Caracterizaçao do Grupo de Pais 18
A educação tem um papel fundamental na produção e reprodução cultural e
social e começa no lar/família, lugar da reprodução física e psíquica
cotidiana – cuidado do corpo, higiene, alimentação, descanso afeto -, que
constituem as condições básicas de toda vida social e produtiva. Como
processo de socialização, a educação tem duas dimensões: social –
transmissão de uma herança cultural às novas gerações através do trabalho
de várias instituições; e individual – formação de disposições e visões,
aquisição de conhecimentos, habilidades e valores. A dimensão individual é
subordinada à social no contexto de interesses objetivos e relações de
poder, neste caso baseadas na categoria idade-geração, seja na família,
seja na escola. (CARVALHO, online, 2005)
Sob este ângulo, avalisar-se-á a participação dos membros do grupo de
pais de pré-adolescentes do 2º semestre de 2007, nos quais foram feitas algumas
observações sobre queixas escolares.
Nestes grupos, a questão predominante correspondente ao pedido para
atendimento é a queixa escolar.
Neste contexto, inevitavelmente, surgem reflexões sobre como as políticas
de educação brasileira tratam da interação família-escola, sobre como se elaboram,
em quais referenciais se pautam tais políticas, e como são reproduzidas pelos
educadores.
A priori, em nome de uma pretensa interação dir-se-ia que sobrecarregam
as famílias, especialmente as mães, pressionando-as no sentido de buscar soluções
para as dificuldades escolares dos filhos, focando na família, a responsabilidade por
estes problemas, nem sempre considerando as limitações da própria escola.
O estresse que permeia as relações familiares, principalmente pela
sobrecarga das mães inseridas no mercado de trabalho, conseqüentemente reduz o
tempo de convivência com os filhos.
Ainda segundo Carvalho (2004), não é de se estranhar que haja uma
transferência de incumbências. A cada dia que passa vem se requerendo da escola,
que ela vá além de seu tradicional papel de transmissão da instrução acadêmica,
sobrepondo às suas já reconhecidas atividades outros aspectos.
De acordo com o modelo tradicional de delegação, a divisão de trabalho
educacional entre escola e família era clara: a tarefa da escola era a
educação acadêmica, enquanto a da família era a educação doméstica –
assim, as professoras não deveriam esperar da família mais do que
cuidados físicos e emocionais para que a criança chegasse à escola
preparada para aprender o currículo escolar. A tão falada crise da família –
divórcios, pais e mães estressados, mães trabalhadoras, mães chefes-de-
família sobrecarregadas, falta de tempo (em quantidade e qualidade) para
convivência com os/as filhos/as – reduziu seu papel no cuidado físico e