Neste estudo, a conceituação de EES perpassa por uma característica de gestão no
tocante à remuneração, a pesquisa delimita que nos empreendimentos de Economia Solidária
deve ser simétrica. Ou seja, o conceito já aponta uma particularidade da gestão dos EES.
Além disso, ao afirmarem que “o grande esforço, portanto, foi tentar captar e sistematizar
informações sobre uma economia que, em sua quase totalidade, situa-se mais “rente ao chão”,
e sobre a qual inexistem cadastros ou escapam às estatísticas até agora disponíveis” (SEI,
2004: p13) percebe-se uma preocupação com o caráter popular destas organizações, ponto
abordado na definição de Economia Solidária proposta por Kraychete (2000)
19
.
Dos 38 empreendimentos entrevistados nesta pesquisa, 18 assumem o formato de
associação e 17 são cooperativas. Verifica-se a importância do cooperativismo como
expressão da Economia Solidária. Outro destaque deve ser dado às Universidades no tocante
ao ensinamento de conhecimento técnico para os associados. Dos 22 empreendimentos que já
possuíam este conhecimento, a maioria, 27,27%
20
, tiveram acesso através de Universidades.
Em estudos anteriores, Gaiger (1996) definiu empreendimentos econômicos solidários
como organizações que:
“expressam uma síntese original entre o espírito empresarial -no sentido da
busca de resultados por meio de uma ação planejada e pela otimização dos
fatores produtivos, humanos e materiais - e o espírito solidário, de tal
maneira que a própria cooperação funciona como vetor de racionalização
econômica produzindo efeitos tangíveis e vantagens reais comparativamente
à ação individual” (GAIGER, 1996: pg114).
Nesta definição, o autor buscou, caracterizar o espírito destes tipos de organizações,
neste esforço ele salienta um traço característico da gestão dos EES no tocante à presença de
um espírito ao mesmo tempo, empresarial e solidário (GAIGER, 1996).
Em um momento posterior, Gaiger (2004) coordenou uma pesquisa nacional sobre
empreendimentos econômicos solidários-EES, na qual utilizou um conceito-modelo com
características ideais deste tipo de organizações. Tal conceito serviu de norteador para os
pesquisadores espalhados por todo o Brasil e continha oito princípios: autogestão,
democracia, participação, igualitarismo, cooperação, auto-sustentação, desenvolvimento
humano e responsabilidade social.
19
Como explicamos na introdução, Kraychete foi um dos coordenadores desta pesquisa da Superintendência de
Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI, 2004)
20
Tabela 27 (SEI, 2004: pg64)