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UNIVERSIDADE METODISTA DE S
ÃO PAULO
PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA DA SAÚDE
REGINA C
ÉLIA DUARTE
CONHECIMENTOS E PREVENÇÃO DE DST/AIDS EM
ADOLESCENTES
S
ÃO BERNARDO DO CAMPO
2008
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REGINA CÉLIA DUARTE
CONHECIMENTOS E PREVENÇÃO DE DST/AIDS EM
ADOLESCENTES
Dissertação elaborada como requisito para
obtenção do título de Mestre do curso de
Pós-graduação em Psicologia da Saúde, da
Universidade Metodista de São Paulo, sob
a orientação do professor Dr. Manuel
Morgado Rezende.
SÃO BERNARDO DO CAMPO
2008
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3
FICHA CATALOGRÁFICA
D85c
Duarte, Regina Célia
Conhecimentos e prevenção de DST/AIDS em adolescentes
/ Regina Célia Duarte. 2008.
49 f.
Dissertação (mestrado em Psicologia da Saúde) Faculdade
de Psicologia e Fonoaudiologia da Universidade Metodista de
São Paulo, São Bernardo do Campo, 2008.
Orientação : Manuel Morgado Rezende
1. Adolescentes 2. Sexualidade 3. Doenças venéreas -
Prevenção 4. Prevenção da AIDS I. Título
CDD 157.9
4
REGINA CÉLIA DUARTE
CONHECIMENTOS E PREVENÇÃO DE DST/AIDS EM
ADOLESCENTES
Dissertação elaborada como requisito para
obtenção do título de Mestre do curso de
Pós-graduação em Psicologia da Saúde, da
Universidade Metodista de São Paulo.
Área de concentração:
Data da defesa: __ de _______ de 2008.
Resultado: _______________________
COMISSÃO EXAMINADORA
Manuel Morgado Rezende Prof. Dr. __________________________
Universidade Metodista de São Paulo
Maria Geralda Heleno Viana Profª. Drª.__________________________
Universidade Metodista de São Paulo
José Cândido Cheque de Moraes Prof. Dr. __________________________
Universidade Guarulhos
5
Dedico este trabalho à Ubiratan Marcelino Santos
(in memorium), fundador do Instituto DIET
Direito, Integração, Educação e Terapêutica em
Saúde e Cidadania.
6
AGRADECIMENTOS
Primeiramente agradeço a Deus Todo Poderoso que segurou minha mão, todo esse
tempo, dando-me saúde e forças nessa tarefa.
Sinto-me feliz por chegar ao término deste mestrado e ter tantas pessoas especiais a
quem agradecer. Pessoas que, direta e indiretamente, me ajudaram a desenvolver este
trabalho.
Ao meu orientador Profº. Drº. Manuel Morgado Rezende, que com muito respeito,
generosidade, sabedoria, apoio e competência orientou meu trabalho.
Às minhas professoras doutoras da UMESP Marília Martins Vizzotto, Maria Geralda
Viana Heleno e Vera Barros de Oliveira pelas contribuições ao longo deste curso.
À professora Drª. Jumara Silvia Van de Velde, diretora do curso de Psicologia da
Universidade Guarulhos pelo incentivo e apoio dado a esse empreendimento.
Ao professor Dr. José Cândido Cheque de Moraes, coordenador do PADDAC
Programa de Ação Docente Discente Assistencial Comunitário da Universidade Guarulhos,
que acreditou em minha pessoa para empreender ações comunitárias de promoção da saúde e
prevenção; ações estas, que deram origem a este trabalho.
Aos meus professores e colegas da Universidade Guarulhos, em especial Kátia, Mara e
Denise pela colaboração e compreensão.
Aos diretores, coordenadores, professores e funcionários da escola estadual pela
colaboração e disponibilidade para a realização da pesquisa. Em especial, aos alunos, que
compartilharam seus conteúdos mais íntimos.
À minha mãe pelo apoio incondicional e as minhas irmãs Cristina e Marina pelo
auxílio na revisão do texto final.
Aos meus filhos Luís Gustavo e João Pedro, pela minha ausência que passaram para
que eu pudesse realizar este trabalho.
Às minhas professoras e amigas Eliana Ferrante Pires, Solange Rodrigues e Silvia de
Souza Maia, que foram as grandes companheiras nesta jornada.
À todos da OnG Instituto Diet Direito, Integração, Educação e Terapêutica em Saúde
e Cidadania que inspiraram o trabalho de prevenção promoção da saúde.
7
Nossa essência deve ser lapidada por valores morais
(autor desconhecido)
8
RESUMO
DUARTE, Regina Célia. Conhecimentos e prevenção de DST/AIDS em Adolescentes. 2008.
Dissertação (Mestrado). Psicologia da Saúde. Universidade Metodista de São Paulo.
A Psicologia da Saúde vem se desdobrando para atender a demanda da saúde pública,
principalmente sobre prevenção de doenças e promoção da saúde. No que se refere a
epidemia da AIDS e outras doenças sexualmente transmissíveis, o adolescente tem sido o
público mais vulnerável. A adolescência é considerada uma fase perturbada e perturbadora.
Nesse período da vida o adolescente está mais sujeito à contaminação das DST/AIDS em
razão da instabilidade emocional e sua postura frente a valores e padrões de conduta. Este
estudo tem por objetivo descrever conhecimentos e comportamentos de proteção e risco de
práticas sexuais de adolescentes; descrever dados sócio-econômicos e demográficos desses
adolescentes, descrever o conhecimento dos adolescentes em relação as DST/AIDS e
descrever os comportamentos de proteção e riscos a respeito das DST/AIDS. A população
deste estudo foi constituída por 95 adolescentes de ambos os gêneros, com um predomínio do
gênero masculino, faixa etária entre 14 e 21 anos e com renda familiar dia de 4 (quatro)
salários mínimos. Trata-se de pesquisa descritiva, para o qual utilizou-se um questionário de
autopreenchimento composto por questões norteadas ao tema. A coleta de dados ocorreu em
sala de aula no período noturno, de uma escola estadual do município de Guarulhos. Após o
término do preenchimento do questionário, os adolescentes assistiram uma palestra de
prevenção e orientação sobre DST/AIDS, onde elucidaram dúvidas. Os resultados
demonstram 67,4% dos adolescentes, tanto o gênero feminino quanto o gênero masculino,
tem dificuldades de definir o conceito de sexualidade e 84,2% sabem corretamente a
definição de doenças sexualmente transmissíveis. A maioria dos adolescentes (67,4%)
respondeu conhecer algum tipo de doença sexualmente transmissível, destacando-se aqui a
AIDS e a gonorréia. O gênero masculino teve início da vida sexual aos 10 anos e o gênero
feminino aos 13 anos, representando 53,7% com vida sexual ativa. Neste estudo 58,9%
informam saber quais são os comportamentos de proteção, porém entre estes, apenas 55,8%
utilizam o preservativo masculino (camisinha). Não diferenças significativas quanto à
modalidade de relacionamento e o uso constante do preservativo masculino. Verificou-se que
63,1% dos adolescentes obtém informações e conhecimentos sobre as DST/AIDS através dos
profissionais da educação e da saúde. Portanto, a sala de aula passa a ser um fator de
proteção. Esse estudo confirma que parte dos adolescentes tem conhecimento e informações
sobre conceitos relativos as DST/AIDS, porém quanto às práticas para um comportamento de
proteção frente às mesmas apresentam conhecimentos frágeis, gerando assim
comportamentos de risco. Estas situações comprometem a tomada de comportamentos de
proteção. Portanto, um programa contínuo da área da saúde e da educação dentro da escola
que desenvolva atividades interativas a fim de transformar o comportamento do adolescente
sobre informações e conhecimentos em consciência de comportamentos de proteção efetivas
poderá melhorar essa relação entre ter o conhecimento e utilizá-lo na prática.
Palavras-chave: 1. Adolescentes 2. Sexualidade 3. Doenças venéreas - Prevenção 4.
Prevenção da AIDS.
9
ABSTRATCS
DUARTE, Regina Célia. Knowledge and prevention of AIDS and other sexually
transmissible dieseases in adolescents. 2008. Dissertation (Master's degree). Psychology of
the Health. Methodist University of São Paulo. São Bernardo do Campo. Brasil.
The Psychology of the Health has been dedicating itself to assisting the demand of the public
health, mainly regarding to the prevention of diseases and promotion of the health. Referring
to the epidemic of AIDS and other sexually transmissible diseases, the adolescent has been
the most vulnerable public. Adolescence is considered a disturbed and disturbing phase. In
this period of the life the adolescent is more susceptible to the contamination of such
dieseases due to the emotional instability and his/her own position towards values and
patterns of conduct. The aim of this study is to evaluate knowledge and protection/risk
behaviors of adolescents' sexual practices, to identify socioeconomic and demographic data
of those adolescents', to investigate the adolescents' knowledge about AIDS and other
sexually transmissible dieseases and to know the protection behaviors and risks regarding
these dieseases. The population of this study was constituted by 95 adolescents between 14
and 21 years old, of both sexes, with a predominance of the masculine gender and with an
average family income of 4 (four) minimum wages. It is a descriptive research, in which a
questionnaire composed by questions directly related to the theme was used. The collection of
data took place at classroom of a state school from Guarulhos, a city nearby São Paulo, with
pupils from the evening school. After answering the questionnaire, the adolescents attended a
lecture about prevention and orientation about AIDS and other sexually transmissible
dieseases, in which they could elucidate doubts. The results show that 67,4% of the
adolescents have difficulties in defining the sexuality concept, in an almost equal proportion
between feminine and masculine gender, and 84,2% know correctly the definition of sexually
transmissible diseases. Most of the adolescents (67,4%) answered that they know some types
of sexually transmissible diseases, standing out AIDS and the gonorrhea. The masculine
gender had the beginning of the sexual life at the age of 10 and the feminine gender, at the age
of 13: this represents 53,7% with active sexual life. In this study, 58,9% of them inform that
they know what are the protection behaviors, however, among these, only 55,8% use the
masculine preservative (condom). There are no significant differences concerning the
relationship type and the constant use of the masculine preservative. It was verified that
63,1% of the adolescents obtain information and knowledge about AIDS and other sexually
transmissible dieseases through the professionals of the education and of the health. In that
way, the classroom turns to be a protection factor. This study confirms that part of the
adolescents has knowledge and information about AIDS and other sexually transmissible
dieseases, however, this knowledge is fragile when it comes to the practices for a protection
behavior, what produces a risk behavior. These situations endanger the taking of protection
behaviors. Therefore, a continuous program from the health and the education areas made
directly inside the school, which develops interactive activities in order to transform the
adolescent's behavior about information and knowledge in effective conscience of protection
behaviors can improve this relation between having the knowledge and using it in the
practice.
Keywords: 1. Adolescents. 2. Sexuality. 3. Diseases sexually transmissible-prevention. 4.
AIDS-prevention.
10
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AIDS (ou SIDA) Síndrome da Imunodeficiência Adquirida
DST Doença Sexualmente Transmissível
DSTs Doenças Sexualmente Transmissíveis
OnG organização não governamental
UDI usuários de drogas injetáveis
HSH homens que fazem sexo com homens
11
SUM
ÁRIO
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 11
1 A ADOLESCÊNCIA E AS DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS ..
13
1.1 ADOLESCÊNCIA ......................................................................................................
13
1.2 ESTUDO DE FATORES DE RISCO NA ADOLESCÊNCIA ..................................
16
1.3 DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS E AIDS NA
ADOLESCÊNCIA ............................................................................................................
19
1.4 PROGRAMAS DE INTERVENÇÃO E EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE ..............
20
1.5 OBJETIVOS ...............................................................................................................
22
2 MÉTODO .....................................................................................................................
23
2.1 Participantes ................................................................................................................
23
2.2 Local ...........................................................................................................................
24
2.3 Materiais e Instrumentos .............................................................................................
25
2.4 Procedimentos .............................................................................................................
25
2.5 Aspectos Éticos ..........................................................................................................
26
2.6 Tratamento dos dados .................................................................................................
26
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................................
28
3.1 CONHECIMENTOS SOBRE DST/AIDS .................................................................
28
3.2 PRÃTICAS DE PROTEÇÃO E RISCO ....................................................................
33
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS .....................................................................................
40
REFERÊNCIAS ..............................................................................................................
42
ANEXOS ..........................................................................................................................
47
Anexo A - Questionário ....................................................................................................
47
INTRODUÇÃO
12
A psicologia é uma das mais recentes ciências da humanidade, preocupada cada vez
mais na compreensão do funcionamento psíquico e comportamental do ser humano. Por isso,
novos campos de atuação m se desdobrando para promover a saúde do Homem, como por
exemplo, a Psicologia da Saúde.
Segundo Matarazzo (1982, p. 4), define o campo da psicologia da saúde como
um agregado de conhecimentos educacionais, científicos e profissionais da
Psicologia para a promoção e a manutenção da saúde, para a prevenção e o
tratamento da doença, para a identificação de correlatos etiológicos e
diagnósticos da saúde e da doença e das respectivas disfunções.
Sendo assim, a psicologia da saúde também vem se desdobrando para atender a
demanda da saúde pública que é cada vez maior. E para isso ela necessita de um trabalho
interdisciplinar que se caracteriza pela intensidade das trocas entre os especialistas da área da
saúde com o mesmo foco: o ser humano, como um ser biopsicossocial. Uma real cooperação
entre esses especialistas promove o enriquecimento de cada uma delas ao final do processo
interativo, através dos diferentes níveis de atenção, seja ela primária, secundária ou terciária.
(JAPIASSÚ, 1976).
É uma área em expansão que tem se consolidado através de uma sólida formação
profissional, utilizando estratégias de avaliação e intervenção cientificamente apoiadas na
ética para o desenvolvimento e fortalecimento desta área (MIYAZAKI, DOMINGOS,
VALERIO, SANTOS e ROSA 2002).
A psicologia da saúde deve prevenir e promover, isto é, o termo prevenir tem o
significado de preparar; chegar antes de; dispor de maneira que evite (dano, mal); impedir
que se realize, enquanto o termo promover tem o significado de dar impulso a; fomentar;
originar; gerar (conhecimento) (FERREIRA,1988). A pequena diferença entre prevenção e
promoção de saúde geram confusão e indiferenciação entre as práticas (BUSS, 2003). Quando
se trata de prevenir, pode-se entender que quem previne, previne de algo, no caso a doença.
Por isso, a prevenção primária está relacionada a uma educação preventiva relativa a um foco
(doença); a prevenção secundária está relacionada ao tratamento; e, a prevenção terciária se
responsabiliza pela assistência e reabilitação do doente, quando possível.
13
Assim a psicologia da saúde vai além da prevenção; ela também se preocupa com a
promoção da saúde, que segundo Buss (2003, p.18)
consiste nas atividades dirigidas à transformação dos comportamentos dos
indivíduos, focando nos seus estilos de vida e localizando-os no seio das
famílias e, no máximo, no ambiente das culturas da comunidade em que se
encontram, objetivando assim a educação e a qualidade de vida.
O mesmo autor diz que (p. 26) a promoção de saúde visa a assegurar a igualdade de
oportunidades e proporcionar os meios (capacitação) que permitam a todas as pessoas
realizar completamente seu potencial de saúde.
A Carta de Ottawa (OPAS, 1986) define promoção de saúde como o processo de
capacitação da comunidade para atuar na melhoria da sua qualidade de vida e saúde, incluindo
uma maior participação no controle deste processo. A partir dessas definições, na prática,
encontra-se programas e campanhas voltados à atenção primária empregadas pelas políticas
públicas de saúde.
Apesar de o Brasil ser reconhecido como um dos poucos países no mundo que oferece
um bom atendimento aos portadores de AIDS (Síndrome de Imunodeficiência Adquirida), a
vulnerabilidade de crianças e adolescentes é muito grande. Enquanto na década de 80, a
epidemia era vista como doença de alguns grupos de risco, atualmente este conceito teve
que ser mudado para comportamento de risco (SANTOS e SANTOS, 1999). Hoje, todos os
grupos sociais (heterossexuais, homossexuais, crianças, jovens, adultos), estão vulneráveis a
gravidez e a contaminação das doenças sexualmente transmissíveis, destacando-se a AIDS.
Deve ser considerado que o uso das drogas também é um facilitador de contaminação das
DSTs/AIDS.
O termo vulnerabilidade é, segundo Ayres, França Júnior, Calazans e Saletti Filho
(1999):
Originário da área da advocacia internacional pelos Direitos Universais do
Homem, o termo vulnerabilidade designa, em sua origem, grupos ou
indivíduos fragilizados, jurídica ou politicamente, na promoção, proteção ou
garantia de seus direitos de cidadania. A expressão penetra mais amplamente o
campo da saúde a partir da publicação nos Estados Unidos, em 1992, do livro
Aids in the world (p.118).
14
O foco de maior concentração para a promoção da saúde é ainda a faixa etária da
adolescência, uma vez que por mais informação dada pela mídia e pelos programas de
instituições governamentais e organizações não-governamentais, o adolescente ainda está
muito vulnerável.
1 A ADOLESCÊNCIA E AS DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS
1.1 A ADOLESCÊNCIA
A adolescência tem sido tradicionalmente considerada como um período crítico do
desenvolvimento humano, pelas modificações biopsicossociais de modo mais abrupto. É um
período onde é necessário um ajustamento no meio social, que emocionalmente fica
perturbada, mais promíscua, menos idealista, que questiona os valores e padrões de conduta e
busca sua independência, além das transformações físicas e bio-químicas que ocorrem o
rapidamente (MUSSEN, CONGER e KAGAN, 1995).
Aberastury e Knobel (1970/1981) definem adolescência como sendo uma
etapa da vida durante o qual o indivíduo procura estabelecer sua identidade
adulta, apoiando-se nas primeiras relações objeto-parentais internalizadas e
verificando a realidade que o meio social lhe oferece, mediante o uso dos
elementos biofísicos em desenvolvimento à sua disposição e que por sua vez
tendem à estabilidade da personalidade num plano genital, o que só é possível
quando consegue o luto pela identidade infantil (p.26)
Os jovens são sempre um grupo vulnerável em todas as sociedades do mundo
globalizado. Essa fase da vida pode ser abordada sob diversos aspectos: o sentimento que tem
sobre si mesmo, seus valores, competência, através de seu autoconceito, auto-estima e
imagem corporal (ASSIS, AVANCI, SILVA, MALAQUIAS, SANTOS e OLIVEIRA, 2003).
O adolescente passa por desequil
íbrios e instabilidades extremas, que Aberastury e
Knobel (1970/1981) definem como síndrome normal da adolescência. Esses autores relatam
que esta fase é perturbada e perturbadora, mas necessária para a passagem da infância para o
15
mundo adulto, uma vez que a situação obriga ao adolescente a reformulação dos conceitos
que tem de si mesmo. Para isso, é necessário que o adolescente tenha elaborado os lutos da
vida infantil, e assim, sinta seu mundo interno mais estável e seguro, através da uniformidade
(que é ser igual ao outro e diferente ao mesmo tempo) o que proporciona segurança e estima
pessoal.
Para conquistar tais sentimentos, o adolescente quer se sentir livre para crescer e
desenvolver sua própria identidade. Por vezes, pais inseguros podem repreender esse
sentimento de liberdade, pois temem perder seu filho idealizado. Por outro lado, pais cheios
de confiança concedem liberdade de maneira que, o adolescente vive essa liberdade como se
fosse um abandono. Porém, deve ficar claro que liberdade o significa promiscuidade. A
responsabilidade de conquistar sua própria identidade não é somente do adolescente. Os pais
devem favorecer um espaço para dialogar sobre a problemática do adolescente em aceitar as
transformações não corporais como também psicológicas para se adaptar ao mundo adulto
(ABERASTURY e KNOBEL, 1970/1981).
Essa necessidade de separação e o afastamento levam à rejeição, ressentimento e
hostilidade contra os pais e outras autoridades. Para diferenciar-se da família, o adolescente
tenderia a escolher padrões de vida e ideais bem diferentes dos paternos. Essa seria uma
explicação freudiana para o conflito de gerações. Os adolescentes têm muito em comum,
mas cada um tem também um comportamento próprio, determinado pelo meio em que vive e
pelas suas experiências interiores. Muito se fala que o adolescente tende à depressão e alterna
esse estado de humor com agressividade e intolerância. A agressividade facilita o uso de
recursos internos, como expressão do ímpeto para a vida e criação. A depressão seria
importante como um período de recolhimento, de reflexão sobre as vivências interiores. Uma
das explicações psicanalíticas para a depressão seriam os lutos, reações a uma série de
perdas que ele sofre durante o desenvolvimento (BEE, 1997).
Em primeiro lugar, o adolescente deve viver o luto pelo papel e identidade infantil: a
perda dos privilégios da criança, o temor das responsabilidades do adulto; depois, vive o luto
pelo corpo infantil perdido: o jovem sente-se impotente diante das transformações
incontroláveis que sofre; e por último, vive o luto pelos pais da infância: a criança é muito
16
identificada com seus pais e conta com a proteção e o apoio deles. Crescendo, precisa afirmar
seu ego e criar sua própria identidade, diferenciar-se dos pais. Para isso precisa afastar-se,
divergir deles. Esse processo é conhecido como polarização (desvio do desejo sexual para
fora da família). Assim, o jovem entra em um processo de agressão e desvalorização dos pais
(BEE, 1997).
A capacidade de abertura e reflexão dos pais, bem como a maneira com que eles lidam
com seus próprios conflitos e a compreensão que tiverem com relação aos conflitos dos filhos
é que vão determinar a sua reação perante o adolescente. O uso da violência, da repressão e do
autoritarismo e, por outro lado, a falta total de limites e satisfação de todos os desejos e
caprichos, pode criar sérias dificuldades ao desenvolvimento da personalidade do jovem. No
entanto, se houver atitude equilibrada e compreensão por parte dos pais e também dos filhos,
pode surgir um bom relacionamento (BEE, 1997).
A Síndrome Normal da Adolescência descrita por Aberastury e Knobel (1970/1981), é
caracterizada por comportamentos expressos de várias formas. A busca de si mesmo e da
identidade são momentos de isolamento que o adolescente precisa ter para entender sua
intimidade. Existe nessa fase a tendência grupal, que é o processo de afastamento dos pais,
substituindo-os por grupos, passo intermediário para o mundo externo. Surge a necessidade de
intelectualizar e fantasiar faz-se necessária para elaborar o luto pela identidade infantil. As
crises religiosas variam do total ateísmo a comportamentos religiosos de extremo fanatismo.
A deslocalização temporal representa que as urgências são enormes, e as postergações são
irracionais levando o adolescente a não aceitar a espera para seus desejos. A evolução sexual
vai do auto erotismo até heterossexualidade, sendo um período de oscilação permanente entre
a atividade de caráter masturbatório e o começo do exercício genital, aceitando sua
genitalidade, que vai dos primeiros contatos superficiais, os carinhos, até os mais profundos e
íntimos que enchem sua vida sexual. Surge também uma atitude social reinvidicatória, que
vem se opor às restrições à vida do adolescente que a sociedade impõe. As contradições
sucessivas em todas as manifestações de comportamento do adolescente facilitam a
elaboração dos lutos e caracterizam a sua identidade. A separação progressiva dos pais é
necessária para que o adolescente encontre identidades diferentes e seja capaz de formar sua
própria personalidade. E por fim, as flutuações do humor e estado de ânimo acompanham esse
17
processo identificatório, onde a quantidade e qualidade da elaboração dos lutos determinaram
a intensidade da expressão dos sentimentos, que quando o adolescente elabora e supera os
lutos, pode projetar-se.
1.2 ESTUDO DE FATORES DE RISCO NA ADOLESCÊNCIA
O grau de informações, atitudes e representações sobre AIDS de adolescentes frente à
informação e educação como meios de prevenção a essa epidemia ainda são frágeis. Tem se
claro que as campanhas de prevenção ainda não são eficazes. Portanto faz-se necessário
levantar o conhecimento acerca desse assunto com o intuito de propor novas formas de
abordagem, em especial com o adolescente levando em consideração o contexto social e
cultural dessa população. A noção de risco é entendida como perigo e não exatamente como
probabilidade de se contaminar, onde se pode verificar muitas discrepâncias a respeito do
modo de operar de uma pessoa e a descrição de seu comportamento (MERCHAN-HAMANN,
1995).
Para os adolescentes, a noção de risco existe para o outro; o drogado, a prostituta, o
homossexual e o promíscuo ... Isso lhe causa uma crença que ele, adolescente, não está
vulnerável dentro dessa hierarquia de risco, causando assim, uma falsa sensação de proteção
(ANTUNES, 1999).
É na faixa etária de 15 a 24 anos que se tem o maior índice de contágio da AIDS.
Apesar do bom nível de conhecimento sobre as formas de transmissão da AIDS, expõe a
dificuldade do jovem em traduzir informação e conhecimento em adoção de práticas seguras
contra as DST/AIDS (JEOLÁS, 2006) e (MARTINS, COSTA-PAIVA, OSIS, SOUSA,
PINTO-NETO e TADINI, 2006).
Em pesquisa realizada por Teixeira, Knaut, Fachel e Leal (2006, p. 1389-90),
verificou-se que o índice do uso do preservativo masculino (camisinha) na primeira relação
sexual superou os 80% entre os jovens, porém quando se referem à última relação sexual, o
18
método mais utilizado foi a pílula anticoncepcional oral.
Outros estudos mostram que os adolescentes ao iniciarem sua vida sexual utilizam o
preservativo masculino e, ao passo que a relação afetiva torna-se estável, substituem por
outros métodos. Isso indica que esses jovens ainda ficam vulneráveis às DSTs/AIDS
(TORRES, DAVIM e ALMEIDA, 1999), (BORGES e SCHOR, 2002) e (DORETO e
VIEIRA, 2006).
A responsabilidade da promoção de saúde para uma educação sexual deveria ser dos
progenitores, mas esta responsabilidade tem sido transferida para a escola e ao estado
(ABBATE, 2006). Isto se deve a dificuldade dos pais em aceitar o crescimento do filho(a),
negando a si mesmo seu envelhecimento e a independência de seus filhos, tendo que aceitar
uma relação cheia de ambivalências e críticas (ABERASTURY e KNOBEL, 1970/1981).
Aberastury e Knobel (1970/1981, p.20) indicam que o diálogo do adulto o pode
iniciar nesse período, pois deve ser algo que venha acontecendo desde o nascimento; senão é
assim, o adolescente não se aproxima dos adultos".
Devido a grande vulnerabilidade que os adolescentes estão expostos e a dificuldade
dos pais em assumirem seu papel de educador sexual, o trabalho de promoção da saúde tem
dado ênfase ao adolescente ser o responsável pela sua própria vida sexual. Para tanto, a
educação sexual do adolescente, segundo Saito (2002, p. 9)
deve favorecer uma formação de seres pensantes, críticos, que desenvolvam
instrumentos capazes de melhorar a proposta social: adolescentes deverão
apropriar-se de sua história e torna-se protagonistas e agentes de mudança para
um futuro melhor.
Damásio (2000, p. 20) diz que a consciência em seu nível mais simples e mais
elementar permite-nos reconhecer um impulso irresistível para permanecermos vivos e
cultivar o interesse pelo self. Assim, pode-se pensar que o modo de se proteger da
contaminação da AIDS e outras DSTs (Doenças Sexualmente Transmissíveis) é tornar os
adolescentes conscientes de seu próprio corpo, no sentido físico e simbólico, que segundo
Oliveira (2003, p.107) a consciência de quem somos, nossa identidade, fundamenta-se em
nossa consciência corporal.
19
Na adolescência florescem os desejos e as paixões, o mais importante é o aqui-
agora, onde as necessidades de satisfação do corpo físico predominam, o importando o
amanhã. Essa consciência é chamada de consciência central e só se reporta ao presente
(DAMÁSIO, 2000).
Para a promoção de saúde é necessário o surgimento da consciência ampliada, que
segundo Damásio (2000, p. 34) é um fenômeno biológico complexo, conta com vários níveis
de organização e evolui no decorrer da vida do organismo.
A organização de estruturas cognitivas que possibilitem a construção de
conhecimentos começa com a consciência central que é o primeiro passo para sair à luz do
conhecimento; ela não ilumina todo um ser. a consciência ampliada finalmente traz à luz a
construção integral do ser. Na consciência ampliada, o passado e o futuro antevisto são
sentidos juntamente com o aqui e agora (presente) (DAMÁSIO, 2000). Com isso, podemos
pensar que a consciência ampliada diz respeito às informações disponíveis nos meios de
comunicação de massa e os comportamentos e atitudes de proteção.
A construção da consciência de uma sexualidade saudável passa pela construção do
conhecimento e Damásio (2000, p. 38) diz que
o processo de construção do conhecimento requer um cérebro, assim como
requer propriedades sinalizadoras com as quais os cérebros conseguem montar
padrões neurais e formar imagens. Os padrões neurais e as imagens
necessárias para que ocorra a consciência são aqueles que constituem
representantes para o organismo, para o objeto e para a relação entre os dois.
Desta forma, um programa de intervenção para promoção da saúde deve desenvolver
atividades e atitudes do aqui agora, como brincadeiras e dinâmicas de grupo. É através de
atividades lúdicas que o funcionamento da vida mental adulta é construída tendo como base
os rituais, as brincadeiras e o faz de conta, que com uma interatividade adequada,
desenvolve um ser saudável (OLIVEIRA, 2006). Assim, a partir da consciência central que
está relacionada à consciência corporal pode-se desenvolver uma consciência ampliada que
está em nível mais simbólico no que diz respeito aos fatores de proteção à contaminação da
AIDS.
20
1.3 DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS E AIDS NA ADOLESCÊNCIA
A primeira relação sexual é considerada um marco na vida do indivíduo, entre tantas
experiências corporais, emocionais, afetivas e amorosas que ocorrem nesse período da
adolescência (BORGES, 2004) e (BORGES e SCHOR, 2002).
Pesquisa realizada por Borges (2004) revela que na maioria das vezes o início da vida
sexual não é planejado tanto por adolescentes do gênero feminino quanto do gênero
masculino. Seu estudo também mostra que existem outras variáveis que podem influenciar o
início da vida sexual de forma precoce tanto para o gênero masculino, quanto feminino. Outra
pesquisa também confirma estes dados dando destaque ao gênero masculino (DO VAL,
2001).
O comportamento sobre o início da vida sexual que ocorre cada vez mais
precocemente tem tornado o adolescente vulnerável às DSTs/AIDS. No Brasil, casos de
AIDS em indivíduos com 13 anos ou mais no período de 1980 a jun/2007, segundo categoria
de exposição hierarquizada por sexo e ano de diagnóstico totalizam 474.273 indivíduos
(BRASIL, 2007, p.12).
No estado de São Paulo, a capital registra 64.856 casos notificados de AIDS, desde
1980 até 2007, seguido por Campinas com 4.764 casos; Ribeirão Preto com 4.728; Santos
com 4.702; São José do Rio Preto com 3.394 e Guarulhos com 3.023 casos (SÃO PAULO,
2007, p. 20).
Além desses casos notificados, muitas outras doenças sexualmente transmissíveis se
manifestam nesses adolescentes que não têm consciência da gravidade de sua situação. A
baixa idade das primeiras relações sexuais, a variabilidade de parceiros, o não uso do
preservativo e o uso de drogas ilícitas são apontados como os principais fatores de risco as
DSTs/AIDS, indicando assim, uma multiplicidade de fatores de riscos para os adolescentes
(TAQUETTE, ANDRADE, VILHENA e PAULA, 2005).
21
Vários estudos científicos mostram que as taxas de prevalência em doenças
sexualmente transmissíveis em mulheres brasileiras acima de 13 anos são significativas. Em
427 adolescentes de Goiânia/GO, contaminadas por Chlamydia tracomatis, a taxa de
prevalência é de 14,5% (tabela 4, BRASIL, 2005). Em Vitória/ES, outro estudo realizado com
320 adolescentes com gonorréia mostra que a taxa de prevalência é de 1,9% (tabela 5,
BRASIL, 2004).
Entre 1998 e 2007, foram registrados 72.378 casos de DSTs, sendo 78,5% do gênero
feminino e 21,5% do gênero masculino, apenas no estado de São Paulo. Dentre estes, 15,9%
são adolescentes (SÃO PAULO, 2007, p. 21).
No ano de 2007, foram registrados 388 casos de adolescentes gestantes com sífilis
entre 10 e 19 anos de idade e 240 adolescentes gestantes infectadas pelo HIV, com a mesma
faixa etária (BRASIL, 2007, p. 39 e 36).
A comunidade necessita de trabalhos que desenvolvam uma atitude ativa e positiva
dos adolescentes frente às questões das DSTs/AIDS e também em relação a gravidez
precoce, uma vez que essas questões modificam profundamente a vida familiar e a vida do
adolescente, nos âmbitos emocional, social e econômico. Os adolescentes querem um espaço
para refletir seus sentimentos e emoções através da troca de experiências entre si, tornando
esse espaço um fator de proteção, além dos todos preventivos (BENINCASA e
REZENDE, 2006).
Desta forma, faz-se necessário avaliar o nível de assimilação dos adolescentes em
projetos de educação preventiva, para que ao chegar na juventude, já possam apresentar
comportamentos adequados à prevenção das doenças sexualmente transmissíveis e AIDS.
1.4 PROGRAMAS DE INTERVENÇÃO E EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE
Existem programas de preven
ção as DST/AIDS com populações vulneráveis, mas
poucas com intervenção em campo (extra-muros das unidades de saúde). A Coordenação
22
Estadual de DST/AIDS de São Paulo tem promovido treinamentos específicos para
elaboração de projetos estratégicos com populações vulneráveis. Os principais públicos são
UDI (usuários de drogas injetáveis), HSH (homens que fazem sexo com homens) e
profissionais do sexo (SÃO PAULO, 2005).
Para a realização de um programa de prevenção específico para adolescentes não basta
apenas uma ação para modificar o comportamento do jovem adolescente. Para Sardá (2002),
não se pode falar em prevenção ao HIV separada do efeito a saúde, educação,
moradia, orientação sexual sem discriminação, enfim, políticas sociais sérias
que garantam os direitos da população. Porque, quanto mais excluídas e
discriminadas, maior a possibilidade de as pessoas se infectarem com o HIV.
Assim a luta contra a epidemia e, principalmente, a luta contra as injustiças
sociais, tão presentes em nosso país.
Outro estudo confirma que esses espaços de reflexão e conhecimento possibilitam uma
melhor interação entre os educadores e os adolescentes (JEOLÁS e FERRARI, 2003). Os
programas de prevenção devem ser articulados de modo que promovam espaço para
discussão, reflexão e criação de recursos que mobilizem comportamentos sadios e, portanto,
preventivos (JEOLÁS, 2006).
Também se propõe uma reflexão interativa, dialógica e o mais livre possível de
preconceitos sobre a renovação dos paradigmas. Essa renovação possibilita a abertura de
novos horizontes como alternativa conceitual, metodológica e a análise de processos de
difusão, contextualizando o indivíduo e suas interações. Do ponto de vista teórico-
metodológico, isso se configura como importante aporte para a construção de modelos de
intervenção e controle da epidemia (BASTOS, 2006).
Isto também é confirmado em outra pesquisa onde se conclui que é necessário que se
discutam a dinâmica dos relacionamentos e o significado do sexo seguro nos diversos
contextos afetivos, estimulando o adolescente a ser responsável por sua vida sexual
(ANTUNES, PERES, PAIVA, STALL, HEARST, 2002).
Os pesquisadores Geluda, Bosi, Cunha e Trajman (2006, p.1678), reiteram
a necessidade de construção de práticas que possibilitem dar vazão aos
sentimentos, dúvidas, medos, fantasmas que estão em jogo nas vivências de
gênero e que favoreçam a escuta dos adolescentes, possibilitando que eles
23
criem novas e diferentes modalidades de relação e vida sexual, atendendo à
pluralidade dos modos de subjetividade na atualidade.
Os trabalhos de promoção à saúde devem criar espaços para debates em torno dos
modelos de masculinidade e feminilidade culturalmente construídos, considerando a
singularidade dos grupos na construção de estratégias adequadas à prevenção das
DSTs/AIDS (TAQUETTE, VILHENA e PAULA, 2004) e (GELUDA et al, 2006).
Pesquisa realizada por Couto (2004) encontra evidências que a escola, enquanto
espaço privilegiado do saber, pode desenvolver programas de prevenção ao longo do ano
letivo de maneira contínua e progressiva, transformando o conhecimento em comportamentos
de proteção frente às DSTs/AIDS.
A psicologia da saúde deve se inserir na luta contra a contaminação da AIDS e demais
conseqüências que dela advém e através desses espaços, desenvolver programas e promover a
saúde mental e emocional dos adolescentes.
1.5 OBJETIVOS
O objetivo geral deste trabalho é descrever os conhecimentos e comportamentos de
risco e de proteção de práticas sexuais em adolescentes. Sendo os específicos:
- Descrever os dados sócio-econômicos e demográficos de adolescentes de uma escola de
ensino médio.
- Descrever o conhecimento dos adolescentes em relação às DSTs/AIDS.
- Descrever os comportamentos de proteção e riscos a respeito das DSTs/AIDS.
24
2 MÉTODO
Para realizar este trabalho, utilizou-se o método de pesquisas descritivas que, de
acordo com Gil (1991, p. 46), têm como objetivo primordial a descrição das características
de determinada população ou fenômeno, ou então, o estabelecimento de relações entre
variáveis.
Neste estudo, existem diversas variáveis por se tratar de tema sobre conhecimento e
comportamento de adolescentes frente às doenças sexualmente transmissíveis e a Síndrome de
Imunodeficiência Adquirida, onde variável, segundo Kerlinger (1980, p. 44) é uma coisa que
varia, que tem valores diferentes. O mesmo autor completa que (p.45) uma variável é um
símbolo ao qual são atribuídos algarismos.
Através da análise descritiva e estatística dos dados coletados procurou-se valorizar as
interfaces entre o conhecimento e o comportamento dos adolescentes sobre as informações e
formas de prevenção.
2.1 PARTICIPANTES
O levantamento realizado nesta pesquisa contou com 95 participantes, estudantes do
ensino fundamental da rede pública estadual no município de Guarulhos, na faixa etária de 14
a 21 anos de idade, sendo a idade média de 16 anos. Houve um predomínio do gênero
masculino com 57,8%, sendo que 42,2% eram do gênero feminino e 5,3% sem informação,
conforme tabela 1. A amostra apontou que 91,6% são solteiros, 6,3% casados ou amigados
e respectivamente os solteiros que moram com os pais são 96,8% e 2,1% moram com
parceiro(a). A renda familiar média é de 4 (quatro) salários mínimos.
25
Tabela 1 Participantes por gênero e idade (%)
Idade N Fem. N Masc. Total (%)
14 0 0 2 3,8% 2 2,2%
15 15 39,5% 15 28,8% 30 33,3%
16 15 39,5% 12 23,1% 27 30,0%
17 4 10,5% 12 23,1% 16 17,8%
18 4 10,5% 8 21,0% 12 13,3%
19 0 0 1 1,9% 1 1,1%
21 0 0 2 3,8% 2 2,2%
Não inf. 5 5,3%
38 42,2% 52 47,8% 95 100%
2.2 LOCAL
Salas de aulas de uma escola pública estadual na periferia do município de Guarulhos.
Este município está a 17 km da capital São Paulo e tem como municípios vizinhos ao norte os
municípios de Mairiporã e NazaPaulista, a nordeste o município de Santa Isabel, a leste os
municípios de Arujá e Itaquaquecetuba e ao sul e oeste o município de São Paulo. Sua área é
de 318.014 km
2
, com uma população de 1.283.253 habitantes segundo dados do IBGE
(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) publicados no Diário Oficial da União
(D.O.U.) em 1° de julho de 2006, em cumprimento ao disposto no art. 102 da Lei n. 8.443, de
16 de julho de 1992, sendo o segundo maior município em número de habitantes do estado de
São Paulo (BRASIL, 2006).
O município de Guarulhos tem em suas estatísticas o sexto lugar em número de casos
de AIDS, contabilizando 3.023 casos e o quinto lugar em maior número de óbitos por AIDS,
no estado de São Paulo. (SÃO PAULO, 2007).
26
2.3 MATERIAL E INSTRUMENTOS
O instrumento de pesquisa utilizado foi um questionário (anexo A), com perguntas
fechadas, enfocando temas abrangentes sobre AIDS e doenças sexualmente transmissíveis,
com questões referentes a dados que caracterizam a amostra (idade, sexo, estado civil, renda
familiar), sobre conhecimentos das formas de proteção e risco, isto é, conhecimentos quanto à
transmissão e prevenção das doenças sexualmente transmissíveis, além de informações sobre
idade de início da vida sexual, fontes de informação e o uso do preservativo masculino
(camisinha).
O questionário foi elaborado a partir de muitas discussões sobre o tema AIDS e
adolescentes do grupo de pesquisa integrado por Fernando Seffner, da Universidade Federal
do Rio Grande do Sul.
2.4 PROCEDIMENTOS
Após definição do instrumento de pesquisa, a escola foi contatada através de sua
direção para agendamento da aplicação do questionário. Os dados foram coletados com
adolescentes do curso do ensino médio, do período noturno. Foram distribuídos os
questionários, assegurando que o mesmo não deveria ser identificado, para preservar a
privacidade de cada um. Após o preenchimento, todos os questionários foram recolhidos e na
seqüência foi realizada uma palestra sobre prevenção e orientação das doenças sexualmente
transmissíveis e AIDS, através da apresentação de slides e álbum seriado da Secretaria do
Estado da Saúde. As participações dos adolescentes durante as explanações dos temas foram
efetivas e produtivas, através da elucidação de dúvidas e esclarecimentos.
O question
ário foi utilizado para avaliar o conhecimento geral do assunto, assegurando o
anonimato e a privacidade de cada um, resguardando-lhes o direito, inclusive, de não
27
concluírem o questionário, se assim o desejassem.
2.5 ASPECTOS ÉTICOS
Esta pesquisa não apresentou nenhum risco aos participantes, ao contrário, os mesmos
tiveram a oportunidade de expressão de dúvidas e debates sobre questões relacionadas às
doenças sexualmente transmissíveis, AIDS e todos de prevenção. Todos os sujeitos
participantes do estudo (ou seus responsáveis legais) assinaram o TCLE Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido, tendo suas identidades preservadas conforme o código de
ética profissional.
2.6 TRATAMENTO DOS DADOS
Os dados foram coletados após autorização da direção da escola estadual, através do
questionário auto-aplicável, com orientações a respeito do preenchimento do mesmo. Os
dados foram lançados em planilha do programa Microsoft Excell e posteriormente
transferidos para o programa estatístico SPSS Statistical Package for Social Sciences for
Windows, versão 16.0.
Houve a necessidade de agrupamento de algumas questões para melhor visualização
dos resultados em termos de análise estatística descritiva. A questão 8 refere-se ao uso da
camisinha e foi reagrupada em 4 categorias: nunca usei, não uso, uso às vezes e sempre uso.
A questão 10 indica a modalidade de relacionamento, sendo reagrupada em 3 categorias:
namorando fixo ou casado, ficando e sem relacionamento. A questão 15, apresenta 14
alternativas sobre informações de como se pode contrair AIDS que foram reorganizadas em 4
categorias: informações corretas (por relação sexual sem preservativo, por compartilhar
agulhas e seringas, por transfusão de sangue, por uso de lamina de barbear contaminada),
informações incorretas (pelo uso de sanitários, por aperto de mão, pelo uso dos mesmos
28
talhares, por beijo, lambendo o mesmo sorvete), informações confusas (quando o adolescentes
assinalou informações corretas e erradas) e não sei. Quanto à questão 16 que diz respeito
sobre como se pode evitar a AIDS e as respostas foram reagrupadas em 4 categorias:
informações corretas (uso de seringas e agulhas descartáveis, uso de sangue testado nas
transfusões de sangue, usando camisinha em todas as relações sexuais, manter-se em
abstinência sexual), informações incorretas (tomar vacina, fazer teste para a AIDS
periodicamente, diminuir número de parceiros sexuais, tomar remédio, manter relação fixa
com uma pessoa), informações confusas (onde o adolescente assinalou alternativas corretas e
incorretas) e não sei. A questão 18 revela o que o adolescente está fazendo para se proteger da
AIDS. As alternativas foram reagrupadas em 4 categorias: comportamentos de proteção (uso
de camisinha em todas as relações sexuais, não uso de drogas), comportamentos de risco (usar
camisinha de vez em quando, namorar uma pessoa de cada vez, para de ter relação sexual, ter
menos parceiros sexuais), comportamentos confusos (quando o adolescente assinalou
alternativas que indicavam comportamentos de proteção e risco ao mesmo tempo) e o sei.
Para finalizar, a questão 20 indica quais os meios que o adolescente obtém ou obteve
informações sobre a AIDS e foram agrupadas da seguinte forma: meio familiar e social
(conversas na família, com amigos), comunicação de massa (jornais, rádio, televisão, revistas
eróticas), através de profissionais da educação e saúde (escola, postos de saúde, palestras e
debates) e última categoria, não sei.
Os dados são apresentados descritivamente em tabelas e gráficos contendo freqüência
absoluta (N) e relativa (%).
29
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1 CONHECIMENTOS SOBRE DST/AIDS
Em relação aos conhecimentos sobre o conceito de sexualidade, o presente
levantamento indica que 67,4% dos adolescentes não responderam ou não sabem definir o que
é sexualidade, e 32,6% definem como algo relativo a uma das dimensões do ser humano que
envolve gênero, identidade sexual, orientação sexual, erotismo, envolvimento emocional,
amor e reprodução. Esta análise foi feita de acordo com os conceitos de Abramovay, Castro e
Silva (2004).
0
10
20
30
40
50
60
70
80
Não sabe/Não responderam Definição correta
Fem
Masc
Figura 1 - Definição de sexualidade
Pode-se notar que há uma falta de esclarecimento a respeito sobre o que é sexualidade
entre adolescentes do gênero masculino e feminino. Como o adolescente está em uma fase
conturbada e perturbada, ele apresenta-se confuso sobre sua própria identidade e sua função
genital. Aberastury e Knobel (1970/1981) definem esses desequilíbrios e instabilidades como
Síndrome Normal da Adolescência. Para Mussen, Conger e Kagan (1995) deve-se levar em
consideração que esses adolescentes estão em uma fase onde questionam valores e condutas,
dificultando a tomada de comportamentos de proteção.
Na figura 2, entre os que responderam corretamente o conceito de sexualidade, apenas
30
20 adolescentes (36,3%) já tiveram relação sexual e 10 (18,2%) não tiveram início da sua vida
sexual. Os adolescentes que não responderam ou não sabem definir o conceito de sexualidade,
29,2% já tiveram relação sexual e 16,3% não tiveram.
0
10
20
30
40
Não sabem/Não
responderam
Definição correta
Teve relação sexual
Não teve relaçao sexual
Figura 2 - Conceito de sexualidade e vida sexual ativa
Os dados da figura 2 revelam que não diferença significativa entre os adolescentes
que tem vida sexual ativa e os que não tem e o conhecimento correto e errado do conceito de
sexualidade. Isto revela um fator que pode favorecer um comportamento de risco. Como o
adolescente percorre uma fase onde seus valores e conceitos ainda estão sendo construídos, os
autores Assis et al (2003) apontam que esses adolescentes tornam-se um grupo vulnerável em
todas as sociedades.
É provável que as dificuldades conceituais apresentadas por esses adolescentes
coincidam com a necessidade de separação e afastamento de seus pais. Isso pode mostrar que
no ambiente familiar falta espaço para discutir temas sobre a sexualidade. Para Aberastury e
Knobel (1970/1981) o mais adequado é que esse diálogo comece ainda na infância. Os dados
mostram que esses adolescentes não tiveram esse espaço na infância para discutir essa
temática.
A figura 3 mostra que em relação a definição de doenças sexualmente
transmissíveis, 84,2% responderam tratar-se de uma doença que se contrai principalmente
pelo sexo sem proteção, sendo que 8,4% consideraram que trata-se de uma doença venérea, da
rua, do mundo, e que se contrai apenas com trabalhadores do sexo e 7,4% não sabem ou o
responderam, revelando que a maioria tem o conhecimento correto do conceito de DST.
31
0 20 40 60 80 100
Não sabem/Não
responderam
Doença cotraída
por relação sexual
desprotegida
Doença contraida
com profissionais
do sexo
N = 95
Figura 3 - Definição de Doenças Sexualmente Transmissíveis
Na figura 4, os resultados relacionados à idéia de quem pode contrair uma DST,
43,2% responderam que qualquer pessoa que tenha relação sexual, 41,1% indicaram que é
qualquer pessoa que tem relação sexual desprotegida (sem proteção do
preservativo/camisinha), 6,3% responderam que apenas pessoas que freqüentam casas de
shows eróticos podem contrair, 7,4% não sabem quem pode contrair e 2,1% não responderam.
0 10 20 30 40 50
N = 95
Qualquer pessoa que tenha
relação sexual desprotegida
Somente pessoas que
frequentam casas de show
erótico
Qualquer pessoa que tenha
relação sexual
Não sei
Não respondeu
Figura 4 - Conhecimento sobre quem pode contrair alguma DST/AIDS
Os dados das figuras 3 e 4 revelam que fica bem definido o perfil de como a doença
pode ser contraída e mostra também que esses adolescentes sabem que a vulnerabilidade de
contrair qualquer DST/AIDS não es mais focada em grupos de risco. Isto favorece o
desenvolvimento de comportamentos e atitudes de proteção, revelando assim, uma situação
positiva quanto à vulnerabilidade frente as DST/AIDS. Isto é, os adolescentes já consideram
32
que a vulnerabilidade está relacionada ao comportamento de risco e não mais a grupos
específicos, como na pesquisa realizada por Antunes (1999), o que também foi constatado por
Santos e Santos (1999).
Os dados da figura 5 revelam que 72,6% dos adolescentes não conhecem ninguém que
seja soropositivo ou doente de AIDS, 14,7% conhecem alguém e, 12,6% não responderam a
esta questão.
0
10
20
30
40
50
60
70
Soropositivo ou Doente com AIDS
Conhecem
Não conhecem
Não respondeu
Figura 5 - Conhece alguém Soropositivo ou doente de AIDS?
A maioria dos adolescentes informa que não conhece ninguém soropositivo ou doente
de AIDS (72,6%). Deve-se levar em consideração que o município de Guarulhos tem o sexto
lugar em número de casos de AIDS notificados no estado de São Paulo de acordo com o
Boletim Epidemiológico (SÃO PAULO, 2007).
Na tabela 2 dessa amostra, 67,4% informaram que conhece algumas DSTs e 32,6%
responderam que não conhece nenhuma DST.
33
Tabela 2 - Conhecem alguma DST (%)
DSTs N Sim N Não
Sífilis 47 49,5% 48 50,5%
Cancro mole 11 11,6% 84 88,4%
Condiloma acuminado 13 13,8% 81 86,2%
Gonorréia 51 53,7% 44 46,3%
Tricomoníase 7 7,4% 88 92,6%
Candidíase 11 11,6% 84 88,4%
Vaginose bacteriana 7 7,4% 88 92,6%
HIV/AIDS 62 65,3% 33 34,7%
Outras 3 3,2% 92 96,8%
TOTAL 67,4% 32,6%
Estes dados mostram que as doenças sexualmente transmissíveis mais conhecidas
pelos adolescentes são a AIDS e gonorréia, revelando que a maioria das doenças é
desconhecida por eles. O desconhecimento pode vir a ser fator de risco, pois se revela em um
alto índice de contaminação de DSTs/AIDS em adolescentes de acordo com o Boletim
Epidemiológico de São Paulo (2007) e Brasil (2007). Este estudo mostra que 4 adolescentes já
tiveram sintomas de doenças sexualmente transmissíveis (feridas, sangramentos, corrimentos)
e apenas 2 buscaram assistência médica. Mesmo assim, esses adolescentes relatam que 97,9%
nunca tiveram algum tipo de DST e apenas 2,1% não sabem ou não responderam contrariando
essas estatísticas.
Na análise dos dados da figura 6, pode-se verificar que 87,4% dos adolescentes nunca
fizeram o teste da AIDS, apenas 6,3% responderam afirmativamente a essa questão e, 6,3%
não responderam.
34
6,3% Fizeram
87,4% Não fizeram
6,3 Não responderam
Figura 6 - Teste de AIDS
É interessante que 6,3% fizeram o teste da AIDS, pois revela que estes tiveram
comportamento de risco. Revela que, de alguma forma, sabem que ficaram vulneráveis as
DST/AIDS e precisaram buscar assistência médica.
3.2 COMPORTAMENTOS DE PROTEÇÃO E RISCO
Dos 95 adolescentes da amostra, 53,7% informam que já tiveram relação sexual, sendo
que entre esses, 68,6% são do gênero masculino e 31,4% são do gênero feminino. Dos 38,9%
adolescentes que ainda não tem vida sexual ativa, 59,4% são do gênero feminino e 40,6% do
gênero masculino.
0,0%
10,0%
20,0%
30,0%
40,0%
50,0%
60,0%
70,0%
Vida sexual ativa Sem vida sexual ativa
Feminino
Masculino
Figura 7 - Vida sexual x gênero
Quanto à idade da primeira relação, os dados indicam que é por volta dos 14/15 anos
35
que a maioria inicia sua vida sexual. Este estudo mostra que entre o gênero masculino, a idade
do início da vida sexual começou aos 10 anos e entre o gênero feminino começou aos 13
anos.
0
2
4
6
8
10
12
14
10 12 13 14 15 16 17
Feminino
Masculino
Figura 8 - Idade do início da vida sexual
O início da vida sexual tem sido cada vez mais precoce como indica a figura 8 e as
estatísticas apresentadas pelo Boletim Epimediológico (BRASIL, 2007). Assim como neste
estudo, DO Val (2001) encontrou um alto índice entre o gênero masculino que iniciou sua
vida sexual aos 10 anos. Esses dados, aliados a outros fatores como variabilidade de parceiros,
não uso da camisinha e o uso de drogas ilícitas, são confirmados pela pesquisa de Taquette et
al (2005), indicando a alta vulnerabilidade desses adolescentes frente às DSTs/AIDS.
Outro dado que chama a atenção é o início da vida sexual precoce sendo representada
pelo gênero masculino (figura 8), que também reforça o percentual de vida sexual ativa para
esse gênero (figura 7). Este resultado é contraditório com os achados de Borges (2004), porém
confirmado pelas pesquisas de DO Val (2001).
Este levantamento mostra que 58,9% dos adolescentes indicam comportamentos de
proteção adequados para se prevenir as DST/AIDS, tais como seringas e agulhas descartáveis,
sangue previamente testado antes das transfusões, seringa individual na injeção de drogas, uso
camisinha nas relações sexuais; 18,9% m informações confusas a respeito (informações
corretas e incorretas); 7,5% têm comportamentos de risco (informações incorretas) sobre a
forma de se proteger das DST/AIDS e por fim, 14,7% não responderam.
36
0
10
20
30
40
50
60
Comportamento de proteção
Comportamento de risco
Informações confusas
Não responderam
Figura 9 Conhecimento sobre comportamentos de proteção e de risco
Pode-se verificar na figura 9, que a maioria sabe quais são os comportamentos de
proteção que devem ter frente as DSTs/AIDS. Analisando os resultados dos que indicaram
saber modos de se proteger das DSTs/AIDS, verifica-se que nem todos efetivamente põem
em prática essas informações, como pode ser constatado na figura 10.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
Não usa Usa às vezes Usa sempre
Comportamento de proteçao
Comportamento de risco
Confuso
Figura 10 - Comportamento de proteção e risco e o uso de camisinha
Entre os adolescentes que indicaram saber comportamentos de proteção na figura 9,
pode-se observar na figura 10 que 55,8% usam camisinha sempre, 36,5% não usam e 7,7%
usam às vezes. Os adolescentes que indicaram comportamento de risco na figura 9 mostram
na figura 10, que entre eles 71,4% não usam camisinha e apenas 28,6% usam sempre. Entre
os que indicaram comportamentos de proteção e risco ao mesmo tempo (confuso) na figura 9,
revelam na figura 10 que 71,4% usam camisinha sempre, 21,4% nunca usam e 7,2% usam às
vezes.
Os dados apresentados nas figuras 9 e 10 ratificam os achados de Merchan-Hamm
(1995), Jeolás (2006) e Martins et al (2006) sobre a dificuldade do adolescente em traduzir
37
informação e conhecimento em adoação de práticas seguras contra às DSTs/AIDS. Dessa
maneira pode-se ressaltar que os conhecimentos e informações que esses adolescentes têm,
não são considerados efetivamente ou o se traduz em comportamento de proteção frente às
DSTs/AIDS.
Quanto à modalidade de relacionamento e ao uso de preservativo apresentado na
figura 11, foi constatado que entre os adolescentes que namoram, 53,4% apresentam
comportamento de risco e 46,6% indicam comportamento de proteção. Entre os adolescentes
que atualmente estão apenas ficando 41% apresentam comportamento de risco e 59% tem
comportamento de proteção. Os adolescentes mesmo sem relacionamento mostram que 51,6
têm comportamento de proteção e 48,4% indicam não usar camisinha, provavelmente por
estarem justamente sem relacionamento, o que pode ainda ser um comportamento de risco.
Considera-se que não usar a camisinha ou usar às vezes é um comportamento de risco e usar a
camisinha sempre é um comportamento de proteção.
0,0%
10,0%
20,0%
30,0%
40,0%
50,0%
60,0%
Não usa Usa às vezes Usa sempre
Namorando
Ficando
Sem relacionamento
Figura 11 - Modalidade de relacionamento e o uso de camisinha
Esses dados revelam que, somando-se o número de adolescentes que o
utilizam ou utilizam às vezes a camisinha como método de prevenção, são equivalentes aos
adolescentes que tem comportamento de proteção (que utilizam sempre a camisinha). Isto
mostra que ainda é grande a vulnerabilidade que esses adolescentes estão expostos as
DST/AIDS. Dados estes que ratificam com as idéias de Jeolás (2006) e Martins et al (2006)
que o adolescente ainda expõe a dificuldade de traduzir informação e conhecimento em
adoção de práticas seguras contra às DSTs/AIDS.
Entre aqueles que tem o comportamento de usar sempre a camisinha, ainda reside uma
tendência em deixarem de utilizá-la, principalmente entre os adolescentes que estão
38
namorando, conforme se observa na figura 11. Estes dados vêm ao encontro das pesquisas
realizadas por Teixeira et al (2006) que afirmam que o índice do uso da camisinha pelos
adolescentes é grande na primeira relação sexual e que esse índice cai consideravelmente
quando se referem à última relação sexual. A pesquisa de Borges (2004) constatou que o
adolescente frente a uma relação afetiva estável, substitui a camisinha por outros métodos.
Estes dados também são confirmamos pelas pesquisas de Torres, Davim e Almeida (1999),
Borges e Schor (2002) e Doreto e Vieira (2006).
Na tabela 3 verifica-se que 63,1% dos adolescentes obtém informações e
conhecimentos sobre DST/AIDS através dos profissionais da educação e da saúde, 22,1% por
meios de comunicação de massa, 7,4% através de informações da família e, 7,4% não
responderam.
Tabela 3 Fontes de informação sobre DST/AIDS (%)
Fonte de Informação N %
Família 7 7,4
Comunicação de Massa 21 22,1
Profissionais da Educação e Saúde 60 63,1
Não responderam 7 7,4
N=95 100
A tabela 3 indica que a maioria dos adolescentes tem informação sobre DST/AIDS
através de seus educadores e profissionais da saúde que utilizam o espaço da sala de aula. É
nesse espaço que os adolescentes têm maior abertura para falar, discutir, debater, esclarecer
dúvidas sobre sua sexualidade. Este ambiente favorece a realização de atividades e
programas, como a que ocorreu com esta amostra após coleta de dados, estimulando estes
adolescentes a serem responsáveis por sua vida sexual, conforme sugere Antunes et al (2002)
e Saito (2002).
Este resultado mostra que esse espaço torna-se um fator de proteção para o adolescente
que, para Benincasa e Rezende (2006), possibilita a reflexão de seus sentimentos e emoções
através da troca de experiências entre si. Também proporciona uma reflexão interativa,
39
dialogada e livre de preconceitos, como ressalta Bastos (2006).
Para Aberastury e Knobel (1970/1981), primordialmente a educação sexual deveria
acontecer desde a infância através dos pais, mas Abbate (2006) constatou que essa
responsabilidade tem ficado a cargo da escola e do estado. Isto pode evidenciar a dificuldade
dos pais em lidar com questões da educação sexual com seus filhos, que advém, segundo Bee
(1997), da própria dificuldade dos pais em lidar com seus próprios conflitos. Diante disto,
pode-se notar que estes adolescentes carecem dessa atenção familiar e assim, chegam na
adolescência apenas com uma consciência central (do desejo imediato) desprovidos da
construção do conhecimento, dificultando a tomada de comportamentos e atitudes de
proteção. De acordo com Bee (1997), um bom relacionamento entre pais e filhos favorece ao
jovem, mesmo distante das figuras parentais, apresenta mais segurança para efetivamente ter
comportamentos e atitudes de proteção.
Frente a isso, este estudo confirma a escola como sendo um dos meios mais favoráveis
para a prevenção e promoção da saúde, como reiteram Taquette, Vilhena e Paula (2004),
Couto (2004) e Geluda et al (2006) possibilitando a construção de estratégias adequadas à
prevenção das DST/AIDS.
É nesta oportunidade que os adolescentes têm meios para desenvolver uma
consciência de vida sexual saudável que, conforme Damásio (2000), começa com a
consciência central que diz respeito às emoções do presente, para uma consciência ampliada
que se refere a um conhecimento maduro que integra o passado e o futuro, juntamente com o
presente. De acordo com Oliveira (2006) esta transformação ocorre de forma eficiente através
de atividades lúdicas e dinâmicas que permitem construir o funcionamento da vida mental
adulta. Isto é, uma transformação da informação e conhecimento sobre DST/AIDS, em
comportamentos e atitudes de proteção.
Essas atividades não devem ser pontuais e sim um processo interativo e contínuo de
transformação do comportamento do adolescente, incluindo questões sociais e culturais e seu
papel nesse processo de transformação, de acordo com Sardá (2002).
40
Neste estudo, pode-se verificar que uma parte desses adolescentes não têm claro
conceitos básicos necessários para tomada de comportamento de proteção frente às
DSTs/AIDS. Outra parte desses adolescentes teve oportunidade do conhecimento e
informações sobre prevenção às DSTs/AIDS, mas ainda revelam dificuldades em
desenvolver em si processos de transformação para tomada de comportamentos de proteção.
Há uma predominância do gênero masculino tanto sobre a vida sexual ativa, quanto ao
início da vida sexual. Estes dados podem indicar que esses adolescentes estão sujeitos a mais
riscos pelas dificuldades de adotar comportamentos de proteção. O estímulo na adolescência é
de correr riscos e negar prejuízos pessoais. Assim, o adolescente projeta no outro o
comportamento de risco, causando uma falsa sensação de proteção que é confirmado pelos
estudos de Antunes (1999).
Parece um consenso entre este estudo e outras pesquisas que a escola é o local mais
favorável ao desenvolvimento de programas de prevenção e orientação em DST/AIDS.
41
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esse estudo confirma que parte dos adolescentes tem conhecimento e informações
sobre conceitos relativos às DSTs/AIDS, porém quanto às práticas para um comportamento
de proteção frente às DSTs/AIDS apresentam conhecimentos frágeis, gerando assim
comportamentos de risco.
Tanto o gênero feminino quanto o gênero masculino tem dificuldades de definir o
conceito de sexualidade. Nota-se que no gênero masculino o início da vida sexual é mais
precoce que no gênero feminino. A maioria das doenças sexualmente transmissíveis é
desconhecida por estes adolescentes. Não há diferenças significativas quanto à modalidade de
relacionamento e o uso do preservativo masculino. Estas situações podem comprometer a
tomada de comportamentos de proteção.
Essas dificuldades são mais acentuadas quando os dados revelam que daqueles
adolescentes que informaram sobre o conhecimento de comportamentos de proteção, apenas
metade confirmaram usar sempre o preservativo masculino como método preventivo. Desta
forma, estes adolescentes estão sujeitos a contaminação das DSTs/AIDS.
O desenvolvimento de práticas preventivas frente às DSTs/AIDS requer um programa
contínuo da área da saúde e da educação dentro da escola. Estes duas áreas devem elaborar
uma intervenção com atividades lúdicas e dinâmicas com interatividade adequada ao tema.
Desta forma, o programa deve possibilitar a transformação da consciência sobre informações
e conhecimentos em consciência de comportamentos de proteção efetivos.
Como a psicologia da saúde tem a preocupação que vai além da prevenção, este estudo
colabora com a idéia de que se deva elaborar um programa de promoção da saúde com
atividades dirigidas especificamente aos pais, capacitando-os como agentes de transformação
de seus filhos de maneira a contribuir amplamente para a melhoria da qualidade de vida e
42
saúde das futuras gerações através da prevenção primária e da promoção de saúde,
diminuindo a vulnerabilidade frente às DSTs/AIDS não dos adolescentes, mas de todo o
ciclo vital.
43
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48
7 ANEXO A
Questionário a ser aplicado:
1) Idade....................anos completos Sexo: ( ___) Fem. (___) Masc.
Estado civil:1-(___) solteiro(a) 2-(___) casado(a) ou amigado
3-(___) separado 4-(___) viúvo(a)
2) Você mora com:
1-(___) pais,irmãos e parentes 2-(___) sozinho
3-(___) parceira esposa ou namorada 4-(___) com amigos
3) Qual a renda familiar na sua casa:
1-___________ reais por mês. 2-(___) não sei.
4) O que você entende por sexualidade?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
5) O que significa Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST)?
1-(___) não sei
2-(___) é uma doença que se contrai principalmente pelo sexo.
3-(___) é uma doença venérea, da rua, do mundo, e que se contrai apenas com
trabalhadores do sexo (como por exemplo, prostitutas).
6) Quem pode contrair uma DST (Doença Venérea)?
1-(___) não sei.
2-(___) qualquer pessoa que tem relação sexual, com mais de um parceiro, sem proteção
da camisinha.
3-(___) somente aqueles que freqüentam casas noturnas (como por exemplo, cabarés e
casas de shows eróticos) e têm sexo com várias pessoas.
4-(___) qualquer pessoa, cujo companheiro (a) sexual, tem relações sexuais desprotegidas
(sem camisinha)
7)Você já teve uma DST?
1-(___) sim 2-(___) não 3-(___) não sei.
8) Você usa camisinha?
1-(___) nunca usei.
2-(___) n
ão uso, porque não sei usar.
3-(___) n
ão uso, porque não gosto.
4-(___) não uso, porque não confio nela.
5-(___) não uso, porque não sei onde conseguir ela.
6-(___) uso apenas quando transo com algumas pessoas, para evitar DST
7-(___) uso para evitar a gravidez.
49
8-(___) sempre uso nas minhas relações sexuais.
9) Você conhece alguma doença venérea (DST)?
1-(___) sim 2-(___) não
- se você disse SIM, informe quais das DSTs abaixo você conhece:
1-(___) sífilis 2-(___) cancro mole 3-(___) condiloma acuminado (verrugas genitais
ou crista de Galo) 4-(___) gonorréia 5-(___) tricomoniase
6- (___) candidíase 7-(___) vaginosse bacteriana 8-(___) HIV/Aids
9-(___) outras: ______________
10) Atualmente você está:
1- (___) namorando fixo.
2-(___) ficando com a mesma pessoa.
3-(___) ficando com mais de uma pessoa.
4-(___) sem relação com ninguém.
5-(___) casado (a)
6-(___) outros: __________________
11) Você já teve relação sexual?
1.(___) sim 2.(___) não
12) Com idade teve a primeira relação sexual? __________ anos completos
13) Nos últimos 30 dias, você teve doença transmitida pela relação sexual (doença
venérea) que causasse algum problema no pênis, vagina ou ânus?
(___) feridinha (bolha ou furúnculo)
(___) corrimento (com pus e/ou ardência)
(___) sangramento
(___) verruga
(___) outros: __________________
(___) não teve nenhuma doença
14) Você procurou um médico para tratar?
1) (___) sim 2) (___) não
15) Como se pode contrair Aids? (marque quantas alternativas que achar necessário)
1-(___) de uma mulher grávida para seu filho.
2-(___) pelo uso de sanitários.
3-(___) por relação sexual com pessoa do mesmo sexo.
4-(___) por relação sexual com pessoa do outro sexo.
5-(___) por aperto de mão.
6-(___) por transfusão de sangue
7-(___) pelo uso dos mesmos talheres
8-(___) pelo uso da mesma lamina de barbear.
9-(___) por compartilhar agulhas e seringas no uso de drogas injetáveis.
10-(___) por beijo profundo.
11-(___) utilizando a mesma cuia de chimarrão ou tererê
12-(___) lambendo o mesmo sorvete.
50
13-(___) não sei.
14-(___) outros: __________________
16) Como se pode evitar a Aids? (marque quantas alternativas que achar necessário)
1-(___) tomando vacina.
2-(___) usando seringas e agulhas descartáveis.
3-(___) usando sangue testado nas transfusões de sangue.
4-(___) fazendo o teste para a Aids periodicamente.
5-(___) usando seringa individual na injeção de drogas.
6-(___) diminuindo o número de parceiros sexuais.
7-(___) tomando remédio.
8-(___) usando camisinha nas relações sexuais.
9-(___) mantendo relação fixa com uma pessoa.
10-(___) mantendo-se em abstinência sexual.
11-(___) não sei.
12-(___) outros: _______________.
17) Você já fez exame para saber se está infectado pelo vírus da Aids?
1) (___) sim 2) (___) não
18) O que você está fazendo para se proteger da Aids? (marque quantas alternativas
que achar necessário)
1-(___) usa camisinha em todas as relações sexuais.
2-(___) usa camisinha de vez em quando.
3-(___) namora uma pessoa de cada vez.
4-(___) parou de ter relação sexual.
5-(___) nunca transou com ninguém.
6-(___) não usa drogas.
7-(___) tem menos parceiros(as) sexuais.
8-(___) outros: ____________________.
19) Você conhece pessoalmente alguém soropositivo ou doente de Aids?
1) (___) sim 2) (___) não
20) Onde ou com quem você se informa da Aids? Assinale até 3 alternativas.
1-(___) jornais.
2-(___) revistas eróticas.
3-(___) palestras.
4-(___) com amigos e colegas de aula.
5-(___) informativos do Instituto Diet
6-(___) publicações médicas.
7-(___) informações na escola.
8-(___) televisão.
9-(___) conversas na família.
10-(___) rádio.
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