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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ODONTOLOGIA – MESTRADO
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO EM CLÍNICA INTEGRADA
RICARDO KERN
AVALIAÇÃO DE MICRONUCLEOS EM CÉLULAS EPITELIAIS BUCAIS DE
ESTUDANTES DE ODONTOLOGIA
PONTA GROSSA
2006
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1
RICARDO KERN
AVALIAÇÃO DE MICRONUCLEOS EM CÉLULAS EPITELIAIS BUCAIS DE
ESTUDANTES DE ODONTOLOGIA
Dissertação apresentada para obtenção do título de
mestre na Universidade Estadual de Ponta Grossa, no
curso de Mestrado em Odontologia – Área de
concentração em Clínica Integrada.
Orientador: Prof°. Dr Gibson Luiz Pilatti
PONTA GROSSA
2006
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2
Kern, Ricardo
K39a Avaliação de micronúcleos em células epiteliais bucais em
estudantes de odontologia / Ricardo Kern. Ponta Grossa, 2006.
68 f.; il.
Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual de Ponta
Grossa, curso de Mestrado em Odontologia – área de concentração
em Clínica Integrada
Orientador Prof. Dr. Gibson Luiz Pilatti
1-Micronúcleo. 2-Óleos essenciais. 3-Clorexidina. 4-Trauma
mecânico. IT.
CDD: 617.63
3
RESUMO
O constante aperfeiçoamento dos testes genéticos, como o Teste de Micronúcleos (MN),
os tornaram importantes auxiliares na prevenção do câncer. Com o objetivo de melhor
compreender a etiologia do desenvolvimento de neoplasias bucais, o presente trabalho
se propôs a estudar a influência do fumo, álcool, trauma mecânico e de substância
contidas em colutórios sobre a Freqüência de Micronúcleos (FMN) em células epiteliais
bucais de alunos do curso de Odontologia. Para tanto, 40 alunos foram divididos em 4
grupos assim caracterizados G1 – Abstêmios (controle); G2 Alcoolistas; G3 – Usuários
de aparelho ortodôntico; G4 – Fumantes alcoolistas, e submetidos ao TMN.
Posteriormente estes mesmos alunos receberam de forma aleatória, 4 diferentes
tratamentos, por 10 dias, a base de colutórios: T1 (óleos essenciais), T2 (álcool 11%), T3
(álcool, 11% + clorexidina 0,12%), T4 (clorexidina 0,12%), sendo então novamente
submetidos ao TMN. Os resultados da FMN demonstraram diferenças significativas entre
os 4 grupos G (p =
0,043 Kruskal-Wallis), sendo indicado diferença entre G1 e G3 (Mann-
Whitney p 0,01) e entre G1 e G4 (Mann-Whitney p 0,05), contudo, em relação aos
tratamentos com colutórios, todos os tratamentos T não alcançaram resultados
significativos (Wilcoxon p > 0,05). Os resultados sugerem que o trauma mecânico
causado por aparelho ortodôntico assim como a associação de fumo com bebidas
alcoólicas favorecem um aumento na prevalência de MN quando comparados ao
controle. A utilização de colutórios bucais, em curto prazo, não foi capaz de causar
aumento na freqüência de Micronúcleos.
Palavras – chave: Micronúcleo. Óleos essenciais. Clorexidina. Fumo. Álcool. Trauma
mecânico.
4
ABSTRACT
The constant perfectioning of genetic tests, as the Test of Micronuclei (TMN), had
become important in the cancer prevention. With the objective of better understanding
the etiology of the development of cancer, the present work considered studying the
influence of the tobacco, alcohol, mechanical injury and mouth rinses substances on
Micronuclei Frequency (FMN) of buccal epithelial cells of Dentistry School’s students.
Forty (40) students had been divided in 4 groups thus characterized G1 - Abstemious
(control); G2 Alcohol consumers; G3 - Orthodontic device’s users; G4 - Smoking
alcoolistas, and submitted to the TMN. These same pupils had later received from random
form, 4 different treatments, per 10 days, based on mouth rinses substances: T1
(essential oils), T2 (alcohol 11%), T3 (alcohol, 11% + clorexidina 0.12%), T4 (clorexidina
0.12%), being submitted again to the TMN. The results of FMN had demonstrated
significant differences between 4 groups G (p = 0,043 Kruskal-Wallis), being indicated
difference between G1 and G3 (Mann-Whitney p 0,01) and between G1 and G4 (Mann-
Whitney p 0,05), however, in relation to the treatments with month rinses substances, all
treatments T had not reached significant results (Wilcoxon p > 0,05). We concluded that
the mechanical injury caused by orthodontic device as well as the tobacco association
with alcoholic beverages favors an increase in the prevalence of MN when compared with
control. The use of mouth rinses substances, in short term, was not capable to cause
increase in the FMN.
Key-words: Micronuclei. Essential oils. Chlorhexidine. Tobacco. Alcohol. Mechanical
injury.
5
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Representação espacial das taxas brutas de mortalidade por
câncer de boca, por 100.000 homens, nas Unidades da
Federação, entre 1995 e 1999...................................................................... 12
Figura 2 - Representação espacial das taxas brutas de mortalidade por
câncer de boca, por 100.000 mulheres, nas Unidades da
Federação, entre 1995 e 1999...................................................................... 13
Figura 3 - Formação de micronúcleo. ........................................................................... 14
Figura 4a - Célula contendo o MN................................................................................ 33
Figura 4b - Célula contendo o MN................................................................................ 34
6
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Tabela de contingência para o teste de concordância do operador
para contagem de MN..................................................................................................35
Tabela 2 – Distribuição dos grupos, número da amostra pertencente ao grupo,
idade e contagem do número de células micronucleadas por
amostra. .................................................................................................... 36
Tabela 3 – Análise descritiva dos grupos com idade média, número de
amostragem, mediana, média, desvio padrão e posto médio.
Análise de variância não paramétrica entre os quatro grupos
(Kruskal-Wallis) e grupo a grupo (Mann-Whitney). .................................... 37
Tabela 4 – Disposição das contagens absolutas de MN nos momentos inicial e
final do experimento, organizadas em grupos distintos conforme o
tratamento recebido. .................................................................................. 38
Tabela 5 – Comparação inicial e final para cada modalidade de tratamento
para Média e Desvio Padrão, Posto Médio, Soma dos Postos e
valor de Z e p para o teste de Wilcoxon..................................................... 39
Tabela 6 Freqüência de MN utilizadas como referências controles em
diferentes investigações de mutagenicidade descritas na literatura. ......... 50
7
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
BE
=
broken-egg
CL
=
cariólise
CN
= célula normal.
CMN
=
célula com micronúcleo.
CR
=
cariorréxe
H
= valor do nível de significância do teste de Kruskal-Wallis .
MN
= micronúcleo
P
=
probabilidade.
TMN
=
total de micronúcleo
U
= valor do nível de significância do teste de Mann-Whitney
dn
=
desvio da normalidade.
gl
=
grau de liberdade.
m
±
ep
=
média
±
erro padrão da média.
m
±
dp
=
média
±
desvio padrão da média.
n
= número de indivíduos.
t
= teste t de significância da diferença das médias entre dois grupos.
Significância
= P>0,05 - não significante;
P<0,05 - significante;
P< 0,01 - altamente significante;
8
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO..............................................................................................................9
2 REVISÃO DE LITERATURA......................................................................................15
2.1 TESTE DE MICRONÚCLEOS..................................................................................15
2.1.1 Definições.............................................................................................................................15
2.1.2 Utilização da análise de micronúcleos para monitoramento de processos carcinogênicos..17
2.1.3 Análise de Micronúcleos em Linfócitos...............................................................................18
2.1.4 Utilização da análise de micronúcleos para monitoramento de células epiteliais................19
2.2 AGENTES GENOTÓXICOS.....................................................................................22
3 PROPOSIÇÃO............................................................................................................25
4 MATERIAL E MÉTODOS...........................................................................................26
4.1 FASE 1 PREVALÊNCIA DE MICRONÚCLEOS.....................................................26
4.1.1 Caracterização da amostra....................................................................................................27
4.1.2 Técnica de coleta das células: teste do micronúcleo............................................................28
4.2 FASE 2 INCIDÊNCIA DE MICRONÚCLEOS.........................................................30
4.3 PLANEJAMENTO ESTATÍSTICO............................................................................32
5 RESULTADOS...........................................................................................................33
5.2 PREVALÊNCIA DE MN FASE UM DO ESTUDO...................................................35
5.3
INCIDÊNCIA DE MN FASE DOIS DO ESTUDO....................................................38
6 DISCUSSÃO...............................................................................................................40
7 CONCLUSÕES...........................................................................................................49
REFERÊNCIAS.............................................................................................................50
APÊNDICE - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO...................57
ANEXO A – QUESTIONÁRIO DE CONSUMO DE BEBIDAS ALCOÓLICAS..............60
ANEXO B – QUESTIONÁRIO DE HÁBITOS................................................................63
9
1 INTRODUÇÃO
Câncer bucal é uma denominação genérica para referenciar qualquer
lesão maligna dessa região. Os tumores malignos das regiões anatômicas que
constituem a cavidade bucal – lábios, língua, assoalho de boca, mucosa bucal, gengivas,
palato duro e mandíbula – perfazem cerca de 5% de todas as formas de câncer que
ocorrem no corpo humano (DEL REGATO; SPJUT, 1977).
No Brasil, a estimativa de incidência de câncer para 2005 (Gráfico 1)
aponta a manifestação bucal como a 8º forma mais freqüente entre os homens (com
9.985 casos estimados) e a 9º entre as mulheres (com 3.895 casos estimados); com
distribuição da prevalência ocorrendo de forma não homogênea entre as unidades da
Federação, tanto para o sexo masculino (Figura 1) como para o sexo feminino (Figura 2)
(INSTITUTO NACIONAL DO CANCER - INCA, 2005).
Embora as neoplasias malignas possam ter origem em todos os tecidos
que compõe a boca, aquelas oriundas do tecido epitelial de revestimento são as mais
comuns, por sua maior exposição à ação de agentes potencialmente carcinogênicos. Os
tecidos epiteliais entram em contato direto com substâncias genotóxicas inaladas ou
ingeridas, sendo ainda que pulmões e bexiga podem entrar em contato com substâncias
tóxicas metabolizadas pelo próprio organismo, esta condição caracteriza que a maioria
dos tumores é iniciada especificamente por células epiteliais (FENECH et al., 1999).
Entre todos os tumores malignos da boca, de 90% a 95% são diagnosticados como
epidermóide, também denominado espinocelular ou de células escamosas (INCA, 2005).
Diversos agentes são relacionados como fatores de risco para o
desenvolvimento de lesões malignas na cavidade bucal. O potencial genotóxico –
10
potencial de causar dano ao DNA celular - existente em vários produtos como o fumo,
álcool, mate, medicações e alimentos, têm sido bem descrito na literatura (DIETZ et al.,
2000). Má higienização bucal, traumas mecânicos e exposição ocupacional também são
relacionados como contribuintes ao câncer (HOMANN et al., 2000).
Fatores ambientais atuam como agentes etiológicos em cerca de 80% dos
cânceres humanos (HEDDLE et al., 1983). A crescente introdução de compostos tóxicos
nas áreas industrializadas torna cada vez mais urgente à utilização de métodos
confiáveis capazes de detectar e medir o DNA lesado no homem.
As alterações do genoma humano geram uma preocupação quanto à
adoção de mecanismos de proteção às gerações futuras, tornando os testes genéticos
úteis no rastreamento de agentes com potencial mutagênico.
Diversas formas de avaliação do dano genético tem sido desenvolvidas.
Dentre elas, citamos como método clássico, a Análise de Células Metafásicas. Esta exige
um técnico altamente especializado e requer o exame de um grande número de
metáfases (a metáfase é uma das fases do processo de divisão celular), fundamental
para a confiabilidade da análise estatística, o que demanda tempo e dificulta seu
emprego em estudos populacionais (BREWEN; PRESTON, 1978).
Como alternativa à Análise de Células Metafásicas, propôs-se utilizar o
Teste de Freqüência de Micronúcleos, que é tido com um método sensível para medir o
dano citogenético (referente ao material genético, DNA, da célula). Os micronúcleos são
formações globulares de DNA, originados a partir de fragmentos cromossômicos ou de
cromossomos inteiros, não incorporados ao núcleo da célula filha ao final do processo de
divisão celular (FENECH et al., 1999).
11
A presença de micronúcleos nas células serve como parâmetro para a
determinação da extensão do dano que um agente do ambiente pode estar causando no
processo de divisão celular do tecido acometido, afetando o DNA tecidual e,
conseqüentemente, predispondo ao desenvolvimento de câncer bucal (VINE, 1990).
Desta forma, podemos utilizar o Teste de Micronúcleos para identificarmos e avaliarmos
diversos fatores que podem trazer algum dano ao DNA de diferentes tecidos.
Em odontologia, a aplicação deste teste consiste em uma ferramenta
extremamente valiosa para avaliarmos, de modo sensível, a ação genotóxicas de
substâncias que entram em contato com o epitélio bucal.
Agentes químicos (fumo, álcool, hábitos alimentares), físicos (trauma
mecânico por próteses, aparelhos ortodônticos, má oclusão, radiação) ou biológicos
(biofilme dental), são exemplos de fatores de presença comum ao ambiente bucal, e que
podem representar um potencial de formação de micronúcleos às células epiteliais
(FENECH et al., 1999).
A compreensão dessa interação de agentes químicos, físicos e biológicos,
com potencial mutagênico, torna-se importante para que possamos melhor compreender
e controlar os fatores que predispõem nossos pacientes a ocorrência do câncer bucal.
Neste sentido, a elaboração de estudos controlados e de caso controle,
por meio de testes de micronúcleo, possibilita estudar a ampla interação de fatores que
concebem a um paciente uma maior pré-disponibilidade para o desenvolvimento do
câncer bucal.
12
Gráfico 1 - Tipos de câncer mais incidentes, estimados para 2005, na população brasileira
Fonte: INCA (2005)
13
Figura 1 - Representação espacial das taxas brutas de mortalidade por câncer de boca, por 100.000
homens, nas Unidades da Federação, entre 1995 e 1999
Fonte: INCA (2005)
14
Figura 2 - Representação espacial das taxas brutas de mortalidade por câncer de boca, por 100.000
mulheres, nas Unidades da Federação, entre 1995 e 1999
Fonte: INCA (2005)
15
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 TESTE DE MICRONÚCLEOS
2.1.1 Definições
De acordo com Ramirez e Saldanha (2002, p. 140).
O Micronúcleo é um núcleo adicional e separado do núcleo principal de uma
célula durante a divisão celular por cromossomos ou fragmentos de cromossomos
que se atrasam em relação aos demais [Figura 4]. Resulta de alterações
estruturais cromossômicas espontâneas ou experimentais induzidas ou ainda, de
falhas no fuso celular, sendo portanto, excluído do novo núcleo formado na
telófase.
Figura 3- Formação de micronúcleo
Nota: No processo de divisão da célula durante a anáfase, na qual pode ocorrer a falha na incorporação
de fragmentos de cromossomos ou de cromossomos inteiros ao núcleo da célula filha.
Fonte: Fenech et al. (1999)
O Food and Drug Administration (FDA), nos EUA, em uma cartilha para
aspectos regulatórios de testes de genotoxicidade para a indústria farmacêutica (Specific
Aspects of Regulatory Genotoxicity Tests for Pharmaceuticals) define Micronúcleo como
partícula microscopicamente detectável contendo DNA nuclear, podendo conter parte ou
todo um cromossomo. (FDA, 2005)
O micronúcleo (MN) apresenta entre 1/5 a 1/20 do tamanho do núcleo e
geralmente há um micronúcleo por célula (SCHMID, 1975). Devem ser analisados em
16
grupos celulares que estiveram em processo de divisão no momento da exposição ao
agente agressor, ficando sua análise comprometida em populações de células que não
estão em processo de divisão celular (HEDDLE et al., 1983).
Historicamente os micronúcleos foram descritos há mais de um século,
sendo chamados de “fragmentos de material nuclear” por Howell ou “corpúsculos
intraglobulares” na terminologia utilizada por Jolly no inicio do século passado. O termo
“Corpúsculos de Howell-Jolly” ficou conhecido entre os hematologistas para designar o
aparecimento de eventos de micronúcleos (KIRSCH-VOLDERS et al., 2003).
A primeira tentativa de utilizar os micronúcleos como indicadores de dano
citogenético foi feita por Evans et al. (1959 apud EVANS, 1997) que usaram a freqüência
de micronúcleos para medir a dano induzido em raiz de cebola por neutros e raios-gama.
Relatos prévios relacionados aos micronúcleos foram realizados por Thoday (1951 apud
EVANS, 1997), referindo-se ao aparecimento de um “núcleo fragmentado” em seus
estudos com raízes de Vicea faba.
O marco decisivo na utilização do teste de micronúcleo com um meio de
monitorar a ação de agentes com potencial genotóxico veio dos trabalhos realizados por
Boller e Schmid, (1970) que sugeriram o termo “teste de micronúcleo” pela primeira vez,
e por Heddle (1977 apud EVANS, 1997) com seus trabalhos utilizando eritrócitos de
ratos, nos quais quantificaram o DNA de micronúcleos e verificaram que esta quantidade
correspondia a de cromossomos ou fragmentos de cromossomos acêntricos. (KIRSCH-
VOLDERS et al., 2003).
Ainda em eritrócitos de camundongos, os pesquisadores aplicaram tanto o
teste de micronúcleo como o de análise clássica de aberrações cromossômicas, com
finalidade de comparar a sensibilidade do teste do micronúcleo (KLIESCH; ADLER,
17
1980). Trabalhos subseqüentes tentaram postular a relação entre o tamanho do
micronúcleo e o tipo de alteração cromossômica. Os micronúcleos menores seriam
formados por fragmentos cromossômicos, enquanto os maiores por cromossômos
inteiros. Tal associação contribuiu para a classificação de agentes mutagênicos em
clastogênicos ou aneugênicos (VANDERKERKEN et al., 1989).
Entretanto devemos entender; também, a terminologia “micronúcleo” na
concepção zoologista, que se refere à ocorrência de pequenos núcleos presente no
citoplasma dos ciliados. Caracterizados como pequenos corpos arredondados numa
freqüência variada de um a vinte micronúcleos, dependendo da espécie de ciliado, sendo
responsáveis pela recombinação genética, reorganização nuclear e pela origem do
macronúcleo nestas espécies (BARNES; RUPERT, 1994).
2.1.2 Utilização da análise de micronúcleos para monitoramento de processos
carcinogênicos
Aparentemente a ação de qualquer agente químico genotóxico pode
induzir ao aumento na freqüência de micronúcleos. Diferentes tecidos, desde que
realizem multiplicação celular podem ser acometidos pela ocorrência de aberrações
cromossômicas. Em vista disso, o teste de micronúcleos tornou-se uma ferramenta
amplamente utilizada nos mais diversos campos da pesquisa para aferir a segurança de
inúmeras substâncias, classificando-as ou não como carcinogênicos.
Há um esforço crescente em avaliar os impactos ambientais, genéticos e
de mudança no estilo de vida sobre a estabilidade genômica na população humana. A
importância do teste de micronúcleo vem de sua vantagem sobre os demais testes
18
existentes, pois é relativamente fácil de se realizar, fornecendo resultados com forte
suporte estatístico. (FENECH et al., 1999)
A simplicidade de seu emprego leva a uma ampla adoção mundial como
teste de genotoxicidade in vitro assim como no monitoramento da população humana.
Como é de se esperar a adoção de uma nova técnica em várias partes do mundo acaba
gerando pequenas divergências na padronização da técnica assim como nos resultados
obtidos. Todavia, o estabelecimento de um protocolo consagrado para o emprego do
teste de micronúcleo se encontra incompleto. Havendo inclusive um programa de
colaboração mundial HUman MicroNucelus Project (HUMN) para se delinear e obter
dados de diferentes centros e populações com o objetivo de se identificar as variáveis de
confusão (viés) na metodologia empregada (FENECH et al., 1999).
As duas principais técnicas desenvolvidas para o teste de micronúcleo
são realizadas em linfócitos sanguíneos ou em células epiteliais descamadas.
2.1.3 Análise de Micronúcleos em Linfócitos
Krepinsky e Heddle (1983 apud EVANS, 1997) demonstraram que o
teste de micronúcleo poderia ser efetivamente usado para detectar danos em linfócitos
de seres humanos expostos à radiação ionizante. Entretanto, em virtude da fragilidade
dessas células durante a manipulação, e as respostas variadas dos linfócitos aos
estímulos mitogênicos, novas alterações foram realizadas nos protocolos desses testes.
A mais importante foi o uso da Citocalacina B para marcar a divisão celular, uma vez que
essa droga é inibidora da cariocinese, ficando as células com o número de núcleos
correspondentes ao número de divisões celulares à que foram submetidas.
19
Desde a descoberta da Citocalacina B, o teste de micronúcleo em
linfócitos vem auxiliando os estudos da genética toxicológica no biomonitoramento de
populações humanas expostas a agentes mutagênicos e/ou carcinogênicos de atuação
sistêmicas (ANWAR, 1992; SAVOLDI-BARBOSA; SAKAMOTO-HOJO; TAKAHASHI,
1999). Paralelamente aos primeiros estudos da freqüência de micronúcleos em linfócitos
humanos, alguns pesquisadores se interessaram pelo estudo da freqüência de
micronúcleos em outros tecidos, para que houvesse uma avaliação conjunta tanto do
efeito sistêmico, como do efeito local das substâncias genotóxicas (AGOSTINI; OTTO;
WAJNTAL, 1986) ampliando a relevância no monitoramento de populações expostas.
2.1.4 Utilização da análise de micronúcleos para monitoramento de células epiteliais
A pesquisa descrevendo danos citogenéticos em células epiteliais
humanas teve um grande crescimento a partir da década de 80, com números cada vez
maiores de laboratórios e pesquisadores utilizando o teste de micronúcleos (FENECH et
al., 1999). As células esfoliadas possuem um grande potencial como ferramenta de
biomonitoramento de populações humanas expostas a agentes genotóxicos pela
facilidade com que se pode proceder a coletas de células. Mucosa epitelial da boca, nariz
e bexiga são exemplos de regiões que podem fornecer material por meio de técnicas
simples e não invasivas.
Para análise de MN em cavidade bucal, podemos utilizar a coleta de
células da mucosa ou da borda lateral da língua, pois estes tecidos epiteliais estão em
constante processo de divisão celular com renovação do tecido pela descamação das
células superficiais. As células epiteliais esfoliadas não se dividem mais, mas refletem
20
anormalidades citogenéticas que ocorreram na população de células na camada basal.
Na análise de micronúcleo a coleta das células deve ocorrer entre 5 a 24 dias após a
exposição do tecido ao agente genotóxico (exposição aguda), uma vez que as células da
camada basal têm um tempo de migração de aproximadamente 5-7 dias e as células
expostas descamam totalmente em cerca de três semanas (VINE, 1990). A coleta é um
procedimento rápido e não invasivo, realizada com o auxilio de uma pequena escova de
cerdas macias (cytobrush) que é levemente friccionada de forma indolor contra a região
de coleta.
Reis et al. (2002) realizaram um estudo por meio do teste de micronúcleo
em células esfoliadas da mucosa jugal e da língua de 40 indivíduos alcoólatras não
fumantes e de 20 abstêmios de álcool e fumo e observaram um aumento
estatisticamente significante da freqüência de micronúcleos em células esfoliadas da
língua no grupo exposto ao etanol em relação ao grupo controle. A freqüência de
micronúcleos em células esfoliadas da mucosa jugal apresentou-se maior no grupo de
indivíduos alcoólatras quando comparado ao grupo controle, porém sem diferença
significante.
Em estudos de radiação ionizante, o teste de micronúcleo tem sido
utilizado para avaliar danos genéticos após exposição ocupacional a radiação X, medir a
radio-sensibilidade celular, para estudar aberrações cromossomais e células em divisão,
para detectar efeitos genotóxicos em células de diferentes tecidos, assim como mediante
a exposição a diferentes técnicas de radiologia (CERQUEIRA et al., 2004). Não houve
diferença significante na formação de micronúcleo, projeções nucleares ou alterações
nucleares degenerativas nas medições realizadas antes e dez dias após a exposição.
21
Fatores ocupacionais, como a exposição ao etanol em frentistas de postos
de gasolina foi pesquisada (GATTÁS et al., 2001) comparando a incidência de formação
de micronúcleo, na mucosa bucal, em período de três anos, no qual ocorreu à introdução
do etanol nas misturas de combustível (33% metanol, 60% etanol and 7% gasolina).
Houve um amento significativo na formação de micronúcleos nos funcionários expostos à
formação de vapor do combustível.
A ação do fumo sobre as células da mucosa bucal foi estudada (SUHAS
et al., 2004) que comparando a formação de micronúcleo na mucosa bucal, palato e
língua, entre fumante e não fumantes. Tanto o grupo controle como o grupo teste
possuíam 25 indivíduos. A diferença na media de micronúcleos foi significativa na
mucosa bucal e palato do grupo de fumantes.
Outro estudo (BAGWE; BHISEY, 1993) com foco no efeito do fumo como
agente carcinogênico foi realizado em trabalhadores da indústria do tabaco na Índia. A
exposição ocupacional, com o contato direto ao fumo, foi estudada tanto em operários
não fumantes das lavouras de fumo como nos operários que enrolavam fumo nas
fábricas. Juntamente com a análise da freqüência de micronúcleos das células epiteliais
bucais, foi quantificado o percentual de nicotina existente na saliva. Os resultados
demonstraram uma diferença do efeito e da exposição ocupacional, sendo que os
indivíduos que trabalhavam no processamento do plantio do fumo obtiveram aumento
significante tanto nos níveis de nicotina salivares como na freqüência de micronúcleo.
Aumento na freqüência de micronúcleos também foi verificada em
pacientes alcoolistas portadores de carcinomas orofaríngeos, sendo inclusive sugerido
sua utilização como método para monitorar a evolução clínica da lesão, comparando
22
freqüência intra e inter indivíduos, tanto no processo pré-tratamento como pós-tratamento
(RAMIREZ; SALDANHA, 2002).
Deficiência de folato usualmente encontrado em mulheres no período pós-
menopausa, mesmo sem sintomas clínicos de anemia, resulta em altos níveis de dano
citogenético. Neste estudo (TITENKO-HOLLAND et al., 1998) foram acompanhados a
freqüência de micronúcleos, em células da mucosa e em linfócitos, em nove mulheres
durante três períodos distintos: antes da reposição com folato, durante e ao final da
reposição. Durante os estudos houve melhora significativa nos níveis plasmáticos de
folato e vitamina B-12, acompanhado pela queda na freqüência de micronúcleos.
2.2 AGENTES GENOTÓXICOS
Freqüentemente depara-se com populações expostos a vários fatores
tidos como genotóxicos. Pacientes fumantes e alcoolistas acabam por constituir uma
população com uma incidência maior ao câncer bucal (BOFFETTA et al. 1992). Em
estudos epidemiológicos demonstrou-se que indivíduos alcoólatras apresentavam risco
de câncer 6,4 vezes maior que indivíduos abstêmios de álcool, fato este decorrente do
efeito sinérgico do álcool aos componentes do cigarro, como o Benzopireno e o 4-
(methilInitrosamina)1(3-pyridyl), sabidamente agentes carcinogênicos (WELLS et al.,
1997).
A ação tóxica local do álcool leva a uma injúria da membrana e da célula,
com um subseqüente aumento na proliferação celular. A hiperproliferação por si só
aumenta a exposição à outros agentes carcinogênicos e, em se tornando permanente, é
23
o primeiro passo para um processo de transformação maligna (SEITZ; PÖSCHL;
SIMANOWSKI, 1998).
Com relação ao desenvolvimento de lees malignas, o fumo tem sido
relatado como um dos principais fatores de risco (ADHVARYU; DAVE; TRIVEDI, 1991).
O consumo de álcool, por outro lado, é citado como forte agente potencializador no
desencadeamento de lesões cancerosas, agindo de forma sinergística com vários outros
produtos com potencial citotóxico, devidamente por aumentar a permeabilidade dos
tecidos a estas substâncias
(BARAONA; GUERRA; LIEBER, 1981). Em indivíduos que
fumam, o consumo de álcool apresenta comprovadamente um efeito sinérgico na
indução do câncer bucal (FRANCESCHI et al., 1990). Porém, o efeito do álcool
isoladamente parece ser mal esclarecido, ainda que sua atividade mutagênica tenha sido
descrita na literatura (FEINMAN; LIEBER, 1988).
Os danos causados pelo álcool à mucosa bucal e ao trato digestivo
superior são principalmente decorrentes da ação local e não sistêmica do consumo de
álcool. (SEITZ; PÖSCHL; SIMANOWSKI, 1998). Tornado preocupantes hábitos que
venham a expor o paciente ao contato com o álcool e que, propriamente, não seja o de
consumo de bebidas alcoólicas.
O acetaldeido, subproduto metabólico do álcool, comprovadamente com
ação carcinogênica, seria o responsável pela maior incidência de câncer em pacientes
alcoolistas. Parte da produção de acetaldeido é realizada por bactérias bucais, ocorrendo
concordância com pesquisas que encontraram maior incidência de câncer entre os
alcoolistas com deficiência de higiene bucal (VISAPÃÃ; TILLONEN; SALASPURO, 2002).
O aumento da disponibilidade de diferentes marcas de colutórios e a
popularização de hábito do bochecho como forma complementar de higienização bucal,
24
chamam a atenção, tanto pela utilização de álcool na composição da maioria destes
produtos, como pela utilização de agentes químicos suspeitos de serem genotóxicos,
como a clorexidina (MASHBERG; BARSA; GROSSMAN, 1985).
Os produtos odontológicos possuem valores variáveis de álcool em sua
composição, alguns deles, tendo com base o principio ativo clorexidina, atingem
concentrações variando de 3,5% (Noplak®) a 11,6%(Peridex®; Periogard®). Outros
produtos podem alcançar concentrações de álcool de até 26,9% (Listerine®).
Os colutórios têm sido alvos de diversos estudos epidemiológicos de
câncer bucal. Em amplo estudo populacional de caso-controle realizado nos Estados
Unidos (WINN et al., 1991), os resultados demonstraram que o hábito de utilização de
colutórios está associado com um aumento de 40% no risco de desenvolvimento de
lesões malignas na cavidade bucal em homens, e de 60% entre as mulheres, isto após
os ajustes de exposição a fatores como o hábito de fumar e de ingestão de bebidas
alcoólicas, sendo que os riscos aumentam quanto maior há freqüência de bochecho e o
tempo de uso; pessoas utilizando o produto 60 ou mais vezes por mês têm seu risco
aumentado 1.7 a 2.0, enquanto que os usuários a mais de 40 anos tem 1.4 à 1.9
aumento no risco de desenvolver um câncer bucal.
Em outros estudos de câncer bucal associado com colutórios, os
resultados tem sido inconsistentes, com a variação na correlação ao risco indo de 0.8 à
2.5 (MASHBERG; BARSA; GROSSMAN, 1985; WEAVER; FLEMING; SMITH, 1979).
Obviamente a grande variedade de fatores que podem interferir como carcinogênicos
podem evidentemente não ser quantificados da forma adequada, atuando, então, como
viés nesses estudos.
25
3 PROPOSIÇÃO
1. Este trabalho teve por objetivo verificar a prevalência de micronúcleos
em células epiteliais da mucosa bucal de alunos de odontologia
comparando grupos de alunos abstêmios, usuários de aparelho
ortodôntico, fumantes assim como em fumantes alcoolistas;
2. Este trabalho também se propôs comparar a incidência de
micronúcleos em células epiteliais da mucosa bucal de alunos de
odontologia, causada por álcool, por clorexidina e por óleos essenciais;
em concentrações correlatas às empregadas nas formulações de
colutórios.
26
4 MATERIAL E MÉTODOS
Todos os procedimentos dessa pesquisa foram realizados nas
dependências da Universidade Estadual de Ponta Grossa.
Antes da seleção da amostra, este presente projeto (processo
n°00463/2005) foi submetido à aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da
Universidade Estadual de Ponta Grossa.
Todos os indivíduos participantes deste estudo foram selecionados no
universo de estudantes do curso de Odontologia da Universidade Estadual de Ponta
Grossa – PR, aderindo, voluntariamente, após o esclarecimento de suas incumbências,
responsabilidades e direito, de maneira formalizada por meio da assinatura do Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (Apêndice).
De acordo com as diferentes proposições deste trabalho, dividiremos o
Material e Métodos em Fase 1 – Prevalência de Micronúcleos; e Fase 2 – Incidência de
Micronúcleos.
4.1 FASE 1 – PREVALÊNCIA DE MICRONÚCLEOS
Na fase um, o objetivo do estudo foi avaliar a prevalência de
micronúcleos, no universo dos acadêmicos do curso de odontologia, avaliando a
influência das seguintes variáveis independentes: consumo de bebidas alcoólicas,
fumantes, usuários de aparelhos ortodônticos fixos.
27
4.1.1 Caracterização da amostra
Para que pudéssemos avaliar a influência das variáveis citadas
anteriormente, o estudo selecionou 40 indivíduos que se enquadrassem nos requisitos de
quatro diferentes grupos: 10 Abstêmios (Controle, G1), 10 Alcoolistas (G2), 10 Abstêmios
usuários de aparelho ortodôntico (G3), 10 Fumantes alcoolistas (G4).
Esta composição serviu para realizarmos o levantamento da prevalência
de micronúcleos, relacionado-o às características da amostragem de cada grupo descrito
acima. Infere-se assim, a influência do trauma mecânico do uso do aparelho, do
consumo de álcool e da associação do consumo de álcool e tabaco sobre a freqüência
de MN, quando comparados ao grupo controle.
A separação dos voluntários em cada grupo ocorreu por meio do
preenchimento de dois diferentes questionários: Caracterização de Hábitos (Anexo B) e
Diário de Consumo de Bebidas Alcoólicas (Anexo A); assim como pela realização de um
exame clínico e anamnese.
Os critérios de inclusão e exclusão utilizados na seleção dos voluntários
foram os seguintes:
1. Os indivíduos que fossem elegíveis deveriam se enquadrar em apenas
uma das variáveis independentes, com exceção das variáveis álcool e
fumo, pela dificuldade de se encontrar indivíduos apenas fumantes
abstêmios ao consumo de álcool;
2. Consumo de bebidas alcoólicas: os indivíduos foram divididos em
abstêmios (ausência total de consumo) ou consumidores (média de
consumo maior que 14 doses nas duas últimas semanas). Os
28
indivíduos que não se enquadraram em nenhum dos perfis descritos,
ou seja, aqueles que consumiam bebidas alcoólicas, mas abaixo da
média de 14 doses, foram excluídos da pesquisa;
3. Fumo: foram considerados fumantes aqueles com hábito de consumo
de mais de cinco cigarros ao dia. A adoção desse critério visou evitar
os fumantes de baixo consumo pela característica de uso esporádicos
que estes apresentaram durante a anamnese. Os voluntários de
menor consumo foram excluídos do trabalho. Observação: todos os
fumantes selecionados se enquadravam no perfil de consumidor (mais
de 14 doses) de bebidas alcoólicas;
4. Uso de aparelho ortodôntico: foram considerados portadores as
pessoas com aparelho ortodôntico fixo de uso contínuo. Os voluntários
que retiraram a aparelhagem ortodôntica a menos de seis meses ou os
que faziam uso casual do aparelho removível foram excluídos da
pesquisa.
Após a ordenação dos voluntários nos quatro grupos realizou-se o Teste
de Micronúcleos.
4.1.2 Técnica de coleta das células: teste do micronúcleo
A técnica de coleta e análise das células da mucosa bucal será descrita
conforme a técnica relatada por Titenko-Holland et al.(1998).
29
Utilizando uma escova tipo cytobrush, Um único operador coletou as
células da mucosa da região interna da bochecha de cada indivíduo, transferiram-se,
então, as células para um tubo de ensaio imergindo e agitando o cytobrush em uma
solução fisiológica (3 ml de solução salina 0,9%). As células então são separadas, por
um processo de centrifugação por 10 minutos a 1500 r.p.m., do sobrenadante, que é
desprezado. O material restante, com uma alta concentração de células, é então
espalhado sobre lâminas aquecidas em água destiladas a 55°C. A fixação do material é
realizada com a imersão da lâmina em álcool PA por 20 minutos a 0°C.
Após a fixação, as lâminas recebem um tratamento com ácido cloridrico
(HCL 1N) na seguinte seqüência de variação de tempo e temperatura: 1 minuto a 22°C,
10 minutos a 65°, esfriamento a temperatura ambiente por 10 minutos, 5 minutos a 22°C.
Lavam-se com água destilada por 10 minutos.
Procederam-se à coloração das lâminas com a coloração de Schiff e
contra-coloração com Fast-Green. Para cada coleta foram realizadas duas lâminas de
modo a alcançar uma contagem de três mil células por voluntário.
A análise das lâminas foi feita com a utilização de um microscópio óptico
em aumento de 400x, sendo que mediante alguma dúvida quanto à existência de
micronúcleo analisava-se sob aumento de 1000x.
A classificação e contagem de micronúcleos seguiram um protocolo
sugerido por Tolber et al (1992) e ocorreram da seguinte maneira:
a) Contagem de células: foram incluídas as células que tenham os
núcleos normais e intactos, com perímetro nuclear liso e distinto, e que
apresentem o citoplasma também intacto, com exceção das que
30
tenham pequenas dobras e pouca ou nenhuma sobreposição com as
células adjacentes;
b) Contagem dos micronúcleos: foram considerados micronúcleos as
estruturas que apresentarem um halo circundante sugestivo de uma
membrana, menos de 1/3 do diâmetro do núcleo associado,
intensidade da coloração com Feulgen semelhante ao núcleo e mesmo
plano focal à microscopia e ausência de sobreposições ou pontes com
o núcleo. Considerou-se o número total de micronúcleos assim como o
de células acometidas pelo aparecimento de micronúcleos em seu
citoplasma.
Toda a análise das lâminas foi realizada por um único operador de modo
que este não soubesse a qual grupo esta amostra era proveniente. Para cada amostra foi
realizada a contagem de 3000 células epiteliais.
4.2 FASE 2 – INCIDÊNCIA DE MICRONÚCLEOS
Após a realização da primeira fase do estudo, caracterizada como um
estudo transversal em que se classificou a população estudada em 4 grupos distintos de
hábitos característicos, procedeu-se a segunda fase deste trabalho caracterizado como
um estudo experimental com a mesma amostragem populacional sub-divididas de
maneira randômica em quatro grupos de tratamentos. O objetivo desta fase foi avaliar a
incidência de micronúcleos provocados por produtos existentes nos colutórios bucais
31
(álcool, clorexidina, óleos essenciais). Para tanto, participaram 40 alunos divididos em
quatro grupos distintos.
Cada grupo se caracterizou por tratamentos distintos com bochechos
diários (10ml, duas vezes ao dia, por um minuto, pelo período oito dias) de uma
substância específica, sendo elas:
Tratamento T1 - Óleos essenciais: Listerine®, 200ml.
Tratamento T2 - Álcool: essência de menta, solução em álcool a 11,6%,
água q.s.p 200ml
Tratamento T3– Álcool e Clorexidina: chlorexidina 0,12%, essência de
menta, álcool 12%, água q.s.p 200ml.
Tratamento T4 – Clorexidina: clorexidina 0,12%, essência de menta, água
q.s.p. 200ml.
Os indivíduos foram orientados a realizarem o bochecho trinta minutos
após a escovação normal, de modo que não houvesse interferência dos produtos
contidos em dentifrícios, especialmente as substâncias detergentes desta, com o agente
de cada grupo.
O período experimental seguiu o seguinte calendário:
Dia 01 - Coleta de Células e Teste do micronúcleo.
Dia 02 a dia 09 - Período de bochechos com a substância específica de
cada grupo durante 08 dias.
Dia 12 - Coleta de Células e Teste do micronúcleo.
Todos os procedimentos para realização deste teste foram realizados de
forma idêntica à primeira fase.
32
4.3 PLANEJAMENTO ESTATÍSTICO
Para aferir a reprodutibilidade da contagem de MN, verificando a
concordância intra-avaliador, adotou-se o teste K (Kappa) sobre os dados da análise de
10 amostras.
A formação de micronúcleo é uma ocorrência rara que segue uma
distribuição aleatória conhecida por Poisson, sendo que a significância estatística dos
dados deve ser aferida por meio de testes não paramétricos (GATTÁS et al., 2001) para
comparação entre grupos (Kruskal-Wallis), entre pares de grupos (Mann-Whitney) –
dados referentes à primeira fase do estudo – e entre amostras (final/inicial) de grupos
relacionados (Wilcoxon) – dados referentes à segunda fase do estudo.
33
5 RESULTADOS
Para a conformação dos resultados analisaram-se, em cada fase do
estudo, 3000 células epiteliais para cada indivíduo participante do estudo. A princípio,
cada célula epitelial íntegra foi avaliada quanto à presença de micronúcleos em seu
citoplasma, sendo que os resultados foram computados tanto para o número total de
micronúcleo, quanto para o número de células portadoras de micronúcleo. Devido à
ocorrência de apenas uma célula contendo dois micronúcleos em seu interior, todos os
resultados aqui descritos são relacionados tão somente a ocorrência de células com
micronúcleo em seu interior.
Figura 4a – Célula contendo Micronúcleo
Nota: A célula contendo o MN está disposta no centro do campo fotográfico. A fotografia aparece com a
formação do micronúcleo na mesma linha horizontal e a esquerda do núcleo principal.
34
Figura 4b – Célula contendo Micronúcleo
Nota: A fotografia mostra uma formação de um pequeno e discreto MN à esquerda e abaixo de núcleo da
célula.
5.1 TESTE DE REPRODUTIBILIDADE (KAPPA) PARA AVALIAÇÃO DA CONTAGEM
DE MN
O exame microscópico das células coletadas foi realizado por um único
pesquisador “mascarado” a fim de evitar a variação inter-examinadores. Todavia, para
avaliar a concordância da análise, foi realizado um teste de concordância K (Kappa) em
que foram examinadas, em períodos distintos separados por 30 dias, 10 amostras
aleatórias pertencentes a este estudo. Os resultados e os dados utilizados neste teste
estão descritos na tabela 1.
As 10 amostras que receberam uma dupla avaliação pelo pesquisador
foram retiradas do universo total de 40 amostras da primeira fase do estudo de maneira
35
aleatória. Este fato somado ao tempo de 30 dias separando as duas avaliações permitiu
o descarte de qualquer identificação da amostragem pelo pesquisador.
A diagonal descendente da direita para a esquerda, demarcada com
grifo, representa as avaliações que concordaram quanto ao número de MN existentes na
amostra, salvo as ocorrências devido ao acaso da avaliação que também é levada em
conta no resultado do teste. O coeficiente do teste K com valor 0.411 representa,
segundo a própria escala arbitrária apresentada pelo idealizador do teste para interpretar
o grau de concordância entre os exames, uma concordância moderada do examinador.
Tabela 1 – Tabela de contingência para o teste de concordância do operador para contagem de MN.
1º exame
2º exame
0 1 2 3 4 5 6 Soma
0
2 0 0 0 0 0 0
2
1
0
1 0 0 0 0 0
1
2
0 0
1 2 0 0 0
3
3
0 0 0
0 1 1 0
2
4
0 0 0 0
1 0 0
1
5
0 0 0 0 0
0 1
1
6
0 0 0 0 0 0
0
0
Soma
2 1 1 2 2 1 1
10
Nota: Valor calculado de K (Kappa) 0.411.
5.2 PREVALÊNCIA DE MN – FASE UM DO ESTUDO
A freqüência absoluta das células micronucleadas foi disposta na Tabela-
2, apresentando o número de células micronucleadas encontrada no exame de cada
indivíduo.
36
Tabela 2Distribuição dos grupos, número da amostra pertencente ao grupo, idade e contagem do
número de células micronucleadas por amostra de 3000 células.
Grupos Amostra Idade Contagem de Micronúcleos
1- Abstêmios
1 21 1
2 20 3
3 19 0
4 22 0
5 23 0
6 22 0
7 24 4
8 20 0
9 20 3
10 19 5
2- Alcoolistas
1 19 1
2 18 5
3 25 3
4 22 0
5 23 2
6 21 7
7 22 0
8 23 4
9 20 0
10 21 3
3- Aparelho
1 18 2
2 18 3
3 22 6
4 23 6
5 20 3
6 21 4
7 19 7
8 20 5
9 20 1
10 20 11
4- Fumantes alcoolistas
1 20 5
2 20 0
3 21 4
4 22 6
5 22 7
6 21 1
7 20 3
8 24 0
9 19 6
10 21 11
Devido à homogeneidade da idade dos voluntários (20,4), a média de
idade dos grupos (Tabela 3) apresentou uma variação pequena, de 2,3 anos, entre os
grupos com menor e maior média. Os dados postados na tabela 3 apresentam ainda
dados referentes à mediana e à média das contagens de MN, sendo que ambas,
37
apresentam uma discrepância grande entre os grupos, tendo valores variando de 0,5 a
4,5 para mediana e de 1,6 a 4,8 para média.
A disposição dos valores de freqüência de MN por 1000 células (Tabela 3)
apresentou a seguinte ordem: 0,53 (Grupo 1) < 0,83 (Grupo 2) < 1,43 (Grupo 4) < 1,6
(Grupo 3). Embora estes valores não sirvam como dados estatísticos, acabam tendo
sua importância na comparação descritiva entre dados obtidos na literatura assim como
para comparação da média esperada na população.
A comparação dos valores dos postos médios por meio do teste de
variância não paramétrico de Kruskal-Wallis verificou a existência de diferença
estatisticamente significante (p = 0,043) entre os quatro grupos. Para que fosse identificado
entre quais grupos existe diferença foi realizado a comparação entre pares de grupo pelo
teste de Mann-Whitney. Os resultados apontam diferenças estatística entre os grupos 1 e
3 (p 0,01) e entre os grupos 1 e 4 (p 0,05).
Tabela 3 – Análise descritiva dos grupos com idade média, número de amostragem, mediana, média,
desvio padrão e posto médio. Análise de variância não paramétrica entre os quatro grupos
(Kruskal-Wallis) e grupo a grupo (Mann-Whitney).
Grupo Idade n Mediana Média ± DP Freqüência
de MN por
1000 células
Posto
Médio
1
19,1 10 0,5 1,6±1,96 0,53 26,65
2
21,4 10 2,5 2,5±2,37 0,83 13,50 * °
3
20 10 4,5 4,8±2,9 1,6 17,65
4
21,1 10 4,5 4,3±3,47 1,43 24,20
Diferença entre os grupos H (χ²) = 8,153
p = 0,043 (Kruskal-Wallis)
Notas: * diferenças significante entre os grupos 1 e 3 (Mann-Whitney p 0,01)
° diferenças significante entre os grupos 1 e 4 (Mann-Whitney p 0,05)
38
5.3 INCIDÊNCIA DE MN – FASE DOIS DO ESTUDO
A tabela 4 demonstra as freqüências absolutas da contagem de MN para
os 40 indivíduos, ao início do experimento e após o período de tratamento de 10 dias,
agrupados de acordo com a modalidade de tratamento realizada.
Tabela 4 – Disposição das contagens absolutas de MN nos momentos inicial e final do experimento,
organizadas em grupos distintos conforme o tratamento recebido.
Tratamento Contagem inicial de MN Contagem após tratamento
1 – Óleos essenciais
5 3
7 9
6 6
3 4
0 0
1 0
0 2
3 3
6 5
7 6
2 – Álcool
6 6
0 2
5 7
7 7
3 5
0 0
0 3
3 5
4 5
11 9
3 – Álcool + Clorexidina
4 3
3 1
1 2
2 3
0 0
0 3
4 4
2 3
3 3
1 2
4 -Clorexidina
0 1
1 0
11 5
0 1
4 6
3 5
0 1
5 7
6 5
5 4
39
A análise estatística dos diferentes grupos foi realizada com o teste não
paramétrico de Wilcoxon comparando os dados pareados de cada modalidade de
tratamento em momentos distintos, inicial e final. Os diferentes tratamentos não
produziram nenhuma mudança significativa da freqüência de células micronucleadas
sendo, inclusive, que para os grupos T 1 (Óleos essências) os valores de média
permaneceram exatamente os mesmos nos momentos inicial e final. A maior diferença
encontrada, porem não significante (p = 0,079) foi para o grupo T 2 (álcool).
Tabela 5 – Comparação inicial e final para cada modalidade de tratamento para Média e Desvio Padrão,
Posto Médio, Soma dos Postos e valor de Z e p para o teste de Wilcoxon.
Grupo
Média±DP Mediana
dos
postos
Posto
médio
Soma
dos
postos
Z
Significância (p)
Inicial 3,8±2,7 4 5,75 20,50
T 1
Final 3,8±2,8 3,5 5,13 34,50
-0,732 0,464
Inicial 3,9±3,5 3,5 4,00 24,00
T 2
Final 4,9±2,6 5 4,00 04,00
-1,754 0,079
Inicial 2,0±1,4 2 3,80 19,00
T 3
Final 2,4±1,1 3 4,50 09,00
-0,877 0,380
Inicial 3,5±3,5 3,5 3,50 10,50
T 4
Final 3,1±2,72 3 3,00 10,50
0,000 0.84
40
6 DISCUSSÃO
Ao longo da vida de um indivíduo, inúmeros são os fatores a que se
encontra exposto. A atuação de substâncias químicas, agentes físicos e biológicos
associada a fatores genéticos herdados ou não, pode agir sobre células normais e
aumentar a freqüência de aparecimento de mutações celulares que estão
correlacionadas ao desenvolvimento dos tumores. Portanto, um estímulo patológico pode
ocasionar a divisão caótica e desenfreada das células de um local gerando assim um
crescimento tecidual autônomo que foge dos padrões genéticos e fisiológicos (BORAKS,
1999).
Os resultados obtidos com a análise de células micronucleadas
permitem relacionar os fatores agressores existentes no ambiente bucal com as
alterações cromossômicas condizentes com a pré-disponibilidade ao desenvolvimento de
neoplasias bucais.
A organização deste trabalho em duas fases permitiu o estudo de vários
agentes químicos e físicos atuantes na cavidade bucal. A primeira fase, consistida de um
estudo transversal, permitiu a avaliação de agentes químicos, provenientes dos hábitos
dos voluntários estudados, como o fumo e o álcool de bebidas, e físicos provenientes da
intervenção profissional, como é o caso da utilização de aparelhos ortodônticos. A
segunda fase, consistida de um estudo clinico paralelo duplo cego, permitiu a
investigação da ação dos agentes químicos existentes na composição dos colutórios
41
bucais, como os óleos essências, o álcool e a clorexidina, sobre a formação de MN na
mucosa bucal.
Estatisticamente os resultados apontaram uma prevalência maior de
células micronucleadas para o grupo dos usuários de aparelho ortodôntico e para o grupo
de fumantes alcoolistas, ambos quando comparados ao grupo controle (abstêmios).
Dentre os objetivos da pesquisa a incorporação de um grupo
exclusivamente de voluntários que utilizavam aparelhagem ortodôntica visou representar
um universo de situações em que o trauma mecânico perfaz uma ação física constante
sobre as células epiteliais. Em uma primeira análise, a verificação de uma maior
prevalência de MN em usuários de aparelhos ortodônticos, nos chama atenção pela
correlação positiva que temos entre presença de MN e alterações cromossômicas
predisponentes a neoplasias. Dentro desse aspecto, a ação física de trauma
representada pelo aparelho ortodôntico deve ser similarizada a situações bucais em que
também temos a presença constante de trauma e que apresentam um vasto histórico de
predisposição ao desenvolvimento de neoplasias. O exemplo clássico dessa correlação é
ação de próteses mal adaptadas, câmeras de sucção, próteses quebradas, no
desenvolvimento do câncer bucal (TOMMASI; GARRAFA, 1980). Obviamente, estas
condições clínicas não podem ser apontadas como causa única direta do
desenvolvimento de lesões cancerosas. A diversidade do ambiente bucal nos faz avaliá-
las como co-fatores predisponentes, assim como dentro da presente pesquisa não
podemos isolar os resultados dos grupos como causa única do aumento da freqüência de
células micronucleadas. Portanto, para comparação da hiperqueratose desenvolvida pelo
42
aparelho ortodôntico ao trauma de algumas situações clínicas deve ser feita alguma
observações.
A hiperqueratose irritativa como o próprio nome indica, é uma
hiperplasia da camada superficial de queratina provocada por trauma mecânico de baixa
intensidade (BÓRAKS, 1999). A hiperqueratose por atrito desenvolvesse na mucosa
bucal em resposta a irritação de baixa intensidade, crônica (CAWSON et al., 1997). A
atrição ou fricção contra uma área da mucosa bucal pode resultar em uma lesão branca
hiperceratótica, análoga a um calo cutâneo. A resposta tecidual representa uma proteção
contra um traumatismo contínuo de baixa intensidade (REGEZI; SCIUBBA, 1991). É
reversível, uma vez removido o agente causal a hiperqueratose desaparece (BÓRAKS,
1999). Assim, de acordo com Tommasi e Garrafa (2002), a hiperqueratose pode ser
resumida como sendo uma lesão branca da mucosa bucal, caracterizada
histologicamente por aumento da camada de ceratina, com tendência à regressão e cura
espontânea, uma vez removido o agente causador, quase sempre irritativo (fumo, álcool,
arestas dentárias cortantes, aparelhos ortodônticos, próteses).
Nas lesões hiperceratóticas friccionais simples não se observam
alterações epiteliais displásicas (REGEZI; SCIUBBA, 1991). Há uma espessa camada de
ortoqueratina, seguidas vezes com aumento da camada de células granulares e grau
variável de acantose. Freqüentemente o cório mostra-se infiltrado por células
inflamatórias crônicas (CAWSON et al., 1997). A hiperproliferação por si só aumenta a
exposição à outros agentes carcinogênicos e, em se tornando permanente, é o primeiro
passo para um processo de transformação maligna (SEITZ; PÖSCHL; SIMANOWSKI,
1998).
43
Em um estudo retrospectivo sobre o risco do câncer de vias
aerodigestivas superiores, o uso de próteses dentárias não foi associado a um risco
aumentado, todavia história de úlceras orais secundárias à má adaptação e má higiene
oral devido à baixa freqüência de escovações dentárias foram tidos como fatores de risco
(VELLY; FRANCO; SCHLECHT, 1998).
A composição de uma amostra experimental exclusivamente por alunos
de odontologia com a divisão dos voluntários de acordo com variáveis independentes
exclusivas para alguns grupos, como o fumo e o uso de aparelho, procurou criar
homogeneidade das amostras diminuindo a possível ação de vieses. Embora fatores
como a predisposição genética intrínseca do individuo, microbiota bucal, hábitos de
alimentação acabam sendo fatores sabidamente influentes na manifestação de MN.
A falta ou deficiência de qualquer nutriente pode ser prejudicial ao
organismo humano, tornando-o mais susceptível a ação de substâncias carcinogênicas.
(PETRIDOU, 2002).
Em um estudo sobre o consumo freqüente de uma dieta rica em gordura
animal saturada e risco de desenvolvimento de câncer oral os autores verificaram a
presença de uma relação positiva entre essas duas variáveis. Sugeriram que programas
de promoção de saúde poderiam abordar a adoção de hábitos alimentares para
proporcionar uma mudança no risco de desenvolvimento de câncer oral e objetivar
conseqüentemente efeitos benéficos para o controle de diabetes, doenças
cardiovasculares e outros cânceres (TOPORKOV; ANTUNES; TAVARES, 2004). Existe
redução de 20 a 60% no risco para o câncer oral na adoção de uma dieta rica em
vegetais verde-amarelos e frutas frescas assinalando o efeito protetor proporcionado
pelos micro-nutrientes presentes nesses alimentos (STEWART; KEYHUES, 2003).
44
A agressão direta ao DNA celular tem sido atribuída a alguns tipos de
vírus no processo da carcinogênese do carcinoma de células escamosas. O Papiloma
vírus humano (HPV) tem sido estudado quanto ao possível envolvimento nesse processo
(SUGIYAMA et al., 2003), assim como a Cândida Albicans (FIELD; FIELD; MARTIN,
1989; KIGNEL; BIRMAN, 2000)
Harris et al. (2003) estudaram a associação entre álcool e lesões orais e
não encontraram relação de risco do álcool isoladamente. Quando analisado o
sinergismo álcool/tabaco, observaram um incremento no risco de desenvolvimento de
lesões orais.
No presente estudo o grupo constituído por fumantes alcoolistas
apresentou diferença significativa (p 0,05) na freqüência de micronúcleos quando
comparado ao grupo de abstêmios. Historicamente a literatura apresenta uma vasta
revisão associando álcool e fumo como o câncer.
O tabaco libera quantidades consideráveis de nitrosaminas, que dão
forma a um grupo de carcinógenos químicos principais entre os mais de 4000 produtos
químicos identificados no fumo do tabaco (STICH; ROSIN, 1983). Os nitrosaminas
específicas do tabaco são solúveis na saliva, sendo potentes carcinogênicos,
responsáveis pela indução de aberrações cromossômicas, o que resulta no aumento
freqüências de MN (SUHAS, 2004). O efeito sinergístico entre álcool e fumo decorre do
possível aumento da permeabilidade tecidual dos compostos da combustão do fumo
quando associado ao álcool (BARAONA; GUERRA; LIEBER, 1981).
Pacientes fumantes e alcoolistas acabam por constituir uma população
com uma incidência maior ao câncer bucal (BOFFETTA et al., 1992). Em estudos
epidemiológicos demonstrou-se que indivíduos alcoólatras apresentavam risco de câncer
45
6,4 vezes maior que indivíduos abstêmios de álcool, fato este decorrente do efeito
sinérgico do álcool aos componentes do cigarro, como o Benzopireno e o 4-
(methilInitrosamina)1(3-pyridyl), sabidamente agentes carcinogênicos (WELLS et al.,
1997).
A presença de MN ocorre de forma concomitante com outras anomalias
metanucleares. Alterações degenerativas, apoptóticas e carcinogênicas tem sua
freqüência correlacionada não só a presença do agente agressor, mas também a sua
intensidade. A ação clastogênica causada pelo álcool e pelo fumo pode configurar
quadros de agressão fraca, moderada e forte conforme descrito por Ramires e Saldanha
em 2002;
Na agressão fraca ocorre o Favorecimento o aparecimento de células em
processo de cariólise (CL) - que é uma dissolução do núcleo em três ou quatro
fragmentos menores em decomposição (SNEL, 1985), sendo similar ou processo
fisiológico de renovação do epitélio. A Agressão de baixa intensidade permite o correto
reparo tecidual na qual as células agredidas podem, no decorrer da migração para a
superfície do epitélio, sofrerem lise completa desaparecendo da camada de coleta celular
(STICH; ROSIN, 1983). Já na agressão moderada a ação pode ocorrer nas células
epiteliais da camada basal, afetando diretamente o núcleo celular. No entanto, estas
células são mantidas no tecido enquanto viáveis, apresentando alterações do tipo
broken-egg (BE) e ou de MN (BHATTATHIRI et al., 1998). A agressão forte seria induzida
pela ação sinérgica de dois ou mais agentes clastogênicos, a alteração nuclear poderia
ser tão intensa a ponto de provocar o à perda do controle apoptótico, podendo ainda
levar a formação de mais de um MN por célula (STICH; ROSIN, 1983).
46
A contagem de MN subestima metodologicamente a sua ocorrência real.
Isto acontece porque, durante o processo de divisão celular, o fragmento cromossômico
ou cromossomo inteiro perdido do núcleo pode: a) ser reincorporado a um dos dois
núcleos filhos, b) ir para fora do citoplasma de ambas células filhas, ou c) ficar no
citoplasma de uma das células filha na forma de micronúcleo. Nos dois primeiros casos,
não se observa perda do material cromossômico. (RAMIREZ; SALDANHA, 2002)
A freqüência de MN está correlacionada diretamente com a probabilidade
da ocorrência de alterações do DNA celular, sendo a alteração nuclear mais
correlacionada com o processo de carcinigênese (ROBERTS, 1997). Embora não indique
necessariamente a existência de uma pré-neoplásica (RAMIRES; SALDANHA, 2002).
A aplicações de comparações de freqüência de MN entre diferentes
populações encontram discrepância na literatura (TABELA 6). Já que se torna difícil
compatibilizar as diferenças metodológicas entre os inúmeros laboratórios (ADHVARYU;
DAVE; TRIVEDO, 1991), sugere-se que produzam controles citogeneticamente mais
padronizados nas investigações a fim de não somente diminuir os erros aleatórios, isto é,
a variabilidade entre os observadores, como também eliminar os erros sistemáticos
decorrentes da análise microscópica (GAREWAL et al, 1993).
47
Tabela 6 - Frequência de MN utilizadas como referências controles em diferentes investigações de
mutagenicidade descritas na literatura
População
controle de
idade
(média ou
intervalo)
sexo
N°de
indivíduos
N°células
analisadas
por indivíduo
Freqüência de
MN por 1000
células
Autor
fumantes e 20->50 15 mínímo de 500 3
,
20 Stích e Rosin
,
1983
alcoólicos
mascadores de 34 minimo de 500 4,00 Stich; Stich e Rosin., 1985
fumo com betel
Mascadores de 32,70 M/F 15 Mínimo de 1000 1,93 Adhvaryu; Dave e Trivedi, 1991
noz de areca
pacientes com 37,68 MIF 25 ;03000 3,80 Sarto et al., 1987
carcinomas
orais
trabalhadores de 33,00 M 19 3000 0,47 Diaz; Fonseca e Fernandez, 1990
indústria de
tintas
usuários de rapé 61,40 F 15 conversão para 1,58 Tolbert; Shy e Allen, 1991
1000
mascadores de 14 mínímo de 500 5,00 Stich; Stich e Rosin, 1985
noz de betel
mascadores de 17-42 b MIF 29 1000 1,75 Kayal et al., 1993
qualquer fumo e
alcoólicos
mascadores de 15-45
b
MIF 10 1000 1,83 Kayal et al., 1993
qualquer fumo e
alcoólicos
mascadores de 20-25 d
F
13 1000 1,00 Kayal et al., 1993
qualquer fumo e
alcoólicos
mascadores de 20-25 c MIF 15 1000 1,90 Kayal et al., 1993
qualquer fumo e
alcoólicos
enfermeiros 34,60 MIF 25 1000 0,17 Machado-Santelli
expostos á et al.,1994
drogas
neoplásicas
indivíduos 30-42 F 5 de 2500 a 5600 1,62 Titenko-Holland
saudáveis' et al.,1994
trabalhadores 47 ;27 M 15 1500 2,18 Surrallés et al., 1997
expostos ao
benzeno
usuários de rapé
19 1,348 1,80 Roberts, 1997
Nota: ‘ grupo controle não utilizado em comparação com população exposta; b,c,d regiões da índia; • testes não paramétricos.
O teste do micronúcleo pode ser instrumento de triagem diagnóstica
para prevenção e conduta clínicas em indivíduos sob risco carcinogênico tais como os
expostos a agentes biotóxicos ambientais. Por ser uma técnica simples, prática, não
invasiva e de baixo custo permite, com facilidade, o monitoramento individual de
48
pacientes com carcinomas orais, sua evolução clínica, recidivas, surgimento de novas
neoplasias, lesões leucoplásicas bem como alterações tópicas causadas por
biopoluentes mutagênicos, através do controle intra-individual de diferentes tecidos e
inter-individual de populações. (RAMIREZ et al., 1999).
49
7 CONCLUSÕES
Por meio dos resultados provenientes da metodologia empregada neste
estudo, podemos concluir que:
1- A comparação da freqüência de micronúcleos nas regiões de mucosa
jugal indica que o trauma mecânico, assim como a ação conjunta do
fumo e álcool, podem contribuir estatisticamente para o
desenvolvimento de Micronúcleos;
2 - A utilização de colutórios bucais, em curto prazo, não foi capaz de
causar aumento na freqüência de Micronúcleos.
50
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57
APÊNDICE - Termo de consentimento livre e esclarecido
58
Eu, __________________________________,RG____________, abaixo qualificado,
DECLARO para fins de participação em pesquisa, na condição de que fui devidamente esclarecido
da minha participação no do Projeto de Pesquisa intitulado Avaliação de Micronúcleos em
Células Epiteliais Bucais desenvolvido pelo Cirurgião Dentista especialista em periodontia
Ricardo Kern do Curso de Mestrado em Odontologia da Universidade Estadual de Ponta Grossa
quanto aos seguintes aspectos:
a) Esta pesquisa se trata de uma pesquisa clínica na qual farei parte como paciente, ciente dos
meus compromissos de seguir as orientações e cuidados a mim passados.
b) Será realizado um breve exame clínico para que se possa efetuar a marcações sobre o índice
de placa bacteriana e a coleta de células da mucosa bucal. O procedimento de coleta das
células epiteliais da mucosa da bochecha é procedimento indolor, não invasivo e rápido
realizado com uma leve fricção com uma escova de cerdas macias apropriada.
c) O Pesquisador irá me fornecer os produtos de bochecho necessários gratuitamente.
Disponibilizando seus telefones para que eu possa entrar em contato para relatar qualquer
dúvida ou desconforto.
d) Será realizada documentação sobre o consumo do total de álcool ingerido durante cada
período da pesquisa, sendo ainda, que o pesquisador se compromete sobre o sigilo absoluto
sobre os dados referentes a cada participante.
e) Possuo a liberdade de me recusar a participar ou retirar meu consentimento, em qualquer
fase do estudo, sem penalização alguma e sem prejuízo ao seu cuidado.
Nome:............................................................................................
RG:..................... .......Data de nascimento:........ / ........ / ...... Sexo: M ( ) F ( )
Endereço: ............................................ nº ........................... Apto: .................
59
Bairro:.....................................Cidade:...........................Cep:................Tel.:.................
DECLARO, outrossim, que após convenientemente esclarecido pelo pesquisador e ter entendido o
que me foi explicado, consinto voluntariamente em participar desta pesquisa.
______________________________
Assinatura do Declarante
60
ANEXO A – Questionário de consumo de bebidas alcoólicas
61
Qual é o seu consumo?
É importante saber o que seria uma unidade de álcool em cada dose que você consome,
porque o que pode ser uma dose para você pode não ser uma dose efetivamente. Abaixo encontra-
se uma tabela sobre o que seria considerada uma unidade de álcool em diferentes tipos de drinks:
1 copo de cerveja ou chopp
1/2 dose de pinga, whisky ou qualquer tipo de destilados (pinga, vodka, gin, cognhac, etc)
1 copo típico de vinho
1 taça de champagnhe
1 cálice de licor ou vinho do porto
= 1 UNIDADE / 1 DOSE
Levando em conta o que seria uma unidade de álcool, preencha diariamente a tabela abaixo
durante uma semana, escrevendo o número de doses ou unidades de álcool consumidas durante
todo o dia. Não pense só na noite.
PERIGO: As doses em casa costumam serem mais generosas do que as doses do bar. Mesmo em
alguns bares, o famoso “chorinho” pode significar uma segunda dose. Perceba realmente quantas
doses estão sendo consumidas em um único copo.
62
Dias da semana Tipo de bebida Unidades Total
Diário
Segunda-feira
Terça-feira
Quarta-feira
Quinta-feira
Sexta-feira
Sábado
Domingo
TOTAL SEMANAL = ________________
63
ANEXO B – Questionário de hábitos
64
Nome: _______________________________________________________________
Email: _______________________________________________________________
Tipo de Hábitos
Faz uso de bebidas alcoólicas? ( ) sim ( ) não Já fez? ( ) sim ( ) não
Início do consumo: ____ anos Término do consumo ___ anos Abstinência:____anos
Tipo de bebido: _________________________________________________________
Intensidade do consumo: 1 ( ), 2 ( ), 3 ( ), 4 ( )
Intensidade – 1 para cada dose de destilado ou para cada cerveja ou para cada ½ garrafa de vinho por dia,
mas não todos os dias. Considera-se ainda, (1) para quem bebe somente nos finais de semana, (2) para quem
bebe moderadamente durante a semana e fins de semana, (3) para quem bebe moderadamente intercalado
com aumento de consumo, como por exemplo em fins de semana, (4) Para quem tem alto consumo todos os
dias.
Fuma? ( ) sim ( ) não Já fumou? ( ) sim ( ) não
Início do tabagismo: ____ anos Término do tabagismo: ____ anos Abstinência:____anos
Tipo de cigarro/fumo _____________________________________________________
Intensidade do consumo: 1 ( ), 2 ( ), 3 ( ), 4 ( )
65
Intensidade - (1) pouquíssima de 1-2 cigarros por dia; (2) menos que 10 cigarros; (3) entre 10-20 cigarros
dia; (4) mais que 20 cigarros – 1 maço por dia.
Toma café: ( ) Sim ( ) Não
Freqüência: ( ) só pela manhã ( ) 3x ao dia ( ) várias
Medicação: ( ) sim ( ) não Tipo: ________________________ Tempo: ____________
Antibiótico nos últimos 3 meses? ( ) Sim Qual? _______________________________
Bochecha com algum colutório específico? ( ) Sim Qual? ________________________
Raios X: ( ) Sim Quantidade: _____________________________________________
Hábito de consumo de chá ou mate? ( ) Sim Freqüência: ________________________
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