Download PDF
ads:
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
FACULDADE DE ENGENHARIA CIVIL
Relações entre Vizinhança e Efeito de Borda em Fragmento
Florestal
Esther Carone Blumenfeld
Campinas
2008
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
2
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
FACULDADE DE ENGENHARIA CIVIL, ARQUITETURA E
URBANISMO
Esther Carone Blumenfeld
Relações entre Vizinhança e Efeito de Borda em Fragmento
Florestal
Dissertação apresentada à Comissão de Pós-
graduação da Faculdade de Engenharia Civil,
Arquitetura e Urbanismo da Universidade
Estadual de Campinas, como parte dos requisitos
para obtenção do título de Mestre em Engenharia
Civil, na área de concentração Recursos Hídricos,
Energéticos e Ambientais.
Orientadora: Profa. Dra. Rozely Ferreira dos Santos
Campinas
2008
ads:
3
FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA
BIBLIOTECA DA ÁREA DE ENGENHARIA E ARQUITETURA - BAE - UNICAMP
B626r
Blumenfeld, Esther Carone
Relações entre vizinhança e efeito de borda em
fragmento florestal / Esther Carone Blumenfeld.--
Campinas, SP: [s.n.], 2008.
Orientador: Rozely Ferreira dos Santos
Dissertação (Mestrado) - Universidade Estadual de
Campinas, Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e
Urbanismo.
1. Impacto ambiental. 2. Paisagem. 3. Ecologia. 4.
Planejamento ambiental. I. Santos, Rozely Ferreira dos
Santos. II. Universidade Estadual de Campinas.
Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e
Urbanismo. III. Título.
Titulo em Inglês: Relationships between neighborhood and edge effect in forest
fragment
Palavras-chave em Inglês: Edge effect, Landscape ecology, Environmental
planning
Área de concentração: Recursos Hídricos, Energéticos e Ambientais
Titulação: Mestre em Engenharia Civil
Banca examinadora: Lucila Chebel Labaki, Vânia Regina Pivello
Data da defesa: 08/08/2008
Programa de Pós-Graduação: Engenharia Civil
4
5
A Guida e Maxim Carone
6
AGRADECIMENTOS
Agradeço a todos que estiveram presentes durante estes dois anos e, de alguma forma,
contribuíram para a realização deste trabalho:
À professora Rozely pela orientação sempre presente e fundamental em todas as fases deste
trabalho;
Ao professor Sydnei pela orientação paciente nas análises estatísticas;
À professora Lucila pelo apoio e empréstimo dos equipamentos de microclima;
À Sueli pela amizade e pela ajuda fundamental no campo, em casa, no lapla etc;
Aos os amigos do LAPLA que sempre bem humorados ajudaram no campo: à Eloisa, ao
Gui, ao João à Kivia, à Lidia, à Sueli, à Talita, sem os quais a coleta de dados seria inviável.
Aos amigos e familiares que, quase sempre bem humorados, ajudaram na segunda fase do
campo (em ordem cronológica de participação): Minha irmã Thais, meu pai Joseph, minha mãe Sara,
minha amiga Marcinha e meu namorado Marcelo.
Aos técnicos do laboratório de conforto térmico, Daniel e Obadias, sempre prestativos,
pelo apoio;
À Loyde pelas instruções relativas aos equipamentos de microclima;
Ao Marquinhos pela ajuda com o SIG e pelos vários telefonemas de socorro;
7
Ao Miltinho que gentilmente me recebeu e passou o material utilizado no trabalho;
Ao Catharino pelo material cedido;
À Prefeitura de Cotia, em especial à Cristina Ota que nos cedeu o alojamento da Reserva;
À Sabesp pelo material cedido e pela permissão para desenvolver o trabalho na área, em
especial ao Álvaro e à Celia;
À Belzinha pelo auxílio na elaboração do “Abstract”;
Ao Marcelo pelo apoio em todos os aspectos, pelas inúmeras ajudas, pelo companheirismo
e mais várias outras coisas...;
Aos meus pais por estarem sempre presentes e me apoiando;
A o Alê e à Cintia (em ordem alfabética), caras metades, que desde o começo tornaram
Campinas muito mais habitável;
Aos amigos do LAPLA pelas colaborações e amizade de todos;
Às meninas, Dani, Ju, Má e Ninis, pela amizade e apoio nas idas a São Paulo e via Embratel;
À Tata, a clara, por ser minha irmã e tudo mais;
À Dona Inês e à Liege, que tantas vezes me receberam tão bem nos finais de semana,
tornando as semanas muito melhores também.
E a todos aqueles que por lapso não foram incluídos nestas páginas.
8
RESUMO
BLUMENFELD, Esther C. Relações entre Vizinhança e Efeito de Borda em Fragmento
Florestal. Campinas: Faculdade de Engenharia Civil – UNICAMP, 2008. 85p. Dissertação
(Mestrado) – Faculdade de Engenharia Civil, UNICAMP, 2008.
O efeito de borda em fragmento de floresta é uma das principais conseqüências promovidas pelo uso
e ocupação do homem em áreas onde ocorrem ecossistemas naturais. Para uma ocupação racional da
paisagem, visando à conservação ambiental, é necessário um conhecimento mais preciso a respeito
dessa interação homem e fragmento. Nessa direção, este estudo caracterizou e estabeleceu a extensão
do efeito de borda em um fragmento de floresta em relação a diferentes vizinhanças e indicadores de
efeito de borda. O trabalho foi realizado na Reserva Florestal do Morro Grande (SP) e seu entorno,
uma região intensamente ocupada por diferentes usos humanos. A região foi mapeada e foram
selecionados dois tipos de ocupação antrópica (urbana e agrícola) para estudo dos respectivos efeitos
de borda, além de uma área florestal definida como referência. A qualificação e extensão do efeito de
borda foram obtidas por meio da avaliação, em transecções, de indicadores de efeito de borda na
floresta. Foi possível então distinguir dois grupos distintos de efeitos de borda: físicos e biológicos.
O primeiro se estendeu ao longo da borda a profundidades menores e foi mais expressivo quando a
vizinhança era a ocupação urbana. O segundo se expressou mais profundamente no fragmento e o
efeito foi mais intenso na tipologia agrícola. Os melhores parâmetros para o efeito de borda neste
estudo foram a temperatura e o diâmetro das árvores.
Palavras Chave: Efeito de Borda; Ecologia da Paisagem; Planejamento Ambiental.
9
ABSTRACT
BLUMENFELD, Esther C. Relationships between Neighborhood and Edge Effect in
a Forest Fragment. Campinas: Faculdade de Engenharia Civil – UNICAMP, 2008. 85p. Dissertação
(Mestrado) – Faculdade de Engenharia Civil, UNICAMP, 2008.
Edge effect is one of the main consequences of men’s use and occupation of natural ecosystem
occurring areas. For a rational landscape occupation concerned with environmental conservation
needs, it is necessary to develop precise knowledge about the interaction between human populations
and forest fragments. This study characterized and established the extent of the edge effect in a
forest fragment in relation to its different neighborhoods and edge effect indicators. The study was
developed in Morro Grande Forest Reserve (São Paulo, Brazil) and in its vicinity, a region intensely
occupied by different types of human activities. The region was mapped and two kinds of a human
occupation were selected for the edge effect study (rural and urban), and a forest area was defined as
a reference. The type and extension of the edge effect were evaluated in transects in the forest using
edge effect indicators. It was possible to determine two distinct groups of edge effects: physical and
biological. The first type of edge effect spread along the edge at smaller depths and was more
expressive when the vicinity was an urban area. The second type of effect was deeper expressed in
the edge and the effect was more intense in rural areas. The best parameters to measure edge effect
in this study were temperature and tree circumference.
Key words: Edge Effect, Landscape Ecology, Environmental Planning.
10
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Localização da Reserva Florestal do Morro Grande...................................................................26
Figura 2: Área urbana (borda mata – ocupação urbana)..............................................................................28
Figura 3: Área agrícola (borda mata – ocupação agrícola)...........................................................................28
Figura 4: Área florestada (borda mata – mata)..............................................................................................29
Figura 5: Detalhe das estacas no início de uma das transecções................................................................30
Figura 6: Esquema da transecção....................................................................................................................31
Figura 7: Disposição dos equipamentos de aferição de microclima no início de uma transecção........32
Figura 8: Mapa de uso e ocupação do entorno da RFMG..........................................................................34
Figura 9: Áreas selecionadas para detalhamento...........................................................................................35
Figura 10: Área representativa da ocupação urbana.....................................................................................36
Figura 11: Área representativa da ocupação agrícola...................................................................................37
11
Figura 12: Área representativa da região florestada......................................................................................38
Figura 13: Avaliação das tendências entre fatores abióticos e distância da borda na floresta com as
três tipologias......................................................................................................................................................42
Figura 14: Média do peso seco da serapilheira para as bordas limítrofes às três tipologias...................51
Figura 15: Distribuição dos dados e tendência de peso seco de serapilheira...........................................51
Figura 16: Média das medidas de diâmetro das árvores para as bordas limítrofes às três
tipologias.............................................................................................................................................................53
Figura 17: Média das porcentagens de cobertura de bambu nas três categorias de distância................55
Figura 18: Média do número de lianas nas três categorias de distância.....................................................55
Figura 19: Média do número de árvores mortas nas três categorias de distância....................................55
12
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Indicadores selecionados conforme significância........................................................................39
Tabela 2: Diferenças entre as tipologias em função das variáveis abióticas.............................................41
Tabela 3: Diferenças entre as distâncias de borda em função da temperatura.........................................44
Tabela 4: Diferenças entre as distâncias de borda em função da umidade...............................................45
Tabela 5: Diferenças entre as distâncias de borda em função da radiação solar......................................45
Tabela 6: Diferenças entre as distâncias de borda em função da temperatura por tipologia.................46
Tabela 7: Diferenças entre as distâncias de borda em função da umidade por tipologia.......................47
Tabela 8: Diferenças entre as distâncias de borda em função da radiação solar por tipologia..............47
Tabela 9: representação das três faixas de efeito de borda ao longo das transecções para as variáveis
cujas análises apresentaram resultados significativos...................................................................................49
Tabela 10: Diferenças entre as tipologias em função das variáveis bióticas.............................................50
13
SUMÁRIO
RESUMO
.......................................................................................................................08
ABSTRACT..................................................................................................................09
1. INTRODUÇÃO........................................................................................................15
1.1. Objetivo....................................................................................................................16
2. REFERENCIA TEÓRICO.....................................................................................17
2.1. Efeito de Borda: Conceito e Importância
..............................................................17
2.2. Parâmetros Indicadores de Efeito de Borda........................................................19
2.3. Métodos de Avaliação de Efeito de Borda............................................................21
3. MATÉRIAL E MÉTODOS....................................................................................25
3.1. Área de Estudo........................................................................................................25
14
3.2 Identificação da Série Tipológica de Uso e Ocupação da Terra e Seleçãodas
Áreas de Estudo.............................................................................................................
27
3.3. Indicadores de Avaliação de Efeito de Borda.....................................................
.29
3.4. Tratamento dos dados............................................................................................
32
4. RESULTADOS E DISCUSÃO............................................................................33
4.1. Série Tipológica Desenhada em Duas Escalas....................................................33
4.2. Indicadores de Efeito de Borda.............................................................................38
5. CONCLUSÕES.......................................................................................................58
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................61
7. ANEXO......................................................................................................................66
15
1. INTRODUÇÃO
Efeito de borda é o resultado da interação entre dois ecossistemas adjacentes que estão
separados por uma transição abrupta (MURCIA, 1995), como floresta e campo, conduzindo a
diferenças na qualidade do habitat nas faixas limítrofes a esses sistemas e resultando na identificação
de uma faixa de borda. Esta área está sujeita à pressão exercida pelo uso da terra no seu entorno,
acarretando em efeitos que podem ser observados ou inferidos por fotos, imagens ou em
levantamentos de campo.
Os efeitos de borda em fragmento de floresta são uma das principais conseqüências do uso
e ocupação da terra pelo homem e um dos principais fenômenos responsáveis pela descaracterização
e degradação de um remanescente florestal.
Os estudos sobre borda geralmente relacionam o tipo e intensidade dos efeitos
principalmente a padrões como tamanho, disposição e formato dos fragmentos. Esses trabalhos
utilizam diversos indicadores de efeito de borda, em unidades experimentais imersas em diferentes
matrizes. Porém, não está esclarecido o papel dos diferentes tipos de interface nas características e
dimensões de borda.
Conforme considerado por Ries et al. (2004) “paisagens existem como mosaicos compostos por
diferentes tipos de manchas, então, entender a ecologia do habitat das bordas requer a compreensão das complexas
influências de cada diferente mancha adjacente na mancha em foco”. Segundo Lindenmayer & Ficher (2006), o
fator mais influente na manifestação do efeito de borda é seu grau de contraste com a matriz, quanto
16
mais distinta a matriz do fragmento, maior o efeito de borda. Desta forma, a influência da vizinhança
é citada e reconhecida pela literatura, porém resta a pergunta: quanto um tipo e intensidade de
pressão humana limítrofe a um fragmento florestal podem se somar às condições naturais e conduzir
a um tipo e extensão específicos de gradiente de borda? Esta questão conduz para a hipótese de que
diferentes tipos de vizinhança (em qualidade e quantidade) provocam manifestações de efeito de
borda em extensões e quantidades distintas em fragmentos florestais. Desta forma o intuito deste
estudo foi salientar os efeitos decorrentes do tipo de pressão antrópica na borda da floresta, tendo
em vista que a literatura científica evidencia que são raros os trabalhos com esse foco no Brasil ou
mesmo fora dele. Esperamos com este estudo contribuir para a tomada de decisão em planejamentos
ambientais, pois, por exigência de ato legal ambiental (Lei Federal N
o
9.985 de 2000, Sistema
Nacional de Unidades de Conservação, regulamentada pela resolução CONAMA N
o
1.390) é
necessário definir os tipos e intensidades de atividades humanas que podem existir na zona de
amortecimento de unidades de conservação. Em dias atuais, as decisões são tomadas prioritariamente
pelo “bom senso”, sem base científica consistente. Assim, esta pesquisa visou contribuir por meio de
duas frentes: pelo conhecimento científico e, adicionalmente, pelo apoio aos órgãos públicos
ambientais e sociedade na fundamentação para tomada de decisão visando à conservação de
unidades protegidas e ao respeito adequado à legislação ambiental brasileira.
1.1. Objetivo
O objetivo desta pesquisa foi caracterizar e estabelecer a extensão do efeito de borda em
fragmento de floresta em relação a diferentes vizinhanças e diferentes indicadores de qualidade de
habitat.
Objetivos Específicos:
Caracterizar o efeito de borda em nas três tipologias estudadas;
Determinar os parâmetros mais indicados para determinação do efeito de borda
17
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1. Efeito de Borda: Conceito e Importância
Como já citado na introdução, o efeito de borda é o resultado da interação entre dois
sistemas adjacentes que conduzem a diferenças na qualidade do habitat nas faixas limítrofes
(GIMENES & ANJOS, 2003; SISK & HADDAD, 2002). Dramstad et al. (1996) descrevem a borda
como a porção externa de uma mancha que é significantemente diferente do seu interior. Eles citam
que, freqüentemente, os ambientes da borda e do interior de um fragmento florestal são percebidos
de forma diferente, tanto em relação à estrutura vertical e horizontal, como à composição e à
abundância de espécies. Esse conjunto de expressões compreende então o efeito de borda específico
a essa mancha.
A borda de um fragmento florestal sofre fortes influências do ambiente ao seu redor, o que
acarreta em modificações físicas e estruturais em sua porção marginal (FIGUEIRÓ & COELHO
NETTO, 2003). A área de borda está sujeita à pressão exercida pelo uso da terra no seu entorno,
acarretando nos efeitos de borda que, segundo Murcia (1995), podem ser separados em três tipos:
Abióticos - envolvendo mudanças nas condições físicas, como temperatura, umidade, luminosidade e
químicas, como disponibilidade de substâncias advindas de processos de lixiviação; Bióticos diretos -
mudanças na abundância e distribuição de espécies causadas diretamente por condições físicas
próximas da borda, como por exemplo, dessecação, vento e determinada por tolerâncias fisiológicas
de espécies às condições próximas da borda; e Bióticos indiretos - que envolvem mudanças nas
18
interações das espécies, como predação, parasitismo, competição, herbivoria, polinização e dispersão
de sementes. Outros autores fazem outro tipo de classificação. Assim, por exemplo, Herrmann et al.
(2005) e Nascimento & Laurence (2006) reconhecem somente dois tipos: físicos – como quantidade
de luminosidade, umidade, temperatura, vento; e bióticos – como densidade e composição de
espécies. Já Harper et al. (2005), em revisão de estudos sobre efeito de borda, apresenta uma
classificação que separa-os em primários - decorrentes diretamente da criação da borda, como danos
estruturais na vegetação, alteração na dispersão de sementes, alteração de temperatura, umidade e
secundários - decorrentes dos efeitos primários, como mudança nos padrões de crescimento,
regeneração, reprodução e mortalidade de plantas, acarretando em padrões alterados na estrutura e
composição de espécies.
Dentre os efeitos de borda, são comumente citados em literatura a mais alta incidência de
radiação solar e de temperatura do ar e do solo, acarretando em menor umidade na borda em relação
ao interior da floresta. Segundo Gimenes e Anjos (2003) esses efeitos são importantes porque
condicionam muitos fenômenos biológicos, estando diretamente ligados à fotossíntese,
desenvolvimento da vegetação, decomposição e ciclo de nutrientes. Esses autores citam também que
a intensidade dos efeitos de borda varia de acordo com a distância do limite ou fronteira do
fragmento, sua orientação em relação ao sol, sua estratificação vertical, seu formato, tamanho e
idade. Murcia (1995) cita também que a intensidade dos efeitos de borda varia em função de alguns
fatores, como idade do fragmento, sua fisionomia e o tipo de matriz. Ressalta que é importante
avaliar o histórico de manejo da floresta e da matriz. Todos esses fatores devem ser considerados
para a seleção de réplicas em experimentos que pretendem determinar a extensão do efeito de borda.
É importante destacar que nem sempre o efeito de borda é evidente. Queiroga e Rodrigues
(2001), trabalhando entre manchas de cerrado e áreas agrícolas, não evidenciaram efeito de borda,
provavelmente porque não se constatou variações microclimáticas.
O efeito de borda constitui a conseqüência mais significativa da fragmentação resultante
tanto de distúrbios naturais como de origem antrópica (ZHENG & CHEN, 2000), atuando como o
principal mecanismo que leva às mudanças da estrutura e dinâmica florestal (NASCIMENTO &
LAURENCE, 2006).
19
Por meio de diferentes tipos de uso da terra, o homem pôde gerar ao longo da história
diferentes pressões e impactos produzindo grandes alterações nos sistemas naturais (SANTOS, 2005)
e, de forma comum, as interferências são mais intensas da borda para o interior dos fragmentos
florestais (SANTOS, 2004). Desta maneira, a extensão do efeito de borda deve ser uma resultante
combinada das condições limítrofes entre o fragmento e área circundante, da influência dos fatores
naturais inerentes sobre esse limite e do tipo e quantidade de interferências do homem nessa região.
Conforme destacam Sisk & Haddad (2002), embora as bordas sejam componentes comuns de
paisagens não perturbadas, elas proliferam, rapidamente, quando as paisagens são fragmentadas e
com maior interferência humana.
É importante salientar que a influência humana também depende das condições locais em
que se insere o fragmento. Assim, por exemplo, o desenho do terreno pode ser um fator
determinante, tanto conferindo dificuldade como facilidade ao acesso da população humana fora e
dentro dos fragmentos. Conforme citam Rodrigues et al. (2004), o relevo é um dos elementos da
paisagem que interfere na expressão dos efeitos de borda, pela influência de vários fatores como
sombreamento, declividade e possibilidade de acesso humano.
2.2. Parâmetros Indicadores de Efeito de Borda
Vários trabalhos sob a perspectiva da ecologia da paisagem foram realizados no sentido de
qualificar e quantificar o efeito de borda, em áreas com ocupações e atividades humanas distintas.
Esses estudos procuraram buscar relações entre padrões espaciais e processos ecológicos, conforme
teoricamente sumarizado em Metgzer (2004). Os estudos basearam-se em indicadores para atingir
seus resultados, ou seja, utilizaram parâmetros que expressam a ocorrência de características ligadas
ao efeito de borda, como nos trabalhos de Baldissera & Ganade (2004), Fontoura et al. (2006),
Hansen & Clevenger (2005), Herrmann et al. (2005), Nascimento & Laurence (2006), Oliveira Filho et
al. (2004), Paciência & Prado (2004), Saunders et al. (1999) e Zheng & Chen (2000).
Saunders et al. (1998), utilizando a temperatura como indicador em área ocupada por
silvicultura, encontraram efeito de borda variando de 10 a 60 metros, dependendo do local, do
período do dia e das condições do tempo, entre outras variáveis. Fontoura et al. (2006), utilizando
20
parâmetros como riqueza, abundância, composição e estrutura da vegetação em uma área de
transição entre floresta de araucária e pasto estabeleceram uma extensão de borda de até 50 metros.
Nascimento & Laurence (2006) utilizaram estimativas de densidade e biomassa de árvores vivas e
arvoretas, serapilheira e árvores mortas em pé como indicadores de efeito de borda em fragmentos
florestais inseridos em uma matriz de pastagem abandonada. Eles observaram alta taxa de
mortalidade e danos nas árvores, principalmente nos fragmentos menores e redução da densidade de
árvores tardias, favorecendo o recrutamento de espécies pioneiras e secundárias. Também estudando
efeito de borda em fragmento de floresta em uma matriz composta por pastagem, Paciência & Prado
(2004) estudaram a riqueza de espécies de pteridófitas. Eles verificaram que o efeito mais
significativo ocorria nos primeiros 20 metros da linha borda-interior. Baldissera & Ganade (2004),
em área de transição entre floresta e pastagem, analisaram como indicador a predação de sementes e
encontraram evidências de efeito de borda em até 50 metros de extensão para o interior da floresta.
Hansen & Clevenger (2005) estudaram o efeito de borda de estradas e ferrovias em fragmentos de
floresta e campos abertos utilizando como indicador a presença de espécies invasoras. Eles
observaram que ao longo dos 25 metros de extensão de efeitos de borda na floresta havia um
gradiente de intensidade de manifestação dos indicadores do efeito, da borda para o centro do
fragmento. Hermann et al. (2005) estudaram uma paisagem natural fragmentada cuja matriz era
composta por agricultura anual. Utilizaram a riqueza e abundância das espécies vegetais como
indicadores de efeito de borda nos fragmentos. Eles relacionaram a extensão do efeito de borda a
algumas características da paisagem e concluíram que o tamanho da área central do fragmento e a
proximidade a outros fragmentos eram os fatores mais relacionados.
Figueiró & Coelho Netto (2003) analisaram uma interface floresta-cidade no maciço da
Tijuca, no Rio de Janeiro. Os autores definiram diferentes padrões de estabelecimento desta interface
e as classificaram segundo o grau de vulnerabilidade ao efeito de borda. Esta classificação foi feita a
partir de um modelo teórico e foi baseada na facilidade de exposição da floresta a incêndio,
considerado o maior agente causador de danos à borda na região do estudo. Sob essa consideração,
eles usaram principalmente dois aspectos: a presença de gramíneas como um indicador das interfaces
de maior vulnerabilidade, por ser a maior facilitadora da propagação do efeito fogo e a presença de
floresta secundária como um indicador de menor vulnerabilidade, por representar uma espécie de
barreira à propagação de incêndios. Eles classificaram então os diferentes tipos de borda formados
21
pelas diferentes interfaces floresta-cidade segundo a disposição e combinação das ocupações da terra
dispostas nesta interface.
Existem muitos outros trabalhos que reforçam as considerações apresentadas neste item.
Eles utilizam os mesmos indicadores, porém em diversas quantidades e combinações e aplicados em
diversas áreas de estudo, o que torna difícil a comparação de resultados.
2.3. Métodos de Avaliação de Efeito de Borda
Na maioria dos trabalhos que se referem a efeito de borda, os dados a respeito dos
indicadores foram coletados ao longo de transecções ou de parcelas dispostas em uma linha de
direção borda-interior.
Os trabalhos que se preocuparam com a composição de espécies, de forma geral, utilizaram
parcelas, como Fontoura et al. (2006), Nascimento & Laurence (2006) e Paciência & Prado (2004).
Fontoura el al (2006) realizaram medidas de abundância, composição e estrutura da vegetação em 42
parcelas de 5 por 5 metros dispostas aleatoriamente nas distâncias 0, 25, 50 e 100 metros da borda
para o interior da floresta. Nascimento & Laurence (2006) coletaram os dados referentes aos seus
indicadores em 56 parcelas de 1 hectare (100 por 100 metros) dispostas aleatoriamente em
fragmentos de diferentes tamanhos e em mata contínua. Paciência & Prado (2004) realizaram suas
medidas de riqueza e abundância de pteridófitas em 36 parcelas de 0,12 hectare (120 metros por 10
metros) em áreas de floresta contínua. As parcelas foram dispostas em três blocos: 20 metros da
borda, 40 metros da borda e 100 metros ou mais da borda.
Outros trabalhos, como Herrmann et al. (2005), analisando também a composição de
espécies, utilizaram transecções para a coleta dos dados. Seus levantamentos foram realizados em 46
transecções de 4 metros de largura perpendiculares aos 18 fragmentos estudados.
Esta metodologia também foi aplicada em trabalhos que utilizaram como indicadores a
temperatura do ar (SAUNDERS et al., 1999), espécies invasoras (HANSEN & CLEVENGER, 2005)
e composição de mamíferos (COELHO, 1999). Saunders et al. (1999) realizaram medidas da
temperatura do ar em transecções de 80 metros a 0, 5, 10 e 20 metros do solo a cada 5 metros. As
22
medidas foram realizadas oito vezes por dia, a cada 15 segundos, obtendo-se uma média a cada 20
minutos. Hansen & Clevenger (2005) verificaram a presença de espécies invasoras em transecções
paralelas a rodovias e ferrovias. As transecções foram dispostas a 5, 25, 50, 100 e 105 metros destes
corredores e divididas em parcelas de 0,5 por 0,5 metros. Cada parcela foi dividida em plotes de 10
por 10 centímetros, nos quais foi verificada a presença ou ausência de espécies invasoras.
Outras metodologias, menos comuns, foram utilizadas. Fernadez et al. (2002), por exemplo,
propuseram um modelo para delimitação de efeito de borda baseado em uma analogia com o campo
elétrico e a extensão de suas forças. Eles chamaram a atenção à influência de fatores como tamanho
e formato do fragmento na extensão do efeito de borda e salientaram o fato de sua irregularidade
ligada a esses fatores e à heterogeneidade da paisagem. Já Zheng & Chen (2000) e Zeng e Wu (2005)
desenvolveram seus trabalhos basicamente a partir de análises de imagens de satélite em SIG. Ambos
os trabalhos foram baseados em mapas de uso da terra. O primeiro procurou desenvolver uma
metodologia para delineamento de área de influência de efeito de borda a partir da disposição dos
elementos da paisagem, determinando sua extensão a partir da conformação dos pixels na imagem de
satélite. O segundo estudo teve como objetivo analisar a paisagem por meio da aplicação de métricas
de borda a partir da imagem de satélite. Estas métricas levaram em consideração aspectos como a
quantidade, densidade e o comprimento das bordas identificadas.
De forma geral, pesquisadores que trabalham com métricas e ecologia da paisagem usam
um tamanho pré-determinado de extensão de borda, usualmente entre 30 e 100 metros, de acordo
com a análise do lugar (LEITÃO et al., 2006; METZGER, 2001). Planejamentos ambientais baseados
apenas nessa determinação subjetiva têm limitações (LEITÃO et al., 2006) e podem conduzir para
tomadas de decisão errôneas sobre fragmentos que devem (ou não) ser protegidos em detrimento de
outros.
Sobre o tema efeito de borda existem dois trabalhos que devem ser destacados. O estudo de
Murcia (1995) enfatiza conceitos e métodos usuais. A autora escreve sobre a falta de atenção nos
diversos estudos analisados no que tange à contextualização do fragmento em relação à matriz. Ries
et al. (2004) fez uma revisão extensiva, destacando o histórico do conceito e apresentando um
agrupamento dos estudos efetuados de acordo com os indicadores e métodos utilizados. Esses
autores criticam os estudos, citando que os pesquisadores não consideram a matriz na análise de seus
23
resultados e tratam o efeito de borda como um fenômeno simples, linear e não sinérgico. Também
destacam incoerências metodológicas, principalmente em relação ao número e disposição de réplicas
amostrais.
Ewers et al. (2007), seguindo considerações de Murcia (1995) e Ries et al. (2004), fizeram um
trabalho tentando elucidar a relação da área com o efeito de borda, evidenciando a ação sinérgica
destes dois fatores nos processos ecológicos. Eles assumem que os processos dentro dos
ecossistemas são muito mais complexos do que se costuma considerar a partir da aplicação das
metodologias comumente empregadas na maioria dos estudos.
Mesquita et al. (1999) compararam, na Amazônia, a taxa de mortalidade de árvores em
fragmentos rodeados por diferentes matrizes: pastagem, Cecropia e Vismia. Dentro dos fragmentos,
em parcelas determinadas, acompanharam as comunidades de árvores por 5 a 6 anos após a
fragmentação. Eles marcaram todas as árvores inseridas nas parcelas e acompanharam as que
morriam ao longo dos anos. Observaram que em todos os casos o efeito de boda se manifestou com
maior intensidade nos primeiros 20 metros. Porém, constataram que a matriz exerce influência tanto
na magnitude quanto da penetração máxima dos efeitos de borda. Concluíram que a matriz formada
por pasto protege menos a floresta do que as outras estudadas. Além disso, concluíram que a matriz
composta por Vismia, devido à sua estrutura, protege mais a floresta do vento e luminosidade, a
pesar de sua altura menor em relação à Cecropia.
Li et al. (2007) analisaram, com uso de SIG, uma paisagem na China formada por um
mosaico composto por alguns tipos de uso da terra. Identificaram bordas formadas por mais de dois
tipos de vizinhança, ou seja, fronteiras de mais de dois tipos de uso da terra, e observaram que a
multiplicidade de bordas em uma mesma mancha pode aumentar a extensão do efeito de borda de
forma não linear. Porém, neste estudo não se teve a preocupação de relacionar especificamente o
efeito de borda ao(s) tipo(s) específico(s) do uso da terra.
Ewers & Didham (2006), em estudo na Nova Zelândia, em fragmentos de floresta rodeada
por matriz de pastagem, consideraram extensão e magnitude do efeito de borda usando como
indicadores a diversidade e abundância de classes de insetos. Eles consideraram não só a borda, mas
todo o continuum do ecótono, fazendo transecções de 1.024 metros para dentro da floresta e para
24
dentro da matriz. Eles puderam constatar que os diferentes grupos de insetos respondem de maneira
diversa aos efeitos de borda, tanto em extensão quanto em intensidade.
Ewers et al. (2007), em estudo em fragmentos florestais também na Nova Zelândia,
analisando o comportamento da comunidade de besouros em fragmentos de diferentes tamanhos,
constataram que a área do fragmento e o efeito de borda agem em sinergia sob a comunidade de
besouros, sugerindo que variações na intensidade do efeito de borda talvez sejam a base de muitos
padrões que eram superficialmente relacionados principalmente à área do habitat.
Enfim, as críticas de Ries et al., em 2004, parecem ter imprimido uma nova forma de
trabalhar os efeitos de borda e os mais recentes trabalhos têm reforçado o papel da matriz. No
entanto, muitos aspectos ainda devem ser considerados e há uma grande lacuna no conhecimento no
que se refere à interpretação do continuum, que engloba a caracterização da matriz tanto quanto a
caracterização do fragmento.
25
3. MATERIAL E MÉTODOS
3.1. Área de Estudo
O estudo foi realizado junto à Reserva Florestal do Morro Grande – RFMG, uma área de
cerca de 10.870 hectares localizada no município de Cotia, SP, entre as coordenadas 23º39’ - 23º48
S, 47º01’ – 46º55’W. Está situada no Planalto Atlântico, no alto da Serra de Paranapiacaba, sobre o
planalto de Ibiúna, nos limites da Morraria do Embu e Bacia de São Paulo, 34 Km a leste da cidade
de São Paulo (CATHARINO et al., 2006; METZGER et al., 2006) (Figura 1).
A RFMG foi criada pelo Decreto Estadual nº 1.949 de 04 de abril de 1979. Em 1981 foi
Tombada pela Secretaria da Cultura do Governo do Estado de São Paulo pela Resolução de
tombamento nº2. Em 1994, a RFMC foi também inserida como área núcleo na Reserva da Biosfera
do Cinturão Verde da Cidade de São Paulo. É administrada pela Companhia de Saneamento Básico
do Estado de São Paulo – SABESP, pois abriga mananciais que abastecem o Sistema Produtor Alto
Cotia, Represa Pedro Beicht e Cachoeira da Graça, responsáveis pelo abastecimento de 400 mil
habitantes da Região Metropolitana de São Paulo.
Os limites da RFMG coincidem com os da bacia do rio Cotia no seu trecho superior,
dentro da bacia do Alto-Tietê. A altitude está entre 860 e 1.075 metros. O clima predominante pode
ser classificado como Cfb (KÖPPEN 1948 apud CATHARINO et al., 2006), descrito como
26
temperado de inverno menos seco, com regime de chuvas de verão, temperatura média do mês mais
quente abaixo de 22ºC e do mês mais frio abaixo de 18ºC.
Figura 1: Localização da Reserva Florestal do Morro Grande.
Devido a seu histórico de ocupação, a RFMG é composta por um mosaico de florestas
secundárias em diferentes estádios de sucessão (METZGER, 2006). Segundo Catharino et al. (2004),
ela pode ser classificada em geral por “floresta ombrófila densa montana, com presença de espécies
de florestas mistas, estacionais, semideciduais e cerradão”.
A Reserva representa um dos maciços florestais mais extensos e preservados do Planalto
Atlântico do entorno da cidade de São Paulo, possuindo predominantemente florestas regeneradas e
representando um bom testemunho da flora regional (CATHARINO et al. , 2006).
É uma região ocupada há bastante tempo, o que permitiu o estabelecimento, junto a esse
fragmento florestal e remanescentes menores, de diferentes tipos de usos da terra. Sua região sul é
cortada por um trecho da Estrada de Ferro Sorocabana e uma linha do sistema de transmissão de
energia elétrica proveniente da Usina Hidrelétrica de Itaipu que atravessa a Reserva a sudoeste. Por
27
apresentar tais condições, a Reserva e entorno representam uma situação bastante aplicável aos
objetivos e à metodologia do presente estudo.
3.2. Identificação da Série Tipológica de Uso e Ocupação da Terra e Seleção
das Áreas de Estudo
A identificação e o desenho da série tipológica de uso e ocupação da terra ao redor da
Reserva Florestal do Morro Grande foram realizados por meio de mapeamento em duas escalas: uma
de semi-detalhe, para identificação das principais unidades tipológicas que fazem pressão sobre a
reserva e outra de detalhe, que possibilitou a seleção de trechos representativos e específicos da
unidade maior.
O primeiro mapa foi obtido por meio de interpretação de imagem de satélite LANDSAT 7
(órbita/ponto 219/76 e 219/77), obtida em abril de 2000, nas bandas 3, 4 e 5. Para esta etapa foram
realizados dois levantamentos de campo, o primeiro para a definição de padrões e o segundo para
aferir a veracidade das informações do mapa. O produto desta primeira fase foi um mapa de uso e
ocupação do entorno da RFMG em um buffer de 10 Km em escala 1:30.000. As categorias de
cobertura vegetal foram interpretadas com base na classificação realizada por Catharino (2006). Para
o armazenamento e organização das diversas informações foi utilizado o programa GEOMEDIA
PROFESSIONAL 6.0.
Este primeiro mapa permitiu a localização das três principais tipologias de uso no entorno
da Reserva (urbana, agrícola e florestada). Na região central de cada uma delas foram delimitadas
áreas de 600 hectares localizadas em regiões nas quais a tipologia de ocupação estabelecia fronteira
imediata com a reserva. Cada uma dessas áreas foi mapeada em maior detalhe para posterior
investigação quanto à sua influência na manifestação de efeito de borda na mata contígua. Os mapas
foram obtidos por meio de interpretação de imagens de satélite Ikonos com coordenadas direita
superior e esquerda inferior, respectivamente: (-47:00:03, -23:41:14; -47:00:03, -23:41:14), (-46:59:57, -
23:37:30; -47:03:47, -23:41:14) e (-46:59:56, -23:45:00; -7:03:48, -23:48:44), em 4 bandas espectrais
(dados multiespectrais), no domínio do visível (RGB) e do infravermelho próximo, com resolução
espacial de 1 metro e resolução radiométrica de 11 bits obtidas em outubro de 2002. O mapeamento
28
foi realizado em tela de resolução na faixa de escala 1:1.000 – 1:5.000. Os produtos foram produzidos
na escala 1:5.000, também no software GEOMEDIA PROFESSIONAL 6.0. A partir deste produto
foram definidas as áreas amostrais, em pontos onde o limite entre a unidade tipológica e a Reserva
Florestal era dado por uma via de acesso de terra, de pista simples. As Figuras 2, 3 e 4 mostram as
fronteiras das três áreas amostrais selecionadas.
Figura 2: Área urbana (borda mata – ocupação urbana).
Figura 3: Área agrícola (borda mata – ocupação agrícola).
29
Figura 4: Área florestada (borda mata – mata).
3.3. Indicadores de Avaliação de Efeito de Borda
No contexto deste estudo e com base na análise da literatura foram considerados adequados
para avaliação do efeito de borda e passíveis de medidas de campo os seguintes indicadores físicos e
biológicos: temperatura, radiação solar, umidade relativa; densidade, altura e diâmetro a altura do
peito de indivíduos arbóreos, porcentual de cobertura de gramíneas e bambus, número de bromélias,
lianas e árvores mortas em pé, número de estratos e peso seco de serapilheira.
Como indicadores das interferências humanas sobre o fragmento florestal foram
considerados: danos nas árvores, inscrições nas árvores, presença de lixo, entulho, indícios de
manifestações religiosas, raízes expostas, indícios de fogo, sinais de coleta de plantas, árvores
cortadas, pegadas humanas e de animais domésticos, presença de trilhas, presença de animais
domésticos, ocorrência de clareiras abertas pelo homem, pisoteamento, bosqueamento (ausência de
sub-bosque) e presença do homem.
Em pontos representativos da mancha de cada uma das áreas relacionadas às tipologias de
uso selecionadas na etapa anterior foram demarcadas três transecções de cem metros no sentido
borda-interior do fragmento, distantes dez metros entre si. Sobre estas extensões foram coletados os
dados referentes aos indicadores (Figura 5).
30
Figura 5: Detalhe das estacas no início de uma das transecções.
Para os indicadores de interferência humana, bem como o levantamento das gramíneas,
bambus, bromélias, lianas, e árvores mortas, cada transecção foi adotada como uma unidade amostral
contínua com largura de dois metros, porém segmentada em intervalos iguais, de dois metros,
formando assim quadrados de 2 por 2 metros. A avaliação da distribuição dos dados foi feita ao
longo dela e entre elas. As gramíneas e bambus foram quantificados subjetivamente em porcentagem
de cobertura, em escala de 0 a 100% com intervalos de 10; as árvores mortas, bromélias e lianas
foram contadas em número de indivíduos por parcela - para as bromélias foi quantificado o número
de unidades identificáveis dentro das parcelas e para as lianas o número de indivíduos com ligação ao
solo em cada parcela. Para os indicadores de interferência humana foi anotada somente a presença
ou ausência.
Ao longo das transecções, a cada 10 metros, foram estipulados pontos nos quais foi
determinado o número de estratos e adotados alguns princípios do método de quadrantes
(MARTINS, 1979). Em cada ponto foram reconhecidos os quatro indivíduos arbóreos mais
próximos. Para esses indivíduos foram mensuradas as distâncias do ponto quadrante e o diâmetro à
altura do peito (a 1,30 metros do solo). As alturas das árvores foram estimadas em metro, por
referência (haste de 7 metros) e comparação entre árvores. A ilustração da Figura 6 mostra um
esquema das transecções.
Ao longo das transecções, foram medidas: temperatura ambiente, umidade relativa do ar e
radiação solar. Essas medições foram realizadas das 09 às 15h. A medição da radiação solar foi
realizada por solarímetros de tubo situados a uma altura de 1,30 metros do solo, localizados no início
31
da transecção (0 metro), a 30, a 50 e a 100 metros, e conectados ao integrador (Data Logger DL2e,
multi-canal, modelo RS232, da Delta-T Device) configurado para registrar dados a cada dez minutos.
Estes sensores detectam a radiação na faixa de comprimento de onda de 300 a 2500 nm, que
corresponde ao espectro solar, e determinam a irradiância média (em kW/m
2
). Os demais parâmetros
ambientais foram coletados em intervalo de 15 minutos, registrados por 11 sensores localizados a
cada 10 metros da transecção, começando pelo ponto zero, no seu início, e terminando aos 100
metros (Figura 7).
Figura 6: Esquema da transecção.
32
Figura 7: Disposição dos equipamentos de aferição de microclima no início de uma transecção.
3.4. Tratamento dos dados
Foram aplicadas análises estatísticas com o intuito de verificar se havia diferença
significativa no comportamento das variáveis quanto às diferentes tipologias de vizinhança
consideradas e às diferentes distâncias da borda. Foram efetuadas Análises de Variância (ANOVA)
com dois fatores fixos (tipologia de vizinhança e distância da borda) para cada um dos indicadores,
conforme descrito em TRIOLA (2005). Para tal, foi utilizada a função GLM (General Linear Model)
do programa MINITAB 15. Para os indicadores que apresentaram diferenças significativas em nível
de significância de 5% entre as distâncias da borda, foram aplicadas Análises de Variância (ANOVA)
com um fator fixo (distância) para os dados de cada tipologia separadamente, para determinar em
quais distâncias, para cada tipologia, ocorrem as diferenças.
Com o intuito de complementar as Análises de Variância, foram elaborados gráficos que
mostram a distribuição dos dados e suas tendências em relação às distâncias da borda. Para os
parâmetros medidos a cada dez metros ao longo das transecções, foram confeccionados gráficos de
regressão dos dados da borda para as três tipologias selecionadas. Para as variáveis cujos dados foram
obtidos dentro de cada parcela de dois metros foram construídos gráficos de colunas com as médias
dos dados. Esta decisão deve-se ao fato de este conjunto de dados não apresentar comportamento
compatível aos gráficos de regressão e à grande quantidade de dados de cada um dos indicadores.
33
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1. Série Tipológica Desenhada em Duas Escalas
O mapeamento baseado na interpretação da imagem Landsat apontou como principais
tipologias do entorno da Reserva Florestal do Morro Grande a ocupação urbana, a agricultura e áreas
florestadas. Estas tipologias foram mais evidentes na face oeste da Reserva, na qual foi possível a
observação de uma região onde predominava o uso urbano da terra, caracterizado pela presença de
chácaras ao sul; uma região de florestas, ao norte; e uma região onde predominava o uso agrícola,
onde havia predominância de horticultura, entre a área urbana e a florestada. O mapa em escala
1:30.000 está apresentado na Figura 8.
A partir da análise do mapa exposto na Figura 8, foi possível determinar as áreas a serem
mapeadas em maior detalhe para estudo do efeito de borda relacionado às tipologias urbana e
agrícola, no centro das áreas onde predominam estas tipologias. Nesta fase foi também selecionada
uma área de amostragem interpretada como controle, onde se tem duas partes do fragmento florestal
(pertencentes à reserva) separadas por uma via de acesso (Figura 9). Os mapas de detalhe das áreas
selecionadas (ocupações urbana e agrícola), interpretados a partir de imagens IKONOS estão
expostos nas Figuras 10, 11 e 12. Em pontos representativos das áreas selecionadas, foram realizadas
as transecções para a coleta dos dados referentes aos indicadores de efeito de borda.
34
Figura 8: Mapa de uso e ocupação do entorno da RFMG.
35
Figura 9: Áreas selecionadas para detalhamento.
36
Figura 10: Área representativa da ocupação urbana.
37
Figura 11: Área representativa da ocupação agrícola.
38
Figura 12: Área representativa da região florestada.
4.2. Indicadores de Efeito de Borda
A aplicação da função GLM da ANOVA evidenciou que somente parte dos indicadores
utilizados apontaram diferenças significativas em nível de 5% em relação à tipologia de vizinhança do
fragmento e/ou à distância da borda (Tabela 1). Os dados brutos aos quais as análises foram
aplicadas encontram-se no anexo.
39
Tabela 1: Indicadores selecionados conforme significância
SIGNIFICÂNCIA (5%)
INDICADOR
diferenças entre
tipologias
diferenças entre
distâncias
máxima
média
temperatura
mínima
máxima
média
umidade
mínima
máxima
média
ABIÓTICOS
radiação solar
mínima
densidade das árvores
diâmetro das árvores
altura das árvores
peso seco da serapilheira
cobertura de gramíneas
cobertura de bambus
número de bromélias
número de lianas
número de árvores mortas
BIÓTICOS
número de estratos
danos nas árvores
inscrições nas árvores
presença de lixo
presença de entulho
indícios de man.religiosas
raizes expostas
indícios de fogo
INTERFERÊNCIAS
sinais de coleta de plantas
árvores cortadas
pegadas humanas
pegadas de animais domésticos
presença de trilhas
presença de animas domésticos
clareiras abertas pelo homem
pisoteamento
bosqueamento
HUMANAS
presença do homem
Indicadores com resultado significante
A análise global dos dados apontou a existência de dois grupos de indicadores, com
comportamentos bastante distintos. Nessa perspectiva, os resultados se aproximaram da classificação
proposta por Harper et al. (2005), que agrupa os efeitos de borda em primários (ou diretos,
conseqüentes diretamente da formação da borda) – que abrangem distâncias menores para o interior
40
da mata; e secundários (ou indiretos, conseqüentes dos efeitos primários) – que abrangem distâncias
maiores para o interior da mata.
- EFEITOS ABIÓTICOS
Dos dados referentes à temperatura, umidade e radiação solar, foram calculadas as médias e
selecionadas as medidas mínimas e máximas de cada dia de medição. As análises de Variância foram
então aplicadas a este grupo de dados. Em virtude de problemas técnicos no sensor de umidade
posicionado aos vinte metros da borda, os dados referentes a este indicador nesta distância não
foram incluídos nas análises. A aplicação das análises estatísticas permitiu responder a duas questões
de interesse deste estudo, conforme descrito a seguir.

Existem diferenças significativas entre as bordas formadas em diferentes tipologias?
As diferenças apontadas pela Análise de Variância entre as bordas limítrofes às diferentes
tipologias foram organizadas em matrizes que permitem a comparação entre as bordas (Tabela 2).
Para todas as matrizes expostas neste capítulo, o símbolo “A” representa a borda limítrofe com a
tipologia agrícola, “U” a borda limítrofe com a tipologia urbana e “F” a borda limítrofe com a
floresta.
O conjunto de fatores abióticos avaliado estatisticamente sugere que existem diferenças
entre as bordas formadas junto às diferentes tipologias de uso da terra. Supondo a borda estabelecida
com a floresta como referência, pode-se inferir que existem efeitos de borda específicos nas demais
extensões estudadas. Esta afirmação se deve ao fato de que, em geral, as bordas estabelecidas com as
tipologias agrícola e urbana se diferenciaram da borda limítrofe à floresta. Entre as extensões de
borda estudadas, a que apresentou mais diferenças com aquela limítrofe à floresta foi a estabelecida
com a ocupação urbana, o que sugere que o efeito de borda seja mais expressivo neste ambiente. O
comportamento dos indicadores pode ser melhor compreendido através da análise da Figura 13, que
mostra a distribuição dos dados de cada variável considerada e as respectivas retas de tendência ao
longo dos 100 metros de borda investigados.
41
Tabela 2: Diferenças entre as tipologias em função das variáveis abióticas
Temperatura máxima Temperatura média
Tipo U A F Tipo U A F
U = U =
A A
F F
Temperatura mínima Umidade máxima
Tipo U A F Tipo U A F
U U
A = A =
F F
Umidade média Umidade mínima
Tipo U A F Tipo U A F
U = U =
A A
F F
Radiação solar média Radiação solar mínima
Tipo U A F Tipo U A F
U U
A = A =
F F
42
100806040200
100
90
80
70
60
50
DISTÂNCIA
UMIDADE RELATIVA (%)
AGRÍCOLA
FLORESTA
URBANA
Vizinhança
E - UMIDADE MÉDIA
100806040200
34
32
30
28
26
24
22
20
DISTÂNCIA
TEMPERATURA (oC)
AGRÍCOLA
FLORESTA
URBANA
Vizinhança
A - TEMPERATURA MÁXIMA
100806040200
28
27
26
25
24
23
22
21
20
DISTÂNCIA
TEMPERATURA (oC)
AGRÍCOLA
FLORESTA
URBANA
Vizinhança
B - TEMPERATURA MÉDIA
100806040200
23
22
21
20
19
18
DISTÂNCIA
TEMPERATURA (oC)
AGRÍCOLA
FLORESTA
URBANA
Vizinhaça
C - TEMPERATURA MÍNIMA
100806040200
100
95
90
85
80
75
70
DISTÂNCIA
UMIDA DE RELA TIVA (%)
AGRÍCOLA
FLORESTA
URBANA
Vizinhança
D - UMIDADE MÁXIMA
100806040200
100
90
80
70
60
50
40
DISTÂNCIA
UMIDADE RELA TIVA (%)
AGRÍCOLA
FLORESTA
URBANA
Vizinhança
F - UMIDADE MÍNIMA
100806040200
0.16
0.14
0.12
0.10
0.08
0.06
0.04
0.02
0.00
DISTÂNCIA
RADIAÇÃO SOLAR
AGRÍCOLA
FLORESTA
URBANA
Vizinhança
G - RADIAÇÃO SOLAR MÉDIA
100806040200
0.05
0.04
0.03
0.02
0.01
0.00
DISTÂNCIA
RADIÃO SOLAR
AGRÍCOLA
FLORESTA
URBANA
Vizinhança
H - RADIAÇÃO SOLAR MÍNIMA
Figura 13: Avaliação das tendências entre fatores abióticos e distância da borda na floresta com as
três tipologias.
Nota-se pela observação da Figura 13 que as diferenças de comportamento dos parâmetros
abióticos são mais expressivas nos primeiros metros vizinhos às vias de acesso. Em muitos casos, o
43
comportamento dos dados da borda limítrofe à tipologia agrícola é parecido com o da borda com a
ocupação urbana, porém, quando comparado ao da borda com a floresta é sempre o que mais se
aproxima. A ampla faixa de variação dos dados da borda vizinha à ocupação urbana sugere
instabilidade e variação climática neste ambiente e é mais um fator que a diferencia das demais. A
constância e estabilidade dos dados da borda com a floresta confirmam o resultado das Análises de
Variância, que não apontaram diferenças entre as distâncias da borda para este ambiente para
nenhum dos parâmetros considerados.
 Existem diferenças significativas entre as diferentes distâncias de borda?
As análises referentes às distâncias de borda foram realizadas em duas fases: primeiramente
foram considerados os resultados das Análises de Variância de dois fatores, que avaliaram a tipologia
de vizinhança e a distância de borda para cada indicador. Esta primeira etapa permitiu identificar
quais indicadores apresentaram diferenças significativas entre as distâncias de maneira geral, sem
separar as tipologias de borda. Para esses indicadores, cujas análises apontaram diferença entre as
distâncias, foi aplicada a segunda fase: Análises de Variância de um fator, que analisou as diferenças
entre as distâncias de borda considerando a distância para cada tipologia de vizinhança
separadamente.
As diferenças apontadas pela Análise de Variância entre as distâncias de borda sem
separação entre as vizinhanças foram organizadas em matrizes que permitem a comparação entre elas
(Tabelas 3, 4, e 5).
44
Tabela 3: Diferenças entre as distâncias de borda em função da temperatura
Temperatura máxima
Distância 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
0 = = = = = = =
10 = = = = = = = =
20 = = = = = = = =
30 = = = = =
40 = = = = =
50 = = = = =
60 = = = =
70 = = =
80 = =
90 =
100
Temperatura média
Distância 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
0 = = = =
10 = = = = = =
20 = = = = = = =
30 = = = =
40 = = = = =
50 = = = = =
60 = = = =
70 = = =
80 = =
90 =
100
45
Tabela 4: Diferenças entre as distâncias de borda em função da umidade
Umidade média
Distância 0 10 30 40 50 60 70 80 90 100
0 = = = = =
10 = = = = = = = =
30 = = = = = = =
40 = = = = = =
50 = = = = =
60 = = = =
70 = = =
80 = =
90 =
100
Umidade mínima
Distância 0 10 30 40 50 60 70 80 90 100
0 = = = =
10 = = = = = =
30 = = = = =
40 = = = = = =
50 = = = = =
60 = = = =
70 = = =
80 = =
90 =
100
Tabela 5: Diferenças entre as distâncias de borda em função da radiação solar
Radiação solar média Radiação solar mínima
Distância 0 30 50 100 Distância 0 30 50 100
0 0
30 = = 30 = =
50 = 50 =
100 100
46
As Tabelas 3 a 5 apontaram diferenças significativas predominantemente em relação ao
início das bordas. Estas diferenças se estabeleceram até os primeiros 50 metros para as análises de
temperatura e umidade. Já para radiação solar, as diferenças se concentram no início das transecções.
Em suma, cada parâmetro apresentou um comportamento distinto ao longo dos 100 metros.
Para cada caso em que houve alguma diferença significativa entre as distâncias foi aplicada
Análise de Variância de um fator separadamente para a borda com cada uma das tipologias, com o
intuito de verificar como o indicador se comportava individualmente para cada vizinhança. Os
resultados estatisticamente significativos estão expostos nas Tabelas 6, 7 e 8.
Tabela 6: Diferenças entre as distâncias de borda em função da temperatura por tipologia
Temperatura máxima para tipologia agrícola
Distância 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
0 = = =
10 = = = = = =
20 = = = = =
30 = = = =
40 = = = = = =
50 = = = = =
60 = = = =
70 = = =
80 = =
90 =
100
Temperatura média para tipologia agrícola
Distância 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
0 = = = = = =
10 = = = = = = = = =
20 = = = = = = =
30 = = = = = = =
40 = = = = = =
50 = = = = =
60 = = = =
70 = = =
80 = =
90 =
100
47
Tabela 7: Diferenças entre as distâncias de borda em função da umidade por tipologia
Umidade média para tipologia agrícola
Distância 0 10 30 40 50 60 70 80 90 100
0 = = =
10 = = = = = = =
30 = = =
40 = = = = =
50 = = = = =
60 = = = =
70 = = =
80 = =
90 =
100
Umidade mínima para tipologia agrícola
Distância 0 10 30 40 50 60 70 80 90 100
0 = = =
10 = = =
30 = =
40 = =
50 = =
60 = = = =
70 = = =
80 = =
90 =
100
Tabela 8: Diferenças entre as distâncias de borda em função da radiação solar por tipologia
Radiação solar mínima para agrícola Radiação solar média para urbana
Distância 0 30 50 100 Distância 0 30 50 100
0 0 =
30 = = 30 = =
50 = 50 =
100 100
Radiação solar mínima para urbana
Distância 0 30 50 100
0
30 = =
50 =
100
48
As Análises de Variância de um fator não apontaram diferenças entre as distâncias na borda
vizinha à floresta em nenhum caso, identificando-se com o observado nos gráficos da Figura 13.
De maneira geral, as diferenças foram mais constantes para a tipologia agrícola, onde houve
maior incidência de diferenças, em distâncias maiores da borda do que aquelas apontadas pelas
análises realizadas sem a separação entre as tipologias.
É importante salientar que as análises dos dados de radiação solar foram mais limitadas do
que as demais apresentadas, pois, devido ao número limitado de solarímetros disponíveis, ela se
refere a dados coletados apenas aos 0, 30, 50 e 100 metros da borda. Desta forma, não foi possível
estabelecer em que pontos das transecções ocorreram exatamente as faixas do gradiente para este
indicador. Porém, mesmo com tal limitação, os resultados das análises desta variável foram
significativos e coerentes com os demais dos dados microclimáticos.
Em síntese, os dados de microclima foram em geral bons indicadores de efeito de borda,
apresentando resultados significativos estatisticamente. Da literatura revista, os resultados foram mais
próximos dos levantamentos apresentados por Lindenmayer & Fischer (2006), que encontraram
extensão de borda próxima a 70 e 80 metros para dados microclimáticos. Cabe salientar que a
publicação citada trata-se de uma revisão sobre o assunto, o que sugere a identificação dos resultados
deste estudo com mais trabalhos. Os dados também corroboram com a hipótese de Harper et al.
(2005), de que o contraste com a borda é o principal fator causador da expressão do efeito de borda,
partindo-se do princípio de que a ocupação urbana é mais contrastante com a mata do que a agrícola.
Com base nos resultados das análises dos dados climáticos apresentados, foi construída a
Tabela 9, que ilustra os gradientes formados por estas variáveis expresso em três faixas de
intensidade de efeito de borda.
49
Tabela 9: Representação das três faixas de efeito de borda ao longo dos 100 metros para as variáveis
cujas análises apresentaram resultados significativos
Tipologia Indicador/Distância*
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Temperatura Máxima
Temperatura Média
Umidade Média
Umidade Mínima
Radiação Média
Geral
Radiação Mínima
Temperatura Máxima
Temperatura Média
Umidade Média
Umidade Mínima
Agrícola
Radiação Mínima
Radiação Média
Urbana
Radiação Mínima
*(metros), (efeito de borda mais intenso), (efeito de borda intermediário), (efeito de borda menos intenso).
A partir da Tabela 9, pode-se sugerir que, na verdade, ocorrem três padrões de efeito de
borda para as variáveis microclimáticas: do zero aos 40 metros; dos 40 aos70 metros e dos 70 aos
100 metros.
- EFEITOS BIÓTICOS
Os indicadores bióticos receberam o mesmo tratamento dado aos abióticos. Foram
aplicadas Análises de Variância com o intuito de determinar as diferenças significativas quanto à
tipologia de vizinhança e distância da borda para cada um dos indicadores selecionados. Dos dez
parâmetros investigados neste estudo, apenas cinco apresentaram resultados significativos e, dentre
estes cinco, apenas um apontou diferenças significativas entre as distâncias de borda (Tabela 1).
Para a aplicação das análises, os dados de bambus, lianas, bromélias e árvores mortas foram
separados em três categorias de distância de borda: 0 a 40 metros (categoria 1); 40 a 70 metros
(categoria 2) e 70 a 100 metros (categoria 3), de acordo com as faixas determinadas pelas análises dos
dados microclimáticos (Tabela 9). Esta classificação foi necessária para agrupar as muitas categorias
iniciais em que foram coletados (de dois em dois metros). Os dados assim classificados foram
50
tratados estatisticamente considerando-se as categorias de distância (1, 2 e 3) e as tipologias de
vizinhança (agrícola, urbana e floresta) como os fatores das Análises de Variância.
Assim como no tratamento dos dados abióticos, a aplicação das análises estatísticas visou
responder a duas questões de interesse deste estudo, conforme descrito a seguir.

Existem diferenças significativas entre as bordas formadas em diferentes tipologias?
As diferenças apontadas pela Análise de Variância entre as bordas limítrofes às diferentes
tipologias foram organizadas em matrizes que permitem a comparação entre as bordas (Tabela 10).
Tabela 10: Diferenças entre as tipologias em função das variáveis bióticas
Peso seco de serapilheira Diâmetro das árvores
Tipo U A F Tipo U A F
U = U = =
A A
F F
Cobertura de bambus Número de lianas
Tipo U A F Tipo U A F
U = U =
A A
F F
Número de árvores mortas
Tipo U A F
U =
A
F
As diferenças apresentadas na Tabela 10 apontaram que o efeito de borda com a floresta é
distinto das demais fronteiras tipológicas. Este resultado é diferente apenas no caso do número de
lianas, que distingue a borda limítrofe à agricultura das demais; e no caso do diâmetro das árvores,
que classifica a borda com a agricultura como diferente da floresta, porém igual à borda com a
ocupação urbana. Tal qual para os indicadores climáticos, cada parâmetro biológico pode apresentar
respostas próprias para a faixa dos 100 metros.
51
As diferenças indicadas pelo peso seco da serapilheira podem ser complementarmente
analisadas pelo gráfico de colunas da média destas medidas ao longo dos cem metros para as bordas
limítrofes às três tipologias (Figura 14).
Figura 14: Média do peso seco da serapilheira para as bordas limítrofes às três tipologias
O comportamento desta variável dos zero aos cem metros de borda medidos e a
distribuição de seus dados podem ser observados no gráfico de distribuição e tendências da Figura
15.
100806040200
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
Distância
Peso Seco (g)
AGRÍCOLA
FLORESTA
URBANA
Vizinhança
PESO SECO DE SERAPILHEIRA
Figura 15: Distribuição dos dados e tendência de peso seco de serapilheira.
DIA - PESO SECO DE SERAPILHEIRA
0
10
20
30
40
50
60
70
Peso Seco Serapilheira (g)
URBANO
AGRÍCOLA
FLORESTA
52
A Figura 15 não permite a identificação de padrão dos dados da borda que faz fronteira
com a ocupação urbana, apresentando-se bastante dispersos. Este comportamento também é
apresentado pelos dados da borda com a agricultura, apesar de um pouco menos expressivo.
Os resultados desta variável são bastante semelhantes aos de microclima. Provavelmente a
umidade mais baixa, somada à maior incidência de radiação solar desfavoreça a ciclagem dos
nutrientes na borda com a tipologia urbana. Os efeitos do vento e de danos na vegetação de borda
também favorecem uma perda maior de material, como galhos e folhas, contribuindo para o
aumento da serapilheira. Na borda com a floresta, os efeitos são contrários, o que justifica o peso
seco sempre mais baixo neste ambiente, ao longo dos cem metros medidos. A borda com a
agricultura, que teve medidas microclimáticas intermediárias, também apresentou resultados
intermediários para esta variável. Estes resultados apóiam a hipótese de Vidal et al. (2007), que previa
menor massa de serapilheira no interior de florestas do que em suas bordas. No entanto,
contraditoriamente, a autora não comprovou sua hipótese a partir de seus resultados.
Os resultados das análises do número de árvores mortas também diferenciaram a borda
florestada das demais. O comportamento desta variável foi próximo do esperado, pois se previa
menor mortalidade de árvores em ambientes mais equilibrados e sob menos influência humana,
como o da borda que faz fronteira com a floresta. Os resultados desta variável são ilustrados pela
Figura 19.
Assim como a serapilheira e as árvores mortas, o diâmetro das árvores foi um bom
indicador para diferenciar as bordas formadas com as diferentes tipologias. A fim de complementar a
análise estatística, para este indicador também foi construído um gráfico de colunas com as médias
dos diâmetros das árvores na borda com as três tipologias ao longo dos cem metros (Figura 16).
Devido à grande quantidade de dados para cada um dos pontos amostrais - quatro árvores para cada
distância para cada uma das três transecções – e à alta incidência de sobreposições, o gráfico de
distribuição de dados e tendências não foi aplicável.
53
Figura 16: Média das medidas de diâmetro das árvores para as bordas limítrofes às três
tipologias.
Esperava-se como resultado da análise desta variável maiores diâmetros das árvores do
interior da borda limítrofe à floresta, pois este é teoricamente o ambiente sujeito a menores
influências humanas, o que permite o desenvolvimento de uma floresta mais conservada, com
predominância de árvores maiores, características de florestas próximas do clímax. O resultado
obtido foi próximo do esperado, porém, as diferenças entre as vizinhanças foram muito tênues,
havendo pouca distinção entre a borda com a floresta e a tipologia urbana, insignificante
estatisticamente. O comportamento desta variável pode ser explicado pelo histórico de intervenções
antrópicas na Reserva, que deixou sua marca até os dias atuais. O solo provavelmente ainda sofre as
conseqüências de seus usos no passado, limitando o desenvolvimento da vegetação.
Complementarmente à presença humana na região, foram observados outros fatores que podem
limitar o desenvolvimento da vegetação, como a presença de pesticidas na borda com a agricultura
(cuja aplicação foi observada no campo) e outros insumos agrícolas utilizados na plantação adjacente
à borda, que podem interferir no desenvolvimento floresta.
Apesar de intimamente relacionado à diâmetro das árvores, o parâmetro “altura das
árvores” não apresentou resultados significativos. Este fato pode se dever à alta subjetividade com
que este fator foi mensurado (inferido, por comparação visual), podendo gerar dados errôneos ou à
possível inadequabilidade do método de análise empregado neste trabalho.
0
5
10
15
20
25
30
Circunferência (cm)
MÉDIA - DIÂMETRO DAS ÁRVORES
URBANO
AGRÍCOLA
FLORESTA
54
A alta concentração de lianas na borda com a ocupação agrícola indicou efeito de borda
mais intenso neste ambiente, enquanto as bordas com as tipologias urbana e florestada apresentaram
comportamento semelhante entre si. Este comportamento é ilustrado complementarmente pela
Figura 18. Esperava-se para esta variável a diferenciação da borda com a floresta das demais,
havendo apenas a presença de menor número de indivíduos nos primeiros metros. O resultado
encontrado parece estar relacionado, assim como no caso da diâmetro das árvores, à persistência das
conseqüências dos usos passados na Reserva. O ambiente permanece com sinais de desequilíbrio e
degradação. Apesar de estar dentro da reserva, com usos restritos, parece sofrer ainda impactos das
ações passadas, não tendo desenvolvido um ambiente típico de florestas preservadas, com fatores
que inibem o desenvolvimento das comunidades de lianas. Conforme descrevem Cooper e Sheate
(2002), as características sugerem que ocorrem nesta área o efeito de impactos cumulativos.
Para a distribuição da cobertura de bambu, a Análise de Variância apontou a tipologia
florestada como distinta das demais, porém esta diferença não parece estar relacionada à ausência de
efeito de borda neste ambiente. A presença de bambus é considerada um indicador de efeito de
borda, já que sua incidência está relacionada a efeitos climáticos típicos deste ambiente, porém, a
maior concentração deste indicador ocorreu na borda com a floresta, contrariando a expectativa
inicial de que fossem encontrados apenas alguns indivíduos nos primeiros metros destas transecções.
Os resultados desta variável devem estar relacionados à penetração de luz em diferentes pontos
dentro da floresta, associado ao empobrecimento do solo, de acordo com informações históricas
existentes sobre a área (CATHARINO, 2006).
 Existem diferenças significativas entre as diferentes distâncias de borda?
Foram construídos gráficos de colunas com as médias de bambus, lianas e árvores mortas
para cada categoria de distância estabelecida a partir da Tabela 9 (Figuras 17, 18 e 19), apesar de
apenas os dados de cobertura de bambus terem apresentado resultados estatisticamente significativos
para diferenças entre as distâncias de borda.
55
Figura 17: Média das porcentagens de cobertura de bambus nas três categorias de
distancia.
Figura 18: Média do número de lianas nas três categorias de distancia.
Figura 19: Média do número de árvores mortas nas três categorias de distância.
DIA - NÚMERO DE LIANAS
0
2
4
6
8
10
12
123
Categoria de Distância
Lianas (unidades)
URBANO
AGRÍCOLA
FLORESTA
DIA - NÚMERO DE ÁRVORES MORTAS
0
0,5
1
1,5
2
123
Categoria de Distância
Árvores Mortas
(unidades)
URBANO
AGRÍCOLA
FLORESTA
MÉDIA - COBERTURA DE BAMBU
0
20
40
60
80
123
Categoria de Distância
Bambu (%)
URBANO
AGRÍCOLA
FLORESTA
56
A distribuição da concentração de bambus (Figura 17) ao longo dos cem metros de borda
estudados tem em geral comportamento próximo do esperado, sendo mais alta no início e
diminuindo conforme a distância da borda aumenta. Este comportamento é mais evidente e atende
mais às expectativas na borda com a ocupação urbana, onde a concentração cai expressivamente ao
longo da transecção e atinge os 0% no final. Como já citado, as bordas com a agricultura e a floresta
têm uma diminuição ao longo dos 100 metros, porém continuam a haver incidências, contrariando as
expectativas iniciais principalmente na borda com a floresta, de presença de indivíduos apenas nos
primeiros metros, onde as condições microclimáticas são mais extremas.
O número de lianas não apresentou identidade com as categorias de distância (Figura 18),
desenvolvendo um comportamento praticamente constante ao longo dos cem metros medidos.
Existe uma leve tendência à diminuição da quantidade de lianas em direção ao centro do fragmento
nas bordas com as três tipologias, porém pouco expressiva. Como já citado, este resultado também é
diferente do esperado, que previa diminuição do número de lianas com o aumento da distância de
borda e a presença de apenas alguns indivíduos no início da borda com a floresta.
A pesar de as análises estatísticas do parâmetro “número e árvores mortas” não terem
apresentado diferenças significativas entre as distâncias, a observação da Figura 19 sugere diferença
entre as três categorias de distância para borda com a tipologia urbana, que apresentou resultado
próximo ao esperado. Neste ambiente, ao longo dos 100 metros houve diminuição do número de
árvores mortas em direção ao final das transecções. A borda com a mata apresentou maior incidência
deste indicador nos primeiros metros, corroborando as expectativas iniciais, de ocorrência de efeito
de borda apenas nos primeiros metros para este ambiente. As poucas ocorrências de árvores mortas
no final da transecção devem estar relacionadas a eventos naturais, não influenciados pela borda. Já
borda com a agricultura foi a que desenvolveu comportamento mais distante do esperado,
apresentando alta incidência do indicador ao longo dos cem metros.
Os resultados das análises apresentados anteriormente apontaram diferenças entre as
distâncias de borda relacionadas a poucos parâmetros biológicos. Para os parâmetros que foram
divididos nas três categorias de distância, as diferenças apontadas estavam relacionadas, em geral, à
borda com a tipologia urbana, que apresentou tendências de aproximação aos dados da borda com a
floresta mais evidentes do que borda com a tipologia agrícola e também maior identidade com as
57
faixas de distância de borda, a pesar de as mesmas terem sido definidas com contribuições muito
mais significativas dos dados da borda com a agricultura.
Em relação aos indicadores de presença antrópica (danos nas árvores, inscrições nas
árvores, presença de lixo, entulho, indícios de manifestações religiosas, raízes expostas, indícios de
fogo, sinais de coleta de plantas, árvores cortadas, pegadas humanas e de animais domésticos,
presença de trilhas, presença de animais domésticos, ocorrência de clareiras abertas pelo homem,
pisoteamento, bosqueamento e presença do homem), apesar de muitos trabalhos que tratam sobre
efeito de borda utilizarem muitos dos indicadores empregados nesta pesquisa, como exposto no
referencial teórico, muitos deles não apresentaram resultados satisfatórios.
De maneira geral, não foram coletados dados referentes à presença humana na faixa dos
100 metros de borda. Da gama de indicadores escolhidos, obteve-se somente a presença de lixo,
ainda assim, aparecendo apenas duas vezes, no início de uma das transecções da borda com as
tipologias urbana e agrícola. Embora isto tenha ocorrido, é importante salientar que vários dos
indicadores escolhidos para esta pesquisa foram observados na área de estudo, como indícios de
fogo, uma quantidade maior de lixo (principalmente na borda com a ocupação urbana) e danos em
árvores. Porém, todos ocorreram fora da área delimitada pelas transecções. A partir desta
constatação pode-se concluir que a metodologia empregada neste trabalho não é a mais adequada
para a investigação destes parâmetros, que implicaria em uma estratégia que incluísse uma varredura
mais ampla da área. Não foi passível de análise também a cobertura de gramíneas, que se manifestou
apenas em duas parcelas iniciais da borda fronteiriça à tipologia urbana.
58
5. CONCLUSÕES
Este estudo evidenciou que diferentes tipos de vizinhança provocam manifestações de
efeito de borda em extensões e quantidades distintas em um fragmento de floresta. Porém, os tipos e
as extensões dos gradientes de borda observados foram caracterizados a partir de um conjunto
restrito de indicadores, cada qual com comportamentos bastante distintos em cada situação analisada.
Objetivando caracterizar esse resultado, as conclusões estão sintetizadas na resposta de duas
questões:

Existem diferentes efeitos de borda no fragmento florestal sob diferentes fronteiras tipológicas?
A análise dos dados permite dizer que, a partir de um conjunto específico de indicadores, é
possível identificar padrões específicos de efeito de borda frente à influência de três fronteiras
tipológicas: urbana, agrícola e floresta. Os indicadores que apresentam respostas mais expressivas
para a diferenciação são aqueles de influência primária ou direta sobre o ecossistema. Tomando
como base esses indicadores, pode-se reconhecer um gradiente expresso em três faixas de distância
da borda: 0 a 40 metros; 40 a 70 metros e 70 a 100 metros, mais evidentes na borda de tipologia
agrícola.
Os indicadores climáticos distinguiram mais enfaticamente o efeito de borda e a análise de
variância indicou que a fronteira entre florestas tem um comportamento distinto em relação aos
demais tipos de fronteiras. Ao longo dos 100 metros os dados evidenciaram maior constância e
estabilidade, gerando pouco gradiente, e com pouca variação entre as réplicas. Os maiores efeitos de
59
borda, com sinais de maior instabilidade entre as distâncias e entre as réplicas, foi junto à tipologia
urbana, revelando grande variação climática no interior desse ambiente.
Os indicadores biológicos retrataram outro padrão de diferenciação. Eles distinguem o
comportamento da borda de 100 metros fronteiriça a tipologia agrícola das demais. Este fato se
dever à atuação de outros efeitos primários, não abarcados neste estudo, e / ou a relações sinérgicas,
mais complexas entre eles ou ainda às interferências humanas, cuja metodologia empregada neste
trabalho não foi eficiente para avaliar. É preciso ressaltar que os efeitos de borda relacionados aos
indicadores biológicos muitas vezes se estenderam para o interior do fragmento, além do tamanho
do transecto considerado como limite deste estudo. As retas de tendência evidenciam que o gradiente
é maior junto aos primeiros metros e mais acentuado nas fronteiras agrícola e urbana, ou seja, é
maior e mais diversa a variabilidade de suas características bióticas e distintas em toda a extensão dos
100 metros, não alcançando até essa extensão os valores médios verificados para a fronteira com
floresta.
 Quais os parâmetros mais indicados para o estudo de efeito de borda?
A análise estatística evidenciou que os parâmetros climáticos são, em geral, de maior
confiabilidade na expressão do gradiente de efeitos ao longo dos 100 metros da borda,
independentemente da tipologia de fronteira. Dentre os indicadores microclimáticos medidos neste
estudo a temperatura revelou ser o melhor parâmetro de identificação de efeito de borda e de
diferenciação dentro de uma série tipológica.
Entre os indicadores biológicos, o diâmetro das árvores foi a medida que melhor retratou o
gradiente de efeito de borda. Esta constatação baseia-se nos resultados estatísticos obtidos, cujos
resíduos da análise de variância se aproximaram mais da distribuição normal do que dos demais
parâmetros e o modelo se identificou mais com a distribuição dos seus dados, conferindo maior
confiabilidade no comportamento observado.
Os indicadores diretamente relacionados à ação humana, como presença de lixo, indícios de
fogo e pegadas de animal doméstico, apesar de presentes na área de estudo não caracterizaram o
efeito de borda em nenhuma das fronteiras tipológicas estudadas, mostrando-se como parâmetros de
60
alta variabilidade e inconstância ao longo dos transectos, ou seja, inadequados para este tipo de
estudo.
61
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BALDISSERA, R; GANADE, G. Predação de sementes ao longo de uma borda de Floresta
Ombrófila Mista e pastagem. Acta Botanica Brasílica. v. 19, n.1, p. 161-165, 2005.
BUENO-BARTHOLOMEI, C. L.; CASTRO, L. L. F. L.; LABAKI, L. C.; SANTOS, R. F. 2000.
Thermal comfort in outdoor spaces: the role of vegetation as a means of controlling solar radiation.
17th International Conference on Passive and Low Energy Architecture - Architecture City
Environment. Cambridge. Proceedings of the PLEA 2000. Londres : James & James (Science
Publishers), 2000. v. 1. p. 501-505, 2000.
CATHARINO, E. L. M.; BERNACCI, L.C.; FRANCO, G.A.D.C.; DURIGAN, G.; METZGER,
J.P. Aspectos da composição e diversidade do componente arbóreo das florestas da Reserva Florestal
do Morro Grande, Cotia, SP. Biota Neotropica v. 6, n 2:
http://www.biotaneotropica.org.br/v6n2/pt/abstract?article+bn00306022006
(último acesso
em 27/09/2006), 2006.
CATHARINO, Eduardo Luis Martins. As florestas montanas da Reserva Florestal do Morro
Grande, Cotia, SP, Brasil. 2006. 247f. Tese (Doutorado) – Instituto de Biologia, Universidade
Estadual de Campinas, Campinas, 2006.
COOPER, M. L.; SHEATE, W. R. Cumulative effects assessment: Areview of UK environmental
impact statements. Environmental Impact Assessment Review. v. 22, p. 415–439, 2002.
DRAMSTAD, W.E.; OLSON, J.D.; FORMAN, R.T.T. Landscape Ecology principles in
landscape arquitecture and land use planning. USA: Harvard University Graduate School of
Design, 1996. 79p.
62
EWERS, R. M. & DIDHAM, R.K. Continuous response functions for quantifying the strength of
edge effects. Journal of Applied Ecology. v. 43, p. 527–536, 2006.
EWERS, R. M,; THORPE, S.; DIDHAM, R.K. Synergistic interactions between edge and area
effects in a heavily fragmented landscape. Ecology. v. 88, n. 1, p. 96-106, 2007.
FERNANDEZ, C.; ACOSTA, F. J.; ABELLÁ, G.; LÓPEZ, F.; DÍAZ, M. Complex edge effect
fields as additive processes in paches or ecological systems. Ecological Modelling. v. 149, p. 273-
283, 2001.
FIGUEIRÓ, S. A. & COELHO NETTO, A. L. Classificação de “zonas de tamponamento” (buffer
zones) na interface floresta-cidade: área laboratório da bacia do canal do mangue, maciço da Tijuca
(RJ). X Simpósio Brasileiro de Geografia Física Aplicada.
http://geografia.igeo.uerj.br/xsbgfa/cdrom/eixo3/3.3/172/172.htm
(último acesso em
27/09/2006), 2003.
FONTOURA, S.B.; GANADE, G.; LAROCCA, J. Changes in plant community diversity and
composition across an edge betwen Araucária forest and pasture in South Brazil. Revista Brasileira
de Botanica. V. 29, p. 79-91, 2006.
GIMENES, M. R. & DOS ANJOS, L. Efeitos da fragmentação florestal sobre as comunidades de
aves. Acta Scientiarum. Biological Sciences. v. 25, p. 391-402, 2003.
HANSEN, M.J. & CLEVENGER, A.P. The influence of disturbance and habitat on the presence of
non-native plant species along transport corridors. Biological Conservation. v. 123, p. 294-259,
2005.
HARPER, K.A.; MACDONALD, S.E.; BURTON, P.J.; CHEN, J.; BROSOFKE, K.D.;
SAUNDERS, S. C.; EUSKIRCHEN, E.S.; ROBERTS, D.; JAITEH, M.S.; ESSEEN, P. Edge
Influence on Forest Structure and Composition in Fragmented Landscapes. Conservation Biology.
v. 19, p. 768-782, 2005.
HERRMANN, B. C.; RODRIGUES, E.; LIMA, A. A paisagem como condicionadora de bordas de
fragmentos florestais. Floresta. v. 35, p. 13-22, 2005.
LEITÃO, A. B.; MILLER, J.; AHERN, J.; McGARIGAL, K. Mesuring landscaps: a planner´s
handbook. USA: Island Press, 2006. 245p.
63
LI, Q.; CHEN, J.; SONG, B,; LACROIX, J.J.; BRESEE, M.K.; RADMACHER, J.A. Areas
influencied by multiple edges and their implication in fragmented landscapes. Forest Ecology and
Manegment. v. 242, p. 99-107, 2007.
LINDENMAYER, D. B.; FISCHER, J. Habitat Fragmentation and Landscape Change.
Londres: Island Press, 2006.
MARTINS, F.R. O método de quadrantes e a fitossociologia de uma floresta residual do
interior de São Paulo: Parque Estadual do Vassununga. 1979. 239p. Tese (Doutorado)
Instituto de Biociências, Universidade de São Paulo, São Paulo. 1979.
MESQUITA, R.C.G.; DELAMÔNICA, P.; LAURANCE, W.F. Effect or surrounding vegetation on
edge-related tree mortality in Amazonian forest fragments. Biological Conservation. v. 91, p. 129-
134, 1999.
METZGER, J.P. Effects of deforestation pattern and private nature reserves on the forest
conservation in settlement areas of the Brazilian Amazon. Biota Neotropica. 1(1/2):
http://www.biotaneotropica.org.br/v1n12/pt/abstract?article+BN00101122001
(ultimo
acesso em 16/10/2007), 2001.
METZGER, J.P. Delineamento de experimentos numa perspectiva de ecologia da paisagem. In: L.
Cullen Jr.; R. Rudran & C. Valladares-Padua (eds.) Métodos de estudo em Biologia da
Conservação e Manejo da Vida Silvestre. Ed. da UFPR, Fundação O Boticário de Proteção à
Natureza, 2004.
METZGER, J.P. Uma área de relevante interesse biológico, porém pouco conhecida: a Reserva
Florestal do Morro Grande. . Biota Neotropica v. 6, n. 2.
http://www.biotaneotropica.org.br/v6n2/pt/abstract?article+bn00306022006 (último acesso em
27/09/2006). 2006.
MURCIA, C. Edge effects in fragmented forests: implications for conservation. Trends in Ecology
& Evolution. v. 10, p. 58–62, 1995.
NASCIMENTO, E.M.; LAURANCE, W. Efeitos de área de borda sobre a estrutura florestal em
fragmentos de floresta de terra-firme após 13-17 anos de isolamento. Acta Amazônica. v. 36, n. 2,
p. 183-192, 2006.
OLIVEIRA FILHO, A. T,; CARVALHO, D.A.; FONTES, M.A.; VAN DEN BERG, E.; CURI, N.
CARVALHO, W.A.C. Variações estruturais do compartimento arbóreo de uma floresta
64
semidescídua alto-montana na chapada das Perdizes, Carrancas, MG. Revista Brasileira de
Botânica. v. 27,p. 291-309, 2004.
PACIENCIA, M.L.B.; PRADO,J. Efeitos de borda sobre a comunidade de pteridófitas na Mata
Atlântica da região do Uma, sul da Bahia, Brasil. Revista Brasileira de Botânica. v. 27, p 641-653,
2004.
QUEIROGA, J. C.; RODRIGUES, E. Efeitos de Borda em fragmentos de cerrado em áreas de
agricultura do Maranhão, Br. 5˚Congresso de Ecologia. Porto Alegre. 2001.
RIES, L., FLETCHER, R.J.J., BATTIN, J. & SISK, T.D. Ecological responses to habitat edges:
mechanisms, models and variability explained. Annual Review of Ecology, Evolution and
Systematics. v. 35, p. 491–522, 2004.
RODRIGUES, E.; CAINZOS, R.L.P.; QUEIROGA, J.; HERRMANN, B. Conservação em
paisagens fragmentadas. In: L. Cullen Jr.; R. Rudran & C. Valladares-Padua (eds.) Métodos de
estudo em Biologia da Conservação e Manejo da Vida Silvestre. Ed. da UFPR, Fundação O
Boticário de Proteção à Natureza. 2004.
SANTOS, J.E. Prefácio In: J.E. Santos, J.S.R. Pires & C.H. Oliveira (eds.) Fases da polissemia da
paisagem: ecologia, planejamento e percepção. São Carlos: Rima. 2005.
SANTOS, R.F. Planejamento ambiental: teoria e prática. São Paulo: Oficina de textos. 2004. 184p.
SAUNDERS, S.C.; CHEN, J.; DRUMMER, T.D.; CROW, T.R. Modeling temperature gradients
across edges over time in a managed landscape. Forest Ecology and Management. v. 117, p. 17-
31, 1999.
SISK, T.D.; HADDAD, N.M. Incorporating the effects of habitat edges into landscape models:
effective area models for crossbondary management. In:Jingo, L. & Taylor, W. W. Integrating
landscape ecology into natural resource management. p. 208-240, 2002.
TRIOLA, M. F. Introdução à Estatística. 9 ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos. .
2005.
TURNER, M.G.; GARDNER, R.H.& O´NEILL, R. V. Landscape Ecology in Theory and
Practice - pattern and process. New York: Springer-Verlag. 2001. 401p.
65
VIDAL, M. M.; PIVELLO, V.R.; MEIRELLES, S.T.; METZGER, J.P. Produção de serapilheira em
floresta Atlântica secundária numa paisagem fragmentada (Ibiúna, SP): importância da borda e
tamanho dos fragmentos. Revista Brasileira de Botânica. v. 30, n. 3, p. 521-532, 2007.
ZENG, H. & WU, B. Utilities of edge-based metrics for studying landscape fragmentation.
Computers, Environment and Urban Systems. v. 29, p. 159-178, 2005.
ZENG, D.; CHEN, J. Edge effects in fragmented landscapes: a generic model for delineating area or
edge influences (D-AEI). Ecological Modeling. v. 132, p. 175-190, 2000.
66
ANEXO
67
TEMPERATURA
TEMPERATURA MÁXIMA TEMPERATURA MÉDIA
DISTÂNCIA
AGRÍCOLA FLORESTA URBANA AGRÍCOLA FLORESTA URBANA
0 30.8 22.7 28.2 26.128 21.432 25.976
0 30.2 23.9 27.8 27.6 21.94 25.54
0 30.2 24.6 29.9 26.456 21.864 27.048
10 29.3 22.2 27.3 24.696 21.132 25.324
10 29.1 23.3 27.8 26.732 21.744 25.364
10 28.5 24.3 28.7 25.292 21.404 26.084
20 30.4 22 28.6 25.048 21.092 25.14
20 28.9 23.1 27.1 26.556 21.604 24.396
20 27.9 23.4 27.8 25.256 21.3 25.524
30 29.9 21.9 26.4 24.572 21 24.508
30 28.6 23.5 33.5 26.488 22.116 26.864
30 28 23 28 25.496 21.1 25.432
40 27.7 21.7 29 24.16 20.852 25.152
40 28 22.9 26.3 25.668 21.476 23.804
40 27.3 25.1 32.7 24.968 22.148 26.924
50 27.1 21.8 27.1 23.7 20.864 24.76
50 27.4 23.2 25.5 25.144 21.48 23.436
50 28.6 23.3 29 25.328 21.604 25.296
60 26.7 21.9 28.9 23.5 20.904 24.908
60 26.9 24 25.6 24.624 21.76 23.308
60 27 23.8 28.1 24.616 21.916 25.504
70 26.6 22 26.7 22.912 20.808 24.304
70 26.4 23.4 28.4 23.808 21.592 23.58
70 27.3 24.8 30.2 24.18 21.74 25.22
80 26.6 21.8 26 22.76 20.876 23.864
80 26.3 22.8 25.6 23 21.32 23.384
80 26.3 23.2 26.7 24.288 21.764 24.752
90 24.6 21.7 24.4 22.392 20.904 22.988
90 25.4 22.7 25.6 23.356 21.372 23.412
90 26.6 24.1 26.6 24.084 21.6 24.872
100 24.1 21.9 25.9 21.892 21 22.952
100 25.8 22.6 26 23.456 21.232 23.904
100 26.9 23.8 25.3 23.928 21.5 24.184
68
TEMPERATURA (Continuação)
TEMPERATURA MÍNIMA
DISTÂNCIA
AGRÍCOLA FLORESTA URBANA
0 21.45 19 22.2
0 22.4 20 21.6
0 20.5 19 22.9
10 20.55 18.9 22.7
10 20.9 20.3 21.7
10 20.2 19.1 21.6
20 20.75 19.1 22.4
20 21.1 20 21.5
20 20.4 18.6 21.6
30 20.85 18.9 22.3
30 21 20.4 21.6
30 20.7 18.7 21.5
40 20.45 18.9 22.4
40 20.5 20 20.9
40 20.4 19 21.4
50 20.5 18.8 22.1
50 20.5 19.8 21
50 20.5 19.4 21.2
60 20.3 18.9 21.7
60 20.3 20.2 20.9
60 20.3 19.6 21.1
70 19.65 19 22.2
70 20.4 20.1 21.3
70 18.9 19.7 21.4
80 20.05 18.9 21.9
80 19.8 19.7 20.8
80 20.3 19.6 20.9
90 19.85 19.1 22.6
90 19.8 19.8 21
90 19.9 18.9 21.1
100 19.75 19 22.8
100 19.9 19.7 21.3
100 19.6 18.9 21.1
69
UMIDADE
UMIDADE MÁXIMA UMIDADE MÉDIA
DISTÂNCIA
AGRÍCOLA FLORESTA URBANA AGRÍCOLA FLORESTA URBANA
0 43.8 91.2 49.6 66.228 95.016 60.44
0 47.3 85.1 67.3 58.78 94.52 78.128
0 50.1 88.15 41.6 67.072 80.34 53.168
10 53.2 99.9 57.2 79.384 99.9 67.94
10 50.3 99.9 72.1 66.716 99.9 86.792
10 60.2 99.9 44.1 80.596 93.816 60.064
30 54.1 95.4 65.9 76.356 97.424 72.412
30 52.1 90.7 56.5 65.336 94.008 75.736
30 56 93.05 52.9 72.072 88.368 64.508
40 55.8 98.8 62 78.284 99.856 74.088
40 54.6 97.8 80.1 70.712 99.552 91.144
40 61.2 98.3 44.1 76.676 86.872 63.544
50 63.4 98.3 58.8 82.132 99.772 72.408
50 56.9 96.1 83.9 74.388 99.128 90.428
50 56.8 97.2 57.8 75.22 87.864 70.052
60 69.8 99.9 58.4 87.576 99.9 77.98
60 71.7 99.9 90.9 83.888 99.9 97.696
60 69.2 99.9 48.6 84.024 87.528 70.94
70 67.5 92.7 68.5 85.128 98.56 77.008
70 72.2 92.4 74.2 83.636 95.932 89.468
70 65.2 92.55 53 80.856 83.196 71.872
80 74.5 96.2 76 88.516 98.464 81.488
80 71.5 93 83.1 84.604 96.728 91.744
80 66.2 94.6 58 80.488 80.724 72.448
90 79.2 93.8 82.3 89.204 96.74 87.744
90 76.9 93.6 82.3 85.5 96.664 88.168
90 70.9 93.7 80.6 82.756 83.236 72.4
100 86.2 95.1 79.9 93.844 96.644 88.392
100 77.1 94.55 82.3 86.292 96.712 87.544
100 73.5 94 80.6 85.532 82.112 75.888
70
UMIDADE (Continuação)
UMIDADE MÍNIMA
DISTÂNCIA
AGRÍCOLA FLORESTA URBANA
0 99.9 99.9 81.9
0 80.8 99.9 92.9
0 99.9 92.1 74.2
10 99.9 99.9 90.5
10 99.8 99.9 99.3
10 99.9 99.9 88.6
30 98 99.6 81.4
30 92.4 99.2 91.2
30 99.9 97.4 83.2
40 99.9 99.9 83.3
40 98.1 99.9 99.9
40 99.9 98.9 86.8
50 98.9 99.9 89.2
50 98.4 99.9 95.8
50 99.9 94.7 86.1
60 99.9 99.9 93.1
60 99.8 99.9 99.9
60 99.9 99.9 93.8
70 97.3 99.9 86.7
70 94.5 98.3 95.8
70 98.2 91.7 87.3
80 99.1 99.9 86.1
80 99.9 99.9 99.7
80 99.9 92.2 86.2
90 98.4 98.2 86.4
90 93.4 99.3 94
90 96.8 95.5 68.9
100 98.7 97.9 83.8
100 95.4 99.9 92.9
100 97.2 94.8 71.8
71
RADIAÇÃO SOLAR
RADIAÇÃO MÁXIMA RADIAÇÃO MÉDIA
DISTÂNCIA AGRÍCOLA FLORESTA URBANA AGRÍCOLA FLORESTA URBANA
0 0.1258 0.07467 0.5733 0.04715872 0.03009897 0.07869
0 0.113 0.3845 0.13493 0.045227 0.05960447 0.15648526
0 0.1642 0.05493 0.5803 0.06395385 0.02665303 0.11408561
30 0.09333 0.02933 0.0944 0.02657821 0.00987385 0.09041216
30 0.19627 0.096 0.3776 0.03535975 0.02530553 0.03756895
30 0.14187 0.04 0.17813 0.02280564 0.01196182 0.04575268
50 0.3579 0.03787 0.1706 0.04573795 0.01471487 0.02636568
50 0.0826 0.26187 0.0762 0.0221465 0.05326316 0.04048763
50 0.0314 0.3248 0.4619 0.01651436 0.0649397 0.05457415
100 0.10987 0.01653 0.4363 0.03393538 0.00849308 0.02583243
100 0.16693 0.04693 0.06027 0.0307335 0.01745947 0.03783579
100 0.1818 0.03893 0.05973 0.03846308 0.01721455 0.0218561
RADIAÇÃO SOLAR (Continuação)
RADIAÇÃO MÍNIMA
DISTÂNCIA AGRÍCOLA FLORESTA URBANA
0 0.0192 0.01387 0.03093
0 0.01387 0.00853 0.04473
0 0.02187 0.0048 0.03093
30 0.0048 0.0048 0.0106
30 0.00907 0.008 0.01433
30 0.00527 0.00107 0.016
50 0.00693 0.00693 0.00853
50 0.00693 0.01387 0.00793
50 0.00473 0.01707 0.00693
100 0.01013 0.0048 0.00747
100 0.0112 0.0096 0.0074
100 0.01333 0.00427 0.00847
72
PESO SECO DE SERAPILHEIRA
VIZINHANÇA
DISTÂNCIA
AGRÍCOLA FLORESTA URBANA
10 59.87 35.7 66.08
10 57.35 26.14 56.34
10 50.19 33.44 65.23
20 79.37 26.75 60.96
20 35.6 24.12 71.96
20 40.26 30.74 54.44
30 51.04 9.75 60.02
30 29.18 25.33 50.94
30 26.07 59.6 63.69
40 48.65 31.56 81.19
40 31.32 11.56 45.4
40 34.44 33.6 60.62
50 58.65 32.49 46.76
50 39.84 18.87 58.93
50 68.7 25.8 39.05
60 63.07 24.27 90.65
60 42.83 17.25 59.34
60 34.7 31.87 46.44
70 62.51 33.91 64.6
70 50.53 29.13 39.38
70 42.38 37.52 62.9
80 33.81 21.91 60.4
80 14.57 29.63 34.53
80 29.61 13.97 54.78
90 43.92 30.91 78.64
90 29.18 35.81 40.53
90 38.9 15.7 50.33
100 43.02 32.12 67.84
100 41.99 11.38 87.45
100 48.59 26.22 53.93
73
DIÂMETRO DAS ÁRVORES
VIZINHANÇA
DISTÂNCIA
AGRÍCOLA FLORESTA URBANA
10 26 5.5 12
10 43 10.5 13
10 25 3.5 5
10 12.5 5.5 62.8
10 9 22.8 43
10 4.5 3.5 14
10 5.8 28.5 7.5
10 5.9 7.3 5.2
10 58 52.5 10
10 5.5 15 5
10 72.1 13 22.1
10 5.3 114 18
20 12 3.5 59.4
20 3.5 4 27.2
20 4.5 28 9.5
20 4 10 9
20 5 48 29
20 12 29 3
20 4.2 25 7
20 21 5 5
20 77 6 6.5
20 15 15.8 9
20 12 7.5 15
20 5.2 114 12
30 5.5 27 6
30 29.5 22.8 3
30 16.5 4.5 9.4
30 20 20.5 14
30 37.5 32 28
30 19.5 24 15.4
30 14.8 11 11.2
30 5.2 13 3
30 38 111 18
30 19 30 6.8
30 8.2 16 28.8
30 28.9 81.5 36
40 14.5 23.7 68.8
40 37 28.5 44.6
40 14.5 25.5 44
40 12 119.29 6
74
DIÂMETRO DAS ÁRVORES (Continuação)
VIZINHANÇA
DISTÂNCIA
AGRÍCOLA FLORESTA URBANA
40 11 12.6 10
40 9.5 34.5 4
40 19.7 19 52.2
40 15.5 7 8
40 12 5 57
40 12 4.5 4.5
40 91.5 87 58
40 5.7 7 9
50 7.3 125 61
50 7 5 3.8
50 11.4 29 7.5
50 11.5 6 12.5
50 13.7 15 7.2
50 25.5 12 12
50 13 4 11.8
50 11 16 12.4
50 5.5 96.5 4
50 5.5 9 4.6
50 6 111 65.4
50 1.23 17 10
60 20 22 20
60 27 9.5 44
60 3.5 33.5 6.8
60 56 13 17
60 11.5 70 5.5
60 20 45 6.5
60 8.8 43 74
60 3.8 25 5.8
60 8.5 3.5 28
60 13.5 12.5 34
60 12 8.5 71
60 21.8 6.8 95
70 17 4.5 11
70 13 8 49
70 52.5 37.2 4.5
70 4 25 7
70 5 31 31
70 5 24.5 23
70 6 10 49.5
70 11 8.5 36
75
DIÂMETRO DAS ÁRVORES (continuação)
VIZINHANÇA
DISTÂNCIA
AGRÍCOLA FLORESTA URBANA
70 6.9 82 7.5
70 13 5.5 26.8
70 9.5 6.5 55.5
70 18.3 37 3.5
80 8 13.2 22.6
80 5.5 7.8 22.9
80 15 3 12
80 3 25 20
80 5 17 8
80 11 9 9.2
80 8 30 31.6
80 6 22.5 84
80 105 98.5 95
80 8.4 31 33.5
80 8 8.5 6
80 49 5.5 32
90 7 29.5 7
90 3 33.2 5
90 33 22 6.6
90 6.4 22 4
90 25.5 49 7
90 9 4.5 36.5
90 4.7 17.5 16
90 12.5 14 5.4
90 8 7.8 47
90 5 25.2 15
90 5.5 10.8 3.5
90 12.9 3.5 6
100 6.5 7.5 10
100 5 26.5 11
100 6 5 1.8
100 12.8 19.7 4.6
100 75 67 14
100 10 5 3.6
100 4 12.5 28.5
100 4.5 20.5 16
100 7 13 48
100 52 25.5 5
100 25.2 3 23
100 5.8 16 21
76
PORCENTAGEM DE BAMBUS
VIZINHANÇA
PARCELA
URBANA AGRÍCOLA FLORESTA
00 - 02 0 30 10
02 - 04 10 20 20
04 - 06 10 0 0
06 - 08 30 0 10
08 - 10 90 0 10
10 - 12 90 0 20
12 - 14 80 0 30
14 - 16 30 0 60
16 - 18 20 0 50
18 - 20 10 0 20
20 - 22 0 0 20
22 - 24 10 0 10
24 - 26 10 0 10
26 - 28 0 0 20
28 - 30 0 0 10
30 - 32 50 0 0
32 - 34 70 0 0
34 - 36 30 0 0
36 - 38 20 0 10
38 - 40 30 0 0
40 - 42 10 0 1
42 - 44 10 0 80
44 - 46 10 0 30
46 - 48 0 0 70
48 - 50 0 10 30
50 - 52 0 10 10
52 - 54 0 0 0
54 - 56 0 0 0
56 - 58 0 0 0
58-60 0 0 0
60-62 0 0 0
62-64 0 0 0
64-66 0 0 10
66-68 0 0 0
68-70 0 0 0
70-72 0 0 0
72-74 0 0 0
74-76 0 0 0
77
PORCENTAGEM DE BAMBUS (Continuação)
VIZINHANÇA
PARCELA
URBANA AGRÍCOLA FLORESTA
76-78 0 0 0
78-80 0 0 0
80-82 0 0 0
82-84 0 0 0
84-86 0 0 0
86-88 0 0 0
88-90 0 0 0
90-92 0 0 0
92-94 0 0 0
94-96 0 0 0
98-100 0 0 0
00 - 02 0 10 10
02 - 04 0 50 10
04 - 06 0 10 10
06 - 08 0 10 10
08 - 10 0 10 10
10 - 12 10 0 10
12 - 14 10 10 30
14 - 16 30 0 10
16 - 18 10 10 10
18 - 20 0 0 0
20 - 22 10 0 0
22 - 24 0 10 0
24 - 26 0 10 10
26 - 28 0 0 0
28 - 30 0 10 10
30 - 32 0 0 10
32 - 34 10 0 10
34 - 36 0 10 10
36 - 38 0 0 10
38 - 40 0 0 20
40 - 42 0 0 10
42 - 44 0 0 10
44 - 46 0 0 20
46 - 48 0 0 30
48 - 50 0 0 20
50 - 52 10 0 30
52 - 54 0 0 10
78
PORCENTAGEM DE BAMBUS (continuação)
VIZINHANÇA
PARCELA
URBANA AGRÍCOLA FLORESTA
54 - 56 0 0 40
56 - 58 0 0 10
58-60 0 0 10
60-62 0 0 10
62-64 0 0 10
64-66 0 0 10
66-68 0 0 10
68-70 0 0 10
70-72 0 0 0
72-74 0 0 0
74-76 0 0 0
76-78 0 0 0
78-80 0 0 10
80-82 0 0 0
82-84 0 0 0
84-86 0 0 0
86-88 0 0 0
88-90 0 0 0
90-92 0 0 0
92-94 0 0 0
94-96 0 0 20
96-98 0 0 0
98-100 0 0 0
00 - 02 0 90 10
02 - 04 0 90 20
04 - 06 40 0 20
06 - 08 60 0 10
08 - 10 70 20 0
10 - 12 30 10 10
12 - 14 20 10 10
14 - 16 10 0 10
16 - 18 0 10 10
18 - 20 10 10 10
20 - 22 80 20 40
22 - 24 80 20 0
24 - 26 80 10 0
26 - 28 0 10 0
79
PORCENTAGEM DE BAMBUS (continuação)
VIZINHANÇA
PARCELA
URBANA AGRÍCOLA FLORESTA
28 - 30 0 0 0
30 - 32 30 0 0
32 - 34 30 10 0
34 - 36 20 0 0
36 - 38 80 0 0
38 - 40 90 0 0
40 - 42 90 0 10
42 - 44 80 0 20
44 - 46 70 0 40
46 - 48 20 0 10
48 - 50 20 0 10
50 - 52 20 0 20
52 - 54 20 0 10
54 - 56 10 0 0
56 - 58 0 0 0
58-60 0 0 10
60-62 0 0 30
62-64 0 0 20
64-66 0 0 20
66-68 0 0 10
68-70 10 0 0
70-72 0 0 0
72-74 0 10 0
74-76 0 0 0
76-78 0 0 0
78-80 0 10 0
80-82 0 10 10
82-84 0 0 10
84-86 0 0 0
86-88 0 0 0
88-90 0 0 10
90-92 0 0 10
92-94 0 0 0
94-96 0 10 0
96-98 0 20 0
98-100 0 10 0
80
NÚMERO DE LIANAS
VIZINHANÇA
PARCELA
URBANA AGRÍCOLA FLORESTA
00 - 02 0 11 3
02 - 04 2 1 4
04 - 06 0 1 12
06 - 08 0 3 1
08 - 10 0 14 1
10 - 12 0 13 4
12 - 14 2 30 1
14 - 16 2 30 1
16 - 18 0 7 3
18 - 20 0 5 5
20 - 22 2 1 2
22 - 24 3 4 1
24 - 26 3 4 2
26 - 28 1 2 3
28 - 30 5 0 8
30 - 32 0 4 4
32 - 34 3 7 0
34 - 36 6 7 5
36 - 38 1 4 7
38 - 40 3 2 1
40 - 42 3 1 0
42 - 44 0 6 1
44 - 46 0 1 0
46 - 48 2 3 1
48 - 50 4 0 0
50 - 52 1 3 7
52 - 54 2 0 4
54 - 56 1 1 0
56 - 58 0 4 0
58-60 1 5 3
60-62 0 6 2
62-64 1 3 1
64-66 1 10 0
66-68 4 2 0
68-70 6 2 1
70-72 2 0 0
72-74 3 1 2
74-76 3 1 0
81
NÚMERO DE LIANAS (Continuação)
VIZINHANÇA
PARCELA
URBANA AGRÍCOLA FLORESTA
76-78 3 0 5
78-80 0 7 2
80-82 2 5 1
82-84 2 3 1
84-86 2 4 3
86-88 2 1 0
88-90 2 0 0
90-92 0 3 0
92-94 0 2 0
94-96 3 0 1
96-98 0 1 0
98-100 3 2 2
00 - 02 0 30 0
02 - 04 2 1 3
04 - 06 1 0 9
06 - 08 3 1 3
08 - 10 3 2 0
10 - 12 0 3 1
12 - 14 0 1 0
14 - 16 2 6 0
16 - 18 1 3 0
18 - 20 4 1 0
20 - 22 1 1 1
22 - 24 1 2 2
24 - 26 3 2 3
26 - 28 3 7 1
28 - 30 4 5 0
30 - 32 4 5 3
32 - 34 1 0 0
34 - 36 6 1 5
36 - 38 4 2 4
38 - 40 7 3 2
40 - 42 5 2 3
42 - 44 3 3 4
44 - 46 1 3 1
46 - 48 1 7 2
48 - 50 0 3 1
50 - 52 0 3 9
82
NÚMERO DE LIANAS (continuação)
VIZINHANÇA
PARCELA
URBANA AGRÍCOLA FLORESTA
52 - 54 0 2 3
54 - 56 2 3 1
56 - 58 2 4 3
58-60 0 3 0
60-62 2 5 0
62-64 2 1 4
64-66 1 0 4
66-68 1 1 0
68-70 2 1 4
70-72 2 0 3
72-74 2 3 0
74-76 2 3 0
76-78 0 3 1
78-80 0 1 4
80-82 0 3 1
82-84 0 1 2
84-86 2 6 1
86-88 1 5 7
88-90 3 5 4
90-92 2 5 0
92-94 0 5 3
94-96 0 3 1
96-98 2 4 0
98-100 0 0 0
00 - 02 0 14 3
02 - 04 1 30 1
04 - 06 1 4 0
06 - 08 3 4 0
08 - 10 2 7 0
10 - 12 2 4 0
12 - 14 2 5 0
14 - 16 4 5 0
16 - 18 0 4 9
18 - 20 0 0 0
20 - 22 0 1 0
22 - 24 0 3 0
24 - 26 0 11 1
83
NÚMERO DE LIANAS (continuação)
VIZINHANÇA
PARCELA
URBANA AGRÍCOLA FLORESTA
26 - 28 0 5 1
28 - 30 0 3 2
30 - 32 3 3 3
32 - 34 1 2 2
34 - 36 1 0 2
36 - 38 4 0 1
38 - 40 2 2 2
40 - 42 1 6 0
42 - 44 2 8 0
44 - 46 3 2 0
46 - 48 4 3 0
48 - 50 1 6 2
50 - 52 0 7 0
52 - 54 4 4 0
54 - 56 3 3 0
56 - 58 0 3 0
58-60 3 2 4
60-62 1 3 0
62-64 3 1 2
64-66 2 2 2
66-68 2 1 0
68-70 1 2 1
70-72 2 6 4
72-74 0 2 0
74-76 1 2 0
76-78 3 2 1
78-80 2 3 3
80-82 1 3 4
82-84 0 6 1
84-86 3 1 1
86-88 1 2 2
88-90 1 3 0
90-92 1 10 2
92-94 1 1 1
94-96 1 1 1
96-98 1 6 3
98-100 2 1 0
84
NÚMERO DE ÁRVORES MORTAS
PARCELA URBANA 1 URBANA 2 URBANA 3
00 - 02 0 0 0
02 - 04 0 0 1
04 - 06 0 1 0
06 - 08 2 0 0
08 - 10 0 0 0
10 - 12 0 0 0
12 - 14 2 0 1
14 - 16 3 1 2
16 - 18 1 0 0
18 - 20 1 0 1
20 - 22 2 0 0
22 - 24 2 0 0
24 - 26 3 0 0
26 - 28 1 0 0
28 - 30 2 0 0
30 - 32 0 1 0
32 - 34 0 0 0
34 - 36 1 0 0
36 - 38 1 1 0
38 - 40 0 0 0
40 - 42 2 0 0
42 - 44 1 0 0
44 - 46 0 2 0
46 - 48 0 0 0
48 - 50 2 0 0
50 - 52 1 0 0
52 - 54 0 1 0
54 - 56 0 1 0
56 - 58 0 0 0
58 - 60 1 0 0
60 - 62 0 1 0
62 - 64 0 0 0
64 - 66 1 0 0
66 - 68 0 0 0
68 - 70 0 0 0
70 - 72 1 0 0
72 - 74 0 0 0
74 - 76 0 0 0
76 - 78 1 0 0
78 - 80 0 0 0
80 - 82 0 1 0
82 - 84 0 0 0
84 - 86 0 0 0
86 - 88 0 0 0
88 - 90 0 0 0
90 - 92 0 0 0
92 - 94 0 0 0
94 - 96 0 1 0
96 - 98 0 0 0
98 - 100 0 0 1
85
NÚMERO DE ÁRVORES MORTAS (Continuação)
PARCELA AGRÍCOLA 1 AGRÍCOLA 2 AGRÍCOLA 3
00 - 02 1 0 0
02 - 04 0 1 0
04 - 06 1 0 0
06 - 08 0 0 0
08 - 10 0 0 0
10 - 12 0 0 1
12 - 14 0 0 0
14 - 16 0 1 0
16 - 18 0 0 0
18 - 20 0 0 0
20 - 22 0 0 0
22 - 24 0 0 0
24 - 26 0 1 0
26 - 28 0 0 0
28 - 30 0 0 0
30 - 32 0 0 0
32 - 34 0 0 0
34 - 36 0 1 0
36 - 38 0 0 0
38 - 40 0 0 1
40 - 42 0 0 0
42 - 44 0 0 0
44 - 46 0 0 0
46 - 48 0 0 0
48 - 50 1 0 1
50 - 52 1 0 0
52 - 54 0 0 0
54 - 56 0 0 0
56 - 58 0 1 0
58 - 60 0 2 2
60 - 62 0 0 0
62 - 64 0 1 0
64 - 66 0 1 1
66 - 68 0 0 0
68 - 70 0 0 2
70 - 72 1 2 1
72 - 74 0 0 0
74 - 76 1 3 0
76 - 78 1 1 0
78 - 80 0 0 0
80 - 82 0 0 0
82 - 84 1 0 0
84 - 86 0 2 0
86 - 88 0 0 0
88 - 90 0 0 0
90 - 92 1 1 0
92 - 94 1 0 0
94 - 96 1 0 0
96 - 98 0 0 0
98 - 100 0 0 0
86
NÚMERO DE ÁRVORES MORTAS (Continuação)
PARCELA FLORESTA 1 FLORESTA 2 FLORESTA 3
00 - 02 1 3 0
02 - 04 0 0 0
04 - 06 0 0 0
06 - 08 0 1 0
08 - 10 1 0 0
10 - 12 0 0 0
12 - 14 0 0 0
14 - 16 0 0 0
16 - 18 0 0 0
18 - 20 0 0 3
20 - 22 0 0 0
22 - 24 0 0 0
24 - 26 0 0 0
26 - 28 0 0 0
28 - 30 0 0 0
30 - 32 0 1 0
32 - 34 0 0 1
34 - 36 0 0 0
36 - 38 0 0 0
38 - 40 0 0 0
40 - 42 0 0 0
42 - 44 0 0 0
44 - 46 0 0 0
46 - 48 0 0 0
48 - 50 0 0 0
50 - 52 0 0 0
52 - 54 0 0 0
54 - 56 0 0 0
56 - 58 0 0 0
58 - 60 0 0 0
60 - 62 0 0 0
62 - 64 0 0 0
64 - 66 0 0 0
66 - 68 0 0 0
68 - 70 0 0 0
70 - 72 0 0 0
72 - 74 0 0 0
74 - 76 0 0 0
76 - 78 0 0 0
78 - 80 0 1 0
80 - 82 0 0 0
82 - 84 0 0 0
84 - 86 0 0 0
86 - 88 0 0 0
88 - 90 0 0 0
90 - 92 0 0 0
92 - 94 0 0 0
94 - 96 0 0 0
96 - 98 0 0 0
98 - 100 0 0 0
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo