Essa unidade numa visão de totalidade encontra apoio na teoria da complexidade
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que
opera a partir dos princípios da dialogicidade, recursividade e hologramático, contrapondo o
paradigma da simplicidade que concebe o conhecimento a partir do princípio da disjunção,
que separa o que está ligado. Essa teoria aponta para a interdependência das diferentes áreas
das ciências e o surgimento de novas áreas (Morin, 1990).
De acordo com Araújo (2003, p. 19) a circulação de conceitos, a interdependência das
disciplinas e a busca por novas explicações para questões da vida humana e da natureza
quebram a ordem disciplinar e dão origem a uma nova perspectiva, a interdisciplinar
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. “Como
a própria palavra diz, interdisciplinaridade refere-se àquilo que é comum a duas ou mais
disciplinas ou campos do conhecimento”.
Na escola, o que caracteriza o trabalho interdisciplinar, implica muito além da simples
“escolha de um tema” para ser trabalhado, por professores de diferentes áreas, mas a unidade,
a cooperação e as trocas realizadas por esses profissionais e as áreas envolvidas. Isso não quer
dizer que a especialização não é importante, mas tanto o reconhecimento das limitações do
seu campo de estudos quanto a necessidade da articulação dos diferentes saberes são
fundamentais para a construção de novos conhecimentos.
A complexidade da educação exige uma ação pedagógica que considere a
dialogicidade, a totalidade e reflexão. E, nessa perspectiva, Pimenta e Lima (2004, p.52 e 53)
alertam, valendo-se de Giroux e Stenhouse, que não basta a reflexão sobre o fazer da sala de
aula para termos a compreensão teórica dos elementos que interferem na prática pedagógica.
O conhecimento da produção teórica é que permite ao professor circular pelas diferentes áreas
do conhecimento, redimensionar e ressignificar a prática.
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O paradigma da complexidade concebido por Morin é sustentado por três princípios: dialogicidade que
permite manter a dualidade no seio da unidade. Associa dois termos ao mesmo tempo complementares e
antagônicos. O que diz da ordem e da desordem pode ser concebido em termos dialógicos. A ordem e a
desordem são dois inimigos: uma suprime a outra, mas, ao mesmo tempo, em certos casos, colaboram e
produzem organização e complexidade. O segundo princípio é o da recursividade, processo em que os produtos
e os efeitos são, ao mesmo tempo, causas e produtores daquilo que os produziu. A idéia recursiva é, portanto,
uma idéia em ruptura com a idéia linear de causa e efeito, de produto/produtor, de estrutura/superestrutura, uma
vez que tudo o que é produzido volta sobre o que produziu num ciclo autoconstitutivo, auto-organizador e
autoprodutor; O terceiro é o hologramático, em que não apenas a parte está no todo, mas o todo está na parte.
(Morin, 1990, p.106-108)
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Morin (2003) e Zabala (2002) apresentam a multidisciplinaridade como uma associação de disciplinas, por um
projeto, ou para solucionar um problema; a interdisciplinaridade é associação de disciplinas em que a cooperação
entre elas resulta em modificações ou enriquecimento mútuo; já a transdisciplinaridade refere-se a esquemas
cognitivos que podem atravessar as disciplinas, ou seja, trata-se da construção de um sistema total, sem
fronteiras, com o objetivo de construir uma ciência que explique a realidade sem fragmentação.