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UniversidadeFederaldoRioGrandedoNorte
CentrodeTecnologia
DepartamentodeEngenhariaQuímica
ProgramadePósGraduaçãoemEngenhariaQuímica
TESEDEDOUTORADO
BIOSSORÇÃOUTILIZANDOALGAMARINHA
(SARGASSUMsp.)APLICADAEMMEIOORGÂNICO.
AlbinadaSilvaMoreira
Orientadora:Prof.
a
Dra.MárciaMariaLimaDuarte
Co-Orientadora:Prof.
a
Dra.GoreteRibeirodeMacedo
Natal/RN
Dezembro/2007
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DivisãodeServiçosTécnicos
CatalogaçãodaPublicaçãonaFonte.
UFRN/BibliotecaCentralZilaMamede.
Moreira,AlbinadaSilva.
Biossorção utilizando alga marinha (sargassum sp.) aplicada
emmeioorgânico/AlbinadaSilvaMoreira.–Natal[RN],2007.
103f.
Orientadora:MárciaMariaLimaDuarte.
Co-orientadora:GoreteRibeirodeMacedo.
Tese (Doutorado) – Universidade Federal do Rio Grande do
Norte. Centro de Tecnologia. Departamento de Engenharia
Química.ProgramadePós-GraduaçãonaEngenhariaQuímica.
1.Óleo lubrificante – Tese. 2. Óleo automotivo – Tese. 3.
Biossorção –Tese. 4. Sargassumsp. –Tese. I. Duarte, Márcia
Maria Lima. II. Macedo, Gorete Ribeiro de. III. Universidade
FederaldoRioGrandedoNorte.IV.Título.
RN/UF/BCZMCDU665.637.6(043.2)
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AlbinadaSilvaMoreira
BIOSSORÇÃOUTILIZANDOALGAMARINHA
(SARGASSUMsp.)APLICADAEMMEIOORGÂNICO.
Natal/RN
Dezembro/2007.
Tese de Doutorado apresentada ao
Programa de Pós-
Graduação em
Engenharia Química, da Universidade
FederaldoRioGrandedoNorte–
UFRN,
em cumprimento às exigências para
obtenção do grau de Doutora em
EngenhariaQuímica.
ii
MOREIRA,AlbinadaSilva–Biossorçãoutilizandoalgamarinha(Sargassumsp.)aplicada
emmeioorgânico.TesedeDoutorado,UFRN,ProgramadePós-GraduaçãoemEngenharia
Química, Área de Concentração: Engenharia de Processos em Plantas de Petróleo e Gás
Natural,Natal/RN,Brasil.
Orientadora:Profa.Dra.MárciaMariaLimaDuarte.
Co-Orientadora:Profa.Dra.GoreteRibeirodeMacedo.
Resumo:Nopresentetrabalhoescolheu-seoóleolubrificanteautomotivousadodeumafrota
deônibusdacidadedeNatal-RN-Brasil.Esteóleofoicaracterizado,indicandoqueosmetais
contidosemmaiorconcentraçãosãoFerro(Fe)eCobre(Cu).Paraoprocessodebiossorção
utilizou-seaalgamarinhafeofíceaSargassumspparaseestudarainfluênciadapresençade
metal isoladamente e com outros metais. Estudou-se ainda o efeito do tratamento de
protonação na alga visando a eficiência de remoção de metais pesados. O estudo da
solubilização mostrou-se interessante para a aplicação na remoção de metais pesados em
óleos lubrificantes usados, já que a presença de mais de um metal pesado favorece a
solubilidadedetodososmetaispresentes.Observou-seque,paraosmetaisFeeCu,queestão
presentesnoóleoemmaioresconcentrações,autilizaçãodobiossorventeprotonadofoimais
eficiente.Paraestudarainfluênciadavelocidadedeagitação,datemperatura,daquantidade
debiomassaedaconcentraçãoinicialdebiomassanaremoçãodeFeeCupresentesemóleos
lubrificantes usados utilizou-se a alga marinha Sargassumsp. protonada.Foi realizado um
planejamentoexperimentaleumestudocinético.Apartirdosresultadosobtidosobservou-se
que nascondiçõesestudadas,à medida que a quantidadedebiomassaaumenta, é menor a
capacidadedeadsorçãodoFeedoCu.Doplanejamentoexperimentalpôde-seconcluirqueé
possível obter uma função que mostreo nível de influência de cada uma das variáveis do
sistema.SendoqueparaoFeavariávelmaisrelevantefoiaquantidadedebiomassaeparao
Cufoiatemperatura.
Palavraschaves:Óleolubrificanteautomotivousado,biossorção,sargassumsp.
BANCAEXAMINADORAEDATADEDEFESA:07dedezembrode2007.
Presidente:
ProfªDra.MárciaMariaLimaDuarte(UFRN)
Membros:
Prof.Dr.EveraldoSilvinodosSantos(UFRN)
Prof.Dr.JacksonA.deOliveira(UFRN)
ProfªDra.GoreteRibeirodeMacedo(UFRN)
ProfªDra.MarileideMoraisAlves(UFPA)
ProfªDra.ValdineteLinsdaSilva(UFPE)
iii
ABSTRACT
In this work, biosorption process was used to remove heavy metals from used
automotivelubricatingoilsbyabusfleetfromNatal-RN-Brazil.Thisoilwascharacterizedto
determine thephysical-chemistryproperties.It wasalsocharacterizedtheusedoilwiththe
aimofdeterminingandquantifyingtheheavymetalconcentration.FeandCuwerethemetals
existentinlargeconcentrationandthesemetalswerechousedtobestudiedinsolubilization
process. For the biosorption process was used the seaweed Sargassum sp for the study of
influencingofthemetalspresentsseparatelyandwithothermetals.Itwasalso studiedthe
effectoftheprotonationtreatmentofalgawiththeobjectivetoknowthebestefficiencyof
heavymetalsremoval.Thestudyofthesolubilizationshowedthatthepresenceofmorethan
ametalfavorsthesolubilizationofthemetalspresentsintheoilandconsequently,itfavors
the biosorption process, what becomes interesting the perspective application in the heavy
metals removal in lubricating oils used, because the presence of more than a heavymetal
favorsthesolubilityofallmetalspresent.Itwasobservedthattheironandcoppermetals,
whichare present inlargeconcentration,theprotonatedbiosorbtentwasmoreeffective. In
this study we used as biomass the marine alga Sargassum sp to study the influence of
agitationvelocity,temperatureandinitialbiomassconcentrationontheremovalofironand
copperfromusedlubricantoils.Weperformedanexperimentaldesignandakineticstudy.
The experiments were carried out with samples of used lubricant oil and predetermined
amounts of algae, allowing sufficient time for the mixture to obtain equilibrium under
controlled conditions. The results showed that,underthe conditionsstudied, the largerthe
amountofbiomasspresent,thelowertheadsorptioncapacityoftheironandofthecopper,
likelyduetoadecreaseininterfacecontactarea.Theexperimentaldesignledustoconclude
thatafunctioncanbeobtainedthatshowsthedegreeofinfluenceofeachoneofthesystem
variables.
Keywords:Usedautomotivelubricatingoil,biosorption,sargassumsp.
iv
DEDICATÓRIA
Dedicoestetrabalhoaosmeuspais
JoaquimdeAzevedoMoreira(inmemorian)
MariaAlbaP.daSilva
Ameuirmão
ArturCésardaSilvaLima
Aminhairmã
RosaCéliadaS.Moreira
Quesempreestiverampróximosdemimnosmomentosmaisimportantesdaminhavida.
v
AGRADECIMENTOS
A Deus por sua infinita bondade de proporcionar-me condições de realizar esta
caminhada,iluminandoocaminhoparaqueeupudessetrilharmaisestaetapadaminhavida.
As professoras Doutoras Márcia M. Lima Duarte e Gorete Ribeiro de Macedo pela
orientaçãonodesenvolvimentodessetrabalho
AosprofessoresdoPPGEQquetiveramsempreapaciênciaeboavontadeemtransmitir
suasdisciplinasdeformaclaraeprecisa.
AoprofessorDoutorAfonsoAvelinoDantasNetopeloapoioconcedidonarealização
dessetrabalho.
Aos professoresDoutoresJackson A. de Oliveira eEveraldoSilvinodos Santospela
importantecolaboraçãonestetrabalho.
ÀsamigasecompanheirasMarileideMoraisAlveseElianeRolimFlorentino.
Às minhas amigas Rosimary, Cynara, Cleonice, Francivania, Jaqueline e Lívia que
estiveram sempre comigo nos momentos de alegria e principalmente nos momentos mais
difíceis.
AJennysBarrilhapelasuapaciênciaeajudanarealizaçãodestetrabalho.
À turma do LaboratóriodeEngenharia Bioquímica(LEB), Márcio, Sanderson,Alex,
Franklin,Laerte,Andréa,Danielle,FabianaeÂngelapelacolaboraçãoeincentivo.
AoalunoJúlioNandenhapelaajudanaparteexperimentaldestetrabalho.
Aos funcionários do PPGEQ, Antônio, Mazinha, Medeiros e Cecília, pela ajuda
constanteeprecisanarealizaçãodestetrabalho.
ÀANPpelaajudafinanceira.
À Empresa de ônibus Cabral pelas amostras de óleos cedidas para realização deste
trabalho.
AUFPEemespecialaProfessoraValdineteLinsdaSilvaeaJoséEdsondaSilvapelo
apoioeajudanasanálises.
Atodosquecontribuíramdiretaeindiretamentepelarealizaçãodestetrabalho.
vi
SUMÁRIO
RESUMO ii
ABSTRACT iii
AGRADECIMENTO v
LISTADETABELAS viii
LISTADEFIGURAS ix
1.INTRODUÇÃOGERAL................................................................................................. 2
2.FUNDAMENTAÇÃOTEÓRICA ................................................................................... 5
2.1.Óleolubrificante.......................................................................................................... 5
2.1.1.Composiçãodosóleoslubrificantes ...................................................................... 5
2.1.2.Oscomponentesquímicosdosóleoslubrificantes................................................. 5
2.1.3.Classificaçãodosóleos......................................................................................... 6
2.1.4.Identificaçãodosóleos ......................................................................................... 8
2.1.5.Classificaçãodoslubrificanteslíquidos................................................................. 9
2.1.5.1.Óleosminerais............................................................................................... 9
2.1.5.2.Óleosgraxos ................................................................................................ 11
2.1.5.3.Óleoscompostos.......................................................................................... 11
2.1.5.4.Óleossintéticos............................................................................................ 12
2.1.6.Óleosbásicos...................................................................................................... 12
2.1.6.1.Tiposdeóleosbásicos.................................................................................. 13
2.1.6.2.Óleoslubrificantesbásicos........................................................................... 13
2.1.6.3.Característicaserequisitosdedesempenho .................................................. 14
2.1.6.3.1.CaracterísticasFísicaseQuímicas......................................................... 14
2.1.6.3.2.Desempenho ......................................................................................... 14
2.1.6.4.Especificaçõesdosóleosbásicos.................................................................. 14
2.1.7.Composiçãodosóleosusados............................................................................. 17
2.1.8.Re-refinodeóleosusados ................................................................................... 19
2.1.9.AsnovasleisdaAgênciaNacionaldoPetróleo–ANP ....................................... 20
2.2.Tratamentodeefluentes............................................................................................. 20
2.3.Metais ....................................................................................................................... 22
2.3.1.Metaisemsoluçãoaquosa .................................................................................. 22
2.3.2.Metaispesados ................................................................................................... 23
2.3.2.1.Cobre........................................................................................................... 24
2.3.2.2.Ferro............................................................................................................ 25
2.3.2.3.Utilizaçãodemetaispesadosemprocessosindustriais................................. 26
2.4.Biossorção................................................................................................................. 28
2.4.1.Mecanismodeacumulaçãodemetaispormicrorganismos.................................. 28
2.4.1.1.Acumulaçãoextracelular/precipitação.......................................................... 32
2.4.1.2.Sorçãonasuperfíciecelularoucomplexação ............................................... 33
2.4.1.3.Acumulaçãointracelular .............................................................................. 33
2.4.1.4.Avaliaçãododesempenhodasorção............................................................ 34
2.4.1.4.1.EfeitodopH.......................................................................................... 35
2.4.1.4.2.Influênciadatemperatura...................................................................... 35
2.4.1.4.3.Influênciadaconcentraçãodometal...................................................... 36
2.4.1.4.4.Influênciadascondiçõesdebiomassa.................................................... 36
2.4.1.5.Isotermasdebiossorção ............................................................................... 36
vii
2.5.Algasmarinhas.......................................................................................................... 38
2.6.Biossorçãoporalgas.................................................................................................. 41
2.7.Planejamentofatorial................................................................................................. 44
3.ESTADODAARTE ...................................................................................................... 46
4.MATERIALEMÉTODOS ........................................................................................... 53
4.1.Espaçofísico............................................................................................................. 53
4.2.Material..................................................................................................................... 53
4.2.1.Reagentes ........................................................................................................... 53
4.2.2.Equipamentos..................................................................................................... 54
4.3.Metodologia.............................................................................................................. 54
4.3.1.Determinaçãodaspropriedadesfísico-químicasdoóleo ..................................... 54
4.3.2.Caracterizaçãodoóleocomrelaçãoàpresençademetaispesados ...................... 55
4.3.3.DeterminaçãodasolubilidadedemetaisFerroeCobreemóleonovo ................. 56
4.3.4.Preparaçãodabiomassa...................................................................................... 56
4.3.5.Tratamentodabiomassaatravésdaprotonação................................................... 57
4.3.6.Sistemaexperimentalparaoprocessodebiossorçãodeóleolubrificanteusado
utilizandoalgamarinhaSargassumsp. ......................................................................... 57
4.3.7.Avaliaçãodaprotonaçãonaalga......................................................................... 58
4.3.8.Estudoexperimentaldacinéticadebiossorção.................................................... 59
4.3.9.Influênciadaquantidadedebiomassa................................................................. 59
4.3.10.Influênciadatemperatura ................................................................................. 60
4.3.11.Influênciadavelocidadedeagitação................................................................. 60
4.3.12.Planejamentoexperimental............................................................................... 60
5.RESULTADOSEDISCUSSÃO.................................................................................... 64
5.1.PropriedadesFísico-Químicas ................................................................................... 64
5.2.Metaispesadosnoóleolubrificanteusado................................................................. 65
5.3.Ensaiosemoóleolubrificantenovo .......................................................................... 66
5.3.1.SolubilidadedoFeeCuemóleolubrificantenovo ............................................. 66
5.3.2.Avaliaçãodabiossorção ..................................................................................... 67
5.4.Processodebiossorção.............................................................................................. 68
5.4.1.Influênciadotratamentodabiomassaprotonada................................................. 68
5.4.2.Estudocinético ................................................................................................... 69
5.4.3.Efeitodaquantidadedebiomassa ....................................................................... 71
5.4.4.Análiseestatísticadosresultados ........................................................................ 73
6.CONCLUSÕES............................................................................................................... 92
7.REFERÊNCIASBIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 95
viii
LISTADETABELAS
Tabela2.1:Classificaçãodoóleoparamotoresagasolinaeaálcoolesuasfinalidades.......... 7
Tabela2.2:Classificaçãodoóleoparamotoresadieselesuasfinalidades ............................. 8
Tabela2.3:Característicasdosóleosparafínicosenaftênicos .............................................. 10
Tabela2.4:Índicedeviscosidadedoóleobásico.................................................................. 15
Tabela2.5:Característicasfísico-químicasdocobre(Ruben,1970) ..................................... 25
Tabela2.6:Característicasfísico-químicasdoferro(Ruben,1970) ...................................... 26
Tabela2.7:Utilizaçãodemetaispesadosemalgunstiposdeindústrias................................ 26
(BrandweineBrookman,1982) ........................................................................................... 26
Tabela2.8:Principaispigmentosconstituintesdealgumasclassesdealgasmarinhas(Boney,
1966) ................................................................................................................................... 39
Tabela4.1:Níveisdasvariáveisdoplanejamentofatorial2
4
paraoestudodomecanismode
remoçãodeFeeCu ............................................................................................................. 61
Tabela4.2:MatrizdoplanejamentodomecanismoderemoçãodeFeeCuexperimental
fatorial2
4
............................................................................................................................. 62
Tabela5.1:Propriedadesdoóleousado................................................................................ 64
Tabela5.2:Propriedadesdoóleoantesdouso...................................................................... 65
Tabela5.3:Teordemetaisnoóleolubrificanteusado .......................................................... 66
Tabela5.4:SolubilidadedoFeeCunoóleolubrificantenovo ............................................. 67
Tabela5.5:PercentualderemoçãodosmetaisFeeCunoprocessodebiossorção ............... 67
Tabela5.6:Concentraçãodosmetaisnoóleousadodepoisdoprocessodebiossorção......... 68
Tabela5.7:ResultadosdoPlanejamentofatorial2
4
comtriplicatanopontocentralparao
processoderemoção............................................................................................................ 74
ix
LISTADEFIGURAS
Figura2.1:Mecanismodebiossorção:classificaçãodeacordocomadependênciado
metabolismocelular(VeglioeBeolchini,1997)................................................................... 29
Figura2.2:Mecanismodebiossorção:classificaçãodeacordocomosítioondeometalé
removido(VeglioeBeolchini,1997) ................................................................................... 30
Figura2.3:Formaçãodeumcomplexoentreumácidocarboxílicoeumíonmetálico
(Vásquez,1995)................................................................................................................... 31
Figura2.4:Formaçãodeumquelatoentreumahidroxila,umgrupocarboxílicoeumíon
metálico(Vásquez,1995)..................................................................................................... 32
Figura2.5:Isotermasdeequilíbrio....................................................................................... 37
Figura2.6:Moléculaspresentesnaslongascadeiasqueconstituemoscolóidesdasalgas
marinhas(a)alginas;(b)galactana(agar-ágar);c)galactana(carragenaiotaoukappa
dependendodoradical);(d)galactana(carragenalambda)(Oliveiraetal,1992).................. 40
Figura2.7:Gruposfuncionaispresentesemdeterminadasalgasmarinhasquefuncionam
comosítiosativosderemoçãodemetaispesados................................................................. 41
Figura2.8:MicroscopiaEletrônicadeVarreduramostrandoasuperfíciedamacroalga
Sargassumsp.innaturanãocarregada(Sobraletal.,2006).................................................. 43
Figura4.1:Esquemadoprocessodebiossorçãodeóleolubrificanteusadoutilizandoalga
marinha................................................................................................................................ 58
Figura5.1:CinéticadebiossorçãodoFerropelaalgamarinhaSargassumsp....................... 70
Figura5.2:CinéticadebiossorçãodoCobrepelaalgamarinhaSargassumsp...................... 70
Figura.5.3:Capacidadederemoçãodeferroemfunçãodaquantidadedebiomassa ............ 72
Figura.5.4:Capacidadederemoçãodecobreemfunçãodaquantidadedebiomassa ........... 72
Figura.5.5:GráficodeParetoparaoestudodaremoçãodoferro......................................... 75
Figura5.6:Valorescalculadosemfunçãodosvaloresobservadosparaaremoçãodeferro.. 76
Figura5.7:Capacidadederemoçãodoferroemfunçãodaagitaçãoedatemperatura(para
Conc.HCl=0,08MeBM=0,60g)....................................................................................... 77
Figura5.8:Capacidadederemoçãodoferroemfunçãodaquantidadedebiomassaeda...... 78
concentraçãodeHClutilizadanaprotonação(paraAGIT=300rpmeTEMP=35ºC) ........ 78
Figura5.9:CapacidadederemoçãodoferroemfunçãodaconcentraçãodeHClutilizadana79
protonaçãoedatemperatura(paraAGIT=300rpmeBM=0,60g)...................................... 79
Figura5.10:Capacidadederemoçãodoferroemfunçãodaagitaçãoedaconcentraçãode.. 80
HClutilizadanaprotonação(paraBM=0,60geTEMP=35ºC)......................................... 80
Figura5.11:Capacidadederemoçãodoferroemfunçãodaagitaçãoedaquantidadede ..... 81
biomassa(paraConc.HCl=0,08MeTEMP=35ºC).......................................................... 81
Figura5.12:Capacidadederemoçãodoferroemfunçãodaquantidadedebiomassaeda.... 82
temperatura(paraAGIT=300rpmeConc.HCl=0,08M) ................................................... 82
Figura.5.13:GráficodeParetoparaoestudodaremoçãodoCobre..................................... 83
Figura.5.14:Valorescalculadosversusvaloresexperimentaisparaaremoçãodocobre ...... 84
Figura.5.15:Capacidadederemoçãodocobreemfunçãodaagitaçãoedatemperatura(para
............................................................................................................................................ 85
Conc.HCl=0,08MeBM=0,60g)....................................................................................... 85
Figura.5.16:Capacidadederemoçãodocobreemfunçãodaquantidadedebiomassae ...... 86
concentraçãodeHCLutilizadanaprotonação(paraAGIT=300rpmeTEMP=35ºC)....... 86
Figura.5.17:Capacidadederemoçãodocobreemfunçãodavelocidadedeagitaçãoeda.... 87
quantidadedebiomassa(paraConc.HCl=0,08MeTEMP=35ºC) ................................... 87
Figura.5.18:Capacidadederemoçãodocobreemfunçãodavelocidadedeagitaçãoeda.... 88
concentraçãodeHClnaprotonaçãoe(paraBM=0,60geTEMP=35ºC) .......................... 88
Figura.5.19:CapacidadederemoçãodocobreemfunçãodaconcentraçãodeHClna......... 89
protonaçãoedatemperatura(paraBM=0,60geAGIT=300rpm)...................................... 89
x
Figura.5.20:Capacidadederemoçãodocobreemfunçãodaquantidadedebiomassaeda.. 90
temperatura(paraAGIT=300rpmeConc.HCl=0,08M) ................................................... 90
CAPÍTULO1
INTRODUÇÃOGERAL
AlbinadaSilvaMoreira
2
1.INTRODUÇÃOGERAL
O acelerado desenvolvimento tecnológico e industrial conduziu a comunidade
científicaàprocuradenovastécnicasdeprevençãoecontroledapoluição.NoBrasil,odéficit
detratamentodeesgotoe,conseqüentemente,oimpactosobreomeioambiente,asaúdeea
qualidade devida da população nãodeixa dúvidas quantoà necessidade de sepesquisare
aplicartécnicasdebaixocustonaimplantaçãodetratamentosderesíduoslíquidosesólidos.
Apreocupaçãodeórgãosambientais,dasociedadeedeempresasdoramodepetróleo
com omanuseio e odestino de óleosautomotivos descartadostem crescido àmedida que
ocorreumaumentonautilizaçãodestesóleos,tornando-semaisevidentesosdanoscausados
pelo descarte dos mesmos, após o uso. No Brasil, uma portaria do Conselho Nacional do
Meio Ambiente(CONAMA) obrigaotratamentodetodoóleolubrificanteusado,evitando
danosaoambiente.Sabe-sequeestesóleospodemserreutilizados,poiscontêmaindacerca
de60a85%defraçãolubrificante,enquantoopetróleobrutotemsomente10a15%desta
fração.
A contaminação da água, do ar e do solo por metais pesados é um dos problemas
ambientais mais severos e muito difícil de se resolver. As fontes mais comuns de
contaminação por metais pesados são: os processos envolvidos na cadeia produtiva de
petróleo,asplantasgeradorasdeenergiaeosprocessosmetalúrgicos(Acostaetal,2007).
Aingestão excessiva de cobre pelo homem conduzà irritação severa ecorrosão da
mucosa,danocapilardifundido,efeitosdanososrenais,acumulaçãonofígadoeirritaçãodo
sistemanervoso,seguidopordepressão(GuptaeTorres,1998;AllowayeAyres,1994).
As indústrias que aplicam, em suas atividades de produção, metais como chumbo,
cobre,quel,cromo trivalentee hexavalente,ferroezincodevemremovê-losantes que o
efluente passe por um tratamento biológico, evitando que haja a inibição de colônia de
microrganismosresponsáveispeladegradaçãodamatériaorgânica.
Osóleoslubrificantessecontaminam,durantesuautilização,comprodutosorgânicos
deoxidaçãoeoutrosmateriais,produtododesgastedosmetaiseoutrossólidos,reduzindosua
qualidade. Quando a quantidade desses contaminantes é excessiva, o lubrificante já não
cumpreoseupapeledevesersubstituído.Essessãooschamadosóleoslubrificantesusados
ou contaminados e devem ter a destinação ambientalmente adequada a fim de evitar a
contaminaçãoeapreservaçãodosrecursosnaturais.
Oestudodetecnologiaspararemovermetaissefazcadavezmaispresente,umavez
queosmetaisnãosedecompõemcomomatériaorgânicaeacabamporacumularnosníveis
AlbinadaSilvaMoreira
3
tróficos das cadeias alimentares. Muitos cátions de metais pesados são tóxicos mesmo em
quantidadespequenase,porestemotivo,oprocessodedepuraçãodeáguasécustosoe,não
rarasvezeseconomicamenteinviável.Astecnologiasparaaremoçãodemetaispesados,tais
como troca iônica e precipitação química são freqüentemente ineficientes e/ou muito
dispendiosasquandoaplicadas paraa remoção de íons metálicos em baixasconcentrações.
Novastecnologiassãonecessáriasparapoderreduziraconcentraçãodosmetaispesadosno
meioambiente,emníveispermitidoseacustosaceitáveis.Nessecaso,abiossorçãotemum
grandepotencialparaalcançarestesobjetivos(WildeeBenemann,1993).
O processode biossorção de metais pesados por algasmarinhas pré-tratadas é uma
excelenteopçãoparaadescontaminaçãodediferentesefluentesaquosos(Figueiraetal,2000;
Kratochvil e Volesky, 2000; Schmitt et al, 2001), por isso, decidiu-se investigar o
comportamentodesteprocessoemmeioorgânico,utilizando-secomomodeloaremoçãode
algunsmetaispesadospresentesemóleoslubrificantesusados.Estaaplicaçãoéumainovação
tecnológica,umavezquenaliteraturasãoencontradosestudosaplicadosapenasparasistemas
aquosos.Umfatorquetemincentivadopesquisasdenovosmateriaisbiossorventesapartirde
biomassas de algas marinhas é sua grande disponibilidade, evidenciando atualmente um
grandenúmerodetrabalhosembiossorção,emfunçãodoseupotencialemreterumnúmero
deíonsmetálicos.
O principal objetivo deste trabalho é investigar a possibilidade de uma nova
metodologia de remoção de metais pesados presentes em óleos lubrificantes automotivos
usados, baseada no processo de biossorção. Como objetivos específicos têm-se que:
caracterizar óleo automotivo usado; investigar o comportamento quantoà solubilidade dos
metais Fe e Cu em meio orgânico; testar a alga marinha Sargassum sp. protonada e não
protonadanaremoçãodemetaispesadospresentesnoóleo,utilizando-seummeiosintético
quesimulaascaracterísticas doóleousado;estudara cinéticadoprocessode biossorçãoe
realizar um planejamento estatístico para análise da influência de algumas variáveis no
processo.
Paraumamelhorcompreensãodividiu-seestetrabalhoemcapítulos.Estaintrodução
correspondeaoCapítulo1.Oscapítulos2e3abrangemosaspectosteóricoseoestadodaarte
relativo ao estudo do óleo lubrificante, da alga marinha e da biossorção. No Capítulo 4
descreve-se as metodologias adotadas no estudo. Os resultados obtidos experimentalmente
estãoapresentadosediscutidosnoCapítulo5eservirãodebaseparaasconclusõesdescritas
noCapítulo6.
CAPÍTULO2
FUNDAMENTAÇÃOTEÓRICA
Capítulo2–FundamentaçãoTeórica
AlbinadaSilvaMoreira
5
2.FUNDAMENTAÇÃOTEÓRICA
Paraembasamentodopresentetrabalhoumarevisãobibliográficafoirealizadasendo,
nesteitem,apresentadosdiversosaspectosteóricossobreotema.
2.1.Óleolubrificante
Moura e Carreteiro (1978) apresentam algumas generalidades sobre o óleo
lubrificante.Asprincipaisfunçõesdoóleolubrificantesão:
Adiminuiçãodoatritoentreaspeçasmetálicas(reduçãododesgaste);absorverocalor
geradoduranteofuncionamentodomotor(refrigeração);limparmotoresemanterlimpasas
superfíciesinternasdoscompartimentos;protegeraspeçascontracorrosãoeauxiliarosanéis
de segmentos na vedação, garantindo melhor compressão e evitando contaminações por
combustívelequeimadeóleo.
Oóleolubrificantedeveserformuladocomumaviscosidadeadequada,contendoumabase,
mineralousintética,dealtaqualidade,eaditivosqueproporcionemoníveldedesempenho
desejadoparacadaaplicação.
2.1.1.Composiçãodosóleoslubrificantes
Os óleos lubrificantes são compostos pela mistura de diferentes frações de óleos
básicos, o que lhes confere a viscosidade desejada, e pela adição de compostos químicos
denominadosaditivos.
2.1.2.Oscomponentesquímicosdosóleoslubrificantes
Osóleosbásicosquecompõemosóleoslubrificantespodemserdeorigemmineralou
sintética.
Os óleos minerais são extraídos da natureza e beneficiados. Os sintéticos, como o
próprio nome diz, são fabricados em plantas químicas, permitindo que se possa projetar
Capítulo2–FundamentaçãoTeórica
AlbinadaSilvaMoreira
6
característicasespecíficasmaisadequadas(ex:resistênciaaoxidação/envelhecimento,poder
lubrificante,etc.).
Os aditivos são compostos químicos orgânicos ou inorgânicos, que ao serem
misturados aos produtos básicos da composição do óleo, reforçam e/ou acrescentam
determinadascaracterísticas,ouainda,eliminampropriedadesindesejáveisdosmesmos.
2.1.3.Classificaçãodosóleos
AscaracterísticasdeviscosidadeedesempenhosãoclassificadaspelaSAE(Societyof
Automotive Engineer – Sociedade dos Engenheiros Automotivos) e API (American
PetroleumInstitute–InstitutoAmericanodePetróleo),respectivamente.
A SAE é uma sociedade norte americana que criou uma classificação de viscosidade,
propriedadequevariacomatemperatura.Essaclassificaçãodivideosóleoslubrificantesem
doisgrandesgrupos:
Osóleosde“inverno”,cujaviscosidadeémedidaabaixastemperaturas,possuemletraW
(de winter, inverno em inglês, que identifica quem faz parte deste grupo) e os óleos de
“verão”,cujaviscosidadeémedidaaalta temperatura(100°C)opossuialetraW.Nos
dois grupos, quanto maior o grau, mais viscoso é oóleo. Assim, umóleo SAE 40 é mais
viscosoqueumSAE30eumSAE20WémaisviscosoqueumSAE10W.Estaclassificação
permiteidentificar:
Óleosquepossibilitemumafácilerápidamovimentação,tantodomecanismo,quantodo
próprioóleo,mesmoemcondiçõesdefriorigoroso(óleosdeinverno);
Óleos que trabalhem em altas temperaturas, sem prejudicar a lubrificação (óleos de
verão),poisquantomaisquenteestáoóleomenosviscosoeleseapresenta.
Existem óleos que atendem a essas duas exigências ao mesmo tempo. São os
multiviscosos,cujocódigoSAEreúnegrausdeóleosdeinvernoedeverão.Porexemplo:um
óleoSAE20W/50mantémaviscosidadeadequada,tantoembaixastemperaturas,facilitando
apartidaafrio,comoemaltastemperaturas,garantindoumaperfeitalubrificação.Éumóleo
quepodeserusadoemqualquerlugardoBrasil,oanotodo.
Capítulo2–FundamentaçãoTeórica
AlbinadaSilvaMoreira
7
O API criou uma classificação quanto ao desempenho do lubrificante baseada nos
graus de severidade das condições de trabalho existentes. Para atender a estas diferentes
condições,oslubrificantessãoformuladoscomdiferentestipose/ouquantidadesdeaditivos.
OcódigoAPIse subdivide em duasgrandescategoriaspara óleos de motor, sendo
umaquecomeçapelaletraS,evaleparamotoresagasolinaeaálcool,eaoutraquecomeça
comaletraC,evaleparamotoresadiesel.
Umasegundaletra,quesejuntaaoSouaoC,obedecendoaordemalfabética,indicao
tipodeserviçoqueomotorécapazdeexecutar.Porordemcrescentedequalidade,tem-se:
Óleosparamotoresagasolinaeaálcool:SA,SB,SC,SD,SE,SF,SG,SHeSJ.Osóleos
SA, SB, SCe SD não são mais comercializados, pois correspondem a lubrificantes de
tecnologiasultrapassadas.OsdemaisestãoapresentadosnaTabela2.1juntamentecomos
serviçoscorrespondentesacadaum.
Tabela2.1:Classificaçãodoóleoparamotoresagasolinaeaálcoolesuasfinalidades
SE
Veículos a partir de 1972. Proteção contra oxidação
do óleo, depósitos de alta temperatura, ferrugem e
corrosão.
SF
Veículosapartirde1980.Maiorestabilida
deemelhor
desempenho quanto à proteção do motor contra
depósitos,ferrugemecorrosão.
SG
Veículosapartirde1989.Desenvolvidopararesolver
problemasdeborra,oxidaçãoeferrugem,críticosem
motoresdealtaperformance.
SH
Veículos a partir de 19
94. Substitui a categoria API
SG, com melhor desempenho quanto a controle de
depósitos, oxidação do óleo de desgaste,
ferrugem/corrosãodosmotores.
SJ
Veículos a partir de outubro/96. Supera API SH em
termosderesistênciatérmicaeàoxidação.
Óleosparamotoresadiesel:CA,CB,CC,CD,CE,CF,CF-4eCG-4.
Atualmente os óleos CA e CB também não são mais comercializados por terem
tecnologiasultrapassadas.OsdemaisestãoapresentadosnaTabela2.2comsuasfinalidades.
Capítulo2–FundamentaçãoTeórica
AlbinadaSilvaMoreira
8
Tabela2.2:Classificaçãodoóleoparamotoresadieselesuasfinalidades
CD
Introduzidoem1965.Paramotoresdieselturbinados.
Prevêcontroleefetivodedesgasteededepósitosnos
pistões.Quandoemusocomdieseldeamplafaixade
teordeenxofre,até1,5%.
CE
Introduzidoem1983.Paramotoresdieselturbinados.
CF-4
Introduzido em 1990. Para motores diesel de alta
rotação. Prevê baixo consumo de lubrificante e de
depósitonospistões.
CF
Introduzido em 1994. Recomendado para aplicações
emequipamentosfora-de-estradacomousodediesel
comteordeenxofreacimade0,5%.
G-4
Introduzido em 1994. Para motores diesel de alta
rotação em caminhões pesados, com uso de diesel
comteordeenxofreabaixode0,5%.Efetivocontrole
de depósito nos pistões, desgaste, estabilidade à
oxidação e à acumulação de fuligem, em motores
operandoaaltastemperaturas.
UmóleoparamotoragasolinaouaálcoolqueatendeaoníveldedesempenhoAPISJ
superaumóleoAPISH,conferindomaiorproteçãoaomotor.Damesmaforma,umóleopara
motordieselcomgrauAPICEsuperaumAPICD.
2.1.4.Identificaçãodosóleos
CadafabricanteindicanosseusmanuaisdeproprietárioasespecificaçõesSAEeAPI
queoslubrificantesdevematenderparausonosdiversoscompartimentosdosveículos.Para
garantirautilizaçãodolubrificantecorreto,oconsumidordevechecarnorótulodoprodutose
as especificações mencionadas correspondem às prescritas para uso pelo fabricante do
veículo.
AsespecificaçõesSAEeAPIvalemparatodolubrificanteautomotivo,qualquerque
seja a empresa petrolífera que o produzir. Dessa maneira, é possível comparar os
lubrificantes.No entanto, nada impede queaempresa coloque nomercadoumlubrificante
com qualidades superiores às especificações em norma. As normas representam uma
segurançaparaoconsumidor,garantindoummínimodequalidadeemqualquersituação.
Com o tempo de uso, em função do próprio serviço, o óleo vai aos poucos se
degradando, ou seja, perdendo suas propriedades iniciais. Isto se deve ao consumo dos
Capítulo2–FundamentaçãoTeórica
AlbinadaSilvaMoreira
9
aditivospresentesnoóleoeàscontaminaçõesexternas(exemplo:poeiraeágua)einternas
(exemplo:combustível,metaisdedesgasteecarvão).Portanto,nadamaislógicodoquetrocar
acargadesteóleoporoutranova,demesmaqualidade,obedecendorigorosamenteaoperíodo
detrocarecomendadopelofabricantedoveículo.Alémdisso,éimportanteasubstituiçãodo
filtrodeóleo,seguindooplanodemanutençãoindicadonomanualdoproprietário.
2.1.5.Classificaçãodoslubrificanteslíquidos
Qualquerfluidopodefuncionarcomoumlubrificante,aomenosteoricamente.Além
disso,algunssólidospodematuarcomoredutoresdeatrito,ouseja,comolubrificantes.
Na categoria de óleos, os mesmos podem ser classificados, de acordo com sua
obtenção,como:óleosminerais,óleosgraxos,óleoscompostoseóleossintéticos.
2.1.5.1.Óleosminerais
São os mais importantes para emprego em lubrificação. Estes óleos são obtidos do
petróleoe, conseqüentemente, suas propriedadesrelacionam-seà natureza do óleo cru que
lhesdeuorigemeaoprocessoderefinaçãoempregado.
Opetróleoconsiste,fundamentalmente,deCarbono(C)eHidrogênio(H),sobaforma
de hidrocarbonetos. Estes componentes encontram-se dispostos de diversas formas. O
petróleo,éumamisturadecentenasdehidrocarbonetoslíquidos,comvárioshidrocarbonetos
sólidosegasososdissolvidos.Sendocadasériediferentedehidrocarbonetoscaracterizadapor
suaprópriarelaçãonuméricaentreátomosdecarbonoehidrogênio,tem-se,porexemplo:os
compostos da série parafínica (alcanos); rie naftênica (cicloparafinas); olefinas e
aromáticos.
Ospetróleosdebaseparafínicanãocontêm,praticamente,asfalto.Jáospetróleosde
base asfáltica, constituídos basicamente por hidrocarbonetos naftênicos, não apresentam
parafina. Quando os petróleos apresentam, concomitantemente, proporções razoáveis de
asfalto e parafina, são classificados como de base mista, sendo constituídos por
hidrocarbonetosparafínicos,naftênicosearomáticos.
Capítulo2–FundamentaçãoTeórica
AlbinadaSilvaMoreira
10
Muitoemboraassubstânciasusadascomolubrificantesnãosejam,necessariamente,
produtos derivados do petróleo, o seu emprego é tão comum que se torna praticamente
impossíveldeixar-sedeassociaraidéiadelubrificaçãoaopetróleo.
Assim,apartirdopetróleoépossívelobterlubrificantesparaquasetodasasaplicações
conhecidasabaixocustoeemabundância.Osóleoslubrificantesmineraissão,porisso,os
mais largamente empregadoseo conhecimentode suaspropriedades ecomportamento em
serviço são de extrema importância para a manutenção e operação de equipamentos
industriais.
Na produção de lubrificantes o petróleo é submetido, inicialmente, à destilação
primáriainicialoutopeamento(“topping”),quevemaseradestilaçãoavácuo,separando-se
asdiversasfrações.
A fração de óleos lubrificantes é submetida a tratamentos subseqüentes, tais como,
remoçãodeparafina,remoçãodoasfalto,refinaçãoácida,refinaçãoporsolventes,etc.
Os óleos aromáticos o são adequados para fins de lubrificação. Os óleos
lubrificantes minerais podem então ser classificados, de acordo com sua origem, em
naftênicoseparafínicos.
Esses dois tipos de óleos apresentam propriedades peculiares que os indicam para
umasaplicações,contra-indicando-osparaoutras.Nãohá,pois,sentido,emdizerqueumóleo
é melhor que outro, por ser parafínico ou naftênico. Acontece que, por ser naftênico ou
parafínico,ele poderá ser mais ou menos indicado para determinado fim. Vale,entretanto,
lembrarqueosmodernosprocessosderefinaçãopodemmodificarascaracterísticasdoóleo.
Pode-se,pelarefinaçãoadequada,melhorararesistênciaàoxidaçãodolubrificante,abaixar
seupontodefluidez,aumentarseuíndicedeviscosidade,torná-lomaisclaro,etc.
As principais divergências nas características normais dos óleos parafínicos e
naftênicosestãoapresentadasnaTabela2.3.
Tabela2.3:Característicasdosóleosparafínicosenaftênicos
Características Parafinicos Naftênicos
PontodeFluidez Alto Baixo
ÍndicedeViscosidade Alto Baixo
ResistênciaàOxidação Grande Pequena
Oleosidade Pequena Grande
ResíduodeCarbono Grande Pequeno
Emulsibilidade Pequena Grande
Capítulo2–FundamentaçãoTeórica
AlbinadaSilvaMoreira
11
2.1.5.2.Óleosgraxos
Osóleosorgânicos,tantovegetaiscomoanimais,foramos primeiroslubrificantesa
seremutilizados.Hoje,estãoquasequetotalmentesubstituídospelosóleosmineraisquealém
deseremmaisbaratosnãosofremhidrólisenemsetornamácidosoucorrosivospelouso.
Aúnicagrandevantagemdosóleosgraxosésuacapacidadedeaderênciaàsuperfícies
metálicas. Esta propriedade é devida, em grande parte, à presença nos mesmos de ácidos
graxos livres, em pequenas quantidades. Os ácidos livres, de natureza polar, exercem uma
açãosuperficialqueocasionaumaadsorçãomolecularnainterfacemetal-óleo.
Aprincipaldesvantagemdosóleosgraxosestánasuaquaseinexistenteresistênciaà
oxidação,motivopeloqualtornam-serançososeformamgomosidades.
Algunstiposdeóleosorgânicosaindahojesãousadosemalgumaspoucaserestritas
aplicaçõesdelubrificaçãoindustrial.
2.1.5.3.Óleoscompostos
Deimportânciaaindahojerelevantenocampodalubrificação,éautilizaçãodosóleos
graxosadicionadosaóleosminerais,dandoorigemaoschamadosóleoscompostos.
Os óleos compostos são, portanto, óleos minerais aos quais se adiciona certa
quantidadedeprodutoorgânico,emgeralde1a25%,podendochegaraté30%damistura.
Oobjetivodamisturaéconferiraolubrificantemaioroleosidadeoumaiorfacilidade
deemulsãoempresençadevapord´água.Poristo,encontra-sealgumasaplicaçõesdeóleos
compostosemlubrificaçãosujeitaagrandescargasemcilindrosavapor.
Oóleodebanha(“lardoil”)temgrandeempregonaformulaçãodeóleoscompostos,
comonocaso,porexemplo,deóleosparaperfuratrizes(“rockdrilloils”).
O ácido oléico encontra aplicação na formulação de óleos emulsionáveis (“soluble
oils”).
Capítulo2–FundamentaçãoTeórica
AlbinadaSilvaMoreira
12
2.1.5.4.Óleossintéticos
Asnecessidadesindustriaise,especialmente,asmilitaresdeseobteremlubrificantes
aptosasuportarascondiçõesmaisadversaspossíveis,conduziramaodesenvolvimentodos
produtossintéticos,istoé,obtidosporsíntesequímica.
O interesse atualpelos lubrificantessintéticosobedeceaosregulamentosambientais
promulgadospororganismosinternacionais,federaiseestaduais,queexigemqueelessejam
biodegradáveis, atóxicos, favoráveis ao meio ambiente e recicláveis. Além disso, os
fabricantes de equipamentos estão exigindo lubrificantes com vida útil mais longa,
volatilidademaisbaixaemaioreficiênciaenergética.Emalgunscasos,esseslubrificantessão
obrigadosatrabalharemregimesdetemperaturaepressãomaisseveros.Exemplosdeóleos
sintéticosincluemaspoli-alfa-olefinas,diésteres,ésteresdepoliolefluidosdesilicone.
2.1.6.Óleosbásicos
Oóleobásicoéobtidofundamentalmenteporduasetapas,descritasaseguir.
Destilaçãodopetróleo(cru)
Na produção de lubrificantes, o petróleo é submetido inicialmente à destilação
primária inicial ou topeamento,que vem a seraremoção, por destilação, das fraçõesmais
leves. A seguir é feita a destilação a vácuo, separando-se as diversas frações por peso
molecular,porconseguinte,comviscosidadesdiferentes.
Tratamentodeóleosbásicos
Asdiversasfraçõesobtidasdadestilaçãodopetróleosãosubmetidasaumprocessode
refinoqueobjetivaremoveroscompostosquesãoindesejáveisnaproduçãodoslubrificantes.
Isto pode ser conseguido por diversos métodos químicos, sendo os mais utilizados: o
tratamentoporsolventespararemoçãodosaromáticos,olefinaseparafinas;ahidrogenação
para remoção dos hidrocarbonetos insaturados e, também, para estabilizar outros produtos
pelaeliminaçãodemúltiplasligações.
Capítulo2–FundamentaçãoTeórica
AlbinadaSilvaMoreira
13
2.1.6.1.Tiposdeóleosbásicos
Pelosprocessosdedestilaçãoederefinosãoobtidososóleossicos,quepodemser
classificados de maneira simples em vários grupos: Neutros: destilados parafínicos com
ampla faixa de viscosidade; Pálidos: destilados naftênicos; Bright Stocks: residuais
parafínicosdeviscosidadeelevada;Turbina:destiladosparafínicosdeviscosidadebaixaou
média;Cilindros:residuaisparafínicosdeviscosidadeelevada;Pálidosextraídos:destilados
naftênicostratadosporsolventes; Pretos:residuaisasfálticos semtratamentoselaboradose
Destilados:osóleos derivadosdopetróleo,obtidosnosprimeiros grausderefinaçãoeque
contémabaseparaóleosbásicosobtidosemtratamentossubseqüentes.
2.1.6.2.Óleoslubrificantesbásicos
Os óleos lubrificantes básicos são derivados do petróleo e também utilizados na
preparaçãodeóleoslubrificantes,atravésdamisturaentresie/oucomaditivosespeciais,os
quaislhesconferemoutraspropriedadesfísicasequímicas.Osóleoslubrificantesbásicossão
misturascomplexasdehidrocarbonetossaturados(alcanosecicloalcanos)earomáticoscom
maisde15átomosdecarbonopormolécula.Todososhidrocarbonetoscontêmmisturadas
maisvariadascadeiasmoleculares,parafínicas,naftênicasearomáticas.
Os óleos lubrificantes sicos são usados na formulação de óleos lubrificantes
automotivos,industriais,óleosmatimoseferroviáriosenaproduçãodegraxaslubrificantes,
sendopreparadoscomcrusdepetróleo.Ograuderendimentooperacionalequantitativodos
lubrificantesapresentamdiferençasconsideráveis.Estesóleossãoobtidoscombasenaparte
mais viscosa dos crus e separados por destilação (remoção ou redução de compostos
oxigenados, sulfurados, nitrogenados, parafínicos e aromáticos muitas vezes indesejáveis).
Podem, também, ser produzidos por síntese, como mencionado anteriormente, partindo de
hidrocarbonetosmaislevesprovenientesdoscruseincluindo,ainda,elementosorgânicosnão
derivadosdeprodutospetrolíferos.
Capítulo2–FundamentaçãoTeórica
AlbinadaSilvaMoreira
14
2.1.6.3.Característicaserequisitosdedesempenho
Quandosetratadequalidadedosóleoslubrificantesbásicoséfundamentaldistinguir
doisaspectos:suascaracterísticasfísicasequímicasesuaeficiênciaparaaplicaçãoprática.
2.1.6.3.1.CaracterísticasFísicaseQuímicas
Pode-se afirmar que as análises de laboratório têm por finalidade caracterizar um
produtodentrodeumafaixadevalores,demodoaverificarsuauniformidade.Dá-seonome
análisetípicaaosresultadosobtidosemdiversosensaiosaqueumaamostraésubmetida.
2.1.6.3.2.Desempenho
Destaca-sequeaanálisetípicadeumaamostradeorigemdesconhecidapodefornecer
indicaçõesaproximadassobreanaturezadoproduto,seugrauderefino,etc.Entretanto,ela
nãopermitequeomesmo,seaplicadoaumaformulação,emsubstituiçãoaumcomponente
similar conhecido, resulte em um produto que apresente o mesmo desempenho que o
anteriormenteproduzido.Tratam-sedeprodutosaditivadoseaplicadosemserviçosnosquais
as condições ambientais introduzem variáveis de difícil avaliação como, por exemplo,
sistemas hidráulicos, óleos para motor de combustão interna, engrenagens, etc. Nestas
aplicações, em queaaditividadeusadaéaprincipalresponsável pelodesempenho doóleo
acabado, ocorre um fenômeno que pode ser chamada de resposta aoaditivo, ou seja, uma
aditivaçãodeterminadaquesemostreeficientequandoutilizadaemóleosbásicos.Nessecaso
osmesmossãooriundosdeumdeterminadopetróleobruto,refinadoporcertosprocessose
quepodefalhargravemente,namesmaaplicação,secombinadoaóleosbásicosoriundosou
tratadopordiferentesprocessos.
2.1.6.4.Especificaçõesdosóleosbásicos
Uma vezque os óleossicossão componentesna fabricação de lubrificantes, fica
claraanecessidadedepadronizá-losdemodoatornarasmisturasconstantesemtermosde
concentração e os produtos uniformes ao longo do tempo, mantendo suas características e
Capítulo2–FundamentaçãoTeórica
AlbinadaSilvaMoreira
15
aparência. Estas padronizações efetivam-se pelo uso permanente de petróleos similares e
métodos de refino uniformes para a produção de cada óleo básico. Para cada óleo básico
existemlimitesespecificados,osquaiscompõemascaracterísticasdosmesmos.
Viscosidade:Éaprincipalpropriedadefísicadeóleoslubrificantes.Aviscosidadeestá
relacionada com o atrito entre as moléculas do fluido, podendo ser definida como a
resistência ao escoamento que os fluidos apresentam sob influência da gravidade. Os
óleos básicos são produzidos para apresentar uma viscosidade dentro de uma faixa de
valoresquepermitasuautilizaçãoemmisturas,cobrindotodasasgamasdeviscosidade
exigidaspelouniversodeequipamentos.
a) Índice de Viscosidade: quando um fluido é aquecido, geralmente diminuindo sua
viscosidade,elesetornamaismóveleoferecemenorresistênciaaoescoamento.Aoser
resfriado,elesecomportadeformacontrária,tornando-semaisviscoso.Logo,observou-
seque, deacordocomanaturezadopetróleo(parafínico, naftênicoouaromático)este
fenômenoocorriadeformadiferente,ouseja,paraumamesmavariaçãodatemperatura,a
alteraçãodaviscosidadeeradiferente,sendomaiornosnaftênicosquenosparafínicose
ainda maior nos aromáticos. Estabeleceu-se então um critério numérico para medir a
intensidade desta variação sendo esse número chamado de índice de viscosidade. No
entanto,nãoháumcritériorígidopara definiresteslimites, porém, existeumadivisão
aceitávelapresentadanaTabela2.4.
Tabela2.4:Índicedeviscosidadedoóleobásico
Índice TipodeProduto
Menorque10 Aromático
10a50 Naftênico
50a80 Misto
Maiorque80 Parafinico
b) Cor: a cor não indica, por si só, qualidade, porém é importante sob o conceito de
aparência, pois através dela pode-se verificar auniformidade da produção. Cada óleo
básico deve ser fabricado dentrode umafaixa de corpara quetenha sempre amesma
aparência.Noqueserefereaorelacionamentoentreostiposdeprodutos,nãoexisteuma
diferençamuitograndeentreosnaftênicoseparafínicos,ocorrendoque,paraumamesma
viscosidade, ambos apresentam cor similar. É importante salientar que os básicos
Capítulo2–FundamentaçãoTeórica
AlbinadaSilvaMoreira
16
parafínicos apresentam uma forte fluorescência quando submetidos à radiação
ultravioleta.
c) PontodeFulgor:comohidrocarbonetos,oslubrificantessãocombustíveis,tendendoase
inflamar quando a temperatura aumenta. Esta tendência torna-se um risco quando o
lubrificante deve ser usado em ambientes quentes. Uma maneira de avaliar o nível de
temperaturasobaqualoóleobásicopodeoperarsemriscoéoensaiodepontodefulgor.
d) PontodeFluidez:característicaquesetornacríticaemclimasfrios,ondeoslubrificantes
podem se solidificar durante o repouso do equipamento por um período longo. Isto
ocorrendo, haverá um forte desgaste durante o reinício da operação. Os lubrificantes
parafínicos caracterizam-se pela solidificação resultante da formação de uma rede
cristalina de ceras parafínicas. Na superfície da amostra resfriada estatisticamente não
ocorreaelevaçãodaviscosidade,necessáriaparaasolidificaçãodoóleo,devidoaoefeito
doíndicedeviscosidade,porém,nosóleosnaftênicos,aelevaçãodaviscosidadepromove
asolidificaçãodoóleo.
e) ResíduodeCarbono:emumóleobásicoéaformadeseavaliaratendênciaàformação
decoque.Estacaracterísticanegativatorna-seaindamaiscríticaemaplicaçõesemquese
combinam as altas temperaturas e a insuficiência de oxigênio para a queima natural e
completa.Devidoàaditivação,utilizadaparaimprimiraoóleocaracterísticasespecíficas,
este ensaio vem perdendo seu significado prático, uma vez que os resíduos são muito
superiores ao do próprio óleo. Salienta-se que mais importante que a quantidade de
resíduo deixado por um óleo é a natureza desse resíduo. Resíduos duros, cristalinos e
aderentessãoprejudiciaisporqueriscamassuperfíciesemmovimento,elevandooatrito.
Enquanto resíduos macios, floculosos e que não se fixamàs superfícies metálicas, são
facilmente removidos pelos gases em movimento e se reduzem à partículas nimas,
dispersadaspeloslubrificantesaditivados.
f) Cinzas:oensaiodoteordecinzasvisadeterminaroarrastedecatalisadoresouimpurezas
da instalação pelo produto processado. É um ensaio da qualidade do óleo e está
relacionadoaocontroledoprocessoderefino.
g) Índice de Neutralização: se no processo de refino estão incluídos tratamentos com
ácidos,esteensaiotemoobjetivodedetectaraacidezremanescente,resultantedeuma
neutralizaçãooulavageminsuficiente.Esteprocessodeterminaaocorrênciadeoxidação
dolubrificantenodecorrerdoprocesso.Osbásicosparafínicosoosquegeramácidos
orgânicosquandosofremoxidação,enquantoosnaftênicosusualmenteproduzemborrase
Capítulo2–FundamentaçãoTeórica
AlbinadaSilvaMoreira
17
lamas. Este ensaio, assim como o teor de cinzas, serve também para o controle do
processoderefino.
h) Corrosividade:esteensaiotemporobjetivodetectarapresençadederivadosdeenxofre,
sobformaagressivaoureativa.Demodogeral,testa-seoprodutoa100ºC,podendo-se
tornar o método mais rígido mediante a elevação da temperatura, de forma a ativar
compostosmenosestáveis.Porsetratardeimpurezasqueocorrememtodosospetróleos,
nãohárelacionamentoentrecorrosividadeetipodelubrificante.
Além dos métodos usados para determinar as propriedades que caracterizam um óleo
lubrificante pode-se, ainda, relacionar alguns mais sofisticados que procuram definir
característicasvinculadasàconstituiçãoquímicadoóleobásico,quaissejam:
Destilaçãoavácuo:avaliaapresençadevoláteisemexcesso;
Perdaporevaporação:temomesmoobjetivodadestilaçãoavácuo;
Resistência à oxidação: realizado em misturas com aditivos de eficiência conhecida,
visandoavaliararespostadoóleobásicoaoaditivo;
Tendência a espumar e estabilidade da espuma: também com aditivação como
referência,objetivaavaliarasensibilidadedaespumadoóleobásicoàaçãodoaditivo;
Demulsibilidade:avaliaacapacidadedesesepararaáguaemulsionadanoóleo,quando
estaemulsãopermaneceemrepousoporalgumtempo.
2.1.7.Composiçãodosóleosusados
Osóleosusadossãoaqueleslubrificanteslíquidosqueforamusadosemalgum
processo,comoautomotivos,motoresemáquinasequeoxidaram-se,alteraram-seepassaram
acontersubstânciasestranhasorigináriasdopróprioóleoouprovenientesdecontaminações.
Osóleosusadossãoconstituídosdemoléculasinalteradasdoóleobásicoeprodutos
de sua degradação; contaminantes inorgânicos; água originária da câmara de combustão
(motores),oudecontaminaçãoacidental;hidrocarbonetosleves(combustíveloqueimado);
partículas carbonosas formadas devido ao coqueamento dos combustíveis e do próprio
lubrificante e ainda outros contaminantes diversos. Esses óleos usados contêm produtos
resultantesdadeterioraçãoparcialdosóleosemuso,taiscomocompostosoxigenados(ácidos
orgânicos ecetonas),compostosaromáticospolinuclearesde viscosidadeelevada,resinase
lacas.Alémdosprodutosdedegradaçãodobásico,estãopresentesnoóleousadoosaditivos
que foram adicionados ao básico, no processo de formulação de lubrificantes e ainda não
Capítulo2–FundamentaçãoTeórica
AlbinadaSilvaMoreira
18
consumidos,metaisdedesgastedosmotoresedas máquinas lubrificadas (chumbo,cromo,
bário e cádmio), combustível não queimado, poeirae outras impurezas. Pode conter ainda
produtos químicos que, por vezes, são inescrupulosamente adicionados ao óleo e seus
contaminantescaracterísticos.
Aorigemdosóleoslubrificantesusadosébastantediversificadaesuascaracterísticas
podem apresentargrandes variações.Nessepontoé interessanteque sefaça umadistinção
entreosóleosusadosdeaplicaçõesindustriaiseosdeusoautomotivoeasrespectivasformas
possíveisdereciclagem.
Óleosusadosindustriais
Osóleosindustriaispossuem,emgeral,umbaixoníveldeaditivação.Nasaplicações
de maior consumo, como em turbinas, sistemas hidráulicos e engrenagens, os períodos de
trocasãodefinidosporlimitesdedegradaçãooucontaminaçãobemmaisbaixosdoqueno
uso automotivo. Por outro lado, a maior variedade de contaminantes possíveis nos óleos
usados industriais dificulta a coleta para a finalidade de re-refino em mistura com óleos
automotivos.
Umapartedosóleosutilizadosemmuitasaplicaçõesindustriaissãoemulsões(óleos
solúveis),nasquaisexistemgotículasdeóleofinamentedispersasnafaseaquosa.Atravésdo
uso de emulsificadores, obtêm-se emulsões estáveis usadas industrialmente numa série de
aplicações,comousinagem.
As emulsões à base de óleo mineral em uso devem ser trocadas depois de
determinadosperíodos,devidoaumacrescentedegradaçãomicrobianaecontaminaçãocom
produtosestranhos.
Óleosusadosautomotivos
Nas aplicações automotivas, tanto os níveis de aditivação quanto os níveis de
contaminantesededegradaçãodoóleobásicosãobemmaiselevadosdoquenasaplicações
industriais.
Amaiorpartedoóleousadocoletadoparare-refinoéprovenientedousoautomotivo.
Dentrodesseusoestãoosóleosusadosdemotoresàgasolina(carrosdepasseio)emotores
diesel (principalmente frotas). As fontes geradoras (postos de combustíveis, super trocas,
transportadoras,etc.)sãonumerosasedispersas,oque,aliadoaofatordaslongasdistâncias,
Capítulo2–FundamentaçãoTeórica
AlbinadaSilvaMoreira
19
acarreta grandes dificuldades para a coleta dos óleos lubrificantes usados. Alguns fatores
contribuem para que a carga do processo de re-refino e, maisespecificamente, a carga da
etapadeacabamento,sejamuniformes,quaissejam:
acargadore-refinosofre,normalmente,umahomogeneizaçãopréviaaoprocessamento,
paraevitaroscilaçõesderendimentosecondiçõesdeprocesso;
asetapasdedestilaçãoe/oudesasfaltamentorestringemoconteúdodefraçõeslevesede
componentesdealtopesomolecular,inclusiveprodutosdeoxidação,limitandoafaixade
destilaçãoe,indiretamente,acomposiçãodacargadaetapadeacabamento.
2.1.8.Re-refinodeóleosusados
Um processo de re-refino deve ter imprescindivelmente, baixo custo, flexibilidade
paraseadaptaràsvariaçõesdecaracterísticasdascargasenãocausarproblemasambientais.
Oprocessoclássicodere-refinoconsistenadesidrataçãoenaremoçãodelevespor
destilação atmosférica, tratamento do óleo desidratado com ácido sulfúrico e neutralização
comabsorventes.
A tendência atual vai em direção aos processos de desasfaltamento através de
evaporadoresdepelículaouT.D.A.(torreciclônicadedestilação).Osubprodutodefundoda
destilação geralmente é empregado como componente de asfaltos. No tocante à etapa de
acabamento,asunidadesdehidroacabamentosãoasselecionadasnocasodemaioresescalas.
Paraunidadesmenores,oacabamentoporabsorçãoémaiseconômico.
Umprocessodere-refinodevecompreenderetapascomasseguintesfinalidades:
remoçãodeáguaecontaminantesleves;
remoçãodeaditivospoliméricos,produtosdedegradaçãotermo-oxidativadoóleodealto
peso molecular e elementos metálicos oriundos do desgaste das máquinas lubrificadas
(desasfaltamento);
fracionamentodoóleodesasfaltadonoscortesrequeridospelomercado;
acabamento,visandoaretiradadoscompostosqueconferemcor,odoreinstabilidadeaos
produtos,principalmenteprodutosdeoxidação,distribuídosemtodaafaixadedestilação
doóleobásico.
Capítulo2–FundamentaçãoTeórica
AlbinadaSilvaMoreira
20
A água removida do processo deve passar por tratamentocomplexo, em função de
contaminaçãocomfenolehidrocarbonetosleves.
Os produtos pesados da destilação e desasfaltamento têm aplicação potencial na
formulaçãodeasfaltos.
Aspropriedadesdoóleodestilado,aindacarentesdeajuste,sãoaestabilidadedecor,
odoreprincipalmenteíndicedeacidezdoóleo.
Além da remoção de metais e produtos de oxidação, a etapa de desasfaltamento
aumentaauniformidadedacargadaetapadeacabamento,emtermosdeconteúdodemetaise
níveldeoxidação.
2.1.9.AsnovasleisdaAgênciaNacionaldoPetróleo–ANP
ForamcriadaspelaANPportariasqueregulamentamomecanismodecoletadeóleos
lubrificantesusados,cujosconteúdosobjetivamreforçarocumprimentodaResolução9/1993
instituídapeloCONAMA.
Estaresoluçãoconsideraqueareciclagemdoóleolubrificanteusadooucontaminado
éinstrumentoprioritárioparaagestãoambiental.Assim, todooóleolubrificanteusado ou
contaminadodeveobrigatoriamenteserrecolhidoeterdestinaçãoadequada,deformaanão
afetar negativamente o ambiente, sendo proibidos quaisquer descartes em solos, águas
subterrâneas,nomareemsistemasdeesgotoouevacuaçãodeáguasresiduais.
Asportariasregistradassobosnúmeros125,126,127e128/99ditamnormasparao
gerenciamento do recolhimento, coleta e destinação final dos óleos lubrificantes usados.
Segundoasnovasportarias,osprodutoreseosimportadoresdeóleoslubrificantesacabados
são responsáveis pela coleta e destinaçãofinal do óleo lubrificante usadoou contaminado,
proporcionalmente ao volume de óleo acabado que comercializam, podendo, para tanto,
contratarempresascoletorascredenciadaseespecializadasparaesseserviço.
2.2.Tratamentodeefluentes
Oimpactoambientaleatoxicidadeacumulativadosmetaispesadostêmsidomotivo
degrandepreocupaçãonosúltimosanos.Istotemproporcionadoumaumentosignificativode
pesquisas com o intuito de desenvolvimento efetivo de tecnologias alternativas para a
Capítulo2–FundamentaçãoTeórica
AlbinadaSilvaMoreira
21
remoção de substâncias potencialmente nocivas ao ambiente provenientes de efluentes
industriais.
A biossorçãopode ser usada para a purificação de efluentesindustriaisquecontém
íonsmetálicostóxicos.Comparadoscomoutrastecnologias,avantagemdabiossorçãoéaalta
purezaobtidanotratamentodeefluentesebaixocustodoadsorvente,quepodeserobtidoà
partir de produtos residuais de outras indústrias (ex: bioprodutos da fermentação) ou de
biomassanaturaisabundantes(ex:algasmarinhas),bagaçodecana-deaçúcar,cascadecoco,
etc(SchiewereVolesky,1995).
Atualmenteexistemdisponíveisdiferentesopçõesparaaremoçãodemetaispesados
de efluentes industriais aquosos. Os principais métodos são precipitação, troca iônica e os
métodos eletrolíticos. Nos processos de precipitação a substância dissolvida é forçada a
formar uma fina suspensão de partículas sólidas e posteriormente efetua-se a separação
sólido-líquido. Este método é dependente da solubilidade teórica da espécie mais solúvel
formadaedaseparaçãodosólidoemsolução.Metaispesadossão usualmenteprecipitados
comohidróxidospelaadiçãodecal(hidróxidodecálcio).Estesmétodossãorelativamentede
baixo custo e têm sido utilizados para a remoção de íons metálicos em soluções aquosas.
Contudo,quandosenecessitadeumaetapaadicionaldeclarificaçãoestestodosoo
adequados(Aderhold,WilliamseEdyvean,1996).
Atrocaiônicaéumprocessonoqualíonssãotrocadosentreasoluçãoeumsólido
insolúvel, geralmente uma resina. Existe uma diversidade de resinas iônicas comerciais
disponíveis, sendo que algumas apresentam uma elevada especificidade para determinados
íons de metais pesados. As resinas podem ser carregadas e regeneradas diversas vezes e
reduzemdrasticamenteaconcentraçãodosmetaispesadosnoefluente.Contudoacomprae
operaçãodeste tipo de sistema requer altos investimentos(Aderhold, Williamse Edyvean,
1996).
Aeletrólisepermitearemoçãodemetaisdesoluçõesnaformadeumsolidometálico
quepodeserrecicladoouvendido.Asvantagensdestetipodesistemaéquenãonecessitam
dereagentesquímicosadicionaiseoproduzemlodos.Contudo,emprocessosemgrande
escala, quantidades consideráveis de energia são requeridas e este segundo processo de
geraçãodaenergia elétricapode causaraltos níveis de poluição. O emprego deste método
dependefundamentalmentedopreçoedaquantidadedeenergiaconsumidaporunidadede
volumetratadodeefluente.
Capítulo2–FundamentaçãoTeórica
AlbinadaSilvaMoreira
22
Outros métodos não convencionais, tais como separação por membrana, osmose e
osmoseinversa,diáliseeeletrodiálise,sãoaplicadosocasionalmenteetendemaserutilizados
emaplicaçõesmuitoespecificas(Aderhold,WilliamseEdyvean,1996).
Asrestriçõesdousodemembranasemprocessosdeseparaçãodeíonsmetálicossãoa
limitaçãodavazãovolumétrica,instabilidadedamembranaemcondiçõesácidasousalinase
oentupimentodosporosdamembranapelasespéciesorgânicaseinorgânicas(Aderholdet
al.,1996).
Osprocessosdeadsorçãosãoversáteisemtermosdeaparatoeoferecemummétodo
relativamentesimplesparaaremoçãodecomponentesouimpurezasprovenientesdesoluções
ou meios aquosos. O adsorvente tem a capacidade de condensar ou concentrar a espécie
desejada sobre a superfície de maneira seletiva. Adsorventes industrialmente importantes
apresentamumaestruturaporosae,portanto,umaelevadaáreasuperficial,naqualdestacam-
seocarvãoativado,asílicagelealumina(Aderholdetal.,1996).
Biossorçãoaplicadaemmeioaquosoéumexemploespecíficodeadsorçãonaqualse
tem aumentadoaatenção nestesúltimosanos.A biossorção é essencialmente a ligaçãode
espécies químicasem biopolímeroseaexistência deste fenômeno tem sido reportada para
váriasespéciesdeplantas,animaiseseusderivados(Simmons,TobineSingleton,1995)
2.3.Metais
2.3.1.Metaisemsoluçãoaquosa
O estudo dos metais em soluçãoaquosa é de interesse em várias áreas, tais como:
ecologia, oceanografia, química, tratamento de águas e de efluentes. O conhecimento das
propriedades físico-químicas de uma solução e dos elementos dissolvidos permite que se
especifique qualquer metal em solução: como um íon livre, ligado a um ligante num
complexo,adsorvidoemumasuperfíciesólida,oucomoumprecipitado.Comoabiossorção
demetaisdependemuitodaespecificaçãodometalemsolução,umavezqueíonslivressão
geralmente mais facilmente adsorvidos que espécies complexas (que precipitam mais
facilmente),oconhecimento das interaçõesmetal-ligante é de essencialimportânciaparao
estudodabiossorção(Volesky,1990).
Os metais em solução não estão sempre presentes como íons livres. Alguns outros
íons, denominados ligantes, são capazes de interagir com os íons metálicos formando
Capítulo2–FundamentaçãoTeórica
AlbinadaSilvaMoreira
23
compostoscomplexos.Osligantesmaisimportantes,presentesemáguasnaturaiseefluentes
industriais, são: Cl
-
, HS
-
, H
2
S e OH
-
, mas NH
3
, F
-
, S
2
O
3
2-
, CN
-,
SCN
-
, PO
4
3-
 e ligantes
orgânicospodemterinfluênciasobreacomplexaçãodemetais(Cossich,2000).
Nãoseconheceexatamenteestecomportamentoquandotrata-sedemeioorgânico.
2.3.2.Metaispesados
Em química, definem-se metais como o grupo de elementos que ocupam a parte
esquerdadaTabelaPeriódicadeMendellev,ouseja,oselementosàesquerdadogálio,índioe
tálio são metais e aqueles localizados à direita do arsênio, antimônio e bismuto o não
metais.SegundoGulyaev(1980),ocientistarussoM.V.Homonosov,hámaisdeduzentos
anosatrás,deuaseguintedefiniçãoparaosmetais:“metaissãocorposbrilhantesquepodem
serforjados”.
Os primeiros metais usados pelo homem foram o cobre, a prata e o ouro. Muitos
metaisforamdescobertosnoSéculoXIX,apesardenemtodosteremencontradoaplicação
industrialàquelaépoca(Gulyaev,1980).
Metalpesadoéotermoaplicadoaoscomponentesqueapresentamdensidadeatômica
superior a 6 g/cm
3
e ocupam as colunas centrais da Tabela Periódica. Apesar da grande
abrangência,estetermoéusualmenteaplicadoaelementoscomoCd,Cr,Cu,Hg,Ni,Pb,Zn,
cuja presença está normalmente associada a problemas relacionados com poluição e
toxicidade.
Algunsdelessãobenéficosempequenasquantidadesparaosmicrorganismos,plantas
e animais; porém, acima de determinadas concentrações, tornam-se perigosos por serem
introduzidos na cadeia alimentar, contaminando organismos consumíveis pelo homem
(Branco,1986;Jordãoetal,2000).
Os metais pesados ocorrem naturalmente na formação de rochas e jazidas minerais
fazendo com que haja uma variação normal de concentração destes elementos nos solos,
sedimentos,águaseorganismosvivos.
Em termos geológicos os metais pesados são incluídos no grupo de elementos
referidoscomo“elementostraço”,constituindomenosde1%dasrochasdacrostaterrestre.
Os“macroelementos”(O,Si,Al,Fe,Ca,Na,K,Mg,Ti,H,P,S)compreendemosoutros99%
(AllowayeAyres,1994).
Aseguirserãoapresentadasaspropriedadesdealgunsmetaispesadosrelevantespara
estetrabalho.
Capítulo2–FundamentaçãoTeórica
AlbinadaSilvaMoreira
24
2.3.2.1.Cobre
Ocobreéessencialàvidaeumapessoaadultatemnoorganismocercade100mgde
cobre. Embora pequenas quantidades de cobre sejam essenciais, quantidades maiores são
tóxicas. As necessidadesdiáriasna alimentaçãosãoda ordem de4 a5mgdecobre,eem
animaisadeficiênciadessemetalresultanaincapacidadedeaproveitaroferroarmazenadono
fígado.Dessaformaoanimalpassaasofrerdeanemia(Lee,1997).
AabsorçãoemexcessodecobrepelohomempoderesultarnomaldeWilson,naqual
oexcessodecobreé depositadonocérebro,ossos,ncreas,miocárdio efígado(Volesky,
1990).
O cobre é utilizado na indústria elétrica por causa de sua elevada condutividade.
Também é utilizado em tubulações de água por causa de sua inércia química. Diversos
compostosdecobresãoutilizadosnaagricultura(Lee,1997).Asindústriasdemineraçãoede
metalurgiasãoasquegeramumamaiorquantidadedeefluentescontendocobre.
Ocobreapresentaosestadosdeoxidação(+1),(+2)e(+3).Contudo,oíonhidratado
simples Cu
2+
é o único encontrado em solução. O íon monovalente Cu
+
sofre
desproporcionamentoemáguae,emconseqüência,sóexisteemcompostossólidosinsolúveis
ouemcomplexos.OsíonsCu
3+
sãooxidantestãofortesqueconseguemoxidaraágua.Assim
só ocorrem quando estabilizados como complexos ou como compostos insolúveis (Lee,
1997).
Paraocobreoestadodeoxidação(+2)éomaisestáveleomaisabundante.Oíon
hidratado[Cu(H
2
O)
6
]
2+
forma-sequandoohidróxidooucarbonatosãodissolvidosnumácido,
ouquandoCuSO
4
ouCu(NO
3
)
2
sãodissolvidosemágua(Lee,1997).
Adescobertadocobreremontaatempospré-históricos,sendodescobertomaisde
6000anosemChipre.Onomedometalvemdolatimcuprumedogregokypros,nomeda
deusaVênus,quetinhanailhadeChipreumdosseustemplosmaisfamosos.
Apresentacorvermelhacaracterística,sendoummetalmuitoduro,tenaz,eaomesmo
tempo deextrema maleabilidade, podendo reduzir-se a lâminas tênues e afios de extrema
finura.Ébomcondutordecaloredeeletricidade(Segurado,1914).
Ocobreerautilizadoporcivilizaçõesancestrais,comoa egípcia,juntamentecomo
ouroeoferro.OsprincipaisdepósitosdecobredaantigüidadeestavamlocalizadosnoSinai,
naSíria,noAfeganistão,emChipre,naMacedônia,naIbériaenaEuropaCentral.Emliga
comoestanhoformaobronze,quemarcouofimdaIdadedaPedra(UFRJ/IF,2000).
Capítulo2–FundamentaçãoTeórica
AlbinadaSilvaMoreira
25
O cobre está bastante distribuído por toda a Terra, sendo particularmente comum
encontrá-locombinadocomferro,carbonoeoxigênio.Sãoconhecidasmaisdeumacentenae
meia de minerais de cobre, sendo que os minerais com maior interesse comercial são a
calcocita(Cu
2
S),quepossui79,8%decobre,eacalcopirita(CuFeS
2
)com34,5%(UFRJ/IF,
2000).
A indústria de cobre atualmente tem se deparado com alguns problemas devido à
substituição do metal por outros materiais como o alumínio, o o ou os plásticos. Suas
principaiscaracterísticassãoapresentadasnaTabela2.5.
Tabela2.5:Característicasfísico-químicasdocobre(Ruben,1970)
Propriedade
Classificaçãoperiódica MetaldeTransição-GrupoIB
Númeroatômico 29
MassaAtômica 63,59
Densidadea20°C(g/cm
3
) 8,96
Pontodefusão(°C) 1083
Pontodeebulição(°C) 2595
Formacristalina cúbicadefacescentradas
Númerodevalência 1,2
Configuraçãoeletrônicaexterna (3d
10
)4s
1
2.3.2.2.Ferro
O ferro é ometalmaisutilizadodentre todos os metais e a fabricação do oéde
extrema importância emtodoo mundo.Paraasplantase osanimais,oferro é oelemento
maisimportantedentreosmetaisdetransição.Suaimportânciabiológicaresidenavariedade
de funções que seuscompostos desempenham. Destacando-se, o transportede elétronsem
plantas e animais (citocromos e ferredoxinas), o transporte de oxigênio no sangue de
mamíferos (hemoglobina),oarmazenamento e absorção de ferro (ferritinae transferrina)e
comocomponentedanitrogenase(aenzimafixadoradenitrogêniodasbactérias)(Lee,1997).
Oferroéoquartoelementomaisabundantedacrostaterrestre,sendosuaquantidade
menorapenasqueodeO,SiedeAl.
Comoprincipaisminériosdeferrotem-seahematita(Fe
2
O
3
),amagnetita(Fe
3
O
4
),a
limonita(Fe
2
O
3
.H
2
O)easiderita(FeCO
3
),sendoosmaisfacilmenteencontradosnaNatureza
apirita(FeS
2
)eailmenita(FeO.TiO
2
),nãosendonoentantoadequadosàextraçãodometal.
AsprincipaiscaracterísticasdoferrosãoapresentadasnaTabela2.6.
Capítulo2–FundamentaçãoTeórica
AlbinadaSilvaMoreira
26
Tabela2.6:Característicasfísico-químicasdoferro(Ruben,1970)
Propriedade
Classificaçãoperiódica MetaldeTransição-GrupoVIIIB
Númeroatômico 26
MassaAtômica 56
Densidadea20°C(g/cm
3
) 7,87
Pontodefusão(°C) 1535
Pontodeebulição(°C) 2750
Formacristalina cúbicadefacescentradas
Númerodevalência 1,8
Configuraçãoeletrônicaexterna (3d
6
)4s
2
Osestadosdeoxidaçãodoferrovariamdeacordocomoscompostos,desde–2a+6.
Os principais estados deoxidaçãodoFe são (+2) e (+3).O ferro (+2)éaespéciemais
estáveleexisteemsoluçãoaquosa(Lee,1997).
2.3.2.3.Utilizaçãodemetaispesadosemprocessosindustriais
Muitosprocessosindustriaisaplicammetaispesadosnatransformaçãodamatériaprima.
AutilizaçãodesteselementosemalgunsprocessospodeservistanaTabela2.7.
Tabela2.7:Utilizaçãodemetaispesadosemalgunstiposdeindústrias
(BrandweineBrookman,1982)
Indústria Cd Cr Cu Hg Pb Ni Sn Zn
Polpaepapel x x x x x
x
Petroquímicaeprodutosorgânicos
x x x x x
x
Álcalis,cloroeprod.Inorgânicos x x x x x
x
Fertilizantes x x x x x x
x
Refinariadepetróleo x x x x x
x
Aço x x x x x x x
x
Metaisnãoferrosos x x x x x
x
Motoresdeveículos x x x x x
Vidro,cimentoeamianto x
Produtostêxteis x
Curtimentodecouro x
Geraçãodeenergia x
x
Capítulo2–FundamentaçãoTeórica
AlbinadaSilvaMoreira
27
O cobre é um bom condutor de eletricidade e metade da produção mundial é
empregadanafabricaçãodecaboselétricosecontatoselétricos.Suaaltacondutividade,boas
propriedadesdetrabalhomecânicoedeligaeafacilidadedesofrersoldagemfazemcomque
tenhagrandeaplicaçãoindustrial(Dreisbach,1975;Clark,1970).
Sua alta condutividade térmica confere-lhe aplicação em radiadores de automóveis,
cabeças de cilindros de motores, utensílios de cozinha, destilarias, indústrias químicas e
fornalhas. O elemento de liga mais comum, o zinco, aumenta a resistência mecânica, a
ductibilidade, diminui o custo e a densidade, baixa o ponto de fusão, porém, diminui sua
resistênciaacorrosão.Otermolatãosemanteverelacionadoàsligascobre-zincoeotermo
bronzeéempregadonãosomenteparadesignarasligascobre-estanhocomotambémmuitas
outrasligasdecobre(Cottrell,1976).
O cromo, que é um metal altamente reativo, vem sendo bastante utilizado em
processamentosmetalúrgicos,principalmentenaobtençãodoaçoinoxidável,nosprocessos
químicospara obtençãodo ácido crômicoe doscromatos e na elaboração de conservantes
paramadeiraefungicidas.
Oscromatossãousadosparaaoxidaçãodealgunsmateriaisorgânicos,napurificação
de produtos químicos, na oxidação inorgânica e na produção de pigmentos. Uma grande
quantidadedeácidocrômicoéutilizadaemprocessosdeeletrogalvanização.Odicromatoé
convertidoasulfatocrômicoparaoprocessodecurtimentodepeles(Ajmal,RaoeSiddiqui,
1996;WorldHealthOrganization,1988).
Ossaisdecromoocupamlugardedestaqueentreoscurtentesdeorigemmineral.São
utilizadospeloscurtumesparaconverterocolágeno,queéoprincipalcomponentedapele,
emsubstânciaimputrescível, ocouro,querecebeonome de“wet-blue”.Nocurtimentoao
cromoéempregadode2a3%deCr
2
O
3
(óxidodecromoIII)sobreopesodapelecrua(Jost,
1990;Hoinacki,1989;Hoinacki,MoreiraeKiefer,1994).
Oquelencontraempregonafabricaçãodeligasedeposiçãogalvânicasobreoutros
metais.Comoferro,formaoaçoinoxidávele,ligadoaocobre,produzligasconhecidascomo
wolff,prataalemãoucobre-níquel.Oníquelmetálicopodeserusadocomocatalisador,sendo
bastanteutilizadonahidrogenaçãodeóleosvegetais(Segurado,1914).
Alémdeseuusocomoumagenteligantenoaçoinoxidável,oníquelpossuimuitas
outras aplicações. É um componente de tintas condutivas usadas para imprimir tábuas de
circuitos eletrônicos, catalisador em processos químicos e é um elemento importante dos
diodosdemuitostiposdebateriasrecarregáveis.
Capítulo2–FundamentaçãoTeórica
AlbinadaSilvaMoreira
28
Emquasetodososlugaresdomundooníquelestácontribuindoparaaqualidadede
vida.Acadaanooconsumidasquaseummilhãodetoneladasdeníquelnomundoe,esta
demanda,mantém-secrescendoaumataxaanualdecercade3%(INCO,2000).
2.4.Biossorção
Acapacidadedecertosmicrorganismosconcentrarmetaispesadosébemconhecida,
entretanto, somente durante as duas últimas décadaséque os microrganismos estão sendo
usadoscomoumaalternativaparaaremoçãoerecuperaçãodemetaisemmeiosaquosos.O
termobiossorção“édefinidocomoumprocessonoqualsólidosdeorigemnaturalouseus
derivadossãousadosnaretençãodemetaispesadosdeumambienteaquoso(Muraleedharan,
IyengareVenkobachar,1991).
Abiossorçãocompreende aligaçãodemetaisàbiomassa porumprocessoqueo
envolva energia metabólica ou transporte, embora tais processos possam ocorrer
simultaneamente quando biomassa viva for usada, pois a biossorção pode ocorrer com
biomassavivaoumorta(Tobin,WhiteeGadd,1994).
Apesardetodomaterialbiológicoterumahabilidadebiosortiva,aaplicaçãoindustrial
da biossorção tem sido principalmente direcionada a sistemas microbianos, incluindo
bactérias,algas,fungoseleveduras(Gadd,1990).
2.4.1.Mecanismodeacumulaçãodemetaispormicrorganismos
Segundo Veglio e Beolchini (1997), devido à complexidade da estrutura dos
microrganismos,oprocessodebiossorçãoimplicanaexistênciademuitoscaminhosparaas
célulascapturaremometal.
Quandohádependênciadometabolismocelular,acaptaçãoenvolveotransporteativo
demetaisatravésdoenvoltóriocelularparaointeriordacélula.Docontrário,osmetaissão
capturadosnasuperfíciedomicrorganismo.
Deacordocomosítioondeometaléremovido,abiossorçãopodeocorrerconformea
classificaçãoapresentadaaseguir.
Processo de acumulação extracelular, que é a sorção na superfície da célula
acompanhada de precipitação e acumulação intracelular (Muraleedharan, Iyengar e
Capítulo2–FundamentaçãoTeórica
AlbinadaSilvaMoreira
29
Venkobachar,1991).Esteúltimoprocessodependedometabolismocelularetomalugarnas
célulasviáveis.Normalmenteistoseassociacomosistemadedefesademicrorganismosos
quaisreagemnapresençademetaistóxicos.Nestecaso,abiossorçãonãoéimediata,éum
processolento(VeglioeBeolchini1997).
Nocasoemqueocorreminteraçõesentreometaleosgruposfuncionaispresentesna
superfície celular, baseada na adsorção química, troca iônica e complexação, tem-se uma
sorção na superfície da célula, onde às vezes o depende do metabolismo (Veglio e
Beolchini1997).
A parede celular da biomassa microbiana é composta principalmente por
polissacarídeos, proteínas e lipídeos que oferecem abundantes grupos funcionais para se
ligarem comosíons metálicos taiscomogruposcarboxilas, fosfatos,hidroxilas,sulfatose
grupos amino. O fenômeno físico-químico na biossorção metálica é um mecanismo não
dependentedometabolismocelular,érelativamenterápidoepodeserreversívelpermitindoa
dessorçãoere-usodabiomassa.
Quandoháaprecipitação,aclassificaçãonãoéúnica,podendoocorreraprecipitação
dometalnasoluçãoounasuperfíciecelular.Omicrorganismo,napresençadometaltóxico,
podeproduzircompostosquefavorecemaprecipitaçãodasespéciesmetálicas,convertendo
num mecanismo dependente. Além disso, a precipitação pode acontecer pela interação do
metalcomgruposfuncionaispresentesnasuperfíciecelular.
NasFiguras2.1e2.2pode-seobservarumesquemadaclassificaçãodosmecanismos
debiossorção.
Figura2.1:Mecanismodebiossorção:classificaçãodeacordocomadependênciado
metabolismocelular(VeglioeBeolchini,1997)
Capítulo2–FundamentaçãoTeórica
AlbinadaSilvaMoreira
30
Figura2.2:Mecanismodebiossorção:classificaçãodeacordocomosítioondeometalé
removido(VeglioeBeolchini,1997)
Transporteatravésdamembranacelular
Comosemencionouanteriormente,esteéumfenômenoassociadocomometabolismo
celular.A toxicidade dos metais opermitetrabalharcom altasconcentrações,porissoo
processo é dificilmente estudado e empregado. O mecanismo exato é difícil de ser
identificado,poisometalétransportadoatravésdamembranacelularepodesofreromesmo
processoqueosmetaisessenciaistaiscomoopotássio,magnésioesódio(VeglioeBeolchini,
1997).
Adsorção
Dentreosmecanismosanteriormentemencionados,omaiscomumparaaexplicação
dofenômenodebiossorçãoéaadsorção.
A adsorção é um processo no qual substâncias solúveis presentes em solução são
captadasemumainterfaceapropriada,ouseja,háumatransferênciaseletivadeumoumais
solutosdeumafasefluidaparaumafasesólida.Emgeral,aadsorçãoincluiaacumulaçãode
moléculasdesolutoemumainterface,nestecaso,líquido-sólido(Tobin,WhiteeGadd,1994).
Seaadsorçãoocorre,implicaqueossítiosativosdevemestarlivresparaaceitaríons
metálicos.Basicamente,doistiposdeinteraçõespodemexistirentreobiossorventeeosíons
metálicos;interaçõesdotipocovalenteedotipoiônico
Dependendo da energia de adsorção o processo pode ser classificado em termos
químicoscomofisissorçãoequimissorção(PumpeleSchinner,1997).
Sorção física: deve-se a forças intermoleculares, possui uma energia de adsorção
menordoque10kcal/mol,pode-sedizerqueéumprocessodenaturezareversívelepouco
seletivo.
Capítulo2–FundamentaçãoTeórica
AlbinadaSilvaMoreira
31
Sorçãoquímica:basicamentesedeveainteraçõesinteratômicasdecurtoalcance,1-2
Å,aenergiadeadsorçãoémaiordoque10kcal/mol,podenãoserreversível.
Trocaiônica
Em geral, a troca iônica ocorre em todas as dimensões do sólido polimérico. Os
compostos com cargas positivas, cátions, ou negativas, ânions, presentes na fase fluida,
deslocamíonsnãosemelhantescomomesmotipodecargaqueinicialmenteseencontravam
nafasesólida.Otrocadoriônicocontémpermanentementeparesiônicos(Volesky,1990).
Na parede celular dos microrganismos encontram-se polissacarídeos que são
basicamenteblocosquecontêmosânionsecátionsresponsáveispelatrocaiônica.
Neste mecanismo não é necessário que os sítios ativos para a biossorção estejam
livres, pelo contrário, este é baseado na troca de íons com diferentes afinidades pelo
bioadsorvente. Existem íons de maior e menor afinidade que se encontram ligados ao
bioadsorvente.Dependendodascondiçõesdomeio,oíondemaiorafinidadeécapazdetrocar
de posição com o íon do sítio ativo, realizando-se assim a troca de íons. Igualmente na
adsorção,podemapresentar-sedoistiposdeinterações,tantocovalentescomoiônicas,entrea
biomassaeometal.
Complexaçãoeprecipitação
Aremoçãodometaldasoluçãopodeocorreratravésdaformaçãodeumcomplexona
superfície da célula depois da interação entre ometalegrupos ativos(Veglio e Beolchini,
1997).Estemecanismoenvolveacoordenaçãodeumíonmetálicocomumgrupofuncional
da parede celular como, por exemplo, o ácido carboxílico. Este fenômeno pode trocar os
estadosdeoxidaçãodosmetaistantoparatorná-lossolúveiscomoinsolúveis.NaFigura2.3
seapresentaacomplexaçãodeumíonmetálicomedianteumácidocarboxílico.
Figura2.3:Formaçãodeumcomplexoentreumácidocarboxílicoeumíonmetálico
(Vásquez,1995)
Capítulo2–FundamentaçãoTeórica
AlbinadaSilvaMoreira
32
Quelação
É baseado na existência de um agente quelante, o qual é um composto que tem a
facilidade de ter dois átomos diferentes coordenados com o íon metálico, facilitando a
formação de um semi-anel que seqüestra o íon de interesse. Alguns exemplos de agentes
quelantessão:citratodesódio,politrifosfatodesódio,NTAeEDTA.NaFigura2.4temsea
formaçãodeumanelentreumgrupocarboxílico,umahidroxilaeumíonmetálico.
Figura2.4:Formaçãodeumquelatoentreumahidroxila,umgrupocarboxílicoeumíon
metálico(Vásquez,1995)
2.4.1.1.Acumulaçãoextracelular/precipitação
Aremoçãodemetaispor polissacarídeosextracelularestemsidomuitoestudada. O
aprisionamento físico de metais precipitados na matriz polimérica e a complexação de
espécies solúveis por constituintes carregados dos polímeros são formas importantes de
remoçãodemetais.Emboraospolímerosmicrobianossejamconstituídosprincipalmentede
polissacarídeos neutros eles podem também conter compostos tais como ácido urônico,
hexoaminas e fosfatos, que podem, por sua vez, complexar íons metálicos. Como os
polissacarídeos excretados pelos diferentes microrganismos diferem em composição, as
propriedadesdeligaçãocommetaistambémdiferemdeacordocomasespéciesmicrobianas.
As condições do crescimento microbiano também influenciam significativamente a
composiçãodestespolissacarídeosafetandoaremoçãodemetais.Umavezqueospolímeros
são produzidos, a remoção de metais por este mecanismo é provavelmente um fenômeno
passivo, não requerendo a participação dos organismos vivos. Entretanto, alguns trabalhos
indicam que a síntese destes polímeros é induzida pela presença dos metais tóxicos
(Muraleedharan,IyengareVenkobachar,1991).
Capítulo2–FundamentaçãoTeórica
AlbinadaSilvaMoreira
33
2.4.1.2.Sorçãonasuperfíciecelularoucomplexação
Uma maneira comum pela qual os microrganismos resistem aos metais tóxicos na
natureza é acumulando-os em sua superfície. A acumulação permite à célula funcionar
normalmentemesmonapresençadeelevadasconcentraçõesdemetaistóxicosnoambiente.
Emalgunscasos,ascélulaspodemexcretarprodutosmetabólicostaiscomoH
2
SouH
2
O
2
que
podem precipitar osmetaiscomosulfetosou óxidos,gerando substânciasinofensivas. Esta
deposição extracelularpodedepender também da produçãocelulardeexopolímeros ácidos
(negativamentecarregados)capazesdeligareconcentrarcátionsmetálicosextracelularmente
(Ghiorse,1986).
Em geral, a acumulação superficial é o resultado de reações de complexação/troca
iônicaentreíonsmetálicoseosconstituintesreceptivoscarregadosdaparedecelular.Comoa
biossorçãoéuma reação físico/química entreos íons metálicoscarregadospositivamentee
gruposaniônicosda superfície celular, espera-sequeabiossorçãometálicasejafortemente
influenciadapelascondiçõesexperimentaistalcomopH,queafetaaespecificidadedometale
grupos reativos. Além disso, é possível que os grupos receptivos do biossorvente sejam
específicos a certos metais. A presença de certas enzimas na membrana celular dos
microrganismos pode também levar à precipitação de metais pesados (Muraleedharan,
IyengareVenkobachar,1991).
2.4.1.3.Acumulaçãointracelular
A retenção de íons metálicos por mecanismos dependentes do metabolismo é
geralmenteumprocessomaislentoqueabiossorção,emboraquantidadesmaioresdemetal
possam ser acumuladas em alguns microrganismos. O transporte de íons metálicos para
dentro dascélulas microbianas é inibido por baixastemperaturas, inibidores metabólicos e
ausência de uma fonte de energia. As taxas de reteão são influenciadas pelo estado
metabólicodascélulasepelacomposiçãodomeioexterno.
Ossistemasdetransporteencontradosnosmicrorganismosvariamemespecificidade,
e tantos elementos essenciais como não-essenciais podem ser captados. A maioria dos
mecanismosde transportemetálicoparecese basear no gradiente eletroquímicode prótons
através da membrana celular, que tem um componente químico (o gradiente de pH) e um
componente elétrico (o potencial da membrana), cada um dos quais podendo conduzir o
Capítulo2–FundamentaçãoTeórica
AlbinadaSilvaMoreira
34
transportedesolutosionizadosatravésdasmembranas.Emváriosorganismos,comofungos
filamentosos,otransportepodenãoserumcomponentesignificativonaretençãototal.Além
dissoemalgunscasos,aretençãointracelularpodeocorrerpordifusão,particularmenteonde
efeitostóxicoslevamamudançasnapermeabilidadedamembrana.Depoisdecaptadosdentro
dascélulas,osmetaispodemserdepositadose/ouconvertidosemformasmaisinócuaspor
ligaçãoouprecipitação(Gadd,1990).
Embora nem todos os biossorventes potencialmente aplicáveis tenham sido
sistematicamenteexaminados,muitasevidências têmlevado àidentificaçãodatrocaiônica
comooprincipalmecanismodabiossorçãodemetais.Estahipótesefoiformuladaapartirde
estudosquerevelaramumadiminuiçãodabiossorçãodecátionsmetálicosàmedidaqueopH
diminuía de 6 para 2,5. Como muitos metais precipitam em pH > 5,5, inicialmente
considerou-sequeemaltosvaloresdepHosmetaispoderiamseacumulardentrodascélulas
e em capilaridades da parede celular por um mecanismo combinado de sorção-
microprecipitação. Entretanto, experimentos realizados em batelada sem ajuste de pH
revelaram que a sorção de metais pesados em biomassa tratada com ácido causou um
decréscimo do pH da solução. A partir desses resultados a hipótese de troca iônica entre
prótonsemetaispesadosfoiformulada.
Outrosestudosrevelaramquebiomassaspré-tratadascomsoluçõesdecálcioesódio
liberavamcátionsdessesdoismetaisnasoluçãoàmedidaqueretinhamzincoechumbo,ea
quantidadedemetaisretidoseliberadoseraaproximadamenteigual.Portanto,metaispesados
sãobiosorvidosdesoluçõesaquosaspredominantementeportrocaiônicacomoscontra-íons
presentesnabiomassa(KratochvileVolesky,1998).
2.4.1.4.Avaliaçãododesempenhodasorção
Odesempenhodasorçãodeummetalporumdeterminadobiossorventedependede
algunsfatores.Alémdapresençadeoutrosíons(quepoderiamcompetirpelosmesmossítios
de ligação), bem como de materiais orgânicos em solução (atuando como agentes
complexantes) e de produtos metabólicos da célula em solução (que poderiam causar
precipitação do metal), o pH, a temperatura, a concentração do metal e as condições de
biomassa (se viva ou morta, quantidade, tamanho, pré-tratamentos) podem afetar sua
capacidadedesorção.
Capítulo2–FundamentaçãoTeórica
AlbinadaSilvaMoreira
35
Uma comparação quantitativa de dois diferentes sistemas de sorção só pode ser
realizada nas mesmas condições de concentração de equilíbrio (final). Qualquer outra
comparação conduz a um erro e pode somente servir como uma comparação qualitativa,
freqüentementeusadaparaumaseleçãorápida.
2.4.1.4.1.EfeitodopH
OvalordopHdasoluçãoéumdosfatoresquemaisafetaasorçãodemetaispesados.
SegundoKuyucakeVolesky(1988)asorçãoaumentacomoaumentodovalordepH,devido
aoaumentodadensidadedecarganegativanasolução,gerandosítiosativosparainteração
comometalpesado.Aexceçãoéfeitaparaíonsmetálicospresentescomoespéciesaniônicas,
ondeabiossorçãoéfavorecidapelodecréscimodovalordopH.
Alémdemudaroestadodossítiosdaligaçãometálica,valoresextremosdepH,como
osusadosnaregeneração(dessorção),podemdanificaraestruturadomaterialbiossorvente.O
pH afeta também a especificidade do íon metálico na solução, uma vez que ocorre um
decréscimodesolubilidadedoscomplexosmetálicoscomoaumentodopH.Istopodeimpor
limitaçõesnafaixadepHviávelparaoestudodabiossorção.Comoaadsorçãonãodepende
somente da atração do sorbato pela superfície do sólido, mas também do comportamento
liofóbico(asorçãoaumentacomodecréscimodasolubilidade),paraamaioriadosmetaisisto
significaqueaadsorçãoaumentacomoaumentodopH.Poroutrolado,valoresmuitoaltos
do pH, que causam precipitação dos complexos metálicos, devem ser evitados durante
experimentosdesorção,poisadistinçãoentresorçãoeprecipitaçãonaremoçãometálicaseria
difícil(SchiewereVolesky,1995).
2.4.1.4.2.Influênciadatemperatura
Abiossorçãonãoénecessariamenteumareaçãoexotérmicacomoasoutrasreaçõesde
adsorção física. A faixa de temperatura para a biossorção é relativamente estreita,
normalmentesituadaentre10e70ºCeéfunçãodotipodebiossorventeutilizado.Osestudos
realizadostêmdemonstradoquenafaixade5a35ºCatemperaturaexercepoucoefeitosobre
a biossorção em meio aquoso (Tsezos e Volesky, 1981; Aksu e Kutsal, 1991; Kuyucak e
Volesky,1989a).
Capítulo2–FundamentaçãoTeórica
AlbinadaSilvaMoreira
36
2.4.1.4.3.Influênciadaconcentraçãodometal
Um dos fatores mais importantes que influenciam na remoção metálica é a
concentração do metal pesado presente na solução. Biossorção pode ser aplicada em uma
ampla faixa de concentração metálica. Com o aumento da concentração metálica de
equilíbrio,a capacidade de biossorção (mg de metal por grama de biomassa) aumenta e a
eficiênciadebiossorçãodiminui(Sandauetal,1996).Acapacidadedesorçãoélimitadapelo
número de sítios ligantes na biomassa. Para baixas concentrações do metal pesado, como
ocorre em águas de produção da indústria de petróleo, são necessárias pequenas
concentrações de biomassa para atingira capacidade ximaderemoção metálica(Barros
Júnior,2001).
2.4.1.4.4.Influênciadascondiçõesdebiomassa
Areduçãodotamanhodaspartículasemsistemasdeadsorçãoe/outrocaiônica,em
geral,favoreceatransferênciademassaemfunçãodoaumentodaáreadetransferênciaeda
reduçãodocaminhoaserpercorridopeloíonatéosítiodetrocae/ouadsorçãopresenteno
interiordobiossorvente.
Leusch,HolaneVolesky(1995)observaramatémaiorescapacidadesdebiossorçãode
cádmio, cobre, níquel chumbo e zinco, com algas marinhas do tipo Sargassum fluitns e
Ascophylum nodosum, com o aumento do tamanho da partícula biossorvente. Este
comportamento pode indicar uma possível destruição dos sítios pelo método utilizado na
reduçãodotamanhodapartículabiossorvente.
2.4.1.5.Isotermasdebiossorção
A captura de espécies metálicas pode ser quantitativamente calculada a partir das
isotermasemexperimentosdebiossorção,similaresaosutilizadoscomcarvãoativado.
Oequilíbrioéestabelecidoatravésdocontatoentreasoluçãocarregadadeespécies
metálicas e o biossorvente, a uma dada temperatura. Uma certa quantidade da espécie
adsorvida pelo material biossorvente encontra-se em equilíbrio com seu resíduo livre na
solução.Asinformaçõesrelativasàisotermasãoapresentadasemumgráficoderemoçãodo
Capítulo2–FundamentaçãoTeórica
AlbinadaSilvaMoreira
37
metal pelo biossorvente (em peso/peso ou moles/peso) contra a concentração residual
(peso/volume),conformemostradonaFigura2.5.
Figura2.5:Isotermasdeequilíbrio
AcapacidadederemoçãoQ(mg/g)édadapelaequação:
M
)Ceq-
0
(CV
=Q
Sendo:
Q
quantidadedemetalremovido(mgmetal/gdebioadsorvente)
V
volumedasoluçãocarregadacomometaldeinteresse
C
0
concentraçãoinicialdometalnasolução
C
eq
concentraçãoresidualdemetalnasoluçãofinal
M
massadobiossorvente
Aconcentraçãofinal(C
f
)éfunçãodaquantidadedebioadsorventeutilizada.Osdados
de Q são plotados contra C
f
 num diagrama representativo das isotermas de adsorção. A
capacidade máxima de captura de metais é uma das características mais importantes do
biossorvente,poisdeladependeaeficiênciaderemoçãodoprocessodebiossorção.
A forma da isoterma é igualmente importante. Por exemplo: isotermas que se
apresentamíngremesapartirdaorigem,combaixasconcentraçõesresiduaisdomaterialaser
adsorvidosãoaltamentedesejáveisporindicarumaaltaafinidadedoadsorventecomosoluto
(Volesky,1990).
Capítulo2–FundamentaçãoTeórica
AlbinadaSilvaMoreira
38
Alémdosestudossobreoequilíbriodoprocesso,éimportantetambémdeterminara
cinética de biossorção de metais, para então estabelecer o tempo de remoção do soluto, a
partir de uma solução previamente carregada. É interessante e desejável que o tempo de
remoçãodometalsejarápido.Estetempodeterminaráotamanhodoequipamentodecontato,
queporsuavezenvolveumestudodecustosedeviabilidadedeprocesso.
A caracterização do equilíbrio e da cinética do processo de biossorção são muito
importantes,poispossibilitamaavaliaçãoquantitativaequalitativadacapacidadedeadsorção
dobioadsorventeedoprocessoderemoçãodemetaisdissolvidosemumasolução.
2.5.Algasmarinhas
Algas marinhas são consideradas plantas fotossintéticas, compostas basicamente por
clorofilaepigmentosacessórios,capazesdesintetizarassubstânciasorgânicas,necessáriasao
seumetabolismonormal(Volesky,1990).
A classificação mais antiga e comum das algas marinhas foi baseada em sua
coloração,etrêsclassesprincipaisforamreconhecidas,comosendoaclassedas
clorofíceas,
feofíceaserodofíceas
(Boney,1966).
As
clorofíceas
sãoasalgasmarinhasverdes,cujaparedecelularcontémbasicamente
celulose.Osprincipaispigmentosassociadosaessaclasseencontram-selistadosnaTabela
2.8(Boney,1966).
As
feofíceas
sãoasalgasmarinhasconsideradaspardas,comsuacoloraçãovariandode
marromescuroaummarrompróximodeumacoloraçãoverdeoliva.Essacoloraçãosedeveà
presençadepigmentos tais comocarotenos, fucoxantinas,conformeapresentado na Tabela
2.8,quemascaramosdemaispigmentosexistentesnasalgasdessaclasse.Aparedecelular
contémbasicamentealginas,fucoidanasecelulose(Boney,1966).
As
rodofíceas
sãoasalgasmarinhasdecoloraçãoavermelhada,emboraqueemcampo
assemelhem-seàsalgasverdesoupardas.Acorvermelhaédevidoàpresençadospigmentos
ficoeritrina,ficocianina.Aparedecelulardasalgasmarinhasdessaclassecontémbasicamente
ésterespoligalactoseseceluloses,sendocomumtambémapresençadecarbonatodelcio
(Boney,1966).
Capítulo2–FundamentaçãoTeórica
AlbinadaSilvaMoreira
39
Tabela2.8:Principaispigmentosconstituintesdealgumasclassesdealgasmarinhas(Boney,
1966)
Pigmentos Clorofícea Feofíceas Rodofícea
Clorofilaa *** *** ***
Clorofilab ** - -
β
-Caroteno
*** *** ***
Luteína *** * **
Fucoxantina - *** -
r-fucoeritina - - ***
r-ficocianina - - *
***principalpigmentodogrupo
**pigmentocommenosde50%dototaldepigmentosexistentesnogrupo
*pigmentoqueconstituiumaporçãopequenadototaldepigmentosexistentesnogrupo
-ausênciadepigmento
Osconstituintesdaparedecelulardasalgasmarinhasindicamasprincipaisdiferenças
entreasdiversasclassesdealgas.Aceluloseéoconstituintebásicodamaioriadasalgase
está associadaàpectina da paredecelular,juntamentecom outrassubstâncias,taiscomoa
algina,afucoidinaeosésterespoligalactoses-sulfatos.Estesconsistemnumacadeialongade
polissacarídeos,aosquaisestãoassociadosdiferentesresíduosdeaçúcares,adependerdotipo
de alga marinha analisada. Em algumas algas marinhas verdes, a parte externa da parede
celular consiste basicamente de pectina. O ácido algínico é muito encontrado em algas
marinhaspardasesuapresençaéfunçãodo
habitat
edasvariaçõessazonaisaosquaisaalga
marinhaestásujeita.Emalgunstiposdealgasmarinhaspardasécomumtambémapresença
de ácido fuccínico. Polissacarídeos de grande complexidade formam a parede celular das
algasmarinhasvermelhas,sendoqueagalactosepareceseroprincipalresíduodeaçúcareas
carragenaseagar,osprincipaisconstituintesdamucilagemqueformaessaparedecelular.É
comumentreasalgasmarinhasvermelhas,apresençadesubstânciascalcáreas,depositadas
em sua parede celular, associadas à camada de pectina, formada através de processos
metabólicos que incluem a fotossíntese. Em alguns casos, a presença destes compostos
calcáreosestáassociadoàsobrevivênciadestasespéciesemmaresrevoltos(Boney,1966).Na
Figura 2.6 estão apresentados alguns exemplos de moléculas presentes nas cadeias que
compõemoscolóidesdabiomassaalgácea.
Capítulo2–FundamentaçãoTeórica
AlbinadaSilvaMoreira
40
Figura2.6:Moléculaspresentesnaslongascadeiasqueconstituemoscolóidesdasalgas
marinhas(a)alginas;(b)galactana(agar-ágar);c)galactana(carragenaiotaoukappa
dependendodoradical);(d)galactana(carragenalambda)(Oliveira
etal
,1992)
Asalgasmarinhaspodemserusadascomobiossorventesnosprocessosderemoçãode
metaispesadosemsolução,tantonasuaformanatural,quantonaformatratadaquimicamente
atravésdeumprocessode“crosslinking”(Leusch,HolaneVolesky,1995).
O conhecimento da estrutura química do biossorvente é essencial para modelar e
predizer o desempenho dos processos de biossorção. Alguns metais ligam-se à biomassa
atravésdeligaçõeseletrostáticas,taiscomoCa,Na(Crist
etal
,1981),outrosligam-seatravés
de ligações covalentes, como é o caso do Cu (Crist
et al
, 1981) e outros ainda estão
associados através de reações de redox, como certos metais nobres, por exemplo, Au
(Greene,McphersoneDarnall,1986).
Os polissacarídeosestruturais presentes naparedecelulardasalgasmarinhas são os
principaisresponsáveispelacapturadeíonsmetálicos(Costa
etal
,1995)epelaafinidadeque
estas estruturas químicas apresentam com determinados íons metálicos em solução. A
adsorçãodoscompostosmetálicosnasuperfíciedoscompostospolissacarídeosédecorrente
dasfortesligaçõescovalentesentreosíonsdisponíveisdecadacomposto.Segundotrabalho
realizadoporSiegeleSiegel(1973),aalgamarinhaverdeV
aucheriasp
possuicercade16a
27%deproteínas. Os aminoácidospresentesnas proteínasfornecemgruposfuncionaistais
comoosgruposaminoeamido,ocarboxílicoeimidazol,quepodemfuncionarcomosítios
ativos na remoção de metais pesados. Segundo Crist
et al
(1981, 1992, 1994), os
polissacarídeos da parede celular das algas marinhas dispõem de grupos aminos, grupos
carboxílicos e grupos sulfatos, disponíveis para realizar ligações características de
coordenaçãocomíonsmetálicos.
Capítulo2–FundamentaçãoTeórica
AlbinadaSilvaMoreira
41
Estesgrupos funcionaissãorepresentadospelasestruturas químicasapresentadasna
Figura2.7.
Figura2.7:Gruposfuncionaispresentesemdeterminadasalgasmarinhasquefuncionam
comosítiosativosderemoçãodemetaispesados
2.6.Biossorçãoporalgas
As populações de algas têm sido observadas há muito tempo como indicadores de
balanços ecológicos e alterações nas condiçõesnutricionais naturais, bem como de efeitos
tóxicos de substâncias originadas de atividades humanas. As populações naturais de algas
podem responder prontamente a qualquer alteração do ambiente e têm sido usadas para
monitorar o grau de poluição num ambiente aquoso. Sob este aspecto, a interação algas-
metaispesadostemsidotradicionalmenteexaminada.
A adsorção de metais por microrganismos é um fenômeno reversível. Os íons
metálicospodemnãosósubstituirprótons,bemcomomoléculasjáligadas.
Ograndenúmerodemateriaisbiológicos,comdiferentesestruturas,possibilitaouso
de muitos tipos de biomassa no tratamento de soluções de metais pesados. No entanto, a
biomassadealgasestásendoomaterialbiológicomais usadonabiossorção demetais.As
algas
clorofíceas
,
rodofíceasefeofíceas
sãoasmaisestudadas(Costa
etal
,1995).
A biossorção de prótons por lulas de algas envolve dois processos: uma reação
superficialrápida,seguidaporumtransportelentoatravésdaparedeecitoplasma.Ainteração
entreumagrandequantidadedeíonsmetálicoseespéciesdealgastemcaracterísticasdeum
fenômeno de adsorção, através de atrações eletrostáticas dos íons metálicos positivos com
sítiossuperficiaisnegativos,porexemplo,ânionscarboxilatos(Crist
etal
,1990).
O processo lento de biossorção de prótons, por sua estequiometria e relação da
constantedevelocidadecomocálcioliberado,poderepresentaradifusãodocálcioatravésde
uma estrutura densa da alga como etapa determinante da velocidade. Diferenças nas
constantes de velocidade para diferentes espécies de algas poderiam ser devidas a fatores
Capítulo2–FundamentaçãoTeórica
AlbinadaSilvaMoreira
42
como porosidade, composição química, ou outros aspectos da microestrutura da parede
celular(Crist
etal
,1990).
Emboramuitospesquisadoresestejamtentandodeterminaromecanismodeligaçãode
íonsmetálicosnasuperfíciedealgasénecessáriodeterminarquaisgruposquímicos,presentes
naparedecelulardasalgas,sãoresponsáveispelaligaçãocomdiferentesíonsmetálicos.
Comoosgruposcarboxila,presentesnaparedecelulardasalgas,têmsidoapontados
como os principais responsáveis pela interação metal-alga, Gardea-Torresdey
et al
, (1990)
avaliaramaimportânciadestesgruposnainteraçãocomcobre(II),alumínio(III)eouro(II).
Este estudo foi realizado através da modificação química dos grupos carboxil
(esterificação com metanol), que reduziria a disponibilidade de grupos carboxila para a
complexação com o metal causando uma redução na ligação.Cinco diferentes espéciesde
algasforamusadas:aalgamarinhavermelha
Cyanidiumcaldarium
,aalgaverde
Chlorella
pyrenoidosa
,aalgaazul-verde
Spirulinaplatensis
easalgasmarrons
Laminariajapônica
e
Eiseniabicyclis
.
Para o cobre e o alumínio as modificações provocadas na biomassa causaram um
decréscimonaquantidadedemetalligado(quevariavaentreasesciesdealgas),sendoque
paraocobreoefeitofoimaispronunciado.Paraoouro,entretanto,acapacidadedeligação
aumentoucomaesterificaçãodosgruposcarbolixa.
Atéapoucosanos,aspesquisasdosefeitosdemetaispesadostóxicossobrediferentes
espécies de algas eram feitas principalmente levando em conta aspectos toxicológicos
examinadosempopulaçõesdealgasvivas.Osefeitosdoaumentodeconcentraçãodemetais
pesados,individuaisoucombinados,sobreocrescimentoepropagaçãodasespéciesdealgas
têmsidoestudadosjuntocomopoderdeacúmulodestesmetaisemcélulasdealgasvivas.
Entretanto, poucas informações estão disponíveis com respeito a acúmulo de metais por
biomassaoucélulasdealgasmortas.
Como a biomassa de algas representa um material natural, em muitos casos
abundantes,abiomassadealgasmortasestásendoconsideradacomoomaterialbiossorvente
dofuturo.Algunsestudosindicaramqueabiomassadealgasmortaspodemesmosermais
efetivanaretençãoeacúmulodeelementosmetálicosquecélulasetecidosvivos,indicando
mudanças na natureza da superfície celular em função da ausência de transporte ativo
(Cossich,2000).
Algumasalgasmarinhasindicaramcapacidadesexpressivasdebiossorçãodemetais.
Asalgasmarronssãoparticularmenteviáveisparareteríonsmetálicosdevidoaosseusaltos
teoresdepolissacarídeos.
Capítulo2–FundamentaçãoTeórica
AlbinadaSilvaMoreira
43
Algas marinhas marrons, como
Ascophyllum nodosum
e
Sargassum natans
, vêm
sendo usadas comercialmente como fontes de polissacarídeos (alginato e carragena) na
indústriadealimentos.Elastambémsãousadascomoindicadoresbiológicosdepoluiçãopor
metais pesados. Além desses usos, vários estudos com estes tipos de macroalgas têm sido
realizados para verificar o potencial destasalgas em se ligare remover metais pesados de
soluçõesindustriaiseresíduoslíquidos,estudosestesquejáindicamqueabiomassadestas
algasofereceexcelentespropriedadesbiossorventes(VoleskyeHolan,1995).
Caracterizaçãodofenômenobiossortivo
AFigura2.8mostraasuperfíciedeSargassumsp.ocarregada,ouseja,antesdos
experimentosdebiossorção,atravésdaMicroscopiaEletrônicadeVarredura,paraavaliara
superfíciede
Sargassum
sp.innatura,mostrandoumaparedecelularnãocarregadaemmetais
pesados.
Figura2.8:MicroscopiaEletrônicadeVarreduramostrandoasuperfíciedamacroalga
Sargassumsp.innaturanãocarregada(Sobraletal.,2006)
Capítulo2–FundamentaçãoTeórica
AlbinadaSilvaMoreira
44
2.7.Planejamentofatorial
Oplanejamentofatorialéempregadoparaseobterasmelhorescondiçõesoperacionais
de um sistema sob estudo, realizando-se um número menor de experimentos quando
comparadocom o processounivariado de otimizaçãodoprocesso. O planejamentofatorial
determinaquefatorestêmefeitosrelevantesnarespostae,também,comooefeitodeumfator
varia com os níveis dosoutros fatores. Também, oplanejamento fatorial permitemedir as
interações entre diferentes fatores. Essas interações são a principal componente de muitos
processosdeotimização.Semousodeplanejamentosfatoriaisdeexperimentos,importantes
interaçõesdefatoresnãosãodetectadaseaotimizaçãomáximadosistemapodelevarmais
tempoparaseralcaada.
No planejamento fatorial precisa-se inicialmente especificar os níveis, ou seja, os
valores dosfatoresqueirão ser utilizados nos experimentos. Nestetipo de planejamento é
necessário a elaboração de diversos experimentos para todas as possíveis combinações de
níveis.Oprincipalobjetivodoplanejamentofatorialérelacionarempiricamenteasvariáveis
dependentes (respostas) com as variáveis independentes (variáveis de entrada), além de se
poderdeterminarestatisticamenteoefeitodecadavariávelna(s)resposta(s)desejada(s).
Oplanejamentoexperimental fatorialtemcomopontodepartidafixaronúmerode
níveis para cada umadasvariáveisdeentrada,comisso,énecessário realizarensaioscom
todasaspossíveiscombinações.SegundoBarrosNeto,ScarmínioeBruns(2001)paraevitara
ocorrênciadedistorçãoestatísticanosresultados,istoé,paraimpedirqueerrosatípicossejam
obrigatoriamente associados a determinadascombinações de níveis, a partir das repetições
realizadaspode-seobterumaestimativadoerroexperimental.
Comoumdosobjetivosdoplanejamentoexperimentalfatorialéexecutaromínimode
ensaiosedeterminarinicialmenteasvariáveisdeentradacomsignificativainfluênciaounão
sobre aresposta, é necessáriofazer primeiramente um planejamentofatorial dedois níveis
paracadafator.Costuma-seidentificarosníveiscomosuperioreinferiorcomossinais(+)e
(-), respectivamente. De acordo com Barros Neto, Scarmínio e Bruns (2001), se n fatores
estão contidos no estudo, o planejamento fatorial necessitará da realização de 2
n
ensaios
diferentes,cobrindotodasascombinaçõespossíveis.
CAPÍTULO3
ESTADODAARTE
Capítulo3–EstadodaArte
AlbinadaSilvaMoreira
46
3.ESTADODAARTE
Aaplicação dabiomassanaremoçãode metaispesadoscomeçou a ser estudadana
décadade70.Essatécnicavemsendoestudada,sobretudoemefluentes.Osprimeirosestudos
visam o conhecimento da cinética de biossorção e da identificação dos parâmetros que
influenciamoprocesso.Osensaiosforaminicialmenterealizadosdeformadescontínuaeem
níveldebancada.Adiversidadedosmetaispesadosanalisadosfoiseampliando,astécnicas
melhorando,oconhecimentodoprocessoseaprofundandoeautilizaçãodecolunasfoisendo
incorporadaaosestudosdabiossorçãopararemoçãodemetaispesadosdeefluentes.
SharmadeFourest(1993)estudaramainfluênciadopHedatemperaturanaremoção
de cromo hexavalente, Cr (VI), através do processo de biossorção em batelada utilizando
comobiossorventeturfa,paraumafaixadeconcentraçãode4a40g/L.Observaramqueo
processoderemoçãoéaltamentedependentedopH,sendoqueosmelhoresresultadosforam
obtidos numa faixa de pH entre 1,5 a 3,0. Para valores mais baixos de pH uma fração
considerável do Cr (VI) reduz-se a Cr (III), provocando uma queda na capacidade de
remoção, devido à pouca afinidade do Cr (III) com a turfa em soluções muito ácidas.
Observaram ainda que soluções contendo baixas concentrações de Cr (VI) possuem uma
capacidadederemoçãomaisrápidaemaiseficientequandocomparadaasoluçõesaltamente
concentradas.Umaumentonatemperaturade25ºCpara40ºCdobrouacapacidademáxima
de remoção do cromo. Com base em seus resultados, eles concluíram que a adsorção de
cromoemturfaéumareaçãodequimissorção,comfortesligaçõesentreosíonsdecromoe
ossítiosativosdaturfa.
VoleskyePrasetyo(1994)estudaramaremoçãodocádmioemcolunascontendotrês
diferentesespéciesdealgasmarinhasmarronseobtiveramumaremoçãodecercade99,9%
do metal. Eles realizaram ensaios em uma coluna de leito fixo, analisando parâmetros
operacionais, tais como a altura do leito de biomassa, o fluxo de solução carregada com
metais e o pH. A estimativa dos parâmetros importantes de projeto, que caracterizam a
desempenhodobiossorventenacolunafoirealizadacombasenomodeloclássicodeBoharte
Adams,cujahipótesebásicaéadmitirqueacinéticadereaçãosejadeprimeiraordem.
Foi observado em estudos recentes realizados, por Crist
et al
 (1994) e Fourest e
Volesky (1996), que o principal mecanismo do processo de biossorção através de algas
marinhaséatrocaiônica.Issopossibilitaodesenvolvimentodenovosmodeloscapazesde
Capítulo3–EstadodaArte
AlbinadaSilvaMoreira
47
predizercomsucessonãoapenasosciclosdeadsorçãoedessorção,mastambémainfluência
dascadeiasiônicasnaligaçãodosmetaisnaestruturadobiossorvente.
Costa
etal.
(1995)trabalharamcomalgasmarinhasmarronsdotipo
Sargassum
sp
na
remoçãodecádmiodeumefluentedeindústriabrasileiramínero-metalúrgicaeobtiveramum
altoteorderemoçãodeespéciemetálica.Noentanto,observaramqueapresençadecálcio,
em alta concentração no percolado provocou uma redução na capacidade de remoção de
metaisdabiomassa.
Rapoport e Muter (1995) realizaram experimentos de biossorção de Cr (VI) em
diferentesespéciesdelevedurasdesidratadasenãodesidratadaseobservaramqueacinética
de adsorção é dependente da concentração inicial de Cr (VI). Verificaram que células
desidratadasapresentammelhorcapacidadederemoção,poisremovemamesmaquantidade
de Cr (VI) num tempo consideravelmente menor. Constataram que a cinética de adsorção
depende da temperatura de incubação, sendo que a melhor remão ocorreu a 45 ºC.
Observaram,ainda,quediferentes espéciesdelevedurasapresentamcapacidadesdiferentes
deremoçãoeporfimafirmaramqueasuperfícieda
Saccharomycescerevisae
éinfluenciada
pelo processo de desidratação-hidratação, através das variações observadas na organização
estruturaldecomponentesprotéicosedoaumentodeeletronegatividadedaparedecelular.
Kratochvil,FouresteVolesky(1995)avaliaramacapacidadederemoçãodocobrea
partir de uma solução de concentração de 35 mg/L e pH 5 em coluna de leito fixo pela
biomassa nativa e protonada da alga marinha
Sargassum fluitans
. A vazão volumétrica de
alimentaçãofoide10cm
3
/min.Acolunautilizadaapresentavaasseguintesdimensões:2,5
cmdediâmetroe50cmdealtura,aalturadoleitopreenchidopelabiomassafoide38cm.A
capacidadederemoçãodoíoncobrepelabiomassanativaeprotonadafoide0,966mmol/ge
0,850mmol/g,respectivamente.
Sag e Kutsal (1996a) observaram que microrganismos removem íons de metais
pesados através de diferentes processos tais como biossorção pela parede celular,remoção
através do transporte dos íons metálicos até o citoplasma, reações de oxi-redução, entre
outros. Alguns destes processos podem envolver microrganismos vivos. A cinética de
remoçãodemetaispesadospororganismosvivosenvolvedoisestágiosprincipais,sendoo
primeiroreferenteàremoçãopassiva,rápidaereversível, eosegundoreferenteàremoção
ativa,maislentaerelacionadaàatividademetabólica(Ting,LawsonePrince,1991;Bradye
Duncan,1994).
Sag e Kutsal (1996b) avaliaram a biossorção competitiva entre os íons
cromo(VI)/ferro(III)ecromo(VI)/cobre(II)pelabiomassadofungo
Rhizopusarrhizus
.Parao
Capítulo3–EstadodaArte
AlbinadaSilvaMoreira
48
sistemacromo/ferro,tantoocromocomooferroforammaisefetivamenteadsorvidosempH
2,0.Acapacidadedesorçãodecromoedeferrofoireduzidapelapresençadeconcentrações
crescentesdecadaumdosmetais.OmodelodeLangmuirnão-competitivoajustoubemos
dadosexperimentaisobtidosno sistemade umúnicoíon,tantoparaocromo como parao
ferro. Para o sistema multi-componente, o modelo competitivo de Langmuir mostrou-se
consistente com os resultados obtidos. Para o sistema cromo/cobre o efeito do íon cromo
sobre a biossorçãodo íon cobremostrou-sedecaráterantagônico,empH4,0.O efeitodo
cobre sobre a biossorção do cromo mostrou-se sinérgico, neste mesmo valor de pH. Uma
possível explicação para este comportamento é que cobre(II) e cromo(VI) se ligam a
diferentestiposdesítiosdasuperfíciecelular,eosdiferentesvaloresdepHparaamáxima
capacidadedesorçãodecadaíonsreforçamestahipótese.
Fourest e Volesky (1996) quantificaram em 0,2 a 0,3 meq/g de matéria seca a
concentração dos grupos sulfatos fortemente ácidos na biomassa da alga
Sargassum
,
correspondendoaaproximadamentecercade10%dossítiosdeligaçãodestaespéciedealga,
sendoorestantedossítiosfornecidopelacarboxiladosácidosfracos.
EmtrabalhoscomoodeKratochvil,VoleskyeDemopoulos(1997),sobrearemoção
deCu
+2
atravésdabiossorçãoemcolunasdeleitofixodeS
argassumfluitans
,foramfeitos
estudos de equilíbrio do processo através de isotermas de troca iônica e a predição da
dinâmicadacolunafoipropostapelomodelodetrocaiônica.
Saravia e Tavares (1997) utilizaram
Sargassum
sp. paraverificar a possibilidadede
utilizaçãodessaalganotratamentodoefluentedeumaindústriadeprocessamentodecouro.
Osensaiosembateladaindicaramqueamelhorrelaçãomassadealga/volumedeefluentefoi
de 1/30, aliando maior capacidade de adsorção com uma menor concentração de cromo
residual.Osresultadosdosensaiosemsistema contínuo,constituídode3 colunasemsérie
comcercade20gramasdebiomassa,mostraramquehouveumaboaretençãodecromopela
biomassaaolongodastrêscolunas.Osresultadosmostraramaindaqueolimitedesaturação
paraaprimeiracolunasedeuapós100minutosdeoperação,enquantoqueparaasegundae
terceiracolunasestelimiteocorreuem150e270minutos,respectivamente.Aeficiênciado
processofoidaordemde86%eacapacidadederemoçãode169,4mgcromo/gbiomassa.Os
testesderegeneraçãodaSargassumspcomlavagenssucessivasdeácidotricoeclorídrico
(10%)alteraramnegativamenteacapacidadedebiossorçãodabiomassa
.
Dönmez
et al
(1999) realizaram um estudo comparativo das características de
biossorçãodeCr(VI),Cu (II)e Ni (II) utilizandoasespécies de algas
Chlorella vulgaris,
Scenedesmus obliquus
e
Synechocystis sp
. Analisaram parâmetros como pH, concentração
Capítulo3–EstadodaArte
AlbinadaSilvaMoreira
49
inicial do íon metálico e concentração de biomassa. Observaram que ótimos valores de
remoçãoforamobtidosparaCu(II),Ni(II)eCr(VI)empH5.0,4.0e2.0,respectivamente,
para astrêsespéciesdealgas avaliadas.O pH ótimodebiossorçãoparao Cr(VI) alteraa
cargatotaldasuperfíciedasalgas,tornando-aspositivas,indicandoqueasinteraçõesdosíons
Cr
+6
aniônicossãodenaturezaeletrostática.
SegundoHayashi(2001),váriosestudostêmsidorealizadosparaavaliaropotencial
deremoçãodemetaispesadoscomváriosmateriaisbiológicos.Dentreosmateriaisanalisados
pode-secitarasalgasmarinhaseseusderivados,turfasemusgos,quitosana,lignina,alguns
tiposdebactériaefungos,resíduosagrícolas,entreoutros.
As principais características físicas a serem analisadas para descrever um
bioadsorvente adequado, visando sua utilização em um processo de bioadsorção, segundo
Volesky,(1990a)são:dureza;áreasuperficial;porosidade;tamanhodepartículas;densidade;
eresistênciaemumaamplafaixadeparâmetrosvariáveisdasolução,comotemperatura,pH,
teor de solvente, entre outros. As biomassas algáceas, em função de sua diversidade e
abundância, são os biomateriais mais empregados nos processos de bioadsorção/
bioacumulaçãodemetais.Ascélulasdasalgastêmgrandeáreasuperficialcomtiosativos
capazesdeproveremligaçõesrápidasereversíveisdecátions.Estasuperfíciecelularconsiste
deummosaicodesítiostrocadorescatiônicoseaniônicosnasparedescelulares.Asuperfície
dasalgastemumacomposiçãodeproteínasecarboidratoscomasquaisasespéciesmetálicas
podemreagir.
Dentreostiposdebioadsorvente,abioadsorçãodecádmioemalgamarrommortada
espécie
Sargassum
sp tem obtido valores bastante efetivos (Volesky e Yank 1998). Alta
capacidadedeadsorção,cilregeneraçãoecustosbaixostornamessabiomassadeespecial
interesseparapurificaçãodeefluentesaquososdebaixaconcentração.
Silva(2001)empregoudiferentesmodelosparasimularadinâmicadesorçãobinária
[cromo(III)+cobre(II)]deíonsmetálicosemcolunasdeleitofixo.Asconsideraçõesgerais
paraaobtençãodosmodelosforam:adsorçãosuperficial,dispersãoaxialnointeriordacoluna
equedurantearemoçãooocorriaaformaçãodeprecipitados.Pararepresentarataxade
adsorçãoforamtestados3modelos:i)taxaempíricadeadsorção;ii)transferênciademassa
nobiossorventecomomecanismopredominantenatransferênciademassa;iii)transferência
demassanofilmelíquidocomoetapacontroladoradatransferênciademassa.Odesempenho
dos modelos foi avaliado a partir dos dados experimentais das curvas de ruptura dos íons
cromo,cobreedamistura.Omodelo,cujaexpressãoparaataxadeadsorçãofoibaseadana
resistência à transferência de massa no sólido, representou apropriadamente a dinâmica de
Capítulo3–EstadodaArte
AlbinadaSilvaMoreira
50
sorção individual dos íons cromo (III) e cobre (II), independente da concentração de
alimentação.Estemodelopossuidoisparâmetrosajustáveis,coeficientedetransferênciade
massanosólidoededispersãoaxial.Contudo,osresultadosmostraramqueadispersãoaxial
podeserdesprezada.
Duarte (2001) estudou o processo de biossorção de chumbo por algas arribadas e
obteveumaremoçãode96,8%dechumboapH1,0após3horasdecontatocomabiomassa
semagitação,indicandoumapossibilidadederemoçãoviatratamentoemleitosdealgas.
Rivera
et al
(2002) investigaram as propriedades de adsorção da alga marinha pré-
tratada
Grateloupia doryophora (Rhodophyta)
. A biomassa nativa foi tratada com uma
soluçãode0,2MdeCaCl
2
durante24hmedianteagitaçãoconstante.Asoluçãosemantevea
um pH = 5 usando uma solução 0,1 M de NaOH.A biomassa tratada foi seca em estufa,
durante24horas,àtemperaturade40ºC.Observaramqueacapacidadedeadsorçãodepende
fortementedopHdasolução.Amáximacapacidadedeadsorçãodabiomassapré-tratadase
observouentreopH4e5.
EstudosdecinéticarealizadosporHashimeChu(2004)mostramqueacaptaçãode
cádmioérápida,commaisde90%dacaptaçãototalocorrendoentre30a40minutos.
Ferreira
etal
(2007)estudaramoequilíbriodeadsorçãoeobservaramquealevedura
S
accharomycescerevisiae
foiefetivacomoadsorventeparaoíondePb
2+
.Verificaramque,
emcondiçõesestáticas,énecessárioumtempodecontatode48hparaqueoequilíbrioseja
alcançado. Verificou-setambém queosdados deequilíbrio forammelhores ajustados pelo
modelodeLangmuir.Osresultadosobtidosdoplanejamentoexperimentalfatorialeaanálise
de superfície de resposta mostraram que a quantidade adsorvida dos íons metálicos por
unidadedemassade
Saccharomycescerevisiae
foiinfluenciadapelaquantidadedebiomassa
utilizada. Dessa forma, a interação entre a biossorção e a concentração de biomassa pode
apresentarefeitosantagônicos;comisso,observou-sequemaioresquantidadesdebiossorção,
porunidadedebiomassa,foramobtidascomconcentraçõesmenoresdebiomassa.
Brasil
etal
.(2007)utilizaramcascadenozpecãcomobiossorventepararemoçãode
íonsCu(II)desoluçõesaquosas.Realizaramaotimizaçãodascondiçõesdebiossorçãoem
bateladautilizandodoisplanejamentosestatísticosdeexperimentos,oplanejamentofatorial
completo2
4
comdoispontoscentrais(n=18experimentos)e,paracontinuaraotimizaçãodo
sistema, foi empregada análise de superfície de respostas, empregando planejamento
compostocentralcomdoisfatores(n=13experimentos).Todaaotimizaçãodosistemafoi
realizadacomapenas31experimentos.Apósaotimizaçãodascondiçõesdebiossorçãoem
Capítulo3–EstadodaArte
AlbinadaSilvaMoreira
51
batelada,obtiveramaisotermadebiossorçãodeCu(II)emcascadenozpecã,resultandoem
umasaturaçãoem20mgg
-1
doíonmetálicoadsorvido.
Acosta
etal
(2007)estudaramabiossorçãodeCádmio(II)emsoluçãoporbiomassas
fúngicas e observaram que algumas das biomassas fúngicas analisadas removem
eficientemente Cd (II) em solução. Nas concentrações estudadas, as cepas silvestre de
M.
rouxii
,
A. flavus
-I,
Helminthosporium
sp,
C. neoformans
e
A. fumigatus
II podem ser
utilizadas isoladasou juntas, paratratar oueliminar o Cd (II) presente em águas residuais
industriais.
CAPÍTULO4
MATERIALEMÉTODOS
Capítulo4–MaterialeMétodos
AlbinadaSilvaMoreira
53
4.MATERIALEMÉTODOS
Aparte experimental dopresente trabalhoconsistiu em promoverocontatoestreito
entre o óleo lubrificante automotivo usado, contendo metais pesados, e a alga marinha, a
biomassautilizadanoprocessoestudado.Paraseconheceromecanismodebiossorçãoesua
eficiência, várias condições operacionais foram testadas. Este capítulo apresenta os
procedimentos empregados no desenvolvimento das diversas etapas experimentais do
presenteestudo.
4.1.Espaçofísico
Os experimentos foram realizados no Laboratório de Engenharia Bioquímica da
UniversidadeFederaldoRioGrandedoNorteeasanálisesdeamostrasnolaboratórioSM
ControledeQualidadeLTDA,emRecife(PE).
4.2.Material
Foramutilizadoscomomaterialosreagenteseequipamentosrelacionadosaseguir.
4.2.1.Reagentes
Naetapaexperimentaldopresentetrabalho,paraarealizaçãodosensaios,utilizaram-se
osseguintesreagentes:
Óleolubrificanteautomotivousado,gentilmentefornecidopelaempresadeTransporte
urbanosViaçãoCabral,Natal(RN),étipoRímula-D-ShellSAE40.
Abiomassautilizadafoiaalgamarinhafeoficeatipo
Sargassumsp
,coletadanapraia
deAreiaPretanacidadedeNatal-RN-Brasil,duranteomêsdeabrilde2004,como
apoiodaprofessoraElianeMarinhodoDepartamentodeOceanografiaeLimnologia
(DOL)daUFRN.
Águadestilada;
HCl,HNO
3
,HClO
4
,compurezaPA,daMerck;
Capítulo4–MaterialeMétodos
AlbinadaSilvaMoreira
54
Soluçõesaquosaspadrõesdesaisdoselementosaanalisar,fornecidascomcertificado
daMERCK.
4.2.2.Equipamentos
Comrelaçãoaosequipamentosutilizados,tantoparaosexperimentos,comoparaas
análises,citam-seosseguintes:
BalançaanalíticaExplorerOhaus(quatrocasasdecimais);
ShakerrotacionalCertomat(ModeloBS-1);
BombaavácuoAcmeBiopump;
Papeldefiltroquantitativo12,5cm
φ
-poro8
µ
m;
EspectrofotômetrodeAbsorçãoAtômicaVarian(ModeloAA12/1475);
Estufa(ModeloB3);
pHmetroDGIMED(ModeloDM-21).
4.3.Metodologia
A pesquisa foi desenvolvida em quatro etapas distintas. Na primeira etapa foram
determinadasaspropriedadesfísico-químicasdoóleoanteseapósouso.Nasegundaetapa
foi realizada a caracterização do óleo lubrificante usado com o objetivo de identificar os
metais pesados presentes e determinar suas respectivas concentrações. Na terceira etapa
realizaram-setestesdesolubilidadeparaverificarasolubilizaçãodosmetaisFerroeCobree
na quartaetaparealizou-seo estudodo processodebiossorção paraavaliar oprocesso em
meioorgânico.
4.3.1.Determinaçãodaspropriedadesfísico-químicasdoóleo
Os óleos lubrificantes novos e após serem descartados foram analisados, segundo
normasdaABNT,comoobjetivodesedeterminaraviscosidadea40e100ºC(ABNTNBR-
10441),oíndice de viscosidade (ABNT NBR-14358), a densidade(ABNT NBR-7148), os
Capítulo4–MaterialeMétodos
AlbinadaSilvaMoreira
55
insolúveisempentanoeemtolueno(ABNTMB-325),opontodefulgor(ABNTMB-50)ea
basicidadetotal(ABNTNBR-5798).
Para tanto, amostras foram coletadas e encaminhadas à analise em um
espectrofotômetrodaVarianmodeloAA12/1475Gemin.
4.3.2.Caracterizaçãodoóleocomrelaçãoàpresençademetaispesados
Paraidentificaredeterminaroteordemetaispesadosnooleolubrificanteusadoforam
colhidasamostraselevadasàanálise.
As amostras do óleo lubrificante foram caracterizadas através da Espectroscopia de
AbsorçãoAtômica(EAA)apóssuaqueimaedigestãoácidacomcompletasolubilizaçãodas
cinzas. As análises foram realizadas com os padrões de soluções aquosas de sais dos
elementosaanalisar,fornecidoscomcertificadodaMERCK.
Aanáliseconsistiudasseguintesetapas:
Homogeneizaçãodaamostra,pormeiodeagitação,demodoacertificar-sequequaisquer
elementosparticuladosestavamemsuspensão.Dependendodotempodeusoedoaspecto
da amostra, pesou-se uma quantidade que pudesse conter os elementos a analisar em
teores tais que pudessem ser detectados por ocasião da análise por EAA. Para óleos
usadosporalgumtempo,comonopresentecaso,umaamostrade100gfoigeralmente
satisfatória.
A amostra pesada em cápsula de porcelana foi aquecida em chapa até a inflamação,
deixando-se queimar todo óleo até a obtenção das cinzas. Após resfriamento, foi
adiconado30-40mLdeHNO
3
umedecendoascinzas.Aseguir,adicionou-se10mLde
HClO
4
evoltou-seàchapa,cobrindoacápsulacomvidroderelógioedigerindoatéque
todaamatériaorgânicasejadestruídaehouvesseevoluçãodeabundantesfumosbrancos.
Apósa completadigestãodamatériaorgânica(oquefoievidenciadopelacorclarada
amostra),deixou-seesfriar,adicionou-seáguadestiladaetransferiu-sequantitativamente
parabalãoaferidode100mL.
Filtrou-seusandopapeldeporosidademédiaparasepararumaeventualsílicaquetenha
sidoinsolubilizadapeloácidoperclórico.
Preparou-seum brancousando as mesmasquantidades de ácidosqueforam usadasna
amostraeefetua-sealeituradaabsorçãodobrancoquandodaanálisedaamostra.
Capítulo4–MaterialeMétodos
AlbinadaSilvaMoreira
56
4.3.3.DeterminaçãodasolubilidadedemetaisFerroeCobreemóleonovo
Comafinalidadedesedeterminarograudesolubilidadedosmetaispesadosnoóleo
antesdouso,aplicou-seaseguintemetodologia.
Trêsamostrassintéticasforampreparadas,utilizandotrêsfrascosErlenmeyersde1L
decapacidade,contendoaproximadamente500mLdeóleolubrificantenovo.Naamostra1
foramadicionadasaoóleo43,95mgdeFerrometálico,naamostra2adicionaram-se3,75mg
de Cobre metálico e na amostra 3 43,95 mg de Ferro e 3,75 mg de Cobre metálicos. Os
frascosforamfechadoscomrodilhõesdealgodãoegaseseemseguidalevadosaum
Shaker
rotacional a 200 rpm, por 44 horas a temperatura ambiente, oferecendo agitação e tempo
suficientes para possibilitar a solubilização máxima. Observou que excesso de metal
permaneceu no óleo. Após esseperíodo as amostras foram filtradasa cuo compapel de
filtro quantitativo 12,5 cm
φ
- poro 8
µ
m e analisadas para se determinar o teor de metais
presentes(FeeCu)noóleoinicialemumespectrofotômetrodeabsorçãoatômica.Osensaios
foramrealizadosemduplicata.
Após a avaliação da solubilidade dos metais em estudo, realizou-se um ensaio de
biossorçãocomóleolubrificantenovo,adicionadodequantidadedeFeeCusemelhantesàs
determinadaspreviamentenoóleousado,segundoametodologiadetalhadanoitem4.3.2.A
finalidadefoiaobtençãodeumaamostrasintética,aqualserviucomobaseparaverificara
capacidadederemoçãodeFeeCunoprocessodebiossorção.
4.3.4.Preparaçãodabiomassa
Antes de se colocar a biomassa em contato com o óleo lubrificante usado, foi
necessárioprepará-la,conformemetodologiadescritaaseguir.
Aalgamarinhacoletadafoicongeladaemsacosplásticosatéseremtransportadasao
Laboratório de Engenharia Bioquímica (LEB) da Universidade Federal do Rio Grande do
Norte.Nolaboratório,aalgarecebeuumalavagempréviacomáguadestiladapararemoção
decontaminantestaiscomopequenosanimaismarinhos,restosdeconchasedetritosemgeral
efoisecaatemperaturade60ºCporumperíodode12horas.
Capítulo4–MaterialeMétodos
AlbinadaSilvaMoreira
57
4.3.5.Tratamentodabiomassaatravésdaprotonação
Aprotonaçãofoirealizadacomoumaetapadepreparaçãodaalgaparaoprocessode
biossorção.
Partedaalgacoletadafoientãoprotonadacomoobjetivoderemovermetaislevestais
comoNa,Ca,KeMg,presentesnasuaestrutura,ecujainfluêncianoprocessodebiossorção
sedáatravésdacompetiçãodossitiosativoscomometalpesadoaserremovido.
Aprotonaçãofoirealizadaporlavagemde15gdealgamarinhasecaatemperaturade60ºC
em 400 mL de HCl 0,06 M por 3 horas, sob agitação,à temperatura ambiente. Após este
tempo,aamostradealgamarinhafoilavadacomáguadestiladaatéopHatingirovalorde
4,5,quandoentãofoisecanovamenteàtemperaturade60ºCpor12horas(Hayashi,2001).
Após protonação, a biomassa foi pulverizada utilizando o Grau (Chiarotti 305), sendo
separadaemfraçãogranulométricade0,420mm(35a60mesh)pormeiodepeneirasdasérie
Tyler.Emseguidafoiarmazenadaemrecipientehermético,evitandoocontatocomoar,pois
se tratadeum material altamente higroscópico.Osensaios debiossorção foramrealizados
utilizando-seabiomassaprotonadaeparticulada.
4.3.6. Sistema experimental para o processo de biossorção de óleo lubrificante
usadoutilizandoalgamarinhaSargassumsp.
A metodologia usada nos ensaios experimentais de biossorção consistiu no uso de
frascos Erlenmeyer, contendo óleo lubrificante usado e a biomassa. Os ensaios foram
realizados a temperatura ambiente em um
Shaker
rotacional. Todos os ensaios foram
realizados em duplicata e valores médios foram utilizados na análise dos resultados. Na
Figura4.1estáilustradooprocedimentoexperimentalutilizadoparaoprocessodebiossorção
deóleolubrificanteusadoemalgamarinha.
Capítulo4–MaterialeMétodos
AlbinadaSilvaMoreira
58
Figura4.1:Esquemadoprocessodebiossorçãodeóleolubrificanteusadoutilizandoalga
marinha
4.3.7.Avaliaçãodaprotonaçãonaalga
Osprimeirosensaiosforamrealizadosparaavaliaroefeitodaprotonaçãonapreparaçãoda
biomassa, determinando-se o teor de metal pesado removido em algas protonadas e não
protonadas. Desse modo foram realizados ensaios (em duplicata) utilizando frascos
Erlenmeyer de 1 L, contendo 500 mL de óleo lubrificante usado e 0,5 g de biomassa
protonada(0,06M)enãoprotonada,durante44horas,em
Shaker
rotacionalà200rpm.Ao
final do ensaio, o óleo lubrificante usado foi separado da biomassa através de filtração a
vácuocompapeldefiltroquantitativo12,5cm
φ
-poro8
µ
m.AsconcentraçõesdeFeeCu
emcadafrascoforamdeterminadasporespectroscopiadeabsorçãoatômicaecomparadasàs
concentraçõesiniciaisdemetaisnoóleo.
AseficiênciasdaremoçãodeFeeCuforamcalculadaspelaEquação(1).
100*
Co
f
C-Co
=removidaCueFe%
(1)
Emque:
C
0
=concentraçãoinicialdometal,emmg/Le
C
f
=concentraçãofinaldometalnoprocessoapósafiltração,emmg/L
Osmelhoresresultadosobtidosforamadotadoparaosestudosqueseseguiram.
Capítulo4–MaterialeMétodos
AlbinadaSilvaMoreira
59
4.3.8.Estudoexperimentaldacinéticadebiossorção
Para estudar a cinética de biossorção de Fe e Cu pela biomassa
Sargassum
sp. foi
adotadooprocedimentoexperimentalcitadonoitem4.3.6,comamelhorcondiçãoobtidano
ensaiodeavaliaçãodaprotonaçãodaalga,retirando-se,amostrasdeóleolubrificanteusado
em diferentes intervalos de tempo. Estas foram filtradasavácuo através de papel de filtro
quantitativo12,5cm
φ
-poro8
µ
meanalisadasparasedeterminaraconcentraçãodeferroe
cobreconformemetodologiadescritanoitem4.3.2.
A eficiência e a biossorção foram calculadas de forma semelhante à eficiência da
remoção (Equação 1) e a quantidade de ferro e cobre adsorvida pela biomassa (q) foi
calculadausando-seaequação2.
V
m
f
C
i
C
q
=

(2)
Emque:
C
i
eC
f
:concentraçãoinicialefinaldeferrooucobre,nafaseoleosa,mg/L;m:massasecade
biomassaseca,emgeV:Volumedeóleo,emcm
3
.
4.3.9.Influênciadaquantidadedebiomassa
Variou-seaquantidadedebiomassaparaumamesmaquantidadedeóleoafimdese
estudaroefeitodaquantidadedebiomassanoprocesso.
Os experimentos foram realizados em frascos Erlenmeyer de 1000 mL. Em cada
frasco,certaquantidadedebiomassa,variandode0,1a5g,foicolocadaemcontatocom500
mLdeóleolubrificanteusadoeamisturafoiagitadadurante10horas(tempo,determinado
previamente,necessárioparaqueoequilíbriofosseatingido)emumShakerrotacionalà200
rpm.Aofinaldesteprocedimento,afaseoleosafoiseparadadabiomassaatravésdefiltração
avácuoelevadaparaanalisarasconcentraçõesdeFeeCupresentesnaamostra.
Capítulo4–MaterialeMétodos
AlbinadaSilvaMoreira
60
Aquantidadedebiomassaqueresultouemmelhoreficiêncianaremoçãodosmetais
foifixadanosensaiosexperimentaisqueseseguiram.
4.3.10.Influênciadatemperatura
Comasmelhorescondiçõesestabelecidasnoitem4.3.6,fixou-seatemperaturaem30
o
C e procedeu-se o ensaio de biossorção como descrito anteriormente. Fixou-se depois a
temperatura em 35
o
C e repetiu-se o ensaio. Finalmente outro ensaio foi realizado a
temperaturade40
o
C.Todososensaiosforamrealizadosemduplicata,adotando-seovalor
médiodacapacidadederemoçãodometalcomoresultadofinal.Atemperaturaestabelecida
comoaqueproporcionouamaisaltaeficiênciaderemoçãofoiadotadanacontinuaçãodos
estudos experimentais. Dessa forma, foi possível analisar a influência da temperatura na
capacidadederemoçãodeFerroeCobreemmeioorgânicopelaalgamarinha.
4.3.11.Influênciadavelocidadedeagitação
Adotando-se os valores resultantes dos ensaios de biossorção, realizaram-se
experimentos em
Shaker
rotacional utilizando-se agitações de 200, 300 e 400 rpm. Desse
modo, estudou-se o efeito da velocidade da agitação neste processo de biossorção com o
objetivodeverificaraeficiêncianaremoçãodosmetaisFerroeCobreemmeioorgânico.
4.3.12.Planejamentoexperimental
Tendo em vista os resultados obtidos experimentalmente no estudo do processo de
biossorção, foi proposto um planejamento fatorial 2
4
com triplicata no ponto central para
analisar a influência das variáveis (velocidade de agitação, temperatura, quantidade de
biomassa(BM)econcentraçãodeácidoclorídriconaprotonação)noprocessoemestudo.Os
níveis estudados estão apresentados na Tabela 4.1. Dessa forma, a temperatura máxima
analisadafoide40ºC,inferioratemperaturade60ºC,demodoanãoprovocardesnaturação
dasproteínaspresentesnaparedecelulardaalgaemquestão.
Capítulo4–MaterialeMétodos
AlbinadaSilvaMoreira
61
Tabela4.1:Níveisdasvariáveisdoplanejamentofatorial2
4
paraoestudodomecanismode
remoçãodeFeeCu
Variáveis Nível(-1) Pontocentral(0)
Nível(+1)
Velocidadedeagitação
(AGIT)(RPM)
200
300
400
Temperatura(TEMP)(ºC) 30 35 40
Quantidadedebiomassa
(BM)(g)
0,20
0,60
1,00
ConcentraçãodeHClna
protonação(HCL)(mol/L)
0,06
0,08
0,10
Odesenvolvimentoexperimentalfoirealizadocom19ensaiosdeacordocomamatriz
deplanejamentofatorialpropostanaTabela4.2.Estesensaiosforamrealizadosemduplicata.
ArespostadeanálisefoiaeficiênciaderemoçãodeFeeCupresentesnoóleolubrificante
usado,calculadasegundoaEquação(1).
Nesteestudoutilizou-seoprogramaSTATISTICAfor
Windows,
Release
7.0.
Capítulo4–MaterialeMétodos
AlbinadaSilvaMoreira
62
Tabela4.2:MatrizdoplanejamentodomecanismoderemoçãodeFeeCuexperimental
fatorial2
4
Ensaio AGIT(1) TEMP(2) BM(3) HCL(4)
1 -1 -1 -1 -1
2 +1 -1 -1 -1
3 -1 +1 -1 -1
4 +1 +1 -1 -1
5 -1 -1 +1 -1
6 +1 -1 +1 -1
7 -1 +1 +1 -1
8 +1 +1 +1 -1
9 -1 -1 -1 +1
10 +1 -1 -1 +1
11 -1 +1 -1 +1
12 +1 +1 -1 +1
13 -1 -1 +1 +1
14 +1 -1 +1 +1
15 -1 +1 +1 +1
16 +1 +1 +1 +1
17 0 0 0 0
18 0 0 0 0
19 0 0 0 0
CAPÍTULO5
RESULTADOSEDISCUSSÃO
Capítulo5–ResultadoseDiscussão
AlbinadaSilvaMoreira
64
5.RESULTADOSEDISCUSSÃO
De posse dos resultados experimentais e os obtidos no planejamento experimental,
efetuaram-seanálisesediscussões baseadasemfundamentaçãoteórica,estandoosmesmos
apresentadosnopresentecapítulo.
5.1.PropriedadesFísico-Químicas
O estudo proposto no presente trabalho foi iniciado com a caracterização de óleo
lubrificante usado quanto as suas propriedades físico-químicas, cujos resultados estão
apresentados na Tabela 5.1. Na Tabela 5.2 estão apresentadas as propriedades de óleo
lubrificanteD15W-40eSAE-40nãousado,paraefeitodecomparação
.
Tabela5.1:Propriedadesdoóleousado
ENSAIO NORMATÉCNICA AMOSTRA
Viscosidadea40ºC ABNTNBR–10441 153,0mm
2
/s
Viscosidadea100ºC ABNTNBR–10441 15,8mm
2
/s
ÍndicedeViscosidade ABNTNBR–14358 107
Densidadea20/4ºC ABNTNBR–7148 0,8930g/L
InsolúveisemPentano ABNTMB–325 0,03%
InsolúveisemTolueno ABNTMB–325 0,01%
PontodeFulgor ABNTMB–50 251ºC
ÍndicedeBasicidadeTotal ABNTNBR–5798 7,8mgKOH/g
Capítulo5–ResultadoseDiscussão
AlbinadaSilvaMoreira
65
Tabela5.2:Propriedadesdoóleoantesdouso
ENSAIO
NORMA
TÉCNICA
AMOSTRA
D15W-40 SAE40
Viscosidadea40ºC ABNTNBR–
10441
150,3mm
2
/s
104mm
2
/s 136mm
2
/s
Viscosidadea100ºC ABNTNBR–
10441
14,9mm
2
/s 14mm
2
/s 14,2mm
2
/s
ÍndicedeViscosidade ABNTNBR–
14358
99 136 102
Densidadea20/4ºC ABNTNBR–
7148
0,8931g/L ---- ----
InsolúveisemPentano ABNTMB–
325
0,00% ---- ----
InsolúveisemTolueno ABNTMB–
325
0,00% ---- ----
PontodeFulgor ABNTMB–
50
251ºC 210ºC 238ºC
ÍndicedeBasicidade
Total
ABNTNBR–
5798
8,4mg
KOH/g
7,7mg
KOH/g
16mg
KOH/g
Com relação às propriedades físico-químicas, observa-se que o óleo não apresenta
alteraçõessignificativasapósserutilizado,oquejustificaoseure-refino,seanalisadoapenas
nesteaspecto.
5.2.Metaispesadosnoóleolubrificanteusado
Estaetapa consistiuna caracterizaçãodo óleolubrificanteusado,coma identificação
dos metais pesadospresentese suasrespectivas concentrações.Os resultadosobtidosestão
apresentadosnaTabela5.3.
Capítulo5–ResultadoseDiscussão
AlbinadaSilvaMoreira
66
Tabela5.3:Teordemetaisnoóleolubrificanteusado
Elemento Concentração(mg.L
-1
)
Ferro 43,95
Cobre 3,75
Chumbo 1,92
Níquel 1,35
Cromo 1,25
Constata-sequeoFeéometalqueapresentamaiorconcentraçãonoóleolubrificante
usado,seguidopeloCu,Pb,NieCr.
TendoemvistaqueosmetaisFeeCusãoosqueestãoemmaioresconcentrações,de
acordo com os resultados obtidos na caracterização do óleo lubrificante usado, esses
elementosforamselecionadosparaoestudodeumanovaaplicaçãoderemoçãodemetaisem
óleolubrificanteusado.
5.3.Ensaiosemoóleolubrificantenovo
5.3.1.SolubilidadedoFeeCuemóleolubrificantenovo
Verificado,apartirdacaracterizaçãodoóleolubrificanteusado,queosmetaisFeeCu
são os que estão em maiores concentrações, realizaram-se ensaios de solubilidade destes
metaisemóleonãousado.
Analisou-sequeserianecessárioinvestigarocomportamentodemetaisdispersosem
meioorgânico(“solubilidade”).Assimpreparou-seumaamostrasintéticadeóleonovocom
osmetaisFeeCu,adotando-seconcentraçõesdometaisiguaisàsconcentraçõesencontradas
noóleolubrificanteusado(verTabela5.3).
OsresultadosobtidosnestestesesestãoexpostosnaTabela5.4.
Capítulo5–ResultadoseDiscussão
AlbinadaSilvaMoreira
67
Tabela5.4:SolubilidadedoFeeCunoóleolubrificantenovo
Amostra
Teordemetais
inicial
TeordeFerro
solubilizado
TeordeCobre
solubilizado
“Solubilidade”
Amostra1 43,95mgFe/kg
5,18mgFe/kg ---- 11,78%Fe
Amostra2 3,75mgCu/kg ---- 0,12mgCu/kg 3,2%Cu
Amostra3 43,95mgFe/kg
+3,75mg
Cu/kg
21,88mgFe/kg 0,36mgCu/kg 49,78%Fee
9,6%Cu
Estestestesindicaramqueapenas11,78%doFeédissolvidonoóleoquandoutilizou-
seaamostracontendoapenasFe.AamostracontendoapenasCuapresentouumadissolução
de 3,2 % de Cu. Observou-se que quando Fe e Cu estão presentes, a dissolução do Fe
aumentou para 50 % e a do Cu para 10 % aproximadamente, indicando que a presença
simultâneadosmetaisfavoreceadissoluçãodeambosnoóleo.
5.3.2.Avaliaçãodabiossorção
Apartirdestesresultadosrealizaram-setestespreliminaresparaavaliaroprocessode
biossorção.Dessamaneirapreparou-seumaamostrasintéticacomóleonovoadicionadode
concentraçõesdemetaisFeeCudeacordocomosresultadosdacaracterizaçãodaTabela5.3,
nas quais foi adicionada biomassa Sargassum sp. protonada, uma vez que se encontra na
literaturaqueabiomassaemestudoprotonadaéeficientenoprocessoderemoçãodemetais
emmeioaquoso,comointuitoderealizarensaiosdebiossorçãoparaavaliararemoçãode
metaispesadosemóleolubrificanteusado.Osresultadosdessestestesestãoapresentadosna
Tabela5.5.
Tabela5.5:PercentualderemoçãodosmetaisFeeCunoprocessodebiossorção
Amostra TeordeFerronoóleo
apósabiossorção
TeordeCobrenoóleo
apósabiossorção
%deremoção
Amostra1 2,38mg/kg --- 66%Fe
Amostra2 --- 0,18mg/kg 0%Cu
Amostra3 2,16mg/kg 0,17mg/kg 90%Fee52,77%Cu
Capítulo5–ResultadoseDiscussão
AlbinadaSilvaMoreira
68
Visto que a concentração (mg/kg) lida na Espectroscopia de Absorção Atômica é
relativa à concentração do metal solúvel no óleo, obtém-se uma remoção de 66 % do Fe
quandoeleéoúnicometalpresentenoóleoinicial.NãoseverificounenhumaremoçãodoCu
quandoesteeraoúnicometalpresente.Quandoseutilizouumaamostraquecontinhaambos
os metais, observou-se uma remoção de 90 % de Fe e 52,77 % de Cu. Desse modo os
resultados indicam que a presença dos dois metais favorece a remoção de ambos. Estes
resultadosapontamparaumapotencialaplicaçãodabiossorçãodemetaispesadospresentes
emóleoslubrificantesdescartados.
Taisresultadospodemserinteressantesparaaaplicaçãodabiossorçãoemremoçãode
metaispesadosemóleoslubrificantesusados,jáquenoóleousadoidentifica-semaisdeum
metalpesadopresente.Istoposto,prosseguiu-seoestudousandooóleolubrificanteusado,e
nãosinteticamenteelaborado.
5.4.Processodebiossorção
5.4.1.Influênciadotratamentodabiomassaprotonada
Comoobjetivodeinvestigarainfluênciadaprotonaçãonaalgamarinha
Sargassum
sp.realizaram-seensaiosdebiossorçãoutilizandoabiomassaprotonadaenãoprotonada.Os
ensaiosforamrealizadosemum
Shaker
rotacionala200rpm,noqualsecolocaramamostras
preparadascom0,5gdebiomassaprotonadaenãoprotonada(0,420mm)eóleolubrificante
usado,por44hatemperaturaambiente.
Osmetaiseasconcentraçõesutilizadasnestesensaioseacapacidadederemoçãodos
metaispesadospresentesnoóleolubrificanteusadoestãoapresentadosnaTabela5.6.
Tabela5.6:Concentraçãodosmetaisnoóleousadodepoisdoprocessodebiossorção
Elemento Conc.inicial
(mg.L
-1
)
Conc.final
(mg.L
-1
)
Removido
(%)
Fe 43,95 27,45 37,54
Protonado
Cu 3,75 2,56 31,73
Fe 43,95 33,70 23,32
Nãoprotonado
Cu 3,75 2,95 21,33
Capítulo5–ResultadoseDiscussão
AlbinadaSilvaMoreira
69
Comaprotonaçãoosmetaislevesforamretiradosdomaterialbiossorvente,ondese
encontravam ligados quimicamente a grupos carboxílicos, hidroxilas e sulfatos dos
polissacarídeospresentesemsuacomposiçãocelular(Hayashi,2001).
Verificou-se, analisando os dados da Tabela 5.6, que a alga marinha tipo
Sargassumsp.,quepassoupeloprocessodeprotonação,foimaiseficientenaremoçãodos
metaisemestudodoqueaalganãoprotonada.
Por meio desses resultados observa-se que a protonação favoreceu a
capacidadederemoçãodoFeeCuquandocomparadaàsuaformainnatura(nãoprotonada).
Otratamentoácidofavoreceuacapacidadederemoçãodestesmetais,provavelmentedevidoa
mudançasprovocadaspelaprotonaçãonossítiosativosexistentes,umavezqueaprotonação
reduzacompetiçãoporsítiosativoscomosmetaislevesjáretiradospeloprocesso.
5.4.2.Estudocinético
UmestudocinéticodoprocessoderemoçãodeFerroeCobrepeloSargassumsp.foi
realizado com o propósito de se observar a evolução do processo até o sistema atingir o
equilíbrio.
NasFiguras5.1e5.2pode-seobservarosresultadosobtidosnasbiossorçõesdeFerro
eCobreemfunçãodotempo,respectivamente.
Capítulo5–ResultadoseDiscussão
AlbinadaSilvaMoreira
70
0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600
0
5
10
15
20
25
q(mg/gBM)
Tempo(min)
Figura5.1:CinéticadebiossorçãodoFerropelaalgamarinha
Sargassum
sp.
0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600
0,00
0,05
0,10
0,15
0,20
0,25
q(mg/gBM)
Tempo(min)
Figura5.2:CinéticadebiossorçãodoCobrepelaalgamarinha
Sargassum
sp.
Capítulo5–ResultadoseDiscussão
AlbinadaSilvaMoreira
71
O intervalo de tempo adotado para estudar a cinética de biossorção em óleo
lubrificanteusadofoipreviamentedeterminadoapósumlevantamentonaliteraturadedados
cinéticosemsistemasaquosos.NasFiguras5.1e5.2pode-seobservarqueaparentementeo
sistemaatingiuoequilíbrioantesdos100minutos,evidenciandoqueaadsorçãofoirápida.
Infelizmente não foi possível acompanhar a cinética nos primeiros 30 minutos, o que
impossibilitouadeterminaçãodotempodeequilíbrio.Atravésdasfiguraspode-seobservar
queadinâmicadoprocessofoirápida,obtendo-seapenasdoispontosnafasetransiente,mas
constata-seumafaseestacionária,apósointervalode100minutosconfirmandoqueafase
determinantedoprocessosedánosprimeirosminutos.
Aliteraturareportatemposmenoresdecaptaçãoquandosetrabalhouemmeioaquoso
comasbiomassasde
Rhizopusarrhizus
(Tobin,CoopereNeufeld,1984)e
M.rouxii
(Yane
Viraraghavan,2003).Abiossorçãodemetaispeloscomponentesdaparedecelularsebaseia
emdoismecanismos:odacapturaporgruposfuncionaiscomocarboxilatos,eodacaptação
resultante das interações físico-químicas dos fenômenos de adsorção. (Kappor e
Viraraghavan, 1995; Kratochvil e Volesky, 1998). Mesmo sendo o sistema em estudo um
meioorgânico,verifica-seumcomportamentosemelhante.
5.4.3.Efeitodaquantidadedebiomassa
AcapacidadederemoçãodosíonsFerroeCobretambémfoiavaliadaemfunçãoda
quantidadeinicialdebiomassa,emgramas.OsresultadosestãoapresentadosnasFiguras5.3
e5.4.
Capítulo5–ResultadoseDiscussão
AlbinadaSilvaMoreira
72
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
0,1 0,2 0,5 1 2 5
CapacidadederemoçãoFe(%)
Quantidadedebiomassa(g)
Figura.5.3:Capacidadederemoçãodeferroemfunçãodaquantidadedebiomassa
38
40
42
44
46
48
50
0,1 0,2 0,5 1 2 5
CapacidadederemoçãoCu(%)
Quantidadedebiomassa(g)
Figura.5.4:Capacidadederemoçãodecobreemfunçãodaquantidadedebiomassa
Capítulo5–ResultadoseDiscussão
AlbinadaSilvaMoreira
73
Analisando a Figura 5.3 observa-se que com relação ao Ferro, a quantidade de
biomassa não afeta o processo de forma significativa observando-se que se mantém
praticamenteconstante,emtornode38%,paraasquantidadesiniciaisdebiomassautilizadas.
DeacordocomaFigura5.4 aquantidadedebiomassaapresentaalgumainfluência,
melhorando a eficiência de remoção do cobre quando adota-se quantidades de biomassa
acimade2g.
Assim, analisando os resultados obtidos na influência da quantidade de biomassa,
observa-sequeestainfluênciafoimaissignificativaparaocobre,issoprovavelmentedevido
àrelaçãodaquantidadedebiomassa/íonscobreoferecersítiosativossuficientes,alémdo
queoíoncobreémenor,oqueajudaamobilidadedomesmonomeioorgânicoemestudo.
Provavelmentedevidoàconcentraçãodeferrosermuitoaltaparaafaixadaquantidadede
biomassautilizada,pode-sesuporqueumindicativodequeaquantidadedesítiosativos
nãoforamsuficientes,dificultandoaadsorçãodomesmopelaparedecelulardaalga.
5.4.4.Análiseestatísticadosresultados
Depois de realizar o estudo cinético do mecanismo de biossorção realizou-se um
planejamentoexperimentalcomoobjetivodeestudarosefeitosdasvariáveis:velocidadede
agitação, temperatura, quantidade de biomassa (BM) e concentração de ácido clorídrico
utilizadanaprotonação.
O planejamento experimental foi realizado utilizando-se o programa computacional
“STATISTICA for Windows” (versão 7.0). Um estudo da importância estatística das
variáveisdeentradaesuasinteraçõesnarespostafoirealizado,sendoavaliadososresultados
dos principais efeitos isoladamente, da interação entre eles, das curvas de vel e dos
diagramasdePareto.
Para estudar a biossorção de Ferro e Cobre em
Sargassum
sp. partiu-se do
conhecimento que em meio aquoso, a Capacidade de remoção (E) pode depender da
quantidade de biomassa (BM), da agitação (AGIT), da temperatura (TEMP) e da
concentraçãodoácidoclorídricoutilizadanaprotonação(CONC.HCl).
Métodos de superfícies de respostas o utilizados para examinar as relações entre
umaoumaisvariáveiseumconjuntoquantitativodefatoresexperimentais.Esses métodos
estatísticos são empregados após uma triagem dos fatores importantes, que geralmente é
realizadapreviamente porum planejamentofatorial.Apósisso,épreciso encontrarumdos
Capítulo5–ResultadoseDiscussão
AlbinadaSilvaMoreira
74
níveis de fatores que otimizam a resposta. Após realizar uma triagem dos fatores com o
planejamento fatorial, uma análise de superfície de resposta empregando planejamento
compostocentralfoirealizadaparasepreveraeficiênciadoprocessodebiossorçãonomeio
orgânicoemestudo.
A matriz contendo as respostas para o planejamento experimental é apresentada na
Tabela5.7.
Tabela5.7:ResultadosdoPlanejamentofatorial2
4
comtriplicatanopontocentralparao
processoderemoção
Ensaio AGIT(1) TEMP(2)
BM(3)
CONC.
HCl(4)
Capacidade
deremoção
doFe
Capacidade
deremoção
doCu
1 200 30 0,2 0,06 37,540
31,730
2 400 30 0,2 0,06
23,532
21,330
3 200 40 0,2 0,06
35,100
48,000
4 400 40 0,2 0,06
37,110
48,800
5 200 30 1,0 0,06
42,070
49,300
6 400 30 1,0 0,06
28,100
37,300
7 200 40 1,0 0,06
38,650
48,200
8 400 40 1,0 0,06
36,970
50,130
9 200 30 0,2 0,10
51,350
49,000
10 400 30 0,2 0,10
53,760
47,200
11 200 40 0,2 0,10
32,710
49,800
12 400 40 0,2 0,10
30,650
50,400
13 200 30 1,0 0,10
28,530
49,600
14 400 30 1,0 0,10
31,100
46,600
15 200 40 1,0 0,10
26,600
47,700
16 400 40 1,0 0,10
38,340
47,700
17 300 35 0,6 0,08
39,020
55,460
18 300 35 0,6 0,08
39,290
56,800
19 300 35 0,6 0,08
36,700
54,130
Capítulo5–ResultadoseDiscussão
AlbinadaSilvaMoreira
75
Verifica-se que a maior capacidade de remoção do Ferro (53,8 %) deu-se com
velocidade de agitação de 400 rpm, temperatura de 30 ºC, usando 0,2 g de biomassa e
concentraçãodeácidoclorídricoutilizadanaprotonaçãode0,10M.Emcondiçõesestudadas
semelhantes,comalteração apenas na temperatura, passando para 40 ºC obteve-sea maior
eficiênciaderemoçãodoCu(50,4%).
Os resultados do planejamento experimental do estudo da remoção de Fe estão
mostrados no gráfico de Pareto na Figura 5.5. A magnitude de cada efeito na figura é
representadapelascolunaselinhatransversalàscolunascorrespondendoaovalordep=0,05,
apontandoquevariáveisousuasinteraçõescomvaloresultrapassandoestalinhapossuemum
significadoestatísticocomconfiançaacimade95%.
1.740401
1.809933
-2.2805
2.452575
3.092408
-3.48572
-4.14522
-5.51197
5.795719
7.264315
7.428663
9.261773
-9.31094
-9.90442
p=.05
EfeitoEstimado(ValorAbsoluto)
1*2*3
1b*3
(1)AGIT
(4)HCL
1*3*4
(2)TEMP
1*2*4
(3)BM
1*2
2*3
1*4
2*3*4
2*4
3*4
Figura.5.5:GráficodeParetoparaoestudodaremoçãodoferro
Através do gráfico de Pareto verifica-se que para uma confiança de 95 %, o efeito
isolado mais significativo foi o da quantidade de biomassa (BM). Tendo em vista uma
provável utilização da quantidade de biomassa limitante, conforme discutido,é possível
que este fato tenha mascarado os efeitos das demais variáveis. Os efeitos de interação:
Capítulo5–ResultadoseDiscussão
AlbinadaSilvaMoreira
76
BM*CONC.HCl,TEMP*HCl,TEMP*BM*CONC.HCl,AGIT*CONC.HCl,TEMP*BMe
AGIT*TEMPtambémforamestatisticamentesignificativos.
Ográficodosvalorescalculadosfrenteaosvaloresexperimentaisparaaremoçãodo
ferroestáapresentadonaFigura5.6.Observa-seumalinearidadedosresultadosconstatando-
sequeosvaloresexperimentaisaproximam-sesatisfatoriamentedosvalorespreditos.
20 25 30 35 40 45 50 55 60
Valoresobservados
20
25
30
35
40
45
50
55
60
Valorescalculados
Figura5.6:Valorescalculadosemfunçãodosvaloresobservadosparaaremoçãodeferro
NaFigura5.7está apresentado oresultadodo estudodacapacidadederemoçãode
ferroemfunçãodaagitaçãoetemperatura.Pode-seobservarqueasmaioreseficiênciasforam
obtidasparaumaagitaçãoetemperatura próximasdeseusníveismínimos.Éesperadoque
umabaixavelocidadedeagitaçãofaciliteoprocesso,masoefeitodatemperaturaparecenão
ter se revelado, provavelmente devido à pequena quantidade de biomassa utilizada para a
concentraçãodeFerropresentenoóleo.
Capítulo5–ResultadoseDiscussão
AlbinadaSilvaMoreira
77
Figura5.7:Capacidadederemoçãodoferroemfunçãodaagitaçãoedatemperatura(para
Conc.HCl=0,08MeBM=0,60g)
NaFigura5.8apresenta-seacapacidadederemoçãodoferroemfunçãodaquantidade
debiomassa(BM)edaconcentraçãodeHClutilizadanaprotonação.Pode-seobservarqueas
maioreseficiênciasforamobtidasparaonívelmínimodaquantidadedebiomassaeonível
máximodaconcentraçãodeHClutilizadanaprotonação.OefeitodaconcentraçãodeHCl,
liberando os sítios ativados da biomassa, mais uma vez supera o efeito do aumento da
quantidade de biomassa por disponibilizar mais sítios. O processo de protonação no
tratamento da alga reduz possíveis competitividades com outros constituintes, que são
eliminadosduranteaprotonação.
Capítulo5–ResultadoseDiscussão
AlbinadaSilvaMoreira
78
Figura5.8:Capacidadederemoçãodoferroemfunçãodaquantidadedebiomassaeda
concentraçãodeHClutilizadanaprotonação(paraAGIT=300rpmeTEMP=35ºC)
Na Figura 5.9 está apresentado o resultado da capacidade de remoção do ferro em
funçãodaconcentraçãodeHClutilizadanaprotonaçãoe datemperatura.Pode-seobservar
que as mais altas eficiências foram obtidas quando se empregou baixas temperaturas e
elevadasconcentraçõesdeHClnaprotonação.Provavelmenteofatodaprotonaçãofavorecer
a liberação de sítios ativos, favorecendo o processo, mesmo quando se trabalhou a baixas
temperaturas,oquesignificaviscosidadesmaiselevadas.
Capítulo5–ResultadoseDiscussão
AlbinadaSilvaMoreira
79
Figura5.9:CapacidadederemoçãodoferroemfunçãodaconcentraçãodeHClutilizadana
protonaçãoedatemperatura(paraAGIT=300rpmeBM=0,60g)
Oresultadodoestudodacapacidadederemoçãodoferro,emfunçãodaagitaçãoeda
concentraçãodeHClutilizadanaprotonação,estáapresentadanaFigura5.10.Aosetrabalhar
comelevadasconcentraçõesdeHClutilizadanaprotonaçãoealtasvelocidadesdeagitaçãoou
com baixas agitações e baixa concentração de HCl utilizada na protonação, obtiveram-se
melhoreseficiências.Oaumento da concentração de HCl notratamento da algacontribuiu
paraeliminarcompetidoresporsítiosativos,melhorandoachancedoFerroseradsorvido.A
baixavelocidadedeagitaçãopermitemaiorchancedecontatodoíonFerrocomabiomassa.
Noentanto,pelofatodoferroencontrar-seemmaiorconcentraçãonoóleo,acredita-seque
seria necessário utilizar uma maior quantidade de biomassa, para assim ter-se mais sítios
ativos disponíveis. A baixíssima relação biomassa/Ferro pode ter mascarado o efeito das
demais variáveis. Logo, uma agitação baixa ou mais ou menos vigorosa, combinada à
Capítulo5–ResultadoseDiscussão
AlbinadaSilvaMoreira
80
concentraçõesmínimasoumáximasdeHClnaprotonaçãoaumentaacapacidadederemoção
doFerroemtornode40%.
Figura5.10:Capacidadederemoçãodoferroemfunçãodaagitaçãoedaconcentraçãode
HClutilizadanaprotonação(paraBM=0,60geTEMP=35ºC)
Está apresentado naFigura 5.11o resultadodacapacidadede remoção do ferro em
funçãodaagitaçãoedaquantidadedebiomassa.Utilizandopequenaquantidadedabiomassa
combaixavelocidadedeagitaçãoatingiu-seeficiênciasnaordemde39%.Estandooferro
emmaiorconcentraçãopoderiaseesperarumamaiorremoçãodomesmo,porématravésdos
resultados obtidos, observar-se que, tanto a agitação como a quantidade de biomassa em
níveis mínimos ou máximos não foram significativas na capacidade de remoção do ferro,
provavelmentepelofatodoferroestáemquantidadesmuitoelevadas,nãohavendosuficiente
sítiosativosdisponíveis,considerandoasfaixasdebiomassautilizadas,oquejustificariaos
baixosvaloresderemoção.
Capítulo5–ResultadoseDiscussão
AlbinadaSilvaMoreira
81
Figura5.11:Capacidadederemoçãodoferroemfunçãodaagitaçãoedaquantidadede
biomassa(paraConc.HCl=0,08MeTEMP=35ºC)
Os resultados da capacidade de remoção do ferro em função da quantidade de
biomassa e da temperatura estão mostrados na Figura 5.12. Observa-se que as mais altas
eficiênciasforamconseguidasembaixastemperaturasepequenaquantidadedebiomassa.
Édeesperartambémquemenorquantidadedebiomassadiminuaapresençadesítios
ativos, o que prejudicaria a eficiência da remoção do ferro. No entanto, como foi
anteriormente constatado no estudo cinético, aparentemente a quantidade de biomassa
utilizadafoimenordoqueanecessáriafrenteàconcentraçãodeferropresentenoóleo,uma
vezqueestemetalencontra-secomteormaiselevadodoqueocobre.
Assim,emtemperaturasmaisbaixas,aviscosidadedoóleoéalta,oquejustificaeste
comportamento.Maisumaveznota-searelaçãoinadequadabiomassa/ferro.
Capítulo5–ResultadoseDiscussão
AlbinadaSilvaMoreira
82
Figura5.12:Capacidadederemoçãodoferroemfunçãodaquantidadedebiomassaeda
temperatura(paraAGIT=300rpmeConc.HCl=0,08M)
Os resultados do planejamento experimental do estudo da remoção do Cu estão
apresentadosnográficodePareto,naFigura5.13,comníveldesignificânciade95%paraa
estimativa dos efeitos principais e os efeitos de segunda e terceira ordens em valores
absolutos.Naremoçãodocobreamagnitudedecadaefeitofoirepresentadapelascolunasea
linha transversal às colunas correspondentes ao valor de p = 0,05 indicando o significado
estatísticodasvariáveisestudadasesuasinterações.
Capítulo5–ResultadoseDiscussão
AlbinadaSilvaMoreira
83
-.249063
-.425093
.623594
2.896997
-3.69475
-4.47003
5.095494
5.668526
5.717215
-6.89324
-7.46627
-9.78837
9.964396
10.98687
p=.05
EfeitoEstimado(ValorAbsoluto)
1*3*4
1*3
1*2*3
1*4
1*2*4
(1)AGIT
2*3*4
(3)BM
1*2
2*3
3*4
2*4
(4)HCL
(2)TEMP
Figura.5.13:GráficodeParetoparaoestudodaremoçãodoCobre
NaFigura5.13observa-seque,paraumníveldeconfiançade95%,todososfatores
estudadosforamsignificativosnoprocessoderemoçãodocobre,sendoatemperaturaofator
mais importante. Pode-se observar que o efeito da interação entre os fatores TEMP*HCl,
BM*CONC. HCl, TEMP*BM, AGIT*TEMP e TEMP*BM*CONC. HCl também foram
significativos,entretantocomumamenormagnitude,comparadaaoefeitodatemperatura.
O modelo foi avaliado comparando os valores calculados com os experimentais,
segundo podeservistonaFigura 5.14.Observa-sequeosvalorescalculados,quasenasua
totalidade,seaproximamdosvaloresexperimentais.Porémostrêspontosqueencontram-se
afastados,representamosdadosdopontocentralobtidosemtriplicata,oquejustificaanão
linearidadedomodelo,podendo-seconcluirquemaisexperimentospodemserrealizadospara
seobterumamelhorrepresentaçãodomodelo.
Capítulo5–ResultadoseDiscussão
AlbinadaSilvaMoreira
84
15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65
Valoresobservados
15
20
25
30
35
40
45
50
55
60
65
Valorescalculados
Figura.5.14:Valorescalculadosversusvaloresexperimentaisparaaremoçãodocobre
A capacidade de remoção em função da agitação e da temperatura na remoção do
cobreestáapresentadanaFigura5.15.Observa-sequeoaumentodetemperaturafavorecea
capacidade deremoçãodo cobre. Como a elevação datemperatura implicaem reduçãoda
viscosidade do óleo, esta redução de viscosidade resulta em melhores condições de
transferência de massa no meio, sendo a influência da agitação menor em condições de
menoresviscosidades.Emtemperaturasmaisbaixas,comoasviscosidadessãomaiores,para
seterasmesmascondiçõesemtermosdetransferência,énecessárioagitaçõesmaisvigorosas.
Sabe-se que a temperatura é um parâmetro relacionado com a energia interna da
substância ou mistura. A experiência tem mostrado que a viscosidade de um fluido é
altamente influenciada pela temperatura. Aumentos na temperatura provocam redução na
viscosidade de fluidos. Sendo o óleo lubrificante usado ou não, utilizados neste estudo,
classificadocomoparafínico,portantobastanteviscoso,édeseesperarquetemperaturasmais
altasmelhorem o processo de biossorção, por isso,oefeito da temperatura é umavariável
importantenopresenteestudo.
Veglio e Beolchini (1997) concluíram que a biossorção aumenta à medida que se
aumenta a temperatura em sistemas aquosos (Say, Nalan e Adil, 2003), observando-se o
Capítulo5–ResultadoseDiscussão
AlbinadaSilvaMoreira
85
mesmo comportamento no presente trabalho, que utilizou um meio orgânico, o óleo
lubrificanteusado.
Apesardainfluênciapositivadoaumentodatemperaturanacapacidadederemoção
paradocobre,nãosedevetrabalharcomtemperaturassuperioresa60ºCdevidoaoriscoda
algamarinhasofrerdesnaturação.
Figura.5.15:Capacidadederemoçãodocobreemfunçãodaagitaçãoedatemperatura(para
Conc.HCl=0,08MeBM=0,60g)
A capacidade de remoção do cobre em função da quantidade de biomassa (BM)
protonada e da concentração de HCl utilizada na protonação é mostrada na superfície de
respostanaFigura5.16.
Capítulo5–ResultadoseDiscussão
AlbinadaSilvaMoreira
86
Figura.5.16:Capacidadederemoçãodocobreemfunçãodaquantidadedebiomassae
concentraçãodeHCLutilizadanaprotonação(paraAGIT=300rpmeTEMP=35ºC)
NaFigura5.16pode-seobservarqueaprotonaçãocomaltasconcentraçõesdeHCl,
resultaram em maiores eficiências. No processo de biossorção ao adotar-se baixas
concentraçõesdeHClnaprotonação,observa-seumaumentodaeficiênciacomoaumentoda
quantidade de biomassa. Sabe-se que o HCl libera os sítios ativos da biomassa (BM),
melhorandooprocesso.Assim,oaumentodaconcentraçãodeHClutilizadanaprotonação
aumentaaeficiência.Quandohálimitaçãodesítiosativosdisponíveis,emqueseadotabaixas
quantidadesdeácidonaprotonação,parecesernecessárioaumentaraquantidadedebiomassa
paramelhoraroprocessodebiossorção.
Acapacidadederemoçãodocobreemfunçãodavelocidadedeagitação(AGIT)eda
quantidadedebiomassa(BM)émostradanasuperfíciederespostanaFigura5.17.
Capítulo5–ResultadoseDiscussão
AlbinadaSilvaMoreira
87
Figura.5.17:Capacidadederemoçãodocobreemfunçãodavelocidadedeagitaçãoeda
quantidadedebiomassa(paraConc.HCl=0,08MeTEMP=35ºC)
Na Figura 5.17 pode-se observar que para maiores quantidades de biomassa
obtiveram-se maiores eficiências de remoção com baixas velocidades de agitação. Uma
velocidade de agitação mais vigorosa provavelmente interfere no tempo de contato para
qualquerquantidadedebiomassa,resultandoemumabaixacapacidadederemoçãodoCobre.
Oresultadodoestudodacapacidadederemoçãodocobreemfunçãodavelocidadede
agitaçãoedaconcentraçãodeHClnaprotonaçãoestámostradanasuperfíciederespostana
Figura5.18.
Capítulo5–ResultadoseDiscussão
AlbinadaSilvaMoreira
88
Figura.5.18:Capacidadederemoçãodocobreemfunçãodavelocidadedeagitaçãoeda
concentraçãodeHClnaprotonaçãoe(paraBM=0,60geTEMP=35ºC)
Na Figura 5.18 observa-se que, para altas concentrações de HCl adotadas na
protonação, foram obtidas as maiores eficiências, para qualquer velocidade de agitação.
Portanto,avelocidadedeagitaçãonãointerferenaeficiência,oquesugerepoder-setrabalhar
combaixasvelocidadesdeagitaçãopararemoçãodecobre.
Acapacidadede remoçãodo cobreemfunçãodaconcentraçãodeHClutilizada na
protonação, e da temperatura, está apresentadana Figura 5.19. Observa-se igualmente que
paraaltastemperaturasforamobtidasasmaioreseficiências,seminfluênciadoHClutilizado
na protonação. No entanto, em baixastemperaturas há influênciada concentração de HCl.
Nestecasoparasuperaradificuldadeprovenientedaaltaviscosidadedoóleo,aumenta-sea
concentraçãodeHClparaseobtereficiênciasmaiselevadas,commaiorliberaçãodesítios
ativos.
Capítulo5–ResultadoseDiscussão
AlbinadaSilvaMoreira
89
Figura.5.19:CapacidadederemoçãodocobreemfunçãodaconcentraçãodeHClna
protonaçãoedatemperatura(paraBM=0,60geAGIT=300rpm)
Oresultadodoestudodacapacidadederemoçãodocobreemfunçãodaquantidadede
biomassa e da temperatura está apresentada na Figura 5.20. Constata-se que para altas
temperaturas foram obtidas as maiores eficiências, sem a influência na quantidade de
biomassa. No caso de baixas temperaturas observa-se um aumento da eficiência com o
aumentodaquantidadedebiomassa.
Esteresultadosugerequeoaumentodatemperaturafavoreceacapacidadederemoção
docobre,nãoimportandoseutilizaquantidadesmínimasoumáximasdebiomassa,ficandoa
remoçãoemtornode50%.Porém,quandonãosecontacomacontribuiçãodatemperatura
na redução da viscosidade do óleo, faz-se necessário aumentar na quantidade de biomassa
para favorecer a remoção do cobre, isso provavelmente por que a maior quantidade de
biomassarefleteemmaiorquantidadedesítiosativosdisponíveis.
Capítulo5–ResultadoseDiscussão
AlbinadaSilvaMoreira
90
Figura.5.20:Capacidadederemoçãodocobreemfunçãodaquantidadedebiomassaeda
temperatura(paraAGIT=300rpmeConc.HCl=0,08M)
CAPÍTULO6
CONCLUSÕES
Capítulo6-Conclusões
AlbinadaSilvaMoreira
92
6.CONCLUSÕES
O presente trabalho avaliou o processo de biossorção em um sistema orgânico
tomandocomomodelooóleolubrificanteusado.Apósesseestudopôde-seconcluirque:
As propriedades físicas do óleo não sofreram alteração após o seu uso, ou seja, a
presençademetaispesadosomodificasuaspropriedades.OsteoresdeFe,Cu,Pb,NieCr
no óleo escolhido para este estudo estão dentro de faixas encontradas na literatura. Desse
modoéimprescindívelque,paraasuareutilização,sejafeitaaremoçãodosmetaispesados
presentes.
OstestesdebiossorçãodeFeeCupresentesnooleolubrificanteusadoindicamqueé
possivelaplicarabiossorçãoutilizando
Sargassum
sp.emmeioorgânico.
Para as condições estudada, o sistema atingiu o equilíbrio antes de 100 minutos,
evidenciandoqueaadsorçãofoirápida.
Os resultados obtidos na influência da quantidade de biomassa, mostrou-se mais
significativoparaocobre.
OplanejamentoexperimentalaplicadoaoprocessoderemoçãodoFeedoCuemóleo
lubrificanteusado,pormeiodobiossorvente
Sargassum
sp,levouàsseguintesconclusões:
NográficodeParetoparaoFeverificou-seque,paraumaconfiançade95%,oefeito
da quantidade de biomassa (BM) foi o único significativo, levando a supor que essa
quantidadedebiomassafoilimitante.Osefeitosdeinteraçãotambémforamestatisticamente
significativos. Para o cobre a temperatura foi a variável mais significativa, seguida da
concentraçãodeHClnaprotonaçãodaalga.Aquantidadedebiomassausadaeavelocidade
deagitaçãotambémforamsignificativas.
Capítulo6-Conclusões
AlbinadaSilvaMoreira
93
OefeitodatemperaturanaremoçãodoCufoisempresuperioraqualqueroutroefeito
das variáveis estudadas. Com relação ao ferro, as menores temperaturas favoreceram o
processo,frenteaqualqueroutravariávelestudada.
Para o Cu, a utilização de maior concentração de HCl na protonação é mais
relevantequeaquantidadedebiomassautilizada.ParaoFe,oefeitodaconcentraçãodeHCl
foisemelhante,alterando-seapenasnocasodebaixavelocidadedeagitação,emquemenor
concentraçãodeHClfavoreceuoprocesso.
A quantidade de biomassa utilizada na biossorção do cobre superou o efeito da
velocidadedeagitação,quandoseempregoubaixaconcentraçãodeHClnaprotonação.Na
biossorçãodoferroesteefeitofoisuperadoporqualqueroutroefeitodasvariáveisestudadas.
Quantoàvelocidadedeagitação,seuefeitofoisuperadoporqualqueroutroefeitodas
variáveisestudadasnabiossorçãodocobre.Chegou-seàmesmaconclusãonabiossorçãodo
ferro, salvo quando se empregou alta concentração de HCl na protonação. Neste caso,
elevadasvelocidadesdeagitaçãofavoreceramoprocessodebiossorçãodoferro.
Apartirdosresultadosobtidosnainvestigaçãoparaseobterumanovametodologia
para remoção de metais pesados presentes em óleo lubrificanteautomotivousado, pode-se
concluirqueosistemanascondiçõesestudadasépromissor.
CAPÍTULO7
REFERÊNCIASBIBLIOGRÁFICAS
Capítulo7–ReferênciasBibliográficas
AlbinadaSilvaMoreira
95
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industrialmetalrecoveryprocess,
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BiotechnologyandBioengineeringSymp
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GREENE,B.; MCPHERSON,R.;DARNALL,D.,
Algalsorbentsforselectivemetal ion
recovery,emMetalsSpeciation
,SeparationandRecovery,LewisPublishers,Inc.,Chelsea,
Michigan,USA,p.315-332,1986.
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PhysicalMetallurgy
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GUPTA, G.; TORRES, N.,
Use of fly ash in reducing toxicity of and heavy metals in
wastewatereffluent
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J.ofHazardousMaterials
,Grã-Bretanha:ElsevierScience,v.57,n.1,
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Biossorption of cadmium by brown, green, and red
seaweeds
,
ChemicalEngineeringJournal
,v.97,p249–251,2004.
HAYASHI,A.M.,
Remoçãodecromohexavalenteatravésdeprocessosdebiossorçãoem
algas marinhas
, Tese de Doutorado, Departamento de Engenharia Química, UNICAMP,
Campinas,Brasil,2001.
HOINACKI, E.,
Peles e couros: origens, defeitos e industrialização
. 2ª Edição, Porto
Alegre:ServiçoNacionaldeAprendizagemindustrial,p.276-293,1989.
HOINACKI,E.;MOREIRA,M.V.;KIEFER,C.G.,
Manualbásicodeprocessamentodo
couro
.PortoAlegre:ServiçoNacionaldeAprendizagemindustrial,p.276-293,1994.
INCO.Nickel.Disponívelem
:http://www.inco.com/info/nickel/vital/nicke01g.htm,Acessado
em2001.
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AdsorçãodeínsCu
+2
emlatossolovermelho-amarelohúmico
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QuímicaNova
:SociedadeBrasileiradeQuímica,
v.23,n.1,p.5-11,2000.
JOST,P.T.,
Tratamentodeefluentesdecurtume
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forheavymetalbearingwastewaters:areview
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BiosorptionofcopperbySargassum
fluitans
biomassinfixed-bedcolumn
,
BiotechnologyLet.
,v.16,n.17,p.777-782,1995.
KRATOCHVIL, D.; VOLESKY, B.; DEMOPOULOS, G.,
Optimizing Cu
removal/recoveryinabiosorptioncolumn
,
WaterResearch
,v.31,n.09p.2327-2339,1997.
KRATOCHVIL,D.;VOLESKY,B.,
Advancesinthebiosorptionofheavymetal
,
Trendsin
Biotechnology
,v.16,n.7,p.291-300,1998.
KRATOCHVIL, D.; VOLESKY, B.,
Multicomponent biosorption in fixed beds
,
Water
Research
,v.34,n.12,p.3186-3196,2000.
KUYUCAK, N., VOLESKY,
B., Desorption of cobalt-laden algal
,
Biotechnology and
Bioengineering
,v.33,n.7,p.815-822,1989.
KUYUCAK, N.;VOLESKY, B.,
Accumulation of cobalt by marine alga
,
Biotechnology
Bioengineering
,v.33,p.809-814,1989a.
KUYUCAK, N.; VOLESKY, B.,
Biosorbents for recovery of metals from industrial
solutions
,
BiotechnologyLetters
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J. Chemistry Technology
Biotechnology
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Remoção de Mercúrio de Efluentes Líquidos da Indústria Soda-Cloro usando
Sargassumsp.SÉRIETECNOLOGIAAMBIENTALSTA–36
,2006.
MOURA, C. R. S.; CARRETEIRO, R. P.,
Lubrificantes e lubrificação
Rio de Janeiro,
LivrosTécnicoseCientíficos,1978.
MURALEEDHARAN, T. R.; IYENGAR, L.; VENKOBACHAR, C.,
Biosorption: an
attractivealternativeformetalremovalandrecovery
,
CurrentScience
,v.61,n.6,p.379-
385,1991.
OLIVEIRA,E.C.;OLIVEIRA,M.C.;SAITO,R.M.;GAROFALO,G.M.C.,
Carragenas:
algaspolivalentes
.
CiênciaHoje
,v.14,n.81,1992.
VÁSQUEZ,T.G.P.,AvaliaçãodaRemoçãodeCdeZndeSoluçãoaquosaporBiossorçãoe
BioflotaçãocomRhodococcusopacus,Dissertação(MestradoemEngenhariaMetalúrgica)-
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro(PUC), Departamento de Ciência dos
Materiais,109f,2005.
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Grateloupiadoryophora
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tratamento de efluentes de curtumes
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Fortaleza,p.232-238,1997.
SAY,R.;NALAN,Y;ADIL,D.,
BiosorptionofCadmium,Lead,MercuryandArsenic
ionsbythefungusPenicilliumpurpurogenum
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SeparationScienceandTechnolo
gy:v.38,
n.9,p.2039-2053,2003.
SCHIEWER, S.; VOLESKY, B.,
Modeling of proton-metal ion exchange
in biosorption.
EnvironmentalScience&Technology
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Theadsorption
kinectics of metal ion sonto different microalgae and siliclous earth
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Water Resource
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v.35,n.3,p.779-785,2001.
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Elementos de Metalurgia. Lisboa: Biblioteca de Instrução
Profissional
-LivrosdoPovo,p.351-361,1914?.
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Removalofhexavalentchromiumusingsphagnum
mosspeat
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Química,UniversidadeEstadualdeCampinas,163p,2001.
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Considerationontheuseofcommercially
availableyeastbiomassforthetreatmentofmetal-containingeffluents
,J.Ind.Microbiol.,
v.14,p.140-246,1995.
TING,Y.P.;LAWSON,F.;PRINCE,I.G.,
UptakeofcadmiumandzincbyalgaChlorella
vulgaris
:Multi-IonSituation
,Biotechnol.Bioen
g.,v.37,p.445-455,1991.
TOBIN, J. M., COOPER, D. G.; NEUFELD, R.J.,
 Uptake of metal íons by Rhizopus
arrhizusbiomass
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AppliedandEnvironmentalMicrobiology
:v.47,n.4,p.821-824,1984.
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Biosorptionof heavy metals
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biomass
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WaterResearch
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