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RASSIOTTO
Dissertação apresentada ao Instituto de
Biociências da Universidade Estadual
Paulista “Julio de Mesquita Filho”,
Campus de Botucatu, para a obtenção do
título de Mestre em Ciências Biológicas
(Área de Concentração: Zoologia)
Botucatu-SP
2008
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NIVERSIDADE
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AULISTA
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NSTITUTO DE
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LIVEIRA
Dissertação apresentada ao Instituto de
Biociências da Universidade Estadual
Paulista “Julio de Mesquita Filho”,
Campus de Botucatu, para a obtenção do
título de Mestre em Ciências Biológicas
(Área de Concentração: Zoologia)
Botucatu-SP
2008
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FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA SEÇÃO TÉCNICA DE AQUISIÇÃO E TRATAMENTO
DA INFORMAÇÃO
DIVISÃO TÉCNICA DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAÇÃO - CAMPUS DE BOTUCATU - UNESP
BIBLIOTECÁRIA RESPONSÁVEL: Selma Maria de Jesus
Ortiz, Rinaldo José.
A espermatogênese, espermiogênese e a ultraestrutura dos espermatozóides
na família Doradidae (Teleostei: silurformes) e suas implicações filogenéticas
/ Rinaldo José Ortiz. – Botucatu : [s.n.], 2008.
Dissertação (mestrado) – Universidade Estadual Paulista, Instituto de
Biociências, Botucatu, 2008.
Orientadora: Irani Quagio-Grassiotto
Assunto CAPES: 20400004
1. Biologia celular 2. Peixe - Reprodução
CDD 574.8
Palavras-chave: Doradidae; Espermatogênese;Espermiogênese; Espermato-
zóide; Siluriformes
Botucatu, 14 de março de 2008.
BANCA EXAMINADORA
Profa. Dra. Irani Quagio-Grassiotto (Orientadora) ______________________________
(Assinatura)
Prof. Dr. Ricardo Cardoso Benine ______________________________
(Assinatura)
Prof. Dr. Carlos Alberto Vicentini ______________________________
(Assinatura)
Meus agradecimentos
- À Profa. Dra. Irani Quagio-Grassiotto pela orientação, atenção, dedicação, amizade e pelos
ensinamentos;
- Ao Prof. Dr. Claudio de Oliveira pela orientação, ajuda e amizade;
- Aos membros da Banca Examinadora pela disponibilidade e por ter aceitado fazer parte da
banca;
- Ao Prof. Dr. Adilson Fansozo pela oportunidade de participar das coletas em Ubatuba, pela
ajuda e pela amizade;
- Ao Departamento de Morfologia, I.B., UNESP, Botucatu pela oportunidade de realização da
pós-graduação;
- Ao técnico do Laboratório de Rotina em Biologia Celular e de Reprodução de Peixes
Neotropicais, Depto. de Morfologia, I.B., UNESP, Botucatu, Antônio Vicente Salvador pela
amizade, incentivo, ajuda e companheirismo;
- Ao técnico do Laboratório de Biologia e Ecologia de Peixes, Depto. de Morfologia, I.B.,
UNESP, Botucatu, Ricardo André S. Teixeira, pela ajuda e amizade;
- Ao Centro de Microscopia Eletrônica, I.B., UNESP, Botucatu e à sua supervisora Profa.
Dra. Elisa Aparecida Gregório, pela atenção e pela utilização das instalações;
- Aos técnicos do Centro de Microscopia Eletrônica, I.B., UNESP, Botucatu, Nivalde Antônio
Basso, Maria Helena Moreno e Claudete dos Santos Tardivo, pela amizade e por toda ajuda
prestada;
- À agência financiadora FAPESP, pelo apoio financeiro;
- Aos meus pais, Rinaldo e Lazara e à minha irmã, Cibele, pelo apoio, amor, carinho,
dedicação e incentivo;
- À minha esposa, Cleozita, pelo amor, carinho, dedicação e por sempre estar ao meu lado,
apoiando e incentivando;
- Ao meu tio João Paulo de Oliveira, pela ajuda nas coletas em Bertioga;
- À Clarianna M. B. Silva, pela amizade, ajuda, bate-papo e pela diversão;
- Aos amigos do laboratório Gisleine, Júlio, Renata e Talita, pelo companheirismo;
- Aos amigos que não estão mais no laboratório, Angélica, Ariene, Fernanda, João Paulo,
Rafael e Rosicleire;
- A todos que contribuíram de alguma forma.
SUMÁRIO
RESUMO 1
ABSTRACT 2
INTRODUÇÃO 3
OBJETIVOS 12
METODOLOGIA 13
RESULTADOS 15
DOCUMENTAÇÃO FOTOGRÁFICA 25
DISCUSSÃO 53
CONCLUSÕES 58
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 59
________________________________________
RESUMO
RESUMORESUMO
RESUMO
R
ESUMO
A ordem Siluriformes compreende um imenso e diversificado grupo de peixes, distribuído nas
regiões tropicais de todo o mundo. Apesar de bastante estudadas, as hipóteses de
relacionamento entre as famílias nessa ordem ainda o contraditórias, inclusive aquelas que
dizem respeito aos Doradidae. Os Doradidae compreendem uma famíla de bagres de água
doce, endêmica da América do Sul, facilmente reconhecíveis pela presença de uma fileira de
placas ósseas em ambos os lados do corpo e podem ser separados em dois grupos segundo a
presença de barbilhão maxilar simples ou ramificado. Compõem um grupo reconhecidamente
monofilético, cujas relações intra-genéricas são ainda pouco definidas. Os Doradidae
apresentam um complexo produtor de som compartilhado com algumas outras famílias de
Siluriformes com as quais guardam diferentes níveis de relações de parentesco. O estudo das
relações de parentesco entre as diferentes famílias de Siluriformes, e também entre os
diferentes gêneros e espécies de uma mesma família, em geral m por base características
osteológicas e de partes moles, além de dados moleculares. Sabe-se que as características
sexuais das espécies e conseqüentemente o tipo de espermatogênese e de espermiogênese, e a
morfologia dos espermatozóides podem conter traços filogenéticos e serem úteis nas análises
cladísticas. Portanto, nesse estudo, descreveu-se a espermatogênese, a espermiogênese e os
caracteres ultraestruturais dos espermatozóides, de representantes da família Doradidae.
Descreveu-se também a espermatogênese, a espermiogênese e os caracteres ultraestruturais
dos espermatozóides de representantes de Auchenipteridae e Ariidae. Os dados obtidos foram
testados em análises comparativas segundo as hipóteses vigentes sobre as relações de
parentesco: entre os representantes dos Doradidae; entre os Doradidae e os Auchenipteridae
seu suposto grupo irmão; entre os Doradoidea (Doradidae +Auchenipteridae) e o seu suposto
grupo irmão-Aspredinidae; e entre os Doradidae com a família Ariidae. Os diferentes tipos de
espermatogênese, espermiogênese e espermatozóides encontrados nos Doradidae refletem os
diferentes grupamentos intergenéricos propostos para a família. A comparação deste mesmo
tipo de dados entre Doradidae e Auchenipteridae revela poucas características compartilhadas,
aparentemente devido às modificações dos espermatozóides dos Auchenipteridae ao processo
de inseminação. As similaridades do tipo de espermatogênese, espermiogênese e dos
espermatozóides suportam a hipótese de Aspredinidae como grupo irmão de Doradoidea e
indicam uma posição basal para os Astrodoradinae em Doradidae. As características,
principalmente da espermatogênese e dos espermatozóides dos Doradidae frente aos Ariidae,
sugerem algum nível de relacionamento entre essas famílias.
_____________________________________
ABSTRACT
ABSTRACTABSTRACT
ABSTRACT
A
BSTRACT
The order Siluriformes comprises a large and diversify group of fishes, distributed throughout
the Tropical regions of the world. Despite the many studies available, the hypotheses about
the relationship among the families of Siluriformes are still controversial. The same occurs
within the family Doradidae. Doradidae is a monophyletic family of freshwater catfishes
endemic of the South America in which the inter-generic relationships are still not well
definite. Doradidae are easily externally recognizable by having a single row of bony plates
along the sides of the body, and they are often separated in two groups, one with simple and
the other with fimbriate maxillary barbels. Doradidae have a sound apparatus shared with
some other families of Siluriformes with different levels of relationship. The study of the
relationship among the different families of Siluriformes and also among the different genera
and species, in general, have based on bony and/or soft characteristics of the body, beside
molecular data. It is known that the sexual characteristics of the species, and consequently the
type of spermatogenesis and spermiogenesis, and also the sperm morphology, can have
phylogenetic traces and can be useful in the cladistic analysis. In the present study were
described the spermatogenesis and the spermiogenesis, and also the ultrastructural
characteristics of the spermatozoa of representatives of the family Doradidae. The
spermatogenesis and the spermiogenesis, and the ultrastructural characteristics of the
spermatozoa of representatives of the families Auchenipteridae and Ariidae were also
described. The data obtained were utilized in comparative analysis based on the actual
hypothesis about relationship: within the representatives of the Doradidae; among the
representatives of the Doradidae and the Auchenipteridae, its supposed sister-group; between
the Doradoidea (Doradidae + Auchenipteridae) and the Aspredinidae, its supposed sister-
group; and between the Doradoidea and the Ariidae. The different types of spermatogenesis,
spermiogenesis and spermatozoa found in Doradidae reflect the different intergeneric groups
proposed to the family. The comparison of these data between Doradidae and
Auchenipteridae reveal a few shared characteristics, apparently due to the sperm
modifications of the Auchenipteridae to the inseminating process. The similarities of the types
of spermatogenesis, spermiogenesis and spermatozoa support the proposal that Aspredinidae
and Doradoidea are sister-groups, and indicate a basal position of Astrodoradinae within
Doradidae. The mainly characteristics of the spermatogenesis and spermatozoa of the
Doradidae face to Ariidae suggest some level of relationship between these families.
_________________________________
INTRODUÇÃO
INTRODUÇÃOINTRODUÇÃO
INTRODUÇÃO
I
NTRODUÇÃO
Os peixes neotropicais de água doce
É enorme a diversidade e complexidade da ictiofauna de águas continentais
neotropicais, em especial as sul-americanas. Conforme Reis e colaboradore (2003) a
ictiofauna de águas continentais centro e sul-americanas, com 4.475 espécies efetivamente
descritas, é dominada, tanto em termos de diversidade taxonômica quanto em biomassa, por
peixes da superordem Ostariophysi, série Otophysi, que alcançam aproximadamente 73% das
espécies descritas, divididas primariamente entre as ordens Siluriformes (15 famílias e
aproximadamente 37% das espécies) e Characiformes (14 famílias e aproximadamente 33%
das espécies) e, secundariamente, a ordem Gymnotiformes (cinco famílias e
aproximadamente 3% das espécies); as espécies restantes dividem-se entre a família Cichlidae
- da ordem Perciformes (aproximadamente 9%), a ordem Cyprinodontiformes
(aproximadamente 12%), ambas da superordem Acanthopterygii, e ainda todo um conjunto
(aproximadamente 7% do total de espécies) formado por rios grupos taxonômicos.
(Potamotrygonidae, Lepidosirenidae, Osteoglossidae, Engraulidae, Clupeidae, Synbranchidae,
Sciaenidae, Gobiidae, Nandidae, Belonidae, Tetraodontidae etc.).
Os estudos sistemáticos dos peixes neotropicais, com base em dados morfológicos,
têm-se expandido consideravelmente nos últimos anos (ver referências em MALABARBA et
al., 1998), principalmente após a incorporação de novas técnicas de obtenção e interpretação
de dados. Entre estas técnicas está o uso da metodologia de análise filogenética, proposta
inicialmente por Hennig (1966) e implementada por diversos autores. Apesar dos notáveis
progressos, muito ainda resta a ser conhecido sobre a filogenia dos diversos grupos, devido à
imensa magnitude da biodiversidade neotropical.
A Sistemática, estudo das relações evolutivas entre os organismos, é a área da
Biologia para a qual convergem todas as demais áreas. Considerando que a história evolutiva
dos organismos está associada às mudanças climáticas e geográficas ocorridas durante a
história do planeta, a elucidação das relações filogenéticas entre os seres vivos permite não
o estudo da sua evolução, como também é base para estudos biogeográficos e ecológicos
(FUTUYMA, 1992). O conhecimento acerca da diversidade biológica é o ponto de partida
para todos os estudos sicos ou aplicados relacionados às ciências da vida e o
reconhecimento de espécies, bem como a habilidade de nomeá-las, é fundamental para o
estudo da ecologia, comportamento, evolução e todas as outras disciplinas relacionadas aos
organismos (SAVAGE, 1995).
A ordem Siluriformes
A ordem Siluriformes compreende um grupo de peixes extremamente grande, diverso
e amplamente distribuído nas regiões tropicais de todo o mundo (TEUGELS, 1996;
FERRARIS, 1998). Sua enorme diversidade ecológica e evolucionária a faz foco de muitos
estudos (FINK e FINK, 1981; de PINNA, 1998; SULLIVAN et al., 2006). A ordem
Siluriformes está incluída na superordem Ostariophysi, um grupo de peixes ósseos que
somam algo em torno de três quartos dos peixes de água doce do mundo.
Os peixes da ordem Siluriformes, em geral, habitam o fundo dos rios, permanecendo
entre as rochas e a vegetação. Possuem formas e tamanhos extremamente variados, com
hábitos predominantemente crepusculares e noturnos (FERRARIS, 1998). São caracterizados
principalmente: pela total ausência de escamas sobre o corpo; presença de barbilhões e
freqüentemente um acúleo forte e pungente a frente do primeiro raio das nadadeiras dorsais e
peitorais, capazes de infringir graves ferimentos e em algumas espécies, injetar um veneno
produzido por células glandulares localizadas no tecido epidérmico que cobre estes acúleos. O
corpo desprovido de escamas pode ser revestido por uma pele espessa, popularmente
conhecida como couro, ou então, coberto total ou parcialmente com placas ósseas; geralmente
possuem três pares de barbilhões, provavelmente utilizados para localizar alimentos no fundo
e orientar sua natação (ALEXANDER, 1965; PAXTON e ESCHMEYER, 1998).
A grande maioria dos peixes da ordem Siluriformes está presente em ambientes de
água doce, sendo que apenas duas famílias, Ariidae e Plotosidae têm representantes
exclusivamente marinhos. Sua distribuição parece ser limitada pela temperatura, uma vez que
a maioria habita as regiões Tropical e Neotropical, e poucas são aquelas que alcançam o
extremo sul da América do Sul ou o extremo norte da América do Norte (NELSON, 2006).
Apesar da importância científica e econômica dos Siluriformes, o grupo apresenta
ainda inúmeros problemas sistemáticos e taxonômicos. Mesmo o consenso geral de que a
família Diplomystidae constituiria o grupo irmão de todos os outros Siluriformes, tem sido
questionado com base em dados moleculares (SULLIVAN et al., 2006). O estudo de de
Pinna (1998) sobre a sistemática de representantes de todos os principais grupos dessa ordem
indicou, com base em dados morfológicos, que algumas famílias formam agrupamentos
polifiléticos enquanto vários grupos tradicionais tiveram seu monofiletismo confirmado.
Sullivan e colaboradores (2006), em um recente estudo dessa mesma ordem, com base em
dados moleculares, recupera alguns dos grupos de de Pinna (1998), indica novos grupos e
apresenta uma nova proposta de relacionamento entre estes.
A família Doradidae
Os Doradidae, com espécies variando de 3,5 cm a 120 cm de comprimento,
compreendem uma famíla de bagres de água doce, endêmica na América do Sul. São
facilmente reconhecíveis pela presença de uma fileira de placas ósseas em ambos os lados do
corpo, disposta na região mediana, desde a parte de trás da cabeça aa base da nadadeira
caudal. No centro de cada uma dessas placas existe um espinho curvo voltado para trás. A
maioria das espécies é também caracterizada por um escudo cefálico bem desenvolvido, boca
subterminal, processo umeral grande e exposto, acúleos robustos e serrilhados nas nadadeiras
peitorais e na dorsal, e corpo ventralmente achatado. Considerados onívoros oportunistas,
pouco se sabe sobre a sua ecologia, história de vida e biologia reprodutiva (SABAJ e
FERRARIS, 2003).
A revisão taxonômica dos Doradidae realizada por Eigenmann (1925) reconheceu 68
espécies válidas em 26 gêneros incluindo 9 novas espécies e 10 novos gêneros. Fernández-
Yépez (1968), em revisão dos Doradidae da Venezuela, com várias descrições, resultou em
um total de 16 novas espécies, 5 novos gêneros e muitos sinônimos aparentes ou
questionáveis. Juntos Eigenmann (1925) e Fernández-Yepéz (1968) reconheceram 37
gêneros e aproximadamente 80 espécies em Doradidae. A família Doradidae é hoje
reconhecida como constituída por 72 espécies válidas em 30 gêneros (SABAJ e FERRARIS,
2003), porém novas espécies continuam sendo descritas (SOUZA e PY-DANIEL, 2005;
SABAJ, 2005).
A despeito de ser um grupo de peixes comum, bem definido e conspícuo, Doradidae
até a pouco tempo atrás era praticamente desconhecido em termos das suas relações
filogenéticas. Há cerca de 10 anos, na primeira análise cladística dos Doradidae, com base em
115 caracteres morfológicos (mais 85 autopomorfias), Higuchi (1992) demonstrou a
monofilia do grupo e apresentou uma filogenia para 32 gêneros, três dos quais permanecem
não validados. No cladograma de Higuchi (1992) Wertheimeria e Franciscodoras aparecem
como grupos-irmãos sucessivos dos outros Doradidae, com o restante dos gêneros formando
três clados reconhecidos como subfamílias (Platydoradinae, Astrodoradinae e Doradinae),
cujo relacionamento entre si permanece não resolvido. O trabalho de Moyer e colaboradores
(2004) com base em dados moleculares e morfológicos sobre as relações filogenéticas dos
Doradidae confirma a monofilia do grupo, mas conflita com as com a classificação supra
genérica proposta por Higuchi (1992). Somente um dos grupos intra familial, Astrodoradinae,
de Higuchi (1992) é recuperado nas análises de Moyer e colaboradores (2004).
Os Doradidae são freqüentemente separados em dois grupos facilmente
reconhecíveis, um com barbilhões maxilares simples e outro com barbilhões maxilares
ramificados (SABAJ e FERRARIS, 2003). Para Higuchi (1992) os Doradidae com barbilhões
simples incluem as espécies mais basais e formam um grupo o monofilético enquanto os
táxons com barbilhões ramificados constituem um grupo monofilético.
Uma particularidade da morfologia dos Doradidae é a presença de um complexo
estrutural, uma espécie de mola elástica, que permite a produção de sons através da interação
entre a bexiga natatória e modificações da região anterior da coluna vertebral, num arranjo
especial envolvendo a parapofise da quarta vértebra, a bexiga natatória, músculos e
ligamentos. Esta particularidade é compartilhada com a família sul-americana,
Auchenipteridae e com a africana, Mochokidae, que junto com Doradidae, segundo Pinna
(1998), constituem o grupo comumente referido como Doradoidea ou Doradoidei. Para este
mesmo autor, a super família Doradoidea compreende o grupo monofilético formado pelos
Doradidae mais Auchenipteridae (incluindo Ageinosidae e Centromochlidae) (BRISTKI,
1972; FERRARIS, 1998; CURRAN,1989) enquanto a subordem Doradoidei inclui os
Doradidae neotropicais mais os peixes africanos da família Mochokidae.
A ocorrência deste mesmo complexo produtor de som em Ariidae conduziu a
proposição de um grupo monofilético entre estes e os Doradoidei (ROYERO, 1999; MO,
1991; LUNDBERG, 1993). Ocasionalmente Malapteruridae e Pangasiidae também têm sido
incluídos neste grupo, porém investigações mais detalhadas são ainda necessárias para a sua
confirmação (de PINNA, 1998).
No estudo de Britto (2003), por outro lado, os Doradoidei fazem parte de um clado
incluindo a maioria das famílias de Siluriformes e grupo irmão de um grupo composto pelas
famílias Pimelodidae e a subfamília Claroteinae, e pelas famílias Bagridae, Cranoglanididae,
Austroglanididae, Pangasiidae, Schilbidae, Ancharidiidae e Ariidae, além do gênero
Horabagrus. Numa proposta considerada pouco robusta pelo próprio autor.
Friel (1994), alternativamente propõe Aspredinidae como grupo irmão dos
Doradoidei. A filogenia molecular, de Sullivan e colaboradores (2006), confirma a proposta
de Friel (1994), ao considerar Aspredinidae como grupo irmão de Doradoidea (Doradidae +
Auchenipteridae).
Os caracteres reprodutivos masculinos
Embora o conhecimento atual sobre o padrão de relacionamento entre os Siluriformes
tenha sido inferido com base em caracteres morfológicos, outros dados parecem ser
potencialmente úteis no estudo do grupo. Várias das características reprodutivas das espécies
podem conter traços filogenéticos. A estrutura gonadal dos Teleostei mostra diferenças
marcantes entre os grupos mais basais e os grupos mais derivados, os Neoteleostei (PARENTI
e GRIER, 2004). Regiões diferenciadas quanto à função, anexos, e a presença de reservatórios
para o esperma no aparelho reprodutor, em especial nos Siluriformes (LOIR et al., 1989)
constituem uma outra fonte de dados que começa a ser melhor explorada.
A espermatogênese e a ultraestrutura dos espermatozóides têm sido estudadas em
vários grupos de peixes (JAMIESON, 1991; MATTEI, 1970; 1991) e a utilidade deste tipo de
dado na identificação do padrão de relacionamento, particularmente entre famílias, tem sido
amplamente reconhecido. Hoje, descrições detalhadas sobre os espermatozóides encontram-se
disponíveis para as seguintes famílias de Siluriformes: Diplomystidae (QUAGIO-
GRASSIOTTO et al., 2001); Cetopsidae (SPADELLA, 2004); Amblycipitidae (LEE e KIM,
1999); Aspredinidae (MANSOUR e LAHNSTEINER, 2003); Nematogenyidae (SPADELLA,
2004), Trichomycteridae (MANSOUR e LAHNSTEINER, 2003; SPADELLA, 2004);
Loricariidae, (SPADELLA, 2004); Callichthydae (SPADELLA, 2004); Clariidae
(MANSOUR et al., 2002); Siluridae (EMEL’YANOVA e MAKEYEVA, 1992; KWON et
al., 1998; LEE e KIM, 2001); Ictaluridae (JASPERS et al., 1976; POIRIER e NICHOLSON,
1982; EMEL’YANOVA e MAKEYEVA, 1991; EMEL’YANOVA e MAKEYEVA, 1992);
Auchenipteridae (BURNS et al., 2002; BURNS e WEITZMAN, 2005); Pimelodidae
(QUAGIO-GRASSIOTTO e CARVALHO, 2000; QUAGIO-GRASSIOTTO e OLIVEIRA,
2008); Bagridae (EMEL’YANOVA e MAKEYEVA, 1992; LEE, 1998; KIM e LEE, 2000;
MANSOUR e LAHNSTEINER, 2003); Pseudopimelodidae e Heptapteridae (QUAGIO-
GRASSIOTTO et al., 2005). Informações não detalhadas estão disponíveis sobre os
espermatozóides de Heteropneustidae (NATH e CHAND, 1998); Malapteruridae (desenhos
esquemáticos - MATTEI, 1991); Mochokidae (desenhos esquemáticos - MATTEI, 1991);
Doradidae (QUAGIO-GRASSIOTTO, 2002); Schilbidae (desenhos esquemáticos - MATTEI,
1991); Ariidae (desenhos esquemáticos - MATTEI, 1991); e Conorhynchus conirostris
(LOPES et al., 2004). Não existem dados sobre os espermatozóides dos Amphiliidae;
Chacidae, Plotosidae, Auchenoglanidinae, Austroglanididae, Horabagrus, Cranoglanididae,
Pangasiidae, Claroteinae e Anchariidae.
O aparelho reprodutor masculino
Nos Teleostei, e particularmente nos Siluriformes, o aparelho reprodutor masculino
pode apresentar uma série de diferenciações. Os testículos variam de simples bolsas alongadas
que convergem para a papila genital, a órgãos compostos por várias franjas com função
predominantemente espermatogênica, contendo regiões diferenciadas com função secretora
ou armazenadora de esperma. Alguns grupos chegam inclusive a apresentar estruturas
similares em função a vesículas seminais, as ampolas (para revisão ver LOIR et al., 1989).
A presença de regiões diferenciadas nos testículos e estruturas anexas no aparelho
reprodutor parece conter traços filogenéticos (LOIR et al., 1989). Apesar da potencial
aplicabilidade deste tipo de dado para o conhecimento das relações de parentesco entre as
espécies, informações sobre a anatomia testicular e seus anexos encontram-se disponíveis
apenas em algumas das famílias de Siluriformes. Sejam elas: Helogeneidae (LOIR et al.,
1989), Ariidae (LOIR et al., 1989), Bagridae (LOIR et al., 1989; MANSOUR e
LANHSTEINER, 2003), Pimelodidae (atualmente subdividida em Pimelodidae,
Heptapteridae, Pseudopimelodidae e incertis sedis) (LOIR et al., 1989; SANTOS et al., 2001;
CRUZ e SANTOS, 2004; LOPES et al., 2004; SANTOS et al., 2004), Loricariidae (LOIR et
al., 1989; MANSOUR e LANHSTEINER, 2003), Callichthydae (LOIR et al., 1989;
MANSOUR e LANHSTEINER, 2003), Auchenipteridae (LOIR et al., 1989; MEISNER et
al., 2000) e Ageneiosidae (LOIR et al., 1989), Aspredinidae (MANSOUR e LANHSTEINER,
2003).
Nos Teleostei, a organização do compartimento germinativo no interior dos testículos
- em lóbulos ou em túbulos - também encerra informações de caráter filogenético (PARENTI
e GRIER, 2004). Os conceitos morfológicos contidos nos termos “lóbulo” e “túbulo” têm por
base o formato e a maneira como o compartimento germinativo termina na periferia do
testículo (GRIER, 1993).
Nos testículos lobulares, o compartimento germinativo termina em fundo cego e com
formato de dedos voltados para baixo. Pode sofrer anastomoses, porém apenas na região do
ducto principal. Esse tipo de organização testicular é encontrado nos Teleostei mais
derivados, Percomorpha e Atherinomorpha. Nos testículos tubulares, o compartimento
germinativo termina em forma de alças. Nos Teleostei mais basais, os túbulos sofrem
anastomoses em diferentes alturas do órgão, principalmente na região do ducto espermático.
Esse último tipo de organização testicular é denominado de tubular anastomosado (GRIER,
1993).
a classificação dos testículos conforme a distribuição das espermatogônias é válida
somente para os testículos lobulares (GRIER, 1981; 1992). Esses podem conter
espermatogônias confinadas apenas na porção distal dos lóbulos, e serem restritos, ou
apresentarem as espermatogônias distribuídas ao longo de todo o lóbulo, e serem irrestritos
(GRIER, 1992). Os testículos lobulares restritos o típicos dos Atherinomorpha, enquanto
que os irrestritos são encontrados nos Percomorpha (GRIER, 1993).
Parenti e Grier (2004) num levantamento recentemente concluído sobre a estrutura
testicular nos Teleostei, contabilizando 136 descrições, confirmam esses dados.
A espermiogênese e a ultraestrutura dos espermatozóides
Tendo por base a estrutura, organização celular e o tipo de fertilização, os gametas
masculinos dos animais em geral são classificados em primitivos ou modificados. Entende-se
por primitivo os espermatozóide dos animais com fertilização externa, liberados no meio
aquático. Estes apresentam, numa seqüência antero-posterior: acrosoma; núcleo esférico; dois
centríolos, sendo que o distal se diferencia em corpúsculo basal e origem ao axonema do
flagelo; mitocôndrias arredondadas e pouco numerosas e flagelo contendo apenas o axonema
básico do tipo 9 + 2 (FRANZÉN, 1970). Os espermatozóides dos peixes têm sido
considerados como do tipo primitivo. No entanto, os estudos de Jamieson (1991) e Mattei
(1991) apontam para o equivoco desta classificação e mostram que a diversidade de formas
apresentadas por estes espermatozóides é imensa. Além disso, os espermatozóides tidos como
primitivos estão presentes em grupos de peixes “superiores”, enquanto grupos “inferiores”
apresentam espermatozóides estruturalmente considerados avançados. Ambos autores
mostram também que entre os peixes, os espermatozóides do tipo primitivos são encontrados
apenas entre os Neopterygii onde constituem forma dominante.
Segundo Jamieson (1991), os espermatozóides dos Neopterygii podem ter se
desenvolvido secundariamente a partir de formas mais complexas. Além disso, neste grupo de
peixes os espermatozóides não possuem acrosoma. Esta ausência vem acompanhada da
presença da micrópila nos ovos destes animais (JAMIESON, 1991). A micrópila é uma
abertura no envoltório do ovo que permite a passagem do esperatozóide no momento da
fertilização (AMANZE E IYENGAR, 1990).
Conforme Mattei (1970), nos espermatozóides dos peixes, o eixo flagelar pode
posicionar-se paralela ou perpendicularmente ao núcleo. Estas posições resultam da
ocorrência ou não da rotação e caracteriza dois tipos de espermiogênese tipo I e II,
respectivamente. Na espermiogênese do Tipo I, a espermátide jovem apresenta núcleo central,
mitocôndrias esparsas pelo citoplasma, e diplosoma próximo à membrana plasmática. O
centríolo distal diferencia-se em corpúsculo basal e da origem ao flagelo. O complexo
centriolar movimenta-se em direção ao núcleo, trazendo a membrana e o segmento inicial do
flagelo que se invaginam. Forma-se assim um canal entre a membrana flagelar e a
espermática, o canal citoplasmático. O flagelo dispõe-se tangencialmente ao núcleo e nesta
face do contorno nuclear forma-se uma depressão ou fossa. O núcleo sofre uma rotação de
90° em relação ao eixo flagelar e o complexo centriolar se insere na fossa nuclear. A
depressão determina a base do núcleo, região para a qual migram as mitocôndrias. Variações
neste tipo de espermiogênese resultam em um canal citoplasmático pequeno ou inexistente, o
mesmo ocorrendo com a fosseta ou fossa nuclear. Na espermiogênese do tipo III,
recentemente descrita (QUAGIO-GRASSIOTTO e OLIVEIRA, 2008), o desenvolvimento do
flagelo é medial, o núcleo o sofre rotação e a fossa nuclear e o canal citoplasmático não se
formam. A espermiogênese nos Siluriformes pode ser do tipo I (QUAGIO-GRASSIOTTO et
al., 2001) ou do Tipo III (QUAGIO-GRASSIOTTO e CARVALHO, 2000; QUAGIO-
GRASSIOTTO et al., 2005; QUAGIO-GRASSIOTTO e OLIVEIRA, 2008).
As espermiogênese do tipo I e do tipo III resultam na formação de espermatozóides
aquáticos do tipo I (JAMIESON, 1991). Em geral estes gametas possuem núcleo pequeno, de
forma ovóide ou arredondada. Os centríolos, em ângulos variados, situam-se total ou
parcialmente na fossa nuclear, quando esta está presente. A peça intermediária é pequena e
forma um colar ao redor da região inicial do flagelo. As mitocôndrias, pequenas e pouco
numerosas, situam-se no colar citoplasmático, separadas do início do flagelo por um espaço
existente entre as membranas plasmáticas e flagelar, o canal citoplasmático. O flagelo
apresenta o axonema clássico formado por nove duplas de microtúbulos periféricos e um par
central. A membrana flagelar pode ou não apresentar 1,2 ou 3 projeções laterais ou “fins”.
Variações neste tipo de espermatozóides são observadas principalmente quanto a presença e
dimensão da fossa nuclear, tamanho e quantidade de mitocôndrias e número de flagelos
(JAMIESON, 1991; MATTEI, 1991).
Em espécies de uma mesma família, a estrutura dos espermatozóides é bastante
conservativa (BACCETTI et al., 1984; JAMIESON, 1991; MATTEI, 1991; QUAGIO-
GRASSIOTTO et al., 2003; 2005; SPADELLA, 2004), tornando sua caracterização bastante
útil na identificação de padrões de relacionamento interfamiliar. Jamieson (1991) resume o
conhecimento a respeito da estrutura dos espermatozóides para os diversos grupos de peixes,
assinalando as modificações estruturais que ocorreram em cada linhagem. Atualmente vários
grupos são suportados com base na estrutura de seus espermatozóides. Por exemplo, a
monofilia da superordem Elopomorpha que é corroborada por cinco sinapomorfias derivadas
da estrutura dos espermatozóides (JAMIESON, 1991).
Particularmente com relação aos Siluriformes, o estudo da espermiogênese e da
ultraestrutura do espermatozóide de Diplomystes mesembrinus, a família a então
considerada mais primitiva da ordem, mostrou que várias características encontradas nessa
espécie não são encontradas nos demais Siluriformes ou em outros Ostariophysi (QUAGIO-
GRASSIOTTO et al., 2001). Por outro lado as similaridades observadas entre o
espermatozóide de D. mesembrinus e daqueles encontrados entre os Clupeiformes suportam a
hipótese de que Clupeomorpha e Ostariophysi são grupos irmãos (QUAGIO-GRASSIOTTO
et al., 2001). Mais, as diferenças ultraestruturais existentes entre os espermatozóides de
Conorhyncus conirostris e aqueles dos Pseudopimelodidae, Heptapteridae e Pimelodidae
(todos eles anteriormente considerados como parte da grande família Pimelodidae) suportam a
proposta de Ferraris (2003) de que C. Conirostris o parece fazer parte de nenhuma destas
três famílias.
Tem-se, portanto, que os estudos dos caracteres reprodutivos masculinos,
particularmente da espermatogênese, da espermiogênese e da ultraestrutura dos
espermatozóides podem ser bastante úteis para as análises das relações de parentesco entre os
diferentes gêneros de Doradidae, entre os componentes da superfamília Doradoidea, e
também da relação dos Doradoidei com as demais famílias de Siluriformes.
_____________________________________
OBJETIVOS
OBJETIVOSOBJETIVOS
OBJETIVOS
O
BJETIVOS
Dado o potencial de aplicabilidade das informações sobre o sistema sexual para os
estudos filogenéticos:
-descreve-se aqui a espermatogênese, a espermiogênese e a ultraestrutura dos
espermatozóides de representantes dos Doradidae, pertencentes às subfamílias Astrodoradinae
e Doradinae (sensu HIGUCHI, 1992).
-descreve-se também espermatogênese, a espermiogênese e a ultraestrutura dos
espermatozóides de representantes das famílias Auchenipteridae e Ariidae;
-tendo como hipótese inicial de trabalho as filogenias propostas por Higuchi (1992) e
Moyer e colaboradores (2004) para os Doradidae, testou-se com base nas características da
espermatogênese, da espermiogênese e da ultraestrutura dos espermatozóides, as hipóteses de
relacionamento, hoje disponíveis para o grupo;
-
tendo como hipótese inicial de trabalho a separação dos Doradidae em dois grupos
conforme apresentem barbilhões maxilares simples ou ramificados (SABAJ e FERRARIS,
2003), testou-se com base nas características da espermatogênese, da espermiogênese e da
ultraestrutura dos espermatozóides, a validade desta separação;
-tendo como hipótese inicial de trabalho as filogenias propostas por de Pinna (1998),
Britto (2003) e Sullivan e colaboradores (2006) para os Siluriformes, testou-se com base nas
características da espermatogênese, da espermiogênese e da ultraestrutura dos
espermatozóides, as hipóteses de relacionamento, hoje disponíveis para os Doradoidea
(Doradidae + Auchenipteridae) e também suas supostas relações com os Ariidae.
________________________________
METODOLOGIA
METODOLOGIAMETODOLOGIA
METODOLOGIA
M
ETODOLOGIA
Materiais
Foram coletados exemplares machos, sexualmente maduros, representantes da família
Doradidae nas bacias hidrográficas da América do Sul, principalmente na Bacia do Rio
Paraná. As amostras de Trachelyopterus striatulus (Auchenipteridae) foram gentilmente
cedidas por Alberto Akama, a partir de espécimens coletados no Rio Jucuriçu, Município de
Alcobaça, Bahia. Foram também coletados exemplares da família Ariidae, na região costeira
de São Paulo, que foram utilizados como grupo externo. Os machos sexualmente maduros
tiveram o aparelho reprodutor retirado, e conservado para análise.
Métodos
Após os exemplares coletados terem sidos anestesiados com uma solução de
benzocaína obtida a partir da diluição de 0,5g de benzocaína em 5 ml de álcool absoluto e 5 L
de água, estes foram dissecados para a retirada dos testículos. A maioria dos exemplares
utilizados foi subseqüentemente fixada em formos 10%, conservada em álcool 70% e
depositada na coleção de peixes do Laboratório de Biologia de Peixes, Departamento de
Morfologia, Instituto de Biociências, UNESP, São Paulo, como espécimens-testemunho.
Os testículos foram seccionados transversalmente na região mediana e fixados em
solução de glutaraldeído 2% e paraformaldeído 4% em tampão fosfato Sorensen, 0,1M a pH
7,2 por pelo menos 24 horas. Os testículos selecionados foram então processados para a
análise ao microscópio eletrônico de transmissão, seguindo o protocolo:
lavagem em tampão fosfato 0,1M pH 7,3 (3x de 15 minutos);
pós-fixação em solução de tetróxido de ósmeo 1% no mesmo tampão, no escuro (2
horas);
lavagem em água destilada (3x de 5 minutos);
contrastação em bloco com solução aquosa de acetato de uranila 0,5% (2 horas);
desidratação em seqüência crescente de soluções de acetona;
embebição em mistura de resina Araldite® e acetona 100% (12 horas);
embebião em resina pura na estufa à 37º C (1 hora);
inclusão em resina pura e polimerização em estufa à 60º C (72 horas).
Os cortes semifinos (0,5 µm), confeccionados em micrótomo Leica RM 2165,
equipado com navalha de vidro, foram corados com solução de azul de metileno 1% em
solução de bórax 1% e examinados em microscópio fotônico para seleção das áreas
específicas para o estudo ao microscópio eletrônico de transmissão.
Após esta análise, os blocos contendo o material selecionado foram desbastados e em
seguida feitos os cortes ultrafinos. Estes foram obtidos no ultramicrótomo Leica Ultracut
UCT, equipado com navalha de diamante, coletados em telas de cobre, sem filme suporte e
contrastados em acetato de uranila a partir de uma solução saturada preparada em etanol 50%,
por 20 minutos, no escuro. Após lavagem por várias vezes em álcool 50%, o material sofre
nova contrastação em citrato de chumbo por 20 minutos, seguida de lavagem, por várias
vezes, em água destilada. Os cortes assim preparados foram observados ao Microscópio
Eletrônico de Transmissão Philips – CM 100 e fotografados em filme 35mm da Kodak
(Eastman 5302). As cópias fotográficas foram feitas em papel fotográfico da Kodak
(Kodabrome RC Print). Com base nas elétron-micrografias obtidas, foram descritas as
características ultraestruturais da espermiogênese e dos espermatozóides das espécies das
famílias anteriormente mencionadas.
Tabela 1 –
Lista das espécies utilizadas neste estudo e dos seus respectivos locais de coleta.
FAMÍLIA ESPÉCIE LOCALIDADE
Ariidae Genidens genidens
Bertioga, SP
S24°03’ W47°59’
Doradidae
Subfamília
Astrodoradinae
Doradinae
Anadoras weddellii
Rhinodoras dorgibnyi,
Pterodoras granulosus,
Oxydoras kneri
Trachydoras paraguayensis
Região do Rombado, afluente Poconé, MT
S16°25,680’ W56°25,143’
Rio Cuiabá, Ponte velha – Porto, MT
S15°61’ W56°10’
Rio Cuiabá, Ponte velha – Porto, MT
S15°61’ W56°10’
Rio Cuiabá, Ponte velha – Porto, MT
S15°61’ W56°10’
Região do Rombado, afluente Poconé, MT
S16°25,680’ W56°25,143’
Auchenipteridae Trachelyopterus striatulus Rio Jucuriçu Município de Alcobaça, BA
S17°04’ W40°04’
__________________________________
RESULTADO
RESULTADORESULTADO
RESULTADOS
SS
S
R
ESULTADOS
A
RIIDAE
Genidens genidens
Espermatogênese
A espermatogênese em Genidens genidens é semi-cística. O desenvolvimento das
células germinativas até a meiose ocorre no interior de cistos no epitélio germinativo. Finda a
meiose os cistos se abrem e liberam as espermátides na luz do compartimento luminal dos
testículos. As espermátides recém liberadas dos cistos formam conjuntos de células
interconectadas por pontes citoplasmáticas. As espermátides perdem as pontes citoplasmáticas
e diferenciam. A diferenciação é assincrônica, e espermátides bem como espermatozóides
convivem no compartimento luminal do testículo (fig.01 A).
Espermiogênese
Em G. genidens as espermátides iniciais, interconectadas pelas pontes citoplasmáticas,
tem formato arredondado, núcleo esférico com cromatina descondensada, poucas
mitocôndrias e algumas vesículas no citoplasma. As mitocôndrias concentram-se num dos
pólos da célula onde se encontra o complexo centriolar. No complexo centriolar, os centríolos
são paralelos um ao outro e o estão ancorados na membrana plasmática. Em G. genidens
cada centríolo origem a um axonema (Fig.02 A-D). As espermátides perdem as pontes
citoplasmáticas tornam-se individualizadas e diferenciam-se. Com a perda das pontes
citoplasmáticas o núcleo, assume uma posição lateral em relação aos centríolos e às
mitocôndrias, enquanto os axonemas alongam dando origem ao flagelo. O desenvolvimento
flagelar ocorre, portanto, lateralmente ao núcleo (fig.02 A). O núcleo sofre uma rotação em
relação aos centríolos. O movimento de rotação faz com que os centríolos e axonemas
assumam uma posição medial em relação ao núcleo (fig.02 B). O núcleo como um todo se
movimenta em direção aos axonemas e em sua região interna forma-se uma concavidade, a
fossa nuclear, que passa a abrigar os centríolos e o início dos axonemas, e também parte das
mitocôndrias (fig.02 B, C). A cromatina em condensação confere um aspecto heterogêneo ao
núcleo que em corte médio/sagital tem aspecto de ferradura (fig.02 B, C). A massa
citoplasmática contendo as mitocôndrias concentra-se ao redor dos axonemas formando a
peça intermediária. Uma vez que os centríolos não migram em direção ao núcleo e que não
existe movimentação da massa citoplasmática em direção ao flagelo, o canal citoplasmático
não se forma. (fig.02 C).
Espermatozóide
O espermatozóide de Genidens genidens tem núcleo ovóide contendo cromatina
altamente condensada e fossa nuclear moderadamente profunda (fig.02 E,F). Apenas uma
estreita faixa citoplasmática desprovida de organelas, circunda o núcleo na região da cabeça.
A fossa nuclear medialmente posicionada em relação ao núcleo é ampla e abriga os centríolos,
paralelos um ao outro, o segmento inicial dos axonemas e eventuais partes de mitocôndrias
(fig.02 E-I). A peça intermediária é curta, simétrica em relação ao núcleo e não possui canal
citoplasmático. Contém poucas mitocôndrias grandes e alongadas dispostas ao redor dos
axonemas (fig.02 E, F, J). A peça intermediária torna-se estreita na sua extremidade final, os
axonemas se justapõe um ao outro um e envoltos pela membrana flagelar dão origem ao
flagelo (fig.02 E, K). O flagelo é único e contém os dois axonemas, com o arranjo clássico de
9+2 microtúbulos, e a membrana flagelar não tem expansões alares ou “fins” (fig.02 K,L). Os
dois axonemas inicialmente juntos um do outro se afastam, mas continuam compartilhando a
mesma membrana flagelar. Conseqüentemente o flagelo inicialmente estreito, torna-se
achatado e alarga-se em direção a extremidade final, a semelhança da cauda de um castor
(fig.02 K,L e M).
D
ORADIDAE
: Astrodoradinae
Anadoras weddellii
Espermatogênese
A espermatogênese em Anadoras weddellii é semi-cística. O desenvolvimento das
células germinativas até a meiose ocorre no interior de cistos no epitélio germinativo. Finda a
meiose os cistos se abrem e liberam as espermátides na luz do compartimento luminal dos
testículos. As espermátides recém liberadas dos cistos formam conjuntos de células
interconectadas por pontes citoplasmáticas. As espermátides perdem as pontes citoplasmáticas
e diferenciam. A diferenciação é assincrônica, e espermátides bem como espermatozóides
convivem no compartimento luminal do testículo (fig.03 A-C).
Espermiogênese
Em A. weddellii as espermátides iniciais, estão interconectadas pelas pontes
citoplasmáticas, tem formato arredondado, núcleo de contorno irregular contendo cromatina
descondensada, poucas mitocôndrias e poucas vesículas no citoplasma. O complexo centriolar
tem posição medial em relação ao núcleo, os centríolos são paralelos um ao outro e estão
ancorados na membrana plasmática. As espermátides perdem as pontes citoplasmáticas,
tornam-se individualizadas e diferenciam-se (fig.04 A-C). Em A. weddellii cada centríolo
origem a um axonema e o desenvolvimento dos flagelos ocorre medialmente ao núcleo (fig.04
A-B). A rotação nuclear não ocorre. O núcleo como um todo se movimenta em direção aos
flagelos alongando-se. Internamente forma-se uma concavidade, a fossa nuclear, a qual passa
a abrigar os centríolos e um amplo segmento da região inicial do flagelo (fig.04 C-H). A
cromatina em condensação confere um aspecto heterogêneo ao núcleo que em corte
médio/sagital tem aspecto de ferradura (fig.04 E-H). Como os centríolos estavam ancorados
na membrana plasmática e com a movimentação do núcleo, e conseqüentemente da massa
citoplasmática em direção aos flagelos formam-se os canais citoplasmáticos, um para cada um
dos flagelos (fig.04 G-H). A massa citoplasmática contendo as mitocôndrias forma a peça
intermediária do futuro espermatozóide (fig.04 C,G).
Espermatozóide
No espermatozóide de A. weddellii o núcleo em forma de sino, contém cromatina
altamente condensada e fossa nuclear muito profunda. Apenas uma estreita faixa
citoplasmática desprovida de organelas, circunda o núcleo na região da cabeça (fig.05 A,D,E).
A fossa nuclear medialmente posicionada atinge o topo do núcleo e abriga os centríolos,
paralelos um ao outro, uma ampla região dos segmentos iniciais dos flagelos e respectivos
canais citoplasmáticos (fig.05 A,D,G,H). As poucas mitocôndrias têm formato ovalado e
distribuem-se internamente na fossa nuclear ladeando os canais citoplasmáticos, e o
também encontradas na peça intermediária (fig.05 B,H,E). Apenas uma estreita faixa
citoplasmática separa as membranas dos canais citoplasmáticos na região em correm paralelos
(fig.05 H-K). A peça intermediária é longa e simétrica em relação ao núcleo, e termina-se em
duas longas bainhas citoplasmáticas, uma para cada flagelo. Uma grande quantidade de
vesículas alongadas e dilatadas entremeadas por estreitas faixas citoplasmáticas preenche
totalmente a peça intermediária (fig.05 B,D,J). Os dois flagelos têm início no topo do núcleo e
são individualizados pelos respectivos canais citoplasmáticos (fig.05 A,D, G-K). Cada um dos
flagelos contém internamente o axonema, com o arranjo clássico de 9+2 microtúbulos, e a
membrana flagelar não tem expansões alares ou “fins” (fig.05 C,F).
D
ORADIDAE
: Doradinae
A espermatogênese, a espermiogênese e os espermatozóides de representantes da
subfamília Doradinae foram analisadas em espécies pertencentes a quatro gêneros diferentes
Rhinodoras dorgibnyi, Pterodoras granulosus, Oxydoras kneri e Trachydoras paraguayensis.
Em todos as espécies analisadas a espermatogênese é cística e, portanto, a
diferenciação das espermátides ocorre no interior dos cistos localizados no epitélio
germinativo. Ao final do processo de diferenciação os cistos se abrem e liberam os
espermatozóides para o interior do compartimento luminal dos testículos. A espermiogênese
foi analisada em Rhinodoras dorgibnyi, Pterodoras granulosus e Oxydoras kneri e como
obedece um mesmo padrão, encontra-se descrita considerando o conjunto das espécies
analisadas. A espermiogênese em Trachydoras paraguayensis tem características que a
distingui das demais espécies analisadas e encontra-se descrita em separado.
Os espermatozóides foram analisados nas quatro espécies. Os espermatozóides de
Rhinodoras dorgibnyi, Pterodoras granulosus e Oxydoras kneri são bastante semelhantes
entre si e serão descritos no seu conjunto para suas diferenças possam ser adequadamente
ressaltadas. O espermatozóide de Trachydoras paraguayensis tem características que o
distingui das demais espécies analisadas e encontra-se descrita em separado.
A espermiogênese Rhinodoras dorgibnyi, Pterodoras granulosus e Oxydoras kneri
Nas espermátides iniciais das espécies de Doradinae analisadas o núcleo é esférico
com cromatina descondensada, e o complexo centriolar, com o centríolo proximal anterior e
perpendicular ao distal, está posicionado lateralmente ao núcleo. O desenvolvimento flagelo
ocorre lateralmente ao núcleo a partir do centríolo distal, que se diferencia em corpúsculo
basal (figs.06 A; 07 A; 09 A). Ao longo da espermiogênese o núcleo sofre uma rotação em
relação ao eixo flagelar, conseqüentemente o complexo centriolar e o flagelo assumem uma
posição medial em relação ao núcleo. Acompanhando a rotação nuclear, na região do núcleo
voltada para o complexo centriolar forma-se uma depressão, a fossa nuclear (figs.07 B; 09 B).
Nas espécies estudadas a fossa nuclear é moderada e passa a abrigar o centríolo proximal e
parte do distal. No núcleo a condensação da cromatina ocorre de forma progressiva e
homogênea. O complexo centriolar não migra em direção ao núcleo e o canal citoplasmático
surge por ocasião do deslocamento da massa citoplasmática em direção ao eixo flagelar
quando da formação da peça intermediária. Na peça intermediária estão as mitocôndrias e
vesículas em formação. (figs.06 B; 07 C; 09 C).
O espermatozóide de Rhinodoras dorgibnyi, Pterodoras granulosus e Oxydoras kneri
Nos espermatozóide de R. dorgibnyi P. granulosus e O. kneri o núcleo é esférico, com
fossa nuclear moderadamente profunda, contém cromatina homogênea e altamente
condensada, com áreas elétron-lúcidas (figs.06 C,D; 08 A; 10 A-C). Em P. granulosus o topo
do núcleo é o ocupado por uma ampla região lúcida provavelmente formada durante a
condensação da cromatina (fig.08 A), enquanto as áreas elétron-lúcidas, dispersas na
cromatina condensada são maiores e ocorrem em maior quantidade no núcleo do
espermatozóide de O. kneri (fig. 10 C) . Uma estreita faixa de citoplasma, desprovido de
organelas, envolve o núcleo. A fossa nuclear é ramificada e posicionada medialmente ao
núcleo abriga o centríolo proximal, e parte do distal. No complexo centriolar, o centríolo
proximal é anterior e perpendicular ao distal. Material elétron denso envolve os centríolos que
estão conectados entre si, ao envoltório nuclear e à membrana plasmática por fibrilas de
ancoragem (figs.06 C,D; 08 A,B; 10 A-D) Nas três espécies peça intermediária, possui
inúmeras vesículas, é curta, média em largura e ligeiramente assimétrica (figs.06 C,D; 08
A,B; 10 A-D). A peça intermediária é, no entanto, progressivamente maior considerando P.
granulosus (fig.10 A,B), R. dorgibnyi (fig.06 C,D) e O. kneri (fig.10 A,B), nessa ordem. A
assimetria é decorrente da distribuição desigual das mitocôndrias que tendem a concentra-se
em um dos lados da peça intermediária. As mitocôndrias são poucas, situam-se nos dois
terços anteriores da peça intermediária, ao redor do centríolo distal, e da região inicial do
flagelo do qual estão separadas pelo canal citoplasmático (figs.06 E-G; 08 D,E; 10 F-H).
Comparativamente os espermatozóides de P. granulosus (fig.08 C-E) possuem mitocôndrias
ligeiramente alongadas, menores e em maior número, cerca de dez, do que O. kneri (fig.10 E-
H) cujas mitocôndrias são maiores, ovóides e em menor número, cerca de 5. R. dorgibnyi
(fig.06 E,G) possui mitocôndrias mais alongadas. As inúmeras vesículas alongadas
existentes concentram-se na periferia e no terço distal da peça intermediária (figs.06 E-G; 08
D,E; 10 F-H). Considerando as espécies analisadas as vesículas são progressivamente mais
numerosas em P. granulosus (fig.08 D,E), do em R. dorgibnyi (fig.06 E-G) e em O. kneri
(fig.10 F-H), nessa ordem. No flagelo, o axonema contém o arranjo clássico de 9+2
microtúbulos e a membrana flagelar o possui expansões alares ou fins (figs.06 B-inset; 08
C; 10 I).
A espermiogênese Trachydoras paraguayensis
Nas espermátides iniciais em T. paraguayensis o núcleo é esférico com cromatina
descondensada, e o complexo centriolar, ancorado na membrana plasmática, numa posição
ligeiramente excêntrica em relação ao núcleo. O flagelo que se desenvolve a partir do
centríolo distal, diferenciado em corpúsculo basal, tem conseqüentemente uma posição
também ligeiramente excêntrica em relação ao núcleo (fig.11 A). A rotação nuclear não
ocorre, a fossa nuclear não se forma, o citoplasma contendo as organelas desloca-se para
região ao redor do complexo centriolar dando origem à peça intermediária. No complexo
centriolar situado próximo ao núcleo, o centríolo proximal é ligeiramente anterior e oblíquo
em relação ao centríolo distal. Grandes vesículas dilatadas formam-se nas proximidades do
centríolo distal, e projetam-se em direção ao flagelo dando origem ao canal citoplasmático
(fig.11 BC).
O espermatozóide de Trachydoras paraguayensis
Nos espermatozóide de T. paraguayensis o núcleo é esférico, contém cromatina
homogênea e altamente condensada, com algumas áreas elétron-lúcidas. A fossa nuclear está
ausente. Uma estreita faixa de citoplasma, desprovido de organelas, envolve o núcleo (fig.11
D,E). No complexo centriolar, o centríolo proximal é ligeiramente anterior e oblíquo em
relação ao distal. Material elétron denso envolve os centríolos que estão conectados entre si,
ao envoltório nuclear e à membrana plasmática por fibrilas de ancoragem. Do centríolo distal
diferenciado em corpúsculo basal, parte o flagelo. O flagelo é ligeiramente excêntrico em
relação ao núcleo (fig.11 D,F). A peça intermediária conseqüentemente é ligeiramente
assimétrica e concentra no seu terço anterior a massa citoplasmática contendo as organelas
enquanto os dois terços posteriores são constituídos por grandes vesículas dilatadas que se
projetam em direção ao flagelo (fig.11 D,G-K). O canal citoplasmático estende-se ao longo da
peça intermediária desde o seu ponto de origem a partir do centríolo distal até a extremidade
final da peça intermediária (fig.11 D,J,K,M). As mitocôndrias bastante alongadas concentram-
se na massa citoplasmática do terço posterior da peça intermediária ao redor do complexo
centriolar, sendo encontradas na interface com as vesículas (fig.11 F-H, L) No flagelo, o
axonema contém o arranjo clássico de 9+2 microtúbulos e a membrana flagelar não possui
expansões alares ou fins (fig.11 D, M).
A
UCHENIPTERIDAE
Em Trachelyopterus striatulus a espermatogênese é cística e, portanto, a diferenciação
das espermátides ocorre no interior dos cistos localizados no epitélio germinativo. Nos cistos
os espermatozóides são agrupados formando espermatozeugmatas e assim liberados para o
compartimento luminal dos testículos. Os espermatozeugmatas constituem conjunto de
espermatozóides alinhados no sentido do comprimento e mantidos numa formação coesa por
material extracelular secretado pelas células de Sertoli (figs.12 A,B; 14 D).
Espermiogênese em Trachelyopterus striatulus
As espermátides iniciais de T. striatulus possuem núcleo esférico, com cromatina
descondensada e o complexo centriolar, com o centríolo proximal anterior e perpendicular ao
distal, posicionado lateralmente ao núcleo. O desenvolvimento do flagelo ocorre lateralmente
ao núcleo a partir do centríolo distal, que se diferencia em corpúsculo basal (fig.13 A). Ao
longo da espermiogênese o núcleo sofre uma rotação em relação ao eixo flagelar, e
conseqüentemente o complexo centriolar e o flagelo assumem uma posição aproximadamente
medial em relação ao núcleo. Acompanhando a rotação nuclear, o núcleo alonga-se e na
região voltada para o complexo centriolar forma-se uma depressão, a fossa nuclear. Durante o
alongamento o núcleo torna-se arqueado antes de assumir uma disposição linear (fig.13 B-D).
A massa citoplasmática movimenta-se em direção ao flagelo, origem à peça intermediária,
e alonga-se acompanhando o alongamento nuclear (fig.13 E). Na peça intermediária as
inúmeras mitocôndrias alongadas concentram-se de forma desigual ao longo do flagelo,
estando separadas deste pelo canal citoplasmático. A concentração das mitocôndrias num
círculo incompleto ao redor do canal citoplasmático torna a peça intermediária - que se afila
na extremidade distal - assimétrica (fig.13 S-H). Concomitantemente ao alongamento da
célula, a cromatina condensa e confere ao material nuclear um aspecto granulado (fig.13 J,K).
Nas espermátides alongadas, na periferia da peça intermediária, junto à membrana plasmática,
organiza-se uma camada de microtúbulos que acompanha o círculo incompleto formado pelas
mitocôndrias. A camada de microtúbulos projeta-se em direção ao núcleo, circundando-o de
forma incompleta e avança para além da região da fossa nuclear. A peça intermediária termina
de forma desigual com a região que contém as mitocôndrias sendo mais longa do que a outra
(fig.13 M-P). No flagelo, o axonema contém o arranjo clássico de 9+2 microtúbulos e a
membrana flagelar não possui expansões alares ou fins (fig.13 L).
Espermatozóide de Trachelyopterus striatulus
Os espermatozóides de T. striatulus possuem núcleo afilado, muito longo e com
contorno circular, envolvido por uma estreita faixa de citoplasma, desprovido de organelas.
No topo do núcleo contínua à cromatina homogênea e altamente condensada, existe uma área
elétron-lúcida delimitada pelo envoltório nuclear. Várias outras pequenas áreas elétron-
lúcidas podem ser encontradas dispersas na cromatina (fig.14 A-C, F). Na transição entre o
núcleo e a peça intermediária, uma fossa nuclear rasa e ligeiramente assimétrica abriga o
complexo centriolar. No complexo centriolar, o centríolo proximal é anterior e oblíquo em
relação ao distal. A partir do centríolo distal ancorado na membrana plasmática, projeta-se o
flagelo. A peça intermediária é longa, assimétrica e desigual em comprimento. A assimetria é
gerada pela concentração desigual das mitocôndrias num círculo incompleto ao redor do canal
citoplasmático. À semelhança de um fraque, a peça intermediária na região em que as
mitocôndrias estão concentradas é mais longa e acompanha o flagelo como que formando
uma cauda (fig.14 E-G, M). A partir do núcleo, logo acima da fossa nuclear e ao longo de
toda a peça intermediária, na periferia e junto à membrana plasmática, uma camada de
microtúbulos, também num círculo incompleto, acompanha a região ocupada pelas
mitocôndrias, até o seu término (fig.14 H,I,M). As mitocôndrias são muito longas e
contorcidas no sentido longitudinal (fig.14 I). No flagelo, o axonema contém o arranjo
clássico de 9+2 microtúbulos e a membrana flagelar não possui expansões alares ou fins
(fig.14 J,K,M).
___________
DOCUMENTAÇÃO FOTOGRÁFICA
DOCUMENTAÇÃO FOTOGRÁFICADOCUMENTAÇÃO FOTOGRÁFICA
DOCUMENTAÇÃO FOTOGRÁFICA
Genidens genidens (Ariidae)
Figura 01
Cortes de testículo de Genidens genidens. A: Note as espermátides iniciais (s)
formando um conjunto e as espermátides livres (sl) e em diferenciação, bem como os
espermatozóides (z) no compartimento luminal (l) do testículo. No epitélio germinativo (e) os
cistos contem apenas espermatogônias e espermatócitos (st). barra= 3,1µm. B: Espermátides
iniciais conectadas por amplas pontes citoplasmáticas (seta). Centríolos (c); Mitocôndrias (m);
Núcleo (n). barra= 1,0µm. C: Corte de espermátides iniciais na região que dará origem à peça
intermediária do futuro espermatozóide. Note os centríolos (c), os axonemas (a), mitocôndrias
(m) e a ponte citoplasmática (seta). barra= 1,0µm.
Figura 01
Figura 02
A: Espermátide inicial de Genidens genidens. Note o núcleo (n) lateral aos centríolos
(c) e consequentemente aos axonemas (a), e às mitocôndrias (m), bem como o alongamento
do flagelo (f). barra= 1,0µm. B-D: Espermátide em diferenciação, cujo núcleo (n) contém
cromatina com áreas de maior e menor condensação, fossa nuclear (seta) abrigando o início
do axonema (a) e parte das mitocôndrias (m). Na peça intermediária as mitocôndrias (m)
distribuem-se ao redor dos axonemas (a). B: barra= 0,588µm. C: barra= 0,6µm. D: barra=
0,6µm. E: Vista lateral num corte médio/sagital de um espermatozóide G. genidens. Note o
núcleo (n) ovóide, a peça intermediária curta (seta) e a ausência de canal citoplasmático.
Flagelo (f); Mitocôndrias (m). barra= 0,7µm. F: Vista frontal num corte dio/sagital da
região da cabeça e da peça intermediária de um espermatozóide. Note o núcleo (n) ovóide, a
fossa nuclear (seta), abrigando os centríolos (c) e a região inicial dos axonemas (a), e as
mitocôndrias (m) na peça intermediária. barra= 0,6µm. G-H: Cortes oblíquos de núcleos dos
espermatozóides expondo a fossa nuclear (seta) que abriga os centríolos (c) e os axonemas
(a). G: barra= 0,6µm. H: barra= 0,7µm. I: Corte oblíquo do núcleo e da peça intermediária de
um espermatozóide expondo fossa nuclear (seta), axonemas (a) e mitocôndrias (m). barra=
0,6µm. J: Corte transversal da peça intermediária de um espermatozóide. Note as
mitocôndrias (m) ao redor dos axonemas (a). barra= 0,6µm. K: Cortes transversais do final da
peça intermediária e segmento inicial do flagelo de um espermatozóide. Note o progressivo
estreitamento da peça intermediária (seta) e a aproximação dos axonemas (a). barra= 0,6µm.
L-M: Cortes transversal e longitudinal do flagelo com os axonemas (a) distantes um do outro.
L: barra= 0,6µm. M: barra= 0,4µm.
Figura 02
Anadoras weddellii (Doradidae: Astrodoradinae)
Figura 03
Cortes de testículo de Anadoras weddellii. A: Note as espermátides iniciais (s)
formando um conjunto, bem como espermatozóides livres (z) no compartimento luminal (l)
do testículo. Epitélio germinativo (e). Lúmen (l). Espermatozóide (z). barra= 2,3µm. B: No
epitélio germinativo (e) os cistos contem apenas espermatogônias e espermatócitos (st).
barra= 0,7µm. C: Espermátides (s) em diferenciação e espermatozóides (z) livres no
compartimento luminal (l) do testículo. Note que a diferenciação é assincrônica. Epitélio
germinativo (e). barra= 1,0µm.
Figura 03
Figura 04
Diferenciação das espermátides em Anadoras weddellii. A-B: Espermátides iniciais
com centríolos (c) e flagelos (f) em formação, medialmente posicionados em relação ao
núcleo (n). Mitocôndrias (m). A: barra= 0,7µm. B: barra= 0,6µm. C, E, G: Vistas frontais em
cortes médio/sagitais da região do núcleo e da peça intermediária de espermátides em
diferenciação. Note a movimentação do núcleo (n) em relação aos flagelos (f) e a formação da
fossa nuclear (seta), que abriga os centríolos (c) e o início dos flagelos (f). Peça intermediária
(seta); Mitocôndrias (m); Vesícula (v) C: barra= 0,7µm. E: barra= 1,3µm. G: barra= 0,7µm.
D, F, H: Cortes ligeiramente oblíquos a transversais do núcleo (n) de espermátides em
diferenciação. Note a fossa nuclear (seta) e os flagelos (f) e respectivos canais citoplasmáticos
(asterisco). D: barra= 1,7µm. F: barra= 0,6µm. H: barra= 0,7µm.
Figura 04
Figura 05
Espermatozóide de Anadoras weddellii. A: Vista frontal num corte médio/sagital da
região da cabeça de um espermatozóide. Note o núcleo (n) em forma de ferradura, a ampla
fossa nuclear (seta), os centríolos (c) no topo do núcleo, e os segmentos iniciais dos flagelos
(f) individualizados pelos respectivos canais citoplasmáticos (asterisco). barra= 0,6µm. B:
Vista frontal num corte médio/sagital da região da peça intermediária de um espermatozóide.
Note as vesículas (v) preenchendo a peça intermediária, mitocôndrias (m) esparsas, a bainha
citoplasmática (cabeça de seta) e os dois flagelos (f) individualizados pelos respectivos canais
citoplasmáticos (asterisco). barra= 0,6µm. C: Corte longitudinal da região dio/distal dos
flagelos (f). barra= 0,4µm. D: Vista lateral num corte médio/sagital de um espermatozóide.
Note um dos flagelos (f) desde de seu início na fossa nuclear (seta) no topo do núcleo (n), a
peça intermediária (i) preenchida pelas vesículas (v), bainha citoplasmática (cabeça de seta)
ao seu término. barra= 0,6µm. E: Vista externa do núcleo (n). barra= 0,5µm. F: Corte
transversal da região médio/distal dos flagelos (f). Note a organização dos microtúbulos
formando o axonema (a). Núcleo (n). barra= 0,4µm. G-I: Cortes transversais em diferentes
alturas de núcleos dos espermatozóides. Note ao longo da fossa nuclear (seta), os centríolos
(c) no topo, e as mitocôndrias (m) ladeando os flagelos (f) e seus respectivos canais
citoplasmáticos (asterisco). Vesícula (v). G: barra= 0,6µm. H: barra= 0,6µm. I: barra= 0,6µm.
J,K: Cortes transversais em diferentes alturas da peça intermediária dos espermatozóides.
Note as vesículas (v) tubulares e dilatadas que preenchem a região inicial da peça
intermediária, as bainhas citoplasmáticas (cabeça de seta) na região distal e os flagelos (f) em
seus respectivos canais citoplasmáticos (asterisco). J: barra= 0,6µm. K: barra= 0,4µm.
Figura 05
(Doradidae: Doradinae)
Figura 06
Espermátides e espermatozóides de Rhinodoras dorgibnyi. A: Corte longitudinal de
uma espermátide inicial com núcleo (n) contendo cromatina descondensada, o complexo
centriolar (c) lateral ao núcleo e ancorado na membrana plasmática. Note a formação de
vesículas (v) e o flagelo (f) em desenvolvimento. barra= 0,7µm. B: Corte médio/sagital de
uma espermátide final com núcleo (n) contendo cromatina condensada, centríolo proximal (p)
e parte do distal (d) inseridos na fossa nuclear (seta), e a peça intermediária (i) em formação.
Note o canal citoplasmático (asterisco). barra=0,434µm Inset: Corte transversal do flagelo
contendo o axonema com o arranjo clássico de 9+2 microtúbulos. barra= 0,2µm. C-D: Cortes
longitudinal e médio/sagital de espermatozóides. Note o núcleo (n) com cromatina altamente
condensada, o centríolo proximal (p) e parte do distal (d) inseridos na fossa nuclear (seta), a
distribuição das vesículas (v) na peça intermediária, as mitocôndrias (m), o canal
citoplasmático (asterisco) e o flagelo (f). C: barra= 0,4µm. D: barra= 0,4µm. E-G: Cortes
transversais em diferentes alturas da peça intermediária. Note a distribuição das vesículas (v)
e das as mitocôndrias (m), o canal citoplasmático (asterisco) e o flagelo (f). E: barra= 0,4µm.
F: barra= 0,4µm. G: barra= 0,4µm.
Figura 06
Figura 07
Cortes longitudinais de espermátides de Pterodoras granulosus. A: Espermátides
iniciais com núcleo (n) contendo cromatina descondensada, o complexo centriolar (c) lateral
ao núcleo e ancorado na membrana plasmática e o flagelo (f) em desenvolvimento. Ponte
citoplasmática (seta). barra= 0,7µm. B: Com a rotação nuclear o flagelo (f) assume uma
posição medial em relação ao núcleo (n). Complexo centriolar com o centríolo proximal (p)
anterior e perpendicular ao distal (d). Ponte citoplasmática (seta). barra= 0,6µm. C:
Espermátide com núcleo (n) contendo cromatina em condensação, fossa nuclear ainda em
formação e abrigando o centríolo proximal (p) e o topo do distal (d) . Com o deslocamento
da massa citoplasmática em direção ao flagelo (f) forma-se a peça intermediária (i) e o canal
citoplasmático (asterisco). Vesículas (v).barra= 0,6µm.
Figura 07
Figura 08
Espermatozóides de Pterodoras granulosus. A: Corte dio/sagital de um
espermatozóide. Note o núcleo (n) com cromatina altamente condensada, e uma área elétron-
lúcida (asterisco) no topo, o centríolo proximal (p) e parte do distal (d) inseridos na fossa
nuclear (cabeça de seta), a distribuição das vesículas (v) na peça intermediária, as
mitocôndrias (m), o canal citoplasmático (asterisco) e o flagelo (f). barra= 0,3µm. B: Corte
oblíquo da região da cabeça e da peça intermediária. Note a ramificação (seta) da fossa
nuclear, e a distribuição das mitocôndrias (m) na base do núcleo (n). Vesículas (v). barra=
0,3µm. C: Corte transversal do flagelo (f) contendo o axonema constituído pelo arranjo
clássico de 9+2 microtúlos (cabeça de seta) e a perda dos microtúbulos centrais na região
distal (seta). barra= 0,3µm. D-F: Cortes transversais em diferentes alturas da peça
intermediária. Note as microfibrilas (cabeça de seta), uma para dupla periférica de
microtúbulos, que ancoram o centríolo distal (d) modificado em corpúsculo basal, a
distribuição das vesículas (v) e das mitocôndrias (m), o canal citoplasmático (seta) e o flagelo
(f). D: barra= 0,4µm. E: barra= 0,4µm. F: barra=0,4µm.
Figura 08
Figura 09
Espermátides de Oxydoras kneri em corte longitudinal. A: Espermátide inicial com
núcleo (n) contendo cromatina descondensada, o complexo centriolar (c) lateral ao núcleo e
ancorado na membrana plasmática e o flagelo (f) em desenvolvimento. Note a posição
também lateral da massa citoplasmática e as vesículas (v) em formação. Complexo centriolar
com o centríolo proximal (p) anterior e perpendicular ao distal (d). Ponte citoplasmática
(seta). Mitocôndria (m) barra= 0,7µm. B: Com a rotação nuclear o flagelo (f) assume uma
posição medial em relação ao núcleo (n). A massa citoplasmática desloca-se em relação ao
flagelo (f) formando a peça intermediária (i). Centríolo proximal (p); Centríolo distal (d);
Mitocôndria (m); Vesículas (v); Canal citoplasmático (asterisco). barra= 0,7µm. C:
Espermátide com núcleo (n) contendo cromatina em condensação, fossa nuclear (seta) ainda
em formação e abrigando apenas o centríolo proximal (p). Centríolo distal (d); Canal
citoplasmático (asterisco). barra= 0,4µm.
Figura 09
Figura 10
Espermatozóides de Oxydoras kneri. A-B: Corte médio/sagital de espermatozóides em
diferentes posições da peça intermediária. Note o núcleo (n) com cromatina altamente
condensada, o complexo centriolar (c) parcialmente inserido na fossa nuclear (cabeça de seta),
a distribuição das vesículas (v) na peça intermediária, as mitocôndrias (m), o canal
citoplasmático (asterisco) e o flagelo (f). A: barra= 0,6µm. B: barra= 0,4µm. C: Corte
longitudinal da região da cabeça e parte da peça intermediária. Note a ramificação (seta) da
fossa nuclear, e as áreas elétron-lúcidas (cabeça de seta), dispersas por entre a cromatina
altamente condensada. Núcleo (n); Centríolo proximal distal (d); Canal citoplasmático
(asterisco). barra= 0,3µm. D-H: Cortes transversais em diferentes alturas da peça
intermediária. Note o centríolo distal (d), modificado em corpúsculo basal e inserido na fossa
nuclear (seta), localizada na base do núcleo (n), a distribuição das mitocôndrias (m) ao redor
do centríolo distal (d), a distribuição periférica e terminal das vesículas dilatadas e tubulares
(v), o canal citoplasmático (asterisco) e o flagelo (f). D: barra= 0,8µm. E: barra= 0,8µm. F:
barra= 0,8µm. G: barra= 0,3µm. H: barra= 0,8µm. I: Cortes transversais de flagelos (f)
contendo o axonema constituído pelo arranjo clássico de 9+2 microtúbulos (cabeça de seta).
barra= 0,8µm.
Figura 10
Figura 11
Espermátides e espermatozóides de Trachydoras paraguayensis. A: Corte longitudinal
de uma espermátide inicial com núcleo (n) contendo cromatina descondensada, o complexo
centriolar (c) medial ao núcleo e ancorado na membrana plasmática. Note o flagelo (f) em
desenvolvimento. barra= 1,0µm. B-C: Corte médio/sagital de espermátides com núcleo (n)
contendo cromatina em condensação, complexo centriolar próximo ao núcleo, com centríolo
proximal (p) anterior e oblíquo em relação ao distal (d). Note a formação de grandes vesículas
(v) dilatadas que se projetam em direção ao flagelo (f) alongando a peça intermediária (i) e
formando o canal citoplasmático (asterisco). B: barra= 0,7µm. C: barra= 0,6µm. D: Corte
longitudinal de um espermatozóide. Note o núcleo (n) com cromatina altamente condensada,
a ausência de fossa nuclear, a peça intermediária com a massa citoplasmática contendo as
organelas concentradas no seu terço anterior, sendo os dois terços posteriores constituídos por
amplas vesículas (v) entremeadas por estreitas faixas citoplasmáticas. O centríolo distal (d)
ancorado na membrana plasmática do terço anterior da peça intermediária de onde parte o
flagelo (f). Canal citoplasmático (asterisco). barra= 0,6µm. E: Corte transversal do núcleo (n)
com áreas elétron-lúcidas (seta) de diferentes dimensões dispersas na cromatina altamente
condensada. barra= 0,6µm. F: Corte através da peça intermediária na região onde está
localizado o complexo centriolar, envolto por material elétron denso, com o centríolo
proximal (p) anterior e oblíquo em relação ao distal (d). Note as microfibrilas (cabeça de seta)
conectando os centríolos entre si e ao envoltório nuclear. Vesículas (v). Mitocôndrias (m).
barra= 0,3µm. G,H: Cortes transversal e oblíquo da peça intermediária na interface entre a
massa citoplasmática e as vesículas (v). Note o centríolo distal (d) e as mitocôndrias
alongadas (m). G: barra= 0,4µm. H: barra= 0,3µm. I-K: Cortes transversais em diferentes
alturas dos terços distais da peça intermediária. Note as grandes vesículas (v) dilatadas, o
centríolo distal e o flagelo (f). I: barra= 0,4µm. J: barra= 0,3µm. K: barra= 0,4µm. L: Detalhe
da mitocôndria (m), bastante alongada. Vesículas (v). barra= 0,6µm. M: Detalhe flagelo
contendo o axonema com o arranjo clássico de 9+2 microtúbulos. barra= 0,6µm.
Figura 11
Trachelyopterus striatulus (Auchenipteridae)
Figura 12
A-B: Cortes da região espermatogênica do testículo de Trachelyopterus striatulus com
cistos contendo espermatozeugmatas (sz). Note os núcleos (n) e caudas (c) dos
espermatozóides alinhados no sentido longitudinal. A: barra= 5,5µm. B: barra= 4,1µm.
Figura 12
Figura 13
Espermiogênese em Trachelyopterus striatulus A-D: Espermátides durante o processo
de rotação e alongamento nuclear. Note como o complexo centriolar (c) e o flagelo (f),
inicialmente laterais (A) ao núcleo (n), tornam-se progressivamente mediais, a formação do
canal citoplasmático (asterisco) (B-D); a formação a fossa nuclear (seta) que abriga parte do
complexo centriolar (c) e como o núcleo (n) em alongamento tem o contorno irregular. A:
barra= 0,6µm. B: barra= 0,6µm. C: barra= 1,7µm. D: barra= 1,7µm. E-I: A formação da peça
intermediária. A massa citoplasmática movimenta-se para a base do núcleo e também se
alonga. Note as mitocôndrias (m) que em corte longitudinal (E) enfileiram-se (seta) ao lado
do flagelo (f) e em corte transversal (F) estão dispostas em um circulo incompleto (seta) ao
redor do canal citoplasmático (asterisco) que as separa do flagelo. A peça intermediária (G-I)
torna-se progressivamente afilada na sua extremidade final, e é assimétrica devido à
distribuição desigual das mitocôndrias. Vesículas (v). E: barra= 1,0µm. F: barra= 0,7µm. G:
barra= 0,4µm. H: barra= 0,4µm. I: barra= 0,8µm. J,K: Cortes longitudinais de espermátides
alongadas. Note o como o núcleo (n), com cromatina em condensação, e a peça intermediária
(i) tornam-se afilados. Mitocôndrias (m); Flagelo (f); Canal citoplasmático (asterisco). J:
barra= 0,6µm. K: barra= 0,6µm. L: Corte transversal do flagelo contendo o axonema (seta)
com o arranjo clássico de 9+2 microtúbulos. barra= 0,6µm. M: Detalhe em corte longitudinal
na interface entre o núcleo (n) e a peça intermediária (i). Note a condensação da cromatina no
núcleo (n), a fossa nuclear rasa (seta) abrigando o centríolo proximal (p) e parte do distal (d),
o complexo centriolar envolto por material elétron-denso, a assimetria da peça intermediária,
o flagelo (f) e o canal citoplasmático (asterisco). barra= 0,8µm. N,O: Cortes transversais na
interface entre o núcleo (n) e a peça intermediária (i) e da peça intermediária. Note a inserção
do centríolo proximal (p) na fossa nuclear (seta). Flagelo (f); Mitocôndrias (m); Vesículas (v);
Canal citoplasmático (asterisco). N: barra= 0,6µm. O: barra= 0,4µm. P: Fotomontagem de
cortes semi-seqüenciais da peça intermediária de espermátides alongadas. Note a assimetria
da peça intermediária (i) com as mitocôndrias (m) concentradas em um dos lados, e como na
extremidade o lado maior destaca-se formando uma espécie de cauda (seta) que acompanha o
flagelo (f). Vesículas (v); Canal citoplasmático (asterisco). barra= 0,4µm.
Figura 13
Figura 14
Espermatozóide de Trachelyopterus striatulus. A-B: Corte longitudinal da extremidade apical
de núcleos de espermatozóides. Note os núcleos (n) afilados contendo uma área eletron-lúcida
(asterisco), sem cromatina condensada, no topo. A membrana da área eletron-lúcida é
contínua com o envoltório nuclear (seta). A: barra= 0,4µm. B: barra= 0,3µm. C-D: Cortes
transversais de núcleos de espermatozóides. Note o seu contorno circular, as pequenas áreas
elétron-lúcidas (cabeça de seta) dispersas entre a cromatina altamente condensada, e o
material extracelular (seta) que promove a coesão dos espermatozóides organizados no
espermatozeugmata. C: barra= 0,4µm. D: barra= 0,2µm. E-G: Cortes longitudinais na
interface entre o núcleo (n) e a peça intermediária (i) e da região inicial da peça intermediária.
Em E, numa visão lateral, note que a fossa nuclear (seta) é rasa e ligeiramente assimétrica,
abriga o centríolo distal e a extremidade anterior do centríolo proximal (c) que se ancora na
membrana plasmática. Note a assimetria da peça intermediária que é curta e estreita (i) em um
dos lados e longa e larga (ii) no lado diametralmente oposto. Uma projeção de citoplasma
circundado por microtúbulos (cabeça de seta) projeta-se em direção ao núcleo a partir da
região em que a peça intermediária é mais ampla. Em F, numa visão frontal, note a região em
que a peça intermediária (i) é mais curta e estreita. Em G, também em uma visão frontal, note
a região da peça intermediária em que a peça intermediária (ii) é larga e ampla e na qual se
concentram as mitocôndrias (m). Centríolos (c); Núcleo (n) com áreas elétron lúcidas
dispersas na cromatina altamente condensada (cabeça de seta); Fossa nuclear (seta). E: barra=
0,3µm. F: barra= 0,4µm. G: barra= 0,3µm. H: Cortes longitudinais na interface entre o núcleo
(n) e a peça intermediária (i). Note a projeção de citoplasma circundado por microtúbulos
(cabeça de seta) que se projeta em direção ao núcleo a partir da região em que a peça
intermediária é mais ampla. Centríolos (c); Fossa nuclear (seta). barra= 0,8µm. I: Corte
longitudinais em diferentes profundidades da região mais larga da peça intermediária. Note,
num corte superficial, a camada de microtúbulos (mt) que se projeta para o núcleo acompanha
toda esta região da peça intermediária; num corte medial, as mitocôndrias (m) alongadas e
contorcidas; e num corte mais profundo, o flagelo (f) no interior do canal citoplasmático
(asterisco). barra= 0,8µm. J,K: Cortes longitudinais e transversais do flagelo (f) contendo o
axonema (seta) com o arranjo clássico de 9+2 microtúbulos. J: barra= 0,4µm. K: barra=
0,3µm. L: Fotomontagem de cortes semi-seqüenciais na interface entre o núcleo (n) e a peça
intermediária, e ao longo da peça intermediária. Note a camada de citoplasma (cabeça de seta)
que se projeta para o núcleo e o circunda parcialmente; a fossa nuclear (seta) que abriga os
centríolos (c) a assimetria da peça intermediária (i) com as mitocôndrias (m) concentradas em
um dos lados, e como na extremidade a região mais larga destaca-se formando uma espécie de
cauda (seta dupla) que acompanha o flagelo (f). A camada superficial de microtúbulos
acompanha toda extensão da peça intermediária na região em estão concentradas as
mitocôndrias (m). Canal citoplasmático (asterisco). barra= 0,3µm.
Figura 14
_____________________________________
DISCUSSÃO
DISCUSSÃODISCUSSÃO
DISCUSSÃO
D
ISCUSSÃO
A espermatogênese
A espermatogênese nos Teleostei pode transcorrer integralmente no interior dos
cistos, no epitélio germinativo (GRIER, 1981) ou ser semi-cística. Na espermatogênese semi-
cística (MATTEI, 1993), a proliferação das espermatogônias e a divisões meióticas ocorrem
dentro de cistos no epitélio germinativo, enquanto a diferenciação das espermátides ocorre
fora dos cistos, no compartimento luminal dos testículos. Embora a espermatogênese intra-
cística seja uma característica da maioria dos Siluriformes, o desenvolvimento do tipo semi-
cístico vem sendo detectado em um número cada vez maior de espécies. No Doradidae, da
sub-família Astrodoradinae (sensu, HIGUCHI, 1992) Anadoras weddellii, e no Ariidae,
Genidens genidens a espermatogênese é semi-cística. Entre os Siluriformes este tipo de
espermatogênese encontra-se reportado também nas famílias Amblycipitidae (LEE e KIM,
1999), Aspredinidae e Cetopsidae (SPADELLA et al., 2006), Malapteruridae (SHAHIN,
2006) e Nematogenidae (SPADELLA, 2007). Coincidentemente nas espécies, em que a
espermatogênese é semi-cística, os centríolos são paralelos e desenvolvem cada um, um
axonema. Em conseqüência, os espermatozóides são biflagelados exceto em G. genidens (este
estudo). A despeito de Mattei (1991) ter considerado que os Ariidae também são biflagelados,
em G. genidens os dois axonemas compartilham a mesma membrana flagelar e o flagelo é
único. A presença de espermatogênese semi-cística e espermatozóides com dois axonemas,
cinco deles biflagelado, em seis famílias de Siluriformes constitui um forte indício de que
nesta ordem estes caracteres devem estar associados. Uma única ocorrência de
espermatogênese semi-cística com produção de espermatozóides uniflagelados encontra-se
registrada e refere-se à família Callycchthyidae, subfamília Coridoradinae (SPADELLA et al.,
2007). Nos Coridoradinae os centríolos têm um arranjo coaxial (SPADELLA et al., 2007).
Nos demais Doradidae analisados, Rhinodoras dorgibnyi, Pterodoras granulosus,
Oxydoras kneri e Trachydoras paraguayensis, todos pertencentes à subfamília Doradinae e
também no Auchenipteridae, Trachelyopterus striatulus, a espermatogênese é cística.
A espermiogênese
A espermiogênese nos Siluriformes parece ser do Tipo I, ou do Tipo III, ou variações
destes. Até o momento não existe relato da ocorrência de espermiogênese do Tipo II nesta
Ordem. Na espermiogênese do tipo I (MATTEI, 1991) os centríolos inicialmente em posição
lateral migram em direção ao núcleo. Como estão ancorados na membrana plasmática ao
migrarem trazem consigo a membrana formando uma invaginação que origem ao canal
citoplasmático. O flagelo em desenvolvimento, a partir do centríolo distal, instala-se, portanto
no interior do canal recém formado. O núcleo sofre uma rotação de 90 graus em relação ao
eixo flagelar e o flagelo de lateral passa a uma posição medial ao núcleo. Na região do núcleo
voltada para os centríolos forma-se uma depressão, a fossa nuclear, que passa a abrigar os
centríolos ou parte deles. Na espermiogênese do tipo III (QUAGIO-GRASSIOTTO et al.,
2005; QUAGIO-GRASSIOTTO e OLIVEIRA, 2008) os centríolos já desde o início têm uma
posição medial ao núcleo, a migração o ocorre e tampouco a rotação nuclear. Nesta última,
a formação do canal citoplasmático quando ocorre, deve-se ao deslocamento da massa
citoplasmática da peça intermediária em direção ao flagelo, ou a acomodação e/ou fusão de
vesículas existentes. Variações deste tipo de espermiogênese ocorrem, por exemplo, em
Callichthyidae, na subfamília Coridoradinae (SPADELLA et al., 2007). Nos Coridoradinae o
complexo centriolar ancorado na membrana plasmática é fortemente excêntrico ao núcleo,
conseqüentemente o flagelo em desenvolvimento é também excêntrico. Os centríolos não
migram e a rotação nuclear não ocorre e apesar de uma fossa nuclear rasa formar-se no
contorno nuclear na região voltada para os centríolos, esses permanecem fora dela.
Considerando as espécies aqui analisadas, a espermiogênese do tipo I ocorre nos
Doradidae da subfamília Doradinae à exceção de Trachydoras paraguayensis cuja
espermiogênese é do tipo III. Em Auchenipteridae a espermiogênese é também do tipo I. Nos
Doradinae, com espermiogênese do Tipo I, apesar da migração dos centríolos não ocorrer, a
rotação nuclear é completa, e a formação do canal citoplasmático deve-se à movimentação da
massa citoplasmática em direção ao flagelo.
As espécies com dois axonemas, analisadas nesse estudo, apresentam padrões de
espermiogênese distintos em relação à posição inicial do dos centríolos. No Doradidae da
subfamília Astrodoradinae, os centríolos m desde o início uma posição medial em relação
ao núcleo e a espermiogênese pode ser classificada como do tipo III. Já no Ariidae, G.
genidens, a posição inicial do flagelo, lateral em relação ao núcleo, a presença de rotação
nuclear, a existência da fossa nuclear a aproximam da espermiogênese do tipo I. Porém os
centríolos não se ancoram à membrana plasmática e tampouco migram em direção ao núcleo,
o que justifica a não formação do canal citoplasmático.
Os diferentes tipos de espermiogênese, sejam eles do Tipo I e II (MATTEI, 1991) ou
do Tipo III (QUAGIO-GRASSIOTTO e OLIVEIRA, 2008) caracterizam situações extremas.
Como apontado por Mattei (1991), variações nesses processos podem conduzir à formação de
espermatozóides de tipos intermediários no que diz respeito à posição do flagelo em relação
ao núcleo.
Os espermatozóides
D
ORADIDAE
Nas espécies de Doradidae aqui analisadas, os espermatozóides podem ser separados
em três unidades distintas, conforme o padrão ultraestrutural que apresentam. Estas unidades
refletem, também, os diferentes tipos de espermiogênese que lhes deram origem: uma com
Anadoras weddellii; outra com Rhinodoras dorgibnyi, Pterodoras granulosus e Oxydoras
kneri; e uma última com Trachydoras paraguayensis. Segundo Higuchi (1992), A. weddellii
pertence à subfamília Astrodoradinae, enquanto as demais espécies estão alocadas na
subfamília Doradinae. Quando analisados em seu conjunto, os espermatozóides dos
Doradidae, compartilham efetivamente apenas o padrão homogêneo de condensação da
cromatina e a ausência das projeções laterais da membrana flagelar. Por sua vez, o
espermatozóide de A. weddellii difere dos demais na forma do núcleo, na fossa nuclear,
posição dos centríolos no complexo centriolar, na peça intermediária além de ser biflagelado
enquanto as demais espécies possuem um único flagelo. No grupo formado por R. dorgibnyi,
P. granulosus e O. kneri, os espermatozóides compartilham das mesmas características gerais,
com variações que dizem respeito principalmente à peça intermediária, em especial no
número e forma das mitocôndrias e das vesículas, e no tamanho da peça em si. Por outro lado,
T. paraguayensis difere dos demais na ausência da fossa nuclear, posição dos centríolos no
complexo centriolar, tipo de vesículas presentes na peça intermediária e na formação do canal
citoplasmático.
Apesar do conflito existente entre as proposta de relacionamentos dentro de Doradidae
que têm como base dados morfológicos (HIGUCHI, 1992) e aquela com base em dados
moleculares (MOYER et al., 2004), é a proposta de Higuchi (1992) que melhor suporta os
dados da ultraestrutura das lulas espermáticas nessa família. A proposta de Higuchi (1992)
separa os Doradidae em dois gêneros basais (Wertheimeria e Franciscodoras) e um grupo de
três subfamílias (Platydoradinae, Astrodoradinae e Doradinae). O único grupo em Doradidae
recuperado na análise de Moyer e colaboradores (2004) é Astrodoradinae. Considerando que
os padrões espermáticos tendem a ser constantes dentro das famílias (BACCETTI et al.,
1984; QUAGIO-GRASSIOTTO et al., 2003; SPADELLA 2007; QUAGIO-GRASSIOTTO e
OLIVEIRA, 2008) ou subfamílias (SPADELLA et al., 2007), os tipos de espermatogênese,
espermiogênese e as diferenças ultraestruturais entre os espermatozóides em Doradidae
correspondem aos grupos infragenéricos dentro da família, conforme proposto por Higuchi
(1992). Assim no Astrodoradinae, A. weddellii, a espermatogênese é semi-cística, a
espermiogênese é do tipo I e o espermatozóide, entre outras características é biflagelado. Nos
Doradinae a espermatogênese é cística, e no grupo formado por R. dorgibnyi, P. granulosus e
O. kneri, a espermiogênese é do tipo I e o espermatozóide possui um único flagelo. em T.
paraguayensis, também Doradinae, e também uniflagelado, a espermiogênese é do tipo III.
Em Doradinae o grupo formado por R. dorgibnyi, P. granulosus e O. kneri, possui barbilhão
maxilar simples enquanto em T. paraguayensis é ramificado. Esta característica morfológica
que separa os Doradidae em dois grandes grupos (SABAJ e FERRARIS, 2003), quando
considerados somente os Doradinae, encontra correspondência nos diferentes tipos de
espermiogênese e também nas diferenças ultraestruturais dos espermatozóides dos
representantes do grupo aqui analisados. Além disso, entre os Doradidae com barbilhão
maxilar simples as diferenças na espermatogênese, espermiogênese e na ultraestrutura dos
espermatozóides refletem o não monofiletismo do grupo (HIGUCHI, 1992).
D
ORADIDAE VERSUS
A
UCHENIPTERIDAE
Os Auchenipteridae tem sido reconhecidos e confirmados como grupo irmão dos
Doradidae por diferentes autores (de PINNA, 1998; SULLIVAN et al., 2006). Juntos
Doradidae e Auchenipteridae constituem a superfamília Doradoidea. Os Auchenipteridae o
inseminadores (MEISNER et al., 2000) e possuem o espermatozóide altamente modificado
em decorrência da tática reprodutiva da espécie. As descrições existentes dos
espermatozóides dessa família referem-se exclusivamente ao gênero Trachelyopterus
(BURNS et al., 2002; PARREIRA e GODINHO, 2004, este estudo). Os espermatozóides nas
três espécies analisadas, T. lucenai (BURNS et al., 2002), T. galeatus (PARREIRA e
GODINHO, 2004) e T. striatulus (aqui descrito) são muito semelhantes entre si e possuem
núcleo longo e afilado e a peça intermediária com características bastante peculiares. Como
grupo irmão dos Doradidae, os Auchenipteridae, compartilham com estes o padrão
homogêneo e altamente condensado da cromatina, e a ausência de projeções laterais na
membrana flagelar. Considerados apenas os Doradinae, compartilham também a presença de
um único flagelo. Excluído T. paraguayensis, que possui barbilhão maxilar ramificado,
compartilham com os demais Doradinae a espermiogênese do tipo I.
D
ORADOIDEA VERSUS
A
SPREDINIDAE
Conforme proposto por Friel (1994), Sullivan e colaboradores (2006) reconhecem
Aspredinidae como grupo irmão de Doradoidea (Doradidae + Auchenipteridae). O
espermatozóide do Aspredinidae, Bunochephalus amazonicus (SPADELLA et al., 2006) é
muito similar ao espermatozóide do Doradidae, A. weddellii, membro da subfamília
Astrodoradinae. Exceto pelo padrão de condensação da cromatina em flocos em B.
amazonicus e homogeneamente condensada em A. weddellii, as demais características
espermáticas são muito semelhantes nessas duas espécies. As diferenças existentes não
considerando as mitocôndrias com formato oval (A. weddellii) ou alongado (B. amazonicus),
dizem respeito principalmente a variações nas dimensões das estruturas como o núcleo
ligeiramente mais alongado de A. weddellii do que em B. amazonicus. Além das
características dos espermatozóides A. weddellii e B. amazonicus compartilham o mesmo tipo
de espermatogênese e espermiogênese. As semelhanças no tipo de espermatogênese,
espermiogênese e entre os espermatozóides de representantes dessas duas famílias suportam a
posição de Aspredinidae como grupo irmão de Doradoidea e apontam para uma posição basal
para os Astrodoradinae, dentro de Doradidae.
D
ORADIDAE VERSUS
A
RIIDAE
A proposição de Ariidae como um grupo monofilético junto com os Doradoidei
(ROYERO, 1987; MO,1991; LUNDEBERG, 1993), com base na presença do complexo
produtor de som, ainda que carente de confirmação (de PINNA, 1998) quando confrontada
com os dados da ultraestrutura das células espermáticas é intrigante. Comparado os
espermatozóides dos Doradidae e do Ariidae, Genidens genidens, numa primeira instância,
estes compartilham apenas o padrão homogêneo de compactação da cromatina e a ausência de
projeções laterais da membrana flagelar. Porém se analisado isoladamente o espermatozóide
do Astrodoradinae A. weddellii versus G. genidens, tem-se que ambos apresentam dois
axonemas e além de que em ambas as espécies a espermatogênese é semicística. Apesar das
demais características desses dois espermatozóides serem bastante distintas, o fato dessas
espécies compartilharem o mesmo tipo de espermatogênese, semi-cística, é um forte indício
da existência de algum nível de relacionamento entre elas.
___________________________________
CONCLUSÕES
CONCLUSÕESCONCLUSÕES
CONCLUSÕES
C
ONCLUSÕES
A análise comparativa dos dados obtidos mostra que:
-Os tipos de espermatogênese, espermiogênese e as diferenças ultraestruturais
existentes entre os espermatozóides em Doradidae correspondem aos diferentes grupos intra-
genéricos dentro da família, conforme propostos por Higuchi (1992) e diferente do obtido por
Moyer e colaboradores (2004).
-A separação dos Doradidae em dois grandes grupos (SABAJ e FERRARIS, 2003),
conforme apresentem o barbilhão maxilar simples ou ramificado, quando considerados apenas
os Doradinae, encontra correspondência não nos diferentes tipos de espermiogênese, mas
também na morfologia dos espermatozóides. Também entre os Doradidae com barbilhão
maxilar simples as diferenças na espermatogênese, espermiogênese e na ultraestrutura dos
espermatozóides refletem o não monofiletismo do grupo (HIGUCHI, 1992).
-Quando comparados os diferentes tipos de espermatogênese, espermiogênese e de
espermatozóides dos Doradidae, com aqueles do seu grupo irmão, Auchenipteridae, estes
compartilham algumas poucas características. As características compartilhadas são aquelas
da espermiogênese e alguns poucos aspectos da ultraestrutura dos espermatozóides dos
Doradinae de barbilhão maxilar simples. O fato dos Auchenipteridae serem inseminadores e
apresentarem espermatozóides altamente modificados dificulta este tipo de comparação.
-Quando comparados os diferentes tipos de espermatogênese, espermiogênese e de
espermatozóides dos Doradoidea (Doradidae + Auchenipteridae) com aqueles do seu grupo
irmão, Aspredinidae, estes compartilham várias características, principalmente o tipo de
espermatogênese e espermiogênese e a ultraestrutura dos espermatozóides dos
Astrodoradinae. As semelhanças existentes suportam a posição de Aspredinidae como grupo
irmão de Doradoidea e apontam para uma posição basal para os Astrodoradinae, dentro de
Doradidae.
-Quando comparados os diferentes tipos de espermatogênese, espermiogênese e de
espermatozóides dos Doradoidea (Doradidae + Auchenipteridae) com aqueles dos Ariidae,
estes, apesar de compartilham poucas características, chamam a atenção. As características
compartilhadas referem-se ao tipo de espermatogênese e o mero de axonemas dos
espermatozóides dos espermatozóides dos Astrodoradinae, um forte indício da existência de
algum nível de relacionamento entre os Doradidae e os Ariidae.
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