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Florbela D´alma da Conceição Espanca, Flor Bela Lobo ou simplesmente,
Florbela Espanca (como ficou conhecida), nasceu na cidade alentejana de Vila
Viçosa, Portugal, em 08 de dezembro de 1894. Era filha de Antónia Lobo e seu
patrão, o republicano João Maria Espanca – casado com Mariana do Carmo Ingleza.
Precoce, Florbela escreve seu primeiro poema aos sete anos de idade e o primeiro
conto, intitulado “Mamã”, aos treze, em 1907. No ano seguinte, Antónia Lobo, a mãe,
morre vítima de uma neurose e, por conta disso, Florbela acompanha a família do
seu pai em mudança para outra cidade alentejana – Évora.
Durante sua curta vida, Florbela dedicou-se mais à escritura de poemas
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do
que à prosa: escreveu apenas dois livros de contos
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O Dominó Preto (1982) , As
Máscaras do Destino (escrito em 1927 e publicado em dezembro de 1931), e um
diário nomeado Diário do último ano (publicado pela Livraria Bertrand em 1981, com
um prefácio de Natália Correia). Florbela Espanca suicidou-se na cidade de
Matosinhos na passagem de 07 para 08 de dezembro de 1930, dia do seu
aniversário.
Para melhor entender a proposta da obra de Florbela Espanca é necessária a
apresentação do seu contexto histórico e cultural. Na transição do século XIX para o
século XX, em Portugal, o movimento do Saudosismo de Teixeira de Pascoaes e A
Águia atraíram poetas, tais como Fernando Pessoa e Mário de Sá-Carneiro. Numa
tentativa de superar a iniciação saudosista de Pascoaes, Fernando Pessoa, Mário
de Sá-Carneiro e outros
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fundaram a revista Orpheu (1915), com o objetivo de tornar
público seus ideais estéticos, nascendo, assim, o “movimento Orphista”. Na
introdução ao primeiro número da revista, Luís de Montalvor declarou o seguinte
objetivo:
Nossa pretensão é formar, um grupo ou idéia, um número escolhido
de revelações em pensamento ou arte, que sobre este princípio
aristocrático tenham em ORPHEU o seu ideal esotérico e bem
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Os poemas aparecem nas obras Livro de mágoas (junho de 1919), Livro de Soror Saudade (1923),
Charneca em flor (janeiro de 1931), Charneca em flor (abril de 1931, com 28 sonetos inéditos),
Reliquiae (1931) e Juvenília (outubro de 1931), que é composta de textos inéditos de Florbela,
publicados pelo professor Guido Battelli.
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Sua prosa consta, também, das Cartas de Florbela Espanca a Dona Júlia Alves e a Guido Battelli
(agosto de 1931), Cartas de Florbela Espanca (1949), e Trocando olhares (publicado em 1994 sob a
responsabilidade da crítica Maria Lúcia Dal Farra).
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Fizeram parte deste projeto juntamente com os poetas citados, Mário Beirão, Afonso Duarte, Raul
Leal, Luís de Montalvor (que lançou a idéia de publicarem a revista), Santa-Rita Pintor e o brasileiro
Ronald de Carvalho.