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Verificou-se que a circulação das plantas ocorre com maior
intensidade entre algumas pessoas da área de estudo (e também fora dela), ou seja, algumas
pessoas tendem a doar e/ou receber mais plantas, o que vai depender de algumas
características das famílias ou dos informantes. Como pode ser observado nos Apêndices de 2
a 7 em que estão as tabelas sobre as obtenções e doações por unidades familiares, algumas
aparecem como mais ativas tanto nas doações com nas recepções. É o caso das unidades 3, 8,
11 e 25. Em comum, apresentaram número maior de plantas em suas unidades produtivas, se
comparado com a média geral (média geral = 28,1; média das quatro unidades = 39,2); três
delas têm mais de uma área de cultivo (roça), localizada na zona rural, fato que amplifica a
rede de relacionamentos e, portanto, a possibilidade de aquisição de plantas. Deve-se
considerar também que são pessoas que, pelas suas características, como origem rural e
afinidade pelo cultivo de plantas, são movidas a sempre estar buscando novidades. Já outras
unidades familiares caracterizam-se por ter doado muito mais plantas do que ter recebido,
como as unidades 3, 21, 25 e 26. Em comum, todas apresentaram números de citação
elevados, e com exceção da unidade 25, todas as outras têm roças na zona rural. Estas
características assemelham-se às daquelas em que mais circulam as plantas. Há outras que se
destacam mais por apenas serem receptoras de plantas, como é o caso das unidades quatro, 7,
17, 23, 24 e 29. Fatores diversos que vão desde problemas na coleta de dados, em que as
pessoas têm dificuldade em lembrar-se para quem doou algumas plantas podem ter
influenciado os resultados. Este é o caso das unidades 4 e 24 que são representadas por
mulheres com idade avançada e que certamente já doaram mais plantas do que o registrado,
pois houve plantas que elas respondiam ao perguntar sobre doação: “ah, esta já dei demais,
nem sei mais para quem, muita gente já levou...”, assim, acredita-se que alguns dados estejam
subestimados. Já no caso das unidades sete, 17, 23 e 29 o curto tempo de moradia dos
informantes (que tem relação com o tempo de cultivo das plantas nos quintais) pode ter
interferido, pois há plantas de ciclo longo, como as fruteiras, que ainda não produziram e que,
portanto, ainda não forneceram material de plantio como sementes e estacas. Outro ponto em
comum entre eles, com exceção do número sete, é que todos cultivam apenas em seus quintais.
Observou-se que no geral, foram mais pessoas do sexo masculino que
doaram plantas às unidades familiares estudadas e também receberam das mesmas, como
encontrado por Alvarez et al (2005) em um estudo que focou no cultivo de sorgo em Duupa, e