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Amparada nos trabalhos de Regina Silveira e também Mira Schendel
proponho uma ampliação da concepção crítica da conceituação da gravura. A idéia
defendida também pelo orientador desta pesquisa, Professor Doutor José César
Teatini Clímaco,a respeito da liberdade de investigação das técnicas, materiais e
processos nos modos de fazer e pensar gravura. A tese de doutorado do orientador
consiste em uma investigação técnica das possibilidades de usar diversos tipos de
plástico como matriz de gravura, ao passo que nos trabalhos de Regina Silveira a
presença é marcada pela ausência (in Absentia),e esta pesquisa propõe que a
ausência
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pode denotar presença. Mira Schendele suas monotipias que trata de
gravura sem incisão e sem reprodução.
A aproximação e o alargamento desta pesquisa em relação ao conceito de gravura dá-
se à medida que sugere novos modos de fazer, questionando os limites de
caracterização das linguagens. Como técnica, a gravura transita entre os modos de
fazer da escultura, do desenho e da pintura, tornando-se fonte inesgotável de
referência.Este estudo,porém não pretende discutir os princípios da gravura, não trata
da história da gravura, e tampouco de suas técnicas. Apesar de abordar esses
assuntos, de forma referencial, não busca aprofundar essas discussões mas se atém
a gravura como o eixo para pensar o processo criativo. A gravura e seus modos de
fazer são “a pedra no lago”, onde se origina toda a discussão e proposta deste estudo.
Esta pesquisa acontece e se permite evoluir em virtude da licença poética
utilizada durante o processo de criação, e que exige um constante movimento de
aproximação e distanciamento da produção em ateliê e da produção teórica, ambas
entrelaçadas e independentes, e permeadas por instantes que considero vácuos, em
que não acontece nem produção nem reflexão, apenas uma suspensão apreensiva de
tudo que foi absorvido e expelido.
É também importante, nesta investigação, a discussão que confronta o
objeto artístico manufaturado com a possibilidade de seu processamento tecnológico,
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O entendimento de ausência nesta pesquisa refere-se ao objeto/ matriz confeccionado em plástico polietileno
transparente. A capacidade vazada presente no plástico transparente, a qual se considera nula,pela ausência de
algo, no caso de opacidade, característica de um objeto constituído, presente, real, e também considerado o nada,
significa a sua não–existência,, pois esse objeto deixa-se transcender pela luz e pelo olhar, portanto não existe.
Porém, esta configuração de nulo e nada delineia uma estrutura presente, que possibilita o toque, que tem textura e
está presente.