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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
FACULDADE DE ENFERMAGEM
SOLANGE DO SOCORRO FONSECA TAVARES
Avaliação da eficácia da estufa de Pasteur como equipamento
esterilizante em consultórios odontológicos do Distrito Central de
Goiânia-GO
Goiânia
2005
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1
SOLANGE DO SOCORRO FONSECA TAVARES
Avaliação da eficácia da estufa de Pasteur como equipamento
esterilizante em consultórios odontológicos do Distrito Central de
Goiânia-GO
Dissertação de Mestrado apresentada ao
programa de pós-graduação da Faculdade de
Enfermagem da Universidade Federal de Goiás,
para obtenção do título de Mestre em
Enfermagem.
Área de concentração: Cuidado em Enfermagem.
Linha de pesquisa: Controle e Prevenção de
Infecção em Instituições de Saúde.
Orientador: Prof. Dr. Joaquim Tomé de Sousa
Co-orientadora: Profª. Dra. Anaclara Ferreira Veiga Tipple
Goiânia
2005
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2
AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE
TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO
PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.
Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)
(GPT/BC/UFG)
Tavares, Solange do Socorro Fonseca.
T231a Avaliação da eficácia da estufa de Pasteur como
equipamento esterilizante em consultórios odontoló-
gicos do Distrito Central de Goiânia-GO / Solange do
Socorro Fonseca Tavares. – Goiânia, 2005.
112 f. : il.
Orientador: Joaquim Tomé de Sousa.
Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de
Goiás, Faculdade de Enfermagem, 2005.
Bibliografia: 91-100.
Inclui anexo
1. Instrumentos e aparelhos odontológicos – Este-
rilização – Goiânia (GO) 2. Estufa de Pasteur – Avalia-
ção – Goiânia (GO) 3. Infecção – Odontologia – Contro-
le – Goiânia (GO) I. Sousa, Joaquim Tomé de II. Uni-
versidade Federal de Goiás. Faculdade de Enfermagem
III. Título.
CDU: 616.314:615.461(817.3)
3
FOLHA DE APROVAÇÃO
Solange do Socorro Fonseca Tavares
Avaliação da eficácia da estufa de Pasteur como equipamento esterilizante em
consultórios odontológicos do Distrito Central de Goiânia-GO
Dissertação apresentada à Faculdade de
Enfermagem da Universidade Federal de
Goiás, para obtenção do Título de Mestre
em Enfermagem.
Área de concentração: Cuidado em
Enfermagem.
Aprovado em: 20/09/2005
Banca Examinadora
Prof. Dr. Joaquim Tomé de Sousa
Professor Doutor Titular da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal
de Goiás.
Assinatura: ________________________________________________________
Profª. Dra. Kazuko Uchikawa Graziano.
Professora Doutora da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo
Assinatura: ________________________________________________________
Profª. Dr. Carlos de Paula e Souza
Professor Doutor Adjunto da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal
de Goiás.
Assinatura: ________________________________________________________
4
Este trabalho está inserido no projeto de
pesquisa “Prevenção e controle de infecção em
serviços de saúde: buscando caminhos para uma
nova práxis”, do Núcleo de Estudos em Controle
de Infecção Hospitalar da Faculdade de
Enfermagem da Universidade Federal de Goiás.
5
DEDICATÓRIA
A todas as pessoas que me ajudaram nesta caminhada, que de
alguma maneira e em algum instante me levaram a compreender a
importância da vida.
À minha mãe Neísa, mulher forte, que foi capaz de educar a mim,
Raul e Sérgio, e nos tornar pessoas melhores.
6
Agradecimentos especiais
Ao Prof. Dr. Joaquim Tomé de Souza, pelas orientações,
apoio e contribuições.
À Profª. Drª. Anaclara Ferreira Veiga Tipple, pela valiosíssima
co-orientação e ajuda.
Aos profissionais dos consultórios odontológicos pesquisados,
pessoas que de forma generosa me acolheram, tornando
possível concretizar este trabalho.
À Profª. Drª. Adenícia Custódia Silva e Souza, pela ajuda,
confiança e palavras de incentivo.
À Profª. Drª. Fabiana Cristina Pimenta, que com o seu
incentivo me possibilitou realizar este estudo, disponibilizando
a realização das análises microbiológicas no Laboratório de
Microbiologia do Instituto de Patologia Tropical e Saúde
Pública da Universidade Federal de Goiás.
À mestranda em Microbiologia, pelo Instituto de Patologia
Tropical e Saúde Pública – IPTSP/UFG, Enfª. Patrícia
Staciarini Anders, pelo apoio e contribuições técnico-
científicas.
À equipe da Central de Material e Esterilização da Faculdade
de Odontologia da Universidade Federal de Goiás, em
especial à Enfª. Sandra Aragão de Almeida Sasamoto, pelo
tratamento dispensado aos meus instrumentais para coleta.
7
Agradecimentos
Durante a caminhada deste estudo muitas
experiências foram vividas e encontrei, re-encontrei pessoas
queridas, especiais e que muito me ajudaram. A todos vocês
o meu carinho, de coração.
Antônio Francisco Cares,
Fátima Maria Barbosa,
Dulcelene Sousa Melo,
Vanessa Silva Carvalho Vila,
Maria Esteva Mendes de Sousa Sota,
Cristiane José Borges,
Zilah Cândida Pereira Neves,
Daniella Vilela Lima,
Marinalva da Conceição Victor,
Luciano da Mota Bastos,
Célia Pereira de Castro.
8
“Sem o cuidado não há vida, sem
a cooperação não há vida humana
e social, sem a responsabilidade
não haverá casa comum para
habitar”.
Leonardo Boff
9
RESUMO
TAVARES, S.S.F. Avaliação da eficácia da estufa de Pasteur como
equipamento esterilizante em consultórios odontológicos do Distrito Central
de Goiânia-GO. 2005. 112f. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Enfermagem
da Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2005.
Este estudo analítico objetivou avaliar a eficácia da estufa de Pasteur como
equipamento esterilizante em consultórios odontológicos com relação: ao
acondicionamento da carga, tempo/temperatura utilizados, uso de testes químicos
e monitoramento biológico no controle da esterilização e à prática de manutenção
preventiva. Os dados foram coletados em 101 consultórios odontológicos no
Distrito Central de Goiânia-Goiás-Brasil, por meio dos seguintes procedimentos:
uso de check-list e entrevista, aferição da temperatura da estufa de Pasteur e
realização de teste com indicador biológico. Os resultados demonstraram que a
maioria dos responsáveis pela esterilização dos artigos em estufa, realizam-na
sem a padronização das seguintes condutas preconizadas pelo Ministério da
Saúde (MS): disposição correta dos pacotes, monitoramento por termômetro
acessório, realização de ciclos indicados e de manutenção preventiva.
Revelaram, também, que os fatores intervenientes com maior significância à
qualidade da esterilização foram: não-realização de monitoramento das câmaras
por termômetro acessório e as relações tempo/temperatura indicadas para o ciclo
de esterilização. Além disso, a estufa de Pasteur não foi eficaz para 46 (45,5%)
consultórios odontológicos pesquisados, confirmando, outros estudos, que este
equipamento é suscetível ao insucesso da esterilização e sua eficácia está
intimamente relacionada ao cumprimento dos parâmetros preconizados, os quais
dependem da ação humana.
Unitermos: eficácia, equipamentos odontológicos, consultórios odontológicos.
10
ABSTRACT
TAVARES, S.S.F. Evaluation of effectiveness of dry heat as a sterilizing
equipment in dental offices from Central District of Goiânia, Goiás, Brazil.
2005. 112 pages. Dissertation – Nursing College of Federal University of Goiás,
Goiânia, 2005.
The aim of this analytical study was to evaluate the effectiveness of dry heat as a
sterilizing equipment in dental offices with regard to: the packing of the load, the
time and temperature used, the use of biological and chemical monitoring in the
sterilization control as well as the performing of preventive maintenance. The data
were obtained from 101 dental offices in the Central District of Goiânia, Goiás,
Brazil, through the following procedures: use of check-list and interview; checking
the temperature of the dry heat and performing the biological monitoring.The
results showed that most of the people in charge of the article sterilization in dry
heat performed it without the folowing proceedings proclaimed by Health Ministry:
adequate package disposal, monitoring by accessory thermometer, performance
of indicated cycles and accomplishment of preventive maintenance. The results
also showed that the most significant intervening factors for the quality of
sterilization were both the no accomplishment of chamber monitoring by accessory
thermometer and time/temperature relationship indicated for sterilization cycle. In
addition, dry heat was not effective for 46 (45,5%) dental offfices investigated,
confirming other studies which concluded that dry heat is an equipment
susceptible to sterilization failure and its effectiveness is close related to the
accomplishment of the proclaimed loading and sterilization which depend on
human action.
Key words: effectiveness – dental equipment – dental offices
11
LISTA DE TABELAS
Tab. 1 Distribuição dos consultórios odontológicos particulares
pesquisados por bairro, Distrito Sanitário Central de Goiânia-GO,
março/2004 a janeiro/2005.
57
Tab. 2 Distribuição dos consultórios odontológicos particulares segundo as
especialidades de atendimento, Distrito Sanitário Central de
Goiânia-GO, março/2004 a janeiro /2005.
58
Tab. 3 Caracterização dos profissionais que processam os artigos
odontológicos em consultórios particulares, Distrito Sanitário Central
de Goiânia-GO, março /2004 a janeiro /2005.
60
Tab. 4 Distribuição de artigos esterilizados, em estufa, em consultórios
odontológicos (n=101), Distrito Sanitário Central de Goiânia-GO,
março/2004 a janeiro 2005.
64
Tab. 5 Distribuição dos artigos odontológicos quanto à adoção dos
invólucros (indicados ou não), utilizados nos consultórios
odontológicos, Distrito Sanitário Central de Goiânia-GO,
março/2004 a janeiro /2005.
66
Tab. 6 Distribuição do cumprimento de parâmetros de qualidade para
esterilização de artigos em estufas, em consultórios odontológicos,
Distrito Sanitário Central de Goiânia-GO, março/2004 a
janeiro/2005.
70
Tab. 7 Distribuição dos fatores intervenientes à qualidade da esterilização
de artigos/resultados de monitoramento biológico por B. subtilis,
realizado em consultórios odontológicos, Distrito Sanitário Central
de Goiânia-GO, março/2004 a janeiro/2005.
83
12
LISTA DE FIGURAS
Fig. 1 Relação do parâmetro tempo/temperatura os ciclos de esterilização,
em estufa, aferida por termômetro acessório, nos consultórios
odontológicos, Distrito Sanitário Central de Goiânia - GO,
março/2004 a janeiro/2005
80
Fig. 2 Resultado do monitoramento biológico realizado em estudo, em
estufas de Pasteur de consultórios odontológicos, Distrito Sanitário
Central de Goiânia-GO, março/2004 a janeiro/ 2005
81
13
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 Relação tempo de exposição/temperatura para esterilização, por
calor seco, segundo Brasil. MS, 1994 e 2000
79
Quadro 2 Relação tempo de exposição/temperatura para esterilização, por
calor seco, propostas por Perkins, 1982
79
Quadro 3 Fatores intervenientes à positividade do monitoramento
biológico por Bacillus subtilis em estufas, com ciclos de
esterilização indicados e monitoramento térmico por termômetro
acessório, nos consultórios odontológicos, Distrito Sanitário
Central de Goiânia-GO, março/2004 a janeiro/2005
84
14
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ACD Auxiliar de cirurgião dentista.
ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária
AORN Association of Operating Room Nurses
AOSF Auxiliar de odontologia sem formação
APECIH Associação Paulista de Controle de Infecção Hospitalar
ASHL Auxiliar de serviços de higienização e limpeza
BHI Infusão de cérebro e coração
CD Cirurgião - Dentista
CDC Centers for Disease Control and Prevention
CME Centro de Material e Esterilização
CNS Conselho Nacional de Saúde
DDD Deionizada, destilada e desmineralizada
EAS Estabelecimentos assistenciais em saúde
EPI Equipamentos de Proteção Individual
IB Indicadores biológicos
IC Intervalo de confiança
IPTSP Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública
IQ Indicadores químicos
MEC Concentração mínima efetiva
MS Ministério da Saúde
OSAP Organization Safety Assepsis Procedures
PP Precauções Padrão
SOBECC
Sociedade Brasileira de Enfermeiros de Centro Cirúrgico, Recuperação
Pós-anestésica e Centro de Material e Esterilização
T /1h Temperatura de uma hora de esterilização
Te Temperatura esperada
TE Técnica de enfermagem
Tf Temperatura final
THD Técnica de higiene dental
Ti Temperatura inicial
15
SUMÁRIO
Resumo
Abstract
Lista de tabelas
Lista de figuras
Lista de quadros
Lista de siglas
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 16
2 OBJETIVOS...................................................................................................... 23
3 REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................... 24
3.1 Processamento de artigos odonto-médico-hospitalares ............................. 24
3.2 Esterilização na prática odontológica ......................................................... 36
4 MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................... 51
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ...................................................................... 56
6 CONCLUSÃO.................................................................................................... 86
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................. 89
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÀFICAS ................................................................... 91
APÊNDICES ....................................................................................................... 101
ANEXOS............................................................................................................... 112
16
1 INTRODUÇÃO
A Odontologia, através dos tempos, vem se modificando, de um caráter
puramente artesanal, empírico, para um conceito atualizado, técnico-científico-
humanista. A profissão tem passado por diferentes estágios, regidos por
necessidades temporais e geográficas, deparando-se com o aumento global na
incidência de doenças infecto-contagiosas, das mais variadas etiologias, o que lhe
impôs a necessidade de discutir e adotar mecanismos de proteção, tanto para o
profissional e sua equipe, quanto para o seu cliente (BRASIL. MS, 2000).
A prática da Odontologia abrange inúmeros procedimentos, que podem
incluir desde um simples exame clínico até uma cirurgia complexa, implicando em
contato com secreções orais como: a saliva, sangue, secreções respiratórias e
aerossóis. Esses contatos possibilitam a transmissão de microrganismos
potencialmente patogênicos, tanto de clientes para clientes, como de profissionais
para clientes ou dos clientes para os profissionais; sendo assim, o bloqueio
epidemiológico da transmissão, destas infecções, deve ser instituído
(KONKEWICZ, 2005).
As infecções associadas a estabelecimentos assistenciais em saúde
(EAS) representam um dos principais problemas na qualidade da assistência
devido à importante incidência, letalidade significativa, aumento do tempo no
tratamento e/ou internação e do consumo de medicamentos; além de custos
indiretos, como os representados pela suspensão do trabalho do cliente e custos
17
intangíveis de se mensurar economicamente, como: distúrbios provocados pela
dor, mal-estar, isolamento, enfim, por todo sofrimento experienciado pelo cliente
(SGARBI; CONTERNO, 1997).
A infecção é o resultado da interação do agente infeccioso com o
hospedeiro, formando-se a cadeia de infecção: agente-transmissão-hospedeiro.
Medidas de prevenção e controle de infecção em EAS objetivam quebrar essa
cadeia. Dentre os agentes infecciosos, as bactérias são as mais prevalentes
(90%), seguidas pelos fungos, vírus e parasitas. O cliente é o principal hospedeiro
e seu estado imunitário influi diretamente na aquisição da infecção (MARTINS,
2001).
No Brasil, a Portaria 2616, de 12/05/98 (BRASIL. MS, 1998), substituta da
Portaria 930, de 27/08/92 (BRASIL. MS, 1992), instituiu o Programa Nacional de
Controle de Infecção Hospitalar, atualizando conceitos e normas do controle de
infecção, relacionando no seu anexo V métodos e produtos químicos para o
processamento de artigos e superfícies em instituições de saúde do país, e
estabelecendo os manuais do Ministério da Saúde (MS), como referências
normativas, em vários setores que interessam ao controle de infecção, incluindo a
Odontologia.
As ações de prevenção e controle das infecções odontológicas baseiam-
se em normativas preconizadas para os hospitais. Entretanto, vários estudos
estão sendo realizados, atualmente, por profissionais atuantes na área de
controle de infecção em Odontologia, e órgãos representativos para controle de
infecção vêm preconizando estas diretrizes, como: os Centers for Disease Control
and Prevention – CDC (2003) e o Ministério da Saúde – MS (BRASIL. MS, 2000).
18
Em 1996, os CDC, reformularam o conceito de Precauções Universais
para Precauções Padrão (PP). As PP são indicadas para todos os clientes se em
contato antecipado com sangue e todos os líquidos, secreções ou excreções
corporais, pele não-íntegra ou membranas mucosas (GARNER, 1996).
As PP são propostas para a prevenção e controlo de infecção na
assistência à saúde, portanto, aplicáveis à prática odontológica. A última
publicação dos CDC, para o atendimento em odontologia (CDC, 2003), teve como
fundamento os princípios destas precauções, dentre as quais: higienização das
mãos; uso de equipamentos de proteção individual (EPI); imunização dos
profissionais da área da saúde; descarte adequado de material perfurocortante;
processamento de superfícies e de artigos odonto-médico-hospitalares
(GARNER, 1996).
Apesar de grande parte das infecções serem causadas pelos
microrganismos da microbiota do próprio indivíduo, associadas, na maioria das
vezes, com a queda de mecanismos de defesa locais e sistêmicas, as infecções
de origem exógena merecem a atenção dos profissionais da área de saúde. A
inobservância das boas práticas de prevenção e controle de infecção são as
principais responsáveis pelas iatrogenias infecciosas de origem exógena (CUNHA
et al., 2000)
Artigos odonto-médico-hospitalares podem servir como veículos para
transmissão de agentes infecciosos, para hospedeiros suscetíveis. Antes que tais
artigos possam ser usados em um cliente, sem proporcionar riscos de infecção,
os microrganismos em sua superfície devem ser removidos (MARTIN; WENZEL,
1995).
19
A escolha do tipo de processamento de um artigo de múltiplos usos
depende do seu nível de invasibilidade. A classificação proposta por Earle
Spaulding, em 1968, continua ainda a ser usada e determina os métodos para
processamento de artigos para o uso em clientes (OLIVEIRA, 1998; SOBECC,
2005).
Thines (2004), apresenta a classificação dos artigos odontológicos
revisada pelos CDC, e baseada nas definições propostas por Earle Spaulding:
Artigos críticos – entram em contato com tecidos estéreis ou sistema
vascular; necessitam ser esterilizados ou descartados (ex.: instrumentais
cortantes, brocas, agulhas, limas, canetas de alta rotação, raspadores
periodontais);
Artigos semicríticos – entram em contato com membranas mucosas e
peles não íntegras; necessitam de desinfecção de alto nível, esterilização
ou descartados (ex.: abridores de boca, arcos para isolamento absoluto,
engates para as peças-de-mão);
Artigos não críticos (contato intraoral) – entram em contato com salivas;
devem sofrer desinfecção de médio nível, repetida previamente ao
retorno do cliente (ex.: moldeiras, próteses, aparelhos ortodônticos);
Artigos não-críticos (sem contato intraoral) – entram em contato com
peles íntegras; necessitam de desinfecção de médio nível (ex.: arcos
faciais ortodônticos).
Desinfecção é o processo de destruição de microrganismos, patogênicos
ou não, presentes nos artigos, exceto grande quantidade de esporos bacterianos,
por meio de aplicação de agentes químicos e físicos. Não substitui o processo de
esterilização (GRAZIANO, 2003a). De acordo com Basso e Giunta (2004), a
20
desinfecção por processos físicos pode ser realizada mediante fervura, por
pasteurizadora ou lavadora termodesinfetadora; para a desinfecção química
vários desinfetantes químicos são utilizados: glutaraldeído, ácido peracético,
formaldeído, peróxido de hidrogênio, compostos liberadores de cloro, álcoois,
fenóis sintéticos e compostos quaternários de amônio, entre outros.
Importante ressaltar que, a literatura de uma maneira geral, sempre que
aborda aspectos do processamento de artigos, para o manuseio da cavidade oral,
preconiza a esterilização; isto se justifica pela particularidade do atendimento
odontológico, onde é difícil garantir que um artigo semi-crítico ou até não-crítico,
não venha a se transformar em crítico, durante o procedimento (GRAZIANO;
GRAZIANO, 2000).
A esterilização é a completa eliminação ou destruição de todas as
formas de vida microbiana (BLOCK, 2001b), podendo ser feita por meio de
processos físicos, químicos ou físico-químicos, sendo os principais: processos
físicos – vapor saturado sob pressão (autoclave); calor seco (estufa); radiação
(raios gama-cobalto 60); processos químicos – grupo dos aldeídos, peróxido de
hidrogênio e ácido peracético; processos físico-químicos – óxido de etileno,
plasma peróxido de hidrogênio, vapor de baixa temperatura e formaldeído
gasoso, e pastilhas de paraformaldeído (SOBECC, 2005).
Apesar da estufa (forno de Pasteur) ser o método mais popular para
esterilização de artigos, entre os Cirurgiões-Dentistas (CD), acredita-se que
muitos a operacionalizam de forma incorreta, visto constituír-se em um
equipamento cujo processo requer o controle de variáveis diversas.
As falhas mais freqüentes que ocasionam insucessos no processamento
de artigos, em estufas, são: tempo de esterilização incorreto; aferição da
21
temperatura somente pelo termômetro do próprio aparelho; interrupção do ciclo
de esterilização pela abertura da estufa, para colocação ou retirada de artigos;
instrumentais inadequadamente limpos e úmidos; caixas metálicas contendo
grandes quantidades de instrumentais; embalagens colocadas incorretamente no
interior da estufa, dificultando a circulação do ar quente e sobrecarga de mais de
80% da capacidade da estufa (GUANDALINI; MELO; SANTOS, 1999; CUNHA et
al., 2000; SOBECC, 2005).
Embora o calor seco (estufa de Pasteur) seja um processo aparentemente
simples e econômico, para esterilização de artigos, devido aos cuidados que são
exigidos para o seu uso, deveria ser utilizado apenas quando não houvesse a
disponibilidade das autoclaves, tendo em vista a superioridade da qualidade do
vapor saturado sob pressão para a esterilização de materiais termorresistentes
por ser o método mais seguro, eficiente, rápido e econômico (GRAZIANO;
GRAZIANO, 2000).
A monitorização da estufa se torna praticamente inviável pelo seu custo,
tempo de espera para o resultado; para a autoclave a monitorização é mais
simples, rápida e com baixo custo. Não se pode assegurar esterilização sem
testá-la, e como profissionais e promotores de saúde é inadmissível trabalhar sem
essa segurança (BORGES, 2004).
O atendimento em Odontologia é basicamente ambulatorial, realizado em
consultórios odontológicos, o que se por um lado vem facilitar a prevenção e o
controle das infecções, por outro, impede a disponibilidade do uso da infra-
estrutura de um Centro de Material e Esterilização (CME). Cabe, então, aos
próprios CD estabelecerem as rotinas e coordenar a sua implementação e o fato
de quase sempre trabalharem isoladamente, pode fazê-los criar regras próprias,
22
muitas vezes, distantes da fundamentação teórico-científica, aumentando os
riscos de transmissão de infecções (GRAZIANO; GRAZIANO, 2000).
Costa (2002), em estudo realizado na XII Regional de Saúde da
Secretaria Estadual de Saúde do Estado de Goiás, constatou o predomínio da
utilização da estufa de Pasteur como método de esterilização exclusivo em
serviços públicos (100%) e particulares (71,5%), realidade que não é diferente no
Município de Goiânia-GO, como mostram os resultados de estudo realizado em
29 Serviços Odontológicos da Secretaria Municipal de Saúde, onde verificou-se a
utilização da estufa para esterilização de artigos em 24 (82,8%) destas unidades
de saúde (TIPLLE et al., 2005).
Como Enfermeira Especialista em Assistência de Enfermagem na Rede
Básica de Saúde e em Controle de Infecção Hospitalar, atuando na área de
fiscalização em saúde pública pela Vigilância Sanitária Municipal, deparei-me com
diferentes realidades, na prática odontológica, quanto ao processamento de
artigos. Considerando-se que, a esterilização é importante medida de proteção
antiinfecciosa (CDC, 1993), e frente ao grande uso da estufa como equipamento
esterilizante na área odontológica, empreendeu-se o desenvolvimento deste
estudo.
O conhecimento da maneira como é utilizada a estufa de Pasteur em
consultórios odontológicos, do Distrito Sanitário Central de Goiânia, para a
esterilização de artigos, poderá contribuir nas definições acerca do uso deste
equipamento, provendo subsídios aos órgãos formadores e aos CD, bem como à
Vigilância Sanitária na realização de seu papel educativo mediante planejamento
e padronização de novas ações fiscais. Espera-se, ainda, que o cliente-usuário,
seja o grande beneficiado.
23
2 OBJETIVOS
Geral:
Avaliar a eficácia da estufa de Pasteur como equipamento esterilizante
em consultórios odontológicos.
Específicos:
Caracterizar o acondicionamento da carga para esterilização;
Identificar o tempo e a temperatura utilizados para esterilização;
Realizar teste biológico como parâmetro de qualidade do processo de
esterilização;
Verificar a utilização dos testes químicos no controle da esterilização de
artigos odontológicos e,
Identificar a realização de manutenção preventiva em estufas de Pasteur.
24
3 REVISÃO DE LITERATURA
3.1 Processamento de artigos odonto-médico-hospitalares
A escolha do tipo de processamento de um artigo de múltiplos usos
depende do seu nível de invasibilidade e segundo o Ministério da Saúde (BRASIL.
MS, 2000), os passos para o processamento, são: limpeza, enxágüe, secagem,
empacotamento, desinfecção/esterilização, e armazenamento.
Limpeza
É a remoção de sujidade pela aplicação de energia mecânica (fricção),
química (soluções detergentes, desincrostantes ou enzimáticas) ou térmica. A
associação do emprego de todas estas formas de energia aumenta a eficiência da
limpeza (PADOVEZE; DEL MONTE, 1999).
É a etapa mais importante do
processamento dos artigos porque, se não for adequada, há possibilidade de que
a desinfecção e a esterilização não sejam eficazes (GRAZIANO; CASTRO;
MOURA, 2002).
Muito se tem discutido sobre a limpeza dos artigos, porém, pouca
importância ainda se tem dado à qualidade deste processo, seja pelo
desconhecimento por parte do profissional que a executa ou pela sobrecarga de
suas atividades, seja pela visão administrativa do responsável pela instituição que
não a valoriza (BASSO; GIUNTA, 2004).
Se o artigo não for adequadamente limpo e o número inicial de
microrganismos contaminantes (bioburden) for muito alto, há redução na
25
probabilidade de eliminação destes microrganismos, ao final do processo de
esterilização. A matéria orgânica impede que o agente esterilizante ou
desinfetante entre em contato com o artigo. Resíduos de matéria orgânica ou
outros (óleos, medicamentos, soluções) podem estimular pontos de corrosão e
favorecer reações cruzadas com soluções esterilizantes/desinfetantes, reduzindo
a vida útil dos artigos (SOBECC, 2001).
Estudos demonstram que a limpeza reduz aproximadamente 10³ do
contingente microbiano presente nos artigos e superfícies. Considerando-se que,
a transmissão de microrganismos, na prática médico-odontológica, também se
efetiva quando carreados em substratos orgânicos, conclui-se que a completa
remoção dos materiais biológicos dos artigos, por meio da limpeza segura,
garante a sua descontaminação, como referem Rutala (1987) e Block (1991).
Souza, Pereira e Rodrigues (1998), demonstraram em estudo
experimental, que nas pinças carreadoras tratadas com água, sabão e ação
mecânica, foi significativa a redução dos microrganismos em relação ao inóculo
inicial de 10
4
a 10
6
células por mL, tendo melhor eficácia (p<0,05) sobre
Pseudomonas aeruginosa e Stafilococcus aureus. Apontam que este
procedimento de limpeza apresenta, entre outras vantagens: economia (de
tempo, material de consumo, recursos humanos), conservação dos materiais
médico-cirúrgicos e favorece a alta rotatividade desses artigos.
Algumas literaturas recomendavam a desinfecção prévia como uma das
formas de descontaminação de artigos (LEME, 1990; LACERDA, 1992; BRASIL.
MS, 1994), entendendo-a como um procedimento diferente e precedente à
limpeza e descrevendo-a como a imersão dos materiais em uma solução
desinfetante pelo tempo recomendado, de acordo com o fabricante. Ressalta-se
26
que esta prática é contra-indicada, pois o custo efetividade, destas ações, é
questionado tendo em vista fatores intervenientes como: inativação do princípio
ativo do desinfetante pela matéria orgânica, a fixação desta sobre a superfície dos
artigos, entre outros (GRAZIANO; GRAZIANO, 2000; BRASIL. MS. 2001).
Para fins deste estudo, consideraremos descontaminação como: meio de
redução da biocarga que pode variar desde a limpeza até à esterilização.
A limpeza deve ser realizada em área específica (expurgo), a qual nem
sempre recebe a merecida atenção, pois muitas vezes o seu dimensionamento é
insuficiente e os recursos para o trabalho são negligenciados tanto na construção
física das pias, com dispositivos especiais, quanto para a aquisição de
maquinários e equipamentos necessários ao desempenho de ações com
qualidade (GRAZIANO, 2003a). No ambiente hospitalar, conforme legislação
brasileira, o expurgo deve possuir uma dimensão de 0,08m por leito hospitalar,
sendo a área mínima de 8,0m, composto de duas áreas distintas: área para
recepção, descontaminação e separação de materiais; área para lavagem de
materiais (BRASIL.MS. ANVISA, 2002).
Quanto à Odontologia, não há normatizações oficiais sobre as dimensões
da área para limpeza e outras etapas do processamento dos artigos. Entretanto,
Graziano e Graziano (2000) referem que todo consultório odontológico deve ser
planejado, prevendo uma área de processamento de artigos que,
preferencialmente, permita um fluxo unidirecional, possuindo espaços próprios
para: recebimento do material contaminado para limpeza, acondicionamento,
esterilização e guarda.
Orientam, também, que para os artigos odontológicos, um cuidado
fundamental é não deixá-los armazenados sujos, pois, além da aderência dos
27
fluidos biológicos, as células microbianas envelhecidas adquirem resistência,
quando comparadas a células novas, comprometendo, desta forma, a segurança
na limpeza e esterilização (GRAZIANO; GRAZIANO, 2000).
Corrosão, fissuras e manchas ocorrem quando o sangue ou outro tipo de
matéria orgânica são fixados pelo ressecamento. A sujidade pode obstruir artigos
que possuem lúmen (AORN, 2002).
São métodos de limpeza de artigos:
Limpeza manual - deve ser realizada quando a área de uso não tiver um
equipamento mecânico, e para artigos sensíveis ou de difícil limpeza. A fricção e
os fluidos são dois componentes essenciais para a limpeza; a fricção
(escovar/friccionar a área suja com uma escova) e a fluidez (fluidos sob pressão),
são usadas para remover sujeira, debris de canais internos após escovação e
quando o artigo não permite a passagem de uma escova (RUTALA; WEBER,
2002);
Limpeza mecânica - realizada utilizando-se equipamento mecânico, os quais de
acordo com a AORN (2002), podem ser os seguintes:
Lavadora ultra-sônica - unidade de processamento que usa as ondas
ultra-sônicas da água, para promover a limpeza por um processo
denominado cavitação. Microborbulhas são produzidas na água, pelas
ondas ultra-sônicas, implodindo com a agitação provocada em suas
moléculas, realizando a remoção de sujidades das superfícies dos
instrumentais;
Lavadora descontaminadora - equipamento que limpa pela combinação
de vigorosa agitação, de jato de água com vapor, a qual cria uma
28
turbulência, descontaminando e removendo cargas excessivas
armazenadas nos instrumentos;
Lavadora desinfetora - unidade automática de limpeza que favorece o
pré-enxágüe, a lavagem, a lubrificação, a desinfecção de alto nível, e a
secagem de instrumentais;
Lavadora esterilizadora - unidade de processamento de limpeza que
utiliza jatos fortes de água, combina vigorosos banhos de água com
injeção de ar vaporizado, causando uma turbulência e o ciclo de
esterilização segue-se ao de limpeza.
Além destes tipos de equipamentos, para limpeza mecânica, Basso e
Giunta (2004) citam a lavadora de túnel como possibilidade para lavagem de
instrumentos mais simples. É similar a lavadora de pratos, porém, com um
número maior de ciclos, sendo ineficiente para a lavagem de instrumentais mais
complexos.
Referem Graziano e Graziano (2000), que na Odontologia a limpeza dos
artigos pode ser feita:
manualmente;
mecanicamente - por lavadoras termodesinfetadoras e cubas ultra-
sônicas, que oferecem grandes vantagens para a prevenção de
acidentes ocupacionais, pois os artigos são processados sem contato
manual .
São produtos indicados para limpeza de artigos odonto-médico-
hospitalares:
- Limpadores enzimáticos: compostos de detergente neutro e enzimas (protease,
lípase e amilase) combinadas que promovem a rápida remoção da matéria
29
orgânica, em torno de 3 minutos (BASSO; GIUNTA, 2004). A diluição para uso é
variável, de acordo com as recomendações do fabricante, o qual deve fornecer o
tempo de validade da solução depois de diluída e a cópia do registro do produto
no MS (PADOVEZE; DEL MONTE, 1999).
- Detergentes e desincrostantes: apesar da eficiência da limpeza ser menor
quando comparada a realizada por limpadores enzimáticos, há indicação de uso,
destes produtos, quando se tem pouca matéria orgânica, devido ao baixo custo
relativo, salvo se o detergente/desincrostante apresentar maior ação corrosiva do
que o enzimático (SOBECC, 2001).
É possível realizar o processo de limpeza com segurança quando seus
executores levam em consideração as recomendações pertinente, e dispõem de
Equipamentos de Proteção Individual (EPI) adequados (GRAZIANO; CASTRO;
MOURA, 2002), sendo os seguintes: gorro, máscara, avental impermeável de
mangas longas, luvas de borracha grossas de cano alto e antiderrapantes, óculos
protetores, botas ou sapatos fechados impermeáveis; na existência de lavadora
ultra-sônica (uso hospitalar), utilizar protetor auditivo (FERREIRA et al., 2004;
SOBECC, 2005).
Enxágüe
O enxágüe dos instrumentais deve ser abundante, pois os sabões ou
detergentes poderão neutralizar os meios químicos que se pretende utilizar ou
queimar os artigos se usarmos os meios de esterilização físicos (GUIMARÃES
JR., 2001). Casos de aracnoidite e paraplegia por anestesia epidural foram
atribuídos à presença de traços de detergentes em seringas e agulhas
anestésicas (ZANON; BOHMGAHREN, 1997).
30
A água deve ser potável e corrente. Para o uso no processamento de
artigos odonto-médico-hospitalares, deve ter qualidade diferenciada, pois, muitas
vezes, apesar da potabilidade, pode estar impregnada com metais pesados e
cloro, o que acelera a corrosão dos metais (BRASIL. MS, 2001).
Com a finalidade de proteger os artigos de pontos de corrosão e manchas
ou outras alterações que possam interferir na qualidade das etapas seqüentes do
reprocessamento, a água deve ser deionizada, destilada e desmineralizada –
água DDD (STRATTNER, 2002).
A existência na água de uma certa concentração de íons de materiais
pesados (ferro, cobre, manganês), poderá ocasionar a formação de “manchas” de
cores diversas (marrom, azul, arco íris). Importante destacar que, as “manchas”
podem ter origem em outras fontes, como: limpeza; lavagem insuficiente;
existência de restos de produtos de limpeza; produtos de limpeza de qualidade
inferior; vapor da autoclave com má qualidade; presença de restos de
medicamentos e instrumental com superfície de acabamento irregular
(QUINELATO, 1999).
Caso a utilização da água DDD não seja possível em todo o processo de
limpeza, há a recomendação de seu uso pelo menos no último enxágüe. Este
cuidado evitaria a permanência de resíduos minerais da água pesada no artigo,
cujo acúmulo continuado vai diminuir a sua vida útil, alterando sua funcionalidade,
como também, propiciando riscos, quando utilizado no cliente (PINTER;
GABRIELONI, 2000).
Os artigos que contêm lúmen podem ser enxaguados com bico de água
sob pressão o qual possui acessórios para diferentes diâmetros (CUNHA et al.,
2000).
31
Secagem
Antes de qualquer processo de esterilização o material deve estar
rigorosamente limpo e seco. A secagem tem como finalidade: evitar interferência
da umidade nos processos de desinfecção e esterilização. A presença de água
impede o contato com o agente esterilizante, dilui a sua concentração ou se intera
à formulação alterando seu poder desinfetante e/ou esterilizante (AORN, 2004). A
não-secagem do artigo favorece o aparecimento de manchas e corrosão do
mesmo (GUIMARÃES JR., 2001).
O processo de secagem deve ser rigoroso, realizado em área limpa sobre
bancada previamente desinfetada com álcool a 70% (SOBECC, 2003). É
recomendável a utilização de: pano limpo e seco, secadoras de ar quente ou frio,
estufas reguladas, para este fim, e ar comprimido medicinal principalmente para
artigos que possuam lúmen (BRASIL. MS, 2000). Ressalta-se que o uso de estufa
como método de secagem, está contra-indicado para artigos enxaguados em
água potável, visto que, favorece o depósito de metais pesados sobre os
mesmos, aspecto que interfere na durabilidade do artigo e qualidade do
processamento.
Para Lima e Mignolo (2001), os instrumentais devem ser secos com jato
de ar comprimido, em grande fluxo e volume, pois este oferece a vantagem de
secar as articulações e áreas inacessíveis às toalhas absorventes. Na ausência
do ar comprimido a secagem poderá ser feita com toalhas de papel absorventes.
Vale lembrar, que o uso de tecido absorvente, também está recomendado,
entretanto, estas devem não soltar resíduos, ser de uso exclusivo e trocadas
quando estiverem saturadas, ou seja, molhadas, encaminhando-as para a
lavagem.
32
Os artigos devem ser enxugados em toda a sua extensão, com especial
cuidado para as: articulações – mantê-las abertas para facilitar a secagem;
serrilhas e cremalheiras – enxugá-las no sentido dos dentes; instrumentais
desmontáveis - secar peça por peça; instrumentais de corte delicado – secar com
compressas, ao invés de panos (QUINELATO, 1999).
Preparo e empacotamento
O preparo é a etapa ideal para verificar e inspecionar a qualidade dos
artigos, no que se refere às suas condições de limpeza, funcionalidade e
desgaste, evitando, assim, técnicas inadequadas que possam injuriar ainda mais
o cliente, principalmente, nos procedimentos invasivos. Está relacionado com a
seleção e o posicionamento correto dos materiais, conforme a real necessidade
do procedimento a ser realizado, e de maneira a facilitar sua abertura e a
realização de uma técnica segura. Independente do método de esterilização, é
sempre necessário facilitar ao máximo o contato do agente esterilizador,
favorecendo a sua penetração (PINTER; GABRIELLONI, 2000).
Durante o preparo os instrumentos colocados sobre um campo branco
devem ser separados, agrupados em coleções, para serem embalados de
maneira conveniente de acordo com o seu uso (LIMA; MIGNOLO, 2001).
A finalidade das embalagens dos artigos odonto-médico-hospitalares é
permitir que os artigos críticos esterilizados sejam transportados e armazenados
com a garantia da conservação da sua esterilidade até a sua utilização, assim
como favorecer a abertura asséptica sem riscos de contaminação do seu
conteúdo (GRAZIANO, 2003b).
O sistema de embalagem deve possuir as seguintes características: ser
próprio para os artigos e métodos de esterilização; prover integridade adequada
33
de selagem e ser à prova de violação; fornecer barreira adequada; ser compatível
com o processo de esterilização e agüentar suas condições físicas; promover
barreira adequada a fluidos; conceder adequada remoção do ar; permitir a
penetração e retirada do esterilizante; proteger o conteúdo do pacote de dano
físico; resistir a rasgos e perfurações; ser livre de furos e ingredientes tóxicos;
evitar liberação de fibras ou partículas; possuir uma relação custo/benefício
positiva e ser utilizado de acordo com as instruções escritas do fabricante (AORN,
1999).
São várias as análises que as embalagens devem ser submetidas para
que seja garantido o desempenho esperado, durante sua utilização. Entre elas,
podem ser mencionadas: permeabilidade ao agente esterilizante; barreira
microbiana eficaz; teste de envelhecimento acelerado; regularidade do papel;
porosidade com porosímetro Gurley; resistência à penetração de água, estouro e
rasgo; resistência mecânica-tração por dinamômetros; para embalagens de papel
o pH deve estar entre 5 e 8 e o nível de cloreto não superior a 0,05% e de sulfato
0,25% (BERGO, 2003).
É indispensável a embalagem possuir os seguintes registros em sua parte
externa: conteúdo do pacote, tipo de esterilização, identificação do equipamento
usado, o número da carga, data da esterilização, data de validade ou prazo em
que expira a esterilização e nome do responsável pelo empacotamento dos
artigos (PINTER; GABRIELLONI, 2000).
Esterilização
É o processo no qual os microrganismos são mortos de maneira que não
seja mais possível detectá-los no meio de cultura padrão no qual previamente
haviam proliferado (GRAZIANO, 2003a).
34
Convencionalmente, considera-se um artigo estéril quando a
probabilidade de sobrevivência dos microrganismos que o contaminam for menor
do que 1: 1.000.000 (10
-6
). Esse critério é o princípio básico dos indicadores
biológicos usualmente utilizados para controlar os processos de esterilização
(ZANON; BOHMGAHREN, 1997; GRAZIANO, 2003a).
Refere Block (2001b), que todo processo de esterilização necessita ser
validado, empregando-se parâmetros adequados a cada método, sendo os
principais agentes esterilizantes utilizados em EAS: vapor saturado sob pressão e
calor seco (físicos), gás óxido de etileno (físico-químico) e químicos líquidos
(químicos).
Para a esterilização física e físico-química são recomendados os
monitoramentos: físicos, químicos e biológicos, além de monitoração regular
durante as operações de rotina, para se certificar do desempenho ideal do ciclo e
determinar se as condições pré-estabelecidas para a esterilização foram
alcançadas, dentro do equipamento e nos pontos mais críticos da carga. As
etapas da validação compreendem: qualificação térmica da câmara; controle dos
parâmetros físicos da esterilização (tempo, pressão e temperatura); utilização
dos indicadores químicos (IQ); monitorização por indicador biológico (IB) e
treinamento contínuo dos profissionais (PEDROSA, 2004). A esterilização é
assegurada quando são obtidos, após três ciclos consecutivos, resultados
negativos para IB, bem como, a viragem dos IQ. Todos os testes realizados
devem ser registrados (PINTER, 2003).
Para CALICCHIO (2003), validação do processo de esterilização é o
estabelecimento de evidências documentadas, confiáveis, de que o mesmo foi
executado em conformidade com as especificações pré-determinadas e
35
requisitos de qualidade. Tem como finalidade, garantir que os parâmetros pré-
estabelecidos sejam alcançados, conferindo segurança na prática utilizada.
Compreendem: a qualificação do projeto, da instalação do equipamento, da
operação, do desempenho e a certificação.
Armazenamento
O armazenamento dos artigos esterilizados de modo eficaz e seguro,
constitui-se em ação fundamental para a manutenção da esterilização. São
condições básicas para estocagem final do material estéril: o ambiente deve ser
mantido limpo e seco, com umidade relativa de 30 a 60% e temperatura de 25°C;
ser armazenado em área adjacente à sala de esterilização, em armários
fechados, para o material de maior permanência e em suportes com cestos, para
os de distribuição diária (SILVA; RODRIGUES; CESARETTI, 1997).
A SOBECC (2005), recomenda: manusear os pacotes quando estiverem
completamente frios para serem estocados; considerar contaminados os pacotes
que caírem no chão ou estiverem comprimidos, torcidos ou úmidos; armazenar os
artigos estéreis à distância de 20 a 25 cm do piso, 45 cm do teto e 05 cm das
paredes e efetuar inventário periódico sobre os artigos estocados.
São, também, medidas necessárias para o armazenamento de artigos
esterilizados: guardar e distribuir os artigos obedecendo a uma ordem cronológica
de seus lotes de esterilização; adotar sistema de registro para controle de
distribuição dos artigos; realizar inspeção periódica dos artigos estocados para
verificação de qualquer degradação visível e de seus prazos de validade;
estabelecer freqüência de limpeza diária da área de estoque, carros ou caixas de
transporte; verificar atentamente o prazo de validade das embalagens fornecido
pelo fabricante (CUNHA et al., 2000). Não utilizar o próprio equipamento
36
esterilizante para estocagem de material esterilizado (PIMENTA; ITO; LIMA,
1999).
3.2 Esterilização na prática odontológica
Conforme o Ministério da Saúde (BRASIL. MS, 2000), na prática
odontológica os métodos de esterilização mais utilizados são: imersão em
solução aquosa de glutaraldeído a 2%, vapor sob pressão (autoclave) e calor
seco (estufa).
Glutaraldeído a 2%.
É um dialdeído saturado de grande aceitação como um desinfetante de
alto nível e esterilizante químico, cujo mecanismo de ação se dá por alquilação
dos grupos sulfidrila, hidroxila, carboxila e amino – grupos dos microrganismos,
modificando seu ácido desoxiribonucleico (DNA), ácido ribonucleico (RNA) e
síntese de proteínas (RUTALA; WEBER, 2002; SOBECC, 2005). As soluções
aquosas de glutaraldeído tornam-se esporicidas, somente, quando ativada por
agentes alcalinizantes atingindo pH de 7,5 a 8,5. Possuem atividade biocida
(bactericida, viruscida, fungicida e esporicida) de 14 a 28 dias, dependendo da
orientação do fabricante. Atualmente, já existe, no mercado nacional, a solução
de glutaraldeído a 3%, pronta para uso.
Recomendam Souza, Bento e Pimenta (1998) e BRASIL. MS (2000), a
utilização do glutaraldeído a 2%, na área odontológica, para:
- Desinfecção de materiais de moldagem: com silicone e polissulfatos e óxido de
zinco eugenol. Como não há consenso, nas literaturas, sobre o tempo de imersão
desses materiais em solução, e tendo em vista que estas moldagens podem ter
37
suas dimensões alteradas devido à ação do desinfetante, orienta-se então, o
tempo de imersão de dez minutos;
- Esterilização de artigos: como segunda opção para moldeiras plásticas, seringa
para inserção de material de moldagem, arco para dique (plástico), discos e
brocas de polimento; como terceira opção para instrumentos metálicos, sugador
metálico, agulhas metálicas (irrigação e aspiração), cabo de bisturi, agulhas de
sutura, seringas carpule, saca prótese, saca pino, moldeiras metálicas, régua
endodôntica, arco para dique (metal) e grampo para isolamento. Para SOBECC
(2005), o tempo de exposição dos artigos deve ser de dez horas de imersão.
A concentração mínima efetiva, (MEC), para ação micobactericida do
glutaraldeído é de 1,5%. Há no mercado nacional uma fita-teste que mede a
concentração deste produto ativo em solução, com a finalidade de avaliá-lo
mediante as suas condições de re-uso e potencial diluição, contudo, esta fita-teste
não deve ser usada para prorrogar o tempo de utilização, além do recomendado
pelo fabricante (PADOVEZE; DANTAS, 2003).
Relevante aspecto a ser considerado no uso do glutaraldeído é a
exposição ocupacional aos vapores, durante o processamento dos artigos. O
limite máximo do produto no ar é de 0,2 ppm; esta concentração pode causar
irritação nos olhos, nariz ou garganta. Estes sintomas poderão ser minimizados
com ambiente adequadamente ventilado e uso de EPI (SOBECC, 2003).
Durante o processo de esterilização, por glutaraldeído a 2%, recomenda-
se o uso dos seguintes EPI: gorro, máscara anti-vapores químicos, luvas nitrílicas
e/ou butílicas, de cano alto, luvas esterilizadas (etapa do enxágüe, secagem e
preparo), óculos protetores e sapatos fechados impermeáveis (FERREIRA et al.,
2004).
38
Este processo químico de esterilização não deve ser um método de uso
rotineiro devido às dificuldades inerentes ao processo. A utilização do agente
esterilizante líquido, por imersão, requer, conforme o Ministério da Saúde
(BRASIL.MS, 2001), cuidados especiais com relação ao seu manuseio:
Lavar rigorosamente o artigo e secá-lo, para evitar que a água modifique
a concentração da solução;
Usar EPI;
Imergir totalmente o artigo no recipiente com tampa, contendo a solução;
Marcar a hora de início e término do processo;
Retirar o artigo da solução, usando luvas esterilizadas;
Enxaguar abundantemente os artigos com água destilada ou deionizada
estéril;
Evitar a utilização de soro fisiológico, pois este pode permanecer
depositado no artigo e acelerar a corrosão do metal;
Secar o material com compressa estéril;
Proceder a secagem com ar comprimido medicinal para artigos com
lúmen;
Usar imediatamente o artigo, sendo proibido o armazenamento.
Deve-se realizar o controle de qualidade da solução, por meio da
inspeção visual e da utilização de testes com IQ próprios existentes no mercado
(pH e concentração). Deverá ser desprezada em caso de validade expirada e/ou
se constatado que não está em condições de uso (SOBECC, 2005). Para o seu
descarte orientar-se pelas normas preconizadas no Plano de Gerenciamento de
Resíduos de Saúde, em conformidade com as legislações vigentes.
39
Vapor saturado sob pressão (autoclave)
O desenvolvimento de equipamentos, para se alcançar temperaturas mais
elevadas que a água em ebulição, foi um enorme avanço na busca dos métodos
efetivos de esterilização. O primeiro esterilizador a vapor e pressão (autoclave), o
qual tornou possível o alcance de temperatura de 120°C ou mais, foi desenvolvido
por Charles Chamberland, aluno e colaborador de Pasteur, por volta de 1880
(RODRIGUES, 1997).
Na Odontologia, o calor úmido na forma de vapor saturado sob pressão é
o método de esterilização física mais seguro, rápido, eficiente e econômico, para
a esterilização de artigos termorresistentes (GRAZIANO; GRAZIANO, 2000) ,
visto que, em virtude da pressão, apresenta um maior poder de penetração,
sendo que a coagulação das proteínas – seu mecanismo de ação – é catalisada
pela umidade/água (NAKAMURA et al., 2003).
Tipos de autoclaves para esterilização a vapor:
- Gravitacional: a introdução do vapor na câmara força a saída do ar frio, por uma
válvula situada na sua parte inferior da câmara e eliminando o ar interno por
gravidade; o aquecimento da carga é realizado de fora para dentro, acumulando o
tempo de aquecimento; o sistema de secagem é feito por Venturi, conseguindo-se
um vácuo de capacidade média, sendo que, ao alongar o tempo de exposição,
previamente determinado, ter-se-á artigos secos e estéreis;
- Pré-vácuo: o ar é removido da câmara e do material por meio da bomba de
vácuo, podendo ter um ciclo pulsátil (alto-vácuo) ou três (com ciclos pulsáteis), o
que favorece a penetração mais rápida do vapor nos pacotes; após o tempo de
exposição, a bomba de vácuo entra de novo em funcionamento, realiza a sucção
do vapor e da umidade interna dos pacotes, reduzindo o tempo de exposição,
40
esterilização e secagem pelo aquecimento rápido da carga (BRASIL. MS, 2001;
SOBECC, 2005).
Os parâmetros físicos de esterilização a vapor são os seguintes:
esterilizador gravitacional - para material de superfície (121°C por 30’ e 134°C por
15’) e para material de densidade (121°C por 30’ e 134°C por 25’), e esterilizador
pré-vácuo - material de superfície e densidade, embalado (134°C por quatro
minutos). O ciclo flash, consiste na esterilização de materiais odonto-médico-
hospitalares, termorresistentes, não embalados, por meio do vapor saturado sob
pressão, em um equipamento ajustado para realizar o processo em tempo
reduzido, desde que o artigo seja utilizado no cliente imediatamente após o
término da esterilização; não é indicado para materiais implantáveis, pois estes
precisam obrigatoriamente passar por um ciclo padrão e monitorização do
processo com indicador biológico (CUNHA et al., 2000).
São invólucros utilizados para esterilização a vapor: tecido de algodão,
papel grau cirúrgico, papel crepado, filmes transparentes, caixas metálicas
perfuradas ou sem a tampa (recobertas com embalagens permeáveis ao vapor),
containeres rígidos, vidro refratário e não-tecido (GRAZIANO, 2003b; SOBECC,
2005).
Nas autoclaves gravitacionais os materiais devem ser diferenciados entre
os de superfície (bandejas, bacias, instrumentais), os de espessura ou densidade
(campos cirúrgicos, aventais, compressas) e os líquidos. Os pacotes devem
obedecer a uma distância de 25 a 50 mm, entre eles, e deles para as paredes da
câmara, permanecendo os maiores dispostos na parte inferior e os menores na
superior. Artigos côncavos devem ficar com suas concavidades para baixo,
41
favorecendo a drenagem de água decorrente da condensação do vapor e os
instrumentais abertos (PINTER; GABRIELLONI, 2000).
Os pacotes para esterilização não devem ultrapassar o tamanho de
33x33x55 cm e o peso de 6 kg; o peso do invólucro também deve ser
considerado, perfazendo um total de 8 kg, visto que, favorecem a condensação
em demasia, interferindo na qualidade final do artigo processado (NAKAMURA et
al., 2003).
Para o manuseio da autoclave a vapor os profissionais devem utilizar,
como EPI, luvas de proteção térmica para temperaturas elevadas (SOBECC,
2005).
Os indicadores do processo de esterilização pelo vapor saturado sob
pressão (autoclave) são classificados em: mecânicos, químicos e biológicos.
- Indicadores mecânicos: são os manômetros, manovacuômetros e termômetros
instalados no painel do equipamento, os quais deverão seguir os valores
estabelecidos pelo fabricante; o registro dos instrumentos mecânicos (tempo,
temperatura e manômetros de pressão) deve ser realizado durante o ciclo.
- Indicadores químicos: são classificados pela ISO 11.140/1995, em seis classes:
Classe 1 – indicador de processo, demonstra que a unidade foi exposta à
esterilização, e distingue se o material foi processado ou não; são fitas
termocrômicas que devem ser posicionadas na parte externa dos
pacotes;
Classe 2 – indicador de teste específico (Bowie-Dick), usado para testar
a eficácia do sistema de vácuo de autoclaves pré-vácuo, objetivando
assim detectar falhas de funcionamento;
42
Classe 3 – indicador de um só parâmetro, responde a um parâmetro
escolhido do processo de esterilização (ex.: temperatura);
Classe 4 – indicador multiparâmetro, designado para dois ou mais
parâmetros críticos (tempo, temperatura e qualidade do vapor), objetiva
verificar a eficácia do processo e devem ser colocados internamente nos
pacotes;
Classe 5 – indicador integrado, verifica a eficácia de todos os parâmetros
indispensáveis para o processo de esterilização;
Classe 6 – indicador de simulação, monitora todos os parâmetros
críticos sobre um conjunto específico de ciclos de esterilização nos quais
os valores indicados baseiam-se na constituição de ciclos de
esterilização selecionados; não reagirá até que aproximadamente 95%
do processo seja concluído (PINTER, 2003; SOBECC, 2005).
- Indicadores biológicos: são preparações de esporos de cepas padronizadas de
microrganismos de alta resistência ao vapor saturado (Bacillus
stearothermophilus), permitem a certificação da eficácia do processo de
esterilização e demonstram a destruição dos microrganismos frente ao processo.
Como desempenho esperado objetiva-se alcançar o nível de segurança de
esterilidade da ordem de 10
-6
em cada ciclo padrão (CUNHA et al., 2000).
Para assegurar um processo de esterilização correto e seguro se faz
necessário que a autoclave não apresente falhas mecânicas decorrentes de
operação inadequada ou falta de manutenção do equipamento. Portanto, deve ser
estabelecido a manutenção preventiva do equipamento (PINTER; GABRIELLONI,
2000; NAKAMURA et al., 2003).
43
A manutenção preventiva das autoclaves deve ser realizada
rotineiramente por profissionais qualificados, de acordo com as instruções do
fabricante, assegurando o funcionamento adequado do equipamento. Devem ser
registrados, constando: data do serviço; nº do modelo e da série da câmara;
localização da autoclave; descrição do mal funcionamento; responsável pela
manutenção; citações dos serviços realizados e resultados dos testes pós-
manutenção (IB, IQ, etc.); nome de quem solicitou o serviço e registro completo
de uso do esterilizador (AORN, 1997; NAKAMURA et al., 2003).
A limpeza do equipamento deve ser realizada no mínimo semanalmente,
conforme recomendação do fabricante (SOBECC, 2005).
Estufa de Pasteur
Louis Pasteur (1822-1895), possuía como um dos seus sonhos controlar
as doenças contagiosas. Sempre procurou o aspecto prático de suas
descobertas, entre elas, a pasteurização que foi a aplicação industrial da sua
observação de que o calor em torno de 60°C destruía a forma vegetativa dos
microrganismos. Com este espírito, aconselhava os cirurgiões a examinarem sob
o microscópio seus instrumentais, para que observassem o acúmulo de
microrganismos existentes nas ranhuras; considerava que nunca deveriam utilizá-
los sem antes submetê-los à ação do fogo. Desenvolveu a estufa de Pasteur para
atingir temperaturas acima da fervura da água, com a finalidade de eliminar
esporos em artigos que suportassem este processo (FERNANDES, 2000;
BLOCK, 2001a).
A esterilização em estufa ou forno de Pasteur é o método no qual se
utiliza o calor seco. Destina-se especialmente para esterilização de óleos, pós e
44
instrumentais em situações especiais (instrumentais de corte) (BRASIL. MS,
1994). A inativação dos microrganismos pelo calor seco ocorre por oxidação e
dessecação celular (SOBECC, 2003).
As estufas são equipamentos elétricos providos de: resistência,
termostato para regulagem da temperatura, contactor, lâmpada piloto,
termômetro e interruptor. O calor é irradiado das paredes laterais e da base da
câmara (BRASIL. MS, 2001).
Para a realização do monitoramento térmico da estufa deve-se utilizar o
termômetro acessório, pois este registra a temperatura interna da câmara, nos
chamados pontos frios, localizados no centro do equipamento, nas prateleiras do
meio (CUNHA et al, 2000). Ao posicioná-lo, evitar que o bulbo fique em contato
com os pacotes, pois, assim não registrará a real temperatura do interior da
câmara (SOBECC, 2005) e recomenda-se a sua limpeza diária, a fim de se evitar
equívocos de leitura. A contagem do tempo de exposição dos artigos deve ser
realizada pelo operador do aparelho, a partir do momento em que se alcança a
temperatura desejada, identificada pelo termômetro acessório (PADOVEZE; DEL
MONTE, 1997).
A esterilização por calor seco é obtida por condução térmica (calor),
onde, inicialmente, este é absorvido pela superfície exterior do artigo, passando
para a próxima camada, progressivamente, com isso, todo o artigo alcança a
temperatura necessária para a esterilização (NOVAES, 1992).
Existem dois tipos de estufa ou forno de Pasteur, comumente utilizados:
Estufa de convecção por gravidade:
Consiste de uma câmara revestida de resistência elétrica em sua
parede inferior. À medida que ocorre o aquecimento do ar, no interior da câmera,
45
o ar frio é empurrado pelo ar quente em direção ao dreno superior, ocorrendo a
uniformização da temperatura interna. Como a circulação do ar depende das
correntes produzidas pela subida do ar quente e descida do ar frio, quaisquer
obstáculos que surjam no caminho dificultam a circulação do ar, daí resultando
em diferenças acentuadas de temperaturas em diversos pontos da estufa. Leva
mais tempo para aquecer e atingir o tempo de esterilização e é menos uniforme
no controle da temperatura (APECIH, 1998).
Estufa de convecção mecânica:
É indicada para uso odonto-médico-hospitalar. Possui um dispositivo que
produz rápido movimento de grande volume de ar quente, facilitando a
transmissão de calor diretamente para a carga sob condições de temperatura
controlada, limitando as suas oscilações em vários pontos da câmara a mais ou
menos 1°C (CUNHA et al., 2000).
É apropriada para instrumentos metálicos resistentes a altas
temperaturas e que podem enferrujar ou manchar na presença do vapor de água.
Muitos odontólogos preferem usá-la em seus consultórios porque as bordas de
corte afiadas dos instrumentais são preservadas, entretanto, as altas
temperaturas gastam a solda das bandejas com revestimento e destroem muitos
materiais feitos de borracha e plástico. Além disso, as atuais recomendações não
permitem a esterilização por calor seco das canetas de alta rotação odontológica,
pois, apresentam componentes os quais não resistem às condições térmicas
atingidas pela câmara (MOLINARI; ROSEN; RUNNELLS, 1996).
O ar seco possui baixo poder de penetração, não sendo um condutor de
calor tão eficiente quanto o calor úmido (autoclave a vapor), pois se faz de
maneira irregular e lenta, necessitando de longos períodos de exposição e
46
temperaturas muito elevadas (GRAZIANO; SILVA; BIANCHI, 2000), temperaturas
estas que não são satisfatórias para a maioria dos materiais (RUTALA; WEBER,
2002; CDC, 2003).
Para esterilização de instrumentais é recomendado manter a temperatura
a 160°C, por duas horas, ou uma exposição a 170°C, por uma hora (BRASIL.
MS, 2001). A temperatura e tempo preconizados para esterilização de óleos e
pós é de 160°C, por duas horas (BRASIL.MS, 1994).
O calor seco não é tão corrosivo quanto o vapor para instrumentos
metálicos e afiados, e não desgasta a superfície de vidros, sendo que estes
podem ser esterilizados em temperaturas muito altas, por pequenos períodos de
tempo (PADOVEZE; DEL MONTE, 1997). Não é tóxico, e não prejudica o meio
ambiente. O equipamento (estufa) é fácil de ser instalado e possui relativamente
baixos custos de funcionamento (RUTALA; WEBER, 2002; CDC, 2003).
Estudo realizado por Moura (1990), concluiu que a esterilização por calor
seco deve ser utilizada somente quando não for possível a autoclavação, e nestes
casos recomenda-se para o uso da estufa de Pasteur: não colocar materiais no
centro da mesma, pois é aí onde se localizam os chamados pontos frios; a carga
deve ser a mais uniforme possível, com pequena quantidade de instrumental,
devendo-se elevar a temperatura do termômetro padrão (termômetro da própria
estufa) para 205°C, como medida de segurança.
O calor seco (estufa de Pasteur), ainda é o processo de esterilização mais
utilizado pelos dentistas brasileiros, porém, mostrando tendências a mudanças,
devendo ser utilizado apenas quando não houver a disponibilidade das autoclaves
(GRAZIANO; GRAZIANO, 2000).
47
Exige cuidados como: propiciar a livre circulação do ar por toda a estufa e
entre as caixas; observar rigorosamente o tempo de exposição dos materiais que
deve ser considerado apenas quando a temperatura determinada for alcançada e
registrada no termômetro acessório; sem incluir o tempo gasto para o
aquecimento (GRAZIANO; SILVA; BIANCHI, 2000); não abrir a estufa durante o
ciclo de esterilização, para a retirada ou a inclusão de instrumentos, o que invalida
o processo, devendo o tempo de exposição ser reiniciado quando a temperatura
preconizada for atingida novamente; evitar dispor artigos a serem esterilizados na
prateleira do meio; colocar pequenas quantidades de instrumentos dentro das
caixas (em torno de 30 a 50 peças no máximo) e realizar métodos de qualificação
e de validação dos processos (GRAZIANO; GRAZIANO, 2000; SOBECC, 2005).
São invólucros recomendados para esterilização em estufa: caixas
metálicas, vidro refratário e papel de alumínio (BRASIL. MS, 1994).
Para garantir a circulação de ar quente, as caixas metálicas devem ser
pequenas e hermeticamente fechada, assegurando a barreira microbiana, não
sendo aceitáveis as caixas e tampas com bordas amassadas (CUNHA et al.,
2000). As caixas metálicas podem ser de alumínio ou aço inox, identificadas com
data, tipo de material que contêm, número do lote e nome de quem as preparou;
para uma maior durabilidade recomenda-se proteger, com papel laminado, os
espelhos clínicos e os instrumentos de corte como: tesouras e brocas (PIMENTA;
ITO; LIMA, 1999).
Para a esterilização de artigos em estufa podem ser adotados dois tipos
de procedimentos: esterilização em estufa pré-aquecida sem material ou
carregada (SOBECC, 2003).
48
São recomendações para esterilização de artigos em estufa de Pasteur
pré-aquecida sem material: esperar o termômetro acessório atingir 170°C; fazer
uso de luvas de proteção térmica, abrir a estufa e colocar o material lado a lado,
sem encostar uns nos outros; não sobrepor uma caixa à outra; esperar o
termômetro acessório atingir novamente 170°C; marcar o tempo de uma hora;
não abrir a porta nem colocar outro material dentro da estufa, durante o período
de esterilização; verificar constantemente o termômetro acessório, observando se
não há alterações da temperatura, caso isto ocorra, regular o termostato para a
temperatura desejada e recomeçar a marcar o tempo. Terminado o ciclo, desligar
a estufa, entreabrir a porta e esperar a temperatura abaixar (SOUZA; BENTO;
PIMENTA, 1998), e ainda, não ultrapassar 80% da capacidade da câmara e usar
luvas de proteção térmica ao descarregar a câmara (SOBECC, 2005).
Em se tratando do pré-aquecimento da estufa carregada, dispor os
materiais na câmara seguindo as recomendações pertinentes, anteriormente
descritas; aguardar o alcance da temperatura determinada (170°C ou 160°C),
utilizando termômetro acessório e a partir deste momento, contabilizar o tempo de
esterilização (para 170°C - 1h e 160°C - 2h); verificar a temperatura durante o
tempo de exposição e temperatura final, para detecção de possíveis declínios
significativos de temperatura.
Na prática, verifica-se que o pré-aquecimento em estufa carregada é a
conduta adequada para a manutenção, segura, das variáveis do processo, uma
vez que a abertura da estufa para o carregamento, pode comprometer a
qualidade da esterilização, pela possibilidade de não observância do retorno da
temperatura recomendada para se iniciar a contagem do tempo de exposição.
Também, minimiza o risco de acidentes ocupacionais por queimadura.
49
A realização de testes para verificar a eficácia das estufas, rotineiramente,
devem ser instituídos, como:
- IQ (CUNHA et al., 2000);
- IB que deverão ser posicionados, no ponto mais frio da estufa (prateleira do
meio),em local indicado por meio de carta de validação expedida pelo fabricante
(PADOVEZE; DEL MONTE, 1997).
Além dos testes anteriormente citados para o controle da esterilização,
proceder a validação do processo de esterilização em estufa, fundamental ao
controle de qualidade. Deve ser executada na instalação de equipamentos
novos, após manutenções onde ocorram trocas de componentes e nas
modificações do tipo carga e/ou embalagens. Inclui qualificar: o projeto
(instalação predial e elétrica), a instalação do equipamento (instalação predial e
elétrica), a operação, o desempenho (parâmetros físicos – temperatura/tempo),
tipos de invólucro, especificação da carga, realização de monitoramento com IQ
e IB. Proceder, também, os registros relativos a: parâmetros físicos do processo
em todas as cargas, manutenção preventiva e/ou corretiva e resultados de testes
realizados (CALICCHIO, 2003).
São também, testes indicados para a validação do processo de
esterilização em estufa de Pasteur: (1) uso de termopares - transdutores que
permitem a medição de temperatura em diferentes pontos no interior da câmara,
de uso hospitalar, único método para verificar o tempo de penetração do calor
nos pacotes e frascos em estufas; (2 ) teste de esterilidade - feito por meio de
cultivo, de um volume amostral, estatisticamente calculado de artigos de um lote,
para detecção de crescimento bacteriano (PADOVEZE; DEL MONTE, 1997).
50
A manutenção preventiva da estufa é recomendada, no mínimo,
mensalmente (BRASIL. MS, 1994) e a limpeza rotineira do equipamento deve ser
diária (parte interna) (PADOVEZE; DEL MONTE, 1997).
51
4 MATERIAIS E MÉTODOS
Estudo analítico realizado em 101 consultórios odontológicos particulares,
localizados no Distrito Sanitário Central do Município de Goiânia – GO, nos anos
de 2004/2005. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, em Goiânia, existiam
1.870 consultórios odontológicos com alvará de licença sanitária para
funcionamento no ano de 2002, distribuídos em 11 Distritos Sanitários: Campinas,
Central, Mendanha, Noroeste, Norte, Sudeste, Sul, Vale do Meia Ponte, Leste e
Oeste. Após a realização de testes piloto em dez consultórios, foi definida a
amostra do estudo a partir da realização de cálculos estatísticos pelo programa
EPI INFO versão 3.2 (CDC, 2004), estabelecendo-se que a mesma seria de 101
consultórios localizados no Distrito Sanitário Central, por ter uma representação
significativa de 53% da amostra total dos consultórios odontológicos.
Pertencem à área de abrangência do Distrito Sanitário Central os
seguintes setores: Aeroporto, Bairro Feliz, Central, Criméia Leste, Criméia Oeste,
Leste Universitário, Leste Vila Nova, Norte Ferroviário, Nova Vila, Oeste, Santa
Izabel, Sul, Vila Monticelli e Vila Morais.
Agendamento para a coleta dos dados
A Secretaria Municipal de Saúde (Departamento de Vigilância Sanitária
Municipal) disponibilizou a relação de nomes dos responsáveis técnicos e
endereços dos consultórios, os quais foram distribuídos segundo a
proporcionalidade por bairro, e conseqüentemente por ruas. Buscava-se
52
contemplar o número pré-calculado, considerando-se os aceites obtidos para a
realização do estudo. Em cada consultório amostrado realizou-se uma visita
prévia, momento onde se apresentava uma carta de solicitação para a execução
do estudo (Apêndice A), ao seu responsável técnico. Uma vez aceita, a data de
coleta dos dados era agendada.
Coleta dos dados
Foi realizada no período de março de 2004 a janeiro de 2005. Os dados
foram coletados após consentimento prévio pelos informantes (Apêndice B), por
meio de: (1) aplicação de dois instrumentos: check-list (Apêndice C) e roteiro
estruturado de entrevista, contendo questões abertas e fechadas (Apêndice D),
instrumentos que foram validados por cinco profissionais: dois odontólogos, duas
enfermeiras e um médico, todos com experiência na área de controle de infecção;
(2) aferição da temperatura da estufa, e (3) realização do teste de indicador
biológico com Bacillus subtilis.
1 - Aplicação dos instrumentos para coleta dos dados
- Check-list
O monitoramento de todo o processo de esterilização dos artigos em
estufa se deu por meio do preenchimento de um check-list, pela pesquisadora,
contendo dados referentes a esta etapa operacional, nessa ocasião se observava
os cuidados implementados à realização do ciclo.
- Roteiro estruturado de entrevista
Buscando informações referentes ao processo de esterilização dos artigos
em estufa de Pasteur e condições do equipamento, realizou-se entrevista com o
profissional responsável pela operacionalização do processo de esterilização dos
artigos odontológicos.
53
As entrevistas foram realizadas enquanto se aguardava o término do ciclo
de esterilização dos artigos na estufa de Pasteur.
2 - Aferição da temperatura da estufa
Foi utilizado, pela pesquisadora, termômetro Incoterm
®
para aferir a
temperatura das estufas, durante o processo de esterilização. Considerou-se,
para o estudo, os seguintes procedimentos:
- Esterilização com pré-aquecimento sem material: neste caso, considerou-se a
temperatura inicial (Ti) do monitoramento a verificada no momento da colocação
da carga e após o informante indicar o início da contagem do tempo de
esterilização. Nesta prática, a estufa já estava pré-aquecida;
- Esterilização com pré-aquecimento contendo material: os profissionais
colocavam a carga e ligavam a estufa, contando o tempo a partir do alcance de
uma determinada temperatura, a qual conceituou-se no estudo como temperatura
esperada (Te);
- Esterilização sem pré-aquecimento: a carga era acondicionada na estufa e o
equipamento ligado. Então, os profissionais aguardavam um determinado tempo
para a esterilização. Para o monitoramento, destas temperaturas, considerou-se
como temperatura inicial a do momento da colocação da carga, ainda, com a
estufa desligada (Ti=0°C). Após uma hora de esterilização, tempo considerado no
estudo para o aquecimento do equipamento registrava-se a temperatura (T /1h) e
ao final do ciclo, verificava-se a temperatura final (Tf).
3 - Realização do teste de indicador biológico
Os procedimentos microbiológicos foram realizados com o apoio técnico-
científico do Laboratório de Bacteriologia Médica do Instituto de Patologia Tropical
e Saúde Pública (IPTSP) da Universidade Federal de Goiás (UFG).
54
Os esporos do Bacillus subtilis (ATCC 6633) foram preparados em
barbante esterilizado para realização do teste microbiológico nas estufas. A cepa
padrão do bacilo, armazenada em glicerol a -20°C, foram reativadas, por repique
em 150 mL de caldo BHI (infusão de cérebro e coração), incubado a 37°C, por 20
dias, o que permitia a formação dos esporos. A cultura foi centrifugada (5000
rpm/10 minutos), o sedimento lavado em solução salina e novamente
centrifugado. Preparava-se, então, o inóculo contendo 10
8
esporos/mL
empregando a escala de Mac Farland). Retirava-se 5 mL do inóculo para o
preparo de cada barbante esterilizado (5 cm), armazenados em tubos
esterilizados, e em seguida secados em estufa.
Os tubos-teste foram submetidos ao ciclo de esterilização, nas estufas do
estudo, fixado com fita crepe, externamente, em um dos pacotes contendo
instrumentais pertencentes à carga de artigos odontológicos, posicionando-o no
centro da estufa por encontrar-se neste local, pontos frios (MOURA, 1990).
Procedeu-se desta maneira, pois como os artigos pertenciam aos CD poderia
haver recusa da colocação do tubo-teste internamente ao pacote conforme
recomendado (SOBECC, 2005), uma vez que este procedimento teria influência
na demanda do atendimento pela necessidade de reprocessamento desses
artigos antes do seu uso.
Após a realização das coletas, encaminhava-se o tubo de ensaio em
container térmico ao laboratório. Procedia-se a análise microbiológica, da
seguinte maneira: vertia-se 5mL de caldo BHI no tubo de ensaio contendo o
barbante teste, incubando-o em banho-maria a 37ºC, por 07 dias. Transcorrido
este período, para os tubos-teste que apresentavam turvação, preparava-se
55
lâmina realizando a coloração pelo método de Gram para confirmação da
morfologia do bacilo/esporos.
Após os resultados, laudos (Apêndice F) foram emitidos pelo IPTSP e
encaminhados aos respectivos responsáveis técnicos pelos estabelecimentos
odontológicos, ocasião em que a pesquisadora entregava um roteiro, constando
orientações para o processamento de artigos odontológicos (Apêndice E).
Aspectos ético-legais
Para a realização deste estudo foram atendidas as recomendações da
Resolução 196, CNS (BRASIL. MS, 1996). A pesquisa foi aprovada pelo Comitê
de Ética e Pesquisa da Santa Casa de Misericórdia de Goiânia - GO (Anexo A); a
coleta de dados efetivou-se mediante o aceite prévio dos informantes (Apêndice
B); assegurando-os de que não seriam identificados, assim como, também, os
endereços dos consultórios odontológicos, obedecendo ao rigor ético quanto à
utilização dos dados coletados.
Análise dos dados
Os dados foram tabulados, analisados em softwares estatísticos e
apresentados sob a forma de tabela, gráficos e quadro. Os dados de variáveis
nominais pelo programa EPI INFO, versão 3.2 (CDC, 2004), e os dados de
variáveis numéricas, assim como os gráficos, foram processados pelo MS Excel
XP.
56
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO:
O estudo foi realizado em 101 consultórios odontológicos particulares do
Distrito Sanitário Central do Município de Goiânia-GO. Por meio de parceria
estabelecida com o IPTSP obtivemos a colaboração de uma mestranda em
Microbiologia, daquele Instituto, para a coleta dos dados.
Para o agendamento das coletas foram realizadas 334 visitas a
consultórios odontológicos, seguindo a lista de endereços obtida junto à
Secretaria Municipal de Saúde. Houve 101 aceites, 125 mudanças de endereços
dos profissionais, 54 não aceites, 46 estabelecimentos que reprocessavam
artigos, exclusivamente, em autoclave e 08 serviços que não eram particulares.
Considerando-se os 54 estabelecimentos que não aceitaram participar do estudo
e possuíam estufa de Pasteur, e somando-se a estes os 101 consultórios
odontológicos pesquisados, encontrou-se 155 consultórios, utilizando este
equipamento para esterilização de artigos odontológicos, na área de abrangência
do estudo.
A permanência em cada consultório foi em média de 3 horas, para a
coleta dos dados, tempo este que variava de acordo com a rotina de atendimento
e rotina adotada para o processo de esterilização.
Não foi possível realizar a coleta em quatro setores do Distrito Central
(Bairro Feliz, Criméia Leste, Norte Ferroviário e Vila Monticeli), pois os
consultórios, referidos no cadastro amostral do ano de 2002, não foram
encontrados.
57
Realizou-se cálculo estatístico para determinação da amostra por bairro,
mediante proporcionalidade com o quantitativo total de consultórios existentes no
Distrito Sanitário Central. A tabela 1, apresenta o quantitativo de consultórios
estudados por bairro.
Tabela 1 – Distribuição dos consultórios odontológicos particulares pesquisados por bairro, Distrito
Sanitário Central de Goiânia-GO, março/2004 a janeiro/2005
Bairro Quantitativo N %
Centro 329 33 32,7
Sul 241 27 26,7
Oeste 234 13 12,9
Vila Nova 42 09 8,9
Aeroporto 93 07 6,9
Leste Universitário 21 06 5,9
Nova Vila 05 02 2,0
Vila Santa Izabel 02 02 2,0
Criméia Oeste 01 01 1,0
Vila Morais 01 01 1,0
Total 969 101 100,0
O bairro Centro possui a maior concentração de estabelecimentos
comerciais do Distrito Sanitário Central. Há um grande contingente populacional
constituído pelas pessoas domiciliadas e as que ali trabalham. Há o maior número
de consultórios odontológicos, sendo pesquisados 33 consultórios (32,7%).
Os bairros Sul e Oeste são áreas extensas, predominantemente
residenciais. Apresentam um grande quantitativo de estabelecimentos
odontológicos; fizeram parte do estudo: 27 consultórios (26,7%) no setor Sul e 13
(12,9%) no setor Oeste.
Os bairros Vila Nova, Aeroporto, Leste Universitário, Nova Vila, Vila Santa
Izabel, Criméia Oeste e Vila Morais, são bairros residenciais e menores. Nas
áreas comerciais estão concentrados a maioria dos consultórios odontológicos.
58
A especialidade do consultório odontológico não foi considerada na
definição amostral. Encontrou-se, no estudo, as seguintes especialidades de
atendimento odontológico, como mostra a tabela 2.
Tabela 2 – Distribuição dos consultórios odontológicos particulares segundo as es-
pecialidades de atendimento, Distrito Sanitário Central de Goiânia-GO, mar-
ço/2004 a janeiro/2005
Especialidades N %
Clínica geral 32 31,7
Prótese 14 13,9
Ortodontia 13 12,9
Endodontia 12 11,9
Implantodontia 09 8,9
Odontopediatria 08 7,9
Dentística 07 6,9
Periodontia 05 4,9
Odontogeriatria 01 1,0
Total 101 100,0
Em todos eles, observou-se a necessidade da utilização de artigos críticos
cujo método de escolha para a esterilização deve ser o vapor saturado sob
pressão (autoclave), por ser um processo de esterilização que preenche os
requisitos operacionais de adequabilidade, tempo, custo e segurança
(BRASIL.MS, 2001). Destaca-se, entretanto, especialidades como: a Endodontia -
12 consultórios (11,9%), Implantodontia - nove (8,9%), Periodontia - cinco (4,9%),
que realizam predominantemente procedimentos invasivos. Cunha et al. (2000),
referem que todo material odonto-médico-hospitalar resistente ao calor,
compatível com a umidade, deve ser autoclavado, para oferecer nível de
segurança de esterilidade aos usuários e profissionais da saúde, possibilitando a
59
realização de procedimentos invasivos. Para a esterilização de instrumentais de
corte é indicado, além do uso do vapor saturado sob pressão, o calor seco (estufa
de Pasteur) (BRASIL. MS, 2000; CDC, 2003).
Faizibaioff e Kignel (2000), propuseram um protocolo, objetivando orientar
o CD clínico ou especialista a adotar medidas de precauções padrão na
colocação de implantes, evidenciando a importância da esterilização dos artigos
como medida de prevenção e controle de infecção, em Odontologia, não somente
em cirurgias, mas em todo e qualquer procedimento odontológico.
Foram eleitos para o estudo os consultórios que realizavam processo de
esterilização, em estufa. Dos 101 consultórios, 62 (61,4%) possuíam somente
estufa; 29 (28,7%), estufa e autoclave horizontal; 10 (9,9%), estufa e autoclave
vertical. Constatou-se que 39 consultórios (38,6%) utilizavam a estufa para
esterilização de artigos mesmo possuindo autoclave. Nestes, observou-se que o
uso do vapor saturado sob pressão, na maioria das vezes, era destinado somente
para esterilização de artigos como: gazes, algodão, brocas de polimento e
moldeiras de material plástico.
Os óleos e os pós são os únicos materiais termorresistentes que devem
ser esterilizados exclusivamente em estufa (BRASIL. MS, 1994). Estes materiais
não são utilizados na assistência odontológica, desta forma os responsáveis pelos
processamentos de artigos poderiam adotar a autoclave como equipamento
esterilizante de escolha, prioritariamente, o uso da autoclave horizontal. As
autoclaves do tipo vertical não são adequadas para esterilização, pois dificultam a
circulação do vapor, a drenagem do ar e a penetração do vapor nos pacotes, por
estarem sobrepostos e não possuírem ciclo de secagem dos artigos (RAMOS,
2003).
60
Tabela 3 – Caracterização dos profissionais que processam os artigos odontológicos
em consultórios particulares, Distrito Sanitário Central de Goiânia-GO, março/
2004 a janeiro/2005
VARIÁVEIS N %
- Idade
<18 anos 02 2,0
18-20 anos 14 13,9
21-25 anos 24 23,8
26-30 anos 19 18,8
31-40 anos 24 23,8
41-50 anos 10 9,9
51-60 anos 04 3,9
>60 anos 04 3,9
Total 101 100,0
- Sexo
Feminino 88 87,1
Masculino 13 12,9
Total 101 100,0
- Grau de escolaridade
1ºgrau incompleto 05 4,9
1ºgrau completo 04 4,0
2ºgrau incompleto 13 12,9
2ºgrau completo 44 43,5
3ºgrau incompleto 13 12,9
3ºgrau completo 12 11,9
Pós-graduação 10 9,9
Total 101 101,0
- Profissão
AOSF
1
61 60,3
CD
2
21 20,8
ACD
3
12 11,9
THD
4
02 2,0
TE
5
03 3,0
ACD/TE 01 1,0
ASHL
6
01 1,0
Total 101 100,0
1 - Auxiliar de odontologia sem formação
2 - Cirurgião-Dentista
3 - Auxiliar de Cirurgião Dentista
4 - Técnico de higiene dental
5 - Técnico de enfermagem
6 - Auxiliar de serviços de higienização e limpeza
61
Responderam ao roteiro de entrevista os 101 responsáveis pelo processo
de esterilização em estufa, como evidencia a tabela 3 (p.60). As idades variavam
entre 17 a 65 anos, com predomínio do sexo feminino (87,1%), escolaridade do
1°grau incompleto à pós-graduação, tendo a maioria o 2ºgrau completo (43,5%).
Entretanto, quanto à qualificação para atuar no processamento dos artigos, 62
(61,3%) não possuíam formação profissional específica na área da saúde.
Considerando a importância do processamento dos artigos como medida
de prevenção e controle de infecções cruzadas e que estas ações devem
obedecer aos critérios preconizados pelos órgãos normativos como o Ministério
da Saúde (BRASIL. MS, 1994; 2000; 2001) e os Centers for Disease Control and
Prevention (CDC, 1993; 2003), comprovou-se no contexto, deste estudo, que na
prática odontológica, estes métodos, ainda, são realizados predominantemente
por trabalhadores sem formação profissional específica na área da saúde.
Encontrou-se os seguintes profissionais com formação técnica: 21 CD
(20,8%), 12 (11,9%) auxiliares de cirurgião dentista (ACD), três (3,0%) técnicas de
enfermagem (TE), duas (2,0%) técnicas em higiene dental (THD) e uma (1,0%)
ACD/TE. Entretanto, 62 (61,3%) dos responsáveis pela esterilização, nos serviços
odontológicos, não possuíam formação profissional específica na área da saúde,
os mesmos foram treinados pelos próprios odontólogos, aprendendo na prática a
desempenharem o seu trabalho; destes, 61 (60,3%) eram, auxiliares de
odontologia sem formação, denominados no estudo de AOSF e um (1,0%) auxiliar
de serviços de higienização e limpeza (ASHL).
É preocupante o fato de que 62 (61,3%) responsáveis pelo
processamento dos artigos odontológicos não possuam formação específica na
área da saúde para a realização destas atividades, e destes, ter sido encontrado
62
um trabalhador do SHL executando estas ações, as quais são alheias a sua
especificidade de trabalho.
Na assistência odontológica, como em todas as ações do cuidar em
saúde, que envolvem a utilização de artigos esterilizados para uso em clientes,
se faz necessário a tomada de condutas, obedecendo critérios que primem pela
manutenção da saúde da clientela, oferecendo assim, assistência com qualidade.
Pedrosa et al. (2003), afirmam que a limpeza, a desinfecção e a
esterilização adequadas dos vários artigos odonto-médico-hospitalares são
alicerces essenciais na prevenção e controle das infecções, sendo fundamental
que o profissional responsável pelo processamento esteja habilitado a definir
criteriosamente a que processo submeter cada tipo de artigo. Falhas, nestas
indicações, implicam graves riscos, tanto para os clientes, como para os
profissionais e o meio ambiente.
De acordo com Graziano (2003a), os processos infecciosos de origem
endógena são os mais destacados. Porém, os de origem exógena cujas fontes
podem ser os profissionais da área da saúde, os artigos e materiais utilizados em
procedimentos e o ambiente merecem, também, a atenção no contexto da
prevenção e controle das infecções. Na agitada dinâmica de uma unidade de
saúde, o processamento adequado dos artigos, às vezes, é subestimado quando
comparado à atenção dada às modernas e sofisticadas tecnologias a serviço da
assistência direta aos clientes.
Atualmente, observamos que informações simplificadas existentes nos
manuais para funcionamento de equipamentos odontológicos, como estufas e
autoclaves, podem contribuir para que o processamento dos artigos odontológicos
63
seja considerado uma prática de pouca importância na medida em que colocam
estas ações em um nível de facilidade inquestionável (TIPPLE et al., 2004).
O ato de processar artigos pode parecer uma atividade simples onde é
só “lavar, secar e esterilizar”, todavia, muitos o fazem sem possuir a clareza da
importância deste tipo de trabalho. Para Moraes e Tavares (2001), culturalmente,
em nossa sociedade, exercer atividades de apoio não gera no indivíduo o
sentimento de valorização pelo que faz, e assim a sua produção pode tornar-se
uma ação “corriqueira”, além disso, a falta de condutas padronizadas e da
realização de supervisão contínua, destes serviços, levam ao exercício destas
funções das mais diversas e inusitadas maneiras.
Há necessidade do profissional que realiza o processamento dos artigos
odontológicos possuir formação, que lhe garanta conhecimentos e habilidades
para tanto, como as reflexões trazidas por Tipple et al. (2004), sobre o
processamento de instrumental odontológico em uma instituição de ensino. As
autoras consideram como um dos aspectos importantes a necessidade de
capacitar os futuros CD, para a operacionalização da esterilização, pois em sua
prática profissional precisam possuir domínio teórico-prático sobre todas as
etapas do processamento dos artigos, considerado de fundamental importância
na prevenção de infecções. Referem, também, que o currículo mínimo do ACD e
THD possuem disciplinas que, dependendo da carga horária teórico-prática,
poderão habilitá-los a realizar os processos de esterilização.
Tipple et al. (2005) enfatizam, também, a necessidade dos responsáveis
pelo processamento dos artigos possuírem capacitação formal para a
operacionalização destas práticas, de forma a assegurar a qualidade do produto
64
final, considerando que esta é um dos principais requisitos para a assistência ao
cliente.
Independentemente da forma de ensino e da estrutura curricular adotada,
medidas de prevenção e controle de infecção devem fazer parte da filosofia da
formação dos profissionais da área da saúde e do processo de educação
continuada durante o exercício profissional. Não é aceitável, na atualidade, dentro
dos padrões éticos estabelecidos, dos paradigmas da qualidade da assistência e
da qualidade de vida, nenhum profissional da área de saúde receber sua
credencial profissional, seu diploma, sem possuir uma base nestas temáticas, um
preparo técnico específico (TIPPLE et al., 2003).
Observou-se uma diversidade de artigos submetidos à esterilização, em
estufa, nos consultórios odontológicos, como mostra a tabela 4.
Tabela 4 –Distribuição de artigos esterilizados em estufa, em consultórios odonto-
lógicos (n=101), Distrito Sanitário Central de Goiânia-GO, março/2004 a
janeiro/2005
Artigos odontológicos esterilizados em estufa N %
Instrumentais 95 94,1
Brocas 79 78,2
Material moldagem – moldeiras metálicas 66 65,3
Limas endodônticas 61 60,4
Material de isolamento – grampos e perfuradores 52 55,5
Gazes 48 47,5
Vidrarias 38 37,6
Algodão 33 32,7
Somente bandejas 02 2,0
Cones de papel 01 1,0
65
São predominantemente instrumentais em 95 (94,1%) dos consultórios,
incluindo os artigos de corte, dentre eles, os de dentística, endodontia, periodontia
e ortodontia. Em 79 consultórios (78,2%) as estufas são utilizadas, também, para
a esterilização das brocas, destacando-se que esta é uma das indicações do CDC
(2003), para o uso da estufa.
O MS (BRASIL. MS, 2000), preconiza a estufa de Pasteur como
equipamento esterilizante, para os seguintes materiais e instrumental: brocas,
instrumental de endodontia, moldeiras resistentes ao calor, instrumentais de aço,
bandejas e caixas metálicas, discos e brocas de polimento, placas e potes de
vidro.
Segundo Souza; Bento; Pimenta (1998) a estufa de Pasteur é indicada
como método de primeira escolha, para esterilização dos seguintes materiais:
instrumentais de corte, espelhos clínicos e brocas.
Refere Thines (2004) que o calor seco é um método de esterilização
preferencialmente recomendado para os seguintes artigos: brocas, instrumentos
endodônticos (ex.: limas, alargadores), instrumentos de mão, moldeiras, artigos
ortodônticos (ex.: calcadores e condensadores), equipamentos para isolamento
com dique de borracha (ex.: grampos de aço, arco de metal, perfurador de dique
de borracha), ponta diamantadas e instrumentais cirúrgicos.
Constatou-se, também, o uso da estufa para esterilização de gazes em 48
consultórios (47,5%), algodão em 33 (32,7%) e cones de papel em um (1,0%), o
que contradiz às recomendações. Pano, papel, algodão e borracha não devem
ser esterilizados em estufa, porque não são bons condutores de calor, queimam
as fibras e perdem a capacidade de absorção. Cones de papel devem ser
66
esterilizados, preferencialmente, em autoclave, pois na estufa perdem
parcialmente o seu poder de absorção (BRASIL. MS, 1994).
Atualmente, outro aspecto que vale a pena ressaltar é que, a estufa de
Pasteur não está sendo indicada como equipamento de primeira escolha para
esterilização física de artigos (SOBECC, 2005).
Para fins deste estudo, considerou-se a recomendação do MS (BRASIL.
MS, 1994) que preconiza os seguintes invólucros para o processo de esterilização
em estufa de Pasteur: caixas metálicas fechadas, vidros refratários, papel de
alumínio – desde que este garanta condições visíveis de inviolabilidade, embora
alguns autores considerem que apenas as caixas metálicas fechadas e os frascos
de vidros refratários sejam apropriados, pois o papel alumínio pode apresentar
problemas de transferência asséptica no momento do uso ou romper-se durante a
estocagem (CUNHA et al., 2000; BRASIL. MS, 2001; PADOVEZE, 2003;
SOBECC, 2003). Na tabela 5, estão apresentados os invólucros encontrados na
amostra estudada.
Tabela 5– Distribuição dos artigos odontológicos quanto à adoção dos invólu-
cros (indicados ou não), utilizados nos consultórios odontológicos, Dis-
trito Sanitário Central de Goiânia-GO, março/2004 a janeiro/2005
Invólucros N %
Indicados
Caixa metálica fechada 18 17,7
Caixa metálica fechada e papel alumínio 14 13,8
Papel alumínio 09 8,9
Caixa metálica fechada, papel alumínio e vidro refratário 04 4,0
Caixa metálica fechada e vidro refratário 01 1,0
Total 46 45,4
Não- indicados
55 54,6
Total geral 101 100,0
67
Observou-se que 46 (45,5%) dos consultórios odontológicos utilizavam
invólucros recomendados para o uso em estufa. Entretanto chama a atenção na
tabela 5 (p. 66), o fato da maioria dos consultórios, 55 (54,5%) utilizar condutas
contra-indicadas. Encontrou-se, também, a não-padronização de condutas, onde
em uma mesma carga haviam embalagens indicadas, contra-indicadas e até
ausência (instrumentais soltos nas prateleiras), predominando o uso de caixa
metálica fechada (indicada) com bandeja aberta (não indicada) em 23 (22,7%)
consultórios odontológicos, além de caixa metálica aberta, papel pardo e papel
alumínio perfurado.
Os artigos críticos, odonto-médico-hospitalares, devem ser embalados
para que a conservação da sua esterilidade seja garantida, durante o transporte,
armazenamento, até o seu uso, assim como favorecer a abertura asséptica sem
risco de contaminação do seu conteúdo (GRAZIANO, 2003b).
Frascos de vidros e caixas metálicas devem estar tampados durante o
processo de esterilização, porque o processo de condução do calor ocorre da
seguinte maneira: aquecimento da resistência na câmara - convecção do ar
dentro da câmara - aquecimento da parede da caixa metálica por condução
térmica do ar para o metal - convecção do ar dentro da caixa metálica -
condutividade entre os instrumentais dentro da caixa (PADOVEZE, 2003).
O monitoramento do processo de esterilização deve incluir uma
combinação de parâmetros físicos, químicos e biológicos, que avaliam as
condições de esterilização e a efetividade do procedimento (BLOCK, 2001b).
Assim, a execução de determinados parâmetros de qualidade se faz necessário
na obtenção de um processo eficiente de esterilização dos artigos, em estufa de
Pasteur, sendo estes: cumprimento da relação tempo/temperatura, colocar
68
pequena quantidade de instrumental dentro dos invólucros, preencher a câmara
sem ultrapassar 2/3 da sua capacidade, disposição correta dos invólucros na
câmara, usar termômetro acessório para monitoramento da temperatura,
conservar a porta da estufa fechada durante todo o ciclo, realizar monitoramento
químico, fazer o monitoramento biológico com Bacillus subtilis, e preventivamente,
proceder a manutenção do equipamento (BRASIL. MS, 1987, 1994, 2000, 2001;
CDC, 2003; CUNHA et al, 2000; SOBECC, 2003 e 2005).
Constatou-se o descumprimento de dois importantes parâmetros de
qualidade do processo de esterilização em estufa, nos 101 consultórios
odontológicos: monitoramento químico e biológico.
Para a realização de monitoramento químico existem indicadores
químicos (IQ) de alta tecnologia, para o processo de esterilização pelo vapor
saturado sob pressão (autoclave). Entretanto, para a estufa de Pasteur, os IQ
disponíveis no mercado nacional são: IQ externos ou de processo (Classe 1) -
fitas de papel impregnadas com tinta termocrômica que possuem a finalidade de
identificar e diferenciar os artigos quanto ao processamento, evitando que pacotes
não processados sejam utilizados, e IQ interno - tira indicadora química interna,
com viragem após cinco minutos do alcance da temperatura de 170°C (CUNHA et
al., 2000; 3M, 2005). Apesar do uso destes indicadores não provar que a
esterilização tenha ocorrido, permitem evidenciar problemas de funcionamento no
equipamento (CDC, 2003).
Nos 101 consultórios odontológicos não foi verificada a realização de
nenhum monitoramento químico. Este fato é preocupante, pois estes se
constituem nos únicos indicadores químicos disponíveis e seus usos têm o
objetivo de evidenciar que o pacote passou pelo processo de esterilização, o que
69
é de extrema importância para evitar a mistura de artigos esterilizados com
àqueles que aguardam o processo (IQ externo ou de processo), e comprovar que
o parâmetro, temperatura, necessário à esterilização por calor seco foi alcançado
(IQ interno).
Um indicador biológico (IB) é uma preparação padronizada de esporos
bacterianos projetados para produzir suspensões, contendo 10
6
esporos por
unidade de papel filtro. As espécies bacterianas usadas para o preparo de
indicadores biológicos se diferenciam de acordo com o processo de esterilização
(SOUZA; PADOVEZE, 2003; SOBECC, 2005).
Para o monitoramento biológico do processo de esterilização por calor
seco são utilizados Bacillus subtilis. Na atualidade, pesquisadores fizeram a
reclassificação deste bacilo, baseados na tipagem molecular, por meio de análise
de bandas do DNA, denominando, então, as cepas específicas, para a realização
de monitoramento biológico dos processos de esterilização, de Bacillus
atrophaeus (FRITZE; PUKALL, 2001). Neste estudo, continuou-se a designá-lo
como Bacillus subtilis.
Estes indicadores devem ser usados em estufa quando da sua instalação,
após cada manutenção corretiva e em suas cargas de materiais para
esterilização, semanalmente, e em casos necessários. Este monitoramento
averigua se os artigos foram submetidos a condições de esterilização, identificada
pela morte de todos os esporos no indicador biológico usado para teste (AORN,
2001).
Para a estufa, o IB disponível comercialmente no mercado são tiras de
papel inoculadas com esporos – indicadores de primeira geração, utilizados na
indústria e nos hospitais, com leitura definitiva, após sete dias (PADOVEZE,
70
2000). Neste estudo, não foi encontrada a realização de monitoramento biológico
nas estufas dos 101 consultórios pesquisados.
A tabela 6 apresenta os parâmetros de qualidade encontrados, nos 101
consultórios odontológicos, para o processo de esterilização em estufa.
Tabela 6 – Distribuição do cumprimento de parâmetros de qualidade para a
esterilização de artigos em estufas, em consultórios odontológicos,
Distrito Sanitário Central de Goiânia-GO, março/2004 a janeiro/2005
Parâmetros de qualidade N %
Quantidade de instrumentais nos invólucros
Pequena quantidade 66 65,3
Grande quantidade 35 34,7
Total 101 100,0
Tamanho da carga
Não ultrapassou 2/3 58 57,4
Ultrapassou 2/3 43 42,6
Total 101 100,0
Disposição dos pacotes na câmara
Indicadas 15 14,8
Não indicadas 86 85,2
Total 101 100,0
Monitoramento por termômetro acessório
Sim 36 35,6
Não 65 64,4
Total 101 100,0
Manutenção da porta fechada durante o ciclo
Sim 88 87,1
Não 13 12,9
Total 101 100,0
Realização de manutenção preventiva
Sim 18 17,8
Não 83 82,2
Total 101 100,0
71
Para discutir o carregamento da estufa é preciso considerar dois
aspectos: a confecção dos pacotes e a montagem da carga. Quanto à confecção
dos pacotes verificou-se que em 66 consultórios (65,3%), os artigos odontológicos
foram confeccionados com pequenas quantidades de instrumentais dentro dos
invólucros (de 30 a 50 peças), conforme recomendado por Padoveze (2003).
Quanto à montagem da carga para o processo de esterilização observou-
se que o carregamento da carga não ultrapassa a 2/3 da câmara em 58 (57,4%)
consultórios. Em 43 (42,6%), ultrapassou ao preconizado. A sobrecarga de
materiais na estufa forma barreiras para a condutividade do calor pelos
invólucros, conseqüentemente, dificultando a esterilização dos artigos (BRASIL.
MS, 2001).
Além das recomendações de que as caixas metálicas não devem possuir
tamanho superior a 10x10x30 cm, e a carga não ultrapassar a 2/3 da capacidade
da câmara para facilitar a irradiação e/ou circulação do calor (BRASIL. MS, 1987;
SOBECC, 2003), a Organization Safety Asepsis Procedures – OSAP (1997)
acrescenta, que o equipamento esterilizador deve ser carregado segundo às
orientações do fabricante, não devendo a carga exceder ao permitido.
Pacotes volumosos, encontrados em 35 (34,7%) consultórios, podem
aumentar significativamente o intervalo requerido para uma esterilização segura,
ocasionando a não distribuição uniforme do calor, e podendo causar somente a
esterilização de parte do conteúdo da carga (MOLINARI; ROSEN; RUNNELS,
1996).
Outro aspecto importante a destacar é a existência de duas práticas na
confecção dos pacotes. Cinqüenta e seis (55,4%) consultórios utilizavam kits
individuais, contendo os artigos específicos, para cada tipo de procedimento, em
72
pequenas quantidades, facilitando a manutenção da cadeia asséptica, no
momento do atendimento.
Os outros 45 (44,5%) consultórios esterilizavam, em um único pacote
vários artigos de um mesmo tipo (ex.: caixa contendo apenas espelhos clínicos) e
realizavam a montagem do Kit previamente ao atendimento do cliente,
procedimento este que pode comprometer a manutenção da cadeia asséptica,
pois requer manuseio excessivo.
Para a confecção destes kits, observou-se em cinco (11,1%) consultórios
a utilização de luvas de procedimento, seis (13,3%) faziam uso de pinça auxiliar
esterilizada exclusiva para cada montagem e 34 (75,6%), também, utilizavam
pinças esterilizadas inicialmente, porém perdiam a sua esterilidade devido serem
empregadas durante todo o período e acondicionadas de várias maneiras: em
solução de álcool a 96° GL, álcool a 70%, glutaraldeído a 2% e até mesmo, sem
invólucros, soltas, contrariando, assim, os princípios de manutenção da cadeia
asséptica, e colocando o usuário em risco.
Quanto à disposição dos pacotes na câmara (tabela 6, p.70), encontrou-
se que em 15 (14,8%) consultórios odontológicos era feita corretamente e em 86
(85,2%) os pacotes eram acondicionados contrariando aos critérios preconizados.
Segundo Graziano et al. (2000), a esterilização por calor seco exige
cuidados como propiciar a livre circulação do ar por toda a estufa e entre os
pacotes. Para que isso ocorra, devem ser dispostos na estufa da seguinte
maneira: sem encostar uns nos outro, sem encostar nas laterais internas da
estufa, sem serem sobrepostos, não colocados sobre a base e no centro do
equipamento.
73
Moura (1990), recomenda a não-colocação de materiais no centro da
estufa para esterilização, por ter comprovado, em seu estudo, que neste local
situam-se pontos frios, os quais comprometem a eficácia do processo de
esterilização.
Nos 86 (85,2%) consultórios onde os pacotes eram acondicionados para
esterilização, de modo inadequado, observou-se a falta de padronização de
condutas, variando no descumprimento de uma ou mais recomendações, por ex.:
utilizavam o centro da estufa, porém, não faziam a sobreposição da carga;
encostavam os invólucros nas laterais internas da estufa, porém, não usavam a
base. Destes, 36 (35,6%) contrariavam todas as recomendações preconizadas,
comprometendo a qualidade da esterilização.
Um outro recurso considerado fundamental à qualidade do processo de
esterilização em estufa é o monitoramento físico por termômetro acessório, que
indica a temperatura interna da câmara (temperatura real), adequada para
esterilização nos pontos frios (CUNHA et al., 2000), este deve ser acoplado na
saída de ar existente, na parte superior da estufa (TEIXEIRA, 2005).
Quanto ao uso do termômetro acessório, nos 101 consultórios
odontológicos, observa-se na tabela 6 (p.70) que 65 (64,4%) não os usavam para
monitoramento da temperatura da estufa e apenas 36 (35,6%) os utilizavam;
variando de uma a três vezes o número de monitoramento, por ciclo. Para Cunha
et al. (2000), os controles do tempo de esterilização deverão ser iniciados a partir
do momento do alcance de temperatura desejada, constatada pelo termômetro
acessório.
Não se encontrou na literatura, recomendações sobre o número de vezes
que o monitoramento da temperatura da estufa deve ser realizado. Entretanto,
74
neste estudo, constatou-se que para a esterilização de artigos, em estufa pré-
aquecida vazia, o monitoramento térmico pelo uso de termômetro acessório por
ciclo de esterilização deve ser realizado no mínimo três vezes: (1ª) para verificar o
alcance da temperatura esperada (Te); (2ª) após a colocação da carga, para
detectar novamente o alcance da Te, iniciando a contagem do tempo de
esterilização, e (3ª) para verificar a temperatura ao final do processo (Tf). Na
esterilização de artigos em estufa pré-aquecida carregada, utilizar no mínimo
duas vezes o monitoramento: (1ª) para verificar o alcance da Te, começando a
marcação do tempo de esterilização, e a (2ª) para constatar a Tf do ciclo.
Importante salientar, que se faz necessário verificar a Tf do ciclo, para certificar
se a temperatura do equipamento manteve-se compatível com os valores
preconizados, até o término da esterilização.
Um outro aspecto importante de ser apresentado, é que embora em
apenas 36 consultórios observou-se a realização de monitoramento por
termômetro acessório, estes foram encontrados em 68 (67,3%) consultórios,
sendo que destes, 32 (31,7%) apresentavam-se acoplados na própria estufa,
mostrando assim, que possivelmente os responsáveis pelo processo de
esterilização não possuíam informações técnicas sobre a importância do seu uso
e que a sua existência, nestes locais, provavelmente, estava relacionada ao
cumprimento de normas sanitárias vigentes.
A temperatura registrada pelo termômetro embutido às estufas
geralmente é de 20°C a 30°C, maior do que a temperatura do termômetro
acessório, isto porque os termômetros metálicos das estufas se localizam
próximos das resistências de aquecimento, tornando-se ineficientes com o tempo
(TEIXEIRA, 2005).
75
O termômetro acessório indica a temperatura real da estufa, portanto, é
imprescindível o seu uso para o monitoramento da temperatura de todos os ciclos
realizados; entretanto verificou-se que 65 (64,4%) consultórios baseavam-se nas
temperaturas verificadas por outros parâmetros, sendo 64 (63,4%) pelo
termômetro da estufa e um (1,0%) apenas pelo controle do termostato; logo
trabalhavam sem conhecimento do parâmetro real de temperatura alcançado pelo
equipamento, o que conseqüentemente inviabiliza o cumprimento da
recomendação quanto à relação tempo/temperatura para esterilização dos
artigos.
Lima et al. (1990), avaliaram a eficiência da esterilização de seis tipos de
estufas disponíveis no mercado nacional, por meio de monitoramento térmico e
microbiológico. Constataram que as temperaturas aferidas pelo termômetro
embutido na estufa não correspondiam à temperatura obtida pelo termômetro
acessório.
Moura (1990), objetivando avaliar a ação esterilizante do calor seco,
realizou o monitoramento biológico e térmico da estufa de Pasteur. Demonstrou
pelo uso de sondas (termopares), colocadas no interior de caixas metálicas,
localizadas estrategicamente em seis pontos internos da câmara, que as
temperaturas registradas foram diferentes e mais baixas do que as apresentadas
no termômetro embutido no equipamento.
Um outro fator importante a ser observado no momento da esterilização,
refere-se a conservação da porta da estufa fechada, durante o ciclo. Observou-se
(tabela 6, p. 70) que 88 (87,1%) responsáveis pelo processo de esterilização dos
artigos odontológicos conservavam a porta da estufa fechada, durante o ciclo, e
76
que em 13 (12,9%) consultórios havia abertura intermitente da estufa para
acrescentar instrumentais ou retirá-los para uso.
Considerando-se que, a abertura da estufa antes do término da
esterilização provoca esfriamento imediato do equipamento, alterando a
temperatura interna do mesmo, esta ação invalida automaticamente o processo.
Segundo normas da SOBECC (2003), o ciclo de esterilização no qual ocorra a
abertura da estufa, mediante intercorrência de extrema necessidade, deve ser
reiniciado após o alcance da temperatura determinada, para o reuso de um artigo.
Para que a esterilização dos artigos ocorra, é imprescindível que a estufa
esteja funcionando corretamente, portanto a realização de manutenção preventiva
é fundamental. Recomenda-se que se faça esta manutenção mensalmente
(BRASIL. MS, 1994).
Nos 101 consultórios odontológicos observou-se a realização de
manutenção preventiva em apenas 18 (17,8%), dados apontados na tabela 6 (p.
70), sendo que destes, nenhum obedeceu ao critério de realização mensal
preconizado pelo MS; as freqüências de manutenção preventiva encontradas
foram: bimestral (duas); trimestral (quatro); semestral (oito) e anual (quatro).
A não-realização de manutenção preventiva põe em risco a qualidade dos
artigos para uso. Somando-se ao fato que a maioria dos consultórios não
monitora a temperatura real de seus equipamentos, e nenhum consultório
procede qualquer monitoramento químico e biológico, a não realização periódica
da manutenção preventiva, destas estufas, configura-se como fator extremamente
preocupante. Por outro lado, alguns CD, questionaram a dificuldade, de encontrar
bons profissionais capazes de realizar com eficácia a manutenção de
equipamentos esterilizantes, tanto para estufa quanto autoclave.
77
O conjunto destes dados evidencia o comprometimento de parâmetros de
qualidade do processo de esterilização em estufa, nestes consultórios.
Outro parâmetro considerado imprescindível ao processo de esterilização
em estufa, refere-se à relação tempo /temperatura, para a realização dos ciclos
de esterilização dos artigos, que relaciona-se à existência de termômetro
acessório, anteriormente discutida. Nos 101 consultórios odontológicos,
encontrou-se uma diversidade de parâmetros.
Quando questionados a este respeito, em apenas 47 (46,5%) consultórios
encontrou-se uma preocupação com o cumprimento do parâmetro
tempo/temperatura, para esterilização dos artigos. Nestes consultórios, utilizavam
a estufa pré-aquecida, sendo que 17 (16,9%) carregada e 30 (29,8%) vazia. O
pré-aquecimento da estufa, pode ocorrer com o equipamento carregado ou vazio
(SOBECC, 2003).
Na estufa pré-aquecida vazia, após o alcance da temperatura
determinada é procedido o carregamento da câmara, devendo-se esperar o
retorno desta temperatura para iniciar a contagem do tempo de esterilização
(BRASIL. MS, 1994; SOBECC, 2005).
Compreende-se que os fatores mais importantes é que o tempo seja
marcado a partir do momento do alcance da temperatura determinada e que o
ciclo não seja interrompido. Na prática, o que se observa é que o ciclo de
esterilização é mais rápido, quando o carregamento da câmara ocorre após o
aquecimento do equipamento (pré-aquecimento sem material).
Os outros 54 (53,5%) consultórios não utilizavam do indicador de relação
tempo/temperatura para definir o período da esterilização, destes 50 (49,5%)
78
ligavam o equipamento e estipulavam um “determinado tempo”, constatando-se
variações de 1h a 4 h e 30 minutos, prevalecendo a espera de 2 h para
esterilização em 28 consultórios; os outros quatro (4,0%) aguardavam somente o
alcance de uma determinada temperatura esperada e desligavam a estufa, sendo
as seguintes: 140°C (por termômetro acessório) e 170°C, 175°C, 200°C (pelo
termômetro embutido da estufa). Ambas as práticas são contra-indicadas para o
controle do processo de esterilização pelo calor seco, pois este exige a
observação rigorosa da relação tempo de exposição/temperatura, a fim de
assegurar a sua eficácia, e o tempo de exposição deve ser considerado apenas
quando a temperatura determinada for atingida, sem incluir o tempo gasto para o
aquecimento do equipamento (GRAZIANO, 2003a).
Após o conhecimento prévio sobre como os responsáveis pelo processo
de esterilização procediam o ato de esterilizar os artigos, enquanto aguardava-se
a realização do ciclo conforme rotina de cada consultório, realizou-se o
monitoramento da temperatura das estufas dos 101 consultórios odontológicos,
utilizando de termômetro Incoterm
®
em 94 câmaras, nas quais foi possível colocar
o termômetro acessório.
Cinco estufas estavam embutidas em armários, o que tornou inviável o
uso do termômetro acessório, indicando, assim, o desconhecimento da sua
utilização. Dois consultórios possuíam estufas localizadas sobre a superfície,
porém, o tamanho dos orifícios não permitiam a colocação deste termômetro.
Considerou-se, inicialmente, como corretos, os valores de
tempo/temperatura preconizados pelo Ministério da Saúde (BRASIL. MS, 1994),
apresentados no quadro 1 (p.79).
79
Quadro 1 – Relação tempo de exposição/ temperatura para esterilização, por ca-
lor seco, segundo Brasil. MS, 1994 e 2000
Temperatura (°C) Tempo de exposição (hora)
170°C 1:00
160°C 2:00
Nos 94 consultórios onde foi possível a realização do monitoramento do
ciclo de esterilização por termômetro acessório, apenas 34 (33,7%) apresentaram
resultados indicados e 60 (59,4%) contra-indicados. Nas sete (6,9%) estufas, que
não possibilitaram condições para o monitoramento térmico, a relação tempo
/temperatura foi considerada ignorada.
Para fins da correlação entre os parâmetros corretos e a análise
microbiológica, considerou-se também, as relações tempo/temperatura proposta
por Perkins (1982), demonstradas no quadro 2.
Quadro 2 – Relação tempo de exposição/ temperatura para esterilização, por
calor seco, propostas por Perkins (1982)
Temperatura (°C) Tempo de exposição (minutos)
170°C 60’
160°C 120’
150°C 150’
140°C 180’
121°C 720’
A partir da utilização dos parâmetros de Perkins, o quantitativo de estufas
que apresentaram ciclos indicados passou de 34 para 36 (35,6%) e
conseqüentemente as com ciclos contra-indicados de 60 para 58 (57,4%). A
figura 1 (p. 80) representa estes dados conforme serão considerados para as
análises.
80
36
(35,6%)
58
(57,4%)
7 (7%)
0
10
20
30
40
50
60
Indicada
Contra-indicada
Ignorada
Figura 1 – Relação do parâmetro tempo /temperatura dos ciclos de esteriliza-
ção, em estufa, aferida por termômetro acessório, nos consultórios
odontológicos, Distrito Sanitário Central de Goiânia-GO, março/
2004 a janeiro /2005
Destaca-se, ainda, como fator preocupante que encontrou-se uma
diversidade de parâmetros entre os ciclos de esterilização contra-indicados,
revelando que não há padronização de condutas para esterilização.
Mais da metade da amostra, 58 (61,7%) dos ciclos monitorados, por
termômetro acessório apresentaram tempo/temperatura contra-indicados para
esterilização, o que compromete a qualidade dos serviços prestados à clientela
assistida, tornando esses cuidados fatores de risco à saúde.
É fundamental a realização de monitoramento biológico como parâmetro
de qualidade para o processo de esterilização, utilizando-se indicadores
biológicos (IB), para validá-lo. Recomenda-se, para o calor seco (estufa de
Pasteur) utilizar o Bacillus subtilis (SOBECC, 2005).
Objetivando-se avaliar a eficácia das estufas de Pasteur dos 101
consultórios odontológicos, realizou-se a análise microbiológica por Bacillus
81
subtilis, cujos resultados estão representados na figura 2, revelando 55 (54,5%)
resultados negativos e 46 (45,5%) positivos.
55 (54,5%)
46 (45,5%)
40
42
44
46
48
50
52
54
56
Negativo
Positivo
Figura 2 – Resultado do monitoramento biológico realizado em estudo,
em estufas de Pasteur de consultórios odontológicos, Distrito
Sanitário Central de Goiânia-GO, março/2004 a janeiro/ 2005
Impressiona o fato de que quase metade dos testes realizados deram
positividade o que reforça a necessidade da viabilização do monitoramento
biológico, como prática rotineira do funcionamento de estufas. Observa-se que,
este resultado é muito mais elevado do que o encontrado na literatura.
Estudo desenvolvido por Aguirre-Mejía; Sánchez-Pérez e Acosta-Gío
(1999), quando em 55 meses realizaram 2920 testes com IB, em 91 consultórios
odontológicos, da Cidade do México, sendo 19,2% (n= 562) em estufa. Concluiu-
se que, o calor seco predominou como principal método de esterilização, e que
dos 562 (19,2%) testes realizados em estufa 46 (8,1%) resultados foram positivos,
82
reiterando a importância do monitoramento semanal com IB, para verificação dos
ciclos de esterilização e detecção de falhas, no equipamento.
Prado e Santos (2002), objetivando avaliar a esterilização dos artigos,
em 49 consultórios odontológicos, da Cidade de Taubaté-SP, realizaram testes
biológicos em 50 equipamentos para esterilização, destes 36 estufas, tendo como
um dos resultados a positividade microbiológica (esterilização não-efetiva) em
seis (12%) estufas.
Bacareli; Silva e Ribeiro (2003), em estudo sobre métodos de
esterilização, na Cidade de Campinas-SP, no qual 92 Odontólogos se dispuseram
a realizar a monitorização de esterilização em 128 equipamentos, sendo 77
estufas, utilizando IQ externos e internos e IB, concluíram que apenas 3 estufas
não apresentaram um procedimento de esterilização eficiente, demonstrando um
número significativo de profissionais, da área odontológica, seguindo às normas
de biossegurança do Conselho Federal de Odontologia, utilizando métodos de
esterilização eficazes.
Os fatores intervenientes à qualidade da esterilização, nos
consultórios estudados, e os resultados do monitoramento biológico por Bacillus
subtilis, estão apresentados na tabela 7 (p. 83).
Para verificar a influência individual dos fatores intervenientes à
positividade do monitoramento biológico, utilizou-se do Teste de χ
2
, pelo software
EPI INFO versão 3.2 (CDC, 2004).
83
Tabela 7 – Distribuição dos fatores intervenientes à qualidade da esterilização de
artigos/resultados de monitoramento biológico por B. subtilis, reali-
zado em consultórios odontológicos (n=101), Distrito Sanitário Cen-
tral de Goiânia-GO, março/2004 a janeiro/2005
B. subtilis
Fatores intervenientes
N NEG. % POS. %
χ
2
Valor
de P
Quantidade de instrumentais
nos pacotes
Pequena 66 35 53,0 31 47,0 - -
Grande 35 20 57,0 15 43,0 0,03 0,8
Tamanho da carga
Não ultrapassou 2/3 58 34 58,6 24 41,4 - -
Ultrapassou 2/3 43 21 48,8 22 51,2 0,6 0,4
Disposição dos pacotes na
câmara
Indicadas 15 09 60,0 06 40,0 - -
Não indicadas 86 46 53,5 40 46,5 0,03 0,8
Monitoramento por termômetro
acessório
Sim 36 28 77,8 08 22,2 - -
Não 65 27 41,5 38 58,5 10,8
0,00*
Manutenção da porta fechada
durante o ciclo
Sim 88 48 54,5 40 45,5 - -
Não 13 07 53,8 06 46,2 0,06 0,8
Manutenção preventiva
Sim 18 07 38,9 11 61,1 - -
Não 83 48 57,8 35 42,2 1,4 0,2
Relação tempo/temperatura dos
ciclos de esterilização
Indicada 36 32 88,9 04 11,1 - -
Contra-indicada 58 20 34,5 38 65,5 24,4
0,00*
Ignorada 07 - - - -
-
* Nível de significância estatística: p<0,05
Estes dados revelam que os grupos, positivo e negativo, se diferenciam
estatisticamente somente para os fatores intervenientes, como: a não-realização
de monitoramento térmico, por termômetro acessório, na estufa de Pasteur e a
relação tempo/temperatura indicadas para os ciclos de esterilização. Demonstram
a importância da prática destes parâmetros para a qualidade da esterilização dos
artigos odontológicos.
84
Evidentemente, que os fatores intervenientes à qualidade da esterilização
são sinérgicos. Houve ação simultânea de todos os fatores pesquisados. Alguns,
possivelmente, se somam e outros, se anulam, mas a ação resultante foi a
influência de todos eles juntos; esta ação combinada, permitiu que houvesse 46
testes biológicos positivos.
Interessou-nos caracterizar o cumprimento dos parâmetros de qualidade
nos consultórios odontológicos, que apresentaram ciclos de esterilização
indicados, e realizavam monitoramento térmico, por termômetro acessório das
estufas, com resultado de positividade para o B. subtilis. São três consultórios
com essas características. O quadro 3, assinala em cada caso (consultório), os
fatores intervenientes não-indicados.
Quadro 3 – Fatores intervenientes à positividade do monitoramento biológico
por B.subtilis em estufas, com ciclos de esterilização indicados e
monitoramento térmico por termômetro acessório, nos consultórios
odontológicos, Distrito Sanitário Central de Goiânia-GO, março/2004
a janeiro 2005
Caso Monitoramento
térmico
Tempo /
temp.
Fatores intervenientes não-indicados
1
Sim 170°C/
1h
Carga ultrapassou 2/3; pacotes
dispostos encostados uns nos outros,
sobrepostos, utilizando a base.
2
Sim 180°C/
1h
Grande quantidade de instrumentais
dentro dos pacotes; carga ultrapassou
2/3; pacotes dispostos encostados uns
nos outros, nas laterais, sobrepostos e
no centro; abria e fechava a estufa; não-
realização de manutenção do
equipamento.
3
Sim 170°C/
1h
Carga ultrapassou 2/3; pacotes
dispostos encostados uns nos outros,
nas laterais, sobrepostos, no centro e
base da estufa; abria e fechava a estufa;
não-realização de manutenção do
equipamento.
85
Os dados comprovaram a importância da observação estrita dos
parâmetros de qualidade preconizados, para que o processo de esterilização seja
eficiente. Destaca-se que, o não-cumprimento de parâmetros como: a montagem
da carga ultrapassando 2/3 e a disposição incorreta dos invólucros na câmara,
foram fatores intervenientes à positividade do monitoramento biológico nos três
casos, seguido da abertura intermitente da porta da estufa durante os ciclos de
esterilização, e da não-realização de manutenção preventiva do equipamento em
dois casos, e por último a grande quantidade de instrumentais colocadas nos
pacotes, em um caso.
Reafirmam, como o preconizado em literaturas (AORN, 1997;
GRAZIANO; GRAZIANO, 2000; CDC, 2003; PADOVEZE, 2003; SOBECC, 2005),
que a estufa de Pasteur, enquanto equipamento esterilizante, requer a prática de
cuidados importantes para a realização de ciclos de esterilização com qualidade,
e isto a torna muito suscetível ao insucesso da esterilização. Sendo assim, há
necessidade de se utilizar a autoclave (vapor saturado sob pressão), como
equipamento de primeira escolha, para a esterilização de artigos
termorresistentes.
86
6 CONCLUSÃO
Este estudo sobre monitoramento do processo de esterilização em
estufas de Pasteur, realizado em 101 consultórios odontológicos do Distrito
Central de Goiânia-GO, nos permite concluir que:
- Os responsáveis pelo processamento dos artigos odontológicos possuíam
idades entre 17 a 65 anos, prevalecendo o sexo feminino, tendo grande parte o 2º
grau completo, e a maioria não possuía formação profissional na área da saúde.
- A estufa foi identificada predominantemente como equipamento esterilizante de
diversos artigos críticos termorresistentes, para os quais é indicada, como:
instrumentais, brocas e limas endodônticas, mas, também, para artigos
termossensíveis ao calor, como gazes e algodão, contrariando as recomendações
preconizadas.
- Encontrou-se a não-padronização do uso de invólucros para esterilização em
mais da metade dos consultórios pesquisados, onde em uma mesma carga
haviam embalagens indicadas, contra-indicadas e até ausência (instrumentais
soltos nas prateleiras), predominando o uso de caixa metálica fechada (indicada)
com bandeja aberta (não indicada), além de caixa metálica aberta, papel pardo e
papel alumínio perfurado.
- Existem duas práticas de confecção dos pacotes para esterilização: (1)
utilização de kits individuais; (2) esterilização, em um único pacote, de vários
artigos de um mesmo tipo, os quais são montados previamente ao atendimento
87
do cliente. Para este procedimento, utilizavam pinças auxiliares esterilizadas e
pinças que perdiam sua esterilidade, pois eram acondicionadas sem invólucros ou
em frascos de vidros contendo solução, dos seguintes tipos: álcool a 96 GL,
álcool a 70% e glutaraldeído a 2%.
- Encontrou-se inadequação dos seguintes parâmetros necessários à garantia da
qualidade do processo de esterilização: disposição dos pacotes na estufa,
dificultando a livre circulação do calor; o não uso de termômetro acessório para
aferir a temperatura interna do equipamento; a inobservância da relação indicada
de tempo/temperatura; ausência de monitoramento químico e biológico para o
controle da esterilização dos artigos esterilizados, e inexistência da realização de
manutenção preventiva da estufa;
- Os fatores intervenientes à qualidade da esterilização com maior significância
para o processo de esterilização foram: não-monitoramento térmico da
temperatura das estufas por termômetro acessório e a relação tempo/temperatura
indicada dos ciclos de esterilização;
- O não-cumprimento de determinados parâmetros de qualidade para o processo
de esterilização, em estufa de Pasteur, aumenta o risco da positividade do teste
por Bacillus subtilis, mesmo quando é obedecida a relação tempo/temperatura
indicada para os ciclos, e se realiza o monitoramento térmico, por termômetro
acessório, dos equipamentos, sendo estes os seguintes:
Carga para esterilização ultrapassando 2/3 da câmara;
Disposição, de modo incorreto, dos pacotes dentro do equipamento;
Abertura intermitente da porta da estufa durante o ciclo de esterilização;
Não-realização de manutenção preventiva da estufa;
Colocação de grande quantidade de instrumentais dentro dos pacotes.
88
- Os dados apresentados, neste estudo, reafirmam que a estufa de Pasteur é um
equipamento suscetível ao insucesso do processo de esterilização e que a sua
eficácia está intimamente relacionada ao cumprimento dos parâmetros de
carregamento e esterilização preconizados, os quais dependem da ação humana.
Os resultados do teste microbiológico mostraram que em quase metade dos
consultórios odontológicos a estufa de Pasteur não foi eficaz como equipamento
esterilizante.
89
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Odontologia é uma ciência prestadora de cuidados em saúde, que
beneficiam e promovem a melhoria da qualidade de vida dos clientes assistidos.
Neste sentido, estes cuidados não são estanques, agregam uma complexidade
de fatores intervenientes que requerem competência técnico-cientìfica, ética e
humana. A esterilização de artigos, importante medida de prevenção de
infecções, compõe os elementos da competência técnica, que deve receber
atenção sistemática da equipe odontológica.
O calor seco, com o uso da estufa de Pasteur é um método de
esterilização ainda muito utilizado em Odontologia. Este equipamento quando
bem usado é eficaz. Todavia, ele não é automático, necessita ser
operacionalizado por pessoas e como o trabalho, na Odontologia, é
extremamente dinâmico, requer a prática de ações diversas, estressantes e
muitas vezes simultâneas, pode acarretar a perda do controle do indivíduo sobre
a máquina, alterando o manejo correto do ciclo de esterilização.
Outro fator a considerar, é que os responsáveis pelo processamento de
artigos, possuam formação técnica, conhecimentos, habilidades para estas
práticas. Necessita-se valorizar estas pessoas, pois todo trabalho é importante, e
quando elas se percebem produzindo ações com qualidade a responsabilidade
sobre estes produtos aumenta, significativamente. Ressalta-se o importante papel
que compete ao CD, como responsável legal pela sua unidade de atendimento,
90
conforme explicitado em sua lei do exercício profissional, devendo praticar todos
os atos pertinentes à Odontologia, e decorrentes de conhecimentos adquiridos no
curso de graduação ou pós-graduação (BRASIL. Leis, 1966), portanto, cabe ao
profissional a responsabilidade pelos processos de esterilização executados em
seu consultório.
O caminho percorrido para a realização deste estudo, colocou-nos frente
a uma realidade que exigiu uma intervenção imediata, fato que motivou os
pesquisadores envolvidos, a elaborarem um roteiro educativo, construído a partir
desta necessidade (Apêndice E). O roteiro foi entregue no momento da
distribuição dos laudos dos testes biológicos (Apêndice F), e recebido com
entusiasmo, pela equipe odontológica, a qual manifestou intenção de colocá-lo
em prática. Destacamos, também, que o momento da coleta dos dados, quando
permanecia-se em média três horas nos consultórios, constituiu-se em
“oportunidades educativas”. Neste sentido, o desenvolver da pesquisa
apresentou-se como uma possibilidade imediata de intervenção.
Por outro lado, acreditamos que os resultados, deste estudo, servirão de
subsídios para as ações educativas e de vigilância, para uma prática segura de
processamento de artigos em estufa de Pasteur em consultórios odontológicos do
Município de Goiânia-GO.
91
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de centro cirúrgico. 2. ed. São Paulo: E.P.U., 1997. 249 p.
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de materiais médico-cirúrgicos: estudo da eficácia de desinfetantes químicos e
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2003.
_____. Processamento de artigos em uma instituição de ensino odontológico:
discutindo a qualidade. Rev. SOBECC, São Paulo, v.9, n.3, p.14-17, jul./set.
2004.
_____. O processamento de artigos odontológicos em Centros de Saúde de
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FERRAZ, E.M. Infecção em cirurgia. Rio de Janeiro: MEDSI, 1997, p. 577-608.
101
APÊNDICES
102
APÊNDICE A – CARTA AO ESTABELECIMENTO ODONTOLÓGICO
FACULDADE DE ENFERMAGEM
MESTRADO EM ENFERMAGEM
ORIENTADOR: Profº Dr Joaquim Tomé de Sousa.
CO-ORIENTADORA: Profª Drª Anaclara Ferreira Veiga Tipple.
Goiânia, 06 de março de 2004.
De: Solange do Socorro Fonseca Tavares
Para: Responsável técnico pelo consultório odontológico.
Caro sr.(a), sou aluna do Curso de Mestrado em Enfermagem da Faculdade de
Enfermagem da Universidade Federal de Goiás e estou desenvolvendo a pesquisa intitulada:
”Esterilização por estufa de Pasteur em consultórios odontológicos do município de Goiânia”. Os
meus objetivos com este estudo são: caracterizar as condições do processo de esterilização por
estufa, monitorar o processo de esterilização em estufa e analisar a qualidade da esterilização dos
artigos odontológicos em estufa.
Solicito ao responsável técnico deste consultório odontológico autorização para coletar os
dados a serem analisados na construção desta Dissertação de Mestrado. Para tanto, necessitarei
observar a realização do processamento dos artigos odontológicos esterilizados em estufa,
através de: 1) aplicação de um questionário junto ao profissional responsável pelo preparo dos
materiais; 2) monitoramento do processamento dos artigos observando todas as etapas do
processo, utilizando um check-list; 3) aferição da temperatura da estufa; 4) realização do teste de
indicador biológico com Bacillus subtilis com posterior incubação e cultura a ser feita no Instituto
de Patologia Tropical e Saúde Pública (IPTSP). Devo perfazer uma carga horária de 2:30 minutos
para coletar estes dados.
Envio em anexo, o termo de aceite desta pesquisa emitido por Comitê de Ética.
Caso seja de seu interesse, emitiremos um relatório contendo a conclusão das análises
feitas em seu estabelecimento.
Desde já, agradecemos a sua atenção.
Cordialmente,
___________________________________________
Solange do Socorro Fonseca Tavares
____________________________________________
Profª. Drª. Anaclara Ferreira Veiga Tipple.
103
APÊNDICE B - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
FACULDADE DE ENFERMAGEM
MESTRADO EM ENFERMAGEM
ORIENTADOR: ProfºDr.Joaquim Tomé de Sousa.
CO-ORIENTADORA: ProfªDrªAnaclara Ferreira Veiga Tipple.
Declaro, a quem possa interessar, que a mestranda SOLANGE DO
SOCORRO FONSECA TAVARES tem o consentimento para utilizar, garantindo o
meu anonimato, os dados coletados para a elaboração da pesquisa científica
intitulada: “ESTERILIZAÇÃO POR ESTUFA DE PASTEUR EM CONSULTÓRIOS
ODONTOLÓGICOS DO MUNICÍPIO DE GOIÃNIA”. Afirmo, outrossim, ter
recebido todas as informações necessárias para que espontaneamente
respondesse às perguntas formuladas”.
Goiânia, ____/____/_______.
_____________________________________________
ASS. DO DEPOENTE
104
APÊNDICE C - CHECK – LIST
1 . DADOS DE IDENTIFICAÇAO:
1.1 - Código: ____________1.2 - Data da coleta dos dados: ___/___/______
2 . ESTERILIZAÇÃO DOS ARTIGOS ODONTOLÓGICOS:
2.1 - Tipos de invólucros utilizados para os artigos odontológicos?
Caixas metálicas fechadas ( ) Caixas metálicas abertas ( )
Papel de alumínio ( ) Bandejas abertas ( )
Vidros refratários ( ) Outros _________________________________________
2.2 - Utilizam fitas, com indicadores químicos classe I, externamente em todos os
invólucros para monitoramento da esterilização? Sim ( ) Não ( )
*Em caso afirmativo, a fita utilizada é específica para estufa? Sim ( ) Não ( )
2.3 - Utiliza termômetro adicional para aferir a temperatura? Sim ( ) Não ( )
2.4 - Realiza pré-aquecimento? Sim ( ) Não ( ) *A que temperatura: ________
2.5 - Tempo/temperatura utilizadas para a esterilização dos artigos?
---------------------------------------------------------------
2.6 - A marcação do tempo de esterilização foi a partir do início da temperatura
escolhida? Sim ( ) Não ( )
2.7 - Utiliza o termostato para controle da temperatura escolhida? Sim ( ) Não( )
2.8 - Realiza o carregamento da estufa com materiais da seguinte maneira:
a) Coloca pequenas quantidades de instrumentos dentro dos invólucros?
Sim ( ) Não ( )
b) A carga não ultrapassa a 2/3 da capacidade da Câmara? Sim ( ) Não ( )
2.9 - Os invólucros são dispostos na estufa:
Sem encostar uns nos outros? Sim ( ) Não ( )
Sem encostar nas laterais? Sim ( ) Não ( )
Sem serem sobrepostos? Sim ( ) Não ( )
Sem utilizar a base? Sim ( ) Não ( )
Sem utilizar o centro? Sim ( ) Não ( )
2.10 - Mantém a estufa fechada durante todo o ciclo de esterilização?
Sim ( ) Não ( ) * Motivo:__________________________________
2.11 - Verifica se a temperatura permaneceu constante até o final da esterilização?
Sim ( ) Não ( )
* Quantas vezes? Uma ( ) Duas ( ) Três ( ) Mais de três ( )Sem informação ( )
2.12 - Realiza registro sistemático de anotação do tempo de esterilização (início/ final):
Sim ( ) Não ( )
2.13 - Temperatura final da estufa no término da esterilização: ____________
105
APÊNDICE D – QUESTIONÁRIO.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
FACULDADE DE ENFERMAGEM
MESTRADO EM ENFERMAGEM
QUESTIONÁRIO
1 – DADOS DE IDENTIFICAÇAO:
Código: ______________
Data da coleta dos dados: ___/___/______
Idade: ___________ Data de nascimento: ___/___/______
Profissão: _____________________________
Grau de escolaridade: _______________________
Especialidade: _______________________________________
2 - ESTERILIZAÇÃO DOS ARTIGOS EM ESTUFA DE PASTEUR:
2.1 – Como você esteriliza os artigos em estufa de Pasteur?
3 - SOBRE A ESTUFA:
3.1- Você realiza rotineiramente a manutenção do equipamento?
Sim ( ) Não ( )
*Qual a freqüência da manutenção. _________________________________
3.2 - Você realiza limpeza da estufa? Sim ( ) Não ( )
*Como?__________________________________________
*Com qual freqüência? ________________________
4 - TIPOS DE ARTIGOS ESTERILIZADOS EM ESTUFA:
5 - Realiza monitoramento biológico do processo de esterilização em estufa?
Sim ( ) Não ( )
*Com qual freqüência? _______________________________
Vidraria
Limas/endodônticas
Brocas
Instrumentais de cirurgia
Instrumentais periodontia
Instrumentais dentística
Material de isolamento
Material de moldagem
OUTROS
106
APÊNDICE E
UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
INSTITUTO DE PATOLOGIA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA
FACULDADE DE ENFERMAGEM
O
O
R
R
I
I
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T
T
O
O
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Ó
Ó
G
G
I
I
C
C
O
O
S
S
Patrícia S. Anders
1
, Solange S. F. Tavares
2
; Anaclara F. V. Tipple
3
, Fabiana C. Pimenta
4
1- Higienização das mãos:
A importância da higienização das mãos na prevenção de infecções em estabelecimentos de
saúde é baseada na sua capacidade de abrigar microrganismos e transferi-los de uma superfície
para a outra por contato direto (pele) ou indireto (objetos). A indicação e a freqüência da lavagem
das mãos varia de acordo com o tipo e a intensidade da atividade a ser executada. Recomenda-se
a lavagem das mãos: ao iniciar o turno de trabalho; antes de calçar as luvas e imediatamente após
retirá -las; antes e após cuidados de rotina com pacientes; entre atividades com o mesmo
paciente, para evitar a transmissão cruzada; após manuseio de equipamentos sujos e/ou
contaminados; após contato com sangue, saliva ou secreções purulentas; após a remoção de
equipamentos de proteção individual; antes e após preparo de alimentos; após a realização de
funções fisiológicas; quando as mãos estiverem sujas.
A lavagem básica das mãos tem por princípio remover a sujidade e a microbiota transitória das
mãos, por meio de água e sabão líquido associados à fricção. Um outro procedimento, a anti-
sepsia das mãos, promove uma ação letal ou inibitória do crescimento microbiano, pela aplicação
de um germicida classificado como anti-séptico (exemplos: álcool a 70%, clorexidina). Com a
finalidade de anti-sepsia, a aplicação do anti-séptico deve ser precedida pela higienização com
água e sabão ou uso de sabões anti-sépticos.
2- Limpeza dos artigos: Recomenda-se o uso de detergente enzimático, produto composto por
enzimas, surfactantes e solubilizantes que atuam em substratos protéicos, lipídicos e carboidratos
auxiliando na remoção da matéria orgânica em curto período de tempo. Estão disponíveis no
mercado produtos com quantidades diferentes de enzimas, sendo os que possuem três enzimas
os mais indicados. Utilizar escova plástica e/ou esponja de espuma. Não se recomenda o uso de
escovas com cabo de madeira. O uso de esponja de aço e outros produtos abrasivos são contra-
indicados, pois promovem ranhuras no instrumental, o que facilita o depósito de microrganismos e
matéria orgânica e dificulta a remoção dos mesmos. Falhas na limpeza dos artigos impedem a
desinfecção e a esterilização.
1
Mestranda em Microbiologia pelo Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública - IPTSP / UFG
2
Mestranda em Enfermagem pela Faculdade de Enfermagem – FEN / UFG
3
Prof. Dr. Adjunto da FEN / UFG
4
Prof. Dr. Adjunto do IPTSP / UFG
107
- Equipamentos de Proteção Individual (EPI): gorro, avental impermeável, óculos de proteção,
máscara, luvas de borracha de cano longo, sapato fechado impermeável.
3-
ENXÁGÜE DOS ARTIGOS: Deve ser abundante, em água potável e corrente; sobras de sabão
danificam o material. O uso de água DDD (deionizada, destilada e desmineralizada) vem sendo
recomendado para o último enxágüe dos artigos, visando o aumento de sua vida útil. Isto pode ser
viabilizado pela adaptação de filtro especial acoplado à torneira.
4- Secagem dos artigos: Recomenda-se o uso de toalhas de tecido exclusivas para esta
finalidade, preferencialmente pequenas e que devem ser substituídas após umedecidas. Não lavar
as toalhas em domicílio. Recomenda-se terceirizar o serviço de lavagem das mesmas, caso não
possua espaço próprio (lavanderia) aprovado pela Vigilância Sanitária Municipal. A secagem dos
artigos também pode ser feita com toalhas de papel de boa qualidade.
5- Empacotamento dos artigos:
- Invólucros utilizados para esterilização em estufa
: caixas metálicas fechadas; papel alumínio e
vidros refratários;
- Invólucros utilizados para esterilização em autoclave
: tecido de algodão cru (gramatura: 200
g/m
2
; número de fios: acima de 56 fios/cm
2
), papel grau cirúrgico, papel crepado, não tecido, tyvek
e filmes transparentes (polipropileno, polietileno, poliéster, nylon ou poliamida, PVC, poliestireno,
acetato de celulose, EVA, PETG).
- Utilizar kits individualizados de instrumentais para atendimento /procedimento. Para as brocas
recomenda-se preparar kits individualizados contendo o conjunto de brocas a ser usado.
6- Esterilização dos artigos em estufa:
- Restringir o uso da estufa para esterilizar instrumentais de corte, óleos e pós;
- Utilizar indicador químico classe I específico para estufa (fita termossensível) para
monitoramento de artigos que foram expostos ao processo de esterilização. Colocar externamente
em todos os invólucros, com tamanho de fita de, no mínimo, 5 cm (3 listras).
- Utilizar termômetro acessório para a estufa;
- O tempo para esterilização deve ser considerado a partir do momento da aferição da temperatura
indicada no termômetro acessório. As temperaturas/tempo preconizadas para esterilização em
estufa de Pasteur são: 170ºC por 1 hora ou 160°C por 2 horas;
- Dispor os artigos na estufa da seguinte forma: não sobrepor os artigos; não encostar uns nos
outros; não encostar nas paredes internas da estufa; não utilizar o centro e a base (resistência) da
estufa; colocar pequenas quantidades de instrumentos dentro dos invólucros; a carga não deve
ultrapassar 2/3 da capacidade da câmara;
- Manter a estufa fechada durante todo o ciclo de esterilização. A abertura da estufa ocasionará a
queda imediata da temperatura e interferirá diretamente no ciclo de esterilização;
- Realizar manutenção periódica do equipamento;
- Observação: A utilização de pinça auxiliar (seca ou imersa em solução) para a retirada de artigos
esterilizados comprometem a esterilidade do material possibilitando sua contaminação antes
mesmo de ser utilizado para o atendimento do cliente. Recomenda-se a separação dos materiais
na etapa de preparo, em kits individualizados por atendimento /procedimento.
108
7- Esterilização dos artigos em autoclave:
- Todos os artigos termorresistentes compatíveis com umidade devem ser autoclavados. Os
parâmetros essenciais que garantem a eficácia do processo de esterilização devem ser
monitorados (tempo, temperatura, pressão e qualidade do vapor).
- A relação temperatura e tempo a que são expostos os materiais na esterilização variam de
acordo com o tipo de autoclave (gravitacionais e pré-vácuo) e tipo de ciclo de material (superfície e
espessura). Os materiais de superfície são aqueles cujo vapor tem contato apenas com a
superfície dos artigos a serem esterilizados, sem penetração pelas estruturas da matéria prima
constituinte (ex.: instrumentais, borrachas e plásticos não porosos). Os materiais de densidade ou
espessura são aqueles cujo vapor deve penetrar pela estrutura do material para garantir o nível de
segurança de esterilidade (ex.: tecidos). Em autoclaves gravitacionais, a temperatura indicada é
de 121 a 126º C a 15 minutos (material de superfície) ou 30 minutos (para materiais de
densidade). Para autoclaves pré-vácuo, a temperatura é de 132º C a 4 minutos para qualquer
ciclo.
- Para a reutilização das canetas de alta rotação recomenda-se a esterilização em autoclave a
vapor.
8- Esterilização por pastilhas de paraformaldeído: A utilização de pastilhas de formalina
(paraformaldeído) para esterilização de artigos é um recurso obsoleto, não sendo recomendado
por vários órgãos nacionais e internacionais, pois além de trazer riscos ocupacionais, há
dificuldade de controle e de validação do processo de esterilização.
9- Guarda e distribuição dos artigos odontológicos:
- Acondicionar artigos esterilizados em armários fechados e exclusivos, localizado a 20 cm do
piso, 40 cm do teto e 05 cm da parede, fora da área de atendimento e de fácil limpeza e
desinfecção (álcool a 70%). Realizar a limpeza e desinfecção do armário semanalmente, no
momento que a maioria dos artigos estiverem em uso para evitar o manuseio desnecessário de
artigos esterilizados;
- A prática de utilizar a própria estufa ou autoclave como armário é totalmente contra-indicada.
10- Vacinação: Recomenda-se a vacinação contra hepatite B (03 doses) para o profissional que
realiza o processamento de artigos. Os profissionais devem conhecer sua resposta vacinal em
triagem sorológica pós-vacinação (anti-Hbs). O profissional não respondedor ao primeiro esquema
deve receber um novo esquema completo (3 doses). É indicado reforço das vacinas tetânico-
diftérico a cada 10 anos.
- Todo acidente envolvendo material biológico deve ser notificado. Existem medidas profiláticas
pós acidente que minimizam o risco de infecção, e a primeira medida a ser tomada é a lavagem
exaustiva com água e sabão em lesão percutânea e com soro fisiológico se houver exposição em
mucosas.
Referências Bibliográficas:
1- Associação Paulista de Estudos e Controle de Infecção Hospitalar – APECIH. Esterilização de Artigos em Unidades de Saúde. São Paulo (SP):
APECIH; 2003.
2- Sociedade Brasileira de Enfermeiros de Centro Cirúrgico, Recuperação Anestésica e Centro de Material e Esterilização - SOBECC. Práticas
Recomendadas: Centro Cirúrgico, Recuperação Anestésica, Centro de Material e Esterilização. São Paulo (SP): SOBECC; 2003.
109
APÊNDICE F
UF
G
UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
INSTITUTO DE PATOLOGIA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMGEM
Rua Delenda Rezende de Melo, S/N - Setor Universitário - Goiânia - GO
CEP 74605-050 - Fone (062) 521.18.37 – 209.61.02 - FAX (062) 521.18.39
LAUDO MICROBIOLÓGICO
PROJETO: ESTUDO SOBRE ESTERILIZAÇAO EM ESTUFA DE PASTEUR EM CONSULTÓRIOS
ODONTOLÓGICOS DO MUNICÍPIO DE GOIÂNIA
.
Código do Consultório:____________________________
Análise microbiológica: amostra de Bacillus subtilis, posicionada no centro
geométrico da estufa, local considerado de acordo com literaturas, como sendo o
ponto frio do equipamento. O procedimento técnico de esterilização seguiu as
rotinas do serviço em questão.
Data da coleta:_____________________________
RESULTADO: Houve crescimento do Bacillus subtilis na
amostra analisada.
INTERPRETAÇÃO: Houve falhas no procedimento de esterilização e
recomenda-se a detecção do problema.
______________________________________
Responsável Técnico
Goiânia, __/__/_____.
110
UF
G
UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
INSTITUTO DE PATOLOGIA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMGEM
Rua Delenda Rezende de Melo, S/N - Setor Universitário - Goiânia - GO
CEP 74605-050 - Fone (062) 521.18.37 – 209.61.02 - FAX (062) 521.18.39
LAUDO MICROBIOLÓGICO
PROJETO: ESTUDO SOBRE ESTERILIZAÇAO EM ESTUFA DE PASTEUR EM CONSULTÓRIOS
ODONTOLÓGICOS DO MUNICÍPIO DE GOIÂNIA
.
Código do Consultório:____________________________
Análise microbiológica: amostra de Bacillus subtilis, posicionada no centro
geométrico da estufa, local considerado de acordo com literaturas, como sendo o
ponto frio do equipamento. O procedimento técnico de esterilização seguiu as
rotinas do serviço em questão.
Data da coleta:_____________________________
RESULTADO: Não houve crescimento do Bacillus subtilis na
amostra analisada.
INTERPRETAÇÃO: Procedimento de esterilização adequado e recomenda-
se a monitorização periódica do aparelho.
______________________________________
Responsável Técnico
Goiânia, __/__/_____.
111
ANEXO
112
Santa Casa de Rua Campinas, n. 1135 Setor Americano
Misericórdia o Brasil - Goiânia - GO Cep 74530-240
de Goiânia Fone: (062) 254-4000
Centro de Ensino e Pesquisa
À
Dra Adenícia Custodia Silva e Souza
Da: Comissão de Bioética
Data: 11/04/2003
Protoc: 010/03
A Comissão de Bioética da Santa Casa de Misericórdia de Goiânia tem o prazer de
cumprimentá-la, e ao mesmo tempo informar que o seu Projeto de Pesquisa, intitulado
"Prevenção e controle de infecção em serviços de saúde: buscando caminhos para
uma nova práxis."
Na mesma ocasião também foram analisados os sub-projetos: 1 -
Métodos de Proteção Anti-lnfecciosa e o Controle das Infecções; 2 - A Execução de
Técnicas e Procedimentos de Enfermagem e suas Implicações para a Prevenção e
Controle das Infecções e 3 - O Controle de Infecção na Perspectiva da Proteção
Profissional e aprovado por esta Comissão
em reunião do dia 22/04/2003.
Recomendamos fiel observância aos termos da Resolução n° 196/96, do Conselho
Nacional de Saúde, durante toda a pesquisa.
Solicitamos o encaminhamento de relatórios periódicos a esta Comissão de
Bioética, informando sobre as experimentações, desenvolvimento da pesquisa e
resultados.
Informamos que caso a coleta de dados se estenda à Santa Casa de
Misericórdia de Goiânia deverá ser encaminhada à esta Comissão nova Folha de
Rosto para pesquisa.
Atenciosamente
ANEXO A
_________________________________________________________
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