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UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES
TANIA DORA ANASTÁCIO FONSECA
AJUSTE POSTURAL EM INDIVÍDUOS COM PRIVAÇÃO
MOMENTÂNEA DA VISÃO
MOGI DAS CRUZES, SP
2007
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UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES
TANIA DORA ANASTÁCIO FONSECA
AJUSTE POSTURAL EM INDIVÍDUOS COM PRIVAÇÃO
MOMENTÂNEA DA VISÃO
Profº Orientador: Prof. Dr. Daniel Gustavo Goroso
MOGI DAS CRUZES, SP
2007
Dissertação apresentada à
Universidade de Mogi das Cruzes, do
programa de Engenharia Biomédica,
como part
e dos requisitos para a
obtenção do grau de mestre.
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DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho ao Grande Arquiteto do Universo, nos deu a luz da vida
e permite que façamos de nossas vidas grandes obras...
Aos meus pais que me ensinaram o sentido da vida...
Aos meus filhos por sempre me receberem com muitos sorrisos...
Ao meu esposo por estar sempre presente.
AGRADECIMENTOS
Nem sempre as palavras têm o dom de transmitir os nossos reais
sentimentos, mas ao término deste trabalho eu não posso deixar de agradecer...
À Universidade Mogi das Cruzes UMC, e em especial à Prof.ª Dr.ª Annie
France Frère Slaets e ao Prof. Dr. Jean Jaques Bonvent , responsáveis pelo
programa de Pós Graduação em Engenharia Biomédica, por terem me recebido de
braços abertos...
Ao Prof. Dr. Daniel Gustavo Goroso, pela competência, comprometimento e
dedicação. Que com seu carinho e paciência me orientou com grande maestria.
Ao DMR-FMUSP, especialmente a Prof.ª Dr.ª Linamara Rizzo Battistella,
coordenadora do DMR por ter disponibilizado o laboratório de marcha para nossa
pesquisa.
Ao professor José Augusto Fernandes Lopes (DMR - FMUSP / Responsável
pelo Laboratório de Marcha), pela grande colaboração disponibilizando não apenas
o laboratório como também seu tempo, nos acompanhando a cada experimento com
muita presteza...
Á CAPES pelo apoio financeiro, viabilizando este trabalho.
À banca examinadora Prof. Dr. Luciano Alegretti Mercadante, Prof. Dr. Marco
Fumagalli e Prof. Dr. Carlos Marcelo Godoi os quais tecerão valiosas sugestões e
críticas construtivas agregando valor a este trabalho.
A todos os professores, e em especial a Prof.ª Márcia Bissaco, que contribuiu
enormemente para que eu galgasse mais este degrau.
Aos colegas particularmente a Jack, Cássia, Meire, Andréia, Ariane, Bel e
Terigi que durante esse período em que convivemos, estudamos, trocamos muitas
experiências, como também muitas alegrias...
A todas as pessoas que participaram da coleta de dados na qualidade de
sujeitos da pesquisa...
Ao Fernando Henrique Magalhães pela ajuda, disponibilidade e coleguismo,
me auxiliando na estatística...
Aos amigos e companheiros de laboratório: Regina, George, Paulo, Pedro e
Elton, pelos laços em que formamos, união e ajuda mútua...
Aos meus pais, pela educação sólida que me deram, bem como pelo seu
apoio e incentivo...
Aos meus filhos Hedinho e Fernanda pelo sorriso nos lábios com que sempre
me receberam, ao chegar em casa. Sempre foram, são, e serão as grandes
inspirações de minha vida.
Ao meu esposo Helder que faz parte de minha vida. Que nossas vidas
continuem andando pareadas e que Deus nos faça caminhar sempre juntos...
E por fim, aos meus Amparadores, estejam eles onde estiverem...
"O caminho da vida
pode ser o da liberdade e da
beleza, porém, desviamo-nos dele.
A cobiça envenenou a alma dos homens, levantou
no mundo as muralhas do ódio
e tem-nos feito marchar a passo de ganso para
a miséria e os morticínios.
Criamos a época da produção veloz,
mas nos sentimos enclausurados dentro dela.
A máquina, que produz em grande escala,
tem provocado a escassez.
Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos;
nossa inteligência, empedernidos e cruéis.
Pensamos em demasia e sentimos bem pouco.
Mais do que máquinas precisamos de humanidade;
mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura!
Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo estará perdido”.
(Charles Chaplin, em discurso proferido no final do filme O grande ditador).
RESUMO
O indivíduo enquanto ocupado de uma postura bípede pode não apresentar
movimentos visíveis, muito embora estejam presentes, pois o corpo oscila. Uma
adequada ação motora requer a integração e a regulação contínua de múltiplas
informações somatossensoriais, vestibulares e visuais. Nesse sentido, na falta de
informação visual surge a questão de como o sistema neuromuscular compensa
essa ausência e se adapta a uma perturbação que altere o seu equilíbrio. Dessa
forma, o objetivo dessa pesquisa é analisar quantitativamente os ajustes posturais
antecipatórios (APA) e ajustes posturais compensatórios (APC) através de
parâmetros eletromiográficos dos músculos eretores da coluna e membro inferior
em indivíduos privados momentaneamente da visão. A tarefa de movimento
consistiu na seguinte perturbação do equilíbrio: rápida extensão do tronco, partindo
de 90 graus de flexão do quadril para a posição ortostática. Foram utilizados
recursos da cinemática e da cinética para localizar o Instantaneous Point of
Equilibrium (Ponto Instantâneo de Equilíbrio - IEP) na postura ortostática. Após a
identificação deste ponto foi selecionada uma janela nos sinais RMS (1000Hz,
Butterworth filter 5-500Hz) para estudar o APA (t
iep
-200ms) e o APC (t
iep
+200ms)
ocasionado pela perturbação gerada por um movimento específico. Os músculos
analisados foram o reto abdominal (RA), ílio costal lombar (IL), vasto lateral (VL),
semitendinoso (ST), tibial anterior (TA) e gastrocnêmio lateral (GL). A amostra foi
composta por 10 indivíduos do sexo masculino, considerados sadios com idade
média (25,6 ± 2,26) anos, peso médio (68,22 ± 2,71) kg e altura média (1,69 ±
0,25)m que compõem o grupo de indivíduos privados momentaneamente da visão
(PMV) e os mesmos indivíduos que integram o grupo de visão preservada (VP). As
comparações entre as médias dos grupos foram realizadas através do teste de
múltiplas comparações (ANOVA), na qual foram encontradas diferenças
significativas (P<0.05) para as variáveis do APA e APC entre as condições com e
sem visão. No APA foram encontradas diferenças significativas nas medidas da
amplitude do valor RMS nos músculos RA, TA, e GL. Já no APC foram encontradas
diferenças estatisticamente significativas nos músculos TA, ST e GL. Em relação
aos demais músculos aceitando-se a hipótese da nulidade, portanto não houve
diferença estaticamente significativa. Acrescenta-se ainda que durante a condição
sem visão, tal variação mostrou-se mais acentuada quando comparada à condição
com visão. Essa variação foi elucidada pelo teste ANOVA, mas no teste t de
Student, não ocorreu o mesmo, fato que, em relação às variáveis mio elétricas,
pode ser atribuído a um procedimento de normalização não tão adequado. Os
resultados permitem concluir que as informações visuais são de extrema
importância para modulação da atividade muscular.
Palavras-chave: ajuste postural antecipatório, ajuste postural compensatório,
controle postural, eletromiografia.
ABSTRACT
When an individual remains motionless, it does not remain without movement, its
body oscillates. An adjusted motor action requires the integration and the continuous
regulation of multiple proprioceptive and vestibular information, in this case, under
the lack of visual information. The purpose of this research was to quantitatively
analyze the anticipatory postural adjustments (APA) and compensatory postural
adjustments (CPA) through electromyography parameters of the trunk and inferior
members’ muscles in individuals submitted to a momentary absence of vision. The
movement task consisted of the following disturbance of the balance: fast extension
of the trunk, starting at 90 degrees of flexion until upright posture. Kinematics and
kinetic resources had been used to locate the Instantaneous Point of Equilibrium
(IEP) at upright posture. After the identification of this point it was selected a window
in signals RMS (1000Hz, Butterworth to filter 5-500Hz) to study the APA (t
iep
-200ms)
and the CPA (t
iep
+200ms) caused by the auto-disturbance of the described
movement of the muscles rectus abmidominis (RA), lumbar costal ílio (IL), vastus
lateralis (VL), semitendinosus (ST), tibialis anterior (TA) and lateral gastrocnemius
(LG). The sample was composed of 10 male individuals, considered healthy and with
averaged age (25,6 ± 2,26) years old, average weight (68,22 ± 2,71) kg and average
height (1,69 ± 0,25) m. They composed the group of individuals with a momentary
absence of vision (MVA) and these same individuals integrated the group of
preserved vision (PV). The comparisons between the averages of the groups had
been carried through the test of multiple comparisons (ANOVA). The results of this
test show that there are statistically significant differences (P<0.05) for both variables
APA and CPA between the conditions MVA and PV. In the APA significant
differences in the measures of RMS amplitude in the muscles RA, TA, and LG had
been found. CPA showed statistically significant differences in the muscles, TA, ST
and GL. During the MVA condition, such variation reveals more accented when it was
comparated to the PV condition. This variation, however, was not elucidated by the
test ANOVA. This fact can be attributed to a procedure of normalization not adjusted
yet. The preliminary results let us conclude that visual information is extremely
important for modulating the muscular activity during postural adjustments.
Keywords: anticipatory postural adjustments, compensatory postural adjustments,
postural control, electromyography
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1: Gráfico representativo do sinal EMG bruto, RMS (janela de 100ms).
Adaptado de Marchettti & Duarte, 2006......................................................24
Figura 2: Esquema representativo e sintetizado dos materiais e métodos
utilizados na montagem experimental, para observação da utilização dos
dados cinemáticos e cinéticos no auxílio da análise eletromiográfica. .......36
Figura 3: Diagrama de montagem experimental que identifica a seqüência da
metodologia utilizada. .................................................................................37
Figura 4: Imagem parcial do laboratório de marcha. Divisão de Medicina e
Reabilitação do Hospital das Clínicas DMR/HCFMUSP. ............................39
Figura 5: Indivíduo com o tronco posicionado paralelo ao chão e uma flexão de
quadril em 90.º............................................................................................41
Figura 6: Esquema representativo da atividade realizada no plano sagital..............41
Figura 7: Aparelho eletromiográfico por telemetria com 08 canais...........................44
Figura 8: Plataforma de força nivelada ao chão com os sistemas de coordenadas
utilizadas nesta pesquisa............................................................................45
Figura 9: Imagem de uma das câmeras que compõe o sistema de imagens. Peso
de câmara = 2.1 kg, com lente. Fonte: manual de uso EVaRT 5.0.............46
Figura 10: Posições das câmeras e do sistema de coordenadas da sala. Fonte:
manual de uso EVaRT 5.0..........................................................................46
Figura 11: Posicionamento dos eletrodos e seus respectivos sinais (adaptado de
DeLuca, 1993) ............................................................................................48
Figura 12: Posicionamento dos eletrodos no músculo vasto lateral e tibial
anterior vista anterior, semitendinoso e gastrocnêmio vista posterior.........48
Figura 13: Posicionamento dos eletrodos de superfície no ventre muscular do
músculo vasto lateral em direção das fibras musculares fugindo do ponto
motor. A linha longitudinal na direção do músculo vasto lateral representa
a linha de referência. As 03 linhas dentro do círculo transversais que
cortam a linha logitudinal, a central representa o ponto motor, e as
laterais o desvio padrão..............................................................................50
Figura 14: Colocação do eletrodo no músculo vasto lateral com a marcação da
técnica de posicionamento..........................................................................51
Figura15: Posicionamento dos eletrodos no reto abdominal (adaptado de
PRADHAN e TALY, 1989). .........................................................................51
Figura 16: Músculo eretor da coluna (ílio costal lombar)..........................................52
Figura 17: Marcadores reflexivos esféricos adesivos (passivos) do sistema Hires..52
Figura 18: Posicionamento dos marcadores esféricos propostos pelo programa o
modelo Dempster (KADABA, RAMAKRISHNAN & WOOTTEN, 1990) na
vista frontal..................................................................................................54
Figura 19: Exemplo simplificado do sistema HIRES 3D...........................................55
Figura 20: Apresentação do modelo através Software EVaHiREs, que integra os
sinais provenientes das câmeras e cria o modelo tridimensional do objeto
estudado por fotogrametria. ........................................................................56
Figura 21: Demonstração do posicionamento inicial a esquerda e após a
extensão do tronco a direita........................................................................57
Figura 22: Posicionamento dos marcadores mediais para o reconhecimento das
linhas médias através do sistema de coordenadas. ...................................58
Figura 23: Trajetória do COP e COG. COPp2: adquirido na plataforma 2, centro
de pressão do esquerdo, COPp3: adquirido na plataforma 3 centro de
pressão do direito. A seta indica o sentido do movimento Anterior (A)
e posterior (P). ...........................................................................................60
Figura 24: Resultante da Trajetória do COP e COG. ...............................................61
Figura 25: Primeiro instante de coincidência entre o COG e COP ao chegar a
postura ortostática no plano sagital do movimento no eixo ortogonal yz. .
O desenho no canto inferior esquerdo ilustra a tarefa de movimento e a
linha tracejada vermelha demonstra o IEP. ................................................62
Figura 26: Sinal de EMG correspondente ao intervalo antecipatório e
compensatório em relação ao instante de equilíbrio (t
iep
) separado pela
linha contínua vermelha. A linha pontilhada delimita a janela de estudo. ...63
Figura 27: Normalização do sinal RMS antecipatório e compensatório do músculo
TA. ..............................................................................................................64
Figura 28: Sinais RMS normalizados de cinco repetições do APA e do APC do
músculo IL para a condição com e sem visão respectivamente. ...............66
Figura 29: Condições com e sem visão, da esquerda para direita. Do primeiro ao
quinto movimento, respectivamente, nas cores: azul, vermelho, verde,
amarelo, magenta e preto. Valor RMS normalizado do músculo TA. do
APA.............................................................................................................67
Figura 30: Condições com e sem visão, da direita para esquerda. Do primeiro ao
quinto movimento, respectivamente, nas cores: azul, vermelho, verde,
amarelo, magenta e preto. Valor RMS normalizado do músculo GL do
APC.............................................................................................................67
Figura 31. Histograma representando a média (n=10) Coeficiente de variação
APA e APC, com e sem visão dos músculos RA,VL,TA,IL,ST,GL das
médias das cinco séries IEP (-200 e +200) (*) indica diferença
estatisticamente significativa para o grau de confiança. .............................69
Figura 32: Histograma representando a média (n=10) da variável APA do
músculo VL durante a séries das cinco repetições da tarefa de
movimento IEP (t
iep
-200ms APA e t
iep
+ 200ms APC) subseqüentes
Condições com e sem visão representada respectivamente pelas cores
branco e azul. (*) indica diferença estatisticamente significativa para o
grau de confiança (P<0,05). Tanto no APA quanto no APC houve
diferença estatisticamente significativa no primeiro movimento nas
condições com visão e sem visão com probabilidade de erro (P < 0,05). ..71
Figura 33: Histograma representando a média (n=10) da variável APA do
músculo TA durante a séries das cinco repetições da tarefa de
movimento IEP (t
iep
-200ms APA e t
iep
+ 200ms APC) subseqüentes
Condições com e sem visão representada respectivamente pelas cores
branco e azul. Não houve diferença estatística significativa em nenhuma
das repetições para o grau de confiança (P<0,05). ....................................72
Figura 34: Estes histogramas (teste t de Student). Representam a média (n=10)
da variável APA e APC durante a série dos cinco IEP (t
iep
-200ms APA e
t
iep
+ 200ms APC) subseqüentes.Condições com e sem visão
representada respectivamente. Não houve diferença estatística
significativa em nenhuma das repetições para o grau de confiança
(P<0,05). .....................................................................................................74
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Visão geral da metodologia, apresentando o experimento realizado com
o objetivo de cada recurso..........................................................................38
Tabela 2. Valores Absolutos da localização da Zona de Inervação (valor máximo
valor mínimo)/2 e classificação qualitativa global quanto à uniformidade
da zona de inervação e qualidade do sinal dos sculos selecionados
(adaptado de Rainoldi (2004)). ...................................................................49
Tabela 3. Linhas de referência, marcas anatômicas e resultados estatísticos sobre
as localizações das zonas de inervação entre os sujeitos dos músculos
selecionados para esta pesquisa. Estudo feito em 10 sujeitos adaptado
de Rainoldi (2004).......................................................................................49
Tabela 4. Resultado do teste estatístico aplicado nas variáveis CVTs, expresso
através do valor de P, relativo aos músculos RA, IL, VL, ST, TA, GL
expresso através do valor de P durante os –200 e +200 do IEP. com
95% de segurança. .....................................................................................70
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
A/D: Análogo/Digital
ANOVA: Analysis of Variance (Análise de Variância)
[a-p]: ântero posterior
APA: Ajuste Postural Antecipatório
APC: Ajuste Postural Compensatório
COPAP: Centro de Pressão Antero Posterior (vertical)
COPML: Centro de Pressão Médio Lateral
BDA: Base de Apoio
BF: Bíceps Femoral (músculo)
CIVM: Contração Isométrica Voluntária Máxima
[cm]: centímetro (s)
COG: Centro de Gravidade
COM: Centro de Massa
COP: Centro de Pressão
COPp
2
:
Centro de Pressão na Plataforma 2
COPp
3
: Centro de Pressão na Plataforma 3
CV: Coeficiente de Variação
D: Direito
DV: Deficiência Visual
E: Esquerdo
EMG: eletromiógrafo
fm: freqüência média
FRS: Força de Reação ao Solo
FRSAP: Força de Reação ao Solo Antero Posterior (horizontal)
FRSML: Força de Reação ao Solo Médio Lateral
FRSV: Força de Reação ao Solo na Componente Vertical
GL: Gastrocnêmio Lateral (músculo)
Hz: Hertz
IEP: Instant Equilibrium Points (Ponto de equilíbrio Instantâneo)
IL: Ilio Costal Lombar (músculo)
[k
]: kilo ohm (s)
Kg: kilo
[kHz]: kilo Hertz
LG: Linha de Gravidade
M: Momento da força ou torque
[m]: metro (s)
MAV: Mean Absolute Value (valor absoluto médio)
[m-l]: médio lateral
[mm]: milímetro (s)
MS: Membro Superior
MMSS: Membros Superiores
MI: Membro Inferior
MMII: Membros Inferiores
[µ
µµ
µV]:
micro volt (s)
[mV]: mili volt (s)
Mx: Momento de força médio lateral
My: Momento de força Antero posterior
Mz: força vertical
P: probabilidade de erro estatístico
PC: Personal Computer (Computador Pessoal)
PMV: Privação momentânea da visão
RA: Reto Abdominal
RF: Reto Femural (músculo)
RMS: Root Mean Square
[s]: segundo (s)
SD: Desvio Padrão
SME: Sinal (s) Mioelétrico (s)
SNC: Sistema Nervoso Central
SO: Sóleo (músculo)
ST: Semitendinoso (músculo)
TA: Tibial Anterior (músculo)
V: Volt (s)
VL: Vasto Lateral (músculo)
VP: Visão Preservada
X: (versus)
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 17
1.1 Justificativa e Motivação 19
1.2 Objetivos 20
1.2.1 Objetivo Geral 20
1.2.2 Objetivos Específicos 20
2 CONCEITOS TEÓRICOS 21
2.1 Conceitos de Ajustes Posturais 21
2.2 Conceitos Biomecânicos 22
2.3 Grandezas Utilizadas 24
2.4 Ponto de Equilíbrio 26
3 ESTADO DA ARTE 27
3.1 O Sistema Sensorial Visual e o Controle Postural 27
3.2 O Ajuste Postural e o Controle Postural 30
4 MATERIAIS E MÉTODOS 35
4.1 Local da Pesquisa 38
4.2 Seleção da Amostra Experimental 39
4.3 Tarefa de Movimento 40
4.4 Coleta de Dados 42
4.5 Instrumentação 43
4.5.1 Descrição do eletromiógrafo 43
4.5.2 Descrição do sistema de plataformas de força 44
4.5.3 Descrição do sistema de imagem 46
4.5.4 Calibração 47
4.6 Procedimento da Coleta 47
4.6.1 Colocação dos Eletrodos 47
4.6.2 Colocação dos marcadores esféricos 52
4.7 Integração do sistema de aquisição de dados 55
4.8 Coleta dos Dados 56
4.9 Pré-processamento dos dados 58
4.10 Processamento dos dados 59
5 RESULTADOS 65
5.1 Variação do valor RMS do sinal EMG ao longo de uma mesma série 65
5.2 Comparação das variáveis mioelétricas entre as condições com e sem
visão 68
5.3 Comparação entre as médias das variáveis nas 5 repetições do
movimento 68
5.4 Comparação das médias entre as condições com e sem visão 70
5.4.1 Vasto Lateral 70
5.4.2 Tibial Anterior 71
5.4.3 Músculos que não apresentaram diferenças estatísticas significativas para
o t de Student 73
6 DISCUSSÃO 75
7 CONCLUSÃO 79
8 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS 80
REFERÊNCIAS 81
17
1 INTRODUÇÃO
Desde que o homem adotou a postura ereta bípede, ele passou a ser
desafiado pela força da gravidade a manter o equilíbrio do corpo sobre uma
pequena área que o suporta, delimitada por seus pés (Boreli, 1680 apud DUARTE,
2000). Quando um indivíduo permanece parado, ele não permanece sem
movimento, seu corpo oscila, muito embora essa atitude passe despercebida. Este
controle é um grande desafio para o corpo humano.
Particularmente a postura ortostática do ser humano tem a influência de
diversos fatores fisiológicos como a respiração, os batimentos cardíacos e o retorno
venoso, que geram oscilações constantes no equilíbrio do corpo (IMBIRIBA, 2000).
A atividade postural tem como função manter a estabilidade do sistema
músculo esquelético, o que envolve sua posição em relação a base de suporte, e
assegura a orientação desejada dos segmentos corporais que não estão envolvidos
no movimento.
A manutenção do equilíbrio postural é um complexo mecanismo
neuromuscular, baseado na troca de informação, em forma de impulsos nervosos,
entre os sistemas musculares, proprioceptivos, vestibulares e óculo-motores.
Durante as atividades cotidianas não se tem consciência da complexidade dos
processos neuromusculares que controlam a orientação postural, mas quando a
habilidade dessa capacidade é deteriorada, como acontece nos idosos, e em
algumas patologias, ou em uma queda, é que se percebe quão difícil e crucial é
essa tarefa. (KANDEL et. al. 2003).
Estudos recentes em neurociência mostram que as mudanças ocorridas no
sistema tônico postural o dependem exclusivamente do ouvido interno, mas na
maioria dos casos de sensores sensitivos internos e externos (SAAD et. al. 1997).
Um dos destes sensores mais utilizados um dos mais importantes no controle da
postura são os olhos, que nos fornece a da visão,
Desta forma, a visão é o sentido que tem a capacidade de dar-nos
conhecimento sobre certos aspectos do mundo exterior com plena exclusividade,
tais como cor, brilho e sobre outros tantos aspectos com maior nível de precisão,
como forma, distância, e velocidade de deslocamento. Alem de ter uma função
predominante em tarefas de controle motor (LEE e ARONSON, 1974; LISHMAN e
18
LEE, 1973). Assim, a visão é uma importante fonte de informação sobre o próprio
corpo e é o principal sistema envolvido no planejamento das ações.
Alguns resultados de pesquisa têm sugerido que a dominância da visão sobre
as outras fontes sensoriais diminui com a aprendizagem (FLEISHMAN e RICH,
1963), conduzindo à idéia de que a diminuição da quantidade de erros e a calibração
do sistema tátil-proprioceptivo liberam a visão para a extração de informação sobre
aspectos relevantes na realização das tarefas presentes no ambiente circundante. O
pianista, por exemplo, que no início de seu aprendizado acompanhava visualmente
o toque em cada tecla, torna-se capaz de tocar uma música sem olhar ao teclado,
através da automatização dos processos motores. A redundância dos sinais
sensoriais permite que o foco visual seja orientado para as demais fontes de
informações e somente a visão pode explorar o ambiente circundante, aumentando
a probabilidade de o executante ser bem sucedido na realização da tarefa.
No campo da investigação do controle motor, um fenômeno tem atraído
bastante interesse. É a capacidade de realizar ajustes finos no movimento, de forma
involuntária, com base na informação visual.
Por outro lado, quando o equilíbrio é ameaçado, usamos estratégias para
manter o equilíbrio. Estas estratégias podem ser relativamente simples e rápidas,
mas normalmente eles são produtos de complexas reações motoras aprendidas e
expressas como um todo. De acordo com Shumway-Cook, Wallacott, (2003) essas
estratégias comportamentais se organizam em forma de ajuste postural antecipatório
(APA) e ajuste postural compensatório (APC), os quais o explicados a frente e
detalhados no capítulo 2. Os estudos sobre os ajustes posturais são de extrema
importância para se conhecer como atuam a forma do controle dos movimentos
posturais na oscilação do corpo.
Um dos recursos para se estudar os mecanismos dos ajustes posturais é
submeter o corpo a perturbações mecânicas ou sensoriais (LATASH, 1997,
MOCHIZUKI, 2001; ARUIN, 2003). Nessas circunstâncias o sistema de controle
postural desenvolve mecanismos de controle com o propósito de evitar que essas
perturbações desequilibrem o indivíduo.
Nesse sentido, considerando a inter-relação entre o sistema visual,
proprioceptivo e o sistema vestibular que são básicos à manutenção do controle
postural, a presente pesquisa tem a intenção de investigar os ajustes posturais
antecipatórios e compensatórios em indivíduos com privação momentânea da visão,
19
após sofrer uma perturbação gerada através de um movimento em sua postura,
visando aprofundar os conhecimentos dos mecanismos pelos quais o sistema
compensa a falta da visão.
1.1 JUSTIFICATIVA E MOTIVAÇÃO
Nos últimos anos, com o progresso das técnicas de medição, armazenamento
e processamento de dados, tivemos grande evolução nas descobertas no campo de
pesquisa da neurociência.
Do ponto de vista da execução, a biomecânica tem dado uma considerável
contribuição metodológica para a descrição cinemática (ângulo, velocidade e
aceleração) e cinética (torques musculares) dos movimentos, mas a explicação de
como o Sistema Nervoso controla a execução dos movimentos ainda continua sem
respostas (ALMEIDA, 1999).
Ao manter a superfície de apoio fixa, e o corpo submetido a uma
autoperturbação, que corresponde a uma tarefa de movimento realizada no dia a
dia, como por exemplo, quando uma pessoa está sentada em uma cadeira e ao
levantar-se repentinamente adquirindo a postura ereta, ou mesmo quando se abaixa
para recolher algum objeto que está no solo e volta rapidamente a postura ereta,
apesar de aparentemente simples, se manifestam estratégias de ajustes posturais
que não é muito bem explicado na literatura cientifica, em termos da inter-relação do
sistema viso-motor.
Apesar dos inúmeros estudos e das muitas descobertas recentes, existem
muitas questões abertas no campo do controle motor na área de controle postural,
como por exemplo:
Como o sistema neuromuscular compensa a falta da visão quando o corpo é
submetido a uma perturbação e quer recompor a postura ereta natural?
Como atuam os ajustes posturais antecipatórios APA(s) e os ajustes posturais
compensatórios APC(s) após uma perturbação gerada através de um
movimento repentino do corpo (a partir da flexão do tronco realizar a
extensão) em indivíduos com privação momentânea da visão?
Após repetições da tarefa que causa a perturbação do equilíbrio, existe um
aprendizado do sistema postural para compensar a falta da visão?
20
Respostas a tais questões são de grande importância, uma vez que estudos
neste sentido o foram totalmente abordados na literatura científica, tendo muito
ainda a ser explorado. Um outro fator também de extrema relevância foi que
estudos, envolvendo os três processos metodológicos (cinemática, cinética e EMG)
para responder tais questões, são poucos freqüentes na literatura científica. Com
base nestas constatações motivou-se o desenvolvimento desta pesquisa. Isto
significa que o interesse nesse tema torna-se um desafio, a fim de proporcionar
resultados que possam dar luz a questões mais abrangentes e eficientes nessa
área.
1.2 OBJETIVOS
1.2.1 Objetivo Geral
Analisar quantitativamente os ajustes posturais antecipatórios (APA) e ajustes
posturais compensatórios (APC) através de parâmetros eletromiográficos dos
músculos antigravitacionais eretores da coluna e membro inferior (MI), em indivíduos
com privação momentânea da visão, através de um movimento de extensão do
tronco a partir da flexão, com o propósito de causar uma perturbação na estabilidade
do individuo.
1.2.2 Objetivos Específicos
I. Identificar o ponto de equilíbrio instantâneo (IEP) na postura ereta natural após
o movimento de extensão do tronco que causou uma perturbação no equilíbrio,
para determinar a janela de análise do EMG.
II. Comparar os sinais eletromiográficos da janela de estudo escolhida para a
análise EMG.
III. Investigar e distinguir ativações musculares pré-programadas (APA) de
ativações resultantes (APC), adaptação e aprendizado do sistema muscular,
através das 05 repetições do movimento de extensão do tronco, comparando
entre os grupos controle (visão preservada) e experimental (privação
momentânea da visão) a influência do sistema visual.
21
2 CONCEITOS TEÓRICOS
Prévio ao desenvolvimento desta pesquisa será apresentado alguns conceitos
teóricos associados ao ajuste postural que foram encontrados na literatura científica
relacionados com o tema proposto, como também conceitos que provêem da física e
são utilizados pela biomecânica para relacionar e explicar fatores neuromusculares
na área de controle postural. Estes estão divididos em dois tipos de conceitos: São
eles:
Conceitos de Ajustes Posturais
Conceitos Biomecânicos
o Grandezas físicas
o Ponto de equilíbrio
Seguem as definições referentes a esses conceitos.
2.1 CONCEITOS DE AJUSTES POSTURAIS
Antecipação: Função perceptiva que permite prever a ocorrência de um
evento futuro, com seus aspectos espaciais e temporais a partir de
informações sensoriais a respeito das características iniciais desse evento
(TEIXEIRA, 2006).
Ajuste Postural Antecipatório (APA): É uma ação pré-programada, iniciada
voluntariamente, desencadeada pelo sistema nervoso central (SNC), que
propõe diminuir o gasto de energia e manter o equilíbrio corporal (LATASH,
1997; MOCHIZUKI, 2001; ARUIN, 2003; Algumas funções do APA: i)
preparação postural para o movimento, ii) ajudar a realização do movimento
iii) minimizar as perturbações posturais, iv) desenvolver sinergismos
musculares para se opor aos momentos intersegmentares que geram
instabilidades no movimento (MASSION, 1998; ROTHWELL, 1994).
Ajuste Postural Compensatório (APC): é o controle que o SNC tem diante
das perturbações ocorridas internas e/ou externas na realização de
22
movimentos voluntários ou perturbações externa de origem mecânica ou
sensorial (BIGONGIARI, et al. 2005). A estratégia postural é um exemplo
deste ajuste. Ela seleciona o sistema de controle postural para garantir
estabilidade. A estratégia de manutenção da postura ereta é assim conhecida
porque define como o sistema de controle postural controla a instabilidade
causada por um movimento na base de apoio (BDA) do corpo (MOCHIZUKI,
2001).
O sistema de controle postural acessa o ajuste postural compensatório
(APC), em resposta à eficácia do ajuste postural antecipatório (APA) diante de
uma perturbação. Desta forma podemos afirmar que o APC é desencadeado
e regulado através do SNC pelo APA e dependente das informações
sensoriais disponíveis e das condições do meio ambiente (HAY e REDON,
1999; BIGONGIARI, et al. 2005).
Movimento focal: movimento realizado pela atividade postural que precede a
realização de um movimento que cause perturbação no equilíbrio do corpo
com uma latência de aproximadamente 200 ms. (MOCHIZUKI, 2001)
2.2 CONCEITOS BIOMECÂNICOS
Seguem os conceitos teóricos relacionados à biomecânica encontrados neste
trabalho. Estes estão descritos do ponto de vista físico:
Equilíbrio:
Para um corpo estar em equilíbrio é necessário que a somatória de todas as
forças (F) ou a resultante de todas as forças aplicadas neste corpo for igual a zero e
a somatória de todos os momentos (M) de força sobre ele for também nula (ENOKA,
2000; OKUNO, 2003). Isto é:
= 0F
r
(1)
= 0M
r
(2)
Onde
F
r
e
M
r
representam o vetor força e momento respectivamente.
23
A equação 1 representa a condição de equilíbrio em relação à translação e a
equação 2 representa a condição de equilíbrio da rotação.
Quando a resultante vetorial da aceleração de um corpo é nula dizemos que
ele está em equilíbrio. Porém, se a aceleração vetorial é nula podemos ter dois
casos: velocidade nula (corpo com V= 0) ou movimento retilíneo uniforme (M.R.U.)
(V = constante). No primeiro caso (velocidade nula), dizemos que o equilíbrio é
estático e no segundo (velocidade constante) (M.R.U.), dizemos que o equilíbrio é
dinâmico. Sendo assim, o equilíbrio de um corpo depende da existência ou não de
um torque que atua no seu COM (OKUNO, 2003). Nesse caso temos:
o Equilíbrio estável: quando o corpo sofre um deslocamento e o seu
centro de massa (COM) tende a retornar a posição original (OKUNO,
2003).
o Equilíbrio instável: quando COM é deslocado de sua posição original
de equilíbrio e não tende a voltar, portanto assume uma nova posição.
Os seres humanos mantêm-se em equilíbrio instável durante a realização de
qualquer movimento do corpo (perturbação) ou diante de uma perturbação externa.
No caso do controle postural, a estabilidade do COM é mantida através de
momentos de forças sobre as articulações para neutralizar o efeito da gravidade ou
qualquer outra perturbação, num processo contínuo e dinâmico, durante a
manutenção de uma determinada postura.
Orientação: é a posição relativa dos segmentos corporais de acordo com a tarefa
realizada e o alinhamento dos segmentos corporais em relação à gravidade. Está
relacionada ao posicionamento e alinhamento dos segmentos corporais uns em
relação aos outros e ao ambiente (SHUMWAY-COOK; WALLACOTT, 2003).
24
2.3 GRANDEZAS UTILIZADAS
O complexo sistema de aquisição de dados (eletromiografia, plataforma de
força e aquisição de imagens) fornece grandezas do tipo bioelétrica e grandezas do
tipo mecânicas.
Temos como sinal biolétrico a atividade elétrica neuro-motora captada através
dos eletrodos, estes sinais o amplificados e registrados através do dispositivo
eletromiográfico (EMG). Uma grandeza derivada do sinal de EMG utilizada com
muita freqüência é o sinal RMS, o qual é definido da seguinte maneira:
RMS (Root mean square): o valor RMS é definido pela seguinte expressão.
É a medida da raiz da média quadrática dos valores de entrada / valor eficaz.
N o número de amostras
x
i
o valor de cada amostra,
Este valor representa à grandeza da amplitude da atividade do sinal EMG. Esta
forma de processamento não requer retificação, demonstrada devido à amplitude do
sinal EMG ser elevada ao quadrado (MARCHETTI; DUARTE, 2006). Uma janela
adequada para o valor RMS é de 100 a 200 ms, pois esta corresponde ao tempo da
maioria das respostas musculares (DE LUCA, 1997).
Figura 1: Gráfico representativo do sinal EMG bruto, RMS (janela de 100ms). Adaptado de
Marchettti; Duarte, 2006.
(3)
25
Como tipo de grandeza mecânica temos:
Força de Reação ao Solo (FRS) - originada pelo apoio dos pés sobre a
plataforma de força que é decomposta em três componentes ortogonais: a
força vertical (FRSV), normal à superfície de suporte e as horizontais ântero
posterior (FRSAP) e médio lateral (FRSML);
Momento de Força (M) - torque originado pelo apoio do sobre a
plataforma, também decomposta em três componentes ortogonais: vertical
(Mz) e horizontal orientado na direção médio lateral (Mx) e antero posterior
(My);
Centro de Pressão (COP); é o ponto de aplicação das forças resultantes
verticais, FRS e dos momentos de força atuando na base de apoio (BDA),
representa um resultado coletivo do sistema de controle postural e da força de
gravidade (DUARTE, 2000). Representado por duas componentes ortogonais
no plano horizontal: Antero posterior (COPAP) e médio lateral (COPML).
O sistema de câmeras permite visualizar a trajetória dos centros articulares através
do COM / COG cálculo obtido do COM.
Centro de Massa (COM): representa o ponto de concentração total da massa
corporal (HAMIL, 1999, SHUMWAY-COOK; WOOLLACOTT, 2003; OKUNO,
2003).
.Centro de Gravidade (COG): representa o peso resultante de um corpo que
corresponde à soma da força peso que atue em cada um dos segmentos
corporais (HAMIL, 1999; OKUNO, 2003) Ele coincide com o centro de massa
quando a aceleração da gravidade tiver o mesmo valor em toda extensão do
corpo, sendo um conceito análogo ao COM (DUARTE, 2000; SHUMWAY-
COOK; WOOLLACOTT, 2003).
26
Para a análise biomecânica, o referencial de orientação global que foi
utilizado foi o cartesiano, de forma que se adotou o z
zz
z como o eixo vertical, sendo
perpendicular ao chão e paralela a linha de gravidade, x
xx
x eixo horizontal no plano m-l
e y
y y
y eixo horizontal no plano a - p.
2.4 PONTO DE EQUILÍBRIO
A postura bípede adotada pelo ser humano é uma complexa tarefa ainda não
compreendida de como acontece durante seu equilíbrio na postura ortostática.
O balanço postural nas direções a-p e m-l são as oscilações naturais que o
corpo humano apresenta quando se encontra na postura ortostática. Este balanço é
representado através da trajetória do COM (WINTER, 1995).
O COM como foi descrito, é uma medida do deslocamento que por sua vez se
move como se todas as forças agissem apenas neste ponto. Assim como o COM, o
COP também é uma medida de deslocamento, o ponto de aplicação da resultante
da força vertical que atua na superfície de suporte, influenciado pelo COM.
De uma forma bastante simplificada, a tarefa do sistema de controle postural,
é manter a projeção do COM no plano horizontal do indivíduo dentro da base de
apoio, denominada simplesmente BDA, durante a postura ereta estática (LAFOND;
DUARTE, 2003).
O corpo humano possui um equilíbrio instável, uma vez que a cada
movimento que o ser humano realiza desloca seu COM, buscando minimizar
continuamente tais perturbações através dos ajustes posturais (APA e APC).
O tópico 4.9 apresenta a determinação do ponto de equilíbrio instantâneo,
denominado na literatura cientifica como: instant equilibrium points - IEP, o qual
representa o instante no qual coincide a projeção do COM no plano horizontal com o
COP. Aqui este conceito foi utilizado como ferramenta para determinar os intervalos
dos ajustes APA e APC.
27
3 ESTADO DA ARTE
Nesta sessão busca-se com o texto referenciar trabalhos relacionados com a
interferência da visão no controle da postura, enfatizando os ajustes posturais
antecipatórios e os ajustes posturais compensatórios, a fim de proporcionar
condições para possíveis interpretações decorrentes dos resultados obtidos.
3.1 O SISTEMA SENSORIAL VISUAL E O CONTROLE POSTURAL
Dentre os sistemas sensoriais, o sistema visual vem recebendo uma atenção
especial por parte dos pesquisadores. Ele é um exteroceptor de grande relevância,
tem se mostrado como uma importante fonte de informação sobre o próprio corpo e é
o principal sistema envolvido no planejamento das ações. Torna-se difícil restringir a
informação visual, que o ser humano vive em um mundo dominado pela visão
(SHMIDT, 1992).
A informação visual assume papel principal nas atividades cotidianas, tem a
função de definir a estrutura física do ambiente e evidenciar um objetivo que possa
oferecer riscos a alguém, gerando assim um sistema antecipatório de eventos que se
aproximam (SHIMIDT, 1992), pois o feedback visual no controle postural é imediato
(LATASH, 1997). Seus mecanismos de ajuste são muito importantes para a
compreensão do ambiente em que o indivíduo está inserido. Seu uso contínuo
diminui o número de erros e garante que os erros sejam corrigidos rapidamente
(SCHIMIDT; LEE, 1999).
A detecção da ação é baseada na imagem observada pelo movimento
conjunto da cabeça e dos olhos (GHEZ, 1991). A percepção visual muda de acordo
com a posição do corpo no espaço possibilitando julgamentos diferenciados do meio
ambiente, ocasionando ações diferenciadas para um mesmo objetivo. Elas podem
também produzir uma referência para verticalidade (havendo portas, janelas, etc.) e
contribuem para manter a oscilação natural do corpo distante dos limites da BDA,
informando quando fixar a posição da cabeça e do tronco quando perturbação do
COM através da translação da superfície de apoio (BUCHANAN; HORAK, 1999).
A visão é o sistema de maior acurácia que o corpo possui nas tarefas de
manutenção da postura e do movimento (LATASH, 1997), é o sentido mais
28
explorado pelo ser humano, muito embora, na postura imóvel reduz-se bastante sua
utilização (DUARTE, 2000). As pessoas podem apresentar um maior ou menor grau
de sua dependência (informação visual) para o controle postural (CREMIUX &
MESURE, 1994).
No controle postural existem diferenças entre as tarefas dinâmicas e estáticas
no que diz respeito à visão. O efeito da visão no equilíbrio depende da tarefa e do
contexto em que ela está inserida, podendo ser maior se a elas forem combinadas
alguns tipos de perturbações, por exemplo, na superfície de suporte (HORAK;
MACPHERSON, 1996).
As informações sensoriais são vindas de diferentes modalidades. Elas são
segregadas com trajetórias específicas direcionadas a diferentes regiões do sistema
nervoso, pois existe um nível de interdependência e integração necessária para o
uso delas no controle de cada ação (STEIN; MEREDITH, 1993). BUCHANAN e
HORAK, (1999) propõem que o SNC tolera as oscilações do campo visual e escolhe
as informações vestibulares e proprioceptivas na lenta translação da BDA, para o
controle postural.
Ao falar de controle postural e a relação da visão neste controle, ainda não é
sabido se a seleção de certa informação sensorial para o controle postural é
realizada com hierarquia, se prioridade de uma informação sobre a outra como,
por exemplo, se prioridade da informação vestibular sobre a informação visual ou
as informações são utilizadas em paralelo (NASHNER, 1981).
Diversos estudos procuram inferir sobre a importância de cada entrada
sensorial, estabelecendo que o peso de cada subsistema possa ser estimado
através do efeito de sua supressão (ALUM, et al., 1998). Dessa forma, uma das
maneiras utilizadas na investigação da importância da informação visual, é através
da privação momentânea da visão.
Desde o clássico trabalho de Romberg (Moritz Heinrich Romberg 1795-1873)
neurologista alemão que descreveu o sinal propedêutico que leva seu nome,
diversas investigações vem acontecendo com intuito de mostrar sua relevância no
controle da postura. Em seu trabalho, ele mostrou o aumento na oscilação do corpo
em função da privação momentânea da informação visual. Hoje conhecido como
coeficiente de Romberg, um teste utilizado como forma de avaliação que demonstra
a incapacidade do indivíduo permanecer em pé, sem assistência externa quando
posicionados com os s unidos e privados da visão. Este por sua vez, trata-se de
29
um teste simples e rápido, que não envolve nenhum custo, nem recursos
sofisticados e são realizados em consultórios até os dias de hoje. Ele é muito
utilizado na comunidade médica para uma avaliação qualitativa da relação do
equilíbrio com olhos abertos e fechados.
Neste teste utiliza–se a privação da visão para avaliar os outros sentidos,
identificando uma possível patologia. Através de uma análise subjetiva, ele fornece
informações referentes a neuropatias periféricas, que causa a perda da sensação do
tato nas extremidades do corpo (ROTHWELL, 1994).
Perrin e colaboradores (1998) verificaram as conseqüências da privação da
informação visual em um teste de equilíbrio postural de forma que o indivíduo
mantinha a postura ereta sobre uma plataforma que provocava uma perturbação
através de oscilações regulares na direção antero-posterior (a-p). Foi observado que
o grupo experimental (supressão da informação visual) apresentou uma adaptação
postural menos dependente das informações posturais, refletindo o efeito do
treinamento proporcionado pela participação em modalidades esportivas no uso de
todas as informações sensoriais para a manutenção da postura, sugerindo que o
controle postural envolveu dois componentes: um sistema de referencia estável que
está baseado no conhecimento anterior e um outro sistema de correção dinâmica
que intervem quando surgem perturbações.
Os seres humanos ao utilizarem os mecanismos sensoriais fornecem
informações que se integram, mesmo quando um tipo de informação sensorial não
está disponível ou é conflitante com as demais. O sistema de controle postural pode
usar as informações disponíveis ou mais relevantes que possibilite resolver o conflito
ou a ausência de uma determinada informação sensorial e então buscar a
manutenção do equilíbrio (HORAK; MACPHERSON, 1996).
Muitos estudos foram realizados na plataforma de força a fim de quantificar
a oscilação corporal sob a condição do feedback visual. Estes recursos obtiveram
diferentes graus de sucesso, tanto em treinamentos como em reabilitação do
equilíbrio (CLARKE et. al., 1990; HAMANN et al., 1992; NICHOLS, 1997).
muitas questões a serem respondidas com relação ao controle postural,
tanto das propriedades musculares (WINTER, 2003; PATLA et al., 2003), quanto da
demanda do SNC, como por exemplo, da participação dos sistemas sensoriais
(WINTER, 2003) e os ajustes posturais (Aruim, 2003).
30
Muito embora estudos mostrem a importância da visão, não se pode afirmar
que ela é imperativa, pois mesmo a partir de todas estas verificações referentes a
sua importância encontrados na literatura, pode se verificar a superação dos
desafios enfrentados pelos deficientes visuais. Dificuldades pelas quais são
impostas pela deficiência, pelas restrições orgânicas (desenvolvimento, crescimento)
e pelas restrições ambientais, que influenciaram seu comportamento postural. Hoje,
muitos deficientes visuais praticam as mais variadas atividades, esportes, ou mesmo
atividades cotidianas, com um bom nível de performance. É fato também, que o ser
humano com visão normal, consegue realizar algumas atividades com os olhos
fechados. Uma situação que prova essa afirmação é quando um indivíduo é
surpreendido pela ausência da luz, neste instante, é selecionado o sistema de maior
relevância, dentro da condição imposta, substituindo o peso atribuído à informação
visual pelo aumento do peso nos outros sistemas sensoriais, em função da visão
não mais informar adequadamente ao sistema de controle postural, a posição do
corpo no espaço.
Desta forma, estas constatações, motivam a busca por respostas da real
importância da visão no controle da postura.
3.2 O AJUSTE POSTURAL E O CONTROLE POSTURAL
Na década de 1960, os cientistas russos deram início aos primeiros estudos
explorando a forma pela qual o ser humano utiliza a postura de forma antecipatória a
fim de estabilizar a execução dos nossos movimentos hábeis. Belen`Kii e
colaboradores (1967), citados por Shumway–Cook e Woollacott (2003), notaram que
quando um adulto em pé é orientado a elevar o braço, são ativados os músculos
posturais, perna, tronco e músculos movedores primários (braço) a fim de antecipar
e/ou compensar o movimento. Foi observado que os padrões de ativações do
músculo postural podem ser divididos em duas fases: a fase antecipatória e a fase
compensatória ao movimento.
Desta forma, quando um corpo é submetido a uma perturbação mecânica ou
sensorial, o sistema de controle postural desenvolve mecanismos
(antecipatório/compensatório) para ajustar essas perturbações, evitando o
desequilíbrio. Este mecanismo é desencadeado, quando o indivíduo se depara
frente a uma perturbação inesperada (DUFUSSÉ et. al.,1985).
31
O APA é desencadeado quando uma perturbação postural suficiente para
causar o deslocamento considerável do COM e assim ele pode ser observado
(MOSHIZUKI, 2001). Aruim (2003) demonstra que o APA depende da intensidade de
uma ou mais perturbações. Estudos mostram que diante de uma perturbação nos
adultos, o intervalo entre a ativação dos sculos responsáveis pelo controle
postural e a ativação dos músculos responsáveis pelo movimento focal varia em
torno de 100 a 200 ms (INGLIN; WOOLACOTT, 1988; WOOLLACOTT;
MANCHESTER, 1993).
Bigongiari e colaboradores (2005) realizaram um estudo com 12 crianças, de
9,4 + 1,5 ano (média + DP) onde foi mensurada a atividade eletromiográfica dos
músculos reto abdominal (RA), eretor da espinha (região dorsal e lombar) (IL),
bíceps femoral (BF), reto femoral (RF), tibial anterior (TA), gastrocnêmio lateral (GL),
todos do lado direito do corpo. A postura que antecede a tarefa foi de posição
ortostática, com os braços ao longo do corpo, a partir daí a criança flexionou o tronco
paralelo ao chão e após um comando verbal realizou-se a extensão do tronco na
máxima velocidade possível até a postura ortostática. Este estudo verificou que a
amplitude do sinal EMG foi maior durante o APC em comparação ao APA em todos
os músculos do membro inferior (MI) que teve o sinal EMG coletado. Observou-se o
efeito do tipo de ajuste, a co-ativação e inibição recíproca entre o reto femoral e o
bíceps femoral, tanto no APA quanto no APC. Este estudo sugere que o sistema
neuromotor gera uma variedade de soluções para uma tarefa motora específica. As
variáveis temporais e espaciais sofrem mudanças influenciadas por súbitas
mudanças no alinhamento corporal, entradas aferentes, estabilidade percebida,
experiência e idade.
Dufossé et. al. (1985) realizaram estudos com participantes entre 35 e 58
anos de idade, que possuíam um peso preso ao pulso, este era retirado de quatro
maneiras. As condições experimentais foram:
i. Retirada do peso de forma voluntária pelo indivíduo,
ii. Retirada do peso de forma inesperada,
iii. Retirada do peso de forma voluntária através de um interruptor
acionado pelo participante e
iv. Retirada do peso de forma imposta em tempos previstos.
Nos resultados encontrados foi possível notar diferenças do movimento focal,
(posicionamento do braço) no momento em que o peso é retirado pelo próprio
32
indivíduo e quando o peso foi retirado por outro inesperadamente. Nestas situações
a primeira houve estabilidade da posição do braço e cotovelo, mantendo-se
aproximadamente constante a posição do braço. Diferente da segunda situação em
que a retirada inesperada do peso foi seguida por um deslocamento angular superior
a linha de estabilidade deste mesmo braço (DUFOSSÉ et. al., 1985).
Estes estudos conferem a presença dos mecanismos antecipatórios,
minimizando os efeitos da perturbação esperada.
Os mecanismos antecipatórios são ajustes posturais no nível do
planejamento que precedem a ação motora regulando o movimento e não podem
ser confundidos com uma atividade reflexa.
Bouisset et. al (2000) encontraram que a amplitude e duração dos
mecanismos antecipatórios são graduadas de acordo com os mesmos parâmetros
dos movimentos voluntários que se seguem (mecanismos compensatórios). Com
referência ao tempo de reação, se o movimento muda, a latência da atividade
postural antecipatória também muda.
Struppler e colaboradores (1993) demonstraram que as mudanças posturais
antecipatórias ocorrem somente se a ação voluntária é empreendida pelo executor e
é ausente caso a perturbação não é ordenada pelo mesmo, ainda que ela seja
totalmente prevista pelo indivíduo.
Lew e Nashner citados por kandel e Jessel, 2003 desenvolveram uma
engenhosa forma de demonstrar a aprendizagem adaptativa do controle postural em
seres humanos. Com o indivíduo em pé (posição ortostática) sobre uma plataforma
de força, de forma que mesma deslizasse para frente e para traz, e o corpo
respondia com respectivas inclinações. As duas manobras estenderam o
gastrocnêmio. Mas, enquanto a queda do corpo para frente estabiliza-se com a
contração do gastrocnêmio, a queda do corpo para trás se estabiliza com o
relaxamento desse músculo; as duas situações evidenciam o aprendizado de uma
resposta apropriada.
O mecanismo de ajuste postural causado por forças externas inesperadas é
um mecanismo reativo denominado feedback ou de respostas compensatórias
(GHEZ, 1991), reações posturais automáticas (HORAK ; MACPHERSON, 1996) ou
reações compensatórias (LATASH, 1998). O principal objetivo do feedback é
promover a aquisição do autocontrole dos processos fisiológicos (SCHWARTZ,
33
1995). Ele é um mecanismo causado por informações sensoriais que reage quando
o indivíduo se depara frente a uma perturbação inesperada.
O APC é um mecanismo extremamente rápido, sua resposta varia de 70 a
180 milésimos de segundos, apresentando uma organização espaço temporal
relativamente estereotipada semelhante a um reflexo, muito embora o possa ser
classificado com tal. O mecanismo de feedback é balanceado apropriadamente a fim
de alcançar a estabilidade postural, sendo refinado continuamente com a prática,
durante o movimento voluntário (GHEZ, 1991).
Portanto fica evidente que para verificar os ajustes compensatórios é
necessário provocar uma perturbação no equilíbrio. Uma forma bastante utilizada é
através da perturbação do equilíbrio pela movimentação da superfície de suporte. A
partir de experimentos como estes, a perturbação da superfície de apoio, surgiu o
paradigma experimental da plataforma móvel” que foi utilizado inicialmente em
animais e posteriormente adaptada para seres humanos (NASHNER, 1976;
NASHNER, 1977; HORAK e NASHNER, 1986; WOOLLACOTT et. al. 1986;
DIENER, HORAK e NASHNER, 1988).
Diener et al (1988) realizaram um estudo experimental utilizando o paradigma
da plataforma móvel, de forma que eles manipularam a velocidade, amplitude e
duração do estímulo, com uma movimentação repentina da mesma para frente e
para trás. Esta movimentação resultou em movimentos dos segmentos corporais e
do corpo, causando mudanças na orientação e no equilíbrio postural. Após a
perturbação, do equilíbrio, o equilíbrio postural e a orientação são restituídos através
das forças musculares auto geradas (BOTHNER, JENSEN, 2001), verificando assim
o papel dos padrões centrais e das informações aferentes deste mecanismo. Neste
experimento verificou-se que as respostas eram dependentes das informações
sensoriais, elas se alteravam de acordo com a velocidade, amplitude e duração dos
estímulos, concluindo que estes mecanismos não eram centralmente programados.
Desta forma independente das informações sensoriais fornecidas.
A experiência da plataforma de força no movimento antero posterior é muito
semelhante a uma situação cotidiana no ônibus ou no trem em pé, em que
repentinamente é acelerado ou freado bruscamente. Na movimentação da superfície
de apoio para trás, no caso da freada há a ação da inércia e o corpo se projeta à
frente, desencadeando reações posturais com ativação dos sculos posteriores da
perna (gastrocnêmio medial e lateral, sóleo), da coxa (ísquios-tibiais), o tronco (para-
34
espinhais) e pescoço e contrariamente quando a superfície de apoio é movimentada
à frente. No caso da aceleração repentina o corpo é projetado para trás
desencadeando reações posturais na musculatura anterior como perna (tibial
anterior), coxa (quadríceps), tronco (reto abdominal) e pescoço respeitando as
seqüências descritas.
Em grande parte das situações, onde movimentação da superfície de
apoio, as reações desencadeadas ocorrem nos músculos contrariamente à direção
da oscilação do corpo, com um padrão distal proximal de ativação muscular
caracterizando a utilização de estratégias comportamentais.
Contudo, para estudar o APA e o APC na posição ortostática na oscilação a-p
é preciso obter parâmetros e criar alguns critérios para determinar o instante no qual
atua os ajustes posturais, separando o que é antecipatório do que é compensatório.
Com o propósito de atingir os objetivos propostos anteriormente é elaborada
uma metodologia que integre os recursos da cinemática e cinética a fim de
selecionar uma janela de estudo do sinal eletromiográfico, tendo como referência o
IEP.
35
4 MATERIAIS E MÉTODOS
Com base nos estudos abordados no capitulo 3, concluiu-se que para estudar
o APA e o APC na posição ortostática, na oscilação a-p, é preciso obter parâmetros
para determinar o instante no qual atua o ajuste postural, separando o que é
antecipatório, do que é compensatório.
Com o propósito de atingir os objetivos descritos anteriormente foi
implementada uma metodologia que integra os recursos da cinemática, cinética e
EMG com a finalidade de identificar o IEP.
Deve-se destacar que para determinar o IEP foi necessário integrar recursos
da cinemática e da cinética. Com este suporte foi possível selecionar e sincronizar
as informações coletadas através dos dados obtidos da coleta, cujos objetivos foram
abordados anteriormente, e descritos no capitulo 1.
Para o desenvolvimento desta pesquisa elaborou-se um protocolo de
condutas à montagem experimental, que foram seguidos durante a coleta desde o
acondicionamento do paciente, calibração dos sistemas utilizados, integração,
processamento e visualização dos dados (sistema de aquisição do EMG, sistema de
captação de imagem, sistema de plataforma de força).
A figura 2 apresenta um esquema em blocos representativo da montagem
experimental que identifica a seqüência dos processos utilizados. Ele sintetiza os
materiais e métodos utilizados durante todo o trabalho.
36
Figura 2: Esquema representativo e sintetizado dos materiais e métodos utilizados na montagem
experimental, para observação da utilização dos dados cinemáticos e cinéticos no auxílio da análise
eletromiográfica.
Observa-se como foram utilizados os dados cinemáticos e cinéticos no auxilio
da análise eletromiográfica.
A figura 3 complementa o esquema em blocos da figura 2 com as seqüências
das etapas metodológicas realizadas durante o processo de aquisição de dados
realizados durante o processo. Ela sintetiza os materiais e métodos utilizados para
uma idéia geral da montagem experimental, podendo desta forma, observar como
foram utilizados os dados cinemáticos e cinéticos no auxilio da análise
eletromiográfica. O experimento foi conduzido de forma que todos os recursos foram
integrados.
37
Figura 3: Diagrama de montagem experimental que identifica a seqüência da metodologia utilizada.
Através destes recursos tem-se um leque de possibilidades de estudos na
área de controle postural (cinemática cinética e eletromiografia). De forma que para
esta pesquisa utilizou-se o recurso para identificar o COM e o COP a chegar ao IEP,
podendo assim selecionar a janela de estudo do EMG para a pesquisa em questão.
38
A tabela 1 mostra uma visão metodológica parcial, nesta tabela foram
incluídos os equipamentos utilizados e as variáveis obtidas.
Tabela 1: Visão geral da metodologia, apresentando o experimento realizado com o objetivo de cada
recurso.
AREA DE ESTUDO ESTUDO RECURSO VARIAVEL
Controle postural
Analise
quantitativa dos
parâmetros
eletromiográfico
aprendizado
APA e APC
EMG
Atividade
eletromiográfica do
músculo
Cinemática
Determinação
do IEP
(COM)
SISTEMA DE
IMAGENS
Coordenadas de
posição
COMiX, COMiY,
COMiZ
Estabilografia
Determinação
do IEP
(COP)
PLAT. DE
FORÇA AMTI
COP
No decorrer deste capítulo será apresentada e descrita cada uma dessas
etapas.
4.1 LOCAL DA PESQUISA
Para a captação dos dados, houve uma parceria entre o Laboratório de
Controle Motor (LaCom) /Núcleo de Pesquisas Tecnológicas (NPT) da Universidade
Mogi das Cruzes (UMC) e a Divisão de Medicina e Reabilitação (DMR)
/Laboratório de Marcha do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo (HCFMUSP). A parceria entre ambas as instituições
permitiu a utilização dos recursos tecnológicos que integram o sistema de aquisição
39
de imagem, o sistema de plataforma de força e o sistema de captação do sinal
eletromiográfico, o qual é de fundamental importância para o desenvolvimento desta
pesquisa. É importante registrar que esta dissertação é parte de um projeto maior
que envolve além da análise eletromiográfica, a análise quantitativa de variáveis
cinemáticas e cinéticas em indivíduos com privação momentânea da visão.
O trabalho foi realizado nas instalações da Divisão de Medicina e Reabilitação
(DMR) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São
Paulo (HCFMUSP).
A figura 4 mostra uma visão parcial do espaço físico do laboratório, como
estão dispostas as câmeras e as plataformas de forças em um ambiente
aproximadamente de 4x5 m
2
.
Figura 4: Imagem parcial do laboratório de marcha. Divisão de Medicina e Reabilitação do Hospital
das Clínicas DMR/HCFMUSP.
4.2 SELEÇÃO DA AMOSTRA EXPERIMENTAL
Foram realizadas as coletas de dez indivíduos do sexo masculino, com idade
25,6 ± 2,26 anos (média ± DP), peso 68,22 ± 2,71 kg (média ± DP) e altura 1,69 ±
0,2 m (média ± DP). A inclusão desses sujeitos no experimento obedeceu ao
seguinte critério: indivíduos com nível de atividade de vida diária moderada e sem
comprometimento neurológico, osteomuscular ou qualquer histórico significativo de
patologias nos membros inferiores.
Os dez voluntários formaram dois grupos experimentais, o primeiro grupo
formado por indivíduos com visão preservada (com olhos abertos), tido como o
40
grupo controle e o segundo grupo formado pelos mesmos indivíduos com privação
momentânea da visão (olhos vendados), formando o grupo experimental.
A seleção destes indivíduos foi feita através de um questionário que foi
utilizado inicialmente como um filtro (anexo lV). Este continha dados pessoais, dados
de avaliação (sexo, idade, peso, altura, prática de atividade física, avaliação física
entre outras observações relevantes à pesquisa), com o propósito de tornar a
amostra homogênea. Foram avaliados quanto às condições físicas e às
características particulares, visando certificar a aptidão dos voluntários na realização
do teste funcional em estudo.
Como critério de exclusão, não foram considerados esportistas, ou qualquer
histórico de patologias neurológicas, osteo-musculares em membros inferiores e
coluna.
Os métodos experimentais não foram invasivos, não envolveu nenhum risco
para a população em questão. Nenhum tipo de substância e tratamento
médico/terapêutico foi prescrito. Cada participante foi informado dos objetivos e
procedimentos do estudo e solicitado a assinar um termo de consentimento (anexo ll
e Ill). A participação dos mesmos na pesquisa foi aprovada perante o Comitê de
Ética da Universidade de Mogi das Cruzes (UMC), atendendo à resolução CNS
196/96, do Conselho Nacional de Saúde, de 10/10/96, processo CEP: 03/2006.
CAAE: 0003.0.237.000-06. (Anexo I)
Problemas visuais leves (não dependentes de uso de lentes corretivas para a
visão) como miopia, hipermetropia ou astigmatismo, não foram considerados
critérios de exclusão.
4.3 TAREFA DE MOVIMENTO
Com o propósito da investigação, foi planejada a seguinte tarefa de
movimento:
O indivíduo inicia o movimento partindo de uma flexão de quadril em
90.º (de flexão) e seu tronco posicionado paralelo ao chão, como
demonstra a figura 5. Após um sinal sonoro, o sujeito realiza a
extensão rápida do tronco na maior velocidade possível para à postura
ereta natural.
41
Figura 5: Indivíduo com o tronco posicionado paralelo ao chão e uma flexão de quadril em 90.º.
A tarefa de movimento, descrita anteriormente, teve o propósito de causar
uma perturbação na estabilidade do equilíbrio do indivíduo. Nesse processo o
indivíduo tenta restabelecer o equilíbrio instável ao chegar à postura ereta natural.
Um esquema simplificado da tarefa de movimento planejada.
Figura 6: Esquema representativo da atividade realizada no plano sagital.
O esquema da figura 6 é um esquema que exemplifica a direção do movimento,
que está representado pelas setas vermelhas a cima da cabeça, as setas
pontilhadas representam a oscilação a-p (antero posterior) e exemplifica a direção
do movimento APA (Ajuste Postural Antecipatório), e a direção do movimento APC
(Ajuste Postural Compensatório). A linha vermelha pontilhada no centro do boneco
P
FRS
42
representa a linha da gravidade, direção na qual coincide o vetor P (Força Peso) e o
vetor FRS (Força de Reação ao Solo). O instante que coincidem ambos os vetores é
denominado ponto de equilíbrio instantâneo (IEP).
Através dos recursos utilizados e o desenvolvimento de uma técnica própria da
autora desse trabalho foi possível identificar o ponto de equilíbrio instantâneo
(Instant Equilibrium Points - IEP) após o corpo ter alcançado a posição ortostática
(vide parágrafo 20 desse capítulo). Esta tarefa foi selecionada por duas fortes
razões:
(i) Por apresentar uma perturbação do equilíbrio instável,
(ii) Por representar um modelo experimental simples para investigar a
relação entre o sistema visual, proprioceptivo e vestibular.
Esta atividade baseou-se no trabalho de Bigongiari et al, 2005, realizado com
crianças com idade de 9,4 +1,56 ano (média, + DP), já descrito no capitulo 3.
4.4 COLETA DE DADOS
Após a preparação dos indivíduos, eles foram privados da visão através de
vendas nos olhos (grupo experimental) e foram colocados na plataforma de força
com o direito na plataforma 3 e o pé esquerdo na plataforma 2, posicionando os
pés paralelos e em uma distância confortável entre eles, que não excedesse a
largura dos ombros de todos os indivíduos. Logo, eles foram informados para
realizarem o movimento na maior velocidade tanto quanto possível após um bip
que era disparado exatamente no momento em que se iniciava a gravação e esse
mesmo sinal era disparado para indicar o término da mesma, ao completar 8
segundos. Este sinal sonoro (“bip”), indicava o início e o final de cada ciclo de
movimento. Os indivíduos permaneciam privados da informação visual até que
completasse as 5 repetições de movimento. Desta forma as únicas fontes de
informações sensoriais presentes foram de origem auditiva, vestibular e
proprioceptiva.
Importante ressaltar que a tarefa foi realizada primeiramente com os olhos
vendados e posteriormente com a visão preservada, ou seja, olhos abertos.
43
4.5 INSTRUMENTAÇÃO
O Laboratório de Marcha da DMR/FM/USP estava equipado com um aparelho
de eletromiografia dinâmica por telemetria, três plataformas de força e oito câmeras
de vídeo, com recursos integrados que compreendiam um único sistema de aquisição
de dados. Deve destacar-se, mesmo que nessa pesquisa o foco seja o análise
quantitativa e estatística do sinal eletromiográfico, são utilizados recursos cinemáticos
e cinéticos (sistema de imagem e sistema de plataforma de força) para determinar o
IEP a fim de sincronizar o sinal de EMG nos intervalos APC (t
IEP
+ 0,2s) e APA (t
IEP
-
0,2s). Conseqüentemente, nos parágrafos seguintes se descreve o instrumental
utilizado para aquisição do sinal de EMG, de dados cinemáticos e cinéticos.
4.5.1 Descrição do eletromiógrafo
Os sinais coletados pela eletromiografia são influenciados por muitas
variáveis além de uma interpretação complexa, mas fornece muitos indicadores para
habilidades motoras, como o nível de atividade de contração muscular, período de
atividade muscular e sinergias envolvidas no movimento (MOCHIZUKI, 2001).
Para a realização da coleta dos sinais eletromiográficos foi utilizado um
transmissor por telemetria da marca Noraxon U.S.A., Inc. que consiste de um
microprocessador com 6 canais de instrumentação e 08 canais de aquisição, dos
quais foram utilizados 06. O aparelho de EMG apresenta 163 mm de comprimento,
70 mm de largura, 29 mm de altura, ideal para as atividades dinâmicas.
Foram utilizados na eletromiografia durante os experimentos, cabos elétricos
de 1,20 m de comprimento, com pré-amplificadores e eletrodos de superfície
descartáveis, demonstrados na figura 7.
44
Figura 7: Aparelho eletromiográfico por telemetria com 08 canais
.
A captação dos sinais biopotenciais (EMG) foi feita através de eletrodos
(ativos) de superfície mono polares, adesivos, de prata/prata cloretada (Ag/AgCl) da
marca SKINTACT, circulares de 10 mm de diâmetro, com uma base emborrachada
embebidos de gel condutor adesivo. Os eletrodos de captação foram conectados ao
eletromiógrafo por meio de botões de pressão, na extremidade de um cabo. O
eletrodo de referência foi colocado na proeminência óssea (processo estilóide -
tecido eletricamente neutro) e estava colocada tão distante quanto possível dos
eletrodos de aquisição.
Nos sinais amplificados foram aplicados filtros digitais (Butterwoth de 4.ª
ordem) passa alta com freqüência de corte de 16 Hz, passa baixa com freqüência de
corte de 500 Hz e um filtro Notch de 60 Hz para a eliminação de ruídos da rede
elétrica.
4.5.2 Descrição do sistema de plataformas de força
A mensuração da força de reação ao solo é realizada com maior freqüência,
através de plataformas de força que fornecem um sinal elétrico proporcional a força
aplicada.
A plataforma de força é constituída com uma placa de metal ou outro material
pouco deformável e sensores de carga que mensuram a força aplicada na superfície
de suporte da plataforma.
EMG
Pré
-
amplificadores
Botões de
pressão
cabos elétricos
de 1.20 m de
comprimento
45
Para a mensuração da força de reação ao solo o sistema estava equipado
com 3 plataformas de forças modelo SGA, da marca AMTI (Advanced Mechanical
technology Inc.). A freqüência de aquisição foi 1000 Hz. O pré-processamento do
sinal analógico bruto incluiu filtro passa baixa, tipo Butterworth de 4.º ordem
(freqüência de corte: 12 hz). Cada plataforma possui três canais que medem a força
nas direções
x
F ,
y
F e
z
F
, três canais para mensurar o ponto de aplicação da força
resultante
x
,
y
e
o
z
=
, e finalmente três canais para medir os torque nas direções
x
M
,
y
M
e
z
M
, totalizando 9 canais de entrada para cada plataforma. Deve
mencionar-se que foram utilizadas unicamente duas plataformas.
Em virtude de forças internas e externas (força da gravidade, força de reação
ao solo (FRS), torques articulares etc.) agindo sobre o corpo humano, durante a fase
de apoio, o sistema de aquisição dos dados (sistema de Imagem vinculado a
plataforma de força), determina a mudança do estado de movimento do COM e o
deslocamento do COP antes, durante e após a extensão do tronco.
A figura 8 mostra como estão dispostos o sistema de coordenada e as
plataformas embutidas e niveladas ao solo no laboratório de marcha.
Figura 8: Plataforma de força nivelada ao chão com os sistemas de coordenadas utilizadas nesta
pesquisa
.
z
z
x
x
y
y
z
z
x
x
y
y
3
2
1
46
A interpretação dessas componentes auxiliou na compreensão do movimento,
estabilidade e de transferência de força às estruturas do aparelho locomotor,
fornecendo dados para o cálculo da identificação do IEP.
4.5.3 Descrição do sistema de imagem
O sistema de aquisição de imagem para rastreamento opto - eletrônico do
movimento é composto por oito câmeras de vídeo da Expert Vision marca COHU,
modelo 4915 cuja freqüência de aquisição varia de 0,01 a 240 Hz (quadros por
segundos), e nesta pesquisa foi utilizado uma taxa de amostragem de 200 hz. A
figura 9 mostra a estrutura de uma das 8 câmeras montadas.
Figura 9:
Imagem de uma das câmeras que compõe o sistema de imagens. Peso de câmara = 2.1
kg, com lente. Fonte: manual de uso EVaRT 5.0
As câmeras de vídeo estão dispostas no laboratório, juntamente com as
plataformas de força de acordo com o sistema de coordenadas da sala (x, y, z) como
mostra a figura 10, num exemplo das posições de como estão instaladas no espaço
do laboratório e também o volume de aquisição de imagens.
Figura 10:
Posições das câmeras e do sistema de coordenadas da sala. Fonte: manual de uso
EVaRT 5.0
Tripé
câmera Hawk digital
47
4.5.4 Calibração
A calibração do Sistema de Imagens foi feita com uma haste em forma de T
que possui marcadores refletivos dispostos em medidas padrões. O processo
implica em realizar movimentos suaves e rítmicos em todo o volume de captura no
qual é executado o movimento em diferentes sentidos. O sistema registra a trajetória
dos marcadores reflexivos em relação ao sistema de referência global (estrutura em
forma de L). Desse modo, a calibração dinâmica do sistema consiste na
convergência dos parâmetros intrínsecos das câmeras (distância focal, escala
efetiva em pixel/m) dos marcadores da haste em relação ao sistema de referência.
A calibração do sistema de Plataformas de Força foi realizada através do
balanceamento dos potenciômetros da ponte de Wheastone.
4.6 PROCEDIMENTO DA COLETA
Para a otimização do trabalho, maior conforto do voluntário e evitar erros na
coleta foi elaborado um protocolo de coleta (anexo V) testado em um estudo piloto, o
qual foi rigorosamente respeitado durante a preparação e a coleta de dados,
permitindo uma menor variabilidade das condições e procedimentos desta pesquisa.
4.6.1 Colocação dos Eletrodos
Para um bom posicionamento dos eletrodos deve-se seguir algumas técnicas
metodológicas, a fim de proporcionar uma condição de igualdade para todos os
músculos e indivíduos diminuindo a variabilidade, como também proporcionar uma
boa aquisição do sinal (DE LUCA, 1997). A figura 11 apresenta um exemplo de
posicionamento dos eletrodos para a captação do sinal mio elétrico com qualidade,
sendo posicionados no ventre muscular, em direção das fibras musculares, com seu
respectivo sinal nesta localização. Esta figura também exemplifica a colocação dos
eletrodos em outras regiões, como, nas extremidades ou no tendão mostrando o tipo
de sinal captado nesta região, com, um exemplo de sinal sem qualidade para uma
análise.
48
Figura 11:
Posicionamento dos eletrodos e seus respectivos sinais (adaptado de DeLuca, 1993)
Os sinais eletromiográficos foram captados em relação aos músculos do
tronco e MMII do lado direito do corpo, isto é: reto abdominal (RA), ílio costal lombar
(IL), vasto lateral (VL), semitendinoso (ST), tibial anterior (TA) e gastrocnêmio lateral
(GL). Os eletrodos foram posicionados na direção das fibras musculares entre o
ponto motor e a junção miotendínea, seguindo o método de posicionamento
proposto por Rainoldi et al. (2004), demonstrado na figura 12.
Figura 12:
Posicionamento dos eletrodos no músculo vasto lateral e tibial anterior vista anterior,
semitendinoso e gastrocnêmio vista posterior.
O critério utilizado na seleção dos músculos dos membros inferiores (MMII)
para a eletromiografia de superfície baseou-se na metodologia de Rainoldi, 2004,
VISTA ANTERIOR VISTA POSTERIOR
Melhor
posicionamento
dos eletrodos
49
esta seleção teve relevante influência na escolha, em relação a qualidade do sinal
eletromiográfico baseado na tabela 2 e também por estes músculos fazerem parte
da musculatura antigravitacional, pois estes são integrantes do grupo muscular
responsável pela postura ortostática
.
Tabela 2:
Valores Absolutos da localização da Zona de Inervação (valor máximo – valor mínimo) /2 e
classificação qualitativa global quanto à uniformidade da zona de inervação e qualidade do sinal dos
músculos selecionados (adaptado de Rainoldi (2004)).
Músculo
(Máx - min/2)
(mm)
Uniformidade da
Zona de
Inervação
Qualidade do
Sinal
Classificação
Global do
Músculo
Semitendinoso
15 Bom
Excelente Excelente
Vasto lateral
20 Bom
Excelente Excelente
Gastrocnêmio
Lateral
25
Regular
Bom Bom
Tibial anterior
20 Bom
Bom Bom
A tabela 3 foi utilizada para a orientação do posicionamento correto dos
eletrodos. Segundo a metodologia de Rainoldi (2004).
Tabela 3:
Linhas de referência, marcas anatômicas e resultados estatísticos sobre as localizações
das zonas de inervação entre os sujeitos dos músculos selecionados para esta pesquisa. Estudo feito
em 10 sujeitos adaptado de Rainoldi (2004).
Músculo
Marcas Anatômicas e Linha de referência
Posição da Zona de
Inervação ao Longo da Linha
de Referência
Semitendinoso
A distância percentual da tuberosidade
isquiática até a parte medial da cavidade
poplítea
36,3 ± SD 4,0(%)
Vasto lateral
À distância (mm) ao longo de uma linha
da parte látero superior da patela até a
espinha ilíaca superior
94,0 ± SD 13,2 (mm)
Gastrocnêmio
Lateral
A distância percentual da parte lateral do
tendão de Aquiles até a parte lateral da
cavidade poplítea
61,2 ± SD 5,1 (%)
Tibial anterior
15,5 ± SD 4,2 (%)
50
Nesta tabela se expõe às marcas anatômicas e as linhas de referência do
músculo com a posição da zona de inervação ao longo desta linha. Nesta tabela
estão incluídos apenas os músculos dos membros inferiores utilizados que foram
propostos por Rainoldi
(2004) e selecionados de acordo com o interesse desta
pesquisa.
Para otimizar o trabalho de campo foram utilizados alguns recursos como: fita
métrica, calculadora, lápis dermatográfico, que auxiliou localizar o ponto motor,
descrito na tabela 3, marcando o local (ponto motor) na pele do voluntário
deslocando de 2 a 3 centímetros deste ponto e posicionando os eletrodos no ventre
muscular como mostra a figura 13.
Figura 13:
Posicionamento dos eletrodos de superfície no ventre muscular do músculo vasto lateral
em direção das fibras musculares fugindo do ponto motor. A linha longitudinal na direção do músculo
vasto lateral representa a linha de referência. As 03 linhas dentro do círculo transversais que cortam a
linha longitudinal, a central representa o ponto motor, e as laterais o desvio padrão.
Com o auxílio da fita métrica, realiza-se o cálculo levando em consideração as
distâncias entre os pontos anatômicos do voluntário, determinando a região de cada
músculo a zona de inervação (de acordo com as localizações descritas por Rainold,
2004). Os eletrodos (auto-adesivos) foram fixados de 2 a 3 cm distante da
marcação, estando separados entre si (centro a centro) em 20 mm. Antes da fixação
dos eletrodos foram realizadas a tricotomia no local seguida de uma leve esfoliação
com gaze embebida em álcool para diminuir a resistência da pele e melhorar as
condições de acoplamento do eletrodo.
Posicionamento
dos eletrodos de
superfície
bipolares na
direção das fibras
musculares
Determinação do
ponto motor e os
DP para o
posicionamento
dos eletrodos de
acordo com a
metodologia de
Rainoldi (2004)
51
A figura 14 exibe um voluntário preparado para a coleta de dados
eletromiográficos com eletrodos mono polares posicionados no músculo vasto
lateral, de acordo com a técnica de posicionamento descrita.
Figura 14:
Colocação do eletrodo no músculo vasto lateral com a marcação da técnica de
posicionamento
.
Para o posicionamento no músculo reto abdominal, RA, foi utilizado a
metodologia de Pradhan e Taly (1989), que apresentam em seu trabalho os
melhores locais de aquisição do sinal eletromiográfico.
Figura15:
Posicionamento dos eletrodos no reto abdominal (adaptado de PRADHAN e TALY, 1989).
Posicionamento dos
eletrodos no reto
abdominal
Posicionamento
dos eletrodos
de superfície na
direção das
fibras
musculares
Eletrodos
de
superfície
52
No músculo eretor da espinha (ílio costal - região lombar), EL, a metodologia
utilizada foi segundo os estudos de Oliver e col. (1998), onde se afirma que os
eretores da coluna porção lombar formam uma superfície abaulada, em semicírculo,
de fácil localização visual e palpatória, para captação dos sinais mio elétricos
ilustrados na figura 16.
Os músculos eretores da espinha são importantes músculos
antigravitacionários que atuam predominantemente de forma estática ou quase
estática.
Figura 16:
Músculo eretor da coluna (ílio costal lombar
).
4.6.2 Colocação dos marcadores esféricos
Foram colocados marcadores esféricos passivos reflexivos e adesivos (Figura
17) nos centros articulares a fim de registrar o seu deslocamento através do sistema
de imagem. A vantagem dos marcadores terem sido passivos se ao fato destes
marcadores não interferirem no movimento do voluntário, permitindo maior liberdade
e amplitude.
Figura 17:
Marcadores reflexivos esféricos adesivos (passivos) do sistema Hires.
Eretores da
coluna porção
lombar (superfíci
e
abaulada, em
semicírculo, de
fácil localização
visual e
palpatória).
53
Os marcadores esféricos foram colocados segundo o modelo antropométrico
de DEMPSTER (KADABA, et. al. 1990) e posicionados nos seguintes pontos
anatômicos :
região frontal da cabeça
região superior do osso parietal
região medial do osso occipital
Acrômio direito
Acrômio esquerdo
Epicôndilo lateral direito
Epicôndilo lateral esquerdo
Espinha ilíaca ântero-superior direita
Espinha ilíaca ântero-superior esquerda
Processo espinhoso S1
Ponto dio entre o processo estilóide do rádio e a cabeça da ulna
direita
Ponto dio entre o processo estilóide do rádio e a cabeça da ulna
esquerda
Linha lateral articular do joelho direito
Linha lateral articular do joelho esquerdo
Linha medial articular do joelho direito
Linha medial articular do joelho esquerdo
Ponto sobre a linha média lateral da coxa direita
Ponto sobre a linha média lateral da coxa esquerda
Ponto sobre a linha média lateral da perna direita
Ponto sobre a linha média lateral da perna esquerda
Maléolo lateral direito
Maléolo medial direito
Ponto entre a cabeça do 2º e 3º metatarso direito
Maléolo lateral esquerdo
Maléolo medial esquerdo
Ponto entre a cabeça do 2º e 3º metatarso esquerdo
Calcâneo direito
Calcâneo esquerdo
54
of set (determinação de lateralidade)
Estes estão demonstrados na figura 18.
Figura 18:
Posicionamento dos marcadores esféricos propostos pelo programa o modelo Dempster (KADABA
et. al
.
1990) na vista frontal.
Esses marcadores confeccionados com material altamente retro reflexivos de
forma que a luz volta na mesma direção das câmeras de vídeo, sendo captados
pelas mesmas, gerando assim um sistema de coordenadas reprodutíveis. Cada
marcador tornou-se um alvo no corpo, e sendo visualizados por pelo menos duas
câmeras para reconstruir o modelo tridimensional. A configuração define a linha
longitudinal do segmento.
Os marcadores mediais foram utilizados para identificar as articulações e
definir o eixo de rotação para os segmentos adjacentes do membro.
A trajetória dos pontos do membro no espaço foi calculada com base nas
coordenadas de referências pré-definidas durante o procedimento de calibração.
55
4.7 INTEGRAÇÃO DO SISTEMA DE AQUISIÇÃO DE DADOS
O sistema todo compreende recursos integrados. Estes instrumentos estão
sincronizados e abastecidos por vários programas de aquisição dos dados através
de um computador, composto por um sistema de software e Hardware EVaRT5. 0. O
programa oferece um pacote de vários outros recursos. Nesta pesquisa ele está
vinculado ao software OrthoTrak, que permitiu à coleta, monitoração (visualização
em tempo real) e armazenamento de sinais biopotenciais e de instrumentação.
Nesta pesquisa foi possível visualizar o sinal de EMG, a reconstrução tridimensional
das câmeras e as plataformas de força simultaneamente.
O software para a simulação visual utilizado foi o sistema HIRES 3D
desenvolvido pela Motion Analysis Corporation, (Santa Rosa, Califórnia, USA) que
integrou as câmeras aos outros recursos e reproduzindo as imagens virtuais,
tridimensionais e também dos planos sagital e frontal.
A figura 19 exemplifica um esquema em blocos simplificado do sistema
HIRES
Figura 19:
Exemplo simplificado do sistema HIRES 3D.
PC
*
Sistema de
Imagens
08 câmeras
A
32 câmeras
ANÁLISE
EMG
Plataforma
de Força
64 canais para
outros
transdutores
PC
*
Sistema de
Imagens
08 câmeras
A
32 câmeras
ANÁLISE
EMG
Plataforma
de Força
64 canais para
outros
transdutores
56
A figura 20 mostra as imagens das câmeras que foram enviados ao
computador e processadas no software EVaHiREs, que integrou os sinais e criou um
modelo do indivíduo por fotogrametria, após um pré-processamento.
Figura 20:
Apresentação do modelo através Software EVaHiREs, que integra os sinais provenientes
das câmeras e cria o modelo tridimensional do objeto estudado por fotogrametria.
4.8 COLETA DOS DADOS
Nesta sessão será descrita a seqüência das etapas realizadas durante a
coleta de dados, após ter preparado o voluntário (colocação de eletrodos,
marcadores reflexivos e posicionamento na plataforma).
A figura 21 mostra nas duas fotografias, à esquerda a posição inicial e a
direita a posição final da tarefa do movimento realizada por um dos voluntários.
Vista sagital
Câmeras
de vídeo
Plataforma
de Força
EMG
Vista Frontal
57
Figura 21:
Demonstração do posicionamento inicial a esquerda e após a extensão do tronco a direita.
Como descrito a tarefa foi composta por cinco repetições de movimento,
com o início indicado pelo primeiro sinal e o término indicado pelo segundo sinal,
uma permanência de 8 segundos entre o primeiro e o segundo sinal, compondo
assim um ciclo de movimento. O indivíduo relaxou por alguns segundos e
prosseguiu até o término das cinco repetições.
Na primeira coleta os indivíduos permaneceram privados de informações
visuais (olhos vendados), finalizando as cinco repetições, de forma que somente as
informações sensoriais foram de origem auditiva, vestibular e proprioceptiva.
Após realizar as cinco repetições com os olhos vendados, iniciou-se a mesma
tarefa com a visão preservada, ou seja, sem as vendas, nos mesmos indivíduos e
estes formaram o grupo controle.
58
4.9 PRÉ-PROCESSAMENTO DOS DADOS
De posse com os dados foi feita a retificação do sinal, verificando a captação
dos pontos pelas câmeras e conferido a captação de todos os marcadores pelo
sistema, verificou-se através da visualização se os 29 pontos foram filmados pelo
sistema de imagens no experimento, durante os 8 segundos.
Foi feito uma gravação estática para o reconhecimento da linha média dos
segmentos dos MMII, a liga dos pontos e a montagem do modelo. A figura 22 mostra
um exemplo de como o sistema reconhece a linha média. Isto é: o sistema calcula o
ponto médio entre os marcadores articulares internos e externos. Desse modo, a
linha que representa o segmento corporal é obtida unindo os pontos médios obtidos
no procedimento anterior.
O uso dos marcadores mediais estabeleceu uma tríade rígida destes
marcadores para capturar a linha média entre o joelho e o tornozelo e definir o eixo
de rotação. Após ter gravado o estático, esses marcadores mediais (04 marcadores)
foram removidos ficando apenas 25 marcadores durante a coleta.
Figura 22:
Posicionamento dos marcadores mediais para o reconhecimento das linhas médias
através do sistema de coordenadas.
Após este procedimento foi iniciada a tarefa dinâmica.
Ao término de toda a coleta, foi identificado na imagem todos os marcadores,
durante todo o evento. Nos marcadores que não foram filmados foi realizada uma
adaptação das curvas x, y, z dos mesmos em função do tempo (Efeito Aliasing).
Os dados das coordenadas foram filtrados com filtro Butterworth com freqüência
de corte em 12 Hz ordem 4 e freqüência de amostragem de 200 Hz (sistema de
imagens), freqüência de amostragem de 1000 Hz para a plataforma de força e para a
eletromiografia também a freqüência de amostragem de 1000 Hz
Marcador medial
(face interna do joelho D)
Marcador lateral
(face externa do joelho D)
Linha média
59
Os dados foram salvos no Motion Analysis / EVART 5.0. e foram lidos e
processados pelo ORTHOTRAK 6.2. Baseado no modelo antropométrico de
Dempsterm, sendo que software HIRES 3D calculou o COM dos respectivos
segmentos e o COM total. Os mesmos forneceram três arquivos de cada sistema: um
arquivo com dados das coordenadas das articulações e dos centros de massa de cada
segmento e centro de massa total, isto é:
(
)
icm
zyx
,
,, e
(
)
COM
zyx
,, , um outro arquivo com
dados cinéticos e um arquivo com dados do sinal eletromiográfico dos seis músculos
que foram selecionados para esta pesquisa.
4.10 PROCESSAMENTO DOS DADOS
A partir dos dados coletados pelas 08 câmeras, as 02 plataformas e o
eletromiógrafo, toda a análise foi conduzida por rotinas próprias em ambiente de
programação Matlab 6.5 (Mathworks, Inc.).
A identificação do IEP (instante pelo qual o COM coincide com o COP após
ter alcançado a posição ortostática) teve o propósito de selecionar as janelas
temporais do sinal EMG, tanto para o APA (t
IEP
-0.2s), como para o APC (t
IEP
+0.2s)
[Aruim, 2003. Bigongiari, 2005]. Para a determinação deste instante foi utilizado o
método denominado de zero-point-to-zero point integration [Duarte, 2000], que
preconiza que a
0=Σ
pa
F
e a linha de gravidade coincide com o COP.
Para calcular o COP foi realizado o cálculo da força resultante na direção z
(
z
R
) a partir das forças
1z
f
e
2z
f
, registrados nas plataformas 1 e 2,
respectivamente:
21 zzZ
ffR +=
(4)
Na seqüência foram calculados os módulos dos torques resultantes na
direção x e y em relação aos eixos de rotação x, y, z. Isto é:
22221111
zfyfzfyfM
yzyzx
+++= (5)
22221111
zfxfzfxfM
xzxzy
= (6)
60
Finalmente, as componentes do COP são calculadas da seguinte forma:
z
y
x
R
M
COP =
(7a)
z
x
y
R
M
COP =
, (7b)
0=
z
COP
(7c)
A figura a 23 ilustra a trajetória do COP das plataformas 2 e 3 (cop
p2
e cop
p3
,
respectivamente) que foram utilizados para calcular o centro de pressão total (COP)
junto com a projeção do COG no plano horizontal XY, que também é apresentado.
Figura 23:
Trajetória do COP e COG. COPp2: adquirido na plataforma 2, centro de pressão do
esquerdo, COPp3: adquirido na plataforma 3 centro de pressão do pé direito. A seta indica o sentido
do movimento Anterior (A) e posterior (P).
Na figura 24 pode se visualizar a resultante dessas grandezas (COP e COG)
em uma vista superior.
800 850 900 950 1000 1050 1100
100
150
200
250
300
350
400
x [mm]
y [mm]
cop
P2
COP
COG
cop
P3
61
Figura 24:
Resultante da Trajetória do COP e COG.
Na figura anterior verifica-se a diferença entre a oscilação m-l e à oscilação a
- p. A oscilação m-l é bastante pequena em relação à oscilação a-p, (pelo menos 10
vezes menor).
Obtendo-se as coordenadas do
y
COP
calculou-se o IEP segundo a
metodologia descrita [Bigongiari, 2005]. Determinado o IEP procedeu-se a selecionar
o sinal de EMG e posteriormente a normalização dos dados.
A figura 25 apresenta o instante de coincidência entre o COG e o COP obtido
no segundo o protocolo anterior.
900 920 940 960 980 1000
200
250
300
350
x [mm]
y [mm]
COP
COG
62
-400 -200 0 200 400 600 800 1000
0
200
400
600
800
1000
1200
y [mm]
z [mm]
COPy
-CG
Linha da Gravidade
Figura 25:
Primeiro instante de coincidência entre o COG e COP ao chegar a postura ortostática no
plano sagital do movimento no eixo ortogonal yz. . O desenho no canto inferior esquerdo ilustra a
tarefa de movimento e a linha tracejada vermelha demonstra o IEP.
Todo este processo foi realizado a fim de identificar o IEP para assim
determinar o intervalo no qual o sinal do EMG será analisado. A Figura 26 mostra os
gráficos que foram plotados no ambiente MATLAB 7.0 representado o sinal RMS
referente ao intervalo de tempo [t
iep
-200ms] denominado APA e [t
iep
+200ms]
denominado APC. Estão representados aqui nestes gráficos o músculo reto
abdominal (RA), tibial anterior (TA), semitendinoso (ST), vasto lateral (VL), íleo
costal lombar (IL) e gastrocnêmio lateral (GL), respectivamente. A linha vermelha
representa o IEP e a região do sinal em evidência representa o sinal selecionado, o
APA à esquerda e o APC à direita e a linha pontilhada a janela selecionada para o
estudo.
LG
63
Figura 26:
Sinal de EMG correspondente ao intervalo antecipatório e compensatório em relação ao
instante de equilíbrio (t
iep
) separado pela linha contínua vermelha. A linha pontilhada delimita a janela
de estudo
.
O primeiro intervalo corresponde à atividade muscular antes que o sistema
passe pela primeira vez pelo IEP (denominado APA) e o segundo intervalo
corresponde à atividade muscular posterior (denominado APC).
Normalização Os dados foram normalizados através da média dos valores
RMS (Root Mean Square) durante o intervalo (t
IEP
-0.2s, t
IEP
+0.2s), pois apresenta
menor coeficiente de variabilidade [Ervilha U F, 1998]. As variáveis mio elétricas,
denotadas por
iAPA
v
,
e
iAPC
v
,
sendo
i
o músculo em questão, foram obtidas da
seguinte forma:
( )
( )
2.0,2.0
,2.0
,
+
=
IEPiEP
IEPiEP
tti
tti
iAPA
RMS
RMS
v
(8)
( )
( )
2.0,2.0
2.0,
,
+
+
=
IEPiEP
IEPiEP
tti
tti
iAPC
RMS
RMS
v
(9)
64
A figura abaixo representa a normalização do sinal RMS e a definição da
variável de estudo antecipatório e compensatório do sculo TA segundo equação
6. A linha central vertical representa o primeiro IEP, este por sua vez separa o APA
(t
iep
200ms) e o APC (t
iep
+ 200ms) a esquerda está o valor médio antecipatório
dividido pelo valor médio da janela de estudo representada pela linha que cruza o
IEP. A direita se encontra o valor médio compensatório que é dividido pelo valor
médio de toda a janela de estudo.
Figura 27:
Normalização do sinal RMS antecipatório e compensatório do músculo TA.
O exemplo da figura 27 se refere ao músculo tibial anterior. Este processo foi
realizado nos 06 (seis) músculos selecionados. Desta forma foram totalizados 6
variáveis de análise para o ajuste postural (APA) antecipatório e 6 variáveis de
análise para o ajuste postural compensatório (APC), ao longo de cada série, ou seja
com visão preservada e sem visão (olhos vendados), de cada um dos 10 indivíduo,
totalizando 600 dados para a análise do APA e 600 para a análise do APC.
Análise dos Dados foram aplicadas análises estatísticas a fim de verificar
diferenças dos valores entre as condições com visão e sem visão, utilizando-se os
testes t de Student para dados pareados. O One Way ANOVA, foi utilizado a fim de
verificar possíveis variâncias significativas dos valores entre as séries das cinco
repetições. O nível de significância adotado foi p<0,05.
Valor Médio
Antecipatório
IEP
65
5 RESULTADOS
Nessa sessão estão apresentados os resultados obtidos pelo sistema de
aquisição, através da metodologia que foi implementada.
Primeiramente são apresentados exemplos de sinais coletados durante a
tarefa de movimento realizada por um dos voluntários; em seguida são abordados
resultados obtidos tanto para o grupo controle quanto para o grupo experimental. Na
seqüência são apresentados resultados relativos às comparações dessas variáveis
entre as condições experimentais expostas anteriormente.
Aqui, os resultados são descritos e apresentados de forma objetiva, pois eles
serão delineados com detalhes e possíveis interpretações na discussão dos
mesmos.
5.1 VARIAÇÃO DO VALOR RMS DO SINAL EMG AO LONGO DE
UMA MESMA SÉRIE
Analisando individualmente os gráficos relativos às curvas dos valores RMS
do sinal EMG selecionados foi possível observar que esses apresentavam variação
da amplitude durante o movimento ao longo das cinco repetições tanto no APA,
quanto no APC, com maior amplitude desse valor na condição sem visão. Segue
alguns gráficos, (figura 28) que confirmam esta afirmação. Na linha 1, no primeiro
quadro temos o APC do músculo IL na condição com visão e no segundo quadro a
condição sem visão. Na linha 2, no primeiro quadro temos também do sculo IL na
condição com visão e no segundo quadro a condição sem visão do APA.
66
Figura 28:
Sinais RMS normalizados de cinco repetições do APA e do APC do músculo IL para a
condição com e sem visão respectivamente.
Observando-se a figura 28, é possível notar, através da sobreposição das
linhas relativas aos valores RMS do sinal EMG, a variação durante um ciclo de
movimento e uma variação das mesmas ao longo de uma mesma série das 5
repetições. Tal variação foi aqui expressa através dos valores RMS para cada uma
das situações (com e sem visão no decorrer de cada movimento, ou seja, nas 05
repetições). É importante saber que esta variável através da utilização do IEP
determinado é comum as 5 amostras de um mesmo parâmetro, como estão
ilustrados na figura.
Apesar de estes quadros apresentarem uma análise qualitativa da variação
da amplitude, foi observada a diferença entre as duas condições (com e sem visão)
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
200
220
1
2
3
4
5
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
200
220
1
2
3
4
5
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
200
220
1
2
3
4
5
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
200
220
1
2
3
4
5
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
200
220
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
200
220
1
2
4
5
3
2
1
3
4
5
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
200
220
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
200
220
1
2
4
5
3
2
1
3
4
5
1º Movimento 2º Movimento . 3º Movimento .4º Movimento 5º Movimento
COM VISÃO
COM VISÃO COM VISÃO
COM VISÃO
C
OM
VIS
ÃO
SEM VISÃO
SE
M
VIS
ÃO
APC ILIO COSTAL LOMBAR
APA ILIO COSTAL LOMBAR
1
67
na amplitude do valor RMS. Com base nesta comprovação que mostrou a figura 28,
segue mais dois exemplos de outros dois músculos, representados na figura 29 o TA
e após na figura 30 o GL, em que ambos mostram o valor RMS do sinal EMG
normalizado durante 200 ms que antecede o IEP e 200 ms após cada movimento no
ciclo de cada repetição. O primeiro quadro exibe novamente a condição com visão e
no segundo quadro a condição sem visão.
Figura 29:
Condições com e sem visão, da esquerda para direita. Do primeiro ao quinto movimento,
respectivamente, nas cores: azul, vermelho, verde, amarelo, magenta e preto. Valor RMS
normalizado do músculo TA. do APA.
Figura 30:
Condições com e sem visão, da direita para esquerda. Do primeiro ao quinto movimento,
respectivamente, nas cores: azul, vermelho, verde, amarelo, magenta e preto. Valor RMS
normalizado do músculo GL do APC.
Janela de Análise
Janela de Análise
68
Nesta análise qualitativa, a diferença nas circunstâncias com e sem visão nos
gráficos demonstrados ficou evidente, em relação à amplitude representada pelas
linhas coloridas e dispersões das séries, demonstrando a interferência da visão na
manutenção da postura durante o APA e o APC.
5.2 COMPARAÇÃO DAS VARIÁVEIS MIOELÉTRICAS ENTRE AS
CONDIÇÕES COM E SEM VISÃO
Nesta sessão, serão apresentados os resultados relativos aos testes
aplicados às variáveis APA [t
iep
-200] e APC [t
iep
+200ms] definidas através das
equações 5 e 6 a fim de compará-las quantitativamente entre as condições com e
sem visão.
Foram aplicados o teste ANOVA (Analise de variância “one way”) com a
finalidade de desvendar possíveis variâncias significativas no decorrer das cinco
performances. Também foi aplicado um teste bilateral t de Student para os dados
pareados (cada sujeito tem como referência o controle de si próprio) a fim de
evidenciar possíveis diferenças significativas, em ambas as condições experimentais
(com e sem informação visual). Este teste é adequado para esta forma de
comparação, visto que a tarefa é repetida pelo mesmo voluntário, porém em
condições diferentes (com visão e sem informação visual).
5.3 COMPARAÇÃO ENTRE AS MÉDIAS DAS VARIÁVEIS NAS 5
REPETIÇÕES DO MOVIMENTO
Para o teste ANOVA foram encontradas diferenças significativas (P<0,05)
para as variáveis do APA e APC durante a série dos 5 movimentos no IEP do APA
[t
iep
-200] e APC [t
iep
+200ms]. O teste ANOVA foi aplicado com o objetivo de
distinguir possíveis diferenças nas médias dos CVs (APA e APC) entre as condições
com e sem visão.
O histograma na figura 31 representa a média (n=10) Coeficiente de variação
APA e APC, com e sem visão dos músculos RA, VL, TA, IL, ST, GL das médias das
cinco séries IEP (-200 e +200) (*) indica diferença estatisticamente significativa para
69
o grau de confiança. O coeficiente de variação APA e APC, com e sem visão dos
músculos RA das médias das 05 ries do IEP indica diferença estatística
significativa para o grau de confiança, demonstrado no histograma.
Figura 31.
Histograma representando a média (n=10) Coeficiente de variação APA e APC, com e
sem visão dos músculos RA,VL,TA,IL,ST,GL das médias das cinco séries IEP (-200 e +200) (*) indica
diferença estatisticamente significativa para o grau de confiança.
Foram encontradas diferenças estatisticamente significas (P>0,05) entre as
medidas da amplitude do valor RMS do sinal EMG normalizado nos sculos RA,
TA e GL, no APA, pois, não se têm elementos para que possa rejeitar a hipótese da
nulidade nesses sculos. em relação aos demais sculos, foram aceitas a
hipótese da nulidade, portanto para o grupo muscular IL, VL, ST, não houve
diferença estatisticamente significativa (P<0,05) em nenhuma das condições entre
as repetições do movimento do 1 ao 5, no APA, para este teste. no APC foram
encontradas diferenças estatisticamente significas (P>0,05) entre as medidas da
amplitude do valor RMS nos músculos TA, ST e GL, pois, não se têm elementos
para que possa rejeitar a hipótese da nulidade nesses sculos. Em relação aos
demais músculos aceitaram-se a hipótese da nulidade, portanto para o grupo
muscular RA, VL,e IL, não houve diferença estatisticamente significativa (P<0,05)
em nenhuma das condições entre as repetições do movimento do 1 ao 5, no APC.
Para todas as outras condições, o teste ANOVA não apontou nenhuma
diferença significativa em nenhuma das variáveis, quando tomado como referência
um grau de 95% de confiança (P<0,05). Desta forma, este estudo ficou por tomar os
CVs como variáveis representantes desta condição de variação ao longo das cinco
repetições, já descritas.
70
5.4 COMPARAÇÃO DAS MÉDIAS ENTRE AS CONDIÇÕES
COM E SEM VISÃO
O teste bilateral t de Student para dados pareados foi aplicado com a
finalidade de apontar possíveis diferenças entre as médias nas condições com e
sem visão tanto para os APA(s) quanto para os APC(s). A tabela 04 está
exemplificando os resultados deste teste.
Tabela 4:
Resultado do teste estatístico aplicado nas variáveis CVTs, expresso através do valor de P,
relativo aos músculos RA, IL, VL, ST, TA, GL expresso através do valor de P durante os –200 e +200
do IEP. com 95% de segurança.
músculos APA APC
Reto Abdominal (RA
)
---- ----
Ílio Costal lombar (IL
)
---- ----
Vasto lateral (VL)
P<0,05 P<0,05
Semitendinoso (ST)
---- ----
Tibial Anterior (TA)
---- ----
Gastrocnêmio Lateral (GL)
---- ----
Nesta tabela é apresentado o resultado das médias significativamente maior
na condição sem visão no APA e no APC, para os valores relativos ao movimento
em torno do IEP.
5.4.1 Vasto Lateral
Para o músculo vasto lateral houve diferença estatisticamente significativa no
APA e APC valor RMS do sinal EMG normalizado entre as situações com visão e
sem visão com nível de significância estatística p < 0,05, como mostra o gráfico na
figura 32. É interessante observar que na condição sem visão houve maior amplitude
do sinal normalizado RMS no APC em relação ao nosso grupo controle (com visão),
e no APA maior amplitude do sinal normalizado RMS foi no grupo controle (com
visão), ou seja, na situação com visão no APA houve um valor médio
significativamente maior em relação à condição sem visão.
Para os outros músculos o teste t de Studant não indicou nenhum nível de
significância considerável. Neste teste o músculo reto abdominal (RA), íleo costal
lombar (IL), semitendinoso (ST), tibial anterior (TA) e gastrocnêmio lateral (GL), não
71
mostraram diferenças estatisticamente significativas entre as medidas, pois com
esses dados não se obteve elementos suficientes para afirmar que eles são
diferentes, assim aceitou-se H0 (P<0,05), em qualquer das condições do equilíbrio
tanto no APA quanto no APC. Portanto passa a valer a hipótese de nulidade, ou
seja, afirma-se que não houve diferença estatística significativamente entre as
médias, nesses casos nas condições com visão e sem visão. Em relação a essa
variável o foi encontrada nenhuma diferença significativa entre as condições com
e sem visão em qualquer das repetições subseqüentes.
A figura 32 mostra um histograma com a diferença estatisticamente
significativa no primeiro movimento nas condições com visão e sem visão com
probabilidade de erro (P < 0,05) no APA e no APC.
Figura 32:
Histograma representando a média (n=10) da variável APA do músculo VL durante a
séries das cinco repetições da tarefa de movimento IEP (t
iep
-200ms APA e t
iep
+ 200ms APC)
subseqüentes Condições com e sem visão representada respectivamente pelas cores branco e azul.
(*) indica diferença estatisticamente significativa para o grau de confiança (P<0,05). Tanto no APA
quanto no APC houve diferença estatisticamente significativa no primeiro movimento nas condições
com visão e sem visão com probabilidade de erro (P < 0,05).
Aqui se compara o primeiro valor RMS normalizado com visão ao primeiro
sem visão, o segundo com visão ao segundo sem visão, e assim sucessivamente.
5.4.2 Tibial Anterior
O tibial anterior não apresentou em qualquer das situações de movimento
resultados que pudessem afirmar que diferença estatisticamente significativa no
teste t de Student, não se obtendo elementos satisfatórios para afirmar que eles são
diferentes, e aceitando assim a hipótese de nulidade. Este gráfico foi separado dos
APC
Vasto Lateral
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
1,4
Num 1 Num 2 Num 3 Num 4 Num 5
Com Visão Sem Visão
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
1,4
Num 1 Num 2 Num 3 Num 4 Num 5
Com Visão Sem Visão
*
*
APA
72
outros que não apresentaram diferenças significativas, por apresentar pequenas
diferenças na amplitude do sinal RMS normalizado, que chama atenção, que é
diferenciado em quase todas as condições de equilíbrio, tanto no APA quanto no
APC. Neste teste, não houve variação apenas na condição da segunda repetição do
movimento, no gráfico do APA. No entanto, no teste de ANOVA, obtivemos outros
resultados com este sculo. O gráfico deste músculo (TA) foi exposto, para que
possa ser observada, esta comprovação.
O histograma na Figura 33 representa a dia (n=10) da variável APA do
músculo TA durante a rie das cinco repetições da tarefa de movimento IEP (t
iep
-
200ms APA e t
iep
+ 200ms APC) subseqüentes Os mesmos se encontram nas
condições com e sem visão representada respectivamente pelas cores branco e
azul. Aqui não houve diferença estatística significativa em nenhuma das repetições
para o grau de confiança (P<0,05).
Figura 33:
Histograma representando a média (n=10) da variável APA do músculo TA durante a
séries das cinco repetições da tarefa de movimento IEP (t
iep
-200ms APA e t
iep
+ 200ms APC)
subseqüentes Condições com e sem visão representada respectivamente pelas cores branco e azul.
Não houve diferença estatística significativa em nenhuma das repetições para o grau de confiança
(P<0,05).
O teste bilateral t de Student para o sculo reto abdominal (RA), íleo costal
lombar (IL), semitendinoso (ST), tibial anterior (TA) e gastrocnêmio lateral (GL) não
indicou nenhum nível de significância considerável e não mostraram diferenças
estatisticamente significativas entre as medidas. Nesses dados não se obteve
elementos suficientes para afirmar que eles são diferentes, em qualquer das
condições do equilíbrio tanto no APA quanto no APC. Portanto passa a valer a
hipótese de nulidade, ou seja, afirma-se que não houve diferença estatisticamente
73
significativa entre as medidas, nesses casos nas condições com visão e sem visão.
Na seqüência seguem os gráficos.
5.4.3 Músculos que não apresentaram diferenças estatísticas
significativas para o t de Student
Segue os gráficos do teste T de Student dos músculos que não apresentaram
diferenças estatisticamente significativas, pois se rejeitou H0 (P>5) aceitando-se a
hipótese da nulidade.
74
F
igura 34:
Estes histogramas (teste t de Student). Representam a média (n=10) da variável APA e
APC durante a série dos cinco IEP (t
iep
-200ms APA e t
iep
+ 200ms APC) subseqüentes.Condições
com e sem visão representada respectivamente. Não houve diferença estatística significativa em
nenhuma das repetições para o grau de confiança (P<0,05).
OBS: o sculo TA não se encontra neste grupo de histogramas por ter sido
apresentado e comentado na figura 32.
75
6 DISCUSSÃO
A tarefa de movimento neste trabalho cumpriu os objetivos propostos, que foi
causar uma autoperturbação no equilíbrio identificando este ponto (IEP) e obtendo
uma referência para a análise do APA e APC (
t
iep
-200ms e
t
iep
+200ms,
respectivamente).
Neste estudo, todos os indivíduos realizaram a tarefa com sucesso. Foi
verificado que a falta da informação sensorial visual o afetou o equilíbrio, mas sim
uma maior instabilidade postural. Sendo assim, consideram–se as respostas
compensatórias e os ajustes posturais antecipatórios.
Na análise individual dos gráficos relativos às curvas dos valores RMS do
sinal EMG, da variação da amplitude durante o movimento, foi possível observar que
eles apresentaram um padrão em que sofria variações consideráveis ao longo das
repetições no APA, e no APC com maior amplitude desse valor na condição sem
visão (Figuras 28, 29 e 30).
Foi possível notar, através da sobreposição das linhas relativas aos valores
RMS do sinal EMG, a variação durante um ciclo de movimento e uma variação das
mesmas ao longo de uma mesma série de 5 repetições (Figuras 28, 29 e 30). Tal
variação foi expressa através dos valores RMS do sinal EMG normalizados. Foi
verificada uma maior dispersão, maior amplitude das linhas, representadas pelos
valores RMS do sinal EMG sem visão, quando comparados com visão nos gráficos,
como também pode ser observada diferença entre o APA e o APC. No APA, as
médias do valor RMS do sinal EMG iniciam relativamente altas, diminuindo e
aumentando novamente. Já no APC apareceu o inverso.
Um estudo semelhante realizado por Bigongiriari et al, (2005), realizado com
crianças, para a análise dos sculos MI e tronco através de um movimento
semelhante a este estudo. Encontraram que a amplitude do sinal EMG foi maior
durante o APC em comparação ao APA em todos os sculos do membro inferior
que tiveram o sinal EMG solicitado, muito embora fosse observado APA em todas as
crianças o que vem ao encontro com as observações encontradas neste estudo.
Um das contribuições desta pesquisa foi dado aos resultados referentes à
condição do indivíduo com privação momentânea da visão. Acredita-se que a
ausência da informação visual possa gerar uma antecipação devido ao movimento
pró-ativo apresentando prontidão a eventos inesperados na ausência da informação
76
visual. Os ajustes posturais antecipatórios minimizam os efeitos desestabilizadores
do movimento.
Alguns resultados de pesquisa têm sugerido que a dominância da visão sobre
as outras fontes sensoriais diminui com a aprendizagem (FLEISHMAN e RICH,
1963), sendo que este fato não foi observado ao longo da 5 series de repetições.
A capacidade de controlar a posição do corpo no espaço é alcançada por
meio de uma relação complexa, contínua e dinâmica entre a informação sensorial e
atividade muscular (BARELA, 1997; HORAK et al. 1996). Não se sabe ainda se a
seleção de certa informação sensorial para o controle postural é realizada com certa
hierarquia, ou seja, se prioridade de uma informação sobre a outra como, por
exemplo, se prioridade da informação vestibular sobre a informação visual ou se
as informações são utilizadas em paralelo (NASHNER, 1981).
Na aplicação do teste ANOVA, mostrou-se algumas diferenças significativas
no decorrer das performances com e sem visão nas condições do APA e APC
demonstrado no histograma da figura 31. Foram encontradas diferenças
significativas para as variáveis do APA e APC durante a série dos 5 movimentos no
IEP (tiep-200ms/APA, tiep +200ms/APC). Foram encontradas diferenças
estatisticamente significativas (p<0,05) entre as medidas da amplitude do valor RMS
do sinal EMG nos músculos RA, TA e GL, no APA (figura 40). em relação aos
demais músculos o grupo muscular IL, VL, ST, não houve diferença estatisticamente
significativa (P<0,05) em nenhuma das condições entre as repetições do movimento
no APA, para este teste. no APC foram encontradas diferenças estatisticamente
significas (P>0,05) entre as medidas da amplitude do valor RMS nos músculos TA
ST e GL (figura 31), portanto para o grupo muscular RA, VL, e IL, não houve
diferença estatisticamente significativa (P<0,05) em nenhuma das condições entre
as repetições do movimento do 1 ao 5, no APC.
Para as outras condições, o teste ANOVA não apontou diferença significativa
em nenhuma das variáveis, quando tomado como referência um grau de 95% de
confiança (P<0,05) representados pelo histograma figura 31.
O teste bilateral t de Student para dados pareados foi aplicado com a
finalidade de apontar possíveis diferenças entre as médias nas condições com e
sem visão tanto para os APA(s) quanto para os APC(s). Inicialmente julgou-se ser
um teste adequado para o tipo de comparação realizada neste trabalho, em vista da
77
tarefa ser executada pelo mesmo voluntário em ambas as condições, com e sem
visão (figura 32, 33, 34).
Os resultados deste teste foram encontrados valores RMS do sinal EMG
normalizados nas variáveis mio elétricas significativos apenas para o músculo VL
(figura 32). Acredita-se que as informações vestibulares e proprioceptivas adquiridas
durante o primeiro movimento foram utilizadas pelos sujeitos de modo a influenciar
este músculo no controle postural (FONSECA et al.; 2007) (anexo F).
Para os outros sculos este teste não indicou nenhum nível de significância
considerável, neste teste o sculo reto abdominal (RA), íleo costal lombar (IL),
semitendinoso (ST), tibial anterior (TA) e gastrocnêmio lateral (GL), não apontaram
diferenças estatisticamente significativas entre as medidas (P<0,05), em qualquer
das condições do equilíbrio tanto no APA quanto no APC, não houve diferença
estatística significativa entre as médias dos valores RMS do sinal EMG, nesses
casos nas condições com visão e sem visão. Em relação a essa variável não foram
encontradas nenhumas diferenças significativas entre as condições com e sem visão
em qualquer das repetições subseqüentes, fato comentado e descrito em FONSECA
et al. (2007) (anexo Vll).
Encontrar diferença somente neste músculo (VL) foi uma surpresa, pois se
esperava encontrar maiores diferenças e em um número maior de músculos com
base na análise qualitativa que foi realizada inicialmente.
Houve diferença estatisticamente significativa no APA e APC no primeiro
movimento no IEP entre as situações com visão e sem visão com probabilidade de
erro (P<0,05). Na condição sem visão houve maior amplitude do sinal normalizado
RMS no APC em relação ao nosso grupo controle (com visão), e no APA a maior
amplitude do sinal normalizado RMS foi encontrada no grupo controle (com visão),
ou seja, na situação com visão no APA houve um valor médio RMS normalizado
significativamente maior em relação à condição sem visão.
Muito embora o tibial anterior não apresentasse em quaisquer das situações
do IEP, no APA e no APC neste teste diferenças estatisticamente significativas, ele
apresentou pequenas diferenças na amplitude do sinal normalizado RMS do sinal
EMG, bastante diferenciado em quase todas as condições de equilíbrio, tanto no
APA quanto no APC. Neste teste, não houve variação apenas na condição do
segundo movimento, no APA. No entanto, no teste de ANOVA, como divulgado
78
acima, obtivemos outros resultados com este músculo, mostrando diferenças
significativas.
Em relação a estes testes descritos acima (ANOVA, e o teste t de Student) o
fato de não ter encontrado resultados estatisticamente significativos (p<0,05) para as
outras condições, uma hipótese plausível é o procedimento que foi utilizado para a
normalização do sinal EMG. A escolha de normalização parece não ter sido a mais
adequada, não sendo apropriado para este tipo de procedimento, uma vez que na
observação das curvas dos valores RMS do sinal EMG, através de uma análise
qualitativa ficou evidente as variações dentre os grupos, com grande discrepância
dos valores nas comparações entre indivíduos. Ervilha, Duarte e Amadio (1998)
estes autores divulgaram um estudo que durante eventos dinâmicos, uma utilização
preferencial deste procedimento de normalização seria pela média e pelo pico do
sinal EMG observado durante o ciclo de cada movimento.
79
7 CONCLUSÃO
Considerando a população estudada e baseado nos resultados experimentais
desta pesquisa pode–se concluir os seguintes fatos:
A privação momentânea da visão afetou os ajustes posturais.
Mudanças no APA e no APC ocorrem no processo de equilíbrio após o
individuo ter realizado a tarefa de autoperturbação.
Na análise quantitativa alguns músculos se mostraram estatisticamente
iguais, mas na análise qualitativa do valor RMS foi observado em todos os músculos
grande variação dos mesmos entre a condição com e sem visão.
Esta restrição da visão pode indicar que os seres humanos sofrem interações
no processo de integração sensorial e no sistema neuromuscular (APA e APC) ao
detectar e resolver os conflitos sensoriais.
As informações sensitivas vestibulares e proprioceptivas muito embora ocorra
uma compensação do sistema neuromuscular envolvido no processo, parecem não
compensar plenamente a ausência de informações visuais quando o equilíbrio
instável é perturbado, necessitando de uma adaptação para adequar os APA(s) e
APC(s).
É esperado que, através de comparação entre os resultados encontrados até
o momento e ao realizar as sugestões descritas, possa-se elucidar possíveis
diferenças relacionadas à adaptação do sistema muscular durante a tarefa proposta
para este estudo.
80
8 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
Como sugestões para etapas futuras do presente estudo, é interessante
propor:
1.Calcular a co-ativação e inibição recíprocas entre os músculos agonistas e
antagonistas.
2.Realizar um pós-teste estatístico para comparar a média total dos grupos.
3.Incluir a análise estatística o tempo de ativação para o início do movimento.
4.Formar um terceiro grupo de deficientes visuais e realizar coletas de dados
relativos a este grupo e incluí-los na análise comparando com os resultados desta
pesquisa.
81
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86
APENDICE A - Termo livre e esclarecido de Consentimento
para Participação da Pesquisa
87
Termo livre e esclarecido de Consentimento para Participação da Pesquisa em
“A
JUSTE
P
OSTURAL
N
O PROCESSO DE EQUILÍRIO PÓS PERTURBAÇÃO AUTO GERADA EM
”.
INDIVIDUOS COM PRIVAÇÃO MOMENTÂNEA DA VISÃO
Voluntário: _______________________________________________
Endereço: _______________________________________________
Telefone: _______________________________________________
Esclarecimentos:
1.O voluntário não sofrerá qualquer risco durante o experimento. A pesquisa inclui o
uso de técnicas essencialmente não-invasivas. A eletromiografia de superfície,
implica no uso de eletrodos de superfície, será empregada para a captação da
atividade elétrica dos músculos reto abdominal, RA, eretor da espinha (EL) região
lombar, vasto lateral (VL), semitendinoso (ST), tibial anterior (TA) e gastrocnêmio
lateral (GL) do lado direito do corpo. A atual pesquisa tem como finalidade:
Avaliar a resposta dos músculos reto abdominal, RA, eretor da espinha (EL)
região lombar, vasto lateral (VL), semitendinoso (ST), tibial anterior (TA) e
gastrocnêmio lateral (GL) do lado direito do corpo após o movimento de extensão
do tronco 200 ms do ponto de equilíbrio.
Quantificar a atividade eletromiográfica dos músculos em questão após encontrar
o ponto de equilíbrio.Este estudo será desenvolvido nas dependências da DMR
(Divisão de Medicina e Reabilitação) no Laboratório de marcha (HC-FMUSP),
pela mestranda Tânia Dora Anastácio Fonseca, com a orientação do Prof. Dr.
Daniel Gustavo Goroso.
2..A coleta dos dados será feita em uma sessão, com duração prevista de uma a
duas horas no máximo.
3.Todas as informações requeridas pelo voluntário, bem como qualquer dúvida,
serão imediatamente consideradas e esclarecidas, deixando aberta ao mesmo a
possibilidade de interrupção de sua participação a qualquer momento.
4.Os pesquisadores comprometem-se a divulgar ao voluntário todos os resultados
obtidos durante o experimento.
5.Todas as despesas decorrentes da participação do voluntário, referente à
pesquisa, independente de sua natureza, são de total responsabilidade dos
pesquisadores.
88
6.O nome e o endereço do voluntário, bem como qualquer dado que possibilite sua
identificação, serão mantidos em sigilo absoluto.
7.Esta pesquisa foi elaborada e regulamentada de acordo com as normas e
diretrizes de pesquisa envolvendo seres humanos, atendendo a resolução n° 196,
de 10 de outubro de 1996, do Conselho Nacional de Saúde – Brasília – DF.
8. Telefones para contato: Tânia (11) 8182-4933.
9. Para maiores esclarecimentos entrar em contato com o Comitê de Ética no
telefone (11) 47987085.
Eu, ______________________________________________, em ___/___/____
confirmo que recebi uma cópia do termo de consentimento especificado,
concordando com os termos adotados acima.
___________________________
89
APÊNDICE B - Termo de compromisso
90
TERMO DE COMPROMISSO
Eu, ______________________________________________, portador do RG
________________________, estou ciente e de pleno acordo em participar
voluntariamente da pesquisa referente à “A
JUSTE
P
OSTURAL
N
O PROCESSO DE
EQUILÍRIO PÓS PERTURBAÇÃO AUTO GERADA EM INDIVIDUOS COM PRIVAÇÃO MOMENTÂNEA
DA VISÃO
, a ser realizada no período de março/2006 a dezembro/2006, na DMR
(Divisão de Medicina e Reabilitação) no Laboratório de marcha (HC-FMUSP),
sabendo que os resultados obtidos farão parte da Dissertação do Mestrado de
Engenharia Biomédica, bem como a divulgação de todos os resultados obtidos, sob
a orientação do Prof. Dr. Daniel Gustavo Goroso.
Mogi das Cruzes, _____ de ___________de 200__.
____________________________________
Voluntário:
RG
:_________________________________
_____________________________________
Mestranda: Tânia Dora Anastácio Fonseca
RG: 20 114 856 – 0
91
APÊNDICE C - Ficha de Avaliação
________________________________________________________
92
Universidade Mogi das Cruzes – UMC
NÚCLEO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS – NPT
HCFMUSP - FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
Dados pessoais:
Data: ________Horário: ______Pesquisa número: _____ Nome do arquivo: ____________
Nome:________________________________________Telefone:_____________
Data de nascimento:___________Idade:_______Sexo:_______Dominância:____
Peso:_______ Altura:________Tamanho do pé: _________ Largura do pé: _______
Pratica ou já praticou atividade física? Sim Não Já praticou
Qual?____________________Tempo:_______________Freqüência:____________
Obs.: _______________________________________________________________
Possui algum problema de saúde? Sim ( ) Não ( ) Qual (ais)? __________________
___________________________________________________________________
teve algum tipo de lesão grave ou alguma patologia na coluna ou em MMII
(Membros Inferiores)?
Sim Não Qual?______________________________________________
Faz uso de algum tipo de medicamento? Sim Não
Qual (ais)?__________________________________________
Teve algum tipo de dor na coluna ou nos MMII nos últimos 03 meses?
________________________________________________________________
INFORMAÇÕES TÉCNICAS:
Portador de Deficiência Visual: sim não
Número de testes realizados:
n.o.
Nome do arquivo gravado Obs.:
93
Plataforma de força:
Filtro Ordem Freqüência de corte Freqüência de amostragem
Filmagem:
Filtro Ordem Freqüência de corte Freqüência de
amostragem
___________________________________________________________________
EMG:
Filtro Ordem Freqüência de corte Freqüência de
amostragem
___________________________________________________________________
x
y
z
2
1
3
___
___
94
Posição dos eletrodos no sistema: 1 RA – 2 VL - 3 TA - 4 IL - 5 ST - 6 GN
Músculo Marcas Anatômicas e Linha de
referência
Posição da
ZI
Posição
utilizada
Semitendinoso A distância percentual da tuberosidade
isquiática até a parte medial da cavidade
poplítea
36,3 ± 4,0
(%)
(32.3 % a 40.3%)
Vasto lateral À distância (mm) ao longo de uma linha da
parte látero superior da patela até a espinha
ilíaca superior
94,0 ± 13,2
(mm)
(80.8mm a
107.2mm)
Gastrocnêmio
Lateral
A distância percentual da parte lateral do
tendão de Aquiles até a parte lateral da
cavidade poplítea
61,2 ± 5,1
(%)
(56.1 %a 66.3%)
Tibial anterior A distância percentual da tuberosidade da tíbia
até a linha inter maleolar
15,5 ± 4,2
(%)
(11.3% a 19.7%)
Ílio Costal
Lombar
L4 (quarta. Vértebra lombar) próximo aos
processos transversos de L4 (2 a 3 cm laterais)
Melhor sinal do reto
abdominal
Reto
Abdominal
Plano vertical, no meio do comprimento do
músculo ligeiramente acima da cicatriz
umbilical
Melhor sinal do reto
abdominal
Observações
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
vista anterior vista posterior
95
APÊNDICE D - Protocolo da coleta
96
PROTOCOLO DE COLETA
1. PREPARO DA SALA
Materiais: protocolo de atendimento, termo de consentimento, ficha de dados,
água, álcool, algodão, gazes, lápis dermatográfico, divã, lençol descartável,
fita adesiva crepe, gel, lâmina de barbear descartável, lixa, fita métrica,
tesoura, paquímetro, touca, óculos para vendar os olhos, calculadora,
marcadores reflexivos esféricos adesivos, eletrodos de superfície adesivos e
balança ergométrica.
2. PREPARO DOS MATERIAIS
2.1 Eletromiógrafo
Manutenção da bateria do eletromiógrafo carregado
2.2 Câmeras
Calibração das câmeras
2.3 Plataforma de força
Calibração das plataformas
3. PREPARO DO VOLUNTÁRIO
Identificação e consentimento;
Avaliação subjetiva das condições físicas;
97
Localização do ponto de fixação dos eletrodos; tricotomia, limpeza da pele
com álcool embebido em gaze, colocação dos eletrodos;
Localização e fixação dos marcadores reflexivos esféricos
Explanação da atividade
4. PRÉ-COLETA DE DADOS
Testar a qualidade da captação do sinal em repouso e movimento,
Identificar os 29 de marcadores reflexivos esféricos adesivos
Gravar o estático
Retirar os marcadores reflexivos esféricos mediais
5. INICIAR A COLETA DE DADOS
Nome do arquivo
Executar os 05 movimentos sem visão
Executar os 05 movimentos com visão
OBS: Aos deficientes visuais apenas uma fase
98
ANEXO A - Resolução CNS 196/96, do Conselho Nacional de
Saúde, de 10/10/96, processo n.o. 0003.0.237.000-06
99
100
ANEXO B - Ajuste postural no processo de equilíbrio instável em
indivíduos com privação momentânea da visão
101
102
103
104
105
ANEXO C - Estatística de Cluster para quantificar o ajuste
postural durante tarefas de movimento repetitivas em
indivíduos com visão preservada
106
107
108
109
110
111
112
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