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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA QUÍMICA
FILTRAÇÃO DE GASES: ESTUDO DA DEPOSIÇÃO DE
DIFERENTES TORTAS DE FILTRAÇÃO EM DIFERENTES
MEIOS FILTRANTES
Karina Bassan Rodrigues
Tese de Doutorado apresentada ao
Programa de Pós-Graduação em
Engenharia Química da Universidade
Federal de São Carlos como parte dos
requisitos necessários à obtenção do
título de Doutor em Engenharia Química,
área de concentração em Pesquisa e
Desenvolvimento de Processos Químicos
Orientadora: Mônica Lopes Aguiar
São Carlos – SP
2006
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Ficha catalográfica elaborada pelo DePT da
Biblioteca Comunitária/UFSCar
R696fg
Rodrigues, Karina Bassan.
Filtração de gases: estudo da deposição de diferentes
tortas de filtração em diferentes meios filtrantes / Karina
Bassan Rodrigues. -- São Carlos : UFSCar, 2006.
230 p.
Tese (Doutorado) -- Universidade Federal de São Carlos,
2006.
1. Filtração de gases. 2. Profundidade de penetração. 3.
Filtros de tecido. I. Título.
CDD: 660.284245 (20
a
)
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MEMBROS DA BANCA EXAMINADORA DA TESE DE DOUTORADO DE
KARINA BASSAN RODRIGUES, APRESENTADA AO PROGRAMA DE PÓS-
GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA QUÍMICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE
SÃO CARLOS, EM 19 DE JUNHO DE 2006.
BANCA EXAMINADORA
Profa. Dra. Mônica Lopes Aguiar
Orientadora, PPG-EQ/UFSCar
Murilo Daniel de Mello Innocentini
DEQ/UNAERP
Nehemias Curvelo Pereira
DEQ/UEM
José Renato Coury
PPG-EQ/UFSCar
José Antônio Gonçalves da Silveira
PPG-EQ/UFSCar
Aos meus pais, Tiana e Cirilo,
pelo exemplo de perseverança.
AGRADECIMENTOS
Muitos foram os que me ajudaram e sinto se não forem relembrados como merecem. Eu
não conseguiria exprimir em uma página o quanto sou grata a cada nome que se
encontra neste pedacinho de papel. Como vai ficar muito longa, acho que além da
minha mãe, ninguém mais vai ler. Mas vamos lá...
Em primeiro lugar a Deus, eu agradeço por ter me dado força nos momentos de
desânimo, e por me mostrar que sempre posso mais;
Aos meus pais, que sempre estiveram ao meu lado com palavras de incentivo e por me
estimularem com seu orgulho, espero que um dia ser digna de tanto amor;
Ás minha irmãs, Sarita e Graciela, duas criaturas lindas e doces que eu quero tão bem;
que são um exemplo para mim, e aos meus cunhados por tabela...
À minha avó, in memorian; que deve estar olhando por mim de algum lugar;
À minha segunda mãe, Tia Célia, que apesar de ter ficado um pouco mais longe, está
sempre pertinho de mim, torcendo para tudo dar certo, como meu Tio Beto; aos meus
tios Paulo e Cida, por estarem ao lado da minha mãe, quando eu não podia estar; à
todas as minhas primas e primos que amo tanto, em especial à Tuti, à Maísa e à Pati;
Aos meus padrinhos, Marcos e Fifia, e à minha quase prima Paula, pessoas de quem eu
queria ter estado mais próxima, mas que sei que sempre poderei contar;
À minha amiga tão querida Claudinha, há quase vinte anos, sempre companheira e
confidente;
À grande amiga Érica Tieni, que dispensa comentários, pela companhia em casa, na
academia, na federal, no Bar do Pascoal, nos concursos, nos estudos, enfim... pior (ou
melhor) que casamento... Trabalhando e morando juntas, sobrevivemos;
Ao pessoal do posto Brasil, pela descontração dos feriados;
Aos amigos do laboratório: Juliana, Carol, Edmundo, pelas palavras de ponderação;
Felicetti, pela bagunça e pelas risadas; Vanessa; Érica Tognetti; Érica Tieni, pelas
discussões filosóficas a respeito dos nossos resultados, pela ajuda em muitos ensaios e
pela paciência comigo; Lissandra Ito, conterrânea, que me ajudou a por o equipamento
pra funcionar, me ensinou toda a técnica de tratamento de amostra, e pela amizade, que
ninguém punha fé que iria vingar; Simone, Edinalda, pela ajuda na teoria de muitos
pontos e pela amizade que construímos;
À Wânia Cristinelli pela impagável ajuda no tratamento das amostras, sem contar na
amizade que também é impagável;
Ao Leonardo Arrieche, um grande amigo que felizmente tive tempo de descobrir antes
de ir embora;
À Raquel Bastiani, a quem sempre serei grata, sempre pronta a ajudar;
À Sania Maria de Lima, grande amiga e companheira, desde os tempos da faculdade;
À meus amigos que moraram comigo e dividiram uma parte boa da minha estada em
São Carlos e fizeram dela uma grande diversão: Madá, Grezielli, Laura (como eu ria),
Guto, Érica Tieni (de novo!)... Foram momentos tão bons que vou guardar para
sempre... Não posso deixar de falar da Rosilene, essa pessoa tão querida, que tem um
coração que não cabe no peito;
À uma turminha especial: Darci, Lili, Lílian, Priscila, Rafael, Julieta, Swami, Sheila
(por um convite certo na hora mais certa), Iveti, Lívia (nem falo o quanto aprendi com
ela!) e em especial à Larissa, que me ajudou a crescer muito profissionalmente e
espiritualmente, que me apareceu na vida como um presente;
Às minhas amigas eternas, de mais de uma década: Cidinha, Lika, Silvana, Rejane e
também à Drica;
Ao Ricardo, pelo carinho e felicidade;
É, claro, à minha mais que querida orientadora, Mônica, que me deu uma grande
chance me orientando e me acolheu quase como uma filha, de quem tomei bronca e
recebi conselhos, com quem já dei risadas e já chorei, com quem aprendi que a nossa
relação não tinha que ser apenas profissional, ela era muito mais que isso, e uma pessoa
a quem respeito muito e espero nunca ter decepcionado... A pessoa que me ajudou a
tornar um projeto de oito páginas neste trabalho...
Aos professores da área, com quem também muito aprendi, em especial ao Zezão e ao
Zé Antonio, pela ajuda na discussão de muitos pontos do trabalho;
Ao Oscar, que me ajudou muito com o equipamento, e com quem dei muita risada na
hora do café, à Thaisa, por ter me ajudado a dar cabo das últimas amostras; à Clarice e
à Sandra, técnicas do DEQ; ao Cleber, do CCDM, pelas horas intermináveis de análise
no MEV, que resultaram em uma amizade;
À Gino Cacciari, pelo fornecimento dos tecidos;
Ao Cnpq, pelo auxílio financeiro
“Pedi e vos será dado,
Buscai e achareis,
Batei e abrir-se-vos-á.
Porque todo aquele que pede recebe,
E quem busca acha,
E a quem bate, abrir-se-lhe-á”
Lucas, 11 9:10
SUMARIO
LISTADE FIGURAS________________________________________________i
LISTA DE TABELAS______________________________________________vi
LISTA DE SIMBOLOS_____________________________________________ix
RESUMO________________________________________________________xi
ABSTRACT_____________________________________________________xii
1 INTRODUÇÃO ___________________________________________________ 1
2 REVISÃO BIBLIOGRÀFICA ________________________________________ 6
2.1 Classificação e Fabricação dos Tecidos _____________________________ 6
2.1.1 Métodos de Tratamento de Tecidos ou Finalização _______________ 13
2.1.2 Captura de Partículas ______________________________________ 16
2.2 Operação da Filtração __________________________________________ 20
2.2.1 A Formação da Torta ______________________________________ 23
2.2.2 Mecanismos de Limpeza____________________________________ 24
2.2.3 Critério de Desempenho ____________________________________ 30
2.3 Aspectos Relevantes na Filtração _________________________________ 30
2.3.1 Queda de Pressão na Filtração _______________________________ 31
2.3.2 Fração Limpa ____________________________________________ 37
2.3.3 Densidade de Empacotamento (α) ____________________________ 38
2.3.4 Umidade ________________________________________________ 38
2.3.5 Velocidade de Filtração ____________________________________ 39
2.3.6 Carga Mássica Aplicada ou Concentração de Entrada _____________ 41
2.3.7 Porosidade do Meio Filtrante e Diâmetro de Poros _______________ 41
2.3.8 Porosidade de Tortas de Filtração_____________________________ 43
2.3.9 Diâmetro e Forma das Partículas _____________________________ 43
2.3.10 Diâmetro de Fibras ________________________________________ 45
2.3.11 Efeitos de Cargas Eletrostáticas ______________________________ 46
2.3.12 Estudos Comparativos entre Diferentes Tecidos _________________ 46
2.3.13 A Penetração de Partículas no Interior dos Meios Filtrantes ________ 49
3 MATERIALE METODOS __________________________________________ 52
3.1 Descrição Geral_______________________________________________ 52
3.2 Materiais Pulverulentos_________________________________________ 53
3.2.1 Caracterização dos Materiais Pulverulentos _____________________ 53
3.3 Meios Filtrantes_______________________________________________ 56
3.3.1 Caracterização dos Meios Filtrantes __________________________ 56
3.4 Equipamento de Filtração e Coleta de Dados ________________________ 58
3.4.1 Equipamento de Filtração ___________________________________ 58
3.4.2 Alimentação de Pó ________________________________________ 60
3.4.3 Aquisição de Dados _______________________________________ 63
3.5 Procedimento Experimental _____________________________________ 64
3.5.1 Ensaios Gerais – Comparação enre os Tecidos___________________ 64
3.5.2 Comparação entre os Materiais Pulverulentos ___________________ 67
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO _____________________________________ 69
4.1 Ensaios Preliminares___________________________________________ 69
4.2 Caracterização dos Meios Filtrantes _______________________________ 76
4.3 Ensaios de Filtração Acrílico e Rocha Fina (3,71 µm) ________________ 78
4.4 Ensaios de Filtração Polipropileno e Rocha Fina (3,71 µm) ____________ 91
4.5 Ensaios de Filtração Poliéster Tratado e Rocha Fina (3,71 µm)________ 101
4.6 Ensaios de Filtração Poliéster não Tratado e Rocha Fina (3,71 µm)_____ 110
4.7 Comparação entre os Meios Filtrantes e Rocha Fina _________________ 120
4.8 Ensaios de Filtração - Poliéster Tratado e Polvilho (8,67 µm) __________ 136
4.9 Ensaios de Filtração – Poliéster Não Tratado e Polvilho (8,67 µm)______ 144
4.10 Comparação entre a Presença e Ausência de Tratamento dos Meios Filtrantes
e entre a Forma e Distribuição Granulométrica das Partículas________________ 152
4.11 Ensaios de Filtração – Acrílico e Rocha Grossa (14,67 µm)
P
MAX
= 100mmH
2
O________________________________________________ 167
4.12 Comparação entre a Filtração com partículas de Tamanhos Diferentes___ 177
4.13 Ensaios de Filtração – Acrílico e Rocha Grossa P
MAX
= 300mmH
2
O ___ 187
4.14 Ensaios de Filtração – Comparação entre Filtrações com Diferentes Perdas de
Carga Máxima_____________________________________________________ 197
4.15 Avaliação dos Mecanismos de Captura para cada Série de Experimentos –
Comparação com a Literatura. ________________________________________ 205
5 CONCLUSÕES _________________________________________________ 209
6 SUGESTÕES DE TRABALHOS FUTUROS __________________________ 213
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ________________________________ 214
ANEXO A______________________________________________________224
ANEXO B______________________________________________________229
i
LISTA DE FIGURAS
Figura 2.1: Classificação de tecidos segundo a ABRAFAS ______________________ 7
Figura 2.2: Tipos de torcida utilizados na confecção de fios._____________________ 8
Figura 2.3: Tipos de tecidos trançados.______________________________________ 9
Figura 2.4: Tipos de confecção de fios sintéticos. ____________________________ 11
Figura 2.5:Tipos de tramas: a) trama plana com fios multifilamentosos; b) trama
sarja 2/1, com fios estirados e fibras cortadas (staple spun); c) feltro
agulhado.___________________________________________________ 12
Figura 2.6: Desenho esquemático da captura por interceptação direta_____________ 16
Figura 2.7: Desenho esquemático da captura por impactação inercial. ____________ 18
Figura 2.8: Desenho esquemático da captura por difusão. ______________________ 19
Figura 2.9: Desenho esquemático da captura por ação gravitacional. _____________ 19
Figura 2.10: Interação dos mecanismos de coleta e eficiência resultante dos mesmos. 20
Figura 2.11: Ilustração da formação de dendritos no interior dos meios filtrantes e sua
variação conforme o mecanismo de coleta predominante. _____________ 22
Figura 2.12: Determinação do ponto de colmatação do meio____________________ 23
Figura 2.13 Métodos de limpeza de filtros de tecido.__________________________ 26
Figura 2.14: Ciclos de filtração e limpeza por ar reverso _______________________ 27
Figura 2.15: Determinação do arraste efetivo nos estágios iniciais da filtração. _____ 36
Figura 2.16: Eficiência de coleta em função da velocidade de filtração e diâmetro de
partículas ___________________________________________________ 44
Figura 3.1: Microfotografias dos materiais pulverulentos utilizados. _____________ 55
Figura 3.2: Distribuição granulométrica dos materiais utilizados. ________________ 55
Figura 3.3: Exemplo de determinação da porosidade superficial via microscópio óptico:
a) imagem original; b) imagem tratada para a determinação da área. ____ 57
Figura 3.4: Esquema geral do equipamento de filtração e limpeza. _______________ 59
Figura 3.5: Detalhamento do sistema de alimentação de pó. ____________________ 60
Figura 3.6: Esquema da caixa de filtração e limpeza.__________________________ 61
Figura 3.7: Equipamento no modo filtrando. ________________________________ 62
Figura 3.8: Equipamento no modo limpando.________________________________ 62
Figura 3.9: Partes da torta removidas para análise em MEV ou microscopia ótica.___ 65
Figura 3.10: Aspecto da limpeza aos pedaços em uma amostra de tecido já endurecida.
___________________________________________________________ 66
Figura 3.11: Esquema de cinco fotos tiradas do interior do meio filtrante, em seqüência,
para determinação da profundidade de penetração, com aumento de 2000X.
___________________________________________________________ 66
Figura 3.12: Comparação entre a microfotografia da foto original (a) e a binarizada pelo
software (b). ________________________________________________ 67
Figura 4.1: Microscopia eletrônica de varredura dos tecidos testados. Aumento de 50X:.
___________________________________________________________ 70
Figura 4.2: Ensaios preliminares nos tecidos.________________________________ 71
Figura 4.3: Ampliação das curvas de filtração dos ensaios preliminares. __________ 73
Figura 4.4: Perfil de perda de carga para os dez ciclos de filtração do Acrílico e rocha fina. 79
Figura 4.5: Massa de material pulverulento removida pela limpeza e retida após a
mesma . ____________________________________________________ 82
ii
Figura 4.6: Perfil da variação de perda de carga residual para os ensaios com Acrílico e
rocha fina. __________________________________________________ 83
Figura 4.7: Relação entre a perda de carga residual e a massa retida para o Acrílico e
rocha fina. __________________________________________________ 83
Figura 4.8: Perfil da fração de massa removida da torta, para o Acrílico e rocha fina. 84
Figura 4.9: Seção transversal do acrílico em diferentes ciclos ___________________ 86
Figura 4.10: Variação do número de partículas com a profundidade do tecido para o
Acrílico.____________________________________________________ 89
Figura 4.11: Perfil de perda de carga para os dez ciclos de filtração para o Polipropileno e rocha
fina. _______________________________________________________ 91
Figura 4.12 : Massa de material pulverulento removida pela limpeza e retida após a
mesma para o PP e rocha fina. __________________________________ 93
Figura 4.13 : Perfil da perda de carga residual para os experimentos com Polipropileno.
___________________________________________________________ 93
Figura 4.14: Relação entre a perda de carga residual e a massa retida para o
Polipropileno e rocha fina. _____________________________________ 94
Figura 4.15: Perfil da fração removida de torta, após a limpeza, para o Polipropileno e
rocha fina. __________________________________________________ 95
Figura 4.16: Seção transversal do polipropileno em diferentes ciclos _____________ 96
Figura 4.17: Variação do número de partículas com a profundidade do tecido para o
Polipropileno e rocha fina. _____________________________________ 99
Figura 4.18: Perfil de perda de carga para os dez ciclos de filtração para o Poliéster tratado e rocha
fina.. ______________________________________________________ 101
Figura 4.19: Massa de material pulverulento removida pela limpeza e retida após a
mesma para o Poliéster tratado e rocha fina._______________________ 103
Figura 4.20 : Perfil da variação da perda de carga residual para os ensaios com Poliéster
tratado e rocha fina.__________________________________________ 104
Figura 4.21: Relação entre a perda de carga residual e a massa retida para o Poliéster
tratado e rocha fina.__________________________________________ 104
Figura 4.22: Perfil da fração removida da torta ,após a limpeza, para o Poliéster tratado
e rocha fina.________________________________________________ 105
Figura 4.23: Seção transversal do poliéster tratado em diferentes ciclos __________ 106
Figura 4.24: Variação do número de partículas com a profundidade do tecido para o
Poliéster tratado e rocha fina. __________________________________ 108
Figura 4.25: Perfil de perda de carga para os dez ciclos de filtração para o poliéster sem tratamento
e rocha fina._________________________________________________ 110
Figura 4.26 : Massa de material pulverulento removida pela limpeza e retida após a
mesma para o Poliéster sem tratamento e rocha fina.________________ 112
Figura 4.27 : Perfil da variação da perda de carga residual para os ensaios com Poliéster
não tratado e rocha fina. ______________________________________ 113
Figura 4.28: Relação entre a perda de carga residual e a massa retida para o Poliéster
não tratado e rocha fina. ______________________________________ 113
Figura 4.29: Perfil da fração de massa removida da torta, após a limpeza para o Poliéster
não tratado e rocha fina. ______________________________________ 114
Figura 4.30: Seção transversal do poliéster não tratado em diferentes ciclos_______ 115
Figura 4.31: Variação do número de partículas com a profundidade do tecido para o
Poliéster não tratado e rocha fina._______________________________ 118
iii
Figura 4.32: Gráfico comparativo dos dez ciclos do Ensaio 10, em termos de carga
mássica acumulada, para os difertentes tecidos.____________________ 120
Figura 4.33: Curvas comparativas da resistência específica da torta média para os
tecidos. ___________________________________________________ 122
Figura 4.34: Massa de material pulverulento removida pela limpeza nos tecidos.___ 122
Figura 4.35: Total de partículas coletadas em cada coluna analisada, por ciclo. ____ 125
Figura 4.36: Gráfico comparativo do Ensaio 10 de cada tecido, para a perda de carga
residual e massa retida acumulada, para diferentes tecidos.___________ 126
Figura 4.37: Variação da perda de carga residual com a massa retida em cada ciclo de
filtração para os tecidos analisados. _____________________________ 127
Figura 4.38: Variação da fração de massa removida em cada ciclo de filtração. ____ 128
Figura 4.39: Tendência da variação do número médio de partículas com a profundidade
do tecido.__________________________________________________ 130
Figura 4.40: Imagem da superfície de um tecido após a remoção. a) Aumento de 50x; b)
Aumento de 200x.___________________________________________ 132
Figura 4.41: Profundidade de penetração dos experimentos com rocha fina. ______ 133
Figura 4.42:Perfil da perda de carga para os dez ciclos de filtração para o Poliéster
tratado com polvilho. ________________________________________ 136
Figura 4.43: Massa de material pulverulento removida pela limpeza e retida após a
mesma para o Poliéster tratado e polvilho. ________________________ 138
Figura 4.44: Perfil da variação de perda de carga residual para os ensaios com Poliéster
tratado e polvilho. ___________________________________________ 139
Figura 4.45: Relação entre a perda de carga residual e a massa retida para o Poliéster
tratado e polvilho. ___________________________________________ 139
Figura 4.46: Perfil da fração de massa removida em cada ciclo de filtração para o
Poliéster tratado e polvilho.____________________________________ 140
Figura 4.47: Seção transversal do poliéster tratado em diferentes ciclos para o polvilho.
Aumento de 200X ___________________________________________ 142
Figura 4.48: Variação do número de partículas com a profundidade do tecido para o
Poliéster tratado e polvilho.____________________________________ 144
Figura 4.49:Perfil de perda de carga para os dez ciclos de filtração para o poliéster sem
tratamento com polvilho. (!) Ensaio 01; (,) Ensaio 02; (7) Ensaio 03;
(Λ) Ensaio 05; () Ensaio 10._____________________________________ 145
Figura 4.50: Massa de material pulverulento removida pela limpeza e retida após a
mesma para o Poliéster não tratado e polvilho. ____________________ 146
Figura 4.51: Perfil da variação de perda de carga residual de cada ciclo de filtração para
o poliéster não tratado e polvilho._______________________________ 147
Figura 4.52: Perda de carga residual com a massa retida acumulada nos experimentos
com PNT e polvilho. _________________________________________ 147
Figura 4.53: Perfil da fração de massa removida após a limpeza para o poliéster sem
tratamento e polvilho. ________________________________________ 148
Figura 4.54: Seção transversal do poliéster não tratado em diferentes ciclos para o
polvilho. Aumento de 200 X. __________________________________ 150
Figura 4.55: Variação do número de partículas com a profundidade do tecido para o
Poliéster não tratado e polvilho. ________________________________ 152
Figura 4.56 : Gráfico comparativo das curvas de filtração do ensaio 10, entre o poliéster
tratado e não tratado filtrando rocha fosfática fina e polvilho. _________ 153
iv
Figura 4.57: Primeiro ciclo dos experimentos com PT e PNT, com rocha fosfática fina e
polvilho. __________________________________________________ 154
Figura 4.58: Comparação entre a resistência específica média da torta entre os
experimentos com tecidos tratados e não tratados para a rocha fina e o
polvilho doce. ______________________________________________ 156
Figura 4.59: Massa de material pulverulento retida acumulada e removida para os
experimentos com rocha fina e polvilho. _________________________ 156
Figura 4.60: Total de partículas coletadas em cada coluna analisada, por ciclo, para os
experimentos com tecidos tratados e sem tratamento, filtrando rocha fina e
polvilho. __________________________________________________ 158
Figura 4.61: Curva média da variação de perda de carga residual de cada experimento.
__________________________________________________________ 161
Figura 4.62: Gráfico comparativo do Ensaio 10 dos tecidos tratados e não tratados
filtrando rocha fina e polvilho. _________________________________ 162
Figura 4.63: Comparação do comportamento da perda de carga residual com a massa
retida para os tecidos com e sem tratamento filtrando rocha fina e polvilho.
__________________________________________________________ 163
Figura 4.64: Variação da fração de massa removida em cada ciclo de filtração. ____ 164
Figura 4.65: Curvas da variação do número médio de partículas com a profundidade do
tecido para o poliéster com e sem tratamento, filtrando rocha fina e polvilho.
__________________________________________________________ 165
Figura 4.66: Profundidade de penetração atingida em cada coluna analisada para os
ensaios com PT e PNT com rocha fina e polvilho.__________________ 166
Figura 4.67: Perfil da perda de carga para os dez ciclos de filtração para o acrílico com a
rocha grossa, 100 mmH
2
O. ____________________________________ 167
Figura 4.68: Massa de material pulverulento removida pela limpeza e retida após a
mesma para o Acrílico filtrando rocha grossa, 100 mmH
2
O. __________ 169
Figura 4.69: Perfil da variação de perda de carga residual de cada ciclo de filtração para
o Acrílico filtrando rocha grossa, 100 mmH
2
O. ___________________ 169
Figura 4.70: Relação da perda de carga residual com a massa retida acumulada para o
AC e rocha grossa. __________________________________________ 170
Figura 4.71: Perfil da variação de perda de carga residual de cada ciclo de filtração para
o Acrílico filtrando rocha grossa, 100 mmH
2
O. ____________________ 171
Figura 4.72: Seção transversal do Acrílico filtrando rocha grossa, em diferentes ciclos,
100 mmH
2
O. _______________________________________________ 172
Figura 4.73: Variação do número de partículas com o número de ciclos para o Acrílico
filtrando rocha grossa.________________________________________ 175
Figura 4.74: Curvas comparativas do Ensaio 10 da rocha fosfática com diferentes
diâmetros e 100 mmH
2
O. _____________________________________ 177
Figura 4.75: Resistência específica média da torta determinada graficamente, para os
ensaios com Acrílico e rocha grossa e rocha fina. __________________ 179
Figura 4.76: Massa de material pulverulento removida e retida acumulada para a rocha
fina e grossa em Acrílico. _____________________________________ 179
Figura 4.77: Número total de partículas coletadas em cada coluna analisada para rocha
fina e grossa em Acrílico. _____________________________________ 180
Figura 4.78: Perfil da variação de perda de carga residual média de cada ciclo de
filtração para a rocha fina e grossa em Acrílico.____________________ 182
v
Figura 4.79: Gráfico comparativo do Ensaio 10 de cada tecido para a rocha fina e grossa
em acrílico. ________________________________________________ 183
Figura 4.80:Variação da perda de carga residual com a massa retida acumulada para os
experimentos com Acrílico e rochas fina e grossa, até 100 mmH
2
O ____ 184
Figura 4.81: Variação da fração de massa removida em cada ciclo de filtração. ____ 184
Figura 4.82:Varição do número médio de partículas em função da profundidade de
penetração para a rocha fina e a rocha grossa em acrílico, com o desvio
dadrão.____________________________________________________ 185
Figura 4.83: Comparação entre da variação dos diâmetros médios dos experimentos
com rocha fina (a) e grossa (b) em Acrílico._______________________ 186
Figura 4.84: Profundidade de penetração com o número de ciclos para cada coluna
analisada do Acrílico com rocha grossa e fina._____________________ 186
Figura 4.85: Perfil da perda de carga para os dez ciclos de filtração para o acrílico com a
rocha grossa, 300 mmH
2
O. ____________________________________ 187
Figura 4.86: Massa de material pulverulento removida pela limpeza e retida após a
mesma para oAcrílico filtrando rocha grossa, 300 mmH
2
O. __________ 189
Figura 4.87: Perfil da variação da perda de carga residual com o número de ciclos para
os experimentos de AC com rocha grossa e 300mmH
2
O. ____________ 189
Figura 4.88: Variação da perda de carga residual com a massa retida acumulada para o
AC com rocha grossa até 300mmH
2
O. ___________________________ 190
Figura 4.89: Perfil da fração de massa removida da torta, após a limpeza para o Acrílico
e rocha grossa, 300 mmH
2
O. __________________________________ 190
Figura 4.90: Seção transversal do Acrílico filtrando rocha grossa até 300 mmH
2
O, em
diferentes ciclos. ____________________________________________ 192
Figura 4.91: Variação do número de partículas com o número de ciclos para o Acrílico
filtrando rocha grossa até 300 mmH
2
O. __________________________ 195
Figura 4.92: Comparação das curvas de filtração entre os experimentos em AC e rocha
grossa com 100 e 300 mmH
2
O._________________________________ 197
Figura 4.93: Massa de material pulverulento removida pela limpeza e retida após a
mesma para a rocha grossa e fina em Acrílico._____________________ 198
Figura 4.94: Número total de partículas coletadas por camada analisada para o Acrílico
e rocha grossa, até 100 e 300 mmH
2
O. ___________________________ 199
Figura 4.95: Perfil da variação de perda de carga residual média de cada ciclo de
filtração para a perda de carga máxima de 100 e 300 mmH
2
O. ________ 200
Figura 4.96: Comparação entre a variação das resistência específica da torta para as
diferentes perdas de carga máxima. _____________________________ 201
Figura 4.97: Variação da perda de carga residual com a massa retida para os
experimentos com diferentes perdas de carga máxima. ______________ 201
Figura 4.98: Variação da fração de massa removida em cada ciclo de filtração para: a)
AC e rocha grossa, 100 mmH
2
O, b) AC e rocha grossa, 300 mmH
2
O. __ 202
Figura 4.99: Imagem geral da amostra do décimo ciclo do acrílico com a rocha grossa
em: a)100 mm H
2
O; b) 300 mmH
2
O. Aumento de 50 X._____________ 203
Figura 4.100: Tendência da variação do número de partículas com a profundidade de
penetração do Acrílico, para rocha grossa até 100 e 300 mmH
2
O.______ 204
Figura 4.101: Profundidade de penetração dos experimentos com acrílico e rocha grossa
com diferentes perdas de carga máximas._________________________ 204
Figura 4.102: Diferença no diâmetro médio de partículas coletadas por camada por ciclo
para o Acrílico e rocha grossa. _________________________________ 205
vi
LISTA DE TABELAS
Tabela 1.1 Tipos de suspensão de material particulado _________________________ 2
Tabela 2.1: Tecidos utilizados como meios filtrantes e suas propriedades. _________ 15
Tabela 2.2: Comparação entre alguns métodos de limpeza _____________________ 25
Tabela 3.1: Características dos materiais pulverulentos utilizados. _______________ 54
Tabela 3.2: Descrição dos meio filtrantes empregados (dados do fornecedor). ______ 56
Tabela 3.3: Designação dos ensaios realizados. ______________________________ 65
Tabela 4.1: Determinação da resistência específica das tortas de filtração dos ensaios
preliminares._______________________________________________ 75
Tabela 4.2: Caracterização dos meios filtrantes ______________________________ 77
Tabela 4.3: Variação da massa coletada média com o número de ciclos para o Acrílico e
rocha fina._________________________________________________ 80
Tabela 4.4: Resistência específica média da torta determinada graficamente, para os
ensaios com Acrílico e rocha fina.______________________________ 82
Tabela 4.5: Penetração de partículas de rocha fina no Acrílico: diâmetros de partículas
com a profundidade do tecido._________________________________ 87
Tabela 4.6: Desvio padrão do diâmetro de partículas em cada camanda analisada do
Acrílico. __________________________________________________ 88
Tabela 4.7: Valores do número de partículas retidas após a limpeza em cada camada do
meio filtrante, para o Acrílico e rocha fina. _______________________ 90
Tabela 4.8: Variação da massa filtrada média com o número de ciclos para o
polipropileno ______________________________________________ 92
Tabela 4.9: Resistência específica média da torta determinada graficamente, para os
ensaios com Polipropileno e rocha fina. _________________________ 92
Tabela 4.10: Penetração de partículas de rocha fina no Polipropileno: diâmetros de
partículas com a profundidade do tecido. ________________________ 97
Tabela 4.11: Desvio padrão do diâmetro de partículas do Polipropileno. __________ 98
Tabela 4.12: Valores do número de partículas retidas após a limpeza em cada camada
do meio filtrante, para o Polipropileno e rocha fina. _______________ 100
Tabela 4.13:Variação da massa coletada média com o número de ciclos para o poliéster
tratado. __________________________________________________ 102
Tabela 4.14: Resistência específica média da torta determinada graficamente, para os
ensaio com Poliéster tratado e rocha fina. _______________________ 103
Tabela 4.15: Penetração de partículas de rocha fina no Poliéster tratado: diâmetros de
partículas com a profundidade do tecido. _______________________ 106
Tabela 4.16: Desvio padrão do diâmetro de partículas do Poliéster tratado. _______ 107
Tabela 4.17: Valores do número de partículas retidas após a limpeza em cada camada
do meio filtrante, para o Poliéster tratado e rocha fina. _____________ 109
Tabela 4.18: Variação da massa filtrada média com o número de ciclos para o poliéster
não tratado e rocha fina._____________________________________ 111
Tabela 4.19: Resistência específica média da torta determinada graficamente, para os
ensaios com Poliéster sem tratamento e rocha fina.________________ 112
Tabela 4.20: Penetração de partículas de rocha fina no Poliéster não tratado: diâmetros
de partículas com a profundidade do tecido. _____________________ 116
vii
Tabela 4.21: Desvio padrão do diâmetro de partículas de rocha fina em Poliéster sem
tratamento. _______________________________________________ 117
Tabela 4.22: Valores do número de partículas retidas após a limpeza em cada camada
do meio filtrante, para o Poliéster não tratado e rocha fina. _________ 119
Tabela 4.23: Ponto de colmatação médio determinado para cada os ensaios de cada
tecido estudado. ___________________________________________ 121
Tabela 4.24: Massa removida e retida acumulada no Ensaio 10 para os tecidos
analisados. _______________________________________________ 123
Tabela 4.25:Perda de carga residual no Ensaio 10 para os tecidos analisados. _____ 126
Tabela 4.26: Adimensionais St, R e Pe obtidos para os dados de diâmetro disponíveis.
________________________________________________________ 135
Tabela 4.27: Comparação da vazão de de pó média coletada em cada tecido.______ 135
Tabela 4.28: Variação da massa coletada média com o número de ciclos do Poliéster
tratado e polvilho. _________________________________________ 137
Tabela 4.29: Resistência específica média da torta determinada graficamente, para os
ensaios com Poliéster tratado e polvilho.________________________ 138
Tabela 4.30: Penetração de partículas no Poliéster tratado: número de partículas com a
profundidade do tecido, filtrando polvilho. ______________________ 143
Tabela 4.31: Variação da massa coletada média do PNT com polvilho. __________ 145
Tabela 4.32: Resistência específica média da torta determinada graficamente, para os
ensaios com Poliéster não tratado e polvilho. ____________________ 146
Tabela 4.33: Penetração de partículas no Poliéster tratado: número de partículas com a
profundidade do tecido, filtrando polvilho. ______________________ 151
Tabela 4.34: Ponto de colmatação médio determinado para cada um dos ensaios de cada
tecido e material pulverulento estudados. _______________________ 153
Tabela 4.35: Variação da massa coletada média para o PT e PNT com rocha fina e com
polvilho. _________________________________________________ 155
Tabela 4.36:Massa removida e retida acumulada no Ensaio 10 para os tecidos
analisados com rocha fina e polvilho. __________________________ 157
Tabela 4.37: Adimensionais St, R e Pe obtidos para os dados de diâmetro disponíveis.
________________________________________________________ 160
Tabela 4.38:Perda de carga residual no Ensaio 10 para os tecidos analisados. _____ 161
Tabela 4.39: Massa coletada emcada ciclo para o experimento com Acrílico e rocha
grossa, filtrando até 100 mmH
2
O. _____________________________ 168
Tabela 4.40: Resistência específica média da torta determinada graficamente, para os
ensaios com Acrílico e rocha grossa, até 100 mmH
2
O. _____________ 168
Tabela 4.41: Penetração de partículas de rocha grossa no Acrílico: diâmetro de
partículas com a profundidade do tecido. _______________________ 173
Tabela 4.42: Desvio padrão do diâmetro de partículas de rocha grossa em cada camada
analisada do Acrílico._______________________________________ 174
Tabela 4.43: Valores do número de partículas retidas em cada camada do Acrílico e
rocha grossa com P máx de 100 mmH
2
O. ______________________ 176
Tabela 4.44: Comparação dos valores de massa média coletada em cada ciclo para os
experimentos com Acrílico com as rochas grossa e fina, 100 mm H
2
O. 178
Tabela 4.45: Ponto de colmatação médio determinado para cada os ensaios de cada
tecido estudado. ___________________________________________ 178
Tabela 4.46:Massa removida e retida acumulada no Ensaio 10 para os materiais
analisados. _______________________________________________ 180
viii
Tabela 4.47: Adimensionais St, R e Pe obtidos para os dados de diâmetro disponíveis.
________________________________________________________ 181
Tabela 4.48:Perda de carga residual no Ensaio 10 para os materiais analisados.____ 183
Tabela 4.49: Massa coletada em cada ciclo para os experimentos com Acrílico e rocha
grossa a 300 mmH
2
O. ______________________________________ 188
Tabela 4.50: Resistência específica média da torta determinada graficamente, para os
ensaios com Acrílico e rocha grossa 300 mmH
2
O. ________________ 188
Tabela 4.51: Penetração de partículas de rocha grossa em Acrílico: diâmetros de
partículas com a profundidade do tecido. _______________________ 193
Tabela 4.52: Desvio padrão do diâmetro de partículas da rocha grossa em Acrílico
filtrando até 300 mmH
2
O. ___________________________________ 194
Tabela 4.53: Valores do número de partículas retidas em cada camada do Acrílico e
rocha grossa, até 300 mmH
2
O.________________________________ 196
Tabela 4.54: Massa coletada em cada ciclo para os experimentos com Acrílico. ___ 198
Tabela 4.55:Massa removida e retida acumulada no Ensaio 10 para os experimentos
com AC em diferentes perdas de carga máximas. _________________ 199
Tabela 4.56:Perda de carga residual no Ensaio 10 para os tecidos analisados. _____ 200
Tabela 4.57: Adimensionais St, R e Pe obtidos para os dados de diâmetro disponíveis.
________________________________________________________ 206
ix
LISTA DE SIMBOLOS
A – área superficial da torta [ L
2
]
CM - carga mássica de pó [ M.L
-2
.t
-1
]
D – coeficiente difusional das partículas [L
2
.t
-1
]
d
p
– diâmetro da partícula [ L ]
d
f
– diâmetro das fibras [ L ]
Fo - número de Forcheimmer, adimensional
f
mr
- fração de massa removida, adimensional
k
1
–permeabilidade do meio poroso [ L
2
]
K
1
– resistência do meio filtrante [ M.L
-2
.t
-1
]
k
2
– constante não darciana [ L ]
K
2
– resistência específica da torta [ .t
-1
]
L – espessura do meio poroso [ L ]
L’ – espessura da torta [ L ]
M - massa de torta depositada [ M ]
M
d
- massa desprendida na limpeza [ M ]
M
t
- massa total de pó no filtro, após a filtração [ M ]
m
f
- densidade mássica por área do filtro [M.L
-2
]
P - pressão em que V,
ρ
e
µ
são medidos e calculados [ M.L t
-2
]
Pe – número de Peclet, adimensional
P
e
- pressão na entrada da amostra sob ensaio [ M.L.t
-2
]
P
s
- pressão na saída da amostra sob ensaio [ M.L.t
-2
]
Q – vazão mássica de pó [ M.t
-1
]
R – adimensional que determina a influência da impactação direta
S - arraste efetivo [ M.L
-1
.t
-1
]
S
E
- arraste, em um ponto qualquer nas condições iniciais de filtração [ M.L
-1
.t
-1
]
t – tempo de filtração [ t ]
V – velocidade do fluido [ M.t
-1
]
x
V
f
– velocidade de filtração [ M.t
-1
]
V
p
– velocidade do fluido nos poros do tecido [ M.t
-1
]
W – massa de pó depositada por unidade de área [ M.L
-2
]
W
R
- massa residual de pó por unidade de área [ M.L
-2
]
α
- densidade de empacotamento do filtro, adimensional
α
p
- densidade de empacotamento da torta, adimensional
P - perda de carga [ M.L t
-2
].
P
T
- perda de carga total de filtração [ M.L t
-2
].
P
M
- queda de pressão do meio filtrante [ M.L t
-2
].
P
C
- queda de pressão da torta [ M.L.t
-2
].
P
m
= perda de carga residual medida experimentalmente após a regeneração do filtro,
[ M.L.t
-2
]
P
c
= perda de carga comparativa à massa de pó separada durante a formação da torta,
[ M.L.t
-2
]
Λ
- fator de rearranjo, adimensional
ε
- porosidade do meio filtrante, adimensional
ε
c
- porosidade da torta de filtração, adimensional
ε
t
, - porosidade total da amostra, adimensional
ρ
– densidade do fluido[ M.L
-3
]
ρ
p
– densidade da partícula [ M.L
-3
]
ρ
f
= densidade da fibra [M.L
-3
]
µ
- viscosidade do gás [ M.L
-1
.t
-2
]
xi
RESUMO
A presença de partículas no interior do meio filtrante, após a limpeza, colabora
significativamente para o aumento da perda de carga do ciclo subseqüente. A forma
como estas partículas se acomodam, no entanto, não é ainda claramente conhecida,
assim como seu impacto no desempenho dos meios filtrantes. Desta forma, este trabalho
se propõe a verificar a disposição de diferentes partículas em meios filtrantes com
diferentes propriedades, a fim de estudar a profundidade de penetração no interior dos
filtros, após a limpeza, bem como a variação granulométrica ao longo do interior dos
mesmos. Além disso, faz parte do escopo deste trabalho verificar a relação deste
comportamento com as demais características da filtração de cada tecido, como o
desenvolvimento da perda de carga residual, massa removida e retida no filtro após a
limpeza, e eficiência de remoção. Para os experimentos empregou-se três diferentes
materiais pulverulentos, com diferentes tamanhos e diferentes distribuições
granulométricas e formas diferentes: a rocha fosfática fina, com diâmetro médio de
Stokes de 3,71 µm e ampla distribuição, a rocha fosfática grossa, com diâmetro médio
de Stokes de 14,67 µm e ampla distribuição e o polvilho doce, com diâmetro médio de
Stokes de 8,67 µm, forma quase esférica e distribuição estreita. Observou-se, apesar da
heterogeneidade do meio filtrante, que houve um acúmulo de partículas nas camadas
superiores do tecido, que diminuía com a profundidade. No entanto, não houve
tendência da profundidade de penetração nem do número e diâmetro das partículas
variarem com o número de ciclos. Verificou-se que, para o tecido de polipropileno, com
menor permeabilidade e porosidade, houve menor retenção de partículas após a
limpeza, mas perda de carga residual superior e ciclos de filtração mais curtos, o que
pôde ser associado a uma menor profundidade de penetração, através das microscopias
realizadas. A comparação dos tecidos de poliéster tratado e não tratado evidenciaram a
maior massa retida no tecido sem tratamento, resultando em um maior ciclo de filtração
nos ciclos iniciais, tanto para a rocha fina quanto para o polvilho. No entanto, o
desempenho foi significativamente prejudicado nos ciclos seguintes, de modo a tornar o
tecido menos indicado que os demais, com perdas de carga residuais superiores e
menores eficiências de remoção de partículas. Notou-se que o material com distribuição
xii
granulométrica mais estreita e com formato quase esférico apresentou ciclos de filtração
mais homogêneos e longos, apesar dos maiores valores de massa retida, e maior
profundidade de penetração, o que sugere que a torta formada possuída melhor
acomodação de partículas. O aumento do diâmetro de partículas da rocha grossa
resultou em maior profundidade de penetração e maior massa retida, mas em perda de
carga residual semelhante, sendo que o período de filtração foi mais longo, o que
significou que a torta constituída por partículas maiores ofereceu melhores condições de
filtração e menor resistência específica. No entanto, a profundidade de penetração foi
maior para a rocha grossa, sendo a intensidade desta penetração semelhando para os
dois diâmetros. O aumento da perda de carga máxima admitida resultou em uma maior
massa retida e maior perda de carga residual. No entanto, nada se pode afirmar a
respeito do número total de partículas coletado por camada analisada, sendo que o valor
médio em cada camada foi bastante próximo. Para a maior perda de carga máxima a
profundidade de penetração também foi maior, assim como a resistência específica da
torta, resultado da maior pressão de filtração.
xiii
ABSTRACT
The particle retention inside a filter medium, after cleaning, significantly improves the
initial pressure drop during the subsequent cycle, that is, the residual pressure drop.
However, the way as these particles accommodate inside the filter isn’t still very clear,
as well as, its impact on filtering performance. This work aims to verify the spatial
disposal of different particles inside filtration media with different properties, in order to
study the penetration depth, after cleaning, as well as the particle size variations from
the cake-filter interface to the filtration bulk. Moreover, the objective of this research
was to verify the relation between particle penetration behavior and other filtration
characteristics for each fabric tested, like the development of residual pressure drop,
retained and removed mass after cleaning, and removal efficiency. Three different kinds
of powder materials were used for the experiments, varying particle size, granulometric
distribution and particle shape: fine phosphoric rock dust, with an average Stokes
diameter of 3.71 µm, irregular shape and wide granulometric distribution, coarse
phosphoric rock dust, with an average Stokes diameter of 14.67 µm, irregular shape and
wide granulometric distribution and tapioca flour, with average Stokes diameter of 8.67
µm, almost spherical shaped, and narrow granulometric distribution. It was observed,
despite of the filter media heterogeneity, a particle accumulation in the upward layers of
the fabric, decreasing as a function of depth. However, the penetration depth, amount of
particles and particle diameter didn’t vary according to the number of cycles. It was
verified that, the polypropylene fabric, which has low values of permeability and
porosity, presented lower particle retention values after cleaning, higher residual
pressure drop and shorter filtration cycles, what could be associated with a superficial
penetration, according to the microscopy tests carried out. The comparison made
between treated and untreated polyester needle felts showed a greater retained mass in
the untreated fabric, what resulted in a longer filtration cycle during the beginning of the
process, making no difference when fine rock or tapioca flour were used. However, the
filtration performance was significantly prejudiced during the following cycles, with
higher residual pressure drop and lower particle efficiency removal, what turned the
fabric less suitable than the other ones. The results showed that the material presenting
narrower granulometric distribution and almost spherical shaped had more
xiv
homogeneous and long filtration cycles, despite of the greater values of retained mass
and depth of penetration, what suggests the better accommodation of particles in the
filter cake. The increase in the coarse rock particle diameter resulted in a deeper
penetration and a greater retained mass, but similar residual pressure drop, with longer
filtration cycles, what meant that the cake formed by greater particles offered better
filtration conditions and less specific cake resistance. However, the penetration was
deeper for the coarse rock, being the penetration intensity similar for the two rock
diameters tested. The increase of maximum pressure drop resulted in a greater retained
mass and a greater residual pressure drop. However, nothing could be assured about the
total amount of particles collected from each analyzed layer, because the average values
in each layer were comparable in magnitude. For a higher maximum pressure drop, the
penetration was deeper, as well as the specific resistance of the filter cake, resulted from
a greater filtration pressure.
1
1 INTRODUÇÃO
A partir da Revolução Industrial, observou-se um crescente desenvolvimento e
aumento da produção industrial, utilizando como fonte de energia o carvão das grandes
reservas inglesas. A imagem de fumaça saindo das chaminés das grandes fábricas
tornou-se sinônimo de desenvolvimento e prosperidade. Posteriormente, o petróleo foi o
combustível que passou a mover o setor industrial. Em ambos os casos, não foi
observado quase nenhuma preocupação com o impacto deste desenvolvimento sobre o
meio ambiente. Como resultado, alguns episódios históricos de mortes relacionadas a
doenças respiratórias foram associados a situações de poluição atmosférica intensa, ou
seja, o aumento descontrolado das emissões poluentes passou a afetar o meio ambiente,
agravando-se até o ponto de prejudicar a qualidade de vida da população.
Nos últimos anos, a minimização da quantidade de poluentes emitidos para o
ambiente passou a ser encarada como uma questão primordial, evidenciada pela criação
de diversos órgãos reguladores e agências fiscalizadoras. Em se tratando
particularmente do caso de poluição atmosférica, pode-se dizer que este movimento
tornou-se mais ativo a partir dos anos 60, com a assinatura dos chamados “Clean Air
Acts” (Lei do Ar Limpo) em 1963, nos Estados Unidos.
Observa-se hoje que os governos estão respondendo aos problemas ambientais
com legislações cada vez mais rigorosas. Este comportamento se reflete diretamente na
conduta industrial, com a mudança de visão de qualidade de trabalho e qualidade
ambiental por parte das empresas, havendo maiores investimentos na prevenção e
minimização de emissões. Atualmente, as empresas estão revertendo estes gastos em
lucros, utilizando a proteção ambiental como um instrumento de marketing, aumentando
a aceitação de seus produtos pelos consumidores (com produtos ecologicamente
corretos), e aumentando, logicamente, a competitividade da empresa no mercado, além
de, em muitos casos, alcançarem melhores resultados com economia de material e
energia.
A emissão de material particulado, juntamente com a presença de compostos
quimicamente nocivos à natureza gerados por fontes antropogênicas, constitui o grande
problema de poluição atmosférica atual, não apenas por afetar a qualidade de vida e a
2
saúde humana, mas pelos graves efeitos que estão sendo sentidos em escala global, com
o comprometimento do clima terrestre e, em escalas regionais, por efeitos como chuvas
ácidas, deterioração da qualidade de visibilidade, entre outros.
O material particulado pode ser definido, apesar de algumas divergências,
como qualquer material líquido ou sólido que seja maior que uma molécula
(THEODORE e BUONICORE, 1988). Ao conjunto de partículas sólidas ou líquidas
dispersas em um meio gasoso denomina-se aerossol, que constitui assim um sistema de
duas fases. Os termos fumaça, nevoeiro, névoa e poeira são utilizados para diferenciar
cada tipo de aerossol, dependendo das faixas de tamanho, da forma das partículas e do
comportamento das mesmas. A Tabela 1.1 sumariza alguns tipos de suspensão de
material particulado, sendo que sua estabilidade depende da concentração e tamanho de
partícula (HINDS, 1982).
Tabela 1.1 Tipos de suspensão de material particulado
Tipo de Partículas Suspensas Meio de Suspensão
Gás Líquido Sólido
Gás - Nevoeiro, neblina,
borrifo
Fumo, poeira
Líquido Espuma Emulsão Suspensão, lodo
Sólido Esponja Gel Liga
Fonte: HINDS, 1982
De modo geral, estas designações também podem estar relacionadas ao modo
pelo qual as partículas foram formadas. As partículas de poeira são formadas em quase
toda sua totalidade por processos de pulverização ou desintegração mecânica de
materiais sólidos que englobam a moagem, o esmagamento e a britagem, resultando em
partículas irregulares, cujas dimensões estão entre a faixa submicrômica, podendo
alcançar até 200 µm (HINDS, 1982). Alguns exemplos são as cinzas, o pó de rocha e as
farinhas comuns.
Na categoria fumaça encontram-se partículas formadas pela queima de
material orgânico como tabaco, carvão e madeira. São partículas muito finas (entre 0,01
e 1,0 µm) de formato normalmente esférico quando líquidas ou irregulares quando
sólidas. Este tipo de aerossol produz um certo grau de densidade ótica no ambiente,
podendo permanecer em suspensão por longos períodos de tempo, exibindo elevado
movimento Browniano.
3
Os fumos, por sua vez, são formados em processos de sublimação,
condensação ou combustão, geralmente a altas temperaturas. As partículas deste tipo de
aerossol estão entre 0,1 e 1,0 µm e sua composição geralmente é diferente da
composição do material original devido à oxidação ou hidrólise (CHEREMISINOFF e
YOUNG, 1977). Da mesma forma como a fumaça, este aerossol decanta vagarosamente
e exibe forte movimento Browiano.
A névoa é formada pela condensação de água ou outro vapor, ou pela
atomização de líquidos, resultando em uma suspensão de pequenas gotículas, com
tamanhos entre 2 e 200 µm. HINDS (1982) considera, no entanto, que a névoa
compreende partículas desde a faixa submicrômica até 20 micras, e que o termo “fog” é
utilizado para caracterizar a névoa visível.
A designação “smog”, é a combinação das palavras “smoke” e “fog”, e é
utilizada para denotar os produtos de reações fotoquímicas combinadas com vapor de
água, constituído por partículas entre 1 e 2 µm (HINDS, 1982).
As partículas menores que 2 ou 3 µm, que compõem cerca de metade das
partículas suspensas na atmosfera urbana, podem penetrar nas membranas mucosas,
além de atrair e carregar compostos químicos perigosos. Dentre outros problemas, a
maior área superficial das partículas pequenas de aerossóis (menores que 2,5 micra),
ocasionam uma maior atividade superficial, com uma maior tendência a adsorver gases
ou outras moléculas, com capacidade de facilitar as reações químicas e compostos que
normalmente oxidariam a velocidades baixas, podem oxidar-se mais rapidamente. Os
aerossóis têm ainda a capacidade de absorver a energia radiante e conduzi-la
rapidamente aos gases em redor, que normalmente são incapazes de absorver esta
energia provocando um aumento da temperatura do ar. Cabe definir neste ponto os
termos aerossol monodisperso e polidisperso que denotam, respectivamente, aerossóis
com partículas de igual tamanho e aerossóis constituídos por uma dada faixa
granulométrica.
A remoção de partículas é um processo que pode ser realizado por diversos
equipamentos, dentre os quais cita-se o filtro de manga. As formas mais primitivas da
filtração datam de milhares de anos, desde quando viajantes do deserto usavam tecidos
para proteger-se de tempestades de areia. Mais recentemente, médicos usavam gaze
para trabalhar com doenças infecciosas e operários de metalúrgicas usavam tecidos para
4
filtrar poeira e fumaça, como os trabalhadores que atualmente trabalham em ambientes
insalubres, usam respiradores.
Nota-se que a maioria das aplicações iniciais de filtração de gases dirigem-se à
proteção individual. As primeiras aplicações industriais de tecidos para recuperação de
material foram, provavelmente na indústria de fundição de não-ferrosos e de refino, para
a recuperação de poeira com material valioso, empregando tecidos trançados, com
centenas de metros quadrados, limpos manualmente, e localizados em uma construção à
parte. O uso de mecanismos tubulares de sustentação das mangas iniciou-se pouco antes
de 1900 e os primeiros mecanismos de agitação automáticos de limpeza apareceram em
seguida (CHEREMISINOFF e YOUNG, 1977).
A produção comercial de filtros de manga se deu pouco antes da primeira
grande guerra, por indústrias que visavam a limpeza de gases. As técnicas
desenvolvidas nos anos 20 e 30 de vibração e fluxo de ar reverso são utilizadas até os
dias de hoje sem muitas alterações. Na década de 40 foi desenvolvido o sistema de
limpeza por jato de ar reverso. Um outro grande avanço em termos de operação de
filtração ocorreu em 1957, com a utilização do pulso de ar reverso, utilizando golfadas
de ar comprimido para limpar o meio filtrante (CHEREMISINOFF e YOUNG, 1977).
Os filtros de manga, apesar de serem equipamentos bastante conhecidos e
utilizados há muito tempo, após terem sido desenvolvidas novas fibras sintéticas,
voltaram a ser amplamente empregados na indústria, que ampliou a faixa de aplicação
destes equipamentos, principalmente sob condições críticas de operação, como
temperaturas mais elevadas e situações de abrasão ou corrosão. Além disso, estes
equipamentos apresentam vantagens como a facilidade de construção e operação e,
principalmente, a elevada eficiência, podendo ultrapassar 99,9%, para uma ampla faixa
de granulometria (DONOVAN, 1985; LEITH e ALLEN, 1986), inclusive
submicrômicas.
Atualmente, as pesquisas são também direcionadas ao desenvolvimento e
estudo de tecidos utilizados na construção de filtros que sejam mais resistentes e
adequados para situações críticas, expandindo a aplicação industrial destes
equipamentos. Os avanços nos estudos dos filtros estão centrados ainda, na melhoria do
seu desempenho sob o ponto de vista econômico, de forma que vários trabalhos estão
5
sendo realizados com o intuito de estudar meios adequados para minimizar o consumo
energético e aumentar a vida útil dos filtros.
Dentro deste âmbito, o conhecimento dos fatores que interferem no
desempenho dos elementos filtrantes precisam ser mais bem descritos e conhecidos.
Diante deste quadro, tornou-se evidente que o conhecimento da penetração das
partículas nos tecidos e o perfil das mesmas no interior do meio filtrante após a limpeza
poderiam esclarecer melhor o processo de limpeza dos filtros após cada filtração. Uma
vez que se sabe que os valores de perda de carga residual interferem na freqüência de
limpeza e determinam, conseqüentemente, a vida útil do tecido e gasto energético,
torna-se necessário uma melhor investigação do comportamento das partículas retidas
no filtro após a limpeza. O trabalho de MARTINS (2001) foi desenvolvido neste
sentido, tornando-se o primeiro no país a discutir este assunto, e o único encontrado na
literatura consultada a estudar o fenômeno em nível microscópico.
No intuito de se ampliar a discussão realizada anteriormente, foi proposto o
desenvolvimento desta pesquisa, abrangendo o estudo para vários meios filtrantes,
diferentes materiais pulverulentos e condições operacionais. Desta forma, abre-se o
campo de pesquisas para a investigação da influência das características do meio
filtrante e dos materiais pulverulentos sobre a filtração e sobre a deposição.
Em conformidade com a problemática apresentada, este trabalho se propõe a
estudar a variação da profundidade e intensidade de deposição de diferentes materiais
particulados em diferentes meios filtrantes, tratados e não tratados, para vários ciclos de
filtração. Além destas investigações, este trabalho busca esclarecer a relação entre a
estrutura dos diversos tecidos e as características da filtração, principalmente a perda de
carga durante a filtração e perda de carga residual, associando estas características com
a penetração de partículas.
Revisão Bibliográfica
6
2 REVISÃO BIBLIOGRÀFICA
Os filtros de mangas são os equipamentos mais antigos, simples e de alta
eficiência utilizados na remoção de partículas sólidas de correntes gasosas.
A operação destes sistemas consiste, basicamente, em fazer passar uma
corrente gasosa contendo o material particulado através de um elemento coletor,
denominado meio filtrante, onde a maior parte do material fica retido, permitindo a
passagem do gás “limpo”.
Sabe-se da interação existente entre partículas e meio filtrante, o que torna
essencial o conhecimento das características estruturais e da confecção dos tecidos
empregados na remoção de material particulado de correntes gasosas para avaliar o
desempenho do mesmo.
Assim, busca-se apresentar alguns conceitos sobre este assunto, de modo que
se tenha melhores ferramentas para a discussão dos resultados.
2.1 CLASSIFICAÇÃO E FABRICAÇÃO DOS TECIDOS
Os tipos de tecidos utilizados em filtração industrial atualmente englobam uma
variedade considerável de materiais, incluindo tecidos trançados e tecidos não
trançados, também chamados feltros. Os materiais de fabricação incluem cerdas
naturais, artificiais e sintéticas. O desenvolvimento de novas fibras promoveu o
renascimento e a difusão da técnica de controle de emissão de particulados, com melhor
resistência ao calor, a materiais corrosivos entre outras características, ampliando o
campo de utilização dos filtros de manga.
Uma das classificações existentes para as fibras comerciais é apresentada pela
ABRAFAS – Associação Brasileira dos Produtores de Fibras Artificiais e Sintéticas –
ilustrada na Figura 2.1.
Revisão Bibliográfica
7
Figura 2.1: Classificação de tecidos segundo a ABRAFAS
Para uma melhor compreensão da estrutura de um tecido, cabe definir a seguir
alguns outros termos e classificações relativas à sua fabricação:
Fibras: são as componentes básicas do fio. O fio pode ser confeccionado com
materiais sintéticos ou naturais, e ser constituído por fibras curtas (segmentadas), que
Fibras
Têxteis
Naturais
Químicas
Vegetais
Animais
Minerais
Algodão
Paina
Linho
Rami
Juta
Sisal
Caroá
Semente
Caule
Folhas
Coco
Fruto
Secreções
Pêlos
Seda
Angorá
Lhama
Amianto
Artificiais
Sintéticas
RaiomViscose
Raiom
Acetato
Poliéster
Poliamida
Poliacrílico
Elastano
Olefin
a
Revisão Bibliográfica
8
são denominadas fibras cortadas ou “staple”, ou por filamentos, que é uma fibra
contínua (CHEREMISINOFF e YOUNG, 1977).
Fios: a fiação transforma as fibras em fios por um processo em que as mesmas
são “torcidas” em fios, sendo esta torcida medida pelo número de voltas por polegada.
Quanto mais torcido o fio, mais forte este será, até certo ponto limitante (DONOVAN,
1985). De acordo com CHEREMISINOFF e YOUNG (1977), para fios formados por
filamentos é considerado ótimo seis voltas por polegada e para fibras cortadas de 10 a
20 voltas. Ultrapassados estes valores, o fio perde elasticidade e torna-se quebradiço.
As propriedades de resistência lateral e longitudinal dos tecidos podem ser
atribuídas, pelo menos em parte, às combinações de torcidas à esquerda ou à direita,
denominadas torcidas “S” e “Z”, respectivamente, como ilustra a Figura 2.2.
Figura 2.2: Tipos de torcida utilizados na confecção de fios.
Fonte: BILLINGS e WILDER (1970)
Padronização: Apesar da existência de vários parâmetros de caracterização
dos tecidos, a industria têxtil padronizou sistemas mais convenientes, como o Tex e o
Denier. O número Tex é definido pela massa em gramas de um kilômetro de fio e
multiplicando este valor por 9 obtém-se o número em Denier (CHEREMISINOFF e
YOUNG, 1977).
Tecidos Trançados: Conforme a ABNT/TB-392, um tecido trançado é uma
estrutura produzida pelo entrelaçamento de um conjunto de fios de trama formando um
ângulo de (ou próximo a) 90º. O conjunto de fios que correm ao comprido
(longitudinalmente) de um pano é chamado de urdume e forma a estrutura básica do
Revisão Bibliográfica
9
tecido trançado, que deverá suportar o tecimento. O fio que é entrelaçado com o urdume
e é perpendicular a este, é designado trama, formando-se assim o tecido trançado.
Os tecidos podem ser trançados de várias formas. O trançado plano é a forma
mais simples, com cada fio da trama passando acima e abaixo do urdume.
O trançado sarja é um segundo tipo de tecido, formado pelo entrelaçamento de
mais de um e menos de quatro fios longitudinais em seqüência do fio transversal. Ao
fim de cada linha sucessiva, o padrão é mudado em um passo para a direita ou à
esquerda. Este tipo de trançado fornece um tecido mais resiliente e mais flexível que o
trançado plano.
O terceiro tipo de trançado é o cetim (satin), onde mais de quatro fios
longitudinais são entrelaçados por vez. Este tipo de trançado promove um acabamento
acetinado ao tecido, mas não confere boa resistência como os outros trançados. Tais
tecidos podem aparecer em duas variedades, sendo uma a face de fios longitudinais e a
outra a de fios transversais, dependendo de qual fio aparece na superfície. Estes tipos de
entrelaçamento podem ser visualizados na Figura 2.3.
Figura 2.3: Tipos de tecidos trançados.
Fonte: BUONICORE e DAVIS, 1992
Os tecidos trançados são geralmente utilizados em sistemas de filtração onde o
fluxo do gás é direcionado do interior dos sacos para fora, que operam com baixas
vazões de ar e que utilizam limpeza por fluxo de ar reverso ou por vibração mecânica
(DAVIS, 1992). SANCHEZ et al. (1997) comentaram que em sistemas de limpeza
baseados na agitação, empregam-se também tecidos trançados, normalmente de fibras
Revisão Bibliográfica
10
naturais, tais como algodão e pêlos, mas também de fibras químicas, que são mais
resistentes ao estiramento e flexão, provocados pela limpeza.
Não tecidos ou feltros: conforme a NBR 13370, um não tecido é formado por
uma estrutura plana, flexível e porosa, constituído de um véu ou manta de fios ou
filamentos orientados direcionalmente ou ao acaso e consolidados por vias mecânicas,
químicas ou térmicas ou pela combinação destas. Normalmente, um tecido
apropriadamente trançado é a base da confecção do feltro, que confere resistência e
estabilidade dimensional ao tecido, enquanto que o feltro em si, formado pelas fibras
desarranjadas, é responsável pela captura das partículas.
A fabricação dos feltros se inicia pela formação de uma manta, constituída por
uma ou mais camadas de véus. Estes véus são obtidos por processos de cardagem, por
fluxo de ar, por deposição eletrostática, por suspensão em meio líquido ou por fiação
direta de filamentos contínuos. Em seguida, a manta é consolidada por processos
químicos, utilizando resina, secagem e polimerização; por meios mecânicos, usando
agulhas que entrelaçam as fibras/filamentos, costuras ou jatos de água; ou físicos,
utilizando calor e pressão. Pelo próprio processo de produção, os feltros exibem muito
mais poros por unidade de área que os tecidos trançados (HARDMAN, 2001).
DONOVAN (1985) afirmou que em tecidos não-trançados a formação da torta ocorre
mais lentamente que em tecidos trançados. Isto porque o espaço disponível para
passagem do fluxo em um tecido trançado é mais concentrado que em um não-trançado,
e o bloqueio desta passagem ocorre mais rapidamente por causa deste fluxo
concentrado.
A fabricação dos feltros poliméricos pode ser classificada em três categorias
básicas, conforme o processo de manufatura da rede inicial (véu) que constitui o tecido
(DONOVAN, 1985):
a. Processo a seco: a rede é formada por um processo de cardagem, que separa, alinha
e libera as fibras como uma rede para a posterior etapa de ligação.
b. Processo a úmido: semelhante ao processo de fabricação de papel, onde as fibras
são dispersas em meio líquido, e alimentadas em uma esteira aquecida que seca as
fibras.
c. Processo de ligação dos fios: é um processo que, diferente dos outros dois, envolve
desde a produção do polímero até a finalização do tecido em si. O produto de
Revisão Bibliográfica
11
entrada não são as fibras, mas sim o predecessor, o polímero fundido. Este é
extrudado e em seguida, as fibras assim formadas são orientadas durante a queda em
uma esteira. A seguir, a rede formada passa pela etapa de ligação, que pode ser
térmica, química, ou por pressão.
A técnica da agulhagem é um método mecânico de ligação da rede formada,
que consiste em combinar duas ou mais camadas de tecidos produzidos pelas técnicas
apresentadas nos itens (a) e (b), ou naturais, e atravessá-las com agulhas farpadas. Este
processo visa distribuir as fibras uniformemente pela matriz trançada (CLARK, 2001).
Variando-se a distância entre as agulhas modifica-se as características dos tecidos. Uma
alternativa mais recente ao processo de agulhagem é a substituição das agulhas por jatos
de água de alta pressão.
Os fios formados por fibras sintéticas, para fabricação de tecidos trançados,
podem se apresentar em três configurações. O monofilamento é formado pela extrusão
de um filamento de fibra contínua, após a solidificação.
O fio multifilamentoso é formado quando várias fibras são torcidas juntas,
assim que se solidificam, e apresenta maior flexibilidade quando comparado ao
monofilamento, maior espessura e pode ser trançado em estruturas mais justas.
Os fios estirados (“spun”) são formado por fibras sintéticas cortadas em partes
curtas (40-70 mm) e processadas (ou cardadas) como as fibras cortadas naturais
(DONOVAN, 1985). Os tecidos trançados desta formas são mais volumosos, mais
rígidos, e tem maior capacidade de coleta. As desvantagens englobam a baixa
resistência ao estiramento e dificuldades na limpeza da torta. Uma representação destes
tipos de fios pode ser conferida pela Figura 2.4.
Monofilamento contínuo
Fio multifilamentoso
Fio estirado
Figura 2.4: Tipos de confecção de fios sintéticos.
Fonte: DONOVAN, 1985
Alguns exemplos de tecidos assim constituídos pode ser observado pela Figura
2.5.
Revisão Bibliográfica
12
a)
b)
c)
Figura 2.5:Tipos de tramas: a) trama plana com fios multifilamentosos; b) trama
sarja 2/1, com fios estirados e fibras cortadas (staple spun); c) feltro agulhado.
Tanto os tecidos trançados quanto os feltros possuem uma eficiência inicial
relativamente baixa, mas que aumenta com a formação da torta (HINDS, 1982).
THEODORE e BUONICORE (1988) afirmam que os feltros limpos são mais
eficientes que tecidos trançados limpos, mas que estes últimos são capazes de alcançar
eficiências comparáveis após uma camada de partículas ter se acumulado em sua
superfície. Na indústria, este processo de formação da torta pode durar, dependendo da
carga e da natureza das partículas, desde algumas horas até alguns dias. Por este motivo,
no caso dos tecidos trançados, deve-se cuidar para que a limpeza não elimine
completamente a camada superficial da torta, o que diminuiria a eficiência da filtração.
Como afirmam os autores, este problema é mais difícil de ocorrer nos feltros pela
grande quantidade de partículas retidas no interior do tecido após a limpeza. Assim, os
feltros necessitariam de técnicas de limpeza mais rigorosas, empregando-se
freqüentemente os métodos de pulso de ar. Os referidos autores notificam ainda que
Revisão Bibliográfica
13
tecidos trançados utilizados na remoção de partículas muito pequenas e a baixas cargas
são normalmente revestidos com asbestos ou materiais semelhantes, com o objetivo de
formar uma camada artificial que simularia uma torta de filtração, aumentando a
eficiência inicial e evitando a penetração das partículas no tecido.
2.1.1 MÉTODOS DE TRATAMENTO DE TECIDOS OU FINALIZAÇÃO
Existem várias formas de tratamento, entre mecânicos, térmicos e químicos,
para melhorar o desempenho dos filtros de tecido (DONOVAN, 1985).
Dentre os motivos que estimulam a realização de tratamentos finalizadores
estão: (i) assegurar a estabilidade adequada ao tecido (contra o encolhimento, por
exemplo), (ii) modificar as características superficiais, alterando inclusive a capacidade
de liberação da torta, (iii) regular a permeabilidade do tecido e conseqüentemente a
capacidade de coleta (HARDMAN, 2001) e (iv), minimizar a penetração de partículas e
diminuição da colmatação do tecido (MAUSCHITZ et al., 2005). Dentre os processos
finalizadores pode-se citar:
Calandragem: processo utilizado para tecidos não trançados, onde o tecido
passa através de rolos que o comprimem uma ou mais vezes, agindo como um
compactador. Na calandragem a quente, a temperatura é uma variável do processo.
(DONOVAN, 1985).
Envernizamento ou envidramento: processo onde se tem uma caladragem a
quente bem controlada, onde ocorre a fusão das fibras da superfície, conferindo aspecto
vitrificado (DONOVAN, 1985).
Escovação: nesta operação, uma vigorosa escovação da superfície resulta no
levantamento dos fios do tecido. Esta técnica é aplicada em filtros trançados, onde a
eficiência inicial de coleta é baixa (ROTHWELL, 1989).
Chamuscagem: este processo utiliza uma chama para eliminar fibras
preponderantes da superfície, como se fosse um processo inverso à escovação. Este
processo evita que as fibras da superfície sejam incorporadas à torta e formem uma
espécie de “armadilha”, dificultando a limpeza.
Revisão Bibliográfica
14
Impregnação química: consiste na imersão do tecido em banho químico. Este
processo é utilizado para melhorar o desempenho do filtro, reduzindo o ataque químico,
aumentando a resistência a ácidos, facilitando a liberação da torta e retardando a
propagação de chama (CLARK, 2001).
Alguns tecidos podem conter, pespontados à costura, fios de metais como
cobre ou aço inoxidável, para descarga da carga das partículas e evitar faíscas de
eletricidade estática (CHEREMISINOFF e YOUNG, 1977).
Além disso, alguns meio filtrantes podem receber tratamento antiestático,
tratamento de orientação de fibras, recobrimento com membranas, receber resinagem
com PTFE, ou ainda, ser plastificado em um ou ambos os lados, além de muitos outros
tipos de tratamento disponíveis (LORA, 2002). ATabela 2.1 apresenta alguns tipos de
tecidos comumente utilizados na remoção de partículas.
Diferentemente do mecanismo de ação de uma peneira, em que apenas as
partículas com diâmetros superiores à abertura da malha ficam retidas (HINDS, 1999),
os filtros de tecido possuem elevada eficiência de coleta para uma ampla distribuição
granulométrica. Apesar da abertura dos poros dos tecidos comerciais utilizados como
meio filtrante serem de aproximadamente 100 µm, estes removem adequadamente
partículas menores que 0,5 µm e coletam uma quantidade substancial de partículas
menores que 0,01 µm (THEODORE e BUONICORE, 1988).
Segundo ROSS (1972), a captura de partículas de diâmetros inferiores às
aberturas dos poros dos tecidos se deve, a mecanismos como: a impactação de partículas
grandes com as fibras; a difusão de partículas submicrômicas pelas fibras; a atração e
repulsão eletrostática e a retenção das partículas grossas pelo tecido e das finas pela
torta formada, este último sendo o mecanismo que se assemelha ao peneiramento. Os
principais mecanismos serão estudados mais criteriosamente no item 2.1.2.
Revisão Bibliográfica
15
Tabela 2.1: Tecidos utilizados como meios filtrantes e suas propriedades.
Nome genérico Fibra
Resistência à
tensão
Resistência à
abrasão
Densidade
específica
Umidade
normal (%)
Temperatura
operacional (ºC)
Ácido Base Solventes orgânicos
Fibra natural de
celulose
Algodão Forte Média 1,6 7 82 Baixa Média Boa
Comentário: disponível a baixo custo
Fibra natural
animal
(pêlo) Média Média 1,3 15 99 Razoável Baixa Boa
Comentário: desgaste com o tempo (idade), suscetível à ação de microrganismos
Poliolefina Polipropileno Excelente Boa 0,9 - 0,91 - 88 Excelente Excelente
Boa, exceto cetonas,
ésteres aromáticos e
hidrocarbonetos
alifáticos
Comentário: é a fibra sintética mais barata, muito forte, baixa absorção de umidade e excelente resistência química
Papel Papel Fraca - 1,5 10 82 Baixa Média Boa
Comentário: baixo custo
Poliamida
Nylon
Excelente Excelente 1,1 5,0 104 Média Boa
Boa (exceto fenol e
ácido fórmico)
Poliéster
Dacron
Excelente Excelente 1,4 0,4 138 Boa Média Boa (exceto fenol)
Comentário: a boa qualidade global e custo relativamente baixo transformaram-no no padrão de vários coletores. Excelente resistência ao calor, suscetível à hidrólise por
calor seco.
Acrilonotrila
(acrílico)
Orlon
Média Média 1,3 1,0 121 Boa Média Boa
Comentário: aplicações comuns incluem filtração de metais ferrosos e não-ferrosos, cimento, cal, fertilizantes, produtos alimentícios, areia e carvão
Poliamida
aromática (nylon)
Nomex
Muito boa Muito boa 1,4 5,0 232 Boa Média
Boa (exceto fenol e
ácido fórmico)
Comentário: é a fibra sintética mais resistente à abrasão. Limpeza fácil
Fluorocarbono
Teflon
Média Baixa - - 232 Excelente Excelente Excelente
Comentário: pode ser utilizado a altas temperaturas e possui excelente resistência química
Vidro Vidro Excelente Baixa 2,5 0,0 288 Média Média Boa
Comentário: todas as propriedades são dependentes do tratamento do tecido; por sua baixa resistência à abrasão raramente é usado em coletores de pulso ou fluxo reverso
Asbestos Asbestos Fraca - 3,0 5,0 260 Média Média Boa
Polietileno Polietileno Forte - 1,0 0,0 121 Média Média Média
Revisão Bibliográfica
16
2.1.2 CAPTURA DE PARTÍCULAS
Tanto em filtros de manga quanto em outros filtros e equipamentos utilizados
na remoção de particulados, as partículas são coletadas através de quatro mecanismos
principais: interceptação direta, impactação inercial, difusão e gravidade. Devido à
complexidade destes fenômenos, geralmente realizam-se estudos de modo simplificado,
considerando-se a coleta de partículas em uma única fibra, perpendicular ao sentido de
escoamento do fluido (HINDS, 1999). Esses mecanismos são particularmente
importantes para os primeiros estágios da filtração e serão descritos a seguir
(MATESON e ORR, 1987).
Interceptação Direta: é um mecanismo que depende do tamanho da partícula,
sendo esta coletada quando se aproxima da fibra a uma distância igual a seu raio, sendo
especialmente importante quando se trabalha com partículas maiores que 1 µm. A
Figura 2.6 ilustra este mecanismo.
Figura 2.6: Desenho esquemático da captura por interceptação direta
Nos cálculos relacionados a este tipo de mecanismo, a partícula é considerada
sem massa, mas com tamanho finito. Como não possui massa, não existem efeitos
inerciais, de modo que a partícula acompanha sua linha de corrente, sem se deslocar
dela quando se aproxima da fibra (DULIEN, 1989). RUBOW e LIU (1986) forneceram
um parâmetro adimensional (R), que caracteriza a captura por interceptação, dado pela
Equação (2.1):
Revisão Bibliográfica
17
f
p
d
d
R =
(2.1)
sendo d
p
o diâmetro das partículas e d
f
o diâmetro das fibras. Conforme DONOVAN
(1985), a captura via interceptação direta é desprezível quando R 0,1. Deste modo,
torna-se evidente que a deposição das partículas por interceptação é promovida pelo
aumento do diâmetro de partículas.
Impactação ou deposição inercial: neste caso, admite-se que as partículas
possuem massa finita. A presença de um corpo no caminho do escoamento produz uma
curvatura nas linhas de corrente, seja ele uma fibra ou uma esfera. As partículas são
projetadas de suas linhas de corrente originais por ação inercial - uma vez que o sentido
do movimento torna-se tangencial às linhas de corrente - e se chocam com o corpo
coletor, podendo ou não se depositar em sua superfície. Neste mecanismo é evidente a
influência da velocidade e da massa das partículas (DULIEN, 1989) na eficiência de
coleta, uma vez que de ambas depende a força inercial. Este mecanismo é governado
pelo número de Stokes, dado pela Equação 2.2:
f
ppf
d
dV
St
..18
..
2
µ
ρ
= (2.2)
em que d
p
é o diâmetro de partículas, V
f
é a velocidade de filtração,
ρ
p
é a densidade
das partículas, e d
f
é o diâmetro das fibras e
µ
é a viscosidade. A eficiência de captura
de uma fibra aumenta com o aumento do número de Stokes, por causa da maior inércia
(maiores d
p
ou
ρ
p
), maior velocidade da partícula, ou curvaturas mais bruscas das linhas
de corrente resultantes de menores diâmetros de fibra (HINDS, 1999). Segundo
GUTFINGER e TARDOS (1979), citado por LEE (1986), a contribuição da impactação
inercial é insignificante para números de Stokes inferiores a 0,1. A Figura 2.7 ilustra o
mecanismo de impactação inercial.
Revisão Bibliográfica
18
Figura 2.7: Desenho esquemático da captura por impactação inercial.
Difusão ou movimento Browniano
: normalmente as linhas de corrente não
coincidem com a trajetória das partículas pequenas por influência do movimento
Browniano. Este efeito é especialmente importante para partículas menores que 1µm,
sendo que a partir deste diâmetro, as forças inerciais tornam-se cada vez menos ativas e
para partículas de 0,1µm este passa a ser o mecanismo de captura dominante (DULIEN,
1989). O parâmetro adimensional utilizado para descrever o grau de deposição
browniana é o número de Peclet, definido pela Equação 2.3 (RUBOW e LIU, 1986):
D
dV
Pe
fp
.
= (2.3)
em que V
p
é a velocidade do fluido nos poros, d
f
é o diâmetro das fibras e D é o
coeficiente de difusão da partícula. A velocidade intersticial é dada pela razão da
velocidade superficial pela porosidade (V
p
= V
f
/
ε
). Assim, a intensidade da deposição
aumenta com o decréscimo do número de Peclet e do diâmetro de partículas (HINDS,
1999). A Figura 2.8 apresenta um esquema da captura por difusão browniana.
Revisão Bibliográfica
19
Figura 2.8: Desenho esquemático da captura por difusão.
Gravidade ou sedimentação: este mecanismo predomina em situações onde se
têm partículas grandes e com baixa velocidade, não consistindo exatamente em um
mecanismo de captura de aerossóis. Neste caso, as partículas desviam sua trajetória das
linhas de corrente, podendo assim, tocar a superfície das fibras e serem capturadas. A
Figura 2.9 esquematiza a captura por gravidade.
Figura 2.9: Desenho esquemático da captura por ação gravitacional.
Por estas informações, tem-se que, aumentando-se o diâmetro de partículas, os
mecanismos de interceptação, impactação e gravidade tendem a prevalecer, enquanto
que a diminuição delas incentiva a coleta pela difusão Browniana. Inevitavelmente,
haverá regiões com predomínio de mais de um mecanismo de captura. Conforme LEE
(1986), nestas regiões ocorre maior penetração de partículas através do meio filtrante,
ou seja, regiões de eficiência mínima. A Figura 2.10 ilustra a eficiência pertinente a
cada mecanismo e a eficiência total, para um filtro de espessura igual a 1 mm,
Revisão Bibliográfica
20
densidade de empacotamento (α) igual a 0,05, diâmetro de fibras igual a 2,0 µm e
velocidade de 0,1m/s, conforme a teoria de captura por uma fibra simples.
Figura 2.10: Interação dos mecanismos de coleta e eficiência resultante dos mesmos.
Fonte: HINDS, 1999.
A partir desta constatação, FUCHS (1964) mostrou que a eficiência total não é
dada pela soma das eficiências pertinentes a cada mecanismo, mas é menor que ela. Isto
porque vários mecanismos acabam competindo pela mesma partícula, e sua captura
pode ser contabilizada mais de uma vez (HINDS, 1999).
2.2 OPERAÇÃO DA FILTRAÇÃO
O processo de filtração se desenvolve, a partir de um tecido limpo (ou
virgem), em uma seqüência de etapas. O comportamento e duração de cada fase são
determinados por uma série de fatores que serão discutidos neste tópico.
Em linhas gerais admite-se que, para os tecidos utilizados em filtros de manga,
a filtração se dá primeiramente pela captura de partículas no interior do meio filtrante,
na superfície das fibras. A esta etapa segue-se a impregnação do tecido e a formação de
uma camada superficial de material particulado, denominada torta de filtração
(POWELL et al., 1998).
Na primeira etapa da filtração, denominada também de filtração interna, as
fibras do MEIO filtrante são responsáveis pela captura das partículas. Estas ficam
Revisão Bibliográfica
21
retidas nas fibras por ação dos mecanismos descritos anteriormente (THEODORE e
BUONICORE, 1988). Nesta fase, a penetração de partículas através do tecido é maior, e
tende a diminuir com o tempo de filtração (GRAEF et al., 1995), o que implica em uma
menor eficiência de captura apresentada pelo tecido neste período, mas que aumenta
rapidamente com o decorrer do processo. No entanto, a perda de carga nesta fase
aumenta lentamente (THOMAS et al., 2001; WALSH et al., 1996), e esta resposta é
diretamente proporcional ao número de partículas coletadas, ou seja, a perda de carga
apresenta um comportamento linear em função da massa coletada e dependente dos
mecanismos de captura (JAPUNTICH et al., 1994).
A duração desta fase inicial de filtração, caracterizada pelo lento acréscimo da
perda de carga, pode ter maior ou menor duração, dependendo das características
(eficiência) do tecido (WALSH, 1996; CALLÉ et al., 2002b). No caso de filtros HEPA
(sigla em inglês para filtros de ar de alta eficiência – High Efficiency Particulate
Aerosol ), esta etapa praticamente inexiste, sendo a formação da torta quase instantânea
(JAPUNTICH et al., 1994).
Para os demais tipos de filtros industriais, a duração desta fase é mais
pronunciada no primeiro ciclo, com um tecido virgem, e tem sua duração sensivelmente
diminuída nos ciclos subseqüentes (ROTHWELL, 1980), mas mesmo no primeiro ciclo
sua duração é muito breve (PAYATAKES, 1977)
Com o transcorrer da filtração e conseqüente aumento das partículas coletadas,
inicia-se uma fase de transição, com a formação de dendritos (WALSH et al., 1996).
Estes dendritos são estruturas formadas pela aglomeração de partículas no interior do
meio, que passam a agir como novos elementos coletores (REMBOR e KASPER,
1996) e estão apresentados na Figura 2.11.. A Figura apresenta a variação da forma dos
dendritos com os valores das constantes que definem os mecanismos de captura,
descritas anteriormente: R, Peclet e Stokes.
Revisão Bibliográfica
22
Figura 2.11: Ilustração da formação de dendritos no interior dos meios filtrantes e sua
variação conforme o mecanismo de coleta predominante.
Hoje sabe-se que quanto menor a velocidade de filtração, maior a porosidade
destas estruturas dendríticas (KANAOKA e HIRAGI, 1990), e quanto menor as
partículas, mais rápido se dá o desenvolvimento destes dendritos (WALSH e
STENHOUSE, 1997).
PAYATAKES (1977) subdivide esta fase intermediária em duas, sendo que
inicialmente ocorre a deposição de partículas sobre partículas, e segue-se a fase em que
estes dendritos crescem e interagem com seus vizinhos, formando uma cobertura de
espessura não uniforme ao redor de cada fibra, formando o que o autor denomina de
matriz porosa interna.
Como resultado da formação destas estruturas, tem-se um acréscimo na taxa
de aumento da perda de pressão e significativa diminuição da penetração das partículas
através do filtro (WALSH, 1996; BROWN e WAKE, 1999). Os dendritos formados
vêm a constituir, finalmente, uma camada superficial de material particulado,
denominada torta de filtração.
A partir da existência da torta na superfície do tecido, tem-se a terceira fase da
filtração, em que a perda de carga alcança a sua máxima taxa de aumento e a penetração
através do tecido e a eficiência tornam-se constantes (WALSH, 1996; BROWN e
WAKE, 1999; THOMAS et al., 2001).
Revisão Bibliográfica
23
Nesta terceira fase, conhecida como filtração superficial, o meio filtrante passa
a atuar apenas como suporte para a torta, sendo esta capaz de remover partículas mais
finas da corrente gasosa por peneiramento, ou por outros mecanismos de captura já
descritos anteriormente. Desta forma, é interessante que se estabeleça a filtração
superficial o quanto antes, para que o sistema alcance maior eficiência de remoção
(ROTHWELL, 1980).
2.2.1 A FORMAÇÃO DA TORTA
A previsão do momento exato de formação de torta é difícil de se obter
fisicamente, mesmo porque os tecidos não são materiais uniformes. Vários autores
admitem um valor experimental para demarcar o ponto em que a torta se forma,
designado por ponto de colmatação.
Este ponto pode ser entendido também como sendo a capacidade de retenção
do meio (JAPUNTICH et al., 1994).
Segundo WALSH (1996), o ponto de colmatação é dado pelo lugar geométrico
obtido pelo gráfico de perda de carga em função da carga mássica, correspondente ao
cruzamento da assíntota da curva com o eixo das abscissas, como apresentado pela
Figura 2.12. Assim se obtém a massa de material particulado necessária para formar a
torta (WALSH e STENHOUSE, 1997).
Figura 2.12: Determinação do ponto de colmatação do meio, conforme WALSH (1996).
Revisão Bibliográfica
24
A colmatação é tanto mais rápida quanto menores as partículas envolvidas
(WALSH e STENHOUSE, 1997; WALSH et al., 1996), e quanto mais densamente
empacotados forem os filtros utilizados (GRAEF et al., 1995; WALSH, 1996), uma vez
que há um menor espaço disponível entre as fibras para a deposição das partículas.
KANAOKA e HIRAGI (1990) verificaram um crescimento mais acelerado
dos dendritos que antecedem a formação da torta nos casos em que prevalece a captura
de partículas pelo mecanismo de difusão, sendo este crescimento mais moderado na
faixa de coleta da interceptação direta e mais lento quando a coleta se dava no regime
inercial. Estas informações foram ratificadas no trabalho de JAPUNTICH et al. (1997)
que comentaram que, no caso dos filtros de papel, este ponto é função do mecanismo de
coleta que rege o processo e sugeriram que, para um dado mecanismo, este ponto é
proporcional ao diâmetro do poro.
O aumento da espessura da torta resulta em um aumento da perda de carga no
sistema, tornando necessária a limpeza periódica do filtro para remover a mesma e
manter a perda de carga em níveis adequados de operação.
2.2.2 MECANISMOS DE LIMPEZA
No momento em que a perda de carga atinge um valor pré-estabelecido, ou um
tempo de filtração fixado, a remoção da camada de partículas formada torna-se
imprescindível do ponto de vista econômico e operacional. Os métodos apresentados
pela literatura para a remoção do material coletado incluem a vibração das mangas, a
reversão do ar, por meio um fluxo contínuo reverso ou por um pulso de ar a alta
pressão, ou ainda a combinação destes.
Segundo LORA, a (2002) a limpeza por agitação (ou vibração) tem como
vantagem a sua maior intensidade, o que permite operar com uma relação gás/pano
maior que em sistemas de fluxo reverso de gás, com um menor consumo de energia.
A limpeza por fluxo de ar reverso é realizada com o auxílio de um ventilador
que produz um fluxo de ar no sentido inverso ao da filtração, que fratura e depois
descola a torta. Neste caso, a coleta da partícula é realizada no interior das mangas. Este
procedimento é desenvolvido com baixas velocidades de modo a não sobretensionar os
Revisão Bibliográfica
25
filtros, é de simples operação, além de permitir um fácil isolamento dos
compartimentos.
Os métodos que utilizam pulsos de ar reverso empregam um jato de ar com
alta velocidade e pequeno volume, que passa pelo interior das mangas causando a
expansão repentina das mesmas, deslocando a poeira coletada na superfície externa
(THEODORE e BUONICORE, 1988). Esta técnica permite que a relação gás /pano seja
mantida na faixa de 4 a 8 m
3
/m
2
.min, tornando os sistemas mais compactos, e as mangas
podem ser limpas sem interrupção do processo, com maior eficiência de remoção,
resultando em um menor consumo de ar comprimido (LORA, 2002). Em contrapartida,
a vigorosa limpeza pode danificar o tecido, caso o mesmo não seja apropriado
(BUONICORE e DAVIS, 1992).
Na prática, após a limpeza, verifica-se a permanência de uma fina camada de
torta sobre o meio filtrante (KOCH et al, 1996). Com o aumento do número de ciclos
(definidos como o período de uma filtração e uma limpeza), nota-se que a penetração de
sólidos no tecido é cada vez menor, a resistência efetiva do meio é cada vez maior e o
tempo de filtração cada vez menor (ROTHWELL, 1980). A Tabela 2.2 apresenta os
métodos mais utilizados na limpeza de filtros de manga.
Tabela 2.2: Comparação entre alguns métodos de limpeza
Método de
limpeza
Uniformidade
da limpeza
Tipo de
tecido
Velocidade
de filtração
Custo do
equipamento
Custo
de
energia
Carga
de
poeira
Fluxo reverso,
sem
flexibilidade
Boa Trançado Média Médio
Médio –
baixo
Média
Fluxo reverso
com colapso
Média Trançado Média Médio
Médio –
baixo
Média
Pulso reverso Muito Boa
Trançado
feltro
Muito Alta Alto Alto Alta
Vibração Boa Trançado Média Médio
Médio –
baixo
Média
Sônica Média Trançado Média Médio Médio -
Manual Boa
Trançado
feltro
Média Baixo - Baixa
Fonte: THEODORE e BUONICORE (1988)
A Figura 2.13 ilustra alguns métodos citados na Tabela 2.2.
Revisão Bibliográfica
26
a)
b)
c)
d)
e)
Figura 2.13 Métodos de limpeza de filtros de tecido. a) sônica; b) oscilação; c) vibração;
d) pulso de ar reverso; d) fluxo de ar reverso.
Adaptado de THEODORE e BUONICORE (1988)
Como resultado tem-se o acréscimo gradual da perda de carga residual, de
modo que os valores da perda de carga do filtro imediatamente após a limpeza são
superiores à perda de carga de um filtro que ainda não foi utilizado (DONOVAN,
1995).
Como já citado, este comportamento é decorrente do fato de não ser possível
a remoção completa das partículas retidas entre as fibras.
A Figura 2.14 ilustra um ciclo utilizando limpeza por fluxo de ar reverso,
apresentando o direcionamento do fluxo de ar e a limpeza incompleta, que ocorre no
tecido, caracterizada principalmente pela limpeza aos pedaços.
Revisão Bibliográfica
27
Figura 2.14: Ciclos de filtração e limpeza por ar reverso
2.2.2.1 Mecanismos de Descolamento da Torta
Teoricamente, durante o processo de limpeza era de se esperar que a torta
fosse removida uniformemente em todas as partes do tecido, pela imposição de uma
força suficiente para romper as forças de coesão entre as partículas e as forças de adesão
entre o tecido e a torta. No entanto, muitas são as variáveis envolvidas neste processo e
que interferem no mesmo, entre as quais pode-se citar: as propriedades superficiais do
filtro, as propriedades químicas e estruturais das partículas, as propriedades elétricas das
partículas e do tecido e a influência da umidade.
Em se tratando de limpeza de filtros de tecido, é freqüente o descolamento de
partes da torta, e muitas vezes apenas uma fina camada permanece aderida ao tecido
(KAVOURAS e KRAMMER, 2003). Este fenômeno é conhecido como “patchy
cleaning” ou limpeza em blocos. Alguns autores atribuem este comportamento ao fato
de que a tensão aplicada para a remoção se concentra em falhas ou desuniformidades da
torta, gerando rachaduras que se propagam (KOCH et al. 1993). Autores como DENNIS
e KLEMM (1980) atribuem o fato às irregularidades da força de adesão na interface
torta-tecido, resultando em áreas mais fracamente aderidas ao mesmo. A limpeza em
blocos resulta tanto na distribuição desigual da espessura da torta, quanto em uma
velocidade não uniforme no ciclo seguinte (KAVOURAS e KRAMMER, 2003),
Revisão Bibliográfica
28
interferindo na formação da nova torta após a limpeza, e na perda de carga (DITTLER e
KASPER, 1999).
Atualmente, o estudo sobre o comportamento da limpeza em blocos está se
difundindo e alguns perfis já podem ser estabelecidos através destes trabalhos. Desta
forma pode-se afirmar que, quanto maior a coesão entre as partículas, maior são as
partes removidas (CALLÉ et al. 2002b). Evidências experimentais mostram ainda que o
tamanho das partes da torta descoladas aumenta também com a carga mássica
depositada por unidade de área filtrante (KOCH et al., 1993).
TIENI et al (2005) verificou que ocorreu um aumento no tamanho dos blocos
removidos com um aumento da perda de carga máxima, ou seja, com a espessura da
torta, além de haver um aumento do número de pedaços removidos também com o
número de ciclos.
KOCH et al. (1996) verificaram que, após a limpeza, partes da torta
permaneciam fracamente aderidas ao meio filtrante, apesar de não apresentarem quase
nenhum contato superficial. Além disso, essas partes, embora não proporcionassem
quase nenhuma contribuição para a perda de carga no sentido da limpeza, quando a
filtração era restabelecida, elas aderiam novamente ao tecido, aumentando a perda de
carga residual. Este fato revela que nem toda a perda de carga residual é resultado da
permanência de partículas no interior do tecido, evidenciando a interferência da limpeza
em blocos na filtração seguinte. Segundo MAUSCHITZ et al. (2004), a perda de carga
residual poderia ser dividida em duas frações: a primeira constituída por partículas
depositadas nas camadas próximas à superfície do meio filtrante, responsáveis pela
resistência da colmatação no interior do meio filtrante; e a segunda composta pelas
partículas depositadas na camada externa do filtro, consistindo da torta remanescente.
Além disso, MAUSCHITZ et al. (2004) afirmaram que durante a limpeza há
um processo de reorganização interna das partículas no meio filtrante, que se inicia com
o deslocamento de partículas, ou de aglomerados de partículas, seguido da difusão ou
deslocamento destas partes no interior do meio para regiões onde terão menor influência
no escoamento de gás no ciclo seguinte. Esta nova configuração interna causaria menor
perda de carga que as partículas em sua configuração original, antes da limpeza. Para
quantificar este efeito de reorientação, os autores definiram o fator de rearranjo, como
mostra a Equação (2.4).
Revisão Bibliográfica
29
c
mc
P
PP
=Λ
(2.4)
em que: Λ é o fator de rearranjo, adimensional; P
m
é a perda de carga medida após a
limpeza (Pa); e P
c
é a perda de carga comparativa para a mesma massa de pó coletada
durante a formação da torta (Pa).
KANAOKA et al. (2001) verificaram também que o aumento da rugosidade
em filtros cerâmicos produz fragmentos menores de torta na limpeza por pulso de ar a
alta pressão. Segundo os mesmos autores, a remoção da camada de pó em lâminas ou
grandes aglomerados tem como vantagem a redução do problema de reentrância das
partículas, resultando em uma maior eficiência de limpeza.
No trabalho de KOCH et al (1993) ficou comprovado que, na filtração em
meios rígidos com limpeza por fluxo reverso, a tensão de descolamento da torta diminui
significativamente com o aumento da carga mássica, quando esta apresenta baixos
valores (entre 100-500 g/m
2
) e menos significativamente para valores maiores
(>500 g/m
2
). Os autores atribuíram o comportamento das baixas cargas à
descontinuidades na formação e descolamento parcial da mesma. Porém, MORRIS e
ALLEN (1996) trabalhando com meios flexíveis de poliéster chamuscado, verificaram
que a adesão aumentava com o aumento da massa de torta por área.
Ainda com relação à rigidez do material filtrante, CALLÉ et al. (2002a)
apresentaram resultados de ensaios em dois filtros de poliéster, sendo que um possuía
uma densidade de empacotamento duas vezes maior que outro. Pelos experimentos os
autores puderam concluir que o filtro mais rígido (ou mais densamente empacotado)
teve um melhor desempenho na regeneração, quando sujeito às mesmas condições que o
filtro mais leve.
A permeabilidade do filtro, por sua vez, foi analisada em filtros cerâmicos por
KANAOKA et al. (2001), cujo resultado encontrado revelou que o filtro que apresentou
maior facilidade e eficiência de limpeza, com menor tempo de descolamento da camada
de pó foi o de maior permeabilidade. Além disso, os autores concluíram que os ciclos de
filtração foram mais longos para filtros de maior permeabilidade.
Revisão Bibliográfica
30
MARTINS (2001a) verificou ainda que a permeabilidade dos meios filtrantes
diminuía com os ciclos de filtração, conforme ocorria o acúmulo de material
particulado.
2.2.3 CRITÉRIO DE DESEMPENHO
Em linhas gerais, os parâmetros principais que caracterizam o desempenho de
um filtro são a eficiência de coleta, a perda de carga, a vida útil e o custo do tecido
(MAYER et al., 1998). Conforme DULLIEN (1989) deve-se considerar que a eficiência
de coleta aumenta com o decorrer da filtração por causa da retenção de partículas no
meio. Sendo assim, deve-se investigar o comportamento do tecido quando do processo
de filtração e limpeza e não simplesmente considerar suas propriedades sem testes
preliminares (CALLÉ et al., 2002a), uma vez que o acúmulo de partículas no meio
minimiza significativamente as diferenças de eficiência, que geralmente já são pequenas
entre dois tecidos.
Torna-se necessário ressaltar que o comportamento da filtração está
diretamente relacionado à natureza química e física das partículas, à sua distribuição
granulométrica, ao tipo do elemento filtrante, às propriedades do gás e às condições
operacionais. Assim, para a seleção correta do tecido, deve-se observar tanto seu
material e modo de confecção quanto analisar a compatibilidade do mesmo com o
material a ser removido (BARNETT, 2000), verificando suas características físicas e
químicas. Além disso, parâmetros como umidade da corrente gasosa, temperatura,
tamanho das partículas, vazão de ar, abrasividade das partículas e técnica de limpeza
devem ser observados para a escolha do filtro a ser utilizado.
2.3 ASPECTOS RELEVANTES NA FILTRAÇÃO
A seguir será realizada uma discussão sobre os fatores mais relevantes a serem
considerados neste estudo de filtros de tecido.
Revisão Bibliográfica
31
2.3.1 QUEDA DE PRESSÃO NA FILTRAÇÃO
Quando se inicia um novo ciclo de filtração, a perda de carga através do filtro
se encontra em um valor bem abaixo daquele imediatamente anterior à limpeza, mas
ligeiramente superior ao valor inicial, correspondente ao filtro limpo e virgem. Como
justificado anteriormente, isso se deve ao fato de, por mais eficiente que seja a limpeza,
algumas partículas não são removidas, permanecendo nos interstícios do tecido
(WILDER e BILLINGS, 1970b). De acordo com AGUIAR (1991), no início da
filtração pode-se notar um comportamento não linear da queda de pressão com o tempo,
sendo que este comportamento tende a se linearizar após a formação da torta. Esta
observação é confirmada pelo trabalho de SCHIMIDT (1995), que constatou um
período de transição inicial, sendo que o tempo de duração da deposição das partículas
no interior do tecido foi apenas de alguns segundos, seguido por outra fase em que a
permeabilidade permaneceu constante, sem alteração da torta. Porém, com o decorrer do
tempo de filtração, o autor notou um afastamento da linearidade, com aumento do
coeficiente angular, e atribuiu a isso à compressibilidade da torta.
No entanto, alguns trabalhos encontrados na literatura apresentaram curvas de
filtração com decréscimo do coeficiente angular, algum tempo após a formação da torta,
ou seja, a perda de carga diminuía para uma dada quantidade de massa depositada.
SILVA et al. (1999) atribuíram este comportamento a uma diminuição da resistência
específica da torta e da porosidade da mesma, determinada experimentalmente.
Deve-se esclarecer a diferença entre a perda de carga do tecido limpo, a perda
de carga crítica (máxima), que indica o momento da limpeza, e a perda de carga
residual, que é a diferença de perda de carga do filtro novo e do filtro após a limpeza.
A perda de carga residual tende a aumentar após cada ciclo, como citado
anteriormente, pelo crescente acúmulo de partículas no tecido (DULLIEN, 1989). Após
vários ciclos este valor tende a se estabilizar, indicando uma “quantidade de equilíbrio
de pó” no tecido, ou uma saturação do mesmo, que depende do tipo do material do
filtro, do tamanho das partículas e do tempo e tipo de sistema de remoção da torta
(CALLÉ et al, 2002b). Porém, segundo KOCH et al. (1996) e STÖCKLMAYER e
HÖFLINGER (1998a), em alguns casos este equilíbrio pode nunca ser atingido, sendo
que a operação prossegue até que a vazão de ar não possa mais ser mantida por muito
Revisão Bibliográfica
32
tempo, sob condições adequadas de perda de carga, tornando o processo impraticável, e
conseqüentemente, sendo necessário a troca do tecido.
Duas equações são tradicionalmente empregadas para avaliar o escoamento de
fluidos em meios porosos, sendo que ambas relacionam os valores de perda de carga
com a velocidade superficial. Estas equações são apresentadas a seguir e são conhecidas
como equações de Darcy (Equação 2.5) e de Forchheimer (Equação 2.6):
V
k
=
1
µ
L
P
(2.5)
2
21
ρµ
L
P
V
k
V
k
+=
(2.6)
sendo que, L é a espessura do meio filtrante, µ é a viscosidade do fluido e ρ a
densidade, o termo V
k
.
µ
1
representa os efeitos viscosos, enquanto o termo
2
2
.
ρ
V
k
representa os efeitos cinéticos ou inerciais.
Para os casos de escoamentos puramente viscosos, a equação (2.5) pode ser
utilizada. Nesta equação, a constante k
1
é conhecida como sendo o constante de
permeabilidade do meio poroso. Com o aumento da velocidade de escoamento, a
equação de Darcy deixa de ser satisfatória, já que os efeitos inerciais tornam-se
importantes e precisam ser considerados. Nestes casos observa-se um comportamento
parabólico da perda de carga em relação à velocidade superficial, sugerindo-se o uso da
Equação (2.6) para caracterizar o sistema. Por meio da utilização da equação mais
adequada para as condições de operação, pode-se obter valores experimentais da
permeabilidade para cada meio filtrante.
De acordo com INNOCENTINI et al. (1999), a equação de Forcheimmer é
amplamente aplicada para uma larga faixa de velocidades e em muitos leitos porosos.
No entanto, os referidos autores testaram a importância do parâmetro não-linear ou
inercial, verificando se o mesmo poderia ou não ser desconsiderado. Para tal, foi
utilizado um parâmetro de comparação, o número de Forcheimmer, Fo, que relaciona as
Revisão Bibliográfica
33
forças viscosas e cinéticas que contribuem para a perda de carga, apresentado pela
Equação 2.7:
=
2
1
.
.
k
kV
Fo
µ
ρ
(2.7)
Desta forma, para Fo<<1, a Equação (2.6) pode ser reduzida à equação (2.5),
enquanto que para Fo = 1, a desconsideração do termo quadrático da equação ocasiona
desvios de até 50% do valor real da permeabilidade.
Quando se opera com fluidos compressíveis, deve-se quantificar a influência
da compressibilidade do gás nas equações de permeabilidade. A integração das formas
diferenciais das equações de Darcy e Forchheimer resulta nas Equações (2.8) e (2.9)
respectivamente:
V
k
.
LP2
PsPe
1
22
µ
=
(2.8)
2
21
22
LP2
PsPe
V
k
V
k
ρµ
+=
(2.9)
sendo, P
e
e P
s
, respectivamente, a pressão na entrada e na saída da amostra sob ensaio. A
pressão P corresponde à pressão na qual V,
ρ
e
µ
são medidos e calculados. Estas
equações são válidas para o escoamento de gases, quando os efeitos da
compressibilidade são significativos para a queda de pressão.
Pela Lei de Davies, a perda de carga em um filtro fibroso limpo pode também
ser descrita pela Equação (2.10) (THOMAS et al., 2001):
2
32/3
).561.(
...64
f
f
d
V
L
P
αα
µ
+
=
(2.10)
Para a determinação da perda de carga de um filtro colmatado, a Lei de Davies
modificada torna-se a Equação (2.10):
Revisão Bibliográfica
34
+
+=
p
p
fp
p
f
f
dddd
LV
L
P
α
α
α
α
µ
.....64
2/1
22
(2.11)
em que se considera os diâmetros das partículas constituintes da torta, e os dendritos
formados pelas mesmas como sendo novos elementos coletores. Nestas equações,
α
= densidade de empacotamento do filtro (adimensional);
α
p
= densidade de
empacotamento da torta (adimensional); V
f
= velocidade de filtração; d
f
= diâmetro de
fibras; d
p
= diâmetro de partículas.
De modo semelhante, em MATTESON e ORR (1987), a pressão total de
filtração (
P
T
) é definida como sendo a soma da queda de pressão do meio filtrante
(
P
M
) com a queda de pressão da torta (
P
C
), como apresentado na Equação (2.12).
McT
PPP
+= (2.12)
Como a perda de carga através da torta é dependente da velocidade de
filtração, V
f
, e da massa de pó depositada por unidade de área, W, têm-se as Equações
(2.13) e (2.14):
WVKP
fc
..
2
= (2.13)
fM
VKP .
1
=
(2.14)
sendo que a constante de proporcionalidade K
1
é a resistência específica do meio
filtrante e K
2
é a resistência específica da torta, relacionada com o tamanho das
partículas, com a porosidade da torta e com a velocidade do gás; e
P
M
é uma função
linear da velocidade e igual à permeabilidade do meio filtrante vezes a velocidade.
Como no caso de tortas de filtração a espessura da mesma (L’) varia com o tempo de
filtração, pode-se admitir que, no caso de tortas incompressíveis:
').1.( LW
cp
ε
ρ
= (2.15)
portanto:
Revisão Bibliográfica
35
)1.(
'
cp
W
L
ερ
= (2.16)
Deste modo pode-se obter K
2
experimentalmente através do aumento da queda
de pressão no filtro devido ao acúmulo de material pulverulento no meio (LEITH e
ALLEN, 1986), representado pela Equação (2.17):
=
12
12
2
.
MM
PP
V
A
K
f
(2.17)
em que:
K
2
: resistência específica da torta (s-1)
A: área de filtração (m
2
)
V
f
: Velocidade de filtração (m/s)
P
1
e
P
2
: perda de carga nos pontos 1 e 2 da parte linear da curva de filtração (Pa)
M
1
e M
2
: massa acumulada por unidade de área nos pontos 1 e 2 (kg/m
2
)
Substituindo as Equações (2.13) e (2.14) na Equação (2.12) e rearranjando-a,
tem-se a Equação (2.18):
2021
. SSWKK
V
P
f
T
+=+=
(2.18)
em que a razão
P
T
/V
f
= S, é conhecida por arraste do filtro.
O arraste efetivo (S) pode ser definido como a resistência do filtro, ou seja, a
perda de carga por unidade de velocidade de filtração (STRANGERT, 1977).
Experimentalmente se verifica que, para os estágios iniciais da deposição inicial de
partículas, o arraste não é uma função linear, como apresenta a Equação (2.18). O
arraste, em um ponto qualquer nas condições iniciais de filtração (S
E
), pode ser
calculado pela extrapolação da parte linear da curva até o ponto desejado, como
demonstra a Figura 2.15.
Revisão Bibliográfica
36
Figura 2.15: Determinação do arraste efetivo nos estágios iniciais da filtração.
Modificado de DONOVAN, 1985.
Logo, o arraste efetivo pode ser calculado como mostra a Equação (2.19), em
que W
R
é a massa residual de pó por unidade de área, determinado experimentalmente:
).(
2 RE
f
WWKS
V
P
S +=
= (2.19)
Para os ciclos consecutivos de operação de um filtro obtém-se uma série de
curvas semelhantes, sendo o arraste cada vez mais pronunciado (STRANGERT, 1977),
dependendo da eficiência de limpeza. Segundo STRANGERT (1977) a resistência
efetiva da torta é dada pelo coeficiente angular da curva, de modo que a estrutura do
tecido interfere muito pouco ou nada no valor do arraste.
Conforme DENNIS e KLEMM (1982), a equação (2.19) pode caracterizar
adequadamente ou não tecidos trançados, sendo o ajuste dependente do tempo de
utilização do tecido (uma vez que em tecidos usados a curva é praticamente toda linear)
e da compressibilidade da torta.
Revisão Bibliográfica
37
2.3.2
FRAÇÃO LIMPA
A fração limpa é um dos parâmetros de caracterização do “patchy cleaning” ou
da limpeza em blocos. É um parâmetro utilizado para caracterizar a limpeza e pode ser
definido como sendo a razão entre área limpa pela área total (CALLÉ et al., 2002b), ou
a massa removida pela massa total (CALLÉ et al., 2002b), como apresenta a Equação
(2.20).
Mt
Md
f
mr
= (2.20)
em que:
f
mr
é a fração de massa removida, M
d
é a massa desprendida na limpeza, M
t
é a
massa total de pó no filtro, após a filtração.
ELLEMBECKER E LEITH (1981) mostraram que, para feltros, a fração limpa
diminuiu com o número de ciclos conforme a potência. Segundo o trabalho de
MOREIRA (1998) houve uma brusca variação da perda de carga residual quando era
removida entre 0 e 20% da torta, sendo que, o aumento da fração removida a partir deste
valor provocava pouca variação da perda de carga, mesmo para altos índices de
remoção de torta. Assim, para valores superiores a 20% a perda de carga residual
deixaria de ser um bom parâmetro de referência de limpeza do filtro.
No trabalho de MOREIRA et al., (1999) os autores sugerem que a eficiência
de limpeza seja observada preferencialmente pelas curvas de filtração, do que pela
perda de carga residual. Os autores demonstraram que, exceto para o primeiro ciclo, a
linearidade das curvas para um feltro de poliéster pode ilustrar melhor a eficiência de
limpeza, de modo que se a concavidade da curva de filtração posterior a uma limpeza
for para baixo (indicando um rápido aumento da perda de carga) a limpeza foi
deficiente, enquanto que curvas de comportamento similar ao do primeiro ciclo, ou seja,
quase lineares, indicariam uma limpeza satisfatória.
TIENI (2005) verificou a influência da velocidade de limpeza (5 a 16 cm/s) e
da perda de carga máxima de filtração (1000 a 3000 Pa) sobre a eficiência de remoção,
em termos de fração de massa removida e em termos de fração de área removida. O
autor observou que a fração mássica removida aumentou com o aumento da perda de
carga máxima, indiferentemente da velocidade de limpeza empregada, uma vez que a
Revisão Bibliográfica
38
torta formada era mais espessa para maiores perdas de carga máxima. Além disso, o
autor verificou que a maior velocidade de limpeza não foi a que resultou na maior
eficiência de remoção de pó, sendo que a mesma tornava-se praticamente constante para
velocidades de limpeza maiores que 13 cm/s. A fração de área removida, no entanto,
apresentou tendência a se tornar constante com o número de ciclos, quando se utilizam
maiores perdas de carga máxima.
2.3.3 DENSIDADE DE EMPACOTAMENTO (Α)
A densidade de empacotamento pode ser descrita como a fração de volume
total do elemento filtrante efetivamente ocupada por fibras, conforme a Equação (2.21)
(DONOVAN, 1985):
ε
ρ
α
=== 1
.
..
. totalvolume
fibradavolume
L
m
f
f
(2.21)
em que
α
é a densidade de empacotamento do filtro (adimensional), m
f
é a densidade
mássica por área do filtro,
ρ
f
é a densidade da fibra, L é a espessura do filtro e
ε
é a
porosidade do filtro.
De modo geral, o aumento da densidade de empacotamento se reflete em uma
menor penetração de partículas, uma vez que assim se aumenta a tortuosidade do gás
(YLITUOMI et al., 1995) e nestes tecidos com maior densidade há menos espaço
disponível para as partículas se depositarem (WALSH, 1996). Pelo mesmo motivo, a
perda de carga também aumenta com a densidade de empacotamento.
2.3.4 UMIDADE
A umidade relativa durante a filtração tem ainda um papel pouco claro no
perfil de perda de carga durante o processo. Conforme DURHAM e HARRINGTON
(1971), o aumento da umidade resultou em um decréscimo da perda de carga para
Revisão Bibliográfica
39
partículas de cinza (fly ash), mas não verificaram alteração neste parâmetro para
filtrações utilizando cimento, sílica amorfa ou calcário. Por outro lado, os experimentos
de AIRMAN e HELFRITCH (1977) mostraram que o aumento da umidade provocou
uma queda na perda de carga não apenas para a cinza, mas também para a sílica e rocha
asfáltica.
Na tentativa de esclarecer este comportamento, GUPTA et al. (1993)
realizaram vários estudos e verificaram que partículas não higroscópicas, como óxido de
alumínio, apresentaram um decréscimo da resistência específica com o aumento da
umidade, sendo este decréscimo evidente, nas partículas em torno de 0,5
µm, apenas
para umidades acima de 90%, sendo evidente para toda a faixa de umidade nas
partículas de 1,0
µm, sendo estes resultados não explicados. As partículas higroscópicas
utilizadas (NaCl) mostraram uma queda de K
2
para ambos os diâmetros estudados.
Estudos correlatos foram desenvolvidos por MIGUEL (2003). O autor testou
filtros de poliéster sob condições de umidade variadas e os seus resultados mostraram
que a variação desta condição não afetou o valor da permeabilidade para um filtro de
poliéster limpo. Durante o processo de filtração, o autor comparou a operação utilizando
dois tipos distintos de partículas: partículas higroscópicas (NaCl) e não higroscópicas
(alumina), variando-se a umidade em cada ensaio. Os resultados obtidos revelaram que
houve um decréscimo da perda de carga com o aumento da umidade e,
conseqüentemente, um aumento da permeabilidade do meio. Este aumento foi mais
significativo para as partículas não-higroscópicas quanto submetidas a altas umidades
(61 – 90%) e para as partículas de NaCl (higroscópicas) a maior variação de
permeabilidade foi observada para umidade variando entre 32%-53%. O autor justificou
este comportamento afirmando que maiores umidades alteram a agregação das
partículas, criando arranjos de partículas mais compactos no interior do filtro. A
eficiência também foi afetada pelo aumento da umidade, apresentando valores mais
satisfatórios.
2.3.5 VELOCIDADE DE FILTRAÇÃO
Diversos trabalhos na literatura estudaram a influência da velocidade de
filtração durante o processo, sendo que, em linhas gerais, o que se observa é o aumento
Revisão Bibliográfica
40
da perda de carga com o aumento da velocidade de filtração (DAVIS e KIM, 1999).
REMBOR e KASPER (1996) testaram o efeito do aumento do número de Stokes
aumentando a velocidade de filtração e também aumentando o diâmetro de partículas.
Os autores verificaram que, operando-se um sistema com Stokes entre 9 e 16 (regime de
interceptação/impactação), aumentando-se o número de Stokes pelo aumento da
velocidade de filtração de 0,3 até 1,2 m/s, a perda de carga e a eficiência do filtro, para
partículas de 1
µm, aumentavam. No entanto, o aumento do número de Stokes através do
aumento do diâmetro de partículas tornou menos evidente esta tendência, suavizando
este aumento.
A velocidade de filtração foi avaliada nos experimentos de YLITUOMI et al.
(1995), para diferentes números de Stokes. Os autores verificaram que, para baixas
velocidades, no caso 15 cm/s, a penetração através do filtro diminuía com o aumento do
diâmetro das partículas. Porém, quando o sistema foi operado com maiores valores de
velocidade, a penetração inicialmente diminuiu com o aumento do diâmetro de
partículas e posteriormente aumentou, quando os efeitos inerciais passam a agir como
mecanismo predominante.
THOMAS et al. (2001) avaliaram a influência da velocidade de filtração em
filtros de fibra de vidro, para uma faixa entre 1 e 50 cm/s. Conforme seus resultados, o
coeficiente angular da parte linear da curva de filtração foi tanto maior quanto maior a
velocidade de filtração. Com a finalidade de verificar se este comportamento poderia ser
atribuído apenas à diferença de velocidades, os autores traçaram curvas que
relacionavam a perda de carga e a velocidade (
P/V) de filtração em função da massa
depositada. Como as curva eram coincidentes, os autores concluíram que a velocidade
de filtração não afetou a forma como as partículas se depositavam nos tecidos.
SILVA NETO et al. (1999) verificaram que o aumento de perda de carga
provocado pelo aumento da velocidade de filtração, numa faixa compreendida entre 5 e
15 cm/s , não foi proporcional. Os autores comprovaram que, para um acréscimo de 5
para 10 cm/s na velocidade, a taxa de aumento de perda de carga foi maior quando
comparado ao aumento de perda de carga resultante do aumento de velocidade de 10
para 15 cm/s.
CHENG e TSAI (1998) verificaram que, para velocidades de filtração entre 1
e 9 cm/s, houve um acréscimo da resistência específica da torta proporcional ao
Revisão Bibliográfica
41
aumento da velocidade. Esta tendência da resistência específica da torta aumentar foi
observada também nos estudos de SILVA et al. (2000)
Com relação à porosidade da torta, SILVA et al. (2000) verificaram que a
porosidade da torta diminuiu com o aumento da velocidade de filtração dentro de uma
faixa de 7,5 a 15,5 cm/s, tendendo a um valor constante para altas velocidades. De
acordo com SILVA et al. (1997) este fato pode ser atribuído à compressibilidade da
torta. ITO (2002) demonstrou também que a velocidade de filtração interferiu
diretamente na porosidade da torta formada. O autor testou uma faixa de velocidades
entre 5,0 e 15 cm/s, e verificou que os filtros submetidos a velocidades maiores de
filtração apresentaram tortas menos porosas. Os experimentos de SILVA e AGUIAR
(1999) ratificam estes resultados, para uma faixa de velocidade de 7,5 a 15,5 cm/s.
2.3.6 CARGA MÁSSICA APLICADA OU CONCENTRAÇÃO DE ENTRADA
A variável concentração de entrada foi avaliada por THOMAS et al. (2001),
aplicando-se concentrações entre 5 e 21 mg/m
3
. Em seus experimentos, os autores não
verificaram nenhuma variação do comportamento da perda de carga com a concentração
aplicada. Além disso, não houve diferenças do perfil de penetração de partículas em
função desta variável.
No entanto, SILVA et al (2000), utilizando vazões de alimentação de 0,072 e
0,110 e 0,148 g/s, verificaram que a mesma resultou em diferenças muito pequenas na
porosidade e resistência específica da torta, para uma dada velocidade de filtração.
Porém, os autores verificaram que o efeito da vazão mássica de pó associado ao efeito
da velocidade de filtração alteram significativamente estes dois parâmetros.
2.3.7 POROSIDADE DO MEIO FILTRANTE E DIÂMETRO DE POROS
A porosidade é um parâmetro estrutural do meio filtrante que corresponde à
relação de vazios presentes no meio. A porosidade total (
ε
t
), que contabiliza poros que
Revisão Bibliográfica
42
contribuem e que não contribuem para o escoamento (poros abertos e poros fechados), é
obtida pela Equação (2.22)
s
g
t
ρ
ρ
ε
= 1 (2.22)
em que
ρ
s
a densidade do sólido,
ρ
g
a densidade total do meio (
ρ
g
= massa de
sólidos/volume total da amostra).
A porosidade dos meios pode também ser obtida por meio de
equacionamentos bem estabelecidos na literatura. É o caso da equação proposta por
ERGUN (1952), largamente aplicada para leitos granulares com porosidade entre 0,1 e
0,75, e para partículas com diâmetro entre 10
2
e 10
4
µm e número de Reynolds de
partículas maiores que a unidade. A equação (2.23) expressa essa correlação.
()
(
)
pp
d
V
d
V
L
P
2
323
2
.1
75,1
.1
150
ρ
ε
εµ
ε
ε
+
=
(2.23)
Nesta equação
ρ
é a densidade do gás,
µ
é a viscosidade do gás, V é a
velocidade superficial do fluido,
d
p
é o diâmetro da partícula (diâmetro de Stokes), L é a
espessura do meio. Mesmo para partículas muito pequenas (1 a 10
µm) e número de
Reynolds da ordem de 10
-2
, esta equação pode ser utilizada sem problemas.
No trabalho de MAUSCHITZ et al. (2004), os autores verificaram que filtros
de feltro de poliéster mais porosos (85%) apresentaram maior retenção de partículas que
o filtro de menor porosidade (51%). Segundo os autores, as partículas foram
acomodadas mais na superfície do filtro menos poroso por causa da presença dos “
hot
spots
” , ou pontos fundidos pelo tratamento superficial mais intenso sofrido por este
tecido de menor porosidade. Além disso, esses pontos apresentaram forças de adesão
mais fraca, facilitando a remoção e minimizando a massa retida após a limpeza.
Conforme trabalho publicado por JAPUNTICH et al. (1994), utilizando filtros
de papel, menores diâmetros de poro provocaram maiores perdas de carga e colmatação
mais rápida do leito, diminuindo a penetração das partículas através do meio filtrante.
No entanto, o coeficiente angular da reta correspondente à terceira fase de filtração, foi
semelhante para os filtros testados, o que indicou que o perfil da perda de carga desta
Revisão Bibliográfica
43
fase independia da estrutura do tecido, para uma dada velocidade de filtração e diâmetro
de partículas.
2.3.8 POROSIDADE DE TORTAS DE FILTRAÇÃO
Do mesmo modo que a porosidade dos meios filtrantes, a porosidade da torta
pode ser obtida utilizando-se a equação de Ergun, considerando-se como
L a espessura
da torta depositada. Por ser de difícil determinação experimental, a espessura da torta é
considerada como sendo (AGUIAR, 1995):
)1.(.'..
ε
ρ
==
p
ALtQM (2.24)
em que
M é a massa de torta, Q é a vazão mássica, A a área superficial da torta, e ρ
p
a
densidade da partícula. Isolando-se
L’ da equação da equação 2.24 e substituindo na de
Ergun (2.23), tem-se:
t
dA
VQ
dA
VQ
P
pp
p
pp
.
1
.
..
...75,1
)1(
.
...
...150
3
2
32
+
=
ερ
ρ
ε
ε
ρ
µ
(2.25)
que fornece o valor da porosidade média da torta.
NEGRINI et al. (1998) verificaram que a porosidade da torta aumentava da
interface torta-tecido para a interface torta-ar, e diminuía com o aumento da espessura
da torta, indicando uma compactação da mesma. SILVA et al. (2000) verificaram
também que o aumento da velocidade de filtração provocou uma diminuição da
porosidade, tendendo a um valor constante para altos valores de velocidade de filtração.
2.3.9 DIÂMETRO E FORMA DAS PARTÍCULAS
Segundo REMBOR e KASPER (1996), partículas de pequeno diâmetro
provocam maiores perdas de carga e maior grau de penetração que as partículas de
maiores diâmetros, sendo o diâmetro o responsável pela inclinação da reta
Revisão Bibliográfica
44
correspondente à terceira fase da filtração (JAPUNTICH et al., 1994). Estes resultados
foram confirmados no trabalho de AGUIAR e COURY (1996). Os maiores valores de
perda de carga são devidos a maior área superficial das partículas menores, produzindo
um recobrimento mais efetivo das fibras (JAPUNTICH et al., 1994; WALSH, 1996;
THOMAS et al., 2001).
Outra constatação é referente à porosidade da torta formada. AGUIAR e
COURY (1996) verificaram que, sob as mesmas condições, a porosidade da torta era
maior para partículas de menor tamanho. Este fato foi atribuído às forças de interação,
como Van der Waals e eletrostáticas, que agem em partículas menores e formam tortas
mais porosas.
Analisando a influência do diâmetro de partículas sobre a eficiência do
sistema, e considerando-se a eficiência de coleta de uma fibra simples, pode-se afirmar
que a eficiência apresenta um valor de mínimo na região onde há a ação de mais de um
mecanismo de coleta. Esta situação ocorre porque as partículas são muito grandes para
serem coletadas por difusão e muito pequenas para serem coletadas por impactação e
interceptação, como mostra a Figura 2.16.
Figura 2.16: Eficiência de coleta em função da velocidade de filtração e diâmetro de
partículas
Fonte: HINDS, 1999
Revisão Bibliográfica
45
Além disso, materiais com faixa de distribuição granulométrica mais ampla
provocam maior perda de carga pela acumulação de partículas menores entre as
partículas maiores (ITO, 2002).
WALSH e STENHOUSE (1997) verificaram que quanto maior o diâmetro de
partículas, maior o ponto de colmatação resultante na filtração, ou seja, com partículas
menores o ponto de colmatação é alcançado mais rapidamente, pois os dendritos são
formados mais rapidamente, aumentando a perda de carga e, portanto, a torta é formada
com menor massa depositada.
A influência da forma das partículas foi discutida no trabalho de ITO (2002).
Neste trabalho o autor utilizou como materiais pulverulentos o amido de milho e o
polvilho doce, materiais estes que possuíam distribuição granulométrica e densidade
muito próximas. No entanto, o polvilho doce apresentava partículas quase esféricas,
enquanto o amido de milho era constituído por partículas com formatos irregulares. Nos
ensaios de filtração realizados, a taxa de aumento da perda de carga com o tempo foi
superior para polvilho, e a porosidade das tortas formadas pelo polvilho doce apresentou
valores menores. O autor considerou que a esfericidade das partículas estava influindo
na compactação da torta formada, de modo que partículas mais irregulares resultaram
em tortas de maior porosidade.
2.3.10 DIÂMETRO DE FIBRAS
Segundo CLARK (2001), a eficiência de coleta de um feltro aumenta com o
decréscimo do diâmetro das fibras que o constituem.
De modo geral, mantendo-se a densidade do feltro, tem-se, com a redução do
diâmetro das fibras, um comprimento total maior de fibra, uma maior área superficial e
a redução dos poros.
Nos resultados do trabalho de LISOWSKI et al., (2001), utilizando filtros de
fibras cortadas de polipropileno, ficou evidente o decréscimo da perda de carga com o
aumento do diâmetro das fibras.
Revisão Bibliográfica
46
2.3.11 EFEITOS DE CARGAS ELETROSTÁTICAS
Segundo BROWN (1998), as cargas dos filtros eletricamente carregados
alteram a estrutura, o desenvolvimento e a estabilidade dos dendritos, geralmente
aumentando a eficiência do sistema e reduzindo a resistência ao ar.
Quando um filtro é submetido à ação de um campo elétrico, os dendritos
formados, que tendem a recobrir as fibras de maneira mais uniforme, são também
menos densamente empacotados, proporcionando assim, menos resistência à passagem
de ar (HENRY e ARIMAN, 1986).
Segundo WANG (2001) a aplicação de forças eletrostáticas aumentam a
eficiência dos filtros, principalmente na faixa de 0,2 a 0,5
µm, de difícil captura por
outros mecanismos, além de possibilitar a coleta eficiente de partículas em filtros menos
densamente empacotados (e, portanto com menores perdas de carga). Segundo o mesmo
autor, fatores como a composição química das partículas e das fibras, a carga das
partículas, a carga superficial das fibras e a intensidade do campo elétrico aplicado
influenciam a eficiência de um sistema de filtração que opere com aplicação de forças
eletrostáticas.
Além disso, os dendritos formados nestas condições, nos primeiros instantes
de filtração promovem um aumento mais efetivo da eficiência, uma vez que agem como
elementos coletores com o mesmo diâmetro das partículas a serem coletadas. O que
ocorre na ausência das forças eletrostáticas é que os dendritos formados, apesar de
também aumentarem a eficiência, produzem um aumento maior da perda de carga
(WANG, 2001).
2.3.12 ESTUDOS COMPARATIVOS ENTRE DIFERENTES TECIDOS
A realização de tratamentos de finalização nos tecidos, como comentado
anteriormente, tem por objetivo melhorar as condições de operação do meio filtrante.
No entanto, LISOWSKI et al. (2001) verificaram que o tecido agulhado com 100
agulhas por centímetro apresentou quase o dobro da perda de carga de um tecido
Revisão Bibliográfica
47
agulhado com 50 agulhas por centímetro, ressaltando que os tratamentos devem ser
baseados em estudos de desempenho.
Nos ensaios de CALLÉ et al. (2002a) com poliéster tratado termicamente,
comprovou-se que tecidos tratados apresentaram menores valores de perda de carga
residual no decorrer dos ciclos, bem como maior vida útil e maior facilidade de remoção
da torta. GOLESWORTHY (1999) afirmou que a compressão térmica de feltros
agulhados convencionais, com ou sem adesão de termoplásticos à fibra (rigidização)
resultou em uma superfície mais lisa, com melhores características de liberação da torta
e menor porosidade na superfície que na base, fornecendo assim um tecido com menor
penetração de partículas.
POWELL (1998) recomendou o uso de filmes microporosos poliméricos na
superfície de filtros (denominados filtros de superfície) com o intuito de evitar que as
partículas penetrem no tecido, podendo ser emitidas na corrente de gás limpo e
causando inclusive o bloqueio do meio. Ainda segundo o referido autor, logo que se
forma uma fina camada de pó o sistema atinge a estabilidade, observada pelos valores
de perda de carga, que se tornaram constantes. Este comportamento é oposto ao
observado nos filtros convencionais, que apresentam um aumento mais lento da perda
de carga com o tempo e que mesmo após vários ciclos de limpeza pode não se
estabilizar, apenas aumentar. POWELL (1998) recomenda substituir um filtro
convencional por um de superfície, quando o primeiro colmata rapidamente, obtendo-se
normalmente uma redução da perda de carga no decorrer dos ciclos, e um aumento da
vida útil do meio, pelo menor desgaste provocado pela maior freqüência de limpeza.
No trabalho de HINDY et al. (1987) foram analisados filtros calandrados,
chamuscados e com a superfície recoberta com membrana laminada. Os autores
comprovaram que o filtro calandrado, ao contrário dos outros dois, possuía
características negativas quanto à coleta e perda de carga residual. Testes realizados
com os tecidos chamuscados e de membrana mostraram que o primeiro exibiu menor
perda de carga residual, apesar de reter mais partículas em seu interior. A freqüência de
limpeza foi maior para o tecido calandrado que para os outros, sendo que ambos
apresentaram valores semelhantes.
CALLÉ et al. (2002b) trabalharam com três feltros diferentes, sendo que o
primeiro era constituído por fibras de poliéster trançado, denominado filtro C. O
Revisão Bibliográfica
48
segundo tipo de filtro, designado filtro D, recebeu um fino recobrimento com fibras de
0,2
µm, garantindo a filtração superficial, mas possuía densidade de empacotamento e
diâmetro de fibras semelhante ao C. O terceiro tecido, o tecido T, possuía o dobro do
valor de densidade de empacotamento dos tecidos C e D, caracterizando-o como um
tecido mais rígido. Nos ensaios os autores utilizaram velocidade de filtração igual a
2cm/s. Para o tecido C, a primeira fase de filtração foi mais pronunciada, sendo
praticamente inexistente para os tecidos T e D. A duração dos ciclos foi diminuindo
para os tecidos C e T, mantendo-se constante para o tecido D, graças ao recobrimento.
Os tecidos sem recobrimento apresentaram ainda, um aumento significativo da perda de
carga residual ciclo a ciclo, tendendo a se estabilizar apenas para o tecido D.
A influência da estrutura e construção do tecido utilizado é comentada no
trabalho de KOCH et al. (1996), sendo que os autores observaram em seus
experimentos que o descolamento da torta era facilitado em tecidos chamuscados, livres
de fibras preponderantes em sua superfície. Além disso, estes autores notaram uma forte
influência da rigidez do tecido, sendo que a tensão de descolamento foi dez vezes menor
para um poliéster chamuscado simples, que para um quimicamente endurecido.
SIEVERT apud KOCH et al. (1996) explica este fato como conseqüência da
transferência do movimento provocado pela operação de limpeza por todo o tecido,
causando rachaduras na torta, sendo esta transferência mais efetiva para tecidos mais
flexíveis.
SANCHEZ et al. (1997) realizaram um estudo comparativo entre tecidos
trançados com fios de pêlos/poliéster (proporção de 45% / 55%) e feltros. Os ensaios
com o material trançado foram realizados com tecidos que possuíam mesma trama
(twill), mas diferentes números de fibras por fio, o que produziu tecidos com diferentes
diâmetros e conseqüentemente diferentes densidades e espessuras. Os autores
constataram que quando mais fino o fio de um tecido trançado, maior a perda de carga
produzida. Os dois não-trançados utilizados eram uma aramida comercial de 2 mm de
espessura e um poliéster de fabricação própria que apresentou perdas de carga quase
três vezes menores que a aramida. Os testes de eficiência mostraram que nas condições
operacionais, os feltros apresentaram melhor desempenho, seguidos dos tecidos de
menor diâmetro de fio.
Revisão Bibliográfica
49
2.3.13 A PENETRAÇÃO DE PARTÍCULAS NO INTERIOR DOS MEIOS FILTRANTES
Ressalta-se neste ponto a diferença entre a penetração através do tecido, que é
conhecida como inverso da eficiência, e a penetração no tecido. Aqui será feita uma
revisão do estado da arte da penetração no tecido, ou seja, em seu interior, envolvendo a
profundidade e a intensidade de penetração.
Nos casos onde a filtração interna não alcança valores adequados de remoção de
partículas submicrômicas, existem trabalhos que recomendam o uso de membranas de
recobrimento para o tecido, que tornam o processo exclusivamente uma filtração
superficial, simulando com estas membranas a torta já formada (BARNET, 2002,
POWELL, 1998; CALLÉ et al., 2002a). As membranas de recobrimento comumente
utilizadas são as de politetrafluoroetilino, ou PTFE, que exibem boa liberação da torta,
baixa perda de carga, vida útil elevada e menor custo (WEMMER, 1999). Este tipo de
procedimento, além de evitar a penetração de partículas através do tecido, ou seja, além
de promover sua eficiência, minimizam a penetração de partículas no tecido, impedindo
que muitas partículas se acomodem no interior do meio filtrante.
A penetração de partículas em meios filtrantes é um fenômeno que pode ocorrer
em maior ou menor grau, dependendo das características dos materiais envolvidos e
condições operacionais.
WALSH (1996) afirmou que quanto maior a retenção de partículas no interior de
filtros de fibra de vidro, antes da transição de filtração interna para filtração pela torta,
melhor é o desempenho em termos de custos, uma vez que o aumento da capacidade de
captação de partículas significa menor necessidade de troca de tecido e maior vida útil.
De acordo com CALLÉ et al. (2002a), após o primeiro ciclo, a eficiência de
coleta de novas partículas é superior em relação ao filtro novo, devido à contribuição
das partículas retidas no filtro, e não eliminadas na limpeza, na captação de novas
partículas. Contudo, autores como GRZYBOWSKI e GRADÓN (1996) afirmaram que
a filtração pelo meio (ou interna) é prejudicial para o processo, podendo causar
inclusive a colmatação total do meio. Sabe-se, porém, que a presença de partículas
retidas no filtro após a limpeza pode promover a eficiência do sistema, uma vez que
estas partículas atuam como elementos coletores, sendo essencial quando ainda não se
tem uma torta formada.
Revisão Bibliográfica
50
O que se observa, no entanto, é que deve haver bom senso ao considerar estes
pontos, uma vez que o acúmulo excessivo de partículas provoca um aumento da perda
de carga no próximo ciclo e resulta, conseqüentemente, em maior consumo energético.
De modo geral, admite-se que, para se obter uma remoção satisfatória,
principalmente em materiais com ampla distribuição granulométrica, a torta deve ser
formada o mais rápido possível (SCHMIDT, 1995), ou seja, uma filtração interna mais
curta é sempre desejada. Tal condição pode ser alcançada quando se operam com
maiores concentrações de material pulverulento, com partículas de maiores diâmetros,
ou ainda, com baixas velocidades de filtração.
THOMAS et al. (2001) estudaram o perfil de penetração de partículas no interior
de filtros de fibra de vidro (filtros HEPA). Os autores verificaram que houve um
decréscimo exponencial das partículas no interior do meio filtrante, sendo que, a
camada mais superficial reteve 40 a 70% de partículas. A maior penetração foi obtida,
conforme esperado, nos ensaios com maior tempo de duração, sob a mesma
concentração de entrada de pó.
REMBOR e KASPER (1996) concluíram a partir de experimentos em que se
variou o diâmetro de partículas, que partículas de menor diâmetro penetram mais
intensamente no meio filtrante. Da mesma forma, muitos autores concordam que a
penetração de partículas no interior do meio filtrante é menos intensa quando se trabalha
com maiores diâmetros, sob condições experimentais semelhantes (DAVIS e KIM,
1999; THOMAS et al., 2001; LISOWSKI et al. 2001).
Os efeitos da velocidade de filtração sobre a penetração das partículas foram
avaliados por MARTINS (2001), que realizou um estudo onde foi possível verificar
que, para velocidades de filtração de 10 cm/s, houve maior retenção de partículas no
meio filtrante, bem como maior profundidade de penetração e perda de carga residual,
quando em comparação com ensaios realizados com velocidades de filtração de 5 cm/s.
O trabalho de STÖCKLMAYER e HÖFLINGER (1998b) sobre a simulação da
regeneração de meios filtrantes, afirmou que nas primeiras filtrações a torta é construída
predominantemente na superfície do tecido, sendo quase totalmente removida nas
primeiras limpezas. Com o decorrer das filtrações, no entanto, os autores afirmaram que
a torta começa a se formar cada vez mais profundamente no interior do tecido, o que
resulta em uma maior massa retida. Os autores descreveram este processo como a
Revisão Bibliográfica
51
construção de uma segunda torta compressível dentro do meio filtrante, e atribuíram
essa formação à compressibilidade do material pulverulento. Este fato, de acordo com
os autores, explicaria o porque a perda de carga aumenta mais com pós compressíveis,
sendo que a torta destes materiais comprime a si mesma e cada vez mais partículas se
depositariam nas camadas internas do filtro, não podendo ser daí removidas.
Material e Métodos
52
3 MATERIAL E MÉTODOS
Com o intuito de se cumprir os objetivos a que se dispõe este trabalho,
apresenta-se a seguir a descrição das etapas realizadas para obtenção dos resultados e a
metodologia empregada.
3.1 DESCRIÇÃO GERAL
Os ensaios pertinentes a este trabalho foram realizados no Departamento de
Engenharia Química da Universidade Federal de São Carlos, bem como as análises de
caracterização do material pulverulento. As microfotografias obtidas em microscópio
eletrônico de varredura (MEV) foram obtidas no CCDM (Centro de Caracterização e
Desenvolvimento de Materiais)– UFSCar.
A estratégia de investigação foi dividida em duas fases. Inicialmente, foram
realizados experimentos preliminares com o objetivo de ponderar a possibilidade de
utilização dos filtros adquiridos nos experimentos, bem como avaliar o comportamento
dos mesmos durante a filtração. Como amostras de tecidos trançados, utilizou-se o
algodão, o poliéster trançado e o Nylon. No entanto, durante esta etapa, estes tecidos
apresentaram dificuldades de manuseio e operação, sendo que se optou por analisar
apenas os tecidos não trançados (feltros).
A segunda etapa consistiu no desenvolvimento dos experimentos propriamente
ditos, realizados com a finalidade de comparar os tecidos utilizados e discutir o
comportamento de cada um nos vários ciclos de filtração. Este trabalho teve como
objetivo inicial trabalhar apenas com diferentes materiais filtrantes, totalizando 4 séries
de experimentos, com os filtros de polipropileno, poliéster tratado e não tratado e
acrílico. No entanto, com o transcorrer da pesquisa, decidiu-se analisar também a
profundidade de penetração para materiais com diâmetro e forma diferentes. Desta
maneira, totalizou-se oito séries de experimentos.
Material e Métodos
53
3.2 MATERIAIS PULVERULENTOS
O material pulverulento inicialmente selecionado para ser utilizado como
contaminante foi o concentrado fosfático de Patos de Minas (MG), fornecido pela
FOSFÉRTIL S.A.
Como foi adquirido em estado bruto (pó grosseiro), o material foi submetido a
peneiramento a úmido em peneira de 400 mesh. O material passante por essa peneira foi
deixado em descanso para sedimentar por aproximadamente quatro horas, período após
o qual foi depositado em fôrmas de alumínio para nova sedimentação. Posteriormente,
quando o excesso de água era removido, estas fôrmas eram postas em estufa para
secagem. Em seguida, os pedaços da torta seca formada eram moídos em moinho de
bolas por quatro horas, para a desintegração dos blocos e adicional diminuição do
tamanho das partículas. Esta etapa foi seguida por um novo peneiramento, agora em
peneira de 48 mesh, apenas para desaglomerar as partículas. A rocha de maior
granulometria não passou pelo processo de moagem, apenas ao peneiramento a úmido,
sendo, porém, obtido a partir de um material de outro lote.
Além deste material, com o objetivo de se obter estudos comparativos, utilizou-
se também o polvilho doce, da YOKI, e a mesma rocha fosfática, obtida da mesma
forma que a anterior, porém sem passar pelo moinho, obtendo-se um pó de maior
diâmetro.
Estes materiais foram então, submetidos às analises de caracterização que
seguem.
3.2.1 CARACTERIZAÇÃO DOS MATERIAIS PULVERULENTOS
A densidade das partículas foi determinada por picnometria a Hélio, através do
equipamento AccuPyc 1330, da Micromeritics, sendo o valor da massa específica
obtido pela média de três análises.
O diâmetro médio volumétrico de partículas foi determinado pelo equipamento
Malvern Mastersizer Microplus, onde foi realizada a média de cinco medidas. O
diâmetro aerodinâmico das amostras foi determinado através do equipamento designado
Aerodinamic Particle Sizer (APS) 3320, da TSI, pelo valor médio de duas análises. O
Material e Métodos
54
diâmetro de Stokes foi determinado no DEMA-UFSCar, no equipamento CAPA 700 -
Particle Sizer Distribution Analiser – HORIBA, pela média de três análises.
Os valores das dimensões de cada material utilizado estão apresentados na
Tabela 3.1.
Tabela 3.1: Características dos materiais pulverulentos utilizados.
Material
Caracterização
Rocha Fina Rocha Grossa Polvilho Doce
Massa Específica (10
3
kg/m
3
) 2,79 3,07 1,48
Diâmetro Médio Volumétrico (µm)
4,55 31,97 *
Diâmetro de Stokes (µm)
3,71 14,67 8,67
Diâmetro Aerodinâmico (µm)
4,13 27,26 9,68
Esfericidade 0,73 0,74 0,94
*não foi possível determinar: material solúvel em água.
O diâmetro de Stokes representa o diâmetro equivalente de uma esfera com a
mesma densidade da partícula e mesma velocidade de sedimentação. O diâmetro
aerodinâmico, por sua vez, pode ser definido como o diâmetro de uma esfera com
densidade unitária (1 g/cm
3
) com a mesma velocidade de sedimentação que a partícula.
A relação entre estes dois diâmetros pode ser expressa pela equação 3.1 (HINDS, 1999):
µ
ρ
µ
ρ
.18
..
.18
..
2
2
0
gd
gd
stp
a
= (3.1)
em que
ρ
0
é a densidade padrão de 1 g/cm
3
,
ρ
p
é a densidade da partícula, g é a
aceleração da gravidade,
d
a
é o diâmetro aerodinâmico, d
st
é o diâmetro de Stokes e
µ
a
viscosidade. Neste trabalho, o diâmetro de Stokes calculado pelo diâmetro aerodinâmico
obtido experimentalmente apresenta valores diferentes dos valores de Stokes
experimentais, pois os métodos de determinação experimental são diferentes.
O diâmetro médio volumétrico pode ser entendido como sendo o diâmetro de
uma esfera com volume e densidade equivalentes ao da partícula.
A microscopia de cada material pulverulento utilizado pode ser obsevada pela
Figura 3.1.
Material e Métodos
55
a)
b)
c)
Figura 3.1: Microfotografias dos materiais pulverulentos utilizados. a) Rocha fina,
aumento de 5000X; b) Rocha grossa, aumento de 5000X; c) polvilho, aumento de 3500x
A diferença da distribuição granulométrica dos materiais pulverulentos
utilizadas nesta pesquisa pode ser verificada através da Figura 3.2.
0,1 1 10 100
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Massa Acumulada
Diâmetro de partículas (µm)
Polvilho
Rocha Grossa
Rocha Fina
Figura 3.2: Distribuição granulométrica dos materiais utilizados.
Material e Métodos
56
3.3 MEIOS FILTRANTES
Os meios filtrantes utilizados neste trabalho foram adquiridos através de
doação, pela empresa Gino Cacciari, com sede em São Paulo, SP.
As características destes meios etsão descritas pela Tabela 3.2 que apresenta os
dados fornecidos pelo fabricante, responsável pelo tratamento dos mesmos.
Tabela 3.2: Descrição dos meio filtrantes empregados (dados do fornecedor).
Meio filtrante Especificação Contextura
Gramatura
(g/m
2
)
Espessura (mm)
Polipropileno
100%
3008PP Feltro Agulhado 600 2,5 – 2,8
Poliéster 100% 1016P Feltro Agulhado 550 1,9
Poliéster 100%
sem tratamento
1016P Feltro Agulhado 550 NC
Acrílico 100% 7002AC Feltro Agulhado 550 2,5
Algodão 2032A Granite 720 1,6
Poliéster Trançado 1082P Sarja 510-520 0,9
Os tratamentos realizados nos feltros foram a calandragem e a chamuscagem
em uma face, com exceção, obviamente, do poliéster sem tratamento. O algodão, por
sua vez, foi utilizado cru, enquanto que o poliéster trançado foi termofixado. Os meios
filtrantes foram cortados em seções circulares de 18 cm de diâmetro, resultando em uma
área filtrante igual a 254,47 cm
2
.
3.3.1 CARACTERIZAÇÃO DOS MEIOS FILTRANTES
Além das características fornecidas pelo fabricante, foram realizados alguns
ensaios de caracterização, a fim de se obter uma melhor avaliação dos resultados, uma
vez que este trabalho se destina a um estudo comparativo. Para tal levantamento, foram
realizados os ensaios que seguem.
Material e Métodos
57
Determinação de Diâmetro de Fibras
Verificado por meio de microscopia óptica e posterior análise no analisador de
imagens Image Pro Plus, após o tratamento descrito no Anexo A;
Determinação de Porosidade dos Filtros Limpos
Determinada experimentalmente por porosimetria a mercúrio, no porosímetro
Pore Master; calculada teoricamente pela aplicação da equação de Ergun (2.23) e
determinada pela técnica desenvolvida por Aguiar e Coury (1996), para determinação
ótica da porosidade de tortas de filtração, a partir das imagens do microscópio ótico.
Esta última determinação consistiu em se medir a área ocupada pelas fibras e a área
total. A porosidade superficial era dada então pela Equação (3.2):
totalÁrea
fibrasdasÁreatotalÁrea
lsiperficia
=
ε
(3.2)
Um exemplo das imagens está apresentado na Figura 3.3.
a)
b)
Figura 3.3: Exemplo de determinação da porosidade superficial via microscópio óptico:
a) imagem original; b) imagem tratada para a determinação da área.
Material e Métodos
58
Esta determinação foi realizada para várias sessões transversais, desde a
superfície do tecido até a face oposta, de modo a contabilizar toda a profundidade do
tecido e suas variações, incluindo a do tecido trançado presente no interior dos tecidos,
que interfere no valor da porosidade total.
Permeabilidade dos Filtros Limpos
A permeabilidade foi obtida experimentalmente, variando-se a velocidade
superficial através do elemento filtrante e determinando-se a perda de carga resultante.
Com estes dados construíram-se as curvas de perda de carga em função da velocidade
superficial, para cada tecido, baseadas na equação (2.9). As curvas com os resultados
estão apresentadas no ANEXO B.
3.4 EQUIPAMENTO DE FILTRAÇÃO E COLETA DE DADOS
3.4.1 EQUIPAMENTO DE FILTRAÇÃO
O equipamento de filtração em que foram coletados os dados deste trabalho
pertence ao Departamento de Engenharia Química da Universidade Federal de São
Carlos. O mesmo é constituído por um sistema de filtração propriamente dito, um
alimentador de pó, um transdutor e um soprador, que estão apresentados na Figura 3.4.
O ar comprimido utilizado era proveniente da linha do departamento e antes de
entrar no sistema de filtração passava previamente através de dois desumidificadores
contendo sílica. Esta operação era necessária para remover a umidade do ar e mantê-la
entre 8 e 13%.
Material e Métodos
59
Figura 3.4: Esquema geral do equipamento de filtração e limpeza.
Soprador
Sistema de
Aquisição de Dados
Caixa de
Filtração
Caixa de
Alimentação de Pó
Ar
Comprimido
Suporte do
Filtro
Placa de
Orifício
Material e Métodos
60
3.4.2 ALIMENTAÇÃO DE PÓ
O alimentador de pó foi construído utilizando um disco giratório com um sulco
circular, sobre o qual foi adaptado um cone por onde era alimentado o pó. Um motor
alocado junto ao cone promovia vibrações que auxiliavam o preenchimento eficiente do
sulco.
Para assegurar maior homogeneidade na alimentação, adaptou-se um nivelador
de metal em forma de anel, encaixado na saída do cone de alimentação.
A velocidade de rotação foi ajustada através de um controlador, expresso em
porcentagem (%) da velocidade máxima. Mas ainda assim, antes de cada experimento
era realizada uma calibração de forma a garantir uma rotação de 0,56 rpm do prato, ou
seja, o prato completava uma rotação a cada 1minuto e 47 segundos. As partículas
entravam na corrente gasosa com o auxílio de um venturi, cuja saída de baixa pressão
era colocada acima do sulco preenchido, sugando, assim, o pó para a corrente de ar. O
ar comprimido fornecido ao venturi era proveniente da linha e atravessava a coluna de
desumidificação. O detalhamento deste sistema está apresentado na Figura 3.5. Todo
este conjunto foi isolado em uma caixa de acrílico, bem vedada, de modo que a umidade
da corrente gasosa fosse adequadamente controlada.
Figura 3.5: Detalhamento do sistema de alimentação de pó.
Material e Métodos
61
O tecido a ser estudado era afixado entre dois moldes de aço inoxidável que
eram encaixados entre duas tampas cônicas de PVC, uma superior, ligada ao
alimentador de pó através de uma mangueira de 2 cm de diâmetro, por onde era
realizada a alimentação da corrente gasosa contaminada, e outra inferior, conectada ao
soprador. Este módulo era móvel permitindo que, durante a operação de filtração, o
filtro fosse mantido na posição horizontal, e na limpeza o filtro era virado e mantido na
vertical. O detalhamento deste sistema está apresentado na Figura 3.6.
Acima e abaixo do filtro foi conectado um sensor de pressão conectado a um
micromanômetro, para a determinação da perda de carga no filtro. Assim, a placa de
aquisição de dados armazenava os valores de perda de carga on-line.
Figura 3.6: Esquema da caixa de filtração e limpeza.
Este movimento da mudança do modo filtrando para o modo limpando pode ser
melhor observado pelas fotos das Figuras 3.7 e 3.8.
Sentido do
movimento de
inversão da
operação de
filtração
para
limpeza
Material e Métodos
62
Figura 3.7: Equipamento no modo filtrando.
Figura 3.8: Equipamento no modo limpando.
Material e Métodos
63
3.4.3 AQUISIÇÃO DE DADOS
Todos os experimentos foram monitorados por um sistema de aquisição de
dados on-line, que permitia a análise de parâmetros como a perda de carga no filtro, a
velocidade de filtração e limpeza e o tempo de operação transcorrido.
O hardware utilizado era composto por uma placa de aquisição de dados
comercial para microcomputadores compatíveis com o padrão IBM-PC e permitiu a
leitura de 16 sinais de sensores externos e controle de dois atuadores analógicos e 24
linhas de entrada-saída digitais (tipo liga-desliga).
O software foi elaborado em Visual Basic 3.0, que juntamente com as rotinas
fornecidas pelo fabricante da placa, controlava o experimento e realizava o registro das
variáveis de interesse.
A velocidade do ar durante toda a filtração e toda a limpeza era mantida
constante, em um valor previamente estipulado no programa, com o auxílio do
controlador, que atuava na rotação de um soprador, acionado por um motor assíncrono
trifásico de 7,5 HP.
Durante a filtração o soprador funcionava como sugador, pela inversão da sua
rotação. Nesta fase, o aumento da perda de carga provocado pelo depósito de partículas
no tecido tendia a diminuir a vazão de ar que atravessa o meio filtrante, assim, o
controlador operava de forma a aumentar a rotação e manter a velocidade constante. O
sensor de pressão de uma placa de orifício, situada na saída do filtro e antes do
soprador, realizava a medida de perda de carga e o software reconhecia a velocidade,
que por sua vez era comparada com a velocidade estipulada, gerando um sinal de erro,
que era tratado pelo controlador tipo proporcional + integral + derivativo na forma
digital. O sinal de atuação era enviado ao inversor de freqüência (via saída analógica)
para correção da velocidade.
Com este aparato foi possível obter dados confiáveis de variação da perda de
carga em função do tempo para a velocidade estipulada, bem como minimizar erros
operacionais nos processos de filtração e limpeza do tecido.
Material e Métodos
64
3.5 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL
3.5.1 ENSAIOS GERAIS COMPARAÇÃO ENRE OS TECIDOS
Para cada tecido utilizado, foram coletados dados de perda de carga em função
do tempo para dez ciclos de filtração e limpeza. A velocidade de filtração foi estipulada
em 10 cm/s, dentro da faixa utilizada industrialmente, e de limpeza em 12 cm/s. O
método de limpeza empregado nos experimentos foi o fluxo de ar reverso, durante um
período de dois minutos, através da inversão do sentido da corrente de ar, e foi o método
selecionado por permitir uma maior reprodutibilidade dos resultados.
A perda de carga máxima admitida em cada ciclo foi estabelecida em 100
mmH
2
O, por ser este um valor usualmente aplicado na indústria. Desta forma, pôde-se
verificar a diminuição do tempo de cada ciclo provocada pela perda de carga residual.
A massa do filtro limpo era obtida por pesagem em uma balança Marte modelo
AM5500, de dois dígitos. Após cada filtração o conjunto filtro-torta era novamente
pesado para obter-se a massa de pó depositada. Considerando-se que a alimentação do
sistema era constante, obtinha-se o valor da carga mássica aplicada no filtro.
Após a recolocação do filtro no sistema, a posição da caixa de filtração era
fixada na horizontal (portanto o filtro ficava na vertical) e a tampa de PVC superior era
removida. Por meio da interface do software, fixava-se o modo “limpeza” e estabelecia-
se a velocidade de limpeza desejada. A massa de pó removida nesta operação era
coletada e pesada, assim como a massa do filtro após a limpeza. Este procedimento era
realizado para cada um dos ciclos.
A cada ensaio foi dada a seguinte designação: ao tecido submetido a uma
filtração e uma limpeza apenas, denominou-se Ensaio 01. Para o ensaio em que o tecido
foi submetido a duas filtrações e suas respectivas limpezas, denominou-se Ensaio 02, e
assim sucessivamente, até o Ensaio 10, no qual foram realizadas dez filtrações e dez
limpezas. A Tabela 3.3 apresenta a denominação dos ensaios.
Material e Métodos
65
Tabela 3.3: Designação dos ensaios realizados.
Número de ciclos realizados
Ensaio
01 02 03 04 05 06 07 08 09 10
01
02
03
04
05
06
07
08
09
10
Os tecidos obtidos após a limpeza foram tratados através do procedimento
desenvolvido por AGUIAR (1995) para a preparação das partes dos tecidos para serem
análisados no MEV, constituído pelas etapas de pré-endurecimento do tecido, de
embutimento, de seccionamento, de esmerilamento e de polimento. Estas etapas estão
descritas no ANEXO A. As partes analisadas foram retiradas preferencialmente das
mesmas regiões do filtro. Uma ilustração do local aproximado de onde eram retiradas as
amostras é apresentada na Figura 3.9, sendo cada uma cortada em quadrados de cerca de
1 cm de lado. A Figura 3.10 apresenta o aspecto da limpeza aos pedaços, em uma
amostra após o endurecimento, para melhor visualização.
Figura 3.9: Partes da torta removidas para análise em MEV ou microscopia ótica.
Material e Métodos
66
Figura 3.10: Aspecto da limpeza aos pedaços em uma amostra de tecido já endurecida.
A profundidade de deposição das partículas no interior do meio filtrante foi
medida para pelo menos duas das quatro partes do filtro. Em cada amostra escolheram-
se duas colunas, ou duas faixas, sendo preferencialmente uma onde houve remoção de
torta e outra onde não houve, totalizando quatro perfis transversais analisados. Estes
perfis foram fotografados, tirando-se dez microfotografias seqüenciais do comprimento
de cada coluna, da superfície torta-ar até aproximadamente 1,0 mm de profundidade,
com aumento de 2000X. Adotou-se esta profundidade limite, pois a partir deste ponto
não se observava mais nenhuma partícula, sendo que a análise de toda a profundidade
do tecido tornaria o processo oneroso e demasiado lento. A Figura 3.11 apresenta uma
ilustração deste processo, envolvendo as cinco primeiras fotos.
Figura 3.11: Esquema de cinco fotos tiradas do interior do meio filtrante, em seqüência,
para determinação da profundidade de penetração, com aumento de 2000X.
Material e Métodos
67
As imagens obtidas no MEV foram, então, processadas em um analisador de
imagens, Image Pro-Plus, versão 3.0. O processamento era realizado binarizando-se as
imagens a fim de se obter um melhor contraste entre as partículas e o restante da
amostra, facilitando e proporcionando maior confiança na contagem e na determinação
do diâmetro, realizada automaticamente pelo software.
Este processo possibilitou observar ainda se a limpeza ocorre de forma
heterogênea no interior do tecido, como ocorre na superfície e ainda verificar a
distribuição granulométrica das partículas no interior do mesmo. A Figura 3.12 ilustra a
microfotografia original e a binarizada pelo software.
a)
b)
Figura 3.12: Comparação entre a microfotografia da foto original (a) e a binarizada pelo software (b).
Desta forma foi possível obter os dados de profundidade de penetração, o
número de partículas em cada faixa fotografada e a distribuição granulométrica de cada
material.
3.5.2 COMPARAÇÃO ENTRE OS MATERIAIS PULVERULENTOS
Foram realizados experimentos visando avaliar a performance dos ciclos de
filtração com materiais pulverulentos com características diferentes. Utilizou-se para
essa finalidade a rocha fosfática grossa e o polvilho doce em ensaios com as mesmas
condições experimentais descritas anteriormente.
Para comparação das duas variedades de rocha fosfática, foram realizados
experimentos apenas para os ciclos 1, 5 e 10, com o acrílico, uma vez que se verificou
Material e Métodos
68
que a profundidade de penetração não variou com o número de ciclos. O acrílico foi
selecionado por apresentar melhores condições de limpeza e alcançar a estabilidade
mais rapidamente. Para este material as análises de profundidade de penetração também
foram realizadas em microscópio eletrônico de varredura.
As análises em que se utilizou o polvilho doce foram realizadas para os ciclos
1, 3, 5 e 10, em poliéster tratado e em poliéster não tratado, para comparação destes dois
tecidos em ensaios com a rocha fosfática fina. No caso do polvilho doce, por se tratar de
um material orgânico, e de difícil observação em MEV, as análises de profundidade de
penetração foram realizadas em um microscópio ótico, da marca OLYMPUS Bx60.
Como se trata também de um material de granulometria aproximadamente homogênea,
a análise da variação de diâmetro de partículas no interior do meio filtrante não foi
realizada.
Aplicando-se a metodologia aqui descrita e com o auxílio destas ferramentas,
deu-se início à parte experimental.
Resultados e Discussão
69
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Neste capítulo segue a apresentação dos resultados obtidos, envolvendo
primeiramente os resultados preliminares realizados com todos os tecidos adquiridos.
Concomitantemente, segue-se a discussão destes resultados.
4.1 ENSAIOS PRELIMINARES
Com o intuito de se fazer uma observação mais minuciosa da superfície dos
tecidos, obteve-se microfotografias dos mesmos. As imagens obtidas estão apresentadas
na Figura 4.1. Por meio destas microfotografias, pôde-se verificar que o tecido de
polipropileno apresentou uma estrutura superficial mais fechada que os demais feltros
analisados, por causa do maior número de pontos quentes (hot spots), resultantes dos
processos de calandragem e chamuscagem. Esta característica ocorreu porque as fibras
da superfície são fundidas pelo calor do tratamento, resultando em pontos fechados na
superfície do tecido. Com relação aos tecidos trançados, o Nylon apresentou fibras mais
homogêneas, sem pespontados, quando comparado aos outros filtros, enquanto o
algodão exibiu uma superfície menos uniforme.
Em seguida, realizou-se uma série de testes preliminares, visando averiguar o
comportamento destes meios filtrantes durante a filtração. Como material particulado,
utilizou-se a rocha fosfática de diâmetro médio volumétrico igual a 4,55
µm,
denominada rocha fina.
As filtrações foram realizadas aplicando-se uma velocidade de filtração de
10 cm/s, sendo que a perda de carga máxima não foi estipulada. Como o objetivo dos
ensaios era apenas observar o comportamento dos filtros com o decorrer do processo de
filtração, cada ensaio era realizado até haver alguma alteração no comportamento das
curvas, ou até cerca de 600 mmH2O. Os resultados obtidos estão apresentados pela
Figura 4.2.
Resultados e Discussão
70
a)
b)
c)
d)
e)
f)
g)
Figura 4.1: Microscopia eletrônica de varredura dos tecidos testados. Aumento de 50X:
a) Acrílico; b) Polipropileno; c) Poliéster não tratado; d) Poliéster tratado, e) Algodão;
f) Nylon; g) Poliéster trançado.
Resultados e Discussão
71
0,00 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06
0
100
200
300
400
500
600
700
Perda de Carga (mmH
2
O)
Carga Mássica (g/cm
2
)
Figura 4.2: Ensaios preliminares nos tecidos. (
!) Algodão com o-ring; (,) Poliéster tratado;
(
7) Poliéster não tratado; (Β) Polipropileno; (Λ) Acrílico; () Nylon com O-ring; (β) Poliéster
trançado com O-ring; (
) Algodão com rede; (8) Nylon com rede e O-ring.
Os tecidos trançados confeccionados com algodão, poliéster e Nylon
apresentaram dificuldades de manuseio devido à sua baixa espessura e elevada
flexibilidade. No caso do Nylon, o tecido chegava a escapar do módulo com o aumento
da perda de carga. O algodão, que por sua vez era mais espesso, também apresentou
dificuldade semelhante, sendo que a filtração provocava uma grande deformação no
tecido, que tomava a forma de uma semi-esfera. Devido a isso houve dificuldades em se
remover o módulo que continha o tecido do sistema para as pesagens necessárias,
havendo desestruturação da torta, pois o fundo do tecido encostava-se no suporte do
módulo.
Buscando solucionar estes problemas, adaptou-se uma rede de arame ao
módulo, com o objetivo de impedir o escape do tecido, bem como de sua deformação
(formação da concavidade) com o aumento da pressão de filtração. Esta rede era feita de
uma malha de aço semelhante a uma peneira, a exemplo das gaiolas utilizadas nos
filtros de manga industriais. Por possuir uma abertura razoavelmente grande,
considerou-se que este dispositivo não interferiria no valor da perda de carga registrada.
Posteriormente, adaptou-se uma espécie de O-ring achatado, de mesmo diâmetro do
filtro, simulando uma maior espessura e garantindo a vedação do sistema.
Resultados e Discussão
72
Os ensaios apresentados na Figura 4.2 foram realizados, para todos os tecidos
trançados, com o O-ring preso ao módulo, exceto o ensaio “algodão com rede”, pois o
conjunto ficou demasiado espesso, dificultando a colocação do módulo no sistema de
filtração.
A análise das curvas evidencia as três fases da filtração, como foi apresentado
no Capítulo 2. No caso dos tecidos não trançados, particularmente o poliéster não
tratado, a primeira fase, ou estágio de filtração interna, onde há a captura de partículas
pelas fibras do tecido, foi mais visível que nos demais tecidos. Para os outros tecidos
não trançados as três fases são também visíveis no primeiro ciclo, mas menos evidentes.
Para o polipropileno, por exemplo, a fase inicial é muito menor que para os feltros.
Com o decorrer das filtrações, após a formação da torta, caracterizada pela
parte linear da curva de filtração, ocorreu uma alteração deste padrão linear de
comportamento nos feltros. Nos casos aqui estudados, ocorreu uma diminuição da taxa
de aumento da perda de carga em função da massa coletada no filtro, ou seja, a massa
depositada passou a provocar um menor aumento na perda de carga. Este
comportamento não é ainda um fenômeno completamente compreendido, sendo muitas
vezes atribuído a uma reestruturação do tecido ou da torta, ou ainda, ao rompimento de
algumas fibras, quando submetidas a valores maiores de perda de carga. Nestas
condições haveria maior abertura para a passagem do ar. No caso dos experimentos
realizados nesta pesquisa, este rompimento não foi observado.
SILVA et al. (1999b) atribuíram este comportamento a um aumento da
porosidade da torta que ocorria da interface torta-filtro para a interface torta-ar,
observado em seus experimentos, e a uma diminuição da resistência específica da
mesma. DENNIS e KLEM (1982) sugerem que este comportamento pode estar
associado ao colapso dos poros da torta, e resultaria em um aumento da penetração de
partículas no tecido. Porém, este comportamento não está ainda claramente
compreendido.
A partir das curvas da Figura 4.2, limitou-se a perda de carga em 200 mmH
2
O,
para se ter uma melhor visualização das curvas, mostrada na Figura 4.3, que nada mais é
que uma ampliação do gráfico da Figura 4.2. Por esta Figura verifica-se mais facilmente
o comportamento distinto entre as curvas, quando submetidas às mesmas condições. A
Resultados e Discussão
73
perda de carga inicial é marcadamente diferente, sendo superior para o tecido de
algodão e menor para os demais tecidos estudados.
0,000 0,003 0,006 0,009 0,012 0,015 0,018 0,021
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
200
220
Perda de Carga (mmH
2
O)
Carga mássica (g/cm
2
)
Figura 4.3: Ampliação das curvas de filtração dos ensaios preliminares. (
!) Algodão com
o-ring; (
,) Poliéster tratado; (7) Poliéster não tratado; (Β) Polipropileno; (Λ) Acrílico;
(
) Nylon com O-ring; (β) Poliéster trançado com O-ring; () Algodão com rede; (8) Nylon
com rede e O-ring
As curvas do algodão e do poliéster trançado apresentaram a concavidade
correspondente à fase de transição oposta aos demais tecidos. Este comportamento não
pode ser expandido para todos os tecidos trançados, uma vez que o Nylon apresentou
comportamento semelhante aos demais feltros. No entanto, DENNIS e KLEMM (1982)
que descreveram a filtração em termos de perda de carga pela velocidade (
P/V),
conhecido por arraste, em função da carga mássica, para diferentes tecidos trançados,
verificaram que, para o caso de tecidos trançados multifilamentosos, com pespontados e
vazios entre os fios, houve um preenchimento destes vazios e depressões antes da
formação da torta, com elevado aumento da perda de carga no início da filtração.
As microfotografias de superfície realizadas neste trabalho, para os tecidos de
algodão e poliéster trançado comprovam a existência de pespontados nos fios formados.
Mas, isso não ocorre no Nylon, ratificando os resultados de DENNIS e KLEMM
(1982). No entanto, o Nylon apresentou a maior taxa de aumento de perda de carga em
função da carga mássica estudada, o que pode indicar uma menor permeabilidade.
Resultados e Discussão
74
O poliéster sem tratamento, por sua vez, apresentou o maior período de
filtração interna. Se por um lado, esta constatação indica a eficiência do tratamento
superficial recebido em minimizar a penetração de partículas no interior do meio
filtrante, por outro lado, ressalta o aumento da perda de carga inicial produzida por este
tratamento nos demais tecidos, tornando o ciclo mais curto. Pode ser, ainda, que esteja
ocorrendo o transpasse de partículas pelo meio filtrante, ou seja, a penetração de
partículas através do filtro sem tratamento, ocasionando uma baixa eficiência. No
entanto, este fato não foi investigado, uma vez que neste trabalho não se determinou a
eficiência dos meios filtrantes. A informação relativa à maior penetração de partículas
no interior do meio filtrante será investigada posteriormente, pelas análises
microscópica interna dos tecidos.
Nos ensaios com tecidos trançados com a adaptação da rede de arame ao
módulo, sob o tecido, foi possível verificar que a perda de carga aumentava inicialmente
com uma taxa muito menor que aquela dos ensaios sem a rede e com O-ring,
permanecendo praticamente constante após algum tempo de filtração, como ilustra as
Figuras 4.2. e 4.3.
Esta diferença de comportamento pode ser provocada pelo fechamento dos
poros da superfície do tecido com o aumento da perda de carga, nos ensaios sem rede,
produzidos pela deformação dos tecidos, comprimindo as fibras superficiais e a torta já
formada.
A presença da rede forçou o tecido a manter sua forma plana, com os poros
abertos, mantendo uma grande permeabilidade ao ar, que pode ser o motivo pelo qual a
perda de carga apresentava pouca alteração no decorrer da filtração. Provavelmente, a
torta formada sob estas condições seja diferente daquela em que a filtração foi realizada
sem a rede, o que pode ser confirmado pelos valores da resistência específica da torta,
apresentados posteriormente na Tabela 4.1.
Outro fato interessante observado na Figura 4.3 foi que, nos ensaios com a
rede, a concavidade para estes dois tecidos trançados foi semelhante, ao contrário do
que foi apresentado nos ensaios apenas com o O-ring, quando o Nylon apresentou uma
curva praticamente linear.
No entanto, comparando-se os ensaios com e sem rede para os dois tecidos
testados, verifica-se que a distensão e conseqüente deformação dos filtros colaboram em
Resultados e Discussão
75
grande parte para o aumento da perda de carga da filtração já que, com a rede, a taxa de
aumento de perda de carga foi significativamente menor.
Para avaliar a resistência específica da torta formada em cada tecido,
determinou-se o K
2
experimental para as curvas da Figura 4.3 de acordo com a equação
2.17. Os valores obtidos estão apresentados na Tabela 4.1.
Tabela 4.1: Determinação da resistência específica das tortas de filtração dos ensaios
preliminares.
Tecido Resistência específica da torta (s
-1
)
Algodão (fase 1)
2,4.10
-6
Algodão (fase 2)
9,7.10
-4
Poliéster Tratado
2,1.10
-5
Poliéster não tratado
1,2.10
-5
Polipropileno
6,7.10
-5
Acrílico
2,1.10
-5
Nylon com O-ring
7,3.10
-5
Poliéster trançado
1,3.10
-5
Nylon com a rede (fase 1)
4,8.10
-5
Nylon com a rede (fase 2)
1,2.10
-4
Algodão com a rede (fase 1)
Fase não linear – não determinada
Algodão com a rede (fase 2)
1,5.10
-4
No caso do algodão com O-ring, do algodão com rede e do Nylon com rede e
O-ring, calculou-se a permeabilidade para a primeira fase linear (aqui chamada fase 1) e
para a segunda (chamada fase 2).
A diferença apresentada no coeficiente angular da primeira parte linear das
curvas (antes da deformação), correspondente à filtração pela torta, e confirmada pelos
valores apresentados na Tabela 4.1, indica que a estrutura do tecido interfere na torta
formada, ao contrário do que afirmaram alguns autores (JAPUNTICH et al., 1994), pelo
menos quando se utiliza um tecido limpo. A semelhança deste coeficiente ocorreu
apenas em alguns tecidos, sob determinadas condições, como foi entre o poliéster
tratado e o acrílico, e entre o polipropileno e o Nylon, que entre 100 e 200 mm H
2
O
apresentaram resistência específica praticamente iguais, mas depois tiveram
comportamento diverso, de modo que não se pode atribuir às características semelhantes
da torta.
De posse destes dados, e avaliando-se a dificuldade apresentada por cada
tecido, optou-se por trabalhar com quatro deles: o acrílico, o polipropileno e o poliéster,
Resultados e Discussão
76
todos tratados, e o poliéster não tratado, uma vez que os tecidos trançados apresentaram
as dificuldades descritas no manuseio dos mesmos, o que poderia conduzir a resultados
não reprodutíveis e não confiáveis.
Para possibilitar a comparação entre estes meios filtrantes e se ter maior
clareza dos resultados obtidos realizaram-se testes para caracterizar os filtros, que serão
apresentados no item a seguir.
4.2 CARACTERIZAÇÃO DOS MEIOS FILTRANTES
Os tecidos selecionados para o desenvolvimento da pesquisa foram o acrílico,
o polipropileno e o poliéster, como exemplos de tecidos tratados superficialmente, e o
poliéster sem tratamento, como exemplo de tecido não tratado.
Dentre as características passíveis de serem investigadas, o diâmetro linear da
fibra, a porosidade, a permeabilidade e a densidade de empacotamento dos meios
filtrantes foram as propriedades determinadas para qualificar os tecidos.
Tentou-se determinar a porosidade dos meios filtrantes utilizando o
porosímetro a mercúrio. Porém, os resultados obtidos não foram conclusivos, uma vez
que as características do meio filtrante inviabilizaram a validade dos resultados, pela
própria metodologia de análise. O problema ocorreu porque os poros dos tecidos
testados são relativamente grandes, o que permite a entrada de determinada quantidade
de mercúrio no meio filtrante antes de se iniciar a pressurização da amostra. Desta
forma, a quantidade de mercúrio que penetra na amostra apontada pelo teste é
geralmente inferior ao valor real, o que resultou em valores incorretos e não
reprodutíveis. Desta forma, a porosidade foi obtida pela equação de Ergun e comparada
com a porosidade superficial obtida em microscópio ótico, após o tratamento da
amostra.
Os resultados de permeabilidade assim como os de porosidade calculados por
Ergun foram obtidos variando-se a velocidade e verificando-se a variação da perda de
carga. Os dados destas curvas apresentam-se no ANEXO B Para obtenção da
permeabilidade os dados levantados foram ajustados utilizando-se a Equação (2.8). Com
estes mesmos dados e considerando os valores de diâmetro de fibras, obtidos via
Resultados e Discussão
77
microscopia ótica, utilizou-se a equação de Ergun (Equação 2.22) para determinar a
porosidade teórica. Os valores de viscosidade e de densidade do ar utilizados nos
cálculos foram 1,82.10
-5
kg/m.s e 1,21 kg/m
3
, respectivamente, para uma temperatura de
20 ºC. Os resultados da caracterização dos tecidos estão sumarizados na Tabela 4.2.
Tabela 4.2: Caracterização dos meios filtrantes
Meio filtrante
Polipropileno
(PP)
Acrílico
(AC)
Poliéster
tratado (PT)
Poliéster não
tratado (PNT)
*Especificação
3008PP 7002AC 1016P 1016P
*Contextura
Feltro
Agulhado
Feltro
Agulhado
Feltro
Agulhado
Feltro
Agulhado
*Gramatura (g/cm
2
)
600 550 550 550
*Tratamento
Calandrado/
chamuscado
Calandrado/
chamuscado
Calandrado/
chamuscado
Nenhum
*Espessura nominal
(mm)
2,5 – 2,8 2,2 1,9 Não fornecido
***Espessura óptica
(mm)
2,5 2,5 2,5 4,0
*Diâmetro nominal de
fibras (µm)
21,0 21,0 21,0 21,0
***Diâmetro linear de
fibras (µm)
23,6 22,7 19,43 17,75
**Porosidade Ergun
0,78 0,83 0,82 0,87
***Porosidade
Superficial
0,72 0,77 0,81 0,88
**Densidade de
Empacotamento
0,28 0,23 0,19 0,12
**Permeabilidade ao ar
(m
2
)
2,2.10
-8
5,5.10
-8
5,9.10
-8
9,4.10
-8
Dados: *fornecidos pelo fabricante; **calculado pelo autor; *** determinado pelo autor
por microscópio ótico e análise de imagem.
A densidade de empacotamento apresentada na Tabela 4.2 foi obtida pela
equação 2.21.
A semelhança observada nas características do acrílico e do poliéster tratado
justificam a paridade dos valores de perda de carga inicial apresentados nos estudos
preliminares. Desta forma, como a menor permeabilidade e porosidade resultaram
também em uma maior perda de carga inicial, o contrário é válido para o poliéster sem
tratamento, cujos maiores valores de permeabilidade e porosidade resultaram em
menores valores de perda de carga inicial.
De posse dos dados de caracterização dos meios filtrantes, deu-se início à fase
de investigação da filtração propriamente dita, com o levantamento das características
Resultados e Discussão
78
de filtração para cada filtro e de cada material pulverulento, e da relação destas
características com a profundidade de penetração de partículas no interior do meio.
Este estudo foi dividido na etapa de apresentação de cada experimento,
separadamente, seguido da etapa comparativa entre os experimentos de cada grupo. Os
grupos de experimentos foram separados em:
a.
Grupo de avaliação do tecido: experimentos realizados com os quatro tecidos (AC,
PP, PT e PNT) e com rocha fina (3,71
µm);
b.
Grupo de avaliação do tratamento do tecido e efeito da forma das partículas:
experimentos realizados com o PT e com o PNT, filtrando tanto a rocha fina
(3,71
µm) quanto o polvilho doce (8,67 µm);
c.
Grupo de avaliação do diâmetro de partícula: experimentos realizados com as
rochas grossa (14,67
µm) e fina (3,71 µm) em acrílico;
d.
Grupo de avaliação do efeito da perda de carga máxima: experimentos realizados
em acrílico filtrando rocha grossa (14,67
µm), com perda de carga máxima de
100 mmH
2
O e 300 mmH
2
O.
4.3 ENSAIOS DE FILTRAÇÃO ACRÍLICO E ROCHA FINA (3,71 µM)
Os resultados dos ensaios utilizando acrílico estão apresentados na Figura 4.4.
Os valores de perda de carga (eixo das ordenadas) foram obtidos diretamente, em cada
experimento, através do sistema de aquisição de dados. Os valores de carga mássica
(eixo das abscissas) foram calculados para cada ponto coletado, conforme a
Equação 4.1.
t
it
T
T
A
M
CM
.= (4.1)
em que:
CM é a carga mássica aplicada ao filtro, em gramas por centímetro quadrado,
M
t
é a massa total de pó depositada, em gramas, capturada nos ciclos de filtração em
questão,
T
t
é o tempo total da filtração, em segundos, T
i
é o tempo correspondente a
Resultados e Discussão
79
cada ponto registrado pelo sistema de aquisição de dados, também em segundos e
A é a
área de filtração, em centímetros quadrados.
Na construção do gráfico da Figura 4.4, o eixo das abscissas representa a carga
mássica acumulada nos ciclos de filtração, ou seja, à massa filtrada do segundo ciclo
somou-se o valor final da massa filtrada no primeiro ciclo e assim sucessivamente. Foi
traçada uma curva média dos ensaios de cada ciclo, até 100 mmH
2
O, e o ciclo seguinte
foi construído partindo-se do último valor da abscissa desta curva média. Assim obteve-
se um gráfico com as curvas de filtração em seqüência.
A partir da análise da Figura 4.4, verifica-se que no primeiro ciclo há uma
maior evidência da filtração interna, conforme prevê a literatura, seguido de uma fase de
transição e, logo após, de uma etapa de filtração superficial, com aumento linear da
perda de carga com a massa capturada.
A filtração interna torna-se quase desprezível nos ciclos subseqüentes, sendo a
taxa de aumento da perda de carga significativamente superior àquela apresentada no
primeiro ciclo.
0,000 0,003 0,006 0,009 0,012 0,015 0,018 0,021
0
20
40
60
80
100
120
Perda de Carga (mmH
2
O)
Carga Mássica Acumulada (g/cm
2)
)
Figura 4.4: Perfil de perda de carga para os dez ciclos de filtração do Acrílico e rocha fina.
(
!) Ensaio 01; (,) Ensaio 02; (7) Ensaio 03; (Β) Ensaio 04; (Λ) Ensaio 05; () Ensaio 06;
(
β) Ensaio 07; (µ) Ensaio 08; (ξ) Ensaio 09; () Ensaio 10.
Resultados e Discussão
80
O ponto de colmatação médio dos dez primeiros ciclos foi determinado
graficamente, conforme metodologia descrita no Capítulo 2, a partir da dez curvas
correspondentes ao ciclo 1, apresentadas na Figura 4.4. O valor obtido foi igual a
3,10.10
-3
g/cm
2
± 6,6.10
-4
. Esta variação é conseqüência da heterogeneidade do meio
filtrante, sendo que depois que o tecido foi saturado com partículas nos ciclos
subseqüentes, as curvas tornam-se bastante próximas. Este comportamento foi
observado em todos os experimentos.
Nota-se na Figura 4.4 que o primeiro ciclo do Ensaio 06 apresentou
comportamento distinto, provavelmente por alguma alteração experimental não
determinada. O desvio de comportamento prosseguiu também no segundo ciclo, mas
nos ciclos seguintes realizados no Ensaio 06 o comportamento voltou a obedecer ao
padrão dos demais.
Uma segunda constatação é referente ao decréscimo de massa coletada
(filtrada) em cada ciclo, como resultado da retenção de partículas após a limpeza, e
conseqüente tendência de saturação do conjunto torta-tecido. A Tabela 4.3 apresenta os
valores da massa filtrada em cada ciclo, considerando-se o valor médio dos dez ensaios.
Admitindo-se que a massa de pó alimentada foi praticamente constante,
verificou-se que, com a diminuição da massa filtrada diminuiu, conseqüentemente, a
duração da filtração, já que a perda de carga máxima de 100 mmH
2
O foi alcançada mais
rapidamente. No entanto, após o 3º ciclo verificou-se que a taxa de diminuição da massa
coletada foi menor, com tendência a permanecer constante com o número de ciclos.
Tabela 4.3: Variação da massa coletada média com o número de ciclos para o Acrílico e
rocha fina.
Ciclo
Massa
(g/cm
2
)
1 0,0082
2 0,0019
3 0,0013
4 0,0013
5 0,0012
6 0,0013
7 0,0011
8 0,0011
9 0,0010
10 0,0010
Resultados e Discussão
81
Outra observação importante apresentada na Figura 4.4 está relacionada à
forma das curvas dos ciclos que, a partir do segundo ciclo possuem o formato de “S”,
que vai sendo amenizado e se tornando quase uma reta nos ciclos finais. Essa formação
é verificada nos demais experimentos realizados neste trabalho, bem como em outros
trabalhos da área, e remete ao comportamento do primeiro ciclo das curvas da Figura
4.2, quando submetidas a perdas de carga elevadas.
Este comportamento não linear das curvas de filtração, segundo descrito no
trabalho de MOREIRA et al. (1999), pode estar associado à eficiência de limpeza, sendo
que os autores observaram que quanto maior a eficiência de remoção, mais próximo de
uma reta seria o comportamento, e quanto menor a regeneração do tecido, maior a
concavidade apresentada pelas curvas, e portanto, mais distante da linearidade.
No entanto, quanto à não linearidade do início das curvas de filtração, deve ser
citado o fato de que, em outros trabalhos o intervalo de aquisição de dados era maior
que os 5 segundos utilizados neste trabalho. Assim, esta primeira fase não apareceu em
outros estudos analisados, inclusive no de MOREIRA et al. (1999), por sua curta
duração, equivalente a poucos segundos nestes experimentos.
Pode ser também que, como a remoção ocorre em blocos (patchy cleaning), a
superfície original de filtração efetiva seja reduzida após a limpeza, e a velocidade nas
áreas regeneradas seja maior que no primeiro ciclo (MANUAL VDI), ou seja, ocorrem
canais preferenciais na superfície do tecido até que, com a formação de uma nova torta,
este comportamento seja normalizado, ou melhor, linearizado.
Considerando-se a seção linear das curvas de filtração em todos os ciclos,
pode-se fazer uma avaliação do desenvolvimento da resistência específica da torta em
cada ciclo. A média de cada ciclo dos ensaios realizados está apresentada na
Tabela 4.4, sendo que o valor referente ao segundo ciclo foi calculado
desconsiderando-se o dado do Ensaio 6, que deu muito discrepante dos demais, devido à
alguma alteração experimental não determinada. O ponto correspondente ao ciclo 10
não possui desvio padrão, pois houve apenas um ponto (o ciclo 10 do ensaio 10), como
explicado no Capítulo 3.
Para o Acrílico, verificou-se que a taxa de aumento da resistência efetiva da
torta diminuiu ciclo a ciclo, sendo muito maior entre o primeiro e o segundo ciclo. No
entanto, estes valores se mantiveram muito próximos após o quinto ciclo.
Resultados e Discussão
82
Tabela 4.4: Resistência específica média da torta determinada graficamente, para os
ensaios com Acrílico e rocha fina.
Ciclo K
2
(s
-1
) Desvio padrão
1 1,9.10
5
2,1.10
4
2 7,7.10
5
8,0.10
4
3 6,5.10
5
7,3.10
4
4 6,5.10
5
9,6.10
4
5 6,9.10
5
6,0.10
4
6 6,9.10
5
1,4.10
5
7 7,0.10
5
5,3.10
4
8 7,6.10
5
5,7.10
3
9 7,6.10
5
2,2.10
4
10 8,7.10
4
-
A redução da duração dos ciclos de filtração apresentada na Figura 4.4 pode
ser resultado não apenas do aumento da resistência específica da torta, mas também do
acúmulo de partículas no meio filtrante. Esta constatação se confirma ao se analisar a
Figura 4.5, em que se verifica que a massa retida acumulada, a exemplo da massa
coletada, apresenta a tendência a tornar-se constante a partir do quinto ciclo,
coincidindo com o ciclo em que a resistência específica da torta torna-se
aproximadamente constante.
01234567891011
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
Massa Retida Acumulada e Removida (g)
Número de ciclos
Figura 4.5: Massa de material pulverulento removida pela limpeza (
símbolos vazios) e
retida após a mesma (
símbolos cheios), para o AC e rocha fina: (!∀) Ensaio 01;
(
,−) Ensaio 02; (78) Ensaio 03; (ΒΧ) Ensaio 04; (ΛΜ) Ensaio 05; (ΩΞ) Ensaio 06;
(
βχ) Ensaio 07; (µν) Ensaio 08; (ξψ) Ensaio 09; () Ensaio 10.
Quanto à massa removida, verifica-se pouca variação em seu comportamento,
sendo este praticamente constante desde o primeiro ciclo. Deste modo, pode-se
Resultados e Discussão
83
presumir que, a partir do quinto ciclo, a massa que foi coletada na filtração passa a ser
removida na limpeza. Como conseqüência deste acúmulo de partículas nos ciclos
iniciais, ocorreu um aumento da perda de carga inicial nos ciclos subseqüentes à
primeira limpeza. Esta diferença, denominada perda de carga residual, pode ser mais
bem visualizada pela Figura 4.6.
01234567891011
0
10
20
30
40
50
60
70
80
Perda de Carga Residual (mmH
2
O)
Número de Ciclos
Ensaio 01
Ensaio 02
Ensaio 03
Ensaio 04
Ensaio 05
Ensaio 06
Ensaio 07
Ensaio 08
Ensaio 09
Ensaio 10
Figura 4.6: Perfil da variação de perda de carga residual para os ensaios com Acrílico e
rocha fina.
Verifica-se que a perda de carga residual tendeu a apresentar um
comportamento semelhante ao da curva de massa retida, sendo que o valor máximo não
ultrapassou 30 mmH
2
O, e tornou-se constante nos ciclos finais. Este fato revela uma
relação entre a massa retida e a perda de carga residual, mostrada pela Figura 4.7, para o
caso destes experimentos, apesar das variações de ciclo para ciclo, que podem ser
atribuídas à heterogeneidade do meio filtrante ou a erros da balança, visto que as massas
são relativamente pequenas.
0,00 0,02 0,04 0,06 0,08 0,10 0,12 0,14
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
P/V (Pa.m/s)
M/A (kg/m
2
)
Ensaio 1
Ensaio 2
Ensaio 3
Ensaio 4
Ensaio 5
Ensaio 6
Ensaio 7
Ensaio 8
Ensaio 9
Ensaio 10
Figura 4.7: Relação entre a perda de carga residual e a massa retida para o Acrílico e
rocha fina.
Resultados e Discussão
84
A curva de tendência destes pontos expressam o comportamento de uma
equação potencial, do tipo y = a.x
b
, que pode ser expressa pela equação 4.2:
1,44
ret
A
M
60451.
=
V
P
(4.2)
Com o objetivo de verificar a relação da eficiência de remoção de pó e a perda
de carga residual, construiu-se o gráfico de fração de massa removida, apresentado na
Figura 4.8.
01234567891011
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1,0
Fração Removida
Número de Ciclos
Ensaio 01
Ensaio 02
Ensaio 03
Ensaio 04
Ensaio 05
Ensaio 06
Ensaio 07
Ensaio 08
Ensaio 09
Ensaio 10
Figura 4.8: Perfil da fração de massa removida da torta, para o Acrílico e rocha fina.
Verifica-se que a eficiência de remoção, além de constante, foi bastante
reduzida, sendo menor que 20% da massa de pó total no filtro após cada filtração.
No entanto, deve-se ressaltar que a espessura de torta formada foi pequena, o
que pôde ser observado pelos baixos valores de massa coletada por unidade de área.
Com estes valores de eficiência de limpeza reduzidos, pode-se considerar que
a forma em “S” das curvas subseqüentes à primeira limpeza possam realmente ser
atribuídas a uma limpeza deficiente, como comentado por MOREIRA et al. (1999).
Pode ser que com a pequena espessura da torta, a eficiência de limpeza seja
reduzida porque parte significativa do material pulverulento permaneça no interior do
meio filtrante.
Esta acomodação pode ser observada pela Figura 4.9, em uma camada de
aproximadamente 500 µm, correspondente às cinco primeiras fotos do interior do
tecido, para alguns dos ciclos de filtração.
Resultados e Discussão
85
Verifica-se a heterogeneidade do processo, sendo nítida a ocorrência de um
maior número de partículas nas camadas mais superficiais do tecido, bem como a
permanência de uma camada de torta remanescente em alguns ciclos e a ocorrência de
camadas sem torta nenhuma em outros (caso da coluna correspondente ao Ciclo 03b), o
que ilustra a remoção em blocos.
Outra importante observação é o fato de que as partículas de rocha fosfática
fina permanecerem muito próximas das fibras, principalmente nas fibras mais internas
do tecido (ou nas fibras mais profundas) podendo ser os resquícios dos dendritos
formados.
A avaliação da penetração de partículas no Acrílico pode ser realizada
considerando-se a Tabela 4.6, em que é possível verificar a variação da profundidade de
penetração de partículas com o número de ciclos, bem como a variação do diâmetro
médio das partículas com a profundidade do tecido e com o número de ciclos.
Verifica-se que o diâmetro de partículas não apresentou tendência de aumentar
ou diminuir com o número de ciclos.
Do mesmo modo, não foi observada variação considerável do diâmetro de
partículas com a profundidade do meio filtrante.
Pode-se observar que a profundidade média variou entre cerca de 480 e
750 µm, aproximadamente, sem apresentar tendência definida de aumentar ou diminuir
com o número de ciclos.
Além disso, pela Tabela 4.6, pode-se verificar o desvio padrão de cada
amostra apresentada na Tabela 4.5, cujos dados não foram colocados juntos por uma
questão de espaço.
Resultados e Discussão
86
Interface torta-ar
Ciclo 01a Ciclo 01b Ciclo 03a Ciclo 03b Ciclo 04a Ciclo 04b Ciclo 05a Ciclo 05b Ciclo 10
Interior do meio filtrante (aproximadamente 500 µm da superfície do tecido)
Figura 4.9: Seção transversal do acrílico em diferentes ciclos
Resultados e Discussão
87
Tabela 4.5: Penetração de partículas de rocha fina no Acrílico: diâmetros de partículas com a profundidade do tecido.
Diâmetro de partículas (µm)
Profundidade
Ensaio
(µm)
1 2 3 4 5
0-107 1,456 1,076 1,333 1,382 1,086 1,105 1,443 1,016 0,971 1,152 1,010 0,977 1,584 1,489 1,544 1,623 0,935 1,164 2,365 2,025
107-214 1,028 0,945 1,447 0,953 1,148 0,958 1,278 0,91 1,038 1,154 0,946 0,947 1,255 1,139 1,611 1,325 0,985 1,109 2,373 1,986
214-321 1,145 1,065 0,998 0,853 1,183 1,099 1,225 0,994 0,960 1,06 0,733 0,979 1,163 0,980 1,024 - 1,016 1,122 2,292 1,651
321-428 1,237 0,868 1,261 - 1,176 1,239 1,336 1,054 1,235 - 0,789 1,098 0,904 1,081 0,788 1,905
428-535 1,022 0,811 1,001 0,658 0,938 1,737 0,841 0,838 0,977 0,975 1,317 1,442 1,100 0,825 0,900 1,492
535-642 0,653 0,995 0,754 1,02 1,869 1,063 0,737 1,099 - 0,8 0,879 0,81 1,988
642-749 0,636 0,656 1,212 0,889 0,876 1,059 0,96 1,623 0,614
749-856 0,521 1,201 1,357 0,796 0,957 0,696
856-963 0,721 1,423 0,849 0,620
963-1070 0,819 0,794
Profundidade
média (µm)
722,3 749 749 588,5 615,3
(µm)
6 7 8 9 10
0-107 1,200 1,332 0,967 - 1,641 1,089 0,990 0,898 1,017 0,798 0,954 0,819
107-214 1,269 1,212 0,885 0,91 1,966 0,86 1,003 0,968 1,148 0,775 0,852
214-321 1,087 0,887 - 0,945 1,93 0,973 0,933 - 1,227 1,426 0,800
321-428 0,825 - 0,908 0,917 1,099 1,468 0,823 1,112 0,828 1,053 0,535
428-535 0,746 0,746 0,867 0,786 - 0,989 1,221 -
535-642 1,054 1,277 1,179 1,214 1,238 0,733
642-749 0,558
749-856 0,681
856-963
963-1070
Profundidade
média (µm)
588,5 588,5 535 481,5 508,3
Resultados e Discussão
88
Tabela 4.6: Desvio padrão do diâmetro de partículas em cada camanda analisada do Acrílico.
Desvio padrão
Profundidade
Ensaio
(µm)
1 2 3 4 5
0-107 0,737 1,161 1,328 1,304 1,088 0,973 1,675 0,873 0,710 1,078 0,947 0,985 1,905 2,352 1,625 1,564 0,787 1,164 2,665 2,197
107-214 0,921 1,022 1,516 0,514 0,984 0,330 1,298 0,850 0,744 1,104 0,736 0,662 1,535 1,261 1,867 1,337 0,825 1,179 2,957 3,105
214-321 0,824 0,932 0,542 0,510 0,792 0,945 0,729 1,231 0,711 0,581 0,435 0,763 1,275 1,371 0,682 0,833 1,092 3,205 2,621
321-428 0,551 0,574 1,186 0,899 0,912 1,578 0,701 0,676 0,000 0,551 1,323 0,619 0,850 0,613 4,751
428-535 0,505 0,348 0,862 0,350 0,990 2,295 0,542 0,691 0,816 0,716 0,563 1,249 0,721 0,649 0,548 1,502
535-642 0,402 0,739 0,212 0,540 1,754 0,957 0,355 0,017 0,000 0,497 0,457 0,574 1,164
642-749 0,425 0,383 1,058 0,588 0,573 0,000 0,395 0,815 0,000 0,336
749-856 0,340 0,840 1,093 0,563 0,490 0,509
856-963 0,386 1,451 0,419 0,417
963-1070 0,418 0,369
(µm)
6 7 8 9 10
0-107 1,101 1,498 0,709 2,107 0,935 0,997 0,876 0,792 0,663 0,850 0,563
107-214 1,078 1,098 0,741 0,694 2,220 0,593 0,632 0,599 1,183 0,474 0,744
214-321 1,056 0,995 0,769 3,043 0,610 0,588 0,000 0,845 2,446 0,463
321-428 0,577 0,657 0,719 1,033 0,822 0,521 0,696 0,544 0,775 0,222
428-535 0,433 0,499 0,572 0,552 0,000 0,430 0,741
535-642 0,821 1,170 0,927 0,722 1,111 0,330
642-749 0,289
749-856 0,076
856-963
963-1070
Resultados e Discussão
89
A Figura 4.10 apresenta a variação do número de partículas em cada camada
de tecido, para cada ciclo.
0 200 400 600 800 1000 1200
-100
0
100
200
300
400
500
600
700
800
Número de Partículas
Profundidade do Tecido (µm)
Ensaio 1
Ensaio 2
Ensaio 3
Ensaio 4
Ensaio 5
Ensaio 6
Ensaio 7
Ensaio 8
Ensaio 9
Ensaio 10
Média
Figura 4.10: Variação do número de partículas com a profundidade do tecido para o
Acrílico.
Verifica-se que, a exemplo do diâmetro de partículas, não há tendência
definida do número de partículas aumentar ou diminuir com o número de ciclos.
No entanto, como observado pelas microfotografias, é evidente que a maior
parte das partículas concentra-se nas camadas mais superficiais do tecido, tendendo a
diminuir potencialmente com a profundidade, sendo que o máximo de partículas retidas
foi em torno de 700.
A linha de tendência foi traçada utilizando-se um ajuste exponencial sobre a
média do número de partículas em cada camada analisada, e a barra de erros expressa o
desvio padrão em cada ponto.
Os valores dos números de partículas no interior do acrílico podem ser
observados também pela Tabela 4.7.
Resultados e Discussão
90
Tabela 4.7: Valores do número de partículas retidas após a limpeza em cada camada do meio filtrante, para o Acrílico e rocha fina.
Número de partículas
Profundidade
Ensaio
(µm)
1 2 3 4 5
0-107 567 538 559 483 196 476 357 46 593 181 457 26 372 336 417 715 376 597 436 322
107-214 12 654 387 20 50 43 347 64 661 206 251 238 238 107 130 334 701 240 488 215
214-321 48 92 18 3 42 47 35 15 335 44 18 48 44 78 44 0 287 224 155 182
321-428 11 22 63 0 10 99 23 14 26 0 38 99 43 20 38 24 0
428-535 5 3 14 8 21 13 28 14 56 7 10 52 15 64 31 27
535-642 44 40 4 7 28 18 7 6 0 18 16 33 11
642-749 11 18 28 18 19 0 6 35 0 18
749-856 4 19 11 11 8 8
856-963 20 19 9 7
963-1070 8 8
soma
702 1309 1146 518 354 735 739 243 1624 544 739 360 753 521 739 1100 1532 1116 1117 719
(µm)
6 7 8 9 10
0-107 500 668 105 0 596 135 298 252 305 12 502 59
107-214 150 731 161 380 312 632 329 89 297 38 100
214-321 434 125 0 447 162 31 124 0 21 30 96
321-428 64 0 92 41 139 32 49 61 25 24 7
428-535 31 66 235 90 0 98 14 0
535-642 44 54 129 42 21 4
642-749 13
749-856 2
856-963
963-1070
soma
1223 1590 593 1012 1209 959 800 542 698 104 709 59
Resultados e Discussão
91
4.4 ENSAIOS DE FILTRAÇÃO POLIPROPILENO E ROCHA FINA (3,71 µM)
Os resultados obtidos para o Polipropileno estão apresentados na Figura 4.11.
Verifica-se que o comportamento das curvas de filtração do Polipropileno foi
qualitativamente semelhante ao do acrílico.
0,000 0,002 0,004 0,006 0,008 0,010 0,012
0
20
40
60
80
100
120
Perda de Carga (mmH
2
O)
Carga Mássica Acum ulada (g/cm
2
)
Figura 4.11: Perfil de perda de carga para os dez ciclos de filtração para o Polipropileno e rocha
fina: (
!) Ensaio 01; (,) Ensaio 02; (7) Ensaio 03; (Β) Ensaio 04; (Λ) Ensaio 05;
(
) Ensaio 06; (β) Ensaio 07; (µ) Ensaio 08; (ξ) Ensaio 09; () Ensaio 10.
Porém, apesar de também diminuir ciclo a ciclo, a massa coletada foi menor
em todos os ciclos, quando em comparação com o Acrílico, como apresenta a Tabela
4.7. Além disso, a massa coletada apresentou uma tendência decrescente nos dez ciclos
analisados, sem se tornar constante. Observa-se que a massa coletada neste tecido
diminuiu em uma ordem de grandeza do primeiro para o décimo ciclo.
A primeira fase da filtração também apresentou uma menor duração em
relação ao Acrílico. Possivelmente, esse comportamento pode indicar uma menor
penetração de partículas no interior do tecido, o que será verificado nas análises de
profundidade de penetração que seguem, em que são apresentados os resultados
comparativos entre os tecidos. Conforme os resultados de KANAOKA et al. (2001),
esta menor duração dos ciclos pode ser atribuída à menor permeabilidade e menor
porosidade deste tecido, como apresentado na Tabela 4.2, em relação ao acrílico.
Resultados e Discussão
92
Por esta mesma razão, pode-se atribuir o menor valor do ponto de colmatação
médio dos dez primeiros ciclos, determinado graficamente a partir da Figura 4.12, igual
a 1,21.10
-3
g/cm
2
± 3,1.10
-4
, quando comparado ao Acrílico.
Tabela 4.8: Variação da massa filtrada média com o número de ciclos para o
polipropileno
Ciclo
Massa
(g/cm
2
)
1 0,0048
2 0,0013
3 0,0010
4 0,0005
5 0,0009
6 0,0008
7 0,0007
8 0,0006
9 0,0005
10 0,0003
Outra constatação a partir da Figura 4.11, foi a de que as curvas apresentaram
um comportamento tipo “S” mais evidente nos ciclos iniciais, se forem comparadas
ciclo a ciclo com o Acrílico.
Além disso, a resistência específica da torta tendeu a aumentar a cada ciclo,
como pode ser comprovado pela Tabela 4.9.
Estes valores não apresentaram tendência a tornarem-se constantes dentro do
número de ciclos realizados neste trabalho.
Tabela 4.9: Resistência específica média da torta determinada graficamente, para os
ensaios com Polipropileno e rocha fina.
Ciclo K
2
(s
-1
) Desvio padrão
1 2,7.10
5
3,5.10
4
2 5,8.10
5
1,5.10
5
3 8,1.10
5
1,9.10
5
4 9,1.10
5
2,4.10
5
5 9,3.10
5
3,3.10
5
6 1,0.10
6
2,5.10
5
7 1,2.10
6
1,9.10
5
8 1,2.10
6
2,2.10
5
9 1,4.10
6
1,9.10
5
10 1,9.10
6
-
Resultados e Discussão
93
No entanto, não apenas estes resultados explicam os ciclos cada vez mais
curtos para o Polipropileno, mas também a massa acumulada no meio filtrante, que
aumentou ciclo a ciclo e tendeu a ser constante após o sexto ciclo, como apresentado na
Figura 4.12. A massa removida após a limpeza, porém, se manteve praticamente
constante em todos os ensaios, a exemplo do que ocorreu com o Acrílico.
01234567891011
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
Massa Retida Acumulada e Removida (g)
Número de ciclos
Figura 4.12 : Massa de material pulverulento removida pela limpeza (símbolos vazios)
e retida após a mesma (símbolos cheios) para o PP e rocha fina: (!∀) Ensaio 01;
(
,−) Ensaio 02; (78) Ensaio 03; (ΒΧ) Ensaio 04; (ΛΜ) Ensaio 05; (ΩΞ) Ensaio 06;
(
βχ) Ensaio 07; (µν) Ensaio 08; (ξψ) Ensaio 09; () Ensaio 10.
Verifica-se, na Figura 4.13, que o aumento da massa retida no meio filtrante
provocou também o aumento da perda de carga residual a cada ciclo.
01234567891011
0
10
20
30
40
50
60
70
80
Ensaio 1
Ensaio 2
Ensaio 3
Ensaio 4
Ensaio 5
Ensaio 6
Ensaio 7
Ensaio 8
Ensaio 9
Ensaio 10
Perda de Carga Residual (mmH
2
O)
Número de Ciclos
Figura 4.13 : Perfil da perda de carga residual para os experimentos com Polipropileno.
Resultados e Discussão
94
Por meio desta Figura, fica evidente o fato da perda de carga não se tornar
constante nos dez ciclos estudados, apresentando para estes, um crescimento
logarítmico com o número de ciclos.
Fazendo-se uma associação da perda de carga residual com a massa retida
acumulada no filtro de polipropileno, tem-se, pela Figura 4.14, que há uma relação entre
a massa retida e a perda de carga residual, de modo que as curvas de cada ensaio tendem
a serem próximas a uma reta.
No entanto, pode-se fazer um ajuste potencial dos resultados, de modo que a
equação possa ser representada pela equação 4.3:
1,42
ret
A
M
139816.
=
V
P
(4.3)
0,00 0,02 0,04 0,06 0,08
0
1000
2000
3000
4000
5000
P/V (Pa.s/m)
M/A (Kg/m
2
)
Ensaio 1
Ensaio 2
Ensaio 3
Ensaio 4
Ensaio 5
Ensaio 6
Ensaio 7
Ensaio 8
Ensaio 9
Ensaio 10
Figura 4.14: Relação entre a perda de carga residual e a massa retida para o
Polipropileno e rocha fina.
A eficiência de remoção responsável por esta perda de carga residual pode ser
visualizada na Figura 4.15.
Resultados e Discussão
95
01234567891011
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1,0
Fração Removida
Número de ciclos
Ensaio 1
Ensaio 2
Ensaio 3
Ensaio 4
Ensaio 5
Ensaio 6
Ensaio 7
Ensaio 8
Ensaio 9
Ensaio 10
Figura 4.15: Perfil da fração removida de torta, após a limpeza, para o Polipropileno e
rocha fina.
A partir da observação da Figura 4.15, pode-se constatar que a eficiência de
remoção de pó permaneceu abaixo de 20%. Observou-se que a maior perda de carga
residual apresentada pelo Polipropileno coincidiu com a maior intensidade do formato
em “S” apresentados nos experimentos com o Polipropileno, fato que, segundo
MOREIRA et al. (1999), poderia ser atribuído a uma menor eficiência de remoção. No
entanto, o formato das curvas parece estar mais relacionado aos valores de perda de
carga residual que aos valores de eficiência, quando comparados ao Acrílico, uma vez
que as eficiências de remoção foram bem próximas e a perda de carga residual foi
diferente. Assim, parece que quanto maior a perda de carga residual, maior a tendência
do comportamento em “S” quando se compara dois tecidos diferentes.
Considerando-se o comportamento peculiar do Polipropileno quanto ao seu
menor período de filtração interna, à sua perda de carga residual elevada, aos seus ciclos
mais curtos, e à sua menor porosidade e permeabilidade, investigou-se a penetração de
partículas em seu interior para os dez ciclos.
A Figura 4.16 apresenta as imagens obtidas em MEV para algumas colunas de
alguns ciclos analisados, sendo apresentadas as cinco primeiras fotos, que correspondem
a uma profundidade de aproximadamente 500 µm da superfície até o seio do filtro. As
imagens de MEV mostram que o Polipropileno apresentou uma maior densidade de
fibras com relação ao Acrílico. A Tabela 4.10 apresenta a profundidade de penetração e
o diâmetro das partículas em cada ciclo, e a Tabela 4.11 apresenta o desvio padrão
destes dados.
Resultados e Discussão
96
Interface torta-ar
Ciclo 01a Ciclo 02a Ciclo 02b Ciclo 04a Ciclo 04b Ciclo 05a Ciclo 05b Ciclo 10a Ciclo 10b
Interior do meio filtrante (aproximadamente 500 µm da superfície do tecido)
Figura 4.16: Seção transversal do polipropileno em diferentes ciclos
Resultados e Discussão
97
Tabela 4.10: Penetração de partículas de rocha fina no Polipropileno: diâmetros de partículas com a profundidade do tecido.
Diâmetro de partículas (µm)
Profundidade
Ensaio
(µm)
1 2 3 4 5
0-107 1,133 1,305 1,260 1,402 1,360 1,406 1,460 0,939 1,270 1,170 1,523 0,998 1,312 0,998 1,514 1,715 1,302 1,306 1,171 2,085
107-214 0,782 0,813 1,397 1,219 1,654 1,744 1,011 0,992 0,981 1,200 0,941 0,896 0,850 0,928 2,354 2,385 1,625 1,181
214-321 0,656 0,948 1,087 0,827 1,412 1,200 1,062 1,003 1,398 0,933 1,105 1,145 1,252 2,182 1,506 0,684
321-428 0,467 1,100 0,999 0,906 0,900 0,975 1,103 1,326 0,679
428-535 0,851 0,994 0,765
535-642 0,929
642-749
749-856
856-963
963-1070
Profundidade
média (µm)
428,000 321,000 374,500 374,500 248,75
(µm)
6 7 8 9 10
0-107 1,296 1,517 1,264 1,257 1,378 1,376 0,942 1,097 1,012 1,084 1,147 0,978 1,0027 1,156
107-214 - 1,331 1,002 1,02 0,754 1,294 1,935 1,043 1,214 0,8728 1,0451 1,05
214-321 1,151 0,835 1,311 1,438 1,844 3,892 1,207 1,248 0,7231 1,0215 0,942
321-428 0,806 - 0,83 0,723 0,91 0,878 0,8248 1,2461 0,852
428-535 - 0,743 0,69 1,0859 0,861
535-642 0,774 1,517 1,182
642-749 0,815
749-856
856-963
963-1070
Profundidade
média (µm)
331,5 267,5 374,5 481,5 454,75
Resultados e Discussão
98
Tabela 4.11: Desvio padrão do diâmetro de partículas do Polipropileno.
Desvio Padrão
Profundidade
Ensaio
(µm)
1 2 3 4 5
0-107 0,693 1,114 0,964 0,715 1,669 2,009 1,682 0,715 0,599 1,421 0,974 1,269 1,263 0,692 1,269 1,643 1,448 1,571 1,076 2,192
107-214 0,408 0,784 1,010 0,651 2,497 2,758 0,730 0,651 0,699 0,699 1,256 1,100 0,433 0,685 1,183 2,905 2,180 2,394
214-321 0,822 0,474 0,863 0,525 2,055 0,851 0,525 0,751 0,599 0,578 0,821 1,004 0,955 0,000 2,727 2,714 0,485
321-428 0,218 0,996 0,506 0,506 0,880 0,563 0,546 0,528 1,689 0,600
428-535 0,366 0,937 0,694 0,419
535-642 1,317
642-749
749-856
856-963
963-1070
(µm)
6 7 8 9 10
0-107 1,259 1,681 1,358 1,127 1,256 1,427 0,847 0,776 0,758 0,960 1,098 0,768 1,091 1,122
107-214 0,000 1,179 1,563 0,901 0,444 2,356 2,766 0,679 1,137 0,780 0,843 0,791
214-321 1,160 0,478 1,230 1,804 3,198 5,141 0,727 1,057 0,621 0,746 0,998
321-428 0,537 0,000 0,604 0,488 0,482 0,552 0,575 1,117 0,598
428-535 0,000 0,364 0,280 0,709 0,481
535-642 0,511
642-749
749-856
856-963
963-1070
Resultados e Discussão
99
Pode-se observar, pela Tabela 4.10, que a profundidade média variou entre
250 e 480 µm, aproximadamente, sem apresentar tendência definida de aumentar ou
diminuir com o número de ciclos. O diâmetro de partículas também não apresentou
tendência de aumentar ou diminuir com o número de ciclos, assim com não foi
verificada variação significativa do diâmetro com a profundidade do meio filtrante.
A Figura 4.17 apresenta a variação do número de partículas em cada camada
de tecido, para cada ciclo. Observa-se que não houve tendência definida do número de
partículas aumentar ou diminuir com o número de ciclos, como ocorreu com o diâmetro
de partículas. No entanto, é evidente que a maior parte das partículas concentrou-se nas
camadas mais superficiais do tecido, tendendo a diminuir exponencialmente com a
profundidade, sendo que o máximo de partículas retidas foi em torno de 1.000. Este
elevado valor pode ser atribuído ao fato de que, como a remoção ocorreu aos pedaços,
esteja sendo contadas partículas da torta.
0 200 400 600 800 1000 1200
-100
0
100
200
300
400
500
600
700
800
900
1000
1100
Número de Partículas
Profundidade do Tecido (µm)
Ensaio 1
Ensaio 2
Ensaio 3
Ensaio 4
Ensaio 5
Ensaio 6
Ensaio 7
Ensaio 8
Ensaio 9
Ensaio 10
Média
Figura 4.17: Variação do número de partículas com a profundidade do tecido para o
Polipropileno e rocha fina.
Verifica-se que após 400 µm, encontram-se poucas partículas no interior do
tecido, sendo a imensa maioria distribuída na camada mais superficial do tecido.
Observou-se também que, em termos numéricos, não houve tendência do
número de partículas variar com os ciclos.
Os valores do número de partículas no interior do polipropileno podem ser
observados pela Tabela 4.12.
Resultados e Discussão
100
Tabela 4.12: Valores do número de partículas retidas após a limpeza em cada camada do meio filtrante, para o Polipropileno e rocha fina.
Número de partículas
Profundidade
Ensaio
(µm)
1 2 3 4 5
0-107 16 262 458 321 305 340 863 118 258 129 465 122 561 147 794 488 128 394 206 748
107-214 32 21 174 263 48 406 225 30 112 136 143 39 12 60 157 498 65 82
214-321 14 54 36 61 319 19 11 59 45 31 25 23 65 0 237 374 18
321-428 14 14 16 6 21 14 12 29 34 36
428-535 6 57 17 7
535-642 18
642-749
749-856
856-963
963-1070
soma
62 357 682 661 353 1065 1107 165 450 310 639 200 596 359 997 1223 608 530 206 748
(µm)
6 7 8 9 10
0-107 269 507 463 327 162 567 228 389 767 592 382 604 42 986
107-214 0 681 255 78 89 35 262 511 78 119 380 467
214-321 103 22 22 12 43 29 62 76 10 383 280
321-428 26 0 11 5 22 67 417 18 18
428-535 0 6 9 18 20
535-642 16
642-749
749-856
856-963
963-1070
soma
414 1216 751 405 263 567 311 680 1362 822 928 1403 42 1771
Resultados e Discussão
101
4.5 ENSAIOS DE FILTRAÇÃO POLIÉSTER TRATADO E ROCHA FINA
(3,71 µM)
Após a realização dos experimentos com o Acrílico e com o Polipropileno,
verificou-se que o tempo despendido no tratamento das amostras e o fator econômico
pesariam para o fechamento deste trabalho. Além disto, como as análises de penetração
de partículas não apresentaram variação significativa com o número de ciclos, nos
experimentos com acrílico e com polipropileno, optou-se por fazer as análises
pertinentes ao desenvolvimento da pesquisa apenas para os Ensaios 01, 02, 03, 05 e 10.
Os quatro primeiros testes foram escolhidos por serem aqueles em que houve uma
maior variação de massa retida, de modo a se esperar também que, se houvesse uma
variação na profundidade de penetração, seria nestes ciclos detectada, uma vez que o
conjunto torta-tecido ainda não estaria saturado. O décimo ciclo foi escolhido por
apresentar a condição final dos ensaios.
Similarmente aos experimentos realizados anteriormente, o perfil da perda de
carga com a carga mássica acumulada se manteve, assim como a tendência do ciclo se
tornar cada vez mais curto, até uma aparente estabilização, como apresenta a
Figura 4.18.
0,000 0,003 0,006 0,009 0,012 0,015 0,018 0,021
0
20
40
60
80
100
120
Perda de Carga (mmH
2
O)
Carga Mássica Acumulada (g/cm
2
)
Figura 4.18: Perfil de perda de carga para os dez ciclos de filtração para o Poliéster tratado e rocha
fina. (
!) Ensaio 01; (,) Ensaio 02; (7) Ensaio 03; (Β) Ensaio 04; (Λ) Ensaio 05; () Ensaio 06;
(
β) Ensaio 07; (µ) Ensaio 08; (ξ) Ensaio 09; () Ensaio 10.
Resultados e Discussão
102
O comportamento da massa coletada foi semelhante ao Acrílico, como
apresenta a Tabela 4.13. Para este tecido o comportamento em “S” das curvas dos
ensaios 2 a 10 apresentaram uma curvatura também semelhante à apresentada pelo
Acrílico.
Tabela 4.13:Variação da massa coletada média com o número de ciclos para o poliéster
tratado.
Ciclo
Massa
(g/cm
2
)
1 0,0074
2 0,0020
3 0,0012
4 0,0015
5 0,0013
6 0,0012
7 0,0011
8 0,0011
9 0,0010
10 0,0010
A primeira fase da filtração apresentou uma duração um pouco menor em relação
ao acrílico. Possivelmente, esse comportamento pode indicar uma menor penetração de
partículas, o que pode ser observado pelo valor do ponto de colmatação médio, igual a
2,45.10
-3
g/cm
2
± 5,5.10
-4
, obtido através dos dez primeiros ciclos apresentados na
Figura 4.18.
Além da aparente estabilização da massa filtrada em poliéster nos ciclos finais,
observada na Tabela 4.13, a inclinação das curvas de filtração foi apenas ligeiramente maior a
cada ciclo, o que indica que após o sexto ciclo, a resistência específica da torta foi quase
constante, com resultados bem próximos uns dos outros, como pode ser comprovado pela
Tabela 4.14.
Esta tendência de crescimento e quase estabilização apresentada na Tabela 4.14 se
repetiu nos resultados de massa retida acumulada no meio filtrante como pode ser
comprovado pela Figura 4.19, com, sendo praticamente constante após o quarto ciclo. A
massa removida após a limpeza se manteve praticamente constante em todos os ensaios,
como ocorreu com os demais tecidos.
Resultados e Discussão
103
Tabela 4.14: Resistência específica média da torta determinada graficamente, para os
ensaio com Poliéster tratado e rocha fina.
Ciclo K
2
(s
-1
) Desvio padrão
1 2,1.10
5
1,4.10
4
2 5,0.10
5
1,4.10
5
3 7,1.10
5
3,2.10
5
4 6,2.10
5
1,0.10
5
5 6,4.10
5
7,3.10
4
6 6,7.10
5
1,5.10
5
7 6,7.10
5
1,6E+05
8 6,8.10
5
1,2E+05
9 7,8.10
5
2,9.10
4
10 8,1.10
5
-
01234567891011
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
Massa Retida Acumulada e Removida (g)
Número de ciclos
Figura 4.19: Massa de material pulverulento removida pela limpeza (símbolos vazios)
e retida após a mesma (
símbolos cheios) para o Poliéster tratado e rocha fina:
(
!∀) Ensaio 01; (,−) Ensaio 02; (78) Ensaio 03; (ΒΧ) Ensaio 04; (ΛΜ) Ensaio 05;
(
ΩΞ) Ensaio 06; (βχ) Ensaio 07; (µν) Ensaio 08; (ξψ) Ensaio 09; () Ensaio 10.
Como resultado deste aumento de massa retida acumulada no meio filtrante, a
perda de carga residual apresentou também um incremento a cada ciclo, como ilustra a
Figura 4.20, sendo que nos ciclos finais, a taxa de aumento diminuiu, indicando uma
tendência a se tornar constante.
Resultados e Discussão
104
01234567891011
0
10
20
30
40
50
60
70
80
Perda de Carga Residual (mmH
2
O)
Número de Ciclos
Ensaio 1
Ensaio 2
Ensaio 3
Ensaio 4
Ensaio 5
Ensaio 6
Ensaio 7
Ensaio 8
Ensaio 9
Ensaio 10
Figura 4.20 : Perfil da variação da perda de carga residual para os ensaios com
Poliéster tratado e rocha fina.
Verificando o incremento da perda de carga residual com a massa retida, pode-
se, através da Figura 4.21, observar que a tendência é de um aumento mais linear que o
apresentado pelo Acrílico, apesar das variações dos valores, como observado também
nos outros experimentos, sendo que para alguns ensaios, como para o ensaio 9 e 10, a
tendência não foi clara.
0,00 0,02 0,04 0,06 0,08 0,10
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
P/V (Pa.s/m)
M/A (kg/m
2
)
Ensaio 1
Ensaio 2
Ensaio 3
Ensaio 4
Ensaio 5
Ensaio 6
Ensaio 7
Ensaio 8
Ensaio 9
Ensaio 10
Figura 4.21: Relação entre a perda de carga residual e a massa retida para o Poliéster
tratado e rocha fina.
A tendência das curvas da relação entre perda de carga residual e massa retida
pode ser ajustada a uma equação potencial, expressa pela equação 4.4:
Resultados e Discussão
105
1,38
ret
A
M
61653.
=
V
P
(4.4)
A eficiência de remoção responsável por esta perda de carga residual pode ser
visualizada na Figura 4.22. A partir da observação desta Figura, pode-se constatar que,
como ocorreu nos demais experimentos, a eficiência de remoção de pó permaneceu em
torno de 20%, sendo praticamente constate. Semelhante aos demais tecidos avaliados,
este fato pode ser atribuído à menor espessura da torta formada.
01234567891011
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1,0
Fração Removida
Número de ciclos
Ensaio 1
Ensaio 2
Ensaio 3
Ensaio 4
Ensaio 5
Ensaio 6
Ensaio 7
Ensaio 8
Ensaio 9
Ensaio 10
Figura 4.22: Perfil da fração removida da torta ,após a limpeza, para o Poliéster tratado
e rocha fina.
Uma outra observação interessante se refere ao fato de a perda de carga
residual semelhante à do Acrílico coincidir com a intensidade do formato em “S”,
parecida também para ambos, o que, de acordo com a literatura, poderia ser atribuído a
uma eficiência de remoção. No entanto, reafirma-se o fato de que o formato das curvas
parece estar mais relacionado aos valores de perda de carga residual que aos valores de
eficiência, já que as eficiências são semelhantes e a perda de carga residual não.
A penetração de partículas de rocha fina no Poliéster tratado pode ser avaliada
considerando-se a Figura 4.23, que apresenta as imagens obtidas via MEV da superfície
do filtro até cerca de 500 µm do interior do filtro, o que corresponde a cinco
microfotografias. Quantitativamente esta análise pode ser realizada a partir da Tabela
4.15, em que é possível verificar a variação da profundidade de penetração de partículas
com o número de ciclos, bem como a variação do diâmetro médio das partículas com a
profundidade do tecido e com o número de ciclos. A Tabela 4.16 apresenta os valores
dos desvios padrão para os dados de diâmetro de partículas.
Resultados e Discussão
106
Interface torta-ar
Ciclo 01a Ciclo 02a Ciclo 02b Ciclo 03a Ciclo 04b Ciclo 05a Ciclo 05b Ciclo 10
Interior do meio filtrante (aproximadamente 500 µm da superfície do tecido)
Figura 4.23: Seção transversal do poliéster tratado em diferentes ciclos
Tabela 4.15: Penetração de partículas de rocha fina no Poliéster tratado: diâmetros de partículas com a profundidade do tecido.
Resultados e Discussão
107
Diâmetro de partículas (µm)
Profundidade
Ensaio
(µm)
1 2 3 5 10
0-107 1,403 1,090 1,213 0,947 1,289 1,097 1,451 1,230 1,353 1,195 1,598 1,358 1,206 1,499 1,066 1,335 1,084 1,326 1,209 1,536
107-214 1,017 1,119 0,844 0,963 0,000 0,905 1,330 1,163 1,215 1,029 0,963 1,103 1,121 1,273 0,848 1,178 0,883 1,110 - 1,321
214-321 - 0,921 0,932 1,152 0,957 0,685 1,036 1,152 0,977 0,785 0,932 1,085 1,254 0,693 1,268 0,906 0,910 - 1,050
321-428 0,965 - - 1,362 - 0,628 7,725 0,748 0,934 0,865 0,992 0,567 0,587 0,733 0,950 0,817 2,080 0,962
428-535 1,984 0,842 0,522 1,211 0,958 0,959 1,053 0,983 1,027 0,635 1,022 0,947 1,029 0,858
535-642 0,592 - 0,990 0,770 1,062
642-749 0,945
Profundidade
média (µm)
615,25 401,25 535 454,75 588,5
Tabela 4.16: Desvio padrão do diâmetro de partículas do Poliéster tratado.
Desvio Padrão
Profundidade
Ensaio
(µm)
1 2 3 5 10
0-107 1,707 1,090 1,052 1,250 1,124 1,032 1,845 1,166 1,287 1,254 0,963 1,222 0,947 1,646 0,588 1,522 1,462 1,806 1,552 1,962
107-214 0,710 0,540 0,823 0,793 0 0,598 1,776 1,149 0,990 1,003 1,028 1,058 0,984 1,239 0,407 1,100 0,726 1,505 0 1,499
214-321 0,000 0,782 0,452 0,896 0,968 0,462 0,726 0,978 0,714 1,059 0,790 0,856 1,425 0,381 1,414 0,544 0,596 0 1,118
321-428 0,347 0 0 0,541 0 0,366 4,358 0,447 0,644 1,259 0,695 0,182 0,211 0,324 0,919 0,509 2,357 0,800
428-535 0,338 0,344 0,715 0,689 0,245 0,553 0,580 0,759 0,751 0,259 0,525 0,667 0,561 1,048
535-642 0,230 - 0,517 0,316 0,670
642-749 0,510
Resultados e Discussão
108
Pode-se observar que a profundidade média variou entre cerca de 400 e
600 µm, aproximadamente, sem apresentar tendência definida de aumentar ou diminuir
com o número de ciclos, sendo, porém, mais homogênea que as dos tecidos analisados
até o momento, ou seja, alcançando uma faixa mais uniforme do tecido. Quanto ao
diâmetro de partículas, verificou-se que os mesmos não apresentaram variação
significativa com o número de ciclos. A variação do diâmetro com a profundidade do
tecido também não foi verificada, sendo que o diâmetro pode ser considerado uniforme
com a profundidade do meio filtrante. A Figura 4.24 apresenta a variação do número de
partículas em cada camada do meio filtrante, para cada ciclo. Observa-se que não há
tendência definida do número de partículas aumentar ou diminuir com o número de
ciclos, como ocorreu com o diâmetro de partículas. Similarmente aos demais tecidos
utilizados, nota-se que a maior parte das partículas encontrou-se nas camadas mais
superficiais do tecido, tendendo a diminuir exponencialmente com a profundidade,
sendo que o máximo de partículas retidas foi menor que 800.
Os valores do número de partículas no interior do poliéster tratado pode ser
observado também pela Tabela 4.17, em que éapresentado também o número total de
partículas encontradas por seção analisada.
0 200 400 600 800 1000 1200
-100
0
100
200
300
400
500
600
700
800
900
Número de Partículas
Profundidade do Tecido (µm)
Ensaio 1
Ensaio 2
Ensaio 3
Ensaio 4
Ensaio 5
Ensaio 6
Ensaio 7
Ensaio 8
Ensaio 9
Ensaio 10
Média
Figura 4.24: Variação do número de partículas com a profundidade do tecido para o
Poliéster tratado e rocha fina.
Resultados e Discussão
109
Tabela 4.17: Valores do número de partículas retidas após a limpeza em cada camada do meio filtrante, para o Poliéster tratado e rocha
fina.
Número de partículas
Profundidade
Ensaio
m)
1 2 3 5 10
0-107
547 127 326 452 226 568 382 348 561 513 358 269 71 603 18 740 552 643 2 746
107-214
32 12 124 76 0 287 310 515 94 420 287 112 157 473 25 406 592 633 0 722
214-321
0 27 56 84 57 62 78 42 280 105 85 40 335 15 163 13 446 0 644
321-428
5 0 0 41 0 35 25 12 26 54 23 9 13 36 7 73 2 74
428-535
2 10 5 12 3 33 7 21 21 7 2 11 1 202
535-642
11 0 0 4 5 11
642-749
9
Soma
597 185 511 665 286 952 692 966 742 1246 825 510 277 1424 58 1356 1171 1806 4 2399
Resultados e Discussão
110
4.6 ENSAIOS DE FILTRAÇÃO POLIÉSTER NÃO TRATADO E ROCHA FINA
(3,71 µM)
Durante o desenvolvimento das filtrações com este meio filtrante, verificou-se
uma variação maior nos resultados de perfil de perda de carga, quando em comparação
aos demais experimentos. Provavelmente, a ausência de tratamento implicou em uma
maior heterogeneidade do meio filtrante, resultando em uma reprodutibilidade inferior.
Além disso, verificou-se que a densidade de empacotamento foi maior para o tecido
mais reprodutível, no caso o PP, o que pode ser imputado à melhor distribuição das
fibras que ocorre durante o processo de agulhagem, que define a densidade de
empacotamento do tecido. Outra conseqüência da ausência de tratamento foi a menor
perda de carga inicial, a maior duração da primeira fase da filtração e a maior massa
filtrada em cada ciclo, que pode indicar uma maior penetração de partículas e talvez
também, uma eficiência de remoção de partículas deficiente por parte do meio filtrante.
Os dez ciclos realizados neste tecido estão apresentados na Figura 4.25. Observa-se
nesta Figura que os ensaios realizados para este tecido revelaram uma maior massa
coletada nos ciclos iniciais, tornando-se próxima aos demais tecidos nos ciclos finais.
0,000 0,005 0,010 0,015 0,020 0,025 0,030 0,035 0,040
0
20
40
60
80
100
120
Perda de Carga (mmH
2
O)
Carga mássica acumulada (g/cm
2
)
Figura 4.25: Perfil de perda de carga para os dez ciclos de filtração para o poliéster sem tratamento
e rocha fina. (
!) Ensaio 01; (,) Ensaio 02; (7) Ensaio 03; (Β) Ensaio 04; (Λ) Ensaio 05;
(
) Ensaio 06; (β) Ensaio 07; (µ) Ensaio 08; (ξ) Ensaio 09; () Ensaio 10.
Resultados e Discussão
111
Como apontado pela literatura, no item 2.3.12, a ausência de tratamento deste
tecido possibilitou um maior alojamento de partículas em seu interior, como pode ser
observado na Tabela 4.18, de modo que o ponto de colmatação deste tecido foi
expressivamente superior aos demais tecidos analisados até então, sendo a média dos
dez ensaios igual a 10,9.10
-3
g/cm
2
± 22,1.10
-4
.
Verifica-se que, para o poliéster não tratado, a estabilização da massa coletada
não ocorreu nos dez ciclos estudados, o que evidencia que o conjunto torta-filtro em
questão não chega a apresentar saturação, ou seja, sua capacidade de retenção de
partículas não foi alcançada.
O formato em “S” das curvas também parece ser pouco evidente, mas o
formato aparece quando se usa uma escala adequada.
Tabela 4.18: Variação da massa filtrada média com o número de ciclos para o poliéster
não tratado e rocha fina.
Ciclo
Massa
(g/cm
2
)
1 0,0219
2 0,0022
3 0,0021
4 0,0015
5 0,0017
6 0,0017
7 0,0011
8 0,0009
9 0,0014
10 0,0008
A resistência específica da torta, apresentada pela Tabela 4.19, apresentada no
ciclo 1 é relativamente baixa, se comparada aos demais experimentos. No entanto, estes
valores aumentam continuamente, sem apresentar tendência a se tornarem constantes.
Verifica-se que nos ciclos finais há uma certa variação dos valores, provavelmente por
problemas experimentais não determinados, ou pela própria heterogeneidade do tecido.
Resultados e Discussão
112
Tabela 4.19: Resistência específica média da torta determinada graficamente, para os
ensaios com Poliéster sem tratamento e rocha fina.
Ciclo K
2
(s
-1
) Desvio padrão
1 8,6.10
4
1,1.10
4
2 2,9.10
5
1,2.10
5
3 4,3.10
5
1,2.10
5
4 5,2.10
5
1,9.10
5
5 4,5.10
5
7,5.10
4
6 4,1.10
5
8,1.10
4
7 5,8.10
5
2,3.10
5
8 8,6.10
5
7,0.10
5
9 4,4.10
5
3,9.10
4
10 9,2.10
5
-
Esta tendência de crescimento da resistência específica da torta apresentada na
Tabela 4.19, juntamente com os dados da Figura 4.26, ajuda a compreender os ciclos
mais curtos, uma vez que a massa retida acumulada aumentou sem tendência a se tornar
constante. Assim, com uma torta que ofereceu mais resistência ao escoamento e maior
quantidade de massa retida, os ciclos ficaram menores e sem tendência de estabilização.
01234567891011
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
Massa Retida Acumulada e Removida (g)
Número de Ciclos
Figura 4.26 : Massa de material pulverulento removida pela limpeza (símbolos vazios)
e retida após a mesma (
símbolos cheios) para o Poliéster sem tratamento e rocha fina:
(
!∀) Ensaio 01; (,−) Ensaio 02; (78) Ensaio 03; (ΒΧ) Ensaio 04; (ΛΜ) Ensaio 05;
(
ΩΞ) Ensaio 06; (βχ) Ensaio 07; (µν) Ensaio 08; (ξψ) Ensaio 09; () Ensaio 10.
A massa removida após a limpeza, por sua vez, apesar de ter sido maior nos
ciclos iniciais, apresentou tendência decrescente com os ciclos, ao contrário do
observado nos demais ensaios, indicando a degradação em sua capacidade de remoção,
que pode estar relacionada à diminuição da espessura total da torta com os ciclos.
Resultados e Discussão
113
Como resultado deste aumento de massa retida acumulada no meio filtrante, a
perda de carga residual apresentou também um aumento a cada ciclo, como ilustra a
Figura 4.27, sendo que nos ciclos finais, esta taxa de aumento, apesar de diminuir, não
apresentou tendência a se tornar constante.
01234567891011
0
10
20
30
40
50
60
70
80
Ensaio 1
Ensaio 2
Ensaio 3
Ensaio 4
Ensaio 5
Ensaio 6
Ensaio 9
Ensaio 10
Perda de Carga Residual (mmH
2
O)
Número de ciclos
Figura 4.27 : Perfil da variação da perda de carga residual para os ensaios com
Poliéster não tratado e rocha fina.
A relação observada pela semelhança de comportamento da massa retida
acumulada e da perda de carga residual pode ser melhor observada na Figura 4.28.
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35 0,40
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
P/V (Pa.s/m)
M/A (kg/m
2
)
Ensaio 02
Ensaio 03
Ensaio 04
Ensaio 05
Ensaio 06
Ensaio 10
Figura 4.28: Relação entre a perda de carga residual e a massa retida para o Poliéster
não tratado e rocha fina.
Verifica-se que as relações podem ser aproximadas a uma equação potencial
representada pela equação 4.5:
Resultados e Discussão
114
1,58
ret
A
M
25841.
=
V
P
(4.5)
A eficiência de remoção responsável por esta perda de carga residual pode ser
visualizada na Figura 4.29. A partir da observação da mesma pode-se constatar que a
eficiência de remoção de pó permaneceu abaixo de 10%, durante os ensaios, sendo
ligeiramente superior nos ciclos iniciais. Este comportamento ratifica a degradação da
eficiência de remoção comentada na análise da Figura 4.26.
01234567891011
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1,0
Ensaio 1
Ensaio 2
Ensaio 3
Ensaio 4
Ensaio 5
Ensaio 6
Ensaio 9
Ensaio 10
Fração Removida
Número de Ciclos
Figura 4.29: Perfil da fração de massa removida da torta, após a limpeza para o
Poliéster não tratado e rocha fina.
A penetração de partículas no Poliéster sem tratamento pode ser avaliada
observando-se a Figura 4.30, em que se verifica algumas colunas de alguns ciclos
analisados em MEV. Observa-se a menor densidade de fibras deste tecido e a maior
densidade de partículas em seu interior. Pela Tabela 4.20, é possível verificar a variação
da profundidade de penetração de partículas com o número de ciclos, assim como a
variação do diâmetro médio das partículas com a profundidade do tecido e com o
número de ciclos. A Tabela 4.21 apresenta os desvios padrão destes dados.
Resultados e Discussão
115
Interface torta-ar
Ciclo 01a Ciclo 02a Ciclo 02b Ciclo 03 Ciclo 05a Ciclo 05b Ciclo 10a Ciclo 10b
Interior do meio filtrante (aproximadamente 500 µm da superfície do tecido)
Figura 4.30: Seção transversal do poliéster não tratado em diferentes ciclos
Resultados e Discussão
116
Tabela 4.20: Penetração de partículas de rocha fina no Poliéster não tratado: diâmetros de partículas com a profundidade do tecido.
Diâmetro de partículas (µm)
Profundidade Ensaio
(µm)
1 2 3 5 10
0-107
1,290 1,823 2,837 2,531 2,801 1,504 0,979 1,440 1,835 2,565 7,261 1,557 1,375 1,894 1,505 1,691 1,628 1,510 1,393 1,792
107-214
1,283 1,755 3,092 2,774 0,854 1,562 1,085 1,612 1,861 2,442 1,350 1,197 1,587 2,068 1,325 1,700 1,598 1,593 1,346 1,749
214-321
1,005 1,347 3,437 2,080 1,237 1,215 1,065 1,257 2,130 2,688 0,986 1,189 2,157 1,980 1,099 1,568 1,747 1,571 1,161 1,604
321-428
0,889 1,035 3,723 2,196 0,859 1,079 0,982 1,220 2,654 1,923 0,826 0,992 2,056 1,569 1,230 1,204 1,715 1,346 1,442 1,605
428-535
0,992 1,061 3,432 1,890 0,879 1,354 0,977 1,354 2,200 2,002 0,848 0,884 1,526 1,067 1,144 1,234 1,200 1,520 1,141 2,188
535-642
3,213 0,768 2,561 1,316 0,811 1,330 0,838 1,000 1,503 1,242 0,853 0,923 1,833 5,421 1,476 0,692 1,143 1,517 1,173 1,165
642-749
1,439 0,874 2,218 1,773 0,000 0,962 0,826 0,910 1,001 0,722 1,161 7,788 1,026 0,777 0,894 2,177 0,972 2,539
749-856
0,000 1,018 - - 0,920 0,757 0,879 0,704 1,139 0,780 0,990 2,562 1,317 0,825 1,294 1,080 1,207 1,008
856-963
0,680 1,083 1,767 2,076 0,743 0,816 0,881 0,925 1,046 0,640 1,200 1,802 1,411 1,147
963-1070
0,953 0,728 0,641 0,845 0,932 - 0,865 0,844 0,865 3,290
1070-1177
0,854 0,748 0,967 1,220 0,582 0,767 1,751
1177-1284
0,765 0,661 0,834 0,938
1284-1391
0,830 0,744 1,222
1391-1498
0,679 0,837
1498-1605
0,885
Profundidade
média (µm)
989,75 1.150,25 749 989,75 1.391
Resultados e Discussão
117
Tabela 4.21: Desvio padrão do diâmetro de partículas de rocha fina em Poliéster sem tratamento.
Desvio Padrão
Profundidade
Ensaio
(µm)
1 2 3 5 10
0-107
1,518 2,188 3,252 2,623 3,056 1,635 0,979 1,706 2,420 3,314 4,975 1,857 2,101 2,356 1,849 2,137 1,719 1,549 1,849 2,874
107-214
1,933 2,084 3,431 3,617 0,580 1,756 1,085 2,003 2,945 3,516 1,618 1,309 2,037 2,645 1,725 2,125 2,106 2,011 1,725 2,715
214-321
1,676 1,394 4,204 2,728 1,915 1,129 1,065 1,312 2,986 4,072 0,701 1,212 1,969 1,672 1,069 2,360 2,420 2,048 1,069 2,368
321-428
0,611 1,264 4,693 2,982 0,592 0,890 0,982 1,043 4,352 2,882 0,643 0,969 2,303 2,448 1,337 1,070 1,942 1,399 1,337 2,312
428-535
0,661 0,688 4,573 2,845 0,683 0,000 0,977 1,880 4,433 2,556 0,543 0,680 1,097 1,037 0,860 1,696 0,745 1,692 0,860 3,265
535-642
4,180 0,486 3,468 0,747 0,386 1,699 0,838 0,710 0,829 1,215 0,526 0,540 2,099 3,735 3,189 0,453 0,800 1,745 3,189 0,983
642-749
0,682 0,509 3,392 1,753 0,000 0,839 0,826 0,496 0,746 0,260 1,522 1,777 0,678 0,299 0,649 2,731 0,678 2,589
749-856
0,000 0,663 0,000 0,000 0,642 0,536 0,879 0,311 0,785 0,409 0,666 3,600 0,962 0,339 1,525 0,574 0,962 0,912
856-963
0,275 0,488 3,181 1,535 0,496 0,475 0,881 0,497 0,863 0,286 1,029 2,153 0,000 1,021
963-1070
0,459 0,377 0,160 0,845 0,489 0,000 0,524 0,443 2,137 3,056
1070-1177
0,480 0,748 0,373 1,706 0,122 2,125 3,153
1177-1284
0,431 0,306 2,360 0,771
1284-1391
0,787 0,577 1,259
1391-1498
0,201 0,772
1498-1605
0,447
Resultados e Discussão
118
Pode-se observar na Tabela 4.20, que a profundidade média variou entre cerca
de 750 e 1.400 µm, aproximadamente, sem que se possa concluir que haja uma
tendência definida de aumentar ou diminuir com o número de ciclos. Quanto ao
diâmetro de partículas, verificou-se que não houve tendência de aumentar ou diminuir
com o número de ciclos ou com a profundidade do tecido.
Pela Figura 4.31 observa-se que não houve tendência definida do número de
partículas aumentar ou diminuir com o número de ciclos, a exemplo do que ocorreu
com o diâmetro de partículas. Novamente pode-se notar uma maior concentração de
partículas nas camadas mais externas do meio filtrante, tendendo a diminuir
exponencialmente com a profundidade, sendo que o máximo de partículas retidas foi
menor que 1.100.
0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800
-100
0
100
200
300
400
500
600
700
800
900
1000
1100
1200
Número de Partículas
Profundidade do Tecido (µm)
Ensaio 1
Ensaio 2
Ensaio 3
Ensaio 4
Ensaio 5
Ensaio 6
Ensaio 7
Ensaio 8
Ensaio 9
Ensaio 10
Média
Figura 4.31: Variação do número de partículas com a profundidade do tecido para o
Poliéster não tratado e rocha fina.
Os valores do número de partículas no interior do poliéster não tratado podem
ser observados pela Tabela 4.22, apresentando-se também o número total de partículas
coletadas em cada coluna analisada.
Resultados e Discussão
119
Tabela 4.22: Valores do número de partículas retidas após a limpeza em cada camada do meio filtrante, para o Poliéster não tratado e rocha
fina.
Número de partículas
Profundidade
Ensaio
(µm)
1 2 3 5 10
0-107
500 749 467 438 6 834 885 744 550 334 43 590 393 538 404 408 780 959 813 304
107-214
305 600 469 330 48 654 213 661 423 358 390 971 294 348 508 504 791 1034 804 550
214-321
420 449 305 252 37 846 142 540 328 247 38 686 28 32 89 265 528 659 349 519
321-428
336 87 260 111 23 521 63 789 20 76 87 124 66 226 81 181 430 269 436 438
428-535
107 66 260 67 44 0 31 338 26 78 59 27 14 48 36 36 6 302 735 313
535-642
4 23 325 11 23 119 21 85 4 10 42 17 35 3 80 17 39 504 619 36
642-749
3 41 164 9 - 40 20 11 51 9 13 3 34 16 26 227 492 44
749-856
- 11 - - 32 38 9 29 9 29 8 8 26 19 72 14 150 12
856-963
16 9 50 5 15 47 7 21 20 15 22 61 190 35
963-1070
9 10 13 17 6 - 13 2 15 4
1070-1177
43 2 8 24 2 34 25
1177-1284
29 4 6 3
1284-1391
19 17 5
1391-1498
3 5
1498-1605
10
Soma
1700 2035 2300 1223 238 3203 1410 3218 1351 1103 719 2453 877 1229 1258 1446 2765 4033 4643 2293
Resultados e Discussão
120
4.7 COMPARAÇÃO ENTRE OS MEIOS FILTRANTES E ROCHA FINA
Uma comparação dos dez ciclos realizados no Ensaio 10 dos quatro tecidos
analisados está apresentada na Figura 4.32, o que possibilita uma melhor visualização
dos resultados para as discussões apresentadas até o momento.
0,000 0,005 0,010 0,015 0,020 0,025 0,030 0,035 0,040 0,045
0
20
40
60
80
100
120
Perda de Carga (mmH
2
O)
Carga Mássica Acumulada (g/cm
2
)
Figura 4.32: Gráfico comparativo dos dez ciclos do Ensaio 10, em termos de carga
mássica acumulada, para os difertentes tecidos. (
!) Acrílico; (,) Polipropileno;
(
7) Poliéster tratado; (Β) Poliéster não tratado.
A partir da Figura 4.32, é possível verificar mais claramente as diferenças
entre as filtrações realizadas nos diferentes meios filtrantes. O Poliéster não tratado,
como comentado anteriormente, apresentou o maior período de filtração interna,
apontado pelo seu maior ponto de colmatação bem como uma maior massa coletada na
filtração, como pode ser verificado pela Tabela 4.23. O ponto de colmatação obtido para
cada filtro obedeceu à mesma ordem de variação, sendo menor para os tecidos que
apresentaram menores porosidade e permeabilidade. Este fato se deve ao menor espaço
interno para acomodar as partículas, e mostra que a torta é formada mais rapidamente
nos tecidos com permeabilidade e porosidade menores. Em princípio, um tecido com
um ponto de colmatação mais alto seria mais adequado por conferir menor perda de
carga. No entanto, esta característica da filtração deve ser analisada juntamente com as
Resultados e Discussão
121
demais, pois como se vê, o tecido não tratado apresentou maior ponto de colmatação e
nem por isso se mostrará o mais adequado.
Tabela 4.23: Ponto de colmatação médio determinado para cada os ensaios de cada
tecido estudado.
Tecido Ponto de colmatação (g/cm
2
)
AC
0,0031
PP
0,0012
PT
0,0025
PNT
0,0109
Porém, apesar da ausência de tratamento resultar em um maior ciclo inicial, a
duração dos ciclos diminuiu até atingir valores inferiores aos demais tecidos.
No outro extremo, nota-se pela Figura 4.32, que o Polipropileno apresentou os
ciclos mais curtos, sendo seu período de filtração interna praticamente desprezível se
comparado aos demais tecidos. Até o presente momento da discussão, pode-se atribuir à
menor permeabilidade e porosidade deste meio filtrante a contribuição para este padrão
de comportamento. Do mesmo modo, observa-se também a semelhança das curvas de
filtração entre o Acrílico e o Poliéster tratado, cujos valores de permeabilidade e
porosidade do tecido são bastante próximos, o que pode estar associado a este
comportamento semelhante.
Além de se considerar as propriedades dos tecidos sobre as curvas de filtração,
observou-se que a torta formada também influiu na duração dos ciclos, uma vez que a
resistência específica da mesma foi diferente para cada tecido e variou de forma
peculiar com os ciclos, como pode ser observado pela Figura 4.33. Verifica-se, portanto,
que características dos meios filtrantes influenciaram a formação diferenciada das
tortas. No entanto, com as ferramentas disponíveis neste trabalho não foi possível
esclarecer esta relação.
Resultados e Discussão
122
01234567891011
0
500000
1000000
1500000
2000000
2500000
3000000
Resistência Específica da Torta (s
-1
)
Número de Ciclos
Acrílico
Polipropileno
Poliéster tratado
Poliéster não tratado
Figura 4.33: Curvas comparativas da resistência específica da torta média para os
tecidos.
Uma constatação interessante a partir da Figura 4.33 se refere à tendência do
comportamento das resistências específicas da torta e do comportamento da
permeabilidade e da porosidade dos meios filtrantes. Verificou-se que a torta formada
apresentou características semelhantes ao tecido base, parecendo reproduzir as
características do filtro.
A diferença na massa coletada em cada tecido refletiu-se nos valores de massa
removida e retida acumulada nos ciclos, apresentados na Figura 4.34.
01234567891011
0
1
2
3
4
5
6
7
8
AC - Massa retida
AC - Massa removida
PP - Massa retida
PP - Massa removida
PT - Massa retida
PT - Massa removida
PNT - Massa retida
PNT - Massa removida
Massa Retida Acumulada e Removida (g)
Número de ciclos
Figura 4.34: Massa de material pulverulento removida pela limpeza nos tecidos.
Resultados e Discussão
123
Nesta figura, as curvas representam as curvas médias dos experimentos
anteriormente realizados. Verifica-se que, exceto para o poliéster não tratado (PNT), a
massa removida apresentou um comportamento aproximadamente constante nos ciclos
estudados, para todos os tecidos tratados. Para o PNT, os valores inicias de massa
removida foram muito maiores que aqueles dos demais experimentos, mas houve uma
tendência nítida da massa removida diminuir a cada ciclo, aproximando-se dos valores
obtidos para os outros testes, nos últimos ciclos, como pode ser observado na Tabela
4.24.
O tecido tratado que apresentou maior massa removida foi o que possuía maior
permeabilidade, ou seja, o poliéster tratado, seguido pelo acrílico e pelo polipropileno.
Esta seqüência corresponde à ordem decrescente de permeabilidade, devendo-se
considerar que os tecidos que removeram mais foram aqueles que apresentaram
espessuras maiores de torta, ratificando os resultados de KANOKA et al. (2001).
Tabela 4.24: Massa removida e retida acumulada no Ensaio 10 para os tecidos
analisados.
Massa Removida (g) Massa Retida Acumulada (g)
Ciclo
AC PP PT PNT AC PP PT PNT
1
0,24 0,16 0,30 0,40 1,89 1,1 1,45 5,45
2
0,23 0,15 0,38 0,33 2,09 1,22 1,64 5,96
3
0,21 0,13 0,39 0,27 2,22 1,35 1,65 6,31
4
0,22 0,14 0,44 0,25 2,32 1,44 1,64 6,52
5
0,28 0,14 0,41 0,15 2,34 1,48 1,61 6,80
6
0,25 0,15 0,35 0,19 2,36 1,52 1,59 6,96
7
0,28 0,16 0,32 0,14 2,38 1,57 1,60 7,07
8
0,28 0,15 0,28 0,19 2,42 1,58 1,62 7,13
9
0,27 0,14 0,29 0,16 2,52 1,58 1,62 7,22
10
0,25 0,13 0,32 0,12 2,67 1,59 1,63 7,34
O comportamento da massa retida acumulada nos tecidos após a limpeza
apresentado na Tabela 4.24, revelou um perfil crescente nos ciclos iniciais seguido de
uma tendência a se manter constante nos tecidos tratados. Como esperado, o tecido sem
tratamento reteve maior quantidade de massa, seguido pelo Acrílico, Poliéster tratado e
Poliéster não tratado.
Este comportamento confere com a ordem de permeabilidade dos meios
filtrantes. Desta forma, após a massa retida acumulada e a massa removida tornarem-se
Resultados e Discussão
124
praticamente constantes nos tecidos tratados, toda a massa coletada em cada filtração
era removida totalmente na limpeza.
No caso do poliéster sem tratamento, houve um acúmulo de massa (retida)
ciclo a ciclo, indicado pela tendência crescente da curva do material filtrado, o que
indica que o conjunto torta-tecido ainda tinha capacidade ou espaço para acomodar
partículas, de modo que seria necessário realizar mais ciclos para afirmar que este
conjunto poderia vir a saturar-se. Isto quer dizer que, nos tecidos sem tratamento,
alguma parcela da massa coletada permanecia retida no meio filtrante ou na superfície,
após a limpeza.
Este fato corrobora com os resultados apresentados na literatura, sendo
conseqüência da maior abertura da superfície do tecido, permitindo assim, a penetração
de uma maior quantidade de material pulverulento, ratificada ao se comparar as
microfotografias realizadas e apresentadas na Figura 4.1. Tal ilustração possibilitou
comparar-se os tecidos e constatar que o tecido tratado com menor abertura superficial,
no caso o polipropileno, foi também o que apresentou a menor massa retida em todos os
ciclos, sendo seguido pelo poliéster e posteriormente pelo Acrílico. Estes resultados
reafirmam as observações de MAUSCHITZ et al. (2004), que afirmaram que o tecido
mais poroso apresentou a maior massa retida.
Não se pode deixar de considerar ainda que existe uma maior retenção da torta
na camada superficial do tecido sem tratamento, provocada pela “captura” da mesma
pelos pespontados presentes na interface torta-tecido, como observado no trabalho de
CLARK (2001), que dificulta a remoção tende a ser menor sempre para estes tecidos.
Apesar das análises das massas retida acumulada e removida indicarem um
processo de saturação do conjunto torta-tecido, sendo a massa retida menor inicialmente
e aumentando ciclo a ciclo, até tornar-se constante, analisando o número de partículas
com o número de ciclos verificou-se que não houve uma tendência destes dados
variarem do ciclo inicial para o final, conforme pode ser observado na Figura 4.35. Esta
curiosa constatação traz uma nova informação interessante, uma vez que até então se
considerava que o interior tecido era saturado ou colmatava com o acúmulo de
partículas. Porém para o PNT não se pode afirmar que o número de partículas não
variou ciclo a ciclo, pois o ensaio 10 apresentou valores maiores. No entanto, este
comportamento pode tanto expressar uma tendência quanto um caso isolado.
Resultados e Discussão
125
01234567891011
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
4000
4500
5000
Número Total de Partículas
Número de ciclos
Acrílico
Polipropileno
Poliéster tratado
Poliéster não tratado
Figura 4.35: Total de partículas coletadas em cada coluna analisada, por ciclo.
O que se observa, de modo geral, é que os pontos ilustram o fato de que o
acúmulo de massa indicado pela massa retida possa estar ocorrendo exclusivamente na
superfície do tecido, em detrimento do acúmulo no interior do meio filtrante, como se
pensava até então. Assim, a saturação seria um fenômeno mais de superfície que
interno, sendo que, quando se fala em saturação do conjunto torta-tecido, essa saturação
pode estar ocorrendo apenas na torta, ou seja, a massa retida adicional fica retida apenas
na superfície do tecido ou na torta remanescente, e não no seio do filtro. Deste modo,
com as constatações apresentadas, pode-se concluir que apesar do número de partículas
que penetraram no tecido tender a ser o mesmo desde o primeiro ciclo, e aumentar para
cada tecido conforme a duração da filtração interna, estes valores não tenderam a
aumentar, como ocorreu com a massa retida com o passar dos ciclos. Isto indica que a
intensidade de penetração seja um fenômeno definido logo no primeiro ciclo, para os
tecidos tratados.
Além disso, a Figura 4.35 mostra que o Polipropileno apresentou o menor
número de partículas coletadas no interior do tecido, por ciclo. O Poliéster não tratado,
por sua vez, apresentou um número superior de partículas coletadas. Esta constatação
vem confirmar as suspeitas de que o maior ponto de colmatação se reflete em um maior
número de partículas arranjado internamente ao filtro, e vice-versa.
De qualquer forma, independente da saturação ocorrer no interior ou na
superfície do tecido, a perda de carga residual resultante em cada tecido tendeu a
Resultados e Discussão
126
acompanhar o comportamento qualitativo da massa retida, como se pode verificar pela
Figura 4.36.
01234567891011
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Perda de Carga Residual (mmH
2
O)
Número de ciclos
Acrílico
Polipropileno
Poliéster tratado
Poliéster não tratado
01234567891011
0
2
4
6
8
10
12
Massa Retida Acumulada (g)
Número de ciclos
Acrílico
Polipropileno
Poliéster tratado
Poliéster não tratado
Figura 4.36: Gráfico comparativo do Ensaio 10 de cada tecido, para a perda de carga
residual e massa retida acumulada, para diferentes tecidos.
Por meio da Figura 4.36, observou-se que apesar de inicialmente a perda de
carga residual no experimento com poliéster sem tratamento não apresentar o maior
valor, rapidamente este ultrapassa os valores de perda de carga residual dos demais
tecidos tratados. Verifica-se também, para este tecido, que não houve tendência do
perfil de perda de carga residual se tornar constante durante os dez ensaios realizados.
Para os demais tecidos tratados filtrando, verifica-se que a taxa de aumento da perda de
carga é inferior, sendo mais pronunciada para o Polipropileno, seguida do Acrílico e do
Poliéster tratado, como pode ser observado na Tabela 4.25.
Tabela 4.25:Perda de carga residual no Ensaio 10 para os tecidos analisados.
Perda de Carga Residual (mmH
2
O)
Ciclo
AC PP PT PNT
1
0 0 0 0
2
17,35 22,23 11,39 18,97
3
17,35 22,77 12,47 18,97
4
17,35 24,4 14,10 20,60
5
17,89 27,65 14,10 28,19
6
22,77 29,28 18,43 33,61
7
26,57 30,9 18,97 36,32
8
25,48 31,45 21,14 39,04
9
25,48 32,53 21,14 39,04
10
26,02 35,29 22,23 44,46
Resultados e Discussão
127
Como o primeiro ciclo é realizado com um tecido limpo, admitiu-se que o
valor da perda de carga residual em todos esses casos era igual a zero. O
comportamento semelhante de ambas as características de filtração ratifica o fato de que
as partículas acumuladas no meio e a perda de carga resultante estão de alguma forma
associadas. Esta associação pode ser percebida pela Figura 4.37.
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35 0,40
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
4000
4500
5000
5500
Aclico
Polipropileno
Poliéster tratado
Poliéster não tratado
P/V (Pa.s/m)
M
ret
/A (kg/m
2
)
Figura 4.37: Variação da perda de carga residual com a massa retida em cada ciclo de
filtração para os tecidos analisados
.
Verifica-se que para o Polipropileno houve um incremento maior da perda de
carga residual para uma massa semelhante aos demais tecidos, com o número de ciclos.
No outro extremo, verifica-se que para o poliéster não tratado, os efeitos do acúmulo de
massa são menores sobre a perda de carga residual. O Poliéster tratado, por sua vez,
apresentou um comportamento intermediário entre o PP e o AC, sendo, porém, muito
próximo do Acrílico.
O Polipropileno apresentou os maiores valores de perda de carga residual entre
os tecidos tratados, mas, no entanto, a massa retida foi a menor dentre os mesmos. Este
fato indicou, além da menor capacidade de retenção de partículas do Polipropileno,
comprovada pelo menor número de partículas coletadas, que a perda de carga residual
não é apenas conseqüência do acúmulo de material no interior do filtro, mas sim da
associação deste acúmulo com as características do filtro. Deste modo, as características
do tecido acabam por exercer influência não apenas nos ciclos iniciais, mas também no
desempenho global do tecido durante toda sua vida útil.
Nos estudos de ELLENBECKER e LEITH (1981) com tecidos não trançados,
a fração limpa diminuía a cada ciclo. Porém, como pôde ser observado na Figura 4.38,
Resultados e Discussão
128
as curvas dos tecidos tratados apresentaram alguma variação em torno de uma
constante, sem apresentarem uma tendência definida, sendo que em alguns ensaios esta
aumentou e em outros diminuiu, podendo-se considerar que, de modo geral, os valores
foram constantes, o que era esperado, uma vez que, para estes tecidos, a massa retida e
removida tenderam a se tornarem-se constantes.
01234567891011
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1,0
Fração Removida
Número de ciclos
a)
01234567891011
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1,0
Fração Removida
Número de ciclos
b)
01234567891011
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1,0
Fração Removida
Número de ciclos
c)
01234567891011
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1,0
Fração Removida
Número de Ciclos
d)
Figura 4.38: Variação da fração de massa removida em cada ciclo de filtração para: a) AC e
rocha; b) PP e rocha; c) PT e rocha; d) PNT e rocha. (
!) Ensaio 01; (,) Ensaio 02;
(
7) Ensaio 03; (Β) Ensaio 04; (Λ) Ensaio 05; () Ensaio 06; (β) Ensaio 07; (µ) Ensaio 08; (ξ)
Ensaio 09; (
) Ensaio 10.
Este fato vem reafirmar as conclusões anteriores de que, após a saturação do
conjunto torta-tecido, a massa que se depositou no filtro durante cada filtração era
completamente removida. Já para o tecido não tratado, verificou-se que a eficiência de
limpeza foi maior para os ciclos iniciais, tornando-se muito próxima de zero para os
ciclos finais.
Resultados e Discussão
129
Analisando-se o caso particular do Acrílico e do Polipropileno, cujos
resultados foram os mais discrepantes entre si, têm-se algumas observações. A fração
removida nas limpezas do Polipropileno foi superior à do Acrílico, apesar da espessura
da torta ter sido menor, o que pode ser resultado do tratamento mais vigoroso do PP,
demonstrado por sua superfície mais fundida, resultando em uma superfície mais lisa e
mais fechada, promovendo uma filtração mais superficial. Apesar dessa menor massa
retida, a perda de carga residual do PP foi superior à do AC e a massa retida inferior.
Assim, por estas características da filtração de cada meio, pode-se deduzir que a perda
de carga residual deixa de ser um parâmetro adequado para avaliar a eficiência de
limpeza quando se compara meios filtrantes diferentes.
Fazendo-se uma análise da estrutura de cada tecido, a partir da caracterização
realizada no início deste trabalho, verifica-se que, para o caso particular do
Polipropileno e Acrílico, o diâmetro de fibras dificilmente estaria interferindo nos
resultados, pois ambos apresentam valores muito próximos. No entanto, a
permeabilidade e a porosidade do Polipropileno são inferiores às do Acrílico. Desta
forma, pode ser que as partículas capturadas entre as fibras exerçam um maior efeito
sobre os tecidos com maior resistência à passagem do ar, bloqueando mais rapidamente
seus interstícios. Esta constatação pode explicar a maior perda de carga residual
provocada por uma menor massa retida verificada nos ensaios com o polipropileno em
comparação com o acrílico para os experimentos com a rocha fina.
Os ensaios realizados na execução deste trabalho revelaram que a remoção da
torta ocorreu aos pedaços, caracterizando o fenômeno da limpeza em blocos. No
entanto, as partes removidas foram muito pequenas, uma vez que as tortas possuíam
pouca espessura, de modo que não puderam ser quantificadas, nem tampouco se pôde
realizar uma comparação entre os tecidos. Para levantamento de tal característica, seria
necessário realizar ensaios que permitissem a formação de uma torta mais espessa, o
que descaracterizaria os estudos aqui realizados.
A Figura 4.39 revela que a maior parte das partículas ficou retida nas primeiras
camadas dos meios filtrantes, independente do tipo do filtro. Porém, exceto para o
tecido sem tratamento, a média do número de partículas coletadas em cada camada foi
bastante próximo, sendo variável apenas a profundidade de penetração. Já para o tecido
Resultados e Discussão
130
sem tratamento, o número de partículas foi superior aos demais tecidos, em toda a
profundidade do tecido, indicando um maior acúmulo de partículas em seu interior.
0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800
-100
0
100
200
300
400
500
600
700
800
900
Número Médio de Partículas
Profundidade de Penetração (µm)
Acrílico
Polipropileno
Poliéster tratado
Poliéster não tratado
Figura 4.39: Tendência da variação do número médio de partículas com a profundidade
do tecido.
Pelos valores do desvio padrão, verifica-se que na primeira camada, o número
de partículas foi significativamente variável, mesmo para experimentos com o mesmo
tecido, evidenciando a heterogeneidade do processo e também como resultado da
limpeza por blocos. Observa-se também que o número de partículas coletadas diminui
com a profundidade do tecido, tendendo a um comportamento exponencial, conforme
descrito por THOMAS et al. (2001). No entanto, verifica-se que em todos os tecidos o
comportamento do número de partículas obedece a esta mesma tendência exponencial.
Apesar do Acrílico apresentar maior massa retida em relação ao Polipropileno,
o número de partículas depositada em ambos foi próximo, o que indica que o acúmulo
provavelmente ocorreu na superfície do filtro, e não em seu interior. Este fato é
interessante, pois até então imaginava-se que este acúmulo fosse interno. Porém este
comportamento pode ser esclarecido quando se observa como o tratamento interferiu na
intensidade de penetração, uma vez que o PP apresentou a superfície com maior
quantidade de pontos quentes (ou “hot spots”) que o AC. Deste modo, com a superfície
apresentando fibras mais fundidas, ocorreu um bloqueio à entrada de partículas neste
meio filtrante, diminuindo a sua profundidade de penetração, e verificou-se também,
como comentado anteriormente, que a remoção foi mais eficiente.
Resultados e Discussão
131
Pode ser também que, por causa da menor permeabilidade e porosidade do
Polipropileno, as partículas retidas na camada mais superficial provocaram a
colmatação mais rápida do meio filtrante, impedindo que outras partículas penetrassem
mais profundamente, o que resultou em sua menor massa retida e maior perda de carga
residual. Assim, pode-se atribuir a menor profundidade de penetração apresentada por
este tecido não apenas ao tipo de tratamento sofrido e à sua menor abertura superficial,
mas também à acomodação das partículas no seu interior. Deste modo não se pode
deixar de considerar os efeitos de interação entre as partículas e o meio filtrante com
suas diferentes permeabilidade e porosidade, que permite uma acomodação diferente de
partículas em cada tecido.
O Poliéster tratado, apesar de apresentar todas as demais características
analisadas até então muito semelhantes às do Acrílico, inclusive quanto ao número de
partículas coletadas por coluna analisada, apresentou uma profundidade de penetração
inferior. Pode ser que nestes dois casos em especial, o tratamento superficial que
conferiu ao PT uma superfície mais fechada, também tenha interferido na profundidade
de penetração de partículas. A observação das fotos da Figura 4.40 sugere que a
remoção de torta ocorreu preferencialmente nos pontos onde não havia os “hot spots”, o
que é razoável, uma vez que o ar em contrafluxo não tem como atravessar as fibras
fundidas.
Desta forma, além de conferir uma superfície mais lisa, que diminui a adesão
torta-filtro, essas fibras fundidas pelo tratamento colaboram também no sentido de
concentrar o fluxo de ar, resultando em maiores velocidades através da torta e
removendo o material depositado mais efetivamente, e no caso do PT, impedir que mais
partículas penetrem mais profundamente no tecido.
Através destes resultados, não restam dúvidas sobre a eficiência do tratamento
superficial em minimizar a penetração de partículas no interior dos meios filtrantes.
Desse modo, foi possível verificar a penetração de um número maior de partículas e
mais profundamente no tecido sem tratamento.
Resultados e Discussão
132
a)
b)
Figura 4.40: Imagem da superfície de um tecido após a remoção. a) Aumento de 50x; b)
Aumento de 200x.
Para uma melhor visualização do comportamento da profundidade de
penetração, a Figura 4.41 apresenta estes valores para cada experimento realizado com a
rocha fosfática fina, para os quatro tecidos pesquisados. Pode-se observar que não
houve uma tendência clara da profundidade de penetração aumentar ou diminuir com o
número de ciclos, como observado no trabalho de MARTINS et al. (2001b).
Resultados e Discussão
133
01234567891011
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
Profundidade de Penteração (µm)
Número de Ciclos
Acrílico
polipropileno
Poliéstertratado
PNT
Figura 4.41: Profundidade de penetração dos experimentos com rocha fina.
(
!) AC; (,) PP; (7) PT; (Β) PNT.
Verifica-se que o poliéster sem tratamento exibiu a maior profundidade de
penetração de todos os tecidos, alcançando até cerca de 1.600 µm, e que o acrílico foi o
que mostrou uma maior profundidade entre os tecidos tratados (máxima em torno de
1.000 µm). Comparando-o com o polipropileno, cuja penetração não ultrapassou
600 µm, verifica-se que houve uma penetração mais profunda no feltro de acrílico. Este
comportamento ratifica as suspeitas levantadas na análise da massa retida, que foi
menor para o polipropileno, em comparação ao acrílico, de modo que seria possível
deduzir que a maior massa retida corresponde à maior penetração de partículas no
interior do tecido. Observa-se também que para o tecidos sem tratamento a
profundidade de penetração foi maior, pela maior permeabilidade e porosidade, que
permitiram uma maior acomodação de partículas nos meios filtrantes.
Por meio destes resultados, pode-se sugerir que a as filtrações com estas
condições operacionais e para este material pulverulento obteriam melhores resultados
se forem realizadas com o acrílico ou com o poliéster tratado, pois estes tecidos
apresentaram um comportamento mais estável com o número de ciclos, no que se refere
à massa coletada, retida e removida, oferecendo uma remoção adequada que resultaria
em perdas de cargas residuais inferiores, se comparados aos demais tecidos, o que
diminuiria os custos energéticos de operação.
Resultados e Discussão
134
Comparando-se as imagens obtidas em MEV, apresentadas nas Figuras 4.10,
17, 24 e 31, verificou-se que as partículas de rocha fina tenderam a permanecerem em
torno das fibras, mesmo após a limpeza. Este comportamento evidencia o que pode ter
sido dendritos, formados durante a primeira fase da filtração. Estes dendritos indicam
que houve a ação do mecanismo de captura por difusão browniana com alguma
intensidade. Para confirmar esta suspeita, foram realizados cálculos pertinentes aos
mecanismos de coleta por interceptação e por impactação Os parâmetros foram
calculados a partir do diâmetro de Stokes, do diâmetro médio volumétrico e do diâmetro
de Stokes calculado pelo diâmetro aerodinâmico. Desta forma calculou-se o número de
Stokes (St), o adimensional R e o número de Peclet, que fornecem dados sobre a
influência da impactação, da interceptação e da difusão, respectivamente. Os valores
calculados para o poliéster tratado (PT) são iguais para o poliéster não tratado, sendo
assim, omitidos da Tabela 4.26. A viscosidade dinâmica (µ) foi considerada, a T=20ºC
(293 K), igual a 1,82.10-4g.cm-1.s-1 e a pressão utilizada nos cálculos foi de 1 atm. No
cálculo de Peclet, considerou-se o livre caminho médio (λ) igual a 0,066 µm, constante
de Boltzman (k) igual a 1,38.10-23 J/K. Assim, o coeficiente difusional da equação
(2.3) pode ser dado pela equação 4.6:
p
c
d
CTk
D
...3
..
µπ
=
(4.6)
em que Cc é o fator de correção de Cunningham, dado pela equação 4.7:
p
c
d
C
λ
.52,2
1+=
(4.7)
Os resultados podem ser avaliados pela Tabela 4.26. De acordo com a teoria
da captura por uma fibra simples apresentada no Capítulo 2, para números de Stokes
menores que 0,1 a impactação passa a ser desprezível na captura de partículas, e para R
menor que 0,1 a interceptação também se torna insignificante. Pelos valores
apresentados para estes adimensionais, verifica-se que em nenhum caso aqui estudado
estes mecanismos podem ser desprezados.
Resultados e Discussão
135
Tabela 4.26: Adimensionais St, R e Pe obtidos para os dados de diâmetro disponíveis.
Experimento AC PP PT
Material Rocha fina Rocha fina Rocha fina
d
f
(10
4
cm) 22,7 23,6 19,43
d
p
Stokes (10
4
cm) 3,71 3,71 3,71
St 0,51 0,50 0,6
R 0,16 0,16 0,19
Adimensional calculado
Pe 337.885 351.281 289.211
d
p
méd. vol. (10
4
cm) 4,55 4,55 4,55
St 0,78 0,75 0,91
R 0,20 0,19 0,23
Adimensional calculado
Pe 417.707 434.268 357.535
d
p
St calc (10
4
cm) 2,74 2,74 2,7
St 0,32 0,25 0,33
R 0,18 0,12 0,14
Adimensional calculado
Pe 245.796 255.541 210.388
No entanto, apesar dos pequenos valores de St e R, o número de Peclet foi
relativamente elevado. Como comentado no Capítulo 2, quanto maior Pe, menor a
deposição difusional, tem-se que para estes experimentos, apesar de pequeno diâmetro,
o efeito difusional é pouco significativo.
Uma última observação a respeito das filtrações em diferentes tecidos foi que,
apesar de se manter a vazão de alimentação de pó constante de 1,96 g/min, cada tecido
foi capaz de coletar uma massa diferente por tempo, como mostra a Tabela 4.27.
Tabela 4.27: Comparação da vazão de de pó média coletada em cada tecido.
Tecido AC PP PT PNT
Vazão (g/min)
1,09 1,06 1,29 1,27
Este comportamento revela um fato interessante, descrito na literatura e
observado nestes experimentos, a respeito da relação gás-pano. Esta relação existe para
que se defina uma faixa de vazão nas condições operacionais, adequada para limpar
determinada vazão de gás. Assim, verificou-se que como os tecidos, em princípio,
estariam recebendo a mesma quantidade de material, alguns deles, como o PT, seriam
capazes de reter maior quantidade deste material, enquanto os demais apresentaram um
pequeno retorno de pó à caixa de alimentação, sendo então, necessária uma relação gás-
Resultados e Discussão
136
pano maior. Verificou-se também que o tratamento pareceu não interferir na vazão de
massa coletada, uma vez que estes valores para o PT e o PNT foram muito próximos.
O efeito da eficiência não foi considerado, mas como observou-se pelas
imagens, poucas partículas seriam capazes de atravessar o meio filtrante. Além disso, a
própria profundidade de penetração ilustra este fato, sendo encontradas partículas
apenas até uma distância razoável da extremidade oposta do meio filtrante.
4.8 ENSAIOS DE FILTRAÇÃO - POLIÉSTER TRATADO E POLVILHO
(8,67 µM)
Como foi verificado no Capítulo 3, o polvilho doce não pode ter seu diâmetro
médio volumétrico determinado, por ser um material solúvel em água, o meio utilizado
para realizar as análises, portanto, considerou-se seu diâmetro de Stokes de 8,67 µm. Os
experimentos em poliéster tratado foram realizados também utilizando polvilho como
material pulverulento, possibilitando uma avaliação mais ampla do efeito da forma da
partícula sobre a filtração. Neste tópico serão apresentadas as curvas de filtração e as
características destas filtrações, sendo que a comparação será realizada em tópico a
parte. A Figura 4.42 ilustra o comportamento das curvas de filtração do poliéster tratado
filtrando o polvilho.
0,00 0,02 0,04 0,06 0,08 0,10 0,12 0,14
0
20
40
60
80
100
120
140
Perda de Carga Residual (mmH
2
O)
Massa Coletada Acumulada (g/cm
2
)
Figura 4.42:Perfil da perda de carga para os dez ciclos de filtração para o Poliéster
tratado com polvilho. (
!) Ensaio 01; (,) Ensaio 02; (7) Ensaio 03; (Λ) Ensaio 05; () Ensaio 10.
Resultados e Discussão
137
Verifica-se que, comparado aos ensaios anteriores, a massa coletada por
unidade de área foi significativamente superior e as curvas dos nove ciclos finais são
bastante semelhantes entre si. Houve, no ciclo 1 do ensaio 3, algum problema
experimental não esclarecido, que resultou em uma perturbação do perfil convencional
de filtração.
Observa-se que a massa coletada por ciclo torna-se aproximadamente
constante após o sétimo ciclo do PT, como apresenta a Tabela 4.28.
Por meio da Figura 4.42, é possível constatar ainda que, exceto no primeiro
ciclo, as curvas de filtração apresentam forma praticamente linear todo o tempo, sendo
inexistente o comportamento em “S” observado nos ensaios anteriores. Este
comportamento pode ser atribuído, entre outros fatores, à forma da partícula, quase
esférica. No entanto, não se encontrou na literatura consultada informações sobre a
influência da forma das partículas na configuração das curvas de filtração. Verifica-se
também que, exceto na curva correspondente ao primeiro ciclo do ensaio 3, as curvas de
filtração foram bastante reprodutíveis. Provavelmente, a torta formada por partículas
mais regulares se arranje de modo mais uniforme, com menos variação em sua
distribuição espacial.
Tabela 4.28: Variação da massa coletada média com o número de ciclos do Poliéster
tratado e polvilho.
Ciclo
Massa
(g/cm
2
)
1 0,0267
2 0,0154
3 0,0132
4 0,0131
5 0,0123
6 0,0123
7 0,0104
8 0,0107
9 0,0110
10 0,0114
Além disso, os coeficientes angulares das curvas foram bastante parecidos, o
que se refletiu em valores de resistência específica da torta formada nos diferentes
ciclos, muito semelhantes entre si, como apresentado pela Tabela 4.29, lembrando que,
a partir do ensaio 6 houve apenas uma curva, a do ensaio 10, por isso os desvios padrões
Resultados e Discussão
138
não foram ser calculados. Pode ser que este comportamento constante seja resultado da
eficiência de remoção de torta, que gerou patches maiores que nos ensaios com a rocha
fosfática fina.
Tabela 4.29: Resistência específica média da torta determinada graficamente, para os
ensaios com Poliéster tratado e polvilho.
Ciclo K
2
(s
-1
) Desvio padrão
1 4,7.10
4
7,4.10
3
2 5,2.10
4
7,1.10
3
3 5,7.10
4
1,7.10
3
4 5,8.10
4
1,3.10
3
5 6,0.10
4
1,2.10
3
6 5,3.10
4
-
7 6,6.10
4
-
8 6,2.10
4
-
9 5,8.10
4
-
10 5,5.10
4
-
Do mesmo modo como apresentaram todos esses dados muito próximos de
valores constantes, as massas removida e retida acumulada também foram quase
constantes desde o primeiro ciclo, como mostra a Figura 4.43.
01234567891011
0
1
2
3
4
5
6
Massa Retida Acumulada e Removida (g)
Número de Ciclos
Figura 4.43: Massa de material pulverulento removida pela limpeza (
símbolos vazios) e
retida após a mesma (
símbolos cheios) para o Poliéster tratado e polvilho:
(
!∀) Ensaio 01; (,−) Ensaio 02; (78) Ensaio 03; (ΛΜ) Ensaio 05; () Ensaio 10.
O fato de os valores serem constantes desde os primeiros ciclos pode indicar
que o maior tempo de filtração inicial tenha resultado na maior saturação do conjunto
torta-tecido já no início do processo.
Resultados e Discussão
139
Verificando o comportamento da perda de carga residual, mostrada pela
Figura 4.44, observa-se que a taxa de aumento de perda de carga foi pouco significativa,
sendo também quase constante, seguindo aproximadamente o comportamento da massa
retida acumulada, como observado nos demais experimentos.
01234567891011
0
10
20
30
40
50
60
70
80
Ensaio 1
Ensaio 2
Ensaio 3
Ensaio 5
Ensaio 10
Perda de Carga Residual (mmH
2
O)
Número de Ciclos
Figura 4.44: Perfil da variação de perda de carga residual para os ensaios com Poliéster
tratado e polvilho.
A relação entre a massa retida e a perda de carga residual resultante pode ser
mais explicitamente observada pela Figura 4.45, em que se pode observar que estes
parâmetros não apresentaram um comportamento definido nos experimentos realizados,
não sendo possível realizar o ajuste dos pontos.
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
P/V (Pa.s/m)
M/A (kg/m
2
)
Figura 4.45: Relação entre a perda de carga residual e a massa retida para o Poliéster
tratado e polvilho: (
!) Ensaio 01; (,) Ensaio 02; (7) Ensaio 03; (Λ) Ensaio 05;
(
) Ensaio 10.
Resultados e Discussão
140
MAUSCHVITZ (2004) comenta que as massas retidas e as perdas de carga
residuais podem não ter uma relação direta por causa do que o autor chamou de fator de
rearranjo, ou seja, a massa de partículas retida após a limpeza busca uma acomodação
interna que vise a menor perda de carga.
Assim, a massa de material, que durante a filtração tenha provocado uma
perda de carga “x” provocará uma perda de carga residual menor se ficar retida no filtro
após a limpeza. Esta razão é o fator de rearranjo.
Como a torta formada nestas condições foi mais espessa, era esperado que a
eficiência fosse maior, com ilustra a Figura 4.46.
01234567891011
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1,0
Fração Removida
Número de ciclos
Figura 4.46: Perfil da fração de massa removida em cada ciclo de filtração para o Poliéster
tratado e polvilho. (
!) Ensaio 01; (,) Ensaio 02; (7) Ensaio 03; (Λ) Ensaio 05; () Ensaio 10.
Esta elevada eficiência pode ter se refletido no comportamento praticamente
linear das curvas de filtração, após a primeira limpeza, pois como concluído no trabalho
de MOREIRA et al. (1999), maiores eficiências de remoção das tortas poderiam ser
observadas pela forma das curvas subseqüentes à limpeza, sendo que as curvas lineares
correspondem a elevadas eficiências de remoção. Porém deve-se considerar que se
tratam de materiais e condições operacionais diversas nos dois experimentos (diâmetro
de partícula: 36µm, meio filtrante: feltro de poliéster, mecanismo de limpeza: vibração
mecânica, velocidade de filtração: 5,0 cm/s) sendo que se sugere que sejam realizados
testes desta natureza em trabalhos subseqüentes para averiguar este comportamento.
Este fato pode ainda estar relacionado ao tamanho dos pedaços de torta
removidos que, no caso do polvilho, foram expressivamente maiores que para a rocha
fosfática fina. RODRIGUES (2004) verificou este comportamento, percebendo que os
Resultados e Discussão
141
maiores pedaços removidos foram observados para maiores eficiências de remoção.
Comportamento semelhante foi observado também no trabalho de TIENI (2005). No
entanto, tais autores não relacionaram a linearidade das curvas com o tamanho dos
patches removidos.
Para este material pulverulento, realizaram-se as análises de penetração de
partículas no Poliéster tratado. As imagens de algumas colunas de alguns ciclos obtidos
via microscopia óptica podem ser observadas pela Figura 4.47, que apresenta as cinco
primeiras fotos de cada coluna analisada, totalizando cerca de 1.500µm, sendo que cada
foto representa uma profundidade de aproximadamente 310 µm.
Verifica-se, nestas imagens, que a acomodação das partículas nas camadas
mais internas do tecido não ocorreu apenas em torno das fibras, como ocorreu no caso
da rocha fosfática fina, mas as partículas se encontraram acomodadas também no seio
do tecido. Esta acomodação diferente pode ser atribuída à ação de diferentes
mecanismos de captura, o que será objeto de estudo do item 4.10. Em termos
quantitativos, a Tabela 4.30 apresenta os valores de número de partículas, bem como a
profundidade de penetração.
A variação do diâmetro médio das partículas com a profundidade do tecido e
com o número de ciclos não foi realizada para os experimentos com polvilho por este se
tratar de um material considerado praticamente monodisperso.
Por meio da Tabela 4.30 é possível verificar a variação da profundidade média
de penetração de partículas com o número de ciclos, que variou entre 1.200 e 2.500 µm,
aproximadamente, sem apresentar tendência definida de aumentar ou diminuir com o
número de ciclos.
Apesar da maior eficiência de remoção, verificou-se que esta não interferiu na
profundidade de penetração de partículas, o que demonstrou que a limpeza tenha uma
ação mais superficial do que interna na remoção do material particulado acumulado no
tecido.
.
Resultados e Discussão
142
Interface torta-ar
Ciclo 01 Ciclo 02 Ciclo 02 Ciclo 03 Ciclo 05b Ciclo 10
Interior do meio filtrante
Figura 4.47: Seção transversal do poliéster tratado em diferentes ciclos para o polvilho. Aumento de 200X
Resultados e Discussão
143
Tabela 4.30: Penetração de partículas no Poliéster tratado: número de partículas com a profundidade do tecido, filtrando polvilho.
Profundidade Ensaio
(µm)
1 2 3 5 10
0-312 620 669 417 225 476 641 423 538 368 198 462 330 345 421 121 371 285 69 155 232
312-624 212 46 18 36 337 225 229 372 56 266 430 64 115 85 32 96 100 6 37 77
624-936 14 11 5 18 476 259 265 568 12 54 112 21 63 69 14 58 30 154 20
936-1248 24 3 12 177 231 170 462 16 144 12 20 24 9 212 20
1248-1560 10 4 272 74 178 488 15 29 2 215 4
1560-1872 5 2 115 43 107 458 10 13 1 39
1872-2184 17 17 70 352 2
2184-2496 8 343 133 1
2496-2808 614 146
Soma
885 726 443 297 1870 1498 2399 3517 436 534 1173 415 535 595 167 591 430 75 812 353
Profundidade Média
(µm)
1.482 2.496 1.248 1.326 1.716
Resultados e Discussão
144
A Figura 4.48 apresenta a variação do número de partículas em cada camada
de tecido, para cada ciclo. Observa-se que, como nos demais experimentos, não houve
tendência definida do número de partículas aumentar ou diminuir com o número de
ciclos. Porém, ao contrário dos demais tecidos utilizados, nota-se que as partículas
permaneceram mais distribuídas ao longo de toda a profundidade do tecido, ao invés de
apresentarem uma concentração nítida nas camadas superficiais, sendo esta tendência de
diminuir com a profundidade menos evidente, principalmente no ensaio 2, sendo que o
máximo de partículas retidas foi em torno de 700.
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500
-100
0
100
200
300
400
500
600
700
800
Número de Partículas
Profundidade do Tecido (µm)
Ensaio 1
Ensaio 2
Ensaio 3
Ensaio 5
Ensaio 10
Média
Figura 4.48: Variação do número de partículas com a profundidade do tecido para o
Poliéster tratado e polvilho.
4.9 ENSAIOS DE FILTRAÇÃO POLIÉSTER NÃO TRATADO E POLVILHO
(8,67 µM)
Com o intuito de se comparar o efeito do tratamento superficial, em um
segundo material pulverulento, realizou-se os mesmos experimentos utilizando-se o
PNT. As curvas de filtração realizadas em filtro de poliéster sem tratamento e polvilho
estão apresentadas na Figura 4.49. Foram realizadas filtrações para 1, 2, 3, 5 e 10 ciclos.
Resultados e Discussão
145
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35
0
20
40
60
80
100
120
140
Perda de Carga (mmH
2
O)
Massa Acumulada (g/cm
2
)
Figura 4.49:Perfil de perda de carga para os dez ciclos de filtração para o poliéster sem
tratamento com polvilho. (
!) Ensaio 01; (,) Ensaio 02; (7) Ensaio 03; (Λ) Ensaio 05;
(
) Ensaio 10.
Observa-se que os ciclos subseqüentes ao primeiro são praticamente lineares,
como o foram para o tecido tratado. Deste modo, pode-se concluir que este
comportamento linear é característico do material pulverulento, e não do meio filtrante.
A duração cada vez menor dos ciclos de filtração verificados nesta Figura pode ser
conferida na Tabela 4.31.
Tabela 4.31: Variação da massa coletada média do PNT com polvilho.
Ciclo
Massa
(g/cm
2
)
1
0,139
2
0,054
3
0,034
4
0,027
5
0,020
6
0,017
7
0,013
8
0,008
9
0,009
10
0,005
Pode-se notar que a massa coletada não tendeu a se tornar constante nos dez
ciclos estudados, apresentando uma diminuição de duas ordens de grandeza do ciclo
inicial para o décimo. Apesar da massa coletada ter variado ciclo a ciclo, a resistência
Resultados e Discussão
146
específica da torta pode ser considerada praticamente constante após a primeira limpeza,
como pode ser comprovado pela Tabela 4.32, com pequenas variações no valor.
Tabela 4.32: Resistência específica média da torta determinada graficamente, para os
ensaios com Poliéster não tratado e polvilho.
Ciclo K
2
(s
-1
) Desvio padrão
1
2,5.10
3
4,1.10
3
2
1,5.10
4
1,6.10
3
3
2,0.10
4
2,2.10
3
4
1,8.10
4
1,6.10
3
5
1,6.10
4
1,4.10
3
6
1,5.10
4
-
7
1,6.10
4
-
8
1,6.10
4
-
9
1,3.10
4
-
10
1,5.10
4
-
A exemplo do corrido para a massa coletada, as massas retida e removida
acumulada não tornaram-se constantes, como mostra a Figura 4.50. Verifica-se que a
massa removida tendeu a diminuir drasticamente com o passar dos ciclos, indicando um
provável decaimento na eficiência de remoção. Já os valores da massa retida acumulada
indicaram que houve um acúmulo contínuo de material particulado no conjunto torta-
tecido nos dez ciclos estudados.
01234567891011
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
22
24
26
28
30
Masa Retida Acumulada e Removida (g)
Número deciclos
Figura 4.50: Massa de material pulverulento removida pela limpeza (
símbolos vazios) e
retida após a mesma (
símbolos cheios) para o Poliéster não tratado e polvilho.
(
!∀) Ensaio 01; (,−) Ensaio 02; (78) Ensaio 03; (ΛΜ) Ensaio 05; () Ensaio 10.
Resultados e Discussão
147
A perda de carga residual provocada pelo acúmulo de material no tecido é
mostrada na Figura 4.51, em que se verifica o significativo aumento destes valores com
os ciclos, não apresentando nenhuma tendência a se tornar constante.
01234567891011
0
10
20
30
40
50
60
70
80
Perda de Carga Residual (mmH
2
O)
Número de Ciclos
Ensaio 1
Ensaio 2
Ensaio 3
Ensaio 5
Ensaio 10
Figura 4.51: Perfil da variação de perda de carga residual de cada ciclo de filtração para o
poliéster não tratado e polvilho.
Nitidamente verifica-se também para estes experimentos que a perda de carga
residual apresentou comportamento semelhante ao da massa retida acumulada. Esta
relação pode ser observada pela Figura 4.52.
0,00,20,40,60,81,01,2
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
P (Pa.s/m)
M/A k(/m
2
g)
Ensaio 1
Ensaio 2
Ensiao 3
Ensaio 5
Ensiao 10
Figura 4.52: Perda de carga residual com a massa retida acumulada nos experimentos
com PNT e polvilho.
Verifica-se que a relação entre a massa retida acumulada e a perda de carga
residual apresentou um comportamento que indicou uma relação potencial da perda de
carga residual com a massa retida, após o primeiro ciclo, que pode ser expressa pela
equação 4.8:
Resultados e Discussão
148
2,50
ret
A
M
5865.
=
V
P
(4.8)
A eficiência de remoção de torta responsável pela perda de carga residual está
apresentada na Figura 4.53.
01234567891011
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1,0
Ensaio 1
Ensaio 2
Ensaio 3
Ensaio 5
Ensaio 10
Fração Removida
Número de ciclos
Figura 4.53: Perfil da fração de massa removida após a limpeza para o poliéster sem
tratamento e polvilho.
Verificando o comportamento da eficiência de remoção e associando-o à
forma das curvas das filtrações, pode-se concluir que, no caso do polvilho em PNT, o
comportamento linear teve pouco a ver com a porcentagem de torta removida, ao
contrário do que afirmou MOREIRA et al. (1999), uma vez que tanto quando a
eficiência era maior, nos primeiros ciclos, quanto quando esta eficiência decaiu, nos
ciclos finais, as curvas mantiveram seus comportamentos lineares.
Esta constatação reforça os indícios de que o comportamento das curvas está
mais ligado às características do material pulverulento do que à eficiência de remoção
propriamente dita.
As imagens do interior do meio filtrante podem ser observadas a partir da
Figura 4.54, que apresenta as cinco primeiras fotos de algumas colunas de alguns ciclos
analisados, totalizando uma profundidade de cerca de 1.500 µm, sendo que cada foto
possuía altura de aproximadamente 310 µm.
A Tabela 4.34 apresenta os valores obtidos para a profundidade de penetração
das partículas bem como o número de partículas encontradas em cada uma das camadas
do tecido.
Resultados e Discussão
149
Por meio desta Tabela é possível verificar a variação da profundidade de
penetração de partículas com o número de ciclos. A profundidade média atingida pelas
partículas variou entre 1.600 e 3.200 µm, aproximadamente, sem apresentar tendência
definida de aumentar ou diminuir com o número de ciclos.
Verifica-se nestas imagens, a exemplo dos experimentos com PT e polvilho,
que a acomodação das partículas nas camadas mais internas do tecido não ocorreu
apenas em torno das fibras, como ocorreu no caso da rocha fosfática fina, mas as
partículas se encontraram acomodadas também no seio do tecido.
Esta acomodação diferente pode ser atribuída à ação de diferentes mecanismos
de captura, o que será objeto de estudo do item 4.10.
Além disso, a penetração atingiu, em alguns casos, até a última camada do
tecido, como ocorreu para uma coluna do ciclo 5, com um número considerável de
partículas, o que pode indicar que houve o atravessamento total das partículas,
ressaltando uma baixa eficiência de captura do mecanismo (ou mecanismos) de captura
predominante (s).
A Figura 4.55 apresenta a variação do número de partículas em cada camada
de tecido, para cada ciclo.
Similarmente aos demais tecidos utilizados, nota-se que a maior parte das
partículas concentra-se nas camadas mais superficiais do tecido, tendendo a diminuir
exponencialmente com a profundidade, sendo que o máximo de partículas retidas foi
menor que 800.
Resultados e Discussão
150
Interface torta-ar
Ciclo 01a Ciclo 02a Ciclo 02b Ciclo 03 Ciclo 03 Ciclo 05
Interior do meio filtrante
Figura 4.54: Seção transversal do poliéster não tratado em diferentes ciclos para o polvilho. Aumento de 200 X.
Resultados e Discussão
151
Tabela 4.33: Penetração de partículas no Poliéster tratado: número de partículas com a profundidade do tecido, filtrando polvilho.
Profundidade Ensaio
(µm)
1 2 3 5 10
0-312 321 365 199 174 476 641 423 538 640 275 583 573 361 377 240 333 178 458 362 261
312-624 498 298 103 82 337 225 229 372 486 568 276 298 243 175 323 223 106 675 259 231
624-936 323 610 34 0 476 259 265 568 251 200 260 354 212 229 414 441 301 319 421 522
936-1248 283 533 30 8 177 231 170 462 130 502 254 330 492 275 502 275 230 644 567
1248-1560 185 386 6 272 74 178 488 18 94 65 238 553 426 332 426 160 390 399
1560-1872 205 391 7 115 43 107 458 6 5 45 349 357 386 416 113 294 244
1872-2184 20 18 17 17 70 352 2 23 136 316 331 285 36 210 40
2184-2808 8 343 133 73 40 389 320 64 80 205 195
2808-2496 614 146 21 15 420 148 29 111 46 104
2496-2808 453 43 12 25 17
2808-3120 189 2 28
3120-3432 246
Soma
1835 2601 366 277 1870 1498 2399 3517 1531 1043 1722 1544 1546 2366 4048 3059 2094 2207 2831 2608
Profundidade
Média (µm)
1.872 2.574 1.638 3.120 3.198
Resultados e Discussão
152
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000
-100
0
100
200
300
400
500
600
700
800
Número de Partículas
Profundidade do Tecido (µm)
Ensaio 1
Ensaio 2
Ensaio 3
Ensaio 5
Ensaio 10
Média
Figura 4.55: Variação do número de partículas com a profundidade do tecido para o
Poliéster não tratado e polvilho.
Verifica-se também, que não houve tendência definida do número de
partículas aumentar ou diminuir com o número de ciclos.
4.10 COMPARAÇÃO ENTRE A PRESENÇA E AUSÊNCIA DE TRATAMENTO
DOS
MEIOS FILTRANTES E ENTRE A FORMA E DISTRIBUIÇÃO
GRANULOMÉTRICA DAS PARTÍCULAS
Por meio destes experimentos desejou-se verificar a influência do tratamento
dos filtros para um segundo material particulado, com propriedades diferentes do
material inicialmente testado. A exemplo dos experimentos realizados com a rocha
fosfática fina, cujo diâmetro de Stokes é de 3,71 µm, o tecido sem tratamento filtrando
polvilho doce, com diâmetro de Stokes de 8,67 µm, apresentou maior período de
filtração interna, sendo que este primeiro ciclo teve uma massa total coletada igual à
coletada nos dez ciclos do tecido tratado, devendo-se considerar a menor densidade do
polvilho (1,48 g/cm
3
) em relação à rocha fina (2,79 g/cm
3
). A comparação dos dez
ciclos de filtração do ensaio 10 para os quatro experimentos pode ser observada pela
Figura 4.56.
Resultados e Discussão
153
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35 0,40
0
20
40
60
80
100
120
Perda de Carga (mmH
2
O)
Massa mássica acumulada (g/cm
2
)
Figura 4.56 : Gráfico comparativo das curvas de filtração do ensaio 10, entre o
poliéster tratado e não tratado filtrando rocha fosfática fina e polvilho. (
!)
PT e rocha; (
,) PNT e rocha; (7) PT e polvilho; (Β) PNT e polvilho.
Verifica-se que os ciclos de filtração com a rocha fina foram
significativamente mais curtos que os com polvilho, para ambos os meios filtrantes,
principalmente para o primeiro ciclo, o que se refletiu nos valores dos respectivos
pontos de colmatação, como mostra a Tabela 4.34, obtidos através da Figura 4.57.
Tabela 4.34: Ponto de colmatação médio determinado para cada um dos ensaios de cada
tecido e material pulverulento estudados.
Tecido Ponto de colmatação (10
3
g/cm
2
)
PT e rocha fina
2,45
PNT e rocha fina
10,9
PT e polvilho
6,3
PNT e polvilho
25,2
A partir da Figura 4.57, pode-se verificar que o período de filtração interna é
pouco significativo nas partículas irregulares e menores da rocha fosfática em PT,
quando comparado com as partículas de polvilho. Porém, com relação ao tratamento, a
comparação entre os tecidos tratado e não tratado leva à conclusão de que a ausência de
tratamento permite que mais partículas sejam coletadas e se acomodem no interior do
meio filtrante, ou até mesmo atravessem-no, como apresentado nos experimentos
anteriores com PNT e polvilho.
Resultados e Discussão
154
0,00 0,02 0,04 0,06 0,08 0,10 0,12 0,14 0,16 0,18
0
20
40
60
80
100
120
Perda de Carga (mmH
2
O)
Massa acumulada (g/cm
2
)
Poliéster tratado e rocha
Poliéster não tratado e rocha
Poliéster tratado e polvilho
Poliéster não tratado e polvilho
Figura 4.57: Primeiro ciclo dos experimentos com PT e PNT, com rocha fosfática fina
e polvilho. (
!) PT e rocha fosfática; (,) PNT e rocha fosfática; (7) PT e polvilho;
(
Β) PNT e polvilho.
Pela Tabela comparativa 4.35, verifica-se algumas similaridades na filtração
em tecido tratado e não tratado, para os dois materiais filtrantes.
Observa-se que a massa coletada foi significativamente superior nos tecidos
não tratados, e nos mesmos não notou-se tendência destes valores se tornarem
constantes nos dez ciclos analisados. Já nos tecidos tratados, esta tendência aparece em
torno do quinto ciclo para os dois pós.
Nota-se também que as filtrações com polvilho coletaram maior massa,
mesmo sendo este material menos denso que a rocha fina, resultando em uma torta
formada significativamente mais espessa.
Este comportamento sugere que a acomodação das partículas quase esféricas
do polvilho favoreça a passagem o ar, conferindo uma menor perda de carga durante a
filtração.
Além disto, no caso de tortas constituídas por partículas irregulares, a
formação de caminhos preferenciais pode ser significante e há de se considerar também
o maior atrito do fluido com as paredes das partículas irregulares, aumentando a
resistência específica.
Resultados e Discussão
155
Tabela 4.35: Variação da massa coletada média para o PT e PNT com rocha fina e com
polvilho.
Massa coletada (g/cm
2
)
Rocha Fina Polvilho
Ciclo
PT PNT PT PNT
1
0,0074 0,0219 0,0267 0,139
2
0,0020 0,0022 0,0154 0,054
3
0,0012 0,0021 0,0132 0,034
4
0,0015 0,0015 0,0131 0,027
5
0,0013 0,0017 0,0123 0,020
6
0,0012 0,0017 0,0123 0,017
7
0,0011 0,0011 0,0104 0,013
8
0,0011 0,0009 0,0107 0,008
9
0,0010 0,0014 0,0110 0,009
10
0,0010 0,0008 0,0114 0,005
Este fato pode ser confirmado quando se analisa a resistência específica das
tortas, pela Figura 4.58, em que se verifica que mesmo para o PNT filtrando rocha, a
resistência da torta é maior que para o PT filtrando polvilho.
Além disso, observa-se que a taxa de aumento da resistência específica da
torta com o decorrer dos ciclos é mais significativa para as filtrações com a rocha
fosfática fina que com o polvilho, para ambos os tecidos, sendo para o polvilho
praticamente constante.
Este comportamento pode ser atribuído ao fato de que a torta formada pela
rocha, por ser menos espessa, é removida na forma de pedaços bastante pequenos,
enquanto que no caso do polvilho, os pedaços são grandes e bem definidos, sendo que
no caso da rocha fosfática fina resultou em uma maior formação de canais e no caso do
polvilho doce, os maiores pedaços removidos minimizaram tal efeito.
Tal fato pode ainda ser decorrente das propriedades de cada material, que, no
caso do polvilho, resultaram em uma torta menos compacta.
Resultados e Discussão
156
01234567891011
0
5000
10000
15000
20000
25000
30000
Resistência Específica da Torta (s
-1
)
Número de ciclos
Poliéster tratado e rocha fina
Poliéster não tratado e rocha fina
Poliéster tratado e polvilho
Poliéster não tratado e polvilho
Figura 4.58: Comparação entre a resistência específica média da torta entre os
experimentos com tecidos tratados e não tratados para a rocha fina e o polvilho doce.
Com as massas coletadas para os experimentos com a rocha fina menores que
para o polvilho, as massas retidas e removidas para este material também o foram, como
apresenta as curvas da Figura 4.59, de forma que, nos tecidos tratados a tendência da
massa retida ser constante foi bem mais evidente que nos tecidos sem tratamento, sendo
seu valor sempre inferior a este último.
01234567891011
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
22
24
26
28
30
PT - Massa Retida rocha fina
PT - Massa Removida rocha fina
PNT - Massa Retida rocha fina
PNT - Massa Removida rocha fina
PT - Massa Retida polvilho
PT - Massa Removida polvilho
PNT - Massa Retida polvilho
PNT - Massa Removida polvilho
Masa Retida Acumulada e Removida (g)
Número deciclos
Figura 4.59: Massa de material pulverulento retida acumulada e removida para os
experimentos com rocha fina e polvilho.
Além disso, observa-se que as massas removidas para o PT oscilaram em
torno de um valor constante desde os primeiros ciclos, sendo que este comportamento
não foi observado para o PNT, como mostra a Tabela 4.36.
Resultados e Discussão
157
Tabela 4.36:Massa removida e retida acumulada no Ensaio 10 para os tecidos
analisados com rocha fina e polvilho.
Massa Removida (g) Massa Retida Acumulada (g)
Rocha fina Polvilho Rocha Fina Polvilho
Ciclo
PT PNT PT PNT PT PNT PT PNT
1
0,30 0,40 2,72 21,00 1,45 5,45 3,36 16,87
2
0,38 0,33 3,05 10,25 1,64 5,96 3,73 21,42
3
0,39 0,27 3,41 8,63 1,65 6,31 3,60 22,48
4
0,44 0,25 3,39 5,60 1,64 6,52 3,51 24,02
5
0,41 0,15 3,23 3,64 1,61 6,80 3,38 25,13
6
0,35 0,19 3,00 2,89 1,59 6,96 3,50 26,03
7
0,32 0,14 2,63 2,65 1,60 7,07 3,46 26,50
8
0,28 0,19 2,80 1,50 1,62 7,13 3,41 26,97
9
0,29 0,16 2,83 1,32 1,62 7,22 3,45 27,60
10
0,32 0,12 2,87 0,85 1,63 7,34 3,48 27,95
O comportamento da massa retida acumulada sugeriu que, no caso do poliéster
sem tratamento, houve um acúmulo de massa ciclo a ciclo, indicado pela tendência
crescente da curva para ambos os materiais filtrados (rocha fina e polvilho), o que
indica que o conjunto tecido-torta ainda tinha capacidade para acomodar partículas, de
modo que seria necessário realizar mais ciclos para afirmar que este conjunto poderia
vir a saturar-se. Isto quer dizer que, nos tecidos sem tratamento, alguma parcela da
massa coletada permaneceu retida no meio filtrante ou na sua superfície, após a
limpeza.
No caso dos tecidos tratados estes valores permanecem praticamente
constantes para ambos os materiais, o que indica que, para este tecido, toda a massa
coletada na filtração foi removida na limpeza, não havendo acúmulo no tecido. O
reflexo da massa retida pode ser também observado pela verificação da intensidade de
penetração das partículas nos tecidos, em termos numéricos, com apresenta a Figura
4.64, que ilustra o número total de partículas encontradas em cada uma das quatro
colunas de tecido analisadas, por unidade de área, já que os microscópios utilizados
foram diferentes, e também o aumento (200 x para o microscópio ótico e 2000x para o
MEV) para os dois meios filtrantes e para os dois materiais pulverulentos.
Considerando apenas o tratamento, verificou-se que para os dois materiais
pulverulentos a penetração foi mais intensa e mais profunda para os tecidos sem
tratamento. Este comportamento pode ser observado também através da Figura 4.60,
Resultados e Discussão
158
que ilustra o número total de partículas coletadas por unidade de área em cada seção
transversal de tecido analisada.
01234567891011
0
50000
100000
150000
200000
250000
300000
Número Total de Partículas / mm
2
Número de Ciclos
Poliéster tratado e rocha fina
Poliéster não tratado e rocha fina
Poliéster tratado e polvilho
Poliéster não tratado e polvilho
Figura 4.60: Total de partículas coletadas em cada coluna analisada, por ciclo, para os
experimentos com tecidos tratados e sem tratamento, filtrando rocha fina e polvilho.
A Figura 4.60 mostra que para nenhum caso o número total de partículas
tendeu a aumentar ou diminuir com o número de ciclos, apesar de um ligeiro aumento
no ensaio 10 dos experimentos com rocha fina, que não podem ser admitidos
exatamente como uma tendência ou um comportamento isolado daquele experimento.
No entanto, apesar da massa retida dos ensaios com polvilho ter sido superior, o número
de partículas presentes em cada camada analisada foi inferior, o que não era esperado.
No entanto, este fato pode ser explicado pela retenção de uma maior massa de torta
residual na superfície do tecido, e não em seu interior.
O maior número de partículas no interior do PNT confirma os resultados
apresentados na literatura, sendo da maior abertura da superfície do tecido, permitindo a
penetração, em termos de massa e em temos de número de partículas, de uma maior
quantidade de material pulverulento, ratificada ao se comparar as microfotografias
realizadas e apresentadas na Figura 4.1.
A constatação de que a massa retida nos experimentos com polvilho foi
expressivamente superior àquela apresentada nos experimentos com os mesmos tecidos,
filtrando a rocha fina indicou que, não apenas o meio filtrante, mas também as
propriedades do material pulverulento, influenciaram nas características da filtração.
Resultados e Discussão
159
Deste modo, o fato de o polvilho ser um material praticamente monodisperso e de
partículas quase esféricas parece influenciar a filtração, uma vez que os interstícios dos
canais formados entre as partículas do polvilho provavelmente não foram preenchidos
por partículas menores como na filtração com rocha fina, o que provocou uma perda de
carga maior para este último material, como apresentado anteriormente para a
resistência específica da torta.
Assim, com uma estrutura interna de partículas também mais permeável, a
filtração interna tornou-se mais longa para o polvilho, permitindo que mais partículas se
acomodassem no conjunto torta-tecido.
A torta formada pelo polvilho também não sofreu esta colmatação intersticial
que ocorreu na rocha fosfática, favorecendo uma filtração superficial também mais
longa, até alcançar a perda de carga máxima estipulada.
Outro fator observado nas microfotografias foi que as partículas de polvilho
parecem não formar dendritos, ou estes desapareceram após a limpeza, e suas partículas
também não se apresentam acumuladas apenas ao redor das fibras, como ocorreu com a
rocha fina, o que, segundo o trabalho de KANAOKA e HIRAGI (1990) pode ser
atribuído à uma menor ação do mecanismo de coleta difusional nos experimentos com
polvilho, como pode ser comprovado pelos cálculos destes mecanismos, como apresenta
a Tabela 4.37, lembrando que o diâmetro médio volumétrico do polvilho não foi
determinado pois o mesmo é solúvel em água.
Relembrando que para números de Stokes menores que 0,1 a impactação passa
a ser desprezível na captura de partículas, e para R menores que 0,1 a interceptação
também torna-se insignificante, verifica-se que em nenhum caso estes mecanismos são
desprezíveis. No entanto, os valores do número de Stokes são significativamente
superiores, podendo-se afirmar que é o mecanismo predominante, para qualquer
diâmetro que se utilize.
Porém, nas filtrações com polvilho, os números de Stokes e o adimensional R
foram superiores aos valores calculados para experimentos com rocha fina, o que indica
que, para o polvilho a ação do mecanismo difusional pode ser desprezada. Outra
constatação é a de que, apesar do número de Stokes ser maior que o R, indicando
predominância da impactação, pode-se dizer que os dois valores não são desprezíveis e
pode estar ocorrendo uma competição entre estes mecanismos, ocasionando uma
Resultados e Discussão
160
diminuição da eficiência, como comentado na literatura e verificado nos elevados
valores de penetração de partículas, apresentado posteriormente.
Tabela 4.37: Adimensionais St, R e Pe obtidos para os dados de diâmetro disponíveis.
Experimento PT PT
Material Rocha fina Polvilho
d
f
(10
4
cm) 19,43 19,43
d
p
Stokes (10
4
cm) 3,71 8,64
St 0,6 1,66
R 0,19 0,44
Adimensional calculado
Pe 289.211 690.492
d
p
méd. vol. (10
4
cm) 4,55 -
St 0,91 -
R 0,23 -
Adimensional calculado
Pe 357.535 -
d
p
St calc (10
4
cm) 2,7 7,96
St 0,33 1,47
R 0,14 0,41
Adimensional calculado
Pe 210.388 635.119
Com estas constatações consolidam-se as observações apontadas na literatura
consultada, sobre o fato de que a não formação dos dendritos, ou sua formação menos
intensa, resultaria em uma menor perda de carga durante a filtração interna e a
superficial. O fato de a filtração interna ser mais longa no mesmo tecido para materiais
diferentes pode indicar que os mecanismos de captura de partículas possa ser também
diferenciado para cada um dos dois pós, como apontado pelos cálculos.
O resultado do acúmulo de partículas no meio filtrante foi o esperado aumento
da perda de carga inicial de cada ciclo. A perda de carga residual de cada ciclo pode ser
acompanhada pela Figura 4.61, em que estão dispostas as curvas médias das quatro
séries de experimentos realizados. As curvas apresentadas são um ajuste logarítmico dos
dados.
Apesar de inicialmente a perda de carga residual nos experimentos com
poliéster sem tratamento e polvilho não apresentarem o maior valor, logo nos primeiros
ciclos estes ultrapassam os valores de perda de carga residual dos tecidos tratados, com
os materiais pulverulentos correspondentes.
Resultados e Discussão
161
01234567891011
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
Perda de Carga Residual (mmH
2
O)
Número de Ciclos
Poliéster e Rocha fina
Poliéster e Polvilho
Poliéster não tratado e Rocha fina
Poliéster não tratado e Polvilho
Figura 4.61: Curva média da variação de perda de carga residual de cada experimento.
Muito provavelmente, para o PNT, a maior quantidade de massa retida após a
limpeza interferiu neste comportamento, provocando maior resistência à passagem do
fluido. Como reflexo do ocorrido com a massa retida, a perda de carga residual para o
PNT filtrando polvilho foi superior à do PNT filtrando rocha. Verifica-se também que o
PNT não apresenta tendência do perfil de perda de carga residual se tornar constante
durante os dez ensaios realizados, para nenhum dos materiais pulverulentos utilizados,
com mostra a Tabela 4.38.
Tabela 4.38:Perda de carga residual no Ensaio 10 para os tecidos analisados.
Perda de Carga Residual (mmH
2
O)
Rocha Fina Polvilho
Ciclo
PT PNT PT PNT
1
0 0 0 0
2
11,39 18,97 16,26 11,93
3
12,47 18,97 16,26 33,61
4
14,10 20,60 14,64 33,61
5
14,10 28,19 20,06 49,34
6
18,43 33,61 28,19 59,10
7
18,97 36,32 22,23 63,43
8
21,14 39,04 22,77 69,94
9
21,14 39,04 24,94 72,65
10
22,23 44,46 25,48 76,99
As filtrações com polvilho em PT resultaram em maiores massas retidas que
os mesmos experimentos com a rocha fosfática, o que se refletiu em uma maior perda
de carga residual. No entanto, não se pode afirmar que entre os dois materiais
Resultados e Discussão
162
pulverulentos comparados neste tópico, haja proporcionalidade entre a massa retida e a
perda de carga residual resultante, pois o que se observou foi que, a massa retida no PT
com polvilho provocou uma menor perda de carga residual que a mesma massa de rocha
fina. Provavelmente, a distribuição granulométrica mais estreita e a forma quase
esférica do polvilho podem, novamente, resultar em menor resistência à passagem do ar,
pela não obstrução dos espaços inter-partículas, como ocorre com a rocha fosfática fina,
e a não formação dos dendritos pode também ter contribuído para esta menor perda de
carga.
A Figura 4.62 apresenta uma comparação dos resultados de perda de carga
residual e massa retida do Ensaio 10 realizado em cada experimento.
01234567891011
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Perda de Carga Residual (mmH
2
O)
Número de ciclos
Poliéster tratado-rocha fina
Poliéster não tratado-rocha fina
Poliéster tratado -polvilho
Poliéster não tratado-polvilho
01234567891011
0
5
10
15
20
25
30
Massa retida (g)
Número de ciclos
Poliéster tratado-rocha fina
Poliéster não tratado-rocha fina
Poliéster tratado-polvilho
Poliéster não tratado-polvilho
Figura 4.62: Gráfico comparativo do Ensaio 10 dos tecidos tratados e não tratados
filtrando rocha fina e polvilho.
No caso dos experimentos avaliados neste tópico, assim como na comparação
anterior, observa-se que o aumento da massa retida resultou em um aumento da perda
de carga residual em todos os tecidos. Nota-se também, que houve correspondência no
comportamento destes parâmetros entre os tecidos, de modo que o tecido que
apresentou maior massa retida apresentou também maior perda de carga residual.
Porém, deve-se lembrar, como discutido na primeira série de experimentos
comparativos, que não houve proporcionalidade entre a massa retida e a perda de carga
residual, de modo que nem sempre massas iguais ou próximas resultem em valores
próximos de perda de carga residual. A Figura 4.63 ilustra esta relação para os
experimentos pertinentes a este grupo de experimentos, observando-se que a curva para
o PT filtrando rocha é a correspondente ao Ensaio 10 desta série de experimentos, uma
vez que não foi possível obter-se um ajuste dos valores experimentais.
Resultados e Discussão
163
Verifica-se nos experimentos com rocha fosfática fina, que a taxa de aumento
de perda de carga foi significativamente superior que para os experimentos com o
polvilho, pelos motivos já citados.
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
Poliéster tratado e rocha fina
Poliéster não tratado e rocha fina
Poliéster tratado e polvilho
Poliéster não tratado e polvilho
P/V (Pa.s/m)
M/A (kg/m
2
)
Figura 4.63: Comparação do comportamento da perda de carga residual com a massa
retida para os tecidos com e sem tratamento filtrando rocha fina e polvilho.
No entanto, quando se avalia a eficiência de remoção da limpeza, através
apenas das curvas de perda de carga residual, esperar-se-ia que o poliéster tratado
filtrando polvilho apresentasse eficiência semelhante às filtrações com rocha neste
mesmo tecido, já que as curvas de perda de carga residual foram bem próximas.
Porém, observando-se a Figura 4.64, nota-se que a eficiência de limpeza nos
experimentos com o polvilho em PT foram muito superiores aos experimentos com
rocha em PT.
Este comportamento foi resultado da maior espessura de torta formada pelo
polvilho e, portanto, de uma maior massa removida. A despeito da massa retida em
ambos os materiais filtrantes terem sido próximas, o que vem confirmar o encontrado na
literatura, que comenta que a perda de carga residual não seria o parâmetro adequado
para se avaliar a eficiência de remoção de material particulado.
Verificou-se ainda que, para os tecidos sem tratamento, com ambos os
materiais pulverulentos, a eficiência de remoção, em princípio, foi semelhante ou
superior aos experimentos com os tecidos tratados. Porém, com o decorrer do seu uso, a
eficiência de remoção foi se deteriorando até patamares significativamente baixos.
Resultados e Discussão
164
01234567891011
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1,0
Fração Removida
Número de cilcos
a)
01234567891011
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1,0
Fração Removida
Número de Ciclos
b)
01234567891011
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1,0
Fração Removida
Número de ciclos
c)
01234567891011
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1,0
Fração Removida
Número d eciclos
d)
Figura 4.64: Variação da fração de massa removida em cada ciclo de filtração para: a) PT e
rocha; b) PNT e rocha, c) PT e polvilho; d) PNT e polvilho. (!) Ensaio 01; (,) Ensaio 02;
(
7) Ensaio 03; (Β) Ensaio 04; (Λ) Ensaio 05; () Ensaio 06; (β) Ensaio 07; (µ) Ensaio 08; (ξ)
Ensaio 09; (
) Ensaio 10.
Provavelmente, esta deterioração da qualidade da remoção se deveu ao fato de
prevalecer a maior espessura de torta presente inicialmente em detrimento do tratamento
superficial, o que resultou na elevada massa removida. Posteriormente, com a
diminuição da torta depositada, a ausência de tratamento prevaleceu sobre a espessura
de torta formada, que era cada vez menor, diminuindo a eficiência de remoção.
Outra constatação diz respeito ao formato em “S”, observado nos ciclos
seguintes ao primeiro, nos ensaios com a rocha fina, e que não foi observado nos
ensaios com o polvilho. Pode ser que a maior eficiência de limpeza interfira neste
comportamento, como comentado por MOREIRA et al. (1999), ou também que o
tamanho dos pedaços removidos, que foram maiores no caso do polvilho também
interfira neste comportamento. No entanto, como observado nos experimentos com PNT
e polvilho, se pode concluir que o comportamento linear teve pouco a ver com a
Resultados e Discussão
165
porcentagem de torta removida, ao contrário do que afirmou MOREIRA et al. (1999),
uma vez que tanto quando a eficiência era maior, nos primeiros ciclos, quanto quando
esta eficiência decaiu, nos ciclos finais, as curvas mantiveram seus comportamentos
lineares. Esta constatação reforçou os indícios de que o comportamento das curvas está
mais ligado às características do material pulverulento do que à eficiência de remoção
propriamente dita.
Após o tratamento descrito no ANEXO A, realizou-se a análise de penetração.
No caso do polvilho, como citado anteriormente, por se tratar de um material
monodisperso, foi feito o levantamento da profundidade de penetração e do número de
partículas, mas não do diâmetro das mesmas.
As curvas comparativas entre os experimentos com polvilho podem ser
observadas na Figura 4.65. Estas curvas foram construídas considerando-se a diferença
entre as áreas analisadas em MEV e em microscópio óptico. Os dados das curvas são os
mesmos das curvas originais, porém divididos pelas áreas analisadas em cada
microscópio.
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000
0
5000
10000
15000
20000
25000
30000
35000
40000
45000
50000
Número Médio de Partículas
Profundidade (µm)
Poliéster tratado e rocha fina
Poliéster não tratado e rocha fina
Poliéster tratado e polvilho
Poliéster não tratado e polvilho
Figura 4.65: Curvas da variação do número médio de partículas com a profundidade do
tecido para o poliéster com e sem tratamento, filtrando rocha fina e polvilho.
Verifica-se claramente a diferença na profundidade de penetração entre as
partículas de rocha fina e de polvilho, sendo que as primeiras alcançaram uma menor
profundidade para os dois tecidos. Nas primeiras camadas pode-se verificar que o
Resultados e Discussão
166
número de partículas foi superior para a rocha fina com o tecido tratado e não tratado
No entanto, conforme aumentou a profundidade do tecido, notou-se que o número de
partículas presentes passou a ser maior nas filtrações com polvilho tanto para os filtros
com quanto para os sem tratamento, o que indicou uma acomodação mais homogênea
de partículas no interior do tecido, com menos tendência a um decaimento exponencial
de número de partículas. Pode ser que os dendritos formados pela rocha fina tenham
impedido a passagem de mais partículas para o interior do filtro.
A profundidade de penetração atingida para as partículas de polvilho foi tão
elevada que se pode considerar que houve, inclusive, a penetração total através dos
tecidos, ou seja, a diminuição da eficiência de coleta deste material particulado, como
pode ser visualizado na Figura 4.66. Verificou-se que, para uma coluna do poliéster
tratado filtrando polvilho houve uma penetração maior que a espessura do meio. Isso se
deveu às variações na espessura que o tecido apresenta, não sendo considerada um erro
experimental, ou seja, naquele ponto o tecido tinha realmente uma espessura maior que
a média obtida nos ensaios.
01234567891011
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
4000
4500
5000
Profundidade de Penteração (µm)
Número de Ciclos
Poliéster tratado e rocha fina
Poliéster não tratado e rocha fina
Poliéster tratado e polvilho
Poliéster não tratado e polvilho
Figura 4.66: Profundidade de penetração atingida em cada coluna analisada para os
ensaios com PT e PNT com rocha fina e polvilho.
Com estes resultados, pode-se concluir que a profundidade e intensidade de
penetração foram maiores para o experimento que mostrou a maior massa retida, ou seja
o PNT com polvilho.
Resultados e Discussão
167
4.11 ENSAIOS DE FILTRAÇÃO ACRÍLICO E ROCHA GROSSA (14,67 µM)
P
MAX
= 100MMH
2
O
Como o Acrílico seria um dos tecidos selecionados para filtrar a rocha
fosfática, este foi escolhido também para realizar experimentos em que pudessem ser
avaliados os efeitos do aumento do diâmetro de partículas e do aumento da perda de
carga máxima admitida filtrando o mesmo tipo de material.
Assim, este item apresenta as características da filtração em acrílico da rocha
grossa admitindo-se uma perda de carga máxima de 100 mmH
2
O.
As curvas de filtração dos ensaios realizados estão apresentadas na Figura
4.67. As análises de microscopia de varredura foram realizadas apenas nos ciclos 1, 5 e
10, uma vez que verificou-se anteriormente que a profundidade de penetração não
variava com o número de ciclos.
0,00 0,02 0,04 0,06 0,08 0,10 0,12
0
20
40
60
80
100
120
140
Perda de Carga (mmH
2
O)
Carga Mássica (g/cm
2
)
Figura 4.67: Perfil da perda de carga para os dez ciclos de filtração para o acrílico com
a rocha grossa, 100 mmH
2
O. (!) Ensaio 01; (Λ) Ensaio 05; () Ensaio 10.
Por meio da Figura 4.67 pode-se verificar o período de filtração interna no
primeiro ciclo, sendo que nos ciclos subseqüentes as curvas foram praticamente
lineares.
No entanto, como mostra a Tabela 4.39, não se pôde afirmar sobre constância
da massa coletada por ciclo. Observa-se um pequeno desvio de comportamento da curva
do ciclo 6 do ensaio 10, provocada por alguma variação no comportamento
Resultados e Discussão
168
experimental não identificado, que se refletiu nos demais valores das características
deste ciclo. O ponto de colmatação médio verificado no ciclo 1 destes ensaios foi igual a
9,82.10
-3
± 1,6.10
-3
g/cm
2
.
Tabela 4.39: Massa coletada emcada ciclo para o experimento com Acrílico e rocha
grossa, filtrando até 100 mmH
2
O.
Ciclo
Massa
(g/cm
2
)
1
0,0327
2
0,0180
3
0,0132
4
0,0101
5
0,0085
6
0,0046
7
0,0075
8
0,0061
9
0,0062
10
0,0047
Verificou-se também que, apesar da linearidade das curvas, a variação da
resistência específica média da torta com o número de ciclos foi significativa,
apresentando uma tendência crescente ciclo a ciclo, exceto para o ciclo 6, como
apresenta a Tabela 4.40.
Tabela 4.40: Resistência específica média da torta determinada graficamente, para os
ensaios com Acrílico e rocha grossa, até 100 mmH
2
O.
Ciclo K
2
(s
-1
) Desvio padrão
1
4,0.10
4
7,1.10
43
2
4,7.10
4
6,9.10
3
3
6,2.10
4
3,4.10
3
4
7,8.10
4
8,2.10
2
5
1,0.10
5
3,0.10
4
6
1,6.10
5
-
7
9,2.10
4
-
8
1,1.10
45
-
9
1,1.10
5
-
10
1,4.10
5
-
Avaliando-se a variação das massas retida acumulada e removida com o
número de ciclos, pela Figura 4.68, nota-se que, ao contrário do que ocorreu para os
Resultados e Discussão
169
tecidos tratados, ambas as massas não apresentaram tendência a se tornarem constantes
nos dez ciclos realizados.
01234567891011
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
Masa Retida Acumulada e Removida (g)
Número de Ciclos
Figura 4.68: Massa de material pulverulento removida pela limpeza (
símbolos vazios) e
retida após a mesma (
símbolos cheios) para o Acrílico filtrando rocha grossa,
100 mmH
2
O (!) Ensaio 01; (Λ) Ensaio 05; () Ensaio 10.
Desta forma, durante estes ciclos, ocorreu um aumento de massa retida no
meio filtrante e uma remoção cada vez menor de partículas.
Esta retenção de material particulado resultou, como esperado, num aumento
da perda de carga residual, verificado na Figura 4.69.
01234567891011
0
10
20
30
40
50
60
70
80
Perda de Carga Residual (mmH
2
O)
Número de Ciclos
Figura 4.69: Perfil da variação de perda de carga residual de cada ciclo de filtração para o
Acrílico filtrando rocha grossa, 100 mmH
2
O. (!) Ensaio 01; (Λ) Ensaio 05; () Ensaio 10.
Apesar da massa retida acumulada não tender a se tornar constante, a perda de
carga residual apresentou tendência à constância a partir do sétimo ciclo. Pode ser que a
Resultados e Discussão
170
massa de pó esteja se acumulando na superfície do filtro, como observado nos demais
experimentos, ou, conforme MAUSCHITZ et al. (2005), esteja havendo um rearranjo
interno de partículas.
Associando este comportamento com a massa retida, tem-se a Figura 4.70 em
que se observa o comportamento da perda de carga residual com a massa retida
acumulada.
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
P/V (Pa.s/m)
M/A (kg/m
2
)
Ensaio 1
Ensaio 5
Ensaio 10
Figura 4.70: Relação da perda de carga residual com a massa retida acumulada para o
AC e rocha grossa.
Verifica-se um comportamento potencial, como nos demais experimentos, que
pode ser ajustado à curva representada pela equação 4.9:
1,52
ret
A
M
14656.
=
V
P
(4.9)
Este aumento da perda de carga residual, provocado pela acumulação de
partículas representa, de certa forma a degradação da qualidade da limpeza com o
número de ciclos, com o pode se observado pela Figura 4.71.
Verifica-se que a fração de massa removida tendeu a apresentar valores
decrescentes ciclo a ciclo, sem que estes convergissem para a constância nos dez ciclos
estudados.
Resultados e Discussão
171
01234567891011
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1,0
Fração Removida
Número de ciclos
Ensaio 1
Ensaio 5
Ensaio 10
Figura 4.71: Perfil da variação de perda de carga residual de cada ciclo de filtração para
o Acrílico filtrando rocha grossa, 100 mmH
2
O.
As imagens obtidas via MEV de alguns ciclos dos ensaios aqui tratados estão
apresentadas na Figura 4.72.
A microfotografia correspondente ao ciclo 10c teve apenas 4 fotografias pois
após esta camada não houve mais partículas presentes.
Pode-se verificar pela Tabela 4.41 que a profundidade média variou entre
cerca de 500 e 1.250 µm, sem tendência da mesma aumentar ou diminuir com o número
de ciclos.
Do mesmo modo, o diâmetro de partículas não apresentou tendência definida
de variação com o número de ciclos. O desvio padrão do diâmetro de partículas em cada
camada analisada está apresentado na Tabela 4.42.
Resultados e Discussão
172
Interface torta-ar
Ciclo 01a Ciclo 05a Ciclo 05b Ciclo 10a Ciclo 10b Ciclo 10c
Interior do meio filtrante (aproximadamente 500 µm da superfície do tecido)
Figura 4.72: Seção transversal do Acrílico filtrando rocha grossa, em diferentes ciclos, 100 mmH
2
O.
Resultados e Discussão
173
Tabela 4.41: Penetração de partículas de rocha grossa no Acrílico: diâmetro de partículas com a profundidade do tecido.
Diâmetro de partículas (µm)
Profundidade Ensaio
(µm)
1 5 10
0-107 9,727 10,127 9,768 9,347 2,042 1,734 1,917 1,951 2,604 2,610 2,930 2,664
107-214 8,095 8,405 6,208 7,717 1,624 1,559 1,231 1,748 1,975 3,047 4,415 3,644
214-321 6,701 7,148 8,077 2,306 2,368 3,756 2,151 3,748 2,547 3,403 3,831
321-428 6,583 6,963 7,026 1,613 2,731 2,821 2,241 2,668 1,335 3,378 3,420
428-535 6,764 6,733 5,728 2,872 2,319 2,809 1,598 2,823 3,402 3,469
535-642 6,140 6,017 2,483 - 2,266 2,262 2,031 2,477
642-749 2,635 2,046 1,238 2,441 4,184
749-856 2,384 4,051 5,270 2,095 4,226
856-963 2,260 3,318 1,759 2,829 9,019
963-1070 1,449 2,887 3,311
1070-1177 3,529 2,478
1177-1284 2,873 2,590
1284-1391 3,764 2,857
1391-1498 4,802
1498-1605 3,986
Profundidade
média (µm)
508,25 1.257,25 642
Resultados e Discussão
174
Tabela 4.42: Desvio padrão do diâmetro de partículas de rocha grossa em cada camada analisada do Acrílico.
Desvio Padrão
Profundidade Ensaio
(µm)
1 5 10
0-107 8,190 11,5825 9,93675 8,38226 2,64337 1,87737 2,11457 2,21755 2,53492 2,51317 3,01432 2,25399
107-214 5,329 6,11016 1,88196 4,5354 2,06252 1,80935 1,43564 2,64487 3,007 4,76616 5,31938 3,26811
214-321 3,392 3,72017 10,8695 2,71971 2,68611 3,91349 2,7231 4,39711 4,04812 4,16051 5,06875
321-428 2,804 3,01512 2,52526 1,63271 3,2348 2,82841 2,40318 2,91404 1,25341 2,7614 4,40941
428-535 3,5626 5,37292 2,36662 2,94521 1,97967 3,03501 1,63501 3,1072 3,73075 4,72678
535-642 2,30595 2,35227 2,87492 0 2,94184 2,92798 2,69564 3,37612
642-749 2,71544 0,80257 0,87481 2,66478 5,76263
749-856 2,03999 3,72114 2,57641 2,56748 2,92047
856-963 2,31634 3,47797 1,97236 2,83185 8,4697
963-1070 2,35763 3,24766 4,37043
1070-1177 3,21343 2,85312
1177-1284 3,08887 3,31702
1284-1391 1,37072 3,98601
1391-1498 5,91409
1498-1605 4,77822
Resultados e Discussão
175
A partir da Figura 4.73 pode-se verificar a variação do número de partículas
com cada camada analisada de tecido.
Observa-se que não há tendência do número de partículas coletada em cada
camada aumentar ou diminuir com o número de ciclos, sendo que o máximo de
partículas retidas foi de cerca de 750.
0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800
-100
0
100
200
300
400
500
600
700
800
900
Número de Partículas
Profundidade de Penetração (µm)
Ensaio 1
Ensaio 5
Ensaio 10
Média
Figura 4.73: Variação do número de partículas com o número de ciclos para o Acrílico
filtrando rocha grossa.
A Tabela 4.43 expressa os valores do número de partículas com a
profundidade de penetração e com o número de ciclos.
Resultados e Discussão
176
Tabela 4.43: Valores do número de partículas retidas em cada camada do Acrílico e rocha grossa com P máx de 100 mmH
2
O.
Número de partículas
Profundidade Ensaio
(µm)
1 5 10
0-107 718 773 595 599 486 737 743 459 522 482 407 413
107-214 330 515 78 262 457 480 474 402 241 178 169 199
214-321 97 75 43 215 267 97 350 28 116 132 132
321-428 82 37 13 13 235 219 135 90 16 2 183
428-535 52 47 23 20 43 54 646 34 10 167
535-642 35 8 28 0 41 389 6 89
642-749 19 3 17 281 21
749-856 12 36 7 104 8
856-963 18 18 5 39 3
963-1070 32 14 74
1070-1177 23 82
1177-1284 6 43
1284-1391 5 52
1391-1498 16
1498-1605 8
Soma
1.314 1.288 832 948 1.268 1.885 1.671 3.080 921 802 710 1.215
Resultados e Discussão
177
4.12 COMPARAÇÃO ENTRE A FILTRAÇÃO COM PARTÍCULAS DE
TAMANHOS DIFERENTES
Comparando o Ensaio 10 dos experimentos com as rochas de diferentes
diâmetros em Acrílico, verifica-se, pela Figura 4.74, que a duração dos ciclos de
filtração são significativamente superiores para a rocha grossa, bem com o seu período
de filtração interna, o que se refletiu nos valores de massa coletada, apresentados na
Tabela 4.44. Deste modo, como ocorreu para os experimentos com polvilho, fica claro
que o período de filtração interna não é dependente apenas da abertura superficial do
tecido, ou de suas características estruturais (como a porosidade e permeabilidade,
analisadas neste trabalho), mas também das características da partícula a ser capturada.
0,00 0,02 0,04 0,06 0,08 0,10 0,12
0
20
40
60
80
100
120
140
Perda de Carga (mmH
2
O)
Massa Acumulada (g/cm
2
)
Figura 4.74: Curvas comparativas do Ensaio 10 da rocha fosfática com diferentes
diâmetros e 100 mmH
2
O. (!) Rocha fosfática fina; (,) Rocha fosfática grossa.
Esta observação é confirmada também pela verificação do ponto de
colmatação, muito maior para a rocha grossa pela Tabela 4.45.
Fica claro também que a distribuição granulométrica ou a forma podem não
ser os fatores determinantes, mas sim o diâmetro médio propriamente dito, uma vez que
a rocha grossa possui uma distribuição granulométrica, tão ampla como a rocha fina.
Resultados e Discussão
178
Tabela 4.44: Comparação dos valores de massa média coletada em cada ciclo para os
experimentos com Acrílico com as rochas grossa e fina, 100 mm H
2
O.
Massa (g/cm
2
)
Ciclo
Rocha fina Rocha grossa
1 0,0082 0,0327
2 0,0019 0,0180
3 0,0013 0,0132
4 0,0013 0,0101
5 0,0012 0,0085
6 0,0013 0,0046
7 0,0011 0,0075
8 0,0011 0,0061
9 0,0010 0,0062
10 0,0010 0,0047
Tabela 4.45: Ponto de colmatação médio determinado para cada os ensaios de cada
tecido estudado.
Ensaio Ponto de colmatação (g/cm
2
)
AC e rocha fina
0,00310
AC e rocha grossa
0,00982
No entanto, a massa coletada tendeu a se tornar constante para rocha fina, o
que não foi observado para a rocha grossa. Provavelmente, não houve a saturação do
conjunto torta-tecido para este tipo de material, durante os dez ciclos de filtração.
Assim, pode-se afirmar que o maior diâmetro de partículas resultou em uma
melhor acomodação tanto interna (refletida no maior tempo de filtração interna) quanto
superficial da torta, uma vez que a resistência específica da torta de partículas grossas
foi inferior àquela apresentada pela torta constituída por partículas finas, como pode ser
observado pela Figura comparativa 4.75, pelo menos no que se refere aos dez ciclos
analisados.
Essa influência do diâmetro era prevista na literatura, sendo citado que as
partículas maiores efetuam um recobrimento menos eficiente da superfície das fibras,
resultando em uma menor perda de carga (REMBOR e KASPER, 1996; AGUIAR e
COURY, 1996).
Resultados e Discussão
179
01234567891011
0
200000
400000
600000
800000
1000000
Resistência Específica da Torta (s
-1
)
Número de Ciclos
Acrílico e rocha fina
Acrílico e rocha grossa
Figura 4.75: Resistência específica média da torta determinada graficamente, para os
ensaios com Acrílico e rocha grossa e rocha fina.
Do mesmo modo como para a massa coletada, era de se esperar que o
comportamento da massa retida acumulada e a removida apresentadas pelas curvas
médias da Figura 4.76 não fossem constantes. Verifica-se novamente que para a rocha
fina os valores em questão se tornaram constantes logo nos primeiros ciclos, sendo que
para a rocha grossa, não foi atingida a constância no comportamento.
01234567891011
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
Massa Retida Acumulada e Removida (g)
Número de Ciclos
AC - Massa Retida rocha grossa
AC - Massa Removida rocha grossa
AC - Massa Retida rocha fina
AC - Massa Removida rocha fina
Figura 4.76: Massa de material pulverulento removida e retida acumulada para a rocha
fina e grossa em Acrílico.
A Tabela 4.46 ilustra, em termos numéricos, o comportamento das massas
removida e retida acumulada.
Resultados e Discussão
180
Tabela 4.46:Massa removida e retida acumulada no Ensaio 10 para os materiais
analisados.
Massa Removida (g) Massa Retida Acumulada (g)
Ciclo
Rocha Fina Rocha Grossa Rocha Fina Rocha Grossa
1
0,24 4,02 1,89 4,45
2
0,23 3,27 2,09 5,55
3
0,21 2,83 2,22 6,27
4
0,22 2,45 2,32 6,49
5
0,28 1,35 2,34 6,81
6
0,25 1,77 2,36 7,14
7
0,28 1,74 2,38 7,32
8
0,28 1,42 2,42 7,44
9
0,27 1,46 2,52 7,62
10
0,25 1,32 2,67 7,84
Para a rocha fosfática grossa em acrílico, pode-se verificar que o acúmulo de
material foi mais acentuado quando comparado com os ensaios com rocha fina, ou seja,
o material de maior diâmetro apresentou maior retenção de material. No entanto,
esperava-se que, por serem maiores, as partículas ficassem mais na superfície do filtro,
formando uma torta mais espessa e de mais fácil remoção, e, portanto, a massa retida
fosse menor. Porém o que mostra a Figura 4.77 é que, nos ensaios com a rocha grossa,
de modo geral, mais partículas ficaram retidas nas camadas analisadas, correspondendo
à maior massa retida.
01234567891011
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
Número Total de Partículas
Número de Ciclos
Acrílico e rocha fina
Acrílico e rocha grossa
Figura 4.77: Número total de partículas coletadas em cada coluna analisada para rocha
fina e grossa em Acrílico.
Resultados e Discussão
181
Pode ser que a ação do mecanismo difusional nos experimentos com a rocha
grossa seja menos eficiente, favorecendo uma competição entre os mecanismos de
interceptação e impactação, como ocorreu para o polvilho. Desta forma, a ação de
mecanismos simultâneos (impactação, interceptação) pode ter resultado em uma menor
eficiência de coleta da rocha grossa.
Avaliando-se o mecanismo de captura predominante em cada caso, tem-se,
pela Tabela 4.47 que o número de Stokes é muito maior que R para os ensaios com a
rocha grossa, indicando a predominância do mecanismo de impactação inercial, sendo,
porém ambos os valores muito maiores que para os ensaios com rocha fina,
confirmando que neste caso, pode não haver interferência significativa do mecanismo
difusional. Da mesma forma, os baixos valores de St e R dos experimentos com rocha
fina indicam que pode haver ação significativa do mecanismo de coleta difusional, com
explicado anteriormente, e sugerido pela observação de resquícios de dendritos ao redor
das fibras nas microfotografias.
Tabela 4.47: Adimensionais St, R e Pe obtidos para os dados de diâmetro disponíveis.
Experimento AC AC
Material Rocha fina Rocha grossa
d
f
(10
4
cm) 22,7 22,7
d
p
Stokes (10
4
cm) 3,71 14,67
St 0,51 8,88
R 0,16 0,65
Adimensional calculado
Pe 337.885 1.380.464
d
p
méd. vol. (10
4
cm) 4,55 41,47
St 0,78 70,99
R 0,20 1,83
Adimensional calculado
Pe 417.707
3.930.959
d
p
St calc (10
4
cm) 2,74 16,30
St 0,32 10,97
R 0,18 0,72
Adimensional calculado
Pe 245.796 1.535.577
Também a ser posteriormente confirmado, o fato da massa retida ter sido
superior para a rocha grossa pode indicar que as partículas grossas penetrem mais
profundamente no tecido, e sejam mais difíceis de serem removidas que as partículas de
Resultados e Discussão
182
rocha fina, o que poderia ser justificado por uma competição entre a impactação e a
interceptação, que resultaria em uma diminuição da eficiência de captura.
A diminuição da massa removida para a rocha grossa, associada à tendência
crescente da massa retida acumulada indica que há uma deterioração da eficiência de
remoção de torta, observada também nos experimentos com polvilho em poliéster
tratado, e conseqüentemente um incremento da perda de carga residual um pouco mais
expressivo que para a rocha fina, como mostra a Figura 4.78, considerando-se as massas
significativamente maiores nos experimentos com a rocha grossa.
01234567891011
0
10
20
30
40
50
60
70
80
Perda de Carga Residual (mmH
2
O)
Número de Ciclos
Rocha fina
Rocha grossa
Figura 4.78: Perfil da variação de perda de carga residual média de cada ciclo de filtração
para a rocha fina e grossa em Acrílico.
Assim, no caso da rocha grossa, a perda de carga residual foi apenas
ligeiramente superior à dos ensaios com a rocha fina, a despeito da maior massa retida,
o que pode indicar que a forma das partículas tenha relevância neste aspecto da
filtração, no sentido de que formas geométricas semelhantes provoquem perdas de carga
residuais semelhantes por causa do mesmo arranjo interno. Outra possibilidade é a de
que partículas de maiores diâmetros tenham menos efeito na perda de carga residual do
que partículas de diâmetros menores, o que já foi relatado na literatura, já que o número
de partículas presentes nas amostras com rocha grossa foi superior. A Tabela 4.48
apresenta o perfil de aumento da perda de carga residual para o Ensaio 10 de ambos os
experimentos.
A Figura 4.79 apresenta as curvas do Ensaio 10 para a rocha fina e a rocha
grossa, relativas à perda de carga residual e à massa retida acumulada. Verifica-se que a
maior massa retida nos ensaios com a rocha grossa resultou em maior perda de carga
residual.
Resultados e Discussão
183
Tabela 4.48:Perda de carga residual no Ensaio 10 para os materiais analisados.
Ciclo Rocha Fina Rocha Grossa
1
0 0
2
17,35 14,09
3
17,35 19,52
4
17,35 22,77
5
17,89 24,10
6
22,77 28,73
7
26,57 30,90
8
25,48 34,70
9
25,48 31,99
10
26,02 32,53
Porém, a exemplo do que apresentaram ou resultados anteriores, a massa
retida e a perda de carga residual resultante não são proporcionais, quando se compara
os dois experimentos, ou seja, uma massa x de rocha fina provoca uma perda de carga y
diferente da perda de carga residual provocada pela mesma massa x de rocha grossa.
01234567891011
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Perda de Carga Residual (mmH
2
O)
Número de ciclos
Acrílico - rocha fina
Acrílico - rocha grossa 100
01234567891011
0
5
10
15
20
25
30
Massa retida Acumulada (g)
Número de ciclos
Acrílico-rocha fina
Acrílico-rocha grossa-100
Figura 4.79: Gráfico comparativo do Ensaio 10 de cada tecido para a rocha fina e grossa
em acrílico.
Este comportamento pode ser melhor observado através da Figura 4.80, que
ilustra a relação entre a massa retida e a perda de carga residual para cada experimento.
Verifica-se que para a rocha fina, o incremento da perda de carga inicial de cada ciclo
provocado por uma mesma massa residual foi muito maior que na rocha grossa, por
exemplo, para atingir uma perda de carga residual de 25 mmH
2
O nos ensaios com rocha
fina, foi necessário acumular pouco mais de 2,0 gramas, enquanto que no caso da rocha
grossa, a massa residual foi maior que 6,0 gramas. Este fato se deve à colmatação mais
rápida provocada por partículas menores no meio filtrante no ciclo inicial, e à maior
Resultados e Discussão
184
perda de carga resultante da filtração com partículas menores, como descrito na
literatura.
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
Acrílico e rocha fina
Acrílico e rocha grossa
P/V (Pa.s/m)
M/A (kg/m
2
)
Figura 4.80:Variação da perda de carga residual com a massa retida acumulada para os
experimentos com Acrílico e rochas fina e grossa, até 100 mmH
2
O
Deste modo fica explícito que partículas de menor diâmetro conferem perda de
carga e resistência maior ao escoamento de fluido, mas formam uma torta que tende a
alcançar a estabilidade mais rapidamente que as filtrações com materiais mais
grosseiros, apesar deste apresentar menor resistência específica.
Como comentado anteriormente, o comportamento constante ou não das
massas nos experimentos com rocha grossa se refletiu na manutenção ou deterioração
da eficiência de remoção, sendo que nos últimos ciclos da rocha grossa os valores foram
próximos aos apresentados pela rocha fina, como mostra a Figura 4.81.
01234567891011
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1,0
Fração de massa removida
Número de ciclos
a)
01234567891011
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1,0
Fração de massa removida
Número de ciclos
b)
Figura 4.81: Variação da fração de massa removida em cada ciclo de filtração para: a) AC e
rocha fina, b) AC e rocha grossa (
!) Ensaio 01; (,) Ensaio 02; (7) Ensaio 03; (Β) Ensaio 04;
(
Λ) Ensaio 05; () Ensaio 06; (β) Ensaio 07; (µ) Ensaio 08; (ξ) Ensaio 09; () Ensaio 10.
Resultados e Discussão
185
A diferença de massas retida acumulada e seus efeitos sobre os ciclos de
filtração podem ser observados também a partir da análise de penetração no interior do
tecido. A Figura 4.82 mostra que, na média, a intensidade de penetração (número de
partículas por camada) foi ligeiramente superior nos experimentos com a rocha grossa,
sendo o desvio padrão também superior para a rocha grossa nas camadas intermediárias,
o que indicou uma variabilidade maior do número de partículas no interior do filtro.
Como observado para o polvilho, as partículas maiores alcançaram também
uma profundidade de penetração maior. Para a rocha grossa também não foi observada a
presença de partículas o redor das fibras, como na rocha fina, mas sim dispersas no seio
do tecidos, com ocorreu para o polvilho. Essa maior penetração indica uma deterioração
da eficiência de captura de partículas, o que confirma a teoria de competição entre os
mecanismos de interceptação e impactação para este caso.
0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800
-100
0
100
200
300
400
500
600
700
800
Número de Partículas
Profundidade do Tecido (µm)
Rocha Fina
Rocha Grossa
Figura 4.82:Varição do número médio de partículas em função da profundidade de
penetração para a rocha fina e a rocha grossa em acrílico, com o desvio dadrão
.
Outra explicação para a menor profundidade de penetração da rocha fina vêm
da observação da permanência de resquícios de dendritos ao redor das fibras, sugere que
a formação dos dendritos em uma camada mais superficial pela rocha fina e que pode
ter impedido que mais partículas se alojassem no interior do meio filtrante, mas é uma
possibilidade mais difícil de ser comprovada experimentalmente.
A variação do diâmetro médio de partículas para cada camada analisada de
ambos os experimentos pode ser visualizada pela Figura 4.83.
Resultados e Discussão
186
0 200 400 600 800 1000 1200
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
1,6
1,8
2,0
2,2
2,4
2,6
Diâmetro de Partículas (µm)
Profundidade do tecido (µm)
a)
0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
Diâmetro de Partículas (µm)
Profundidade (µm)
b)
Figura 4.83: Comparação entre da variação dos diâmetros médios dos experimentos
com rocha fina (a) e grossa (b) em Acrílico. (
!) Ensaio 01; (,) Ensaio 02; (7) Ensaio 03;
(
Β) Ensaio 04; (Λ) Ensaio 05; () Ensaio 06; (β) Ensaio 07; (µ) Ensaio 08; (ξ) Ensaio 09;
(
) Ensaio 10.
Nos dois casos, não se pode afirmar que houve tendência definida de aumento
ou diminuição do diâmetro com a profundidade, pois em alguns ensaios a tendência foi
de aumento e em outros foi de diminuição. Da mesma forma, não houve tendência da
profundidade variar ciclo a ciclo, como pode ser melhor observado na Figura 4. 84.
0246810
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
Profundidade de Penetraçaõo (µm)
Número de Ciclos
Acrílico e rocha fina
Acrílico e rocha grossa
Figura 4.84: Profundidade de penetração com o número de ciclos para cada coluna
analisada do Acrílico com rocha grossa e fina.
No entanto, REMBOR e KASPER (1996) descreveram um maior grau de
penetração para partículas menores, o que não foi observado neste trabalho.
Resultados e Discussão
187
4.13 ENSAIOS DE FILTRAÇÃO ACRÍLICO E ROCHA GROSSA
P
MAX
= 300MMH
2
O
A avaliação dos efeitos do aumento da perda de carga máxima determinada
para as filtrações foi realizada para o acrílico filtrando rocha grossa, por serem as
partículas de observação mais fácil. Deste modo, poder-se-á avaliar também seus efeitos
na profundidade e intensidade de penetração. A Figura 4.85 apresenta os experimentos
realizados com a rocha grossa em filtrações cuja perda de carga máxima foi fixada em
300 mmH
2
O.
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35
0
50
100
150
200
250
300
350
Perda de Carga (mmH
2
O)
Carga Mássica (g/cm
2
)
Figura 4.85: Perfil da perda de carga para os dez ciclos de filtração para o acrílico com
a rocha grossa, 300 mmH
2
O. (!) Ensaio 01; (Λ) Ensaio 05; () Ensaio 10.
Verifica-se que o comportamento em “S” das curvas são mais visíveis neste
caso e com curvas mais uniformes.
No entanto, este comportamento em “S” parece lembrar ainda as curvas do
primeiro ciclo, mas sem o período de filtração interna, apenas com a declinação final,
com apresentado nos resultados preliminares.
A observação da Tabela 4.49 indica que a estabilização da massa coletada em
cada filtração começa a ocorrer após quinto ciclo, aproximadamente.
Resultados e Discussão
188
Tabela 4.49: Massa coletada em cada ciclo para os experimentos com Acrílico e rocha
grossa a 300 mmH
2
O.
Ciclo Massa (g/cm
2
)
1 16,262
2 10,066
3 9,726
4 8,436
5 7,808
6 8,042
7 7,610
8 7,953
9 6,437
10 6,322
A torta formada em cada ciclo apresentou, por sua vez, valores crescentes de
resistência efetiva a cada ciclo, sem apresentar tendência a se tornarem constantes,
como ilustra a Tabela 4.50.
Tabela 4.50: Resistência específica média da torta determinada graficamente, para os
ensaios com Acrílico e rocha grossa 300 mmH
2
O.
Ciclo K
2
(s
-1
) Desvio padrão
1
6,4.10
4
9,7.10
3
2
9,4.10
4
1,8.10
4
3
9,6E.10
4
1,0.10
4
4
1,2.10
5
1,6.10
4
5
1,2.10
5
2,9.10
3
6
1,1.10
5
-
7
1,2.10
5
-
8
1,7.10
5
-
9
1,7.10
5
-
10
2,0.10
5
-
Ao contrário do comportamento tendendo à constância apresentado pela massa
coletada, as massas retida acumulada e removida apresentaram comportamento
crescente e decrescente, respectivamente, como apresenta a Figura 4.86.
Resultados e Discussão
189
01234567891011
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
Massa Retida Acumulada e Removida (g)
Número de Ciclos
Figura 4.86: Massa de material pulverulento removida pela limpeza (
símbolos vazios) e
retida após a mesma (
símbolos cheios) para oAcrílico filtrando rocha grossa,
300 mmH
2
O. (!∀) Ensaio 01; (ΛΜ) Ensaio 05; () Ensaio 10.
A perda de carga residual resultante deste acúmulo de partículas no conjunto
torta-tecido está apresentada na Figura 4.87.
01234567891011
0
10
20
30
40
50
60
70
80
Perda de Carga Residual (mmH
2
O)
Número de Ciclos
Ensaio 5
Ensaio 10
Figura 4.87: Perfil da variação da perda de carga residual com o número de ciclos para
os experimentos de AC com rocha grossa e 300mmH
2
O.
Verifica-se que inicialmente a perda de carga apresenta tendência crescente,
mas nos ciclos finais permanece praticamente constante.
A relação entre a perda de carga residual e a massa retida acumulada pode ser
melhor visualizada pela Figura 4.88.
Resultados e Discussão
190
0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5
0
1000
2000
3000
4000
5000
P/V (Pa.s/m)
M/A (kg/m
2
)
Ensaio 1
Ensaio 5
Ensaio 10
Figura 4.88: Variação da perda de carga residual com a massa retida acumulada para o
AC com rocha grossa até 300mmH
2
O.
Verifica-se que o incremento de massa resultou em um aumento da perda de
carga residual, como nos demais experimentos, sendo que em alguns ciclos, este
comportamento se desviou, provavelmente por algum erro experimental não
determinado. O aumento da perda de carga residual com a massa retida acumulada pode
ser expresso pela equação 4.10:
1,77
ret
A
M
18898.
=
V
P
(4.10)
A eficiência de remoção resultante das limpezas realizadas pode ser
visualizada na Figura 4.89.
01234567891011
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1,0
Fração Removida
mero de Ciclos
Ensaio 1
Ensaio 5
Ensaio 10
Figura 4.89: Perfil da fração de massa removida da torta, após a limpeza para o
Acrílico e rocha grossa, 300 mmH
2
O.
Resultados e Discussão
191
As imagens obtidas via MEV, de alguns ciclos dos ensaios aqui tratados estão
apresentadas na Figura 4.90.
A Tabela 4.51 apresenta a variação do diâmetro de partículas com a
profundidade de penetração e como número de ciclos para cada camada de tecido
analisada.
A Tabela 4.52 mostra o desvio padrão destes dados de diâmetro para a rocha
grossa em Acrílico.
Pode-se verificar pela Tabela 4.51 que a profundidade média variou entre
cerca de 1.000 e 1.950 µm, com tendência de aumentar o número de ciclos.
No entanto, essa tendência deve ser confirmada pela realização de mais
experimentos, podendo ser um caso isolado ocorrido para o experimento 10, ou
realmente expressar uma tendência.
O diâmetro de partículas, por sua vez, não apresentou tendência definida de
aumentar ou diminuir com a profundidade do tecido ou com o número de ciclos.
Resultados e Discussão
192
Interface torta-ar
Ciclo 01a Ciclo 05a Ciclo 05b Ciclo 10a Ciclo 10b Ciclo 10c
Interior do meio filtrante (aproximadamente 500 µm da superfície do tecido)
Figura 4.90: Seção transversal do Acrílico filtrando rocha grossa até 300 mmH
2
O, em diferentes ciclos.
Resultados e Discussão
193
Tabela 4.51: Penetração de partículas de rocha grossa em Acrílico: diâmetros de partículas com a profundidade do tecido.
Diâmetro de partículas (µm)
Profundidade Ensaio
(µm)
1 5 10
0-107 13,414 12,091 - 12,719 16,062 13,049 11,528 15,185 1,467 10,806 1,726 1,680
107-214 23,428 13,207 20,687 23,094 18,468 19,618 12,449 14,028 2,003 10,686 2,178 2,648
214-321 15,887 26,956 27,188 30,738 19,964 25,064 13,998 15,205 2,883 16,387 3,238 2,031
321-428 14,949 24,747 25,742 22,473 21,144 7,805 8,143 13,116 2,931 21,152 2,702 2,965
428-535 7,270 30,338 12,585 - 18,697 14,244 23,709 9,286 2,675 20,888 3,552 3,266
535-642 8,101 8,094 9,292 - 17,413 26,338 8,966 7,137 2,702 15,813 3,960 3,285
642-749 5,639 23,881 13,367 25,116 14,876 - - 7,859 2,955 22,583 3,871 3,692
749-856 21,392 28,694 42,120 18,039 31,349 16,737 6,683 9,669 3,362 24,284 4,034 3,545
856-963 20,069 24,280 48,057 30,472 17,630 22,407 7,254 3,766 5,275 3,151 3,462
963-1070 13,812 16,704 43,211 30,218 14,084 10,275 7,900 3,426 - 4,193 6,253
1070-1177 15,116 2,879 0,974 1,400 2,167
1177-1284 4,334 2,712 4,687 3,155
1284-1391 4,004 4,837 3,652 -
1391-1498 1,242 5,677 2,963 2,648
1498-1605 4,259 3,989 4,459 4,844
1605-1712 1,537 3,259 1,785
1712-1819 4,886 5,340 3,109
1819-1926 9,503 2,819 5,129
1926-2033 - 1,281
2033-2140 4,243
2140-2247 1,490
Profundidade média (µm)
1.096,75 1.016,5 1.952,75
Resultados e Discussão
194
Tabela 4.52: Desvio padrão do diâmetro de partículas da rocha grossa em Acrílico filtrando até 300 mmH
2
O.
Desvio Padrão
Profundidade Ensaio
(µm)
1 5 10
0-107 15,419 11,206 0 15,216 15,61 12,93 10,823 15,415 1,7697 10,342 2,5869 2,075
107-214 32,62 13,912 24,544 31,489 23,696 18,872 13,849 17,044 2,2243 11,107 2,5291 2,6545
214-321 21,221 49,241 32,195 39,487 37,24 24,78 7,2426 22,304 3,3891 16,004 3,3127 2,1407
321-428 14,674 38,408 30,884 19,682 29,674 2,7326 6,372 20,869 2,9419 22,324 3,777 3,0054
428-535 4,5047 42,155 3,8582 0,000 33,373 13,893 41,731 10,335 3,5492 23,34 3,3458 4,1223
535-642 3,9582 3,9173 5,4016 0,000 28,905 31,141 4,1019 3,3899 2,9636 16,956 4,1494 3,3461
642-749 0,8564 26,338 0,000 22,151 26,975 22,302 0,000 4,137 3,0573 35,088 3,7801 4,2179
749-856 37,818 25,631 69,79 17,823 39,116 18,051 3,9517 9,7251 3,1811 0,000 4,233 4,0953
856-963 23,832 0,000 34,735 39,948 25,369 3,8848 5,5241 3,508 0,766 2,0646 4,3289
963-1070 14,507 14,691 22,608 27,043 15,492 0 4,6597 3,6649 0,000 5,0917 2,9469
1070-1177 14,076 2,498 0,3416 0,955 1,9016
1177-1284 3,7791 2,4516 5,6723 4,612
1284-1391 3,5364 5,3328 3,4784 0,000
1391-1498 0,6592 5,1865 3,295 2,7418
1498-1605 5,0564 2,9483 4,4151 4,1391
1605-1712 0,6302 3,3381 14,116
1712-1819 3,7881 7,4325 3,3549
1819-1926 5,4399 3,7437 1,5508
1926-2033 0,000 0,6406
2033-2140 4,9894
2140-2247 2,1055
Resultados e Discussão
195
A partir da Figura 4.91 pode-se verificar a variação do número de partículas
com cada camada analisada de tecido, observa-se que não há tendência do número de
partículas coletada em cada camada aumentar ou diminuir com o número de ciclos,
sendo que o máximo de partículas retidas foi de cerca de 800.
0 500 1000 1500 2000 2500
-100
0
100
200
300
400
500
600
700
800
900
Número de Partículas
Profundidade de Penetração (µm)
Ensaio 1
Ensaio 5
Ensaio 10
Média
Figura 4.91: Variação do número de partículas com o número de ciclos para o Acrílico
filtrando rocha grossa até 300 mmH
2
O.
Em termos numéricos, esse comportamento pode ser acompanhado pela
Tabela 4.53.
Resultados e Discussão
196
Tabela 4.53: Valores do número de partículas retidas em cada camada do Acrílico e rocha grossa, até 300 mmH
2
O.
Número de partículas
Profundidade Ensaio
(µm) 1 5 10
0-107 421 189 0 355 623 785 841 624 972 778 443 443
107-214 230 75 150 123 290 93 154 685 770 381 475 261
214-321 237 18 48 71 153 19 13 266 190 457 164 104
321-428 30 87 3 13 213 2 11 156 233 259 184 62
428-535 13 16 5 0 99 6 16 321 316 159 126 132
535-642 15 4 7 0 77 14 9 336 328 94 14 165
642-749 6 4 1 5 54 0 0 64 205 12 43 91
749-856 8 4 6 6 5 17 34 65 146 1 34 36
856-963 4 1 2 14 13 4 13 192 4 26 17
963-1070 8 3 2 9 5 4 45 197 0 55 6
1070-1177 5 13 6 5 4
1177-1284 6 20 5 12
1284-1391 21 7 28 0
1391-1498 3 21 11 6
1498-1605 35 4 5 3
1605-1712 5 3 17
1712-1819 7 18 14
1819-1926 3 12 2
1926-2033 0 23
2033-2140 29
2140-2247 6
Soma
972 401 229 596 1532 944 1136 2517 3627 2203 1618 1342
Resultados e Discussão
197
4.14 ENSAIOS DE FILTRAÇÃO COMPARAÇÃO ENTRE FILTRAÇÕES COM
DIFERENTES PERDAS DE CARGA MÁXIMA
As curvas seqüenciais das filtrações do ensaio 10 com a rocha grossa até
100 mmH
2
O e até 300 mmH
2
O estão apresentadas na Figura 4.92.
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35 0,40
0
50
100
150
200
250
300
350
Perda de Carga (mmH
2
O)
Massa Acum ulada (g/cm
2
)
100 mm H
2
O
300 mm H
2
O
Figura 4.92: Comparação das curvas de filtração entre os experimentos em AC e rocha
grossa com 100 e 300 mmH
2
O.
Era esperado, uma vez que a perda de carga máxima aumentou, que a massa
coletada aumentasse também, como ilustra a Tabela 4.54.
No primeiro ciclo, a massa coletada para a maior perda de carga foi
praticamente o dobro da menor perda de carga. No entanto, com o decorrer das
filtrações, no décimo ciclo, a massa coletada na maior perda de carga já era cinco vezes
maior que na menor. Desta forma, os dados indicam que a filtração com uma perda de
carga menor, ao contrário do que se imaginava, resultou em uma maior taxa de
degradação da filtração ciclo a ciclo, sendo a diminuição no período de filtração mais
significativa para a perda de carga máxima menor. Pode ser que na torta formada na
perda de carga máxima de 300 mmH
2
O, a maior espessura resultou em maior coesão
entre as partículas, em detrimento da força de adesão torta-tecido, facilitando a
remoção.
Resultados e Discussão
198
Tabela 4.54: Massa coletada em cada ciclo para os experimentos com Acrílico.
Massa (g/cm
2
)
Ciclo
Rocha grossa
100 mm H
2
O
Rocha grossa
300 mm H
2
O
1
0,0330 0,067
2
0,0180 0,042
3
0,0132 0,039
4
0,0101 0,038
5
0,0085 0,034
6
0,0046 0,031
7
0,0075 0,029
8
0,0061 0,030
9
0,0062 0,025
10
0,0047 0,024
Como resultado desta diferença, obteve-se um comportamento
qualitativamente semelhante, mas quantitativamente diferenciado para as massas retida
e removida nestes dois casos estudados, como ilustra a Figura 4.93.
01234567891011
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
Masa Retida Acumulada e Removida (g)
Número de Ciclos
AC - Massa retida rocha fina - 100 mmH
2
O
AC - Massa removida rocha fina - 100 mmH
2
O
AC - Massa retida rocha grossa - 300 mmH
2
O
AC - Massa removida rocha grossa - 300 mmH
2
O
)
Figura 4.93: Massa de material pulverulento removida pela limpeza e retida após a
mesma para a rocha grossa e fina em Acrílico.
Verifica-se, apesar da diferença na perda de carga máxima não ter provocado
diferenças no perfil do comportamento dos experimentos, que nos ciclos iniciais a
massa removida chegou a ser superior ao valor da massa retida para os ensaios com
300 mmH
2
O, o que não havia sido observado em nenhum experimento até então. Isso se
deveu ao fato da torta formada ter sido significativamente superior para este último
experimento, resultando em uma maior massa removida.
Resultados e Discussão
199
Pela Tabela 4.55 observa-se numericamente o comportamento das massas
removida e retida acumulada para o ensaio 10 de cada experimento.
Tabela 4.55:Massa removida e retida acumulada no Ensaio 10 para os experimentos
com AC em diferentes perdas de carga máximas.
Massa Removida (g) Massa Retida Acumulada (g)
Ciclo
Rocha grossa
100 mm H
2
O
Rocha grossa
300 mm H
2
O
Rocha grossa
100 mm H
2
O
Rocha grossa
300 mm H
2
O
1
4,0 10,1 4,5 6,29
2
3,3 8,8 5,5 7,4
3
2,8 8,2 6,3 8,9
4
2,5 8,1 6,5 9,3
5
1,4 7,7 6,8 9,4
6
1,8 7,7 7,1 9,8
7
1,7 6,8 7,3 10,5
8
1,4 7,8 7,4 7,9
9
1,5 6,3 7,6 10,8
10
1,3 6,3 7,8 10,8
Apesar da massa retida acumulada nos experimentos com maior perda de
carga máxima ter sido superior, não se pode afirmar que o mesmo ocorreu com o
número total de partículas coletadas por camada analisada. Pela Figura 4.94 verifica-se
que em alguns ensaios esse número foi superior para os ensaios com maior perda de
carga máxima e em outros inferior.
01234567891011
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
4000
4500
Número Total de Partículas
Número de Ciclos
Acrílico e rocha grossa a 100 mm H
2
O
Acrílico e rocha grossa a 300 mm H
2
O
Figura 4.94: Número total de partículas coletadas por camada analisada para o Acrílico
e rocha grossa, até 100 e 300 mmH
2
O.
Resultados e Discussão
200
No entanto, para esse experimento, aparentemente houve uma tendência do
número de partículas coletadas aumentar com o número de ciclos. Este comportamento
pode ser devido provavelmente à maior perda de carga durante a filtração.
Como conseqüência deste acúmulo de partículas, pode-se observar o
comportamento da perda de carga residual para ambos os experimentos, através da
Figura 4.95, em que se verifica que o aumento da massa retida resultou em aumento da
perda de carga residual.
01234567891011
0
10
20
30
40
50
60
70
80
100 mmH
2
O
300 mmH
2
O
Perda de Carga Residual (mmH
2
O)
Número de Ciclos
Figura 4.95: Perfil da variação de perda de carga residual média de cada ciclo de filtração
para a perda de carga máxima de 100 e 300 mmH
2
O.
Em termos numéricos, este comportamento pode ser observado para o ensaio
10 através da Tabela 4.56.
Tabela 4.56:Perda de carga residual no Ensaio 10 para os tecidos analisados.
Perda de Carga Residual (mmH
2
O)
Ciclo
Rocha grossa
100 mm H
2
O
Rocha grossa
300 mm H
2
O
1
0 0
2
14,1 7,1
3
19,5 23,3
4
22,8 30,4
5
24,1 33,1
6
28,7 35,2
7
30,9 39,0
8
34,7 48,2
9
31,9 49,3
10
32,5 49,9
Resultados e Discussão
201
A maior perda de carga residual máxima dos ensaios com 300 mmH
2
O e as
filtrações obviamente mais longas, resultaram em uma torta formada mais compactada,
e conseqüentemente com maior resistência ao escoamento, como mostra a Figura 4.96
que ilustra sobre a resistência específica média dos dois experimentos.
01234567891011
0
50000
100000
150000
200000
250000
Resistência Específica da Torta (s
-1
)
Númro de Ciclos
100 mmH
2
O
300 mmH
2
O
Figura 4.96: Comparação entre a variação das resistência específica da torta para as
diferentes perdas de carga máxima.
Este fato pode ser compreendido uma vez que a maior perda de carga pode ter
comprimido a torta. A relação entre a perda de carga residual e a massa retida pode ser
avaliada através da Figura 4.97. Verifica-se que apesar da diferença nas massas retidas
acumuladas, a sua relação com a perda de carga residual é bastante próxima, indicando
que, para um mesmo do diâmetro, a mesma massa da rocha fina ou da rocha grossa
provoca a mesma perda de carga residual, independente da perda de carga máxima
estipulada.
0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5
0
1000
2000
3000
4000
5000
Acrílico e rocha grossa - 100 mmH
2
O
Acrílico e rocha grossa - 300 mmH
2
O
P/V (Pa.s/m)
M/A (kg/m
2
)
Figura 4.97: Variação da perda de carga residual com a massa retida para os
experimentos com diferentes perdas de carga máxima.
Resultados e Discussão
202
A eficiência de remoção para os dois casos está apresentada na Figura 4.98.
01234567891011
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1,0
Fração Removida
Número de ciclos
Ensaio 1
Ensaio 5
Ensaio 10
a)
01234567891011
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1,0
Fração Removida
Número de Ciclos
Ensaio 1
Ensaio 5
Ensaio 10
b)
Figura 4.98: Variação da fração de massa removida em cada ciclo de filtração para: a) AC
e rocha grossa, 100 mmH
2
O, b) AC e rocha grossa, 300 mmH
2
O.
A eficiência de remoção de torta foi superior para a rocha grossa até
300 mmH2O, que apresentou também maior tendência a se tornar constate. Este
aumento da eficiência pode ser resultado de sua maior espessura de torta, ou ainda, ter
relação com o tamanho dos pedaços removidos, que foram maiores para os ensaios com
300 mmH2O.
As imagens obtidas em MEV apresentadas pela Figura 4.99 oferecem uma
visão geral da amostra do ensaio 10 de cada experimento e também ilustram a diferença
na profundidade de penetração de partículas no interior de cada filtro.
A relação dos mecanismos de captura não interfere nesta série de
experimentos, pois se utilizou o mesmo meio filtrante e mesmo material pulverulento,
sendo variável apenas uma condição operacional, a perda de carga máxima, que não
interfere nos cálculos. Deste modo, a maior penetração de partículas apresentada na
Figura 4.99 pode ser atribuída apenas à perda de carga máxima admitida.
O comportamento do número de partículas acomodados em cada camada
analisada pode ser observado pela Figura 4.100. Verifica-se que o número de partículas
é semelhante em todas as camadas, mas partículas encontram-se presentes até camadas
mais profundas no experimento com maior perda de carga residual aplicada.
Resultados e Discussão
203
a)
b)
Figura 4.99: Imagem geral da amostra do décimo ciclo do acrílico com a rocha grossa
em: a)100 mm H
2
O; b) 300 mmH
2
O. Aumento de 50 X.
Resultados e Discussão
204
0 500 1000 1500 2000 2500
-100
0
100
200
300
400
500
600
700
800
900
Número de Partículas
Profundidade do Tecido (µm)
Acrílico e rocha grossa - 100 mmH
2
O
Acrílico e rocha grossa - 300 mmH
2
O
Figura 4.100: Tendência da variação do número de partículas com a profundidade de
penetração do Acrílico, para rocha grossa até 100 e 300 mmH
2
O.
Esta maior profundidade de penetração de partículas nos experimentos com
maior perda de carga máxima exibida nas imagens de MEV pode ser conferida na
Figura 4.101.
01234567891011
500
1000
1500
2000
2500
Profundidade de Penetração (µm)
Número de Ciclos
Acrílico e rocha grossa - 100 mmH
2
O
Acrílico e rocha grossa - 300 mmH
2
O
Figura 4.101: Profundidade de penetração dos experimentos com acrílico e rocha
grossa com diferentes perdas de carga máximas.
Observa-se que de um modo geral, a profundidade de penetração foi superior
para os experimentos com a perda de carga máxima maior, sendo esta diferença mais
significativa para o ultimo ensaio. Como se trata de um mesmo material pulverulento,
Resultados e Discussão
205
era de se esperar que não houvesse diferenças no diâmetro de partículas coletadas em
cada camada. Porém, a Figura 4.102 ilustra que, apesar do mesmo material, o diâmetro
de partículas presentes foi superior par aos experimentos com maior perda de carga
máxima.
0 200 400 600 800 1000 1200 14001600 1800
0
10
20
30
40
50
Diâmetro de Partículas (µm)
Profundidade (µm)
Ensaio 1
Ensaio 5
Ensaio 10
a)
0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800
0
10
20
30
40
50
Diâmetro de Partículas (µm)
Profundidade (µm)
Ensaio 1
Ensaio 5
Ensaio 10
b)
Figura 4.102: Diferença no diâmetro médio de partículas coletadas por camada por ciclo
para o Acrílico e rocha grossa.
Este comportamento pode ser atribuído à maior dificuldade em se remover dos
interstícios do tecidos as partículas maiores, quando submetidas a uma maior pressão
durante a filtração.
4.15 AVALIAÇÃO DOS MECANISMOS DE CAPTURA PARA CADA SÉRIE DE
EXPERIMENTOS COMPARAÇÃO COM A LITERATURA.
Nos resultados obtidos por MARTINS (2001), o diâmetro de partículas
aumentou com a profundidade do meio. Diferentemente deste trabalho, o referido autor
utilizou partículas com diâmetro de 20,97 µm, e perda de carga máxima de cerca de
1000 mmH2O. Este valor muito superior de perda de carga máxima adotada no trabalho
de MARTINS (2001) pode também ter influenciando os resultados, uma vez que esta
maior diferença de pressão poderia estar forçando as partículas maiores a penetrarem
mais, sem haver força suficiente durante a limpeza capaz de removê-las, já que a
velocidade de limpeza aplicada no referido trabalho foi igual a 10 cm/s, portanto, menor
Resultados e Discussão
206
que a utilizada nesta pesquisa. Além disso, pode estar havendo uma influência dos
mecanismos de captura citados no item 2.1.2, pela diferença de diâmetros.
Para avaliar a influência dos mecanismos de captura envolvidos no presente
trabalho e no trabalho de MARTINS (2001), calculou-se alguns dos parâmetros
comentados no Capítulo 2. O diâmetro de fibras utilizado foi o obtido via microscópio,
ou seja, foi o diâmetro linear. Os parâmetros foram calculados a partir do diâmetro de
Stokes, do diâmetro médio volumétrico e do diâmetro de Stokes calculado pelo
diâmetro aerodinâmico, exceto para o trabalho de MARTINS (2000), uma vez que o
único dado de diâmetro de partículas disponível era o diâmetro médio volumétrico. O
diâmetro médio de fibras adotado do trabalho do referido autor foi igual a 20,0 µm.
desta forma calculou-se o número de Stokes (St), o adimensional R e o número de
Peclet (Pe), que fornecem dados sobre a influência da impactação, da interceptação e da
difusão, respectivamente. Os valores calculados para o poliéster tratado (PT) são iguais
para o poliéster não tratado, sendo assim, omitidos da Tabela 4.54. A viscosidade
dinâmica foi considerada a 20 C igual a 1,82.10-4g.cm-1.s-1. Os demais valores forma
os mesmos utilizados no item 4.7.
Tabela 4.57: Adimensionais St, R e Pe obtidos para os dados de diâmetro disponíveis.
Experimento
MARTINS
(2000)
AC AC PP PT PT
Material
Rocha
fosfática
Rocha
fina
Rocha
grossa
Rocha
fina
Rocha
fina
Polvilho
d
f
(10
4
cm) 20,0 22,7 22,7 23,6 19,43 19,43
d
p
Stokes (10
4
cm) - 3,71 14,67 3,71 3,71 8,64
St - 0,51 8,88 0,50 0,6 1,66
R - 0,16 0,65 0,16 0,19 0,44
Adimensional
calculado
Pe
-
337.885 1.380.464 351.281 289.211 690.492
d
p
méd. vol.
(10
4
cm)
20,97 4,55 41,47 4,55 4,55 -
St 19,46 0,78 70,99 0,75 0,91 -
R 1,05 0,20 1,83 0,19 0,23 -
Adimensional
calculado
Pe 1.663.158 417.707
3.930.959 434.268 357.535 -
d
p
St calc (10
4
cm) - 2,74 16,30 2,74 2,7 7,96
St - 0,32 10,97 0,25 0,33 1,47
R - 0,18 0,72 0,12 0,14 0,41
Adimensional
calculado
Pe - 245.796 1.535.577 255.541 210.388 635.119
Resultados e Discussão
207
Desta forma, de acordo com a teoria da captura por uma fibra simples
apresentada no Capítulo 2, para números de Stokes menores que 0,1 a impactação passa
a ser desprezível na captura de partículas, e para R menores que 0,1 a interceptação
também torna-se insignificante. Pelos valores apresentados para estes adimensionais,
verifica-se que em nenhum caso aqui estudado estes mecanismos podem ser
desprezados.
No entanto, nos casos da rocha fosfática utilizada nos ensaios de MARTINS
(2000) e da rocha grossa, observa-se valores significativamente maiores do número de
Stokes, indicando a predominância do mecanismo de impactação inercial e os maiores
valores de Pe, indicando que nestes casos, a captura pelo mecanismo difusional é menos
relevante. Particularmente para a rocha fosfática grossa, o mecanismo de captura pela
interceptação direta também foi expressivo, dados os elevados valores de R
apresentados.
Nos experimentos com a rocha fina, os valores de St e R são bem inferiores, o
que pode significar que haja atuação também do mecanismo de coleta difusional,
indicada pelos menores valores de Pe. A partir da observação do interior do meio
filtrante das Figuras 4.10, 17, 24 e 31, em cada situação verifica-se, por exemplo, que
nas filtrações com a rocha fina as partículas tenderam a permanecer próximas das fibras,
o que não ocorreu para os demais materiais pulverulentos estudados. Esta constatação
evidencia o que pode ser a formação dos dendritos para as partículas mais finas aqui
estudadas.O polvilho apresentou partículas dispersas no seio do tecido, não apenas
aderidas às fibras, o que pode indicar uma formação menos evidente dos dendritos,
assim como a rocha fosfática grossa.
Em se tratando da profundidade de penetração, no trabalho de MARTINS
(2001) esteve entre 600 e 830 µm, para um feltro de poliéster tratado em ensaios
utilizando velocidade de filtração igual a 10 cm/s, de limpeza igual a 10 cm/s, perda de
carga máxima admitida de 110 cmH
2
O e diâmetro médio volumétrico de partículas
igual a 20,97 µm. A penetração máxima neste trabalho, para o polipropileno foi menos
profunda (entre 500 e 600 µm) e no acrílico foi semelhante ao tecido do referido autor,
chegando até a aproximadamente 900 µm, mesmo sob condições mais moderadas de
perda de pressão máxima. Para o experimento com rocha grossa e perda de carga
máxima de 300 mm H
2
O, verificou se uma maior profundidade de penetração, que
Resultados e Discussão
208
chegou próxima a 2.500 µm, ou seja, bem superior aos experimentos de MARTINS
(2001). No entanto, as características do material filtrante do autor não são conhecidas,
impossibilitando uma discussão mais aprofundada a respeito de tais comportamentos.
O que se observou, para os experimentos com material mais grosso, foi que,
aparentemente, observou-se partículas maiores retidas no interior do meio filtrante, o
que provavelmente é resultado da dificuldade de se remover estas partículas maiores do
interior do tecido.
Conclusões
209
5 CONCLUSÕES
Os resultados obtidos na realização deste trabalho permitem apresentar as
seguintes conclusões, seguindo-se a seqüência apresentada no capítulo de resultados, a
partir dos ensaios preliminares:
i.
Os ensaios com tecidos trançados mostraram que os tecidos que
apresentavam pespontados nos fios possuíam a curva característica com
concavidade oposta aos tecidos trançados com fios lisos e sem fibras;
ii.
Nos tecidos não trançados, o tratamento superficial ajuda a minimizar o
período de filtração interna;
iii.
O tratamento superficial provoca um aumento da perda de carga;
iv. O ponto de colmatação é maior para o tecido sem tratamento, e , portanto, o
período de filtração interna também é;
v.
A ausência de tratamento resultou em filtrações inicialmente mais longas que
foram diminuindo com o passar dos ciclos até valores inferiores aos demais
tecidos tratados;
vi.
A filtração interna dependeu da permeabilidade e porosidade dos tecidos,
sendo mais longa para os tecidos com maiores valores de permeabilidade e
porosidade;
vii.
A resistência específica da torta variou para cada tecido variou para cada
tecido, indicando sua dependência deste, sendo maior para tecidos com
maiores valores permeabilidade e porosidade, aparentando reproduzir as
características do tecido suporte;
viii.
O tecido com maior abertura superficial apresentou também maior massa
retida;
ix.
O número total de partículas coletadas por seção analisada foi maior para o
tecido não tratado e maior para o tecido tratado com maior permeabilidade e
porosidade, da mesma forma como a filtração interna;
x.
Nos experimentos com a rocha fina e diferentes tecidos tratados, o
comportamento da massa retida de aumentar nos ciclos iniciais e se tornar
Conclusões
210
constante após alguns ciclos não se refletiu no número total de partículas
coletadas por seção, que foi praticamente constante com o número de ciclos;
xi.
A saturação do tecido pode ser, na verdade, um processo que ocorre mais na
superfície do tecido (provavelmente na torta), que em seu interior, como
indica o comportamento do número de partículas retidas por ciclo, sugerindo
que a penetração seja um fenômeno que se defina já no primeiro ciclo pra os
tecidos tratados;
xii.
Para os tecidos menos permeáveis o incremento da perda de carga residual
provocado por uma determinada massa de rocha fina foi maior que para os
tecidos mais permeáveis;
xiii.
No caso do Polipropileno houve uma menor massa retida, mas uma maior
perda de carga residual, quando comparado com o Acrílico, apesar da maior
eficiência de remoção de primeiro, indicando que para tecidos diferentes a
perda de carga residual deixa de ser um parâmetro adequado para determinar
a eficiência de limpeza;
xiv.
O número médio de partículas coletadas em cada camada do tecido tratado
foi praticamente o mesmo indiferente do tecido, sendo maior pra o tecido
sem tratamento;
xv. O que mudou para os tecidos tratados foi a profundidade de penetração, que
foi maior para o tecido não tratado, seguida do Acrílico, Poliéster tratado e
Polipropileno, tendência que sugere que maiores permeabilidades e
porosidades resultem em maiores profundidades de penetração, mas não na
intensidade de penetração;
xvi.
Todos os tecidos filtrando rocha fina apresentaram um decaimento
exponencial do número de partículas na interface torta-filtro para o seio do
tecido;
xvii.
A intensidade do tratamento interferiu na profundidade de penetração, sendo
que tecidos com mais fibras fundidas na superfície apresentaram menor
profundidade de penetração, mesmo possuindo permeabilidade e porosidade
semelhantes, como no caso do Acrílico e Poliéster tratado;
xviii.
No caso das filtrações com polvilho, a maior eficiência de remoção não se
refletiu em menor profundidade de penetração, indicando que a limpeza tem
Conclusões
211
uma ação mais superficial que interna, ou seja, remove mais as partículas da
torta que as partículas acomodadas no interior do meio filtrante;
xix.
As curvas de filtração subseqüentes à primeira limpeza tiveram um
comportamento praticamente linear tanto para o pT quanto para o PNT,
indicando que a forma da curva não depende apenas do tecido, mas do
material recolhido;
xx.
A resistência específica das tortas de polvilho apresentaram valores
constantes após a primeira limpeza, indicando uma maior homogeneidade da
torta constituída por partículas mais esféricas e quase monodispersas;
xxi.
A linearidade apresentada nas curvas de filtração do polvilho para o PT e
PNT indicam que o fato das curvas serem mais ou menos lineares não
depende apenas da eficiência de limpezas,, mas também das características
do material pulverulento;
xxii.
A filtração com partículas de polvilho apresentou período de filtração interna
mais longo, com maior ponto de colmatação para ambos os tecidos (PT e
PNT), o que pode ser resultado do maior diâmetro, da forma mais esférica e
da distribuição mais estreita do polvilho;
xxiii.
A filtração com polvilho apresentou ciclos mais longos, com maior massa
coletada (a despeito de sua menor densidade) indicando que o maior
diâmetro, esfericidade e distribuição estreita constituem uma torta com
melhor acomodação de partículas, como ilustra os menores valores de
resistência específica da torta de polvilho, quando comparados com as tortas
de rocha fina;
xxiv.
Nas filtrações com partículas maiores de rocha fosfática não houve tendência
do diâmetro aumentar ou diminuir com o número de ciclos nem com a
profundidade de penetração;
xxv.
A profundidade de penetração não tendeu a aumentar ou diminuir co o
número de ciclos para a rocha grossa;
xxvi.
A profundidade de penetração foi, de modo geral, semelhante para a rocha
fina e para a rocha grossa, mas em algumas amostras foi muito superior para
a rocha grossa;
Conclusões
212
xxvii.
A rocha grossa apresentou ligeira tendência do número total de partículas
aumentar com o número de ciclos;
xxviii.
Os experimentos com maior perda de carga máxima apresentaram maior
profundidade de penetração, provavelmente pela maior duração da filtração
interna;
xxix.
O número de partículas coletadas em cada camada analisada foi muito
semelhante para as duas perdas de carga máxima utilizadas, sendo que houve
mais variação para os experimentos com menor perda de carga máxima;
xxx.
O diâmetro de partículas retidas foi maior para os ensaios com maior perda
de carga máxima.
Sugestões de Trabalhos Futuros
213
6 SUGESTÕES DE TRABALHOS FUTUROS
Como sugestão de prosseguimento dos estudos desenvolvidos neste trabalho,
cita-se as seguintes possibilidades:
- Avaliação da formação de dendritos, mais especificamente sua porosidade, com a
velocidade de filtração e com o diâmetro das partículas;
- Avaliação das propriedades da torta formada durante a filtração, antes da realização da
limpeza, principalmente sua porosidade;
- Determinação da eficiência de filtração dos experimentos desenvolvidos neste
trabalho, e sua associação com os mecanismos de captura aqui determinados;
- Verificação da influência das propriedades químicas do material pulverulento e do
meio filtrante na filtração;
- Verificar a influência da velocidade de limpeza na profundidade e intensidade de
penetração de partículas.
Referencias Bibliograficas
214
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224
ANEXO A
225
PREPARAÇÃO DE AMOSTRA PARA MEV E ANÁLISE NO
IMAGE-PRO PLUS
O desenvolvimento desta etapa do trabalho foi similar ao de ITO (2002), e
consiste nos seguintes passos:
P-ENDURECIMENTO DA MOSTRA
O equipamento utilizado está apresentado na Figura A.1, construído com duas
seções cilíndricas de ferro, semelhantes à caixa de filtração. Em seu interior foi alocado
um suporte de arame para sustentar o meio filtrante. A parte interna dessas tampas foi
revestida com uma borracha macia, a fim de permitir a vedação do sistema. Para realizar
tal procedimento utilizou-se o equipamento mostrado na Figura A.A, que consistia de
duas tampas de ferro galvanizado, semelhante à caixa de filtração.
Figura 0.A: Equipamento para pré-endurecimento do meio filtrante.
O tecido após ser limpo foi retirado da caixa de filtração e transportado à caixa
de “pré -endurecimento”, onde foi fixado.
Para medir a vazão de ar comprimido que arrastava o vapor do adesivo
instantâneo (“LOCTITE-416”) usou-se um rotâmetro, o valor desta vazão foi mantido
constante em 0.5 l/min.
A
R COMPRIMIDO
ROTÂMETRO
A
DESIVO
TORTA DE PÓ
MEIO
FILTRANTE
Á
GUA
226
O método consistia em passar vapor de um adesivo instantâneo (“LOCTITE-
416”), arrastado pelo fluxo de ar úmido, através do meio filtrante. A velocidade do gás
de arraste foi mantida em aproximadamente 0,1 cm/s, para evitar um possível rearranjo
das partículas impregnadas no tecido durante o “pré-endurecimento”. O tecido ficou
neste equipamento por aproximadamente 72 horas até que fosse garantida a
impregnação do adesivo ao meio filtrante, pingando-se duas gotas de adesivo a cada
duas horas.
EMBUTIMENTO DO TECIDO
Após o “pré-endurecimento” o tecido foi transportado para uma vasilha de
pirex redonda, contendo uma esponja de 0,5 mm de espessura de mesma área do tecido.
A parte interna desta vasilha ficou completamente encharcada com uma resina
embutidora, a PMS-10. Depois de se colocar o tecido no recipiente, adicionou-se mais
resina até que todo o tecido estivesse completamente encharcado. Em seguida colocou-
se o tecido numa estufa a 60
o
C, por aproximadamente 72 horas, para “curar” a resina.
Este procedimento está esquematizado na Figura A.B.
A resina utilizada (PMS-10) possui baixa viscosidade, 7 a 10 cp, é anaeróbica,
de cor clara, tempo de vida de 1 ano e não contém solvente. Esta resina foi fornecida
pela LOCTITE do Brasil.
227
Figura 0.B: Vista do equipamento de embutimento.
SECCIONAMENTO
O tecido já endurecido foi seccionado em pedaços quadrados de 1 cm
2
de
área, aproximadamente, utilizando uma serra de correia. A seguir estes pedaços foram
embutidos em moldes cilíndricos de PVC, utilizando outra resina, RESAPOL-208,
deixando-a “curar” por 24 horas à temperatura ambiente. A impregnação com esta
resina proporcionou resistência mecânica à amostra, visando atenuar a desestruturação
nas etapas de esmerilamento e polimento.
ESMERILAMENTO
Esta etapa visou retirar os arranhões causados pelo seccionamento do tecido e
desgastar a amostra.
As amostras foram lixadas, a úmido, cuidadosamente, em lixas de carbeto de
silício na seqüência de 320, 600, 1200 e 2000 mesh, mantendo-se a operação em torno
de 10 minutos em cada lixa, dependendo da amostra. Entre cada lixa a amostra foi
lavada com água e álcool.
RESINA
TORTA DE
MEIO FILTRANTE
ESPONJA
228
POLIMENTO
Depois de esmeriladas as amostras foram polidas, utilizando-se uma politriz
em baixa rotação. O tecido utilizado na politriz é um veludo macio, que foi impregnado
com uma suspensão de alumina de 1µm. O tempo de duração desta operação variou de
acordo com a amostra, mas girou em torno de 30 minutos.
O polimento foi feito até que se retirasse todos os riscos deixados na amostra
pelas lixas da etapa anterior, que podiam ser vistos em microscópio óptico.
Quando estava livre de qualquer ranhura, a amostra foi submetida a um
recobrimento metálico com ouro puro, utilizando um equipamento específico
denominado “Sputtering”, do Laboratório de Preparação de Amostras do CCDM
(UFSCar).
229
ANEXO B
224
DETERMINAÇÃO DA PERMEABILIDADE DOS TECIDOS
LIMPOS
A determinação da permeabilidade dos tecidos foi realizada utilizando-se dois
manômetros inclinados, pela sua melhor precisão.
Cada tecido foi colocado no módulo de filtração estando completamente limpo
e foi submetido a velocidades crescentes, no sentido da filtração. Os valores de perda de
carga na saída e na entrada do elemento filtrante foi registrado. Estes valores, após a
conversão do ângulo de inclinação dos manômetros, foram transformados para Pascal, a
unidade conveniente de pressão. A permeabilidade foi então calculada utilizando-se a
equação 2.7.
As curvas da variação da pressão com a velocidade estão apresentadas na
Figura B.1.
0,00 0,02 0,04 0,06 0,08 0,10 0,12 0,14
0
100000
200000
300000
400000
500000
(Pe
2
- Ps
2
)/(2.Ps.L) (Pa/m)
Velocidade (m/s)
Poliéster tratado
Poliéster não tratado
Acrílico
Polipropileno
Figura B.1: Curvas de permeabilidade dos tecidos empregados
.
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