodocorpohumanocomseuambiente.AFenomenologia
de E. Husserl enquanto investigação sistemática da consciência e de seus objetos teria
fundamentado trabalhos de filósofos posteriores, como Heidegger. Os escritos de Heidegger
mostramsuapreocupaçãocomaincapacidadedoHomemmodernoderefletirsobreoSer(ou
41
existência),reflexãoessaquedefineacondiçãohumana.Oensaio“Building,dwelling,thinking”,
extraído do “Poetry, language, thought”, cuja edição em inglês data de 1971, teve grande
influêncianaarquitetura.Nele,habitarédefinidocomoumpermanecerouestarcomascoisas.
Pelomenosoutrostrêsfilósofosfenomenólogosescreveramobrasqueinfluenciamaspesquisas
de vários arquitetos e autores humanizadores. Schmid (2005) trata sobre G. Bachelard, M.
MerlauPonty e O. Bollnow. Mas além das obras pioneiras na filosofia fazse necessária uma
Fenomenologiamaisaprofundadadaarquitetura.SegundoGifford(1997)NorbertSchulzéum
dos pesquisadores que condensou considerável
literatura sobre o significado holístico de
lugares e experiências. Entre outras diversas fontes, Alexander et al. (1977) faz referência a
Bachelard,sugerindoassimainfluênciadaFenomenologia.
SegundoNorbergSchulz(1976)ométododaFenomenologiafoiconcebidocomoumretornoàs
coisas em oposição a abstrações e construções mentais. A ciência
abstrai o que é dado para
chegar a um conhecimento neutro e objetivo, mas isso perde de vista o mundodavida
cotidiana (conceito criado por Husserl), que deveria ser a verdadeira preocupação dos
planejadores e arquitetos Para NorbergSchulz (1983) o conceito de funcionalidade de cunho
radical, que baseou o exercício da arquitetura entre as duas guerras, pregava que a solução
arquitetônica devia derivar diretamente dos padrões de uso prático. Mas esta abordagem
pragmática teve como resultado um ambiente esquemático e descaracterizado, insuficiente
para a habitação humana. Daí a importância assumida pelo problema do significado na
arquitetura, o qual, até
então, vinha sendo estudado do ponto de vista semiológico, fazendo
com queaarquiteturafosse vista como um sistema de signos convencionais. Considerando as
formas arquitetônicas como representações de alguma outra coisa, a análise semiológica
mostrouse incapaz de explicar as obras de arquitetura em si. Mas mediante os conceitos
de
mundo, coisa e obra, Heidegger (1971, apud NORBERGSCHULZ, 1983) faz sair do impasse da
abstraçãocientíficaetrazerdevoltaaoconcreto,istoé,àscoisasemsi.
Heidegger(1962,apudNORBERGSCHULZ,1983)defineomundo,dopontodevistaontológico,
comoo Serdascoisas, em queumser humanoestá vivendo. Posteriormente,explicaesseem
42
que como uma quaternidade formada pela terra, céu, seres mortais e seres divinos. Para
NorbergSchulz(1983)Heideggerfazlembrarqueomundodavidacotidianaconsisteemcoisas
concretas e não em abstrações da ciência. Heidegger (1971, apud NORBERGSCHULZ, 1983)
escrevequeoconstruirnuncamodelaoespaçopurocomoumaentidadesimples,masporque
produz coisas como localizações, o construir está mais próximo da natureza do espaço e da
origem da natureza do espaço do que a geometria e a matemática. Uma localização ou um
espaço vivido costuma ser chamado de lugar, e a arquitetura pode ser definida como a
produção de lugares. Uma obra de arquitetura revela a espacialidade do quaterno por que se
ergue naquele lugar. Não é uma organização abstrata do espaço, e sim uma Gestalt
corporificada,em que aplanta refleteaadmissão e aelevaçãoo mododeestar. Desse modo,
aproximadohomemapaisagemhabitadaepermitelhehabitarpoeticamente,queéoobjetivo
último da arquitetura. Para NorbergSchulz (1983) a natureza da imagem ou Gestalt da
arquiteturanãoéexplicadaporHeidegger,masaspalavrasextensão,delimitação,permanecer,
repousar e erigir fazem referência a modos de ser no mundo em termos de espacialidade, e
esses modos aparecem como variações de arquétipos, como por exemplo colunas, empenas,
arcos, domos, torres.O fato de a língua nomear essascoisascomprovasuaimportânciacomo
tiposde imagensque dãovisualidadeàestruturabásicada espacialidade.ParaNorbergSchulz
(1983)éurgentementenecessárioconstruirumahistóriaeteoriadosarquétipos.
AinfluênciadaFenomenologiaémenosóbviaemAlexanderdoqueoEstruturalismo,segundo
Elsheshtawy (2001). Mas os parâmetros projetuais contribuem para um sentido de lugar e de
habitar.Alexander(1979)colocaqueumaqualidadecentralqueéocritériobásicodevidae
espírito num homem, numa cidade, numa edificação e que, apesar de objetiva e precisa, esta
qualidade o pode ser nomeada. Também coloca que a qualidade sem nome pode existir
quandoexistetambémdentrodomundodoqualsomosparte,ouseja,écircular,poisexisteem
nósquandoexisteemnossosedifícios,quandoatemosdentrodenós.Aaçãoeoespaçoseriam
então indivisíveis: o espaço suporta a ação e os dois formam uma unidade, um padrão de
eventos no espaço. uma forte conexão entre esta definição de qualidade e a noção de
habitardeHeidegger(1971,
apudELSHESHTAWY,2001),paraquemaunidadeentreHomeme
espaço é crítica à noção de habitar: a atividade de construir seria vista como processo que
43
facilitaohabitareumsentidodelugar.OutraconexãoapontadaporElsheshtawy(2001)entre
Alexander e Heidegger centrase em sua confiança nos exemplos de lugares antigos e
tradicionais: para ambos, a atividade de construir no passado seria instintiva, permitindo o
habitar,paraHeidegger,oualiberaçãodaqualidadesemnome,paraAlexander.
Da mesma forma que Colquhoun (2004) no ensaio sobre Pósmodernismo e Estruturalismo
apontaoEstruturalismocomoarmacontraofuncionalismoeodeterminismohistórico, podese
consideraraFenomenologia comoarma contraa lógicapositivistadaciência.SegundoNesbitt
(2006) o pensamento positivista elevara a lógica
da ciência acima do Ser desvalorizado,
pregando o otimismo acerca dos benefícios que a difusão do método científico haveria de
proporcionaràhumanidade.AFenomenologiacriticouessalógicadaciênciaeatraiuAlexander,
ao que indicam as obras Alexander et al. (1977), Alexander (1979) e explicitamente Alexander
(20022005),ondeé
feitacríticacontundenteaopensamentomecanicista.
O propósito da arquitetura para NorbergSchulz seria fornecer ponto de apoio existencial que
propicieorientaçãonoespaçoeidentificaçãocomocaráterespecíficodeumlugar.Opostode
alienação,oconceitodeponto deapoioexistencial sugerequeo ambienteévivenciado como
portador de significado. Para Nesbitt (2006) a linha de pensamento de NorbergSchulz vai
contraasperspectivasdeEisenmane Vidleremseusensaiossobreogrotescoeoestranho.
os elementos identificados por Lynch (1960) constituem aspectos orientadores da cidade e
funcionamcomoolugardeNorbergSchulz.
Outras
vinculaçõesteóricasdeApatternlanguageaautoresdeenfoquehumanista
Alexanderet al. (1977)referenciaautores que podemserconsiderados de enfoquehumanista
quando da descrição de diversos parâmetros projetuais, tais como: Camillo Sitte, Amos
Rapoport, Edward Hall, Robert Sommer e Kevin Lynch, além de outros autores considerados
filósofos
fenomenólogos citados. Incluemse também nesta seção outros autores cujas
pesquisasabordamoatendimentodasnecessidadeshumanasnumsentidomaisabrangente,e
serelacionamdealgumamaneiraàpropostadeAlexander.
44
Bechtel(1997)afirmaqueAlexanderetal.(1977)foiaprimeiratentativadeumarquitetoaligar
de forma sistemática o comportamento humano a elementos arquitetônicos. Apesar de
haveremmuitos outrosantecedentes,osautoresBarker,Hall,Sommer, Lynche Alexandersão
considerados por Bechtel (1997) os cinco pioneiros nas pesquisas ambientecomportamento.
Barker(1968)descreveunovasunidadesparaoestudodocomportamentochamadasbehavior
settings. Hall (1989), original de 1966, introduziu o conceito da distância interpessoal e, como
antropologista,observoucomoculturasdiferentesseutilizamdemaneirasdiferentesdaszonas
sensoriais do corpo humano. Sommer (1969) desenvolveu uma série de experimentos
sobre a
respostacomportamentalquandooespaçopessoalera invadido.Seumentor Osmondcunhou
os termos sociofugal e sociopetal. Lynch (1960) utilizouse do método dos mapas cognitivos
para determinar como as pessoas registram a imagem da cidade, constatando o papel que
elementoscomocaminhos, esquinas e marcos desempenham na
orientação espacial humana.
Além destes, Rapoport (1969) é exemplo de tradição antropológica nas pesquisas ambiente
comportamento.
Barrosetal.(2005b)eKowaltowskietal.(2006b)utilizamse,paraaanáliseprojetual,dealguns
dos conceitos que estruturam os estudos sobre o comportamento humano no ambiente
construídopelapsicologiaambiental,enfocandooespaçopessoaleaterritorialidade.
45
SUBSÍDIOTEÓRICOPARAOSPARÂMETROSPROJETUAIS
As referências mais específicas para os parâmetros projetuais selecionados a partir de
Alexander et al. (1977) foram identificadas e caracterizadas de acordo com o enfoque dos
parâmetros para as escalas da implantação e da habitação em si no projeto de habitação
coletiva.Asconexõesteóricas
consideradasmaissignificativassãoexpostasaseguir.
Oenfoquedosparâmetrosprojetuaisrelacionadosàescaladaimplantação
Alexander(1966),editadoprimeiramenteem1965,criticaascidadesresultantesdoMovimento
Moderno na arquitetura e urbanismo através da comparação entre estruturas abstratas
contrastantes. As cidades planejadas a partir de um esquema que
denomina de “árvore”
(equivalente à maneira simplista com que a mente humana tende a resolver problemas
complexos) são comparadas àquelas produzidas de forma mais ou menos espontânea a partir
deesquemaque denominada“semigrelha”(semilattice).Ascidadesartificiais,cujasestruturas
seassemelhamaoesquemadeárvore,apresentamdesconexãoespacialqueserefletenaesfera
davidacotidianadeseushabitantesaodificultarainteraçãosocial.ascidadesnaturais,cujas
estruturas se assemelham à semigrelha, proporcionam a sobreposição de relações sócio
espaciais que nela acontecem, permitindo a constituição de um sistema interativo que lhes
confere complexidade e vivacidade. Alexander (1966) adverte, porém, que a sobreposição de
relaçõesporsinãogaranteacomplexidadedaestrutura,alémdepodercriarocaos,equea
simples imitação da semigrelha das cidades do passado também não é apropriada, dada as
mudançasderelaçõesentrefunções.Aidéiadesobreposição,ambigüidadee
multiplicidadeda
semigrelha não é menos ordenada que o rígido esquema da árvore, mas sim representa uma
visãomaiscomplexadeestruturaquedeveseralmejadanoprojetodecidadesousuaspartes,a
fimdeevitarsua dissolução. Seguindo linha depensamentosimilar, Hillier (1987) observaque
em unidades
de vizinhança que buscam total autonomia temse, em geral, que voltar às vias
coletorasparasechegaraoutrostrechosdaunidade.Oautorasdenominade“modelosdenão
vizinhança”, posto que eliminam o tráfego de passagem e afastam os estranhos bem como o
contato entre moradores. Através de análise morfológica, pesquisa de Medeiros e Hollanda
46
(2007) revela atributos que emergem a partir das relações entre as partes da ordem urbana
como um todo. Demonstra em especial como as grandes cidades brasileiras, quando
comparadas a cidades de outras regiões do mundo, revelam maior fragmentação espacial e
baixo grau de permeabilidade, ou seja, de acessibilidade topológica dentro da variedade de
espaçosexternosqueintegramumassentamentourbano.
Ao analisar modelos teóricos pósmodernos Ellin (1999) reconhece princípios que visam
combaterasuburbanização(urbansprawl),tráfegoexcessivo,gentrificaçãoefaltade sensode
comunidade através da ênfase na diversidade social e de uso, aumento da densidade e
revitalização de espaços para pedestres. Carmona (2001) apresenta os argumentos teóricos
paraodesenhourbanodoschamados“centristas”quegradualmentesubstituíramasdoutrinas
modernistasdoperíodopósguerra.Porém,argumentaquenosanos80,noReinoUnidobem
como nos E.U.A., a política do livremercado induziu ao zoneamento rígido, segregação social,
culturadoautomóvel, suburbanização,padronização,e aprojetosem que faltaumsentido de
lugar.Odesenhourbanoprivatizadoteriaperdidovisãopúblicamaior,eincentivosestratégicos
para estimular empreendimentos privados num modo desejável seriam insuficientes. Ainda
segundo o autor, desde então, modelos teóricos pósmodernos tem sido propostos como
reação à realidade dos ambientes resultantes do livremercado e, apesar das críticas
especialmente quanto ao eventual recurso à estética tradicional, a preocupação pósmoderna
com o lugar e significado, engajada ao desenvolvimento da agenda da sustentabilidade
ambiental e social, tem sido crescentemente aceita no Reino Unido e nos E.U.A. Silva (2006)
adverte, porém, que o discurso atual da reabilitação de centros para a geração de atividades,
receitas e produção habitacional mistura motivações e propostas que podem levar à
gentrificação: por vezes, objetivos sociais se inviabilizam a partir do êxito dos econômicos. A
moradia subsidiada deve fazer parte de política pública que encontre mecanismos para
minimizaroriscodefinanciamentoscujoprincipalcritérioéavalorizaçãoimobiliária.Oconceito
de diversidade social necessita de instrumentos para garantila: resistências à gentrificação
podem ocorrer a partir de movimentos sociais organizados e de uma sociedade civil atenta e
participativanaspolíticaspúblicas.
47
NaFigura5aseguir,croquisrepresentativosdealgunsdosparâmetrosprojetuaisrelacionados
àintegraçãourbanaesustentabilidadesocial.

A:Conexãoderedesdetransporte
(16webofpublictransportation)
B:Equilíbriodeusosnacidade
(9scatteredwork)
C:Circulaçãodepedestresecarros
(52networkofpaths&cars)

D:Estacionamentospequenos
(103smallparkinglots)
E:Diversidadedeusuários
(35householdmix)
F:
Inserçãodehabitaçãoeusomisto
(48housinginbetween)
Figura5:Integraçãourbanaesustentabilidadesocialemparâmetrosprojetuais.
Fontedasimagens:ALEXANDERetal.,1977,p.95,56,274,506,190e258.
Para NorbergSchulz (1976) a arquitetura somente existe quando concretiza o genius loci , ou
seja, quando compreende a vocação do lugar. O parâmetro Edificação melhorando terreno
(104siterepair)consideraoterrenoesuaedificaçãocomoumúnicoecossistema.Defendeque
a edificação deve ser construída nas piores partes do
terreno, justamente para preservar e
valorizaroqueesteapresentademelhor(topografia,vegetação,vista).Podeseconsideraresta
sintonia com o entorno como que visando a concretização do genius loci. Também para
NorbergSchulz(1976)osgrausvariadosdeextensãoecercamentocorrespondemapaisagense
assentamentos, que mantêm
entre si relação de figurafundo: tudo o que fica encerrado se
manifestacomofiguracontraovastofundodapaisagem.Quandoestarelaçãosecorrompe,o
povoamentoperdesuaidentidade.OparâmetroEspaçoexternopositivo(106positiveoutdoor
space) argumenta que o espaço externo como sobra entre edificações tende
a não ser usado
pelaspessoase,porisso,érotuladocomonegativo.oespaçoexternodegeometriaconvexa
propicia a formação de um lugar sendo, portanto, positivo. Para Alexander et al. (1977) a
necessidadedealgumgraudeproteçãofísicapareceligadaainstintoshumanosmaisprimitivos,
48
e este fenômeno se repete em variadas escalas.CooperMarcus e Francis (1998) afirmam que
espaços externos necessitam de bordas e espaços hierarquizados pa ra prover um senso de
proteção, e que oportunidades para ambos os convívios ativo e contemplativo devem ser
previstos.OparâmetroHierarquiaentreespaçosexternos(114hierarchyofopenspace)aliase,
assim,aoparâmetroEspaçoexternopositivo.Sitte(1945),originalde1889,haviaconstatado
no final do século XIX que o sucesso de espaços externos de pequeno porte decorre de duas
propriedades: serem espaços bem definidos, com fechamento ao menos parcial, ou seja, com
umalto
graudeconvexidadee,aomesmotempo,interligados,demodoqueumseabraparao
outro.Croquisrepresentativosdosparâmetrosprojetuaiscomentadosseencontramaseguirna
Figura6.
A:Edificaçãomelhorandoterreno
(104siterepair)
B:Espaçoexternopositivo
(106positiveoutdoorspace)
C:Hierarquiaentreespaços
externos
(114:hierarchyofopenspace)
Figura6:GeniusLocieconectividadeemparâmetrosprojetuais.
Fontedasimagens:ALEXANDERetal.,1977,p.511,521e560.
Carmona(2001)argumentaquesefaznecessáriorenovarumsensodeurbanidade,resumindo
uma série de recomendações que visam elevar a qualidade de projetos de habitação coletiva.
Dentre outros, fundamentase em Lynch (1960), que constatou o papel orientador dos
elementos (node), marco (landmark), caminho (path), margem
(edge) e bairro (district) na
cidade, concluindo que a percepção de uma interrelação entre esses elementos forma uma
imagemambientalqueconfereaoindivíduoimportantesensaçãodesegurançaemocional.Para
NorbergSchulz(1976)aidentidadehumanapressupõeaidentidade dolugar.Habitarsignifica
pertenceraumlugar
concreto,oqueimplicaterumabasedeapoioexistencialemumsentido
cotidianoconcreto.Alocalizaçãonoespaçoeaexposição adeterminadocaráterimplicamnas
funçõespsicológicasdeorientaçãoeidentificação.Osobjetosdeidentificaçãosãopropriedades
49
concretas do ambiente. Os parâmetros projetuais Gradiente de privacidade no layout do
conjunto(36degreesofpublicness),Conjuntodeentradas(102famil yofentrances),Edificação
como complexo (95building complex), Porção principal da edificação (99main building) e
Layout da cobertura (209roof layout) valorizam a identidade do lugar, estando alguns destes
ilustradosnaFigura7.

A:Gradienteprivacidadenolayout
conjunto
(36degreesofpublicness)
B:Conjuntodeentradas
(102familyofentrances)
C:Edificaçãocomocomplexo
(95buildingcomplex)
Figura7:Legibilidadeeidentidadeemparâmetrosprojetuais.
Fontedasimagens:ALEXANDERetal.,1977,p.195,502e472.
Oenfoquedosparâmetrosprojetuaisrelacionadosàescaladahabitação
PodesedizerquemuitosparâmetrosprojetuaisemAlexanderetal.(1977)contribuemparaum
sentido de lugar e de habitar. Em busca de princípios profundos, capazes de gerar vida em
cidadeseedifícios,Alexander(1979)defende umprocessointemporaldeconstruçãoatravésdo
qual se obtém uma qualidade que, apesar de objetiva e precisa, não poder ser nomeada,
constituindoo“caráteressencialeintemporalnecessárioàboaarquitetura”(1979,p.xv).Parao
autor, uma qualidade central que é critério básico de vida e espírito num Homem, numa
cidade,numa
edificação.Tambémcolocaqueestaqualidadesemnomepodeexistirquando
existe também dentro do mundo do qual somos parte, ou seja, é circular, pois existe em nós
quando existe em nossos edifícios, quando a temos dentro de nós. A ação e o espaço seriam
então indivisíveis: o espaço suporta
a ação e os dois formam uma unidade, um padrão de
eventos no espaço. uma forte conexão entre esta definição de qualidade e a noção de
habitardeHeidegger(1971,apudELSHESHTAWY,2001),paraquemaunidadeentreHomeme
espaçoécríticaànoçãodehabitareaatividadedeconstruirévistacomoprocessoquefacilita
o habitar e um sentido de lugar. NorbergSchulz (1983) explora a noção de habitar em
50
Heidegger(1971, apud NORBERGSCHULZ, 1983), para quem o construir está maispróximoda
naturezadoespaçoedaorigemdanaturezadoespaçodoqueageometriae amatemática:a
obradearquiteturanãoéumaorganizaçãoabstratadoespaço,esimumaGestaltcorporificada.
Schmid(2007)adotao termo habitabilidade paraoconforto de essência caseira,aotraduzir e
interpretar o filósofo alemão Bollnow. Frisa que nem todos os espaços podem ou devem ter
estecaráter,queé precisamenteo dacasa nosentido verdadeiro:ohabitarnosentidoestrito
deumapermanênciaouaconchegoprotegido.
Os processos
pelos quais as pessoas delimitam e personalizam os espaços que habitam são
largamente estudados pela psicologia ambiental, porém, situamse em geral em esfera mais
teórica do que prática. Gifford (1997) observa que os conceitos de espaço pessoal,
territorialidade, apinhamento e privacidade estruturam grande parte dos estudos sobre o
comportamento humano
no ambiente construído pela psicologia ambiental. Muitos dos
parâmetrosprojetuaisemAlexander etal.(1977)enfocamoselementosdediferenciaçãofísica
que, para além da adequação aouso, podem contribuir ora para a interação social ora para o
senso de proteção dentro do gradiente de intimidade doméstico, e encontram respaldo em
especial nos conceitos de espaço pessoal e privacidade. Gifford (1997) considera o parâmetro
Gradientedeintimidade(127intimacygradient)princípioimportanteparaseatingirobalanço
entreprivadoepúblico,ecitaoprojetodashabitaçõesdebaixocustoprojetadasporAlexander
no Peru como exemplo bem sucedido de
arranjo interno de habitações limitadas em área. Os
parâmetrosprojetuaisTerraçoentrecasaepasseio(140privateterraceonthestreet)eJanelas
salientes para a rua (164street windows) mostram exemplos de controle de interação em
relação à rua para garantir a privacidade. os parâmetros projetuais Cobertura acolhedora
(117shelteringroof),Nichos(179alcoves),Ambiênciapararefeições(182eatingatmosphere)e
Nichos para dormir (188bed alcove), entre outros, claramente contribuem para a garantia do
espaço pessoal. Os parâmetros projetuais Transição na entrada (112entrance transition),
Gradientedeintimidade(127intimacy gradient), Seqüência de nichos(142sequenceof sitting
spaces) e Variação de direito (190ceiling height variety), entre outros, contribuem para a
diferenciaçãoe transiçãoentreespaços quesecomunicam, deamplosa restritos,abrangendo
osaspectosdeterritorialidade,privacidadeeespaçopessoal.
51
Rybczynski(2002)situahistoricamentediversosatributosenvolvidosnoconfortodomésticoque
se acumularam no próprio conceito ao longo dos séculos: cada novo significado foi se
adicionando aos anteriores, que se mantiveram preservados: intimidade, privacidade,
domesticidade, comodidade, encanto, bemestar, tecnologias da iluminação, ventilação e
saneamento,eeficiência.Estagamadeatributos
contribuiparaumacombinaçãodesensações
muitassubconscientesnãofísicas,mastambémemocionaiseintelectuais.Observaquea
austeridade do Espírito Novo despiu os interiores modernos de vários daqueles atributos. Cita
diretamenteosparâmetrosprojetuaisGradientedeintimidade(127intimacygradient)sobrea
gradaçãoplanejadadoscômodos
cadavezmaisprivadoseSeqüênciadenichos(142sequence
of sitting spaces) sobre a série de pequenos lugares para sentar. Ao tratar sobre os diversos
significados de conforto ao longo dos séculos, Rybczynski (2002) referencia vários parâmetros
projetuaisem Alexanderet al.(1977),apesarde nãocitálos comotal. Comentaquea cozinha
dacasaholandesaeraocômodomaisimportante,comonoparâmetroCozinhacomoambiente
de convivência (139farmhouse kitchen). Também observa que o volume compacto da
edificação passou a desenvolver alas que conferiam maior privacidade, como no parâmetro
Formato alongado (109longthin house), e que os cômodos tornaramse lugares para a
realização de atividades humanas, como no parâmetro Espaço congruente ao espaço de
convívio (205structure follows social spaces). Referese às recomendações de Catherine
Beecher quanto aos principais componentes da cozinha e inovações práticas como no
parâmetro Layout da cozinha (184cooking layout), e também às camas embutidas em nichos
pequenos que parecem os armários de dormir dos holandeses do século XVII, como no
parâmetro Nichos para dormir (188bed alcoves). Também salienta o Ambiente junto à janela
(180windowplace),Nichos(179alcoves),Lareira(181thefire),eaVariaçãodedireito(190
ceiling height variety). Fazse importante uma ressalva quanto ao universo mais
caracteristicamenteeuropeuemqueseespelhamosparâmetrosreferenciadosporRybczynski
(2002),emespecial a Lareira e osNichospara dormir que, emregiõestropicaiscomo o Brasil,
nãopossuemamesmarepresentatividadedevidoaoaspectodoconfortotérmico.
NorbergSchulz (1976) define lugares como interiores que reúnem o que é conhecido. Os
ambientesfabricadospeloHomemincluemcoisasqueservemdefocosesublinhamafunçãode
52
reunião do assentamento humano. O ato arquetípico de construir seria o confinamento, e o
habitar é definido como estar em paz num lugar protegido. A percepção da habitação como
lugar protegido ou expressão de centralidade é representada em diversos parâmetros
projetuaisemAlexanderetal.(1977)taiscomoAgrupamentodecasas(37housecluster),Pátios
que vivem (115courtyards which live), Formato de caminhos (121path shape), Espaço físico
congruenteaoespaçodeconvívio(205structurefollowssocial spaces),Áreacomumnocentro
(129common areas at the heart), Cozinha como ambiente de convivência (139farmhouse
kitchen), Seqüência
de nichos (142sequence of sitting spaces), Nichos (179alcoves), Lareira
(181the fire), Ambiência para refeições (182eating atmosphere), Nicho infantil (203child
caves) e Nichos de luz (252pools of light). Na Figura 8 a seguir, croquis de alguns destes
parâmetros.

A:Espaçofísicocongruenteao
espaçodeconvívio
(205structurefollowssocialspaces)
B:Áreacomumnocentro
(129commonareasattheheart)
C:Seqüênciadenichos
(142sequenceofsittingspaces)
Figura8:Expressõesdecentralidadeemparâmetrosprojetuais.
Fontedasimagens:ALEXANDERetal.,1977,
p.945,621,675.
Por meio da transição e diferenciação entre os espaços, lugares (ou centralidades) expressam
diferentes graus de intimidade. As relações entre interiorexterior e em cimaembaixo
qualificam o espaço e embasam a orientação das pessoas. A fronteira para NorbergSchulz
(1976) é aquilo onde algo começa a se fazer presente. Parâmetros projetuais salientam a
transiçãointeriorexteriorouentrecômodosinternosquesecomunicam:Transiçãonaentrada
(112entrance transition), Ambiente de entrada (130entrance room), Gradiente de intimidade
(127intimacygradient),Circulaçãointerativa(131theflowthroughrooms),Paredesemiaberta
(193halfopen wall), Terraço entre casa e passeio (140private terrace on the street), Janelas
salientes para a rua (164street windows) e Ambiente junto à janela (180window place). Por
vezes,ocorremconcomitantementeexpressõesdeverticalidadecomonosparâmetrosVariação
53
de direito (190ceiling height variety), Escada como passagem visível (133staircase as a
stage)eCoberturaacolhedora(117shelteringroof).Expressõesdecentralidadeeverticalidade
são salientadas por Bloomer e Moore (1978) como representando extensões da identidade e
orientaçãocorporalhumananoambiente.Osautoresargumentam queaexperiênciahumana
de satisfação em arquitetura requer uma medida de possessão e envolvimento: fazse
necessárioposicionar todo o corpo (e não somente olhos e ouvidos) no centro da experiência
perceptiva. Yudell (1978) argumenta que a edificação deve ser palco para movimento e
interação.Apesardavivênciadomovimentono
ambienteconstruídotersetornadoreduzidano
mundocontemporâneo,BloomereMoore(1978)defendemabuscaporaquelasexpressõesde
centralidade e verticalidade. Alguns dos parâmetros comentados encontramse ilustrados na
Figura9aseguir:

A:Transiçãonaentrada
(112entrancetransition)
B:Gradientedeintimidade
(127intimacygradient)
C:Circulaçãointerativa
(131theflowthroughrooms)

D:Variaçãodedireito
(190ceilingheightvariety)
E:Escadacomopassagemvisível
(133staircaseasastage)
F:Coberturaacolhedora
(117shelteringroof)
Figura9:Transiçãoentreosespaçoseexpressõesdeverticalidadeemparâmetrosprojetuais.
Fontedasimagens:ALEXANDERetal.,1977,p.552,613,631,882,640e573.
DiversosparâmetrosprojetuaisemAlexanderetal.(1977)incentivam amultifuncionalidadeou
flexibilidadeespacial,ecriticamaplantalivredaArquiteturaModernaeaincongruênciaentre
estrutura física e espaço social. Nichos para dormir (188bed alcove) opõemse a dormitórios
amplosesubutilizados.Corredores curtos (132shortpassages),Escada comopassagemvisível
(133staircaseasastage),Circulaçãointerativa(131theflowthroughrooms)eCirculaçãocom
contraste (135tapestry of light & dark) criticam corredores monof uncionais que, além de
54
desagradáveis, desperdiçam espaço. Seqüência de nichos (142sequence of sitting spaces),
Parede semiaberta (193halfopen wall) e Variação de direito (190ceilingheight variety)
entreambientesquesecomunicamopõemseaambientesexcessivamentecompartimentados,
propondoa m plidão dotadadediferenciaçõesetransições. osparâmetrosVaranda utilizável
(167sixfootbalcony)eFormatodeambientesinternos(191theshapeofindoorspace)criticam
ambientes cujas dimensões não favorecem o uso ou expressam preocupação excessiva com
sistemasemeiosdeproduçãoemmassa.ParaNorbergSchulz(1965)aplantalivrequeobjetiva
afusãodosespaçospode
levaraocaosouàincongruênciaaosespaçosdeconvívio,oquepode
serevitadoapartirdedefiniçãoclarademeioorganizacionalquereconheçapartesprimáriase
secundárias, pressupondo que certas propriedades espaciais e qualidades requeridas que
caracterizam a forma em questão permaneçam constantes. Alexander et al. (1977) propõe
elementos construtivos de fácil manuseio, adaptação e reparo pelos construtores (e futuros
usuários), porém numa linha direcionada à autoconstrução gradual e uso de materiais não
industrializados, como nos parâmetros projetuais Rigidez gradual (208gradual stiffening) e
Materiaisapropriados(207goodmaterials),ilustradosnaFigura10aseguir.paraSchneidere
Till(2005)searacionalidadeconstrutivaforusadacomomeioenãocomofim,podeajudarna
flexibilidadedosespaçosedeveserincorporadanoprocessodeprojetodehabitaçãocoletiva.

A:Rigidezgradual
(208gradualstiffening)
B:Materiaisapropriados
(207goodmaterials)
Figura10:Autoconstruçãogradualemateriaisnãoindustrializadosemparâmetrosprojetuais.
Fontedasimagens:ALEXANDERetal.,1977,p.968,961.
A variabilidade, irregularidade e aspereza natural dos materiais e sistemas construtivos
artesanais almejados por parâmetros em Alexander et al. (1977) salientam o conflito
fundamental na natureza dos materiais para construção numa sociedade industrial e parecem
emsintoniacomumfazervernacular.ParaAlexander(1979)omodointemporaldeconstruirfaz
55
emergiraquelaqualidadeque,apesardemorfológicaeprecisa,nãopodesernomeada.Éeste
modo intemporal que parece estar sintonizado com um fazer vernacular: “Esta qualidade
podeser geradaindiretamente pelasações ordináriasdaspessoas,porumalinguagemvivade
parâmetros projetuais” (1979, p.xi). Segundo NorbergSchulz (1976), o caráter de um lugar é
determinadoporcomoascoisassãofeitas,apartirdosfenômenosconcretosdomundodavida
cotidiana.
Oimpactodoambientenassensaçõeshumanasparaalémdosfenômenosfísicosefisiológicos
são aspectos explorados por parâmetros projetuais em Alexander et al. (1977). Schmid (2005)
propõe abordagem holística que reforça a dimensão expressiva do conforto ambiental,
sinalizandoqueestapodeserinibidaouencorajadapeloambienteconstruído,eatribuiàcasa
(lar) osentidoprimeirodeconforto,abuscade consolo. Holístico é empregadonosentido da
palavra whole em inglês, referindose a uma compreensão da realidade em termos de todos
integradoscujaspropriedadesnãopodemserreduzidasàquelasdasunidadesmenores.Schmid
(2005) apresenta sistema alternativo para a caracterização do conforto fundamentado nos
valores comodidade, adequação e expressividade, relacionando a evolução do conceito de
conforto em Rybczynski (2002) com o proposto por autoras da área da enfermagem que
descrevem os contextos físico, psicoespiritual, sóciocultural e ambiental de realização do
conforto. Observa que, no Modernismo, o conforto foi reduzido ao seu contexto ambiental
custa dos contextos corporal, sóciocultural e psicoespiritual) e limitado aos níveis de alívio e
liberdade, ou seja, à superação do desconforto custa do nível transcendental). Conclui ser
urgente o desenvolvimento de atividades de educação e pesquisa da comodidade e da
adequação como valores relacionados a uma transcendência, que acontece na estética da
arquitetura.Schmid(2005)considera diversosparâmetrosprojetuaisemAlexanderetal.(1977)
aoreferirseaoresgatedocaráterartesanalnaconstrução;àbuscaporqualidadesinerentesàs
superfíciesdosmateriais;àimportânciadeumacoerênciaentreestruturaehierarquiasocial;à
críticaàbelezafeitaparaseexibir àsvisitas,quefazcomqueaspessoasseesqueçam dascoisas
que realmente gostariam de ter ao seu redor; à experiência de um banho sob assimetria
térmica;àlareiracomopontofocal; aosespaçosqueseadaptamàsociabilidade;aodinamismo
56
e expressividade dos efeitos da luz; à relação entre a luz e a função social do espaço; e à
sensaçãodesegurançaquandodoolharparaforadahabitação.
Podese também vincular os parâmetros projetuais a investigações sobre a sensação térmica
dos usuários despertada pelo ambiente construído. Heschong (2002) observa que, apesar dos
sistemas de controle ambiental almejarem zonas de conforto padronizadas, as diferentes
sensações percebidas pelo sentido térmico são determinantes quando vivenciamos um
ambiente, e que estas sensações podem reforçar o significado do ambiente na vida de seus
usuários, como abrigo ou proteção. O processo de projeto do ambiente
construído deve
considerar as sensações fisiológicas e psicológicas de seus usuários, visto que estas sensações
associadas traduzemse em reações de apego a reações de desprezo ao lugar. Podese inferir
dosconceitosdeHeschongqueconsiderarosentidotérmiconoprojetodoambienteconstruído
significa privilegiar a variabilidade à constância,
a consciência (environmental awareness) à
apatia (environmental numbness), a associação à dissociação entre a forma, os materiais e a
região em que se insere a edificação e os sentidos dos usuários. Hall (1989) observa que a
percepção humana do espaço está relacionada à capacidade de perceber calor e frio, e que o
calorradiantedosobjetosepessoastempapelimportantenanavegaçãodoscegos.Sinalizase,
assim, que o aspecto sensorial térmico, dentre outros, pode ser inibido ou encorajado pelo
ambienteconstruídoeque oconceitodeconfortoambientaldevetambémincluira satisfação
deste aspecto, dado seu
impacto no conforto dos usuários. A avaliação do papel do sentido
térmicofoitambémpropostaemBarrosetal.(2005a).
Considerase que os parâmetros projetuais que propõem contraste moderado de vistas, de
iluminação, de temperatura, ou entre interiorexterior exploram a característica humana de
maior sensibilidade a mudanças de
situação do que a estados fixos no ambiente, como por
exemplo, os seguintes: Transição na entrada (112entrance transition), Circulação interativa
(131theflowthroughrooms),Circulaçãocomcontraste(135tapestryoflightanddark),Vistas
(192windows overlooking life), Luz filtrada (238filtered light) e Nichos de
luz (252pools of
light). Um outro grupo de parâmetros almeja mais especificamente o abrigo agradável aos
sentidos térmico e/ ou tátil, também contribuindo para o contraste entre interiorexterior:
57
Lareira (181the fire), Calor radiante (230radiant heat), Zonas de piso (233floor surface),
Paredes agradáveis ao tato (235soft inside walls) e Cores quentes (250warm colors). É
importante,porém,considerarasdiferençasclimáticas,queemregiõesquentesoudesérticas
um interior agradável é aquele que refresca, conforme constatado pela própria Heschong
(2002) ao tratar dos arquétipos oásis ‐‐ reserva fria e úmida ‐‐ e hearth‐refúgio aquecido e
seco. Persiste, contudo, aquela necessidade humana de contraste. Schmid (2005) confirma a
importânciadaassimetriatérmicanocombateaotédiotérmicoaoabordaraexpressividadedo
ambientetermicamenteperceptível.
Refereseà pesquisa de Heschong(2002),aos escritos de
Bachelard e de Thoreau, além de projetos dos arquitetos Tadao Ando e Frank Lloyd Wright.
Alguns dos parâmetros projetuais que exploram qualidades sensoriais são ilustrados na Figura
11aseguir:

A:Vistas
(192windowsoverlooking
life)
B:Circulaçãocom
contraste
(135tapestryoflight&
dark)
C:Paredesagradáveisao
tato
(235softinsidewalls)
D:Luzfiltrada
(238filteredlight)
Figura11:Exploraçãodequalidadessensoriaisemparâmetrosprojetuais.
Fontedasimagens:ALEXANDERetal.,1977,
p.892,646,1099e1107.
Sherwood (1994) estuda a agregação de UHs em relação aos sistemas de circulação vertical e
horizontal com o objetivo de proporcionar ao arquiteto referências que o auxiliem na solução
de problemas organizacionais de projeto. Os protótipos identificados quanto a tipologia
organizacionaldeUHs(orientaçãoúnicaoudupla)edeedificações(acessosindividual,múltiplo,
porcorredorlateraloucentraleporníveisdesencontrados)sãoilustradosporestudosdecaso.
Ricasvariaçõestipológicasguardamsemelhançasorganizacionaiscomrelaçãoàquelessistemas,
reiterando parâmetros projetuais em Alexander et al. (1977) que tratam da relação entre
tipologias de UHs e de agregação entre elas e aspectos do conforto ambiental e privacidade:
formato alongado (109longthin house); gradiente de intimidade (127intimacy gradient); alas
58
para luz natural (107wings of light); e luz natural em pelo menos dois lados (159light on at
least two sides). Pedro (2001) investiga, dentre outros temas, estratégias para a privacidade
entre UHs no projeto da habitação coletiva. Apoiado nos exemplos estudados e na legislação
local,sugereointervalo entre 10m a30mcomoa distânciaidealentre UHsconfrontantes. Na
Figura 12 a seguir, croquis representativos de alguns dos parâmetros projetuais. Bachelard
(1989,p.4445)criticaoprojetodeapartamentospela“falta deumdosprincípiosfundamentais
paradistinguireclassificarosvaloresdeintimidadeàsdiferentespeçasdeumabrigoacuadono
pavimento”. O parâmetro Formato alongado (109long thin house) trata justamente de como
aumentaraprivacidadeaoseprojetarhabitações,emespecialasdeáreareduzida:desenrolar
os ambientes um em seguida ao outro, horizontal ou verticalmente (uma planta alongada ou
umatorreestreita)aumentaadistânciaentreeles.

A:Gradientede
intimidade
(127intimacygradient)
B:Alasparaluznatural
(107wingsoflight)
C:Formatoalongado
(109longthinhouse)
D:Luznaturalemdois
lados
(159lightontwosides)
Figura12:Interfaceentreconfortoambientaleprivacidadeemparâmetrosprojetuais.
Fontedasimagens:
ALEXANDERetal.,1977,p.613,529,537e750.
Kowaltowski(1980)anecessidadedecontribuiçõesespecíficasparaoprocessodeprojetode
intenção humanizadora, devido especialmente à impossibilidade de mensuração de parte dos
fenômenosarquitetônicosque,todavia,sãoimportantesepercebidospelosusuários.Aautora
direciona o entendimento da humanização em arquitetura em termos da constância de
necessidadeshumanasealertacontraoperigodeselimitaramodelosestéticostradicionaisem
detrimento de aspectos funcionais, comportamentais e emocionais. A partir da verificação da
representação de necessidades humanas Kowaltowski (1980) propõe princípios para a
humanização em arquitetura, a saber: a domesticidade diretamente relacionada ao porte
reduzido das construções e defendida como valor de permanência, a estética relacionada ao
instintohumanodedecorareanaturezacomafinidadeestéticaquecontribuiparaoconforto.
59
Podeserelacionaroenfoquede parâmetrosprojetuaisrelacionadosàescaladahabitaçãoaos
princípiospropostosporKowaltowski (1980): o sentidodelugaredehabitar aos princípios da
domesticidade e do porte reduzido das construções; a dimensão expressiva do conforto
ambiental ao princípio da estética; e, por fim, aspectos do conforto luminoso e térmico e o
respeitoaoambientenaturalaoprincípiodanatureza.
Considerase que em especial esta última seção da base teóricoconceitual fundamenta os
parâmetrosprojetuaisespecíficosemestudo,constituindoabasesobreaqualforamanalisados
osprojetosdaamostraeposteriormenteconstruídosearranjados
osconceitoshumanizadores
propostos.AFundamentaçãoteóricoconceitualtambémlevantouaspesquisasqueapoiaramo
desenvolvimento da estratégia projetual. No próximo capítulo é abordado o projeto da
habitação coletiva sob o enfoque dos parâmetros projetuais, incluindo o levantamento dos
projetoseaidentificaçãodosparâmetrosnosmesmos.
61
4
4
.
.
A
A
H
H
A
A
B
B
I
I
T
T
A
A
Ç
Ç
Ã
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O
O
C
C
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O
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V
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A
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B
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Q
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D
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M
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S
P
P
R
R
O
O
J
J
E
E
T
T
U
U
A
A
I
I
S
S
Devido à grande quantidade de dados relevantes para o presente capítulo e visando maior
clareza narrativa, primeiramente são apresentados o levantamento e interpretação dos dados
daamostradeprojetos.Emseguida,tratasedaseleçãodosparâmetrosprojetuaispertinentes
ao tema habitacional e seu significado como fatores de projeto e, por fim, apresentamse a
identificaçãoeinterpretaçãodosparâmetrosnosprojetos.
Olevantamentodeprojetosbuscouportodasaspremiaçõesdahabitaçãocoletivapaulistanos
periódicosnacionais,impressosoueletrônicos,entreosanosde1980e2005.
Estainvestigação
demandou dedicação prolongada dada a abrangência temporal da amostra, as variações de
nomenclatura da categoria habitação coletiva ao longo dos anos, os dados por vezes escassos
nos periódicos e a ausência de dados organizados pelo IABSP. Em seguida, procurouse
preencher lacunas sobre os projetos através de
outras buscas e contato direto com os
respectivosarquitetosautores.Osprojetosforamentãoclassificadosdeacordocomomodode
agregaçãodasUHsnasseguintestipologiasilustradasnaFigura13aseguir:
H(Horizontal):UHsagregadasnãosobrepostas;
M(Mista):maisdeumadastipologiascitadas;
VB (Vertical Baixa): UHs sobrepostas totalizando até
quatropavimentos;
VA (Vertical Alta): UHs sobrepostas totalizando mais de
quatropavimentos.
Foram elaboradas fichas dos projetos a partir dos dados dos periódicos e seguindo a
classificação exposta, que se encontram no Apêndice B (em CD anexo). O resumo do
levantamentodosprojetoséapresentadonaTabela1aseguir:
Figura 13: Tipologias edilícias identificadas na
amostradeprojetos.
H
VA
M
VB
62
Tabela1:Resumodolevantamentodosprojetosdaamostra.
ANO TIPOLOGIA PREMIAÇÃO NOME/TÍTULO CATEGORIA NOME/LOCAL ARQUITETO
2004 H01 PrêmioIABSP Mençãoexaequo Obrasdearquitetura
executadas
VilaPirandello M.Drucker
2002 H02 PrêmioIABSP CarlosB.Milan Edif.Hab.
Coletiva
/
executado
Resid.RuaGrécia(Cotia) J.VilláeS.Chile
2001 H03 PrêmioJovensArqu.(5º) Arquitetura/obras
construídas
VilaFidalga C.Xaviereequipe
1999 H04 PrêmioJovensArqu.(4º) Menção Urbanismo/obras
im
p
lantadas
PontaldeGuaratatuba
(
Bertio
g
a
)
M.FerreiraGavião
1981 H05 PrêmioBrasilit(2º) Unidademodularhabitacional Cj.Hab.(NovaOdessa) D.Tozzi
2004 M01 PrêmioASBEA Edif.Resid.
Multifamiliares
ResidencialIbatyba(S.André) W.MarchiJr.
1999 M02 PrêmioJovensArqu.(4º) Menção Urbanismo:projeto VilabairroJabaquara J.C.BernardesPinto
1995 M03 PrêmioJovensArqu.(2º) Menção Urbanismo Cj.Hab.CDHU(Itatiba) J.C.BernardesPinto
1990 M04 Concurso(PMC/Cohab) Nacionalde
IdéiasNúcleo
UrbanoCam
p
inas
(Campinas) M.Antoniazzi
1990 M05 Concurso(PMC/Cohab) NacionaldeIdéiasNúcleo
UrbanoCam
p
inas
(Campinas) M.Roberto
1990 M06 Concurso(HabieCohab) NacionalProjetosHab.Pop. ÁreaBrás S.dePodestá
2004 VB01 Concurso(PMSP) NacionalHabitasampa
loca
ç
ãosocial
BarraFunda J.CorradinieJ.Alves
2004 VB02 PrêmioASBEA Menção Edif.Resid.
Multifamiliares
CohabPedroFacchini M.BarbosaeCorbucci
1990 VB03 Concurso(HabieCohab) Contratado Rincão H.ViglieccaeB.Padovano
1990 VB04 Concurso(HabieCohab) Contratado VilaMaraeRiodasPedras H.ViglieccaeB.Padovano
1990 VB05 Concurso(HabieCohab) Contratado Paranapanema D.Tozzi
1990 VB06 Concurso
(HabieCohab) Contratado MinasGás U.Gilioli
63
ANO TIPOLOGIA PREMIAÇÃO NOME/TÍTULO CATEGORIA NOME/LOCAL ARQUITETO
1990 VB07 Concurso(HabieCohab) Contratado HeliópolisIL.EspallargasGimenez,Cecco
1990 VB08 Concurso(HabieCohab) Contratado HeliópolisII L.EspallargasGimenez,Cecco
1990 VB09 Concurso(HabieCohab) NacionalProjetosHab.Pop. ÁreaJd.S.Francisco D.Anastassakis
1983 VB10 PrêmioIABSP Edif./obraconstr./
hab.coletiva
Cj.Ondesol(Guarujá) R.A.C.Perrone
2004 VA01 Concurso(CEF/IAB) Hab.Social ProgramaCarta
de
CréditoAssociativo
Centro L.E.Menezes
2004 VA02 Concurso(CEF/IAB) Hab.Social/Menção Programa
Arrendamento
Centro RenatoeLilianDalPian
2004 VA03 Concurso(CEF/IAB) Hab.Social/Menção Programa
Arrendamento
Centro A.DelBiancoeA.deFreitas
2004 VA04 Concurso(PMSP) NacionalHabitasampa
loca
ç
ãosocial
Assembléia M.Morettin;V.Andrade;
R.Azevedo
2004 VA05 Concurso(PMSP) Nacionalp/projetourbano
Bairronovo
BarraFunda/ÁguaBranca E.deOliveira;C.Carvalho;
D.Furlan
2003 VA06 PrêmioASBEA EdifíciosResidenciais
Multifamiliares
Edif.VilleCapFerrat P.Segall
2002 VA07 PrêmioASBEA DestaqueRegional Edif.LivingLoft L.FernandoRocco
2002 VA08 PrêmioASBEA Menção EdifíciosResidenciais Edif.DúplexTopTower W.MarchiJr.
2002 VA
09 PrêmioASBEA Menção EdifíciosResidenciais Edif.HelborLoftEvolution W.MarchiJr.
1998 VA10 PrêmioIABSP Edifíciop/hab.co letiva/
p
ro
j
eto
ComplexoHab.Luz G.Sugai
1997 VA11 PrêmioJovensArqu.(3º) Menção Obrasexecutadas Edif.Avallon M.FerreiraGavião
1996 VA12 Concurso(PMSP) NacionaldeIdéiasParaum
NovoCentro
Centro J.B.MartinezCorrêa
1994 VA13 PrêmioIABSP Menção Edificaçõesobra
construída
/
edifícios
p/
Edif.PuntadelLeste(Guarujá) E.VictorOlaszek
1994 VA14 Concurso(CDHU) HabitarcomoAmbiente Cj.Hab.CDHU(Itatiba) J.TabithJr.
64
ForamidentificadoscincoprojetosnatipologiaH,deznatipologiaVB,quatorzenatipologiaVA
e seis na tipologia M, totalizando 35 projetos e 28 arquitetos autores. Na Tabela 1 podese
observarquepredominanaamostradeprojetosatipologiaVerticalAlta(14projetosou40%),
seguida da Vertical Baixa (10 projetos ou 28,6%). As tabelas a seguir (Tabela 2, Tabela 3 e
Tabela 4) representam dados quantitativos dos projetos levantados com relação a faixas de
rendadapopulaçãoalvo,tiposdepremiaçãoedécadas.
Tabela2:Númerodeprojetosporfaixasderenda.
Tabela3:Númerodeprojetosporpremiação.
Tabela4:Númerodeprojetospordécada.
De acordo com a Tabela 2 predominam na amostra os projetos para HIS, que totalizam 24
projetos(ou68,6%).PodeseobservarnaTabela3queapremiaçãoquepredominanaamostra
destapesquisasãoosConcursosparaHIS,totalizando19projetos(ou54%),seguidadoprêmio
AsBEAcom06projetos
(ou 17%).A Tabela4 demonstraquenos anos90ocorreramamaioria
24
11
HIS
Demaisfaixa s de
renda
19
6
5
5
ConcursosHI S
Prêm ioASBEASP
Prêm ioIABSP
Prêm ioJovens
Arquite tosSP
2
18
15
19801989
19901999
20002005
65
das premiações da amostra (18 projetos ou 51%), seguido de 15 premiações (ou 43%) no
períodomaiscurto entre 20002005, apontando, assim,umritmocrescente de premiaçõesna
categoria habitação coletiva também em relação aos anos 80, em que ocorreram apenas 02
premiações(ou5,7%).
Na relação entre décadas e
tipologias representada na Tabela 5 a seguir podese observar o
predomínioda tipologia Vertical Altanoperíodoentre20002005 e o predomínio da tipologia
Vertical Baixa nos anos 90. Também se nota pela primeira vez a premiação da tipologia
Horizontalnosanos90,tipologiaessaquesetornamaisfreqüentenoperíodoentre20002005.
Tabela5:RelaçãoentreDécadaseTipologias.
Dototaldaamostra,osprojetosVB05,VA02,VA07,VA11eVA13seencontramcomdados
insuficientesparaumaanáliseprojetualcompletadevidoàfaltadedadosnosperiódicos(Norte
eemalgunscasosimplantaçãoeplantatipo)seguidadafalta doenviodematerialrequisitado.
Além disso, houve também a questão da heterogeneidade de etapa de desenvolvimento dos
projetosdo levantamentocomo umtodo,send o queosprojetosVA12,VA05, VA12,M04e
M05, que não chegaram a ser construídos, foram estudos preliminares na escala urbana,
mostrandoapenasalgumassugestões
delayoutdeUHs.Aindaassim,considerasequetodosos
projetos levantados contribuíram no sentido de possibilitar a constituição de um perfil da
produçãopremiadadehabitaçãocoletivanoEstado.
1
1
3
5
1
1
7
2
5
9
19801989
19901999
20002005
DÉCADAS
TIPOLOGIAS
H M VB VA
66
Os parâmetros projetuais relacionados ao tema habitacional foram selecionados
preliminarmente dentre os 253 descritos e pertencentes a quaisquer das três seções de
Alexanderetal.(1977)correspondentesàsescalasdeintervençãodacidade,daedificaçãoeda
construção.Nodecorrerdapesquisaduranteaavaliaçãodosprojetosaquelaseleçãoinicialfoi
sendolapidada, com oacréscimooueliminaçãode alguns parâmetrosprojetuais, buscandose
extrair destes o conteúdo relevante para aquela avaliação quanto ao melhor atendimento de
necessidades psicossociais e ambientais. Buscouse extrair daquela seleção preliminar o seu
significadocomofatoresparaoprojetodahabitaçãocoletiva,obtendoseos
seguintestópicos:
Fatores que determinam a implantação e sua relação com o entorno
construídoenatural;
Relação entre tipologia edilícia e aspectos de conforto ambiental e
privacidade;
Relaçãoentreexterioreinterior.Zonasdetransiçãoentreruaeedificação
eentreambientesinternos;
Relação entre estrutura física
e espaços de convívio. Fatores que
determinaramáreas,pésdireitos,ambientesprivilegiadoseaberturas;
Consideraçãodosensodeproteção;
Qualidadesdailuminaçãonaturaleartificial;
Critérios na escolha do sistema construtivo, cobertura e materiais de
acabamento.Consideraçãodequalidadessensoriais.
Umquestionáriofoielaboradoapartirdostópicosacimaeencaminhadoaosarquitetosautores
(ver Apêndice A) inicialmente com a intenção de verificar a consideração, implícita ou
deliberada, daqueles parâmetros projetuais no processo de projeto dos arquitetos. Porém, as
respostasrecebidasforamporvezesmuitosucintasepoucosquestionáriosforamrespondidos
(apenas 13 dos 35 projetos levantados,
sendo que as mesmas se encontram transcritas nas
fichas dos respectivos projetos no Apêndice B). As respostas serviram, no entanto, para uma
67
melhorcompreensãodopartidoarquitetônicoadotadoe,juntamentecom aseventuais visitas
aos locais dos projetos e dados adicionais fornecidos por alguns dos arquitetos, auxiliaram na
análisedosmesmos. Dentreas respostas,salientaseo poucoconhecimentoe aindamais rara
consideração do conteúdo em Alexander et al. (1977) no processo projetual: dos onze
arquitetos que responderam ao questionário (responsáveis por treze dos projetos levantados)
cinco deles conhecem o livro. Destes, apenas dois acreditam utilizar de maneira implícita seu
conteúdo.
A coletânea final dos parâmetros projetuais identificados nos projetos e sua tradução,
apresentadosna seqüênciaemquesãoencontradosemAlexanderetal.(1977),encontrasena
Tabela6aseguir.
Tabela6:Coletâneadeparâmetrosprojetuaisidentificadosnosprojetos.
Fontedasimagens:ALEXANDERetal.,1977.
PARÂMETRO SE ENTÃO CROQUIS
EQUILÍBRIODEUSOS
NACIDADE
(9scatteredwork)
Separaçãoartificial
entrecasaetrabalho
criarupturas
intoleráveisnavida
íntimadaspessoas.
Utilizesedalegislaçãoeoutrosmeios
disponíveisparadistribuirlocaisde
trabalhopelacidade.Proíbagrandes
concentraçõesdetrabalhosemvida
familiaraoredor.Proíbagrandes
concentraçõesdevidafamiliarsem
trabalhoaoredor.
CONEXÃODEREDESDE
TRANSPORTE
(16webofpublic
transportation)
Sistemadetransporte
públicosomente
funcionasetodasas
suaspartessãobem
conectadas.Masas
agênciasresponsáveis
pelosdiferentes
modosnãotem
incentivopara
conexão.
Trateconexõescomoprimáriaselinhas
detransportecomosecundárias.Planeje
aslinhasdosdiferentesmodoscoma
visãodequegradualmenteserão
conectadas.
ACESSOERESPEITOA
PORÇÕESDEÁGUA
(25accesstowater)
Apesardanecessidade
humanadecontato
comgrandescorpos
deágua,aocupação
humanaaoseuredor
podedestruílos.
Tratarcomrespeitoporçõesnaturaisde
água:preservarumafaixadeárea
comumaoseuredorepermitir
conjuntosadensadosemintervalos
freqüentesecomacessoperpendicular
àquelafaixa.
68
PARÂMETRO SE ENTÃO CROQUIS
DIVERSIDADEDE
USUÁRIOS
(35householdmix)
Nenhumestágiona
vidadaspessoasé
autosuficiente.
Encorajarvariedadedeusuáriosnum
mesmobairrohabitacional,demodoa
ter,ladoalado,habitaçõesdepessoas
sozinhas,casais,famíliascomcrianças,
habitaçõesagrupadas.
GRADIENTEDE
PRIVACIDADENO
LAYOUTDOCONJUNTO
(36degreesof
publicness)
Posicionamentode
UHsnum
agrupamentoreflete
diferençasentre
pessoas.
DistinguirtrêstiposdeUHs:fisicamente
reservadas(maissilenciosas);mais
públicas,(ruasmovimentadas);meio
termoentreasoutrasduas.
UNIDADESEMFITA
(38rowhouses)
Casasagregadas
típicas:deficiênciade
luznatural;pouca
privacidadedevidoà
poucadistanciadas
demais;apenasuma
pequenapartedo
espaçointernotem
contatodiretocomo
externo(quintal);falta
variaçãoindividual.
Posicionarcasasaolongodecaminhos
parapedestresqueformam90graus
comviaslocaiseestacionamentos,edar
acadacasafrentelongaeprofundidade
rasa,comoporexemplo:lote(9x13m),
caminho(9x2,5m),casa(9x6m),e
quintalsemipúblico(9x4,5m).
UNIDADESEMTERRAÇOS
ESCALONADOS
(39housinghill)
Edifíciosresidenciais
nocentrodascidades
sãodesejáveisporém
sãocomfreqüência
impessoais,pois
faltam:conexãocom
térreoecomvizinhos;
quintaloujardim
privativo;identidade
paracadaUH.
PosicionarUHsemterraçosescalonados,
depreferênciainclinadosnadireção
Norteeservidosporcaminhoabertona
mesmadireçãoquedistribuaos
acessos.
RUASPERMEÁVEIS
(51greenstreets)
Ruaslocaispodem
ajudaracombatera
destruiçãodo
microclimaresultante
daimpermeabilidadee
doefeitotérmicode
pavimentosem
concretoouasfalto,
bemcomocombatero
excessodevelocidade
doscarros.
Ruaslocaispodemsergramadase/ou
revestidascomelementosquenão
impermeabilizemtotalmenteosolo.
CIRCULAÇÃODE
PEDESTRESECARROS
(52networkofpaths&
cars)
Carrosrepresentam
perigoaospedestres,
porémasatividades
ocorremjustamente
ondepedestrese
carrossecruzam.
Arranjecaminhosparapedestres
perpendicularesàsruas.Destemodo,os
caminhosgradualmenteformarãouma
redesecundáriadistintaeortogonalao
sistemaviário.
69
PARÂMETRO SE ENTÃO CROQUIS
DEMARCAÇÃODE
ENTRADACOLETIVA
(53maingateways)
Partesdacidadea
seremidentificadas
comolugarespelos
seushabitantes
necessitamreforço
visual.
Demarcarentradascoletivasnas
fronteirasdelugaresdeacordocom
fluxospredominantesdepedestres.
COMÉRCIOLOCAL
(89cornergrocery)
Pessoasnecessitamde
comérciolocal
acessívelàpé.
Daracadabairropelomenosum
comérciolocal,próximoaoseucentro,
servindocercade1000pessoas.
Posicioneosemesquinasondeum
grandenúmerodepessoastransita,
combinandooscomhabitações.
EDIFÍCIOCOMO
COMPLEXO
(95buildingcomplex)
Edifíciodeveserum
complexodeedifícios
oupartesmenores
quemanifestamseus
fatossociaispróprios.
Traduziroprogramaemumcomplexode
edifícios.Baixasdensidades:coleçãode
edifíciosmenoresconectadospor
arcadas,caminhos,pontes,jardins
comuns.Altasdensidades:selecionaras
partesmaisimportantesefazêlas
identificáveisdentrodeum
mesmo
tecidotridimensional.
ESTACIONAMENTO
CAMUFLADO
(97shieldedparking)
Grandesestruturas
paraestacionamento
sãoinumanas,ea
entradadecarros
necessitaboa
visibilidade.
Quandonecessáriocriargrande
estacionamento,posicioneoatrásde
algoquepossacamuflálo:UHs
conectadas,terraçosescalonados,lojas,
taludesgramados.Crieentrada
naturalmentedemarcadaparaoedifício
servidoefacilmentevisívelapartirda
entradado
estacionamento.
CIRCULAÇÃOLEGÍVEL
COMRECANTOS
(98circulationrealms)
Oproblemada
desorientaçãoéagudo
emmuitoscomplexos
deedifíciosmodernos,
podendocausarstress
mentalparaos
usuários.
Arranjegrandesedificaçõesoucoleções
depequenosedifíciosdemodoquepara
alcançarumpontointernoousuário
tenhaquepassarporseqüênciade
recantos(quepodemserdemarcados
porportais)quesetornammenoresao
longodotrajeto.
PORÇÃOPRINCIPAL
DAEDIFICAÇÃO
(99mainbuilding)
Complexode
edificaçõessemcentro
prejudicam
identidade.
Paraqualquercoleçãodeedificações,
salientarporçõesmaisimportantes
atravésdeposiçãomaiscentralizadae/
oucoberturaproeminente.
CONJUNTODE
ENTRADAS
(102familyof
entrances)
Numconjuntode
habitaçãocoletiva
grandechancede
usuáriosvivenciarem
desorientação.
ArranjeasentradasdasUHsdemodoa
criarumapercepçãodeconjunto:boa
visibilidadedotodoetambémdecada
UHapartirdasoutras;similaridadede
entradasindividuais.
70
PARÂMETRO SE ENTÃO CROQUIS
EDIFICAÇÃO
MELHORANDO
TERRENO
(104siterepair)
Edificaçõesdevem
respeitaranatureza
dosítioafimde
melhorálo.
Consideraredifícioeterrenocomo
ecossistemaúnico:nãoinvadiráreas
maisconfortáveisesadias,esim
construirnasáreasmenosagradáveis,de
piorcondiçãotopográfica,deorientação
evegetação,paramelhorálas.
ORIENTAÇÃOSOLAR
PARAESPAÇO
EXTERNO
(105southfacing
outdoors)
Pessoassomenteusam
espaçosexternosàs
edificaçõesseestes
sãoensolarados.
PosicionaredificaçõesaoSuldosespaços
externos,mantendoestesaoNorte(se
nohemisférioSul).
ESPAÇOEXTENRO
POSITIVO
(106positiveoutdoor
space)
Espaçosexternos
concebidoscomo
sobrasentre
edificaçõesemgeral
nãosãousados.
Criarespaçosexternospositivosaoredor
dosedifícios,dotandolhesdealgum
graudefechamentopormeiode:alasde
edifícios,árvores,cercas,arcadas,
pergolados.
EDIFÍCIOS
CONECTADOS
(108connected
buildings)
Edifíciosisoladossão
sintomasdeuma
sociedade
desconectada.
Ondepossível,conectaredifíciosnovos
aosexistentes.Nãomanterrecuosentre
eles,masformáloscomocontinuações.
FORMATO
ALONGADO
(109longthinhouse)
Formadoedifícioafeta
enormementegraus
deprivacidadedentro
deste.
Emedifíciosdeáreareduzida,aumentar
aomáximoadistânciaentreoscômodos,
desenrolandoosumapósooutrode
modohorizontal(plantaretangular
alongada)ouvertical(torrealtae
estreita).
ENTRADAPRINCIPAL
(110mainentrance)
Posiçãoda(s)
entrada(s)principal(is)
épassomuito
importantena
evoluçãodoprojetode
umedifício.
Posicioneaentradaondesuavisãoseja
imediataapartirdasprincipaisviasde
acessoeaelaformaclaraemarcante.
TRANSIÇÃONA
ENTRADA
(112entrance
transition)
UHscomtransições
entreexteriorinterior
sãomaisagradáveis
dasqueseabrem
diretamentesobrea
rua.
Crieespaçodetransiçãomarcandoo
commudançadeiluminação,som,
direção,textura,nível,pórtico,marcando
mudançanograudefechamentoe
principalmentedevistas.
71
PARÂMETRO SE ENTÃO CROQUIS
HIERARQUIAENTRE
ESPAÇOSEXTERNOS
(114hierarchyofopen
space)
Pessoasemespaços
externosprocuram
lugarqueofereça
proteçãoàscostase
vistaparaespaço
externoàsuafrente.
Aoconformarespaçosexternosde
qualquertipo(jardins,terraços,ruas,
parques,praças,pátios)crieespaço
menorquepossibiliteproteçãonatural
àscostase,emseguida,posicioneo,
bemcomosuasaberturas,demodoater
visãoparaespaçoexternomaior.
COBERTURA
ENVOLVENTE
(117shelteringroof)
Coberturacaracteriza
sensodeabrigo.
Fazervisíveltodaacoberturademodo
envolvente.Ambientesobcobertura
deveserutilizávelnodiaadia,formar
partedaedificaçãoepodersertocado
emalgumtrecho.
ARCADAS
(119arcades)
Passeiocobertonos
limitesdeedificações
tempapelvitalna
interaçãoentre
pedestreseedifícios.
Criearcadasobrepasseioaolongodos
limitesdeedificaçõesparaconectálas,
proporcionandoproteçãoparaos
pedestres.
CAMINHOSELUGARES
(120paths&goals)
Oprocessode
caminharésutiledeve
guiaroarranjode
caminhos.Envolvea
escolhadedestinos
intermediários
(marcosvisíveis)em
constantemudança.
Paraoarranjodecaminhos
primeiramenteposicionedestinosem
locaisdeinteressenaturalpara,em
seguida,conectálosformando
caminhos.Suaformapodeserretaou
levemente
curvada,ediferenciadaao
redordosdestinos.Adistânciaentre
destinosdevepreferencialmentenão
ultrapassarcercade150m.
FORMATODE
CAMINHOS
(121pathshape)
Caminhosde
pedestresdevemser
tambémpara
permanência,não
circulação.
Crieabaulamentoemtrechodecaminho
público,fazendoasextremidadesmais
estreitas,conformandoumfechamento
ondeépossívelpermanência.
RECUOFRONTALNULO
(122buildingfronts)
Recuosfrontaisde
edificações,
originalmente
pensadoscomo
garantiaàluze
ventilaçãonaturais,
contribuíram
enormementepara
destruiropapelsocial
dasruas.
Posicionepartefrontaldaedificaçãosem
recuoaolongodecaminhoseruas.
Quandocabívelpermitaângulos
levementediferenciadosaoalinhamento
paraqueseacomodeaoformatodo
caminho
ourua.
72
PARÂMETRO SE ENTÃO CROQUIS
BOLSÕESDEATIVIDADE
(124activitypockets)
Avidadepraçasse
formanaturalmente
aoredordeseus
limites.
Envolvalugaresdeencontropúblicocom
pequenosbolsõesdeatividadede
fechamentoparcialemseuslimites,de
frenteparaocentroeentrecaminhos,e
contendoatividadesqueprovoquem
pausaenvolvente.
GRADIENTEDE
INTIMIDADE
(127intimacygradient)
Osambientesinternos
daUHprecisamestar
arranjadosem
seqüênciaque
correspondaaseus
grausdeintimidade
paraqueacomodem
assutilezasdas
interaçõessociais.
ArranjeosambientesdaUHdemodoa
criarseqüênciaquecomecepelaspartes
maispúblicaseseencaminheparaáreas
umpoucomaisprivadas,finalizando
com
osdomíniosmaisíntimos.
POSIÇÃOELUZ
(128indoorsunlight)
Seosambientes
apropriadosestãona
faceNorte(no
hemisférioSul)aUHé
ensolaradae
convidativa.
Posicioneosambientesmaisimportantes
aolongodafaceNorte,eespalheaUH
noeixoLesteOeste:exposiçãoNorte
paraáreascomuns;Nordestepara
quartos;Noroesteparavaranda.
ÁREACOMUMNO
CENTRO
(129commonareasat
theheart)
Nenhumgruposocial
sobrevivesemcontato
informalconstante
entreseusmembros.
Crieumaúnicaáreacomumparacada
gruposocial,nocentrodegravidadedos
espaçosocupadospelogrupo,tendoos
caminhosdecirculaçãotangentesaela.
AMBIENTEDE
ENTRADA
(130entranceroom)
Oambienteconstruído
precisasercongruente
àimportânciado
momentodechegada
oupartida.
Crieambientedeentradailuminadoa
fimdemarcarafronteiraentreinterior
exteriorincorporandoeabrigando
porçãodeambososespaços.
CIRCULAÇÃOCOM
INTERAÇÃO
(131flowthrough
rooms)
Movimentoentre
ambientesafeta
interaçãosocialdentro
deles.
Evitecorredores:useambientesmais
públicoscomoambientespara
movimento,posicionandoosdemodoa
formaremumacorrenteoulaço.Crie
sentimentodegenerosidade,com
variedadedevistasinternaseexternas.
ESCADACOMO
PASSAGEMVISÍVEL
(133staircaseasa
stage)
Escadaspodem
desempenharpapel
importantenavida
socialdosusuários
alémdacirculação.
Posicioneaescadaemlocalchave,
centralevisível,tratandoacomoparte
doambienteemquesesitua.
Proporcionaralargamentoparase
sentar.
73
PARÂMETRO SE ENTÃO CROQUIS
CIRCULAÇÃOCOM
CONTRASTE
(135tapestryoflightand
dark)
Iluminaçãouniforme
nãoproporciona
ambientesque
funcionam
efetivamentepara
eventoshumanos.
Criealternadamenteáreasmais
iluminadasemaisescurasaolongoda
UH,demodoaorientaromovimento:
pessoascaminhamnaturalmenteem
direçãoàluz.
TERRAÇOENTRECASA
EPASSEIO
(140privateterraceon
thestreet)
AUHnãodeveabrirse
completamenteem
relaçãoàruanemvirar
suascostasaela.
Posicionaráreasinternasdeconvívio
faceandoterraçosemielevadodefrente
àrua,protegidocommurobaixo.
SEQUÊNCIADENICHOS
(142sequenceofsitting
spaces)
CantosinternosàUH
têmopotencialpara
áreasdesentar,masa
necessidadede
fechamentodessas
áreasvariadeacordo
posiçãonogradiente
deintimidade.
PlanejeáreasdesentaraolongodaUH:
maiorgraudefechamentopara
nichosmaisformaisemenorgrauaos
maisinformais.Nichosintermediários
podemserparcialmentefechadose
conectadosaoespaçomaior.
ESCADASABERTAS
(158openstairs)
Escadasinternasde
acessoaUHsreduzem
conexãoentreavida
daruaemoradoresde
UHssuperiores,
podendocausardano
social.
Conectemoradoresindividuaisde
pavimentossuperioresdiretamenteao
térreocriandoescadasabertasdefácil
acessopelaruaoucaminho.
AMBIENTESSEMI
ABERTOSAOLONGO
DOSLIMITES
(166gallerysurround))
Pessoasnecessitam
percebese
entrelaçadasà
edificação(estardo
ladodedentroporém
emcontatocoma
cenaexterior).
Semprequepossíveleemtodosos
pavimentosprojetevarandas,sacadas,
galerias,nichos,lugaresparasentar,
pergolados,etc.noslimitesda
edificação,especialmenteondeseabrem
paraespaçospúblicoseruas,e
conecte
oscomportasaoexterior.
VARANDAUTILIZÁVEL
(167sixfootbalcony)
Balcões,varandase
terraçosestreitossão
raramenteusados.
Dimensionáloscompelomenoscercade
2mdeprofundidade.
74
PARÂMETRO SE ENTÃO CROQUIS
ENTRELAÇAMENTO
EDIFICAÇÃOELUGAR
(168connectiontothe
earth)
Oslimitesda
edificaçãonecessitam
entrelaçamentocomo
lugarnoníveldosolo.
Conecteaedificaçãoaosoloatravésde
umasériedecaminhos,terraços,
degrauserampasaolongodeseus
limites.Posicioneosdemodoatornaros
limitesambíguos,tornandoimpossível
determinarexatamenteondea
edificaçãocomeça.
VEGETAÇÃO
CONFORMANDO
AMBIENTES
(171treeplaces)
Paisagismonãodeve
desconsiderarsua
capacidadedecriar
lugares.
Projeteopaisagismodeacordocoma
naturezadavegetaçãoafimde
conformarlugaresutilizáveisparaas
pessoasemespaçosexternos,praças,
recantos,avenidas,etc.emsintoniacom
asedificaçõesvizinhaseviceversa.
LAREIRA
(181thefire)
Nãosubstitutopara
ofogo,dadasuavida
(movimento,variação,
sensualidade).
Crielareiraemespaçodeconvívio(sala,
cozinha,etc.).Crieumajanelaououtro
focodeatençãopróximoàlareirapara
sustentaroambientequandoofogonão
estiveraceso.
AMBIÊNCIAPARA
REFEIÇÕES
(182eating
atmosphere)
ambientes
convidativospara
reuniãoderefeição,
enquantooutrosas
forçamacomer
rapidamenteebuscar
umoutropararelaxar.
Reserveambienteespaçosoparamesa
derefeiçõessobiluminaçãopontual,
preferencialmenteenvoltoaparedesou
zonasmaisescuras.
VARIAÇÃODE
DIREITO
(190ceilingheight
variety)
direitoentre
cômodosdevevariar.
Variarodireitoespecialmenteentre
cômodosquesecomunicam,fazendo
perceberaintimidaderelativados
diferentesambientes.direitoalto
paraaglomerações(3a4m),médiopara
convíviodemenospessoas(2,1a2,7m)e
nichospara1a2pessoas(1,8a2,1m).
VISTAS
(192windows
overlookinglife)
Ambientessemvista
exteriorsãoprisões
paraaquelesqueos
habitam.
Emcadaambiente,distribuajanelasde
modoquesuaáreatotalestejaconforme
aoindicadoparasuaregião,
posicionandoasparaobtençãodas
melhoresvistaspossíveis:atividadeda
rua,tranqüilidadedojardim,algo
diferentedacenainterior.
BALCÃOILUMINADO
(199sunnycounter)
Cozinhasescurassão
depressivas,vistoque
precisamdemaissol
doqueosoutros
ambientes.
Posicioneamaiorpartedobalcãoparao
NorteeNordeste(hemisférioSul),com
grandesjanelasàsuavolta.
75
PARÂMETRO SE ENTÃO CROQUIS
ESPAÇOFÍSICO
CONGRUENTEAO
AMBIENTEDECONVIVIO
(205structurefollows
socialspaces)
Espaçofísicodeveser
congruenteaos
ambientesdeconvívio,
definidospor
atividadesegrupos
humanos.
Nãodeixeaengenhariaditaraformado
edifício:posicioneoselementos
estruturaisdeacordocomosambientes
deconvívio,nuncaocontrário.
LAYOUTDA
COBERTURA
(209rooflayout)
Acoberturadeve
relacionarse
organicamenteà
naturezadecada
edifício.
Arranjeacoberturademodoquecada
porçãocorrespondaaumaentidade
socialnocomplexodoedifício:posicione
asmaiores(emaisaltas)sobreos
espaçosdeconvíviomaisimportantes,e
asmenoresapartirdasmaiores,como
meiaságuas
sobrevarandasenichos.
ZONASDEPISO
(233floorsurface)
Pisosdevemser
confortáveis,de
temperatura
agradável,porém
resistentesaousoe
fáceisdelimpar.
Criezonaspúblicaeíntima,
correspondendorespectivamentea
materiaisresistentesemacios.Marque
claramenteatransiçãoentreelas.
PAREDESAGRADÁVEIS
AOTATO
(235softinsidewalls)
Paredesmuitodurase
friassãodesagradáveis
aotato.
Userebocodegessoenãodecimento.
Usemadeiraoumateriaisgranularesque
apresentamtexturanatural.
CORESQUENTES
(250warmcolors)
Aluztotalnum
ambiente
determinadoinflui
enormementeno
conforto.
Aluztotal(iluminaçãonatural,artificiale
refletidanassuperfíciesexternase
internas)deveestarnaregiãoquentedo
diagramacromático,emtonsamarelo
avermelhados.Escolhermatizes
luminososparaassuperfíciesdemodoa
criarluztotalquentenoambiente.
A formulação de novos parâmetros mostrouse por vezes necessária como ajuste à adaptação
daqueleconhecimentoaocontextosociocultural,ambientaletemporaldaamostrade projetos,
eocorreuquandoparâmetrosprojetuaismanifestaramsede maneira muitobrandaemrelação
a sua descrição original, quando se verificou a necessidade de unificação de dois ou mais
parâmetros projetuais ou quando, durante a análise dos projetos, parâmetros não constantes
em Alexander et al. (1977) foram identificados. Os novos parâmetros foram identificados ao
longodaanálisedosprojetoseseencontramnaTabela7aseguir.
76
Tabela7:Novosparâmetrosprojetuaisidentificadosnosprojetos.
PARÂMETRO SE ENTÃO CROQUIS
N1UNIDADESAOREDOR
DEPÁTIO
ConjuntodeUHsaoredor
depátiocomumpossuído
pelosproprietáriosdas
mesmascontribuipara
identidadedogrupo.
FormargruposdeUHsaoredordepátiose
caminhoscomunssem,contudo,
interromperacessibilidade,paraque
qualquerumqueandeentreelasnãose
sintauminvasor.
N2MAISDEUMA
ORIENTAÇÃOPARA
UNIDADESAGREGADAS
AagregaçãodeUHsimpõe
desafioparaagarantiada
iluminaçãoeventilação
naturais,boapercepçãode
condiçõesclimáticaseluz
balanceadaparacadaUH.
AgregarUHsdemodoagarantirmaisde
umaorientaçãoparacadauma,em
harmoniacomopçõesdecirculação
coletivahorizontaleverticalecom
estratégias
paragarantiadaprivacidade.As
aberturaspodemaconteceremfaces
opostasoua90graus,eosambientes
internospodemterbarreirasdotipo
muretasouparedescomaberturas.
N3ESTRATÉGIAASPARA
PRIVACIDADE
AagregaçãodeUHsimpõe
desafioparaagarantiada
privacidadeentreUHs
confrontanteseoumuito
próximas.
Estratégiasvariadaspodemcontribuir
conjuntamenteparaaprivacidade
(especialmentevisual)entreUHs:observar
distânciaentreUHsconfrontantes;criar
minipátiosreservadosparapartedas
aberturas;usarclarabóias,janelasaltas,
vidrocorrugadooutranslúcido,
elementos
opacosposicionadosemânguloemrelação
àabertura,elementosvazados(cobogós),
vegetação,desníveldepisoentrepasseioe
aUH.
N4GRADIENTEDAS
ABERTURAS
Afacilidadedeacessoe
controledegradientede
iluminação,ventilaçãoe
privacidadepelousuário
contribuiparaosensode
proteçãocaracterísticodo
lar.
Projetarfechamentosparaaberturasque
sejamdefácilcontrolepelousuárioeque
possibilitemgradação,taiscomo
venezianassanfonadasoubrises
articulados.Luzfiltradapermitenuancesde
luzesombra,impedindoofuscamento.
N5FLEXIBILIDADEDE
USO
Habitaçãocoletivarequer
durabilidadecomfacilidade
demanutenção,
adaptabilidadepara
diferentesfamíliasenovas
tecnologias.
Projetarparaflexibilidadedeusocomo
empregodeparedesinternasdevedação,
divisóriasflexíveis,pisoelevadoque
abrigueinstalações,paredeshidráulicas,
mobiliáriosobrerodízios,etc.,desdeque
ambientesresultantescontinuemacumprir
funçãosocial.
77
PARÂMETRO SE ENTÃO CROQUIS
N6POSSIBILIDADEDE
EXPANSÃO
Habitaçãocoletiva
especialmenteparabaixa
rendarequeracomodação
deeventualaumentono
númerodeusuáriosporUH,
bemcomocompatibilidade
comoaumentogradualda
capacidadefinanceirados
usuários.
Projetaraimplantaçãodoconjuntoeo
embriãodeUHscompatíveiscomadições
futurasdesdequeambientesresultantes
continuemacumprirfunção
social.
Possibilidadesdeexpansãorequerem
detalhamentoemprojeto,regulamentação
emonitoramentoquandodaexecução.
N7COZINHAINTEGRADA
Cozinhaestritamente
funcionalefechadaem
geralnãorecebea
iluminaçãonaturalideale
variedadedevistas,enão
propiciaaintegraçãodos
usuários.
Quandopossivel,projetarcozinhamaior
queousualetangenteaocentrode
convíviodaUH.Paredetipobalcãotambém
podeauxiliarnaintegraçãoentre
ambientes.A
freqüentedeficiênciadeárea
(m2)porUHemprojetosdeHISnão
justificaaadoçãodopresenteparâmetro,
podendoporemriscoogradientede
intimidade.
Os parâmetros constantes em Alexander et al. (1977) cujo conteúdo foi incorporado a novos
parâmetrossãoapresentadosnaTabela8aseguireconsistemde:Agrupamentodecasas(37
housecluster)e Pátiosquevivem (115courtyardswhichlive)incorporadosaonovoparâmetro
N1Unidadesaoredordepátio;Alasparaluznatural(107wingsoflight)eLuznaturalemdois
lados (159light on two sides) incorporados ao novo parâmetro N2Mais de uma orientação
paraUHsagregadas;Iluminaçãofiltrada(238filteredlight)incorporadoaonovoparâmetroN4
Gradiente das aberturas; Cozinha de fazenda (139farmhouse kitchen) incorporado ao novo
parâmetroN7Cozinhaintegrada.
78
Tabela8:Parâmetrosprojetuaisincorporadosaosnovosparâmetros.
Fonte:ALEXANDERetal.,1977,p.202,564,529,750,1107e663.
PARÂMETRO SE ENTÃO CROQUIS
AGRUPAMENTODE
CASAS
(37housecluster)
Arranjodecasas
formandoconjunto,
sendopartecomum
entreelaspossuídapelos
proprietáriosdas
mesmasénecessário
paraconforto.
Formargruposde8a12casasaoredorde
áreasecaminhoscomuns,edemodoaque
qualquerumqueandeentreelasnãose
sintauminvasor.
PÁTIOSQUEVIVEM
(115courtyardswhich
live)
Ospátiosinternos
criadospelaarquitetura
modernasãoraramente
usados.
Posicioneopátiointernodemodoque
tenhavistaparaespaçoabertomaior;duas
outrêsportasseabramparadentrodele,
criandocaminhosnaturaisdeconexão;
varandacobertacrietransiçãoentreespaço
internoaoedifícioepátio.
ALASPARALUZ
NATURAL
(107wingsoflight)
Projetosnãopodem
desconsiderariluminação
naturalcomomaiorfonte
deiluminação.
Subdividiredifícioemalascorrespondentes
aosgrupossociaismaisimportantes,
fazendocadaalaomaislongaeestreita
possível:nãomaisque7,6mdelargura.
Perímetromaioraumentamuitopoucoo
custototaldaconstrução.
AMBIENTES
ILUMINADOSEM
DUASFACES
(159lightontwo
sides)
Pessoaspreferem
permanecerem
ambientesiluminados
naturalmentepor2
lados.
Posicionecadacômododemodoaque
pelomenos2facesfaçamdivisacom
espaçoexterior,eabrajanelasnestasfaces,
paraquealuznaturalentrenocômodoem
maisde1direção,evitandoofuscamento.
ILUMINAÇÃO
FILTRADA
(238filteredlight)
Luzfiltradaatravésde
vegetação,cortinas
vazadas,etc.,é
maravilhosa.
Criericatapeçariadeluzesombrapara
quebraraluzesuavizála.
COZINHADEFAZENDA
(139farmhouse
kitchen)
Cozinhaisolada,
separadadafamília,
eficienteporém
desagradável,éresquício
dotempodosserviçais.
Façaacozinhamaiorqueousualdemodo
queincluaespaçodeconvivênciailuminado
econfortável.
Ressalvasequeapresençademaioroumenorquantidadedeparâmetrosporprojetoserviude
indício comparativo para a análise dos projetos que não explicou por si a qualidade
79
espacialdeumprojetocomoumtodo.Comoobservado,estapresençasedeuorademaneira
brandaorademaneiraliterale,alémdisso,duranteaanáliseprojetual,algunsdosparâmetros
mostraramse mais relevantes do que outros como fat ores de projeto. Estas constatações
instigaram uma interpretaçãomaisaberta dos parâmetros e,posteriormente,àconstruçãode
conceitosapartirdosparâmetrosprojetuais.
A presença de parâmetros projetuais verificada em projetos de HIS na cidade de São Paulo
promovidos por concursos da administração municipal é relacionada, na Tabela 9 a seguir, a
dois momentos distintos no tempo (os anos de 1990
e 2004) que concentram os projetos
mencionados,ilustrandocontrastesignificativo.
Tabela9:PresençadeparâmetrosprojetuaisemprojetosdeHISnacidadedeS.P.em1990x2004.
VB-08
VB-04
VB-05
VB-09
VB-03 VB-07
M-06
VB-06
VB-01
VA-02
VA-04
VA-01
VA-05
VA-03
0
5
10
15
20
25
30
PROJETOSDEHISNACIDADEDESÃOPAULO
PRESENÇADEPARÂMETROS
VB-02
A tradução e interpretação dos patterns como parâmetros possibilitou reconhecêlos nos
projetosdemaneirasdiversas.Avariabilidadedeummesmoparâmetroemdiferentesprojetos
PROJETOSDE1990
PROJETOSDE2004
80
demonstrasuariquezaeadaptabilidade,desejávelparausoempropostadeestratégiaprojetual
propositiva, cujos parâmetros não determinam resultados formais necessariamente
semelhantes. A análise e representação gráfica de cada projeto no capítulo 6 procuram
demonstrar aquela variabilidade. a relevância de alguns parâmetros projetuais levou à
identificaçãodeparâmetroschaveque
desencadeiamapresençadeoutrosparâmetros.
A Tabela 10 seguir constata o desencadeamento de parâmetros projetuais a partir do
parâmetrochave Espaço externo positivo (106positive outdoor space) nos dezenove projetos
de HIS situados na Região Metropolitana de São PauloRMSP que apresentam o parâmetro,
comparadoàmenorpresençade
parâmetrosnosprojetosquenãooapresentam:
Tabela10:PresençadeparâmetrosprojetuaisemprojetosdeHISnaRMSPeoparâmetroEspaçoexternopositivo
(106positiveoutdoorspace).
M-06
VB-03
VB-04
VA-03
VB-02
VB-07
VB-09
VB-08
VA-12
VA-10
VA-05
H-02
M-01
VB-01
VB-05
VB-06
VA-01
VA-02
VA-04
0
5
10
15
20
25
30
PROJETOSDEHISNAREGIÃOMETROPOLITANADESÃOPAULO
PRESENÇADEPARÂMETROS
PROJETOSCOMO
PARÂMETRO106
PROJETOSSEMO
PARÂMETRO106
81
Desencadeamento de parâmetros similar ao decorrente da presença do parâmetro Espaço
externo positivo (106positive outdoor space) acima foi também constatado com clareza com
relaçãoatrêsoutrosparâmetros:Edifíciomelhorandoterreno(104siterepair),Diversidadede
usuários(35householdmix),Posiçãoeprivacidade(36degreesofpublicness),queforamassim
consideradosparâmetroschave,ilustradosnaFigura14aseguir.
A:Edifíciomelhorando
terreno
(104siterepair)
B:Espaçoexterno
positivo
(106positiveoutdoor
space)
C:Diversidadedeusuários
(35householdmix)
D:Posiçãoeprivacidade
(36degreesofpublicness).
Figura14:Parâmetroschavenaconstruçãodosconceitos.
Fontedasimagens:ALEXANDERetal.,1977,p.190,195,
511e521
ATabela11napáginaseguinteresumeaetapadeidentificaçãodosparâmetrosprojetuaisnos
projetosdaamostra.Afimdeapresentaresteconteúdodemaneiraconcisa,apresençadecada
parâmetroéindicadaapenaspeloseunúmerooriginalemAlexanderetal.(1977).Destacamse
nesta tabela por diferenciação de cor (ver legenda) os parâmetroschave expostos acima e
identificadosnosprojetos,considerandoseapresençadepelomenostrêsdelesporprojeto.A
descriçãoecroquisdosrespectivosparâmetrospodemserconsultadosnaTabela6(Coletânea
de parâmetros projetuais identificados nos projetos). a descrição e croquis dos respectivos
parâmetros novos (de N1 a N7) podem ser consultados na Tabela 7 (Novos parâmetros
projetuaisidentificadosnosprojetos).
82
Tabela11:Resumosobreapresençadeparâmetrosprojetuaisnosprojetos.
H01 51 105 109 110 127 129 130 131 133 135 142 166 167 181 192 199 205 235 250 N2 N3 N7
H02 51 109 127 129 166 192 N2
H03 35 36 39 52 53 95 98 102 104 105 106 109 112 121 122 127 129 131 135 166 167 168 171 181 192 205 233 250 N1 N2 N3 N7
H04 25 51 52 105 106 112 114 127 129 166 168 192 205 235 250 N1 N2 N3
H05 35 52 102 106 114 N1
M01 53 127 129 166 205 250 N2
M02 9 35 36 52 53 89 95 99 102 104 106 108 109 112 12 1 122 127 129 131 133 135 158 166 167 168 205 N1 N2 N7
M03 35 36 89 95 102 104 106 112 114 119 120 122 124 127 129 158 166 168 190 192 205 209 N2 N3
M04 16 35 89
M05 35 89 N2
M06 9 35 36 52 53 89 97 98 99 102 104 106 109 112 11 9 122 124 127 129 140 166 250 N1 N2 N3
VB01 9 129 N2
VB02 9 35 36 38 99 104 105 106 110 112 122 127 128 129 158 166 250 N2
VB03 9 35 36 52 53 89 95 102 104 105 106 112 114 122 158 166 168 250 N2 N3 N6
VB04 9 36 52 53 89 99 106 119 122 124 166 250 N1 N2 N3 N6
VB05 9 89 109 127 129 158 205
VB06 952N2
VB07 9 36 52 53 89 102 104 106 109 112 122 124 127 129 158 205 250 N1 N2 N3
VB08 9 35 36 95 102 104 106 109 112 127 129 131 133 166 168 190 192 205 250 N2 N3
VB09 35 36 52 53 89 95 98 102 104 106 112 114 117 121 122 127 129 140 158 166 205 209 250 N1 N2 N3 N6
VB10 109 127 129 166 205 N2
VA01 9 35 127 129 166 192 N2 N5
VA02 9 35 89 166 192 N2
VA03 9 35 52 53 104 105 106 114 121 127 128 129 166 192 205 N1 N2 N4 N5
VA04 9 35 52 129 166 192
VA
05 9 16 35 36 51 89 95 119 124 166
VA06 9 127 129 130 166 167 182 192 205 235 250 N2
VA07 9 99 166 192 250 N7
VA08 9 53 99 129 166 192 205
VA09 9 53 99 129 166 192 205
VA10 9 52 89 109 120 127 129 166 205 N1 N2 N5
VA11 9 104 106 109 114 127 129 166 192 205 N2
VA12 989
VA13 99 166 250
VA14 35 89 105 119 121 124 166 250
PRESENÇADEPARÂMETROCHAVENOPROJETO
PARÂMETROSPROJETUAIS
PROJETOS
PRESENÇADEPARÂMETRONOPROJETO
LEGENDA:
83
A identificação dos parâmetros projetuais e dos parâmetroschave nos projetos da amostra
possibilitou a obtenção de categorização de parâmetros que contempla os temas da
Sustentabilidade ambiental e social, Vivacidade urbana, Identidade e Privacidade. Estes temas
refletem as necessidades humanas que se julgam contempladas pelos parâmetros projetuais
selecionados em Alexander et
al. (1977) e consideradas pertinentes, sobretudo, às esferas
psicossocialeambiental.Orespaldo teóricoparaosreferidostemascaracterizadodeacordo
com oenfoque dos parâmetrospara asescalasdaimplantaçãoe da habitação se encontra na
seçãoSubsídioteóricoparaosparâmetrosprojetuais.Umarranjoconcêntricodosparâmetros
chave, representandos pelos respectivos números originais em Alexander et al. (1977), é
apresentadonaFigura15aseguir:
Figura15:Categorizaçãodeparâmetroschaveemarranjoconcêntrico.
AFigura16representacategorizaçãoemarranjoconcêntricoquesalientaosparâmetroschave
(posicionados no centro) e seus respectivos desencadeamentos. Os parâmetros também se
encontram representados por aqueles números originais, sendo que o número de um novo
parâmetroidentificadoseencontrasempreprecedidopelaletra“N”.
PRIVACIDADE
SUSTENTABILIDADE
VIVACIDADE
IDENTIDADE
106
35104
36
84
Figura16:Categorizaçãodeparâmetrosprojetuaisemarranjoconcêntrico.
A análise dos projetos indicou que são associações entre parâmetros e não parâmetros
projetuais isolados que apresentam maior relevância para a análise dos projetos. O arranjo
concêntricodacategorizaçãodeparâmetrosilustradonaFigura16auxiliou navisualizaçãodas
associações identificadas entre parâmetros projetuais de diferentes categorias. Essas
associações fomentaram assim
a construção de conceitos de caráter propositivo, indicados na
referidafiguraeapresentadosnopróximocapítulo.
PRIVACIDADE
SUSTENTABILIDADE
V
IVACIDADE
IDENTIDADE
106
35104
36
HARMONIA ESPACIAL: RELAÇÃO
ENTRE CONFORTO
AMBIENTAL E PRIVACIDADE
CONECTIVIDADE, LEGIBILIDADE E
SUSTENTABILIDADE SOCIAL
SENSIBILIDADE AO AMBIENTE
CONSTRUÍDO E NATURAL
EXISTENTE
SENTIDO DE LAR
OPÇÕES E
FLEXIBILIDADE
IDENTIDADE
85
5
5
.
.
C
C
O
O
N
N
S
S
T
T
R
R
U
U
Ç
Ç
Ã
Ã
O
O
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O
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N
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C
C
E
E
I
I
T
T
O
O
S
S
H
H
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M
M
A
A
N
N
I
I
Z
Z
A
A
D
D
O
O
R
R
E
E
S
S
A investigação sobre a relação entre os parâmetros projetuais selecionados e a qualidade
espacialdosprojetoslevantadosrevelouseconstrutivaparaaanáliseprojetualnoqueserefere
ao melhor atendimento de necessidades psicossociais e ambientais dos futuros usuários.
Porém, durante a análise dos projetos verificouse que são associações
entre parâmetros
projetuais e não parâmetros projetuais isolados que apresentam maior relevância para o
melhor atendimento àquelas necessidades no projeto da habitação coletiva. Estas associações
fomentaram assim a construção de conceitos humanizadores de caráter propositivo. Os
conceitos também encontram respaldo em autores revisados na base teóricoconceitual e
foramarranjadosem
duascategoriasprincipais:sensodeurbanidadeesensodehabitabilidade,
cada qual focada ora mais diretamente no arranjo territorial, ora na escala da edificação,
abrigandoporsuavezsubcategoriasedescritasaseguir.
OSENSODEURBANIDADE
Esta categoria de conceitos se refere à escala da implantação das edificações. O conceito
abrangentedo Senso de Urbanidade para o projeto de habitação coletiva visa proporcionar: a
vivacidade urbana que pressupõe o combate à setorização excessiva de usos, à segregação
social e à dificuldade de locomoção; a percepção de um sentido de lugar em sintonia com o
entornoapartirdaconformaçãoe
articulaçãodosespaçosexternos;asfunçõespsicológicasde
orientaçãoeidentificação.Asensibilidadeaoambiente construídoenaturalexistente aliada a
recursos espaciais específicos e a parâmetros para a sustentabilidade social (diversidade de
usuários e de faixas de renda, uso misto, valorização da circulação de pedestres) proporciona
conectividade espacial, legibilidade e identidade. Tal conceito considera: o impacto de
diferentes organizações espaciais (orientação, forma e dimensão das edificações e espaços
externos), o grau de conformação e hierarquia entre espaços externos para o provimento do
sensodeproteção,apermeabilidadeelegibilidadedospercursos,ogra diente deprivacidadeno
layoutdoconjuntoe
aidentidadedoconjuntoedeUHs.
86
Asobreposiçãode relaçõessócioespaciaisemtecido urbanode estruturacomplexa permitea
conectividadeespacialeainteraçãosocial. O tema encontra respaldo teóricoemespecialnos
trabalhos de Alexander (1966), Hillier (1987), Medeiros e Hollanda (2007), Elllin (1999) e
Carmona(2001).Apreocupaçãocomlugaresignificado,oconceitodegeniuslocieapercepção
deumaimagemambientalencontramsuportenosautoresNorbergSchulz(1976),Sitte(1945),
Cooper Marcus e Francis (1998) e Lynch (1960), mais detalhadamente investigados na base
teóricoconceitual.
Figura17:ArranjodosconceitosqueconstituemoSensodeUrbanidade.
Assim exposto, propõemse as três subcategorias de conceitos indicados na Figura 17 e
detalhados a seguir: Sensibilidade ao ambiente construído e natural existente; Conectividade,
legibilidadeesustentabilidadesocial;eIdentidade,afimdecontribuirparaoalcancedoSenso
deUrbanidadedeformaconjunta.
106
35104
36
CONECTIVIDADE, LEGIBILIDADE E
SUSTENTABILIDADE SOCIAL
SENSIBILIDADE AO AMBIENTE
CONSTRUÍDO E NATURAL
EXISTENTE
IDENTIDADE
87
i)SENSIBILIDADEAOAMBIENTECONSTRUÍDOENATURALEXISTENTE
Conjuntos organizados espacialmente de maneiras diversas, desde que conformando espaços
externospositivos(de formadistintae de igualimportância à formadasedificaçõesaoredor),
esforçamse por atender a especificidades e elementos naturais e construídos do terreno e
entorno.Buscasepreservar,
acentuaremelhorarasqualidadesdolugar apartirdeumavisão
do todo em que o projeto procura contribuir para o caráter da vizinhança, características
irregulares do solo e permeabilidade, topografia, formato do terreno, vegetação, insolação,
vista, bem como através da criação de interfaces permeáveis entre terreno e entorno,
entrelaçando caminhos, lugares e ambientes de transição ao longo dos limites. O desenho
urbanoexcessivamenteabstratoprejudicaoentrelaçamentodasedificaçõesaolugar,podendo
resultar em configurações segregadoras que não permitem uma rede de espaços externos
positivos permeáveis. Principais parâmetros projetuais incorporados ao conceito: edificação
melhorando terreno; entrelaçamento entre edificação e lugar; espaço externo positivo;
orientação solar para espaço externo; vistas; caminhos e lugares; circulação de pedestres e
carros;ruaspermeáveis.PartedelesseencontrailustradanaFigura18aseguir:
A:Edificaçãomelhorandoterreno
(104siterepair)
B:Caminhoselugares
(120paths&goals)
C:Entrelaçamentoentreedificaçãoe
lugar
(168connectiontotheearth)

D:Espaçoexternopositivo
(106positiveoutdoorspace)
E:Orientaçãosolarparaespaço
externo
(105southfacingoutdoors)
F:Vistas
(192
windowsoverlookinglife)
Figura18:CroquisdeparâmetrosprojetuaisrelativosaoconceitoSensibilidadeaoambienteconstruídoenatural
existente.
Fontedasimagens:ALEXANDERetal.,1977,p.511,588,788,521,516e882.
88
ii)CONECTIVIDADE,LEGIBILIDADEESUSTENTABILIDADESOCIAL
O desenho urbano que estrutura e estabelece hierarquia entre espaços externos positivos do
conjunto e entre estes e o sistema maior de espaços externos do tecido urbano garante uma
melhor distribuição da acessibilidade. A conexão dentrofora e a legibilidade são
proporcionadas por meio de
fronteiras permeáveis das arcadas, galerias, terraços e escadas
abertas de acesso, aliadas a estruturas formais que geram um alto grau de conformação dos
espaçosresultantesdeedificaçõescomrecuoslateraisefrontaisreduzidosounulos.Formatos
diferenciadosdepercursospodemincentivar permanênciaoucontemplaçãoeconfigurarpátios
internos e conjunto
de entradas similares. Quando da ausência de espaço externocoletivo no
conjunto, fronteiras permeáveis estabelecem relação mais direta com a rua. A vivacidade
urbana é incentivada por diversidade de usuários e de faixas de renda, oferta de tipologias,
dimensões e programas de moradia variados, que ajudam a sustentar atividades de lazer,
comerciaisedeserviços.Principaisparâmetrosprojetuaisincorporadosaoconceito:hierarquia
entre espaços externos; espaço externo positivo; recuo frontal nulo; conjunto de entradas;
ambientessemiabertosaolongodoslimites;diversidadedeusuários; escadasabertas;arcadas;
equilíbriodeusosnacidade;ecomérciolocal.PartedeleséilustradanaFigura19aseguir:

A:Espaçoexternopositivo
(106positiveoutdoorspace)
B:Recuofrontalnulo
(122buildingfronts)
C:Ambientessemiabertosaolongo
doslimites
(166gallerysurround)

D:Hierarquiaentreespaços
externos
(114hierarchyofopenspace)
E:Conjuntodeentradas
(102familyofentrances)
F:Diversidadede
usuários
(35householdmix)
Figura19:CroquisdeparâmetrosprojetuaisrelativosaoconceitoConectividade,legibilidadeesustentabilidade
social.
Fontedasimagens:ALEXANDERetal.,1977,p.521,594,780,560,502e190.
89
iii)IDENTIDADE
AidentidadeparaconjuntoseUHsindividuaisqueabrangemdiversidadedeusuáriospodemse
expressar,entreoutros,porgradientedeprivacidadenolayoutdoconjunto.Ademarcaçãode
conjunto de entradas e transições no espaço físico da entrada das UHs contribuem para sua
identidade.A vegetaçãotambémpode conformar
edistinguirespaços. Variaçõesmodestasno
relevodassuperfícies,bemcomonolayoutda cobertura,expressampartesidentificáveiscomo
coleção de edifícios menores conectados. Eventuais contrastes maiores no perfil geral da
edificação podem enfatizar partes principais ou distintas, a entrada do conjunto e de espaços
coletivos. Principais parâmetros projetuais incorporados
ao conceito: gradiente de privacidade
nolayoutdoconjunto; demarcaçãodeentradacoletiva;transiçãonaentrada;edificaçãocomo
complexo;layoutdacobertura;diversidadedeusuários;eporçãoprincipaldaedificação.Parte
delesseencontrailustradanaFigura20aseguir:

A:Gradientedeprivacidadeno
layoutdoconjunto
(36degreesofpublicness)
B:Transiçãonaentrada
(112entrancetransition)
C:Demarcaçãodeentradacoletiva
(53maingateways)

D:Layoutdacobertura
(209rooflayout)
E:Edificaçãocomocomplexo
(95buildingcomplex)
F:Diversidadedeusuários
(35household
mix)
Figura20:CroquisdeparâmetrosprojetuaisrelativosaoconceitoIdentidade.
Fontedasimagens:ALEXANDERetal.,1977,p.195,552,278,977,472e190.
90
OSENSODEHABITABILIDADE
Esta categoria contempla os conceitos referentes à escala da edificação e das UHs em si. O
conceito abrangente do Senso de Habitabilidade para o projeto de habitação coletiva busca
proporcionar, a partir do atendimento de necessidades básicas de conforto am biental e de
adequação às atividades domésticas, um
sentido de habitar que preencha as necessidades de
refúgio, isolamento, convivência, ordem e variedade. Para tanto, os conceitos propostos
enfocam as seguintes questões: relação entre tipologias de UHs e de agregação entre elas e
aspectos de conforto ambiental e privacidade; relação entre estrutura física e espaços de
convívio de modo
que a forma e as proporções dimensionais horizontais e verticais dos
ambientes priorizem a adequação às necessidades de uso, convívio e proteção e não uma
racionalidade construtiva reducionista; zonas de transição e agenciamento entre ambientes
internos almejando um gradiente de intimidade doméstico eficiente, legível e permeável; o
caráter e atributos sensoriais da iluminação natural e artificial, materiais de acabamento e
cobertura;e,porfim,a oferta deopçõesdemoradiaparausuáriosdiversos esuasimplicações
paraosistemaconstrutivo,aspectosdamanutenção(reparos),adaptabilidadeeexpansão.
Arelaçãoentre organização espacialeaspectos do confortoambientale privacidade encontra
suporteteóricoemSherwood(1994)ePedro(2001).ossubsídiosparaosentidodelarcomo
permanência protegida se encontram em NorbergSchulz (1976; 1983), Kowaltowski (1980),
Rybczynski(2002)eSchmid(2007).Ogradientedeintimidade,asexpressõesdecentralidadee
verticalidadeeaexpressividadesensorialsãoinvestigadosporBloomere
Moore(1978),Gifford
(1997), Schmid (2005) e Heschong (2002). A oferta de opções de moradia e implicações
mencionadas acimasãotambémpesquisadasporNorbergSchulz (1965) e por Schneider e Till
(2005).
91
Figura21:ArranjodosconceitosqueconstituemoSensodeHabitabilidade.
Em vista do exposto, propõemse as três subcategorias de conceitos indicados na Figura 21 e
detalhadosaseguir:Harmoniaespacial:relaçãoentreconfortoambientale privacidade;Sentido
de lar; e Opções e flexibilidade, que contribuem de forma complementar para o alcance do
SensodeHabitabilidade.
i)HARMONIAESPACIAL:RELAÇÃOENTRECONFORTOAMBIENTALEPRIVACIDADE
Considerando as diversas possibilidades de agregação entre UHs, a escolha da melhor
orientaçãosolar paraaimplantação daedificaçãoe espaçocircundantee tambémdo formato
adequado de UHs agregadas para o melhor aproveitamento da luz e ventilação naturais têm
implicação no gradiente de intimidade das UHs. As técnicas passivas para a sustentabilidade
ambiental apresentadas a seguir podem também evitar a necessidade de outros recursos
tecnológicos que implicariam em custosmuitas vezeselevados,ou mesmo trabalhar de forma
complementara estesde modo a viabilizar seu uso de maneira eficiente. A opção por alas de
forma alongada e estreita, horizontal ou verticalmente, facilita a obtenção de mais de uma
35
36
HARMONIA ESPACIAL:
RELAÇÃO ENTRE
CONFORTO AMBIENTAL E
PRIVACIDADE
SENTIDO DE LAR
OPÇÕES E
FLEXIBILIDADE
92
orientação para as UHs e também o gradiente de intimidade. Porém, a agregação de UHs
sobrepostas no sentidolongitudinalcomesteformato alongado acarreta deficiência luminosa,
quepodeserresolvidacomrecursos como, porexemplo,afastamentos parciaisentreUHs, ou
optandose pela agregação das paredes laterais menores e não maiores (sentido tr ansversal e
não longitudinal). A obtenção de mais de uma orientação para UHs agregadas, especialmente
em conjuntos de organização espacial adensada, acarreta a necessidade de outras estratégias
conjuntas para o alcance da privacidade (especialmente visual) entre UHs confrontantes ou
entreUHsearua.Porexemplo,aobservaçãoda
distânciaentreUHsqueseabremumaparaa
outra,acriaçãodemini pátiosreservadosparapartedasaberturas,ousodeclarabóias,janelas
altas,vidrocorrugado ou translúcido, elementosopacos posicionados em ânguloemrelaçãoà
abertura, elementos vazados (cobogós), venezianas sanfonadas ou brises articulados
controláveis pelos usuários, vegetação,
desnível de piso entre passeio e UH. Salientase que o
usodasestratégiasparaprivacidadepropostasdevesedarcomcautelaafimdenãoconstituir
remediamento para possíveis falhas na concepção projetual. Vale também ressaltar a
importânciadestasestratégias especialmentepara asUHstérreas que,apesardeenfrentarem
maioresdesafiosparaoalcancedaprivacidade,sãonecessáriasparaobomentrelaçamentodo
conjuntoaolugar. Principais parâmetros projetuaisincorporadosaoconceito: orientaçãosolar
para espaço externo; formato alongado; gradiente de intimidade; luz natural interna;
estratégias para privacidade; UHs agregadas com mais de uma orientação. Parte deles se
encontrailustradanaFigura22aseguir:
93

A:Orientaçãosolarparaespaço
externo
(105southfacingoutdoors)
B:Gradientedeintimidade
(127intimacygradient)
C:Formatoalongado
(109longthinhouse)
D:Unidadesemfita
(38rowhouses)
E:Unidadesagregadascommais
deumaorientaçãoN2
F:EstratégiasparaprivacidadeN3
Figura 22A,B, C eD: Croquis de parâmetrosprojetuais relativosao conceito Harmonia espacial: relação entre
confortoambientaleprivacidade.FigurasemEeF:Croquisde
novosparâmetrospropostos.
FontedasimagensemA,B,CeD:ALEXANDERetal.,1977,p.516,613,537e617.
ii)SENTIDODELAR
Criar UHs que ofereçam adequação ao uso ‐‐ lembrando que as atividades devem guiar a
estrutura física e não o contrário‐e gradiente de intimidade através de diferenciação física
(conformação e dimensões horizontais e verticais) que possibilite interação social bem como
senso de proteção. Expressões de centralidade e verticalidade representam extensões da
identidade e orientação corporal humana no ambiente e se traduzem por áreas de encontro
centrais,visíveiseladeadasporfluxosdepassagem,incluindoaeventualescadaquedistribuias
atividadesverticalmenteparaforadocentro,acarretandoumaboadistribuiçãoeagenciamento
entre ambientes. Os limites da
habitação devem ser permeáveis criando zonas de transição
através de diferenciações no percurso e criação de ambientes de entrada, terraços semi
elevados, varandas, saliências que conformam ambientes de contemplação, e outros recursos
que visem tanto a comunicação como a privacidade, incluindo as estratégias descritas. As
aberturas, sua localização, dimensão e
tipo, além de interferirem na adequação luminosa às
diferentesatividadesinternas,interferemtambémnapossibilidadedecontroledogradientede
luminosidade e privacidade pelos usuários e na exploração do contraste luminoso e de vistas
para o exterior, que podem contribuir para a orientação e agradabilidade do percurso entre
94
ambientes.Principaisparâmetrosprojetuaisincorporadosaoconceito:gradientedeintimidade;
espaçofísicocongruenteaoespaçode convívio; área comum no centro;transiçãonaentrada;
circulação interativa; circulação com contraste; vistas; variação de direito; seqüência de
nichos;controledasaberturaspelousuário;edesníveldepisoentreambientesinternos.Parte
deles
seencontrailustradanaFigura23aseguir:

A:Espaçofísicocongruenteao
espaçodeconvívio
(205structurefollowssocialspaces)
B:Áreacomumnocentro
(129commonáreasattheheart)
C:Gradientedeintimidade
(127intimacygradient)

D:Transiçãonaentrada
(112entrancetransition)
E:Circulaçãointerativa
(131theflowthroughrooms)
F:
Circulaçãocomcontraste
(135tapestryoflightanddark)
Figura23:CroquisdeparâmetrosprojetuaisrelativosaoconceitoSentidodelar.
Fontedasimagens:ALEXANDERetal.,1977,p.945,621,613,552,631e646.
iii)OPÇÕESEFLEXIBILIDADE
A oferta de opções de moradia para usuários diversos num mesmo conjunto contribui para a
sustentabildade social. Além de uma maior oferta tipológica e atenção aos aspectos de
manutenção(reparos),oprojetodehabitaçãocoletivapodetambémconsiderarapossibilidade
de flexibilidade de uso ou de futuras
expansões. A flexibilidade de uso no layout interno das
UHs,requeridaporconcursosdeHISatuaisquepriorizamaadaptabilidadedasUHsdoconjunto
a diferentes usuários ao longo do tempo, parece requisitar maior desenvolvimento em
pesquisas de projeto, apesar de tersidoidealizadapelaarquitetura moderna. A planta
livre
que objetiva a fusão dos espaços pode leva r ao caos ou à incongruência aos espaços de
convívio,perdadogradientedeintimidadeincluindoperdadeprivacidade visualeouacústica.
95
ParaqueaUHpossacrescerouseralteradasemperdadecoerênciafazsenecessáriadefinição
clarademeioorganizacionalque reconheçapartesprimárias esecundárias, afim depreservar
determinadaspropriedadesespaciaisequalidadesrequeridas.Sistemasconstrutivosemateriais
adequadosprecisamserenfocadosnasdiferentessituaçõesdaautoconstruçãoedaconstrução
por empreiteira. Diversos parâmetros projetuais em Alexander et al. (1977) incentivam a
multifuncionalidade ou flexibilidade espacial desde que se garanta a congruência entre
estruturafísicaeespaçosocial.Aocontráriodealgunsdaquelesparâmetros,porém,oconceito
aqui proposto não sugere necessariamente a autoconstrução gradual e uso de
materiais não
industrializados: acreditase que se a racionalidade construtiva for usada como meio e não
comofim,ouseja,nãoimplicarnumreducionismoaoprojeto,podeajudarnaflexibilidadedos
espaços e deve ser incorporada no processo de projeto de habitação coletiva. Quanto à
possibilidade de expansão, determinadas organizações espaciais
de conjunto são mais
apropriadasaprojetosqueforneçamapenasoembriãodaUH.Emgeral,nosprojetosdeHISa
exigüidadedeáreadasUHsindividuaisqueprecisamatenderafamíliasmuitasvezesnumerosas
é a principal causa para a necessidade de expansão das UHs. Por outro lado, projetos que
ofereçamvariedadedeprogramasdemoradia,algumascommaiorgenerosidadedeáreapor
UHvisandoumaabrangênciamaiordeusuáriosemdiferentesfasesdavida,podemdiminuira
necessidade de modificações e ampliações futuras. Em qualquer caso, a orientação
especializada e acompanhamento quando da necessidade de expansão ou
modificação do
projeto será sempre necessária, visando à garantia de sua qualidade. o parâmetro cozinha
integrada deve ser considerado com cautela em projetos de HIS: a exigüidade de área não
justifica a sua adoção, sob pena de comprometer o gradiente de intimidade. Principais
parâmetros projetuais incorporados ao conceito: diversidade
de usuários; espaço físico
congruente ao espaço de convívio; gradiente de intimidade; flexibilidade de uso; possibilidade
deexpansão;cozinhaintegrada;rigidezgradual;materiaisapropriados.Partedelesseencontra
ilustradanaFigura24aseguir:
96

A:FlexibilidadedeusoN5. B:PossibilidadedeexpansãoN6. C:Diversidadedeusuários
(35householdmix)
Figura24AeB:CroquisdenovosparâmetrospropostosrelativosaoconceitoOpçõeseflexibilidade.Figuraem
C:CroquisdeparâmetrorelativoaoconceitoOpçõeseflexibilidade.
FontedaimagememC:ALEXANDERetal.,1977,p.190.
Fazse importante salientar que os conceitos humanizadores propostos requerem a
compatibilização efetiva entre as diferentes possibilidades sugeridas individualmente pelos
parâmetros projetuais. Por exemplo, quando se observa a distância entre UHs confrontantes
comoumadaspossíveis“estratégiasparaprivacidade”dentrodoconceito“Harmoniaespacial”,
não se deve comprometer a conformação de espaços positivos, crucial para a ocorrência do
conceito“Conectividade”.Domesmomodo,quandoseutilizaoparâmetro“recuofrontalnulo”
dentrodoconceito“Conectividade”fazsenecessáriorecorreraumadaspossíveis“estratégias
paraprivacidade”dentrodaqueleconceito“Harmoniaespacial”comoodesnívelentrepasseio
eUH,afimdenãocomprometeraprivacidadedasUHstérreas.Seguindoomesmoraciocínio,
almejaseo equilíbrioentreo Sensode Urbanidade eoSensodeHabitabilidade: umnãodeve
ocorrer em detrimento do outro, visto que ambos são fundamentais para a qualidade do
projetocomoumtodo,expressandobasicamentemudançadeescala.
Oconceito“Sensibilidade
aoambiente”desdobrase,naescaladaUH,noconceito“Harmoniaespacial”;osparâmetros
em “Conectividade” se desdobram, na escala da UH, nos parâmetros que contribuem para o
“Sentidodelar”;eosparâmetrosdoconceito“Identidade”relacionamsemaisdiretamenteaos
parâmetrosquecompõemoconceito“Opçõeseflexibilidade”.Frisase,assim,aimportânciada
complementariedadeentreosconceitosemoposiçãoàconsideraçãodosparâmetrosprojetuais
oumesmodosconceitoshumanizadoresdemodoisolado.
97
6
6
.
.
P
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Z
A
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O
O
R
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E
E
S
S
A análise dos projetos
de acordo com os conceitos humanizadores propostos no capítulo
anterioréapresentada deacordocom assubcategoriasabrangidaspelascategoriasprincipais:
senso de urbanidade e senso de habitabilidade, e se a partir do reconhecimento de
denominadores comuns e diferenciais que visam demonstrar a variabilidade dos parâmetros
projetuaisidentificadosnos
projetos.Estesforamagrupadosdeacordocomafaixaderendada
população alvo: HIS e demais faixas de renda, e em seguida de acordo com a área (m²) das
respectivasglebasoulotes.A maioriadelessesituanacidadedeSãoPaulo(25projetosou71%
dolevantamento) eassim, somenteas demaiscidadessãoindicadas notexto, asaber: Cotiae
Santo André na RMSP; Itatiba, Campinas e Nova Odessa no interior do Estado; e Guarujá e
Bertioga no litoral paulista, todos a uma distância aproximada de até 100 km da capital que
compõe a chamada região macrometropolitana. Para dados mais detalhados dos projetos
pedese consultar as respectivas fichas no apêndice B. Os grupos de projetos são brevemente
introduzidosaseguir.
Os projetos de HIS considerados de maior porte são aqueles cujas glebas apresentam área no
intervalo entre 100.000m² e 16.000.000m². A maioria deles se localiza em regiões periféricas
das respectivas cidades e foi objeto de concurso público. Em ordem decrescente por área de
gleba ou lote agrupamse: os projetos para Núcleo Urbano em Campinas (M04 e M05) para
glebadecercade16.000.000m²eBairroNovo(VA05)paraglebadecercade
1.000.000m²;os
projetos para Conjunto CDHU em Itatiba (M03 e VA14) para uma mesma gleba de cerca de
200.000m²; os projetos Reserva Ibatyba em Santo André (M01) e Novo Centro (VA12) para
glebasdecercade150.000m²e,porfim,osprojetosBrasilitemNovaOdessa(H05)eÁreano
JardimSãoFrancisco(VB09)paraglebasdecercade100.000m².
OsprojetosdeHISconsideradosdemenorportesãoaquelescujoslotesapresentamáreadeaté
20.000m².Muitosdelesocupamlotesremanescentesderetificaçõesde rios,córregos,traçado
de vias férreas ou metrô na cidade de São Paulo, se localizam em regiões centrais ou bem
98
servidas de infraestrutura viária e foram objetos de concurso e ou contratação pública. Em
ordemdecrescenteporáreadeloteagrupamse:osprojetosVilaMara(VB04)eComplexopara
ÁreanaLuz(VA10)paralotescercade20.000m²e15.000m²;osprojetosRincão(VB03),Minas
Gás (VB06) e Habitasampa Barra Funda (VB01) para lotes cerca de 13.000m² e 10.000m²; os
projetosparaÁreanoBrás(M06)eHeliópolisI(VB07)paralotescercade 7.000m²e5.000m²;
os projetos Heliópolis II (VB08) e Conjunto Rua Grécia em Cotia (H02) para lotes cerca de
3.500m²;osprojetosHabitasampa Assembléia(VA04)eCAIXAIAB(VA01,VA02eVA03)para
lotescercade2.000m²e1.000m²;eosprojetosParanapanema(VB05)eCohabPedroFacchini
(VB02)paralotesmenoresque1.000m².
Os projetos para as demais faixas de renda destinamse a lotes de menor porte atingindo até
15.000m². Notase que, à exceção de três projetos no litoral, todos os demais se situam em
regiõesconsideradascentraisnacidadedeSãoPaulo.Emordemdecrescenteporáreadelote,
osprojetosPontaldeGuaratatubaemBertiga(H04)paralotecercade15.000m²;oprojetodo
edifício Ville Cap Ferrat (VA06) para lote cerca de 4.000m²; os projetos de Vila no bairro
Jabaquara (M02), Vila Pirandello (H01) e Vila Fidalga (H03) para lotes cerca de 3.000 e
1.500m²; os projetos dos edifícios Living Loft (VA07), Dúplex Top Tower (VA08) eHelbor Loft
(VA09) para lotes cerca de 1.500m²; o projeto do Edifício Avallon (VA11) para lote cerca de
1.000m²;e osprojetosConjunto Ondesol(VB10)eedifício PuntaDelLeste (VA13),ambos no
Guarujáparalotesmenoresque
1.000m².
99
PROJETOSDEHISPARAÁREASDEMAIORPORTE(>100milm²)
NoQuadro1aseguirelencamseosprojetosdoreferidogrupo:
Quadro1:GRUPODEPROJETOSDEHISPARAÁREASDEMAIORPORTE(>100milm²)
NúcleoUrbanoemCampinas(M04eM05)eBairroNovo(VA05);
ConjuntoCDHUemItatiba(M03eVA14);
ReservaIbatybaemSantoAndré(M01)eNovoCentro(VA12);
BrasilitemNovaOdessa(H05)eÁreanoJardimSãoFrancisco(VB09).
ProjetosNúcleo UrbanoCampinas(M04e M05)com cercade60.000UHsemglebacercade
16milhõesm²,eBairroNovo(VA05)comcercade20.000UHsemglebacercade1milhãom².
Sensibilidade ao ambiente construído e natural existente: os três projetos representados na
Figura25,Figura 26 e Figura27eparecem responder demaneiraexcessivamenteabstrataao
terrenoeentornoaoproporemconfiguraçõessegregadoras.Asrespectivasopçõesdeunidade
de vizinhança não facilitam o entrelaçamento das edificações ao entorno, visto que
comprometem a distribuição da acessibilidade. No pr ojeto Núcleo Urbano (M04) não
continuidade entre os diversos modos de agregaçãodastipologias. No projetoNúcleoUrbano
(M05) a segregação espacial é maior devido à predominância de espaços largos. A proposta
BairroNovorepetedemasiadamentegrandesquarteirõesde318x318mdeconformaçãorígida
einvariável,sendoquesomenteapraçadomiolodograndequarteirão,quesesupõedeescala
maisíntima,mede100x100m.

Figura25:TrechosdaimplantaçãodaetapadosprojetosparaNúcleoUrbanoemCampinas(M04)e(M05).
Fonte:AU,1991.
100
Figura26:VistasdaetapadosprojetosparaNúcleoUrbanoemCampinas(M04)e(M05).
Fonte:AU,1991.
Conectividade, legibilidade e sustentabilidade social: nos três projetos a articulação e
hierarquia entre espaços externos são prejudicadas pelas grandes dimensões destes espaços.
No projeto Núcleo Urbano (M04)
aliase também o excesso de diversidade tipológica, que
prejudica a legibilidade dos percursos. As três propostas propõem comércio local. Turkienicz
(1991) observa que em ambos os projetos para Núcleo Urbano ocorre fragmentação espacial
que, aliada à rígida hierarquia viária das unidades de vizinhança, enfraquece a tensão urbana
necessária ao florescimento de comércio de pequeno e médio porte. Quando comparado às
propostasparaNúcleoUrbano,oprojetoBairroNovosobressaisecomrelaçãoàconectividade,
pela intenção (muito embora prejudicada pela escala e repetitividade excessivas) de
continuidade do tecido urbano. Arcadas no térreo protegem os pedestres para o acesso ao
comércio nas ruas principais, e esquinas chanfradas constituem espaços mais generosos, que
podemfuncionarcomobolsõesde atividade.Ocorre
umgradientedeprivacidadenolayoutdo
conjuntodevidoaossistemasdeacessooraporforaorapordentrodasquadras.Oacessoaos
edifícios exclusivamente residenciais se pelo miolo das quadras, enquanto o acesso às UHs
da face externa dos blocos se por caixas de circulação mais restritas
a grupos menores de
UHsnos níveissuperiores.Porém,considerase queopilotisininterruptoaolongodetodos os
blocos residenciais estabelece ruptura excessiva entre públicoprivado, constituindo espaços
poucodefinidos.
101

Figura27:ImplantaçãoefachadadeblocodoprojetoBairroNovo(VA05).
Fonte:Bol.IAB,2004;<vitruvius.com.br/institucional>.
Identidade: a repetitividade e comprimento excessivo dos blocos (cerca de 300m) e a
impossibilidade de eventuais destaques no perfil das edificações no projeto Bairro Novo
prejudicamaidentidadedoconjuntoedeUHs.Épermitida,porém,diferenciaçãonorelevodas
superfíciesgraçasàliberdade tipológicanoslotesindividuais. Sistemasde entradadiferenciados
caracterizamastransiçõespúblicoprivado.Ogradientedeprivacidadenolayoutdosconjuntos
contribuiparaa identidadedeUHs:partedasUHsseabremetemacessoapartirdaruaeoutra
parte pelo pátio interno. a excessiva diversidade tipológica nos projetos M04 e M05
prejudicaalegibilidade dos percursos e a identidade dos conjuntos. Ostrêsprojetospropõem
diversidadedeusuárioseclassessociais, sendo que apropostaBairroNovo propõe lotes para
HISemmeioaosdeusomisto.
Harmonia espacial: relação entre conforto ambiental e privacidade: nenhum dos projetos
prioriza a obtenção da melhor insolação para todas as UHs. Porém, parte dos layouts de UHs
representadosnaspublicaçõesofereceaduplaorientação.Oslotesde25x50mqueparcelamos
blocosdoprojetoBairroNovo
(verFigura29)permitemváriaspossibilidadesdesubdivisãoem
UHs de diferentes áreas (m²), mas sua agregação lateral obrigatória ao logo de 25m limita a
dupla orientação das UHs (que pode ocorrer por poços de luz ou em UHs de grandes
dimensões) e impede o contato das UHs frontais com o pátio ao fundo do lote. Não deve
ocorrer falta de privacidade entre asUHsconfrontantesdadaagrandedistânciaentre as tiras
paralelas do bloco perimetral, porém esta prejudica o conceito da conectividade. Nas duas
102
propostas para Núcleo Urbano (ver Figura 28) ocorre excessiva diversidade tipológica, sendo
quenomódulodeconvíviodoprojetoM05apenaspartedasUHsapresentaformatoalongado
acompanhado de gradiente de privacidade (UHs tipo “A”). na vila em culdesac do projeto
M04aagregaçãodecadaduasUHsconformandoum“U”contornadointernamenteporescada
abertadeacessocoletivoacarretafaltadeprivacidade.
Sentidodelar:oprojetodasUHsnapropostaBairroNovoapareceapenasatítulodeilustração
de possibilidades de layout, e a baixa resolução da única imagem obtida não permite análise
mais detalhada. Muitas opções de layout de UHs nos três projetos analisados são possíveis,
porém, apresentamse pouco detalhadas em função da escala urbanística dos respectivos
concursos. Nas poucas ilustrações apresentadas podese notar que nem sempre os atributos
básicosdosentidodelarsãoalcançados,oqueindicaquenãoforampriorizados.

Figura28:PlantatipodavilaemculdesacdoprojetoNúcleoUrbanoCampinas(M04)ePlantatipodomódulode
convíviodoprojetoNúcleoUrbanoCampinas(M05).
Fonte:AU,1991.
103
Figura29:PlantadepavimentotipodoprojetoBairroNovo(VA05).
Fonte:<vitruvius.com.br/institucional>.
Opçõeseflexibilidade:ostrêsprojetosanalisadosapresentamváriasopçõesdemoradia,sendo
apenas parte delas ilustrada nas publicações e aqui representada nas Figura 28 e Figura 29.
Porém,suaadequaçãodeixaadesejar,conformeosatributosanalisadosacima.
Quadro2:ResumosobreapresençadeparâmetrosnosprojetosM04,M05eVA05.
M04:conexãoderedesdetransporte;diversidadedeusuários;comérciolocal.
M05:diversidadedeusuários;comérciolocal;UHsagregadascommaisdeumaorientação.
VA05:conexãoderedesdetransporte;ruas
permáveis;arcadas;bolsõesdeatividade;ambientessemiabertosao
longodoslimites;diversidadedeusuários;equilíbriodeusosnacidade;comérciolocal;gradientedeprivacidadeno
layoutdoconjunto;edificaçãocomocomplexo.
ProjetosparaConjuntoCDHUemItatiba(M03)com509UHse(VA14)com374UHsemgleba
cercade200.000m².
Sensibilidade ao ambiente construído e natural existente: projetos desenvolvidos para um
mesmo terreno na periferia de Itatiba, parcialmente tomado por mata natural densa e
eucaliptos. O conjunto (VA14)
na Figura 30 propõe complexo racional e concentrado, com
lâminas compridas dispostas radialmente em relação a praça projetada, tirando partido da
topografiaacidentadaafimdeotimizaracirculaçãohorizontaldeacessoaospavimentos.Éboa
aorientaçãosolarparaosespaçosexternosque,porém,nãosãopositivos.o
conjunto(M03)
naFigura30apresentacarátermaisintegradoaoentornodevistasprivilegiadas.Aimplantação
prioriza o bom aproveitamento de topografia difícil e conexão mais direta com as ruas
104
existentes. Esta proposta respeita as curvas de nível contribuindo para o escoamento natural
daságuaspluviaisetrataoconjuntocomoestruturatransitávelatravésdoprolongamentodas
viasexistentesedaarticulaçãodosespaçosexternospositivospropostos.

Figura30:ImplantaçãodoprojetoCDHUemItatiba(VA14).ImplantaçãodoprojetoConjuntoemItatiba (M03).
Fonte:PROJETO,1994;Dadoscedidospeloautordoprojeto.
Conectividade, legibilidade e sustentabilidade social: constatase no conjunto (VA14) na
Figura30umagradaçãoinicialdeespaçosexternosque,todavia,seperdeaoseadentrarpara
os espaços entre lâminas. Arcadas sob marquise em arco que se inicia na escola pública e na
crechedefinemapraçaeoiníciodossistemasdeentradaacadalâmina.Acirculaçãohorizontal
interna de acesso aos pavimentos cria abaulamentos para lazercobertopróximos às caixas de
escada,marcando transiçõesdeentrada.Grandeestacionamentoperiféricocriabarreiraentre
propostaebairroconsolidado. No conjunto (M03)naFigura30 é criada gradaçãode espaços
externos coletivos, em franca integração com o tecido urbano existente. Recuos frontais
auxiliamnatransiçãoentreníveisdoterrenoacidentado,bemcomoousodeescadasabertas.
Sobrados ecasaspossuemvagasindividuais, enquanto pequenosestacionamentosdiluídosno
conjunto servem aos apartamentos.
Acesso aos apartamentos é parcialmente individualizado,
gerandoambientedeentradanotérreoparacadaseisUHs.Emambososprojetossãoprevistas
diversidade de usuários e unidades comerciais e de serviços nas esquinas, além de
equipamentoscomunitários.
105
Identidade:noconjunto(M03)éreforçadaporgradientedeprivacidadenolayoutdoconjunto
associado a transições diferenciadas na entrada para as UHs. Algumas UHs térreas e sobrados
junto à divisa com loteamento Paulo Horta são compatíveis com a escala das moradias do
loteamento existente, sendo que o restante de UHs mais internas ao conjunto conformam
blocos de apartamentos em fita, de maior densidade. A identidade das casas e sobrados é
reforçada por alternância nos recuos frontais e, nos blocos de apartamentos, ambientes de
transição diferenciados na entrada contribuem para a identidade dos mesmos. A variação
topográficacolaboraparaadiferenciaçãodasUHsempequenos
grupos,bemcomoolayoutda
cobertura.no conjunto (VA14)
arepetição eoextenso comprimentodaslâminas (cercade
95e120m)prejudicamaidentidadedegruposdeUHs.
Harmonia espacial: relação entre conforto ambiental e privacidade: conforme exemplos de
plantastipode UHnaFigura31,todasasUHsnoconjunto(M03)apresentamduplaorientação
e pouca profundidade. Os apartamentos em bloco, além de simétricos, são espelhados ao
fundo,eaalternânciahorizontaleverticalnadisposiçãodasvarandasdeserviçofavoreceuma
maior incidência solar nos andares inferiores ao mesmo tempo em que desfavorece o
fechamentodoterraço.Odesnívelentrepasseioeentradaocorrenosblocosecolaboraparaa
privacidadeentreaUHe a rua. no conjunto (VA14) somente as UHsnasextremidadesdas
lâminaspossuemduplaorientação.

Figura31:PlantatipodeUHdoprojetoCDHUemItatiba(VA14).PlantatipodeUHdoprojetoConjuntoemItatiba
(M03).
Fonte:PROJETO,1994;Fonte:Dadoscedidospeloautordoprojeto.
106
Sentido de lar:n
o conjunto (M03) ocorre desnível entre ambientes internos contribuindo para
os atributos gradiente de intimidade, expressão da verticalidade e agenciamento entre
ambientes, porém nas casas térreas este desnível compromete a adequação a usuários com
desvantagensfísicas. Osambientessão adequadosaousoapesar daáreareduzida,ezonasde
transiçãonaentrada são
variadaseclaramente definidas. noconjunto(VA 14) o sentido de
larnãoéalcançado:faltaogradientedeintimidade,asalanãoconfigura ambientedeconvívioe
acozinhanãotemiluminaçãonatural.
Opçõeseflexibilidade:noconjunto(M03)sãooferecidasopçõesdeapartamentosdeum,dois
e três dormitórios, casas térreas de dois e sobrados de três dormitórios. No conjunto (VA14)
sãooferecidasopçõesdeapartamentosdeum,doisetrêsdormitórios,todosexpansíveis.
Quadro3:ResumosobreapresençadeparâmetrosnosprojetosM03eVA14.
M03:edificaçãomelhorandoterreno;entrelaçamentoedificaçãoelugar;espaçoexternopositivo;vistas;caminhos
elugares;bolsõesdeatividade;hierarquiaentreespaçosexternos;conjuntodeentradas;ambientessemiabertos
ao longodos limites; escadas abertas; arcadas;
diversidadede usuários; comércio local; gradientede privacidade
nolayoutdoconjunto;transiçãonaentrada;edificaçãocomocomplexo;layoutdacobertura;UHsagregadascom
maisdeumaorientação;estratégiasparaprivacidade;gradientedeintimidade;variaçãodedireito;áreacomum
nocentro;espaçofísicocongruenteaoespaçodeconvívio.
VA14:
orientaçãosolarparaespacoexterno;formatodecaminhos;bolsõesdeatividade;arcadas;ambientessemi
abertosaolongodoslimites;diversidadedeusuários;comérciolocal;coresquentes.
Projetos Reserva Ibatyba em Santo André (M01) com 926 UHs e Novo Centro (VA12) para
glebascercade150.000m².
Sensibilidadeaoambienteconstruídoenaturalexistente:asduaspropostasrepresentadasnas
Figura 32 e Figura 33 parecem determinadas pelo melhor aproveitamento da organização
espacial(visandomaiorquantidadedeUHs)doqueporumasensibilidadeaocontexto.Também
não priorizam a orientação solar para os espaços externos, que orientações
diversas são
empregadas. O projeto Reserva Ibatyba
subdividese em quatro condomínios menores e
murados,delimitadosporruaprincipaldeacessoeruaperpendicularaesta,ondesesituamas
quatro portarias. Malha de quarteirões retangulares espelhados em relação à rua principal
abrigam sobrados em fita também espelhados que se repetem. Blocos de apartamentos ao
107
longo das ruas paralelas àquela rua principal também se repetem, bem como áreas de lazer
concentradas próximas às respectivas portarias. Apesar de ser continuação da Avenida Utinga
existente, a rua principal de acesso ao conjunto não estabelece com aquela qualquer tipo de
relação,inclusiveporquenestadivisadeentradasituasefaixadeáreaverde,alémdosmuros
mencionados. O projeto Novo Centro
faz parte de proposta urbanística maior, porém não
objeto de análise desta pesquisa. Lâminas habitacionais compridas são implantadas
perpendicularmenteagrandeavenidaprojetada,queparecesegregaroconjunto.

Figura32:ImplantaçãoevistaProjetoNovoCentro(VA12).
Fonte:Dadoscedidospeloautordoprojeto.

Figura33:VistaeimplantaçãodoprojetoReservaIbatyba(M01).
Fonte:Dadoscedidospeloautordoprojeto,www.arcoweb.com.
108
Conectividade, legibilidade e sustentabilidade social: em ambos os projetos constatamse a
faltadearticulaçãoehierarquiaentreespaçosexternos.NoprojetoReservaIbatybaobserva se,
primeiramente,comoarua principal de acesso e sua perpendicular, envoltas pelosmurosdos
respectivos condomínios, tornamse corredores monofuncionais e sem vida. Intramuros, a
sucessãoindiferenciadadeblocosdeapartamentosbemcomoaslongasextensõesdesobrados
emfitaemlinharetaprejudicaalegibilidadedospercursos.AslâminasdoprojetoNovoCentro,
apesar de sinuosas, são muito longas e sob pilotis, não permitindo a conformação de espaços
externos positivos.Agrandeavenidaprojetada é ladeada por torres para comércioeserviços.
Ambos os projetos prevêem diversidade de usuários considerada, porém, insuficiente dada a
escaladaspropostas.
Identidade: no projeto Reserva Ibatyba ocorre um gradiente de privacidade no layout do
conjunto considerado insuficiente dado o número elevado de 926 UHs: UHs tipo sobrado
faceiam ruas internas de menor movimento, e UHs tipo apartamento faceiam ruas mais
movimentadas (ora as ruas internas de acesso ora a rua principal extramuro do conjunto). A
repetitividadedeUHsnãocontribuemparaaidentidadedasmesmas.Asportarias,aliadasaos
muros, acabam por criar demarcação muito rígida dos respectivos territórios, além da escala
determinada somente pela circulação de carros. Os blocos de apartamentos, porém, possuem
demarcaçãodaentradacoletiva,conformefotonaFigura34abaixo.NapropostaNovoCentro
supõese que a repetitividade das lâminas, ainda que sinuosas, não deva colaborar para a
identidade das UHs, porém, dada a etapa de desenvolvimento preliminar do projeto, não é
possívelaprofundaraanálise.

Figura34:FachadasdeapartamentosesobradosdoprojetoReservaIbatyba(M01).
Fonte:<www.arcoweb.com>
109
Harmoniaespacial:relaçãoentreconfortoambientaleprivacidade:oprojetoReservaIbatyba
não prioriza a orientação solar para os espaços externos e edificações, que orientações
diversaseespelhadassãoempregadas.TodasasUHspossuemduplaorientação,porémparcial
nos apartamentos internos aos blocos (via poços de luz). Os blocos de apartamentos
fotografados (ver Figura 34) são elevados em relação ao passeio,
contribuindo para a
privacidade das UHs térreas. No entanto, não se pode afirmar se o são por adaptação ao
desnível do terreno quando necessário ou se com a intenção deliberada de contribuir para a
privacidadedasUHstérreas.
Sentido de lar: apenas os atributos básicos são alcançados nas UHs tipo sobrado e tipo
apartamento do projeto Reserva Ibatyba (ver Figura 35) sendo o layout considerado
convencional. NasUHsassobradadasasduasvagasde garagem na frente da casa acabam por
estrangularoespaçodeentrada,queseassimsemtransição.NasUHstipoapartamento
um ambiente de entrada para cada quatro UHs, porém sem diferenciação nas respectivas
entradas,cujasportassãoconfrontantes.
Opções e flexibilidade: no projeto Reserva Ibatyba são oferecidas opções de UHs de 2 e de 3
dormitórios,compoucavariaçãodeárea(m²)entreelas,nasversõessobradoouapartamento.
Considerase que mais opções seriam bemvindas dada a quantidade elevada de 926 UHs do
conjunto.NoprojetoNovoCentro
tambémsãoprevistasnadescriçãoescritadoprojetoapenas
apartamentosde2ede3dormitórios.
110

Figura35:PlantastipodeapartamentoesobradodoprojetoReservaIbatyba(M01).
Fonte:Dadoscedidospeloautordoprojeto.
Quadro4:ResumosobreapresençadeparâmetrosnosprojetosM01eVA12.
M01: ambientes semiabertos ao longo dos limites (aptos); demarcação de entrada coletiva
(aptos); UHs
agregadas com mais de uma orientação; formato alongado (casas); gradiente de intimidade; espaço físico
congruenteaoespaçodeconvívio;áreacomumnocentro.
VA12:equilíbriodeusosnacidade;comérciolocal.
ProjetosparaConcursoBrasilitemNovaOdessa(H05)com384UHseparaÁreanoJardimSão
Francisco(VB09)com503UHs,paraglebascercade100.000m².
Sensibilidadeaoambienteconstruídoenaturalexistente:apropostaparaaáreaVIIIdoJardim
São Francisco (Figura 36) inclui a recomposição do ecossistema local através do plantio de
árvores para a contenção de encostas e o acoplamento de UHs em desnível. Respeitando a
topografia, a organização espacial de casas sobrepostas e sobrados geminados configura
espaçosexternospositivos que valorizam a rua comoespaçodelazere encontro numa escala
maisíntima, edoisespaços coletivosabertos dedimensõesmaiores (cercade30x100m cada),
entrelaçandoosgruposdeUHsaoentornoatravésdavalorizaçãodacirculaçãodepedestres.O
projeto Brasilit em Nova Odessa (Figura 36), para área também periférica, expressa forte
regularidade em gleba resultante de malha viária ortogonal (cerca de 340x340m), que não
respeita topografia irregular local. Não se verifica entrelaçamento com o entorno, e faixas
retangulares nonaedificandi em duas divisas paralelas são muradas, contribuindo para a
segregação do conjunto. Um grande espaço coletivo aberto (cerca de 80x300m) constitui
111
plataforma plana que segrega o conjunto em duas partes, desconsiderando a orientação solar
nadisposiçãodocampodefutebol.Porém,espaçosexternospositivosmenoressãogeradosna
implantaçãodasUHsconformandopiazzetasejardinsquevalorizamacirculaçãodepedestres
(verfichadoprojetonoapêndiceB).

Figura36:
ImplantaçãodoprojetoÁreaJd.SãoFrancisc o(VB09).ImplantaçãodoprojetoConcursoBrasilit(H05).
Fonte:PROJETO,1991;Fonte:PROJETO,1982.
Conectividade, legibilidade e sustentabilidade social: os pátios possuem caráter diferenciado
noprojetoSãoFrancisco:umparaatividadesdelazerdosmoradores,eoutromaispúblicopara
a realização de eventos da vizinhança, estabelecendo hierarquia de espaços coletivos do
conjunto. A conformação espacial é caracterizada por recuos modestos em relação às ruas e
entre grupos de casas e variados conjuntos de entradas decorrem dos formatos
diferenciados
dos caminhos bem como de ambientes semiabertos ao longo dos limites. A proposta prevê
comércio ao redor dos espaços coletivos, em algumas ruas e esquinas. A proposta Brasilit
propõe2setoresde6móduloscada,sendoquecadamódulocontém1piazzeta,2jardinse32
UHs. Recuos frontais nas duas divisas não muradas dão lugar a estacionamento externo ao
conjunto e iniciam os sistemas de entrada para pedestres, formados por vielas e piazzetas
(cercade30x30m)ladeadas
porjardinsumpoucomenores, definindoa hierarquiadeespaços
coletivos.Estranhamente,osdoispercursosdemaiordestaquequeinterligamaspiazzetas(ver
detalhepiazzetasnafichadoprojeto)nãoseconectamaoexteriordoconjunto,desembocando
nosmuros dasfaixasnonaedificandi.Outroproblemaé arigideznarepetição
dessessistemas
deentrada.Éintençãodoautorqueoespaçoexternocoletivomaior(queseavalia,contudo,de
112
dimensões exageradas) seja também uma nova praça para a cidade, incluindo bosque, centro
comunitárioedeesportes,vestiário,biroscasecreche.
Identidade: o gradiente de intimidade no layout do conjunto contri bui para a identidade no
projetoSãoFrancisco, em que parte dasUHssão voltadas para ospátiosmaisíntimos e outra
parteparaosmaispúblicos.Oacessoagruposdecasassãoporvezesdemarcadosporportais,e
aUHsportransiçõesnaentradataiscomoescadasabertaseterraçossemielevados.AsUHsem
variadas
tipologias individuais e de agregação bem como os respectivos layouts de cobertura
inclinadacontribuemparaapercepçãodeumacoleçãodeedifíciosmenoresconectados,apesar
do caráter homogêneo dos blocos cerâmicos aparentes. o projeto Brasilit
possibilita a
construção em etapas e diversidade de usuários em opções de implantação de UHs previstos,
dentrodolimite dos lotes (10x10m)deesquina ou demeiodequadra,não sendopermitidaa
divisãodos mesmosemfrenteefundos(jardim equintal). Porém,transiçõesnasentradasdas
UHs não são possíveis em boa parte das opções de implantação. Segundo os autores a
plasticidade do conjunto deverá se expressar “pelo jogo movimentadode volumes e texturas,
pela relação de cheios e vazios e pelo colorido de portas e janelas” (TOZZI et al., 1982, p.39),
todavia estes recursos não foram representados no projeto e podem não se concretizar
dependendodasopçõesadotadasdeexpansãodasUHs.Acoberturapraticamenteplanaaliada
àtipologiahorizontaldasUHsnãocolaboracomaidentidade.
Harmoniaespacial:relaçãoentreconfortoambientaleprivacidade:noSãoFrancisco
garante
se mais de uma orientação para as UHs (ver Figura 37) com aberturas em duas ou três faces.
ImplicaçõesparaaprivacidadevisualentreUHssãoamenizadaspelousodevegetaçãoecriação
de quintais, terraços e varandas em vãos e balanços que resultam de assentamento em
módulosque
permitemovimentação.NoprojetoBrasilitasopçõesde implantaçãodeUHsem
lotesdemeiodequadranãopermitemmaisdeumaorientaçãoparaasmesmase,noslotesde
esquina, a expansão prevista das UHs para 75m² também eliminará esta possibilidade. A
dimensão dos espaços externos de piazzetas e jardins (cerca de 30m) aliada
à vegetação
contribuem para a privacidade entre UHs confrontantes que, porém, fica comprometida nos
casosdeUHsqueseabremsemrecuofrontaloulateralparaasvielasepiazzetas.
113


Figura37:UHsdoprojetoÁreaJd.SãoFrancisco(VB09).UHsdoProjetoConcursoBrasilit(H05).
Fonte:PROJETO,1991;Fonte:PROJETO,1982;Dadoscedidospeloautordoprojeto.
Sentido de lar: no São Francisco o sentido de lar é alcançado por interessante gradiente de
intimidade nos variados layouts das UHs, adequação ao uso e agenciamentoentreambientes,
presença de zonas de transição variadas e diferenciação nas entradas (escadas abertas,
mudanças de direção, quintais, terraços, vegetação). O projeto Brasilit, dadas as opções de
implantação e expansão da UH no lote, não garante transição na entrada, gradiente de
intimidadeeagenciamentoentreambientes,apesardagenerosidadedeáreapossível(75m²).O
níveldeluminosidadenumaUHexpandidatambémseriaprovavelmenteinferioraodesejável.
Opções e flexibilidade: a organização espacial aglomerada é bastante apropriada para a
possibilidade de expansão das UHs. O projeto São Francisco
oferece variações tipológicas a
partir de módulos expansíveis que respeitam a escala e organização interna e geral das UHs:
embriãocomcozinhamaior esalamenor(ouviceversa)adicionadodebanheiropodeassumir
váriasformascompondosesemprede2,5módulos,aosquaisseagregamdormitórios,áreasde
serviço,escadasinternaseexternas,varandasecoberturas,todosmúltiplosousubmúltiplosdo
módulobásicode3x3m. napropostaBrasilito embriãoé expansívelde25m² até75m²,e o
conjunto autoportante de telhado e forro em sistema de simples apoio e paredes internas de
114
vedação permitem flexibilidade interna. Porém, considera se que a flexibilidade de uso e a de
expansãonesteprojetonãoconseguemgarantirparaasUHsaduplaorientação,ogradientede
intimidade,eaprivacidadeentreUHseosespaçoscoletivos(vielasepiazzetas).
Quadro5:ResumosobreapresençadeparâmetrosnosprojetosVB09eH05.
VB09:edificação melhorando terreno;entrelaçamentoedificação e lugar; espaço externopositivo; circulaçãode
pedestres e carros; hierarquia de espaços externos; recuo frontal nulo; formato de caminhos; conjunto de
entradas; circulação legível com recantos; ambientes semi
abertos ao longo dos limites; escadas abertas;
diversidadede usuários;comércio local; gradientede privacidade nolayout doconjunto;demarcaçãode entrada
coletiva; edificação como complexo; layout da cobertura; unidades agregadas com mais de uma orientação;
estratégias para privacidade; terraço entre casa e passeio; espaço físico congruente ao espaço de convívio;
gradiente
deintimidade;áreacomumnocentro;transiçãonaentrada;possibilidadedeexpansão.
H05: espaço externo positivo; UHs agregadas ao redor de pátio interno; circulação de pedestres e carros;
hierarquiaentreespaçosexternos;conjuntodeentradas;diversidadedeusuários.
PROJETOSDEHISPARAÁREASDEMENORPORTE(até20milm²)
NoQuadro6aseguirelencamseosprojetosdoreferidogrupo:
Quadro6:GRUPODEPROJETOSDEHISPARAÁREASDEMENORPORTE(até20milm²)
VilaMara(VB04)eComplexoparaÁreanaLuz(VA10);
Rincão(VB03),MinasGás(VB06)eHabitasampaBarraFunda(VB01);
ÁreanoBrás(M06)eHeliópolisI(VB07);
HeliópolisII(VB08)eConjuntoRuaGréciaemCotia(H02);
HabitasampaAssembléia(VA04),CAIXAIAB(VA01),CAIXAIAB(VA02)eCAIXAIAB(VA03);
Paranapanema(VB05)eCohabPedroFacchini(VB02).
ProjetosVila Mara(VB04)com 592 UHsemlote cerca de 20.000m²eComplexopara Áreana
Luz(VA10)com384UHsemlotecercade15.000m².
Sensibilidade ao ambiente construído e natural existente: o projeto Vila Mara
conforma
proposta introvertida em relação ao entorno (ver Figura 38), porém a organização espacial
perimetral parece contribuir positivamente para vizinhança degradada, e galerias elevadas ao
redor dasdivisascriampermeabilidadeatravésde vistas. Os espaços externos recebem pouca
insolação. A proposta de Complexo para Área na Luz parece mais determinada pela
racionalidade construtiva do que por uma sensibilidade ao contexto. Os espaços externos
115
possuemboainsolaçãodevidoasuasgrandesdimensõesque,poroutrolado,nãopermitema
conformaçãodeespaçosexternospositivos.Oprojetodemonstraintençãodeseentrelaçarao
entorno, porém a deficiência de espaços positivos o impede: duas lâminas longitudinais
extensas(de92me122m)sobrepilotissãoimplantadasperpendicularmente aoJardim daLuz
criandograndeespaçoexternocoletivoentreelasemarcandodoiscaminhosparalelosafimde
estabelecer eixo NorteSul para pedestres entre a Praça Cel. Fernando Prestes e o centro da
cidade.EstaslâminaspossuemoitopavimentosdeUHsenquantoqueoutrasduasemforma de
“U”
possuem apenasquatro,e oespaçoexternocoletivoentreestas últimassevolta pararua
mais estreita (ver vista na Figura 39). Em ambos os projetos a circulação de pedestres foi
priorizada.

Figura38:ImplantaçãodoprojetoparaÁrealuz(VA10).ImplantaçãodoprojetoVilaMara(VB04).
Fonte:Dadoscedidospeloautordoprojeto;<www.googlemaps.com>

Figura39:VistadoprojetoparaÁrealuz(VA10).FotosexternasdoprojetoVilaMara(VB04).
Fonte:Dadoscedidospeloautordo
projeto;PROJETO,1997.
Conectividade,legibilidadeesustentabilidadesocial:noprojetodoComplexoparaÁreanaLuz
constatase a falta de maior conformação dos espaços externos coletivos. Espaços externos
entre as lâminas em “U” e entre as lâminas longitudinais são muito extensos (apesar da
JARDIMDALUZ
116
subdivisão deste último em níveis diferenciados), prejudicando a percepção de espaços
positivos.QualquertrajetoparaasUHspassaporequipamentosdeusopúblico,construídosou
abertos: lojas, restaurantes, serviços, auditório, etc. são localizados nos paviment os inferiores
(em pilotis), reservando os pavimentos superiores para as UHs. No projeto Vila Mara as UHs
térreassãoacessadasoradaruaoradopátiocentral,comtransiçõesnaentradaporpequeno
desnível ou por pequena área em frente à porta definida por mureta. As UHs superiores são
acessadas por escadas e galerias abertas na altura do pavimento, que contornam o
quarteirãoexterna
einternamente,sendoqueestaextensa,retilíneaeestreitagaleriaelevada
interliga todos os blocos dando acesso direto às UHs deste pavimento e, através de escadas
secundárias, às UHs do e pavimentos. Não há, porém, nenhum outro tipo de
diferenciaçãonaentradadasUHs.Ocomércioocorresobas
torresdasesquinas,queservemde
portaldeacessoaosconjuntos.
Identidade:noComplexoparaÁreanaLuzaidentidadedegruposmenoresdentrodoconjunto
sepelousodeduastipologiasedilíciasdistintasemformaealtura(lâminasem“U”elâminas
longitudinais),mas nãose a percepçãode diferentesUHsnasrespectivaslâminas. Todasas
UHs se situam nos pavimentos superiores. no projeto Vila Mara parte das UHs térreas e
superiores se abrem e tem acesso a partir da rua e outra parte pelo pátio interno,
estabelecendo um gradiente de privacidade no layout do conjunto. Os acessos por caixas de
escada e elevador no Complexo para Área na Luz
para cada quatro UHs auxilia na
individualização das entradas de UHs, ao contrário do que ocorre no Vila Mara
em que um
menor número de entradas coletivas distribuem os acessos a muitas UHs. Neste projeto o
destaque em altura e cor ocorre nas torres nas esquinas, que demarcam suas entradas
coletivas.Dadooportedeambososprojetos(384UHsnoComplexoparaÁreanaluze592UHs
noVilaMara),considerasequeoutrosrecursosseriambemvindosparaexpressaraidentidade
dasUHs.
Harmoniaespacial:relaçãoentreconfortoambientaleprivacidade:podesedizerquenenhum
dos projetos prioriza a orientação solar para as edificações, que orientações diversas e
espelhadas são empregadas. No Complexo para Área na Luz
todas as UHs possuem formato
117
alongado, o que contribui para o gradiente de intimidade, e são agregadas pelas paredes
lateraismenores,oquecontribuiparaailuminaçãonaturalinterna.AsUHsdaslâminasem“U”
apresentam dupla orientação, as UHs das lâminas longitudinais não possuem dupla
orientação porém recebem insolação direta (Leste ou Oeste). As generosas distâncias entre
lâminaspossibilitaprivacidadeentreUHsconfrontantesporémcontribuemparaobaixograude
conformaçãodosespaçosexternos.NoprojetoVilaMaraocorremligeirosdesníveisnaentrada
das UHs térreas que se abrem para as ruas e, em todos os pavimentos, a distribuição dos
acessos de forma perimetral evita o confronto direto de portas de entrada das UHs (que são
todasespelhadas).Porém,asgaleriassãomuitoextensas,retilíneaseestreitas,prejudicandoa
legibilidadedospercursos.AduplaorientaçãoparatodasasUHségarantidaporespaçamento
de8mentretodososblocos.Porém,oespelhamentodasUHsorganizadasem“U”prejudicaa
iluminaçãonatural,aocontráriodoqueocorrenoprojetoRincão(VB 03)domesmoarquiteto,
em que UHs muito similares se organizam em lâminas paralelas sempre na orientação Leste
Oeste.
Sentido de lar: apenas os atributos básicos são alcançados no projeto Complexo para Área na
Luz (ver Figura 40), cujas UHs apresentam gradiente de intimidade, adequação ao uso e
agenciamentoentreambientes,comlayoutinspiradoemprojetodeNiemeyerparaasUHsdas
lâminaslongitudinais edeArtigasparaasUHsdaslâminasem“U”,conformeesclareceaautora
(SUGAI, 1999, p.116). No projeto Vila Mara
(ver Figura 40) aqueles atributos básicos deixam a
desejar,queasalafuncionaapenascomoambientededistribuição,nãoconformandoespaço
deconvívio.Apreendemseem ambosos projetos que osespaçosde convívio sofreram ajuste
paramelhoradaptaçãoàracionalidadeconstrutiva.
118

Figura40:
Plantas deUHs das lâminaslongitudinal eem“U” doprojeto para Áreana Luz(VA10).Planta deUHs
térreassimétricasnoprojetoVilaMara(VB04).
Fonte:Dadoscedidospeloautordoprojeto;PROJETO,1997.
Opçõeseflexibilidade:oprojetoVilaMaraofereceapossibilidadedeexpansãodasUHstérreas
comaconstruçãodeedículasnosquintais.AslâminaslongitudinaisdoComplexoparaÁreana
LuzpossuemUHsdedoisdormitóriosreversíveisatrêseumdormitóriocomodeslocamentoda
divisãoentreosmesmosparaalémdoseueixodesimetria,aexemplodoprojetodeNiemeyer
para edifício em Berlim de 1957 adotado como referência (SUGAI, 1999, p.49). as UHs das
lâminas em “U” possu em três dormitórios e apresentam ainda maior flexibilidade interna
(porém não ilustrada pela arquiteta) adotando como referência o projeto Conjunto CECAP
ZezinhoMagalhãesPradode1967ondeocorreaconcentraçãodosmóduloshidráulicos(SUGAI,
1999,p.46).
Quadro7:ResumosobreapresençadeparâmetrosnosprojetosVB04eVA10.
VB04:espaçoexterno positivo; unidadesao redordepátio; circulaçãodepedestrese carros;recuo frontalnulo;
ambientes semiabertos ao longo dos limites; arcadas; escadas abertas; equilíbrio de usos na cidade; comércio
local; gradiente
de privacidade no layout do conjunto; demarcação de entrada coletiva; porção principal da
edificação; unidades agregadas com mais de uma orientação; estratégias para privacidade; possibilidade de
expansão;coresquentes.
VA10: unidades ao redor de pátio (“U”); caminhos e lugares; circulação de pedestres e carros; ambientes semi
abertos ao longo
dos limites; equilíbrio de usos na cidade;comércio local; unidades agregadascom maisde uma
orientação(“U”);formatoalongado;gradientedeintimidade;espaçofísicocongruenteaoespaçodeconvívio;área
comumnocentro;flexibilidadedeuso.
119
ProjetoRincão(VB03)com306UHsemlotecercade13.000m²,eprojetosMinasGás(VB06)e
HabitasampaBarraFunda(VB01)amboscom 240UHsemlotescercade10.000m².
Sensibilidadeaoambienteconstruídoenatural existente: oprojetoRincão (ver Figura41)se
ajusta com sintonia ao formato diferenciado e peculiaridades do local, conformando espaços
externos positivos (apesar do comprimento excessivo de parte dos blocos e da alta densidade
daproposta)epermeáveisparapedestres.Osblocosconformam pátiostipovilacominsolação
razoável,porondesedãoos
acessosvariadosentremeadosàvegetação.ApropostaMinass
(verFigura41)parecemaisdeterminadapelomelhoraproveitamentodoterrenovisandomaior
quantidade de UHs (a tipologia “H” e o número de UHs foram condição obrigatória para o
projeto) e espaços de maior porte para arborização e esporte, através do agrupamento dos
espaços externos aos blocos “H”. A extensa
lâmina (~113m) em tipologia “H” da proposta
HabitasampaBarraFunda(verFigura41)nãoconformaespaçoexternopositivoemrelaçãoao
restantedolote,queporsuaveztambémnãorecebeboainsolação.Acirculaçãodepedestres
cruzandoaquadrafoipriorizadanosprojetosRincãoeMinasGás.

Figura 41:
Implantação do projeto Rincão (VB03). Implantação do projeto Minas Gás (VB06). Implantação do
projetoHabitasampaBarraFunda(VB01).
Fonte:AU,1990;<www.googlemaps.com>;Dadoscedidospeloautordoprojeto.
Conectividade, legibilidade e sustentabilidade social: o projeto Rincão cria clara hierarquia
entreespaçoscoletivosdentroeforadoconjunto,sendoosrecuosfrontaisnulosexcetonaRua
Alvinópolis onde ocorre estacionamento externo ao conjunto. Sistemas de entrada
diferenciadoscaracterizamastransiçõespúblicoprivado:apesardotraçadoregulardospátios,
estes apresentam escala adequada ao convívio entre vizinhos, vegetação
e vista exterior
enquadrada pelos portais à Rua Alvinópolis, enriquecendo os diferentes sistemas de entrada:
RU
A
RUA
V
I
A
FÉRRE
A
120
alpendresparaasUHsrreas,escadascompartilhadasporduasfamíliasparaacessoàsUHsdo
pavimento, escadas coletivas que conduzem a galerias abertas para acesso às UHs do
pavimento,eescadascompartilhadasporduasfamíliasparaacessoàsUHsdopavimento.No
projetoMinasGástambémocorreestacionamentoperiféricodedimensionamentomodestoem
viasecundária deacessoaoconjunto.Esteéomaisintrovertidodostrêsprojetos,sendoqueas
fachadas para as avenidas de acesso são cegas e os espaços externos que sobram entre os
blocos, apesar de possuírem dimensões variáveis, não são positivos. Foi projetada rua de
pedestres pavimentada na parte interna de cada bloco “H” encimada pelas passarelas de
acesso,ficandoo verde exterioraos blocos. A ausênciadeoutrosatributosea larga escala do
projeto prejudicam a agradabilidade e legibilidade do percurso. na proposta Habitasampa
Barra Funda recuo frontal (cerca de 4m) paralelo à extensa lâmina aliado à elevação das UHs
sobre pilotis cria distanciamento de entorno tradicional de lotes estreitos e compridos,
assobradados sem recuo frontal e com comércio no térreo (em geral nas esquinas). O
estacionamento aberto acompanha a divisa do terreno com a via férrea. O sistema de acesso
consistedecaixasdeescadaquelevamaextensaseretilíneaspassarelaspelasquaisseacessam
asUHs.UsomistoocorresomentenapropostaRincão(divisaslateraiscomlotescomerciaisno
nível térreo e UHs no nível superior), e diversidade de usuários é prevista nas tr ês propostas
analisadas.
Identidade: no projeto Rincão (ver Figura 42) a identidade é reforçada por gradiente de
privacidade no layout do conjunto visto que as UHs da cobertura são recuadas ganhando
carátermaisintimista,etambémqueasUHssobreocomércionasruaslateraisseabremparaa
rua ganhando caráter mais público, ao contrário das UHs que se abrem para os pátios. A
demarcação de entrada coletiva por portais na Rua Alvinópolis anunciam o início dos pátios
internoserespectivasmoradias,interrompendomuroqueisolaoconjuntodaviaférrea.Ainda
neste projeto alpendres constituem transição na entrada das UHs térreas, auxiliada por
vegetação e escadas abertas que contribuem para a definição daquele espaço de entrada. A
diversidade de usuários e respectivos layouts de UHs se expressa através de diferenciação no
perfil do bloco (ver corte das UHs na Figura 43) das diferentes UHs. No projeto Minas Gás
os
atributos descritos acima não ocorrem de maneira significativa, e os blocos de UHs são
121
indiferentes à diversidade de usuários sugerida textualmente pelo arquiteto. Na proposta
Habitasampa Barra Funda (ver Figura 42) a grande lâmina de 240 UHs não expressa
diferenciação entre elas. Os dormitórios de metade das UHs faceiam as ruas, e os da outra
metade faceiam o espaço coletivo aberto, mas considerase que esta diferenciação não é
suficienteparaoestabelecimentodeumgradientedeprivacidade
nolayoutdoconjunto.

Figura42:
VistaprojetoRincão(VB03).VistaprojetoMinasGás(VB06). VistadoprojetoHabitasampaBarraFunda
(VB01).
Fonte:AU,1990;BONDUKI,2000;Dadoscedidospeloautordoprojeto.
Harmonia espacial: relação entre conforto ambiental e privacidade: o projeto Habitasampa
Barra Funda (ver Figura 43), ao espelhar as UHs no sentido aproximadamente NorteSul, não
propicia boa insolação para as UHs que faceiam o espaço externo coletivo. Porém, a dupla
orientaçãoégarantidaparatodasasUHs,queointeriordalâminaemtipologia“H”éaberto.
A distância entre UHs confrontantes é de 10m e, em conjunto com as extensas passarelas de
acesso,pareceminsuficientesparaestabeleceratransiçãopúblicoprivadoàsUHs.Otérreoem
pilotis contribui para a desconexão das UHs com a rua. A organização espacial de UHs
espelhadas no projeto Rincão (ver Figura 43) garante a insolação direta (frente Leste e fundo
Oesteeviceversa)eaduplaorientação.AdistânciaentreUHsconfrontantesnopátiointernoé
cerca de 16m e, aliada a outras estratégias que enriquecem os sistemas de acesso
mencionadas anteriormente contribui para a garantia da privacidade entre aquelas UHs. No
projeto Minas Gás
(ver Figura 43) a implantação radial dos blocos não proporciona a mesma
insolação para os espaços externos e UHs, mas todas elas possuem dupla orientação. A
distânciaentreblocospelaruadepedestreséde9,6meentreosfundosdasUHs,quefaceiama
áreaverde,évariável,porém
sempremaior que9,6m.Considerasequeoutrasestratégiaspara
122
a garantia da privacidade entre UHs confrontantes poderiam ter sido utilizadas, a exemplo da
propostaRincão.

Figura43:
PlantatipoecortedoprojetoRincão(VB03);PlantatipodoprojetoMinasGás(VB06).Plantatipodo
projetoHabitasampaBarraFunda(VB01).
Fonte:AU,1990;Dadoscedidospeloautordoprojeto.
Sentido de lar: no layout dos três projetos da Figura 43 os atributos básicos gradiente de
intimidade,adequaçãoaousoeagenciamentoentreambientesdeixamadesejar:nosprojetos
RincãoeMinasGásasrespectivassalasfuncionamapenascomoambientededistribuição,não
conformando espaço de convívio; nos três projetos falta o gradiente de intimidade que é
possívelapreenderrapidamenteolayoutdasUHsdesdesuaentrada.
Opçõeseflexibilidade:variedadedeUHsparadiferentesusuárioséoferecidanoprojetoRincão
(UHsdedoisdormitóriosnotérreo,epavimentos,eUHsdeumdormitórionacobertura).
PrevêaindaapossibilidadedeexpansãodasUHscomaconstruçãodeedículasnosquintaisdas
UHstérreas.NasUHsdoprojetoMinasGásépossívelflexibilidadedeusoque,aexemplodo
projetoinspiradorConjuntoCECAPZezinhoMagalhãesPrado,osdormitóriossãodefinidospor
divisóriasoualvenarialevesendooelementofixoaunidadehidráulica.Porém,oarquitetonão
ilustraaspossíveisopçõesdelayout.NoprojetoHabitasampaBarraFundaaflexibilidadedeuso
também é possível, que num mesmo módulo estrutural de 10 x 7,5m podemse acomodar:
duas UHsdeumdormitório;ouumaUHtipo quitinete mais uma UH de doisdormitóriosque,
todavia,considerasesacrificadacomrelaçãoàadequaçãoaouso.
123
Quadro8:ResumosobreapresençadeparâmetrosnosprojetosVB03,VB06eVB01.
VB03: edificação melhorando terreno; espaço externo positivo; orientação solar para espaço externo;
entrelaçamento edificaçãoe lugar; circulação de pedestres e carros; hierarquiaentre espaçosexternos; conjunto
de entradas; recuo frontal nulo; ambientes semiabertos
ao longo dos limites; escadas abertas; diversidade de
usuários;equilíbriodeusosnacidade;comérciolocal;gradientedeprivacidadenolayoutdoconjunto;demarcação
deentradacoletiva;transiçãonaentrada;edificaçãocomocomplexo;UHsagregadascommaisdeumaorientação;
estratégiasparaprivacidade;possibilidadedeexpansão;coresquentes.
VB06:
circulaçãodepedestresecarros;equilíbriodeusosnacidade;UHsagregadascommaisdeumaorientação.
VB01:equilíbriodeusosnacidade;UHsagregadascommaisdeumaorientação;áreacomumnocentro.
ProjetosparaÁreanoBrás(M06)com231UHsemlotecercade7.000m²e Heliópolis I(VB07)
com120UHsemlotecercade5.000m².
Sensibilidadeaoambienteconstruídoenaturalexistente:osprojetosdasFigura44eFigura45
caracterizamse por relativa independência do contexto ao conformarem propostas mais
introvertidas.Estecaráternãoédepreciativo,vistoqueemambasaspropostasaescalaetipo
deorganizaçãoespacialcontribuempositivamenteparavizinhançadegradada oudeambientes
externos pouco definidos (espaços “negativos”). Em ambos os projetos a circulação de
pedestres cruzando a quadra foi valorizada. O projeto para Área no Brás explora vistas
privilegiadasapartirdegaleriasabertasdeacesso.
Figura44:ProjetoHeliópolisI(VB07).
Fonte:BONDUKI,2000;AU,1990.
124

Figura45:
ProjetoÁreanoBrás(M06).
Fonte:AU,1990;PROJETO,1991.
Conectividade, legibilidade e sustentabilidade social: em ambos os projetos a ocupação
perimetraldelimitaespaçopositivoeclarahierarquiaentreespaçoscoletivosdentroefora do
conjunto, e os recuos em relação às divisas são nulos exceto quando dão lugar a
estacionamento externo ao conjunto. O acesso para pedestres se através de portais nas
extremidadesdolotequeconduzemapátiosinternosdedimensõesregulareserazoavelmente
permeáveis, caracterizando a transição públicoprivado. os sistemas de acesso às UHs
ocorrem de maneiras diversas. Em ambos os pr ojetos todas as UHs são acessadas a partir do
pátio.NoHeliópolisIocorretransiçãomodestaporpequenodesnívelecorredordedistribuição
a UHs simétricas. No projeto Área no Brás o pátio elevado deixa clara a transição público
privado; a entrada nas casas tipo 1 se através da área frontal murada e nas casas tipo 3 a
partirdecorredoresindividuais,todasporémsemielevadasemrelaçãoaopátio;ascasastipo2
eapartamentossãoacessadosporcaixas
deescadaqueconduzemapassarelasabertas.Ambos
os projetos oferecem lotes comerciais ou de serviços em pelo menos alguma das divisas ou
esquinas,earcadasnotérreodãoacessoaoslotescomerciais.
Identidade: a identidade é facilmente percebida neste tipo de organização espacial, pela sua
clara delimitação. A demarcação de entradas coletivas e sistemas de entrada diferenciados (já
observados anteriormente) caracterizam as transições públicoprivado em ambos os projetos.
Apesardoacessosedarsempreapartirdopátiointerno,asUHsde
frenteparaasrespectivas
avenidas principais são mais expostas, estabelecendo um gradiente de privacidade no layout
dosrespectivosconjuntos.NoprojetoHeliópolisIocorrediferenciaçãonorelevodassuperfícies
125
do bloco perimetral, e o arquiteto adiciona contraste de cor para dinamizar o entorno. No
projeto Área Brás a variedade de altura das edificações é significativa, estabelecendo diálogo
comoconjuntodetorresvizinhassemprejuízoàinsolaçãodosespaçosexternos,etambémas
característicaselayoutdacobertura(telhacerâmicainclinadaemduaságuas)paraaspartesdo
conjuntocontribuem parasuaidentidade, sendooprojeto que
expressaum maior númerode
tipologiasdeUHs.
Harmonia espacial:relaçãoentre conforto ambiental e privacidade: a organização perimetral
ao redor de pátio não possibilita a obtenção da mesma orientação solar para todas as UHs.
Porém,oprojetoHeliópolisI
(verFigura46)consegueamesmaorientaçãoparaamaioriadelas
(sentidolongitudinaldoquarteirãoretangular),aindaquenãoaideal.Oformatoalongadodas
UHs em ambos os projetos contribui enormemente para o gradiente de intimidade e também
vem acompanhado da dupla orientação. Considerase que a privacidade entre UHs
confrontantes foi bem resolvida em ambos os projetos analisados através da previsão de
implantaçãodeárvores(HeliópolisI),todavianãorealizada,edesníveisnaentrada(HeliópolisI
eÁreanoBrás,verFigura46),alémdaboadistânciaentreUHsconfrontantes(cercade19mno
HeliópolisIe15mnoprojetoÁreanoBrás).
Figura46:
PlantadasUHsdoProjetoHeliópolisI(VB07);PlantaecortedeUHdoProjetoÁreanoBrás(M06).
Fonte:AU,1990.
Sentido de lar: ambos os projetos possuem ótimo gradiente de intimidade e agenciamento
entreambientes,paraosquaiscontribuiuoformatoalongadoressaltadoacima.Aárea(m²)
das UHs, em especial no projeto Área no Brás, é muito reduzida, variando de 8 a 33m²,
PÁTIO INTERNO
126
provavelmentecomprometendoaadequaçãoaousoespecialmenteseocupadaspelasfamílias
tipicamentenumerosas.
Opçõese flexibilidade:umamaiorvariedadedeopçõesdeUHséoferecidanoprojetoÁreano
Brás com casas planas, UHs tipo duplex, apartamentos e quartos de pensão. No projeto
HeliópolisI
sãooferecidasapenasUHsdeumededoisdormitórios.
Quadro9:ResumosobreapresençadeparâmetrosnosprojetosM06eVB07.
M06:edificaçãomelhorandoterreno;espaçoexternopositivo;circulaçãodepedestresecarros;vistas;hierarquia
entre espaços externos; recuo frontal nulo; demarcação de entrada coletiva; conjunto de entradas; ambientes
semiabertosaolongodoslimites;escadas
abertas;arcadas;diversidadedeusuários;equilíbriodeusosnacidade;
comércio local; gradiente de privacidade no layout do conjunto; edificação como complexo; porção principal da
edificação;layoutdacobertura;formatoalongado;UHsagregadascommaisdeumaorientação;terraçoentrecasa
epasseio;gradientedeintimidade;estratégiasparaprivacidade;áreacomum
nocentro;coresquentes.
VB07:edificaçãomelhorandoterreno;espaçoexternopositivo;circulaçãodepedestresecarros;hierarquiaentre
espaços externos; recuo frontal nulo; demarcação de entrada coletiva; conjunto de entradas; escadas abertas;
arcadas;equilíbrio deusos na cidade; comérciolocal; gradientede privacidadeno layout doconjunto; edificação
como complexo; formato
alongado; UHs agregadas com mais de uma orientação; gradiente de intimidade;
estratégias para privacidade; espaço físico congruente ao espaço de convívio; área comum no centro; cores
quentes.
Projetos Heliópolis II (VB08) com 58 UHs e Conjunto Rua Grécia em Cotia (H02) com 24UHs,
paralotescercade3.500m².
Sensibilidade ao ambiente construído e natural existente: o conjunto Heliópolis II
(ver Figura
47) apresenta caráter extrovertido em relação a entorno tranqüilo e de vistas privilegiadas,
apesar da proximidade com a favela Heliópolis. A implantação prioriza o bom aproveitamento
detopografiadifícileconexãomaisdiretacomarua:UHsescalonadasquecontornamterreno
emfrancodesnívelentrelaçamedificaçãoeentornocontribuindoparaespaçoexternopositivo,
neste caso a rua. O mesmo não se no conjunto Rua Grécia (ver Figura 47) que, apesar da
intenção de estabelecer relação harmoniosa com o entorno, parece mais determinado pelo
melhoraproveitamentodaorganizaçãoespacial(visandomaiorquantidadedeUHs)doque por
aquelasensibilidade. Tambémnãopriorizaaorientaçãosolarparaosespaços externos:a área
destinadaaparquedeareiaeplayground(de7naimplantaçãonaFigura47)situaseaoSul,
alémdeescondidadavisãodagrandemaioriadasUHs.Sobradosemfitasãoimplantadoscomo
127
blocosdesconectadosdapaisagemnoprojetoque,noentanto,exploravistaprivilegiada.

Figura47:
ImplantaçãoevistadoprojetoparaRuaGrécia(H02).ImplantaçãoevistadoprojetoHeliópolisII(VB
08).
Fonte:PROJETO,2003;Fonte:AU,1990.
Conectividade, legibilidade e sustentabilidade social: o formato irregular do lote e a escolha
organizacional impossibilitam espaço externo coletivo no conjunto Heliópolis II exceto por
pequenorecuofrontalresultantedalinearidadedobloco,queéreservadoparaestacionamento
externo ao conjunto. Os sistemas de entrada são ora individualizados (às UHs térreas é
estabelecidoporpequenasescadasquelevamajardinsfrontaisnapartemaisbaixadoterreno),
oramaisconcentrados(paraasUHs
superioresporescada egaleriasabertasdeacessoeainda
porescadasparaasUHstipoapartamento),porémsemprevoltadosparaarua.Constata seno
conjuntoRuaGrécia
aausênciadeespaçosexternospositivos.Apesardepossuirfachadascom
frenteparaasruas,osrecuosfrontaissãosignificativos,abrigandoestacionamentoexterno.Os
blocos de UHs são assentados em patamares em desnível em relação à rua acompanhando
terrenoacidentado,easUHssãoacessadasindividualmentesemdiferenciação.Diversidadede
usuáriosfoiprevistasomentenoconjuntoHeliópolisII.
Identidade:no conjunto HeliópolisIIe respectivasUHsa identidadeéreforçadaporgradiente
RU
A
RU
A
RUA
128
de privacidade no layout do conjunto associado a transições diferenciadas na entrada para as
UHs. O desnível contínuo do terreno no sentido longitudinal e também transversal na porção
mais baixa do terreno transparece em sutil variedade tipológica que reforça identidade por
partes: sobrados sobrepostos na parte mais baixa, com acesso mais preservado para as UHs
térreas,eUHs tipo apartamentonaesquina maisalta,com acesso porescadae galeria aberta
queconformaespaçodeentrada.NoconjuntoRuaGréciadiferenciaçãonoposicionamento
dedoisblocosmaisfrontaiseumblocodefundo,masfaltadeespaçosexternospositivose
ambientes de transição articulados aos blocos. As UHs são diferenciadas pela cobertura tipo
borboleta e também pelo recuo na agregação das caixas de escada entre UHs, enfatizando a
agregação duas a duas. As diferentes cores nas fachadas não correspondem a UHs e sim aos
diferentespavimentos,contribuindoparaaimagemdeblocoshorizontaisdeaptosiguaisenão
desobradosagregados.
Harmonia espacial: relação entre conforto ambiental e privacidade: o conjunto Heliópolis II
(ver Figura 48), apesar de não priorizar a orientação solar para o espaço externo, apresenta
duplaorientaçãoepoucaprofundidadeparatodasasUHs.Ocorreligeirodesnívelentrepasseio
eentradaquecolaboraparaaprivacidadeentreaUHearuanaporçãomaisbaixadoterreno.
OconjuntoRuaGrécia(verFigura48)garanteaduplaorientaçãoparatodasasUHseoformato
alongado das UHs contribui para o gradiente de intimidade, porém a relação largura
comprimento (2,8 x 10m) sem a possibilidade de abertura zenital prejudica uma melhor
qualidadedailuminaçãonatural.Ailuminaçãoeventilaçãonaturaisparaosdormitórios(de4
naplantadaFigura48)nafachadafrontaldasUHsficamprejudicadasvistoquesedãoapenas
através da porta para a sacada. Falta neste projeto estratégia de privacidade para as UHs
confrontantes (blocos paralelos), visto que a distância entre elas é de apenas 6,5m e que
sacadas com proteção mínima no piso superior do bloco mais alto se abrem para as UHs do
blocoinferior.
129

Figura48:
AxonométricadaUHdoprojetoHeliópolisII(VB08).PlantasdeUHsdoprojetoparaRuaGrécia(H02).
Fonte:AU,1990;PROJETO,2003.
Sentido de lar: no conjunto Heliópolis II o talude transversal natural do terreno sugeriu níveis
desencontrados para as UHs (splitlevel). Este tipo de UH colabora para o gradiente de
intimidade, expressão da verticalidade e agenciamento entre ambientes, dinamizando o
percurso: das galerias se tem acesso às salas e por meio de uma escada acedese às áreas
molhadas e em seguida aos dormitórios. O conjunto Rua Grécia apresenta bom gradiente de
intimidade.Porém,apesardaáreagenerosasecomparadaaoutrosprojetosdeHIS(60m²fora
o terraço na cobertura), aquela relação larguracomprimento (2,8 x 10m), adicionada ao
enclausuramentodacirculaçãovertical,prejudicaasexpressõesdecentralidadeeverticalidade,
desconectandoosespaçosdeconvívio.Apreendesequeosespaçosdeconvíviosofreramajuste
paramelhoradaptaçãoàracionalidadeconstrutiva.
Opções e flexibilidade: UHs de um, dois e três dormitórios são oferecidas no conjunto
HeliópolisII
.noconjuntoparaaRuaGrécianãosãooferecidasopçõesdediferentesdeUHs.
Quadro10:ResumosobreapresençadeparâmetrosnosprojetosVB08eH02.
VB08: edificação melhorando terreno; entrelaçamento edificação e entorno; espaço externo positivo; vistas;
conjuntodeentradas;ambientessemiabertosaolongodoslimites;diversidadedeusuários;equilíbriodeusosna
cidade; transição na entrada; circulação interativa;
gradiente de privacidade no layout do conjunto; edificação
como complexo; UHs agregadas com mais de uma orientação; formato alongado; gradiente de intimidade,
estratégiasparaprivacidade;áreacomumnocentro;espaçofísicocongruenteaoespaçodeconvívio;variaçãode
direito;escadacomopassagemvisível.
H02: vistas; ambientes semiabertos ao
longo dos limites; formato alongado; UHs agregadas com mais de uma
orientação;gradientedeintimidade;ruaspermeáveis;áreacomumnocentro.
130
Projeto Habitasampa Assembléia (VA04) com 160 UHs em lote cerca de 2.000m², e projetos
CAIXAIABparaummesmolotecercade 1.000m²,sendo(VA01)com 62UHs, (VA02)com98
UHse(VA03)com65UHs.
Sensibilidade ao ambiente construído e natural existente: ao implantar a lâmina
transversalmente à direção do vale da Avenida 23 de Maio, considerase que o projeto
Habitasampa Assembléia (ver Figura 49) cria espaço externo demasiadamente aberto e
inclinado (rampa) em porção privilegiada do lote (divisa com o vale), não contribuindo para a
articulação com os demais espaços externos coletivos do entorno. A orientação solar para a
lâminahabitacionaleespaçoexternoentreosdoisedifíciosprojetados(noníveldaRuaRodrigo
Silva)ficaprejudicadaemespecialdevidoàproximidadedoedifícioprojetadoparaaSecretaria
de Negócios Jurídicos, que bloqueia boa parte da fachada Norte da lâmina habitacional. os
projetos CAIXAIAB (VA01), (VA02) e (VA03) (ver Figura 49, Figura 50 e Figura 51) foram
idealizados para um mesmo terreno no centro da cidade de São Paulo, próximo ao Vale do
Anhangabaú.Apesardoformatoregular(cercade29x31m),oloteapresentadeclividadeparao
fundo.Olotevizinhodeesquinaapresentadimensõesquenãopermitemfuturaverticalização,
possibilitandoàstrês propostas a conexãovisualcomo Vale do Anhangabaú.O projeto CAIXA
IAB(VA03)optapelamelhororientaçãosolaraoimplantarlâminaverticalperpendicularàrua
criando pátio em recuo lateral maior do terreno (cerca de 17m) para a face Norte. Ao criar
garagem no subsolo o projeto neutraliza o desnível do terreno, mantendo o pátio criado no
mesmo nível da rua, contribuindo para maior permeabilidade e conexão com a mesma. A
conexãovisualcomoValeapartirdasgaleriasabertasdeacessoàsUHsnospisossuperioresé
garantida por recuo lateral menor (cerca de 3m). O projeto CAIXAIAB (VA01)
não opta pela
melhor orientação solar visto que a lâmina paralela à rua faz sombra durante toda a tarde na
lâmina perpendicular à mesma bem como no pátio que, por sua vez, manteve a topografia
original,ficandoa3mabaixodoníveldarua.AconexãovisualcomoValeapartirdasgalerias
abertas de acesso às UHs nos pisos superiores é garantida por recuo lateral menor (cerca de
3m)queabrigaarampadeacessoaopátio.aimplantaçãodoprojetoCAIXAIAB(VA02)
opta
pelapiororientaçãosolar,vistoqueumadaslâminasocupaafaceNortedolote,ficandoopátio
aoSul,que,por suavez, manteveatopografiaoriginal, ficandoa3mabaixodoníveldarua.A
131
conexão visual com o Vale ocorre a partir das galerias abertas de acesso às UHs nos pisos
superiores.Nãoseencontramdisponíveisaimplantação(todaviaclaranasperspectivasaéreas)
nemaplantatipodasUHs.Emtodososprojetosacirculaçãodepedestresfoipriorizada.

Figura 49: Implantação do projeto Habitasampa Assembléia (VA04). Implantação do projeto CAIXAIAB (VA03).
ImplantaçãodoprojetoCAIXAIAB(VA01).
Fonte:Dadoscedidospelosrespectivosautores;<www.vitruvius.com.br/institucional>.

Figura50:VistadoprojetoHabitasampaAssembléia(VA04).VistadoprojetoCAIXAIAB(VA03).Vistasdoprojeto
CAIXA
IAB(VA01).
Fonte:<www.vitruvius.com.br/institucional>;Dadoscedidospeloautordoprojeto;
<www.vitruvius.com.br/institucional>.
Conectividade, legibilidade e sustentabilidade social: constatam se nos projetos Habitasampa
Assembléia, CAIXAIAB (VA01) e (VA02) a falta de articulação e hierarquia entre espaços
externos.Comosepodeobservarnavistasimulada(Figura50),apequenapraçaprojetadapara
a Rua Rodrigo Silva no projeto Habitasampa Assembléia é escura, ladeada pela fachada cega
projetada à direita, e demasiadamente estreita ao fundo (apesar de enquadrar interessante
vista para o vale), desembocando em espaço externo excessivo e inclinado. Um ambiente de
estar coletivo criado nos pavimentostipo permite conexão visual com a Praça Carlos Gomes
(fachada da Rua Assembléia)
e contribui para uma transição na entrada das UHs. Os projetos
RUA RODRIGO SILVA
R. ASSEMBLÉIA
RUA BRIGADEIRO TOBIAS
RUA BRIGADEIRO TOBIAS
132
CAIXAIAB(VA01)e(VA02)mantémodesníveloriginaldoterrenoquecaiparaofundo,oque
nãocontribui paraaconexãocomaruaevivacidadedosrespectivospátiospropostos,aliadoà
deficiência luminosa descrita anteriormente. o projeto CAIXAIAB (VA03) cria hierarquia
entre o espaço coletivo da rua e o projetado no recuo lateral do lote. O sistema de entrada é
gradual,commudança de níveis econformaçãode jardins epracinhasque conduzem aonível
térreo levemente elevado em relação à rua, chegandose à entrada coletiva do edifício. Os
projetosCAIXAIAB(VA01),(VA02)e(VA03) propõemcrechee salãomúltiplo uso.Oprojeto
CAIXAIAB (VA02)
apresenta a maior densidade dos demais para o mesmo lote, além de
tambémseroúnicoapropormóduloscomerciaisnotérreo.

Figura51:VistasdoprojetoparaConcursoCAIXAIAB(VA02).
Fonte:<www.vitruvius.com.br/institucional>
Identidade: a grande rampa no projeto Habitasampa Assembléia cria distinção visual sem, no
entanto, contribuir para uma melhor definição do espaço externo. No projeto CAIXAIAB (VA
03)aentradacoletivadoedifícioédiferenciadanafachadadosandaressuperioresporsacada
no hall de circulação e, vista a uma maior distância, por coroamento diferenciado que abriga
mirante múltiplo uso. Nos pisos superiores as galerias abertas de acesso às UHs, apesar do
traçadoretilíneo,nãosãomuitolongaseassim nãoprejudicama legibilidadenaescalainterna
do percurso. No projeto CAIXAIAB (VA01)
, apesar da lâmina paralela à rua ser recuada em
relação à mesma, sua cobertura (no 13º pavimento) mantêmse no alinhamento do lote,
criando moldura com o objetivo de estabelecer referência visual. Porém, ao que indicam as
perspectivasaéreasdoconjunto,areferidamolduraaliadaàtipologiaverticalizadaem“L”
que
seagregaàfachadacegavizinhaépercebidacomoexcessiva.
133
Harmonia espacial: relação entre conforto ambiental e privacidade: a tipologia de agregação
de UHs no projeto Habitasampa Assembléia de UHs espelhadas com orientação única
(circulaçãodouble loaded, ver Figura52)nãoé a ideal para aagregaçãode UHs vistoquenão
permitemaisdeumaorientaçãoparaasmesmas.Alémdisso,aorientaçãosolardalâminaestá
inadequada, que quase metade das UHs tem aberturas
apenas para o Sul e o edifício
projetadoparaaSecretariafarásombraemboapartedasUHsdafachadaNortedalâmina.Nos
projetosCAIXAIAB(VA03)
,(VA02)e(VA01)(verFigura52eFigura51)alarguradalâminaé
suficiente apenas para uma tira de UHs agregadas mais circulação, que é aberta, obtendose
assimduplaorientaçãoparatodasasUHs.NosprojetosCAIXAIAB(VA03)e(VA01)atipologia
e a escala doprojetominimizam a possibilidade de perda de privacidade entre UHs, que se
tratadeapenascincoUHsporpavimentoesuasentradasnãoseconfrontam.Algosimilardeve
acontecernoprojetoCAIXAIAB(VA02)apartirdeinformaçõesdescritas(faltam,porém,dados
gráficos):umtotalde7UHssãodispostasem2lâminasarticuladascomvãostípicosde7,1me
divisão das UHs em três faixas: áreas de convívio e permanência, área para conjuntos
hidráulicoseáreaparacirculaçãodeacesso.

Figura 52: Trecho da planta tipo do projeto Habitasampa Assembléia (VA04). Trecho da planta tipo do projeto
CAIXAIAB(VA03).TrechodaplantatipodoprojetoCAIXAIAB(VA01).
Fonte:Dadoscedidospelosrespectivosautores;<www.vitruvius.com.br/institucional>
Sentidodelar:nasUHsdoprojetoHabitasampaAssembléiaobservaserazoáveladequaçãoao
usoeagenciamentoentreambientes.Observasemelhorgradientedeintimidadenolayout das
UHs dos projetos CAIXAIAB (VA03)
e (VA01), bem como adequação ao uso e agenciamento
134
entre ambientes. Na fachada que faceia o pátio no projeto CAIXAIAB (VA03) sacadas com
fechamentopor brisesarticuladossanfonadosecontroláveispelosusuários definemum limite
permeável entre UHs, o pátio e a rua, propiciando o controle do gradiente de luminosidade e
privacidadeconformedesejados.Valeressaltar,todavia,queasáreas(m2)sãomínimas.
Opções e flexibilidade: todos os projetos acomodam diversidade
de usuários oferecendo
quitineteseUHsdeumededoisdormitórios,inclusiveporexigênciadoseditaisdosrespectivos
concursos. Na planta do pavimento tipo do projeto Habitasampa Assembléia os conjuntos
hidráulicos são concentrados ao longo das circulações de acesso e toda a laje foi concebida
comoumaplataformalivre.Asopçõesdelayoutsãovariadaseflexíveis(a divisãoentreUHse
entresaladeestaredormitóriopodesempreseralterada),porémcomprejuízoàiluminaçãoe
ventilação naturais. as plantastipo dos projetos CAIXAIAB (VA01) e (VA03) permitem
arranjos de quantidades maiores ou menores de um determinado tipo de apartamento sem
prejuízo à iluminação e ventilação naturais bem como ao gradiente de intimidade. Pelas
descrições do projeto CAIXAIAB (VA02) os conjuntos hidráulicos são concentrados ao longo
dascirculaçõesdeacessoepodeseconcluir queaplantatiponãopermitediferentesarranjos
dequantidadesdeUHs.
Quadro11:ResumosobreapresençadeparâmetrosnosprojetosVA04,VA01,VA02,VA03.
VA04: circulação de pedestres e carros; vistas; ambientes semiabertos ao longo dos limites; diversidade de
usuários;equilíbriodeusosnacidade;áreacomumnocentro.
VA01:vistas;ambientessemiabertos
aolongodoslimites;diversidadedeusuários;equilíbriodeusosnacidade;
UHsagregadascommaisdeumaorientação;gradientedeintimidade;áreacomumnocentro;flexibilidadedeuso.
VA02:vistas;ambientessemiabertosaolongodoslimites;diversidadedeusuários;equilíbrio deusosnacidade;
comérciolocal;UHsagregadas
commaisdeumaorientação.
VA03:edificaçãomelhorandoterreno;espaçoexternopositivo;orientaçãosolarparaespaçoexterno;unidadesao
redordepátio;circulaçãode pedestres ecarros;vistas;formato de caminhos;hierarquiaentreespaçosexternos;
ambientessemiabertosaolongodoslimites;diversidadedeusuários;equilíbriodeusosnacidade;
demarcaçãode
entrada coletiva; UHs agregadas com mais de uma orientação; luz natural interna; espaço físico congruente ao
espaçodeconvívio;gradientedeintimidade;áreacomumnocentro;gradientedasaberturas;flexibilidadedeuso.
135
Projetos Paranapanema (VB05) com 8UHs, e Cohab Pedro Facchini (VB02) com 12 UHs, em
lotesmenoresque1.000m².
Sensibilidadeaoambienteconstruídoenaturalexistente:oprojetoParanapanemaintenciona
inserirseemdiversoslotesvaziosdobairro(nãoidentificadosnapublicação).Propõeumúnico
módulo básico de UH em blocos que geram espaços externos coletivos entre eles e são
implantadosoradeformaperpendicularoraparalela àrua.oprojetoPedroFacchiniseajusta
com sintonia ao formato diferenciado e peculiaridades do local: conforma espaço externo
positivo que cria interface permeável. Observase neste projeto a priorização da orientação
solarparaoespaçoexternoerespectivasUHs.
Figura53:
ImplantaçãoevistasdoprojetoParanapanema(VB05).
Fonte:AU,1991.

Figura54:
ImplantaçaoevistadoprojetoPedroFacchini(VB02).
Fonte:PROJETO,2004.
Conectividade, legibilidade e sustentabilidade social: sobre a implantação do projeto
Paranapanema pouco se pode afirmar visto que os diversos lotes não estão representados e
nãofoipossívelidentificálos.Masnoexemploilustradopodeseobservarapoucadefiniçãodos
espaços entre os blocos, apesar da escala adequada ao entorno (vãos de cerca de 12m entre
blocos de 5 x 28m) e da previsão de vegetação. Escadas abertas dão acesso às UHs de único
RUA
136
pavimentosuperiorapartirdoespaçoexternocoletivocriadonovãoentreblocos.Oarquiteto
também menciona a intenção de inserir módulos mistos dotados de UHs no piso superior e
comércio no térreo. O projeto Pedro Facchini, apesar das fortes limitações do lote, consegue
criarcontinuidadeediferenciaçãoentreoespaçocoletivodaruaeoprojetadonorecuolateral.
Com recuo frontal nulo, o sistema de acesso consiste de térreo liberado na porção frontal do
blocoque conduz aorecuolaterala partir do qual se o acesso às UHs térreaseàsescadas
abertas para as UHs superiores. Para este recuo também se abrem janelas e sacadas, com
razoávelvisãoecomunicaçãocomarua,omesmoocorrendonafachadafrontal.Diversidadede
usuárioséprevistasomentenapropostaPedroFacchini.
Identidade: no projeto Paranapanema o único módulo básico de UH proposto se acopla de
maneiraespelhadaemduasouquatroUHsquese repetemnopavimento superior,o quenão
contribui para a identidade de UHs. No projeto Pedro Facchini a identidade é reforçada por
gradiente de privacidade no layout das UHs, que ora se abrem para a rua ora para o pátio, e
também pela demarcação de entrada coletiva através de diferenciação na porção frontal do
bloco por volume, cor e desenho das sacadas das UHs tipo duplex de 1 dormitório. Neste
projetoadiferenciaçãodeUHsexpressaadiversidadedeusuáriosdaproposta.
Harmonia espacial: relação entre conforto ambiental e privacidade: em ambos os projetos o
formatoalongadodasUHscontribuiparaogradientedeintimidadeeaagregaçãopelasparedes
laterais menores possibilita boa iluminação natural interna. No
projeto Paranapanema, apesar
dadistânciaentreblocosserde12meserprevistaaimplantaçãodevegetação,aquele tipode
agregaçãoacarretaanecessidade(nãoatendida)deestratégiasparaaprivacidadeemespecial
entreUHstérreasconfrontantes ouentre UHsrreasearua,devidoàimplantação deblocos
em paralelo ou
de blocos faceando a rua em seu sentido longitudinal (ver Figura 53). O
problema não ocorre no projeto Pedro Facchini pelo fato do único bloco projetado facear um
muro.Tambémfaz falta noParanapanema
aduplaorientação. o projeto PedroFacchini,ao
orientarse corretamente,garante a melhor insolação para a fachada com o maior número de
aberturas.Poços de luzeventilação caracterizamafachadaSul nadivisadolote,garantindo a
duplaorientaçãoparatodasasUHs.
137
Figura55:PlantatipoprojetoPedroFacchini(VB02).
Fonte:PROJETO,2004.
Figura56:
PlantatipodoprojetoParanapanema(VB05).
Fonte:AU,1991.
Sentido de lar: em ambos os projetos os atributos gradiente de intimidade e agenciamento
entreambientessãoalcançados,com destaqueparaumamelhoradequaçãoaousonoprojeto
Paranapanema quando comparado ao projeto Pedro Facchini devido à maior generosidade de
áreaporUH(55m²contra35a43m²).
Opçõeseflexibilidade:variedadedeUHsparadiferentesusuários éoferecidanoprojetoPedro
FacchinicomUHsde1dormitórionotérreoeUHstipodúplexdeumedoisdormitóriosnoe
pavimentos.(UHsdeumdormitórionotérreoeduplexdeumededoisdormitóriosnoe
pavimentos).oprojetoParanapanema
oferecesomenteUHsdedoisdormitórios.
Quadro12:ResumosobreapresençadeparâmetrosnosprojetosVB05,VB02.
VB05:escadasabertas;equilíbriode usosnacidade;comérciolocal; formatoalongado;gradientedeintimidade;
espaçofísicocongruenteaoespaçodeconvívio;áreacomumnocentro.
VB02:edificaçãomelhorandoterreno;espaçoexternopositivo,orientaçãosolar
paraespaçoexterno;UHsemfita;
recuo frontal nulo; ambientes semiabertos ao longo dos limites; diversidade de usuários; equilíbrio de usos na
cidade; escadas abertas; gradiente de privacidade no layout do conjunto; transição na entrada; demarcação de
entrada coletiva; porção principal da edificação; UHs agregadas com mais de uma
orientação; gradiente de
intimidade;luznaturalinterna;áreacomumnocentro;coresquentes.
RUA
RUA
MURO
138
PROJETOSDEHABITAÇÃOCOLETIVAPARADEMAISFAIXASDERENDA
NoQuadro13aseguirelencamseosprojetosdoreferidogrupodeprojetos:
Quadro13:GRUPODEPROJETOSPARADEMAISFAIXASDERENDA.
PontaldeGuaratubaemBertioga(H04);
EdifícioVilleCapFerrat(VA06);
VilanobairroJabaquara(M02),VilaPirandello(H01)eVilaFidalga(H03);
EdifíciosLivingLoft(VA07),DúplexTopTower(VA08)eHelborLoft
(VA09);
EdifícioAvallon(VA11);
ConjuntoOndesolnoGuarujá(VB10),EdifícioPuntaDelLestenoGuarujá(VA13).
ProjetoPontaldeGuaratubaemBertiga(H04)com27UHsemlotecercade15.000m².
Figura57:Implantação,vistaaéreaefotosexternasdoprojetoPontaldeGuaratuba(H04).
Fonte:<www.marcosgaviao.com.br>.
Sensibilidade ao ambiente construído e natural existente: Tiras de casas assobradadas criam
dois espaços externos coletivos que fazem parte de projeto de revegetação com espécies
nativasdaMataAtlântica,estabelecendoboaconexãocomapraia,inclusivevisívelatodasas
UHs desde o piso superior (ver Figura 57). Do que se pode perceber pela imagem de satélite
(ver ficha), a região é ainda pouco habitada e a entrada do conjunto se por uma das ruas
principaisdeacessoàfozdorioGuaratuba,bempróximoaolocal.Nãosepercebemmurosde
divisapelasfotosdisp oníveis, apenas desnívelentrea praia e osespaçosexternos coletivos. A
PRAIA
139
implantaçãotirapartidodavistaeentrelaçamentocomolugar,porémsemprejuízoàinsolação
dosespaçosexternos.OacessodepedestresentreapraiaeasUHséseparadododeveículos.
Conectividade, legibilidade e sustentabilidade social: a organização espacial em tiras de UHs
denteadas conforma espaços positivos integrados aos espaços coletivos abertos. Ambientes
semiabertos(varandanotérreoeterraçonopisosuperior)aolongodoslimitesdasUHscriam
espaçospermeáveis.
Identidade: não diferenciação entre UHs individuais ou gradiente de privacidade no layout
do conjunto, que se caracteriza pela horizontalidade. Ocorre transição na entrada das UHs
individuaisporvarandaspeloespaçocoletivoabertoelevedesnívelemsuasentradas(verfoto
nafiguraabaixo).Nãofotosdisponíveisdaentradadoconjunto.

Figura 58:Fotos mostrando aberturas nasfachadas Nortee Sul e Norte das UHs no Pontal de Guaratuba (H04).
PlantasdospisostérreoesuperiordasUHs.
Fonte:<www.marcosgaviao.com.br>.
Harmonia espacial: relação entre conforto ambiental e privacidade: a falta de dados gráficos
demelhorresoluçãoparaasplantasdasUHsprejudicamaanálisedasmesmas(verFigura58).
140
A orientação NorteSul dos espaços externos garante insolação direta para todas as UHs, que
possuem aberturas em três fachadas além de janelas altas entre as águas da cobertura, que
colaboramparaoconfortotérmicobemcomoparaaprivacidade(verfichadoprojeto).Porém,
o espelhamento das UHs em relação aos espaços externos e o fato das maiores aberturas
facearem o Sul demonstram a não priorização da insolação para as UHs, que nitidamente se
abrem para a vista da praia ao mesmo tempo em que buscam maior privacidade para as
fachadasNordesteeNoroestedosespaçoscoletivos(verfotonaFigura57).
Sentido de lar: além dos atributos básicos alcançados no layout das UHs: adequação ao uso,
gradiente de intimidade
(as zonas mais públicas são voltadas para os espaços extenros
coletivos), expressões de centralidade e agenciamento entre ambientes, observase também
transição na entrada, expressão de verticalidade, circulação com contraste, vistas, cores
quentesemurosdepedra.
Opçõeseflexibilidade:oprojetonãoofereceopçõesparadiferentesusuários.
Quadro14:ResumosobreapresençadeparâmetrosnoprojetoH04.
H04:
orientação solar para espaço externo; UHs ao redor de pátio; entrelaçamento entre edificação e lugar;
circulação de pedestres e carros; acesso e respeito a porções de água; vistas; ruas permeáveis; espaço externo
positivo; hierarquia entre espaços externos; ambientes semiabertos ao longo dos limites; transição na entrada;
UHsagregadascommais
deumaorientação;estratégiasparaprivacidade;espaçofísicocongruenteaoespaçode
convívio;gradientedeintimidade;áreacomumnocentro;coresquentes;paredesagradáveisaotato.
ProjetoEdifícioVilleCapFerrat(VA06)com25UHsemlotecercade4.000m².
Sensibilidade ao ambiente construído e natural existente: o projeto para faixa de renda alta
caracterizase por pouca interface com o entorno visto tratarse de condomínio fechado. O
bairroverticalizadoapresentaváriosoutroscondomínioscomamesmaorganizaçãoespacial
de torre isolada em meio a grande jardim privativo
que inclui área de lazer completa e
requintada.Mesmoseretiradoomurodadivisa,nãoserápossívelmaiorpermeabilidadecomo
entornovistoqueoprojetoalterouodesníveldo terrenoparaabrigargrandeestacionamento
141
coberto,quecriafachadascegas emambasasdivisasNorteeSul doterreno (verimplantação
naFigura59efotosnaFigura60).
Conectividade, legibilidade e sustentabilidade social: a organização espacial em torre não
possibilitouaconformaçãoespaçospositivosintegradosaosespaçosexternos.Ambientessemi
abertos (terraços) ao longo
dos pisos de UHs são os únicos a estabelecer comunicação com a
rua. A portaria para pedestres é totalmente protegida e subutilizada, e a entrada de veículos
configurase na prática como a principal. Após entrada pela portaria, ocorre transição na
entradacoletivaporescada e ambientesdeestarno térreoelevado,todavia demasiadamente
privativa.
Figura59:
ImplantaçãoEdifícioVilleCapFerrat(VA06).
Fonte:PROJETO,2003.
Identidade: a torre vertical se destaca na paisagem, mas as UHs se repetem em todos os
pavimentos.Tambémnãoocorreumgradientedeprivacidadenolayoutdoconjunto.
RUA
RUA
142

Figura 60: Fotos externas do edifício Ville Cap Ferrat (VA06). Foto externa do mesmo edifício tirada a partir do
condomínioemfrente(acimadoníveldarua).
Fonte:Arquivopessoal;<www.arcoweb.com.br>.
Harmoniaespacial:relação entreconfortoambientale privacidade:todasas lateraisdasUHs
possuem aberturas, que cada UH ocupa um piso. O formato quadrangular da planta não
facilitaogradiente deintimidadeque,todaviaéobtidoatravésdacompartimentaçãoexcessiva
dosambientes.
Sentido de lar: considerase que a busca por privacidade se de forma exageradano layout
das UHs através de sua compartimentação, o que acaba por prejudicar o agenciamento entre
ambientes e uma circulação mais interativa. O parâmetro Seqüência de nichos (ver Tabela 6),
emqueambiente amploabriganichoscujo grau defechamento varia emfunção dogradiente
deintimidadefazfaltanesteprojeto.Aindaassim,osambientessãoadequadosaouso,ocorrem
expressões de centralidade, ambiente de entrada, exploramse vistas para o exterior, cores e
diferentestexturasnosacabamentos.AvistapartirdasUHsindividuaiséprivilegiada.
Opçõeseflexibilidade:oprojetonãoofereceopçõesparadiferentesusuários.
143
Figura61:PlantatipoEdifícioVilleCapFerrat(VA06).
Fonte:PROJETO,2003.
Quadro15:ResumosobreapresençadeparâmetrosnoprojetoVA06.
VA06:vistas;ambientessemiabertosaolongodoslimites;equilíbriodeusosnacidade;UHsagregadas commais
de uma orientação; gradiente de intimidade; espaço físico congruente ao espaço de convívio; área comum no
centro; ambiência para refeições; ambiente
de entrada; varandautilizável; cores quentes; paredes agradáveis ao
tato.
ProjetoVila nobairroJabaquara(M02)com 20UHs emlotecercade3.000m², eprojetosVila
Pirandello(H01)com04UHseVilaFidalga(H03)com06UHsemlotescercade1.500m².
Sensibilidadeaoambienteconstruídoenaturalexistente:oterrenodoprojetoVilaFidalgaéo
que mais apresentou desafios ao projeto: formato irregular e topografia íngreme, aos quais
respondeu com a agregação lateral de UHs formando dois grupos de três casas adequados ao
desnívelnaturaldoterreno,ecompercursodepedestresdeformairregularladeadoporáreas
privativasesemiprivativas,que
ofereceacessoacadaUHaomesmotempoemquearticulao
acesso entre as duas ruas que definem o terreno. A irregularidade dos espaços contribuiu na
conformaçãode espaços externos positivos que recebemboainsolação,eoslimites dascasas
entresieentreelaseseusacessosestãoentrelaçados.Garagemcoletivatementrada nonível
mais baixo da rua, e cada UH pode ser acessada individualmente a partir dela. A proposta de
Vila no Jabaquara
responde a terreno de forma e topografia regulares com clara conexão
espacialaoambienteconstruídoexistente,dandocontinuidadeaotraçadodasvias,tipologiae
escala dos sobrados. A circulação de pedestres também é priorizada. a proposta da Vila
144
Pirandelloprioriza avalorização dosespaços privativosemdetrimentodoscoletivos:oprojeto
emterrenodeformaretangularedetopografiaemaclivede4memrelaçãoàruadeacessotira
partidodo desnívelpara acomodaras partesmenosnobresda casa(garagem, depósitoe área
de serviço) e das vistas e iluminação natural proporcionadas aos pavimentos superiores. A
massadeárvoresqueformavaum“C”emtornodaantigaconstruçãomencionadaporCorbioli
(2004,p.68)nãopareceter sidovalorizada naconformação dosespaços externos,easpoucas
árvorespreservadasvêmsendoquaseeliminadaspelosusuários(verfotosnafichadoprojeto),
provavelmentepelaquestãodasegurança(visibilidade).

Figura62:ImplantaçãodaVilaPirandello(H01);ImplantaçãodaVilaFidalga(H03).
Fonte:Dadoscedidospelosrespectivosautores.
Figura63:
ImplantaçãodaVilanobairroJabaquara(M02).
Dadoscedidospeloautordoprojeto.
RUA
RUA
RUA
RUA
RUA
145
Conectividade,legibilidadeesustentabilidadesocial:aorganizaçãoespacialperimetraldetiras
deUHsassobradadasnoprojetoVilanoJabaquaraconformaespaçosexternospositivosatravés
de estreitamentosealargamentosintegrados àscalçadaseruasdeacesso.Terraçosnos pisos
superioresaolongodoslimitesdasUHscriamconexãovisualcomoentorno.Olotefazpartede
quadraebairroadensadoedeusomisto,esãooferecidasopçõespara
diversidadedeusuários.
Apesardeinseridoemvizinhançamenosdensaondepredominaousoresidencialparamédiae
altarenda,oprojetoVilaFidalga
permitediversidadedeusuários.Terraçosnospisossuperiores
também criam conexão visual com o entorno, e o percurso de formato irregular descrito
estabelece hierarquia entre espaços externos coletivos e cria conjunto de entradas
diversificado.noprojetoVilaPirandellooespaçoexternocoletivoconsisteexclusivamentede
ruadeacessoàsUHs.Terraçosnospisossuperioresestabelecemconexãovisualcomoentorno,
porémmuroerecuofrontaisdistanciamoconjuntodaruadeacesso.
Figura64:FachadafrontaldaVilaPirandello(H01).
Fonte:Dadoscedidospeloautordoprojeto.
Figura65:
FachadalateraldaVilaFidalga(H03).
Fonte:Dadoscedidospeloautordoprojeto.
Figura66:
FachadafrontaldaVilanobairroJabaquara(M02).
Fonte:Dadoscedidospeloautordoprojeto.
146
Identidade: não diferenciação entre UHs individuais ou no gradiente de privacidade no
layout do conjunto no projeto Vila Pirandello. As entradas individuais das UHs são bem
demarcadas,porémsemtransiçãoemrelaçãoàrua,queacabariamesmosendodesnecessária
dada a incomunicabilidade com aquela.Ocorretransição na entrada dasUHsdoVilaFidalgaa
começar por hall coletivo na entrada do conjunto e, em cada UH, por varanda, recanto de
formatodiferenciado,mudançadedireção,pergoladoouusodevegetação.Aidentidadeémais
marcante enquanto conjunto especialmente por variação na altura das edificações e,
especificamente na Vila no Jabaquara
, também por variedade tipológica (edifício de
apartamentos), porém expressando em ambos os casos diversidade de usuários. Também
ocorre gradiente de privacidade no layout das UHs que se abrem ora para a rua ora para os
espaçoscoletivosinternosemambososprojetos.
Harmoniaespacial:relaçãoentreconfortoambientaleprivacidade:noprojetoVilaPirandello
a disposição das UHs valoriza a insolação para os espaços externos (varanda, piscina e
churrasqueira). Todas as UHs possuem mais de duas orientações devido a aberturas nas duas
fachadasopostaseaoafastamentolateralparcialentreUHsnoepavimentos.Ogradiente
deintimidadeégarantidoporformatoalongadotantonahorizontal(formatoretangular,ainda
quebastanteavantajado)comonavertical(distribuiçãodos ambientesemtrêspavimentos),e
estratégias para privacidade entre UHs são utilizadas: aberturas de banheiros para área
reservada e empena cega perpendicular à grande abertura da sala de estar. Observandose
externamente o uso das UHs (ver fotos na ficha do projeto) podese deduzir que o partido
adotado de loft envidraçado” definido pela iluminação natural e sensação de amplitude
acarreta luminosidade excessiva e falta de privacidade para os usuários, que vedaram com
cortinasohall deentradadedireitoduplo.Noprojeto Vila Fidalgaoformato alongado das
UHsnaverticalcolaboratantoparaogradientedeintimidadecomoparadotarlhesdemaisde
duas orientações. Uma variedade de estratégias para privacidade entre aberturas das UHs foi
desenvolvidaespecialmentedadaaênfasecoletivadoconjunto.Recursosutilizados:abrirpara
locaisondenãohouvessevizinhospróximos(fachadaNorte),abrirparaminipátiocomfachada
cegaembrancoouaumadistânciamínimade9mcomaproteçãodevegetaçãoedivisóriasde
madeira, ou ainda para pátio interno à UH. Não abrir diretamente para o percurso e estar
147
comum,utilizandosededomusnosbanheiros.NoprojetoparaVilanoJabaquaraaorientação
NorteSuldastirasdeUHsespelhadasnãoéaideal,porémtodasasUHspossuemmaisdeuma
orientação.OformatoalongadocontribuiparaogradientedeintimidadedasUHs.

Figura67:
PlantasdaUHtípicadosprojetosVilaPirandello(H01),VilaFidalga(H03)eVilanobairro Jabaquara(M
02).
Fonte:Dadoscedidospelosrespectivosautores.
Sentidodelar:ostrêsprojetosapresentamriquezadeatributosquecontribuemparaosentido
de lar, incluindo adequação ao uso, gradiente de intimidade, expressões de centralidade e
verticalidade e agenciamento entre ambientes. Ambiente de entrada em cada UH ocorre no
projetoVilaPirandello
,etransiçõesnasentradasocorremnosprojetosVilanobairroJabaquara
e com maior variedade no projeto Vila Fidalga
. Circulação interativa e com contraste de
iluminação e de vistas também ocorrem nos três projetos. Uma maior exploração das
qualidadessensoriaisdosmateriais(luztotal,agradabilidadeecontrasteaotato,diferenciação
depiso)ocorrenosprojetosVilaPirandello
eVilaFidalga.
Opções e flexibilidade: uma maior variedade de opções de UHs é oferecida no projeto Vila
Fidalga.OprojetoparaVilanoJabaquaraofereceopçõesdesobradosedeapartamentos.o
projetoVilaPirandello
nãoofereceopçõesparadiferentesusuários.
148
Quadro16:ResumosobreapresençadeparâmetrosnosprojetosH01,H03eM02.
H01: vistas; ruas permeáveis; ambientes semiabertos ao longo dos limites; entrada principal da UH; orientação
solar para espaço externo; formato alongado; UHs agregadas com mais de uma orientação; estratégias para
privacidade; gradiente
de intimidade; espaço físico congruente ao espaço de convívio; área comum no centro;
lareira;ambientedeentrada;varandautilizável;circulaçãointerativa;seqüênciadenichos;escadacomopassagem
visível;circulaçãocomcontraste;coresquentes;paredesagradáveisaotato;balcãoiluminado.
H03: edificação melhorando terreno; entrelaçamento edificação e lugar; espaço externo positivo;
circulação de
pedestresecarros;orientaçãosolarparaespaçoexterno;vistas;formatodecaminhos;ambientessemiabertosao
longo dos limites; hierarquia entre espaços externos; conjunto de entradas; edifícios conectados; diversidade de
usuários;transiçãonaentrada;gradientedeprivacidadenolayout doconjunto;edificaçãocomocomplexo;porção
principal da edificação; formato alongado;
UHs agregadas com mais de uma orientação; estratégias para
privacidade; espaço físico congruente ao espaço de convívio; gradiente de intimidade; área comum no centro;
circulaçãointerativa;circulaçãocomcontraste;coresquentes;paredesagradáveisaotato;zonasdepiso.
M02: edificação melhorando terreno; entrelaçamento edificação e lugar; espaço externo positivo; circulação
de
pedestrese carros;formato de caminhos;ambientes semiabertos aolongo doslimites; hierarquiaentre espaços
externos; conjunto de entradas; edifícios conectados; diversidade de usuários; equilíbrio de usos na cidade;
transiçãonaentrada;gradientedeprivacidadenolayout doconjunto;edificaçãocomocomplexo;porçãoprincipal
daedificação;formatoalongado;UHs
agregadascommaisdeumaorientação;espaçofísicocongruenteaoespaço
deconvívio;gradientedeintimidade;áreacomumnocentro;ambientedeentrada;circulaçãointerativa;circulação
comcontraste.
Projetos de edifícios Living Loft (VA07), Dúplex Top Tower (VA08) e Helbor Loft (VA09) com
cercade100UHscada,emlotescercade1.500m².
Sensibilidade ao ambiente construído e natural existente: os projetos de lofts (ou duplexes)
almejampúblicoalvomaisespecífico:emgeralpopulaçãojovem,comfaixaderendaaltaesem
crianças. Os modelos inspiradores são os lofts novaiorquinos, e a arquitetura dessas UHs
tipicamente inclui direito duplo com sala integrada à cozinha e quarto no mezanino. Os
projetosanalisadoscaracterizamseporpoucainterfacecomoentornovistotratarsede torres
em condomínio fechado. Os edifícios Duplex Top Tower
e Helbor Loft situamse a menos de
500m de distância e o Living Loft fica na mesma região, verticalizada e apresentandovários
outroscondomíniosverticalizados.Elesapresentamamaiordensidadepopulacionaldaamostra
deprojetos.Nãofoipossívelobter aimplantação,oNorteeaplantatipodoprojetoLivingLoft,
prejudicando sua avaliação. O Norte do projeto Helbor Loft
também não foi obtido. As torres
dosprojetosDuplexTopTowereo HelborLoftseguemoformatoeocupamoslotesalongados
nas dimensões respectivas de 30 x 46m e 29 x 51m, parecendo priorizar o aproveitamento
construtivoemdetrimentodaconformaçãodeespaçosexternospositivos.
149
Conectividade, legibilidade e sustentabilidade social: os projetos Duplex Top Tower e Helbor
Loftnãovalorizamaintegração dos espaçosexternosao entorno. Terraçosaolongo dos pisos
de UHs são os únicos a estabelecer comunicação com a rua. Ambientes de estar e lazer no
térreocriamtransiçãonaentradacoletiva,todaviademasiadamenteprivativos.

Figura68:
ImplantaçãoEdifícioDuplexTopTower(VA08).ImplantaçãoEdifícioHelborLoftEvolution(VA09).
Fonte:SCHROEDER,2003;Dadoscedidospeloautordoprojeto.
Identidade: as três torres verticais se destacam na paisagem, além de possuírem entrada
coletivabemdemarcada(oquenãosepodeafirmarsobreoLivingLoft).Podeseobservarnas
entradas dos edifícios Duplex Top Tower
e Helbor Loft (ver respectivas fichas no Apêndice B)
escalaimponentequeseconfundecoma entradadeumhotelouedifíciodeescritóriosdealto
padrão.Ocorrevariaçãonoperfildosedifícios: asUHsnospisosmaisaltosconformamvolumes
menoresquesedestacam,correspondendoaUHsprivilegiadasdevidoamaiorárea
(m²)porUH
emelhorvista.
RUA
RUA
150

Figura69:FotodoLivingLoft(VA07).FachadadoDuplexTopTower(VA08).FotodoHelborLoft(VA09).
Fonte:PROJETO,2002;SCHROEDER,2003;PROJETO,2002.
Harmoniaespacial:relaçãoentreconfortoambientaleprivacidade:aorganizaçãodasUHsnos
projetos Duplex Top Tower e Helbor Loft é de doze UHs por pavimento (ver Figura 70),
espelhadas por eixo longitudinal que segue formato do lote. Boa parte dos pavimentos são
ocupados pela circulação de acesso às UHs e área técnica em pisos intercalados. O conforto
ambiental fica prejudicado visto que a obtenção de mais de uma orientação para as UHs é
possívelsomenteparaumaminoriadelas(asde doisdormitóriosnasextremidades)etambém
quequasemetadedasUHsseabremsomenteparaoSul.
Figura70:PlantatipodoEdifícioDuplexTopTower(VA08).
Fonte:SCHROEDER,2003.
151
Sentido de lar: considerandose o layout da maioria das UHs nos dois projetos Duplex Top
Tower e Helbor Loft, que possuem área mais reduzida e apenas uma orientação, é possível
identificarsomenteosatributosbásicosdeadequaçãoaousoeagenciamentoentreambientes.
Considerasequeogradientedeintimidadeencontraseprejudicadodadoodireitoduploda
saladeestarqueocasionaafaltadeprivacidadeacústica
dentrodaUHeentreUHssobrepostas
visto que o dormitório de uma UH se sobrepõe à sala da outra UH (ressalva caso a laje tenha
tratamento acústico), bem como a falta de privacidade visual entre UHs e vizinhos
confrontantes, dada as dimensões da janela da sala de estar (quase do piso ao teto),
desproporcionalàsdimensões reduzidasda UH.Segundoo únicoinfográficointerno deUHdo
Living Loft
(foto na Figura 71), indícios de que os ambientes possuem um maior grau de
conformação(sala de jantar e dormitório),eficaclaroque a cozinhaétotalmenteintegradaà
sala,oquenãoocorrenosdemaisprojetos.
Opções e flexibilidade: os projetos oferecem algumas opções de UHs, apesar de público alvo
maisespecífico, conformecomentado. Segundotexto disponívelnapublicação, oLiving Loft
ofereceUHs deatétrês dormitórioscomdimensões quevariamde 90a110m².O Duplex Top
Toweroferece80UHsdeumdormitóriocom50m²e24UHsdedoisdormitórioscom74m².O
Helbor Loft também oferece UHs de um e de dois dormitórios. Dado o porte dos respectivos
conjuntos, considerase que mais opções de UHs poderiam ter sido oferecidas a fim de
acomodardiversidadedeusuários.

Figura71:FotointernadeUHdoEd.LivingLoft(VA07).PlantatipodeUHdoEd.DuplexTopTower(VA08).Planta
tipodeUHdoEd.HelborLoftEvolution(VA09).
Fonte:<www.roccoassociados.com.br>;SCHROEDER,2003;Dadoscedidospeloautordoprojeto.
152
Quadro17:ResumosobreapresençadeparâmetrosnosprojetosVA07,VA08eVA09.
VA07: vistas; ambientes semiabertos ao longo dos limites; equilíbrio de usos na cidade; porção principal da
edificação;coresquentes;cozinhaintegrada.
VA08:vistas; ambientessemiabertosaolongo dos limites;equilíbrio
deusosna cidade;demarcaçãodeentrada
coletiva;porçãoprincipaldaedificação;espaçofísicocongruenteaoespaçodeconvívio;áreacomumnocentro.
VA09:vistas; ambientessemiabertosaolongo dos limites;equilíbriodeusos nacidade;demarcaçãode entrada
coletiva;porçãoprincipaldaedificação;espaçofísicocongruenteao
espaçodeconvívio;áreacomumnocentro.
ProjetoEdifícioAvallon(VA11)com18UHsemlotemenorque1.000m².
Sensibilidade ao ambiente construído e natural existente: o projeto caracterizase por boa
interfacecomoentornoapesar datipologia verticalizadaemcondomínio fechado.O lote(não
identificado) na Vila Mariana tem localização privilegiada em esquina contígua a praça. O
formato e topografia irregulares possibilitam melhor aproveitamento do gabarito de altura
permitido no local e volumetria que contorna a área de lazer interna tirando partido da vista
paraapraça.Apermeabilidadeemrelaçãoaoentornononíveldosoloficouprejudicadadevido
aoaproveitamentododesníveldoterrenoparagaragemnaruainferior(aoSul)eemparteda
divisacomapraça.AvistaapartirdasUHsindividuaiséprivilegiada.
Conectividade, legibilidade e sustentabilidade social: a organização espacial possibilita
hierarquia entre espaços externos fora e dentro do conjunto e, após portaria, escada e
ambientes de estar sinalizam a entrada coletiva. Ambientes semiabertos (terraços) ao longo
dospisos
deUHsestabelecemcomunicaçãocomapraçaeruaslaterais.
153

Figura72
:ImplantaçãoefotodoEdifícioAvallon(VA11).
Fonte:PROJETO,1998;<www.marcosgaviao.com.br>.
Identidade: a torre vertical se destaca na paisagem, mas as UHs se repetem em todos os
pavimentos.Tambémnãoocorreumgradientedeprivacidadenolayoutdoconjunto.
Harmoniaespacial:relaçãoentreconfortoambientale privacidade:aorganizaçãodeduasUHs
por pavimento nas extremidades do “V” em formato alongado contribui
para o gradiente de
intimidade e permite três orientações para cada UH. A insolação é provavelmente demasiada
emfunçãodaorientaçãopredominantementeLesteOesteedasdimensõesdasaberturas,que
privilegiamavistaparaapraça(verFigura73).
Sentido de lar: além dos atributos básicos alcançados no layout das
UHs: adequação ao uso,
gradientedeintimidadeeagenciamentoentreambientes,observasetambémapriorizaçãodas
vistasparaoexterior.
Opçõeseflexibilidade:oprojetonãoofereceopçõesparadiferentesusuários.
154
Figura73:CroquisvolumétricoeplantatipodoEdifícioAvallon(VA11).
Fonte:PROJETO,1998.
Quadro18:ResumosobreapresençadeparâmetrosnosprojetosVA11.
VA11: edificação melhorando terreno; espaço externo positivo; vistas; hierarquia entre espaços externos;
ambientessemiabertosaolongodoslimites;equilíbriodeusosnacidade;formatoalongado;UHsagregadascom
maisdeumaorientação;gradientedeintimidade;espaçofísico
congruenteaoespaçodeconvívio;áreacomumno
centro.
Projetos Conjunto Ondesol (VB10) com 24 UHs e Edifício Punta Del Leste (VA13), ambos no
Guarujáemlotesmenoresque1.000m².
Sensibilidade ao ambiente construído e natural existente: o Conjunto Ondesol buscou o
melhoraproveitamentodolotedentrodaslimitaçõesdegabaritodalegislaçãodeentão(térreo
maistrêspisos),propondodoisblocosisoladoseparalelosemterrenode24x32m,queresulta
da anexação de dois lotes padrão 12 x 32m (ver Figura 74 e Figura 75). Não se
identificam
espaços externos positivos e também não foi priorizada a orientação solar. A área na foto do
satélitesobreoEdifícioPuntaDelLeste
encontrasesombreada(verFigura74),nãopermitindo
assimafirmarasdimensõesdoloteeaorientaçãodoedifício,porémpresumesequeomesmo
sigaopadrãoestreitoecompridodecercade12x32mequeoprojetotambémtenhabuscado
omelhoraproveitamentodomesmodentrodaslimitaçõesdegabaritodalegislação,posteriorà
doprojetodoConjuntoOndesol
.
155

Figura74:LocalizaçãodoconjuntoOndesol(VB10).LocalizaçãodoEdifícioPuntadelEste(VA13).
Fonte:<www.googlemaps.com>.

Figura75:LocalizaçãoeimplantaçãodoconjuntoOndesol(VB10).
Fonte:<www.googlemaps.com>;Dadoscedidospeloautordoprojeto.
Conectividade, legibilidade e sustentabilidade social: no Conjunto Ondesol a disposição dos
blocosnãopossibilitaaconformaçãodeespaçosexternospositivosesuaintegraçãoaosdemais
espaços externos coletivos do entorno, e hoje o conjunto constitui condomínio fechado por
gradil (ver Figura 76). Sacadas ao longo dos pisos das UHs frontais estabelecem comunicação
comarua.Encontramseambientesdeestarimprovisadosnotérreoempilotis,quesetornou
garagem.
RUA
156

Figura76:FotodoEdifícioPuntaDelLeste(VA13).FotosdoConjuntoOndesol(VB10).
Fonte:AU,1995;ArquivopessoalSílviaMikami,2006.
Identidade: os dois blocos do Conjunto Ondesol se misturam à paisagem relativamente
horizontaldoentornoque,porincluirprojetosdelegislaçõesposteriores,sãoemgeralmais
altos.AsUHsserepetemnospavimentos,sendoquemetadedelasseabreparaofundodolote
enãopossuisacadas.Assacadascriamdestaqueàfachadavistoquesãopintadasemvermelho
(ver Figura 76). o bloco do Punta del Leste se destaca na paisagem local dado o efeito do
bloco cerâmico estrutural aparente e da estética rebuscada: formas quadradas, em ângulo e
cilíndricas,listasbrancasedetalhes.Ocorretambémnesteprojetovariaçãonoperfil,sugerindo
UHsdiferenciadasnoúltimopavimento.
Harmonia espacial: relação entre conforto ambiental e privacidade: no Conjunto
Ondesol a
organização de quatro UHs por pavimento ao redor de circulação central, com afastamentos
lateraisdeapenas3m entreblocosede 1,5mdasdivisas laterais nãopossibilita boa insolação
aosespaçoscircundantesexternosnemàs UHs.Algumasestratégiascriativassão utilizadasno
projeto para minimizar a falta de privacidade
entre UHs confrontantes como fechamentos em
ângulo nas janelas dos banheiros e empenas laterais ventiladas (cobogós) entre blocos, mas
considerase que o problema poderia ter sido evitado através da exploração de outras
possibilidadesdeagregaçãoentreUHs.Éinteressante notarousomaciçodecortinasnassalas
(ver foto na Figura 77). As UHs possuem bom gradiente de intimidade interno e duas
orientaçõesparaoexterior.NãoforamobtidosdadosparaaanálisedasUHsdoPuntadeLeste.
157

Figura77:
FotosdoConjuntoOndesol(VB10).PlantadeUHsdoConjuntoOndesol(VB10).
Fonte:ArquivopessoalSílviaMikami,2006.Dadoscedidospeloautordoprojeto.
Sentido de lar: os atributos gradiente de intimidade,adequaçãoaousoeagenciamentoentre
ambientes são alcançados no layout das UHs do Conjunto Ondesol (ver Figura 77). É
interessantenotarasubstituição,pormoradoresdeváriasUHs,doscobogósdaáreadeserviço
por janelas de correr, talvez sinalizando uma rejeição à falta de controle das aberturas pelos
usuários.
Opções e flexibilidade: o projeto do Conjunto Ondesol não oferece opções para diferentes
usuários,sendoaúnicadiferençaentreelasapresençaounãodesacadas(UHsfrontaisversus
UHsdofundo).
Quadro19:ResumosobreapresençadeparâmetrosnosprojetosVB10eVA13.
VB10: ambientes semiabertos ao longo dos limites; formato alongado; UHs agregadas com mais de uma
orientação;gradientedeintimidade;espaçofísicocongruenteaoespaçodeconvívio;áreacomumnocentro.
VA13:ambientessemi
abertosaolongodoslimites;porçãoprincipaldaedificação,coresquentes.
Paraconcluir,apresentamseastabelasqueresumemapresençadosparâmetrosnosprojetos
diferenciandose,pelascoresindicadas,suapertinênciaaosconceitosdosensodeurbanidade,
do senso de habitabilidade ou de ambos. Na Tabela 12 os projetos encontramse agrupados
segundoasfaixasderendaeporte.NaTabela13oresumodaquelapresençaéapresentadonos
projetosagrupadossegundoastipologiasedilícias.
158
Tabela12:ResumosobreapresençadeparâmetrosprojetuaisnosprojetosagrupadosporFAIXADERENDAEPORTE.
0
M04 16 89 35
M05 89 35 N2
VA05 9 16 36 51 89 95 119 124 166 35
M03 36 89 95 102 104 106 114 119 120 122 124 158 166 168 209 35 112 192 127 129 190 205 N2 N3
VA14 89 119 121 124 166 35 105 250
M01 53 166 127 129 205 250 N2
VA12 989
H05 52 102 106 114 35 N1
VB09 36 52 53 89 95 98 102 104 106 114 121 122 158 166 209 35 112 N1 117 127 129 140 205 250 N2 N3 N6
VB04 9 36 52 53 89 99 106 119 122 124 166 N1 250 N2 N3 N6
VA10 9 52 89 120 166 N1 109 127 129 205 N2 N5
VB03 9 36 52 53 89 95 102 104 106 114 122 158 166 168 35 105 112 250 N2 N3 N6
VB06 952 N2
VB01 9 129 N2
M06 9 36 52 53 89 97 98 99 102 104 106 119 122 124 166 35 112 N1 109 127 129 140 250 N2 N3
VB07 9 36 52 53 89 102 104 106 122 124 158 112 N1 109 127 129 205 250 N2 N3
VB08 9 36 95 102 104 106 166 168 35 112 192 109 127 129 131 133 190 205 250 N2 N3
H02 51 166 192 109 127 129 N2
VA04 9 52 166 35 192 129
VA01 9 166 35 192 127 129 N2 N5
VA02 9 89 166 35 192 N2
VA03 9 52 53 104 106 114 121 166 35 105 192 N1 127 128 129 205 N2 N4 N5
VB05 9 89 158 109 127 129 205
VB
02 9 36 99 104 106 110 122 158 166 35 38 105 112 127 128 129 250 N2
H04 25 51 52 106 114 166 168 105 112 192 N1 127 129 205 235 250 N2 N3
VA06 9 166 192 127 129 130 167 182 205 235 250 N2
M02 9 36 52 53 89 95 99 102 104 106 108 121 122 158 166 168 35 112 N1 109 127 129 131 133 135 167 205 N2 N7
H01 51 110 166 105 192 109 127 129 130 131 133 135 142 167 181 199 205 235 250 N2 N3 N7
H03 36 52 53 95 98 102 104 106 121 122 166 168 171 35 39 105 112 192 N1 109 127 129 131 135 167 181 205 233 250 N2 N3 N7
VA07 9 99 166 192 250 N7
VA08 9 53 99 166 192 129 205
VA09 9 53 99 166 192 129 205
VA11 9 104 106 114 166 192 109 127 129 205 N2
VB10 166 109 127 129 205 N2
VA13 99 166 250
SENSODEURBANIDADE AMBOS SENSODEHABITABILIDADE
PROJETOS
PARÂMETROSPROJETUAIS
PROJETOS DE HIS PARA ÁREAS DE MAIOR PORTE
PROJETOS DE HIS PARA ÁREAS DE MENOR PORTE
PROJETOS DE HABITAÇÃO COLETIVA PARA DEMAIS FAIXAS DE RENDA
159
Tabela13:ResumosobreapresençadeparâmetrosprojetuaisnosprojetosagrupadosporTIPOLOGIASEDILÍCIAS.
H01 51 110 166 105 192 109 127 129 130 131 133 135 142 167 181 199 205 235 250 N2 N3 N7
H02 51 166 192 109 127 129 N2
H03 36 52 53 95 98 102 104 106 121 122 166 168 171 35 39 105 112 192 N1 109 127 129 131 135 167 181 207 233 250 N2 N3 N7
H04 25 51 52 106 114 166 168 105 112 192 N1 127 129 205 235 250 N2 N3
H05 52 102 106 114 35 N1
M01 53 166 127 129 205 250 N2
M02 9 36 52 53 89 95 99 102 104 106 108 121 122 158 166 168 35 112 N1 109 127 129 131 133 135 167 205 N2 N7
M03 36 89 95 102 104 106 114 119 120 122 124 158 166 168 209 35 112 192 127 129 190 205 N2 N3
M04 16 89 35
M05 89 35 N2
M06 9 36 52 53 89 97 98 99 102 104 106 119 122 124 166 35 112 N1 109 127 129 140 250 N2 N3
VB01 9 129 N2
VB02 9 36 99 104 106 110 122 158 166 35 38 105 112 127 128 129 250 N2
VB03 9 36 52 53 89 95 102 104 106 114 122 158 166 168 35 105 112 250 N2 N3 N6
VB04 9 36 52 53 89 99 106 119 122 124 166 N1 250 N2 N3 N6
VB05 9 89 158 109 127 129 205
VB06 952 N2
VB07 9 36 52 53 89 102 104 106 122 124 158 112 N1 109 127 129 205 250 N2 N3
VB08 9 36 95 102 104 106 166 168 35 112 192 109 127 129 131 133 190 205 250 N2 N3
VB09 36 52 53 89 95 98 102 104 106 114 121 122 158 166 209 35 112 N1 117 127 129 140 205 250 N2 N3 N6
VB10 166 109 127 129 205 N2
VA01 9 166 35 192 127 129 N2 N5
VA02 9 89 166 35 192 N2
VA03 9 52 53 104 106 114 121 166 35 105 192 N1 127 128 129 205 N2 N4 N5
VA04 9 52 166 35 192 129
VA05 9 16 36 51 89 95 119 124 166 35
VA06 9 166 192 127 129 130 167 182 205 235 250 N 2
VA07 9 99 166 192 250 N7
VA08 9 53 99 166 192 129 205
VA09 9 53 99 166 192 129 205
VA10 9 52 89 120 166 N1 109 127 129 205 N2 N5
VA11 9 104 106 114 166 192 109 127 129 205 N2
VA12 989
VA13 99 166 250
VA14 89 119 121 124 166 35 105 250
PARÂMETROSPROJETUAIS
PROJETOS
SENSODEURBANIDADE AMBOS SENSODEHABITABILIDADE
161
7
7
.
.
D
D
E
E
S
S
E
E
N
N
V
V
O
O
L
L
V
V
I
I
M
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E
N
N
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O
D
D
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E
E
E
S
S
T
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A
A
T
T
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É
G
G
I
I
A
A
M
M
E
E
T
T
O
O
D
D
O
O
L
L
Ó
Ó
G
G
I
I
C
C
A
A
O desenvolvimento da proposta de
estratégia de apoio ao processo projetual apresentado no
presente capítulo considera as implicações da proposta em Alexander et al. (1977) e seus
desdobramentos teóricos para o processo projetual, bem como embasamento complementar
buscado,ambossinalizadosnocapítuloFundamentaçãoteóricoconceitual.
A obra de Alexander et al. (1977) é apresentada
como uma das possíveis linguagens de
parâmetrosalmejadasemAlexander(1979)que,porsuavez,proporcionaateoriaeinstruções
paraousodalinguagem,suaorigemeprática.Ambossãocolocadoscomofrutodeinvestigação
extensa que visa entender a natureza fundamental da tarefa de realização de cidades e
edificações. Alexander (1979) defende um modo intemporal de construir que seria capaz de
proporcionarvida aumacidadeou edificação,visto queliberaria ordemfundamental inerente
aos seres humanos. Para encontrar o modo intemporal farseia necessário conhecer uma
qualidadequeseriao“caráteressencialeintemporalnecessárioàboaa rquitetura:é específica,
morfológicaeprecisa,porémnãoépossíveldarlheumnome”(ALEXANDER,1979,p.xv).Coloca
ainda que os parâmetros projetuais, quando presentes em abundância, confeririam à
arquiteturaestaqualidadeequeumalinguagemdeparâmetrosprojetuaisseriaviva,comouma
totalidade,namedidaemqueestesparâmetrosformassemumtodo.
Aquela noção de todo (wholeness) presente em Alexander et al. (1977) e Alexander (1979)
como aspecto central à proposta é muito similar ao conceito de todo no Estruturalismo de
Piaget (1970, apud ELSHESHTAWY, 2001). Haveria uma estrutura profunda fundamentando o
ambiente construído e fazendo com que ambientes bem sucedidos possam ser vivenciados
comoumtodo.Assimsendo,osparâmetrosprojetuaisnãopoderiamexistirisoladamente,visto
queéarelaçãoentreeles,estabelecidaatravésdalinguagemdeparâmetros,quecontribui para
aformaçãodotodo.Namesmalinhadepensamento,a percepção,entreoutrossignificados,é
definida pela psicologia da
forma ou gestaltismo como sempre se referindo a uma “[...]
totalidade cujas partes, se consideradas separadamente, não apresentam as mesmas
162
características” e que “[...] o todo transcende suas partes e as determina dinamicamente de
acordo com suas próprias leis” (ABBAGNANO, 2007, p.878). Ainda em Alexander (1979)
apreendese que a linguagem é como um si stema genético que confere aos milhões de
pequenos atos o poder de formar o todo. No modo intemporal de construir aquela qualidade
sem nome emerge paulatinamente: “[...] cada ato individual de construção é um processo no
qual o espaço tornase diferenciado. Não é um processo de adição no qual partes são
combinadasparaformar umtodo,esimumprocessodedesdobramento,comoaevoluçãode
um embrião, no qual o todo precede as partes” (1979, p.xiii). Mais recentemente na série de
livros entitulada “The nature of order” Alexander (2002a; 2002b; 2004; 2005) aprofunda as
mesmas questões naquela busca por explicar a complexidade que se encontra em porções do
ambiente construído que apresentam um alto grau de
vitalidade. Para o autor, a ordem ou
coerência harmoniosa que sensibiliza os seres humanos no espaço não poderia ser
representada como mecanismo. Propriedades geométricas se complementariam na formação
dotodoemestruturaemdesdobramento,enfatizandoa naturezadinâmicadosprocessosque
criamaquelaordem.Odesenvolvimentodaestratégiade apoioaoprocessoprojetualconsidera
avisãodeAlexanderexpostaaolongodesteparágrafonosentidodeenfatizaraimportânciada
relaçãoentreparâmetrosnaformaçãodotodo.
Salingaros(2000)e Jacobsonetal.(2002)reforçamasobservaçõesdeAlexanderetal.(1977)e
Alexander (1979; 1985) quanto ao uso dos parâmetros
projetuais não necessariamente
acarretaremresultadosformaissemelhantes.Alexander(1985)salientaquemesmoquandoum
parâmetro se expressa de maneira muito branda ou quando não se concorda com sua versão
originalestáaomenoscolocadaaoportunidadedeseconsiderararelaçãoentreoselementos
mencionados. É premissa da proposta em
Alexander et al. (1977) que o projetista seja
alimentado por circunstâncias locais específicas, e argumentado que a relação entre os
parâmetrosprojetuaisnãoélinear,vistoqueocorreumariquezadeconexõesentrediferentes
níveis.Salingaros(2000)adverteparaoperigoemse consideraraobraAlexanderetal.(1977)
apenasumcatálogodeparâmetros:umacoleçãofrouxadeparâmetrosnãoéumsistemaque
não apresenta conexões. Em sist emas complexos estrutura hierárquica: processos e
conexões ocorrem no mesmo nível bem como em níveis diferentes e o mesmo deve ocorrer
163
numalinguagemdeparâmetros,comonaFigura78A.Acombinaçãoentreparâmetrosemum
nível gera novo parâmetro em nível superior, mostrando dependência deste em relação
àqueles, como na Figura 78B. As conexões são inviabilizadas quando da excessiva distância
entreparâmetros,conformeilustradonaFigura78C.

A:Conexõeshierárquicasentreníveis B:Combinaçãoentreparâmetros C:Distânciaexcessivaentreníveis
Figura78:Relaçãoentreparâmetrosdeumalinguagem.
Fonte:SALINGAROS,2000,p.156.
A presente pesquisa considera que a complexidade da linguagem de parâmetros original em
Alexander et al. (1977), embora real, não se encontra suficientemente evidenciada naquela
obra, que os apresenta mais como coleção do que como sistema. A construção de conceitos
humanizadores que combinam parâmetros entre níveis diferentes e seu arranjo em estrutura
conceitualnaestratégiapropostavisamsalientara importânciadasconexõeshierárquicasentre
parâmetros de um mesmo bem como de diferentes níveis. Acreditase que o modelo de
representação de valores usado no processo projetual é fator importante para sua dinâmica,
visão também reforçada por Laseau (1989). Assim sendo, a
estratégia de apoio almeja clareza
derepresentaçãodosvaloresidentificadoseincorporados nosconceitoshumanizadores,afim
deestimularseuusoefetivoecriativonoprocessodeprojeto.
O arranjo dos conceitos humanizadores em estrutura conceitual também visa facilitar uma
avaliação crítica ao longo do processo projetivo. Neste aspecto, as contribuições de J.
Christopher Jones são valiosas. Jones (1969) argumenta que o controle na atividade projetual
revela o valor prático da teoria de projeto, visto que supre as deficiências das outras duas
164
abordagensemextremosopostos,asaber,adacriatividadetendooprojetistacomomágicoea
da racionalidade tendo o projetista como computador (processador de dados), ilustradas na
Figura79.Semoreferidocontrole,ageraçãodealternativasnãofamiliaresemuniversomuito
abrangenteparaserexploradopelopensarconscientenãopermiteacomparaçãoderesultados
parciaisdecadaaçãoprojetualaosrequisitosdoprojetocomoumtodo.

Projetistacomomágico Projetistacomocomputador Projetistacomosistemaautoorganizador
Figura79:Croquisilustrandodiferentesabordagensmetodológicasdeprojeto.
Fonte:JONESinBROADBENTeWARD,1969,p.194196.
Carmona (2001) também enfatiza a importância da atividade de controle projetual: a parte
analítica do processo que sistematicamente identifica pontos fortes e fracos, oportunidades e
gargalos inerentes a qualquer contexto. Além de resumir uma série de recomendações que
visamelevara qualidadedeprojetosdehabitaçãocoletivarenovandoumsensodeurbanidade,
o autor detalha e relaciona, em estruturaconceitual,requisitos de projeto às esferas espacial,
morfológica, contextual, visual, perceptiva, social, funcional e da sustentabilidade, com o
objetivo de oferecerenquadramento prático que acomode as principais contribuições teóricas
aodesenhourbanoefacilitesuarelaçãocomdiretrizescorrentesdeprojeto(ver
Figura80):
165
Figura80:Estruturaçãogeraldeconceituaçõesparaodesenhourbano.
Fonte:CARMONA,2001,p.136.
Outros autores propõem estruturas conceituais que relacionam valores para o projeto do
ambiente construído. Ao abordar o tema do ambiente termicamente perceptível, Heschong
(2002) enquadra os níveis da necessidade, deleite, afeto e sagrado em relação às categorias
refúgio aquecido e jardim refrescante, derivadas dos arquétipos oásis (reserva fria e úmida) e
hearth (refúgio aquecido e seco). Schmid (2005) propõe sistema alternativo para a
caracterização do conforto fundamentado nos valore s da comodidade, adequação e
expressividadeemrelaçãoaoscontextosidentificadosporautorasdaáreadaenfermagempara
suarealização,asaber:físico,psicoespiritual,sócioculturaleambiental.
Paraaestruturaçãoconceitual
dapropostadeestratégiadapresentepesquisafoiobservadaa
relação entre geometria espacial e aspectos comportamentais inerente aos parâmetros
projetuais, utilizandose em especial das investigações de NorbergSchulz (1965) quanto à
percepção espacial, por sua vez fundamentadas em Piaget, para quem as esquematizações
Lynch,1960
Bacon,1975
NorbergSchulz,1980
Appleyard,1981
Rapoport,1982
Calthorpe,1993
Garreau,1991
Frey,1999
Lynch,1976
Hough,1990
Jacobs,1961
Bentleyetal.,1985
Whyte,1980;1988
Newman,1972
Gehl
,
1987
Rogers,1997
Coupland,1996
Jenksetal.,1996
Blowers,1993
Bartonetal.
,
1994
Unwin,1909
Cullen,1961
TugnuttandRobinson,1987
RFAC,1994
Gibberd
,
1953
Sitte,1889
Krier,1979
Hillier,1996
Whitehand,1981
Alexander
,
1977
;
1987
Worskett,1969
EssexCountyCouncil,1973
Tibbalds,1992
Sharp,1946
Nairn
,
1955
DoEandDoT,1992
BRE,1991
Lang,1994
CooperMarcus&Sarkissan,1986
Buchanan
,
1989
166
primárias de natureza topológica que se transformam nos modos geométricos de organização
baseiamse na experiência concreta. NorbergSchulz (1976) evidencia também interesse pela
fenomenologia de Heidegger (1971, apud NORBERGSCHULZ, 1976) ao investigar o fenômeno
do lugar: propõe uma fenomenologia do ambiente cotidiano que considere a dimensão
existencial do espaço.
Argumenta que lugares são totalidades qualitativas cuja natureza
complexaescapa àciência.Propõe que aestruturado lugar sejaclassificadacomopaisageme
assentamento e analisada pelas categorias espaçoe caráter.A propriedade básica dos lugares
criadospeloHomemseriaaconcentraçãooucercamento.Asfronteirasdoespaçodefiniriama
relação interiorexterior, sugerindo graus variados de extensão e cercamento, que
correspondem a duas das esquematizações primárias investigadas previamente em Norberg
Schulz(1965)eilustradasnaFigura81.

Figura81:Croquisilustrandoasesquematizaçõesprimáriascercamentoecontinuidade.
Fonte:NORBERGSCHULZ,1965,p.246.
Visualizaramsenosparâmetrosprojetuaisasseguintespropriedadesespaciaispredominantes:
Conformação, Progressão e Hierarquia, Limites e Permeabilidade, Contraste e Distinção. As
propriedades “Conformação” e “Progressão e hierarquia” correspondem às esquematizações
primárias da percepção espacial, respectivamente cercamento e continuidade, cujos graus
variadoscaracterizamarelaçãointeriorexterior,conformedescritasporNorbergSchulz
(1965;
1976). “Conformação” traduzse por lugar como aglomeração, reunião, ponto focal e
permanência. A propriedade “Progressão e hierarquia” traduzse por sucessão ininterrupta,
movimentoe familiaridadeaolongo dopercurso,equivalendo tambéma ritmoourecorrência
padronizada de elementos, um dos princípios de ordem apontado por Ching (1979) como
recursodeorganizaçãoformaleespacial.NorbergSchulz(1976)tambémenfatizaoaspectodo
caráterna estrutura do lugar. O caráter seria determinado pela constituição material e formal
do lugar e função do tempo, e seus atributos se assemelham ao conteúdo dos parâmetros
agrupadosnas duaspropriedadesseguintes.Apropriedade“LimitesePermeabilidade”traduz
167
seporbordas,contornos,costuras,barreiraseaberturas,edizrespeitoaocaráterdasfronteiras
quedefinemolugar:graudepermeabilidade,interfacefísicacomoentornononíveldosoloe
pavimentos superiores, relação com edificações vizinhas e espaços externos à edificação. Por
fim, a propriedade “Contraste e Distinção” traduzse por variabilidade, diversidade,
irregularidade ou aspereza, tendo forte impacto no caráter e identidade do lugar. Inclui os
parâmetros que estimulam a diversidade de usos e de usuários bem como a exploração de
estímulos sensoriais proporcionados por contraste de vistas, efeitos da luz natural e artificial,
coresequalidadestáteis
dosmateriais.
A estratégia proposta inclui parâmetros originais em Alexander et al. (1977) identificados nos
projetos da amostra (Tabela 6); parâmetros novos também identificados naqueles projetos
(Tabela 7)e,porfim,outros parâmetros originais que, apesar de não teremsidoidentificados
nos projetos, foram acrescentados à estratégia por sua
pertinência aos conceitos
humanizadores propostos. Os parâmetros acrescentados são apresentados na Tabela 14 a
seguir:
Tabela14:Outrosparâmetrosprojetuaisacrescentadosàestratégia.
Fonte:ALEXANDERetal.,1977,p.258,313,506,772,837,871,895,929,961,968,1049,1111e1162.
PARÂMETRO SE ENTÃO CROQUIS
INSERÇÃODE
HABITAÇÃOEUSO
MISTO
(48housingin
between)
Separaçãorígidaentrepartes
residenciaisenãoresidenciais
numacidadetendeatornar
partesnãoresidenciaismal
cuidadas.
ConstruaUHsentrelojas,pequenas
indústrias,escolas,serviços
públicos,universidades,emfitaou
emterraços,sobrecomérciono
térreoouisoladas,desdeque
misturadasaoutrasfunções.
PRAÇASPEQUENAS
(61smallpublicsquares)
Praçaspúblicassãoosmaiores
espaçosdeencontrodacidade,
massuasdimensõespodem
tornálassubutilizadas.
Conformarpraçaspúblicasdemodo
quesualargurafiqueentre15a
20m.Ocomprimentopode
certamentesermaior.
168
ESTACIONAMENTOS
PEQUENOS
(103smallparking
lots)
Grandesestacionamentos
destroemaescalahumana.
Crieváriosestacionamentos
pequenos,cadaumenvoltopor
paredesdevegetação,cercas,
taludesouárvores.Espalheos
aproximadamentea30mde
distância.
JANELASSALIENTESPARA
ARUA
(164streetwindows)
Édesconfortávelestaremuma
UHquenãoseabreparaarua.
Emruasmovimentadas,posicione
janelassaleintescomassentoou
empassagemolhandosobrearua.
Senotérreo,mantenhaaselevadas
osuficienteparagarantira
privacidade.
AMBIENTEJUNTOÀ
JANELA
(180windowplace)
Ambientesjuntoajanelasdo
tipojanelacomassento,bay
window,grandejanelacom
peitorilbaixoecadeiras
confortáveisproporcionam
conforto.
Crieambientesjuntoajanelasem
locaisusadosduranteodia.
NICHOPARADORMIR
(188bedalcove)
Dormitóriosmuitoespaçosossão
subutilizados.
Nãocoloquecamasisoladasem
cômodosvazios:crienichospara
dormiremambientescomoutras
funçõesalémdedormir,demodoa
tornaracamaumdomínioprivativo
(enãooambiente).
PAREDESEMIABERTA
(193halfopenwall)
Ambientesmuitofechados
impedemanaturalidadede
encontrosedoprocessode
transiçãodeummomentoa
outro.osmuitoabertosnão
proporcionamadiferenciaçãode
eventosrequeridapelavida
social
Eviteextremos:usecombinações
decolunas,paredessemiabertas,
janelasinternas,portasdeslizantes,
peitorilbaixo,portasfrancesase
muretas.
NICHOSINFANTIS
(203childcaves)
Criançasadoramestaremlocais
pequenosdotiponicho.
Projetarpequenosnichosemáreas
ondecriançaspossambrincar.
Aproveitelocaissubutilizadoscomo
debaixodeescadas,sobbalcõesde
cozinhas,etc.Façaotetobaixo,de
0,8a1,2m,eaentradapequena.
MATERIAIS
APROPRIADOS
(207goodmaterials)
Conflitofundamentalna
naturezadosmateriaisna
sociedadeindustrial:serem
ecologicamentecorretos,
adaptáveisnaobraedefácil
manutençãoposteriorpelo
proprietário.
Usarcomomateriaisbásicospedra,
barro,tijolo,evitandoaçoe
concretoregular.Usarcomo
materiaisdeacabamentomadeira,
compensado,placasdegesso,
bambu,papel,metaiscorrugados,
aramados,telas,tecidos,
vinil,
cordas,fibradevidro.
169
RIGIDEZGRADUAL
(208gradual
stiffening)
Edificaçõesdevemser
unicamenteadaptadasa
necessidadesindividuaiselocais,
eoprojetodeveserresilientee
fluidoparaacomodaressas
sutilezas.
Projeteaedificaçãocomouma
tapeçaria,semrigidez,para
gradualmenteenrijecêla.
ABERTURAS
NATURAIS
(221naturaldoorsand
windows)
Éimportante,porémsutil,achar
aposiçãoedimensãoideaispara
asaberturas.
Dimensioneasesquadriasde
acordocomoambiente.Paraa
sensaçãodesegurança,as
aberturasdevemdiminuirde
dimensãoetambémterpeitoris
maisaltosnospisossuperiores.
JANELACOMPINÁSIOS
(239smallpanes)
Janelastipopanodevidro
prejudicamocontatodas
pessoascomoexteriorpor
confundirlocalizaçãodentro
fora.
Dividaajanelaempartesmenores
afimdecausarpercepçãodealgo
entreinteriorexteriorparasenso
deproteção.
NICHOSDELUZ
(252poolsoflight)
Iluminaçãouniformedestrói
naturezasocialdoespaço:
pessoassesentemdesorientadas
edesconectadas.
Posicioneasfontesdeiluminação
baixaseafastadas,formando
nichosdeluzqueenglobam
cadeirase mesascomobolhas,para
reforçarocarátersocialdos
espaçosqueconformam.
AFigura82abaixoilustra os conjuntos de parâmetros considerados napropostadeestratégia
projetual, a saber, os originais identificados nos projetos, os novos também identificados nos
projetos, os originais incorporados aos novos parâmetros, e os originais acrescentados à
estratégia,dentrodoconjuntomaiordeparâmetrosemAlexanderetal.(1977).
170
Osconceitoshumanizadorescombinamparâmetros projetuaisepossuemcaráterpropositivoe
abrangente. Estruturados em estratégia de apoio ao processo projetual, constituem os
elementos que podem contribuir para o atendimento das necessidades psicossociais e
ambientais enfocadas nesta pesquisa. A estratégia visa estimular o uso efetivo e criativo
daqueles conceitos e consiste de enquadramento que relaciona os conceitos humanizadores
detalhadosno capítulo5àspropriedadesespaciaispredominantese inerentesaosparâmetros
detalhadas no presente capítulo. Os conceitos que contribuem de forma conjunta para o
alcancedoSensodeUrbanidadeconsideramoimpactodediferentesorganizaçõesespaciaisno
ambienteconstruídoenaturalexistente;ograudeconformação,aacessibilidadeeahierarquia
entreespaçosexternosparaoprovimentodesensodeproteção,permeabilidadeelegibilidade;
o gradiente de privacidade no layout do conjunto e a identidade do conjunto e de UHs. os
conceitos que se complementam na obtenção do Senso de Habitabilidade visam proporcionar
umsentidodelarapartirdaconsideraçãodarelaçãoentreorganizaçãoespacialeaspectosdo
conforto ambiental e privacidade; da necessidade de um gradiente de intimidade e suas
implicações na conformação e permeabilidade dos ambientes; e da riqueza de qualidades
sensoriaisedaofertadeopçõesdemoradia.
Por
fim, a proposta de estratégia metodológica de apoio ao processo projetual é apresentada
nasescalas doSensode Urbanidade edoSenso deHabitalibidade,respectivamentenaTabela
15enaTabela16aseguir:
Figura82:Conjuntosdeparâmetrosutilizadosnaestratégiaprojetual.
I(identificados);
N(novosidentificados);
Inc(incorporados);
A(acrescentados).
Inc
N
I
A
EDIFICAÇ
Ã
O
MELHORANDO
TERREN
O
ESPAÇO EXTERNO
POSITIVO
ORIENTAÇÃO SOLAR
PARA ESPAÇO EXTERNO
UNIDADES AO REDOR
DE PÁTIO
UNIDADES EM FITA
UNIDADES EM
TERRAÇOS
E
SC
AL
O
NAD
OS
ESPAÇO EXTERNO
POSITIVO
RECUO FRONTAL NULO
FORMATO DE
CAMINHOS
ESTACIONAMENTOS
PEQUENOS
PRAÇAS PEQUENAS BOLSÕES DE ATIVIDADE
LAYOUT DA
COBERTURA
V
EGETAÇ
Ã
O
CONFORMANDO
AMBIENTE
S
(104 site repair)
(106 positive outdoor
s
p
ace
)
(105 south facing
outdoors
)
N1
(38 row houses) (39 housing hill)
(106 positive outdoor
s
p
ace
)
(122 building fronts) (121 path shape) (103 small parking lots) (61 small public squares) (124 activity pockets) (209 roof layout) (171 tree places)
CAMINHOS E LUGARES
CIRCULAÇÃO DE
PEDESTRES E CARROS
CONEXÃO DE REDES DE
TRANSPORTE
HIERAQUIA ENTRE
ESPAÇOS EXTERNOS
CONJUNTO DE
ENTRADAS
CIRCULAÇÃO LEGÍVEL
COM RECANTOS
TRANSIÇÃO NA
ENTRADA
(120 paths & goals)
(52 network of paths &
cars
)
(16 web of public
trans
p
ortation
)
(114 hierarchy of open
s
p
ace
)
(102 family of entrances) (98 circulation realms) (112 entrance transition)
ENTRELAÇAMENTO
ENTRE EDIFICAÇÃO E
L
UG
A
R
ACESSO E RESPEITO A
PORÇÕES DE ÁGUA
AMBIENTES SEMI-
ABERTOS AO LONGO
D
OS
LIMITE
S
ARCADAS ESCADAS ABERTAS EDIFÍCIOS CONECTADOS
ESTACIONAMENTO
CAMUFLADO
DEMARCAÇÃO DE
ENTRADA COLETIVA
ENTRADA PRINCIPAL DA
UNIDADE
(168 connection to the
earth
)
(25 access to water) (166 gallery surround) (119 arcades) (158 open stairs) (108 connected building) (97 shielded parking) (53 main gateways) (110 main entrance)
VISTAS RUAS PERMEÁVEIS
DIVERSIDADE DE
USUÁRIOS
EQUILÍBRIO DE USOS NA
CIDADE
COMÉRCIO LOCAL
INSERÇ
Ã
O DE
HABITAÇÃO E USO
MI
S
T
O
DIVERSIDADE DE
USUÁRIOS
GRADIENTE
PRIVACIDADE LAYOUT
CO
N
JU
NT
O
EDIFICAÇÃO COMO
COMPLEXO
PORÇÃO PRINCIPAL DA
EDIFICAÇÃO
(192 windows overlooking
life
)
(51 green streets) (35 household mix) (9 scattered work) (89 corner grocery) (48 housing in between) (35 household mix) (36 degrees of publicness) (95 building complex) (99 main building)
ESTRATÉGIA PROJETUAL PARA O SENSO DE URBANIDADE
IDENTIDADE
CONFORMAÇÃOLIMITES E PERMEABILIDADE
PROGRESSÃO E
HIERARQUIA
Tabela 15: Estratégia projetual para o Senso de Urbanidade.
CONTRASTE E DISTINÇÃO
PROPRIEDADES ESPACIAIS
CONECTIVIDADE, LEGIBILIDADE E SUSTENTABILIDADE SOCIALSENSIBILIDADE AO AMBIENTE CONSTRUÍDO E NATURAL EXISTENTE
ORIENTAÇÃO SOLAR P/
ESPAÇO EXTERNO
FORMATO ALONGADO
UNIDADES AO REDOR
DE PÁTIO
UNIDADES EM FITA
UNIDADES EM
TERRAÇOS
E
SC
AL
O
NAD
OS
ESPAÇO F
Í
SICO
CONGRUENTE ESPAÇO
CO
NVÍVI
O
ÁREA COMUM NO
CENTRO
COBERTURA
ENVOLVENTE
AMBIÊNCIA PARA
REFEIÇÕES
NICHOS DE LUZ NICHO PARA DORMIR LAREIRA NICHO INFANTIL
ESPAÇO F
Í
SICO
CONGRUENTE ESPAÇO
CO
NVÍVI
O
(105 south facing
outdoors
)
(109 long-thin house)
N1
(38 row houses) (39 housing hill)
(205 structure follows
social s
p
aces
)
(129 common areas at the
heart
)
(117 sheltering roof) (182 eating atmosphere) (252 pools of light) (188 bed alcove) (181 the fire) (203 child caves)
(205 structure follows
social s
p
aces
)
GRADIENTE DE
INTIMIDADE
GRADIENTE DE
INTIMIDADE
TRANSIÇÃO NA
ENTRADA
CIRCULAÇÃO
INTERATIVA
VARIAÇÃO DE PÉ-
DIREITO
SEQUÊNCIA DE NICHOS
ESCADA COMO
PASSAGEM VISÍVEL
GRADIENTE DE
INTIMIDADE
RIGIDEZ GRADUAL
(127 intimacy gradient) (127 intimacy gradient) (112 entrance transition)
(131 the flow through
rooms
)
(190 ceiling-height variety)
(142 sequence of sitting
s
p
aces
)
(133 staircase as a stage) (127 intimacy gradient) (208 gradual stiffening)
TERRAÇO ENTRE CASA
E PASSEIO
AMBIENTE DE ENTRADA VARANDA UTILIZÁVEL
GRADIENTE DAS
ABERTURAS
JANELAS SALIENTES
PARA RUA
AMBIENTE JUNTO À
JANELA
ABERTURAS NATURAIS JANELAS COM PINÁSIOS PAREDE SEMI-ABERTA COZINHA INTEGRADA
(140 private terrace on the
street
)
(130 entrance room) (167 six-foot balcony)
N4
(164 street windows) (180 window place)
(221 natural doors &
windows
)
(239 small panes) (193 half-open wall)
N7
GRADIENTE
PRIVACIDADE LAYOUT
CONJUNTO
LUZ NATURAL INTERNA VISTAS
CIRCULAÇÃO COM
CONTRASTE
ZONAS DE PISO CORES QUENTES
PAREDES AGRADÁVEIS
AO TATO
BALCÃO ILUMINADO
DIVERSIDADE DE
USUÁRIOS
MATERIAIS
APROPRIADOS
(36 degrees of publicness) (128 indoor sunlight)
(192 windows overlooking
life
)
(135 tapestry of light &
dark
)
(233 floor surface) (250 warm colors) (235 soft inside walls) (199 sunny counter) (35 household mix) (207 good materials)
N5
FLEXIBILIDADE DE USO
Tabela 16: Estratégia projetual para o Senso de Habitabilidade.
POSSIBILIDADE DE EXPANSÃO
N6
ESTRATÉGIAS PARA PRIVACIDADE
N3
PROPRIEDADES ESPACIAIS
CONFORMAÇÃOLIMITES E PERMEABILIDADECONTRASTE E DISTINÇÃO
PROGRESSÃO E
HIERARQUIA
N2
UNIDADES AGREGADAS COM MAIS DE UMA
ORIENTAÇÃO
SENTIDO DE LAR OPÇÕES E FLEXIBILIDADE
ESTRATÉGIA PROJETUAL PARA O SENSO DE HABITABILIDADE
HARMONIA ESPACIAL: RELAÇÃO ENTRE CONFORTO AMBIENTAL E PRIVACIDADE
175
8
8
.
.
C
C
O
O
N
N
S
S
I
I
D
D
E
E
R
R
A
A
Ç
Ç
Õ
Õ
E
E
S
S
F
F
I
I
N
N
A
A
I
I
S
S
Apesquisavalorizouarelaçãoentreconceitoshumanizadoreseaqualidadeespacialdoprojeto
dahabitaçãocoletivacom vistasàintegraçãoentreoconhecimentoqualitativoconstatadoem
Alexander et al. (1977) e sua sistematização criativa na solução de problemas do projeto,
oferecendoumacontribuiçãoparaareflexãoepráticadoprocessoprojetual.
Paratanto,revisouseliteraturasobrepesquisasemmetodologiadeprojetoafimdeampararo
aproveitamento daquele conhecimento no processo projetivo. A sistematização na solução de
problemasdoprojetosemprejuízoàcriatividadeinsereseemcampoconsolidadodepesquisa.
Cross (2007) aponta os avanços e abrangência das pesquisas em metodologia de projeto nos
últimosquarentaanos.Anaturezacomplexadosproblemasdeprojetosugereanecessidadede
contribuiçõesparaafasedaconcepçãoprojetual,quemuitassoluçõesdistintassãopossíveis
e muito tempo e esforço são gastos na definição e redefinição dos problemas. Teóricos como
NorbergSchulz(1965),Jones(1969),Rowe(1995a)eLawson(1997)reiteramanecessidadede
equilíbrio entre os pensamentos divergente e convergente durante o projetar, que apresenta
etapas similares ao processo criativo em outras áreas. Kowaltowski et al. (2006a) oferecem
reflexão sobre diferentes metodologias de projeto arquitetônico e acreditam que a qualidade
do sistema de suporte ao projetista durante o estudo do objeto e de suas condições de uso
refletesediretamentenoprocessoe,esperase,naqualidadedo
produto.Aestratégiadeapoio
aqui proposta buscou enfatizar a importância da relação entre os parâmetros bem como a
clareza narrativa e de representação dos valores identificados e incorporados nos conceitos
humanizadores,afimdeestimularseuusoefetivoecriativonoprocessodeprojeto.
Buscouse extrair o conteúdo dos parâmetros projetuais selecionados em Alexander et al.
(1977) como fatores de projeto para o melhor atendimento de necessidades humanas na
habitação.Aaveriguaçãodoatendimentoàquelasnecessidadesnosprojetosdaamostrasobo
enfoque dos parâmetros constatou a relevância dos mesmos para a análise dos projetos. A
176
identificação de parâmetroschave nos projetos da amostra possibilitou a categorização de
parâmetros abrangendo os temas da Sustentabilidade ambiental e social, Vivacidade urbana,
Identidade e Privacidade. Estes temas refletem as necessidades humanas que se julgam
contempladas pelos parâmetros projetuais selecionados em Alexander et al. (1977) e
consideradas pertinentes, sobretudo, às esferas
psicossocial e ambiental. O respaldo teórico
para os referidos temas caracterizado de acordo com o enfoque dos parâmetros para as
escalas da implantação e da habitação se encontra na seção Subsídio teórico para os
parâmetros projetuais. O arranjo concêntrico dos parâmetros em conjuntos temáticos (ver
Figura16) auxiliouna
visualizaçãodeassociaçõesidentificadasentreparâmetrosdediferentes
categorias, por sua vez fomentando a construção de conceitos humanizadores de caráter
propositivo e abrangente que incorporam parâmetros originais e novos. Estes foram
enquadradosemestruturaconceitual(verTabela15eTabela16)querelacionaosconceitosa
propriedadesespaciaisquelhessãoinerentes,representandoqualidadesespaciaisdoambiente
construídoquepodemresgatarumSensodeUrbanidadeedeHabitabilidade.
A amostra da produção local de projetos premiados inclui num período abrangente de tempo
umavariedadedepremiaçõeseconcursos, tipologiasedilíciasefaixasderendadapopulação.A
interpretação dos dados do levantamento de projetos representados na Tabela 2 à Tabela 5
revela que o período de 1980 a 2005 apresentou ritmo crescente de premiações na categoria
habitaçãocoletiva.IstosedeuemgrandepartedevidoaosconcursosparaHISquepredominam
na amostra com dezenove projetos, sendo quinze deles na cidade de São Paulo de forma
pontual e resultado de políticas públicas de incentivo à ocupação de vazios urbanos. As
tipologiasVBeVApredominamnosprojetosdeconcursosparaHIS,respectivamentecomoitoe
seteprojetos.dototaldetrintaecincoprojetosdaamostraatipologiamaisfreqüenteéaVA
com quatorze projetos, seguida da tipologia VB com dez projetos. O prêmio IABSP mostrase
pioneiro nas premiações desta amostra, e o prêmio AsBEA mostrase o tipo mais recente de
premiação.Operíodode2000a2005apontamaiorfreqüênciadatipologiaHsecomparadoaos
anos anteriores, mas os concursos para HIS e a premiação AsBEA no período garantem o
predomíniodatipologiaVA.
177
Aanálisedosprojetos segundoosconceitoshumanizadores teve como indíciocomparativoos
dadosquantoàpresençamaioroumenordeparâmetrosprojetuaisporprojeto.Observandose
os projetos de HIS de iniciativa pública nos anos de 1990 e 2004 na cidade de São Paulo (ver
Tabela9)notasequeosde1990apresentammaiorpresençadeparâmetrosprojetuaisquando
comparados aos de 2004. Este contraste se deve em parte a políticas públicas distintas, mas
também a uma maior sensibilidade por parte daqueles arquitetos de 1990 especialmente
quanto ao alcance do Senso de Urbanidade. Notadamente, projetos como o Rincão (VB03)
ilustrado na Figura 41 mostram uma maior preocupação com o resgate do espaço coletivo,
coerentecomavisãodopróprioautordeste projetosobreosresultadosdaqueleconcursopara
asáreasdo BrásedoJardim SãoFranciscoesubseqüentes contratações paraoutrasáreas: “a
qualidade formal dos conjuntos se exprime menos através da arquitetura dos edifícios e mais
através da articulação dos espaços de uso público tais como ruas, calçadas, esquinas, praças
públicas e semipúblicas” (PADOVANO E VIGLIECCA ARQUITETOS, 1991, p.62). De fato, em boa
parte dos projetos para HIS da amostra, os desafios para a Habitabilidade não parecem ser
priorizados,sendomaisfreqüenteencontrarinserçõesurbanasdequalidadedoqueumsentido
delarparaasUHs.amaioriadosprojetosdeHISdeiniciativapúblicanoanode2004parece
priorizar o melhor aproveitamento do potencial construtivo em detrimento dos valores
incorporadosaosconceitospropostoscomo,entreoutros, oprojetoHabitasampaBarraFunda
(VB01)tambémilustradonaFigura41.
A Tabela 12 permite constatarnamaioriadosprojetosde HIS para áreasde maior porte uma
dificuldadeemsealcançarpresençasignificativadeparâmetros,comonosprojetosparaNúcleo
UrbanoemCampinas(M04eM05)ilustradosnasFigura25eFigura26eReservaIbatyba(M
01) na Figura 33. Deste grupo constituem exceções os projetos CDHU em Itatiba
(M03)
ilustradonaFigura30eÁreaJd.SãoFrancisco(VB09)naFigura36.Namesmatabelapodese
constatarquepartedosprojetosdeHISparaáreasdemenorporterepresentadosnestegrupo
pelas tipologias VB e M alcançou presença significativa de parâmetros, como nos projetos
HeliópolisI(VB07)ilustradonaFigura44eÁreanoBrás(M06)naFigura45.Aanálisedesses
dois grupos de projetos de HIS indica que boa parte deles encontra maior dificuldade para o
alcance do Senso de Habitabilidade.Limitações de cunho econômicofinanceiro impõem áreas
178
mínimas (m2) para as UHs desses projetos que, quando para terrenos de maior porte,
encontramaindamaisdificuldadenaconsideraçãodosparâmetroseconceitospropostosque
com maior freqüencia optam por um desenho urbano mais abstrato que faz perder a
sensibilidadeaolugar,priorizandoapadronizaçãoparaarepetitividadeeoaproveitamentodo
potencial construtivo. Considerando o universo maior de projetos de HIS da amostra e a
amparada pelos conceitos humanizadores, a análise dos vinte e quatro projetos de HIS da
amostra destaca os seguintes projetos para áreas de maior porte: CDHU em Itatiba (M03) e
Área Jd. São Francisco
(VB09) e para áreas de menor porte os projetos Área no Brás (M06),
HeliópolisI
(VB07),HeliópolisII(VB08)ilustradonaFigura47,PedroFacchini(VB 02)naFigura
54eCaixaIAB(VA03)naFigura49.EssesprojetosproporcionamtantooSensodeUrbanidade
como o de Habitabilidade, ilustrando como diferentes organizações espaciais de conjunto
podem criar espaços externos positivos e conectarse ao entorno de modos variados, como a
racionalidadeconstrutivaearepetitividadedeUHspodemrespeitaraadequaçãoàsatividades
e oferecer uma variedade de boas opções de layout para as UHs, muito embora a área
excessivamente reduzida por UH especialmente nos projetos Área no Brás (M06) e Pedro
Facchini(VB02).
NaavaliaçãodasUHsindividuaisdosprojetosdaamostraogradientedeintimidade,adequação
aousoeagenciamentoentreambientesparecemmaiscríticosparasuaqualidadedoqueaárea
(m²)dahabitaçãoporsisó,mesmonumuniversoderestriçãocomoéocasodamoradiasocial.
Porém, priorizar a menor metragem possível para as UHs constitui uma das ameaças à
qualidadeespacialdosprojetosdehabitaçãocoletiva‐‐ deformamaiscríticaaquelesdeHIS‐
analogamenteàpriorizaçãodomelhoraproveitamentodopotencialconstrutivo,padronização
e repetitividade na agregação das UHs, e da flexibilidade de uso e possibilidades de expansão
das mesmas em detrimento dos valores incorporados aos conceitos humanizadores. Apesar
desta pesquisa não incluir avaliação pósocupação, uma parte dos projetos de HIS da amostra
foram executados e parece indicar a necessidade de flexibilidade de uso e possibilidades para
expansão das UHs, o que inclusive vem sendo requerido por concursos recentes. Mas quando
modificações e ampliações ocorrem para remediar a oferta insuficiente de tipos de moradias
para variados usuários em diferentes fases da vida, ou pela áreaexcessivamentereduzida das
179
UHs de todo o conjunto considerandose as famílias em geral numerosas para HIS, aquela
necessidade pode ser conseqüência de falha no projeto, em sintonia com as práticas de área
exíguaparaaUHedepadronizaçãodosprojetosporpartedosempreendedoresdosconjuntos,
sejamda iniciativapúblicaouprivada.Outraameaçaàqualidadedosprojetospodeserafalta
de orientação especializada e acompanhamento quando da necessidade de expansão ou
modificação após a ocupação. Em seminário recente sobre os desafios e oportunidades no
mercado de baixa renda realizado pela Editora PINI (2008) pôdese constatar um renovado
interessepor
empreendedoresdaconstruçãocivilnosetorque,todavia,nãoparecempriorizar
os conceitos de valor para os moradores e sim a viabilidade econômica de tais
empreendimentos: a padronizaçãodoprojetoque permitasuareutilizaçãoem outras áreas, a
larga escala de intervenção e a rapidez de execução. Houve quem afirmasse que
a busca pela
reduçãodovalordoterrenooudaconstruçãoéessencialquenãovetoresemocionaisna
compradestetipodeimóvel,ondeacapacidadedepagamentoéovetorexclusivonadecisão.
ATabela12revelaaindaapresençasignificativadeparâmetrosnosprojetosparademaisfaixas
derendaemtipologiamaisbaixaemenosdensacomonosprojetosVilaFidalga (H03)ilustrado
na Figura 62 e Vila no bairro Jabaquara (M02) na Figura 63 que apresentam conceitos em
equilíbrio tantoparaoSensodeUrbanidade comopara o de Habitabilidade. Porém, emparte
dos projetos deste grupo percebese uma priorização do privado nãourbano, de forma mais
marcantenosprojetosVilleCapFerrat
(VA06)ilustradonaFigura61eVilaPirandello(H01)na
Figura62,eemoutrosaindaomelhoraproveitamentodopotencialconstrutivoemdetrimento
dosvaloresincorporadosaosconceitoshumanizadorescomonoedifícioDuplexTopTower(VA
08)ilustradonaFigura 68, entre outros.Aanálisesegundoos conceitos propostos revela que,
com freqüência, os projetos
deste grupo expressam um descaso para com o Senso de
Urbanidade, o que pode por sua vez ser entendido em parte a partir da constatação, por
autorescomoHall(2006),deumindividualismocrescentenasociedadecapitalistaocidentalde
um modo geral, aliado a falhas na segurança pública no caso do
Brasil. Não se pode, porém,
isentar o arquiteto projetista de sua responsabilidade na busca por soluções criativas que
consigam driblar as dificuldades expostas para o projeto de habitação coletiva para qualquer
faixaderendadapopulação.
180
A Tabela 13 permite outras constatações a partir do agrupamento dos projetos por tipologia
edilícia,asaber:osdetipologiaHtendemapriorizaroSensodeHabitabilidade(sendoemsua
maioriaparademaisfaixasderenda),aquelesnastipologiasMe VBtendemapriorizaroSenso
de Urbanidade (sendo em sua maioria para HIS) e, por fim, os projetos de tipologia VA que,
salvo exceções, são os mais fracos quanto à presença de parâmetros. Essas constatações
indicam a necessidade de maior cuidado dos projetistas quando da opção pela tipologia
verticalizada (lâminas ou torres), que nitidamente dificulta o alcance do Senso de Urbanidade
quantoaoentrelaçamentoentreedificaçãoelugar,àcriaçãodeumgradientedeprivacidadeno
layoutdoconjunto, de sistemasdeentrada diferenciados bem comodetransiçõesnaentrada
de cada UH. Vários parâmetros podem contribuir de forma conjunta para uma maior sintonia
com o entorno construído e natural existentes. As propriedades espaciais “Conformação” e
“Progressão e Hierarquia” destacamse nos parâmetros que trabalham para tal sintonia (ver
Tabela15),queporsuaveznecessitamdeparâmetrosem“LimitesePermeabilidade”paraque
se caracterize plenamente a percepção de espaços integrados. Tipologias verticalizadas são
muitas vezes requeridas em áreas centrais onde o custo do terreno e a busca pela melhor
orientaçãosolarpossívelemrelaçãoaumentornodensamenteconstruídoeverticalizadoas
determinam.Estastipologiastendemagerarespaçosexternosfragmentados,masestefatonão
necessariamenteinviabilizasuaadoção,comosepôdeobservarnosprojetos:CaixaIAB(VA03)
e Edifício Avallon
ilustrado na Figura 72, em que ocorreu maior sensibilidade por parte dos
projetistasàquela sintonia.Tambémvale ressaltarqueousodetipologiasmaisbaixasporsi
nãogaranteoalcancedo SensodeUrbanidade,comodemonstram os projetos Vila Pirandello
(H01),ConjuntoRuaGrécia
(H02)naFigura47,HabitasampaBarraFunda(VB01)na Figura41
eReservaIbatyba
(M01).
Considerase que a abrangência e heterogeneidade de escala de intervenção, organização
espacialdeconjuntoedemoradia,peculiaridadesdolugarelocalizaçãoespacialetemporaldos
projetosdaamostracontribuíramparaailustraçãodavariabilidadedosparâmetrosprojetuais,
cuja relevância para a análise dos projetos fomentou a construção dos conceitos
humanizadores. Duas observações se fazem, porém, necessárias. A primeira é que se acredita
no caráter propositivo (e não restritivo) dos patterns, daí sua tradução e interpretação como
181
parâmetros projetuais. A segunda é que os conceitos propostos requerem a compatibilização
efetivaentreasdiferentespossibilidadessugeridasindividualmentepelosparâmetros.Seguindo
o mesmo raciocínio, almejase o equilíbrio entre o Senso de Urbanidade e o Senso de
Habitabilidade: um não deve ocorrer em detrimento do outro, visto que ambos são
fundamentaisparaa qualidade do projetocomoum todo, expressando basicamente mudança
de escala. Frisase, assim, a importância da conexão entre os parâmetros projetuais e da
complementariedadeentreosconceitoshumanizadores.
Acreditase que o processo projetivo pode se beneficiar da inclusão de conhecimento
sistematizado sem prejuízo à criatividade. Os conceitos humanizadores combinam parâmetros
entre níveis diferentes e seu arranjo em estrutura conceitual na estratégia proposta visa
salientar a importância das conexões hierárquicas entre eles. O agrupamento dos parâmetros
porpropriedadesespaciaisdestacaseucomponentefísicopredominanteeassimconferemaior
clareza ao modelo de representação de valores usado no processo projetual, que se acredita
podercontribuirparasuadinâmicaetambémparaumamaiorconsciênciadasaçõestomadas.
Os parâmetros projetuais exemplificam a resolução de conflitos através da descrição de
problemasepossíveissoluções,oqueseconsideraporsiumagrandecontribuiçãoparaato
de projetar bem como para o seu ensino, visto ser fundamental aliar o exercício de problem
solvingedecisionmakingàtransmissãodeconhecimentoemprojeto.
Apesar da pesquisa não ter investigado o processo projetivo dos arquitetos autores, as
respostasobtidasaoquestionárioenviadopermitem constatar o pouco conhecimento e ainda
mais rara consideração do conteúdo em Alexander et al. (1977) no processo projetual.
Conformemencionado, dos onze arquitetosqueresponderamao questionário apenascinco
deles conhecem o livro, dos quais somente dois acreditam utilizar seu conteúdo, e ainda de
maneiraimplícita.Acreditasepertinenterelacionarafaltadeconhecimentodareferidaobraà
frequentedesconsideraçãodoconteúdodosparâmetroseconceitosnosprojetosbemcomoà
questão do ensino de projeto no Brasil. O modelo da arquitetura e urbanismo do período
Moderno que favoreceu a redução de tipos residenciais e a proliferação de espaços externos
residuaiseindistintosnacidadeédecertomodoincriticávelnoBrasilvistoseraindaadmirado
182
por profissionais formados no período áureo do Modernismo local, alguns dos quais fazem
partedocorpodocentedas faculdadesde arquitetura(eoutiveramforteinfluência nasnovas
gerações de docentes) bem como das comissões julgadoras dos concursos e premiações de
projetos de habitação coletiva. Tal admiração pode provavelmente ser atribuída a um
saudosismo por aquele período em que a arquitetura brasileira adquiriu pela primeira vez
projeçãointernacional,bemcomoàdificuldade emsedesvencilhardospreceitosclarosebem
intencionados do período que, todavia, fora sucedido por uma visão pluralista sobre valor em
arquiteturaquedificultaaadoçãodecritérios
dequalidadeemprojeto.
Apesardaamostradeprojetosdapesquisanãoincluiraquelesquereceberamsomentemenção
honrosa‐‐salvooscasosexplicitadosnocapítuloAbordagemmetodológica‐‐podeseobservar
na maioria das menções incluídas uma maior sensibilidade aos conceitos humanizadores aqui
propostos,apontandotalvezcertaincoerênciadojúriaopremiar
projetostãodisparesparaum
mesmo local, como nos concursos: CDHU em Itatiba (projetos VA14 e M03, ilustrados na
Figura30)eCaixaIAB(projetosVA01,VA02eVA03,ilustradosnaFigura50enaFigura511}).
Acreditase poder apontar também outra característica na formação daquela geração de
profissionais: a pouca valorização e aplicação de metodologias para o processo de projeto,
característica ainda hoje considerada como quesito a melhorar em diversas instituições de
ensinocomoressaltadoemMonteiro(2007).Aosarquitetosautorescujapráticaprofissional
sentido às pesquisas da área salientase, sobretudo, que esta pesquisa oferece crítica
construtivaaosprojetossobumenfoqueespecíficoquenãoesgotasuaanálise.
A presente pesquisa obteve produtos e discussões que se espera oferecer como contribuição
tantoparaaáreadepesquisasemmetodologiadeprojetocomoparaadeestudos darelação
ambientecomportamentoacercadaqualidadeespacial condizente aomelhoratendimento de
necessidades humanas na habitação coletiva. Consideramse como produtos da pesquisa o
levantamentoabrangentedaproduçãolocaldeprojetos
dehabitaçãocoletivaeainterpretação
doperfildestelevantamento; acoletâneadeparâmetrosprojetuaisidentificadosnosprojetos
daquele levantamento, os novos parâmetros identificados e os conceitos humanizadores
construídos; a avaliação dos projetos levantados segundo os conceitos propostos e, por fim, a
183
estratégia projetual. Em Barros e Pina (2007) apresentamse resultados preliminares da
pesquisa a partir da análise de alguns dos projetos da amostra, e em Barros e Pina (2008)
apresentamseos conceitoshumanizadores emtrêsprojetosparaHISselecionados.Em Barros
(2008) enfocase a estratégia enquanto proposta de integração de conhecimento qualitativo
paraoprocessoprojetual.
Apesardaproposta deAlexanderetal.(1977)comoumtodoparecerrequereruma supressão
utópica de valores econômicos em prol de valores de uso do ambiente construído, como
argumentado por Dovey (1990), acreditase ter demonstrado que conceitos humanizadores a
partirdeumaseleçãodeparâmetrosprojetuaispodemvirabeneficiaroprocessoeaqualidade
de futuros projetos de habitação coletiva para qualquer faixa de renda. Podese dizer que a
proposta da presente pesquisa alinhase à de autores que almejam a redescoberta de valores
para o projeto arquitetônico a fim de satisfazer necessidades humanas e estabelecer o
engajamento dos usuários com o ambiente construído, como em Benedikt (1997; 1999).
Desenvolvimentos futuros poderão explorar em maior profundidade essas conexões teóricas
bem como a aplicação da metodologia de análise e prática projetual a partir dos conceitos
propostosque,avessosàabstraçãodosíndicesecoeficientestípicosdalegislaçãourbanísticae
arquitetônica, representam qualidades morfológicas e espaciais do ambiente construído que
procuram resgatar um Senso de Urbanidade e de Habitabilidade. As peculiaridades do local
poderão sempre sugerir outros parâmetros ou indicar novos conceitos a partir de outras
interpretaçõesdosmesmos.
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