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Universidade Federal de Santa Catarina
Curso de Pós Graduação em Física
CARACTERIZAÇÃO ESTRUTURAL, TÉRMICA E ÓPTICA DA LIGA
SEMICONDUTORA Ga
2
Se
3
E DA LIGA INTERMETÁLICA Co
X
Nb
1-X
AMORFA PRODUZIDAS POR MECHANICAL ALLOYING.
Sérgio Michielon de Souza
Dissertação apresentada ao Curso de Pós
Graduação em Física de Universidade
Federal de Santa Catarina como requisito
para obtenção do grau de Mestre em
Física.
Orientador: Prof. Dr. João Cardoso de
Lima
Florianópolis, 2006.
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ii
Dedico este trabalho à minha família
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iii
AGRADECIMENTOS
Uma dissertação nunca é um projeto individual e ao longo do seu desenvolvimento
foram várias as pessoas que, de uma forma ou de outra, contribuíram para que esta
pudesse ser concluída. É com enorme gratidão e estima que expresso aqui o meu
apreço por todos os que de alguma forma estiveram envolvidos neste projeto.
Desejo expressar um agradecimento especial ao meu orientador, Professor João
Cardoso de Lima, pela seriedade, dedicação e paciência com que compartilhou seu
conhecimento e experiência em todas as etapas deste trabalho.
Ao grupo do LSCM, Professor Tarciso, Carlos, Mayka, Daniela, Thiane e
Amanda pelo espírito de equipe.
Aos amigos Antonio e Kleber pelas fervorosas e construtivas discussões
sobre os
complexos temas tratados na dissertação.
A Ruth Hinrichs pelas micrografias e ao Enio Lima Júnior pelas medidas
magnéticas.
À Juliana, minha gratidão por, mesmo nos momentos mais difíceis, ter me
reconfortado com seu afeto, carinho e dedicação.
Finalmente, quero expressar meus agradecimentos a meus familiares mais
próximos, que, sempre pude contar em todos os momentos da minha vida,
principalmente a meu pai Clemente, que sempre foi um grande entusiasta do
conhecimento.
iv
"Uma longa viagem começa com um único passo."
Lao-Tsé
v
SUMÁRIO
agradecimentos _______________________________________________________ iii
sumário_______________________________________________________________v
RESUMO ___________________________________________________________ vii
ABSTRACT _________________________________________________________ viii
lista de figuras ________________________________________________________ ix
lista de tabelas _______________________________________________________ xiii
MOTIVAÇÃO CIENTÍFICA PARA O DESENVOLVIMENTO DESSA
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO_______________________________________ xiv
ESQUEMA PARA APRESENTAÇÃO DA DISSERTAÇÃO ___________________xv
CAPÍTULO I _________________________________________________________ 1
I.1. Materiais Nanoestruturados ______________________________________________1
I. 2. Materiais Amorfos______________________________________________________2
CAPÍTULO II ________________________________________________________ 3
II. 1. Sistema Ga-Se. ________________________________________________________3
CAPÍTULO III _______________________________________________________ 5
III. 1. Descrição teórica e experimental da técnica Mechanical Alloying usada para a
produção das ligas investigadas nessa dissertação de Mestrado. _____________________5
III. 1.1. Visão teórica dos processos físicos baseados em moagem mecânica. ________________5
III. 1.2. Visão experimental do processo Mechanical Alloying. ______________________6
III. 2. Modelo termodinâmico para previsão de formação de ligas por Mechanical
Alloying. __________________________________________________________________7
CAPÍTULO IV________________________________________________________ 9
IV. 1. Difração de raios x_____________________________________________________9
IV. 1.1. Difratometria de raios x para materiais cristalinos ________________________10
IV. 1.2. Fator de dispersão atômica___________________________________________12
IV. 1.3. Fator de Estrutura de materiais________________________________________13
IV. 2. Método de Rietveld para refinamento estrutural a partir de padrões de difração de
raios x de substâncias policristalinas. __________________________________________15
IV. 2.1. Comentário sobre as principais grandezas presentes no Método de Rietveld_______16
IV. 3. Método de função distribuição radial para análise estrutural de substâncias amorfas
a partir de padrões de difração de raios x. ______________________________________20
IV. 3.1. Correções usuais para um padrão de difração de materiais amorfos _______________20
IV. 3.2. Procedimento de Normalização_____________________________________________21
IV. 3.3. Fator de Estrutura de Fiber-Ziman _________________________________________21
IV. 3.4. Função reduzida de correlação de pares atômicos. _____________________________22
IV. 3.5. Ordem Química de Curto Alcance __________________________________________24
IV. 4. Método Monte Carlo Reverso para modelagem estrutural de substâncias amorfas. 24
IV. 4.1. Descrição das etapas computacionais do método RMC _________________________25
vi
IV. 5. Método de empilhamento aleatório de esferas rígidas________________________27
IV. 6. Espectroscopia por dispersão de energia.__________________________________28
IV. 7. Espectroscopia de absorção fotoacústica usando uma configuração célula aberta. 28
IV. 7.1. Descrição da Configuração Célula Fotoacústica Aberta (OPC) ______________29
IV. 7.2. Mecanismos físicos geradores do sinal fotoacústico em sólidos ______________31
IV. 8.4.Variação de pressão na célula e o sinal fotoacústico________________________32
IV. 9. Espectroscopia de absorção ótica UV-VIS-IR.______________________________33
IV. 11. Calorimetria diferencial de varredura. ___________________________________35
IV. 11.1. Equipamento utilizado: configuração disco __________________________________35
CAPÍTULO V _______________________________________________________ 36
PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS PARA PREPARAÇÃO DA LIGA
NANOESTRUTURADA Ga
40
Se
60
E DAS LIGAS AMORFAS Co
X
Nb
1-X
(X =0, 41 e 0,
62). ________________________________________________________________ 36
V.1. Liga nanoestruturada Ga
40
Se
60
.___________________________________________36
V.2. Ligas amorfas Co
x
Nb
1-x
(x = 0,41 e 0,62) ___________________________________38
CAPÍTULO VI_______________________________________________________ 39
VI. 1. Liga nanoestruturada Ga
40
Se
60
. _________________________________________39
VI. 1.1. Resultados de difração de raios x para a liga Ga
40
Se
60
como moída. _______________39
VI. 1.2. Medidas de absorbância óptica _____________________________________________46
VI. 1.3. Medida de absorção fotoacústica ___________________________________________48
VI. 2. Discussões referentes aos resultados alcançados para a liga nanoestruturada
Ga
40
Se
60
estudada nessa dissertação. __________________________________________50
CAPÍTULO VII ______________________________________________________ 52
VII. 1. Resultados__________________________________________________________52
VII. 2. Discussões referentes aos resultados alcançados para a liga amorfa Co
41
Nb
59
. __ 64
CAPÍTULO VIII _____________________________________________________ 71
VIII. 1. Resultados _________________________________________________________71
VIII. 2. Discussões referentes aos resultados alcançados para a liga amorfa Co
62
Nb
38
.__ 79
CAPÍTULO IX_______________________________________________________ 85
EVOLUÇÃO DA ESTRUTURA ATÔMICA LOCAL NAS LIGAS AMORFAS
Co
X
Nb
1-X
(X = 0,25, 0,41 e 0,62) _________________________________________ 85
CAPÍTULO X _______________________________________________________ 90
CONCLUSÕES ______________________________________________________ 90
X. 1. Liga nanoestruturada Ga
40
Se
60
. __________________________________________90
X. 2. Ligas amorfas Co
x
Nb
1-x
(x = 0,41 e 0,62). __________________________________91
CAPÍTULO XI_______________________________________________________ 92
REFERÊNCIAS _____________________________________________________ 93
vii
RESUMO
Uma liga nanoestruturada Ga
40
Se
60
, foi produzida pela técnica Mechanical
Alloying a partir de uma mistura de pós elementares Ga e Se. Depois de 5 horas de
moagem foi observado a fase Ga
40
Se
60
nanoestruturada já formada juntamente com uma
fase amorfa minoritária. As propriedades estruturais, térmicas e ópticas da fase
nanoestruturada Ga
40
Se
60
foram investigadas por varias técnicas. A fase amorfa foi
cristalizada para a possível fase Ga
40
Se
60
após tratamento térmico em 723 K. Um novo
padrão de difração foi medido para amostra tratada e sua interpretação foi feita pelo
refinamento por método Rietveld.
O processo de tratamento térmico promoveu melhora na determinação da
difusividade térmica e também no valor do gap óptico. Os valores obtidos para a
amostra tratada estão em acordo com aquelas reportadas na literatura.
As ligas amorfas Co
X
Nb
1-X
(X = 0,41 e 0,62) foram produzidas por Mechanical
Alloying. A obtenção desses materiais amorfos ratificou cálculos baseados no modelo
termodinâmico desenvolvido no Laboratório de Síntese e Caracterização de Materiais –
LSCM da UFSC. Suas estruturas atômicas foram determinadas usando o método de
Monte Carlo Reverso cujo dado de entrada para o método foi apenas um fator de
estrutura total S(K), derivado de dados de difração de raios x medidos no Laboratório
Nacional de Luz Sincrotron – LNLS. Os resultados alcançados mostraram que as ligas
possuem estruturas atômicas com características semelhantes aquelas previstas pelo
modelo aditivo de empilhamento aleatório de esferas rígidas (AHS) para misturas de Co
e Nb, de mesma composição das ligas. As estruturas atômicas das ligas amorfas foram
também foram comparadas com as estruturas cristalinas dos compostos CoNb, Co
2
Nb e
Co
3
Nb. Para a liga amorfa Co
41
Nb
59
observou-se que a estrutura amorfa possui alguma
similaridade com a estrutura cristalina do composto CoNb.
Foi também investigada a densificação da estrutura amorfa nas ligas amorfas
Co
X
Nb
1-X
(X = 0,25, 0,41 e 0,62) que foram produzidas por Mechanical alloying em
função da concentração de cobalto. Foi observado que existe uma densificação máxima
em torno da composição contento 41 at. % Co. Para valores superiores, a densidade
diminui mais rapidamente do que para as ligas com concentrações de cobalto inferiores
a 41 at. % Co.
viii
ABSTRACT
A nanostructured Ga
40
Se
60
alloy was produced by Mechanical Alloying
technique starting from blended Ga and Se powders. After 5 h of milling, the Ga
40
Se
60
phase together with a minority amorphous phase was already observed. The structural,
thermal and optics properties of Ga
40
Se
60
phase were investigated by several techniques.
The crystallization of the amorphous phase in a possible nanostructured Ga
40
Se
60
alloy
was reached by annealing the as-milled powder at 723 K. A new X-ray diffraction
pattern was measured for annealed sample and its interpretation was made by
refinement Rietveld method.
The thermal diffusivity parameter and the optic gap energy for annealed sample
were measured and the obtained values were compared with previous values measured
for as-milled sample. The obtained values for the annealed sample are in agreement
with those reported in the literature.
The amorphous Co
X
Nb
1-X
(X = 0.41 and 0.62) alloys were produced by
Mechanical Alloying technique. Their productions by this technique were predicted
through a Thermodynamic Approach developed by researchers from the LSCM.
Their atomic structures were determined through Reverse Monte Carlo method using as
input data their total structure factors S(K), which were derived from synchrotron x-ray
diffraction data measured at the Laboratório Nacional de Luz Sincrotron – LNLS.
The results have shown that the amorphous alloys have atomic structures with
some characteristics to those predicted by the Additive Hard Spheres model (AHS) for
Co and Nb mixtures containing the same nominal compositions of the amorphous
alloys. In addition, the amorphous structures were also compared with the crystalline
structures of CoNb, Co
2
Nb and Co
3
Nb compounds. It was observed that the Co
41
Nb
59
amorphous structure has some similarities with that found for CoNb compound.
We have also investigated the packing (densification) of amorphous structures
present in the Co
X
Nb
1-X
(X = 0.25, 0.41 and 0.62) alloys produced by Mechanical
Alloying as a function of Co at. % . It was observed a maximum densification for a
composition around of 41 at. % Co. For compositions containing Co concentration
greater than this value, the density of the alloy seems to decrease rapidly, while for
smaller concentration the reduction in the density seems to be more smoothly.
ix
LISTA DE FIGURAS
1Figura II. 1: Diagrama de fases em equilíbrio do sistema Ga-Se. _______________ 4
2Figura II. 2: Diagrama de fases em equilíbrio do sistema Co-Nb. _______________ 5
3Figura III. 1: Energia livre de Gibbs versus excesso de volume para a estabilização
dos elementos A e B ____________________________________________________ 8
4Figura IV. 1.1.1: visão geométrica da lei de Bragg__________________________ 10
5Figura IV. 1.1.2: Ilustração de um padrão de difração de raios x para um cristal
perfeito._____________________________________________________________ 11
6Figura IV. 1.1.3: Formato do padrão de difração de raios x para os cristais reais. 11
7Figura IV. 1.3.1: Representação da difração (h k l), em termos de reflexão, onde a
estrutura cristalina está representada de modo a evidenciar as duas famílias de planos
refletores. ___________________________________________________________ 14
8Figura IV. 3.4.1: Ilustração do procedimento de cálculo da densidade atômica do
material_____________________________________________________________ 22
9Figura IV. 4.1: Configuração inicial para uma simulação pelo Método Monte Carlo
Reverso _____________________________________________________________ 26
10Figura IV. 8.1: Esquema da estação PAS, modelo OPC existente no LSCM. _____ 30
11Figura IV. 8.2: Esquema da secção reta da célula OPC. ____________________ 31
12Figura IV. 8.3: Ilustração dos mecanismos fotoacústicos. a) difusão térmica b)
expansão térmica c) flexão termoelástica. __________________________________ 32
13Figura V.1: Moinho SPEX/MIXER, modelo 8000.__________________________ 37
14Figura VI. 1.: Padrão de difração de raios x para liga Ga
40
Se
60
obtida
após 5 horas
de moagem: experimental (linha ruidosa) e simulado (linha lisa)
λ
=0,15418 nm.___ 40
15Figura VI. 2: Padrão de difração de raios x para liga Ga
40
Se
60
obtida
após 10 horas
de moagem: experimental (linha ruidosa) e simulado (linha lisa)
λ
=0,130509 nm.. _ 41
16Figura VI. 3.: Espectro DSC para liga Ga
40
Se
60
após 10 horas de moagem, medido a
taxa de aquecimento constate de 10 K/min, sob fluxo de N
2
.____________________ 42
17Figura VI. 4.: Padrão de difração de raios x para liga Ga
40
Se
60
obtida
após 10 horas
de moagem e tratada termicamente a 713 K: experimental (linha ruidosa) e simulado
(linha lisa)
λ
=0,15418 nm.. _____________________________________________ 44
x
18Figura VI. 5.: Espectros DSC para liga Ga
2
Se
3
, com diferentes taxas de aquecimento
constantes. Taxas de aquecimento e temperaturas de cristalização da fase amorfa estão
indicadas na figura. ___________________________________________________ 45
19Figura VI. 6.: Linearização da equação de Kissinger para o cálculo da energia de
ativação. ____________________________________________________________ 46
20Figura VI. 7.: Curva de absorbância óptica para a amostra de Ga
40
Se
60
: como moída
(10h) e tratada termicamente (tt). ________________________________________ 47
21Figura VI. 8.: Cálculo da energia correspondente a região proibida (gap óptico)
para as amostras como moída (10h) e tratada termicamente (tt). _______________ 47
22Figura VI. 9.: Espectros fotoacústicos como coletado para a amostra moída por 10
horas e após tratamento térmico._________________________________________ 48
23Figura VI. 10.: Obtenção do parâmetro difusividade térmica considerando o regime
termicamente espesso do sinal fotoacústico. ________________________________ 49
24Figura VII. 1.: Padrão de espalhamento difuso de raios x medido para a liga
Co
41
Nb
59
,
após 37 horas de moagem. _____________________________________ 53
25Figura VII. 2.: Micrografia por difração de elétrons _______________________ 54
26Figura VII. 3.: Intensidade normalizada por átomo médio, I
a
(K), para a liga a-
Co
41
Nb
59
. ___________________________________________________________ 54
27Figura VII. 4.: Fator de estrutura atômica total para a liga a-Co
41
Nb
59
.________ 55
28Figura VII. 5: Valores dos pesos de ponderação W
ij
(K) para os fatores de estrutura
parciais S
ij
(K) para a liga a-Co
41
Nb
59
. ____________________________________ 56
29Figura VII. 6.: Função distribuição radial reduzida
γ
(R) para liga a-Co
41
Nb
59
._ 57
30Figura VII. 7.: Função distribuição radial total para liga a-Co
41
Nb
59
. _________ 57
31Figura VII. 8.: Fator de estrutura total para a liga a-Co
41
Nb
59
obtido para a
densidade igual a ρ= 9,27 g/cm
3
: experimental (linha ruidosa) e simulado pelo método
Monte Carlo reverso (linha cheia e grossa). ________________________________ 58
32Figura VII. 9.: Função distribuição radial reduzida total
γ
(R) total para a liga a-
Co
41
Nb
59
: experimental (cruzes) e simulada pelo método RMC (linha cheia) . ____ 59
33Figura VII. 10.: Fatores de estruturas parciais gerados pelo método RMC. _____ 59
34Figura VII. 11.: Funções parciais distribuição radial reduzida
γ
ij
(R) obtidas pelo
método RMC para a liga a-Co
41
Nb
59
. _____________________________________ 60
35Figura VII. 12-a: função distribuição de pares G
Co-Co
(R). ___________________ 61
36Figura VII. 12-b: função distribuição de pares G
Co-Nb
(R). ___________________ 61
xi
37Figura VII. 12-c: função distribuição de pares G
Nb-Nb
(R).____________________ 62
38Figura VII. 13.: Funções parciais distribuição radial RDF(R) obtidas da simulação
pelo método RMC para a liga a-Co
41
Nb
59
. _________________________________ 62
39Figura VII. 14. Distribuição de ângulos obtidos da simulação RMC.___________ 63
40Figura VII. 15.: Curva de magnetização residual para a liga a-Co
41
Nb
59
medida a
temperatura T = 10 K. _________________________________________________ 64
41Figura VII. 16.: Fator de estrutura total da liga Co
41
Nb
59
experimental, o fator de
estrutura simulado por RMC e o fator de estrutura total gerado pelo modelo AHS
(f
p
=0,8). ____________________________________________________________ 66
42Figura VII. 17.: Função RDF(R) experimental, RDF(R) obtida do método RMC e
RDF(R) obtida do modelo AHS.__________________________________________ 66
43Figura VII. 18.: Fatores de estrutura parciais da liga Co
41
Nb
59
obtidos pelo método
RMC (linha fina) e do modelo AHS (linha grossa). ___________________________ 67
44Figura VII. 19.: Funções parciais
γ
ij
(R) da liga Co
41
Nb
59
obtidas pelo método RMC
(linha fina) e as
γ
ij
(R) do modelo AHS (linha grossa)._________________________ 67
45Figura VII. 20.: Funções parciais RDF(R) da liga Co
41
Nb
59
obtida pelo método RMC
(linha fina) e as RDF’s do modelo AHS (linha grossa). _______________________ 68
46Figura VII. 21.:Funções distribuição radial parcial Co-Co para a liga amorfa
Co
41
Nb
59
(linha grossa) e para os cristais Co
3
Nb (-o-)
,
Co
2
Nb (-
-) e CoNb (-+-). _ 69
47Figura VII. 22.: Funções distribuição radial parcial Nb-Nb para a liga amorfa
Co
41
Nb
59
(linha grossa) e para os cristais Co
3
Nb (-o-)
,
Co
2
Nb (-
-) e CoNb (-+-). _ 70
48Figura VII. 23: Funções distribuição radial parcial, par cruzado Co-Nb para a liga
amorfa Co
41
Nb5
9
(linha grossa) e para os cristais Co
3
Nb (-o-)
,
Co
2
Nb (-
-) e CoNb (-
+-). ________________________________________________________________ 70
49Figura VIII. 1.: Padrão de espalhamento difuso de raios x medido para a liga
Co
62
Nb
38
,
após 37 horas de moagem.______________________________________ 72
50Figura VIII. 2.: Fator de estrutura atômica total a liga a-Co
62
Nb
38
após eliminação
do espalhamento difuso do ar. ___________________________________________ 72
51Figura VIII. 3.: Valor dos pesos W
ij
(K) para o fator de estrutura atômica total S(K)
da liga a-Co
62
Nb
38
.____________________________________________________ 73
52Figura VIII. 4.: Função distribuição radial reduzida
γ
(R) para liga a-Co
62
Nb
38
.73
53Figura VIII. 5.: Fator de estrutura total para a liga a-Co
62
Nb
38
experimental (linha
ruidosa) e simulado pelo método RMC (linha cheia e grossa).__________________ 74
xii
54Figura VIII. 6.: Função distribuição radial reduzida total
γ
(R) total para a liga a-
Co
62
Nb
38
(linha cheia) e simulada pelo método RMC (cruzes). _________________ 75
55Figura VIII. 7.: Fatores de estruturas parciais gerados pelo método RMC. _____ 75
56Figura VIII. 8.: Funções parciais distribuição radial reduzida
γ
ij
(R) obtidas pelo
método RMC para a liga a-Co
62
Nb
38
. _____________________________________ 76
57Figura VIII. 9.: função distribuição de pares G
Co-Co
(R), G
Co-Nb
(R) e G
Nb-Nb
(R) para a
liga a-Co
62
Nb
38
. ______________________________________________________ 77
58Figura VIII. 10.: Funções parciais distribuição radial RDF(R) obtidas da simulação
pelo método RMC para a liga a-Co
62
Nb
38
. _________________________________ 78
59Figura VIII. 11. Distribuição de ângulos obtidos da simulação RMC. __________ 79
60Figura VIII. 12.: Fator de estrutura total da liga Co
62
Nb
38
experimental (linha
ruidosa) e o fator de estrutura total gerado pelo modelo AHS (f
p
=0,65). _________ 80
61Figura VIII. 13.: Função RDF(R) experimental (linha fina) e RDF(R) obtida do
modelo AHS (linha grossa). _____________________________________________ 81
62Figura VIII. 14.: Fatores de estrutura parciais da liga Co
62
Nb
38
obtidos pelo método
RMC (linha fina) e do modelo AHS (linha grossa). ___________________________ 81
63Figura VIII. 15.: Funções parciais
γ
ij
(R) da liga Co
62
Nb
38
obtidas pelo método RMC
(linha fina) e as
γ
ij
(R) do modelo AHS (linha grossa)._________________________ 82
64Figura VIII. 16.: Funções parciais RDF(R) da liga Co
62
Nb
38
obtida pelo método
RMC (linha fina) e as RDF’s do modelo AHS (linha grossa).___________________ 82
65Figura VIII. 17.:Funções distribuição radial parcial Co-Co para a liga amorfa
Co
62
Nb
38
(linha grossa) e para os cristais Co
3
Nb (-o-)
,
Co
2
Nb (-
-) e CoNb (-+-).. _ 83
66Figura VIII. 18.: Funções distribuição radial parcial Nb-Nb para a liga amorfa
Co
62
Nb
38
(linha grossa) e para os cristais Co
3
Nb (-o-)
,
Co
2
Nb (-
-) e CoNb (-+-). _ 84
67Figura VIII. 19.: Funções distribuição radial parcial, par cruzado Co-Nb para a liga
amorfa Co
62
Nb
38
(linha grossa) e para os cristais Co
3
Nb (-o-)
,
Co
2
Nb (-
-) e CoNb (-
+-)..________________________________________________________________ 84
68Figura IX. 1.:mostram as funções parciais distribuição radial reduzida
)(R
CoCo
γ
,
obtidas pelo método RMC para as ligas amorfas Co
25
Nb
75
, Co
41
Nb
59
e Co
62
Nb
38
.__85
69Figura IX. 2.:mostram as funções parciais distribuição radial reduzida )(R
NbCo
γ
,
obtidas pelo método RMC para as ligas amorfas Co
25
Nb
75
, Co
41
Nb
59
e Co
62
Nb
38
.__86
70Figura IX. 3.:mostram as funções parciais distribuição radial reduzida )(R
NbNb
γ
,
obtidas pelo método RMC para as ligas amorfas Co
25
Nb
75
, Co
41
Nb
59
e Co
62
Nb
38
.__86
xiii
71Figura IX. 4.: distâncias entre primeiros vizinhos versus a concentração de Co nas
três ligas. ___________________________________________________________ 87
72Figura IX. 5.: Densidade versus a concentração de Co nas três ligas. __________ 88
LISTA DE TABELAS
1Tabela I: valores da energia de ativação (E
a
) e o volume de excesso (
V
IS
=
V/ V
0
)
para diferentes soluções ideais de Co e Nb a 300 e 323K. .......................................................9
2Tabela VI. 1.: Parâmetros estruturais obtidos para a fase monoclínica Ga
40
Se
60
em
diferentes estágios de processamento e os valores do banco de dados JCPDS.......................46
3Tabela VII. 1.: Número de coordenação e distância interatômica para os primeiros
vizinhos na liga amorfa a-Co
41
Nb
59
. ........................................................................................63
4Tabela VII. 2.: Números de coordenação e distâncias interatômicas para os primeiros
vizinhos obtidos para a liga amorfa a-Co
41
Nb
59
e para o modelo AHS. .................................68
5Tabela VIII. 1.: Número de coordenação e distância interatômica para os primeiros
vizinhos na liga amorfa a-Co
62
Nb
38
. ........................................................................................78
6Tabela VIII. 2.: Números de coordenação e distâncias interatômicas para os primeiros
vizinhos obtidos para a liga amorfa a-Co
62
Nb
38
e para o modelo AHS. .................................83
7Tabela IX. 1: Números de coordenação e distâncias interatômicas para os primeiros
vizinhos obtidos para as ligas amorfas a-Co
x
Nb
1-x
, para misturas estudadas pelo
modelo AHS e para alguns cristais. .........................................................................................87
xiv
MOTIVAÇÃO CIENTÍFICA PARA O DESENVOLVIMENTO DESSA
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
Os materiais nanoestruturados vem sendo um dos temas mais atraentes da
pesquisa fundamental e tecnológica nos últimos anos, devido às possibilidades de
melhoria das diversas propriedades que os materiais nanoestruturados podem ter em
comparação aos materiais obtidos por processos convencionais. Por exemplo, aumento
de resistência e/ou dureza, melhor ductilidade e/ou tenacidade, módulo de elasticidade
reduzido, melhor difusividade, maior calor específico e, propriedades magnéticas
superiores. A manipulação estrutural dessa nova classe de materiais apresenta-se como
uma alternativa para gerar novos sólidos com estruturas e propriedades desejadas para
aplicações específicas.
Dentro dessa perspectiva, o Laboratório de Síntese e Caracterização de
Materiais - LSCM do Departamento de Física da UFSC, vem se dedicando ao
desenvolvimento e caracterização de materiais nanoestruturados e amorfos, desde a sua
criação em 1992. O LSCM possui uma infra-estrutura muito importante, a qual já
permitiu o desenvolvimento de oito (8) dissertações de mestrado e duas (2) teses de
doutoramento serem realizadas e aprovadas. Em decorrência das pesquisas realizadas no
LSCM, dezenas de artigos científicos foram publicados em revistas especializadas.
Além da vocação para a pesquisa básica, o LSCM tem como objetivo a formação
de recursos humanos nesse novo campo do conhecimento humano. Dentro desse
contexto, iniciamos em 2004 o desenvolvimento dessa dissertação de mestrado dando
ênfase à produção da liga semicondutora nanoestruturada Ga
40
Se
60
e das ligas
intermetálicas amorfas Co
x
Nb
1-x
(x = 0,41 e 0,62) por síntese mecânica. Visando
também iniciar-me no uso de técnicas de caracterização de materiais cristalino e
amorfo, as ligas produzidas foram analisadas com o uso das técnicas Análise por
Fluorescência de Raios x (EDS - Energy Dispersive Spectroscopy), Difração de Raios x
(DRX - x-ray diffraction), Método de Rietveld para Refinamento de Estruturas
Cristalográficas (MRREC), Calorimetria Diferencial de Varredura (DSC - Differential
Scanning Calorimetry ), Absorção Ótica UV-VIS-IR, Espectroscopia de Absorção
Fotoacústica (PAS-
Photo acoustic spectroscopy), Espectroscopia Raman (RS - Raman
Spectroscopy), Microscopia Eletrônica de Transmissão (TEM-
Transmission Electron
Microscopy), Função Distribuição Radial (RDF - Radial Distribution Function ),
xv
Método de Monte Carlo Reverso (RMC – Reverse Monte Carlo) e Modelo Aditivo de
Empilhamento Aleatório de Esferas Rígidas (AHS – Aditive Hard Spheres).
A escolha das ligas acima se deve ao fato da grande importância das ligas
semicondutoras em dispositivos ópticos - eletrônicos e do Brasil possuir uma importante
reserva mundial de Nióbio.
ESQUEMA PARA APRESENTAÇÃO DA DISSERTAÇÃO
Com o objetivo de melhor apresentar os assuntos abordados nessa dissertação de
Mestrado, a mesma foi dividida em 11 capítulos que estão mencionados abaixo:
Capítulo I
- Potencialidade tecnológica dos materiais nanoestruturados e amorfos.
Capítulo II
- Revisão bibliográfica.
Capítulo III
- Descrição teórica e experimental da técnica Mechanical Alloying usada para a
produção das ligas investigadas nessa dissertação de Mestrado.
- Modelo termodinâmico para previsão de formação de ligas por Mechanical Alloying.
Capítulo IV
Resumo dos fundamentos teóricos das várias técnicas usadas para a caracterização das
ligas investigadas.
- Difração de raios x.
- Método de Rietveld para refinamento estrutural a partir de padrões de difração
de raios x de substâncias policristalinas.
- Método de função distribuição radial para análise estrutural de substâncias
amorfas a partir de padrões de difração de raios x (espalhamento difuso).
- Método Monte Carlo Reverso para modelagem estrutural de substâncias
amorfas.
- Método de empilhamento aleatório de esferas rígidas para modelagem
estrutural de substâncias amorfas.
- Fluorescência de raios x ou espectroscopia de dispersão de energia.
- Microscopia eletrônica de transmissão.
- Espectroscopia de absorção fotoacústica com célula aberta.
- Espectroscopia de absorção ótica UV-VIS-IR.
xvi
- Calorimetria diferencial de varredura.
Capítulo V
- Preparação e produção da liga nanoestruturada Ga
40
Se
60
mais componente amorfa e
das ligas amorfas Co
x
Nb
1-x
(x = 0,41 e 0,62) por Mechanical Alloying.
Capítulo VI
- Apresentação dos resultados obtidos para a liga nanoestruturada Ga
40
Se
60
.
Capítulo VII
- Apresentação dos resultados obtidos para a liga amorfa Co
41
Nb
59
Capítulo VIII
- Apresentação dos resultados obtidos para a liga amorfa Co
62
Nb
38
Capítulo IX
-Evolução da estrutura atômica local nas ligas amorfas Co
X
Nb
1-X
(X = 0,25, 0,41 e 0,62)
Capítulo X
- Conclusões.
Capítulo XI
- Sugestões para trabalhos futuros.
1
CAPÍTULO I
POTENCIALIDADE TECNOLÓGICA DOS MATERIAIS
NANOESTRUTURADOS E AMORFOS
I.1. Materiais Nanoestruturados
O estudo de métodos alternativos de produção e caracterização de materiais
nanoestruturados tem sido um dos temas mais atraentes da pesquisa fundamental e
tecnológica nos últimos anos, devido às possibilidades de melhoria das diversas
propriedades que os materiais nanoestruturados podem ter em comparação aos materiais
obtidos por processos convencionais.
Os materiais nanoestruturados preferidos para aplicações industriais são aqueles
que podem ser sintetizados em baixas temperaturas devido ao custo e processados em
diferentes formas e maneiras, dando um bom desempenho de produção e permitindo
que se trabalhe o material a temperatura ambiente. Na atualidade, os materiais
nanoestruturados são definidos como materiais policristalinos de fase simples ou
multifásicos com tamanho de grão na ordem de nanômetros, tipicamente menores que
100 nm [1], e constituídos principalmente de cristalitos. Também chamados de
materiais nanofásicos, podem ser preparados por diversos processos, tais como,
solidificação rápida, deposição de plasma, moagem mecânica, deposição por feixe
molecular epitaxial e muitas outras maneiras. Por causa destas dimensões tão pequenas,
os materiais nanofásicos são estruturalmente caracterizados por uma grande fração
volumétrica de contornos de grão ou interfaces, as quais podem alterar
significativamente uma variedade de propriedades físicas e químicas quando
comparados aos materiais cristalinos convencionais. Estas variações nas propriedades
físicas dos materiais, também podem resultar do tamanho reduzido e forma dos
cristalitos, baixa densidade e/ou número de coordenação nas interfaces entre os
elementos estruturais. Esta componente interfacial, ou contornos de grão pode
corresponder em até 50% do volume do material. No entanto, pelo fato dos materiais
nanoestruturados serem metaestáveis, suas estruturas e propriedades dependem do
modo de preparação, variação do tempo, temperatura e pressão. A componente
interfacial tem arranjo com ordenamento de curto alcance, não implicando, portanto,
2
que os átomos de contorno sejam desordenados. Supõe-se que muitos arranjos atômicos
possuem uma estrutura em duas dimensões com periodicidade e espaçamento
interatômicos que diferem de contorno para contorno [2]. Esses defeitos provocam
deslocamentos atômicos, causando alterações significativas na densidade atômica e na
coordenação atômica nas regiões circundando esses defeitos. Para regiões contendo
contornos de grãos, é observada uma redução de 15 a 30
% na densidade, o que significa
quase uma ordem de grandeza menor do que a diferença entre as densidades observadas
para os estados cristalino e vítreo para a maioria dos materiais. Existem ainda,
evidências teóricas e experimentais [3] que a estrutura atômica destas regiões é
constituída por um arranjo periódico bidimensional de átomos que não podem ser
descritos como uma fina camada de átomos tendo uma estrutura do tipo vítrea. O que
pode-se dizer, é que a estrutura atômica na região formada por centros de defeitos é um
arranjo de átomos que tem sua energia minimizada no campo de potencial gerado pelos
cristais adjacentes, tendo por conseqüência que a estrutura de contornos de grãos
depende da orientação relativa destes cristais.
A idéia básica dos materiais nanoestruturados é gerar uma nova classe de sólidos
desordenados obtidos pela introdução de uma alta densidade de centros de defeitos, de
tal modo que o número de átomos ou moléculas situados nos centros de defeitos seja
similar ao número de átomos na rede cristalina. Uma estrutura similar não pode ser
gerada em sólidos desordenados termicamente, tais como os vidros. A manipulação da
componente interfacial, por exemplo, através de tratamento térmico, apresenta-se como
uma alternativa para gerar novos sólidos com estruturas e propriedades desejadas para
aplicações específicas.
Enfim, os materiais nanoestruturados propiciam além de pesquisa básica,
pesquisas no âmbito tecnológico, uma vez que podem exibir mudanças significativas
nas propriedades de resistência e/ou dureza, ductilidade e/ou tenacidade, módulo de
elasticidade, difusividade, calor específico, e propriedades magnéticas.
I. 2. Materiais Amorfos
Os materiais amorfos pertencem à classe de materiais cuja estrutura atômica é
caracterizada por seu ordenamento químico de curto alcance (CRSO- Chemical Range
Short Order). Costuma-se dizer que estes materiais são completamente randômicos, o
que não é necessariamente verdade, pois é comum apresentar arranjos atômicos
3
predominantes, com distâncias e números de coordenação bem definidos, assim como
distribuições angulares mais prováveis. É mais rigorosa, portanto, a afirmação que os
sólidos amorfos são como líquidos congelados, apresentando um desordenamento
atômico estático.
Quanto às aplicações tecnológicas, podemos dizer que os materiais amorfos
podem apresentar propriedades muito distintas dos cristalinos, fazendo deles mais ou
menos interessantes. A dificuldade de caracterização estrutural desses materiais
prejudica a compreensão de suas propriedades físicas, principalmente as que podem ser
vinculadas com os ambientes químico-estruturais dos átomos que formam estes sólidos.
CAPÍTULO II
Revisão bibliográfica
II. 1. Sistema Ga-Se.
Estudos de sistemas
VIIII
XM
32
onde M = Ga, In, Tl e X = S, Se e Te têm sido de
grande relevância por se apresentarem como bons materiais fotovoltaicos com grande
aplicabilidade em dispositivos eletrotérmicos como eletrodos de solução sólida [4].
Ligas do sistema Ga-Se são usadas em detectores infravermelho, dispositivo do
tipo MOSFET, células solares, memória ótica solar e em dispositivos do tipo eletro-
térmico [4-7]. Sistemas Ga-Se podem ser produzidas por fusão, deposição a partir da
fase gasosa (CVD), feixe molecular epitaxial (MBE), etc. Embora todos esses processos
permitam produzir ligas de excelente qualidade, no caso particular do sistema Ga-Se
ocorre uma dificuldade experimental no que diz respeito à estequiometria das ligas
produzidas. Essa dificuldade está associada a grande diferença existente nos pontos de
fusão do gálio (T
m
= 30 ºC) e do selênio (T
m
= 217 ºC).
Recentemente, liga equiatômica GaSe, na fase amorfa, foi produzida por
mechanical alloying [8]. Esse resultado mostra que a dificuldade devido aos pontos de
fusão desses elementos pode ser parcialmente vencida, uma vez que a moagem foi
realizada em temperatura próxima à temperatura ambiente.
A figura II. 1. mostra o diagrama de fases em equilíbrio do sistema Ga-Se [9].
Deste diagrama podemos observar somente a formação dos compostos cristalinos GaSe
e Ga
2
Se
3
. De acordo com o Banco de Dados Cristalográficos JCPDS [10] o composto
GaSe pode ser obtido nas estruturas romboédrica e hexagonal, enquanto que o
4
composto Ga
2
Se
3
pode ser sintetizado nas estruturas monoclínica, tetragonal,
ortorrômbica e cúbica.
1Figura II. 1: Diagrama de fases em equilíbrio do sistema Ga-Se.
Então, como continuidade do estudo realizado na referência [8] desse sistema,
nós tentamos produzir a fase Ga
2
Se
3
por essa mesma técnica. Uma pesquisa cuidadosa
na literatura mostrou que essa liga nunca foi preparada por essa técnica. Assim, os
resultados que eventualmente venham a ser obtidos para esse sistema será uma
contribuição original dessa dissertação.
II. 2. Sistema Co-Nb.
O estudo do sistema Co-Nb é de grande interesse devido às excelentes
propriedades magnéticas que as ligas desse sistema apresentam, [11] além de
características ant - corrosivas. A figura II. 2. mostra o diagrama de fases em equilíbrio
do sistema Co-Nb. Deste diagrama podemos observar somente a formação dos
compostos cristalinos Nb
6
Co
7
, NbCo
2
e NbCo
3
. De acordo com o Banco de Dados
Cristalográficos JCPDS [10], o composto Nb
6
Co
7
é obtido somente na estrutura
romboédrica; o composto NbCo
2
na estrutura cúbica e o composto NbCo
3
na estrutura
hexagonal. Esse Banco de Dados Cristalográficos ainda apresenta várias outras ligas,
com composições diferentes das acima, que não aparecem no diagrama de fases
mostrado na figura
II. 2.
5
2Figura II. 2: Diagrama de fases em equilíbrio do sistema Co-Nb.
Pesquisadores do
LSCM produziram a fase Co
25
Nb
75
, com estrutura amorfa, por
Mechanical Alloying [11]. Então, como continuidade do estudo desse sistema, nós
tentamos produzir também as fases Co
41
Nb
59
e Co
62
Nb
38
por essa mesma técnica. Como
feito anteriormente, uma pesquisa cuidadosa na literatura mostrou que essas ligas nunca
foram preparadas por essa técnica. Assim, os resultados que eventualmente venham a
ser obtido para esse sistema será também uma contribuição original dessa dissertação.
CAPÍTULO III
III. 1. Descrição teórica e experimental da técnica Mechanical Alloying usada para a
produção das ligas investigadas nessa dissertação de Mestrado.
III. 1.1. Visão teórica dos processos físicos baseados em moagem mecânica.
Do ponto de vista termodinâmico, um cristal perfeito (um sólido livre de defeitos
estruturais fora do equilíbrio) é o sólido que apresenta a menor energia livre de Gibbs e
suas propriedades físicas são bem determinadas. Porém, na natureza é difícil encontrar
cristais livre de defeitos. Estes somente são sintetizados em laboratórios sob condições
extremamente controladas. É conhecido que as propriedades físicas de cristais
6
possuindo defeitos apresentam desvios em relação às medidas para os cristais perfeitos.
Esses desvios são maiores quanto maior for a concentração de defeitos. Uma variação
também é verificada na energia livre de Gibbs, pois sabemos que centros de defeitos
armazenam energia em sólidos.
A técnica Mechanical Alloying e suas variantes partem da moagem mecânica de
um mono pó ou de uma mistura de dois ou mais pós ou de um composto. Assim, ocorre
a geração de centros de defeitos e, portanto, ocorre um armazenamento de energia nos
centros de defeitos gerados. Esse fato tem como conseqüência uma variação positiva
(aumento) na energia livre de Gibbs da(s) substância(s) que esta(ão) sob moagem. Desta
forma o processo Mechanical Alloying é classificado como do tipo “up Hill”. É bem
conhecido que a Natureza procura estados físicos com a menor variação da energia livre
de Gibbs. Assim, as substâncias sob moagem mecânica podem ser transformadas em
novas substâncias ou mudarem de fases cristalográficas visando alcançar esses estados
de menor energia. É claro que essas mudanças envolvem determinados mecanismos
físicos, como por exemplo, difusão atômica através de contornos de grãos. Os
mecanismos físicos envolvidos no processo Mechanical Alloying ainda não são
completamente entendidos.
III. 1.2. Visão experimental do processo Mechanical Alloying.
A formação de ligas através do uso da técnica Mechanical Alloying consiste em
submeter à moagem mecânica uma mistura formada por dois ou mais elementos
químicos, todos na forma policristalina. Essa mistura é encerrada em um recipiente (no
caso dos estudos dessa dissertação foi um cilindro de aço inoxidável) junto com esferas
(também de aço inoxidável), sob uma atmosfera específica (Argônio). O conjunto foi
montado em um moinho de bolas de alta energia (no caso dessa dissertação foi do tipo
SPEX-8000).
Durante a moagem, as forças de impacto causam cisalhamento nas partículas dos
pós, resultando na redução do tamanho das partículas, geração de centros de defeitos e
variação positiva na energia livre de Gibbs desses elementos. No caso dessa dissertação
foi usado um sistema de ventilação para manter a temperatura do cilindro de aço
inoxidável próximo à temperatura ambiente. Assim, acreditamos que as variações na
energia livre de Gibbs sejam conseqüências das reduções do tamanho de partículas e da
introdução de centros de defeitos nas partículas. Do ponto de vista estrutural, agora cada
pó constituindo a mistura é metaestável e pode ser visto como sendo formado por duas
7
componentes: uma cristalina que é sua estrutura cristalográfica original e outra formada
pelos centros de defeitos, a qual é chamada de componente interfacial.
É observado que aumentando o tempo de moagem as partículas alcançam um
tamanho fixo, porém o armazenamento de energia continua até alcançar uma saturação,
ou seja, ocorre a estabilização dos dois fenômenos [13]. Quando esse estágio é
alcançado, análise por microscopia eletrônica de varredura (SEM-
scanning electron
microscopy
) mostra a formação de um pó compósito, enquanto que análise por
microscopia eletrônica de transmissão de alta resolução (HRTEM) e difração de raios x
mostra que essas partículas são formadas por cristalitos, de dimensões nanométrica,
separados por regiões interfaciais. As componentes cristalinas e interfaciais desse pó
compósito são formadas pelas misturas das componentes cristalinas e interfaciais dos
pós que compõe a mistura. Aumentando ainda mais o tempo de moagem ocorre uma
reação de estado sólido, resultando em uma nova substância (liga). Para ligas com calor
de mistura negativo, a formação dessa nova substância tem sido explicada através do
mecanismo de reação interdifusiva dos componentes da mistura durante o processo de
moagem [14]. Baseando na observação experimental das características do pó
compósito, de Lima e colaboradores [15] desenvolveram um modelo termodinâmico
assumindo que a nucleação e crescimento de novas fases ocorrem na componente
interfacial do pó compósito.
III. 2. Modelo termodinâmico para previsão de formação de ligas por Mechanical
Alloying.
Durante o processo Mechanical Alloying um pó compósito é formado. De Lima
e colaboradores [15] assumiram que as componentes cristalina e interfacial do pó
compósito são formadas pelas misturas das componentes cristalinas e interfaciais dos
pós que compõe a mistura e que a nucleação e crescimento de novas fases ocorrem na
componente interfacial do pó compósito devido a grande quantidade de energia
armazenada nos centros de defeitos e a grande quantidade de caminhos disponíveis para
ocorrer migrações atômicas. Dessa forma seria possível ocorrer processos de difusão
atômica em temperatura média não superior a 373 K. Maiores detalhes sobre as
componentes interfaciais presentes no pó compósito estão descritos na Ref. [15].
Do ponto de vista termodinâmico, a componente interfacial do pó compósito
pode ser tratada como uma solução ideal. Assim, a energia livre de Gibbs e as equações
de volume em equilíbrio foram usadas juntamente com os resultados obtidos para o
8
excesso de energia livre de Gibbs para os metais, na forma nanométrica, para estimar o
valor teórico da energia de ativação associada ao processo de migração atômica,
difusividade atômica através dos contornos de grãos, nucleação de novas fases e
crescimento de grãos.
Para uma solução ideal
A-B essas equações são escritas como,
[
]
)/1ln()/1ln(
BBAABBAA
IS
xxxxRTGxGxG ++= ,
,)/()/()/(
000 BBAA
IS
VVxVVxVV +=
onde
x
i
é a fração molar,
i
VV )/(
0
e
i
G
são os excessos de volume e energia livre de
Gibbs para a estabilização dos elementos
A e B na forma nanométrica, calculados de
acordo com o trabalho de Fecht [16].
i
VV )/(
0
= 0 corresponde ao estado cristalino. A
energia de ativação é a diferença entre os valores do ponto máximo (
B) e mínimo (A)
mostrados na figura abaixo.
3Figura III. 1: Energia livre de Gibbs versus excesso de volume para a estabilização dos elementos
A e B
Observou-se que para valores da energia da ativação em torno de 0,03 eV o
estado do produto final resultante da moagem mostra uma estrutura amorfa, enquanto
que para valores em torno de 0,06 eV o estado do produto final apresenta uma estrutura
nanocristalina.
9
Esse modelo termodinâmico foi aplicado para estimar os valores teóricos da
energia da ativação e o volume do excesso para diferentes soluções ideais de Co e Nb
nas temperaturas médias de 300 e 323 K. Os valores obtidos estão listados na Tabela
I.
Para os elementos Ga e Se não existem dados disponíveis na literatura sobre esses
elementos na forma nanométrica. Da Tabela
I podemos observar que para todas as
soluções ideais de
%),70%20(
1
xNbCo
xx
os valores da energia da ativação sugerem
a possibilidade de obter uma fase amorfa. A fim de confirmar essa previsão duas
misturas de
Co e Nb, com composições nominais Co
41
Nb
59
e Co
62
Nb
38
, foram
preparadas e submetidas ao processo de M.A. Após 37 horas de moagem a formação de
uma fase amorfa foi observada em ambas as misturas.
Co (at %)
V
IS
300K 323K
E
a
(J/at)10
-20
E
a
(eV) E
a
(J/at)10
-20
E
a
(eV)
10 0.443 0.1912 0.012 0.2890 0.018
20 0.443 0.1087 0.007 0.1810 0.011
30 0.443 0.0438 0.003 0.0918 0.006
40 0.410 0.0131 0.001 0.0403 0.003
50 0.410 0.0814 0.005 0.1403 0.009
60 0.410 0.1993 0.012 0.2900 0.018
70 0.410 0.3593 0.022 0.4821 0.030
80 0.410 0.5571 0.035 0.7123 0.044
90 0.410 0.7899 0.049 0.9772 0.061
1Tabela I: valores da energia de ativação (E
a
) e o volume de excesso (V
IS
= V/ V
0
) para diferentes
soluções ideais de Co e Nb a 300 e 323K.
CAPÍTULO IV
RESUMO DOS FUNDAMENTOS TEÓRICOS DAS VÁRIAS TÉCNICAS USADAS
PARA A CARACTERIZAÇÃO DAS LIGAS INVESTIGADAS.
IV. 1. Difração de raios x
A principal função no estudo de materiais por difração de raios x, tanto para os
materiais cristalinos como para os materiais amorfos, é a obtenção do fator de estrutura.
O fator de estrutura é a função que relaciona características estruturais e químicas do
material. O fator de estrutura resulta da interferência de ondas difratadas pelas
distribuições eletrônicas dos átomos presentes em um material. Do ponto de vista
analítico, as abordagens matemáticas para sua dedução e análise são bastante distintas,
10
uma vez que os cristais apresentam estruturas periodicamente ordenada e os vidros ou
amorfos possuem estruturas predominantemente desordenadas.
IV. 1.1. Difratometria de raios x para materiais cristalinos
A teoria básica que define o estudo de materiais cristalinos por difração de raios
x baseia-se no fato de que as distribuições espaciais dos elétrons no material, definem
diferentes planos atômicos. Estes planos espalham os raios x (visto como ondas)
causando interferência construtiva e destrutiva, as quais se manifestam no padrão de
difração de raios x como máximos e mínimos. Para explicar a ocorrência desses
máximos e mínimos escolheu-se a lei de Bragg, a qual pode ser deduzida da seguinte
maneira: consideremos uma dada família de planos [
h k l] de um material, espaçados
por uma distância denotada por
d
hkl
. Sobre estes planos incide um feixe de raios x
fazendo um ângulo
θ
com a superfície da amostra, como ilustrado na figura IV. 1.1.1.
Parte do feixe incidente reflete-se no primeiro daqueles planos, enquanto o restante
penetra na estrutura e é refletido nos sucessivos planos.
4Figura IV. 1.1.1: visão geométrica da lei de Bragg
Da figura, vemos que os caminhos óticos percorridos pelos raios x incidentes são
diferentes. A diferença de caminho percorrido até chegar ao detector é
δ
=2d
hkl
sen
θ
.
Essa diferença de percurso gera uma diferença de fase
∆φ
entre as ondas refletidas, a
qual é dada por,
λ
δ
πφ
2= , (1)
onde
λ
é o comprimento de onda do feixe de raios x incidente. Para um cristal perfeito e
infinito, haverá interferência construtiva somente quando
∆φ
=2
π
, 4
π
, 6
π
,..., i.e., quando
δ
=n
λ
, sendo n um número inteiro. Caso contrário, se
δ≠
n
λ
, a interferência é destrutiva
11
e a intensidade do feixe difratado é nula. Assim, a condição para ocorrer interferência
construtiva, também conhecida como Lei de Bragg é:
λ
θ
nsend
hkl
=
2 (2)
Isto significa que o padrão de difração de raios x mostrará picos somente para valores
de
θ
iguais a.
=
hkl
d
n
arcsen
2
λ
θ
(3)
Como exemplo, mostramos na figura
IV. 1.1.2 o esquema de um padrão de difração de
raios x para um cristal perfeito.
5Figura IV. 1.1.2: Ilustração de um padrão de difração de raios x para um cristal perfeito.
A figura
IV. 1.1.3 mostra um padrão de difração de raios x para cristais reais. Desta
figura é observado que os picos possuem a forma de uma função Gaussiana e não de
uma função delta como previsto pela equação (3). Assim, para valores ligeiramente
diferentes dos ângulos de Bragg
θ
B
ocorre também difração.
6Figura IV. 1.1.3: Formato do padrão de difração de raios x para os cristais reais.
12
A intensidade integrada e que se determina experimentalmente é definida como a
intensidade total de cada difração correspondendo às áreas delimitadas pelas respectivas
curvas e é maior que a prevista pela lei de Bragg. Tal discrepância entre o espectro real
e o previsto pela lei de Bragg reside no fato do cristal não ser perfeito e nem infinito,
além dos feixes de raios x não serem totalmente monocromáticos e a radiação incidente
não corresponder a feixes perfeitamente paralelos. Para o alargamento dos picos de
Bragg, contribuem também outros fatores, de caráter geométrico, como por exemplo, o
fator de Lorentz e o fator de polarização que podem ser retirados teoricamente do
padrão, pois dependem somente do ângulo de incidência
θ
. Os fatores de Polarização e
de Lorentz influenciam a intensidade do feixe difratado da seguinte forma:
θθ
θ
cos
2cos1
2
2
sen
LP
+
=
(4)
Para uma compreensão mais detalhada, é preciso que se façam algumas considerações a
respeito dos fenômenos envolvidos no processo de espalhamento de raios x e também
na estrutura dos cristais reais.
Esta relação é considerada no método Rietveld (usado nessa dissertação de
mestrado), uma vez que as larguras de linha se relacionam com características
relevantes do material, como tamanho de cristalitos, por exemplo.
IV. 1.2. Fator de dispersão atômica
Dada à natureza da estrutura cristalina, o conteúdo material de cada rede,
poderia ser considerado como correspondente a certa densidade eletrônica média
(Hartree Fock, por exemplo). Devido ao fato de que os elétrons se concentram em torno
de cada núcleo de átomo presente na rede, a radiação dispersada pela estrutura pode ser
calculada como sendo a resultante das contribuições de todos os átomos daquela rede.
Considerando somente difração primária ou elástica, cada átomo bombardeado por raios
x, dispersa raios x de mesmo comprimento de onda, com uma eficiência que depende,
fundamentalmente, do número de elétrons que ele contém (numero atômico Z). Essa
eficiência, que também depende da distribuição espacial dos elétrons e,
consequentemente, do ângulo de Bragg e do comprimento de onda da radiação, é
expressa pelo fator de dispersão atômico f(
θ
,
λ
). Este fator exprime a razão entre a
amplitude da radiação emitida pelo átomo, numa dada direção, e a amplitude da
radiação que um elétron livre emitiria nas mesmas condições, de acordo com a teoria
13
clássica. Na realidade, só para valores de
θ
, o fator de dispersão atômica tende a ser
igual Z.
O fator de dispersão atômica é calculado, admitindo que cada elétron do átomo
se comporte como um elétron livre. No entanto, o seu poder dispersivo pode ser maior
ou menor que o elétron livre e a fase da onda dispersada podem ser diferentes da fase da
onda incidente. Para se ter em conta esses efeitos são necessários introduzir correções
de dispersão que dependem somente de
λ
: uma real f’(
λ
), que leva em conta a
modificação no poder dispersivo devido ao ambiente químico, e outra, imaginária e
dissipativa f”(
λ
), que tem em conta a mudança de fase da onda dispersada em relação à
onda incidente. O fator de dispersão atômica é escrito então como
)()()(),(
'''
0
λλθλθ
iffff ++= , (5)
onde f
0
é o fator de dispersão para o átomo livre de interação e é calculado usando
expressão [17]:
=
+=
4
1
22
0
]/exp[
i
ii
csenbaf
λθ
(6)
Os coeficientes a
i,
b
i
, e c são calculados numericamente usando as funções de onda de
Hartree-Fock e são encontradas na Ref. [17].
Quando o comprimento de onda
λ
da radiação incidente tem um valor próximo
ao valor da energia da borda de absorção K dos átomos, os termos f’(
λ
) e f”(
λ
) tornam-
se importantes e são responsáveis por um efeito de ressonância conhecido por dispersão
anômala. A difração de raios x usando dispersão anômala tem grande importância
prática, como por exemplo, detectar superestruturas em materiais possuindo átomos
semelhantes do ponto de vista da dispersão de raios x. Neste caso, o termo f’(
λ
) (que
tem sinal negativo) reduz o poder de dispersão de raios x de um átomo específico,
permitindo colocar em evidência contribuições dos demais átomos presentes no
material. Esse fenômeno faz com que a radiação síncrotron seja bastante utilizada em
análises estruturais, quando átomos vizinhos na tabela periódica participam da estrutura.
IV. 1.3. Fator de Estrutura de materiais
O fator de estrutura diz respeito às características químico-estruturais de um
material no estado sólido ou líquido. Nos materiais cristalinos, o fator de estrutura F
hkl
é
basicamente uma função de onda sujeita a condição de Bragg, com amplitude
14
representada pelo fator de dispersão atômica
),(
λ
θ
f . Por exemplo, em uma estrutura
contendo duas espécies atômicas, como ilustrada na figura
IV. 1.3.1, ocorre difração e a
amplitude da onda resultante é descrita em termos de reflexões nos planos reticulares (h
k l). Os dois planos A e B, definidos pelos diferentes átomos são paralelos e estão
igualmente espaçados. Quando fazemos uso da lei de Bragg para as duas famílias de
planos A e B, devemos considerar que existe uma diferença entre suas respectivas fases,
a qual é dada pela expressão,
hkl
d
y
πφ
2= , (7)
onde y é a distância entre dois planos de famílias diferentes.
7Figura IV. 1.3.1: Representação da difração (h k l), em termos de reflexão, onde a estrutura
cristalina está representada de modo a evidenciar as duas famílias de planos refletores.
Esta diferença de fase pode ser representada em função das coordenadas fracionárias
(x=X/a, y = Y/b e z = Z/c)
de um átomo situado no interior da rede e os índices de
Müller h k l. X, Y e Z são as coordenadas absolutas do átomo na cela unitária de eixos
a, b, e c. Em termos de componentes se escreve o afastamento y como,
),,( zcybxay
=
(8)
e as distâncias interplanares como,
),,(
111
= clbkahd
hkl
. (9)
15
Então a diferença de fase entre as ondas refletidas em A
1
e B
1
:
).(2 lzkyhx
zyx
+
+
=
+
+
=
π
φ
φ
φ
φ
(10)
A onda resultante
ψ
pode ser escrita por uma função exponencial complexa, cuja
amplitude é o fator de dispersão atômica,
.),(
φ
λθ
=Ψ
i
ef (11)
Considerando a totalidade dos átomos existentes na rede, a onda resultante dispersada
será a soma de todas as ondas. Assim, o fator de estrutura do material pode escrito
como:
,),(
)(2
jjj
lzkyhxi
j
j
hkl
efF
++
=
π
λθ
(12)
onde (x
j
, y
j
, z
j
) são as coordenadas do j-ésimo átomo. A intensidade do feixe difratado
por todos os átomos de uma célula unitária na direção prevista pela lei de Bragg é
proporcional a |F
hkl
|
2
e não varia com a escolha do referencial. O módulo quadrado deste
fator fornece a razão entre a amplitude da radiação espalhada pelo plano (h k l) de uma
cela unitária e a radiação espalhada por um único elétron nas mesmas condições. Este
fator é discutido com mais detalhes na próxima Seção, quando o método Rietveld é
abordado.
IV. 2. Método de Rietveld para refinamento estrutural a partir de padrões de difração
de raios x de substâncias policristalinas.
Usualmente, monocristais são usados para a determinação de estruturas de
cristais. Porém, a maioria dos materiais é encontrada na forma de pós. Para se tentar
resolver essa dificuldade Hugo Rietveld desenvolveu um método que ficou conhecido
como Método de Rietveld para determinar e refinar estrutura cristalina de materiais a
partir de padrões de difração de raios x obtidos de materiais policristalinos. Este método
está baseado em ajuste através do método dos mínimos quadrados [18]. A função de
minimização é dada pela expressão:
(
)
2
cii
i
iy
yyS =
ω
, (13)
16
onde y
i
e y
ci
representam as intensidades medida e calculada ponto a ponto,
respectivamente.
ω
i
=1/y
i
é um fator peso . Este método vem sendo largamente usado
para determinação e refinamento de estruturas cristalinas.
Nesta dissertação, as fases cristalinas produzidas já são bem conhecidas. Assim,
o Método Rietveld foi usado para o refinamento simultâneo de vários parâmetros
estruturais, tais como parâmetros de rede da célula unitária (a, b, c,
α
,
β
,
γ
), posições
atômicas dos átomos da base (x,y,z), ocupação dos sítios, análise de microestrutura
(distorção de rede, tamanho de cristalito, etc). O refinamento é feito usando o padrão de
difração medido para a amostra. Os pré-requisitos básicos para o refinamento Rietveld,
além do conhecimento de cristalografia, são: (1) utilizar dados de boa qualidade, isto é,
os picos de Bragg devem ser representados por no mínimo dez pontos e o incremento de
2
θ
deve ser constante. O ajuste é considerado de boa qualidade quando o padrão de
difração experimental é bem simulado.
IV. 2.1. Comentário sobre as principais grandezas presentes no Método de Rietveld
IV. 2.1.1. Intensidade calculada y
ci
A intensidade calculada y
ci
representa à somatória da sobreposição de picos
descrita por uma função de forma e posição de pico. Esta função é governada pelos
valores refináveis dos parâmetros de célula unitária, pela função largura a meia altura
(FWHM- Full Width Half Maximum) e pela intensidade integrada de cada pico que por
sua vez depende do fator de estrutura e, consequentemente dos parâmetros atômicos.
A intensidade de cada ponto do perfil é descrita pela equação:
bihhihihhhrsici
yPaGFLpJSy +=
2
φ
, (14)
onde
φ
rsi
é a correção de rugosidade superficial no ponto i, S é o fator de escala, J
h
é a
multiplicidade da reflexão
h, Lp
h
é o fator de polarização-Lorentz, F
h
é o fator de
estrutura,
G
hi
e a
hi
são os valores da função de perfil e da função de assimetria do i-
ésimo ponto respectivamente,
P
h
é a função para corrigir a orientação preferencial e, y
bi
é a intensidade da radiação de fundo do
i-ésimo ponto. Na equação acima está sendo
considerado que apenas um pico de Bragg está contribuindo para a intensidade neste
ponto. Entretanto, a superposição de picos é muito comum e nesse caso, uma maneira
mais geral de calcular
y
ci
é:
17
bi
h
hhihihhhrsici
yPaGFLpJSy +=
2
φ
. (15)
Nesta expressão todas as reflexões que contribuem para cada ponto estão sendo
consideradas. Também é comum a presença de mais de uma fase e, pode acontecer que
a intensidade de cada ponto tenha uma contribuição de picos superpostos pertencentes a
todas elas. Neste caso, mais uma somatória deve ser incluída à equação para levar em
conta a superposição provocada por todas as fases cristalinas presentes na amostra [19].
A equação atualmente usada no método Rietveld é:
∑∑
+=
φφ
φφφφφφφ
φ
bi
h
hihihhhhrsici
yPaGFLpJSy
2
(16)
Considerando que as partículas de todas as fases estão aleatoriamente distribuídas pela
amostra, então a rugosidade superficial deve ser tratada como uma característica da
amostra e não da fase, por isto ela fica fora de todas as somatórias.
IV. 2.1.2. Fator de Estrutura
Refinar o fator de estrutura cristalina significa variar parâmetros estruturais e
parâmetros de temperatura, de maneira a se obter um melhor ajuste com os dados
experimentais.
O fator de estrutura carrega informações sobre a multiplicidade
n
j
e
deslocamento atômico
B. De uma forma mais abrangente, o fator de estrutura é escrito
como:
()
∑∑
=
++
=
N
jr
lzkyhxi
jjhkl
jrjrjr
efnF
1
2
π
, (17)
onde
f
j
é o fator de dispersão atômica, o qual é dado pela equação:
2
)/(
0
λθ
senB
jj
j
eff
=
, (18)
onde
B
j
é o fator de temperatura do átomo j que contribui para a largura de linha do
perfil de ajuste.
18
Em muitos refinamentos devemos refinar os deslocamentos anisotrópicos de
diferentes átomos em diferentes situações da rede, pois respondem de maneira diferente
com a temperatura. Então, no caso de deslocamentos anisotrópicos, o fator de dispersão
atômica é escrito como:
(
)
**
23
2*2
11
2...
4
1
0
cklbBahB
jj
jrjr
eff
++
=
, (19)
onde os asteriscos denotam a célula no espaço recíproco.
Quando feixes refletidos por diversos planos estruturais se superpõem em um
único pico de difração, ocorre um aumento na intensidade deste pico. Este fato é levado
em conta pelo fator de multiplicidade de reflexão no fator de estrutura.
IV. 2.1.3. Rugosidade Superficial
A rugosidade superficial é uma propriedade macroscópica da amostra e seus
efeitos no padrão de difração de raios x podem ser confundidos com aqueles devido aos
deslocamentos atômicos,
B
0j
. Além dos deslocamentos causados nas posições dos picos,
o efeito da rugosidade também é observado nas intensidades relativas dos picos. Sua
influência nas intensidades varia com
sen θ de acordo com a expressão:
θ
sen
D
CeI
=
, (20)
onde
C e D são variáveis ajustáveis. O efeito se torna importante em altos ângulos.
Porém, é difícil separar a contribuição dos efeitos de rugosidade superficial e
deslocamentos atômicos em temperaturas médias e altas. Vamos supor um refinamento
sendo realizado com dados de difração de raios x de uma amostra com rugosidade
superficial relevante. Se o efeito da rugosidade superficial não estiver sendo
considerado no refinamento, então o deslocamento atômico irá convergir para um valor
muito baixo (ou até mesmo negativo), de modo a aumentar a intensidade a alto ângulo.
Nesse caso, é preferível manter o
B
j
, com os valores negativos, mesmo sabendo que ele
não tem significado físico, do que fixá-lo em algum valor positivo. A razão é que as
posições atômicas irão convergir para valores mais razoáveis, com distâncias e ângulos
interatômicos com significado físico. Em qualquer caso, tanto mantendo
B
j
fixo em um
valor razoável, quanto deixá-lo refinar, o fator de escala também terá seu valor
diminuído. Isso é particularmente problemático se o objetivo do refinamento é a análise
quantitativa de fases.
19
IV. 2.1.4. Função Perfil
A função de perfil G é usada para descrever a forma dos picos presentes no
padrão de difração. Alguns parâmetros, como por exemplo, os parâmetros térmicos, são
sensíveis à escolha dessa função. Assim
G deve ser escolhida adequadamente. Dentre as
funções
G disponíveis no método de Rietveld, as quais são todas baseadas
principalmente nas distribuições Lorentzianas e Gaussianas, uma das mais utilizadas é a
função Pseudo-Voigt
(p-V) que é descrita pela expressão:
gLVp )1()(
η
η
+
=
, (21)
onde
η = NA + NB*(2θ), sendo NA e NB parâmetros refináveis e positivos, L e g são as
funções de Lorentz e Gauss, respectivamente e, são definidas por:
()
1
2
2
1
1
21
+
=
h
ih
h
H
C
H
C
L
θ
π
e
()
=
2
2
0
2
2
0
h
ih
H
C
h
e
H
C
g
θ
π
,
onde
H
h
é a largura total a meia altura do pico (FWHM) e h=(h k l) denota o plano
considerado
, C
0
=4ln2 e C
1
=4 são constantes de normalização, 2
∆θ
ih
é a distância em
graus
(2
θ
) da posição do pico de Bragg até o i-ésimo ponto onde a intensidade está
sendo calculada, e pode ser negativa ou positiva se o ponto
i está do lado de mais baixo
ou mais alto ângulo, respectivamente. A largura a meia altura,
H
h,
varia com 2
θ
devido
às características físicas da amostra. Na p-V o alargamento é descrito por:
22
)( WtgVtgUH ++=
θθ
, (22)
onde U, V e W são parâmetros refináveis.
IV. 2.1.5. Background
No programa DBWS-9807 que foi usado nessa dissertação, o background pode
ser refinado usando um polinômio de até sexto grau. Com isto, as intensidades (
y
i
) são
corrigidas e a contribuição do background é removida das intensidades. Porém, se a
amostra é mal cristalizada ou possui uma quantidade significante de fase amorfa o
refinamento do background pode ficar muito prejudicado. No programa GSAS
20
(recentemente adotado no LSCM) o background pode ser refinado usando um
polinômio de até trigésimo sexto grau. Porém, isso necessita de experiência uma vez
que informações físicas importantes podem ser confundidas com o background.
IV. 3. Método de função distribuição radial para análise estrutural de substâncias
amorfas a partir de padrões de difração de raios x.
IV. 3.1. Correções usuais para um padrão de difração de materiais amorfos
Um sólido amorfo pode ser entendido como um líquido congelado, no sentido de
não possuir periodicidade estrutural e ordem de longo alcance. Assim, a estrutura
atômica dos sólidos amorfos pode ser vista como uma distribuição aparentemente
aleatória de átomos e, portanto, uma distribuição de distâncias interatômicas. Desta
forma, as ondas espalhadas por um sólido amorfo apresentam um alto grau de
incoerência, fazendo com que a intensidade da radiação que chega ao detector seja baixa
e que no padrão de difração de raios x medido esteja isento de picos estreitos e bem
definido como observado para um sólido cristalino. São observados somente halos
difusos provenientes da distribuição de distâncias interatômicas.
Durante um experimento de difração de raios x, usando uma radiação
monocromática, algumas radiações espúrias (radiação inelástica ou Compton e
fluorescências) são geradas durante a interação do feixe incidente com a amostra e
precisam ser eliminadas durante o tratamento analítico do padrão de difração medido.
Os valores das energias do feixe incidente e das radiações de fluorescência são bastante
diferentes. Assim, essa última pode ser eliminada durante o experimento através do uso
de um cristal analisador no feixe difratado, por exemplo, um monocromador de grafite,
de Si(111) ou de Ge(111) (cristais orientados). O mesmo não ocorre com a radiação
inelástica ou Compton. Assim, o padrão de difração medido sempre conterá essa
radiação espúria.
Correções de reabsorção de fótons de raios x pela amostra bem como de
polarização do feixe de raios x devem ser realizadas. A correção de reabsorção pode ser
desprezada quando a amostra tiver uma espessura maior do que 1 mm. A de polarização
pode ser desprezada quando o padrão de difração for medido em uma fonte de luz
síncrotron e os dados forem registrados com o detector varrendo o plano vertical em
relação ao plano do anel. Isto se deve ao fato de que essa fonte de raios x possui
polarização no plano horizontal em relação ao plano do anel.
21
Informações estruturais de materiais amorfos, tais como número de coordenação,
distâncias interatômicas, são obtidas a partir das funções de correlações de pares
atômicos, as quais são obtidas do padrão de difração de raios x após ter sido
transformado para uma escala absoluta por átomo médio (em elétrons) e livre de todas
as radiações espúrias.
IV. 3.2. Procedimento de Normalização
Krogh-Moe-Norman [20,21], desenvolveram um método para transformar um
padrão de difração experimental para uma escala absoluta (em elétrons) usando a
seguinte expressão:
+
=
max
max
0
exp
2
2
0
0
2
2
)(
)0(2)]()([
K
K
cpt
dKKIK
fdKKIKfK
πρ
β
, (23)
onde
λ
θ
π
senK 4=
é o momento transferido pelo fóton incidente,
β
é o coeficiente de
normalização,
)()(
22
KfcKf
i
i
i
= e
2
2
)()(
=
KfcKf
ij
são as intensidades
quadrática média e média quadrática, )(KI
cpt
é radiação inelástica ou Compton,
i
f é o
fator de dispersão atômica e c
j
=N
j
/N, c
i
=N
i
/N, N=N
i
+N
j
, são as concentrações
expressas em fração atômica.
Assim, a intensidade por átomo é dada por
,)()(
exp cpta
IKIKI
=
β
(24)
IV. 3.3. Fator de Estrutura de Fiber-Ziman
O fator de estrutura para uma liga binária amorfa é obtido a partir da intensidade
por átomo através da seguinte expressão [22].
[
]
2
2
2
)(
)()()(
)(
Kf
KfKfKI
KS
a
=
, (25)
)()()2()(
2
11
KSKWKS
ijij
i
i
j
ij
∑∑
==
=
δ
, (26)
22
onde
2
)(
)()(
)(
Kf
KfKfcc
KW
jiji
ij
= ,
δ
ij
é a função delta de Kronecker e S
ij
(K) são os fatores
de estrutura parciais, as quais descrevem no espaço recíproco as correlações entre as
espécies atômicas presentes no sólido amorfo.
IV. 3.4. Função reduzida de correlação de pares atômicos.
As funções reduzidas de correlação de pares atômicos total
)(R
γ
e parcial
)(R
ij
γ
estão relacionadas com )(KS e )(KS
ij
através de Transformada de Fourier e são escritas
como
[]
=
0
)(1)(
2
)( dKKRsenKSKR
π
γ
(27)
[]
=
0
)(1)(
2
)( dKKRsenKSKR
ijij
π
γ
. (28)
A densidade
ρ
0
(em átomos/Å
3
) da amostra pode ser calculada através da
inclinação
α
da região linear compreendida entre o início e o primeiro vale da curva
)(R
γ
(região onde não podem existir átomos), como ilustra a figura IV. 3.4.1., usando a
expressão:
0
4
ρ
π
α
=
. (29)
012345678910
R(Å)
γ
(R)
0
α
8Figura IV. 3.4.1: Ilustração do procedimento de cálculo da densidade atômica do material
23
As distâncias interatômicas
ij
R
entre os pares atômicos são obtidas diretamente
nas funções
)(R
ij
γ
.
As funções probabilidade de formação de pares atômicos total
)(RG
e parcial
)(RG
ij
estão relacionadas com )(R
γ
e )(R
ij
γ
através das expressões
[
]
1)(4)(
0
=
RGRR
πρ
γ
(30)
[
]
1)(4)(
0
=
RGRR
ijij
πρ
γ
. (31)
As funções distribuição radial total
)(RRDF
e parcial
)(RRDF
ij
estão
relacionadas com
)(RG
e
)(RG
ij
através das expressões
)(4)(
2
0
RGRRRDF
πρ
= (32)
)(4)(
2
0
RGRcRRDF
ijjij
πρ
=
. (33)
O número de coordenação, i.e., o numero de átomos do tipo j em torno de um
átomo i tomado como origem é calculado fazendo a integral dos picos presentes nas
funções )(RRDF
ij
.
Observações:
1) A equação (26) mostra que para uma liga binária o fator de estrutura S(K) é uma
soma ponderada de três fatores de estrutura parciais S
ij
(K).
Assim, para a
determinação desses três S
ij
(K) são necessárias três medidas independentes de
S(K). Isto pode ser feito usando difração anômala de raios x e difração de
nêutrons e resolvendo a equação matricial abaixo. A, L, B representam energias
em que padrões de difração foram medidos.
)(
)(
)(
KS
KS
KS
B
L
A
=
)()(2)(
)()(2)(
)()(2)(
222111
222111
222111
KWKWKW
KWKWKW
KWKWKW
BBB
LLL
AAA
)(
)(21
)(
22
11
KS
KS
KS
2)
Devido ao baixo valor do determinante da matriz W acima (em geral da ordem
de 10
-5
) essa equação matricial cai na classe de “problemas mal-condicionados”,
apresentando solução instável.
3)
Grandes esforços têm sido feitos para superar essa dificuldade, como por
exemplo, o desenvolvimento do Método de Regularização, Método de
substituição isotópica para difração de nêutrons, Método de Espalhamento de
24
Raios x Anômalo Diferencial e, mais recentemente o Método de Monte Carlo
Reverso que será discutido neste capítulo.
IV. 3.5. Ordem Química de Curto Alcance
Os átomos em sólidos amorfos não estão dispostos de forma aleatória, o que tem
como conseqüência a existência de afinidades químicas entre os átomos. Assim, os
sólidos amorfos apresentam uma organização estrutural entre primeiros vizinhos. A fim
de descrever a presença dessa ordem química de curto alcance (chamada na literatura
como Chemical Short-Range Order - CSRO) em sólidos binários, J.M.Cowley [23]
introduziu o parâmetro
w
α
que é calculado pela relação abaixo:
B
B
A
A
w
c
p
c
p
== 11
α
, (34)
onde
ABBA
AB
A
NcNc
N
p
+
= e
BAAB
BA
B
NcNc
N
p
+
= são a probabilidade de encontrar um
átomo A a uma distância R do átomo B e a probabilidade de encontrar um átomo B a
uma distância R do átomo A, respectivamente,
ABAAA
NNN
+
=
,
BABBB
NNN +
=
e C
A
e C
B
são as concentrações em fração atômica.
Quando α
w
é positivo ocorre à predominância de pares atômicos homopolares,
ao contrário, se α
w
< 0 ocorre à predominância de pares atômicos heteropolares e, se α
w
= 0 a distribuição de átomos na estrutura amorfa é completamente aleatória.
IV. 4. Método Monte Carlo Reverso para modelagem estrutural de substâncias
amorfas.
Do ponto de vista estrutural, um sólido amorfo pode ser visto como um líquido
congelado. Assim, ele é isotrópico e suas propriedades independem da direção. A
análise matemática para obtenção de informações estrutural se reduz à determinação das
equações citadas na Seção
IV. 3. acima. Dessas equações observamos que as
informações estruturais que se obtém são unidimensionais e, portanto, informações
como ângulos são perdidas. Vários modelos tridimensionais para descrever as estruturas
atômicas desses sólidos têm sido desenvolvidos. Um teste para esses modelos é a
reprodução desses dados unidimensionais.
O método Monte Carlo Reverso (RMC) foi desenvolvido para gerar modelos
tridimensionais para a estrutura de sólidos cristalinos e amorfos. O método RMC tem
25
base na Mecânica Estatística e sua idéia original e algoritmo está bem documentado na
literatura [24-27]. Sua aplicação para modelar estrutura de materiais amorfos usa como
ponto de partida um ou mais fatores de estrutura S(K) e, tem como objetivo gerar
configurações atômicas estáticas através de um procedimento especificamente projetado
para encontrar o melhor acordo com os dados experimentais. O método RMC não
necessita qualquer representação analítica para as forças interatômicas ou mesmo para
os potenciais atômicos. O melhor acordo entre os fatores de estrutura simulado e
experimental S(K) indica que a configuração atômica estática gerada pode ser
representativa para a estrutura real e, pode também permitir um
entendimento de
detalhes internos da estrutura atômica real.
O método RMC permite levar em conta adequadamente os efeitos da resolução
experimental [24]. Assim, torna-se importante determinar os fatores de estrutura S(K)
em um intervalo do espaço recíproco K tão grande quanto possível (tipicamente K
max
=
50 Å
-1
) visando alcançar a melhor resolução na função G(R). A resolução é dada por
max
2 KR
π
= (K
max
é o maior valor de K alcançado na medição de S(K)).
A Transformada de Fourier de K[S(K)-1] fornece diretamente as funções )(R
γ
,
)(RG e )(RRDF , porém essas funções estão sujeitas a um problema que surge do fato
que os fatores de estrutura experimentais S(K) estendem-se somente até um valor
máximo de K.
O efeito do intervalo finito em K sobre a Transformada de Fourier de
K[S(K)-1] é introduzir picos estreitos espúrios nas funções
)(R
γ
, )(RG e )(RRDF .
Este problema pode ser evitado fazendo a multiplicação de K[S(K)-1] por uma função
modificadora M(K) que cai suavemente para zero em K
max
. Entretanto, a Transformada
de Fourier K[S(K)-1]M(K) estará convoluída com a Transformada de Fourier de M(K),
fazendo com que os picos nas funções
)(R
γ
, )(RG e )(RRDF sejam artificialmente
alargados. A fim de superar esse problema, o método RMC pode ser usado para obter a
melhor função G(R), cuja Transformada de Fourier concorda com a função K[S(K)-1].
É importante observar que embora os picos estreitos espúrios presentes nas funções
)(R
γ
, )(RG e )(RRDF foram eliminados por esse procedimento, os efeitos da
resolução experimental ainda permanecem.
IV. 4.1. Descrição das etapas computacionais do método RMC
1) O ponto inicial do método RMC para modelar estruturas atômicas de
materiais amorfos é gerar uma célula cúbica de lado L, dentro da qual é gerada uma
26
configuração inicial de átomos distribuídos aleatoriamente, contendo todas as distâncias
interatômicas inclusive aquelas que violam o princípio da interpenetrabilidade entre os
átomos. A aresta L da célula cúbica, expressa em Å, é calculada através da expressão:
[
]
3
1
0
ρ
=
i
NL
, (35)
onde
NcN
ii
= é o número de partículas do tipo i, c
i
é a fração atômica, N é o número
total de partículas da configuração inicial e
0
ρ
é a densidade do sólido, expressa em
átomos/Å
3
, a qual pode ser determinada usando a equação (29) ou por outro método
convencional. A figura IV. 4.1. ilustra um exemplo da configuração inicial.
9Figura IV. 4.1: Configuração inicial para uma simulação pelo Método Monte Carlo Reverso
2) Uma simulação RMC envolve também a maximização da quantidade de
desordem (entropia) na configuração gerada. Assim, as configurações finais geradas
pela simulação de fatores de estruturas experimentais
S(K) serão aquelas com as
maiores entropias que sejam consistentes com esses dados experimentais. Esse conjunto
de configurações possíveis, com diferente grau de desordem, reproduz bem os
S(K).
Esse conjunto de soluções pode ser reduzido ou minimizado somente maximizando a
faixa do espaço recíproco, i.e., maximizando o valor de
K
max
no experimento. Visando
obter as configurações atômicas mais consistentes, devemos usar mais de um fator
S(K).
Para se obter a configuração atômica com o maior grau de desordem (maior entropia),
os seguintes procedimentos devem ser seguidos: (i) introduzir distância mínima entre os
centros atômicos na configuração inicial as quais agirão como vínculos na estrutura de
curto alcance e, (ii) maximizar a entropia dessa configuração inicial modificada
27
(processo chamado de termalização), que tem por objetivo garantir que o modelo
estrutural convergirá para um mínimo global e não para mínimos locais.
3) As funções probabilidade de formação de pares atômicos parcial )(
RG
ij
são
definidas como
,
4
)(
)(
2
dRR
RN
RG
i
ij
ij
ρπ
= (36)
onde
N
ij
(R) é o número de átomos do tipo j entre as distâncias R e R+dR de qualquer
átomo do tipo
i e
ρ
i
=c
i
ρ
0.
Durante o processo de simulação a seguinte função é minimizada:
[
]
=
=Ψ
m
i
ii
RMC
KSKS
1
2
2
.)()(
1
δ
(37)
A soma é feita para todos os pontos experimentais e
δ
está relacionado ao erro
experimental em
S(K). Para minimizar a função
Ψ
, átomos são selecionados de forma
aleatória e movidos de pequenas distâncias. Se o movimento reduz a função
Ψ , o
movimento é aceito. Ao contrário, o movimento é aceito com uma probabilidade igual a
.
2
exp
2
=
ψ
P (38)
Como o processo é iterativo,
Ψ diminui até alcançar um valor mínimo global. Assim, a
princípio, a configuração atômica final correspondente ao equilíbrio seria a mais
desordenada possível e consistente com os dados experimentais. Usando as funções
)(RG
RMC
ij
e )(KS
RMC
ij
correspondendo a configuração atômica final, os números de
coordenação, as distâncias interatômicas e as distribuições dos ângulos de ligações são
calculadas.
IV. 5. Método de empilhamento aleatório de esferas rígidas
O método de empilhamento aleatório de esferas rígidas para modelagem
estrutural de substâncias amorfas utilizando a equação de Percus-Yevick. A equação de
Percus-Yevick (PY) [28] é aplicada a sistemas, nos quais as forças de curtas distâncias
são predominantes. Esta equação tem uma solução exata quando um potencial do tipo
esfera rígida é usado, permitindo obter expressões analíticas para as funções )(RG
ij
e
)(KS
ij
. Inicialmente, a solução da equação PY foi usada para determinar a estrutura de
metais simples no estado líquido através das funções )(RG e )(KS . Posteriormente,
28
esse modelo foi estendido a ligas binárias no estado líquido. Weeks [29] usou o modelo
PY para estudar a estrutura atômica de vidros metálicos, assumindo uma fase
homogênea e isotrópica no estado sólido, o que nem sempre ocorre nesse estado. A
extensão do modelo PY para estudar o estado vítreo está baseada na suposição de que a
estrutura atômica encontrada no estado vítreo é uma extrapolação da estrutura atômica
presente no estado líquido. Para uma revisão detalhada sobre o modelo PY é
recomendado a Ref. [30]. Nesta dissertação, usamos um programa computacional
desenvolvido no LSCM, o qual utiliza uma sub-rotina proposta em Waseda [30] para
calcular os fatores de estrutura parciais )(KS
ij
.
IV. 6. Espectroscopia por dispersão de energia.
A técnica de fluorescência de raios x, também chamada de microanálise, é usada
para a determinação da composição química de materiais. A fluorescência de raios x
ocorre no processo de absorção e re-emissão de energia pelos átomos da amostra
quando um feixe eletrônico incide sobre a amostra. Durante o processo de absorção de
energia do feixe eletrônico incidente formam-se lacunas eletrônicas (ionização interna)
nos átomos que compõe a amostra as quais tendem a ser preenchidas por elétrons das
camadas mais externas. A concretização desse processo resulta na emissão de fótons
com energia característica (fluorescência), permitindo a identificação dos elementos
químicos presentes na amostra.
IV. 7. Espectroscopia de absorção fotoacústica usando uma configuração célula
aberta.
Técnicas fotoacústicas e fototérmicas têm sido muito usadas em pesquisas na
área de física aplicada e, em particular, em Ciências dos Materiais. Dentre as diversas
aplicações destacam-se: (i) caracterização óptica de semicondutores cristalinos ou
amorfos (gap óptico, bandas de absorção, etc.), na forma de filmes finos ou massivos,
(ii) estudo de transição de fases e, (iii) determinação da grandeza difusividade térmica, a
qual esta relacionada com a condutividade térmica.
Na presente dissertação, fizemos uso da técnica espectroscopia de absorção
fotocústica (PAS), na configuração denominada célula aberta (
Open Photoacustic Cell -
OPC) para determinar a difusividade térmica da liga Ga
2
Se
3
como
produzida e após
sofrer um tratamento térmico. A difusividade térmica
α
é definida como:
29
c
k
ρ
α
=
, (39)
onde k é a condutividade térmica,
ρ
a densidade da amostra e c o calor específico.
Fisicamente, o inverso de
α
é uma medida do tempo de estabilização do equilíbrio
térmico em um dado material. A difusividade térmica
α
é uma propriedade intrínseca e
única de cada material, fazendo dela um dos parâmetros de interesse para o
desenvolvimento de dispositivos óptico–eletrônicos. A difusividade térmica é
dependente da composição, de variáveis microestruturais e de condições de
processamento de materiais [31]. Assim, esse parâmetro físico pode ser usado para
estudar materiais produzidos por diferentes técnicas.
O fenômeno fotoacústico é gerado quando radiação modulada incide sobre um
material. Os tipos de radiação podem ser: (i) eletromagnética compreendida entre ondas
de rádio e raios x, (ii) feixe de elétrons e, (iii) ultra-som [32]. O princípio básico dessa
técnica é a detecção de calor gerado por processos de desexcitação não-radiantes,
resultante da absorção da radiação modulada pelo material.
Do ponto de vista físico, o efeito fotoacústico é gerado em uma câmara fechada
com gás, onde ocorre variação de pressão quando radiação modulada é absorvida pela
amostra. Esta variação de pressão na célula fotoacústica é detectada por um microfone e
convertida em um sinal analógico. A quantidade de calor gerado no material é
proporcional à variação de pressão na célula e a intensidade do sinal está diretamente
relacionada com a quantidade de radiação absorvida.
A base da teoria envolvida no efeito fotoacústico engloba parâmetros
geométricos, ópticos e térmicos, referentes ao equipamento e a amostra.
IV. 7.1. Descrição da Configuração Célula Fotoacústica Aberta (OPC)
A
estação experimental PAS, baseada na configuração OPC, construída no
LSCM está mostrada na figura
IV. 8.1. Esta estação consiste de: uma lâmpada quartzo
tungstênio halogênio (QTH) de 500W, lentes para focalização do feixe policromático,
um chopper (modulador mecânico) da marca Perkin-Elmer, modelo 197, um microfone
do tipo eletreto, um Lock-In modelo 5105 e um micro-computador. A amostra é fixada
ao microfone com graxa de vácuo. Quando a luz modulada incide sobre a amostra
ocorre sua absorção, seguida de processos de desexcitação não-radiante gerando uma
onda térmica. Essa onda térmica atravessa o material alcançando a câmara fotoacústica
30
promovendo uma flutuação de pressão no gás presente na câmara. Esta variação de
pressão resulta em uma deflexão no diafragma da célula (microfone eletreto) e
finalmente esta deflexão é convertida em um sinal elétrico analógico, o qual é medido
em um amplificador de sinais e apresentado na tela de um micro-computador. O
esquema desta estação está reproduzido na figura
IV. 8.1.
10Figura IV. 8.1: Esquema da estação PAS, modelo OPC existente no LSCM.
A figura
IV. 8.2. mostra o esquema da secção reta da câmara fotoacústica
(microfone do tipo eletreto). Este microfone consiste de um diafragma de eletreto
metalizado de 12 µm com uma camada de 500-1000 Å de metal depositado. Sob o
diafragma existe uma camada de ar de aproximadamente 45 µm de espessura, e abaixo
dela uma placa metálica de fundo. Sobre o diafragma há uma camada de ar que
desempenha o papel de câmara fotoacústica, de 1 mm de altura e 7mm de diâmetro.
Acima desta camada, na face superior, há uma abertura circular de 3 mm de diâmetro. A
amostra é fixada sobre esta abertura com auxílio de graxa de vácuo. A camada metálica
do diafragma é ligada à placa metálica de fundo através de um resistor R. Quando a
membrana é flexionada pela variação periódica de pressão, uma tensão V é gerada e
passa pelo resistor, alimentando um pré-amplificador, acoplado ao amplificador( lock-
in).
31
11Figura IV. 8.2: Esquema da secção reta da célula OPC.
IV. 7.2. Mecanismos físicos geradores do sinal fotoacústico em sólidos
O principal mecanismo de geração do sinal fotoacústico em sólidos é a
condução do calor gerado na amostra para o gás da célula fotoacústica. Esse mecanismo
é denominado difusão térmica ou “pistão térmico” devido ao seu caráter modulado.
Outro mecanismo de geração do sinal fotoacústico é a expansão térmica da amostra, ou
seja, ao sofrer aquecimento pela absorção de radiação, a amostra se expande
periodicamente, funcionando ela própria como um pistão vibratório, dando origem à
onda acústica no gás. A principal contribuição destas ondas para o sinal fotoacústico
ocorre para altas freqüências de modulação [33]. Esse efeito é dominante em amostras
com baixo coeficiente de absorção óptica e não depende do comprimento de difusão,
uma vez que toda a absorção deve contribuir para a expansão térmica. O terceiro
mecanismo de geração do sinal fotoacústico é a flexão termoelástica. Este mecanismo é
observado quando a absorção da radiação modulada gera um gradiente de temperatura
na amostra, perpendicular ao seu plano. Devido a esse gradiente, a expansão da amostra
se torna dependente da espessura da amostra, resultando em flexão. Esse efeito é
similar ao efeito “gongo” produzido no tambor, quando uma batida no centro provoca
vibrações no plano. Este efeito é importante quando materiais porosos são investigados.
Existem ainda outros mecanismos de geração, como liberação de gás em reações
fotoquímicas ou fotossintéticas induzidas em folhas de plantas. A figura
IV. 8.3. abaixo
ilustra as três principais contribuições para o sinal fotoacústico.
32
12Figura IV. 8.3: Ilustração dos mecanismos fotoacústicos. a) difusão térmica b) expansão térmica
c) flexão termoelástica.
IV. 8.4.Variação de pressão na célula e o sinal fotoacústico
O modelo teórico para descrever o fenômeno fotoacústico foi descrito por
Rosencwaig-Gersho [34]. As condições de contorno para a configuração de célula OPC
bem como as soluções das equações envolvidas podem ser encontradas na referência
[35].
Assumindo-se que o material seja opaco à radiação incidente e que não haja
fluxo de calor para o ambiente, as flutuações periódicas da pressão na célula
δ
P para a
configuração OPC são descritas pela expressão:
)(
)
2
exp(
2
)(
0
2/1
00
sssg
sg
lsenh
t
fkTl
IP
P
σ
π
ω
π
ααγ
δ
=
, (40)
onde P
0
e T
0
são a pressão e temperatura ambiente, I
0
é a intensidade da luz incidente, f
é a freqüência de modulação, l
i
,
k
i
,
α
i
e
σ
i
são o comprimento, condutividade térmica,
difusividade térmica e coeficiente de difusão do material i e
γ
relaciona a capacidade
calorífica do ar e da amostra. A condição de opacidade significa que toda a radiação
incidente é absorvida na região superficial da amostra. Como a equação acima engloba
parâmetros térmicos intrínsecos do absorvedor, nos permite fazer simplificações
relativas às suas propriedades térmicas.
Para amostras termicamente finas, l
s
α
s
<< 1 tem-se
33
2/3
0
2/3
2/1
00
1
)2(
)]
4
3(exp[
fkTll
tjIP
P
ssg
gs
π
π
ωααγ
δ
= , (41)
ou seja, o sinal detectado deve apresentar uma variação que depende do inverso de f
3/2
.
Para amostras termicamente grossas l
s
α
s
>> 1 , tem-se:
f
f
l
klT
ltjIP
P
s
s
sg
ssgs
]exp[
)]
2
(exp[)(
0
2/1
00
α
π
π
α
π
ωααγ
δ
=
. (42)
Esta expressão indica que a amplitude do sinal fotoacústico deve decrescer
exponencialmente com a freqüência de modulação. Assim, ela pode escrita como:
)exp( fb
f
A
S = ,
(43)
onde
s
s
lb
α
π
=
. O coeficiente b pode facilmente ser encontrado fazendo um gráfico
ln S contra
f e ajustando uma reta na região linear.
A difusividade térmica
α
s
é então obtida através da expressão
2
=
b
l
s
s
πα
, (44)
onde
l
s
é a espessura da amostra.
IV. 9.
Espectroscopia de absorção ótica UV-VIS-IR.
A maneira mais simples e direta para investigação da estrutura de bandas de um
semicondutor é realização de medidas de absorção óptica.
No processo de absorção, um fóton de energia conhecida excita um elétron de
um estado de menor energia para um de maior. Se colocarmos então, um semicondutor
sob a interação de um feixe de luz monocromática varrendo uma faixa de energia,
podemos estudar as mudanças nas radiações transmitidas ou absorvidas. Através destes
fenômenos aprendemos sobre as possíveis transições, distribuições de estados e,
podemos encontrar a região proibida em energia (também chamada de
gap de energia),
onde elétrons da camada de valência são lançados para banda de condução.
Teoricamente, a absorção é expressa em termos de um coeficiente
α
(h
ν
) que é
definido como a taxa relativa de decaimento na intensidade da luz
L(h
ν
) ao longo do seu
caminho de propagação:
34
dx
hLd )]([
ν
α
=
. (45)
A absorção mais fundamental refere-se à interbandas, ou transições de éxcitons,
para a excitação de um elétron da banda de valência para a banda de condução.
É sabido que os arranjos geométricos dos átomos determinam as propriedades
ópticas e eletrônicas dos semicondutores como gap de energia, coeficiente de
difusividade térmica, entre outros. Uma descrição detalhada da estrutura atômica de
materiais e de sua dependência com os métodos de síntese é de grande importância para
aplicação tecnológica. Em particular, nanopartículas, contendo algumas dezenas ou
centenas de átomos podem apresentar propriedades físicas bastante diferentes das
propriedades da matéria na escala macroscópica.
Podemos dizer que na escala nanométrica, os sistemas contêm átomos demais
para que sejam entendidos por uma aplicação direta da mecânica quântica, mas ao
mesmo tempo, não são grandes o suficiente para estarem completamente livres de
efeitos quânticos. Informações sobre as transições interbandas e sobre mecanismos
quânticos envolvidos nos processos de absorção óptica, podem ser encontrados na
referência [36].
Usando a regra de ouro da teoria das perturbações para calcular a probabilidade
de transição entre a banda de valência e a de condução, pode-se mostrar que o
coeficiente de absorção
α
no semicondutor, de gap direto varia como:
n
g
Ehh
/1
)()(
ννα
, (46)
onde n é um número inteiro,
ν
é a freqüência do feixe incidente e E
g
é a energia
correspondendo a região proibida (gap). Se n=2 implica que ocorre uma transição direta
permitida, se n =2/3, a transição é direta proibida, e se n=1/2 ou 1/3 implica em
transições indiretas, permitida e proibida respectivamente.
A relação entre a absorção A, coeficiente de absorção
α
, e a espessura d da
amostra é dada por [37].
d
A
=
α
. (47)
Porém, medidas realizadas em materiais sob a forma de pó, tanto cristalinos
como amorfos, a espessura
d da amostra e o coeficiente de absorção
α
se tornam
impossíveis de se determinar, uma vez que a amostra é diluída em um material usado
35
como referência, por exemplo, KBr. Para contornar este problema reescreve-se a
equação (46) usando a equação (47) como
n
g
EhCAh
/1
)( =
νν
, (48)
onde C é uma constante a ser ajustada.
O método que se usa, portanto, para se obter o valor do gap óptico, com medidas
de absorbância, consiste em determinar visualmente a região em que ocorre um
aumento brusco na absorbância. Esta região é isolada e re-escrita em um gráfico
(Ah
ν
)
n
contra
h
ν
, onde é ajustada na região linear a equação (48) (escolhido o valor de n). O
ajuste linear é extrapolado até o eixo das abscissas (para absorbância nula) e, o ponto de
intersecção é o valor do
gap [38].
IV. 11. Calorimetria diferencial de varredura.
A calorimetria diferencial de varredura (Differential Scanning Calorimetry-
DSC) é um método de medida bem estabelecido usado numa ampla escala de diferentes
áreas de pesquisa. Medidas DSC permitem investigar a evolução térmica dos materiais e
também avaliar grandezas como pureza, capacidade térmica, calor de transição,
transições vítreas, relaxação térmica etc. e suas respectivas entalpias. As curvas DSC
servem também para identificar substâncias, construir diagrama de fases e determinar
graus de cristalinidade dos materiais. O sistema DSC consiste na detecção de um sinal
elétrico gerado pela diferença de temperaturas entre o material de referência, cujo
comportamento com a temperatura é conhecido, e o material que esta sendo investigado.
IV. 11.1. Equipamento utilizado: configuração disco
Para esta dissertação foi utilizado o equipamento modelo DSC 2010, fabricado
pela empresa TA Instruments. Este pertence à classe dos calorímetros de fluxo de calor
do tipo disco, onde uma quantidade de calor é trocada entre o forno de aquecimento e a
amostra via uma resistência térmica.
A célula é formada por um cilindro de prata (forno)
que transmite calor para as amostras através de um disco de constantan. As amostras
ficam localizadas em duas plataformas existentes neste disco, simetricamente dispostas.
Sob cada uma destas plataformas existe um disco de cromo e o termopar constantan-
cromo resultante é utilizado para determinar a diferença de temperatura entre as
plataformas. Um outro termopar localizado dentro da célula é utilizado para o controle
da temperatura do sistema. A célula é preenchida com gás inerte (N
2
) para evitar
36
oxidações. Uma característica deste tipo de DSC é que ele permite altas taxas de
temperatura, com taxas de tempo constante, e com volume de amostra pequeno,
apresentando uma alta sensibilidade por unidade de volume. Quando o forno é
aquecido, o calor flui para as amostras através deste suporte em forma de disco, se por
algum motivo o material mudar a forma como ele reage ao fornecimento de
temperatura, gerará sinais diferenciais proporcionais à diferença das taxas de fluxo de
calor entre a amostra e a referência.
RAFRFA
TTT
=
Φ
Φ
(49)
O sinal correspondente á medida
T é sempre obtido como uma diferença de potencial
elétrico, onde é analisado matematicamente em detalhes na referência [39].
CAPÍTULO V
PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS PARA PREPARAÇÃO DA LIGA
NANOESTRUTURADA Ga
40
Se
60
E DAS LIGAS AMORFAS Co
X
Nb
1-X
(X =0, 41 e 0, 62).
V.1. Liga nanoestruturada Ga
40
Se
60
.
Uma mistura de selênio (adquirido da empresa Alfa Aesar, na forma de pó e com
pureza de 99,999%) e gálio (adquirido da empresa Aldrich, na forma sólida e com
pureza de 99,999%), com composição nominal Ga
40
Se
60
foram seladas em um cilindro
de aço inoxidável, juntamente com algumas esferas maciças de aço inoxidável, de
diâmetro
11=Φ mm, sob uma atmosfera de argônio. A razão entre as massas das
esferas e da mistura era de 7:1. O cilindro foi montado no moinho Spex Mixer/mill,
modelo 8000, mostrado na figura V.1. A fim de manter a temperatura de moagem
próxima à temperatura ambiente, um sistema de ventilação (dois ventiladores) foi
instalado próximo ao moinho para que as correntes de ar incidissem diretamente sobre o
cilindro. Esse sistema também permite refrigerar o motor do moinho, possibilitando
realizar moagem continua por várias horas. O processo de moagem da mistura foi
interrompido após 5 e 10 horas. Para cada interrupção uma pequena quantidade da
mistura era retirada para análise por difração de raios x. Para o tempo de 5 horas uma
fase cristalográfica bem diferente daquela correspondendo ao Se e ao Ga foi observada,
alem de uma coloração avermelhada, diferente do Se e do Ga puros. Aumentando o
tempo de moagem observou-se uma melhor cristalização dessa fase.
37
13Figura V.1: Moinho SPEX/MIXER, modelo 8000.
O pó moído por 10 horas foi analisado usando a técnica de Fluorescência de raios x
(EDX) para determinar a sua composição química e, conseqüentemente a composição
da nova fase cristalográfica formada. O resultado encontrado foi 40 at. % Ga e 60 at. %
de Se. Nenhum traço de elementos pertencentes ao meio de moagem (Fe, Cr, etc.) foi
observado.
Para acompanhar a formação da liga Ga
40
Se
60
, todos os padrões de difração de
raios x foram medidos no LSCM utilizando um difratômetro RIGAKU, modelo
MINIFLEX, usando a radiação
)15418,0(
nmCuK
=
λ
α
. Os padrões de difração
apresentados nessa dissertação foram medidos no Laboratório Nacional de Luz
Síncrotron - LNLS (Campinas), na linha XPD1, a qual usa um monocromador Si (1 1 1)
e um analisador Ge (1 1 1) no feixe difratado. A energia do feixe incidente foi de 9500
eV (
λ = 0.130509 nm). A energia e corrente média no anel do síncrotron eram de 1.37
GeV e 120 mA, respectivamente.
A estabilidade térmica da amostra moída foi estudada através da técnica de
DSC, sob um fluxo de nitrogênio (N
2
) numa célula DSC 2010 fabricada pela empresa
TA Instruments. Com base nos resultados de DSC, a amostra moída durante 10 horas
foi selada em um tubo de quartzo evacuado sob pressão de aproximadamente 10
-3
Torr,
e tratado a 723 K durante 6 horas e deixado resfriar naturalmente. Em seguida, um novo
padrão de difração de raios x foi medido para essa amostra tratada.
38
Medidas de absorção fotoacústica visando obter o parâmetro físico difusividade
térmica foram realizadas na amostra moída por 10 horas e na tratada termicamente.
Estas medidas foram realizadas no LSCM em uma célula fotoacústica aberta (OPC).
Para isto, as amostras foram comprimidas em forma de finas pastilhas de 10 mm de
diâmetro e espessura 585 µm e 450 µm, respectivamente.
Medidas de absorbância em função do comprimento de onda nas amostras
como moída e tratada termicamente foram feitas visando a determinação da região
proibida em energia ou GAP ótico. Para isto utilizamos um espectrômetro Perkin-Elmer
UV-VIS-NIR, modelo Lambda 19, existente no Departamento de Química da UFSC. As
amostras foram diluídas em KBr. Uma outra pastilha de KBr foi usada como referência
e calibração.
V.2. Ligas amorfas Co
x
Nb
1-x
(x = 0,41 e 0,62)
As ligas Co
41
Nb
59
, e Co
62
Nb
38
foram produzidas a partir da mistura dos pós de cobalto e
nióbio, ambos com alta pureza maior de 99.95 % e, com tamanhos de partículas
menores que 10
µm. As composições iniciais das misturas eram Co
40
Nb
60
e Co
60
Nb
40
.
Os procedimentos para moagem foram os mesmos adotados para a liga Ga
40
Se
60
. Para
ambas as misturas, a razão entre as massas das esferas e da mistura era de 7:1. O tempo
de moagem para foi de 37 horas. Após esse tempo de moagem, os padrões de difração
de raios x mostravam halos difusos, os quais são característicos de uma fase amorfa.
Sendo então a moagem finalizada. Cada mistura foi analisada usando a técnica de
Fluorescência de raios x (EDX) para determinar a composição química das fases
amorfas obtidas. Os resultados encontrados foram Co
41
Nb
59
, e Co
62
Nb
38
. Traço de ferro
(< 4 at.%) proveniente do meio de moagem foi observado. Devido à pequena
quantidade de Fe, sua contribuição para a liga foi desprezada.
O padrão de difração de raios x para a amostra Co
62
Nb
38
foi medido no LNLS na
mesma estação usada para medir a liga Ga
40
Se
60
. As condições das medidas foram as
mesmas usadas para a liga Ga
40
Se
60
. O padrão de difração de raios x para a amostra
Co
41
Nb
59
foi medido na linha XPD2, a qual usa um monocromador Si ( 1 1 1 ) e um
analisador Ge ( 1 1 1 ) no feixe difratado. A energia do feixe incidente foi de 11004,8
eV (
λ = 0,12664895 nm). A energia e corrente média no anel do síncrotron eram de
1.37 GeV e 120 mA, respectivamente.
39
CAPÍTULO VI
A seguir são apresentados os resultados alcançados para a liga nanoestruturada estudada
nessa dissertação.
VI. 1. Liga nanoestruturada Ga
40
Se
60
.
VI. 1.1. Resultados de difração de raios x para a liga Ga
40
Se
60
como moída.
A figura VI. 1 mostra o padrão de difração de raios x medido para a mistura
após 5 horas de moagem. Esse padrão de difração é bastante diferente daqueles para as
substâncias Ga e Se puros, indicando que uma nova fase foi nucleada para esse tempo
de moagem. Uma comparação desse padrão com aqueles para o sistema Ga-Se
presentes no Banco de Dados Cristalográficos JCPDS [10] mostraram que a fase
nucleada foi a do composto
32
SeGa
β
(cartão JCPDS-44-1012), com estrutura do tipo
monoclínica )84,108,90,Å649,6,Å650,11,Å660,6(
oo
cba ======
βγα
. É bem
conhecido que a técnica Mechanical Alloying produz materiais mal cristalizados.
Assim, é importante refinar os parâmetros estruturais para a fase obtida. Para isso,
usamos o Método de Rietveld para refinamentos de estruturas de materiais
policristalinos (programa computacional DBWS-9807). Como ponto de partida, usamos
os dados cristalográficos (parâmetros de rede, grupo espacial, posições atômicas) para a
fase Ga
2
Se
3
monoclínica dados no cartão numero 35028, no Banco de Dados
Cristalográficos
Inorganic Crystal Structure Database – ICSD [40]. O padrão simulado
e refinado também esta mostrado na figura
VI. 1. (linha menos ruidosa), enquanto os
valores dos parâmetros refinados estão descritos na Tabela
VI. 1. Tentativas de refinar
as posições atômicas dos átomos da base no interior da célula unitária convencional não
causaram melhora no ajuste. Assim, as posições originais foram mantidas. Da figura
VI.
1. vemos um bom acordo entre os padrões medido e simulado. Vemos também que nas
faixas angulares
oo
37222
θ
e
oo
60240
θ
existem fortes evidências da presença
halos difusos que são característicos de uma fase amorfa. Isso é reforçado pelo
desacordo com a simulação. Como era de esperar esta fase não pode ser simulada
através da função “
background” presente no programa DBWS-9807. Essa versão do
programa computacional calcula a densidade teórica do modelo da estrutura. Assim,
para os parâmetros mostrados na Tabela
VI. 1. a densidade calculada é
ρ
=5,143 g/cm
3
.
40
20 40 60 80 100
intensidade (unidades arbitrarias)
2θ
Ga
2
Se
3
moído 5h
14Figura VI. 1.: Padrão de difração de raios x para liga Ga
40
Se
60
obtida
após 5 horas de moagem:
experimental (linha ruidosa) e simulado (linha lisa)
λ=0,15418 nm.
É conhecido que em um padrão de difração de raios x a largura dos picos é
inversamente proporcional ao tamanho médio dos cristalitos e as microdeformações
presentes nas células unitárias convencionais [41]. É também sabido que materiais
produzidos por mechanical alloying apresentam estrutura nanométrica e muitas
deformações nas células unitária [42]. A figura
VI. 1. mostra os picos associados à fase
Ga
40
Se
60
bastante alargados, quando comparados a monocristais, sugerindo que a fase
obtida após 5 horas de moagem possui uma estrutura nanométrica.
O tamanho médio dos cristalitos
<d> e a microdeformação σ
p
podem ser
calculados através da expressão [43]:
2
2
2
2
sin1cos
+
><
=
λ
θ
σ
λ
θβ
CdC
p
t
, (50)
41
onde C=0,91 e
λ
é o comprimento de onda usado. O gráfico linear
β
t
2
cos
2
θ
/
λ
2
contra
sen
2
θ
/
λ
2
fornece <d> e
σ
p
. Os valores encontrados para a fase Ga
40
Se
60
mostrada na
figura
VI. 1. estão listados na Tabela VI. 1.
A figura
VI. 2. mostra o padrão de difração de raios x medido para 10 horas de
moagem. Uma comparação desse padrão com aquele mostrado na figura
VI. 1. indica
que não ocorreu mudança de fase com o aumento do tempo de moagem. Vemos
também ainda a presença da fase amorfa. Aparentemente, o único efeito do aumento do
tempo de moagem foi melhorar a taxa de cristalização. Assim, esse padrão foi simulado
e os dados cristalográficos ajustados pelo método Rietveld de forma análoga a aquele
medido para 5 horas de moagem. Os parâmetros refinados estão mostrados na Tabela
VI. 1. e o padrão simulado está reproduzido na figura VI. 2.
Analogamente ao padrão correspondente ao tempo de 5 horas de moagem, o
tamanho médio dos cristalitos e a taxa de microdeformação foram calculados. Os
valores obtidos estão listados na Tabela
VI. 1.
20 40 60 80 100 120
intensidade (unidades arbitrarias)
2θ
Ga2Se3 moido 10h
15Figura VI. 2: Padrão de difração de raios x para liga Ga
40
Se
60
obtida
após 10 horas de moagem:
experimental (linha ruidosa) e simulado (linha lisa)
λ=0,130509 nm.
42
A estabilidade térmica da fase monoclínica Ga
40
Se
60
obtida
após 10 horas de
moagem foi investigada através da técnica DSC. A Figura
VI. 3. mostra o espectro de
fluxo de calor contra temperatura absoluta medido com uma taxa de aquecimento
constante de 10K/min. Nesta figura também esta mostrada o espectro correspondente a
uma segunda medida consecutiva, nas mesmas condições, na amostra já cristalizada.
Essa segunda medida tinha como objetivo verificar a cristalização da fase amorfa e
processos de crescimento de grãos da fase nanoestruturada.
300 400 500 600 700
exo
fluxo de calor (arb. units)
Temperatura K
16Figura VI. 3.: Espectro DSC para liga Ga
40
Se
60
após 10 horas de moagem, medido a taxa de
aquecimento constate de 10 K/min, sob fluxo de N
2
.
O espectro DSC correspondente à primeira medida mostra um largo pico
endotérmico entre KTK 530300
, um largo pico exotérmico entre
KTK 640530
e um estreito pico exotérmico localizado em
K666
. O espectro
DSC correspondente à segunda medida mostra somente uma linha com a intensidade
diminuindo de forma monótona. Uma comparação entre essas duas curvas permite
associar diretamente o pico endotérmico visto entre
KTK 530300
como sendo a
temperatura de transição vítrea e o pico exotérmico visto em
K666
como sendo a
temperatura de cristalização da fase amorfa. O pico exotérmico observado entre
KTK 640530
está associado com mecanismo de crescimento de grãos e eliminação
de microdeformações existente na fase monoclínica Ga
40
Se
60
.
A variação de entalpia está relacionada com a área sob o pico presente no
espectro DSC. Para os dois picos exotérmicos os valores calculados foram:
H= 3.1 Jg
-1
43
para a relaxação estrutural e
H=1.6 Jg
-1
para o processo de cristalização da fase
amorfa.
Baseado no pico de cristalização da fase amorfa, a amostra referente a 10 horas
de moagem foi tratada termicamente a temperatura de 713 K, durante 5 horas, sendo
resfriada nas condições ambiente.
Figura
VI. 4. mostra o padrão de difração de raios x referente à amostra tratada
termicamente. Uma comparação desse padrão com aquele mostrado na figura
VI. 1.
indica que não ocorreu nucleação de novas fases cristalinas além da já existente. Por
outro lado, vemos o total desaparecimento da fase amorfa. Esse resultado sugere que a
composição da fase amorfa era igual à composição da fase nanoestruturada. Esse padrão
foi simulado e os dados cristalográficos refinados de forma análoga a aquele medido
para 5 e 10 horas de moagem. O padrão simulado está reproduzido na figura
VI. 4. e os
parâmetros refinados estão listados na Tabela
VI. 1.
Na figura VI. 4. observam-se o aumento na intensidade e o estreitamento dos
picos associados à fase monoclínica Ga
40
Se
60
e o desaparecimento da fase amorfa.
Analogamente aos padrões correspondentes aos tempos de 5 e 10 horas de
moagem, o tamanho médio dos cristalitos e a taxa de microdeformação foram
calculados. Os valores obtidos estão listados na Tabela
VI. 1.
44
0 20406080100120
intensidade (unidades arbitrarias)
2θ
Ga2Se3 10h tratado termicamente
17Figura VI. 4.: Padrão de difração de raios x para liga Ga
40
Se
60
obtida
após 10 horas de moagem e
tratada termicamente a 713 K: experimental (linha ruidosa) e simulado (linha lisa)
λ=0,15418 nm.
Visando calcular a energia de ativação E
a
necessária para promover a
cristalização da fase amorfa presente na amostra moída durante 10 horas, espectros DSC
foram medidos com diferentes taxas de aquecimento constantes. Esses espectros estão
mostrados na figura
VI. 5. Os valores das temperaturas de pico T
c
e as referidas taxas de
aquecimento
τ
estão indicados na figura. Como era de se esperar, T
c
aumenta quando a
taxa de aquecimento aumenta.
45
370 380 390 400 410 420 430 440 450
382 ºC
388 ºC
393 ºC
2,5ºC/min
5ºC/min
10ºC/min
fluxo de calor (unidades arbitrarias)
T (ºC)
20ºC/min
440 ºC
18Figura VI. 5.: Espectros DSC para liga Ga
2
Se
3
, com diferentes taxas de aquecimento constantes.
Taxas de aquecimento e temperaturas de cristalização da fase amorfa estão indicadas na figura.
A energia de ativação E
a
pode ser calculada usando os valores das temperaturas
de pico de cristalização T
c
medidas para diferentes taxas de aquecimentos constantes na
equação de Kissinger [44] mostrada abaixo
c
RT
E
T
c
a
c
+=
2
ln
τ
, (51)
onde R=8,31J/mol K é a constante molar dos gases, e c é uma constante arbitrária. Um
gráfico linear de
2
ln
c
T
τ
contra
c
T
1
permite o cálculo direto da energia de ativação E
a
.
A figura
VI. 6. mostra o gráfico obtido e a reta sólida é e o ajuste para esses dados
experimentais. Da inclinação dessa reta foi calculado um valor de E
a
= 1113,4Jg
-1
.
46
14,8 14,9 15,0 15,1 15,2 15,3
-12,0
-11,5
-11,0
-10,5
-10,0
ln(
τ
/T
2
)
1/T (10
-3
K
-1
)
E
a
=418,0kJ/mol
19Figura VI. 6.: Linearização da equação de Kissinger para o cálculo da energia de ativação.
5h 10h tratado ICSD
a (Å) = 6,6651 6,6366 6,6567 6,6608
b (Å) = 11,6485 11,6466 11,6019 11,6516
c (Å) = 6,6240 6,6532 6,6508 6.6491
β
(graus) =
109,1 109,1 109,1 108,8
d (nm)
10,4 7,5 10,5
σ
%
0,9 2,0 1,8
ρ
(g/cm
3
)
5,143 5,160 5,147 5,118
2Tabela VI. 1.: Parâmetros estruturais obtidos para a fase monoclínica Ga
40
Se
60
em diferentes
estágios de processamento e os valores do banco de dados JCPDS.
VI. 1.2. Medidas de absorbância óptica
O valor da energia correspondente à região proibida (gap óptico) E
g
na amostra
moída durante 10 horas e após o seu tratamento térmico (tt) foi calculado a partir de
espectros de absorbância medidos para ambas as amostras. A figura
VI. 7. mostra os
espectros de absorbância para comprimentos de onda entre λ=500 nm e 1200 nm.
Ambas as amostras, como moída e tratada termicamente, mostram a região de absorção
eletrônica entre bandas ocorrendo na região compreendida entre λ=550 nm e 750 nm. O
pequeno deslocamento (shift) vertical entre as duas curvas está relacionado com a
47
eliminação de defeitos, crescimento de grãos e eliminação da fase amorfa na amostra
tratada termicamente.
500 600 700 800 900 1000 1100 1200
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
Absorbância
λ (nm)
(tt)
10h
20Figura VI. 7.: Curva de absorbância óptica para a amostra de Ga
40
Se
60
: como moída (10h) e
tratada termicamente (tt).
A Figura
VI. 8. mostra os gráficos de
2
)(
υ
Ah contra
υ
h
para a região entre
λ=550 nm e 750 nm. A extrapolação para 0)(
2
=
υ
Ah da reta tangente ao ponto de
maior inclinação da subida de absorção fornece o valor de E
g
. Para as amostras como
moída e tratada termicamente os valores obtidos foram
eVE
h
g
85,1
)10(
=
e
eVE
tt
g
89,1
)(
=
,
respectivamente.
1,0 1,5 2,0 2,5
0,0
0,5
1,0
1,5
1,0 1,5 2,0 2,5
0,0
0,4
0,8
1,2
tratado
Energia (eV)
(A x hν)
2
(eV)
2
moido 10h
21Figura VI. 8.: Cálculo da energia correspondente a região proibida (gap óptico) para as amostras
como moída (10h) e tratada termicamente (tt).
48
VI. 1.3. Medida de absorção fotoacústica
Nesta Seção apresentamos o cálculo do parâmetro difusividade térmica
α
a partir
da amplitude do sinal fotoacústico. O conhecimento do parâmetro
α
depende da
“história” da amostra. A figura
VI. 9. mostra o sinal fotoacústico medido em função da
freqüência de modulação do chopper para as amostras Ga
40
Se
60
após 10 horas de
moagem e tratada termicamente. Dessa figura observamos um pequeno deslocamento
(shift) vertical entre as duas curvas. Esse deslocamento está relacionado com a
eliminação de defeitos, crescimento de grãos e eliminação da fase amorfa na amostra
tratada termicamente.
10 20 30 40 50 60 70 80
300
600
900
1200
1500
1800
Sinal Fotoacústico
freqüência de modulção (Hz)
moído 10 horas
tratado termicamente
22Figura VI. 9.: Espectros fotoacústicos como coletado para a amostra moída por 10 horas e após
tratamento térmico.
O parâmetro difusividade térmica
α
pode ser calculado para o regime
termicamente espesso, onde ocorre à predominância do mecanismo de difusão térmica,
e o sinal fotoacústico segue a expressão (43). O parâmetro
α
está relacionado com o
coeficiente angular da reta ajustada a linearização da expressão (43) como mostrado
abaixo
fb
f
A
S = lnln . (52)
49
Assumindo que
f
A
ln
varia pouco, o gráfico
Sln contra f apresenta uma região
aproximadamente reta, onde o mecanismo de difusão térmica é predominante como
mostra a figura
VI. 10.
Nesta figura observamos que a região linear presente no sinal fotoacústico
medido para a amostra tratada termicamente apresenta um desvio no sentido de altas
freqüências. Esse desvio pode estar associado com a contribuição do mecanismo
expansão térmica da amostra, o qual contribui o sinal fotoacústico em altas freqüências
de modulação [33].
3456789
5,5
6,0
6,5
7,0
7,5
8,0
f
1/2
(Hz
1/2
)
Ln (S) (unidades arbtrarias)
moído 10 horas
tratado termicamente
23Figura VI. 10.: Obtenção do parâmetro difusividade térmica considerando o regime
termicamente espesso do sinal fotoacústico.
Podemos distinguir na figura
VI. 10. que existe uma descontinuidade no sinal
fotoacústico para a amostra moída durante 10 horas em aproximadamente 6,7 Hz
1/2
.
Essa mudança está associada à transição de regime termicamente espesso para o regime
termicamente fino. A região que melhor satisfaz a equação (43) está compreendida entre
3,9 e 6,8 Hz
1/2
. Considerando o coeficiente angular da reta ajustada nesse intervalo e a
espessura da amostra, o valor do parâmetro difusividade térmica encontrado foi
α
=0,082 cm
2
/s. Para a amostra tratada termicamente podemos distinguir dois diferentes
intervalos de freqüência: 3,2 ---- 4,5 Hz
1/2
e 5,5----8,3 Hz
1/2
. O primeiro intervalo foi
descartado por estar associado ao regime termicamente fino. Para o segundo intervalo,
assumindo que toda a contribuição para o sinal fotoacústico esteja associada ao
mecanismo difusão térmica embora haja fortes evidencias da presença de uma
50
contribuição do mecanismo expansão térmica e, o valor calculado para o parâmetro
difusividade térmica foi
α
=0,097 cm
2
/s.
VI. 2. Discussões referentes aos resultados alcançados para a liga nanoestruturada
Ga
40
Se
60
estudada nessa dissertação.
De acordo com a figura
VI. 1, após 5 horas de moagem, vemos a fase
monoclínica Ga
40
Se
60
juntamente com uma fase amorfa. Ambas as fases,
nanoestruturada e amorfa, dão evidência de serem estáveis com o aumento do tempo de
moagem.
É interessante observar que o volume da célula unitária convencional
monoclínica obtida para a liga Ga
40
Se
60
produzida por Mechanical Alloying é sempre
menor do que aquele dado no Banco de Dados ICSD (Volume = 488,50 Å
3
). Para a liga
como moída, o aumento do tempo de moagem de 5 para 10 horas introduz uma
deformação na base da célula monoclínica e aumento da célula ao longo do eixo c. Essa
deformação deve estar associada ao aumento de concentração de defeitos na célula com
o aumento do tempo de moagem. Isso é confirmado pela redução no tamanho médio dos
cristalitos (aumento do volume da componente interfacial) e aumento na taxa de
microdeformação.
O tratamento térmico promoveu um aumento no tamanho médio dos cristalitos,
como era esperado e uma ligeira redução no volume da célula monoclínica (Volume =
485,37 Å
3
). Porém, seu efeito foi muito pequeno na redução da taxa de
microdeformação.
Tendo em vista que o espectro DSC correspondente à segunda medida mostra
somente uma linha com a intensidade diminuindo de forma monótona, permite concluir
que todos os processos físicos presentes na amostra, quando da primeira medida DSC,
são irreversíveis. Isso corrobora que o largo pico endotérmico entre
KTK 530300 e
o pico exotérmico visto em
K666 correspondem à temperatura de transição vítrea e a
temperatura de cristalização da fase amorfa, enquanto o largo pico exotérmico entre
KTK 640530
está associado com mecanismo de crescimento de grãos e eliminação
de microdeformações existente na fase monoclínica Ga
40
Se
60
.
Recentemente, pesquisadores do LCSM produziram a liga equiatômica GaSe,
na fase amorfa usando a técnica Mechanical Alloying [8]. O espectro DSC medido para
aquela liga mostrou os seguintes valores para temperaturas de transição vítrea e de
51
cristalização em aproximadamente T
g
= 348 K e T
c
= 733 K, respectivamente muito
diferente da liga Ga
40
Se
60
. Outra diferença observada entre a fase amorfa relatada nessa
dissertação e a fase amorfa GaSe está na variação de entalpia associada com o processo
de cristalização: para a liga GaSe foi calculado um valor de
H = 51.0 Jg
-1
enquanto
para a possível liga Ga
40
Se
60
foi calculado um valor de
H=1.6 Jg
-1
.
As interpretações dos picos exotérmicos e endotérmicos observados no espectro
DSC são corroboradas pelo padrão de difração de raios x medido para a amostra tratada
termicamente. Nesse padrão vemos o completo desaparecimento da fase amorfa e
nenhum surgimento de uma nova fase cristalina, o que indica que a composição da fase
amorfa é próxima a inicial. O estreitamento e aumento das intensidades dos picos da
fase nanoestruturada confirmam a presença efetiva do mecanismo associado com
crescimento de grãos durante o tratamento térmico. Por outro lado, parece-nos que o
tratamento térmico não foi muito efetivo na eliminação das microdeformações presentes
nessa fase nanoestruturada, conforme mostram os parâmetros de rede refinados para a
amostra tratada termicamente quando comparados com aqueles dados no cartão ICSD
para a mesma fase cristalina.
O processo Mechanical Alloying promove um produto final contendo uma
elevada concentração de defeitos de vários tipos e tamanhos médios de cristalitos de
dimensões nanométricos. Também o elevado tempo de moagem pode causar
contaminação do produto final por impurezas provenientes do meio de moagem
(cilindro, esferas e atmosfera). Por outro lado, é bem conhecido na literatura [38] que
defeitos e impurezas presentes em produtos finais introduzem estados extras
(aprisionantes também chamados de trap states) ligeiramente abaixo da banda de
valência ou ligeiramente acima da banda de condução. Também está bem documentado
na literatura [38] que materiais policristalinos e/ou possuindo estrutura nanométrica
apresenta uma borda de absorção ótica larga em comparação com o mesmo material na
forma de cristal. Esse alargamento causa imprecisão na determinação do valor da
energia da região proibida (gap ótico). De acordo com a Ref. [38], diferença de
eV1,0± entre valores encontrados para o mesmo material é aceitável. Assim, a
diferença dos valores calculados para a liga nanoestruturada Ga
40
Se
60
como moída e
após tratamento térmico estão dentro dos valores aceitáveis para a energia da região
proibida. Isto é corroborado pelos valores reportados na literatura para a liga Ga
2
Se
3
, a
saber: 1,793 eV [6], 2,070 eV [45] e 2,40 eV [46].
52
Foi observado um aumento de
scm /015,0
2
=
α
no valor do parâmetro
difusividade térmica quando a amostra Ga
40
Se
60
foi tratada termicamente. Esse aumento
está diretamente associado com a eliminação de defeitos, crescimento de grãos e o
aumento do grau de cristalinidade da amostra. Esses mecanismos são responsáveis pelo
aumento nas contribuições provenientes dos mecanismos associados à expansão térmica
da amostra após o tratamento térmico.
CAPÍTULO VII
A seguir são apresentados os resultados alcançados para a liga amorfa Co
41
Nb
59
(a-Co
41
Nb
59
) estudada nessa dissertação.
VII. 1. Resultados
A figura
VII. 1. mostra o padrão de difração de raios x (também chamado de
espalhamento difuso de raios x) medido em função do módulo do vetor momento
transferido K = (4
π
/
λ
) sen
θ
para a amostra amorfa Co
41
Nb
59
, após 37 horas de
moagem. Vale lembrar que a energia do feixe de raios x no LNLS era igual a E =
11004.8 eV (
λ
= 1,12664895 Å), permitindo alcançar um valor de K
max
= 9,975 Å
-1
e
uma resolução 63,0=R Å. Nesta figura, podemos observar dois halos, um intenso e
largo centrado em K= 2,93 Å
-1
e outro menos intenso entre K=3,9 Å
-1
e K=5,7 Å
-1
,
subdividido em dois, o qual é característico dos sólidos amorfos. A forma simétrica do
primeiro halo indica que a fase amorfa é bem homogênea.
53
246810
0
200
400
600
800
1000
1200
K(Å
-1
)
Contagens
a-Co
41
Nb
59
24Figura VII. 1.: Padrão de espalhamento difuso de raios x medido para a liga Co
41
Nb
59
,
após 37
horas de moagem.
A figura
VII. 2. mostra o padrão medido por difração de elétrons, feita em um
Microscópio Eletrônico de Transmissão no Centro de Microscopia Eletrônica da
UFRGS. Nesta figura observamos a presença de somente um anel intenso e, todos os
demais bastante difusos. O anel intenso indica a existência de uma estrutura de curto
alcance, enquanto os anéis difusos indicam que a fase amorfa é bem homogênea. Esses
resultados ratificam aqueles observados na figura
VII. 1.
54
25Figura VII. 2.: Micrografia por difração de elétrons
A figura
VII. 3. mostra a intensidade normalizada por átomo médio, I
a
(K),
obtida de acordo com a equação (22). A perfeita sobreposição a curva teórica
)()(
2
KIKf
Compton
+ indica a excelente qualidade da normalização.
12345678910
)()(
2
KIKf
Compton
+
K(Å
-1
)
Ia(K)
a-Co
41
Nb
59
26Figura VII. 3.: Intensidade normalizada por átomo médio, I
a
(K), para a liga a-Co
41
Nb
59
.
55
A figura
VII. 4. mostra o fator de estrutura total S(K) obtido de acordo com a
equação (15). Este fator de estrutura total é uma soma ponderada dos fatores de
estruturas parciais
S
CoCo
, S
CoNb
e S
NbNb
.
12345678910
K(Å
-1
)
S(K)
a-Co
41
Nb
59
EXP
27Figura VII. 4.: Fator de estrutura atômica total para a liga a-Co
41
Nb
59
.
A figura
VII. 5. mostra os pesos W
ij
(K) que ponderam o fator de estrutura total
visto na figura
VII. 4. Desta figura vemos que a contribuição do fator de estrutura
parcial
S
CoCo
para o fator de estrutura total é de no máximo 10%, o que nos leva a
concluir que a obtenção de informações sobre as correlações atômicas Co-Co é uma
tarefa difícil, enquanto que é mais fácil para as correlações atômicas Co-Nb e Nb-Nb.
56
0246810
0,05
0,10
0,15
0,20
0,25
0,30
0,35
0,40
0,45
0,50
W
CoCo
W
CoNb
W
ij
(K)
K( Å
-1
)
W
NbNb
28Figura VII. 5: Valores dos pesos de ponderação W
ij
(K) para os fatores de estrutura parciais S
ij
(K)
para a liga a-Co
41
Nb
59
.
A figura
VII. 6. mostra a função distribuição radial reduzida
γ
(R) obtida a partir
da Transformada de Fourier do fator de estrutura total
S(K), conforme a equação (28).
Os quatro picos vistos nessa figura correspondem às camadas atômicas dos primeiros
até os quartos vizinhos. Porém, não é possível identificá-los. As camadas atômicas são
bem separadas. A parte inicial da função
γ
(R) antes da camada correspondente aos
primeiros vizinhos é descrita pela função linear
4
πρ
0
R, onde
ρ
0
é a densidade da liga em
átomos/ Å
3
. Assim, a densidade da liga a-Co
41
Nb
59
pode ser calculada a partir do
coeficiente descrito pela equação (29). O valor calculado é
ρ
0
= 0,0707átomos/ Å
3
(9,27
g/cm
3
).
57
012345678910
a-Co
41
Nb
59
R(Å)
γ
(R)
EXP
29Figura VII. 6.: Função distribuição radial reduzida
γ
(R) para liga a-Co
41
Nb
59
.
A figura
VII. 7. mostra a função de distribuição radial RDF(R) obtida a partir da
função distribuição radial reduzida
γ
(R), de acordo com a equação
)(4)(
0
RRRRDF
γ
πρ
+= .
12345678910
a-Co
41
Nb
59
R (Å)
RDF(R)
EXP
30Figura VII. 7.: Função distribuição radial total para liga a-Co
41
Nb
59
.
De acordo com a equação (26) descrita no Capítulo III, para a determinação dos
fatores de estrutura parciais
S
CoCo
, S
CoNb
e S
NbNb
são necessários pelo menos três medidas
independentes do fator de estrutura total
S(K). Esses fatores independentes podem ser
obtidos fazendo medidas do padrão de espalhamento difuso em energias próximas a
58
borda K de absorção do Co (7,709 keV) e do Nb (18,9 keV) e uma terceira entre elas.
Para realizar essas medições necessita-se de fonte de radiação síncrotron e, no LNLS a
energia máxima alcançada na linha XRD é de 14 keV e, portanto, a borda K do Nióbio
não pode alcançada.
Recentemente, foi desenvolvido por McGreevy
et al [47] o método de
simulações Monte Carlo Reverso (RMC) que está resumidamente descrito no Capítulo
III. Este método vem sendo aplicado por diversos pesquisadores em outros países [47-
51] e por nós [52,53] para determinar a estrutura atômica local de ligas amorfas. O fator
de estrutura total mostrado na figura
VII. 4. foi usado como dado de entrada para o uso
deste método. Para a simulação RMC foi considerado um total de 5000 átomos (2050
átomos de cobalto e 2950 átomos de Nióbio) distribuídos em uma caixa cúbica de aresta
igual
L = 41 Å. Foi também assumido como vínculo físico a menor distância
interatômica (início da função gaussiana descrevendo a camada atômica correspondente
aos primeiros vizinhos) para os pares Co-Co, Co-Nb e Nb-Nb como sendo de 1,9
Å.
Essa escolha foi feita de modo que as funções parciais de distribuição de pares
G(R)
ij
não apresentasse corte na primeira camada atômica. A figura VII. 8 mostra a simulação
RMC do fator de estrutura total, considerando o valor da densidade igual a
ρ= 9,27
g/cm
3
.
12345678910
K(Å
-1
)
S(K)
a-Co
41
Nb
59
31Figura VII. 8.: Fator de estrutura total para a liga a-Co
41
Nb
59
obtido para a densidade igual a ρ=
9,27 g/cm
3
: experimental (linha ruidosa) e simulado pelo método Monte Carlo reverso (linha cheia e
grossa).
59
A figura
VII. 9. mostra a superposição das funções
γ
(R) totais obtidas a partir
das Transformadas de Fourier dos fatores de estrutura totais experimentais e simulados.
Desta figura podemos observar uma excelente concordância entre as funções
experimental e simulada.
0246810
-2
-1
0
1
2
3
R(Å)
γ
(R)
EXP
RMC
32Figura VII. 9.: Função distribuição radial reduzida total
γ
(R) total para a liga a-Co
41
Nb
59
:
experimental (cruzes) e simulada pelo método RMC (linha cheia) .
A figura
VII. 10. mostra os fatores de estrutura parciais S
Co-Co
(K), S
Co-Nb
(K) e
S
Nb-Nb
(K) obtidos da simulação pelo método RMC. Podemos ver que devido à pequena
contribuição das correlações atômicas Co-Co para o fator de estrutura total, o fator
S
Co-
Co
(K) apresenta um nível de ruído maior que os outros dois.
12345678910
Nb-Nb
K(Å
-1
)
a-Co
41
Nb
59
Co-Nb
S
ij
(K)
Co-Co
33Figura VII. 10.: Fatores de estruturas parciais gerados pelo método RMC.
60
A figura
VII. 11. mostra as funções parciais distribuição radial reduzida
γ
ij
(R)
provenientes da simulação pelo método RMC. Podemos observar que devido à pequena
contribuição das correlações atômicas Co-Co para o fator de estrutura total, a função
parcial
γ
Co-Co
(R) possui um nível de ruído maior que as funções parciais
γ
Co-Nb
(R) e
γ
Nb-
Nb
(R). As camadas atômicas correspondentes aos primeiros vizinhos são bem definidas e
separadas nas três funções.
12345678910
R(Å)
Nb-Nb
γ
ij
(R)
Co-Nb
Co-Co
a-Co
41
Nb
59
34Figura VII. 11.: Funções parciais distribuição radial reduzida
γ
ij
(R) obtidas pelo método RMC
para a liga a-Co
41
Nb
59
.
As figuras
VII. 12.(a-c) mostram as funções parciais distribuição de pares G
Co-
Co
(R), G
Co-Nb
(R) e G
Nb-Nb
(R) provenientes da simulação pelo método RMC.
Similarmente as funções
γ
ij
(R), estas apresentam as mesmas características, i.e, níveis de
ruído e camadas bem separadas. Estas figuras mostram claramente que a camada
correspondente aos primeiros vizinhos Co-Nb e Nb-Nb são assimétricas, evidenciando a
presença de duas ou mais subcamadas. Assim, a definição direta da distância média
(valor do máximo) desses pares atômicos fica prejudicada. Para encontrarmos o valor
médio para esses pares atômicos, ajustamos à primeira camada atômica (primeiro pico)
assumindo que esta é descrita por duas ou mais subcamadas. O melhor ajuste foi obtido
considerando duas subcamadas. Detalhes dos ajustes estão ilustrados em cada figura. As
distâncias interatômicas médias obtidas foram
R
Co-Co
=2,62Å, R
Co-Nb
=2,73 Å e R
Nb-
Nb
=2,77 Å como mostrado na Tabela VII.1.
61
246810
G
CoCo
(R)
R(Å)
a-Co
41
Nb
59
R
CoCo
=2,62 Å
1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0
35Figura VII. 12-a: função distribuição de pares G
Co-Co
(R).
246810
G
CoNb
(R)
R(Å)
a-Co
41
Nb
59
R
CoNb
=2,73 Å
1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0
36Figura VII. 12-b: função distribuição de pares G
Co-Nb
(R).
62
246810
G
NbNb
(R)
R(Å)
a-Co
41
Nb
59
R
NbNb
=2,77 Å
1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0
37Figura VII. 12-c: função distribuição de pares G
Nb-Nb
(R).
A figura VII. 13. mostra as funções parciais distribuição radial RDF(R)
ij
obtidas
usando a equação (27). O número de primeiros vizinhos é calculado integrando o
primeiro pico de cada função
RDF(R)
ij
. Os valores encontrados estão
mostrados na
Tabela
VII. 1.
12345678910
N
RMC
Nb-Nb
=7,94
R(Å)
N
RMC
Co-Nb
= 7,74
RDF(R)
ij
N
RMC
Co-Co
= 5,21
a-Co
41
Nb
59
38Figura VII. 13.: Funções parciais distribuição radial RDF(R) obtidas da simulação pelo método
RMC para a liga a-Co
41
Nb
59
.
63
N
CoCo
N
CoNb
N
NbCo
N
NbNb
R
CoCo
(Å) R
CoNb
(Å) R
NbNb
(Å)
5,2 7,7 5,4 7,9 2,62 2,73 2,77
3Tabela VII. 1.: Número de coordenação e distância interatômica para os primeiros vizinhos na
liga amorfa a-Co
41
Nb
59
.
A figura
VII. 14. mostra as distribuições de ângulos de ligação para os primeiros
vizinhos Nb-Nb-Nb, Nb-Co-Nb e Co-Nb-Co (o ângulo está centrado no átomo do
meio) obtidas da configuração atômica final gerada pela simulação RMC.
-0,8 -0,6 -0,4 -0,2 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8
Co-Nb-Co
Nb-Co-Nb
Nb-Nb-Nb
cos
α
Co
41
Nb
59
39Figura VII. 14. Distribuição de ângulos obtidos da simulação RMC.
A figura
VII. 15. mostra curva de histerese residual medida para a amostra a-
Co
41
Nb
59
a temperatura de T = 10 K. A magnetização residual em função do campo
magnético aplicado apresenta um baixo valor. Também vemos que a curva de histerese
não apresenta magnetização de saturação, o que é característico de fase paramagnética.
64
-30000 -20000 -10000 0 10000 20000 30000
-2.0
-1.5
-1.0
-0.5
0.0
0.5
1.0
1.5
2.0
Co
41
Nb
59
T = 10 K
-4500 -3000 -1500 0 1500 3000 4500
-1,5
-1,0
-0,5
0,0
0,5
1,0
1,5
M (emu/g)
H (G)
M (emu/g)
H (G)
40Figura VII. 15.: Curva de magnetização residual para a liga a-Co
41
Nb
59
medida a temperatura T
= 10 K.
VII. 2. Discussões referentes aos resultados alcançados para a liga amorfa Co
41
Nb
59
.
Da Tabela VII. 1. podemos observar que os átomos Co e Nb possuem em torno
de 13 primeiros vizinhos. Este resultado indica que ambos têm papéis aproximadamente
iguais para a formação da rede topológica amorfa, a qual é formada por esferas (átomos)
de diâmetros muito próximos. Os raios atômicos dos átomos de Co e Nb são 1,25 Å e
1,43 Å, respectivamente. Este fato é corroborado pela similaridade das distribuições de
ângulos de ligação Nb-Nb-Nb e Nb-Co-Nb, mostradas na figura
VII. 14. Outra
evidência é que o pico referente aos primeiros vizinhos Co-Co-Co, localizado em
4,0cos
α
na distribuição de ângulos de ligação Co-Nb-Co é ligeiramente menor do
que para a distribuição de ângulos de ligação Nb-Co-Nb, a qual sugere que o átomo de
Co tem um comportamento especial na formação da rede amorfa.
A ordem química de curto alcance (CSRO) presente na liga a-Co
41
Nb
59
pode ser
bem descrita pelo parâmetro de Warren
α
W
, dado pela equação (34) do Capítulo IV.
Usando os números de coordenação para os primeiros vizinhos listados na Tabela
VII.1. obtemos
α
W
= 0,001. Este valor indica que a ordem química de curto alcance é
predominantemente randômica. Esta informação torna interessante fazer a comparação
65
entre os dados obtidos pelo método RMC e aqueles previstos pelo modelo de
empilhamento aleatório de esfera rígida (AHS).
É bem conhecido que a intensidade do halo principal nos fatores parciais de
estrutura
)(
KS
AHS
ij
gerados pelo modelo AHS são mais intensos que os
)(
KS
ij
experimentais. O fator de estrutura total gerado pelo modelo AHS é
=
=
2
1
)()()(
i
AHS
ijij
AHS
KSKWKS . Assim, para uma comparação direta com S(K)
experimental o fator de estrutura total )(
KS
AHS
deve ser multiplicado por uma função
exponencial
exp(-
σ
2
K
2
) de modo a introduzir um efeito “térmico” que alarga e diminui a
intensidade dos picos (simulando um aumento na desordem ou entropia). No modelo
AHS, o parâmetro fator de empacotamento
p
f desloca as posições dos picos como um
todo. Assim, o parâmetro
p
f
é obtido quando seu valor permite que as posições dos
máximos principais dos fatores de estrutura totais
S(K) e )(KS
AHS
se superpõem. O
valor de
2
σ
é obtido comparando-se diretamente as funções
)(
R
γ
e )(R
AHS
γ
, que são as
Transformadas de Fourier de
S(K) e )(KS
AHS
, ou as demais funções derivadas dessas
duas. Quando ocorrem a melhor superposição entre elas, então o valor de
2
σ
é
encontrado. Para a liga a-Co
41
Nb
59
o melhor ajuste foi obtido considerando f
p
= 0,8 e
σ
2
=0,06, conforme mostra a figura VII.16. A densidade atômica média para o modelo
AHS
3
/72,9 cmg
AHS
=
ρ
foi obtida usando o mesmo procedimento aplicado para a liga
a-Co
41
Nb
59
.
66
12345678910
S(K)
K(Å
-1
)
RMC
EXP
AHS
a-Co
41
Nb
59
41Figura VII. 16.: Fator de estrutura total da liga Co
41
Nb
59
experimental, o fator de estrutura
simulado por RMC e o fator de estrutura total gerado pelo modelo AHS (f
p
=0,8).
A figura VII. 17. mostra a excelente concordância entre a função distribuição
radial experimental )(
RRDF e aquela prevista pelo modelo AHS )(RRDF
AHS
para as
condições assumidas. A melhor concordância ocorre na região das duas primeiras
camadas interatômicas. Nas seguintes ocorre maior divergência, porém a forma das
camadas apresenta uma semelhança.
12345678910
RDF(R)
R (Å)
EXP
AHS
RMC
a-Co
41
Nb
59
42Figura VII. 17.: Função RDF(R) experimental, RDF(R) obtida do método RMC e RDF(R) obtida
do modelo AHS.
67
As funções
)(KS
AHS
ij
,
)(R
AHS
ij
γ
e
)(RRDF
AHS
ij
estão mostradas nas figuras
VII.18., VII.19. e VII.20., respectivamente, juntamente com aquelas provenientes da
simulação RMC. Podemos observar um bom acordo entre elas. Esses resultados
sugerem que a estrutura da liga a-Co
41
Nb
59
é predominantemente randômica devido às
semelhanças com os dados do modelo AHS.
12345678910
Nb-Nb
K(Å
-1
)
a-Co
41
Nb
59
Co-Nb
S
ij
(K)
Co-Co
43Figura VII. 18.: Fatores de estrutura parciais da liga Co
41
Nb
59
obtidos pelo método RMC (linha
fina) e do modelo AHS (linha grossa).
12345678910
R(Å)
Nb-Nb
γ
ij
(R)
Co-Nb
Co-Co
a-Co
41
Nb
59
44Figura VII. 19.: Funções parciais
γ
ij
(R) da liga Co
41
Nb
59
obtidas pelo método RMC (linha fina) e
as
γ
ij
(R) do modelo AHS (linha grossa).
68
12345678910
N
AHS
Nb-Nb
= 7,16
N
RMC
Nb-Nb
=7,94
R(Å)
N
AHS
Co-Nb
= 8,01
N
RMC
Co-Nb
= 7,74
RDF(R)
ij
N
RMC
Co-Co
= 5,21
a-Co
41
Nb
59
N
AHS
Co-Co
= 4,23
45Figura VII. 20.: Funções parciais RDF(R) da liga Co
41
Nb
59
obtida pelo método RMC (linha fina)
e as RDF’s do modelo AHS (linha grossa).
Os Números de Coordenação e distâncias interatômicas para os primeiros
vizinhos foram calculados, como já descrito anteriormente e estão listados na Tabela
VII. 2. Desta tabela observamos uma excelente concordância entre esses dados
cristalográficos.
N
CoCo
N
CoNb
N
NbCo
N
NbNb
R
CoCo
(Å)
R
CoNb
(Å)
R
NbNb
(Å)
ρ(
g/cm
3
)
RMC
5,2 7,7 5,4 7,9 2,62 2,73 2,77 9,27
AHS
4,2 8,0 5,6 7,2 2,60 2,80 3,00 9,72
Co
3
Nb 6,0 6,0 12,0 4,0 2,38 2,78 2,90
8,94
Co
2
Nb 6,0 6,0 12,0 4,0 2,44 2,81 2,93
9,04
CoNb 4,0 ou
6,0*
6,0 ou
7,0*
6,0 ou
12,0*
4,0/8,0/9,0* 2,46 2,87 a
2,98
2,68 a
3,16
8,88
4Tabela VII. 2.: Números de coordenação e distâncias interatômicas para os primeiros vizinhos
obtidos para a liga amorfa a-Co
41
Nb
59
e para o modelo AHS.
* Conforme a escolha do átomo origem
É interessante comparar as funções e os dados cristalográficos obtidos pelo método
RMC para a liga a-Co
41
Nb
59
com os dados extraídos dos cristais Co
3
Nb
,
Co
2
Nb e CoNb,
cujas estruturas estão bem determinadas. Essa comparação pode permitir entender o
estado amorfo olhando para o estado cristalino. As estruturas cristalinas dos cristais
acima estão disponíveis nos Bancos de Dados Cristalográficos ICSD, JCPDS e TAPP
69
[10,11,40] existentes no LCSM. Para cada cristal, os números de coordenação e as
distâncias interatômicas até 15 Å foram geradas usando o software
CrystalOffice [54].
O fator de estrutura parcial
)(KS
Cristal
ij
para um cristal pode ser gerado em uma
primeira aproximação pela expressão:
.
)(
1)(
∑∑
+=
j
j
j
k
j
Cristal
ij
KR
KRsen
NKS
(54)
Onde
N
j
é o número de átomos do tipo j localizado a uma distância R
j
do átomo do tipo
i.Quando
j
i = obtemos os fatores )(KS
Cristal
ii
e )(KS
Cristal
jj
e, para
j
i
obtemos o fator
)(KS
Cristal
ij
. Para uma distância
j
R
fixa, a soma é para todos os valores de K. O fator de
estrutura total para o cristal pode ser obtido pela expressão:
=
=
2
1
)()()(
i
Cristal
ijij
Cristal
KSKWKS , (55)
onde os pesos )(
KW
ij
são calculados de modo similar aos obtidos para a liga amorfa. As
funções
)(R
Cristal
ij
γ
e )(RRDF
Cristal
ij
são obtidas de forma similar as obtidas para a liga
amorfa.
Nas figuras
VII. 21., VII. 22. e VII. 23. mostradas as funções )(RRDF
Cristal
ij
para os pares Co-Co, Co-Nb e Nb-Nb obtidos para os compostos acima, juntamente
com as mesmas funções obtidas para a liga
a-Co
41
Nb
59
(linha grossa e preta).
0246810
Co
2
Nb
CoNb
Co
3
Nb
Co
41
Nb
59
RDF
CoCo
R (Å )
46Figura VII. 21.:Funções distribuição radial parcial Co-Co para a liga amorfa Co
41
Nb
59
(linha
grossa) e para os cristais Co
3
Nb (-o-)
,
Co
2
Nb (--) e CoNb (-+-).
70
246810
Co
2
Nb
CoNb
Co
3
Nb
Co
41
Nb
59
RDF
NbNb
R (Å)
47Figura VII. 22.: Funções distribuição radial parcial Nb-Nb para a liga amorfa Co
41
Nb
59
(linha
grossa) e para os cristais Co
3
Nb (-o-)
,
Co
2
Nb (--) e CoNb (-+-).
12345678910
Co
2
Nb
CoNb
Co
3
Nb
Co
41
Nb
59
R (Å )
RDF
CoNb
48Figura VII. 23: Funções distribuição radial parcial, par cruzado Co-Nb para a liga amorfa
Co
41
Nb5
9
(linha grossa) e para os cristais Co
3
Nb (-o-)
,
Co
2
Nb (--) e CoNb (-+-).
Da figura
VII. 21. podemos observar que a distribuição de pares Co-Co na liga a-
Co
41
Nb
59
é bastante diferente, principalmente na região da primeira camada atômica
daquela existente nos cristais investigados. Para os primeiros vizinhos Nb-Nb (figura
VII. 22.) vemos que as distâncias são menores do que aquelas encontradas nos cristais.
Características semelhantes são também encontradas para os primeiros vizinhos Co-Nb
(figura
VII. 23.). A alta densidade calculada para a liga amorfa pode estar associada
com essas diferenças.
Considerando que em materiais amorfos ou nanoestruturados uma elevada
fração do volume é ocupada por defeitos. Assim, atribuímos à baixa magnetização
71
residual mostrada na figura
VII. 15. a átomos de Co e/ou aglomerados de átomos de Co,
com dimensão nanométrica, localizados em regiões de defeitos da liga
a-Co
41
Nb
59
.
CAPÍTULO VIII
A seguir são apresentados os resultados alcançados para a liga amorfa Co
62
Nb
38
(a-Co
62
Nb
38
) estudada nessa dissertação. Tendo em vista que o procedimento de análise
dos dados é o mesmo descrito no Capítulo VII, algumas figuras descrevendo detalhes
desse procedimento serão omitidas.
VIII. 1. Resultados
A figura VIII. 1. mostra o padrão de espalhamento difuso de raios x para a
amostra amorfa Co
62
Nb
38
(a-Co
62
Nb
38
), após 37 horas de moagem. A energia do feixe
de raios x é igual a
E = 9500 eV (
λ
= 1,3051 Å). O valor máximo alcançado no espaço
recíproco foi
K
max
= 8,5 Å
-1
. Nesta figura, podemos observar um halo intenso e largo
centrado em
K= 2,86 Å
-1
e um segundo halo menos intenso entre K=3,7 Å
-1
e K=6,2 Å
-1
,
subdividido em dois, o qual é característica dos sólidos amorfos. A simetria observada
no halo principal mostra que a fase amorfa é bem homogênea. O espalhamento difuso
em forma de uma exponencial decrescente entre
K= 0 e K=1,67 Å
-1
é proveniente do ar
que circunda a amostra até o detector (não havia blindagem com fita colante de chumbo
no goniômetro nem no detector). Assim como para a liga anterior, essa contribuição
espúria foi eliminada.
72
12345678
100
200
300
400
500
K(Å
-1
)
Contagens
a-Co
62
Nb
38
49Figura VIII. 1.: Padrão de espalhamento difuso de raios x medido para a liga Co
62
Nb
38
,
após 37
horas de moagem.
A figura
VIII. 2. mostra o fator de estrutura total S(K) após a subtração do
espalhamento espúrio do ar.
012345678
K(Å
-1
)
S(K)
a-Co
62
Nb
38
50Figura VIII. 2.: Fator de estrutura atômica total a liga a-Co
62
Nb
38
após eliminação do
espalhamento difuso do ar.
A figura
VIII. 3. mostra os pesos W
ij
(K) que ponderam o fator de estrutura total
S(K). Desta figura observamos que a contribuição do fator de estrutura parcial S
NbNb
para S(K)o passa de 30 % em grandes valores de K. Contribuição similar é também
observada para o fator de estrutura parcial
S
Co-Co
. Esse fato evidencia que as obtenções
de informações sobre essas correlações atômicas são agora mais favorecidas.
73
02468
0,20
0,25
0,30
0,35
0,40
0,45
0,50
W
CoCo
W
CoNb
W
ij
(K)
K( Å
-1
)
W
NbNb
51Figura VIII. 3.: Valor dos pesos W
ij
(K) para o fator de estrutura atômica total S(K) da liga a-
Co
62
Nb
38
.
A figura
VIII. 4. mostra a função distribuição radial reduzida
γ
(R). Os cinco
picos vistos nessa figura correspondem às camadas atômicas dos primeiros até os
quintos vizinhos. Porém, não é possível identificá-los. Da parte inicial da função
γ
(R)
calculamos o valor da densidade da liga
a-Co
62
Nb
38
e o valor obtido é
ρ
0
= 0,05030
átomos/ Å
3
(6,0 g/cm
3
).
012345678910
a-Co
62
Nb
38
R(Å)
γ
(R)
52Figura VIII. 4.: Função distribuição radial reduzida
γ
(R) para liga a-Co
62
Nb
38
.
O fator de estrutura total
S(K) mostrado na figura VIII. 2. foi também simulado
pelo método RMC. Para a simulação RMC foi considerado um total de 5000 átomos
(3100 átomos de cobalto e 1900 átomos de Nióbio) distribuídos em uma caixa cúbica de
74
aresta igual
L = 46 Å. Foi também assumido como vínculo físico a menor distância
interatômica (início da função gaussiana descrevendo a camada atômica correspondente
aos primeiros vizinhos) para os pares Co-Co, Co-Nb e Nb-Nb como sendo de 2,0
Å.
Essa escolha foi feita de modo que as funções parciais de distribuição de pares
G(R)
ij
não apresentasse corte na primeira camada atômica. A figura VIII. 5. mostra a
simulação RMC do fator de estrutura total, considerando o valor da densidade igual à
ρ= 6,0 g/cm
3
.
012345678
K(Å
-1
)
S(K)
a-Co
62
Nb
38
53Figura VIII. 5.: Fator de estrutura total para a liga a-Co
62
Nb
38
experimental (linha ruidosa) e
simulado pelo método RMC (linha cheia e grossa).
A figura
VIII. 6. mostra a superposição das funções
γ
(R) experimental e
simulada pelo método RMC. Desta figura podemos observar uma excelente
concordância entre essas funções.
75
012345678
a-Co
62
Nb
38
R(Å)
γ
(R)
54Figura VIII. 6.: Função distribuição radial reduzida total
γ
(R) total para a liga a-Co
62
Nb
38
(linha
cheia) e simulada pelo método RMC (cruzes).
A figura VIII. 7. mostra os fatores de estrutura parciais S
Co-Co
(K), S
Co-Nb
(K) e
S
Nb-Nb
(K) obtidos da simulação pelo método RMC. Podemos ver que o nível de ruído
nos três fatores é similar.
12345678
Nb-Nb
K(Å
-1
)
a-Co
62
Nb
38
Co-Nb
S
ij
(K)
Co-Co
55Figura VIII. 7.: Fatores de estruturas parciais gerados pelo método RMC.
A figura
VIII. 8. mostra as funções parciais distribuição radial reduzida
γ
ij
(R)
provenientes da simulação pelo método RMC. Podemos observar que o nível de ruído
76
nas três funções é similar. As camadas atômicas correspondentes aos primeiros vizinhos
são bem definidas e separadas nas três funções.
12345678910
R(Å)
Nb-Nb
R
RMC
=2,81Å
R
RMC
=2,84Å
γ
ij
(R)
Co-Nb
Co-Co
a-Co
62
Nb
38
R
RMC
=2,77Å
56Figura VIII. 8.: Funções parciais distribuição radial reduzida
γ
ij
(R) obtidas pelo método RMC
para a liga a-Co
62
Nb
38
.
A figura VIII. 9. mostra as funções parciais distribuição de pares G
Co-Co
(R), G
Co-
Nb
(R) e G
Nb-Nb
(R) provenientes da simulação pelo método RMC. Similarmente as
funções
γ
ij
(R), estas apresentam as mesmas características, i.e, níveis de ruído e
camadas bem separadas. Esta figura mostra claramente que a camada correspondente
aos primeiros vizinhos Co-Co, Co-Nb e Nb-Nb são simétricas. Para encontrarmos o
valor médio para esses pares atômicos, ajustamos a primeira camada atômica (primeiro
pico) assumindo que esta é descrita somente por uma camada. O melhor ajuste foi
obtido considerando apenas uma subcamada. As distâncias interatômicas médias
obtidas estão mostradas na Tabela
VIII. 1.
77
12345678910
R(Å)
Nb-Nb
G
ij
(R)
Co-Nb
Co-Co
a-Co
62
Nb
38
57Figura VIII. 9.: Função distribuição de pares G
Co-Co
(R), G
Co-Nb
(R) e G
Nb-Nb
(R) para a liga a-
Co
62
Nb
38
.
A figura
VIII. 10. mostra as funções parciais distribuição radial RDF(R)
ij
obtidas
usando a equação (33). O número de primeiros vizinhos é calculado integrando o
primeiro pico de cada função
RDF(R)
ij
. Os valores encontrados estão
mostrados na
Tabela
VIII. 1.
78
2345678910
N
RMC
Nb-Nb
=4,02
R(Å)
N
RMC
Co-Nb
=3,88
RDF(R)
ij
N
RMC
Co-Co
=7,11
a-Co
62
Nb
38
58Figura VIII. 10.: Funções parciais distribuição radial RDF(R) obtidas da simulação pelo método
RMC para a liga a-Co
62
Nb
38
.
N
CoCo
N
CoNb
N
NbCo
N
NbNb
R
CoCo
(Å) R
CoNb
(Å) R
NbNb
(Å)
7,1 3,9 6,4 4,0 2,77 2,81 2,84
5Tabela VIII. 1.: Número de coordenação e distância interatômica para os primeiros vizinhos na
liga amorfa a-Co
62
Nb
38
.
A figura
VIII. 11. mostra as distribuições de ângulos de ligação para os
primeiros vizinhos Nb-Nb-Nb, Nb-Co-Nb e Co-Nb-Co (o ângulo está centrado no
átomo do meio) obtidas da configuração atômica final gerada pela simulação RMC.
79
-0.8 -0.6 -0.4 -0.2 0.0 0.2 0.4 0.6 0.8
Co-Nb-Co
Nb-Co-Nb
Nb-Nb-Nb
cos
α
Co
62
Nb
38
59Figura VIII. 11. Distribuição de ângulos obtidos da simulação RMC.
VIII. 2. Discussões referentes aos resultados alcançados para a liga amorfa Co
62
Nb
38
.
Da Tabela VIII. 1. podemos observar que os átomos Co e Nb possuem em torno
de 11 primeiros vizinhos. Similarmente ao já observado para a liga
a-Co
41
Nb
59
, este
resultado indica que ambos os átomos têm papéis aproximadamente iguais para a
formação da rede topológica amorfa, a qual é formada por esferas (átomos) de
diâmetros muito próximos. Os raios atômicos dos átomos de Co e Nb são 1,25 Å e 1,43
Å, respectivamente. Este fato é corroborado pela similaridade das distribuições de
ângulos de ligação Nb-Nb-Nb e Nb-Co-Nb, mostradas na figura
VIII. 11. Outra
evidência é que o pico referente aos primeiros vizinhos Co-Co-Co, localizado em
4,0cos
α
na distribuição de ângulos de ligação Co-Nb-Co é aproximadamente igual a
distribuição de ângulos de ligação Nb-Co-Nb, a qual sugere que o átomo de Co tem um
comportamento especial na formação da rede amorfa.
80
O parâmetro de Warren
α
W
, o qual descreve a ordem química de curto alcance
(CSRO), foi também calculado para a liga
a-Co
62
Nb
38
. Usando os números de
coordenação para os primeiros vizinhos listados na Tabela
VIII. 1. obtemos
α
W
= -0,03.
Este valor indica que a ordem química de curto alcance é predominantemente
randômica. Assim, novamente é interessante fazer a comparação entre os dados obtidos
pelo método RMC e aqueles previstos pelo modelo de empilhamento aleatório de esfera
rígida (AHS).
Seguindo o mesmo procedimento descrito para a liga
a-Co
62
Nb
38
, o melhor
ajuste foi obtido considerando
f
p
= 0,65 e
σ
2
=0,065, conforme mostra a figura VIII. 12.
A densidade atômica média para o modelo AHS
3
/9,7 cmg
AHS
=
ρ
foi obtida usando o
mesmo procedimento aplicado para a liga
a-Co
41
Nb
59.
012345678
K(Å
-1
)
S(K)
a-Co
62
Nb
38
60Figura VIII. 12.: Fator de estrutura total da liga Co
62
Nb
38
experimental (linha ruidosa) e o fator
de estrutura total gerado pelo modelo AHS (f
p
=0,65).
A figura
VIII. 13. mostra a excelente concordância entre a função distribuição
radial experimental
)(RRDF e aquela prevista pelo modelo AHS )(RRDF
AHS
para as
condições assumidas. É observada uma boa concordância entre essas funções. Todos os
detalhes presentes na função experimental estão também presentes na função dada pelo
modelo AHS.
81
012345678910
RDF(R)
R (Å)
a-Co
62
Nb
38
61Figura VIII. 13.: Função RDF(R) experimental (linha fina) e RDF(R) obtida do modelo AHS
(linha grossa).
As funções
)(KS
AHS
ij
,
)(R
AHS
ij
γ
e
)(RRDF
AHS
ij
estão mostradas nas figuras VIII.
14.
, VIII. 15. e VIII. 16. respectivamente, juntamente com aquelas provenientes da
simulação RMC. Podemos observar um bom acordo entre elas. Esses resultados
sugerem que a estrutura da liga a-Co
62
Nb
38
é predominantemente randômica devido às
semelhanças com os dados do modelo AHS.
12345678
Nb-Nb
K(Å
-1
)
a-Co
62
Nb
38
Co-Nb
S
ij
(K)
Co-Co
62Figura VIII. 14.: Fatores de estrutura parciais da liga Co
62
Nb
38
obtidos pelo método RMC (linha
fina) e do modelo AHS (linha grossa).
82
12345678910
R(Å)
Nb-Nb
R
RMC
=2,81Å
R
AHS
=2,80Å
R
RMC
=2,84Å
R
AHS
=3,00Å
γ
ij
(R)
Co-Nb
Co-Co
a-Co
62
Nb
38
R
RMC
=2,77Å
R
AHS
=2,60Å
63Figura VIII. 15.: Funções parciais
γ
ij
(R) da liga Co
62
Nb
38
obtidas pelo método RMC (linha fina) e
as
γ
ij
(R) do modelo AHS (linha grossa).
2345678910
N
AHS
Nb-Nb
=5,92
N
RMC
Nb-Nb
=4,02
R(Å)
N
AHS
Co-Nb
=5,05
N
RMC
Co-Nb
=3,88
RDF(R)
ij
N
RMC
Co-Co
=7,11
a-Co
62
Nb
38
N
AHS
Co-Co
=6,47
64Figura VIII. 16.: Funções parciais RDF(R) da liga Co
62
Nb
38
obtida pelo método RMC (linha fina)
e as RDF’s do modelo AHS (linha grossa).
Os números de Coordenação e distâncias interatômicas para os primeiros
vizinhos foram calculados, como já descrito anteriormente e estão listados na Tabela
VIII. 2. Desta tabela observamos uma excelente concordância entre esses dados
cristalográficos.
83
N
CoCo
N
CoNb
N
NbCo
N
NbNb
R
CoCo
(Å)
R
CoNb
(Å)
R
NbNb
(Å)
ρ(
g/cm
3
)
RMC
7,1 3,9 6,4 4,0 2,77 2,80 3,00 6,0
AHS
6,5 5,1 8,3 5,9 2,60 2,81 2,84 7,9
Co
3
Nb 6,0 6,0 12,0 4,0 2,38 2,78 2,90
8,94
Co
2
Nb 6,0 6,0 12,0 4,0 2,44 2,81 2,93
9,04
CoNb 4,0 ou
6,0*
6,0 ou
7,0*
6,0 ou
12,0*
4,0/8,0/9,0* 2,46 2,87 a
2,98*
2,68 a
3,16*
8,88
6Tabela VIII. 2.: Números de coordenação e distâncias interatômicas para os primeiros vizinhos
obtidos para a liga amorfa a-Co
62
Nb
38
e para o modelo AHS.
* Conforme a escolha do átomo origem
Similarmente ao que foi feito para a liga a-Co
41
Nb
59
, vamos comparar as
funções e os dados cristalográficos obtidos pelo método RMC para a liga
a-Co
62
Nb
38
com os dados extraídos dos cristais Co
3
Nb
,
Co
2
Nb e CoNb. Nas figuras VIII. 17., VIII.
18.
e VIII. 19. mostradas as funções )(RRDF
Cristal
ij
para os pares Co-Co, Co-Nb e Nb-
Nb obtidos para os compostos acima, juntamente com as mesmas funções obtidas para a
liga
a-Co
62
Nb
38
(linha grossa).
0246810
Co
2
Nb
CoNb
Co
3
Nb
Co
62
Nb
38
RDF
CoCo
R (Å )
65Figura VIII. 17.:Funções distribuição radial parcial Co-Co para a liga amorfa Co
62
Nb
38
(linha
grossa) e para os cristais Co
3
Nb (-o-)
,
Co
2
Nb (--) e CoNb (-+-)..
84
246810
Co
2
Nb
CoNb
Co
3
Nb
Co
62
Nb
38
RDF
NbNb
R (Å)
66Figura VIII. 18.: Funções distribuição radial parcial Nb-Nb para a liga amorfa Co
62
Nb
38
(linha
grossa) e para os cristais Co
3
Nb (-o-)
,
Co
2
Nb (--) e CoNb (-+-).
12345678910
Co
2
Nb
CoNb
Co
3
Nb
Co
62
Nb
38
R (Å )
RDF
CoNb
67Figura VIII. 19.: Funções distribuição radial parcial, par cruzado Co-Nb para a liga amorfa
Co
62
Nb
38
(linha grossa) e para os cristais Co
3
Nb (-o-)
,
Co
2
Nb (--) e CoNb (-+-).
Da figura
VIII. 17 podemos observar que para os pares Co-Co a estrutura de
curto alcance é também bastante diferente, como no caso anterior. Porém na figura
VIII. 18 podemos observar que certas características presentes nos cristais para os pares
Nb-Nb estão também presentes na liga amorfa, como por exemplo, a camada referente
aos primeiros vizinhos tem aproximadamente a mesma posição. Características
semelhantes são também encontradas para pares Co-Nb (figura
VIII. 19), porém as
distâncias interatômicas são mais curtas na liga amorfa. Os pares Co-Nb dão indícios de
mostrarem características semelhantes, porem uma análise visual é mais complexa.
85
Muito embora a comparação seja qualitativa, fica claro que a densidade da liga amorfa
Co
41
Nb
59
é maior que as dos cristais devido a maior proximidade e maior número de
coordenação entre pares atômicos Nb-Nb e Co-Nb, enquanto para a liga Co
62
Nb
38
a
densidade é menor a dos cristais devido a menor distância interatômica entre os pares
Co-Co e Nb-Nb como mostrado na Tabela
VIII. 2.
CAPÍTULO IX
EVOLUÇÃO DA ESTRUTURA ATÔMICA LOCAL NAS LIGAS
AMORFAS Co
X
Nb
1-X
(X = 0,25, 0,41 e 0,62)
As figuras
IX. 1., IX. 2. e IX. 3. mostram as funções parciais distribuição radial
reduzida )(
R
CoCo
γ
, )(R
NbCo
γ
e )(R
NbNb
γ
obtidas pelo método RMC para as ligas
amorfas
Co
25
Nb
75
, Co
41
Nb
59
e Co
62
Nb
38
, respectivamente. A liga Co
25
Nb
75
foi estudada
por nosso grupo anteriormente e os resultados alcançados estão reportados na Ref. [12].
012345678910
γ
Co-Co
(R)
Co
25
Nb
75
Co
41
Nb
59
Co
62
Nb
38
R(Å)
68Figura IX. 1.:Mostram as funções parciais distribuição radial reduzida )(R
CoCo
γ
, obtidas pelo
método RMC para as ligas amorfas Co
25
Nb
75
, Co
41
Nb
59
e Co
62
Nb
38
.
86
012345678910
γ
Co-Nb
(R)
Co
25
Nb
75
Co
41
Nb
59
Co
62
Nb
38
R(Å)
69Figura IX. 2.:Mostram as funções parciais distribuição radial reduzida )(R
NbCo
γ
, obtidas pelo
método RMC para as ligas amorfas Co
25
Nb
75
, Co
41
Nb
59
e Co
62
Nb
38
.
012345678910
γ
Nb-Nb
(R)
Co
25
Nb
75
Co
41
Nb
59
Co
62
Nb
38
R(Å)
1
70Figura IX. 3.:mostram as funções parciais distribuição radial reduzida
)(R
NbNb
γ
, obtidas pelo
método RMC para as ligas amorfas Co
25
Nb
75
, Co
41
Nb
59
e Co
62
Nb
38
.
Podemos ver nestas três figuras, que a liga amorfa Co
41
Nb
59
possui maior
proximidade entre os pares atômicos tanto para ordem de curto alcance quanto para
médio alcance enquanto que para a liga
Co
62
Nb
38
as distâncias são maiores.
A Tabela
IX. 1 mostra os números de coordenação e as distâncias interatômicas
médias obtidas para cada uma das ligas amorfas acima, para cada mistura de Co e Nb
estudada pelo modelo AHS e para os cristais mencionados nos Capítulos VII e VIII .
87
Liga N
CoCo
N
CoNb
N
NbCo
N
NbNb
R
CoCo
(Å)
R
CoNb
(Å)
R
NbNb
(Å)
ρ(
g/cm
3
)
a-Co
25
Nb
75
RMC
3,0 9,4 3,1 9,7 2,70 2,75 2,93 8,41
AHS
2,5 8,6 2,9 10,1 2,60 2,83 2,83 8,56
a-Co
41
Nb
59
RMC
5,2 7,7 5,4 7,9 2,62 2,73 2,77
9,27
AHS
4,2 8,0 5,6 7,2 2,60 2,80 3,00
9,72
a-Co
62
Nb
38
RMC
7,1 3,9 6,4 4,0 2,77 2,80 3,00
6,00
AHS
6,5 5,1 8,3 5,9 2,60 2,81 2,84
7,90
Cristais
Co
3
Nb
6,0 6,0 12,0 4,0 2,38 2,78 2,90
8,94
Co
2
Nb
6,0 6,0 12,0 4,0 2,44 2,81 2,93
9,04
CoNb
4,0 ou
6,0*
6,0 ou
7,0*
6,0 ou
12,0*
4,0/8,0/9,0* 2,46 2,87 a
2,98*
2,68 a
3,16*
8,88
7Tabela IX. 1: Números de coordenação e distâncias interatômicas para os primeiros vizinhos
obtidos para as ligas amorfas a-Co
x
Nb
1-x
, para misturas estudadas pelo modelo AHS e para alguns
cristais.
* Conforme a escolha do átomo origem
71Figura IX. 4.: Distâncias entre primeiros vizinhos versus a concentração de Co nas três ligas.
A Figura IX. 4 mostra as distâncias entre primeiros vizinhos versus a concentração de
Co nas três ligas de composições diferentes.
20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70
2,60
2,65
2,70
2,75
2,80
2,85
2,90
2,95
3,00
Distâncias interatômicas
entre primeiros vizinhos ( Å )
% Co
Co-Co
Co-Nb
Nb-Nb
88
72Figura IX. 5.: Densidade versus a concentração de Co nas três ligas.
A Figura
IX. 5 mostra a densidade versus a concentração de Co nas três ligas de
composições diferentes.
Da Tabela, portanto, podemos extrair as seguintes observações:
1) O número de primeiros vizinhos Co-Co cresce com o aumento da
concentração de cobalto nas ligas amorfas. Comportamento similar é também observado
nas misturas estudadas pelo modelo AHS e nos cristais.
2) O número de primeiros vizinhos Co-Nb diminui com o aumento da
concentração de cobalto nas ligas amorfas. Comportamento similar é também observado
nas misturas estudadas pelo modelo AHS e nos cristais.
3) O número de primeiros vizinhos Nb-Co cresce com o aumento da
concentração de cobalto nas ligas amorfas. Comportamento similar é também observado
nas misturas estudadas pelo modelo AHS e, o inverso é observado nos cristais.
4) O número de primeiros vizinhos Nb-Nb diminui com o aumento da
concentração de cobalto nas ligas amorfas. Comportamento similar é também observado
nas misturas estudadas pelo modelo AHS e nos cristais.
5) A distância interatômica média dos primeiros vizinhos Co-Co apresenta um
mínimo para a liga
a-Co
41
Nb
59
e se mantém quase inalterada para as outras duas
composições. Essa distância permanece constante para as misturas estudadas pelo
20 25 30 35 40 45 50 55 60 65
5,5
6,0
6,5
7,0
7,5
8,0
8,5
9,0
9,5
ρ(
g/cm
3
)
% Co
89
modelo AHS, uma vez que este modelo é aditivo. Nos cristais ela diminui com o
aumento da concentração de cobalto.
6) A distância interatômica dos primeiros vizinhos Co-Nb apresenta um mínimo
para a liga
a-Co
41
Nb
59
e se mantém quase inalterada para as outras duas composições.
Essa distância permanece quase constante para as misturas estudadas pelo modelo AHS,
uma vez que este modelo é aditivo. Nos cristais ela diminui com o aumento da
concentração de cobalto.
7) A distância interatômica dos primeiros vizinhos Nb-Nb apresenta um mínimo
para a liga
a-Co
41
Nb
59
e se mantém quase inalterada para as outras duas composições.
Essa distância apresenta um máximo para a mistura com composição
Co
41
Nb
59
e
permanece constante para as outras duas misturas estudadas pelo modelo AHS. Nos
cristais ela apresenta pouca variação com o aumento da concentração de cobalto.
8) A densidade apresenta um valor máximo para a liga
a-Co
41
Nb
59
e, a partir
dessa composição ela diminui com o aumento da concentração de cobalto.
Comportamento similar é também observado para as misturas estudadas pelo modelo
AHS. Nos cristais é independente da composição.
9) Embora as composições amorfas estudadas nessa dissertação evidenciam que
suas estruturas atômicas são parecidas com aquelas previstas pelo modelo AHS para
misturas de Co e Nb de mesma composição nominal das ligas, i.e., distribuições
atômicas randômicas tridimensionais, existe uma distribuição randômica de átomos que
apresenta maior compactação, a qual é a composição
Co
41
Nb
59
. Para ligas amorfas com
composição maiores que
Co
41
Nb
59
ocorre uma menor densificação na estrutura atômica.
90
CAPÍTULO X
CONCLUSÕES
Das ligas estudadas nessa dissertação podemos extrair as seguintes conclusões:
X. 1. Liga nanoestruturada Ga
40
Se
60
.
1. Partindo da mistura de pós elementares Ga e Se foi possível obter por
moagem mecânica a liga nanoestruturada
Ga
2
Se
3
, na forma
monoclínica, após 10 horas de moagem. Em estudos não apresentados
nessa dissertação verificou-se que após 1 hora de moagem essa fase já
estava nucleada. Observou-se também a coexistência de uma fase
amorfa, cujos resultados dão evidências que sua composição química é
próxima daquela correspondente a fase monoclínica.
2. A fase monoclínica se mostrou estável após tratamento térmico em
713K.
3. O valor calculado da energia correspondente a região proibida (gap
óptico) apresenta pequena variação quando comparados com os
valores da literatura para este material na forma massiva (bulk).
4.
O valor calculado para o parâmetro difusividade térmica está em
acordo com o valor reportado na literatura para a liga Ga
2
Se
3
.
5.
A fase amorfa se mostrou estável durante o processo de moagem. Foi
observado que a variação de entalpia no processo de cristalização é
pequena comparada à alta energia de ativação.
6.
A temperatura de transição vítrea observada para a fase amorfa
coexistente com a fase monoclínica Ga
2
Se
3
é maior do que a
temperatura de transição vítrea para a fase amorfa GaSe. Este
resultado reforça a idéia de que a composição da fase amorfa descrita
neste trabalho é diferente da composição equiatômica.
7.
A fase amorfa obtida neste trabalho cristalizou-se durante o tratamento
térmico a 713 K.
91
X. 2. Ligas amorfas Co
x
Nb
1-x
(x = 0,41 e 0,62).
1. Modelo termodinâmico previu a formação de ligas de Co-Nb
confirmadas neste trabalho.
2.
Com apenas um fator de estrutura oriundo de medidas de
difração de raios x, foi determinada a estrutura atômica local
das ligas amorfas usando o método Monte Carlo Reverso.
3.
Existe uma equivalência no ambiente químico em torno dos
átomos de Co e Nb para ambas as ligas.
4.
As estruturas atômicas amorfas são bem descritas pelo modelo
de empilhamento aleatório de esferas rígidas.
5.
Resultados evidenciam a existência de uma composição para o
qual a estrutura amorfa apresenta maior compactação, essa
tendência é também observada para misturas de mesma
composição estudada pelo modelo AHS.
92
CAPÍTULO XI
Sugestões para trabalhos futuros
1.
Obter a liga Ga
2
Se
3
na forma amorfa por moagem mecânica
2. Obter a liga Ga
2
Se
3
na forma amorfa por outras técnicas e comparar com os
resultados deste trabalho.
3. Estudar os sistemas Co
x
Nb
1-x
(x = 0,20, 0,50 e 0,60) longe e perto das
composições estudadas nesta dissertação.
93
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