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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
FACULDADE DE MEDICINA
DEPARTAMENTO DE FISIOLOGIA E FARMACOLOGIA
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO
FARMACOLOGIA
ESTUDO DE MECANISMOS ENVOLVIDOS NO EFEITO DO BISFOSFONATO
ALENDRONATO DISSÓDICO NA DOENÇA PERIODONTAL EXPERIMENTAL
Adriana Magalhães Andrade de Menezes
Fortaleza – Ceará
2003
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
FACULDADE DE MEDICINA
DEPARTAMENTO DE FISIOLOGIA E FARMACOLOGIA
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO
FARMACOLOGIA
ESTUDO DE MECANISMOS ENVOLVIDOS NO EFEITO DO
BISFOSFONATO ALENDRONATO DISSÓDICO NA DOENÇA
PERIODONTAL EXPERIMENTAL
Adriana Magalhães Andrade de Menezes
ORIENTADORA: Prof. Gerly Anne de Castro Brito
Fortaleza- Ceará
Outubro/2003
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Aos meus pais, Braga e Marta, por
tudo.
Ao meu marido, João Marcelo, pelo
amor, paciência e companheirismo.
“A Sabedoria é radiante, não fenece,
facilmente é contemplada por aqueles que a
amam e se deixa encontrar por aqueles que
a buscam.Ela mesmo se dá a conhecer aos
que a desejam. Quem por ela madruga não
se cansa: encontra-a sentada à porta.
Meditá-la é a perfeição da inteligência;
quem vigia por ela logo se isenta de
preocupações; ela mesmo busca, em toda
parte, os qua a merecem; benigna, aborda-
os pelos caminhos e a cada pensamento os
precede” (Sab 6, 12-16)
AGRADECIMENTOS
À Professora Gerly Anne, por ter me orientado e incentivado com
toda a presteza, dedicação e amizade na realização deste trabalho.
Ao Professor Ronaldo, por ter me acolhido em seu laboratório e pelo
seu exemplo de competência e amor à pesquisa.
À Professora Cibele, do Setor de Microbiologia, pela sua decisiva
colaboração e suas idéias no decorrer desta pesquisa.
Ao Professor Fernando Cunha e à Giuliana Bertozi, da Faculdade de
Ribeirão Preto – USP, pela gentileza na realização da dosagem de citocinas.
Ao Laboratório Merck Sharp & Domme, pela gentileza no
fornecimento do medicamento usado neste trabalho.
À Hellíada Vasconcelos, pela valiosa ajuda neste trabalho.
Aos colegas de laboratório (LAFICA), pela agradável convivência e
amizade.
À Vandinha, pela sua simpatia e atenção.
Ao José Ivan, pela sua boa vontade na confecção das lâminas
histológicas.
À Dra. Artemísia pela atenção concedida às minhas solicitações no
biotério.
Aos funcionários do Departamento de Farmacologia e Fisiologia,
sempre dispostos a ajudar.
Ao CNPq, pelo apoio financeiro.
ABREVIATURAS UTILIZADAS NESTE TRABALHO
AD Alendronato dissódico
AINEs Antiinflamatórios não-esteroidais
ANOVA Análise de variância
ATP Adenosina trifosfato
BHI Brain Heart Infusion
COX Cicloxigenase
COX-2 Cicloxigenase-2
CMT Tetraciclina quimicamente modificada
DNA Ácido desoxirribonucléico
DX Doxiciclina
DX5 Doxiciclina dose 5mg/kg
DX10 Doxiciclina dose 10 mg/kg
DPE Doença periodontal experimental
EPM Erro padrão da média
G Gauge
GM-CSF Fator estimulador de colônias granulócito-macrófago
GNPA Anaeróbios Gram-negativos pigmentados
HE Hematoxilina-eosina
HETE Ácido hidroxieicosatetraenóico
HOCl Ácido perclórico
HTAB Tampão de brometo de hexadecil-metil-amônio
ICAM Molécula de adesão intercelular
IL-1 Interleucina-1
IL-1α Interleucina-1α
IL-1β Interleucina-1β
IL-6 Interleucina-6
IL-8 Interleucina-8
i.p. intraperitoneal
IPO Índice de perda óssea
kg quilograma
M Molar
mm Milímetro
mg Miligrama
MMP Metaloproteinases de matriz
MMP-1 Metaloproteinases de matriz-1, tipo fibroblasto, colagenase-1
MMP-2 Metaloproteinases de matriz-2 ou gelatinase A
MMP-3 Metaloproteinases de matriz -3 ou “stromelysin”-1
MMP-7 Metaloproteinases de matriz-7 ou “matrilysin”
MMP-8 Metaloproteinases de matriz-8, tipo neutrofílico, colagenase-2
MMP-9 Metaloproteinases de matriz-9 ou gelatinase B
MMP-10 Metaloproteinases de matriz-10 ou “stromelysin”-2
MMP-11 Metaloproteinases de matriz-11 ou “stromelysin”-3
MMP-12 Metaloproteinases de matriz-12 ou metaloelastase
MMP-13 Metaloproteinases de matriz-13 ou colagenase-3
MMP-14 Metaloproteinases de matriz-14
MMP-15 Metaloproteinases de matriz-15
MMP-16 Metaloproteinases de matriz-16
MMP-17 Metaloproteinases de matriz-17
MMP-18 Metaloproteinases de matriz-13 ou colagenase-4
MMP-19 Metaloproteinases de matriz-19
MMP-20 Metaloproteinases de matriz-19 ou “enamelysin”
MT-MMP Metaloproteinases de matriz tipo membrana
MPO Mieloperoxidase
NF-κB Fator nuclear-κB
PAF Fator ativador de plaquetas
PBS Solução salina tamponada
PEA Feniletil álcool
pg picograma
PG Prostaglandina
PGE
2
Prostaglandina E
2
PGI
2
Prostaglandina I
2
PMN Leucócitos polimorfonucleares
Nm nanômetro
NO Óxido nítrico
OPD o-fenilenediamina diidrocloreto
RNAm Ácido ribonucléico mensageiro
r.p.m. Rotações por minuto
SAP Complexo Strepto-avidina peroxidase
sp Espécies
s.c. Subcutânea
TIMP Inibidores teciduais das metaloproteinases
TIMP-1 Inibidores teciduais das metaloproteinases-1
TNF Tumor de necrose tumoral
uPA Ativador de plasminogênio tipo uroquinase
°C Graus Célsius
µl microlitro
µg micrograma
RESUMO
ESTUDO DOS MECANISMOS ENVOLVIDOS NO EFEITO DO BISFOSFONATO
ALENDRONATO DISSÓDICO NA DOENÇA PERIODONTAL EXPERIMENTAL –
ADRIANA MAGALHÃES ANDRADE DE MENEZES.
Dissertação apresentada ao Curso de Pós-graduação em farmacologia do
Departamento de Fisiologia e Farmacologia da Faculdade de Medicina da
Universidade Federal do Ceará, como pré-requisito para obtenção do título de
mestre em Farmacologia. Data da defesa: 10 de outubro de 2003. Orientador:
Gerly Anne de Castro Brito.
A periodontite, a principal causa de perda de dentes em adultos, é uma doença
inflamatória onde ocorre perda do osso alveolar e destruição das fibras do
ligamento periodontal. Tanto as bactérias periodontopatogênicas como os fatores
provenientes do hospedeiro são necessários para o desenvolvimento e
progressão desta patologia. Os bisfosfonatos constituem uma nova classe de
drogas, os quais inibem a reabsorção do osso causando alterações morfológicas
ou apoptose nos osteoclastos. O objetivo do presente estudo foi investigar os
mecanismos envolvidos no efeito de um bisfosfonato Alendronato Dissódico (AD)
na doença periodontal experimental (DPE), comparando seus efeitos com a
doxiciclina, tratamento já estabelecido. A DPE foi induzida passando-se fio de
náilon 3.0 em torno do segundo molar superior esquerdo de ratos Wistar fêmeas,
permanecendo durante 11d. AD (0,25mg/kg, s.c.) foi administrado 30 minutos
antes e diariamente (tratamento preventivo) ou AD (0,25mg/kg, s.c.), DX (5 ou 10
mg/kg) ou salina (0,2ml) foram injetados a partir do 5° dia da indução da DPE
(tratamento curativo). Os parâmetros avaliados foram: índice de perda óssea
(IPO), análise histopatológica e microbiológica, imunohistoquímica, migração de
neutrófilos, mieloperoxidase (MPO), leucogramas realizados antes e após a
cirurgia (6h e 1, 7 e 11 dias) e variação da massa corpórea. No IPO, AD reduziu
consideravelmente a reabsorção óssea tanto de forma preventiva como curativa
sendo comparável à doxiciclina. Na análise histopatológica, o periodonto dos
animais tratados com AD mostrou preservação do osso alveolar, cemento e das
fibras colágenas, além de redução do infiltrado neutrofílico gengival de 6h. Esta
inibição da migração neutrofílica foi confirmada através da MPO e em modelo de
peritonite abdominal e o leucograma mostrou uma redução da neutrofilia. A
imunohistoquímica mostrou que o AD diminuiu a marcação para TNF em 6h e 11d.
No microbiológico, AD inibiu qualitativamente o crescimento de bactérias
características da DP, tais como pigmentados e Fusobacterium nucleatum. AD
promoveu um aumento na massa corpórea em relação ao grupo salina. Esses
resultados mostram que o AD possui importante atividade na DPE, sugerindo a
relevância de testes clínicos dos bisfosfonatos no tratamento da doença
periodontal.
ABSTRACT
STUDY OF THE MECHANISMS INVOLVED IN EFFECT OF BISPHOSPHONATE
DISSODIC ALENDRONATE IN EXPERIMENTAL PERIODONTAL DISEASE -
ADRIANA MAGALHÃES ANDRADE DE MENEZES.
Dissertation submitted as a partial fulfillment of the requirement to degree of
master’s in Pharmacology to Graduation Pharmacology Course of the Physiology
and pharmacology Department of the Medicine Faculty of the Ceará Federal
University. Defense date: 2003, October 10. Professor: Gerly Anne de Castro Brito.
Periodontitis, the major cause of teeth loss in adults, is an inflammatory disease in
which occurs alveolar bone resorption and collagen fibers destruction. Bacteria and
host factors are necessary to the development of this pathology. Bisphosphonates
are a new class of drugs that inhibit bone resorbtion by causing morphological
alterations or death of osteoclasts. The objetive of this study is to investigate the
effect of the bisphosphonate Dissodic Alendronate (DA) in periodontitis, comparing
it with the doxicicline (DX), treatment currently used. Periodontitis was induced by
a nylon thread ligature surgically placed around the cervix of the second left
maxillary molars of female Wistar rats. Animals were treated with DA (0.25 mg/kg,
s.c.) 30 minutes before periodontits induction and daily until sacrifice on 11
th
day
(preventive group). Additionally, saline, DA or DX (5 or 10 mg/kg) were injected s.c.
from 5
th
day and daily up to the 11
th
day of periodontal disease (curative
treatment). The parameters analysed were alveolar bone loss (ABL),
histopathologic and microbiological analysis, immunohistochemistry,
myeloperoxidase (MPO), neutrophil migration, leukogram measured before and
after challenge (6h and 1, 7 and 11 days) and body mass variation. AD, as curative
or preventive treatment, reduced this alveolar bone loss similar DX.
Histopatologically, the periodontium of animals treated with DA showed
preservation of alveolar bone, cementum and collagen fibers of periodontal
ligament, and reduced neutrophilic and mononuclear cell infiltrate. This effect on
neutrophilic infiltrate was confirmed by MPO and in model of peritonitis induced by
carrageenan. In imunohistochemistry, there was marked reduction of
immunostaining for TNF in the group treated with DA compared to the saline
group. In microbiologic analysis, DA inhibited the growth of bacteria involved in
periodontitis. DA increased body mass compared to saline group. These results
support clinical testing of bisphosphonates in the treatment of periodontal disease.
ÍNDICE
LISTA DE ABREVIATURAS………………………………………….......................…i
RESUMO..................................................................................................................v
ABSTRACT.............................................................................................................vi
I. INTRODUÇÃO.......................................................................................................1
1. Periodonto...........................................................................................................2
1.1. Desenho esquemático do dente com seu periodonto.................................4
2. Doença periodontal.............................................................................................5
2.1. Doença periodontal e colágeno.................................................................12
2.2. Doença periodontal e mieloperoxidase.....................................................15
3. Bisfosfonatos.....................................................................................................17
3.1. Histórico....................................................................................................17
3.2. Estrutura química......................................................................................18
3.3. Mecanismo de ação..................................................................................20
3.4. Bisfosfonato e inflamação.........................................................................22
3.5. Bisfosfonato e colágeno............................................................................24
3.6. Bisfosfonato e microrganismos.................................................................26
4. Tetraciclinas......................................................................................................27
5. Objetivos e justificativas....................................................................................31
II. MATERIAIS E MÉTODOS..................................................................................32
1. Animais...............................................................................................................33
2. Aparelhos e instrumentos laboratoriais..............................................................33
3. Meios de cultura.................................................................................................35
4. Drogas, Soluções, Líquidos e Corantes Utilizados............................................35
5. Tampões utilizados para o ensaio imunoenzimático.........................................37
6. Protocolo experimental......................................................................................38
6.1. Modelo de doença periodontal experimental............................................38
6.2. Grupos experimentais...............................................................................41
6.2.1. Grupo normal..................................................................................41
6.2.2. Grupo com doença periodontal experimental.................................41
6.2.3. Grupo tratado com alendronato dissódico (preventivo)..................41
6.2.4. Grupo tratado com alendronato dissódico (curativo)......................42
6.2.5. Grupo tratado com doxiciclina........................................................42
6.2.6. Grupo tratado com alendronato dissódico + doxiciclina.................42
6.3. Parâmetro avaliados.................................................................................43
6.3.1. Análise da estrutura óssea alveolar...............................................43
A. Estudo morfométrico do tecido ósseo na DPE.......................43
B. Análise histopatológica do osso alveolar................................46
6.3.2. Análise Histopatológica da Gengiva...............................................48
6.3.3. Imunohistoquímica para TNF.........................................................48
6.3.4. Dosagem de IL-1............................................................................49
6.3.5. Dosagem de mieloperoxidase........................................................50
6.3.6. Análise microbiológica....................................................................51
6.3.7. Estudo hematológico......................................................................52
6.3.8. Análise da variação da massa corpórea.........................................53
6.3.9. Migração de leucócitos em modelo de peritonite...........................53
7. Análise estatística..............................................................................................54
III. RESULTADOS..................................................................................................57
1. Efeito do Alendronato Dissódico (AD) e da Doxiciclina (DX) sobre o tecido
ósseo alveolar na DPE induzida por corpo estranho em ratas..............................58
2. Efeito do Alendronato Dissódico (AD) e da Doxiciclina (DX) sobre as
alterações histopatológicas observadas na DPE em ratas...................................63
2.1. Tabela dos escores histopatológicos...................................................66
3. Efeito do Alendronato Dissódico (AD) e da Doxiciclina (DX) sobre as
alterações das fibras colágenas observadas na DPE em ratas.............................69
4. Efeito do Alendronato Dissódico (AD) sobre as alterações da gengiva
de ratas submetidas a DPE....................................................................................72
5. Efeito do Alendronato Dissódico (AD) sobre a marcação de TNF pelo
método de imunohistoquímica................................................................................75
6. Efeito do Alendronato Dissódico (AD) sobre a produção de
interleucina-1 (IL-1).................................................................................................79
7. Efeito do Alendronato Dissódico sobre o leucograma das ratas
submetidas a DPE..................................................................................................80
8. Efeito da Doença Periodontal Experimental (DPE) sobre a
dosagem de mieloperoxidase (MPO) em gengiva de ratas....................................80
9. Efeito do Alendronato Dissódico (AD) sobre a dosagem de
mieloperoxidase em ratas após 6 horas da indução da DPE.................................80
10. Efeito do Alendronato Dissódico (AD) sobre a migração de
leucócitos em modelo de peritonite...................................................................85
11. Efeito do Alendronato Dissódico (AD) sobre as alterações
microbiológicas em ratas submetidas a DPE....................................................88
12. Efeito do Alendronato Dissódico (AD) sobre a variação de massa
corpórea de ratas submetidas a DPE induzidas por corpo estranho...............94
IV. DISCUSSÃO................................................................................................96
V. CONCLUSÕES...........................................................................................112
VI. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.........................................................113
I. Introdução
I. INTRODUÇÃO
1. PERIODONTO
O periodonto (peri = em torno de, odonto = dente) compreende uma
estrutura dinâmica, composta por gengiva (G), ligamento periodontal (LP),
cemento radicular (C) e osso alveolar (AO) (Ilustração 1). É de fundamental
importância para a inserção do dente no tecido ósseo da maxila e da mandíbula e
manutenção da integridade da superfície da mucosa da cavidade oral. A estrutura
e função dos tecidos que compõem o periodonto são mutuamente dependentes,
mantendo entre si, uma harmoniosa relação sob condições normais (LINDHE;
KARRING, 1999; HOLMSTRUP, 2001).
A gengiva é o elemento do periodonto que se sobrepõe ao osso alveolar e
envolve toda a porção cervical do dente. Constitui o único dos tecidos periodontais
que é diretamente visível à inspeção sob condições normais. Divide-se em
gengiva marginal livre e gengiva inserida. A gengiva livre possui cor rósea,
consistência firme e forma um pequeno sulco entre o tecido gengival e o dente
(sulco gengival). Em continuidade a esta, há a gengiva inserida, a qual possui uma
textura firme, aspecto de casca de laranja e estende-se em direção apical até a
junção mucogengival, onde a gengiva funde-se com a mucosa oral. O tecido
conjuntivo gengival é composto principalmente por densas redes de fibras
colágenas que funcionam de forma interdependente, fornecendo firmeza à
gengiva e, também, promovendo a inserção desta ao cemento e ao osso alveolar
subjacente (HOLMSTRUP, 2001).
O ligamento periodontal é constituído de tecido conjuntivo rico em fibras
colágenas, o qual é bastante vascularizado, contendo células, substância
fundamental amorfa, nervos e ilhas epiteliais. As fibras colágenas do ligamento
periodontal ligam o cemento radicular ao osso alveolar e situam-se no estreito
espaço entre estes dois, promovendo, assim, a ancoragem do dente. O colágeno
tipo I representa aproximadamente 80% do componente das fibras do ligamento
periodontal. Além destas, existem também fibras elásticas, as quais estão
incorporadas nas paredes dos vasos sanguíneos arteriais (LINDHE; KARRING,
1999; HOLMSTRUP, 2001).
O cemento radicular consiste em um tecido calcificado especializado que
recobre a raiz dos dentes, cuja função é prender as fibras do ligamento periodontal
à superfície radicular. Cerca de 50% do cemento é constituído por material
orgânico, tais como proteoglicanas, glicoproteínas e colágenos, sendo que este
último compreendendo a grande maioria. O cemento não contém vasos
(sanguíneos e linfáticos) nem nervos, não sofre remodelação e reabsorção
fisiológicas, contudo, sofre deposição contínua ao longo da vida (LINDHE;
KARRING, 1999; HOLMSTRUP, 2001).
O processo alveolar é um tecido mineralizado inervado e vascularizado,
compreendendo a parte da maxila e da mandíbula que proporciona suporte para
as raízes dos dentes. Esses processos são dependentes da presença dos dentes
e estão sujeitos à reabsorção quando a unidade dental é perdida. O osso alveolar
está continuamente sofrendo remodelação como resultado de sua adaptação às
necessidades funcionais (LINDHE; KARRING, 1999; HOLMSTRUP, 2001).
Ilustração 1: Desenho esquemático do dente com seu periodonto. G: gengiva;
LP: ligamento periodontal; C: cemento radicular; OA: osso alveolar propriamente
dito; PA: processo alveolar (fonte: LINDHE, 1999).
G
LP
OA
C
PA
2. DOENÇA PERIODONTAL
Apesar da ênfase e da melhora na prática da higiene oral, a periodontite
permanece a principal causa de perda de dentes em adultos. Com o aumento da
expectativa de vida da população, espera-se um crescimento na prevalência e
severidade da doença, já que o número de pessoas que cuidam e,
conseqüentemente, conservam seus dentes naturais também tem se tornado cada
vez maior (GOLUB et al, 1998).
Os microrganismos habitam a cavidade oral do ser humano desde o
nascimento até a morte, colonizando todos os tecidos bucais, mineralizados ou
não. A colonização bacteriana das superfícies dentárias forma a placa dental. Esta
representa uma película de seres vivos os quais interagem entre si e com o meio
bucal constituindo um biofilme. A deficiência da higiene oral leva a um aumento da
quantidade de microrganismos no biofilme. Com isso, haverá mudanças nos
fatores ecológicos locais, o que levará a alterações nos microrganismos e
permitirá o aparecimento de novas espécies. Além das bactérias, outros
microrganismos podem compor o biofilme, tais como fungos, protozoários e vírus.
(RODRIGUES; NEWMAN, 2002).
Com o desenvolvimento da microbiota da placa, tanto o aumento da
quantidade de bactérias já existentes como o aparecimento de novas espécies,
levam a alterações inflamatórias começam manifestar-se clinicamente,
caracterizando a gengivite. Quando o processo inflamatório progride em direção
ao ligamento periodontal, ocorrendo perda do osso alveolar e destruição das fibras
do próprio ligamento periodontal com formação de bolsas periodontais, este
processo é denominado periodontite (RODRIGUES; NEWMAN, 2002).
A maior parte das pessoas, mesmo periodontalmente saudáveis, podem
formar placa dental que é composta de aproximadamente 75% de bactérias gram-
positivas facultativas, enquanto que a periodontite está associada a uma placa
cuja composição é caracterizada por bactérias gram-negativas e anaeróbicas
(MORENO et al, 1999; TANNER; TAUBMAN, 1999; RODRIGUES; NEWMAN,
2002). Moreno et al (1999) observou que as bactérias mais freqüentemente
encontradas em pacientes com periodontite eram anaeróbios Gram-negativos
pigmentados (GNPA), Fusobacterium nucleatum e Actinomyces sp. Entre os
GNPA, Prevotella sp. existe em maior proporção que Porphyromonas sp. As
principais bactérias relacionadas com a periodontite estão descritas na tabela 1.
Espécies predominantes asociadas à periodontitie
Actinobacillus actinomycetemcomitans Fusobacterium nucleatum
Actinimyces naeslundii Peptostreptococcus micros
Bacteróides forsythus Prevotella intermédia
Campylobacter rectus Porphyromonas gingivalis
Eikenella corrodens Selenomonas sputigena
Espécies Eubacterium Streptococcus intermedius
Espécies Treponema
Tabela 1: Principais patógenos envolvidos com a periodontite (fonte:
KORNMAN, 2001).
Até a década de 70, pensava-se que apenas as bactérias existentes na
placa e seus produtos mediavam a destruição tecidual existente na doença
periodontal. Atualmente, sabe-se que as bactérias são agentes essenciais, porém
apenas sua presença não é suficiente. São necessários fatores provenientes do
hospedeiro para o desenvolvimento e progressão desta patologia (PAGE;
SCHROEDER, 1981; PAQUETTE; WILLIAMS, 2000; KORNMAN, 2001).
As bactérias desenvolvem mecanismos a fim de escapar ou neutralizar a
resposta imune do hospedeiro, dentre os quais podemos citar enzimas, toxinas,
componentes da parede celular e metabólitos (GETKA et al, 1996). Contudo, a
permanência de patógenos e seus produtos nos tecidos bucais do hospedeiro
desencadearão resposta do hospedeiro (PAQUETTE; WILLIAMS, 2000), a qual
tem o potencial de limitar, assim como agravar a doença periodontal (KLAUSEN,
1991; GOLUB et al, 1998).
Desafio
bacteriano
Respostas
imune e
inflamatória
do
hospedeiro
Tecido
conjuntivo e
destruição
óssea
Sinais
clínicos
da
doença
Ilustração 2: Os sinais clínicos e patológicos das doenças periodontais são
definidos pela resposta do hospedeiro perante o desafio bacteriano (fonte:
KORNMAN, 2001).
O evento inicial da resposta do hospedeiro corresponde ao recrutamento e
migração de leucócitos polimorfonucleares neutrófilos (PMN) para o local da
infecção periodontal. Os neutrófilos são importantes na proteção do periodonto
contra certas infecções bacterianas. Estas células, além de realizarem fagocitose,
liberam substâncias inflamatórias e antibacterianas capazes de eliminar os
microrganismos, tais como lisozima, lactoferrina, fosfatase alcalina, hidrolases
ácidas, proteínas catiônicas e, também, mieloperoxidase (MPO) (ÖVER et al,
1993; BRETZ, 1996; MIYASAKI; NEMIROVSKIY, 1997). Contudo, a liberação das
enzimas lisossomais e também de radicais de oxigênio durante este processo
bactericida, pode promover destruição tecidual (LIU et al, 2001). PMN também foi
capaz de produzir citocinas, tais como interleucina-1 (IL-1), interleucina-6 (IL-6) e
fator de necrose tumoral (TNF) (GALBRAITH et al, 1997).
A infiltração dos PMN e sua ativação nos tecidos inflamados são
mediadas por quimiocinas, moléculas de adesão e citocinas, entre estas IL-8,
molécula de adesão intercelular-1 (ICAM -1), IL-1β e TNF. Em contrapartida, os
neutrófilos ativados podem produzir mais destes mediadores levando a uma auto-
amplificação do recrutamento e da ativação dos PMN, perpetuando a resposta
inflamatória e a destruição tecidual. Estas citocinas (IL-8, IL-1β e TNF) são
consideradas pró-inflamatórias (LIU et al, 2001).
As citocinas são proteínas solúveis, as quais transmitem informações de
uma célula a outra através de mecanismos autócrinos ou parácrinos. Em geral, as
citocinas atuam objetivando a eliminação de microrganismos parasitas e
promovendo a reparação do dano tecidual (GENCO, 1992). Contudo, as citocinas
pró-inflamatórias desencadeiam eventos de sinalização intracelular e
comportamentos celulares catabólicos através de ligações específicas a seus
receptores (PAQUETTE; WILLIAMS, 2000). As citocinas desempenham
importante papel na patogênese da doença periodontal (GALBRAITH et al, 1997).
As principais citocinas envolvidas na periodontite são a IL-1 e TNF, as
quais atuam direta e sinergisticamente estimulando a degradação da matriz de
tecido conjuntivo, ativação dos osteoclastos e a reabsorção óssea (KJELDSEN et
al, 1995; LIU et al, 2001; PAQUETTE; WILLIAMS, 2000). Estas citocinas
compartilham muitas propriedades biológicas em virtude de estimularem
mensageiros intracelulares semelhantes, mesmo por diferentes mecanismos,
ativando a mesma cascata de metabolismo intracelular (KOBAYASHI et al, 1999).
A IL-1 é uma citocina sintetizada predominantemente pelos macrófagos e
linfócitos, contudo, pode ser produzida por outras células, tais como neutrófilos,
fibroblastos, ceratinócitos e células epiteliais. A IL-1 desempenha um importante
papel na patogênese da doença periodontal destrutiva (ALEXANDER et al, 1996;
KOBAYASHI et al, 1999). Esta citocina induz a liberação de prostaglandina E
2
(PGE
2
) e de metaloproteinases, contribuindo, assim, para a perpetuação da
degradação do tecido conjuntivo e da reabsorção óssea (EBERSOLE; CAPPELLI,
2000; PAQUETTE; WILLIAMS, 2000). A IL-1 também promove a ativação de
linfócitos T, proliferação de linfócitos B e estimulação da produção de anticorpos,
modulação da função da célula endotelial, o qual inclui a liberação de fator
estimulador de colônias granulócito-macrófago (GM-CSF), prostaciclina (PGI
2
) e
síntese do fator ativador de plaquetas (PAF) (PREISS; MEYLE, 1994). A IL-1
consiste de pelo menos dois subtipos, IL-1α e IL-1β, os quais têm homologia
limitada ao nível de peptídeos e nucleotídeos, mas possuem atividade biológica
comum e, também, ligam-se aos mesmos receptores celulares (KOBAYASHI et al,
1999).
TNF é uma proteína trimérica, secretada por monócitos e macrófagos, a
qual desempenha um papel fundamental na doença periodontal (ROSSOMANDO;
WHITE, 1993; EBERSOLE; CAPPELLI, 2000; SANDROS et al, 2000). TNF está
presente tanto no sulco gengival, como também nos tecidos gengivais inflamados.
Este achado sustenta a hipótese de que citocinas, tais como TNF, poderiam
representar uma ponte entre o processo inflamatório e a destruição tecidual
(ROSSOMANDO; WHITE, 1993). Para tal, mostrou-se que TNF induz à
reabsorção da cartilagem e do osso, através da secreção de colagenase pelos
fibroblastos (ROSSOMANDO et al, 1990; ROSSOMANDO; WHITE, 1993;
SANDROS et al, 2000). Recentemente nosso laboratório demonstrou a
importância do TNF na doença periodontal experimental, através de estudos com
inibidores da síntese de TNF (clorpromazina, pentoxifilina e talidomida), mostrando
que estes reduziram de forma significativa o índice de perda óssea, as alterações
histológicas e a leucocitose 11 dias após a indução da doença (LIMA et al, 2000;
LIMA et al, 2003). Experimentos in vitro mostraram que esta citocina também é
capaz de modular a função dos leucócitos polimorfonucleares (MEYLE, 1993).
Contudo, Fredriksson et al (2002) encontraram uma menor liberação in
vitro de TNF por neutrófilos periféricos em pacientes com periodontite em
comparação a pacientes saudáveis, sem a doença. Rossomando et al (1990)
também mostraram existir uma relação inversa entre a presença da inflamação
gengival e TNF.
Os metabólitos do ácido araquidônico são importantes mediadores
inflamatórios e desempenham papel fundamental na doença periodontal. Estes
metabólitos incluem uma variedade de compostos derivados dos ácidos graxos
que são enzimaticamente produzidos, através da ação da cicloxigenase (COX) e
lipoxigenase, e liberados em resposta à lesão tecidual local. Como exemplo
destes metabólitos, podemos citar prostaglandinas (PG), prostaciclinas (PGI
2
),
tromboxanos (TX), leucotrienos (LT) e outros ácidos hidroxieicosatetraenóico
(HETE) (PAQUETTE; WILLIAMS, 2000).
Os metabólitos do ácido araquidônico têm sido considerados os principais
mediadores catabólicos da doença periodontal desde que eles são potentes
estimuladores da reabsorção óssea, estão presentes nos tecidos gengivais e
estão elevados em indivíduos com esta patologia (BEZERRA et al, 2000;
PAQUETTE; WILLIAMS, 2000). A eficácia dos AINEs no tratamento da doença
periodontal está associada à inibição dos metabólitos do ácido araquidônico
(PAQUETTE; WILLIAMS, 2000). Lohinai et al (2001) mostraram um aumento
significativo nos níveis de PGE
2
bem como na expressão da isoforma COX-2
durante a doença periodontal experimental em relação ao grupo sem a doença.
Em nosso laboratório, Bezerra et al (2000) observaram que a inibição da COX,
promovida por fármacos antiinflamatórios não-esteoidais (AINEs), foi capaz de
prevenir a perda óssea alveolar na doença periodontal experimental.
O óxido nítrico (NO), outro mediador inflamatório, também aparece na
cascata inflamatória que ocorre na doença periodontal. O NO é um radical livre
com importantes funções fisiológicas em baixa concentração. Contudo, em
resposta a um estímulo inflamatório, são sintetizadas altas concentrações de NO,
as quais são citotóxicas para bactérias, fungos, protozoários e células tumorais.
Essas altas concentrações de NO também produzem efeitos prejudiciais ao
próprio hospedeiro, tais como dano ao DNA, peroxidação lipídica, dano protéico e
estimulação da liberação de citocinas inflamatórias (PAQUETTE; WILLIAMS,
2000). Também em nosso laboratório, foi demonstrada uma participação do NO
na doença periodontal experimental (DPE) em ratos e que, no entanto, gel
contendo NO em altas concentrações era capaz de inibir a reabsorção óssea
induzida pela DPE (LEITÃO, 2002).
A determinação da presença de produtos inflamatórios no fluido gengival é
de grande valia na avaliação do estado da doença periodontal e, com isso, do
resultado esperado após a terapia (ALEXANDER et al, 1996).
2.1. Doença periodontal e colágeno
O colágeno constitui a proteína estrutural básica de todos os tecidos
periodontais, compreendendo cerca de 60% das proteínas da gengiva e do
ligamento periodontal e mais de 90% da matriz orgânica do osso alveolar (GOLUB
et al, 1985).
As metaloproteinases de matriz (MMP) constituem uma família de enzimas
proteolíticas, as quais promovem a degradação de macromoléculas que compõem
a matriz extracelular, incluindo colágeno, fibronectina, laminina e proteoglicanos.
Estas enzimas são secretadas na forma latente e tornam-se ativas no meio
pericelular através da clivagem da ligação Zn
+2
-cisteína. Esta ligação bloqueia a
reatividade do sítio ativo da enzima. (BIRKEDAL-HANSEN, 1993).
Estas enzimas estão envolvidas em vários eventos fisiológicos, tais como
involução do útero após o parto, desenvolvimento embrionário, remodelação
tecidual, erupção dental, entre outros. Porém, as MMPs também participam de
processos patológicos, entre os quais podemos citar doença periodontal, artrite,
aterosclerose, enfisema pulmonar e osteoporose (RYAN; GOLUB, 2000).
As MMP são divididas em quatro grupos dependendo do seu substrato e
da homologia da seqüência, os quais são: colagenases (tipo fibroblasto ou MMP-
1, tipo neutrofílico ou MMP-8, colagenase-3 ou MMP-13 e colagenase-4 ou MMP-
18); gelatinases (A ou MMP-2 e B ou MMP-9); “stromelysin” (-1 ou MMP-3, -2 ou
MMP-10, -3 ou MMP-11 e “matrilysin” ou MMP-7); e MT-MMPs (MMP tipo
membrana, tais como MMP-14, MMP-15, MMP-16, MMP-17 e MT1-MMP).
Metaloelastase (MMP-12), MMP-19 e MMP-20 (“enamelysin”) também fazem parte
da grande família das MMP (DAHAN et al, 2001).
As metaloproteinases são produzidas por várias células, dentre as quais
encontram-se os osteoclastos e, também, os osteoblastos. O osteoblasto pode
iniciar a reabsorção óssea através da síntese de proteinases, incluindo MMPs, as
quais vão degradar o osteóide. A liberação destes produtos da degradação e a
liberação de mediadores biológicos pelos osteoblastos, tais como osteocalcina e
citocinas, vão promover a migração dos osteoclastos (LLAVANERAS et al,
2001).Estes sofrem polarização, com o desenvolvimento de uma área
especializada na membrana destas células, a qual é responsável pela fixação
destas células à superfície óssea, iniciando, assim, sua reabsorção (MUNDY,
1991).
As MMP desempenham papel crítico na destruição dos tecidos de suporte
da estrutura dentária. A MMP-8 (colagenase do tipo neutrofílico ou colagenase-2)
é o tipo predominante na periodontite (TERONEN et al, 1997).
A presença da MMP-8 ativada no fluido gengival é uma característica
marcante da doença periodontal. A principal origem desta colagenase é a partir de
neutrófilos desgranulados e extravasados, os quais estão presentes na gengiva
inflamada. Atualmente, sabe-se que a transcrição de MMP-8 também pode ocorrer
através de células mesenquimais de linhagem não-neutrofílica, como, por
exemplo, de fibroblastos do ligamento periodontal e da gengiva, indicando a
habilidade destas células mesenquimais em produzir MMP-8 (TERONEN et al,
1997).
Além da MMP-8, também são encontrados outros tipos de
metaloproteinases nos tecidos periodontais, tais como MMP-1 e MMP-3. Mostrou-
se que a MMP-3 (“stromelysin”-1) é capaz de degradar numerosos substratos da
matriz extracelular, incluindo colágeno tipo IV e IX. Além disso, MMP-3 exerce
uma ação indireta através da ativação da MMP-1, que é uma colagenase própria
dos mamíferos (NAKAYA et al, 2000).
A IL-1β é um mediador inflamatório importante associado com a doença
periodontal. Assim, tanto MMP-1 como MMP-3 encontram-se aumentados no
ligamento periodontal em resposta a estimulação por IL-1β (NAKAYA et al, 2000).
A regulação intrínseca da atividade das MMPs envolve uma família de
proteínas denominada inibidores teciduais das metaloproteinases (TIMP). Estas
proteínas possuem ampla distribuição nos tecidos e nos fluidos corporais e são
eficazes no bloqueio da atividade das MMPs (NAKAYA et al, 2000).
De modo particular, TIMP-1 inibe de forma eficiente a atividade da
colagenase. O inibidor forma complexos com a molécula da colagenase ativa,
atuando como inibidor competitivo da enzima e, talvez, limitando o início da
cascata colagenolítica (NAKAYA et al, 2000).
Tanto as células residentes da gengiva como os fibroblastos do ligamento
periodontal produzem colagenases que estão envolvidas com a fisiologia tecidual.
Colagenase tipo fibroblasto (MMP-1) e seu RNAm têm sido detectados no fluido e
no tecido gengival, respectivamente, de pacientes com periodontite, contudo, é
responsável principalmente pelo turnover tecidual normal e não pela degradação
patológica (RYAN; GOLUB, 2000).
2.2. Doença periodontal e mieloperoxidase
A importância dos mecanismos de defesa do hospedeiro na doença
periodontal já está bem estabelecida. O acúmulo de neutrófilos, macrófagos e
linfócitos no local da lesão constitui um dos estágios mais importantes da proteção
do organismo. Os neutrófilos possuem um papel primordial, pois eles representam
a primeira linha de defesa contra o ataque microbiano (ÖVER et al, 1993).
A mieloperoxidase (MPO) está presente nos grânulos azurofílicos dos
neutrófilos e é considerada uma enzima antibacteriana devido às espécies
reativas geradas a partir do sistema MPO-H
2
O
2
-haleto (BRADLEY et al, 1982;
ÖVER et al, 1993; YAMALIK et al, 2000). Över et al (1993) sugere que esta
enzima é eficaz na eliminação de Escherichia coli, Lactobacillus acidophilus,
Staphylicoccus aureus e do microrganismo periodontopatogênico Actinobacillus
actinomycetemcomitans.
Porém, a MPO também está envolvida na patogênese da doença
periodontal, tendo uma contribuição na atividade das proteases. A MPO promove
a ativação das proteases através da inibição das antiproteases. Ácido perclórico
(HOCl) , produto de uma reação catalizada por MPO, inativa o inibidor α
1
-protease
pela oxidação do resíduo metionina, o qual é essencial para a ação deste inibidor .
Com isso, são criadas condições favoráveis para a maioria das proteases. A
ativação das proteases latentes e a inibão das antiproteases alteram o equilíbrio
proteases/antiprotease, sendo este um importante passo para a ruptura do tecido
conjuntivo (YAMALIK et al, 2000).
Como a MPO é encontrada primariamente nos grânulos neutrofílicos, ela
pode ser considerada um indicador do acúmulo de neutrófilos no tecido.
Ocorrendo aumento no número dos PMN nos tecidos periodontais, quando estes
se encontram inflamados, haverá, conseqüentemente, uma elevação na atividade
das MPO. Foi demonstrado que a atividade da MPO é significativamente menor
após terapia periodontal ou em pacientes sem comprometimento destes tecidos
(CAO; SMITH, 1989; ÖVER et al, 1993).
Pelo fato da MPO poder ser detectada tanto enzimaticamente como
espectrofotometricamente com certa facilidade, ela pode ser usada no diagnóstico
clínico da doença periodontal (ÖVER et al, 1993; MIYASAKI & NEMIROVSKIY,
1997).
3. BISFOSFONATOS
3.1. Histórico
Em 1865, químicos alemães sintetizaram o primeiro protótipo dos
bisfosfonatos. Porém, foi em 1897 que o primeiro bisfosfonato, o etidronato, foi
sintetizado (FLEISCH, 2000).
Os bisfosfonatos constituem uma nova classe de drogas estruturalmente
semelhantes aos pirofosfatos. Estes últimos são produtos normais do metabolismo
ósseo humano podendo estarem presentes no soro e na urina (TENENBAUM et
al, 2002).
A descoberta dos bisfosfonatos foi baseada em estudos com pirofosfatos
inorgânicos por Fleisch e colaboradores. Estes pesquisadores mostraram que o
pirofosfato (P - O - P) ligava-se fortemente ao fosfato de cálcio e inibia tanto a
formação dos cristais de fosfato de cálcio como sua dissolução in vitro. Porém,
nenhum efeito era observado na reabsorção óssea in vivo, provavelmente devido
à falta de estabilidade do pirofosfato in vivo, o qual sofria rapidamente hidrólise em
sua ligação P – O – P. Surgiu, então, a necessidade de uma droga análoga ao
pirofosfato, com propriedades físico-químicas semelhantes a este, contudo
resistente à hidrólise enzimática: os bisfosfonatos (LIN, 1996; FLEISCH, 2000;
TENEMBAUM et al, 2002).
3.2. Estrutura química
Os bisfosfonatos possuem duas ligações químicas C - P, localizadas no
mesmo átomo de carbono, resultando em uma estrutura P - C - P (HIRAGA et al,
1996; FLEISCH, 2000). Assim, os bisfosfonatos tornaram-se completamente
resistentes à hidrólise enzimática, sendo extremamente estáveis. Essa estrutura
permite uma grande quantidade de variações possíveis tanto por alteração das
duas cadeias laterais do átomo de carbono, como pela esterificação do grupo
fosfato (EZRA; GOLOMB, 2000; FLEISCH, 2000; TENEMBAUM et al, 2002).
(Ilustração 3)
A ligação ao osso mineral é intensificada pela inclusão de um grupo
hidroxil em R1. A configuração de R2 determinará os efeitos celulares dos
bisfosfonatos e sua eficácia como inibidor da reabsorção óssea (TENEMBAUM et
al, 2002).
Como família, todos os bisfosfonatos possuem propriedades físico-
químicas semelhantes. Porém, a capacidade de inibir a reabsorção óssea
O
=
_
O
O
P O
_
=
O
O
P O
=
_
O
O
P O
_
=
O
O
P O C
R
2
R
1
pirofosfato
bisfosfonato
Ilustração 3: Estrutura química do pirofosfato e do bisfosfonato
diferencia substancialmente entre eles. Esta atividade é consideravelmente
aumentada quando da existência de um grupo amino na cadeia do carbono
alifático. Podemos citar como exemplo o alendronato, o qual é um
aminobisfosfonato e apresenta-se 700 vezes mais potente que o etidronato, tanto
in vitro como in vivo (LIN, 1996). (Ilustração 4)
Os bisfosfonatos constituem uma classe de drogas que, como os
pirofosfatos, ligam-se avidamente ao osso. Devido a esta propriedade, acrescida
de sua habilidade em afetar o metabolismo ósseo, estas drogas têm sido usadas
em diversas doenças ósseas e do metabolismo do cálcio, tais como osteoporose,
doença de Paget, neoplasias malignas com metástase óssea, entre outras
(FLEISCH, 2000; SHIBUTANI et al, 2000; EVANS, 2002; HU et al, 2002).
CH
3
=
_
O
O
P O
_
=
O
O
P O C
OH
=
_
O
O
P O
_
=
O
O
P O C
OH
(CH
2
)
3
NH
2
etidronato
alendronato
Ilustração 4: Estrutura química de dois bisfosfonatos: etidronato e
alendronato (aminobisfosfonato)
3.3. Mecanismo de ação
A afinidade dos bisfosfonatos à hidroxiapatita do osso constitui a base
para seu uso como inibidores da reabsorção óssea e da calcificação ectópica
(EZRA; GOLOMB, 2000).
Inicialmente, acreditava-se que a inibição da reabsorção óssea era
mediada pelos efeitos físico-químicos dos bisfosfonatos através da inibição da
formação, agregação e dissolução dos cristais de fosfatos de cálcio. Sabe-se,
atualmente, que os bisfosfonatos agem por meio de mecanismos celulares
(FLEISCH, 2000).
Segundo Fleisch (2000) o mecanismo de ação dos bisfosfonatos
compreende três níveis, os quais são estreitamente interligados:
- A nível tecidual, seu principal efeito é a diminuição do turnover ósseo.
Isso ocorre devido a uma diminuição do número e da atividade dos
osteoclastos, os quais estão implicados na reabsorção óssea;
- A nível celular, os bisfosfonatos agem através da inibição do
recrutamento, da adesão e da atividade dos osteoclastos. Também
diminuem a vida útil destas células, através da indução de apoptose
(ITO et al, 1999; FLEISCH, 2000), o que leva a uma diminuição no
número de osteoclastos, fato normalmente observado após tratamento
com bisfosfonatos;
- A nível molecular, a baixa concentração necessária para sua atividade
sugere que os bisfosfonatos amplificam o mecanismo de transdução
celular.
Os bisfosfonatos podem influenciar os osteoclastos de forma direta ou
indireta. Os efeitos diretos ocorrem devido à captação do fármaco pelos
osteoclastos. Vários são os efeitos diretos dos bisfosfonatos nestas células, entre
eles destacamos o fato destas drogas alterarem a morfologia dos osteoclastos,
inclusive com a interrupção da formação da borda pregueada. Estes fármacos
também podem agir de forma indireta por meio de outras células, como por
exemplo, os osteoblastos. Os bisfosfonatos induzem os osteoblastos a
sintetizarem inibidores do recrutamento dos osteoclastos, inibindo, assim, a
reabsorção óssea (FLEISCH, 2000).
Além dos mecanismos supracitados, Tenembaum et al (2002)
acrescentam a estes o fato dos bisfosfonatos estimularem a produção de fatores
inibitórios de osteoclastos e a prevenção do desenvolvimento dos osteoclastos a
partir de precursores hematopoiéticos.
O bisfosfonato alendronato também promoveu uma elevação nos níveis
de cálcio intracelular em uma linhagem de células semelhantes a osteoclastos.
Este achado sugere a presença de receptores para bisfosfonatos nos osteoclastos
(TENEMBAUM et al, 2002).
Os bisfosfonatos que contêm um grupamento amina, denominados de
aminobisfosfonatos, tais como alendronato, pamidronato e ibandronato, também
inibem a via do mevanolato (a qual é responsável pela produção de colesterol e
lipídeo isoprenóide), mais especificamente inibe a enzima “farnesyl pyrophosphate
synthase” em osteoclastos. Esta inibição resulta em déficit da prenilação protéica
e, nos mamíferos, esta parece ser a principal razão para a inibição da função dos
osteoclastos e a apoptose secundária promovida pelos aminobisfosfonatos
(FRITH et al, 2001; MONTALVETTI et al, 2001; TÖYRÄS et al, 2003).
3.4. Bisfosfonato e inflamação
Pesquisas mostram que vários bisfosfonatos diferem nos seus efeitos e
propriedades farmacológicas no processo inflamatório (MÖNKKÖNEN et al, 1998).
Alguns bisfosfonatos, tais como clodronato, etidronato e tiludronato,
inibem a liberação de citocinas pró-inflamtórias (IL-1, IL-6, TNF) e óxido nítrico
pelos macrófagos, possuindo, assim, atividade antiinflamatória in vivo
(MAKKONEN et al, 1995; MÖNKKÖNEN; MAKKONEN, 1995; MÖNKKÖNEN et al,
1998).
O clodronato inibiu a produção tanto de IL-6 como do TNF por macrófagos
in vitro. O efeito do clodronato foi intensificado quando este era encapsulado em
lipossomos. A explicação para isto está no fato de que o clodronato como droga
livre não entra prontamente nas células, enquanto que a droga em lipossomos é
absorvida através da endocitose dos liposomos, resultando em uma ação inibitória
mais potente. Este efeito antiinflamatório sugere o uso deste bisfosfonato em
doença inflamatória crônica, especialmente na artrite reumatóide (MÖNKKÖNEN,
1994)
Os aminobisfosfonatos atuam de forma contrária ao grupo anterior. Eles
sensibilizam os macrófagos a intensificarem a produção de citocinas pró-
inflamatórias (IL-1β, IL-6 e TNF), podendo causar uma resposta de fase aguda,
febre transitória e artromialgia em mais de 50% dos pacientes quando a droga é
ingerida pela primeira vez. A razão para a ocorrência destes efeitos colaterais
ainda não é clara, mas provavelmente envolve a secreção de citocinas por
macrófagos e monócitos. (MÖNKKÖNEN; MAKKONEN, 1995; MÖNKKÖNEN et
al, 1998; TÖYRÄS et al, 2003).
Os metabólitos do clodronato e do tiludronato participam das ações
antiinflamatórias destes fármacos, em contraste com os aminobisfosfonatos, os
quais não são metabolizados. O clodronato é metabolizado em um análogo tóxico
do ATP, sendo este metabólito responsável pelo efeito inibitório sobre a liberação
de citocinas. (MÖNKKÖNEN et al, 1998; FRITH et al, 2001; TÖYRÄS et al, 2003).
Este efeito é mediado pela inibição do fator nuclear-κB (NF-κB), o qual regula a
expressão de vários genes envolvidos na inflamação e na resposta de fase aguda.
O alendronato, por sua vez, intensifica a ligação de NF-κB ao DNA, promovendo,
com isso, a liberação de citocinas pró-inflamatórias (TÖYRÄS et al, 2003).
Makkonen et al (1995) observaram que o pamidronato inibiu a produção
de NO in vitro por macrófagos. Porém, este efeito foi atribuído à toxicidade deste
fármaco.
O efeito do tiludronato e do pamidronato no crescimento de macrófagos foi
analisado por Mönkkönen et al (1998). Observou-se que o pamidronato, assim
como outros aminobisfosfonatos, é um inibidor do crescimento de macrófagos
mais potente quando comparado a bisfosfonatos sem o grupamento amina.
Töyräs et al (2003) também mostrou o efeito do alendronato na diminuição do
crescimento de macrófagos in vitro.
Contudo, Lissoni et al (1996) observou que a infusão de pamidronato pode
induzir a uma rápida, porém transitória, diminuição da concentração de IL-6 no
sangue de pacientes com metástase óssea devido ao tumor sólido. De acordo
com Ebersole e Cappelli (2000), a IL-6 é uma citocina pleiotrópica envolvida na
regulação da resposta imune, na resposta de fase aguda e na hematopoiese.
3.5. Bisfosfonato e colágeno
Na doença periodontal, pelo fato das MMP promoverem destruição
proteolítica tecidual, drogas com atividade anticolagenolítica, tais como as
tetraciclinas e os bisfosfonatos, têm sido estudadas (GOLUB et al, 1983;
TERONEN et al, 1997).
Relatos anteriores mostram que o bisfosfonato tiludronato inibe de forma
concentração-dependente a atividade das MMP-1 e MMP-3 em cultura de células
do ligamento periodontal humano, porém este efeito ocorre sem alteração do
RNAm para estas enzimas (NAKAYA et al, 2000). Então, propôs-se que os
bisfosfonatos atuariam através da quelação dos cátions (Ca
+2
e Zn
+2
) das MMPs,
já que na ausência de Ca
+2
as MMPs são completamente inativas (TERONEN et
al, 1997; NAGAYA et al, 2000).
Estudo feito por Llavaneras et al (2001) mostrou que o uso do clodronato
promove uma ligeira inibição das gelatinases, ao passo que reduz
consideravelmente os níveis de colagenases ativas. Estas observações indicam
que este bisfosfonato simplesmente interage e inibe as MMPs ativas, mas não
diminui a sua expressão.
Teronen et al (1997) demonstraram o potencial anticolagenolítico do
clodronato sobre MMP-8 de forma dose-dependente tanto in vitro como in vivo. A
inibição da enzima foi vista em exsudato inflamatório humano do fluido gengival
em tampão contendo concentrações fisiológicas de cálcio e zinco, indicando que,
seja qual for o mecanismo de ação do clodronato, este também exerceria sua
ação in vivo.
O clodronato inibiu MMP-8 e também MMP-1 em exsudato inflamatório
humano. Assim, sugeriu-se que esta droga pode ser usada, tanto localmente
como sistemicamente, no tratamento de várias doenças que possuem excessiva
atividade colagenolítica (TENOREN et al, 1995).
Garnero et al (2001) observaram que um potente bisfosfonato
heterocíclico de 3ª geração denominado zoledronato diminuiu de forma direta a
degradação do colágeno tipo II em pacientes com doença de Paget. O colágeno
tipo II, colágeno das cartilagens, é degradado por metaloproteinases, incluindo
MMP-1, -2, -3, -7 e -13. Com isso, o autor sugere que os bisfosfonatos possuem
efeito condroprotetor em humanos.
Tenoren et al (1997) mostrou que pamidronato e alendronato podem, em
doses terapêuticas, inibir MMP-13 (colagenase-3 humana recombinante), MMP-3
(“stromelysin”-1) e MMP-1 (colagenase-1 tipo fibroblasto).
Clodronato, alendronato, pamidronato e zoledronato, em concentrações
terapêuticas e não-citotóxicas, foram capazes de inibir MMP-3, -12, -13 e -20 e,
também, -1, -2, -8, -9, mas não inibiram o ativador de plasminogênio tipo
uroquinase (uPA), que é uma proteinase e ativador pro-MMP. Assim, os
bisfosfonatos foram considerados inibidores de MMPs de amplo espectro
(HEIKKILA et al, 2002).
No entanto, o efeito dos bisfosfonatos como agente inibidor da destruição
do colágeno nos tecidos periodontais ainda foi pouco estudado.
3.6. Bisfosfonato e microrganismos
Alguns fármacos que normalmente são usados em patologias não
infecciosas têm mostrado alguma atividade antimicrobiana in vitro. Essas drogas
são denominadas “não-antibióticos”. Recentemente foi demonstrado que entre
estas drogas, encontram-se os bisfosfonatos (KRUSZEWSKA et al, 2002).
O alendronato inibe Staphylococcus aureus e Pseudomonas aeruginosa in
vitro, porém não é eficaz para Candida albicans e Escherichia coli
(KRUSZEWSKA et al, 2002). Além disso, este fármaco como também outros
aminobisfosfonatos, parecem ser ativos, tanto in vivo como in vitro, contra o
protozoário Trypanossoma cruzi, em concentrações que não exercem toxicidade
nas células do hospedeiro (MONTALVETTI et al, 2001).
Alguns bisfosfonatos foram eficazes em inibir o crescimento de
Streptococcus mutans. Esta inibição parece ser devido a quelação do Mg
+2
e pode
ser revertida através da adição de Mg
+2
ou por outros cátions divalentes (HSU et
al, 1995).
Çíftçíoglu et al (2002) mostraram que etidronato e clodronato inibiram
completamente, de forma bactericida, o crescimento de uma nanobactéria, a qual
foi recentemente descoberta em rins de pacientes com doença renal policística.
Além disso, os bisfosfonatos também podem eliminar as células cancerosas,
através da inibição das metaloproteinases, que são enzimas também encontradas
nos microrganismos.
4. TETRACICLINAS
Descobertas em 1948, as tetraciclinas surgiram a partir da fermentação de
uma bactéria do solo denominada Streptomyces aureofaciens, originando o
composto clortetraciclina, a qual foi a primeira tetraciclina a ser completamente
caracterizada tanto química como clinicamente (NELSON, 1998). Desde então,
outros fármacos foram surgindo, os quais compartilhavam semelhanças na sua
estrutura molecular e no seu espectro de ação, tais como oxitetraciclina,
doxiciclina, minociclina, entre outras (CIANCIO, 1976).
Estes medicamentos representam um grupo de antibióticos que
possuem amplo espectro de atividade antimicrobiana, sendo efetivos contra
bactérias aeróbicas e anaeróbicas Gram-positivas e Gram-negativas, inclusive
aquelas que são encontradas na cavidade oral (CIANCIO, 1976; KAPUSNIK-
UNER et al, 1996). As tetraciclinas são fármacos bacteriostáticos, atuando
diretamente através da inibição da síntese protéica bacteriana ao ligarem-se ao
ribossomo 30S da bactéria (NELSON, 1998; KAPUSNIK-UNER et al, 1996; RYAN
& ASHLEY, 1998) e, de forma indireta, promovendo uma alteração na membrana
celular das bactérias, interferindo no movimento de cálcio para dentro e para fora
da célula bacteriana, afetando, assim, os eventos moleculares (RYAN; ASHLEY,
1998).
Pesquisadores e clínicos mostraram que a doença periodontal tem
respondido bem à terapia antimicrobiana. A razão para o uso destes fármacos é o
fato de que os microrganismos representam o agente causal desta patologia.
Vários antimicrobianos têm sido propostos conforme a susceptibilidade das
bactérias orais (GENCO, 1981).
De acordo com Genco (1981) o antibiótico metronidazol mostrou-se
efetivo contra anaeróbios, mas não demonstrou efeito contra bactérias
facultativas, tais como Eikenella corrodens, Actinomyces, Actinobacillus
actinomycetemcomitans e espécie Capnocytophaga. A penicilina parece ter ação
contra a maioria das bactérias associadas com a periodontite, com exceção de
algumas cepas de Actinomyces, as quais são resistentes a este fármaco. No
entanto, a tetraciclina mostrou-se efetiva contra os principais microrganismos
periodontopatogênicos conhecidos atualmente, dentre os quais podemos citar
Porphyromonas gingivalis, Porphyromonas melaninogenicus, Fusobacterium
nucleatum, Veillonella parvula, espiroquetas e Actinobacillus
actinomycetemcomitans.
As tetraciclinas têm sido usadas como coadjuvantes no tratamento das
doenças periodontais (KORNMAN; KARL, 1982; GOLUB et al, 1987; GOLUB et al,
2001), devido a sua capacidade de suprimir microrganismos, tais como
Porphyromonas gingivalis e Actinobacillus actinomycetemcomitans, que são
periodontopatogênicos (GENCO 1981; KORNMAN; KARL, 1982; GOLUB et al,
1987; GOLUB et al, 1994) e, também, pelo fato de que a concentração da droga
ativa no fluido gengival alcança níveis bem maiores quando comparados àqueles
encontrados no sangue (GENCO, 1981; GOLUB et al, 1987). De forma vantajosa
sobre os outros antimicrobianos, a tetraciclina se liga à superfície radicular, sendo
liberada lentamente, prolongando, assim, seu efeito antimicrobiano (GOLUB et al,
1994; CATON et al, 2001).
Entretanto, Golub e colaboradores (1983) descobriram um outro
mecanismo de ação das tetraciclinas independente de sua ação antimicrobiana,
que é a capacidade de inibir a atividade das metaloproteinases (MMP) em dose
menor que aquela necessária para a ação antimicrobiana, atividade que foi
confirmada posteriormente por outros autores (GOLUB et al, 1983; GOLUB et al,
1987; INGMAN, T, 1993; GOLUB et al, 1994; VERNILLO et al, 1994;
POURTAGHI, 1996; CIANCIO, 1998; THOMAS et al, 1998; CATON et al, 2001).
CIANCIO, 1998, mostrou que a administração sistêmica de doses
subantimicrobianas de doxiciclina (20 mg), juntamente com procedimentos de
raspagem, alisamento e polimento radicular, promovia resultados
significativamente melhores em relação à profundidade de sondagem,
sangramento a sondagem, nível do ligamento periodontal e redução da perda
óssea alveolar, quando comparados a pacientes que receberam apenas a terapia
mecânica.
A descoberta desse novo mecanismo de ação das tetraciclinas foi de
grande importância para a terapia periodontal, pois quando usadas em doses
subantimicrobianas evita o risco de promover resistência bacteriana e minimiza os
efeitos colaterais gastrintestinais normalmente relacionados ao seu uso
prolongado (GOLUB et al, 1994; GOLUB et al, 2001; BEZERRA et al, 2002). Isto
acontece pois o nível sérico máximo da droga esta reduzido em cerca de 90%
quando comparado ao nível das doses antimicrobianas (GOLUB et al, 1994).
Além da diminuição das bactérias periodontais e também da atividade das
MMPs na gengiva, as tetraciclinas podem reduzir a ativação das pro-MMPs,
prevenir a degradação do inibidor endógeno das MMPs (TIMP-1) e, também, do
inibidor da α
1
-proteinases (α
1
–antitripsina) (GOLUB et al, 1994; POURTAGHI,
1996; RYAN; ASHLEY, 1998) e, também, inibir a reabsorção óssea através de
uma ação direta na função dos osteoclastos (GOLUB et al, 1998).
Apesar das tetraciclinas inibirem a atividade das MMP, estas drogas não
alteram a inflamação induzida pelos microrganismos (GOLUB et al, 2001). Porém,
alguns estudos mostram que estes fármacos possuem propriedades
antiinflamatórias, as quais não estão relacionadas com seu efeito antimicrobiano,
mas com a habilidade em inibir a atividade da proteína quinase C e das MMPs,
como também de modular as células (neutrófilos) e os mediadores inflamatórios,
tais como radicais de oxigênio, ácidos araquidônico, PGE
2
e óxido nítrico (NO)
(D’AGOSTINO et al, 2001).
5. Objetivos e justificativas
As medicações sistêmicas são de grande valor na terapia periodontal.
Vários benefícios têm sido associados a estas, tais como redução da profundidade
de sondagem, recuperação do ligamento periodontal, redução dos patógenos
periodontais e diminuição da necessidade de cirurgia periodontal (CIANCIO,
2002).
Os fármacos usados sistemicamente podem ser divididos em dois grandes
grupos: o primeiro, contendo medicamentos que atuam nos patógenos
periodontais e; o segundo, com medicações capazes de modular a resposta do
hospedeiro (CIANCIO, 2002).
Alguns trabalhos mostram que os bisfosfonatos, quando usados em
modelo de doença periodontal, diminuem de forma significante a perda óssea
alveolar, diminuindo, conseqüentemente, a perda dentária (BRUNSVOLD et al,
1992; REDDY et al, 1995; MITSUTA et al, 2002; ALENCAR et al, 2002). Porém, o
exato mecanismo pelo qual estas drogas atuam, ainda não está totalmente
esclarecido. Além disso, a maioria dos trabalhos acima utilizaram os bisfosfonatos
de forma preventiva.
Dessa forma, o objetivo desse trabalho foi estudar os mecanismos
envolvidos na ação do bisfosfonato alendronato, de forma preventiva e curativa,
no modelo de periodontite experimental em ratos, desenvolvido por vários autores
(CRAWFORD et al, 1978; SALLAY et al, 1992; SAMEJIMA et al, 1990; KOIDE et
al, 1995) e modificado no Laboratório de Farmacologia da Inflamação e do Câncer
– LAFICA (BEZERRA et al, 2000; LIMA et al, 2000).
II. Materiais e Métodos
II. MATERIAIS E MÉTODOS
1. Animais
Foram utilizadas ratas Wistar (Rattus novergicus) fêmeas, com massa
corpórea entre 150 e 200 gramas, provenientes do Biotério Central do Campus do
Pici - UFC e transferidas para o Biotério Setorial do Departamento de Fisiologia e
Farmacologia - UFC. Os animais foram mantidos em gaiolas apropriadas, em
número de 6 animais por gaiola. Todos receberam água e alimentação ad libitum e
permaneceram nas mesmas condições ambientais durante os experimentos.
O protocolo experimental foi realizado de acordo com as diretrizes
aprovadas pelo Conselho da Sociedade de Psicologia Americana (1980) para o
uso de animais experimentais.
Os experimentos foram realizados no Laboratório de Farmacologia da
Inflamação e do Câncer (LAFICA) do Departamento de Fisiologia e Farmacologia
– UFC; no Laboratório de Anaeróbios, Setor de Microbiologia do Departamento de
Patologia e Medicina Legal – UFC; e, no Laboratório do Professor Fernando
Cunha da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – USP.
2. Aparelhos e Instrumentos Laboratoriais
Durante o curso dos experimentos, foram utilizados diversos aparelhos e
instrumentos, os quais são citados a seguir:
Balança digital eletrônica para pesagem dos animais - Filizola;
Balança analítica (Analytical Standard - Ohaus®;
Câmara de Neubauer (0,100/0,0025mm
2
);
Centrífuga (Centrifuge 5804R – Eppendorf);
Citocentrífuga Cito-Ciclo (Revan®);
Cuba de ultra-som (Thornton);
Envelopes geradores de anaerobiose (Anaerogen
TM
– Oxoid);
Escala de McFarland (Probac);
Espectrofotômetro (Spectronic®20 Genesys);
Estufa bacteriológica 37°C;
Fio de náilon para sutura - 3.0;
Geladeira e freezer (-70°C);
Instrumental cirúrgico (pinças, bisturis, tesouras, agulhas, etc.)
Jarra de anaerobiose (Oxoid);
Micropipetas automáticas;
Microscópio óptico binocular;
Micrótomo (Olympus);
Milli-Q (Millipore);
Ultra Turrax T8.10 (IKA Labortechnik);
Vortex.
3. Meios de Cultura
BHI - Brain Heart Infusion (Ágar) - DIFCO
Suplementado com 5% de sangue desfibrinado de carneiro e com
hemina/menadione.
BHI - Brain Heart Infusion - DIFCO
Suplementado com hemina/menadione.
PEA – Feniletil álcool (Agar) - DIFCO
Suplementado com 5% de sangue desfibrinado de carneiro e com
hemina/menadione.
4. Drogas, Soluções, Líquidos e Corantes Utilizados
Alendronato dissódico: comprimidos de 70 mg - Fosamax® (Merck Sharp &
Dohme);
Doxiciclina: comprimidos de 100 mg - Vibramicina® (Pfizer);
Carragenina:
Heparina 5.000 UI/ml (Roche);
Anticorpo para TNF primário e secundário (Endogen);
Anticorpo anti-IL1β (S5/B3);
Anticorpo biotinilado anti-IL1β (S329/B4);
Albumina bovina 1%;
Avidina-peroxidase (DAKO);
Ácido nítrico 7%;
Água destilada;
Álcool etílico 70%;
Cloral hidratado 10%;
Complexo Strepto-avidina peroxidase (SAP);
Complexo DAB;
Diidrocloreto de O-dianisidina;
Éter sulfúrico;
Formaldeído 40%;
Líquido de Turk (diluidor para contagem total de células):
Ácido acético glacial P.A..........................................20,0 ml
Violeta de genciana....................................................2,0 ml
Água destilada.........................................................1000 ml
Peróxido de hidrogênio 1%;
PBS;
o-fenilenediamina diidrocloreto – dissolvido no tampão substrato descrito no
protocolo de ELISA;
Tampão de brometo de hexadecil-metil-amônio (HTAB);
Tampão fosfato de potássio;
Tampão citrato;
Tween 20;
Soro fisiológico 0,9% (NaCl 0,15M);
Soro normal de carneiro;
Sulfato de sódio 5%;
Xilol;
Azul de metileno 1%;
Azul de anilina;
Ácido fosfotungstico;
Corante Rápido - HEMA 3®;
Eosina;
Fucsina ácida;
Hematoxilina;
Hematoxilina de Harris;
Orange G.
Alendronato dissódico (AD) foi diluído em água destilada e Doxiciclina
(DX) em solução salina 0,9%.
5. Tampões utilizados para o ensaio imunoenzimático
- Tampão bicarbonato pH 8.2
NaHCO
3
P.A. (Merck, Sharp and Dohme – MSD, USA).................…0,1M
NaCl P.A. (Merck, Sharp and Dohme – MSD, USA)………………….0,1M
- Tampão Substrato
Ácido Cítrico .................................................................................34,7mM
Na
2
HPO
4
(Merck).........................................................................66,7mM
- Substrato
OPD................................................................................................0,4mg
H
2
O
2
...............................................................................................0,4µl
Tampão substrato q.s.p. ................................................................1 ml
- Tampão de lavagem PBS-tween 20, 0,1% v/v.
6. Protocolo Experimental
6.1. Modelo de Doença Periodontal Experimental
Utilizou-se o modelo da Doença Periodontal Experimental (DPE),
desenvolvido por vários autores (CRAWFORD et al., 1978; SALLAY et al., 1982;
SAMEJIMA et al., 1990; KOIDE et al.,1995) e modificado no Laboratório de
Farmacologia da Inflamação e do Câncer (LAFICA) do Departamento de Fisiologia
e Farmacologia, Faculdade de Medicina, UFC (BEZERRA et al., 2000; LIMA et al.,
2000).
Os animais foram anestesiados com hidrato de cloral a 10% (400 mg/kg)
por via intraperitoneal (i.p.). Procedeu-se à indução da Doença Periodontal
Experimental (DPE) através da inserção cirúrgica de um fio de sutura de náilon
(3.0) ao redor do segundo molar superior esquerdo. Previamente à passagem do
fio, utilizou-se uma guia nos espaços interproximais mesial e distal do dente
supracitado, a fim de facilitar a colocação do fio. Este era adaptado de modo que o
nó cirúrgico ficasse voltado para a face vestibular da boca do animal. Após 11
dias, sacrificava-se o animal através de deslocamento cervical, sendo tal
procedimento precedido por anestesia em câmara de éter (Ilustração 5).
O dia escolhido para o sacrifício foi baseado em estudos prévios realizado
no LAFICA, os quais constataram destruição total do processo alveolar e
destruição importante do cemento no 11º dia de experimento (LIMA et al., 2000).
Ilustração 5: Indução da Doença Periodontal Experimental (DPE). A DPE foi
induzida através da inserção cirúrgica de um fio de náilon (3.0) em torno do
segundo molar superior esquerdo, permanecendo por 11 dias.
6.2. Grupos Experimentais
Foram utilizados duzentos e treze animais durante o decorrer desse
estudo, os quais foram divididos nos diversos grupos experimentais a seguir:
6.2.1. Grupo normal (naive)
Esse grupo foi constituído por 6 animais, que não foram submetidos à
Doença Periodontal Experimental (DPE), a fim de verificar a existência de alguma
alteração nos parâmetros analisados entre as duas hemiarcadas superiores.
6.2.2. Grupo com Doença Periodontal Experimental (Salina)
Esse grupo foi constituído por animais submetidos à doença periodontal
experimental. Os animais receberam injeções de solução salina a 0,9% (0,2 ml;
via subcutânea - s.c.) 30 minutos antes e diariamente após a cirurgia ou a partir do
5° dia da indução da DPE até o 11° dia, sendo, então, sacrificados.
6.2.3. Grupo Tratado com Alendronato Dissódico (Preventivo)
Esse grupo foi constituído por 6 animais que receberam Alendronato
Dissódico (Fosamax®) na dose de 0.25 mg/kg (de acordo com estudos prévios do
LAFICA), administradas por via subcutânea 30 minutos antes e diariamente após
a cirurgia até o 11° dia, quando ocorreu o sacrifício.
6.2.4. Grupo Tratado com Alendronato Dissódico (Curativo)
Esse grupo foi constituído por 6 animais que receberam Alendronato
Dissódico (Fosamax®) na dose de 0.25 mg/kg , administradas por via subcutânea,
diariamente, a partir do 5° dia da indução da DPE, sendo sacrificados no 11° dia.
6.2.5. Grupo Tratado com Doxiciclina
Esse grupo foi constituído por 6 animais que receberam Doxiciclina
(Vibramicina®) nas doses de 5 e 10 mg/kg (de acordo com estudos prévios do
LAFICA), administradas por via subcutânea (s.c.), diariamente a partir do 5º dia
após a cirurgia até o 11º dia.
6.2.6. Grupo Tratado com Alendronato Dissódico + Doxiciclina
Esse grupo foi constituído por 6 animais que receberam Alendronato
Dissódico (0.25 mg/kg), seguido da aplicação simultânea de Doxiciclina (5mg/kg)
administradas por via subcutânea (s.c.) diariamente a partir do 5º dia após a
cirurgia até o 11º dia.
6.3. Parâmetros Avaliados
6.3.1. Análise da Estrutura Óssea Alveolar
Para o estudo da estrutura óssea alveolar na doença periodontal
experimental, foram realizadas análises morfométrica e histopatológica. As
hemiarcadas contralaterais, ou seja, sem doença periodontal foram utilizadas
como controle.
A. Estudo Morfométrico do Tecido Ósseo na DPE
Os animais foram sacrificados no 11º dia após o procedimento cirúrgico.
Suas maxilas foram removidas e fixadas no formol a 10%, durante 24 horas. Após
esse período, as maxilas foram separadas em duas hemiarcadas (direita e
esquerda), dissecadas e coradas com azul de metileno a 1%, a fim de distinguir o
tecido ósseo dos dentes, os quais coram-se com menos intensidade. Para a
quantificação da reabsorção óssea, as duas hemiarcadas foram acomodadas com
massa de modelar em lâminas para posterior observação em microscópio óptico
munido de ocular graduada (aumento de 4x). As medidas foram feitas em sete
pontos diferentes, nas faces vestibulares dos três dentes molares: três no primeiro
molar, visto que esse dente possui três raízes, denominadas mesial (m1), média
(md) e distal (d1); dois pontos nos segundo (m2 e d2) e terceiro (m3 e d3)
molares, respectivamente (CRAWFORD et al., 1978). As diferenças ou variações
() foram obtidas a partir das medidas das hemiarcadas com DPE, subtraídas
daquelas realizadas nas hemiarcadas contralaterais (controle) (SAMEJIMA et al.,
1990). A soma das sete variações corresponde ao índice de perda óssea (IPO),
expresso em mm (CRAWFORD et al., 1978) (Ilustração 6)
Índice de Perda Óssea
Ilustração 6: Desenho esquemático das medidas da reabsorção óssea: as
diferenças (setas vermelhas, ) foram obtidas a partir das medidas feitas nas
hemiarcadas com DPE (seta azul), subtraídas daquelas realizadas nas
hemiarcadas contralaterais (seta verde, controle). A soma das sete variações
correspondeu ao índice de perda óssea (IPO), expresso em mm.
B. Análise Histopatológica do Osso Alveolar
As análises histopatológicas foram realizadas em cortes seriados da
hemiarcada. Decorridos 11 dias após o procedimento cirúrgico (colocação do fio
de náilon), os animais foram sacrificados e suas hemiarcadas, removidas. Estas
foram fixadas em formol a 10% durante 24 horas, sendo, posteriormente,
submetidas a tratamento com ácido nítrico a 7%, por aproximadamente 5 dias,
para a desmineralização. A seguir, as hemiarcadas foram suspensas em sulfato
de sódio a 5%, sendo, então, incluídas em parafina. Após este procedimento,
foram feitos cortes seriados de 5 µm em micrótomo apropriado e as lâminas
obtidas foram coradas pelos métodos HE e Tricrômio de Mallory.
Para a análise microscópica da hemiarcada com a coloração HE, foi
considerada a região entre os 1º e 2º molares, sendo avaliados os aspectos
inflamatórios como presença/intensidade de infiltrado celular, além do estado de
preservação do processo alveolar e cemento. Tais achados foram classificados de
acordo com os escores padronizados no Laboratório da Farmacologia da
Inflamação e do Câncer - LAFICA, citados no quadro a seguir:
Escore 0:
Infiltrado celular ausente ou discreto;
Escassos ou raros osteoclastos;
Processo alveolar preservados;
Cemento preservado.
Escore 1:
Infiltrado celular moderado;
Presença de alguns osteoclastos;
Pequena reabsorção do processo alveolar;
Cemento preservado.
Escore 2:
Infiltrado celular acentuado;
Presença de grande número de osteoclastos;
Processo alveolar com digestão acentuada;
Destruição parcial do cemento.
Escore 3:
Infiltrado inflamatório acentuado;
Processo alveolar ausente;
Destruição acentuada do cemento.
Para análise microscópica da hemiarcada pela coloração Tricrômio de
Mallory, também foi considerada a região entre os 1º e 2º molares, sendo avaliada
a existência de fibras colágenas de forma qualitativa, além de sua direção e
continuidade.
6.3.2. Análise Histopatológica da Gengiva
Após 6 horas ou 11 dias do procedimento cirúrgico, os animais foram
sacrificados. Realizou-se a remoção da gengiva vestibular da região dos molares
superiores esquerdos e fixação da mesma em formol a 10% por 24 horas. A
seguir, a gengiva foi processada e incluída em parafina.Então, foram feitos cortes
a 5µm em micrótomo apropriado e as lâminas obtidas foram coradas pelo método
HE para análise mais detalhada do infiltrado inflamatório.
6.3.3. Imunohistoquímica para TNF
Para a realização da imunohistoquímica, foi usada a gengiva vestibular da
região de molares superiores esquerdos de modo igual ao usado na metodologia
descrita no item anterior. Os cortes histológicos são colocados em lâminas
especiais as quais são recobertas com poli-L-lisina ou gelatina.
Inicialmente, as lâminas foram deixadas em estufa a 66-88°C durante 3
horas. Após este tempo, estas são mergulhadas em xilol aquecido por 10 min e,
depois, em álcool. Logo em seguida, as lâminas foram colocadas em recipiente
contendo tampão citrato pH 6,0 em microondas por 15 min. Após o esfriamento
das mesmas, elas foram introduzidas em peroxidase 3% durante 15 min. Então,
as lâminas foram incubadas em anticorpo primário “overnight”.
Decorrido este tempo, banhou-se as lâminas em PBS para depois serem
incubadas no anticorpo secundário. Após 30 min, houve uma nova incubação no
complexo Strepto-avidina peroxidase (SAP). Após esta etapa, incubou-se com
DAB, para em seguida, fazer uma contra-coloração com hematoxilina de Harris.
6.3.4. Dosagem de IL-1
Após 6 horas do procedimento cirúrgico, os animais foram sacrificados.
Realizou-se a remoção da gengiva vestibular da região dos molares superiores
esquerdos e congelados a –70°C. No dia da análise, o material estocado foi
descongelado, homogeneizado em Tampão inibidor de Protease . O sobrenadante
foi removido para quantificação da citocina IL-1β por ELISA.
Inicialmente, o sobrenadante foi incubado em placa de 96 poços, com 2
µg/ml de anticorpo anti IL-1β (S5/B3) (anticorpo de captura) diluído em tampão de
bicarbonato (pH 8.2; 100 µl/poço) por 16-24h a 4°C. Então, lavou-se a placa com
PBS-tween20, para em seguida realizar o bloqueio com albumina bovina 1%
diluída em tampão de lavagem durante 2h à temperatura ambiente. Após a
lavagem da placa, esta foi incubada com a curva padrão de IL-1β (2000-1,95
pg/ml) diluída em tampão de lavagem juntamente com as amostras a serem
dosadas durante 16-24h a 4°C. Novamente, lavou-se a placa e esta foi incubada
com anticorpo biotinilado anti-IL-1β (S329/B4) (anticorpo de detecção) diluído
1:1000 em tampão de lavagem contendo 1% de soro normal de carneiro por 1h à
temperatura ambiente. Nova lavagem da placa. Então, realizou-se nova incubação
com avidina-peroxidase (DAKO) diluída 1:5000 em tampão de lavagem
(100µl/poço) por 15 min à temperatura ambiente. Novamente, lavou-se a placa,
para em seguida incubá-la com o-fenilenediamina diidrocloreto (OPD) em tampão
substrato (100µl/poço). A placa foi coberta e colocada no escuro por 5-20 min à
temperatura ambiente. A reação foi parada com 150µl/poço de H
2
SO
4
1M. A
leitura foi realizada em espectrofotômetro a 490nm. Os resultados são expressos
em µg/ml como a curva padrão.
6.3.5. Dosagem de Mieloperoxidase
A medida de MPO foi avaliada de acordo com o método de Kaplow descrito
por Bradley et al, 1982.
Utilizou-se a gengiva da região de molares superiores para a dosagem de
MPO. As amostras de tecido foram homogeneizadas em tampão de brometo de
hexadecil-metil-amônio (HTAB). Neste momento, congelam-se as amostras. Em
seguida, mais tampão HTAB é adicionado a fim de compor 400 µl de tampão para
15 mg de tecido. Realiza-se nova homogeneização. Então, centrifugou-se as
amostras a 4.500 r.p.m. por 12 minutos. Terminada a centrifugação, 0,1 ml do
sobrenadante é removido e a este é adicionado 2 ml da solução de o-dianisidina,
tampão fosfato de sódio, peróxido de hidrogênio e água detilada. Esta mistura é
colocada em um espectrofotômetro a fim de medir a absorbância em 460 nm nos
tempos 0, 30 segundos, 1,3 e 5 minutos. Uma unidade de MPO equivale a uma
mudança na absorbância de 1,13 x 10
-2
nm. Com os tempos acima descritos, foi
feito uma curva e foi escolhido o tempo 1 minuto como mais representativo do
evento.
6.3.6. Análise Microbiológica
Realizou-se a análise microbiológica de animais normais (grupo naive) e de
animais que foram submetidos a DPE e que receberam 0,2 ml de salina (grupo
DPE) ou AD (0,25 mg/kg - grupo DPE+AD). Após o sacrifício dos animais, a
gengiva da região de molares superiores esquerdos foi coletada, colocada
assepticamente em 0,3 ml em meio de cultura líquido (Brain Heart Infusion –
BHI/DIFCO) e transportada imediatamente para o setor de Microbiologia. O
fragmento coletado foi colocado em placa estéril e com lâmina de bisturi estéril
homogeneizou-se o tecido. O espécime clínico foi semeado com alça
bacteriológica em meio de cultura sólido (Brain Heart Infusion agar - BHI ágar) e
em placa de feniletil álcool ágar (PEA). Os meios foram incubados em atmosfera
de anaerobiose por 7 dias a 37°C. Para a obtenção da atmosfera de anaerobiose
foram utilizadas jarras (OXOID) e envelope gerador de anaerobiose (OXOID)
(Ilustração 7). Após o período de incubação do crescimento bacteriano, foi
realizado bacterioscopia pelo método de Gram e teste tipo respiratório. O teste
tipo respiratório consiste em semear a colônia bacteriana em meio de cultura
sólido e incubar em diferentes atmosferas de incubação (anaerobiose,
microaerofilia e em atmosfera convencional) para caracterização da bactéria como
anaeróbia estrita, aeróbia estrita ou anaeróbia facultativa (KONEMAN et al, 2001).
Com a finalidade de verificar a ação inibitória do AD sobre as bactérias da
doença periodontal, foi isolado Peptostreptococcus sp. de um rato com DPE. Em
seguida, foram separados dois tubos de ensaio contendo BHI e em cada tubo foi
inoculado 0,6 ml de uma cultura recente (24h) de Peptostreptococcus sp. O
primeiro tubo continha apenas o meio de cultura líquido (BHI), o qual foi
denominado tubo controle. No segundo tubo, além do meio de cultura, havia 28
mg/ml de AD (tubo teste). Os tubos foram incubados em atmosfera convencional
por 24 horas. Após este período foi realizada a leitura, a qual foi feita por inspeção
visual, comparando a turvação dos tubos inoculados com a turvação da escala
McFarland (Ilustração 8). A partir do crescimento destas bactérias em meio
líquido, foi feito bacterioscopia pelo método de Gram e repicado em placa com
ágar-sangue.
6.3.7. Estudo Hematológico
Animais foram anestesiados utilizando-se uma câmara de éter. Em
seguida, a ponta da cauda do animal foi cortada com uma tesoura. A primeira gota
de sangue foi desprezada e a seguinte colhida a fim de confeccionar o esfregaço
corado pelo corante rápido (HEMA-3®), para a realização das contagens
diferenciais. Adicionalmente, 20 µl de sangue foram diluídos em 380 µl de Líquido
de Turk, para a contagem do número total de leucócitos, utilizando-se a câmara de
Neubauer. Logo após, os animais tiveram suas caudas cauterizads, com o objetivo
de evitar infecções. Os hemogramas foram realizados imediatamente antes da
cirurgia, 6 e 24 horas após e nos 7° e 11° dias pós-cirúrgicos.
6.3.8. Análise da Variação da Massa Corpórea
Todos os animais tiveram suas massas corpóreas medidas antes da
cirurgia e, após esta, diariamente, durante os 11 dias do período experimental. Os
valores encontrados foram expressos como a variação de massa corpórea (mg)
em relação à massa inicial.
6.3.9. Migração de leucócitos em modelo de peritonite
Os animais foram pré-tratados com Alendronato Dissódico (0,25 mg/kg ) ou
salina (0,2 ml) por via subcutânea (s.c.) 30 minutos antes da injeção de 1 ml do
estímulo inflamatório Carragenina (300 µg/ml, i.p.). Após quatro horas, os animais
foram sacrificados por deslocamento cervical, a fim de avaliar a migração de
leucócitos, especialmente neutrófilos, para a cavidade peritoneal.
Em seguida, a cavidade peritoneal foi lavada com 10 ml de solução de PBS
contendo 0,1 ml de heparina. Os abdomens dos animais foram agitados
levemente, expostos e foram coletados cerca de 6 ml de fluido de lavagem com
pipeta Pasteur.
Do exsudato colhido, 20 µl foram diluídos em 380 µl de líquido de Turk
(diluição 1:20) e usados para contagem total de células em câmara de Neubauer.
Para contagem diferencial das células, foram utilizados 25 µl do exsudato
restante na preparação dos esfregaços, em citocentrífuga, a 1000 r.p.m., durante
10 min, sendo estes corados pelo corante rápido HEMA –3. As células foram
examinadas em microscópio óptico através de objetiva de imersão em óleo
(aumento 100x), onde foram contadads 100 células em cada lâmina,
diferenciando-se em 4 tipos: neutrófilos, eosinófilos, mastócitos e mononucleares.
O número de neutrófilos foi estimado multiplicando-se o percentual encontrado
destas células (contagem diferencial) pelo número total de leucócitos (contagem
total), dividido por 100. Os resultados foram expressos como média ± EPM do
número de neutrófilos/ml do lavado peritoneal e comparados àqueles obtidos dos
animais que foram injetados com salina estéril.
7. Análise Estatística
Os resultados foram expressos como média ± EPM. Para comparações
entre os grupos foram utilizados: Análise de Variância (ANOVA) e teste de
Bonferroni.
Nas análises histopatológicas, os dados obtidos foram expressos como
mediana e o teste estatístico aplicado foi o de Kruskal-Wallis para dados não-
paramétricos. Em todas as situações, foi adotado o nível de significância de pelo
menos p<0,05.
Ilustração 7: Jarra (OXOID). A jarra é utilizada juntamente com envelope gerador
de atmosfera adequada para a obtenção de anaerobiose.
Ilustração 8: Escala McFarland. Nesta escala, observam-se as diferentes
turvações equivalentes a concentrações bacterianas/ml, de acordo com a tabela
abaixo:
Tubo Concentração bacteriana/ml Tubo Concentração bacteriana /ml
1
2
3
4
5
3 x 10
8
6 x 10
8
9 x 10
8
12 x 10
8
15 x 10
8
6
7
8
9
10
18 x 10
8
21 x 10
8
24 x 10
8
27 x 10
8
30 x 10
8
1 2 3 5 4 6 7 8 9 10
III. Resultados
III. RESULTADOS
1. Efeito do Alendronato Dissódico (AD) e da Doxiciclina (DX) sobre o
tecido ósseo alveolar na DPE induzida por corpo estranho em ratas
A. Estudo do Índice de Perda Óssea (IPO)
A indução da DPE nos animais que receberam apenas solução fisiológica a
0,9% (salina) resultou em reabsorção óssea significativa em relação aos animais
sem DPE, cujo IPO foi próximo de zero. Observou-se que o AD administrado a
partir do 5° dia da indução da DPE e diariamente até o 11° dia (tratamento
curativo) reduziu de forma significativa (p<0,001) o IPO, representado pela
redução na reabsorção óssea na face vestibular das maxilas em 74,71% em
relação ao grupo de animais que receberam salina. Este efeito é comparável ao
do tratamento preventivo com AD administrado 30 minutos antes da cirurgia e
diariamente (83,9%), ao da DX na dose de 5 e 10 mg/kg (60,51% e 78,95%,
respectivamente) e ao da associação entre as duas drogas (85,20%)(Figura 1).
B. Aspecto macroscópico da doença periodontal experimental (DPE)
induzida por corpo estranho
Observou-se a partir da avaliação macroscópica da hemiarcada superior
esquerda do grupo de animais submetidos a DPE e que recebeu salina (Figura
2B), que a permanência do fio de náilon foi capaz de induzir a doença periodontal
experimentalmente, de forma a reproduzir os principais sinais clínicos da doença
periodontal em humanos, tais como: reabsorção óssea alveolar, exposição de
raízes e perda de contato interdental, em comparação aos animais normais, sem
DPE (Figura 2A). Foi observada redução da perda óssea tanto no grupo tratado
com AD 30 minutos antes e diariamente após a cirurgia (Figura 2C) como no
tratado a partir do 5° dia da indução da DPE (Figura 2D), em relação ao grupo de
animais com DPE que receberam salina (Figura 2B). A diminuição do IPO
promovida pelo AD também foi semelhante à observada nos animais após a
administração de DX5 (Figura 3B), DX10(Figura 3C) e DX associada com AD
(Figura 3D).
Salina AD prev AD cur DX 5 DX 10 AD + DX
0.0
2.5
5.0
7.5
Salina
AD prev
AD cur
DX 5
DX 10
AD + DX
Índice de perda óssea
(mm)
*
*
*
*
*
Figura 1: Efeito do Alendronato Dissódico (AD) e da Doxiciclina (DX) sobre o
Índice de Perda Óssea (IPO) na doença periodontal experimental (DPE)
induzida por corpo estranho em ratas. AD (0,25mg/kg, s.c.) foi administrado 30
minutos antes e diariamente após a cirurgia (preventivo). AD (0,25mg/kg, s.c.), DX
(5 ou 10 mg/kg) ou salina (0,2ml) foram injetados a partir do 5° dia da indução da
DPE (curativo). A DPE foi induzida através da inserção cirúrgica do fio de náilon
em torno dos segundos molares superiores esquerdos das ratas. Os animais
foram sacrificados 11 dias após o procedimento cirúrgico. Observou-se que o AD
reduziu de forma significativa a reabsorção na face vestibular das maxilas, tanto
no tratamento curativo como no preventivo de forma comparável à doxiciclina em
ambas as doses e à associação. As barras representam média ± EPM de, no
mínimo, cinco animais com DPE. *(p<0,001) indica diferença estatística em
relação aos animais com DPE que receberam apenas salina (ANOVA, Bonferroni)
Figura 2: Aspecto macroscópico de maxilas de ratos normais ou de animais
submetidos à doença periodontal experimental (DPE) tratados com salina ou
Alendronato Dissódico (AD). Os animais foram submetidos à indução da DPE
por corpo estranho e receberam salina (0,2 ml;s.c.) ou alendronato (0,25 mg/kg;
s.c.) 30 minutos antes e diariamente após a cirurgia (preventivo) ou a partir do 5°
dia da indução da DPE (curativo). Os animais foram sacrificados no 11° dia e suas
maxilas foram removidas e fixadas em formol a 10%. Em seguida, as hemiarcadas
foram separadas, dissecadas, coradas em azul de metileno a 1% e acomodadas
em massa de modelar para posterior observação em microscópio com ocular
graduada. A: Maxila de animal normal que não foi submetido a DPE. B: Maxila de
animal com DPE, no qual foi administrada salina, mostrando intensa destruição
óssea alveolar, exposição das raízes e perda do contato interdentário. C: Maxila
de animal que foi submetido a DPE e recebeu AD como tratamento preventivo
apresentando redução acentuada da reabsorção do osso alveolar. D: Maxila de
animal com DPE que recebeu AD de forma curativa mostrando também uma
diminuição da perda óssea alveolar.
A B
D
C
Figura 3: Aspecto macroscópico de maxilas de ratos normais ou de animais
submetidos à doença periodontal experimental (DPE) tratados com salina,
Doxiciclina (DX) ou DX associado a Alendronato Dissódico (AD): Os animais
foram submetidos à indução da DPE por corpo estranho e receberam salina (0,2
ml;s.c.), DX (5 ou 10 mg/kg; s.c.- DX5 ou DX10, respectivamente) ou AD(0,25
mg/kg) associado a DX5 diariamente, a partir do 5° dia após a cirurgia. Os animais
foram sacrificados no 11° dia e suas maxilas foram removidas e fixadas em formol
a 10%. Em seguida, as hemiarcadas foram separadas, dissecadas, coradas em
azul de metileno a 1% e acomodadas em massa de modelar para posterior
observação em microscópio com ocular graduada. A: Maxila de animal com DPE,
no qual foi administrado salina, mostrando intensa destruição óssea alveolar e
exposição das raízes. B: Maxila de animal sujeito a DPE no qual foi aplicada DX 5
mg/kg, apresentando redução da reabsorção do osso alveolar. C: Maxila de
animal com DPE e que recebeu DX 10mg/kg, revelando resultado semelhante ao
anterior. D: Maxila de animal com DPE que recebeu AD e DX 5, indicando que
também houve uma diminuição da reabsorção óssea alveolar, porém sem efeito
sinérgico entre os medicamentos.
A B
C D
2. Efeito do Alendronato Dissódico (AD) e da Doxiciclina (DX) sobre as
alterações histopatológicas observadas na DPE em ratas
A análise histopatológica realizada no 11° dia das maxilas das ratas
submetidas a DPE que receberam salina (Figura 4B), mostrando presença de
infiltrado celular inflamatório acentuado, reabsorção completa do processo alveolar
e destruição do cemento em relação ao grupo de animais normais, sem a doença
(Figura 4A). Nos animais tratados com AD (0,25 mg/kg) 30 minutos antes e
diariamente após a cirurgia (Figura 4C) observou-se preservação do processo
alveolar e do cemento, com discreto infiltrado inflamatório. No grupo de animais
tratados com AD a partir do 5° dia após a cirurgia, constatou-se ainda presença de
discreto infiltrado celular inflamatório e preservação do processo alveolar e
cemento (Figura 4D).
Nos animais nos quais foram administrados DX5, pôde-se observar
manutenção parcial da integridade do processo alveolar e cemento, com presença
de infiltrado celular inflamatório (Figura 5C). Em animais que receberam DX10,
verificou-se processo alveolar e cemento preservados e ainda com discreto
infiltrado inflamatório celular (Figura 5D). Os animais que foram tratados com a
associação das duas drogas (AD + DX5) apresentaram preservação do processo
alveolar e cemento radicular e ausência de infiltrado inflamatório (Figura 5E).
Aumento de 40x.
A B
C D
G
C
PA
LP
Figura 4: Fotomicrografias de periodontos de animais submetidos a DPE,
que receberam salina ou Alendronato Dissódico (AD) e de animal normal
sem DPE na coloração hematoxilina-eosina (HE). Os animais foram submetidos
à indução da DPE através da inserção cirúrgica de um fio de náilon 3.0 em torno
de seus segundos molares superiores esquerdos. As ratas receberam AD (0,25
mg/kg, s.c.) ou salina (0,2 ml, i.p.) 30 minutos antes e diariamente após a cirurgia
(preventivo) ou a partir do 5° dia da indução da DPE (curativo). No 11° dia, foi feito
o sacrifício dos animais com remoção das hemiarcadas, as quais foram
processadas para coloração pelo método HE. A. Periodonto de animal normal sem
DPE. B. Periodonto de animal submetido a DPE que recebeu salina. C. Periodonto
de animal normal com DPE ao qual foi administrado AD de forma preventiva,
mostrando preservação do processo alveolar e do cemento e discreto infiltrado
inflamatório. D. Periodonto de animal submetido a DPE que recebeu AD de modo
curativo, onde observou-se preservação parcial do processo alveolar, com
presença de discreto infiltrado inflamatório e destruição parcial do cemento. G:
gengiva; LP: ligamento periodontal; PA: processo alveolar; C: cemento. Aumento
de 40x.
A B
C D
Figura 5: Fotomicrografias de periodontos de animais normais ou de animais
submetidos à doença periodontal experimental (DPE) tratados com salina,
Doxiciclina (DX) ou Alendronato Dissódico (AD) associado à DX em
coloração Hematoxilina-Eosina (HE): Os animais foram submetidos à indução
da DPE por corpo estranho e receberam salina (0,2 ml;s.c.), DX (5 ou 10 mg/kg;
s.c.- DX5 ou DX10, respectivamente) ou AD (0,25 mg/kg; s.c) associado a DX5
diariamente, a partir do 5° dia após a cirurgia. Os animais foram sacrificados no
11° dia e suas maxilas foram removidas e processadas para coloração pelo
método HE. A. Periodonto de animal submetido a DPE que recebeu salina. B.
Periodonto de animal normal com DPE ao qual foi administrado DX5, mostrando
preservação parcial do processo alveolar e do cemento e presença de infiltrado
inflamatório. C. Periodonto de animal submetido a DPE que recebeu DX10, onde
observou-se processo alveolar e cemento preservados, com presença de infiltrado
celular inflamatório discreto. D. Periodonto de animal submetido à DPE que
recebeu AD e DX 5, mostrando processo alveolar e cemento preservados e
discreto infiltrado inflamatório. Aumento de 40x.
2.1. Tabela dos escores histopatológicos
A tabela 3 representa os escores atribuídos à análise histopatológica das
maxilas referente à figura 4. Os animais receberam AD 30 minutos antes e
diariamente após a cirurgia (preventivo) ou a partir do 5° dia da indução da DPE
(curativo) e foram sacrificados no 11° dia. A partir dos cortes seriados das
hemiarcadas, observou-se que o tratamento com AD, tanto de forma preventiva
como curativa, reduziu de forma estatisticamente significativa (p<0,05) as
alterações histopatológicas vistas na DPE, quando comparada às observadas em
animais que receberam apenas salina.
A tabela 4 representa os escores atribuídos à análise histopatológica das
maxilas referente à figura 5. Os animais receberam salina, DX 5, DX 10, AD
associado a DX a partir do 5° dia da indução da DPE e diariamente, sendo
sacrificados no 11° dia. A partir dos cortes seriados das hemiarcadas, observou-se
que os tratamentos com DX5, DX10 e AD associado à DX5 reduziram de forma
estatisticamente significativa (p<0,05) as alterações histopatológicas vistas na
DPE, quando comparada às observadas em animais que receberam apenas
salina.
Tabela 3: Efeito do Alendronato Dissódico (AD) sobre as alterações
histopatológicas observadas na DPE em ratas
A DPE foi induzida através da inserção cirúrgica de um fio de náilon 3.0 em
torno dos segundos molares superiores esquerdos de ratas devidamente
anestesiadas. Os animais receberam AD (0,25 mg/kg, s.c.) ou salina (0,2 ml, i.p.)
30 minutos antes e diariamente após a cirurgia (preventivo) ou a partir do 5° dia da
indução da DPE (curativo). No 11° dia foi feito o sacrifício dos animais e remoção
das hemiarcadas para confecção dos cortes seriados, processados para coloração
pelo método HE. Os dados representam mediana e variação de pelo menos 5
animais, onde as regiões entre os 1° e 2° molares foram consideradas para
análise dos seguintes parâmetros: presença de infiltrado celular e grau de
preservação do processo alveolar e cemento. *p<0,05 em relação ao grupo que
recebeu apenas salina (Kruskal-Wallis).
Escores
Tratamentos
Salina Curativo
Preventivo
Naive
0 (0-0) 3 (2-3) 0 (0-1)* 1 (1-1)*
Tabela 4: Efeito da doxiciclina (DX) e da associação do Alendronato
Dissódico (AD) com doxiciclina (DX) sobre as alterações histopatológicas
observadas na DPE em ratas
A DPE foi induzida através da inserção cirúrgica de um fio de náilon 3.0 em
torno dos segundos molares superiores esquerdos de ratas devidamente
anestesiadas. Os animais receberam salina (0,2 ml, i.p.), DX (5 ou 10 mg/kg; s.c.-
DX5 ou DX10, respectivamente) ou AD (0,25 mg/kg) associado a DX5
diariamente, a partir do 5° dia após a cirurgia. No 11° dia foi feito o sacrifício dos
animais e remoção das hemiarcadas para confecção dos cortes seriados,
processados para coloração pelo método HE. Os dados representam mediana e
variação de pelo menos 5 animais, onde as regiões entre os 1° e 2° molares foram
consideradas para análise dos seguintes parâmetros: presença de infiltrado celular
e grau de preservação do processo alveolar e cemento. *p<0,05 em relação ao
grupo que recebeu apenas salina (Kruskal-Wallis).
Escores
Tratamentos
Salina AD+DX5
DX5
Naive
0 (0-0) 3 (2-3) 1 (1-1)* 1 (0-2)*
DX10
1 (1-2)*
4. Efeito do Alendronato Dissódico (AD) e da Doxiciclina (DX) sobre as
alterações das fibras colágenas observadas na DPE em ratas
A análise das fibras colágenas realizada no 11° dia das maxilas das ratas
com DPE que receberam apenas salina (Figura 6B), mostrou destruição e
desorganização das fibras colágenas, em relação ao grupo de animais normais
sem a doença, nos quais as fibras colágenas se encontram organizadas na
gengiva e no ligamento periodontal na direção cemento-osso alveolar (Figura 6A).
Nos animais tratados com AD 30 minutos antes e diariamente após a cirurgia
(Figura 6C) observou-se preservação importante das fibras colágenas do
ligamento periodontal e das fibras gengivais. No grupo de animais tratados com
AD a partir do 5° dia após a cirurgia, constatou-se preservação parcial das fibras
colágenas em comparação ao periodonto de animais com DPE que receberam
salina (Figura 6D).
Na análise das fibras colágenas realizada no 11° dia das maxilas das ratas
com DPE nas quais foram administrados DX (5 mg/kg), observou-se as fibras
colágenas parcialmete peservadas (Figura 7C). Nos animais que receberam DX
(10 mg/kg) verficou-se preservação parcial das fibras colágenas porém sem
orientação definida (Figura 7D). Quando os animais receberam a associação das
duas drogas (AD e DX 5), constatou-se fibras colágenas íntegras e bem
orientadas (Figura 7E).
A B
C D
Figura 6: Fotomicrografias de periodontos de animais submetidos a DPE,
que receberam salina ou Alendronato Dissódico (AD) e de animal normal
sem DPE na coloração Tricrômio de Mallory. Os animais foram submetidos à
indução da DPE através da inserção cirúrgica de um fio de náilon 3.0 em torno dos
segundos molares superiores esquerdos. As ratas receberam AD (0,25 mg/kg,
s.c.) ou salina (0,2 ml, i.p.) 30 minutos antes e diariamente após a cirurgia
(preventivo) ou a partir do 5° dia da indução da DPE (curativo). No 11° dia foi feito
o sacrifício dos animais, com remoção das hemiarcadas, as quais foram
processadas para coloração pelo método Tricrômio de Mallory. A. Periodonto de
animal normal sem DPE. B. Periodonto de animal submetido a DPE que recebeu
salina. C. Periodonto de animal normal com DPE ao qual foi administrado AD de
forma preventiva, mostrando preservação parcial das fibras colágenas do
ligamento periodontal e destruição parcial das fibras gengivais. D. Periodonto de
animal submetido a DPE que recebeu AD de modo curativo, onde também foi
observado as fibras colágenas parcialmente preservadas. Aumento de 100x.
A B
C D
Figura 7: Fotomicrografias de periodontos de animais normais ou de animais
submetidos à doença periodontal experimental (DPE) tratados com salina,
Alendronato Dissódico (AD), Doxiciclina (DX) ou AD associado à DX em
coloração Tricrômio de Mallory: Os animais foram submetidos à indução da
DPE por corpo estranho e receberam salina (0,2 ml;s.c.), AD (0,25 mg/kg; s.c), DX
(5 ou 10 mg/kg; s.c.- DX5 ou DX10, respectivamente) ou AD associado a DX5
diariamente, a partir do 5° dia após a cirurgia. Os animais foram sacrificados no
11° dia e suas maxilas foram removidas e processadas para coloração pelo
método HE. A. Periodonto de animal submetido a DPE que recebeu salina. B.
Periodonto de animal submetido a DPE que recebeu DX5, onde observou-se as
fibras colágenas do ligamento periodontal parcialmente preservadas. C.
Periodonto de animal com DPE, no qual foi administrado DX10, onde observa-se
preservação das fibras colágenas porém sem orientação definida. D. Periodonto
de animal submetido à DPE que recebeu AD e DX 5, mostrando fibras colágenas
íntegras e bem orientadas. Aumento de 40x.
5. Efeito do Alendronato Dissódico (AD) sobre as alterações da gengiva de
ratas submetidas a DPE
Análise da gengiva vestibular de animais submetidos DPE durante 6
horas
O grupo de animais submetidos à DPE e que recebeu salina (Figura 8C e
8D) apresentou intenso infiltrado inflamatório com predomínio de
polimorfonucleares. Além disso, observou-se gengiva inflamada com hemorragia,
edema e infiltração de polimorfonucleares no epitélio em relação ao grupo de
animais normais sem a doença (Figura 8A e 8B). Nas ratas tratadas com AD 30
minutos antes da cirurgia observou-se redução acentuada do infiltrado inflamatório
com ausência de polimorfonucleares (Figura 8E e 8F).
Análise da gengiva vestibular de animais submetidos DPE durante 11
dias
Observou-se nos animais submetidos a DPE e que receberam apenas
salina a existência de infiltrado inflamatório com predomínio de mononucleares,
além da presença de eosinófilos e polimorfonucleares (Figura 9B). As ratas, tanto
as que receberam AD 30 minutos antes e diariamente após a cirurgia como
aquelas que receberam a partir do 5° dia, apresentaram uma redução do infiltrado
inflamatório às custas de mononucleares e ausência de neutrófilos (Figura 9C e
9D, respectivamente).
A B
C D
E F
Figura 8: Fotomicrografias da gengiva vestibular de animal sem DPE e de
animais submetidos à DPE e que receberam salina ou Alendronato
Dissódico (AD): Os ratos foram submetidos à indução da DPE através da
colocação cirúrgica do fio de náilon em torno dos segundos molares superiores
esquerdos e receberam salina (0,2 ml) ou AD (0,25 mg/ml; s.c.) trinta minutos
antes da cirurgia (preventivo). Os animais foram sacrificados na 6
ª hora, suas
hemiarcadas foram dissecadas a fim de remover a gengiva na região do segundo
molar superior esquerdo, sendo estas processadas para coloração pelo método
HE. A e B: Gengiva de animal normal sem DPE. C e D: Gengiva de animal com
DPE que recebeu salina, mostrando edema, além de um intenso infiltrado
inflamatório com predomínio de polimorfonucleares. E e F: Gengiva de animal que
foi submetido a DPE e com administração de AD, apresentando-se uma redução
acentuada do infiltrado neutrofílico. Aumento de 400x à esquerda e 1000x à
direita.
A B
D
C
Figura 9: Fotomicrografias da gengiva vestibular de animal normal e de
animais submetidos à doença periodontal experimental (DPE) durante 11
dias e que receberam salina ou Alendronato Dissódico (AD). Os ratos foram
submetidos à indução da DPE através da colocação cirúrgica do fio de náilon em
torno dos segundos molares superiores esquerdos e receberam salina (0,2 ml) ou
AD (0,25 mg/ml; s.c.) trinta minutos antes da cirurgia e diariamente (preventivo) ou
a partir do 5° dia após a cirurgia (curativo). Os animais foram sacrificados no 11°
dia, suas hemiarcadas foram dissecadas a fim de remover a gengiva na região
dos molares superiores esquerdos, sendo estas processadas para coloração pelo
método HE. A: Gengiva de animal normal sem DPE. B: Gengiva de animal que foi
submetido à DPE e que recebeu salina, mostrando presença de intenso infiltrado
inflamatório com predomínio de mononucleares e presença de polimorfonucleares,
eosinófilos e mastócitos. C: Gengiva de animal com DPE que recebeu AD de
forma preventiva, mostrando redução do infiltrado inflamatório às custas de
mononucleares e ausência de neutrófilos. D: Gengiva de animal submetido à DPE,
no qual foi administrado AD de modo curativo, discreto infiltrado inflamatório com
predomínio de mononucleares, presença de eosinófilos e ausência de neutrófilos
(Aumento 1000x).
6. Efeito do Alendronato Dissódico (AD) sobre a marcação de TNF pelo
método de imunohistoquímica
Análise da gengiva vestibular de animais submetidos DPE durante 6
horas
As ratas, pertencentes ao grupo com DPE e que recebeu apenas salina,
apresentaram infiltrado celular inflamatório com presença de mastócitos e grande
quantidade de polimorfonucleares marcados e alguns mononucleares
discretamente marcados (Figura 10C) em relação ao grupo normal sem doença,
onde há leve marcação dentro dos mastócitos (Figura 10B). No grupo que recebeu
tratamento com AD 30 minutos antes da cirurgia, foi observado uma redução do
infiltrado inflamatório e da marcação para TNF por imunohistoquímica (Figura
10D).
Análise da gengiva vestibular de animais submetidos DPE durante 11
dias
Após 11 dias, no grupo de animais submetidos a DPE e que recebeu salina
constatou-se a existência de intenso infiltrado inflamatório com predomínio de
mononucleares e presença de mononucleares marcados (Figura 11B), além da
ocorrência de marcação no epitélio, endotélio e músculos em relação ao grupo
sem DPE (dado não mostrado). Os animais que receberam tratamento com AD,
tanto de modo preventivo como curativo, apresentaram um discreto infiltrado
celular inflamatório com redução da marcação dos mononucleares (Figura 11C e
11D, respectivamente).
7. Efeito do Alendronato Dissódico (AD) sobre a produção de interleucina-1
(IL-1)
As ratas que foram submetidas à DPE e que recebeu apenas salina,
apresentaram intensa produção de IL-1 em relação ao grupo normal sem doença.,
No grupo que recebeu tratamento com AD 30 minutos antes da cirurgia, também
foi observado um aumento significativo na produção desta citocina quando
comparado ao grupo naive. Não houve diferença entre os grupos submetidos à
DPE e que receberam salina ou AD (Figura 12).
A B
C D
Figura 10: Imunohistoquímica da gengiva de animais sem DPE e de animais
submetidos à DPE e que receberam salina ou alendronato: As ratas foram
submetidas à indução da DPE através da colocação cirúrgica do fio de náilon em
torno dos segundos molares superiores esquerdos e receberam salina (0,2ml) ou
alendronato (0,25 mg/ml;s.c.) trinta minutos antes da cirurgia. Os animais foram
sacrificados na 6ª hora, suas hemiarcadas foram dissecadas a fim de remover a
gengiva na região do segundo molar superior esquerdo, sendo processadas por
imunohistoquímica. A. Gengiva de animal com DPE não incubadas com o
anticorpo marcador para TNF. B. Gengiva de animal normal sem DPE, com
marcação para TNF apenas dentro dos mastócitos. C. Gengiva de animal que foi
submetido a DPE e recebeu salina, mostrando grande quantidade de
polimorfonucleares intensamente marcados, com presença de mastócitos e
mononucleares também marcados. D. Gengiva de animal com DPE no qual foi
administrado AD observando-se uma diminuição da marcação de TNF por
imunohistoquímica. Aumento 1000x.
A B
C D
Figura 11: Imunohistoquímica da gengiva de animais sem DPE e de animais
submetidos à DPE durante 11 dias e que receberam salina ou alendronato.
As ratas foram submetidas à indução da DPE através da colocação cirúrgica do fio
de náilon em torno dos segundos molares superiores esquerdos e receberam
salina (0,2ml) ou alendronato (0,25 mg/ml;s.c.) todos os dias a partir do 5° dia
após a cirurgia ou desde trinta minutos antes da mesma. Os animais foram
sacrificados no 11° dia, suas hemiarcadas foram dissecadas a fim de remover a
gengiva na região do segundo molar superior esquerdo, sendo estas processadas
por imunohistoquímica. A. Gengiva de animal normal sem DPE, mostrando
ausência quase total de marcação para TNF. B. Gengiva de animal que foi
submetido a DPE e que recebeu salina, mostrando presença de mononucleares
marcados. C. Gengiva de animal com DPE no qual foram administrado AD desde
o 5° dia após a cirurgia, apresentando mononucleares discretamente marcados. D.
Gengiva de animal submetido a DPE e que recebeu AD desde 30 minutos antes e
diariamente após a cirurgia, também mostrando uma diminuição da marcação
para TNF. Aumento 100x.
Naive DPE AD
0
500
1000
1500
AD
DPE
Naive
*
*
IL-1 (pg/ml)
Figura 12: Efeito do Alendronato Dissódico (AD) sobre a produção de
interleucina-1β (IL-1β) em gengivas de ratas normais (naive) ou submetidas à
doença periodontal experimental (DPE).
As ratas foram submetidas à indução
da DPE através da colocação cirúrgica do fio de náilon em torno dos segundos
molares superiores esquerdos e receberam salina (0,2ml) ou alendronato (0,25
mg/ml; s.c.) trinta minutos antes da cirurgia. Os animais foram sacrificados na 6ª
hora, suas hemiarcadas foram dissecadas a fim de remover a gengiva na região
dos molares superiores esquerdos, sendo processadas para análise de IL-1
β por
ELISA. Observou-se um aumento na produção de IL-1
β nos animais tratados com
AD ou salina em relação ao grupo naive (*p<0,001).
8. Efeito do Alendronato Dissódico sobre o leucograma das ratas
submetidas a DPE
AD administrado de forma preventiva foi capaz de reduzir de forma
significativa a leucocitose e a neutrofilia na 6ª hora, assim como a leucocitose, o
número de mononucleares e de neutrófilos no 11° dia. Quando administrado de
modo curativo, AD promoveu a diminuição do número de leucócitos totais, de
neutrófilos e de mononucleares no 11° dia (Figura 13).
9. Efeito da Doença Periodontal Experimental (DPE) sobre a dosagem de
mieloperoxidase (MPO) em gengiva de ratas
Em animais submetidos a DPE, constatou-se um aumento significativo da
MPO na gengiva 6 horas após a cirurgia (p<0,01) tanto em relação a animais sem
a doença como em relação a animais com 11 dias de DPE (Figura 14).
10. Efeito do Alendronato Dissódico (AD) sobre a dosagem de
mieloperoxidase em ratas após 6 horas da indução da DPE
No grupo de animais submetidos à DPE e tratados com AD, ocorreu uma
diminuição significativa da absorbância na dosagem de MPO na gengiva destes
animais em relação aos animais com DPE e que receberam salina, observada
pelos valores da área sob a curva (ASC) (p<0,001). Houve também diferença
estatística, entre o grupo de animais normais e os grupos com DPE e que
receberam tratamento com AD ou salina (p < 0,001; Figura 15).
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
0
10
20
30
40
curativo
preventivo
DP
*
*
*
tempo (d)
de leucócitos x 10
6
/ml
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
0
10
20
*
*
*
Tempo (d)
de neutrófilos x
10
6
/ml
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
0
10
20
30
*
Tempo (d)
de mononucleares x
10
6
/ml
*
Figura 13: Efeito do Alendronato Dissódico (AD) sobre o leucograma das
ratas submetidas a doença periodontal experimental (DPE).
AD (0,25 mg/kg,
s.c.) administrado 30 minutos antes da indução da DPE e durante os 11 dias
subseqüentes (preventivo), reduziu significativamente a leucocitose e a neutrofilia
na 6ª hora, além de diminuir também o número de leucócitos e de mononucleares
no 11° dia. Quando administrado a partir do 5° dia após a indução da DPE
(curativo), AD promoveu diminuição significativa na leucocitose, no número de
neutrófilos e no aumento de mononucleares no 11° dia. Os pontos representam
média ± EPM do número de leucócitos totais (A), neutrófilos (B) e células
mononucleares (C) x 10
6
/ml. *p<0,05 indica diferença estatística do grupo tratado
com AD em relação ao grupo submetido à DPE e tratado com salina. O número
de animais utilizados para cada tratamento foi, no mínimo, cinco (ANOVA,
Bonferroni).
naive DP 6h DP 11d
0
25
50
75
100
125
150
175
200
naive
DP 11d
DP 6h
*
Unidade de MPO
Figura14: Dosagem de mieloperoxidase (MPO) nas gengivas de ratas
normais (naive) ou ratas submetidas à doença periodontal experimental
(DPE).
Os animais foram submetidos à indução da DPE através da colocação de
um fio de náilon na cervical dos segundos molares superiores. As ratas foram
sacrificadas na 6ª hora e no 11° dia. A medida da MPO foi realizada por
observação em espectrofotômetro após 1 minuto do início da reação colorimétrica
pelo método de Kaplow. Observou-se um aumento significativo de MPO na
gengiva na 6ª hora após a indução da DPE. As barras representam média ± EPM.
*p<0,01 representa diferença estatística significante em relação ao grupo naive e
ao grupo com DPE e sacrificado após 11 dias da cirurgia (ANOVA, Bonferroni).
naive DP AD
0
1
2
3
4
AD
DP
nai ve
*
*
+
ASC (unidades
arbitrárias)
Figura 15: Efeito do Alendronato Dissódico (AD) sobre a dosagem de MPO
em ratas submetidas a doença periodontal experimental (DPE).
Os animais
foram submetidos à indução da DPE através da colocação de um fio de náilon na
cervical dos segundos molares superiores. As ratas receberam salina (0,2 ml) ou
AD (0,25 mg/ml; s.c.) trinta minutos antes da cirurgia, sendo sacrificadas 6 horas
após a cirurgia. A medida da MPO foi realizada por observação em
espectrofotômetro após 1 minuto do início da reação colorimétrica pelo método de
Kaplow. As curvas representam a variação de absorbância de acordo com o
tempo. As barras representam média
± EPM para os valores da área sob a curva
(ASC) em unidades arbitrárias. *p<0,001 em relação ao grupo naive. +p<0,001 em
relação ao grupo com DPE e que recebeu apenas salina.
0 1 2 3 4
0
1
2
*
*
+
Tempo (min)
Absorbância (nm)
11. Efeito do Alendronato Dissódico (AD) sobre a migração de leucócitos
em modelo de peritonite
Efeito do AD sobre a migração do número de leucócitos totais em modelo
de peritonite
O pré-tratamento com AD diminuiu significativamente a migração de
leucócitos totais para a cavidade peritoneal após 4 horas do estímulo inflamatório
(Carragenina) em comparação com os animais pré-tratados com salina (p<0,001;
Figura 16).
Efeito do AD sobre a migração de neutrófilos em modelo de peritonite
O pré-tratamento com AD diminuiu significativamente a migração de
neutrófilos para a cavidade peritoneal após 4 horas do estímulo inflamatório
(Carragenina) em comparação com os animais pré-tratados com salina (p<0,001;
Figura 17).
Controle Cg Cg + AD
0.0
2.5
5.0
7.5
10.0
Cg
Cg + AD
Controle
*
de leucócitos x
10
6
/ml
Figura 16: Efeito do Alendronato Dissódico (AD) sobre a migração de
leucócitos em modelo de peritonite.
AD (0,25 mg/kg, s.c.) ou salina (0,2 ml)
foram administrados 1 hora antes da indução da peritonite com Carragenina
(300
µg/ml). Os animais foram sacrificados 4 horas após o estímulo inflamatório.
Observou-se diminuição significante do número de leucócitos na cavidade
peritoneal no grupo que recebeu Cg + AD (*p<0,001) em relação ao grupo que
recebeu Cg e tratado com salina. As barras representam média ± EPM de 6
animais por grupo (Anova, Bonferroni).
Controle Cg Cg + AD
0.0
2.5
5.0
7.5
Cg
Cg + AD
Controle
*
n° de neutrófilos x
10
6
/ml
Figura 17: Efeito do Alendronato Dissódico (AD) sobre a migração de
neutrófilos em modelo de peritonite.
A peritonite foi induzida através da
administração de Carragenina (300
µg/ml, i.p.). Foram administrados AD (0,25
mg/kg, s.c.) ou salina (0,2 ml) 1hora antes da indução e os animais sacrificados 4
horas após a indução da inflamação. Mostrou-se que o AD inibiu de forma
significativa a migração de neutrófilos para a cavidade peritoneal (*p<0,001). As
barras representam média ± EPM de 6 animais por grupo (ANOVA, Bonferroni).
12. Efeito do Alendronato Dissódico (AD) sobre as alterações
microbiológicas em ratas submetidas a DPE
Observou-se o crescimento de
Fusobacterium nucleatum e bacilos Gram-
negativos pigmentados em todos os animais submetidos a DPE e tratados com
salina. O AD inibiu o crescimento de bactérias próprias da doença periodontal,
como por exemplo,
Fusobacterium nucleatum e bacilos Gram-negativos
pigmentados, sendo a flora bacteriana nestes animais semelhante àquela
encontrada em animais normais sem DPE. Contudo, foi observado em apenas 2
animais (23%) o crescimento de
Fusobacterium nucleatum mostrando, ainda
assim, um efeito inibitório significativo do AD em relação ao grupo que recebeu
apenas salina. (Tabela 5).
Efeito do Alendronato Dissódico (AD) sobre o crescimento de
Peptostreptococcus sp. isolado de um animal submetido a DPE
O AD inibiu o crescimento de Peptostreptococcus sp. em meio de cultura
líquido (BHI), sendo observada turvação de acordo com a escala McFarland n° 2,
quando comparado com o meio de cultura sem AD, onde a turvação de acordo
com a mesma escala foi n° 10 (Figura 18). O efeito inibitório do AD também foi
observado na bacterioscopia pelo método de Gram (Figura 19) e em cultura em
ágar-sangue (Figura 20).
Tabela 5: Estudo microbiológico comparativo entre animais normais, com
DPE e tratados com Alendronato Dissódico.
Ratos Microbiota % de animais
Naive Isolamento de Peptostreptococcus sp, Streptococcus sp
e diplococos Gram-negativos. Presença também de
bacilos Gram-negativos facultativos.
100%
DPE Isolamento de Fusobacterium nucleatum, bacilos Gram-
negativos pigmentados,
Peptostreptococcus sp, bacilos
Gram-negativos e facultativos e
Proteus sp.
100%
DPE+
AD
Isolamento de Peptostreptococcus sp, cocobacilo Gram-
negativo anaeróbio,
Streptococcus sp, bacilo Gram-
negativo facultativo. Nenhuma cultura do material de
gengiva dos animais apresentou bacilos Gram-negativos
pigmentados e em apenas 23 % dos animais, foi isolado
Fusobacterium nucleatum.
77%
Observou-se que o AD foi capaz de inibir o crescimento de bactérias
características da doença periodontal, tais como bacilos Gram-negativos
pigmentados e
Fusobacterium nucleatum, sendo a flora bacteriana encontrada
nestes animais semelhante àquela dos animais normais. Porém, houve
crescimento de
Fusobacterium nucleatum em apenas 2 dos 9 animais no grupo
tratado com AD. Em ratas com DPE e tratadas com salina, foi observado o
crescimento de
Fusobacterium nucleatum e bacilos Gram-negativos pigmentados
em todos os animais. A coluna 3 representa a porcentagem dos animais que
possuem a flora bacteriana representada na coluna 2.
Figura 18: Efeito do AD sobre o crescimento de Peptostreptococcus sp.
isolado de um animal submetido a DPE em meio de cultura líquido
.
Peptostreptococcus sp foi isolado de uma rata após 11 dias de DPE e o mesmo foi
inoculado em tubos de ensaio contendo meio de cultura líquido (BHI). A leitura da
turvação é realizada a olho nu comparando-se a turvação dos tubos de ensaio
com o tubo da escala McFarland. Na figura, pode ser observado o crescimento de
Peptostreptococcus
sp no tubo controle (TC) equivalente a McFarland n° 10 (McF
10). No tubo teste (TT), o qual continha 28 mg/ml de AD, o crescimento desta
bactéria equivaleu a McFarland n° 2 (McF 2), mostrando que o AD inibiu o
crescimento de
Peptostreptococcus sp.
TT TC McF2 McF10
Figura 19: Efeito do AD sobre o crescimento de Peptostreptococcus sp.
isolado de um animal submetido a DPE pelo método de Gram.
A partir do
crescimento de
Peptostreptococcus sp. em meio líquido, foi realizada
bacterioscopia pelo método de Gram. Observou-se um maior crescimento de
bactérias Gram-positivas (
Peptostreptococcus sp.) na lâmina feita a partir do tubo
controle (TC) em comparação à lâmina do tubo teste(TT), o qual continha AD.
Figura 20: Efeito do AD sobre o crescimento de Peptostreptococcus sp.
isolado de um animal submetido a DPE em meio de cultura sólido.
O
conteúdo do tubo controle (TC) e do tubo teste (TT), o qual continha AD, foi
repicado em placa com ágar sangue. Após 48 horas de incubação em atmosfera
de anaerobiose, verificou-se maior crescimento destas bactérias no lado onde foi
repicado o conteúdo do tubo controle, comprovando o efeito inibitório do AD.
TT
TC
13. Efeito do Alendronato Dissódico (AD) sobre a variação de massa
corpórea de ratas submetidas a DPE induzidas por corpo estranho
AD quando administrado 30 minutos antes e diariamente após a cirurgia, foi
capaz de prevenir a perda da massa corpórea dos animais com periodontite
induzida em todos os tempos de forma comparável aos animais normais em
relação aqueles submetidos a DPE e que receberam apenas salina. As ratas, nas
quais foi administrado AD apenas a partir do 5° dia, apresentaram uma diminuição
da perda de massa corpórea a partir do 7° de forma significativa em comparação
ao grupo salina (Figura 21).
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
-10
0
10
20
30
Naive
curativo
preventivo
Salina
Tempo(d)
massa corpórea
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
Figura 21: Efeito do Alendronato Dissódico sobre a variação de massa
corpórea de ratas submetidas a doença periodontal experimental (DPE)
induzida por corpo estranho
. A DPE foi induzida pela inserção de fio de náilon
em torno dos segundos molares dos animais. As massas corpóreas dos animais
foram medidas imediatamente antes da cirurgia e, após esta, diariamente, durante
11 dias. Os pontos representam média ± EPM da variação de massa corpórea (g)
calculada através das diferenças das massas dos animais em relação à massa
inicial (ANOVA, Bonferroni).
IV. Discussão
IV. DISCUSSÃO
A periodontite é uma doença caracterizada pela extensiva perda óssea,
sendo a maior causa de perda dentária nos adultos. Esta patologia tem sido
tradicionalmente tratada por procedimentos mecânicos, tais como raspagem,
alisamento e polimento radicular, associados ou não a procedimentos cirúgicos, a
fim de descontaminar a superfície radicular (GOLUB et al, 1998; MOMBELLI,
1999; LLAVANERAS et al, 2001; SALLUM et al, 2002). No entanto, esta
abordagem provoca prejuízos ao tecido duro, o qual consiste em perda de
substância dental, e recessão gengival. Além disso, a terapia mecânica pode não
eliminar por completo os patógenos periodontais, pois os mesmos podem estar
em áreas inacessíveis à abordagem mecânica (MOMBELLI, 1999).
Apesar da terapia periodontal mecânica trazer bons resultados na maioria
dos casos, podem ocorrer resultados insatisfatórios, devido a persistência ou
recrescimento de certos microrganismos em locais tratados, resultando em
pacientes portadores de periodontites crônicas com colapso contínuo. Estas
pessoas podem beneficiar-se com o uso de antimicrobianos sistêmicos (GOLUB et
al, 1998; MOMBELLI, 1999; SALLUM et al, 2002).
Contudo, com o conhecimento de que a resposta do hospedeiro é
fundamental para a ocorrência da doença, também se pode lançar mão de
fármacos capazes de modular esta resposta, tais como antiinflamatórios não-
esteroidais e bisfosfonatos (GOLUB et al, 1998; PAQUETTE; WILLIAMS, 2000).
Os bisfosfonatos constituem uma nova classe de drogas, os quais são
considerados potentes inibidores da reabsorção óssea, sendo bastante usados
como agentes terapêuticos em várias doenças ósseas metabólicas, tais como
Doença de Paget, osteoporose, neoplasias malignas com metástases ósseas,
entre outras (SAHNI et al, 1993; GARNERO et al, 2001; TÖYRÄS et al, 2003). Nos
últimos anos, tem sido estudado o uso dos bisfosfonatos como coadjuvante na
terapia periodontal (BRUNSVOLD et al, 1992; WEINREB et al, 1994; REDDY et al,
1995; MITSUTA et al, 2002; ALENCAR et al, 2002).
No presente estudo, buscou-se verificar o efeito do tratamento preventivo e
curativo com o bisfosfonato alendronato dissódico (AD) bem como elucidar os
mecanismos pelos quais esse fármaco atua na periodontite em modelo animal,
comparando-o com um antimicrobiano já aceito, a doxiciclina. Para tal, a doença
periodontal foi induzida através da inserção de fio de náilon 3.0 ao redor dos
segundos molares superiores esquerdos de ratas Wistar, de acordo com modelo
desenvolvido por vários autores (CRAWFORD et al, 1978; SALLAY et al, 1992;
SAMEJIMA et al, 1990; KOIDE et al, 1995) e modificado no Laboratório da
Farmacologia da Inflamação e do Câncer – LAFICA (BEZERRA et al, 2000; LIMA
et al, 2000).
A estrutura e a organização do tecido periodontal da região de molares
em ratos, incluindo epitélio gengival oral, epitélio sulcular oral, epitélio juncional,
fibras colágenas periodontais, cemento celular e acelular e osso alveolar, são
muito semelhantes às do ser humano. A maior diferença consiste no fato de que o
epitélio sulcular gengival dos ratos é queratinizado. Porém, estudos mostram que
não se deve pensar que a barreira funcional gengival é diferente nos ratos e nos
seres humanos, embora a extensão da área afetada seja maior no homem. Dessa
forma, o modelo aqui utilizado foi capaz de reproduzir as principais características
encontradas na periodontite em humanos, sendo apropriado para o estudo dessa
doença (BEZERRA et al, 2000; LIMA et al, 2000).
Neste trabalho, escolhemos o bisfosfonato alendronato dissódico (AD) em
detrimento do clodronato, utilizado anteriormante em nosso laboratório por Alencar
et al (2002) devido ao fato do AD ser mais potente, possuir apresentação para
administração via oral através de comprimidos, ser de custo mais acessível e
também ser facilmente adquirido comercialmente. A doxiciclina também foi
escolhida não só devido à sua ação antimicrobiana, mas também ao seu efeito
anticolagenolítico. Vários autores demonstram que o uso deste fármaco em dose
subantimicrobiana é eficaz como coadjuvante no tratamento da periodontite, em
virtude da inibição da atividade das metaloproteinases e, conseqüentemente, da
destruição dos tecidos periodontais. Além disso, o uso de uma menor dose não
contribui para a ocorrência de alterações na suscetibilidade da microflora
periodontal, não ocorrendo, assim, a resistência bacteriana (CHANG et al, 1994;
CROUT et al, 1996; CIANCIO, 1998; GOLUB et al, 1998; BEZERRA et al, 2000;
CATON et al, 2001; GOLUB et al, 2001). Entretanto, estudos relatam que a
resistência bacteriana pode ser resultado direto da ação do fármaco
antimicrobiano e não, apenas, da seleção de microrganismos resistentes
(TAVARES, 1996; FERES et al, 2002).
Aqui, de acordo com trabalhos anteriores (SALLAY et al, 1982; BEZERRA
et al, 2000; LIMA et al, 2000), observou-se uma significativa perda óssea alveolar
no 11° dia após a indução da doença periodontal experimental (DPE), a qual foi
avaliada através do índice de perda óssea (IPO) e da análise histopatológica. De
acordo com nossos achados, os autores citados anteriormente que induziram a
DPE da mesma forma, notaram que a perda óssea alveolar teve início a partir do
3° dia, alcançando valores máximos entre o 7° e o 11° dias.
No presente estudo, a administração de AD a partir do 5° dia após a
indução de doença, ou seja , após o início da reabsorção óssea como tratamento
curativo, mostrou-se capaz de reduzir de forma significativa o IPO, de forma
comparável ao do AD administrado no mesmo dia da cirurgia, como tratamento
preventivo e, também, de modo semelhante ao tratamento com a doxiciclina, tanto
na dose antimicrobiana como na dose anticolagenolítica administrada, também, de
forma curativa.
Os bisfosfonatos foram utilizados em vários estudos de periodontite como
tratamento preventivo (BRUNSVOLD et al, 1992; MITSUTA et al, 2002) e também
como tratamento curativo (REDDY et al, 1995; ALENCAR et al, 2002), os quais
comprovam a diminuição da reabsorção óssea, que ocorre por meio da redução
do
turnover ósseo, diminuição do número e da atividade dos osteoclastos, inibição
do recrutamento e da adesão dos osteoclastos através da alteração da morfologia
destas células, ocorrendo a interrupção da formação da borda pregueada
(FLEISCH, 2000). Porém, os autores citados anteriormente estudaram apenas os
efeitos clínicos e histopatológicos dos bisfosfonatos, limitando-se à ação desta
droga sobre os osteoclastos, sem estudar os mecanismos envolvidos no seu
efeito.
Com finalidade de verificar se os dois medicamentos possuíam efeitos
sinérgicos, administrou-se simultaneamente ambas as drogas apenas de modo
curativo. Porém, nenhum efeito adicional no IPO foi verificado. Este efeito foi
contraditório ao verificado por Llavaneras et al (2001), cujo estudo mostrou que a
associação de uma tetraciclina quimicamente modificada (CMT) e do clodronato
reduzia de forma significativa o IPO em relação a terapia com apenas um dos dois
fármacos. Provavelmente, este efeito ocorreu porque o AD, por nós utilizado, é
mais de 10 vezes mais potente que o clodronato, usado no estudo supracitado, já
se alcançando o efeito máximo com a dose utilizada. Em relação à doxiciclina,
também não houve diferença quando usada sozinha, provavelmente porque
mesmo quando ocorre a reabsorção do osso alveolar, com formação de
seqüestros ósseos, as fibras do ligamento periodontal as quais estão preservadas
em função do efeito da doxiciclina, sustentam esse osso, não sendo detectada
diferença estatística no IPO.
Considerando a análise histopatológica, o periodonto de animais
submetidos à DPE apresentou intenso infiltrado celular inflamatório no 11° dia
após a cirurgia, além de destruição total do processo alveolar e destruição
acentuada do cemento, achados que conferem com os estudos de Bezerra et al
(2000); Lima et al (2000). Adicionalmente, aos dados anteriores, nós mostramos,
através de uma coloração especial, uma acentuada destruição das fibras
colágenas. O AD foi capaz de reduzir a reabsorção do osso alveolar e do cemento
radicular, além de preservar de modo parcial a destruição das fibras colágenas do
ligamento periodontal, tanto usado de forma preventiva como curativa. Este efeito
também foi análogo ao encontrado com o uso da menor dose da doxiciclina. Com
a maior dose de doxiciclina, houve uma melhor preservação das fibras colágenas
quando comparado com a dose menor. Contudo, a preservação ideal pôde ser
obtida com o uso da associação de ambos os medicamentos.
Ainda analisando os achados histopatológicos nesse estudo, observou-se
na 6ª hora após a cirurgia um intenso infiltrado celular inflamatório com predomínio
de polimorfonucleares, com presença também de mononucleares no tecido
gengival, inclusive no próprio epitélio (dado não mostrado), além de hemorragia e
edema. O aumento do infiltrado neutrofílico na 6ª hora após a indução da DPE foi
confirmado através da realização da medida da MPO, enzima neutrofílica, a qual
encontrou-se aumentada na 6ª hora. Estes dados estão de acordo com os
achados do leucograma que mostram uma neutrofilia na 6ª hora. Provavelmente,
esta neutrofilia resulta de um efeito sistêmico do processo inflamatório local. A
administração de AD previamente à cirurgia, promoveu uma redução acentuada
do infiltrado neutrofílico na 6ª hora, sugerindo um efeito inibitório deste
bisfosfonato na migração dos leucócitos PMNs. Esses dados estão de acordo com
Tani-Ishii et al (2003), que verificaram uma diminuição significativa da infiltração
de leucócitos PMNs em tecido gengival de ratos após tratamento com incadronato,
o qual possui semelhança química com o AD, sendo ambos aminobisfosfonatos.
Vale ressaltar que os leucócitos PMNs consistem na primeira linha de
defesa do organismo, os quais são fundamentais na preservação do periodonto,
pois além de realizarem fagocitose, liberam substâncias inflamatórias e
antibacterianas capazes de eliminar os microrganismos (ÖVER et al, 1993;
MIYASAKI & NEMIROVSKIY, 1997). Contudo, o papel dos neutrófilos pode ser
considerado “uma espada de dois gumes”, pois além de proteger, pode promover
a destruição tecidual, através da liberação de enzimas, radicais reativos de
oxigênio e, também, de citocinas (GALBRAITH et al, 1997; LIU et al, 2001).
A redução na migração de neutrófilos pelo AD foi confirmada através do
modelo de peritonite, onde observou-se que a administração prévia de AD reduziu
de forma significativa a migração de neutrófilos para a cavidade peritoneal
estimulada com Carragenina. De acordo com o dado anterior, foi também
constatada no leucograma, a redução do número de neutrófilos e da leucocitose 6
horas após a cirurgia em animais que receberam AD previamente à mesma.
Um outro achado que demonstra o efeito inibitório do AD na migração de
leucócitos PMNs é a verificação da atividade de MPO. A atividade desta enzima
foi reduzida de forma significativa através da análise da absorbância nos tempos
0, 30 segundos, 1 e 3 minutos. Esses dados são consistentes com estudo de
Kowolik et al (1991), que mostrou a redução da atividade da MPO pelo etidronato,
o qual, assim como o alendronato, não possui cloro na sua estrutura. De acordo
com o mesmo autor, o cloro na molécula da droga intensifica a atividade de MPO,
como é o caso do clodronato, um bisfosfonato que contém cloro na sua
composição.
Com isso, este trabalho mostrou que o AD diminui a resposta inflamatória
inicial, o que pode refletir também nas conseqüências posteriores da doença
periodontal, como reabsorção óssea e do cemento.
Desde que osteoclastos e macrófagos pertencem ao sistema
mononuclear fagocítico, seria esperado que os bisfosfonatos não afetassem
somente o metabolismo ósseo, mas também a resposta inflamatória
(PIETSCHMANN et al, 1998). Dessa forma, o AD além de ter inibido a migração
de neutrófilos, também reduziu a infiltração de mononucleares. Fato este
observado na gengiva dos animais com 11 dias de DPE, nos quais foi
administrado AD tanto de forma curativa como preventiva, mostrando que os
mesmos apresentavam redução do infiltrado celular inflamatório com predomínio
de mononucleares, embora havendo ainda presença também de eosinófilos e
mastócitos, porém com redução do número de neutrófilos. Como reflexo sistêmico
desta redução da inflamação local, observamos no leucograma, uma redução da
leucocitose bem como da monocitose dos animais tratados com AD. Da mesma
forma, constatou-se uma diminuição do infiltrado celular no periodonto de animais
tratados com AD após 11 dias da indução da DPE.
De acordo com Pietschmann et al (1998), o AD aumentou
significantemente a porcentagem de mononucleares que migraram através do
endotélio dos vasos, contudo os mesmos autores demonstram que o tratamento
com AD não alterou o ritmo de migração subseqüente das células mononucleares,
sugerindo, assim, que o AD possui um mecanismo próprio que influenciaria a
migração transendotelial das células mononucleares do sangue periférico
in vitro.
O trabalho de Nakamura et al (1996) relata que houve exacerbação da artrite em
camundongos com o uso de um aminobisfosfonato, sugerindo que este efeito
pode ser por causa da estimulação da síntese de histamina e, também, pelo
aumento do número de macrófagos. Pietschmann et al (1998), em seu estudo,
mostraram que o AD induziu a proliferação de células mononucleares
in vitro. A
aparente contradição entre os nossos dados e os dados apresentados por estes
autores poderia ser explicado pelo efeito antimicrobiano do AD mostrado no
presente trabalho. A inibição do crescimento bacteriano reduziria a resposta
inflamatória do hospedeiro, diminuindo, portanto, a inflamação aguda e crônica,
sendo que este efeito antibacteriano superaria qualquer atividade pró-inflamatória
do aminobisfosfonato.
Adicionalmente, no nosso trabalho demonstramos que a DPE induziu um
aumento de IL-1
β no tecido gengival após 6 horas da indução da doença. Estudos
anteriores mostram que, na doença periodontal, há um aumento da citocina pró-
inflamatória interleucina-1
β (IL-1β), a qual pode ser produzida por diferentes
células, tais como monócitos, macrófagos e, também, por neutrófilos (KJELDSEN
et al, 1995; MILLER et al, 1996). A administração prévia do AD nos animais não
inibiu a produção desta citocina, ao contrário, IL-1
β foi produzida de forma
comparável aos animais que receberam apenas salina e de forma estatisticamente
diferente dos animais sem a doença, nos quais não houve produção da enzima.
Este achado está de acordo com trabalhos realizados por Mönkkönen; Makkonen
(1995); Mönkkönen et al (1998); Töyräs et al (2003), os quais mostram que o AD
não reduz a síntese de citocinas, ao contrário, é capaz de aumentar a produção de
citocinas, tais como IL-1
β, TNF e IL-6.
Demonstramos aqui também que havia TNF armazenado dentro dos
mastócitos e mononucleares, indicando que em tecido gengival sem doença
periodontal, esta citocina já existe, o que é consistente com o fato de que a
cavidade oral é naturalmente contaminada e que os mastócitos possuem
normalmente TNF pré-fabricado dentro de seus grânulos (TRACEY; CERAMI,
1994). Lima et al (2000) demonstraram que o TNF amplifica a resposta
inflamatória local causando destruição tecidual e perda óssea na doença
periodontal experimental. Observamos na 6ª hora que o AD administrado
previamente à cirurgia promoveu uma diminuição da marcação para TNF em
neutrófilos e mononucleares do tecido gengival por imunohistoquímica em relação
ao tecido dos animais que não receberam AD. A imunohistoquímica realizada em
tecido gengival de animais tratados de forma curativa e preventiva demonstrou
também redução da marcação para TNF em mastócitos e mononucleares no 11°
dia. Estes achados sugerem um efeito antiinflamatório do AD reduzindo a
infiltração celular aguda e crônica, bem como a expressão local de TNF. Estes
dados são contraditórios com o fato de que o AD, sendo um aminobisfosfonato,
atuaria como droga pró-inflamatória, intensificando a produção de citocinas, tais
como IL-1, TNF e IL-6 (MÖNKKÖNEN; MAKKONEN, 1995; MÖNKKÖNEN et al,
1998; TÖYRÄS et al, 2003). No entanto, estes fatos divergentes podem resultar da
redução da proliferação bacteriana no local como conseqüência do efeito
antimicrobiano do AD mostrado neste trabalho.
Neste estudo, também foi analisado a variação de massa corpórea dos
animais submetidos à DPE. Verificou-se perda significativa de massa corpórea
dos animais no primeiro dia após a indução da doença, provavelmente devido ao
trauma provocado pelo ato cirúrgico, ocasionando um processo inflamatório
agudo, o qual dificultaria a alimentação dos animais. Após o primeiro momento,
ocorreu um ganho lento da massa corpórea nos animais que receberam apenas
salina, com retorno do peso aos níveis iniciais. Contudo, nos animais nos quais foi
administrado AD de forma preventiva, observou-se ganho progressivo de peso de
forma significativa em relação com o grupo com DPE tratado com salina em todos
os tempos avaliados. Nos animais que receberam AD de forma curativa,
observou-se ganho de peso significativo a partir do 6° dia, resultando ainda em
uma curva ponderal diferente da dos animais sem a doença. Esses achados são
consistentes com o trabalho de Lima et al (2000), no qual afirma que após os
animais perderem 10% de seu peso no primeiro dia depois da indução da doença,
retornaram ao peso inicial. Contudo, Koide et al (1995), demonstraram que a
perda de peso ocorreu nos três primeiros dias após a cirurgia. Esta divergência,
provavelmente, decorre da diferença da técnica utilizada.
Além deste trabalho analisar a modulação da resposta do hospedeiro pelo
AD, também foi avaliado o efeito deste fármaco sobre as bactérias
periodontopatogênicas, as quais são essenciais para o desenvolvimento da
periodontite.
Inicialmente, investigamos as bactérias que fazem parte da microbiota
normal da cavidade oral dos ratos e as que colonizam o periodonto destes animais
após a indução da doença. Observou-se neste trabalho que a microbiota em ratos
submetidos à doença periodontal experimental é diferente da flora de animais sem
a doença, sendo formada predominantemente de bactérias Gram-negativas
anaeróbicas, dentre as quais destacamos
Fusobacterium nucleatum e bacilos
Gram-negativos pigmentados. Segundo a literatura, estes bacilos Gram-negativos
pigmentados compreendem os gêneros
Porphyromonas sp e Prevotella sp.
Nossos dados confirmam estudos anteriores (KLAUSEN, 1991; MORENO et al,
1999) que mostram que há alteração na constituição microbiológica na doença
periodontal semelhante ao encontrados por nós, sendo estes microrganismos
periodontopatogênicos (
Fusobacterium nucleatum, bacilos Gram-negativos
pigmentados, entre outros) presentes tanto em humanos como em ratos.
No presente estudo, surpreendentemente, notamos que o AD inibiu o
crescimento das bactérias características da doença periodontal, pois em nenhum
animal que recebeu AD foi observado o crescimento de bacilos Gram-negativos
pigmentados. Houve crescimento de
Fusobacterium nucleatum em apenas dois de
nove animais (23%) com DPE e nos quais foi administrado AD. Apesar deste
achado, o AD inibiu o crescimento desta bactéria em 77% dos animais, sendo este
dado significativo em relação aos animais que não receberam AD. Provavelmente,
o crescimento de
Fusobacterium nucleatum em 23% dos animais deve-se ao fato
do AD não se dissolver completamente no veículo utilizado, o que pode ter
dificultado o alcance de concentrações antimicrobianas no periodonto.
Para melhor caracterizar o efeito antimicrobiano do AD, foi isolado dos
próprios animais com periodontite, microrganismos do gênero
Peptostreptococcus,
sp os quais são representantes das bactérias anaeróbias Gram-positivas. Estes
microrganismos estão implicados com a doença periodontal e têm sido detectados
freqüentemente em grande quantidade em sítios ativos de destruição periodontal
quando comparados com sítios sadios ou apenas com gengivite. Vale ressaltar
que, em sítios periodontais tratados com sucesso, os níveis e a freqüência desta
espécie encontram-se diminuídos (SOCRANSKY & HAFFAJEE, 1999).
A partir do isolamento desta bactéria, foi realizado teste de cultura em
meio líquido, utilizando-se dois tubos de ensaio, onde em um destes continha
apenas o meio de cultura BHI e no outro havia BHI e AD. Por meio das diferentes
turvações observadas nos dois tubos e comparando-as com as turvações da
escala McFarland, observou-se que o AD realmente inibiu o crescimento de
Peptostreptococcus sp. A partir deste experimento, foi feita bacterioscopia pelo
método de Gram seguida da repicação em placa com ágar-sangue. Na
bacterioscopia, foi observado na lâmina correspondente ao tubo sem AD uma
quantidade significativamente maior de
Peptostreptococcus, os quais coram-se
pela coloração de Gram pelo fato de serem Gram-positivos, em relação à lâmina
que corresponde ao tubo que continha AD. A placa onde foi realizado o repicado
em meio de cultura sólido também confirmou os dados obtidos anteriormente.
Infelizmente, devido à limitação da metodologia utilizada no presente
estudo, não foi possível a realização do teste descrito anteriormente com bacilos
Gram-negativos pigmentados, pois estes possuem uma exigência maior em
relação à atmosfera de crescimento.
De posse desses dados, fomos pesquisar na literatura e encontramos, em
trabalhos recentes que alguns fármacos que normalmente são usados em
patologias não infecciosas têm mostrado alguma atividade antimicrobiana
in vitro.
Essas drogas são denominadas “não-antibióticos”. Entre estas drogas,
encontram-se os bisfosfonatos (KRUSZEWSKA et al, 2002).
Recentemente, também foi demonstrado o efeito antimicrobiano do AD
sobre
Staphylococcus aureus, Pseudomonas aeruginosa (MONTALVETTI et al,
2001) e, também, sobre o protozoário
Trypanossoma cruzi (KRUSZEWSKA et al,
2002). Outros bisfosfonatos foram capazes de inibir o crescimento de uma
nanobactéria, a qual foi descoberta em rins de pacientes com doença renal
policística (ÇÍFTÇÍOGLU et al, 2002). Já um trabalho um pouco mais antigo
mostrava que alguns bisfosfosnatos possuíam capacidade de inibir o crescimento
de
Streptococcus mutans (HSU et al, 1995). Porém, ainda não havia sido
mostrada a ação do AD sobre as bactérias periodontopatogênicas anaeróbias
estritas.
Portanto, os dados apresentados no presente trabalho mostram que o AD
possui ações relevantes, verificadas tanto na microbiota envolvida na DPE quanto
na resposta do hospedeiro, podendo, assim, ser considerado um medicamento
promissor para o tratamento da periodontite, sendo necessário estudos clínicos
em humanos.
V. Conclusões
V. CONCLUSÕES
Alendronato Dissódico, utilizado tanto de forma preventiva como de forma
curativa, reduziu o índice de perda óssea, de forma comparável à
doxiciclina, porém não houve amplificação do efeito sobre o índice de perda
óssea com a associação de ambos.
Alendronato Dissódico reduziu a destruição das fibras colágenas do
ligamento periodontal e da gengiva de forma similar à doxiciclina.
Alendronato Dissódico reduziu o infiltrado inflamatório neutrofílico e a MPO
na 6ª hora da doença, assim como a infiltração de células mononucleares e
a expressão de TNF por imunohistoquímica no 11º dia.
Alendronato Dissódico inibiu o crescimento de bactérias características da
doença periodontal, tais como pigmentados e
Fusobacterium nucleatum.
VI. Referências Bibliográficas
IV. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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