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TEREZINHA MÁRCIA DE CARVALHO LINO
A LOGÍSTICA DE PRODUTOS DE MARCAS PRÓPRIAS E DE MARCAS NACIONAIS
Estudo em uma unidade varejista
Pedro Leopoldo
2008
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TEREZINHA MÁRCIA DE CARVALHO LINO
A LOGÍSTICA DE PRODUTOS DE MARCAS PRÓPRIAS E DE MARCAS NACIONAIS
Estudo em uma unidade varejista
Dissertação de Mestrado apresentada ao Curso de Mestrado
Profissional em Administração das Faculdades Integradas de
Pedro Leopoldo, como requisito parcial para a obtenção do
grau de Mestre em Administração.
Área de Concentração: Logística.
Orientador: Prof. Dr. Tarcísio Afonso
Pedro Leopoldo
Faculdades Integradas de Pedro Leopoldo
2008
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Terezinha Márcia de Carvalho Lino
A LOGÍSTICA DE PRODUTOS DE MARCAS PRÓPRIAS E DE MARCAS NACIONAIS
Estudo em uma unidade varejista
Esta dissertação foi julgada e aprovada para obtenção de grau de Mestre em
Administração, no Programa de Mestrado Profissional em Administração da
Faculdade de Ciências Humanas de Pedro Leopoldo.
Pedro Leopoldo, 02 de setembro de 2008.
Professor Luis Aureliano Gama de Andrade
Doutor, The University of Michigan
Coordenador do MPA
BANCA EXAMINADORA
_________________________ _________________________
Prof. Tarcísio Afonso Prof. Mauro Calixta Tavares
Faculdade de Ciências Humanas
Pedro Leopoldo
__________________________
Prof. Dalton Jorge Teixeira
Para Vicente, Alice, Márcio e Paulo,
amores da minha vida.
AGRADECIMENTOS
Ao iniciar o Mestrado Profissional em Administração da Faculdade de Ciências
Humanas de Pedro Leopoldo, em 2005, iniciava também a minha jornada em busca
do aprimoramento e valorização da minha carreira acadêmica. Sei que ainda tenho
muito a caminhar, mas seguramente, este trabalho de pesquisa pode ser
considerado um marco, retratando parte do objetivo cumprido. Por mais que este
trabalho possa ser aperfeiçoado, até mesmo por mim, em situações futuras, o
posso deixar de registrar que a sua realização exigiu enorme dedicação e
persistência, o que alterou completamente o ritmo da minha vida profissional e
pessoal. Porém todo o meu empenho não seria suficiente para tal realização.
Precisei contar com apoio de profissionais competentes e a compreensão de várias
pessoas queridas, que sempre estarão em minha lembrança como pessoas que
contribuíram para o meu crescimento profissional.
Agradeço especialmente ao Professor Tarcísio meu amável orientador que
pela competência, conhecimento e experiência soube conduzir de maneira brilhante
este trabalho. Suas intervenções aconteciam de forma criteriosa, mas sempre com
muito cuidado. Sua paciência e atenção não me deixaram desanimar, mesmo
naqueles momentos em que o cansaço parecia tomar dimensões incontroláveis.
Sou grata à minha colega Rozângela, que com competência e bom senso me
ajudou na revisão final do texto.
Agradeço a colaboração do gerente comercial e de logística da empresa
pesquisada que me forneceu as informações de campo necessárias para a
realização desta pesquisa.
Os agradecimentos de foro pessoal vão a todos aqueles que estiveram ao meu
lado, me apoiando e acreditando na importância do meu trabalho. Em especial para
o meu pai, minha mãe (in memoriam) e meus irmãos.
Os agradecimentos finais vão para aqueles que acompanharam no dia-a-dia o
desenvolvimento desta pesquisa meu marido e filhos. Recebi deles compreensão,
carinho, contribuições e incentivos indispensáveis ao meu equilíbrio.
RESUMO
Grandes transformações e mudanças nos hábitos de compra dos consumidores
estimularam o varejo a práticas de novas estratégias mercadológicas. A
comercialização de produtos de marcas próprias faz parte dessas estratégias e tem
sido considerada como forma de potencializar a fidelidade dos consumidores. Para
alcançar tal fidelização, as empresas varejistas e fornecedoras deverão estar
alinhadas aos propósitos de qualidade, preço e nível de serviço. Este estudo teve a
intenção de conhecer as relações de um supermercado com seus fornecedores de
marcas próprias. O objetivo principal foi comparar a logística desses fornecedores
com a dos fornecedores de produtos de marca nacional. Para isso optou-se por
realizar uma pesquisa de natureza qualitativa. Foi realizada entrevista semi-
estruturada com o gerente de logística de um supermercado, voltado para um
público de alto poder aquisitivo. As informações foram analisadas utilizando a
análise de conteúdo. Os resultados obtidos indicam que o supermercado estudado
tem uma relação de maior confiança com os fornecedores de marca própria. Essa
relação é pautada pela cooperação/parceria e flexibilidade e por isso mesmo eleva o
nível dos serviços logísticos. A empresa pesquisada afirmou ter liberdade para
negociação com os fornecedores de marcas próprias, principalmente quanto à
disponibilidade, - lead time - e reposição do produto. No que diz respeito à
qualidade da logística, o que foi possível observar é que esses fornecedores se
destacam em relação a três atividades: o nível de avarias, a entrega de todos os
itens solicitados e a documentação de apoio ao pedido. As análises realizadas
permitiram concluir que os fornecedores de marcas próprias apresentaram
competências logísticas mais flexíveis. Isso lhes confere legitimidade para ocupar
lugar de destaque na preferência do supermercado, quando este tem alternativas de
compra de um determinado produto tanto com fornecedores de marcas próprias
quanto com os de marcas nacionais.
Palavras-chave: varejo, supermercado, fidelidade dos consumidores, logística,
marcas próprias, marcas nacionais, lead time.
ABSTRACT
Great transformations and changes in consumers’ shopping habits stimulated retail to
the practice of new marketing strategies. The commercialization of house brand
products is part of these strategies and it has been considered a way to enhance
consumers’ loyalty. In order to reach such brand loyalty, retail companies and
suppliers are supposed to be aligned with the purposes of quality, price and level of
service. This study aims at knowing the relations between a supermarket and its
house brand suppliers. The main objective was to compare these suppliers’ logistics
with those from other brands. For that purpose, a qualitative research was carried
out. Semi-structured interviews with the logistics manager of a supermarket for
people with high earning power were conducted. Information was analyzed using
content analysis. The results achieved point out to the fact that the supermarket
which was the object of our study has a stronger confidence relation with its house
brand suppliers. This relation is guided by cooperation/partnership and flexibility, and
for that reason it increases the level of logistics services. The researched company
affirms to have room for negotiation with its house brand suppliers, especially
concerning availability lead time and product delivery. As far as the quality of
logistics is concerned, it was possible to observe is that those suppliers stand out in
three activities: the level of breakages, delivery of all ordered items and order
documents. The analyses performed lead to the conclusion that house brand
suppliers presented more flexible logistic competence, what concedes them
legitimacy to occupy a lead position in the preference of the supermarket, when it has
alternatives of buying a product from house brand suppliers or from other national
brands.
Key words: retail, supermarket, consumers’ loyalty, logistics, house brand (own
brand, store brand), national brands, lead time.
LISTA DE ILUSTRAÇÃO
FIGURA 1
Vinculando o valor para o cliente à estratégia da cadeia de suprimentos.................31
LISTA DE GRÁFICO
GRÁFICO 1
Comportamento do consumidor diante da falta de estoque ......................................42
GRÁFICO 2
Participação dos supermercados na distribuição de alimentos no Brasil
1970/1996 .................................................................................................................61
GRÁFICO 3
Fusões e aquisições: total de transações no Brasil...................................................65
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1
Principais funções de um intermediário varejista. .....................................................49
QUADRO 2
Composto varejista - Os 6 P’s...................................................................................52
QUADRO 3
Formas distintas de classificar os pontos de venda varejistas ..................................57
QUADRO 4
Bases alternativas para a classificação de estabelecimentos varejistas...................58
QUADRO 5
Categoria de análise: lançamento de produtos de marca própria .............................77
QUADRO 6
Dimensão: seleção de fornecedores de produtos de marca própria .........................78
QUADRO 7
Categoria de análise: nível de serviço logístico.........................................................79
QUADRO 8
Categoria de análise: qualidade logística..................................................................79
QUADRO 9
Síntese referente a lançamentos de produtos de marca própria...............................85
QUADRO 10
Síntese referente à dimensão seleção de fornecedores de produtos de marca própria
..................................................................................................................................87
QUADRO 11
Síntese referente à categoria nível de serviço logístico ............................................90
QUADRO 12
Síntese referente à categoria qualidade logística......................................................92
LISTA DE TABELA
TABELA 1
Formatos de loja........................................................................................................60
SUMÁRIO
1.1 PERGUNTA DE PARTIDA.......................................................................................23
1.2 JUSTIFICATIVA ....................................................................................................26
1.3 OBJETIVOS ........................................................................................................27
1.3.1 Objetivo geral ............................................................................................27
1.3.2 Objetivos específicos ................................................................................27
1.4 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO .............................................................................27
2.1 CADEIA DE SUPRIMENTO .....................................................................................29
2.2 CADEIA DE SUPRIMENTO INTEGRADA - SUPPLY CHAIN.............................................31
2.3 A INFORMAÇÃO NO DESEMPENHO DA CADEIA DE SUPRIMENTO ...............................34
2.4 LOGÍSTICA: CONCEITOS E EVOLUÇÃO....................................................................37
2.5 O DESEMPENHO LOGÍSTICO NA CADEIA DE SUPRIMENTO .......................................40
2.6 GESTÃO DE ESTOQUE E ABASTECIMENTO..............................................................41
2.7 SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO E DE REPOSIÇÃO RÁPIDA ..............................................43
2.7.1 Resposta eficiente ao consumidor - efficient consumer response (ECR)..45
2.8 VAREJO .............................................................................................................47
2.8.1 O varejo no Brasil......................................................................................49
2.8.2 Serviço ao cliente......................................................................................51
2.8.3 Classificação do varejo .............................................................................54
2.9 SUPERMERCADOS ..............................................................................................58
2.9.1 Supermercados no Brasil..........................................................................60
2.9.2 Mix de produtos nos supermercados ........................................................66
1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................19
2. REFERENCIAL TEÓRICO....................................................................................29
2.9.3 Produtos de marcas próprias ....................................................................68
2.9.3.1 Tipos de marcas próprias ...................................................................72
2.9.3.2 Fornecedores de produtos de marca própria......................................73
3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA ..........................................................................75
3.2 TRATAMENTO DOS DADOS ...................................................................................76
3.3 UNIDADE DE ANÁLISE DA PESQUISA ......................................................................80
3.4 UNIDADE DE OBSERVAÇÃO ..................................................................................80
3.5 DELINEAMENTO DA PESQUISA ..............................................................................80
4.1 FATORES QUE INFLUENCIAM NA DECISÃO DO LANÇAMENTO DE MARCAS PRÓPRIAS E
VANTAGENS DA COMERCIALIZAÇÃO DESSES PRODUTOS ...............................................82
4.2 FATORES CONSIDERADOS NA SELEÇÃO DOS FORNECEDORES DE MARCAS PRÓPRIAS 86
4.3 ANÁLISE COMPARATIVA DO NÍVEL DO SERVIÇO LOGÍSTICO DOS FORNECEDORES DE
MARCAS PRÓPRIAS E DE MARCAS NACIONAIS...............................................................88
3. METODOLOGIA ...................................................................................................75
4. RESULTADOS......................................................................................................82
5. CONCLUSÕES .....................................................................................................93
6. SUGESTÕES PARA PESQUISAS FUTURAS E LIMITAÇÕES...........................97
REFERÊNCIAS.........................................................................................................98
APÊNDICE..............................................................................................................105
19
1 INTRODUÇÃO
A economia brasileira, até os primeiros anos da década de 1990, foi marcada
por desmedido processo inflacionário, o que levou a um total descontrole sobre a
evolução dos preços dos produtos. Nesse cenário, o comércio varejista foi
condicionado a remarcações constantes nos preços das mercadorias. Para o
consumidor, a combinação da perda do poder aquisitivo com aumento dos preços
resultou novas decisões de compra, adotando assim, a estratégia de antecipação da
sua demanda. Significa dizer que o consumidor para se defender da inflação
desenvolveu o hábito de estocar produtos de primeira necessidade. Para o varejista,
a dinâmica da economia capitalista mostrou que, diante da instabilidade econômica
com altas taxas de juros, o retorno sobre o investimento seria muito mais favorável
em aplicações financeiras do que nos investimentos produtivos. Assim as aplicações
financeiras ganham uma posição de destaque nas atividades desempenhadas pelos
dirigentes dos supermercados. Tal situação pode ser considerada como um dos
fatores que gerou falta de estímulo para o desenvolvimento de ações estratégicas,
que tivessem como objetivo a melhoria e modernização do setor supermercadista,
tais como a introdução de novas tecnologias, novas formas de gestão organizacional
e qualidade no nível de atendimento ao cliente.
Ao início do Governo de Fernando Collor, em março de 1990, algumas
medidas de política econômica foram tomadas em relação ao comércio exterior
brasileiro. Tais medidas foram sintetizadas por Velloso (1995, p. 106) em: 1) política
de liberalização comercial, com a diminuição das taxas de importação e eliminação
de uma série de barreiras tarifárias e não-tarifárias; 2) política de competitividade
destinada a apoiar as empresas em seus esforços para aumentar sua eficiência e a
induzir a transformações requeridas na estrutura produtiva, e assim, dotar a indústria
brasileira de condições para enfrentar a concorrência de produtos importados e a
alcançar maior penetração no mercado externo. A implementação dessas medidas
alcançou resultados diferentes. Velloso (1995, p. 101) esclarece que o sucesso
alcançado com as políticas de abertura comercial não foi percebido nas estratégias
utilizadas para melhorar a competitividade das empresas brasileiras. Não obstante, o
resultado ficasse abaixo do que se pretendia, Velloso (1995) enfatiza que mesmo
assim foi positivo, pois assinalou o início de um esforço conjunto entre os vários
20
segmentos manufatureiros, com vistas a tornar os seus produtos mais competitivos,
por meio da redução de custos e da melhoria da qualidade.
No governo do Presidente Itamar Franco, mais precisamente em 1º de julho de
1994, foi lançado o Plano Real. Sua política econômica se baseava nos seguintes
princípios básicos
1:
a) forte apreciação da taxa de câmbio; b) aumento da taxa de
juros real; c) superávit fiscal primário. O novo regime monetário conseguiu controlar
a taxa de inflação com sucesso, caindo do patamar de 42,2% ao mês, em janeiro de
1994, para 0,27% ao mês, em dezembro de 1995.
A estabilização econômica reduziu as vantagens das aplicações financeiras, o
que impactou na forma de gestão da maioria das empresas supermercadistas. Tais
mudanças impulsionaram o setor a buscar ganhos por meio dos seus próprios
negócios, desencadeando, assim, um processo de melhoria na eficiência
operacional e na qualidade dos serviços prestados ao cliente (MENDONÇA, 2002).
O consumidor não precisa mais antecipar suas compras, pois a estabilidade
econômica garantiu o seu poder aquisitivo. Em contrapartida, colocou-se à mostra
sistemas de gestão ineficientes, até então protegidos pelo processo inflacionário. Os
empresários foram impelidos a reaprender a administrar suas empresas, agora
numa economia de baixa inflação - os ganhos financeiros não eram mais tão
vantajosos. Nesse cenário, o setor supermercadista passa a investir na
implementação de ferramentas de diferenciação, afirmam Ângelo e Silveira (2001). A
qualidade do serviço prestado ao cliente é foco dos principais investimentos -
ampliação da área física de vendas; informatização e automação dos
estabelecimentos; uso melhor da propaganda e marketing; estratégias criteriosas de
seleção do mix de produtos, entre outras. O mix de produtos passa a ser visto como
um grande diferencial entre as empresas supermercadistas, pois pesquisas mostram
que 2/3 dos produtos levados pelo consumidor são decididos na hora da compra
(MORITA, 1998).
1
O Setor Externo da Economia Brasileira durante e após o Plano Real: João Neutzling Junior;
Disponível em: www.perspectivaeconomica.unisinos.br . Acessado em: 20/09/2007
21
Nesse reposicionamento de mercado, as maiores redes do setor
supermercadista começam a trabalhar com marcas próprias. Marcas próprias, no
conceito de Las Casas (2006) são aquelas desenvolvidas e distribuídas pelo
varejista. Já as marcas nacionais o aquelas pertencentes a fabricantes, e podem
ser adquiridas pelos consumidores, em todas as redes varejistas que tiveram
interesse em revendê-las.
Para Kumar e Steenkamp (2008, p.16) marca própria pode ser considerada
“como toda e qualquer marca que seja de um varejista ou distribuidor, à venda
somente em seus próprios estabelecimentos.”
Parente (2007, p. 194), define marca própria como sendo “as marcas
desenvolvidas e vendidas com exclusividade por varejistas ou por atacadistas” e
marcas do fabricante como “marcas de propriedade de um fabricante, podendo ser
vendidas por diferentes varejistas ou atacadistas.”
Marca própria private brand para Martins e Blecher (1996, p. 82) ganhou a
seguinte definição: “itens de consumo que podem ser produzidos ou etiquetados por
terceiros, como varejistas, atacadistas ou lojas de descontos.”
A comercialização de produtos de marca própria, na opinião de Las Casas
(2006), é uma estratégia que o setor varejista passou a utilizar para conquistar os
consumidores, que exigem, cada vez mais, qualidade nos produtos e preços baixos.
Essa estratégia comercial está crescendo, evoluindo e ganhando o interesse de
fabricantes, varejistas e consumidores, de acordo com pesquisa realizada pela
ACNielsen (2003). O varejo de alimentos no Brasil representado pelas grandes
redes de supermercado, dentre elas, o Grupo o de Açúcar, Carrefour e Makro -
começa a trabalhar com marcas próprias na década de 1970, conforme registra
Parente (2007, p. 194).
Inicialmente, os produtos não apresentavam atrativos nas embalagens e a
qualidade não era o fator principal em sua fabricação, atraindo, principalmente,
aqueles consumidores que valorizavam o preço baixo. Mas, no final dos anos de
1990, começou-se a repensar o segmento e introduzir fatores, entre eles a
qualidade, com vistas a tornar os produtos competitivos, tanto para o mercado
nacional, quanto para a exportação. O preço, ainda, é o grande diferencial das
22
marcas próprias, entretanto essa vantagem não é mais alcançada com o sacrifício
da qualidade do produto
2
. O Comitê ABRAS de Marcas Próprias (COMPRO),
considera que os produtos de marcas próprias, na maioria das vezes, podem ser
mais baratos que os similares de grandes marcas - a redução de custos pode chegar
a 20%, dependendo do produto.
A evolução da demanda de produtos de marcas próprias no Brasil é de
tendência ao crescimento, segundo a revista Superhiper (ÂNGELO e SILVEIRA,
2001). Essa informação pode ser confirmada pela pesquisa Nielsen, aplicada em
várias regiões brasileiras no ano de 1999, que revelou que, dos 300 supermercados
pesquisados, 99 trabalhavam com marcas próprias, dado 19% superior ao de 1998.
Em número de categorias, o segmento de marcas próprias apresentou um
crescimento de 11%, em relação ao ano de 1998, totalizando 220 categorias
disponíveis no mercado.
Analisando dados mais recentes, publicados pelo 13º Estudo de Marcas
Próprias de Nielsen (2007), constata-se que o volume de vendas de marcas próprias
cresceu 25,7%, e em valor 22,3%, no período de julho de 2006 a junho de 2007. A
estimativa de faturamento do segmento de marcas próprias para 2007 foi de R$8,1
bilhões, de acordo com informações do COMPRO
3
.
Apesar das previsões apontarem para o crescimento desse segmento, as
marcas próprias não alcançam no Brasil o mesmo sucesso que no exterior. Morita
(2007) analisando a pesquisa desenvolvida pelo Instituto ECMetrics em maio de
2007, para a Revista Supermercado Moderno, destaca as principais razões que
inibem o consumidor brasileiro a adquirir produtos de marcas próprias: 1) o preço
baixo é o atrativo para o consumidor decidir pela compra de tais produtos, desde
que a qualidade não interfira no bom desempenho deste; 2) a categoria de produtos
que envolve a saúde da família, a sua troca por outros de marca própria é mais
criteriosa, como por exemplo, os de higiene pessoal, cremes e cosméticos; 3) a
marca própria também perde para as marcas líderes, quando estas, por meio da
2
Revista Brasil Alimentos - nº. 32 - Fevereiro de 2006.
3
Via6. Marcas Próprias devem render R$8,1 bilhões em 2007. Disponível em:
http://www.via6.com/topico.php?tid=131232 . Acessado em 31-03-2008.
23
comunicação em massa conseguem atingir o seu público de uma forma mais
intensa, enquanto as marcas próprias dependem, sobretudo, de ações
desenvolvidas no ponto de venda para se tornar mais conhecidas do consumidor.
Muitas pesquisas têm sido desenvolvidas sobre o assunto marcas próprias, e o
relacionamento a jusante na cadeia de suprimentos do varejo é privilegiado nesses
estudos. Entretanto poucos estudos sobre as relações a montante desta cadeia
de suprimentos.
Portanto, esta pesquisa se propôs a estudar as operações logísticas que se
desenvolvem entre três fornecedores de marcas próprias e uma unidade varejista,
com vistas a conhecer quais são os critérios estabelecidos para a escolha de um
fornecedor de marca própria; as exigências impostas pelo supermercado relativas à
produção, controle de qualidade, garantias envolvidas, prazo de entrega, forma de
estocagem e duração do contrato.
1.1 Pergunta de partida
No Brasil, o varejo é uma das atividades empresariais que vem
experimentando rápidas transformações ao longo dos últimos anos. Dentre as
diversas mudanças, destacam-se as mudanças na composição do mercado, com
participação das grandes redes estrangeiras, refletindo no aumento da concorrência,
e no comportamento do consumidor, que cada vez mais, exige qualidade,
conveniência e eficiência na entrega dos serviços. As redes varejistas procuraram se
adaptar às mudanças, criando artifícios capazes de diferenciá-las no mercado, e
com isso, conquistar e fidelizar seu consumidor. A Associação Brasileira de
Supermercados
4
(ABRAS) acredita que “assim como outros instrumentos de
fidelização, os produtos de marcas próprias podem contribuir, significativamente,
para o trabalho de diferenciação do varejista diante dos seus concorrentes”,
disponibilizando aos consumidores produtos de qualidade com preços justos. Mas
apenas bons produtos e bons preços não são suficientes para atender às exigências
dos consumidores, afirmam Fleury et al. (2006). Esses fatores deverão ser
4
ABRAS COMITÊ: Guia ABRAS de Marcas Próprias. Disponível em:
http://www.abrasnet.com.br/inst_comite2.asp. Acessado em 10/06/2007.
24
acompanhados de uma logística eficiente: rapidez na entrega; disponibilidade de
produto; bom atendimento; ausência de avarias, entre vários outros itens, com vistas
a criar valor ao serviço oferecido ao cliente. Para Bowersox e Closs (2001) os
produtos e serviços terão valor para os clientes quando esses estiverem
disponíveis e posicionados, ou seja, os clientes poderão obtê-los prontamente
quando desejarem.
Assegurar a disponibilidade dos produtos no local onde são requisitados e ao
menor custo possível tornou-se a grande responsabilidade da logística, afirmam
Bowersox e Closs (2001). Para Kotler e Armstrong (1998) as empresas devem
buscar melhorias na forma de estocar, manusear e transportar seus produtos, para
que eles se encontrem disponíveis aos consumidores na quantidade certa, no
momento certo e no lugar certo. Diante desse novo cenário de negócios as
empresas foram impulsionadas a gerenciar com maior eficiência a apropriação dos
recursos logísticos, o que levou ao surgimento de novas gerências dedicadas ao
controle logístico de forma estratégica (BOWERSOX e CLOSS, 2001).
Melhorar o sistema logístico passou a ser imperativo para o ganho de
competitividade das empresas fabricantes e varejistas. O relacionamento entre
esses dois atores da cadeia de suprimentos tornou-se determinante para a
conquista dessas vantagens. O mercado varejista, na análise de Lavalle (2001),
reconhece que o relacionamento de cooperação e parceria resulta em maior
confiabilidade e capacidade de resposta de seus fornecedores, o que reflete na
racionalização dos custos operacionais, à medida que passa a ter melhor utilização
da capacidade instalada e possibilidades de redução dos níveis de estoque.
Analisando os resultados das pesquisas aplicadas aos principais
supermercados de São Paulo e Rio de Janeiro, ao longo do período de 1994-2002,
Lavalle (2001) concluiu que os supermercados estão mais exigentes na hora de
escolher os seus fornecedores. O preço, que era a principal variável de decisão de
compra, perde espaço para a qualidade, variedade e melhor nível de serviço
prestado ao cliente. Nesse período, o preço caiu cerca de 15% de sua importância
(de 38,5% para 32,9%), enquanto o produto cresceu em 17% (de 30,8% para 36%)
e o serviço ao cliente em 14% (de 14,4% para 16,4%), (LAVALLE, 2001).
25
O pensamento de Lavalle, (2001) condiz com o resultado da pesquisa. Para
ele, o serviço ao cliente ganha cada vez mais peso em relação às demais variáveis
de decisão de compra. É essencial que as empresas invistam em melhorias dos
serviços logísticos para garantir um bom desempenho de toda a cadeia de
suprimentos, o que i resultar a elevação do nível de serviços ao cliente e ao
mesmo tempo a redução de custos operacionais.
Os objetivos de desempenho logístico são definidos tendo como foco o cliente.
Kotler e Armstrong (1998) chegam a afirmar que o cliente é o ponto de partida para o
planejamento logístico. O planejamento se mais eficiente quando se conhece o
que os consumidores esperam dos fornecedores em relação ao tempo de
processamento de pedidos, à pontualidade e à flexibilidade nas entregas; à seleção
e identificação das mercadorias; à informação do status do pedido; à aceitação de
devoluções e substituição dos produtos defeituosos.
É para suprir as demandas crescentes dos clientes que o varejo espera melhor
serviço de seus fornecedores, afirmam Ellram et al. (1999), apud Goldsmid (2003).
Os varejistas, concluem os autores, passam a valorizar o relacionamento com as
outras empresas que compõem a cadeia de suprimentos, pois percebem que
conseguirão fornecer bons serviços aos consumidores se toda a cadeia apresentar
bom funcionamento. A parceria e cooperação com fornecedores deverão ser
fortalecidas, afirma Parente (2007), e o desenvolvimento de alianças entre varejistas
e fornecedores está sendo considerado como uma forte vantagem competitiva.
Com essa visão do varejo, pretende-se neste trabalho, estudar a logística dos
produtos de marcas próprias e de marcas nacionais em uma unidade
supermercadista. A intenção é fazer um estudo comparativo entre a logística dos
produtos de marcas próprias e a logística de produtos de marcas nacionais.
Assim, a pesquisa busca investigar a seguinte questão:
Fornecedores de marca própria e fornecedores de marca nacional, em que os
seus sistemas logísticos se diferenciam no atendimento a um supermercado?
26
1.2 Justificativa
Atualmente, se observa um processo de transformação no comércio
supermercadista brasileiro. A concorrência das grandes redes internacionais impõe
um novo ritmo na gestão dos negócios. As empresas nacionais foram obrigadas a
melhorar a qualidade dos serviços oferecidos aos clientes, como forma de assegurar
sua permanência no mercado. A preocupação com a eficiência ultrapassa as
fronteiras da empresa, estendendo-se a todos os estágios da cadeia de
suprimentos, que se empenham para desenvolver o conceito de logística integrada.
A nova forma de fazer negócios requer uma administração integrada de toda a
rede de suprimentos. O conceito da integração da cadeia (Supply Chain
Management) tem se tornado cada vez mais importante no atual ambiente
competitivo. O conceito de supply chain management (SCM) é bastante abrangente,
como esclarece Lambert (1998), integra todos os processos interempresariais,
partindo do primeiro fornecedor da cadeia até o consumidor final. Além disso,
incorpora os gerenciamentos do fluxo de produtos, gestão sistêmica da informação,
assim como a administração de serviços, com o objetivo de melhorar o nível de
atendimento ao cliente.
Com a intenção de conhecer as operações logísticas entre um supermercado e
seus fornecedores, tanto de marcas próprias como de marcas nacionais, o presente
estudo selecionou três produtos manteiga, queijo e requeijão -, que são oferecidos
pelos dois tipos de fornecedores, buscando evidenciar, possíveis vantagens e
desvantagens no processo logístico de cada um deles. Os resultados desse estudo
poderão contribuir para o mercado varejista, no sentido de ampliar os conhecimentos
sobre marcas próprias, estratégia mercadológica que ainda tem muito a crescer no
cenário brasileiro.
27
1.3 Objetivos
1.3.1 Objetivo geral
O objetivo geral é comparar o sistema logístico dos fornecedores de produtos
de marcas próprias com o dos fornecedores de produtos de marca nacional de um
supermercado.
1.3.2 Objetivos específicos
Por meio dos objetivos específicos, pretende-se:
descrever os fatores que influenciam na decisão do lançamento de marcas
próprias;
levantar as vantagens da comercialização de produtos de marcas próprias;
identificar os fatores considerados na seleção dos fornecedores de marcas
próprias, do ponto de vista logístico;
fazer análise comparativa do nível do serviço logístico dos fornecedores de
marcas próprias e de marcas nacionais de três produtos: manteiga, requeijão
e queijo.
1.4 Estrutura da dissertação
Esta dissertação está estruturada em seis partes. A primeira parte traz a
introdução, a pergunta de partida, a justificativa, os objetivos geral e específicos da
pesquisa.
Na segunda parte desenvolveu-se o referencial teórico delimitando as
grandes áreas que deram sustentação à pesquisa: logística, varejo e marca própria.
A terceira parte trata dos procedimentos metodológicos que possibilitaram
caracterizar a pesquisa do ponto de vista da concepção e natureza dos dados, como
também da definição dos meios de coleta e tratamento das informações.
A quarta parte apresenta as análises dos resultados seguida das conclusões
da pesquisa que foram desenvolvidas na quinta parte deste trabalho. As sugestões
28
para estudos futuros e limitações da pesquisa podem ser encontradas na sexta
parte. Seguem as referências e o apêndice, onde se encontra a estrutura da
entrevista utilizada para a coleta dos dados.
29
2. REFERENCIAL TEÓRICO
Por se tratar de uma pesquisa que envolve diferentes áreas do conhecimento,
neste capítulo, desenvolveu-se o referencial teórico delimitando as grandes áreas
que deram sustentação à pesquisa: logística, varejo e marca própria.
Na abordagem do estudo da logística apresentaram-se conceitos, definições,
aplicação na atividade empresarial e importância da logística integrada como
conseqüência natural da evolução das empresas. Dentre os conceitos de logística
integrada, os temas estudados com maior ênfase foram: a gestão da cadeia de
suprimentos, gestão dos estoques e do abastecimento no comércio varejista e o
relacionamento com os fornecedores.
Sobre o varejo buscou-se estudar, de forma generalizada, toda a gestão dos
processos comerciais, e em particular a comercialização de produtos de marcas
próprias em supermercados - a evolução, a complexidade do processo de escolha
de produtos e fornecedores, as operações logísticas, as vantangens e desvantagens
para o setor supermercadista, quando se decide trabalhar com produtos de marca
própria.
2.1 Cadeia de suprimento
A cadeia de suprimentos é um conjunto de empresas que desenvolve inúmeras
atividades funcionais (fabricação, transporte, armazenagem, distribuição etc.) que
compõem as etapas de transformação e comercialização de um determinado
produto (BALLOU, 2007, p. 29).
A cadeia de suprimentos, de acordo com os conceitos de Chopra e Meindl
(2003), começa com a necessidade do cliente em obter determinado produto,
passando pelo agrupamento de várias empresas que, direta ou indiretamente,
estarão envolvidas no processo de transformação, transporte e comercialização do
produto desejado pelo cliente. Se o processo for eficiente, será capaz de atender e
satisfazer as necessidades do cliente e ainda gerar lucro para todo o canal de
distribuição. Sobre a cadeia de suprimento, os autores complementam:
30
A cadeia de suprimento o inclui apenas fabricantes e fornecedores, mas
também transportadoras, depósitos, varejistas e os próprios clientes. Dentro
de cada organização, como por exemplo, de uma fábrica, a cadeia de
suprimentos inclui todas as funções envolvidas no pedido do cliente, como
desenvolvimento de novos produtos, marketing, operações, distribuição,
finanças e o serviço de atendimento ao cliente, entre outras. (CHOPRA e
MEINDL, 2003, p. 3).
A cadeia de suprimento na perspectiva de Christopher (2007, p.16) é “a rede
de organizações envolvida por meio de vínculos a montante e a jusante, nos
diferentes processos e atividades que produzem valor na forma de produtos e
serviços destinados ao consumidor final.”
Christopher (2007) demonstra que apesar da necessidade de cooperação entre
as empresas que integram uma mesma cadeia de suprimento, grande parte das
organizações vê-se como agentes que existem independentes de outras, quando
diz:
[...] um fabricante de camisa faz parte de uma cadeia de suprimentos que se
estende a montante passando pelos fabricantes de tecidos e de fibras, e a
jusante passando pelos distribuidores e por aqueles que revendem ao
consumidor final. Cada uma dessas organizações, por definição, depende
da outra e, no entanto, paradoxalmente, por tradição, não cooperam em alto
grau entre si. (CHRISTOPHER, 2007, p. 16).
As cadeias de suprimentos tradicionais eram projetadas para levar o cliente a
consumir o que os fabricantes ofereciam. Comportamento que trazia vantagens às
empresas fornecedoras, à medida que facilitava o planejamento de suas operações
internas. Mas essa filosofia convencional está mudando. Na perspectiva de
Christopher (2007), o cliente está ocupando, paulatinamente, lugar no início da
cadeia de demandas, conceito mais apropriado para a cadeia de suprimentos,
utilizado por Baker (2003).
Sobre a cadeia de demandas, Baker (2003), complementa:
Gerenciar as cadeias de demandas é [...] fundamentalmente diferente de
gerenciar cadeias de suprimentos. É preciso virar a cadeia de suprimentos
de cabeça para baixo, e tomar o usuário final como o ponto de partida da
organização, e não o seu destino final. (BAKER, 2003, apud
CHRISTOPHER, 2007, p. 55).
31
Para se criar uma cadeia de suprimentos orientada para o mercado, é
necessário, primeiramente, garante Christopher (2007), compreender o que os
clientes valorizam no mercado em que a empresa compete.
A FIG. 1 apresenta as etapas para se criar uma cadeia de suprimentos
orientada para o mercado.
FIGURA
Vinculando o valor para o cliente à estratégia da cadeia de suprimentos
A que os clientes atribuem valor?
Como traduzir os requisitos em oferta?
O que é preciso para ser bem-sucedido
neste mercado?
Como cumprir este plano?
Fonte: Christopher, 2007, p. 55
2.2 Cadeia de suprimento integrada - supply chain
Supply chain pode ser entendido por Martins e Laugeni (2006), como a
integração da empresa com todas as outras empresas que fazem parte da cadeia de
suprimentos:
Identificar
segmentos de
valor
Definir a
proposta
de valor
Identificar os
líderes do
mercado
Desenvolver a
estratégia da
cadeia de
suprimentos
32
A gestão da cadeia de abastecimento ou supply chain management (SCM)
diz respeito às práticas de gestão que são necessárias para que todas as
empresas agreguem valor ao cliente desde a fabricação dos materiais,
passando pela produção dos bens e serviços, a distribuição e a entrega ao
cliente (MARTIN e LAUGENI, 2006, p. 170-171).
Ching (2006) contribui para o entendimento da gestão do supply chain quando
afirma que é uma maneira integrada de planejar e controlar o fluxo de mercadorias,
informações e recursos, partindo das empresas fornecedoras até o cliente final. A
necessidade de se estender a lógica da integração para fora das fronteiras das
empresas com o propósito de incluir fornecedores e consumidores tem se tornado
evidente. O autor mostra tais evidências, quando afirma:
A integração com fornecedores pode resultar em vários benefícios, como:
parceiros mais fortes e para todo o negócio; foco comum na qualidade;
confiabilidade de entregas mais estáveis e repetitivas; baixos níveis de
estoque; menos burocracia; melhor controle do processo; dependência
mútua e congruência de objetivos e custos da cadeia logística reduzidos.
(CHING, 2006, p. 66).
A integração com fornecedores pode acontecer por meio da parceria. A
parceria, para Lambert et al. (1998) envolve confiança mútua no relacionamento,
como também, riscos e recompensas compartilhados, que proporcionam vantagens
competitivas estratégicas, resultando um desempenho melhor do que seria possível
individualmente. Os autores Bowersox e Closs (2001) corroboram essa afirmativa
quando enfatizam que o compartilhamento da informação entre as principais
empresas, que participam da cadeia de suprimentos, é fundamental para atingir alto
grau de cooperação e de parceria entre as mesmas.
A participação de cada empresa, impactando no desempenho de todo o canal
de distribuição, é registrado por Bowersox e Closs (2001, p. 98): “somente por meio
da cooperação no âmbito de todo o canal podem ser plenamente satisfeitas as
necessidades logísticas e de marketing para uma distribuição bem-sucedida [...].”
É mais do que notório que, a adoção das práticas da SCM permitirá a todas as
empresas participantes da cadeia produtiva manter estoques em níveis mais baixos,
o que irá contribuir, significativamente, para a diminuição dos seus custos
33
operacionais. Entretanto é bom frisar que nem todas as cadeias de suprimentos
atuam com essa visão. Ou seja, continuam se relacionando com os seus
fornecedores e clientes com a visão tradicional de negócio. Nessa visão, segundo
Martin e Laugeni (2006), as empresas não apenas ignoram o impacto que suas
atividades - como exemplo um atraso na entrega do pedido - causaria nos negócios
das outras empresas, mas também definem o objetivo de sua produção, o
necessariamente, para atender às entregas dos clientes, mas sim para maximizar a
alocação dos seus recursos, minimizando os seus custos de produção. É bem
provável que as empresas que continuarem com essa prática de gestão terão
dificuldades em atender melhor o cliente, pois perderão o controle e conhecimento
de todas as etapas por que os produtos irão passar - fabricação, distribuição e
entrega final ao cliente, concluem os autores.
Ching (2006) corrobora com essa visão, quando afirma que apesar da
necessidade de desenvolver relacionamentos e processos logísticos estratégicos de
modo a obter sucesso mútuo, muitas empresas da cadeia de suprimento ainda não
compartilham dessa visão, criando obstáculos para a coordenação dessa cadeia.
Em Ching (2006, p. 215-216) encontram-se alguns dos comportamentos que
demonstram essa realidade:
repetição de processos e atividades entre as empresas da cadeia;
pouca agilidade e desperdício de tempo no desenvolvimento das atividades;
informações sobre a demanda pouco confiáveis;
concorrência predatória - as empresas compradoras fazem muitas cotações
de preço na tentativa de pressionar seus fornecedores;
os integrantes da cadeia estão preocupados apenas com o seu estágio, sem
considerar as necessidades dos demais;
as relações de “parcerias” e “confiança” são ignoradas e substituídas pela
ação de exploração pelo elo mais forte;
margens de lucro das empresas cada vez menores, em vez da redução do
custo real. A redução dos custos ao longo de toda a cadeia só será possível
com a cooperação de todas as empresas.
Na perspectiva de Chopra e Meindl, (2003), a dificuldade de coordenação da
cadeia de suprimento parte, principalmente, do comportamento das empresas,
34
quando estas, de forma isolada, tomam decisões que irão beneficiar apenas
determinados estágios da cadeia, como também, pelo aumento da distorção e
variabilidade das informações. Se os gerentes da cadeia identificam esses
obstáculos, podem tomar medidas saneadoras buscando atingir a coordenação.
Alguns desses obstáculos foram categorizados por Chopra e Meindl (2003, p. 369-
374) o que pode facilitar sua identificação:
obstáculos do incentivo – situações em que os incentivos ocorrem em apenas
determinados estágios da cadeia. Situações que podem ser vivenciadas
quando o aumento das vendas é resultado apenas da imposição dos
incentivos, desencadeando assim, um crescimento ilusório da demanda. Isso
induz os fabricantes a elevar o nível de produção, que nem sempre continua
sendo absorvido pelas empresas clientes;
obstáculos de processamento de informações distorção das informações
sobre a demanda. Esta se agrava à medida que circula entre os diferentes
estágios da cadeia de suprimento, o que leva a uma variabilidade maior nos
pedidos;
obstáculos operacionais - decisões operacionais quanto à determinação do
tamanho dos lotes de compra - custos associados à emissão de pedidos,
despesas com recebimento, transporte e descontos recebidos por aumento
da quantidade pedida - podem desencadear um fluxo irregular de pedidos por
toda a cadeia;
obstáculos de preço situações em que as políticas de preço (descontos,
promoções) provocam as compras antecipadas que resultam em pedidos
grandes durante o período promocional, seguidos por pequenos pedidos após
esse período;
obstáculos comportamentais referem–se a problemas de atitude nas
organizações, refletindo no modo como a cadeia de suprimento é estruturada
e na eficiência da comunicação entre os estágios.
2.3 A informação no desempenho da cadeia de suprimento
Chopra e Meindl (2003) enfatizam que a informação é fundamental para o
desempenho de uma cadeia de suprimento, à medida que oferece sustentação às
35
decisões dos gerentes. Os autores assinalam a importância da informação no
processo gerencial de tomada de decisão quando afirmam:
Sem informação, o gerente não sabe o que os clientes querem, quanto de
estoque está armazenado e qual o momento de produzir ou embarcar mais
produtos. Sem informação, torna-se impossível para uma cadeia de
suprimento fazer seus produtos chegarem aos clientes. Nesse sentido, a
informação é o aspecto mais importante da cadeia de suprimento sem a
qual nenhum dos outros aspectos conseguiria proporcionar um alto nível de
desempenho [...] (CHOPRA e MEINDL, 2003, p. 342).
Vale ressaltar que, mesmo sabendo da importância de se ter informações
atualizadas e precisas em todos os estágios da cadeia de suprimentos, o
gerenciamento eficiente das informações nem sempre foi prioridade das empresas.
As empresas concentravam seus esforços no fluxo eficiente de bens ao longo do
canal, esclarecem Bowersox e Closs (2001), descuidando do fluxo de informação.
Deve-se admitir que se contavam com poucos recursos tecnológicos disponíveis
para a transferência das informações, sendo que os procedimentos mais comuns
eram realizados com a utilização do papel. Além disso, as informações não eram
consideradas importantes, partindo do suposto que não aperfeiçoavam o serviço
prestado ao cliente. Ao contrário do que o mercado acreditava, Bowersox e Closs
(2001), garantem que, informações precisas e em tempo hábil são, atualmente,
essenciais para o sucesso de uma cadeia de suprimento, por três razões básicas:
informações sobre o pedido, disponibilidade do produto, entrega e
faturamento, são consideradas importantes pelos clientes;
a informação quando utilizada de forma eficaz pode contribuir para a redução
dos níveis de estoque e, conseqüentemente, contribuir também para a
redução dos diversos custos envolvidos na aquisição e manutenção dos
mesmos;
a informação aumenta a flexibilidade para decidir como, quando e onde os
recursos podem ser utilizados para que se obtenha vantagem estratégica.
Para Chopra e Meindl (2003), as informações necessárias para se obter essa
vantagem estratégica podem ser agrupadas de acordo com os diferentes estágios
da cadeia de suprimento: o primeiro estágio representado pelo fornecedor dispõe de
36
informações sobre quais os produtos poderão ser comprados, a que preço e como
podem ser pagos, com que prazo de entrega e onde podem ser entregues; no
segundo estágio, encontra-se o distribuidor, disponibilizando as informações sobre o
que deve ser transportado, em que quantidade, por qual modal, a que preço, qual o
nível de estoque em cada posto intermediário e qual o lead time; no terceiro estágio,
destaca-se o varejo, que trata a informação sobre a demanda, quem está
comprando o que, a que preço, onde e em que quantidade.
Para que as informações possam ser utilizadas de forma eficiente nas tomadas
de decisões a respeito da cadeia de suprimento, elas devem manter algumas
características, segundo Chopra e Meindl (2003). Tais características coincidem com
os princípios definidos sobre essa mesma questão por Bowersox e Closs, (2001),
que são: 1) precisão nas informações: as informações deverão retratar a verdadeira
situação da cadeia de suprimento, evitando assim erros na tomada de decisões; 2)
atualização e acessibilidade das informações: as informações deverão ser
constantemente atualizadas e prontamente disponibilizadas aos gerentes, de forma
a reduzir as incertezas operacionais e de planejamento; 3) seleção criteriosa das
informações a serem retidas nos bancos de dados: as informações devem ser úteis
e contribuir para o processo de tomada de decisões. Esses princípios são suficientes
para mostrar que a qualidade da informação interfere de forma significativa na
formulação da estratégia da cadeia de suprimentos. Mas boas informações seriam
inúteis se não tiverem um bom tratamento. Os gerentes precisam saber analisá-las e
utilizá-las de forma eficiente, a fim de que elas contribuam para a tomada de
decisões acertadas, lembram Chopra e Meindl (2003), quando afirmam:
A interpretação das informações irá impactar nas decisões sobre: 1)
estoques a determinação de políticas de estoque requer informações que
incluem padrões de demanda, custo de manutenção de estoque, custos de
esgotamento de estoque e custo de pedido; 2) transporte as decisões
sobre redes de transporte, rotas, meios, remessas e fornecedores exigem
informações sobre custos, localizações dos clientes e tamanhos dos
carregamentos, para que sejam eficazes; 3) instalações a determinação
da localização, capacidade e cronogramas de instalação requer informações
sobre os trade-offs entre eficiência e flexibilidade, demanda, taxas de
câmbio, impostos etc. (CHOPRA e MEINDL, 2003, p. 344-345).
37
2.4 Logística: conceitos e evolução
Logística e gerenciamento da cadeia de suprimentos não são idéias novas,
constata Christopher (2007). Não se pode negar a pertinência dessa afirmação,
quando se observa ao longo da história, alguns eventos que não se permite
concebê-los sem a participação atuante da logística, a exemplos podem-se destacar
as construções gigantescas da antigüidade, como as pirâmides; um sem número de
intervenções bélicas; as ações humanitárias desenvolvidas em países longínquo etc.
O papel da logística, configurado pela movimentação de materiais pesados, de
milhares de soldados e/ou pessoas, equipamentos e alimentos, foi fundamental para
o sucesso ou fracasso desses empreendimentos.
As organizações empresariais diferente das organizações militares inicialmente
não utilizaram a logística de forma estratégica e coordenada. Ballou (2006) ressalta
que esse comportamento pode ser justificado pelo fato das funções logísticas
tidas apenas como funções de suporte e apoio às funções produção e marketing
não eram reconhecidas como importantes ao processo operacional das empresas.
Do ponto de vista das organizações empresariais a logística trata de todas as
atividades de movimentação e armazenagem, que facilitam o fluxo de produtos
desde o ponto de aquisição da matéria-prima até o ponto de consumo final, afirma
Ballou (2007, p. 24).
A logística no conceito de Christopher (2007, p. 3) é o processo de
gerenciamento estratégico da compra, do transporte e da armazenagem de
matérias-primas e produtos por parte da organização e de seus canais de marketing,
além do fluxo de informações relacionadas.”
A logística moderna passa a ser a maior preocupação dentro das empresas.
Para Ching (2006) o gerenciamento engloba:
Os conceitos de fluxo de compras de matérias-primas, operações de
produção e transformação, controle de materiais e processos, bem como
produtos acabados, compreendendo também todo o gerenciamento de
transporte e distribuição de produtos destinados a vendas, desde depósitos
intermediários até a chegada dos produtos aos consumidores finais.
(CHING, 2006, p. 18).
38
Para Dornier et al. (2000), logística é a gestão de todos os fluxos relacionados
às funções do negócio, que permitem a entrega dos produtos/serviços aos clientes.
Na definição expandida da logística, tais fluxos abrangem todas as formas de
movimento de produtos e informações desde o fornecimento de matéria-prima,
passando pelo processo de transformação, armazenamento, embalagem,
comercialização, entrega ao consumidor final até o fluxo reverso das embalagens
retornáveis e produtos que poderão ser reciclados, recauchutados ou reutilizados.
A designação e as funções atualmente atribuídas à logística sofreram várias
alterações no decorrer dos tempos. Em 1991, o Council of Logistics Management
modificou sua definição de 1976, conforme descrita por Bowersox e Closs (2001):
[...] inicialmente o nome administração da distribuição física foi alterado para
logística e, em seguida, alterou-se a definição para: Logística é o processo
de planejamento, implementação e controle eficiente e eficaz do fluxo e
armazenagem de mercadorias, serviços e informações relacionadas desde
o ponto de origem até o ponto de consumo, com o objetivo de atender às
necessidades do cliente” (BOWERSOX e CLOSS, 2001, p. 20).
É incontestável a afirmativa de que a logística sempre foi importante para o
bom desempenho da cadeia de suprimentos. No entanto, de forma surpreendente,
Ballou (2007) afirma que até 1950 o desenvolvimento e os estudos sobre a função
logística permaneceram praticamente suspensos. Não existia nenhuma filosofia
dominante para guiá-la. Bowersox e Closs (2001, p.26) corroboram esse
pensamento quando dizem que “antes da cada de 1950, as empresas
executavam, normalmente, a atividade logística de maneira puramente funcional”.
Não existia nenhum conceito ou uma teoria formada de logística integrada,
contrariamente ao que acontecia com o conceito de marketing.
A falta de atenção dada à logística durante a evolução do conceito de
marketing pode ser atribuída a alguns fatores, conforme Bowersox e Closs (2001, p.
27):
dificuldades de integração das funções logísticas, antes da difusão dos
computadores;
39
a integração das funções logísticas não era vista como propulsora de
melhorias no desempenho das empresas;
não era percebida a importância da logística para o aumento da produtividade
nas indústrias;
a dificuldade em estimar o retorno financeiro, conseguido a partir do valor
economizado em estoque;
a melhoria no nível de serviço prestado ao cliente, era até certo ponto difícil
de ser mensurado e valorizado pelas empresas;
resistência natural a mudanças.
Durante a década de 1980 e no início dos anos de 1990 a prática logística
adquiriu novo impulso. Muitas mudanças foram registradas, tanto no nível de
valorização da própria função, quanto nos mecanismos que propiciaram e facilitaram
a implementação dessas mudanças. Ballou (2007) reconhece que a valorização das
atividades logísticas aconteceu quando as empresas perceberam que, não obstante,
fossem atividades de suporte, os seus desempenhos iriam impactar sobre a
eficiência e eficácia das funções de produção e comercialização, pois são atividades
que acontecem entre os estágios de produção ou compra e os estágios de
demanda. Muitos foram os mecanismos condutores dessas mudanças. Na opinião
de Bowersox e Closs (2001), os mais importantes foram:
a comercialização dos microcomputadores a preços mais acessíveis permitiu
uma crescente popularização destes nos meios profissionais. As empresas
puderam a partir de então, ter acesso e manusear grandes quantidades de
dados necessários ou até mesmo fundamentais ao desempenho logístico;
a revolução da informação: o impacto da nova tecnologia de comunicação
sobre o desempenho logístico resultou operações baseadas na troca rápida e
segura de informações, elevando o nível de excelência dos serviços
prestados;
a adoção em grande escala, dos movimentos da qualidade (TQM - Total
Quality Management): atuando em mercados globalizados e diante de uma
concorrência cada vez mais acirrada, as indústrias perceberam que teriam
que expandir a utilização do conceito de qualidade. A exigência de qualidade,
inicialmente, restrita ao produto, estende-se aos serviços prestados.
Começam então, a valorizar a entrega pida e perfeita dos bens adquiridos
40
pelos clientes, pois perceberam que uma entrega atrasada e com embalagens
danificadas prejudicariam o conceito de excelência de um produto;
desenvolvimento de parcerias e alianças estratégicas: as empresas
perceberam que desenvolver parcerias era essencial para uma logística
eficiente. A estratégia de ter fornecedores e clientes como parceiros
comerciais permitiu desenvolver acordos que resultassem no aumento da
eficiência do trabalho de todo o canal.
2.5 O desempenho logístico na cadeia de suprimento
A percepção de que o desempenho da logística é determinante para o sucesso
de toda a cadeia de suprimento leva os autores a ditar quais são as
responsabilidades logísticas mais preeminentes e os desafios que os profissionais
que trabalham nessa área devem enfrentar. Quanto à responsabilidade, Bowersox e
Closs (2001) afirmam que é da competência da logística disponibilizar matéria-prima,
produtos semi-acabados e produtos acabados no local onde são necessários a ao
menor custo. Por outro lado Ballou (2007) considera que o grande desafio dos
profissionais é projetar demandas, com baixo nível de viés para facilitar a
coordenação da produção e evitar rupturas de estoque, de maneira que os
consumidores tenham suas necessidades atendidas dentro da conveniência exigida.
A busca da excelência logística parte do conhecimento das necessidades
básicas dos clientes e suas expectativas em satisfazê-las, afirmam Bowersox e
Closs (2001). Se a empresa combinar sua competência com as expectativas dos
clientes, alcançará o estado da arte da logística. Para tal, a empresa deverá
desenvolver de forma integrada todas as funções logísticas, ou seja, informação,
transporte, estoque, armazenagem, manuseio de materiais e embalagem. Chopra e
Meindl (2003) reconhecem que trabalhando de maneira integrada a logística irá
apoiar a estratégia competitiva da empresa de maximização de lucros e do nível de
responsividade prometido aos clientes.
41
2.6 Gestão de estoque e abastecimento
No entendimento de Ching (2006), gestão de estoque é, basicamente, o
planejamento e o controle do estoque. Tais componentes foram assim descritos:
O planejamento do estoque é a determinação dos valores que o estoque
terá com o correr do tempo, bem como na determinação das datas de
entrada e saída dos materiais do estoque e na determinação dos pontos de
pedidos de material. O controle de Estoque é o registro dos dados reais,
correspondentes aos planejamentos. A retroalimentação sobre o
planejamento é a comparação dos dados de controle com os dados do
planejamento, a fim de constatar seus desvios e determinar suas causas
(CHING, 2006, p.36-37).
Para que as gôndolas sejam abastecidas como deseja o consumidor, é preciso
que a gestão de estoque e a gestão de pedidos estejam em linha com a demanda e
com a operação da loja. Estabelecer os níveis de estoque e sua localização são
pontos críticos no controle de estoque. Na opinião de Ching (2006), devido,
principalmente, às incertezas do mercado, a eficiência na gestão de estoque irá
exigir do profissional de materiais definições precisas sobre previsão de vendas e de
demanda e criterioso controle sobre o lead time do fornecedor.
Ching (2006) percebe a necessidade das empresas transformarem seus
fornecedores em verdadeiros parceiros de seus negócios, quando afirma que as
empresas e seus fornecedores têm necessidade de estabelecer relações mais
estreitas, visando dinamizar o fluxo dos produtos na cadeia de suprimentos e obter
melhor planejamento no processo de produção”.
Criar um plano único para o fluxo de produtos e de informação ao longo do
negócio é a orientação essencial da logística. Christopher (2007) acrescenta que as
funções logísticas quando desenvolvidas de forma eficiente e integrada poderão
propiciar o aumento da lucratividade da empresa, à medida que, o atendimento dos
pedidos dos clientes será realizado com menor custo. A implementação da logística
integrada deverá acontecer ao longo de toda a cadeia de suprimentos, e não apenas
nas funções internas de uma empresa. As relações bem-sucedidas serão aquelas
que buscam soluções conjuntas, com objetivo de beneficiar toda a cadeia de
suprimentos. Esse não é um modelo o qual prevaleceu no passado, mas que terá
42
que prevalecer no futuro, constata Christopher (2007), ao analisar que se o produto
ou o serviço não estiver disponível no momento desejado pelo consumidor, a venda
poderá ser perdida para a concorrência. Mesmo em mercados nos quais a fidelidade
à marca é forte, a falta de estoque pode ser suficiente para despertar o interesse por
outras marcas, conclui o autor.
O custo de uma venda perdida, por falta do produto na prateleira, foi tema de
estudo de Corsten (2004) apud Christopher (2007). A pesquisa mostrou que 8% dos
itens das categorias estudadas, não foram encontrados no supermercado no dia da
compra. Analisando a reação dos consumidores diante da falta de um produto,
constataram que 25% dos clientes compraram marcas diferentes e 31% alegaram
que iriam comprar o produto em outro lugar. O GRAF. 1 mostra com detalhes as
diversas reações dos consumidores diante da falta de estoque.
GRÁFICO 1
Comportamento do consumidor diante da falta de estoque
Fonte: Adaptado de CORSTEN, D.;GRUEN, T. Stock-Outs Cause Walkouts. Harvard
Business Review, maio de 2004, apud Christhoper, 2007.
Outra pesquisa realizada por Bayle (2003, p.51-56) apud Christopher (2007,
p.48-49) mostrou que “mais de dois terços das decisões de compra são tomadas no
próprio local em que ela é feita, isto é, a compra é iniciada pela visão do produto na
prateleira.” A constante falta de um produto no estoque pode afastar
permanentemente os consumidores da marca e/ou loja, concluem os estudos.
Não com pram o
item
10%
Adiam a compra
15%
Substituem por
marca diferente
25%
Substituem pela
mesma marca
19%
Com pram o item
em outra loja
31%
43
Complementando essa análise, Christopher (2007) afirma que há evidências de
que constantemente as decisões são tomadas no ponto-de-venda, quando analisa
que:
Se houver uma lacuna na prateleira onde deveria estar a marca X, e a
marca Y encontra-se em seu lugar, uma grande probabilidade de ser
vendida a marca Y. Esse comportamento do consumidor pode ser
justificado pela tendência à “comoditização” em muitos mercados. Um
mercado de commodity é caracterizado pela igualdade dos produtos
percebida aos olhos dos consumidores, resultando em grande disposição
para substituir um modelo por outro. Cada vez mais pesquisas sugerem que
os consumidores são menos leais a marcas específicas, mas terão um
portfolio de marcas em uma categoria, entre as quais fazem suas escolhas
(Christopher, 2007. p. 28).
Para assegurar a melhoria dos processos logísticos, a diminuição das faltas de
produtos deveria ser equilibrada com maior giro de estoque, sugere Parente (2007).
O giro de mercadoria mensura a atividade ou a liquidez do estoque de uma
empresa, indicando quantas vezes foi preciso fazer a reposição dele durante o
período. Baixo giro significa estoque parado, e estoque parado contabiliza custos.
Se todos os custos resultantes da manutenção de estoques fossem totalmente
contabilizados, esclarece Christopher (2007), o custo real de manutenção chegaria a
25% ao ano, considerando-se seu valor contábil. Fazem parte desse custo:
custo de Capital;
custos referentes ao manuseio e à armazenagem de materiais;
Custos da obsolescência, deterioração e pequenos furtos;
Custos administrativos associados ao gerenciamento do estoque.
2.7 Sistema de distribuição e de reposição rápida
Não há dúvida de que as relações entre fornecedores e varejistas devem
acontecer em clima de confiança, cooperação e parceria. O desenvolvimento de
sistemas de reposição de produtos pode ser citado como fruto do sucesso de
relacionamento de cadeias de suprimento integradas. Por meio desses sistemas
acontece a reposição automática do estoque em pequeno espaço de tempo, afirma
Parente (2007).
44
Vários são os benefícios que as redes supermercadistas alcançam quando
implantam os sistemas de reposição de resposta rápida, conforme enumera Parente
(2007):
maior giro de estoques;
redução nos níveis de estoque;
níveis controláveis de ruptura de estoques;
maior variedade de produtos, o que eleva a satisfação do consumidor, e
resulta o aumento das vendas;
maior controle do que está sendo vendido e do que está permanecendo nas
gôndolas;
redução dos custos logísticos e administrativos devido ao processamento
eletrônico de dados.
Os novos sistemas de reposição apresentam alguns elementos que lhes
proporcionam rapidez em suas atividades. Tais elementos são assim descritos por
Parente (2007):
1) Parceria “ganha-ganha” - filosofia de cooperação e confiança entre os
parceiros comerciais; 2) Sistemas de frente de loja integrados aos sistemas
de retaguarda - utilização de sistema de código de barras e de leitoras
ópticas; 3) Sistemas de entrega just-in-time - sincronia entre o ponto de
entrega da mercadoria e o ponto do nível mínimo de estoque, ampliando a
freqüência de entregas e diminuindo o volume de cada entrega; 4) EDI -
Intercâmbio eletrônico de dados (EDI- Eletronic Data Interchange) - as
transações eletrônicas incluem a troca de tabela de produtos e preços,
pedido de compras, avisos de recebimento e nota fiscal (PARENTE, 2007,
p. 238).
Por meio de alianças estratégicas e alta eficiência no canal de distribuição,
varejistas e fornecedores podem oferecer valor aos clientes, sem necessariamente,
elevar os custos dos produtos. Para Parente (2007) essa integração possibilitou a
utilização de sistemas de resposta rápida, conhecidos no varejo de alimentos como
Resposta Eficiente ao Consumidor - ECR, e no varejo de não-alimentos como Quick
Response - QR.
45
2.7.1 Resposta eficiente ao consumidor - efficient consumer response (ECR)
Os sistemas de resposta rápida consistem em sistemas de logística integrados.
Sobre o surgimento do ECR, Las Casas (2006) escreve:
Em meados de 1992, surge nos Estados Unidos um grupo de trabalho
denominado The Efficient Consumer Response Working Group, a fim de
examinar a cadeia de suprimento no varejo e seu gerenciamento, para
identificar oportunidades potenciais de mudanças nas práticas ou
tecnologias que poderiam torná-la mais competitiva. O ECR tornou-se um
movimento estratégico entre os fornecedores de atacado/varejo para criar
um sistema eficaz, direcionado ao consumidor, a fim de minimizar custos e
aumentar a satisfação dos consumidores finais (LAS CASAS, 2006, p. 165).
Para Parente (2007, p. 239) o conceito de ECR consiste: “num esforço conjunto
entre fabricantes e varejistas para identificar oportunidades de melhoria nas práticas
comerciais e no uso de novas tecnologias”.
A adoção dos conceitos do ECR pelos diversos mercados foi assim analisada
por Parente (2007):
Enquanto nos Estados Unidos, os elevados custos operacionais
determinaram a implantação do ECR, na Europa o fator determinante foi a
perda de espaço de grandes grifes para as marcas próprias. No Brasil para
que as melhores práticas do ECR fossem implantadas foi fundada a
Associação ECR do Brasil, em maio de 1997. Formada por 75 empresas,
entre fornecedores e varejistas de produtos de consumo de massa
(PARENTE, 2007, p. 240).
O surgimento do ECR nos Estados Unidos, segundo Ângelo e Silveira (2008)
foi no fim da década de 1980, como resposta dos supermercados que estavam
perdendo mercado para a rede Wal Mart e para os novos formatos de loja, tais como
os clubes de desconto e as superstores
5
.
5
Lojas que oferecem, além do mix de produtos bastante completo, uma ampla gama de serviços, como agência
de turismo e bancos, favorecendo a conveniência.
46
As estratégias empregadas pelo ECR foram analisadas por Ângelo e Silveira
(2008) da seguinte maneira:
O ECR propõe quatro diferentes estratégias; reposição, sortimento,
promoção e introdução eficiente de produtos. Com a reposição eficiente
busca-se melhorar o tempo e o custo do sistema de reposição. O sortimento
eficiente visa a otimizar os estoques e espaços da loja. A introdução
eficiente de novos produtos pretende maximizar a eficácia do
desenvolvimento e lançamento de novos produtos. Por promoção eficiente
entende-se maximizar os benefícios de todo o sistema de promoção de
venda ao varejo e ao consumidor final (ANGELO e SILVEIRA, 2008, p.6).
O ECR é um processo de melhoria contínua, esclarece Parente (2007, p. 241),
“com o objetivo de eliminar ineficiências e desperdícios, e desenvolver novas
estratégias de gestão”.
As ferramentas do ECR implantadas no Brasil, conforme descrição de Parente
(2007, p. 240) são:
gerenciamento de categorias - tem por objetivo administrar de forma eficiente
o sortimento da loja, otimizando o mix de produtos, a produtividade dos
estoques e do espaço de atendimento;
Activity Based Costing (ABC) - Custeio Baseado em Atividades - ferramenta
que analisa os custos de cada operação;
reposição Contínua - ferramenta que tem por objetivo repor os produtos nas
gôndolas de forma rápida e adequada à demanda. Por meio das leitoras
ópticas as informações de compras dos consumidores são repassadas para
os demais estágios da cadeia de suprimentos;
EDI - troca eletrônica de dados entre os elementos da cadeia de distribuição;
padronização - a definição de padrões de linguagem de comunicação - código
de barras até a padronização de embalagens.
A implantação da filosofia do ECR possibilita economia em diversas atividades
na empresa. Las Casas (2006, p. 166), esclarece que economias são percebidas
nas transações de compra e venda, pois diversas operações passam a ser
realizadas por meio do EDI, tornando as transações mais simplificadas e com menos
recursos empregados. Falhas de lançamento de produtos também são minimizadas,
pois os dados são trocados eletronicamente entre os elementos da cadeia de
47
suprimento. Esse tipo de troca de informações entre as empresas impõe uma nova
postura comercial. Parente (2007, p. 241) explica que acaba a confidencialidade dos
dados e por isso os atores comerciais deverão desenvolver verdadeiras parcerias,
por meio das quais a tônica do relacionamento deverá ser a ética e a confiança
mútua, buscando um objetivo único, como a solução de problemas comuns que irá
beneficiar a todos os envolvidos.
2.8 Varejo
O varejo na perspectiva de Parente (2007, p. 22) “se resume a todas as
atividades que englobam o processo de venda de produtos e serviços para atender
uma necessidade pessoal do consumidor.”
várias definições para varejo. Las Casas (2006, p.17) ressalta que uma
das mais citadas é a da American Marketing Association, que define varejo como:
“uma unidade de negócio que compra mercadorias de fabricantes, atacadistas e
outros distribuidores e vende diretamente a consumidores finais e, eventualmente,
aos outros consumidores.”
Para Kotler e Armstrong (1998) o varejo engloba:
Todas as atividades de venda de bens ou serviços, diretamente, para
consumidores finais, para seu uso pessoal, não relacionado a negócio. A
maioria das atividades varejistas é feita através de lojas. Mas, nos últimos
anos o varejo sem loja - vendas por mala de direta, por telefone, de porta-
em-porta, por máquinas automáticas, pela internet - vem apresentando
crescimentos expressivos (KOTLER e ARMSTRONG, 1998. p. 297).
A impossibilidade de produzir todos os produtos necessários à sobrevivência
impulsionou as antigas famílias a buscar alternativas de fornecimento daquilo que
lhes faltavam. Dessa necessidade surgiu o varejo, afirma Las Casas (2006). Num
primeiro momento, caracterizado pelas trocas do excedente da produção e à medida
que aumentava a eficiência nas transações, passou a representar o papel de
intermediário entre os produtores e os consumidores finais. Facilitou a distribuição
dos produtos e tornou-os acessíveis aos consumidores na ocasião quando deles
48
necessitassem, mesmo quando estes estivessem em comunidades distantes do
local de origem do produto.
A participação do varejo no sistema de distribuição, ainda hoje, traz rias
vantagens, tanto para as empresas que vendem os produtos quanto para seus
consumidores. Parente (2007) salienta que o varejista não apenas desempenha o
papel de intermediário entre o produtor e o consumidor, mas também assume,
gradativamente, o papel pró-ativo na identificação das necessidades do consumidor.
A tarefa mais árdua do varejista é conhecer os desejos do consumidor, para de certa
forma, influenciar na definição do que será produzido pelos seus fornecedores. Isso
feito, entram em cena outras funções logísticas, que precisam ser desempenhadas
com eficiência, pois por meio delas é que o varejo faz o produto chegar até os seus
clientes: comprar, receber, estocar e abastecer o ponto de venda.
Webster (1974) apud Las Casas (2006) relaciona as principais funções da
administração varejista no QUADRO 1.
O varejista proporciona redução do número de contatos. As vantagens dessa
relação - fabricante, varejista e consumidor - foram ressaltadas por Las Casas:
[...] significa diminuição dos custos dos fabricantes e atacadistas que teriam
que assumir os custos da distribuição caso não houvesse os intermediários.
Dessa maneira, os fabricantes se dedicam mais ao seu objetivo principal de
fabricação, ao mesmo tempo em que os varejistas se especializam nas
funções mercadológicas, o que leva a redução dos custos operacionais da
empresa, em decorrência dessa especialização. (LAS CASAS, 2006. p. 18).
49
QUADRO 1
Principais funções de um intermediário varejista.
Seleção: fazer sortimento de produtos, geralmente inter-relacionados, para os
clientes potenciais;
Compras: comprar uma variedade de produtos de vários vendedores, usualmente
para revenda;
Armazenamento: proteger o produto e manter estoques para oferecer melhores
serviços ao consumidor;
Distribuição: comprar em grande quantidade e dividi-la em quantidades desejadas
pelos clientes;
Controle de Qualidade: avaliar a qualidade dos produtos e ajudar no seu
melhoramento; Vendas: promover o produto junto a clientes potenciais;
Financiamento: oferecer crédito a clientes potenciais para facilitar a transação;
Transportes: movimentação física do produto do produtor ao consumidor;
Informações de Marketing: prestar informação aos fabricantes sobre condições de
mercado, incluindo volume de vendas, tendências de moda e condições de preço;
Riscos: absorver riscos dos negócios, especialmente riscos de manutenção de
estoques, obsolescência de produtos, etc.
Fonte: Adaptado de WEBSTER. Jr., Frederick E. Marketing for managers. New York:
Harper & Row, 1974.p.191 apud Las Casas, 2006.
2.8.1 O varejo no Brasil
A evolução do comércio varejista no Brasil pode ser entendida por meio da
cronologia sintética traçada por Las Casas (2006):
na época do Brasil colonial, o comércio era completamente dependente de
Portugal. As transações mercantis aconteciam nas companhias de comércio,
que foram criadas para atingir uma economia de escala. O comércio brasileiro
só foi estabelecido a partir do desenvolvimento das produções agrícolas,
pecuária e mineração. Entretanto é bom lembrar que várias foram as barreiras
enfrentadas pelos comerciantes pioneiros. Além das dificuldades geradas
pela falta de infra-estrutura interna, precariedade do transporte -
transformando as distâncias em obstáculos à comercialização - contavam
50
ainda com a resistência de Portugal, que temia perder o domínio sobre o
comércio brasileiro;
a inexistência de infra-estrutura, representada pela falta de estradas e meios
de transporte, ainda perdura na fase do império o que levou o comércio a
desenvolver a prática de vendas por meio do caixeiro-viajante. A figura do
caixeiro-viajante teve um papel importante no início das atividades mercantis
no Brasil. Normalmente, era representada pelo tropeiro, que se
responsabilizava pelo transporte não só das mercadorias, mas também de
pessoas, dinheiro, correspondências e notícias;
com o surgimento das estradas de ferro, na fase do Segundo Império, o
comércio toma novo fôlego. Surgem as primeiras casas varejistas de maior
porte. Mas foi na época da República que o comércio brasileiro inicia seu
ritmo de crescimento. Novos varejistas se instalam no Brasil atraídos por essa
onda de crescimento. Em 1871 é fundada a Casa Masson
6
. Em 1906, as
Lojas Pernambucanas
7
e em 1912 a Mesbla
8
.
Ao longo das últimas décadas o mercado varejista vem atravessando um
intenso ritmo de expansão e de transformação. Para Parente (2007) as mudanças
registradas no varejo são respostas às alterações percebidas nos ambientes
econômico, social, cultural e tecnológico. Sem a pretensão de enumerar todos os
responsáveis por essas mudanças, podem-se destacar alguns eventos que
revolucionaram o mercado, tais como introdução das grandes redes estrangeiras no
mercado brasileiro, implementação de avançadas tecnologias de informação e
modernas técnicas administrativas. As empresas se preparam para essas
mudanças, tornando-se mais flexíveis e ágeis, a fim de se adaptarem a um mercado
tão dinâmico e competitivo.
6
Casa Masson – tradicional relojoaria, joalheria e óptica estabelecida em Porto Alegre.
7
Lojas Pernambucanas – rede brasileira de lojas de departamentos há 100 anos no mercado.
8
Mesbla - cadeia brasileira de lojas de departamentos de origem francesa. Manteve-se no mercado até 1999.
51
Rodrigues (1998) analisa o varejo no Brasil como sendo um setor vital da
economia e complementa:
[...] composto por milhões de lojistas estabelecidos e distribuídos em todo
território nacional. Capaz de atender a um imenso mercado de ltiplas
peculiaridades e incontáveis diferenças regionais. As empresas nacionais e
estrangeiras têm consciência da grandiosidade desse mercado. Sobretudo,
do que ele representa em termos de consumo, principalmente, após a
experiência que vêm acumulando com o modelo de estabilidade econômica.
(RODRIGUES, 1998, p.121).
2.8.2 Serviço ao cliente
O serviço ao cliente é um fator de análise que, juntamente com preço e
qualidade, irá influenciar a decisão de compra dos consumidores. Segundo Ballou
(2006) serviço ao cliente é um termo bastante abrangente, que permite várias
interpretações. Tais interpretações buscam identificar o que leva o cliente a agir de
determinada maneira e não de outra, criando subsídios para que a empresa possa
desenvolver o mix de serviços mais indicado para a sua clientela.
O serviço ao cliente, na perspectiva global da empresa, é visto por Ballou
(2006) como um componente essencial à estratégia de marketing, que é
concretizada por meio do bom desempenho dos quatro P’s - produto, preço,
promoção e ponto-de-venda. Parente (2007) acredita que no setor varejista o
esforço de marketing articula outras variáveis que passam a ser somadas aos 4 P’s,
formando assim, o composto de marketing do varejista - os 6P’s: linha de produto,
preço, promoções, apresentação, pessoal e ponto-de-venda.
As variáveis do composto varejista e os exemplos de decisões usualmente
empregados em cada uma delas foram demonstrados em Parente (2007), conforme
QUADRO 2.
52
QUADRO 2
Composto varejista - Os 6 P’s
Variáveis do composto varejista
Exemplo de decisões
P - Mix de Produtos
P - Preços
P - Promoção
P - Apresentação
P - Pessoal
P – Ponto
Variedade da Linha, Qualidade, Serviços
Preços, Crédito, Benefício/Custo
Propaganda, Ofertas, Sinalização
Loja, Departamentalização, Planograma
Atendimento, Rapidez, Serviços
Localização, Acesso, Visibilidade
Fonte: Parente, (2007, p. 61).
Na tentativa de se diferenciar no mercado concorrente, a empresa varejista se
preocupa, cada vez mais, em oferecer serviço com valor agregado à sua clientela. A
busca por diferenciais estratégicos com o objetivo de conquistar e fidelizar os
clientes é uma busca constante, conforme alerta Kotler e Armstrong (1998), pois o
que é considerado diferencial, num primeiro momento, é possível que se transforme
em serviço básico, na percepção do consumidor, assim que outros estabelecimentos
os insiram no seu mix de serviços. Kotler e Armstrong (1998) ilustram tal situação
destacando algumas estratégias que foram consideradas diferenciais, mas
atualmente se tornaram comuns na relação com o cliente: produtos exclusivos,
variedade e serviços melhores que os seus concorrentes, facilidades de venda por
meio do cartão de crédito, estacionamento, conveniência etc.
Destacar-se nesse mercado de forma a ser percebido pelo cliente não é tarefa
fácil. Bowersox e Closs (2001) admitem que as empresas que colocam a busca da
identificação das necessidades do cliente como prioridade para as suas atividades
de marketing terão maior possibilidade de aproveitar as oportunidades do mercado.
53
A importância de se entender as necessidades dos clientes foi evidenciada
pelos autores:
A idéia fundamental é de que o máximo sucesso é alcançado à medida que
todas as atividades de marketing contribuem para atender às expectativas
do cliente. O ponto básico é entender estas necessidades e desenvolver
uma combinação de produtos e serviços que as satisfaçam. A atividade de
marketing bem-sucedida começa com um estudo aprofundado dos clientes
para identificar oportunidades de produtos e serviços. Se essas
oportunidades o economicamente viáveis, existe possibilidade de
negócio. (BOWERSOX e CLOSS, 2001, p.64-65)
Na visão de Parente (2007) o varejista para se destacar no mercado não pode
perder de vista a satisfação de seu cliente. Para isso, ele precisa, primeiramente,
saber quem são seus clientes, quais são suas expectativas e, posteriormente, criar
meios para medir tanto o nível de satisfação do cliente, em relação aos seus
serviços e a dos seus concorrentes, como o nível de insatisfação. O conhecimento
dos fatores geradores de insatisfação do cliente é primordial para o bom
desempenho das empresas, tanto quanto a identificação das maneiras de eliminá-
los.
A qualidade dos serviços prestados pelas empresas é avaliada pelo cliente
quando este compara suas expectativas com aquilo que lhe é oferecido, esclarecem
Berry e Parasuraman (1992, p. 75). Os autores complementam que: “para conquistar
uma reputação pela qualidade do serviço, as empresas devem executar seus
trabalhos em níveis que os clientes sintam estar satisfazendo ou ultrapassando suas
expectativas.”
Os hábitos de compras dos consumidores estão mudando, afirma Parente
(2007). Hoje o consumidor valoriza, dentre outros, a conveniência, a rapidez no
atendimento e a facilidade de localização dos produtos nas gôndolas. A existência
de fatores como esses, de forma isolada, não seria capaz de promover a satisfação
do cliente, mas a falta deles pode provocar um alto nível de insatisfação.
Com o objetivo de ajustar os seus serviços às novas expectativas dos
consumidores, os varejistas mostram-se flexíveis quanto às mudanças e inovações
54
que podem ser incorporadas à sua prestação de serviço. Parente (2007) cita
algumas melhorias que estão sendo utilizadas pelos varejistas:
maior agilidade no atendimento e nos caixas;
departamentalização mais bem sinalizada para facilitar o processo de
compra;
serviços que oferecem maior conveniência, como funcionamento 24 horas,
entregas em domicílio, vendas por telefone e internet;
ampliação da gama de produtos e serviços em um único local por meio de
lojas maiores e de centros de compras planejados - shopping centers.
A inovação em serviços no segmento do varejo é resultado da nova forma de
relacionamento com os clientes. Parente (2007) destaca a contribuição da tecnologia
da informação nas atividades de marketing orientadas para o serviço ao cliente e
afirma que “a tecnologia tem proporcionado melhores métodos de gestão, redução
de custos e um melhor atendimento às necessidades dos consumidores”.
No que diz respeito à inovação e à criatividade o segmento varejista se destaca
no meio empresarial. Parente (2007) ressalta que é possível que o sucesso do
varejista esteja na sua capacidade de entender como o mercado funciona, o que lhe
permite prever e até influenciar o desejo de compra dos consumidores. o
como negar que o setor varejista é marcado por constantes mudanças em sua forma
de atendimento. Tantas modificações incitam os estudiosos do varejo a desenvolver
teorias que buscam entender esse fenômeno. Parente (2007) constata que as
pesquisas procuram explicar quais são as forças que influenciam o surgimento de
novos modelos e o enfraquecimento dos modelos tradicionais. Em decorrência da
diversidade destes, surge então, a classificação do varejo, que será apresentada no
próximo tópico, segundo a perspectiva de vários autores.
2.8.3 Classificação do varejo
De acordo com Parente (2007), as instituições varejistas foram classificadas
segundo o tipo de propriedade e, dentro dessa classificação, em varejo com lojas e
sem lojas. Os varejistas com loja foram classificados em três espécies: varejo
alimentar, varejo não-alimentar e varejo de serviços.
55
Segue a classificação do varejo, segundo Parente (2007):
Varejo por tipo de propriedade:
independentes;
cadeias;
franquias;
alugadas;
propriedade de um fabricante ou atacadista.
Varejo de alimentos com lojas
bares;
mercearias;
padarias;
minimercados;
lojas de conveniência;
supermercados compactos;
supermercados convencionais;
superlojas;
hipermercados;
clubes de atacadistas.
Varejo de não-alimentos com lojas
lojas especializadas;
lojas de departamentos;
minilojas de departamentos ou magazines;
category killer
9
;
lojas de descontos;
lojas de fábrica.
Varejo sem lojas
marketing direto;
9
Category Killer: Grandes lojas especializadas em determinada categoria de produtos, que oferecem grande
variedade e preços muito atrativos (PARENTE 2007).
56
venda direta;
máquina de venda automática;
Varejo Virtual.
Não obstante o varejo com lojas seja o mais tradicional e ainda representar, em
grande medida, a preferência do consumidor, vem sendo substituído pelo varejo sem
lojas. Parente (2007) registra que as vendas pela televisão, catálogo, internet,
vendas porta-a-porta, máquinas automáticas vêm crescendo e se sofisticando
consideravelmente. O comércio pela internet - muito difundido atualmente entre os
consumidores pela facilidade de acesso às novas tecnologias apresenta-se em fase
de expansão. Essa expansão pode ser comprovada pelos resultados da Pesquisa
Anual do Comércio realizada em 2002 pelo IBGE
10
. A pesquisa mostra que apesar
das vendas pela internet representarem apenas 0,10% das vendas totais do varejo,
esse percentual mais do que dobrou em 2002, chegando a 0,21%. A pesquisa
concluiu também que os produtos mais comercializados pela internet são livros,
jornais, revistas, móveis, produtos farmacêuticos, material de construção, máquinas,
equipamentos de escritório, discos, instrumentos musicais, artigos de joalheria,
bijuteria, brinquedos, produtos de limpeza e objetos de arte.
Na perspectiva de Kotler e Armstrong (1998), o varejo pode ser classificado em
dois grandes grupos - varejo com lojas e varejo sem lojas.
A distinção de atuação desses dois grupos é apresentada pelos autores que
evidenciam também o crescimento do varejo sem lojas:
O varejo sem lojas inclui marketing direto, venda direta e venda automática.
Percebe-se um crescimento muito mais acelerado do varejo sem lojas
quando comparado com o varejo com loja. Os varejistas tradicionais têm
enfrentado uma concorrência crescente dos varejistas sem lojas, que
vendem por catálogos, reembolso postal, telefone, canais de compras pela
televisão, serviços de compra on-line por computador, porta-a-porta,
reuniões em casa e no escritório, e outras abordagens de varejo direto [...]
(KOTLER e ARMSTRONG, 1998, p. 302).
10
Disponível em <http:// www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=145>.
Acessado em: 06/01/2008.
57
No QUADRO 3, Kotler e Armstrong (1998) mostram as várias classificações do
varejo de loja.
QUADRO 3
Formas distintas de classificar os pontos de venda varejistas
Volume
de
Serviço
Linha de
Produto
Ênfase sobre
Preço
Relativo
Controle de Pontos
de Venda
Tipo de
Aglomerado de
Lojas
Auto-
Serviço
Serviço
Limitado
Serviço
Pleno
Loja de
Especialidades
Lojas de
Departamentos
Supemercado
Loja de
Conveniência
Loja Mista
Superloja
Hipermercado
Loja de
Desconto
Varejistas de
Ponta de
Estoque
Showroom de
Catálogo
Cadeia Corporativa
Cadeia Voluntária e
Cooperativa de
Varejistas
Organização de
Franquia
Conglomerado de
Merchanding
Centros
Comerciais
Shopping Center
Regional
Shopping Center
Comunitário
Shopping Center
de Bairro
Fonte: Adaptado de KOTLER, Philip; ARMSTRONG, Gary. Princípios de Marketing. Rio de
Janeiro. Editora Prentice -Hall do Brasil, 1998.
Uma empresa varejista pratica vários métodos de vendas, simultaneamente. É
dessa maneira que garantirá o atendimento dos mais diversos perfis de
consumidores, afirma Las Casas (2006). Com uma postura pró-ativa os varejistas
vão até os clientes e não apenas esperam que eles venham até o ponto de venda,
conclui Las Casas (2006). Apoiados nessas várias formas de comercialização, os
autores classificam as lojas varejistas.
Las Casas (2006) entende que não é fácil chegar a um consenso sobre a
classificação do varejo, tanta diversidade na maneira de comercialização torna
complexo esse campo de estudo. A classificação desenvolvida por Beckman (1973),
que está demonstrada no QUADRO 4, é uma das mais completas, conclui Las
Casas (2006).
58
QUADRO 4
Bases alternativas para a classificação de estabelecimentos varejistas.
1. Por propriedade do estabelecimento
a. Lojas independentes;
b. Lojas em cadeia ou filiais;
c. Lojas de propriedade de fabricantes;
d. Cooperativas de consumidores;
e. Estabelecimentos de propriedade de
fazendeiros;
f. Lojas operadas pelo governo (telefônicas,
correios, etc.);
g. Lojas de utilidade pública.
2. Por tipo de negócio (mercadoria negociada)
a. Lojas gerais:
. lojas de departamentos;
. lojas gerais;
. lojas de variedades.
b. Lojas de uma única linha de mercadoria
(móveis, confecções).
c. Lojas especializadas (carnes. lingeries,
tapetes).
3. Por tamanho do estabelecimento
a. Por número de empregados;
b. Por volume de vendas anuais.
4. Tipo de relação com outras organizações
a. Não afiliada;
b. Voluntariamente afiliada com outros
varejistas:
. cadeia formada por atacadistas;
. cadeia formada por varejistas
independentes;
. franquias
5. Por método de contato do consumidor
a. Lojista;
b. Marketing direto:
. venda por catálogo;
. anúncios regulares em mídias;
. afiliações em clubes de compra.
c. Contatos diretos com os consumidores:
. porta-a-porta;
. entregas regulares nos locais.
6. Por tipo de localização
a. Urbana:
. comércio central;
. distrito comercial secundário; localização
de bairro;
. shopping centers;
. mercado público.
b. Cidade pequena:
. centro;
. bairros.
c. Lojas rurais.
d. Stands à beira de estrada.
7. Por tipo de serviços prestados:
a. Serviços completos;
b. Serviços limitados;
c. Auto-serviço.
8. Forma legal de organização
a. Individual;
b. Sociedade;
c. Empresa de capital limitado;
d. Sociedades anônimas;
e. Tipos especiais de organizações
Fonte: Adaptado de BECKMAN, Theodore N.; DAVIDSON: William R.; TALASYCK,
Wayne. Marketing. 9. ed. NewYork: Ronald Press, 1973. p.239.
2.9 Supermercados
O auto-serviço é o que distingue, basicamente, os supermercados das antigas
mercearias. Na opinião de Las Casas (2006) a mercearia passou a ter a
denominação de supermercado a partir da implantação do auto-serviço e também da
oferta de itens fora do ramo alimentício. Os supermercados surgiram para atender às
necessidades dos consumidores, principalmente, quando se leva em conta a
59
conveniência para as compras, conclui Las Casas (2006). Complementando essas
informações Kotler e Armstrong (1998, p. 298) definem supermercados como sendo
“grandes lojas de baixo custo, pequena margem de lucro, elevado volume e auto-
serviço, que oferecem uma ampla variedade de produtos alimentícios, produtos de
limpeza e de uso doméstico.”
Parente (2007) afirma que as empresas brasileiras que atuam no segmento do
varejo acompanham as tendências mundiais, quando considerados os modelos e
formatos de lojas. Diante de tantos modelos, a escolha será por aquele que irá
atender melhor às expectativas dos consumidores. Os supermercados se
apresentam como um dos modelos mais comumente utilizados e são caracterizados
por Parente (2007) da seguinte maneira:
Os supermercados caracterizam-se pelo sistema de auto-serviço, check
outs (caixas registradoras sobre o balcão na saída da loja) e produtos
dispostos de maneira acessível, que permitem aos fregueses “autoservirem-
se”, utilizando cestas e carrinhos. Podem ser subdivididos em
supermercados compactos - aqueles que têm de dois a seis check out - e
supermercados convencionais - supermercados de porte médio, que
mantêm o caráter essencialmente de loja de alimentos, apresentando boa
variedade de produtos (PARENTE, 2007, p.32).
As diferenças entre supermercados e hipermercados bem como os demais
formatos de loja são definidas segundo alguns critérios, tais como área de vendas
em m
2
, número médio de itens, percentual de vendas não alimentícias e número de
ckeck-outs, esclarece Las Casas (2006), como mostra a TAB. 1.
60
TABELA 1
Formatos de loja
Formatos de
Lojas
Áreas de
Vendas/m
2
Nº.
Médio
de
Itens
% de
Vendas
não
Alimen-
tos
Nº. de
Check-
Outs
Seções
Loja de
Conveniência
Loja de
Sortimento
Limitado
Supermercado
Compacto
Supermercado
Convencional
Superloja
Hipermercado
Loja de
Depósito
Clube
Atacadista
50/
250
200/400
300/700
700/2500
3000/5000
7000/16000
4000/7000
5000/12000
1.000
700
4.000
9.000
14.000
45.000
7.000
5.000
3
3
3
6
12
30
8
35
1 - 2
2 - 4
2 - 6
7 - 20
25 - 36
55 - 90
30 - 50
25 - 35
Mercearia, frios e laticínios, bazar, snacks
Mercearia, Hortifruti, frios e laticínios e
bazar
Mercearia, hortifruti, carnes e aves, frios e
laticínios, bazar.
Mercearia, hortifruti, bazar, carnes e aves,
peixaria, padaria, frios e laticínios
Mercearia, hortifruti, bazar, carnes e aves,
peixaria, padaria, frios e laticínios, têxtil e
eletrônicos.
Mercearia, hortifruti, carnes e aves,
padaria, frios e laticínios, bazar, peixaria,
têxtil e eletrônicos
Mercearia, hortifruti, carnes e aves, têxtil,
frios e laticínios, bazar e eletrônicos
Mercearia, bazar, carnes e aves, têxtil,
frios e laticínios e eletrônicos
Fonte: Denise Brito. Qual é o formato correto de sua loja. Super-hiper. Ano 24. 277,
p. 74-77, set. 1998, apud Las Casas 2006.
2.9.1 Supermercados no Brasil
Os supermercados apareceram no Brasil na década de 1950. Sua origem é
caracterizada nos registros de Ângelo e Silveira (2001) pela função de venda no
varejo de alimentos por meio do auto-serviço.
No período entre as décadas de 1970 e 1990, a importância do setor
supermercadista na distribuição de gêneros alimentícios, cresceu de forma contínua.
61
Rojo (1998) analisa esse crescimento com os dados obtidos nos relatórios Nielsen
11
,
conforme o GRAF. 2.
Pelo gráfico percebe-se que até 1970 a participação dos supermercados na
distribuição de alimentos era pequena comparada com as décadas seguintes. O
grande salto é registrado na década de 1970, quando o aumento percentual foi em
torno de 48%, passando de 26% no início dos anos 1970, para 74% em 1980. Na
década de 1990, houve uma acomodação e as taxas cresceram em um patamar
bem menor.
GRÁFICO 2
Participação dos supermercados na distrib
uição de alimentos no Brasil
1970/1996
26%
74%
84%
85%
1970 1980 1990 1996
Anos
Percentual
Fonte: Adaptado de NIELSEN, A.C. Serviços de Marketing: estrutura e comportamento
do varejo brasileiro (1991,1995 e 1997).
Vários eventos econômicos e políticos interferiram na trajetória evolutiva da
participação dos supermercados na distribuição de alimentos no Brasil.
De acordo com a ABRAS (1993), apud Sesso (2003), até o final da década de
1960 a distribuição de alimentos nos bairros periféricos das grandes cidades e em
11
NIELSEN, A.C. Estrutura do Varejo Brasileiro. São Paulo, 1991, 1995 e 1997.
62
outras regiões do país ainda era dominada pelo varejo tradicional, principalmente
pelas feiras-livres.
Na busca por um grande número de consumidores e com bom poder aquisitivo
os primeiros supermercados foram se instalar nas regiões centrais das grandes
cidades. Essa modalidade de varejo apresentou inovações tanto para o consumidor
- produtos de alta qualidade, independência e liberdade na escolha dos produtos -
como para os investidores - que teriam a vantagem das economias de escala, não
percebida no varejo tradicional, relata Cyrillo (1987, p. 67). Vale ressaltar que tais
aspectos não foram suficientes para deflagrar a expansão do setor supermercadista,
como analisa a autora:
Barreiras de entrada inibiram a rápida expansão das lojas de auto-serviço
até o início da década de 60, tais como: 1) Barreiras de ordem legal: os
supermercados foram reconhecidos apenas em 1968, o que gerava
incertezas para investimentos na atividade durante o período de seu
surgimento. 2) Hábitos de compras: os consumidores preferiam o varejo
tradicional, com atendimento personalizado em balcão. 3) Custos: os
armazéns tradicionais, empresas familiares, apresentavam vantagens de
custo por abrigar no mesmo imóvel a loja e a moradia de seu proprietário e
as feiras livres não incorriam em custos de aluguéis [...] (CYRILLO, 1987, p.
68).
A situação para o setor supermercadista começa a melhorar após a instituição
de algumas medidas fiscais impostas pelo governo Castelo Branco, no período de
1964-1967. Cyrillo (1987, p. 71) esclarece que algumas dessas medidas
beneficiariam o setor supermercadista, entre elas a criação do Imposto de
Circulação de Mercadorias (ICM) - imposto que eliminou a tributação sobre as
operações de transferência de uma mesma empresa - favorecendo a expansão do
número de pontos de vendas. A regulamentação da atividade supermercadista, que
aconteceu em 1968, foi também um elemento propulsor do segmento, afirma Cyrillo
(1987), atraindo os investidores, os quais não precisavam mais conviver com as
incertezas que envolviam a atividade.
A partir da década de 1970, o setor supermercadista foi beneficiado pelas
linhas de financiamento criadas pelo governo federal por meio do I Plano Nacional
de Desenvolvimento (1972-1974). De acordo com registros da ABRAS (1993) apud
63
Sesso (2003), o fortalecimento do setor era de interesse do governo, pois era por
meio dele que se concretizaria uma das metas do plano de desenvolvimento, a
modernização na distribuição de produtos alimentícios. O resultado de tais medidas
foi um crescimento acelerado no número de estabelecimentos - em 1996 tinha-se o
registro de 992 supermercados no Brasil, passando para 7.823 lojas num período de
10 anos, conclui o autor.
O crescimento do setor supermercadista ocorreu no período denominado
“milagre econômico brasileiro” - 1968/1973, constata Rojo (1998). Esse período
econômico foi assim conhecido, esclarecem Veloso; Villela; e Giambiagi (2007) em
função das taxas crescentes do Produto Interno Bruto (PIB), registrando até 11,1%
ao ano (a.a). A situação se mostrava bastante favorável, pois o crescimento veio
acompanhado pela queda da inflação que se apresentava relativamente baixa para
os padrões brasileiros, além de superávits no balanço de pagamentos.
Nos últimos cinco anos da década de 1970 o setor mostra propenso a
instalações de grandes lojas os hipermercados. Cyrillo (1987, p. 84) esclarece que
o incentivo para que as empresas ampliassem suas lojas surgiu das linhas de crédito
dos bancos públicos. Tais financiamentos eram oferecidos a juros, relativamente
baixos e tinham como objetivo principal a redução dos preços dos gêneros
alimentícios, que seria garantida por meio da modernização e ampliação das
instalações, ou seja, com uma da economia de escala.
As novidades advindas com a criação dos hipermercados são assim descritas
por Cyrillo (1987):
Tipo de estabelecimento que apresentava economias de escala devido ao
seu maior tamanho e grande variedade de produtos. Além disso, as lojas
passavam a dividir o mesmo espaço com agências bancárias, cabeleireiros,
chaveiros e outros estabelecimentos, com o objetivo de aumentar o fluxo de
pessoas na loja. Buscando atrair os consumidores os novos modelos
ofereciam também estacionamento próprio, funcionários que levavam as
compras até o carro e música ambiente dentro da área de vendas
(CYRILLO, 1987, p. 87).
Nos anos iniciais da década de 1980 o país enfrentaria dificuldades
econômicas, o que levou à desaceleração do crescimento. O período foi marcado,
dentre outros eventos econômicos, explica Cyrillo (1987, p. 104), pelo aumento da
64
recessão, taxa de desemprego crescente e elevação da taxa de inflação. A
economia em fase de recessão, com altas taxas inflacionárias influenciou de forma
negativa na distribuição de renda e teve como reflexo a mudança de comportamento
do consumidor. Os consumidores diante de uma ameaça de arrocho financeiro
passaram a ser mais criteriosos na seleção dos produtos que iriam compor sua
cesta de compras. Os bens de primeira necessidade foram priorizados em
detrimento dos produtos tidos como supérfluos. Da mesma maneira, os produtos de
marcas similares, de menor preço, passaram a ter a preferência do consumidor.
Essas mudanças impactaram negativamente no faturamento das lojas já
estabelecidas, inibindo, também, a abertura de novas lojas nos padrões tradicionais.
Diferentes formatos de lojas foram utilizados pelos varejistas para enfrentar as
variações de demandas, dentre elas as lojas de sortimento limitado, conforme
constata Cyrillo (1987, p.105).
A partir de de julho de 1994 foi instituído formalmente, no governo Itamar
Franco, o Plano Real. Tal plano trouxe a estabilização econômica por ter reduzido
drasticamente a taxa de inflação.
Rodrigues (1998) faz uma análise do mercado varejista diante dessas
mudanças. Mostra que o comportamento dos consumidores foi até certo ponto
antagônico ao comportamento dos varejistas:
O consumidor passa de vítima da pressão das tabelas de preços dos
varejistas (o preço mudava semanalmente) para observador e pesquisador
do melhor preço e das ofertas [...]. Em contrapartida um numeroso
contingente de lojistas demonstrou morosidade em decodificar,
corretamente, as mudanças e com elas evoluir. Razão que pode ter levado
a saída de grandes organizações varejistas do mercado. O modelo
econômico do Real exigia agilidade, produtividade, competitividade e
modernidade na forma de gerir e administrar ações diretrizes e estratégias
que gerassem resultados [...] (RODRIGUES, 1998, p. 28).
O perfil do setor supermercadista começa a ser alterado a partir de 1995. As
mudanças vão desde a internacionalização do capital social até as estratégias de
gestão do negócio. De acordo com dados do Departamento Intersindical de
Estatística e Estudos Socioeconômicos – DIEESE (2003), até meados da década de
1990 o capital nacional era majoritário e as empresas apresentavam,
65
essencialmente, gestão familiar. A internacionalização do capital investido nas
empresas aconteceu, de forma mais intensa, até 2002. Analisando os dados
divulgados pelo Dieese (2003) é possível afirmar que a transferência do controle das
grandes redes para o capital estrangeiro tenha provocado mudanças em vários
aspectos do setor, tais como: 1) maior concentração do segmento - cinco redes
apenas representam 60% do faturamento de todo o setor; 2) transferência de poder
de negociação da indústria para as redes varejistas; 3) adoção de novos modelos de
gestão - práticas de gestão familiar se curvando à profissionalização dos padrões
administrativos; 4) maior exigência na qualificação da mão-de-obra; 5) incorporação
da tecnologia da informação, deflagrando o ritmo de modernização do setor.
O aumento da concentração no setor é verificado ano a ano, fato que é
demonstrado e analisado por Miranda (2001) apud Rossoni (2002) no GRAF. 3.
Pelo gráfico, percebe-se um aumento de 73,46% de 1997 em relação a 1993, e de
142,47% de 1997 em relação a 1990.
GRÁFICO 3
Fusões e aquisições: total de transações no Brasil
186
260
451
1990 1993 1997
Anos
Nº de Transações
Fonte: Miranda (2001), apud Rossoni (2002)
A análise do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social
BNDES
12
confirma a tendência de concentração do setor supermercadista uma vez
que, no final de 1999, as cinco maiores cadeias do segmento de supermercados e
12
Disponível em: <http://www.bndes.gov.br/conhecimento/setorial/get4is21.pdf>. Acessado em:
21/01/08.
66
hipermercados representavam por volta de 42,6% do faturamento bruto do
segmento, enquanto em 1994 essa participação era de 23,0%.
Os primeiros lugares do ranking das maiores empresas supermercadistas no
Brasil oscilam entre as redes Carrefour, Pão de Açúcar e Wal-Mart, movimento esse
provocado pela ciranda de aquisições - estratégia adotada pelos três grupos na
disputa pelos melhores mercados. Conforme dados divulgados pela ABRAS
13
o
grupo francês Carrefour, com faturamento anual de R$19,3 bilhões, assumiu a
primeira posição em 2007, após a aquisição do Atacadão, rede brasileira de
hipermercados. Desde o ano 2000 essa posição era ocupada pelo Grupo Pão de
Açúcar, que atualmente se encontra na segunda posição, registrando um
faturamento anual de R$18,8 bilhões. O Wal-Mart ficou em terceiro lugar com
faturamento anual em torno de R$15 bilhões.
2.9.2 Mix de produtos nos supermercados
O mix de produtos ou sortimento de produtos é, no conceito de Kotler e
Armstrong (1998), o conjunto de todos os itens e linhas de produto que um
determinado vendedor oferece aos compradores.
A composição da linha de produtos para o setor supermercadista torna-se um
desafio para os seus dirigentes, como analisa Parente (2007):
Na composição da linha de produtos, o varejista enfrenta o desafio de
equilibrar dois objetivos conflitantes. Por um lado, procura-se oferecer o
mais completo mix de produtos para atender às diferentes necessidades de
seus vários segmento de consumidores, e assim maximizar o volume de
vendas. Entretando, uma variedade extensa de produtos traz desvantagens:
exige maiores recursos investidos em estoques, incorpora produtos com um
giro de estoque lento, aumenta os custos operacionais, diminui o retorno
sobre o investimento, e muitas vezes reduz de forma irrecuperável a
lucratividade da empresa (PARENTE, 2007, p.184).
Com vistas a atender às expectativas de compra do seu mercado-alvo, o
supermercado define o seu mix de produtos, cumprindo alguns requisitos, dentre
13
Folha On Line: Carrefour lidera ranking dos 20 maiores supermercados, diz Abras. Disponível
em:<http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u379230.shtml>. Acessado em 30-03-2008.
67
eles, sortimento e qualidade dos produtos. Kotler e Armstrong (1998, p. 306)
afirmam que o cliente se interessa não apenas pela variedade mas também pela
qualidade dos produtos disponíveis. Mas, quaisquer que sejam o sortimento de
produtos e o nível de qualidade, haverá sempre concorrentes com sortimentos e
qualidade semelhantes.”
Para enfrentar tal situação os autores sugerem que:
O varejista deve buscar outras formas de diferenciar-se de concorrentes
semelhantes através de várias estratégias. Primeiro, ele pode oferecer
mercadorias que nenhum outro concorrente tenha - suas próprias marcas
exclusivas ou marcas nacionais para as quais ele tenha exclusividade em
sua região [...] Finalmente, o varejista pode diferenciar-se oferecendo um
sortimento de produtos altamente especializados. Os varejistas devem
também decidir qual o mix de serviços que irá oferecer aos seus clientes. O
mix de serviços é uma das ferramentas-chave da concorrência, sem base
em preços, para diferenciar uma loja da outra (KOTLER e ARMSTRONG,
1998, p. 306).
Analisando alguns dados apresentados pela Revista Supermercado Moderno
(2000), Moreira (2001) conclui que para o supermercadista alcançar vantagem
competitiva e se adaptar ao mercado atual, é importante desempenhar bem as
seguintes funções:
abastecimento eficiente das lojas;
seleção estratégica dos produtos e marcas a serem compradas;
negociação inteligente com os fornecedores, com vistas a obter bons preços,
prazos, qualidade nos produtos e no atendimento;
bom planejamento nas compras, mantendo estoques em níveis controlados e
sem o risco de falta da mercadorias.
Reforçando essa análise Parente (2007) afirma que após a definição do mix de
produtos o próximo desafio dos dirigentes é fazer com que estes estejam sempre
disponíveis aos clientes. O abastecimento será percebido como eficiente quando as
equações de investimento em estoque e faltas de produtos apresentarem resultados
mínimos.
O mix de produtos de uma grande rede de supermercados é representado,
em média, por 45 mil itens. A cada ano, novos produtos são lançados ou relançados
68
pelas indústrias. Hilário, Laguna e Welter (2005) analisaram os dados levantados
pela ACNielsen e concluíram que esse número corresponde a aproximadamente 11
mil itens, ou seja, 25% dos 45 mil itens comercializados em média pelos
supermercados, anualmente.
A decisão de escolha sobre a introdução de um novo item não é tarefa fácil
para os varejistas, pois significa ter que fazer escolhas entre um produto que deverá
sair e outro que deverá ser incluído no seu mix. Além da atratividade do produto
diante do cliente e a certeza de proporcionar boa rentabilidade para a empresa, o
processo para a inclusão de um novo item na linha de produtos de um
supermercado obedece a alguns critérios, destacam Hilário, Laguna e Welter (2005):
para fornecedores antigos: os produtos passam apenas por uma análise de
viabilidade, tendo em vista o perfil do consumidor da loja;
para novos fornecedores: a inclusão de um novo item na gôndola tem um
custo. As formas de cobranças variam entre verba de promoção, bonificação
(descontos), dilatação de prazos e degustação.
Confirmando essa análise, Parente (2007) enfatiza que, no processo de
compor um mix de produtos adequado para seus consumidores, os varejistas estão
permanentemente tomando decisões sobre inclusão de novos fornecedores e
exclusão dos já existentes.
2.9.3 Produtos de marcas próprias
Marcas próprias, marcas de loja e marcas de varejo são algumas
denominações, comumente, encontradas para os produtos desenvolvidos e
comercializados por determinada rede varejista. Embora a representatividade da
comercialização de produtos de marcas próprias seja destaque nos dias atuais, é
importante ressaltar que tal prática não é recente. No decorrer do século XIX,
Estados Unidos e Europa presenciaram o surgimento de produtos com a marca do
varejista. Época, em que, parte dos comerciantes americanos a fim de conquistar a
confiança de seus clientes desenvolviam seus próprios produtos, de forma a garantir
a qualidade exigida por eles, relatam Nemer e Souza (1993).
69
Já no século XX, os fabricantes foram conquistando a confiança do consumidor
em relação à qualidade dos seus produtos, como resultado percebe-se o aumento
no nível de comercialização dos mesmos. Nemer e Souza (1993) atribuem esse bom
desempenho dos fabricantes ao apoio recebido dos meios de comunicação em
massa, que diante de uma divulgação intensa fortaleceram a marca do fabricante,
transferindo assim, credibilidade aos produtos por eles desenvolvidos. À proporção
que as marcas dos fabricantes foram se fortalecendo e se expandindo as marcas
próprias passaram a ser sinônimo de marcas inferiores, na percepção do
consumidor. Percebe-se então mudança no comportamento do consumidor em
relação aos produtos de marca própria, que poderiam ser rejeitados pelo simples
fato de não conter em suas embalagens o nome do fabricante, que garantissem sua
procedência e sua qualidade, conforme Souza e Nemer (1993).
Um novo movimento na relação varejista e fabricante é registrado nos Estados
Unidos e Europa entre as décadas de 1960 e de 1970. O varejista assume posição
de destaque e de poder nessa relação, segundo Souza e Nemer (1963), isso devido
ao fortalecimento e a internacionalização das grandes redes varejistas. Kumar e
Steenkamp (2008) atribuem a esse novo formato do setor varejista - representado
por redes maiores e mais exigentes -, o aprimoramento das marcas próprias, que
ganharam novo impulso graças aos altos investimentos das redes em branding. Tal
transformação foi percebida pelos consumidores, elevando as marcas próprias ao
nível de participarem novamente de suas alternativas de compra. É possível que
esse novo comportamento do consumidor tenha influenciado os supermercados a
comercializar cada vez mais produtos com suas próprias marcas.
O fortalecimento das redes varejistas, denotando claramente a mudança de
poder na cadeia de suprimento, permitiu também que o setor oferecesse produtos de
marcas próprias, até mesmo em categorias às quais, tradicionalmente, os clientes se
mantinham fiéis, garantem Kumar e Steenkamp (2008).
Para Martins e Blecher (1996, p. 83) o crescimento das marcas próprias
sempre acontece em períodos de recessão econômica, conseqüência da valorização
da importância das commodities pelo consumidor. Encontra-se uma idéia similar na
afirmativa de Kumar e Steenkamp (2008), mas estes vão além, quando dizem que:
70
A participação da marca própria aumenta mais rápido e mais extensamente
durante uma recessão, e não decai na mesma proporção, durante a fase
posterior, de expansão. [...] parte do crescimento da marca própria em uma
recessão é permanente, causado pelo aprendizado do consumidor. À
medida que os consumidores aprendem, nas recessões, sobre a qualidade
aprimorada de marcas próprias, uma parte significativa de compradores
permanece fiel às marcas próprias, mesmo depois que acaba a
necessidade de economizar (Kumar e Steenkamp, 2008, p. 10).
No Brasil, o varejo alimentar começou a trabalhar com marcas próprias na
década de 1969. Segundo Souza e Nemer (1993) a rede de supermercados Paes
Mendonça foi a pioneira no lançamento de produtos com sua própria marca, seguida
pelo Grupo Pão de Açúcar em 1971. Atualmente a maioria das grandes redes
desenvolve produtos de marcas próprias. Parente (2007) acredita que ao
desenvolver uma linha de produtos de marca própria, o varejista está motivado a
atingir os seguintes objetivos:
fortalecimento da sua imagem;
fidelização do consumidor;
aumento do poder de barganha com os fornecedores, especialmente das
marcas líderes;
oferta de produtos alternativos aos clientes, fazendo frente às ofertas
promovidas pelas marcas líderes;
aumento da força competitiva - a marca própria apresenta maior variedade de
produtos com menor preço, levando à excelente relação custo/benefício;
melhoria nas margens de lucro das categorias e das lojas - os varejistas
compram produtos de marca própria mais barato (5 a 20%) que o produto
equivalente da marca do fabricante;
melhoria no atendimento das necessidades dos consumidores;
poder de decisão no gerenciamento de categorias.
Tavares (1998) analisa a estratégia de comercialização de marca própria, pelo
varejista, sob os seguintes aspectos:
71
Para o varejista a estratégia de comercialização de marca própria
representa a possibilidade de sinergias resultantes da somatória das
características percebidas de seus estabelecimentos com as características
das marcas próprias, quando orientadas para a criação de valor.
Representa ainda, uma barreira competitiva, que a comparação de
preços, entre estabelecimentos varejistas, torna-se mais difícil quando se
trata de marcas próprias. Em outras palavras, o consumidor terá mais
dificuldades em comparar os preços de produtos com a marca de uma rede
varejista com os preços de produtos de marcas próprias de outra rede,
que são marcas diferentes (TAVARES, 1998, p. 39).
Introduzir e ampliar a comercialização de produtos de marcas próprias é uma
estratégia de diferenciação adotada pelas grandes redes varejista, constatam
Ângelo e Silveira (2001). A busca de tal diferenciação atenderá pelo menos dois
objetivos, o de garantir o nível de satisfação dos consumidores - no momento em
que o supermercado lhes oferece produtos exclusivos -, e o de assegurar a
rentabilidade da empresa permitindo trabalhar com melhores margens -, concluem
Ângelo e Silveira (2001).
Para Parente (2007) a relação custo/benefício está sendo priorizada pelos
consumidores. Tal relação pode ser traduzida em preço, conveniência e atendimento
personalizado na hora da compra. O aumento na compra de produtos de marcas
próprias resulta na quebra de fidelidade às marcas do fabricante, concordam Kumar
e Steenkamp (2008). Contudo os autores deixam claro que os consumidores
continuam fiéis, não necessariamente às marcas do fabricante. Essa fidelização
pode ser atribuída às marcas de um varejista específico
Para Christopher (2007), gerar vantagem competitiva apenas pelo produto em
si, tem sido raro, pois a grande maioria dos produtos não apresenta diferenças
tecnológicas significativas. O cliente se depara com produtos bastante semelhantes,
e pode ser levado a aceitar com facilidade substituições em suas escolhas. Em
situações como essa é o serviço ao cliente que poderá proporcionar a diferença
entre a oferta de uma empresa e a dos concorrentes. O produto passa a valer mais
aos olhos do cliente quando o serviço valoriza o produto principal, garante
Christopher (2007), pois os clientes atualmente estão mais exigentes, também,
quanto à qualidade dos serviços prestados.
72
2.9.3.1 Tipos de marcas próprias
Várias são as estratégias de posicionamento das empresas varejistas quanto
às suas marcas próprias. Para Kumar e Steenkamp (2008) tais estratégias partem
da criação da marca e sua razão de existir, até as decisões táticas, como preço,
cobertura da categoria, qualidade, desenvolvimento do produto, embalagem,
disposição na prateleira, propaganda e promoção.
Seguindo essas proposições Kumar e Steenkamp (2008) classificaram as
marcas próprias em quatro tipos:
marcas próprias genéricas: são produtos com baixa qualidade, apresentados
em embalagens baratas, normalmente pacotes sem marca, ou identificado
como rótulo de primeiro preço. Os produtos o vendidos com preço inferior
ao da líder da marca, em torno de 20% a 50%. São criadas com o objetivo de
expandir a base de clientes, que optam por preço baixo;
marcas próprias de imitação: produtos com qualidade próxima a dos produtos
do fabricante. Os varejistas desenvolvem seus produtos utilizando da
engenharia inversa, e os fabricantes são aqueles com o processo de
fabricação similar ao do líder. Por meio da engenharia inversa o varejista
recria o seu produto analisando passo a passo o processo de produção da
marca líder. A qualidade do produto e as embalagens utilizadas são as mais
próximas possíveis as dos produtos de marca nacional, porém esse é vendido
ao consumidor com um preço mais baixo, na faixa de 5% a 25%. O objetivo
dos varejistas é aumentar sua participação nos lucros da categoria, como
também obter maior poder de negociação com o fabricante da marca líder;
marcas próprias premium: as redes varejistas se esforçam para desenvolver
os produtos com qualidade semelhante ou melhor do que a dos produtos da
marca líder. As embalagens são exclusivas, transformando-se em fonte de
diferenciação da imagem do produto, que é repassada aos clientes como
sendo o melhor produto do mercado. Os produtos são comercializados com
preço semelhante ou até superior aos produtos da marca der. São produtos
que têm posição de destaque nas prateleiras;
73
marcas próprias inovadoras de valor: produtos desenvolvidos com inovação e
tendo em vista a análise do custo-benefício. Os produtos apresentam
qualidade funcional comparável com a da marca líder, mas sem as
características e imagem do produto que não agregam valor. As embalagens
são exclusivas, todavia tal característica não eleva o custo final do produto.
Os produtos são adquiridos pelos consumidores por preços até 50% mais
baratos do que os produtos da marca líder.
2.9.3.2 Fornecedores de produtos de marca própria
Considerando a oportunidade de ampliar a capacidade produtiva, a fabricação
de produtos de marcas próprias para as redes de supermercado pode ser também
interessante para o fornecedor. Por outro lado, analisa Tavares (1998), representa
uma possibilidade de queda no seu poder de negociação com o varejista, se o
consumidor optar pelos produtos de marca própria, diminuindo assim o interesse
pelos seus produtos.
A vulnerabilidade do fornecedor diante da participação crescente das marcas
próprias também é analisada por Parente (2007):
A crescente disposição do varejista em fortalecer a fidelidade do
consumidor para suas próprias marcas pode diminuir o poder dos
fabricantes. A relação de poder entre fornecedores e varejistas começa a
pender para o lado do varejista, principalmente, a partir da grande
concentração do segmento nas mãos de poucas e grandes redes. As redes
varejistas impõem suas condições de fornecimento, definindo desde a
forma de abastecimento até os procedimentos de gestão dos processos
produtivos que os fabricantes devem adotar (PARENTE, 2007, p. 17).
Mesmo nesse ambiente de disputa de poder, as empresas de ponta
perceberam que a parceria e a cooperação com os seus fornecedores devem ser
fortalecidas, afirma Parente (2007). Os supermercadistas, na maioria das vezes,
dependem de fornecedores para fabricar seus produtos de marca própria. Os
fornecedores esclarecem Ângelo e Silveira (2001, p. 202), “podem ser os fabricantes
de marcas nacionais e que detêm o know how na produção e fornecimento dos
produtos, ou fornecedores desenvolvidos especificamente para atender esse nicho
de mercado - marcas próprias para supermercados.”
74
Um estudo realizado por Fitzel (1998) apud Ângelo e Silveira (2001) esclarece
que os fornecedores que produzem e comercializam suas próprias marcas, quando
se em diante da possibilidade de fabricar produtos de marca própria para uma
determinada rede varejista, possivelmente se posiciona numa das seguintes
políticas:
fornecer apenas o correspondente à ociosidade de produção;
especializar-se em fornecer marcas próprias;
nunca fornecer marcas próprias (principalmente se detêm a marca líder).
As empresas fabricantes que adotam a política de não fornecer marcas
próprias, normalmente, são as deres de mercado, informam Ângelo e Silveira
(2001). Os motivos que as levam a tomar essa decisão vão desde o
comprometimento exclusivo com seu core business até a falta de ociosidade de
produção.
75
3. METODOLOGIA
3.1 Caracterização da pesquisa
Do ponto de vista da concepção, a presente pesquisa pode ser considerada
exploratória. Uma pesquisa exploratória no conceito de Malhotra (2006, p. 99) é
“usada em casos nos quais é necessário definir o problema com maior precisão,
identificar cursos relevantes de ação ou obter dados adicionais antes de poder
desenvolver uma abordagem.” O principal objetivo da pesquisa exploratória é
possibilitar a compreensão do problema com o qual o pesquisador se depara,
utilizando recursos da literatura e dados primários, colhidos por meio de entrevistas
com pessoas que tiveram experiências sobre o tema em questão, complementa
Malhotra (2006). Esta pesquisa utilizou-se de dados primários, que foram coletados
exclusivamente para atender aos seus objetivos.
Quanto à natureza dos dados esta pesquisa pode ser identificada como
qualitativa. A pesquisa qualitativa definida por Malhotra (2006) é baseada em
pequenas amostras que proporcionam percepções e compreensão do contexto do
problema. De acordo com os procedimentos adotados para sua realização, a
pesquisa qualitativa pode apresentar abordagem direta ou abordagem indireta. Esta
pesquisa utilizou-se da abordagem direta. A abordagem direta segundo Malhotra
(2006) significa que “os objetivos do projeto são revelados aos respondentes ou
ficam evidentes pela própria natureza da entrevista.” A entrevista utilizada nesta
pesquisa foi elaborada de forma semi-estruturada e aplicada de maneira individual.
O tratamento dos dados foi feito por meio da análise de conteúdo. A análise
de conteúdo, segundo Vergara (2006, p.15), “é uma técnica para o tratamento dos
dados levantados que procura identificar o que está sendo dito sobre o tema da
pesquisa”.
A análise de conteúdo complementa Roesch (2007, p. 170), “procura
identificar palavras, frases, ou mesmo parágrafos em categorias de conteúdo, por
meio da utilização de técnicas simples até métodos estatísticos mais sofisticados.”
76
Berelson (1971), apud Bardin (2007) resume análise de conteúdo como sendo
a “técnica de investigação que tem por finalidade a descrição objetiva, sistemática e
quantitativa do conteúdo manifesto da comunicação.”
Sobre a definição, funcionamento e objetivo da análise de conteúdo Bardin
(2007) explica:
Um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter por
procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição de conteúdo das
mensagens indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de
conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis
inferidas) destas mensagens (BARDIN, 2007, p. 44).
3.2 Tratamento dos dados
O tratamento dos dados por meio da análise de conteúdo, na sua maioria,
acontece pelo processo de categorização. A categorização para Bardin (2007, p.
145) significa “a classificação de elementos constitutivos de um conjunto, por
diferenciação e, seguidamente, por reagrupamento segundo o gênero (analogia),
com os critérios previamente definidos.” Definem-se pela categorização as
categorias ou classes, as quais reúnem grupos de elementos com características
comuns, complementa Bardin (2007).
A categorização pode acontecer por meio de dois processos, segundo Bardin
(2007, p. 147):
procedimento por caixas: as categorias são fornecidas, e são baseadas em
fundamentos teóricos hipotéticos;
procedimento por acervo: as categorias não são fornecidas e sim resultantes
da classificação analógica e progressiva dos elementos textuais.
Bardin (2007, p. 147) afirma que a capacidade de definir boas categorias
pode elevar a competência do analista. As qualidades de boas categorias, segundo
o autor, passam pela exclusão mútua cada elemento não pode existir em mais de
uma classe -; pela homogeneidade – único princípio de classificação -; a pertinência
deverá estar presente - adequação das categorias ao referencial teórico escolhido -;
princípios de objetividade e fidelidade o material deverá ser codificado de uma
77
maneira única, apresentando um determinado padrão, mesmo em análises distintas
- e produtividade quando os resultados permitem efetuar grande número de
inferências, hipóteses novas e dados exatos.
Para esta pesquisa o procedimento escolhido para a definição das categorias
foi o procedimento por caixas. As categorias foram previamente construídas com
base em informações citadas na literatura por Bowersox e Closs (2001), Ângelo e
Silveira (2001), Martins e Blecher (1996), Ballou (2006), Souza e Nemer (1993).
Algumas adaptações aconteceram no decorrer do levantamento dos dados,
buscando atender ao objetivo da pesquisa, que é o estudo comparativo entre o
sistema logístico dos fornecedores de produtos de marcas próprias e de marcas
nacionais.
Primeiramente, foi necessário conhecer quais os fatores estratégicos e
mercadológicos que mais influenciavam o supermercado a trabalhar com produtos
de marca própria. Foram definidos os fatores, de acordo com informações colhidas
na literatura estudada para esta pesquisa. Os fatores estão demonstrados no
QUADRO 5.
QUADRO
5
Categoria de análise: lançamento de produtos de marca própria
Fonte: Adaptação a partir de Souza e Nemer (1993, p.56).
Em seguida, foram definidas as categorias para a dimensão: seleção de
fornecedores com a intenção de conhecer quais eram os fatores determinantes que
o supermercado observava na escolha das empresas as quais iriam fabricar seus
Fatores estratégicos e mercadológicos
Diferenciação no mercado;
Fidelização de clientes;
Qualidade do produto;
Preço
78
produtos de marca própria. As categorias selecionadas estão descritas no QUADRO
6.
QUADRO 6
Dimensão: seleção de fornecedores de produtos de marca própria
Fonte: Adaptação a partir de Angelo e Silveira (2001, p. 209)
Posteriormente, foram definidas as categorias que seriam utilizadas para fazer
o estudo comparativo entre o sistema logístico dos fornecedores de marcas próprias
e de marcas nacionais. A intenção nessa etapa foi identificar se existiam diferenças,
na percepção dos dirigentes do supermercado, entre os serviços logísticos
prestados por esses dois tipos de fornecedores.
As categorias foram definidas a partir da adaptação de um modelo de medidas
de avaliação de competência logística proposto por Bowersox e Closs (2001) são
elas: nível de serviço e qualidade.
No QUADRO 7, estão sintetizadas as principais unidades de análise em
relação ao nível de serviço.
Categorias
Comercial
Qualidade
Produção
Custo
79
QUADRO 7
Categoria de análise: nível de serviço logístico
Fonte: Adaptação a partir de Bowersox e Closs (2001, p.564).
No QUADRO 8 estão discriminadas as unidades de análise da categoria
qualidade logística.
QUADRO 8
Categoria de análise: qualidade logística
Fonte: Adaptação a partir de Bowersox e Closs (2001, p.566).
Unidades de análise
Disponibilidade do produto
Prazo de entrega
Freqüência de entrega
Tempo de reposição
Relacionamento
Unidades de análise
Avarias
Devoluções
Entrega de todos os itens solicitados
Entrega de acordo com a data solicitada
Documentação de apoio ao pedido completa e precisa
Flexibilidade do sistema de distribuição
80
3.3 Unidade de análise da pesquisa
A pesquisa foi realizada em uma unidade varejista estabelecida na cidade de
Belo Horizonte. Optou-se por utilizar o nome fictício de Supermercado Goumert para
preservar o verdadeiro nome da unidade pesquisada. A escolha dessa empresa se
deu, primeiramente, por se tratar de uma unidade varejista que apresenta inúmeras
experiências de sucesso na comercialização de produtos de marca própria e
também porque os seus dirigentes se mostraram muito cooperativos em expor suas
práticas nessa estratégia de negócio.
3.4 Unidade de observação
O gerente de compras e logística foi a interface entre empresa e academia. O
primeiro contato aconteceu em uma das unidades do supermercado e teve como
objetivo a explanação do tema da pesquisa para o representante da empresa, a fim
de formalizar sua disposição em partircipar do projeto. Tomando conhecimento do
conteúdo da pesquisa, o gerente se mostrou interessado, agendando assim, um
segundo encontro para a realização da entrevista, em local e horário estabelecidos
por ele.
3.5 Delineamento da pesquisa
A entrevista foi semi-estruturada e o seu roteiro, que se encontra no apêndice
deste trabalho, foi encaminhado ao gerente, para que ele conhecesse o teor das
questões e se preparasse para responder, com detalhes, a todas as perguntas.
Apesar do roteiro, foi possível fazer intervenções, com novos questionamentos. A
entrevista foi gravada e transcrita integralmente, pois segundo Bardin (2007, p.89) a
análise de conteúdo de entrevistas é muito sensível a erros e tal procedimento é um
cuidado que o pesquisador precisa ter para não comprometer a qualidade das
informações.
Os dados coletados por meio da entrevista foram utilizados para investigar as
percepções do gerente a respeito dos serviços prestados pelos fornecedores de
81
produtos de marcas próprias, segundo as categorias de medidas de desempenho
logístico. A caracterização das medidas de desempenho foi destacada do contexto
da entrevista por meio de inferências. Para Bardin (2007, p.167) inferência “constitui
um bom instrumento de indução para se investigar as causas (variáveis inferidas) a
partir de efeitos (variáveis de inferência ou indicadores).
82
4. RESULTADOS
As informações da entrevista foram analisadas e separadas como elementos
identificados. Elementos estes representados por fragmentos de textos retirados das
respostas da entrevista, de forma a caracterizar as unidades de análise. Essa
separação resultou uma síntese para cada categoria de análise. Suas informações
foram agrupadas em quadros para facilitar a visualização de todo o contexto. A
descrição dos elementos identificados foi elaborada de maneira a reproduzir a fala
do entrevistado.
Num primeiro momento de análise, a tentativa foi a de identificar as
informações que responderiam os objetivos específicos da pesquisa.
Posteriormente, foram relacionados, em uma análise comparativa, elementos
empíricos vivenciados pela unidade supermercadista com dados científicos
encontrados na literatura estudada.
4.1 Fatores que influenciam na decisão do lançamento de marcas próprias e
vantagens da comercialização desses produtos
No QUADRO 9 foram sintetizadas as informações referentes aos elementos
identificados à categoria lançamento de produtos de marca própria. Tais informações
estão associadas aos objetivos específicos da pesquisa 1) descrever os fatores
que influenciam na decisão do lançamento de marcas próprias e 2) levantar as
vantagens de comercialização desses produtos.
O Supermercado Gourmet trabalha com produtos de marca própria
aproximadamente dois anos. Os principais fatores estratégicos e mercadológicos
que levaram o supermercado a desenvolver produtos com sua própria marca foram:
qualidade superior do produto, diferenciação no mercado e fidelização do cliente. O
fator preço não foi mencionado como determinante para a adoção de tal estratégia.
O supermercado não se mostrou preocupado em lançar produtos com preços muito
abaixo do concorrente de marca nacional e com qualidade similar. A diferença de
83
preço acontece na faixa de 3% a 5%, sendo o menor preço registrado a favor dos
produtos de marca própria.
Percebe-se que a empresa procura se diferenciar dos seus concorrentes,
oferecendo produtos exclusivos com melhor qualidade e preços inferiores, na
tentativa de fidelizar os seus clientes. A qualidade de seus produtos de marca
própria é atestada por meio do rótulo Premium. De acordo com informações do
gerente, para conseguir esse rótulo para produtos alimentícios é necessário que a
empresa tenha a aprovação do Ministério da Agricultura, após cumprir as exigências
impostas por esse órgão, principalmente com relação à qualidade. Todos os
produtos de marca própria do supermercado são da categoria Premium. Na
fabricação dos produtos que são objetos desta pesquisa, ou seja, manteiga,
requeijão e queijo, o controle de qualidade é muito rigoroso. Inicia-se com a coleta
do leite - controle dos tipos de equipamentos utilizados -, acompanhamento dos
processos de produção, de embalagem e de transporte do produto acabado até o
ponto de venda. Tudo isso para garantir uma qualidade superior do produto.
Quando a unidade varejista opta por trabalhar com produtos de marca própria
do tipo Premium, segundo pesquisas de Kumar e Steenkamp (2008, p. 23) a
estratégia é ter um produto de qualidade, que o diferencie dos concorrentes. A
qualidade e o preço dos produtos quando comparados com os de marca nacional
ficam bem próximos, chegando por vezes a alcançar qualidade superior e preços
mais baixos.
Diante dos dados, percebe-se que não é o preço o fator mais importante para
conquistar a preferência de seus consumidores para os produtos de marca própria.
O gerente deixou bem claro que é a qualidade que faz com que o consumidor volte a
adquirir o produto. Entretanto, o que leva o consumidor a comprar pela primeira vez?
O gerente afirma que o supermercado desenvolve um bom trabalho de comunicação
e marketing no ponto de venda para anunciar a qualidade dos seus produtos. As
estratégias comumente utilizadas são:
degustação a promotora ressalta para o cliente, além do sabor, a qualidade
do produto;
anúncios em folhetos de oferta;
84
reportagens sobre a utilização dos produtos de marca própria, veiculadas na
revista de gastronomia editada pelo supermercado e dirigida ao público
gourmet.
A divulgação de lançamento dos novos produtos de marca própria no mercado
apresenta vantagens em relação aos produtos de marcas nacionais. O gerente
afirma que gastos com as estratégias de marketing para tal fim são bem menores,
pois acontece apenas no ponto de venda e seus produtos têm lugar garantido nas
gôndolas.
Souza e Nemer (1993, p. 85) confirmam essa percepção do mercado quando
ressaltam que apesar dos produtos Premium apresentarem melhor qualidade, os
supermercados conseguem oferecê-los a um preço mais atrativo ao consumidor.
Entre as razões destacadas encontram-se as de que os supermercados não
precisam investir alto em marketing como as indústrias investem para o lançamento
dos seus produtos e não se precisa pagar pelo espaço nas gôndolas.
O supermercado Gourmet utiliza o seu nome como marca para os seus
produtos. Essa é uma estratégia para associar o valor dos produtos à imagem da
loja, afirmam Souza e Nemer (1993, p.63). Deve-se ter cuidado em posicionar os
produtos de forma coerente à imagem da empresa. Alguns varejistas posicionam
sua marca como uma linha de valor, enquanto outros como uma linha de status,
complementam Souza e Nemer (1993).
A determinação de ter a marca do supermercado nos seus produtos é avaliada
pelo gerente como um fator de risco que deve ser gerenciado com muito critério.
Qualquer falha no processo de produção, controle de qualidade e transporte
inadequado pode comprometer a qualidade do produto e prejudicar a imagem do
supermercado. Para atender às exigências de qualidade do produto e garantir a
integridade da marca o supermercado constituiu, em sua estrutura operacional, um
departamento que tem como finalidade principal cuidar da gestão dos produtos de
marca própria.
85
QUADRO 9
Síntese referente a lançamentos de produtos de marca própria
Categoria de análise: lançamento de produtos de marca própria
Unidades de análise Elementos identificados
Diferenciação no mercado
procurar produtos que têm um diferencial
percebido pelo consumidor que agreguem
valor à marca do Supermercado Gourmet.
ter produtos exclusivos que sejam
diferenciados no mercado.
o produto de marca própria não pode ser
comprado pelo cliente em outra loja.
uma das vantagens é que os produtos de
marca própria são muito menos
comparados em termos de preço.
Fidelização dos clientes
fidelizar o cliente à marca “Gourmet”,
oferecendo produtos exclusivos.
a grande vantagem de comercializar
produtos de marca própria está na
fidelização dos clientes.
Qualidade do produto
tentar associar a marca “Gourmet” a uma
marca voltada para a qualidade.
superioridade do produto.
Preço
Produtos de marca própria apresentam
uma faixa percentual de 3% a 5% mais
baixa em relação às marcas nacionais,
que estão no mesmo patamar de
qualidade.
A margem de lucro é melhor do que os
produtos de marca nacional porque estes
passam por um padrão de comparação de
preços com outras lojas, com vários
concorrentes no mercado.
Fonte: Dados da pesquisa
86
4.2 Fatores considerados na seleção dos fornecedores de marcas próprias
O QUADRO 10 traz a síntese sobre a categoria de seleção de fornecedores de
marca própria que respondeu ao seguinte objetivo específico da pesquisa: identificar
os fatores considerados na seleção dos fornecedores de marcas próprias.
A empresa que pretende ser fabricante dos produtos de marca própria segundo
o gerente do Supermercado Gourmet deve atender a vários fatores de desempenho.
O primeiro a ser considerado é o da qualidade. O produto deverá apresentar uma
qualidade superior e diferenciada a dos produtos similares. Testes cegos e
comparativos são estratégias utilizadas para comprovar a qualidade do produto,
antes de optar por um determinado fornecedor. O desempenho logístico também é
um ponto crucial na escolha do fornecedor. O gerente ressalta que como são
produtos perecíveis a logística deve ser eficiente e ágil para garantir a qualidade do
produto. Lembra ainda que o frescor de um queijo novo é uma qualidade percebida
pelo cliente.
Outros fatores são a capacidade produtiva e o relacionamento comercial.
Quanto à capacidade de produção, são avaliadas as condições do fabricante em
atender as demandas do supermercado. Além disso, o fornecedor se compromete a
abrir o seu processo produtivo às possíveis intervenções do supermercado no que
diz respeito ao controle de qualidade das matérias-primas e do produto acabado.
As relações comerciais, no nível operacional, deverão ser formalizadas por
meio de contratos de fornecimento, estipulando o volume mínimo de compra exigido
pelo fabricante. Essa imposição de compra é uma negociação que normalmente
acontece, pois todos os fabricantes dos produtos de marca própria do supermercado
também fabricam seus próprios produtos, por isso torna-se necessário estabelecer
lotes de compra que compensem a parada da linha de produção para substituir o
produto a ser produzido. Em nível estratégico o relacionamento deverá ser de
verdadeiros parceiros comerciais, o que irá possibilitar um relacionamento aberto e
de cooperação.
O supermercado tem atualmente seis fornecedores de marca própria. Entre
eles encontram-se empresas de pequeno, médio e grande porte e todos fabricam,
também seus próprios produtos.
87
Apesar de muitos fabricantes resistirem ao mercado de marcas próprias, é
cada vez maior o número de empresas que optam por ele. Os fornecedores que
decidem fabricar produtos de marca própria se dividem em dois grupos. Kumar e
Steenkamp (2008, p. 107), esclarecem que alguns buscam lucros adicionais, quando
eliminam a capacidade ociosa de produção e outros procuram aumentar sua
influência sobre a categoria de seus produtos.
QUADRO 10
Síntese referente à dimensão seleção de fornecedores de produtos de marca
própria
Dimensão de análise: seleção de fornecedores de produtos de marca própria
Categorias Elementos identificados
Comercial
relacionamento aberto e de parceria;
contrato de compra;
exigência sobre o volume de compra.
Qualidade
fornecedor que ofereça qualidade superior ao
produto;
processo de controle de qualidade que possibilite
fiscalização por parte do supermercado.
Produção
capacidade de produção capaz de atender às
demandas do supermercado;
processo de produção aberto à fiscalização do
supermercado;
programação e planejamento da produção
compartilhados com o supermercado;
produção diferenciada dos demais produtos
fabricados com a marca do fornecedor.
Custo
diferencial de preço em relação à marca líder.
Fonte: Dados da pesquisa.
88
4.3 Análise comparativa do nível do serviço logístico dos fornecedores de
marcas próprias e de marcas nacionais
O QUADRO 11 e o QUADRO 12 trazem informações que irão responder ao
objetivo específico: análise comparativa do serviço logístico dos fornecedores de
marcas próprias e de marcas nacionais de três produtos: manteiga, requeijão e
queijo.
Como se observa, o QUADRO 11 apresenta uma análise comparativa do nível
de serviço logístico entre os fornecedores de produtos de marca própria e os
fornecedores de marcas nacionais. Bowersox e Closs (2001, p. 563), esclarecem
que o nível de serviço pode ser entendido “como a capacidade relativa da empresa
em satisfazer seus clientes.” Três unidades de análise merecem destaque por trazer
maior disparidade na qualidade de atendimento entre os dois tipos de fornecedores.
São elas: disponibilidade de produtos, freqüência de entregas e relacionamento com
o fornecedor.
Em relação à disponibilidade de produtos, o gerente afirma que não obstante o
supermercado feche lotes de produção antecipadamente com o fornecedor de
marcas próprias é possível flexibilizar novas encomendas ou encomendas extras,
caso haja necessidade. Ele ressalta a satisfação do supermercado com a agilidade e
a presteza do sistema logístico do fornecedor de marca própria. Nessa mesma
situação com os fornecedores de marca nacional o supermercado não consegue ser
atendido com tamanha agilidade. Ele terá que se submeter à programação de
entrega estabelecida pelo fornecedor, que varia entre uma vez por semana ou de 10
em 10 dias.
Para Bowersox e Closs (2001), a disponibilidade é a capacidade de ter o
produto em estoque no momento em que é desejado pelo cliente.” Ballou (2006, p.
97) cita que em uma pesquisa desenvolvida por LaLonde e Zinszer (1976) a
disponibilidade de produtos e o seu tempo de reposição foram os dois componentes
de serviços logísticos considerados os mais importantes para 63% dos
entrevistados.
89
Quando se analisa a unidade freqüência de entrega, o supermercado se
mostra mais satisfeito com o atendimento dos fornecedores de marca própria do que
com os fornecedores de marca nacional. Os fornecedores de marca própria lhe
oferecem maior autonomia para negociar data de produção e de entrega, conforme
suas necessidades de atendimento às oscilações de demanda. Pelas características
perecíveis dos produtos é muito importante para o supermercado ter essa
flexibilidade em alterar a freqüência das entregas de seus pedidos, pois possibilita o
total atendimento de sua demanda e com produtos sempre em perfeitas condições
de frescor.
Chopra e Meindl (2003, p. 141), esclarecem que quanto menor a freqüência de
entrega, maior deverá ser o estoque médio mantido pela empresa, uma vez que
grandes períodos de tempo entre uma entrega e outra torna a empresa vulnerável
às oscilações do mercado.
Analisando o relacionamento com os fornecedores em geral, o gerente
classifica o relacionamento com os fornecedores de marca própria em um nível de
quase excelência. Evidencia-se alto grau de cooperação/parceria e perfeito
compartilhamento de informação. Entre os fornecedores de marca nacional existe
uma variação de perfis. fornecedores que se preocupam em manter um bom
relacionamento com a empresa e outros nem tanto. O gerente esclarece que para a
comercialização de marca própria é primordial que se tenha, em alto grau, um
relacionamento de confiança, parceria e compartilhamento de informações com os
seus fornecedores. Já que o supermercado precisa conhecer e ter liberdade de
interferir no processo de produção, controle de qualidade e transporte dos produtos.
O cuidado com os detalhes em todo processo da produção até a entrega do produto
não é do fornecedor, mas também do varejista. Isso não ocorre com os
fornecedores de marca nacional porque o relacionamento é baseado apenas na
negociação de compra e venda. Estes fornecedores são mais resistentes a qualquer
tipo de mudança para atender às necessidades de clientes isolados.
Para Chopra e Meindl (2003, p. 387) o bom relacionamento entre os estágios
de uma cadeia de suprimento, depende de ambos os lados. É necessário que as
empresas desenvolvam relações de confiança, flexibilidade e compromisso. Chopra
e Meindl (2003) complementam que a transparência no compartilhamento de
90
informações, a capacidade de solucionar conflitos e a postura de tornar visíveis as
ações de cada parte elevam, ainda mais, o nível do relacionamento entre clientes e
fornecedores.
QUADRO 11
Síntese referente à categoria nível de serviço logístico
Categoria de análise: nível de serviço logístico
Elementos identificados Unidades de análise
Fornecedores de
marca própria
Fornecedores de
marca nacional
Disponibilidade do
produto
fabricação por
encomenda.
programação de
produção.
maior flexibilidade em
fazer uma segunda
entrega ou entrega
extra.
o fornecedor se
compromete com a
quantidade programada.
existe dificuldade em
flexibilizar uma segunda
entrega ou entrega extra.
Prazo de entrega
a entrega é rápida.
conforme data negociada:
entrega programada,
obedecendo à rota
determinada pelo
fornecedor.
Freqüência de entrega
maior autonomia e
liberdade para negociar
data de produção e de
entrega, conforme
necessidade do
supermercado.
data negociada
previamente: uma vez por
semana ou de 10 em 10
dias.
Tempo de reposição
reposição periódica,
conforme a necessidade
do supermercado.
reposição periódica:
obedecendo à
programação.
Relacionamento
relacionamento muito
próximo;
cooperação e parceria.
nem todos os
fornecedores praticam um
relacionamento de
parceria.
Fonte: Dados da pesquisa.
91
No QUADRO 12 foram agrupadas determinadas unidades de análise, que
tiveram como propósito, avaliar a qualidade logística dos fornecedores de marcas
próprias e de marcas nacionais. As unidades de análise que foram utilizadas nessa
pesquisa quando desenvolvidas com sucesso são requisitos básicos do ponto de
vista operacional para transformar um pedido em um pedido perfeito, segundo
Bowersox e Closs (2001, p. 565)
Dentre as unidades selecionadas, as unidades que merecem destaque por
apresentar maiores diferenças no desempenho dos fornecedores são avarias,
entrega de todos os itens solicitados e documentação de apoio ao pedido completa
e precisa.
Quanto a avarias, o gerente foi categórico em afirmar que os fornecedores de
marcas próprias são muito cuidadosos e se preocupam em garantir a integridade e
qualidade do produto. Um atendimento tão criterioso o é oferecido pelos
fornecedores de marca nacional. Dentre as situações que caracterizam esse
comportamento e que se repetem no dia-a-dia da empresa têm-se o transporte de
mercadorias refrigeradas junto com carga seca e casos em que as mercadorias
chegam ao supermercado com temperatura inadequada.
Nas unidades de análise entrega de todos os itens solicitados e documentação
de apoio ao pedido completa e precisa o gerente avaliou o desempenho dos
fornecedores de marca própria superior ao dos fornecedores de marca nacional. Os
erros mais freqüentes que o fornecedor de marca nacional comete nessas unidades
de análise são a entrega de mercadorias que não foram solicitadas e códigos de
barra trocados, devido à mudança da embalagem do produto.
Atingir o estágio de pedido perfeito não é uma tarefa fácil. Bowersox e Closs
(2001, p. 78) garantem que o nível de serviço logístico desenvolvido na relação
fornecedor cliente para atingir o pedido perfeito ultrapassa o nível básico. As
empresas que almejam atingir tal estágio precisam desenvolver relacionamentos
estreitos de trabalho que são sustentados pelo comprometimento, alianças e
compartilhamento aberto de informações.
92
QUADRO 12
Síntese referente à categoria qualidade logística
Categoria de análise: qualidade logística
Elementos identificados Unidades de análise
Fornecedores de
marca própria
Fornecedores de
marca nacional
Avarias
No transporte dos
produtos o padrão de
qualidade exigido pelo
supermercado é
obedecido.
não foi mencionado nível
de avarias.
não tem preocupação com
a qualidade do produto no
momento do transporte:
misturam mercadorias
refrigeradas com carga
seca, temperatura
inadequada do produto.
Devoluções
aceitam devolução de
produtos.
não foi evidenciado o
nível de devolução.
aceitam devolução de
produtos.
não foi evidenciado o nível
de devolução.
Entrega de todos os
itens solicitados
poucos erros na entrega
dos produtos.
erro mais comum: troca de
produtos - envio de
produtos diferentes dos
que foram solicitados.
Entrega de acordo com
data solicitada
obedecem à
programação.
obedecem à programação.
Documentação de
apoio ao pedido
completa e precisa
erros na documentação
praticamente não
acontecem.
erros na documentação
podem acontecer com
mais freqüência;
mudanças de embalagens
com troca de código de
barras.
Fonte: Dados da pesquisa
93
5. CONCLUSÕES
A comercialização de produtos de marca própria é vista como uma alternativa
de negócio em franca expansão. No mercado brasileiro onde as marcas próprias
ainda têm muito a crescer - grandes redes supermercadistas desenvolvem e
comercializam produtos de marcas próprias com sucesso. Dentre os fatores que
garantem a boa aceitação desses produtos, destaca-se o fortalecimento do setor
varejista em relação aos fabricantes, dada a sua proximidade com o consumidor
final. O varejista passa a utilizar de forma estratégica essa proximidade, extraindo
dele informações importantes sobre suas preferências de compra e exigências em
relação à qualidade, preço e nível de serviço. Essas informações sempre obtidas de
maneira direta e menos dispendiosa, possibilitam aos varejistas oferecer seus
produtos de marcas próprias de forma diferenciada dos produtos de marca nacional.
Tais diferenciais o desenvolvidos para atender às exigências do seu cliente, e
podem variar entre qualidade, exclusividade de produto e preço baixo.
O varejo por ser uma atividade comercial que apresenta intenso ritmo de
expansão e transformação, inspira vários estudos acadêmicos. Sobre o tema marcas
próprias inúmeras pesquisas científicas já foram realizadas focando principalmente o
comportamento do consumidor em relação a esses produtos. Mas poucas foram as
que estudaram a logística entre o supermercado e os seus fornecedores de marcas
próprias.
A intenção deste estudo foi conhecer a logística de produtos de marca própria
e compará-la com a logística de produtos de marca nacional em uma unidade
supermercadista. A idéia central foi buscar as diferenças evidentes entre o nível de
serviço oferecido por esses fornecedores.
A análise dos resultados procurou, em princípio, responder aos objetivos
específicos da pesquisa, o que tornou possível atingir o que foi proposto no objetivo
geral.
No que diz respeito ao lançamento de produtos de marca própria, o
supermercado pesquisado definiu a diferenciação como o principal fator para
competir nesse segmento. A qualidade e a exclusividade dos produtos são os
94
requisitos de produção que a empresa prioriza para alcançar essa diferenciação, na
tentativa de conquistar a fidelidade do seu cliente.
Os seus produtos são desenvolvidos na categoria Premium - qualidade
superior. A literatura aponta o fator preço como principal atrativo das marcas
próprias, contudo o Supermercado Gourmet não utiliza desse apelo para
comercializar os seus produtos. O seu principal atributo é a qualidade.
Em relação às vantagens alcançadas pela comercialização de produtos de
marca própria, alguns pontos podem ser destacados. O supermercado compartilha
juntamente com o fornecedor o comando das decisões de fabricação. Com isso
pode controlar mais de perto a qualidade dos produtos que serão ofertados aos seus
consumidores. Quanto às estratégias de marketing para a divulgação e
propaganda, não houve manifestação de altos gastos, pois o supermercado assumiu
que tais ações são desenvolvidas apenas no ponto de venda. A introdução de novos
produtos também considerada pelos fabricantes como uma operação dispendiosa,
não acontece quando se trata de marca própria. Esses produtos têm lugar de
destaque nas gôndolas, sem precisar pagar por isso. O fato de o supermercado
utilizar o seu nome como marca nos produtos, transfere a eles a credibilidade da
imagem da empresa, o que facilita em grande medida a aceitação e a
comercialização dos mesmos.
Considerando a seleção dos fornecedores de marca própria, pode-se afirmar
que o critério adotado pelo supermercado segue passos rigorosos. O primeiro a ser
considerado é o da qualidade. O produto deverá apresentar uma qualidade superior
que o diferencie dos produtos de marca nacional. Em relação ao volume de compra,
avalia-se qual a exigência do fabricante em termos do tamanho dos pedidos. Essa é
uma imposição dos fornecedores, que normalmente utilizam apenas a capacidade
ociosa de produção para atender as encomendas de produtos de marcas próprias. A
eficiência do sistema logístico representado principalmente pela disponibilidade de
produtos e flexibilidade nas entregas – é também um fator de análise na seleção dos
fornecedores. O Supermercado Gourmet é atendido por seis fornecedores de marca
própria. São empresas de pequeno, dio e grande porte que demonstraram que
podem atender aos critérios estabelecidos pela empresa varejista.
95
Comparando o nível do serviço logístico dos fornecedores de marcas próprias
com o dos fornecedores de marcas nacionais, as informações revelaram uma
superioridade das empresas fornecedoras de marcas próprias no que diz respeito à
disponibilidade de produtos lead time –, à freqüência das entregas e ao
relacionamento.
Quanto à disponibilidade dos produtos capacidade da empresa ter o produto
em estoque para atender aos pedidos do cliente - os fornecedores de marca própria
apresentam melhor desempenho do que os fornecedores de marca nacional. Tal
desempenho é percebido pela flexibilidade e agilidade em atender encomendas
extras. Por outro lado, as empresas fornecedoras de produtos de marca nacional
não assumem tal compromisso. O supermercado deve se submeter à programação
de entrega estabelecida pelo fornecedor.
Quanto à freqüência de entrega dos pedidos, os fornecedores de marca própria
se mostram mais eficientes do que os fabricantes de marcas nacionais. Os primeiros
têm capacidade de articular novas datas de produção e entrega, de forma a atender
às necessidades do supermercado. De forma diferente reagem os fornecedores de
marcas nacionais. Estes são menos propensos a alterar sua programação de
entrega de pedidos e não demonstram tanto interesse em resolver os problemas
provocados pelas eventuais oscilações de demanda da unidade supermercadista.
No plano de relacionamento com os fornecedores, observou-se um estado de
quase excelência nas relações com os fornecedores de marcas próprias. Identificou-
se um alto grau de cooperação/parceria e perfeito compartilhamento de informações.
Com os fornecedores de marca nacional não predomina esse estilo, o
relacionamento é baseado apenas em contatos comerciais que propiciam uma boa
negociação de compra e venda.
Em síntese, o bom relacionamento entre supermercado e fornecedores
apoiado na confiança mútua, parceria/cooperação, flexibilidade, transparência no
compartilhamento de informações e capacidade de solucionar conflitos -, é
primordial para o sucesso dos produtos de marcas próprias, tendo em vista que o
supermercado precisa conhecer e ter liberdade de interferir no processo de
produção, controle de qualidade e transporte dos produtos.
96
Quando se analisa a qualidade logística, os fornecedores de marcas próprias
apresentam diferenciais em relação aos fornecedores de marcas nacionais nas
seguintes atividades: avarias, entrega de todos os itens solicitados e documentação
de apoio ao serviço completa e precisa. O nível de avarias é baixo o que garante a
integridade e qualidade dos produtos. Nas unidades de análise entrega de todos os
itens solicitados e documentação de apoio, o desempenho dos fornecedores de
marca própria se mostrou superior aos dos fornecedores de marcas nacionais. Estes
cometem erros que atrasam a disponibilidade dos produtos aos consumidores finais,
tais como a entrega de mercadorias trocadas e embalagens com códigos de barra
os quais não identificam a mercadoria que está em seu interior.
Esta pesquisa apresentou subsídios importantes para a compreensão da
logística dos produtos de marcas próprias, permitindo estabelecer padrões de
comparação entre o nível de serviço logístico dos fornecedores de marcas próprias e
os de marcas nacionais. Os fornecedores de marcas próprias apresentaram
competências logísticas mais flexíveis. O que lhes confere legitimidade para ocupar
lugar de destaque na preferência do supermercado, quando este tem alternativas de
compra de um determinado produto tanto com fornecedores de marcas próprias
quanto com os de marcas nacionais.
97
6. SUGESTÕES PARA PESQUISAS FUTURAS E LIMITAÇÕES
Esta pesquisa teve como objetivo principal compreender o sistema logístico
dos fornecedores de marca própria de uma unidade supermercadista. A sua
relevância pode estar no fato de que foram discutidos os parâmetros logísticos
considerados importantes para um supermercado em relação aos seus
fornecedores. A definição desses parâmetros permitiu efetuar uma análise
comparativa entre o sistema logístico dos fornecedores de marca própria e de
marcas nacionais.
Os dados primários resultantes da pesquisa são de natureza qualitativa e
originários de uma única unidade de pesquisa. Por isso mesmo eles não poderão
ser considerados conclusivos e nem ser utilizados para desenvolver análises
generalizadas.
O fato de a pesquisa ter sido aplicada em apenas um supermercado implica
certas limitações. A proposta de se fazer novos estudos pode ter em vista a
eliminação de parte dessas limitações. Com esse objetivo, seria recomendável
replicar esta pesquisa em outras redes de supermercado, ampliando assim, o
campo de análise das percepções dos dirigentes.
Uma vez que o estudo envolveu apenas a unidade varejista, seria interessante
conhecer a percepção de outro elo da cadeia de suprimento em questão, ou seja, o
fornecedor de produtos de marcas próprias. Tal estudo teria o propósito de ampliar a
capacidade de generalização dos resultados e, além disso, poder confrontar as
percepções entre empresas que pertençam a estágios diferentes de uma cadeia de
suprimento.
98
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105
APÊNDICE
106
1. Apresentação da empresa
Razão Social: ________________________________________________________
Nome Fantasia: ______________________________________________________
Rua/Av:_____________________________________________________________
Bairro:_______________________________Cidade:_________________________
Telefone________________________ E-mail:____________________________
Os produtos de marcas próprias do Supermercado Gourmet foco da pesquisa
são: Manteiga, Requeijão e Queijo. As perguntas a seguir deverão ser
respondidas tendo como parâmetro os dados dos referidos produtos.
2. Objetivo Específico: Descrever os fatores que influenciam na decisão do
lançamento de produtos de marca própria.
2.1 Há quanto tempo a empresa trabalha com produtos de marca própria?
2.2 O que levou a empresa a adotar essa estratégia?
2.3 O que leva o seu consumidor a comprar o produto de marca própria e não o
produto da marca nacional?
Nome da empresa
: ____________________________________________________
Nome do entrevistado: ________________________________________________
Cargo: __________________________________ e-mail:____________________
Tempo de Empresa:________ Tempo de Mercado:____________
ENTREVISTA EM PROFUNDIDADE
Pesquisa sobre a logística de produtos de marcas próprias e de marcas nacionais
Nº.da Entrevista:_____________ Data:_____/_____/_____
Duração da Entrevista: Início:________ Término: __________
107
2.4 O que leva o seu consumidor a não comprar o produto de marca própria?
2.5 Como o preço da marca própria se compara ao preço da marca nacional? Por
quê?
3. Objetivo Específico: Levantar as vantagens e desvantagens da
comercialização de produtos de marcas próprias:
3.1 Quais são as vantagens em comercializar produtos de marca própria? E as
desvantagens?
4. Objetivo Específico: Identificar os fatores considerados na seleção dos
fornecedores de marcas próprias.
4.1 Como a empresa seleciona os fornecedores dos produtos de marca própria?
4.2 Quantos são os fornecedores para cada produto de marca própria?
4.3 Os fornecedores de marca própria o exclusivos, ou produzem também
produtos com sua marca?
4.4 O relacionamento com os fornecedores dos produtos de marca própria difere
dos demais? Fale a respeito.
5. Objetivo Específico: Fazer análise comparativa do serviço logístico dos
fornecedores de marcas próprias e de marcas nacionais de três produtos:
manteiga, requeijão e queijo
5.1 Fale-me sobre as práticas logísticas desenvolvidas entre o supermercado e seus
fornecedores de marcas próprias e marcas nacionais.
5.2 A empresa utiliza alguma tecnologia da informação para facilitar o
relacionamento com seus fornecedores? Quais?
5.3 Aponte o que deveria ser melhorado no relacionamento com o fornecedor que
refletisse na melhora do nível de serviço prestado ao consumidor final ou no
custo logístico.
5.4 Faça uma análise comparativa entre a logística do fornecedor de marca própria
e o de marca nacional.
5.5 Descreva as vantagens e desvantagens do fornecedor de marcas próprias e de
marcas nacionais no tocante ao abastecimento e reposição de produtos.
5.6 Qual dos fornecedores, Marca Própria ou Nacional, proporciona:
5.6.1 Um melhor relacionamento com a gerência;
5.6.2 Menos problemas de refugo de mercadoria vendida;
108
5.6.3 Menos problemas de erros na entrega;
5.6.4 Menos problemas de erros nas Notas Fiscais;
5.6.5 Entregas mais freqüentes;
5.6.6 Atendimento a pedidos especiais, variedade de produtos e prazos;
5.6.7 Maior satisfação na prestação do serviço logístico.
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