RESUMO
MELO, D.S. Adesão dos enfermeiros às precauções padrão à luz do modelo de
crenças em saúde. 2005. 191 f. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Enfermagem
da Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2005.
Estudo qualitativo desenvolvido em um hospital público geral de grande porte de
Goiânia-Go. Teve como objetivo analisar a adesão dos enfermeiros às precauções
padrão (PP) à luz do modelo de crenças em saúde (MCS), de Rosenstock (1974). Os
dados foram coletados por meio de entrevista, com roteiro semi-estruturado, e conforme
preconizado pela técnica de incidentes críticos (TIC). O instrumento foi validado por
juizes seguido do pré-teste. Foram observados os aspectos ético-legais da pesquisa.
Fizeram parte do estudo 82 enfermeiros, dos 90 eleitos, que estavam em atividade
assistencial direta ao paciente ou atuavam nos setores: de higienização hospitalar,
reprocessamento de roupas e materiais odonto-médico-hospitalares. Procedemos a
análise de conteúdo dos dados conforme a TIC. As dimensões do MCS foram utilizadas
como categorias prévias de análise. Obtivemos 139 incidentes críticos, sendo que 66
foram positivos e 73 negativos, de acordo com a polaridade referida. Destes, 131
situações remetiam às dimensões do modelo de crenças em saúde: 74 (56,5%) eram
relacionadas à suscetibilidade percebida; 17 (13,0%) aos benefícios percebidos e 40
(30,5%) às barreiras percebidas. Os incidentes críticos relatados, predominantemente,
relacionavam-se às situações de exposição ocupacional a material biológico. O uso de
barreiras protetoras foi a PP que obteve maior freqüência de indicação. A negação da
suscetibilidade foi observada pelo não uso das barreiras protetoras, no manuseio
inadequado de perfurocortante e não adesão às PP, relacionadas ao paciente portador
de patógeno multi-resistente. A moderada suscetibilidade percebida associou-se à
adesão parcial às PP no atendimento a pacientes com maior complexidade nos
cuidados assistenciais. Estes comportamentos adotados sinalizam limitada percepção
da necessidade de intervenção nos cuidados pós-exposição ocupacional, priorizando o
atendimento às necessidades dos pacientes. A alta suscetibilidade percebida foi
observada nas situações de atendimento ao paciente sob suspeita ou com diagnóstico
de infecção por patógenos de importância epidemiológica, e àquelas relacionadas à
responsabilidade do enfermeiro, nesta particularidade da assistência. A severidade
percebida foi evidenciada somente nos comportamentos e conseqüências dos incidentes
críticos relatados, nos momentos de pós-exposição ocupacional, expressa em
sentimentos, alterações psicossomáticas e experiência de infecção. Os benefícios
percebidos emergiram, sobretudo, dos incidentes críticos positivos, com enfoque no uso
das barreiras protetoras, que foram compreendidas como estratégia de proteção,
ratificando a segurança na execução dos procedimentos. As barreiras percebidas foram:
falta de preparo do profissional, falta de material de consumo e permanente, número
insuficiente de profissionais, estrutura física inadequada, atendimento a pacientes em
situações de urgência/emergência, fatores psicossociais e falta de fluxo para o
atendimento ao profissional em situação de pós-exposição a material biológico; que
poderiam ser minimizadas com a organização do Serviço de Assistência à Saúde, pois
se constituíram em impedimentos para a adesão às precauções padrão, embora, os
enfermeiros apresentassem adequada percepção da suscetibilidade e benefícios.
Verificamos que, as dimensões do modelo de crenças em saúde, elucidaram a adesão
dos enfermeiros às PP, sugerindo que empreendimentos devam ser feitos para melhor
instrumentalizá-los para a tomada e modalidade de ação, no cotidiano da assistência,
que priorize a segurança dos sujeitos envolvidos, nesse processo.
Unitermos: Precauções padrão; modelo de crenças em saúde; infecção hospitalar;
enfermagem.