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No que tange a questão do valor da tarifa, há uma grande discussão em relação a sua
determinação ideal, constituindo-se assim este ponto em uma zona de tensão entre governo,
empresários e sociedade. Para os empresários, o valor da tarifa está defasado visto que o
sistema de cálculo encontra-se baseado em uma estrutura de custos que considera
equipamentos antigos, não se aplicando mais a frotas que estão tecnologicamente avançadas e
que apresentam outros componentes de custo. A fim de dirimir estas dúvidas, um estudo
solicitado pela Câmara Municipal de Salvador e Fundação Getúlio Vargas (FGV) fez uma
análise do Custo por Passageiro Transportado (CPT), onde diversos cenários para os
componentes dos custos foram traçados a fim alcançar-se o valor ideal a ser adotado. Abaixo
transcrevem-se trechos das considerações finais apresentadas pelo estudo:
A FGV verificou que a planilha de cálculo adotada pela STP está de acordo com o
Regulamento de Transportes aprovado em Lei, com algumas modificações,
conforme mencionadas nas seções anteriores. Os cálculos do CPT, de acordo com a
planilha da STP, apontam para uma tarifa de R$2,1467, com dados de março/2006 e
médias de passageiros transportados calculadas entre março de 2005 e fevereiro de
2006, conforme pode ser visto na Tabela 4.1, no início deste Relatório.
A FGV sugere o valor calculado para o CPT de R$2,2073, se nenhuma melhoria
puder ser obtida em termos de aumento no número de passageiros equivalentes, num
prazo considerado como razoável pelos gestores do sistema. Tal incremento,
simplesmente via fortalecimento natural da demanda, é, efetivamente, difícil de ser
conseguido, por diversas razões, de ordem conjuntural, de natureza sócio-
econômica. Embora, como à frente será enfatizado, algum resultado é sempre
possível, através de uma gestão firme e direcionada, no sentido de procurar reduzir a
pressão marginal sobre a tarifa técnica, representada pelas gratuidades. [...] Em
suma, a FGV concluiu que, na realidade local atual, o CPT deve se situar entre
2,14 e 2,21.
Por último, mas nem por isso fator de menor importância, no sentido de procurar
manter o CPT em valores toleráveis para os padrões de renda típicos da população
de usuários do sistema, é desejável que seja perseguido, como meta, algum resultado
positivo (provavelmente, baixo e incerto, pelo menos de início) no combate às
fraudes, em especial as que ocorrem via porta dianteira ─ prática essa a ser
crescentemente coibida. Para se obter a redução do CTP conforme aqui simulado, é
recomendável adotar medidas que auxiliem na diminuição das gratuidades, sem o
que o número de passageiros equivalentes tenderia a cair. (FGV, 2006)
O estudo aponta para uma necessidade de aumento da tarifa, porém não deixa de marcar a
questão da gratuidade, pelo menos da forma como vem sendo conduzida como um aspecto
nocivo ao sistema. Um ponto relevante é a necessidade de se alinhar o valor da tarifa à
realidade de renda do município.
No tocante a questão reajuste de tarifa, uma fonte ligada ao sistema de transporte coletivo de
Salvador, afirma que o melhor momento para que este ocorra é no período de final e início de
ano. Segundo suas palavras: “O melhor momento para proceder o reajuste de tarifas deve ser
no final ou no início do ano, porque os estudantes estão de férias, não permitindo sua