primeira vez, a função da prisão como reeducativa e ressocializadora, juntamente
com o trabalho, a educação, a assistência social, o acompanhamento psicológico,
dentre outros, visando a recuperação do apenado para que pudesse retornar ao
convívio social.
Assim no início da década de 1940, com o novo Código Penal, os modelos
normativos de funcionamento das unidades prisionais ampliaram-se de acordo com
as medidas da reforma do sistema penal.
O programa de reformas visava à reorganização prática do Sistema Penal Brasileiro
e a criação de novos estabelecimentos prisionais que correspondessem à
concepção de prisão da época, ou seja, daquela instituída pela legislação vigente.
Nesse período, no Rio de Janeiro, foi inaugurado o Reformatório Feminino
administrado por freiras em Bangu, denominado Talavera Bruce, bem como a prisão
agro-industrial masculina, a Penitenciária Esmeraldino Bandeira, também localizada
em Bangu. Desta forma, o ambiente prisional deveria, a partir deste momento,
promover a ordem, a assepsia, a arrumação e, no que tange ao tratamento prisional
feminino, também a domesticidade. É importante destacar que a criação de uma
prisão para mulheres no estado e sua primeira gestão são conseqüências desses
programas de reformas, propostos pelo Código Penal da época, pois anteriormente,
mulheres e homens compartilhavam do mesmo espaço prisional, ocasionando
promiscuidade e o desequilíbrio da ordem estabelecida
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.
Assim, conforme estudo financiado pelo FAPERJ, já citado nesta dissertação, a
Penitenciária Talavera Bruce foi construída com a intenção de despertar a
domesticidade feminina. A forma de tratamento, bem como as instalações físicas do
local foram elaboradas objetivando o retorno da prisioneira as suas funções de
progenitora, ou seja, função de mãe e também de esposa, pois a sociedade neste
período, associava a mulher a estes papéis muito mais que hoje. Há, neste período,
uma idéia que percorre as orientações da saúde, calcada no higienismo e na
eugenia, de que a figura da mulher mãe, dona de casa traria para o lar o homem
pervertido, bêbado e boêmio. A mulher seria a responsável pela estrutura da família.
Esta idéia ainda permanece no imaginário popular.
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É importante ressaltar que mesmo nos dias de hoje ainda encontramos presídios em que homens e mulheres
compartilham o mesmo espaço, como ocorreu em dezembro de 2007, na cidade de Belém, quando uma presa de
aproximadamente 15 anos foi violentada por presos que estavam na mesma cela de uma delegacia de Abaetetuba
(PA). Segundo relato de um preso que prestou depoimento a adolescente "teve relações sexuais" com homens na
cela. "Ela dizia o tempo todo que era 'de menor', mas não tinha documento para provar", conta o detento.
Conforme noticiário (AGÊNCIA BRASIL, 2007), este caso não é o único. Em M.G, uma cadeia masculina
abrigava 14 menores de idade e 16 mulheres. No Amazonas, por falta de funcionários, uma casa de detenção
entrega aos presos as chaves da cadeia, que é mista.
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