RESUMO
Considerando a perspectiva histórica de que o corpo é um dos locais onde as
marcas sociais são expostas, além de ser o meio principal pelo qual as questões da
Educação Física são abordadas, a possibilidade de se explorar o tema "corpo e
cultura" são diversos. Entretanto, este estudo está centrado na reflexão de um
possível comprometimento da consciência corporal autêntica e autônoma na
sociedade contemporânea, ou seja, a existência de uma educação do corpo que
assume formas cada vez mais danificadas em detrimento da formação digna. O
trabalho estrutura-se da seguinte maneira: o primeiro capítulo destina-se a apontar
como o corpo vem sendo tratado na linha da história, passando pela antigüidade, a
idade média, a formação do capitalismo e a modernidade. O segundo capítulo, ao
situar o contexto histórico, apresenta elementos que demonstram como o modelo
industrial determinou o modo de organização social em que vivemos. Dentro dessa
linha de investigação, segue uma análise acerca do processo de mercantilização da
cultura e a apresentação dos conceitos de “Industria Cultural” e “Semiformação
Cultural”. Para encerrar a investigação o terceiro capítulo analisa, à luz de reflexões
desenvolvidas pelos pensadores clássicos da Escola de Frankfurt, as imagens
corporais expostas na forma de outdoors para discutir a concepção de corpo
difundida nos centros urbanos fazendo as possíveis relações entre a cultura
danificada e a educação do corpo na contemporaneidade. Nesta etapa são
utilizadas fotos de outdoor como fonte de analise da argumentação levantada,
enfatizando que as imagens devem ser vistas como textos a serem lidos. Com essa
investigação concluiu-se que, na linha da história, o corpo, essa singularidade
multifacetada, pouco a pouco parece perder sua inteireza, identidade sensorial e
liberdade. O corpo moderno tornou-se aquele que se afirma como identidade de
uma sociedade que glorifica o sistema econômico. Assim, o sujeito não consegue
agir de forma consciente permitindo uma identidade corpórea para a possibilidade
de existência na produção da história que o determina enquanto ser social. É nesse
sentido que a subjetividade torna-se comprometida com a objetividade ideológica,
reproduzindo na sua particularidade uma totalidade social que exclui o seu direito de
existência. Nesse contexto, o corpo passa a ser suscetível às sujeições que lhe são
impostas pelo modo moderno de produzir a vida e também pelos ditames da
Indústria Cultural que, através dos mecanismos de manipulação ideológica, ajudam
na impossibilidade do corpo de entender-se enquanto ação histórica e estabelecer
sua identidade. Acreditamos que uma educação do corpo, assim danificada pelo
conjunto de processos informativos que resultam em semiformação cultural
compromete aquilo que o ser humano poderia construir enquanto uma vida justa e
de rejeição à barbárie. Ou seja, a educação do corpo, danificada por tais princípios
de manipulação, tanto da consciência corpórea quanto a de sua situação no mundo
social, torna-se um obstáculo para o esclarecimento (Aufklärung) e este é peça
fundamental para uma sociedade de indivíduos emancipados. Enfim, as reflexões
aqui levantadas serão de grande valia para se repensar as questões do corpo, bem
como a Educação Física como possibilidade educativa emancipatória.
Palavras –chaves: Industria Cultural, Semiformação Cultural, Educação do Corpo.