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RESUMO
Estudo farmacológico do óleo essencial de Croton nepetaefolius Baill. sobre o músculo liso
traqueal e vascular e sobre as propriedades eletrofisiológicas de neurônios fásicos de gânglio
celíaco. Pedro Jorge Caldas Magalhães, Tese de Doutorado em Farmacologia, UFC, 2002.
Croton nepetaefolius Baill é um arbusto aromático do Nordeste brasileiro, conhecido como “marmeleiro
sabiá”, utilizado na medicina popular como antiespasmódico e carminativo. Os principais constituintes do
seu óleo essencial são 1,8-cineol, metil-eugenol, xantoxilina e terpineol. Recentemente, demonstraram-se
propriedades antiespasmódica intestinal, hipotensiva, antiinflamatória e analgésica para o óleo essencial
do Croton nepetaefolius (OECN). Neste trabalho, caracterizamos os efeitos farmacológicos do OECN
sobre o músculo liso respiratório e vascular de rato e cobaio e sobre o funcionamento elétrico de neurônios
de gânglio celíaco de cobaio. Usamos preparações in vitro de vasos sanguíneos de ratos e cobaios
machos (aorta e vasos mesentéricos) e anéis de traquéia, mantidos em solução nutridora, aerada, pH 7,4,
a 37
o
C, para registro isométrico das contrações musculares. Usamos também gânglios celíacos intactos
de cobaios, mantidos em temperatura ambiente in vitro, para os registros eletrofisiológicos pela técnica do
microeletrodo intracelular. In vivo, avaliamos as ações do OECN sobre a pressão arterial média e alguns
parâmetros cardíacos, respiratórios e hematológicos em ratos. O OECN (0,1 - 1000 µg/ml) relaxou o
tônus basal (5 mM [K
+
]) e o tônus aumentado por K
+
(60 mM) em traquéia de cobaio, de maneira
dependente de concentração (CE
50
de 4 e 63 µg/ml, respectivamente). Em tecidos de cobaios
previamente sensibilizados, o OECN (300 e 600 µg/ml), reduziu a contração induzida pela apresentação
do antígeno sensibilizante (ovalbumina). Na faixa de concentração de 100 a 400 µg/ml, bloqueou as
contrações induzidas por histamina e PGF2α. O OECN inibiu as contrações induzidas por histamina,
carbacol e KCl com CI
50
na faixa de 100 - 130 µg/ml. Em aorta de rato e cobaio, relaxou a contração
induzida por 60 mM de K
+
(CI
50
de 32 e 200 µg/ml, respectivamente). Em rato, mas não em cobaio, este
relaxamento foi parcialmente inibido pela retirada do endotélio vascular ou pela adição de 100 µM de L-
NAME. Em aorta de cobaio, o OECN inibiu as contrações independentes de Ca
2+
, induzidas por dibutirato
de forbol e por K
+
hiperosmolar na solução nutridora. O OECN diminuiu preferencialmente a pressão
arterial em ratos DOCA-sal do que em ratos nefrectomizados e, bloqueou mais potentemente as
contrações induzidas pela fenilefrina em aorta de rato DOCA do que dos animais nefrectomizados. O
OECN, metil-eugenol e terpineol, aumentam o fluxo de líquido pela circulação mesentérica de rato, sendo
este efeito parcialmente inibido pela presença de L-NAME. Em nenhuma dessas preparações o OECN
produziu hiperpolarização do potencial transmembrana. Em neurônios fásicos de gânglio celíaco de
cobaio, o OECN diminuiu significativamente o aumento da excitabilidade produzido pela histamina sem
alterar as propriedades passivas e ativas dos neurônios. Em conclusão, o OECN relaxa o músculo liso
das vias aéreas, é um agente hipotensor e vasorelaxante e diminui a excitabilidade induzida por histamina
em neurônios autonômicos. Seus efeitos são, provavelmente, intracelulares ou mediados por proteína
quinase C.