RESUMO
Diversas causas ameaçam o bem-estar feminino, desencadeadas por eventos
sócioculturais, tecnológicos, profissionais e familiares, influenciando no surgimento
dos mais variados tipos de cânceres e congêneres, com altas incidências de
morbimortalidade. Através da ação interativa junto à cliente, o enfermeiro, poderá
influenciar positivamente para a redução dessas cifras, incentivando mudanças de
comportamentos, em particular, estimulando a adoção do hábito mensal do auto-
exame das mamas (AEM). Propusemos-nos, então, a trabalhar com base na hipótese
de que, a ação interativa estabelecida entre enfermeiro e cliente pode favorecer e
possibilitar a comunicação persuasiva, sua validação e a transmissão de
informações, de forma a despertar na cliente o interesse pela aprendizagem e o
desejo de elucidação de dúvidas. Objetivamos descrever e interpretar os fatores que
podem influenciar na ação interativa do processo de comunicação entre enfermeiro-
cliente e compreender a forma como vem se processando, na prática da enfermagem
a ação interativa entre enfermeiro-cliente. O estudo tem abordagem qualitativa, foi
realizado no Instituto de Prevenção do Câncer do Ceará (IPCC) nos meses de maio,
junho e julho de 2004. Os dados foram coletados durante os Relacionamentos
Interativos (RIs) entre enfermeiros e clientes, nas consultas de enfermagem
ginecológicas. O instrumento de coleta dos dados utilizado foi observação livre com
o apoio do diário de campo e uso do gravador, conforme autorização obtida. As
enfermeiras, sujeitos deste estudo, foram cognominadas com os nomes de Selene,
Melanipe, Eleutera, Crissa e Electra. Acompanhamos cinco distintos
relacionamentos interativos (RIs) de cada uma das cinco enfermeiras. Para a
organização e análise dos dados, utilizamos do método de análise de conteúdo,
Bardin (1977), Rodrigues e Leopardi (1999). O conteúdo dos diálogos observados
apontou para as cinco seguintes categorias: A comunicação como incentivo para a
formação do hábito do auto-exame das mamas; Orientação da enfermeira
direcionada ao bom êxito da comunicação entre médico e cliente; Cuidado e
tecnologia no auto-exame das mamas; A presença de fatores de risco para o câncer
de mama; A comunicação verbal enfermeira-cliente durante o auto-exame das
mamas. Os resultados mostram que a ação interativa enfermeiro-cliente é, em sua
maioria, permeada por uma comunicação mecanizada e repetitiva, sendo enfatizadas
orientações estereotipadas, não se priorizando o feed-back das informações
fornecidas às clientes, referentes à adoção do hábito mensal do AEM e, nem se
enfatizando as técnicas de expressão, clarificação e de validação da informação,
durante a comunicação. Concluiu-se que os enfermeiros, como formadores de
opinião necessitam trabalhar com maior freqüência elementos da ação interativa
como por exemplo o feed-back. É necessário também haver uma colaboração
documental e mais efetiva das políticas públicas de saúde e de promoção social, no
que tange ao número de clientes a serem atendidas pelo profissional.
Palavras-chaves: comunicação, consulta, enfermagem, ginecológica